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www.arvore<strong>do</strong>leite.org<br />

Esta é uma cópia digital de um <strong>do</strong>cumento que foi preserva<strong>do</strong> para inúmeras gerações nas prateleiras da biblioteca Otto<br />

Frensel <strong>do</strong> Instituto de Laticínios Cândi<strong>do</strong> Tostes (ILCT) da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG),<br />

antes de ter si<strong>do</strong> cuida<strong>do</strong>samente digitalizada pela Arvore<strong>do</strong>leite.org como parte de um projeto de parceria entre a<br />

Arvore<strong>do</strong>leite.org e a Revista <strong>do</strong> Instituto de Laticínios Cândi<strong>do</strong> Tostes para tornarem seus exemplares online. A Revista <strong>do</strong><br />

ILCT é uma publicação técnico-científica criada em 1946, originalmente com o nome FELCTIANO. Em setembro de 1958, o seu<br />

nome foi altera<strong>do</strong> para o atual.<br />

Este exemplar sobreviveu e é um <strong>do</strong>s nossos portais para o passa<strong>do</strong>, o que representa uma riqueza de história, cultura e<br />

conhecimento. Marcas e anotações no volume original aparecerão neste arquivo, um lembrete da longa jornada desta<br />

REVISTA, desde a sua publicação, permanecen<strong>do</strong> por um longo tempo na biblioteca, e finalmente chegan<strong>do</strong> até você.<br />

Diretrizes de uso<br />

A Arvore<strong>do</strong>leite.org se orgulha da parceria com a Revista <strong>do</strong> Instituto de Laticínios Cândi<strong>do</strong> Tostes da EPAMIG para digitalizar<br />

estes materiais e torná-los amplamente acessíveis. No entanto, este trabalho é dispendioso, por isso, a fim de continuar a<br />

oferecer este recurso, tomamos medidas para evitar o abuso por partes comerciais.<br />

Também pedimos que você:<br />

● Faça uso não comercial <strong>do</strong>s arquivos. Projetamos a digitalização para uso por indivíduos e ou instituições e solicitamos que<br />

você use estes arquivos para fins profissionais e não comerciais.<br />

● Mantenha a atribuição Arvore<strong>do</strong>leite.org como marca d'água e a identificação <strong>do</strong> ILCT/EPAMIG. Esta atitude é essencial<br />

para informar as pessoas sobre este projeto e ajudá-las a encontrar materiais adicionais no site. Não removê-las.<br />

● Mantenha-o legal. Seja qual for o seu uso, lembre-se que você é responsável por garantir que o que você está fazen<strong>do</strong> é<br />

legal. O fato <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento estar disponível eletronicamente sem restrições, não significa que pode ser usa<strong>do</strong> de qualquer<br />

forma e/ou em qualquer lugar. Reiteramos que as penalidades sobre violação de propriedade intelectual podem ser bastante<br />

graves.<br />

Sobre a Arvore<strong>do</strong>leite.org<br />

A missão da Arvore<strong>do</strong>leite.org é organizar as informações técnicas e torná-las acessíveis e úteis. Você pode pesquisar outros<br />

assuntos correlatos através da web em http://arvore<strong>do</strong>leite.org.


..<br />

. , '<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org


Rev. Jnst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JullDez, n° 300, .i2.: 1-101, 1997<br />

REVISTA DO INSTITUTO DE LATICÍNIOS<br />

"CÂNDIDO TOSTES"<br />

DAIRY JOURNAL<br />

BIMONTHLY PUBLISHED BY THE<br />

"CÂNDIDO TOSTES'ti'DAIRY INS TITUTE <br />

ÍNDICE. CONTENT<br />

. Pág. 1<br />

XXXV Semana <strong>do</strong> Laticinista ............................................................................................................................................... : ................. 03<br />

2 Segurança alimentar em processos controla<strong>do</strong>s por HACCP .................................................................................................................. 03<br />

Editorial da xxvSemana <strong>do</strong> Laticinista ................................................................................................................................................... 07<br />

4 Editorial de encerramento da XXXV Semana <strong>do</strong> Laticinista de 1997 ...................................................................................................... 08<br />

Bactériàs Láticas na Alimentação Humana ................................................................................... ..................................................... 11<br />

HACCP: Aprendizagem para um Sistema de Qualidade Assegurada em Alimentos ..................................................................... 17<br />

Importância de um controle preciso de temperatura e pressão na qualidade final <strong>do</strong> produto ................................................... 22<br />

Tetra Pak mais que a embalagem ............................................................................................................................. ; .............................. 31<br />

9 Análise 'de perigos e pontos críticos de eontrole . APPCC: avaliação de aspectos controverti<strong>do</strong>s ................................................ 32<br />

10 Análise de riscos por pontos críticos de controle: uma visão crítica ................................................................................................ 36<br />

Ii Análise de perigos e pontos críticos de controle (APPCC) na indústria de laticínios ................................................................................ 39<br />

12 HACCP - análise de perigos e pontos críticos de controle na indústria de laticínios ................................................................................ 51<br />

13 Iogurtes com pectinas GENU ................................................................................................................................. ; ................................... 54<br />

14 Leveuras em iogurte: isolamento e caracterização ................................................................................................................................. 60<br />

15 Sistema lactoperoxidase na conservação de leite cru integral .................................................................................................................. 66<br />

16 Bioluminescência: uma nova ferramenta para tomar o controle microbiológico mais rápi<strong>do</strong>. fácil e preciso ....................................... 71<br />

17<br />

Utilização de CO2 em laticínios ................................................................................................................................................................... 79<br />

18 HACCP ......................................................................................................................................................................................................... 80<br />

19 Lubrificação especial na indústria de alimentoslbebidas e farmacêutica ................................................................................................. 81<br />

20 Sistema de recolha <strong>do</strong> leite a granel ........................................................................................................................................................... 94<br />

21 Reciclagem de embalagens Longa Vida-Tetra Pak ................................................................................................................................... 99<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes" - Juiz de Fora - VoI. 52 (300); 1-101 - JunlDez de 1997<br />

EMPRESA DE PFSQUISAAGROPECUÁRIA DE MINAS GERAIS<br />

Centro de Pesquisa e Ensino<br />

Instituto de Laticínios "Cândi<strong>do</strong> Tostes"<br />

Endereço: Revista <strong>do</strong> Instituto de Laticínios "Cândi<strong>do</strong> Tostes"<br />

Tel.: 224-3116 - DDD: 032/ Fax: 224-3113 - DDD 032<br />

Cx. Postal: 183 - 36.045-560 - Juiz de Fora - Minas Gerais -Brasil<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org


Pág.. 2 Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, na 300, 52: 1-101, 1997<br />

EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA DE MINAS GERAIS<br />

Presidente<br />

Guy Torres<br />

Chefe <strong>do</strong> CEPElILCT<br />

Fernan<strong>do</strong> Antônio Resplande<br />

Magalhães<br />

Editor<br />

Luiza Carvalhães Albuquerque<br />

Editoração Eletrônica<br />

Templo Editoração<br />

(032) 217-0283<br />

- EPAMIG -<br />

DIRETORIA EXECUTIVA<br />

Juiz de Fora, Fevereiro de 1998<br />

Comissão d.e Reda ç ão<br />

Braz <strong>do</strong>s Santos Neves<br />

Edna Froeder ArcUl"i<br />

Fernan<strong>do</strong> Antônio R. Magalhães<br />

Heloísa Maria de Souza<br />

Luiza C. Albuquerque<br />

Maria Cristina D. Castro<br />

Otacílio Lopes Vargas<br />

Paulo Henrique F. Silva<br />

Sônia Maria Borges<br />

Revisor Técnico<br />

Otacílio Lopes Vargas<br />

Área de DivulgaçãolReda ção<br />

Luiza Carvalhaes de Albuquerque<br />

Impressão<br />

Concorde Editora Gráfica Ltda<br />

(032) 221-6012<br />

EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA DE MINAS GERAIS<br />

-EPAMIG-<br />

Revista <strong>do</strong> Instituto de Laticínios "Cândi<strong>do</strong> Tostes, n. 1 - 1946 - Juiz de Fora. Instituto de<br />

Laticínios' "Cândi<strong>do</strong> Tostes", 1946.<br />

v.ilust. 23 cm<br />

n. 1-19 (1946-48), 27 cm, com nome de Fe1ctiano, n. 20-73 (1948-57), 23 cm, com o nome de<br />

Felctiano.<br />

A partir de setembro de 1958, com o nome de Revista <strong>do</strong> Instituto de Laticínios "Cândi<strong>do</strong><br />

Tostes".<br />

1. Zootecnia - Brasil- Periódicos. 2. Laticínios - Brasil- Periódicos<br />

1. Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, Juiz de Fora, ed.<br />

ISSN 0100-3674 CDU 636/637(8,<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, na 300, 52: 3-6, 1997 Pág. 3<br />

Secretaria Geral<br />

Regina Célia Mancini<br />

Andréa de Castro Martins<br />

Guilherme Munck<br />

Márcia Cristina M. Barros<br />

Marcus Paulo M. Barbosa<br />

Rita de Cássia M. Tole<strong>do</strong><br />

Valesca Mancini Ferreira<br />

Comitê de Divulgação<br />

Luiza Carvalhaes Albuquerque<br />

Eduar<strong>do</strong> Hargreaves Surerus<br />

Maria Cristina Drumond e<br />

Castro<br />

Warly de Oliveira Lucas<br />

Milton. Cesar Marconato<br />

XXV SEMANA DO LATICINISTA<br />

Coordenação Geral<br />

Dr. Guy Torres<br />

Presidente da EPAMIG<br />

21 A 25 DE JULHO DE 1997<br />

COMISSÃO ORGANIZADORA<br />

Comitê Científico<br />

Paulo Henrique F. Silva<br />

Luiz Carlos G. C. Junior<br />

Luiza Carvalhaes Albuquerque*<br />

Secretário Executivo<br />

Fernan<strong>do</strong> A. R. Magalhães<br />

Chefe <strong>do</strong> CEPE - ILCT<br />

Expomaq<br />

Sônia Borges<br />

Maria Helena Frederico<br />

Coelho<br />

Comitê de Recepção<br />

José Alberto Bastos Portugal Comitê. de Apoio<br />

Expolac<br />

Eduar<strong>do</strong> Peres<br />

Alberto Munck<br />

Heloísa M. de Souza<br />

Luiz Carlos Ferreira<br />

e alunos<br />

SEGURANÇA ALIMENTAR EM<br />

PROCESSOS CONTROLADOS POR HACCP<br />

HACCP - "Hazard Analysis and CriticaI<br />

Control Points" ou APPCC - Análise de Perigo e<br />

Pontos Críticos de Controle, ou ARCPC - Análise<br />

de Risco e Controle de Pontos Críticos, é uma<br />

abordagem sistemática para ser usada ao longo <strong>do</strong><br />

processo de fabricação de alimentos, como um meio<br />

de garantir a produção de alimentos seguros para o<br />

consumo. A primeira etapa na HACCP é d esde a<br />

obtenção das matérias-primas até o uso pelo consumi<strong>do</strong>r<br />

final. HACCP é essencialmente, um sistema<br />

preventivo de Controle de Qualidade. A Análise<br />

de Perigo é o procedimento emprega<strong>do</strong> para<br />

estimar a gravidade ou a magnitude de um risco e<br />

sua- probabilidade de ocorrência.<br />

Hoje, HACCP é reconhecida como a melhor<br />

ferramenta para desenvolver Sistemas de Controle<br />

de Qualidade em Indústrias de Alimentos, relaciona<strong>do</strong>s<br />

com a produção de alimentos seguros à<br />

saúde <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res e é recomendada por diversas<br />

entidades internacionais, inclusive pela Organização<br />

Mundial de Saúde.<br />

Por determinação <strong>do</strong> Secretário de Defesa<br />

Agropecuária, o Programa ARCPC será aplica<strong>do</strong> nos<br />

*<br />

José Lourenço Pereira Russi<br />

Luiza Car<strong>do</strong>so S. Barbosa<br />

Jorge Fernandes Leão<br />

Assessoria Executiva<br />

Adauto de Matos Lemos<br />

Antônio Carlos Savino de<br />

Oliveira<br />

Braz <strong>do</strong>s Santos Neves<br />

Ota di io Lopes Vargas<br />

estabelecimentos de carne, de leite e seus deriva<strong>do</strong>s,<br />

Este Departamento está envidan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os esforços<br />

para que se cumpram os objetivos traça<strong>do</strong>s, consideran<strong>do</strong>,<br />

sobretu<strong>do</strong>, os compromissos relaciona<strong>do</strong>s com<br />

o comércio exterior e a necessidade de implantação,<br />

a partir de janeiro de 1998, <strong>do</strong> Programa ARCPC .<br />

como fator imprescindível para o estabelecimento<br />

<strong>do</strong> princípio de equivalência entre os serviços de inspeção<br />

<strong>do</strong>s países signatários de acor<strong>do</strong>s internacionais<br />

de comércio (OMC, Mercosul, etc;) e para a<br />

adequação das atividades de inspeção às normas<br />

estabelecidas pelo Codex Alimentarius.<br />

A Empresa de Pesquisa Agropecuária de<br />

Minas Gerais, por meio <strong>do</strong> Centro de Pesquisa e Ensino<br />

Instituto de Laticínios Cândi<strong>do</strong> Tostes, fará realizar,<br />

de 21 a 25 de julho de 1997, a XXXV SEMANA DO<br />

LATICINISTA, em Juiz de Fora, MG. Este tradicional<br />

evento, que aglutina to<strong>do</strong>s os segmentos da cadeia<br />

agroalimentar <strong>do</strong> leite, terá como tema a "SEGU­<br />

RANÇA ALIMENTAR EM PROCESSOS CON­<br />

TROLADOS POR HACCP". Desta forma, procurar-se-á<br />

debater e elucidar os princípios nortea<strong>do</strong>res<br />

da implantação <strong>do</strong> sistema HACCP em laticínios.<br />

Área de Difusão de Te cnologia <strong>do</strong> CEPE/ILCT/EPAMIG.<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org


Pág. 4 Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, na 300, 52: 3-6, 1997<br />

Segunda-feira - 21107/97<br />

Sistema lactoperoxidase na conservação de<br />

leite cru integral.<br />

- Proe' Ana Cristina Richter Krolow - UFPEL<br />

Elaboração de iogurte bati<strong>do</strong> com polpa de<br />

umbu o(Spondias tuberosa, Arr. Carn)<br />

- Prof Silvio Luiz Soglia - UFBa<br />

Aplicação de CO, em laticínios<br />

- Eng". Lilian Guerreiro - White Martins<br />

Estabilização de proteínas e incremento de<br />

viscosidade em produtos acidifica<strong>do</strong>s<br />

Dr. Gerd FranklSra. Sandra R. Garcia<br />

- Kienast & Kratschmer<br />

Meio ambiente e reciclagem<br />

- Eng. Fernan<strong>do</strong> Von Zuben - Tetra Pak<br />

Solenidade de abertura da XXXV Semana <strong>do</strong><br />

Laticinista<br />

Terça-feira - 22/07/97<br />

Curso: Administração Empresarial - Prof. José<br />

Geral<strong>do</strong> de Andrade - UFLA<br />

Curso: Anãlise Sensorial de Produtos Lácteos<br />

- Prof. Fernan<strong>do</strong> Antônio Resplande Magalhães.<br />

- EPAMIG/CEPE/ILCT 1 Profa. Márcia<br />

C. Porto - EPAMIG/CEPE/ILCT<br />

Curso: Industrialização <strong>do</strong> <strong>Leite</strong> de Cabra - Prof.<br />

Paulo Roberto Celles Cordeiro - FRIALP 1 Prof.<br />

André Luiz de Almeida Guedes - FRIALP<br />

Curso: Química e Microbiologia Aplicadas à<br />

Tecnologia de Laticínios - Prof. Paulo<br />

Henrique Fonseca da Silva - EPAMIG/CEPEI<br />

ILCT 1 Profa. Ana Amélia Paolucci Almeida<br />

- EPAMIG/CEPE/ILCT<br />

Curso: Tecnologia de Fabricação Industrial de<br />

Iogurte - Prof. Sebastião César Car<strong>do</strong>so<br />

Brandão - UFV/DTA<br />

Bioluminescência: urna nova ferramenta para<br />

tornar o controle microbiológico mais rápi<strong>do</strong>,<br />

fácil e preciso. - Sr. Alcides Barrichello -<br />

Millipore Ind. e Com. Ltda. (SP)<br />

Bactérias láticas na alimentação humana<br />

Dr. Antonio Fernandes de Carvalho - BioagrolUFV<br />

HACCP: Aprendizagem para um sistema de qualidade<br />

assegurada em alimentos - Consultor Marcos<br />

Vmícios Pereira de Oliveira- Proto-RH (SP)<br />

A importfutcia de um controle preciso de temperatura<br />

e pressão na qualidade final <strong>do</strong> produto.<br />

- Eng. Paulo Pavão - SPIRAXlSARCO<br />

(Cotia - SP)<br />

Lubrificantes especiais para indústria láctea<br />

conforme HACCP - Eng. Augusto A. Saueia -<br />

Klüber Lubrification Especiais Ltda & Cia.<br />

Tetra Pak - Mais que a embalagem. Sr.<br />

Ricar<strong>do</strong> Penof - Tetra Pak<br />

Quarta-feira - 23/07/97<br />

Continuação <strong>do</strong>s Cursos<br />

Influência da marnite na qualidade <strong>do</strong> leite<br />

Prof. Luiz Ronal<strong>do</strong> de Abreu - UFLAIDCA<br />

A importância <strong>do</strong> sistema HACCP na indústria<br />

de laticínios - Dra. Mary Anne Smukowski<br />

- IDEXX - WisconsinlEUA<br />

Aplicação <strong>do</strong> sistema HACCP na indústria de<br />

laticínios - Profa. Judith Regina Hajdenwurcel<br />

- EFQ (RJ), EPAMIG/CEPE/ILCT<br />

Leveduras em iogurte - Prof. Fernan<strong>do</strong> L.<br />

Hoffmann - UNESP - Depto. Eng. Alimentos<br />

Processamento de queijos - Sr. Alan Hyde -<br />

APV (Irlanda)<br />

Quinta-feira - 24/07/97<br />

Continuação <strong>do</strong>s Cursos<br />

Painel: Segurança Alimentar em Processos<br />

Controla<strong>do</strong>s por HACCP - Dr. Antônio Jorge<br />

Camardeli - Ministério da Agricultura e <strong>do</strong><br />

Abastecimento - DIPOA 1 Prof. José Cézar<br />

Panetta - USP 1 Dra. Ellen Almeida Lopes -<br />

Food Design - SP 1 Prof. Mauro F. de Freitas<br />

Leitão - UNICAMPIFEA/DTA 1 Profa. Judith<br />

Regina Hajdenwurcel - EFQ (RJ), EPAMIGI<br />

CEPE/ILCT 1 Dra. Ariene Gimenez F. van<br />

Dender - ITAL (modera<strong>do</strong>ra)<br />

Painel: Coleta de <strong>Leite</strong> a Granel: Desafios e<br />

Oportunidades Para a Indústria Laticinista<br />

Prof. Luiz Aurélio RaggilUFV - Otimização<br />

<strong>do</strong> sistema de coleta de leite a granel 1 Profa.<br />

Maria Cristina Alvarenga Viana Mosquiml<br />

UFV - Aspectos tecnológicos e de qualidade<br />

da coleta de leite a granel 1 Sr. Maurício<br />

Botelho/SUDCOOP - A experiência da<br />

SUDCOOP na coleta de leite a granel 1 Dr.<br />

Antônio Carlos de Souza Lima/Nestlé - Implicações<br />

da coleta de leite a granel para o<br />

produtor de leite 1 Dra. Ariene Gimenez F.<br />

Van Dender - IT AL (modera<strong>do</strong>ra)<br />

Premiação <strong>do</strong> XXV Concurso Nacional de<br />

Produtos Lácteos<br />

Sexta-feira - 25/07/97<br />

Diagnóstico da Indústria de Laticínios <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />

de Minas Gerais<br />

Abertura/Lançamento <strong>do</strong> diagnóstico 1 Discurso<br />

Dr. Gilman Viana (presidente <strong>do</strong><br />

SEBRAE-MG)<br />

Diagnóstico macro - Diagnóstico Macro -<br />

Análise global da indústria de laticínios<br />

Cenário mundial<br />

Integração de merca<strong>do</strong>s<br />

MERCOSUL<br />

Brasil<br />

Análise estrutural da indústria - Análise estrutural<br />

da indústria<br />

Ambiente interno de cadeia agro alimentar<br />

<strong>do</strong> leite<br />

Forças competitivas<br />

"Milk break"<br />

Diagnóstico regional - Diagnóstico Regional<br />

- A indústria de laticínios em Minas Gerais<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JullDez, n° 300, 52: 3-6, 1997 Pág. 5<br />

Distribuição espacial da indústria no esta<strong>do</strong><br />

Características <strong>do</strong>s estabelecimentos<br />

Características da recepção e industrialização<br />

de leite<br />

Tamanho médio <strong>do</strong>s estabelecimentos<br />

Evolução da industrialização total de leite<br />

e produção de deriva<strong>do</strong>s<br />

Características da produção de deriva<strong>do</strong>s<br />

Pesquisa de campo - Pesquisa de campo - características<br />

<strong>do</strong>s laticínios particulares de<br />

Minas Gerais<br />

Histórico da empresa<br />

Modelo atual de gestão<br />

Recursos humanos<br />

Características <strong>do</strong>s processos decisórios<br />

Sistemas de comercialização e marketing<br />

Características da compra de leite nos laticínios<br />

Investimentos<br />

Custos de produção<br />

Programas de qualidade total<br />

Informática<br />

Treinamentos e cursos<br />

Principais dificuldades para administração<br />

<strong>do</strong>s laticínios<br />

Tamanho médio <strong>do</strong>s estabelecimentos<br />

Características da industrialização<br />

Freqüência de industrialização de deriva<strong>do</strong>s<br />

Principais limitações para produção de<br />

novos deriva<strong>do</strong>s<br />

Capacidade instalada capacidade utilizada <strong>do</strong>s<br />

laticínios<br />

Alternativas para industrialização de leite no<br />

perío<strong>do</strong> de safra<br />

Estrutura produtiva <strong>do</strong>s laticínios<br />

Solenidade de encerramento da XXXV Semana<br />

<strong>do</strong> Laticinista<br />

CURSOS<br />

NOME DO CURSO: QUÍMICA E<br />

MICROBIOLOGIA APLICADAS À<br />

TECNOLOGIA DE LATICÍNIOS<br />

Perío<strong>do</strong>: 22 a 24 de julho de 1997<br />

Horário: 8. às 12 h<br />

Carga horária: 12 h<br />

Professores:<br />

Ana Amélia Paolucci Almeida, M.S.<br />

Paulo Henrique Fonseca da Silva, M.S.<br />

Público-alvo: profissionais liga<strong>do</strong>s à área,<br />

corno técnicos, extensionistas, químicos, veterinários,<br />

engenheiros, bioquímicos, gerentes<br />

e diretores.<br />

Objetivos:<br />

• Reciclagem de conhecimentos em química<br />

e microbiologia <strong>do</strong> leite e deriva<strong>do</strong>s;<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

aplicações na tecnologia de laticínios e solução<br />

de problemas;<br />

apresentação de novos conceitos e fu ndamentos<br />

Meto<strong>do</strong>logia:<br />

aulas expositivas com material audio-visual' ,<br />

fornecimento <strong>do</strong> material didático;<br />

discussão com os participantes.<br />

Conteú<strong>do</strong> programático:<br />

ASSUNTO - HORASIAULA - PROFESSOR<br />

Constituintes <strong>do</strong> leite - 2h Paulo Henrique<br />

<strong>Leite</strong>: Estrutura, propriedades e variabilidade<br />

- 2h - Paulo Henrique<br />

<strong>Leite</strong>s anormais - 2h - Paulo Henrique<br />

Microrganismos: Tipos e condições de crescimento<br />

em alimentos - 2h - Ana Amélia<br />

Principais grupos de microrganismos em laticínios<br />

- 2h - Ana Amélia<br />

Controle e destruição de microrganismos<br />

2h - Ana Amélia<br />

NOME DO C_URSO: PRODUÇÃO E INDUS­<br />

TRIALIZAÇAO DO LEITE DE CABRA<br />

Perío<strong>do</strong>: 22 a 24 de julho de 1997<br />

Horário: 8 às 12 h<br />

Carga horária: 12 h<br />

Professores: André Luiz de Almeida Guedes<br />

- FRIALP 1 Paulo Roberto Celles Cordeiro _<br />

FRIALP<br />

Público-alvo: Caprinocultores e Profissionais<br />

<strong>do</strong> Setor Láticinista liga<strong>do</strong> ao leite de Cabra.<br />

Objetivos:<br />

Dar noções da obtenção higiênica <strong>do</strong> leite<br />

(produção e estocagem);<br />

Apresentar técnicas <strong>do</strong> processamento de<br />

deriva<strong>do</strong>s de leite de cabra e características<br />

alternativas de merca<strong>do</strong>.<br />

Meto<strong>do</strong>logia:<br />

Transparências, slides e vídeos.<br />

Conteú<strong>do</strong> programático:<br />

ASSUNTO - HORASIAULA - PROFESSORES<br />

Menejo e obtenção higiênica <strong>do</strong> leite, fluxo­<br />

gramas de produção, técnicas de processa-<br />

o mento <strong>do</strong>s deriva<strong>do</strong>s. perspectivas de merca­<br />

<strong>do</strong>. - , 12 - ndré Luiz e Paulo Roberto 'o<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org


Pág.6 Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JullDez, n° 300, 52: 6-6, 1997<br />

NOME DO CURSO: ADMINISTRAÇÃO EM­<br />

PRESARIAL<br />

Perío<strong>do</strong>: 22 a 24 de julho de 1997<br />

Horário: 8 às 12 h<br />

Carga horária: 12 h<br />

Professor: José Geral<strong>do</strong> de Andrade - Sommos,<br />

Consultoria e Treinamento<br />

Público-alvo: Gerentes e Técnicos de laticínios<br />

e cooperativas que desempenham (ou venham<br />

desempenhar) funções gerenciais.<br />

Objetivos:<br />

Espera-se que, no final <strong>do</strong> curso, os participantes<br />

sejam capazes de:<br />

Identificar as relações entre os diversos componentes<br />

<strong>do</strong> complexo agro-industrial;<br />

Entender e atuar nas diversas áreas e funções<br />

<strong>do</strong> processo administrativo; e<br />

Desempenhar, com eficiência e qualidade, suas<br />

funções gerenciais.<br />

Meto<strong>do</strong>logia:<br />

Aulas expositivas com recursos audio vis s<br />

(transparências e filmes), jogos empresanaIS<br />

e trabalhos em grupo.<br />

Conteú<strong>do</strong> programático:<br />

ASSUNTO - HORAS/AULA<br />

O complexo agro-industrial - 2<br />

O ambiente empresarial - 2<br />

Missão, objetivos, metas e estratégias empresariais<br />

2<br />

Habilidades <strong>do</strong>s dirigentes, níveis, áreas, e<br />

funcões empresariais - 6<br />

NOME DO CURSO: ANÁLISE SENSORIAL DE<br />

PRODUTOS LÁCTEOS<br />

Perío<strong>do</strong>: 22 a 24 de julho de 1997<br />

Horário: 8 às 12 h<br />

Carga horária: 12 h<br />

Professores: Fernan<strong>do</strong> A. R. Magalhães -<br />

EPAMIG / Márcia Porto - EPAMIG<br />

Público-alvo: Estudantes e profissionais principalmente<br />

<strong>do</strong>s setores de controle de qualidade<br />

e desenvolvimento de novos produtos.<br />

Objetivos:<br />

Demonstrar a aplicação <strong>do</strong>s diversos méto<strong>do</strong>s<br />

de análise sensorial em desenvqlvimento<br />

de novos produtos;<br />

Controle de qualidade;<br />

Determinação de "SHELF LIFE";<br />

Alteração de processos;<br />

Substituição de inj!redientes, etc.<br />

Meto<strong>do</strong>logia:<br />

Aulas teóricas, práticas e onde o participante<br />

terá a oportunidade de participar de<br />

painéis sensoriais envolven<strong>do</strong> os principais<br />

méto<strong>do</strong>s, bem como a análise e interpretação<br />

<strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s.<br />

Conteú<strong>do</strong> programático:<br />

ASSUNTO - HORAS/AULA - PROFESSORES<br />

Introdução, histórico, terminologia específica,<br />

tipos de aplicações <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s sensoriais,<br />

descrição <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s sensoriais -<br />

04 . - Fernan<strong>do</strong> Magalhães<br />

Práticas de méto<strong>do</strong>s sensoriais em cabines<br />

individuais com interpretação e análise de<br />

resulta<strong>do</strong>s - 08 - Fernan<strong>do</strong> Magalhães /<br />

Márcia Porto.<br />

NOME DO CURSO: TECNOLOGIA DA PRO­<br />

DUÇÃO INDUSTRIAL DE IOGURTE<br />

Perío<strong>do</strong>: 22 a 24 de julho de 1997<br />

Horário: 8 às 12 h<br />

Carga horária: 12 h<br />

Professor: Sebastião César Car<strong>do</strong>so Brandão,<br />

PhD - Universidade Federal de Viçosa - Departamento<br />

de Tecnologia de Alimentos<br />

Público-alvo: técnicos, tecnólogos, engenheiros,<br />

bioquímicos, supervisores de produção<br />

gerentes, empresários e demais profissionais<br />

liga<strong>do</strong>s à produção de iogurte.<br />

Objetivos:<br />

Apresentar conceitos referentes à produção<br />

de iogurte;<br />

descrever as etapas <strong>do</strong> processamento<br />

tecnológico;<br />

estudar as culturas láticas e sua produção;<br />

discutir aspectos nutricionais, terapêuticos<br />

e o controle de qualidade.<br />

Meto<strong>do</strong>logia:<br />

aulas expositivas;<br />

discussão com os participantes;<br />

apoio de material didático<br />

Conteú<strong>do</strong> programático:<br />

ASSUNTO - HORAS/AULA - PROFESSOR<br />

Introdução, tipos de iogurte, aspectos nu­<br />

tritivos e terapêuticos, conceitos, compo­<br />

sição da mistura para iogurt ,<br />

processamento tecnológico, culturas, equpamentos,<br />

embalagens, controle de quah­<br />

dade. - 12 - Sebastião César<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JullDez, n° 300, 52: 7-7, 1997 Pág.7<br />

EDITORIAL DA XXXV SEMANA DO LATICINISTA<br />

A Empresa de Pesquisa Agropecuária de<br />

Minas Gerais, por meio <strong>do</strong> Centro de Pesquisa e<br />

Ensino-Instituto de Laticínios Cândi<strong>do</strong> Tostes,<br />

tem a satisfação de realizar a abertura da XXXV<br />

Semana <strong>do</strong> Laticinista. Este tradicional evento<br />

conta com o apoio de órgãos públicos e de empresas<br />

da iniciativa privada, aglutinan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os setores<br />

da cadeia agroalimentar <strong>do</strong> leite.<br />

Simultâneamente à programação científica, serão<br />

realizadas a EXPOMAQ/97 - Mostra de máquinas,<br />

equipamentos, embalagens e ingredientes<br />

para a indústria de laticínios; a EXPOLAC/97 _<br />

Exposição de produtos lácteos e o XXIV Concurso<br />

Nacional de Produtos Lácteos.<br />

As indústrias de laticínios vêem-se frente<br />

ao desafio de romper com conceitos arraiga<strong>do</strong>s<br />

na rotina empresarial e partir para novas experiências<br />

que determinarão quem vai crescer, sobreviver<br />

ou ser elimina<strong>do</strong> <strong>do</strong> atual merca<strong>do</strong> competitivo<br />

e ávi<strong>do</strong> por qualidade.<br />

Segun<strong>do</strong> Ianni, cita<strong>do</strong> por Meireles<br />

(1997), "mais uma vez, ao final <strong>do</strong> século XX, o<br />

mun<strong>do</strong> se dá conta de que a história não se resume<br />

no fluxo das continuidades, sequências e<br />

recorrências, mas que envolve também tensões,<br />

rupturas e terremotos. Tanto é assim que permanece<br />

no ar a impressão de que terminou uma época,<br />

terminou estron<strong>do</strong>samente toda uma época; e<br />

começou outra não só diferente, mas muito diferente,<br />

surpreendente. Agora são muitos os que<br />

estão obriga<strong>do</strong>s a reconhecer que está em curso<br />

um intenso processo de globalização das coisas,<br />

gentes e idéias".<br />

A filosofia <strong>do</strong> controle e da garantia da<br />

qualidade em produtos lácteos passa por este momento<br />

de rompimento e reflexão. V árias são as<br />

ferramentas disponíveis, mas sua aplicabilidade,<br />

suas limitações e os reais frutos de sua implantação<br />

dependem de conhecimento e <strong>do</strong> comprometimento<br />

da alta administração das empresas.<br />

Como contribuição a este cenário, a XXXV<br />

Semana <strong>do</strong> Laticinista elegeu o tema central: segurança<br />

alimentar em processos controla<strong>do</strong>s por<br />

HACCP, em conformidade com as deliberações<br />

<strong>do</strong> Ministério da Agricultura e <strong>do</strong> Abastecimento.<br />

O sistema HACCP - Análise de Perigo e Pontos<br />

Críticos de Controle - é uma abordagem sistemá­<br />

tica para ser usada ao longo <strong>do</strong> processo de fabri­<br />

cação de alimentos, como um meio de garantir a<br />

produção de alimentos seguros para o consumo,<br />

desde a obtenção da matéria-prima até o uso pelo<br />

consumi<strong>do</strong>r final. Hoje, o sistema HACCP é re­<br />

comenda<strong>do</strong> por diversas entidades internacionais,<br />

inclusive pela Organização Mundial da Saúde.<br />

A programação científica <strong>do</strong> evento conta<br />

com dezesseis palestras a serem proferidas por<br />

especialistas <strong>do</strong> Brasil, Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s e Europa;<br />

cinco cursos em tecnologia, qualidade e adminis­<br />

traçã,o;<br />

leite a granel.<br />

A XXXV Semana <strong>do</strong> Laticinista sente-se<br />

honrada em apresentar o Diagnóstico da Indús­<br />

tria de Laticínios <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Minas Gerais, co­<br />

ordena<strong>do</strong> pelo SEBRAE-MG. Serão discuti<strong>do</strong>s a<br />

análise global e estrutural da indústria de laticíni­<br />

os, o diagnóstico regional e as características <strong>do</strong>s<br />

laticínios particulares de Minas Gerais. Têm-se<br />

como objetivo fornecer subsídios para fundamen­<br />

tar futuras ações das instituições que atuam junto<br />

ao setor.<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

Há que se ter em mente a necessidade de<br />

que as empresas formulem e implementem um<br />

planejamento estratégico que possibilite a elevação<br />

continuada da qualidade de seus produtos e<br />

serviços. As atenções voltam-se para ações que<br />

respondam às questões: quais são o negócio, a<br />

missão, os valores e os fatores-chave para o su­<br />

cesso de cada empresa.<br />

Hoje e no futuro que nos chega, somente<br />

serão bem sucedidas as empresas que estiverem<br />

preparadas para se adaptar constantemente aos<br />

desejos <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res, de forma a encantálos,<br />

sem modismos nem superficialidades. Para<br />

tal, o acesso e o bom uso <strong>do</strong> conhecimento e da<br />

tecnologia premiarão os vence<strong>do</strong>res. A Comissão<br />

Organiza<strong>do</strong>ra da XXXV Semana <strong>do</strong> Laticinista<br />

espera que os senhores participantes possam.incorporar<br />

as informações aqui disponibilizadas, em<br />

prol <strong>do</strong> execício constante de desenvolvimento<br />

pessoal e empresarial.<br />

Muito obriga<strong>do</strong>.<br />

Paulo Henrique Fonseca da Silva<br />

Coordena<strong>do</strong>r da Comissão Cientfjica<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org


Pág.8<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, n° 300, 52: 8-10, 1997<br />

EDITORIAL DE ENCERRAMENTO DA XXXV SEMANA DO<br />

LATICINISTA DE 19971<br />

Ao encerrar a XXXV Semana <strong>do</strong><br />

Laticinista, procuramos avaliar e registrar as<br />

informações importantes, que gostaríamos de<br />

compartilhar com os presentes nesta oportunidade.<br />

A comissão que se responsabilizou pela<br />

programação científica <strong>do</strong> evento teve grande<br />

sucesso ao compatibilizar os momentos <strong>do</strong>s cursos<br />

com os de palestras, reservan<strong>do</strong> os horários<br />

da manhã para os primeiros e os da tarde para<br />

os eventos realiza<strong>do</strong>s no auditório. Ao longo<br />

desta semana foram ofereci<strong>do</strong>s cinco cursos que<br />

somaram 60 horas aula e atenderam a 88 alunos<br />

com 100% de freqüência.<br />

Durante a realização da XXXV - SL,<br />

foram apresentadas 16 palestras, conduzi<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong>is painéis e apresenta<strong>do</strong> um diagnóstico <strong>do</strong><br />

setor. Durante as preleções no auditório, a freqüência<br />

médi observada nos quatro primeiros<br />

dias foi de 107 pessoas.<br />

A partir da publicação de um condensa<strong>do</strong><br />

das primeiras Normas Nacionais para julgamento<br />

da qualidade de queijos (Oliveira, 1972), o<br />

CEPE/ILCT passou a organizar, em to<strong>do</strong>s os<br />

eventos realiza<strong>do</strong>s, os Concursos Nacionais de<br />

Produtos Lácteos, sempre com grande participação<br />

das indústrias e cooperativas de laticínios.<br />

Neste evento, o XXIV Concurso Nacional<br />

de Produtos Lácteos incluiu nove diferentes<br />

variedades de produtos lácteos, com<br />

um mínimo de sete concorrentes em cada uma<br />

delas, que foram julgadas por uma equipe independente<br />

de especialistas. Concorreram as<br />

seguintes variedades de produtos lácteos, entre<br />

os queijos: (i) Minas Padrão (Cura<strong>do</strong>), (ii)<br />

Prato; (iii) Lanche; (iv) Estepe, (v)<br />

Parmesão, (vi) Reino, (vii) Provolone cura<strong>do</strong><br />

e defuma<strong>do</strong> e os lácteos: (viii) Requeijão<br />

Cremoso; (ix) Doce de <strong>Leite</strong> pastoso. Os três<br />

primeiros coloca<strong>do</strong>s, ten<strong>do</strong> como base a análise<br />

sensoriai realizada, como mostra o anexo<br />

deste editorial.<br />

A realização da EXPOMAQ representou<br />

o maior sucesso em toda a história de eventos<br />

realiza<strong>do</strong>s pelo CEPE/ILCT; teve um acréscimo<br />

de 35% em relação ao espaço ocupa<strong>do</strong> em<br />

1<br />

1996, propician<strong>do</strong> a oportunidade para 56 em­<br />

preendimentos, liga<strong>do</strong>s à cadeia <strong>do</strong>s lácteos,<br />

exibirem para a comunidade laticinista os seus<br />

mais recentes produtos desenvolvi<strong>do</strong>s. Em to­<br />

<strong>do</strong>s os 'stands' os espaços foram utiliza<strong>do</strong>s para<br />

exibições instrumentais visan<strong>do</strong> a modernização<br />

da indústria e exposições de caráter didático.<br />

CONCLUSÃO<br />

A programação científica da XXXV' Semana<br />

<strong>do</strong> Laticinista mostrou os caminhos que<br />

devem ser percorri<strong>do</strong>s para a viabilização <strong>do</strong><br />

desenvolvimento da garantia de qualidade <strong>do</strong>s<br />

produtos de htticínios, a partir da produção até<br />

a mesa <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r. A meto<strong>do</strong>logia que permite<br />

a busca deste desenvolvimento implica em<br />

adequações <strong>do</strong>s processos de produção, transformação<br />

e distribuição de produtos, dentro de<br />

uma nova filosofia de controle e segurança de<br />

qualidade. Neste senti<strong>do</strong>, a indústria deve buscar<br />

modelamentos de seus processos por meio<br />

<strong>do</strong> méto<strong>do</strong> HACCP.<br />

Este desenvolvimento exige a a<strong>do</strong>ção de<br />

critérios meto<strong>do</strong>lógicos rápi<strong>do</strong>s e seguros aplica<strong>do</strong>s<br />

às várias determinações <strong>do</strong>s parâmetros que<br />

reportem aos pontos críticos de controle e que<br />

se mostrem significativos em cada processo<br />

tecnológico. O leite, como matéria-prima 'in<br />

natura' tem a sua qualidade expressa por quatro<br />

grandes grupos de parâmetros: (i) carga biológica<br />

(principalmente microbiana e somática), (ii)<br />

carga residual química, (iii) carga residual física e<br />

(iv) estádios de progressos hi<strong>do</strong>líticos de seus componentes.<br />

No <strong>do</strong>cumento da IDFA os componentes<br />

de riscos foram classifica<strong>do</strong>s por tipos e por origens,<br />

foram defini<strong>do</strong>s os pré-requisitos, guias de<br />

recomendações para o controle da contaminação<br />

ambiental foram apresenta<strong>do</strong>s e a implemel)tação<br />

de HACCP foi apresentada em 13 passos. Além<br />

disso, o <strong>do</strong>cumento deu a necessária ênfase ao<br />

treinamento e à educação de pessoal, além de demonstrar<br />

a meto<strong>do</strong>logia para o modelamento de<br />

processos específicos à filosofia de controle<br />

HACCP (lDFA, 1996).<br />

Documento relativo às atividades realizadas durante a XXXV Semana <strong>do</strong> Laticinista, 21 a 25 de<br />

julho de 1997; da<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s e relatório redigi<strong>do</strong> por Otacílio Lopes Vargas em 25/07/97,' Juiz de<br />

Fora, 1997.<br />

Rev. Inst. Latíc. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, n° 300, 52: 8-10, 1997 Pág. 9<br />

A formação de uma infra-estrutura de<br />

pessoal é condição indispensável para a<br />

implementação <strong>do</strong> sistema HACCP. Este processo<br />

de formação inclui: (i) educação, (ii) treinamento.<br />

A educação, embora destinada a to<strong>do</strong>s os<br />

níveis hierárquicos <strong>do</strong> empreendimento, está mais<br />

diretamente voltada para os postos de lideranças<br />

técnicas, chefias administrativas e altas posições<br />

decisórias. Por outro la<strong>do</strong>, o programa de treinamento<br />

deve enfocar as disciplinas relacionadas ao<br />

sistema HACCP: (i) princípios de HACCP; (ii)<br />

estratégias para as análises lógicas e sistemáticas<br />

de risco, (iii) benefícios <strong>do</strong> sistema HACCP, (iv) a<br />

importância <strong>do</strong> trabalho em grupos multi-disciplinares<br />

para a higidez e segurança <strong>do</strong>s produtos<br />

lácteos.<br />

A terceirização de determina<strong>do</strong>s segmentos<br />

da cadeia <strong>do</strong>s lácteos, que outrora era vislumbrada<br />

como objeto de redução de custos e de conveniência,<br />

não mais poderá ser assim considerada,<br />

pois qualquer lesão criminal ao consumi<strong>do</strong>r<br />

será sempre uma responsabilidade <strong>do</strong> transforma<strong>do</strong>r<br />

ou <strong>do</strong> proprietário principal gera<strong>do</strong>r. Deste<br />

mo<strong>do</strong>, o transporte de leite cru a granel será sempre<br />

uma responsabilidade <strong>do</strong> transforma<strong>do</strong>r legitimamente<br />

estabeleci<strong>do</strong> no contexto social. É<br />

importante lembrar que o consumi<strong>do</strong>r será sempre<br />

o ator efetivo na implementação de qualquer<br />

processo que vise a melhoria de qualidade <strong>do</strong>s produtos.<br />

Assim simultaneamente, cabem aos governos<br />

e aos empreendimentos estabeleci<strong>do</strong>s os esclarecimentos<br />

sobre os potenciais ou as limitações<br />

<strong>do</strong>s produtos coloca<strong>do</strong>s no merca<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r.<br />

Além das exigências mínimas, já<br />

estabelecidas nas Normas Higiênico-Sanitárias e<br />

Tecnológicas para o <strong>Leite</strong> e Produtos Lácteos <strong>do</strong><br />

Ministério da Agricultura e <strong>do</strong> Abastecimento, os<br />

estabelecimentos deverão buscar a melhor orientação<br />

sobre HACCP, visan<strong>do</strong> adequar-se a esta<br />

nova sistemática de controle e objetivan<strong>do</strong> o fortalecimento<br />

de to<strong>do</strong>s os segmentos e a<br />

competitividade <strong>do</strong> próprio setor. Em caráter suplementar,<br />

o <strong>do</strong>cumento que presta a máxima<br />

orientação sobre a implantação de HACCP resultou<br />

de uma publicação conjunta da lDFA _<br />

"International. Dairy Foods Association" com as<br />

participações da "Milk Industry Foundation", da<br />

"National Cheese Institute" e da "International<br />

Ice Cream Association". A IDFA apresenta um<br />

manual cobrin<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os processos básicos<br />

a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s pela indústria de laticínios, incluin<strong>do</strong> os<br />

protocolos de pré-requisitos, ações de sanificação<br />

básicas, boas práticas de fabricação e a análise de<br />

risco para os pontos críticos de controle. A<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

meto<strong>do</strong>logia referenciada abrange o leite de consumo<br />

HTST, os iogurtes natural e congela<strong>do</strong>, o<br />

leite evapora<strong>do</strong>, os leites condensa<strong>do</strong> e evapora<strong>do</strong>,<br />

o sorvete de baunilha, o queijo cheddar, a<br />

mussarela, o queijo cottage, o queijo fundi<strong>do</strong>,<br />

manteiga, leite em pó, leit.e em pó a partir <strong>do</strong><br />

leite condensa<strong>do</strong>, lactose, sóli<strong>do</strong>s lácteos por<br />

ultrafiltração, soro condensa<strong>do</strong>, soro em pó, sOrO<br />

em pó a partir de soro condensa<strong>do</strong>, e CPSU. A<br />

implementação de HACCP implica em treze ações<br />

protocolares: (i) a pré-existência de um programa<br />

de pré-requisitos adequa<strong>do</strong>, (ii) a conquista <strong>do</strong><br />

comprometimento gerencial para formação de<br />

uma equipe multi-disciplinar, (iH) a descrição detalhada<br />

<strong>do</strong> produto lácteo padrão junto <strong>do</strong> processo<br />

básico para obtê-lo, (iv) a descrição da intenção<br />

de sua aplicação junto às especificações<br />

exigidas pelos clientes potenciais, (v) o desenvolvimento,<br />

aperfeiçoamento e verificação <strong>do</strong><br />

diagrama de fluxo para o processo, (vi) a realização<br />

da análise estatística de riscos pela<br />

meto<strong>do</strong>logia formal, (vii) a identificação <strong>do</strong>s pontos<br />

críticos de controle, (viii) o estabelecimento<br />

<strong>do</strong>s limites críticos de controle, (ix), o estabelecimento<br />

das exigências <strong>do</strong> monitoramento, (x) o<br />

estabelecimento de ações corretivas, (xi) o estabelecimento<br />

de um sistema de banco de da<strong>do</strong>s,<br />

(xii) a definição de procedimentos para verificação,<br />

(xiii) a avaliação revisional <strong>do</strong> sistema<br />

HACCP (IDFA, 1996).<br />

A a<strong>do</strong>ção da árvore decisória para realizar<br />

a análise de perigos deve ser olhada com grandes<br />

precauções. Neste contexto, não se permite<br />

supor que pelo fato <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r praticar a cocção<br />

<strong>do</strong> alimento a nível <strong>do</strong>méstico, um determina<strong>do</strong><br />

risco pode ser ignora<strong>do</strong>.<br />

No Brasil, como bem ressaltou o Dr. Guy<br />

Torres, Presidente da EPAMIG, existem <strong>do</strong>is elos<br />

frágeis na cadeia <strong>do</strong>s lácteos, que podem levar ao<br />

enfraquecimento de to<strong>do</strong> o setor. Trata-se <strong>do</strong> pro ­<br />

dutor e <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r. Deste mo<strong>do</strong>, a<br />

implementação <strong>do</strong> sistema não pode deixar sem<br />

alternativas de sobrevivência, isto é, à margem<br />

<strong>do</strong> processo de desenvolvimento, os atores sociais<br />

mais fracos e, frequentemente, mais numerosos.<br />

Neste contexto, é oportuno que se busque a<br />

reflexão sobre os seguintes aspectos políticos para<br />

. o setor: (i) importações e exportações de produtos<br />

lácteos em confronto com tributações harmônicas,<br />

(ii) padrões de identidade, de origem e<br />

de qualidade <strong>do</strong>s produtos, nitidamente diferencia<strong>do</strong>s<br />

para informação <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r, (iii) atenção<br />

especial e prioridade frente à demanda regional<br />

por qualidade de vida e bem estar para as populações<br />

locais.<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org


Pág. 10<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JullDez, n° 300, 52: 8-10, 1997<br />

ESTABELECIMENTO E VARIEDADES DE PRODUTO<br />

APRESENTADO<br />

Vereda Alimentos Ltda.<br />

Laticínios Tirolez Ltda.<br />

Cooperativa Agropecuária <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Paracatu Ltda.<br />

Coop. Agropecuária <strong>do</strong> Município de Rezende de Resp. Ltda.<br />

Cooperativa Grapiúna de Agropecuaristas Ltda.<br />

Cooperativa Agropecuária de Londrina Ltda.<br />

Cooperativa Agropecuária de Londrina<br />

Classificação<br />

3° lugar<br />

1 ° lugar<br />

Rev. Inst. Latir:.:. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, na 300, 52: (5): 11-16, 1997 Pág. 11<br />

BACTÉRIAS LÁTICAS NA ALIMENTAÇÃO HUMANA<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

As bactérias láticas fazem parte da alimentação<br />

humana desde a origem da civilização.<br />

Elas participam, pela fermentação, na conservação<br />

de diferentes tipos de alimentos, em<br />

particular na conservação <strong>do</strong> leite. No início<br />

<strong>do</strong> século, Elia Metchnikoff (1908) defendeu<br />

uma teoria que associava a longevidade da população<br />

<strong>do</strong>s balcãs ao consumo regular de produtos<br />

fermenta<strong>do</strong>s a base de leite. Em 1906, na<br />

França, a empresa "Le ferment" lançou um leite<br />

coagula<strong>do</strong>,. prepara<strong>do</strong> com culturas puras de<br />

bactérias láticas seguin<strong>do</strong> uma meto<strong>do</strong>logia recomendada<br />

por Metchnikoff. Com o passar <strong>do</strong>s<br />

anos foi se difundin<strong>do</strong> o iogurte industrial prepara<strong>do</strong><br />

com <strong>do</strong>is microrganismos (Stre ptococcus<br />

thermoplzilus e Lactobacillus de Lbrueckii ssp.<br />

bulgaricus) que fornecem ao leite fermenta<strong>do</strong><br />

uma boa conservação e excelente qualidade<br />

organoléptica.<br />

Dependen<strong>do</strong> das civilizações, <strong>do</strong>s países,<br />

da época e <strong>do</strong> tipo de microrganismo presente,<br />

os produtos lácteos fermenta<strong>do</strong>s ou não,<br />

receberam o nome de Iogurte, Yoghourt, Kefir,<br />

Koumis, Kjadermilk, Sweet aci<strong>do</strong>philus milk,<br />

fromage frais ...<br />

Os efeitos benéficos, historicamente<br />

atribuí<strong>do</strong>s aos produtos conten<strong>do</strong> bactérias<br />

láticas, só começaram a ser elucida<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong>,<br />

nos anos 70, algumas equipes começaram a descobrir<br />

progressivamente o papel das bactérias<br />

láticas vivas isoladas ou carreadas em diferentes<br />

produtos lácteos fermenta<strong>do</strong>s ou não, no<br />

aparelho digestivo. A introdução recente no<br />

merca<strong>do</strong> <strong>do</strong> consumo de leites fermenta<strong>do</strong>s com<br />

bactérias láticas de origem entérica<br />

(Bifi<strong>do</strong>bacterium e Lactobacillus) aumentou o<br />

interesse de consumi<strong>do</strong>res conscientes e que<br />

buscam uma alimentação saudável.<br />

Hoje diversas equipes trabalham p . ara<br />

esclarecer a veracidade das tradições populares<br />

Antônio Fernandes de Carvalho'<br />

Célia Lúcia de Luces Fortes Ferreira2<br />

Jean Michel Antoine3<br />

que sugerem a ação benéfica das bactérias láticas<br />

em diferentes patologias e na iongevidade. Estu<strong>do</strong>s<br />

estão sen<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong>s no senti<strong>do</strong> de verificar<br />

a ação destas bactérias na modulação de<br />

diarréias, na redução <strong>do</strong> colesterol sanguíneo,<br />

como agentes anticarcinogênicos e<br />

estimula<strong>do</strong>res <strong>do</strong> sistema imune, entre outros.<br />

Estes trabalhos cada vez mais numerosos confrontam<br />

as hipóteses, descrevem resulta<strong>do</strong>s in<br />

vitro e in vivo empregan<strong>do</strong> cobaias, e tem aos<br />

poucos, acumula<strong>do</strong> informações sobre o papel<br />

das bactérias láticas na saúde <strong>do</strong> homem.<br />

2 - SOBREVIVÊNCIA DAS<br />

BACTÉRIAS LÁ TICAS NO<br />

ORGANISMO HUMANO<br />

2.1 - Sobrevivência no estômago<br />

A acidez gástrica constitui a primeira<br />

barreira fisiológica contra a .entrada no tubo<br />

digestivo da flora exógena ingerida. A secreção<br />

local de áci<strong>do</strong> clorídrico mantém o pH gástrico<br />

entre 1 e 2, em jejum. Um estu<strong>do</strong> feito com<br />

adultos saudáveis mostra que após a ingestão de<br />

250 g de iogurte (pH 4,2) o pH gástrico sobe<br />

imediatamente a 4 em média para descer progressivamente<br />

a 2,6 em duas horas e retornar<br />

ao mesmo valor anterior a ingestão por volta<br />

de 3 horas. Com este mesmo grupo de pessoas o<br />

pH gástrico sobe a 5,3 iftHóS a ingestão <strong>do</strong> leite<br />

(pH 6,7) nos primeiros 15 minutos para voltar<br />

a pH 2 por volta de uma hora (Figura 1). O<br />

efeito tampão protetor <strong>do</strong> iogurte permite as<br />

bactérias láticas sobreviver no estômago <strong>do</strong><br />

homem. Isto foi verifica<strong>do</strong> com a retirada <strong>do</strong><br />

material <strong>do</strong> estômago com sondas por Conway<br />

et aL. (1987) que observaram uma concentração<br />

na ordem de 104 a 107 ufc/mI durante três<br />

horas.<br />

J. Pós Doutorn<strong>do</strong> no Laboratório de Culturas Láticas, BIOAGRO, Universidade FederaL de Viçosa,<br />

Av. P. H. Roifs, sln - 36571-000 - Viçosa - Minas Gerais<br />

2 Professora <strong>do</strong> Departamento de Te cno Logia de alimentos, Universidade Federal de Viçosa, Av. P. H.<br />

Roifs, sln - 3657 J -000 - Viçosa - Minas Gerais<br />

3 Direction Scientifique Nutrition Toxico Logie, Groupe BSN, rue de Téhéran, 7 - 75300 - Paris _ França<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org


Pág. 12 Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JullDez, n° 300, 52: (5): 11-16, 1997<br />

.<br />

Tem.po·ap6sÍl)geSd(miil}<br />

Figura 1 - Evolução da acidez gástrica ap6s<br />

ingestão de 250 ml de leite ou iogurte (Dorval et<br />

a., I 1986 indica<strong>do</strong> por Antoine et ai .• 1994)<br />

Outras bactérias' láticas, como s<br />

bifi<strong>do</strong>bactérias, resistem menos à acidez e ao OXIgênio.<br />

O trabalho de Berrada et /. O?91) mostra<br />

que uma estirpe de bifi<strong>do</strong>bacténa reSIste bem ao<br />

suco gástrico, enquanto uma outra desap ece ra :<br />

pidamente (Figura 2). Quan<strong>do</strong> a flora <strong>do</strong> Iogurte e<br />

associada às bifi<strong>do</strong>bactérias ela mantém concentrações<br />

intra-gástricas da ordem de 107 ufc/ml<br />

d ante mais de duas horas ap6s a ingestão. Estes<br />

a:;ores estimaram que ap6s da ingestão de 250 g<br />

de iogurte, 109' bactérias chegam vivas . ao <strong>do</strong>deno<br />

nas duas ou três horas que seguem a mgestão.<br />

Cone.<br />

gástrica<br />

Oog<br />

bifi<strong>do</strong>- oi<br />

bllctéria<br />

porg)<br />

1<br />

ProdútoA<br />

O ________________________ <br />

o 30 60<br />

Tempo (mnutos)<br />

Figura 2 : Número de células viáveis de 2<br />

estirpes de bifi<strong>do</strong>bactérias no estômago (Berrade<br />

et ai., 1991)<br />

2.2 - Presença nas fezes<br />

Estu<strong>do</strong>s da microbiota fecal confir am a<br />

sobrevivência das bactérias láticas no trato mtestinal<br />

<strong>do</strong> homem (Bianchi-Salva<strong>do</strong>ri et aI., 1978).<br />

A flora específica <strong>do</strong> iogurte aparece nas fezes<br />

durante a ingestão regular de iogrte, de : apa : ­<br />

cen<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> este é retira<strong>do</strong> da ahme ,<br />

ria. Este resulta<strong>do</strong> sugere que as bactens latlcas<br />

presentes neste produto não tem a capcldd de<br />

se implantar no homem. Outras bactenas latlcas,<br />

que fazem parte da microbiota normal <strong>do</strong> t<br />

. ato d· Iges t' IV o humano , têm a capacIdade de se Implantar,<br />

como os Lactocilo aCl<strong>do</strong>phllus e as<br />

.<br />

bifi<strong>do</strong>bactérias. As bactenas blfldas foram descobertas<br />

em crianças por Tissier, em 1905. T raba­<br />

.<br />

' .<br />

lhos posteriores indicaram sua prese ç em intes­<br />

tinos, durante toda a vida da espeCle humana<br />

(Mitsuoka, 1982).<br />

3- DIGESTIBILIDADE DOS<br />

PRODUTOS LÁCTEOS<br />

FERMENTADOS<br />

3.1 - Etapa estomacal<br />

Os primeiros estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s : ompararam<br />

o leite antes e ap6s sua fermentaçao com<br />

as bactérias <strong>do</strong> iogurte. Contrariamente ao ue se<br />

esperava, o trânsito <strong>do</strong> iogurt pelo estomago<br />

apresentou-se mais rápid ? . e A mls regurlar que o<br />

<strong>do</strong> leite. Este resulta<strong>do</strong> fOI Identlco para as pessoas<br />

com capacidade de absorver a latoe e pra lactase não persistentes. A coagulaçao Intr-gas trica das proteínas <strong>do</strong> iogurte produz partlculas<br />

mais finas e com menor adesividade que as proteínas<br />

<strong>do</strong> leite (Meisel e Hagemeiser, ,<br />

permite uma digestão gástrica mais raplda. A fermentação<br />

lática <strong>do</strong> leite melhora desta forma a<br />

digestibilidade gástrica.<br />

3.2 - Etapa intestinal<br />

3.2.1 Digestão da lactose<br />

O leite, primeira fonte de ali entação<br />

<strong>do</strong>s mamíferos, contém um açúcar particular, a<br />

lactose. A digestão da lactose começa com a<br />

hidrólise pela lactase em glic se e . galactose ue<br />

são absorvi<strong>do</strong>s pela mucosa digestiva. N : ausencia<br />

desta enzima, a absorção da lact ? s nao pOd:<br />

ser feita, acarretan<strong>do</strong> fenôme os chmcos de ma.<br />

absorção cuja a gravidade vana de acor<strong>do</strong> com .a<br />

<strong>do</strong>se ingerida e com a sensibilidade <strong>do</strong> consu n:l ­<br />

<strong>do</strong>r. Os sintomas vão de uma simples ac leraçao<br />

<strong>do</strong> trânsito intestinal, à intolerância ao leite passan<strong>do</strong><br />

por caimbras e acúmulo de gases. A lactase<br />

é uma enzima que desaparece normalmente nos<br />

mamíferos assim que eles são desmama<strong>do</strong>s. o omem<br />

normalmente ela desaparece durante a mfancia.<br />

Por ser uma enzima induzível, e elo fato <strong>do</strong><br />

homem continuar consumin<strong>do</strong> leite na Idade adulta,<br />

na espécie humana ela se mantém, embora , c:<br />

atividade menor ou maior, dependen<strong>do</strong> <strong>do</strong> ha 1<br />

alimentar e da raça. Pode-se considerar que, a mve<br />

mundial, os adultos digerem mal a lactose por falta<br />

da enzima lactase (Simoons, 1978).<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JullDez, n° 300, 52: (5): 11-16, 1997 Pág. 13<br />

Doiméto<strong>do</strong>s indiretos são comumente<br />

emprega<strong>do</strong>s para a avaliação de pessoas intole­<br />

rantes à lactose, a da determinação <strong>do</strong> aumento<br />

de glucose no sangue (após consumo de solução de<br />

lactose padronizada ou <strong>do</strong> consumo de leite) e a<br />

<strong>do</strong> aumento <strong>do</strong> hidrogênio no ar expira<strong>do</strong> pelos<br />

pulmões (Breath hydrogen test - BHT). Quan<strong>do</strong> a<br />

lactase presente no intestino delga<strong>do</strong> não é sufi­<br />

ciente, a lactose não poden<strong>do</strong> ser absorvida neste<br />

estágio transita até o cólon. A flora <strong>do</strong> cólon<br />

fermenta a lactose e produz áci<strong>do</strong>s graxos de ca­<br />

deias curtas, gás carbônico (CO,), metano (CH4)<br />

e hidrogênio (H,). Uma pequena parte deste gás<br />

difunde na parede <strong>do</strong> cólon e chega pelo sangue<br />

nos alvéolos pulmonares e se elimina no ar expi­<br />

ra<strong>do</strong> (Antoine et ai., 1994).<br />

Figura 3 : Princípio <strong>do</strong> "Breath-test"<br />

(Antoine et aI., 1994)<br />

Com esta técnica foi possível compa­<br />

rar a digestibilidade da lactose de diferentes pro­<br />

dutos lácteos a condição de ter quantidade equi­<br />

valente de lactose. É importante lembrar que<br />

os iogurtes fabrica<strong>do</strong>s a partir de leite enrique­<br />

ci<strong>do</strong> com leite em pó desnata<strong>do</strong> contém após a<br />

da fermentação quase a mesma quantidade de<br />

lactose <strong>do</strong> que o leite fresco (próximo de 4,9<br />

gramas por 100 gramas). Kolars et ai (1984)<br />

compararam desta forma, indivíduos com into­<br />

lerância a lactose, a digestibilidade de 18 gra­<br />

mas de lactose carreadas pelo leite e pelo iogur­<br />

te. Embora a ingestão <strong>do</strong> leite resultasse em<br />

aumento da produção de hidrogênio no ar expi­<br />

ra<strong>do</strong> indican<strong>do</strong> a má absorção da lactose, na<br />

ingesto <strong>do</strong> iogurte não resultou neste aumen­<br />

to. Savaiano et ai. (1984) deram continuidade<br />

ao trabalho comparan<strong>do</strong> diversos produtos de<br />

laticínios : leite, iogurte, o mesmo iogurte após<br />

um tratamento térmico que destruiu as bactéri­<br />

as, um "sweet aci<strong>do</strong>philus milk" (leite fermen­<br />

ta<strong>do</strong> mas conten<strong>do</strong> Lactobacilus aci<strong>do</strong>philus<br />

vivos) e um "cultured milk" (leite fermenta<strong>do</strong><br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

por lactococos). Os resulta<strong>do</strong>s indicaram que só<br />

as bactérias vivas <strong>do</strong> iogurte aportaram uma<br />

atividade lactásica observada no teste <strong>do</strong> hidro­<br />

gênio. Lerebours et ai. (1989a) confirmaram<br />

que o aquecimento altera as bactérias vivas <strong>do</strong><br />

iogurte e fazem desaparecer a digestibilidade da<br />

lactose carreada por estas bacérias em pessoas<br />

com insuficiência da enzima lactase.<br />

Lerebours et ai. (l989b) indica<strong>do</strong> por<br />

Antoine et ai. (1994) testaram alguns produtos<br />

lácteos : i) fermenta<strong>do</strong>s pelas bactérias <strong>do</strong> iogurte,<br />

ii) pelo Streptococcus thermophilus, e<br />

Lactobacillus delbrueckii ssp. bulgaricus sepa­<br />

radamente, iii) por leite carrean<strong>do</strong> de<br />

Lactobacillus delbrueckii ssp. bulgaricus mas<br />

não fermenta<strong>do</strong>, iv) por leite e v) por leite<br />

fermenta<strong>do</strong> esteriliza<strong>do</strong>. Os resulta<strong>do</strong>s mostra­<br />

ram que a atividade lactásica apresentou.-se somente<br />

nos produtos conten<strong>do</strong> bactérias láticas<br />

vivas, e que o Lactobacillus delbrueckii ssp.<br />

bulgaricus é responsável por parte desta ativi­<br />

dade mesmo num produto não fermenta<strong>do</strong>. Desta<br />

forma as bactérias láticas podem desenvolver<br />

uma dupla ação na digestão da lactose pois atu­<br />

am durante o processo de fermentação reduzin­<br />

<strong>do</strong> o teor de lactose e continuam a contribuir<br />

com a lactase intrínsica para a absorção da<br />

lactose no intestino (Martini et ai., 1991).<br />

Marteau et ai. (l990a) utilizan<strong>do</strong> um<br />

méto<strong>do</strong> direto, mediram no ceco (primeira parte<br />

<strong>do</strong> intestino grosso) a absorção; da lactose com<br />

a ajuda de uma sonda digestiva e confirmaram o<br />

efeito <strong>do</strong> iogurte e a importância das bactérias<br />

vivas em indivíduos lactase não persistentes.<br />

Embora a maioria <strong>do</strong>s trabalhos sobre a ativida­<br />

de lactásica de bactérias láticas implica bactéri­<br />

as <strong>do</strong> iogurte, outras bactérias têm si<strong>do</strong> testadas<br />

como o Lactobacillus aci<strong>do</strong>philus (Martini et<br />

ai., 1991) e Lactococcus lactis ssp. lactis e ssp.<br />

cremoris e varo diacetylactis (Vrese et<br />

al.,1990b). O Lactobacillus aci<strong>do</strong>plzilus carrea<br />

uma atividade lactásica, mas com uma intensi­<br />

dade nitidamente inferior à das bactérias <strong>do</strong> io­<br />

gurte. As estirpes de Lactococcus lactis ssp.<br />

lactis e ssp. cremoris e varo diacetylactis que<br />

foram testadas não mostraram um efeito<br />

marcante sobre a digestibilidade da lactose.<br />

A literatura nos indica que a lactose é<br />

parcialmente digerida pelo processo<br />

fermentativo <strong>do</strong> leite por diversas espécies<br />

bacterianas e parcialmente pelas próprias bac­<br />

térias no tubo digestivo. Lactobacillus<br />

delbrueckii ssp. bulgaricus presente no iogurte<br />

é a espécie mais ativa comparada às outras es­<br />

n aça la­<br />

pécies testadas. Pode-se concluir também que a<br />

atividade da bactéria é importante para esta digestão<br />

uma vez que o calor elimina a atividade<br />

lactásica observada.<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org


Pág. 14<br />

3.2.2 - Digestão e absorção das proteínas<br />

Os produtos lácteos fermenta<strong>do</strong>s por apresentarem<br />

suas proteínas parcialmente digeridas,<br />

facilitam sua absorção. Experimentos utilizan<strong>do</strong><br />

um modelo gástrico animal de bezerro pré-ruminante<br />

indicaram que a diferença de<br />

biodisponibilidade entre o leite fresco e leite fermenta<strong>do</strong><br />

pelas bactérias <strong>do</strong> iogurte na cinética de<br />

evacuação gástrica <strong>do</strong>s aminoáci<strong>do</strong>s. No caso <strong>do</strong><br />

leite, a precipitação da caseína e sua adesão à<br />

parede gástrica levam à um trânsito pelo estômago<br />

primeiro <strong>do</strong>s aminoáci<strong>do</strong>s da proteína <strong>do</strong> soro,<br />

enquanto que no caso <strong>do</strong> iogurte, o fluxo que transita<br />

pelo estômago é homogênio, testemunhan<strong>do</strong><br />

a hidrólise simultânea das proteínas da caseína e<br />

<strong>do</strong> soro (Verdier, 1988).<br />

3.2.3 - Absorção <strong>do</strong> cálcio<br />

Como os diversos produtos deriva<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

leite o iogurte é rico em cálcio. A acidez e a lactose<br />

que acompanham, melhoram a absorção <strong>do</strong> cálcio<br />

pelo homem. Experimentos empregan<strong>do</strong> dietas<br />

conten<strong>do</strong> 0,01 % de cálcio em soro conten<strong>do</strong><br />

bifi<strong>do</strong>bactérias em combinação com lactulose,<br />

amelhorou a absorção de cálcio em ratos em uma<br />

avaliação feita incluin<strong>do</strong>-se o aumento da firmeza<br />

<strong>do</strong> femur nestes animais (Igarashi et ai, indica<strong>do</strong><br />

por Yaeshima, 1996). A lactulose é um fator<br />

bifi<strong>do</strong>gênico ç estimula o desenvolvimento deste<br />

grupo de bactérias no intestino grosso. Estes resulta<strong>do</strong>s<br />

indicam mais um efeito benéfico da presença<br />

de bactérias láticas na alimentação humana.<br />

4 - BACTÉRIAS LÁTICAS E A<br />

REDUÇÃO DO COLESTEROL<br />

SANGUÍNEO<br />

A alimentação a base de produtos fermenta<strong>do</strong>s<br />

pode reduzir a concentração de colesterol no<br />

soro sanguíneo por uma diminuição da absorção <strong>do</strong><br />

colesterol endógeno ou oriun<strong>do</strong> da dieta. Alguns testes<br />

feitos com grupos de voluntários, aos quais foram<br />

administradas <strong>do</strong>ses de iogurte, mostraram uma<br />

diminuição de 5 a 10% <strong>do</strong> colesterol no sangue. O<br />

efeito persiste durante o perío<strong>do</strong> de administração<br />

<strong>do</strong> iogurte, mas se anula rapidamente após a retirada<br />

deste da dieta (Hepner et ai., 1979).<br />

Algumas estirpes <strong>do</strong> gênero Lactobacillus<br />

tem a capacidade de desconjugar os áci<strong>do</strong>s biliares.<br />

A diminuição <strong>do</strong>s áci<strong>do</strong>s biliares por *sconjugação<br />

bacteriana é compensada, para manter o equilíbrio·<br />

necessário ao organismo, pelo aumento <strong>do</strong><br />

. catabolismo <strong>do</strong> colesterol, que determinará uma<br />

redução <strong>do</strong> colesterol total. Esta redução é ainda<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JullDez, n° 300, 52: (5): 11-16, 1997<br />

aumentada pela capacidade que algumas bactérias<br />

láticas como algumas estirpes de Lactobacillus<br />

aci<strong>do</strong>philus de agir diretamente sobre o colesterol<br />

<strong>do</strong> meio (Gilliland et ai. 1985). Esta experiência<br />

foi feita in vitro e o colesterol foi elimina<strong>do</strong> (diminuiu)<br />

<strong>do</strong> meio. As estirpes que in vitro<br />

diminuiram o colesterol, ao serem dadas aos suinos,<br />

também diminuiram o colesterol <strong>do</strong> soro sanguíneo<br />

destes animais. Embora o mecanismo envolvi<strong>do</strong><br />

não esteja elucida<strong>do</strong> tem-se observa<strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>s<br />

semelhantes com humanos.<br />

5 - AÇÃO ANTICARCINOGÊNICA<br />

E ATIVAÇÃO DO SISTEMA<br />

IMUNE<br />

Bottazzi e Mercenier (1994) descreveram<br />

diversos efeitos estimula<strong>do</strong>res <strong>do</strong> sistema<br />

imune por estipes de bactérias láticas. Esta ativação<br />

<strong>do</strong> sistema imunitário resulta, em alguns casos,<br />

numa atividade antitumoral.<br />

Lee et ai. (1990) testaram o efeito <strong>do</strong><br />

Lactobacillus aci<strong>do</strong>philus no homem seguin<strong>do</strong> a<br />

evolução da concentração de enzimas ligadas ao<br />

processo de carcinogenese : azo-redutase, a nitroredutase<br />

e a b-glucuronidase. Estas enzimas produzidas<br />

pela microbiota normal aumentam no<br />

processo de câncer intestinal. Estes autores demonstraram<br />

que o consumo durante um mês destas<br />

bactérias diminuiu significativamente a presença<br />

destas enzimas. Efeito idêntico sobre a<br />

enzima nitro-redutase foi encontra<strong>do</strong> com o consumo<br />

de um leite fermenta<strong>do</strong> por uma associação<br />

de Lactobacillus aci<strong>do</strong>philus, Bifi<strong>do</strong>bacterium<br />

bifidum e de lactococos (Marteau et aI., 1990b).<br />

Resulta<strong>do</strong>s antitumorais significativos foram obti<strong>do</strong>s<br />

tanto com certos compostos da parede celular<br />

bacteriana quanto com células inteiras mortas<br />

ou em atividade fisiológica. Bogdanov et ai. (1978)<br />

indica<strong>do</strong> por Bottazzi e Mercenier (1994) mostraram<br />

que a ação antitumoral exercida por lisa<strong>do</strong>s<br />

de células de Lactobacillus delbrueckii ssp.<br />

bulgaricus era devi<strong>do</strong> a glicopeptídios oriun<strong>do</strong>s<br />

da parede celular. Resulta<strong>do</strong>s com cobaias alimentadas<br />

com iogurte apresentou uma redução de 25<br />

a 30% em número de tumores Ehrlich em relação<br />

à um grupo que não recebeu iogurte (Reddy et aI,<br />

1984 indica<strong>do</strong> por Bottazzi e Mercenier, 1994).<br />

6 - BACTÉRIAS LÁ TICAS E A<br />

MICROBIOTADIGESTIVA<br />

A ingestão de produtos lacteos fermenta<strong>do</strong>s<br />

ajuda na preservação e na manutenção da<br />

mictobiota intestinal desejável. No Japão, dife-<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JullDez, n° 300, 52: (5): 11-16, 1997 15<br />

rentes produtos conten<strong>do</strong> bactérias láticas de origem<br />

intestinal são comercializa<strong>do</strong>s na forma<br />

liofilizada para o controle de diarréias. O tratamento<br />

de crianças com diarréia, com iogurte, quan<strong>do</strong><br />

compara<strong>do</strong> ao tratamento clássico, com antibiótico<br />

mais geleificante, mostra uma diminuição<br />

no tempo envolvi<strong>do</strong> na cura da diarréia no tratamento<br />

com iogurte (menos de 3 dias) em relação<br />

ao tratamento convencional em torno de 5 dias<br />

(Niv et aI., 1963).<br />

O efeito inibitório das bactérias láticas e<br />

de Bifi<strong>do</strong>bacterium sp. sobre diferentes patógenos<br />

que possam contaminar o leite ou estar presentes<br />

no organismo humano, causan<strong>do</strong> diarréias e outras<br />

patologias, foi mostra<strong>do</strong> para : Escherichia<br />

coli, Clostridium pelfringens (Shahani e Ayebo,<br />

1980), Sta plzylococcus aureus (Attaie et al.,<br />

1987), Campylobacter jejuni (Cuk et aI., 1987),<br />

Shigella dysenteriae. Shigella paradysen teriae,<br />

Salmonella typlzimurium (Polonskala, 1952 e<br />

Shahani et aI.. 1977 cita<strong>do</strong>s por Bottazzi e<br />

Mercenier, 1994) Sta plzylococcllS typhimllrium<br />

(Rubin et aI.. 1982) e Listeria monocytogenes<br />

(Schaack e Marth, 1988). As propriedades<br />

antimicrobianas das bactérias láticas são principalmente<br />

devi<strong>do</strong> a : i) produção de áci<strong>do</strong>s orgânico<br />

s, princ ip<br />

, . lente áci<strong>do</strong>s lático e acético que<br />

alem da dlmmulção <strong>do</strong> pH agem pelas atividades<br />

específicas de suas formas dissociadas e não<br />

dissociadas ; ii) produção e acúmulo de peróxi<strong>do</strong><br />

de hidrogênio que cria um meio tóxico para as<br />

células não equipadas de um sistema de proteção<br />

capaz de d<br />

. gradar este composto ; iii) produção<br />

de bactenocmas que são macromoléculas protéicas<br />

que atuam como antibióticos de pequeno espectro<br />

d ação<br />

:<br />

Diversas são as bacteriocinas hoje<br />

descntas (dlplococina, lactocidina, aci<strong>do</strong>lina, etc),<br />

mas a mais estudada por seu campo de atuação<br />

contra bactérias Gram positivas e espécies<br />

esporulantes (Bacillus e Clostridium) é a nisina<br />

produzida por Lactococcus lactis ssp. lactis. Além<br />

<strong>do</strong> efeito antagônico a vários patógenos intesti­<br />

.<br />

naiS, prodvtos lácteos fermenta<strong>do</strong>s conten<strong>do</strong><br />

Lactobacillus aci<strong>do</strong>philus e Bifi<strong>do</strong>bacterium<br />

logum : , ram ndicads para melhorar a "regulandade<br />

IntestInal de I<strong>do</strong>sos (Shimamura et al.,<br />

1986). a presença de áci<strong>do</strong>s orgânicos pode esti­<br />

ular os movimentos peristálticos, facilitan<strong>do</strong> a<br />

digestão.<br />

8 - CONCLUSÃO<br />

Os diversos estu<strong>do</strong>s sobre a ação das bactérias<br />

láticas, mostram que atrás das tradições<br />

populares,<br />

. stão realidades fisiológicas, biológi­<br />

.<br />

cas e nutnclOnats que legitímam estas tradições.<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

A bactérias láticas, carreadas até o homem pela<br />

allmentação, atuam beneficamente no organis­<br />

o humano de diferentes formas : i) pela ação<br />

direta sobre o homem por seus efeitos benéficos<br />

cita<strong>do</strong>s ; ii) pela fermentação que enriquece o ali­<br />

mento com características probióticas conheci­<br />

das ou por descobrir ; iii) sobre o alimento melho­<br />

ran<strong>do</strong> sua conservação e suas características<br />

organolépticas. Estas qualidades pertencem a cer­<br />

tas estirpes de bactérias selecionadas<br />

empiricmente e transmitidas de geração em ge­<br />

ração. E importante que os produtos carrea<strong>do</strong>res<br />

d : bactérias láticas tenham o maior número pos­<br />

slvel de bactérias viáveis. Esta viabilidade deve<br />

ser encontrada nos produtos lácteos fermenta­<br />

<strong>do</strong>s, que são alimentos vivos e com tempo de<br />

conservação limita<strong>do</strong>.<br />

É necessário que os consumi<strong>do</strong>res tenham<br />

consciência da necessidade destes produtos na ali­<br />

mentaçã . o diária e seu valor para a saúde e fiquem<br />

atentos Junto aos órgãos de fiscalização à qualida­<br />

de fundamental destes produtos tradiCionais : pre­<br />

sença de bactérias vivas, ativas e abundantes.<br />

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Rev. Inst. Latiç. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, n° 300, 52: (5): 17-21, 1997 'Pág. 17<br />

HACCP: APRENDIZAGEM PARA UM SISTEMA DE QUALIDADE '<br />

ASSEGURADA EM ALIMENTOS<br />

Em todas as instâncias de processos produtivos<br />

e de serviços presta<strong>do</strong>s, a questão da qualidade<br />

tem-se torna<strong>do</strong> foco para aquisição de produtividade<br />

e competitividade, levan<strong>do</strong> às organizações definições<br />

claras de retorno <strong>do</strong> capital emprega<strong>do</strong>, ampliação<br />

de técnicas e inovações tecnológicas, conhecimento<br />

níti<strong>do</strong> de seu próprio negócio e produtos<br />

com graus cada vez mais sofistica<strong>do</strong>s de atendimento<br />

às necessidades <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res. Conforme<br />

Falconi, 1992, um produto ou serviço de qualidade é<br />

aquele que atende adequadamente ao cliente, de forma<br />

confiável, segura, no tempo certo e com especificações<br />

que satisfaçam as necessidades <strong>do</strong>s clientes.<br />

Diante <strong>do</strong> paradigma de Qualidade e Produtividade<br />

<strong>do</strong> final deste século, as empresas brasileiras<br />

também aprimoraram suas visões de negócios<br />

onde se destacam a área metal-mecânica,<br />

eletro-eletrônica e a indústria química como consumi<strong>do</strong>ras<br />

<strong>do</strong>s produtos <strong>do</strong> TQC (Total Quality<br />

ControI) e seus deriva<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>s Sistemas de Garantia<br />

de Qualidade representa<strong>do</strong>s pela ISO 9000.<br />

Neste cenário, as indústrias alimentícias e<br />

farmacêuticas têm emprega<strong>do</strong> seus esforços de ganhos<br />

de qualidade em pequenos programas fraciona<strong>do</strong>s<br />

das técnicas <strong>do</strong> TQC, com uma leitura ocidentalizada,<br />

e na agregação de técnicas específicas destas áreas:<br />

GMP / BPF (Good Manufactured Pratices / Boas<br />

Práticas de Fabricação) e o HACCP / APPCC<br />

(Hazard Analysis and Criticai Control Point / Análises<br />

de Perigos e Pontos Críticos de Controle).<br />

Basea<strong>do</strong>, portanto, na trajetória <strong>do</strong>s últimos<br />

anos das empresas alimentícias, nas oportunidades<br />

de crescimento oferecidas pela livre<br />

comercialização <strong>do</strong> Cone Sul, sofisticação e ampliação<br />

<strong>do</strong> leque de produtos novos e importa<strong>do</strong>s, das<br />

evoluções conceituais da legislação vigente e postura<br />

<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r, as tendências de melhorias de<br />

qualidade de processos e produtos caminham para o<br />

conceito de alimento assegura<strong>do</strong>. Isto significa que a<br />

condição básica de sobrevivência das empresas neste<br />

segmento está fortemente relacionada com os<br />

princípios <strong>do</strong> Sistema HACCP, sen<strong>do</strong> imprescindível<br />

considerarmos a importância deste sistema para<br />

o desenvolvimento da indústria de leite e deriva<strong>do</strong>s.<br />

Verifican<strong>do</strong>-se o comportamento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong><br />

nos 6ltimos cinco anos, percebe-se que a indústria.<br />

<strong>do</strong> leite sofreu mudanças drásticas quanto aos<br />

referenciais de qualidade de seus produtos. O consumi<strong>do</strong>r,<br />

por influência da mídia ou não, aprimorou<br />

1 Técnico em Laticínios e Consultor Prota-RH. São Paulo - SP<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

Marcus Vinicius Pereira de Oliveiral<br />

suas escolhas, levan<strong>do</strong>-se em conta apresentação <strong>do</strong><br />

produto, dizeres de embalagem (principalmente, data<br />

de validade) e grau de confiabilidade no fabricante.<br />

A partir desse quadro, a garantia de<br />

competitividade no setor de laticínios e, por conseguinte,<br />

sobrevivência das empresas, está, intimamente,<br />

relacionada com a qualidade de produtos e<br />

serviços, sen<strong>do</strong> o sistema HACCP uma opção mais<br />

imediata para o restabelecimento da estabilidade de<br />

riscos nos processos produtivos.<br />

O Sistema HACCP, em sua concepção<br />

original, tem como objetivo garantir 100% de<br />

alimentos seguros a partir <strong>do</strong> controle <strong>do</strong>s processos,<br />

conforme Bryan et aI (1978, 1980 e<br />

1981), apud Sousa e Bradacz (1997). Para isso,<br />

ao citarmos esta visão de controle de processos<br />

produtivos é váli<strong>do</strong> relacionarmos os principais<br />

conceitos relativos ao sistema:<br />

Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle<br />

(APPCC ou HACCP): é um méto<strong>do</strong> simples,<br />

mas altamente especializa<strong>do</strong> para a identificação<br />

e controle de perigos potenciais.<br />

Plano APPCC ou HACCP: é um <strong>do</strong>cumento,<br />

basea<strong>do</strong> nos princípios <strong>do</strong> APPCC, e conheci<strong>do</strong><br />

por to<strong>do</strong>s os envolvi<strong>do</strong>s que estabelece os procedimentos<br />

a serem segui<strong>do</strong>s para assegurar o controle<br />

de um processo ou operação específicos.<br />

Análise de Perigos: é qualquer sistema que<br />

avalia o significa<strong>do</strong> de um perigo com risco à<br />

saúde <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r.<br />

Perigo: é o potencial de causar danos ao consumi<strong>do</strong>r<br />

ou ao alimento por quaisquer contaminações<br />

inaceitáveis pelas boas práticas de<br />

fabricação , distribuição e uso.<br />

Classificação quanto à natureza <strong>do</strong> perigo:<br />

Perigos microbiológicos<br />

Perigos biológicos<br />

Perigos físicos<br />

Perigos químicos<br />

Riscos: é uma estimativa da probabilidade da<br />

ocorrência de um perigo especifica<strong>do</strong>.<br />

Severidade: é o dimensionamento <strong>do</strong> perigo em<br />

relação às conseqüências de sua ocorrência.<br />

Controle: é a administração das contingências<br />

para manter conformidàde com um critério estabeleci<strong>do</strong>.<br />

Critério: é uma parâmetro pré-estabeleci<strong>do</strong><br />

que serve de sustentação a uma decisão ou<br />

julgamento.<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org


Pág. 18<br />

Ponto crítico de controle (PCC): é um local,<br />

uma prática, um procedimento ou um<br />

processamento no qual é necessário exercer<br />

controle sobre as contingências e, se efetua<strong>do</strong>s<br />

adequadamente, poderão eliminar, prevenir<br />

ou reduzir um perigo a um nível aceitável.<br />

Ponto crítico de controle de eliminação (PCCe):<br />

é uma operação na qual os perigos são elimina<strong>do</strong>s.<br />

Exemplo: pasteurização e esterilização.<br />

Ponto crítico de controle de prevenção<br />

(PCCp): é uma operação onde o perigo é estabiliza<strong>do</strong>,<br />

mas não necessariamente elimina<strong>do</strong>.<br />

Exemplo: congelamento.<br />

Ponto crítico de controle de redução (PCCr):<br />

é uma operação onde reduz-se a possibilidade<br />

de inclusão de novos perigos ao produto.<br />

Exemplo: manipulação <strong>do</strong>s alimentos com<br />

utensílios devidamente limpos e sanitiza<strong>do</strong>s.<br />

Defeito crítico: é o desvio em pontos críticos<br />

de controle, poden<strong>do</strong> resultar em alimentos<br />

que possuam perigos com riscos à saúde de<br />

consumi<strong>do</strong>res.<br />

Desvio: uma falha em atender ao limite crítico<br />

estabeleci<strong>do</strong>.<br />

Limite crítico: é o parâmetro de um ponto<br />

crítico de controle na qual o processo deve<br />

1 ) Ferramenta de Identificação de Perigos Potenciais<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, n° 300, 52: (5): 17-21 , 1997<br />

estar em conformidade. Exemplo de indica<strong>do</strong>res<br />

para limites críticos:<br />

tempo<br />

temperatura<br />

umidade<br />

pH / acidez<br />

características organolépticas<br />

<strong>do</strong>sagens de detergentes e soluções<br />

sanitizantes<br />

Medidas preventivas: são ações de natureza<br />

biológica, química ou física manipuladas para<br />

o controle de um perigo identifica<strong>do</strong>.<br />

Medidas corretivas: são procedimentos<br />

a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s para corrigir desvios ou situações<br />

temporariamente fora de controle.<br />

Monitoração contínua: é a coleta e registro<br />

ininterrupto de da<strong>do</strong>s fundamentais em um<br />

ponto crítico de controle.<br />

Monitoração: é a seqüência registrada e planejada<br />

de observações ou mensurações com o<br />

propósito de identificar se um PCC está efetivamente<br />

sob controle.<br />

Para este conjunto de conceitos duas ferramentas,<br />

originalmente, pertencentes ao Sistema<br />

HACCP foram desenvolvidas para determinação de<br />

perigos potenciais e pontos críticos de controle:<br />

Relaciona microrganismo, produto e processo, selecionan<strong>do</strong> quais são os microrganismos que<br />

realmente devem. ser controla<strong>do</strong>s.<br />

Figura 1:<br />

r-.<br />

o perigo estâ pÍ'esente<br />

,-__<br />

! .<br />

--... ..,<br />

n8__':s_e__as_-, ----<br />

ingredientes ?<br />

-- -- -- -- -- -- -,<br />

c:J<br />

-------,-'---'----------' 8.-0 -<br />

1<br />

SIM<br />

NÃo<br />

- L.._R_._lra_I;S_m_c:..<br />

L<br />

_c'_rgan<br />

controle<br />

_n._:_::O _ _'<br />

p da lista de Itens de<br />

controle<br />

_R_e_tlra_,_o_m_Ic,_or_g&n_lsmo_--,<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JullDez, n° 300, 52: (5): 17-21, 1997 Pág. 19<br />

2 ) Ferramenta de Identificação <strong>do</strong>s Pontos Críticos de Controle (<strong>Árvore</strong> Decisória)<br />

Figura 2:<br />

Relaciona perigo e processos, identifican<strong>do</strong> os pontos críticos que deverão ser controla<strong>do</strong>s.<br />

Existem medidas preventivas<br />

para controle <strong>do</strong>s perigos ?<br />

L---.<br />

<br />

<br />

....<br />

Esta fase foi especialmente desenvolvida<br />

para el ':oir:!i e fe:r r :: I: rrência<br />

1 __ )I Poderia o perigo identifica<strong>do</strong> ocorrer em níveis<br />

,r----I maiores que os aceitáveis o u poderia aumentar<br />

'li' alcançan<strong>do</strong> nfvels indesejáveis ?<br />

---- -- -- -- -- -- <br />

.<br />

I<br />

Existe fase subseQuente Que poderia<br />

eliminar o perigo ou reduzir sua ocorrência<br />

-l- '--_____<br />

Não ê PCC<br />

a _ n _N _ ei _ s _ a _ ce _ it_éve i S? ____ _1<br />

(<br />

)<br />

<br />

r-<br />

I<br />

<br />

I<br />

<br />

I<br />

) I<br />

Modificar o processo G<br />

O controle nessa fase é<br />

necessário para a<br />

segurança <strong>do</strong> produto?<br />

<br />

Não é PCC IEJ<br />

Éum PCC<br />

Não ê PCC IEJ<br />

Éum PCC<br />

)EJ<br />

Em um . quadro geral, equivale-se dizer que o Sistem HACCP tem por finalidade controlar<br />

baSicamente, seis grandes causas de desvios de processos que possam alterar os resulta<strong>do</strong>s da met<br />

proposta, confo , rme figura abaixo, denominada Diagrama de Ishikawa.<br />

Figura 3:<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org


Pág.20<br />

Com OS da<strong>do</strong>s gerais <strong>do</strong>s vários elementos<br />

que compõem o Sistema HACCP é ossível, então,<br />

analisar-se seus princípios e as necessIdades de competências<br />

básicas para sua implantação a í el de<br />

fábricas de laticínios. Segun<strong>do</strong> a proposIçao de<br />

Dellazari, 1996, · as etapas de implantação <strong>do</strong><br />

HACCP podem ser assim delineadas:<br />

Etapas da Implantação <strong>do</strong> HACCP<br />

Definir responsabilidades, selecionar e treinar<br />

pessoal<br />

Descrever o produto e uso pretendi<strong>do</strong><br />

Verificar o fluxograma local<br />

Identificar os pontos críticos de controle<br />

Definir as medidas de controle <strong>do</strong>s perigos<br />

Estabelecer critérios de monitoração<br />

Estabelecer critérios de verificação<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JullDez, n° 300, 52: (5): 17-21, 1997<br />

To<strong>do</strong>s estes conceitos, ·ferramentas e<br />

modelo teórico de implantação <strong>do</strong> sistema<br />

HACCP devem ser sempre analisa<strong>do</strong>s sob os<br />

pontos de vistas das necessidad e:. s de<br />

competitividade no merca<strong>do</strong>, restruturaçao das<br />

exigências governamentais legais e competências<br />

acumuladas ao longo <strong>do</strong> tempo pelas empresas<br />

para aprimoramento da qualidade, . levan<strong>do</strong>-se<br />

em conta a relação destes fatores com<br />

uma aprendizagem organizacional' que permita<br />

crescimento e desenvolvimento das empresas<br />

em seus modelos produtivos.<br />

De acor<strong>do</strong> com as necessidades de<br />

competitividade no merca<strong>do</strong>, a indústria de laticí­<br />

nios, historicamente, é inexpressiva sob o ponto<br />

de vista de casos de perigos microbiológicos, físi­<br />

cos e químicos severos, porém o diferencial de<br />

implantação <strong>do</strong> Sistema HACCP, nesta área, . es­<br />

taria diretamente relaciona<strong>do</strong> com a aprendIza­<br />

gem de diminuição <strong>do</strong> retrabalho, reu ão . o ní­<br />

vel de inspeções em produto final, dlmmUlçao <strong>do</strong><br />

lead-time <strong>do</strong>s produtos e, por conseguinte, dimi­<br />

nuição nos prazos de entrega com garantia asse-<br />

gurada. . .<br />

Ao analisar-se a questão sob este pnsma,<br />

é necessário compreender-se que a definição, se­<br />

gun<strong>do</strong> Delazzari, 1996, de perigos a nível in­<br />

dustrial é qualquer contaminação inaceitá­<br />

vel pelas boas práticas de fabricação, distri­<br />

buição e uso que implique em danos ao con­<br />

sumi<strong>do</strong>r e ao próprio produto.<br />

Deve-se salientar que a questão da implantação<br />

<strong>do</strong> Sistema HACCP e o seu o . te . ncial<br />

de marketing para a estratégia da competltlVldade<br />

industrial po(.;rá implicar em profun<strong>do</strong>s traumas<br />

às organizações, caso o perío<strong>do</strong> de i . nstaação des :<br />

te sistema seja de curto prazo, pOIS nao havera<br />

espaço de tempo para acúmulo de competências<br />

básicas para sustentação, como poderemos ver<br />

adiante.<br />

Sob o ponto de vista governamental, ou<br />

melhor, de segurança alimentar, tem-s como<br />

perigo uma definição mais restrit . Co s de : a-se<br />

perigo quaisquer contamina ? õe l ? a _ celtavels às<br />

boas práticas de fabricação, dlstnbUlçao e uso que<br />

implique em danos ao consumi<strong>do</strong>r. Desta orma,<br />

pode-se afirmar que os resulta<strong>do</strong>s pretendI<strong>do</strong>s a<br />

nível governamental e das nece . s i?ad : s de<br />

competitividade das indústrias de latlclnIOS e pro­<br />

duto com qualidade assegurada. Portanto, dev . e-se<br />

refletir sobre os critérios de implantação d ? l te­<br />

ma, ao longo <strong>do</strong> tempo, na indústria de latlClnIOS,<br />

levan<strong>do</strong>-se em consideração praz s· p .a a<br />

implementação, mo<strong>do</strong>s de divulgação, dIS p OnIbI­<br />

lidade de agentes de órgãos governamentais com­<br />

petentes para auxiliar no 'p r cesso . de<br />

implementação e critérios de avahaçao e valIda­<br />

ção <strong>do</strong> Sistema HACCP.<br />

tF-;­<br />

.·1<br />

.f·<br />

I<br />

.J L-.<br />

.-.<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, n° 300, 52: (5): 17-21, 1997 Pág.21<br />

Por fim, é necessária a avaliação da a<strong>do</strong>ção<br />

<strong>do</strong> Sistema HACCP sob o ponto de vista das<br />

competências acumuladas ao longo <strong>do</strong> tempo .pela<br />

indústria nacional de produtos lácteos. Isto significa<br />

analisar-se a a<strong>do</strong>ção <strong>do</strong> Sistema HACCP em<br />

função da qualidade da matéria-prima e políticas<br />

agregadas às mesmas, condições gerais de equipamentos<br />

e utensílios (assim como fornece<strong>do</strong>res),<br />

as características estruturais pre<strong>do</strong>minantes das<br />

organizações de laticínios e o nível cultural de<br />

mão-de-obra gerencial e operacional deste setor.<br />

Quan<strong>do</strong> se coloca em pauta estes fatores,<br />

em princípio está-se questionan<strong>do</strong> os fatores fundamentais<br />

de aprendizagem no processo de implantação<br />

<strong>do</strong> HACCP que implicam no resulta<strong>do</strong>: alimento<br />

com qualidade assegurada, conforme a figura n03.<br />

De acor<strong>do</strong> com Lomônaco (1994), a aprendizagem<br />

é um evento interno, de ordem cognitiva,<br />

medi<strong>do</strong> através <strong>do</strong> desempenho das pessoas em relação<br />

a determinadas tarefas. Apesar deste conceito '<br />

estar fundamenta<strong>do</strong> no indivíduo, pode-se, com facilidade,<br />

estendê-lo às organizações sob a forma de<br />

modelos culturais de aprendizagem. Segun<strong>do</strong> Garvin<br />

(1993) a aprendizagem organizacional pode ocorrer·<br />

por cinco caminhos distintos:<br />

a) resolução sistemática de problemas, baseada<br />

em critérios científicos;<br />

b) experimentação, baseada em critérios científicos;<br />

c) experiências passadas;<br />

d) circulação de conhecimento;<br />

e) experiências realizadas por outros.<br />

A partir <strong>do</strong>s caminhos de aprendizagem<br />

propostos por Garvin, verifica-se que na prática<br />

a indústria laticinista está dividida, aparentemente,<br />

em <strong>do</strong>is grandes grupos:<br />

a ) as indústrias de ponta: aprendizagem baseada<br />

na resolução sistemática de problemas, experimentação<br />

e experiências realizadas por outros.<br />

b ) as indústrias de (re)produção de leite e deriva<strong>do</strong>s:<br />

aprendizagem baseada em experiências<br />

realizadas por outros.<br />

Portanto, ao analisar-se a indústria brasileira<br />

de laticínios, verifica-se que a implantação de<br />

um Sistema de Garantia da Qualidade (HACCP) é<br />

fundamental para o crescimento <strong>do</strong> setor sob vários<br />

pontos de vista, porém é necessário avaliar os mo<strong>do</strong>s<br />

pelos quais se efetuará a aprendizagem e absorção<br />

desta técnicas no contexto industrial. Muscat e<br />

Fleury (1993) e Fleury (1995) citam a importância<br />

<strong>do</strong> acúmulo de competências ao longo <strong>do</strong> tempo<br />

como condição básica para a capacitação humana<br />

da empresa para absorção de novos conhecimentos<br />

e sistemas. Segun<strong>do</strong> os autores o crescimento e desenvolvimento<br />

organizacional está relaciona<strong>do</strong> a<br />

cinco competências básicas que, cronologicamente,<br />

assim, estão dispostas:<br />

a) competência em custos;<br />

b) competência em qualidade;<br />

c) competência em tempo;<br />

d) competência em flexibilidade;<br />

e) competência em inovação.<br />

Assim, a complexidade <strong>do</strong>s conceitos que<br />

envolvem o Sistema HACCP, devem ser estuda<strong>do</strong>s<br />

sob o ponto . de vista da capacitação atual das<br />

empresas, de forma que o governo estruture condições<br />

básicas o desenvolvimento de uma cultura<br />

de aprendizagem nas organizações. Desenvolver<br />

a cultura da aprendizagem na indústria de laticínios<br />

significa promover a condição de aquisição de<br />

competências básicas anteriores ao HACCP e que,<br />

estrategicamente, permitam o crescimento humano<br />

rumo às habilidades de produzir tecnologias<br />

específicas para cada contexto, inclusive, na produção<br />

de alimentos seguros.<br />

É preciso que a compreensão <strong>do</strong> processo<br />

de desenvolvimento <strong>do</strong> setor de laticínios esteja<br />

vincula<strong>do</strong> a uma restruturação educacional da produção<br />

de conhecimentos inteqlOs nas organizações.<br />

Desta forma, conforme Oliveira e Galle<br />

(1996), jamais o setor poderá desenvolver o<br />

Sistema HACCP sem que se adquira competência<br />

em custos e Boas Práticas de Fabricação, através<br />

<strong>do</strong> ser humano (ativo das organizações) como<br />

elemento básico da gestão de conhecimento e<br />

qualidade de produtos e serviços saudáveis.<br />

REFERÊNCIAS BffiLIOGRÁFICAS:<br />

WITTER, G.P.; LOMÔNACO, F. Psicologia da<br />

aprendizagem. São Paulo : EPU-Edusp, 1994.<br />

MUSCAT, A. e FLEURY, A. Sistemas de indica<strong>do</strong>res<br />

de qualidade e produtividade na indústria<br />

nacional. Revista de Indica<strong>do</strong>res de Qualidade<br />

e Produtividade. Brasília : IPEA, 1993, v. 1, n.<br />

2.<br />

FLEURY, A. e FLEURY, M. T. L. Aprendizagem e<br />

inovação organizacional: as experiências de<br />

Japão, Coréia e Brasil. São Paulo : Atlas, 1995.<br />

GARVIN, D. Building a learning organization.<br />

Harvard Business Review, July / Aug, 1993.<br />

CAMPOS, Y.F. TQC - Controle da Qualidade Total.<br />

Belo Horizonte : Fundação Christiano Ottoni,<br />

1990.<br />

DELLAZARI, I. Análise de Perigos e Pontos Críticos<br />

de Controle. São Paulo : SBCTA, 1996.<br />

OLIVEIRA, M. V. P. e GALLE, T. Gerenciamento<br />

<strong>do</strong> Sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos<br />

de Controle em Alimentos (HA CCP). São<br />

Paulo, 1996.<br />

SOUSA, A. A. e BRADACZ, D. C. Análise .de Perigos<br />

e Pontos Críticos de Controle em uma cozinha<br />

hospitalar. Revista Higiene Alimentar. São<br />

Paulo, 1997, v. 11, n. 47.<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org


Pág. 22<br />

spirax<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JullDez, na 300, 52: (5): 22-30, 1997<br />

,sa rco<br />

_ Marketing<br />

TREINAMENTO<br />

IMPORTÂNCIA DE UM CONTROLE PRECISO DE<br />

TEMPERATURA E PRESSÃO<br />

NA QUALIDADE FINAL DO PRODUTO<br />

ÍNDICE<br />

SEÇÃO 1 - INTRODUÇÃO<br />

SEÇÃO 2 - O'QUE É VAPOR ?<br />

2. 1 Entalpia<br />

2.1.1 Entalpia <strong>do</strong> Líqui<strong>do</strong>, Calor Sensível<br />

ou hr<br />

2.1.2 Entalpia de Evaporação, Calor La-<br />

tente ou hrg<br />

2. 1.3 Energia Total ou hg<br />

2.2 Título <strong>do</strong> Vapor e Entalpia<br />

2.3 'Relação Pressão/Temperatura <strong>do</strong> Vapor<br />

2.4 Relação PressãoNolume <strong>do</strong> Vapor<br />

SEÇÃO 3 - TRANSFERÊNCIA DE CALOR<br />

SEÇÃO 4- CONDENSADO E VAPOR FLASH<br />

SEÇÃO 5 - STALL POINT<br />

5.1 O que é o Stall Point (ponto de estolagem).<br />

5.2 Controle 'de Tempemtura em Equipamentos.<br />

5.3 Como o sistemá funciona?<br />

5.4 Como a bomba de condensa<strong>do</strong> OP 151 / 152<br />

funciona?<br />

5.5 Determinan<strong>do</strong> as condições de Alagamento<br />

(Stall Poinl)<br />

5.6 Gráfico para determinar o ponto STALL<br />

5.1 CC?ndições <strong>do</strong> troca<strong>do</strong>r de calor<br />

5.8_ Software de Stall Point<br />

SEÇÃO 1-INTRODUÇÃO<br />

O vapor tem si<strong>do</strong> usa<strong>do</strong> como flui<strong>do</strong> ge­<br />

ra<strong>do</strong>r de trabalho ou tmnsmissor de energia, desde<br />

o início da revolução industrial. Hoje o vapor é<br />

ainda muito utiliza<strong>do</strong> na indústria, não só para<br />

gerar força mecânica (por exemplo mover uma<br />

turbina) mas também para aquecimento e aplica­<br />

ção em processos.<br />

<strong>do</strong> motor são:<br />

As vantagens <strong>do</strong> uso <strong>do</strong> vapor como flui-<br />

Facilidade de transporte, distribuição e con-<br />

trole<br />

O mesmo flui<strong>do</strong> motor pode ser utiliza<strong>do</strong> pare<br />

gerar energia, prover aquecimento ou ser uti­<br />

liza<strong>do</strong> em processo.<br />

Ainda mais, água e vapor possuem os se-<br />

guintes méritos:<br />

A água é sem dúvida o líqui<strong>do</strong> mais comum <strong>do</strong><br />

planeta Terra. Ela é abundante e barata;<br />

A água é quimicamente estável e inofensiva à<br />

saúde;<br />

A água é transformada m vapor às tempemtu­<br />

ras bem inferiores aos limites metalúrgicos <strong>do</strong>s<br />

materiais utiliza<strong>do</strong>s em gera<strong>do</strong>res de vapor;<br />

Água é um bom retentor de calor<br />

O calor é forneci<strong>do</strong> ao processo por<br />

condensação à temperatura constante e com<br />

altos coeficientes de transferência de calor.<br />

Esta condensação à temperatura constante<br />

elimina qualquer variação de tempemtura que<br />

possa existir nas superfícies de troca térmica.<br />

, O uso <strong>do</strong> vapor garante um meio ideal<br />

pare o transporte de uma quantidade certa de ener­<br />

gia calorífera até o ponto de coll.sumo _jsto é<br />

feito tão eficientemente sem a necessidade <strong>do</strong> uso<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JullDez, na 300, 52: (5): 22-30, 1991 Pág. 23<br />

de bombas de recirculação. O vapor é utiliza<strong>do</strong> em<br />

muitos processos industriais e em sistemas de aquecimento<br />

de ambientes há muito tempo, principalmente<br />

devi<strong>do</strong> a:<br />

Alta capacidade de transferência de calor<br />

Simplicidade de transportar esta energia calorífera<br />

ao longo das tubulações de distribuição.<br />

.<br />

Facilidade de controle <strong>do</strong> processo<br />

As vantagens apresentadas no uso <strong>do</strong> vapor,<br />

para processos e aquecimento, provavelmente<br />

não serão superadas por outro meio de transporte<br />

de calor.<br />

SEÇÃO 2 - O QUE É VAPOR?<br />

2.1 Entalpia<br />

A geração de vapor ocorre através <strong>do</strong><br />

aquecimento da água até o ponto de ebulição e<br />

então por adição de mais calor faz-se a evaporação<br />

da água aquecida transforman<strong>do</strong>-a em vapor.<br />

Estes <strong>do</strong>is .estágios têm recebi<strong>do</strong> uma série<br />

de denominações através <strong>do</strong>s anos, mas podem<br />

ser referi<strong>do</strong>s como a seguir:<br />

2.1.1 Enta/pia <strong>do</strong> Líqui<strong>do</strong>, Calor Sensível ou hf<br />

Este é o calor necessário para levar a água<br />

até a temperatura de ebulição. O termo Calor Sensível<br />

é usa<strong>do</strong> porque o calor adiciona<strong>do</strong> à água<br />

causa uma variação de temperatura, no entanto,<br />

o termo usa<strong>do</strong> atualmente é Entalpia <strong>do</strong> Líqui<strong>do</strong>.<br />

A porção de calor necessária para elevar<br />

1 kg de água de O °C até o ponto de ebulição pode<br />

ser observada em Tabelas de Vapor como a mostrada<br />

na página seguinte.<br />

Pressão Temp. Água<br />

Bar CC hr<br />

O 100 419<br />

I 120 506<br />

2 134 562<br />

3 144 605<br />

4 152 671<br />

5 159 64 1<br />

6 165 697<br />

7 170 721<br />

Exemplo. À pressão atmosférica (O barg),<br />

a água ferve à 100 DC, e 419 kJ de energia são<br />

necessários para aquecer I kg de água de O DC até<br />

o ponto de ebulição, na temperatura de 100 °C.<br />

2.1.2 Entalpia de Evaporação, Calor Latente ou h I g<br />

Esta á a porção de calor necessária para<br />

transformar a água, na temperatura de ebulição,<br />

em vapor. Quan<strong>do</strong> é adiciona<strong>do</strong> calor, não há<br />

mudança de temperatura na mistura água/vapor,<br />

toda a energia é usada para transformar a água, <strong>do</strong><br />

esta<strong>do</strong> líqui<strong>do</strong> em gasoso (vapor). O termo Calor<br />

Latente é basea<strong>do</strong> no fato de que o calor adiciona<strong>do</strong><br />

ao processo não causa variação na temperatura.<br />

No entanto, o termo utiliza<strong>do</strong> atualmente é<br />

Entalpia de Evaporação.<br />

Novamente, á quantidde de calor necessária<br />

para evaporar 1 kg de água à temperatura d<br />

ebulição, pode ser lida nas Tabelas de Vapor.<br />

Exemplo. À pressão atmosférica (O barg),<br />

serão necessários 2257 kJ de energia para transformar<br />

1 kg de água à 100 CC em 1 kg de vapor à 100 0e.<br />

2.1.3 Energia To tal ou h g<br />

Esta é a energia total contida no vapor, e<br />

é obtida pela simples adição da entalpia <strong>do</strong> líqui<strong>do</strong><br />

com a entalpia de evaporação. Novamente, esta<br />

informação pode ser encontrada nas Tabelas de<br />

Vapor.<br />

Exemplo. À pressão atmosférica (O barg),<br />

a água ferve à 100 °C, e 419 kJ de energia são<br />

necessários para aquecer 1 kg de água à O °C até o<br />

ponto de ebulição à temperatura de 100 °C. Um<br />

montante de 2257 kJ de energia são necessários<br />

para transformar 1 kg de água à 100 °C em I kg de<br />

vapor à 100 °C. Portanto, a energia total é 419 +<br />

2257 = 2676 kJ<br />

Entalpia em kJlkg<br />

Evaporação Vapor Volume<br />

h rg h m3lkg<br />

g<br />

2257 2676 1.673<br />

2201 2707 0.881<br />

2163 2725 0.603<br />

2133 2738 0.461<br />

2108 2749 0.374<br />

2086 2757 0.315<br />

2066 2763 0.272<br />

2048 2769 0.240<br />

Extraí<strong>do</strong> da Tabela de Vapor<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org


Pág. 24<br />

Quan<strong>do</strong> o vapor transfere calor para o<br />

processo, é a entalpia de evaporação que é<br />

transferida primeiramente. O vapor vai condensar,<br />

resultan<strong>do</strong> em água à mesma temperatura. Então,<br />

efetivamente a entalpia de evaporação é a energia<br />

transferida à água à temperatura de ebulição<br />

para transformá-la em vapor, e posteriormente<br />

transferida ao processo, condensan<strong>do</strong> o vapor<br />

novamente em água à temperatura de ebulição.<br />

O vapor à pressão atmosférica é de uso<br />

impraticável. Isto porque não podemos<br />

transportá-lo convenientemente à esta pressão,<br />

através das tubulações, até o ponto de consumo.<br />

Então para aplicações práticas o vapor é<br />

gera<strong>do</strong> em uma caldeira (equipamento de geração<br />

de vapor) à uma pressão que corresponde às necessidades<br />

<strong>do</strong> processo ao qual ele é aplica<strong>do</strong>.<br />

Se a água é submetida a uma pressão<br />

superior à pressão atmosférica, a temperatura<br />

de ebulição certamente será superior<br />

à 100 °C.<br />

Exemplo<br />

À 7 barg, o ponto de ebulição da água é<br />

170 °C.<br />

Notaos que mais energia deve ser fornecida<br />

à água para elevá-la até o ponto de ebulição à 7 barg<br />

<strong>do</strong> que o necessário se água estivesse à pressão<br />

atmosférica. A Tabela de Vapor mostra um valor<br />

de 721 kJ para elevar 1 kg de água de O °C até a<br />

temperatura de ebulição de 170 °C.<br />

Note que a quantidade de calor necessário<br />

(Entalpia de Evaporação) para transformar água<br />

à 7 barg em vapor é menor agora <strong>do</strong> que na água à<br />

pressão atmosférica.<br />

O valor agora é de 2048 kJ. A Tabela de<br />

Vapor também mostra que a energia disponível<br />

(Ental pia de Evaporação) para troca imediata<br />

2:<br />

200<br />

180<br />

160<br />

I!!<br />

:::;I<br />

!<br />

8.<br />

140<br />

E<br />

{!!.<br />

120<br />

100<br />

80<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JullDez, n° 300, 52: (5): 22-30, 1997<br />

o 2 3 4 5 6<br />

quan<strong>do</strong> o vapor condensa, vai decrescer em va­<br />

.<br />

lor conforme a pressão de geração aumenta.<br />

2.2 Título <strong>do</strong> Vapor e Entalpia<br />

O vapor produzi<strong>do</strong> no ponto exato de<br />

ebulição para a pressão específica é conheci<strong>do</strong><br />

como vapor satura<strong>do</strong> seco, produzir vapor 100%<br />

seco em uma caldeira industrial é praticamente<br />

impossível, porque o vapor vai conter invariavelmente<br />

partículas de água.<br />

Se a porção de água contida no vapor é da<br />

ordem de 10% em peso, então este vapor é dito<br />

ser 90% seco e tem um título 0.9<br />

Portanto o atual valor de entalpia de evaporação<br />

(energia calorífera) <strong>do</strong> vapor não é o<br />

valor de hr g mostra<strong>do</strong> na tabela de vapor, mas é o<br />

produto <strong>do</strong> título <strong>do</strong> vapor x e hr g .<br />

A 'atual ' entalpia de evaporação <strong>do</strong> vapor<br />

úmi<strong>do</strong> é o produto <strong>do</strong> Título (x) e da entalpia<br />

específica (hr g ).<br />

Entalpia atual =Entalpia de Evaporação<br />

x Título<br />

2.3 Relação Pressão/Temperatura <strong>do</strong> Vap or<br />

Se observarmos a tabela de vapor e traçarmos<br />

um gráfico de temperatura e pressão,<br />

iremos obter uma curva, como a mostrada<br />

abaixo. Ela é chamada de curva de saturação.<br />

Água e vapor podem coexistir à qualquer pressão<br />

nesta curva, ambos à temperatura de ebulição.<br />

Água e vapor na condição de ebulição<br />

(ou condensação), são chama<strong>do</strong>s de água saturada<br />

e vapor satur:l<strong>do</strong> respectivamente, porque eles<br />

estão satura<strong>do</strong>s de energia calorífera. Se no<br />

vapor satura<strong>do</strong> não existe a presença de água<br />

saturada, ele é chama<strong>do</strong> de vapor satura<strong>do</strong> seco.<br />

7 8 9 10 11 12 13 14<br />

Pressão (barg)<br />

Curva de Vapor Satura<strong>do</strong><br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JullDez, n° 300, 52: (5): 22-30, 1997 Pág. 25<br />

Quan<strong>do</strong> o vapor está acima da curva de<br />

saturação, ele é conheci<strong>do</strong> como vapor superaqueci<strong>do</strong>.<br />

A temperatura acima da temperatura de<br />

saturação é chamada de grau de superaquecimento<br />

<strong>do</strong> vapor.<br />

Água encontrada em condições abaixo da<br />

curva de saturação é conhecida como água<br />

subsaturada.<br />

2.4 Relação Pressão/Volume <strong>do</strong> Vapor<br />

A densidade (r) de uma substância é a<br />

massa (m) dividida pelo volume (V) desta substância.<br />

O volume específico v, é o volume dividi<strong>do</strong><br />

pela massa e é, portanto, o inverso da densidade.<br />

Suas unidades são m3/kg ou dm3/kg onde<br />

103 dm3/kg = lm3/kg. Daí:<br />

m 1<br />

P=V =;<br />

Consideran<strong>do</strong> a estrutura molecular <strong>do</strong>s<br />

líqui<strong>do</strong>s e gases, percebemos que a densidade <strong>do</strong><br />

vapor é muito menor que a densidade da água,<br />

porque as moléculas <strong>do</strong> vapor estão mais distantes<br />

umas das outras.<br />

À condições atmosféricas, as densidades<br />

da água e <strong>do</strong> vapor são respectivamente 1000 kgl<br />

m3 e 0.6 kglm3•<br />

Esta enorme diferença é percebida se uma<br />

porção de águá é levada à fervura, o vapor resultante<br />

rapidamente toma conta <strong>do</strong> ambiente.<br />

Quan<strong>do</strong> a pressão <strong>do</strong> vapor aumenta sua<br />

densidade também aumenta. Inversamente o volume<br />

específico <strong>do</strong> vapor diminui.<br />

• 1 I li 10 11 12 13 ,.<br />

-CIoq,<br />

Relação Pressão/Volume <strong>do</strong> Vapor<br />

Se através <strong>do</strong> da<strong>do</strong>s da tabela de vapor,<br />

traçarmos um gráfico <strong>do</strong> volume específico em<br />

relação à pressão de vapor, obteremos uma curva<br />

como a mostrada acima.<br />

Notem o grande aumento <strong>do</strong> volume es­<br />

pecífico quan<strong>do</strong> a pressão <strong>do</strong> vapor está abaixo de<br />

6 barg. '<br />

SEÇÃO 3 - TRANSFERÊNCIA DE<br />

CALOR<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

A eficiência e o custo <strong>do</strong> processo de tro­<br />

ca térmica com vapor estão intrinsecamente li­<br />

ga<strong>do</strong>s ao calor que é transferi<strong>do</strong> <strong>do</strong> vapor para o<br />

produto a ser processa<strong>do</strong>.<br />

1. r Condensa<strong>do</strong><br />

/<br />

Incrustações<br />

r<br />

Agua'<br />

e.stagnada<br />

A figura acima é muito importante. Ela<br />

nos coloca face a face com a razão de to<strong>do</strong> o<br />

processo de vapor: a transferência <strong>do</strong> calor gera- '<br />

<strong>do</strong> na caldeira através <strong>do</strong> equipamento para o produto<br />

final.<br />

O que acontece neste estágio <strong>do</strong> proces­<br />

so é fa tor decisivo da eficiência <strong>do</strong> mesmo.<br />

A parede de metal indicada na figura é<br />

a superfície de troca de térmica de um determina<strong>do</strong><br />

troca<strong>do</strong>r de calor. Ela separa o vapor <strong>do</strong> produto<br />

a ser processa<strong>do</strong>.<br />

Do la<strong>do</strong> direito da parede existe uma camada<br />

de produto estagna<strong>do</strong> e possivelmente queima<strong>do</strong><br />

forman<strong>do</strong> uma ligeira encrustação. Esta<br />

camada pode oferecer uma considerável resistência<br />

ao . fluxo de calor para o produto.<br />

Esta camada pode ser eliminada pela limpeza<br />

regular da superfície da parede. A resistência<br />

ao fluxo de calor pode ser reduzida pela agitação<br />

mecânica <strong>do</strong> produto, quan<strong>do</strong> o processo permite<br />

tal ação, eliminan<strong>do</strong> a camada de estagnação<br />

No entanto, nossa atenção deve estar<br />

voltada particularmente para o la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong> da<br />

parede de metal, o la<strong>do</strong> <strong>do</strong> vapor. Primeiramente<br />

existe uma camada de incrustações formadas pelas<br />

impurezas presentes na tubulação ou arrastadas<br />

pelo vapor proveniente da caldeira. Isto ocorre<br />

quan<strong>do</strong> o tratamento de água é precário ou quan<strong>do</strong><br />

a caldeira trabalha com pesa<strong>do</strong>s regimes de<br />

produ'ção de vapor, nos limites de sua capacidade.<br />

Se esta superfície for regularmente limpa,<br />

haverá uma melhora notável na eficiência de<br />

troca térmica.<br />

Mas, além da camada de incrustação, exis-<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org


Pág. 26 Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, n° 300, 52: (5): 22-30, 1997<br />

tem mais duas camadas entre o vapor e a superfície<br />

metálica. Uma delas é a camada de água, e<br />

água é um péssimo condutor de . cal r . . A . segunda é<br />

um filme de ar, e este é o malOr zmmzgo da boa<br />

transferência de calor que podemos observar.<br />

Estas duas camadas devem ser removidas<br />

o mais rápi<strong>do</strong> e eficientemente possível. Se isto<br />

não for feito, a transferência de calor, e portanto<br />

a eficiência <strong>do</strong> processo, serão insatisfatórias.<br />

1 · FUma<strong>do</strong> ar<br />

2 .. Filme de condensa<strong>do</strong><br />

3 .. Superfície aquecida<br />

<strong>do</strong> motal<br />

4 .. Filma d. água<br />

Vej amos o que acontece com o processo<br />

de troca térmica nestas situações. A camada de<br />

água é de 60 à 70 vezes mais resistente à transferência<br />

de calor que a parede de ferro ou aço da<br />

superfície de troca térmica, e entre 500 e 600<br />

vezes mais resistente <strong>do</strong> que o cobre.<br />

Os efeitos da camada de ar são mais drásticos.<br />

Nós to<strong>do</strong>s sabemos que o responsável pela<br />

eficiência <strong>do</strong>s isolamentos térmicos de tubulação,<br />

é a pequena massa de ar contida entre<br />

as fibras <strong>do</strong> material <strong>do</strong> isolamento.<br />

O ar é de fato 1500 vezes mais resistente ao<br />

fluxo de calor <strong>do</strong> que o ferro ou o aço, e não<br />

menos que 13000 vezes mais resistente <strong>do</strong><br />

que o cobre.<br />

Isto significa que uma camada de ar de<br />

apenas 0.025 mm de espessura, será mais resistente,<br />

à troca térmica, que uma parede de cobre de<br />

330 mm de espessura.<br />

Os efeitos práticos das camadas de água e<br />

ar são mostra<strong>do</strong>s na figura acima. Na figo 1, vapor<br />

à 1 Barg está sen<strong>do</strong> usa<strong>do</strong> para elevar o processo<br />

à temperatura de 99°C. Na figo 2, o mesmo efeito<br />

é atingi<strong>do</strong> com vapor à pressão de 0.7 Barg porque<br />

a camada de ar e água foram drasticamente<br />

reduzidas. A pressão original de vapor de 1 arg<br />

seria agora capaz de aquecer o processo rapIdamente<br />

e com grande eficiência.<br />

As presença das camadas ar e água nas<br />

superfícies de troca térmica <strong>do</strong>s equipamentos não<br />

é um fato isola<strong>do</strong>. Isto ocorre em to<strong>do</strong>s os processos<br />

de troca de calor com vapor, e alguma<br />

providência deve ser tomada a respeito disto. A<br />

solução óbvia- é reduzir a espessura das camadas<br />

nas superfícies de condensação.<br />

SEÇÃO 4- CONDENSADO E VAPOR<br />

FLASH<br />

Coudeusa<strong>do</strong>: Em um sistema de vapor<br />

bem dimensiona<strong>do</strong>, o calor, normalmente descarta<strong>do</strong>,<br />

pode ser recupera<strong>do</strong> através <strong>do</strong> aproveitamento<br />

<strong>do</strong> condensa<strong>do</strong>.<br />

Quan<strong>do</strong> o vapor sai da caldeira para o<br />

processo, através das linhas de distribuição, parte<br />

desse vapor condensa, em função das perdas de<br />

calor por radiação através das paredes da tubulação.<br />

Este condensa<strong>do</strong> deve ser removi<strong>do</strong> pois<br />

apresenta baixa qualidade para a trasferência ?e .<br />

calor. O condensa<strong>do</strong> é drena<strong>do</strong> das lInhas de dIStribuição<br />

de vapor através <strong>do</strong>s purga<strong>do</strong><br />

<br />

es. Este<br />

calor conti<strong>do</strong> no condensa<strong>do</strong> pode perfeItamente<br />

ser reaproveita<strong>do</strong>.<br />

Vapor Flash : nós já sabemos que o vapor<br />

para processo ou geração de ener<br />

_ ia é gera<strong>do</strong><br />

em caldeiras e distribuí<strong>do</strong> à pressoes aCIma da pressão<br />

atmosférica.<br />

Se nós observarmos a tabela de vapor,<br />

verificaremos que a temperatura <strong>do</strong> condensa<strong>do</strong><br />

.<br />

resultante <strong>do</strong> vapor à alta temperatura é:<br />

maior que o ponto de ebulição da água<br />

à pressão atmosférica.<br />

Percebemos então, que quan<strong>do</strong> o<br />

condensa<strong>do</strong> à alta temperatura é descarrega<strong>do</strong> pelo<br />

purga<strong>do</strong>r para uma região de baixa pressão,<br />

<br />

le<br />

não pode existir na forma de água, sen<strong>do</strong> aSSIm<br />

reevapora<strong>do</strong> (flash) na forma de vapor.<br />

Entalpia em kJ/kg<br />

Pressão Temp. Água Evaporação Vapor Volume<br />

Bar "C h, h" h, m.1/kg<br />

O 100 419 2257 2676 1.673<br />

1 120 506 220 1 2707 0.88 \<br />

2 134 562 2163 2725 0.603<br />

3 \44 605 2\33 2738 0.46 \<br />

4 \52 67 \ 2\08 2749 0.374<br />

5 159 641 2086 2757 0.315<br />

6 165 697 2066 2763 0.272<br />

7 170 721 2048 2769 0.240<br />

Nem toda a água vai tornar-se vapor<br />

flash, mas sim parte dela, dependen<strong>do</strong> da pressão<br />

<strong>do</strong> local para onde a água é descarregada.<br />

O vapor flash, gera<strong>do</strong> por reevapora ao<br />

<strong>do</strong> condensa<strong>do</strong> descarrega<strong>do</strong> pelo pur a<strong>do</strong>r" e o<br />

mesmo vapor gera<strong>do</strong>, na caldeira, a partIr d agua<br />

saturada. O vapor flash tem as mesmas quahdades<br />

e características <strong>do</strong> chama<strong>do</strong> vapor vivo. Vapor é<br />

vapor!<br />

Em to<strong>do</strong>s os sistemas de vapor, devemos<br />

obter a máxima eficiência, e o vapor flash deve<br />

_<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JullDez, n° 300, 52: (5): 22-30, 1997 Pág. 27<br />

ser gera<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong> condensa<strong>do</strong> descarrega<strong>do</strong>, e<br />

utiliza<strong>do</strong> à pressões menores. Cada quilograma de<br />

vapor flash utiliza<strong>do</strong> representa a economia de<br />

um quilograma de vapor forneci<strong>do</strong> diretamente I<br />

pela caldeira.<br />

SEÇÃO 5 - STALL POINT<br />

Ineficiência em processos de aquecimento<br />

à vapor em troca<strong>do</strong>res de calor e imprecisões<br />

no controle de temperatura <strong>do</strong> produto final, são<br />

na maioria das vezes ocasiona<strong>do</strong>s pelo alagamento<br />

de condensa<strong>do</strong> e ocorrência de StalJ Point.<br />

Este texto tem como principal preocupação,<br />

apresentar respostas para estes problemas,<br />

bem como formas de determinar sua ocorrência e<br />

maneiras de evitá-los.<br />

5. J O que é o Stall Point (ponto de estolagem).<br />

Antes de definirmos o que é StaIl Point<br />

(ponto de estolagem), apresentaremos um conceito<br />

básico para sua compreensão: O funcionamento<br />

<strong>do</strong> purga<strong>do</strong>r.<br />

Em um sistema de drenagem de<br />

condensa<strong>do</strong>, como por exemplo um troca<strong>do</strong>r de<br />

calor, o purga<strong>do</strong>r tem como principal função, drenar<br />

o condensa<strong>do</strong> forma<strong>do</strong> sem permitir a passagem<br />

de vapor vivo. Desta forma, mais vapor vivo<br />

tomará o seu lugar no troca<strong>do</strong>r, fornecen<strong>do</strong> energia<br />

para o processo. Para que isto ocorra, é necessário<br />

que a pressão diferencial no purga<strong>do</strong>r seja<br />

positiva, ou seja, a pressão a montante (antes) <strong>do</strong><br />

purga<strong>do</strong>r seja superior a pressão a jusante (depois).<br />

Então, ponto de estolagem ou Stall Point,<br />

é o instante em que o purga<strong>do</strong>r não possui pressão<br />

diferencial para drenar o condensa<strong>do</strong>, ou seja, a<br />

pressão a jusante <strong>do</strong> purga<strong>do</strong>r se iguala a sua pres­<br />

são a montante, alagan<strong>do</strong> o processo.<br />

Pl>P2<br />

Condição de<br />

Drenagem<br />

PI L P2<br />

Condição de Stall Point /<br />

Alagamento<br />

Controle de Temperatura em Equipamentos.<br />

Em sjstemas . com controle de temperatu­<br />

tais como; radia<strong>do</strong>res e troca<strong>do</strong>res de calor,<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

pode ocorrer o alagamento de condensa<strong>do</strong> <strong>do</strong> equi­<br />

pamento e consequentemente um controle de<br />

temperatura ineficiente.<br />

Existem duas causas para a ocorrência <strong>do</strong><br />

alagamento em equipamentos:<br />

A • Baixa pressão de vapor no troca<strong>do</strong>r<br />

B - Alta pressão no retorno de condensa<strong>do</strong><br />

A - Baixa pressão de vapor no troca<strong>do</strong>r.<br />

Durante o ciclo de controle de temperatura,<br />

a temperatura <strong>do</strong> produto aumenta. Este incremento<br />

na temperatura <strong>do</strong> produto é detecta<strong>do</strong><br />

pelo sensor de temperatura, fechan<strong>do</strong> a válvula<br />

de alimentação de vapor. A pressão de vapor cai<br />

inician<strong>do</strong> o alagamento <strong>do</strong> troca<strong>do</strong>r, uma vez que<br />

a pressão na tubulação de retorno de condensa<strong>do</strong><br />

é maior (pl p2),<br />

descarregan<strong>do</strong> o condensa<strong>do</strong> preenchen<strong>do</strong> o troca<strong>do</strong>r<br />

com vapor a uma pressão suficiente para<br />

manter a temperatura <strong>do</strong> produto<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org


Pág. 28<br />

B - Alta pressão no retorno de condensa<strong>do</strong>.<br />

o alagamento de condensa<strong>do</strong> em um troca<strong>do</strong>r<br />

de calor também pode ocorrer quan<strong>do</strong> existir<br />

uma coluna d' água na linha de retorno de<br />

condensa<strong>do</strong> como mostra<strong>do</strong> abaixo.<br />

A coluna de água na linha de retorno origina<br />

uma conra pressão no pur a<strong>do</strong>r impedin<strong>do</strong><br />

que o condensa<strong>do</strong> <strong>do</strong> radia<strong>do</strong>r seja descarrega<strong>do</strong>.<br />

Da mesma forma que uma coluna de água<br />

pode acarretar uma contra pressão no sistema, a<br />

descarga de outros purga<strong>do</strong>res com vazamento de<br />

vapor na linha de retorno, podem acarretar contra<br />

pressão no ponto de drenagem.<br />

.<br />

A condição de alagamento ocorre em dIversos<br />

tipos de sistemas e pode ser evitada com o<br />

uso de uma bomba de condensa<strong>do</strong>, como ilustra<strong>do</strong><br />

na próxima figura.<br />

(está fa ltan<strong>do</strong> figura)<br />

5.3 COMO O SISTEMA FUNCIONA?<br />

Pela própria característica de funcionamento.·<strong>do</strong><br />

proces·so, podemos verificar, que a ocorrência<br />

de variações de pressão internas no troca<strong>do</strong>r<br />

de calor é inevitável. Portanto, sempre existirá<br />

a possibilidade de ocorrer o alagamento.<br />

Quan<strong>do</strong> o purga<strong>do</strong>r possuir pressão diferencial<br />

suficiente para drenar o condensa<strong>do</strong>, o<br />

sistema funcionará normalmente, ou seja, o<br />

condensa<strong>do</strong> passará pela bomba sem aciona-la. O<br />

instante em que a pressão diferencial não for mais<br />

suficiente para o purga<strong>do</strong>r drenar o condensa<strong>do</strong>, o<br />

alagamento ocorrerá internamente na bomba,<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JullDez, n° 300, 52: (5): 22-30, 1997<br />

acionan<strong>do</strong>-a, de forma a bombear o condensa<strong>do</strong><br />

para a linha de retorno.<br />

5.4 COMO A BOMBA DE<br />

CONDENSADO OP 151 / 152<br />

FUNCIONA?<br />

O condensa<strong>do</strong> entrará na bomba pela ação<br />

da gravidade, e preencherá seu volume elevan<strong>do</strong><br />

um sistema de bóia, que aciona válvulas de exaustão<br />

e admissão de fluí<strong>do</strong> motor. Neste instante a válvula<br />

de exaustão estará aberta, para que vapor<br />

reevapora<strong>do</strong> sai da bomba e permita entrada <strong>do</strong><br />

condensa<strong>do</strong>.<br />

Quan<strong>do</strong> o nível de condensa<strong>do</strong> atingir o<br />

topo da bomba, o sistema de bóia acionará o mecanismo<br />

de válvulas, fechan<strong>do</strong> a exaustão e abrin<strong>do</strong> a<br />

admissão de fluí<strong>do</strong> motor (no caso específico vapor).<br />

O vapor pressurizará internamente a bomba<br />

expulsan<strong>do</strong> o condensa<strong>do</strong>. Válvulas de retenção instaladas<br />

na entrada e saída da bomba orientarão o<br />

fluxo. Expulso o condensa<strong>do</strong>, o sistema de bóia abaixará,<br />

acionan<strong>do</strong> o mecanismo de válvulas, abrin<strong>do</strong> a<br />

exaustão, permitin<strong>do</strong> que o ciclo se repita.<br />

Bomba de Condensa<strong>do</strong> OP 151<br />

5.5 DETERMINANDO AS<br />

CONDIÇÓES DEALAGAMENTO<br />

(STALL POINT)<br />

Para determinar a condição de alagamen­<br />

to de condensa<strong>do</strong> no sistema, é necessário conhe­<br />

cer a vazão.<strong>do</strong> equipamento(Q), que pode 'ser dada<br />

pela fórmula:<br />

Q = U * A * DT<br />

Onde:<br />

U Coeficiente de transferência de calor<br />

(kcal/m2 DC)<br />

A Área da superfície de transferência de ca<br />

lor (m2)<br />

D T = Diferença entre a média da temperatura<br />

<strong>do</strong> fluí<strong>do</strong> de aquecimento (vapor) e a<br />

média de temperatura <strong>do</strong> produto a ser<br />

aqueci<strong>do</strong>. (DC)<br />

Rev. Jnst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, n° 300, 52: (5): 22-30, 1997 Pág. 29<br />

Em um troca<strong>do</strong>r de calor o produto de U<br />

x A será relativamente constante então a transferência<br />

de calor (Q) será proporcional a diferença<br />

de temperatura(DT).<br />

A temperatura <strong>do</strong> flui<strong>do</strong> a ser aqueci<strong>do</strong> é<br />

controla<strong>do</strong> em um valor constante quan<strong>do</strong> uma válvula<br />

de controle de temperatura for utilizada. Portanto<br />

o calor gera<strong>do</strong> somente poderá variar quan<strong>do</strong><br />

a temperatura <strong>do</strong> vapor (pressão) for alterada.<br />

Para máxima vazão de aquecimento<br />

(freqüentemente na partida), DT deve ser um valor<br />

alto. Sem vazão de aquecimento, DT deve ser<br />

zero e a temperatura <strong>do</strong> vapor é portanto a mesma<br />

que a temperatura <strong>do</strong> produto a ser aqueci<strong>do</strong>.<br />

Destas duas condições extremas podemos deduzir<br />

que em 50% de vazão, DT deve ser 50% <strong>do</strong><br />

máximo para aquecimento.<br />

5.6 Gráfico para determinar o ponto STALL<br />

Seguin<strong>do</strong> a teoria da seção anterior, podemos<br />

desenhar um gráfico, onde a linha superior<br />

(1) representa a variação da temperatura <strong>do</strong> va-<br />

Temperatura ºC<br />

Temperatura e pressão P1<br />

de vapor - 2 bar<br />

Temperatura inicial<br />

<strong>do</strong> produto - 30 oC<br />

200 .--,...<br />

.... .. ., .. ..... ...... --.--... .. .<br />

J--+-+-+-+ --I- -f- -I- -I- -I- -I 11.6<br />

140 r-+-+-+-+-<br />

r<br />

120<br />

100 t--+- -+- -+- -+,-+<br />

T1<br />

O gráfico acima mostra a porcentagem de<br />

vazão aproximada a qual ocorrerá o STALL. Neste<br />

exemplo o sistema estará na condição de STALL<br />

por. A reta inferior (2) indca as temperaturas<br />

inicial e final <strong>do</strong> produto a ser aqueci<strong>do</strong>. Traçan<strong>do</strong>-se<br />

uma horizontal ( reta 3) que representa a<br />

pressão após o purga<strong>do</strong>r, sua interseção com a<br />

reta 1, irá indicar na escala horizontal a partir de<br />

uma vertical traçada neste ponto, a % de abertura<br />

da válvula de controle que irá começar a ocorrer o<br />

alagamento (ponto de estolagem). Na escala vertical,<br />

a partir da interseção da vertical traçada<br />

com a reta 2, lê-se qual a temperatura <strong>do</strong> produto<br />

a ser aqueci<strong>do</strong> se encontrará quan<strong>do</strong> ocorrer o<br />

alagamento de condensa<strong>do</strong> ( Stall Point)<br />

TI - Temperatura inicial <strong>do</strong> processo.<br />

T2 - Pressão (absoluta) equivalente a temperatura<br />

final <strong>do</strong> produto.<br />

PI - Temperatura <strong>do</strong> vapor equivalente a pressão<br />

de vapor.<br />

P2 - Contra pressão <strong>do</strong> sistema de retorno de<br />

condensa<strong>do</strong>.<br />

..-.--.,.-..., 14.5 Pressão bar 9<br />

9.0<br />

7.0<br />

5.2<br />

3.8<br />

2.6<br />

1.7<br />

1.0<br />

0.4 P2 Contra pressão no<br />

o<br />

0.7<br />

80 I--I- -Il- -fl- -f+-<br />

t-+.:::I<br />

I 0.5 T2<br />

20 t--+-+-+- -I- -+- -I- -I- -I- -I<br />

I<br />

50 40 30 20 10 o<br />

purga<strong>do</strong>r - 0.4 bar<br />

0.3<br />

· Temperatura final <strong>do</strong><br />

0.2<br />

0.1<br />

0.05<br />

0/0 de vazão (% de abertura da válvula)<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

produto - 80 oC<br />

em 63% ou menos da vazão máxima . Se a vazão for<br />

menor que esse valor será necessário uma bomba<br />

para retirar o condensa<strong>do</strong> <strong>do</strong> equipamento.<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org


Pág. 30<br />

5. 7 Condições <strong>do</strong> troca<strong>do</strong>r de calor<br />

A previsão <strong>do</strong> ponto em que o alagamen­<br />

to ocorre, pode mudar de sistema para sistema,<br />

pois as condições <strong>do</strong> flui<strong>do</strong> a ser aqueci<strong>do</strong> pode ter<br />

muitas variações, como:<br />

Volume d fluí<strong>do</strong> a ser aqueci<strong>do</strong> constante,<br />

varian<strong>do</strong> a temperatura de entrada.<br />

Temperaturas de fluí<strong>do</strong> a ser aqueci<strong>do</strong> cons­<br />

tante, varian<strong>do</strong> a vazão instantânea.<br />

Volume de fluí<strong>do</strong> a ser aqueci<strong>do</strong> constante,<br />

varian<strong>do</strong> a temperatura de saída.<br />

Portanto a previsão <strong>do</strong> ponto que ocorrerá<br />

o alagamento (Stall Point) no gráfico, embora<br />

não totalmente preciso dá uma idéia boa de<br />

quan<strong>do</strong> e a qual porcentagem de vazão <strong>do</strong> troca<strong>do</strong>r<br />

ocorrerá o STALL.<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, n° 300, 52: (5): 22-30, 1997<br />

5. 8 Software de Stall Point<br />

o segun<strong>do</strong> serviço executa<strong>do</strong>, consistiu<br />

de medições de temperatura inicial e final <strong>do</strong> produto<br />

a ser aqueci<strong>do</strong>, da pressão a jusante e a montante<br />

<strong>do</strong> purga<strong>do</strong>r e da porcentagem de abertura<br />

da válvula. Estas medições foram realizadas através<br />

de sensoes de pressão (EL 2600) e sensores de<br />

temperatura (PT I 00) conecta<strong>do</strong>s a um<br />

controla<strong>do</strong>r de processos, que irá controlar a válvula<br />

de admissão de vapor e enviar to<strong>do</strong>s os valores<br />

das medições para um software no computa<strong>do</strong>r.<br />

Tela de apresentação <strong>do</strong> software de Stall·<br />

PUMP -OP 151/1 52 % OPEN VALVE<br />

STALL POINT<br />

SET POINT<br />

o<br />

stall point<br />

no stall<br />

Rev. lnst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, n° 300, 52: (5): 31-3 1, 1997 Pág. 31<br />

TETRA PAK MAIS QUE A EMBALAGEM<br />

Desde que chegou ao Brasil, em 1957 a<br />

Tetra Pak impulsionou uma verdadeira revolução<br />

na indústria alimentícia nacional. Suas diversas<br />

opções de embalagens têm possibilita<strong>do</strong> o desenvolvimento<br />

de novas categorias de produtos,<br />

ampliação de merca<strong>do</strong>s e melhor distribuição <strong>do</strong>s<br />

mais varia<strong>do</strong>s tipos de alimentos líqui<strong>do</strong>s, semilíqui<strong>do</strong>s<br />

e viscosos - como leite, cremes, <strong>do</strong>ces,<br />

sucos, chás, deriva<strong>do</strong>s de tomates e outros.<br />

Por trás de cada embalagem Tetra Pak<br />

existe na realidade uma solução inova<strong>do</strong>ra. Isto<br />

porque a Tetra Pak parte <strong>do</strong> princípio de que a<br />

parceria com seus clientes é indispensável para<br />

garantir o sucesso de cada lançamento. Este trabalho<br />

conjunto compreende uma assessoria completa<br />

de acor<strong>do</strong> com diferentes perspectivas características<br />

e necessidades desde a concepção <strong>do</strong><br />

produto (formulação), até o descarte da embalagem.<br />

Integran<strong>do</strong> suas equipes de Marketing.<br />

Engenharia, Vendas Técnicas, Assistência Técnica<br />

e Merchandising diretamente com os clientes a<br />

Tetra Pak oferece um atendimento completo que<br />

abrange aceso a mais alta tecnologia internacional<br />

(com sistemas integra<strong>do</strong>s de equipamentos para<br />

processamento, envase e distribuição)e uma vasta<br />

experiência em interpretar as expectativas <strong>do</strong>s<br />

consumi<strong>do</strong>res.<br />

Tu<strong>do</strong> isso resulta em agilidade eficiência e<br />

economia. para a Tetra Pak assegurar vantagens<br />

competitivas a seus clientes e muito mais <strong>do</strong> que um<br />

conceito é uma forma de atuação cotidiana.<br />

PROJETOS<br />

Desenvolvimento de lay-outs genéticos<br />

e plantas completas especialmente elaboradas para<br />

cada necessidade.<br />

Equipamentos de Processo<br />

Troca<strong>do</strong>res de calor, homogeneiza<strong>do</strong>res,<br />

centrífugas, sistemas de esterilização,<br />

pasteuriza<strong>do</strong>res, enfim, uma completa linha de<br />

equipamentos com tecnologia de ponta, garàntin<strong>do</strong><br />

a qualidade de produção <strong>do</strong>s mais varia<strong>do</strong>s<br />

produtos.<br />

EMBALAGENS<br />

Desenvolvidas para acondicionar leite e<br />

seus deriva<strong>do</strong>s, sucos, bebidas em geral e outros<br />

produtos viscosos, pasteuriza<strong>do</strong>s ou longa vida.<br />

Diversos tamanhos, formatos e aberturas ofereci<strong>do</strong>s<br />

nas versões Tetra Brink, Tetra Rex, Tetra<br />

Square, Tetra Prisma e Tetra Pop e uma vasta<br />

gama de embalagens plásticas, como PET garantin<strong>do</strong><br />

o mais avança<strong>do</strong> e seguro acondicionamento<br />

de alimentos.<br />

MÁQUINAS DE ENVASE<br />

Equipamentos de última geração desenvolvi<strong>do</strong>s<br />

para ro<strong>do</strong>s os tamanhos e formatos de<br />

embalagens Tetra Pak, com diversas velocidades<br />

de envase, de acor<strong>do</strong> com as necessidades de cada<br />

cliente.<br />

EQUIPAMENTOS DE DISTRIBUIÇÃO<br />

Aplica<strong>do</strong>res de canu<strong>do</strong>s, filmes, retráteis<br />

e forma<strong>do</strong>res de bandeja, especialmente desenvolvi<strong>do</strong>s<br />

para os diversos tamanhos e formatos<br />

das embalagens oferecidas.<br />

ASSISTÊNCIA TÉCNICA<br />

Nossa equipe de técnicos, altamente treinada<br />

e qualificada, possui uma completa infraestrutura<br />

de comunicação e transporte para garantir<br />

pronto e total atendimento aos clientes.<br />

Os escritórios regionais espalha<strong>do</strong>s pelo Brasil<br />

garantem uma maior agilidade nessa prestação de<br />

serviços.<br />

TREINAMENTO<br />

Especialmente desenvolvi<strong>do</strong> para capacitar<br />

os futuros opera<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s equipamentos Tetra<br />

Pak, com pessoal especializa<strong>do</strong> em treinamento<br />

que ministra cursos teóricos e práticos. É a garantia<br />

de qualidade Tetra Pak antes mesmo da instalação<br />

de seus equipamentos.<br />

PESQUISA E DESENVOLVIMENTO<br />

Setor especializa<strong>do</strong> que auxilia no desenvolvimento<br />

e testes de novos produtos, bem como<br />

na prestação de assistência necessária para a resolução<br />

de eventuais problemas na formulação de<br />

produtos existentes.<br />

MARKETING<br />

O departamento de Marketing da Tetra<br />

Pak procura enxergar e entender os anseios <strong>do</strong>s<br />

consumi<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s clientes TetraPak. Atua diretamente<br />

junto ao consumi<strong>do</strong>r final através de pesquisas<br />

contínuas, junto a clientes, estudan<strong>do</strong> e propon<strong>do</strong><br />

novas estratégias para seus negócios bem<br />

como junto ao varejo, escolas e universidades sempre<br />

comunican<strong>do</strong> o benefício e a filosofia geral da<br />

companhia.<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org


Pág. 32<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, n° 300, 52: (5): 32-35, 1997<br />

ANÁLISE DE PERIGOS E PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLE -<br />

APPCC: AVALIAÇÃO DE ASPECTOS CONTROVERTIDOS<br />

Decorri<strong>do</strong>s aproximadamente 40 anos<br />

desde os trabalhos pioneiros desenvolvi<strong>do</strong>s nos<br />

Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s da América e que culminaram com<br />

a implantação e disseminação <strong>do</strong> sistema APPCC<br />

como uma prática extremamente eficiente de<br />

controle dinâmico de processos produtivos, alguns<br />

aspectos fundamentais ainda permanecem<br />

não adequadamente esclareci<strong>do</strong>s e com interpretações<br />

variadas e, por vezes, antagônicas.<br />

Nesta apresentação pretende-se abordar,<br />

de forma sucinta, alguns destes pontos controverti<strong>do</strong>s,<br />

visan<strong>do</strong> principalmente situar o sistema<br />

APPCC dentro das finalidades e objetivos originalmente<br />

propostos.<br />

1. QUAL O ÂMBITO DE<br />

APLICAÇÃO DO SISTEMA APPCC?<br />

o sistema foi planeja<strong>do</strong> e desenvolvi<strong>do</strong> com o<br />

objetivo único de garantir a segurança <strong>do</strong>s alimentos<br />

processa<strong>do</strong>s, ou seja, evitar danos à saúde <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r<br />

em decorrência da presença de perigos (hazards), de<br />

natureza física, quúnica ou microbiológica.<br />

Esta postura é destacada, com veemência,<br />

por diferentes autores e instituições, entre<br />

eles STEVENSON (1993), IAMFES (1991) e o<br />

National Advisory Committee ou Microbiological<br />

Criteria for Foods <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s da América<br />

(1992) o Food Linked Agro Industrial Research­<br />

FLAIR da Comunidade Econômica Européia -<br />

EEC e mesmo a Comissão <strong>do</strong> Codex Alimentarius<br />

- FAO através da ALINORM 93/13A.<br />

Infelizmente, alguns autores abordam o<br />

conceito de perigo de forma mais generalista,<br />

contemplan<strong>do</strong> parâmetros de importância na qualidade<br />

global <strong>do</strong> alimento, mas sem quaisquer reflexos<br />

na sua segurança. Esta posição, a nosso<br />

ver, é incorreta, desvirtuan<strong>do</strong> o sistema APPCC e<br />

pulverizan<strong>do</strong> o esforço maior de controle rigoroso<br />

<strong>do</strong>s perigos porventura existentes.<br />

2. O QUE É PONTO CRÍTICO DE<br />

CONTROLE - PCC?<br />

Na conceituação original, o PCç é uma<br />

etapa, processo, procedimento, etc., no qual um<br />

Depto. Te cnologia de Alimentos - FEA/UNICAMP<br />

Mauro Faber de Freitas LeitüoJ<br />

controle deve ser efetivamente implementa<strong>do</strong>,<br />

permitin<strong>do</strong>, assim, que um perigo possa ser reduzi<strong>do</strong>,<br />

evita<strong>do</strong> ou elimina<strong>do</strong>. Caso o objetivo seja<br />

o de se controlar parâmetros que não afetam a<br />

segurança <strong>do</strong> produto o conceito de PCC não poderá<br />

ser aplica<strong>do</strong>. Alguns autores (STEVENSON,<br />

1993) diferenciam claramente os PCC's <strong>do</strong>s chama<strong>do</strong>s<br />

Pontos de Controle - PC, que seriam aqueles<br />

locais ou etapas nos quais parâmetros que influenciam<br />

na qualidade seriam controla<strong>do</strong>s. Não<br />

caberiam maiores objeções neste posicionamento,<br />

desde que nas planilhas de controle e nos registros<br />

houvesse uma clara diferenciação destes pontos,<br />

garantin<strong>do</strong>, assim, uma ênfase maior no controle<br />

<strong>do</strong>s PCC's.<br />

3. QUAL O RELACIONAMENTO<br />

DO SISTEMA APPCC COM AS BOAS<br />

PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO -GMP?<br />

As Boas Práticas de Fabricação compre­<br />

endem uma série de princípios e procedimentos<br />

cuja a<strong>do</strong>ção seria essencial para a produção de<br />

alimentos de boa qualidade no aspecto higiênico­<br />

sanitário. No entanto, estas normas são bastante<br />

abrangentes e generalistas, sem uma especificação<br />

de procedimentos e limites <strong>do</strong>s parâmetros de<br />

controle (STEVENSON, 1993). Em outras pala­<br />

vras, as GMP são basicamente qualitativas e por<br />

vezes subjetivas na sua abordagem, diferin<strong>do</strong> subs­<br />

tancialmente <strong>do</strong> sistema APPC (NOTERMANS<br />

et alo 1995) que, na sua essência, garante um<br />

controle efetivo <strong>do</strong> processo produtivo, defi ­<br />

nin<strong>do</strong> medidas de controle, fixan<strong>do</strong> limites crí­<br />

ticos e estabelecen<strong>do</strong> procedimentos de<br />

monitoramento e registro nos Pontos Críticos<br />

de Controle.<br />

No entanto, a a<strong>do</strong>ção de um programa<br />

GMP constitui-se num pré-requisito essencial<br />

para a implantação <strong>do</strong> sistema APPCC já que<br />

enfatiza a necessidade de controle e a<br />

capacitação de recursos humanos em aspectos,<br />

etapas e situações que influem de forma decisi­<br />

va nos perigos, riscos e caracterização de even­<br />

tuais PCC's (NOTERMANS el. al., 1995),<br />

STEVENSON (1993).<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, n° 300, 52: (5): 32-35, 1997 Pág. 33<br />

4. USO DE ÁRVORES<br />

, DECISÓRIAS (DECISION TREES) NA<br />

DEFINIÇÃO DE PCC'S<br />

Alguns autores tem proposto a utilização<br />

das chamadas árvores decisórias como auxiliar na<br />

caracterização de PCC's em fluxograma de processo<br />

(MAYES, 1992). Este procedimento envol:e<br />

a resposta a uma série contínua de quesitos,<br />

aplIca<strong>do</strong>s a cada etapa <strong>do</strong> processo procuran<strong>do</strong><br />

caracterizá-la ou não como um PCC. A este respeito,<br />

diferentes modelos de árvores decisórias<br />

são propostos pelo International Life Sciences<br />

Institute - ILSE-Europa (1993), pela Comissão<br />

<strong>do</strong> Codex Alimentarius, na ALINORM 931l3A e<br />

por STEVENSON (1993).<br />

Uma das questões mais controvertidas na<br />

seqüência de quesitos é aquela que remete ao consumi<strong>do</strong>r<br />

final a responsabilidade pela redução ou<br />

eliminação <strong>do</strong> perigo, com a seguinte redação:<br />

"A etapa posterior <strong>do</strong> processamento<br />

incluin<strong>do</strong> o uso correto pelo consumi<strong>do</strong>r, será<br />

capaz de garantir a eliminação <strong>do</strong> perigo ou<br />

sua redução a um nível seguro?<br />

Este quesito deve ser analisa<strong>do</strong> com cautela,<br />

ressaltan<strong>do</strong>-se a preocupação maior na segurança<br />

<strong>do</strong> produto ao final <strong>do</strong> processo industrial e<br />

não atribuin<strong>do</strong>. a responsabilidade maior pela segurança<br />

ao consumi<strong>do</strong>r. Deve-se destacar que um<br />

produto industrial contamina<strong>do</strong> poderá gerar contaminações<br />

cruzadas durante a sua manipulação e<br />

preparo, independente da eventual destruição<br />

posterior <strong>do</strong> perigo pelos procedimentos finais<br />

que antecedem o consumo. No entanto, a análise<br />

criteriosa <strong>do</strong>s vários quesitos formula<strong>do</strong>s nas árvores<br />

decisórias irá reduzir substancialmente o<br />

número de PCC's no fluxograma de processo,<br />

permitin<strong>do</strong>, assim, um controle mais efetivo daqueles<br />

poucos remanescentes como críticos.<br />

5. ANÁLISES<br />

MICROBIOLÓGICAS NO ÂMBITO<br />

DO SISTEMA APPCC<br />

Na definição <strong>do</strong>s procedimentos e técnicas<br />

para o monitoramento nos PCC's o sistema<br />

APPCC enfatiza a necessidade de a<strong>do</strong>ção de testes<br />

ou análises rápi<strong>do</strong>s, confiáveis e de baixo custo;<br />

sem dúvida, estas exigências excluem os méto<strong>do</strong>s<br />

microbiológicos como primeira opção de<br />

controle, recain<strong>do</strong> a escolha em análises visuais e<br />

testes físicos e químicos (STEVENSON, 1993;<br />

ILSI, 1992; IAMFES, 1991; NACMCF, 1992).<br />

No entanto os méto<strong>do</strong>s analíticos<br />

microbiológicos tem um espaço importante no<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

âmbito <strong>do</strong> sistema APPCC, destacan<strong>do</strong>-se, entre<br />

outras, as seguintes atribuições (SILLIKER, 1995):<br />

a) Coleta de da<strong>do</strong>s nas etapas iniciais de implantação<br />

<strong>do</strong>s sistema APPCC, particularmente<br />

na análise de perigos e definição de PCC's;<br />

b) Análise de matérias-primas ou ingredientes<br />

identifica<strong>do</strong>s como PCC's e produzi<strong>do</strong>s em<br />

outros estabelecimentos industriais;<br />

c) Análise de produtos finais considera<strong>do</strong>s críticos<br />

por serem destina<strong>do</strong>s a populações de alto<br />

risco;<br />

d) Auxiliar na avaliação das condições higiênico-sanitárias<br />

de equipamentos e ambiente<br />

(amostragem de pisos, paredes, drenos, ar,<br />

poeiras diversas, etc.);<br />

e) Auxiliar nos procedimentos de verificação<br />

(verification), ou seja, na auditoria <strong>do</strong> sistema<br />

APPCC implanta<strong>do</strong> na indústria.<br />

6. AMOSTRAGEM APLICADA NO<br />

SISTEMA APPCC<br />

Uma questão levantada com freqüência é<br />

relacionada com a natureza e intensidade da<br />

amostragem plicada principalmente no<br />

monitoramento <strong>do</strong>s PCC's.<br />

Em algumas situações, como, por exemplo,<br />

na avaliação de matérias-primas, ingredientes<br />

e produtos finais defini<strong>do</strong>s como PCC's a utilização<br />

de planos de amostragem rigoroso como<br />

os conti<strong>do</strong>s nas normas ABNT e principalmente<br />

os preconiza<strong>do</strong>s pela International Commission<br />

ou Microbiological Specifications for Foods­<br />

ICMSF poderão ser utiliza<strong>do</strong>s, envolven<strong>do</strong> um<br />

número eleva<strong>do</strong> de unidades de amostra analisa<strong>do</strong>s<br />

( n ) e um critério de avaliação ( c ) rígi<strong>do</strong>.<br />

Idêntico procedimento será a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> na etapa de<br />

verificação <strong>do</strong> sistema APPCC, com análises <strong>do</strong><br />

produto final ou em amostras coletadas em eta­<br />

Pas críticas. (SILLIKER, 1995; STEVENSON<br />

'<br />

1993).<br />

No entanto, no monitoramento rotineiro<br />

<strong>do</strong> sistema, a amostragem nestes moldes normalmente<br />

não é a<strong>do</strong>tada. Na verdade, na maioria<br />

<strong>do</strong>s PCC's o monitoramento é contínuo e fundamenta<strong>do</strong><br />

em observações visuais ou então na leitura<br />

direta de parâmetros de natureza física ou<br />

química (tempo, temperatura, viscosidade, atividade<br />

de água, pH, acidez total, etc .). Nestas condições<br />

é recomenda<strong>do</strong> o uso de cartas ou gráficos<br />

de controle, que permitem a melhor visualização<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org


Pág. 34<br />

<strong>do</strong> processo e a pronta a<strong>do</strong>ção de medidas corretivas<br />

que se fizerem necessárias (STEVENSON,<br />

.I 993).<br />

7. O PAPEL DAS AGÊNCIAS OU<br />

ÓRGÃOS OFICIAIS DE<br />

FISCALIZAÇÃO E VIGILÂNCIA<br />

SANITÁRIA NO SISTEMA APPCC<br />

APLICADO A NÍVEL INDUSTRIAL<br />

Este aspecto tem gera<strong>do</strong> discussões e dúvidas,<br />

pela necessidade de conciliar os direitos e<br />

interesses das indústrias em manter sob sigilo e<br />

privacidade as'pectos essenciais da natureza, fomulação<br />

'e qualidade de seus produtos e a neceSSIdade<br />

<strong>do</strong>s órgãos de fiscalização e vigilância em<br />

preservar a segurança <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r e a saúde<br />

.<br />

pública. (NACMCF, 1994).<br />

Sem dúvida, um aspecto fundamental nesta<br />

polêmica seria o de se definir claramente os<br />

objetivos <strong>do</strong> sistema APPCC, que devem ser volta<strong>do</strong>s,<br />

exclusivamente, para aspectos de segurança,<br />

sem quaisquer conotações com parâmetrs<br />

gerais de qualidade. Uma vez firmada esta POSIção,<br />

torna-se mais fácil a definição <strong>do</strong> papel <strong>do</strong>s<br />

órgãos oficiais de controle dentro <strong>do</strong> sistema.<br />

A este respeito, a National Advisory<br />

Committee on Microbiological Criteria for Foods­<br />

NACMCF, <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s da América (1994),<br />

propôs, em estu<strong>do</strong> bem detalha<strong>do</strong>, uma definição<br />

<strong>do</strong> papel das agências de fiscalização e das indústrias<br />

no âmbito <strong>do</strong> sistema APPCC, caben<strong>do</strong> às<br />

primeiras as seguintes atribuições:<br />

Contribuir no estabelecimento <strong>do</strong>s princípios<br />

<strong>do</strong> Sistema APPCC;<br />

Verificar o adequa<strong>do</strong> funcionamento <strong>do</strong> Sistema,<br />

enfatizan<strong>do</strong> o controle de PCC's e a<br />

análiSe de registros específicos;<br />

Quan<strong>do</strong> necessário, estabelecer limites críticos<br />

para incorporação em especificações;<br />

Rever e avaliar a adequacidade de medidas<br />

corretivas a<strong>do</strong>tadas por ocasião de desvios de<br />

processos;<br />

Investigar as causas de falhas no sistema<br />

APPCC implementaqo pela indústria;<br />

Estabelecer méto<strong>do</strong>s, critérios e planos de<br />

amostràgem para verificar se o sistema<br />

APPCC garante a segurança;<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JullDez, n° 300, 52: (5): 32-35, 1997<br />

Utilizar da<strong>do</strong>s e levantamentos<br />

epidemiológicos para identificar perigos e<br />

avaliar riscos, contribuin<strong>do</strong> para o aprimoramento<br />

<strong>do</strong> sistema APPCC;<br />

Identificar e apoiar pesquisas relativas a pontos<br />

críticos de controle e méto<strong>do</strong>s de<br />

monitoramento;<br />

Trabalhar com grupos interessa<strong>do</strong>s na identificação<br />

de novos perigos e medidas para seu<br />

controle;<br />

Participar em programas educacionais para<br />

disseminar o uso <strong>do</strong> sistema APPCC e cooperar<br />

com as indústrias no desenvolvimento de<br />

planos gerais de APPCC;<br />

Exercer atividades que evitem que alimentos<br />

contamina<strong>do</strong>s venham a afetar o consumi<strong>do</strong>r.<br />

Nestas condições fica evidente a importância<br />

<strong>do</strong> papel <strong>do</strong>s órgãos oficiais e a existência<br />

de um terreno fértil para uma efetiva cooperação<br />

<strong>do</strong>s mesmos com as indústrias.<br />

8. RELAÇÃO DO SISTEMA<br />

APPCC COM TOTAL QUALITY<br />

. MANAGEMENT - TQM, ISO 9000 E<br />

SISTEMAS DE CONTROLE DE<br />

QUALIDADE<br />

Sistema APPCC apresenta algumas características<br />

próprias quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> a outros<br />

sistemas de controle de qualidade. Nestes, a maioria<br />

<strong>do</strong>s testes e análises são efetua<strong>do</strong>s de forma<br />

isolada, sem um esforço maior procuran<strong>do</strong><br />

correlacioná-los (BAUMAN, 1996).<br />

Já no sistema APPCC é inerente a necessidade<br />

de que to<strong>do</strong>s os testes e monitoramentos<br />

sejam inter-relaciona<strong>do</strong>s e interpreta<strong>do</strong>s de for'<br />

ma conjunta, como um sistema. Além disso, o<br />

monitoramento deve ser efetua<strong>do</strong> de forma con­<br />

tínua ou regular, com o adequa<strong>do</strong> registro <strong>do</strong>s da­<br />

<strong>do</strong>s analíticos e sob responsabilidade de elemen­<br />

tos previamente designa<strong>do</strong>s.<br />

O sistema APPCC enfatiza a segurança<br />

<strong>do</strong> produto, minimizan<strong>do</strong>, mas não elminand?, a<br />

necessidade de <strong>do</strong>cumentação e regIstro. Ja as<br />

normas ISO 9000 e os sistemas de Total Quality<br />

Management - TQM baseiam-se fundamental­<br />

mente, numa relação contratual entre produtor e<br />

cliente e na conformidade às especificações <strong>do</strong><br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, n° 300, 52: (5): 32-35, 1997 Pág. 35<br />

mesmo (STRINGER, 1994). Estas normas<br />

enfatizam o treinamento global da equipe em aspectos<br />

muito varia<strong>do</strong>s e não exclusivamente nos<br />

higiênico-sanitários e a necessidade de <strong>do</strong>cumentação<br />

extensa e completa, ten<strong>do</strong>, portanto, uma<br />

amplitude e alcance maiores.<br />

Assim sen<strong>do</strong>, o sistema APPCC pode ser<br />

considera<strong>do</strong> (HARRIGAN, 1993) um eventual<br />

componente <strong>do</strong> sistema TQM ou da certificação<br />

por ISO 9000, com a ressalva de que a obtenção<br />

deste certifica<strong>do</strong> não implica na necessidade de se<br />

aplicar todas' as etapas inerentes ao sistema<br />

APPCC (HARRIGAN, 1993; STRINGER, 1994).<br />

Com outras palavras, a implementação efetiva<br />

<strong>do</strong> sistema APPCC a nível industrial seria uma<br />

etapa complementar importante na obtenção de<br />

certificação ou na a<strong>do</strong>ção de planos mais amplos<br />

de controle da qualidade, caso <strong>do</strong> TQM, não haven<strong>do</strong><br />

quaisquer incompatibilidades entre estes<br />

vários sistemas.<br />

REFERÊNCIAS BmLIOGRÁFIcAS<br />

BAUMAN, H.E. The origin of the HACCPP<br />

system and subsequent evolution - Food Scit.<br />

Te chnol. Today 8(2):66-7 1, 1996.<br />

HARRIGAN, w.f. The ISO 9000 séries and its<br />

implications for HACCP - Food Control<br />

4(2):105-1 11, 1993.<br />

FOOD LINKED AGRO INDUSTRIAL<br />

RESEARCH - FLAIR - HACCP user guide,<br />

Brussels, Belgium, 63p. 1994.<br />

INTERNATIONAL ASSOCIATION OF MILK,<br />

Food and Environmental Sanitarians, INC,<br />

IAMFE S. Procedures to implement the<br />

hazard analysis criticaI control point system<br />

- IAMFES, Anes, Iowa, Usa, 72p. 1991.<br />

INTERNATIONAL LIFE SCIENCES<br />

INSTITUTE - ILSI, Europe - Hazard<br />

analysis criticai control point concept. Ilsi<br />

Press, Wahshington DC, USA, 12p. 1993 .<br />

MAYES, T. Simple user's guide to the hazard<br />

analysis criticaI control point concept for<br />

the control of food microbiological Safety<br />

- Food Control 3:14-19, 1992.<br />

NATIONAL ADVISORY COMMITTEE ON<br />

MICROB IOLOGICAL CRITERIA FOR<br />

FOODS - NACMCF. Hazard analysis and<br />

criticaI control point system. Int. J. Food<br />

Microbiol. 16: 1-23, 1992.<br />

--______ . NACMCF. The role of regulatory<br />

agencies and industry in HACCPP. Int. J.<br />

Food Microbiol. 21:187-195, 1995.<br />

NOTERMANS, S. GALLHOFF, G.<br />

ZWIETERING, M.H. & MEAD, G.L.<br />

Identification of criticaI control points in<br />

the HACCPP System with a quantitative<br />

effect on the safety of food products . Food<br />

MicrobioI. 12:93-98, 1995 .<br />

SILLIKER, l.H. Microbiological testing and<br />

HACCPP programs. Dairy, Food and<br />

Environ. Sanitation 15(10):606-6 10, 1995.<br />

STEVENSON, K.E. (ed.) - HACCPP _<br />

Establishing hazard analysis criticaI control<br />

point programs. A Workshop Manual. Food<br />

Processor Institute - FPI, Washington, DC,<br />

USA, 1993.<br />

STRINGER, M.F. Safety and quality<br />

management through HACCP and ISO<br />

9000. Dairy, Food and Environ. Sanitation,<br />

14(8):478-481, 1994.<br />

XV CONGRESSO NACIONAL DE LATICÍNIOS<br />

Tema Central:<br />

((Ciência) Tecnologia e Qualidade de Vida ))<br />

Maiores informações: EPAMIG/CEPE/lLCT<br />

Tel .: 224-3 116 DDD: 032 / Fax: 224-3113 - DDD 032<br />

Cx. Postal: 183 - 36.045-560 - Juiz de Fora - Minas Gerais - Brasil<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org


Pág. 36 Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JullDez, n° 300, 52: (5): 36-38, 1997<br />

ANÁLISE DE RISCOS POR PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLE:<br />

. UMA VISÃO CRÍTICA.<br />

As empresas de alimentos constituem-se,<br />

inquestionavelmente, no exemplo mais significativo<br />

da importância que a qualidade de produtos e<br />

de serviços assumirá durante os anos que ainda<br />

nos separam <strong>do</strong> final <strong>do</strong> século.<br />

Produzir com qualidade e produtividade é<br />

sinônimo de competência, a qual é decisiva no esforço<br />

de adaptáção aos novos padrões de qualidade<br />

exigi<strong>do</strong>s pelos consumi<strong>do</strong>res e pelos novos merca<strong>do</strong>s<br />

globaliza<strong>do</strong>s. São cada vez mais freqüentes as<br />

especificações exigidas pelas normas de sistemas de<br />

qualidade e a elas devem forçosamente se adaptar os<br />

empresários, quer sejam grandes, médios ou pequenos.<br />

No entender <strong>do</strong>s especialistas que já sentem<br />

essa necessidade, já passou o tempo em que se resolviam<br />

os problemas de aumento de custo das matérias-primas<br />

repassan<strong>do</strong>-os simplesmente aos preços<br />

finais <strong>do</strong> produto. Agora, é emergencial identificar<br />

pontos no contexto tecnológico de produção, sobre<br />

os quais é possível atuar para redução <strong>do</strong>s custos.<br />

Engana-se quem julgar temporário o problema<br />

da qualidade. Ele veio para ficar e desafiar<br />

as linhas de produção e de serviços. Empresas de<br />

sucesso serão aquelas que conseguirem produzir<br />

com qualidade ' cada vez mais alta e custos cada<br />

vez mais baixos. Neste contexto, o segmento alimentar<br />

tem componentes especiais, principalmente<br />

aqueles imbrica<strong>do</strong>s com a saúde pública. operar<br />

com alimentos pode ser lucrativo desde que sejam<br />

obedecidas as Jlormas tecnológicas básicas, dentre<br />

as quais forçosamente se destacam as relacionadas<br />

com a higiene, a sanidade, o valor nutricional<br />

<strong>do</strong>s produtos, enfim, a sua qualidade intrínseca.<br />

É preciso sempre salientar que um <strong>do</strong>s impactos<br />

sobre o setor alimentar é a competitividade<br />

<strong>do</strong>s produtos entre países, regiões e unidades de produção.<br />

A competitividade, por sua vez, é função de<br />

custos, os quais podem ser altera<strong>do</strong>s por mudanças<br />

tecnológicas, mudanças nos preços <strong>do</strong>s insumos e<br />

mudanças de outras variáveis implicadas nos processos<br />

produtivos. inovar tecnologicamente leva,<br />

certamente, a um poder maior de competição. Porém,<br />

para inovar é preciso pesquisar, o que é bastante<br />

oneroso e nem sempre factível.<br />

A verdade é que será necessário meditar<br />

·profundamente sobre as. variáveis que alteram a relação<br />

qualidade/custos/competição. ouvir-se-á neste<br />

Prof José Cézar PanettaJ<br />

final de década (e de século, e de milênio), cada vez<br />

mais falar em redução de custos, evolução de processos<br />

e sistemas, controle de qualidade, garantia de<br />

qualidade total. Escrever-se-á muito ainda sobre fatores<br />

que podem interferir sobre a eficiência daquela<br />

relação, ·como os modernos sistemas de parceria e<br />

terceirização. O sucesso contemplará o empresário .<br />

que se preocupar com a modernização, saben<strong>do</strong> <strong>do</strong>sála<br />

adequadamente e aproveitan<strong>do</strong> o que poderá beneficiar<br />

diretamente o seu complexo produtivo.<br />

ANÁLISE DE RISCOS POR PONTOS<br />

CRflaCOS DE CONTROLE<br />

No contexto desenha<strong>do</strong> sobre a necessidade<br />

de se produzir com qualidade, assume caráter<br />

fundamental o processo através <strong>do</strong> qual se mede<br />

essa qualidade, através de to<strong>do</strong>s os estágios<br />

tecnológicos de elaboração. Tais processos revestem-se<br />

de capital importância em to<strong>do</strong>s os segmentos<br />

da indústria alimentar, quaisquer que sejam<br />

os produtos fabrica<strong>do</strong>s, os serviços ofereci<strong>do</strong>s<br />

ou as unidades produtoras. O início da década<br />

de 90 sentiu o impacto da qualidade: inúmeros<br />

sistemas de gerência da qualidade surgiram, contemplan<strong>do</strong><br />

desde os serviços administrativos até<br />

as mais sofisticadas tecnologias de produção.<br />

O controle da qualidade através <strong>do</strong> sistema<br />

de análise de risco por pontos críticos de controle<br />

objetiva, justamente, a obtenção de produtos de qualidade<br />

certificada através <strong>do</strong> monitoramento de todas<br />

as fases de produção, consentin<strong>do</strong> em:<br />

1) estabelecer os riscos associa<strong>do</strong>s com o plantio,<br />

colheita, processamento/industrialização,<br />

comercialização, preparação e/ou uso de uma<br />

dada matéria-prima ou produto alimentar;<br />

2) determinar os pontos de controle crítico necessários<br />

para controlar qualquer risco ou riscos<br />

identifica<strong>do</strong>s, e<br />

3) estabelecer os procedimentos para monitorar<br />

os pontos de controle crítico.<br />

Nos Quadros de nOs. 1, 2 e 3 são apresenta<strong>do</strong>s,<br />

respectivamente, as bases, os cor one ­<br />

tes conceituais e a seqüência lógica da utlhzaçao<br />

Titular de Higiene <strong>do</strong>s Alimentos, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade<br />

de São Paulo.<br />

T<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, n° 300, 52: (5): 36-38, 1997 Pág. 37<br />

<strong>do</strong> sistema . Segun<strong>do</strong> Dr. Frank Bryan, um <strong>do</strong>s<br />

idealiza<strong>do</strong>res 'e, também, um <strong>do</strong>s mais antigos<br />

divulga<strong>do</strong>res <strong>do</strong> sistema, as características que mais<br />

se salientam na análise de riscos e de procedimentos<br />

para monitorar os prontos de controle crítico<br />

em operações de serviços alimentares, são:<br />

I) avaliação <strong>do</strong>s alimentos quanto à sua procedência;<br />

2) análise <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s de armazenagem;<br />

3) avaliação de situações que poderiam permitir<br />

a contaminação durante a manipulação de produtos<br />

crus, durante a reconstituição de alimentos<br />

desidrata<strong>do</strong>s, durante o descongelamento<br />

e durant-! a preparação de alimentos;<br />

4) Medição <strong>do</strong> tempo e da temperatura de alimentos<br />

durant\! o cozimento, assim como as<br />

possibilidades de contaminação cruzada entre<br />

crus e cozi<strong>do</strong>:;;<br />

5) avaliação de situações que facilitam a contaminação<br />

durante as fases de distribuição.<br />

VISÃO CRÍTICA DO SISTEMA.<br />

No quadro n° 4 são apresentadas<br />

razões fundamentais através das quais é possível<br />

fazer-se uma análise crítica <strong>do</strong> sistema. Cada uma<br />

delas ressalta a conveniência de se estudar criticamente<br />

o processo, a fim de que o mesmo não se<br />

torne uma panacéia capaz de distorcer a verdadeira<br />

visão que dele deve-se fazer. Assim, desde a<br />

adequada conceituação de qualidade até a inconveniência<br />

de se considerar que se pode substituir<br />

indiscriminadamente processos tradicionais de<br />

inspeção e vigilância pelo sistema de análise de<br />

riscos, é de transcedental importância estudar pós<br />

e contras da aplicação <strong>do</strong> mesmo, a fim de que se<br />

tenha visão perfeita das possibilidades corretas de<br />

sua viabilização.<br />

Quadro n° 1 - Análise de Riscos e<br />

Determinação de Pontos Críticos para o<br />

Controle de Qualidade <strong>do</strong>s Alimentos<br />

Bases ·<strong>do</strong> Sistema:<br />

1 - Estabelecer os riscos r ssociv<strong>do</strong>s com 1 produção,<br />

transforlnação e utilização das . natériasprimas<br />

e produtos a'.imenlares.<br />

2 - Determinar o ponco:" Cl íticos dt' controle<br />

necessários para Ci)n:.·o)ar quaisc ler riscos<br />

identifica<strong>do</strong>s,<br />

3 - Estabelecer os procedimentos paI , monitorar<br />

os prontos c.e controle críticos.<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

RISCOS (ou PERIGOS):<br />

Probabilidades <strong>do</strong>s alimentos se contaminarem<br />

com agentes nocivos à saudade ou que comprometam<br />

a qualidade intrínseca <strong>do</strong>s alimentos.<br />

PONTOS CRÍTICOS:<br />

Locais ou processos que podem comprometer os<br />

alimentos.<br />

MONITORAÇÃO:<br />

Controle ou verificação de que o processamento<br />

ou procedimento de manipulação no ponto de<br />

controle crítico é desenvolvi<strong>do</strong> adequadamente.<br />

(Referência: BRYAN, F.L. - Análise de risco na<br />

empresas de alimentos. Higiene Alimentar. 3,<br />

92-100, 1984)<br />

Quadro n° 2 - Análise de Riscos e<br />

Determinação de Pontos Críticos paN<br />

ra o Controle de Qualidade <strong>do</strong>s Alimentos<br />

PERIGOS:<br />

Agentes de natureza biológica, química ou física,<br />

que levam a impropriedade <strong>do</strong>s alimentos para<br />

consumo.<br />

SEVERIDADE DOS PERIGOS:<br />

Magnitude ou grau de conseqüências ocasionadas<br />

pelos perigos<br />

RISCOS:<br />

Probabilidade estimada da ocorrência <strong>do</strong> perigo<br />

ou da ocorrência seqüencial de vários perigos.<br />

PONTOS CRÍTICOS:<br />

Situações em que os perigos podem estar presentes.<br />

PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLE:<br />

Méto<strong>do</strong>s através <strong>do</strong>s quais é possível controlar os<br />

pontos críticos eleitos.<br />

CRITÉRIOS: requisitos de segurança estabeleci­<br />

<strong>do</strong>s para o controle <strong>do</strong>s pontos críticos.<br />

MONITORAÇÃO:<br />

Seqüência planejada de observações ou<br />

mensurações devidamente registradas para avaliação<br />

<strong>do</strong>s pontos críticos.<br />

(Referência: BRYAN, F.L. - Aplicação <strong>do</strong><br />

méto<strong>do</strong> de análise de risco por pontos críticos<br />

de controle, em cozinhas industriais. Higiene<br />

Alimentar. 7, (25) : 15-22, 1993)<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org


Rev. Inst. atlc. ap 1 o l' , ,<br />

Pág. 38 L · "CA d'd '1'ostes" Jul/Dez n° 300, 52: (5): 36-38, 1997<br />

Quadro n° 3 - Análise de Riscos e<br />

Determinação de Pontos Críticos para o<br />

Controle de Qualidade <strong>do</strong>s Alimentos<br />

Seqüência lógica <strong>do</strong> sistema:<br />

1 - Identificação <strong>do</strong>s perigos e avaliação de sua<br />

gravidade.<br />

2 - Determinação <strong>do</strong>s pontos críticos de controle.<br />

3 - Instituição de medidas de controle.<br />

4 - Estabelecimento de critérios para assegurar o<br />

controle.<br />

5 - Monitoramento <strong>do</strong>s pontos críticos de controle,<br />

registro, avaliação e divulgação <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s<br />

obti<strong>do</strong>s.<br />

6 - Avaliação <strong>do</strong> risco em relação ao controle efetivo.<br />

7 - Ação corretiva sempre que os res la . <strong>do</strong>s o<br />

monitoramento indicarem que os cntenos nao<br />

estão sen<strong>do</strong> suficientes.<br />

8 - Verificação geral para analisar se o sistema<br />

está funcionan<strong>do</strong> como planeja<strong>do</strong>.<br />

(Referência: SILVA, JR.: E.A. - Análise de risco<br />

por pontos críticos de controle. CDL, 1993)<br />

Quadro n° 4 · Análise de l!-iscos e<br />

Determinação de Pontos Crztlcos<br />

,<br />

para o<br />

Controle de Qualidade <strong>do</strong>s Alimentos<br />

Visão crítica <strong>do</strong> sistema:<br />

1 - Adequada conceituação de qualidae.<br />

2 - Fatores que intrferem sobre a quahdade <strong>do</strong>s<br />

alimentos<br />

3 - Perfeita compreensão <strong>do</strong> sistema pela equipe<br />

responsável pelo co<br />

<br />

troe de qualidad<br />

. :<br />

.<br />

4 - Envolvimento <strong>do</strong>s funciOnanos na questao<br />

da qualidade e na aceit ação <strong>do</strong> s ist<br />

. , ma. 5<br />

,"<br />

Necessidade de conheclmentos tecmcos mlnimos<br />

para a compreenSã o <strong>do</strong><br />

.<br />

istema.<br />

.<br />

6 - Vontade empresarial em lllvestu na quahdade.<br />

.<br />

7 - Adequação de instalaçõe e eqU1pamento<br />

<br />

.<br />

8 - Limitações naturais <strong>do</strong> slstema em relaçao<br />

a setores, processos e produtos.<br />

9 - Auditoria governamental <strong>do</strong> sistema.<br />

(Referência: PA NETTA, J. c. - 1994).<br />

d d't " <strong>do</strong> C'E'DD/IL CT/EPAMIG durante as palestras<br />

Momento o au l orlO r L:JJ<br />

T<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, nO 300, 52: (5): 39-50, 1997 Pág. 39<br />

ANÁLISE DE PERIGOS E PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLE<br />

(APPCC) NA INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS<br />

IDSTÓRICO<br />

o sistema Análise de Perigos e Pontos<br />

Críticos de Controle (APPCC) originou-se na<br />

Indústria Química, particularmente na Grã<br />

Bretanha, aproximadamente 40 anos atrás. Nos<br />

anos de 1950,1 960 e 1970 a Comissão de Energia<br />

Atômica utilizou extensivamente os princípios<br />

de APPCC nos projetos das plantas de energia<br />

nuclear de mo<strong>do</strong> a torná-los seguros nos<br />

próximos 200 anos.<br />

Com o envio <strong>do</strong> homem à lua, a Administração<br />

Espacial e da Aeronáutica (NASA),<br />

nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, estabeleceu como prioridade,<br />

no início <strong>do</strong>s anos 60, o estu<strong>do</strong> da segurança<br />

da saúde <strong>do</strong>s astronautas, no senti<strong>do</strong> de<br />

eliminar a possibilidade de <strong>do</strong>ença durante a<br />

permanência no espaço.<br />

Dentre as possíveis <strong>do</strong>enças que poderiam<br />

afetar os ·astronautas, as consideradas mais<br />

importantes foram aquelas associadas às suas<br />

fontes alimentares.<br />

A Companhia PiIlsbury foi escolhida<br />

para desenvolver melhores sistemas de controle<br />

<strong>do</strong> processamento de alimentos, de mo<strong>do</strong> a<br />

assegurar um suprimento de alimentos confiável<br />

para o programa espacial da NASA.<br />

Após intensa avaliação, concluiu-se que<br />

o único meio de se conseguir sucesso seria estabelecer<br />

o controle em todas as etapas de preparação<br />

<strong>do</strong> alimento, incluin<strong>do</strong> matéria-prima,<br />

ambiente, processo, pessoas, estocagem, distribuição<br />

e consumo. Este sistema foi desenvolvi<strong>do</strong><br />

basean<strong>do</strong>-se, fundamentalmente, em conceitos<br />

PREVENTIVOS.<br />

O sistema foi apresenta<strong>do</strong> pela primei­<br />

ra vez durante a Conferência Nacional sobre<br />

Proteção de Alimentos em 1971, nos Esta<strong>do</strong>s<br />

Uni<strong>do</strong>s e logo depois, serviu como base para a<br />

Administração de Alimentos e Medicamentos<br />

(FDA) desen volver a regulamentação para a<br />

indústria de alimentos de baixa acidez.<br />

J EFQ (RJ), EPAMIG/CEPE/IL CT<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

Judith Regina Hajdenwurcel<br />

Em 1973, foi publica<strong>do</strong> o primeiro <strong>do</strong>cumento<br />

detalhan<strong>do</strong> a técnica APPCC, "Food<br />

Safety through the Hazard Analysis and CriticaI<br />

Control Point System", pela Pillsbury Company<br />

e que serviu de base para o treinamento <strong>do</strong>s<br />

inspetores da Administração de Alimentos e<br />

Medicamentos (FDA).<br />

Em 1985, em resposta à solicitação das<br />

agências de controle e fiscalização <strong>do</strong>s alimentos,<br />

a Academia Nacional de Ciência <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s<br />

Uni<strong>do</strong>s recomen<strong>do</strong>u o uso de Sistemas de<br />

Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle<br />

em programas de proteção de alimentos,<br />

sugerin<strong>do</strong> que tanto o pessoal das indústrias de<br />

alimentos, como <strong>do</strong>s órgãos governamentais<br />

fossem treina<strong>do</strong>s nesse Sistema.<br />

A Indústria Química Americana,<br />

redescobriu o alto custo <strong>do</strong>s erros e a maioria<br />

das grandes companhias agora, desenvolvem um<br />

programa de controle detalha<strong>do</strong> 90S perigos para<br />

to<strong>do</strong>s novos processos. Em 1985 o Instituto<br />

Americano de Engenheiros Químicos escreveu<br />

um livro "Guidelines for Hazard Evaluation<br />

Procedures", que descreve os méto<strong>do</strong>s analíticos<br />

para a análise <strong>do</strong>s perigos.<br />

Em 1988, a Comissão Internacional de<br />

Especificações Microbiológicas para Alimentos<br />

(lCMSF) editou um livro, propon<strong>do</strong> o sistema<br />

APPCC como instrumento fundamental no<br />

Controle de Qualidade.<br />

Em 1993, o Codex Alimentarius estabeleceu<br />

o "Codex Guidelines for the application<br />

of the HACCP System".<br />

No Brasil, na década de 1990, a SEPES/<br />

MARA estabeleceram normas e procedimentos<br />

para implantação <strong>do</strong> Sistema APPCC nas Indústrias<br />

de Pesca<strong>do</strong>.<br />

Em 1993, a Portaria 1428 <strong>do</strong> Ministério<br />

da Saúde estabeleceu obrigatoriedade e procedimentos<br />

da implantação <strong>do</strong> sistema nas indústrias<br />

de alimentos a partir de 1994.<br />

Aplicação <strong>do</strong> Sistema APPCC na Indústria<br />

de Laticínios<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org


Pág. 40<br />

A Indústria de Laticínios possui muitos<br />

anos de experiência com os princípios básicos<br />

<strong>do</strong> APPCC. O fato de brucelose, tuberculose e<br />

outras zoonoses poderem ser transmitidas através<br />

da ingestão <strong>do</strong> leite e deriva<strong>do</strong>s,foi reconhecida<br />

já no último século e o aquecimento <strong>do</strong><br />

leite antes de ser consumi<strong>do</strong> foi a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> como<br />

medida preventiva efetiva. A pasteurização foi<br />

introduzida na Indústria de laticínios para<br />

combater estas enfermidades e os parâmetros<br />

<strong>do</strong> tratamento térmico foram defini<strong>do</strong>s em<br />

função da resistência térmica desses microrganismos.<br />

Mycobacterium bovis, Staphylococcus<br />

aureus, Bacillus cereus, Salmonella,<br />

Campylobacter e Listeria monocytogenes são<br />

considera<strong>do</strong>s perigos microbiológicos potenciais<br />

no leite cru e a pasteurização é uma<br />

medida preventiva essencial . A destruição <strong>do</strong><br />

B.cereus é uma exceção, no entanto, a<br />

toxiinfecção transmitida por este microrganismo,<br />

não ocorre pelo uso normal <strong>do</strong>s produtos<br />

lácteos.<br />

A indústria de laticínios apresenta duas<br />

características.Apesar de usar muitos processos<br />

diferentes como concentração, secagem, fermentação,<br />

congelamento e enlatamento na fabricação<br />

de uma variedade de produtos,sua principal<br />

matéria prima é um produto simples, primariamente<br />

agrícola. Uma etapa de destruição<br />

microbiana pode ser aplicada para controlar<br />

muitos perigos microbiológicos sem promover<br />

mudanças significativas no produto.<br />

Após a introdução <strong>do</strong> Sistema APPCC<br />

pela Companhia Pillsbury,vários autores nos<br />

EUA recomendaram o uso <strong>do</strong>s princípios de<br />

APPCC na Indústria de Alimentos, e não de<br />

forma diferente, na Indústria de Laticínios, visan<strong>do</strong><br />

promover a segurança <strong>do</strong>s produtos lácteos.<br />

Bigalke( 1981) reconheceu que a aplicação<br />

<strong>do</strong>s conceitos de APPCC como um programa<br />

de segurança da qualidade na indústria de<br />

laticínios, trouxe benefícios para o estabelecimento<br />

da segurança e qualidade <strong>do</strong>s produtos<br />

lácteos.Christian (1987), também aplicou os<br />

conceitos de APPCC em leite pasteuriza<strong>do</strong>,leite<br />

em pó desnata<strong>do</strong> e queijo cheddar. Basea<strong>do</strong> em<br />

suas observações, concluiu que a implantação<br />

<strong>do</strong> sistema APPCC proporciona a to<strong>do</strong>s processos<br />

de fabricação de leite e deriva<strong>do</strong>s uma<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, n° 300, 52: (5): 39-50, 1997<br />

maior eficiência e um controle efetivo de custo<br />

,<strong>do</strong> que os procedimentos tradicionais. Gravani<br />

e Bandler (1987) recomendaram o uso <strong>do</strong> sistema<br />

APPCC para a identificação e prevenção de<br />

problemas potenciais em todas fábricas de pro­<br />

dutos de laticínios. Gravani e Bandler (1987),<br />

também desenvolveram um fluxograma de<br />

processamento de queijo e identificaram etapas<br />

onde perigos físicos e microbiológicos poderiam<br />

ocorrer. Shapton (1989) concluiu que o uso<br />

<strong>do</strong> APPCC .proporciona méto<strong>do</strong>s ordena<strong>do</strong>s,<br />

regulares e procedimentos que quan<strong>do</strong> corretamente<br />

funcionan<strong>do</strong> proporcionam o uso de cul- .<br />

turas lácticas seguras.<br />

Apesar <strong>do</strong> sistema APPCC ter si<strong>do</strong> implanta<strong>do</strong><br />

fundamentalmente para garantir a segurança<br />

microbiológica <strong>do</strong>s alimentos, seu conceito<br />

pode ser estendi<strong>do</strong> de forma mais<br />

abrangente, com objetivos também de garantir<br />

a qualidade <strong>do</strong> produto.<br />

A redução e ou eliminação de reclamações<br />

de clientes, a melhoria nos índices de retrabalho,<br />

reforçan<strong>do</strong> ganhos nos índices de produtividade,<br />

são conseqüências da aplicação <strong>do</strong><br />

sistema APPCC na Indústria de Alimentos. Este<br />

sistema é considera<strong>do</strong> uma ferramenta valiosa<br />

na conquista <strong>do</strong> reconhecimento público da qualidade<br />

<strong>do</strong>s produtos, que se torna evidente por<br />

meio da fidelidade <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res.<br />

Na indústria de laticínios, a presença<br />

<strong>do</strong>s perigos microbiológicos, químicos e em<br />

menor inten,jclade, físicos devem sempre ser<br />

leva<strong>do</strong>s em consideração. Perigos<br />

microbiológicos incluem os agentes clássicos das<br />

zoonoses e os microrganismos contaminantes<br />

como Salmonella, Campylobacter, Listeria,<br />

E.coli, S. aureus, B. cereus, etc. Bolores, vírus e<br />

parasitas não apresentam muita importância.<br />

Dentre os perigos químicos no leite, podem ser<br />

cita<strong>do</strong>s aqueles originários de práticas alimentares<br />

(aflatoxinas, nitratos), práticas agrícolas<br />

(pesticidas), terapia veterinária (antibióticos),<br />

poluição (elementos radioativos, chumbo) ou<br />

acidentes. A possibilidade da presença de peri­<br />

gos físicos, de menor importância, nunca deve<br />

ser descartada.<br />

A seguir, apresentamos alguns da<strong>do</strong>s es-<br />

tatísticos, referentes à importância <strong>do</strong>s alimen­<br />

tos na transmissão das toxiinfeccções, como<br />

também, a participação efetiva <strong>do</strong>s produtos de<br />

laticínios neste processo.<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, n° 300, 52: (5): 39-50, 1997 Pág. 41<br />

PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL: MAIORES CAUSADORES<br />

DE TOXllNFECÇÕES ALNTARES<br />

PATOGÊNICOS TIPO DE ALIMENTOS<br />

l' incidência: aves <strong>do</strong>mésticas<br />

Campylobacter jejuni ou colí J, incidência: leite, champinhon, ostras, hambúrguer,<br />

água, queijos, ovos, carne suína e mariscos.<br />

Clostridium perfringens<br />

Escherichia coli 0157 :H7<br />

Listeria monocytogenes<br />

Salmonella (não typhi)<br />

Staphylococcus aureus<br />

t incidência: carne, pastéis de carne, carne de peru,<br />

galinha.<br />

J, incidência: alimentos <strong>do</strong> mar, feijão<br />

t incidência: carne bovina<br />

J, incidência: aves <strong>do</strong>mésticas, leite cru, vegetais,<br />

cachorro quente, maionese, saladas e melão.<br />

t incidência: queijos moles, patês e carne moída.<br />

J, incidência: aves <strong>do</strong>mésticas, produtos lácteos,<br />

cachorros quentes, salada de batata, alimentos <strong>do</strong><br />

mar e vegetais.<br />

t incidência: aves <strong>do</strong>mésticas, carne bovina, ovos,<br />

leite e deriva<strong>do</strong>s.<br />

J, incidência: vegetais, frutas, chocolate, mariscos<br />

e amen<strong>do</strong>im.<br />

t in'idêllcia: carnes (fatiadas), aves <strong>do</strong>mésticas,<br />

peIxes e cogumelos enlata<strong>do</strong>s.<br />

J, incidência: produtos lácteos, saladas, sal ames,<br />

produtos de confeitaria, presuntos e <strong>do</strong>ces.<br />

Fonte. Buzby and Roberts - 1995 - Food Safety (May-A ugust).<br />

ESTfVAANUALDOS CUSTOS DAS TOXDNFECÇÕES ALARESNOS EUA<br />

PATOGÊNICOS<br />

NÚMERO DE<br />

CASOS ESTIMADOS<br />

ESTIMATIVAS DAS<br />

TOXIINFECÇÕES<br />

NÚMERO DE CUSTOS<br />

MORTES U$ BILHÕES<br />

Bactérias isoladas 3.603 .526 - 7.1 30.767 2.654 - 6546 2.9-6.7<br />

Campylobacter jejuni ou coli 1.375.000 - 1.750.000 110 - 511 0.6-1. 0<br />

Clostridium perfringens 10.000 100 0.1<br />

Escherichia coli 0157: H7 8.000 - 16.000 160 - 400 0.2-0.6<br />

Listeria mOllocytogenes 1.526 - 1.767 378 - 485 0.2-0.3<br />

Salmonella 696.000 - 3.840.000 696 - 3.840 0.6-3.5<br />

Staphylococcus aureus<br />

Parasita:<br />

1.513.000 1.210 1.2<br />

Toxoplasma gondii<br />

2.056<br />

41 2.7<br />

TOTAL 3.605.582 - 7. I 32.823 2.695 - 6.587 5.6-9.4<br />

Fonte: Buzby and Roberts - 1995 - Food Safe ty (May-August)<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org


Pág. 42<br />

I<br />

I<br />

I<br />

I<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, n° 300, 52: (5): 39-50, 1997<br />

ALIMENTOS ENVOLVIDOS (OU SUSPEITOS) EM SURTOS E CASOS SIMPLES<br />

DE TOXllNFECÇÕES ALIMENTARES (HOLANDA) - FOOD INSPECTION<br />

SERVICES - 1992<br />

ALIMENTOS SURTOS CASOS SIMPLES<br />

ENVOLVIDOS N° % <br />

Alimentos chineses 174 32 20<br />

Produtos de carne 62 12 15<br />

Produtos de laticínios 37 7 14<br />

Refeições holandesas 30 6 3<br />

Aves <strong>do</strong>mésticas/ovos 21 4 7<br />

Peixes e mariscos 23 4 10<br />

Produtos de padaria 20 4 3<br />

Frutas 9 2<br />

Saladas 11 2<br />

Alimentos em geral não 46 9 5<br />

originários da Holanda<br />

Bebidas 10 3<br />

Outros alimentos 71 13 7<br />

Desconheci<strong>do</strong>s Z7 5 11<br />

TOTAL 541 102<br />

ESTIMATIVA DE SURTOS E MORTES CAUSADOS POR<br />

MICRORGANISMOS PATOGÊNICOS ANUALMENTE NOS EUA<br />

PATOGÊl'{[COS<br />

I<br />

TOTAL DE CASOS<br />

ESTIMADOS<br />

TOTAL DE<br />

MORTES<br />

ESTIMADAS<br />

Bactérias isoladas 12.22 1 .795 - 15.43 1 .860 8.865 - 12.960<br />

Campylobacter jejuni ou colí 2.500.000 200 - 730<br />

Clostridium perfringens 10.000 100<br />

Escherichia coli<br />

OI57: H7<br />

10.000 - 20.000 200 - 500<br />

Listeria monocytogenes 1.795 - 1.860 445 - 510<br />

SalmonelIa (não typhoid) 800.000 - 4.000.000 800 - 4000<br />

Staphylococcus aureus 8.900.000 7.120<br />

Parasita:<br />

Toxoplasma gondii<br />

N/A Não aplica<strong>do</strong><br />

4. 1 11 82<br />

TOTAL 12.225.906-1 5.435.97 1 8.947 - 13.042<br />

Fonte:Buzby and Roberts - 1995 - Food Safe ty (May-August)<br />

%<br />

20<br />

15<br />

14<br />

7<br />

10<br />

5<br />

7<br />

11<br />

%DE<br />

'illXllN-<br />

FECÇÕES<br />

AIlMEN-<br />

TARES<br />

N/A<br />

55 - 70<br />

100<br />

80<br />

85 - 95<br />

87-96<br />

17<br />

'i0<br />

N/A<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JuI/Dez, n° 300, 52: (5): 39-50, 1997<br />

T<br />

EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO: FLUXOGRAMA DO PROCESSO<br />

LEITE FLUIDO PASTEURIZADO<br />

TRANSPORTE<br />

LATÕES<br />

PRODUÇÃO<br />

COLETA<br />

INDÚS1RIA<br />

FILTRAÇÃO<br />

ARMAZENAMENTO (CRU)<br />

FILTRAÇÃO, CLARIFICAÇÃO<br />

E PADRONIZAÇÃO<br />

PASTEURIZAÇÃO<br />

ARMAZENAMENTO<br />

EMPACOTAMENTO<br />

ARMAZENAMENTO<br />

DISTRIBUIÇÃO<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

PCC<br />

PCC<br />

PCC<br />

PCC<br />

TRANSPOR1E<br />

CARRO-TANQUE<br />

Pág. 43<br />

PCC<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org


Pág. 44<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JullDez, n° 300, 52: (5): 39-50, 1997<br />

PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLE E PONTOS DE CONTROLE NA<br />

PRODUÇÃO DE LEITE PASTEURIZADO<br />

Produção de <strong>Leite</strong><br />

1) Perigos:<br />

Antibióticos, pesticidas, mictoxinas. Mos.:<br />

Salmonella, Campylobacter, Yersinia<br />

enterocolítica, Brucella, S. aureus,<br />

Streptococcus pyogenes, Listeria<br />

monocytogenes, E. coli 0157:H7.<br />

2) Medidas Preventivas de Controle:<br />

o;;;> Assistência técnica ao produtor<br />

o;;;> Conscientização <strong>do</strong> produtor em relação à higiene<br />

na ordenha e controle <strong>do</strong> leite com antibióticos<br />

.<br />

Monitoramento :<br />

o;;;> Análise de inibi<strong>do</strong>res<br />

o;;;> Testes Microbiológicos (Ring-Test, mamite,<br />

redutase)<br />

2) Transporte latões/carro-tanque<br />

Perigos:<br />

o;;;> Crescimento de bactérias patogênicas<br />

Medidas Preventivas de Controle<br />

o;;;> Manutenção <strong>do</strong> leite refrigera<strong>do</strong><br />

o;;;> Tempo mais curto possível entre a coleta e<br />

chegada <strong>do</strong> leite à indústria<br />

o;;;> Proteção <strong>do</strong> leite às contaminações<br />

o;;;> Higiene e sanitização adequada <strong>do</strong>s latões e<br />

tanques<br />

Monitoramento<br />

o;;;> Medida da Temperatura e tempo<br />

o;;;> Observação visual da proteção contra<br />

contaminações<br />

o;;;> Testes de swabs (medição <strong>do</strong> ATP por<br />

bioluminescência) nos latões e caminhõestanque<br />

3) Armazenamento <strong>do</strong> leite cru<br />

Perigps:<br />

o;;;> Proliferação de mos. psicotróficos<br />

Medidas Preventivas de Controle<br />

o;;;> Construção <strong>do</strong>s tanques de mo<strong>do</strong> a permitir<br />

uma hieginização adequada<br />

o;;;> Manutenção da temperatura abaixo de 7° C<br />

o;;;> Higiene e sanitização adequada <strong>do</strong>s tanques<br />

Monitoramento :<br />

o;;;> Inspeção visual <strong>do</strong>s tanques<br />

o;;;> Swabs (medição de ATP)<br />

o;;;> Controle da temperatura e tempo de<br />

estocagem<br />

Pasteurização:<br />

Perigos:<br />

o;;;> Sobrevivência de mos. patogênicos<br />

Medidas Preventivas de Controle:<br />

o;;;> Manutenção, limpeza e manuseio correto<br />

<strong>do</strong> pasteuriza<strong>do</strong>r<br />

o;;;> Situação adequada e funcionamento correto<br />

da válvula de desvio de fluxo<br />

Monitoramento:<br />

o;;;> Registro contínuo de tempo e temperatura<br />

o;;;> Observação visual <strong>do</strong> equipamento desmonta<strong>do</strong><br />

o;;;> Teste de fosfatase<br />

Armazenamento:<br />

Perigos:<br />

..,;. Recontaminação microbiana por mos.<br />

patogênicos<br />

..,;. Multiplicação das bactérias que sobrevieram<br />

à pasteurização<br />

Medidas Preventivas de Controle:<br />

..,;. Manutenção da temperatura de refrigeração<br />

abaixo de 7° C<br />

o;;;> Higiene e sanitização adequada das tubulações<br />

e tanques<br />

Monitoramento :<br />

..,;. Controle da temperatura<br />

o;;;> Inspeção visual <strong>do</strong>s tanques<br />

Rev. lnst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, n° 300, 52: (5): 39-50, 1997<br />

o;;;> Swabs (ATP)<br />

Empacotamento:<br />

Perigos:<br />

o;;;> Recontaminação microbiana<br />

Medidas Preventivas de Controle:<br />

o;;;> Higiene e sanitização adequada <strong>do</strong>s opera<strong>do</strong>res,<br />

tubulações, máquinas de envase e local· '<br />

o;;;> Manutenção adequada das máquinas de<br />

envase<br />

o;;;> Manutenção da temperatura de refrigeração<br />

<strong>do</strong> leite<br />

Monitoramento :<br />

o;;;> Controle visual<br />

o;;;> Swabs (ATP)<br />

Pág. 45<br />

o;;;> Medição de concentração de sanitizantes e<br />

tempo de exposição<br />

Armazenamento/Distribuição<br />

Pontos Críticos de Controle:<br />

o;;;> Crescimento microbiano<br />

Medidas Preventivas de Controle:<br />

o;;;> Temperatura de refrigeração adequada e<br />

curto tempo de estocagem<br />

o;;;> Higiene no transporte<br />

Monitoramento :<br />

o;;;> Controle de temperatura da câmara de<br />

estocagem, veículo de transporte e posto de<br />

venda<br />

o;;;> Inspeção visual da higiene<br />

EXERCíCIO DE APLICAÇO: FLUXOGRAMA DE PROCESSO:<br />

FABRICAÇAO DE QUEIJO PRATO<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

PCC<br />

PCC<br />

PCC<br />

PCC<br />

PCC<br />

PCC \ '<br />

\<br />

PCC<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org


Pág. 46 Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, n° 300, 52: (5): 39-50, 1997<br />

PONTOS CRÍTICOS J?E CONTROLE NA FABRICAÇÃO DO QUEUO PRATO<br />

1) Recepção de Matéria-Prima (leite cru)<br />

Perigos:<br />

Brucella, Campylobacter, Salmonella, Listeria<br />

monocytogenes, S. aureus, E.coli, Clostridium<br />

botulinum, antibióticos, micotoxinas e<br />

pesticidas.<br />

Medidas Preventivas de Controle:<br />

Assistência técnica ao produtor<br />

Conscientização <strong>do</strong> produtor em relação à<br />

higiene na ordenha e controle <strong>do</strong> leite com<br />

antibióticos.<br />

.... . Controle da temperatura e tempo no<br />

transporte <strong>do</strong> leite.<br />

Higiene e sanitização adequada <strong>do</strong>s latões e<br />

tanques<br />

Monitoramento:<br />

Análise de inibi<strong>do</strong>res<br />

Inspeção visual <strong>do</strong>s latões e caminhãotanque<br />

Exame de registros de temperaturas<br />

Testes microbiológicos ( detecção de<br />

antibióticos, Ring-Test, mamite, redutase).<br />

2) Pasteurização<br />

Perigos:<br />

Sobrevivência de microrganismos patogênicos<br />

Medidas Preventivas de Controle:<br />

,;;; ;. Manutenção, limpeza e manuseio correto<br />

<strong>do</strong> pasteuriza<strong>do</strong>r.<br />

Situação adequada e funcionamento correto<br />

da válvula de desvio de fluxo<br />

Monitoramento :<br />

Registro contínuo de tempo e temperatura<br />

Observação visual <strong>do</strong> equipamento<br />

desmonta<strong>do</strong><br />

3) Adição <strong>do</strong> fermento<br />

Perigos:<br />

,;;; ;. Contaminação por S. aureus e outros<br />

patogênicos<br />

Atividade ( produção de áci<strong>do</strong>) insuficiente.<br />

Medidas Preventivas de Controle:<br />

Normas higiênico-sanitárias no preparo <strong>do</strong><br />

fermento<br />

Aquecimento adequa<strong>do</strong> <strong>do</strong> leite destina<strong>do</strong> ao<br />

preparo <strong>do</strong> fermento.<br />

Controle da pureza <strong>do</strong> fermento<br />

Adição <strong>do</strong> tipo de fermento adequa<strong>do</strong> e na<br />

quantidade recomendada.<br />

Controle de resíduos de sanitizantes,<br />

antibióticos e bacteriófagos no leite e<br />

fermento.<br />

Controle da temperatura <strong>do</strong> leite para<br />

fabricação <strong>do</strong> queijo.<br />

No caso de culturas DVS, aquisição de<br />

fornece<strong>do</strong>res com garantia de qualidade<br />

assegurada.<br />

Monitoramento:<br />

Registro da temperatura e tempo de<br />

esterilização <strong>do</strong> leite destina<strong>do</strong> ao preparo<br />

<strong>do</strong> fermento.<br />

Teste de atividade da cultura<br />

pH e microscopia <strong>do</strong> fermento<br />

Teste para detecção de bacteriófagos e<br />

antibióticos<br />

Observação visual das medidas higiênicosanitárias.<br />

4) Corte:<br />

Perigos :<br />

Contaminação por S. aureus e outros<br />

patogênicos<br />

Medidas Preventivas de Controle:<br />

Limpeza e sanitização das liras<br />

Higiene pessoal<br />

Monitoramento:<br />

Swabs<br />

Testes de ATP<br />

5) Mexedura/Aquecimento<br />

Perigos:<br />

,;;; ;. Crescimento de bactérias patogênicas<br />

Formação de áci<strong>do</strong> insuficiente pelo<br />

fermento<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JuI/Dez, n° 300, 52: (5): 39-50, 1997 Pág. 47<br />

Medidas Preventivas :<br />

,;;; ;. Cóntrole da temperatura adequada em<br />

função <strong>do</strong> tipo de queijo e fermento<br />

utiliza<strong>do</strong><br />

Higi . ene e sanitização adequada <strong>do</strong>s utensílios<br />

( agita<strong>do</strong>res)<br />

,;;; ;. Higiene <strong>do</strong> pessoal<br />

Potabilidade da água de aquecimento<br />

Monitoramento :<br />

,;;; ;. Acidez <strong>do</strong> soro<br />

,;;; ;. Medição de temperatura<br />

Controle microbiológico da água<br />

6) Pré-prensagem/Enformagem<br />

Perigos:<br />

,;;; ;. Contaminação por bactérias patogênicas<br />

Medidas Preventivas:<br />

Higiene e sanitização adequada das prensas<br />

formas e dessora<strong>do</strong>res<br />

Monitoramento:<br />

,;;; ;. Observação visual<br />

ATP<br />

,;;; ;. Swabs<br />

7) Maturação<br />

Perigos:<br />

'<br />

Crescimento de microrcranismos<br />

patogênicos<br />

Medidas Preventivas :<br />

,;;; ;. Manter a temperatura e umidade das<br />

câmaras adequadas<br />

,;;; ;. Utilização de fermentos com atividade<br />

adequada<br />

Monitoramento:<br />

Controle da tempeartura , tempo de<br />

maturação e umidade das câmaras<br />

Inspecionar os queijos durante a maturação<br />

8) Distribuição/Armazenamento<br />

Perigos:<br />

Sobreivência de bactérias patogênicas<br />

,;;; ;. Cres c<br />

, mento de bolores, psicrotróficos e<br />

bactenas patogênicas<br />

Medidas Preventivas de Controle:<br />

Controle da temperatura e condiçõés de<br />

estocagem<br />

,;;; ;. Manutenção da embalagem intacta<br />

,;;; ;. Rotatividade <strong>do</strong> produto<br />

Monitoramento:<br />

Medição <strong>do</strong> tempo de estocagem<br />

,;;; ;. Exame visual de mofos na superfície.<br />

Noite da Saudade - Festa <strong>do</strong>s Ex-Alunos<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org<br />

o


Pág. 48<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JullDez, n° 300, 52: (5): 39-50, 1997<br />

EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO: FLUXOGRAMA DO PROCESSO<br />

TRANSPORTE<br />

LATÕES<br />

DISTRIBUIÇÃO<br />

LEITE EM PÓ<br />

PRODUÇÃO<br />

LEITECRU<br />

INDÚSTRIA<br />

FILTRAÇÃO<br />

ARMAZENAMENTO<br />

RESFRIAMENTO (CRU)<br />

FILTRAÇÃO, CLARIF!.CAÇÃO<br />

EPADRONIZAÇAO<br />

PASTEURIZAÇÃO<br />

CONCENTRAÇÃO<br />

HOMOGENEIZAÇÃO<br />

DESIDRATAÇÃO<br />

EMBALAGEM<br />

ARMAZENAMENTO<br />

POSTO DE<br />

VENDA<br />

TRANSPORTE<br />

CARRO-TANQUE<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JullDez, n° 300, 52: (5): 39-50, 1997 Pág. 49<br />

PONTOS CRTIaCOS DE CONTROLE NA FABIDCAÇÃO DELEITE EMPÓ<br />

1) Produção ( <strong>Leite</strong> cru)<br />

Perigos:<br />

Salmonella, S. aureus, enterotoxina estafilocócica,<br />

E.coli, Listeria monocytogenes, C. botulinum, C.<br />

perfringens, antibióticos, pesticidas.<br />

Medidas Preventivas de Controle:<br />

.;;: :o ' Assistência técnica ao produtor<br />

.;;: :o Conscientização <strong>do</strong> produtor em relação à higiene<br />

na ordenha e controle com antibióticos<br />

Monitoramento:<br />

:o<br />

:o<br />

.;;: Análise de inibi<strong>do</strong>res<br />

.;;: Análise de pesticidas<br />

.;;: :o Testes microbiológicos ( detecção de antibióticos,<br />

Ring-Test, mamite, redutase)<br />

2) Armazen . amento leite cru<br />

3) Pasteurização<br />

Medidas Preventivas de controle:<br />

As mesmas aplicadas para leite pasteuriza<strong>do</strong><br />

Monitoramento:<br />

.;;: :o As mesmas aplicadas para leite pasteuriza<strong>do</strong><br />

4) Desidratação:<br />

Perigos :<br />

Contaminação microbiológica<br />

Medidas Preventivas de Controle:<br />

GMP da área ( boas práticas de fabricação)<br />

Manutenção <strong>do</strong> ar filtra<strong>do</strong> ( troca <strong>do</strong>s filtros)<br />

Equipamento com fácil limpeza a seco<br />

Manutenção adequada <strong>do</strong>s equipamentos de<br />

secagem<br />

Ar que entra deve ser filtra<strong>do</strong> para eliminar<br />

partículas de pó e deve ser manti<strong>do</strong> com ligeira<br />

pressão positiva em relação ao ar das outras<br />

áreas.<br />

Evitar contaminações cruzadas entre a parte<br />

úmida da planta e a zona de produto em pó.<br />

A entrada de ar deve ser situada de forma a se<br />

evitar que o ar venha da parte superior <strong>do</strong>s<br />

telha<strong>do</strong>s adjacentes.<br />

Oesenho <strong>do</strong>s equipamentos deve permitir fácil<br />

acesso a limpeza.<br />

Componentes <strong>do</strong> equipamento deve permitir<br />

fácil acesso a limpeza.<br />

Após a limpeza úmida, as superfícies devem<br />

ser secas com calor.<br />

Evitar o emprego de aspira<strong>do</strong>res para limpeza<br />

que podem gerar aerossóis.<br />

Monitoramento:<br />

Controle microbiológico <strong>do</strong> ar<br />

Observação visual <strong>do</strong> comportamento <strong>do</strong> pes­<br />

. soaI, da limpeza seca e úmida.<br />

peterminação da umidade relativa e observação<br />

<strong>do</strong> movimento <strong>do</strong> ar em zonas críticas<br />

Controle de animais nocivos<br />

Comprovar a eficiência <strong>do</strong>s sistemas de filtração<br />

<strong>do</strong> ar.<br />

5) Embalagem<br />

Perigos :<br />

Insetos<br />

Poeira<br />

Medidas Preventivas de Controle:<br />

Limpeza das latas com ar limpo<br />

Transporte das embalagens em uma cadeia<br />

coberta até a máquina de envase<br />

Controle <strong>do</strong> ar ambiental<br />

Monitoramento:<br />

Observação visual das latas<br />

Monitoramento <strong>do</strong> ar<br />

7) Reconstituição:<br />

Perigos :<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

Recontaminação microbiana através da água<br />

Crescimento microbiano<br />

Medidas Preventivas de Controle:<br />

Informações ao consumi<strong>do</strong>r no rótulo da<br />

embalagem<br />

Monitoramento:<br />

Observação das instruções no rótulo da embalagem.<br />

\<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org


Pág. 50<br />

I "<br />

Rev. nst. L a IC. t· "Cndl'<strong>do</strong> a Tostes" Jul/Dez n° 300, 52: (5): 39-50, 1997<br />

REFERÊNCIAS BffiLIOGRÁFICAS<br />

ASSOCIAÇ Ã O BRASILEIRA DE PROFISSIO­<br />

NAIS DA QUALIDADE DE ALIMENTO<br />

- PROFIQUA. Manual de Análises de Pengos<br />

e Pontos Críticos de Controle - APPC.<br />

Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia<br />

de Alimentos,Campinas-SP, 1995.<br />

BIGALKE,D. Quality assurance programs for<br />

the cultured products industry.J. Cultured<br />

Dairy Products, 16(1), 21-24, 1981.<br />

BUZBY,J.C. & ROBERTS,T. ERS Estimates U.S.<br />

Foodborne Oisease Costs.Food Safety, may­<br />

august,1995.<br />

CHRISTIAN, i .H.B. Hazard anlysis and critial<br />

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Congress,pp.87 1-878, 1987.<br />

D ELAZARI,I. Anál i se de Perigos e Pontos. C . ríticos<br />

de Controle-APPCC.Curso de HIgIene<br />

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Produção e Industrialização de carnes e<br />

Deriva<strong>do</strong>s.lta1,Campinas.1995.<br />

FURTADO,M.M. & NETO,J.P.M.L. Tecnologia<br />

de Queijos. Manual Técnico pra a Produção<br />

Industrial de Queijos. Ed. Olpemar Ltda,<br />

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GRAVANI,R.B. & BANOLER,D.K. Oairy<br />

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INTERNATIONf.\.L COMMISSION ON<br />

MICROBIO L OGICAL SPECIFICATIONS<br />

Produto: __ ________ _<br />

'.<br />

', .' ..<br />

FOR FOODS.MICROORGAN1SMS IN<br />

FOODS. Application of the Hazard Analysis<br />

Criticai Control Points (HACCP) System<br />

to ensure microbiological safe ty and<br />

quality.Blackwell Scientific Publications,<br />

Lon<strong>do</strong>n, England, 357p.,1988.<br />

INTERNATIONAL DAIRY FOODS<br />

ASSOCIATION.Dairy Product Safe ty<br />

System,Washington, 1 994.<br />

INTERNATIONAL ASSOCIATION of<br />

MILK,FOOD and ENVIRONMENTAL<br />

SANITARIANS,Inc.Procedures to<br />

Implement the Hazard Analysis Criticai '<br />

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MINIST É RIO DA SA Ú DE.PORTARIA 1428 de<br />

2611 1/93.00U DE 2/ 1 2/93.<br />

NOTERMANS,S. & GIESSEN,A.V. Foodbo ne<br />

diseases in .the 1980s and 199.0 s.Food _<br />

Control 1993 Volume 4 ,number 3, 1993.<br />

SAVAGE,R.A. Hazard Analysis Criticai Control<br />

Point: A Review.Food Rev. Int.,11(4),575-<br />

595, 1995.<br />

SCHOTHORST,M.van & KLEISS,T. HACCP in<br />

the dairy industry.Food Control, volume<br />

5,number 3,1 994.<br />

SHAPTON,O.A. Starters - A suitable case for<br />

HACCP, Dairy Ind. Int., 54(6), 25, 27, 29,<br />

1989.<br />

VARNAM,A . H. & SUTHERLAN,J.P. ehe y<br />

Productcs Lácteos. TecnologIa, qUlmlca y<br />

microbio1ogía. Ed. Acribia, Zaragoza, 1994.<br />

Fábrica: ______________ _<br />

PROPOSTA DE FORMULÁRIO PARA CONTROLE DE PONTOS CRÍTICOS<br />

PONTOS<br />

CRÍTICOS<br />

DE CONTROLE<br />

-. ,<br />

..<br />

,-<br />

..<br />

PERIGOS<br />

LIMITE<br />

CRÍTICO<br />

MEDIDAS MONITO- FREQÜÊNCIA AÇÃO VERIFI-<br />

PREVEN- RAÇÃO CORRETIVA CAÇÃO<br />

TIVAS<br />

--<br />

T<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JullDez, n° 300, 52: (5): 51-53, 1997 51<br />

DE PERIGOS E PONTOS<br />

CONTROLE NA INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS<br />

O uso <strong>do</strong> sistema HACCP não é novidade<br />

para a Indústria de Laticínios. HACCP é um sistema<br />

lógico, simples, efetivo e altamente<br />

estrutura<strong>do</strong> para controlar a segurança <strong>do</strong>s alimentos.<br />

É um sistema que tem como objetivo<br />

identificar perigos e/ou situações críticas e produzir<br />

um plano para controlar estas situações.<br />

O sistema foi introduzi<strong>do</strong> na indústria de<br />

alimentos, no início <strong>do</strong>s anos 60, quall<strong>do</strong> a NASA<br />

(Administração Espacial e da Aeronáutica) estabeleceu<br />

como prioridade a segurança da saúde <strong>do</strong>s<br />

astronautas. A Companhia Pillsbury, fornece<strong>do</strong>ra<br />

<strong>do</strong>s alimentos para o programa espacial desenvolveu<br />

um sistema basea<strong>do</strong> fundamentalmente em<br />

conceitos PREVENTIVOS, onde o controle de<br />

to<strong>do</strong>s os perigos nas etapas de preparação <strong>do</strong> alimento,<br />

desde a obtenção da matéria-prima, ambiente,<br />

processo, pessoas, estocagem, distribuição<br />

até o consumo final era estabeleci<strong>do</strong>.<br />

Em 1971, o sistema foi apresenta<strong>do</strong> durante<br />

a Conferência Nacional sobre Proteção de Alimentos,<br />

nos EUA e serviu, como base para a Administração<br />

de Alimentos e Medicamentos (FDA) desenvolver<br />

a regulamentação para os produtos de<br />

baixa acidez.<br />

Se o sistema HACCP é corretamente<br />

implementa<strong>do</strong>, poucos requerimentos para avali<br />

ação <strong>do</strong> produto final serão necessários e apenas<br />

para propósitos de verificação.<br />

O sistema HACCP possui reconhecimento<br />

internacional, sen<strong>do</strong> considera<strong>do</strong> o sistema mais eficiente<br />

no controle das toxiinfecçães alimentares , sen<strong>do</strong><br />

en<strong>do</strong>ssa<strong>do</strong> pela Comissão <strong>do</strong> Codex Alimentarius .<br />

Uma das vantagens principais <strong>do</strong> sistema<br />

HACCP é proporcionar às indústrias de laticínios<br />

e às de outros segmentos da indústria de alimentos,<br />

modificar sua fi losofia de controle baseada<br />

em testes ( testes para detectar falhas) para um<br />

procedimento preventivo de identificação <strong>do</strong>s<br />

potenciais perigos e controle na fabricação ( prevenção<br />

da falha na fabricação <strong>do</strong> produto).<br />

Outros benefícios aponta<strong>do</strong>s pela implantação<br />

<strong>do</strong> sistema são:a) Proporcionar segurança<br />

aos produtos de laticínios<br />

b) É um programa basea<strong>do</strong> em conceitos científicos<br />

c) Dá ênfase às pesquisas técnicas apropriadas<br />

para processos críticos<br />

d) Diminuição da ênfase nos testes <strong>do</strong>s produtos<br />

acaba<strong>do</strong>s<br />

e) Ê nfase na prevenção<br />

f) Uso efetivo de pesquisas<br />

g) Encontro às expectativas <strong>do</strong> ,cliente­<br />

credibilidade <strong>do</strong> cliente . .<br />

I EFQ (RJ) EPAMIGICEPEIIltCT<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

JlIdith Regina HajdenwlIrcel<br />

A Associação de Produtos Lácteos (IDFA)<br />

estimula a a<strong>do</strong>ção <strong>do</strong>s princípios <strong>do</strong> HACCP. Esse<br />

sistema tem si<strong>do</strong> reconheci<strong>do</strong> internacionalmente,<br />

como uma ferramenta mais moderna, lógica e baseada<br />

em conceitos científicos, de natureza preventiva<br />

que tem a finalidade de exercer o controle num<br />

processo produtivo em todas as etapas consideradas<br />

críticas. Portanto, defeitos, que poderiam causar<br />

impacto na segurança <strong>do</strong>s produtos lácteos, pode ser<br />

facilmente detecta<strong>do</strong>s e corrigi<strong>do</strong>s antes <strong>do</strong> produto<br />

ser completamente processa<strong>do</strong> e embala<strong>do</strong>.<br />

As seguintes etapas devem ser implementadas<br />

para o desenvolvimento de um sistema efetivo<br />

de segurança em produtos lácteos:<br />

Pré-requisito: GMP - Boas Práticos de<br />

Fabricação<br />

Aprovação de Direção<br />

Formação <strong>do</strong> Equipe MultidiSciplinar<br />

Descrição <strong>do</strong> Produto, Sua distribuição,<br />

intenção de uso e potenciais consumi<strong>do</strong>res<br />

Desenvolvimento de um Fluxograma<br />

AnáJise de perigos e medidas negativos<br />

Identificação <strong>do</strong>s Pontos Críticos de Controle<br />

Estabelecimento <strong>do</strong>s limites críticos<br />

Procedimentos de Monitoração<br />

Estabelecimento de ações corretivos<br />

Estabelecimentos de procedimentos efetivos de<br />

registros e <strong>do</strong>cumentação<br />

Estabelecimento de procedimentos de<br />

verificação<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org


Pág. 52<br />

Para implantação <strong>do</strong> programa, alguns<br />

pontos, de essencial importância para o sucesso<br />

<strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s, devem ser considera<strong>do</strong>s com<br />

atenção:<br />

1) Aprovação da Direção:<br />

A decisão de a<strong>do</strong>tar o sistema HACCP<br />

freqüentemente parte <strong>do</strong> pessoal técnico que precisa<br />

obter o apoio e suporte da Diretoria. Barreiras<br />

e dificuldades podem existir, com alguns<br />

questionamentos de ceticismo como: Quais as<br />

vantagens da sua aplicação? Por que a<strong>do</strong>tá-lo?<br />

A equjpe deve coletar da<strong>do</strong>s para implantar<br />

o processo e a Direção deve promover recursos<br />

para estas pesquisas. Um contínuo processo<br />

de educação e treinamento deve ser promovi<strong>do</strong><br />

deven<strong>do</strong> haver uma maior devolução de responsabilidade<br />

a partir <strong>do</strong>s supervisores para os funcionários.<br />

As vezes, convencer uma Diretoria é<br />

muito difícil - é mais fácil demonstrar que a falha<br />

ocorreu <strong>do</strong> que a mesma pode ser prevenida.<br />

Outro aspecto a ser levanta<strong>do</strong>: a decisão<br />

da implantação <strong>do</strong> sistema não deve acontecer<br />

em função de uma exigência legal ( Portaria 1428<br />

<strong>do</strong> Ministério da Saúde e obrigatoriedade a partir<br />

de 1998 por parte <strong>do</strong> Ministério da Agricultura),<br />

mas sim, como uma preocupação com a melhoria<br />

da qualidade e segurança <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r.<br />

2) Formação da Equipe Multidisciplinar:<br />

Alguns problemas podem ocorrer na<br />

formação da equipe multidisciplinar, principalmente<br />

em pequenos laticínios, onde não há pessoal<br />

capacita<strong>do</strong> nas diversas áreas para participar<br />

da equipe:<br />

O líder da equipe deve estar treina<strong>do</strong> na<br />

técnica de HACCP e ser modera<strong>do</strong>, não um<br />

<strong>do</strong>mina<strong>do</strong>r de uma discussão. Dependen<strong>do</strong> da situação,<br />

as empresas grandes ou pequenas devem<br />

contratar um consultor com necessárias habilida <br />

des para coordenar o programa.<br />

A equipe deve possuir indivíduos nas áreas<br />

de segurança da qualidade, produção, engenharia,<br />

higiene, embalagem, pessoal envolvi<strong>do</strong> na distribuição<br />

e comercialização <strong>do</strong>s produtos. Essas<br />

pessoas devem ter conhecimentos mínimos para<br />

acompanhar o planejamento <strong>do</strong> programa e estarem<br />

diretamente envolvi<strong>do</strong>s nessas atividades. A<br />

equipe deve preparar uma descrição completa <strong>do</strong><br />

produto em estu<strong>do</strong>, incluin<strong>do</strong> matérias-primas,<br />

recepção, processamento, estocagem e distribuição.<br />

Após, deve ser construí<strong>do</strong> um fluxogrand<br />

com detalhes técnicos, listan<strong>do</strong> cada etapa <strong>do</strong> processo.<br />

O maior problema aqui, é assegurar que os<br />

detalhes registra<strong>do</strong>s <strong>do</strong> processo são aqueles que<br />

realmente acontecem, por esta razão, é impor-<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tos ' tes", Jul/Dez, n° 300, 52: (5): 51-53, 1997<br />

tante a participação de membros na equipe envolvi<strong>do</strong>s<br />

diretamente na área de produção.<br />

3) Os perigos e os Pontos críticos de<br />

controle<br />

Outro ponto importante é a concordância<br />

sobre a definição de perigo. A sua definição<br />

determina o objetivo <strong>do</strong> plano HACCP para a<br />

Companhia. O plano será limita<strong>do</strong> para a segurança<br />

ou irá incluir outros conceitos (qualidade,<br />

concordância com a legislação)? Irá incluir perigos<br />

microbiológicos, químicos e físicos?<br />

O conceito de PCC (Ponto crítico de<br />

controle) e PC (Ponto de controle) deve ser diferencia<strong>do</strong>.<br />

A identificação <strong>do</strong> PCC pode ser um<br />

problema. Poucos pontos críticos de controle irão<br />

promover uma segurança <strong>do</strong> produto inadequada,<br />

e muitos pontos críticos de controle irão diluir os<br />

esforços e aumentar o custo.<br />

4) Monitoração<br />

O estabelecimento de limites e tolerâncias<br />

para monitoração de cada PCC é bastante auxilia<strong>do</strong><br />

se da<strong>do</strong>s extensivos são disponíveis a partir da linha<br />

de produção. Para novos produtos estes da<strong>do</strong>s podem<br />

ainda não estarem disponíveis. A decisão da<br />

freqüência <strong>do</strong> controlflt é outro problema e neste<br />

caso, a experiência da velocidade com que o processo<br />

pode sair <strong>do</strong> controle é mais valiosa.<br />

As ações corretivas devem ser rápidas , o<br />

opera<strong>do</strong>r deve estar esclareci<strong>do</strong> da importância<br />

de suas tarefas e ter autoridade e autonomia no<br />

que faz. O pessoal encarrega<strong>do</strong> da monitoração e<br />

controle <strong>do</strong>s PCC deve ser treina<strong>do</strong> e ter competência<br />

suficiente para o exercício de sua atividade.<br />

Os supervisores, as vezes, podem não aceitar<br />

estas devoluções de responsabilidades para o pessoal,<br />

principalmente quan<strong>do</strong> uma ação pode envolver<br />

a parada de uma linha de produção .Os<br />

da<strong>do</strong>s resultantes da monitoração devem ser<br />

registra<strong>do</strong>s de forma detalhada, pois indicará o<br />

sucesso da implantação <strong>do</strong> sistema e demonstrará<br />

que os princípios foram aplica<strong>do</strong>s.<br />

5) Verificação<br />

Com a implantação <strong>do</strong> sistema HACCP<br />

defini<strong>do</strong>, a equipe deve decidir os méto<strong>do</strong>s e freqüência<br />

de revisões <strong>do</strong> sistema. A escolha <strong>do</strong> méto<strong>do</strong><br />

não é um grande problema ,mas a sua freqüência<br />

pode ser. O plano deve incluir não. só a<br />

freqüência da verificação regular mas também uma<br />

lista de circunstâncias que podem causar uma excepcional<br />

revisão <strong>do</strong> sistem3.. Isto poderá incluir<br />

mudanças na formulação, matérias-primas, processo,<br />

equipamentos e uso pelo ,consumi<strong>do</strong>r.<br />

T<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JullDez, n° 300, 52: (5): 51-53, 1997 Pág. 53<br />

6) Aspectos da Legislação<br />

A portaria 1428/93 <strong>do</strong> Ministério da Saúde<br />

de caráter obrigatório e generaliza<strong>do</strong> para implantação<br />

<strong>do</strong> sistema nos estabelecimentos que<br />

manipulam os produtos alimentícios, foi publicada<br />

de uma forma atropelada sem a definição de condições<br />

básicas para sua implantaçao e treinamento<br />

<strong>do</strong>s fiscais da saúde para atuarem nas Empresas.<br />

A falta de estrutura administrativa e técnica<br />

<strong>do</strong>s órgãos de vigilância sanitária, além da falta de<br />

incentivo técnico e financeiro são fatores que<br />

dificu'ltam a assimilação <strong>do</strong> programa. Por um<br />

la<strong>do</strong>, sob o aspecto de; fiscalização, ocorrerá uma<br />

diminuição da inspeção' <strong>do</strong>s produtos acaba<strong>do</strong>s mas<br />

aumento da monitoração <strong>do</strong>s registros nas Companhias<br />

e estabelecimentos comerciais. Isto provocará<br />

a abertura <strong>do</strong>s registros de da<strong>do</strong>s para a<br />

inspeção. Por esta razão algumas publicações mais<br />

recentes (Codex Alimentarius) se preocupam apenas<br />

com o aspecto da segurança da saúde <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r<br />

enquanto que publicações, mais antigas,<br />

como International Comission on Microbiological<br />

Specifications <strong>do</strong>r Foods-1988),se referem tanto<br />

a qualidade como a segurança. As autoridades<br />

regulamenta<strong>do</strong>ras estão preocupadas com a saúde<br />

- qualidade é um problema da Companhia. Por<br />

EXPOLAQ/97<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

isso, os da<strong>do</strong>s relevantes a saúde <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r<br />

devem estar disponíveis para os inspetores, apesar<br />

<strong>do</strong> plano HACCP se preocupar também com<br />

os outros fatores de qualidade.<br />

CONCLUSÃO:<br />

Esses aspectos aborda<strong>do</strong>s não são considera<strong>do</strong>s<br />

defeitos <strong>do</strong> sistema mas problemas oriun<strong>do</strong>s<br />

de falhas humanas envolvidas no processo.<br />

To<strong>do</strong>s esses problemas são solucionáveis, principalmente<br />

através de níveis de concordância e treinamento<br />

adequa<strong>do</strong> das pessoas envolvidas na implantação<br />

<strong>do</strong> programa.<br />

BffiLIOGRAFIA:<br />

INTERNATIONAL DAIRY FOODS<br />

ASSOCIATION. Dairy Product Safety<br />

System, Washington, 1 994.<br />

CHRISTIAN,J.H.B. Problems with<br />

HACCP.Food Australia 46(2)­<br />

February, 1 994.<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org<br />

/


Pág. 54<br />

T<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, na 300, 52: (5): 54-59, 1997<br />

IOGURTES COM PECTINAS GENU<br />

As pectinas GENU tem as propriedas dê:<br />

Reter água;<br />

Minimizar a sinerese;<br />

Aumentar a viscosidade;<br />

Prevenir separação de soro;<br />

Resistir fortes tratamentos mecânicos durante<br />

a produção;<br />

Não alterar os procedimentos padrões de produção<br />

de iogurte.<br />

GENU pectin - A ESCOLHA NATURAL<br />

USO DA GENU PECTIN EM<br />

PRODUTOS DE IOGURTE<br />

O iogurte é um alimento obti<strong>do</strong> através<br />

da fermentação <strong>do</strong> leite pelas bactérias lácticas.<br />

As micelas de caseína floculam no leite em pHs<br />

baixos, proporcionan<strong>do</strong> urna estrutura gelificada<br />

e delicada, típica de iogurtes.<br />

De acor<strong>do</strong> com o conteú<strong>do</strong> natural de<br />

sóli<strong>do</strong>s <strong>do</strong> leite, o gel forma<strong>do</strong> é extremamente<br />

fraco e frágil e portanto impróprio para<br />

comercialização. A palatabilidade também é pobre<br />

e aguada. A adição de 2-5% de sóli<strong>do</strong>s de leite<br />

(com leite em pó) à base de leite, anteriormente à<br />

fermentação, pode remediar esta situação. Entretanto,<br />

o problema continua com passar <strong>do</strong><br />

tempo ou quan<strong>do</strong> exposto a ambientes de temperaturas<br />

elevadas, onde o gel de caseína mpstra<br />

sinerese ou dessoramento.<br />

Para que isso seja evita<strong>do</strong>, o leite em pó<br />

pode ser totalmente ou parcialmente substituí<strong>do</strong><br />

por pectinas: .<br />

GENU PECTIN TYPE X-6107<br />

Além de redução de custos, GENU pectin<br />

proporciona uma palatabilidade lisa característica<br />

e típica de iogurte e textura leve.<br />

Algumas vantagens da utilização da GENU<br />

pectin:<br />

1 . Obtenção de uma textura mais firme sem o<br />

aumento no nível de sóli<strong>do</strong>s <strong>do</strong> leite.<br />

2. Evaporação ou adição de sóli<strong>do</strong>s extra de leite<br />

podem ser substituí<strong>do</strong>s pela pectina, representan<strong>do</strong><br />

economia.<br />

3. Confere sabor menos acidifica<strong>do</strong>.<br />

4. Possibilidade de produção de um produto de<br />

baixas calorias com ótima textura.<br />

5. Obtenção de texturas bastante firmes quan<strong>do</strong><br />

utilizada juntamente com sóli<strong>do</strong>s de leite<br />

extra.<br />

Características<br />

Viscosidade de iogurte bati<strong>do</strong> de leite<br />

integral a SOC<br />

N{vel de uso em % no iogurte<br />

__ X-6107<br />

--m--- LM 104 AS-Y A<br />

Gelatina<br />

Am(fo<br />

Demonstra o efeito <strong>do</strong> incremento <strong>do</strong> nível<br />

de uso de estabilizantes sobre a viscosidade de<br />

um iogurte com 3.5% gordura de leite e 8.5%<br />

MSNF.<br />

Um melhoramento na textura podem ser<br />

obti<strong>do</strong>s com GENU pectin type X-6 107 e GENU<br />

pectin type LM 104 AS-YA.<br />

Com a adição de 0.1 %-0.2% da GENU<br />

pectin type LM 104 AS-YA, a viscosidade <strong>do</strong><br />

iogurte aumenta corresponden<strong>do</strong> a 1-2% extra<br />

MSNF. Quan<strong>do</strong> usamos uma versão mais forte,<br />

GENU pectin type X-61 07, a viscosidade aumenta<br />

corresponden<strong>do</strong> a 2-4% extra MSNF.<br />

GENU pectin é compatível, a um baixo<br />

nível de uso, com os mais comuns estabilizantes<br />

usa<strong>do</strong>s, como ami<strong>do</strong> e gelatina.<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JuIlDez, na 300, 52: (5): 54-59, 1997<br />

FLUXOGRAMA PARA A PRODUÇÃO DE IOGURTES BATIDO:<br />

<strong>Leite</strong> em pó GENU pectin<br />

CuI<br />

tura<br />

__<br />

___<br />

_<br />

__ 1<br />

<strong>Leite</strong> para a produção<br />

<strong>do</strong> iogurte<br />

Homogenização<br />

a 200 bar e 65°C<br />

Desnaturação das proteínas<br />

<strong>do</strong> soro por aquecimento a<br />

85-90°C por 15-20 mino<br />

Creme<br />

,r----------------------<br />

_ Fermentação pH 4.5-4.3<br />

Resfriamento a aprox. 25°C<br />

Agita<strong>do</strong>r em linha<br />

Envase<br />

Resfriamento lento a 5°C ·<br />

Açúcar<br />

Prepara<strong>do</strong> de fruta<br />

estereliza<strong>do</strong><br />

XV CONGRESSO NACIONAL DE LATICÍNIOS<br />

Tema Central:<br />

((Ciência) Tecnologia e Qualidade de Vida ))<br />

Maiores informações: EPAMIG/CEPEIILCT<br />

Te! .: 224-3 116 - DDD: 032 I Fax: 224-3 113 ; DDD 032<br />

CX. Postal: 183 - 36.045-560 - Juiz de Fora - Minas Gerais _ Brasil<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

Pág. 55<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org


Pág. 56<br />

Etapas <strong>do</strong> processo<br />

<strong>Leite</strong> fresco ou reconstituí<strong>do</strong><br />

Padronização <strong>do</strong> leite<br />

Adição da GENU pectin<br />

(Reconstituição 50°C por 2<br />

horas)<br />

(De aeração a vácuo)<br />

Aquecimento a 70°C e<br />

homogenização a 250/50 bar<br />

Denaturação <strong>do</strong> soro, aquecimento<br />

a 90-95°C por 5 mino<br />

Resfriamento a temperatura<br />

de fermentação<br />

Inoculação<br />

Fermentação<br />

Agitação e bombeamento ao ·<br />

troca<strong>do</strong>r de calor<br />

Resfriamento a 25-20°C<br />

Mistura com ' prepara<strong>do</strong> de<br />

frutas<br />

Envase a 25-20°C<br />

Armazenamento e distribuição<br />

a aprox. 6°C<br />

+<br />

Rev. Inst. Latic. "CaAndl'<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, n° 300, 52: (5): 54-59, 1997<br />

PRODUÇÃO DE IOGURTE<br />

Comentários<br />

<strong>Leite</strong> em pó deve ser de qualidade média. Se for u . sa<strong>do</strong> leit fresco, o<br />

leite é tanto concentra<strong>do</strong> como adiciona<strong>do</strong> de leite m po. Os melhores<br />

resulta<strong>do</strong>s são obti<strong>do</strong>s se o conteú?o de pro tema for aumen-<br />

ta<strong>do</strong> para 3.7-3.9% ou 0.2% GENU pectm<br />

Extratos sêcos não gordurosos são geralente alcança<strong>do</strong>s pe adi =<br />

- de 4 de leite em pó ou mais. O leite com 3.5% de gor . ura e<br />

çao o<br />

padrão, mas níveis mais eleva<strong>do</strong>s ou menos . o<br />

de gordura podem ser usa<strong>do</strong>s<br />

(1 5) u mesmo Isento<br />

A pectina pode ser adicionada da forma mais coneniente, sozinha<br />

ou juntamente com o leite em pó. O nível de uso e 0. 1 a 0.2%<br />

h' d<br />

Esta etapa assegura a complt I rataçao o<br />

ção da pectina. Pode ser omItIda<br />

- d leite em pó e dissolu-<br />

Para proporcionar melhores condições pa o crescimento e culturas<br />

probióticas, a deaeração deve ser aphcada nesta passag m<br />

A uecimento a 70°C assegura completa dissoluão da pectina.<br />

HmOgenização forma pequenos glóbulos de casema cobertos de<br />

glóbulos de gordura<br />

O tratamento térmico cria condições anaeróbcas e micronutrientes<br />

para o crescimento e formação <strong>do</strong>s lactobaczlos<br />

Dependen<strong>do</strong> da cultura utilizada, a temperatura utilizada é 30°C ou<br />

mais comumente 40-42°C<br />

Inoculação com cultura padrão para iogurtes ou culturas especiais<br />

probióticas<br />

.<br />

O tempo para a f mgIr p H 4 . 5 varia de 4 a 16 horas dependen<strong>do</strong> da<br />

cultura e da temperatura<br />

Agitação e transferência ao troca<strong>do</strong>r de calor deve ser com o . mínimo<br />

de cisalhamento possível. Com o objetivo de . eltar :xcesl; e :<br />

acidificação, é recomendável que o tanque de aCIdIficaçao seja<br />

por até 30 minutos. O produto é bombea<strong>do</strong> ao tanque de alanço, onde<br />

o iogurte é embala<strong>do</strong> e onde a adição de fruta pode ser feIta<br />

O iogurte pode ser armazena<strong>do</strong> nesta temperatura por algum tempo<br />

- máximo duas horas<br />

f ... r "<br />

Adição <strong>do</strong> prepara<strong>do</strong> de rutas m- me c<br />

estático para minimizar o cisalhamento<br />

om o uso de um mistura<strong>do</strong>r<br />

Envasar a esta temperatura é importante para o desenvolvimento<br />

da textura<br />

O produto é normalmente embala<strong>do</strong> a 25-20°C para obter<br />

melhor viscosidade. O resfriamento deve lear de 8 a 10<br />

horas pois um resfriamento rápi<strong>do</strong> previne o IOgurte de reformar<br />

sua textura. O iogurte pode ser armazena<strong>do</strong> a esta<br />

temperatura por algum tempo - máximo duas horas<br />

CONCLUSÃO: É OBTIDA UMA 1EXTURA NATIJRAL COM O USO DE GENU PECTIN<br />

NA PRODUÇÃO DE IOGUR1ES<br />

sq;<br />

.<br />

;- ..<br />

IfBir:.-{.--.<br />

zz.,.- 1<br />

-.<br />

. . ...... _ .. _-....... -.. -....... __ ..... __ . ..... .<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, n° 300, 52: (5): 54-59, 1997 Pág. 57<br />

TEORIA PARA EXPLICAR O EFEITO DA ESTABILIZAÇÃO DE<br />

GENU PECTIN EM SISTEMAS LÁCTEOS ACIDIFICADOS<br />

A matéria prima para bebidas acidificadas<br />

é leite com um pH de aproximadamente 6.6 no<br />

qual a proteína é encontrada principalmente em<br />

duas formas:<br />

Micelas de Caseína;<br />

Proteína de Soro<br />

As micelas de caseína são compostas de<br />

pelo menos três diferentes proteínas, e as micelas<br />

tem em média o tamanho de 100 nm (0. 1 mieron).<br />

A distância entre as micelas é somente de 50 nm e as<br />

mieelas colidem 2500 vezes cada segun<strong>do</strong>. A razão<br />

pela qual elas não coalescem e formam grandes partículas<br />

é atribuida a sua carga negativa o que assegura<br />

suficiente repulsão entre as partículas.<br />

A proteina de soro está presente como<br />

proteina solúvel.<br />

Através <strong>do</strong> aquecimento <strong>do</strong> leite ao re<strong>do</strong>r<br />

de 85°C, as proteinas de soro são denaturadas _<br />

des<strong>do</strong>bradas. Parte delas (a b-Iactoglobulina) é<br />

anexada à superfície das miscelas de caseína.<br />

A acidificação/fermemtação <strong>do</strong> leite conduz<br />

a uma gradual redução da carga, assim como<br />

na repulsão entre as micelas. Quan<strong>do</strong> o pH é reduzi<strong>do</strong><br />

suficientemente a proteína começa a colar<br />

umas nas outras e começa a formação de gel.<br />

As micelas tem uma superfície<br />

hidrofóbica, ou seja, uma superfície que preferivelmente<br />

se liga a outra superfície hidrofóbica <strong>do</strong><br />

que à água. As diferentes frações de caseínas formam<br />

partículas interconectadas por pontes fracas,<br />

forman<strong>do</strong> uma rede tridimensional tripla com<br />

água retida no seu espaço interno.<br />

Iogurte Homogeniza<strong>do</strong><br />

As micelas aglutinadas à b-Iactoglobulina<br />

devi<strong>do</strong> à desnaturação <strong>do</strong> soro não apresentam<br />

um contato tão próximo quanto às não<br />

aglutinadas, e a distância entre as micelas começa<br />

a ser significativa. Mais água pode ser capturada<br />

neste espaço interno e o gel começa a ficar mais<br />

rígi<strong>do</strong> com menos sineresis.<br />

Pelo rompimento das ligações entre as partículas<br />

de caseína, são forma<strong>do</strong>ras partículas individuais<br />

constituídas de proteína de um grande número<br />

de micelas. As partículas são suspensas na fase <strong>do</strong><br />

soro. A viscosidade depende <strong>do</strong> volume de soro conti<strong>do</strong><br />

nas partículas e quanto está na fase livre. Isto depende<br />

<strong>do</strong> tamanho e porosidade das partículas.<br />

O tamanho e a porosidade das partículas,<br />

também dependem das condições sob as quais as<br />

partículas de caseínas são formadas.<br />

Acidificação microbiológica produz uma<br />

lenta e uniforme queda de pH por to<strong>do</strong> o batch.<br />

Isto produz partículas de caseínas, em sua maioria<br />

<strong>do</strong> mesmo tamanho com uma pequena variação<br />

de batch para batch. Modificações <strong>do</strong> leite ou<br />

microorganismos usa<strong>do</strong>s são responsáveis pela<br />

influência no tamanho das partículas e desta for­<br />

ma pela viscosidade e estabilidade da bebidas.<br />

A primeira figura ilustra como o gel é<br />

transforma<strong>do</strong> em uma suspensão de partículas pelo<br />

tratamento mecânico. Através <strong>do</strong> aquecimento,<br />

tal suspensão das partículas se juntará e formará<br />

aglomera<strong>do</strong>s. Através de um aquecimento poste­<br />

rior, as partículas perderão parte da água captada<br />

e começarão a endurecer, propician<strong>do</strong> uma textu­<br />

ra arenosa conhecida em bebidas acidificadas "não<br />

estabilizada", produzida sob processo térmico.<br />

Cadeia de partículas de caseína em iogurte tradicional natural<br />

Aglutinação bloqueada pela adição da<br />

GENU pectin typeJMj<br />

/<br />

><br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

Partículas de Caseína Aglutinada<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org


Pág. 58 Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, n° 300, 52: (5): 54-59, 1997<br />

Adição de GENU pectin type JMJ boqueia<br />

a aglomeração das partículas e evita a textura<br />

arenosa.<br />

Ao estabilizar bebidas acidificadas <strong>do</strong>is<br />

aspectos são igualmente importantes ' : + Partículas<br />

de caseína de vários tamanhos + GENU pectin<br />

type JMJ<br />

A reação entre estas duas assegura a esta­<br />

. bilidade <strong>do</strong> produto.<br />

GENU pectin type JMJ é padronizada<br />

pela Copenhagen Pectin para uma constante<br />

desempenho, asseguran<strong>do</strong> assim, o mesmo efeito<br />

de estabilização em diferentes produções.<br />

o tamanho e distribuição das partículas<br />

de caseína e sua capacidade de retenção de água,<br />

são desta forma fatores determinantes e caracte­<br />

rísticos <strong>do</strong>s produtos e variações de batch para<br />

batch de iogurte bati<strong>do</strong>.<br />

O efeito de estabilização da GENU pectin<br />

type JMJ pode ser entendi<strong>do</strong> pela teoria apre­<br />

sentada na figura abaixo.<br />

O primeiro desenho representa uma úni­<br />

ca partícula de caseína e a flecha P, a força<br />

gravitacional. GENU pectin type JMJ adicio­<br />

na<strong>do</strong> a suspensão é absorvi<strong>do</strong> à superfície das par­<br />

tículas de caseína.<br />

UM MECANISMO POSSí VEL DE ESTABILIZAÇÃO DE PRODUTOS ACIDIFICADOS<br />

Partículas de Caseína<br />

.<br />

- - ..., ,<br />

:\. ,, -<br />

P<br />

-<br />

.. -<br />

.. ,<br />

- . - ,<br />

y -<br />

_ J __ •<br />

,, , -<br />

A força gravitacional P depende da densidade re­<br />

lativa e o tamanho da partícula.<br />

Adicionan<strong>do</strong> GENU pectin type JMJ, retém-se<br />

as partículas de caseína que em função disto<br />

adquire, carga negativa por toda a parte ..<br />

A força gravitacional P é equilibrada pela repulsão<br />

iônica de outras partículas com a mesma carga.<br />

Pequenas partículas tem uma força gravitacionaI<br />

reduzida e uma superfície grande para a qual a<br />

pectina pode ser absorvida, facilitan<strong>do</strong>, desta<br />

maneira que se mantenha em suspensão.<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes" JullDez n° 300 52' (5)' 54 59 1<br />

As cargas promovem uma repulsão en­<br />

tre s artículas que neutralizam a força<br />

gravltaclOnal e mantéin as partículas em sus­<br />

pensão.<br />

A distância entre as partículas é determi­<br />

nada pela concentração de proteína, o tamanho e<br />

as cargas das partículas.<br />

A repulsão entre a.s partículas carrega­<br />

das aumenta 'com a diminuição da distância .<br />

Consequentemente, se as forças repulsivas em<br />

uma suspensão são insuficientes para netrali­<br />

zar a força gravitacional, as partículas serão<br />

dcntaas até que a distância entre elas tenha<br />

dlmmul<strong>do</strong> a um ponto onde a força repulsiva<br />

alcance um equilíbrio com a força gravitacionaI.<br />

Esta quebra da suspensão será vista na zona cla­<br />

ra <strong>do</strong> soro na parte superior da bebida.<br />

' , ' _" - , 997 Pág . .):}<br />

EXPOMAQ/97<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

Se parte das partíulas é maior que o res­<br />

to, uma forte repulsão é necessária para mantê.<br />

la em suspensão, e elas decantarão. Se um equilí­<br />

bno puder ser estabeleci<strong>do</strong>, uma camada de gran­<br />

des partículas será observada próximo ao fun<strong>do</strong>.<br />

.<br />

Se as partículas forem muito pesadas uma<br />

sedimentação será formada. .<br />

A separação <strong>do</strong> soro pode ser evitada pelo<br />

aumento das cargas nas partículas, através da con­<br />

ce . ntrço de GENU pectin type JMJ, ou pela di­<br />

mmmçao <strong>do</strong> tamanho da partícula.<br />

Se a acidificação é conduzida de tal forma<br />

que artculas muito pequenas são obtidas, a força<br />

gravltaco?al seá menor, mas ao mesmo tempo<br />

a , superfcle sera muito grande. Neste casó um<br />

Dl:el maIOr de pectina deverá ser adiciona<strong>do</strong> para<br />

eVitar a separação <strong>do</strong> soro.<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org<br />

'


60<br />

1. INTRODUÇÃO<br />

Rev. Jnst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, n° 300, 52: (5): 60-65, 1997<br />

LEVEDURAS EM IOGURTI;:<br />

ISOLAMENTO E CARACTERIZAÇÃO<br />

o iogurte é um <strong>do</strong>s produtos mais antigos<br />

e conheci<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> também muito aprecia<strong>do</strong> e<br />

consumi<strong>do</strong> em nosso país. É obti<strong>do</strong> por meio da<br />

fermentação láctica <strong>do</strong> leite integral ou desnata<strong>do</strong>,<br />

concentra<strong>do</strong> ou não, pasteuriza<strong>do</strong>, onde são<br />

utiliza<strong>do</strong>s Lactobacillus bulgaricus (Lactobacillus<br />

de lbrueckii ssp. bulgariclls) e StreptococcllS<br />

thermophilus (Strep tococcus salivarius ssp.<br />

thermophillls); atingin<strong>do</strong> um pH final de 4,2-4,5.<br />

Para se avaliar a qualidade de um iogurte<br />

devem ser consideradas principalmente: a acidez,<br />

a cultura inicia<strong>do</strong>ra usada, a qualidade sensorial,<br />

os compostos flavorizantes e a viscosidade ( Souza,<br />

1991 ).<br />

Este produto alimentício vem passan<strong>do</strong><br />

por uma série de modificações tecnológicas desde<br />

o seu aparecimento. Na atualidade, levan<strong>do</strong>-se em<br />

conta principalmente os hábitos alimentares e/ou<br />

as exigências <strong>do</strong>s diversos merca<strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res,<br />

estão em desenvolvimento, ou até já coloca<strong>do</strong>s<br />

à disposição e consumo, novos e diferentes<br />

produtos.<br />

Dentre eles, no Brasil, pode-se citar o<br />

iogurte bati<strong>do</strong> com xarope de cacau, xarope misto<br />

de cacau-cupuaçú ( Pina & Cláudio, 1995 ) e<br />

bati<strong>do</strong> com polpa de frutas amazônicas como<br />

cupuaçú, taperebá e muruci ( Santos et aI., 1995 ).<br />

No entanto, apesar de todas as inovações<br />

técnicas, o iogurte ainda está sujeito à contamina'ção<br />

microbiana, quan<strong>do</strong> não são atendidas as<br />

condições elementares de higiene e sanidade. Tal<br />

contaminação está representada principalmente<br />

por leveduras ( Rohm et aI., 1990 ), psicrotróficos<br />

( Jordano, 1988 ), coliformes, coliformes fecais,<br />

Staphylococcus aureus, bolores, etc ( Brazal<br />

Garcia et aI., 1986 ).<br />

No Brasil, os padrões microbiológicos para<br />

leites fermenta<strong>do</strong>s estão conti<strong>do</strong>s na Portaria n2•<br />

001 <strong>do</strong> DJNAL ( Brasil, 1987 ), que estabelece<br />

para bolores e leveduras, o padrão ,máximo de<br />

l03/ml, para coliformes fecais, o máximo de IImI<br />

e para Salmonella, a ausência em 25 ml.<br />

Consideran<strong>do</strong> este aspecto e principal­<br />

mente a ocorrência de leveduras nesses produtos,<br />

Fernan<strong>do</strong> L. Hoffmann*<br />

diversos estu<strong>do</strong>s sobre a qualidade microbiológica<br />

de iogurtes têm si<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong>s.<br />

Geralmente as leveduras são agentes po­<br />

tenciais de deterioração, sen<strong>do</strong> uma das<br />

consequências <strong>do</strong> seu desenvolvimento no alimen­<br />

to a elevação <strong>do</strong> pH, crian<strong>do</strong> condições para o<br />

crescimento de outros microrganismos, inclusive<br />

patogênicos, desde que o pH atinja valores supe­<br />

riores a 4,5 ( JCMSF, 1978 ). As leveduras<br />

fermentativas são capazes de se desenvolver em<br />

condições anaeróbias, utilizan<strong>do</strong> carboidratos e<br />

ten<strong>do</strong> como principais produtos da fermentação<br />

o etanol e o CO,.<br />

As leveduras também desenvolvem<br />

turbidez, floculação, película e depósito. Elas podem<br />

ainda degradar áci<strong>do</strong>s orgânicos, promoven<strong>do</strong><br />

o aumento de pH, e podem formar o<br />

acetaldeí<strong>do</strong>, contribuin<strong>do</strong> também na fermentação<br />

<strong>do</strong> açúcar.<br />

Esses microrganismos pre<strong>do</strong>minam tam-<br />

bém em produtos deteriora<strong>do</strong>s de frutas ácidas,<br />

por causa de sua alta tolerância à acidez a habi­<br />

lidade que muitos têm de crescer anaeroblamente.<br />

Muitas leveduras isoladas de frutas podem crescer<br />

em pH 1,5 e 2,0; em 45° e 55° Brix e em até<br />

850C. Algumas são igualmente tolerantes a alto<br />

Brix e baixa t'lilperatura.<br />

A importância das leveduras em iogurtes,<br />

como já cita<strong>do</strong> anteriormente, pode ser verificada<br />

através <strong>do</strong>s experimentos realiza<strong>do</strong>s por diversos<br />

pesquisa<strong>do</strong>res.<br />

Em quarenta amostras de iogurte<br />

coletadas ao acaso em merca<strong>do</strong>s da cidade de<br />

Assiut, verificou-se que a média <strong>do</strong>s valores das<br />

contagens de coliformes, enterococOs,<br />

psicrotróficos, leveduras e bolores nas amostras<br />

foi de respectivamente 5,28 103; 3,36 103; 9,31<br />

103; 8, 18 105 e 8,5 104/g; sen<strong>do</strong> isola<strong>do</strong>s também<br />

Escherichia coli, Enterobacter s'pp ., Serratia spp.,<br />

Staphylococcus epidermidis, Prote us spp. ,<br />

micrococos e anaeróbios forma<strong>do</strong>res de esporos.<br />

Concluiu-se que as medidas higiênicas foram inadequadas<br />

e melhorias foram recomendadas ( Saad<br />

et aI., 1987 ).<br />

Já em amostras de iogurte natural e<br />

aromatiza<strong>do</strong> de três marcas comerciais espanholas<br />

bem conhecidas ( A, B e C ) que foram analisa-<br />

* Depto. de Engenharia e Tecnologia de Alimentos - UNESP - São José <strong>do</strong> Rio Preto - SP<br />

T<br />

Rev. Jnst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, n° 300, 52: (5): 60-65, 1997 Pág. 61<br />

das .menos de 24 horas depois da fabricação, constatou-se<br />

que os coliformes foram detecta<strong>do</strong>s em<br />

23,3% de ambas as amostras, natural e aromatizada,<br />

a Esclzericlzia coli foi detectada ( apenas na marca<br />

A ) em 90% das amostras naturais e 20% das<br />

amostras aromatizadas, as leveduras ocorreram<br />

apenas em amostras <strong>do</strong> iogurte natural ( 30% ) e<br />

os bolores foram encontra<strong>do</strong>s em 35,56% <strong>do</strong> natural<br />

( pri-ncipalmente marca B ) e 16,67% de<br />

amostras aromatizadas. Estes resulta<strong>do</strong>s também<br />

foram compara<strong>do</strong>s com os números máximos de<br />

organismos recomenda<strong>do</strong>s em iogurtes em vários<br />

outros países, ,sen<strong>do</strong> então as amostras da marca<br />

A consideradas insatisfatórias, a marca B de qualidade<br />

duvi<strong>do</strong>sa e a marca C satisfatória ( Jordano<br />

Salinas, 1986 ).<br />

Em cem amostras de iogurte embaladas<br />

em recipientes de papel, adquiridas durante um<br />

perío<strong>do</strong> de quatro meses de uma fábrica de laticínios,<br />

supermerca<strong>do</strong>s e ambulantes em Lagos -<br />

Nigéria, procedeu-se o plaqueamento em ágar batata<br />

dextrose conten<strong>do</strong> 100 g/ml de cloranfenicol<br />

encontran<strong>do</strong>-se Candida lusitaniae, Candida<br />

krusei, Candida rugosa, Kluyveromyces fragilis e<br />

Saccharomyces cerevlswe; a:m Candida<br />

lusitaniae sen<strong>do</strong> a linhagem pre<strong>do</strong>minante em<br />

termos de contagem e incidência. No caso de iogurte<br />

líqui<strong>do</strong> de morango, a ocorrência destas cinco<br />

leveduras foi inferior, com diferentes espécies<br />

de Aspergillus sen<strong>do</strong> os contaminantes pre<strong>do</strong>minantes<br />

( treze das vinte e cinco amostras estavam<br />

contaminadas ). Das amostras 90% apresentaram<br />

menos de 10/ml de coliformes ou estafilococos;<br />

20% apresentaram I03/ml de bactéri as<br />

psicrotróficas . O Lac!obacillus bulgaricus e o<br />

Streptococcus '!hermophilus alcançaram níveis de<br />

crescimento máximo de 107_108 unidades forma<strong>do</strong>ras<br />

de colônias/ml depois de 48 dias, ao passo<br />

que os níveis de leveduras aumentaram geralmente<br />

no 12Q dia. Obviamente, a contaminação inicial<br />

por leveduras no iogurte foi elevada e foi exigida<br />

uma melhor refrigeração ( Green & lbe, 1987 ) .<br />

Aleatoriamente um conjunto de iogurtes<br />

naturais austríacos seleciona<strong>do</strong>s foram examina<strong>do</strong>s<br />

em busca de mudanças ocorridas na armazenagem<br />

e induzidas por organismos inicia<strong>do</strong>res viáveis<br />

de iogurte e contaminantes microbianos.<br />

Tipicamente, o número de Streptococcus<br />

thermoplzilus e Lactobacillus bulgaricus foi > 1 08<br />

UFC/g em iogurte armazena<strong>do</strong> a IOC até a data de<br />

venda ( 15-20 dias depois da fabricação ). A armazenagem<br />

a temperaturas elevadas e perío<strong>do</strong>s<br />

longos reduziram a sobrevivência das bactérias<br />

inicia<strong>do</strong>ras de iogurte. Dependen<strong>do</strong> da origem da<br />

amostra, populações de leveduras cresceram de <<br />

10/g para > 106/g quan<strong>do</strong> os iogurtes foram armazena<strong>do</strong>s<br />

a 10C até a data .de venda. As leveduras<br />

isoladas fora,m identificadas como Candida<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

inconspicua, Candida intermedia, Candida<br />

parapsilosis, Candida rugosa, Candida tropicalis,<br />

Candida zeylanoides, Debaryomyces hansenii,<br />

Metsclmikowia reukauffi i, Pichia guilliermondii,<br />

Rho<strong>do</strong>torula mucilaginosa, To rulaspora<br />

de lbrueckii, Trichosporon beigelií e Ya rrowia<br />

lipolytica. Trinta e oito das duzentas e trinta e _<br />

três isoladas, de dezoito iogurtes contamina<strong>do</strong>s,<br />

assimilaram a lactose, mas nenhuma delas foi capaz<br />

de fermenta-la ( Rohm et aI., 1990 ).<br />

Algumas leveduras, tais como<br />

En<strong>do</strong>mycopsis burtonii, Candida guilliermondii,<br />

Brettanomyces intermedius e Rho<strong>do</strong>torula rubra,<br />

foram também isoladas de iogurtes fermenta<strong>do</strong>s;<br />

sen<strong>do</strong> que as primeiras três espécies produziam<br />

dióxi<strong>do</strong> de carbono e pequena quantiâade de álcool<br />

( Comi et aI., 1982 ).<br />

Cinquenta e sete colônias de leveduras isoladas<br />

de dezenove marcas comerciais, de iogurtes<br />

bati<strong>do</strong>s adquiri<strong>do</strong>s de supermerca<strong>do</strong>s em Seul,<br />

República Coreana, foram identificadas usan<strong>do</strong> suas<br />

propriedades morfológicas, culturais e fisiológicas.<br />

Dezesseis espécies de oito gêneros foram<br />

identificadas como: Candida guilliermondii,<br />

Candida hellenica, Candida krusei, Candida<br />

lusitaniae, Candida parapsilosis, Candida<br />

pseu<strong>do</strong>tropicalis, Candida tropicalis,<br />

Hanseniaspora occidentalis, Hansenula anomala,<br />

Klu)'veromyces marxianus, Pichia ohmeri,<br />

Sacclzaromyces cereVISlae, Sacclzaromyces<br />

dairensis, To rulopsis candida, To rulaspora<br />

delbrueckii e To rulaspora globosa ( Hur et aI .;<br />

1992 ).<br />

A permeabilidade <strong>do</strong> oxigênio através da<br />

embalagem de poliestireno pode ser também um<br />

fator que contribua para o crescimento de leveduras<br />

em iogurte natural. A propagação de oxigênio<br />

através <strong>do</strong> material de embalagem pode permitir<br />

o crescimento de leveduras não fermentativas em<br />

iogurte armazena<strong>do</strong> à temperatura de refrigeração.<br />

A Ya rrowia lipolytica, uma levedura não<br />

fermentativa, que não utiliza lactose, foi isolada<br />

de iogurtes com sabores de abacaxi, morango e<br />

avelã: Foi investiga<strong>do</strong> o crescimento de Ya rrowia<br />

lipolytica e a levedura fermenta<strong>do</strong>ra de lactose<br />

Kluyveromyces marxianus NCYC 85 em iogurte<br />

natural armazena<strong>do</strong> em cartões finos de<br />

poliestireno em temperatura normalmente encon­<br />

trada na cadeia de distribuição a varejo. Ambas as<br />

leveduras cresceram no iogurte com reduzi<strong>do</strong> teor<br />

de gordura. A armazenagem <strong>do</strong> iogurte em uma<br />

atmosfera anaeróbia eliminou o crescif!1ento de<br />

Ya rrowia lipolytica, mas permitiu o crescimento<br />

fermentativo de Kluyveromyces marxianus<br />

(Mckay, 1992).<br />

A conservação de alimentos, principal­<br />

mente a preservação de sucos e produtos áci<strong>do</strong>s<br />

em geral, é feita por meio de tratamento téx:mico<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org<br />

.


Pág. 62<br />

suave (pasteurização) ou pela adição de<br />

conservantes químicos (Leitão et aI., 1977). Devi<strong>do</strong><br />

ao custo relativamente eleva<strong>do</strong> <strong>do</strong> tratamento<br />

térmico, o uso de conserva<strong>do</strong>res é bastante comum<br />

em nossas condições, destacan<strong>do</strong>-se o áci<strong>do</strong><br />

benzóico ou seus sais de sódio ou potássio, o áci<strong>do</strong><br />

sórbico ou sorbatos e compostos de enxofre. A<br />

concentração máxima permitida <strong>do</strong>s conservantes<br />

é controlada pela legislação, sen<strong>do</strong> de destacar<br />

que a eficiência <strong>do</strong> tratamento depende de inúmeros<br />

fatores, principalmente concentração <strong>do</strong><br />

conservante, temperatura <strong>do</strong> alimento, tipo e grau<br />

de contaminação presente e <strong>do</strong> pH <strong>do</strong> produto<br />

(Leitão et al., 1977 ).<br />

A posição legal com respeito aos preservativos<br />

(áci<strong>do</strong>s benzóico e sórbico e seus sais)<br />

permiti<strong>do</strong>s na ' Alemanha Federal, como conserva<strong>do</strong>res<br />

de fruta para iogurte foi considerada com<br />

base bacteriológica e química. Em vista <strong>do</strong> aumento<br />

da demanda, para evitar preservativos em<br />

alimentos, diretrizes foram apresentadas para o<br />

procedimento adequa<strong>do</strong> no processamento de iogurte<br />

de frutas sem preservativos, visan<strong>do</strong> fundamentar<br />

a esterilidade das frutas, <strong>do</strong> iogurte natural<br />

e da linha de produção ( Unterholzner, 1985 ).<br />

Foi investiga<strong>do</strong> o efeito <strong>do</strong> sorbato de<br />

potássio no crescimento de culturas inicia<strong>do</strong>ras<br />

de iogurte e de leveduras contaminantes, sen<strong>do</strong><br />

que as culturas inicia<strong>do</strong>ras de iogurte foram isoladas<br />

de nove iogurtes comerciais e as dez linhagens<br />

de leveduras contaminantes foram isoladas de iogurtes<br />

estufa<strong>do</strong>s, que tinham si<strong>do</strong> incuba<strong>do</strong>s por<br />

sete dias a 25°C. Excetuan<strong>do</strong>-se o inicia<strong>do</strong>r-H, o<br />

crescimento <strong>do</strong>s inicia<strong>do</strong>res isola<strong>do</strong>s foi inibi<strong>do</strong><br />

por sorbato de potássio a 0,3%. A maioria das<br />

leveduras contaminantes isoladas foram inibidas<br />

por sorbato de potássio a 0,1 %; a levedura<br />

contaminante-9 foi a mais sensível. O crescimento<br />

<strong>do</strong> inicia<strong>do</strong>r-H seleciona<strong>do</strong> foi semelhante àquele<br />

<strong>do</strong> controle em cal<strong>do</strong> MRS conten<strong>do</strong> 0,3% de<br />

sorbato de potássio. O sorbato de potássio a 0,3%<br />

não afetou o crescimento <strong>do</strong> inicia<strong>do</strong>r-H seleciona<strong>do</strong>,<br />

incuba<strong>do</strong> com a levedura-9 selecionada em<br />

leite desnata<strong>do</strong> a 37°C por quarenta e oito horas;<br />

o crescimento da levedura-9 não ocorreu durante<br />

a incubação. Mudanças nas células viáveis <strong>do</strong> inicia<strong>do</strong>r-H<br />

em iogurte contamina<strong>do</strong> com a levedura-9<br />

selecionada não foram observadas em 4 ±<br />

I°C por sete dias; a levedura contaminante não<br />

mu<strong>do</strong>u sob as mesmas condições. Entretanto, o<br />

crescimento da levedura contaminante-9 foi significativamente<br />

inibi<strong>do</strong> no iogurte conten<strong>do</strong><br />

sorbato de potássio a 0,3% durante a armazenagem<br />

a 25°C ( Lim & Lee, 1992 ).<br />

A legislação federal (Brasil, 1988) trata <strong>do</strong>s<br />

aditivos permiti<strong>do</strong>s em alimentos, incluí<strong>do</strong>s os<br />

conservantes alimentícios, e estabelece para produtos<br />

de frutas, cereais, legumes e outros ingredientes<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, na 300, 52.: (5): 60-65, 1997<br />

para uso em iogurtes, queijo tipo petit - suisse e<br />

similares, o limite máximo de 0,20' g / 100 g (expresso<br />

em áci<strong>do</strong> sórbico) de áci<strong>do</strong> sórbico e seus sais<br />

de sódio, potássio e cálcio (P. IV).<br />

2. ISOLAMENTO E<br />

CARACTERIZAÇÃO<br />

Para o isolamento e a caracterização<br />

de leveduras em aiimentos, principalmente<br />

iogurtes, deverão ser segui<strong>do</strong>s os seguintes<br />

procedimentos.<br />

2.1. Obtenção das amostras<br />

Deverão ser previamente analisadas<br />

amostras de iogurte, de diferentes sabores, todas<br />

dentro da data de validade. As amostras obtidas<br />

deverão ser acondicionadas em caixas de material<br />

isotérmico ( isopor ) conten<strong>do</strong> cubos de gelo e<br />

transportadas de imediato ao laboratório (<br />

Harrigan & Mc Cance, 1976, ICMSF, 1978 ).<br />

2.2. Preparo das amostras<br />

No laboratório cada amostra deverá receber<br />

um número de identificação. Em seguida<br />

deverá ser homogeneizada, por inversão da embalagem<br />

plástica durante vinte e cinco vezes consecutivas<br />

. A seguir, deverão ser coloca<strong>do</strong>s<br />

assepticamente 10 ml de amostra em um frasco<br />

erlenmeyer conten<strong>do</strong> 90 ml de água destilada estéril<br />

deven<strong>do</strong> ser homogeneizada posteriormente<br />

( diluição 10-1 ). A partir da diluição 10-1 assim<br />

obtida, deverão ser realizadas as diluições decimais<br />

seriadas, até 10-3 utilizan<strong>do</strong>-se água destilada<br />

estéril como diluente. As três diluições obtidas,<br />

assim como a diluição 10°· deverão ser usadas na<br />

análise subsequente ( ICMSF, 1974, ICMSF, 1980).<br />

2.3. Enumeração de bolores e leveduras<br />

Deverá ser pipeta<strong>do</strong> as septicamente I ml<br />

das diluições e distribuí<strong>do</strong> em placas de Petri<br />

identificadas. Adicionar-se-a a cada placa 15 ml<br />

de ágar batata dextrose acidifica<strong>do</strong> com áci<strong>do</strong><br />

tartárico a 10% ( pH = 4,0 ) com homogeneização,<br />

após solidificação deverão ser incubadas a 25°C<br />

por 5 dias. As unidades forma<strong>do</strong>ras de colônias<br />

deverão ser calculadas de acor<strong>do</strong> com as diluições.<br />

( ICMSF, 1978 ).<br />

2.4. Isolamento das culturas<br />

Procurar-se-a selecionar to<strong>do</strong>s os tipos<br />

morfológicos existentes, sen<strong>do</strong> que as colônias<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, n° 300, 52: (5): 60-65, 1997 Pág. 63<br />

numerosas deverão ser isoladas em maior<br />

proporção, visan<strong>do</strong> conhecer as espécies pre<strong>do</strong>­<br />

minantes. Todas as culturas deverão ser purificadas<br />

por re-espalhamento em ágar sabouraud glicose,<br />

<strong>do</strong>nde se fará a descrição da morfologia colonial (<br />

cor, forma, elevação, brilho ). Após essa descri­<br />

ção macroscópica, se fará um exame microscópi­<br />

co para uma análise preliminar <strong>do</strong> tamanho, forma<br />

e outras características celulares, bem como<br />

para constatar a pureza das culturas. Em seguida,<br />

cada cultura deverá receber um número e será es­<br />

tocada em tubos de ensaio de 12 x 100 mm con­<br />

ten<strong>do</strong> meio " Gymp ", para posterior identifica­<br />

ção. Cada cultura será coberta com óleo mineral<br />

para evitar ressecamento e mantida a 8 +/- 20C.<br />

2.5. Provas taxonômicas<br />

Nos testes taxonômicos deverão ser emprega<strong>do</strong>s<br />

os méto<strong>do</strong>s descritos por Kreeger Van<br />

Rij ( 1984 ) e Barnett et aI., ( 1983 e 1990 ).<br />

2.5.1. Provas morfológicas<br />

Além <strong>do</strong>s exames macro e microscópicos<br />

a serem feitos nas culturas deverá ser realiza<strong>do</strong> o<br />

cultivo em lâmina utilizan<strong>do</strong>-se o ágar farinha de<br />

milho para verificação de pseu<strong>do</strong>micélio e/ou<br />

micélio verdadeiro. As placas, conten<strong>do</strong> as lâminas,<br />

deverão ser incubadas a temperatura ambiente<br />

sen<strong>do</strong> feitas as observações microscópicas entre<br />

2 e 5 dias de incubação.<br />

Para se verificar a produção de esporos,<br />

deverão ser utiliza<strong>do</strong>s, além <strong>do</strong> ágar farinha de<br />

milho, o meio de Gorodkowa e o ágar acetato de<br />

McClary. As placas deverão ser mantidas a temperatura<br />

ambiente e as observações feitas periodicamente<br />

entre 7, 14 e 21 dias.<br />

2.5.2. Provas fisiológicas<br />

2.5.2. 1. Capacidade fermentativa<br />

Para se verificar a capacidade<br />

fermentativa das culturas deverá ser utiliza<strong>do</strong> o<br />

meio básico para fermentação. O meio deverá ser<br />

coloca<strong>do</strong> em tubos de 12 x 100 mm conten<strong>do</strong><br />

tubo de Durhan inverti<strong>do</strong>. Os açúcares deverão<br />

ser esteriliza<strong>do</strong>s separadamente <strong>do</strong> meio.<br />

Inicialmente deverá ser testada a capacidade<br />

fermentativa frente à glicose. As culturas<br />

que apresentarem resulta<strong>do</strong> positivo deverão ser<br />

então submetidas a três dissacarídeos: sacarose,<br />

mal tose e lactose.<br />

Os tubos deverão ser manti<strong>do</strong>s a temperatura<br />

ambiente sen<strong>do</strong> as leituras feitas periodicamente<br />

entre 7 e 21 dias. Deverá ser considera<strong>do</strong><br />

resulta<strong>do</strong> positivo quan<strong>do</strong> 1/3 a 3/3 <strong>do</strong> tubo de<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

Durhan estiver preenchi<strong>do</strong> com gás e resulta<strong>do</strong><br />

negativo quan<strong>do</strong> não houver produção de gás.<br />

2.5.2.2. Crescimento em diversas temperaturas<br />

Deverá ser analisada a capacidade de crescimento<br />

a 35°C, 40°C e 42°C, utilizan<strong>do</strong>-se o meio<br />

básico para fermentação acresci<strong>do</strong> de 0,5% de<br />

glicose. Para a temperatura de 35°C, os tubos deverão<br />

ser manti<strong>do</strong>s em estufa de incubação e para<br />

as demais temperaturas deverá ser utiliza<strong>do</strong> o banho-maria.<br />

As leituras deverão ser feitas através<br />

<strong>do</strong> cartão de Whickerham ( Kreeger Van Rij, 1984<br />

), após 48 - 72 horas de incubação. Deverá ser<br />

considera<strong>do</strong> crescimento positivo quan<strong>do</strong> as linhas<br />

<strong>do</strong> cartão não forem visíveis e negativo quan<strong>do</strong><br />

estas forem visíveis.<br />

2.5.2.3. Crescimento em meio conten<strong>do</strong> nitrato<br />

Deverá ser utiliza<strong>do</strong> o meio " Yeast<br />

Carbon Base " ( YCB - Difco ) conten<strong>do</strong> 0,078%<br />

de KN03 como fonte de nitrogênio e 2,0% de<br />

ágar.<br />

2.5.2.4. Crescimento em meio livre de vitaminas<br />

Para se verificar a capacidade de crescimento<br />

em meio isento de vitaminas ( Vitaminfree<br />

) deverá ser utiliza<strong>do</strong> o meio " Vitamin-free<br />

Base " ( Difco ) acresci<strong>do</strong> de 2,0% de ágar.<br />

2.5.2.5. Produção de urease e prova D.B.B.<br />

Para estas provas deverá ser utiliza<strong>do</strong> o<br />

meio " Yeast Carbon Base " ( YCB - Difco )<br />

acresci<strong>do</strong> de 2,0% de uréia filtrada em membrana<br />

" Millipore " ( 0,45 nm ) e 0,02% de fucsina<br />

ácida, segun<strong>do</strong> meto<strong>do</strong>logia descrita por Hagler &<br />

Men<strong>do</strong>nça-Hagler ( 199 I ).<br />

2.5.2.6. Resistência à pressão osmótica<br />

Para esta prova, deverão ser utilizadas<br />

duas substâncias distintas. O meio básico para<br />

ambas deverá ser o ágar sabouraud glicose. Para<br />

uma das provas, deverá ser acrescenta<strong>do</strong> 50% de<br />

glicose ao meio básico e para a outra 10% de<br />

NaCI.<br />

2.5.2.7. Crescimento em meio conten<strong>do</strong><br />

cicloheximida ( actidione )<br />

Para esta prova deverá ser utiliza<strong>do</strong> o<br />

meio " Yeast Nitrogen Base " ( YNB - Difco )<br />

acresci<strong>do</strong> de 1,0% de glicose, 2,0% de ágar e<br />

alíquotas de cicloheximida que deverão variar de<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org<br />

acor<strong>do</strong> com ' a concentração desejada ( 100 o ' u


Pág. 64<br />

1000 ppm ), segun<strong>do</strong> meto<strong>do</strong>logia descrita por<br />

Kreeger Van Rij ( 1984 ).<br />

2.5.2.8. Síntese de ami<strong>do</strong><br />

Para se verificar a produção de compostos<br />

amilóides deverá ser utiliza<strong>do</strong> o ágar sabouraud<br />

glicose. Após o crescimento das cultuas, deverá<br />

ser goteja<strong>do</strong> sobre as mesmas uma soluça0 e l gol.<br />

O aparecimento de coloração azul escura mdlcará<br />

resulta<strong>do</strong> positivo.<br />

2.52.9. Provas de assimilação de fontes e carbono<br />

Deverão ser utilizadas as seguintes substâncias:<br />

glicose, galactose, L-sorbose, mlose,<br />

sacarose, celobioSe-;---trealose, lactose, mehblOse,<br />

rafinose, melezitose, inulina, ami<strong>do</strong> solúvel, Dxilose<br />

L-arabinose, D-arabinose, D-ribose, Lramnse,<br />

etanol, glicerol, eritritol, ribitol<br />

(a<strong>do</strong>nitol), galactitol (dulcitol), D-manitol, Dglucitol<br />

(sorbitol), alfa-metil D-glucosdeo,<br />

salicina, glucona B-Iactona, DL-Iactato, succmato,<br />

citrato, m-inoitol e glicosamina. Todas as substâncias<br />

deverão ser utilizadas na concentração de<br />

0,5%, exceto a rafinose que deverá ser utilizada a<br />

1,0%.<br />

2.6. Ensaio de resistência ao conservante<br />

Para esta prova deverá ser utiliza<strong>do</strong> o ágar<br />

sabouraud glicose, pH = 4,5; onde deverá ser acrescenta<strong>do</strong><br />

o conservante sorbato de potássio. Para<br />

verificar o desenvolvimento microbiano (controle)<br />

deverá ser utiliza<strong>do</strong> o mesmo meio de cultura,<br />

porém sem a adição de conservante.<br />

' .<br />

No caso o pH <strong>do</strong> meio deverá ser aj usta<strong>do</strong><br />

para 4,5, porque neste valor se deverá obter uma<br />

boa atividade antimicrobiana <strong>do</strong> conservante<br />

emprega<strong>do</strong>, além de ser o pH médio <strong>do</strong>s iogurtes<br />

encontra<strong>do</strong>s no merca<strong>do</strong>. Deverão ser também<br />

esteriliza<strong>do</strong>s separadamente, por auto clave ou filtração<br />

em membrana, o meio básico sem o ág<br />

<br />

), o ágar e o conservante, para se eVItar, em p<br />

<br />

­<br />

meiro lugar, a hidrólise <strong>do</strong> ágar durante o aqueCImento,<br />

com perda <strong>do</strong> poder de gelificação e ainda<br />

no que se refere ao conservante utiliza<strong>do</strong> eventuais<br />

perdas por hidrólise ou evaporação.<br />

2.7. Técnica de "replica-piate "<br />

Esta técnica deverá ser utilizada para a<br />

grande maioria das provas, sen<strong>do</strong> que pa a ?<br />

in6culo, culturas de 24 - 48 horas em meIO<br />

Gymp " deverão ser tranSferidas e pré-i o ladas<br />

durante 3 a 5 dias a temperatura . am . beJite em<br />

meio " Yeast Nitrogen Base " ( YNB .- Difco )<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, nO 300, 52: (5): 60-65, 1997<br />

líqui<strong>do</strong> conten<strong>do</strong> 0,1% de glicose, sen<strong>do</strong> agitadas<br />

periodicamente para consumo <strong>do</strong> en<strong>do</strong>geno , A<br />

, :<br />

partir daí, cada inóculo evera r tra nsfen<strong>do</strong><br />

.<br />

as septicamente para um SIstema rep hca-plate<br />

multitiped ", que permite a inoculação de 25 colônias/placa.<br />

'<br />

.<br />

Todas as placas deverão ser mcubadas em<br />

estufas para B.O.D. a 25°C e as leituras feitas com<br />

7, 14 e 21 dias de incubação.<br />

2.8. Culturas padrão<br />

Deverão ser utilizadas também culturas<br />

padrão, a fim de se comparar e conferir os resulta<strong>do</strong>s<br />

obti<strong>do</strong>s.<br />

3. BffiLIOGRAFIA<br />

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. . I,


Pág. 66<br />

RESUMO<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes ", Jul/Dez, n° 300, 52: (5): 65-70, 1997<br />

SISTEMA LACTOPEROXIDASE NA CONSERVA ÇÃO DE<br />

LEITE CRU INTEGRAL<br />

Avaliou-se o tempo de conservação de<br />

leite cru à temperatura de 20°C (±2°C) após<br />

.' .<br />

ativação <strong>do</strong> sistema lactoperoxidase, utlhzan<strong>do</strong><br />

peróxi<strong>do</strong> de hidrogênio entre 4 e 60mg.- e<br />

adicionan<strong>do</strong> 12mg.L-l de tiocianato de OdlO. A ação conservante <strong>do</strong> hipotiocianat fOl ava­<br />

.<br />

liada através da acidez titulável, estabIhdade ao<br />

.<br />

álcool e pH em leite cru, previamente mantIo<br />

sob refrigeração (12 h), após a ordenha. O SIStema<br />

lactoperoxidase proporcionou um tempo<br />

de conservação <strong>do</strong> leite cru por 8 hors co :n<br />

adições de 8 a 40mg.L-l de peróxi<strong>do</strong> de hI droge­<br />

, .<br />

nio. O controle (ação isolada de peroxI<strong>do</strong> de<br />

hidrogênio) alcançou o mesmo tempo de conservação<br />

na concentração de 16mg.L-l . O<br />

. r­ sulta<strong>do</strong>s confirmam a possibilidae de dmmur A<br />

a concentração <strong>do</strong> peróxi<strong>do</strong> de hIdrogemo, u tt­<br />

.<br />

lizan<strong>do</strong> o tiocianato, na conservação <strong>do</strong> leIte<br />

cru a temperatura ambiente.<br />

Palavras-chave: leite cru,<br />

lactoperoxidase, tiocianato de sódio,<br />

peróxi<strong>do</strong> de hidrogênio.<br />

ABSTRACT<br />

The preservation time of raw milk was<br />

evaluated at 20°C(±2°C) by activation of<br />

lactoperoxidase system, using the hydro . gen<br />

peroxide (4-60mg.L-l) and the sodl m<br />

thiocyanate (12mg.L-1). The p e . servatlOn<br />

activity of hypothiocyanate was venfIed by the<br />

titratable acidity, alcohol stability and pH on<br />

raw whole milk, which was stored at moderately<br />

cold, during 12 hours, after milking c ? s. The<br />

lactoperoxidase system with addl Ion . of<br />

thiocynate increased the milk preservatlOn time<br />

during 8 hour, using 8mg.L-l of hydrogen<br />

*<br />

Ana C. R. Krolow*<br />

Celso M. Fagundes*<br />

peroxide. Hydrogen peroxide, as antibacterian<br />

agente (control), it needs 16mg: . L,- 1 for the s me<br />

time milk conservation. This result confum<br />

the possibility of decrea ing ? n hydrogen<br />

peroxide concentration wlth thlO yanate on<br />

preservation of raw milk at envuonmental<br />

temperature.<br />

Key-words: raw milk, lactoperoxidase,<br />

sodium thiocyanate, hydrogen peroxide.<br />

INTRODUÇÃO<br />

O leite, alimento fundamental na dieta<br />

humana necessita de adequada higiene e conservaçã,<br />

em todas as etapas envolvidas, desde<br />

obtenção, transporte, processa . mento,<br />

comercialização e consumo, ten<strong>do</strong> em vIsta sua<br />

alta perecibilidade (BUSANI, 1989).<br />

No Brasil, práticas inadequadas de produção<br />

e manuseio <strong>do</strong> leite nas propriedaes el ­<br />

vada temperatura ambiente, enorme dIstancia<br />

entre a prorriedade e o local de processamento,<br />

entre outras, tornam o leite de baixa qualidade<br />

(ROSSI, 1992).<br />

_ .<br />

O sistema ideal de conservaçao <strong>do</strong> leite<br />

é a refrigeração, entretanto, soluções desse tipo<br />

nem sempre são viáveis, por razões de ordem<br />

técnica e econômica (ROSSI, 1994).<br />

.<br />

Há entretanto, proteínas no leIte que<br />

tem atividde bactericida e/ou bacterist át ica, . . _<br />

as quais fazem parte de um sitema de lmIçao<br />

natural. Genericamente denommadas lactenmas,<br />

entre elas encontram-se: complement ? C,<br />

anticorpos, lisosimas, lactofernnas,<br />

lactoperoxidases, etc. (SANTOS, 1985)<br />

:<br />

O peróxi<strong>do</strong> de hidrogênio no lele cru, após ação da peroxidase, promove a o _<br />

Idaçao <strong>do</strong> tiocianato (componente natural <strong>do</strong> leite,> em<br />

hipotiocianato que tem efeito antibactenano,<br />

principalmente em bacterias Gram+ (A UNE &<br />

. d . I C Unive"sitário - Caixa Postal.<br />

UFPEUFAEM - Depto. Ciência e Tecnologia Agrom ustrza - amp . us /<br />

354 - CEP 96010 - 900 - Te /. (0532) 75 7258 - PelotaslRS - BrasIL.<br />

T<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, n° 300, 52: (5): 65-70, 1997 Pág. 67<br />

THOMAS, 1977; PRUITT et alii, 1982), prolongan<strong>do</strong><br />

a vida útil <strong>do</strong> leite. A relação ótima<br />

entre peróxi<strong>do</strong> de hidrogênio e tiocianato, para<br />

a adequada ativação <strong>do</strong> sistema, foi estudada<br />

por diversos autores (CHAKRABORTY et alii<br />

1986; e ROSSI et alii 1994), constatan<strong>do</strong>-se<br />

que as concentrações podem variar desde 10 a<br />

80mg.L-l de H202, com valores até 12mg.L-l de<br />

SCN-. As variações ocorrem em função de diferenças<br />

no tempo entre a ordenha e o início <strong>do</strong><br />

méto<strong>do</strong> de conservação e, principalmente, no<br />

número inicial de microorganismo no leite<br />

(THAKER & DAVE, 1986). Não há problema<br />

toxicológico num consumo diário de tiocianato<br />

em níveis até 200mg (REITER & HARNULV,<br />

1984), enquanto que a diminuição na concentração<br />

<strong>do</strong> peróxi<strong>do</strong> de hidrogênio é<br />

tecnologicamente benéfico na produção de deriva<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong> leite (SANTOS, 1985 e FURTADO,<br />

1991 ).<br />

Na baCia leiteira da Região de Pelotas,<br />

o recolhimento <strong>do</strong> leite à granel é realiza<strong>do</strong><br />

somente pela parte da manhã, assim a orderiha<br />

da tarde permanece sob refrigeração (12 horas),<br />

aumentan<strong>do</strong> o risco de alteração, principalmente<br />

se for considera<strong>do</strong> qualquer imprevisto<br />

até alcançar o processamento final na usina<br />

leiteira. Portanto, cabe verificar para este tipo<br />

de leite o tempo de conservabilidade, utilizan<strong>do</strong><br />

o sistema lactoperoxidase ativa<strong>do</strong>.<br />

O trabalho avalia o tempo de conservação<br />

<strong>do</strong> leite cru, ordenha<strong>do</strong> à tarde e resfria<strong>do</strong><br />

por 12 horas, após ativação <strong>do</strong> sistema<br />

peroxidase, utilizan<strong>do</strong> diferentes concentrações<br />

de peróxi<strong>do</strong> de hidrogênio e 12mg.L-t de<br />

tiocianato de sódio, ten<strong>do</strong> como controle a adição<br />

de peróxi<strong>do</strong> de hidrogênio (ação direta).<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Utilizou-se leite cru integral, proveniente<br />

de uma micro-usina de Pelotas-RS, apresentan<strong>do</strong><br />

contagem total de bactérias<br />

mesofílicas de 4,4x I 05 UFC/ml.<br />

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL<br />

Amostras de leite coletadas na micro­<br />

usina às 7 horas da manhã, com tempo de orde­<br />

nha de 12 horas e mantidas sob refrigeração,<br />

foram submetidas à contagem total de bactérias<br />

mesofílicas e veri ficação da presença de<br />

peroxidase e ausência de catalase.<br />

Foram retiradas 9 alíquotas (500ml de<br />

leite). Uma foi usada como testemunha e às<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

outras foram adiciona<strong>do</strong>s 12 mg de tiocianato<br />

de sódio e peróxi<strong>do</strong> de hidrogênio nas concentrações<br />

de 4, 8, 12, 16, 20, 24, 40, 60mg, por<br />

litro de leite. As amostras foram mantidas à<br />

temperatura ambiente (20°C±2°C) por 12 horas.<br />

Verificou-se a ação isolada <strong>do</strong> peróxi<strong>do</strong> de<br />

hidrogênio, como agente conserva<strong>do</strong>r, utilizan<strong>do</strong>-se<br />

as mesmas concentrações anteriormente<br />

citadas, ou seja, sem adição de tiocianato de<br />

sódio. As avaliações foram em triplicata com<br />

quatro repetições em dias distintos.<br />

MÉTODOS<br />

Contagem total de bactérias aeróbias<br />

mesófilas, conforme descrito no APHA, 1984.<br />

Peroxidase, conforme o LANARA, Ministério<br />

da Agricultura, 1981;<br />

Catalase, de acor<strong>do</strong> com técnica descrita<br />

por SCHULTZ, 1960.<br />

Acidez titulável, por titulação pelo méto<strong>do</strong><br />

Dornic, segun<strong>do</strong> Normas analíticas <strong>do</strong> Instituto<br />

A<strong>do</strong>lfo Lutz, 1985.<br />

pH, por pH-metro eletrônico, modelo<br />

B374, marca Micronal.<br />

Estabilidade ao álcool, conforme descrito<br />

pelo LANARA, Ministério da Agricultura,<br />

1981.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

O parâmetro a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> como indicativo<br />

da qualidade <strong>do</strong> leite foi 0,1 8%, em áci<strong>do</strong> lático,<br />

por ser o valor máximo penriiti<strong>do</strong> para que o<br />

mesmo seja utiliza<strong>do</strong> no consumo humano, de<br />

acor<strong>do</strong> com o Regulamento <strong>do</strong> Ministério da<br />

Agricultura, 1962.<br />

A Tabela 1 mostra que tanto no controle<br />

como na amostra adicionada de 4mg.L-l<br />

de peróxi<strong>do</strong> de hidrogênio, o tempo de conservação<br />

<strong>do</strong> leite fói de 4 horas, enquanto que a<br />

adição de 8ing.L-1 aumentou esse perí<strong>do</strong> para 8<br />

horas, mostran<strong>do</strong> melhor ação <strong>do</strong> sistema<br />

lactoperoxidase, em termos de acidez. Resulta<strong>do</strong>s<br />

semelhantes também podem ser vistos nas<br />

Tabelas 2 e 3, em termos de pÍ-I e estabilidade<br />

ao álcool, respectivamente. Esse tempo de preservação<br />

também foi obti<strong>do</strong> com concentrações<br />

de 12 até 40mg.L-l de peróxi<strong>do</strong> de hidrogênio,<br />

porém com 60mg.L-t houve uma diminUição<br />

na conservação para 4 horas .<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org


&<br />

Pág. 68 Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, n° 300, 52: (5): 65-70, 1997<br />

TABELA 01 _ Áci<strong>do</strong> lático(%) em leite com peróxi<strong>do</strong> de hidrogênio e tiocianato de sódio*<br />

incubação<br />

(horas)<br />

zero<br />

4<br />

8<br />

12<br />

Peróxi<strong>do</strong> de hidrogênio (mgll)<br />

zero<br />

0,18<br />

0,18<br />

0,20<br />

0,23<br />

4<br />

0,18<br />

0,18<br />

0,19<br />

0,21<br />

* _ 12mgll de tiocianato de sódio<br />

8<br />

0,18<br />

0,18<br />

0,18<br />

0,20<br />

1 2<br />

0,18<br />

0,18<br />

0,18<br />

0, 1 9<br />

ROSSI et alii (1994), estudan<strong>do</strong> a atividade<br />

da lactoperoxidase e a preservação <strong>do</strong> leite cru (leite<br />

B), o tempo foi de 12 horas, empregan<strong>do</strong> 4 a 16mgL<br />

\ de peróxi<strong>do</strong> de hidrogênio. O aumento de concen­<br />

trações de peróxi<strong>do</strong> de hidrogênio de 20 a 80mg.l·<br />

\, também provocaram uma diminuição na efici­<br />

ência <strong>do</strong> sistema lactoperoxidase devi<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong><br />

o autor, à inativação gradativa da enzima, enquanto<br />

que acima de 100mg.L-\, o efeito<br />

16<br />

0,18<br />

0,18<br />

0,18<br />

0,19<br />

20<br />

0,18<br />

0,18<br />

0,18<br />

0,19<br />

2 4<br />

0,18<br />

0,18<br />

0,18<br />

0,1 9<br />

40<br />

0,18<br />

0,18<br />

0,18<br />

0,20<br />

60<br />

0,18<br />

0,18<br />

0,19<br />

0,20<br />

conservativo foi exclusivamente devi<strong>do</strong> a ação<br />

oxidativa da água oxigenada. Efeito semelhante<br />

pode ter ocorri<strong>do</strong>, neste experimento, a partir de<br />

40mg.L-\ de peróxi<strong>do</strong> de hidrogênio, ainda que o<br />

tempo de conservação alcança<strong>do</strong> seja menor. Al­<br />

guns fatores podem ter contribui <strong>do</strong> para diminuir<br />

a eficácia <strong>do</strong> sistema peroxidase, entre os quais o<br />

tempo compreendi<strong>do</strong> entre a ordenha e a ativa-<br />

ção <strong>do</strong> mesmo<br />

TABELA 02 _ Estabilidade <strong>do</strong> leite ao álcool com peróxi<strong>do</strong> de hidrogênio e tiocianato de sódio*.<br />

incubação Peróxi<strong>do</strong> de hidrogênio (mg/l)<br />

(horas)<br />

zero<br />

4<br />

8<br />

12<br />

zero<br />

E<br />

E<br />

4<br />

E<br />

E<br />

+<br />

++<br />

* _ 12mgll de · tiocianato de sódio<br />

E - estável<br />

8<br />

E<br />

E<br />

E<br />

++<br />

12<br />

E<br />

E<br />

E<br />

+<br />

16<br />

E<br />

E<br />

E<br />

+<br />

20<br />

E<br />

E<br />

E<br />

+<br />

24<br />

+ _ instável pouco pronuncia<strong>do</strong><br />

E<br />

E<br />

E<br />

+<br />

40<br />

E<br />

E<br />

E<br />

++<br />

++ _ instável fortemente pronuncia<strong>do</strong><br />

TABELA 03 _ pH <strong>do</strong> leite com peróxi<strong>do</strong> de hidrogênio e tiocianato de sódio *<br />

incubação<br />

(horas)<br />

zero<br />

4<br />

8<br />

1 2<br />

Peróxi<strong>do</strong> de hidrogênio (mg/l)<br />

zero<br />

(J,75<br />

6,68<br />

6,52<br />

6,26<br />

4<br />

6,75<br />

6,70<br />

6,57<br />

6,43<br />

* _ 12mgll de tiocianato de sódio<br />

8<br />

6,75<br />

6,70<br />

6,63<br />

6,48<br />

12<br />

6,75<br />

6,72<br />

6,64<br />

6,47<br />

16<br />

6,75<br />

6,72<br />

6,64<br />

6,52<br />

20<br />

6,75<br />

6,72<br />

6,64<br />

6,52<br />

24<br />

6,75<br />

6,72<br />

6,62<br />

6,5 1<br />

40<br />

6,75<br />

6,72<br />

6,62<br />

6,5 1<br />

60<br />

E<br />

E<br />

+<br />

++<br />

60<br />

6,75<br />

6,72<br />

6,61<br />

6,50<br />

e;:r=lt<br />

i:J<br />

l-"<br />

.::--t=ff<br />

.::-t=.<br />

<br />

''i''--<br />

<br />

-;-I)<br />

-=e<br />

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.<br />

i=tt<br />

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<br />

0 -<br />

.<br />

Rev, Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", lul/Dez, n° 300, 52: (5): 65-70, 1997 Pág. 69<br />

As a?elas 4 a 6, mostram o efeito isola<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> peroxI<strong>do</strong> de hidrogênio (controle) como<br />

aente ba cteri cida, o qual manteve a conservaçao<br />

<strong>do</strong> leIte<br />

.<br />

cru por 4 horas nas concentrações<br />

de 4, 8 e 12mg.L· 1 e para um tempo de 8 horas<br />

foram necessári as de 16 a 24mg . L-I . O uso d e<br />

, ' '<br />

peroxI d o de hidrogênio nas concentrações de<br />

40 e 60mg.L·I, conservou o leite cru por apenas<br />

4 horas. Estes da<strong>do</strong>s diferem <strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s por<br />

R?SSI (I 92), o qual verificou que concentraçoes<br />

superIores a 24mg/l aumentam gradualmente<br />

o !empo de manutenção da qualidade <strong>do</strong> leite.<br />

la GUPTA et alii (1986) , menCIOnaram que<br />

a m : nutenção da qualidade <strong>do</strong> leite por 8 horas<br />

.<br />

a 30 C necessIta de 30mg L" de a'gu<br />

e que, se essa concentração for aumentada para<br />

100mg/l, esse tempo pode ser estendi<strong>do</strong> para<br />

12 horas.<br />

TA BELA 04 - Porcentagem de áci<strong>do</strong> lático em leite com peróxi<strong>do</strong> de hidrogênio<br />

incubação Peróxi<strong>do</strong> de hidrogênio (mg/l)<br />

(horas )<br />

zero<br />

4<br />

8<br />

12<br />

(horas )<br />

zero<br />

4<br />

8<br />

12<br />

E - estável<br />

zero<br />

0, 18<br />

0, 18<br />

0,20<br />

0,23<br />

zero<br />

E<br />

E<br />

++<br />

++<br />

0, 18<br />

0, 18<br />

0, 19<br />

0,2 1<br />

E<br />

E<br />

+<br />

++<br />

+ - instável pouco pronuncia<strong>do</strong><br />

++ - instável fortemente pronuncia<strong>do</strong><br />

8<br />

0, 18<br />

0, 18<br />

0, 19<br />

0,2 1<br />

8<br />

E<br />

E<br />

+<br />

++<br />

12<br />

0, 18<br />

0, 18<br />

0, 19<br />

0,20<br />

TABELA 06 - pH em leite com peróxi<strong>do</strong> de hidrogênio<br />

incubação<br />

(horas)<br />

zero<br />

4<br />

8<br />

12<br />

Peróxi<strong>do</strong> de hidrogênio (mg/l)<br />

zero<br />

6,75<br />

6,68<br />

6,52<br />

6,29<br />

4<br />

6,75<br />

6,7 1<br />

6,61<br />

6,45<br />

8<br />

6,75<br />

6,71<br />

6,61<br />

6,45<br />

12<br />

E<br />

E<br />

+<br />

++<br />

12<br />

6,75<br />

6,71<br />

6,62<br />

6,45<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

16<br />

0, 18<br />

0, 18<br />

0, 18<br />

0,20<br />

16<br />

E<br />

E<br />

E<br />

++<br />

16<br />

6,75<br />

6,71<br />

6,64<br />

6,47<br />

20<br />

0, 18<br />

0, 18<br />

0, 18<br />

0,20<br />

20<br />

E<br />

E<br />

E<br />

++<br />

20<br />

6,75<br />

6,72<br />

6,64<br />

6,47<br />

24<br />

0,18<br />

0, 18<br />

0, 18<br />

0,20<br />

24<br />

E<br />

E<br />

E<br />

++<br />

24<br />

6,75<br />

6,72<br />

6,64<br />

6,48<br />

.<br />

a oXIgena a<br />

.<br />

.<br />

d<br />

40<br />

0, 18<br />

0, 18<br />

0, 19<br />

0,20 ·<br />

40<br />

E<br />

E<br />

+<br />

++<br />

40<br />

6,75<br />

6,72<br />

6,61<br />

6,48<br />

60<br />

0, 18<br />

0, 18<br />

0, 19<br />

0,20<br />

60<br />

E<br />

E<br />

+<br />

++<br />

60<br />

6,75<br />

6,72<br />

6,61<br />

6,48<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org


Pág. 70<br />

CONCLUSÕES<br />

Há possibilidade de conservação <strong>do</strong> leite<br />

cru integral à 20°C(±2°C), por 8 horas, utilizan<strong>do</strong><br />

12mg.L·l de tiocianato de sódio e 8mg.L-l de<br />

peróxi<strong>do</strong> de hidrogênio. Esta últi a concentrção<br />

corresponde à metade da quantIdade necessaria<br />

para este composto alcançar o mesmo tempo<br />

conservação em ação isolada.<br />

REFERÊNCIAS BffiLIOGRÁFlCAs'<br />

AMERICAN. PUBLIC HEALTH<br />

ASSOCIATION. Washington<br />

Compendium of methods for<br />

. the<br />

microbiological examination of foods. Washington,<br />

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AUNE, T.M.; THOMAS, E.L.. Accumulation<br />

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catalysed oxidation of thiocyanate ion. Eur.<br />

J. Biochemistry, 17:1005-10, 1978.<br />

BRASIL - Ministério da Agricultura. Regulamento<br />

da Inspeção Industrial e Sanitária <strong>do</strong>s<br />

Produtos de Origem Animal. Brasília, 1962.<br />

BRASIL - Ministério da Agricultura - LANARA.<br />

Méto<strong>do</strong>s analíticos oficiais para controle de<br />

produtos de origem animal e seus ingredientes.<br />

11 - méto<strong>do</strong>s físicos e químicos. Brasília, 1981.<br />

BUSANI, Sílvia Fátima Borges. <strong>Leite</strong> Pasteuriza<strong>do</strong><br />

- Sua Qualidade desde a Fonte de Produção.<br />

Colet. ITAL, Campinas, 19(2): 101-<br />

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CHAKRABOTY, B. K.; CHAUDRY, S.S.;<br />

ALEX, K.A.; lACOB, G.; SONI, G.J.<br />

Application of the lactoperoxidase system<br />

in milk against Peseu<strong>do</strong>manals and other<br />

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Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, n° 300, 52: (5): 65-70, 1997<br />

FURTADO, M.M. A arte e a Ciência <strong>do</strong> Queijo.<br />

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GUPTA, V. K.; PATEL, R.S.; DATIL, G.R.;<br />

SINGH, S.; MATHUR, B.N .. Preservation<br />

of milk with hydrogen peroxide and<br />

I actopero x i dase/thi o c y anate/hydro gen<br />

peroxide system. Indian 1. Dairy Sci., New<br />

Delhi, v.39,p.269-76, 1986.<br />

PRUITT, K.M.; TENOVUO, 1.; ANDREWS,<br />

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ROSSI, E.A .. O sistema lactoperoxidase na preservação<br />

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Dissertação de Doutora<strong>do</strong>. Campinas,<br />

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ROSSI, E.A.; OLIVEIRA, J.S.; FARIA, 1.B .. efeito<br />

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eficiência <strong>do</strong> sistema lactoperoxidase ativa<strong>do</strong><br />

em leite. Ciência e Tecn. de Alimentos,<br />

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SANTOS, E.C .. Presença de inibi<strong>do</strong>res no leite<br />

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SÃO PAULO - Instituto A<strong>do</strong>lfo Lutz - Normas<br />

Analíticas <strong>do</strong> Instituto A<strong>do</strong>lfo Lutz. v. I:<br />

Méto<strong>do</strong>s Químicos e Físicos para análise de<br />

alimentos. 3ed. São Paulo, 1985. 37p.<br />

SCHULTZ, H.W.. Food Enzymes.<br />

Connecticut:Dheavi Publishing Company,<br />

1960. 144p.<br />

THAKER, R.P.; DAVE, 1.M. Application of the<br />

acti vated Iactoperoxidase-thicianatehydrogen<br />

peroxide systm in enhancing the<br />

keeping quality of raw buffalo milk at hig . her<br />

temperatures. Milkchwissenschaft , Klel,<br />

v.41, p.20-2, 1986.<br />

FINE<br />

FINANCIADORA DE ESTUDOS E PROJETOS<br />

MINISTÉRIO DA CIÊNIA E TECNOLOGIA<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, n° 300, 52: (5): 71-79, 1997 Pág. 71<br />

BIOLUMINESCÊNCIA: UMA NOVA FERRAMENTA PARA<br />

TORNAR O CONTROLE MICROBIOLÓGICO MAIS RÁPIDO,<br />

1. Apresentação<br />

2. Bioluminescência<br />

3. Aplicações a Indústria de Laticínios<br />

Produto Final<br />

Produtos Pasteuriza<strong>do</strong>s<br />

Matéria - Prima<br />

Monitoramento de Higiene<br />

HACCP<br />

4. Avaliação de Impacto Financeiro<br />

5. Conclusões<br />

1. APRESENTAÇÃO<br />

A segurança <strong>do</strong>s alimentos tem se torna<strong>do</strong><br />

mais e mais um item de preocupação tanto<br />

para consumi<strong>do</strong>res como para órgãos governamentais<br />

responsáveis pela saúde pública.<br />

Como consequência, tem aumenta<strong>do</strong> a<br />

pressão sobre as empresas envolvidas no<br />

processamento de alimentos e bebidas no que diz<br />

respeito aos padrões de qualidade, tanto durante a<br />

manufatura como <strong>do</strong> produto final.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, tais controles normalmente<br />

tomam tempo, aumentan<strong>do</strong> a quarentena<br />

<strong>do</strong>s produtos dentro das plantas de processamento.<br />

Neste contexto, a ' bioluminescência se<br />

apresenta como alternativa aos méto<strong>do</strong>s tradicionais<br />

de controle microbiológico, alternativa esta<br />

que, além de fácil operação e confiabilidade nos<br />

resulta<strong>do</strong>s, reduz sensivelmente o tempo de análise,<br />

in<strong>do</strong> de encontro aos interesses .de produtores,<br />

consumi<strong>do</strong>res e orgãos governamentais.<br />

FÁCIL E PRECISO<br />

1 Gerente Divisão Analítica Millipore Ind. e Com. ' Ltda<br />

2· Gerente de Produto - Celsis Millipore 1nd. e Com. Ltda<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

2. BIOLUMlNESCÊNCIA<br />

Alcides Barrichello, M. S. J<br />

Engo. Marcos César Arid AlliP<br />

Os méto<strong>do</strong>s tradicionais para os testes<br />

microbiológicos de produtos muito pouco muda­<br />

ram desde o final <strong>do</strong> século passa<strong>do</strong>.<br />

A necessidade de um longo perío<strong>do</strong> de<br />

incubação, seja para matéria-prima ou produto<br />

final, representa uma significativa despesa de fa­<br />

bricação uma vez que produto e capital permane­<br />

cem inativos durante este perío<strong>do</strong>.<br />

Porém criou-se um paradigma de que ou­<br />

tros méto<strong>do</strong>s trariam altos cuSotos o que não é<br />

verdade e os laboratórios de microbiologia tor­<br />

naram-se vítimas desta teoria. Alto custo não se<br />

correlaciona com altos níveis de precisão. Os<br />

méto<strong>do</strong>s tradicionais,em geral, dependem da iden­<br />

tificação e contagem de colônias a olho nu e sem­<br />

pre estão a sujeitos a erro humano.<br />

A tecnologia Millipore-CeIsis é especi­<br />

ficamente direcionada para acelerar e melhorar a<br />

exatidão <strong>do</strong> controle microbiológico. Desenvolveu­<br />

se uma série de reagentes bioquímicos altamente<br />

sensíveis e rápi<strong>do</strong>s que emitem luz quan<strong>do</strong> em con­<br />

tato com as moléculas de ATP.<br />

O ATP (Adenosina Trifosfato) é um<br />

nucleotídeo presente em toda célula viva e é uti­<br />

liza<strong>do</strong> por estas como fonte de energia.<br />

Células diversas como da pele, <strong>do</strong> sangue,<br />

de plantas e microorganismos (bactérias,<br />

mofo,leveduras) possuem pequenas quantidades de<br />

ATP. To<strong>do</strong> ATP é quimicamente idêntico não im­<br />

portan<strong>do</strong> forma ou origem, apenas a quantidade.<br />

Usan<strong>do</strong>-se de uma combinação de<br />

reagentes e a enzima responsável pela emissão de<br />

luz <strong>do</strong> Photinus pyralis (vagalume)-Luciferina­<br />

luciferase - o ATP destas células é libera<strong>do</strong> e a<br />

reação bioquímica com a enzima provoca luz.<br />

Este montante de ATP pode ser medi<strong>do</strong> em "Unidades<br />

Relativas de Luz" (URL) por intermédio de<br />

um equipamento de nome luminômetro<br />

(Biocounter â). A este fenômeno dá-se o nome de<br />

bioIuminescência.<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org


Pág. 72<br />

Essa . tecnologia permite a quantificação<br />

e qualificação de ATP microbiano e<br />

não microbiano sej a em produto final ou<br />

durante o processo, em tempos reduzi<strong>do</strong>s.<br />

Baixos níveis de ATP são suficientes para<br />

ativar a reação de bioluminescência, permitin<strong>do</strong> a<br />

detecção rápida de microorganismos entre 5 minutos<br />

e 48 horas.<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JullDez, n° 300, 52: (5): 71-79, 1997<br />

Exemplos da redução de quarentena para produtos estéreis:<br />

PRODUTO<br />

<strong>Leite</strong> UHT<br />

Sobremesas Lá.cte.as<br />

Inicialmente, devemos promover a incubação<br />

de uma amostra por um perío<strong>do</strong> de 24 a 48<br />

horas para que haja o crescimento de eventuais<br />

microorganismos. Este tempo é suficiente para<br />

que microorganismos que sobreviveram aos processos<br />

térmicos se desenvolvam e tenhamos um<br />

nível de ATP satisfatório para identificação.<br />

O ensaio consiste na hidrólise seletiva <strong>do</strong><br />

ATP livre e <strong>do</strong> ATP proveniente de células somáticas<br />

( não microbianas ), utilizan<strong>do</strong> enzima ATPase.<br />

Prossegue-se, então, liberan<strong>do</strong>-se o ATP<br />

das células microbianas, com posterior adição <strong>do</strong><br />

3. APLICAÇÔES A INDÚSTRIA DE<br />

LATICÍNIOS<br />

3.1. Produtos Estéreis<br />

Os produtos estéreis tem como característica<br />

de análise longos perío<strong>do</strong>s de incubação. A<br />

tecnologia da bioluminescência permite a redução<br />

da quarentena com resulta<strong>do</strong>s confiáveis e, importante,<br />

redução de custos com grandes economias.<br />

MÉfODO<br />

BIOLUMINESCÊNCIA<br />

02 dias<br />

reagente luciferina -luciferase ( LUMITâ ).<br />

A luz emitida é medida pelo conta<strong>do</strong>r de<br />

fótons, Biocounter â e o resulta<strong>do</strong> será da<strong>do</strong> em<br />

"Unidades Relativas de Luz" ( URL ). Este resulta<strong>do</strong><br />

é então utiliza<strong>do</strong> para determinarmos a esterilidade<br />

ou não de uma amostra.<br />

Trabalhos desenvolvi<strong>do</strong>s na Holanda demonstraram<br />

que a presença de uma única célula<br />

microbiana ( UFC = Unidade Forma<strong>do</strong>ra de Colônia<br />

) representa algo em torno de 120 URL's.<br />

Abaixo demonstramos típicos resulta<strong>do</strong>s da<br />

bioluminescência para leite UHT.<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, n° 300, 52: (5): 71-79, 1997 Pág. 73<br />

Limite < 120 URL's<br />

Fonte: Milch Union Hocheifel, Alemanha<br />

3,5<br />

3<br />

2,5<br />

Log URL<br />

Gráfico de Validação<br />

2+--- ---+-<br />

-- - --.-<br />

--- -- -- -.- -- --<br />

--+-LIMITE<br />

1 ,5 .. __ ... _ _ .... _ _ .mf<br />

0,5<br />

O+---.- --- -- --r- -- -- --'- -- --r- -- -- -- -.- --<br />

2 3 4 5 6<br />

3.2. Produtos Pasteuriza<strong>do</strong>s<br />

Amostras<br />

Atualmente para esta linha de produtos<br />

desenvolveu-se reagentes específicos para<br />

detecção de bactérias Oram negativas. O proce­<br />

dimento <strong>do</strong> ensaio dá-se da mesma forma com a<br />

alteração <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> de incubação que é de no<br />

máximo 24 horas contra as 48 horas utilizadas<br />

pelo méto<strong>do</strong> tradicional, e pela adição de<br />

inibi<strong>do</strong>res de cresciment de microorganismos<br />

Oram positivos.<br />

Mais importante que grandes economi­<br />

as oriundas de redução de estoque e inventário,<br />

está um controle mais rápi<strong>do</strong> e preciso onde é<br />

possível acelerar um eventual "recall" <strong>do</strong> pro­<br />

duto distribuí<strong>do</strong> ao consumo preservan<strong>do</strong> a ima­<br />

gem da empresa.<br />

3.3. Matéria-Prima<br />

A busca frequente por qualidade inicia­<br />

se no controle da matéria-prima recebida pelas<br />

indústrias de alimentos. A prática <strong>do</strong> pagamen­<br />

to por qualidade <strong>do</strong> leite recebi<strong>do</strong> é irreversível<br />

e as empresas pro,movem diversas análises des­<br />

te leite. Contu<strong>do</strong> sabe-se que a melhor referên-<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

7 8 9 10<br />

--VALORES<br />

cia de qualidade <strong>do</strong> leite cru está na contagem<br />

total deste produto.<br />

Através da tecnica da bioluminescência<br />

a contagem total é realizada em 05 minutos e<br />

ações imediatas podem ser tomadas como re­<br />

jeitar o leite recebi<strong>do</strong> ou até mesmo direcionar<br />

a matéria - prima para produção de queijos ou<br />

outros produtos com menores exigências.<br />

A qualificação da matéria-prima vai de<br />

encontro aos anseios de toda empresa de ali­<br />

mentos, poden<strong>do</strong> de forma eficaz aumentar a<br />

produtividade e a segurança na qualidade <strong>do</strong>s<br />

produtos, conseguin<strong>do</strong> desta forma evitar gran­<br />

des prejuízos, e se enquadran<strong>do</strong> junto ao HACCP,<br />

o qual será comenta<strong>do</strong> mais adiante.<br />

Os reagentes utiliza<strong>do</strong>s também são os<br />

mesmos neste caso, porém algumas empresas<br />

preferem realizar os ensaios sem a primeira eta­<br />

pa <strong>do</strong> processo, que seria a de destruir to<strong>do</strong> o<br />

ATP proveniente de células somáticas.<br />

Os trabalhos iniciais também visam uma<br />

primeira etapa de validação onde são realiza<strong>do</strong><br />

ensaios em paralelo entre bioluminescência e<br />

pelo méto<strong>do</strong> tradicional. Constrói-se então uma<br />

curva de calibração que deve ser refeita em pe­<br />

río<strong>do</strong>s anuais.<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org


Pág. 74<br />

TípicQs resulta<strong>do</strong>s para leite cru<br />

Fonte: St Ivel, Westway, Inglaterra<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, n° 300, 52: (5): 71-79, 1997<br />

. Diantê desta tabela fica extremamente fácil a partir deste momento a construção de um gráfico<br />

de calibração e consequentemente um controle de qualidade rápi<strong>do</strong>, preciso e de fácil interpretação.<br />

3.4. Monitoramento de Higiene<br />

As aplicações da bioluminescência para<br />

monitoramento de higiene já possuem um grande<br />

número de usuários a nível mundial. Os kits de<br />

detecção de microorganismos por via rápida para<br />

esta aplicação são de extrema confiabilidade e de<br />

fácil manuseio. Como as outras aplicações é necessário<br />

também que se possua um lumirtômetro (Biocounter®)<br />

e swabs estéreis, isentos de ATP livre.<br />

A grande vantagem para este tipo de análise<br />

está no tempo de detecção que ocorre em<br />

poucos minutos capacitan<strong>do</strong> a empresa a tomar<br />

medidas corretivas imediatas no caso de contaminações<br />

de linha de processo, não necessitan<strong>do</strong><br />

aguardar dias para se ter os resulta<strong>do</strong>s.<br />

De fato, ten<strong>do</strong> em mãos o kit correto<br />

para desenvolvimento <strong>do</strong>s trabalhos de<br />

monitoramento de higiene, este sistema é o ideal<br />

para que se tenha uma auditoria na área de higiene<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, n° 300, 52: (5): 71-79, 1997 Pág. 75<br />

industrial. Trabalhos iniciais de validação darão<br />

os valores limites de contaminação para as áreas<br />

a serem monitoradas.<br />

A grande diferença para outros equipamentos<br />

que operam em sistema similar está na<br />

interpretação <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s. Os equipamentos<br />

Biocounterâ indicam não só se uma área está suja<br />

como também quantifica esta contaminação. Alguns<br />

reagentes disponíveis não possuem um<br />

libera<strong>do</strong>r <strong>do</strong> nucleotídeo <strong>do</strong> ATP e quantificam<br />

tão somente a quantidade de ATP livre ou ATP<br />

provenientes de células somáticas libera<strong>do</strong>s pelo<br />

atrito entre o swab e a superfície.<br />

Outra grande vantagem oferecida por este<br />

sistema são as importantes aplicações direcionadas<br />

ao HACCP.<br />

3.5. Bioluminescência e o HACCP<br />

A este tópico, mostraremos como a<br />

tecnologia Millipore-Celsis pode atender as necessidades<br />

<strong>do</strong> programa HACCP de sua empresa.<br />

Quadro 1<br />

Valor<br />


Pág. 76<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JullDez, n° 300, 52: (5): 71-79, 1997<br />

Foram realizadas swabs deste Ponto Crítico em 465 tanques.Abaixo são mostra<strong>do</strong>s os valores obti<strong>do</strong>s em<br />

diferentes áreas <strong>do</strong>s tanques.<br />

Quadro 2<br />

Número de<br />

Amostras<br />

230<br />

203 (88)<br />

9 (4)<br />

190, (91)<br />

9'(4)<br />

86 (95)<br />

2 (2)<br />

Somente 63-89% das superfícies testadas pela bioluminescência foram aprovadas, enquanto que<br />

pelo méto<strong>do</strong> tradicional o resulta<strong>do</strong> foi superior a 90, tipicamente falso negativos.<br />

ESTABELECENDO LIMITES<br />

Através da bioluminescência, podemos<br />

determinar rapidamente quais os valores limites<br />

para diferentes Pontos Críticos de Controle. Como<br />

demonstra<strong>do</strong> na tabela anterior os resulta<strong>do</strong>s po-<br />

dem definir uma faixa de aceitabilidade de URL<br />

para monitoramento de higiene em tanques de<br />

transporte de leite cru. Através deste valor definem-se<br />

então perío<strong>do</strong>s de avaliação para inspeção<br />

geral das condições de sanitização <strong>do</strong>s equipamentos.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, como já demonstra<strong>do</strong> em alguns casos como leite cru, é necessário a construção<br />

de curva de calibração (quadro 3).<br />

Quadro 3<br />

AMOSTRA NP<br />

1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

5<br />

6<br />

7<br />

8<br />

9<br />

10<br />

UFClmL<br />

10000<br />

140QO<br />

'20000<br />

24000<br />

26000<br />

4OOO<br />

54000<br />

68000<br />

78000<br />

95000.<br />

Fonte: St Ivel, Westway, Inglaterra<br />

o monitoramento de leite cru é importante parte <strong>do</strong> programa HACCP, por causa da influência<br />

que o leite cru pode ter no shelf life <strong>do</strong> produto final.<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JullDez, n° 300, 52: (5): 71-79, 1997 Pág. 77<br />

MONITORAMENTO DE SISTEMAS<br />

A bioluminescência como méto<strong>do</strong> rápi<strong>do</strong><br />

de detecção microbiana é perfeita para testes de<br />

monitoramento de higiene em tanques e equipamentos.<br />

Como se sabe esses pontos estão nos<br />

programas <strong>do</strong> HACCP das empresas.<br />

O quadro 4 mostra resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s em<br />

Sword<br />

Plate<br />

Wall<br />

31<br />

89<br />

140<br />

63<br />

49<br />

145<br />

51<br />

21<br />

43<br />

72<br />

Quadro 4<br />

LHS - Left hand si de RHS - Right hand si de<br />

ESTOCAGEM E SEGURANÇA<br />

Teste no produto final é considera<strong>do</strong> uma<br />

importante parte <strong>do</strong> programa HACCP para verificar<br />

o status microbiológico.<br />

Limite < 120 URL's<br />

Fonte: Milch Union Hocheifel, Alemanha<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

11 dias de testes na St Ivel Westway, Inglaterra,<br />

nas máquinas de enchimento.<br />

To<strong>do</strong>s os resulta<strong>do</strong>s são em Unidades Relativas<br />

de Luz com limite crítico de 150 URL's.<br />

Entre parênteses, estão os valores em URL's após<br />

terem si<strong>do</strong> tomadas medidas corretivas, uma vez<br />

que estas amostras apresentaram contaminação<br />

superior aos limites estipula<strong>do</strong>s.<br />

Plastic &<br />

Bottom Feed<br />

RoUer<br />

44<br />

64<br />

68<br />

80<br />

102<br />

105<br />

77<br />

115<br />

71<br />

135<br />

Os resulta<strong>do</strong>s através da bioluminescência<br />

para produtos estéreis são da<strong>do</strong>s<br />

entre 24 a 48 horas com excelentes nívis de<br />

precisão e segurança, geran<strong>do</strong> à empresa grandes<br />

economias.<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org


Pág. 78 Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, n° 300, 52: (5): 71-79, 1997<br />

4. AVALIAÇÃODEIMPACIO<br />

FINANCEIRO<br />

Tempo é dinheiro, os méto<strong>do</strong>s de teste de<br />

controle de qualidade tradicionais, usan<strong>do</strong> placas ou<br />

pH, custam aos fabricantes tempo valioso antes que o<br />

produto seja aprova<strong>do</strong> e libera<strong>do</strong> aos consumi<strong>do</strong>res.<br />

Como dito anteriormente, os sistemas de<br />

controle microbiológico por bioluminescência<br />

Millipore-Celsis oferecem uma variedade de kits<br />

de teste rápi<strong>do</strong> para reduzir drasticamente o tem­<br />

po <strong>do</strong> teste de contagem total, confirman<strong>do</strong> que<br />

os produtos destina<strong>do</strong>s aos consumi<strong>do</strong>res estão<br />

seguros antes de entrarem na cadeia de distribui­<br />

ção. Os custos de armazém e estoque são reduzi­<br />

<strong>do</strong>s porque os produtos requerem menos tempo<br />

em quarentena antes que se saibam os resulta<strong>do</strong>s.<br />

Fabricantes que vêm utilizan<strong>do</strong> siste­<br />

mas Millipore-Celsis relatam economias somente<br />

nestas áreas entre US$ 200,000 e US$<br />

1,500,000 por unidade fabril.<br />

As empresas de produtos alimentícios atu­<br />

almente se deparam com tempos de processamento<br />

cada vez menor e demandas <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r "just<br />

in time", cada vez mais exigentes.<br />

Os méto<strong>do</strong>s rápi<strong>do</strong>s de microbiologia se­<br />

rão, sem dúvida, a grande alternativa para que<br />

empresas vençam esta importante etapa <strong>do</strong>s<br />

programas de qualidade total.<br />

Para apoiar o valor <strong>do</strong>s produtos<br />

Millipore-Celsis, foi desenvolvi<strong>do</strong> o "Modelo de<br />

Criação de Valor", um programa de computa<strong>do</strong>r<br />

que quantifica qual o Impacto Financeiro Positivo<br />

da bioluminescência em qualquer organização.<br />

Utilizan<strong>do</strong> várias informações de fabrica­<br />

ção eda<strong>do</strong>s financeiros disponíveis e específicos,<br />

proporciona-se custos detalha<strong>do</strong>s de avaliação personalizada<br />

e economias durante um perío<strong>do</strong> de 05<br />

anos, adapta<strong>do</strong>s suas necessidades empresariais e de<br />

processos de fabricação e demonstran<strong>do</strong> as econo­<br />

mias de custo associadas com a a<strong>do</strong>ção <strong>do</strong> sistema de<br />

controle microbiológico por bioluminescência<br />

Millipore-Celsis em um ou mais locais de fabricação.<br />

Outra importante vantagem <strong>do</strong>s méto­<br />

<strong>do</strong>s rápi<strong>do</strong>s está na redução <strong>do</strong> tempo de<br />

detecção- de problemas que geram perdas de<br />

produção.Exemplo: imaginan<strong>do</strong>-se uma linha de<br />

UHT contaminada pode ser calcula<strong>do</strong> este pre­<br />

juízo, quan<strong>do</strong> da comparação entre méto<strong>do</strong> tra­<br />

dicional e bioluminescência.<br />

MÉTODO TRADIClONAL<br />

Produção Diária: US$ 162.000,00<br />

Tempo de Análise para Detecção de Eventual<br />

Contaminação:05 dias<br />

Valor 'Total de Produção Perdida: US$<br />

810.000,00<br />

BIOLUMINESCÊNCIA<br />

Produção Diária: US$ 162.000,00<br />

Tempo de Análise para Detecção de eventual<br />

Contaminação:


Pág. 80<br />

1. 1. HACCP/Prerequisites<br />

2. Dairy Product Safety System<br />

3. Regulations Prospectus<br />

4. Prereq; HACCP; Employee Training<br />

5. HACCP - History, Mgt. Tool, Int.<br />

Recognition, Key Advantages<br />

6. Overview HACCP - Initial Drawbacks<br />

7. Overview HACCP - On-Going benefits<br />

8. Overview HACCP - Future benefits<br />

9. HACCP Benefits<br />

10. HACCP Program<br />

11. New Stresses X ChaIlenges<br />

12. Roles X Responsabilities<br />

13. Prereq's X GMP' S<br />

14. Six Prereq Areas<br />

(Premises)<br />

15. Six Prereq Areas<br />

(Recid/Stge)<br />

16. Six Prereq Areas (EQPT)<br />

1 7 . Six Prereq Areas<br />

(Personnel)<br />

18. Sanitation<br />

19 . • Hygiene<br />

20. IDFA ControI Point<br />

Comparisons<br />

21 . Steis to HACCP<br />

ImpIementation<br />

22. Model HACP Programs<br />

23. ModeI HACP Programs -<br />

cont.<br />

24. Bad Flow Diagram<br />

25. Good Flow Diagram<br />

26. Fluid Milk<br />

27. HA. Chart Fluid Milk<br />

28. Descp. Chart Fluid Milk<br />

1 Universi t{' of Wisconsin-Madison<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JuIlDz, na 300, 52: (5): 80-80, 1997<br />

itACCP<br />

29. Plain Yogurt<br />

3 O. Cheddar Cheese<br />

31. Ice cream<br />

32. ATP<br />

33. ATP Biolum.<br />

34. Bio Film Montoring<br />

Marianne SmukowskiJ<br />

35. HACCP - Word trade Gatt/Codex<br />

Maiores informações contactar a:<br />

Madasa <strong>do</strong> Brasil<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JullDez, na 300, 52: (5): 81-93, 1997 Pág. 81<br />

1. INTRODUÇÃO<br />

. 1<br />

LUBRIFICAÇÃO ESPECIAL NA INDÚSTRIA DE<br />

ALIMENTOS/BEBIDAS E FARMACÊUTICA<br />

Os produtos alimentícios e farmacêuticos<br />

s6 devem conter os componentes prescritos<br />

em suas formulações.<br />

Esta afirmação, porém, está mais distante<br />

da realidade <strong>do</strong> que imaginamos. O jornal alemão<br />

"Frankfurter Rundschau" noticiou em 07.4.93, a<br />

respeito de "Óleo mineral detecta<strong>do</strong> em barras de<br />

chocolate". Um programa de televisão, também alemo<br />

(Report des Südwestfunks) informou sobre o<br />

risco de "Óleo mineral detecta<strong>do</strong> em alimentos".<br />

A contaminação de alimentos ocorre de<br />

duas formas: através <strong>do</strong> envase ou embalagem ou<br />

durante a produção, pelo lubrificante.<br />

Quan<strong>do</strong>, em ambos os casos não se pode<br />

evitar uma possível contaminação técnica, o risco<br />

deve ser evita<strong>do</strong> através da utilização de lubrificantes<br />

especiais homologa<strong>do</strong>s para as indústrias<br />

de alimentação e farmacêutica.<br />

Estes lubrificantes, com formulações especiais,<br />

podem ter contato com alimentos e produtos<br />

farmacêuticos, desde que tal contato seja inevitável,<br />

pois contêm somente substâncias inofensivas.<br />

2. INTRODUÇÃO A TRIBOLOGIA E<br />

LUBRIFICAÇÃO<br />

As máquinas e instalações apresentam<br />

melhor funcionamento quan<strong>do</strong> seus pontos de<br />

atrito estão bem lubrifica<strong>do</strong>s.<br />

A lubrificação correta reduz o atrito e o<br />

desgaste, além de proporcionar uma produção segura<br />

e sem avarias.<br />

Assim, o cuida<strong>do</strong> com a lubrificação correta<br />

é muito importante, pois uma falha de lubrificação<br />

e o dano decorrente desta pode provocar<br />

um desgaste precoce <strong>do</strong> equipamento. Isso ocorria<br />

freqüentemente quan<strong>do</strong> a lubrificação era<br />

relegada a um segun<strong>do</strong> plano. Escolhia-se o lubrificante<br />

pela sua cor, o que pertence ao passa<strong>do</strong>.<br />

Desde a década de 60 a ciência tem se dedica<strong>do</strong> à<br />

lubrificação com crescente interesse e êxito.<br />

* São Paulo - Brasil<br />

** Munique - Alemanha<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

Augusto Saueia'<br />

Franz Schonbuchner"<br />

Este ramo da ciência se chama tribologia, e<br />

pode ser denomina<strong>do</strong> de ''Ensino sobre o atrito" (Fig.1).<br />

A pesquisa <strong>do</strong> atrito, a triboengenharia e<br />

a engenharia da lubrificação, são as áreas mais<br />

importantes da tribologia, e têm um papel fundamentaI<br />

no que diz respeito ao esta<strong>do</strong> de funcionamento<br />

de máquinas e instalações. A pesquisa <strong>do</strong><br />

atrito é a parte científica que otimiza a relação<br />

entre atrito e desgaste. Os conhecimentos obti<strong>do</strong>s<br />

na pesquisa <strong>do</strong> atrito são, juntamente com<br />

da<strong>do</strong>s da construção de máquinas e da economia<br />

industrial, estuda<strong>do</strong>s através da triboengenharia<br />

para controle <strong>do</strong> atrito e desgaste.<br />

A engenharia da lubrificação se ocupa<br />

da escolha e fornecimento de lubrificantes nos<br />

pontos de atrito ou de lubrificação, através de<br />

aparelhos ou máquinas lubrifica<strong>do</strong>ras. O<br />

tribosistema serve para análise <strong>do</strong> processo de<br />

TrlboIogogia<br />

Fig. 1: EstnJtura da Ttib .oJogia<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org


Pág. 82 Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JuUDez, nO 300, 52: (5): 81-93, 1997<br />

desgaste (Fig. 2). O tribo sistema é a base para a<br />

identificação das relações exisfentes entre atrito<br />

e desgaste. Conhecen<strong>do</strong>-se estas relações é possível<br />

resolver sistematicamente os problemas de<br />

desgaste (1). No campo técnico o desgaste ocorre<br />

em elementos ,de máquinas que estejam submeti<strong>do</strong>s<br />

a esforços tribológicos. As superfícies de atrito<br />

são determinadas pela estrutura <strong>do</strong> tribosistema.<br />

Essa estrutura é composta por quatro elementos:<br />

Primeiramente o corpo-base, principal<br />

corpo de atrito na condição de desgaste e o contra-corpo;<br />

substância intermediária (normalmente<br />

o lubrificante) e o meio ambiente. Como meio<br />

ambiente devem-se considerar além de ar e água,<br />

as soluções aquosas, os desinfetantes, o álcool,<br />

etc., ou seja materiais que geralmente podem ter<br />

influência na lubrificação.<br />

A lubrificação, numa definição resumida, é a<br />

redução <strong>do</strong> atrito e desgaste através <strong>do</strong> lubrificante.<br />

Como elemento <strong>do</strong> tribosistema a lubrificação<br />

é hoje um elemento construtivo de máquinas,<br />

equipamentos e instrumentos. O lubrificante<br />

tem a função de separar os corpos em atrito.<br />

Quan<strong>do</strong> as s;uperfícies destes corpos ein atrito<br />

estão totalmente separadas por uma película lubrificante,<br />

obtém-se uma lubrificação total, também<br />

chamada de lubrificação hidrodinâmica ou<br />

hidrostátita.<br />

Além <strong>do</strong> lubrificante, ou melhor da viscosidade<br />

<strong>do</strong> lubrificante, a carga e a velocidade<br />

têm influência sobre a lubrificação (2). Deve-se<br />

considerar que a superfície <strong>do</strong> corpo de atrito é<br />

rugosa, como se pode observar na figura 3. Em<br />

Modificaç6es<br />

de superfície<br />

(TIpo de<br />

desgaste)<br />

Perda de<br />

material<br />

(Medição <strong>do</strong><br />

desgaste)<br />

L.j DadOa c.racterisucó •.<br />

i<br />

<strong>do</strong> Desgnta<br />

Rg. 2: SiStema TríboIógico· .<br />

caso de parada, ou seja, no atrito estático, as<br />

rugosidades das superfícies se engrenam. Dependen<strong>do</strong><br />

da força normal e da rugosidade, com um mínimo<br />

movimento relativo inicial as áreas de contato<br />

tribo lógico engrenadas se separam. Este processo de<br />

separação (torque de ruptura) ocorre com temperaturas<br />

pontuais e instantâneas muito altas, poden<strong>do</strong><br />

ser notadas nos seguintes processos:<br />

as rugosidades deslizam sobrepostas, apoiadas<br />

pelas camadas de reação na superfície <strong>do</strong>s<br />

corpos de atrito<br />

as rugosidades são plasticamente alisadas<br />

(condicionan<strong>do</strong> as superfícies de atrito).<br />

os picos de rugosidades se fundem e devi<strong>do</strong> a<br />

força de acionamento estas microsoldas se<br />

rompes (partículas de desgaste).<br />

As partículas de desgaste assim formadas<br />

ocorrem, particularmente, na lubrificação limite.<br />

As superfícies <strong>do</strong>s corpos em atrito têm contato<br />

intenso e estão cobertas somente por uma película<br />

lubrificante fina, ocasionan<strong>do</strong> um alto desgaste<br />

não admissível.<br />

Quan<strong>do</strong> observada mais detalhadamente<br />

uma solicitação tribo lógica, podem ser observa<strong>do</strong>s<br />

os desvios na curva Stribeck (Fig. 3). O desgaste<br />

se comporta de forma paralela (Fig.4). Assim<br />

fica claro que tanto a viscosidade <strong>do</strong> lubrificante<br />

como os seus agentes ativos têm grande<br />

influência na condição de lubrificação.<br />

. Não podemos deixar de mencionar ainda<br />

a lubrificação parcial. Nesta condição, as superfícies<br />

<strong>do</strong>s corpos em atrito estão em contato parcial<br />

e ainda não separa<strong>do</strong>s completamente por um<br />

filme lubrificante.<br />

Geralmente ocorre um desgaste dentro <strong>do</strong>s<br />

limites aceitáveis. Isto significa que desde o repouso,<br />

passan<strong>do</strong> pelo movimento relativo no<br />

tribosistema até se chegar à lubrificação total, se<br />

passa pela lubrificação parcial; e é exatamente<br />

nessa etapa que se verifica se devi<strong>do</strong> à lubrificação<br />

adequada houve pouco desgaste, ou se por<br />

causa de uma lubrificação deficiente o desgaste<br />

foi excessivo. O desgaste depende decisivamente<br />

<strong>do</strong> lubrificante.<br />

3. LUBRIFICANTES<br />

A ação <strong>do</strong> lubrificante no ponto de atrito<br />

. ocorre através da lubrificação. A utili:z;ação <strong>do</strong><br />

lubrificante correto é uma condição importante<br />

para uma perfeita lubrificação.<br />

Os lubrificantes podem, em princípio, ser<br />

diferencia<strong>do</strong>s conforme seu esta<strong>do</strong>. Existem lubrificantes<br />

(Fig.S):<br />

gasosos<br />

líqui<strong>do</strong>s<br />

pastosos<br />

-<br />

.'I!<br />

i=-<br />

.. <br />

<br />

.<br />

fàt1-=!t<br />

.<br />

<br />

)<br />

-<br />

.. <br />

.<br />

. . ..•<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JuUDez, n° 300, 52: (5): 81-93, 1997<br />

Fig. 3:Análise das· condições de lubrificação<br />

I<br />

I<br />

I<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

I<br />

tR :;:<br />

I G =<br />

t T =<br />

I V<br />

I<br />

I I :;:<br />

l 11 ::<br />

111 =<br />

IV =<br />

Atrito estático<br />

LUbrificação limite<br />

Lubrificação parcial<br />

Lubrificação total<br />

Lubrificação física<br />

Lubrificação física com<br />

incremento de viscosidade<br />

Lubrificação química<br />

lubrificação seca<br />

Velocidade. v ----. .. ..<br />

Pág. 83<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org .


Pág. 84<br />

t<br />

G<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JullDez, n° 300, 52: (5): 81-93, 1997<br />

T<br />

11 lU IV<br />

F'tg . 4: Desgaste, análogo às condições de Iut:>rificaçáo<br />

Destes, apenas os gasosos não têm relevância<br />

pois os gastos construtivos para a sua uti- '<br />

lização são muito eleva<strong>do</strong>s.<br />

Além de reduzir o atrito e o desgaste os<br />

lubrificantes também devem:<br />

dissipar calor<br />

proteger superfícies<br />

conduzir eletricidade<br />

proteger de materiais estranhos<br />

,remover partículas de desgaste<br />

Para desempenhar estas funções os lubrificantes<br />

apresentam diferentes comportamentos.<br />

3.1 Lubrificantes líqui<strong>do</strong>s<br />

São lubrificantes para:<br />

dissipar calor<br />

proteger superfícies<br />

conduzir eletricidade<br />

remover partículas de desgaste<br />

Entre IJS lubrificantes líqui<strong>do</strong>s estão:<br />

óleos graxos<br />

óleos minerais<br />

óleos sintéticos<br />

Os óleos graxos são pouco apropria<strong>do</strong>s<br />

como lubrificantes. Sua ação lubrificante é, em<br />

geral, boa, porém a estabilidade a temperatura e à<br />

oxidação é deficiente.<br />

Os óleos minerais são os lubrificantes mais<br />

amplamente utiliza<strong>do</strong>s.<br />

A importância <strong>do</strong>s óleos sintéticos é cada<br />

vez maior.<br />

Suas vantagens são:<br />

maior estabilidade a oxidação<br />

estabilidade a temperaturas elevadas<br />

e baixas<br />

• lubrificação de longa duração e lubrificação<br />

, de sobre-vida<br />

Como os anticorrosivos e desmoldantes<br />

líqui<strong>do</strong>s realizam funções de lubrificação, pode-<br />

I Lubrificação física<br />

11 Lubrificação física<br />

com incremento de<br />

viscosidade<br />

IH Lubrificação química<br />

IV Lubrificação seca<br />

G Lubrificação limite<br />

T Lubrificação parcial<br />

mos neste caso, também considerá-los, num<br />

senti<strong>do</strong> mais amplo, lubrificantes líqui<strong>do</strong>s.<br />

, 3.2 Lubrificantes Pastosos<br />

São lubrificantes para:<br />

proteger superfícies<br />

conduzir eletricidade<br />

repelir substâncias estranhas<br />

As graxas, pastas e ceras lllbrificantes<br />

pertencem ao grupo de lubrificantes pastosos.<br />

As ceras lubrificantes têm como base<br />

hidrocarbonetos de eleva<strong>do</strong> peso molecular. São<br />

usadas preferencialmente na lubrificação parcial<br />

ou limite a baixas velocidades de deslizamento.<br />

As graxas lubrificantes têm como base<br />

um óleo e sua estrutura pastosa é obtida através<br />

de espessante (Fig. 6). As graxas lubrificantes contêm,<br />

como outros lubrificantes, determina<strong>do</strong>s<br />

aditivos. Estes aditivos têm a função de acrescentar-lhe<br />

características especiais. A utilização de<br />

graxas lubrificantes é correta tanto em regime de<br />

lubrificação elastohidrOdinâmica como em lubrificação<br />

parcial ou limite.<br />

As pastas lubrificantes contêm ainda um<br />

eleva<strong>do</strong> percentual de lubrificantes sóli<strong>do</strong>s. São<br />

utilizadas em regime de lubrificação parcial e limite,<br />

especialmente em ajustes com folgas, deslizes<br />

ou com interferência.<br />

Os lubrificantes pastosos são utiliza<strong>do</strong>s<br />

nos casos de vedação insuficiente, quan<strong>do</strong> o lubrificante<br />

não pode fluir e/ou quan<strong>do</strong> ao mesmo<br />

tempo se necessita estabilidade em relação a<br />

líqui<strong>do</strong>s.<br />

Atualmente são de grande importância<br />

pois permitem alcançar uma lubrificação de longa<br />

duração e de sobre-vida utilizan<strong>do</strong>-se pouca quantidade<br />

de lubrificante.<br />

Rev. Jnst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JullDez, n° 300, 52: (5): 81-93, 1997 Pág. 85<br />

r<br />

TIPOS DE LUB:IFICANTES 1<br />

LubtIflC*nles Irqul<strong>do</strong>s I I I<br />

;:=::;= ==== r .... r-:;:LubrifI==ca=ntea=pastoaoa==== I Lubriflcantessóll<strong>do</strong>s 1<br />

( J r-<br />

-...,<br />

'--__ -ÓIeotI====mI= nerala-<br />

__<br />

__ ---<br />

___<br />

14<br />

r-- Óleouintúticos 14--1<br />

L r- ______<br />

.... <br />

..JI - _ _ 1 _ <br />

.... .<br />

Ceru l ubriflcantea I - LubriflCant ... óll<strong>do</strong>s<br />

Graxu lu briflcantas l- ,= = =:<br />

I ,<br />

- -I (comes1ruturagradeada!<br />

.. .<br />

I <br />

I_t - - 1- - ti P ...... ubrificante. I - :_ I = MaWrln pláaticaa<br />

, = MNia<br />

_<br />

'<br />

I<br />

I<br />

. .... ..... -- , I _ = =:-a I<br />

f- ;;=;:==U=pec=IIIÕI<br />

=_ ==::<br />

I1I<br />

f- EmuIantIIS,l I <br />

_C<br />

LÜirilCãntes.eCo.I --------------!.. I -.L-<br />

para triboaia1ema -.J , _ _ <br />

Lubrificantes gasosos Ar<br />

,Figura 5: T1pos de I.JJbrlficantes<br />

3.3 Lubrificantes Sóli<strong>do</strong>s<br />

Estes .lubrificantes são adequa<strong>do</strong>s para<br />

proteger superfícies. Os materiais de<br />

tribosistema, p.ex.: lacas e lubrificantes secos<br />

pertencem ao grupo <strong>do</strong>s lubrificantes sóli<strong>do</strong>s. '<br />

, Enquadram-se também nesta categoria<br />

os . pos de materiais, por exemplo<br />

polItetrafluoretileno, cobre, grafite e bissulfeto<br />

de molibdênio.<br />

Os . l , ub : ificantes sóli<strong>do</strong>s em pó são gerlmente<br />

dlÍlcels de se aplicar, por issó são utilIza<strong>do</strong>s<br />

como materiais complementares, obt<br />

n<strong>do</strong>- . se entã . o nos seus campos de aplicação a<br />

slllergla desejada contra o atrito e o desgaste.<br />

Os lubrificantes sóli<strong>do</strong>s são utiliza<strong>do</strong>s<br />

geralmente como lubrificação seca, a qual dá<br />

ugar a uma lubrificação limite que, em caso de<br />

lllcorporação de lubrificantes líqui<strong>do</strong>s ou pastosos<br />

no tribosistema pode levar a uma lubrificação<br />

parcial .<br />

Os lubrificantes sóli<strong>do</strong>s são escolhi<strong>do</strong>s<br />

q<br />

an<strong>do</strong>, por motivo de aplicação ou de contan:<br />

llla <br />

ão, os lubrificantes líqui<strong>do</strong>s ou pastosos<br />

nao sao a soluÇão ideal e simultaneamente quan­<br />

.<br />

d o .0 rendimento <strong>do</strong>s lubrificantes sóli<strong>do</strong>s é su­<br />

.<br />

fi Ciente.<br />

Os lubrificantes são elementos constru-<br />

.<br />

tivos no tribosistema. Conforme a exigência<br />

<strong>do</strong> ponto de atrito são desejáveis algumas características<br />

particulares, tais como:<br />

aderência<br />

afinidade com metal<br />

polaridade<br />

condutibilidade<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

Lubrifl:::.-:.:- para I<br />

capilaridade<br />

repelente a água<br />

emulsionabilidade<br />

humectabilidade<br />

Por isso é imprescindível que se consider<br />

ue o tipo <strong>do</strong> lubrificante pode modificar<br />

Islvamente a condição de lubrificação (Fig.<br />

4. LUBRDnCANTES DO SETOR<br />

ALIMENTÍCIO<br />

Leis e Regulamentações<br />

Os lubrificantes <strong>do</strong> setor alimentício,<br />

.<br />

devi<strong>do</strong> a sua utilização particular, devem cumprir<br />

ainda com alguns requisitos adicionais. Para<br />

que sejam reconheci<strong>do</strong>s como lubrificantes <strong>do</strong><br />

setor <br />

, limntício devem reunir as condições necessanas<br />

para tal, como :<br />

Ser legalmente autoriza<strong>do</strong>s para o contato<br />

com produtos alimentícios<br />

'Inócuos para a saúde<br />

Insípi<strong>do</strong>s<br />

Ino<strong>do</strong>ros<br />

Autoriza<strong>do</strong>s internacionalmente<br />

Quan<strong>do</strong> um lubrificante atende a estas<br />

exigências, no caso de haver um eventual contato<br />

com o produto alimentício durante a sua<br />

fabricação, envase ou embalagem, estará assegurada<br />

a qualidade perante o consumi<strong>do</strong>r tal<br />

co . m ? se exige: Alimentos e bebidas com sbor<br />

onglnal para se consumir e desfrutar sem restrições.<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org<br />

I<br />

I<br />

I "


Pág. 86<br />

A indústria de<br />

alimentação e bebidas é<br />

bastante diversificada, e<br />

nela se apresentam diferentes<br />

condições de trabalho<br />

para o lubrificante.<br />

Assim, em uma grande<br />

panificação se exigem<br />

<strong>do</strong>s lubrificantes requisitos<br />

distintos <strong>do</strong>s exigi<strong>do</strong>s<br />

em um laticínio ou em<br />

uma destilaria, onde são<br />

fabrica<strong>do</strong>s e envasa<strong>do</strong>s<br />

produtos de alta graduação<br />

alcoólica. Por outro<br />

la<strong>do</strong>, alé'm das características<br />

básicas <strong>do</strong>s lubrificantes,<br />

conforme o campo<br />

de aplicação, são<br />

exigidas na indústria alimentícia<br />

outras características<br />

adicionais:<br />

resistência aos alimentos<br />

prepara<strong>do</strong>s<br />

resistência a produtos<br />

químicos<br />

resistência a água<br />

neutralidade a materiais plásticos<br />

neutralidade a borrachas<br />

resistência a vapores<br />

capacidade de dissolução <strong>do</strong> açúcar<br />

o trabalho <strong>do</strong> químico na lubrificação<br />

é, portanto, desenvolver produtosque atendam<br />

as exigências primárias e secundárias, além de<br />

se aj ustar as leis e regulamentações vigentes.<br />

Conseqüentemente existem claramente algumas<br />

diferenças entre os lubrificantes industriais e os<br />

lubrificantes <strong>do</strong> setor alimentício, principalmente<br />

em sua composição (Fig. 8).<br />

Ten<strong>do</strong> em vista que muitos componentes,<br />

habitualmente usa<strong>do</strong>s nos lubrificantes industriais,<br />

não podem ser utiliza<strong>do</strong>s na formulação<br />

de lubrificantes para o setor alimentício, a<br />

química representa uma grande importância.<br />

Deve-se escolher e utilizar componentes que<br />

possibilitem bons rendimentos quan<strong>do</strong> se trata<br />

de lubrificantes para o setor alimentício.<br />

Antes de tratarmos da situação atual:<br />

na Alemanha<br />

na Áustria<br />

na Comunidade Européia<br />

nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s<br />

no Brasil<br />

(Fig. 9), anteipamos algumas indicações.<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JullDez, n° 300, 52: (5): 81-93, 1997<br />

Fig.6: Componentes de um lubrificante<br />

Aditivos<br />

Em to<strong>do</strong>s os pontos onde os alimentos<br />

ou produtos farmacêuticos entram em contato<br />

com máquinas,podem ocorrer contaminações<br />

com óleo mineral. Num programa de televisão<br />

na Alemanha, canal ARD, informou-se sobre a<br />

presença de óleo mineral em bombons de até<br />

0,145 g/kg; em barras de chocolate de até 0,050<br />

g/kg e em chicles de até 7,5 g/kg. O importante<br />

, sem dúvida, é que nos diferentes produtos<br />

também foram encontra<strong>do</strong>s lubrificantes isentos<br />

de óleo mineral, o que comprova que também<br />

se pode operar sem óleo mineral. Até que<br />

ponto este fato importa na situação legal atual<br />

será demonstra<strong>do</strong> a seguir.<br />

Na Alemanha cumpre-se a Lei sore<br />

Alimentos e produtos de Consumo<br />

(LMBG), a qual define os alimentos,<br />

aditivos e artigos de consumo.<br />

Segun<strong>do</strong> esta lei, são alimentos to<strong>do</strong>s<br />

os materiais nutritivos e estimulantes destina<strong>do</strong>s<br />

para comer, beber ' ou mastigar. A lei diz<br />

ainda: Os alimentos são materiais destina<strong>do</strong>s ao<br />

consumo humano no esta<strong>do</strong> de não modificação,<br />

preparação ou elaboração.<br />

Se adicionam aditivos aos alimentos<br />

para melhorar o sabor, o aspecto, a durabilidade,<br />

etc., os quais, segun<strong>do</strong> a LMBG destinam-se<br />

a influenciar o seu esta<strong>do</strong> e obter determinadas<br />

propriedades ou efeitos.<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, n° 300, 52: (5): 81-93, 1997 Pág. 87<br />

ESTADO DE <br />

LUBRIFICAÇÃO<br />

LUBRIFICAÇÃO LIMITE<br />

= desgaste admissIvel<br />

LUBRIFICANTE GASOSO ÚQUIDO PASTOSO SÓLIDO<br />

Alrito Umite Atrito Umlte<br />

com pellcula lubrificante<br />

extremamente fina e/ou<br />

movimento microdeslizante<br />

com pelíCUla lubrificante<br />

extremamente fina e/ou<br />

movimento micmdeslilsnte<br />

Atrito seco<br />

sem película lubrificante<br />

Atrito da camadas<br />

LUBRIFICAÇÃO PARCIAL Atrito Misto Atrito misto<br />

(Iubrlficaçiio insuficiente) a baixa velocidade elou em a baixa velocidade e/ou em<br />

Vida r:nte<br />

= desgaste adm/&Sivel partida e parada partida e parada limilada por lubrificação<br />

de transferência (atrilo<br />

seco)<br />

LUBRIFICAÇÃO TOTAL<br />

= sem desgaste<br />

Atrito de gás<br />

lubrificação<br />

aerodinâmica<br />

Atrito flui<strong>do</strong><br />

Lubrificação hldrodinâmica<br />

Lubrificação elaslodlnàmk:a<br />

lubrificação hidrostática<br />

f:ig. 7: Esta<strong>do</strong>s pp$$íveis de /ubrJflcação em funçio <strong>do</strong> tipo de lubrificante<br />

A definição legal. de alimentos e aditivos<br />

especifica claramente qe os lubrificantes <strong>do</strong> setor<br />

alimentício, ainda que por sua composição e<br />

esta<strong>do</strong> poderiam ser ingeri<strong>do</strong>s, não são alimentos<br />

ou aditivos, já que os lubrificantes não se destinam<br />

ao consumo humano.<br />

Artigos de consumo são aqueles que durante<br />

sua fabricação, manuseio ou transporte têm<br />

um contato técnico inevitável com os alimentos<br />

e exercem influência sobre estes.<br />

Segun<strong>do</strong> a lei LMBG os lubrificantes <strong>do</strong><br />

setor alimentício só podem ser classifica<strong>do</strong>s no<br />

grupo de artigos de consumo.<br />

Na Áustria segue-se a Lei de Alimentos<br />

de 1975 (LMG 1975). Esta lei define os alimentos<br />

de forma parecida a Lei LMBG e ainda define<br />

produtos de consumo como materiais destina<strong>do</strong>s<br />

para comer, beber ou mastigar pelo homem, sem<br />

que prevaleça a função nutritiva ou estimulante.<br />

Pode-se citar, entre outros, produtos para emagrecimento,<br />

algumas pastilhas contra a tosse, produtos<br />

contra o fumo e determina<strong>do</strong>s pós<br />

efervecen tes.<br />

Em contrapartida, os aditivos são defini<strong>do</strong>s<br />

como na Lei LMBG. A Lei LMG 1975 define<br />

ainda artigos para uso, e define como tais: frascos,<br />

aparelhos, invólucros, revestimentos ou fechamentos<br />

destina<strong>do</strong>s a manipulação de alimentos,<br />

produtos de consumo, aditivos e produtos<br />

icosméticos. Assim, a lei austríaca sobre alimentos<br />

"não faz menção a lubrificantes nem sobre suas<br />

homologações.<br />

Como os lubrificantes são imprescindíveis<br />

na fabricação industrial de alimentos, a seguinte afirmação<br />

representa uma dimensão particular:<br />

O conceito de "Fabricação" não deve limitar-se<br />

a elaboração definitiva <strong>do</strong>s alimentos, e<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

Atrito flui<strong>do</strong><br />

lubriftcaÇao hldrodinâmica<br />

Lubrificação elaslodinâmlca<br />

sim englobar to<strong>do</strong> o processo de produção, de<br />

forma que a incorporação de material nocivo à<br />

saúde na preparação de um alimento deve ser considerada<br />

como ato prejudicial. Com a entrada da<br />

Áustria no Merca<strong>do</strong> Comum Europeu, também<br />

terá validade a Lei da CE neste país.<br />

A Comunidade Européia a.(.lJ'ovou recentemente<br />

normas gerais de higiene para o<br />

tratamento de alimentos (3) que afetam to<strong>do</strong>s<br />

os escalões <strong>do</strong> circuito <strong>do</strong> setor alimentício<br />

(fabricação, elaboração, embalagem,<br />

armazenagem, distribuição, transporte, venda<br />

ao consumi<strong>do</strong>r).<br />

As empresas alimentícias devem determinar<br />

os pontos críticos <strong>do</strong> processo para a segurança<br />

de seus alimentos. Devem atentar para que<br />

se estabeleçam, realizem, cumpram e controlem<br />

as medidas de segurança adequadas, conforme princípios<br />

incluí<strong>do</strong>s na confecção <strong>do</strong> sistema HACCP.<br />

Além disso, as máquinas e instalações devem estar<br />

construídas, acondicionadas e/ou conservadas<br />

de forma que o risco de contaminação <strong>do</strong> alimento<br />

seja o mínimo possível.<br />

No Projeto de Normas CEN/TC 153 H N<br />

108 E parte 2, estão definidas as exigências de<br />

higiene (4) para as máquinas de alimentação.<br />

Por exigências de higiene entende-se:<br />

todas as precauções e medidas necessárias na<br />

produção, manipulação, fabricação, embalagem,<br />

armazenagem, transporte, distribuição, assim<br />

como a venda ao consumi<strong>do</strong>r; que garantam um<br />

produto inofensivo e saudável. Além disso. se<br />

prescreve que, em caso de contato com alimentos<br />

só se pode utilizar "lubrificantes homologa<strong>do</strong>s".<br />

Os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s tem os dispositivos e<br />

regulainentações mais rigorosos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> no campo<br />

da alimentação.<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org


Pág. 88<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JullDez, n° 300, 52: (5): 81-93, 1997<br />

COMPONENTES<br />

LUBRIFICANTES PARA o SETOR<br />

LUBRIFICANTES ALIMENTlclO COM HOMOI.OGAÇÃO<br />

DE<br />

INDUSTRIAIS - . _- " . _ _ . .. -<br />

LuBRIFICANTES USDA·H1 USDA-H2<br />

Ó"liOS BAse<br />

Óleo mineral sim não sim<br />

Óleo branco sim' sim sim1<br />

Polialfaolefina sim 5im2 sim<br />

Ester sim sim2 sim<br />

Silícone sim sim2 sim<br />

PerHuoralquileter sim não sim<br />

PoIiglicol sim sim2 sim<br />

EsPESSANTES<br />

Lítio sim não sim<br />

Complexo-Alumlnio sim sim sim<br />

Bantonita sim sim sim<br />

Sódio sim não sim<br />

Poliureia sim não sim<br />

Cálcio sim sim sim<br />

Bário sim não sim<br />

Aomvos<br />

Cloro sim não não<br />

Enxofre sim não não<br />

Chumbo sim não não<br />

Mofibdênio sim não não<br />

Antimônio sim não não<br />

Cádmio sim não não<br />

Grafite sim não sim<br />

Níquel sim não não<br />

I 1<br />

= tecnicamente sem senti<strong>do</strong> 2 = somente tipos especiais I<br />

Fig. 8 - Componentes da formufaçáo de lubrificantes<br />

PAíSES LEIS E REGULAMENTAÇÕES<br />

Alemanha Lei alemã sobre alimentos e artigos auxiliares (LM8G)<br />

Áustria lei de Alimentos 1975 (lMG 1975)<br />

Suíça<br />

Comunidde Européia<br />

(CE)<br />

Lei federal sobre alimentos e objetos de consumo (Lei<br />

sobre alimentos, LMG de 9 de outubro de 1992)<br />

Boletim da CE Nr. L 175/1<br />

Norma 93/94/EWG <strong>do</strong> Conselho de 14 de junho sobre<br />

Higiene nos Alimentos<br />

Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s da Food and Drug Administration (FDA)<br />

América (EUA) United States Department of Agriculture (USDA)<br />

Brasil<br />

Lei n2 8.078 de 11.09.90 - Código de Proteção e<br />

Defesa <strong>do</strong> Consumi<strong>do</strong>r<br />

Portaria n9 1428 de 26. 11.93<br />

Fig. 9: Leis e regulamentaçijes para a indústria alimentícia<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JullDez, n° 300, 52: (5): 8 I -93, 1997 • Pág. 89<br />

Os lubrificantes que se utilizam no setor<br />

alimentício são regi<strong>do</strong>s por disposições e medidas<br />

da Food and Drug Administration (FDA) e pelo<br />

United States Department of Agriculture (USDA).<br />

Ao USDA cabe somente a regulamentação <strong>do</strong>s<br />

setores de pesca<strong>do</strong>, carne, aves e ovos, mas, devi<strong>do</strong><br />

a sua importância, serve também como orientação<br />

geral para o resto <strong>do</strong>s setores alimentícios e<br />

para a indústria farmacêutica. Os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s<br />

da América é o único país <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> que especifica<br />

lubrificantes e que outorga homologações que<br />

são reconhecidas mundialmente. As homologações<br />

de lubrificantes são efetuadas pelo USDA<br />

conforme USQA-H I ou USDA-H2.<br />

No caso de Food Grade Lubricants estão<br />

os lubrificantes USDA-HI, ou seja, lubrificantes<br />

que podem ser utiliza<strong>do</strong>s na indústria alimentícia<br />

nos casos em que possa ocorrer um contato eventual<br />

com os alimentos, tecnicamente inevitável.<br />

Os lubrificantes <strong>do</strong> setor alimentício só<br />

devem conter componentes que estejam incluí<strong>do</strong>s<br />

na lista positiva da FDA.<br />

Paralelamente se definem os limites máximos<br />

<strong>do</strong>s componentes nas formulações de lubrificantes.<br />

De um la<strong>do</strong> no lubrificante propriamente<br />

dito, e de outro la<strong>do</strong> no alimento. O limite<br />

máximo não deve ultrapassar 0,01 g/kg de óleo<br />

mineral ou produtos sintéticos nos alimentos.<br />

Os níveis de contaminação encontra<strong>do</strong>s<br />

nos bombons e barras de chocolate, mostram-se<br />

portanto graves.<br />

Os limites máximos conforme regulamentações<br />

USDA são ultrapassa<strong>do</strong>s em 5 vezes nas<br />

barras de chocolate, 15 vezes nos bombons e 750<br />

vezes nos chicles.<br />

Lubrificantes USDA-H2 são aqueles apropria<strong>do</strong>s<br />

para utilização em geral na indústria alimentícia.<br />

Em princípio deve-se excluir a possibilidade<br />

de contato com alimentos quan<strong>do</strong> se utiliza<br />

estes lubrificantes.<br />

A homologação pode ocorrer se o produto<br />

está isento <strong>do</strong>s componentes que figuram na<br />

lista negativa <strong>do</strong> USDA.<br />

No Brasil já está em vigor a Lei n08078/<br />

90 <strong>do</strong> Código de Defesa <strong>do</strong> Consumi<strong>do</strong>r e a Portaria<br />

n° 1428/93 <strong>do</strong> Ministério da Saúde, que dispoem<br />

sobre a proteção à vida, saúde e segurança <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r<br />

contra os riscos provoca<strong>do</strong>s por práticas<br />

no fornecimento de produtos e serviços considera<strong>do</strong>s<br />

perigosos ou nocivos.<br />

No setor alimentício, no que diz respeito<br />

à segurança, qualidade e inocuidade <strong>do</strong>s alimentos,<br />

os resulta<strong>do</strong>s são obti<strong>do</strong>s através <strong>do</strong> sistema de<br />

"boas práticas de fabricação". Este sistema apresenta<br />

procedimentos, recomendações e cuida<strong>do</strong>s<br />

que se deve ter ao emborar um alimento, desde a<br />

colheita até o consumo final. Otimiza<strong>do</strong> pelo<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

"Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle"<br />

(APPCC) garantem a garantia da qualidade.<br />

De acor<strong>do</strong> com a Portaria n° 1428/93 as empresas<br />

que processam e prestam serviços no setor<br />

alimentício, além <strong>do</strong> .serviço de vigilância sanitária,<br />

já a<strong>do</strong>taram, em caráter obrigatório, desde<br />

agosto de 1995, o sistema APPCC. Esta Portaria<br />

define os objetivos, abrangências, responsabilidades<br />

e critérios de avaliação para os padrões de<br />

identidade e qualidade (PIQ).<br />

Cabe a cada empresa designar um responsável<br />

técnico para desenvolver e aplicar o APPCC,<br />

fican<strong>do</strong> para os órgãos federais a função de auditar<br />

e avaliar a implantação.<br />

S. LUBCAN1ES DEAL<br />

RENDnwENTO DOSETOR<br />

ALIMENTÍCIO<br />

Que quantidade de óleo mineral é tolerada<br />

nos alimentos?<br />

Esta pergunta foi pesquisada pelo Dr.<br />

Konrad Grob <strong>do</strong> laboratório Cantonal de Zurique,<br />

exigin<strong>do</strong> uma limitação das contaminações toleráveis.<br />

A FDA estipulou para uma série de produtos<br />

valores limite de 0,0 I g/kg e para produtos<br />

com base de silicone de 0,001 g/kg, se bem que<br />

exclusivamente para matérias primas que atendem<br />

as exigências de pureza que se encontrem na<br />

lista positiva.Os óleos parafínicos em geral não<br />

são considera<strong>do</strong>s tóxicos. O Sr. U<strong>do</strong> Pollmer, técnico<br />

em alimentação, num comunica<strong>do</strong> de jornal,<br />

informava que os óleos minerais nos alimentos<br />

representam um sério perigo para a saúde. Novas<br />

pesquisas realizadas com ratos, na Inglaterra, demonstram<br />

que são produzidas modificações nas<br />

glândulas linfáticas, no fíga<strong>do</strong>, nos rins e no baço.<br />

Ademais apareceram sinais de inflamação. Durante<br />

um longo perío<strong>do</strong> se misturou na comida<br />

<strong>do</strong>s ratos combinações de óleo mineral. Por este<br />

motivo na Inglaterra já se considera para breve a<br />

proibição de produtos de óleo mineral nos alimentos.<br />

A OMS (Organização Mundial de Saúde)<br />

já manifestou sua preocupação sobre os produtos<br />

de óleo mineral nos alimentos. Porém uma resolução<br />

está ainda pendente, ten<strong>do</strong> em vista que os<br />

óleos minerais estão pouco especifica<strong>do</strong>s. Disto<br />

vem a pergunta: "O que são lubrificantes apropria<strong>do</strong>s<br />

para o setor alimentício ?".<br />

Em princípio são aqueles que em sua formulação<br />

só incluem componentes que figuram na<br />

lista positiva da FDA. Não se faz nenhuma referência<br />

sobre a capacidade de rendimento de um<br />

lubrificante <strong>do</strong> setor alimentício. Visto de uma<br />

maneira simples, existiria a possibilidade de fabri-<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org


Pág. 90<br />

car um óleo para compressores, hidráulico ou para<br />

engrenagens com base de óleo branco medicinal.<br />

A conseqüência seria, sem dúvida, que as exigências<br />

técnicas e físicas conforme HLP (óleos hidráulicos<br />

com alta proteção contra o desgaste),<br />

ELEMENTOS EXIGÊNCIAS MINIMAS<br />

COMPONENTES AO LUBRIFICANTE<br />

Juntas<br />

neutro a borracha (EPDM),<br />

resistente a água<br />

-20 ... +1 20oC<br />

Mancais Lisos resistente a água<br />

anlidesgaste<br />

\ Correntes<br />

I<br />

Parafusos<br />

anti corrosivo<br />

antidesgaste<br />

resistente a água<br />

antlcorrosivo<br />

antldesgaste<br />

desmoldante<br />

-20 ... +120oC<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, n° 300, 52: (5): 81-93, 1997<br />

DIN<br />

51502<br />

MP 1/2 K<br />

Rolamentos resistente a água K2K<br />

anti corrosivo<br />

Registros<br />

resistente a água<br />

resistente ao vapor<br />

neutro a espuma de cerveja<br />

anticorrosivo<br />

Engrenagens resistente ao envelhecimento 51517, T3<br />

antidesgaste<br />

Óleos CLP<br />

anti corrosivo<br />

Hidráulica resistente ao envelhecimento 51524, T2<br />

antidesgaste<br />

Óleos HLP<br />

Pneumática<br />

União eixo-cubo<br />

anticorrosivo 51506<br />

resistente ao envelhecimento Óleos VDL<br />

anticorrosivo<br />

(óxi<strong>do</strong> de interajuste)<br />

antidesgaste<br />

Fig. 10 · Indicações para escolha de lubrificantes<br />

Por outro la<strong>do</strong> a lista positiva da FDA<br />

oferece ao químico em lubrificação o campo suficiente<br />

para desenvolver produtos de alto rendimento<br />

para o setor alimentício.<br />

A tendência é clara: os lubrificantes sintéticos<br />

estão se impon<strong>do</strong> para o setor alimentício,<br />

dispoem de homologação USDA-HI e por<br />

sua capacidade de rendimento, estão a altura <strong>do</strong>s<br />

lubrificantes industriais de grande qualidade (Fig.<br />

10,11 ).<br />

Com isso é possível uma redução <strong>do</strong> consumo<br />

e/oll um!! prolongação <strong>do</strong>s intervalos de lubrificação.<br />

Ambos fatores conduzem a uma reduzida<br />

contaminação <strong>do</strong>s alimentos.<br />

CLP (óleos de engrenagens com alta proteção contra<br />

o desgaste) ou VDL (óleos de compressores para<br />

altas temperaturas), não poderiam ser cumpridas<br />

devi<strong>do</strong> a uma capacidade lubrificante insuficiente ou<br />

a uma estabilidade térmica deficiente.<br />

CONVENIÊNCIA DOS GI'IUPOS DE LUBI'IIFlCANTES<br />

LUBRIFIcANTes LUBRIFICANTES DE ALTO RENct-<br />

LUBRIFICANTES PARA o SETOR<br />

MENTO PARA o SETOR AULENTÍCIO<br />

iNDUSTRIAIS ALIMENTÍCIO<br />

H1 H1 H2<br />

deficiente deficiente bom deficiente<br />

bom deficiente bom bom<br />

bom suficiente bom bom<br />

bom suficiente bom bom<br />

bom satisfatório bom bom<br />

deficiente satisfatório bom deficiente<br />

bom<br />

bom<br />

suficiente a<br />

deficiente<br />

suficiente a<br />

deficiente<br />

bom<br />

bom<br />

bom<br />

bom<br />

bom deficiente bom bom<br />

bom suficiente bom bom<br />

Esta contaminação reduzida <strong>do</strong>s alimentos<br />

tem uma crescente importância dentro das<br />

regulamentações legais d Comunidade Européia.<br />

Na proposta para uma regulamentação <strong>do</strong> Conselho<br />

sobre a higiene <strong>do</strong>s alimentos e nas exigências<br />

específicas de aparelhos se estipula que to<strong>do</strong>s os<br />

elementos, registros, acessórios que tenham contato<br />

com os alimentos ou que originem contaminação<br />

devem manter-se higienicamente limpos.<br />

Os lubrificantes de alto rendimento para<br />

o setor alimentício cumprem com altas exigências<br />

em relação a pureza e com isso também em<br />

relação à higiene. Têm uma base que não oferece<br />

nenhuma possibilidade de vida para as bactérias.<br />

Rev. Inst. Latiç. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, n° 300, 52: (5): 81-93, 1997 Pág. 91<br />

TI PO DE LUBRIFICANTE<br />

Lub rificantes<br />

\nd ustriais<br />

Lubrificantes <strong>do</strong> Setor<br />

Alimentício<br />

Lubrificantes de alto<br />

!<br />

RENDIMENTO<br />

HOMOLOGAÇÃO<br />

CONFORME<br />

TÉCNICO USDA H 1<br />

bom<br />

geralmente<br />

satisfatório<br />

rendimento <strong>do</strong> setor bom<br />

alimentício<br />

GAMA DE<br />

PRODUTOS<br />

não muito ampla<br />

parcialmente reduzida<br />

sim<br />

amp1a<br />

Fig. 11: Situaçáo real <strong>do</strong>s lubrificantes de alto rendimento <strong>do</strong> setor alimentício com<br />

homoJogaçáo USDA<br />

Com menos de 100 KBE/g (Unidades de formação<br />

de colônias) são extremamente pobres em<br />

germes (bactérias, levedura, fungos), sen<strong>do</strong> portanto<br />

1000 vezes mais pobres em germes <strong>do</strong> que o<br />

permiti<strong>do</strong> para os alimentos.<br />

6. QUALIDADE ATRAVÉS DE G E<br />

HACCP<br />

Os países membros da Comunidade Européia<br />

recomendam aos empresários da indústria<br />

alimentícia que, para o cumprimento das normas<br />

gerais de higiene nos alimentos e utilização de<br />

<strong>do</strong>cumentações existentes sobre uma boa prática<br />

de higiene standard européia, tomem como base a<br />

Norma EN 29000 (DIN ISO 9000 até 9004) (3),<br />

Fig. 12.<br />

A qualidade e asseguramento da qualidade<br />

não podem ser compradas. Devem ser construídas,<br />

desenvolvidas e cuidadas continuamente. A qualidade<br />

é obrigação de to<strong>do</strong>s os colabora<strong>do</strong>res de<br />

uma empresa, e deve entusiasmar e proporcionar<br />

satisfação.<br />

Deve-se levar em conta que a qualidade é<br />

uma condição para se obter mais oportunidades<br />

no merca<strong>do</strong>.<br />

GMP (Good Manufacturing Praxis) e<br />

HACCP (Harzard Analysis and CriticaI Control<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

Point), ou seja: a fabricação cuida<strong>do</strong>sa e a análise<br />

de riscos <strong>do</strong>s pontos críticos de controle têm um<br />

papel decisivo (6). Ambos constituem partes <strong>do</strong><br />

Sistema de Qualidade e podem ser aplica<strong>do</strong>s com<br />

êxito na lubrificação.<br />

As dez condições GMP mais importantes<br />

são:<br />

Instruções por escrito de funcionamento e<br />

limpeza<br />

Pessoal adequadamente instruí<strong>do</strong><br />

Pessoal eficiente em gerenciamento e supervisão<br />

Serviços técnicos de manutenção adequa<strong>do</strong>s<br />

Máquinas e instalações com correta manutenção<br />

Matérias primas corretas<br />

Material de embalagem correto<br />

Almoxarifa<strong>do</strong> apropria<strong>do</strong><br />

Instalações de transporte adequadas<br />

Programas de emergência para retornos<br />

Ao menos as primeiras seis condições são<br />

relevantes para a lubrificação.<br />

As especificações de lubrificantes para<br />

pontos de atrito, assim como <strong>do</strong>s intervalos de<br />

lubrificação correspondentes, devem constar por<br />

escrito nas instruções de funcionamento e manipulação.<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org


Pág. 92<br />

o pessoal deve ser seleciona<strong>do</strong> e forma<br />

que possa manejar corretamente os lubnficantes.<br />

Deve entender o porqu"ê da escolha de um<br />

lubrificante p ' ara cada ponto de atrito e como<br />

aplicar corretamente o lubrificante.<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, n° 300, 52: (5): 81-93, 1997<br />

. _ A<br />

A Diretoria e o pessoal de supervisao tem a<br />

tarefa de reduzir a contaminação de alimentos por<br />

As máquinas e instalações com uma boa<br />

manutenção funcionarão com total segurança<br />

ao estarem submetidas a uma lubrificação esmerada<br />

e limpa. Os lubrificantes de alto rendimento<br />

<strong>do</strong> setor alimentício homologa<strong>do</strong>s com<br />

certificação, constituem uma base importante<br />

para um correto processo de abricaçã? .<br />

O conceito HACCP aj uda a otimizar a<br />

segurança <strong>do</strong>s alimentos, reduzin<strong>do</strong> a probabilidade<br />

de contaminação.<br />

Este objetivo se alcança graças à identificação<br />

<strong>do</strong>s riscos e perigo,s . existent , es para s<br />

alimentos. A segurança <strong>do</strong> ahmento e uma eXigência<br />

"intocável". Durante a fabricação po-<br />

lubrificantes, através da utilização de lu . brificantes<br />

de alto rendimento para o setor ahmen­<br />

tício. É totalmente váli<strong>do</strong> escolher unicamente<br />

tais lubrificantes homologa<strong>do</strong>s, reduzin<strong>do</strong> con­<br />

sumo com o apoio <strong>do</strong>s serviços de manutenção<br />

e assim otimizar as quantidades e os intervalos<br />

de lubrificação<br />

Fig. 12: Qualidade através de GLP. GMP, HA CCP<br />

dem aparecer riscos e perigos químico ou físios<br />

não reconhecíveis visualmente, os quais constituem<br />

verdadeiras ameaças para a fabricação e o afã<br />

de obter novos e excelentes alimentos.<br />

O conceito HACCP trata, em primeiro<br />

lugar, da identificação de riscos (Harzards). Um<br />

risco identifica<strong>do</strong> deve ser avalia<strong>do</strong> em sua probabilidade<br />

e seu alcance (Análisis Harzard). Esta<br />

análise de risco compreende os (higienicamente)<br />

pontos de periculosidade na fabricação.<br />

Finalmente, deve-se determinar os Pontos<br />

Críticos de Controle (CriticaI Control<br />

Points) nos qw:üs devem se controlar os riscos<br />

identifica<strong>do</strong>s.<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, n° 300, 52: (5): 81-93, 1997 Pág. 93<br />

Um CCP pode ser um lugar, uma prática,<br />

um procedimento ou um processo para poder<br />

realizar o controle em um ou vários aspectos.<br />

Seu objetivo é reduzir os riscos identifica<strong>do</strong>s.<br />

Deve-se diferenciar claramente se o risco<br />

se controla (CCP I) ou se reduz, ou ainda o<br />

controle total não pode se assegurar (CCP 2).<br />

Para o CCP deve-se definir os valores limite e/<br />

ou as tolerâncias física, química ou biologicamente<br />

permitidas, de maneira que demonstrem que os<br />

riscos estejam · controla<strong>do</strong>s. Deve-se definir e realizar<br />

um procedimento para que cada CCP possa<br />

ser supervisiona<strong>do</strong> sistematicamente.<br />

tu<strong>do</strong> deve estar tecnicamente regulamenta<strong>do</strong>.<br />

Existem conceitos de esclarecimentos<br />

sobre produtos a disposição geral, para ser<br />

utiliza<strong>do</strong>s de maneira simples e prática.<br />

Estes conceitos de produtos nos fabricantes<br />

de lubrificantes, apoiam aos GMP e<br />

HACCP em três aspectos importantes:<br />

Em primeiro lugar to<strong>do</strong>s os CCP em<br />

funcionamento, com risco de contaminação de<br />

lubrificante, estarão menciona<strong>do</strong>s no manual<br />

sobre segurança.<br />

Em segun<strong>do</strong> lugar, serão detalhadas as<br />

instruções de controle e ordem de trabalho sobre<br />

as operações de lubrificação para os CCP<br />

em funcionamento sujeitos a risco de contaminação<br />

de lubrificante.<br />

Se a supervisão mostra que um CCP está<br />

descontrola<strong>do</strong>, deverão ser realizadas correções<br />

de imediato e estabelecer procedimentos de supervisão<br />

complementares. Além disso, a revisão<br />

e confirmação <strong>do</strong>s procedimentos de supervisão<br />

servem para reconhecer que o conceito<br />

HACCP realmente funciona.<br />

7. RFSUMO<br />

Desde janeiro de 1993 existe o merca<strong>do</strong><br />

comum europeu. A livre circulação de alimentos<br />

é uma condição importante para o merca<strong>do</strong><br />

único. A proteção da saúde <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r<br />

é de grande importância (7).<br />

É possível que existam questões mais<br />

importantes na indústria alimentícia e farmacêutica<br />

<strong>do</strong> que a lubrificação e os lubrificantes.<br />

Porém, to<strong>do</strong>s nós conhecemos, a expressão que<br />

diz: "Pequenas causas, grandes conseqüências".<br />

Para a indústri a alimentícia e farmacêutica<br />

a lubrificação com graxas e óleos homologa<strong>do</strong>s<br />

e de alto rendimento téc nico constituem<br />

uma temática fundamental, em especial<br />

porque atualmente tu<strong>do</strong> deve estar tecnicamente<br />

regulamenta<strong>do</strong>. Existem conceitos de esclarecimentos<br />

sobre produtos a disposição geral, para<br />

ser utiliza<strong>do</strong>s de maneira simples e prática.<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

Estes conceitos de produtos nos fabricantes<br />

de lubrificantes, apoiam aos GMP e<br />

HACCP em três aspectos importantes:<br />

Em primeiro lugar to<strong>do</strong>s os CCP em<br />

funcionamento, com risco de contaminação de<br />

lubrificante, estarão menciona<strong>do</strong>s no manual<br />

sobre segurança.<br />

Em segun<strong>do</strong> lugar, serão detalhadas as<br />

instruções de controle e ordem de trabalho sobre<br />

as operações de lubrificação para os CCP<br />

em funcionamento sujeitos a risco de contaminação<br />

de lubrificante.<br />

Em terceiro lugar, estarão disponíveis<br />

as informações de produto e homologações detalhadas<br />

nas especificações e normas para matéria<br />

prima e produtos acaba<strong>do</strong>s<br />

BmLIOGRAFIA<br />

DIN 50320, Dezember 1979 VerschleiB Begriffe,<br />

Systemaanalyse von VerschleiBvorgangen<br />

Gliederung des VerschleiBgebietes<br />

Dietmar Netuschil Tribologie. Der Wegweiser<br />

zur Schmierung Klüber Lubrication, 1989<br />

Amtsblatt der Europaischen Gemeinschaften<br />

Nr. L 17511 Richtlinie 93/43/EWG des<br />

Rates vom 14. Juni 1993 über<br />

Lebensmittelhygiene<br />

Europaische Norm-Entwurf CEN/TC 153/H N<br />

108E, Juli 1992 Teil 2:<br />

Hygieneanforderungen<br />

Konrad Grob, Anna, Artho, M.Biedermann, Ines<br />

Egli, M.Lafranchi, A.Caramaschi, R.Etter,<br />

E.Roman Vortrag 103. Jahresversammlung<br />

der Schweizerischen Gesellschaft für<br />

analytische und angewandte Chemie. 6./7.<br />

September 1991 in Engelberg Wieviel Mineralõl<br />

ist in den Lebensmitteln tolerierbar?<br />

H.J. Lange; Meine GMP und HACCP bei<br />

thermisch behandelten Lebensmitteln ZFL<br />

(Lebensmitteltechnik) 44 (1993) Nr. 2<br />

Amtsblatt der Europaischen Gemeinschaften<br />

Nr. L 186 vom 30.06.1989, S.23 Richtlinie<br />

89/397/EWG des Rates über die amtliche<br />

Lebensmittel-überwachung<br />

Lei n° 8078 de 11.09.90 Código de Proteção e<br />

Defesa <strong>do</strong> Consumi<strong>do</strong>r<br />

Portaria n° 1428 de 26. 11. 93 Ministério da<br />

Saúde<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org


,-- .1<br />

Pág. 94<br />

Re; Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JullDez, n° 300, 52: (5): 94-98, 1997<br />

SISTEMA DE RECOLHA DO LEITE A GRANEL<br />

DADOS GERAIS DA EMPRESA<br />

CONSTITUIÇÃO:<br />

13 de dezembro de 1977<br />

LOCALIZAÇÃO:<br />

Medianeira - PR<br />

FORMAÇÃO:<br />

05 Cooperativas filiadas.<br />

ÁREAS DE NEGÓCIOS:<br />

<strong>Leite</strong> e Carnes<br />

QUADRO FUNCIONAL:<br />

1542 Colabora<strong>do</strong>res<br />

VOLUME DE LEITE<br />

PROCESSADO:<br />

13.000.000 milhões litros/mês<br />

PRODUTOS:<br />

Queijos, <strong>Leite</strong> tipo "C",<br />

<strong>Leite</strong> UHT<br />

Iogurtes,<br />

Bebidas lácteas,<br />

Doce de<strong>Leite</strong> e<br />

Manteiga.<br />

MARCA COMERCIAL:<br />

REGGIO<br />

DISTRIB UIÇÃO:<br />

30000 pontos de vendas no país.<br />

1 - PERFIL DAS PROPRIEDADES<br />

RURAIS<br />

Área média de 30 hectares<br />

Principal atividade: agrícola<br />

Pequenas áreas para pastagens<br />

Média de lo vacas lactação por propriedade<br />

Produção média de 8 litros por vaca<br />

Sistema de criação: Semi-intensivo.<br />

Maurício Botelho *<br />

2 -mSTÓRICO RECOLHA DE LEITE<br />

A LATÕES·<br />

Qualidade da matéria prima inferior<br />

Horário limita<strong>do</strong> para recepção de leite<br />

Condições precárias <strong>do</strong>s veículos<br />

Roteiros das linhas de leite mal organiza<strong>do</strong>s<br />

. Custos eleva<strong>do</strong>s na recolha e no recebimento<br />

<strong>do</strong> leite<br />

Frete oneroso ao produtor<br />

Poucos produtores equipa<strong>do</strong>s com resfria<strong>do</strong>res<br />

Formação de filas para a descarga <strong>do</strong> leite nas<br />

unidades.<br />

3 - PROJETO DE CAPTAÇÃO DO<br />

LEITE A GRANEL<br />

3.1. - OBJETIVOS<br />

Melhoria da qualidade da matéria prima<br />

Redução <strong>do</strong>s custos da recolha e recepção <strong>do</strong><br />

leite<br />

Diminuição <strong>do</strong> frete ao produtor<br />

Desativação das unidades ociosas<br />

Competitividade e garantia de sobrevivência<br />

3.2 - DESENVOLVIMENTO DO PROJETO<br />

Início da recolha a granel em caráter<br />

ex peri men tal:<br />

Fevereiro de 1993.<br />

AÇÕES:<br />

* Coordena<strong>do</strong>r Controle de Qualidade da Matéria-Prima<br />

Cooperativa Centreal Agropecuária Su<strong>do</strong>este Ltda.<br />

Mapeamento das linhas de leite<br />

Readequação das estradas (envolvimento da<br />

comunidade)<br />

Financiamento de resfria<strong>do</strong>res<br />

Aquisição <strong>do</strong>s tanques isotérmicos<br />

Treinamento <strong>do</strong>s transporta<strong>do</strong>res<br />

Plano de pagamento <strong>do</strong> leite por qualidade<br />

Plano de bonificação aos transporta<strong>do</strong>res<br />

Meta: Atingir 100% da recolha a granel em<br />

setembro de 1997.<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JullDez, n° 300. 52: (5): 94-98, 1997 Pág. 95<br />

3.3 - QUADRO N° 1<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

o<br />

EVOLUÇÃO DA RECOLHA DO LEITE A GRANEL<br />

% granel<br />

93 94 95 96 97<br />

4- COMPARATIVO DE RECOLHA DO LEITE A GRANEL X LATÕES<br />

Perío<strong>do</strong> Deli92 Jun/97<br />

100%<br />

Recepção de leite (litros) 8.690.820 9 .362.470 7,72<br />

N° de produtores 7.396 3.941 (46,7 1)<br />

Média litros/dia/produtor 37,90 79,18 108,91<br />

N° unidades de resfriamento 09 05 (44,45)<br />

% recolha <strong>do</strong> leite 100 100<br />

N° linhas de leite 135 71 (47,40)<br />

N° de veículos 142 50 (64,78)<br />

N° pessoas no transporte 203 78 (61,57)<br />

N" de viagens/dia 173 82 (52,60)<br />

Volume médio/veículo (litros) 1.974 6.241 216,.6<br />

Volume médio/viagem (litros) 1.620 3.806 135,00<br />

Temp. média leite eC) 22 6<br />

Qualidade <strong>do</strong> leite Regular Boa<br />

N° colabora<strong>do</strong>res 82 39 (52,43)<br />

Produtividade (L/Colab/mês) 240.063 126,50 126,50<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

Ano<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org<br />

I !'<br />

!:I!


Pág. 96 Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, n° 300, 52: (5): 94-98, 1997<br />

5 - CUSTO OPERACIONAL DO RECEBIMENTO DO LEITE<br />

A- SITUAÇÃO ANTERIOR<br />

Unidade Total leite Custo Custo N° de Produtivo Custo frete 2°<br />

recebo rec. (L) plataf. (R$) litros (R$) func. L/HIM percur. (R$)<br />

RONDON 2.31 6.685 24.805,29 0,0107 18 128.704 6.035,00<br />

MATEL Â NDIA 678.91 1 14.336,55 0,02 12 8 84.864 ........ ... ..<br />

N.S. ROSA 2.476.46 1 28.628,85 0,01 15 17 1 45.647 1.885,00<br />

MISSAL 842. 199 7.387,92 0,0088 6 140.366 7.1 92,59<br />

TOLEDO 712.213 14.357,43 0,0202 8 89.027 4.202,58<br />

PA LOTINA 675.112 5.125,87 0,0076 7 96.444 2.025,33<br />

S. CLEMENTE 379.026 8.31 2,46 0,0220 5 75.805 2.011,35<br />

CAFEL Â NDIA 347.780 3.557,82 0,0103 3 115.927 2.048,90<br />

FORMOSA 159.070 4.209,46 0,0265 3 53.023 912,47<br />

TOTAL 8.587.457 110.730,65 0,0129 75 114.499 26.313,22<br />

PER Í ODO: junho/95<br />

GASTOS GERAIS COM RECEBIMENTO DE LEITE ...................................................... R$ 110.730,65<br />

GASTOS GERAIS COM FRETE 2° PERCURSO ................................................................ R$ 26.313,22<br />

TOTAL ...................................................................................................................................... R$137 .043,87<br />

B • SITUAÇÃO ATUAL<br />

Unidade Total leite Custo Custo N° de Produtivo Custo frete 2°<br />

recebo rec. (L) plataf. (R$) litros (R$) func. LIHIM percur. (R$)<br />

RONDON 3.046.502 17.475,87 0,0057 13 234.346 4.667,74<br />

MATEL Â NDIA 1.604. 130 7.3 16,41 0,0046 4 401 .032 894,53<br />

N.S. ROSA 2.345.934 13.493,08 0,0058 12 195.494 4.754,07<br />

TOLEDO 1.423.067 10.390,93 0,0073 6 237.178 7.559,48<br />

PALOTINA 942.847 7.463,5 1 0,0079 4 235.712 1.802, 10<br />

TOTAL 9.362.470 56.139,80 0,0060 39 240.063 19.677,92<br />

PER Í ODO: junho/97<br />

GASTOS GERAIS COM RECEBIMENTO DE LEITE ...................................................... R$ 56.1 39,80<br />

GASTOS GERAIS COM FRETE 2° P ERCURSO ................................................................ R$ 19.677,92<br />

TOTAL . . ........ .......................... ............................ ... ............. ... ............... .. ... ...... .. .... ........ .. ...... ... R$ 75.817,72<br />

ECONOMIA MENSAL OBTIDA .......................................................................................... R$ 6 f .226, 15<br />

ECONOMIA ANUAL ESTIMADA ...................................................................................... R $ 734.113,80<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JullDez, n° 300, j2: (5): 94-98, 1997 Pág. 97<br />

6 - BENEFÍCIOS OBTIDOS COM A RECOLHA DO LEITE A GRANEL<br />

A- QUANTO AO SETOR INDUSTRIAL<br />

Melhoria da qualidade da matériaprima<br />

Ampliação <strong>do</strong> horário de recepção<br />

de leite<br />

Redução <strong>do</strong>s custos operacionais de<br />

recepção<br />

Redução da mão de obra<br />

Agilização na descarga <strong>do</strong> leite<br />

Redução <strong>do</strong> frete 2° percurso.<br />

Redução <strong>do</strong>s custos de manutenção<br />

com equipamentos<br />

Redução <strong>do</strong> n° de unidades de<br />

resfriamento<br />

B-QUANTOAOTRANSPORTADOR<br />

MELHORIA SOBRE A RECOLHA A LATÕES<br />

Tipo de Perío<strong>do</strong> Volume<br />

recolha médio<br />

diário (I)<br />

latões Dez!92 280.350<br />

granel Jun/97 312.082<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

Recepção <strong>do</strong> leite previamente resfria<strong>do</strong><br />

Elevação no tempo da redutase<br />

Melhor performance quanto à higienização <strong>do</strong>s<br />

tanques a granel compara<strong>do</strong> aos latões.<br />

Recepção por um perío<strong>do</strong> de até 15 horas<br />

Ordenha e recolha <strong>do</strong> leite em horários mais<br />

c6mo<strong>do</strong>s para o produtor e transporta<strong>do</strong>r.<br />

Economia de energia, água, vapor, insumos, etc.<br />

Economia anual estimada RS 734.713,80.<br />

Redução no quadro fiincional de 82 para 39 colabora<strong>do</strong>res<br />

(52,43%)<br />

Projeção tritura: 28 colabora<strong>do</strong>res<br />

Aumento de produtividade/colabora<strong>do</strong>r<br />

(126,50%)<br />

Sistema de resfriamento rápi<strong>do</strong> com capacidade<br />

superior<br />

Não há formação de filas para descarregamento.<br />

Economia R$ 79 .623,60Iano de frete das unidades<br />

de resfriamento para as unidades industriais<br />

Projeção fritura: Eliminação <strong>do</strong> frete 2° percurso.<br />

Eliminação de esteiras, máquinas de lavar latões<br />

manuseio latões, etc.<br />

Redução no tempo de trabalho das caldeiras,<br />

compressores, condensa<strong>do</strong>res evaporativos, etc.<br />

Redução de 09 para 05 unidades.<br />

Projeção fritura: 03 unidades.<br />

N" N" Volume Volume!<br />

de de médio transpor.<br />

veículos veículos veículo (I)<br />

142 142 203 1.38 1<br />

50 50 78 4.001<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org


Pág. 98<br />

BENEFÍCIOS<br />

Aumento da capacidade de transporte e redu­<br />

ção<br />

Reduçãodamão-de-obra<br />

Diminuição de 203 para 78 transporta<strong>do</strong>res<br />

(61 ,57%), consideran<strong>do</strong>-se 2 viag;ens.<br />

A- QUANTO AO PRODUTOR<br />

Melhoria da qualidade da matéria<br />

prima<br />

Redução de valor <strong>do</strong> frete<br />

Flexibilidade nos horários . de ordenha<br />

e recolha na propriedade<br />

CONCLUSÃO:<br />

O trabalho exige muito esforço, determinação<br />

e motivação. Em compensação os resulta<strong>do</strong>s<br />

são gratificantes.<br />

Sem a recolha <strong>do</strong> leite a granel, dificilmente<br />

alcançaríamos os resulta<strong>do</strong>s na melhoria da<br />

qualidade da matéria-prima, conforme obtidas.<br />

Houve uma mudança no comportamento por<br />

pane <strong>do</strong>s produtores e transporta<strong>do</strong>res. Está<br />

haven<strong>do</strong> uma profissionalização e melhoria<br />

da qualidade de vida nesses setores.<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez; n° 300, 52: (5): 94-98, 1997<br />

Ganhos gerais<br />

Redução no tempo para recolha de leite<br />

Menor esforço fisico<br />

Menor distância percorrida por litro de leite<br />

recolhi<strong>do</strong><br />

<strong>Leite</strong> resfria<strong>do</strong><br />

Redução das perdas com condenação (leite<br />

áci<strong>do</strong>)<br />

Maior possibilidade de ganhos com a<br />

bonificação.<br />

Com a redução <strong>do</strong> nQ de veículos e aumento<br />

<strong>do</strong> volume de leite transporta<strong>do</strong>/veículo,<br />

houve em média uma redução de 42,85% no<br />

frete (14% para 8% em média).<br />

Recolha de leite no perío<strong>do</strong> da manhã/tarde/noite.<br />

Consideramos muito positivo o fato <strong>do</strong>s nossos<br />

concorrentes estarem a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> a recolha<br />

<strong>do</strong> leite a granel. Isto tem contribuí<strong>do</strong> para a<br />

melhoria da qualidade <strong>do</strong> leite e desenvolvimento<br />

da nossa região.<br />

Marechal Cândi<strong>do</strong> Ron<strong>do</strong>n, julho de 1997<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JullDez, n° 300, 52: (5): 99-101, 1997<br />

RECICLAGEM DE EMBALAGENS LONGA<br />

Recycling Process 01 Tetra Pak Aseptic Packaging<br />

ABSTRACT<br />

Aseptic pàckages are made with three<br />

materiaIs. Paper comprises .75 percent of the<br />

package, polyethylene 20 percent and aluminum<br />

5 percent. Aseptic packages are recycled together<br />

thro ugh a paper recycling process known as<br />

hydrapulping. In a hydrapulper, which works like<br />

a large kitchen blender, it is filled with water,<br />

aseptic packages are agitated for 30 to 40 minutes<br />

until the plastic and foH layers separate from the<br />

pulp. During the hydrapulping process, large rotor<br />

blades on the botton of the machine stir up the<br />

water. This motion literaIly beats the paper fibers<br />

away from the layers of poly and aluminum foi!.<br />

Repeated rinsing and the use of screens further<br />

separate the fiber from the thin layers of alurninum<br />

and plastic. The material recovered through this<br />

process, a high-quality paper fiber, may be used to<br />

produce tissue paper, líner for corrugated board, egg<br />

carton, etc. The alurninum foH is sandwiched between<br />

two layers of polyethylene. This means that the<br />

aluminum is always protected from breaking <strong>do</strong>wn<br />

into fine powçler material. Techn.ology i peing<br />

developed to handle the poly/foil residual. Options<br />

include pyrolysing the poly and recovering the<br />

aluminum, plasm and mllterial separation to recover<br />

the polyethylene and aIurninum. In Brazil, recycIing<br />

waste has heen used as source of energy in the<br />

paper milI boHers.<br />

1. INTRODUÇÃO<br />

A embalagem Tetra Brik Asséptica ou<br />

Longa Vida é uma das mais modernas. Ela preserva<br />

alimentos como leite e suco de frutas por muitos<br />

meses, manten<strong>do</strong> bactérias e outros<br />

microorganismos (germes) longe <strong>do</strong>s alimentos.<br />

Nenhum preservativo artificial é adiciona<strong>do</strong> ao<br />

, produto. Como o alimento é sela<strong>do</strong>, na ausência.<br />

de oxigênio, ele pode ser armazena<strong>do</strong> ' sem refrigeração,<br />

economizan<strong>do</strong> energia da geladeira e de<br />

caminhões frigorifica<strong>do</strong>s. O peso da embalagem . é<br />

Pág. 99<br />

Tetra Pak Ltda*<br />

Environmental Development<br />

outro fator importante a ser considera<strong>do</strong>, pois<br />

para embalar um litro de alimento, são necessários<br />

somente 28 gramas de material, economizan<strong>do</strong> recursos<br />

e gasto de combustível durante o transporte.<br />

Embalagem Tetra Brik Asséptica é composta<br />

de várias camadas de material; papel,<br />

polietileno de baixa densidade e alumínio. Eles<br />

criam uma barreira que impede a entrada de luz,<br />

ar, água e microorganismos. Ao mesmo tempo,<br />

não permite que o aroma <strong>do</strong>s alimentos saia da<br />

embalagem. A proteção contra a luz é muito<br />

importante, pois ela destrói importantes vitaminas<br />

(vitamina C e vitamina B)presentes nos alimentos,<br />

principalmente . leite e sucos. O oxigênio<br />

presente no ar produz uma reação de oxidação,<br />

causan<strong>do</strong> redução na qualidade <strong>do</strong>s produtos.<br />

As embalagens são feitas de papel 'ouplex<br />

(75%), plástico (20%) e alumínio (5%).<br />

Devi<strong>do</strong> ao aumento de consumo das embalagens<br />

cartonadas, desenvolveu-se um processo<br />

para reciclagem com separação das fibras de papeI<br />

<strong>do</strong>s outros <strong>do</strong>is materiais. Este processo foi<br />

denomina<strong>do</strong> de "hidrapulper", consistin<strong>do</strong> em se<br />

hidratar as fibras da embalagem através de força<br />

mecânica em um pulper de alta consistência.<br />

2. DESCRIÇÃO DO PROCESSO<br />

O esquema simplifica<strong>do</strong> <strong>do</strong> processo de<br />

reciclagem encontra-se em anexo, e consiste em<br />

um pulper de alta consistência, trabalhan<strong>do</strong> a 15%<br />

em água e sem adição de qualquer composto químico<br />

para acelerar a hidratação das fibras;' O tempo<br />

de agitação é de trinta e cinco minutos, perío<strong>do</strong><br />

acima deste tempo pode prejudicar a qualidade<br />

das fibras recuperadas.<br />

Após hidratação, ocorre a separação <strong>do</strong><br />

polietileno e alumínio <strong>do</strong> papel. Em seguida, as<br />

fibras de papel são lavadas e purificadas. O papel<br />

recupera<strong>do</strong> pode ser utiliza<strong>do</strong> para produção de papel<br />

toalha, caixas de papelão, etc. O resíduo composto<br />

por polietileno/alumínio é utiliza<strong>do</strong> como<br />

combustível em caldeiras especiais com filtros para<br />

purificação <strong>do</strong>s gases de exaustão ou fomos de cal.<br />

* Rod. Campinas/Capivari Km 23.5 - CEP 13190-000 -Monte Mor - SP - Brazil<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org


Pág. 100 Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", JullDez, n° 300, .52.: (5): 99-101, 1997<br />

3. EQUIPAMENTOS<br />

Os principais equipamentos para<br />

reciclagem de embalagens cartonadas encontram-se<br />

em anexo. Consistem em um pulper de<br />

alta consistência, purifica<strong>do</strong>r primário onde é<br />

feita a purificação inicial das fibras, células de<br />

flotação para tratamento das águas residuárias,<br />

peneiras pressurizadas e baterias de cones purifica<strong>do</strong>res.<br />

Importante salientar que as unidades de<br />

recuperação de fibras devem ser colocadas ao la<strong>do</strong><br />

das empresas produtoras de papel, evitan<strong>do</strong>-se<br />

com isso o transporte das fibras com alto teor de<br />

umidade. Toda água é recuperada e retoma para o<br />

processo de hidratação das fibras.<br />

4. BALANÇO DE MASSA<br />

Cada tonelada de material coloca<strong>do</strong> no<br />

"hidrapulper" produz seiscentos e cinquenta quilos<br />

de fibra e duzentos e cinquenta quilos de plástico<br />

com alumínio. Cerca de cem quilos de fibra<br />

sao retiradas pelos flota<strong>do</strong>res e usadas como combustível<br />

nas caldeiras das fábricas de papel.<br />

Em 1995, cento e vinte mil toneladas de<br />

embalagens Tetra Pak pós-consumo foram<br />

recicladas na Alemanha, produzin<strong>do</strong> vários tipos<br />

de papel para diferentes utilizações.<br />

Resíduo<br />

Sóli<strong>do</strong><br />

No Brasil, várias cidades que possuem<br />

coleta seletiva de lixo, estão envian<strong>do</strong> o material<br />

Teta Pak coleta<strong>do</strong> para empresas que produzem<br />

papel toalha, papelão ondula<strong>do</strong>, embalagens para<br />

ovos, etc. To<strong>do</strong> o resíduo sóli<strong>do</strong> gera<strong>do</strong> na própria<br />

produção da embalagem também é envia<strong>do</strong><br />

para reciclagem.<br />

5. CONCLUSÃO<br />

É importante salientar que um programa<br />

de reciclagem é uma opção eficiente de manipulação<br />

de resíduo sóli<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> os benefícios<br />

ambientais e econômicos superam os custos<br />

ambientais e econômicos. Alguns processos de<br />

reciclagem podem gerar mais poluição que o envio<br />

para um aterro sanitário ou incineração <strong>do</strong> material.<br />

A reciclagem é uma das formas de resolver<br />

o problema <strong>do</strong> lixo, entretanto não é a única.<br />

A redução na fonte, isto é, reduzir o peso da embalagem<br />

para proteger determina<strong>do</strong> produto ainda<br />

é a melhor opção. A incineração com recuperação<br />

de energia em incinera<strong>do</strong>res com controle<br />

de emissão gasosa também é viável em algumas<br />

localidades. Por último mas não menos importante,<br />

o aterro sanitário controla<strong>do</strong>, <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> de<br />

moderna tecnologia também deve ser considera<strong>do</strong><br />

quan<strong>do</strong> se estuda o Gerenciamento Integra­<br />

<strong>do</strong> <strong>do</strong> Resíduo Sóli<strong>do</strong>.<br />

PROCESSO DE RECICLAGEM<br />

(Embalagem Tetra Pak)<br />

Rev. Inst. Latic. "Cândi<strong>do</strong> Tostes", Jul/Dez, n° 300, 52: (5): 99-101, 1997 , Pág. 101<br />

RESíDUO<br />

100 Kg<br />

CALDEIRA<br />

250 Kg ÓLEO<br />

AI20a<br />

100 Kg<br />

ÁGUA<br />

10 M3<br />

VAPOR<br />

PULPER<br />

SEPARAÇÃO<br />

FIBRAS<br />

lDPE/AI<br />

250 Kg<br />

1 TON EMBALAGEM<br />

650 Kg<br />

METANO<br />

.r-<br />

PAPEL!<br />

PAPELÃO<br />

PIRÓllSEI<br />

PLASMA<br />

+ Alumínio<br />

45 Kg<br />

o Presidente da EPAMIG, Dr. Guy To rres, acompanhan<strong>do</strong> o chefe <strong>do</strong> CEPE/ILCT,<br />

Prof. Fernan<strong>do</strong> Magalhães, na abertura da EXPOMAQ/97<br />

digitaliza<strong>do</strong> por<br />

arvore<strong>do</strong>leite.org

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