Pintura automatizada Dürr - Mecatrônica Atual
Pintura automatizada Dürr - Mecatrônica Atual
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<strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> é uma publicação da<br />
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das Editoras de Publicações Técnicas,<br />
Dirigidas e Especializadas<br />
Efeitos de uma<br />
crise econômica<br />
E o ano da crise mundial se foi. Muita coisa aconteceu em diversos países,<br />
mas no Brasil alguns setores se deram melhor que outros. O que notamos é que<br />
havia um concerto entre vários empresários e associações em comparar a queda<br />
de vendas deste ano em relação a 2008. Até parece que o salto significativo de<br />
vendas de 2007 para 2008 não era nada. Se compararmos 2007 com 2009 po-<br />
deremos notar pequena diferença para melhor ou pior, dependendo do setor.<br />
Segundo a Abinee o comportamento da área de automação industrial não<br />
foi uma das melhores como um todo, e para ilustrar melhor o comportamento<br />
do setor resolvemos registrar os 3 últimos anos. Em 2007 tivemos um fatura-<br />
mento de R$ 3097 milhões a preços correntes. Em 2008, R$ 3446 milhões e<br />
em 2009, R$ 2861 milhões, ou seja pouco abaixo de 2007, logo considerando-se<br />
o tamanho da crise, o efeito em nosso país foi mesmo pequeno.<br />
Notamos que o empresariado não está demitindo os funcionários qualificados<br />
e isto mostra a confiança de breve retomada. A Abinee projeta um crescimento em<br />
2010, de 11 % sobre os resultados de 2009, para a automação industrial, devendo<br />
chegar a R$ 3176 milhões, um pouco acima do número de 2007.<br />
Nesta edição, mostramos ainda a breve história que aconteceu há alguns<br />
anos com um acidentado em uma prensa. Muitos falam sobre os acidentes e<br />
quando acontecem projetam que o futuro do acidentado será difícil, mas não<br />
chegam perto de imaginar a realidade dos próximos anos para o acidentado,<br />
sua família e seus colegas de trabalho. Ao constatar em nossa Redação a triste<br />
história do Sr. Jube, resolvemos mostrar o que vem ocorrendo em nosso país<br />
nos últimos anos, e as parcas providências do poder público.<br />
Hélio Fittipaldi<br />
Atendimento ao Leitor: atendimento@mecatronicaatual.com.br<br />
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3
índice<br />
40<br />
44<br />
16<br />
26<br />
33<br />
40<br />
44<br />
48<br />
Editorial<br />
Notícias<br />
26<br />
Diagnóstico de falhas<br />
e alarmes em Sistemas<br />
Supervisórios e CLPs<br />
Reportagem: Segurança<br />
Como programar o CLP<br />
CJ1, da OMRON<br />
Protocolo digital Hart<br />
Segurança em<br />
automação industrial<br />
<strong>Pintura</strong> <strong>automatizada</strong> <strong>Dürr</strong><br />
Sitara - Microprocessador<br />
para aplicações industriais<br />
03<br />
06<br />
14
notícias<br />
Schneider Electric faz parceria<br />
com a Foz do Brasil<br />
a empresa schneider electric fechou uma parceria para<br />
o fornecimento de soluções para a Foz do Brasil, uma empresa<br />
da organização odebrecht. a companhia, especialista<br />
na gestão de energia e automação, está modernizando os<br />
sistemas de abastecimento de água e esgoto sanitário nas<br />
concessões e parcerias em que a Foz do Brasil atua.<br />
com a aplicação dos produtos da schneider a Foz do<br />
Brasil está alcançando economia e interação. a implantação<br />
de novas soluções de automação e supervisão facilitou também<br />
a gestão operacional dos processos de bombeamento e<br />
tratamento de água, assim como afastamento e tratamento<br />
de esgotos.<br />
“este sistema eficiente auxilia na economia dos recursos<br />
naturais e também financeiros. essa parceria trará muitos<br />
ganhos, tanto para a Foz do Brasil quanto para o meio ambiente”,<br />
garante carlos alberto costa crusciol, gerente de<br />
contas de saneamento da schneider electric.<br />
a schneider electric atua de forma padronizada na Foz<br />
do Brasil, proporcionando unificação da automação e supervisão,<br />
dos treinamentos e do intercâmbio de seu corpo<br />
técnico. Limeira (sP) foi o primeiro município beneficiado<br />
pelas melhorias do sistema supervisório. cachoeiro do itapemirim<br />
(es), vitória (es), rio claro (sP) e rio das ostras (rJ)<br />
serão as próximas cidades que contarão com as soluções em<br />
suas estações de tratamento de água (eta), de tratamento<br />
de efluentes (ete) e elevatórias de esgoto (eee).<br />
Por meio de soluções que incorporam a instalação de controladores<br />
programáveis, variadores de velocidade, chaves de<br />
partida soft-start e sistemas de supervisão, a Foz do Brasil<br />
acompanha todas as ações em cada uma das cidades pela<br />
Web. com isso, a empresa gerencia as redes, as estações de<br />
bombeamento e os reservatórios de forma simples e rápida.<br />
outra vantagem é o monitoramento da distribuição de água<br />
e do transporte de esgotos 24 horas por dia.<br />
a visualização instantânea de alarmes e o controle da<br />
vazão de entrada e saída das estações elevatórias de esgoto,<br />
por exemplo, permitem tomadas de decisões rápidas, caso<br />
o sistema identifique entupimento de redes ou problemas<br />
com as bombas. outro destaque das soluções implantadas<br />
pela schneider electric é a geração de relatórios detalhados<br />
sobre todos os processos.<br />
<strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />
A Schneider Electric atua de forma padronizada na Foz do Brasil,<br />
proporcionando unificação da automação e supervisão, dos<br />
treinamentos e do intercâmbio de seu corpo técnico.<br />
Combustol conquista Recertificação<br />
ISO 9001:2000<br />
a Divisão de tratamento térmico da combustol, pertencente<br />
ao Grupo combustol & metalpó, acaba de obter a<br />
recertificação para a iso 9001:2000, norma que se baseia em<br />
princípios de gestão usados como um guia para a melhoria<br />
da performance das organizações.<br />
“a manutenção da certificação é de extrema importância<br />
para nossa empresa, pois ela significa uma garantia para nossos<br />
clientes, que exigem esta norma. com a is0 9001:2000,<br />
eles sabem que estamos atendendo todos os requisitos de<br />
qualidade demandados”, diz edno Zucherato, coordenador<br />
de engenharia e representante da direção no sistema de<br />
Qualidade da Divisão.<br />
a Divisão de tratamento térmico trabalha na implantação<br />
de adequações relacionadas à iso 9001:2008, revisão<br />
que substituirá a atual norma iso 9001:2000, até o prazo de<br />
11 de novembro de 2010. De acordo com Zucherato, a nova<br />
revisão contempla poucas mudanças na essência da norma.<br />
“Basicamente, a iso 9001:2008 traz um maior detalhamento<br />
na descrição dos requisitos, proporcionando maior clareza<br />
e facilidade de utilização”, completa.<br />
Na próxima auditoria de manutenção, realizada semestralmente,<br />
a divisão de tratamento térmico da combustol<br />
já estará com as adequações realizadas conforme as novas<br />
exigências, visando a obtenção da iso 9001:2008.<br />
Curtas<br />
Schneider Electric / divulgação<br />
Crescimento<br />
a atividade industrial paulista cresceu pelo segundo<br />
mês consecutivo em outubro, mas o ritmo de expansão<br />
caiu mais do que pela metade, segundo dados da Fiesp.<br />
o indicador de Nível de atividade (iNa) cresceu 1,6%<br />
em outubro ante setembro, segundo dados com ajuste<br />
sazonal. sem ajuste, houve alta 4,5%. mas na comparação<br />
com outubro de 2008, a atividade recuou 4,6%. No<br />
ano, o iNa acumula baixa de 11,6%.<br />
o dado de setembro foi revisto para baixo para crescimento<br />
de 3,6% contra agosto com ajuste, ante a leitura<br />
preliminar de alta de 4,3%.
Balanço da Abinee no ano<br />
da crise econômica<br />
O desempenho das indústrias de elétrica e eletrônica<br />
não foi tão bom quanto o ano passado. Segundo a<br />
pesquisa da ABINEE - Associação Brasileira da Indústria<br />
Eletroeletrônica, anunciada em coletiva de imprensa<br />
por seu presidente, Humberto Barbato, uma queda de<br />
aproximadamente 9% ocorreu devido aos reflexos da<br />
crise econômica mundial, afetando a economia brasileira,<br />
tanto quanto o setor e seus segmentos. O faturamento<br />
total passou de R$ 123,1 bilhões (2008) para R$ 112,2<br />
bilhões neste ano.<br />
Sustentados pela carteira de pedidos pré-crise e investimentos<br />
dos setores de petróleo e gás, fabricantes<br />
de bens de capital, como Automação Industrial, conseguiram<br />
níveis razoáveis de faturamento no começo de<br />
2009. Porém, a partir do segundo trimestre começaram<br />
a ressentir a falta de novas encomendas. Esta área apresentou<br />
uma queda de 17%, a segunda maior retração,<br />
perdendo só para o setor de telecomunicações. Suas<br />
exportações fecharam com redução de 18% e as importações,<br />
12%.<br />
Para 2010, a expectativa das empresas é que o faturamento<br />
total atinja R$ 124,9 bilhões. O setor de automação<br />
fica na dependência econômica do país e espera<br />
um crescimento de aproximadamente 11%. Segundo<br />
Nelson Ninnin, diretor da ABINEE da área de Automação<br />
industrial e presidente mundial da ISA (associação dos<br />
profissionais de automação fundada nos Estados Unidos<br />
em 1.945), a área de manufatura está lenta e saturada<br />
em comparação com a de processo.<br />
O nível de empregos do setor eletroeletrônico<br />
também está instável. No começo do ano, o número de<br />
funcionários chegou a 161 mil, passou para 155 mil em<br />
maio e pode terminar o ano com 160 mil. O fato desta<br />
instabilidade ocorrer sem muitas demissões mostra as<br />
boas expectativas das empresas para o ano que vem,<br />
pois o custo de demissão e de recontratação a curto<br />
e médio prazo não compensa. Com isso, o número de<br />
empregados em 2010, pode chegar a 163 mil ou mais.<br />
Em outubro, um dos destaques de alta entre os setores<br />
pesquisados foi Veículos Automotores, com avanço<br />
de 7,9% mês a mês com ajuste sazonal, e Alimentos e<br />
Bebidas com expansão de 7,7%.<br />
Entre os setores, as maiores taxas de uso da capacidade<br />
foram de Coque, refino de petróleo, combustíveis<br />
nucleares e produção de álcool, com 98,9%, segundo<br />
dados sem ajuste sazonal, e Celulose, papel e produtos<br />
de papel com 91,5%.<br />
//notícias<br />
Queda no faturamento de<br />
outubro preocupa Abimaq<br />
Em relação ao mês anterior, a Abimaq, Associação Brasileira<br />
da Indústria de Máquinas e Equipamentos, registrou uma queda<br />
de 10,1 % no faturamento de seus associados. Os números continuam<br />
em baixa ao comparar janeiro-outubro deste ano com<br />
o mesmo período em 2008. A queda do faturamento foi 21,2%,<br />
passando de R$ 65,63 bilhões para R$ 51,72 bilhões, neste ano.<br />
Com a inflação, o total pode chegar a 23,6% negativo.<br />
Segundo o Diretor Secretário da Abimaq, Carlos Buch Pastoriza,<br />
a empresa esperava que o volume de faturamento fosse<br />
chegar a uma queda de 15%, no entando, registrou cerca de<br />
20%. “Isto é um reflexo do auge da crise. Este mês de outubro<br />
foi um buraco negro”, afirma o diretor.<br />
O faturamento bruto real de máquinas e equipamentos,<br />
de janeiro-outubro, em 2006 foi R$ 49,23 bilhões, crescendo,<br />
em 2007, para R$ 54,55 bilhões. Em 2008, houve um aumento<br />
significativo para R$ 66,35 bilhões. E este ano caiu para R$ 51,47<br />
bilhões. A alta porcentagem na queda é consequência de um aumento<br />
significativo no ano passado. Uma vez que os números de<br />
2007 e 2009, se comparados, não apresentam tanta diferença.<br />
Contratações<br />
Se por um lado, o faturamento anual da Abimaq caiu, por<br />
outro, as contratações feitas pela empresa continuam a subir. O<br />
setor está otimista e por três meses consecutivos, agosto/setembro/outubro,<br />
apresentou uma incremento de 0,1%, resultando<br />
em 272 novos contratados. No entanto, em comparação com<br />
o mesmo período do ano passado, que foi um ano excepcional,<br />
o número de empregados caiu 6,8%.<br />
Perspectivas<br />
Entre as perspectivas para o próximo ano, a desoneração<br />
total do setor é esperada pelo presidente Luiz Aubert Neto.<br />
“Esperamos que em 2010, o governo fique sensibilizado com a<br />
nossa situação e desonere a nossa cadeia produtiva para voltar<br />
a gerar crescimento e empregos dentro do País”. E como todo<br />
início de ano o primeiro trimestre é fraco para investimentos,<br />
a Abimaq acredita que só após o carnaval, o setor poderá<br />
apresentar indícios de melhoria.<br />
Novembro/Dezembro 2009 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong>
notícias<br />
Mauá oferece MBA em Engenharia<br />
e Negócios do Gás e Petróleo<br />
Com a recente descoberta do pré-sal, a sua exploração<br />
tende a abrir oportunidades para o país e principalmente para<br />
profissionais de diversas áreas. Com o objetivo de preparar<br />
os graduados interessados nesta especialização técnica, o<br />
Instituto Mauá de Tecnologia - IMT está lançando o MBA<br />
Engenharia e Negócios do Gás e Petróleo.<br />
O curso terá a carga horária de 360 horas e será ministrado<br />
às segundas e quartas- feiras no próprio campus do<br />
Instituto. A metodologia de aulas envolve análises, discussões<br />
de casos, debates e exercícios ao longo de todo o curso.<br />
Este programa foi elaborado a partir da identificação das<br />
exigências do mercado, mediante consulta a empresas de<br />
grande porte do setor, para identificar as habilidades e competências<br />
imprescindíveis ao entendimento da real dinâmica<br />
do modelo de negócios do setor de Gás e Petróleo.<br />
Assim, entre outras disciplinas, o programa do curso inclui<br />
Regulamentação e Legislação para Atividades de Exploração<br />
e Refino de Petróleo e Distribuição de Petróleo e Gás, Gestão<br />
Ambiental, Geopolítica e Usabilidade do Gás Natural,<br />
Mercado do Gás Natural e Desenvolvimento Tecnológico,<br />
Fundamentos da Geologia do Petróleo e Gás; Dinâmica do<br />
Processo de Exploração de Petróleo e Gás, Tecnologia de<br />
Perfurações de Poços e Sistemas de Distribuição Mercado<br />
Internacional: /Trading/ de Petróleo e Gás.<br />
As inscrições já estão abertas. A primeira turma tem<br />
início em março de 2010. Informações e inscrições no site<br />
www.maua.br/posgraduacao.<br />
<strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />
Com a recente descoberta do pré-sal, o Instituto Mauá de Tecnologia<br />
lança o MBA Engenharia e Negócios do Gás e Petróleo. O Programa<br />
do curso foi elaborado com as exigências do mercado sob consulta<br />
de grandes empresas do setor.<br />
Curtas<br />
Emprego<br />
O emprego na indústria paulista teve em outubro o<br />
maior aumento desde abril do ano passado, dando<br />
continuidade à recuperação iniciada em setembro.<br />
Foram geradas 9 mil vagas no mês, alta de 0,28%<br />
sobre o mês anterior, segundo dados com ajuste<br />
sazonal divulgados pela Federação das Indústrias<br />
do Estado de São Paulo (Fiesp) nesta quarta-feira<br />
(11). Sem ajuste sazonal, o emprego cresceu 0,41%.<br />
O ajuste sazonal é um cálculo feito para eliminar<br />
efeitos particulares de cada mês, como os ligados<br />
a feriados, datas comemorativas, estação do ano e<br />
outros.<br />
Na comparação de outubro deste ano com o<br />
mesmo mês de 2008, o nível de emprego teve baixa<br />
de 7,61%, com 184 mil postos de trabalho a menos.<br />
No ano, o nível de emprego na indústria do Estado<br />
acumula baixa de 1,49 %, com o fechamento de 34<br />
mil vagas.<br />
Dezesseis dos 22 setores pesquisadas registraram<br />
contratações em outubro, enquanto quatro apontaram<br />
demissões e dois tiveram estabilidade. O setor<br />
com o maior número de abertura de vagas foi o de<br />
Veículos Automotores, com 1.763 novos postos.<br />
www.multimidia2.wordpress.com/Ricardo Stuckert/PR
energia<br />
47
notícias<br />
“R$ 4 bilhões a serem gastos em todas as unidades no País nos próximos cinco<br />
anos.” De acordo com o setor automobilístico e governamental, este é o maior<br />
investimento feito pela empresa no Brasil.<br />
Produtos<br />
Cognex Visionview disponível<br />
em duas plataformas<br />
A empresa Cognex Corporation,<br />
desenvolvedora de sistemas e sensores<br />
de visão, aprimorou a interface<br />
de operação VisionView® com novas<br />
funções que oferecem visualização<br />
mais detalhada das peças ou componentes<br />
inspecionados, armazenamento<br />
simplificado de imagens das peças<br />
reprovadas e opção para inspeção<br />
via PCs. É uma interface com dis-<br />
10 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />
www.blig.ig.com.br/salaoford / divulgação<br />
play touch screen para os sistemas de<br />
visão Cognex In-Sight, que permite aos<br />
operadores ver e monitorar de perto a<br />
atividade dos sistemas de visão nas linhas<br />
de produção.<br />
O VisionView 1.2 aumenta a captura<br />
de dados do aplicativo. A nova função<br />
de pan e zoom permite um exame mais<br />
minucioso das peças defeituosas e facilita<br />
a regulagem precisa do foco do sistema<br />
de visão para obtenção de imagens de<br />
alta resolução. Os operadores das linhas<br />
de produção também podem transferir<br />
imagens de peças reprovadas para um dis-<br />
Ford anuncia investimento<br />
de R$ 4 bilhões no País<br />
A Ford anunciou na Bahia, a ampliação da fábrica<br />
de Camaçari, projeto que ficará com grande parcela<br />
de um investimento de cerca de R$ 4 bilhões que<br />
será gasto pelo grupo em todas as unidades no País<br />
nos próximos cinco anos. É o maior investimento<br />
da empresa no Brasil, segundo fontes do setor automobilístico<br />
e governamental. O programa anterior,<br />
para o período 2007/2012, é de R$ 3,4 bilhões e se<br />
somará ao novo aporte.<br />
A solenidade teve a presença do presidente Luiz<br />
Inácio Lula da Silva e do governador da Bahia, Jaques<br />
Wagner (PT).<br />
O presidente da Ford Brasil e Mercosul, Marcos<br />
de Oliveira, apresentou os novos projetos da companhia,<br />
que incluem desenvolvimento de veículos,<br />
um deles provavelmente o substituto do EcoSport.<br />
A fábrica de Camaçari opera no limite de sua capacidade<br />
- de 250 mil carros ao ano - e sua ampliação<br />
vinha sendo negociada há pelo menos dois anos.<br />
Para a construção da fábrica, a primeira de uma<br />
grande montadora do Nordeste, a Ford aplicou US$<br />
1,2 bilhão (na época, o equivalente a R$ 3,2 bilhões).<br />
Na ocasião, foi beneficiada pelo regime automotivo<br />
do Nordeste, que concedeu benefícios fiscais, como<br />
a isenção de impostos por vários anos. A unidade<br />
trabalha no sistema modular de produção, com<br />
vários fornecedores instalados dentro da fábrica e<br />
que também vão arcar com parte do investimento.<br />
São produzidos na linha de montagem os modelos<br />
Fiesta, Fiesta sedã e EcoSport.<br />
Nas próximas semanas, outra montadora, a<br />
Volkswagen, deve anunciar novos investimentos principalmente<br />
para a fábrica Anchieta, em São Bernardo<br />
do Campo (SP), onde são produzidos os modelos Gol,<br />
Polo, Saveiro e Kombi, em várias versões. Recentemente,<br />
a General Motors anunciou um programa de<br />
R$ 2 bilhões até 2012.<br />
positivo de armazenamento externo.<br />
Outra novidade é a opção de executar<br />
a interface de operação VisionView<br />
em um PC. O software oferece todos<br />
os recursos do painel de operações<br />
e flexibilidade para utilização de qualquer<br />
display que possa ser conectado<br />
a um PC.<br />
Estes aprimoramentos concedem aos<br />
operadores do chão da fábrica um<br />
controle maior sobre seus aplicativos<br />
de visão e melhor compreensão.
Produtos<br />
Sensor de Visão vedado com<br />
múltiplos recursos de Inspeção<br />
O sensor de visão vedado da Banner Engineering<br />
com invólucro IP68 oferece durabilidade em rigorosas<br />
condições industriais e de lavagem. O invólucro<br />
resistente de alumínio com revestimento de níquel<br />
do novo Presence PLUS P4 OMNI resiste a choques<br />
e vibrações. A unidade autocontida não requer um<br />
controlador à parte.<br />
O novo Sensor de Visão serve para várias aplicações,<br />
como: Inspeção de alinhamento de rótulos; Verificação<br />
e comparação de cores; Detecção de defeitos;<br />
Inspeção de embalagens; Verificação de montagem;<br />
Detecção de nível de preenchimento; Inspeção de<br />
gotas de cola; Inspeção de tampas de frascos; Prevenção<br />
de erros, entre outros.<br />
Foi projetado para ser utilizado nas indústrias, inclusive<br />
as de alimentos e bebidas, farmacêutica, automotiva,<br />
embalagens, manuseio de materiais e gráfica.<br />
As ferramentas de posição, análise e geometria do<br />
sensor permitem realizar a inspeção simultânea de<br />
múltiplos itens para abranger aplicações complexas.<br />
A interface intuitiva para o usuário, idêntica em<br />
todos os sensores PresencePLUS, assegura a facilidade<br />
de instalação e operação.<br />
//notícias<br />
Os modelos estão disponíveis com resolução de 640 x 480, ou de<br />
1280 x 1024 para inspecionar áreas maiores em mais detalhes. Entre as<br />
opções funcionais destacam-se a leitura de códigos de barra 2D e 1D,<br />
reconhecimento/verificação óptica de caracteres (OCR/OCV) e inspeção<br />
de esferas. São oferecidos como acessórios tampas de lente e aneis<br />
de luzes LED com classificação IP68 em infra-vermelho, vermelho, verde,<br />
branco ou azul.<br />
Novembro/Dezembro 2009 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />
11
notícias<br />
Novidades na Brazil Automation ISA 2009<br />
No mês de novembro a empresa Elipse Software participou<br />
do Brazil Automation ISA 2009, o 13° Congresso Internacional<br />
e Exposição Sul-Americana de Automação, Sistemas e<br />
Instrumentação. O evento, considerado o maior nas áreas de<br />
instrumentação e automação industrial da América Latina, foi<br />
realizado em São Paulo. Durante a feira, a Elipse apresentou<br />
seus principais produtos e lançamentos.<br />
A novidade exposta pela empresa foi o Elipse Plant Manager,<br />
historiador de processos capaz de coletar, consolidar e armazenar<br />
dados provenientes de várias fontes de tempo real ou históricas,<br />
proporcionando uma plataforma para a integração dos<br />
universos de TI e TA. A solução permite desenvolver aplicações<br />
de inteligência industrial e análise de dados, auxiliando na tomada<br />
de decisões e na melhoria da performance produtiva.<br />
“Gostei do Elipse Plant Manager por agregar um grande conhecimento<br />
na área de automação”, disse Ivando Severino Diniz,<br />
professor do curso de Engenharia de Controle e Automação, da<br />
Universidade Estadual Paulista – Campus de Sorocaba.<br />
Um outro lançamento foi o E3 Power, plataforma criada<br />
para garantir confiabilidade, qualidade e eficiência ao processo<br />
de operação de redes de distribuição de energia elétrica. O<br />
software apresenta um conjunto de sofisticados aplicativos de<br />
análise de sistemas elétricos como: Processador Topológico,<br />
Fluxo de Potência e Estimador de Estados. Além disso, possui<br />
um ambiente de simulação que facilita a integração entre os<br />
setores de pré e pós-operação com o centro de controle da<br />
empresa.<br />
A versão 3.2 do E3 também foi exposta na feira. A novidade<br />
traz diversas melhorias em praticamente todos os componentes<br />
que integram o software. Uma série de implementações podem<br />
ser visualizadas no E3 Playback, E3Alarm, aba Penas do E3Chart,<br />
E3 Studio, E3 Viewer, IODriver / IOServer, entre outros.<br />
E um outro destaque da Elipse foi o E3 Playback, solução que<br />
permite a interpretação de ocorrências passadas referentes a<br />
qualquer tipo de processo.<br />
Para mais informações acesse o site www.elipse.com.br.<br />
Curtas<br />
Testes<br />
A Cognex disponibiliza para os mais variados setores<br />
da indústria no Brasil alguns de seus kits desenvolvidos<br />
pela empresa para apresentar aos clientes as funcionalidades<br />
de suas soluções de rastreabilidade. Dessa<br />
maneira, é possível obter maior conhecimento dos<br />
recursos técnicos e de suas vantagens para alcançar<br />
alta produtividade, controle minucioso e segurança na<br />
produção de todo tipo de mercadoria antes da decisão<br />
pela compra.<br />
12 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />
Produtos<br />
Siemens no Brasil desenvolve<br />
relé de proteção térmica digital<br />
para transformadores<br />
A Siemens no Brasil desenvolveu o relé de proteção<br />
térmica digital Simotemp, integralmente adequado<br />
à tecnologia de redes inteligente (smart grids). A<br />
solução foi criada para proteção térmica de transformadores<br />
e é indicada para equipamentos onde<br />
são necessários o controle e proteção confiáveis da<br />
temperatura. Esse novo produto indica com maior<br />
precisão a temperatura do óleo e enrolamentos do<br />
transformador, fatores que influenciam diretamente<br />
no envelhecimento do sistema de isolação (papel<br />
e óleo). Com isso é possível um controle mais eficiente<br />
do sistema de refrigeração, visando prolongar<br />
o tempo de vida útil do transformador.<br />
Totalmente desenvolvido pela Siemens no País, na<br />
fábrica da empresa em Jundiaí (SP), o Simotemp<br />
reforça o posicionamento global da empresa em<br />
fornecer ferramentas inovadoras que podem contribuir<br />
desde a geração até a distribuição e consumo<br />
de energia elétrica dentro do conceito das smart<br />
grids. Trata-se de um produto confiável, preciso e<br />
que pode ser utilizado praticamente em qualquer<br />
transformador, além de ser de fácil programação e<br />
aplicação. No País, a companhia já tem solicitações<br />
para fornecimento dessa solução.<br />
O Simotemp monitora as temperaturas do óleo<br />
isolante e a temperatura do ponto quente (hot spot)<br />
de até três enrolamentos em um único aparelho.<br />
Além disso, possui memória de massa para armazenamento<br />
de dados e registro de eventos, função de<br />
pré-resfriamento e exercício do sistema de refrigeração.<br />
Visando facilitar a interface com o usuário,<br />
possui entrada USB frontal e software dedicado<br />
para configuração, download e análise dos dados em<br />
memória através de ferramenta gráfica, incluído em<br />
cada Simotemp. Sua confiabilidade é obtida através<br />
do emprego de componentes de alta qualidade e<br />
sistema de contingência.<br />
As empresas interessadas em conhecer as aplicações,<br />
tecnologia e benefícios do sensor de visão Checker<br />
3G, do sistema de controle visual em cores In-Sight<br />
Micro, e do menor leitor de identificação fixo de alta<br />
performance do mundo, o DataMan 200, agora podem<br />
agendar testes prévios com a presença do engenheiro<br />
de vendas da Cognex, José Carlos Bernardes Oliveira,<br />
ou com representantes das distribuidoras da empresa<br />
no Brasil, Pollux e OMNI.
eportagem<br />
Automação Segura<br />
Por que os acidentes<br />
acontecem!?<br />
Mesmo com a criação de normas de segurança<br />
acidentes continuam sendo frequentes em<br />
algumas empresas.<br />
saiba mais<br />
Segurança Funcional (SIS) - Parte 1<br />
Reduza o risco de acidentes na<br />
sua empresa<br />
<strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> 24<br />
A máquina que você trabalha é<br />
segura?<br />
<strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> 28E<br />
Conheça o CIP Safety, protocolo para<br />
a área de segurança<br />
<strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> 35<br />
U<br />
14 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />
ma coisa que qualquer um pode constatar<br />
são os danos físicos, psicológicos e materiais<br />
que os acidentes ocasionam em quem os<br />
sofre. Os que convivem com o acidentado<br />
também são afetados na parte psicológica,<br />
sejam parentes ou colegas de trabalho.<br />
Isto impacta na empresa e nos seus<br />
produtos de modos diferentes de acordo<br />
com o ramo de atividade, a ponto de se<br />
refletir em seu faturamento e ocasionar<br />
sérias consequências para a vida dela.<br />
Conforme essa situação ficou mais<br />
evidente, na segunda metade do século<br />
passado algumas normas começaram a<br />
ser elaboradas para tentar corrigir estas<br />
fatalidades que, às vezes, atingiam a vida<br />
dos trabalhadores.<br />
Por isso mesmo, o que muita gente<br />
desconhece é que ao se elaborar uma norma<br />
o que é considerado em primeiro lugar, é<br />
a vida do ser humano e dos animais. Nas<br />
nações mais civilizadas e também pioneiras<br />
na adoção dessas normas, o poder público<br />
zela por sua aplicação correta sob pena<br />
das sanções de lei. Nem todos os países<br />
observam o mesmo rigor, chegando alguns<br />
a ignorar qualquer norma de proteção ao<br />
trabalhador e ao usuário dos produtos e<br />
serviços das empresas.<br />
Felizmente a globalização tem contribuido<br />
positivamente para que em todo o mundo se<br />
adotem normas de proteção, pois a concorrência<br />
pelo mercado global é feroz e não se<br />
admite mais hoje em dia, que se aceite em<br />
razão de preço menor, um produto que não<br />
observa as principais normas internacionais<br />
como a IEC, a ISO e outras.<br />
No Brasil o órgão que estabelece as normas<br />
é a ABNT - Associação Brasileira de Normas<br />
Técnicas, que vem se esforçando para estar<br />
atualizada como as principais associações<br />
do mundo. Um comitê é formado por um<br />
grupo de pessoas que representam o setor e<br />
as empresas que fazem parte da associação,<br />
para discutir as normas sobre determinado<br />
assunto. Na maioria das vezes se baseiam<br />
em normas já existentes em outros países e<br />
as adaptam para a nossa realidade.
Como a norma é estabelecida e não<br />
há nenhuma sanção responsável pela não<br />
aplicação e muito menos há fiscalização<br />
eficaz, cabe aos prejudicados recorrerem à<br />
Justiça caso algum acidente aconteça e o<br />
culpado não seja a vítima, fazendo assim<br />
valer os seus direitos. Aí sim, a norma pode<br />
ser usada pelo advogado da vítima para<br />
consubstanciar o processo contra a ré.<br />
O que ocorre muito é que as vítimas<br />
não sabem dos seus direitos e não vão<br />
à Justiça para reinvindicá-los, seja um<br />
trabalhador, um usuário de serviços ou<br />
o cliente de um produto. Conforme este<br />
entendimento vem evoluindo por parte das<br />
empresas, dos trabalhadores e consumidores,<br />
as normas são melhor estabelecidas<br />
para o resguardo das partes envolvidas e<br />
todos saem ganhando, pois também são<br />
cada vez mais aplicadas. A Redação de<br />
<strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> vem se preocupando<br />
nos últimos anos com este tema e como<br />
fazer uma abordagem adequada e técnica<br />
do problema em nosso país. MA<br />
Caso e Depoimento de Acidentado<br />
Em 1969, trabalhando havia um ano<br />
numa famosa fábrica de brinquedos, o<br />
operário metalúrgico Jube Angelo Tomazi<br />
sofreu um acidente numa prensa de 400<br />
toneladas que pegou os dedos das duas<br />
mãos. “Um anel que freava a máquina<br />
se rompeu e ela entrou em operação<br />
automática pegando as minhas mãos”<br />
conta Jube. Na época, ele ficou de licença<br />
pelo INPS (atual INSS) por 30 dias. Sem<br />
os dedos da mão esquerda, e um enxerto<br />
no dedo indicador que ficou torto e sem<br />
movimento,como mostra a foto tirada<br />
pela nossa reportagem, teve alta e voltou<br />
a trabalhar na mesma prensa. Em 15 dias<br />
gangrenou um dedo da outra mão atingida<br />
(a direita) e devido ao discutível atendimento<br />
hospitalar, teve novo afastamento<br />
para amputá-lo. Ao voltar ao trabalho,<br />
alegou que não tinha condições psicológicas<br />
para continuar na mesma máquina e<br />
pediu para ser transferido de seção. Dois<br />
meses depois foi mandado embora. Dada<br />
a mutilação e só com ensino primário, não<br />
conseguiu mais emprego. Como a maior<br />
parte dos trabalhos da empresa necessitavam<br />
das mãos, passou a ser, informalmente,<br />
vendedor ambulante.<br />
Novembro/Dezembro 2009 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />
reportagem<br />
Deixando de lado o mau atendimento<br />
hospitalar, do INSS e da empresa, pergunta-se:<br />
as máquinas dessa empresa<br />
tinham manutenção preditiva!? Haviam<br />
normas de segurança, na época, que não<br />
foram observadas pelo fabricante da<br />
prensa e pela fábrica de brinquedos!?<br />
Com as normas atuais e a evolução da<br />
tecnologia consegue-se evitar atualmente<br />
que este tipo de acidente aconteça!?<br />
Nem sempre, pois ainda há muita<br />
máquina antiga funcionando nas indústrias<br />
que não foi atualizada, ou como dizem no<br />
meio, não foi “retrofitada” pela empresa<br />
proprietária. Também existem máquinas<br />
novas que não estão dentro das normas<br />
de segurança.<br />
Em Belo Horizonte/Minas Gerais já<br />
encontramos medidas de segurança para<br />
os trabalhadores. Desde 2003, o Ministério<br />
do Trabalho e Emprego e o Ministério<br />
Público desenvolvem o Projeto Prensa,<br />
cujo o objetivo é fomentar a proteção de<br />
prensas e reduzir o índice de acidentes<br />
com mutilações de trabalhadores no<br />
estado mineiro. Desde que foi iniciado o<br />
projeto, cerca de 500 máquinas já foram<br />
reformadas de acordo com as normas<br />
de segurança, segundo informações das<br />
procuradoras responsáveis pela sua<br />
condução no Ministério Público do Trabalho,<br />
Sônia Toledo Gonçalves e Maria do<br />
Carmo de Araújo.<br />
“A retirada das prensas por meio de<br />
adjudicação é uma iniciativa piloto, que<br />
adotamos para garantir a proteção dos<br />
trabalhadores com a definitiva eliminação<br />
das máquinas obsoletas do mercado . A<br />
mesma providência poderá ser adotada<br />
em outras empresas que se recusarem<br />
a reformar seu maquinário”, enfatizou<br />
Maria do Carmo de Araújo.<br />
De acordo com dados da Previdência<br />
Social, 25% dos acidentes de trabalho<br />
ferem ou mutilam as mãos e punhos de<br />
trabalhadores, sendo que as PRENSAS,<br />
mecânicas ou hidráulicas, ocupam o primeiro<br />
lugar dentre as máquinas de maior<br />
risco. A PRENSA é um equipamento<br />
usado para conformar, moldar, cortar,<br />
furar, cunhar e vazar peças. Em geral, são<br />
máquinas obsoletas, inseguras, responsáveis<br />
por histórias de esmagamento/amputação<br />
de dedos e mãos de trabalhadores.<br />
15
supervisão<br />
Diagnóstico de<br />
Falhas e Alarmes<br />
em Sistemas<br />
Supervisórios e CLPs<br />
Uma das maiores dificuldades para a solução de problemas<br />
imprevistos em processo é a identificação correta de alarmes no<br />
supervisório. Considerando as paradas súbitas em equipamentos<br />
nos processos dos quais os autores participaram, estima-se que<br />
90% do tempo total foi gasto na identificação da falha. Conheça os<br />
mecanismos implementados para reduzir o tempo de diagnóstico<br />
de falhas, sendo descritos três casos de melhorias promovidas<br />
em processos da ArcelorMittal Tubarão, com as descrições das<br />
técnicas escolhidas e os resultados obtidos.<br />
saiba mais<br />
HANSEN, R. C. Eficiência Global<br />
dos Equipamentos, Editora<br />
Bookman Ltda., Porto Alegre, 2006.<br />
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE<br />
MANUTENÇÃO. Documento<br />
Nacional 2007 - A Situação<br />
da Manutenção no Brasil,<br />
Florianópolis, Associação Brasileira<br />
de Manutenção, 2007. 1 CD-ROM.<br />
ALMEIDA, M. T. Manutenção<br />
Preditiva: Confiabilidade e<br />
Qualidade, Disponível em: www.<br />
mtaev.com.br/download/mnt1.pdf.<br />
Acesso em: 28 out.2007, Itajubá.<br />
ROSÁRIO, J. M. Princípios de<br />
<strong>Mecatrônica</strong>. Editora Prentice Hall,<br />
São Paulo, 2005.<br />
16 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />
Johnson Pontes de Moura<br />
UNIVC - Professor de Pós-Graduação da<br />
Faculdade do Vale do Cricaré<br />
Carlos Alberto Grosman<br />
UCL - Faculdade do Centro Leste e<br />
Discente da Pós-Graduação da Faculdade<br />
do Vale do Cricaré<br />
Leonardo Pereira Bastos<br />
UCL - Faculdade do Centro Leste<br />
Anderson Almeida Virgílio de Souza<br />
ArcelorMittal Tubarão<br />
Rogério de Almeida Otaviano<br />
ArcelorMittal Tubarão<br />
Marconi Patrício de Arruda<br />
ArcelorMittal Tubarão<br />
Alamir da Luz Júnior<br />
ArcelorMittal Tubarão<br />
Considerações Iniciais<br />
A lucratividade de uma empresa ou<br />
negócio vem do resultado de suas receitas<br />
operacionais, obtidas através de vendas<br />
de produtos ou serviços, descontando-se<br />
os custos de produção, que são os gastos<br />
com matéria-prima, recursos humanos e<br />
equipamentos. Em um ambiente cada vez<br />
mais competitivo, os custos de uma planta<br />
industrial são controlados individualmente<br />
e, dentre eles, estão a manutenção das máquinas<br />
e as paradas da linha de produção,<br />
programadas ou imprevistas, para reparo<br />
dos equipamentos.<br />
A manutenção tem suas estratégias<br />
de atuação, podendo ser planejadas, com<br />
aspectos preventivos ou preditivos, ou não<br />
planejadas, com aspecto corretivo, ocorrendo<br />
intervenção apenas quando há uma quebra<br />
ou defeito de equipamento.<br />
Durante a pesquisa sobre o assunto, os<br />
autores observaram que o tratamento da<br />
“manutenção corretiva” não tem referências<br />
bibliográficas em grande número. Existem<br />
muitas publicações quando se trata de manutenções<br />
preventivas e preditivas, que, é claro,<br />
são temas de extrema importância para o<br />
gerenciamento de falhas em equipamentos.<br />
Mas é sabido que a “manutenção corretiva<br />
custa de 3 a 5 vezes a mais que a manutenção<br />
preventiva e planejada, pois, tempo, trabalho,<br />
materiais e equipamentos são desperdiçados”<br />
(HANSEN, 2006, p. 112).
T1. Custo da manutenção/faturamento<br />
bruto. Fonte: ABRAMAN (2007).<br />
As técnicas de manutenção planejada<br />
não evitam totalmente as falhas de equipamentos<br />
de processo. E quando ocorrem estas<br />
falhas, o que fazer? Como identificá-las em<br />
um sistema supervisório? O que fazer para<br />
minimizar o tempo de atendimento e reduzir<br />
a perda de produção? Este trabalho assumiu<br />
parte deste tema e teve como propósito<br />
mostrar caminhos e alternativas simples para<br />
identificar falhas através de mecanismos e<br />
técnicas que podem ser implementados em<br />
equipamentos que já existem na empresa,<br />
como CLPs e supervisórios.<br />
No item 2 mostram-se dados sobre<br />
a manutenção de equipamentos, suas<br />
estratégias e os tipos de falhas. Nos itens<br />
3 e 4 tem-se a descrição do Controlador<br />
Lógico Programável (CLP) e do Sistema<br />
Supervisório, necessária para a compreensão<br />
das técnicas implementadas nos três casos<br />
reais, que são detalhados no item 5. O item<br />
6 apresenta os resultados obtidos, que, na<br />
opinião dos autores, comprovam a importância<br />
do trabalho, visto a relação custo X<br />
benefício das soluções implementadas.<br />
Conceitos de Manutenção e<br />
Sistemas de Automação<br />
Segundo dados levantados pela Associação<br />
Brasileira de Manutenção (ABRAMAN) em<br />
2007, o custo da manutenção é estimado<br />
em torno de 4% do faturamento bruto das<br />
empresas, conforme descrito no tabela 1.<br />
Visando reduzir este custo, a manutenção<br />
atualmente passa por um processo de modernização<br />
e aperfeiçoamento dos métodos<br />
utilizados para obtenção do controle do<br />
tempo de parada de produção e, naturalmente,<br />
das perdas de geração de recursos que<br />
isto implica. A disponibilidade operacional<br />
efetiva de uma empresa ficou, no ano de<br />
2007, em média, em 90,82%, e somente a<br />
T2. Indicadores de disponibilidade. Fonte: ABRAMAN (2007).<br />
T3. Classificação das tasks do CLP.<br />
manutenção contribuiu com 5,3% do total<br />
do tempo indisponível, conforme descrito<br />
na tabela 2 (ABRAMAN, 2007).<br />
Segundo Hansen (2006), o custo de<br />
uma estratégia de manutenção corretiva<br />
tem em média um custo cerca de 3 a 5<br />
vezes maior do que quando se adota um<br />
modo programado ou preventivo. Conforme<br />
levantado por Almeida (2007), a<br />
manutenção corretiva é a que apresenta<br />
maior custo operacional devido à sua total<br />
impossibilidade de planejamento e ao seu<br />
aspecto de imprevisibilidade, acarretando<br />
maior tempo de parada de produção, altos<br />
custos de estoques de peças sobressalentes,<br />
maior tempo gasto para reparo do equipamento,<br />
altos custos de trabalho extra e baixa<br />
disponibilidade de produção.<br />
Para reduzir a perda de produção e o<br />
tempo de parada imprevista das máquinas<br />
ocasionados por falhas inesperadas de<br />
equipamentos, é necessário que o pessoal<br />
da manutenção esteja apto para reagir imediatamente<br />
a todas as falhas das máquinas.<br />
O primeiro passo para tratar uma falha<br />
é descobrir o que aconteceu e qual a sua<br />
causa. Para este fim, utilizam-se alguns<br />
mecanismos como efetuar verificações no<br />
processo, entrevistar o operador sobre o<br />
ocorrido e verificar o autodiagnóstico dos<br />
equipamentos, se houver.<br />
Novembro/Dezembro 2009 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />
supervisão<br />
Controlador Lógico<br />
Programável (CLP)<br />
No CLP utilizado nas áreas do LTQ<br />
e do Laminador de Acabamento da ArcelorMittal<br />
Tubarão, observam-se algumas<br />
características próprias do equipamento<br />
que são essenciais para o entendimento<br />
deste trabalho, descritas em seu manual<br />
de instruções.<br />
As linguagens usadas na programação<br />
são a Ladder, Function Block e Linguagem<br />
Gráfica Estruturada (SFC), com velocidade<br />
de processamento de instruções entre 40<br />
ns (contato) e 200 ns (bloco de multiplicação).<br />
Utiliza como método de controle<br />
o Scan Cíclico, suporta até 20.288 pontos<br />
de E/S e até 128.000 palavras de memória<br />
para a programação. Na estrutura de dados<br />
do CLP, todos os tipos de variáveis foram<br />
definidos em conformidade com a norma<br />
IEC 61131-3, sendo classificados em:<br />
a) ”Local”: variável temporária ou<br />
estática, utilizada para representar<br />
uma entrada física, por exemplo;<br />
b) ”Global”: pode ser uma variável<br />
global de estação, de controlador<br />
ou de rede. São variáveis lógicas,<br />
internas ao CLP.<br />
Na estrutura do CLP existe a integração<br />
dos programas de um determinado<br />
controlador em unidades chamadas de<br />
17
supervisão<br />
tarefas (tasks). Qualquer programa pode<br />
ser executado desde que esteja incluso em<br />
uma task. Estas tasks são classificadas<br />
e identificadas conforme sua prioridade<br />
de execução dos programas, conforme<br />
demonstrado na tabela 3.<br />
A figura 1 ilustra uma configuração de<br />
hardware básico do CLP instalado na área<br />
do Trem Acabador do LTQ.<br />
F1. Hardware do CLP.<br />
F2. Tela de operação do trem acabador.<br />
18 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />
Sistema Supervisório<br />
Um sistema de supervisão e controle tem<br />
por função a integração dos sistemas lógicos<br />
e de automação, como os CLPs, através da<br />
troca de dados entre as estruturas físicas de<br />
comando em um ambiente de rede local,<br />
disponibilizando informações ao operador<br />
em uma estação de trabalho, chamada de<br />
interface homem-máquina (IHM), para que<br />
o mesmo possa acompanhar, gerenciar ou<br />
manipular variáveis do processo automatizado<br />
(ROSÁRIO, 2005).<br />
O sistema supervisório permite a configuração<br />
de telas que facilitam a operação,<br />
tendo geralmente as seguintes funções:<br />
a) tela de vista geral ou principal:<br />
apresenta os setpoints e os desvios,<br />
podendo ser constituída de várias<br />
páginas;<br />
b) tela de grupo: apresenta informações<br />
sobre pontos em grupos de<br />
funções com os mesmos detalhes<br />
dos visores de instrumentos analógicos;<br />
c) telas de malhas: apresentam uma<br />
representação gráfica de cada<br />
malha em detalhe. Nela pode-se<br />
visualizar e/ou alterar as principais<br />
variáveis da malha;<br />
d) telas de alarme: mostram ao operador<br />
as principais falhas ou eventos<br />
do processo e/ou do sistema;<br />
e) telas de tendências: podem ser<br />
configuradas para registrar mudança<br />
dos valores das variáveis em<br />
um intervalo de tempo reduzido<br />
(tempo real) ou num intervalo de<br />
tempo maior, como horas, dias e<br />
semanas (histórico).<br />
Implementação das<br />
Modificações<br />
A seguir, é descrito cada um dos três<br />
casos reais, nos quais as implementações<br />
foram realizadas.<br />
Caso do CLP do LTQ<br />
No LTQ, apesar de serem adotados<br />
procedimentos de manutenção preventiva e<br />
preditiva, ocorreram paradas imprevistas dos<br />
equipamentos, causando perda de produção<br />
e impacto negativo na disponibilidade da<br />
linha de laminação. Considerando-se que a<br />
capacidade atual de produção de bobinas é<br />
de 400 toneladas/hora, e um preço médio<br />
de US$ 600,00 para cada tonelada, então<br />
se obtém um valor de produção teórico de<br />
US$ 240.000,00 por hora. Assim, cada<br />
minuto adicional de parada imprevista<br />
implica em uma perda de receita na ordem<br />
de US$ 4.000,00. Para reduzir o tempo de<br />
parada e agilizar a identificação de falhas<br />
ocorridas na linha, foram implementadas<br />
lógicas de monitoramento de variáveis nos<br />
programas dos CLPs.
A laminação no trem acabador (ou FM<br />
– Finishing Mill), ilustrado na figura 2,<br />
consiste na redução da espessura do material<br />
nas cadeiras F1 a F6, sequencialmente.<br />
No caso apresentado, ocorreu uma parada<br />
indevida do processo de laminação do<br />
trem acabador e apareceu para o operador<br />
apenas o alarme “parada do FM” na tela<br />
do supervisório, sem maiores detalhes da<br />
ocorrência, conforme figura 3, retornando<br />
à condição normal 29 segundos depois, sem<br />
a intervenção do operador ou de algum<br />
técnico de manutenção.<br />
Mesmo com a existência de telas de<br />
manutenção, com indicações de sensores e<br />
instrumentos, como a mostrada na figura<br />
4 (na qual a atuação do sinal de sensor corresponde<br />
à indicação vermelha na tela), uma<br />
falha só seria identificada se permanecesse<br />
constante, o que não foi o caso.<br />
Para solucionar este tipo de ocorrência<br />
foram implementadas lógicas no CLP<br />
chamadas de lógicas de trap, que consistem<br />
em criar uma identificação numérica<br />
individual e específica para cada sensor<br />
ou instrumento e colocá-los, utilizando<br />
a programação em ladder, em um bloco<br />
somador, que só irá efetuar a soma quando<br />
ocorrer uma falha em um equipamento.<br />
Neste momento haverá o transporte deste<br />
valor para um campo definido, a fim de<br />
que não seja apagado caso haja uma falha<br />
instantânea, como um pulso de um sinal<br />
de um sensor, por exemplo.<br />
Na figura 5 tem-se a lógica de intertravamento<br />
do trem acabador, onde<br />
a saída G_FMMRHRIL (detalhe “a”) é<br />
resultado da combinação das condições<br />
de funcionamento das cadeiras F1 a F6<br />
(G_F1MRHRIL a G_F6MRHRIL) e<br />
do grupo de controle (G_FMG_AUT) e<br />
de velocidade (G_FMS_AUT) do trem<br />
acabador em automático ou o sinal de<br />
carga (material presente) no trem acabador<br />
(G_FMLRON), o que corresponde à<br />
equação booleana:<br />
G_FMMRHRIL = ((G_FMS_AUT .<br />
G_FMG_AUT) + G_FMLRON) .<br />
G_F1MRHRIL . G_F2MRHRIL .<br />
G_F3MRHRIL . G_F4MRHRIL .<br />
G_F5MRHRIL . G_F6MRHRIL<br />
A figura 6 destaca que este sinal de<br />
condição de funcionamento do trem acabador<br />
(G_FMMRHRIL) habilita o sinal<br />
F3. Registro (log) de eventos do supervisório.<br />
F4. Tela de manutenção do supervisório do trem acabador.<br />
F5. Programa do CLP com a lógica de intertravamento do trem acabador.<br />
Novembro/Dezembro 2009 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />
supervisão<br />
19
supervisão<br />
de memória para a primeira falha ocorrida<br />
(FM_FRST_FLT_MEM – detalhe “b”),<br />
que, por sua vez, efetua a transferência<br />
dos valores atuais das entradas do bloco<br />
somador do trap. A memória do dia, hora<br />
e minuto em que ocorreram as duas falhas<br />
mais recentes (MRH_TRAP, a atual, e<br />
MRH_TRAP_OLD, a anterior) também<br />
é atualizada por este sinal.<br />
Observa-se, ainda na figura 6, que a<br />
última falha ocorrida (MRH_TRAP) foi<br />
devida à condição “2”, indicando uma<br />
falha no intertravamento da cadeira F4<br />
F6. Tela do CLP com a lógica de trap do trem acabador.<br />
20 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />
(G_F4MRHRIL – detalhe “c”) como causadora<br />
da ocorrência no trem acabador.<br />
A partir destas informações, inicia-se a<br />
pesquisa nas condições de funcionamento da<br />
cadeira F4 para detalhar a causa da falha. A<br />
lógica da cadeira F4, como em qualquer outra<br />
cadeira, tem uma lógica de trap semelhante<br />
à do trem acabador, conforme descrito na<br />
figura 7. A condição de funcionamento da<br />
cadeira F4 (G_F4MRHRIL - detalhe “c”)<br />
habilita o sinal de memória para a primeira<br />
falha ocorrida (FM_FRST_FLT_MEMF4<br />
– detalhe “d”), que, por sua vez, efetua a<br />
transferência dos valores atuais das entradas<br />
do bloco somador do trap. A memória do<br />
dia, hora e minuto em que ocorreram as duas<br />
falhas mais recentes (F4_TRAP, a atual,<br />
e F4_TRAP_OLD, a anterior) também é<br />
atualizada por este sinal.<br />
Ainda analisando a tela mostrada na<br />
figura 7, encontra-se um bloco somador<br />
auxiliar, cuja saída é WORK_N04 (detalhe<br />
“f”), que também entra no bloco de trap.<br />
Isto foi necessário devido à limitação de<br />
entradas (15, no máximo) configuradas no<br />
bloco somador do CLP. No caso estudado,<br />
a última falha ocorrida (F4_TRAP– detalhe<br />
“e”) foi devido à condição “18”, indicando<br />
uma falha no intertravamento da cadeira<br />
F4 (G_F4MRHRIL) como causadora da<br />
ocorrência no trem acabador.<br />
A figura 8 mostra a continuação da<br />
lógica de trap da cadeira F4, permitindo<br />
concluir que a condição “18” refere-se a uma<br />
falha no sensor indutivo que indica que o<br />
suporte do spindle (eixo responsável pelo<br />
acoplamento do motor de acionamento com<br />
o cilindro de trabalho da cadeira) inferior<br />
de entrada está posicionado corretamente.<br />
Por questão de segurança do equipamento,<br />
a falha neste sensor (L_PB1ZSX46)<br />
intertrava o funcionamento da cadeira<br />
F4 e, consequentemente, de todo o trem<br />
acabador.<br />
Em caso de falha no sinal de um sensor,<br />
a sua indicação na tela de manutenção,<br />
exibida na figura 9, assume a cor cinza,<br />
enquanto sua indicação normal de atuado<br />
fica na cor vermelha. No momento da<br />
captura da tela de manutenção, o sensor<br />
(L_PB1ZSX46) estava com a indicação já<br />
normalizada.<br />
Para solucionar a ocorrência, foi efetuado<br />
o ajuste do posicionamento do sensor<br />
e liberado para retornar à operação normal<br />
da linha de laminação.<br />
O tempo total de parada de produção,<br />
medido entre o início da falha até o retorno<br />
da linha, foi em torno de 15 minutos.<br />
A identificação da falha, com a pesquisa<br />
dos alarmes no supervisório e da lógica de<br />
intertravamento nas tasks do CLP, gastou<br />
cerca de 10 minutos. O ajuste do sensor no<br />
campo, tarefa sem muita complexidade,<br />
foi executado em 5 minutos, aproximadamente.<br />
Quando não existia esta lógica de trap,<br />
ocorria perda de tempo considerável na<br />
investigação de cada condição de intertrava-
mento do trem acabador, sendo analisadas,<br />
ainda, todas as condições das cadeiras de<br />
laminação. Existem relatos de falhas semelhantes<br />
com paradas de mais de 60 minutos<br />
pelo mesmo problema registrados na base<br />
de dados da ArcelorMittal Tubarão, mas<br />
sem a utilização de ferramentas adequadas<br />
de investigação da ocorrência. Além disso,<br />
neste caso específico, por se tratar de uma<br />
falha intermitente, o técnico que estivesse<br />
analisando-a dificilmente encontraria a causa<br />
da ocorrência, a não ser que a freqüência<br />
de falha se tornasse muito maior.<br />
Caso das Telas de Intertravamento<br />
do Laminador de Acabamento<br />
Na área do Laminador de Acabamento,<br />
a dificuldade na identificação da origem de<br />
uma falha inicia-se no fato de, originalmente,<br />
não haver telas de manutenção apropriadas,<br />
com visualização das condições de intertravamento<br />
da linha. Por isso, o alarme que<br />
aparece para o operador é muito genérico,<br />
sendo necessário investigar dentro do programa<br />
do CLP, o que demanda tempo e,<br />
consequentemente, parada de produção.<br />
Quando não há telas auxiliares de manutenção,<br />
contendo estados dos sensores e<br />
dos equipamentos, a identificação da falha<br />
deve ser pesquisada diretamente no CLP. Ao<br />
verificar as tasks e as linhas dos programas<br />
no CLP, gasta-se um tempo variável até a<br />
localização da causa básica da ocorrência,<br />
pois depende de diversas condições:<br />
a) fatores humanos: conhecimento do<br />
técnico que efetua o atendimento;<br />
as informações prestadas pelo<br />
operador; a identificação correta<br />
do alarme no supervisório; e a<br />
condição emocional e psicológica<br />
do técnico e do operador;<br />
b) fatores inerentes ao equipamento:<br />
falha na comunicação da estação<br />
de manutenção com o CLP; e<br />
falha na abertura do programa de<br />
monitoração causado por defeitos<br />
no software ou no hardware.<br />
Com a implantação de telas de manutenção<br />
no supervisório em março de<br />
2007, passou a ficar visível ao operador e<br />
ao técnico a ocorrência de uma falha de<br />
posicionamento de um equipamento, ou<br />
uma indicação indevida causada por um<br />
sensor danificado ou desajustado.<br />
Para melhorar a identificação dos alarmes,<br />
foram criadas telas de intertravamento<br />
F7. Tela do CLP com a lógica de trap da cadeira F4.<br />
F8. Tela do CLP com a lógica de trap da cadeira F4.<br />
Novembro/Dezembro 2009 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />
supervisão<br />
21
supervisão<br />
(interlock) para monitoração das condições<br />
necessárias à lógica de funcionamento dos<br />
equipamentos. Ao selecionar o campo inferior<br />
“F10-Interlock” na tela principal de<br />
operação do Laminador de Acabamento,<br />
aparece o menu de acesso às telas de intertravamento,<br />
indicado na figura 10.<br />
F9. Tela de manutenção do supervisório do trem acabador.<br />
F10. Tela de operação do laminador de acabamento.<br />
22 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />
A sequência automática de laminação<br />
depende de sensores indutivos e fotocélulas<br />
que indicam que os equipamentos estão<br />
corretamente posicionados para dar continuidade<br />
ao processo. Caso haja uma falha<br />
em um sensor ou no próprio equipamento,<br />
o CLP para a linha de produção até que a<br />
condição que está faltando na lógica seja<br />
normalizada. Geralmente, por questões<br />
de segurança do processo ou dos próprios<br />
operadores, a lógica fica bloqueada até<br />
mesmo para operação em manual, não<br />
permitindo qualquer tipo de manobra na<br />
linha que envolva riscos.<br />
A opção “Principal I/L 1”, primeiro<br />
botão do menu em destaque na figura 10,<br />
abre a primeira sequência de intertravamento,<br />
ilustrada na figura 11, que contém<br />
as condições de funcionamento da linha<br />
subdividas em três telas, com as indicações<br />
em verde significando “pronto” e as em<br />
amarelo, “falha”.<br />
A ideia de criar novas telas de intertravamento<br />
partiu de ocorrências de paradas<br />
operacionais de 50 minutos, por exemplo,<br />
na qual se gastou em torno de 45 minutos<br />
para encontrar uma falha na sequência<br />
de funcionamento da linha de produção,<br />
causada por um fusível queimado, cuja<br />
substituição não leva 5 minutos.<br />
<strong>Atual</strong>mente, caso ocorra a mesma falha,<br />
seria identificada a condição que falta na<br />
tela de intertravamento com um tempo<br />
aproximado de 5 a 10 minutos, com a<br />
substituição do fusível no mesmo tempo<br />
de 5 minutos.<br />
Caso do CLP do Laminador de<br />
Acabamento<br />
O programa do CLP trabalha com as<br />
entradas físicas (sensores, por exemplo)<br />
como variáveis do tipo local, o que implica<br />
que, caso haja necessidade de se forçar um<br />
ponto no CLP, deve-se pesquisar em todas<br />
as tasks e forçar todas as variáveis (force),<br />
uma a uma. Isto não ocorre no LTQ, uma<br />
vez que a filosofia do projeto implantado<br />
foi transformar estas entradas físicas em<br />
uma variável do tipo global, em uma task<br />
específica para este fim (no caso do LTQ, a<br />
task MS_011), onde se força apenas a variável<br />
de entrada e, automaticamente, a variável<br />
global assume o novo valor, atualizando<br />
todos os pontos da lógica onde for utilizada<br />
nas demais tarefas do CLP. Com isto,<br />
ganha-se tempo para providenciar a solução<br />
definitiva do problema no campo.<br />
Para criar esta conversão de tipos de<br />
variáveis, foi implementada no CLP HSP_<br />
Master do Laminador de Acabamento a task<br />
MS_018, com a finalidade de converter os<br />
tipos de variável, sendo iniciado o projeto<br />
em março de 2007 e concluído em julho
de 2007. A figura 12 mostra parte da task<br />
MS_018, onde a entrada I_PP1ZSX01<br />
(detalhe “a”) é uma variável do tipo local<br />
que corresponde à indicação de posição alta<br />
do rolo polidor (polisher). Ocorre, então,<br />
a conversão para a variável do tipo global<br />
G_PP1ZSX01_CFT (detalhe “b”), que é<br />
utilizada nas lógicas das demais tasks do<br />
CLP HSP_Master.<br />
Para exemplificar o caso, a figura 13<br />
mostra todos os locais e as tasks que utilizam<br />
o sinal G_PP1ZSX01_CFT. Como cada local<br />
corresponde a um intertravamento ou a uma<br />
função no processo que está interligado a<br />
outras seqüências de funcionamento, seria<br />
necessário forçar (force), individualmente,<br />
no CLP, cada uma destas posições da variável<br />
local, identificadas no detalhe “c”.<br />
Existem variáveis que são utilizadas em<br />
mais de 30 pontos diferentes, distribuídos<br />
nas tasks existentes.<br />
Um exemplo de aplicação da saída<br />
global G_PP1ZSX01_CFT (detalhe “c”) é<br />
ilustrado na figura 14, onde a task MS_108<br />
é responsável pelo envio de informações<br />
para a tela do supervisório.<br />
O force, em algumas situações, é necessário<br />
por motivos de:<br />
a) segurança do pessoal de manutenção:<br />
dificuldade de acesso ou de<br />
trabalho no local de instalação do<br />
sensor ou do instrumento;<br />
b) segurança do equipamento: interrupção<br />
da lógica ou do intertravamento<br />
para evitar movimentação<br />
indevida por falha de algum sensor<br />
ou equipamento;<br />
c) reduzir parada imprevista: alteração<br />
do valor da variável para que permita<br />
funcionamento da lógica ou do intertravamento<br />
até que se providencie<br />
material ou peças sobressalentes para<br />
efetuar a substituição no local, ou<br />
que se possa programar o reparo<br />
em uma condição em que reduza<br />
a perda de produção.<br />
O tempo para atendimento de uma<br />
ocorrência como a relatada neste caso era<br />
variável em função da quantidade de pontos<br />
a serem forçados no CLP. Isto porque<br />
poderiam ocorrer falhas do técnico que<br />
efetuava o atendimento (esquecimento de<br />
um ponto, por exemplo) ou da estação de<br />
trabalho do CLP, como travamento do<br />
programa e lentidão de resposta no acesso<br />
às tasks. Estima-se, baseado em relatos dos<br />
F11. Tela das condições principais do Laminador de Acabamento.<br />
F12. Tela com a task MS_018 criada no CLP do Laminador de Acabamento.<br />
Novembro/Dezembro 2009 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />
supervisão<br />
F13. Localização da variável G_PP1ZSX01_CFT no CLP do Laminador de Acabamento.<br />
23
supervisão<br />
técnicos da área, que o tempo médio para<br />
este tipo de atendimento ficava em torno<br />
de 20 minutos.<br />
<strong>Atual</strong>mente, com a implantação desta<br />
conversão das variáveis para o tipo global,<br />
é necessário forçar apenas um ponto em<br />
uma task já definida (MS_018) para que<br />
F14. Tela com a task MS_108 do CLP do Laminador de Acabamento.<br />
F15. Índice de falhas da área do LTQ no período de 2003 a 2007.<br />
24 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />
todas as demais tasks do CLP assumam o<br />
novo valor desta variável e normalizem o<br />
funcionamento da lógica. Com isso, o tempo<br />
de atendimento, e, consequentemente, de<br />
perda de produção, decresce para aproximadamente<br />
5 minutos.<br />
F16. Índice de falhas da área do Laminador de Acabamento no período de set/2006 a set/2007.<br />
Resultados<br />
No primeiro caso, implementou-se em<br />
outubro de 2003 nas tasks do CLP um bloco<br />
somador atribuindo valores às condições de<br />
intertravamento de um equipamento. Os<br />
valores das condições de falhas mais recentes,<br />
com seus registros de data e de horário,<br />
também ficam armazenados no CLP.<br />
A figura 15 mostra a redução anual no<br />
índice de falha, que é, em porcentual da<br />
quantidade de tempo de parada imprevista<br />
da produção dividida pelo tempo de calendário,<br />
no LTQ a partir do ano de 2004<br />
(detalhe “a”), após a implementação do<br />
Caso 1 descrito neste trabalho. O sistema<br />
de controle da operação do LTQ, para efeito<br />
de cálculo do índice de falhas, só registra<br />
paradas acima de 7 minutos.<br />
Já no segundo caso, foram criadas telas<br />
de intertravamento no supervisório, com a<br />
identificação das condições necessárias para a<br />
seqência de funcionamento dos equipamentos.<br />
Em caso de falha de alguma destas condições,<br />
o próprio operador pode tomar alguma ação<br />
ou passar a informação detalhada para o<br />
técnico de manutenção sobre qual sensor<br />
ou instrumento está em falha.<br />
No terceiro e último caso descrito<br />
desenvolveu-se no CLP uma task para a<br />
conversão das variáveis do tipo local para<br />
variáveis do tipo global, que, por ser utilizada<br />
em mais de uma task, auxilia nos casos<br />
emergenciais em que é necessário forçar<br />
valores, a fim de evitar danos às pessoas,<br />
aos equipamentos e perdas de produção.<br />
Atuando em apenas uma variável do tipo<br />
global não se gasta tempo com a procura<br />
e com o force em diversas variáveis do tipo<br />
locais, distribuídas pelas tasks no CLP.<br />
A figura 16 apresenta a redução do índice<br />
de falha a partir de abril/2007 (detalhe<br />
“b”), depois de implementados os casos 2<br />
e iniciado o 3, descritos neste trabalho. O<br />
sistema de controle da operação do Laminado<br />
e Acabamento, para efeito de cálculo do<br />
índice de falhas, só registra paradas acima<br />
de 15 minutos.<br />
Os casos implementados tiveram baixo<br />
custo de desenvolvimento, sendo necessário<br />
apenas recurso humano, ou seja, custo da<br />
hora trabalhada (HH ou homem-hora) de<br />
um técnico experiente, que tem um valor<br />
aproximado de US$ 10,00 por hora.<br />
No primeiro caso, considerando um<br />
tempo total para inserir e configurar os<br />
blocos da lógica de trap no CLP aproximado
de 40 horas, o custo total do projeto ficou<br />
em torno de US$ 400,00. No segundo<br />
caso, foi preciso aproximadamente 80<br />
horas para configuração e testes das telas<br />
de intertravamento, gerando um custo de<br />
implantação na ordem de US$ 800,00. O<br />
terceiro caso, por se tratar de pesquisar as<br />
variáveis de entrada em todas as tasks do<br />
CLP, criar uma nova task e nela efetuar as<br />
conversões das variáveis do tipo local para<br />
do tipo global, necessitou-se de um tempo<br />
maior para implementação, em torno de<br />
160 horas, o que gerou um custo de US$<br />
1.600,00.<br />
Para comprovar a importância deste<br />
trabalho, basta efetuar o cálculo dos custos<br />
das soluções implantadas com o valor<br />
da perda de produção de bobinas em um<br />
minuto, que é US$ 4.000,00. O terceiro<br />
caso, que gerou o maior custo estimado,<br />
ficou em US$ 1.600,00, sendo pago com<br />
apenas 24 segundos de produção. Os três<br />
casos juntos custaram em torno de US$<br />
2.800,00, o que significa 42 segundos de<br />
produção. O valor de cada minuto ganho<br />
na resolução de uma ocorrência é, de fato,<br />
um ganho operacional significativo para<br />
a empresa.<br />
Considerações Finais<br />
A partir do momento em que a redução<br />
dos prazos de entrega e o aumento da capacidade<br />
de produção tornam-se imprescindíveis<br />
para a sobrevivência de um negócio, a<br />
manutenção torna-se essencial para garantir<br />
a participação de uma empresa no mercado.<br />
E, apesar de todo o esforço em planejar as<br />
paradas dos equipamentos para manutenção,<br />
a ocorrência de falhas imprevistas é um fato<br />
inegável em qualquer linha de produção,<br />
em pequenas ou grandes empresas.<br />
Este artigo mostra exemplos de aplicação<br />
de conhecimentos básicos dos sistemas<br />
utilizados em automação industrial, como<br />
lógica do CLP e monitoração de variáveis<br />
pelo supervisório, onde a criatividade foi<br />
peça-chave para a redução de tempo de<br />
perda de produção imprevista, facilitando a<br />
identificação da causa básica da ocorrência<br />
e agilizando a tomada de ação para solução<br />
da falha.<br />
Antes das soluções “mirabolantes”,<br />
existem idéias simples, eficazes e de baixo<br />
custo de implementação que apresentam<br />
ganhos consideráveis com ferramentas de<br />
uso geral na área de automação. MA<br />
Novembro/Dezembro 2009 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />
supervisão<br />
25
automação<br />
Como programar o<br />
CLP CJ1,<br />
da OMRON<br />
Acompanhe neste artigo um passo a passo de como programar<br />
um CLP, para o qual tomo como exemplo o CJ1 da Omron<br />
saiba mais<br />
Pires, J. Norberto. Automação<br />
industrial - 3ª edição - editora Lidel<br />
BaLceLLs, Josep e romeraL, José<br />
Luis. Autómatas programables<br />
- editora marcombo<br />
PiNto, João r. caldas. Técnicas de<br />
automação - edições técnicas e<br />
Profissionais<br />
oLiveira, Paulo. Curso de Automação<br />
Industrial - edições técnicas<br />
e Profissionais<br />
Pereira, eng.º Filipe alexandre<br />
de sousa. Manual de Formação<br />
OMRON<br />
Catálogos OMRON:<br />
www.omron.pt<br />
A<br />
26 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />
Filipe Pereira<br />
Prof. Eng. Eletrotécnica/Automação<br />
filipe.as.pereira@gmail.com<br />
ntes de começar a programar um CLP, é<br />
importante entender o próprio CLP CJ1,<br />
assim poderemos abordar com objetividade<br />
a programação de um CLP.<br />
O CJ1 é um pequeno controlador lógico<br />
programável que pode fornecer funções<br />
básicas para diversos tipos de máquinas,<br />
tanto de controle como de processo, além<br />
de possuir uma plataforma flexível de<br />
configuração do sistema.<br />
O CJ1 é modular e compatível com as<br />
séries CJ1G/H e CS1, com uma taxa de<br />
execução binária de 100 ns. Este CLP possui<br />
mais de 60 tipos de unidades de expansão,<br />
se comunicando com qualquer tipo de<br />
rede, facilitando o controle distribuído. No<br />
quadro “Ficha Técnica” é possível ver mais<br />
itens deste CLP. No site www.ia.omron.<br />
com/product/80.html é possível ver os<br />
diversos módulos que compõem o sistema<br />
completo do CLP, onde temos o módulo<br />
da CPU, da fonte, das entradas básicas<br />
e especiais de entrada e saída, de rede e<br />
demais módulos.<br />
Este CLP dispõe de áreas reservadas de<br />
memória para cada item, como por exemplo<br />
os temporizadores e controladores utilizam<br />
TC0000 a TC4095, na edição anterior fiz<br />
uma explicação mais abrangente sobre o<br />
funcionamento da memória. Na tabela 1<br />
temos as áreas de memória do CJ1.<br />
As áreas de memórias mais importantes<br />
de um CLP são:<br />
• Relés Internos – São usados para<br />
controlar os pontos de entradas/saídas,<br />
outros bits, temporizadores,<br />
contadores e para guardar temporariamente<br />
dados.<br />
• Relés Especiais – Disponibilizam<br />
sinais de clock, flags, bits de controle<br />
e status do sistema.<br />
• Relés Auxiliares – Contêm bits e<br />
flags para funções especiais. Retêm<br />
o seu estado durante a ausência de<br />
alimentação.<br />
• Memória de Dados – São usados<br />
para memorização e manipulação<br />
de dados. Retêm os dados durante<br />
a ausência de alimentação.<br />
• Relés com Retenção – São usados<br />
para guardar e memorizar dados<br />
quando o CLP é desligado.<br />
• Relés de Temporizadores e Contadores<br />
– São como operandos das<br />
instruções LD (NOT), AND(NOT)<br />
e OR(NOT), informam o estado dos<br />
contadores e temporizadores com o<br />
mesmo endereço.
F1. CLP CJ1, da OMRON.<br />
• Relés de Comunicação – A sua<br />
principal função está associada ao<br />
estabelecimento de comunicações<br />
para troca de dados automática<br />
com outros CLPs. Na ausência desta<br />
função, podem ser usados como relés<br />
de trabalho.<br />
• Relés Temporários – São usados<br />
para guardar de forma temporária<br />
os estados de condições de execução.<br />
Estes bits só podem ser usados nas<br />
instruções LD e OUT.<br />
• Memória de Programa – É usada<br />
para guardar o conjunto de instruções<br />
que constitui o programa do CLP. O<br />
número máximo de instruções que<br />
pode ser introduzido nesta memória,<br />
depende do tipo de instruções<br />
usadas.<br />
Relés Especiais<br />
Os CLPs têm uma área de memória<br />
dedicada somente aos relés especiais. Devido<br />
as suas funcionalidades eles são bastante<br />
utilizados na maioria dos programas, na<br />
tabela 2 temos as informações de alguns<br />
relés mais importantes.<br />
Entradas Analógicas<br />
Os módulos de entradas analógicas<br />
são utilizados nas aplicações em que os<br />
sinais provenientes do processo sejam<br />
analógicos.<br />
Ao contrário dos sinais discretos, que<br />
têm somente dois estados (On e Off), os<br />
sinais analógicos variam no tempo e na<br />
amplitude (sinal medido) e são convertidos<br />
num elevado número de estados.<br />
Assim, os módulos de entradas analógicas<br />
digitalizam os sinais analógicos para<br />
Novembro/Dezembro 2009 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />
automação<br />
Ficha Técnica<br />
Modelo: CJ1M-CPU12 CLP modular<br />
Entradas: 9 digitais (6 mA/24 VDC)<br />
Saídas: 6 por transístor (50 mA/24 Vdc)<br />
Saídas a PWM: 4 (30 mA, 4,75 a 26,4<br />
VDC) - 100 kHz<br />
Alimentação: 230 VAC<br />
Consumo: 12,35 W máx.<br />
Expansibilidade: até 320 entradas/saídas<br />
Memória de programa: 10k passos<br />
Conjunto de instruções: 400<br />
Words de dados: 32k<br />
Temporizadores e Contadores: 4096<br />
Velocidade de processamento: 100<br />
ns / instrução<br />
Interface RS-422A e RS-232C, Host Links<br />
e NT Links<br />
4 Entradas de contagem rápida (50 KHz<br />
bidireccional)<br />
4 Entradas de interrupção<br />
Dimensões: 90 x 73,9 mm<br />
Peso: 120 gramas<br />
27
automação<br />
T1. Áreas da memória.<br />
T2. Alguns dos Relés Especiais mais relevantes no CJ1M.<br />
F2. Conversão de um sinal analógico.<br />
F3. Leitura e conversão de um sinal analógico num CLP.<br />
28 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />
que o CLP possa guardar o valor do sinal,<br />
no instante de conversão, num registro de<br />
memória.<br />
Os módulos de entradas analógicos<br />
digitalizam sinais analógicos para que a<br />
CPU se possa servir dessa informação.<br />
A sequência de eventos que ocorrem<br />
quando se lê um sinal analógico é:<br />
• O sensor detecta a grandeza física<br />
do processo transformando-a, em<br />
seguida, numa grandeza elétrica.<br />
• O módulo de entradas analógicas<br />
transforma o sinal analógico, através<br />
de um conversor Analógico Digital<br />
(A/D), numa informação digital de 12<br />
bits, que será guardada num registro<br />
de memória (veja figura 3).<br />
Depois da leitura da informação, a CPU<br />
referencia o endereço do registro onde a<br />
informação foi armazenada, para com ele<br />
realizar comparações e cálculos aritméticos.<br />
Devido à existência de uma grande variedade<br />
de sensores analógicos, os módulos de entradas<br />
analógicas dos CLPs estão preparados para<br />
aceitar uma série de sinais eléctricos standard<br />
(veja figura 4).<br />
É importante notar que a interface<br />
analógica tanto pode ser unipolar (somente<br />
tensão positiva, isto é, 0 até +5 VDC) como<br />
bipolar (tanto tensão negativa como positiva,<br />
isto é, – 5 até +5 VDC).<br />
Este sinal convertido é o equivalente<br />
discreto do sinal analógico, no instante da<br />
conversão, medido pelo dispositivo de campo,<br />
ou seja, o sensor ou o transdutor envia um<br />
sinal em corrente, ou em tensão.<br />
A operação de divisão do sinal de entrada<br />
denomina-se resolução.<br />
A resolução do módulo indica em quantas<br />
partes o módulo de entradas analógico<br />
divide o sinal analógico.<br />
Por exemplo, se o conversor A/D divide<br />
o sinal de entrada em 4095 partes (212 – 1 =<br />
4095) ele tem uma resolução de 12 bits.<br />
Alguns CLPs também permitem uma<br />
conversão de escala direta do sinal de entrada<br />
(0 a 9999).<br />
Na tabela 3 temos a conversão de valores<br />
analógicos para bits.<br />
Esta proporção permite obter novamente<br />
o valor da grandeza física lida pelo sensor,<br />
através da fórmula abaixo:
Os módulos de entradas analógicas<br />
podem receber entradas em modo comum<br />
ou em modo diferencial, como é mostrado<br />
na figura 5.<br />
As entradas em modo comum têm o<br />
comum, das suas entradas, referenciado<br />
no mesmo ponto. As entradas diferenciais<br />
têm, entre elas, dois terminais distintos<br />
onde deverão ser ligados os sensores ou<br />
transdutores.<br />
Saídas analógicas<br />
As saídas analógicas são utilizadas para<br />
controlar dispositivos que respondam a uma<br />
variação analógica de tensão ou corrente.<br />
As instruções usadas nas saídas analógicas<br />
são semelhantes às utilizadas nas entradas<br />
analógicas, e são empregadas quando se<br />
pretende enviar uma informação analógica<br />
a um dispositivo de campo.<br />
Um exemplo deste tipo de dispositivo,<br />
apresentado na figura 6, é uma válvula<br />
proporcional que permite controlar o volume<br />
de óleo através da sua abertura proporcional<br />
a uma tensão 0-10V.<br />
O conteúdo de um registro de memória,<br />
geralmente especificado por 16 bits, é enviado<br />
à carta de saída analógica, que converte a<br />
quantidade digital numa quantidade analógica<br />
proporcional à primeira.<br />
As saídas analógicas estão ligadas a<br />
dispositivos através de condicionadores de<br />
sinal que amplificam, reduzem ou alteram<br />
o sinal, para controlar o dispositivo de<br />
campo (figura 7).<br />
A resolução do conversor D/A é definida<br />
pelo número de bits usados para a conversão<br />
analógica.<br />
Por exemplo: Um conversor D/A com uma<br />
resolução de 12 bits, cria um sinal analógico<br />
que pode variar em 4095 intervalos.<br />
Para um dispositivo analógico com uma<br />
variação de 0 V (fechado) até 10 V (totalmente<br />
aberto) o valor 2047 é igual a um<br />
sinal de 5 V, na tabela 4 temos a conversão<br />
de bits/decimal e a sua saída .<br />
Cada um dos módulos de saídas analógicas<br />
está isolado, quer dos outros módulos<br />
quer do CLP. Este isolamento protege o<br />
sistema de sobretensões ou sobrecorrentes<br />
que possam ocorrer nos módulos de saídas<br />
analógicas.<br />
T3. Tabela de conversão direta de valores analógicos para valores em<br />
F4. Condicionamento de sinal num CLP e respectiva conversão para bits.<br />
F5. Módulos de entradas em modo comum e diferencial.<br />
Novembro/Dezembro 2009 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />
automação<br />
29
automação<br />
F6. Válvula proporcional que permite controlar o volume de óleo<br />
através da sua abertura proporcional a uma tensão.<br />
F7. Condicionamento de um sinal analógico até ao seu registo na memória de um PLC.<br />
T4. Resolução do conversor D/A definida pelo número de Bits usados<br />
para a conversão analógica.<br />
F8. Saídas de um CLP em modo comum e diferencial.<br />
30 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />
As saídas analógicas também podem ser<br />
em modo comum ou em modo diferencial,<br />
como mostra a figura 8.<br />
Em modo comum, o comum de todas as<br />
saídas encontra-se referenciado ao comum<br />
da carta de saídas analógica, enquanto, em<br />
modo diferencial cada saída tem associado<br />
um comum independente.<br />
A corrente máxima necessária nos módulos<br />
de saídas analógicos é superior à dos módulos<br />
de saídas digitais e deverá ser considerada na<br />
computação das correntes de carga.<br />
Encontra-se com frequência nas cartas de<br />
saídas analógicas um By-Pass para controlar<br />
manualmente a posição de válvulas, controladores<br />
de velocidades, servos hidráulicos,<br />
conversores pneumáticos, entre outros.<br />
Este sistema é bastante útil para diagnosticar<br />
uma avaria relacionada com uma<br />
saída analógica (Figura 9).<br />
Módulos de I/O especiais<br />
Os módulos de I/O especiais estabelecem<br />
a ligação entre o CLP e os dispositivos<br />
de campo que têm sinais que, de alguma<br />
forma, são especiais.<br />
Esses sinais, que diferem dos típicos<br />
sinais digitais ou analógicos, não são muito<br />
comuns, encontrando-se apenas em 5 a 10%<br />
dos casos de aplicações com CLPs.<br />
Os módulos de I/O especiais podem<br />
dividir-se em duas categorias: os que têm<br />
uma interface direta com o CLP e os de<br />
interface inteligente.<br />
Os módulos de interface direta, como<br />
o próprio nome indica, têm uma interface<br />
direta com os dispositivos de campo, sejam<br />
eles de entrada ou saída.<br />
Estes módulos apresentam como principal<br />
característica o fato de pré-processarem a<br />
informação de sensores ou atuadores, que<br />
as cartas de I/O standard não conseguem<br />
processar (figura 10).<br />
Os módulos de I/O inteligentes têm<br />
como principal característica, a existência<br />
de um processador capaz de executar tarefas<br />
e/ou informação, independentemente do<br />
processador do CLP.<br />
Apesar de existir uma infinidade de módulos<br />
de entradas e saídas especiais, os mais frequentemente<br />
encontrados nas aplicações são:<br />
• Módulos de contagem rápida;<br />
• Módulos analógicos especiais;<br />
• Módulos de eixos ou de posicionamento;<br />
• Módulos de comunicação.
Módulos de contagem rápida<br />
Os módulos de contagem rápida, como o<br />
próprio nome indica, são módulos especiais<br />
que detectam impulsos de curta duração.<br />
Existem dispositivos que são muito mais<br />
rápidos que o tempo de SCAN da CPU,<br />
logo, estes dispositivos não poderiam ser<br />
detectados por cartas de I/O normais.<br />
As cartas de entradas rápidas procedem<br />
ao aumento do tempo de duração do impulso<br />
(figura 11) fazendo com que este<br />
esteja disponível e válido durante um ciclo<br />
de SCAN do PLC.<br />
Módulos analógicos especiais<br />
- Termopar<br />
Os módulos analógicos especiais para<br />
termopares, servem de interface direta entre<br />
o processador e o termopar.<br />
Como existe uma infinidade de termopares,<br />
as cartas especiais analógicas aceitam<br />
todos configurando-se unicamente uma<br />
série de conectores.<br />
Os módulos especiais dos termopares<br />
transformam o sinal analógico num sinal<br />
digital e fornecem a temperatura de referência<br />
ao termopar (figura 12).<br />
Módulos analógicos especiais - PID<br />
Outro exemplo de módulos analógicos<br />
especiais, é o caso dos módulos PID usados<br />
em processos onde o controle em malha<br />
fechada é necessário.<br />
Estes módulos fornecem uma saída de<br />
controle proporcional, integral e derivativo<br />
em função de uma entrada de referência<br />
(SET - POINT) e da saída do processo<br />
(figura 13).<br />
A equação no box abaixo define o<br />
algoritmo de controlo PID:<br />
Módulos de eixos ou<br />
posicionamento<br />
Os módulos de eixos e posicionamento<br />
pertencem ao grupo das cartas especiais<br />
inteligentes. Estes módulos utilizam blocos<br />
de função específicos do CLP (MOVE,<br />
TRANSFER) para transferir dados referentes<br />
ao início de parâmetros, distâncias<br />
e velocidade, do módulo (figura 14).<br />
Novembro/Dezembro 2009 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />
automação<br />
F9. By-Pass para controlar manualmente a posição de válvulas, controladores de velocidades,<br />
servos hidráulicos, conversores pneumáticos, etc.<br />
F10. Módulos de entradas e saídas especiais.<br />
F11. Tempo de um clico de Scan num módulo de contagem rápida.<br />
F12. Ligação eléctrica de um termopar a um CLP.<br />
31
automação<br />
Módulos de contagem rápida<br />
Outro tipo de módulos inteligentes é o<br />
módulo com contador de alta velocidade<br />
que conta os sinais procedentes de encoders,<br />
com velocidades até 50 kHz.<br />
A comunicação entre os módulos com<br />
contadores de alta velocidade e a CPU é<br />
bidireccional, ou seja, o módulo aceita<br />
ordens de controle do CLP e transmite<br />
F13. Módulo PID num PLC.<br />
F14. Módulo de eixo ou posicionamento.<br />
F15. Módulo de contagem rápida.<br />
32 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />
valores de estado para o CLP (figura<br />
15). A ligação deverá ser feita sempre<br />
com cabo blindado e não deverá exceder<br />
os 15 metros.<br />
Módulos de rede<br />
Os módulos de rede permitem a comunicação<br />
entre CLPs e dispositivos inteligentes,<br />
através de uma rede de comunicação.<br />
Os módulos de rede têm internamente<br />
todas as ligações e protocolos necessários<br />
para assegurar que as mensagens enviadas<br />
para a rede possam ser interpretadas por<br />
todos os dispositivos que a compõem.<br />
Em geral, quando a CPU, ou outro<br />
dispositivo da rede, envia uma mensagem, o<br />
módulo de rede encarrega-se de enviar os dados<br />
de acordo com o protocolo estabelecido.<br />
Do outro lado, o módulo de rede do<br />
receptor interpreta a mensagem e encarregase<br />
de a enviar à CPU e, se necessário, envia<br />
diretamente um comando ao dispositivo de<br />
campo (figura 16).<br />
Dependendo do tipo de rede e da sua<br />
configuração, as cartas especiais de rede<br />
podem ser ligadas a distâncias superiores<br />
a 3km e desde 100 até 1000 nós.<br />
Conclusão<br />
Encerro aqui a parte introdutória do<br />
CLP, e mostrando como é o software de<br />
programação do CJ1, onde é possível começar<br />
um novo projeto, programar utilizando<br />
Diagramas de Ladder é bem intuitivo porém<br />
requer um certo treino, por isso recomendo<br />
aos leitores que procurem se familiarizar<br />
com esta forma de programação, pois é de<br />
grande utilidade nesta área de automação.<br />
Até a próxima!<br />
MA<br />
F16. Módulo de rede.
O protocolo<br />
digital HART<br />
saiba mais<br />
Cassiolato, Cesar - Material de<br />
treinamento LD 301 Smar, 2003.<br />
Manuais de equipamentos<br />
Hart Smar<br />
A tecnologia Hart na Indústria<br />
– Parte 1. Estrutura do Protocolo<br />
<strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> 19<br />
Introduzido em 1989, tinha a intenção<br />
inicial de permitir fácil calibração, ajustes<br />
de range e damping de equipamentos analógicos.<br />
Foi o primeiro protocolo digital de<br />
comunicação bidirecional que não afetava<br />
o sinal analógico de controle.<br />
Este protocolo tem sido testado com<br />
sucesso em milhares de aplicações, em vários<br />
segmentos, mesmo em ambientes perigosos.<br />
O HART permite o uso de mestres: um<br />
console de engenharia na sala de controle e<br />
um segundo mestre no campo, por exemplo<br />
um laptop ou um programador de mão.<br />
Em termos de performance, podemos<br />
citar como características do HART as<br />
seguintes:<br />
• Comprovado na prática, projeto simples,<br />
fácil operação e manutenção;<br />
• Compatível com a instrumentação<br />
analógica;<br />
• Sinal analógico e comunicação digital;<br />
• Opção de comunicação ponto-aponto<br />
ou multidrop;<br />
• Flexível acesso de dados usando-se<br />
até dois mestres;<br />
• Suporta equipamentos multivariáveis;<br />
• 500 ms de tempo de resposta(com<br />
até duas transações);<br />
• Totalmente aberto com vários fornecedores;<br />
conectividade<br />
César Cassiolato<br />
Diretor de Marketing<br />
SMAR Equipamentos<br />
Industriais Ltda<br />
<strong>Atual</strong>mente muito se fala em termos de redes Fieldbus, mas tem-<br />
se muitas aplicações rodando em HART (Highway Addressable<br />
Remote Transducer), tendo vantagens com os equipamentos<br />
inteligentes e utilizando-se da comunicação digital de forma<br />
flexível sob o sinal 4-20 mA para a parametrização e monitoração<br />
das informações<br />
As especificações são atualizadas continuamente<br />
de tal forma a atender todas<br />
as aplicações.<br />
Veremos a seguir alguns detalhes do<br />
protocolo HART.<br />
A simplicidade: o HART e o loop de<br />
corrente convencional<br />
As figuras 1 e 2 nos mostram como<br />
entender o HART facilmente.<br />
Na figura 1, temos um loop de corrente<br />
analógica, onde os sinais de um transmissor<br />
variam a corrente que passa por ele<br />
de acordo com o processo de medição. O<br />
controlador detecta a variação de corrente<br />
através da tensão sobre um resistor sensor<br />
de corrente. A corrente de loop varia de<br />
4 a 20 mA para frequências usualmente<br />
menores que 10 Hz.<br />
A figura 2 é baseada na figura 1, onde<br />
o HART foi acrescido.Agora ambas terminações<br />
do loop possuem um modem e um<br />
amplificador de recepção, sendo que este<br />
tem alta impedância de tal forma a não<br />
carregar o loop de corrente. Note ainda que<br />
o transmissor possui uma fonte de corrente<br />
com acoplamento AC e o controlador uma<br />
fonte de tensão com acoplamento AC. A<br />
chave em série com a fonte de tensão no<br />
controlador HART em operação normal fica<br />
aberta. No controlador HART os componentes<br />
adicionais podem ser conectados no<br />
loop de corrente, como ilustrado ou através<br />
Novembro/Dezembro 2009 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />
33
conectividade<br />
do resistor sensor de corrente. Do ponto de<br />
vista AC o resultado é o mesmo, uma vez<br />
que a fonte de alimentação é um curtocircuito.<br />
Note que o sinal analógico não é<br />
afetado, pois os componentes adicionados<br />
são acoplados em AC.<br />
O amplificador de recepção é considerado<br />
frequentemente como parte do modem e<br />
usualmente não é mostrado em separado.<br />
Na figura 2 foi desenhado separadamente<br />
para mostrar como se deriva o sinal de<br />
tensão de recepção. O sinal de recepção<br />
não é somente AC, nem no controlador<br />
ou mesmo no transmissor.<br />
Para enviar uma mensagem, o transmissor,<br />
ao ligar sua fonte de corrente, fará com que<br />
se sobreponha um sinal de corrente de 1mA<br />
pico-a-pico de alta frequência sobre o sinal<br />
analógico da corrente de saída. O resistor<br />
R no controlador converterá este sinal em<br />
tensão no loop e esta será amplificada no<br />
receptor chegando até ao demodulador do<br />
controlador (modem). Do mesmo modo,<br />
para enviar uma mensagem ao transmissor,<br />
o controlador fecha sua chave, conectando<br />
sua fonte de tensão que sobrepõe uma tensão<br />
de aproximadamente 500 mV pico-a-pico<br />
através do loop. Esta é vista nos terminais<br />
do transmissor e encaminhada ao amplificador<br />
e demodulador. Note que existe uma<br />
implicação na figura 2 dispondo que o mestre<br />
transmita como fonte de tensão enquanto o<br />
escravo, como fonte de corrente.<br />
A figura 3 exibe detalhes do sinal HART,<br />
sendo que as amplitudes podem variar de<br />
acordo com as impedâncias e capacitâncias<br />
de cada equipamento e perdas causadas<br />
por outros elementos no loop. O HART se<br />
utiliza do FSK, chaveamento por mudança<br />
de frequência (Frequency Shift Keying),<br />
onde a frequência de 1200 Hz representa<br />
o 1 binário e a de 2200 Hz, representa o 0<br />
binário. Note que estas frequências estão<br />
bem acima da faixa de frequências do sinal<br />
analógico (0 a 10 Hz) de tal forma que não<br />
há interferências entre elas. Para assegurar<br />
uma comunicação confiável, o protocolo<br />
HART especifica uma carga total do loop<br />
de corrente, incluindo as resistências dos<br />
cabos de, no mínimo, 230 ohms, e no<br />
máximo 1100 ohms.<br />
Equipamentos de campo e handhelds<br />
(programadores de mão) possuem um modem<br />
FSK integrado, onde via port serial ou<br />
USB de um PC ou laptop pode-se conectar<br />
uma estação externamente.<br />
34 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />
A figura 4 ilustra uma conexão típica<br />
entre um device Host e um equipamento de<br />
campo, onde usualmente se tem comunicação<br />
ponto-a-ponto. Veremos, posterior-<br />
F1. Loop de corrente convencional.<br />
F2. Loop de corrente acrescido o HART.<br />
mente, outros tipos de conexões. Em uma<br />
conexão do tipo ponto-a-ponto, como a<br />
desta figura, é necessário que o endereço<br />
do equipamento seja configurado para<br />
F3. Sinal HART. F4. Conexão de equipamentos mestres HART.
F5. Conexão HART via multiplexador. F5a. Conexão HART em Multidrop.<br />
zero, desde que se use o modo de endereço<br />
na comunicação para acessá-lo.<br />
Em sistemas considerado grandes, podese<br />
usar de multiplexadores para acessar<br />
grandes quantidades de equipamentos<br />
HART, como por exemplo na figura 5,<br />
onde o usuário deverá selecionar o loop de<br />
corrente para comunicar via Host.<br />
Nesta situação em cascata, o host<br />
pode comunicar-se com vários equipamentos<br />
(mais do que 1000), todos com<br />
endereços zero.<br />
Ainda podemos ter rede em multidrop e<br />
condições de split-range. Na figura 5a, na<br />
conexão em multidrop, observe que podem<br />
ser ligados no máximo até 15 transmissores<br />
em paralelo na mesma linha. A corrente<br />
que passa pelo resistor de 250 ohms (foi<br />
ocultado na figura) será alta, causando<br />
uma alta queda de tensão.<br />
Portanto, deve-se assegurar que a tensão<br />
da fonte de alimentação seja adequada para<br />
suprir a tensão mínima de operação.<br />
No modo multidrop a corrente fica fixa<br />
em 4 mA, servindo apenas para energizar<br />
os equipamentos no loop.<br />
A condição de split-range é usada em<br />
uma situação especial onde normalmente<br />
dois posicionadores de válvulas recebem<br />
o mesmo sinal de controle, por exemplo,<br />
um operando com corrente nominal de<br />
4 a 12 mA e o outro de 12 a 20 mA.<br />
Nesta condição, os posicionadores são<br />
conectados em série no loop de corrente<br />
com endereços diferentes e o host será<br />
capaz de distingui-los via comunicação.<br />
Veja figura 6.<br />
Endereçamento em<br />
redes densas<br />
Para endereçar os equipamentos em<br />
redes densas, um formato especial chamado<br />
de “long form adressing” é usado.<br />
Durante a configuração,o endereço e o tag<br />
de cada equipamento, via ponto-a-ponto são<br />
enviados aos equipamentos. Na operação,<br />
os equipamentos operam com o endereço<br />
no formato long. Usando o comando 11,<br />
o host pode acessar os equipamentos via<br />
tags. (Figura 7)<br />
As camadas (layers) do HART<br />
O HART foi desenvolvido segundo o<br />
modelo OSI, de acordo com a figura 8.<br />
O meio físico.<br />
Como visto anteriormente, o HART se<br />
utiliza do sinal de 4-20 mA, sobrepondo<br />
um sinal em técnica FSK, chaveamento<br />
por mudança de frequência (Frequency<br />
Shift Keying), onde a frequência de 1200<br />
conectividade<br />
F6. Conexão HART com técnica split-range.<br />
F7. Formatos short e long de endereços.<br />
Novembro/Dezembro 2009 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />
35
conectividade<br />
F8. Modelo do protocolo HART segundo o<br />
modelo OSI.<br />
Hz representa o 1 binário e a de 2200 Hz<br />
representa o 0 binário. Cada byte individual<br />
do telegrama do layer 2 é transmitido em<br />
11 bits, usando-se 1200 kHz.<br />
Cabeamento<br />
Utiliza-se um par de cabos trançados<br />
onde deve-se estar atento à resistência total,<br />
uma vez que esta colabora diretamente com<br />
a carga total, e agindo na atenuação e distorção<br />
do sinal.Em longas linhas e sujeitas<br />
a interferências, recomenda-se o cabo com<br />
shield, sendo este aterrado em um único<br />
ponto, preferencialmente no negativo da<br />
fonte de alimentação. Seguem algumas dicas<br />
de distribuição do cabeamento, aterramento<br />
e shield (blindagem):<br />
• Para curtas distâncias, pode-se usar<br />
cabos com 0,2 mm2 e sem shield;<br />
• Para distâncias até 1500 m, recomenda-se<br />
usar cabos de par trançados<br />
com 0,2 mm2 e com shield;<br />
• Para distâncias até 3000 m, recomenda-se<br />
usar cabos de par trançados<br />
com 0,5 mm2 e com shield;<br />
• Deve-se assegurar a continuidade<br />
da blindagem (shield) do cabo em<br />
mais do que 90% do comprimento<br />
total do cabo. E, ainda, esta deve ser<br />
aterrada somente em um ponto, preferivelmente<br />
na fonte de alimentação.<br />
O shield deve cobrir completamente<br />
os circuitos elétricos através dos conectores,<br />
acopladores, splices e caixas<br />
de distribuição e junção;<br />
• Isolar sinal HART de fontes de ruídos,<br />
como cabos de força, motores,<br />
inversores de frequência. Colocá-los<br />
em guias e calhas separadas;<br />
• Quando utilizar cabos multivias,<br />
não misturar sinais de vários protocolos;<br />
36 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />
F9. Modelo de comunicação Mestre-<br />
Escravo de troca de dados no HART. F10. Frame padrão de um comando HART.<br />
• Em relação ao aterramento, deve-se<br />
ter uma impedância de terra suficientemente<br />
baixa com capacidade<br />
de dreno suficiente para conduzir e<br />
prevenir picos de tensão. Recomendase<br />
evitar múltiplos terras;<br />
• Evitar loops de terra: quando se tem<br />
vários equipamentos aterrados a um<br />
terra comum por caminhos diferentes,<br />
cria-se diferenças de potenciais que<br />
podem danificar os equipamentos;<br />
• Possíveis fontes de captação de ruído<br />
ou de distorções do sinal de comunicação<br />
podem ser citadas:<br />
• Sistema de aterramento totalmente<br />
desbalanceado;<br />
• Estruturas metálicas mal aterradas<br />
ou isentas de aterramento;<br />
• Presença de laços com grande área<br />
de acoplamento magnético;<br />
• O loop de terra do sinal AC determina<br />
um circuito elétrico AC, alimentado<br />
pela tensão de desbalanceamento<br />
do terra e a interferência será tão<br />
maior quanto maior for o nível de<br />
tensão do ruído e quão próxima for<br />
a frequência do ruído da frequência<br />
do sinal de comunicação;<br />
• Estruturas metálicas mal aterradas<br />
ou isentas de aterramento podem<br />
servir de antena, captando ruídos<br />
de tal energia que poderia fazer com<br />
que o circuito AC passe a conduzir<br />
correntes que possam interferir na<br />
qualidade do sinal de comunicação.<br />
Este fenômeno, denominado indução<br />
magnética, pode ser minimizado com<br />
a implementação de um circuito de<br />
retorno próximo ao cabeamento do<br />
barramento;<br />
• Se o sistema de bandejamento e de<br />
dutos criar um circuito ininterrupto de<br />
retorno junto ao cabeamento, o laço<br />
pode ser minimizado, diminuindo a<br />
área de acoplamento. Geralmente, o<br />
problema resultante deste tipo de falha<br />
de instalação, em plantas operando<br />
normalmente, não será aparente, e<br />
caso ocorra um desbalanceamento de<br />
terra, o defeito trará consequências<br />
desastrosas ao sistema, com danos<br />
permanentes nos equipamentos;<br />
• Para detectar a presença de aterramento<br />
em múltiplos pontos, recomenda-se,<br />
uma vez terminada a instalação, abrir<br />
cada ponto de aterramento e realizar<br />
a medição da impedância deste ponto<br />
para o terra (megagem – a impedância<br />
lida deve ser bastante alta, da ordem<br />
de alguns Mega Ohms);<br />
• Se a impedância lida for baixa, isto<br />
indica que algum ponto da linha<br />
deve estar em contato com o terra<br />
(curto com a carcaça, conexão de<br />
equipamentos não isolados com<br />
os sensores aterrados, etc.) e o curto<br />
deve ser desfeito. Lembrar que<br />
as recomendações são válidas não<br />
apenas para o sinal, mas também<br />
para a própria blindagem dos cabos.<br />
Uma das ocorrências mais comuns<br />
é abandonar o shield dos cabos mal<br />
acabado no bandejamento ou no<br />
próprio invólucro dos equipamentos<br />
e isto pode levar a curtos indesejáveis<br />
com a carcaça.A prática recomenda<br />
que se faça também a megagem da<br />
blindagem. As megagens do sinal e<br />
da blindagem devem ser sistemáticas,<br />
repetindo sempre que se faça algum<br />
tipo de manutenção nos dispositivos<br />
ou na cablagem. Qualquer manuseio<br />
em qualquer uma destas partes pode<br />
ocasionar um curto para a carcaça,
principalmente se o acabamento dos do layer 7, isto é, da aplicação. Os<br />
cabos for mal executado (curto ao comandos são divididos em classes:<br />
fechar a tampa, curto ao manipular universais, comuns e de acordo com<br />
os cabos nas bandejas, etc);<br />
o fabricante;<br />
• Deve-se sempre estar atento as normas • BC: indica o comprimento da men-<br />
de segurança segundo as exigências sagem.No HART o comprimento<br />
dos órgãos certificadores e conforme máximo é 25 bytes;<br />
a aplicação.<br />
• Status: são dois bytes que indicam a<br />
condição do equipamento. Quando<br />
Layer 2<br />
iguais a zero, o equipamento está<br />
O protocolo HART opera segundo o OK;<br />
padrão Mestre-Escravo, onde o escravo • Data: são os dados transmitidos e<br />
somente transmitirá uma mensagem se que podem ser em vários formatos<br />
houver uma requisição do mestre. A figura onde os equipamentos converterão<br />
9 mostra de maneira simples o modelo convenientemente;<br />
de troca de dados entre mestre e escravo. • Parity: contém o checksum, atendo<br />
Toda comunicação é iniciada pelo mestre HD = 4 (Hamming distance).<br />
e o escravo só responde algo na linha se Em um frame usando formato short,<br />
houve um pedido para ele. Existe todo um teremos 25 bytes mais 10 bytes de controle.<br />
controle de tempo entre envios de comandos Como usa 11 bits, teríamos:<br />
pelo mestre. Há inclusive, um controle de • 11*35 = 385 bits transmitidos;<br />
tempo entre mestres quando se tem dois • O tempo por bit é de : 1/1200 bit/s<br />
mestres no barramento.<br />
= 0,83 ms;<br />
Em termos de serviços de comunicação, • O tempo total de transação é de =<br />
o HART provê 3 tipos:<br />
385*0,83 ms = 0,319 s;<br />
• Comandos padrões: onde se tem • O tempo de transação do 25<br />
a troca de dados entre mestres/es- bytes(dados de usuário) é = 0,319<br />
cravos;<br />
s/25 = 12,8 ms.<br />
• Comandos em broadcast: que são A relação entre o tempo de dados de<br />
comandos que todos os equipamentos usuário e o tempo total de transação é: 25<br />
recebem;<br />
* 8 bits / 385 bits = 52 %.<br />
• Modo burst: onde alguns equipa- Observe que em mensagens mais curtas,<br />
mentos ciclicamente a cada 75 ms a proporção entre o dado de usuário e o dado<br />
enviam na linha o valor de processo de controle pode chegar a 128 ms para um<br />
medido. Normalmente, tem-se duas byte de dado de usuário. Em geral,tem-se<br />
transações por segundo. Neste modo, um tempo de 500 ms para garantir duas<br />
pode-se ter quatro por segundo. transações mais alguma informação adicional<br />
• Na figura 10 podemos ver um frame<br />
padrão do HART, onde:<br />
de manutenção e sincronização.<br />
• Preâmbulo: pode ser 3 ou mais Application Layer<br />
bytes FF de sincronismo dos sinais (Camada de Aplicação)<br />
da mensagem;<br />
Como explicado anteriormente, o HART é<br />
• SD: é o byte que indica quem está baseado em comandos que uma vez recebidos<br />
enviando o frame: mestre, escravo pelos escravos, permitem certas ações.Estes<br />
ou o escravo em burst mode e ainda, comandos estão divididos em classes:<br />
qual o formato, long or short; • Universais: comandos usados e com-<br />
• AD: é o campo de endereço onde no preendidos por todos equipamentos<br />
formato short com um byte, possui um HART;<br />
bit de distinção entre os dois mestres • Práticos e Comuns: suportados pela<br />
possíveis e um para indicar burst maioria dos equipamentos HART<br />
mode.Em equipamentos de campo, e de acordo com a função do equi-<br />
4 bits são usados para o endereço, de pamento;<br />
0 a 15.No caso do formato long, o • Específicos de cada equipamento<br />
endereço tem 38 bits;<br />
conforme o fabricante: são dependen-<br />
• CD: este é o byte que identifica o tes das características particulares de<br />
comando HART que vai depender cada equipamento/fabricante.<br />
Comandos Universais<br />
conectividade<br />
0 Read Unique Identifier<br />
Manufacturer<br />
Device Type<br />
Number of Preambles<br />
Command Revision<br />
Software and Hardware<br />
Revison<br />
Circuit Board Serial Number<br />
1 Read Primary Variable<br />
2 Read Primary Variable Current and<br />
Percentage of Range<br />
3 Read Dynamic Variables and PV<br />
Current<br />
6 Write Pooling Address<br />
11 Read Unique Identifier Associated<br />
Tag<br />
12 Read Message<br />
13 Read Tag, Descriptor e Date<br />
14 Read Primary Variable Sensor<br />
Information<br />
Sensor Serial Number<br />
Unit<br />
URL<br />
LRL<br />
Minimum Span<br />
15 Read Primary Variable Output<br />
Information<br />
Fail Safe Mode<br />
Transfer Function<br />
Unit<br />
URV<br />
LRV<br />
Damping<br />
Write Protection<br />
16 Read Final Assembly Number<br />
17 Write Message<br />
18 Write Read Tag, Descriptor, Date<br />
19 Write Final Assembly Number<br />
Um exemplo de equipamento HART. A<br />
figura 13 mostra o diagrama funcional do<br />
LD301, segundo os padrões HART:<br />
Vejamos a figura 11, onde temos o<br />
diagrama de blocos do transmissor de<br />
pressão LD301 da Smar.<br />
Este transmissor possui a tecnologia do<br />
sensor capacitivo, que é a tecnologia mais<br />
difundida e testada em nível de sensores<br />
de pressão, em milhares de aplicações e<br />
segmentos, desde as mais simples até as<br />
mais complexas e principalmente onde<br />
exige-se exatidão e confiabilidade. Não<br />
possui conversor A/D e a leitura dos sinais<br />
Novembro/Dezembro 2009 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />
37
conectividade<br />
F11. Transmissor de Pressão HART/4-20 mA. F12. Super Chip HART – HT3012 – Smar.<br />
F13. Diagrama funcional do LD301.<br />
F14. Uso do LD301 como controlador, dispensando o uso do controlador.<br />
38 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />
de capacitâncias é totalmente digital (a<br />
Smar usa desta metodologia digital desde a<br />
década de 80), eliminando drifts comumente<br />
encontrados neste componente.<br />
Graças a um chip desenvolvido e comercializado<br />
pela Smar, o HT3012, este<br />
transmissor possui um dos maiores MTBFs<br />
do mercado, onde este chip, além de um<br />
modem HART, um conversor D/A de 15<br />
bits e um controlador de LCD, tem um<br />
coprocessador matemático que garante<br />
alta performance a todos os equipamentos<br />
HART desenvolvido com o mesmo. Com<br />
todas estas funcionalidades e alto nível de<br />
integração, este chip possibilita que este<br />
transmissor de pressão possua somente uma<br />
placa eletrônica, facilitando manutenção e<br />
controle de estoque, uma vez que uma única<br />
placa atende todos os modelos.<br />
Tudo isto colabora no aumento de confiabilidade<br />
e diminui as probabilidades de<br />
falhas, garantindo seu uso em áreas críticas.<br />
Além disso, o LD301 possui rápido tempo de<br />
resposta, funções avançadas de diagnóstico,<br />
totalização com persistência e um bloco PID,<br />
onde em muitas aplicações dispensa o uso de<br />
um controlador. Veja figura 12 a 15.<br />
Para conhecer a linha completa de<br />
equipamentos de campo Smar acesse: www.<br />
smar.com.br<br />
A convivência de vários<br />
protocolos em uma<br />
mesma planta<br />
Daqui para frente é esperado que a<br />
convivência entre vários protocolos tornese<br />
uma constante, principalmente onde<br />
o parque instalado for grande e deseja-se
F15. Recursos de diagnose facilitando a manutenção.<br />
F16. Integração Foundation Fieldbus e HART usando o HI302.<br />
preservar os investimentos feitos. A figura<br />
16 é um exemplo típico de sistema onde<br />
se tem em uma mesma planta os protocolos<br />
Foundation Fieldbus e HART.<br />
Neste caso, uma interface HART-FF, o<br />
HI302, é utilizado, permitindo conexões<br />
ponto-a-ponto e multidrop. O HI302 é<br />
uma ponte entre equipamentos HART e<br />
sistemas Foundation Fieldbus, possui 8<br />
canais HART master e faculta ao usuário<br />
executar manutenção, calibração, monitoramento<br />
de status do sensor, status<br />
geral do equipamento, dentre outras<br />
informações.<br />
conectividade<br />
F17. Utilização de FDT e DTM com o HART.<br />
O uso de FDT e DTMs na configuração<br />
de equipamentos HART.<br />
A tecnologia baseada em FDT(Field<br />
Device Tool) e DTM (Device Type Manager)<br />
permite ao usuário ganhar versatilidade<br />
e flexibilidade de configuração,<br />
parametrização,calibração e principalmente<br />
mecanismos de download e upload durante<br />
a fase de planejamento/ comissionamento<br />
dos projetos. É uma tecnologia aberta, e<br />
que permite que um DTM de um equipamento<br />
de campo rode em qualquer<br />
frame application suportando FDT e ainda<br />
possibilita usar um único ambiente de<br />
software para integrar produtos de diferentes<br />
fabricantes e protocolos. O DTM<br />
é um “driver”, ou seja, é um componente<br />
de software (DLL, EXE) que representa<br />
cada equipamento que estiver na planta.<br />
Este “driver” obedece à norma FDT e pode<br />
ser usado em qualquer Frame Application,<br />
independente do fabricante. A figura 17<br />
ilustra um configurador baseado nesta<br />
tecnologia e o DTM do LD301.<br />
Conclusão<br />
Pudemos ver alguns detalhes do protocolo<br />
aberto HART, com uma visão um<br />
pouco diferente do que se tem em nível de<br />
usuário, isto é, envolvendo detalhes técnicos<br />
deste padrão. Além disso, vimos o que se<br />
tem em termos de desenvolvimento de<br />
chips HART avançados e os benefícios em<br />
performance, recursos e funcionalidades<br />
de um transmissor de pressão com este<br />
desenvolvimento. E ainda, a integração<br />
de Fieldbus com HART e o uso do FDT<br />
e DTM na configuração HART. MA<br />
Novembro/Dezembro 2009 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />
39
conectividade<br />
Segurança em<br />
automação<br />
industrial<br />
Halley Rodrigo Monteneri Mora<br />
saiba mais<br />
Sistema Integrado de Segurança – SIS<br />
<strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> 18<br />
Solução Ethernet para segurança<br />
<strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> 38<br />
Sistema Integrado de Segurança – SIS<br />
<strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> 18<br />
D<br />
40 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />
evido aos problemas decorrentes da convergência<br />
e interligação entre TI (Tecnologia<br />
de Informação) e TA (Tecnologia<br />
de Automação), surge a necessidade<br />
de se avaliar questões principalmente<br />
relacionadas à segurança do ambiente<br />
de TA (Cyber Security). Entretanto, não<br />
simplesmente adotando técnicas já consagradas<br />
do ambiente TI, mas analisando<br />
detalhadamente as particularidades e<br />
requisitos que a TA possui.<br />
Em função de seus objetivos, características<br />
do ambiente controlado e dos serviços<br />
oferecidos, TA e TI têm prioridades inversas,<br />
conforme mostra o quadro 1.<br />
Diante da dimensão e complexidade de<br />
administração de uma rede TI, é frequente<br />
enxergar TA como simplesmente uma extensão<br />
desta e, assim, querer administrar<br />
TA utilizando as técnicas e ferramentas<br />
de TI. Mas o problema não é de tão fácil<br />
solução como parece. Enquanto sistemas<br />
de TI têm estimativa de vida em média de<br />
cinco anos, sistemas de TA permanecem<br />
operando por no mínimo 10 anos, geralmente<br />
sem grandes modificações.<br />
Em TA não é tão simples atualizar o<br />
sistema operacional de uma máquina sempre<br />
que um Service Pack (correções de um software<br />
disponibilizadas pelo desenvolvedor)<br />
ou Patch (correção de um erro específico<br />
de um software também disponibilizada<br />
pelo desenvolvedor) esteja disponível. São<br />
necessários testes completos e confiáveis<br />
para certificar-se que o processo fabril não<br />
Através da apresentação dos<br />
sistemas, suas vantagens e<br />
implicações devido a convergência<br />
para sistemas abertos<br />
e interconectados, este artigo<br />
mostra como é feita a segurança<br />
na automação industrial<br />
(cyber security) e as práticas<br />
de segurança atualmente<br />
adotadas<br />
será afetado. Não existe garantia que um<br />
aplicativo desenvolvido para uma versão<br />
de plataforma funcionará adequadamente<br />
após este receber uma atualização.<br />
Apesar da convergência da TA para TI,<br />
ainda existem muitos equipamentos com<br />
plataformas não usuais, drivers/dlls muito<br />
específicos, emuladores, entre outros que, após<br />
uma atualização, podem entrar em conflito<br />
e não funcionar corretamente. Isso explica a<br />
existência de sistemas em DOS, Windows<br />
95, NT, e também sistemas operacionais sem<br />
Service Packs e Patches instalados. É frequente<br />
que usuários e senhas sejam compartilhados<br />
por diversas pessoas que utilizam o sistema<br />
(senhas visíveis na descrição do próprio<br />
usuário ou então em anotações ao lado do<br />
console de operação), sistemas em operação<br />
com usuários de perfil administrador, senhas<br />
padrão, e até sistemas que não exigem autenticação<br />
para operação.<br />
Situações como estas aconteciam porque<br />
não havia preocupações de segurança<br />
anteriormente, pois eram sistemas totalmente<br />
isolados, não convencionais. Não<br />
é simplesmente uma questão de adotar<br />
usuários individuais, pois muitos sistemas<br />
foram desenvolvidos sem tais recursos,<br />
o que nos dias de hoje, é considerado<br />
imprescindível.<br />
Outra questão sobre a simples utilização<br />
das ferramentas TI são os softwares<br />
antivírus, o gerenciamento de ativos, IPS<br />
(Intrusion Prevention System) e demais<br />
softwares permanentemente em execução
(background). Esses softwares podem comprometer<br />
a execução do aplicativo principal e<br />
ocasionar distúrbios no processo ou em outros<br />
equipamentos da rede, dependendo do local<br />
onde forem instalados. Alguns sistemas de<br />
controle utilizam emuladores de tempo real<br />
RAE (Real Time Application Enviromment)<br />
que podem ter seu desempenho comprometido<br />
ao compartilhar processamento<br />
com antivírus ou softwares para geração<br />
de imagens online, por exemplo.<br />
O Gerenciamento de Ativos demanda pacotes<br />
de SNMP (Simple Network Management<br />
Protocol) para monitorar o sistema objetivo e<br />
eles podem comprometer o desempenho da<br />
rede, caso uma configuração criteriosa não<br />
seja realizada, uma vez que, inicialmente<br />
redes em TA não foram concebidas para alto<br />
tráfego. Estas redes geralmente são menores<br />
que redes de TI, menores no tamanho dos<br />
pacotes e no volume de informações. Contudo,<br />
são mais estáveis e previsíveis, visto que<br />
inicialmente ofereciam somente determinismo<br />
para controle de processo.<br />
Se por um lado, a simples aplicação de<br />
técnicas de TI não é desejável neste ambiente, é<br />
crescente a utilização de funcionalidades como<br />
telnet, ftp, web services, SNMP, redes wireless,<br />
entre outras. E a TA, por não estar familiarizada,<br />
acaba ficando exposta às vulnerabilidades<br />
características de cada recurso e/ou não as<br />
exploram adequadamente, sem beneficiar-se<br />
dos recursos de cada ferramenta.<br />
Segurança em sistemas<br />
O conceito de segurança não é unicamente<br />
um produto, mas um processo que, ao ser<br />
iniciado, sempre demandará esforços para<br />
mantê-lo. Para alcançar determinado nível de<br />
segurança, há alterações físicas, instalação de<br />
produtos, adoção de políticas, mudanças de<br />
paradigmas, etc., e este processo altera rotinas<br />
e procedimentos, causando dificuldades na<br />
execução de algumas tarefas. Ao iniciar um<br />
processo para adequar um sistema aos aspectos<br />
de segurança é fundamental estar ciente<br />
destes inconvenientes, dos custos e também<br />
dos benefícios da solução adotada.<br />
Divulgação e Treinamento<br />
É muito importante divulgar, para todos<br />
os envolvidos, os motivos da implantação<br />
do programa de segurança e qual o nível<br />
que se pretende obter. Todos devem ter<br />
consciência das mudanças ocasionadas em<br />
função da segurança desejada. Promover<br />
treinamentos também pode ser necessário<br />
para a correta utilização das ferramentas e<br />
manutenção do processo de segurança.<br />
Políticas de Segurança<br />
É importante lembrar que decidir sobre a<br />
adoção de uma ou outra política deve ser feito<br />
a partir do nível de segurança pretendido.<br />
A seguir exemplificamos algumas políticas<br />
que, direta ou indiretamente, contribuem<br />
para a manutenção da segurança:<br />
• Backups: o que, como e quando realizar<br />
backup, locais de armazenamento,<br />
testes de restauração, etc;<br />
• Antivírus, firewall e outros softwares<br />
relacionados à segurança: como e<br />
quando atualizar, políticas para alteração<br />
e desativação de recursos de<br />
segurança, etc;<br />
• Definição de onde utilizar usuários<br />
e senhas compartilhadas ou não,<br />
perfis de usuários e ativação de logs<br />
de registro;<br />
• Políticas quanto ao uso de equipamentos<br />
conectados temporariamente<br />
nas redes (por exemplo, notebooks);<br />
• Desativação de recursos de equipamentos<br />
com potencial de risco<br />
quanto à segurança: desativação de<br />
drives USB, disquetes e CD-ROMs,<br />
instalação de dispositivos físicos para<br />
impedir o acesso a drives de CD-ROM<br />
e disquetes, portas não utilizadas<br />
em switches em ambientes de pouca<br />
circulação de pessoas, etc.<br />
Gerenciamento de mudanças<br />
Um bom gerenciamento de TI inclui<br />
controle de políticas, hardware e software.<br />
Ambiente TI<br />
Confidencialidade: proteção dos<br />
dados quanto ao acesso não autorizado;<br />
Integridade: dados exatos;<br />
Disponibilidade: em geral alguns<br />
sistemas toleram uma interrupção<br />
por um curto espaço de tempo.<br />
Ambiente TA<br />
conectividade<br />
Toda alteração que possa estar relacionada à<br />
segurança deve estar de acordo com a política<br />
adotada. Testes devem ser realizados para<br />
certificar que o sistema não seja afetado, ou<br />
que alguma vulnerabilidade seja incluída.<br />
Informações detalhadas para restabelecer a<br />
condição anterior, após as mudanças serem realizadas,<br />
também contemplam o gerenciamento<br />
e fazem parte de um item muito importante do<br />
gerenciamento de mudanças. As ferramentas<br />
de gerenciamento de configuração de hardware<br />
e software auxiliam o processo de segurança<br />
e, através de alarmes/logs, é possível detectar<br />
alterações não autorizadas e/ou alterações<br />
oriundas de vírus, entre outros.<br />
Arquitetura segura<br />
O princípio para uma rede segura em um<br />
ambiente de automação está na arquitetura<br />
da rede, que deve agrupar equipamentos por<br />
função e proteger as conexões com outras<br />
redes. Estas segmentações, equipamentos<br />
e pontos de conexão com outras redes<br />
devem estar claramente documentadas, e<br />
isto significa saber e entender o que existe<br />
na rede.<br />
Para conexões entre redes IP (Internet<br />
Protocol) recomenda-se a instalação de<br />
firewall. Em sistemas que necessitam informações<br />
“de/para” na rede de controle,<br />
como PIMS por exemplo, o acesso não deve<br />
ser feito diretamente na rede de controle,<br />
mas em servidores operando como bridge<br />
(ponte) entre estas redes.<br />
Acessos remotos, dispositivos conectados<br />
momentaneamente (típico para fornecedores,<br />
consultores, etc.), recomenda-se<br />
também que não se conectem diretamente<br />
na rede-objetivo, mas através de um servidor<br />
Disponibilidade: o sistema exige<br />
alta disponibilidade. Pequenas interrupções<br />
podem ter como conseqüências<br />
grandes perdas, sejam estas de<br />
produção, danos aos equipamentos, e<br />
em casos mais graves, danos à integridade<br />
física de pessoas.<br />
Integridade: dados exatos;<br />
Confidencialidade: proteção<br />
dos dados quanto a acessos não<br />
autorizados;estamos trabalhando somente<br />
com estruturas lineares. Ainda<br />
não existe base na literatura para a<br />
identificação de sistemas não lineares,<br />
exigindo assim uma melhor atenção<br />
para os testes de não linearidade.<br />
Novembro/Dezembro 2009 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />
41
conectividade<br />
F1. Arquitetura onde os servidores coletam dados na rede de controle<br />
e os disponibilizam para os sistemas da rede de TI (PIMS, MES, etc.)<br />
F3. Depois de realizados os testes, as atualizações e patches<br />
são transferidas para as redes de controle.<br />
como bridge. A premissa é manter a rede<br />
de controle isolada e somente acessá-la via<br />
servidores, dotados de firewall, antivírus e<br />
autenticação. Assim, os servidores ficarão<br />
localizados numa região denominada DMZ<br />
(De-Militarized Zone), uma região segura<br />
entre a rede TI e TA.<br />
Uma rede isolada da rede principal de<br />
controle, com equipamentos para testes é<br />
uma alternativa para simular modificações<br />
decorrentes de updates, patches, etc. Certificada<br />
a estabilidade ou segurança do<br />
sistema após as modificações, as mesmas<br />
podem ser realizadas nos equipamentos<br />
da rede de controle. Observe a figuras<br />
1, 2, 3 e 4.<br />
42 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />
De acordo com a arquitetura e os<br />
exemplos apresentados pelas figuras, a<br />
rede de controle fica isolada das demais,<br />
todo acesso a ela é realizado através da<br />
área DMZ delimitada pelos firewalls, onde<br />
estão os servidores. Recomenda-se que a<br />
utilização destes servidores seja exclusiva<br />
para a função e que os trabalhos nestas<br />
máquinas estejam limitados a atividades<br />
pertinentes à função do servidor. Isso é<br />
importante porque a utilização compartilhada<br />
de servidores para atividades típicas<br />
de estações de trabalho pode comprometer<br />
os serviços oferecidos, seja inserindo<br />
alguma vulnerabilidade ou causando<br />
instabilidades no sistema.<br />
F2. Servidor baixando atualizações, patches, antivírus, firewall, entre<br />
outros, na Internet e fazendo as transferências para a rede de testes.<br />
F4. Acesso remoto: ao invés de acessar diretamente o equipamento<br />
desejado, o acesso é feito através dos servidores.<br />
Devido à existência das segmentações e<br />
da própria região DMZ, é possível combinar<br />
múltiplas sessões de autenticação para<br />
obter acesso à rede TA a partir da rede TI.<br />
Combinando estas etapas de autenticações<br />
com regras de firewall, IPS e antivírus,<br />
por exemplo, cria-se um ambiente seguro<br />
isolando a rede TA e ao mesmo tempo<br />
obtendo controle de acesso a esta - com<br />
recursos de rastreabilidade em função dos<br />
logs das aplicações citadas, diferenciando-se<br />
de acessos sem autenticação ou com simples<br />
senhas comuns neste ambiente.<br />
Em estações de engenharia, recomenda-se<br />
a instalação de antivírus e firewall.<br />
Nos demais equipamentos pertinentes a
um sistema de controle, é recomendável<br />
o acesso somente de pessoas autorizadas<br />
e conscientes das práticas de segurança,<br />
ou seja, a segurança é obtida mediante o<br />
acesso físico a estes equipamentos somente<br />
de pessoas qualificadas. E, quando não<br />
for possível ou não recomendada a modificação<br />
das configurações do sistema,<br />
que este esteja em um segmento isolado<br />
da rede, protegido por firewall e sessões<br />
de autenticação.<br />
Acesso aos recursos<br />
Servidores e demais equipamentos críticos<br />
devem estar localizados em ambientes<br />
com acesso controlado e sua operação restrita<br />
às pessoas autorizadas. Tal recomendação,<br />
somada a não compartilhar os servidores<br />
com estações de trabalho, buscam garantir<br />
também a disponibilidade do equipamento,<br />
já que a parada desta máquina pode<br />
causar a interrupção de um serviço crítico<br />
ao ambiente.<br />
Portas não utilizadas em switches e<br />
hubs podem ser desativadas para evitar a<br />
conexão de equipamentos não autorizados,<br />
dependendo do nível de segurança desejado.<br />
A monitoração do status de cada link das<br />
portas através de recursos SNMP, quando<br />
disponíveis, é uma alternativa à desativação<br />
das portas, pois com o monitoramento<br />
pode ser possível a identificação de algum<br />
usuário não autorizado.<br />
Drives de CD-ROM, disquetes, USB,<br />
entre outros periféricos de estações de<br />
operação e algumas estações de engenharia<br />
podem ser desabilitados ou ter seu acesso<br />
controlado para evitar o uso não autorizado,<br />
porém é preciso sempre avaliar a relação<br />
custo x benefício da solução adotada.<br />
Considerações finais<br />
Não existe uma solução única e ideal<br />
para as questões de segurança no ambiente<br />
de Automação Industrial. Sistemas de TA<br />
já desenvolvidos há algum tempo e que não<br />
possuem recursos nativos de segurança,<br />
por estarem operando em um ambiente<br />
todo interligado, multiusuário, exigem<br />
uma análise detalhada para adequação<br />
à segurança. O caminho é que TI e TA<br />
conheçam melhor as exigências, características<br />
e dificuldades de cada lado e,<br />
unindo esforços, busquem soluções que<br />
satisfaçam as necessidades que cada ambiente<br />
demanda. MA<br />
conectividade<br />
Novembro/Dezembro 2009 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />
43
case<br />
<strong>Pintura</strong> <strong>automatizada</strong><br />
<strong>Dürr</strong><br />
saiba mais<br />
Voigtländer, H.: 87 robots for VW<br />
Saxony. Two top coat lines converted<br />
within three weeks. JOT 11, 2008.<br />
Wieland, D.: Dry scrubbing of<br />
paint overspray. Clear energy and<br />
cost savings. JOT 3, 2009.<br />
Site da empresa:<br />
www.durr.com<br />
Confira dois exemplos de instalações <strong>automatizada</strong>s<br />
que atendem as expectativas e miniminizam<br />
os riscos.<br />
C<br />
44 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />
ada vez mais fabricantes de sistemas de<br />
automação de pintura se confrontam com<br />
desafios específicos e peculiares. O período<br />
de tempo previsto para a demolição, reforma<br />
e modernização das instalações das fábricas, o<br />
pão de cada dia de um fabricante de sistemas<br />
de automação, torna-se cada vez mais curto.<br />
Novos processos, com um número reduzido<br />
de etapas de processamento, estão chegando<br />
às fábricas e, no final, um fabricante de<br />
sistemas de automação também entregará<br />
novos produtos ao mercado que contribuirão<br />
para o aumento da produtividade e para a<br />
redução dos custos por unidade. Tudo isto<br />
somado envolve um potencial considerável<br />
de risco para todos os participantes.<br />
Entretanto, o cliente espera, e com razão,<br />
que as instalações comecem a funcionar<br />
sem qualquer problema. Como é possível<br />
atender a esta expectativa e simultaneamente<br />
minimizar os riscos? Dois exemplos atuais<br />
e extraordinários ilustram a situação<br />
Exemplo 1: No verão de 2008, a Volkswagen<br />
da Baixa Saxônia transformou todas as<br />
Processo mais<br />
seguro com<br />
tempo reduzido<br />
de produção<br />
Pavel Svejda, Dr.-Ing.<br />
Frank Zimmermann, Dipl.-Ing.<br />
suas instalações de pintura de acabamento,<br />
que consistem de duas linhas de pintura com<br />
aplicação manual e mecânica, que precisavam<br />
ser equipadas com a mais recente tecnologia.<br />
Tudo totalmente automatizado. Vejamos os<br />
dados deste impressionante projeto: data<br />
da entrega do pedido à <strong>Dürr</strong>: dezembro<br />
de 2007; início da instalação: 11 de julho<br />
de 2008; pintura da primeira carroceria:<br />
meados de agosto. Paralelamente, ocorreram<br />
a entrega, a montagem e o comissionamento<br />
de 87 robôs e várias centenas de toneladas de<br />
construção em aço, cabines e equipamentos<br />
de transporte.<br />
Exemplo 2: Em 2006, um fabricante<br />
japonês de equipamentos originais (OEM)<br />
decidiu construir não apenas novas instalações<br />
para a pintura de parachoques na<br />
sua fábrica da Grã-Bretanha, mas também<br />
equipar todas as suas instalações de pintura<br />
de carrocerias com a mais recente tecnologia<br />
de aplicação de pintura interior e exterior,<br />
atomizadores rotativos, aplicação de pintura<br />
eletrostática, bem como com a tecnologia
F1. Oitenta e sete robôs para duas linhas de pintura de acabamento instalados e<br />
comissionados em apenas três semanas – um recorde mundial.<br />
de troca de cor integrada ao atomizador.<br />
Um novo processo e uma nova tecnologia<br />
não apenas para a OEM, mas também<br />
para o fornecedor de sistema de pintura<br />
<strong>automatizada</strong>. Também neste caso, estavam<br />
programadas apenas breves paralisações de<br />
funcionamento de duas a três semanas, no<br />
verão e no inverno.<br />
Como se pode garantir o início das<br />
operações nas instalações dentro do prazo<br />
previsto, com a qualidade necessária? Como<br />
se pode minimizar os riscos? Os fatores de<br />
sucesso têm naturezas diferentes e devem<br />
se complementar para que se obtenha um<br />
bom resultado.<br />
Certamente são necessários times qualificados<br />
e bem treinados de ambos os lados,<br />
que cooperem de uma maneira ideal, tanto<br />
na fase de engenharia, como posteriormente,<br />
na fase da instalação no local da construção.<br />
Outra condição é um planejamento meticuloso<br />
e detalhado de todas as atividades.<br />
As investigações fora da linha do plano dos<br />
robôs, a programação dos robôs e a simu-<br />
lação dos programas de pintura aumentam<br />
a segurança do planejamento e prevêem<br />
questões críticas do projeto.<br />
As investigações realizadas no Centro<br />
Técnico verificam os resultados da fase<br />
de engenharia, asseguram os processos e<br />
determinam parâmetros de pintura que<br />
levam rapidamente à qualidade aceitável<br />
da pintura no local da construção. O précomissionamento<br />
de todo o sistema dos<br />
robôs de pintura antes da entrega com<br />
testes intensivos das funções, onde os programas<br />
dos robôs são checados e as falhas<br />
são reconhecidas, aumenta a qualidade do<br />
sistema como um todo.<br />
Na sequência da execução do projeto,<br />
que é descrito aqui de maneira resumida,<br />
as investigações do Centro Técnico desempenham<br />
um papel crucial que não deve ser<br />
subestimado. Enquanto as simulações fora<br />
da linha apenas verificam o programa de<br />
movimentos baseado nos parâmetros padrão<br />
da pintura, os testes do Centro Técnico representam<br />
a única possibilidade de obtenção<br />
Novembro/Dezembro 2009 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />
case<br />
do resultado esperado da pintura, usando-se<br />
uma carroceria verdadeira, empregando-se<br />
a técnica de aplicação específica do projeto,<br />
bem como o material de pintura real antes<br />
do comissionamento, e os resultados são<br />
comparados com os requisitos do cliente.<br />
Com base nos dois exemplos dos projetos<br />
mencionados, o processo e os conteúdos<br />
das investigações no Centro Técnico serão<br />
abordados em mais detalhes.<br />
Em cada caso, o foco das investigações<br />
estava nas particularidades do projeto.<br />
No primeiro exemplo, não focalizaremos<br />
apenas os tempos extremamente curtos<br />
de montagem e de comissionamento, e a<br />
conversão da aplicação mecânica para a<br />
aplicação robotizada, com a redução do<br />
número de atomizadores, mas principalmente<br />
a introdução da pintura robotizada<br />
do interior. Como primeiro passo, investigou-se<br />
a configuração do atomizador de<br />
ar. Selecionaram-se várias cápsulas de ar.<br />
O critério de seleção foi a eficiência da<br />
transferência sob a premissa de uma qua-<br />
45
case<br />
F2. Investigações<br />
garantem o<br />
desempenho<br />
do processo<br />
para o chamado<br />
‘processo de<br />
pintura 3-wet’,<br />
onde o primer, a<br />
camada de base,<br />
e a pintura são<br />
aplicados em uma<br />
linha de pintura,<br />
sem secagem<br />
intermediária,<br />
e depois são<br />
curados juntos.<br />
lidade satisfatória. As investigações foram<br />
realizadas em três diferentes módulos do<br />
programa para capô, porta interior e porta<br />
traseira. Rapidamente verificou-se que a<br />
cápsula de ar padrão utilizada pela <strong>Dürr</strong>,<br />
particularmente com os programas de pintura<br />
mais complexos para as portas interiores e<br />
portas traseiras, levou a uma economia de<br />
material de cerca de 10%, sendo a espessura<br />
da camada ligeiramente maior.<br />
No passo seguinte, os programas da<br />
sequência do comissionamento de todos os<br />
modelos de carroceria foram otimizados.<br />
Uma condição essencial para isto era a<br />
capacidade de transferência dos resultados<br />
da escala do Centro Técnico para as<br />
instalações reais. Isto exigia do Centro<br />
Técnico alta flexibilidade e reprodutibilidade<br />
na determinação dos parâmetros do<br />
processo. No terceiro passo desta série de<br />
46 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />
testes, mostrou-se o potencial da atomização<br />
rotativa no exemplo da pintura do interior<br />
da porta com EcoBell 2HD em relação<br />
à melhoria da eficiência. O resultado foi<br />
evidente: uma economia de material de<br />
mais de 30%.<br />
Enquanto no exemplo da Volkswagen<br />
da Baixa Saxônia os testes ocorreram em<br />
um determinado período posterior à data<br />
da assinatura do contrato, no segundo<br />
exemplo as investigações foram realizadas<br />
em inúmeras etapas individuais distribuídas<br />
ao longo de mais de dois anos. O objetivo<br />
foi primeiramente a seleção da técnica de<br />
aplicação ideal. A série de testes começou<br />
em meados de 2006, com um programa<br />
de validação das instalações de pintura de<br />
parachoques, e continuou meio ano mais<br />
tarde para a validação das instalações de<br />
pintura de carrocerias.<br />
Em cada caso, o programa experimental<br />
foi claramente especificado pelo cliente,<br />
que devia não apenas fornecer informação<br />
sobre a qualidade da pintura exigida, mas<br />
também fornecer dados que fossem importantes<br />
para a eficiência econômica do<br />
processo de pintura, tal como a eficiência<br />
da transferência, perdas de tinta na troca<br />
de cor, tempo gasto na troca de cor. E,<br />
finalmente, também foram avaliados os<br />
critérios que são importantes para o serviço<br />
e para a manutenção.<br />
Depois que a tecnologia de aplicação<br />
da <strong>Dürr</strong> foi aprovada no programa de<br />
validação do cliente, e depois que a <strong>Dürr</strong><br />
recebeu, no início de 2007, os pedidos para<br />
as instalações de pintura de parachoques<br />
e para a reconstrução das instalações de<br />
pintura, investigações detalhadas foram<br />
realizadas em diversas etapas. Até outubro
de 2008 o cliente havia passado um total de<br />
34 semanas no Centro Técnico. Durante<br />
este tempo, no início de 2008, começaram<br />
as operações nas instalações de pintura de<br />
parachoques. A última das quatro etapas<br />
da construção foi concluída em março de<br />
2009. No total, 50 robôs-pintores foram<br />
entregues em ambos os projetos.<br />
Um centro técnico moderno tem um<br />
papel importante na segurança do desempenho<br />
de novos processos de pintura.<br />
<strong>Atual</strong>mente estão sendo discutidos no setor<br />
os chamados processos de pintura sem-primer,<br />
ou processos 3-wet, que são processos<br />
encurtados, com um número reduzido de<br />
etapas. Tais processos já estão em uso em<br />
algumas OEMs. Entretanto, eles devem ser<br />
garantidos em cada nova instalação quanto<br />
às suas limitações específicas. A garantia<br />
somente pode ocorrer por meio de testes<br />
em carrocerias completas e em um centro<br />
técnico. Isto confirma o layout planejado,<br />
os dados do processo e a qualidade do<br />
produto. Nesta fase ainda é possível fazer<br />
as correções necessárias no processo, ou<br />
fazer adaptações no material de pintura<br />
sem maiores problemas.<br />
As investigações quanto à segurança<br />
do desempenho do processo no Centro de<br />
Teste da <strong>Dürr</strong> em Bietigheim-Bissingen<br />
têm uma longa tradição. A experiência<br />
mostra que o Centro de Teste de aplicação<br />
de pintura da <strong>Dürr</strong> (Centro de Teste para<br />
<strong>Pintura</strong> Ecopaint) desde sua inauguração<br />
em 1992 contribui significativamente para<br />
a introdução e segurança do desempenho<br />
de processos de pintura novos e inovadores.<br />
Como exemplo podemos citar o processo<br />
de pintura integrado com um verniz à<br />
base de uma mistura de pó e água (powder<br />
slurry clear coat) na Daimler, em Rastatt,<br />
Alemanha, ou a introdução da pintura em<br />
pó na BMW.<br />
Em uma instalação de pintura aplica-se<br />
não apenas a tinta, mas também materiais<br />
altamente viscosos para a selagem das<br />
juntas, para a proteção da parte inferior<br />
da carroceria e, parcialmente, para o<br />
amortecimento de ruídos. Pelas mesmas<br />
razões que as investigações no Centro<br />
Técnico são importantes para a aplicação<br />
da pintura, elas também são vitais para<br />
os projetos. Para atender a esta demanda,<br />
também o ‘Centro de Teste de Selagem<br />
Ecopaint’ se encontra em operação na<br />
<strong>Dürr</strong> desde 2005.<br />
F3. Centro de Teste de <strong>Pintura</strong> Ecopaint.<br />
F4. Centro de Teste de Selagem Ecopaint.<br />
Os testes disponíveis na <strong>Dürr</strong>, originalmente<br />
limitados às tecnologias de<br />
aplicação, expandiram-se nos últimos anos<br />
para incluir as áreas de processo de pintura<br />
e tecnologias de pré-tratamento. Um centro<br />
de testes adicional está à disposição na<br />
sucursal de Bietigheim para investigações<br />
de processos de pintura por imersão com<br />
uma técnica rotacional e para investigações<br />
de sistemas de deposição seca de overspray<br />
de pintura. Juntos, os Centros de Teste da<br />
<strong>Dürr</strong>, situados em uma área total de 5.650<br />
m², formam o maior Centro Técnico no<br />
mundo deste gênero.<br />
Os desafios a serem enfrentados na introdução<br />
de novos processos com materiais de<br />
pintura e produtos em projetos com duração<br />
reduzida são enormes. Sem investimentos<br />
em ferramentas correspondentes, nos quais<br />
também se inclui um centro técnico com<br />
Novembro/Dezembro 2009 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />
case<br />
No Centro de Teste de <strong>Pintura</strong> Ecopaint,<br />
quatro cabines de pintura com um total<br />
de doze robôs estão à disposição para<br />
todos os processos de aplicação, com<br />
uma grande variedade de tecnologias de<br />
pintura.<br />
Um robô adicional de medição equipado<br />
com um sistema remoto de<br />
medição da espessura do filme úmido é<br />
usado para gravar o resultado.<br />
Dois fornos de convecção, que podem<br />
ser programados com várias curvas<br />
de temperaturas, asseguram uma cura<br />
flexível correspondente às exigências<br />
do material de pintura utilizado em<br />
cada caso.<br />
A inspeção visual da aparência da pintura<br />
pode ser feita sob condições específicas<br />
de iluminação em uma cabine<br />
especialmente equipada para isto.<br />
Para a avaliação das séries de testes<br />
existentes emprega-se uma tecnologia<br />
de medição de última geração.<br />
Para investigações na área de aplicação<br />
de mástique, o Centro de Teste de<br />
Selagem Ecopaint conta com 4 robôs<br />
de selagem e equipamentos periféricos<br />
necessários, assim como uma estação<br />
de robôs para aplicações de adesivos.<br />
Com o Centro Técnico de Processamento<br />
recém- construído, uma área<br />
total de 5.650 m² encontra-se à disposição<br />
na sucursal de Bietigheim-Bissingen.<br />
tecnologia de última geração, um fabricante<br />
de sistemas de pintura não pode vencêlos.<br />
Mas também clientes e usuários são<br />
altamente dependentes de tais testes. As<br />
investigações completas no Centro Técnico<br />
da <strong>Dürr</strong> trazem a segurança necessária do<br />
processamento e portanto, levam a reduções<br />
significativas de custos. Abdicar-se<br />
das múltipas possibilidades de garantia de<br />
desempenho de processo oferecidas pelo<br />
Centro Técnico da <strong>Dürr</strong>, significaria um<br />
mergulho no escuro, risco este que ninguém<br />
pode se dar ao luxo.<br />
MA<br />
47
case<br />
Sitara TM<br />
Microprocessador para<br />
aplicações industriais<br />
Em outubro de 2009, a Texas Instruments anunciou o lançamento<br />
dos microprocessadores AM3505 e AM3517 com a finalidade de<br />
atender o mercado industrial<br />
saiba mais<br />
Sitara: Microprocessador para<br />
aplicações industriais<br />
Saber Eletrônica 441<br />
Site Oficial<br />
www.ti.com/sitara-pr<br />
ARM Cortex-8<br />
www.arm.com/products/CPUs/<br />
ARM_Cortex-A8.html<br />
48 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />
A necessidade industrial<br />
Nem todos os equipamentos eletrônicos<br />
podem ser colocados em operação dentro<br />
de uma fábrica. Dependendo do tipo de<br />
produto que está sendo manufaturado,<br />
como também do local onde isto ocorre,<br />
podem diferenças de temperaturas muito<br />
grande, bem como haver sofrer diversos<br />
tipos de interferência devido principalmente<br />
dos motores em movimento. Ter<br />
um computador ou um equipamento de<br />
monitoração que opere em tais condições,<br />
estando o mais próximo possível da linha<br />
de produção, sempre foi o sonho de muitos<br />
projetistas.<br />
Colocar equipamentos que dependem<br />
de refrigeração para manter seu sistema<br />
funcionando nem sempre funciona da<br />
forma correta nestes locais, pois em muitos<br />
casos o ar que seria usado para esfriar os<br />
componentes já está a uma temperatura<br />
muito elevada.<br />
Família Sitara TM<br />
A Texas Instruments, procurando atender<br />
essa procura por processadores que trabalhem<br />
em ambientes industriais, desenvolveu a<br />
família SitaraTM de microprocessadores.<br />
Um dos pontos principais deste componente<br />
é a faixa de temperatura em que trabalha,<br />
que vai de -40 até 85/105 ºC, dependendo<br />
do componente escolhido.<br />
Renato Paiotti<br />
O core do SitaraTM é baseado no ARM<br />
CortexTM-A8 de 500 MHz, atingindo<br />
1000 Dhrystone MIPS, possibilitando<br />
assim rodar Linux e Windows CE.<br />
Além do seu tamanho, o componente<br />
não precisa ser refrigerado, viabilizando<br />
assim a construção de um PC compacto<br />
uma única placa. Além de eliminar a necessidade<br />
de ventilação, que consome energia<br />
para o funcionamento, o core precisa de<br />
apenas 1,2 V e os sinais de I O 1,8 V (para<br />
DDR2) ou 3,3 V.<br />
Entre outros recursos importantes que<br />
estão adicionados na nova família, estão o<br />
acesso externo à memórias do tipo DDR2<br />
(com interfaceamento de 1 GB para espaço<br />
de endereçamento), NOR Flash, NAND<br />
flash, OneNAND e Asynch SRAM, um<br />
canal SDMA de 32 bits, uma porta de vídeo<br />
configurável, além de atender a diversos<br />
Dhrystone<br />
É um Benchmark desenvolvido em 1984<br />
para testar o desempenho bruto de um<br />
processador, isso porque ele simula<br />
chamadas e operações de escrita e<br />
leitura de dados. Este benchmarck foi<br />
originalmente desenvolvido em ADA<br />
por Reinkol P. Weicker, mas o mais utilizado<br />
é a sua versão em C distribuida<br />
por Rick Richardson, atualmente ela<br />
existe em várias linguagens.
ARM Cortex-A8<br />
Esta arquitetura é conhecida pela sua<br />
alta eficiência e baixo consumo, próprio<br />
para projetos mobile, tais como telefones<br />
celulares, set-top boxes, consoles<br />
de videogames, aparelhos de navegação<br />
GPS e sistemas de entretenimento para<br />
automóveis, ou seja, para aparelhos que<br />
possam consumir até 300 mW.<br />
Ela pode trabalhar numa frequência entre<br />
600 MHz e 1 GHz.<br />
O Cortex-A8 teve as suas bases na arquitetura<br />
ARMv7, que possuía bons recursos<br />
implementados, entre eles o Thumb®-2,<br />
que tem a finalidade de condensar o código,<br />
e com isso reduzir o uso da memória<br />
em até 31% e também o gasto de energia<br />
com o processamento dos comandos.<br />
Outra tecnologia empregada na arquitetura<br />
é a tecnologia NEON empregada<br />
FA. Diagrama de Blocos do ARM Cortex – A8.<br />
para áudio, vídeo e gráficos 3D, podendo<br />
decodificar MPEG-4 VGA a 30 frames<br />
por segundo.<br />
A segurança do sistema fica a cargo da<br />
tecnologia TrustZone, protegendo periféricos<br />
e a memória usada.<br />
A arquitetura Cortex-A8 possui duas<br />
ALU (Unidade Lógica de Aritmética),<br />
aumentando a eficiência na leitura das<br />
instruções. A tecnologia NEON utiliza de<br />
forma eficiente estas duas ALU.<br />
Para a área industrial, que requer um<br />
código muito enxuto e seguro, esta arquitetura<br />
possui a tecnologia Jazelle-RCT<br />
que compacta em até 3X o tamanho do<br />
programa compilado.<br />
Na figura A é possível ver no diagrama<br />
de blocos, a unidade NEON e o cache L2<br />
com sua lógica.<br />
Novembro/Dezembro 2009 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />
case<br />
49
case<br />
F1. Diagrama de blocos do AM3517.<br />
protocolos de comunicação serial, entre<br />
eles a Rede CAN e outros recursos que um<br />
processador pode oferecer.<br />
No diagrama de blocos da figura 1 é<br />
possível ver a estrutura do AM3517.<br />
Tanto o AM3505 como o AM3517 são<br />
montados em sBGA de 491 pinos.<br />
TMDXEVM3517<br />
Este é o módulo de avaliação do SitaraTM<br />
AM3517, conforme é possível observar<br />
na foto da figura 2, ele possui um display<br />
LCD Touch Screen, podendo rodar com<br />
OMAP3517 Linux SDK, Kernel 2.6.31<br />
U-boot, Windows® Embedded CE in<br />
4Q09 e Multiple RTOS in 1Q10, tendo<br />
entradas/saídas EMAC, USB PHY, USB<br />
OTG & Host, CAN, SDIO I2C, JTAG,<br />
Keypad, SD/MMC (2), DVID/HDMI,<br />
Video input, Bluetooth e WLAN.<br />
O preço desta placa comprada diretamente<br />
do fabricante, sem contar as taxas e<br />
impostos, é de mil dólares.<br />
50 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />
F2. TMDXEVM3517.<br />
Conclusão<br />
<strong>Atual</strong>mente, temos até a arquitetura ARM<br />
Cortex-A9 que possui de 1 a 4 cores (multicore)<br />
operando a 2,0 DMIPS/MHz cada Core,<br />
além de consumir menos que o Cortex-A8.<br />
Este tipo de arquitetura a Texas Instruments<br />
utiliza nos seus OMAP4430/40. Porém a<br />
arquitetura Cortex-A8 é adotada por diversos<br />
fabricantes, tais como Apple, Samsung,<br />
Ericsson entre outras. O motivo está na sua<br />
consolidação, e que o processo de fabricação<br />
de um microprocessador leva um certo tempo,<br />
desde o seu projeto até a sua distribuição.<br />
Em breve teremos dispositivos móveis e<br />
computadores industriais empregando não<br />
só o Cortex-A9, mas como outras tecnologias<br />
que tenham maior poder de processamento<br />
bem como um baixo consumo, além de<br />
sobreviver aos ambientes hostis que um<br />
“chão de fábrica” pode provocar. MA
instrumentação<br />
14 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2008