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O Porto e rio Douro: a construção de uma nova ... - Museu do Douro

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egionais, na dimensão <strong>do</strong> vinhe<strong>do</strong>, nas práticas vitícolas ou na organização institu-<br />

cional <strong>do</strong> sector. As sucessivas <strong>de</strong>limitações da Região Demarcada (1757-1761,<br />

1788-1793, 1907-1908, 1921) reflectem, essencialmente, as vicissitu<strong>de</strong>s da própria<br />

evolução técnica nos <strong>do</strong>mínios da produção, <strong>do</strong>s transportes e da comercializa-<br />

ção, mas mantêm <strong>uma</strong> forte continuida<strong>de</strong> face aos princípios orienta<strong>do</strong>res que<br />

exerceram, tanto na mentalida<strong>de</strong> popular como na das elites, <strong>uma</strong> forte carga<br />

simbólica, constituin<strong>do</strong> um elemento-chave da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> regional. A i<strong>de</strong>ntifica-<br />

ção entre o territó<strong>rio</strong> alto-duriense como "país vinhateiro", ou "região <strong>do</strong> vinho <strong>do</strong><br />

<strong>Porto</strong>", configurou, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século XVIII, <strong>uma</strong> vocação económica e cultural espe-<br />

cífica e fixou o sistema <strong>de</strong> relações entre o <strong>Porto</strong> e o hinterland duriense. Des<strong>de</strong><br />

então até aos nossos dias, as vicissitu<strong>de</strong>s da vitivinicultura e <strong>do</strong> comércio <strong>de</strong> vinhos<br />

<strong>do</strong> <strong>Porto</strong> têm praticamente <strong>do</strong>mina<strong>do</strong> a história regional”.<br />

(in Candidatura <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> a Património da H<strong>uma</strong>nida<strong>de</strong>, UNESCO, 1996)<br />

A relação da cida<strong>de</strong> com o <strong>rio</strong> conhece, assim um forte impulso e a segunda<br />

meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> século XIX constitui <strong>uma</strong> época <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento longitudinal da<br />

cida<strong>de</strong> ao longo das margens e, na cota alta, a <strong>uma</strong> expansão “em <strong>de</strong><strong>do</strong>s” ao<br />

longo das principais estradas <strong>de</strong> ligação <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> para Norte e Nascente. A revolu-<br />

ção <strong>do</strong>s transportes é também a razão para a <strong>construção</strong> <strong>de</strong> duas pontes <strong>de</strong> ferro:<br />

Maria Pia (1876) <strong>de</strong> Gustave Eiffel, para a passagem ferroviária, e a ponte Luís I<br />

(1886) com <strong>do</strong>is tabuleiros, o da cota baixa no mesmo local on<strong>de</strong> se fez sempre a<br />

principal travessia <strong>do</strong> <strong>Douro</strong>, e o da cota alta abrin<strong>do</strong> um novo relacionamento<br />

para a cida<strong>de</strong> que se <strong>de</strong>senvolvia já longe da relação directa com o <strong>Douro</strong>. A<br />

obra <strong>de</strong>smedida <strong>do</strong> aterro e <strong>do</strong> novo edifício da Alfân<strong>de</strong>ga faz-se praticamente<br />

na mesma altura em que já se põe a hipótese <strong>de</strong> mudar o porto fluvial para Lei-<br />

xões, a Norte <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> na foz <strong>do</strong> <strong>rio</strong> Leça.<br />

Junto à foz <strong>do</strong> <strong>rio</strong>, perto <strong>do</strong> forte que vigiava a barra e <strong>do</strong> farol, fez-se um passeio<br />

público com fontes, palmeiras e jardins, expressão <strong>de</strong> um certo gosto burguês e<br />

cosmopolita aprecia<strong>do</strong>r da maresia, das bandas no coreto, da sombrinha e <strong>do</strong><br />

namoro discreto.<br />

Até aos anos sessenta, próximos da revolução <strong>do</strong> automóvel que em Portugal foi<br />

tardia e que daria <strong>uma</strong> <strong>nova</strong> ponte em betão (a Arrábida, 1963, <strong>de</strong>sta vez apenas<br />

à cota alta), toda a marginal <strong>do</strong> <strong>Douro</strong> permanece com pouca presença resi<strong>de</strong>n-<br />

cial, conservan<strong>do</strong> velhos edifícios <strong>de</strong> armazéns e fábricas e um trajecto ribeirinho<br />

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