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Setembro - Outubro - Novembro 1999 - ABRACOR

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como o primeiro e sólido passo<br />

para que possamos realizar,<br />

no futuro, um Congresso<br />

com essa envergadura.<br />

Para isso, acredito que seja<br />

condição sine qua non, neste<br />

momento, a concentração<br />

dos trabalhos com a redução<br />

dos dias de encontro. Qualidade<br />

versus quantidade.<br />

3) A busca de raízes firmes<br />

na cientificidade, na interdisciplinaridade<br />

e na transdiciplinaridade<br />

exige, que a<br />

partir de Salvador, consolidado<br />

como encontro técnico,<br />

cultural e social, o X Congresso<br />

apresente-se diferente.<br />

Até agora, os encontros<br />

da <strong>ABRACOR</strong> proporcionaram,<br />

e foram fundamentais<br />

para isso, espaço físico, intelectual,<br />

técnico, cultural e<br />

social para que os profissionais<br />

brasileiros da conservação/restauração<br />

se apresentassem<br />

aos colegas de profissão,<br />

às Universidades, aos<br />

estrangeiros participantes, às<br />

autoridades. Esses encontros<br />

garantiram, durante todos<br />

esses anos, a vez e a voz para<br />

que, tantos quanto possível,<br />

se dessem a conhecer e a<br />

reconhecer, através da divulgação<br />

de suas idéias e da<br />

exposição de seus rostos e<br />

vozes.<br />

Agora, precisamos mais<br />

do que isso. Para que a realização<br />

dos encontros bienais<br />

dos profissionais da conservação/restauração<br />

no Brasil<br />

não estanque, e sim, continue<br />

em curva ascendente, é<br />

preciso que busquemos os<br />

mesmo padrões de realização<br />

que já desfrutam os encontros<br />

de química, medicina,<br />

direito, jornalismo etc. Esses<br />

padrões estão segura e reconhecidamente<br />

calcados<br />

em moldes científicos. É isso<br />

que atrai aqueles que pensam<br />

e produzem ciência, que<br />

inovam e que rompem paradigmas,<br />

em qualquer campo<br />

ou especialidade do conhecimento.<br />

A qualificação científica<br />

é o mote da vez.<br />

Assim, a mudança de direção<br />

é oportuna. No lugar<br />

de continuar priorizando apenas<br />

a técnica, devemos dar<br />

lugar às discussões teóricoconceituais,<br />

às propostas<br />

políticas, às dúvidas e/ou<br />

certezas metodológicas.<br />

Assuntos pontuais poderiam<br />

passar a ser apresentados<br />

e discutidos, por aqueles<br />

com interesse específico,<br />

em painéis técnicos, onde<br />

fotos e pequenos textos dariam<br />

o teor do assunto e seus<br />

autores estariam, em tempo<br />

determinado, ao lado de seus<br />

painéis, para as explicações<br />

adicionais aos visitantes e<br />

interessados. Isso não significa<br />

desprestígio algum. Pelo<br />

contrário, evitaria desconforto<br />

e constrangimento com<br />

enganos, pois nada mais desagradável<br />

do que escolhermos<br />

e privilegiarmos uma<br />

comunicação, com um determinado<br />

assunto, indicado<br />

pelo resumo ou por algum<br />

título pomposo e promissor,<br />

e lá chegarmos para assistir<br />

exposições de “achismos” e<br />

de opiniões pessoais, muitas<br />

vezes sem fundamento científico.<br />

Isso em relação às<br />

sessões paralelas, aquelas<br />

geralmente realizadas na parte<br />

da tarde.<br />

Formalmente, haveria<br />

mais painéis e menos comunicações<br />

ou sessões paralelas<br />

com maior tempo de exposição.<br />

Creio que assim nós<br />

estaríamos dando não só um<br />

espaço físico e técnico mais<br />

justo, adequado e próprio,<br />

para os trabalhos rotineiros<br />

desenvolvidos pelos conservadores/restauradores,<br />

como, ao garantirmos espaço<br />

para comunicações inéditas,<br />

realizadas com critérios<br />

metodológicos sólidos e de<br />

reconhecido valor científico,<br />

estaríamos valorizando a profissão,<br />

alçando a área da preservação<br />

a um patamar superior.<br />

Isso abriria possibilidade<br />

de intercâmbio de mesmo<br />

nível, com outras áreas<br />

do conhecimento.<br />

Também estaríamos oferecendo<br />

uma maior e melhor<br />

base teórico-conceitual-metodológica<br />

que pudesse orientar<br />

ou oferecer parâmetros<br />

para as definições e implementação<br />

das políticas e di-<br />

retrizes governamentais ou<br />

para normas e procedimentos<br />

institucionais, que tratam<br />

da preservação dos bens<br />

culturais brasileiros.<br />

O espaço das plenárias,<br />

tradicionalmente pelas manhãs,<br />

seria preservado e<br />

aproveitado para discussões<br />

e exposições de temas<br />

abrangentes e genéricos,<br />

passíveis de interessar a todos<br />

os tipos de profissionais<br />

da conservação, independentemente<br />

de sua especialidade.<br />

Seria um tempo para entender,<br />

discutir ou rever as<br />

nossas diferenças e/ou coincidências<br />

terminológicas, teóricas,<br />

conceituais, políticas...<br />

4) Por último, mas não<br />

menos importante, a criação<br />

de um regimento para os<br />

congressos e de um regulamento<br />

para as sessões. Algo<br />

enxuto e perene.<br />

O regimento (que já tenho<br />

delineado), com alguma coisa,<br />

em torno de 15 artigos e<br />

alguns outros poucos parágrafos,<br />

divididos em 3 ou 4<br />

capítulos. Aí teríamos referendados<br />

as finalidades gerais<br />

e específicas, os tipos e<br />

possibilidades de participação,<br />

as formas e os motivos<br />

das sessões (conferências,<br />

palestras, comunicações e<br />

outras - todas definidas e<br />

conceituadas), as atividades<br />

e responsabilidades da Comissão<br />

de Avaliação dos trabalhos<br />

concorrentes (proposta<br />

de uma mesma comissão<br />

para julgar com os mesmo<br />

critérios todos os trabalhos<br />

e destiná-los corretamente),<br />

algo a respeito dos certificados,<br />

das publicações e das<br />

disposições gerais para os<br />

futuros congressos.<br />

O regulamento das sessões,<br />

também com 10 ou 12<br />

artigos e poucos parágrafos,<br />

trataria dos temas gerais e<br />

especiais, dos diferentes tipos,<br />

formas e tempo das<br />

apresentações (teóricas, técnicas,<br />

painéis ou palestras,<br />

comunicações ou conferências<br />

- o autor, com trabalho<br />

concorrente, saberia as condições<br />

e escolheria, anteci-<br />

7<br />

padamente, em que categoria<br />

gostaria de concorrer), a<br />

metodologia das apresentações<br />

e das discussões, a<br />

composição dos diferentes<br />

tipos de mesa, as atividades<br />

e responsabilidades próprias<br />

dos palestrantes e, principalmente,<br />

dos presidentes de<br />

mesa para a boa gestão dos<br />

trabalhos.<br />

Os tópicos acima abordados<br />

resultam, não apenas<br />

elucubrações e reflexões pessoais,<br />

mas muitos deles foram<br />

identificados nas conversas<br />

e observações de vários<br />

colegas conservadores, durante<br />

e depois do Congresso<br />

de Salvador.<br />

Assumo o risco de expôlas.<br />

O debate está aberto.<br />

Temos um ano, acredito,<br />

para discutirmos, e mais um<br />

ano para realizarmos um<br />

novo e grande congresso, a<br />

partir do resultado dessas<br />

nossas discussões. O X Congresso<br />

Brasileiro de Preservação<br />

de Bens Culturais, a<br />

ser realizado pela <strong>ABRACOR</strong>,<br />

no ano 2000, no meu entender,<br />

deve significar mais que<br />

uma simples coincidência<br />

com uma data entendida por<br />

alguns como cabalística.<br />

Creio que temos a oportunidade<br />

de trabalhar para um<br />

novo e promissor milênio,<br />

onde o profissional da preservação<br />

seja valorizado e<br />

percebido, social e cientificamente,<br />

como o agente que<br />

ao tratar o passado e o presente,<br />

prepara o futuro.<br />

Rio de Janeiro, 21 de novembro<br />

de 1998.<br />

* Arquivista/Conservador,<br />

mestre em Memória<br />

Social e Documento, professor<br />

do Departamento de<br />

Estudos e Processos Arquivísticos<br />

da UNI-RIO e consultor<br />

em Arquivologia e<br />

Conservação do Centro de<br />

Memória da Academia Brasileira<br />

de Letras. UNI-RIO:<br />

Av. Pasteur, 458 - 4 o andar<br />

- Urca - Rio de Janeiro - RJ<br />

Tel. 541.1839 e<br />

295.8239, ramal 2014<br />

E-MAIL:<br />

albite@uninet.com.br

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