setembro / outubro 2012 9
Entrevista Construir, sempre Aleksandar Mandic é uma daquelas pessoas que parece estar sempre em busca de novidades. Com um micro 286 e uma linha telefônica, criou o sistema que foi o princípio do primeiro provedor do país, em uma época em que o computador e o telefone eram para poucos. Depois, para reverter este quadro, anos mais tarde lançou o IG, primeiro portal de internet gratuita do Brasil. Assim, de inovações, construiu sua fama. E não se cansa. Trabalhando, como ele gosta de dizer, 24x7 (24 horas, sete dias da semana), demonstra agilidade e não se importa em arriscar. Ele contou à Applaus um pouco sobre sua trajetória e o que ele acredita ser o negócio do momento. Para ele, não há uma regra. As coisas são inventadas simplesmente porque ainda não existem. E ponto. Conte um pouco de sua trajetória rumo a se tornar um dos pioneiros da Internet no Brasil. Aleksandar Mandic - Em 1990, desenvolvi um sistema chamado BBS. Era o princípio da Internet, que, comercialmente, só passou a ser explorado no Brasil em 1995. Eu trabalhava no setor de Automação Industrial, na Siemens, com computadores de processo. Quando vi um modem para conversar ao telefone por meio do computador, tive a ideia de um serviço de comunicação similar ao e-mail. Em casa, eu tinha uma linha telefônica sobrando. À época, valia cerca de US$ 4 mil. Meu salário era cerca de US$ 1.800. Eu tinha um 286 e comecei a brincar com aquela linha. Montei algo como uma microinternet para a Siemens. Depois de quatro meses sem uso na empresa, abri ao público. Convidei amigos técnicos, como eu. No boca a boca, em dois anos atingi 400 usuários. Foram os 400 primeiros e-mails que o Brasil teve. Como funcionava a internet em seu começo? AM - A internet surgiu da junção de milhares de sistemas como o meu. Funcionava como a conhecemos hoje, só que em preto e branco, sem gráficos, só texto, e limitada a uma central. Em 1995, foi liberado o uso comercial da Internet. Até então, ela só era para uso acadêmico. Quando essa exploração comercial foi aberta, a Mandic virou provedor. Empresas ou pessoas físicas podiam se cadastrar, pagavam uma taxa e usavam o provedor, que não tinha ainda conteúdo, o foco era comunicação via e-mail. Em 1999, saí da operação do Mandic e fui para o IG, com Nizan Guanaes e Matinas Suzuki, onde fiquei por uns dois anos. Por que você optou por vender a primeira versão da Mandic? O boom das pontocom foi o motivo? AM - O primeiro aporte de capital foi antes do boom, em 1995. Depois, em 1999, eu saí da operação. Eu optei por isso pelo dinheiro, muito simples. O lado emocional da criação do negócio, isso não existe comigo. 10 <strong>Club</strong> <strong>Transatlântico</strong>