04.08.2013 Views

Mecatrônica Atual 50

Mecatrônica Atual 50

Mecatrônica Atual 50

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

conectividade<br />

Março/Abril 2011 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />

17


Associada da:<br />

Editora Saber Ltda<br />

Diretor<br />

Hélio Fittipaldi<br />

www.mecatronicaatual.com.br<br />

Editor e Diretor Responsável<br />

Hélio Fittipaldi<br />

Revisão Técnica<br />

Eutíquio Lopez<br />

Redação<br />

Elizabete Rossi<br />

Publicidade<br />

Viviane Galhardi<br />

Designer<br />

Diego Moreno Gomes<br />

Colaboradores<br />

César Cassiolato<br />

Cesar da Costa<br />

Denis F. Ramos<br />

Eduardo Pinheiro<br />

Evaristo O. Alves<br />

Filipe Rodrigues Pereira<br />

Francisco José Grandinetti<br />

Marcio Abud Marcelino<br />

Octavian Postolache<br />

Paulo Antonio dos Santos<br />

Auteliano A. dos Santos Júnior<br />

Pedro Girão<br />

PARA ANUNCIAR: (11) 2095-5339<br />

publicidade@editorasaber.com.br<br />

Capa<br />

Petrobras SA/Divulgação<br />

Impressão<br />

Parma Gráfica e Editora<br />

Distribuição<br />

Brasil: DINAP<br />

Portugal: Logista Portugal tel.: 121-9267 800<br />

ASSINATURAS<br />

www.mecatronicaatual.com.br<br />

fone: (11) 2095-5335 / fax: (11) 2098-3366<br />

atendimento das 8:30 às 17:30h<br />

Edições anteriores (mediante disponibilidade de<br />

estoque), solicite pelo site ou pelo tel. 2095-5330,<br />

ao preço da última edição em banca.<br />

<strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> é uma publicação da<br />

Editora Saber Ltda, ISSN 1676-0972. Redação,<br />

administração, publicidade e correspondência:<br />

Rua Jacinto José de Araújo, 315, Tatuapé, CEP<br />

03087-020, São Paulo, SP, tel./fax (11) 2095-5333<br />

Associação Nacional<br />

das Editoras de Publicações Técnicas,<br />

Dirigidas e Especializadas<br />

Editorial<br />

Nesta edição tratamos, entre outros artigos, sobre<br />

a “Medição de Vazão – 3ª Grandeza mais Medida<br />

nos Processos Industriais”. Avança em nosso país a<br />

implantação das indústrias que podem utilizar muito<br />

a medição de vazão, seja em estações de tratamento<br />

de água em residências, indústria alimentícia de refri-<br />

gerantes, cervejas, sucos, leite até a medição de gases<br />

industriais e combustíveis.<br />

A tendência nos próximos anos é crescer muito a<br />

produção de álcool, e com o pré-sal os combustíveis<br />

de origem fóssil. Assim, este artigo mostra um pouco desta área, contando rapida-<br />

mente a história, sua importância na automação, controle de processos e os avanços<br />

tecnológicos.<br />

Estamos em alerta para apresentarmos matérias em todas essas áreas, que podem<br />

auxiliar os nossos leitores nos desafios do dia a dia. Para tanto, pesquisamos o merca-<br />

do frequentando feiras e eventos menores onde possamos encontrar novos produtos,<br />

softwares e serviços.<br />

Em nossa página de notícias desta edição, mostramos as novas instalações da Jomafer<br />

em Guarulhos - São Paulo (www.jomafer.com.br), onde temos a prestação de serviços<br />

de corte a laser e a água. Pode parecer que o corte a água não tem muito mistério,<br />

mas muitas peças em aço precisam ser cortadas em chapas com até 300 milímetros<br />

de espessura e a precisão, rapidez e qualidade, só esta máquina pode fazer o serviço<br />

desejado, devido aqui no Brasil.<br />

Não deixe de acompanhar a série de artigos sobre o primeiro e-Kart totalmente<br />

movido a eletricidade com KERS e controle de tração eletrônico, na revista Saber<br />

Eletrônica (www.sabereletronica.com.br).<br />

É o mesmo sistema utilizado pelas montadoras, nos carros híbridos que já estão<br />

circulando em nossas ruas. Este sistema da Infineon é uma família com várias capa-<br />

cidades, servindo para controlar robôs, talhas, empilhadeiras, automóveis, carrinhos<br />

elétricos de transporte, próteses humanas de pé, perna, braço, etc... Ah! O projeto é<br />

totalmente aberto com software open source.<br />

Hélio Fittipaldi<br />

Submissões de Artigos<br />

Artigos de nossos leitores, parceiros e especialistas do setor, serão bem-vindos em nossa revista. Vamos<br />

analisar cada apresentação e determinar a sua aptidão para a publicação na Revista Saber Eletrônica. Iremos<br />

trabalhar com afinco em cada etapa do processo de submissão para assegurar um fluxo de trabalho flexível<br />

e a melhor apresentação dos artigos aceitos em versão impressa e online.<br />

Atendimento ao Leitor: atendimento@mecatronicaatual.com.br<br />

Os artigos assinados são de exclusiva responsabilidade de seus autores. É vedada a reprodução total ou parcial<br />

dos textos e ilustrações desta Revista, bem como a industrialização e/ou comercialização dos aparelhos ou idéias<br />

oriundas dos textos mencionados, sob pena de sanções legais. As consultas técnicas referentes aos artigos da<br />

Revista deverão ser feitas exclusivamente por cartas, ou e-mail (A/C do Departamento Técnico). São tomados<br />

todos os cuidados razoáveis na preparação do conteúdo desta Revista, mas não assumimos a responsabilidade<br />

legal por eventuais erros, principalmente nas montagens, pois tratam-se de projetos experimentais. Tampouco<br />

assumimos a responsabilidade por danos resultantes de imperícia do montador. Caso haja enganos em texto<br />

ou desenho, será publicada errata na primeira oportunidade. Preços e dados publicados em anúncios são por<br />

nós aceitos de boa fé, como corretos na data do fechamento da edição. Não assumimos a responsabilidade por<br />

alterações nos preços e na disponibilidade dos produtos ocorridas após o fechamento.


índice<br />

20<br />

44<br />

13<br />

18<br />

20<br />

28<br />

34<br />

40<br />

44<br />

Editorial<br />

Eventos<br />

Notícias<br />

Medição de Tensões Mecânicas<br />

por Métodos Não Destrutivos<br />

O que é a Tecnologia<br />

de Tempo Real?<br />

Medição de Vazão - a 3ª<br />

Grandeza Mais Medida nos<br />

Processos Industriais<br />

Entendendo as Reflexões<br />

em Sinais Profibus<br />

Controladores de<br />

temperatura PID<br />

Modulação PWM nos<br />

Inversores de Frequência<br />

Identificação de Sistemas na<br />

Otimização do Controle de<br />

Nivel em Regime Não Linear<br />

03<br />

06<br />

08


literatura<br />

eventos<br />

Junho<br />

Norma IEC 61131-3 para<br />

Programação de Controladores<br />

Organizador: ISA – Distrito 4 (América<br />

do Sul)<br />

Data: 07 e 08<br />

Local: Hotel Mercure Times Square – Av.<br />

Jamaris, 100 - Moema – São Paulo/SP<br />

www.isadistrito4.org.br<br />

Autocom 2011<br />

Organizador: Maxprint<br />

Data: 07, 08 e 09<br />

Local: Expo Center Norte, Rua José<br />

Bernardo Pinto, 333 - Pavilhão Verde - São<br />

Paulo/SP<br />

www.ciab.org.br<br />

Expedition 2011: Brasil, o clique da<br />

vez. Você está pronto?<br />

Organizador: Agis Distribuição<br />

Data: 09<br />

Local: Plazza Mayor – Rua Coronel<br />

Fernando Prestes, 278 - Santo André/SP<br />

www.agisexpedition.com.br<br />

Este livro tem o propósito de servir de livro-texto básico para diversos tipos<br />

de cursos na área de Eletrônica Digital, seja no contexto de graduação, licenciatura,<br />

tecnologia ou em cursos de pós-graduação. A estrutura dos assuntos<br />

em dez capítulos e dois apêndices procurou seguir a natural organização<br />

de uma nova técnica de ensino de Lógica Programável, que, em relação ao<br />

ensino da tradicional Eletrônica Digital, não se alterou com o tempo. Somente<br />

foram introduzidos novos conceitos de projeto, simulação e teste de circuitos<br />

digitais com a linguagem VHDL, parecendo ser, por isso, uma metodologia<br />

apropriada, inclusive, permitindo ainda que o livro possa ser utilizado até<br />

mesmo para estudos individuais por principiantes.<br />

Esta obra apresenta de forma didática os conceitos necessários para o leitor<br />

aprender como projetar e configurar sistemas digitais simples ou complexos<br />

como processamento de sinais DSP com dispositivos PLDs (FPGA e CPLD),<br />

aplicando lógica programável com VHDL.<br />

Elementos de Lógica Programável com VHDL e DSP<br />

Autores: Cesar da Costa, Leonardo Mesquita e<br />

Eduardo Pinheiro<br />

Preço: R$ 112,00<br />

Onde comprar: www.novasaber.com.br<br />

Pavilhões Internancionais tem<br />

destaque na Brasil OffShore 2011<br />

Organizador: Brasil OffShore<br />

Data: 14 a 17<br />

Local: Centro de Exposições Jornalista<br />

Roberto Marinho - Rod. Amaral Peixoto,<br />

km 170 – São José do Barreto - Macaé/RJ<br />

www.brasiloffshore.com<br />

Conferência Intenancional da Brasil<br />

Offshore 2011<br />

Abertura dia 14 de junho, horário 16<br />

horas.<br />

Data: 15 a 17<br />

Local: Centro de Exposições Jornalista<br />

Roberto Marinho - Rod. Amaral Peixoto,<br />

km 170 – São José do Barreto - Macaé/RJ<br />

www.brasiloffshore.com<br />

XXI CIAB - Congresso e Exposição<br />

de Tecnologia da Informação das<br />

Instituições Financeiras<br />

Organizador: Federação Brasileira de<br />

Bancos<br />

Data 15, 16 e 17<br />

Local: São Paulo/SP<br />

Informações: www.ciab.org.br ou<br />

www.febraban.org.br<br />

EFD (PIS/CONFINS Novo X<br />

DACON Mensal ( versão 2.4)<br />

Organizador: edukaBRASIL<br />

Data: 20<br />

Local: Espaço T&D Paulista – Alameda<br />

Santos, 1893 - 1º andar – São Paulo/SP<br />

www.anaabreu.com.br<br />

Sintonia de Malha de Controle<br />

(PID)<br />

Organizador: ISA – Distrito 4<br />

Data: 20 a 22<br />

Local: Hotel Mercure Times Square – Av.<br />

Jamaris, 100 - Moema – São Paulo/SP<br />

www.isadistrito4.org.br<br />

Entelco Telecon<br />

Organizador: Mikro Tik MTCNA I<br />

Data: 27 e 28<br />

Local: Hotel Manibu – Recife/PE


notícias<br />

JOMAFER inaugura nova sede e novo<br />

serviço de corte a laser de tubos<br />

Neste ano em que completa 33 anos de fundação, a Jomafer<br />

inaugura nova sede em Guarulhos – São Paulo. A reportagem<br />

da revista <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> foi especialmente convidada pelo<br />

seu diretor José Mário para registrar este novo marco da vida<br />

da empresa.<br />

Atendendo os segmentos de máquinas e equipamentos em<br />

geral, implementos agrícolas, rodoviários, informática, construção<br />

civil, concreto pré-moldado, arquitetura, comunicação<br />

visual e design, a Jomafer vem investindo, ao longo desses anos,<br />

em tecnologia avançada e mão de obra selecionada.<br />

Em 1978 foram iniciadas as atividades da empresa com os<br />

serviços de corte e dobra de perfis especiais. Nos anos seguintes<br />

os investimentos foram direcionados para oferecer ao mercado,<br />

serviços com soluções em cortes de chapas.<br />

O programa de modernização em 1995 foi concentrado na<br />

importação de dobradeiras e guilhotinas CNC. Nos últimos<br />

13 anos a Jomafer teve a certificação ISO 9000 renovada periodicamente,<br />

e no novo século entrou em atividade o serviço<br />

com Puncionadeira CNC, onde começou a produzir peças com<br />

furações e detalhes geométricos.<br />

Em 2001, passou a oferecer serviço de corte com jato de água<br />

de alta pressão, sendo a única empresa da América do Sul com<br />

a máquina que corta chapas de aço de 300 milímetros, materiais<br />

compostos e não metálicos. Possui também as máquinas para<br />

corte a LASER para peças com geometrias complexas e bom<br />

acabamento.<br />

Com a nova planta inaugurada agora, entra também um<br />

novo serviço à disposição dos clientes que é o corte a LASER<br />

de tubos, seguido nos próximos meses também ao serviço de<br />

curvamento dos mesmos. Assim, a empresa vem acompanhando<br />

a evolução do mercado brasileiro e sempre com a utilização de<br />

equipamentos de última geração para ter o melhor TCO. Saiba<br />

mais em www.jomafer.com.br<br />

2011 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong>


notícias<br />

Acionamentos de alto desempenho<br />

para instalações portuárias<br />

Diante de um fluxo incessante de cargas com várias toneladas,<br />

os acionamentos das pontes rolantes portuárias estão sob<br />

constante pressão. Os usuários necessitam e exigem soluções<br />

confiáveis que proporcionem uma dinâmica excelente, precisão<br />

de posicionamento, e uma eficiente relação custo/benefício. Deste<br />

modo, os motores da ponte rolante e dos trolleys utilizados em<br />

gruas de estaleiro ou terminais de contentores requerem sistemas<br />

mecânico e eletrônico especializados e adequados a esta<br />

exigente área de aplicação.<br />

As pontes rolantes desempenham um trabalho simples: elas<br />

transportam uma carga de um local específico para outro. A fim<br />

de realizar de forma confiável e garantir um nível de precisão<br />

suficiente durante a operação, elas dependem de um acionamento<br />

que foi idealmente adaptado para esta tarefa. “As pontes rolantes<br />

são equipadas com motorredutores com freios integrados. Estes<br />

são combinados com inversores de frequência para um perfil de<br />

controle de aceleração e velocidade centralizado”, explica João<br />

de Souza Moreira, Diretor Geral da Nord Drivesystems Brasil.<br />

Uma vez que as pontes rolantes portuárias manuseiam cargas<br />

extremamente grandes, seus motorredutores são desenvolvidos<br />

para suportar elevadas forças radiais e axiais. Elas também disponibilizam<br />

um conjunto de funções especiais: permitem uma partida<br />

suave com alto torque de partida, garantem movimentações<br />

virtualmente sem choques, facilitam a sincronização de diversos<br />

acionamentos, oferecem funções poderosas de elevação, e permitem<br />

eficiente frenagem regenerativa via rampas parametrizáveis.<br />

Depois que um fabricante decide por uma pré-seleção de acionamentos,<br />

nós sugerimos faixas de potência de acordo com as<br />

especificações do cliente, refere João de Souza Moreira.<br />

Produtos<br />

UMC3000: Sensor com superfície em<br />

metal para sensoriamento direto<br />

O sensor à prova de água cumpre os requisitos IP68/69k<br />

O novo UMC3000 eleva o desempenho do sensor ultrassônico<br />

em ambientes rigorosos para um nível completamente novo.<br />

A caixa sem soldagem, em 100% aço inoxidável e o sistema de<br />

cabos com resistência química permitem a monitorização e o<br />

controle ultrassônicos em áreas anteriormente consideradas<br />

impossíveis de solucionar. Dois conceitos de caixas solucionam<br />

uma variedade de aplicações.<br />

Um tubo com design sem soldas, próprio para produtos alimentares,<br />

cumpre as rigorosas normas do setor alimentar e das<br />

bebidas, enquanto um modelo roscado, com 30 mm de diâmetro<br />

é particularmente adequado para máquinas agrícolas e outras<br />

instalações exteriores. A indicação LED para presença de alvo e<br />

alimentação é equipamento de série em todos os modelos.<br />

<strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: 2011<br />

Motorredutores sob cargas extremas<br />

Para este propósito, a NORD pode especificar e fornecer<br />

motorredutores com eixo helicoidal e inversores de frequência<br />

produzidos pela própria empresa. Os motorredutores<br />

para pontes rolantes e trolleys aplicam-se em faixas de<br />

desempenho de até 160 kW com uma grande variedade de<br />

relações de transmissão.<br />

Disponível em designs de duas ou três fases com eixo<br />

vazado ou sólido, os usuários podem escolher entre modelos<br />

com uma base de suporte, modelos com flange e modelos<br />

montados no eixo. Todos os modelos são equipados com o<br />

mesmo corpo, com economia de espaço que permite uma fácil<br />

integração. Motores utilizados em pontes rolantes e trolleys<br />

costumam operar ininterruptamente em portos muito ocupados.<br />

No entanto, se o volume de negócios diminui devido<br />

às condições de mercado, algumas instalações de carga podem<br />

ficar paradas por longos períodos de tempo. A norma de<br />

construção dos motores deve, obviamente, assegurar que a<br />

operação normal pode ser diretamente retomada após cada<br />

paralisação prolongada. Além desses fatores de carga em constante<br />

alteração, as recorrentes condições climáticas rigorosas<br />

e as temperaturas extremas, bem como a água salgada em<br />

ambientes marítimos, requerem um material anti corrosão<br />

adequado a longo prazo. Se necessário, os motorredutores da<br />

NORD estão disponíveis com proteção IP55 ou IP66. Todos<br />

os modelos também estão disponíveis nas versões ATEX.<br />

Resumo das principais características:<br />

• Design completamente selado cumpre as normas IP 68/69K;<br />

• Superfície e cano sensores em aço inoxidável (Grau: 1.4404<br />

(V4A, AISI 316L);<br />

• Amplitude do sensor totalmente ajustável de 200 a 3000 mm;<br />

• Modelos de saída analógicos e de parâmetros configuráveis;<br />

• Cumpre as diretrizes da EHEDG* «Hygienic Design».<br />

*EHEDG: European Hygienic Engineering & Design Group<br />

(Grupo europeu de engenharia e design higiênicos)<br />

Portugal<br />

Sales Department<br />

tel: +349 4 453<strong>50</strong>20<br />

fax: +349 4 4535180<br />

sov@es.pepperlfuchs.com<br />

Alemanha<br />

SCHMITT Irmtraud<br />

tel: +49 621 776-1215<br />

fax: +49 621 776-2<strong>50</strong>5<br />

ischmitt@de.pepperlfuchs.com


Entrevista:<br />

João de Souza Moreira, da<br />

NORD Drivesystems<br />

A NORD Drivesystems persegue um objetivo<br />

ambicioso: “Gostaríamos de ver, pelo menos, uma<br />

ponte rolante em cada um dos principais portos<br />

mundiais equipada com as nossas soluções de<br />

acionamento”, refere-se João de Souza Moreira<br />

(CEO).<br />

Pergunta: Quais são os desafios especiais<br />

enfrentados na seleção do sistema<br />

mecânico e eletrônico dos motores para<br />

pontes rolantes instaladas em estaleiros<br />

ou terminais de contentores?<br />

João de Souza Moreira: Os sistemas de<br />

acionamentos utilizados nas pontes rolantes e<br />

nos trolleys têm de incluir um design robusto,<br />

serem resistentes ao desgaste e possuir características,<br />

tais como excelente dinâmica e movimentos<br />

precisos. Simultaneamente, os usuários<br />

procuram também um custo total econômico.<br />

Para os construtores e operadores de pontes rolantes, obter<br />

soluções completas de fornecedores especializados é o<br />

caminho mais fácil para satisfazer estas exigências.<br />

As pontes rolantes são comparáveis com máquinas<br />

de série ou máquinas para fins especiais?<br />

JSM: Na medida em que se possa fazer essa comparação,<br />

existem apenas alguns fabricantes de pontes rolantes que<br />

constroem uma ponte rolante gigante ship-to-shore por dia.<br />

Logo, a construção de pontes rolantes pode ser comparada<br />

a fabricação de máquinas modulares com finalidades especiais<br />

- e as nossas soluções de acionamentos são uma ótima correspondência<br />

para estas aplicações.<br />

A NORD é um fornecedor especializado em sistemas<br />

de acionamento para pontes rolantes. Em que<br />

consistem estes pacotes completos?<br />

JSM: Fornecemos uma tecnologia de acionamento<br />

confiável e com eficiente relação custo/benefício para todos<br />

os tipos e tamanhos de pontes rolantes e trolleys. A nossa<br />

vasta gama de produtos mecânicos, elétricos e eletrônicos<br />

nos permite criar soluções de acionamentos a partir de uma<br />

única fonte. Os produtos com proteção IP55 e IP66, bem<br />

como as versões protegidas contra corrosão e pó com um<br />

revestimento especial, garantem uma elevada proteção e um<br />

maior tempo de vida útil mesmo sob condições ambientais<br />

rigorosas e durante longos períodos de parada, como acontece<br />

no funcionamento sazonal.<br />

//notícias<br />

Pontes rolantes em estaleiros, containers e outras instalações portuárias exigem<br />

sistemas de acionamentos mecânico e eletrônico altamente confiáveis.<br />

Estão disponíveis vários modelos de inversores de frequência<br />

com um desempenho de até 160 kW que possibilitam funções como<br />

partida suave, frenagem regenerativa, o funcionamento sincronizado<br />

e a elevada precisão de posicionamento. Além disso: criamos um<br />

novo microsite dedicado a soluções de acionamento para aplicações<br />

de pontes rolantes em www.cranes.nord.com.<br />

Além dos terminais de containers, quais são as aplicações<br />

típicas para pontes rolantes equipadas com acionamentos<br />

NORD?<br />

JSM: As pontes rolantes industriais são utilizadas, por exemplo,<br />

em fundições, em fábricas de construções em aço, na construção<br />

de navios, centrais elétricas e engenharia pesada. Os tipos menores<br />

também são utilizados em oficinas. Atulamente, existem aproximadamente<br />

700 construtores de máquinas que fabricam pontes<br />

rolantes. Desses, cerca de 15 constroem pontes rolantes portuárias<br />

gigantes.<br />

2011 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong>


notícias<br />

Investimentos no Brasil são<br />

prejudicados pelos custos<br />

da energia elétrica<br />

Os altos custos da energia elétrica no Brasil atrapalham<br />

as indústrias de alumínio que reduziram em 10% a capacidade<br />

produtiva no país nos últimos seis anos. “Fábricas de<br />

outros setores de uso intensivo de energia também estão<br />

fechando as portas”, afirma o coordenador da Comissão<br />

de Energia da Associação Brasileira da Indústria de Alumínio<br />

(Abal), Eduardo Spalding, que participou do seminário<br />

Energia Elétrica: Fator de Competitividade da Indústria,<br />

realizado em março pela Confederação Nacional da Indústria<br />

(CNI) em parceria com a Associação dos Grandes<br />

Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores<br />

Livres (Abrace).<br />

De acordo com Spalding, os custos da energia praticamente<br />

dobraram nos últimos seis anos e hoje o Brasil tem<br />

a terceira tarifa mais cara do mundo. “Isso inibe investimentos<br />

e, se nada for feito, nos próximos dez anos haverá um<br />

aumento de mais de 20% no custo da energia industrial”,<br />

informou. Ele destacou que o custo de produção de uma<br />

tonelada de alumínio alcançava US$ 1.069 em 2003, e a<br />

conta de energia representava 33% desse total. Em 2008,<br />

o custo de produção saltou para US$ 1.991 a tonelada, em<br />

que 44% representavam os gastos com energia. “O preço<br />

da energia condena de forma inexorável a indústria”, diz<br />

Spalding, que também integra o Conselho Temático de<br />

Infraestrutura da CNI.<br />

Segundo o presidente da Abrace, Paulo Pedrosa, além<br />

de contribuir para o fechamento de empresas no país,<br />

os elevados custos da energia elétrica comprometem o<br />

emprego e a renda dos brasileiros. Também pressionam a<br />

inflação e prejudicam as exportações. “Todas essas variáveis<br />

têm uma correlação muito grande com o preço de<br />

energia”, completou Pedrosa.<br />

Para o presidente, o primeiro passo para a redução<br />

da tarifa é retirar a carga tributária e os encargos, que<br />

representam mais de <strong>50</strong>% dos valores cobrados dos<br />

consumidores de energia. O presidente da Abrace acrescentou<br />

que os custos dos programas sociais não devem ser<br />

repassados às contas de luz, mas absorvidos pelo orçamento da<br />

União. “Isso seria benéfico para o próprio governo, que poderia<br />

aumentar a arrecadação a partir de um crescimento do Produto<br />

Interno Bruto (PIB).”<br />

Considerada pela CNI como um dos pilares da competitividade,<br />

a desoneração tributária e de encargos das tarifas de energia<br />

é a principal proposta do estudo Efeitos do Preço da Energia no<br />

Desenvolvimento Econômico – Cenários até 2020, feito pela<br />

Fundação Getúlio Vargas (FGV) em parceria com a Abrace. De<br />

acordo com o coordenador do Projeto Energia Competitiva da<br />

FGV, Fernando Garcia, com a desoneração das tarifas, o Brasil<br />

10 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: 2011<br />

Estudo confirma que a desoneração das tarifas melhora a competitividade<br />

da indústria e aumenta o ritmo de crescimento da economia<br />

pode crescer mais e acrescentar R$ 695 bilhões ao PIB até 2020.<br />

“Isso representa economia do tamanho da África do Sul e três<br />

vezes a do Chile”, informou Garcia.<br />

Segundo ele, o custo de energia no Brasil cresceu mais<br />

rapidamente do que no resto do mundo e isso trouxe graves<br />

consequências à balança comercial. “De exportador de alguns<br />

produtos, como material de construção, passamos a ser importadores,<br />

e hoje acumulamos um déficit de US$ 3 bilhões.<br />

Para conviver com uma taxa de câmbio valorizada, precisamos<br />

tomar outras providências para reduzir os custos e aumentar a<br />

competitividade.” conclui.


Nova geração de computadores<br />

industriais embedded com<br />

processadores Intel ® Atom D525/<br />

D425 e interface de display integrado<br />

A Advantech (2395.TW) tem a satisfação de anunciar o<br />

sistema ARK-1<strong>50</strong>3, um IPC embutido, compacto, sem ventilação<br />

forçada, equipado com o processador Intel ® Atom <br />

D525/D425, com suporte DDR3 e interface com display integrado.<br />

Ele permite uma maior economia de energia, enquanto<br />

proporciona alto desempenho e uma grande capacidade de<br />

E/S (I/O). Oferece duas opções de conexão do monitor de<br />

toque, dependendo da aplicação em particular: I-Panel link ou<br />

Golden Finger. Uma tecnologia com design inteiramente novo<br />

simplifica as suas integrações de aplicação, através de soluções<br />

fáceis – ideais para aplicações no controle de automação de<br />

máquinas, em fábricas e quiosques.<br />

Equipado com os mais recentes processadores single core<br />

(D425) e dual core Intel ® Atom (D525), com memória DD3<br />

de até 2 GB (D425), e 4 GB (D525). Com controladores de<br />

memória e gráficos integrados, estes processadores proporcionam<br />

velocidades de renderização de núcleo de gráficos de<br />

200 a 400 MHz, enquanto mantêm uma excelente eficiência<br />

energética.<br />

Além de velocidades mais altas e de um menor consumo de<br />

energia, o ARK-1<strong>50</strong>3 também apresenta um design low profile<br />

//notícias<br />

(230,6 x 133,0 x 44,4 mm), e proporciona grandes recursos de<br />

I/O. Possui portas seriais 1 x RS-232, 1 x RS-232/422/485, com<br />

controle de auto fluxo, 4 x hi-speed USB 2.0, 2 x Giga-LANs, DIO,<br />

line-out e LVDS. E o slot de expansão do módulo de comunicação<br />

1 x Mini PCIe embutido suporta um soquete CF externo e um<br />

HDD SATA 2,5”. O ARK-1<strong>50</strong>3 também suporta uma ampla<br />

temperatura de operação de -20 ºC a 60 ºC.<br />

Design de Interface com Display Integrado:<br />

I-Panel Link e Golden Finger<br />

O ARK-1<strong>50</strong>3 com interface de enlace I-Panel integra LVDS,<br />

USB, sinais de tx/rx, áudio e de corrente CC, através de um<br />

conector SCSI DB36, de forma que um único cabo suporta um<br />

painel de toque com energia, vídeo, áudio e info de toque. E a<br />

opção alternada golden finger , com 164 pinos, transporta tudo<br />

incluindo alimentação, vídeo (LVDS HDMI), áudio, USB, COM e<br />

sinalização em painel de toque; suporta um monitor de toque<br />

ITM através de acoplamento direto via golden finger, sem absolutamente<br />

nenhum cabo, embora o sistema e o monitor possam<br />

ser atualizados de forma independente, para maior flexibilidade,<br />

melhor estabilidade e fácil instalação.<br />

O ARK-1<strong>50</strong>3 estará disponível no final de abril; por favor entrar<br />

em contato com o seu representante de vendas local. Para<br />

maiores informações sobre o produto, visite o nosso site na Web:<br />

www.advantech.com/applied-computing-systems/embedded-computer/default.aspx<br />

2011 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />

11


notícias<br />

ABB fortalece sua presença junto<br />

ao mercado Naval no Brasil<br />

A ABB, grupo líder em tecnologias de potência e automação,<br />

planeja fortalecer seus negócios na área Naval no Brasil com o<br />

objetivo de atender de forma mais eficaz ao crescente mercado<br />

da América Latina.<br />

A América Latina tornou-se rapidamente um mercado<br />

estratégico para a área de negócios Marine (Naval) da ABB.<br />

Planos futuros incluem o estabelecimento de uma nova fábrica<br />

de unidades de propulsores do tipo Azipod ® C - Compacto,<br />

um centro de serviços marítimos e um centro especializado<br />

em unidades Azipod ® , que vão auxiliar a ABB a servir ao rápido<br />

crescimento da indústria de construção naval do Brasil, cumprindo<br />

os requisitos de conteúdo local.<br />

“As soluções inovadoras e os produtos de qualidade da ABB<br />

conquistaram nossa posição de liderança nos segmentos de<br />

navio de alto valor agregado, como navios-sonda, plataformas<br />

de perfuração semi-submersíveis, navios de apoio offshore e<br />

navios-tanque”, disse André Luiz Silva - Gerente da unidade<br />

de negócios Marine & Cranes no Brasil. “Nosso portfólio se<br />

encaixa bem nos planos e desenvolvimento da indústria naval<br />

brasileira, e os investimentos previstos pela ABB demonstram<br />

nosso compromisso e confiança no mercado local. Acreditamos<br />

que isso irá nos proporcionar um posicionamento preferencial<br />

no fornecimento de propulsores para as 28 unidades de naviossonda<br />

da Petrobras”, comenta André.<br />

Várias regiões foram avaliadas para sediar a nova fábrica<br />

do Azipod ® , incluindo Pernambuco, Santos e Rio de Janeiro,<br />

mas a decisão final ainda está pendente. A fábrica planejada<br />

terá capacidade de produção anual de mais de 30 unidades<br />

do Azipod ® . O cronograma das obras permitirá a entrega dos<br />

propulsores, em tempo hábil, para as unidades de perfuração<br />

da Petrobras no Brasil.<br />

Um centro de serviços no Brasil também faz parte dos<br />

planos para 2014. Terá profissionais dedicados e especializados<br />

em serviços para as unidades do Azipod ® , além de uma oficina<br />

com ferramentas especiais para os serviços de manutenção e<br />

reformas. Esse centro de serviços também fornecerá peças<br />

sobressalentes ao mercado local.<br />

A ABB (www.abb.com) é líder em tecnologias de potência<br />

e de automação que proporcionam aos seus clientes<br />

dos setores industriais e de concessionárias a melhoria de sua<br />

performance enquanto reduzem seus impactos ambientais. O<br />

grupo ABB opera em cerca de 100 países e emprega em torno<br />

de 124.000 funcionários.<br />

Para obter mais informações, contate a ABB:<br />

Iracema Carvalho - iracema.carvalho@cl-a.com<br />

tel.: (11) 3082-3977 – ramal 30<br />

Paulo Pires - paulo.pires@cl-a.com<br />

tel.: (11) 3082-3977 – ramal 28<br />

12 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: 2011<br />

Redução Sistemática de<br />

Custo de Energia<br />

Como um fornecedor completo, a Endress+Hauser oferece<br />

não só um sistema de monitoramento eficiente de energia em<br />

conformidade com EMAS, ISO 1400 e EN16001, mas também o<br />

respectivo hardware e software e apoio a projetos profissionais.<br />

Equipes reúnem know-how muldialmente em áreas como gerenciamento<br />

de energia e dados operacionais, eficiência energética,<br />

comunicação e sistemas de barramento, bem como engenharia<br />

de automação.<br />

A Endress+Hauser possui um dos maiores portfólios de produtos<br />

e serviços em tecnologia de medição industrial, mas, seu<br />

valor só pode ser acessado por meio da visualização e análise dos<br />

dados de energia obtidos. A Endress+Hauser oferece às empresas<br />

a possibilidade de implementar um sistema de monitoramento<br />

automático de energia que permite uma visão clara do consumo.<br />

Assim, o usuário pode:<br />

• Monitorar o consumo de energia;<br />

• Reduzir custos;<br />

• Otimizar a operação da planta.<br />

O monitoramento de energia, portanto, constitui o núcleo<br />

de um processo de melhoria contínua que, de acordo com em<br />

16001, resulta em um uso mais eficiente da energia.<br />

Veja algumas vantagens:<br />

• Otimização de picos de carga;<br />

• Geração automática de relatórios individuais de energia;<br />

• Detecção precoce da deterioração do desempenho;<br />

• Análise e controle automático dos principais dados referentes<br />

ao consumo de energia;<br />

• Controle contínuo do plano anual de energia;<br />

• Faturamento de energia por centros de custo;<br />

• Geração de previsões de demanda de energia para diferentes<br />

zonas de produção;<br />

• Melhoria dos processos mensais de análises de comunicações;<br />

• Documentação automática das emissões de CO 2 ;<br />

• Tendências de desvios (objetivos/comparação real).<br />

Um conceito modular<br />

A base para a redução de custos de energia é uma medição<br />

confiável de energia. Para registros de vapor, ar comprimido,<br />

calor, frio, eletricidade, gás e óleo, uma medida muito exata é<br />

um pré-requisito. Informativos dos resultados das medições<br />

são relacionados aos parâmetros de avaliação, quais sensores<br />

e normas de cálculo são utilizados. A escolha incorreta de<br />

um instrumento de medição ou a rejeição de uma apropriada<br />

compensação de pressão e temperatura, tanto em aplicações<br />

de gás como de vapor de água, pode levar a graves falhas de<br />

medição. Sistemas abertos e modulares de monitoramento de<br />

energia garantem combinações sem problemas de diferentes<br />

pontos de medições, eletricidade e gás, registradores de dados,<br />

sistemas de energia computadorizados ou de instrumentos de<br />

registro. A transmissão de dados é realizada via Ethernet, OPC<br />

e sistemas de barramento de campo.


instrumentação<br />

Medição de Tensões<br />

Mecânicas por Métodos<br />

Não Destrutivos<br />

Este artigo apresenta dois dos principais métodos não destrutivos<br />

para medição de tensões, um baseado em acustoelasticidade e<br />

o outro em interferometria laser por padrão de speckles (ESPI). É<br />

apresentada a teoria envolvida, exemplos de aplicação e os requisitos<br />

para a aplicação em campo. O tema sob análise representa<br />

uma das muitas interfaces nas Engenharias que corroboram a<br />

necessidade de conhecimentos multidisciplinares, característica<br />

fundamental da <strong>Mecatrônica</strong>.<br />

saiba mais<br />

Andrino, M. H. Aplicação de ondas<br />

longitudinais criticamente refratadas<br />

para a medição de tensões<br />

em dutos. Tese de Doutoramento.<br />

Universidade Estadual de Campinas.<br />

Campinas, 2007.<br />

ASME [American Society of Mechanical<br />

Engineers]. Who owns mechatronics?<br />

Disponível em: .<br />

Acessado em 10 de maio de 2011.<br />

Gabor, D. A new microscopic principle.<br />

Nature. v.161, (4098), pp.777-<br />

778, 1948.<br />

Prof.º Auteliano Antunes dos Santos Júnior<br />

T<br />

ensões Mecânicas estão entre as principais<br />

causas de falha em componentes de máquinas.<br />

São compostas por uma parcela elástica, que<br />

vem dos carregamentos que os componentes<br />

sofrem, e uma porção residual, pré-existente,<br />

que é provocada pelo processo de fabricação,<br />

por solicitações prévias e outras causas. A<br />

maior parte dos métodos de medição de<br />

tensões atuais é destrutiva, isto é, requer que<br />

o componente sob inspeção seja inutilizado.<br />

Medir tensões mantendo o sistema ou<br />

componente mecânico em funcionamento<br />

implica em um ganho significativo em<br />

tempo e recursos.<br />

A <strong>Mecatrônica</strong> “é um campo emergente<br />

da Engenharia que integra as áreas de elétrica,<br />

mecânica, controle, ciência da computação e<br />

tecnologia da informação” (ASME, 2011). Tal<br />

integração requer conhecimentos específicos<br />

de cada uma dessas áreas e a capacidade de<br />

utilizá-los em conjunto para a solução dos<br />

problemas usuais de Engenharia. Com o<br />

avanço da tecnologia, nem sempre é necessário<br />

ou desejável que um especialista em cada<br />

um dos tópicos listados esteja disponível<br />

para a análise requerida. De fato, em muitos<br />

casos, profissionais com forte embasamento<br />

teórico nas diversas áreas que compõem a<br />

<strong>Mecatrônica</strong> podem atuar de forma rápida<br />

e eficiente. Talvez o que mais caracterize a<br />

formação mecatrônica seja a flexibilidade<br />

com que tais engenheiros transitam entre os<br />

diversos campos do conhecimento abordados<br />

em sua formação, permitindo a criação de<br />

soluções inovadoras e multidisciplinares.<br />

Uma das áreas de interface do conhecimento<br />

é a de sensoriamento. Conhecer<br />

características do que está sendo medido,<br />

ao mesmo tempo em que tem pleno domínio<br />

sobre a forma de medir, faz com que o<br />

Engenheiro desempenhe sua função com<br />

eficiência e presteza. Quando tais sensores<br />

são empregados para medir uma variável<br />

tipicamente mecânica, como a tensão, o<br />

processo é enriquecido pela atuação do<br />

Engenheiro Mecatrônico, ou mesmo do<br />

Engenheiro de Controle e Automação com<br />

base Mecânica.<br />

2011 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />

13


instrumentação<br />

Este trabalho tem como objetivo apresentar<br />

duas novas técnicas de medição de<br />

tensões mecânicas, baseadas em acustoelasticidade<br />

e em interferometria, que requerem<br />

conhecimentos avançados, tanto da área de<br />

sensoriamento como da área de análise de<br />

tensões. É o primeiro texto de um série sob<br />

responsabilidade da empresa júnior Mecatron,<br />

do curso de Engenharia de Controle<br />

e Automação da Faculdade de Engenharia<br />

Mecânica da Unicamp. Esse curso tem forte<br />

base nas Engenharias Mecânica, Elétrica e<br />

de Computação, e requer de seus alunos<br />

pleno conhecimento dos conceitos necessários<br />

para abordar os aspectos científicos<br />

tratados nesse artigo.<br />

Tensões mecânicas são basicamente de<br />

dois tipos: elásticas ou residuais. A primeira<br />

se refere à tensão que está sendo aplicada por<br />

uma solicitação externa (força, temperatura,<br />

etc.). As tensões elásticas desaparecem quando<br />

a solicitação que a causou é retirada. De forma<br />

diferente, as tensões residuais continuam no<br />

corpo e independem de que, haja atuação<br />

de qualquer fonte externa.<br />

As tensões residuais podem ser de três<br />

tipos, que dependem da ampliação com a<br />

qual se deseja realizar a análise: macrotensões,<br />

microtensões tipo II e microtensões<br />

tipo III. Todas podem estar presentes em<br />

um componente a qualquer momento. As<br />

macrotensões residuais, que são designadas<br />

como tensões residuais do tipo I, variam<br />

dentro do corpo de um componente em<br />

uma escala maior que o tamanho de grão.<br />

As microtensões residuais resultam das<br />

diferenças dentro da microestrutura de<br />

um material. As tensões residuais do tipo<br />

II operam no nível do tamanho de grão. O<br />

tipo III é atua em nível atômico.<br />

A importância do conhecimento dos tipos<br />

de tensão está ligada ao processo de medição.<br />

O que realmente é medido pelos métodos<br />

atualmente empregados, sejam destrutivo,<br />

ou não, é a tensão de tipo I, ou seja, a macro<br />

tensão. Isso porque os métodos atuais não<br />

têm resolução para medir em níveis menores,<br />

mas principalmente porque a falha, tal como<br />

é estudada hoje, está relacionada a essas<br />

tensões, e não às microtensões. A forma de<br />

relacionar as tensões com as cargas aplicadas<br />

é chamada de critério de falha, e descreve<br />

como o componente se comporta quando<br />

solicitado com aquele nível de tensão. Todos<br />

os critérios atuais relacionam a tensão tipo I<br />

com a capacidade de resistir a aplicação de<br />

14 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: 2011<br />

F1. Geração de ondas longitudinais criticamente refratadas.<br />

tensões, obtida em ensaios normalizados e<br />

denominada resistência mecânica.<br />

As tensões elásticas (aplicadas) normalmente<br />

podem ser calculadas através de<br />

métodos numéricos e analíticos. No entanto,<br />

dependendo do estado interno das tensões,<br />

os resultados podem ser muito diferentes.<br />

Assim, é importante também conhecer as<br />

tensões residuais, como forma de garantir<br />

que as tensões totais estão abaixo do limite<br />

definido pela resistência mecânica.<br />

Os métodos capazes de medir tensões<br />

residuais mais utilizados são destrutivos.<br />

Baseiam-se na medição da relaxação da tensão<br />

atuante, através de um corte, um furo ou<br />

outra forma de remoção de material. Com<br />

os dados da deformação final, constrói-se<br />

o estado de deformações inicial e calcula-se<br />

a tensão que atuava naquele ponto. Mesmo<br />

que seja pouco destrutivo, com esses métodos<br />

só será possível medir a tensão que foi<br />

aliviada. Assim, as tensões deixam de estar<br />

presentes e não há mais razão para obtê-las,<br />

a não ser se estas forem usadas em controle<br />

estatístico de qualidade. Após a medição, os<br />

componentes não podem mais ser utilizados<br />

para as mesmas funções, ou o risco de falha<br />

aumenta. A forma de medir a deformação<br />

após o alívio pode ser por roseta óptica,<br />

extensômetro ou outras.<br />

Fibras óticas, raios X e difração de<br />

nêutrons têm despontado como alternativas<br />

para emprego na medição de tensões,<br />

os dois últimos com capacidade de medir<br />

tensões residuais. Cada um destes possui<br />

características que dificultam sua aplicação<br />

em campo, embora seus resultados em laboratório<br />

sejam adequados. Questões técnicas,<br />

como a necessidade de um reator nuclear<br />

para a difração de nêutrons, dificultam a<br />

disseminação das técnicas.<br />

Acustoelasticidade (Ondas L cr )<br />

O termo Acustoelasticidade vem da<br />

junção de dois ramos da mecânica: a acústica<br />

e a elasticidade. Refere-se à propagação<br />

de ondas (acústica) e sua relação com as<br />

propriedades dos materiais (elasticidade).<br />

Segundo a teoria acustoelástica, a velocidade<br />

de propagação de ondas ultrassônicas tem<br />

uma relação direta com a tensão existente<br />

no material sob inspeção.<br />

O desenvolvimento de sistemas de aquisição<br />

de dados de elevada taxa de aquisição,<br />

aliado a uma sensível redução nos custos,<br />

simplicidade de aplicação e resolução adequada,<br />

fazem do método ultrassônico a<br />

principal alternativa atual para a medição<br />

de tensões em componentes mecânicos em<br />

serviço. Várias técnicas podem ser empregadas<br />

para o mesmo fim, destacando-se a da<br />

birrefringência e a de ondas longitudinais<br />

criticamente refratadas (Lcr), cada uma<br />

necessitando de sensores especiais dedicados<br />

e com vantagens para determinadas<br />

aplicações. As ondas longitudinais têm a<br />

mais alta sensibilidade à tensão entre as<br />

ondas ultrassônicas e uma forma particular<br />

dessa, as ondas Lcr, trafega próxima à<br />

superfície, onde as tensões que levam às<br />

falhas normalmente se concentram, sendo<br />

por isso empregada neste trabalho.<br />

Ondas Lcr são ondas de volume, que<br />

se propagam paralelamente à superfície do<br />

material. São ondas longitudinais (frontais),<br />

ou seja, sua oscilação é na mesma direção da<br />

propagação. A figura 1 mostra tais ondas e o<br />

processo de geração. As ondas longitudinais<br />

incidindo próximo ao primeiro ângulo crítico<br />

(θcr) na interface entre dois meios geram uma<br />

componente longitudinal paralela à superfície.<br />

A geração pode ser feita com um transdutor<br />

de ondas longitudinais e uma cunha para que


tal onda atinja a interface no ângulo desejado.<br />

Essa cunha deve ser de um material de baixa<br />

impedância acústica quando acoplado ao aço,<br />

como o acrílico. A recepção, a uma distância<br />

adequada, pode ser feita como o mesmo tipo<br />

de aparato. A determinação da velocidade<br />

é realizada através da divisão da distância<br />

entre o emissor e o receptor pelo tempo de<br />

percurso no material sob análise, lido pelo<br />

sistema de aquisição de dados.<br />

A equação que relaciona a velocidade<br />

ou o tempo de percurso para distâncias<br />

iguais é dada por:<br />

dσ = E(dV ij /V ij ) = E dt<br />

L 11 L 11 * t 0<br />

Nessa equação, E é o módulo de elasticidade,<br />

L 11 é uma propriedade chamada<br />

constante acustoelástica, V ij é a velocidade<br />

de propagação, t 0 é o tempo de percurso<br />

de referência (sem tensão), dt é a diferença<br />

de tempo, dV é a diferença de velocidades<br />

e dσ é a diferença de tensão que se deseja<br />

medir. Os índices i e j referem-se às direções<br />

de propagação e oscilação da onda,<br />

respectivamente. Assim, i = j = 1 significa<br />

uma onda longitudinal.<br />

Interferometria Eletrônica por<br />

Padrão de Speckles - ESPI<br />

A origem da interferometria eletrônica por<br />

padrões de speckles está na holografia, cuja<br />

técnica permite que uma onda seja gravada<br />

e reconstruída posteriormente, mantendo<br />

exatamente as mesmas características da onda<br />

original. Em outras palavras, uma imagem<br />

tridimensional reproduz exatamente o objeto<br />

gravado anteriormente. Embora o princípio<br />

da holografia tenha sido proposto em 1948<br />

(Gabor), a técnica se tornou prática somente<br />

com o advento do laser. A interferometria<br />

holográfica remete-se aos anos 60 e é embasada<br />

no princípio da reconstrução de<br />

ondas. A interferometria de speckles deriva<br />

desse princípio.<br />

O efeito speckle é uma interferência<br />

aleatória característica da reflexão de um<br />

feixe de luz coerente ao incidir em uma<br />

superfície opticamente rugosa, quando sua<br />

variação de altura é da ordem ou maior que<br />

o comprimento de onda da luz do feixe de<br />

iluminação. A característica do laser como<br />

feixe coerente e monocromático permitiu<br />

utilizar o efeito speckle como princípio de<br />

aplicação do método em problemas práticos<br />

através da formação de padrões de<br />

instrumentação<br />

F2. Resultado da Medição de Tensões em oito pontos no mesmo raio em uma roda ferroviária.<br />

F3. Resultado da Medição de Tensões Duto Petrolífero.<br />

franjas. Através destas, é possível calcular<br />

os deslocamentos e as tensões em superfícies<br />

submetidas a cargas. Esses padrões de<br />

franjas foram inicialmente gerados através<br />

do processamento fotográfico das imagens,<br />

mas hoje, com o processamento digital de<br />

imagens, processadores de alta velocidade<br />

e alta capacidade de armazenamento de<br />

dados, é possível obter os padrões de franjas<br />

através do processamento por vídeo dos<br />

perfis de superfícies iluminadas por feixes<br />

de laser, gerando franjas de correlação por<br />

padrões de speckles. Por isso o método é<br />

conhecido como Electronic Speckle Pattern<br />

Interferometry (ESPI).<br />

Aplicações das Técnicas de<br />

Medição por Acustoelasticidade<br />

A figura 2 ilustra a aplicação da técnica de<br />

ondas L cr para a medição de tensões em rodas<br />

ferroviárias. O que está sendo mostrado é a<br />

variação da tensão em oito pontos ao longo<br />

do aro de uma roda específica. O esperado é<br />

que os valores sejam iguais ou próximos. No<br />

entanto, as pesquisas feitas revelaram que<br />

tal variação é perfeitamente possível. Como<br />

pode ser visto, as tensões estão entre 276 e<br />

294 MPa. Dado que cada ponto foi medido<br />

três vezes, a dispersão pode ser calculada e<br />

está indicada nas barras que mostram um<br />

desvio padrão do valor médio.<br />

O resultado apresentado refere-se a<br />

apenas uma roda, mas a mesma variação<br />

e dispersão foram encontradas em outras<br />

oito rodas do mesmo tipo medidas durante<br />

a pesquisa. Isso permitiu a criação de um<br />

novo dispositivo de medição de tensões,<br />

patenteado pela Unicamp, que está sendo<br />

desenvolvido para aplicação em campo. Tal<br />

sistema levará, à redução sensível do risco<br />

de acidentes e perdas econômicas e de vidas,<br />

uma vez que permitirá que a inspeção seja<br />

feita e ações preventivas sejam adotadas.<br />

A figura 3 exibe a comparação entre as<br />

tensões medidas por extensômetros (teórica)<br />

e as tensões medidas utilizando ondas L cr<br />

2011 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />

15


instrumentação<br />

a) b)<br />

F4. Resultado da Medição de Tensões em Chapa com Rasgo.<br />

a) b)<br />

F5. Resultado da Medição de Tensões em Chapa com Rasgo.<br />

em dutos petrolíferos. Conforme pode ser<br />

visto, o coeficiente da curva de ajuste, cujo<br />

valor esperado é 1 (um), tem valor 1,03,<br />

o que comprova a validade do método. O<br />

ajuste medido pelo coeficiente de correlação<br />

(0,999) é uma confirmação da estabilidade<br />

do método em diversos níveis de tensão. O<br />

experimento foi realizado em laboratório com<br />

um duto especialmente montado, com os<br />

parâmetros de influência controlados.<br />

16 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: 2011<br />

Aplicações das Técnicas<br />

de Medição por ESPI<br />

A figura 4 mostra o resultado para a<br />

medição de tensão equivalente (Von Mises)<br />

em um componente mecânico utilizando<br />

ESPI. Em (a) é vista a tensão medida e em<br />

(b) é mostrada a simulação numérica feita.<br />

Conforme pode ser observada, os resultados<br />

se assemelham em termos da distribuição<br />

das tensões. Embora seja difícil visualizar na<br />

figura à esquerda, devido a baixa resolução<br />

das imagens geradas com o programa de<br />

aquisição do ESPI, os resultados numéricos<br />

também se assemelham significativamente<br />

aos medidos, levando a uma diferença em<br />

torno de 10% para todas as medições.<br />

Uma segunda aplicação do método foi<br />

testada em uma placa com orifício. A figura<br />

5 expõe os resultados. Também neste caso,<br />

em (a) é mostrada a tensão medida e em


F6. Tela de aquisição do programa L-stress v. 2.0.<br />

(b) é exibida a simulação numérica feita.<br />

Agora, a diferença entre o medido por ESPI<br />

e o calculado utilizando elementos finitos<br />

foi ainda menor, da ordem de 5%.<br />

A técnica ESPI também foi usada para<br />

a medição de tensões em eixos e bielas automotivas.<br />

A Unicamp possui um convênio<br />

com a empresa Thyssenkrupp Metalúrgica<br />

Campo Limpo, que permite o uso de seu<br />

sistema ESPI para pesquisas sobre o assunto.<br />

Os resultados preliminares demonstram<br />

uma correlação adequada entre os resultados<br />

medidos e esperados, mas ainda há a<br />

necessidade de aprimorar os controles sobre<br />

as variáveis de influência para minimizar a<br />

dispersão encontrada.<br />

Estratégias de Controle<br />

Aplicadas<br />

Com ambas as técnicas foi necessário<br />

adotar estratégias de minimização do erro<br />

empregando tanto técnicas de filtragem<br />

quanto de controle das variáveis de influência.<br />

Em especial com acustoelasticidade, foi<br />

desenvolvido um programa computacional<br />

específico para o tratamento e aquisição<br />

dos sinais. O programa L-stress v. 2.0<br />

(Andrino, 2007) foi desenvolvido para<br />

esta finalidade. Ele controla totalmente o<br />

processo de aquisição, que inclui o uso de<br />

um dispositivo de acionamento pneumático<br />

para a aplicação dos sensores sobre a peça e<br />

o tratamento posterior dos sinais adquiridos,<br />

utilizando correlação cruzada e transformada<br />

de Hilbert. A figura 6 apresenta uma das<br />

telas do programa.<br />

Para a técnica ESPI, o programa que faz a<br />

aquisição e o tratamento é parte de um pacote<br />

comercial fornecido com o sistema Dantec<br />

3D ESPI – Q300, usado no trabalho.<br />

Conclusões<br />

A medição de tensões com técnicas não<br />

destrutivas pode ser feita utilizando acustoelasticidade<br />

ou interferometria eletrônica por<br />

padrão de speckles. Os resultados apresentados<br />

mostram que as técnicas possuem grande<br />

potencial de aplicação. O seu emprego em<br />

campo certamente permitirá uma sensível<br />

redução nos custos de inspeção, uma vez que<br />

não irá requerer a destruição ou inutilização<br />

dos componentes testados.<br />

O sensoriamento é uma das atividades<br />

ligadas à <strong>Mecatrônica</strong>, já que requer conhecimentos<br />

de áreas distintas, envolvidas na<br />

formação desse Engenheiro, como o uso de<br />

ferramentas computacionais, o emprego de<br />

conhecimentos na área de mecânica, a utilização<br />

de sensores eletrônicos e outros. Só pode ser<br />

realizado por profissionais que tenham uma<br />

formação ampla, ou terá que envolver vários<br />

profissionais de áreas diferentes. MA<br />

*Auteliano Antunes dos Santos Júnior é Professor<br />

e Coordenador do Curso de Engenharia<br />

de Controle e Automação na Unicamp e possui<br />

pós-doutorado na Texas A&M University (EUA).<br />

Tem desenvolvido projetos tecnológicos para<br />

empresas como: Vale do Rio Doce, Petrobrás,<br />

Thyssenkrup Metalúrgica Campo Limpo e outras.<br />

instrumentação<br />

2011 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />

17


instrumentação<br />

O que é a<br />

Tecnologia<br />

de Tempo Real?<br />

Vários testes, controles e aplicações de projeto<br />

exigem desempenho em tempo real. Este tutorial<br />

da National Instruments analisa os conceitos<br />

básicos de sistemas de tempo real.<br />

Introdução aos Sistemas<br />

de Tempo Real<br />

Os sistemas operacionais de tempo real<br />

foram projetados para resposta a eventos<br />

e sistemas de controle de malha fechada.<br />

Aplicações de resposta a eventos, como um<br />

sistema de airbag automotivo, necessitam<br />

de uma resposta a um estímulo em um<br />

determinado espaço de tempo. Sistemas<br />

de controle de malha fechada, como um<br />

sistema de controle de velocidade automotiva,<br />

processam continuamente o feedback<br />

do sistema para ajustar uma saída. Ambos<br />

os sistemas exigem a realização de uma<br />

operação dentro de um tempo determinado.<br />

Esse tipo de desempenho é chamado de<br />

determinístico.<br />

Sistemas de tempo real podem ser<br />

classificados como “soft” ou “hard”. Para<br />

sistemas de tempo real do tipo soft, a utilidade<br />

de um sistema geralmente é inversamente<br />

proporcional ao tempo de resposta após um<br />

determinado prazo ter sido perdido. Por<br />

exemplo, quando pressionamos um botão<br />

do telefone para atender uma chamada, a<br />

conexão deve ser estabelecida logo após o<br />

botão ter sido apertado. Contudo, o prazo<br />

não é tão crítico e pequenos atrasos podem<br />

18 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Março/Abril 2011<br />

ser tolerados. Sistemas de tempo real do tipo<br />

“hard” são aqueles em que a utilidade do<br />

sistema torna-se zero em caso de perda do<br />

prazo. Uma unidade de controle de motores<br />

automotivos (ECU - automotive engine<br />

control unit) deve processar sinais de entrada<br />

e calcular a temporização da faísca da vela<br />

dentro de um prazo. Se houver perda desse<br />

prazo, o motor não irá operar corretamente.<br />

A utilidade de uma tarefa após a perda de<br />

prazo depende se o sistema de tempo real<br />

é do tipo “soft” ou do tipo “hard”, como<br />

mostrado na figura 1.<br />

Sistemas operacionais como o Microsoft<br />

Windows e o MAC OS fornecem uma<br />

excelente plataforma para desenvolvimento<br />

e execução de aplicações não críticas de<br />

medição e controle. Contudo, por serem<br />

sistemas operacionais projetados para um<br />

propósito geral, eles não são ideais para<br />

executar aplicações que necessitem de um<br />

desempenho determinístico ou de um maior<br />

tempo sem falhas.<br />

Sistemas operacionais de propósito geral<br />

são otimizados para executar uma variedade<br />

de aplicações simultaneamente, assegurando<br />

que todas as aplicações recebam um tempo<br />

de processamento. Esses sistemas operacionais<br />

também devem responder a interrupções<br />

de periféricos como mouse e teclado. O<br />

usuário tem controle limitado sobre o<br />

modo como essas tarefas são manipuladas<br />

pelo processador. Como resultado, tarefas<br />

de alta prioridade podem ser interrompidas<br />

para que tarefas de baixa prioridade sejam<br />

executadas, fazendo com que seja impossível<br />

garantir um tempo de resposta constante<br />

para suas aplicações críticas.<br />

Em contraste, sistemas operacionais de<br />

tempo real proporcionam a capacidade de<br />

priorizar tarefas, para que as tarefas mais<br />

críticas possam sempre ter controle do<br />

processador quando necessário. Essa propriedade<br />

possibilita a criação de aplicações<br />

com resultados que podem ser previstos.<br />

Sistemas operacionais de tempo real<br />

são necessários quando o processador está<br />

envolvido em operações como controle de<br />

malha fechada e tomada de decisão em<br />

tempo crítico. Essas aplicações requerem<br />

que decisões temporizadas sejam feitas baseadas<br />

em dados recebidos. Por exemplo, um<br />

equipamento de entradas e saídas amostra<br />

um sinal de entrada e o envia diretamente<br />

para a memória. Então, o processador deve<br />

analisar o sinal e enviar a resposta adequada<br />

ao equipamento de entradas e saídas. Nessa<br />

aplicação, o software deve estar envolvido na<br />

malha; portanto, você precisa de um sistema<br />

operacional de tempo real para garantir resposta<br />

dentro de um espaço de tempo fixo.<br />

Além disso, aplicações que necessitam de<br />

tempo de execução estendido ou operações<br />

autônomas são geralmente implementadas<br />

com sistemas operacionais de tempo real.


Desempenho em Tempo Real<br />

O equívoco mais comum associado ao<br />

desempenho em tempo real é dizer que ele<br />

aumenta a velocidade de execução do programa.<br />

Apesar de ser verdade em alguns casos,<br />

a aplicação é melhorada proporcionando<br />

temporização precisa e previsível. Com essas<br />

melhorias, você pode determinar o tempo<br />

exato quando certo evento ocorrerá.<br />

Controle em Tempo Real<br />

Com controle em tempo real, é possível<br />

monitorar e simular continuamente um sistema<br />

físico. Aplicações de controle em tempo real<br />

executam repetidamente uma tarefa definida<br />

pelo usuário com um intervalo de tempo<br />

específico entre cada execução. A maioria dos<br />

sistemas de controle em tempo real monitora<br />

um sistema físico, comparam o estado atual<br />

com o estado desejado e então simulam o<br />

sistema físico baseando-se nessa comparação.<br />

O tempo que leva para que essa malha execute<br />

é considerado o tempo de ciclo da malha. O<br />

tempo de ciclo da malha de controle varia,<br />

baseado na complexidade do sistema.<br />

O determinismo mede a consistência<br />

do intervalo de tempo especificado entre<br />

os eventos. Muitos algoritmos de controle,<br />

como o PID, requerem um comportamento<br />

muito determinístico. Por exemplo, um<br />

elevador move-se gradualmente para o<br />

andar correto por causa do comportamento<br />

determinístico da malha de controle. Sem<br />

o determinismo, o evelador chega ao andar<br />

correto, porém sem estabilidade.<br />

Em todos os sistemas de tempo real há<br />

uma quantidade de erro chamada jitter. O<br />

jitter é outra maneira de medir o determinismo<br />

de um sistema de tempo real. Você<br />

pode calculá-lo como a diferença máxima<br />

entre qualquer atraso individual de tempo e<br />

o atraso de tempo desejado em um sistema,<br />

veja na figura 2.<br />

Resposta a eventos<br />

em Tempo Real<br />

Com resposta a eventos em tempo real, é<br />

possível responder a um simples evento dentro<br />

de um dado espaço de tempo. O sistema de<br />

tempo real garante algum tempo máximo<br />

de resposta a um evento único. O evento<br />

pode ser tanto periódico quanto aleatório.<br />

Um exemplo de uma aplicação de resposta<br />

a um evento em tempo real é um sistema de<br />

monitoração de segurança. Se uma planta<br />

entra em um estado de perigo, o sistema de<br />

tempo real deve responder a este evento dentro<br />

de um espaço de tempo garantido.<br />

A latência é usada para descrever o tempo<br />

que leva para se responder a um evento. É<br />

similar ao determinismo em aplicações de<br />

controle em tempo real. Com resposta a<br />

eventos em tempo real, é garantido o pior<br />

caso de latência.<br />

Tecnologia de Tempo Real<br />

da National Instruments<br />

Os módulos LabVIEW Real-Time e<br />

LabWindows /CVI Real-Time são usados<br />

para se alcançar execução determinística<br />

confiável em hardware dedicado. Caso haja<br />

necessidade de um determinismo maior,<br />

o módulo LabVIEW FPGA, combinado<br />

instrumentação<br />

com um hardware que inclua tecnologia<br />

de entradas e saídas reconfiguráveis (RIO<br />

– Reconfigurable I/O) oferece resposta de hardware<br />

em nanossegundos. Use o conjunto de<br />

software da National Instruments para:<br />

• Desenvolver rapidamente aplicações<br />

determinísticas com programação<br />

gráfica ou ANSI C;<br />

• Criar facilmente controles distribuídos<br />

e sistemas de monitoração;<br />

•<br />

Eliminar o tempo gasto, integrando<br />

diversas entradas e saídas.<br />

A National Instruments oferece uma<br />

variedade de hardwares de tempo real que<br />

contém um processador embarcado, executando<br />

um sistema operacional de tempo real<br />

para máxima confiabilidade e desempenho<br />

determinístico. É possível integrar uma vasta<br />

gama de entradas e saídas com hardware modular<br />

que possa ser expandido para atender a<br />

um grande número de canais para aquisição<br />

de dados e controle, condicionamento de<br />

sinais industriais e isolação segura. MA<br />

F1. Diferença entre tecnologia de tempo<br />

real Hard e Soft. F2. Um Exemplo de Diagrama de Jitter.<br />

F3. A Tecnologia de Tempo Real da National Instruments.<br />

Março/Abril 2011 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />

19


instrumentação<br />

Medição de Vazão:<br />

a 3ª Grandeza<br />

Mais Medida<br />

nos Processos<br />

Industriais<br />

Apresentação de alguns aspectos<br />

mercadológicos atuais<br />

sobre a medição da vazão<br />

dos fluídos na Automação<br />

e Controle dos Processos<br />

Industriais<br />

A<br />

saiba mais<br />

Manuais de Operação e<br />

Treinamento dos transmissores<br />

de pressão Smar: LD301, LD302,<br />

LD303 e LD400<br />

Apresentações Transmissores de<br />

Pressão. César Cassiolato, Evaristo<br />

O. Alves, 2001-2011.<br />

Medição de Vazão<br />

<strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> 26<br />

Artigos técnicos – César Cassiolato<br />

www.smar.com/brasil2/<br />

artigostecnicos/<br />

Site do fabricante:<br />

www.smar.com.br<br />

20 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: 2011<br />

vazão é a terceira grandeza mais medida<br />

nos processos industriais. As aplicações são<br />

amplas, desde aplicações simples como a<br />

medição de vazão de água em estações de<br />

tratamento e residências, até medição de<br />

gases industriais e combustíveis, passando<br />

por medições mais complexas. A escolha<br />

correta de um determinado instrumento<br />

para medição de vazão depende de vários<br />

fatores. Dentre estes, pode-se destacar:<br />

• exatidão desejada para a medição;<br />

• tipo de fluido: líquido ou gás, limpo<br />

ou sujo, número de fases;<br />

• condutividade elétrica, transparência;<br />

• condições termodinâmicas: por exemplo,<br />

níveis de pressão e temperatura<br />

nos quais o medidor deve atuar;<br />

• espaço físico disponível;<br />

• custo, etc.<br />

<strong>Atual</strong>mente os medidores de fluidos<br />

(líquidos, gases e vapores) são de grande<br />

importância em um processo, pois são usados<br />

Engº César Cassiolato<br />

cesarcass@smar.com.br<br />

Engº Evaristo O. Alves<br />

evaristo@smar.com.br<br />

para determinar as quantidades de produtos<br />

vendidos, comprados e transferidos entre<br />

fabricantes, transportadores e consumidores<br />

finais. Veja a figura 1.<br />

A medição de vazão de fluidos sempre<br />

esteve presente em nosso dia a dia.Por<br />

exemplo, o hidrômetro de uma residência,<br />

o marcador de uma bomba de combustível<br />

nos veículos, etc.<br />

Na História, grandes nomes marcaram<br />

suas contribuições. Em 1<strong>50</strong>2 Leonardo da<br />

Vinci observou que a quantidade de água por<br />

unidade de tempo que escoava em um rio era<br />

a mesma em qualquer parte, independente<br />

da largura, profundidade, inclinação e outros.<br />

Mas o desenvolvimento de dispositivos<br />

práticos só foi possível com o surgimento da<br />

era industrial e o trabalho de pesquisadores<br />

como Bernoulli, Pitot e outros.<br />

Vejamos, inicialmente, alguns conceitos<br />

para entendermos melhor a medição<br />

de vazão.


Como podemos definir vazão?<br />

Vazão pode ser definida como sendo<br />

a quantidade volumétrica ou mássica de<br />

um fluido que escoa através de uma seção<br />

de uma tubulação ou canal por unidade<br />

de tempo.<br />

Vazão Volumétrica<br />

É definida como sendo a quantidade em<br />

volume que escoa através de certa secção<br />

em um intervalo de tempo considerado. As<br />

unidades volumétricas mais comuns são:<br />

m3/s, m3/h, l/h, l/min, GPM (galões por<br />

minuto), Nm3/h (normal metro cúbico por<br />

hora), SCFH (normal pé cúbico por hora),<br />

entre outras.<br />

Q = V<br />

t<br />

onde:<br />

V = volume;<br />

t = tempo;<br />

Q = vazão volumétrica.<br />

Vazão mássica<br />

É definida como sendo a quantidade<br />

em massa de um fluido que escoa através<br />

de certa secção em um intervalo de tempo<br />

considerado. As unidades de vazão mássica<br />

mais utilizadas são: kg/s, kg/h, t/h, lb/h.<br />

Q m = m<br />

t<br />

onde:<br />

m = massa;<br />

t = tempo;<br />

Qm = vazão mássica.<br />

Conceitos físicos para<br />

medição de vazão<br />

Para medição de vazão se faz necessário<br />

rever alguns conceitos relativos a fluidos, pois<br />

os mesmos influenciam na vazão de modo<br />

geral. A seguir, os principais deles:<br />

Calor Específico<br />

Define-se calor específico como o quociente<br />

da quantidade infinitesimal de calor<br />

fornecido a uma unidade de massa de uma<br />

substância pela variação infinitesimal de temperatura<br />

resultante deste aquecimento.<br />

Na prática, temos: A quantidade de calor<br />

necessária para mudar a temperatura de 1<br />

grama de uma substância em 1ºC.<br />

F1. Variáveis de Processo.<br />

F2. Perfil de Velocidades em regime laminar.<br />

Viscosidade<br />

É definida como sendo a resistência<br />

ao escoamento de um fluido em um duto<br />

qualquer. Esta resistência provocará uma<br />

perda de carga adicional que deverá ser<br />

considerada na medição de vazão.<br />

Número de Reynolds<br />

Número adimensional utilizado para<br />

determinar se o escoamento se processa<br />

em regime laminar ou turbulento. Sua determinação<br />

é importante como parâmetro<br />

modificador do coeficiente de descarga.<br />

onde:<br />

v = velocidade (m/s);<br />

D = diâmetro do duto (m);<br />

υ = viscosidade cinemática (m2 Re =<br />

/s).<br />

vD<br />

υ<br />

instrumentação<br />

Observações: Na prática, se Re > 2.320,<br />

o fluxo é turbulento, caso contrário é sempre<br />

laminar.<br />

Nas medições de vazão na indústria,<br />

o regime de escoamento é na maioria dos<br />

casos turbulento com Re > 5.000.<br />

Distribuição de Velocidade<br />

em um Duto<br />

Em regime de escoamento no interior<br />

de um duto, a velocidade não será a mesma<br />

em todos os pontos. Será máxima no<br />

ponto central do duto e mínima na parede<br />

do duto.<br />

Regime Laminar<br />

É caracterizado por um perfil de velocidade<br />

mais acentuado, onde as diferenças<br />

de velocidades são maiores. Observe a<br />

figura 2.<br />

2011 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />

21


instrumentação<br />

Regime Turbulento<br />

É caracterizado por um perfil de velocidade<br />

mais uniforme que o perfil laminar.<br />

Suas diferenças de velocidade são menores.<br />

Atente para a figura 3.<br />

Tipos dos Medidores de Vazão<br />

Resumidamente, podemos classificar os<br />

medidores de vazão, segundo a tabela 1.<br />

F3. Perfil de Velocidade em regime turbulento.<br />

Tipos de medidores<br />

1 Medidores indiretos utilizando<br />

fenômenos intimamente<br />

relacionados à quantidade de<br />

fluído passante<br />

2 Medidores diretos de volume<br />

do fluido passante<br />

3 Medidores especiais<br />

T1. Classificação dos medidores de vazão.<br />

T2. Comparação entre vários medidores de fluidos.<br />

22 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: 2011<br />

Características<br />

I Perda de carga variável<br />

(área constante)<br />

II Área variável (perda de<br />

carga constante)<br />

I Deslocamento positivo<br />

do fluído<br />

II Velocidade pelo impacto<br />

do fluído<br />

Eletromagnetismo<br />

Vórtex<br />

Ultrassônico<br />

Calhas Parshall<br />

Coriolis<br />

Equações para o<br />

Cálculo da Vazão<br />

As equações para o cálculo da vazão<br />

podem ser obtidas genericamente para os três<br />

tipos de medidores apresentados. Aplica-se<br />

a Equação da Conservação da Massa, bem<br />

como a Equação da Conservação da Energia,<br />

sendo esta última na sua forma simplificada,<br />

que é a Equação de Bernoulli. Assim para o<br />

Exemplos<br />

Tubo Pilot; Tubo de Venturi; Annubar;<br />

Tubo de Dali; Placa de orifício<br />

Rotâmentro<br />

Disco Nutante; Pistão Flutuante;<br />

Rodas ovais; Roots<br />

Tipo Hélice; Tipo Turbina<br />

escoamento através de uma redução de área,<br />

considerando-o ideal e tomando uma linha<br />

de corrente entre os pontos 1 e 2, conforme<br />

a figura 4.<br />

A equação de Bernoulli aplicada ao<br />

escomento ideal, entre os pontos 1 e 2 da<br />

figura, resulta na equação seguinte:<br />

V 1 + P 1 + gz1 = v 2 + P 2 + gz2<br />

2 ρ 2 ρ<br />

onde o primeiro termo representa a<br />

energia cinética, o segundo a energia de<br />

pressão, proveniente do trabalho de escoamento,<br />

enquanto o terceiro termo representa<br />

a energia potencial.<br />

Idênticas parcelas existem do lado direito,<br />

para o ponto 2. Esta igualdade significa que<br />

a soma das três parcelas é uma constante<br />

ao longo de uma linha de corrente, não havendo<br />

perdas por atrito. Para o escoamento<br />

na posição horizontal, não há variação de<br />

energia potencial, sendo z1 = z2.<br />

Usando a equação da conservação da<br />

massa entre as seções 1 e 2, para o escoamento<br />

incompressível, tem-se que:<br />

V 1 A 1 = V 2 A 2<br />

sendo A a área da seção transversal e β<br />

a razão entre os diâmetros do medidor e da<br />

tubulação, β = D2/D1 (ou d/D, conforme<br />

a notação), pode-se isolar uma das velocidades<br />

na equação de Bernoulli, obtendo-se<br />

a equação seguinte:<br />

V = 2 2 P1 – P A 2 1 – 2<br />

ρ A2 2 -1


A vazão pode ser então obtida, multiplicando-se<br />

esta velocidade pela respectiva<br />

área, equação. A vazão no caso é uma vazão<br />

ideal, pois foi obtida através da equação de<br />

Bernoulli, para o escoamento ideal.<br />

Q 1 = V 2 A 2<br />

Tomando-se o caso mais extremo, em<br />

que o ponto 2 está situado sobre a vena<br />

contracta, pode-se definir um coeficiente<br />

de contração da veia principal, que é a razão<br />

entre a área da vena contracta A 2 , e a área de<br />

passagem do medidor, A m . Assim:<br />

C 1 = A 2<br />

A m<br />

A vazão real pode ser obtida multiplicando-se<br />

a vazão ideal por um coeficiente<br />

de correção C v . Este coeficiente inclui as<br />

correções relativas à perda de energia entre<br />

os pontos 1 e 2, entre os quais se obtém o<br />

diferencial de pressão. Parte deste diferencial<br />

é decorrente da aceleração do escoamento<br />

e parte provém da perda de carga. Esta<br />

última age sempre no sentido de aumentar<br />

o diferencial, razão pela qual o valor de C v<br />

é sempre inferior à unidade. Assim, tendo<br />

em conta estas correções e a área do medidor<br />

Am, a equação para a vazão é dada por:<br />

Q = 1 Cv Cc Am<br />

2 4 1 - C β c<br />

O coeficiente C c difere da unidade apenas<br />

na placa de orifício, quando as tomadas de<br />

pressão não são as de canto (corner taps). No<br />

caso deste tipo de tomada a vena contracta<br />

existe, mas a pressão está sendo lida junto<br />

à placa, de forma que a área A 2 pode ser<br />

considerada como a área do orifício Am. Em<br />

função da dificuldade de se determinar todos<br />

os coeficientes da equação, prefere-se ignorar<br />

o próprio C c e introduzir os coeficientes C<br />

e K, de modo que esta equação assuma as<br />

seguintes formas:<br />

Q r = CQ 1 = C A m<br />

1 - β 4<br />

= KA m<br />

Medidores de Diferencial<br />

de Pressão<br />

O princípio de funcionamento baseiase<br />

no uso de uma mudança de área de<br />

F4. Escoamento com estrangulamento.<br />

F5. Tipos de medidores de vazão mais utilizados.<br />

escoamento, através de uma redução de<br />

diâmetro ou de um obstáculo, ou ainda<br />

através de uma mudança na direção do<br />

escoamento. Estas mudanças de área ou de<br />

direção provocam uma aceleração local do<br />

escoamento, alterando a velocidade e, em<br />

conseqüência, a pressão local. A variação<br />

de pressão é proporcional ao quadrado da<br />

vazão. São medidores já bastante conhecidos,<br />

normalizados e de baixo custo. Estima-se<br />

que abranjam <strong>50</strong>% de utilização na medição<br />

de vazão de líquidos.<br />

São compostos de um elemento primário<br />

e um elemento secundário. O elemento<br />

primário está associado à própria tubulação,<br />

interferindo com o escoamento e fornecendo o<br />

diferencial de pressão. O elemento secundário<br />

é o responsável pela leitura deste diferencial<br />

e pode ser um simples manômetro de coluna<br />

líquida, em suas diferentes versões, ou até<br />

mesmo um transdutor mais complexo, com<br />

aquisição e tratamento eletrônico do valor<br />

de pressão lido.<br />

Tecnologias para medição<br />

de vazão no mercado<br />

Existem inúmeras tecnologias para medição<br />

de vazão no mercado, mas sem dúvida,<br />

o “medidor com placa de orifício” ainda é o<br />

instrumentação<br />

mais usado pelo seu baixo custo associado ao<br />

grande conhecimento acumulado de décadas<br />

de aplicação. Isso significa, entre outras coisas,<br />

que todo profissional de automação ligado ao<br />

Controle de Processos pode eventualmente se<br />

deparar com um medidor desse tipo. É então<br />

conveniente conhecer seus princípios básicos<br />

de funcionamento. Além disso, ao longo de<br />

várias décadas o medidor com placa de orifício<br />

vem sendo aperfeiçoado para melhorar seu<br />

range, precisão e robustez. Diversos trabalhos<br />

práticos e acadêmicos estão disponíveis para<br />

auxiliar os profissionais que quiserem aplicar<br />

esse tipo de medidor. Veja a figura 5 e a tabela<br />

2 onde se tem a comparação entre diferentes<br />

tipos de medidores.<br />

Transmissor de Pressão<br />

Diferencial<br />

LD400 – Princípio de<br />

Funcionamento<br />

A Série LD400 de Transmissores Smar<br />

é baseada em sensores capacitivos, onde a<br />

pressão aplicada a diafragmas sensores faz com<br />

que se tenha uma variação da capacitância<br />

entre os mesmos e um diafragma central.<br />

Esta variação de capacitância é usada para<br />

variar a frequência de um oscilador que é<br />

2011 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />

23


instrumentação<br />

medida diretamente pela CPU e convertida<br />

em Pressão. Não existe conversão A/D o que<br />

contribui na exatidão e eliminação de drifts<br />

embutidos nas conversões analógicas/digitais.<br />

A Smar possui a leitura digital desde<br />

a década de 80.<br />

Os sensores capacitivos são sensores<br />

muito confiáveis, com respostas lineares<br />

e praticamente insensíveis a variações de<br />

temperatura, sendo indicados em instrumentação<br />

e controle de processos, já que possuem<br />

excelentes performance em temperatura e<br />

pressão estática.<br />

Na figura 6, temos o diagrama funcional<br />

do transmissor de pressão diferencial.<br />

LD400 – Características e<br />

Benefícios<br />

A linha LD400 tem 2 Classes de exatidão:<br />

• Modelo Standard: Exatidão de<br />

0,06%;<br />

• Modelo Alta Performance: Exatidão<br />

de 0,045%;<br />

• Ideal para aplicações em medição de<br />

vazão;<br />

• Minimiza o Erro Total Provável e<br />

consequentemente a variabilidade do<br />

processo;<br />

• Ideal para aplicações em sistemas de<br />

segurança SIL2 e SIL3;<br />

• Por sua resposta linear, permite alta<br />

rangeabilidade com exatidão;<br />

• Rangeabilidade de 200:1;<br />

• Tempo de resposta de 35 ms (o transmissore<br />

digital mais rápidos do mercado);<br />

• Garantia de estabilidade de ± 0,2% do<br />

URL por 12 anos (modelo alta performance);<br />

• Supressor de transiente e anti-surge<br />

embutido;<br />

• Totalização bidirecional com persistência;<br />

• Alimentação sem polaridade (12 a<br />

<strong>50</strong> Vcc) – previne erros de conexão e<br />

curto-circuito;<br />

• Display multifuncional;<br />

• CPU de 16 bits, garantindo alta performance;<br />

• Coprocessador matemático de alta<br />

performance, o que garante alto desempenho<br />

do transmissor;<br />

• Carcaça com as entradas das conexões<br />

elétricas na parte inferior e borneira<br />

resinada – protege contra corrosão e<br />

baixa isolação;<br />

24 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: 2011<br />

• Lacre de carcaça para transferência de<br />

custódia e fiscal;<br />

• Ajuste local via sensor HALL;<br />

• Árvore de ajuste local simplificada;<br />

• Jumper de proteção de escrita;<br />

• Possibilidade de atualização de firmware<br />

via memória flash;<br />

• Limite de pressão de ruptura de 10000<br />

psi;<br />

• Diagnósticos avançados: indicação<br />

de sensor em curto e aberto, falha do<br />

sensor em qualquer câmara, sensor<br />

desconectado, sobrepressão além do<br />

limite de aquisição, indicação de alguns<br />

diagnósticos no display, máxima e mínima<br />

temperatura, desvio de zero etc.<br />

Os transmissores de pressão microprocessados<br />

possuem a grande vantagem de<br />

permitirem uma melhor interação com o<br />

usuário, com interfaces amigáveis. Além disso,<br />

possuem características de auto-diagnose<br />

que facilitam a identificação de problemas.<br />

Com o advento das redes fieldbuses, podese<br />

agora extrair ao máximo os benefícios<br />

da tecnologia digital. Estes transmissores<br />

possuem melhor exatidão, uma estabilidade<br />

eletrônica superior aos modelos analógicos,<br />

além de facilitarem ajustes e calibrações.<br />

A tecnologia digital também permite que<br />

poderosos algoritmos possam ser implementados<br />

a favor da melhoria de performance e<br />

exatidão da medição e a monitoração online<br />

da vida do equipamento.<br />

Como especificar<br />

Transmissores de Pressão?<br />

Especificações incompletas ou mesmo<br />

com dados inconsistentes são bastante<br />

comuns na documentação para compra de<br />

transmissores de pressão. À primeira vista,<br />

parecem ítens simples de projeto, porém são<br />

muitos os detalhes que, se não corretamente<br />

especificados, poderão gerar um prejuízo<br />

na hora da montagem ou mesmo durante<br />

a operação, podendo este ser maior que os<br />

valores dos equipamentos envolvidos.<br />

Este tópico procura esclarecer algumas<br />

questões fundamentais no processo de especificação<br />

de transmissores de pressão. Vale<br />

lembrar que é importante ter os seguintes<br />

conhecimentos:<br />

• princípios físicos da medição de pressão;<br />

• tipos de pressão que podem ser medidas;<br />

• sensores e seu funcionamento;<br />

• instrumentação industrial;<br />

• instalação e cuidados na operação e<br />

manutenção;<br />

• principais aplicações.<br />

O que se pretende medir?<br />

Em geral mede-se:<br />

• Pressão manométrica;<br />

• Pressão absoluta;<br />

• Pressão diferencial;<br />

• Outras grandezas inferidas a partir<br />

de medições de pressão (vazão, nível,<br />

volume, força, densidade, etc).<br />

Vale ressaltar que as medições de pressões<br />

abaixo da atmosférica não necessariamente<br />

requerem transmissores de pressão absoluta.<br />

Os transmissores de pressão absoluta são<br />

recomendados apenas quando se quer evitar<br />

as influências das variações da pressão<br />

atmosférica. Essa influência só será crítica<br />

quando se mede pressões muito próximas<br />

(acima ou abaixo) da pressão atmosférica.<br />

Nos demais casos pode-se usar sem problemas<br />

transmissores de pressão manométrica.<br />

Para que medir pressão?<br />

Em geral mede-se pressão para:<br />

• Controle ou monitoração de processos;<br />

• Proteção (segurança);<br />

• Controle de qualidade;<br />

• Transações comerciais de fluidos<br />

(transferências de custódia, medição<br />

fiscal);<br />

• Estudos e pesquisas;<br />

•<br />

Balanços de massa e energia.<br />

Esses objetivos devem ser considerados<br />

na escolha dos equipamentos. Quesitos<br />

mais rigorosos de desempenho tais como:<br />

exatidão, limites de sobre pressão e pressão<br />

estática, estabilidade e outros podem encarecer<br />

desnecessariamente o projeto. Todos os<br />

fabricantes em geral oferecem ao mercado<br />

mais de uma versão de transmissores com<br />

características técnicas distintas e obviamente<br />

com preços também distintos.<br />

Qual é o fluido do processo?<br />

O fornecedor deverá ser informado das<br />

características do fluido. Em geral o fabricante<br />

poderá recomendar materiais ou conexões<br />

especiais. Vale lembrar que a decisão final<br />

será sempre do usuário ou da empresa de<br />

engenharia envolvida.<br />

Alguns dados do fluido de processo são<br />

fundamentais na escolha do transmissor:


• Estado (líquido, gás, vapor): Define<br />

a posição da válvula de dreno/vent;<br />

• Pressão máxima do processo: Importante<br />

para a avaliação dos limites<br />

de sobre pressão e pressão estática do<br />

transmissor;<br />

• Temperatura máxima do processo:<br />

Poderá ser determinante para o uso<br />

de selos remotos ou apenas manter<br />

uma distância mínima na linha de<br />

impulso (tubing).<br />

Opcionais?<br />

Alguns opcionais podem ser incluídos<br />

no fornecimento dos transmissores:<br />

Indicador local - Esse item não<br />

tem um custo muito alto e é muito<br />

útil, pois não só permite a leitura da<br />

variável em unidades de engenharia<br />

(kgf/cm2 •<br />

, bar, mmH2O, Pa, psi, etc)<br />

como também facilita a configuração<br />

do transmissor quando não se dispõe<br />

de um configurador;<br />

• Manifold - A compra casada (transmissor<br />

+ manifold) traz vantagens<br />

comerciais e evita qualquer incompatibilidade<br />

técnica na montagem;<br />

• Suporte para tubo de 2” - Esse item<br />

é quase obrigatório. Alguns suportes<br />

permitem também a montagem em<br />

superfícies planas. Recomenda-se<br />

especificar o suporte com pelo menos<br />

os parafusos e porcas em aço inox ,<br />

garantindo-se uma melhor resistência<br />

à atmosferas corrosivas;<br />

• Prensa-cabos - Esse item pode ser<br />

encomendado junto com o transmissor.<br />

Recomenda-se porém, incluí-lo<br />

na compra do material de montagem,<br />

garantindo a compatibilidade com a<br />

bitola do cabo a ser utilizado.<br />

Protocolo de comunicação?<br />

Os protocolos de comunicação mais<br />

comuns são:<br />

• 4-20 mA+HART;<br />

• Foundation Fieldbus;<br />

• Profibus PA.<br />

Alguns fabricantes oferecem ao mercado,<br />

transmissores que com a simples substituição<br />

da placa de circuito eletrônico ou apenas do<br />

firmware, o transmissor muda sua versão de<br />

protocolo, podendo ser usado em sistemas<br />

distintos.<br />

Os fabricantes também fornecem junto<br />

com os transmissores, CD’s com todos os<br />

F6. LD400 – Diagrama Funcional.<br />

arquivos (DD’s e DTM’s) de seus transmissores,<br />

garantindo a comunicação e<br />

interoperabilidade com os diversos sistemas<br />

de controle do mercado.<br />

Ferramentas especiais?<br />

Para os transmissores com protocolo<br />

Foundation Fieldbus ou Profibus PA não<br />

serão necessários configuradores portáteis,<br />

uma vez que a própria ferramenta de configuração<br />

das redes, geralmente instalada nos<br />

computadores de supervisão ou em alguma<br />

estação de engenharia, é também capaz de<br />

acessar e configurar os instrumentos. Para os<br />

projetos convencionais (4-20mA+HART),<br />

recomenda-se a aquisição de um configurador<br />

portátil (hand held). Em alguns<br />

transmissores, a configuração poderá ser<br />

feita diretamente nos instrumentos, com<br />

uso de recursos como chave magnética ou<br />

botoeiras locais.<br />

Pré-configurações?<br />

Nos transmissores convencionais (4-<br />

20mA+HART) é possível solicitar ao fabricante,<br />

em geral sem custos adicionais,<br />

algumas pré-configurações:<br />

Extração de raiz quadrada;<br />

Faixa calibrada;<br />

Indicação no display em unidades<br />

de engenharia (pressão);<br />

Indicação no display em unidades<br />

especiais, por exemplo: m3/h , l/h,<br />

m3 •<br />

•<br />

•<br />

•<br />

. Nesse caso deve-se informar<br />

previamente a unidade e a escala.<br />

Certificações?<br />

É comum o usuário solicitar ao fabricante<br />

certificados de calibração emitidos por laboratório<br />

rastreado pela RBC. Os fabricantes<br />

sempre fornecem certificados padronizados<br />

que são gerados e emitidos durante a fase<br />

de fabricação dos instrumentos. Outros<br />

certificados de calibração, quando emitidos<br />

por laboratório de metrologia rastreado pela<br />

instrumentação<br />

RBC, podem demandar em maior prazo<br />

de entrega e em geral resultam em custos<br />

adicionais.<br />

Outra certificação importante deve ser<br />

observada quando se usa transmissores em<br />

área classificadas. Os projetos de instrumentação<br />

para esses casos adotam normas<br />

atendendo: prova de explosão, segurança<br />

aumentada ou segurança intrínseca. Os<br />

certificados são distintos e é responsabilidade<br />

do usuário sua correta utilização.<br />

O mesmo vale para SIS, Sistemas Instrumentados<br />

de Segurança. Um transmissor<br />

de pressão especificado para áreas críticas,<br />

isto é, para a função de segurança, é um<br />

equipamento projetado com probabilidades<br />

de falhas baixas e alta confiabilidade<br />

de operação. No mercado existem dois<br />

conceitos.Um que é o baseado no “Prove<br />

in Use” e outro baseado na certificação<br />

da IEC 61<strong>50</strong>8. Tem-se visto na prática<br />

em muitas aplicações a especificação de<br />

equipamentos com certificação SIL para<br />

serem utilizados em sistemas de controle,<br />

e sem função de segurança. Acredita-se<br />

também que haja no mercado desinformação,<br />

levando a compra de equipamentos<br />

mais caros, desenvolvidos para funções de<br />

segurança, onde na prática serão aplicados<br />

em funções de controle de processo, onde<br />

a certifição SIL não traz os benefícios esperados,<br />

dificultando inclusive a utilização<br />

e operação dos equipamentos.<br />

Os Sistemas Instrumentados de Segurança<br />

(SIS) são os sistemas responsáveis<br />

pela segurança operacional e que garantem<br />

a parada de emergência dentro dos limites<br />

considerados seguros, sempre que a operação<br />

ultrapassa estes limites.O objetivo principal<br />

é se evitar acidentes dentro e fora das fábricas,<br />

como incêndios, explosões, danos aos<br />

equipamentos, proteção da produção e da<br />

propriedade e mais do que isto, evitar riscos<br />

de vidas ou danos à saúde pessoal e impactos<br />

catastróficos para a comunidade.<br />

2011 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />

25


instrumentação<br />

Nenhum equipamento é totalmente imune<br />

a falhas e sempre deve proporcionar mesmo<br />

em caso de falha, uma condição segura.<br />

Os transmissores certificados de acordo<br />

com a IEC 61<strong>50</strong>8 devem tratar basicamente<br />

3 tipos de falhas: falhas de hardware<br />

randômicas, falhas sistemáticas, falhas de<br />

causas comuns.<br />

O que o usuário deve saber sobre<br />

Transmissores com certificação<br />

SIL e por que eles não são a melhor<br />

opção para controle e monitoração?<br />

Nenhuma mudança de configuração,<br />

simulação, multidrop ou teste de loop pode<br />

ser feita com o equipamento em operação<br />

normal (isto é, exigindo segurança). Nestas<br />

condições a saída não está em condição<br />

de ser avaliada seguramente. Ou seja, um<br />

equipamento HART/4-20mA com certificação<br />

SIL2, não estará com nível SIL caso<br />

a comunicação HART esteja habilitada e<br />

possibilitando escritas.<br />

Na condição segura deve estar com a<br />

proteção de escrita desabilitada.<br />

Nenhum ajuste local pode ser realizado<br />

(Ajuste local deve ser desabilitado).<br />

Nada é totalmente seguro. O que se<br />

busca é reduzir a probabilidade de ocorrência<br />

de falhas.<br />

Em caso de falha , esta deve ser segura,<br />

isto é, ela pode ser identificada e permitir<br />

ações corretivas.<br />

Conexões especiais?<br />

Em aplicações com fluidos agressivos,<br />

temperatura ou viscosidade alta, sólidos em<br />

suspensão, recomenda-se o uso de transmissores<br />

com selos remotos ou integrais<br />

(os transmissores com selos integrais são<br />

chamados de transmissores de nível). Devese,<br />

sempre que possível, evitar o emprego<br />

de selos, pois estes degradam a exatidão da<br />

medição, aumentam o tempo de resposta<br />

do transmissor e sofrem grande influência<br />

da temperatura ambiente. A calibração de<br />

transmissores com selos remotos requer<br />

cuidados especiais, pois não só a posição<br />

do transmissor, mas a densidade do fluido<br />

de enchimento são fatores a serem considerados.<br />

Os selos com conexões flangeadas deverão<br />

ser compatíveis com os flanges de processo<br />

e respeitar as classes de pressão estabelecidas<br />

nas tabelas de pressão e temperatura das<br />

respectivas normas.<br />

26 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: 2011<br />

Faixa de pressão/rangeabilidade?<br />

Os fabricantes adotam uma terminologia<br />

padronizada que precisa ser conhecida:<br />

URL Limite superior para a faixa de<br />

calibração;<br />

LRL Limite inferior para a faixa de calibração<br />

(em geral LRL = - URL);<br />

URV valor superior da faixa calibrada<br />

(deverá ser menor ou igual<br />

à URL);<br />

LRV valor inferior da faixa calibrada<br />

(deverá ser maior ou igual à LRL);<br />

SPAN URV – LRV ( deverá ser<br />

maior que o SPAN mínimo do instrumento);<br />

A relação URL / SPAN mínimo define<br />

a rangeabilidade do instrumento.<br />

Os catálogos dos fabricantes em geral<br />

mostram os valores de URL , LRL, e SPAN<br />

mínimo para as diversas faixas dos transmissores.<br />

Pode-se observar que o SPAN<br />

mínimo de uma determinada faixa será<br />

sempre maior que o URL da faixa imediatamente<br />

inferior.<br />

Por exemplo:<br />

Faixa 4 - URL: 25 kgf/cm2 ; Span mínimo:<br />

0,21 kgf/cm2 ; limites de sobrepressão<br />

ou pressão estática: 160 kgf/cm2 ;<br />

Faixa 5 - URL: 2<strong>50</strong> kgf/cm2 ; Span mínimo:<br />

2,1 kgf/cm2 ; limites de sobrepressão<br />

ou pressão estática: 320 kgf/cm2 .<br />

Para uma aplicação com faixa calibrada:<br />

0 a 20 kgf/cm2 , é possível usar o faixa 4<br />

ou mesmo o faixa 5. Deve-se entretanto<br />

escolher sempre o de faixa inferior. Todas<br />

as especificações de estabilidade, efeito da<br />

temperatura, efeito da pressão estática são<br />

determinados com valores percentuais de<br />

URL. Um exceção para essa escolha se dá<br />

quando os limites de sobrepressão ou pressão<br />

estática podem ser atingidos. No exemplo<br />

acima esse limite é de 160 kgf/cm2 para o<br />

faixa 4 e 320 kgf/cm2 •<br />

•<br />

•<br />

•<br />

•<br />

•<br />

para o faixa 5.<br />

Recursos funcionais<br />

Alguns transmissores possuem recursos<br />

funcionais bastante interessantes. Para os<br />

transmissores com protocolo Foundation<br />

Fieldbus, é importante conhecer a biblioteca<br />

de blocos funcionais disponível. O<br />

usuário deve se informar não apenas sobre<br />

a diversidade desses blocos, como também<br />

sobre a política de comercialização desses<br />

recursos. Alguns fabricantes fornecem o<br />

instrumento com alguns blocos básicos e<br />

cobram adicionais para inclusão de blocos<br />

avançados. Importante é também se informar<br />

sobre a quantidade de blocos que podem ser<br />

processados em um único transmissor. Este<br />

limitante pode ser crítico em projetos com<br />

malhas de controle mais complexas.<br />

Para os transmissores convencionais<br />

(4-20 mA+HART) é possível também o<br />

uso de funcionalidades adicionais:<br />

Controle PID<br />

Nessa configuração o transmissor realiza<br />

o algoritmo PID, comparando a variável<br />

do processo com um setpoint pré-ajustado<br />

e gera o sinal de saída de corrente para conexão<br />

direta ao posicionador da válvula de<br />

controle. Esse recurso é válido para malhas<br />

simples de controle e que não necessitam<br />

de intervenções do operador (sempre em<br />

automático com set point constante).<br />

Totalização de vazão<br />

O transmissor de pressão diferencial<br />

quando usado em medições de vazão pode<br />

ser configurado para indicação local da<br />

vazão totalizada, além da instantânea.<br />

Na figura 7 mostramos o D.B. e fun-<br />

ções do transmissor de pressão 4-20<br />

mA+HART.<br />

A performance estática ou exatidão<br />

(muitas vezes confundida com precisão,<br />

onde exatidão está associada à proximidade<br />

do valor verdadeiro e precisão à dispersão dos<br />

valores resultantes de uma série de medidas)<br />

de um transmissor de pressão depende de<br />

quão bem calibrado é o transmissor e quanto<br />

tempo ele pode manter sua calibração.<br />

A calibração de um transmissor de pressão<br />

envolve o ajuste de zero e span.A exatidão<br />

normalmente inclui efeitos de não-lineraridade,<br />

histerese e repetibilidade.<br />

Normalmente a exatidão é dada em %<br />

do span calibrado.<br />

Exemplos de medição de vazão com<br />

transmissor de pressão diferencial são vistos<br />

nas figuras 8 e 9.<br />

Curiosidade: O mercado<br />

mundial de transmissores<br />

de pressão<br />

Hoje nos processos e controles industriais,<br />

somos testemunhas dos avanços tecnológicos<br />

com o advento dos microprocessadores e<br />

componentes eletrônicos, da tecnologia<br />

Fieldbus, o uso da Internet, etc., tudo facilitando<br />

as operações, garantindo otimização<br />

e performance dos processos e segurança


operacional. Este avanço permite hoje que<br />

transmissores de pressão, assim como os<br />

de outras variáveis, possam ser projetados<br />

para garantir alto desempenho em medições<br />

que até então utilizam somente a tecnologia<br />

analógica. Os transmissores usados até<br />

então(analógicos) eram projetados com<br />

componentes discretos, susceptíveis a drifits<br />

devido à temperatura, condições ambientais<br />

e de processo, com ajustes constantes através<br />

de potenciômetros e chaves. Com o advento<br />

da tecnologia digital, a simplicidade de uso<br />

também foi algo que se ganhou.<br />

Os transmissores de pressão são amplamente<br />

utilizados nos processos e aplicações<br />

com inúmeras funcionalidades e recursos.<br />

Como podemos ver na figura 1, a grande<br />

maioria dos processos industriais envolvem<br />

medições de vazão.<br />

Segundo a ARC – Advisory Group, o<br />

mercado mundial de transmissores de pressão<br />

em 2006 foi de 2,38 bilhões de dólares e tem<br />

como previsão, 2,8 bilhões em 2013.<br />

Ainda vale citar os transmissores para<br />

aplicações SIS, Sistema Instrumentado de<br />

Segurança, assim como os transmissores<br />

wireless que começam a ser utitlizados em<br />

algumas aplicações.<br />

A Smar está finalizando o desenvolvimento<br />

de seus transmissores de pressão<br />

WirelessHART e ISA-SP100 e em breve<br />

os disponibilizará ao mercado.<br />

Para aplicações SIS, a Smar disponibiliza<br />

seus transmissores da linha LD400-HART-<br />

SIS. Para mais detalhes, consulte: www.smar.<br />

com/PDFs/catalogues/ld400cp.pdf<br />

Conclusão<br />

Este artigo nos mostrou um pouco da<br />

história da medição de vazão, sua importância<br />

na automação e controle de processos,<br />

peculiaridades e características, aliados aos<br />

avanços tecnológicos nos transmissores de<br />

vazão. Vimos também um pouco sobre o<br />

mercado e sua tendência de crescimento<br />

e os cuidados referentes às instalações, às<br />

especificações e terminologias adotadas<br />

para transmissores.<br />

MA<br />

F7. Diagrama de blocos e funções de transmissor de pressão 4-20mA+HART.<br />

F8. Medição de vazão usando tubo de Pitot.<br />

F9. Medição de vazão usando placa de orifício.<br />

instrumentação<br />

2011 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />

27


conectividade<br />

Entendendo as<br />

Reflexões em<br />

Sinais Profibus<br />

Apesar de muito simples, a tecnologia do meio físico mais utilizada<br />

no Profibus-DP, a RS-485, ainda vemos alguns detalhes<br />

em campo que poderiam ser evitados e que poderiam diminuir<br />

o tempo de comissionamento e startup e evitar as condições<br />

de intermitências e paradas indesejadas durante a operação.<br />

Trataremos brevemente sobre reflexões de sinais neste artigo.<br />

saiba mais<br />

Minimizando Ruídos em Instalações<br />

PROFIBUS<br />

<strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> 46<br />

Raio de Curvatura Mínima e<br />

Instalações PROFIBUS<br />

<strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> 47<br />

Aterramento, Blindagem,<br />

Ruídos e dicas de instalação<br />

- César Cassiolato<br />

EMI: Interferência<br />

Eletromagnética - César<br />

Cassiolato<br />

Material de Treinamento e<br />

artigos técnicos Profibus - César<br />

Cassiolato<br />

Especificações técnicas e Guias de<br />

Instalações Profibus:<br />

www.smar.com/brasil2/<br />

artigostecnicos/<br />

Site do fabricante:<br />

www.smar.com.br<br />

28 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: 2011<br />

César Cassiolato<br />

Diretor de Marketing, Qualidade<br />

e Engenharia de Projetos e Seviços<br />

- Smar Equipamentos Industriais<br />

O meio físico RS-485<br />

Neste padrão temos dois canais independentes<br />

conhecidos como A e B, que<br />

transmitem níveis de tensão iguais, porém<br />

com polaridades opostas (V OA e V OB ) ou<br />

simplesmente V A e V B . Por esta razão, é<br />

importante que a rede seja ligada com a<br />

polaridade correta.<br />

Embora os sinais sejam opostos, um não<br />

é o retorno do outro, isto é, não existe um<br />

loop de corrente. Cada sinal tem seu retorno<br />

pela terra ou por um terceiro condutor de<br />

retorno, entretanto, o sinal deve ser lido pelo<br />

receptor de forma diferencial sem referência<br />

ao terra ou ao condutor de retorno.<br />

Quanto ao aterramento neste sistema de<br />

comunicação, esta é a grande vantagem do<br />

sinal diferencial: note, na figura 1a, que o<br />

sinal está trafegando com fases invertidas nos<br />

condutores do cabo enquanto o ruído trafega<br />

com mesma fase. Nos terminais de entrada<br />

do amplificador diferencial, o sinal de comunicação<br />

Profibus chega em modo diferencial<br />

e o ruído em modo comum, rejeitando-o.<br />

Sendo assim, todo ruído que for induzido no<br />

cabo, em geral de origem eletromagnética,<br />

será em sua maioria rejeitado.<br />

Linhas de transmissão diferenciais utilizam<br />

como informação apenas a diferença de<br />

potencial existente entre os dois condutores<br />

do par trançado, independente da diferença<br />

de potencial que eles apresentam em relação<br />

ao referencial de tensão (comum ou terra).<br />

Figura 1b.<br />

O que é reflexão de sinal?<br />

A reflexão do sinal ocorre quando um<br />

sinal é transmitido ao longo de um meio de<br />

transmissão, tal como um cabo de cobre ou


A<br />

B<br />

F1. Sinal Profibus-DP – RS-485 (A) e Rede Profibus-DP – RS-485 (B).<br />

fibra óptica, e parte da energia do sinal pode<br />

ser refletida de volta para sua origem. Isso<br />

pode acontecer por imperfeições no cabo,<br />

mudança de impedância ao longo da linha de<br />

comunicação (splices), falta do terminador,<br />

spur além do permitido, comprimento total<br />

além do permitido, etc.<br />

Os pontos mais prováveis para reflexões<br />

são nas conexões ou junções do cabo, ou<br />

ainda em locais onde se tem violada a curvatura<br />

mínima do cabo. Acompanhe agora<br />

as figuras 2a e 2c.<br />

Observe na figura 2c que, quanto maior<br />

for a taxa de comunicação, maior será a<br />

influência da reflexão, pois o tempo de bit<br />

é menor.<br />

Curvatura mínima<br />

Flexão, alongamento, torções, esmagamentos<br />

durante o processo de instalação do<br />

cabo Profibus podem forçar os condutores,<br />

ou mesmo alterar suas seções transversais.<br />

Isso perturba o eixo comum dos condu-<br />

tores e blindagem, e mostra-se como uma<br />

mudança na impedância no ponto de stress<br />

do cabo. Através da captura de sinais, estes<br />

pontos podem ser facilmente identificados<br />

pelas reflexões nos sinais. Em todos os<br />

casos, o raio mínimo especificado refere-se<br />

à superfície interna do cabo, e não ao eixo<br />

do cabo. Veja a figura 3.<br />

A figura 4 mostra um exemplo de instalação<br />

onde a curvatura mínima foi violada e<br />

com isto o sinal Profibus se comporta como<br />

o da figura 5. Frequentemente, os danos não<br />

são visíveis e a própria isolação e integridade<br />

do cabo podem ficar comprometidas.<br />

A figura 6 apresenta um diagrama de<br />

uma linha básica de transmissão “singleended”.<br />

Uma fonte de tensão (Vs) gera<br />

uma sinal digital com uma impedância Zs.<br />

A linha de transmissão tem a impedância<br />

AC (Z 0 ) em relação ao terra e, no final do<br />

cabo tem-se a impedância (Z T ), casadora<br />

de impedância. No caso do Profibus, temos<br />

o terminador no ínicio e término de cada<br />

conectividade<br />

Atenção:<br />

Sempre que possível, consulte a norma<br />

EN<strong>50</strong>170 para as regulamentações físicas,<br />

assim como as práticas de segurança de<br />

cada área.<br />

É necessário agir com segurança nas<br />

medições, evitando contatos com terminais<br />

e fiação, pois a alta tensão pode estar presente<br />

e causar choque elétrico. Lembre-se<br />

que cada planta ou sistema tem seus detalhes<br />

de segurança. Informe-se sobre esses<br />

detalhes antes de iniciar o trabalho!<br />

Para minimizar o risco de problemas<br />

potenciais relacionados à segurança, é<br />

preciso seguir as normas de segurança<br />

e de áreas classificadas locais aplicáveis<br />

que regulam a instalação e operação dos<br />

equipamentos. Estas normas variam de área<br />

para área e estão em constante atualização.<br />

É responsabilidade do usuário determinar<br />

quais normas devem ser seguidas em suas<br />

aplicações e garantir que a instalação de<br />

cada equipamento esteja de acordo com as<br />

mesmas.<br />

Uma instalação inadequada ou o uso de um<br />

equipamento em aplicações não recomendadas<br />

podem prejudicar a performance<br />

de um sistema e consequentemente a<br />

do processo, além de representar uma<br />

fonte de perigo e acidentes. Devido a isto,<br />

recomenda-se utilizar somente profissionais<br />

treinados e qualificados para instalação,<br />

operação e manutenção.<br />

segmento, garantindo a melhor condição<br />

de sinais.<br />

O que é um terminador<br />

de rede?<br />

O terminador é uma impedância que se<br />

acrescenta na rede Profibus com a função de<br />

casar a impedância da rede. Quanto maior<br />

for o comprimento da rede, maior poderá<br />

ser a distorção dos sinais. O terminador<br />

elimina erros de comunicação por distorções<br />

de sinais. Vale a pena ainda lembrar que se<br />

não colocarmos o terminador, o cabeamento<br />

funciona como uma antena, facilitando a<br />

distorção de sinais e aumentando a susceptibilidade<br />

a ruídos.<br />

A impedância característica é o valor da<br />

carga, que colocada no final desta linha, não<br />

reflete nenhuma energia. Ou, em outras<br />

palavras, é o valor da carga que proporciona<br />

um coeficiente de reflexão zero, ou<br />

ainda, uma relação de ondas estacionárias<br />

igual a um.<br />

2011 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />

29


conectividade<br />

A<br />

B<br />

C<br />

F2. Sinal Profibus sem reflexão (à esq.) e com reflexão por falta de terminador (à dir.) em “A”,<br />

Sinal Profibus com reflexão por splices na instalação (à esq.) e sem reflexão (à dir.) em “B“ e<br />

Sinal Profibus com reflexões em diferentes “baud rates” em “C“.<br />

30 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: 2011<br />

Se não há os terminadores no segmento<br />

Profibus, o sinal resultante na carga é distorcido<br />

no tempo (jitter) e amplitude (oscilações).<br />

Toda vez que a geometria do cabo for alterada<br />

resultará em desequilíbrios de impedância<br />

e haverá reflexões resultantes.<br />

Tanto a rede Profibus-DP quanto a<br />

rede Profibus-PA exigem os terminadores.<br />

É obrigatório o uso dos terminadores de<br />

barramento, onde sua ausência causa o<br />

desbalanceamento, provocando atraso de<br />

propagação, assim como a oscilações ressonantes<br />

amortecidas causando transposição<br />

dos níveis lógicos (thresholds). Além disso,<br />

melhora a margem de ruído estático. No<br />

F3. Raio de Curvatura Mínimo.<br />

F4. Exemplos de Curvaturas Mínimas<br />

Inadequadas e de Cabos Danificados.


Profibus-DP os terminadores são ativos, isto<br />

é, são alimentados. Veja a figura 7.<br />

Há a necessidade da terminação ativa no<br />

barramento, no começo e no fim de cada<br />

segmento, e para manter a integridade do<br />

sinal de comunicação, ambos terminadores<br />

devem ser energizados. Vide figura 8.<br />

No Profibus-PA, deve-se ter terminadores<br />

no barramento (resistor de 100 ohms<br />

e um capacitor de 1 μF em série), um no<br />

início e outro no final. Não se deve ligar a<br />

blindagem ao terminador e sua impedância<br />

deve ser 100 ohms +/-20% entre 7,8 e 39<br />

kHz. Este valor é aproximadamente o valor<br />

médio da impedância característica do cabo<br />

nas frequências de trabalho e é escolhido<br />

para minimizar as reflexões na linha de<br />

transmissão, assim como para converter<br />

o sinal em níveis aceitáveis de 7<strong>50</strong> a 1000<br />

mV. Preste atenção na figura 9.<br />

Os cuidados necessários<br />

com os terminadores na<br />

rede Profibus-DP<br />

Pelo fato dos terminadores serem ativos,<br />

um erro comum que se comete é colocar<br />

como escravo DP as estações de trabalho<br />

F5. Sinal Profibus com reflexão devido à violação da curvatura mínima do cabo.<br />

onde, em uma queda de energia ou reset do<br />

microcomputador, as linhas de alimentação<br />

balançam, desbalanceando a rede e causando<br />

intermitência e paradas indesejadas.<br />

Conclusão<br />

Como o Profibus e o AS-i são tecnologias<br />

consolidadas em milhares de aplicações em<br />

todo o mundo, é essencial que os projetos de<br />

sistemas de automação que utilizam estas<br />

tecnologias possam contar com profissionais<br />

conectividade<br />

F6. Diagrama de uma linha de transmissão<br />

básica (single-ended).<br />

2011 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />

31


conectividade<br />

F7. Terminador de barramento Profibus-DP.<br />

F8. Terminador ativo de barramento Profibus-DP.<br />

F9. Forma de onda típica na rede PA e a influência dos terminadores.<br />

32 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: 2011<br />

altamente capacitados e reconhecidos para<br />

garantir o sucesso do empreendimento.<br />

Assim, a Smar possui a maior equipe do<br />

Brasil capacitada para análise de redes digitais<br />

de automação, configuração, comissionamento,<br />

startup e instalações. São milhares<br />

de pontos Profibus e AS-i certificados e<br />

verificados pela Smar em várias aplicações<br />

e nos mais diversos segmentos industriais,<br />

garantindo, além da conformidade com os<br />

padrões, vantagens como:<br />

• aumento do desempenho e confiabilidade<br />

da rede;<br />

• redução no tempo de comissionamento,<br />

startups e paradas;<br />

• atuação preventiva e preditiva nas<br />

possíveis falhas em instalações e sinais<br />

de comunicação;<br />

• aumento da segurança operacional<br />

com as melhorias sugeridas;<br />

• elevação da performance operacional e<br />

redução dos custos globais de operação<br />

e manutenção, entre outros.<br />

Com a Smar, o cliente tem acesso a relatórios<br />

detalhados das informações e análises<br />

técnicas, mostrando os pontos em desacordo<br />

com os padrões, as correções necessárias e<br />

as sugestões de melhorias.<br />

MA<br />

Nota: Este artigo não substitui os padrões<br />

IEC 61158 e IEC 61784 e nem os perfis e<br />

guias técnicos do PROFIBUS. Em caso de<br />

discrepância ou dúvida, os padrões IEC<br />

61158 e IEC 61784, perfis, guias técnicos e<br />

manuais de fabricantes prevalecem. Sempre<br />

que possível, consulte a EN<strong>50</strong>170 para as<br />

regulamentações físicas, assim como as<br />

práticas de segurança de cada área.<br />

Para informações sobre certificação<br />

de redes Profibus e AS-i, consulte: www.<br />

smar.com/brasil2/especialistas_profibus.asp<br />

César Cassiolato é Engenheiro Certificado<br />

na Tecnologia PROFIBUS e Instalações<br />

PROFIBUS pela Universidade Metropolitan de<br />

Manchester-UK. cesarcass@smar.com.br


automação<br />

Controladores de<br />

temperatura PID<br />

Neste artigo, cujo foco central são os Controladores de Temperatura<br />

PID - um tipo de controlador contínuo que combina<br />

três modos de controle: proporcional, integral e derivativo<br />

- apresentamos também uma introdução geral ao controle de<br />

processo nas aplicações industriais<br />

saiba mais<br />

Curso de Automação Industrial<br />

– Paulo Oliveira - Edições Técnicas e<br />

Profissionais<br />

Manual de Formação. Eng.º Filipe<br />

Alexandre de Sousa Pereira<br />

Catálogos OMRON<br />

www.omron.pt<br />

34 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: 2011<br />

Filipe Pereira<br />

filipe.as.pereira@gmail.com<br />

Controle de processos<br />

Para se analisar, de uma forma eficaz,<br />

os elementos de uma linha de produção<br />

industrial é necessário ter uma compreensão<br />

global dos princípios de controle de processos.<br />

A partir daí, pode-se descrever a forma<br />

como cada elemento em particular afeta o<br />

problema do controle global. Este ponto<br />

faz uma introdução geral ao controle de<br />

processos nas aplicações industriais.<br />

Os elementos de um sistema complexo são<br />

mais facilmente compreendidos se primeiro<br />

se considerar a operação do sistema global.<br />

Como é óbvio, seria muito frustrante estudar<br />

todos os elementos de um automóvel sem<br />

saber antes que o resultado é um veículo<br />

de transporte com determinadas características.<br />

Por esta razão, iremos analisar a<br />

malha total de controle de processos, a sua<br />

função e a respectiva descrição das partes<br />

que a constituem.<br />

Algoritmo de controle<br />

de processos<br />

<strong>Atual</strong>mente existe uma enorme variedade<br />

de equipamentos que, combinados,<br />

constituem cadeias de controle adaptadas<br />

aos inúmeros problemas de controle e a um<br />

grande número de processos.<br />

O controle de sistemas é a regulação<br />

dos parâmetros de um processo para estarem<br />

dentro de uma determinada faixa de<br />

operação, ou para estarem de acordo com<br />

um ponto pré-definido.<br />

O controle é utilizado para monitorar,<br />

analisar e corrigir parâmetros do processo<br />

através da análise das características dinâmicas<br />

dos sistemas.<br />

Variável de processo (PV) é a variável<br />

medida do processo que se deseja estabilizar.<br />

Um exemplo de variável de processo é<br />

a temperatura que se mede de um sistema<br />

através de uma RTD ou termopar.


Setpoint (SP) é o ponto de funcionamento<br />

desejado para o sistema: ele costuma ser um<br />

valor pré-fixado pelo operador. Um exemplo<br />

de setpoint é o valor que um operador<br />

estabelece de temperatura para uma seção<br />

industrial.<br />

Erro (E) é a diferença que existe entre<br />

a variável de processo e o setpoint, ou seja<br />

E = SP-PV.<br />

Variável de controle (CV) é o elemento<br />

que vai ser atuado pelo controlador para<br />

condicionar a variável de processo ao valor<br />

indicado pelo setpoint. Um exemplo de uma<br />

variável de controle é uma resistência que<br />

vai condicionar a temperatura.<br />

Distúrbio ou ruído é o sinal que tende a<br />

afetar de forma adversa o valor da variável<br />

de controle.<br />

Sistema de controle em malha aberta é o<br />

sistema no qual a ação de controle é independente<br />

da saída, ou seja, a saída do controlador<br />

não tem efeito na ação de controle.<br />

Sistema de controle em malha fechada é<br />

aquele no qual a ação do controle depende da<br />

saída. Neste caso, a saída é sempre medida<br />

e comparada com a entrada por forma a<br />

diminuir o erro e manter a saída do sistema<br />

dentro do valor desejado.<br />

Realimentação é uma característica dos<br />

sistemas de controle em malha fechada e<br />

que permite comparar a entrada com a<br />

saída do sistema.<br />

Quando a realimentação se faz com o<br />

objetivo de eliminar o defasamento entre o<br />

valor desejado para o processo e o valor deste,<br />

diz-se que a realimentação é negativa.<br />

Diz-se que um controlador está em ação<br />

direta quando um aumento na variável de<br />

processo, em relação ao setpoint, provoca<br />

um aumento da saída de controle.<br />

Diz-se que um controlador está em ação<br />

inversa quando um aumento na variável de<br />

processo, em relação ao setpoint, provoca<br />

uma diminuição da saída de controle. Veja<br />

a figura 1.<br />

Para ilustrar o funcionamento de um<br />

controle em malha fechada, considere-se<br />

um sistema que utiliza vapor quente para<br />

controlar a temperatura em um depósito.<br />

Observe a figura 2.<br />

A temperatura do depósito deverá ser<br />

mantida em 1<strong>50</strong>ºC (SP). Como a variável<br />

temperatura está condicionada pelo tempo,<br />

é chamada de variável de processo (PV).<br />

A quantidade de vapor que entra no<br />

depósito para controlar a temperatura é<br />

F1. Controle em malha fechada.<br />

F2. Controle.<br />

chamada de variável de controle (CV) e a<br />

válvula que controla a quantidade de vapor,<br />

que entra no depósito para o aquecer, de<br />

elemento de controle.<br />

Se a temperatura lida do processo for<br />

inferior ao setpoint dado pelo operador,<br />

o controlador dará informação à variável<br />

de controle (CV) para abrir a válvula,<br />

permitindo a entrada de mais vapor e,<br />

consequentemente, aumentar a temperatura<br />

dentro do depósito.<br />

Se a temperatura não for para o valor de<br />

setpoint desejado, o controlador repetirá este<br />

processo até que a temperatura do processo<br />

(PV) esteja o mais próximo possível do ponto<br />

desejado pelo operador (SP).<br />

A diferença entre a temperatura do<br />

processo e a temperatura que para ele se<br />

deseja designa-se por erro que, dependendo<br />

do estado da variável de processo, pode ser<br />

negativo ou positivo.<br />

2011 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />

automação<br />

Assim, se a temperatura do processo<br />

for superior ao valor desejado, o erro (E)<br />

é negativo e vice-versa. Quando o erro é<br />

igual a zero, diz-se que o processo está<br />

regulado.<br />

Um controlador pode ser caracterizado<br />

pelo seu sinal de saída. Desta forma irão<br />

abordar-se dois tipos de controladores:<br />

os discretos e os contínuos. Atente para a<br />

figura 3.<br />

Os controladores discretos têm saídas<br />

do tipo On/Off, ou descontínuas. Nos<br />

controladores contínuos o sinal de saída é<br />

do tipo contínuo.<br />

Devido à natureza do seu sinal, os controladores<br />

discretos produzem no sistema a<br />

controlar uma estabilidade condicionada,<br />

ou seja, o erro do sistema oscilará entre<br />

dois valores pré-determinados, criando,<br />

na estabilidade, uma senoide de amplitude<br />

reduzida.<br />

35


automação<br />

F3. Controle discreto e controle contínuo.<br />

F4. Controle do aquecimento da água num termoacumulador.<br />

F5. Análise do controlador e variável a controlar.<br />

F6. Controlador proporcional.<br />

36 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: 2011<br />

Este tipo de controlador é o mais básico<br />

de todos os controladores, uma vez que<br />

fornece somente sinais do tipo On/Off ao<br />

elemento de controle.<br />

Estes controladores são utilizados em<br />

sistemas onde o controle não tem de ser<br />

eficaz, por exemplo, na temperatura de uma<br />

habitação, onde através do termostato se insere<br />

um valor desejado para a temperatura (com<br />

um valor superior o aquecedor desliga-se,<br />

e com um valor inferior o aquecedor liga).<br />

Acompanhe a figura 4.<br />

Se o aquecimento tiver uma banda morta,<br />

significa que o termostato não acionará o<br />

aquecedor quando a temperatura descer<br />

imediatamente abaixo do setpoint, mas sim<br />

num valor abaixo.<br />

Se a banda morta do aquecimento for<br />

de 4ºC e o setpoint da temperatura for de<br />

70ºC, o aquecimento só ligará abaixo dos<br />

70ºC-2ºC=68ºC e só se desligará acima<br />

dos 70ºC+2ºC=72ºC.<br />

A ação da banda morta evita essencialmente<br />

o desgaste excessivo (liga/desliga)<br />

do elemento de controle que, neste caso, é<br />

o termostato.<br />

O controlador acima referido tem uma<br />

ação inversa no processo, ou seja, quando a<br />

temperatura desce abaixo do setpoint ,menos<br />

a banda morta, o controlador aumenta<br />

a sua saída para 100% (On) e quando a<br />

temperatura sobe acima do setpoint mais a<br />

banda morta, o controlador diminui a sua<br />

saída 0% (Off). Veja a figura 5.<br />

Nos sistemas, quando se adiciona uma<br />

banda morta, para aumentar o tempo de<br />

vida útil do termostato, o erro do sistema<br />

aumenta.<br />

Se a banda morta do sistema for diminuída,<br />

o erro do sistema também diminuirá<br />

mas tornará o sistema mais oscilatório, uma<br />

vez que o “liga/desliga” do sistema terá uma<br />

frequência maior.<br />

Deverá existir neste tipo de controladores<br />

um compromisso entre o erro provocado<br />

pela banda morta e a frequência de ativação<br />

do elemento de controle neste caso, o<br />

termostato.<br />

Um controlador contínuo envia um<br />

sinal analógico para o elemento a controlar,<br />

para regular a variável de processo. Nos<br />

sistemas com CLPs, o controlador contínuo<br />

terá de ter dispositivos especiais (cartas de<br />

entradas e saídas analógicas) com rotinas<br />

de programação específicas para controlar<br />

o processo.


F7. Aquecimento e Arrefecimento.<br />

Os controladores contínuos podem<br />

controlar os processos de três formas distintas:<br />

• Controle Proporcional (P);<br />

• Controle Integrativo (I);<br />

• Controle Proporcional Integral (PI);<br />

• Controle Derivativo (D);<br />

• Controle Proporcional Integral Derivativo<br />

(PID).<br />

Estes três modos de controle são também<br />

designados de ações de controle, cada uma<br />

delas reagindo de forma distinta ao erro<br />

presente nos sistemas.<br />

O controle proporcional ajusta a variável<br />

de controle de forma proporcional ao erro.<br />

O controle integral ajusta a variável de<br />

controle baseando-se no tempo em que o<br />

erro acontece.<br />

O controle derivativo ajusta a variável<br />

de controle tendo como base a taxa de variação<br />

do erro. A combinação destes tipos<br />

de controle forma o controlador conhecido<br />

na indústria como PID.<br />

Quando o processo se desvia do setpoint,<br />

a variável de controle executa um movimento<br />

brusco de On para Off, provocando uma<br />

oscilação.<br />

Para evitar este tipo de movimento foi<br />

desenvolvido um controlador proporcional ao<br />

desvio entre o setpoint e o valor do processo.<br />

Observe o gráfico na figura 6.<br />

F8. Tipos de controle.<br />

F9. Controle de temperatura em malha fechada.<br />

F10. Controle em malha fechada.<br />

O que é o controle<br />

de temperatura?<br />

Consiste em alterar a temperatura ambiente<br />

para a temperatura desejada através do:<br />

aquecimento ou arrefecimento. Acompanhe<br />

na figura 7. Mantendo, assim, a temperatura<br />

nos valores desejados.<br />

A seguir, apresentamos alguns tipos de<br />

controle na figura 8: de Malha Aberta e de<br />

Malha Fechada.<br />

No primeiro deles, o ajuste da variável<br />

manipulada é feito sem consideração do valor<br />

do processo. Já, no segundo modelo sim,<br />

conforme esclarece o diagrama de blocos<br />

dessa figura.<br />

2011 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />

automação<br />

Controle de Temperatura<br />

- Malha Fechada<br />

A temperatura é medida através de um<br />

sensor para obter o valor do processo (PV).<br />

O utilizador especifica qual a temperatura<br />

pretendida (SV), ou o Setpoint (SP).<br />

O controlador compara o SV com o PV<br />

e ajusta a saída através de um relé, contator<br />

ou SSR, atuando no processo (figura 9).<br />

Controle em Malha Fechada<br />

Observe a figura 10. Nesse diagrama<br />

básico temos o elo de realimentação da<br />

temperatura real (PV) para a entrada do controlador<br />

através de uma sonda (sensor).<br />

37


automação<br />

F11. Processo a controlar.<br />

F12. Controle do sistema.<br />

Aplicações para o Controle<br />

de Temperatura<br />

Indústria Vidreira;<br />

Indústria de Plásticos;<br />

Padarias;<br />

Estufas Agrícolas;<br />

Indústria Química;<br />

Indústria Cerâmica;<br />

Etiquetagem;<br />

Indústria Automobilística;<br />

Indústria do Papel;<br />

Indústria Alimentar;<br />

Indústria de Bebidas;<br />

Refrigeração.<br />

38 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: 2011<br />

Controle PID – Descrição<br />

Objetivo: Pretende-se aquecer e controlar<br />

a temperatura em 90 ºC, utilizando o controle<br />

PID do sistema descrito na figura 11.<br />

Para tal pretende-se utilizar o controlador<br />

de temperatura E5CN da OMRON.<br />

Veja a solução esquemática na figura 12,<br />

onde aparecem com destaque o sensor de<br />

temperatura e a saída do controle através<br />

dos contatos NC e NO de um relé.<br />

MA


2011 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />

automação<br />

39


automação<br />

Modulação PWM<br />

nos Inversores<br />

de Frequência<br />

Este artigo abrange uma descrição da modulação PWM aplicada<br />

ao inversor de frequência, buscando analisar os efeitos<br />

desta técnica sobre a rede elétrica de alimentação do motor. A<br />

abordagem em questão é realizada de maneira simplificada,<br />

visando um entendimento básico sobre o assunto.<br />

O<br />

saiba mais<br />

O que é PWM?<br />

Revista <strong>Mecatrônica</strong> Fácil 45<br />

CORTIZO, Porfírio C. Fontes de<br />

Alimentação CC-CA. Grupo de<br />

Eletrônica de Potência da UFMG.<br />

Disponível em: http://www.cpdee.<br />

ufmg.br/~porfirio /Fontes CC<br />

CA/ comando igbt.ppt Acesso em<br />

30/04/11<br />

FITZGERALD, A. E.; KINGSLEY<br />

JR, Charles; UMANS, Stephen D.<br />

Máquinas Elétricas com Introdução à<br />

Eletrônica de Potência. 6ª Ed. Porto<br />

Alegre: Bookman, 2006.<br />

POMILIO, José A. Conversores CC-<br />

CA: Inversores Operando em Frequência<br />

Constante. EE833 – Eletrônica de<br />

Potência, Módulo 6, FEEC – UNI-<br />

CAMP. Disponível em: http://www.<br />

dsce.feec.unicamp. br/~antenor/<br />

pdffiles/ee833/Módulo 6.pdf.<br />

Acesso em 30/04/2011.<br />

40 Continua <strong>Mecatrônica</strong> no fim do artigo... <strong>Atual</strong> :: 2011<br />

s inversores de frequência constituem-se<br />

como grandes aliados no acionamento de<br />

máquinas elétricas. A evolução tecnológica<br />

deste equipamento contribuiu significativamente<br />

para torná-lo preferível em diversas<br />

aplicações. Uma técnica muito utilizada na<br />

estrutura de funcionamento de um inversor<br />

para a regulagem da frequência de operação é<br />

a modulação tipo PWM, simples e eficiente<br />

para esta necessidade.<br />

Inversor de frequência<br />

É um equipamento destinado a realizar<br />

a conversão de uma rede de corrente contínua<br />

(CC) para uma rede de corrente alternada<br />

(CA), com possibilidade de variação da<br />

frequência do sinal. Esta variação é muito<br />

utilizada para controlar a velocidade de<br />

motores CA, principalmente os motores de<br />

indução (MITs).<br />

O esquema básico de um inversor trifásico<br />

está representado na figura 1. Observa-se a<br />

composição de três estágios de potência:<br />

• O estágio conversor CA-CC, formado<br />

pela ponte retificadora a diodos;<br />

Paulo Antonio dos Santos<br />

e Denis F. Ramos<br />

da Universidade de Taubaté - UNITAU<br />

Francisco José Grandinetti<br />

e Marcio Abud Marcelino<br />

da Universidade de Taubaté - UNITAU<br />

Univ. Estadual Paulista - UNESP/FEG<br />

• O link CC, formado por capacitores<br />

para manter a tensão CC polarizada,<br />

relativamente constante e sem<br />

flutuações;<br />

• O estágio conversor CC-CA, formado<br />

por uma ponte de dispositivos de chaveamento<br />

(representados por chaves<br />

ideais na figura 1), para reproduzir<br />

o sinal CA.<br />

O conversor CC-CA é operado por um<br />

módulo de controle, que determinará a abertura<br />

e o fechamento das chaves para reproduzir<br />

o sinal CA. Neste momento, também é<br />

possível variar a frequência do sinal de saída<br />

para regular a velocidade do MIT.<br />

Na prática, as chaves ideais são substituídas<br />

por semicondutores de potência que exercem<br />

a mesma função de chaveamento, tais como<br />

tiristores, e transistores MOSFET ou BJT. O<br />

dispositivo mais utilizado para o chaveamennto<br />

é o transistor bipolar de porta isolada,<br />

ou IGBT (do inglês Insulated-Gate Bipolar<br />

Transistor), que combina as características<br />

do BJT e do MOSFET. Os semicondutores<br />

comuns estão ilustrados na figura 2.


F1. Esquema básico de um inversor de frequência trifásico.<br />

Os diodos conectados em paralelo com<br />

os dispositivos de chaveamento funcionam<br />

como proteção contra a circulação de<br />

correntes reversas no momento em que o<br />

dispositivo está no estado desligado, direcionando<br />

a passagem das correntes através<br />

dos diodos.<br />

O módulo de controle enviará sinais na<br />

forma de trem de pulsos para comando do<br />

chaveamento dos transistores. Levando-se<br />

em conta que o MIT opera por uma corrente<br />

CA senoidal, a combinação de chaveamento<br />

adequada levará a reprodução desta corrente.<br />

Uma técnica muito utilizada para a geração<br />

dos pulsos de controle é a modulação por<br />

largura de pulso, ou PWM (do inglês Pulse<br />

Width Modulation), descrita a seguir.<br />

Modulação Tipo PWM<br />

A modulação do tipo PWM consiste<br />

na geração de um trem de pulsos de onda<br />

quadrada, porém com largura do pulso<br />

variada. Este tipo de modulação pode ser<br />

obtido através da comparação de um sinal<br />

senoidal e um sinal triangular.<br />

A figura 3 mostra o processo de obtenção<br />

do PWM, utilizando um amplificador<br />

operacional para a comparação dos sinais<br />

comentados. Pode-se notar que a diferença<br />

entre os sinais senoidal e triangular produzirá<br />

valores positivos e negativos ao longo do<br />

tempo. Pela característica de funcionamento<br />

do amplificador operacional, uma diferença<br />

positiva irá levá-lo à saturação no seu limite<br />

de tensão positivo, enquanto que uma diferença<br />

negativa levará à saturação no seu<br />

limite negativo. As diferenças têm duração<br />

limitada pelas intersecções das formas de<br />

onda. Portanto, tem-se como resultado um<br />

F3. Modulação PWM.<br />

trem de pulsos de amplitudes limitadas pela<br />

saturação do amplificador e largura limitada<br />

pela duração das diferenças, formando o<br />

sinal modulado PWM.<br />

Dos conceitos de telecomunicações podese<br />

definir o chamado Índice de Modulação<br />

(M), dado pela razão entre a amplitude<br />

A M do sinal modulante (neste caso, o sinal<br />

senoidal), e a amplitude A P da portadora<br />

(sinal triangular em questão), definido<br />

pela equação 1:<br />

(1) M = A M<br />

A P<br />

O índice de modulação deverá estar<br />

na faixa entre 0 e 1, ou 0 e 100%. Valores<br />

superiores a 1 provocam a perda de amostragem<br />

do sinal, ou seja, a onda triangular<br />

não envolverá toda a região da amplitude<br />

da senoide, gerando um sinal PWM deficiente.<br />

2011 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />

automação<br />

F2. Semicondutores utilizados em inversores<br />

F4. Sinal PWM com fp=9fM.<br />

Uma condição para a modulação é que a<br />

frequência da portadora f P seja maior que a<br />

da modulante f M . No caso da figura 3, temse<br />

que a portadora tem frequência três vezes<br />

maior que a modulante. Pode-se melhorar a<br />

taxa de amostragem do sinal senoidal aumentando<br />

ainda mais a frequência da portadora,<br />

obtendo uma modulação mais eficiente. A<br />

figura 4 apresenta um sinal PWM em que<br />

a frequência da portadora é de nove vezes<br />

a frequência da modulante. Observa-se a<br />

melhora na taxa de amostragem.<br />

41


automação<br />

F5. Representação de uma fase de um<br />

estágio conversor CC-CA com BJTs.<br />

Controle PWM do Inversor<br />

Cada dispositivo de chaveamento no<br />

conversor CC-CA do inversor receberá<br />

um trem de pulsos PWM, seja na forma de<br />

tensão ou corrente, dependendo do tipo de<br />

dispositivo de chaveamento. Para o IGBT,<br />

por exemplo, necessita-se de uma tensão<br />

aplicada ao terminal de porta (gate) para<br />

que haja o chaveamento.<br />

Como exemplo, será mostrado o controle<br />

PWM em um ramo do estágio conversor<br />

CC-CA, ou seja, em uma fase da alimentação<br />

do motor. Será utilizado como elemento de<br />

chaveamento o transistor BJT (do inglês Bipolar<br />

Junction Transistor). A montagem deste<br />

circuito está mostrada na figura 5, com os<br />

transistores representados por Q 1 e Q 4 .<br />

De acordo com o funcionamento do BJT,<br />

na ausência de pulsos, o transistor se comporta<br />

como uma chave aberta. A injeção de uma<br />

corrente no terminal de base (B), com tensão<br />

tipicamente superior a 0,7 volts, faz com que o<br />

dispositivo conduza uma corrente do terminal<br />

coletor (C) ao emissor (E). Com uma corrente<br />

de base elevada ocorre a saturação do BJT,<br />

fazendo a tensão entre os terminais coletor<br />

e emissor chegar a valores próximos a zero,<br />

e, neste caso, o dispositivo funciona como<br />

uma chave fechada. A resistência R presente<br />

na base serve para controlar a intensidade<br />

da corrente injetada.<br />

A aplicação do sinal PWM sobre o<br />

transistor fará com que ele opere abrindo<br />

e fechando alternadamente, com tempo de<br />

operação limitado pela largura de cada pulso.<br />

Como os dois transistores estão ligados em<br />

série, a condição fundamental para operação<br />

é manter Q 1 aberto enquanto Q 4 estiver<br />

fechado, e vice-versa. Se os dois transistores<br />

estiverem fechados ao mesmo tempo, haverá<br />

uma ligação direta entre as tensões +V CC e<br />

42 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: 2011<br />

F6. Funcionamento de uma fase do conversor. Observa-se que os pulsos de Q4 são invertidos<br />

em relação a Q1 para evitar a condução simultânea dos transistores.<br />

–V CC do link CC, provocando uma corrente<br />

de sobrecarga no circuito e danificando os<br />

dispositivos.<br />

A figura 6 ilustra o funcionamento de<br />

um ramo conversor, mediante a injeção de<br />

sinal modulado nos transistores Q 1 e Q 4 .<br />

Aplica-se o trem de pulsos modulado em<br />

Q 1 e o mesmo sinal comentado é invertido e<br />

aplicado a Q 4 , de modo a manter a condição<br />

de funcionamento alternado dos transistores.<br />

Nota-se que, quando Q 1 é excitado pelo<br />

nível positivo do pulso, comporta-se como<br />

chave fechada e deixa a saída do ramo igual<br />

à +V CC , enquanto Q 4 permanece aberto.<br />

Analogamente, quando excitado positivamente,<br />

Q 4 entra no estado fechado, gerando<br />

–V CC na saída, com Q 1 aberto. Vale observar<br />

que a forma de onda da tensão de saída é<br />

modulada, com níveis positivos devido a<br />

Q 1 e níveis negativos devido aQ 4 .<br />

Para os demais ramos do estágio conversor<br />

CC-CA, valem as mesmas características<br />

de funcionamento, sendo o detalhe de que<br />

devem estar defasadas de um ângulo de<br />

120º, por se tratar de um sistema trifásico.<br />

A saída em cada ramo do sistema corresponde<br />

à tensão de fase. A tensão de linha<br />

da saída corresponde à diferença entre duas<br />

das tensões de fase, exibida pela figura 7.<br />

Observa-se que a forma de onda obtida<br />

fica caracterizada por cada semiciclo da<br />

senoide, ou seja, para o semiciclo positivo os<br />

valores alternam entre 0 e +V CC , enquanto<br />

que para o semiciclo negativo há alternância<br />

entre 0 e –V CC .<br />

Efeito Sobre o MIT<br />

Nesta parte, será analisado o comportamento<br />

da corrente elétrica devida à tensão<br />

modulada sobre uma fase da alimentação<br />

do MIT, considerando-se uma ligação tipo<br />

estrela para os terminais do motor. Este<br />

estudo será auxiliado por computador,<br />

através de simulação do circuito no antigo<br />

software EWB, versão 4.1.<br />

Basicamente, um MIT, ou motor de<br />

indução trifásico, é composto por uma parte<br />

fixa em forma de anel, o estator, que recebe<br />

a alimentação da rede elétrica, e por outra<br />

parte móvel em formato cilíndrico, o rotor,<br />

posicionado interno ao anel do estator.<br />

Quando o estator é alimentado, um campo<br />

magnético girante é gerado e, da mesma forma<br />

que um ímã atrai um material metálico,<br />

o campo girante do estator atrai o rotor,<br />

fazendo-o girar no mesmo sentido.<br />

O modelo elétrico por fase do MIT é<br />

representado por uma impedância estatórica,<br />

com uma resistência R 1 e uma indutância L 1 ,<br />

uma impedância rotórica, com uma resistência<br />

R 2 e uma indutância L 2 , e um ramo magnetizante,<br />

expresso por uma indutância L m . A<br />

figura 8-a destaca este modelo, observando<br />

que R 2 é dividido pela grandeza s, chamada<br />

escorregamento, que expressa o percentual da<br />

diferença entre as velocidades angulares do<br />

estator e rotor. Se for desprezada Lm, pode-se<br />

representar o motor como uma resistência<br />

total R T em série com uma indutância total<br />

L T , ou seja, um circuito R-L série, conforme<br />

a figura 8-b.<br />

Baseado nesta situação, é possível obter a<br />

curva da corrente no motor devida à tensão<br />

modulada, por fase. A figura 9 mostra as<br />

formas de onda de corrente para três tipos de<br />

modulação em tensão. Para todos os casos,<br />

a tensão de pico modulada vale 200 V e o<br />

índice de modulação utilizado no controle<br />

foi M=0,85. A resistência total tem valor<br />

de 10 Ω a indutância 5 mH, valores típicos<br />

de um motor de 7,5 HP. Em 9-a, tem-se<br />

a curva de corrente gerada por uma tensão


F7. Representação da tensão modulada Vab.<br />

As tensões de fase Va e Vb estão defasadas<br />

de 120º, com a tensão Vab = Va-Vb.<br />

modulada com frequência 60 Hz senoidal<br />

e 540 Hz triangular, ou f P =9f M . Para 9-b,<br />

foi aumentada a frequência da portadora<br />

para 1,62 kHz, ou f P =27f M , e para 9-c a<br />

portadora passa a ter 14,6 kHz, ou f P =81f M .<br />

Em todos os casos a corrente teve valor de<br />

pico aproximado de 14,5 A.<br />

Pelas curvas representadas na figura<br />

9, para cada pulso alternado, a corrente é<br />

carregada e descarregada no circuito. Devido<br />

à variação na largura de cada pulso, ora a corrente<br />

carrega mais e ora carrega menos.<br />

O resultado é uma forma de onda com<br />

aparência senoidal, devido à modulação ter<br />

sido feita sobre uma senoide. É notável o fato<br />

de que, quanto mais for elevada a frequência<br />

da portadora, mais a curva de corrente se<br />

aproxima de uma senoide perfeita, porém a<br />

frequência máxima está limitada à capacidade<br />

do dispositivo de chaveamento. Por exemplo,<br />

o limite de frequência para um IGBT está<br />

em torno de 20 kHz. Vale observar, ainda,<br />

que quanto maior a frequência da portadora,<br />

menor será a largura dos pulsos.<br />

Verifica-se, também, que a frequência<br />

da corrente de saída é equivalente à frequência<br />

da modulante, ou seja, igual à do<br />

sinal senoidal. Este fato é comprovado ao<br />

medir-se o tempo de um ciclo completo da<br />

onda de corrente, neste caso em questão o<br />

valor encontrado foi de 16,3 ms, equivalente<br />

a uma frequência de 60 Hz.<br />

Conclusões<br />

A partir do estudo realizado, pode-se<br />

observar que se torna relativamente simples<br />

variar a frequência de alimentação da rede do<br />

motor CA utilizando a técnica de modulação<br />

tipo PWM, variando a frequência do sinal<br />

da modulante.Uma vez ajustada adequadamente<br />

a frequência da portadora, produz-se<br />

F8. Representações de um MIT. Em (a), o modelo típico; em (b), uma<br />

aproximação a um circuito R-L série.<br />

F9. Sinais de corrente de fase gerados no motor pela aplicação da tensão modulada.<br />

(a) fp=9fM. (b) fp = 27fM. (c) fp = 81fM.<br />

um sinal de corrente quase senoidal, porém<br />

deve ser observado o limite da frequência de<br />

chaveamento do dispositivo semicondutor.<br />

Outro inconveniente é o fato de que, tanto<br />

o sinal de tensão modulada como o sinal de<br />

corrente de saída não serem perfeitamente<br />

senoidais, implicando no aparecimento de<br />

harmônicas na rede. Há opções de adquirir<br />

o inversor de frequência com filtro de<br />

harmônicas instalado, para evitar que este<br />

ruído cause mau funcionamento nos demais<br />

equipamentos da mesma rede que alimenta<br />

o inversor. Não há dúvida sobre a enorme<br />

praticidade que os inversores de frequência<br />

trouxeram ao mercado de acionamento de<br />

máquinas CA, consagrando-se como opção<br />

barata e conveniente. MA<br />

...Continuação do Saiba Mais:<br />

2011 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />

automação<br />

RASHID, Muhammad H. Eletrônica de<br />

Potência: Circuitos, Dispositivos e Aplicações.<br />

São Paulo: Makron Books, 1999.<br />

WEG. Guia de Aplicação de Inversores<br />

de Frequência. 2ª Ed. Disponível em<br />

http://www.mundo eletrico.com/<br />

downloads/Guia_de _Aplicacao_<br />

de_Inversores_de_Frequencia.pdf.<br />

Acesso em 17/01/2011.<br />

43


ferramentas<br />

Identificação de Sistemas<br />

na Otimização do<br />

Controle de Nível<br />

em Regime<br />

Não Linear<br />

Para otimizar o controle de nível em regime não linear podem-se<br />

empregar técnicas, baseadas na teoria de identificação de sistemas,<br />

para buscar o modelo ótimo do regime de funcionamento.<br />

Em um sistema de tanques com transdutores de nível e caudal, e<br />

com válvulas e bombas monitorizáveis e controláveis remotamente,<br />

implementaram-se algoritmos que permitiram obter, com alguns<br />

minutos de gravação, os modelos matemáticos de cada regime<br />

de operação. A otimização de controladores foi também feita e é<br />

perfeitamente implementável em ambientes industriais<br />

E<br />

saiba mais<br />

Aguirre, LA, Introdução à Identificação<br />

de Sistemas: Técnicas<br />

Lineares e Não-Lineares Aplicadas<br />

a Sistemas Reais (2ª Edição),<br />

UFMG.<br />

Ljung, L, System Identification<br />

- Theory for the User (2 nd edition),<br />

PTR Prentice Hall, Upper Saddle<br />

River, EUA.<br />

Continua no fim do artigo...<br />

44 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: 2011<br />

m aplicações industriais o controle de nível<br />

de reservatórios é frequentemente acumulado<br />

com o controle de outras variáveis de<br />

interesse, como a temperatura ou o caudal.<br />

Os sistemas de controle com melhor desempenho<br />

estão dotados de capacidade para<br />

interpretar e prever os efeitos cruzados entre<br />

variáveis. Esta tarefa complica-se especialmente<br />

em casos onde existem não linearidades<br />

importantes no processo, devendo-se<br />

para tal conseguir adaptar o controlador à<br />

nova situação. Consequentemente, uma<br />

abordagem baseada em controle preditivo,<br />

em vez de puramente reativo, trará ganhos<br />

significativos no controle de um sistema<br />

não linear em que não se podem garantir<br />

condições de funcionamento.<br />

Eduardo Pinheiro<br />

Octavian Postolache<br />

Pedro Girão<br />

Cesar da Costa<br />

Sistemas não lineares ou de modelação<br />

complexa, ou mesmo impossível, são frequentemente<br />

sujeitos a técnicas de identificação<br />

(Aguirre). Encontram-se exemplos de aplicação<br />

de algoritmos a sistemas variados desde<br />

aviões (Narendra), a reatores (Gregorcic),<br />

até medidores de pressão arterial (Pinheiro).<br />

Para otimizar o controle de nível em regime<br />

não linear sem sobrecarregar os sistemas<br />

de controle, podem-se empregar técnicas<br />

baseadas na teoria de identificação de sistemas,<br />

para buscar o modelo que melhor<br />

representa o regime de funcionamento do<br />

processo (Nelles).<br />

Partindo de um sistema de tanques com<br />

transdutores de nível e caudal, e com válvulas e<br />

bombas monitorizáveis e controláveis remota-


Nome<br />

Box-Jenkins<br />

Diagrama<br />

polos e zeros podem ser totalmente distintos dos de G(z).<br />

ARMAX<br />

A sigla ARMAX resume os conceitos mais importantes deste modelo,<br />

auto regression (pois os polos discretos tornam a saída presente<br />

dependente das saídas em instantes anteriores), moving average<br />

(se não existirem zeros temos um filtro de média móvel), extra input<br />

(entradas u(k) e e(k))<br />

B(z) e C(z) são polinomios, o que faz com que o ruído e a entrada<br />

estejam sujeitos à mesma dinâmica, portanto, este modelo é um caso<br />

particular do de Box-Jenkins em que o ruído e a variável controlada<br />

têm os mesmos pólos.<br />

ARX<br />

O ARX é uma simplificação do ARMAX considerando que o efeito do<br />

polinomio associado ao ruído não é importante, ou seja, temos ruído<br />

aleatório aplicado directamente à dinâmica do sistema.<br />

OE<br />

OE significa output error, sendo o significado deste nome bastante perceptível,<br />

visto este modelo, ainda mais simples que o ARX, considerar<br />

que o ruído aleatório está aplicado diretamente à saída do sistema.<br />

T1. Estrutura e características dos modelos mais estudados na identificação do sistema de tanques.<br />

mente, procedeu-se à identificação do modelo<br />

que melhor representa o processo por injeção<br />

de ruído branco. Em seguida percorreu-se um<br />

largo espectro de regimes de funcionamento,<br />

bem como de perturbações, para estimular<br />

as várias não linearidades existentes, aplicando-se,<br />

para todos estes casos também,<br />

métodos de identificação dinâmica de sistemas.<br />

Para a aplicação das técnicas de identificação<br />

de sistemas foi desenvolvido software<br />

próprio, comunicando em tempo real com<br />

os equipamentos por meio de uma placa<br />

(NI USB-6008, com 8 entradas analógicas<br />

de escala de tensão programável e 2 saídas<br />

analógicas em tensão) ligada a um computador<br />

por USB. As entradas e saídas foram<br />

conectadas a hardware de condicionamento<br />

de sinal, permitindo a implementação dos<br />

algoritmos conhecidos. Um período de dez<br />

minutos de gravação foi suficiente para se<br />

obterem os modelos matemáticos CRA e<br />

temporais de estrutura OE, ARX, ARMAX,<br />

BJ, de diferentes parâmetros, correspondentes<br />

a todos os regimes de operação, pelo que a<br />

optimização de controladores industriais por<br />

este método pode igualmente ser conseguida<br />

em pouco tempo.<br />

Nas seguintes seções deste artigo mostraremos<br />

o sistema, discutindo as técnicas<br />

implementadas, os resultados obtidos, as<br />

principais conclusões e a forma de traduzir<br />

em benefício para a indústria a aplicação da<br />

abordagem proposta.<br />

Descrição<br />

É o modelo mais genérico possível, onde se consideram funções de<br />

transferência independentes para o ruído, e(k), e a entrada, u(k).<br />

Estas funções de transferência, são da forma:<br />

num processo com atraso k unidades temporais.<br />

Identificação de Sistemas<br />

A identificação de um sistema real pode<br />

ser um processo interativo, onde se parte de<br />

alguns pressupostos para determinar um<br />

modelo do sistema, que pode ou não cumprir<br />

com os critérios de validação, devendo-se<br />

então modificar os parâmetros ou a estrutura<br />

do modelo, ou mesmo voltar à fase de testes<br />

para obter novos dados experimentais, que<br />

permitam recuperar eventuais falhas.<br />

É fundamental para a correta identificação<br />

do sistema obter um conjunto de<br />

dados válido, portanto com uma frequência<br />

de amostragem que respeite o teorema de<br />

Nyquist e com um número de amostras<br />

suficientemente elevado para ser representativo<br />

da resposta global do sistema. Com<br />

estes pontos cumpridos, será determinante a<br />

obtenção de um modelo com uma estrutura<br />

razoável, em termos de número de polos e<br />

zeros, face à modelação previamente feita,<br />

e que verifique os critérios de validação da<br />

estimativa.<br />

Aquisição dos dados e préprocessamento<br />

Os dados obtidos devem ter o máximo<br />

poder de descrição do processo, para tal é<br />

usual colocar-se na entrada ruído branco,<br />

para excitar todas as frequências do sistema.<br />

O procedimento mais comum consiste<br />

em forçar a entrada a assumir um de dois<br />

valores, consoante o valor do ruído branco<br />

2011 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />

ferramentas<br />

ultrapasse ou não um dado limite. Convém<br />

fazer uma limitação do ritmo de transição<br />

do sinal de entrada, de forma a adequá-lo<br />

às características do processo, e garantir que<br />

a saída será representativa.<br />

Havendo uma estimativa para a frequência<br />

máxima do processo, pode-se sobredimensionar<br />

uma frequência de amostragem<br />

para garantir o cumprimento do critério de<br />

Nyquist. É possível que a normal frequência<br />

de operação do sistema DCS permita uma<br />

identificação correta.<br />

O pré-processamento dos dados refere-se<br />

a um conjunto de operações que podem ser<br />

executadas sobre os dados adquiridos, de<br />

forma a melhorar os resultados obtidos com<br />

a aplicação dos algoritmos para extração do<br />

modelo do sistema. Estas operações incluem<br />

a remoção da média do sinal, filtragem de<br />

componentes ruidosas do espectro, entre<br />

outras.<br />

Obtenção do modelo<br />

Consoante se tenha um modelo feito à<br />

medida ou um modelo genérico, teremos<br />

maior ou menor conhecimento a priori<br />

da relação entrada-saída do sistema. Utilizando<br />

as leis da física, podemos obter<br />

uma primeira aproximação da resposta<br />

do sistema, que nos permitirá conhecer<br />

aproximadamente quais as frequências<br />

próprias do sistema, qual o tempo de<br />

ensaio necessário e quais os parâmetros<br />

mais influentes na resposta.<br />

Genericamente os problemas de identificação<br />

podem ser categorizados como<br />

paramétricos ou não paramétricos (Lyung).<br />

Nos casos em que se está a lidar com<br />

problemas não paramétricos, existem diversos<br />

métodos para adquirir um modelo<br />

do sistema ou de algumas das suas curvas<br />

características, desde os mais simples<br />

como a análise transitória ou a análise em<br />

frequência, até aos mais elaborados como<br />

a análise de correlação (CRA) ou a análise<br />

espectral (SPA).<br />

Nos problemas paramétricos também<br />

existem diversos métodos para extrair um<br />

modelo do sistema. Apresentam-se sucintamente<br />

na tabela 1 os modelos mais usados<br />

durante a experiência, notando-se que o<br />

ARMAX, ARX e OE podem ser vistos<br />

como particularizações do de Box-Jenkins<br />

para casos específicos. Possuindo algoritmos<br />

de cálculo diferentes e substancialmente<br />

mais rápidos.<br />

45


ferramentas<br />

F1. Diagrama do sistema de tanques F2. Fotografia do sistema de tanques ensaiado.<br />

Validação do modelo<br />

Após a obtenção do modelo, segue-se<br />

o processo de validação, através do qual se<br />

procuram descobrir eventuais lacunas ou<br />

limitações, averiguar se há potencial para<br />

eventuais melhorias, ou se existem erros<br />

mais graves, ao nível da desadequação dos<br />

dados obtidos, que obrigam a um maior<br />

retrocesso no plano de projeto. É nesta fase<br />

de comparação que se vão quantificar os<br />

erros de estimação, por exemplo através da<br />

análise de resíduos.<br />

É prática banal a obtenção do modelo<br />

utilizando apenas uma porção dos dados<br />

obtidos, para que a fração restante permita<br />

comparar a resposta do modelo e a do sistema<br />

real, averiguando se estamos próximos da<br />

solução ótima. Esta otimalidade da solução<br />

pode ser definida como a que minimiza o<br />

erro quadrático médio, ou ainda acrescida<br />

de uma penalização em função da sua<br />

dimensão. Estas soluções dizem-se regularizadas,<br />

e uma forma típica é a adição de<br />

um regularizador de Tikhonov, que permite<br />

optar entre a quantidade de erro e o custo,<br />

por exemplo combustível ou comburente,<br />

que a solução acarreta.<br />

Sistema de Tanques<br />

No sistema de tanques mostrado nas<br />

duas figuras seguintes (1 e 2), pretendese<br />

identificar a influência da válvula V7 (a<br />

válvula de controle de caudal entre tanques,<br />

Asco 203) no nível do tanque 2, supondo<br />

que se tenha um abastecimento, medido por<br />

46 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: 2011<br />

um transmissor Brukert 8032, do tanque 1<br />

de tal forma que o nível deste se pode supor<br />

constante. Contudo, as outras válvulas de<br />

controle, Burkert 6213, vão também atuar<br />

dinamicamente sobre o sistema, e serão<br />

responsáveis pela criação de outros regimes<br />

de funcionamento.<br />

Acresce que a ação da bomba é uma fonte<br />

acrescida de não linearidades, devido ao fato<br />

de o tanque 1 ser fechado, pelo que a sua<br />

pressão interna, registrada por transmissor<br />

Asco 8908, será bastante volátil. Portanto,<br />

o tanque 1 não se poderá considerar um<br />

referencial de estabilidade e as intricadas<br />

relações entre os dois tanques vão ser fonte<br />

de não linearidades fortes.<br />

Modelação do sistema<br />

Neste caso, é possível fazer a modelação,<br />

contudo, empregam-se algumas simplificações<br />

das leis que regem o comportamento<br />

dos fluidos, terá de se supor a idealidade<br />

dos elementos, e ainda assim, haverá que<br />

acertar numerosas constantes (da bomba,<br />

das válvulas, dos tanques, dos fluidos), pelo<br />

que será menos frutífero este trabalho do<br />

que a identificação.<br />

Considerando que o tanque tem capacidade<br />

C e que a resistência que as válvulas<br />

apresentam se reflete diretamente nos caudais,<br />

devido ao efeito integrador de caudal por<br />

parte do tanque, obtém-se uma função de<br />

transferência de primeira ordem:<br />

onde u(k) é o caudal de entrada, q(k) o de<br />

saída, e y(k) a altura da coluna de líquido no<br />

tanque. Aplicando a equação de Bernoulli à<br />

superfície do tanque e à saída tem-se:<br />

logo,<br />

Isto indica que, mesmo para o caso ideal<br />

em que o tanque 1 é assumido de nível<br />

constante, se obtém uma equação diferencial<br />

não linear, que mesmo assim não entra em<br />

conta com várias não idealidades do sistema.<br />

A solução desta equação, e do sistema que se<br />

obtém quando se junta a não estacionaridade<br />

do tanque 1, é pouco prática, e totalmente<br />

impossível de ser extensível com facilidade<br />

aos processos industriais.<br />

De fato, o processo onde se encontra o<br />

sistema de tanques é bastante mais complexo,<br />

como se ilustra na seguinte figura 2, sendo<br />

a sua modelação completa um processo<br />

extremamente trabalhoso e complexo,<br />

em nada comparável ao procedimento de<br />

identificar o sistema.<br />

Procedimento experimental<br />

Os dados podem ser adquiridos durante<br />

o normal funcionamento do processo, ou,<br />

adicionando perturbações em forma de<br />

ruído branco e registrando a saída. Se estiver<br />

estabelecido um protocolo de comunicações


F3. Programa de Simulink para proceder à identificação do sistema parando o processo.<br />

com os aparelhos, será bastante simples<br />

programar os passos necessários para gravar<br />

os dados.<br />

Acrescente-se que os dados podem ser<br />

guardados para análise e processamento offline,<br />

ou pode-se calcular os modelos durante<br />

a aquisição, enquanto a dimensão dos dados<br />

não introduza demoras na computação que<br />

interfiram na cadeia de comando.<br />

Dois softwares foram empregados para<br />

gerar o ruído necessário, sendo igualmente<br />

fácil e viável em ambos. Na figura 3<br />

exemplifica-se com o código composto<br />

em Simulink (Mathworks) para geração e<br />

monitorização dos sinais analógicos, ruído<br />

para a válvula V7 e leitura do transdutor<br />

de pressão.<br />

Dada a grande capacidade dos tanques,<br />

o período de amostragem aplicado foi de<br />

3 segundos. Assim, diminui-se a quantidade<br />

de dados a processar, o que acelera<br />

significativamente alguns algoritmos, e a<br />

quantidade de ruído, embora mantendo a<br />

definição necessária. A identificação foi feita<br />

colocando o processo em torno dos vários<br />

pontos de funcionamento, e iniciando a<br />

gravação em seguida.<br />

Para cada ponto de funcionamento os<br />

dados recolhidos constituíram uma matriz<br />

de 184 valores, que se dividiu em dados de<br />

teste (1 a 93) e dados de validação (94 a<br />

184). Efectuou-se a extração da média como<br />

operação de pré-processamento, para normalizar<br />

os dados obtidos para vários níveis<br />

e identificar-se apenas a dinâmica.<br />

Resultados da Identificação<br />

Procedeu-se primeiro à identificação do<br />

modelo para o caso mais simples, em que o<br />

tanque 1 apresenta um nível constante de<br />

60% e o tanque 2 ronda os 30%, com a<br />

bomba a velocidade constante e equilibrando<br />

o nível do tanque 1. Em seguida, passaram-se<br />

por outros seis regimes de funcionamento,<br />

sujeitos a diferentes especificações de nível<br />

dos dois tanques e de funcionamento da<br />

bomba, para além de diferentes perturbações,<br />

pela diferente e aleatória atuação<br />

das válvulas de purga, criando diferentes<br />

caudais de saída, para estimular as várias<br />

não- linearidades existentes.<br />

Aplicaram-se para todos estes casos<br />

métodos de identificação dinâmica de sistemas,<br />

obtendo-se os modelos matemáticos<br />

correspondentes, de tipo CRA e temporais<br />

de estrutura OE, ARX, ARMAX, BJ, de<br />

diferentes parâmetros de ordem e atraso.<br />

Primeiro ponto de funcionamento<br />

Tendo-se já removido a média dos dados,<br />

efetuou-se a extração do modelo por<br />

correlação (CRA) para obter uma estimativa<br />

do eventual atraso do sistema, através<br />

da resposta transitória ao degrau unitário.<br />

Como ilustrado na figura 4, constatou-se<br />

que nestas condições o sistema apresenta um<br />

atraso de duas unidades de tempo.<br />

Sabendo que o processo apresenta um<br />

atraso de duas unidades de tempo, aproximou-se<br />

o comportamento com modelos de<br />

primeira e segunda ordem com um atraso<br />

2011 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />

ferramentas<br />

F4. Resposta ao degrau unitário do modelo<br />

por correlação.<br />

de duas unidades de tempo, para todas<br />

as estruturas atrás descritas, Box-Jenkins,<br />

ARMAX, ARX e OE. A adequação dos<br />

modelos, fit, foi estimada de acordo com a<br />

equação (1), uma métrica habitual, onde se<br />

mede a melhoria conseguida por estimar y(k)<br />

com o modelo, , em vez de simplesmente<br />

tomar a média.<br />

Todos os modelos de primeira ordem<br />

apresentaram graus de fit a rondar os<br />

60%, excetuando-se o ARX com um fit<br />

de aproximadamente 47. Os modelos de<br />

segunda ordem (ordem das funções de<br />

transferência que compõem o modelo)<br />

com o mesmo atraso melhoraram muito o<br />

grau de aproximação das curvas aos dados<br />

47


ferramentas<br />

experimentais de validação, tendo todos<br />

os modelos um fit a rondar os 81%. As<br />

estimativas dos modelos face aos dados reais<br />

apresentam-se na figura 5.<br />

Nessa figura verifica-se que os modelos<br />

de segunda ordem seguem muito mais proximamente<br />

a resposta real, de tal forma que é<br />

quase impossível distinguir diferenças entre<br />

eles. Nos modelos de 1ª ordem a diferença<br />

é mais notória.<br />

Efetuando a análise de resíduos, constata-se<br />

também que à melhoria nos resultados<br />

no tempo ao aumentar de 1ª para 2ª<br />

ordem, acresce que não há overfitting. A<br />

componente dos dados que não é explicada<br />

por alguns modelos, nomeadamente o OE<br />

a azul, continua a ser não correlacionado e<br />

passa a ser independente, portanto tem-se<br />

a melhor descrição dos dados possível. A<br />

autocorrelação mostra que os resíduos são<br />

não correlacionados, enquanto a correlação<br />

cruzada mostra que são independentes,<br />

estando-se em ambos os casos totalmente<br />

dentro do intervalo de confiança de 99%<br />

traçado. Veja a figura 6.<br />

Abandonamos por isso a análise dos<br />

modelos de 1ª ordem, notando o fato de<br />

que nos modelos de 3ª e superiores começa<br />

a haver overfitting aos dados, pois apesar de<br />

se melhorar muito pouco o fit, os resíduos<br />

deixam de ser independentes. Isto é, os<br />

modelos de ordem superior começam a ter<br />

polos e zeros que não descrevem a dinâmica<br />

do sistema.<br />

O máximo grau de fit possível foi obtido<br />

por um OE de terceira ordem (81,8%) e<br />

um Box-Jenkins de quinta ordem (82,6%),<br />

ambos de atraso de duas unidades, quando<br />

um OE de segunda ordem apresenta um<br />

fit de 81,6%. Verifica-se portanto que o<br />

fit máximo dos dados ronda os 82, pelo<br />

que, um modelo OE de 2ª ordem com um<br />

fit de 81,6 pode ser encarado como uma<br />

solução bastante boa, visto ser um modelo<br />

bem simples com resultados equiparados<br />

aos mais elaborados.<br />

Os modelos de 2ª ordem apresentam<br />

uma resposta ao degrau unitário bastante<br />

semelhante, bem como o fit, mas a análise<br />

de resíduos revelou que o OE era o mais<br />

simples que respeitava os intervalos de<br />

confiança, pelo que foi este o escolhido<br />

(figura 7).<br />

Recorrendo a um pequeno abuso de<br />

notação, o modelo ótimo identificado apresenta<br />

a seguinte expressão de saída possuidor<br />

48 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: 2011<br />

F5. Estimativas dos modelos de 1ª e 2ª ordem (esquerda e direita respectivamente)<br />

Ponto<br />

2<br />

3<br />

4<br />

5<br />

6<br />

Descrição<br />

Bomba ao máximo,<br />

tanque 1 80% e tanque<br />

2 a 30% com purga<br />

forte.<br />

Bomba ao máximo,<br />

tanque 1 90% e tanque<br />

2 a 60%, com purga<br />

pequena.<br />

Bomba em reposição,<br />

tanque 1 80% e tanque<br />

2 a 60% com purga<br />

forte<br />

Bomba em velocidade<br />

baixa e irregular,<br />

tanque 1 a 60% e<br />

tanque 2 a 30% com<br />

purga forte<br />

Bomba em velocidade<br />

baixa e irregular,<br />

tanque 1 a 80% e<br />

tanque 2 a 60% com<br />

purga pequena.<br />

Modelo<br />

BJ de 4ª ordem atraso 0<br />

OE de 2ª ordem atraso 2<br />

OE de 4ª ordem atraso 0<br />

OE de 4ª ordem atraso 1<br />

BJ de 4ª ordem atraso 0<br />

T2. Estrutura e resumo das características dos modelos mais estudados<br />

de margem de fase infinita e margem de<br />

ganho de 30,4 dB.<br />

Restantes pontos de funcionamento<br />

Foram identificados os melhores modelos<br />

de cada regime de funcionamento por<br />

intermédio do mesmo procedimento descrito<br />

em detalhe na seção anterior.<br />

Verificou-se uma grande dispersão do<br />

tipo e ordem dos modelos ótimos. Os regimes<br />

de funcionamento analisados foram os que<br />

se apresentam na seguinte tabela 2, onde<br />

também se indica a função de transferência<br />

do modelo identificado para Y(z)/U(z).<br />

Para que se possa constatar a grande<br />

diferença na resposta do sistema de tanques<br />

a estes vários pontos de funcionamento,<br />

mostra-se a resposta ao escalão unitário dos<br />

modelos de quatro regimes (figura 8).<br />

Verifica-se que mesmo em um sistema<br />

simples, as não linearidades presentes influenciam<br />

fortemente o comportamento do<br />

sistema, pelo que, quando existem desvios<br />

significativos do regime de funcionamento<br />

será expectável que todas as variáveis se modifiquem,<br />

pelo que é importante identificar<br />

o modelo ótimo, para que o controlador do<br />

processo possa ser otimizado.<br />

Controle do Sistema<br />

Os dados recolhidos dos modelos identificados<br />

mostram que apenas o regime de


2011 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />

ferramentas<br />

F6. Análise de resíduos dos modelos de 1ª e 2ª ordem (esquerda e direita). Os resíduos de 2ª ordem são independentes para todos os modelos,<br />

mas apenas o OE apresenta autocorrelação sempre dentro dos limites<br />

funcionamento 1 apresenta boas características<br />

de estabilidade, devido a possuir um<br />

ganho estacionário bastante baixo, de tal<br />

forma que nem existe cruzamento com os<br />

0 dB, sendo a margem de fase infinita e a<br />

de ganho de 35 dB.<br />

Contudo, este caso é uma exceção, a maior<br />

parte dos modelos apresentam margens de<br />

ganho bastante reduzidas, próximas dos 0<br />

dB. Mais ainda, vários modelos requerem<br />

que a ação de controle esteja durante algum<br />

tempo acima dos 100%, o que é impraticável<br />

para a válvula, pelo que idealmente se deveria<br />

atuar também sobre outros elementos do<br />

sistema, como a bomba ou alterar o regime<br />

de funcionamento. Como o sistema tem<br />

estas características, não se podem colocar<br />

ações de controle muito fortes, para não<br />

desestabilizar o sistema, nem criar condições<br />

inalcançáveis da ação de controle.<br />

A colocação de controle integral leva a que<br />

o erro de regime estacionário seja eliminado,<br />

contudo isto é conseguido com uma ação de<br />

controle que envia para a válvula valores de<br />

800%, o que não é possível, devido à saturação<br />

do atuador em 100%. Mesmo no caso mais<br />

favorável, o regime 1, a margem de ganho<br />

reduz-se de 35 para 9,73 dB e a margem de<br />

fase para 42,6º, com uma resposta muito<br />

mais lenta (tempo de pico 24 amostras) e<br />

com uma sobre-elevação de 27%. Reduzindo<br />

o ganho da componente integral de 1 para<br />

0,5 a sobre-elevação diminuir, para 5%, mas<br />

o tempo de pico, que coincide com o tempo<br />

F7. Resposta ao escalão dos modelos de<br />

segunda ordem.<br />

de estabelecimento a 5% é ainda mais lento,<br />

42 amostras, como se ilustra na figura 9.<br />

Com a introdução de controladores com<br />

componentes integral, o sistema fica bastante<br />

lento e também oscilatório, com acções de<br />

controle irrealizáveis em permanência (da<br />

ordem de 700%), pelo que qualquer opção<br />

com integração não é viável. A adição de<br />

componente derivativa é completamente<br />

contraindicada, dada a proximidade de<br />

vários regimes da instabilidade.<br />

A única opção possível é fazer o controle<br />

com controladores proporcionais apenas.<br />

Aumentando o ganho onde a margem<br />

de ganho é grande, como no regime 1, e<br />

diminuindo onde a margem de ganho é<br />

diminuta, como em todos os outros. Com<br />

este controlador consegue-se ter um maior<br />

F8. Resposta ao escalão de quatro modelos<br />

ótimos.<br />

valor final da resposta do regime 1, abdicando<br />

de pouca margem de ganho e mantendo a<br />

característica da resposta. Nos outros regimes,<br />

trata-se sobretudo de atenuação para<br />

garantir uma maior estabilidade sem que<br />

o real valor da ação de controle seja muito<br />

distante do alcançável.<br />

A introdução de um controlador proporcional<br />

de ganho 1,15 no regime 1 não<br />

coloca o sistema em oscilação, apresenta uma<br />

pequena melhoria de desempenho, à custa<br />

de uma redução para 29,2 dB da margem<br />

de ganho e com a introdução de valores da<br />

ordem dos 110% durante alguns momentos,<br />

visível na seguinte figura 10.<br />

Daqui conclui-se que o controle tradicional<br />

de um sistema fortemente não linear e com<br />

regimes de funcionamento tão díspares está<br />

49


ferramentas<br />

severamente limitado. Consequentemente,<br />

uma abordagem baseada em controle preditivo,<br />

em vez de puramente reativo, trará<br />

ganhos significativos no controle de um<br />

sistema não linear em que não se podem<br />

garantir condições de funcionamento.<br />

Em qualquer dos regimes, a implementação<br />

de técnicas de identificação de<br />

sistemas, em menos de dez minutos de<br />

dados, permite determinar um modelo<br />

que representa fielmente o comportamento<br />

do sistema. Portanto, em vez de controle<br />

reativo com uma componente mínima<br />

de inteligência e resultados medíocres no<br />

desempenho do controlador, será bastante<br />

melhor identificar o sistema, o que é rápido<br />

e leve computacionalmente, para depois<br />

implementar uma estratégia de controle<br />

preditivo, seguindo a estrutura apresentada<br />

na seguinte figura 11.<br />

Conclusões<br />

Identificou-se de um sistema de tanques<br />

real estando presentes fortes não linearidades.<br />

Os resultados apresentados ilustram a<br />

dificuldade em controlar um nível num<br />

sistema com diversas fontes de perturbação<br />

e constrangimentos de funcionamento.<br />

Consequentemente, o sistema empregado<br />

emula bastante bem um sistema industrial<br />

real, comprovando que embora o controle<br />

seja difícil, é sempre possível identificar a<br />

dinâmica do sistema para cada regime de<br />

funcionamento.<br />

Após a aquisição de dados, começou-se<br />

por utilizar o algoritmo CRA para verificar<br />

qual o atraso do sistema, analisando-se<br />

depois diversos modelos capazes de o descrever,<br />

Box-Jenkins, ARMAX, ARX e OE.<br />

Selecionou-se o OE na maioria dos casos,<br />

visto ser mais simples que os restantes e<br />

apresentar um grau de aproximação da<br />

mesma ordem de grandeza. A metodologia<br />

subsequente a esta escolha foi analisada<br />

em detalhe, sendo comparados diferentes<br />

modelos segundo a análise de resíduos e<br />

a qualidade da aproximação a dados de<br />

validação também gravados.<br />

Para os vários regimes estudados foram<br />

escolhidos os modelos mais representativos.<br />

Sendo sempre suficiente o período de gravação<br />

de 10 minutos, para um período de<br />

amostragem de 3 segundos. Os modelos com<br />

representação ótima de cada regime são de tipo<br />

e ordem diversa, o que é uma consequência<br />

das não linearidades do sistema.<br />

<strong>50</strong> <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: 2011<br />

F9. Resposta ao escalão (azul em baixo) e<br />

ação de controle (verde acima) com controlador<br />

I, resposta muito lenta mesmo com<br />

controle completamente irrealizável.<br />

F10. Resposta ao escalão (azul em baixo) e<br />

ação de controle (verde acima) com controlador<br />

P de ganho 1.15, a ação de controle é<br />

quase totalmente realizável.<br />

F11. Estrutura de controle preditivo onde com a qual a identificação de sistemas permite<br />

otimização do controlador.<br />

A implementação de controladores<br />

do processo é dependente do regime de<br />

funcionamento, pelo que se constatou ser<br />

difícil afinar um controlador para todos os<br />

regimes de funcionamento, sobretudo porque<br />

vários estão nas imediações da instabilidade.<br />

Assim sendo, como os modelos são boas<br />

representações do sistema, a otimização do<br />

controlador passa pela implementação de<br />

uma estrutura de controle preditivo, a qual<br />

pode identificar o modelo do processo em<br />

pouco tempo e assim garantir a melhorias<br />

na resposta do sistema.<br />

Cesar da Costa - cost036@attglobal.net<br />

Instituto Federal de Educação Tecnológica de<br />

São Paulo - IFET-SP<br />

Rua Maria Cristina, <strong>50</strong> - Cubatão - São Paulo<br />

...Continuação do Saiba Mais:<br />

Gregorcic, G, Lightbody, G, A<br />

Comparison of Multiple Model and<br />

Pole-Placement Self-Tuning for<br />

the Control of Highly Nonlinear<br />

Processes, Anais da 11 th Irish Signals<br />

and Systems Conference, Dublin, Irlanda,<br />

303-311.<br />

Ljung, L. Glad, T. Modeling of Dynamic<br />

Systems, Prentice Hall, Englewood<br />

Cliffs, EUA.<br />

Narendra, KS, Balakrishnan, J, Ciliz, MK,<br />

Adaptation and Learning Using<br />

Multiple Models, Switching and<br />

Tuning, IEEE Control Systems<br />

Magazine, Junho 1995, 37-51.<br />

Nelles, O, Nonlinear System<br />

Identification, Springer, Berlim.<br />

Ogata, K, Modern Control<br />

Engineering (4 th Edition), Prentice<br />

Hall, Englewood Cliffs, EUA.<br />

Pinheiro, E, Postolache, O, Modelling<br />

of Oscillometric Blood Pressure<br />

Monitor - from white to black<br />

box models, Recent Advances in<br />

Biomedical Engineering, GR Naik<br />

(Ed.), In-Tech, Viena, Áustria.


conectividade<br />

Março/Abril 2011 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />

17


conectividade<br />

Março/Abril 2011 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />

17

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!