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o que nos ensina a jovem homossexual de freud sobre o que é ser ...

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94 OKBA NATAHI E OLIVER DOUVILLE<br />

ção e não a condição <strong>de</strong> instauração <strong>de</strong> outra cena. Seria possível ousar<br />

aventar a hipótese segundo a qual Freud não <strong>ser</strong>ia capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocar essa<br />

coincidência excessivamente precisa entre ele, o analista, e o lugar do pai<br />

da paciente na realida<strong>de</strong>? Inclusive por<strong>que</strong> sabemos da aptidão <strong>que</strong> tem<br />

a paciente para con<strong>de</strong>nsar em uma só pessoa traços heterogêneos <strong>que</strong><br />

lembram os laços edipia<strong>nos</strong>, tanto em relação aos parentes, quanto com<br />

seu irmão mais velho. Arrastar a sedução na direção do engano e reduzir<br />

o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> enganar a um conteúdo pr<strong>é</strong>-consciente <strong>ser</strong>ia não reconhecer<br />

o papel propulsor da sedução no fantasma. Seria um excesso <strong>de</strong> prudência<br />

da parte <strong>de</strong> Freud ou dificulda<strong>de</strong>, nesse caso, em abordar o <strong>que</strong> ele<br />

mesmo formula <strong>sobre</strong> a adolescência?<br />

Queremos, por fim, localizar os marcos indicados por Freud<br />

acerca da elaboração psíquica do período da puberda<strong>de</strong>, a fim <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>terminar o <strong>que</strong> enten<strong>de</strong>mos por instalação do fantasma na adolescência.<br />

“A psicogênese <strong>de</strong> um caso <strong>de</strong> <strong>homossexual</strong>ismo numa mulher”<br />

(Freud, [1920] 1969) cont<strong>é</strong>m quatro afirmações <strong>sobre</strong> o período<br />

da puberda<strong>de</strong>: 1) a <strong>jovem</strong> encontrava-se em fase <strong>de</strong> reconstituição<br />

pubertária do complexo <strong>de</strong> Édipo infantil at<strong>é</strong> sofrer a <strong>de</strong>cepção; 2)<br />

os <strong>de</strong>slocamentos da libido, no caso da neurose, situam-se na ida<strong>de</strong><br />

da tenra infância; enquanto na <strong>jovem</strong>, <strong>que</strong> segundo Freud <strong>de</strong>finitivamente<br />

não <strong>é</strong> mais neurótica <strong>que</strong> qual<strong>que</strong>r um, ocorreram <strong>nos</strong> a<strong>nos</strong><br />

seguintes à puberda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> forma inconsciente. Freud se interroga se<br />

o fator cronológico <strong>ser</strong>ia <strong>de</strong> fundamental importância nesse caso.<br />

Esta segunda afirmação po<strong>de</strong>ria abrir caminho para uma teoria segundo<br />

a qual o pubertário tornar-se-ia, após o infantil, o segundo<br />

paradigma <strong>de</strong>terminante dos <strong>de</strong>sti<strong>nos</strong> da libido; 3) a equiparação da<br />

paixão amorosa da <strong>jovem</strong> com as paixões muito freqüentes na puberda<strong>de</strong>,<br />

como a “admiração <strong>de</strong> um <strong>jovem</strong> por uma atriz c<strong>é</strong>lebre, a<br />

<strong>que</strong>m consi<strong>de</strong>ra estar em plano muito mais alto do <strong>que</strong> ele e para<br />

<strong>que</strong>m mal se atreve a levantar os acanhados olhos” (Freud, [1920]<br />

1969: 172). Cenografia precisa do eu i<strong>de</strong>al; 4) os impulsos homossexuais<br />

e amiza<strong>de</strong>s excessivas muito impregnadas <strong>de</strong> sensualida<strong>de</strong><br />

<strong>que</strong> se estabelecem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primeiros a<strong>nos</strong> <strong>de</strong> puberda<strong>de</strong> são condutas<br />

totalmente comuns.<br />

TEMPO PSICANALÍTICO, RIO DE JANEIRO, V.40.1, P.77-104, 2008

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