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Setembro - Outubro - Novembro 1999 - ABRACOR

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Ensaio<br />

IX Congresso da <strong>ABRACOR</strong><br />

Homenageou Pioneiros da<br />

Restauração Moderna na Bahia<br />

Prof. José Dirson Argolo *<br />

O IX Congresso da<br />

<strong>ABRACOR</strong>, Realizado em<br />

Salvador, rendeu, em seu<br />

primeiro dia de trabalho, homenagens<br />

a dois pioneiros<br />

da restauração moderna na<br />

Bahia : João José Rescala e<br />

Liana Gomes Silveira Kerr,<br />

presente à cerimônia. O<br />

Prof. José Dirson Argolo, coordenador<br />

regional do congresso,<br />

foi o condutor das<br />

homenagens, tendo preferido,<br />

diante de uma platéia comovida,<br />

uma mensagem<br />

(veja-se textos neste boletim),<br />

em que apresentou a<br />

biografia dos ilustres batalhadores<br />

da preservação da<br />

memória cultural.<br />

João José Rescala<br />

João José<br />

Rescala nasceu<br />

na cidade<br />

do Rio de Janeiro<br />

em 8 de<br />

janeiro de<br />

1910. Em 5 de<br />

setembro de<br />

1942 casa-se<br />

com a Srta.<br />

M a r i a<br />

Abrahão. Dessa<br />

união nascem<br />

os filhos<br />

Maria Alice,<br />

João Paulo,<br />

Jorge Alberto,<br />

Cristina, Luiz<br />

Antônio e José<br />

Carlos.<br />

Freqüenta o<br />

Liceu de Artes<br />

e Ofícios do<br />

Rio de Janeiro e, mais tarde,<br />

a , antiga Escola Nacional de<br />

Belas Artes, concluindo brilhantemente<br />

o Curso de Pin-<br />

tura. Fundador do Núcleo<br />

Bernadelli, obtém. o primeiro<br />

prêmio no Salão Anual do<br />

mesmo, em 1935; dois anos<br />

depois, recebe o “Prêmio de<br />

Viagem ao País”. Participa<br />

ativamente de exposições<br />

coletivas e salões de arte,<br />

conquistando outros prêmios<br />

e menções honrosas.<br />

Inicia a sua vida profissional<br />

como restaurador, trabalhando<br />

no Museu da<br />

Quinta da Boa Vista no Rio<br />

de Janeiro. Em 1944 recebe<br />

no Salão Nacional de<br />

Belas Artes o prêmio de<br />

“Viagem ao Estrangeiro”.<br />

Parte para Nova Yorque, estudando<br />

no New School for<br />

Social Research e estagiando<br />

no Museu de História<br />

Natural de Chicago, dando<br />

especial, atenção aos trabalhos<br />

realizados no ateliê de<br />

restauração. Pretende fre-<br />

qüentar um curso de especialização<br />

em restauração,<br />

não obtendo sucesso por<br />

questões burocráticas. No<br />

seu retomo ao Brasil, indica<br />

o Professor Édson Motta<br />

para fazer o curso que não<br />

pôde freqüentar. Retomando<br />

ao Rio de Janeiro, após<br />

a conclusão do curso, o<br />

Prof. Édson. lhe repassa os<br />

conhecimentos auferidos.<br />

Tomam-se grandes amigos<br />

e, desde então, companheiros<br />

de luta pela preservação<br />

do patrimônio brasileiro, ligados<br />

ao IPHAN.<br />

Chega à Bahia em 1954,<br />

em pleno vigor físico, aos 44<br />

anos de idade, na condição<br />

de perito em Belas Artes,<br />

cargo que ocupava no MEC.<br />

É lotado no então 2º Distrito<br />

do Patrimônio Histórico e<br />

Artístico Nacional, na Seção<br />

de Restauração de pinturas,<br />

com a missão de dar início<br />

à organização do serviço do<br />

patrimônio na Bahia. Vivência<br />

uma época difícil, pela<br />

ausência total de infra-estrutura,<br />

de técnicos especializados,<br />

nenhuma consciência<br />

do valor que representavam<br />

as relíquias do passado, verbas<br />

curtas, etc. Abraça a<br />

causa como uma missão.<br />

Nas viagens que faz pelo interior,<br />

com o objetivo de diagnosticar<br />

os monumentos<br />

para seu tombamento, ou<br />

mesmo para prestar, algum<br />

socorro, era obrigado a dormir<br />

em precárias pensões ou<br />

mesmo no interior das igrejas.<br />

Nessa época, as cidades<br />

pequenas não possuíam<br />

qualquer infra-estrutura turística;<br />

hotéis e mesmo restaurantes<br />

eram coisas raras.<br />

3<br />

Devido a seu zelo e profundo<br />

amor às obras de arte,<br />

parte importante de nossa<br />

memória cultural foi salva.<br />

Nessa época Salvador<br />

vive seu período de apogeu,<br />

principalmente a Universidade<br />

da Bahia, com o reitorado<br />

do Professor Edgard Santos.<br />

Homem culto e empreendedor,<br />

esse reitor cria o<br />

Seminário de Música, a Escola<br />

de Teatro, a Escola de<br />

Dança. Edgard Santos revoluciona<br />

o ensino universitário,<br />

mas, sem dúvida alguma,<br />

a área de arte era a<br />

menina de seus olhos. A<br />

Escola de Belas Artes, dirigida<br />

por Mendonça Filho,<br />

não tardaria a descobrir a<br />

presença de Rescala na<br />

Bahia e logo o convoca para<br />

prestar concurso de Docente<br />

Livre da Cadeira de Teoria,<br />

Conservação e Restauração<br />

da Pintura. Aprovado,<br />

e nomeado em agosto do<br />

mesmo ano. A Escola de<br />

Belas Artes da UFBa<br />

toma-se, assim, a segunda<br />

unidade universitária do Brasil<br />

a incluir no seu curriculum<br />

uma disciplina voltada<br />

para conservação e restauração<br />

de obras de arte (a<br />

primeira foi a UFRJ). Um ano<br />

depois presta concurso para<br />

catedrático da mesma disciplina,<br />

sendo aprovado por<br />

uma seleta banca examinadora,<br />

tendo como examinadores<br />

Edson Motta, Quirino<br />

Campofiorito, Mendonça Filho<br />

e outros.<br />

Em 1955 publica o livro<br />

“Pintura e Madeira (Preparo<br />

e Restauração de Suporte)”,<br />

que é sua tese de concurso<br />

à cadeira de “Teoria e Con-

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