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Autores: Ludmila Giardini Noronha; Ana Cristina Salles Dias ...

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A opção por trabalhar com memórias é que possibilita uma transformação da<br />

consciência das pessoas nela envolvidas, compreendendo seu valor na vida local. Esse<br />

mergulhar conjunto e compartilhado no passado nos permite sair mais conscientes quanto aos<br />

problemas presentes da vida da comunidade estudada. Geralmente, este fato nos conduz<br />

naturalmente a ações conjuntas e politicamente conscientes visando sua superação.<br />

No decorrer deste trabalho, tornou-se necessário definir o conceito de memória, visto<br />

que a partir da história oral este é pertinente. Sendo assim, memória é a capacidade que o<br />

indivíduo tem de guardar e de reproduzir fatos, acontecimentos passados. Ela é importante<br />

para o idoso porque ativa a parte neurológica e, além disso, traz significações de caráter<br />

afetivo. É uma força subjetiva ao mesmo tempo profunda e ativa, uma sobrevivência do<br />

passado.<br />

Ao rememorar as suas histórias e experiências vividas a carga de significação é muito<br />

mais forte do que a vivenciada no tempo da ação. É reflexão e entendimento do agora, o<br />

existir de outros tempos, é sentimento que possibilita ao idoso entender o real sentido do<br />

presente.<br />

“A memória pode ser ao mesmo tempo, subjetiva ou individual (porque se refere a<br />

experiências únicas vivenciadas pelo indivíduo), mas também social porque é<br />

coletiva, pois se baseia na cultura de um agrupamento social e em códigos que são<br />

aprendidos nos processos de socialização que se dão no âmago da sociedade”<br />

(SIMSON, 2000, p.67).<br />

Neste sentido, as narrativas têm uma relevância social, visto que esta arte no mundo<br />

contemporâneo está em declínio. A sociedade valoriza outras formas de expressão<br />

desconsiderando esta cultura oral tão presente no cotidiano do idoso. Benjamin em seu texto<br />

“O Narrador” afirma que “a arte de narrar está definhando porque a sabedoria - o lado épico<br />

da verdade – está em extinção” (1994, p.200).<br />

Desta forma ao resgatarmos esta arte, procuramos analisar os aspectos subjetivos que<br />

compreendem a constituição destes sujeitos nos seus aspectos individuais e sociais,<br />

rememorando idéias vinculadas à escola, infância, trabalho, aos diferentes papéis<br />

desempenhados na sociedade e aos espaços ocupados por estes sujeitos.<br />

MEMÓRIA E SUBJETIVIDADE<br />

Iniciaremos as discussões com base nos relatos trazidos por estes sujeitos em relação<br />

às questões de memória escolar. É evidente nos relatos dos idosos na sua trajetória de vida<br />

escolar a forte presença de fracasso, exclusão social e principalmente troca do espaço escolar<br />

pela atividade de trabalho forçado. Como neste registro:<br />

1 Grifo nosso<br />

“Eu estudava quando eu mudei para Poços em 1966, mas tive que parar de estudar<br />

para ajudar meu pai nas despesas da casa 1 e até hoje continuo trabalhando”. (T.M.)

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