A r t i g o Os caminhos percorridos para a conquista deste objetivo mais amplo envolvem alguns outros mais específicos, tais como: (1) a compreensão de quais valores embutidos no projeto dos pais, fun<strong>da</strong>dos numa forte moral religiosa, de uma família patriarcal com certo tom de preceitos machistas, fazem sentido para ela, como aqueles que deseja descartar; (2) o reconhecimento <strong>da</strong> diferença entre as preocupações e medos fun<strong>da</strong>dos em situações reais, objetivas e aquelas apoia<strong>da</strong>s em situações somente imaginárias e subjetivas; (3) a compreensão do nexo de suas ações que se enquadram no diagnóstico tradicional de TOC, com seu Projeto de ser; (4) a consciência de que precisará criar saí<strong>da</strong>s alternativas para situações em sua vi<strong>da</strong>, ao invés de esperá-las prontas, conhecendo seus valores como ponto de apoio para essas escolhas, e que isso também envolvem riscos, mas que mostrará através de ações mais maduras e protetoras de si, por estarem situa<strong>da</strong>s na síntese de suas limitações e possibili<strong>da</strong>des, podendo assim responsabilizar-se mais facilmente por elas. Observo que nos caminhos <strong>da</strong> psicoterapia que estamos construindo juntas, a liber<strong>da</strong>de que antes era vivi<strong>da</strong> por Sol como se fosse erra<strong>da</strong>, chegando a considerar-se “muito doi<strong>da</strong>”, hoje é compreendi<strong>da</strong> como uma “loucura com responsabili<strong>da</strong>de”, uma vez que também em suas diversões, escolhia de maneira consciente não transgredir alguns fun<strong>da</strong>mentos <strong>da</strong> moral que embasa os valores paternos, por concor<strong>da</strong>r com estes. Conseguiu também perceber, que o estranhamento que sentia com relação aos pensamentos obsessivos era o mesmo que sentia diante a falta de sentido de algumas regras impostas pelos pais, como, por exemplo, ter que chegar às 22h em casa, enquanto suas amigas poderiam continuar se divertindo, sabendo que ela não iria fazer na<strong>da</strong> que abonasse sua conduta, mas mesmo assim julgava-se erra<strong>da</strong>, como já dito anteriormente. Por fim, reconhece agora, que na vi<strong>da</strong> há também limites e regras, obrigações e compromissos, e a maneira como deve li<strong>da</strong>r com elas requer sintetiza-las as suas possibili<strong>da</strong>des. E assim, vamos construindo nossos encontros psicoterapêuticos. <strong>Revista</strong> <strong>da</strong> Abor<strong>da</strong>gem <strong>Gestáltica</strong> – XVII(2): 205-214, jul-dez, 2011 Referências Sylvia M. P. de Freitas Cahet, H.J.P. (2008). Sartre: aspectos de noção de consciência. Dissertação de Mestrado, Universi<strong>da</strong>de Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina. Husserl, E. (1988). Elementos de uma eluci<strong>da</strong>ção fenomenológica do conhecimento. In HUSSERL, E. Investigações lógicas: sexta investigação: elementos de uma eluci<strong>da</strong>ção fenomenológica do conhecimento. São Paulo: Nova Cultural. (publicado originalmente em 1901). Sartre, J-P. (1997). O Ser e o Na<strong>da</strong>. Ensaios de ontologia fenomenológica. Rio de Janeiro: Vozes. (Publicado originalmente em 1943). Sartre, J-P. (2002). Crítica <strong>da</strong> razão dialética. Rio de janeiro: DP&A. (Publicado originalmente em 1960). Schneider, D. R. (2002). Novas Perspectivas para a Psicologia Clínica - um estudo a partir <strong>da</strong> obra “Saint Genet: comédien et martyr” de Jean-Paul Sartre. Tese de Doutorado, Pontifícia Universi<strong>da</strong>de Católica de São Paulo, São Paulo. Schneider, D. R. (2011). Sartre e a psicologia clínica. Edufsc: Florianópolis, SC. Sylvia Mara Pires de Freitas - Psicóloga. Mestre em Psicologia Social e <strong>da</strong> Personali<strong>da</strong>de (PUC/RS). Especialista em Psicologia do Trabalho (CEUCEL/RJ). Formação em Psicologia Clínica na abor<strong>da</strong>gem existencial (NPV/RJ). Docente dos cursos de Psicologia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Estadual de Maringá (UEM/PR) e <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Paranaense (UNIPAR/PR). Endereço: Av. Colombo, 5.790 - Bloco 118 (DPI). Jardim Universitário. Maringá. Paraná. CEP 87.020-900. E-mail: sylviamara@gmail.com Recebido em 03.07.11 Aceito em 16.11.11 214
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