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Pintura automatizada Dürr - Mecatrônica Atual

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Editora Saber Ltda<br />

Diretor<br />

Hélio Fittipaldi<br />

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Editor e Diretor Responsável<br />

Hélio Fittipaldi<br />

Redação<br />

Daniele Aoki,<br />

Monique Souza,<br />

Natália F. Cheapetta,<br />

Thayna Santos<br />

Revisão Técnica<br />

Eutíquio Lopez<br />

Produção<br />

Diego Moreno Gomes,<br />

Renato Paiotti<br />

Designer<br />

Carlos C. Tartaglioni,<br />

Diego Moreno Gomes<br />

Colaboradores<br />

Alamir da Luz Jr., Anderson Almeida<br />

V. de Souza, Carlos Alberto Grosman,<br />

César Cassiolato, Filipe Pereira, Frank<br />

Zimmermann, Halley R. Monteneri Mora,<br />

Johnson Pontes de Moura, Leonardo<br />

Pereira Bastos, Marconi Patrício de<br />

Arruda, Pavel Svejda, Renato Paiotti,<br />

Rogério de Almeida Otaviano<br />

PARA ANUNCIAR: (11) 2095-5339<br />

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estoque), solicite pelo site ou pelo tel. 2095-5330,<br />

ao preço da última edição em banca.<br />

<strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> é uma publicação da<br />

Editora Saber Ltda, ISSN 1676-0972. Redação,<br />

administração, publicidade e correspondência:<br />

Rua Jacinto José de Araújo, 315, Tatuapé, CEP<br />

03087-020, São Paulo, SP, tel./fax (11) 2095-5333<br />

Associada da:<br />

Associação Nacional<br />

das Editoras de Publicações Técnicas,<br />

Dirigidas e Especializadas<br />

Efeitos de uma<br />

crise econômica<br />

E o ano da crise mundial se foi. Muita coisa aconteceu em diversos países,<br />

mas no Brasil alguns setores se deram melhor que outros. O que notamos é que<br />

havia um concerto entre vários empresários e associações em comparar a queda<br />

de vendas deste ano em relação a 2008. Até parece que o salto significativo de<br />

vendas de 2007 para 2008 não era nada. Se compararmos 2007 com 2009 po-<br />

deremos notar pequena diferença para melhor ou pior, dependendo do setor.<br />

Segundo a Abinee o comportamento da área de automação industrial não<br />

foi uma das melhores como um todo, e para ilustrar melhor o comportamento<br />

do setor resolvemos registrar os 3 últimos anos. Em 2007 tivemos um fatura-<br />

mento de R$ 3097 milhões a preços correntes. Em 2008, R$ 3446 milhões e<br />

em 2009, R$ 2861 milhões, ou seja pouco abaixo de 2007, logo considerando-se<br />

o tamanho da crise, o efeito em nosso país foi mesmo pequeno.<br />

Notamos que o empresariado não está demitindo os funcionários qualificados<br />

e isto mostra a confiança de breve retomada. A Abinee projeta um crescimento em<br />

2010, de 11 % sobre os resultados de 2009, para a automação industrial, devendo<br />

chegar a R$ 3176 milhões, um pouco acima do número de 2007.<br />

Nesta edição, mostramos ainda a breve história que aconteceu há alguns<br />

anos com um acidentado em uma prensa. Muitos falam sobre os acidentes e<br />

quando acontecem projetam que o futuro do acidentado será difícil, mas não<br />

chegam perto de imaginar a realidade dos próximos anos para o acidentado,<br />

sua família e seus colegas de trabalho. Ao constatar em nossa Redação a triste<br />

história do Sr. Jube, resolvemos mostrar o que vem ocorrendo em nosso país<br />

nos últimos anos, e as parcas providências do poder público.<br />

Hélio Fittipaldi<br />

Atendimento ao Leitor: atendimento@mecatronicaatual.com.br<br />

Os artigos assinados são de exclusiva responsabilidade de seus autores. É vedada a reprodução total ou parcial<br />

dos textos e ilustrações desta Revista, bem como a industrialização e/ou comercialização dos aparelhos ou ideias<br />

oriundas dos textos mencionados, sob pena de sanções legais. As consultas técnicas referentes aos artigos da<br />

Revista deverão ser feitas exclusivamente por cartas, ou e-mail (A/C do Departamento Técnico). São tomados<br />

todos os cuidados razoáveis na preparação do conteúdo desta Revista, mas não assumimos a responsabilidade<br />

legal por eventuais erros, principalmente nas montagens, pois tratam-se de projetos experimentais. Tampouco<br />

assumimos a responsabilidade por danos resultantes de imperícia do montador. Caso haja enganos em texto<br />

ou desenho, será publicada errata na primeira oportunidade. Preços e dados publicados em anúncios são por<br />

nós aceitos de boa fé, como corretos na data do fechamento da edição. Não assumimos a responsabilidade por<br />

alterações nos preços e na disponibilidade dos produtos ocorridas após o fechamento.<br />

3


índice<br />

40<br />

44<br />

16<br />

26<br />

33<br />

40<br />

44<br />

48<br />

Editorial<br />

Notícias<br />

26<br />

Diagnóstico de falhas<br />

e alarmes em Sistemas<br />

Supervisórios e CLPs<br />

Reportagem: Segurança<br />

Como programar o CLP<br />

CJ1, da OMRON<br />

Protocolo digital Hart<br />

Segurança em<br />

automação industrial<br />

<strong>Pintura</strong> <strong>automatizada</strong> <strong>Dürr</strong><br />

Sitara - Microprocessador<br />

para aplicações industriais<br />

03<br />

06<br />

14


notícias<br />

Schneider Electric faz parceria<br />

com a Foz do Brasil<br />

a empresa schneider electric fechou uma parceria para<br />

o fornecimento de soluções para a Foz do Brasil, uma empresa<br />

da organização odebrecht. a companhia, especialista<br />

na gestão de energia e automação, está modernizando os<br />

sistemas de abastecimento de água e esgoto sanitário nas<br />

concessões e parcerias em que a Foz do Brasil atua.<br />

com a aplicação dos produtos da schneider a Foz do<br />

Brasil está alcançando economia e interação. a implantação<br />

de novas soluções de automação e supervisão facilitou também<br />

a gestão operacional dos processos de bombeamento e<br />

tratamento de água, assim como afastamento e tratamento<br />

de esgotos.<br />

“este sistema eficiente auxilia na economia dos recursos<br />

naturais e também financeiros. essa parceria trará muitos<br />

ganhos, tanto para a Foz do Brasil quanto para o meio ambiente”,<br />

garante carlos alberto costa crusciol, gerente de<br />

contas de saneamento da schneider electric.<br />

a schneider electric atua de forma padronizada na Foz<br />

do Brasil, proporcionando unificação da automação e supervisão,<br />

dos treinamentos e do intercâmbio de seu corpo<br />

técnico. Limeira (sP) foi o primeiro município beneficiado<br />

pelas melhorias do sistema supervisório. cachoeiro do itapemirim<br />

(es), vitória (es), rio claro (sP) e rio das ostras (rJ)<br />

serão as próximas cidades que contarão com as soluções em<br />

suas estações de tratamento de água (eta), de tratamento<br />

de efluentes (ete) e elevatórias de esgoto (eee).<br />

Por meio de soluções que incorporam a instalação de controladores<br />

programáveis, variadores de velocidade, chaves de<br />

partida soft-start e sistemas de supervisão, a Foz do Brasil<br />

acompanha todas as ações em cada uma das cidades pela<br />

Web. com isso, a empresa gerencia as redes, as estações de<br />

bombeamento e os reservatórios de forma simples e rápida.<br />

outra vantagem é o monitoramento da distribuição de água<br />

e do transporte de esgotos 24 horas por dia.<br />

a visualização instantânea de alarmes e o controle da<br />

vazão de entrada e saída das estações elevatórias de esgoto,<br />

por exemplo, permitem tomadas de decisões rápidas, caso<br />

o sistema identifique entupimento de redes ou problemas<br />

com as bombas. outro destaque das soluções implantadas<br />

pela schneider electric é a geração de relatórios detalhados<br />

sobre todos os processos.<br />

<strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />

A Schneider Electric atua de forma padronizada na Foz do Brasil,<br />

proporcionando unificação da automação e supervisão, dos<br />

treinamentos e do intercâmbio de seu corpo técnico.<br />

Combustol conquista Recertificação<br />

ISO 9001:2000<br />

a Divisão de tratamento térmico da combustol, pertencente<br />

ao Grupo combustol & metalpó, acaba de obter a<br />

recertificação para a iso 9001:2000, norma que se baseia em<br />

princípios de gestão usados como um guia para a melhoria<br />

da performance das organizações.<br />

“a manutenção da certificação é de extrema importância<br />

para nossa empresa, pois ela significa uma garantia para nossos<br />

clientes, que exigem esta norma. com a is0 9001:2000,<br />

eles sabem que estamos atendendo todos os requisitos de<br />

qualidade demandados”, diz edno Zucherato, coordenador<br />

de engenharia e representante da direção no sistema de<br />

Qualidade da Divisão.<br />

a Divisão de tratamento térmico trabalha na implantação<br />

de adequações relacionadas à iso 9001:2008, revisão<br />

que substituirá a atual norma iso 9001:2000, até o prazo de<br />

11 de novembro de 2010. De acordo com Zucherato, a nova<br />

revisão contempla poucas mudanças na essência da norma.<br />

“Basicamente, a iso 9001:2008 traz um maior detalhamento<br />

na descrição dos requisitos, proporcionando maior clareza<br />

e facilidade de utilização”, completa.<br />

Na próxima auditoria de manutenção, realizada semestralmente,<br />

a divisão de tratamento térmico da combustol<br />

já estará com as adequações realizadas conforme as novas<br />

exigências, visando a obtenção da iso 9001:2008.<br />

Curtas<br />

Schneider Electric / divulgação<br />

Crescimento<br />

a atividade industrial paulista cresceu pelo segundo<br />

mês consecutivo em outubro, mas o ritmo de expansão<br />

caiu mais do que pela metade, segundo dados da Fiesp.<br />

o indicador de Nível de atividade (iNa) cresceu 1,6%<br />

em outubro ante setembro, segundo dados com ajuste<br />

sazonal. sem ajuste, houve alta 4,5%. mas na comparação<br />

com outubro de 2008, a atividade recuou 4,6%. No<br />

ano, o iNa acumula baixa de 11,6%.<br />

o dado de setembro foi revisto para baixo para crescimento<br />

de 3,6% contra agosto com ajuste, ante a leitura<br />

preliminar de alta de 4,3%.


Balanço da Abinee no ano<br />

da crise econômica<br />

O desempenho das indústrias de elétrica e eletrônica<br />

não foi tão bom quanto o ano passado. Segundo a<br />

pesquisa da ABINEE - Associação Brasileira da Indústria<br />

Eletroeletrônica, anunciada em coletiva de imprensa<br />

por seu presidente, Humberto Barbato, uma queda de<br />

aproximadamente 9% ocorreu devido aos reflexos da<br />

crise econômica mundial, afetando a economia brasileira,<br />

tanto quanto o setor e seus segmentos. O faturamento<br />

total passou de R$ 123,1 bilhões (2008) para R$ 112,2<br />

bilhões neste ano.<br />

Sustentados pela carteira de pedidos pré-crise e investimentos<br />

dos setores de petróleo e gás, fabricantes<br />

de bens de capital, como Automação Industrial, conseguiram<br />

níveis razoáveis de faturamento no começo de<br />

2009. Porém, a partir do segundo trimestre começaram<br />

a ressentir a falta de novas encomendas. Esta área apresentou<br />

uma queda de 17%, a segunda maior retração,<br />

perdendo só para o setor de telecomunicações. Suas<br />

exportações fecharam com redução de 18% e as importações,<br />

12%.<br />

Para 2010, a expectativa das empresas é que o faturamento<br />

total atinja R$ 124,9 bilhões. O setor de automação<br />

fica na dependência econômica do país e espera<br />

um crescimento de aproximadamente 11%. Segundo<br />

Nelson Ninnin, diretor da ABINEE da área de Automação<br />

industrial e presidente mundial da ISA (associação dos<br />

profissionais de automação fundada nos Estados Unidos<br />

em 1.945), a área de manufatura está lenta e saturada<br />

em comparação com a de processo.<br />

O nível de empregos do setor eletroeletrônico<br />

também está instável. No começo do ano, o número de<br />

funcionários chegou a 161 mil, passou para 155 mil em<br />

maio e pode terminar o ano com 160 mil. O fato desta<br />

instabilidade ocorrer sem muitas demissões mostra as<br />

boas expectativas das empresas para o ano que vem,<br />

pois o custo de demissão e de recontratação a curto<br />

e médio prazo não compensa. Com isso, o número de<br />

empregados em 2010, pode chegar a 163 mil ou mais.<br />

Em outubro, um dos destaques de alta entre os setores<br />

pesquisados foi Veículos Automotores, com avanço<br />

de 7,9% mês a mês com ajuste sazonal, e Alimentos e<br />

Bebidas com expansão de 7,7%.<br />

Entre os setores, as maiores taxas de uso da capacidade<br />

foram de Coque, refino de petróleo, combustíveis<br />

nucleares e produção de álcool, com 98,9%, segundo<br />

dados sem ajuste sazonal, e Celulose, papel e produtos<br />

de papel com 91,5%.<br />

//notícias<br />

Queda no faturamento de<br />

outubro preocupa Abimaq<br />

Em relação ao mês anterior, a Abimaq, Associação Brasileira<br />

da Indústria de Máquinas e Equipamentos, registrou uma queda<br />

de 10,1 % no faturamento de seus associados. Os números continuam<br />

em baixa ao comparar janeiro-outubro deste ano com<br />

o mesmo período em 2008. A queda do faturamento foi 21,2%,<br />

passando de R$ 65,63 bilhões para R$ 51,72 bilhões, neste ano.<br />

Com a inflação, o total pode chegar a 23,6% negativo.<br />

Segundo o Diretor Secretário da Abimaq, Carlos Buch Pastoriza,<br />

a empresa esperava que o volume de faturamento fosse<br />

chegar a uma queda de 15%, no entando, registrou cerca de<br />

20%. “Isto é um reflexo do auge da crise. Este mês de outubro<br />

foi um buraco negro”, afirma o diretor.<br />

O faturamento bruto real de máquinas e equipamentos,<br />

de janeiro-outubro, em 2006 foi R$ 49,23 bilhões, crescendo,<br />

em 2007, para R$ 54,55 bilhões. Em 2008, houve um aumento<br />

significativo para R$ 66,35 bilhões. E este ano caiu para R$ 51,47<br />

bilhões. A alta porcentagem na queda é consequência de um aumento<br />

significativo no ano passado. Uma vez que os números de<br />

2007 e 2009, se comparados, não apresentam tanta diferença.<br />

Contratações<br />

Se por um lado, o faturamento anual da Abimaq caiu, por<br />

outro, as contratações feitas pela empresa continuam a subir. O<br />

setor está otimista e por três meses consecutivos, agosto/setembro/outubro,<br />

apresentou uma incremento de 0,1%, resultando<br />

em 272 novos contratados. No entanto, em comparação com<br />

o mesmo período do ano passado, que foi um ano excepcional,<br />

o número de empregados caiu 6,8%.<br />

Perspectivas<br />

Entre as perspectivas para o próximo ano, a desoneração<br />

total do setor é esperada pelo presidente Luiz Aubert Neto.<br />

“Esperamos que em 2010, o governo fique sensibilizado com a<br />

nossa situação e desonere a nossa cadeia produtiva para voltar<br />

a gerar crescimento e empregos dentro do País”. E como todo<br />

início de ano o primeiro trimestre é fraco para investimentos,<br />

a Abimaq acredita que só após o carnaval, o setor poderá<br />

apresentar indícios de melhoria.<br />

Novembro/Dezembro 2009 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong>


notícias<br />

Mauá oferece MBA em Engenharia<br />

e Negócios do Gás e Petróleo<br />

Com a recente descoberta do pré-sal, a sua exploração<br />

tende a abrir oportunidades para o país e principalmente para<br />

profissionais de diversas áreas. Com o objetivo de preparar<br />

os graduados interessados nesta especialização técnica, o<br />

Instituto Mauá de Tecnologia - IMT está lançando o MBA<br />

Engenharia e Negócios do Gás e Petróleo.<br />

O curso terá a carga horária de 360 horas e será ministrado<br />

às segundas e quartas- feiras no próprio campus do<br />

Instituto. A metodologia de aulas envolve análises, discussões<br />

de casos, debates e exercícios ao longo de todo o curso.<br />

Este programa foi elaborado a partir da identificação das<br />

exigências do mercado, mediante consulta a empresas de<br />

grande porte do setor, para identificar as habilidades e competências<br />

imprescindíveis ao entendimento da real dinâmica<br />

do modelo de negócios do setor de Gás e Petróleo.<br />

Assim, entre outras disciplinas, o programa do curso inclui<br />

Regulamentação e Legislação para Atividades de Exploração<br />

e Refino de Petróleo e Distribuição de Petróleo e Gás, Gestão<br />

Ambiental, Geopolítica e Usabilidade do Gás Natural,<br />

Mercado do Gás Natural e Desenvolvimento Tecnológico,<br />

Fundamentos da Geologia do Petróleo e Gás; Dinâmica do<br />

Processo de Exploração de Petróleo e Gás, Tecnologia de<br />

Perfurações de Poços e Sistemas de Distribuição Mercado<br />

Internacional: /Trading/ de Petróleo e Gás.<br />

As inscrições já estão abertas. A primeira turma tem<br />

início em março de 2010. Informações e inscrições no site<br />

www.maua.br/posgraduacao.<br />

<strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />

Com a recente descoberta do pré-sal, o Instituto Mauá de Tecnologia<br />

lança o MBA Engenharia e Negócios do Gás e Petróleo. O Programa<br />

do curso foi elaborado com as exigências do mercado sob consulta<br />

de grandes empresas do setor.<br />

Curtas<br />

Emprego<br />

O emprego na indústria paulista teve em outubro o<br />

maior aumento desde abril do ano passado, dando<br />

continuidade à recuperação iniciada em setembro.<br />

Foram geradas 9 mil vagas no mês, alta de 0,28%<br />

sobre o mês anterior, segundo dados com ajuste<br />

sazonal divulgados pela Federação das Indústrias<br />

do Estado de São Paulo (Fiesp) nesta quarta-feira<br />

(11). Sem ajuste sazonal, o emprego cresceu 0,41%.<br />

O ajuste sazonal é um cálculo feito para eliminar<br />

efeitos particulares de cada mês, como os ligados<br />

a feriados, datas comemorativas, estação do ano e<br />

outros.<br />

Na comparação de outubro deste ano com o<br />

mesmo mês de 2008, o nível de emprego teve baixa<br />

de 7,61%, com 184 mil postos de trabalho a menos.<br />

No ano, o nível de emprego na indústria do Estado<br />

acumula baixa de 1,49 %, com o fechamento de 34<br />

mil vagas.<br />

Dezesseis dos 22 setores pesquisadas registraram<br />

contratações em outubro, enquanto quatro apontaram<br />

demissões e dois tiveram estabilidade. O setor<br />

com o maior número de abertura de vagas foi o de<br />

Veículos Automotores, com 1.763 novos postos.<br />

www.multimidia2.wordpress.com/Ricardo Stuckert/PR


energia<br />

47


notícias<br />

“R$ 4 bilhões a serem gastos em todas as unidades no País nos próximos cinco<br />

anos.” De acordo com o setor automobilístico e governamental, este é o maior<br />

investimento feito pela empresa no Brasil.<br />

Produtos<br />

Cognex Visionview disponível<br />

em duas plataformas<br />

A empresa Cognex Corporation,<br />

desenvolvedora de sistemas e sensores<br />

de visão, aprimorou a interface<br />

de operação VisionView® com novas<br />

funções que oferecem visualização<br />

mais detalhada das peças ou componentes<br />

inspecionados, armazenamento<br />

simplificado de imagens das peças<br />

reprovadas e opção para inspeção<br />

via PCs. É uma interface com dis-<br />

10 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />

www.blig.ig.com.br/salaoford / divulgação<br />

play touch screen para os sistemas de<br />

visão Cognex In-Sight, que permite aos<br />

operadores ver e monitorar de perto a<br />

atividade dos sistemas de visão nas linhas<br />

de produção.<br />

O VisionView 1.2 aumenta a captura<br />

de dados do aplicativo. A nova função<br />

de pan e zoom permite um exame mais<br />

minucioso das peças defeituosas e facilita<br />

a regulagem precisa do foco do sistema<br />

de visão para obtenção de imagens de<br />

alta resolução. Os operadores das linhas<br />

de produção também podem transferir<br />

imagens de peças reprovadas para um dis-<br />

Ford anuncia investimento<br />

de R$ 4 bilhões no País<br />

A Ford anunciou na Bahia, a ampliação da fábrica<br />

de Camaçari, projeto que ficará com grande parcela<br />

de um investimento de cerca de R$ 4 bilhões que<br />

será gasto pelo grupo em todas as unidades no País<br />

nos próximos cinco anos. É o maior investimento<br />

da empresa no Brasil, segundo fontes do setor automobilístico<br />

e governamental. O programa anterior,<br />

para o período 2007/2012, é de R$ 3,4 bilhões e se<br />

somará ao novo aporte.<br />

A solenidade teve a presença do presidente Luiz<br />

Inácio Lula da Silva e do governador da Bahia, Jaques<br />

Wagner (PT).<br />

O presidente da Ford Brasil e Mercosul, Marcos<br />

de Oliveira, apresentou os novos projetos da companhia,<br />

que incluem desenvolvimento de veículos,<br />

um deles provavelmente o substituto do EcoSport.<br />

A fábrica de Camaçari opera no limite de sua capacidade<br />

- de 250 mil carros ao ano - e sua ampliação<br />

vinha sendo negociada há pelo menos dois anos.<br />

Para a construção da fábrica, a primeira de uma<br />

grande montadora do Nordeste, a Ford aplicou US$<br />

1,2 bilhão (na época, o equivalente a R$ 3,2 bilhões).<br />

Na ocasião, foi beneficiada pelo regime automotivo<br />

do Nordeste, que concedeu benefícios fiscais, como<br />

a isenção de impostos por vários anos. A unidade<br />

trabalha no sistema modular de produção, com<br />

vários fornecedores instalados dentro da fábrica e<br />

que também vão arcar com parte do investimento.<br />

São produzidos na linha de montagem os modelos<br />

Fiesta, Fiesta sedã e EcoSport.<br />

Nas próximas semanas, outra montadora, a<br />

Volkswagen, deve anunciar novos investimentos principalmente<br />

para a fábrica Anchieta, em São Bernardo<br />

do Campo (SP), onde são produzidos os modelos Gol,<br />

Polo, Saveiro e Kombi, em várias versões. Recentemente,<br />

a General Motors anunciou um programa de<br />

R$ 2 bilhões até 2012.<br />

positivo de armazenamento externo.<br />

Outra novidade é a opção de executar<br />

a interface de operação VisionView<br />

em um PC. O software oferece todos<br />

os recursos do painel de operações<br />

e flexibilidade para utilização de qualquer<br />

display que possa ser conectado<br />

a um PC.<br />

Estes aprimoramentos concedem aos<br />

operadores do chão da fábrica um<br />

controle maior sobre seus aplicativos<br />

de visão e melhor compreensão.


Produtos<br />

Sensor de Visão vedado com<br />

múltiplos recursos de Inspeção<br />

O sensor de visão vedado da Banner Engineering<br />

com invólucro IP68 oferece durabilidade em rigorosas<br />

condições industriais e de lavagem. O invólucro<br />

resistente de alumínio com revestimento de níquel<br />

do novo Presence PLUS P4 OMNI resiste a choques<br />

e vibrações. A unidade autocontida não requer um<br />

controlador à parte.<br />

O novo Sensor de Visão serve para várias aplicações,<br />

como: Inspeção de alinhamento de rótulos; Verificação<br />

e comparação de cores; Detecção de defeitos;<br />

Inspeção de embalagens; Verificação de montagem;<br />

Detecção de nível de preenchimento; Inspeção de<br />

gotas de cola; Inspeção de tampas de frascos; Prevenção<br />

de erros, entre outros.<br />

Foi projetado para ser utilizado nas indústrias, inclusive<br />

as de alimentos e bebidas, farmacêutica, automotiva,<br />

embalagens, manuseio de materiais e gráfica.<br />

As ferramentas de posição, análise e geometria do<br />

sensor permitem realizar a inspeção simultânea de<br />

múltiplos itens para abranger aplicações complexas.<br />

A interface intuitiva para o usuário, idêntica em<br />

todos os sensores PresencePLUS, assegura a facilidade<br />

de instalação e operação.<br />

//notícias<br />

Os modelos estão disponíveis com resolução de 640 x 480, ou de<br />

1280 x 1024 para inspecionar áreas maiores em mais detalhes. Entre as<br />

opções funcionais destacam-se a leitura de códigos de barra 2D e 1D,<br />

reconhecimento/verificação óptica de caracteres (OCR/OCV) e inspeção<br />

de esferas. São oferecidos como acessórios tampas de lente e aneis<br />

de luzes LED com classificação IP68 em infra-vermelho, vermelho, verde,<br />

branco ou azul.<br />

Novembro/Dezembro 2009 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />

11


notícias<br />

Novidades na Brazil Automation ISA 2009<br />

No mês de novembro a empresa Elipse Software participou<br />

do Brazil Automation ISA 2009, o 13° Congresso Internacional<br />

e Exposição Sul-Americana de Automação, Sistemas e<br />

Instrumentação. O evento, considerado o maior nas áreas de<br />

instrumentação e automação industrial da América Latina, foi<br />

realizado em São Paulo. Durante a feira, a Elipse apresentou<br />

seus principais produtos e lançamentos.<br />

A novidade exposta pela empresa foi o Elipse Plant Manager,<br />

historiador de processos capaz de coletar, consolidar e armazenar<br />

dados provenientes de várias fontes de tempo real ou históricas,<br />

proporcionando uma plataforma para a integração dos<br />

universos de TI e TA. A solução permite desenvolver aplicações<br />

de inteligência industrial e análise de dados, auxiliando na tomada<br />

de decisões e na melhoria da performance produtiva.<br />

“Gostei do Elipse Plant Manager por agregar um grande conhecimento<br />

na área de automação”, disse Ivando Severino Diniz,<br />

professor do curso de Engenharia de Controle e Automação, da<br />

Universidade Estadual Paulista – Campus de Sorocaba.<br />

Um outro lançamento foi o E3 Power, plataforma criada<br />

para garantir confiabilidade, qualidade e eficiência ao processo<br />

de operação de redes de distribuição de energia elétrica. O<br />

software apresenta um conjunto de sofisticados aplicativos de<br />

análise de sistemas elétricos como: Processador Topológico,<br />

Fluxo de Potência e Estimador de Estados. Além disso, possui<br />

um ambiente de simulação que facilita a integração entre os<br />

setores de pré e pós-operação com o centro de controle da<br />

empresa.<br />

A versão 3.2 do E3 também foi exposta na feira. A novidade<br />

traz diversas melhorias em praticamente todos os componentes<br />

que integram o software. Uma série de implementações podem<br />

ser visualizadas no E3 Playback, E3Alarm, aba Penas do E3Chart,<br />

E3 Studio, E3 Viewer, IODriver / IOServer, entre outros.<br />

E um outro destaque da Elipse foi o E3 Playback, solução que<br />

permite a interpretação de ocorrências passadas referentes a<br />

qualquer tipo de processo.<br />

Para mais informações acesse o site www.elipse.com.br.<br />

Curtas<br />

Testes<br />

A Cognex disponibiliza para os mais variados setores<br />

da indústria no Brasil alguns de seus kits desenvolvidos<br />

pela empresa para apresentar aos clientes as funcionalidades<br />

de suas soluções de rastreabilidade. Dessa<br />

maneira, é possível obter maior conhecimento dos<br />

recursos técnicos e de suas vantagens para alcançar<br />

alta produtividade, controle minucioso e segurança na<br />

produção de todo tipo de mercadoria antes da decisão<br />

pela compra.<br />

12 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />

Produtos<br />

Siemens no Brasil desenvolve<br />

relé de proteção térmica digital<br />

para transformadores<br />

A Siemens no Brasil desenvolveu o relé de proteção<br />

térmica digital Simotemp, integralmente adequado<br />

à tecnologia de redes inteligente (smart grids). A<br />

solução foi criada para proteção térmica de transformadores<br />

e é indicada para equipamentos onde<br />

são necessários o controle e proteção confiáveis da<br />

temperatura. Esse novo produto indica com maior<br />

precisão a temperatura do óleo e enrolamentos do<br />

transformador, fatores que influenciam diretamente<br />

no envelhecimento do sistema de isolação (papel<br />

e óleo). Com isso é possível um controle mais eficiente<br />

do sistema de refrigeração, visando prolongar<br />

o tempo de vida útil do transformador.<br />

Totalmente desenvolvido pela Siemens no País, na<br />

fábrica da empresa em Jundiaí (SP), o Simotemp<br />

reforça o posicionamento global da empresa em<br />

fornecer ferramentas inovadoras que podem contribuir<br />

desde a geração até a distribuição e consumo<br />

de energia elétrica dentro do conceito das smart<br />

grids. Trata-se de um produto confiável, preciso e<br />

que pode ser utilizado praticamente em qualquer<br />

transformador, além de ser de fácil programação e<br />

aplicação. No País, a companhia já tem solicitações<br />

para fornecimento dessa solução.<br />

O Simotemp monitora as temperaturas do óleo<br />

isolante e a temperatura do ponto quente (hot spot)<br />

de até três enrolamentos em um único aparelho.<br />

Além disso, possui memória de massa para armazenamento<br />

de dados e registro de eventos, função de<br />

pré-resfriamento e exercício do sistema de refrigeração.<br />

Visando facilitar a interface com o usuário,<br />

possui entrada USB frontal e software dedicado<br />

para configuração, download e análise dos dados em<br />

memória através de ferramenta gráfica, incluído em<br />

cada Simotemp. Sua confiabilidade é obtida através<br />

do emprego de componentes de alta qualidade e<br />

sistema de contingência.<br />

As empresas interessadas em conhecer as aplicações,<br />

tecnologia e benefícios do sensor de visão Checker<br />

3G, do sistema de controle visual em cores In-Sight<br />

Micro, e do menor leitor de identificação fixo de alta<br />

performance do mundo, o DataMan 200, agora podem<br />

agendar testes prévios com a presença do engenheiro<br />

de vendas da Cognex, José Carlos Bernardes Oliveira,<br />

ou com representantes das distribuidoras da empresa<br />

no Brasil, Pollux e OMNI.


eportagem<br />

Automação Segura<br />

Por que os acidentes<br />

acontecem!?<br />

Mesmo com a criação de normas de segurança<br />

acidentes continuam sendo frequentes em<br />

algumas empresas.<br />

saiba mais<br />

Segurança Funcional (SIS) - Parte 1<br />

Reduza o risco de acidentes na<br />

sua empresa<br />

<strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> 24<br />

A máquina que você trabalha é<br />

segura?<br />

<strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> 28E<br />

Conheça o CIP Safety, protocolo para<br />

a área de segurança<br />

<strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> 35<br />

U<br />

14 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />

ma coisa que qualquer um pode constatar<br />

são os danos físicos, psicológicos e materiais<br />

que os acidentes ocasionam em quem os<br />

sofre. Os que convivem com o acidentado<br />

também são afetados na parte psicológica,<br />

sejam parentes ou colegas de trabalho.<br />

Isto impacta na empresa e nos seus<br />

produtos de modos diferentes de acordo<br />

com o ramo de atividade, a ponto de se<br />

refletir em seu faturamento e ocasionar<br />

sérias consequências para a vida dela.<br />

Conforme essa situação ficou mais<br />

evidente, na segunda metade do século<br />

passado algumas normas começaram a<br />

ser elaboradas para tentar corrigir estas<br />

fatalidades que, às vezes, atingiam a vida<br />

dos trabalhadores.<br />

Por isso mesmo, o que muita gente<br />

desconhece é que ao se elaborar uma norma<br />

o que é considerado em primeiro lugar, é<br />

a vida do ser humano e dos animais. Nas<br />

nações mais civilizadas e também pioneiras<br />

na adoção dessas normas, o poder público<br />

zela por sua aplicação correta sob pena<br />

das sanções de lei. Nem todos os países<br />

observam o mesmo rigor, chegando alguns<br />

a ignorar qualquer norma de proteção ao<br />

trabalhador e ao usuário dos produtos e<br />

serviços das empresas.<br />

Felizmente a globalização tem contribuido<br />

positivamente para que em todo o mundo se<br />

adotem normas de proteção, pois a concorrência<br />

pelo mercado global é feroz e não se<br />

admite mais hoje em dia, que se aceite em<br />

razão de preço menor, um produto que não<br />

observa as principais normas internacionais<br />

como a IEC, a ISO e outras.<br />

No Brasil o órgão que estabelece as normas<br />

é a ABNT - Associação Brasileira de Normas<br />

Técnicas, que vem se esforçando para estar<br />

atualizada como as principais associações<br />

do mundo. Um comitê é formado por um<br />

grupo de pessoas que representam o setor e<br />

as empresas que fazem parte da associação,<br />

para discutir as normas sobre determinado<br />

assunto. Na maioria das vezes se baseiam<br />

em normas já existentes em outros países e<br />

as adaptam para a nossa realidade.


Como a norma é estabelecida e não<br />

há nenhuma sanção responsável pela não<br />

aplicação e muito menos há fiscalização<br />

eficaz, cabe aos prejudicados recorrerem à<br />

Justiça caso algum acidente aconteça e o<br />

culpado não seja a vítima, fazendo assim<br />

valer os seus direitos. Aí sim, a norma pode<br />

ser usada pelo advogado da vítima para<br />

consubstanciar o processo contra a ré.<br />

O que ocorre muito é que as vítimas<br />

não sabem dos seus direitos e não vão<br />

à Justiça para reinvindicá-los, seja um<br />

trabalhador, um usuário de serviços ou<br />

o cliente de um produto. Conforme este<br />

entendimento vem evoluindo por parte das<br />

empresas, dos trabalhadores e consumidores,<br />

as normas são melhor estabelecidas<br />

para o resguardo das partes envolvidas e<br />

todos saem ganhando, pois também são<br />

cada vez mais aplicadas. A Redação de<br />

<strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> vem se preocupando<br />

nos últimos anos com este tema e como<br />

fazer uma abordagem adequada e técnica<br />

do problema em nosso país. MA<br />

Caso e Depoimento de Acidentado<br />

Em 1969, trabalhando havia um ano<br />

numa famosa fábrica de brinquedos, o<br />

operário metalúrgico Jube Angelo Tomazi<br />

sofreu um acidente numa prensa de 400<br />

toneladas que pegou os dedos das duas<br />

mãos. “Um anel que freava a máquina<br />

se rompeu e ela entrou em operação<br />

automática pegando as minhas mãos”<br />

conta Jube. Na época, ele ficou de licença<br />

pelo INPS (atual INSS) por 30 dias. Sem<br />

os dedos da mão esquerda, e um enxerto<br />

no dedo indicador que ficou torto e sem<br />

movimento,como mostra a foto tirada<br />

pela nossa reportagem, teve alta e voltou<br />

a trabalhar na mesma prensa. Em 15 dias<br />

gangrenou um dedo da outra mão atingida<br />

(a direita) e devido ao discutível atendimento<br />

hospitalar, teve novo afastamento<br />

para amputá-lo. Ao voltar ao trabalho,<br />

alegou que não tinha condições psicológicas<br />

para continuar na mesma máquina e<br />

pediu para ser transferido de seção. Dois<br />

meses depois foi mandado embora. Dada<br />

a mutilação e só com ensino primário, não<br />

conseguiu mais emprego. Como a maior<br />

parte dos trabalhos da empresa necessitavam<br />

das mãos, passou a ser, informalmente,<br />

vendedor ambulante.<br />

Novembro/Dezembro 2009 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />

reportagem<br />

Deixando de lado o mau atendimento<br />

hospitalar, do INSS e da empresa, pergunta-se:<br />

as máquinas dessa empresa<br />

tinham manutenção preditiva!? Haviam<br />

normas de segurança, na época, que não<br />

foram observadas pelo fabricante da<br />

prensa e pela fábrica de brinquedos!?<br />

Com as normas atuais e a evolução da<br />

tecnologia consegue-se evitar atualmente<br />

que este tipo de acidente aconteça!?<br />

Nem sempre, pois ainda há muita<br />

máquina antiga funcionando nas indústrias<br />

que não foi atualizada, ou como dizem no<br />

meio, não foi “retrofitada” pela empresa<br />

proprietária. Também existem máquinas<br />

novas que não estão dentro das normas<br />

de segurança.<br />

Em Belo Horizonte/Minas Gerais já<br />

encontramos medidas de segurança para<br />

os trabalhadores. Desde 2003, o Ministério<br />

do Trabalho e Emprego e o Ministério<br />

Público desenvolvem o Projeto Prensa,<br />

cujo o objetivo é fomentar a proteção de<br />

prensas e reduzir o índice de acidentes<br />

com mutilações de trabalhadores no<br />

estado mineiro. Desde que foi iniciado o<br />

projeto, cerca de 500 máquinas já foram<br />

reformadas de acordo com as normas<br />

de segurança, segundo informações das<br />

procuradoras responsáveis pela sua<br />

condução no Ministério Público do Trabalho,<br />

Sônia Toledo Gonçalves e Maria do<br />

Carmo de Araújo.<br />

“A retirada das prensas por meio de<br />

adjudicação é uma iniciativa piloto, que<br />

adotamos para garantir a proteção dos<br />

trabalhadores com a definitiva eliminação<br />

das máquinas obsoletas do mercado . A<br />

mesma providência poderá ser adotada<br />

em outras empresas que se recusarem<br />

a reformar seu maquinário”, enfatizou<br />

Maria do Carmo de Araújo.<br />

De acordo com dados da Previdência<br />

Social, 25% dos acidentes de trabalho<br />

ferem ou mutilam as mãos e punhos de<br />

trabalhadores, sendo que as PRENSAS,<br />

mecânicas ou hidráulicas, ocupam o primeiro<br />

lugar dentre as máquinas de maior<br />

risco. A PRENSA é um equipamento<br />

usado para conformar, moldar, cortar,<br />

furar, cunhar e vazar peças. Em geral, são<br />

máquinas obsoletas, inseguras, responsáveis<br />

por histórias de esmagamento/amputação<br />

de dedos e mãos de trabalhadores.<br />

15


supervisão<br />

Diagnóstico de<br />

Falhas e Alarmes<br />

em Sistemas<br />

Supervisórios e CLPs<br />

Uma das maiores dificuldades para a solução de problemas<br />

imprevistos em processo é a identificação correta de alarmes no<br />

supervisório. Considerando as paradas súbitas em equipamentos<br />

nos processos dos quais os autores participaram, estima-se que<br />

90% do tempo total foi gasto na identificação da falha. Conheça os<br />

mecanismos implementados para reduzir o tempo de diagnóstico<br />

de falhas, sendo descritos três casos de melhorias promovidas<br />

em processos da ArcelorMittal Tubarão, com as descrições das<br />

técnicas escolhidas e os resultados obtidos.<br />

saiba mais<br />

HANSEN, R. C. Eficiência Global<br />

dos Equipamentos, Editora<br />

Bookman Ltda., Porto Alegre, 2006.<br />

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE<br />

MANUTENÇÃO. Documento<br />

Nacional 2007 - A Situação<br />

da Manutenção no Brasil,<br />

Florianópolis, Associação Brasileira<br />

de Manutenção, 2007. 1 CD-ROM.<br />

ALMEIDA, M. T. Manutenção<br />

Preditiva: Confiabilidade e<br />

Qualidade, Disponível em: www.<br />

mtaev.com.br/download/mnt1.pdf.<br />

Acesso em: 28 out.2007, Itajubá.<br />

ROSÁRIO, J. M. Princípios de<br />

<strong>Mecatrônica</strong>. Editora Prentice Hall,<br />

São Paulo, 2005.<br />

16 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />

Johnson Pontes de Moura<br />

UNIVC - Professor de Pós-Graduação da<br />

Faculdade do Vale do Cricaré<br />

Carlos Alberto Grosman<br />

UCL - Faculdade do Centro Leste e<br />

Discente da Pós-Graduação da Faculdade<br />

do Vale do Cricaré<br />

Leonardo Pereira Bastos<br />

UCL - Faculdade do Centro Leste<br />

Anderson Almeida Virgílio de Souza<br />

ArcelorMittal Tubarão<br />

Rogério de Almeida Otaviano<br />

ArcelorMittal Tubarão<br />

Marconi Patrício de Arruda<br />

ArcelorMittal Tubarão<br />

Alamir da Luz Júnior<br />

ArcelorMittal Tubarão<br />

Considerações Iniciais<br />

A lucratividade de uma empresa ou<br />

negócio vem do resultado de suas receitas<br />

operacionais, obtidas através de vendas<br />

de produtos ou serviços, descontando-se<br />

os custos de produção, que são os gastos<br />

com matéria-prima, recursos humanos e<br />

equipamentos. Em um ambiente cada vez<br />

mais competitivo, os custos de uma planta<br />

industrial são controlados individualmente<br />

e, dentre eles, estão a manutenção das máquinas<br />

e as paradas da linha de produção,<br />

programadas ou imprevistas, para reparo<br />

dos equipamentos.<br />

A manutenção tem suas estratégias<br />

de atuação, podendo ser planejadas, com<br />

aspectos preventivos ou preditivos, ou não<br />

planejadas, com aspecto corretivo, ocorrendo<br />

intervenção apenas quando há uma quebra<br />

ou defeito de equipamento.<br />

Durante a pesquisa sobre o assunto, os<br />

autores observaram que o tratamento da<br />

“manutenção corretiva” não tem referências<br />

bibliográficas em grande número. Existem<br />

muitas publicações quando se trata de manutenções<br />

preventivas e preditivas, que, é claro,<br />

são temas de extrema importância para o<br />

gerenciamento de falhas em equipamentos.<br />

Mas é sabido que a “manutenção corretiva<br />

custa de 3 a 5 vezes a mais que a manutenção<br />

preventiva e planejada, pois, tempo, trabalho,<br />

materiais e equipamentos são desperdiçados”<br />

(HANSEN, 2006, p. 112).


T1. Custo da manutenção/faturamento<br />

bruto. Fonte: ABRAMAN (2007).<br />

As técnicas de manutenção planejada<br />

não evitam totalmente as falhas de equipamentos<br />

de processo. E quando ocorrem estas<br />

falhas, o que fazer? Como identificá-las em<br />

um sistema supervisório? O que fazer para<br />

minimizar o tempo de atendimento e reduzir<br />

a perda de produção? Este trabalho assumiu<br />

parte deste tema e teve como propósito<br />

mostrar caminhos e alternativas simples para<br />

identificar falhas através de mecanismos e<br />

técnicas que podem ser implementados em<br />

equipamentos que já existem na empresa,<br />

como CLPs e supervisórios.<br />

No item 2 mostram-se dados sobre<br />

a manutenção de equipamentos, suas<br />

estratégias e os tipos de falhas. Nos itens<br />

3 e 4 tem-se a descrição do Controlador<br />

Lógico Programável (CLP) e do Sistema<br />

Supervisório, necessária para a compreensão<br />

das técnicas implementadas nos três casos<br />

reais, que são detalhados no item 5. O item<br />

6 apresenta os resultados obtidos, que, na<br />

opinião dos autores, comprovam a importância<br />

do trabalho, visto a relação custo X<br />

benefício das soluções implementadas.<br />

Conceitos de Manutenção e<br />

Sistemas de Automação<br />

Segundo dados levantados pela Associação<br />

Brasileira de Manutenção (ABRAMAN) em<br />

2007, o custo da manutenção é estimado<br />

em torno de 4% do faturamento bruto das<br />

empresas, conforme descrito no tabela 1.<br />

Visando reduzir este custo, a manutenção<br />

atualmente passa por um processo de modernização<br />

e aperfeiçoamento dos métodos<br />

utilizados para obtenção do controle do<br />

tempo de parada de produção e, naturalmente,<br />

das perdas de geração de recursos que<br />

isto implica. A disponibilidade operacional<br />

efetiva de uma empresa ficou, no ano de<br />

2007, em média, em 90,82%, e somente a<br />

T2. Indicadores de disponibilidade. Fonte: ABRAMAN (2007).<br />

T3. Classificação das tasks do CLP.<br />

manutenção contribuiu com 5,3% do total<br />

do tempo indisponível, conforme descrito<br />

na tabela 2 (ABRAMAN, 2007).<br />

Segundo Hansen (2006), o custo de<br />

uma estratégia de manutenção corretiva<br />

tem em média um custo cerca de 3 a 5<br />

vezes maior do que quando se adota um<br />

modo programado ou preventivo. Conforme<br />

levantado por Almeida (2007), a<br />

manutenção corretiva é a que apresenta<br />

maior custo operacional devido à sua total<br />

impossibilidade de planejamento e ao seu<br />

aspecto de imprevisibilidade, acarretando<br />

maior tempo de parada de produção, altos<br />

custos de estoques de peças sobressalentes,<br />

maior tempo gasto para reparo do equipamento,<br />

altos custos de trabalho extra e baixa<br />

disponibilidade de produção.<br />

Para reduzir a perda de produção e o<br />

tempo de parada imprevista das máquinas<br />

ocasionados por falhas inesperadas de<br />

equipamentos, é necessário que o pessoal<br />

da manutenção esteja apto para reagir imediatamente<br />

a todas as falhas das máquinas.<br />

O primeiro passo para tratar uma falha<br />

é descobrir o que aconteceu e qual a sua<br />

causa. Para este fim, utilizam-se alguns<br />

mecanismos como efetuar verificações no<br />

processo, entrevistar o operador sobre o<br />

ocorrido e verificar o autodiagnóstico dos<br />

equipamentos, se houver.<br />

Novembro/Dezembro 2009 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />

supervisão<br />

Controlador Lógico<br />

Programável (CLP)<br />

No CLP utilizado nas áreas do LTQ<br />

e do Laminador de Acabamento da ArcelorMittal<br />

Tubarão, observam-se algumas<br />

características próprias do equipamento<br />

que são essenciais para o entendimento<br />

deste trabalho, descritas em seu manual<br />

de instruções.<br />

As linguagens usadas na programação<br />

são a Ladder, Function Block e Linguagem<br />

Gráfica Estruturada (SFC), com velocidade<br />

de processamento de instruções entre 40<br />

ns (contato) e 200 ns (bloco de multiplicação).<br />

Utiliza como método de controle<br />

o Scan Cíclico, suporta até 20.288 pontos<br />

de E/S e até 128.000 palavras de memória<br />

para a programação. Na estrutura de dados<br />

do CLP, todos os tipos de variáveis foram<br />

definidos em conformidade com a norma<br />

IEC 61131-3, sendo classificados em:<br />

a) ”Local”: variável temporária ou<br />

estática, utilizada para representar<br />

uma entrada física, por exemplo;<br />

b) ”Global”: pode ser uma variável<br />

global de estação, de controlador<br />

ou de rede. São variáveis lógicas,<br />

internas ao CLP.<br />

Na estrutura do CLP existe a integração<br />

dos programas de um determinado<br />

controlador em unidades chamadas de<br />

17


supervisão<br />

tarefas (tasks). Qualquer programa pode<br />

ser executado desde que esteja incluso em<br />

uma task. Estas tasks são classificadas<br />

e identificadas conforme sua prioridade<br />

de execução dos programas, conforme<br />

demonstrado na tabela 3.<br />

A figura 1 ilustra uma configuração de<br />

hardware básico do CLP instalado na área<br />

do Trem Acabador do LTQ.<br />

F1. Hardware do CLP.<br />

F2. Tela de operação do trem acabador.<br />

18 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />

Sistema Supervisório<br />

Um sistema de supervisão e controle tem<br />

por função a integração dos sistemas lógicos<br />

e de automação, como os CLPs, através da<br />

troca de dados entre as estruturas físicas de<br />

comando em um ambiente de rede local,<br />

disponibilizando informações ao operador<br />

em uma estação de trabalho, chamada de<br />

interface homem-máquina (IHM), para que<br />

o mesmo possa acompanhar, gerenciar ou<br />

manipular variáveis do processo automatizado<br />

(ROSÁRIO, 2005).<br />

O sistema supervisório permite a configuração<br />

de telas que facilitam a operação,<br />

tendo geralmente as seguintes funções:<br />

a) tela de vista geral ou principal:<br />

apresenta os setpoints e os desvios,<br />

podendo ser constituída de várias<br />

páginas;<br />

b) tela de grupo: apresenta informações<br />

sobre pontos em grupos de<br />

funções com os mesmos detalhes<br />

dos visores de instrumentos analógicos;<br />

c) telas de malhas: apresentam uma<br />

representação gráfica de cada<br />

malha em detalhe. Nela pode-se<br />

visualizar e/ou alterar as principais<br />

variáveis da malha;<br />

d) telas de alarme: mostram ao operador<br />

as principais falhas ou eventos<br />

do processo e/ou do sistema;<br />

e) telas de tendências: podem ser<br />

configuradas para registrar mudança<br />

dos valores das variáveis em<br />

um intervalo de tempo reduzido<br />

(tempo real) ou num intervalo de<br />

tempo maior, como horas, dias e<br />

semanas (histórico).<br />

Implementação das<br />

Modificações<br />

A seguir, é descrito cada um dos três<br />

casos reais, nos quais as implementações<br />

foram realizadas.<br />

Caso do CLP do LTQ<br />

No LTQ, apesar de serem adotados<br />

procedimentos de manutenção preventiva e<br />

preditiva, ocorreram paradas imprevistas dos<br />

equipamentos, causando perda de produção<br />

e impacto negativo na disponibilidade da<br />

linha de laminação. Considerando-se que a<br />

capacidade atual de produção de bobinas é<br />

de 400 toneladas/hora, e um preço médio<br />

de US$ 600,00 para cada tonelada, então<br />

se obtém um valor de produção teórico de<br />

US$ 240.000,00 por hora. Assim, cada<br />

minuto adicional de parada imprevista<br />

implica em uma perda de receita na ordem<br />

de US$ 4.000,00. Para reduzir o tempo de<br />

parada e agilizar a identificação de falhas<br />

ocorridas na linha, foram implementadas<br />

lógicas de monitoramento de variáveis nos<br />

programas dos CLPs.


A laminação no trem acabador (ou FM<br />

– Finishing Mill), ilustrado na figura 2,<br />

consiste na redução da espessura do material<br />

nas cadeiras F1 a F6, sequencialmente.<br />

No caso apresentado, ocorreu uma parada<br />

indevida do processo de laminação do<br />

trem acabador e apareceu para o operador<br />

apenas o alarme “parada do FM” na tela<br />

do supervisório, sem maiores detalhes da<br />

ocorrência, conforme figura 3, retornando<br />

à condição normal 29 segundos depois, sem<br />

a intervenção do operador ou de algum<br />

técnico de manutenção.<br />

Mesmo com a existência de telas de<br />

manutenção, com indicações de sensores e<br />

instrumentos, como a mostrada na figura<br />

4 (na qual a atuação do sinal de sensor corresponde<br />

à indicação vermelha na tela), uma<br />

falha só seria identificada se permanecesse<br />

constante, o que não foi o caso.<br />

Para solucionar este tipo de ocorrência<br />

foram implementadas lógicas no CLP<br />

chamadas de lógicas de trap, que consistem<br />

em criar uma identificação numérica<br />

individual e específica para cada sensor<br />

ou instrumento e colocá-los, utilizando<br />

a programação em ladder, em um bloco<br />

somador, que só irá efetuar a soma quando<br />

ocorrer uma falha em um equipamento.<br />

Neste momento haverá o transporte deste<br />

valor para um campo definido, a fim de<br />

que não seja apagado caso haja uma falha<br />

instantânea, como um pulso de um sinal<br />

de um sensor, por exemplo.<br />

Na figura 5 tem-se a lógica de intertravamento<br />

do trem acabador, onde<br />

a saída G_FMMRHRIL (detalhe “a”) é<br />

resultado da combinação das condições<br />

de funcionamento das cadeiras F1 a F6<br />

(G_F1MRHRIL a G_F6MRHRIL) e<br />

do grupo de controle (G_FMG_AUT) e<br />

de velocidade (G_FMS_AUT) do trem<br />

acabador em automático ou o sinal de<br />

carga (material presente) no trem acabador<br />

(G_FMLRON), o que corresponde à<br />

equação booleana:<br />

G_FMMRHRIL = ((G_FMS_AUT .<br />

G_FMG_AUT) + G_FMLRON) .<br />

G_F1MRHRIL . G_F2MRHRIL .<br />

G_F3MRHRIL . G_F4MRHRIL .<br />

G_F5MRHRIL . G_F6MRHRIL<br />

A figura 6 destaca que este sinal de<br />

condição de funcionamento do trem acabador<br />

(G_FMMRHRIL) habilita o sinal<br />

F3. Registro (log) de eventos do supervisório.<br />

F4. Tela de manutenção do supervisório do trem acabador.<br />

F5. Programa do CLP com a lógica de intertravamento do trem acabador.<br />

Novembro/Dezembro 2009 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />

supervisão<br />

19


supervisão<br />

de memória para a primeira falha ocorrida<br />

(FM_FRST_FLT_MEM – detalhe “b”),<br />

que, por sua vez, efetua a transferência<br />

dos valores atuais das entradas do bloco<br />

somador do trap. A memória do dia, hora<br />

e minuto em que ocorreram as duas falhas<br />

mais recentes (MRH_TRAP, a atual, e<br />

MRH_TRAP_OLD, a anterior) também<br />

é atualizada por este sinal.<br />

Observa-se, ainda na figura 6, que a<br />

última falha ocorrida (MRH_TRAP) foi<br />

devida à condição “2”, indicando uma<br />

falha no intertravamento da cadeira F4<br />

F6. Tela do CLP com a lógica de trap do trem acabador.<br />

20 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />

(G_F4MRHRIL – detalhe “c”) como causadora<br />

da ocorrência no trem acabador.<br />

A partir destas informações, inicia-se a<br />

pesquisa nas condições de funcionamento da<br />

cadeira F4 para detalhar a causa da falha. A<br />

lógica da cadeira F4, como em qualquer outra<br />

cadeira, tem uma lógica de trap semelhante<br />

à do trem acabador, conforme descrito na<br />

figura 7. A condição de funcionamento da<br />

cadeira F4 (G_F4MRHRIL - detalhe “c”)<br />

habilita o sinal de memória para a primeira<br />

falha ocorrida (FM_FRST_FLT_MEMF4<br />

– detalhe “d”), que, por sua vez, efetua a<br />

transferência dos valores atuais das entradas<br />

do bloco somador do trap. A memória do<br />

dia, hora e minuto em que ocorreram as duas<br />

falhas mais recentes (F4_TRAP, a atual,<br />

e F4_TRAP_OLD, a anterior) também é<br />

atualizada por este sinal.<br />

Ainda analisando a tela mostrada na<br />

figura 7, encontra-se um bloco somador<br />

auxiliar, cuja saída é WORK_N04 (detalhe<br />

“f”), que também entra no bloco de trap.<br />

Isto foi necessário devido à limitação de<br />

entradas (15, no máximo) configuradas no<br />

bloco somador do CLP. No caso estudado,<br />

a última falha ocorrida (F4_TRAP– detalhe<br />

“e”) foi devido à condição “18”, indicando<br />

uma falha no intertravamento da cadeira<br />

F4 (G_F4MRHRIL) como causadora da<br />

ocorrência no trem acabador.<br />

A figura 8 mostra a continuação da<br />

lógica de trap da cadeira F4, permitindo<br />

concluir que a condição “18” refere-se a uma<br />

falha no sensor indutivo que indica que o<br />

suporte do spindle (eixo responsável pelo<br />

acoplamento do motor de acionamento com<br />

o cilindro de trabalho da cadeira) inferior<br />

de entrada está posicionado corretamente.<br />

Por questão de segurança do equipamento,<br />

a falha neste sensor (L_PB1ZSX46)<br />

intertrava o funcionamento da cadeira<br />

F4 e, consequentemente, de todo o trem<br />

acabador.<br />

Em caso de falha no sinal de um sensor,<br />

a sua indicação na tela de manutenção,<br />

exibida na figura 9, assume a cor cinza,<br />

enquanto sua indicação normal de atuado<br />

fica na cor vermelha. No momento da<br />

captura da tela de manutenção, o sensor<br />

(L_PB1ZSX46) estava com a indicação já<br />

normalizada.<br />

Para solucionar a ocorrência, foi efetuado<br />

o ajuste do posicionamento do sensor<br />

e liberado para retornar à operação normal<br />

da linha de laminação.<br />

O tempo total de parada de produção,<br />

medido entre o início da falha até o retorno<br />

da linha, foi em torno de 15 minutos.<br />

A identificação da falha, com a pesquisa<br />

dos alarmes no supervisório e da lógica de<br />

intertravamento nas tasks do CLP, gastou<br />

cerca de 10 minutos. O ajuste do sensor no<br />

campo, tarefa sem muita complexidade,<br />

foi executado em 5 minutos, aproximadamente.<br />

Quando não existia esta lógica de trap,<br />

ocorria perda de tempo considerável na<br />

investigação de cada condição de intertrava-


mento do trem acabador, sendo analisadas,<br />

ainda, todas as condições das cadeiras de<br />

laminação. Existem relatos de falhas semelhantes<br />

com paradas de mais de 60 minutos<br />

pelo mesmo problema registrados na base<br />

de dados da ArcelorMittal Tubarão, mas<br />

sem a utilização de ferramentas adequadas<br />

de investigação da ocorrência. Além disso,<br />

neste caso específico, por se tratar de uma<br />

falha intermitente, o técnico que estivesse<br />

analisando-a dificilmente encontraria a causa<br />

da ocorrência, a não ser que a freqüência<br />

de falha se tornasse muito maior.<br />

Caso das Telas de Intertravamento<br />

do Laminador de Acabamento<br />

Na área do Laminador de Acabamento,<br />

a dificuldade na identificação da origem de<br />

uma falha inicia-se no fato de, originalmente,<br />

não haver telas de manutenção apropriadas,<br />

com visualização das condições de intertravamento<br />

da linha. Por isso, o alarme que<br />

aparece para o operador é muito genérico,<br />

sendo necessário investigar dentro do programa<br />

do CLP, o que demanda tempo e,<br />

consequentemente, parada de produção.<br />

Quando não há telas auxiliares de manutenção,<br />

contendo estados dos sensores e<br />

dos equipamentos, a identificação da falha<br />

deve ser pesquisada diretamente no CLP. Ao<br />

verificar as tasks e as linhas dos programas<br />

no CLP, gasta-se um tempo variável até a<br />

localização da causa básica da ocorrência,<br />

pois depende de diversas condições:<br />

a) fatores humanos: conhecimento do<br />

técnico que efetua o atendimento;<br />

as informações prestadas pelo<br />

operador; a identificação correta<br />

do alarme no supervisório; e a<br />

condição emocional e psicológica<br />

do técnico e do operador;<br />

b) fatores inerentes ao equipamento:<br />

falha na comunicação da estação<br />

de manutenção com o CLP; e<br />

falha na abertura do programa de<br />

monitoração causado por defeitos<br />

no software ou no hardware.<br />

Com a implantação de telas de manutenção<br />

no supervisório em março de<br />

2007, passou a ficar visível ao operador e<br />

ao técnico a ocorrência de uma falha de<br />

posicionamento de um equipamento, ou<br />

uma indicação indevida causada por um<br />

sensor danificado ou desajustado.<br />

Para melhorar a identificação dos alarmes,<br />

foram criadas telas de intertravamento<br />

F7. Tela do CLP com a lógica de trap da cadeira F4.<br />

F8. Tela do CLP com a lógica de trap da cadeira F4.<br />

Novembro/Dezembro 2009 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />

supervisão<br />

21


supervisão<br />

(interlock) para monitoração das condições<br />

necessárias à lógica de funcionamento dos<br />

equipamentos. Ao selecionar o campo inferior<br />

“F10-Interlock” na tela principal de<br />

operação do Laminador de Acabamento,<br />

aparece o menu de acesso às telas de intertravamento,<br />

indicado na figura 10.<br />

F9. Tela de manutenção do supervisório do trem acabador.<br />

F10. Tela de operação do laminador de acabamento.<br />

22 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />

A sequência automática de laminação<br />

depende de sensores indutivos e fotocélulas<br />

que indicam que os equipamentos estão<br />

corretamente posicionados para dar continuidade<br />

ao processo. Caso haja uma falha<br />

em um sensor ou no próprio equipamento,<br />

o CLP para a linha de produção até que a<br />

condição que está faltando na lógica seja<br />

normalizada. Geralmente, por questões<br />

de segurança do processo ou dos próprios<br />

operadores, a lógica fica bloqueada até<br />

mesmo para operação em manual, não<br />

permitindo qualquer tipo de manobra na<br />

linha que envolva riscos.<br />

A opção “Principal I/L 1”, primeiro<br />

botão do menu em destaque na figura 10,<br />

abre a primeira sequência de intertravamento,<br />

ilustrada na figura 11, que contém<br />

as condições de funcionamento da linha<br />

subdividas em três telas, com as indicações<br />

em verde significando “pronto” e as em<br />

amarelo, “falha”.<br />

A ideia de criar novas telas de intertravamento<br />

partiu de ocorrências de paradas<br />

operacionais de 50 minutos, por exemplo,<br />

na qual se gastou em torno de 45 minutos<br />

para encontrar uma falha na sequência<br />

de funcionamento da linha de produção,<br />

causada por um fusível queimado, cuja<br />

substituição não leva 5 minutos.<br />

<strong>Atual</strong>mente, caso ocorra a mesma falha,<br />

seria identificada a condição que falta na<br />

tela de intertravamento com um tempo<br />

aproximado de 5 a 10 minutos, com a<br />

substituição do fusível no mesmo tempo<br />

de 5 minutos.<br />

Caso do CLP do Laminador de<br />

Acabamento<br />

O programa do CLP trabalha com as<br />

entradas físicas (sensores, por exemplo)<br />

como variáveis do tipo local, o que implica<br />

que, caso haja necessidade de se forçar um<br />

ponto no CLP, deve-se pesquisar em todas<br />

as tasks e forçar todas as variáveis (force),<br />

uma a uma. Isto não ocorre no LTQ, uma<br />

vez que a filosofia do projeto implantado<br />

foi transformar estas entradas físicas em<br />

uma variável do tipo global, em uma task<br />

específica para este fim (no caso do LTQ, a<br />

task MS_011), onde se força apenas a variável<br />

de entrada e, automaticamente, a variável<br />

global assume o novo valor, atualizando<br />

todos os pontos da lógica onde for utilizada<br />

nas demais tarefas do CLP. Com isto,<br />

ganha-se tempo para providenciar a solução<br />

definitiva do problema no campo.<br />

Para criar esta conversão de tipos de<br />

variáveis, foi implementada no CLP HSP_<br />

Master do Laminador de Acabamento a task<br />

MS_018, com a finalidade de converter os<br />

tipos de variável, sendo iniciado o projeto<br />

em março de 2007 e concluído em julho


de 2007. A figura 12 mostra parte da task<br />

MS_018, onde a entrada I_PP1ZSX01<br />

(detalhe “a”) é uma variável do tipo local<br />

que corresponde à indicação de posição alta<br />

do rolo polidor (polisher). Ocorre, então,<br />

a conversão para a variável do tipo global<br />

G_PP1ZSX01_CFT (detalhe “b”), que é<br />

utilizada nas lógicas das demais tasks do<br />

CLP HSP_Master.<br />

Para exemplificar o caso, a figura 13<br />

mostra todos os locais e as tasks que utilizam<br />

o sinal G_PP1ZSX01_CFT. Como cada local<br />

corresponde a um intertravamento ou a uma<br />

função no processo que está interligado a<br />

outras seqüências de funcionamento, seria<br />

necessário forçar (force), individualmente,<br />

no CLP, cada uma destas posições da variável<br />

local, identificadas no detalhe “c”.<br />

Existem variáveis que são utilizadas em<br />

mais de 30 pontos diferentes, distribuídos<br />

nas tasks existentes.<br />

Um exemplo de aplicação da saída<br />

global G_PP1ZSX01_CFT (detalhe “c”) é<br />

ilustrado na figura 14, onde a task MS_108<br />

é responsável pelo envio de informações<br />

para a tela do supervisório.<br />

O force, em algumas situações, é necessário<br />

por motivos de:<br />

a) segurança do pessoal de manutenção:<br />

dificuldade de acesso ou de<br />

trabalho no local de instalação do<br />

sensor ou do instrumento;<br />

b) segurança do equipamento: interrupção<br />

da lógica ou do intertravamento<br />

para evitar movimentação<br />

indevida por falha de algum sensor<br />

ou equipamento;<br />

c) reduzir parada imprevista: alteração<br />

do valor da variável para que permita<br />

funcionamento da lógica ou do intertravamento<br />

até que se providencie<br />

material ou peças sobressalentes para<br />

efetuar a substituição no local, ou<br />

que se possa programar o reparo<br />

em uma condição em que reduza<br />

a perda de produção.<br />

O tempo para atendimento de uma<br />

ocorrência como a relatada neste caso era<br />

variável em função da quantidade de pontos<br />

a serem forçados no CLP. Isto porque<br />

poderiam ocorrer falhas do técnico que<br />

efetuava o atendimento (esquecimento de<br />

um ponto, por exemplo) ou da estação de<br />

trabalho do CLP, como travamento do<br />

programa e lentidão de resposta no acesso<br />

às tasks. Estima-se, baseado em relatos dos<br />

F11. Tela das condições principais do Laminador de Acabamento.<br />

F12. Tela com a task MS_018 criada no CLP do Laminador de Acabamento.<br />

Novembro/Dezembro 2009 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />

supervisão<br />

F13. Localização da variável G_PP1ZSX01_CFT no CLP do Laminador de Acabamento.<br />

23


supervisão<br />

técnicos da área, que o tempo médio para<br />

este tipo de atendimento ficava em torno<br />

de 20 minutos.<br />

<strong>Atual</strong>mente, com a implantação desta<br />

conversão das variáveis para o tipo global,<br />

é necessário forçar apenas um ponto em<br />

uma task já definida (MS_018) para que<br />

F14. Tela com a task MS_108 do CLP do Laminador de Acabamento.<br />

F15. Índice de falhas da área do LTQ no período de 2003 a 2007.<br />

24 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />

todas as demais tasks do CLP assumam o<br />

novo valor desta variável e normalizem o<br />

funcionamento da lógica. Com isso, o tempo<br />

de atendimento, e, consequentemente, de<br />

perda de produção, decresce para aproximadamente<br />

5 minutos.<br />

F16. Índice de falhas da área do Laminador de Acabamento no período de set/2006 a set/2007.<br />

Resultados<br />

No primeiro caso, implementou-se em<br />

outubro de 2003 nas tasks do CLP um bloco<br />

somador atribuindo valores às condições de<br />

intertravamento de um equipamento. Os<br />

valores das condições de falhas mais recentes,<br />

com seus registros de data e de horário,<br />

também ficam armazenados no CLP.<br />

A figura 15 mostra a redução anual no<br />

índice de falha, que é, em porcentual da<br />

quantidade de tempo de parada imprevista<br />

da produção dividida pelo tempo de calendário,<br />

no LTQ a partir do ano de 2004<br />

(detalhe “a”), após a implementação do<br />

Caso 1 descrito neste trabalho. O sistema<br />

de controle da operação do LTQ, para efeito<br />

de cálculo do índice de falhas, só registra<br />

paradas acima de 7 minutos.<br />

Já no segundo caso, foram criadas telas<br />

de intertravamento no supervisório, com a<br />

identificação das condições necessárias para a<br />

seqência de funcionamento dos equipamentos.<br />

Em caso de falha de alguma destas condições,<br />

o próprio operador pode tomar alguma ação<br />

ou passar a informação detalhada para o<br />

técnico de manutenção sobre qual sensor<br />

ou instrumento está em falha.<br />

No terceiro e último caso descrito<br />

desenvolveu-se no CLP uma task para a<br />

conversão das variáveis do tipo local para<br />

variáveis do tipo global, que, por ser utilizada<br />

em mais de uma task, auxilia nos casos<br />

emergenciais em que é necessário forçar<br />

valores, a fim de evitar danos às pessoas,<br />

aos equipamentos e perdas de produção.<br />

Atuando em apenas uma variável do tipo<br />

global não se gasta tempo com a procura<br />

e com o force em diversas variáveis do tipo<br />

locais, distribuídas pelas tasks no CLP.<br />

A figura 16 apresenta a redução do índice<br />

de falha a partir de abril/2007 (detalhe<br />

“b”), depois de implementados os casos 2<br />

e iniciado o 3, descritos neste trabalho. O<br />

sistema de controle da operação do Laminado<br />

e Acabamento, para efeito de cálculo do<br />

índice de falhas, só registra paradas acima<br />

de 15 minutos.<br />

Os casos implementados tiveram baixo<br />

custo de desenvolvimento, sendo necessário<br />

apenas recurso humano, ou seja, custo da<br />

hora trabalhada (HH ou homem-hora) de<br />

um técnico experiente, que tem um valor<br />

aproximado de US$ 10,00 por hora.<br />

No primeiro caso, considerando um<br />

tempo total para inserir e configurar os<br />

blocos da lógica de trap no CLP aproximado


de 40 horas, o custo total do projeto ficou<br />

em torno de US$ 400,00. No segundo<br />

caso, foi preciso aproximadamente 80<br />

horas para configuração e testes das telas<br />

de intertravamento, gerando um custo de<br />

implantação na ordem de US$ 800,00. O<br />

terceiro caso, por se tratar de pesquisar as<br />

variáveis de entrada em todas as tasks do<br />

CLP, criar uma nova task e nela efetuar as<br />

conversões das variáveis do tipo local para<br />

do tipo global, necessitou-se de um tempo<br />

maior para implementação, em torno de<br />

160 horas, o que gerou um custo de US$<br />

1.600,00.<br />

Para comprovar a importância deste<br />

trabalho, basta efetuar o cálculo dos custos<br />

das soluções implantadas com o valor<br />

da perda de produção de bobinas em um<br />

minuto, que é US$ 4.000,00. O terceiro<br />

caso, que gerou o maior custo estimado,<br />

ficou em US$ 1.600,00, sendo pago com<br />

apenas 24 segundos de produção. Os três<br />

casos juntos custaram em torno de US$<br />

2.800,00, o que significa 42 segundos de<br />

produção. O valor de cada minuto ganho<br />

na resolução de uma ocorrência é, de fato,<br />

um ganho operacional significativo para<br />

a empresa.<br />

Considerações Finais<br />

A partir do momento em que a redução<br />

dos prazos de entrega e o aumento da capacidade<br />

de produção tornam-se imprescindíveis<br />

para a sobrevivência de um negócio, a<br />

manutenção torna-se essencial para garantir<br />

a participação de uma empresa no mercado.<br />

E, apesar de todo o esforço em planejar as<br />

paradas dos equipamentos para manutenção,<br />

a ocorrência de falhas imprevistas é um fato<br />

inegável em qualquer linha de produção,<br />

em pequenas ou grandes empresas.<br />

Este artigo mostra exemplos de aplicação<br />

de conhecimentos básicos dos sistemas<br />

utilizados em automação industrial, como<br />

lógica do CLP e monitoração de variáveis<br />

pelo supervisório, onde a criatividade foi<br />

peça-chave para a redução de tempo de<br />

perda de produção imprevista, facilitando a<br />

identificação da causa básica da ocorrência<br />

e agilizando a tomada de ação para solução<br />

da falha.<br />

Antes das soluções “mirabolantes”,<br />

existem idéias simples, eficazes e de baixo<br />

custo de implementação que apresentam<br />

ganhos consideráveis com ferramentas de<br />

uso geral na área de automação. MA<br />

Novembro/Dezembro 2009 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />

supervisão<br />

25


automação<br />

Como programar o<br />

CLP CJ1,<br />

da OMRON<br />

Acompanhe neste artigo um passo a passo de como programar<br />

um CLP, para o qual tomo como exemplo o CJ1 da Omron<br />

saiba mais<br />

Pires, J. Norberto. Automação<br />

industrial - 3ª edição - editora Lidel<br />

BaLceLLs, Josep e romeraL, José<br />

Luis. Autómatas programables<br />

- editora marcombo<br />

PiNto, João r. caldas. Técnicas de<br />

automação - edições técnicas e<br />

Profissionais<br />

oLiveira, Paulo. Curso de Automação<br />

Industrial - edições técnicas<br />

e Profissionais<br />

Pereira, eng.º Filipe alexandre<br />

de sousa. Manual de Formação<br />

OMRON<br />

Catálogos OMRON:<br />

www.omron.pt<br />

A<br />

26 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />

Filipe Pereira<br />

Prof. Eng. Eletrotécnica/Automação<br />

filipe.as.pereira@gmail.com<br />

ntes de começar a programar um CLP, é<br />

importante entender o próprio CLP CJ1,<br />

assim poderemos abordar com objetividade<br />

a programação de um CLP.<br />

O CJ1 é um pequeno controlador lógico<br />

programável que pode fornecer funções<br />

básicas para diversos tipos de máquinas,<br />

tanto de controle como de processo, além<br />

de possuir uma plataforma flexível de<br />

configuração do sistema.<br />

O CJ1 é modular e compatível com as<br />

séries CJ1G/H e CS1, com uma taxa de<br />

execução binária de 100 ns. Este CLP possui<br />

mais de 60 tipos de unidades de expansão,<br />

se comunicando com qualquer tipo de<br />

rede, facilitando o controle distribuído. No<br />

quadro “Ficha Técnica” é possível ver mais<br />

itens deste CLP. No site www.ia.omron.<br />

com/product/80.html é possível ver os<br />

diversos módulos que compõem o sistema<br />

completo do CLP, onde temos o módulo<br />

da CPU, da fonte, das entradas básicas<br />

e especiais de entrada e saída, de rede e<br />

demais módulos.<br />

Este CLP dispõe de áreas reservadas de<br />

memória para cada item, como por exemplo<br />

os temporizadores e controladores utilizam<br />

TC0000 a TC4095, na edição anterior fiz<br />

uma explicação mais abrangente sobre o<br />

funcionamento da memória. Na tabela 1<br />

temos as áreas de memória do CJ1.<br />

As áreas de memórias mais importantes<br />

de um CLP são:<br />

• Relés Internos – São usados para<br />

controlar os pontos de entradas/saídas,<br />

outros bits, temporizadores,<br />

contadores e para guardar temporariamente<br />

dados.<br />

• Relés Especiais – Disponibilizam<br />

sinais de clock, flags, bits de controle<br />

e status do sistema.<br />

• Relés Auxiliares – Contêm bits e<br />

flags para funções especiais. Retêm<br />

o seu estado durante a ausência de<br />

alimentação.<br />

• Memória de Dados – São usados<br />

para memorização e manipulação<br />

de dados. Retêm os dados durante<br />

a ausência de alimentação.<br />

• Relés com Retenção – São usados<br />

para guardar e memorizar dados<br />

quando o CLP é desligado.<br />

• Relés de Temporizadores e Contadores<br />

– São como operandos das<br />

instruções LD (NOT), AND(NOT)<br />

e OR(NOT), informam o estado dos<br />

contadores e temporizadores com o<br />

mesmo endereço.


F1. CLP CJ1, da OMRON.<br />

• Relés de Comunicação – A sua<br />

principal função está associada ao<br />

estabelecimento de comunicações<br />

para troca de dados automática<br />

com outros CLPs. Na ausência desta<br />

função, podem ser usados como relés<br />

de trabalho.<br />

• Relés Temporários – São usados<br />

para guardar de forma temporária<br />

os estados de condições de execução.<br />

Estes bits só podem ser usados nas<br />

instruções LD e OUT.<br />

• Memória de Programa – É usada<br />

para guardar o conjunto de instruções<br />

que constitui o programa do CLP. O<br />

número máximo de instruções que<br />

pode ser introduzido nesta memória,<br />

depende do tipo de instruções<br />

usadas.<br />

Relés Especiais<br />

Os CLPs têm uma área de memória<br />

dedicada somente aos relés especiais. Devido<br />

as suas funcionalidades eles são bastante<br />

utilizados na maioria dos programas, na<br />

tabela 2 temos as informações de alguns<br />

relés mais importantes.<br />

Entradas Analógicas<br />

Os módulos de entradas analógicas<br />

são utilizados nas aplicações em que os<br />

sinais provenientes do processo sejam<br />

analógicos.<br />

Ao contrário dos sinais discretos, que<br />

têm somente dois estados (On e Off), os<br />

sinais analógicos variam no tempo e na<br />

amplitude (sinal medido) e são convertidos<br />

num elevado número de estados.<br />

Assim, os módulos de entradas analógicas<br />

digitalizam os sinais analógicos para<br />

Novembro/Dezembro 2009 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />

automação<br />

Ficha Técnica<br />

Modelo: CJ1M-CPU12 CLP modular<br />

Entradas: 9 digitais (6 mA/24 VDC)<br />

Saídas: 6 por transístor (50 mA/24 Vdc)<br />

Saídas a PWM: 4 (30 mA, 4,75 a 26,4<br />

VDC) - 100 kHz<br />

Alimentação: 230 VAC<br />

Consumo: 12,35 W máx.<br />

Expansibilidade: até 320 entradas/saídas<br />

Memória de programa: 10k passos<br />

Conjunto de instruções: 400<br />

Words de dados: 32k<br />

Temporizadores e Contadores: 4096<br />

Velocidade de processamento: 100<br />

ns / instrução<br />

Interface RS-422A e RS-232C, Host Links<br />

e NT Links<br />

4 Entradas de contagem rápida (50 KHz<br />

bidireccional)<br />

4 Entradas de interrupção<br />

Dimensões: 90 x 73,9 mm<br />

Peso: 120 gramas<br />

27


automação<br />

T1. Áreas da memória.<br />

T2. Alguns dos Relés Especiais mais relevantes no CJ1M.<br />

F2. Conversão de um sinal analógico.<br />

F3. Leitura e conversão de um sinal analógico num CLP.<br />

28 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />

que o CLP possa guardar o valor do sinal,<br />

no instante de conversão, num registro de<br />

memória.<br />

Os módulos de entradas analógicos<br />

digitalizam sinais analógicos para que a<br />

CPU se possa servir dessa informação.<br />

A sequência de eventos que ocorrem<br />

quando se lê um sinal analógico é:<br />

• O sensor detecta a grandeza física<br />

do processo transformando-a, em<br />

seguida, numa grandeza elétrica.<br />

• O módulo de entradas analógicas<br />

transforma o sinal analógico, através<br />

de um conversor Analógico Digital<br />

(A/D), numa informação digital de 12<br />

bits, que será guardada num registro<br />

de memória (veja figura 3).<br />

Depois da leitura da informação, a CPU<br />

referencia o endereço do registro onde a<br />

informação foi armazenada, para com ele<br />

realizar comparações e cálculos aritméticos.<br />

Devido à existência de uma grande variedade<br />

de sensores analógicos, os módulos de entradas<br />

analógicas dos CLPs estão preparados para<br />

aceitar uma série de sinais eléctricos standard<br />

(veja figura 4).<br />

É importante notar que a interface<br />

analógica tanto pode ser unipolar (somente<br />

tensão positiva, isto é, 0 até +5 VDC) como<br />

bipolar (tanto tensão negativa como positiva,<br />

isto é, – 5 até +5 VDC).<br />

Este sinal convertido é o equivalente<br />

discreto do sinal analógico, no instante da<br />

conversão, medido pelo dispositivo de campo,<br />

ou seja, o sensor ou o transdutor envia um<br />

sinal em corrente, ou em tensão.<br />

A operação de divisão do sinal de entrada<br />

denomina-se resolução.<br />

A resolução do módulo indica em quantas<br />

partes o módulo de entradas analógico<br />

divide o sinal analógico.<br />

Por exemplo, se o conversor A/D divide<br />

o sinal de entrada em 4095 partes (212 – 1 =<br />

4095) ele tem uma resolução de 12 bits.<br />

Alguns CLPs também permitem uma<br />

conversão de escala direta do sinal de entrada<br />

(0 a 9999).<br />

Na tabela 3 temos a conversão de valores<br />

analógicos para bits.<br />

Esta proporção permite obter novamente<br />

o valor da grandeza física lida pelo sensor,<br />

através da fórmula abaixo:


Os módulos de entradas analógicas<br />

podem receber entradas em modo comum<br />

ou em modo diferencial, como é mostrado<br />

na figura 5.<br />

As entradas em modo comum têm o<br />

comum, das suas entradas, referenciado<br />

no mesmo ponto. As entradas diferenciais<br />

têm, entre elas, dois terminais distintos<br />

onde deverão ser ligados os sensores ou<br />

transdutores.<br />

Saídas analógicas<br />

As saídas analógicas são utilizadas para<br />

controlar dispositivos que respondam a uma<br />

variação analógica de tensão ou corrente.<br />

As instruções usadas nas saídas analógicas<br />

são semelhantes às utilizadas nas entradas<br />

analógicas, e são empregadas quando se<br />

pretende enviar uma informação analógica<br />

a um dispositivo de campo.<br />

Um exemplo deste tipo de dispositivo,<br />

apresentado na figura 6, é uma válvula<br />

proporcional que permite controlar o volume<br />

de óleo através da sua abertura proporcional<br />

a uma tensão 0-10V.<br />

O conteúdo de um registro de memória,<br />

geralmente especificado por 16 bits, é enviado<br />

à carta de saída analógica, que converte a<br />

quantidade digital numa quantidade analógica<br />

proporcional à primeira.<br />

As saídas analógicas estão ligadas a<br />

dispositivos através de condicionadores de<br />

sinal que amplificam, reduzem ou alteram<br />

o sinal, para controlar o dispositivo de<br />

campo (figura 7).<br />

A resolução do conversor D/A é definida<br />

pelo número de bits usados para a conversão<br />

analógica.<br />

Por exemplo: Um conversor D/A com uma<br />

resolução de 12 bits, cria um sinal analógico<br />

que pode variar em 4095 intervalos.<br />

Para um dispositivo analógico com uma<br />

variação de 0 V (fechado) até 10 V (totalmente<br />

aberto) o valor 2047 é igual a um<br />

sinal de 5 V, na tabela 4 temos a conversão<br />

de bits/decimal e a sua saída .<br />

Cada um dos módulos de saídas analógicas<br />

está isolado, quer dos outros módulos<br />

quer do CLP. Este isolamento protege o<br />

sistema de sobretensões ou sobrecorrentes<br />

que possam ocorrer nos módulos de saídas<br />

analógicas.<br />

T3. Tabela de conversão direta de valores analógicos para valores em<br />

F4. Condicionamento de sinal num CLP e respectiva conversão para bits.<br />

F5. Módulos de entradas em modo comum e diferencial.<br />

Novembro/Dezembro 2009 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />

automação<br />

29


automação<br />

F6. Válvula proporcional que permite controlar o volume de óleo<br />

através da sua abertura proporcional a uma tensão.<br />

F7. Condicionamento de um sinal analógico até ao seu registo na memória de um PLC.<br />

T4. Resolução do conversor D/A definida pelo número de Bits usados<br />

para a conversão analógica.<br />

F8. Saídas de um CLP em modo comum e diferencial.<br />

30 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />

As saídas analógicas também podem ser<br />

em modo comum ou em modo diferencial,<br />

como mostra a figura 8.<br />

Em modo comum, o comum de todas as<br />

saídas encontra-se referenciado ao comum<br />

da carta de saídas analógica, enquanto, em<br />

modo diferencial cada saída tem associado<br />

um comum independente.<br />

A corrente máxima necessária nos módulos<br />

de saídas analógicos é superior à dos módulos<br />

de saídas digitais e deverá ser considerada na<br />

computação das correntes de carga.<br />

Encontra-se com frequência nas cartas de<br />

saídas analógicas um By-Pass para controlar<br />

manualmente a posição de válvulas, controladores<br />

de velocidades, servos hidráulicos,<br />

conversores pneumáticos, entre outros.<br />

Este sistema é bastante útil para diagnosticar<br />

uma avaria relacionada com uma<br />

saída analógica (Figura 9).<br />

Módulos de I/O especiais<br />

Os módulos de I/O especiais estabelecem<br />

a ligação entre o CLP e os dispositivos<br />

de campo que têm sinais que, de alguma<br />

forma, são especiais.<br />

Esses sinais, que diferem dos típicos<br />

sinais digitais ou analógicos, não são muito<br />

comuns, encontrando-se apenas em 5 a 10%<br />

dos casos de aplicações com CLPs.<br />

Os módulos de I/O especiais podem<br />

dividir-se em duas categorias: os que têm<br />

uma interface direta com o CLP e os de<br />

interface inteligente.<br />

Os módulos de interface direta, como<br />

o próprio nome indica, têm uma interface<br />

direta com os dispositivos de campo, sejam<br />

eles de entrada ou saída.<br />

Estes módulos apresentam como principal<br />

característica o fato de pré-processarem a<br />

informação de sensores ou atuadores, que<br />

as cartas de I/O standard não conseguem<br />

processar (figura 10).<br />

Os módulos de I/O inteligentes têm<br />

como principal característica, a existência<br />

de um processador capaz de executar tarefas<br />

e/ou informação, independentemente do<br />

processador do CLP.<br />

Apesar de existir uma infinidade de módulos<br />

de entradas e saídas especiais, os mais frequentemente<br />

encontrados nas aplicações são:<br />

• Módulos de contagem rápida;<br />

• Módulos analógicos especiais;<br />

• Módulos de eixos ou de posicionamento;<br />

• Módulos de comunicação.


Módulos de contagem rápida<br />

Os módulos de contagem rápida, como o<br />

próprio nome indica, são módulos especiais<br />

que detectam impulsos de curta duração.<br />

Existem dispositivos que são muito mais<br />

rápidos que o tempo de SCAN da CPU,<br />

logo, estes dispositivos não poderiam ser<br />

detectados por cartas de I/O normais.<br />

As cartas de entradas rápidas procedem<br />

ao aumento do tempo de duração do impulso<br />

(figura 11) fazendo com que este<br />

esteja disponível e válido durante um ciclo<br />

de SCAN do PLC.<br />

Módulos analógicos especiais<br />

- Termopar<br />

Os módulos analógicos especiais para<br />

termopares, servem de interface direta entre<br />

o processador e o termopar.<br />

Como existe uma infinidade de termopares,<br />

as cartas especiais analógicas aceitam<br />

todos configurando-se unicamente uma<br />

série de conectores.<br />

Os módulos especiais dos termopares<br />

transformam o sinal analógico num sinal<br />

digital e fornecem a temperatura de referência<br />

ao termopar (figura 12).<br />

Módulos analógicos especiais - PID<br />

Outro exemplo de módulos analógicos<br />

especiais, é o caso dos módulos PID usados<br />

em processos onde o controle em malha<br />

fechada é necessário.<br />

Estes módulos fornecem uma saída de<br />

controle proporcional, integral e derivativo<br />

em função de uma entrada de referência<br />

(SET - POINT) e da saída do processo<br />

(figura 13).<br />

A equação no box abaixo define o<br />

algoritmo de controlo PID:<br />

Módulos de eixos ou<br />

posicionamento<br />

Os módulos de eixos e posicionamento<br />

pertencem ao grupo das cartas especiais<br />

inteligentes. Estes módulos utilizam blocos<br />

de função específicos do CLP (MOVE,<br />

TRANSFER) para transferir dados referentes<br />

ao início de parâmetros, distâncias<br />

e velocidade, do módulo (figura 14).<br />

Novembro/Dezembro 2009 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />

automação<br />

F9. By-Pass para controlar manualmente a posição de válvulas, controladores de velocidades,<br />

servos hidráulicos, conversores pneumáticos, etc.<br />

F10. Módulos de entradas e saídas especiais.<br />

F11. Tempo de um clico de Scan num módulo de contagem rápida.<br />

F12. Ligação eléctrica de um termopar a um CLP.<br />

31


automação<br />

Módulos de contagem rápida<br />

Outro tipo de módulos inteligentes é o<br />

módulo com contador de alta velocidade<br />

que conta os sinais procedentes de encoders,<br />

com velocidades até 50 kHz.<br />

A comunicação entre os módulos com<br />

contadores de alta velocidade e a CPU é<br />

bidireccional, ou seja, o módulo aceita<br />

ordens de controle do CLP e transmite<br />

F13. Módulo PID num PLC.<br />

F14. Módulo de eixo ou posicionamento.<br />

F15. Módulo de contagem rápida.<br />

32 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />

valores de estado para o CLP (figura<br />

15). A ligação deverá ser feita sempre<br />

com cabo blindado e não deverá exceder<br />

os 15 metros.<br />

Módulos de rede<br />

Os módulos de rede permitem a comunicação<br />

entre CLPs e dispositivos inteligentes,<br />

através de uma rede de comunicação.<br />

Os módulos de rede têm internamente<br />

todas as ligações e protocolos necessários<br />

para assegurar que as mensagens enviadas<br />

para a rede possam ser interpretadas por<br />

todos os dispositivos que a compõem.<br />

Em geral, quando a CPU, ou outro<br />

dispositivo da rede, envia uma mensagem, o<br />

módulo de rede encarrega-se de enviar os dados<br />

de acordo com o protocolo estabelecido.<br />

Do outro lado, o módulo de rede do<br />

receptor interpreta a mensagem e encarregase<br />

de a enviar à CPU e, se necessário, envia<br />

diretamente um comando ao dispositivo de<br />

campo (figura 16).<br />

Dependendo do tipo de rede e da sua<br />

configuração, as cartas especiais de rede<br />

podem ser ligadas a distâncias superiores<br />

a 3km e desde 100 até 1000 nós.<br />

Conclusão<br />

Encerro aqui a parte introdutória do<br />

CLP, e mostrando como é o software de<br />

programação do CJ1, onde é possível começar<br />

um novo projeto, programar utilizando<br />

Diagramas de Ladder é bem intuitivo porém<br />

requer um certo treino, por isso recomendo<br />

aos leitores que procurem se familiarizar<br />

com esta forma de programação, pois é de<br />

grande utilidade nesta área de automação.<br />

Até a próxima!<br />

MA<br />

F16. Módulo de rede.


O protocolo<br />

digital HART<br />

saiba mais<br />

Cassiolato, Cesar - Material de<br />

treinamento LD 301 Smar, 2003.<br />

Manuais de equipamentos<br />

Hart Smar<br />

A tecnologia Hart na Indústria<br />

– Parte 1. Estrutura do Protocolo<br />

<strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> 19<br />

Introduzido em 1989, tinha a intenção<br />

inicial de permitir fácil calibração, ajustes<br />

de range e damping de equipamentos analógicos.<br />

Foi o primeiro protocolo digital de<br />

comunicação bidirecional que não afetava<br />

o sinal analógico de controle.<br />

Este protocolo tem sido testado com<br />

sucesso em milhares de aplicações, em vários<br />

segmentos, mesmo em ambientes perigosos.<br />

O HART permite o uso de mestres: um<br />

console de engenharia na sala de controle e<br />

um segundo mestre no campo, por exemplo<br />

um laptop ou um programador de mão.<br />

Em termos de performance, podemos<br />

citar como características do HART as<br />

seguintes:<br />

• Comprovado na prática, projeto simples,<br />

fácil operação e manutenção;<br />

• Compatível com a instrumentação<br />

analógica;<br />

• Sinal analógico e comunicação digital;<br />

• Opção de comunicação ponto-aponto<br />

ou multidrop;<br />

• Flexível acesso de dados usando-se<br />

até dois mestres;<br />

• Suporta equipamentos multivariáveis;<br />

• 500 ms de tempo de resposta(com<br />

até duas transações);<br />

• Totalmente aberto com vários fornecedores;<br />

conectividade<br />

César Cassiolato<br />

Diretor de Marketing<br />

SMAR Equipamentos<br />

Industriais Ltda<br />

<strong>Atual</strong>mente muito se fala em termos de redes Fieldbus, mas tem-<br />

se muitas aplicações rodando em HART (Highway Addressable<br />

Remote Transducer), tendo vantagens com os equipamentos<br />

inteligentes e utilizando-se da comunicação digital de forma<br />

flexível sob o sinal 4-20 mA para a parametrização e monitoração<br />

das informações<br />

As especificações são atualizadas continuamente<br />

de tal forma a atender todas<br />

as aplicações.<br />

Veremos a seguir alguns detalhes do<br />

protocolo HART.<br />

A simplicidade: o HART e o loop de<br />

corrente convencional<br />

As figuras 1 e 2 nos mostram como<br />

entender o HART facilmente.<br />

Na figura 1, temos um loop de corrente<br />

analógica, onde os sinais de um transmissor<br />

variam a corrente que passa por ele<br />

de acordo com o processo de medição. O<br />

controlador detecta a variação de corrente<br />

através da tensão sobre um resistor sensor<br />

de corrente. A corrente de loop varia de<br />

4 a 20 mA para frequências usualmente<br />

menores que 10 Hz.<br />

A figura 2 é baseada na figura 1, onde<br />

o HART foi acrescido.Agora ambas terminações<br />

do loop possuem um modem e um<br />

amplificador de recepção, sendo que este<br />

tem alta impedância de tal forma a não<br />

carregar o loop de corrente. Note ainda que<br />

o transmissor possui uma fonte de corrente<br />

com acoplamento AC e o controlador uma<br />

fonte de tensão com acoplamento AC. A<br />

chave em série com a fonte de tensão no<br />

controlador HART em operação normal fica<br />

aberta. No controlador HART os componentes<br />

adicionais podem ser conectados no<br />

loop de corrente, como ilustrado ou através<br />

Novembro/Dezembro 2009 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />

33


conectividade<br />

do resistor sensor de corrente. Do ponto de<br />

vista AC o resultado é o mesmo, uma vez<br />

que a fonte de alimentação é um curtocircuito.<br />

Note que o sinal analógico não é<br />

afetado, pois os componentes adicionados<br />

são acoplados em AC.<br />

O amplificador de recepção é considerado<br />

frequentemente como parte do modem e<br />

usualmente não é mostrado em separado.<br />

Na figura 2 foi desenhado separadamente<br />

para mostrar como se deriva o sinal de<br />

tensão de recepção. O sinal de recepção<br />

não é somente AC, nem no controlador<br />

ou mesmo no transmissor.<br />

Para enviar uma mensagem, o transmissor,<br />

ao ligar sua fonte de corrente, fará com que<br />

se sobreponha um sinal de corrente de 1mA<br />

pico-a-pico de alta frequência sobre o sinal<br />

analógico da corrente de saída. O resistor<br />

R no controlador converterá este sinal em<br />

tensão no loop e esta será amplificada no<br />

receptor chegando até ao demodulador do<br />

controlador (modem). Do mesmo modo,<br />

para enviar uma mensagem ao transmissor,<br />

o controlador fecha sua chave, conectando<br />

sua fonte de tensão que sobrepõe uma tensão<br />

de aproximadamente 500 mV pico-a-pico<br />

através do loop. Esta é vista nos terminais<br />

do transmissor e encaminhada ao amplificador<br />

e demodulador. Note que existe uma<br />

implicação na figura 2 dispondo que o mestre<br />

transmita como fonte de tensão enquanto o<br />

escravo, como fonte de corrente.<br />

A figura 3 exibe detalhes do sinal HART,<br />

sendo que as amplitudes podem variar de<br />

acordo com as impedâncias e capacitâncias<br />

de cada equipamento e perdas causadas<br />

por outros elementos no loop. O HART se<br />

utiliza do FSK, chaveamento por mudança<br />

de frequência (Frequency Shift Keying),<br />

onde a frequência de 1200 Hz representa<br />

o 1 binário e a de 2200 Hz, representa o 0<br />

binário. Note que estas frequências estão<br />

bem acima da faixa de frequências do sinal<br />

analógico (0 a 10 Hz) de tal forma que não<br />

há interferências entre elas. Para assegurar<br />

uma comunicação confiável, o protocolo<br />

HART especifica uma carga total do loop<br />

de corrente, incluindo as resistências dos<br />

cabos de, no mínimo, 230 ohms, e no<br />

máximo 1100 ohms.<br />

Equipamentos de campo e handhelds<br />

(programadores de mão) possuem um modem<br />

FSK integrado, onde via port serial ou<br />

USB de um PC ou laptop pode-se conectar<br />

uma estação externamente.<br />

34 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />

A figura 4 ilustra uma conexão típica<br />

entre um device Host e um equipamento de<br />

campo, onde usualmente se tem comunicação<br />

ponto-a-ponto. Veremos, posterior-<br />

F1. Loop de corrente convencional.<br />

F2. Loop de corrente acrescido o HART.<br />

mente, outros tipos de conexões. Em uma<br />

conexão do tipo ponto-a-ponto, como a<br />

desta figura, é necessário que o endereço<br />

do equipamento seja configurado para<br />

F3. Sinal HART. F4. Conexão de equipamentos mestres HART.


F5. Conexão HART via multiplexador. F5a. Conexão HART em Multidrop.<br />

zero, desde que se use o modo de endereço<br />

na comunicação para acessá-lo.<br />

Em sistemas considerado grandes, podese<br />

usar de multiplexadores para acessar<br />

grandes quantidades de equipamentos<br />

HART, como por exemplo na figura 5,<br />

onde o usuário deverá selecionar o loop de<br />

corrente para comunicar via Host.<br />

Nesta situação em cascata, o host<br />

pode comunicar-se com vários equipamentos<br />

(mais do que 1000), todos com<br />

endereços zero.<br />

Ainda podemos ter rede em multidrop e<br />

condições de split-range. Na figura 5a, na<br />

conexão em multidrop, observe que podem<br />

ser ligados no máximo até 15 transmissores<br />

em paralelo na mesma linha. A corrente<br />

que passa pelo resistor de 250 ohms (foi<br />

ocultado na figura) será alta, causando<br />

uma alta queda de tensão.<br />

Portanto, deve-se assegurar que a tensão<br />

da fonte de alimentação seja adequada para<br />

suprir a tensão mínima de operação.<br />

No modo multidrop a corrente fica fixa<br />

em 4 mA, servindo apenas para energizar<br />

os equipamentos no loop.<br />

A condição de split-range é usada em<br />

uma situação especial onde normalmente<br />

dois posicionadores de válvulas recebem<br />

o mesmo sinal de controle, por exemplo,<br />

um operando com corrente nominal de<br />

4 a 12 mA e o outro de 12 a 20 mA.<br />

Nesta condição, os posicionadores são<br />

conectados em série no loop de corrente<br />

com endereços diferentes e o host será<br />

capaz de distingui-los via comunicação.<br />

Veja figura 6.<br />

Endereçamento em<br />

redes densas<br />

Para endereçar os equipamentos em<br />

redes densas, um formato especial chamado<br />

de “long form adressing” é usado.<br />

Durante a configuração,o endereço e o tag<br />

de cada equipamento, via ponto-a-ponto são<br />

enviados aos equipamentos. Na operação,<br />

os equipamentos operam com o endereço<br />

no formato long. Usando o comando 11,<br />

o host pode acessar os equipamentos via<br />

tags. (Figura 7)<br />

As camadas (layers) do HART<br />

O HART foi desenvolvido segundo o<br />

modelo OSI, de acordo com a figura 8.<br />

O meio físico.<br />

Como visto anteriormente, o HART se<br />

utiliza do sinal de 4-20 mA, sobrepondo<br />

um sinal em técnica FSK, chaveamento<br />

por mudança de frequência (Frequency<br />

Shift Keying), onde a frequência de 1200<br />

conectividade<br />

F6. Conexão HART com técnica split-range.<br />

F7. Formatos short e long de endereços.<br />

Novembro/Dezembro 2009 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />

35


conectividade<br />

F8. Modelo do protocolo HART segundo o<br />

modelo OSI.<br />

Hz representa o 1 binário e a de 2200 Hz<br />

representa o 0 binário. Cada byte individual<br />

do telegrama do layer 2 é transmitido em<br />

11 bits, usando-se 1200 kHz.<br />

Cabeamento<br />

Utiliza-se um par de cabos trançados<br />

onde deve-se estar atento à resistência total,<br />

uma vez que esta colabora diretamente com<br />

a carga total, e agindo na atenuação e distorção<br />

do sinal.Em longas linhas e sujeitas<br />

a interferências, recomenda-se o cabo com<br />

shield, sendo este aterrado em um único<br />

ponto, preferencialmente no negativo da<br />

fonte de alimentação. Seguem algumas dicas<br />

de distribuição do cabeamento, aterramento<br />

e shield (blindagem):<br />

• Para curtas distâncias, pode-se usar<br />

cabos com 0,2 mm2 e sem shield;<br />

• Para distâncias até 1500 m, recomenda-se<br />

usar cabos de par trançados<br />

com 0,2 mm2 e com shield;<br />

• Para distâncias até 3000 m, recomenda-se<br />

usar cabos de par trançados<br />

com 0,5 mm2 e com shield;<br />

• Deve-se assegurar a continuidade<br />

da blindagem (shield) do cabo em<br />

mais do que 90% do comprimento<br />

total do cabo. E, ainda, esta deve ser<br />

aterrada somente em um ponto, preferivelmente<br />

na fonte de alimentação.<br />

O shield deve cobrir completamente<br />

os circuitos elétricos através dos conectores,<br />

acopladores, splices e caixas<br />

de distribuição e junção;<br />

• Isolar sinal HART de fontes de ruídos,<br />

como cabos de força, motores,<br />

inversores de frequência. Colocá-los<br />

em guias e calhas separadas;<br />

• Quando utilizar cabos multivias,<br />

não misturar sinais de vários protocolos;<br />

36 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />

F9. Modelo de comunicação Mestre-<br />

Escravo de troca de dados no HART. F10. Frame padrão de um comando HART.<br />

• Em relação ao aterramento, deve-se<br />

ter uma impedância de terra suficientemente<br />

baixa com capacidade<br />

de dreno suficiente para conduzir e<br />

prevenir picos de tensão. Recomendase<br />

evitar múltiplos terras;<br />

• Evitar loops de terra: quando se tem<br />

vários equipamentos aterrados a um<br />

terra comum por caminhos diferentes,<br />

cria-se diferenças de potenciais que<br />

podem danificar os equipamentos;<br />

• Possíveis fontes de captação de ruído<br />

ou de distorções do sinal de comunicação<br />

podem ser citadas:<br />

• Sistema de aterramento totalmente<br />

desbalanceado;<br />

• Estruturas metálicas mal aterradas<br />

ou isentas de aterramento;<br />

• Presença de laços com grande área<br />

de acoplamento magnético;<br />

• O loop de terra do sinal AC determina<br />

um circuito elétrico AC, alimentado<br />

pela tensão de desbalanceamento<br />

do terra e a interferência será tão<br />

maior quanto maior for o nível de<br />

tensão do ruído e quão próxima for<br />

a frequência do ruído da frequência<br />

do sinal de comunicação;<br />

• Estruturas metálicas mal aterradas<br />

ou isentas de aterramento podem<br />

servir de antena, captando ruídos<br />

de tal energia que poderia fazer com<br />

que o circuito AC passe a conduzir<br />

correntes que possam interferir na<br />

qualidade do sinal de comunicação.<br />

Este fenômeno, denominado indução<br />

magnética, pode ser minimizado com<br />

a implementação de um circuito de<br />

retorno próximo ao cabeamento do<br />

barramento;<br />

• Se o sistema de bandejamento e de<br />

dutos criar um circuito ininterrupto de<br />

retorno junto ao cabeamento, o laço<br />

pode ser minimizado, diminuindo a<br />

área de acoplamento. Geralmente, o<br />

problema resultante deste tipo de falha<br />

de instalação, em plantas operando<br />

normalmente, não será aparente, e<br />

caso ocorra um desbalanceamento de<br />

terra, o defeito trará consequências<br />

desastrosas ao sistema, com danos<br />

permanentes nos equipamentos;<br />

• Para detectar a presença de aterramento<br />

em múltiplos pontos, recomenda-se,<br />

uma vez terminada a instalação, abrir<br />

cada ponto de aterramento e realizar<br />

a medição da impedância deste ponto<br />

para o terra (megagem – a impedância<br />

lida deve ser bastante alta, da ordem<br />

de alguns Mega Ohms);<br />

• Se a impedância lida for baixa, isto<br />

indica que algum ponto da linha<br />

deve estar em contato com o terra<br />

(curto com a carcaça, conexão de<br />

equipamentos não isolados com<br />

os sensores aterrados, etc.) e o curto<br />

deve ser desfeito. Lembrar que<br />

as recomendações são válidas não<br />

apenas para o sinal, mas também<br />

para a própria blindagem dos cabos.<br />

Uma das ocorrências mais comuns<br />

é abandonar o shield dos cabos mal<br />

acabado no bandejamento ou no<br />

próprio invólucro dos equipamentos<br />

e isto pode levar a curtos indesejáveis<br />

com a carcaça.A prática recomenda<br />

que se faça também a megagem da<br />

blindagem. As megagens do sinal e<br />

da blindagem devem ser sistemáticas,<br />

repetindo sempre que se faça algum<br />

tipo de manutenção nos dispositivos<br />

ou na cablagem. Qualquer manuseio<br />

em qualquer uma destas partes pode<br />

ocasionar um curto para a carcaça,


principalmente se o acabamento dos do layer 7, isto é, da aplicação. Os<br />

cabos for mal executado (curto ao comandos são divididos em classes:<br />

fechar a tampa, curto ao manipular universais, comuns e de acordo com<br />

os cabos nas bandejas, etc);<br />

o fabricante;<br />

• Deve-se sempre estar atento as normas • BC: indica o comprimento da men-<br />

de segurança segundo as exigências sagem.No HART o comprimento<br />

dos órgãos certificadores e conforme máximo é 25 bytes;<br />

a aplicação.<br />

• Status: são dois bytes que indicam a<br />

condição do equipamento. Quando<br />

Layer 2<br />

iguais a zero, o equipamento está<br />

O protocolo HART opera segundo o OK;<br />

padrão Mestre-Escravo, onde o escravo • Data: são os dados transmitidos e<br />

somente transmitirá uma mensagem se que podem ser em vários formatos<br />

houver uma requisição do mestre. A figura onde os equipamentos converterão<br />

9 mostra de maneira simples o modelo convenientemente;<br />

de troca de dados entre mestre e escravo. • Parity: contém o checksum, atendo<br />

Toda comunicação é iniciada pelo mestre HD = 4 (Hamming distance).<br />

e o escravo só responde algo na linha se Em um frame usando formato short,<br />

houve um pedido para ele. Existe todo um teremos 25 bytes mais 10 bytes de controle.<br />

controle de tempo entre envios de comandos Como usa 11 bits, teríamos:<br />

pelo mestre. Há inclusive, um controle de • 11*35 = 385 bits transmitidos;<br />

tempo entre mestres quando se tem dois • O tempo por bit é de : 1/1200 bit/s<br />

mestres no barramento.<br />

= 0,83 ms;<br />

Em termos de serviços de comunicação, • O tempo total de transação é de =<br />

o HART provê 3 tipos:<br />

385*0,83 ms = 0,319 s;<br />

• Comandos padrões: onde se tem • O tempo de transação do 25<br />

a troca de dados entre mestres/es- bytes(dados de usuário) é = 0,319<br />

cravos;<br />

s/25 = 12,8 ms.<br />

• Comandos em broadcast: que são A relação entre o tempo de dados de<br />

comandos que todos os equipamentos usuário e o tempo total de transação é: 25<br />

recebem;<br />

* 8 bits / 385 bits = 52 %.<br />

• Modo burst: onde alguns equipa- Observe que em mensagens mais curtas,<br />

mentos ciclicamente a cada 75 ms a proporção entre o dado de usuário e o dado<br />

enviam na linha o valor de processo de controle pode chegar a 128 ms para um<br />

medido. Normalmente, tem-se duas byte de dado de usuário. Em geral,tem-se<br />

transações por segundo. Neste modo, um tempo de 500 ms para garantir duas<br />

pode-se ter quatro por segundo. transações mais alguma informação adicional<br />

• Na figura 10 podemos ver um frame<br />

padrão do HART, onde:<br />

de manutenção e sincronização.<br />

• Preâmbulo: pode ser 3 ou mais Application Layer<br />

bytes FF de sincronismo dos sinais (Camada de Aplicação)<br />

da mensagem;<br />

Como explicado anteriormente, o HART é<br />

• SD: é o byte que indica quem está baseado em comandos que uma vez recebidos<br />

enviando o frame: mestre, escravo pelos escravos, permitem certas ações.Estes<br />

ou o escravo em burst mode e ainda, comandos estão divididos em classes:<br />

qual o formato, long or short; • Universais: comandos usados e com-<br />

• AD: é o campo de endereço onde no preendidos por todos equipamentos<br />

formato short com um byte, possui um HART;<br />

bit de distinção entre os dois mestres • Práticos e Comuns: suportados pela<br />

possíveis e um para indicar burst maioria dos equipamentos HART<br />

mode.Em equipamentos de campo, e de acordo com a função do equi-<br />

4 bits são usados para o endereço, de pamento;<br />

0 a 15.No caso do formato long, o • Específicos de cada equipamento<br />

endereço tem 38 bits;<br />

conforme o fabricante: são dependen-<br />

• CD: este é o byte que identifica o tes das características particulares de<br />

comando HART que vai depender cada equipamento/fabricante.<br />

Comandos Universais<br />

conectividade<br />

0 Read Unique Identifier<br />

Manufacturer<br />

Device Type<br />

Number of Preambles<br />

Command Revision<br />

Software and Hardware<br />

Revison<br />

Circuit Board Serial Number<br />

1 Read Primary Variable<br />

2 Read Primary Variable Current and<br />

Percentage of Range<br />

3 Read Dynamic Variables and PV<br />

Current<br />

6 Write Pooling Address<br />

11 Read Unique Identifier Associated<br />

Tag<br />

12 Read Message<br />

13 Read Tag, Descriptor e Date<br />

14 Read Primary Variable Sensor<br />

Information<br />

Sensor Serial Number<br />

Unit<br />

URL<br />

LRL<br />

Minimum Span<br />

15 Read Primary Variable Output<br />

Information<br />

Fail Safe Mode<br />

Transfer Function<br />

Unit<br />

URV<br />

LRV<br />

Damping<br />

Write Protection<br />

16 Read Final Assembly Number<br />

17 Write Message<br />

18 Write Read Tag, Descriptor, Date<br />

19 Write Final Assembly Number<br />

Um exemplo de equipamento HART. A<br />

figura 13 mostra o diagrama funcional do<br />

LD301, segundo os padrões HART:<br />

Vejamos a figura 11, onde temos o<br />

diagrama de blocos do transmissor de<br />

pressão LD301 da Smar.<br />

Este transmissor possui a tecnologia do<br />

sensor capacitivo, que é a tecnologia mais<br />

difundida e testada em nível de sensores<br />

de pressão, em milhares de aplicações e<br />

segmentos, desde as mais simples até as<br />

mais complexas e principalmente onde<br />

exige-se exatidão e confiabilidade. Não<br />

possui conversor A/D e a leitura dos sinais<br />

Novembro/Dezembro 2009 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />

37


conectividade<br />

F11. Transmissor de Pressão HART/4-20 mA. F12. Super Chip HART – HT3012 – Smar.<br />

F13. Diagrama funcional do LD301.<br />

F14. Uso do LD301 como controlador, dispensando o uso do controlador.<br />

38 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />

de capacitâncias é totalmente digital (a<br />

Smar usa desta metodologia digital desde a<br />

década de 80), eliminando drifts comumente<br />

encontrados neste componente.<br />

Graças a um chip desenvolvido e comercializado<br />

pela Smar, o HT3012, este<br />

transmissor possui um dos maiores MTBFs<br />

do mercado, onde este chip, além de um<br />

modem HART, um conversor D/A de 15<br />

bits e um controlador de LCD, tem um<br />

coprocessador matemático que garante<br />

alta performance a todos os equipamentos<br />

HART desenvolvido com o mesmo. Com<br />

todas estas funcionalidades e alto nível de<br />

integração, este chip possibilita que este<br />

transmissor de pressão possua somente uma<br />

placa eletrônica, facilitando manutenção e<br />

controle de estoque, uma vez que uma única<br />

placa atende todos os modelos.<br />

Tudo isto colabora no aumento de confiabilidade<br />

e diminui as probabilidades de<br />

falhas, garantindo seu uso em áreas críticas.<br />

Além disso, o LD301 possui rápido tempo de<br />

resposta, funções avançadas de diagnóstico,<br />

totalização com persistência e um bloco PID,<br />

onde em muitas aplicações dispensa o uso de<br />

um controlador. Veja figura 12 a 15.<br />

Para conhecer a linha completa de<br />

equipamentos de campo Smar acesse: www.<br />

smar.com.br<br />

A convivência de vários<br />

protocolos em uma<br />

mesma planta<br />

Daqui para frente é esperado que a<br />

convivência entre vários protocolos tornese<br />

uma constante, principalmente onde<br />

o parque instalado for grande e deseja-se


F15. Recursos de diagnose facilitando a manutenção.<br />

F16. Integração Foundation Fieldbus e HART usando o HI302.<br />

preservar os investimentos feitos. A figura<br />

16 é um exemplo típico de sistema onde<br />

se tem em uma mesma planta os protocolos<br />

Foundation Fieldbus e HART.<br />

Neste caso, uma interface HART-FF, o<br />

HI302, é utilizado, permitindo conexões<br />

ponto-a-ponto e multidrop. O HI302 é<br />

uma ponte entre equipamentos HART e<br />

sistemas Foundation Fieldbus, possui 8<br />

canais HART master e faculta ao usuário<br />

executar manutenção, calibração, monitoramento<br />

de status do sensor, status<br />

geral do equipamento, dentre outras<br />

informações.<br />

conectividade<br />

F17. Utilização de FDT e DTM com o HART.<br />

O uso de FDT e DTMs na configuração<br />

de equipamentos HART.<br />

A tecnologia baseada em FDT(Field<br />

Device Tool) e DTM (Device Type Manager)<br />

permite ao usuário ganhar versatilidade<br />

e flexibilidade de configuração,<br />

parametrização,calibração e principalmente<br />

mecanismos de download e upload durante<br />

a fase de planejamento/ comissionamento<br />

dos projetos. É uma tecnologia aberta, e<br />

que permite que um DTM de um equipamento<br />

de campo rode em qualquer<br />

frame application suportando FDT e ainda<br />

possibilita usar um único ambiente de<br />

software para integrar produtos de diferentes<br />

fabricantes e protocolos. O DTM<br />

é um “driver”, ou seja, é um componente<br />

de software (DLL, EXE) que representa<br />

cada equipamento que estiver na planta.<br />

Este “driver” obedece à norma FDT e pode<br />

ser usado em qualquer Frame Application,<br />

independente do fabricante. A figura 17<br />

ilustra um configurador baseado nesta<br />

tecnologia e o DTM do LD301.<br />

Conclusão<br />

Pudemos ver alguns detalhes do protocolo<br />

aberto HART, com uma visão um<br />

pouco diferente do que se tem em nível de<br />

usuário, isto é, envolvendo detalhes técnicos<br />

deste padrão. Além disso, vimos o que se<br />

tem em termos de desenvolvimento de<br />

chips HART avançados e os benefícios em<br />

performance, recursos e funcionalidades<br />

de um transmissor de pressão com este<br />

desenvolvimento. E ainda, a integração<br />

de Fieldbus com HART e o uso do FDT<br />

e DTM na configuração HART. MA<br />

Novembro/Dezembro 2009 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />

39


conectividade<br />

Segurança em<br />

automação<br />

industrial<br />

Halley Rodrigo Monteneri Mora<br />

saiba mais<br />

Sistema Integrado de Segurança – SIS<br />

<strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> 18<br />

Solução Ethernet para segurança<br />

<strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> 38<br />

Sistema Integrado de Segurança – SIS<br />

<strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> 18<br />

D<br />

40 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />

evido aos problemas decorrentes da convergência<br />

e interligação entre TI (Tecnologia<br />

de Informação) e TA (Tecnologia<br />

de Automação), surge a necessidade<br />

de se avaliar questões principalmente<br />

relacionadas à segurança do ambiente<br />

de TA (Cyber Security). Entretanto, não<br />

simplesmente adotando técnicas já consagradas<br />

do ambiente TI, mas analisando<br />

detalhadamente as particularidades e<br />

requisitos que a TA possui.<br />

Em função de seus objetivos, características<br />

do ambiente controlado e dos serviços<br />

oferecidos, TA e TI têm prioridades inversas,<br />

conforme mostra o quadro 1.<br />

Diante da dimensão e complexidade de<br />

administração de uma rede TI, é frequente<br />

enxergar TA como simplesmente uma extensão<br />

desta e, assim, querer administrar<br />

TA utilizando as técnicas e ferramentas<br />

de TI. Mas o problema não é de tão fácil<br />

solução como parece. Enquanto sistemas<br />

de TI têm estimativa de vida em média de<br />

cinco anos, sistemas de TA permanecem<br />

operando por no mínimo 10 anos, geralmente<br />

sem grandes modificações.<br />

Em TA não é tão simples atualizar o<br />

sistema operacional de uma máquina sempre<br />

que um Service Pack (correções de um software<br />

disponibilizadas pelo desenvolvedor)<br />

ou Patch (correção de um erro específico<br />

de um software também disponibilizada<br />

pelo desenvolvedor) esteja disponível. São<br />

necessários testes completos e confiáveis<br />

para certificar-se que o processo fabril não<br />

Através da apresentação dos<br />

sistemas, suas vantagens e<br />

implicações devido a convergência<br />

para sistemas abertos<br />

e interconectados, este artigo<br />

mostra como é feita a segurança<br />

na automação industrial<br />

(cyber security) e as práticas<br />

de segurança atualmente<br />

adotadas<br />

será afetado. Não existe garantia que um<br />

aplicativo desenvolvido para uma versão<br />

de plataforma funcionará adequadamente<br />

após este receber uma atualização.<br />

Apesar da convergência da TA para TI,<br />

ainda existem muitos equipamentos com<br />

plataformas não usuais, drivers/dlls muito<br />

específicos, emuladores, entre outros que, após<br />

uma atualização, podem entrar em conflito<br />

e não funcionar corretamente. Isso explica a<br />

existência de sistemas em DOS, Windows<br />

95, NT, e também sistemas operacionais sem<br />

Service Packs e Patches instalados. É frequente<br />

que usuários e senhas sejam compartilhados<br />

por diversas pessoas que utilizam o sistema<br />

(senhas visíveis na descrição do próprio<br />

usuário ou então em anotações ao lado do<br />

console de operação), sistemas em operação<br />

com usuários de perfil administrador, senhas<br />

padrão, e até sistemas que não exigem autenticação<br />

para operação.<br />

Situações como estas aconteciam porque<br />

não havia preocupações de segurança<br />

anteriormente, pois eram sistemas totalmente<br />

isolados, não convencionais. Não<br />

é simplesmente uma questão de adotar<br />

usuários individuais, pois muitos sistemas<br />

foram desenvolvidos sem tais recursos,<br />

o que nos dias de hoje, é considerado<br />

imprescindível.<br />

Outra questão sobre a simples utilização<br />

das ferramentas TI são os softwares<br />

antivírus, o gerenciamento de ativos, IPS<br />

(Intrusion Prevention System) e demais<br />

softwares permanentemente em execução


(background). Esses softwares podem comprometer<br />

a execução do aplicativo principal e<br />

ocasionar distúrbios no processo ou em outros<br />

equipamentos da rede, dependendo do local<br />

onde forem instalados. Alguns sistemas de<br />

controle utilizam emuladores de tempo real<br />

RAE (Real Time Application Enviromment)<br />

que podem ter seu desempenho comprometido<br />

ao compartilhar processamento<br />

com antivírus ou softwares para geração<br />

de imagens online, por exemplo.<br />

O Gerenciamento de Ativos demanda pacotes<br />

de SNMP (Simple Network Management<br />

Protocol) para monitorar o sistema objetivo e<br />

eles podem comprometer o desempenho da<br />

rede, caso uma configuração criteriosa não<br />

seja realizada, uma vez que, inicialmente<br />

redes em TA não foram concebidas para alto<br />

tráfego. Estas redes geralmente são menores<br />

que redes de TI, menores no tamanho dos<br />

pacotes e no volume de informações. Contudo,<br />

são mais estáveis e previsíveis, visto que<br />

inicialmente ofereciam somente determinismo<br />

para controle de processo.<br />

Se por um lado, a simples aplicação de<br />

técnicas de TI não é desejável neste ambiente, é<br />

crescente a utilização de funcionalidades como<br />

telnet, ftp, web services, SNMP, redes wireless,<br />

entre outras. E a TA, por não estar familiarizada,<br />

acaba ficando exposta às vulnerabilidades<br />

características de cada recurso e/ou não as<br />

exploram adequadamente, sem beneficiar-se<br />

dos recursos de cada ferramenta.<br />

Segurança em sistemas<br />

O conceito de segurança não é unicamente<br />

um produto, mas um processo que, ao ser<br />

iniciado, sempre demandará esforços para<br />

mantê-lo. Para alcançar determinado nível de<br />

segurança, há alterações físicas, instalação de<br />

produtos, adoção de políticas, mudanças de<br />

paradigmas, etc., e este processo altera rotinas<br />

e procedimentos, causando dificuldades na<br />

execução de algumas tarefas. Ao iniciar um<br />

processo para adequar um sistema aos aspectos<br />

de segurança é fundamental estar ciente<br />

destes inconvenientes, dos custos e também<br />

dos benefícios da solução adotada.<br />

Divulgação e Treinamento<br />

É muito importante divulgar, para todos<br />

os envolvidos, os motivos da implantação<br />

do programa de segurança e qual o nível<br />

que se pretende obter. Todos devem ter<br />

consciência das mudanças ocasionadas em<br />

função da segurança desejada. Promover<br />

treinamentos também pode ser necessário<br />

para a correta utilização das ferramentas e<br />

manutenção do processo de segurança.<br />

Políticas de Segurança<br />

É importante lembrar que decidir sobre a<br />

adoção de uma ou outra política deve ser feito<br />

a partir do nível de segurança pretendido.<br />

A seguir exemplificamos algumas políticas<br />

que, direta ou indiretamente, contribuem<br />

para a manutenção da segurança:<br />

• Backups: o que, como e quando realizar<br />

backup, locais de armazenamento,<br />

testes de restauração, etc;<br />

• Antivírus, firewall e outros softwares<br />

relacionados à segurança: como e<br />

quando atualizar, políticas para alteração<br />

e desativação de recursos de<br />

segurança, etc;<br />

• Definição de onde utilizar usuários<br />

e senhas compartilhadas ou não,<br />

perfis de usuários e ativação de logs<br />

de registro;<br />

• Políticas quanto ao uso de equipamentos<br />

conectados temporariamente<br />

nas redes (por exemplo, notebooks);<br />

• Desativação de recursos de equipamentos<br />

com potencial de risco<br />

quanto à segurança: desativação de<br />

drives USB, disquetes e CD-ROMs,<br />

instalação de dispositivos físicos para<br />

impedir o acesso a drives de CD-ROM<br />

e disquetes, portas não utilizadas<br />

em switches em ambientes de pouca<br />

circulação de pessoas, etc.<br />

Gerenciamento de mudanças<br />

Um bom gerenciamento de TI inclui<br />

controle de políticas, hardware e software.<br />

Ambiente TI<br />

Confidencialidade: proteção dos<br />

dados quanto ao acesso não autorizado;<br />

Integridade: dados exatos;<br />

Disponibilidade: em geral alguns<br />

sistemas toleram uma interrupção<br />

por um curto espaço de tempo.<br />

Ambiente TA<br />

conectividade<br />

Toda alteração que possa estar relacionada à<br />

segurança deve estar de acordo com a política<br />

adotada. Testes devem ser realizados para<br />

certificar que o sistema não seja afetado, ou<br />

que alguma vulnerabilidade seja incluída.<br />

Informações detalhadas para restabelecer a<br />

condição anterior, após as mudanças serem realizadas,<br />

também contemplam o gerenciamento<br />

e fazem parte de um item muito importante do<br />

gerenciamento de mudanças. As ferramentas<br />

de gerenciamento de configuração de hardware<br />

e software auxiliam o processo de segurança<br />

e, através de alarmes/logs, é possível detectar<br />

alterações não autorizadas e/ou alterações<br />

oriundas de vírus, entre outros.<br />

Arquitetura segura<br />

O princípio para uma rede segura em um<br />

ambiente de automação está na arquitetura<br />

da rede, que deve agrupar equipamentos por<br />

função e proteger as conexões com outras<br />

redes. Estas segmentações, equipamentos<br />

e pontos de conexão com outras redes<br />

devem estar claramente documentadas, e<br />

isto significa saber e entender o que existe<br />

na rede.<br />

Para conexões entre redes IP (Internet<br />

Protocol) recomenda-se a instalação de<br />

firewall. Em sistemas que necessitam informações<br />

“de/para” na rede de controle,<br />

como PIMS por exemplo, o acesso não deve<br />

ser feito diretamente na rede de controle,<br />

mas em servidores operando como bridge<br />

(ponte) entre estas redes.<br />

Acessos remotos, dispositivos conectados<br />

momentaneamente (típico para fornecedores,<br />

consultores, etc.), recomenda-se<br />

também que não se conectem diretamente<br />

na rede-objetivo, mas através de um servidor<br />

Disponibilidade: o sistema exige<br />

alta disponibilidade. Pequenas interrupções<br />

podem ter como conseqüências<br />

grandes perdas, sejam estas de<br />

produção, danos aos equipamentos, e<br />

em casos mais graves, danos à integridade<br />

física de pessoas.<br />

Integridade: dados exatos;<br />

Confidencialidade: proteção<br />

dos dados quanto a acessos não<br />

autorizados;estamos trabalhando somente<br />

com estruturas lineares. Ainda<br />

não existe base na literatura para a<br />

identificação de sistemas não lineares,<br />

exigindo assim uma melhor atenção<br />

para os testes de não linearidade.<br />

Novembro/Dezembro 2009 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />

41


conectividade<br />

F1. Arquitetura onde os servidores coletam dados na rede de controle<br />

e os disponibilizam para os sistemas da rede de TI (PIMS, MES, etc.)<br />

F3. Depois de realizados os testes, as atualizações e patches<br />

são transferidas para as redes de controle.<br />

como bridge. A premissa é manter a rede<br />

de controle isolada e somente acessá-la via<br />

servidores, dotados de firewall, antivírus e<br />

autenticação. Assim, os servidores ficarão<br />

localizados numa região denominada DMZ<br />

(De-Militarized Zone), uma região segura<br />

entre a rede TI e TA.<br />

Uma rede isolada da rede principal de<br />

controle, com equipamentos para testes é<br />

uma alternativa para simular modificações<br />

decorrentes de updates, patches, etc. Certificada<br />

a estabilidade ou segurança do<br />

sistema após as modificações, as mesmas<br />

podem ser realizadas nos equipamentos<br />

da rede de controle. Observe a figuras<br />

1, 2, 3 e 4.<br />

42 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />

De acordo com a arquitetura e os<br />

exemplos apresentados pelas figuras, a<br />

rede de controle fica isolada das demais,<br />

todo acesso a ela é realizado através da<br />

área DMZ delimitada pelos firewalls, onde<br />

estão os servidores. Recomenda-se que a<br />

utilização destes servidores seja exclusiva<br />

para a função e que os trabalhos nestas<br />

máquinas estejam limitados a atividades<br />

pertinentes à função do servidor. Isso é<br />

importante porque a utilização compartilhada<br />

de servidores para atividades típicas<br />

de estações de trabalho pode comprometer<br />

os serviços oferecidos, seja inserindo<br />

alguma vulnerabilidade ou causando<br />

instabilidades no sistema.<br />

F2. Servidor baixando atualizações, patches, antivírus, firewall, entre<br />

outros, na Internet e fazendo as transferências para a rede de testes.<br />

F4. Acesso remoto: ao invés de acessar diretamente o equipamento<br />

desejado, o acesso é feito através dos servidores.<br />

Devido à existência das segmentações e<br />

da própria região DMZ, é possível combinar<br />

múltiplas sessões de autenticação para<br />

obter acesso à rede TA a partir da rede TI.<br />

Combinando estas etapas de autenticações<br />

com regras de firewall, IPS e antivírus,<br />

por exemplo, cria-se um ambiente seguro<br />

isolando a rede TA e ao mesmo tempo<br />

obtendo controle de acesso a esta - com<br />

recursos de rastreabilidade em função dos<br />

logs das aplicações citadas, diferenciando-se<br />

de acessos sem autenticação ou com simples<br />

senhas comuns neste ambiente.<br />

Em estações de engenharia, recomenda-se<br />

a instalação de antivírus e firewall.<br />

Nos demais equipamentos pertinentes a


um sistema de controle, é recomendável<br />

o acesso somente de pessoas autorizadas<br />

e conscientes das práticas de segurança,<br />

ou seja, a segurança é obtida mediante o<br />

acesso físico a estes equipamentos somente<br />

de pessoas qualificadas. E, quando não<br />

for possível ou não recomendada a modificação<br />

das configurações do sistema,<br />

que este esteja em um segmento isolado<br />

da rede, protegido por firewall e sessões<br />

de autenticação.<br />

Acesso aos recursos<br />

Servidores e demais equipamentos críticos<br />

devem estar localizados em ambientes<br />

com acesso controlado e sua operação restrita<br />

às pessoas autorizadas. Tal recomendação,<br />

somada a não compartilhar os servidores<br />

com estações de trabalho, buscam garantir<br />

também a disponibilidade do equipamento,<br />

já que a parada desta máquina pode<br />

causar a interrupção de um serviço crítico<br />

ao ambiente.<br />

Portas não utilizadas em switches e<br />

hubs podem ser desativadas para evitar a<br />

conexão de equipamentos não autorizados,<br />

dependendo do nível de segurança desejado.<br />

A monitoração do status de cada link das<br />

portas através de recursos SNMP, quando<br />

disponíveis, é uma alternativa à desativação<br />

das portas, pois com o monitoramento<br />

pode ser possível a identificação de algum<br />

usuário não autorizado.<br />

Drives de CD-ROM, disquetes, USB,<br />

entre outros periféricos de estações de<br />

operação e algumas estações de engenharia<br />

podem ser desabilitados ou ter seu acesso<br />

controlado para evitar o uso não autorizado,<br />

porém é preciso sempre avaliar a relação<br />

custo x benefício da solução adotada.<br />

Considerações finais<br />

Não existe uma solução única e ideal<br />

para as questões de segurança no ambiente<br />

de Automação Industrial. Sistemas de TA<br />

já desenvolvidos há algum tempo e que não<br />

possuem recursos nativos de segurança,<br />

por estarem operando em um ambiente<br />

todo interligado, multiusuário, exigem<br />

uma análise detalhada para adequação<br />

à segurança. O caminho é que TI e TA<br />

conheçam melhor as exigências, características<br />

e dificuldades de cada lado e,<br />

unindo esforços, busquem soluções que<br />

satisfaçam as necessidades que cada ambiente<br />

demanda. MA<br />

conectividade<br />

Novembro/Dezembro 2009 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />

43


case<br />

<strong>Pintura</strong> <strong>automatizada</strong><br />

<strong>Dürr</strong><br />

saiba mais<br />

Voigtländer, H.: 87 robots for VW<br />

Saxony. Two top coat lines converted<br />

within three weeks. JOT 11, 2008.<br />

Wieland, D.: Dry scrubbing of<br />

paint overspray. Clear energy and<br />

cost savings. JOT 3, 2009.<br />

Site da empresa:<br />

www.durr.com<br />

Confira dois exemplos de instalações <strong>automatizada</strong>s<br />

que atendem as expectativas e miniminizam<br />

os riscos.<br />

C<br />

44 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />

ada vez mais fabricantes de sistemas de<br />

automação de pintura se confrontam com<br />

desafios específicos e peculiares. O período<br />

de tempo previsto para a demolição, reforma<br />

e modernização das instalações das fábricas, o<br />

pão de cada dia de um fabricante de sistemas<br />

de automação, torna-se cada vez mais curto.<br />

Novos processos, com um número reduzido<br />

de etapas de processamento, estão chegando<br />

às fábricas e, no final, um fabricante de<br />

sistemas de automação também entregará<br />

novos produtos ao mercado que contribuirão<br />

para o aumento da produtividade e para a<br />

redução dos custos por unidade. Tudo isto<br />

somado envolve um potencial considerável<br />

de risco para todos os participantes.<br />

Entretanto, o cliente espera, e com razão,<br />

que as instalações comecem a funcionar<br />

sem qualquer problema. Como é possível<br />

atender a esta expectativa e simultaneamente<br />

minimizar os riscos? Dois exemplos atuais<br />

e extraordinários ilustram a situação<br />

Exemplo 1: No verão de 2008, a Volkswagen<br />

da Baixa Saxônia transformou todas as<br />

Processo mais<br />

seguro com<br />

tempo reduzido<br />

de produção<br />

Pavel Svejda, Dr.-Ing.<br />

Frank Zimmermann, Dipl.-Ing.<br />

suas instalações de pintura de acabamento,<br />

que consistem de duas linhas de pintura com<br />

aplicação manual e mecânica, que precisavam<br />

ser equipadas com a mais recente tecnologia.<br />

Tudo totalmente automatizado. Vejamos os<br />

dados deste impressionante projeto: data<br />

da entrega do pedido à <strong>Dürr</strong>: dezembro<br />

de 2007; início da instalação: 11 de julho<br />

de 2008; pintura da primeira carroceria:<br />

meados de agosto. Paralelamente, ocorreram<br />

a entrega, a montagem e o comissionamento<br />

de 87 robôs e várias centenas de toneladas de<br />

construção em aço, cabines e equipamentos<br />

de transporte.<br />

Exemplo 2: Em 2006, um fabricante<br />

japonês de equipamentos originais (OEM)<br />

decidiu construir não apenas novas instalações<br />

para a pintura de parachoques na<br />

sua fábrica da Grã-Bretanha, mas também<br />

equipar todas as suas instalações de pintura<br />

de carrocerias com a mais recente tecnologia<br />

de aplicação de pintura interior e exterior,<br />

atomizadores rotativos, aplicação de pintura<br />

eletrostática, bem como com a tecnologia


F1. Oitenta e sete robôs para duas linhas de pintura de acabamento instalados e<br />

comissionados em apenas três semanas – um recorde mundial.<br />

de troca de cor integrada ao atomizador.<br />

Um novo processo e uma nova tecnologia<br />

não apenas para a OEM, mas também<br />

para o fornecedor de sistema de pintura<br />

<strong>automatizada</strong>. Também neste caso, estavam<br />

programadas apenas breves paralisações de<br />

funcionamento de duas a três semanas, no<br />

verão e no inverno.<br />

Como se pode garantir o início das<br />

operações nas instalações dentro do prazo<br />

previsto, com a qualidade necessária? Como<br />

se pode minimizar os riscos? Os fatores de<br />

sucesso têm naturezas diferentes e devem<br />

se complementar para que se obtenha um<br />

bom resultado.<br />

Certamente são necessários times qualificados<br />

e bem treinados de ambos os lados,<br />

que cooperem de uma maneira ideal, tanto<br />

na fase de engenharia, como posteriormente,<br />

na fase da instalação no local da construção.<br />

Outra condição é um planejamento meticuloso<br />

e detalhado de todas as atividades.<br />

As investigações fora da linha do plano dos<br />

robôs, a programação dos robôs e a simu-<br />

lação dos programas de pintura aumentam<br />

a segurança do planejamento e prevêem<br />

questões críticas do projeto.<br />

As investigações realizadas no Centro<br />

Técnico verificam os resultados da fase<br />

de engenharia, asseguram os processos e<br />

determinam parâmetros de pintura que<br />

levam rapidamente à qualidade aceitável<br />

da pintura no local da construção. O précomissionamento<br />

de todo o sistema dos<br />

robôs de pintura antes da entrega com<br />

testes intensivos das funções, onde os programas<br />

dos robôs são checados e as falhas<br />

são reconhecidas, aumenta a qualidade do<br />

sistema como um todo.<br />

Na sequência da execução do projeto,<br />

que é descrito aqui de maneira resumida,<br />

as investigações do Centro Técnico desempenham<br />

um papel crucial que não deve ser<br />

subestimado. Enquanto as simulações fora<br />

da linha apenas verificam o programa de<br />

movimentos baseado nos parâmetros padrão<br />

da pintura, os testes do Centro Técnico representam<br />

a única possibilidade de obtenção<br />

Novembro/Dezembro 2009 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />

case<br />

do resultado esperado da pintura, usando-se<br />

uma carroceria verdadeira, empregando-se<br />

a técnica de aplicação específica do projeto,<br />

bem como o material de pintura real antes<br />

do comissionamento, e os resultados são<br />

comparados com os requisitos do cliente.<br />

Com base nos dois exemplos dos projetos<br />

mencionados, o processo e os conteúdos<br />

das investigações no Centro Técnico serão<br />

abordados em mais detalhes.<br />

Em cada caso, o foco das investigações<br />

estava nas particularidades do projeto.<br />

No primeiro exemplo, não focalizaremos<br />

apenas os tempos extremamente curtos<br />

de montagem e de comissionamento, e a<br />

conversão da aplicação mecânica para a<br />

aplicação robotizada, com a redução do<br />

número de atomizadores, mas principalmente<br />

a introdução da pintura robotizada<br />

do interior. Como primeiro passo, investigou-se<br />

a configuração do atomizador de<br />

ar. Selecionaram-se várias cápsulas de ar.<br />

O critério de seleção foi a eficiência da<br />

transferência sob a premissa de uma qua-<br />

45


case<br />

F2. Investigações<br />

garantem o<br />

desempenho<br />

do processo<br />

para o chamado<br />

‘processo de<br />

pintura 3-wet’,<br />

onde o primer, a<br />

camada de base,<br />

e a pintura são<br />

aplicados em uma<br />

linha de pintura,<br />

sem secagem<br />

intermediária,<br />

e depois são<br />

curados juntos.<br />

lidade satisfatória. As investigações foram<br />

realizadas em três diferentes módulos do<br />

programa para capô, porta interior e porta<br />

traseira. Rapidamente verificou-se que a<br />

cápsula de ar padrão utilizada pela <strong>Dürr</strong>,<br />

particularmente com os programas de pintura<br />

mais complexos para as portas interiores e<br />

portas traseiras, levou a uma economia de<br />

material de cerca de 10%, sendo a espessura<br />

da camada ligeiramente maior.<br />

No passo seguinte, os programas da<br />

sequência do comissionamento de todos os<br />

modelos de carroceria foram otimizados.<br />

Uma condição essencial para isto era a<br />

capacidade de transferência dos resultados<br />

da escala do Centro Técnico para as<br />

instalações reais. Isto exigia do Centro<br />

Técnico alta flexibilidade e reprodutibilidade<br />

na determinação dos parâmetros do<br />

processo. No terceiro passo desta série de<br />

46 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />

testes, mostrou-se o potencial da atomização<br />

rotativa no exemplo da pintura do interior<br />

da porta com EcoBell 2HD em relação<br />

à melhoria da eficiência. O resultado foi<br />

evidente: uma economia de material de<br />

mais de 30%.<br />

Enquanto no exemplo da Volkswagen<br />

da Baixa Saxônia os testes ocorreram em<br />

um determinado período posterior à data<br />

da assinatura do contrato, no segundo<br />

exemplo as investigações foram realizadas<br />

em inúmeras etapas individuais distribuídas<br />

ao longo de mais de dois anos. O objetivo<br />

foi primeiramente a seleção da técnica de<br />

aplicação ideal. A série de testes começou<br />

em meados de 2006, com um programa<br />

de validação das instalações de pintura de<br />

parachoques, e continuou meio ano mais<br />

tarde para a validação das instalações de<br />

pintura de carrocerias.<br />

Em cada caso, o programa experimental<br />

foi claramente especificado pelo cliente,<br />

que devia não apenas fornecer informação<br />

sobre a qualidade da pintura exigida, mas<br />

também fornecer dados que fossem importantes<br />

para a eficiência econômica do<br />

processo de pintura, tal como a eficiência<br />

da transferência, perdas de tinta na troca<br />

de cor, tempo gasto na troca de cor. E,<br />

finalmente, também foram avaliados os<br />

critérios que são importantes para o serviço<br />

e para a manutenção.<br />

Depois que a tecnologia de aplicação<br />

da <strong>Dürr</strong> foi aprovada no programa de<br />

validação do cliente, e depois que a <strong>Dürr</strong><br />

recebeu, no início de 2007, os pedidos para<br />

as instalações de pintura de parachoques<br />

e para a reconstrução das instalações de<br />

pintura, investigações detalhadas foram<br />

realizadas em diversas etapas. Até outubro


de 2008 o cliente havia passado um total de<br />

34 semanas no Centro Técnico. Durante<br />

este tempo, no início de 2008, começaram<br />

as operações nas instalações de pintura de<br />

parachoques. A última das quatro etapas<br />

da construção foi concluída em março de<br />

2009. No total, 50 robôs-pintores foram<br />

entregues em ambos os projetos.<br />

Um centro técnico moderno tem um<br />

papel importante na segurança do desempenho<br />

de novos processos de pintura.<br />

<strong>Atual</strong>mente estão sendo discutidos no setor<br />

os chamados processos de pintura sem-primer,<br />

ou processos 3-wet, que são processos<br />

encurtados, com um número reduzido de<br />

etapas. Tais processos já estão em uso em<br />

algumas OEMs. Entretanto, eles devem ser<br />

garantidos em cada nova instalação quanto<br />

às suas limitações específicas. A garantia<br />

somente pode ocorrer por meio de testes<br />

em carrocerias completas e em um centro<br />

técnico. Isto confirma o layout planejado,<br />

os dados do processo e a qualidade do<br />

produto. Nesta fase ainda é possível fazer<br />

as correções necessárias no processo, ou<br />

fazer adaptações no material de pintura<br />

sem maiores problemas.<br />

As investigações quanto à segurança<br />

do desempenho do processo no Centro de<br />

Teste da <strong>Dürr</strong> em Bietigheim-Bissingen<br />

têm uma longa tradição. A experiência<br />

mostra que o Centro de Teste de aplicação<br />

de pintura da <strong>Dürr</strong> (Centro de Teste para<br />

<strong>Pintura</strong> Ecopaint) desde sua inauguração<br />

em 1992 contribui significativamente para<br />

a introdução e segurança do desempenho<br />

de processos de pintura novos e inovadores.<br />

Como exemplo podemos citar o processo<br />

de pintura integrado com um verniz à<br />

base de uma mistura de pó e água (powder<br />

slurry clear coat) na Daimler, em Rastatt,<br />

Alemanha, ou a introdução da pintura em<br />

pó na BMW.<br />

Em uma instalação de pintura aplica-se<br />

não apenas a tinta, mas também materiais<br />

altamente viscosos para a selagem das<br />

juntas, para a proteção da parte inferior<br />

da carroceria e, parcialmente, para o<br />

amortecimento de ruídos. Pelas mesmas<br />

razões que as investigações no Centro<br />

Técnico são importantes para a aplicação<br />

da pintura, elas também são vitais para<br />

os projetos. Para atender a esta demanda,<br />

também o ‘Centro de Teste de Selagem<br />

Ecopaint’ se encontra em operação na<br />

<strong>Dürr</strong> desde 2005.<br />

F3. Centro de Teste de <strong>Pintura</strong> Ecopaint.<br />

F4. Centro de Teste de Selagem Ecopaint.<br />

Os testes disponíveis na <strong>Dürr</strong>, originalmente<br />

limitados às tecnologias de<br />

aplicação, expandiram-se nos últimos anos<br />

para incluir as áreas de processo de pintura<br />

e tecnologias de pré-tratamento. Um centro<br />

de testes adicional está à disposição na<br />

sucursal de Bietigheim para investigações<br />

de processos de pintura por imersão com<br />

uma técnica rotacional e para investigações<br />

de sistemas de deposição seca de overspray<br />

de pintura. Juntos, os Centros de Teste da<br />

<strong>Dürr</strong>, situados em uma área total de 5.650<br />

m², formam o maior Centro Técnico no<br />

mundo deste gênero.<br />

Os desafios a serem enfrentados na introdução<br />

de novos processos com materiais de<br />

pintura e produtos em projetos com duração<br />

reduzida são enormes. Sem investimentos<br />

em ferramentas correspondentes, nos quais<br />

também se inclui um centro técnico com<br />

Novembro/Dezembro 2009 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />

case<br />

No Centro de Teste de <strong>Pintura</strong> Ecopaint,<br />

quatro cabines de pintura com um total<br />

de doze robôs estão à disposição para<br />

todos os processos de aplicação, com<br />

uma grande variedade de tecnologias de<br />

pintura.<br />

Um robô adicional de medição equipado<br />

com um sistema remoto de<br />

medição da espessura do filme úmido é<br />

usado para gravar o resultado.<br />

Dois fornos de convecção, que podem<br />

ser programados com várias curvas<br />

de temperaturas, asseguram uma cura<br />

flexível correspondente às exigências<br />

do material de pintura utilizado em<br />

cada caso.<br />

A inspeção visual da aparência da pintura<br />

pode ser feita sob condições específicas<br />

de iluminação em uma cabine<br />

especialmente equipada para isto.<br />

Para a avaliação das séries de testes<br />

existentes emprega-se uma tecnologia<br />

de medição de última geração.<br />

Para investigações na área de aplicação<br />

de mástique, o Centro de Teste de<br />

Selagem Ecopaint conta com 4 robôs<br />

de selagem e equipamentos periféricos<br />

necessários, assim como uma estação<br />

de robôs para aplicações de adesivos.<br />

Com o Centro Técnico de Processamento<br />

recém- construído, uma área<br />

total de 5.650 m² encontra-se à disposição<br />

na sucursal de Bietigheim-Bissingen.<br />

tecnologia de última geração, um fabricante<br />

de sistemas de pintura não pode vencêlos.<br />

Mas também clientes e usuários são<br />

altamente dependentes de tais testes. As<br />

investigações completas no Centro Técnico<br />

da <strong>Dürr</strong> trazem a segurança necessária do<br />

processamento e portanto, levam a reduções<br />

significativas de custos. Abdicar-se<br />

das múltipas possibilidades de garantia de<br />

desempenho de processo oferecidas pelo<br />

Centro Técnico da <strong>Dürr</strong>, significaria um<br />

mergulho no escuro, risco este que ninguém<br />

pode se dar ao luxo.<br />

MA<br />

47


case<br />

Sitara TM<br />

Microprocessador para<br />

aplicações industriais<br />

Em outubro de 2009, a Texas Instruments anunciou o lançamento<br />

dos microprocessadores AM3505 e AM3517 com a finalidade de<br />

atender o mercado industrial<br />

saiba mais<br />

Sitara: Microprocessador para<br />

aplicações industriais<br />

Saber Eletrônica 441<br />

Site Oficial<br />

www.ti.com/sitara-pr<br />

ARM Cortex-8<br />

www.arm.com/products/CPUs/<br />

ARM_Cortex-A8.html<br />

48 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />

A necessidade industrial<br />

Nem todos os equipamentos eletrônicos<br />

podem ser colocados em operação dentro<br />

de uma fábrica. Dependendo do tipo de<br />

produto que está sendo manufaturado,<br />

como também do local onde isto ocorre,<br />

podem diferenças de temperaturas muito<br />

grande, bem como haver sofrer diversos<br />

tipos de interferência devido principalmente<br />

dos motores em movimento. Ter<br />

um computador ou um equipamento de<br />

monitoração que opere em tais condições,<br />

estando o mais próximo possível da linha<br />

de produção, sempre foi o sonho de muitos<br />

projetistas.<br />

Colocar equipamentos que dependem<br />

de refrigeração para manter seu sistema<br />

funcionando nem sempre funciona da<br />

forma correta nestes locais, pois em muitos<br />

casos o ar que seria usado para esfriar os<br />

componentes já está a uma temperatura<br />

muito elevada.<br />

Família Sitara TM<br />

A Texas Instruments, procurando atender<br />

essa procura por processadores que trabalhem<br />

em ambientes industriais, desenvolveu a<br />

família SitaraTM de microprocessadores.<br />

Um dos pontos principais deste componente<br />

é a faixa de temperatura em que trabalha,<br />

que vai de -40 até 85/105 ºC, dependendo<br />

do componente escolhido.<br />

Renato Paiotti<br />

O core do SitaraTM é baseado no ARM<br />

CortexTM-A8 de 500 MHz, atingindo<br />

1000 Dhrystone MIPS, possibilitando<br />

assim rodar Linux e Windows CE.<br />

Além do seu tamanho, o componente<br />

não precisa ser refrigerado, viabilizando<br />

assim a construção de um PC compacto<br />

uma única placa. Além de eliminar a necessidade<br />

de ventilação, que consome energia<br />

para o funcionamento, o core precisa de<br />

apenas 1,2 V e os sinais de I O 1,8 V (para<br />

DDR2) ou 3,3 V.<br />

Entre outros recursos importantes que<br />

estão adicionados na nova família, estão o<br />

acesso externo à memórias do tipo DDR2<br />

(com interfaceamento de 1 GB para espaço<br />

de endereçamento), NOR Flash, NAND<br />

flash, OneNAND e Asynch SRAM, um<br />

canal SDMA de 32 bits, uma porta de vídeo<br />

configurável, além de atender a diversos<br />

Dhrystone<br />

É um Benchmark desenvolvido em 1984<br />

para testar o desempenho bruto de um<br />

processador, isso porque ele simula<br />

chamadas e operações de escrita e<br />

leitura de dados. Este benchmarck foi<br />

originalmente desenvolvido em ADA<br />

por Reinkol P. Weicker, mas o mais utilizado<br />

é a sua versão em C distribuida<br />

por Rick Richardson, atualmente ela<br />

existe em várias linguagens.


ARM Cortex-A8<br />

Esta arquitetura é conhecida pela sua<br />

alta eficiência e baixo consumo, próprio<br />

para projetos mobile, tais como telefones<br />

celulares, set-top boxes, consoles<br />

de videogames, aparelhos de navegação<br />

GPS e sistemas de entretenimento para<br />

automóveis, ou seja, para aparelhos que<br />

possam consumir até 300 mW.<br />

Ela pode trabalhar numa frequência entre<br />

600 MHz e 1 GHz.<br />

O Cortex-A8 teve as suas bases na arquitetura<br />

ARMv7, que possuía bons recursos<br />

implementados, entre eles o Thumb®-2,<br />

que tem a finalidade de condensar o código,<br />

e com isso reduzir o uso da memória<br />

em até 31% e também o gasto de energia<br />

com o processamento dos comandos.<br />

Outra tecnologia empregada na arquitetura<br />

é a tecnologia NEON empregada<br />

FA. Diagrama de Blocos do ARM Cortex – A8.<br />

para áudio, vídeo e gráficos 3D, podendo<br />

decodificar MPEG-4 VGA a 30 frames<br />

por segundo.<br />

A segurança do sistema fica a cargo da<br />

tecnologia TrustZone, protegendo periféricos<br />

e a memória usada.<br />

A arquitetura Cortex-A8 possui duas<br />

ALU (Unidade Lógica de Aritmética),<br />

aumentando a eficiência na leitura das<br />

instruções. A tecnologia NEON utiliza de<br />

forma eficiente estas duas ALU.<br />

Para a área industrial, que requer um<br />

código muito enxuto e seguro, esta arquitetura<br />

possui a tecnologia Jazelle-RCT<br />

que compacta em até 3X o tamanho do<br />

programa compilado.<br />

Na figura A é possível ver no diagrama<br />

de blocos, a unidade NEON e o cache L2<br />

com sua lógica.<br />

Novembro/Dezembro 2009 :: <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong><br />

case<br />

49


case<br />

F1. Diagrama de blocos do AM3517.<br />

protocolos de comunicação serial, entre<br />

eles a Rede CAN e outros recursos que um<br />

processador pode oferecer.<br />

No diagrama de blocos da figura 1 é<br />

possível ver a estrutura do AM3517.<br />

Tanto o AM3505 como o AM3517 são<br />

montados em sBGA de 491 pinos.<br />

TMDXEVM3517<br />

Este é o módulo de avaliação do SitaraTM<br />

AM3517, conforme é possível observar<br />

na foto da figura 2, ele possui um display<br />

LCD Touch Screen, podendo rodar com<br />

OMAP3517 Linux SDK, Kernel 2.6.31<br />

U-boot, Windows® Embedded CE in<br />

4Q09 e Multiple RTOS in 1Q10, tendo<br />

entradas/saídas EMAC, USB PHY, USB<br />

OTG & Host, CAN, SDIO I2C, JTAG,<br />

Keypad, SD/MMC (2), DVID/HDMI,<br />

Video input, Bluetooth e WLAN.<br />

O preço desta placa comprada diretamente<br />

do fabricante, sem contar as taxas e<br />

impostos, é de mil dólares.<br />

50 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2009<br />

F2. TMDXEVM3517.<br />

Conclusão<br />

<strong>Atual</strong>mente, temos até a arquitetura ARM<br />

Cortex-A9 que possui de 1 a 4 cores (multicore)<br />

operando a 2,0 DMIPS/MHz cada Core,<br />

além de consumir menos que o Cortex-A8.<br />

Este tipo de arquitetura a Texas Instruments<br />

utiliza nos seus OMAP4430/40. Porém a<br />

arquitetura Cortex-A8 é adotada por diversos<br />

fabricantes, tais como Apple, Samsung,<br />

Ericsson entre outras. O motivo está na sua<br />

consolidação, e que o processo de fabricação<br />

de um microprocessador leva um certo tempo,<br />

desde o seu projeto até a sua distribuição.<br />

Em breve teremos dispositivos móveis e<br />

computadores industriais empregando não<br />

só o Cortex-A9, mas como outras tecnologias<br />

que tenham maior poder de processamento<br />

bem como um baixo consumo, além de<br />

sobreviver aos ambientes hostis que um<br />

“chão de fábrica” pode provocar. MA


instrumentação<br />

14 <strong>Mecatrônica</strong> <strong>Atual</strong> :: Novembro/Dezembro 2008

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