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Autores: Ludmila Giardini Noronha; Ana Cristina Salles Dias ...

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<strong>Autores</strong>: <strong>Ludmila</strong> <strong>Giardini</strong> <strong>Noronha</strong>; <strong>Ana</strong> <strong>Cristina</strong> <strong>Salles</strong> <strong>Dias</strong>.<br />

Orientadora: Ms. Karla Aparecida Zucoloto<br />

Colaboradoras: Eliana Aparecida Leite; Lucimara Aparecida de Azevedo; Raquel Franco.<br />

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais campus Poços de Caldas<br />

REMEMORANDO HISTÓRIAS DE VIDA NA EDUCAÇÃO DE IDOSOS: UMA<br />

ABORDAGEM SUBJETIVA<br />

CONTEXTUALIZANDO A VELHICE NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA<br />

A velhice abordada em um contexto histórico e social nos permite refletir sobre os<br />

mecanismos em que os idosos estão / são submetidos. Sendo assim, ela ainda não é uma<br />

realidade bem definida, visto que ao se tratar de seres humanos carregados de subjetividade,<br />

não é fácil, portanto, circunscrevê-la.<br />

Na sociedade moderna, a função do idoso é modificada a partir da sua relação com o<br />

mundo e com sua própria história. A velhice é entendida como um fator social e cultural<br />

sendo que é determinada pela luta de classes.<br />

Neste sentido as questões de desigualdade social ao longo da história definem a<br />

maneira como a sociedade concebe a velhice. Enquanto os idosos são capazes de produzir<br />

estão inseridos no sistema, eles são reconhecidos pela sociedade como membros ativos. No<br />

entanto, com o afastamento do sistema de produção a sua condição passa a ser desvalorizada e<br />

então perdem o seu papel social, atrofiando competências e habilidades previamente<br />

existentes, fazendo com que o idoso internalize estigmas de doente, inadequado, improdutivo<br />

e incompetente.<br />

Ao contrário da forma como a velhice era concebida na sociedade pré-industrial, na<br />

qual o conhecimento, a experiência e os escassos recursos estavam assegurados sob o seu<br />

domínio, nas sociedades industrializadas essa condição é modificada. Neste contexto os<br />

idosos sofrem segregação e perdem seu status social, sendo assim excluídos e marginalizados.<br />

Na sociedade contemporânea o idoso é visto como um ser inútil e desprovido de<br />

condições materiais, físicas e psicológicas de integrar-se na sociedade. A partir dessa<br />

realidade social contemporânea, torna-se necessário repensar meios para valorizar tais<br />

indivíduos, pois o atual contexto de que fazemos parte integra os que sabem e podem e os<br />

que não sabem e não podem, não são integrados por não corresponderem aos objetivos do<br />

sistema. Os idosos são comparados à “máquinas quebradas,” os seus corpos não são mais<br />

vistos como força de produção. O saber acumulado pela experiência e vivência também não<br />

correspondem aos anseios da sociedade, uma vez que o primordial e a força propulsora da<br />

mesma estão centralizados no capital.<br />

Dessa maneira numa visão foucaultiana, “o corpo só se torna força útil, se é ao<br />

mesmo tempo, corpo produtivo, e corpo submisso”. (FOUCAULT, 1997, p.28) No entanto,<br />

esta força pode não somente ser exercida de forma direta ou por suposições ideológicas, como<br />

também ser tecnicamente pensada de forma sutil e assim continuar sendo de ordem física. Um<br />

dos aspectos que podem ser abordados nesta lógica é a questão da aposentadoria.<br />

Os idosos são arrancados do seu ambiente de trabalho, tendo que mudar a sua rotina e<br />

todos os seus hábitos. O sentimento de excluídos e desvalorizados passa a constituir sua


existência. Com efeito, dessa nova etapa, não só ganham muito menos dinheiro do que antes,<br />

com a quantia não é mais ganha através do seu trabalho. Esse fato de não mais trabalhar para<br />

o seu próprio sustento é sentido como uma decadência, muitos recebem tal pensão como<br />

esmola. Temos certo, que é através de sua ocupação e de seu salário que o homem define sua<br />

identidade. Ao se aposentar, perde essa identidade, no caso um antigo padeiro não é mais uma<br />

padeiro: não é nada.<br />

O idoso neste contexto deixa de ser homem, portanto, perde o seu lugar na sociedade,<br />

a sua dignidade e quase a sua própria realidade. Além disso, estes sujeitos foram<br />

condicionados uma vida inteira ao trabalho, quando aposentam não sabem o que fazer do<br />

tempo livre. Muitos não sabem ou não podem substituir as antigas funções e com isso as<br />

mudanças são compreendidas como estranhas e de difícil aceitação: alguns morrem, muitos se<br />

abandonam, enfim, esta fase é recebida como um momento de frustração e impotência.<br />

A velhice é a condenação de todo um sistema mutilador, um sistema que não fornece<br />

aos sujeitos uma razão de viver. O trabalho e a fadiga de certa maneira mascaram essa<br />

ausência que permeia ao longo de nossa vida. No momento da aposentadoria essa ausência é<br />

descoberta, sendo mais grave do que o tédio. Ao envelhecer o sujeito não tem mais o seu<br />

lugar na sociedade, porque na verdade nunca lhe foi concedido um lugar; simplesmente ele<br />

não tivera tempo para perceber esta realidade, quando a percebe lhe sobressai um grande<br />

desespero.<br />

Neste sistema capitalista, a pensão destinada aos idosos, ao contrário de ser uma<br />

atitude humanista, assume interesse capitalista, pois estes indivíduos embora excluídos da<br />

dinâmica social continuam consumindo e, desta forma, contribuindo para o funcionamento da<br />

máquina de produção denominada capitalismo. Através deste caráter sutil de manifestação de<br />

poder, os idosos retornam ao sistema o que lhes foi atribuído.<br />

Nesse processo o capitalismo leva em consideração exclusivamente o interesse da<br />

economia, isto é, do capital e não o das pessoas. Eliminando-os do mercado de trabalho, os<br />

aposentados constituem uma carga da sociedade baseada no lucro. A aposentadoria ocasiona<br />

uma ruptura com o passado. Sendo um período de adaptação que lhe traz algumas vantagens<br />

como o descanso, lazer, mas também muitas desvantagens, empobrecimento e<br />

desqualificação.<br />

Diante destes fatos, visando reconhecer o papel social destes sujeitos, como cidadãos<br />

participativos e munidos de direitos a serem preservados, é necessário que repensemos a<br />

relevância de projetos fundamentados na valorização desta cultura.<br />

Embasados nesta concepção, o projeto de Educação de Jovens e Adultos da Pontifícia<br />

Universidade Católica de Minas Gerais da cidade de Poços de Caldas visa colaborar de<br />

maneira consciente para a promoção de espaços de vivências que oportunizem uma educação<br />

de qualidade voltada a este público. Tendo como finalidade atender a comunidade, a sua<br />

demanda é constituída de idosos já que a população local em sua maioria é composta pelos<br />

mesmos. Sendo o trabalho realizado em diferentes instituições e segmentos sociais.<br />

O princípio norteador de nossa prática é o de estabelecer uma relação dialógica entre<br />

os sujeitos do processo. Fundamentados nos princípios freireano de uma educação libertadora,<br />

visamos à auto-descoberta dos idosos para que reflexivamente compreendam sua própria<br />

história e sua própria condição.


A integração realizada no projeto não resulta em estar apenas inseridos na sociedade,<br />

mas em fazer parte dela. A relação do homem com a realidade dinamiza o seu mundo,<br />

dominando-o e humanizando-o, fazendo cultura. Esta postura não permite a estabilidade e a<br />

imobilidade. A partir da conscientização é possível assumir um compromisso histórico, não<br />

desvinculando mundo e consciência. Nesse processo a conscientização e libertação são<br />

indissociáveis.<br />

Os sujeitos participantes do projeto são respeitados de acordo com a sua constituição<br />

histórica e social. Trazendo consigo especificidades que não podem ser omitidas, mas que<br />

devem ser compreendidas como fatores inerentes ao processo de envelhecimento. Enquanto a<br />

juventude emana auto-confiança, saúde, projetos de vida, sonhos, a velhice é o contraponto à<br />

todos estes aspectos.<br />

Segundo Erickson (1998) a velhice traz consigo novas exigências, reavaliações e<br />

dificuldades diárias. Estas dificuldades estão relacionadas à perda de habilidades motoras. Os<br />

corpos enfraquecem perdendo sua autonomia. Na medida em que a autonomia e o controle<br />

são desafiados a auto-estima e confiança diminuem.<br />

Os idosos desconfiam das suas capacidades ocasionando conflitos consigo e com o<br />

meio; a culpa pelo fracasso os fazem sentir desmotivados diante das suas próprias<br />

expectativas. O medo é evidente em seu cotidiano o que torna o desejo de morte presente.<br />

Neste sentido, é difícil encontrar razões para agir quando são vedadas as antigas atividades.<br />

Diante dessa condição tornou-se necessário direcionar o trabalho educativo<br />

contemplando atividades que fossem significativas e que contribuíssem para o fortalecimento<br />

e resgate da identidade, auto-estima, esperança, confiança, iniciativa, autonomia, entre outros.<br />

Com esse propósito, recorremos ao trabalho com memórias, estas reconstruídas<br />

através da história oral. Segundo Alberti (2005), esta metodologia pressupõe um estudo<br />

comparado de casos específicos, cada um deles tomado de maneira particular. O estudo de<br />

narrativas permitiu que os envolvidos na pesquisa se lembrassem de fatos, colocando suas<br />

experiências em uma seqüência encontrando possíveis explicações e articulando-as com os<br />

acontecimentos que constroem a vida individual e social.Nesta abordagem, “tem-se então<br />

uma relação em que se deparam sujeitos distintos, muitas vezes de gerações diferentes, e, por<br />

isso mesmo, com linguagem, cultura e saberes diferentes, que interagem e dialogam sobre um<br />

mesmo assunto”( ALBERTI, 2005, p. 101) .<br />

Por trabalhar com o universo de significados, crenças, valores, atitudes e aspirações,<br />

sendo um espaço mais profundo das relações, dos fenômenos, dos processos que não podem<br />

ser reduzidos à operacionalização de variáveis, este estudo configurou-se como uma pesquisa<br />

qualitativa.<br />

Seguindo os princípios dessa abordagem, as coletas de dados foram realizadas por<br />

meio de textos produzidos pelos membros do grupo, que consistiram nas narrativas das suas<br />

histórias de vida. Além disto, foi realizada a análise de documentos e do registro dos diários<br />

de campo. Observações realizadas onde residem os participantes da pesquisa, constituiu<br />

também parte da coleta de dados.<br />

Os sujeitos que participaram da pesquisa possuem como característica a faixa etária<br />

entre 50 e 86 anos e são residentes em Poços de Caldas. Os sujeitos se dividiram em dois<br />

grupos: pessoas internas em asilos e pessoas não internas.


A opção por trabalhar com memórias é que possibilita uma transformação da<br />

consciência das pessoas nela envolvidas, compreendendo seu valor na vida local. Esse<br />

mergulhar conjunto e compartilhado no passado nos permite sair mais conscientes quanto aos<br />

problemas presentes da vida da comunidade estudada. Geralmente, este fato nos conduz<br />

naturalmente a ações conjuntas e politicamente conscientes visando sua superação.<br />

No decorrer deste trabalho, tornou-se necessário definir o conceito de memória, visto<br />

que a partir da história oral este é pertinente. Sendo assim, memória é a capacidade que o<br />

indivíduo tem de guardar e de reproduzir fatos, acontecimentos passados. Ela é importante<br />

para o idoso porque ativa a parte neurológica e, além disso, traz significações de caráter<br />

afetivo. É uma força subjetiva ao mesmo tempo profunda e ativa, uma sobrevivência do<br />

passado.<br />

Ao rememorar as suas histórias e experiências vividas a carga de significação é muito<br />

mais forte do que a vivenciada no tempo da ação. É reflexão e entendimento do agora, o<br />

existir de outros tempos, é sentimento que possibilita ao idoso entender o real sentido do<br />

presente.<br />

“A memória pode ser ao mesmo tempo, subjetiva ou individual (porque se refere a<br />

experiências únicas vivenciadas pelo indivíduo), mas também social porque é<br />

coletiva, pois se baseia na cultura de um agrupamento social e em códigos que são<br />

aprendidos nos processos de socialização que se dão no âmago da sociedade”<br />

(SIMSON, 2000, p.67).<br />

Neste sentido, as narrativas têm uma relevância social, visto que esta arte no mundo<br />

contemporâneo está em declínio. A sociedade valoriza outras formas de expressão<br />

desconsiderando esta cultura oral tão presente no cotidiano do idoso. Benjamin em seu texto<br />

“O Narrador” afirma que “a arte de narrar está definhando porque a sabedoria - o lado épico<br />

da verdade – está em extinção” (1994, p.200).<br />

Desta forma ao resgatarmos esta arte, procuramos analisar os aspectos subjetivos que<br />

compreendem a constituição destes sujeitos nos seus aspectos individuais e sociais,<br />

rememorando idéias vinculadas à escola, infância, trabalho, aos diferentes papéis<br />

desempenhados na sociedade e aos espaços ocupados por estes sujeitos.<br />

MEMÓRIA E SUBJETIVIDADE<br />

Iniciaremos as discussões com base nos relatos trazidos por estes sujeitos em relação<br />

às questões de memória escolar. É evidente nos relatos dos idosos na sua trajetória de vida<br />

escolar a forte presença de fracasso, exclusão social e principalmente troca do espaço escolar<br />

pela atividade de trabalho forçado. Como neste registro:<br />

1 Grifo nosso<br />

“Eu estudava quando eu mudei para Poços em 1966, mas tive que parar de estudar<br />

para ajudar meu pai nas despesas da casa 1 e até hoje continuo trabalhando”. (T.M.)


Constata-se que o ciclo de vida do indivíduo pode ser adequadamente compreendido a<br />

partir do contexto social em que acontece. O indivíduo e a sociedade se relacionam de<br />

maneira indissociável. Podemos verificar na seguinte fala:<br />

“Parei de estudar para cuidar da minha irmã.” (M.E.)<br />

Percebe-se que as maiorias das mulheres deixaram de freqüentar a escola para<br />

exercerem afazeres domésticos, já no caso dos homens cuidavam de serviços voltados à<br />

lavoura.<br />

“Tive de abandonar a escola, para ajudar meus pais na roça, o meu lápis foi à<br />

enxada” (F.O.).<br />

“Parei de estudar para ajudar nas tarefas de casa, meu pai dizia que a mulher não<br />

precisa estudar, o estudo dela é o casamento, os filhos, o fogão e tomar conta de<br />

casa.” (M.L.).<br />

Diante das colocações citadas, esses sujeitos são tratados na sociedade como<br />

insignificantes, existindo a relação de poder desigual entre os membros da família. O forte<br />

preconceito de gênero é evidente nestes relatos. As mulheres e os homens ocupavam posições<br />

diferentes na dinâmica social. Em uma sociedade patriarcal, as mulheres e as crianças são<br />

submetidas às vontades de um sujeito dotado de poder. Poder este construído e determinado<br />

histórico e socialmente.<br />

Embora estes relatos façam referência a outras épocas em que o forte papel do homem<br />

prevalecia sobre os outros, é possível estabelecer relações com a atualidade. Mesmo que a<br />

instituição família tenha sofrido significativas mudanças em sua composição, verifica-se<br />

ainda que o sexo masculino exerce forte domínio e usufrui de privilégios acentuando a<br />

desigualdade de gênero.<br />

Nesse sentido os idosos que participaram da pesquisa deixaram de estudar nas nos<br />

primeiros anos de escolarização. Defendia-se a idéia de que o sujeito alfabetizado era aquele<br />

capaz de assinar o próprio nome e de fazer cálculos simples. No entanto, esse discurso e tal<br />

realidade era direcionada a classe popular, visto que a elite tinha acesso e garantia de<br />

permanência na escola.<br />

“A escola para mim não fez falta quando morava na roça. Quando fui ficando velho<br />

e mudei para a cidade vi o tanto que me fez falta, mas burro velho não pega<br />

marcha. Mesmo assim assino o meu nome sem medo.” (V.C.).<br />

Outro aspecto analisado nos relatos diz respeito à questão da punição física que era<br />

uma prática freqüente no ambiente escolar.<br />

“Quando eu era criança meu pai queria me tirar da escola porque eu não aprendia.<br />

Um dia resolveram pintar a escola que eu estudava, as paredes ficaram<br />

branquinhas! Quando olhei não tinha o nome dela escrito, peguei um carvão e<br />

escrevi. Quando a professora viu me pegou pelos cabelos e me colocou de castigo<br />

ajoelhada no grão de milho. Como eu era bem gordinha o grão entrou na minha<br />

pele. Depois daquele dia, nunca mais voltei na escola” ( M.G.E.)


Este é um exemplo, no entanto muitos outros foram relatados e com estes percebemos<br />

que a exclusão escolar resulta na incapacidade de relações consigo (insegurança, baixa autoestima)<br />

e com o meio (expectativa do outro). Para estes sujeitos retornarem às instituições<br />

escolares é um desafio a ser vencido, visto que a vulnerabilidade deste processo ainda é<br />

evidente, como no relato a seguir:<br />

“Um dia quando eu estava fazendo a lição do be-a-bá eu errei. A professora viu e<br />

zangou comigo. Me pegou e me deu uma reguada de madeira na cabeça tão forte<br />

que até quebrou . Eu não gostava de ir na escola.” ( A. R. )<br />

É importante salientar que neste contexto histórico prevalecia à punição física nos<br />

ambientes escolares, já na sociedade contemporânea ela assume outro caráter, porém, com<br />

uma forma sutil em que o poder encontra o nível dos indivíduos, atingindo seus corpos, se<br />

inserindo em seus gestos, em suas atitudes, seus discursos, seu aprendizado, sua vida<br />

cotidiana. É um poder microscópico.<br />

Outro aspecto que analisamos diz respeito ao trabalho que perpassa todas as fases da<br />

vida dos sujeitos da pesquisa. Muitos foram submetidos ao trabalho infantil subtraída à<br />

consciência de infância. O trabalho traz consigo suposições de existência, não apresentando a<br />

dualidade existente entre trabalho versus infância. O trabalho constituía a própria infância,<br />

portanto, mesmo fazendo parte dessa árdua realidade existe uma necessidade infantil do<br />

lúdico. Nas entrelinhas dos discursos é confirmado estes pressupostos. Como podemos<br />

observar:<br />

“Eu gostava muito de brincar com o carrinho de sabugo de milho, mas não era<br />

sempre que eu brincava porque tinha que ajudar o meu pai na lavoura.” (J.B.).<br />

Como podemos analisar o brincar neste contexto de trabalho muitas vezes acarretava<br />

uma infância desprovida de ludicidade. Os brinquedos eram feitos de materiais provenientes<br />

do ambiente de trabalho. É comum como neste relato, a construção de carrinhos feitos de<br />

milho, bonecas de pano, brinquedos feitos de legumes. Mesmo assim a imaginação encontra<br />

meios para manifestar.<br />

Fazendo um paralelo com a atualidade, constatamos que o rememorar a infância,<br />

destacando os brinquedos de que os idosos dispunham, revela-se uma história vinculada a<br />

condição de pobreza e sofrimento. Neste sentido, é importante criticidade diante da<br />

supervalorização de manifestações da cultura popular. Estas podem trazer de forma subjetiva<br />

suposições ideológicas que reafirmam a desigualdade social. Para estes idosos, o fato de<br />

brincar com carrinhos de sabugo de milho não correspondia aos seus verdadeiros desejos,<br />

visto que muitas vezes a diferença de classe estava acentuada no próprio brinquedo.<br />

Nos relatos analisados observa-se que embora estes sujeitos não compreendessem os<br />

mecanismos do sistema desigual, eles vivenciavam a concretude desta realidade.<br />

Nesse mesmo enfoque, o trabalho era visto como uma necessidade de sobrevivência.<br />

Como pode ser verificado:


“Nasci na roça e com 5 anos mudei para a cidade.Comecei a trabalhar com 9 anos<br />

numa fábrica de vidro, até os 13 anos. Depois entrei na oficina mecânica, lá eu<br />

trabalhei até os 18 anos. Eu sempre dava o dinheiro para o meu pai e ele é que ia<br />

receber o dinheiro todo mês, isso até eu ter 18 anos.” (S.D.S)<br />

Diante desses relatos podemos fazer uma análise da sociedade capitalista que a partir<br />

de um sistema de produção desigual insere os trabalhadores e as crianças a uma realidade subhumana.<br />

É importante ressaltar que este trabalho refere-se a uma sistematização do processo<br />

de produção. No entanto, era realidade nas classes mais pobres a criança trabalhar desde a<br />

mais tenra idade para garantir subsídios ao orçamento familiar.<br />

Esse sistema possibilitava o adestramento da força de trabalho desde cedo. Incluí-los<br />

no sistema envolvia mecanismos disciplinadores capazes de afastar as crianças das<br />

companhias maléficas e dos perigos da rua, discurso este de caráter moralista. Como pode ser<br />

verificado:<br />

“Quando eu era criança tinha que trabalhar muito. Meu pai dizia que a rua só<br />

ensinava o que não era bom. E par ser alguém, tinha que enfrentar o trabalho<br />

duro”.(J.O)<br />

A grande maioria das crianças não recebia qualquer tipo de remuneração, pois<br />

trabalhavam ajudando os pais a aumentarem a sua produtividade. Decorrente disto, a família<br />

não tinha discernimento crítico o suficiente para ver a atividade da criança como um trabalho.<br />

A memória relacionada ao trabalho permeia toda a história de vida destes sujeitos.<br />

Com isso esta atividade constitui sua própria existência. Quando estes se vêem excluídos do<br />

sistema de produção é difícil à aceitação de novas atividades que não estejam vinculadas ao<br />

trabalho.<br />

“Eu gosto de viver, mas é ruim não ter ocupação.A vida de aposentado é<br />

muito parada. Comecei ajudar um amigo em uma padaria. Fazia rosca, pão, sonho,<br />

mesmo sem saber ler e escrever como eu sei hoje. Um dia o meu amigo disse que eu<br />

não podia voltar mais na padaria para trabalhar porque eu sou velho e fico doente.<br />

Agora colocaram outro mais novo em meu lugar, ele sabe bem menos do que eu.<br />

Não concordei com o meu amigo, mas o que eu posso fazer”.( A. R.)<br />

A partir desta fala, embasados nos princípios marxistas, constatamos que a força de<br />

trabalho de um homem é consumida ou usada, fazendo-o trabalhar, assim como se consome<br />

ou se usa uma máquina fazendo-a funcionar. Quando esta força já não corresponde aos<br />

interesses da sociedade, o homem por sua vez condicionado sente-se incapaz de realizar<br />

qualquer outro tipo de atividade que esteja desvinculada do sistema capitalista.<br />

Quando o trabalho constitui uma auto-realização a sua renuncia equivale à morte para<br />

muitos idosos. Sabemos que o trabalho na sua dinâmica traz ambivalências: ao mesmo tempo<br />

em que é uma fadiga, obrigação é também fonte de interesse, um fator de integração à<br />

sociedade. Essa ambigüidade reflete-se na aposentadoria, que pode ser vista como descanso<br />

ou como uma marginalização.<br />

Nesta lógica, a supervalorização do trabalho é evidente nos relatos, uma vez que o ato<br />

de ensinar uma cultura à torna viva. Ainda na luta para continuar se afirmando como homem,<br />

o idoso tem a necessidade de ensinar aquilo que sabe e que levou toda uma vida para<br />

aprender.


“Eu morava 12 léguas de distância de Nonuque. Lá eu aprendi a fazer<br />

farinha de mandioca. Você vai à plantação, colhe as mandiocas graúdas, arranca a<br />

casca, rala e põe na prensa para secar a água. Depois é só colocar no coxo e<br />

esfarinhar bem, deixa algum tempo e leva no forno bem quente e vai mexendo para<br />

torrar. Quando estiver bem sequinha esta pronta.” (A. S)<br />

Como podemos verificar a recordação é tão presente que se transforma no desejo em<br />

transmitir a arte a quem o escuta. No entanto como afirma Bosi:<br />

“A função social do velho é lembrar e aconselhar. Mas a sociedade capitalista<br />

impede a lembrança, usar o braço servil do velho e recusar os seus conselhos, o<br />

desarma, mobilizando mecanismos pelos quais oprime a velhice, destrói os apoios<br />

da memória e substitui a lembrança pela história oficial celebrativa.” (BOSI, 2001,<br />

p. 18)<br />

Constata-se que o idoso é impedido de lembrar e de ensinar, uma vez que as memórias<br />

não existem para si, mas somente para o outro e este outro é um opressor. Assim sendo a<br />

relação trabalho e vida é evidente nas memórias dos idosos. O trabalho em diferentes<br />

contextos permeia toda a existência destes sujeitos tendo diversas significações, como já<br />

foram abordadas.<br />

Além da ideologia do sistema de produção que torna os sujeitos alienados, outros<br />

discursos e práticas constituem a formação dos mesmos. O idoso na sociedade contemporânea<br />

traz consigo histórias e memórias de caráter submisso, misturando noções presentes com a<br />

matéria vivida do passado. Tais suposições assumem o caráter religioso e também de<br />

submissão. Constatamos que os sujeitos pesquisados evidenciam idéias que se fundamentam<br />

numa concepção de vínculo religioso como podemos analisar:<br />

“Hoje me acho em obrigação de mostrar ao mundo que o Senhor é o caminho para<br />

a salvação da humanidade”.(J.C.M)<br />

Com este relato torna-se possível averiguar na visão althusseriana que:<br />

“A estrutura de toda ideologia, a enterpelar os indivíduos enquanto sujeitos em<br />

nome de um sujeito único e absoluto é especular, isto é, funciona como um espelho,<br />

e duplamente especular: este desdobramento especular é constitutivo da ideologia e<br />

assegura o seu funcionamento”(ALTHUSSER, 2003, p. 102).<br />

Com esta premissa é possível reconhecer que o discurso deste sujeito traz consigo<br />

subjetividade e submissão ao poder maior, capaz de amenizar suas dores e resolver problemas<br />

de cunho social, sendo que o mesmo sujeito submetido a esse poder deve ser também<br />

multiplicador do discurso ideológico.<br />

“Como Deus queria fazer obras nas nossas vidas o tempo foi se passando, certo dia<br />

Deus nos provou com uma prova maligna. Então eu fiz um propósito com Deus se<br />

ele viesse ao nosso encontro e nos libertasse no próximo batismo que Deus nos<br />

preparasse eu iria obedecer. Nessa hora Deus veio ao nosso encontro e nos<br />

libertou.” (J.B)


Com esse relato, evidencia-se o duplo papel desempenhado pela ideologia<br />

religiosa uma vez que ela pode salvar, também pode punir. Neste aspecto é que ela exerce um<br />

grande poder sobre os sujeitos, visto que os mesmos temem o repúdio de uma sociedade<br />

adepta a tais valores. Eles se constituem pela sua sujeição. É perceptível nos relatos a ênfase<br />

atribuída ao transcendente como o oportunizador de conquistas materiais, atribuindo a este<br />

todas as manifestações afetivas. Neste sentido a relação de poder exercida por este aparelho<br />

ideológico submete os indivíduos a um regime disciplinador tão rigoroso que interfere no ser<br />

humano nos seus aspectos biopsicossocial.<br />

A punição não precisa, portanto utilizar o corpo, mas a representação, transformando e<br />

moldando os sujeitos conforme as suas ideologias.<br />

Embora os discursos exerçam forte poder sobre os homens “livres,” é perceptível que<br />

em um ambiente de confinamento, no qual supostamente os indivíduos estejam menos<br />

suscetíveis à manipulação ideológica o próprio espaço físico e condição determinam regras<br />

disciplinadoras de manipulação.<br />

Nesse sentido, parte dos idosos que participam do projeto vivem em asilos da cidade.<br />

Sendo necessário abordar a situação destes espaços que silenciam histórias e a cultura de um<br />

povo que sofreu e sofre os impactos da desigualdade. É a partir daí que podemos entender a<br />

depressão, angústia, o medo da morte, sentimentos comumente associadas aos aspectos<br />

psicológicos da pessoa que envelhece, resultando na desadaptação individual do sistema ou<br />

resultando na sua exclusão social. “Quando os idosos não podem mais sustentar-se física e<br />

economicamente, o único recurso dos velhos é o asilo” (BEAUVOIR, 1990, p. 312).<br />

Na maioria dos asilos o espaço destinado a cada pessoa é restrito, normalmente eles<br />

são obrigados a dividirem o mesmo espaço e na maioria das vezes com pessoas<br />

desconhecidas. Nesta condição eles perdem sua privacidade e sua identidade.<br />

Os horários são pré-estabelecidos e rígidos, a rotina determinada. Os idosos são<br />

submetidos a vários tipos de pressão nestes espaços: são limitadas suas saídas, comem o que<br />

determinam, dormem e acordam em horários estabelecidos. São obrigados a cumprirem todos<br />

os requisitos impostos. Nesse sentido podemos constatar que são aspectos de confinamento.<br />

Sendo a entrada no asilo um drama para o idoso, ele é vitima dessas pressões separado do seu<br />

passado e de seu ambiente.<br />

Em uma leitura focaultiana é possível conceber os asilos como instituições sociais de<br />

gerenciamento de subjetividades. Assim, como as prisões e manicômios, os asilos na<br />

sociedade pós-moderna, considerando-os como espaços de expressão de poder e<br />

confinamento, visto que os idosos sentem-se indivíduos diminuídos que lutam para continuar<br />

vivendo.<br />

Verifica-se que nos asilos, existe a situação de isolamento dos sexos, sendo<br />

impiedosamente separados. Compreende-se que nessas condições, a entrada no asilo é um<br />

drama, o choque psicológico é particularmente violento entre mulheres e homens,<br />

manifestando ansiedade e temores.<br />

“Minha dona fica lá em cima e eu aqui em baixo. Ela está doente e eu posso visitar<br />

ela uma vez ao dia. Não posso subir porque tem uma grade que nos separa. Ela até<br />

foi internada e eu nem fiquei sabendo, nem fui visitar ela.” ( J.F.)


A partir deste relato observa-se uma realidade existente em muitos asilos. Quando os<br />

idosos chegam nesses espaços suas histórias conjugais são desconsideradas, passando a viver<br />

enclausurados cada um no seu grupo que é imposto. A relação marido e mulher são<br />

irrelevantes, pois essas organizações desvalorizam as histórias de vida destes sujeitos.<br />

A situação econômica é determinante e perpassa toda a vivência dos indivíduos da<br />

classe popular, como pode ser verificado no relato:<br />

“Resolvemos morar aqui porque o que ganho não é muito, então nós damos R$150<br />

por mês e não temos água, luz e IPTU para pagar e tantas outras contas”. ( M.M)<br />

“O aluguel é muito caro e eu só recebo um salário da minha aposentadoria não dá<br />

para manter uma casa, por isso eu vivo aqui no asilo.” (J.F)<br />

Diante desses relatos fica evidente que muitos idosos optam por residirem em asilos<br />

por questões financeiras. No entanto, isto não deveria ser um determinante para a estruturação<br />

destes espaços visto que as condições das instalações muitas vezes são precárias.<br />

Nos relatos percebe-se que os idosos sentem muita falta das atividades<br />

exercidas anteriormente não perdendo o seu valor ao longo do tempo. Com isso ocasiona<br />

frustrações frente às imposições sofridas nestes espaços. Os idosos demonstram anseios em<br />

viver com o mínimo de autonomia que lhes restam, eles são submetidos às regras e<br />

procedimentos que os tornam submissos, dependentes, sem direito a expressão, enfim<br />

disciplinados.<br />

“Eu estou aqui há pouco tempo, não gosto de morar aqui no asilo porque o portão<br />

fecha às 18 horas. Eu gosto de sair sem ter hora para voltar, sem ter que dar<br />

satisfações. Às vezes fico irritado com as pessoas que moram aqui porque eles<br />

acham que sabem tudo” (J.L)<br />

Segundo Focault (1977), para que o poder disciplinar seja exercido em todos os seus<br />

efeitos basta que aqueles que estão a ele submetidos saibam que são vigiados. A<br />

potencialidade da vigilância é por si suficiente para que o poder disciplinar se exerça<br />

justamente porque com ele uma sujeição real nasce de uma relação fictícia. Esse caráter<br />

ficcional decorre do fato de que, ao saberem-se sujeitos a um único olhar a tudo pode ver<br />

permanentemente, os indivíduos disciplinam-se a si mesmos, e o fazem à permanência desse<br />

olhar onipresente. Na medida em que a visibilidade constante dos indivíduos e a invisibilidade<br />

permanente do poder disciplinar fazem com que os indivíduos se adestrem, se ajustem e se<br />

corrijam inicialmente por lema próprio. Pode-se afirmar que a vigilância substitui a violência<br />

e a força. Outro aspecto que foi observado é a solidão que acompanha estes idosos. Muitos<br />

são completamente abandonados por seus familiares, amigos, acabam nestes espaços sem<br />

expectativas e esperando apenas a morte.<br />

“Sinto muito sozinha, meus filhos me deixaram aqui. Eles esqueceram de vir me<br />

buscar, eu queria muito viver com eles. Aqui todo mundo sofre, a gente vai<br />

morrendo a cada dia. Não pode fazer nada, tem que deitar a tarde e só levantar no<br />

outro dia. A gente não sabe o que acontece na vida mais, quando perde as forças os<br />

outros é que mandam na gente.” (M.A)


Como podemos analisar o idoso é abandonado, muitas vezes são tratados como<br />

crianças, durante todo dia permanecem sentados na poltrona. Mesmo se lhe é proposto<br />

distrações, estão mergulhados num estado de letargia que recusam, acentuando o sentimento<br />

de decadência. Para Beauvoir (1990), quando o mundo se revela de maneira que a<br />

permanência nele se torna intolerável, o jovem cultiva a esperança de mudança, o mesmo não<br />

ocorre com o idoso, a quem não resta mais nada a não ser desejar a morte. “A decadência<br />

biológica acarreta a impossibilidade de se superar, de se apaixonar, ela mata os projetos, e é<br />

nesta perspectiva que torna a morte aceitável” (BEAUVOIR, 1990, p. 544).<br />

Verificamos que a situação do idoso é de cunho social, e infelizmente ainda no século<br />

XXI as pessoas não se encontram preparadas para enfrentar a velhice. Como fenômeno pósmoderno,<br />

os países em vias de desenvolvimento devem atentar para tal questão, visto que a<br />

expectativa de vida está aumentando e decorrente disto os idosos precisam de espaços de<br />

inclusão.<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

O trabalho com memórias possibilitou aos que participaram desta pesquisa<br />

ressignificar a sua própria existência e refletir sobre o contexto atual e os mecanismos de<br />

poder que tentam silenciar os idosos. Assim, como vimos, ao longo deste trabalho, a memória<br />

pode ser ao mesmo tempo, subjetiva ou individual, mas também social porque é coletiva.<br />

Percebemos que o ato de rememorar não nos retém ao passado, mas nos conduz para<br />

compreendermos o agora a partir de outrora.<br />

Com essa vivência foi possível dar palavras às vozes que são silenciadas, pois a<br />

comunicação transforma os seres humanos em sujeitos, sendo que esta se efetiva quando é<br />

igualitária.<br />

“O vínculo com outra época, à consciência de ter suportado, compreendido muita<br />

coisa, traz para o ancião alegria e uma ocasião de mostrar sua competência. Sua vida<br />

ganha uma finalidade se encontrar ouvidos atentos, ressonância” ( BOSI, 1995<br />

p.43).<br />

Observava-se que a memória não é sonho, mas trabalho. Podemos acrescentar que o<br />

ato de compartilhar a memória, é um trabalho que estabelece sensíveis relacionamentos entre<br />

os indivíduos, talvez por isso, conduza a ação. Essa memória compartilhada, enquanto desejo<br />

que se realiza numa relação não inserida na lógica de mercado, nos leva a construir redes de<br />

relacionamentos nas quais é possível focalizar em conjunto aspectos do passado, envolvendo<br />

participantes de diferentes gerações de um mesmo grupo social.<br />

Para a Educação de Jovens e Adultos este trabalho facilitou a ampliação de suas<br />

intervenções, principalmente a valorização do conhecimento dessa cultura vivida. As ações<br />

sócio-educativas dessa experiência têm propiciado o alcance dos objetivos esperados, além da<br />

ampliação da visão de mundo, elaborados com a ajuda do resgate das histórias de vida no<br />

processo de ensino-aprendizagem. Possibilitando um processo de alfabetização significativo,<br />

acredita-se que as estratégias pedagógicas discutidas nesta pesquisa possibilitaram<br />

desmistificar os estereótipos de que a educação está restrita à sala de aula onde o professor é o<br />

único detentor do conhecimento.


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2005.<br />

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de Estado. 7.ed. Rio de Janeiro: Graal, 2003.<br />

BEAUVOIR, Simone de. A velhice. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990.<br />

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cultura. Trad. Sérgio Paulo Rouanet. 7 ed. São Paulo: Brasiliense, 1994<br />

BOSI, Ecléa. Memória e sociedade: lembranças de velhos. 9. ed. São Paulo: Companhia das<br />

Letras, 2001<br />

COUCEIRO, Maria de Loreto Paiva. Especificidades das abordagens biográficas em ciências<br />

da educação. In: ESTRELA, Albano; FERREIRA, José (org). Métodos e técnicas de<br />

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de Psicologia e de Ciências da Educação, 1997.<br />

ERIKSON, E.; ERIKSON, J. M. O Ciclo de Vida Completo. Versão ampliada. Porto Alegre:<br />

Artes Médicas, 1998<br />

FOUCAULT, Michel; MACHADO, Roberto. Microfisica do poder. 12a ed. Rio de Janeiro:<br />

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FARIA FILHO. Arquivos, fontes e novas tecnologias. Questões para a história da educação.<br />

Campinas: <strong>Autores</strong> Associados, 2000.

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