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O Porto e rio Douro: a construção de uma nova ... - Museu do Douro

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trica portuguesa ao longo <strong>do</strong>s quase 300 Km <strong>de</strong> percurso em Portugal (incluin<strong>do</strong> o<br />

<strong>Douro</strong> Internacional). As memórias <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> estão agora como que<br />

“compactadas” em “produtos turísticos”, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as gravuras Neolíticas <strong>do</strong> Côa, aos<br />

artefactos portuá<strong>rio</strong>s, armazéns e fábricas <strong>do</strong>s século XIX e XX. A patrimonialização<br />

<strong>do</strong> <strong>Porto</strong> e da região vinhateira, amplificam um imaginá<strong>rio</strong> infinitamente reproduzi-<br />

<strong>do</strong> em imagens e textos para turistas…, simplifican<strong>do</strong>, retiran<strong>do</strong> a espessura <strong>do</strong>s sig-<br />

nifica<strong>do</strong>s e reduzin<strong>do</strong>-os a versões prontas para consumir: Cosmopolitismo e localis-<br />

mos, convivem, como na gastronomia e nos vinhos, em estranhas “reduções“ (in<br />

cooking, reduction is the process of thickening or intensifying the flavor of a liquid<br />

mixture such as a soup or sauce by evaporation) e “fusões”. Nomes <strong>de</strong> con<strong>do</strong>mí-<br />

nios resi<strong>de</strong>nciais como <strong>Douro</strong>’s Place, D’ Ouro Villa, ou projectos turísticos como<br />

Aquapura <strong>Douro</strong> Valley, são inesperadas fusões <strong>de</strong> latim e inglês – <strong>uma</strong> língua<br />

hiper-morta com outra hiper-viva – que <strong>de</strong>signa um novo mapa <strong>de</strong> lugares e <strong>uma</strong><br />

outra geografia em <strong>construção</strong>.<br />

O <strong>rio</strong> é antes <strong>de</strong> mais um cená-<br />

<strong>rio</strong>, <strong>uma</strong> imagem po<strong>de</strong>rosa, um<br />

ícone, um espectáculo. A cons-<br />

trução <strong>do</strong>s novos molhes na foz<br />

<strong>do</strong> <strong>rio</strong>, bem como as expectati-<br />

vas goradas <strong>do</strong> projecto da<br />

navegabilida<strong>de</strong>, parecem, por<br />

agora <strong>de</strong>sfasadas da leitura que<br />

os opera<strong>do</strong>res empresariais<br />

fazem da questão. Parece que<br />

o <strong>rio</strong> não tem um “hinterland”<br />

económico ajusta<strong>do</strong> ao tráfego<br />

<strong>de</strong> merca<strong>do</strong>rias e mesmo isso é também disputa<strong>do</strong> por cená<strong>rio</strong>s possíveis <strong>de</strong><br />

mo<strong>de</strong>rnização da linha ferroviária (projecto entretanto aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>).<br />

Resta <strong>nova</strong> a leitura que a dinâmica económica faz da questão. O <strong>rio</strong> <strong>Douro</strong>, “as<br />

vistas para o <strong>Douro</strong>” são o argumento mais usa<strong>do</strong> para produzir valores <strong>de</strong> distin-<br />

ção e <strong>de</strong> filtragem ascen<strong>de</strong>nte para promover “produtos imobiliá<strong>rio</strong>s” consi<strong>de</strong>ra-<br />

<strong>do</strong>s <strong>de</strong> excepção. Imune às flutuações cíclicas <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> imobiliá<strong>rio</strong> no seu con-<br />

junto (em crise <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1999/2000), o ritmo <strong>de</strong> <strong>construção</strong> e <strong>de</strong> anúncio <strong>de</strong> novos<br />

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