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www.arvoredoleite.org<br />

Esta é uma cópia digital de um documento que foi preservado para inúmeras gerações nas prateleiras da biblioteca Otto<br />

Frensel do Instituto de Laticínios Cândido Tostes (ILCT) da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG),<br />

antes de ter sido cuidadosamente digitalizada pela Arvoredoleite.org como parte de um projeto de parceria entre a<br />

Arvoredoleite.org e a Revista do Instituto de Laticínios Cândido Tostes para tornarem seus exemplares online. A Revista do<br />

ILCT é uma publicação técnico-científica criada em 1946, originalmente com o nome FELCTIANO. Em setembro de 1958, o seu<br />

nome foi alterado para o atual.<br />

Este exemplar sobreviveu e é um dos nossos portais para o passado, o que representa uma riqueza de história, cultura e<br />

conhecimento. Marcas e anotações no volume original aparecerão neste arquivo, um lembrete da longa jornada desta<br />

REVISTA, desde a sua publicação, permanecendo por um longo tempo na biblioteca, e finalmente chegando até você.<br />

Diretrizes de uso<br />

A Arvoredoleite.org se orgulha da parceria com a Revista do Instituto de Laticínios Cândido Tostes da EPAMIG para digitalizar<br />

estes materiais e torná-los amplamente acessíveis. No entanto, este trabalho é dispendioso, por isso, a fim de continuar a<br />

oferecer este recurso, tomamos medidas para evitar o abuso por partes comerciais.<br />

Também pedimos que você:<br />

● Faça uso não comercial dos arquivos. Projetamos a digitalização para uso por indivíduos e ou instituições e solicitamos que<br />

você use estes arquivos para fins profissionais e não comerciais.<br />

● Mantenha a atribuição Arvoredoleite.org como marca d'água e a identificação do ILCT/EPAMIG. Esta atitude é essencial<br />

para informar as pessoas sobre este projeto e ajudá-las a encontrar materiais adicionais no site. Não removê-las.<br />

● Mantenha-o legal. Seja qual for o seu uso, lembre-se que você é responsável por garantir que o que você está fazendo é<br />

legal. O fato do documento estar disponível eletronicamente sem restrições, não significa que pode ser usado de qualquer<br />

forma e/ou em qualquer lugar. Reiteramos que as penalidades sobre violação de propriedade intelectual podem ser bastante<br />

graves.<br />

Sobre a Arvoredoleite.org<br />

A missão da Arvoredoleite.org é organizar as informações técnicas e torná-las acessíveis e úteis. Você pode pesquisar outros<br />

assuntos correlatos através da web em http://arvoredoleite.org.


II<br />

digitalizado por<br />

N<br />

11<br />

N<br />

TU<br />

arvoredoleite.org


A ISP do 8rasiVGerminal tem sempre uma solução técnica E<br />

criativa para auxiliar a indústria de latidnios. Sua!<br />

combinações de ingredientes agregam valores funcionais ao.<br />

produtos, como estrutura, textura, consistência, brilho, cor E<br />

sabor. Além disso, propicia economia e funcionalidade nq<br />

Espessamento, Estabilização e Gelificação de seus produtos!<br />

Para isso, os profissionais de sua equipe técnica estão sempre<br />

à disposição para auxiliar no desenvolvimento de díve<br />

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Vantagem competitiva no mercado ·<br />

I<br />

Revista do Instituto de Laticínios "Cândido Tostes" a Jul/Ago, n2 345, 6.0.: 1-471, 2005<br />

REVISTA DO INSTITUTO DE LATiCíNIOS<br />

"CÂNDIDO TOSTES"<br />

DAIRY JOURNAl<br />

BIMONTHLV PUBLlSHED BV THE<br />

"CÂNDIDO TOSTES" DAIRV INSTITUTE<br />

ANAIS DO<br />

XXII CONGRESSO<br />

NACIONAL DE<br />

LATiCíNIOS<br />

EPAMIG<br />

EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA DE MINAS GERAIS<br />

Centro Tecnológico<br />

Instituto de Laticínios "Cândido Tostes"<br />

Revista do Instituto de Laticínios "Cândido Tostes"<br />

Juiz de Fora (MG) . Vol. 60 (345); 1-471 - Jul/Ago de 2005<br />

digitalizado por<br />

arvoredoleite.org<br />

BIBL.IO reCA


Revista do Instituto de laticínios "Cândido Tostes" - Jul/Ago, n2 345, 6.0.: 1-471, 2005<br />

Governo do Estado de Minas Gerais<br />

Aécio Neves da Cunha<br />

Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento Gerais<br />

Silas Brasileiro<br />

Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais<br />

Baldonedo Arthur Napoleão - Presidente<br />

Luiz Carlos Gomes Guerra - Diretor de Administração e Finanças<br />

Manuel Duarte Xavier - Diretor de Operações Técnicas<br />

Centro Tecnológico · Instituto de laticínios Cândido Tostes<br />

Comitê Gerencial<br />

Gerson Occhi - Chefe do CT/ILCT<br />

Fernando Antônio Resplande Magalhães - Ger. Estadual do Programa de Pesquisa Processamento Agroindustrial<br />

Danielle Braga Chelini Pereira - Coord. do Programa Ensino Leite e Derivados<br />

José Lourenço Pereira Russi - Supervisor do Núcleo de Administração e Finanças<br />

Nelson Tenchini Macedo - Supervisor do Núcleo de Indústria e Comércio<br />

Editoração Eletrônica<br />

<br />

.llil<br />

-Ce-t.c<br />

, gráfico e editoro<br />

artes gráficas<br />

(32) 3217-0283<br />

Revista do Instituto de laticínios Cândido Tostes<br />

Luiza Carvalhaes Albuquerque<br />

Coordenadora de Transferência e Difusão de Tecnologia<br />

Especialista em Marketing e Qualidade Total<br />

Jornalista Responsável<br />

Vania Lucia Alves Lacerda<br />

Reg. Prof. 4.72 9/MG<br />

Corpo Revisor da Revista do ILCT<br />

Adauto de Matos Lemos<br />

Célia Lucia Luces Fortes Ferreira<br />

Daise Aparecida Rossi<br />

Edna Froeder Arcuri<br />

Fernando Antônio Resplande Magalhães<br />

Luiz Ronaldo de Abreu<br />

Luiza Carvalhaes de Albuquerque<br />

Paulo Henrique Fonseca da Silva<br />

Os trabalhos apresentados são de inteira responsabilidade de seus autores.<br />

Juiz de Fora, julho de 2005<br />

EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA DE MINAS GERAIS<br />

D EPAMIG •<br />

Impressão<br />

te.<br />

".-<br />

CENTRAL<br />

:F,;7:;P:.RMUt;;#.!;RH<br />

GRÁFICA E EDITORA<br />

(32) 3215-8988<br />

Revista do Instituto de Laticínios "Cândido Tostes", n. 1 - 1946 - Juiz de Fora. Instituto de Laticínios "Cândido<br />

Tostes", 1946.<br />

v. ilust. 23 cm<br />

n. 1-19 (1946-48), 27 cm, com nome de Felctiano, n. 20-73 (1948-57), 23 cm, com o nome de Felctiano.<br />

A partir de setembro de 1958, com o nome de Revista do Instituto de Laticínios "Cândido Tostes".<br />

1. Zootecnia - Brasil - Periódicos. 2. Laticínios - Brasil Periódicos<br />

1. Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, Juiz de Fora, MG, ed.<br />

ISSN 0100-3674 CDU 636/637(81)(50)<br />

Revista do Instituto de laticínios "Cândido Tostes" D Jul/Ago, n2 345, 6.0.: 1-471, 2005<br />

XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

"Inserção do Brasil no Mercado Internacional de Lácteos"<br />

COMISSÃO ORGANIZADORA<br />

Coordenação Geral<br />

Artur Fernandes Gonçalves Filho - SEDE<br />

Gerson Occhi CT/ILCT<br />

. Comissão Administrativa Financeira<br />

José Lourenço Pereira Russi - CT/ILCT<br />

José Roberto Enoque - SEDE<br />

Comissão de Recepção e Credenciamento<br />

Si Iene Santos de Mendonça - CT/ILCT<br />

Comissão de Divulgação e Marketing<br />

Cristina Barbosa de Assis - SEDE<br />

Comissão Científica<br />

Adauto de Matos Lemos - CT/ILCT<br />

Comissão EXPOMAQ<br />

Sônia Maria Borges - CT/ILCT<br />

Luiz Fernando Drummond Alves - SEDE<br />

Comissão EXPOLAC<br />

Nelson Luiz Tenchini de Macedo - CT/ILCT<br />

COMISSÃO CIENTíFICA<br />

Coord. Adauto de Matos Lemos - EPAMIG/CT/ILCT .<br />

Antônio Carlos Savino de Oliveira - EPAMIG/CT/ILCT<br />

Braz dos Santos Neves - EPAMIG/CT/ILCT<br />

Cláudia Eugênia Castro Brav.o Martins - UFLA/CNPq<br />

Cristina Thielmann - EPAMIG/CT/ILCT<br />

Danielle Braga Chelini Pereira - EPAMIG/CT/ILCT<br />

Edna Froeder Arcuri - Embrapa Gado de Leite<br />

Eloá Corrêa de Souza - EPAMIG-CT/ILCT<br />

Fernando Antônio Resplande Magalhães - EPAMIG-CT/ILCT<br />

Heloíza Maria de Souza - EPAMIG/CT/ILCT<br />

ítalo Tuler Perroni - EPAMIG/CT/ILCT<br />

José Alberto Bastos Portugal - CES JF/CBQL<br />

José Roberto Ferreira - Embrapa Gado de Leite<br />

Luíza Carvalhaes Albuquerque - EPAMIG/CT/ILCT<br />

Maria Aparecida V. Paiva e Brito - Embrapa Gado de Leite<br />

Márcia Aparecida Crivelari Porto - EPAMIG/CT/ILCT<br />

Marco Antônio Furtado - UFJF/FFB<br />

Michael Mitsuo Saito - EPAMIG/CT/ILCT<br />

Paulo Henrique Fonseca da Silva - EPAMIG/CT/ILCT<br />

Rodrigo Stephani - EPAMIG/CT/ILCT<br />

Silmat Carla da Silva - EPAMIG/CT/ILCT<br />

A Comissão Organizadora agradece a todos os funcionários do CT/ILCT e a todas<br />

as pessoas que colaboraram direta ou indiretamente para a realização do<br />

XXII Congresso Nacional de Laticínios.<br />

digitalizado por<br />

arvoredoleite.org<br />

Pág. III


Revista do Instituto de Laticínios "Cândido Tostes" • Jul/Ago, n2 345, 6.0.: 1-471, 2005<br />

3M do Brasil LIda<br />

ABC Comércio e Representações LIda.<br />

RELAÇÃO DE PARTICIPANTES NA EXPOMAQ/2005<br />

ABIQ Associação Brasileira das Indústrias de Queijos<br />

AEB Bioquímica Latino Americana S/A<br />

Alpax Comércio de Produtos para Laboratório LIda.<br />

AM Brasil Comércio Importação e Exportação LIda.<br />

André Luiz Lima de Souza -Casa Forte<br />

APV South América Ind. e Com. LIda.<br />

BKG Rotem Química do Brasil LIda.<br />

Brassell Com., Importação e Exportação LIda.<br />

Bunge Alimentos S/A<br />

Cap Lab Comercial LIda.<br />

Carvalho & Fernandes Insumos p/ Ind. Alim Ldta.<br />

Chamfer Ind. e Com.Ferr.Prod.Plásticos LIda.<br />

CHR Hansen Indústria e Comércio LIda.<br />

Clariant Comercial S/A<br />

Clyrep Serviços Gráficos LIda.<br />

Codmarc Codif. p/ Marc. Com. e Serviços LIda.<br />

Conservas Ritter S/A Ind., Agrícola e Comercial<br />

CONSILCT-Empresa Júnior de Consultoria ILCT<br />

Danisco Cultor Brasil Llda/Fermentech<br />

Delgo Metalúrgica LIda.<br />

Descartável Embalagens LIda.<br />

Desnate Ind e Com de Peças p/ Centrífugas LIda.<br />

Dinieper Indústria Metalúrgica LIda.<br />

Doce Aroma Comercial LIda.<br />

Editora Dipemar - Rev Leite & Derivados<br />

Embrapa - Gado de Leite<br />

Emil - Empresa Mineira LIda.<br />

Engefril Ind e Com LIda.<br />

Etiquetadora Amaral LIda.<br />

Eurochem Internacional do Brasil LIda.<br />

Eximaq Ind. Com. de Equip. Industriais LIda.<br />

Fermentech Com. de Insumos p/Alimentos LIda.<br />

Fibrasa Nordeste S/A<br />

FIBRAV - Fibra de Vidro de Lambari<br />

Fitatex Etiquetas e Embalagens LIda.<br />

Fortuce & Fortuce LIda.<br />

G100 Assoe. Bras. de Peq. e Médias Cooperativas e<br />

Empresas de Laticínios<br />

Gelobraga Refrigeração LIda.<br />

Gemacon Comércio e Serviços LIda.<br />

Geraldo Rafael da Silva (Casa das Desnatadeiras)<br />

Globalfood - Sistemas, Ingred. Tecnol.p/Alimentos<br />

Globo Inox Equipamentos Industriais LIda.<br />

Grati Indústria e Comércio LIda.<br />

Helifer Comércio e Representação LIda.<br />

Hexis Científica<br />

Hiper Centrifugation LIda.<br />

Huhtamaki do Brasil LIda.<br />

IGE-Indústria Mecânica Geiger LIda.<br />

Importador e Exp. de Medidores Poli mate LIda.<br />

Pág. IV<br />

Incalfer do Brasil LIda.<br />

Indústria de Papéis Sudeste<br />

Injesul Plásticos Ind e Com LIda.<br />

Inoxmilk Ind. e Com. LIda.<br />

Inoxta Comercial LIda.<br />

INPA Indústria de Embalagens Santana S/A<br />

Interozone do Brasil LIda.<br />

ISP do Brasil LIda.<br />

Jandaplast Indústria LIda.<br />

Johnson Diversey Brasil LIda.<br />

Jorvic do Brasil LIda.<br />

Josmaq Equipamentos p/lndúdtria Alimentícia<br />

Kerry do Brasil LIda.<br />

Laborclin Produtos para Laboratorio<br />

Laktron Indústria Eletrônica LIda.<br />

Madasa do Brasil LIda.<br />

Makplan Comércio e Representação LIda.<br />

Maksist Comércio e Serviços LIda.<br />

Maria da Graças Silva Teixiera - Inoxsul<br />

Mastervac Ind. e Com. De Máquinas LIda.<br />

Matrix Ingedientes Com. e Rep. LIda.<br />

MecânicaTony LIda.<br />

Mercopack Embalagens LIda.<br />

Meta Tecnologia em Sistemas LIda.<br />

Metalgráfica Palmira LIda.<br />

Mirainox LIda.<br />

Módulo Embalagens Ind. E Com. LIda.<br />

Multidraw Eng.e Proj.lndl. e Ambientais LIda.<br />

Office Informática LIda.<br />

Packo Plurinox do Brasil LIda.<br />

Paraindustrial Com. de Embalagens LIda.<br />

Poly Vac S/A Ind. e Com. de Embalagens<br />

Prefeitura Municipal de Juiz de Fora<br />

Produtos Macalé LIda.<br />

Resinar Materiais Compostos LIda.<br />

Revista Indústria de Laticínios<br />

Sacco Com., Imp. e Exp. de Alimentos LIda.<br />

Saporati do Brasil LIda.<br />

Selovac Indústria e comércio LIda.<br />

Separatori Indústria e Com. de Centrífugas LIda.<br />

SIG Combiblok do Brasil LIda.<br />

SILEMG -M.G<br />

Spirax Sarco Indústria e comércio LIda.<br />

Tate e Lyle do Brasil S.A<br />

Terom do Brasil<br />

Tetra Pak LIda.<br />

TKC Indústria e Comércio LIda.<br />

Trevi Indústria Mecânica LIda.<br />

Unipac Embalagens LIda.<br />

Universidade Federal de Goiânia<br />

Westfalia Separator do Brasil LIda.<br />

York International LIda.<br />

Revista do Instituto de Laticínios "Cândido Tostes" - Jul/Ago, n2 345, 6.0.: 1-471, 2005<br />

Cooperativa de Laticínios de Campezina<br />

RELAÇÃO DE PARTICIPANTES NA EXPOLAC/2005<br />

COOPNOROESTE - Coop. Agrop. Noroeste do MT LIda<br />

Coop. dos Produtores de Leite de Além Paraíba<br />

Fundação Arthur Bernardes<br />

Cooperativa Laticínios Selita<br />

Ind. Com. de Produtos de Leite Bombardelli<br />

Coop. Agropecuária do Vale do Paracatu LIda<br />

Cooperativa de Laticínios de Promissão<br />

Indústrias Flórida LIda<br />

Centro Federal de Educação Tecnológica de Rio Pomba<br />

Coop. dos Produtores de Leite de Mar de Espanha Resp. LIda<br />

Serrote Branco Agroindustrial LIda<br />

Marfim Indústria e Comércio LIda<br />

Coop. Agropecuária de São João Nepomuceno de Resp LIda<br />

Agroindústria Guarani LIda<br />

Laticínios Gardingo<br />

Laticínios Cruziliense LIda<br />

Quá-Quá Ind. Alimentícia LIda<br />

Coop.· Reg. Agropecuária de São Domingos do Prata<br />

Coop. Laticínios Vale do Mucuri LIda<br />

Laticínios Exterkoetter LIda<br />

Laticínios Bom Destino<br />

Laticínios Mundo Doce<br />

digitalizado por<br />

Laticínios Vimilk<br />

Alvarenga e Cia. LIda<br />

Vara Hanna Com. e Ind. LIda<br />

Laticínios Curral de Minas LIda<br />

Empresa Agropecuária Rio Bonito LIda<br />

Coop. Mista Agropecuária Witmarsum LIda<br />

Laticínios Carrancas LIda<br />

COOPAVEL Coop. Agroindustrial<br />

Indústria de Laticínios MSP<br />

Lactoplasa Ind. de Laticínios do Planalto S/A<br />

Laticínios V.J. Oliveira LIda<br />

Marco Antônio Assis Moreira<br />

Coop. Agropecuária Vale do Rio Doce LIda<br />

Laticínios Tirolez LIda<br />

Laticínios Verde Campo LIda<br />

Laticínios Tirolez LIda<br />

Laticínios DaMatta Ind. e com. LIda<br />

Cayuaba Agroindustrial LIda<br />

Palmieri & Almeida Com. e Ind. de Laticínios LIda<br />

Laticínios Nogueira Montanhês<br />

Laticínios Tânia Ind. e Com. LIda<br />

Complexo Agroindustrial Pindobas LIda<br />

arvoredoleite.org


Revista do Instituto de Laticínios "Cândido Tostes" - Jul/Ago, nQ 345, 6..0.: 1-471, 2005<br />

SUMÁRIO<br />

PALESTRAS<br />

TENDÊNCIAS E NOVOS DESENVOLVIMENTOS NO MERCADO DE QUEIJO PROCESSADO -<br />

UMA VISÃO MUNDIAL - E TAMBÉM EM RELAÇÃO A REDUÇÃO DE SÓDIO NA<br />

NUTRIÇÃO HUMANA .................................................................................................................................... 1<br />

MICROCRISTALlZAÇÃO EM LEITES CONCENTRADOS: UMA REVISÃO .................................... 2<br />

INSERÇÃO DO BRASIL NO MERCADO INTERNACIONAL DE LÁCTEOS .................................... 6<br />

USO DE EDULCORANTES EM ALIMENTOS E EM PRODUTOS LÁCTEOS .................................. 7<br />

COMUNICAÇÕES TÉCNICAS<br />

COMPETITIVIDADE DO SETOR LÁCTEO NACIONAL: GESTÃO DA LOGÍSITICA DE<br />

CAPTAÇÃO DE LEITE ................................................................................................................................. 15<br />

ANÁLISE DOS DETERMINANTES DA EFICIÊNCIA NAS TRANSAÇÕES DE EXPORTAÇÕES<br />

DE PRODUTOS LÁCTEOS BRASILEIROS .............................................................................................. 23<br />

DESENVOLVIMENTO DE IOGURTE COM LACTOSE REDUZIDA PARA PACIENTES<br />

INTOLERANTES POR MEIO DE FERMENTAÇÃO E ADIÇÃO DE LACTASE ............................ 29<br />

ALTERAÇÃO DO PERFIL ELETROFORÉTICO DE PROTEÍNAS DO LEITE EM RAZÃO DO<br />

CRESCIMENTO DE PSEUDOMONAS FLUORESCENS ........................................................................ 38<br />

EMBALAGEM ATIVA PARA A FABRICAÇÃO DE LEITE DELACTOSADO ................................. .45<br />

POSTER'S<br />

INFLUÊNCIA DA ÁGUA INDUSTRIAL EM PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLE, EM<br />

LATICÍNIO DE BANDEIRANTES - PARANÁ ....................................................................................... 49<br />

LEITE DESNATA DO, CALDO MRS E SUCO DE MAÇÃ GALA COMO INÓCULOS PARA<br />

FERMENTAÇÃO PROBIÓTICA EM SUCO DE MAÇÃ ......................................................................... 53<br />

ANÁLISE DE CAPACIDADE: UMA IMPORTANTE FERRAMENTA ESTATÍSTICA NO<br />

CONTROLE DE PROCESSOS INDUSTRIAIS NA PRODUÇÃO DE LEITE UHT .......................... 56<br />

RESISTÊNCIA A ANTIMICROBIANOS EM SALMONELLA SP. E ESCHERICHIA COL!<br />

ISOLADOS DE QUEIJO "MINAS FRESCAL" .......................................................................................... 59<br />

QUALIDADE MICROBILÓGICA DO LEITE HUMANO ORDENHADO .......................................... 62<br />

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DO LEITE PA STEURIZADO COMERCIALIZADO EM<br />

JUIZ DE FORA NO ANO DE 2004 SOB INSPEÇÃO MUNICIPAL ..................................................... 65<br />

A VALlAÇÃO MICROBIOLÓGICA DO QUEIJO TIPO MINAS FRESCAL COMERCIALIZADO<br />

EM JUIZ DE FORA E REGIÃO NO ANO DE 2004 ................................................................................. 68<br />

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE ÁGUAS UTILIZADAS POR PEQUENAS INDÚSTRIAS<br />

DE ALIMENTOS DE JUIZ DE FORA NO ANO DE 2004 ..................................................................... 7 I<br />

TENDÊNCIAS DA PRODUÇÃO DE LEITE NO BRASIL ..................................................................... 74<br />

AVALIAÇÃO SENSORIAL DE LEITE UHT COM BAIXO TEOR DE LACTOSE .......................... 77<br />

CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DE LEITE CRU DO CEFET-RP ..................................... 80<br />

CONSERVAÇÃO DE AMOSTRAS DE LEITE CRU PARA A DETERMINAÇÃO DA CONTAGEM<br />

BACTERIANA POR CITOMETRIA DE FLUXO ..................................................................................... 83<br />

Pág. VI<br />

F<br />

Revista do Instituto de Laticínios "Cândido Tostes" - Jul/Ago, nQ 345, 6..0.: 1-471, 2005<br />

PERFIL FÍSICO-QUÍMICO DO LEITE UHT COMERCIALIZADO EM RIO VERDE, GO . ..... ... 85<br />

ACEITABILIDADE E RENDIMENTO DE QUEIJO MINAS FRESCAL ADICIONADO DE<br />

SORO DE LEITE EM PÓ ............................................................................................................................... 87<br />

PESQUISA DE RESÍDUOS DE ANTIBIÓTICOS EM AM


Revista do Instituto de laticínios "Cândido Tostes" • Jul/Ago, nº 345, 6..Q: 1-471, 2005<br />

APLICAÇÃO DO MÉTODO ESTATÍSTICO FATORIAL NA AVALIAÇÃO DA PUREZA DA<br />

GORDURA DE LEITE EM PRODUTOS LÁCTEOS ................... ; ........................................................ 165<br />

VERIFICAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE FRAUDE AQUOSA EM LEITE CRU ............................... 168<br />

A VALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE LEITE PASTEURIZADO TIPO B<br />

PRODUZIDO EM UMA USINA DE BENEFICIAMENTO DA ZONA DA MATA DE MINAS<br />

GERAIS ......... ................................................................................................................................................... 171<br />

ASPECTOS DE QUALIDADE DO LEITE CRU EM DUAS USINAS DE BENEFICIAMENTO DA<br />

ZONA DA MATA DE MINAS GERAIS: CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS (CSS) ......... 173<br />

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE QUEIJO MINAS ARTESANAL DO CONCURSO<br />

MUNICIPAL DE MEDEIROS-MG ............................................................................................................ 179<br />

PERFIL SENSORIAL DE SORVETE DE CHOCOLATE ...................................................................... 182<br />

ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA PA RA A IMPLANTAÇÃO DE<br />

UNIDADE DE PROCESSAMENTO DE SORVETE .......................... .................................................. .. 187<br />

DESENVOLVIMENTO DE LEITE ACIDÓFILO SABOR MORANGO COM PREBIÓTICO ...... 192<br />

INCIDÊNCIA DE STAPHYLOCOCCUS SP. E STAPHYLOCOCCUS COAGULASE POSITIVA<br />

EM QUEIJOS DE COALHO ARTESANAL E INDUSTRIAL COMERCIALIZADOS EM<br />

FORTALEZA. CEARÁ .................................. ............................................................................................... 195<br />

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA E FÍSICO-QUÍMICA DE LEITE TIPO C COMERCIALIZADO<br />

EM CURITIBA E REGIÃO METROPOLITANA ........... ....................................................................... 199<br />

DIAGNÓSTICO DA TECNOLOGIA E PLANEJAMENTO DE PROCEDIMENTOS<br />

PADRONIZADOS DE LIMPEZA E SANIFICAÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE ORDENHA<br />

MECÂNICA TIPO CANALIZADA ............... ........................................................................................... 202<br />

DESVIOS DE QUALIDADE NO PROCESSAMENTO DE IOGURTE EM FUNÇÃO DA<br />

CONTAMINAÇÃO DO LEITE CRÚ COM MICRORGANISMOS PSICROTRÓFICOS ................ 204<br />

O COTIDIANO NO ENSINO DO PROCESSAMENTO DE QUEIJOS: RECURSOS<br />

INSTRUCIONAIS ALTERNATIVOS ................. .................................. ............... ... .................................... 205<br />

PROPRIEDADES REOLÓGICAS E SENSORIAIS DE REQUEIJÃO CREMOSO COM<br />

DIFERENTES TECNOLOGIAS DE COAGULAÇÃO . .................................................................... ...... 208<br />

O AMBIENTE GLOBAL DE NEGÓCIOS DAS INDÚSTRIAS DE LATICÍNIOS ENVOLVENDO<br />

NEGOCIAÇÕES E FIDELIZAÇÃO DE CLIENTES ................................................ ......... ..................... 2 1 I<br />

CARACTERÍSTICAS FÍS ICO-QUÍM ICAS DE QUEIJOS DE COALHO INDUSTRIAIS E<br />

ARTESANAIS PRODUZIDOS NO ESTADO DO CEARÁ ..................................................... .............. 214<br />

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE QUEIJOS DE COALHO ARTESANAIS E<br />

INDUSTRIALIZADOS COMERCIALIZADOS EM FO RTALEZA, CE ................................... .... ..... 217<br />

BACTÉRIAS ÁCIDO LÁ TICAS ISOLADAS DE QUEIJOS DE COALHO ARTESANAIS<br />

COMERCIALIZADOS EM FORTALEZA, CE ................................. .......................... ......... .................... 22 1<br />

ENTEROTOXINA ESTAFILOCÓCICA EM QUEIJO DE COALHO INDUSTRIALIZADO ....... 224<br />

A VALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS E DOS ÍNDICES DE<br />

MATURAÇÃO DE DIFERENTES TIPOS DE QUEIJOS ........ ............................................................. 23 I<br />

.. L - -<br />

.<br />

-'""fM AT URAÇAO DE QUEIJO PRATO: COMPARAÇAO ENTRE O PRODUTO INTEGRAL E O<br />

PRODUZIDO COM TEOR REDUZIDO DE GORDURA ................... ........ .......................................... 235<br />

SEPARAÇÃO DAS PROTEÍNAS DO SORO DE QUEIJO POR ADSORÇÃO UTILIZANDO<br />

HIDROXIAPATITA E CARVÃO ATIVADO COMO ADSORVENTES .............................................. 239<br />

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DO QUEIJO MANTEIGA COMERCIALIZADO À<br />

TEMPERATURA AMBIENTE E SOB REFRIGERAÇÃO ....................................... ......................... ... 242<br />

DETECÇÃO DE FRAUDE EM LEITE POR ADIÇÃO DE ETANOL .............. ................................ 245<br />

INTERAÇÕES ENTRE PREBIÓTICOS E BIF/DOBA CTERIUM LA CTIS BB-12 EM MEIO<br />

A BASE DE SORO ...................................................................................... ................................................... 249<br />

Pág. VIII<br />

- fi-<br />

Revista do Instituto de laticínios "Cândido Tostes" - Jul/Ago, nº 345, 6..Q: 1-471, 2005<br />

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DO QUEIJO TIPO COALHO SUBMETIDO A<br />

TRATAMENTO TÉRMICO COMERCIALIZADO EM ARACAJU/SE ............................................. 253<br />

AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS, CONTAGEM DE CÉLULAS<br />

SOMÁTICAS (CCS) E DETECÇÃO DE RESÍDUOS DE ANTIBIÓTICOS NO LEITE<br />

NOSSA SENHORA DA GLÓRIA - SE ... ........................................................................................... ....... .. 256<br />

EFEITO DO SORO DE QUEIJO NA ACEITAÇÃO DE PÃO DE FORMA ...................................... 259<br />

EFEITO DO SORO DE QUEIJO NAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DE PÃO DE FORMA .... 262<br />

PERFIL QUÍMICO E FÍSICO-QUÍMICO DE BASES LÁCTEAS FERMENTADAS TIPO<br />

FLAN COM DIFERENTES TIPOS DE ESPESSANTES ...................................................................... 264<br />

A VALIAÇÃO QUÍMICA E FÍSICO-QUÍMICA DO QUEIJO TIPO PRATO ADICIONADO DE<br />

BIF/DOBA CTERIUM LA CTIS DURANTE A MATURAÇÃO ............................................................. 268<br />

A VALIAÇÃO DA VIABILIDADE MICROBIOLÓGICA DO LEITE EQUINO PARA O<br />

CONSUMO HUMANO ................................................................................................................................. 27 1<br />

PESQUISA DE RESÍDUO DE ANTIBIÓTICO - LACTÂMICOS NO LEITE DE CABRA CRU<br />

FORNECIDO A SEIS MINI USINAS DO CARIRI PARAIBANO .......... .......................................... 274<br />

PESQUISA DE MICRORGANISMOS MESÓFILOS BASEADO NO SISTEMA DE ANÁLISES DE<br />

PERIGOS E PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLE - APPCC EM SEIS MINI USINAS DE<br />

LEITE DE CABRA DO CARIRI PA RAIBANO ........................... ........................................................... 276<br />

CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DO LEITE DE CABRA CRU E PASTEURIZADO<br />

EM SEIS MINI-USINAS DO CARIRI PARAIBANO ............................................................................. 279<br />

MÉTODO ALTERNATIVO PARA ENUMERAÇÃO DE BACTÉRIAS LÁTICAS ........................ 283<br />

FORMULAÇÃO E AVALIAÇÃO DE DOCES DE LEITE EM PASTA SEM ADIÇÃO<br />

DE AÇÚCAR .............. ........................ ........................................................................... ................. ................. 285<br />

AVALIAÇÃO DE FILME ANTIMICROBIANO PA RA CONSERVAÇÃO DE QUEIJO<br />

COALHO .......... .................... ................................. ................................................................................ ..... ..... 288<br />

AVALIAÇÃO E DESENVOLV IMENTO DE FILME ANTIMICROBIANO LAMINADO NA<br />

CONSERVAÇÃO DE QUEIJO TIPO GORGONZOLA .......................................... .......................... .. .... 292<br />

MODULAÇÃO DE PA RÂMETROS MICROB IOLÓGICOS E DO PH PELO CLORETO DE<br />

SÓDIO, NO FERMENTO ENDÓGENO UTILIZADO NA PRODUÇÃO DE QUEIJO MINAS<br />

ARTESANAL DO ALTO PARANAÍBA ............................................................................................. ...... 295<br />

CARACTERÍSTICAS MICROSCÓPICAS DE QUEIJO MINAS ARTESANAL DA REGIÃO DO<br />

ALTO PARANAÍBA ..................................................................................................................................... 298<br />

DESENVOLV IMENTO DE PRODUTO ACHOCOLATADO EM PÓ PROBIÓTICO .................... 30 1<br />

PRODUTO LÁCTEO SIMBIÓTICO FERMENTADO COM CULTURA TERMOFÍLICA .......... 304<br />

TOLERÂNCIA "IN VITRO" AO ESTRESSE DIGESTIVO DE BACTÉRIAS PROPIÔNICAS<br />

ENDÓGENAS ISOLADAS DO CAMPO DAS VERTENTES, MINAS GERAIS ......................... ...... 308<br />

AVALIAÇÃO DE PA RÂMETROS CINÉTICOS DE ISOLADOS DE BACTÉRIAS PROPIÔNICAS<br />

ENDÓGENAS DO CAMPO DAS VERTENTES, MINAS GERAIS ..................... ........................ ........ 31 1<br />

LEITE FERMENTADO PROBIÓTICO TIPO SUNDAE CONTENDO LA CTOBA CILLUS<br />

ACIDOPHILUS ......................................................................................................... ..................................... 314<br />

BEBIDA LÁCTEA FERMENTADA COM GRÃOS DE QUEFIR ........................................................ 3 I 7<br />

PARÂMETROS MICROB IOLÓGICOS DE LEITE E ÁGUA UTILIZADOS NA FABRICAÇÃO<br />

DE QUEIJOS MINAS ARTESANAIS DA REGIÃO DO ALTO PARANAÍBA .................. ............... 321<br />

SISTEMAS DE PROTEÇÃO E VALORIZAÇÃO DE PRODUTOS AGRO-ALIMENTARES ... .... 325<br />

INFLUÊNCIA DA HOMOGENEIZAÇÃO DE CREME NA ACELERAÇÃO DA MATURAÇÃO<br />

DE QUEIJO GORGONZOLA ......................... ............................................................................ ................. 328<br />

ÍNDICE DE STAPHYLOCOCCUS SP E ESCHERICHIA COL! EM QUEIJOS ARTESANAIS<br />

PRODUZIDOS NA EUROPA E NO BRASIL ........................................................................................... 33 I<br />

digitalizado por<br />

arvoredoleite.org


Revista do Instituto de Laticínios "Cândido Tostes" - Jul/Ago, nº 345, !ill: 1-471, 2005<br />

DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO SENSORIAL DE REQUEIJÃO CREMOSO<br />

SABOR PIZZA ............................................................................................................................................... 335<br />

INFUÊNCIA DA ALIMENTAÇÃO DE VACAS LEITEIRAS SOBRE OS TEORES DE<br />

GORDURA E ACIDEZ DO LEITE NA PRIMAVERA ........................................................................... 338<br />

GARANTIA DA QUALIDADE E SEGURANÇA ALIMENTAR NO PROCESSAMENTO<br />

DE LEITE UHT ............................................................................................................................................ 341<br />

AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E QUANTIFICAÇÃO DE LACTOBACILOS E<br />

BIFIDOBACTÉRIAS EM LEITES FERMENTADOS PROBIÓTICOS COMERCIALIZADOS<br />

EM CASCAVEL-PR ....................................................................................................................................... 345<br />

ELABORAÇÃO DE IOGURTE DE LEITE DE CABRA PREBIÓTICO - PARTE 2: AVALIAÇÃO<br />

DA COMPOSIÇÃO CENTESIMAL E DAS PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS ...................... 348<br />

IMPLANTAÇÃO DAS BOAS PRÁTICAS AGROPECUÁRIAS (BPA) EM QUEIJARIAS<br />

ARTESANAIS NA COMUNIDADE DOS CATULÉS, MUNICÍPIO DE SERRA<br />

DO SALITRE-MG ......................................................................................................................................... 352<br />

QUEIJO MINAS ARTESANAL: TECNOLOGIA DE FA BRICAÇÃO NA SERRA DO SALITRE -<br />

REGIÃO DO ALTO PARANAÍBA-MG ................................................................. ................................... 356<br />

QUEIJARIAS ARTESANAIS DO ALTO PARANAÍBA E SERRA DA CANASTRA: O<br />

TRADICIONAL QUARTO DE QUEIJO DO SÉCULO XVIII CEDE ESPAÇO PARA AS<br />

QUEIJARIAS CERTIFICADAS NO INSTITUTO MINEIRO DE AGROPECUÁRIA .................... 359<br />

COMPARAÇÃO DO TEOR DE GORDURA DO LEITE DE TRÊS ESPÉCIES NO SUDOESTE<br />

DA BAHIA ...................................................................................................................................................... 363<br />

CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DO LEITE DE BÚFALA COMPARADO COM<br />

LEITE DE VA CA .......................................................................................................................................... 366<br />

TEORES DE PROTEÍNA DO LEITE DE CABRA, VACA E BÚFALA ............................................ 368<br />

PROPRIEDADES TERMOFÍSICAS DOS LEITES DE CABRA E VACA ......................................... 37 O<br />

ANÁLISE SENSORIAL E CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE QUEIJO MINAS<br />

FRESCAL OBTIDO A PARTIR DE LEITE DE BÚFALA E V ACA ................................................... 3 7 3<br />

DESENVOLV IMENTO E AVALIAÇÃO SENSORIAL DE UMA BEBIDA LÁCTEA "TIPO<br />

UMBUZADA" ................................................................................................................................................ 376<br />

ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA PA RA A IMPLANTAÇÃO DE UMA<br />

UNIDADE DE FRACIONAMENTO DE LEITE NA REGIÃO CENTRO-OESTE DO BRASIL ...... 378<br />

ESTUDO COMPARATIVO DE DOIS MÉTODOS CROMATOGRÁFICOS PA RA ANALISES<br />

DE a-LACTOALBUMINA E -LACTOGLOBULINA ........................................................................ 382<br />

MICROBIOTA CONTAMINANTE DO LEITE CRU REFRIGERADO ............................................ 386<br />

DIFERENÇAS MORFOLÓGICAS DE LA CTOBA CILLUS DELBRUECK/l UFV H2B20 EM<br />

DIFERENTES MEIOS DE CULTIVO ....................................................................................................... 390<br />

V ARIAÇÃO DOS PA RÂMETROS OBTIDOS NA ANÁLISE DO PERFIL DE TEXTURA (TPA)<br />

DE QUEIJOS PROCESSADOS COM O TIPO DE RECIPIENTE UTILIZADO PA RA<br />

CONTER A AMOSTRA ............................................................................................................................... 393<br />

CORRELAÇÃO ENTRE A COMPOSIÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E OS PA RÂMETROS DA<br />

ANÁLISE DO PERFIL DE TEXTURA (TPA) DE QUEIJOS PROCESSADOS ............................. 397<br />

ANÁLISE DO PERFIL DE TEXTURA E CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DE<br />

REQUEIJÃO CREMOSO LIGHT COM FIBRA ALIMENTAR ............................................................ 404<br />

COMPARATIVO DA ATIVIDADE ENZIMÁTICA E DA PROTEÓLISE EM QUEIJO<br />

PRATO DE DIFERENTES ORIGENS ...................................................................................................... 409<br />

CAPACIDADE DE DERRETIMENTO DE REQUEIJÃO CREMOSO OBTIDO POR<br />

DIFERENTES PROCESSOS ........................................................................................................................ 4 I 4<br />

SORO DE QUEIJO: PERCEPÇÃO DO MERCADO CONSUMIDOR EM RELAÇÃO A SUA<br />

Pág. X<br />

-<br />

ir<br />

Revista do Instituto de Laticínios "Cândido Tostes" - Jul/Ago, nº 345, !ill: 1-471, 2005<br />

UTILIZAÇÃO ................................................................................................................................................ 418<br />

ANÁLISE GENERALIZADA DE PROCRUSTES EM ANÁLISE SENSORIAL ............................... 42 I<br />

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA E FÍSICO-QUÍMI , CA DO LEITE TIPO "C"<br />

PASTEURIZADO, COMERCIALIZADO NO MUNICIPIO DE BETIM - MG .............................. 423<br />

ANÁLISES DE FOSFATASE ALCALINA RESIDUAL EM QUEIJOS INSPECIONADOS PELO<br />

ESTADO DE MINAS GERAIS .................................................................................................................... 427<br />

INFLUÊNCIA SAZONAL E REGIONAL SOBRE A COMPOSIÇÃO E A CONTAGEM DE<br />

CÉLULAS SOMÁTICAS DO LEITE CRU PRODUZIDO EM MINAS GERAIS ............................ 430<br />

INFLUÊNCIA SAZONAL SOBRE A CONTAGEM BACTERIANA DO LEITE CRU<br />

PRODUZIDO EM MINAS GERAIS .......................................................................................................... 434<br />

PERFIL FÍSICO-QUÍMICO DOS SOROS DE QUEIJOS MINAS PADRÃO E MUSSARELA<br />

PRODUZIDOS NO ESTADO DE MINAS GERAIS ............................................................................... 437<br />

PERFIL MICROBIOLÓGICO DOS SOROS DE QUEIJOS MINAS PADRÃO E MUSSARELA<br />

PRODUZIDOS EM MINAS GERAIS ......................................................................................................... 440<br />

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE "KITS" DESTINADOS À DETECÇÃO DE RESÍDUOS<br />

INIBIDORES EM LEITE OBTIDO DE VACAS TRATADAS COM IVERMECTINA E<br />

ABAMECTINA .............................................................................................................................................. 442<br />

AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO GORDURA/PROTEÍNA DO LEITE CRU COMO ÍNDICE DE<br />

PROBLEMAS METABÓLICOS EM REBANHOS ................................................................................. 446<br />

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E SENSORIAL DE BEBIDAS LÁCTEAS .<br />

FORMULADAS COM CASElNATO DE CÁLCIO EM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE<br />

SORO DE QUEIJO E LEITE ...................................................................................................................... 448<br />

DESENVOLVIMENTO DE CREME DE LEITE LlGHT PASTEURIZADO UTILIZANDO<br />

A MSR ............................................................................................................................................................... 452<br />

GERENCIAMENTO DE APPCC E BPF, SEM RELATÓRIOS IMPRESSOS EM PAPEL ............. 456<br />

DETERMINAÇÃO DE ADULTERAÇÃO DE LEITE EM PÓ COM SORO EMPREGANDO<br />

ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO PRÓXIMO (NIR) E QUIMIOMETRIA ................ 459<br />

QUEIJOS LIGHT COMERCIALIZADOS NA CIDADE DE SÃO PAULO: AVALIAÇÃO DA<br />

ROTULAGEM NUTRICIONAL COMPLEMENTAR COM ÊNFASE EM COLESTEROL E<br />

GORDURAS TOTAIS ................................................................................................................................... 463<br />

STATLAT: UM SOFTWARE GERENCIADOR DE CONCURSOS DE PRODUTOS LÁCTEOS ...... 467<br />

AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES OPERACIONAIS DE BIORREATORES DO TIPO<br />

"BATELADA ALIMENTADA", NA PRODUÇÃO DE -GALACTOSIDASE POR<br />

KLUYVEROMYCES LA CTlS EM SORO ULTRAFILTRADO ............................................................... 469<br />

digitalizado por<br />

Pág. XI<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiC í NIOS<br />

PALESTRAS<br />

TENDÊNCIAS E NOVOS DESENVOLVIMENTOS NO MERCADO DE QUEIJO PROCESSADO<br />

_ UMA VISÃO MUNDIAL - E TAMBÉM EM RELAÇÃO A REDUÇÃO DE SÓDIO NA<br />

NUTRiÇÃO HUMANA<br />

Trends and developments on the processed cheese market - a world-wide view - also<br />

with respect to sodium reduction in human nutrition<br />

1. DESENVOLVIMENTO EM QUEIJO<br />

PROCESSADO E NO MERCADO DE<br />

QUEIJO ENTRE 1999 - 2003.<br />

2. TEND Ê NCIAS PARA PRODUTOS DE<br />

QUEIJO PROCESSADO NA EUROPA E<br />

NO MERCADO MUNDIAL.<br />

3. NOVOS DESENVOLVIMENTOS EM<br />

QUEIJO PROCESSADO E NO<br />

MERCADO RELACIONADO.<br />

3.1. Produtos de Alto Valor Agregado.<br />

3.2. Análogos (Imitações) de Queijo.<br />

3.3. Produtos contendo Baixo Teor de<br />

Sódio.<br />

4. ESTABILIZAÇ ÃO EM ANÁLOGOS DE<br />

QUEIJO.<br />

s. DEMONSTRAÇÃO DE AMOSTRAS.<br />

Durante os últimos 15 anos o desenvolvimento<br />

de queijo processado tem seguido duas<br />

principais direções. Devido a concentração<br />

contínua em poucos produtores independentes<br />

ativos de queijo processado no mundo, um<br />

potencial para o crescimento do mercado de<br />

produtos populares como, por exemplo, fatiados<br />

e em porções, é só previsto no Leste - países do<br />

bloco Europeu, América Latina, próximo e médio<br />

Oriente e África do Norte. Entretanto, este<br />

segmento fica sujeito à pressão, vinda das redes<br />

de supermercados, em relação a preços permanentes.<br />

Reais inovações de produtos são<br />

somente vistas na área de especialidades em queijo<br />

processado. Este grupo de produto tem mostrado<br />

um crescimento significante.<br />

Atual mente os mercados em crescimento<br />

estão localizados no antigo bloco do Leste<br />

Europeu, principalmente a Federação Russa, na<br />

América do Sul, nos países árabes e África do<br />

Norte. Europa ocidental, os Estados Unidos da<br />

América e o Japão possuem mercados relativamente<br />

estáveis. Por outro lado, com trans-<br />

digitalizado por<br />

Dr. Andrea Maurer-Rothmann, BK Giulini GmbH, Alemanha.<br />

ferência de produções para a Europa oriental ou<br />

África do Norte, uma redução na produção em<br />

alguns países da Comunidade Europa deve ser<br />

esperada nos próximos anos.<br />

Muitos produtos alimentícios populares<br />

contêm queijo como um componente substancial<br />

do perfil de aroma deles. Em alguns casos ele não<br />

é somente o aroma, mas também possuem<br />

propriedades funcionais usando queijo natural ou<br />

processado como um ingrediente integral do<br />

produto alimentício desejado. Queijos processados<br />

em fatias utilizados em burguers e torrados<br />

necessitam de diferentes propriedades de fusão,<br />

comparado com aqueles usados em sanduiches.<br />

Queijo processado em blocos usado em coberturas<br />

de pizza tem excelentes propriedades de re-fusão<br />

e formação de fio, enquanto queijos processados<br />

em blocos posteriormente processados em embutidos<br />

devem ser termicamente estáveis.<br />

Produtos de queijo processado termicamente<br />

estáveis devem voltar a forma original<br />

deles depois de um aquecimento. Para que isto<br />

acontença, o procedimento a ser aplicado é<br />

significantemente diferente daquele descrito para<br />

produtos com boas propriedades de refusão. Caso<br />

necessário, sais emulsificantes especiais são<br />

utilizados na maior dosagem possível, enquanto<br />

as temperaturas usadas para produtos untáveis são<br />

empregadas . Altas concentrações de queijo<br />

processado usado com resfriamento lento após<br />

enchimento/envazamento são também vantajosos.<br />

Queijos processados termicamente resistentes<br />

são encontrados em produtos de<br />

panificação, embutidos, "cordon bleu", massas,<br />

biscoitos, sopas, saladas, porções para churrasco,<br />

produtos fritos e muitas outras aplicações. BK<br />

Giulini oferece sais fundentes especiais como<br />

JOHA S 234, JOHA BT I, BEKALPUS TS I,<br />

BEKAPLUS Q 6 para a utilização em produtos<br />

estáveis de panificação e fritos.<br />

Pág. 1<br />

arvoredoleite.org


Outra tendência neste mercado é também<br />

a redução total do sódio no produtos final, já<br />

que o consumo humano diário de sódio é muito<br />

alto. O desequilíbrio de sódio / potássio na nutrição<br />

humana pode causar problemas de saúde,<br />

como pressão sanguínea alta, aumento de risco<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICÍNIOS<br />

• • •<br />

de parada cardíaca, formação de edemas etc.<br />

B K Giulini oferece uma gama de sais fundentes<br />

sem sódio a range (JOHA S 9 K, JOHA S 4<br />

K) ou conteúdo reduzido de sódio. (JOHA B 9,<br />

JOHA B 50).<br />

• • •<br />

MICROCRISTALlZAÇÃO EM LEITES CONCENTRADOS: UMA REVISÃO<br />

Microcrystallization in concentrated milk: a review<br />

RESUMO<br />

í talo Tuler Perrone1<br />

Fabiana Queiroz Ferrua2<br />

Luiz Ronaldo de Abreu3<br />

Dentre os produtos lácteos que lideram as exportações brasileiras pode-se destacar o leite<br />

em pó e o leite condensado. A padronização, a identidade e a qualidade do leite condensado<br />

estão intimamente ligadas a sua textura. Uma textura arenosa é indesejável e normalmente<br />

está ligada ao aparecimento de cristais de !actose perceptíveis, ou sej a, com tamanho<br />

superior a 16 micrometros. O processo de microcristalização é uma ferramenta muito<br />

usada para controlar o número e o tamanho dos cristais de lactose no produto. Este<br />

consiste no resfriamento, para que ocorra a saturação da lactose na solução, e, adição, sob<br />

agitação, de núcleos de cristalização. Normalmente é empregada alfa lactose em pó como<br />

núcleo de cristalização. A velocidade e a uniformidade da agitação são fundamentais para<br />

a nacional. Um dos principais limitantes a padronização do doce de leite é a cristalização<br />

da lactose durante o armazenamento. A microcristalização do doce de leite é realizada com<br />

sucesso por algumas empresas, porém novas técnicas de controle são fundamentais para<br />

que as indústrias possam produzir produtos competitivos no mercado internacional. A<br />

padronização da tecnologia possibilita a obtenção de produtos uniformes e sem a presença<br />

de cristais perceptíveis ao paladar, o que caracteriza importantes atributos de qualidade<br />

sensorial como aparência, sabor e textura. A correta cristalização durante a fabricação do<br />

leite condensado e do doce de leite é fundamental para a identidade destes produtos. O<br />

entendimento deste processo é primordial para as indústrias brasileiras que queiram exportar<br />

lácteos concentrados.<br />

Palavras-chave: leites concentrados, lactose, microcristalização.<br />

Bacharel em Química, Mestrando em Ciência dos Alimentos (UFLA), Professor da EPAMIG/CT/ILCT.<br />

italoperrone@ig.com.br<br />

2 Engenheira de Alimentos, D.S. Engenharia de Alimentos (UNICAMP), Professora do Departamento de Ciência<br />

de Alimentos/UFLA. fqferrua@ufla.br<br />

3 Zootecnista, PhD Ciência de Alimentos (Wisconsin), Professor do Departamento de Ciência de Alimentos/<br />

UFLA. lrabreu@ufla.br<br />

Pág. 2<br />

r<br />

1 _INTRODUÇ Ã O<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiC í NIOS<br />

Os principais produtos lácteos concentrados<br />

por evaporação da água são: leite em<br />

pó, soro em pó, doce de leite, leite eaporad . o e<br />

doce de leite. O processo de evaporaçao conSIste<br />

da retirada da água do leite à pressão atmosférica<br />

ou reduzida através da troca de calor indireta<br />

com vapor de água. Esta operação tecnológica<br />

se realiza para reduzir o volume e melhorar a<br />

capacidade de conservação. De acordo com<br />

Walstra et aI (2004) o grau de concentração<br />

pode ser determinado ao se empregar um at . or,<br />

denominado fator de concentração (Q), defInIdo<br />

como a razão entre o teor de sólidos do produto<br />

concentrado e o teor de sólidos da matériaprima<br />

original . A massa do produto concentrado<br />

é I/Q vezes a massa anterior à concentração.<br />

Quando o processo de evaporação proporciona<br />

valores de Q próximos a 2,8 ocorre à saturação<br />

da lactose no produto concentrado O resfriamento<br />

lento do produto, a saturação da lactose<br />

na solução e a presença de alguns núcleos de<br />

cristalização tornam o meio propício a<br />

cristalização natural do produto. Segundo<br />

Brennan et ai (1980) a cristalização é<br />

indesejável quando ocorre a formação de<br />

depósitos dentro da embalagem, quando os<br />

cristais geram textura arenosa e quando<br />

acarretam em depreciação do alimento. O doce<br />

de leite e o leite condensado possuem condições<br />

favoráveis de composição, viscosidade e temperatura<br />

de armazenamento para que o fenômeno<br />

da cristalização ocorra. Diversas ferramentas<br />

são empregadas na tentativa do controle da<br />

cristalização , podendo destacar: controle da<br />

composição do leite, da formulação empregada,<br />

aumento da viscosidade do produto final,<br />

hidrólise da lactose e o processo de microcristal<br />

ização. A importância da composição do<br />

leite pode ser enfatizada por Santos (1976) que<br />

recomenda o emprego de leites com maiores<br />

teores de proteína e menores de lactose, o que<br />

dificulta a formação de cristais de lactose no<br />

doce de leite. Souza (1979) acidificou o leite<br />

com fermento lático objetivando diminuir o<br />

teor de lactose do produto final e conseqüentemente<br />

inibir a cristalização desta, porém não<br />

conseguiu resultados significativos. Coelho<br />

(1982) hidrolisou a lactose no leite antes da<br />

fabricação do doce e obteve resultados significativos<br />

quanto à inibição do processo de<br />

cristalização. Vargas (1982) demonstrou a não<br />

correlação entre a adição de amido e a inibição<br />

da cristalização. Segundo Terán-Ortiz (1998) a<br />

adição de gomas xantana e locusta, a fabricação<br />

de doce de leite, dificulta a formação de cristais<br />

digitalizado por<br />

no produto. Hosken (1969) testou sete<br />

di ferentes formulações para produção de doce<br />

de leite e concluiu que o processo de microcristalização<br />

é eficiente para evitar a formação'<br />

de cristais perceptíveis. De acordo com Spreer<br />

(199 1) o emprego da microcristali zação na<br />

tecnologia de leite condensado possibilita a<br />

obtenção de cristais pequenos, numerosos e imperceptíveis<br />

ao paladar. Segundo Hunziker<br />

(1934) o segredo para a prevenção da arenosidade<br />

em leite condensado é a formação de<br />

inúmeros cristais pequenos no produto, o que<br />

pode ser obtido pela microcristalização. O<br />

objetivo deste artigo é enfatizar a importância<br />

da microcristalização como ferramenta de<br />

controle da cristalização em doce de leite e<br />

leite condensado'.<br />

2 -CARACTERÍSTICAS FÍSICO QUÍ MI­<br />

CAS DA LACTOSE<br />

A lactose é um dissacarídeo formado pela<br />

ligação entre a galactose e a glicose. Esta<br />

diretamente relacionada com aspectos tecnológicos<br />

como reação de Maillard, formação de<br />

lactulose, fi xação de aromas, fermentação e<br />

cristalização. Apresenta-se sob as formas alfa e<br />

beta no leite. Estas formas diferem na posição<br />

da hidroxila do carbono anomérico. Considerando<br />

a representação em fo rma de ciclo<br />

temos que a alfa lactose é caracterizada pela<br />

hidroxila do carbono anomérico voltada para<br />

baixo. Existe um fe nômeno, no leite e nos<br />

produtos lácteos, de mútua transformação de uma<br />

forma na outra denominado mutarrotação. A<br />

mutarrotação ocorre em solução aquosa e<br />

consiste em um equilíbrio entre as quantidades<br />

de alfa lactose e de beta lactose. Segundo FOX<br />

(1985) a distribuição de alfa e beta lactose em<br />

solução corresponde a aproximadamente 37,3%<br />

de alfa e 62,7% de beta a 20°C. A razão entre<br />

alfa e beta aumenta com a temperatura Este fato<br />

é evidenciado por Walstra (1984) ao mostrar<br />

que o processo de mutarrotação possui um QI O de<br />

aproximadamente 2,8. Dados obtidos por<br />

Montes (2003) mostram que a solubilidade da<br />

lactose e solução aquosa varia de 14,61 gramas<br />

por 100 gramas de água a 156,96 gramas quando<br />

a temperatura varia entre 10 e 90°C. As formas<br />

alfa e beta possuem diferentes solubilidades. De<br />

acordo com FOX (1985) a solubilidade inicial da<br />

alfa lactose é de aproximadamente 7gramas em<br />

100 gramas de água a 15°C, enquanto a beta<br />

lactose possui solubilidade aproximada de 50<br />

. gramas nas mesmas condições. Desta forma, a<br />

arvoredoleite.org<br />

Pág. 3


mutarrotação pode interferir no comportamento<br />

de solubilidade da lactose em uma solução. Este<br />

fato é evidenciado por Twieg e Nickerson (1968)<br />

ao demonstrarem, sob determinadas condições,<br />

que a taxa de mutarrotação determina a taxa de<br />

cristalização e reforçado por Thurlby e Sitnai<br />

(1976) ao estudarem o fenômeno em tanques de<br />

cristalização de soro. Segundo FOX (1985) a<br />

solubilidade da lactose pode ser calculada, para<br />

temperaturas inferiores a 93,5°C, empregandose<br />

a equação: [solubilidade da lactose] = (R+I) x<br />

[solubilidade da alfa lactose], onde R = 1,64<br />

0,0027T, sendo T a temperatura em graus<br />

Celsius. Entretanto o autor ressalta que este<br />

modelo não apresenta boa correlação com dados<br />

experimentais. Um outro fator que interfere na<br />

solubilidade da lactose é a presença de sacarose<br />

na solução ou no produto. Nickerson e More<br />

(1972) estudaram a interferência da presença da<br />

sacarose na solubilidade da lactose em uma mesma<br />

solução. Ao prepararem cinco soluções de lactose<br />

e sacarose em água, com diferentes concentrações,<br />

observaram que a solubilidade da<br />

lactose, a 85°C, é reduzida a 60-80% da solubilidade<br />

normal. A temperatura de 20°C a<br />

solubilidade da lactose é reduzida a 40-75% da<br />

solubilidade normal. Estes dados evidenciam que<br />

produtos lácteos concentrados adicionados de<br />

sacarose, como doce de leite e leite condensado,<br />

possuem grande tendência intrínseca a cristalização<br />

da lactose.<br />

3. PRODUÇÃ O DE DOCE DE LEITE E<br />

LEITE CONDENSADO<br />

o doce de leite é um produto tipicamente<br />

latino-americano, sendo os países maiores<br />

produtores a Argentina e o Brasil, fato<br />

evidenciado por Hosken (1969). Os métodos<br />

de fabricação de doce de leite são muito simples<br />

e destituídos de controles rígidos pela maioria<br />

das empresas. Este fato compromete a durabilidade<br />

do produto, principalmente no que<br />

diz respeito à textura. Segundo Perrone (2000)<br />

a produção de doce de leite consiste, em sua<br />

maioria, na concentração, a pressão atmosférica,<br />

de uma mistura de leite, sacarose e bicarbonato<br />

de sódio em diferentes proporções.<br />

Normalmente são empregados 20% de sacarose<br />

sobre o volume de leite para a obtenção do doce<br />

em pasta e a concentração ocorre até 68°Brix.<br />

O produto é então resfriado e embalado. O<br />

leite condensado, segundo Wastra et aI. (2004)<br />

é um leite obtido por concentração a vácuo e<br />

adição de sacarose. Um exemplo de fabricação<br />

de leite condensado pode ser observado na figura<br />

I a seguir.<br />

Pág. 4<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />

FiguraI - Produção de leite condensado.<br />

Adaptado de Wastra (2004)<br />

A tecnologia de produção de leite<br />

condensado contempla a microcristalização<br />

como ferramenta para controle do tamanho dos<br />

cristais de lactose e conseqüentemente da textura<br />

do produto fi nal.<br />

4. MICRO CRISTALIZAÇÃ O<br />

O processo de microcristalização é<br />

empregado largamente pela indústria de leite<br />

condensado há anos. A mesma tecnologia encontra<br />

algumas barreiras quando se trata de<br />

produção de doce de leite, pois este é produzido<br />

em equipamentos muito simples e sem controles<br />

de processo. A microcristalização consiste no<br />

resfriamento rápido do produto acabado e da<br />

adição, sob agitação, de núcleos de cristalização.<br />

O resfriamento tem como objetivo supersaturar<br />

a solução e favorecer o aparecimento de cristais.<br />

Os núcleos induzem a formação de cristais<br />

imperceptíveis ao paladar do consumidor, fato<br />

este conseguido pela eficiente agitação do<br />

produto, de forma a possibilitar um perfeito<br />

encontro entre os núcleos e as moléculas de<br />

lactose da solução supersat urada. Hunziker<br />

(1944) afirma que o tamanho dos cristais de<br />

lactose possibilita o controle da textura do<br />

produto fi nal. Segundo Bolanowski (1965) a<br />

microcristalização está inseparavelmente ligada<br />

a dois aspectos temporais: o tempo necessário<br />

para a diminuição da temperatura do produto ao<br />

ponto necessário para ocorrer à cristalização. A<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

taxa de resfriamento e a intensidade da agitação<br />

determinarão em grande parte o tamanho do<br />

cristal formado. O outro aspecto é o tempo<br />

necessário para que os cristais cresçam sob as<br />

condições de microcristalização. Um resfria­<br />

mento progressivo de uma solução de um soluto<br />

em um solvente não acarreta em cristalização<br />

imediata. A concentração do soluto aumenta<br />

acima do seu valor de saturação a respectiva<br />

temperatura. O efeito imediato é a produção de<br />

uma solução supersaturada na qual pode ocorrer<br />

a nucleação de cristais. Segundo Brennan (1980)<br />

em soluções supersaturadas a cristalização pode<br />

iniciar-se ao se adicionar cristais de soluto no<br />

meio. De acordo com Whittier (1944) a lactose<br />

possui grande habilidade para a formação de<br />

soluções supersaturadas. Muir (1990) fala sobre<br />

a formação de soluções supersaturadas de lactose<br />

em água antes da formação de cristais na solução<br />

e caracteriza o leite condensado como sendo uma<br />

solução supersaturada de lactose. Spreer (1991)<br />

enfatiza que para evitar a formação de cristais<br />

perceptíveis deve-se orientar a cristalização de<br />

forma a obter múltiplos cristais pequenos,<br />

imperceptíveis ao pal adar. Para tal deve-se<br />

alcançar um número ao redor de 300000 por<br />

milímetro cúbico de leite. Este resultado se obtém<br />

ao resfriar bruscamente o produto a 30-32°C<br />

apó$ a saída do evaporador. Nesta temperatura,<br />

a velocidade de cristalização é máxima, pois a<br />

viscosidade do produto não é suficiente para<br />

interferir de fo rma negativa no processo.<br />

Segundo Spreer (1991) a adição de lactose em<br />

pó, como núcleo de cristalização, ao leite<br />

condensado conjugado com o resfriamento<br />

adequado do produto e agitação por 20 a 25<br />

minutos garante uma textura perfeita. Hunziker<br />

(1944) afirma que durante os primeiros estágios<br />

do resfri amento a quantidade de lactose que<br />

excede a saturação é pequena e que a formação<br />

de cristais é lenta. À medida que a temperatura<br />

diminui, a supersaturação aumenta e a taxa de<br />

cristalização torna-se mais rápida, chagando ao<br />

seu máximo em uma temperatura aproximada<br />

de 36°C. Com a contínua diminuição da<br />

temperatura, o aumento de viscosidade retarda a<br />

formação de cristais e a velocidade de cristalização<br />

decresce mesmo antes do final do<br />

resfriamento. A temperatura exata na qual a taxa<br />

de cristalização é máxima varia com a razão<br />

entre lactose e água no leite condensado, o que<br />

em grande parte pode ser controlado através do<br />

controle do processo de concentração e de<br />

padronização do produto. Conforme Whittier<br />

(1944) a cristalização da lactose a temperaturas<br />

de inoculação, com alfa lactose, depende de dois<br />

fatores - o grau de sat uração da solução e a<br />

digitalizado por<br />

velocidade de mutarrotação. Hartel (1993)<br />

explicita que a supersaturação é baseada no<br />

direcionamento termodinâmico de forças entre<br />

a solução concentrada e a concentração de<br />

equilíbrio. A diferença de potencial químico entre<br />

estes estados define o grau de supersaturação.<br />

De acordo com Hartel e Liang (1989) a formação<br />

de cristais somente ocorre sob determinadas<br />

condições de inoculação. Whittier (1944) descreve<br />

que a microcristalização ocorre melhor a<br />

30°C do que a 25°C, o que indica a importância da<br />

viscosidade sobre a formação e crescimento dos<br />

cristais de lactose. O autor enfatiza, ainda, que<br />

definitivamente existe uma grande desvantagem<br />

de se microcristalizar o produto a temperaturas<br />

inferiores a 20°C. Twieg e Nickerson (1968)<br />

descrevem que a taxa de cristalização não é<br />

diretamente proporcional a área superficial dos<br />

cristais semeados e que provavelmente o efeito<br />

limitante é a mutarrotação. Segundo Hartel<br />

(1993) os fatores que interferem de forma significativa<br />

no processo de crescimento dos cristais<br />

são a agitação, a presença de impurezas, agentes<br />

de nucleação, supersaturação, temperatura,<br />

viscosidade do produto e pH. Ferramentas de<br />

controle para o processo de microcristalização<br />

são fundamentais para a execução de um processo<br />

adequado. Hough, Martinez e Contarini (1990)<br />

desenvolveram uma técnica para observação dos<br />

cristais de doce de leite ao microscópio. A técnica<br />

consiste da observação direta de uma amostra do<br />

produto ao microscópio e a determinação do<br />

número de cristais por grama e do tamanho médio<br />

dos mesmos. Cristais inferiores a 16 micrometros<br />

são imperceptíveis ao paladar, porém a quantidade<br />

dos mesmos também interfere de forma decisiva<br />

na perccr ;3.0 da textura do alimento.<br />

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Doce de Leite. 1998. 78p. Tese M.S. UFLA.<br />

DIAGNÓSTICO MICROBIOLÓGICO NA INDÚSTRIA DE LATiCíNIOS: UMA FERRAMENTA<br />

PARA RASTREABILlDADE E COMPETITIVIDADE NO MERCADO INTERNACIONAL<br />

As análises microbiológicas realizadas em<br />

uma indústria de laticínios são ferramentas<br />

importantes na garantia da qualidade dos produtos<br />

oferecidos ao consumidor e na determinação de<br />

medidas profiláticas para controle da contaminação.<br />

De forma geral, quanto mais precisos e<br />

rápidos os diagnósticos, mais rapidamente as<br />

medidas podem ser empreendidas, e maior é o<br />

sucesso da intervenção.<br />

Pág. 6<br />

•<br />

Daise Rossi<br />

A qualidade dos resultados obtidos nas análises<br />

realizadas no produto final, nas diferentes etapas<br />

da produção ou em pontos de controle prédeterminados,<br />

deve ser criteriosamente avaliada.<br />

As metodologias escolhidas devem contemplar a<br />

análise detalhada de diversos itens entre os quais<br />

destacamos: os protocolos escolhidos devem ser<br />

considerados quanto as suas aprovações (nacional<br />

e internacional), segurança biológica, nível de<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

capacitação necessana ao técnico executor,<br />

sensibilidade analítica do teste, tempo para<br />

obtenção dos resultados, repetibilidade, especi­<br />

ficidade, rastreabilidade, espaço e capacidade física<br />

do laboratório e, principal mente, confiabilidade<br />

dos resultados gerados. A relação custo/benefício<br />

deve ser amplamente discutida e avaliada pelos<br />

envolvidos no processo produtivo e pelos respon­<br />

sáveis pelo processo analítico. Estes são na verdade,<br />

os que deverão decidir "efetivamente na escolha<br />

do método". Muitas vezes, esta avaliação é feita<br />

basicamente com base em dados econômicos e há<br />

um sério risco de colocar em perigo todo um traba­<br />

lho de base científica envolvido na seleção<br />

adequada de metodologias e na segurança alimentar.<br />

Para o exportador devem ser observadas<br />

ainda, as legislações dos países importadores e,<br />

particularmente, as exigências específicas de cada<br />

do cliente.<br />

Muitas vezes, apesar dos métodos tradicionais<br />

serem considerados o padrão ouro de análise, pelos<br />

diferentes interesses e necessidades de adequações,<br />

novos métodos precisam ser introduzidos. Os<br />

"novos métodos" conhecidos também como<br />

"métodos alternativos ou métodos rápidos" estão<br />

disponíveis na forma de kits diagnósticos ou podem<br />

ser simplesmente, uma versão simplificada dos<br />

métodos tradicionais, com o agar ou caldo de cultivo<br />

já prontos em tubo e placa descartável ou outras<br />

apreentações similares. Podem ainda, ser baseados<br />

em características particulares como a atividade<br />

enzimática do microrganismo ou grupo de micror-<br />

• • •<br />

ganismos que se deseja pesquisar ou quantificar,<br />

baseados na atividade antigênica ou uma combinação<br />

dos dois últimos, os imunoenzimáticos. Atualmente,<br />

os métodos moleculares estão sendo introduzidos<br />

na rotina de análise de diversos segmentos da<br />

indústria de alimentos, trazendo segurança e<br />

confiabilidade nos resultados obtidos.<br />

Independente do método escolhido a<br />

introdução de protocolos de análise alternativos<br />

devem ser sempre acompanhados de controles<br />

externos ou inter laboratoriais. Qualquer teste<br />

qualitativo que venha a ser utilizado na indústria<br />

de laticínios deve ter sua sensibilidade, especificidade,<br />

valor preditivo positivo e negativo<br />

previamente conhecido ou pré-determinado. No<br />

caso de métodos qualitativos, a precisão e<br />

exatidão devem ser previamente determinadas<br />

ou oferecidas pelo fabricante.<br />

Por estas razões, a responsabilidade na<br />

avaliação criteriosa das metodologias deve ser<br />

feita por uma equipe multidisciplinar, com<br />

embasamento técnico científico e acompanhadas<br />

de suporte técnico permanente. Essa<br />

equipe deverá analisar todas as avaliações e<br />

documentações buscando obter resultados<br />

seguros, que gerem rastreabilidade e ainda,<br />

garantam segurança na cadeia alimentar do<br />

segmento alimentar envolvido.<br />

O resultado analítico só será efetivo e<br />

confiável se fo rem respeitados os critérios<br />

microbiológicos da metodologia escolhida de forma<br />

segura e com bases científicas comprovadas.<br />

• •<br />

USO DE EDULCORANTES EM ALIMENTOS E EM PRODUTOS LÁCTEOS<br />

The use of sweetners in food and dairy food<br />

RESUMO<br />

Maristella Chanoft*<br />

Este trabalho tem como objetivo informar sobre quais são os insumos disponíveis no<br />

mercado que são utilizados como substitutos de açúcares para produtos lácteos. Este<br />

* Engenheira de Alimentos formada pela Escola de Engenharia Mauá em 1999. Pós graduada em Gestão da<br />

Qualidade em Alimentos pela Universidade São Judas Tadeu em 2001. Tema da Monografia de término da<br />

Especialização: Aditivos para produtos Diet e Light.<br />

digitalizado por<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

reúne informações sobre obtenção, propriedades e aplicações, segurança e legislação de<br />

cada insumo apresentado. Ele é destinado àqueles que trabalham direta ou indiretamente<br />

com produtos diet, ligIa ou simplesmente às pessoas leigas que queiram adquirir algum<br />

conhecimento nessa área de substitutos de açúcares.<br />

I - INTRODUÇÃO<br />

Os produtos dietéticos estão no mercado<br />

brasileiro há mais de trinta anos, porém o<br />

incremento da produção deu-se no final de da<br />

década de 80.<br />

As indústrias de alimentos, comprometidas<br />

com a promoção da saúde e prevenção de<br />

doenças, desenvolveram tecnologias para a<br />

produção de alimentos de baixa caloria, incluindo:<br />

bebidas, produtos cárneos, produtos lácteos,<br />

sobremesas, produtos com baixo teor de sódio,<br />

etc., mediante substituição de açúcar por<br />

edulcorante, redução do teor de gordura, mantendo-se<br />

a qualidade e o equilíbrio nutricional<br />

dos alimentos. No desenvolvimento destes<br />

produtos deve-se ter em conta que o substituto<br />

do açúcar desempenhe função equivalente em<br />

lermos funcionais e organolépticos.<br />

1 - ADOÇANTES E EDULCORANTE<br />

1.1 - Conceitos de adoçantes e edulcorantes<br />

O Decreto na 55.87 1 de 20/03/65 definiu,<br />

em seu art. 4°. alínea 8, edulcorante como sendo<br />

a substância orgânica artificial, não glicídica, capaz<br />

de conferir sabor doce aos alimentos'.<br />

ANGELUCCI (1990)2 propôs as seguintes<br />

definições: edulcorantes são substâncias com<br />

sabor extremamente doce, não necessariamente<br />

açúcares ou polióis, embora possa contê-los como<br />

parte integrante de suas moléculas, não necessari<br />

amente energéticas, com poder edulcorante<br />

muito superior ao da sacarose. Para o autor,<br />

adoçantes são compostos de sabor doce como os<br />

açúcares e os polióis, quase sempre energéticos,<br />

tendo a sacarose como membro principal, cujo<br />

poder edulcorante é unitário.<br />

As características de flavo, . dos<br />

edulcorantes são bastante distintas daquelas da<br />

sacarose, no que diz respeito à percepção<br />

máxima da doçura e da duração da sensação<br />

causada. A sacarose causa a sensação de sabor<br />

doce relativamente mais rápido do que os<br />

edulcorantes. Por outro lado, a duração do sabor<br />

doce quando a sacarose é ingerida é mais curta<br />

do que a dos edulcorantes. Esta persistência do<br />

efeito adoçante é a que ocasiona a fadiga causada<br />

pela sensação de doçura, levando ao característico<br />

afier taste, ou sabor residual, dessas substâncias.<br />

Pág. 8<br />

Este sabor residual geralmente aumenta a medida<br />

em que a concentração desses edulcorantes atinge<br />

val ores excessivos3•<br />

Outra diferença sensível entre a sacarose e<br />

os edulcorantes não nutritivos, refere-se à<br />

capacidade daquela de dar "corpo" aos alimentos<br />

nos quais é empregada. Estes edulcorantes não<br />

apresentam tal propriedade. Assim, torna-se<br />

extremamente difícil duplicar-se o fla vo, . ,<br />

textura e vári as outras características de<br />

produtos adoçados com sacarose, empregandose<br />

edulcorantes não nutritivos.<br />

Em alguns casos é impossível formular-se<br />

produtos simplesmente substituindo a sacarose<br />

pelos edulcorantes não nutritivos4, sendo<br />

necessária a introdução de outros aditivos que<br />

forneçam outras funções que não seja a doçura.<br />

1.2 -Classificação<br />

Têm sido propostas varIas classificações<br />

para edulcorantes e adoçantes, baseadas em sua<br />

origem e valor calórico. Alguns autores7. 1.l, a<br />

CEE, e o Codex Alimentarius classificaram os<br />

substitutos de sacarose em dois grupos:<br />

1.2. 1 Edulcorantes intensos (ou não<br />

nutritivos): que fornecem somente doçura<br />

acentuada, não desempenham nenhuma outra<br />

função tecnológica no produto final, são pouco<br />

calóricos e são utilizados em quantidades muito<br />

pequenas ;<br />

I Adoçantes de corpo: que fornecem<br />

energia e textura aos alimentos, geralmente<br />

contém o mesmo valor calórico do açúcar, e são<br />

utilizados em quantidades maiores.<br />

O adoçante ideal deve apresentar as<br />

seguintes características:<br />

a) Poder adoçante igual ou superior ao da<br />

sacarose;<br />

b) Disponibilidade comercial;<br />

c) Custo comparável ao da sacarose (baixo<br />

custo/unidade de doçura);<br />

d) Compatibilidade química com aditivos,<br />

como aromatizantes e corantes;<br />

e) Inerte aos demais componentes dos<br />

alimentos;<br />

f) Incolor;<br />

g) Inodoro;<br />

h) Fácil solubilidade;<br />

i) Estabilidade química e térmica;<br />

j) Isento de toxicidade;<br />

k) Normalmente metabolizado, ou resistente<br />

a digestão;<br />

1) Contribuir com calorias reduzidas « 2<br />

kcal/g) ou ser isento de calorias;<br />

m) Não promover cáries;<br />

n) Permitir níveis irrestritos de utilização;<br />

o) Proporcionar as propriedades funcionais,<br />

qualidade de doçura, sabor residual e perfil<br />

de doçura versus tempo semelhante ao<br />

da sacarose, sem gosto lateral não doce7.<br />

1.2.1 - Adoçalltes e edulcorante nutritivos<br />

1.2.1.1 - FRUTOSE<br />

A frutose, levulose ou açúcar da fruta é<br />

encontrada principalmente em frutas e no mel.<br />

As propriedades mais importantes do ponto<br />

de vista tecnológico são: alta solubilidade em<br />

água (80% a 20°C) e alta higroscopicidade, o que<br />

a torna útil como inibidor de cristalização no<br />

armazenamento de alimentos. Contribui para a<br />

diminuição do ponto de congelamento, elevação<br />

do ponto de ebulição e pressão osmótica. Suas<br />

soluções apresentam menor viscosidade que as<br />

correspondentes de sacarose. A substituição da<br />

sacarose por frutose implica na utilização de<br />

menor quantidade de aromas no processamento<br />

pelo fato da frutose exaltar o sabor e o aroma de<br />

outros ingredientes, especialmente de frutas e<br />

ácidos. Reduz a atividade de água, auxiliando no<br />

controle da contaminação microbiana7•<br />

É o mais doce de todos os açúcares naturais,<br />

apresentando grau de doçura igual a 117 em relação<br />

a sacarose 10%. A doçura da frutose aumenta com<br />

o decréscimo da temperatura, pH e teor de<br />

sólidos 7, 1 . O poder edulcorante elevado da frutose<br />

permite que seja consumida em menor quantidade<br />

que os demais monossacarídeos, reduzindo o valor<br />

calórico. A doçura da frutose é rapidamente percebida<br />

(ideal em produtos como sorvetes e gelados<br />

em geral). Apresenta sinergismo com edulcorantes<br />

nutritivos e não nutritivos.<br />

A substituição da sacarose por frutose na<br />

dieta apresenta grandes vantagens em vários<br />

estados clínicos tais como diabetes, obesidade e<br />

hipoglicemia reativa. Por ser metabolizada independentemente<br />

da insulina pode ser administrada<br />

a pessoas portadoras de diabete melito, uma vez<br />

que não ocasiona alterações bruscas na glicemia7.<br />

1.2.1.2 - POLI Ó IS<br />

São conhecidos como edulcorantes de<br />

"corpo", diferenciam-se de outros sacarídeos<br />

digitalizado por<br />

devido à redução da funções cetona ou aldeído.<br />

Os polióis apresentam importantes propriedades<br />

como resistência ao escurecimento, diminuição<br />

da susceptibilidade à fermentação, maior<br />

resistência a cristalização, maior estabilidade<br />

química e maior afinidade por água7•<br />

Uma das principais uti lizações dos polióis<br />

está relacionada à propriedade destes compostos<br />

de conferir "corpo" aos alimentos. Na<br />

indústria alimentícia, são empregados em mistura<br />

com edulcorantes intensos, para promover<br />

corpo aos alimentos.<br />

Atuam como emulsificantes, estabilizantes,<br />

umectantes, crioprotetores e redutores de ponto<br />

de congelamento.<br />

Quando ingerimos em excesso, devido a<br />

baixa taxa e lenta velocidade de absorção pelo<br />

intestino delgado (várias vezes menor que a da<br />

sacarose), podem promover, ao atingir o cólon,<br />

um efeito osmótico causando diarréia. A tolerânciá<br />

à ingestão de polióis é variável de indivíduo<br />

para indivíduo, sendo maior para pessoas<br />

habituadas a ingeri-los·l,<br />

1.2.1.2.1 - Sorbitol<br />

Entre as características do sorbitol, podem<br />

ser citadas: espessante, edulcorante, inibidor de<br />

cristalização, estabilizante, umectante, condicionador<br />

de umidade, plastificante, anticongelante<br />

(reduz o ponto de congelamento) e crioprotetor.<br />

Apresenta doçura igual a 0,5 a 0,7 vezes a da<br />

sacarose (0,5 em relação a sacarose 10%), e<br />

efeito refrescante quando dissolvido na boca, por<br />

apresentar calor de dissolução igual a -26,6 kcal/<br />

kg. É higroscópico, solúvel (220g/ l OOg HO a<br />

20°C) e mostra excelente estabilidade qUÍlnica,<br />

bacteriológica e térmica, não sendo volátil.<br />

Funde a temperatura de 96-97°C. A eliminação<br />

de água intramolecular ocorre somente quando<br />

se mantém a temperatura acima de 160°C por<br />

período prolongado, permitindo submete-lo aos<br />

processos normais de aquecimento, evaporação<br />

e cozimento, sem alterações. Mascara o sabor<br />

residual amargo da sacarina. Tem capacidade de<br />

fixar tenazmente aromas e cores, podendo ser<br />

empregado como diluente de corantes e aromatizantes<br />

para alimentos. Não produz reação de<br />

Maillard no processamento ou armazenamento.<br />

É sequestrante de metais, desenvolvendo ação<br />

antioxidante em reações oxidativas catalisadas<br />

por estes íons 1 .II,I , 1 7 ,IH.<br />

Doces elaborados unicamente com sorbitol<br />

não podem ser armazenados por longo período,<br />

de tempo devido a sua elevada higroscopicidade.<br />

Um grande problema associado ao uso do<br />

sorbitol em geléias armazenadas por longos<br />

períodos é a sinerese, que é a expulsão espontânea<br />

arvoredoleite.org<br />

Pág. 9


da fase aquosa da rede do gel, gerando a contração<br />

do volume. A sinerese é um processo que depende<br />

basicamente da estrutura da geléia, ou seja, da<br />

quantidade e tipo do agente geleificante e do<br />

conteúdo de matéria seca.<br />

De um modo geral, atribui-se ao sorbitol o<br />

valor calórico de 2,4 kcallglR.<br />

No Brasil, o uso do sorbitol foi autorizado<br />

pelo Decreto 55.87 1/65 e pela Resolução n° 9/<br />

79 da Câmara Técnica de Alimentos. A<br />

Resolução n° 03 do CNS/MS de 21/06/88<br />

autorizou o uso do sorbitol sem limites em<br />

refrigerantes, em concentrações que não excedam<br />

as Boas Práticas de Fabricação. A Resolução RDC<br />

n° 3 ANVISA de 02/01/2001 classificou o sorbitol<br />

como Edulcorante Natural. Como edulcorante,<br />

é permitido sem limites em alimentos e bebidas<br />

com controle de peso, ingestão controlada de<br />

açúcares, com restrição de açúcares e com<br />

informação nutricional complementar.<br />

1 - PEPTÍDEOS E DERIVADOS<br />

1.2.1.3.4 - Aspartame<br />

O aspartame é o éster metílico de dois<br />

aminoácidos, a fenilalanina e o ácido glutâmico,<br />

ou sej a, éster metílico de L-aspartil-Lfen<br />

ilalanina. A molécula de aspartame é composta<br />

de 39,5% de ácido aspártico, 50% de<br />

fenilalanina e 10,5% de éster metílic07• 1 5.<br />

O aspartame tem o sabor do açúcar: o<br />

perfil de doçura é o que mais se aproxima ao da<br />

sacarose apesar de desenvolver-se mais lentamente<br />

e persistir por mais tempo. Não deixa<br />

qualquer sabor residual amargo, químico ou<br />

metálico, freqüentemente associados aos demais<br />

edulcorantes 1 .1. 1 2.<br />

Sua doçura é 120 a 220 vezes superior à da<br />

sacarose (133 e 200 vezes em relação a sacarose<br />

10% e 4% respectivamente). O aspartame é<br />

geralmente mais potente a baixas concentrações e<br />

em produtos à temperatura ambiente que em produtos<br />

gelados ou quentes. Fatores como pH e<br />

presença de outros aditivos podem afetar a potência<br />

do aspartame. Podem ocorrer perdas em presença<br />

de alguns f1avorizantes, especialmente a base de<br />

aldeídos ou mesmo outros componentes de alimentos<br />

que contenham compostos cabonílicosl.14•<br />

O aspartame é pouco solúvel em água<br />

(cerca de I % a 25°C), sendo que a solubilidade<br />

aumenta a medida que o pH diminui ou que a temperatura<br />

aumenta7•<br />

O aspartame apresenta algumas restrições<br />

quanto a sua estabilidade por se tratar de uma<br />

proteína. É estável em sistemas líquidos acidificados<br />

mas perde sua doçura em pH neutro ou<br />

alcalino, ou temperaturas elevadas7•<br />

Pág. 10<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Em decorrência da instabilidade da ligação<br />

éster sob condições desfavoráveis de umidade, pH<br />

e temperatura pode haver hidrólise do aspartame<br />

a aspartilfenilalanina (AP) e/ou a dicetopiperazina<br />

(DKP). A pH abaixo de 3,0, predomina a conversão<br />

do aspartame a aspartilfenilalanina; a pH<br />

superior a 5,0 ocorre a sua transformação a<br />

dicetopiperazina. Estes, por sua vez podem ser<br />

hidrolisados a seus aminoácidos componentes.<br />

Nenhum dos produtos de conversão é doce, mas<br />

não conferem sabor desagradável ao produto,<br />

somente perda da doçura.<br />

O aspartame acentua o aroma e prolonga a<br />

percepção do sabor de frutas, principalmente de<br />

frutas ácidas como laranja, limão, "grapefruit",<br />

maracujá, goiaba e morango. A intensidade é mais<br />

efetiva com sabores naturais do que com artificiais.<br />

Pode, contudo, potencializar também o gosto<br />

amargolO, l Ó ,<br />

Pode ser utilizado em praticamente todos<br />

os tipos de alimentos, incluindo: adoçantes de<br />

mesa, assados, misturas em pó, cereais, gomas<br />

de mascar, balas duras e moles, sobremesas,<br />

bebidas , congelados, refrigerados, geléias ,<br />

coberturas, xaropes, produtos lácteos e produtos<br />

farmacêuticos 10,11> ,<br />

O processo de aprovação do aspartame nos<br />

Estados Unidos iniciou-se em 1973, sendo<br />

liberado pela FDA em 1974, estipulando que os<br />

produtos contendo aspartame deveriam trazer<br />

no rótulo as especificações: "Fenilcetonúricos:<br />

contém fcnilalanina" e que "o produto não deverá<br />

ser submetido a processamento térmico",<br />

Ensaios agudos, crônicos e subcrônicos em vários<br />

animais evidenciaram a ausência de toxicidade e<br />

carcinogenicidade associados à ingestão do<br />

aspartame, Em resumo, o aspartame não atua a<br />

nível de sistemas reprodutivos e não apresenta<br />

efeito mutagênico, teratogêncio ou embriotóxico,<br />

ou efeito tóxico de qualquer naturezal2,II>,<br />

O aspartame é essencial mente inerte a<br />

menos que sejam administradas doses muito<br />

elevadas. A FDA estabeleceu para o aspartame a<br />

IDA de 50 mg/Kg de peso corpóreo,<br />

Entre os edulcorantes intensos aprovados<br />

pela FDA (sacarina, aspartame, acesulfame-K),<br />

o aspartame é o mais utilizado,<br />

A Resolução RDC n° 3 ANVISA de 02/0l/<br />

200 I autoriza o uso do aspartame, no limite<br />

máximo de 0,075 g/ l OOg de produto para<br />

alimentos e bebidas para controle de peso, para<br />

dietas com ingestão controlada de açúcares, para<br />

dietas com restrição de açúcares e para alimentos<br />

e bebidas com informação nutricional complementar,<br />

e de 0,056 g/l OOg de produtos para<br />

alimentos e bebidas com reduzido teor de açúcar<br />

e de 0,4 g/ I OOg de produto para goma de mascar,<br />

1.2.2 - Edu/corantes não nutritivos<br />

1.2.2.1 - SACARINA<br />

A sacarina foi descoberta em 1879. apesar<br />

de ter sido inicialmente usada como antisséptico<br />

e como conservante de alimentos, vem sendo<br />

comercializada como edulcorante desde 1900.<br />

Sua incorporação em alimentos aumentou<br />

sign ificativamente durante as duas guerras<br />

mundiais em decorrência da escassez e racio­<br />

namento de açúcarl . 9,ló.<br />

É um produto sintético que pode ser obtido<br />

a partir do tolueno ou a partir do anidro ftálic07•<br />

A sacarina pode ser comercializada sob a<br />

forma ácida, ou sob a forma de sais de sódio,<br />

cálcio ou amônia.<br />

O gosto ligeiramente amargo da sacarina<br />

sódica se deve principalmente às imp urezas<br />

provenientes da síntese clássica, o qual poderia<br />

ser minimizado através de novos processos, a<br />

partir do ácido antranílico ou do benzotiofeno.<br />

PEDERSON (1991) afirmou que o gosto amargo<br />

desagradável parece ser devido a própria<br />

molécula da sacarina, e não a impurezas ou<br />

produtos de decomposiçã07•<br />

A sacarina apresenta uma sene de<br />

características que a tornam muito próximas do<br />

adoçante ideal: alto poder edulcorante (200 a<br />

700 vezes superior ao da sacarose; 200 vezes em<br />

relaç ' ão à sacarose a 10%), alta estabilidade, alta<br />

solubilidade em água (sal de sódio - 82 gl l 00 g;<br />

sal de cálcio - 67 g/ I 00 g), não higroscópica,<br />

não cariogênica e poder calórico nulol,ló.<br />

A sacarina mostra sinergismo com vários<br />

edulcorantes intensos, no entanto este efeito é<br />

muito pouco acentuado com acesulfame ou<br />

esteviosídeo. O perfil da doçura da sacarina é<br />

diferente do da sacarose pois produz um impacto<br />

edulcorante bastante lento que vai crescendo<br />

gradativamente até atingir intensidade máxima e<br />

persistente. Gostos amargo ou metálico e adstringente<br />

estão associados ao dulçor da sacarina e<br />

tendem intensificar-se com o aumento da concentração.<br />

A associação da sacarina com o ciclamato<br />

mascara o sabor residual da sacarina ao mesmo<br />

tempo que eleva o poder adoçante do ciclamato. A<br />

associação com pequenas quantidades de aspartame<br />

também tem apresentado bons resultados por<br />

melhorar o sabor e a estabilidade da mistura7.<br />

É o edulcorante mais econômico consi­<br />

derando a relação custo/poder edulcorantel.<br />

Devido à estabilidade térmica (inalterável<br />

após uma hora a 150°C) e em meio altamente<br />

ácido (pH 2,0 a 8,0) a sacarina pode ser utilizada<br />

em produtos assados, temperos para saladas,<br />

geléias, gelatinas, bebidas carbonatadas, preparados<br />

para refresco, enlatados e outros produtos I.<br />

digitalizado por<br />

A versatilidade da sacarina permite seu<br />

emprego em muitos alimentos, medicamentos e<br />

cosméticos em função da sua alta estabilidade ao<br />

armazenamento e aquecimento, pode se combinar<br />

bem com outros edulcorantes e por se incorporar<br />

facilmente à misturas líquidas ou secas.<br />

O mais antigo dos edulcorantes artificiais<br />

é também aquele que, nos últimos 50 anos, tem<br />

estado sujeito a constantes críticas, baseadas em<br />

um passado no curso do qual foi considerado<br />

responsável pelo desenvolvimento de câncer na<br />

bexiga urinária de ratos 1 9.<br />

A totalidade de evidências não conduzem a<br />

uma certeza de que a sacarina promova câncer de<br />

bexiga em humanos nas quantidades normalmente<br />

consumidasló. Mais de vinte estudos mostraram<br />

que, sob condições normais, não existe associação<br />

entre consumo de sacarina e câncer em humanos.<br />

A Resolução RDC n° 3 ANVISA de 02/0 1/<br />

200 I autoriza o uso da sacarina, no limite máximo<br />

de 0,03 g/I OOg de produto para alimentos e bebidas<br />

para controle de peso, para dietas com ingestão<br />

controlada de açúcares, para dietas com restrição<br />

de açúcares e para alimentos e bebidas com<br />

informação nutricional complementar, e de 0,022<br />

g/I OOg de produtos para alimentos e bebidas com<br />

reduzido teor de açúcar,<br />

1.2.2.2 - CICLAMATO<br />

É um produto sintético obtido a partir da<br />

sulfonação da ciclohexilamina.<br />

O ciclamato mostra lenta percepção da<br />

doçura com duradouro sabor residual desagradável<br />

doce-azedo, ° qual torna difícil a determinação<br />

da exata equivalência de doçura dos ciclamatos<br />

em algumas concentrações, Mostra sinergismo<br />

com edulcorantes intensos como sacarina,<br />

aspartame, acesulfame-K, sucralose, alitame e<br />

esteviosídeo, e também com sacarose. A mistura<br />

ciclamato e sacarina mostra perfil de doçura<br />

semelhante ao da sacarose, realça sabores, como<br />

o de frutas e proporciona a sensação de mais corpo<br />

a refrigerantes de baixa caloria. A mistura com<br />

acesulfame-K mostra excelente qualidade de gosto<br />

e excepcional estabilidade no armazenamentoó,R,9,<br />

As principais propriedades o ciclamato são:<br />

(a) 30-50 vezes mais doce que a sacarose; (b)<br />

estável à frio ou a quente (resistente à cocção<br />

prolongada); (c) estável na forma seca, em soluções<br />

aquosas e em presenças de gases (refrigerantes);<br />

(d) estável em ampla faixa de pH (em solução<br />

aquosa na faixa de 2,0 a 10,0) e às variações<br />

ocorridas durante o processamento de alimentos e<br />

bebidas; (e) altamente solúvel em água (19,5 g/l 00<br />

mL a 20°C); e (f) longa vida-de-prateleiraR , ló,<br />

A Resolução RDC n° 3 ANVISA de 02/0 l/<br />

200 I autoriza o uso do ciclamato, no limite<br />

arvoredoleite.org<br />

Pág. 11


máximo de 0, 13 g/ I OOg de produto para alimentos<br />

e bebidas para controle de peso, para dietas com<br />

ingestão controlada de açúcares, para dietas com<br />

restrição de açúcares e para alimentos e bebidas<br />

com informação nutricional complementar, e de<br />

0,097 g/lOOg de produtos para alimentos e bebidas<br />

com reduzido teor de açúcar.<br />

Nos Estados Unidos, não pode ser utilizado<br />

em medicamentos, nem em alimentos (incluindo<br />

bebidas), no entanto é utilizado em produtos para<br />

a exportação. O uso do ciclamato é proibido desde<br />

1970 e sua reaprovação pela FDA não é eminente7.<br />

1.2.2.3 - ACESULFAME-K<br />

Estruturalmente o acesulfame lembra a<br />

sacarina. Quimicamente, o acesulfame é o sal<br />

potássico da sulfonamida cíclica 6-metil 1, 2, 3oxatiazina-4<br />

(3H)-ona-2, 2-dióxido. Variações<br />

de substitutos nas posições 5 e 6 do anel afetam<br />

a intensidade e a pureza da doçural6•<br />

O acesulfame mostra excelente estabilidade<br />

nas seguintes condições: na forma seca, a armazenamento<br />

prolongado, às alterações no<br />

processamento especialmente a temperaturas<br />

elevadas e pH baixo, em contato com outros<br />

ingredientes ou constituintes dos alimentos, e ao<br />

ataque microbiológico. A estabilidade em solução<br />

depende do pH e da temperatura. É altamente<br />

estável em solução na faixa de pH de alimentos e<br />

bebidas (variável de pH 3,0 ao neutro). Em pH<br />

abaixo de 3,0 e acima de 9,0, a hidrólise é mais<br />

rápida, sendo influenciada pela temperatura. A<br />

perda de doçura só é detectada caso haja degradação<br />

ou perdas do edulcorante superiores a 5%. Não é<br />

afetado por processos como pasteurização (72-<br />

74°C por alguns minutos), esterilização, processos<br />

UHT (131°C por 20 minutos), aquecimento a 120°C<br />

por uma hora (a pH 4,0) ou em assados (200°C por<br />

45-60 minutos perdas inferiores a 4%)16.<br />

O acesulfame não é higroscópico e é<br />

rapidamente solúvel em água (270 g/L a 20°C; I<br />

Kg/L a 100°C). não é cariogênic07•<br />

A doçura do acesulfame é rapidamente<br />

perceptível, com decréscimo lento, mas persistente,<br />

porém, de duração ligeiramente superior<br />

à da sacarose. O perfil de doçura é semelhante ao<br />

da glucose. Em soluções aquosas altamente concentradas<br />

alguns indivíduos são capazes de perceber<br />

gosto amargo ou químico sintético, mas tais<br />

concentrações não são normalmente utilizadas nos<br />

sistemas alimentícios7.<br />

É cerca de 180 a 200 vezes mais doce que<br />

soluções de sacarose a 4 e 3% respectivamente.<br />

como ocorre com outros edulcorantes, a<br />

intensidade de doçura não aumenta proporcio- .<br />

nalmente ao aumento da concentração. O grau de<br />

doçura do acesulfame-K é semelhante ao do<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

aspartame, aproximadamente metade do da<br />

sacarina e quatro vezes superior ao do ciclamato.<br />

Estas relações são importantes porque obtém-se<br />

sinergismo máximo quando a mistura é feita na<br />

razão inversa da intensidade de doçura. Este<br />

aumento no poder edulcorante implica em redução<br />

de custo, uma vez que serão necessárias menores<br />

quantidades de eduIcorante e implementação do<br />

perfil de doçura pois o acesulfame apresenta<br />

rápido impacto de doçura, ou seja é rapidamente<br />

percebida, enquanto que a doçura do aspartame é<br />

de impacto lento e mais duradoura. O acesulfame<br />

apresenta ainda efeito sinérgico com adoçantes<br />

calóricos como frutose, isomaltitol e sorbitol, mas<br />

muito pouco com a sacarina. Com o sorbitol, em<br />

particular, apresenta uma doçura completa e bem<br />

balanceada muito semelhante a da sacarose, sendo<br />

a mistura ideal para produtos dietéticos 7. 16.<br />

O potencial de uso deste edulcorante é<br />

ilimitado. Devido à sua estabilidade à pasteurização,<br />

o acesulfame é indicado para produtos lácteos e<br />

em enlatados. A estabilidade térmica e ao pH ácido<br />

ou alcalino torna o acesulfame útil em produtos de<br />

panificação, confeitos e pós para bebidas de cacau<br />

que devem ser ingeridas quentes. Não causa<br />

problemas mesmo levando em consideração que o<br />

pH dos produtos de panificação varia amplamente,<br />

de 3,5 para uma torta de frutas até 8,0 para um<br />

bolo de chocolate. O acesulfame é indicado na<br />

fabricação de caramelos duros e macios, sobremesas,<br />

sorvetes, geléias, gomas de mascar e<br />

conservas de frutas. Pode ser utilizado em produtos<br />

para higiene oral e em medicamentos7•11i.<br />

O acesulfame não é metabolizado pelo<br />

homem e nem por animais, e embora rapidamente<br />

absorvido, 99% da dose é eliminada inalterada em<br />

24 horas, principalmente pela urina. Não afeta o<br />

metabolismo, ou seja, os níveis de glucose,<br />

colesterol, glicerol total ou livre sangüíneos,<br />

podendo ser incorporado à dieta de diabéticos7•<br />

A IDA recomendada pela FDA é de 15 mg/<br />

Kg de pesol6•<br />

A nível internacional o acesulfame fo i<br />

inicialmente aprovado em 1983, no reino Unido.<br />

Atualmente (1995) é permitido em mais de 60<br />

países 2 2800 produtos, predominantemente<br />

como adoçante de mesa.<br />

A Resolução RDC n° 3 ANVISA de 02/0l/<br />

200 I autoriza o uso do acessulfame K, no limite<br />

máximo de 0,035 g/ I OOg de produto para<br />

alimentos e bebidas para controle de peso, para<br />

dietas com ingestão controlada de açúcares, para<br />

dietas com restrição de açúcares e para alimentos<br />

e bebidas com informação nutricional complementar,<br />

e de 0,026 g/l OOg de produtos para<br />

alimentos e bebidas com reduzido teor de açúcar e<br />

0,2 g/ l OOg de produto para goma de mascar.<br />

II - CONCLUSÃ O<br />

Para o desenvolvimento de produtos<br />

lácteos com isenção e/ou substituição parcial do<br />

açúcar, é necessário verificar quais as atribuições<br />

que serão alteradas no produto final e verifica ;<br />

quais aditivos deverão ser adicionados a este. E<br />

muito importante o cãnhecimento das leis em<br />

vigor para verificar se o produto desenvolvido<br />

se enquadrará nas características desejadas e<br />

descritas pela legislação referente aos produtos<br />

lácteos diets ou lights (Portaria nO 29/98 e<br />

Portaria n° 27/98, respectivamente).<br />

Conclui-se que a utilização de dois ou mais<br />

eduIcorantes traz benefícios ao produto final pois<br />

esta junção, sendo feita corretamente, pode<br />

potencializar o poder de dulçor dos eduIcorantes,<br />

diminuir a ingestão dos mesmos, bem como<br />

reduzir possíveis sabores ou alterações desagradáveis<br />

ao novo produto. Isto é possível pela<br />

sinergia que acontece com algumas combinações<br />

dos edulcorantes, sejam eles classificados em<br />

nutritivos ou não.<br />

IH - ABSTRACT<br />

This artic1e presents which are the raw<br />

materiais available in the market that are used<br />

as substitutes for sugar on dairy products. This<br />

article gives information about how to obtain<br />

them, their proprieties and applications, security<br />

and law for every raw material presented.<br />

It is aimed to those who work directly or<br />

indirectly with light&diet products, or to inform<br />

people that simply want to acquire some<br />

knowledge in this area of sugar substitutes.<br />

IV - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

1. Almeida LBM, Penteado MDC. Edulcorantes<br />

em alimentos: uma revisão. Boletim da Sociedade<br />

Brasileira de Ciência e Tecnologia de<br />

Alimentos. Campinas. Jan/jun 1990. v. 24, n 11<br />

2, p. I-11.<br />

2. Angelucci E. Legislação sobre edulcorantes<br />

no Brasil, ciclo de debates. Campinas:<br />

ITAL; 1990. p. 1-9.<br />

• • •<br />

digitalizado por<br />

3. Angelucci E. Menos calorias para os polióis:<br />

2,4 kcal/g. Alimentos e Tecnologia 1993; 9,<br />

n. 47, p. 48-49.<br />

4. Antunes AJ, Canhos VP. Aditivos em<br />

alimentos. Campinas : Faculdade de Engenharia<br />

de Alimentos e Agrícola, Universidade Estadual<br />

de Campinas . p. 80-83.<br />

5. Associação Brasileira das Indústrias de<br />

alimentação. Compêndio de Legislação de<br />

Alimentos . São Paulo: ABIA; 1989/l993.<br />

6. Caetano M. Edulcorantes e adoçantes em<br />

alimentos: ciclamato. Campinas: ITAL; 1990.<br />

p. 19-25.<br />

7. Cândido LMB, Campos AM. Alimentos para<br />

fins especiais: dietéticos. São Paulo: Livraria<br />

Varela; 1996.<br />

8. Ciclamato. São Paulo: Grupo Brasfanta;<br />

1989. Publicação Técnica.<br />

9. Bebidas de baixa caloria. Rio de Janeiro :<br />

Confederação Nacional da Indústria; 1985. p. 1-20.<br />

10. da Ré R. Edulcorantes e adoçantes em<br />

alimentos. Campinas : ITAL; 1990. p. 15-18.<br />

11. Figueiredo JH. Edulcorantes e adoçantes<br />

em alimentos: manitol e sorbitol. Campinas:<br />

ITAL; 1990. p. 37-40.<br />

12. Goodman SB, Cyborski C, Suzuki JB.<br />

Aspartame: que delícia de história.<br />

NutraSweet.<br />

13. Guia brasileiro de alimentos e bebidas<br />

dietéticas . São Paulo: Associação Brasileira da<br />

Indústria de Alimentos Dietéticos; 1992.<br />

14. Mori EEM. Análise sensorial de adoçantes e<br />

edulcorantes. Ciência e Tecnologia de<br />

Alimentos 1992; v. 12, n. 2: p. 101-115.<br />

15. Mosquim MCA. Fabricando sorvetes com<br />

qualidade. São Paulo: fonte comunicações e<br />

editora; 1999. p. 23-29.<br />

16. Nabors LO, Gelardi RC. Alternative<br />

sweetners. New York : Marcel Dekker; 1986.<br />

17. Sorbitol: um presente da natureza. São<br />

Gonçalo: Getec.<br />

18. Sorbitol: a natureza presente. São<br />

Gonçalo: Getec.<br />

19. To ledo MC. Edulcorantes e adoçantes em<br />

alimentos : qualidade de alimentos dietéticos<br />

contendo edulcorantes. Campinas :<br />

ITAL; 1990.<br />

• • •<br />

Pág. 13<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LAT IC í NIOS<br />

COMUNICAÇÕES TÉCNICAS<br />

COMPETITIVIDADE DO SETOR LÁCTEO NACIONAL: GESTÃO DA LOGíSITICA DE<br />

CAPTAÇÃO DE LEITE1<br />

National milky sector competitivity: management of the milk collection logistics1<br />

RESUMO<br />

Luiz Carlos Takao Yamaguchi2<br />

Paulo do Carmo Martins3<br />

Ricardo Silveira Martins4<br />

Weimar Freire da Rocha Júnior4<br />

Débora Silva Lobo4<br />

Homero Fernandes de Oliveira5<br />

o objetivo deste trabalho foi o desenvolvimento de um software para racionalizar a<br />

logística de captação de leite na Cooperativa Agropecuária Castrolanda Ltda. (PR). Tal<br />

preocupação teve origem na reestruturação experimentada pelo setor de leite e derivados<br />

a partir da segunda metade da década de 90, quando foi introduzida e disseminada a coleta<br />

de leite a granel em caminhões isotérmicos, com implicações importantes na redução do<br />

custo de captação e na melhoria da qualidade da matéria-prima. As unidades de produção<br />

foram agregadas em cinco áreas geográficas e o modelo utilizou a heurística das economias<br />

de Clarke e Wright (CW), minimizando a distância total percorrida, como uma proxy dos<br />

. custos de transporte, sujeita às restrições de produção nas propriedades, capacidade dos<br />

tanques, tipo de caminhão acessível nas estradas principais, secundárias e nas vias de<br />

acesso. As principais conclusões que podem ser extraídas deste trabalho referem-se às<br />

vantagens oferecidas pelo modelo desenvolvido em relação às sistemáticas empíricas e aos<br />

modelos comerciais importados e que foram originalmente desenvolvidos para solucionar<br />

problemas de otimização de captação de lixo urbano ou de distribuição de gás de cozinha.<br />

Por outro lado, sinalizou-se para a economicidade da coleta à medida que seja ampliada a<br />

capacidade de armazenamento nas unidades de produção, emprego de mais carretas na<br />

captação e bitrens no transporte de longa distância.<br />

Palavras-chave: Leite, Logística, Pesquisa Operacional, Software.<br />

1. INTRODUÇÃ O<br />

A queda de preços e o crescimento da<br />

demanda por lácteos, nos anos 90, levaram à<br />

reestruturação do agronegócio do leite no Brasil.<br />

No segmento primário, os empresários adotaram<br />

tecnologias visando reduzir o custo de<br />

produção e a obtenção de ganhos de escala. O<br />

fato é que a produção cresceu de 14,5 bilhões<br />

de litros em 1990 para 19, I bilhões de litros<br />

em 1999, o que representou uma taxa de<br />

crescimento anual de 3,3 1 %, com um aumento<br />

de produtividade de 5,51 % a.a. (Yamaguchi et<br />

aI., 2001), posicionando o Brasil como o 6°<br />

Estudo financiado pela FINEP e Cooperativa Agropecuária Castrolanda Ltda.<br />

2 Pesquisador da Embrapa Gado de Leite e Professor Adjunto FCEVJlInstituto Vianna Júnior - Icty@terra.com.br<br />

3 Pesquisador da Embrapa Gado de Leite e Professor Adjunto IV da FEA/UFJF - pmartins@cnpgl.embrapa.br<br />

4 Professores Adjuntos da Unioeste/Campus de Toledo - ricIeimartins@uol.com.br; wrocha@unioeste.br;<br />

dslobo@uol.com.br<br />

5 Professor Assitente da Uni oeste/Campus de Toledo - sistemas @fasul.com.br<br />

digitalizado por<br />

Pág. 15<br />

arvoredoleite.org


maior produtor mundial (Brandão e Leite, 2001).<br />

Por sua vez, o crescimento da demanda também<br />

impulsionou as importações, tornando o Brasil<br />

o 8° maior importador mundial de leite, representando<br />

um comprometimento médio de divisas<br />

da ordem de US$ 400 milhões/ano nos anos 90<br />

(Martins, 200 I).<br />

No segmento industrial, houve intenso<br />

processo de aquisições de laticínios de mercados<br />

regionais pelas grandes empresas nacionais e<br />

principalmente transnacionais. Novas plantas<br />

industriais foram estruturadas com maior capacidade<br />

de produção. Houve também a reorganização e<br />

racionalização nos canais de distribuição viabilizados<br />

por inovações no processamento, industrialização,<br />

embalagem e logística (Martins et<br />

aI., 1999).<br />

No plano operacional , as transformações<br />

tiveram como foco a qualidade da matéria-prima<br />

com base no resfriamento do leite em termos de<br />

unidade de produção e coleta a granel realizadas<br />

em tanques isotérmicos. Esse processo teve início<br />

na segunda metade da década de 90 e ocorreu de<br />

forma mais intensa no Estado do Rio Grande do<br />

Sul. Nos principais estados produtores, a coleta<br />

granelizada já predomina dentre os sistemas de<br />

captação utilizados (Figura I).<br />

A adoção do conceito de logística de<br />

transporte no agronegócio do leite levou ao fechamento<br />

de postos de resfriamento, redução de<br />

rotas de coleta e aumento da quantidade de carga<br />

transportada por veículo, resultando em signifi<br />

cativas economias nos custos de transporte<br />

(Martins el aI. 1999) e em ganhos de qualidade<br />

(Sobrinho et aI.. 1995).<br />

95%<br />

Fonte: Nogueira Netto (2003).<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

89% 88%<br />

79% 78% 78%<br />

Os novos procedimentos adotados, contudo,<br />

deram-se de modo empírico. As empresas reconhecem<br />

a dificuldade de incorporação de novas<br />

ferramentas que reduzam o custo de captação e<br />

otimizem as linhas, os veículos e postos de<br />

resfriamentos. No Brasil, somente as maiores<br />

empresas do setor estão implantando procedimentos<br />

de otimização. Dada a inexistência de<br />

ferramentas que considerem as características<br />

nacionais, estas empresas estão se valendo de<br />

softwares importados que foram destinados<br />

originalmente à captação de lixo urbano ou a<br />

distribuição de gás de cozinha.<br />

O objetivo geral deste estudo é registrar os<br />

procedimentos e resultados obtidos pelo<br />

desenvolvimento e implementação de um software<br />

para captação de leite na Cooperativa Agropecuária<br />

Castrolanda Ltda., gerando ferramenta<br />

de gestão ágil e segura (software específico), que<br />

possibilitou aprimorar o processo de captação de<br />

leite junto aos produtores, nos aspectos custos de<br />

captação, frota e pagamento ao transportador,<br />

considerando as inconstâncias ditadas pela<br />

oscilação da produção nas propriedades ao longo<br />

do ano (safra e entressafra) e a freqüente entrada<br />

e saída de produtores na atividade, como estratégia<br />

de sustentabilidade da Castrolanda, com re ­<br />

percussão no desenvolvimento regional, haja<br />

vista o potencial de geração de renda e emprego<br />

da atividade.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

A abertura dos mercados e as conseqüentes<br />

. expansões das oportunidades de negócios e da<br />

se SP MG PR RS GO ES RJ MS BA Brasil<br />

Figura 1. Percentual de granelização do leite captado pelas cooperativas, segundo os estados<br />

brasileiros (2002).<br />

Pág. 16<br />

49%<br />

41 %<br />

24%<br />

17%<br />

79%<br />

42<br />

I<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiC í NIOS<br />

competição são forças das mais vigorosas no<br />

impulsionamento da logística. Aplicado aos<br />

interesses empresariais, o aprimoramento da logística<br />

tem sido usado como uma eficiente<br />

ferramenta na busca da competitividade. Assim,<br />

iniciativas que visam à racionalização logística<br />

devem trabalhar com um conjunto de informações<br />

referente às quantidades a serem movimentadas,<br />

suas origens, seus destinos e as necessidades e<br />

especificidades dos ativos do transporte, dentro<br />

dos prazos adequados.<br />

2.1 Processo de formatação do problema e<br />

da modelagem<br />

O trabalho foi iniciado junto à Cooperativa<br />

Agropecuária Castrolanda e transportadores para<br />

averiguar o procedimento de coleta de leite adotado<br />

nas condições atuais. Constatou-se que a produção<br />

diária das unidades de produção variava de 70 a<br />

27.000 litros diários e que o leite é vendido na<br />

modalidade FOB, num volume médio diário em<br />

torno de 500.000 litros. Os destinos são bastante<br />

regulares, formalizados por meio de contratos que<br />

garantem determinadas quantidades periódicas que<br />

são entregues na própria Cooperativa Batávia,<br />

localizada em Carambeí, embora se realizem vendas<br />

eventuais a clientes não-regulares.<br />

.Constatouse ainda que os veículos<br />

utilizados são o toco com capacidade de 8.500<br />

litros, truck de 12.300 a 13.500 litros e carreta<br />

de 19.000 a 26.500 litros, e que a rota de coleta<br />

é organizada de forma empírica com a aj uda dos<br />

motoristas, implicando necessidades de aj ustes<br />

no período da safra, quando muitas das unidades<br />

de produção passam a exigir coleta diária, em<br />

razão do aumento da escala de produção em relação<br />

à capacidade de armazenamento dos tanques<br />

de expansão disponíveis.<br />

A primeira atividade de pesquisa consistiu<br />

na formação de um banco de dados com informações<br />

levantadas em 46 1 unidades de produção.<br />

Foram selecionadas como variáveis relevantes:<br />

posicionamento geográfico; tanque de resfriamento<br />

(capacidade e marca); condições de acesso<br />

dos veículos (estradas e pátio de manobras);<br />

horário das ordenhas; tipos de coleta (diária e<br />

48 horas).<br />

A segunda atividade consistiu na escolha da<br />

metodologia e da modelagem propriamente dita.<br />

Dada a grande dispersão geográfica das unidades<br />

de produção e a ausência de um sistema de georreferenciamento<br />

das estradas rurais, foram adotados<br />

os seguintes procedimentos: a) Agregação das unidades<br />

de produção em cinco grandes áreas: Ponta<br />

Grossa, Carambeí-Castro, Piraí, Castrolanda e<br />

Carambeí; e b) para cada agrupamento, foi gerada<br />

digitalizado por<br />

uma matriz de distâncias entre as unidades de<br />

produção, a partir da distância euclidiana.<br />

2.2 Modelo de racionalização<br />

A heurística utilizada foi a das economias de<br />

Clarke e Wright (1964), que, segundo Novaes<br />

(200 I), foi originalmente desenvolvida para resolver<br />

o problema clássico de roteamento de veículos.<br />

Baseia-se na noção de economias, que pode ser<br />

definido como o custo da combinação, ou união, de<br />

duas sub-rotas existentes. Trata-se de uma heurística<br />

iterativa de construção baseada numa função gulosa<br />

de inserção. O algoritmo é bastante apropriado para<br />

o problema em questão, uma vez que permite a<br />

limitação do tipo do caminhão e por não 'requerer<br />

grande capacidade computacionaL<br />

Inicialmente, admite-se que cada unidade de<br />

produção seja servida por um veículo, constituindo<br />

rotas entre a base operacional e cada unidade. Seja<br />

c ij o a função da viagem partindo de um cliente i a<br />

um cliente j, podendo ser dado em distância<br />

percorrida ou tempo de deslocamento. Segundo<br />

definição de Liu e Shen (1999), duas rotas contendo<br />

os clientes i e j podem ser combinadas, desde<br />

que i e j estejam ou na primeira ou na última<br />

posição de suas respectivas rotas e que a demanda<br />

total das rotas combinadas não ultrapasse a capacidade<br />

do veículo.<br />

Em cada iteração, todas as combinações de<br />

rotas possíveis são analisadas pela fórmula T i j =<br />

C id + C dj - C ;j ' em que d representa a base operacional.<br />

As duas rotas que gerarem a maior<br />

economia de combinação são unidas. Por ser<br />

sempre escolhida a maior economia dentre as<br />

possíveis, a função de escolha é dita gulosa. Como<br />

a cada nova combinação de sub-rotas as economias<br />

são novamente calculadas e atualizadas para a<br />

próxima combinação de sub-rotas, o método é<br />

dito iterativo (Liu & Shen, 1999).<br />

Para melhor compreensão deste método,<br />

pode-se dizer que, na escolha de dois pontos i e<br />

j para constituir a seqüência de um roteiro,<br />

procura-se selecionar o par com maior valor do<br />

ganho T ;J' Há combinações, no entanto, que violam<br />

as restrições de tempo, capacidade, etc., não<br />

sendo por isso factível. O método explora esse<br />

conceito, sendo descrito a seguir: I) Calcular os<br />

ganhos T ;J para todos os pares i. j (i =F- j. i =F- d e<br />

j =F- d); 2) ordenar os pares i, j na ordem<br />

decrescente dos valores do ganho T ;,j ; 3) começar<br />

pelo par i, j com maior ganho T ;.j e proceder na<br />

seqüência obtida em (2); 4) para um par de nós i,<br />

j, correspondente ao K -ésimo elemento da<br />

seqüência (2) verificar se i e j estão ou não<br />

incluídos em um roteiro já existente; a) Se i e j<br />

não foram incluídos em nenhum dos roteiros já<br />

arvoredoleite.org


abertos, então criar um novo roteiro com os nós<br />

i e j; b) se exatamente um dos pontos i ou j já<br />

pertence a um roteiro preestabelecido, verificar<br />

se esse ponto é o primeiro ou último do roteiro<br />

(adj acente ao nó d, base operacional). Se isso<br />

ocorrer, acrescentar o arco i, j a esse roteiro.<br />

Caso contrário, passar para a etapa seguinte,<br />

saltando o par i, j; c) Se ambos os nós i e j já<br />

pertencem a dois roteiros preestabelecidos<br />

(roteiros diferentes), verificar se ambos são<br />

extremos dos respectivos roteiros (adj acentes<br />

ao nó d). Nesse caso fundir os dois roteiros em<br />

um só. Caso contrário, passar para a etapa<br />

seguinte, pulando o par i, j; d) Se ambos os nós i<br />

e j pertencem a um mesmo roteiro, ir para a<br />

etapa seguinte; e e) Continuar o processo até<br />

que a lista completa de "ganhos" seja exaurida.<br />

Se sobrar algum ponto não incluído, em nenhum<br />

roteiro deverão ser formados roteiros individualizados,<br />

ligando a base operacional a cada<br />

ponto e retornando à base.<br />

Este é o algoritmo para identificar se os<br />

pontos i e j estão incluídos numa rota.<br />

Se i e j não estão em nenhum roteiro então<br />

Criar um roteiro com i e j<br />

Senão<br />

se i ou j estiver em um roteiro então<br />

se este nó é um extremo de um roteiro<br />

então<br />

agrega i e j ao roteiro<br />

senão<br />

abandonar o par i e j<br />

Fonte: Resultados da pesquisa.<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />

Senão<br />

se i e j estiverem em roteiros diferentes<br />

então<br />

se i e j são extremos de seus<br />

roteiros então<br />

unir os dois roteiros<br />

senão<br />

Abandonar o par i e j<br />

Senão<br />

Abandonar o par i e j<br />

3 • RESULTADOS<br />

3.1 Resultados da racionalização da coleta<br />

de leite<br />

Dado o prazo limite de coleta do leite pósordenha<br />

de 48 horas, o modelo desenvolvido gera<br />

informações para dois dias. Chama-se a atenção<br />

para a alta estabilidade dos resultados, o que tem<br />

implicações logísticas importantes, em termos<br />

de previsão da coleta e investimentos em frota.<br />

A coleta organizada em 31 rotas diárias<br />

implicaria rodar, em média, 6,7 mil quilômetros<br />

diariamente (Figura 2), captando um volume médio<br />

de 392,3 mil litros de leite (Figura 3).<br />

As rotas são razoavelmente curtas,<br />

sinalizando para a economicidade da coleta<br />

comparativamente a outras regiões brasileiras,<br />

particularmente nas regiões de expansão recente<br />

como Goiás. Mato Grosso e Pará. Como o volume<br />

médio de leite coletado nas unidades de produção<br />

é alto dado o nível de especialização do processo<br />

Figura 2. Quilometragem total percorrida para a captação de leite da Cooperativa Agropecuária<br />

Castrolanda, segundo os agrupamentos.<br />

produtivo, a densidade média é extremamente<br />

elevada para a realidade brasileira, com destaques<br />

para os resultados do agrupamento "Carambeí"<br />

(Figura 4).<br />

3.2 Resultados da simulação da coleta de<br />

leite<br />

Realizaram-se algumas simulações com o<br />

objetivo de discutir formas de racionalizar o<br />

processo de coleta, com alterações nos veículos e<br />

nas necessidades de coleta.<br />

O modelo original refere-se aos resultados<br />

obtidos pelo processo de modelagem, na forma<br />

real. O modelo truck considera coleta com utilização<br />

de trucks e carretas, procurando dimensionar<br />

as vantagens econômicas de se aumentar a capacidade<br />

média dos veículos utilizados. O modelo<br />

toco considera coleta com utilização de tocos e<br />

Fonte: Resultados da pesquisa.<br />

PIRAI PONTA GROSSA CARAMBEI·<br />

CASTRO<br />

carretas, procurando dimensionar as vantagens<br />

econômicas de se otimizar algumas linhas que<br />

resultavam em coleta com grande capacidade<br />

ociosa dos veículos utilizados. O modelo 48 h<br />

considera que todas as unidades de produção<br />

possuem tanques de expansão com capacidade<br />

igual ou superior a dois dias de produção, de modo<br />

a viabilizar a coleta a cada dois dias.<br />

Os resultados são apresentados com base nos<br />

diferenciais de quilometragem média diária rodada,<br />

para diferentes agrupamentos (Figura 5). Foram<br />

registradas as vantagens da coleta 48 h para todos<br />

os parâmetros, e este resultado reflete o peso das<br />

economias proporcionadas nas rotas específicas<br />

de carretas (Castrolanda e Carambeí) . Porém, a<br />

viabilização deste sistema implica alto<br />

investimento para aquisição e preparação das<br />

instalações para aumentar a capacidade de<br />

armazenamento nas unidades de produção.<br />

CASTROLANDA CARAMBEI TOTAL<br />

Figura 3. Litros de leite coletados, por agrupamento, dias I e 2, Cooperativa Castrolanda.<br />

900.00<br />

800.00 /'<br />

700.00 /'<br />

600,00 /'<br />

500,00<br />

400,00<br />

300,00<br />

200,00<br />

100,00<br />

Fonte: Resultados da pesquisa,<br />

COlA 1 18,81 56,87<br />

----- --<br />

CDIA 2 124<br />

I .MEDIA 18,11 90.30<br />

54 ,83<br />

55<br />

54 ,88<br />

104,00 413,81 129,27<br />

--1---<br />

--1-<br />

855<br />

-- -<br />

229,19<br />

98,44 634 .40 179.23<br />

------ - - ----<br />

Figura 4. Densidade da coleta (l/km), por agrupamento, dias I e 2 da Cooperativa Agropecuária Castrolanda,<br />

Pág. 18 Pág. 19<br />

digitalizado por<br />

93<br />

- -<br />

DIA 2<br />

DIA 1<br />

arvoredoleite.org


Entretanto, a coleta com veículos toco adicionou<br />

quilometragem rodada ao sistema.<br />

3.3 Estimativas de custos de transporte de<br />

leite<br />

O sistema de custeio adotado foi o custopadrão,<br />

que objetiva estabelecer medidas de<br />

comparação que permitam efetuar o controle dos<br />

custos (Horngren, 1978). Para fins de apuração<br />

de custos, utilizaram-se os veículos VW 23.210<br />

truck (12.700 kg), VW 15.180 toco (8.500 kg),<br />

e para carretas, veículo Mercedes-Benz, com<br />

respectivos desempenhos e necessidades de<br />

manutenção apurados no mercado e nos manuais<br />

dos respectivos veículos.<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

A quilometragem média diária rodada pelos<br />

veículos e a carga média tracionada foram<br />

estimadas, tendo por base que em cerca da<br />

metade (50%) do mês os veículos fazem duas<br />

rotas diárias, sendo utilizados os seguintes<br />

valores: toco - 300 km e 7,8 t; truck - 250 km e<br />

10,6 t; e carreta - 250 km e 22 t.<br />

A Tabela I mostra o custo de captação de<br />

leite em R$/t, R$/I e R$/km, segundo diferentes<br />

tipos de veículo. Conforme se observa, o volume<br />

transportado e a quilometragem rodada exercem<br />

influência significativa na redução dos custos de<br />

transporte, no tocante à contribuição ao rateio<br />

dos custos fixos da atividade. A destinação do<br />

veiculo truck representa um ganho de 29% em<br />

relação ao toco. A possibilidade de melhora é ainda<br />

Tabela 1. Custos, distância percorrida e volume transportado na captação mensal de leite, segundo os veículos.<br />

Custos/Veículo R$/mês km/mês R$/km tlmês<br />

Toco 13.250 356<br />

Fixos 5.945,00 0,44037<br />

Variáveis 4.053,03 0,30022<br />

Total 9.998,03 0,74059<br />

Truck 11.250 478<br />

Fixos 4.799,93 0,42666<br />

Variáveis 4.726,19 0,4201 I<br />

Total 9.526,12 0,84677<br />

Carreta 11.250 990<br />

Fixos 6.242,83 0,55492<br />

Variáveis 9.021,68 0,80193<br />

To tal 15.264,5 1 1,35685<br />

Fonte: Dados da pesquisa.<br />

Cnrnmbol<br />

Castrolnrda<br />

ClI"ambol-Cmlro<br />

Ponla Grassa<br />

Plraf<br />

Fonte: Resultados da pesquisa.<br />

·15 56<br />

·ro.75 ••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••<br />

'"''''''''''''''''''''''' '''''<br />

lo Truck /I Toco f] 48 hl<br />

-18.25 , ••••••••••••••••••••••<br />

-eo,OO% -50,00% ·40PO'Y. .30,00°;. -20,00% -10,00"1. O,oO'Y.<br />

R$/t<br />

28,08985<br />

19,92912<br />

15,41870<br />

10,00% 20,00%<br />

Figura 5. Comparações da quilometragem rodada (em %) com os resultados originais.<br />

Pág. 20<br />

R$/I<br />

0,0281<br />

0,0199<br />

0,015<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />

maior no caso do uso de carretas, implicando uma<br />

redução de custos de 25% em relação ao truck e<br />

quase 50% em relação ao toco. Porém, a realidade<br />

muitas vezes inviabiliza a aplicação desta lógica<br />

econômica em função de fatores como qualidade<br />

das estradas e pátios de manobras.<br />

Com base nestes custos apurados (Tabela<br />

1), estimou-se a coleta diária dos cerca de 392<br />

mil litros de leite em base por R$/km e por R$/<br />

litro. O custo médio (entre os dias 1 e 2) estimado<br />

para a coleta com a remuneração da quilometragem<br />

foi de R$ 6.203,04 (Figura 6), o que significaria<br />

um custo unitário, de R$ 0,92/km.<br />

Caso o pagamento ocorresse na base R$/litro,<br />

o custo diário da coleta seria de R$ 8.004,75 (Figura<br />

7), equivalendo a um custo unitário de R$ 0,20/1.<br />

Este custo seria 23% inferior ao frete atualmente<br />

7.000.00<br />

6.000.00<br />

5.000.00<br />

4.000.00<br />

3.000.00<br />

2.000.00<br />

1.000.00<br />

Fonte: Resultados da pesquisa.<br />

PIRN<br />

PalTA CARAMB Ef·<br />

GlCSSA CAS TRO<br />

11 DIA 1 1.577.54 287.65 2.477.20<br />

ODlA2 1315.72 330.29 2.659.80<br />

!;9Médo 1.446.63 308.97 2.568.50<br />

praticado no mercado regional (R$ 0,026/1). No<br />

entanto, na prática, estes custos serão ainda<br />

menores por que a coleta já está atingindo a quase<br />

500 mil litros dia, cerca de 65 mil além do volume<br />

total que foi utilizado para esta simulação<br />

operacional do modelo.<br />

. Para este adicional, entende-se que o<br />

acréscimo de quilometragem será ínfimo. Isto<br />

significa que a coleta ocorrerá com maior<br />

densidade (I de leite/km), e os veículos reduzirão<br />

o nível de capacidade ociosa, fazendo convergir<br />

os custos nas bases R$/km e R$/1. Por exemplo,<br />

no caso do custo da coleta na base de remuneração<br />

R$/l atingir o valor de R$ 6.203,04, o custo<br />

unitário do leite coletado seria de R$ 0,0 1 6/litro,<br />

38,46% inferior ao valor praticado no mercado<br />

no momento.<br />

CASTRO- CARAMBEf TOA!.<br />

LANDA<br />

1755.19 113.98 6.211.55<br />

1.767.97 120.76 6.194.54<br />

1761.58 117.37 6.203.04<br />

Figura 6. Custo total da coleta, segundo os agrupamentos, em R$/km.<br />

9.000.00<br />

8.000.00<br />

7.000.00<br />

6.000.00<br />

5.000.00<br />

4.000.00<br />

3.000.00<br />

2.000.00<br />

1.000.00<br />

Fonte: Resultados da pesquisa.<br />

PIRN<br />

CARAMlEf· CASTRQAt-O CARAMlEf TOAL<br />

CASTRO A<br />

liI DIA 1 871.00 465.SO 4.063.64 2.074.40 535.95 8.010.SO<br />

ODlA2 968.59 457.86 4.179.34 1.865.88 527.32 7.999.00<br />

eltvEDlA 919.80 461.68 4.121.49 1.970.14 531.64 8.004.75<br />

Figura 7. Custo total da coleta, segundo os agrupamentos, em R$/litro.<br />

Pág. 21<br />

digitalizado por<br />

arvoredoleite.org


4 -CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

As principais conclusões que podem ser<br />

extraídas deste trabalho referem-se às vantagens<br />

oferecidas pelo modelo desenvolvido em relação<br />

às sistemáticas empíricas e aos modelos comerciais<br />

importados e que foram originalmente desenvolvidos<br />

para solucionar problemas de otimização<br />

de captação de lixo urbano ou de distribuição de<br />

gás de cozinha. A ênfase no processo de racionalização<br />

foi dada nos aspectos custos de captação<br />

e na racionalização da frota.<br />

Os resultados gerados proporcionam a<br />

possibilidade de um gerenciamento eficiente da<br />

logística, à medida que são racionalizados os custos<br />

da coleta e a frota utilizada. A racionalização diária<br />

das rotas permite a transparência quanto aos<br />

resultados econômicos da frota, viabilizàndo<br />

alternativas de gerenciamento quanto à destinação<br />

dos veículos, busca de negócios complementares<br />

no período de entressafra e utilização de parcerias<br />

com autônomos para a redução do volume de<br />

capital imobilizado nos ativos (caminhões) de alta<br />

especificidade.<br />

Fundamentalmente, a racionalização da<br />

coleta proporciona o melhor gerenciamento das<br />

variáveis mais relevantes do custo de captação,<br />

que são o volume de leite coletado, a quilometragem<br />

percorrida na coleta, que formam o<br />

indicador da densidade (litros de leite por km), e<br />

o número de veículos apropriados às condições<br />

da coleta.<br />

As principais vantagens oferecidas pela<br />

fe rramenta desenvolvida em relação às<br />

sistemáticas empíricas e aos modelos comerciais<br />

importados podem ser enumeradas como: I) Foi<br />

desenvolvida especificamente para solucionar o<br />

problema da gestão logística de captação de leite,<br />

em nível de unidades de produção; 2) permite<br />

racionalização com frota diversificada; 3)<br />

permite avaliação específi ca das condições das<br />

unidades de produção ; e 4) permite gerar<br />

relatórios específicos de acordo com o interesse<br />

da Castrolanda.<br />

Ressalta-se também que o domínio<br />

gerencial agora possível pode tornar-se uma<br />

variável estratégica para a empresa, por exemplo,<br />

para alterar a forma de comercialização do<br />

leite para a base CIF, isto é, cobrando o preço<br />

entregue na porta do comprador, o que implica<br />

internalizar a logística.<br />

5 - ABSTRACT<br />

The objective of this work was the<br />

development of a software to rationalize the<br />

logistic of milk collection in the Cooperativa<br />

Pág. 22<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Agropecuária Castrolanda Ltda (PR). Such<br />

concern had origin in the reorganization tried<br />

in the dairy sector, since the mid 90's, when it<br />

was introduced and spread the milk collection in<br />

isothermal trucks, with important collection cost<br />

reduction and also in the quality improvement<br />

of the raw material. The units of production<br />

were aggregated in 5 geographic areas and the<br />

mo dei utilized the heuristic of the economies of<br />

Clarke and Wright (CW), minimizing total<br />

covered, as a proxy of the transport costs,<br />

subject to the restrictions of production in the<br />

properties, capacity of the tanks, type of<br />

accessible truck in the main, secondary roads<br />

and in the access ways. The main conclusions<br />

were that there are advantages of the model,<br />

specially related to the empirical systematic ant<br />

to the imported commercial models originaIly<br />

developed to solve problems of optimization of<br />

the capitation of urban garbage or kitchen gas<br />

distribution . On the other hand, it was signaled<br />

that the levei of economic return is related the<br />

extend of the storage capacity of the production<br />

units, the number of colIection trucks as well as<br />

the use of bi-trains in case of long distance<br />

transportation.<br />

Key-words: Milk Agribusiness; Logistics;<br />

Operational Research, Software.<br />

6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

BRANDÃO, A.S.P. e LEITE, J.L.B. Características<br />

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agronegócio do leite no Brasil. Juiz de Fora:<br />

Embrapa Gado de Leite, 2001, p. 33-48.<br />

ANÁLISE DOS DETERMINANTES DA EFICIÊNCIA NAS TRANSAÇÕES DE EXPORTAÇÕES<br />

DE PRODUTOS LÁCTEOS BRASILEIROS<br />

Analysis of efficiency determinants for brazilian dairy products exports<br />

•<br />

RESUMO<br />

Aryeverton Fortes de Oliveira 1<br />

Lorildo Aldo Stock1<br />

A existência de barreiras tarifárias e não tarifárias para a exportação dos produtos<br />

pautam a discussão sobre o acesso a mercados de produtos agropecuários, mas não se<br />

pode perder de foco a eficiência na abertura e manutenção dos canais comerciais, reduzindo<br />

custos de transação com o exterior. Pela pressão natural por redução de margens de<br />

lucro, a busca pela competitividade na exportação de commodities inclui todo um esforço<br />

de redução de custos de produção e de transação. Problemas de informação assimétrica<br />

sobre os produtos limitam as transações na exportação. Focalizando os principais destinos<br />

de produtos lácteos, o propósito deste artigo consiste em identificar, em linhas gerais, os<br />

principais pontos críticos no processo de exportação; e pensar os incentivos que podem<br />

ser providos por políticas comerciais específicas. Como referencial teórico, emprega-se<br />

a Nova Economia Institucional, com especial interesse pelos problemas ligados com<br />

falhas de informação e formas de transpor essas barreiras e aumentar a vantagem<br />

competitiva desses produtos. Entender as formas de superação da assimetria de informações<br />

no mercado externo é essencial para a provisão de incentivos eficientes à qualidade dos<br />

produtos, tornar tornando os termos de troca atraentes com a criação de expectativas<br />

favoráveis nos consumidores.<br />

Palavras-chave: Exportação de lácteos, reputação, sinalização, indicação de orige m.<br />

1 Pesquisadores da Embrapa Gado de Leite.<br />

digitalizado por<br />

arvoredoleite.org<br />

Pág. 23


INTRODUÇÃ O<br />

Para o setor de lácteos, a exportação emerge<br />

como um desafio e como um indutor do desenvolvimento.<br />

As transações internacionais<br />

envolvem a superação de entraves de diversas<br />

naturezas, como as barreiras tarifárias e não<br />

tarifárias amplamente discutidas na literatura, e os<br />

aspectos informacionais que a literatura econômica<br />

recente incorpora como uma das causas de ineficiência<br />

do mercado na condução de transações.<br />

Na presença de assimetria de informações os<br />

mercados estabelecem um ponto de equilíbrio que<br />

cria incentivos para a produção de bens com<br />

qualidade inferior, um dos grandes problemas já<br />

enfrentados peJos produtos lácteos nacionais.<br />

A distorção criada pela incerteza e a<br />

sinalização inadequada da qualidade na produção<br />

pode, por exemplo, abrir espaço para triltamento<br />

discri minatório dos produtos lácteos brasileiros,<br />

como recentemente detectado com relação ao<br />

México, que não comprava leite em pó do Brasil<br />

sob alegação de que no país existiam focos de<br />

febre aftosa. Os problemas informacionais requerem<br />

que medidas prévias sejam tomadas para a<br />

sustentação das estratégias de promoção das exportações<br />

e o fortalecimento da posição dos<br />

negociadores internacionais, que nos próximos<br />

anos participarão de uma ampla discussão sobre a<br />

liberalização multilateral do comércio.<br />

No cenário de liberalização multilateral do<br />

comércio, amplia-se o conjunto de bens ofertados<br />

e dificulta-se a tarefa de diferenciá-los a partir de<br />

indicações de marca e certificados de qualidade,<br />

por exemplo. Disc ute-se neste artigo a possibilidade<br />

de utilizar a denominação de origem<br />

como um fator chave para a inserção e ampliação<br />

do consumo dos bens nos mercados estrangeiros,<br />

especialmente para os que não contam com a<br />

reputação, os canais de divulgação e o poder das<br />

marcas de empresas multinacionais. Este texto<br />

pretende ampliar as bases para a discussão de uma<br />

estratégia de influência positiva da percepção dos<br />

consumidores estrangeiros em torno da qualidade<br />

dos produtos lácteos brasileiros, já que a inserção<br />

internacional tem sido um dos focos do setor.<br />

Para superar o problema da assimetria de informações<br />

sobre a qualidade dos produtos, busca-se a<br />

compreensão dos mecanismos de sinalização,<br />

fi ltragem, credibilidade e efeito reputação, como<br />

discutidos na próxima seção.<br />

REVISÃO DE LITERATURA<br />

Nesta seção apresenta-se uma breve exposição<br />

da Nova Economia Institucional (NEI),<br />

incluindo a análise dos custos de transação e os<br />

Pág. 24<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />

problemas relacionados com a assimetria de<br />

informações. Segundo North (2003), NEI constitui<br />

uma teoria das instituições na economia,<br />

modificando a teoria neoclássica para compreender<br />

os limites do mercado bem como o papel<br />

das instituições na promoção da eficiência nas<br />

transações. A NEI sustenta a suposição básica de<br />

escassez de recursos e de competição entre os<br />

agentes, mas incorpora na discussão uma visão<br />

interativa entre o ambiente institucional e os<br />

arranjos institucionais que conduzem as transações,<br />

como explica Williamson (1996).<br />

Parâmctros dc<br />

dcslocamcnto<br />

Atributos<br />

cnmpnrtamcntuis<br />

Fonte: Williamson (1996)<br />

---- -<br />

-------------,<br />

I<br />

I<br />

I<br />

I<br />

I<br />

I<br />

I<br />

I<br />

I<br />

I<br />

Prcfcrênd,L :<br />

r----l-----L __ +--, _l:: __ =l<br />

Figura 1 - Combinação da vlsao do ambiente<br />

institucional com aJTanjos institucionais<br />

A Figura I ilustra a interação entre os<br />

elementos de análise presentes na NEI. Como<br />

explica Zylberstajn (1995), no ponto central estão<br />

as estruturas que governam das transações entre<br />

agentes, da coordenação descentralizada via<br />

mercado à hierarquia, com uma série de formas<br />

híbridas estabelecidas por relações contratuais,<br />

formais ou não. As estruturas de governança são<br />

condicionadas pelos atributos das transações, o<br />

ambiente institucional e o comportamento dos<br />

indivíduos. Sobre o comportamento dos indivíduos<br />

são pressupostos oportunismo, ou seja, um autointeresse<br />

forte, e racionalidade limitada, ou seja,<br />

uma capacidade limitada de vislumbrar os aspectos<br />

de uma transação. A incapacidade de antecipar as<br />

ocorrências futuras torna a formulação de um<br />

contrato completo impossível, enquanto o<br />

oportunismo deixa aberta a possibilidade de haver<br />

respeito aos termos de um acordo, em termos póscontratuais,<br />

ou a inclusão de termos desvantajosos<br />

em um acordo, em termos pré-contratuais.<br />

As instituições representadas no topo da Figura<br />

I emergem da interação entre os agentes no<br />

ambiente das transações, criando regras e normas<br />

que condicionam tanto o comportamento dos<br />

indivíduos quanto das estruturas de governança.<br />

Milgrom e Roberts (1992), focalizando as<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

organizações, apontaram que a análise de sua<br />

eficiência é sistêmica, exigindo que se dê maior<br />

significado às noções relacionadas com a negociação,<br />

implementação e instrumentos que forçam o cumprimento<br />

de acordos, tornando-se assim bem mais<br />

complexa. North (1995) destacou a função da NEI<br />

em compreender a forma como, ao longo do tempo,<br />

foram estabelecidas instituições econômicas e<br />

políticas capazes de reduzir os custos de transação.<br />

Segundo North (1995) os custos de transação<br />

dizem respeito aos custos de obtenção de inforações<br />

sobre preços e qualidades dos produtos,<br />

custos de realizar barganhas, de elaborar contratos e<br />

monitorar desempenho, além de custos de proteger<br />

direitos de propriedade. Conforme Williamson<br />

(1996) descreve, as transações são cercadas de<br />

atributos que condicionam a adequação de diferentes<br />

estruturas de governança para conduzí-Ias.<br />

O primeiro atributo de uma transação referese<br />

à especificidade de ativos, que representa a<br />

impossibilidade de alocar um bem em usos<br />

alternativos sem redução substancial de seu valor.<br />

A especificidade ocorreria em diferentes graus e<br />

diferentes tipos, sendo um dos atributos mais<br />

importantes das transações. Dentre os tipos de<br />

especificidades, Williamson (1996) identificou seis:<br />

a) especificidade locacional , na qual ativos<br />

localizados proximamente criariam economias de<br />

transporte 'e armazenamento; b) especificidade<br />

física: representada pela adequação de partes a um<br />

tipo de produto; c) especificidade do ativo humano,<br />

que surge com o que se aprende fazendo em<br />

determinada atividade, tornando-se específi co a<br />

ela; d) especificidade de ativos dedicados, em que<br />

há dependência do investimento com o retorno<br />

em função de um cliente em particular; e) especificidade<br />

temporal, que garante que a transação<br />

ocorra no espaço de tempo determinado; f)<br />

especificidade de marca, que ocorre quando há risco<br />

e capital envolvidos no uso das marcas.<br />

A especificidade dos ativos nas transações<br />

cria uma quase-renda, de acordo com Klein et aI.<br />

(1978), que é dada pela diferença entre os<br />

rendimentos do emprego do ativo em uma transação<br />

específica em relação ao uso alternativo.<br />

Nessa relação, as partes recebem incentivos para<br />

se comportarem de maneira oportunista e se<br />

apropriarem de ganhos incrementais unilateralmente.<br />

Zylbersztajn (1995) acrescenta que<br />

formas organizacionais melhor estruturadas<br />

existem na medida em que os ativos se tornam<br />

mais específicos, ou seja, associados a formas de<br />

dependência bilateral.<br />

O segundo atributo das transações, a<br />

freqüência com que esta ocorre, é de suma importância<br />

para estabelecer uma estrutura de controle,<br />

como mostra Williamson (1996). Este atributo<br />

digitalizado por<br />

proporéiona a inibição do comportamento oportunista<br />

observado, aumentando a potencialidade de<br />

interrupção futura do negócio como parte<br />

importante do acordo. A elevada freqüência das<br />

transações permite que estruturas mais eficientes<br />

sejam estabelecidas e viabiliza o efeito reputação<br />

corno um mecanismo de controle do oportunismo.<br />

O terceiro atributo de uma transação referese<br />

à incerteza ou complexidade. Masten (1991)<br />

afirma que quanto mais complexa uma transação,<br />

mais difícil fica descrever de maneira completa e<br />

acurada as responsabilidades de cada uma das partes<br />

contratantes, e mais difícil seria para um tribunal<br />

julgar se as obrigações contratuais foram cumpridas.<br />

A complexidade e a incerteza também aumentam<br />

os custos de organização interna, pois<br />

transações mais complexas criam maiores dificuldades<br />

de gerenciamento. Milgrom e Roberts<br />

(1992) ressaltam que a incerteza surge a partir de<br />

informações assimétricas ou incompletas.<br />

O trabalho de Akerlof (1970) foi pioneiro<br />

na análise da falha do mercado na condução de<br />

transações diante de informações assimétricas<br />

sobre a qualidade dos bens e serviços. A impossibilidade<br />

de definição adequada da qualidade dos<br />

produtos levaria o equilíbrio de mercado a ser<br />

estabelecido como preços inferiores, excluindo<br />

da oferta os produtos de maior qualidade.<br />

Teoricamente, a assimetria de informações pode<br />

distorcer as transações conduzidas pelo mercado<br />

a tal ponto que este simplesmente deixe de existir.<br />

Um volume considerável de transações<br />

econômicas, conforme Spence (1975), é realizado<br />

através de pessoas com informações imperfeitas e<br />

diferenciadas, tornando importantes para as<br />

transações as informações de natureza diferente das<br />

presentes nos preços. Os mercados, segundo o autor,<br />

envolveriam processos de classificação e adequação<br />

de produtos através de redes, sinalização e seleção<br />

de informações não relacionadas com preços. Para<br />

o autor, os indivíduos realizam transações repetidamente<br />

como um meio de prover incentivos para<br />

a sinalização crível de informações referentes a<br />

outros atributos. Segundo Spence (1975), a principal<br />

distinção entre firmas e mercados é que as primeiras<br />

são estruturas hierárquicas e de decisão centralizada,<br />

que viabilizam os processos de gestão que melhor<br />

controlam a alocação de recursos, enquanto os<br />

mercados são estruturas descentralizadas que<br />

estimulam a eficiência através da competição.<br />

Para superar as falhas de mercado existiriam<br />

os mecanismos de a sinalização e a fi ltragem<br />

(screening). A importância do mecanismo de<br />

sinalização como meio de corrigir falhas de<br />

mercado na presença de informação assimétrica<br />

foi primeiramente proposta por Spence (1973),<br />

analisando o mercado de trabalho tanto pelo fato<br />

Pág. 25<br />

arvoredoleite.org


de existir informação assimétrica quanto pela<br />

freqüência das transações serem pequenas entre<br />

um trabalhador e outros empregadores. Em seu<br />

trabalho, o autor declarou ser a sinalização um<br />

conjunto de informações apresentadas por um<br />

agente para convencer outra parte de seus atributos.<br />

Como ressalta Boccaletti (1999), os produtos<br />

alimentícios são bens de experiência, ou<br />

seja, bens cujos atributos só podem ser reconhecidos<br />

após o consumo. Atributos menos<br />

tangíveis, relacionados com a segurança do<br />

alimento e características nutricionais não são<br />

perceptíveis diretamente ao consumidor mesmo<br />

após o consumo. O autor estabelece um modelo<br />

para o comportamento do consumidor com relação<br />

ao consumo de alimentos que mostra a<br />

avaliação individual como dependente da busca<br />

por informação . Steenkamp (1997), citado por<br />

Boccaletti (1999), aponta os critérios importantes<br />

para avaliação de um produto alimentício: qualidade,<br />

preço, marca/reputação, frescor e garantia.<br />

A garantia é dada pela marca em si, pelos selos de<br />

qualidade e pela indicação de origem.<br />

Boccaletti (1999) aponta a designação de<br />

origem como um sinal indicativo de qualidade para<br />

os produtos alimentares que dependem da<br />

experiência do consumidor para reconhecimento<br />

dos atributos. Contudo, o autor ressalta que para<br />

tornar a indicação de origem um sinal efetivo de<br />

qualidade, os produtores devem prover um produto<br />

com um nível constante de qualidade suportado com<br />

investimentos intangíveis em reputação de origem.<br />

É preciso estabelecer um sistema efetivo para<br />

controle da produção, evitando o efeito carona, em<br />

que produtores rompem padrões de qualidade para<br />

conseguirem lucros extraordinários utilizando a<br />

designação de origem. Organizações devem<br />

estabelecer um sistema efetivo de controle para<br />

preservar a aplicação de regras de produção, como<br />

explica o autor, criando mecanismos para assegurar<br />

que um bem foi produzido através de métodos<br />

tradicionais, regulados por protocolos oficiais.<br />

Em consonância com o mecanismo de<br />

sinalização, Machado (2002) aponta para a<br />

importância da reputação para o controle do<br />

oportunismo dos agentes na presença de<br />

informação assimétrica, sendo esta importante<br />

também para a redução dos custos de transação<br />

na realização de novos negócios. A reputação<br />

seria a soma dos conhecimentos desenvolvidos<br />

pelo consumidor com relação à organização ou<br />

pessoa ao longo do tempo, segundo Machado<br />

(2002), sendo um importante mecanismo para<br />

forçar o cumprimento de acordos. A Figura 2<br />

mostra a interação essencial para a formação da<br />

reputação. O desempenho dos produtos anteriormente<br />

observado pelos consumidores, o<br />

Pág. 2 6<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

l1111rketing, os serviços oferecidos junto com os<br />

produtos e os atributos detectáveis de qualidade<br />

alteram a reputação sobre marcas, certificados,<br />

relacionamento e outros sinais emitidos pelos<br />

vendedores aos consumidores de produtos.<br />

Fonte: Machado (2002)<br />

Figura 2 Formação da reputação.<br />

A reputação pode ser cara demais para ser<br />

obtida individualmente, para cada produto, mas<br />

Wernerfelt (1988), citado por Riley (2001), argumenta<br />

é mais barato sinalizar a qualidade<br />

produtos individuais construindo sua reputação sob<br />

a reputação das firmas. Enquanto a reputação não<br />

é estabelecida, produtos devem ser comercializados<br />

a preços baixos para atrair clientes, significando<br />

estes preços baixos um processo de investimento<br />

na construção da reputação.<br />

No comércio norte-sul intra industrial onde<br />

os indivíduos valorizam a qualidade dos bens. a<br />

reputação do produtor é fu ndamental para a<br />

decisão de aquisição do bem. Se a reputação de<br />

ingressantes de um país é baixa, barreiras<br />

informacionais surgem. Chisik (2002) constrói<br />

um modelo em que a reputação do país de origem<br />

determina a qualidade do produto exportado e<br />

também o tipo de produto no qual o país se<br />

especializa. O padrão de comércio internacional<br />

pode ser determinado pela vantagem competitiva<br />

oferecida pela reputação. O autor mostra que se<br />

os consumidores mantêm expectativas negativas<br />

para os produtos oriundos de países no hemisfério<br />

Sul, o progresso econômico tanto no norte como<br />

no Sul altera os termos comerciais de maneira<br />

desfavorável às exportações do Sul, reduzindo o<br />

incentivo aos países do sul produzirem produtos<br />

de maior qualidade. O autor mostra também que a<br />

redistribuição de renda pode favorecer a demanda<br />

por produtos do Sul.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃ O<br />

FAO (2003) destaca um crescimento de<br />

aproximadamente 60%, entre os períodos 1964-<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

66 e 1997-99, no consumo de leite e derivados nos<br />

países em desenvolvimento. O órgão aponta um<br />

crescimento de 44% no consumo de produtos<br />

pecuários para 2030, o que delineia um cenário<br />

favorável para a inserção internacional.<br />

A busca de competitividade passa por uma<br />

estratégia adequada de inserção de produtos no<br />

mercado internacional lidando com o problema da<br />

assimetria de informações. Um dos grandes desafios<br />

para as empresas brasileiras consiste na inserção<br />

competitiva de seus produtos em mercados tra­<br />

dicionalmente dominados por grandes grupos trans-<br />

Tabela 1 . Classificação Mundial de Laticínios por Faturamento Global.<br />

nacionais, como mostrado na Tabela 1, que possuem<br />

marcas e reputação estabelecidas, ou seja, que<br />

possuem vantagens comparativas, em termos<br />

informacionais, no ingresso em outros mercados.<br />

A partir da discussão na seção anterior,<br />

depreende-se que uma das principais estratégias<br />

pode ser o lançamento de marcas comerciais<br />

brasileiras com mesma identidade visual e indicação<br />

de origem, para que se estabeleça uma percepção<br />

favorável aos produtos nacionais junto aos<br />

consumidores estrangeiros. A exportação de lácteos<br />

entre junho de 2004 e maio de 2005 foi constituída<br />

País sede<br />

Faturamento U$ Número de países<br />

Empresas<br />

da empresa Bilhões - 1999 onde atua - 2005<br />

Suíça NESTLE 13,4 86<br />

EUA DAIRY FARMERS OF AMERICA 7,3 X<br />

França DANONE 6,7 35<br />

Itália PARMALAT 6,5 26<br />

EUA SUIZA FOODS 6 4<br />

Dinamarca ARLA FOODS 5,5 23<br />

França LACTALIS 5,4 12<br />

Holanda CAMPINA MELKUNIE 5,2 8<br />

Japão SNOW BRAND 4,7 X<br />

Reino Unido UNILEVER 4,5 X<br />

Holanda FRIESLAND COBERCO DAIRY FOODS 4,5 X<br />

EUA PHILIP MORRIS 4,3 X<br />

França BONGRAIN 3,9 28<br />

EUA LAND O'LAKES 3,3 X<br />

Japão MEIJI MILK PRODUCTS 3,2 2<br />

França SODIAAL 3, I X<br />

EUA DEAN FOODS 3 4<br />

Japão MORIGANA 2,9 X<br />

Alemanha NORDMILCH 2,7 X<br />

Irlanda GLANBIA 2 5<br />

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de Zoccal (2005)<br />

Tabela 2. Principais produtos da pauta de exportação de lácteos, Junho/04 a Maio/05.<br />

MERCADORIA / PAÍS<br />

jun/04 - mai/05<br />

040 1.30.29 OUTS.CREMES DE LEITE,MATERIA GORDA>6% 2.920.385<br />

0402.10.10 LEITE EM PO,MAT.GORDA


em grande medida por c01n11lodities, leite em pó,<br />

outros leites, cremes de leite e concentrados, como<br />

se observa na Tabela 2.<br />

A experiência prévia com produtos de<br />

natureza semelhante ressalta que maior cuidado<br />

deve ser tomado com produtos finos, especialmente<br />

em países de renda mais elevada e com mercados<br />

relativamente abertos, onde os habitantes podem<br />

consumir mais produtos e compará-los . Ao contrário<br />

das cOllllllodities, os queijos são vinculados à<br />

produção tradicional. O aspecto educacional<br />

interfere na culinária e nos hábitos de consumo,<br />

tornando crítico o tratamento a ser dado às<br />

informações passadas aos consumidores. As informações<br />

de rótulos podem ressaltar aspectos<br />

positivos e peculiares do país de origem já assimilados<br />

pelos consumidores, reforçando inclusive<br />

a identidade geográfica aproveitando-se da boa<br />

reputação criada por outros produtos. Informações<br />

mais detalhadas sobre a sanidade ao longo dos<br />

processos de produção e diferentes etapas da cadeia<br />

devem ser passadas aos consumidores em embalagens<br />

e folhetos de divulgação, dada a atual<br />

preocupação com a segurança dos alimentos em<br />

países desenvolvidos.<br />

A experiência com outros produtos pode<br />

ressaltar o papel dos selos de qualidade que revelam<br />

a adequação do produto a padrões reconhecidos.<br />

Isto representa uma forma de reduzir a incerteza<br />

para os consumidores com relação à qualidade dos<br />

bens, especialmente na fase de introdução do<br />

produto em um novo mercado. Se os consumidores<br />

possuem experiência anterior com outros bens, as<br />

indicações extrínsecas de atributos menos tangíveis<br />

do produto perdem eficiência na influência do<br />

indivíduo, mas a ausência de tais indicações<br />

compromete o poder de persuasão do vendedor.<br />

A experiência prévia com os países e regiões<br />

de origem são fatores determinantes da avaliação<br />

de qualidade. Neste ponto a regulação assume um<br />

papel essencial, estabelecendo um processo de<br />

controle de qualidade, um padrão a ser seguido e<br />

punições para os agentes que violem as condições<br />

de produção específicas. Não adianta apenas criar a<br />

marca Brasil, o país precisa ser conhecido pela<br />

qualidade e valor agregado dos seus produtos. A<br />

possibilidade de utilizar uma designação valiosa atrai<br />

produtores oportunistas, que a utiliza para venda de<br />

produtos de baixa qualidade, reduzindo a importância<br />

da designação de origem na diferenciação dos<br />

produtos. Um padrão de qualidade adequado<br />

estabelece uma sinalização mais eficiente e reduz os<br />

riscos de problemas com a segurança do alimento. É<br />

importante destacar que a reputação criada em torno<br />

de um produto alimentício tende a ser atribuída a<br />

produtos semelhantes da mesma origem, fortalecendo<br />

a imagem do país como produtor de<br />

Pág. 28<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

alimentos de qualidade. A reputação individual tende<br />

a ser substituída pela reputação coletiva.<br />

A instrução normativa 51 representa um<br />

avanço nesses termos. Ao entrar em vigor a partir<br />

de primeiro de julho de 2005 nas regiões Sul, Sudeste<br />

e Centro-Oeste, a instrução normativa estabelece<br />

padrões para os diferentes tipos de leite fluido. A<br />

padronização tende a fortalecer indicações de<br />

orige m, pois a variabilidade de produtos no<br />

território nacional é reduzida. A indicação de origem<br />

passa a sumarizar um conjunto de atributos<br />

com a padronização, constituindo um atributo por<br />

si própria. Contudo, a experiência dos consumidores<br />

com o produto em questão precisa ser<br />

maior, com esforços para a participação em feiras<br />

e divulgação do produto diretamente em mercados<br />

estrangeiros, levando informações sobre a origem,<br />

a marca, os certificados e indicadores de qualidade<br />

do produto ao mesmo tempo em que o consumidor<br />

o experimenta.<br />

Uma das estratégias de influência dos<br />

consumidores consiste na educação direta.<br />

Campanhas educacionais são conduzidas para<br />

ampliar o consumo de leite e derivados, reforçando<br />

a importância nutricional desses produtos.<br />

Diferentes grupos de produtores e grandes<br />

empresas multinacionais buscam maneiras de<br />

incentivar o consumo de seus produtos com a<br />

divulgação de receitas culinárias, dicas de nutrição,<br />

informações históricas e peculiaridades do<br />

produto, em sites divulgados em diversos idiomas.<br />

CONCLUSÃ O<br />

O ingresso dos lácteos no mercado internacional<br />

representa um grande desafio para o<br />

setor. Além dos entraves relacionados com barreiras<br />

sanitárias, técnicas, tarifárias e outras artificialmente<br />

impostas, há uma grande dificuldade de transmissão<br />

de informações aos parceiros internacionais. Da<br />

revisão de literatura apresentada neste texto<br />

delineou-se de maneira abrangente as formas de<br />

intervenção nos mercados para aprimorar a<br />

transmissão de informações. Identificou-se que as<br />

empresas precisam desenvolver marcas, adotar<br />

certificados e selos de qualidade, melhorar a<br />

apresentação dos produtos, como embalagens,<br />

rótulos e informações complementares.<br />

Serviços adicionais podem também ser<br />

oportunos para promover os produtos. Especialmente<br />

na apresentação de produtos de maior<br />

valor adicionado, a identificação de uma marca<br />

associada com um selo indicador de origem, pode<br />

captar atributos de qualidade e aumentar o valor<br />

atribuído aos demais produtos de natureza ou<br />

categoria semelhante, por reforçar a imagem do<br />

país como origem de bens de qualidade.<br />

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ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

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1995. 241p. Tese (Livre-Docência) Faculdade<br />

de Economia, Administração e Contabilidade,<br />

Universidade de São Paulo.<br />

• • •<br />

DESENVOLVIMENTO DE IOGURTE COM LACTOSE REDUZIDA PARA PACIENTES<br />

INTOLERANTES POR MEIO DE FERMENTAÇÃO E ADiÇÃO DE LACTASE<br />

Development of yogurt with reduced lactose levei for intolerant patients by<br />

fermentation and lactase addition<br />

Universidade Estadual do Oeste do Paraná/UNIOESTE - Cascavel - Paraná,<br />

1 Farmacêutica, acadêmica do Curso na habilitação em Análises Clínicas.<br />

Franciele Maciel CEZARl<br />

Luciana OLIVEIRA de Fariiia, D.S.2<br />

Deisy Alessandra DRUNKLER, M.S.2<br />

Márcia Cristina Dalla COSTA, M.S.2<br />

2 Professora Colegiado de Farmácia - Centro de Ciências Médicas e Farmacêuticas. lucianaf@unioeste.br<br />

digitalizado por<br />

Pág. 29<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

RESUMO<br />

A intolerância à lactose vem sendo cada vez mais observado no Brasil nos últimos anos.<br />

Ela é caracterizada pela incapacidade do organismo em hidrolizar a lactose presente no<br />

leite e seus derivados devido à ausência ou quantidade reduzida da enzima lactase no intestino,<br />

o que leva à ocorrência de sintomas como diarréia, produção excessiva de gases, dor por<br />

distensão abdominal, flatulência, náuseas e vômitos. O objetivo deste trabalho foi<br />

desenvolver um iogurte sem lactose, por meio de fermentação convencional e adição de<br />

lactase para possibilitar o consumo deste produto por pessoas intolerantes. A elaboração<br />

do iogurte foi realizada em três tratamentos com adição de lactase em diferentes momentos<br />

da fabricação. Cada tratamento foi realizado em quatro repetições que foram comparados<br />

a um controle. Os produtos obtidos foram submetidos a análises composicionais e físicoquímicas<br />

segundo metodologias descritas em PEREIRA et aI. (2001). Para o leite utilizado<br />

na fabricação foram realizadas as análises composicionais de gordura, extrato seco<br />

desengordurado, proteínas e lactose, e as análises físico-químicas de densidade, acidez e pH.<br />

Para o iogurte elaborado foram realizadas as análises composicionais de gordura, umidade,<br />

proteínas totais, glicídios totais e lactose, e as propriedades físico-químicas de acidez, pH<br />

e viscosidade. As análises foram realizadas em duplicata e comparadas a padrões da legislação<br />

para leite (BRASIL, 2002) e produtos fermentados (BRAS IL, 2001) e a dados da literatura.<br />

O teor de lactose foi determ inado pelo método enzimático Lactose/D-Gal actose<br />

(BOEHRINGER-MANNHEIN - Alemanha) tanto para o leite quanto para o iogurte. Os<br />

resultados obtidos foram submetidos a análise de variância e quando detectada diferença<br />

significativa ao nível de 5% de probabilidade foi aplicado o teste de Tukey. O tratamento<br />

com adição de lactase ao leite a 42°C, com tempo de incubação total de quatro horas,<br />

seguido de resfriamento a 10°C, foi o que apresentou melhor resultado, atingindo hidrólise<br />

total de lactose, apresentando composição e características físico-químicas adequadas à<br />

legislação. A partir deste resultado conclui-se que é possível produzir um iogurte sem<br />

lactose, atendendo às necessidades daquelas pessoas intolerantes à lactose em relação ao<br />

consumo de produtos lácteos.<br />

Palavras-chave: Iogurte, lactose, intolerância, lactase.<br />

1 - INTRODUÇÃ O<br />

A intolerância à lactose consiste na<br />

ausência ou deficiência na produção de lactase,<br />

que é a enzima responsável por degradar a lactose<br />

proveniente do leite e derivados durante a<br />

alimentação (KRAUSE E MAHAN, 2002).<br />

Luz celular Borda em escova<br />

lACTOSE<br />

A lactose deve ser hidrolisada à glicose e<br />

galactose para poder ser absorvida no intestino<br />

(Figura I). Quando a reação de hidrólise não ocorre,<br />

este dissacarídeo não consegue atravessar a parede<br />

intestinal e com isso passa intacto para o intestino<br />

Barreira<br />

celular<br />

Interior da célula<br />

Galactose<br />

Na<br />

---7 Transportador de<br />

Transportador 1\<br />

\<br />

Glicose Na<br />

I Lactase<br />

Glicose<br />

\<br />

\<br />

Transporte ativo<br />

Na<br />

I<br />

II ---7 Transportador de<br />

Transportador galactose Na<br />

Figura 1. Metabolismo da lactose in vivo (Adaptado de KRAUSE e MAHAN, 1991)<br />

Pág. 30<br />

Galaciose<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

INDIVIDUO<br />

NORMAL<br />

--- -- -- -- -vr,- -- -- -- -- -<br />

Fezes nonnais<br />

INDIVIDUO<br />

LACTASE-DmCIEfE<br />

Figura 2. Mecanismo simplificado da intolerância à lactose (Adaptado de FERREIRA, 2001).<br />

grosso, ou seja, não atinge a corrente sanguínea e<br />

não é transportado para o fígado. A lactose será<br />

então fermentada por bactérias resultando em<br />

produção de ácido lático, desencadeando dores<br />

abdominais, diarréia ácida e gases em grande<br />

quantidade (Figura 2). Diante deste quadro normalmente<br />

se recomenda evitar o consumo de leite<br />

e derivados (SALOFF-COSTE, 1996).<br />

O iogurte é um produto lácteo obtido da<br />

fermentação do leite, envolvendo o uso de culturas<br />

de Lactobacilllls blllgariclls e StreptocoCClIs<br />

tlzermophillls. Ele possui elevado valor nutricional,<br />

uma vez que a fermentação torna seus<br />

constituintes pré-digeridos (SALOFF-COSTE,<br />

1997). O iogurte é bem tolerado por pacientes<br />

com má digestão à lactose, pois diminui os<br />

sintomas da intolerância e reduz o mal-estar<br />

provocado pela diarréia. Isso se deve a vários<br />

fatores, principalmente às bactérias láticas do<br />

iogurte que hidrolisam a lactose, assim como a<br />

consistência espessa que retarda o enchimento<br />

gástrico e o trânsito gastrintestinal (SALOFF­<br />

COSTE, 1996).<br />

Mesmo sendo o iogurte um produto com<br />

menor quantidade de lactose que o leite, pessoas<br />

muito sensíveis ainda sofrem as conseqüências do<br />

seu consumo. O uso da lactase elimina, ou pelo<br />

menos minimiza, este problema, pois sua atividade<br />

substitui a enzima endógena na degradação da<br />

lactose do alimento.<br />

A lactase é uma das primeiras enzimas a ser<br />

prejudicada na vigência de um déficit nutricional,<br />

com redução significativa da sua produção nas<br />

bordas em escova, nas microvilosidades intestinais<br />

(WAITZBERG, 2001).<br />

A fermentação do leite para a produção do<br />

iogurte promove uma redução no teor de lactose<br />

e a aplicação da lactase nesse produto implicaria<br />

digitalizado por<br />

em menores custos (PROZYN®, 2004), pois a<br />

quantidade de lactose a ser hidrolisada seria menor,<br />

uma vez que as monoses em geral têm maior<br />

doçura que os dissacarídeos e a quantidade de<br />

sacarose a ser adicionada no produto final também<br />

seria menor.<br />

O objetivo deste trabalho foi desenvolver<br />

um iogurte sem lactose por meio da fermentação<br />

convencional e adição de lactase, para possibilitar<br />

o consumo deste produto por pacientes intolerantes.<br />

No Brasil cerca de 25% da população<br />

convive com o problema da intolerância à lactose<br />

(BRANDÃ O et aI., 2003), sendo que há um<br />

crescimento na demanda por produtos mais<br />

adequados (SHEFA ... , 2004) e 70% dos adultos<br />

no mundo são incapazes de digerí-la.<br />

O desenvolvimento do iogurte sem lactose<br />

é justificado por ser este um produto com melhor<br />

aceitação do que o leite pela população em geral,<br />

principalmente por crianças e também por ser<br />

um dos setores de maior crescimento no mercado,<br />

apresentando um aumento de 20% de 200 I para<br />

2002, e que continua em desenvolvimento. O<br />

produto constitui uma opção para aquelas pessoas<br />

intolerantes que normalmente teriam que evitar<br />

o consumo de produtos lácteos, as quais tem como<br />

conseqüência menor ingestão de cálcio, podendo<br />

dar início ao desenvolvimento de osteoporose.<br />

Portanto, é nutricionalmente importante considerar<br />

os produtos lácteos em uma dieta saudável,<br />

e principalmente os leites fermentados.<br />

2 - MATERIAIS E MÉTODOS<br />

A produção do iogurte e as análises físicoquímicas<br />

e sensorial, foram realizadas no laboratório<br />

de Bromatologia da Universidade Estadual do Oeste<br />

do Paraná UNI OESTE, campus de Cascavel.<br />

Pág. 31<br />

arvoredoleite.org


2.1 Produção do iogurte com teor reduzido<br />

d e lactose<br />

Os iogurtes fo ram elaborados de acordo<br />

com a técnica normal segundo FERREIRA<br />

(2002), adicionando-se polpa de morango,<br />

aroma de morango, corante natural carmin de<br />

cochonilha, açúcar e cultura lática. Não foi utilizado<br />

conservantes na elaboração do produto.<br />

Para cada repetição (total de quatro repetições),<br />

foram empregados nove litros de leite integral<br />

tipo B pasteurizado, tratado termicamente à<br />

95 °C e resfriado entre 25-35 °C, sendo que<br />

cada tratamento foi produzido com 2 L de leite<br />

e I L foi separado para a realização das análises<br />

físico-q u ímicas .<br />

Foram avaliados três tratamentos com<br />

adição de lactase, adicionada em diferentes<br />

momentos da fabricação do iogurte. Os tratamentos<br />

fo ram comparados a um controle<br />

elaborado sem adição de lactase. Os leites para o<br />

processamento do iogurte foram submetidos aos<br />

seguintes tratamentos:<br />

'<br />

- Tratamento J: adição de lactase ao leite à<br />

42 "C, seguido de incubação por 4 horas,<br />

adição de cultura lática e incubação na<br />

mesma temperatura por mais quatro horas<br />

seguido de resfriamento a 10 0e.<br />

Tratamento 2: adição de lactase juntamente<br />

com a cultura lática e incubação à 42 °C por<br />

4 horas seguido de resfriamento à 10 0e.<br />

- Tratamento 3: adição de cultura lática e<br />

incubação por 4 horas à 42 "C seguido de<br />

resfriamento por 4 horas à 10 °C, quebra<br />

do gel e adição de lactase seguido de um<br />

novo resfriamento à 10 "C por 20 horas.<br />

Controle: elaborado segundo técnica<br />

normal, com incubação à 42 °C por 4<br />

horas, sem adição de lactase.<br />

Após 24 horas de ação da enzima, procedeuse<br />

a quebra dos géis e adição dos demais ingredientes.<br />

O iogurte pronto foi armazenado sob<br />

refrigeração por uma semana para a realização da<br />

análise sensorial e análises físico-químicas.<br />

2.2 Análise físico-química do leite<br />

empregado na fabricação do iogurte<br />

O leite empregado na fabricação do iogurte<br />

foi analisado conforme metodologias descritas<br />

por PEREIRA et ai. (200 I). A análise do teor de<br />

lactose foi realizada utilizando o kit de Determinação<br />

de lactose e D-galactose. Para o leite<br />

foram feitas as análises de densidade, gordura pelo<br />

método butirométrico, extrato seco total pela<br />

fórmula de Fleishmann, proteínas por método<br />

formo\, glicídios totais pelo método de Fehling,<br />

Pág. 32<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

lactose pelo método enzimático citado, acidez<br />

em ácido lático e pH. As análises foram realizadas<br />

em duplicata e os resultados obtidos foram<br />

comparados a padrões da legislação brasileira<br />

(BRASIL, 20(2) e dados de composição média<br />

normal para esse tipo de leite citados na literatura.<br />

2.3 Análise físico-química do iogurte<br />

elaborado<br />

As análises físico-químicas dos iogurtes<br />

foram realizadas de aeordo com a metodologia<br />

proposta por PEREIRA et ai. (200 I). Para a<br />

determinação do teor de lactose, segui-se o<br />

mesmo protocolo do leite. Para o iogurte foi<br />

determinado umidade, extrato seco desengordurado,<br />

gordura, proteínas totais, glicídios<br />

totais, lactose, acidez, pH e viscosidade. A primeira<br />

leitura da lactose foi realizada com 34 horas de<br />

ação enzimática e a segunda leitura foi realizada<br />

com 20 dias, por ser o tempo máximo de<br />

conservação do iogurte, já que foi elaborado sem<br />

adição de conservantes.<br />

2.4 Análise sensorial<br />

Na análise sensorial do iogurte, realizada<br />

após uma semana de produção do iogurte, foram<br />

aval iados os atributos aparência, sabor e consistência<br />

por meio de teste de preferência<br />

empregando-se escala hedônica de 9 pontos.<br />

As amostras foram avaliadas por 25<br />

provadores escolhidos aleatoriamente entre<br />

alunos de ambos os sexos de todos os anos dos<br />

cursos de Farmácia, Odontologia, Fisioterapia,<br />

Ciências Biológicas, Enfermagem e Medicina e<br />

também por fu ncionários e professores do curso<br />

de Farmácia da UN IOESTE - Campus de Cascavel,<br />

tendo estes idades entre 17 e 40 anos, os quais<br />

atribuíram notas segundo uma escala de valores<br />

variando no intervalo de I (desgostei muitíssimo)<br />

a 9 (gostei muitíssimo). Os resultados obtidos a<br />

partir da avaliação dos iogurtes adicionados de<br />

lactase foram comparados com os resultados do<br />

controle por meio de análise de variância e quando<br />

detectada diferença significativa, ao nível de 5%<br />

de probabilidade, as médias foram comparadas pelo<br />

teste de Tukey.<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

3.1 Análise físico-químicas do leite<br />

utilizado na produção do iogurte<br />

Os resultados obtidos nas análises físicoquímicas<br />

dos leites empregados em cada<br />

repetição, estão apresentados na Tabela I.<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Os teores de gordura eneontrados nas<br />

análises dos leites foram satisfatórios, uma vez<br />

que condizem com o limite estabelecido pela<br />

legislação brasileira, que preconiza um mínimo<br />

de 3,0% (m/v) de gordura em leite tipo B.<br />

SALINAS (2002), discute que é com a por­<br />

centagem mínima de 3,0 % (m/v) que a maioria<br />

dos leites fluídos são comercializados, devido a<br />

padronização ao qual são submetidos na indústria.<br />

Os teores de extrato seco desengordurado<br />

das amostras, encontravam-se dentro dos limites<br />

estabelecidos por BRASIL (2002). O valor pre­<br />

conizado para a quantidade de sólidos não<br />

gordurosos em leite pasteurizado tipo B é de no<br />

mínimo 8,4 % (m/m).<br />

Em relação à porcentagem de proteínas do<br />

leite, foi observado que os leites empregados para<br />

as repetições I e 2 se encontravam de acordo<br />

com a legislação. Porém os leites utilizados nas<br />

repetições 3 e 4 da produção do iogurte apresentaram<br />

um percentual de proteína abaixo do<br />

mínimo exigido por lei. A legislação brasileira<br />

preconiza um mínimo de 2,9 % (m/v) de proteína<br />

total para o leite pasteurizado tipo B e as<br />

oscilações devem ser controladas pelo estabelecimento<br />

processador.<br />

Os teores de lactose estão de acordo com a<br />

média para o leite integral tipo B, porém não há<br />

especificação legal sobre limites mínimos para este<br />

açúcar no leite. Os resultados encontrados são<br />

condizentes com estudos de PORTUGAL et ai.<br />

(200 1 ), que na análise composicional do leite<br />

encontrou uma concentração de lactose média de<br />

4,6% (mim), variando entre 3,8 e 5,3 % (mim).<br />

Tabela 1 - Composição dos leites empregados na fabricação do iogurte (*)<br />

O resultado das análises das propriedades<br />

físico-químicas do leite estão apresentados na<br />

Tabela 2.<br />

Segundo BRASIL (2002), a quantidade de ácido<br />

lático no leite pasteurizado tipo B pode variar de<br />

0,14 a 0,18 (%m/m) e a densidade deve se apresentar<br />

entre 1,028 e 1,034 g/mL. Tendo em vista os<br />

resultados obtidos, o leite utilizado na produção do<br />

iogurte apresentou-se dentro dos limites preconizados<br />

em relação à acidez e a densidade.<br />

De acordo com os resultados obtidos podese<br />

observar que os leites das repetições 1, 2 e 4<br />

apresentaram pH ligeiramente elevado. O pH<br />

do leite da repetição 3 apresentou um pH mais<br />

elevado. Segundo LEITE et ai. (2003) o pH ou<br />

concentração hidrogeniônica, é um fator de<br />

influência na qualidade e segurança dos alimentos.<br />

3.2 Análise físico-química do iogurte<br />

elaborado<br />

A composição centesimal do iogurte<br />

elaborado em seus distintos tratamentos<br />

encontra-se na Tabela 3.<br />

O tratamento controle apresentou uma<br />

porcentagem de gordura inferior ao estabelecido<br />

pela legislação, enquanto que os demais tratamentos<br />

estão dentro do padrão estabelecido<br />

que é de 3,0% (m/m). RAMOS et ai. (2002)<br />

realizaram um estudo em 6 amostras de iogurtes<br />

de morango e encontraram um teor de gord ura<br />

inferior ao preconizado pela legislação.<br />

O teor de proteína do iogurte em cada tratamento<br />

se encontra de acordo com o preconizado<br />

REPETIÇÃO GORDURA PROTEÍNA ESD LACTOSE<br />

(% m/v) (%m/v) (%m/m) (% m/v)<br />

1 3,45 ± 0,04 3,41 ± 0,21 9,40 ± 0,04 4, 10<br />

2 3,95 ± 0,04 3,23 ± 0,07 9,05 ± 0,04 3,90<br />

3 3,95 ± 0,04 2,27 ± 0, 14 9,30 ± 0,04 3,48<br />

4 3,05 ± 0,04 2,53 ± 0,07 8,70 ± 0,04 3,59<br />

* Valores obtidos de quatro repetições feitas em duplicata, seguidos de desvio padrão.<br />

Tabela 2 - Propriedades físico-químicas dos leites empregados na produção do iogurte (*)<br />

REPETIÇÃO<br />

DESNSIDADE ACIDEZ<br />

(g/rnL) (%m/m)<br />

1 1,034 0,16<br />

2 1,032 0, 15<br />

3 1,033 0, 15<br />

4 1,031 0, 15<br />

* Valores obtidos de quatro repetições feitas em duplicata, seguidos de desvio padrão.<br />

digitalizado por<br />

pH<br />

6,74<br />

6,7 1<br />

6,90<br />

6,74<br />

arvoredoleite.org<br />

Pág. 33


pela legislação brasileira que prevê um mínimo de<br />

2,9 % (mIm) de proteínas. No desenvolvimento<br />

do iogurte adicionado de cereais integrais,<br />

TRAMONTINA et ai. (2001) encontraram um teor<br />

de proteínas de 3,72% (mim).<br />

O extrato seco total do iogurte elaborado<br />

apresentou valores inferiores aos do iogurte<br />

produzidos por TRAMONTINA et ai. (200 I)<br />

com adição de cereais integrais.Em geral a<br />

quantidade mínima de sólidos totais não graxos<br />

varia de 12 a 15% (mIm) para conseguir um<br />

produto final coril boas características de textura<br />

e viscosidade (EARLY, 2000).<br />

Os teores de glicídios totais esperados para<br />

o iogurte elaborado deveriam variar entre 10 e<br />

15% (mIm), resultando do açúcar (8%) e da polpa<br />

de morango, adicionados na formulação,<br />

somados aos carboidratos resultantes da hidrólise<br />

da lactose e também à própria lactose residual.<br />

Os teores de glicídios totais encontrados neste<br />

trabalho foram semelhantes aos resultados<br />

obtidos por TRAMONTINA et ai. (200 I), que<br />

obtiveram em média 15,8 % (mim) de carboidratos<br />

no iogurte adicionado de cereais integrais, o que<br />

está de acordo com os valores médios para iogurtes<br />

com sacarose em sua formulacão.<br />

Os resultados obtidos para as propriedades<br />

físico-químicas do iogurte elaborado se encontram<br />

na Tabela 4.<br />

O iogurte elaborado atendeu a exigência da<br />

legislação, pois os valores obtidos para a acidez,<br />

em todos os tratamentos encontraram-se dentro<br />

dos limites estabelecidos, pois segundo BRASIL<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Tabela 3 - Composição centesimal dos iogurtes elaborados (*)<br />

(2001), a acidez determinada para iogurtes é de<br />

0,6 a 1,5 % (mIm) de ácido lático. RAMOS et aI.<br />

(2002) encontrou valores de acidez titulável em<br />

torno de 0,58% para iogurte de morango. Em<br />

relação à acidez, observou-se que não houve<br />

diferença significativa a nível de 5% de probabilidade<br />

entre os tratamentos, sendo que o<br />

tratamento I apresentou-se mais ácido, enquanto<br />

o tratamento 4 é o de menor acidez.<br />

Não há limite estabelecido pela legislação<br />

brasileira em relação ao pH do iogurte. De acordo<br />

coma tecnologia de fabricação, o pH do iogurte<br />

depende do tipo de cultura utilizado para a<br />

fermentação e pode variar de 4,5 a 4,8 em produtos<br />

recém elaborados (CHR HANSEN, 2003).<br />

MALTA et ai. (2002) em seus estudos com<br />

di ferentes marcas de iogurte, encontrou valores<br />

de pH inferiores a 4,5 para todos, sendo este um<br />

pH que impede o crescimento de bactérias<br />

contaminantes. Segundo SCHERNER (2004),<br />

autores mencionam que o pH fi nal do iogurte<br />

deve-se encontrar entre 3,8 e 4,2 para atingir as<br />

características sensoriais (aroma e sabor) e de<br />

textura desejados.<br />

Segundo FERREIRA (1993), quanto menor<br />

for o pH, maior é a acidez e menor é a quantidade<br />

de lactose do iogurte. Essa informação foi<br />

nitidamente visualizada para o tratamento I da<br />

produção do iogurte hidrolisado.<br />

Segundo resultado da análise estatística, não<br />

houve diferença significativa ao nível de 5% de<br />

probabilidade entre as viscosidades dos tratamentos.<br />

Em relação à viscosidade, obteve-se iogurtes de<br />

TRATA MENTO<br />

GORDURA PROTEÍNA UMIDADE ESD<br />

GLICÍDIOS<br />

TOTAIS<br />

(% mIm) (% mIm) (%m/m) (% mIm) (% mIm)<br />

Controle 2,94 ± 0, 11 3,15 ± 0,21 80,49 ± 2, 19 19,5 1 ± 2, 19 11, 84 ± 3,48<br />

Tratamento 1 3,00 ± 0,3 1 3,15 ± 0,25 80,95 ± 4,39 19,05 ± 4,39 16,63 ± 5,3 1<br />

Tratamento 2 3,00 ± 0,35 3,19 ± 0,22 82,59 ± 2,4 1 17,41 ± 2,4 1 12,82 ± 3,66<br />

Tratamento 3 3,31 + 0,32 3,25 + 0, 13 78,06 + 2,23 21,94 + 2,23 13,03 + 3,61<br />

* Valores obtidos de quatro repetições feitas em duplicata, seguidos de desvio padrão.<br />

Tabela 4 - Propriedades físico-químicas dos iogurtes elaborados (*)<br />

TRATA MENTO<br />

ACIDEZ TITULÁ VEL<br />

pH<br />

VISCOSIDADE<br />

(% mIm) (Cp)<br />

Controle 0,66 ± 0, 12 4,50 ± 0,36 375,00 ± 75,00<br />

Tratamento 1 0,67 ± 0,06 4,40 ± 0, 15 387,50 ± 21,65<br />

Tratamento 2 0,65 ± 0,06 4,50 ± 0,10 437,50 ± 21,65<br />

Tratamento 3 0,64 + 0, 11 4,50 + 0,4 1 375,00 + 82,92<br />

* Valores obtidos de quatro repetições feitas em duplicata, seguidos de desvio padrão.<br />

Pág. 34<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

consistência firme, sendo que o mais viscoso foi o<br />

tratamento 2 com viscosidade de 387,5 cP, seguido<br />

pelos tratamentos 1 e 3, nesta ordem.<br />

3 .3 Determinação do teor de lactose do<br />

iogurte elaborado<br />

A determinação da lactose dos iogurtes foi<br />

realizada em duas etapas: com 1 dia (tempo I) e<br />

com 20 dias de fabricação (tempo 2), e atividade<br />

enzimática. Os resultados obtidos estão descritos<br />

na Tabela 5.<br />

O número diferente de repetições ocorreu<br />

devido à decomposição da enzima betagalactosidase<br />

do kit de determiação de<br />

lactose e D-galactose, que levou a perda de<br />

algumas análises.<br />

Observa-se que com 24 horas de ação da<br />

enzima foi possível reduzir a zero o teor de<br />

lactose no tratamento I. O resultado sugere que<br />

este tratamento foi o que ofereceu as melhores<br />

condições de tempo e temperatura para a<br />

hidrólise da lactose. Segundo análise estatística<br />

o tratamento controle diferiu significativamente<br />

a 5% de probabilidade dos tratamentos 1 e 2,<br />

mas não diferiu do tratamento I. O tratamento<br />

2 diferiu significativamente dos tratamentos<br />

controle e 3 mas não diferiu do tratamento 3.<br />

Isso demonstra que os tratamentos I e 2 são<br />

estatisticamente iguais.<br />

A correlação entre acidez titulável e a<br />

concentração de lactose fo i confirmada neste<br />

experimento. De uma forma geral, quanto maior<br />

a acidez titulável encontrada em um produto<br />

fermentado, menor será o teor de lactose desta<br />

amostra, devido a produção de ácido Iático por<br />

microorganismos presentes no produto<br />

(FERREIRA, 1993). Analisando as médias obti-<br />

das, o tratamento I foi o que apresentou a maior<br />

acidez e a menor quantidadé'de lactose no<br />

produto final, porém, estatisticamente todos<br />

os tratamentos são iguais em relação a acidez e<br />

quanto a lactose o tratamento 1 é estatisticamente<br />

igual ao 3.0 tratamento 2 também<br />

obteve resultados satisfatórios, já que a<br />

concentração de lactose se aproximou do zero.<br />

O tratamento 3 foi o que apresentou o pior<br />

resultado em relação à concentração final de<br />

lactose. Este tratamento foi estatisticamente<br />

igual ao controle, onde não há adição de enzima<br />

para hidrolisar a lactose. A incubação à 10°C não<br />

apresentou boa atividade enzimática, uma vez<br />

que todos os tratamentos tiveram o mesmo<br />

tempo de ação da enzima.<br />

De acordo com os resultados obtidos quanto<br />

a hidrólise da lactose, sugere-se que a temperatura<br />

de 42°C foi adequada tanto para a atividade da<br />

cultura lática quanto da lactase. No tempo 2,<br />

observou-se uma queda ainda maior do teor de<br />

lactose indicando que a enzima continuou sua<br />

atividade durante o armazenamento à frio.<br />

Verificou-se um ligeiro aumento entre as médias<br />

das concentrações de lactose do tratamento I no<br />

tempo I e 2, provavelmente devido à diferente<br />

números de repetições neste trabalho, pelas<br />

justificativas apresentadas anteriormente.<br />

Se fosse realizado um estudo mais detalhado<br />

para descobrir o momento exato de hidrólise<br />

máxima da lactose no tratamento 2 com adição<br />

de conservantes, talvez fosse possível atingir<br />

hidrólise total dentro do prazo de validade, o<br />

que se tornaria uma alternativa viável industrialmente,<br />

já que este tratamento requer apenas<br />

4 horas de incubação enquanto o tratamento 1<br />

leva 8 horas. Isso resultaria num aspecto<br />

economicamente favoráveL<br />

Tabela 5 - Teores de lactose (% m/v) do iogurte elaborado de acordo com o tempo de ação da enzima.<br />

TEMPO CONTROLE TRATAMENTO 1 TRATAMENTO 2 TRATAMENTO 3<br />

1 2,38 ±0,56* a 0,00 ±0, I9* h 0,46 ±0,20* h 2,55±0,36)* a<br />

2 2,31 ±0,06** a 0,07 +0,07** h 0,15 +0,02** h 2,06 +0,50** ,<br />

* Médias obtidas em três repetições ** Médias obtidas em duas repetições; seguidas de desvio padrão.<br />

Tabela 6 - Resultado da análise sensorial feita para os iogurtes elaborados (*)<br />

TRATAMENTOS APARÊNCIA SABOR CONSISTÊNCIA<br />

Controle 8,03 ± 1,06 a 7,64 ± 1,25 a 7,82 ±1,49 a<br />

Tratamento 1 7,75 ± 1,20 a 7,42 ± 1,22 a b 7,78 ±I,30 a<br />

Tratamento 2 7,70 ± 1,46 b c 7,51 ± 1,37 a 7,74 ±1,48 a<br />

Tratamento 3 7,95 + 1,17 'c 7,07 + 1,62 h 7,48 +1,64 a<br />

* Notas médias obtidas de 25 provadores em quatro repetições seguidas do desvio padrão.<br />

digitalizado por<br />

Pág. 35<br />

arvoredoleite.org


Os ·teores de lactose dos tratamentos I e 2<br />

apresentaram-se menores que aqueles encontrados<br />

em leites comercializados sob<br />

denominação de "leites com teor reduzido de<br />

lactose" que é em média 0,5% (m/m), segundo<br />

dados contidos na informação nutricional da<br />

rotulagem desses produtos.<br />

3.4 Análise sensorial<br />

o resultado obtido da análise sensorial para<br />

o iogurte elaborado está na Tabela 6.<br />

Para o atributo aparência verificou-se que<br />

somente o tratamento 2 diferiu do controle. Os<br />

tratamentos adicionados de lactase não diferiram<br />

entre si a nível de 5% de probabilidade pelo teste<br />

de Tukey.Dentro da escala hedônica, que foi<br />

utilizada pelos provadores para atribuir as notas,<br />

as médias da aparência de todos os tratamentos<br />

fi caram no intervalo entre 7 (gostei regularmente)<br />

e 8 (gostei muito). O tratamento 3 foi<br />

considerado o melhor na opinião dos provadores,<br />

pois obteve a maior nota.<br />

Em relação ao sabor, verificou-se também<br />

uma diferença significativa a nível de 5% de<br />

probabilidade entre os tratamentos pelo teste de<br />

Tukey. Os tratamentos I e 2 foram semelhantes<br />

ao controle, enquanto o tratamento 3 diferiu deste.<br />

Os tratamentos I e 2 foram estatisticamente iguais.<br />

O tratamento 3 diferiu do tratamento 2 mas foi<br />

igual ao tratamento I. O tratamento 2 obteve a<br />

mior pontuação entre 7 (gostei regularmente) e 8<br />

(gostei muito), portanto, foi considerado o melhor<br />

pelos provadores.<br />

O teste de Tukey revelou que não houve<br />

diferença significativa a um nível de 5% de<br />

probabilidade para o atributo consistência. De<br />

acordo com as médias obtidas verificou-se que a<br />

consistência do iogurte nos três tratamentos<br />

ficaram com notas entre 7 (gostei regularmente)<br />

e 8 (gostei muito).<br />

Este experimento teve como objetivo<br />

elaborar um iogurte sem lactose com as<br />

características mais próximas possíveis do<br />

tratamento controle que é o de produção normal.<br />

Observou-se que o tratamento mais similar ao<br />

controle foi o tratamento I e, portanto, levando<br />

em conta os requisitos da análise sensorial<br />

somados a hidrólise total da lactose, a eventual<br />

produção industrial do iogurte seria realizada<br />

segundo técnica empregada para o tratamento I.<br />

4 - CONCLUSÃ O<br />

Tendo em vista os resultados obtidos conclui-se<br />

que é possível a produção de um iogurte<br />

sem lactose ou com teor bastante reduzido, o que<br />

Pág. 36<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />

atenderia as necessidades de pessoas totalmente<br />

intolerantes ou com deficiência secundária de<br />

lactase, respectivamente.<br />

O iogurte obtido através da incubação do<br />

leite adicionado de lactase por 4 horas à 42°C,<br />

seguido de adição de cultura e incubação por mais<br />

4 horas à mesma temperatura com posterior<br />

refrigeração, foi o que apresentou maior grau de<br />

hidrólise em menor tempo (24 horas). Este<br />

iogurte apresentou características sensoriais<br />

semelhantes ao controle, o que garante a aceitação<br />

pelos consumidores. A qualidade do leite é fundamentai<br />

para que se obtenha um iogurte ideal<br />

nas características sensoriais e de composição.<br />

Pelos bons resultados obtidos neste trabalho,<br />

sua continuidade na forma de um projeto<br />

utilizando testes in vivo, parece uma alternativa<br />

interessante e necessária para a comprovação da<br />

efetividade deste produto para os pacientes<br />

intolerantes. Este projeto com certeza contribuiria<br />

para a obtenção de um produto ainda melhor e<br />

mais adequado, já que se estaria trabalhando com<br />

o público alvo.<br />

ABSTRACT<br />

Lactose intolerance is a gastrointestinal<br />

disturb that has been observed more and more in<br />

Brazil in the last years . Ir is characterized by<br />

the incapacity of the organism to hydrolyze<br />

the lactose present in milk and its derivatives<br />

due to the absence or the reduced quantity of<br />

lactase in the intestine and takes to the<br />

occurrence of symptoms as diarrhea, excessive<br />

gas production, pain for abdominal distention,<br />

flatulence, nauseas and vomits. The aim of this<br />

work was to develop a yogurt without lactose,<br />

by conventional fermentation and lactase<br />

addition to allow the consumption of this<br />

product fo r intolerant patients . The yogurt<br />

making was done in three treatments, with the<br />

lactase addition in different moments of the<br />

fabrication. Each treatment was due in four<br />

repetitions, which were compared to a control,<br />

without lactase addition. The obtained products<br />

were submitted to compositional and phisycalchemycal<br />

analysis as the analytical methods<br />

described by PEREIRA et a!. (200 I). For the<br />

milk used were accomplished the analysis of fat,<br />

non-fat dry matter, proteins, lactose, and the<br />

physical-chemical analysis of density, acidity and<br />

pH. For the yogurt were accomplished the<br />

analysis of fat, moisture, total proteins, total<br />

carbohydrates and lactose, and the physicalchemical<br />

analysis of acidity, pH and viscosity.<br />

The analysis was taken in duplicate and<br />

compared to legislation standards for milk<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

(B R ASIL, 2002) and fermented products<br />

(BRASIL, 200l).Lactose levei was determined by<br />

the enzymatic method Lactose/D-Galactose<br />

B OEHRINGER-MANNHEIN, for milk and<br />

yogurt. The obtained results was submitted to<br />

variance analysis and when significant difference<br />

were detected, was applied the Tukey test. The<br />

lactase added yogurt at 42°C, with total time of<br />

incubation of four hours, followed by cooling to<br />

1 0°C, presented better results, reaching total<br />

lactose hydrolysis and presented composition and<br />

physical-chemical characteristics appropriate to<br />

the legislation. In conclusion with this results it<br />

is possible to produce a yogurt without lactose<br />

for intolerant people that cannot consume<br />

traditional dairy products.<br />

Key-words: Yogurt, lactose, intolerance,<br />

lactase.<br />

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Pág. 37


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• •<br />

ALTERAÇÃO DO PERFIL ELETROFORÉTICO DE PROTEíNAS DO LEITE EM RAZÃO DO<br />

CRESCIMENTO DE PSEUDOMONAS FL UORESCENS<br />

Electrophoretic profile alteration of milk proteins due to Pseudomonas fluorescens growth<br />

RESUMO<br />

Cláudia Lúcia de Oliveira Pintol<br />

Rita Maria Alves de Moraes2<br />

Sebastião César Cardoso Brandão3<br />

Célia Alencar de Moraes4<br />

Maria Cristina Dantas Vanetti4<br />

A estocagem do leite cru em condições de refrigeração, por períodos prolongados, permite<br />

a seleção .. e actérias . psicrotróficas produtoras de proteases termorresistentes as quais são<br />

com frequencIa aSSOCIadas à problemas tecnológicos de impactos econômicos negativos<br />

para a , i dústria ?e laticínios. Em leite cru refrigerado, bactérias Gram-negativas predominam<br />

e especIes do genero Pselldo!nonas têm sido isoladas com maior freqüência em razão de<br />

apresentarem um tempo curto de geração e mecanismos eficientes de adaptação à baixas<br />

temperaturas. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do crescimento de Pseudo!nonas<br />

fl o, . escens sobre as proteínas do leite durante a estocagem sob refrigeração. Amostras de<br />

leIe cru ordenhadas sob boas práticas de higiene foram inoculadas com, aproximadamente,<br />

10 . UFC/mL de P. fluorescens 07 A e 041, isoladas de diferentes amostras de leite cru<br />

refrigeradas em tanques de granelização. As amostras foram estocadas a 7 °C e avaliadas<br />

com O, I, 2, 4 e 6 dias de estocagem. Amostras controles, não-inoculadas, foram avaliadas<br />

nas mesmas condições descritas. O efeito do crescimento dos isolados 07 A e 04 1 sobre as<br />

proteínas o leite foram avaliados por eletroforese em gel de poliacrilamida - SDS-PAGE<br />

e por análIse densitométrica qualitativa dos géis. O grau de hidrólise das frações caseínicas<br />

de leite cru integral inoculado com P. fluorescens aumentou com o tempo e, com dois dias<br />

de stocagem, a degradação das frações caseínicas K e foi evidente. A fração K-caseína foi<br />

maIS susceptível à hidrólise, seguida da fração -caseína e a-caseína. Não foram constatadas<br />

alterações no perfil eletroforético das proteínas nas amostras de leite cru não inoculadas<br />

após seis dias de estocagem. A contagem inicial de bactérias psicrotróficas nas amostras de<br />

Pesqusadora EPAMIG/CTZM - Viçosa - MG, DS em Microbiologia Agrícola UFY. E-mail: clucia@epamig.ufv.br<br />

2 PesquIsadora EMBRAPA<br />

3 Departamento de Tecnologia de Alimentos. Universidade Federal de Viçosa<br />

4 Departamento de Microbiologia. Universidade Federal de Viçosa. E-mail: mvanetti @ufv.br<br />

Pág. 38<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICÍNIOS<br />

leite usadas para a realização da pesquisa foi inferior a 1,0 UFC mL-1 atingindo 2,2 x 102<br />

UFC mL-1 após seis dias de manutenção a 7 °C. Estes resultados indicam que o controle da<br />

contaminação inicial do leite cru constitui um ponto crítico no processo de granelização<br />

para a prevenir a degradação das proteínas do leite e, conseqüentemente, perdas de<br />

qualidade e econômicas na indústria de laticínios.<br />

Palavras-chave: Perfil eletroforético proteínas do leite Pseudo/1lon{/s jl110rescens<br />

Apoio Financeiro: FAPEMIG .<br />

1 - INTRODUÇÃ O<br />

A esto cagem do leite cru na fonte de<br />

produção sob refrigeração praticamente elimina<br />

a deterioração do leite por atividade acidificante<br />

de bactérias mesofílicas, porém pode ocasionar<br />

problemas tecnológicos associados ao crescimento<br />

de bactérias psicrotróficas (ADAMS et<br />

aI., 1976; COUSIN, 1982; STOFER e HICKS,<br />

1983; FAIRBAIRN e LAW, 1986; WIKINGET<br />

et aI., 2002).<br />

Dentre as bactérias psicrotróficas isoladas<br />

de leite cru e de produtos lácteos refrigerados<br />

Pseudo11lollas tem sido mais freqüente (COUSIN,<br />

1982; ENEROTH et aI., 1998; S0RHAUG e<br />

STEPANIAK, 1997; EWINGS et aI., 1984 URAZ<br />

e ÇITA K, 1998; ENEROTH et aI., 2000a,b;<br />

WIEDMANN et aI., 2000) por apresentarem um<br />

curto tempo de geração, entre O e 7°C, e uma<br />

baixa temperatura mínima de crescimento de até<br />

-10°C (S0RHAUG e STEPANIAK, 1997).<br />

Espécies de Pseudo/llollas degradam a caseína e<br />

as proteín as do soro durante a estocagem sob<br />

refrigeração (GRIEVE e KITCHEN, 1985).<br />

Enzimas termorresistentes produzidas por<br />

espécies de Pseudo!llollas e outras bactérias<br />

psicrotróficas são relacionadas à perdas de<br />

qualidade e redução da vida de prateleira do leite<br />

UHT e de outros produtos lácteos (SPECK e<br />

ADAMS, 1975; FOX, 1981; TERADA et aI.,<br />

1982; COUSIN, 1982; FA IRBAIRN e LAW,<br />

1986; S0RHAUG e STEPANIAK, 1997).<br />

O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito<br />

do crescimento de Pselldomonas fl uorescens<br />

sobre as proteínas do leite durante a estocagem<br />

sob refrigeração<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

2.1. Efeito do crescimento de Pseudomollas<br />

fluorescells sobre as proteínas do leite<br />

Os efeitos do crescimento dos isolados 07 A<br />

e 04 1, sobre as proteínas do leite, foram avaliados<br />

por eletroforese em gel de poliacrilamida - SDS-<br />

digitalizado por<br />

PAGE, com modificações do método de<br />

LAEMMLI (1970), em Sistema Mini-Proteanl!!><br />

lI, Bio-Rad, com fonte Power Pac 300 - Bio-Rad.<br />

Volumes de 100 mL de leite cru, ordenhado<br />

em condições assépticas de animal saudável,<br />

foram inoculados com, aproximadamente, 106<br />

UFC mL·1 dos isolados 07A ou 04 1. As amostras<br />

foram incubadas, estaticamente, em estufas do<br />

tipo B.O.D., a 7 °C, e analisadas imediatamente,<br />

após a inoculação, e com I, 2, 4 e 6 dias de estocagem,<br />

para observação do efeito do crescimento<br />

dos isolados sobre as frações caseínicas.<br />

As amostras para análise das proteínas do<br />

leite fo ram preparadas conforme descrito por<br />

ADAMS et aI. (1976). Alíquotas de 10 mL do leite<br />

refrigerado foram acidificadas para pH 4,0 com<br />

ácido clorídrico 10 moi L·I, sob agitação constante.<br />

Posteriormente, as amostras foram centri fugadas<br />

por 10 minutos, a 12.100 g, em centrífuga Sorval,<br />

modelo RC Se. O soro foi eliminado e a caseína<br />

precipitada e o volume original foi reconstituído,<br />

corrigindo-se o pH para 6,9.<br />

Foram usados géis de poliacrilamida contendo<br />

SDS de acordo com sistema descontínuo utilizandose,<br />

para a separação das proteínas, um gel de<br />

acrilamida a 15% e o gel de empilhamento a 4,5%.<br />

As concentrações finais de tampão Tris-HCI e de<br />

SDS no gel de separação e de empilhamento foram<br />

aquelas recomendadas por Laemmli (1970). Os géis<br />

foram polimerizados quimicamente, pela adição<br />

de 0,025% (v/v) de tetrametileno diamina<br />

(TEMED) e O,OS% (p/v) de persulfato de amônio.<br />

O tampão de corrida, pH 8,6, continha Tris-base,<br />

glicina e SDS. As amostras foram aj ustadas para a<br />

concentração de, aproximadamente, 10 mg mL-1<br />

de proteína (LAEMMLI, 1970; McPHERSON e<br />

KITCHEN, 198 1). Alíquotas de 2 mL das amostras,<br />

correspondentes a, aproximadamente, 20 mg de<br />

proteína, foram adicionadas de 25 mL de solução<br />

tampão de amostra e submetidas a tratamento<br />

térmico por imersão em banho de água fervente,<br />

por três minutos e, posteriormente. analisadas. A<br />

eletroforese foi conduzida a 60 V por 20 minutos,<br />

Pág. 39<br />

arvoredoleite.org


para empilhamento e 80 V, por duas horas, para<br />

separação das frações protéicas. Os géis foram<br />

corados, por duas horas, à temperatura ambiente,<br />

em solução de azul brilhante de Coomassie R a<br />

0,2% em metanol: ácido acético: água (l :2: 17 v/v).<br />

Posteriormente, eles foram revelados e transparentizados<br />

em solução de ácido acético.<br />

A identificação das diferentes formas de<br />

caseína foi feita por análise de amostras individuais<br />

de padrões de a, e lC-caseínas purificadas de leite<br />

bovino (Sigma, Chemical Co, St Louis, MO, USA)<br />

e marcadores de massa molecular de faixa baixa e<br />

média (Promega®). Os padrões de caseína foram<br />

preparados pela dissolução de I mg de padrão em<br />

I mL de tampão de amostra. A seguir, foram<br />

aquecidos em banho-maria fervente, por três<br />

minutos. Os padrões de caseína continham a caseína,<br />

aproximadamente 85%; mínimo de 7'0% de<br />

proteínas; -caseína, mínimo de 90%; livre de<br />

sais e lC-caseína, mínimo de 80%.<br />

Os efeitos das atividades proteolíticas dos<br />

isolados 07 A e 04 1 foram também avaliados por<br />

análise densitométrica qualitativa dos géis, no<br />

Laboratório de Biotecnologia e Fisiologia Vegetal<br />

da Embrapa - Centro Nacional de Pesquisa do Gado<br />

de Leite. Paralelamente, foi realizada a técnica<br />

descrita com amostra controle, não-inoculada, nas<br />

mesmas condições descritas para as amostras de leite<br />

cru que receberam os inóculos. Os densitogramas<br />

resultantes foram então comparados.<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃ O<br />

3.1. Efeito do crescimento de P. flllorescens<br />

sobre as proteínas do leite<br />

Não foram constatadas alterações no perfil<br />

eletroforético das proteínas em amostras de leite<br />

cru ordenhadas e coletadas assepticamente,<br />

A Q<br />

B<br />

rc<br />

rc<br />

%A<br />

0.6<br />

0.4 -J<br />

%A 0.5<br />

Qj<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

quando incubadas a 7°C, por um período de até<br />

seis dias (Figura I). Os densitogramas resultantes<br />

da análise em SDS-PAGE confirmaram que o perfil<br />

das proteínas das amostras de leite cru, após seis<br />

dias de estocagem, nas diferentes temperaturas<br />

de refrigeração, não foi alterado (Figura 2). Estes<br />

resultados confirmam que a qualidade da matériaprima<br />

constitui um dos mais importantes fatores<br />

para a fabricação de leite UHT (LAW et aI., 1977;<br />

GRIFFITHS et aI., 1988).<br />

PMP PBP t=O 1d 2d 4d 6d PC<br />

a-caserna<br />

p-caseina<br />

lC-caseína<br />

p-Ig<br />

Figura 1 - - SDS-PAGE (15%) das proteínas do<br />

leite cru controle (não inoculado),<br />

estocado a 7°C, por 6 dias, e revelado<br />

com Coomassie-blue. Canaletas :<br />

PMP - Padrão de peso molecular<br />

médio; PB P - Padrão de peso<br />

molecular baixo; t=O - Leite cru no<br />

tempo zero; I d - Leite cru após um<br />

dia de estocagem; 2d - Leite cru após<br />

dois dias de estocagem; 4d - Leite<br />

cru após quatro dias de incubação; 6d<br />

- Leite cru após seis dias de<br />

incubação; PC Padrão de peso<br />

molecular das frações de caseína.<br />

20O 40 ' 0 60.0<br />

MM<br />

(V<br />

004 "'--. . ..- / <br />

/"-.<br />

200 400 600<br />

MM<br />

Figura 2 - Densitogramas dos géis das amostras de leite cru, não-inoculado, estocado a 7°C. A _<br />

Início da estocagem. B - Após 6 dias de estocagem.<br />

Pág. 40<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

O efeito do crescimento de P jluorescells<br />

07 A e 041 inoculados na mesma matéria-prima<br />

usada como controle sobre as frações da caseína<br />

foi evidente ao longo do tempo de estocagem<br />

(Figura 3). A manutenção das amostras de leite<br />

cru inoculadas individualmente com os isolados<br />

de P. jl uorescells 07 A e 04 1 e mantidas a 7°C<br />

promoveu a deterioração das frações caseínicas,<br />

observando-se com 48 horas, a degradação das<br />

frações lC e além do aparecimento da para-kcaseína<br />

(Figura 3 A, B). A albumina foi degradada<br />

após seis dias de estocagem pelo isolado 07 A<br />

(Figura 3, A.) e com apenas dois dias pelo isolado<br />

041 (Figura 3, B).<br />

Constatou-se maior grau de deterioração<br />

das proteínas nas amostras inoculadas com o<br />

isolado 04 1 (Figura 3, B). A extensão do<br />

crescimento dos isolados de P jluorescells 07 A<br />

e 04 1 sobre as diferentes frações protéicas da<br />

caseína afetaram, inicialmente, a lC-caseína, com<br />

a liberação da banda correspondente à para-lCcaseína.<br />

Além da fração lC-caseína, a fração caseína<br />

foi degradada rapidamente, o que pode<br />

ser observado com a diminuição da intensidade<br />

da banda em SDS-PAGE (Figura 3, A e B).<br />

Os dados observados neste estudo indicaram<br />

que uma inoculação inicial de, aproximadamente,<br />

I O UFC mL-', levou à hidrólise das frações de<br />

caseína na temperatura de refrigeração avaliada.<br />

Este resultado está de acordo com os descritos<br />

por COUSINS et aI. (1977), em que uma contaminação<br />

por bactérias psicrotróficas, superior a<br />

2,0 x 106 UFC mL-', já compromete a integridade<br />

PMP PBP tO Id 2d 4d 6d PC<br />

"«Iseln,<br />

. . /<br />

.<br />

-ff -1If!! ;\ t-:=- p-caseina<br />

-<br />

-'.. I·I. -'::::selrn<br />

A<br />

das frações caselOlcas, com conseqüente<br />

decréscimo na produção de queij os de, aproximadamente,<br />

5%, ocasionando impactos<br />

econômicos negativos à indústria de laticínios.<br />

COSTA et aI. (2002) e CHEN et aI. (2003) também<br />

constataram a capacidade de P. jluorescens<br />

em hidrolizar, em baixa temperatura e de forma<br />

rápida, a k-caseína, sugerindo que a estocagem<br />

prolongada do leite cru sob refrigeração, antes<br />

do processamento, pode resultar na perda de<br />

qualidade da matéria-prima em conseqüência da<br />

atividade de enzimas termoestáveis de bactérias<br />

psicrotróficas , comprometendo a manutenção<br />

da qualidade dos produtos lácteos, especialmente<br />

aqueles de vida de prateleira longa, a exemplo<br />

do leite UHT.<br />

A análise densitométrica qualitativa do gel<br />

referente à atividade de P. jl uorescens 07 A<br />

(Figura 4) sobre as frações caseínicas durante<br />

estocagem a rc reforçou a degradação preferencial<br />

das frações lC, e a-caseína, nesta<br />

ordem. Esses resultados são semelhantes aos<br />

constatados por GRIEVE e KITCHEN (1985),<br />

que observaram que estirpes de P. jluorescells e<br />

de S. marcescens, produtoras de proteases extracelulares<br />

termoestáveis, apresentaram maior<br />

especificidade para a lC-caseína, seguida da caseína<br />

e, finalmente, uma menor especificidade<br />

para a fração a-caseína.<br />

O efeito deletério do crescimento de P.<br />

f!uorescells e sua atividade enzimática sobre as<br />

proteínas do leite, demonstraram que o tempo e a<br />

temperatura de resfriamento de 7°C, recomendada<br />

PMP PBP t-U 1d 2d .. li tid PC<br />

== I < ... ;i,<br />

F -W _<br />

B<br />

/ a-caseina<br />

W--p-caseína<br />

!C-caseína<br />

Figura 3 - SDS-PAGE (15%) das proteínas do leite cru inoculado com o isolado P. jluorescens 07<br />

A (A) e P jluorescens 041 (B), estocado a 7°C, por seis dias, e revelado com Coomassieblue.<br />

Canaletas: PMP - Padrão de peso molecular médio; PBP - Padrão de peso molecular<br />

baixo; t=O - Leite cru inoculado no tempo zero; 1 d Leite cru inoculado após um dia de<br />

incubação; 2d - Leite cru inoculado após dois dias de incubação; 4d - Leite cru inoculado<br />

após quatro dias de incubação; 6d - Leite cru inoculado após seis dias de incubação; PC -<br />

Padrão de peso molecular das frações de caseína. d (dia).<br />

digitalizado por<br />

Pág. 41<br />

arvoredoleite.org


no sistema de coleta a granel pelo sistema de<br />

imersão (BRASIL, 2002a), não impedem o<br />

crescimento de bactérias psicrotróficas e atividade<br />

de suas enzimas. No estabelecimento processador,<br />

a temperatura de refrigeração máxima de conservação<br />

do leite cru é de até lOoC (BRASIL,<br />

2002a) sugerindo, de acordo com os resultados<br />

desse estudo, que a extensão da proteólise pode<br />

ser intensificada. O tempo entre a ordenha e o<br />

recebimento do leite no estabelecimento industrial<br />

deve ser observado, considerando que a proteólise<br />

A %A :: -:]<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

foi também ocorreu com o aumento do tempo de<br />

estocagem na temperatura avaliada.<br />

4 - CONCLUSÃ O<br />

Os resultados desse estudo indicam que a<br />

contaminação inicial do leite cru e o tempo de<br />

estocagem constituem pontos críticos no processo<br />

de granelização para a prevenir a degradação das<br />

proteínas do leite e, conseqüentemente, perdas de<br />

qualidade e econômicas na indústria de laticínios.<br />

().4 -----.---------------------.--------------------.-----------------i<br />

20.0<br />

40.0<br />

6<br />

MM<br />

0 .0<br />

0.8 -<br />

B %A 0.6 -<br />

1\ _<br />

04- ____ -.==_.==-J<br />

C<br />

%A 0 .6<br />

O.(J ...<br />

0.4<br />

J<br />

0.8 -i<br />

D %A O.il -=j<br />

E %A 0.6 -<br />

0. 4<br />

':=-========r-----==---- =='-=============== I<br />

-----'I-----------2rO.-O----------"---------"-10- .0 -----------'I ---------- 6- ,0- ---- 1<br />

.0<br />

0.4 -:1 ------------r------------------r------------------._--------------__1<br />

O.8 <br />

0.8 -<br />

20.0<br />

----------rl ---------2 -.O---------rI-------- -<br />

4 0 .<br />

%A 0.6 - ;'\ ít<br />

F 0 .4 --L ______ -===-=r-A_r-...<br />

__<br />

O<br />

-_---- -.<br />

MM<br />

MM<br />

40.0<br />

MM<br />

O<br />

60 . 0<br />

----------I-----------<br />

6 0- . - 0 ----1<br />

MM<br />

-.-:===:::;: ::==:::._ ___ __rv--------==--<br />

200 40O 60O<br />

=:..----.:-;::==::;:::=====::::'"""'-<br />

Figura 4 - Densitogramas dos géis das amostras de leite cru inoculado como P. fluorescells 07 A, incubadas<br />

a 7°C, por seis. A-início da estocagem; B-l dia de estocagem; C-2 dias de estocagem; D-4 dias<br />

de estocagem; E-6 dias de estocagem; F-Padrão de peso molecular das frações caseínicas.<br />

Pág. 42<br />

MM<br />

:2::: ::.l<br />

SUMMARY<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

The storage of raw milk under refrigeration<br />

for long periods allows the selection of<br />

psychrotrophic bacteria that produce<br />

thermostable protease, which cause technological<br />

problems to the dairy industry. In the refrigerated<br />

raw milk, Gram-negative bacteria prevail. Species<br />

of the Pseudomollas genus has been isolated from<br />

cooled milk with great frequency because they<br />

present a short generation time and efficient<br />

mechanisms of adaptation to low temperatures.<br />

The objective of this work was to evaluate the<br />

effect of Pseudolllollas flllorescens growth upon<br />

the milk proteins during the storage under<br />

refrigeration. Samples of raw milk obtained under<br />

good hygienic practices were inoculated with,<br />

approximately, 106 CFU/mL of P. flllorescens 07 A<br />

and 04 1. These strains were isolated from<br />

different samples of refrigerated raw milk. The<br />

samples were incubated at 7 °C and evaluated with<br />

O, I, 2, 4 and 6 days of storage. As control, no<br />

inoculated samples were evaluated in the same<br />

conditions. The effect of growth of the 07 A and<br />

04 1 isolate on the milk proteins was evaluated by<br />

electrophoresis in polyacrylamide gel (SDS­<br />

PAGE) and for qualitative densitometry analysis<br />

of the gels. The hydrolysis degree of the raw<br />

milk caseins inoculated with P. f1 uorescens<br />

increased with the time after two days of storage.<br />

The degradation of the k and /3-casein was more<br />

evident. The k-casein was more susceptible to<br />

hydrolysis, followed by the /3-casein and a-casein.<br />

It was not veri fied alterations in the<br />

electrophoretic protein profile in the control<br />

samples after six days of storage. The initial count<br />

of psychrotrophic bacteria in the milk samples<br />

used for the accomplishment of the research was<br />

inferior to 1,0 CFU/mL and reached 2,2 x 102<br />

CFU/mL after six days at 7 oCo These results<br />

indicate that the control of initial contamination<br />

in raw milk constitutes a criticai point in the<br />

process of refrigerated storage in order to prevent<br />

milk protein degradation and quality and<br />

economic losses.<br />

Key Words: Electrophoretic profile; milk<br />

proteins; Pselldo!llOIlClS flllorescells<br />

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Journal, v. 18, p. 11-14, 1983.<br />

Pág. 44<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

• •<br />

TERADA, A.; TANAKA, S.; UCHIDA, K.<br />

Studies on psychrotrophic bacteria of bovine<br />

milk, proteolytic and lipolytic activies of<br />

psychrotrophic bacteria isolated from raw<br />

milk. Bulletin of the Nippon Veterinary<br />

and Zootechnical College, v. 31, p. 222-<br />

228, 1982.<br />

URAZ, G.; CITAK, S. The isolation of<br />

Pseudomonas and other gram (-) psychrotrophic<br />

bacteria in raw milks. Journal Basic of<br />

Microbiology, v. 38, p. 129-134, 1998.<br />

WIEDMANN, M.; WEILMEIER, D.; DINEEN,<br />

S. S; RALYEA, R.; BOOR, J. K. Molecular and<br />

phenotypic characterization of Pseudomonas<br />

spp. isolated from milk. Applied and<br />

Environrnental Microbiology, v. 66, p. 2085-<br />

2095, 2000.<br />

WIKING, L.; FRtEST, M. B.; LARSEN, L. B.;<br />

NIELSEN, J. H. Effects of storage conditions<br />

on lipolysis, proteolysis and sensory attributes<br />

in high quality raw milk. Milchwissenschaft,<br />

v. 57, p. 190-194, 2002.<br />

6 • AGRADECIMENTOS<br />

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado<br />

de Minas Gerais - FAPEMIG, aos professores<br />

Maurílio Alves Moraes e Everaldo Gonçalves de<br />

Barros e a Dra. Rita Maria Alves Moraes do<br />

Laboratório de Genética Moelcular de Plantas­<br />

Proteína do BIOAGRO-UFV, ao Professor Marco<br />

Antônio Furtado da FFB/UFJF, aos pesquisadores<br />

Lêonidas P. Passos, Maria Coletta Vidigal da<br />

EMBRAPA-Gado de Leite, a Danielle Braga da<br />

EPAMIG/CT/ILCT, ao Maurílio Lopes Martins e<br />

Eliane Furtado.<br />

• •<br />

EMBALAGEM ATIVA PARA A FABRICAÇÃO DE LEITE DELACTOSADO<br />

Active packaging to produce milk lactose free<br />

RESUMO<br />

Luciana Rodrigues da Cunha'<br />

Camila Batista da Silva2<br />

Samantha Marques Coccatj3<br />

Robson Maia Geraldine4<br />

Nilda de Fátima Ferreira Soares5<br />

Nathália Ramos de Melo6<br />

o leite é um complemento dietético de alto valor nutritivo. Entretanto, a inclusão do leite<br />

na dieta humana, pode ser prejudicial a certos indivíduos, devido à atividade reduzida ou<br />

ausência da lactase intestinal. Torna-se necessário, então, o desenvolvimento de métodos<br />

para a preparação de leite livre da lactose. Assim, o desenvolvimento de embalagens ativas<br />

através da imobilização da lactase no polímero é uma alternativa em potencial. O presente<br />

trabalho teve como objetivo avaliar a eficiência da enzima lactase incorporada em fi lme<br />

de base celulósica na redução do teor de lactose em leite. Os filmes foram imersos em<br />

frascos contendo 100 mL de leite pasteurizado integral, e mantidos a 40°C por 4 horas. O<br />

fi lme promoveu hidrólise de 94,4% da lactose após 4 horas de contato. Portanto o filme<br />

desenvolvido apresenta enorme potencialidade de ser usado como revestimento interno de<br />

embalagens para acondicionar leite.<br />

Palavras-chave: leite, embalagem ativa, hidrólise, lactose, lactase.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

O leite é um complemento dietético de alta<br />

qualidade e valor nutritivo, por conter<br />

carboidratos, lipídios, proteínas e sais minerais.<br />

Entretanto, a inclusão do leite na dieta humana,<br />

após a fase de lactação, pode ser prejudicial a<br />

certos indivíduos, já que sua ingestão é capaz de<br />

promover perturbações digestivas, cuja<br />

intensidade pode variar de simples mal-estar até<br />

o impedimento das atividades normais. Isso<br />

ocorre devido à reduzida atividade ou ausência<br />

da lactase intestinal . Em torno de 70% da<br />

população adulta mundial apresenta deficiência<br />

a lactase, sendo considerada como uma<br />

característica normal da espécie humana (RYDER<br />

et ai, 1989).<br />

1 Engenheira de Alimentos, Mestranda UFY.<br />

2 Engenheira de Alimentos, Mestranda - UNICAMP.<br />

3 Engenheira de Alimentos - UFV.<br />

4 Engenheiro Agrônomo - Pesquisador Doutor - UFG.<br />

5 Professora PhD UFV.<br />

6 Engenheira de Alimentos Doutoranda - UFV.<br />

digitalizado por<br />

Quando essa insuficiência ocorre, a lactose<br />

ingerida permanece no intestino delgado sem<br />

sofrer hidrólise, provocando um fluxo de água<br />

extracelular para o interior do duodeno e jejuno,<br />

bem como para o estômago, em razão da<br />

diferença da pressão osmótica (JOHNSON et aI,<br />

1993). A lactose não absorvida é fermentada pela<br />

microbiota do cólon, resultando em ácidos<br />

orgânicos, gases e o aumento do peristaltismo<br />

dos músculos do intestino, com manifestações<br />

de flatulência, fluxo intestinal anormal, cólica<br />

abdominais, diarréias com fezes aquosas<br />

(LEHNINGER, 1986).<br />

Torna-se necessário, então, o desenvolvimento<br />

de métodos para a preparação de leite<br />

Pág. 45<br />

arvoredoleite.org


livre da lactose. O leite com baixo teor de lactose<br />

pode ser preparado por meio de sua remoção física<br />

ou por meio de sua hidrólise enzimática, pela<br />

liberação dos seus correspondentes monossacarídeos,<br />

glicose e galactose. Esse último método<br />

é preferido, pelo fato de não modificar a<br />

concentração nem a qualidade dos outros<br />

componentes do leite. A lactose é hidrolisada por<br />

meio de enzimas produzidas por leveduras mais<br />

ativas do que a de fungos, em baixas temperaturas.<br />

Quando a lactose é hidrolisada pela lactase, obtémse<br />

a D-galactose e a D-glicose. O aumento da<br />

molaridade dos compostos solúveis diminui o<br />

ponto de congelamento da solução; portanto, a<br />

depressão do ponto de congelamento causada pela<br />

hidrólise da lactose, pode ser usada para<br />

determinar o grau de lactose hidrolisada (HENG<br />

et aI, 1994). Tradicionalmente, os materiais de<br />

embalagens têm sido selecionados no sentido de<br />

ter mínima interação com o alimento que<br />

acondicionam, constituindo assim barreiras<br />

inertes. Entretanto, nas últimas décadas, diversos<br />

sistemas de embalagem têm sido desenvolvidos<br />

com o objetivo de interagir de forma desejável<br />

com o alimento são as embalagens ativas,<br />

geralmente planejadas para alterar propriedades<br />

desejadas no produto (SOARES, 1998). As<br />

embalagens ativas vêm sendo usadas em um grande<br />

número de produtos alimentícios tais corno pães,<br />

bolos, biscoitos, pizza, massa fresca, croassant,<br />

queijo, peixe, carnes (curadas , desidratadas, defumadas)<br />

café, chá, leite em pó, feijão, frutas<br />

desidratadas, farinhas, vinhos, "snacks", frutas e<br />

hortaliças, legumes, etc. Cada um desses produtos<br />

tem mecanismos diferentes de deterioração, que<br />

deverão ser entendidos para que se possa definir<br />

urna embalagem ativa (VERMEIREN et aI., 1999).<br />

Dentre as inúmeras embalagens ativas, podemos<br />

destacar os filmes antimicrobianos, as embalagens<br />

com atmosferas modificadas, absorvedores de<br />

oxigênio e de etileno, absorvedores e geradores<br />

de CO" reguladores de umidade, liberadores de<br />

aditivos, liberadores e/ou absorvedores de sabores<br />

e odores, indicadores de temperatura, incorporação<br />

de enzimas e absorvedores de radiação<br />

(VERMEIREN et aI., 1999; BRANDÃO, 2001;<br />

HAN, 2002). Várias enzimas têm sido imobilizadas<br />

em polímeros para produção de filmes a serem<br />

utilizados no acondicionamento dos alimentos<br />

(SOARES, 1998, APPENDINI & HOTCHKINS,<br />

2002), corno a naringinase que hidrolisa o composto<br />

naringin responsável pelo gosto amargo<br />

em grapefruit. O desenvolvimento da tecnologia<br />

de embalagem ativa para produção de leite<br />

delactosado é uma área inovadora. Essas embalagens<br />

concorrem com as convencionais (sem a<br />

imobilização da enzima), por apresentarem um<br />

Pág. 46<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

grande valor agregado em relação aos benefícios<br />

trazidos aos consumidores, proporcionando-lhes<br />

melhorias na qualidade da alimentação. O presente<br />

trabalho teve corno objetivo a produção de urna<br />

embalagem ativa para a produção de leite delactosado<br />

através da incorporação da enzima lactase<br />

em filme de base celulósica.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

O trabalho foi realizado no laboratório de<br />

embalagens da Universidade Federal de Viçosa - MG.<br />

2.1 - Construção da curva padrão<br />

Para a construção da curva padrão, foi<br />

adicionado diretamente a 100 mL de leite<br />

pasteurizado (Funarbe) diferentes quantidades da<br />

enzima lactase (Prozyn®) (O, 20, 40, 60, 80,<br />

100 J.lL). As amostras de leite contendo a enzima<br />

foram mantidas à 40°C por 4 horas, sendo<br />

realizadas análises de crioscopia nos tempos de<br />

2 e 4 horas.<br />

2.2 -Preparo do fi lme e imobilização da<br />

enzima<br />

Os filmes foram produzidos pelo método<br />

"cast" segundo SOARES, (1998), sendo incorporado<br />

com 19,25; 38,5; 57,8; 250; 500;<br />

1000 mg de enzima lactase (Prozyn®) I g<br />

polímero celulósico.<br />

2.3 - Avaliação da eficiência de hidrólise do<br />

filme<br />

Para avaliar a eficiência de hidrólise da<br />

lactose pelo filme foi utilizado leite integral<br />

pasteurizado. Em um frasco contendo 100 mL<br />

de leite foi adicionado 120 cm2 do fi lme<br />

(considerando os dois lados) promovendo urna<br />

relação de 1,2 cm2 de filmeI mL de leite. Os<br />

frascos foram mantidos a 40°C por 4 horas.<br />

Análises crioscópicas foram realizadas após 2 e<br />

4 horas de contato do filme com o leite. Para o<br />

filme incorporado com 320 mg de enzima e<br />

inoculado imediatamente após fabricação foram<br />

avaliadas duas relações área do filmeI volume de<br />

leite; 1,2 cm21 mL e 0,6 cm21 mL).<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Os resultados obtidos para a construção da<br />

curva-padrão são mostrados na Figura 1.<br />

De acordo com a curva padrão construída<br />

pode-se verificar que 60 J.lL de enzima lactase<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

adicionada diretamente ao leite foi suficiente<br />

para promover 85% de hidrolise do leite,<br />

atendendo, portanto a legislação. Os resultados<br />

obtidos para a hidrólise do leite integral em<br />

contato com o filme imobilizado com diferentes<br />

quantidades de enzima são mostrados na<br />

Tabelal.<br />

100<br />

00<br />

00<br />

QI<br />

UI<br />

:g<br />

-a 40<br />

J:<br />

20<br />

20<br />

40 00<br />

Loctase (0 L)<br />

• l00,45·X<br />

y=--<br />

13,45+X<br />

00 100<br />

Figura 1 Porcentagem de hidrólise de lactose<br />

em leite pasteurizado integral em<br />

função de diferentes concentrações<br />

de enzima lactase.<br />

Tabela 1 - Hidrólise da lactose (%) obtidas em<br />

leite integral pasteurizado em<br />

contato com fi lme contendo enzima<br />

incorporada estocado a 40°C.<br />

Filme Quantidade de Área (cm2) %de<br />

enzima no hidrolise<br />

filme<br />

I(70mL) * 0,67 120 10.7<br />

Il(140mL) * 2,54 120 46, 11<br />

IlI(210mL *) 4,4 120 12,48<br />

VI(lg) * 80,8 120 3.39<br />

V(2g) * 114 120 5,61<br />

VI(4g *) 320 120 7,13<br />

VIl(4g) ** 320 120 94,4<br />

VIlI(4g) ** 160 60 72,6<br />

Inoculação<br />

da enzima 151 O 96,2<br />

no leite<br />

diretamente<br />

* Filme estocado a 24horasl25°C<br />

** Filme produzido e usado imediatamente<br />

De acordo com os dados apresentados na<br />

Tabela I verificou-se que as quantidades de<br />

enzimas adicionadas aos fi lmes I, lI, m, IV, V e<br />

VI não fo ram satisfatórias, uma vez que<br />

promoveram uma hidrólise muito pequena. Uma<br />

possível justificativa para tal fato seria a perda<br />

digitalizado por<br />

da ati vidade da enzima no filme durante seu<br />

acondicionamento à temperatura ambiente por<br />

24 horas. O filme incorporado com 320 mg de<br />

enzima (filme VII) utilizando-se uma área de 120<br />

cm2 foi suficiente para promover hidrólise maior<br />

que 85%. Assim confirmou-se a baixa estabilidade<br />

da enzima a temperatura ambiente. A<br />

enzima lactase possivelmente fica imobilizada<br />

no fi lme como o ocorrido nos resultados alcançados<br />

por Soares (1998) que imobilizou<br />

naringinase na mesma base celulósica utilizada<br />

neste trabalho.<br />

4 - CONCLUSÃ O<br />

O filme incorporado com lactase apresentou<br />

eficiência no processo de hidrólise do leite sendo,<br />

portanto, uma tecnologia potencial para o<br />

revestimento interno de embalagens contornadas<br />

usadas para acondicionar leite.<br />

5 - ABSTRACT<br />

Milk is food high nutntlon values to the<br />

human consumption. However, some peoplc<br />

present lactase deficiency that can cause<br />

abdominal discomfort when consume milk.<br />

Development of technologies that can be llsed<br />

to produce milk lactose free is an important to<br />

attend these conSllmers . This work aimed to<br />

develop a fi lm incorporated with lactase enzyme<br />

and evaluate its efficiency to hydrolyze lactose<br />

in milk. The fi lms were prodllced in cellulose<br />

polymer base incorporated with different lactase<br />

(Prozyn) concentrations. Pieces of fi lm were<br />

immersed into 100 mL pastellrized milk and<br />

stored at 40°C for hours and crioscope analyses<br />

were realized after two and foUI' hours of storage.<br />

The results showed that acti ve packaging is a<br />

potential innovated technology to contribute<br />

for health qllality of the conSllmers.<br />

Kcy-words: Milk, active packaging,<br />

hydrolyze, lactose, lactase.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Ao CNPq, FINEP, FA PEMIG pelo apoio<br />

fi nanceiro . A empresa Prozyn"-' pela doação da<br />

enzima.<br />

6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

APPENDINI, P. ; HOTCHKISS, J.H. Rcvicw of<br />

antimicrobial food packaging. Inovative<br />

food science e emerging technologies, v. 3, p.<br />

113-) 26, 2002.<br />

47<br />

arvoredoleite.org


BRANDÃO, L.S. Inibição da microbiota de<br />

exsudado de frango por nisina incorporada<br />

em sachês de celulose. Viçosa - MG: UFV,<br />

54p. Dissertação (Mestrado em Ciência e<br />

Tecnologia de Alimentos) - Universidade Federal<br />

de Viçosa, 200 I.<br />

HAN, J.H. Active food packaging. Disponível<br />

na internet. URL: . Acessado<br />

em outubro 2002.<br />

HENG, M.H.; GLATZ, C.E. Ion exchange<br />

immobilization of charged Â-galactosidase<br />

fusions for lactose hydrolysis. Biotechnol.<br />

Bioeng. 1994; 44: 745-752.<br />

JOHNSON, A.; SEMENYA, J.G.; BUCHOWSKI,<br />

M.S., ENWONWU, C.O.; SCRIMSHAW, N.S.<br />

Pág. 48<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

• • • •<br />

Correlation of lactose maldigestion,<br />

lactose intolerance and milk intolerance.<br />

Arm. J. Chem. Nutr. 1993; 57:399-401.<br />

RYDER, D.N. Hydrolysis of lactose in whey<br />

products. B. Int. Dairy Fed.1989, 233: 45-52.<br />

SOARES, N .F.F. Bitterness Reduction in<br />

Citrus Juice Through Naringinase<br />

Immobilized into Polymer Film . Ph.D.<br />

Dissertation, New York: Cornell University,<br />

130p., 1998.<br />

VERMEIREN, L.; DEVLIEGHERE, F. ; Van<br />

BEEST, M.; KRUIJF de N.; DEBEVERE, J.<br />

Development in the active packaging of<br />

foods. Trends in Food Science e Technology, v.<br />

10, p. 77-86, 1999.<br />

• •<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

POSTER'S<br />

INFLUÊNCIA DA ÁGUA INDUSTRIAL EM PONTOS CRíTICOS DE CONTROLE, EM<br />

LATiCíNIO DE BANDEIRANTES - PARANÁ<br />

Industrial water influence on criticai control points, in a dairy plant of Bandeirantes -<br />

Paraná, Brazil<br />

RESUMO<br />

OTENIO, Marcelo H.l<br />

MIGLlORANZA, Lucia H. S.2<br />

RONCON, Thiago J.3<br />

ESTEV Ã O, Tarcísio.4<br />

A qualidade da água empregada dentro da indústria de alimentos, é de fundamental<br />

importância para a garantia de qualidade dos produtos por ela processados. Este trabalho<br />

avalia a água utilizada por um laticínio na região de Bandeirantes - Paraná, com o objetivo<br />

de verificar o impacto dessa água, sobre a qualidade dos produtos: leite pasteurizado tipo C<br />

integral e iogurte. Laudos emitidos pelo serviço de controle de qualidade da vigilância<br />

sanitária, foram considerados para a avaliação qualitativa dos produtos processados pela<br />

indústria. Amostras de água foram coletadas mensalmente de julho de 2004 a janeiro de<br />

2005, do reservatório central, e de diversos pontos na linha de processamento: no sistema<br />

trocador de calor (aquecimento ou resfriamento); e água que entra em contato com o<br />

produto, como a água de lavagem e enxágüe da iogurteira. Foram realizadas análises físicoquímicas<br />

e microbiológicas, de acordo com Standard Methods of Water and Wastewater<br />

(2000). Os resultados da avaliação permitiram observar que os produtos fi nais (leite,<br />

iogurte), se encontravam dentro dos padrões da RDC n. 12, de 02/0 1/200 I - ANVISA. As<br />

análises de amostras de água do reservatório apresentaram cloro ativo (0,5 ppm/L) e<br />

ausência de bactérias. No processo produtivo, a água sofre diminuição do teor de cloro,<br />

possivelmente pelo aquecimento. Amostras de água resfriada também indicaram que houve<br />

uma perda de cloro e, nesse caso, aumento de bactérias heterotróficas, porém não foi<br />

diagnosticada a presença de coliformes. Mesmo com a indicação de que os parâmetros<br />

avaliados estão em conformidade com as exigências de qualidade do produto final, sugerese<br />

a recloração da rede de água gelada e do pé-de-Iúvio, como medida preventiva para<br />

garantia de controle.<br />

Palavras-chave: água industrial; desinfecção; PCC<br />

Professor Dr. Depto. de Saúde e Educação da Faculdades Luiz Meneghel - FFALM, Bandeirantes - PR;<br />

oteniom@ffalm.br;<br />

2 Professora Dra. Depto de Tecnologia de Alimentos e Medicamentos TAM - UEL - Londrina - PR;<br />

3 Aluno do Curso de Biologia da Faculdades Luiz Meneghel - FFALM, Bandeirantes - PR;<br />

4 Médico Veterinário.<br />

Os autores agradecem o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) pela disponibilidade de todos os recursos<br />

para a realização deste trabalho.<br />

digitalizado por<br />

Pág. 49<br />

arvoredoleite.org


1 - INTRODUÇÃ O<br />

Todo processo produtivo tem um certo grau<br />

de dependência da água. A indústria de laticínios<br />

é extremamente dependente da qualidade de água<br />

para a obtenção de produtos dentro dos padrões<br />

estabelecidos. A qualidade microbiológica da água<br />

vai interferir diretamente no produto final.<br />

Segundo Amaral (2000), a água utilizada<br />

na indústria de alimentos pode funcionar como<br />

fonte de transmissão de microrganismos<br />

deterioradores e/ou patogênicos aos alimentos<br />

processados. Na pesquisa, os autores constataram<br />

que em 64 indústrias de produtos de origem<br />

animal, a água de 23 delas encontrava-se fora<br />

dos padrões estabelecidos.<br />

A higiene na indústria de alimentos visa<br />

basicamente, a preservação da qualidade micro<br />

biológica dos alimentos. Assim, a higiene industrial<br />

auxilia na obtenção de um produto que, além das<br />

qualidades nutricionais e sensoriais, tenha uma boa<br />

condição higiênico-sanitária, não vindo a oferecer<br />

quaisquer riscos à saúde do consumidor. A adoção de<br />

práticas aprimoradas de higiene e sanitização na<br />

indústria de alimentos permitirá a obtenção de<br />

produtos de boa qualidade sob o ponto de vista de<br />

saúde pública, atendendo exigências dos padrões<br />

microbiológicos e permitindo obter produtos com<br />

uma vida de prateleira mais longa. A higiene e<br />

sanitização dos equipamentos e utensílios são, sem<br />

dúvidas, operações fu ndamentais no controle<br />

sanitário em Usinas de Beneficiamento, Fábricas de<br />

Laticínios e etc., entretanto, freqüentemente são<br />

negligenciadas ou efetuadas em condições inadequadas.<br />

A higienização correta tem papel relevante quando<br />

se observam os aspectos econômicos e comerciais. A<br />

produção de alimentos seguindo normas adequadas<br />

de controle de qualidade viabiliza os custos de produção<br />

e satisfaz aos anseios dos consumidores.<br />

A indústria de alimentos utiliza substâncias<br />

cloradas no processo de desinfecção das águas de<br />

resfriamento, superfícies de alimento, tubulações,<br />

equipamentos, ambientes, pisos e paredes. A<br />

desinfecção tem como objetivo eliminar<br />

microrgan ismos patogênicos e reduzir os<br />

deterioradores para números considerados<br />

seguros (GIESE, 1991; WEI et ai., 1985;<br />

KATSUYAMA e ATRACHAN, 1980, ap ud<br />

MACEDO et ai., 2002).<br />

O crescimento bacteriano em águas<br />

industriais recirculadas pode induzir a colonização<br />

e formação de incrustação no sistema de<br />

tubulação (OTENIO, M. H. et ai., 2000).<br />

O presente trabalho tem por objetivo<br />

avaliar a influência da qualidade de água nos<br />

pontos críticos do processo de produção de leite<br />

pasteurizado tipo C integral e iogurte.<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

Foram coletadas amostras de água nos<br />

seguintes pontos do laticínio: reservatório de água<br />

principal (caixa de aço de 5000L, que recebe<br />

cloração na forma de hipoclorito de sódio); pia de<br />

entrada do laticínio; água de lavagem da bota; péde-Iúvio;<br />

reservatório de entrada da caldeira; água<br />

de aquecimento do pasteurizador; água de lavagem<br />

da iogurteira; reservatório de água gelada; linha de<br />

água gelada e retorno da linha de água gelada.<br />

Foram também avaliados os resultados de<br />

análise dos produtos: leite pasteurizado tipo C<br />

integral e iogurte, referentes aos anos de 2001,<br />

2002 e 2003, realizados nos laboratórios de<br />

controle: LACEN PR; Centro de Diagnóstico<br />

"Marcos Emrietti" (C. D. M. E.); TEK - REIS,<br />

Laboratório Bromatológico de Leite e<br />

Deri vados; e Laboratório de Controle de<br />

Qualidade de Alimentos da FAUEL, Fundação de<br />

Apoio ao Desenvolvimento da Universidade<br />

Estadual de Londrina.<br />

Os levantamentos dos laudos de análise dos<br />

produtos foram feitos aleatoriamente,<br />

procurando possíveis falhas e desacordos às<br />

normativas da Agência Nacional de Vigilância<br />

Sanitária - ANVISA, referenciadas pela RDC nU<br />

12 de 02/0 1/200 1.<br />

As análises de água do processo produtivo<br />

foram realizadas mensalmente de Julho de 2004<br />

a Janeiro de 2005. As coletas fo ram realizadas<br />

segundo os proced imentos descritos por Souza<br />

& Derísio, 1977.<br />

2.1 Análises Físico-Químicas<br />

As análises físico-químicas foram realizadas<br />

conforme metodologia padronizada por<br />

CLESCERI et aI., 2000. Foram avaliados os<br />

seguintes parâmetros: Cloro mg/L, pH, Cor U<br />

APHA Pt/Co, Condutividade f..lS, Turbidez uT,<br />

Oxigênio Dissolvido mg/L, Matéria Orgânica<br />

mg/L de O 2 cons., Alcalinidade mg CaCO/L e<br />

Dureza mg CaCO/L, conforme NOUR, f993;<br />

CETESB NT 7, 1978; CETESB NT 8, 1978.<br />

Os equipamentos utilizados fo ram:<br />

pHmêtro Marte MB 10; Espectrofotômetro<br />

HACH DR12010; Turbidímetro HACH 2100 p.<br />

Oxímetro DIGIMED DM4 e Condutivímetr<br />

ORION 105.<br />

2.2 Análises Microbiológicas<br />

As análises microbiológicas foram realizadas<br />

por metodologia padronizada, conforme<br />

CETESB, (NT.L5.214), 1992; CETESB<br />

(NT.L5.22 1), 1984. Foram empregados: mei<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

M Endo Agar Les (DIFCO) para Coliformes<br />

Totais, meio Agar M-FC (MERCK) para<br />

Coliformes fecais e meio "Plate Count Agar"<br />

(MERCK) para determinação de Bactérias<br />

Heterotróficas, e os resultados foram expressos<br />

em Unidades Formadoras de Colônias por ml<br />

(UFC/mL) ou (UFC/1 OOmL), conforme<br />

CETESB, (NT.L5.20 1), 1986.<br />

3 - RESULTADOS<br />

O levantamento dos resultados de laudos<br />

oficiais emitidos nos anos de 2001, 2002 e 2003,<br />

para os produtos analisados (leite pasteurizado<br />

tipo C e iogurte), permitiram constatar que<br />

estavam, na sua totalidade, de acordo com os<br />

limites estabelecidos pela RDC n. 12, de 02/0 li<br />

2001 - ANVISA, quanto aos parâmetros físicoquímicos<br />

e microbiológicos avaliados.<br />

Os resultados das análises das amostras de<br />

água, e dos diferentes pontos do processo<br />

(Tabela I), são apresentados com os diferentes<br />

parâmetros de avaliação.<br />

4 - DISCUSSÃ O<br />

Nas indústrias de alimentos, procura-se<br />

ressaltar que muitas das causas de contaminação<br />

são provenientes da falta de aplicação de<br />

procedimentos de limpeza e do resultado do<br />

comportamento das pessoas que manipulam os<br />

alimentos. As Boas Práticas de Fabricação (BPF)<br />

são um conjunto de regras que definem formas<br />

ideais de fabricação, a partir de mudanças nos<br />

métodos de limpeza, do comportamento das<br />

pessoas envolvidas, adequação de equipamentos<br />

e edifícios, buscando eliminar as fontes genéricas<br />

de possíveis contaminações de um produto<br />

(CARBALLIDO et ai., apud NETO;<br />

FIGUEIREDO, 2001).<br />

Nas águas de lavagem, como na amostra<br />

retirada no pé-de-Iúvio, e água de lavagem da<br />

iogurteira, ocorre uma visível redução do cloro,<br />

ou seu total desaparecimento, possivelmente<br />

pela oxidação de materiais biológicos. Estas<br />

amostras ainda apresentam altas contagens dos<br />

parâmetros microbiológicos, possivelmente<br />

Tabela 1: Resultados das análises físico-químicas e microbiológicas da água do laticínio, Bandeirantes<br />

- PR, 2005.<br />

Local Água Água lav. Pé-de-Iúvio Água de Vapor Água lav. Água Água Água<br />

amóstra de pia bota caldeira condensado iogurteira gelada gelada gelada<br />

da caixa da linha do retorno<br />

Parâmetro<br />

Cloro mg/L 0,4 0,4 0,2 O O O 0,1 0,06 0,03<br />

pH 6,9 6,9 7,4 9,3 7,6 7,5 7,4 7,5 7,5<br />

Cor U APHA<br />

Pt/Co<br />

17 17 18,5 33 53 35 56 33 24<br />

TlIrbidez uT 2,4 1 2,54 3,36 2,6 1 5,01 5,73 8,55 5,58 5,38<br />

Condlltividade<br />

J.lS 64,8 65,3 66 35 1 79 114, 1 60,7 67,9 72<br />

Oxigênio<br />

mg/L<br />

5,58 5,67 6,21 3,77 5,41<br />

6,07 7,02 6,86 7, 17<br />

Matéria<br />

orgânica mg/L 0,2 0,5 0,5 7,6 6,1 8,8 0,3 0,3 0,3<br />

de 02 cons.<br />

Alcalinidade<br />

mg CaC03/L<br />

35 32 31 118 34 42 32 34 34<br />

Dureza mg<br />

CaC03/L 36 40 38 32 39 35 34 51 42<br />

Bactérias<br />

Heterotróficas 45 56 1677 104 6120 15160 40 27 13 1854<br />

UFC/mL<br />

Coliformes<br />

Totais O O 1486 O 1793 1320 O O O<br />

UFC/JOOmL<br />

Coliformes<br />

Fecais O O 376 O O 1188 O O O<br />

UFCIlOOmL<br />

digitalizado por<br />

Pág. 51<br />

arvoredoleite.org


decorrentes do tempo de permanência das<br />

sujidades depositadas nestes locais.<br />

Nos resultados das análises dos circuitos de<br />

resfriamento e aquecimento de água do processo<br />

industrial do laticínio, pode-se observar a<br />

eliminação de cloro nas amostras de água<br />

submetidas ao calor. No circuito de água resfriada,<br />

a presença de baixas concentrações de cloro<br />

permitiu o desenvolvimento de bactérias<br />

heterotróficas, porém ausência de coliformes.<br />

Os resultados das análises da água industrial<br />

indicam os pontos críticos com necessidade de<br />

correção da concentração de cloro, particularmente<br />

no circuito de água resfriada e no pé-de-Iúvio.<br />

5 - CONCLUSÃ O<br />

Pode-se concluir que o laticínio avaliado<br />

não apresenta riscos quanto à qualidade microbiológica<br />

do produto final, tanto no caso do<br />

leite pasteurizado tipo C, quanto no iogurte.<br />

Porém, os resultados de amostras de água indicam<br />

que, a baixa concentração de cloro e a presença<br />

de bactérias nos diferentes locais avaliados, podem<br />

comprometer as boas práticas de fabricação e o<br />

controle dos pontos críticos do processo.<br />

ABSTRACT<br />

The quality of the waler of the food industry<br />

is of basic importance for the product assurance<br />

for it processed. This work evaluates the water<br />

used fo r a Dairy Plant in the region of<br />

Bandeirantes - Paraná, with the objective to verify<br />

the impact of this water, on the product quality:<br />

pasteurized milk C integral and yoghurt. Analyses<br />

emitted for the control service of quality of the<br />

sanitary monitoring, had been considered for the<br />

qualitative evaluation of the products processed<br />

for the industry. Water samples had been collected<br />

monthly of July of 2004 to January of 2005, in<br />

the central reservoir, and diverse points in the<br />

processing line: in the exchanging system of heat<br />

(heating or cooling); and water that enters in<br />

contact with the product, as the washing waler<br />

and rinses of the yoghurt machine. Analyses had<br />

been carried through microbiological physicistchemistries<br />

and, in accordance with Standard<br />

Methods of Water and Wastewater (2000). The<br />

results of the evaluation had allowed to observe<br />

that the end items (milk, yoghurt), if found inside<br />

of the standards of RDC n. 12, of 02/01/2001 _<br />

ANVISA. The analyses of water samples of the<br />

reservoir had presented active chlorine (0,5 ppml<br />

L) and absence of bacteria. In the productive<br />

Pág. 52<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

• • •<br />

process, the water reduce the chlorine, possibly<br />

for the heating. Water samples ais o cooled had<br />

indicated that it had a loss of chlorine and, in this<br />

in case that, increase of bacteria, however were<br />

not evaluated the presence of coliformes. Exactly<br />

with the indication of that the evaluated<br />

parameters are in compliance with the<br />

requirements of final product quality, it is<br />

suggested chlorination of the circuit of frozen<br />

water and the one " pé-de-Iúvio", as writ of<br />

prevention for control guarantee.<br />

Key words: industrial water, disinfection, PCC<br />

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1977 (s. n.).<br />

• • • •<br />

ANAIS DO XXII CONGAESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

LEITE DESNATADO, CALDO MRS E SUCO DE MAÇÃ GALA COMO INÓCULOS PARA<br />

FERMENTAÇÃO PROBIÓTICA EM SUCO DE MAÇÃ<br />

Skim milk, MRS broth and gala apple juice as inoculating medium to probiotic<br />

fermentation in apple juice<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

O mercado mundial de alimentos funcionais<br />

tem crescimento de 5% ao ano (ANDLAUER e<br />

FÜRST, 2002), são alimentos com compostos<br />

bioativos que proporcionam a manutenção da<br />

saúde corporal (LEROY e DE VUYST, 2004).<br />

Entre os alimentos funcionais encontramse<br />

os probióticos, com microrganismos vivos<br />

que colonizam o trato gastrointestinal gerando<br />

benefícios ao hospedeiro (ITSARANUWAT et<br />

aI., 2003) e algumas frutas como as maçãs, pelo<br />

conteúdo de polifenóis com função antioxidante,<br />

de pectinas e ácidos que promovem o<br />

equilíbrio do trânsito gastrointestinal (LEE e<br />

SMITH, 2000).<br />

A produção da maçã no Brasil gera um<br />

descarte de 30%, cerca de 2/3 são frutas sadias<br />

que podem ser aproveitadas para processos<br />

industriais (JANZANTTI et ai, 2003).<br />

A junção de microrganismos probióticos<br />

ao suco de maçã torna-se interessante para a<br />

valorização da matéria prima e como opção de<br />

produto probiótico (NEVES, 2005). Para isso é<br />

necessário conhecer os fatores de maior<br />

influência no desenvolvimento celular, pois a<br />

sobrevivência e a viabilidade são dependentes da<br />

espécie e da tecnologia de produção (SAXELIN<br />

et aI., 1999).<br />

Assim, objetivou-se comparar a viabilidade<br />

da fermentação do suco de maçã por<br />

Lactobacilllls casei com três diferentes meios<br />

inoculantes.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

Foi utilizada a cultura probiótica de<br />

Lactobacilllls casei (Lcc), liofilizada, industrializada<br />

pela Christian Hansen Ind. & Com.<br />

NEVES, Luciana de Souza1, 3<br />

WOSIACKI, Gilvan2. 3<br />

Ltda. Os sucos clarificados de maçãs comerciais,<br />

variedade Gala, foram obtidos segundo procedimento<br />

citado por Wosiacki et aI. (1989).<br />

Os inóculos com Lcc utilizados foram: 1-<br />

Leite desnatado reconstituído a 10% (LDR); 2-<br />

Caldo MRS (MRS); e 3- Suco de maçã Gala<br />

(SMG). Estes foram transferidos em 10% do suco<br />

a ser fermentado. Para o preparo do inóculo, os<br />

meios foram esteri lizados, inoculados e permaneceram<br />

em estufa a 37° por 24 horas.<br />

A fermentação de 20 horas ocorreu em<br />

suco de maçã Gala, em banho termostatizado a<br />

37°C, sob agitação, com tomada de pH de hora<br />

em hora. Nos tempos de O e 20 horas foram<br />

feitas análises de contagem celular (UFC/mL),<br />

açúcares redutores solúveis (ARS) e cromatografia<br />

líquida de alta eficiência, quantificando<br />

a concentração de ácido lático e málico.<br />

3 - RESULTA DOS E DISCUSSÃO<br />

A evolução do pH e os resultados dos<br />

parâmetros microbiológicos e fi sico-químicos<br />

avaliados durante a fermentação do suco de maçã<br />

com Lcc com os três diferentes meios inoculantes<br />

encontram-se na figura I e na tabela I.<br />

A evolução da curva de pH, com os inóculos<br />

de LDR e SMG, apresentam-se semelhantes e<br />

características de fermentação malolática, porém o<br />

aumento do pH foi mais intenso no meio com inóculo<br />

de LDR. Nestes tratamentos ocorreram produções<br />

iguais de ácido lático, 31 %, porém, o consumo de<br />

ácido málico foi diferente, de 87 e 6,9%<br />

respectivamente. Esta diferença deu-se em razão da<br />

variação do crescimento celular, pois o número<br />

reduzido de microrganismos torna a fermentação<br />

lenta (JOHANNINGSMEIER et ai, 2004).<br />

1 Prof. Ora. em Processos Biotecnológicos e-mail: lucianalsn@bol.com.br<br />

2 Prof. Dr. em Ciência de Alimentos<br />

3 Universidade Estadual de Ponta Grossa Departamento de Engenharia de Alimentos .<br />

digitalizado por<br />

Pág. 53<br />

arvoredoleite.org


,:;<br />

0. 3,6<br />

3,5<br />

3,4<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

- <br />

3 ,3 -!---,----,--,----,----,--,----,----,c---r---,----,<br />

O 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22<br />

Tempo em horas<br />

l --LD R --MRS --- SMG I<br />

Figura 1 - Evolução do pH em suco de maçã<br />

gala com diferentes inóculos,<br />

durante a fermentação lática<br />

o tratamento com MRS apresenta um<br />

aumento do pH em 4 e 5 horas seguido de uma<br />

redução constante do parâmetro. O consumo de<br />

ácido málico foi de 10% e a produção de ácido<br />

lático·de 76%, o consumo de açúcares comparável<br />

ao fermentado com LDR, e o crescimento celular<br />

foi de 0, 1 ciclos log a mais que inicialmente.<br />

Resultado semelhante ao de Garcerá et aI. (1992),<br />

onde avaliaram o crescimento e o metabolismo<br />

do L-ácido málico por Lactobacillus plantarum,<br />

em meio suplementado somente com glucose<br />

houve um crescimento de O, I ciclos log em 20<br />

horas. Estes pesquisadores observaram que o maior<br />

crescimento do L. plantarum, 0,15 cicIos log em<br />

20 horas, ocorreu no meio com presença de glucose<br />

e alta concentração de L-ácido málico (5 g/L).<br />

Garcerá et aI. (1992) também observaram<br />

que a degradação do ácido málico teve maior<br />

influência no crescimento dos microrganismos.<br />

Da mesma forma, o Lcc, quando apresentou uma<br />

maior tendência de fermentação malolática<br />

durante o crescimento em suco de maçã com<br />

inóculo de LDR.<br />

Explica-se o aumento do pH pelo<br />

metabolismo do ácido málico, que age como<br />

tamponante, compensando a diminuição do pH<br />

do meio produzido pela fermentação de açúcares,<br />

assim, a cultura lática pode degradar mais destes<br />

carboidratos (GARCERÁ et aI., 1992).<br />

Garcerá et aI. (1992) notaram que é<br />

possível o crescimento de L. plantarum em meio<br />

suplementado somente com L-ácido málico,<br />

porém, o crescimento é lento, em 20 horas<br />

obtiveram 0,04 ciclos log, enquanto que o Lcc<br />

com inóculo em suco de maçã Gala teve<br />

crescimento de 0,2 ciclos logo<br />

É sabido que somente as bactérias láticas<br />

podem fazer a fermentação malolática quando há<br />

presença de glucose, caso contrário a única forma<br />

de transformar ácido málico em lático é por meio<br />

da enzima málica (GARCERÁ et aI., 1992).<br />

Schütz e Radler encontraram tanto a atividade<br />

malolática quanto a enzima málica em<br />

Lactobacillus spp (apud GARCERÁ et aI., 1992).<br />

Goekmen et aI (2003) avaliaram a<br />

concentração inicial de D- e L-ácido lático e de<br />

ácido málico em suco de maçã da variedade Golden<br />

Delicious, com inóculo individual de L. plantarum,<br />

Rlzizopus stolonifer e Penicillium expansum e com<br />

um inóculo misto de todos estes microrganismos,<br />

que são contaminantes naturais do suco de maçã,<br />

por 2, 3 e 4 dias em temperaturas de acordo com a<br />

especificidade de cada microrganismo. Em seus<br />

experimentos, a maior produção de ácido lático<br />

foi do L. pantarum em 20% e o maior consumo de<br />

ácido málico ocorreu com o tratamento onde todos<br />

os microrganismos participaram da fermentação,<br />

com 15%. Confrontando estes dados aos resultados<br />

com inóculo de Lcc em suco de maçã Gala, este<br />

tratamento apresentou melhor rendimento de ácido<br />

lático e maior consumo de ácido málico.<br />

Os números de células iniciais e finais não<br />

são indicadores confiáveis de crescimento, pois<br />

a evolução da curva de multiplicação dos<br />

microrganismos engloba 4 fases: a fase lag, onde<br />

parece não haver aumento no número de<br />

microrganismos, a fase log ou de crescimento<br />

propriamente dito, a fase estacionária, onde as<br />

célu las não se multiplicam e a fase de morte<br />

cel ular, onde o número de microrganismos<br />

decresce exponencialmente (PELCZAR et aI,<br />

1996). Então, a tomada de amostras para<br />

contagem de células no início da fermentação e<br />

no fim tem a função de constatar a variação do<br />

crescimento celular e com o acompanhamento<br />

de alguns parâmetros físico-químicos é possível<br />

avaliar globalmente esta multiplicação<br />

Tabela 1 Parâmetros microbiológicos e fIsico-químicos em suco de maçã gala com diferentes<br />

Tratamento<br />

Pág. 54<br />

LDR<br />

MRS<br />

SMG<br />

inóculos, durante a fermentação lática<br />

Log de UFC/mL<br />

Oh 20h<br />

7,7 8,3<br />

8,4 8,5<br />

7,72 7,91<br />

ARS g/1 00mL<br />

Oh 20h<br />

9,94 8,48<br />

9,54 8,12<br />

9,42 9,38<br />

Ácido málicog/l OOmL<br />

Oh 20h<br />

0,3116 0,0393<br />

0, 157 0,141<br />

0,113 0,1214<br />

Ácido lático g/l OOmL<br />

Oh 20h<br />

0,2977 0,4335<br />

0,2312 0,9829<br />

0,473 1 0,6879<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

microbiana. Comparando os resultados da tabela<br />

1, observou-se que o tratamento com LDR<br />

obteve maior crescimento celular. Caso os demais<br />

tratamentos, antes de 20 horas de fermentação<br />

tenham tido um número de células por mL do<br />

meio, maior que o indicado, ou este foi um pouco<br />

acima do apresentado, ou a fase de morte celular<br />

foi intensa demonstrando instabilidade cel ular.<br />

4 - CONCLUSÃ O<br />

O LDR apresentou-se como melhor<br />

inóculo, pois possibilitou a viabilidade bacteriana<br />

em meio ácido e maior crescimento celular<br />

proporcionando características de um produto<br />

fermentado e aumento no número de células para<br />

produção de uma bebida probiótica.<br />

5 - ABSTRACT<br />

The mundial market of functional foods has<br />

been growing 5% for year, this food has bioactive<br />

compounds that maintain the health body.<br />

Between them are the probiotics and the some<br />

fruits, incIuding apples. The brazilian commercial<br />

production of apple promote a discard of 30% and<br />

2/3 of this fruits can be utilize in industrial processo<br />

Then the objective of this work was to compare<br />

the fermentation viability of apple juice with<br />

Lactobacillus casei in three differents medium (1reconstituted<br />

skim milk 10% (LDR); 2- Gala apple<br />

juice (SMG) and MRS broth (MRS» . 10% of the<br />

fermented medium was added by inocule. The<br />

fermentation of 20 hours occurs at 3rC under<br />

agitation, the pH was measured hour by hour. The<br />

analysis realized in the O and 20 hOllrs was cell<br />

count (UFC/mL), soluble sugars (ARS) and liquid<br />

chromatography to determine the concentrations<br />

initial and fi nal of malic and lactic acids. The<br />

mediums of growth were characterized by "Brix,<br />

total soluble sugars (ART), ARS, titrable acidity<br />

(AT) and pH. The mediums showed fermentable<br />

sugars for Lcc, and AT into limits to occur microbial<br />

growth. The LDR and SMG showed a increase in<br />

the pH leveI until 9 hours and after reduction,<br />

characterizing malolática fermentation. The<br />

consumption of acid malic was 87, 6,9 and 10% to<br />

LDR, SMG and MRS, respectively. The LDR<br />

treatment showed the better medium to the growth<br />

in the apple juice, because the bacteria viability in<br />

acid medium (pH 4,0) and the major cellular growth<br />

(0,6 Log) and provide fermented characteristics<br />

and increase the number cells to product the<br />

probiotic beverage.<br />

digitalizado por<br />

Key-words: Lactobacillus casei, malolatic<br />

fermentation, juice fermentation.<br />

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arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

ANÁLISE DE CAPACIDADE: UMA IMPORTANTE FERRAMENTA ESTATíSTICA NO<br />

CONTROLE DE PROCESSOS INDUSTRIAIS NA PRODUÇÃO DE LEITE UHT<br />

Capability analysis: a statistical tool on UHT milk industrial process control.<br />

RESUMO<br />

Jaime Victor Ferreira Brum1<br />

Maria Lucia Masson2<br />

No contexto da globalização e da competitividade em que o setor de laticínios encontra-se<br />

inserido é essencial a medição constante da performance dos processos produtivos, para a<br />

correção das não conformidades existentes, como também para que se pratique a melhoria<br />

contínua. A análise da capacidade é uma importante ferramenta estatística que fornece<br />

informações sobre a performance dos processos, permitindo assim um monitoramento<br />

mais eficaz da produção . Esse artigo apresenta um modelo de aplicação da análise da<br />

capacidade na produção de leite UHT, desde a recepção do leite in natura até o último dia<br />

de validade. O processo estudado foi considerado fora de controle, uma vez que dos 8 itens<br />

de controle estudados, apenas I estava sob controle, indicando a necessidade de<br />

reestruturação do processo de produção na empresa estudada.<br />

Palavras-chave: Estatística de processos, capacidade, qualidade, UHT.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

A gestão da qualidade com segurança e<br />

eficácia deve considerar a utilização de<br />

ferramentas estatísticas, as quais permitem<br />

garantir que os processos de produção industrial<br />

sejam mantidos sob controle. Isto é tão<br />

importante que normas internacionais como a<br />

ISO 900 I :2000 dedicam um capítulo específico<br />

às etapas de medição, análise e melhoria.<br />

Logo, dentro do contexto de produção<br />

industrial de laticínios, medir significa usar<br />

indicadores do desempenho (itens de controle)<br />

que tem por objetivo monitorar a performance<br />

do processo, permitindo a tomada de decisões<br />

com base em fatos e dados.<br />

Ao objetivarmos melhorar um determinado<br />

processo, um dos principais passos é o da análise,<br />

pois na maioria das vezes, é nesta etapa que as<br />

causas de diversos problemas são estabelecidas.<br />

Ao planejar este experimento objetivouse<br />

verificar aplicabilidade da análise da capacidade<br />

no controle de um processo industrial de produção<br />

de leite UHT.<br />

2 - MATERIAIS E MÉTODOS<br />

A coleta dos dados no processo de produção<br />

do leite UHT ocorreu em 3 momentos sendo na<br />

etapa de recepção do leite in natura, após o<br />

envase asséptico/incubação das amostras em<br />

estufa a 35 graus Celsius e no último dia de validade<br />

do leite. As medidas foram realizadas dentro de<br />

um período de 6 meses.<br />

Em seguida foram escolhidos os itens de<br />

controle críticos para a qualidade do produto<br />

final, sendo: determinação da contaminação por<br />

microorganismos psicrotróficos, medição da<br />

temperatura, determinação da redutase,<br />

determinação da acidez e teste de resistência ao<br />

álcool, para o processo de recepção de leite in<br />

natura; pH e teste de resistência ao álcool, para<br />

as amostras coletadas após a incubação; os itens:<br />

teste de resistência ao álcool, pH e acidez, para<br />

as amostras do último dia de validade.<br />

Para realizar a análise dos processos foi<br />

utilizada a ferramenta estatística conhecida por<br />

análise de capacidade, a qual é baseada num grupo<br />

de índices de capacidade e de desempenho do<br />

Mestre em Tecnologia de Alimentos - Programa de' Pós-graduação em Tecnologia de Alimentos. UFPR<br />

Curitiba - PRo Email. jvictorbrum@hotmail.com<br />

2 Doutor em Engenharia de Alimentos. Programa de Pós-graduação em Tecnologia de Alimentos. UFPR- Curitiba<br />

- PRo Email: masson@ufpr.br<br />

Pág. 56<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

processo, atribuindo-lhes a condição de capaz (sob<br />

controle) ou não capaz (fora de controle); adotouse<br />

a recomendação de CAMPOS (2003) que relata<br />

que os índices Cpk e Ppk devem ser pelo menos<br />

1,33. De acordo com a recomendação de CAMPOS<br />

(2003), a análise iniciou-se com um teste de<br />

normalidade para cada grupo de dados dos itens<br />

de controle. Os dados que seguiram distribuição<br />

normal foram analisados empregando-se o método<br />

Capability analysis normal e os que não seguiram<br />

foram analisados empregando-se o método<br />

Capability analysis weibull. Para a etapa de análise<br />

os dados foram plotados utilizando-se o .Hftware<br />

Minitab versão 13.<br />

Os principais índices são Cpk e o Ppk, cujos<br />

valores obtidos expressam o quanto o processo<br />

analisado está controlado ou fora de controle.<br />

Estes índices fornecem informações relativas à<br />

capacidade de uma indústria em manter os<br />

processos sob contro le, ou seja, manter os<br />

processos dentro dos limites especificados e<br />

também o quanto os itens de controle apresentam<br />

de desvio em relação às especificações.<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Para a seção de recepção, os valores dos<br />

índices de capacidade Cpk e Ppk, para cada item<br />

de controle fo ram respectivamente: psicrotróficos<br />

(-0,78 e -0,54), temperatura (0,44 e<br />

0,25), redutase (0,74 e 0,59), acidez (0,43 e 0,35)<br />

e teste de resistência ao álcool (2,87 e 1,73).<br />

Para a coleta após o envase/incubação das amostras<br />

os índices de capacidade Cpk e Ppk fo ram<br />

respectivamente: pH (0,98 e 0,7 1) e teste de<br />

resistência ao álcool (0, 19 e 0,08). Para o último<br />

dia de validade, os índices de capacidade Cpk e<br />

Ppk foram respectivamente : acidez (-0,30 e -<br />

0, 16) e para o pH o índice de capacidade Ppk foi<br />

igual a -0, 12 (o pH foi uma variável que<br />

apresentou comportamento não normal, sendo<br />

utilizada o método Capability analysis weibull<br />

cujo cálculo não inclui o índice Cpk).<br />

Além dos índices de capacidade relativos à<br />

variável temperatura de recepção do leite in<br />

natura, a tabela I mostra que um percentual<br />

relativamente alto de matéria prima (23,75%)<br />

estava sendo recebida a temperaturas superiores<br />

ao valor especificado (8UC) quando se realizou a<br />

amostragem, situação, que representa risco de<br />

comprometimento para o leite in natura, pelas<br />

possibilidades de acidificação, aumento da carga<br />

de microorganismos, entre outros fatores.<br />

Obtidos os índices de capacidade, podem<br />

ser tomadas as ações necessárias não só para a<br />

correção dos processos como também para a sua<br />

melhoria.<br />

A utilização de softwares para o cálculo da<br />

capacidade dos processos é que, como pode ser<br />

visto nas tabelas 1 e 2, são obtidos outros dados<br />

que podem complementar a análise do processo,<br />

como exemplo, a obtenção dos percentuais da<br />

amostra que se apresentaram acima e abaixo dos<br />

limites superiores e inferiores de controle,<br />

respecti vamente.<br />

A tabela 2 além da falta de controle sobre<br />

o processo, comprovada pelos baixos índices de<br />

capacidade, pode-se observar que quase 100% do<br />

leite in /latura analisado estava com contagem<br />

de psicrotróficos acima do limite superior de<br />

controle.<br />

Tabela 1 - valores obtidos na medição da performance de recepção de leite in natura. Variável<br />

temperatura (graus celcius).<br />

ÍNDICE REFERÊNCIA OBSERVA DO ESTIMADO<br />

AMOSTRA (%) PROCESSO (%)<br />

Cpk 1,33 0,44<br />

Ppk 1,33 0,25<br />

Limite Superior<br />

de Controle - LSC<br />

8,00<br />

Limite Inferior 2,00<br />

de Controle - LIC<br />

% > Limite Superior<br />

de Controle - LSC<br />

% < Limite Inferior<br />

de Controle - LIC<br />

23,75 9,32 22,26<br />

0,00 0,00 1,17<br />

% Total 23,75 9,32 23,43<br />

NOTA: tamanho da amostra: 80 unidades. Médi a: 6,48. Desvio padrão da amostra: 1,14. Desvio padrão da população: J ,98.<br />

digitalizado por<br />

Pág. 57<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Tabela 2 - Valores obtidos na medição da performance de recepção de leite in natura. Variável<br />

psicrotróficos (log ufc/ml).<br />

ÍNDICE REFERÊNCIA OBSERVADO ESTIMADO<br />

AMOSTRA (%) PROCESSO (%)<br />

Cpk 1,33 - 0,78<br />

Ppk<br />

Limite Superior<br />

de Controle - LSC<br />

Limite Inferior<br />

de Controle - LIC<br />

% > Limite Superior<br />

de Controle - LSC<br />

% < Limite Inferior<br />

de Controle - LIC<br />

% Total<br />

1,33<br />

6,00<br />

- 0,54<br />

92,50 99,03 94,77<br />

0,00 0,00 0,00<br />

NOTA: tamanho da amostra: 80 unidades. Média: 8,20. Desvio padrão da amostra: 0,94. Desvio padrão da população: 1,36.<br />

4 - CONCLUSÃ O<br />

Os resultados obtidos a partir deste estudo<br />

permitiram concluir que no período analisado, dos<br />

8 itens selecionados para estudo do processo de<br />

produção de leite UHT somente 1, o teste de<br />

resistência ao álcool apresentou os índices sob<br />

controle. Para a adequação do processo estudado,<br />

foi sugerida uma reestruturação dos procedimentos<br />

adotados para a captação do leite nas propriedades<br />

(tempo de armazenamento, temperatura de<br />

estocagem e transporte e condições higiênicas).<br />

SUMMARY<br />

In the context of the globalization and<br />

the competitiveness where the dairy sector of<br />

laticínios meets inserted it is essential the<br />

constant measurement of the performance of<br />

the productive processes, for the correction of<br />

non conformity, as also so that if it practises<br />

the continuous improvement. The analysis of<br />

the capacity is an important tool statistics that<br />

supplies information on the performance of the<br />

processes, thus allowing more efficient<br />

monitoring procedures of the production. This<br />

article presents a model of application of the<br />

analysis of the capacity in the UHT milk<br />

production, since the reception of raw milk until<br />

the end of shelf Iife. The studied process was<br />

considered out of control, because 8 itens of<br />

control studied, only I was under control,<br />

indicating the necessity of reorganization of the<br />

process of production in the studied company.<br />

Pág. 58<br />

•<br />

Key-words : Statistics of process,<br />

Capacity, quality, UHT.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

BRUM, J.Y.F. Análise de Perigos e Pontos<br />

Críticos de Controle em Indústria de<br />

Laticínios de Curitiba - PR. Curitiba, 2004.<br />

129f. Dissertação (Mestrado em Tecnologia de<br />

Alimentos) - Setor de Tecnologia - Universidade<br />

Federal do Paraná.<br />

CAMPOS, M. S. Desvendando o Minitab. Rio<br />

de Janeiro : Editora Qua1itymark, 2003.<br />

FORSYTHE, S. J. Microbiologia da<br />

Segurança Alimentar. Tradução: M.<br />

WEINHEIMER e S. W. ANDREATTA. Porto<br />

Alegre: Artmed Editora S.A., 2002. Tradução de<br />

The microbiology of safe food.<br />

GARCIA, M. D. Uso integrado das técnicas de<br />

HACCP, CEP e FMEA. Porto Alegre, 2000 . 125f.<br />

Dissertação (Mestrado Profissionalizante em<br />

Engenharia de Produção) - Escola de Engenharia,<br />

Universidade Federal do Rio Grande do Sul.<br />

MINITAB INCORPORATION. Minitab<br />

Statistical Software. Release 13.32: 2000.<br />

MORTIMORE, S.; WALLACE, C. Haccp: A<br />

Praticai Approach . Praticai Approaches<br />

to Food Control and Food Quality Series.<br />

Chapman & Hall. B oundary Row. London,<br />

296p, 1997.<br />

PINHEIRO, A.J.R. Processamento de Leite<br />

de Consumo. Apostila e notas de aula do curso<br />

de Tecnólogo em Laticínios da Universidade<br />

Federal de Viçosa, Viçosa, 1988.<br />

•<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

RESISTÊNCIA A ANTIMICROBIANOS EM SALMONELLA SP. E ESCHERICHIA COL!<br />

ISOLADOS DE QUEIJO "MINAS FRESCAL"<br />

Antimicrobial resistence in Salmonella sp. and Escherichia colí isolated from "Minas<br />

Frescal" cheese<br />

RESUMO<br />

Gina Gabriela Seabra Cunha 1<br />

Kelly Márcia Pereira 1<br />

Joanelle Camila Borges Leocádio1<br />

Marieta Torres de Abreu Assis 1<br />

Vera Lúcia dos Santos2<br />

Neste estudo, avaliou-se a qualidade higiênico-sanitária e resistência a antimicrobianos em<br />

Esclzericlzia coli e Salmonella sp. isoladas de amostras de queijo "Minas Frescal" produzido<br />

artesanalmente na região de Barbacena. Foi realizada análise microbiológica em queij os<br />

obtidos de 4 pontos de comercialização. A análise microbiológica consistiu de pesquisa de<br />

Sal1llollella sp. e da determinação do Número mais Provável (NMP) de bactérias do grupo<br />

coliforme, coliformes termotolerantes e Eschericlzia coli pela técnica dos tubos múltiplos.<br />

Todas as amostras apresentaram valores superiores a 110 NMP/ g de queijo de coliformes<br />

termotolerantes e Escherichia coli . A pesquisa de Salmonela sp. foi positiva em todas as<br />

amostras analisadas. Quatro isolados de Salmonella sp. e doze isolados de Escherichia coli<br />

fo ram avaliados quanto ao perfil de resistência a antibióticos. Todos os isolados de<br />

Salmonella sp . apresentaram resistência ao antibiótico amoxilina e sensibilidade aos<br />

'antibióticos tetraciclina, cloranfenicol, gentamicina, ampicilina + sulbactan e cefepime.<br />

Por sua vez, os isolados de E. coli apresentaram sensibilidade aos antibióticos tetraciclina,<br />

cloranfenicol, cefepime e gentamicina e 8 (oito) isolados apresentaram resistência a<br />

amoxilina e I (um) isolado, resistência a ampicilina + sulbactan. Os resultados obtidos<br />

caracterizaram os queijos como produto em condições higiênico-sanitárias insatisfatórias.<br />

PalavrHs-chave: queijo "Minas Frescal", Escherichia co/i. , Sa/fIlollel/a sp., resistência a<br />

antimicrobianos.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

O queijo "Minas Frescal" é um produto que<br />

tem ampla aceitação comercial e que faz parte<br />

do hábito alimentar da população, na maioria<br />

das regiões do país. Por apresentar características<br />

regionais e expressiva produção artesanal, esse<br />

produto não possui padronização da tecnologia<br />

de fabricação, o que pode levar à obtenção de<br />

um queijo de composição variada e com qualidade<br />

fi nal comprometida Apesar da legislação<br />

brasileira exigir a utilização de leite pasteurizado<br />

no seu preparo, é bastante freqüente a<br />

comercialização do produto que não atende a<br />

esta especificação legal (PEREIRA et al., 199 I).<br />

A ingestão de queijos com condições inadequadas<br />

para consumo pode trazer graves conseqüências<br />

para a população, sendo, portanto, um problema<br />

de Saúde Pública. O uso crescente de antimicrobianos<br />

tem sido acompanhado da emergência<br />

e linhagens resistentes em diversos microrganismos,<br />

inclusive aqueles patogênicos<br />

Estudante de Iniciação Científica.<br />

2 Professora pesquisadora.<br />

Instituto de Biociências, Universidade Presidente Antônio Carlos, Barbacena , MO.<br />

Órgão financiador: PROPE .<br />

digitalizado por<br />

Pág. 59<br />

arvoredoleite.org


presentes em alimentos. A resistência a drogas<br />

antimicrobianas representa, hoje, uma séria<br />

ameaça à saúde pública, em todo mundo.<br />

Organizações como a OMS ("Organização<br />

Mundial de Saúde") e o CDC ("Centers for<br />

Disease Control and Prevention") consideram<br />

este fenômeno uma prioridade. Os marcadores<br />

de resistência a drogas em patógenos de seres<br />

humanos e animais, particularmente aqueles<br />

portadores de elementos móveis em seu genoma,<br />

podem espalhar-se rapidamente entre seres<br />

humanos e animais e destes para os primeiros,<br />

particularmente através de produtos alimentícios<br />

contaminados. Considerando a importância dos<br />

queijos como uma fonte de transmissão de<br />

patógenos, o presente trabalho tem como<br />

objetivos avaliar as condições higiênicosanitárias,<br />

através da investigação da carga de<br />

microrganismos indicadores em amostras queijo<br />

"Minas Frescal" produzido artesanal mente na<br />

região de Barbacena e avaliar a resistência a<br />

antimicrobianos em isolados de Salmonella sp.<br />

e Escherichia coU.<br />

2 - MATERIAIS E M É TODOS<br />

As amostras de queijo tipo "Minas Frescal"<br />

fo ram adquiridas em quatro pontos de<br />

comercialização da região de Barbacena - MG.<br />

Os queijos foram coletados em sacos plásticos<br />

de uso único e transportados para o Laboratório<br />

de Pesquisa e Desenvolvimento Científico­<br />

Microbiologia da UNIPAC, para análise imediata.<br />

De cada amostra foram pesados, assepticamente,<br />

25 gramas do produto e adicionados 225 mL de<br />

água peptonada O, I % estéril. Após homogeneização,<br />

diluições decimais forma preparadas<br />

e utilizadas nas análises de bactérias do grupo<br />

coliforme, coliformes termotolerantes, E. coli<br />

e Sal/1/ollella sp. Para determinação do Número<br />

Mais Provável (NMP) de coliformes totais,<br />

alíquotas de 1,0 mL, em triplicatas, de cada<br />

diluição (10.1 a 10.3) foram adicionadas em tubos<br />

contendo caldo Lauril sulfato triptose (LST,<br />

DIFCO) e incubados a 35-37 °C por até 48 horas.<br />

Dos tubos positivos, uma alçada foi transferida<br />

para caldo lactosado verde brilhante bile a 2%<br />

(DIFCO) e incubados a 35-37 °C por 48 horas.<br />

Para a confirmação da presença de coliforme<br />

termotolerante e de E. coli, uma alçada<br />

proveniente dos tubos positivos foi transferiJa<br />

para tubos contendo meio E.C-MUG (DIFCO) e<br />

incubados em banho-maria a 44,5 +/- 0,2°C<br />

durante 24 horas. Os tubos serão considerados<br />

pOSitiVOS para E. coli se for observado<br />

fluorescência quando exposta à luz ultravioleta<br />

a 365 nm. Os resultados foram expressos como<br />

Pág. 60<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

NMP (número mais provável) obtidos em tabela<br />

específica (VANDERZANT, 1992). A presença<br />

de E. coli foi também confirmada pelo crescimento<br />

em ágar EMB (DIFCO). As colônias<br />

com coloração verde-metál ica e confirmadas<br />

fisiologicamente como E. co/i foram testadas<br />

frente a diferentes agentes antimicrobianos. Para<br />

a pesquisa de Salmonella sp.; 25g das amostras<br />

foram transferidas, assepticamente, para frascos<br />

contendo 225mL de água peptonada I % acrescida<br />

de 2mL de solução de verde brilhante 0,25%<br />

(fase de pré-enriquecimento) e incubados a 35-<br />

37°C por 24 horas. Em seguida, alíquotas de<br />

1,0mL e 0,1 mL do pré-enri quecimento foram<br />

transferidas para caldo selenito cistina e caldo<br />

Rappaport-Vassiliadis, respectivamente. Os<br />

tubos de caldo selenito cistina (MERCK) foram<br />

incubados a 35-37"C por 24 horas e os tubos de<br />

Rappaport-Vassiliadis (MERCK) a 43"C por 24<br />

horas. Após o período de incubação, uma alçada<br />

foi semeada por esgotamento em placas contendo<br />

os meios Sa lmonella-Shigella (MERCK) e<br />

Hecktoen entéri co (MERCK), que foram<br />

incubadas a 35-37"C por 24 horas. A seguir, duas<br />

ou mais colônias de cada placa consideradas<br />

típicas foram semeadas no meio ágar TSI e ágar<br />

LIA e incubadas a 35-37° C por 24 horas seguida<br />

da leitura. Para a determinação do perfil de<br />

resistência a antibióticos, foi utilizado o método<br />

de difusão em ágar segundo procedimentos<br />

propostos pelo NCCLS (2000), sendo testados<br />

discos impregnados com os seguintes antimicrobianos:<br />

amoxacilina (20 microgramas),<br />

ampicilina + sulbactan (10 microgramas),<br />

cloranfenicol (30 microgramas), gentamicina<br />

(lO microgramas), tetraciclina (30 microgramas)<br />

e cefepime (30 microgramas), sendo incubados<br />

à 37° C por 24 horas.<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÕES<br />

Todas as amostras apresentaram valores<br />

superiores a 110 NMP/ g de queijo de coliformes<br />

totais e termotolerantes e Escherichia coli. A<br />

ocorrência de coliformes fecais em queijo em níveis<br />

superiores aos permitidos pela legislação tem sido<br />

relatada em vários estudos (FEITOSA et aI. 2003,<br />

PAIVA e CARDONHA 1999). A presença de E.<br />

coli em um alimento pode ser avaliada sob dois<br />

aspectos. Primeiro, E. coli, por ser uma<br />

enterobactéria, uma vez detectada no alimento,<br />

indica que este tem contaminação microbiana de<br />

origem fecal, decorrente da qualidade da matériaprima<br />

ou do processamento sob condições<br />

inadequadas de higiene. Segundo, diversas<br />

linhagens de E. co/i são comprovadamente<br />

patogênicas para o homem e animais (FRANCO<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

& LANDGRAF, 1996). A pesquisa de Salmonela<br />

sp. foi positiva em todas as amostras analisadas.<br />

A presença de SaLmonella em queijo de coalho<br />

tem sido relatada em algumas pesquisas (FEITOSA<br />

et aL., 2003; FLORENTINO e MARTINS, 1999).<br />

Sabe-se, também, que a SaLmonella mantém-se<br />

viável em queijo contaminado por longo tempo<br />

(MODI et aI., 2001). Tal fato essalta . a<br />

i mportância do controle de quahdade ml­<br />

crobiológica do produto, visto que a legislação<br />

brasileira estabelece ausência dessa bactéria em<br />

alimentos.Quatro isolados de SaLmoneLLa sp. e<br />

doze isolados de Esclzericlzia coU foram avaliados<br />

quanto ao perfil de resistência a antibióticos<br />

(Tabela 1). Todos os isolados de Salmonella<br />

apresentaram resistência ao antibiótico amoxilina<br />

e sensibilidade aos antibióticos tetraciclina,<br />

cloranfenicol, gentamicina, ampicilina + sulbactan<br />

e cefepime. Por sua vez, os isolados de E. coU<br />

apresentaram sensibilidade aso antibióticos<br />

tetraciclina, cloranfenicol, cefepime e genta­<br />

micina e 8 isolados apresentaram resistência a<br />

amoxilina e I (um) isolado, resistência a<br />

ampicilina + sulbactan.<br />

4 - CONCLUS Ã O<br />

Os resultados obtidos caracterizaram os<br />

queijos como produto em condições higiênicosanitárias<br />

insatisfatórias, sugerindo que é<br />

necessário uma melhoria no controle higiênicosanitário<br />

do processo de produção do queijo<br />

"Minas Frescal" e, ainda, a necessidade de<br />

implantação de programas de monitoramento<br />

da presença de resistência a antimicrobianos em<br />

bactérias isoladas de alimentos, para dar suporte<br />

a programas que visem a prevenção do<br />

aparecimento de resistência a antimicrobianos.<br />

ABSTRACT<br />

Our study tested the sanitary-hygienic<br />

quality and the antimicrobial resistance to<br />

Escherichia coli and SalmonelIa sp. or samples<br />

of homemade "Minas Frescal" cheese from the<br />

Barbacena region. The microbiological analysis<br />

were done with cheese samples from four<br />

commercial establishments . The analysis<br />

eval uated the presence of Samonella sp., the<br />

determination of the coliform group bacteria<br />

and thermotolerant coliform NMP, and the<br />

presence of E.colí through the multiple tubes<br />

method. AlI samples showed values above 110<br />

NMP/g cheese of thermotolerant coliform and<br />

E.colí. The presence of Salmonella sp. was<br />

positive for alI samples. Were evaluated four<br />

isolates of SalmonelIa sp. and twelve of E.coli<br />

to the antibiotics resistance profíle. AlI isolates<br />

of Salmonella sp. showed resistance to the<br />

antibiotics amoxillin and sensibility to the<br />

tetracycline, chloramphenicol, gentamicin,<br />

ampicillin + sulbactan and cefepi.me. The isolates<br />

of E.coli showed sensibility to the antibiotic<br />

tetracycline, chloramphenicol, cefepime and<br />

gentamycin, eight isolates showed resistance to<br />

amoxillin and one isolate showed resistance to<br />

ampicillin + subactan. This study suggested that<br />

the cheese analised didn' t showed sanitaryhygienic<br />

quality.<br />

Keywords: "Minas Frescal" cheese,<br />

E.coli, Sall1lollella sp ., antimicrobial resistence.<br />

5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

FEITOSA, Te rezinha, BORGES , Maria de<br />

Fátima, NASSU, Renata Tieko el ai. Pesquisa<br />

de Salmollella sp., Listeria sp. e<br />

microrganismos indicadores higiênicosanitários<br />

em queijos produzidos no estado<br />

do Rio Grande do Norte. Ciênc. Te cllol.<br />

Aliment. , Dec. 2003, vo1.23 suppl, p.162- 1 65.<br />

ISSN 0101-2061.<br />

FRANCO, B. D. G. M., LANDGRAF, M.<br />

Microbiologia dos alimentos. São Paulo :<br />

Atheneu, 1996. 182p.<br />

Tabela 1 - Isolados microbianos de Salmonella sp. e E.coli e medidas do halo de inibição em mm<br />

Antibióticos 81 82 83 84 EI E2 E3 E4 E5 E6 E7 ES E9 ElO Ell El2<br />

Tetraciclina 20 S 20 S 25 S 22 S 25 S 10 R 12 R 19S 09 R 25 S 22 S 22 S 22 S 24 S 17 I 22 S<br />

Cloranfenieol 28 S 26 S 27 S 28 S 29 S 15 I 30 S 21 S 27 S 27 S 25 S 25 S 26 S 27 S 26S 26 S<br />

Cefepime 28 S 26 S 23 S 25 S 31 S 18 S 29 S 27 S 30 S 30 S 24 S 26 S 27 S 30 S 27 S 27 S<br />

Amoxilina 13R 17 I 15 I<br />

Ampicilina<br />

+ Suhaetan<br />

19S<br />

17 S 18 S 19S 23 S 25 S 22 S 22 S 20 S 17 I 20 S 19S 19 S 16 I 20 S<br />

Gentamieina 19S 19S 20 S 20 S 22 S 18 S 22 S 20 S 22 S 21 S 20 S 20 S 20 S 22 S 21 S 22 S<br />

Legenda: 8 - Sallllonella sp.; E - E.calí; S - sensível; I - intermediário; R - resistente.<br />

digitalizado por<br />

Pág. 61<br />

arvoredoleite.org


FLORENTINO, E. S.; MARTINS, R. S.<br />

Características microbiológicas do "queijo de<br />

coalho" produzido no estado da Paraíba. Revista<br />

Higiene Alimentar, São Paulo, v. 13, n. 59, p.<br />

43-48, 1999.<br />

MODI, R.; HIRVI, Y. ; HILL, A.; GRIFFITHS,<br />

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PAIVA, M.S.D.; CARDONHA, A. M. S. Queijo<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

• •<br />

de coalho artesanal e industrializado produzidos<br />

no Rio Grande do Norte: estudo comparativo da<br />

qualidade microbiológica. Revista Higiene<br />

Alimentar, São Paulo, v. 13, n. 61, 1999, p.33.<br />

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Compedium for the microbiological<br />

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American Public Health Association, 1992, 1219p.<br />

• •<br />

QUALIDADE MICROBILÓGICA DO LEITE HUMANO ORDENHADO<br />

Microbiological quality of milked human milk<br />

RESUMO<br />

Kamila Edwiges Fontes Freitas 1<br />

Camargo de Carvalho Oliveira 1<br />

Marcelo José de Magalhães 1<br />

Miriam Aparecida Pinto Vilela2<br />

Dayse Siqueira Santos3<br />

Edna César Mattos4<br />

O estudo preocupou-se em avaliar as condições higiênico-sanitárias do leite humano ordenhado<br />

e congelado oferecido aos recém-nascidos prematuros e de baixo peso e/ou doentes internados em um<br />

hospital de Juiz de Fora-MO. Foram analisadas 275 amostras deste leite, fornecidas pelo lactário do<br />

mesmo hospital no ano de 2004.<br />

Palavras-chave: leite humano ordenhado, coliformes, recém-nascidos.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

Leite materno é o alimento fundamental<br />

por conter todas as substâncias necessárias ao<br />

crescimento e desenvolvimento dos recémnascidos<br />

durante os primeiros meses de vida. A<br />

composição química do leite humano<br />

Acadêmicos do curso de Farmácia/UFJF.<br />

2 Professores do Departamento de Alimentos e Toxicologia FFB/UFJF.<br />

3 Nutricionista.<br />

4 Médica.<br />

Pág. 62<br />

corresponde às necessidades nutricionais e atende<br />

as peculiaridades fisiológicas do metabolismo do<br />

recém-nascido (BRASIL I, 2001). O aleitamento<br />

materno não apresenta benefícios apenas para o<br />

filho, mas também para a mãe, por estreitar ainda<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

mais a relação com a criança, a qual já é íntima<br />

desde a gravidez.<br />

A recomendação do Ministério da Saúde é<br />

que todos os recém-nascidos recebam o colostro e<br />

sejam amamentados, sem alimentos complementares,<br />

até quatro a seis meses de vida. Mesmo<br />

mães desnutridas podem e devem amamentar seus<br />

filhos. E já a Organização Mundial de Saúde (OMS)<br />

recomenda a amamentação, como complemento,<br />

até o segundo ano de idade, pois é benéfica mesmo<br />

para crianças maiores.<br />

Sabe-se que para os bebês alimentados com<br />

leite materno, os primeiros seis meses de vida<br />

podem ser a época mais saudável de vida. Este<br />

tipo de alimentação preenche perfeitamente<br />

suas demandas nutricionais (SERAFINI, 2003).<br />

Quando não for possível a amamentação, como<br />

nos casos de recém-nascidos prematuros e/ou<br />

hospitalizados que não dispõem de condições<br />

para sugar o leite materno, o leite da própria<br />

mãe deverá ser coletado sob condições<br />

higiênicas, analisado e oferecido a crianças<br />

(BRASILl, 2001).<br />

O controle da qualidade microbiológica do<br />

leite humano ordenhado (LHO) é necessário com<br />

objetivo de evitar prejuízos à saúde, além da perda<br />

do valor nutricional e redução dos fatores de<br />

defesa, devido à utilização dos componentes<br />

presentes no LHO pelos microrganismos,<br />

desqualificando o produto para o consumo<br />

(SALLES & GOULART, 1997).<br />

Estudos realizados por SIMON (1966) e<br />

BOER ct ai (1981) revelam que o maior índice<br />

de contaminação do leite ocorre durante as fases<br />

de coleta, transporte e estocagem, visto que o<br />

mesmo não dispõe de barreira física que impeça<br />

a penetração de microrganismos contaminantes.<br />

Foram analisadas 275 amostras de leite<br />

humano ordenhado e congelado, oriundas do<br />

lactário de um hospital de Juiz de Fora-MG, no<br />

ano de 2004. As amostras foram obtidas por<br />

expressão manual das mamas através de coleta<br />

interna (realizada pela equipe de enfermeiras no<br />

próprio hospital) e coleta externa (realizada nas<br />

residências das doadoras).<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

Foram analisadas 275 amostras de leite<br />

humano ordenhado e congelado, oriundas do<br />

lactário de um hospital de Juiz de Fora-MG, no<br />

ano de 2004. A metodologia utilizada para<br />

análise fo i recomendada por BRASIL (2001),<br />

adaptado da metodologia clássica APHA<br />

(1992). Foram inoculadas quatro alíquotas de<br />

1 mL cada em um tubo com 10 mL de Caldo<br />

Verde Bile Brilhante (BPGL) a 5% p/v com<br />

digitalizado por<br />

tubo de Duhran em seu interior. Após agitação,<br />

os tubos foram incubados a 36 +/- 12°C por 48<br />

horas. A presença de gás no interior do tubo de<br />

Duhran caracterizou resultado positivo. O tubo<br />

positivo foi repicado com auxílio de alça de<br />

platina para um tubo de caldo BPGL 40g/L e<br />

incubado a 36 +/- 1°C por 48 horas. O<br />

aparecimento de gás no interior do tubo de<br />

Duhran confirmou a presença de microrganismos<br />

do grupo coliforme tornando o<br />

produto impróprio para consumo.<br />

Os resultados obtidos nas análises de leite<br />

materno ordenhado fo ram comunicados ao<br />

responsável pelo lactário, possibilitando a<br />

classificação do leite e sua destinação adequada.<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÕES<br />

Os resultados obtidos a partir das amostras<br />

coletadas e analisadas estão apresentados na<br />

tabela 1 e gráfico 1 abaixo:<br />

Tabela 1: Qualidade Microbiológica do Leite<br />

Humano Ordenhado (LHO)<br />

TIPO DE Aprovadas % Reprovadas %<br />

COLETA<br />

Coleta Interna 248 92,9 \9 7 .\<br />

Coleta Externa 5 62,5 3 37,5<br />

Gráfico 1: Qualidade Microbiológica do LHO<br />

92%<br />

CAPROVADOS<br />

11 REPROVADOS<br />

Das 275 amostras de LHO analisadas, 22<br />

(8%) foram consideradas impróprias para o<br />

consumo devido à presença em I mL de<br />

microrganismo do grupo coliforme a 35°C. O<br />

índice de reprovação das amostras obtidas de<br />

coleta externa (37,5%) foi maior quando<br />

comparado com o daquelas obtidas através de<br />

coleta interna (7, I %). Esses resultados estão<br />

representados no Gráfico 2.<br />

Pág. 63<br />

arvoredoleite.org


Gráfico 2: Amostras reprovadas de LHO obtidas<br />

através de coleta interna ou externa<br />

40,0%<br />

35,0%<br />

30,0%<br />

25,0%<br />

20,0%<br />

15,0%<br />

10,0%<br />

5,0%<br />

0,0%<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

37,5%<br />

Coleta Interna Coleta Externa<br />

AV ILA et a!. (2003) relataram que 38%<br />

das amostras de leite humano ordenhado<br />

analisadas apresentaram bactérias contaminantes<br />

do grupo coliforme. Verificaram também que a<br />

freqüência de amostras contaminadas com<br />

bactérias pertencentes a este grupo foram<br />

maiores nas coletas realizadas externamente<br />

(fora lactário).<br />

NOVAK et ai (200 I) analisaram 837<br />

amostras de LHO, fo ram identificadas 71<br />

(8,48%) contaminadas com microrganismos do<br />

grupo coli forme, porém em nenhuma das<br />

amostras a população ultrapassou 1,0 x 103 NMP/<br />

mL. Após a identificação os resultados obtidos<br />

revelaram a presença de três gêneros e cinco<br />

espécies da família Enterobacteriaceae nas 71<br />

cepas estudadas. A maioria dos microrganismos<br />

(65-91,6%) pertenciam a apenas duas espécies,<br />

En terobacter cloacae e Klebsiella pneufIloniae,<br />

sendo discreta a ocorrência de E. coli (3-4,2%).<br />

De acordo com ALMEIDA & NOVAK<br />

(1999), os critérios de utilização do LHO para<br />

banco de leite são: o número de colônias de<br />

bactérias mesófilas não deve exceder 10 . 1 UFC/<br />

mL, StaphylococcllS totais não deve exceder 103<br />

UFC/mL e ausência em I mL de coliformes,<br />

bolores e leveduras, termodúricos, psicotróficos<br />

e termodúricos-psicotróficos.<br />

Como pode ser observado no trabalho<br />

realizado por Á VILA et ai (2003) o método<br />

preconizado por BRASIL' (200 I) é mais simples<br />

e proporciona economia de material e tempo, o<br />

qual é importante considerando a necessidade de<br />

rápida destinação do leite, além da quantidade de<br />

amostra necessária a realização da anál ise ser<br />

viável em relação ao volume de leite produzido,<br />

o que permi te o controle microbiológico de<br />

amostras individuais.<br />

BRASIL (2001) preconiza os seguintes<br />

padrões microbiológicos para leite materno de<br />

Pág. 64<br />

bancos de leite: Aeróbios mesófilos viáveis/mL:<br />

máximo 102 UFC; Coliformes a 35°C e<br />

Estafilococos coagulase positiva: ausência em<br />

I mL e Sa lmonella sp : ausência em 25 mL.<br />

Neste trabalho, realizou-se apenas a<br />

determinação de microrganismos do grupo<br />

coliforme, segundo recomendação do Ministério<br />

da Saúde (BRASIL, 200 I), por se tratar de uma<br />

técnica simples e os microrganismos do grupo<br />

coliformes serem indicativos de práticas<br />

higiênico-sanitárias insatisfatórias, as quais<br />

representam riscos aos recém-nascidos, tornado<br />

o leite impróprio para o consumo.<br />

4 - CONCLUSÃ O<br />

A partir da análise dos dados obtidos neste<br />

trabalho, pode-se observar que a qualidade<br />

microbiológica do leite humano ordenhado e<br />

congelado depende exclusivamente das condições<br />

higiênico-sanitárias durante o processo de coleta,<br />

transporte e estocagem do mesmo. Nota-se<br />

também uma significativa diferença entre os<br />

índices de reprovação das amostras fornecidas pela<br />

coleta interna (7,1%) e externa (37,5%),<br />

comprovando assim que as condições de higiene<br />

durante o processo de coleta e estocagem das<br />

doadoras, muitas vezes, não são adequadas ou<br />

completamente satisfatórias, principalmente<br />

quando a coleta é realizada nas residências das<br />

mesmas. ainda que sob as recomendações<br />

fo rnecidas pela equipe de enfermagem do hospital.<br />

SUMARY<br />

The study it was worried in evaluating justborn<br />

the hygienical-sanitary conditions of milked<br />

and congealed human milk offered to premature<br />

and of low weight and/or sick people interned in<br />

a hospital of Juiz de Fora-Me. 275 samples of<br />

this milk had been analyzed, supplied for the suck<br />

of the same hospital in the year of 2004.<br />

Key words : milked human milk,<br />

coliformes, just-born<br />

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2003.<br />

• • • •<br />

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DO LEITE PASTEURIZADO COMERCIALIZADO EM JUIZ<br />

DE FORA NO ANO DE 2004 SOB INSPEÇÃO MUNICIPAL<br />

Microbiological quality of the pasteurized milk marketed in Juiz de Fora in the year of<br />

2004 under municipal inspection<br />

RESUMO<br />

Humberto Moreira Húngaro1<br />

Kamila Edwiges Fontes Freitas 1<br />

Sara Cristina HoW<br />

Marcelo José de Magalhães 1<br />

Marco Antônio Moreira Furtado2<br />

Miriam Aparecida Pinto Vilela2<br />

A qualidade microbiológica do leite pasteurizado comercializado no município de Juiz de<br />

Fora - MG foi avaliada com o objetivo de verificar se o mesmo atendia aos padrões<br />

microbiológicos estabelecidos pelo Sistema de Inspeção Municipal / Prefeitura de Juiz de<br />

Fora. Os parâmetros analisados foram: contagem padrão em placas e o número mais<br />

provável de coliformes totais e termotolerantes. Das 20 amostras analisadas, 11 (55,0%)<br />

foram aprovadas, apresentando contagem global entre 3 x 10° e 9,3 x 103 UFC/mL e<br />

Acadêmicos do curso de Farmácia/UFJF.<br />

2 Professores do Departamento de Alimentos e Toxicologia FFB/UFJF.<br />

digitalizado por<br />

arvoredoleite.org<br />

Pág. 65


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

ausência em 1 mL de coliformes totais e termotolerantes; 7 apresentaram ausência de<br />

coliformes e contagem global superior a 2 x I ()4 UFC/mL, sendo portanto reprovadas; uma<br />

amostra apresentou contagem global inferior a 2 x 104 UFC/mL, estando, porém, em<br />

desacordo em relação aos padrões para coliformes totais; outra amostra foi reprovada em<br />

ambos os parâmetros. Estes resultados indicam condições higiênico-sanitárias insatisfatórias<br />

do leite pasteurizado comercializado em Juiz de Fora.<br />

Palavra-chave: leite pasteurizado, qualidade microbiológica, coliformes<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

o leite é um alimento valioso no aspecto<br />

nutricional , sendo rica fonte de proteínas,<br />

gordura, carboidratos, vitaminas e sais minerais.<br />

Estas características o fazem um meio de cultura<br />

ideal para o crescimento de microrganimos<br />

(ALMEIDA et aI., 1999). Devido ao risco de<br />

veiculação de microrganismos patogênicos e<br />

deteriorantes, o produto recebe uma grande<br />

atenção por parte dos pesquisadores e autoridades<br />

ligados à área de saúde e tecnologia de alimentos<br />

(MACIEL et aI., 2003).<br />

O leite pasteurizado constitui a forma mais<br />

difundida deste produto e de grande consumo nos<br />

centros urbanos, assumindo importante papel<br />

econômico. Portanto, o controle de qualidade<br />

do leite pasteurizado comercializado assume<br />

grande importância para a economia e saúde do<br />

consumidor (ALMEIDA et aI., 1999).<br />

A produção do leite (higiene na ordenha e<br />

transporte adequado até o laticínio), o<br />

beneficiamento (pasteurização adequada, higiene<br />

das instalações, armazenamento adequado, etc.),<br />

a distribuição e a comercialização do leite<br />

(temperatura de armazenamento adequada)<br />

constituem os principais pontos de controle da<br />

cadeia produtiva do leite para a obtenção de um<br />

produto final com qualidade (OLIVEIRA &<br />

BORGES, 1984).<br />

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária<br />

ANVISA, estabelece como parâmetros<br />

satisfatórios de qualidade microbiológica para leite<br />

pasteurizado a ausência de bactérias do gênero<br />

Salmollella (ausência/25mL do produto) e o<br />

número mais provável (NMP) de coliformes<br />

termotolerantes não deve exceder 4/mL (BRASIL,<br />

2001). Estes microrganismos são sensíveis a<br />

temperatura de pasteurização do leite, e quando<br />

presentes no produto final indicam contaminação<br />

após processamento ou tratamento térmico<br />

insuficiente (GILMOUR & ROWE, 1990).<br />

Segundo a Portaria nO 001 de 08 de maio de<br />

1995 da SMAA/PMJF (JUIZ DE FORA, 1995)<br />

são estabelecidos os seguintes parâmetros<br />

microbiológicos para leite pasteurizado: ausência<br />

Pág. 66<br />

em I mL de coliformes totais e termotolerantes e<br />

no máximo 2 x 104 UFC/mL de aeróbios mesófilos.<br />

O objetivo deste trabalho foi avaliar a<br />

qualidade microbiológica das amostras de leite<br />

pasteurizado comercializado na cidade de Juiz de<br />

Fora e região no período de 2004, enviadas ao<br />

Laboratório de Análises de Alimentos e Águas da<br />

Universidade Federal de Juiz de Fora e, além de<br />

oferecer subsídios aos órgãos de fiscalização<br />

competentes a fim de que possam agir com mais<br />

empenhos, exigindo dos produtores, laticínios e<br />

comerciantes a qualidade esperada do leite para<br />

o consumidor.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

Foram analisadas 20 amostras de leite<br />

pasteurizado comercializadas entre os meses de<br />

janeiro e dezembro de 2004. Estas amostras foram<br />

coletadas pelos próprios fabricantes e<br />

encaminhadas em caixa isotérmica ao Laboratório<br />

de Análises de Alimentos e Águas da Faculdade de<br />

Farmácia e Bioquímica da Universidade Federal<br />

de Juiz de Fora. As análises foram realizadas no<br />

mesmo dia da coleta. Foram avaliados os seguintes<br />

aspectos microbiológicos: contagem padrão em<br />

placas (contagem global ou aeróbios mesófilos),<br />

coliformes totais e termotolerantes, seguindo a<br />

metodologia clássica preconizada por BRASIL<br />

(1981) e APHA (1992).<br />

2.1 Determinação do número mais provável<br />

de coliformes totais e termotolerantes<br />

Três diluições da amostra (O, lO-I e 10-2)<br />

foram submetidas aos testes presuntivo e<br />

confirmativo para coliformes totais, utilizandose<br />

uma série de três tubos de Caldo Lauril Sulfato<br />

Triptose, por diluição. Os tubos foram incubados<br />

a 35°C por 24 a 48 horas. Os tubos que<br />

apresentaram resultado positivo (evidenciado<br />

pela presença de gás no tubo de Durham), foram<br />

inoculados em Caldo Verde Bile Brilhante (VBB)<br />

e incubados a 35°C por 24 a 48 horas para<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

confirmação da presença de coliformes totais.<br />

Os tubos de caldo VBB positivos foram então<br />

inoculad os em caldo Esclzerichia coli (EC)<br />

suplementados com MUG e incubados a 35°C<br />

por 24 horas para confirmação de coliformes<br />

termotolerantes (Escherichia coli), os tubos<br />

positivos apresentaram turvação e fluorescência<br />

na luz ultravioleta. Após a realização destes<br />

testes, os resultados foram encontrados<br />

utilizando-se a tabela de NMP.<br />

2.2. Contagem padrão em placas<br />

Três diluições da amostra (O, lO-I e 10 . 2)<br />

foram plaqueadas em duplicata em Ágar Padrão<br />

para Contagem (PCA) adicionado de cloreto de<br />

2,3,5 trifeniltetrazólio (TTC) para facilitar a<br />

visualização das colônias. As placas foram<br />

incubadas a 35°C por 48 horas. Após esse<br />

período, procedeu-se a contagem das colônias.<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Dentre as 20 amostras de leite pasteurizado<br />

analisadas, 11 (55%) foram aprovadas de acordo<br />

com JUIZ DE FORA (1995), apresentando<br />

contagem global entre 3 x 10° e 9,3 x 103 UFCI<br />

mL e ausência em I mL de coliformes totais e<br />

termotolerantes. Das amostras reprovadas, 7<br />

apresentaram ausência em I mL de coliformes<br />

totais e termotolerantes e contagem padrão em<br />

placas superior ao limite estabelecido por JUIZ<br />

DE FORA (1995). Uma amostra apresentou<br />

contagem padrão em placas inferior a 2,0 x 104<br />

UFC/mL, porém fo i reprovada por conter 0,4<br />

NMP/mL de coliformes totais. Outra amostra<br />

apresentou-se foram de ambos os parâmetros<br />

analisados, por conter 0,4 NMP/mL de<br />

coliformes totais e contagem padrão em placas<br />

de 4,2 x 104 UFC/mL.<br />

Esses resultados quando comparados com<br />

os encontrados por FREITAS et a!. (2004),<br />

demonstraram uma melhoria no parâmetro de<br />

coliformes totais e termotolerantes, que no ano<br />

de 2003 foi responsável por reprovar 27,3% das<br />

amostras, e no ano de 2004, apenas 10% das<br />

amostras analisadas foram reprovadas neste<br />

quesito. Em relação ao parâmetro de contagem<br />

padrões em placas, 9, I % das amostras<br />

apresentaram-se em desacordo com os padrões<br />

legais no ano de 2003; sendo que em 2004, 35%<br />

das amostras excederam a contagem permitida.<br />

4 - CONCLUSÃO<br />

Ao compararmos os resultados obtidos com<br />

o trabalho anterior realizado por FREITAS et<br />

digitalizado por<br />

aI. (2004) na cidade de Juiz de Fora, observou-se<br />

uma diminuição na contaminação do leite por<br />

microrganismos do grupo dos coliformes,<br />

havendo, porém, um aumento na carga microbiana<br />

total do leite.<br />

Os resultados encontrados indicam<br />

condições higiênico-sanitárias insatisfatórias das<br />

amostras de leite pasteurizado comercializado<br />

em Juiz de Fora, e confirmam a necessidade de<br />

que os órgãos oficiais competentes sejam<br />

sensibilizados para o problema e invistam<br />

esforços para sua solução. Ressalta-se também a<br />

importância de que os órgãos de fomento e<br />

pesquisa estimulem a realização de trabalhos para<br />

desenvolvimento e implantação de programas<br />

de garantia de qualidade, visando a melhoria dos<br />

produtos oferecidos à população.<br />

SUMMARY<br />

The microbiological quality of<br />

commercialized pasteurized milk in the city of<br />

Juiz de Fora - MG was evaluated with the objective<br />

to verify if the same it took care of to the<br />

microbiological standards established by the<br />

System of Municipal Inspection/City hall of Juiz<br />

de Fora. The analyzed parameters had been:<br />

counting standard in plates and the most likely<br />

number of total and termotolerents coliforms.<br />

Of the 20 analyzed samples, 1I (55,0%) had<br />

been approved, presenting global counting<br />

between 3 x 10° e 9,3 x 101 UFC/mL and absence<br />

in I mL of total and termotolerants coliforms;<br />

7 had presented absence of colifonns and the<br />

superior global counting x 104 UFC/mL, being<br />

therefore disapproved; a sample presented<br />

inferior global counting the 2 x 104 UFC/mL,<br />

being, however, in disagreement in relation to<br />

the standards for total coliforms; another sample<br />

was disapproved by both parameters. These<br />

results indicate unsatisfactory hygienic-sanitary<br />

conditions of commercialized pasteurized milk<br />

in Juiz de Fora.<br />

Keywords: pasteurized milk, microbiological<br />

quality, coliforms<br />

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ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

• • • •<br />

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Congresso Nacional de Laticínios, XII, 1994,<br />

Juiz de Fora, Anais '" Juiz de Fora, Centro de<br />

Ensino e Pesquisa, Instituto de Laticínios<br />

Cândido Tostes, 1994.<br />

• •<br />

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DO QUEIJO TIPO MINAS FRESCAL COMERCIALIZADO<br />

EM JUIZ DE FORA E REGIÃO NO ANO DE 2004<br />

Evaluation of the microbiological of the cheese type minas frescal marketed in Juiz de<br />

Fora and region in the year of 2004<br />

1 Acadêmicos do curso de Farmácia/UFJF.<br />

2 Professores do Departamento de Alimentos e Toxicologia FFB/UFJF.<br />

Pág. 68<br />

Marcelo José de Magalhães 1<br />

Humberto Moreira Húngaro1<br />

Flávio de Oliveira Ferraz1<br />

Leonardo de Albuquerque Barbosa 1<br />

Miriam Aparecida Pinto Vi/ela2<br />

Marco Antônio Moreira Furtado2<br />

I · INTRODUÇÃO<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

O queijo Minas Frescal é um derivado do<br />

leite tipicamente mineiro, porém consumido em<br />

todo território brasileiro. É um produto de massa<br />

crua e com elevado teor de umidade, em torno<br />

de 55-62% (FURTADO, 1991). Como seu<br />

processo de fabricação é simples, isto é, não<br />

requer muitos aparatos tecnológicos, este é<br />

produzido em todo o Brasil tanto por laticínios<br />

de pequeno quanto de grande porte. Assim, muitas<br />

vezes o Minas Frescal é fabricado sem o mínimo<br />

de condições higiênicas para se obter um produto<br />

de boa qualidade.<br />

No decorrer da cadeia produtiva do queijo,<br />

devem ser aplicadas as técnicas de boas práticas<br />

de fabricação, como a assepsia de equipamentos,<br />

utensílios e mãos do operador; utilização de leite<br />

pasteurizado e armazenamento do produto<br />

acabado sob refrigeração. Essas medidas podem<br />

prevenir a contaminação do mesmo por bactérias<br />

patogênicas e deteriorantes, aumentar a vida útil<br />

e conseqüentemente reduzir os riscos de<br />

toxinfecções alimentares.<br />

Dentre os microrganismos indicativos de<br />

condições higiênico-sanitárias insatisfatórias, que<br />

podem estar presentes como contaminantes no<br />

queijo Minas Frescal , estão os coliformes<br />

termotolerantes e estafilococos coagulase positiva.<br />

"A Escherichia coli, principal representante<br />

do grupo dos coliformes termotolerantes, é<br />

utilizada como indicador das condições higiênicas<br />

na elaboração dos alimentos (SILVA et aI., 200 1).<br />

A contaminação por esta bactéria pode ocorrer<br />

antes da pasteurização do leite ou após<br />

tratamento térmico. Certas estirpes desta<br />

enterobactéria podem produzir enterotoxinas,<br />

que ao serem consumidas juntamente com o<br />

alimento provocam danos à saúde do consumidor<br />

(SANTOS et aI., 1995).<br />

Os estafilococos coagulase positiva são<br />

microrganismos passíveis de serem encontrados<br />

no queijo, já que vários fatores favorecem sua<br />

presença neste alimento, tais como: más<br />

condições higiênicas durante o processo de<br />

fabricação e a presença de trabalhadores muitas<br />

vezes portadores assintomáticos destes microrganismos<br />

e possuidores de maus hábitos higiênicos<br />

(VILELA et aI., 2001).<br />

Este trabalho teve como objetivo avaliar<br />

as condições higiênico-sanitárias do queijo Minas<br />

Frescal produzido e comercializado na cidade de<br />

Juiz de Fora e região, através da enumeração de<br />

coliformes termotolerantes e contagem de células<br />

viáveis de estafilococos coagulase positiva. Para<br />

tal, foram analisadas 16 amostras de queijo Minas<br />

Frescal enviadas ao Laboratório de Análises de<br />

digitalizado por<br />

Alimentos e Águas da Universidade Federal de<br />

Juiz de Fora no ano de 2004.0s resultados obtidos<br />

foram comparados com os padrões exigidos pela<br />

RDC nO 12, de 2 janeiro de 200 I.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

Durante o ano de 2004, 16 amostras de<br />

queijo Minas Frescal comercializado na cidade<br />

de Juiz de Fora e região foram enviadas ao<br />

Laboratório de Análises de Alimentos e Água da<br />

Universidade Federal de Juiz de Fora, pelos<br />

próprios laticínios, em condições isotérmicas.<br />

N o laboratório, as amostras foram identificadas<br />

e submetidas aos seguintes ensaios: coliformes<br />

termotolerantes e estafilococos coagulase<br />

positiva. Inicialmente, foram pesados 25 g da<br />

amostra e homogeneizados em 225 mL de<br />

solução de citrato 2% (diluição 10-1), a partir daí<br />

foram feitas as diluições decimais, utilizando-se<br />

tubos contendo 9 mL de solução de água<br />

peptonada O, I % estéril.<br />

Para a determinação dos coliformes<br />

termotolerantes, três diluições (l 0-1, 10-2 e 10-3)<br />

foram submetidas ao testes presuntivos e confirmativos,<br />

para coliformes totais e termotolerantes,<br />

utilizando-se uma série de três tubos de caldo lauril<br />

sulfato triptose, por diluição. Os tubos inoculados<br />

foram incubados 35°C/24-48 horas. Os tubos<br />

positivos (evidenciados pela formação de gás no<br />

interior do tubo de durhan) foram inoculados em<br />

caldo verde bile brilhante (VBB) e incubados a<br />

35°CI24-48 horas para a confirmação de<br />

coliformes totais. Para pesquisa de coliformes<br />

termotolerantes (Esclzerichia coli), os tubos de<br />

caldo VBB positivos (evidenciados pela formação<br />

de gás no interior do tubo de durhan) foram<br />

inoculados em caldo EC MUG e incubados a 35°C.<br />

Após 24 horas, realizou-se a leitura e os tubos que<br />

apresentaram turvação e fluorescência na luz<br />

ultravioleta foram considerados positivos quanto<br />

à presença de Escherichia coli (expresso como<br />

coliformes termotolerantes).<br />

A determinação de estafilococos coagulase<br />

positiva fo i conduzida por meio da contagem<br />

direta em placas utilizando o método de<br />

plaqueament


cada placa. Cinco colônias (três típicas e duas<br />

atípicas) selecionadas da melhor diluição foram<br />

inoculadas em caldo infuso cérebro e coração<br />

(BHI) para maior crescimento e proliferação<br />

bacteriológica e incubadas a 35°C/24h. Ao fim<br />

desta etapa, as colônias foram submetidas ao<br />

teste de coagulase utilizando-se o Kit "coaguplama"<br />

(laborclin). Os resultados foram<br />

expressos em UFC/g de produto.<br />

3 o RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

De acordo com os padrões exigidos pela<br />

RDC na 12, de 2 janeiro de 2001, o queijo Minas<br />

Frescal deve atender aos seguintes padrões<br />

microbiológicos: coliformes termotolerantes:<br />

máximo 5 x 102 UFC/g, estafilococos coagulase<br />

positiva: máximo 5 x 102 UFC/g, Salmo;zella<br />

sp.: ausência em 25 g e Listeria mOllocytogelles:<br />

ausência em 25g.<br />

Dentre as 16 amostras analisadas, no que<br />

se refere a coliformes e estafilicocos coagulase<br />

positiva, obteve-se os seguintes resultados: 13<br />

amostras apresentaram resultados dentro dos<br />

padrões (81 ,25%), I amostra foi reprovada por<br />

exceder à enumeração de coliformes termo:<br />

tolerantes (6,25%) e 2 amostras por excederem<br />

à enumeração de coliformes termotolerantes e<br />

na contagem de estafilococos coagulase positiva<br />

(12 ,5%). Em trabalho anterior realizado por<br />

AV ILA et a\. (2004) na cidade de Juiz de Fora.<br />

4,35% das amostras foram reprovadas . Isto<br />

demonstra que a qualidade microbiológica do<br />

queijo consumido nesta cidade piorou durante<br />

este período.<br />

4 - CONCLUSÃ O<br />

Com os dados obtidos neste trabalho, podese<br />

observar que 19,75% das amostras analisadas<br />

foram reprovadas, segundo os parâmetros<br />

microbiológicos vigentes na legislação (Brasil<br />

2001) no que se refere a coliformes termotolerantes<br />

e estafilococos coagulase positiva. A<br />

fim de diminuir este índice de queijos impróprios<br />

paa o consumo, devem ser realizadas algumas<br />

açoes, como: obtenção de matéria prima de boa<br />

qualidade, melhoria das condições higiênicas<br />

durante o processo de fabricação e distribuição e<br />

. .<br />

comerclaltzação sob condições adequadas .<br />

Estes dados também servem, para alertar<br />

as autoridades sanitárias sobre as condições do<br />

queijo Minas Frescal consumido em Juiz Fora e<br />

egião, com o objetivo de que realizem<br />

Intensamente a fiscalização dos laticínios, dessa<br />

forma preservando a saúde do consumidor.<br />

Pág. 70<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICÍNIOS<br />

SUMMARY<br />

The objective of this work was to outside<br />

evaluate the hygienic-sanitary conditions of the<br />

cheese "Minas Frescal" produced and<br />

commercialized in the Juiz de Fora and region,<br />

through the enumeration of faecals coliforms<br />

and counting of viable cells of positive coagulase<br />

Staphylococcus. For such, 16 samples of "Minas<br />

frescal" cheese had been analyzed sent to the<br />

Laboratory of Food Analyses and Waters of the<br />

Federal University of Juiz de Fora in the year of<br />

2004 The results had evidenced that 19.75% of<br />

the samples had presented in disagreement of<br />

the standards demanded for the RDC n° 12, of 2<br />

January of 2001 of the Ministry of Health.<br />

Key words: cheese " Minas Frescal",<br />

coliform, microbiology<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

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ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

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EPAMIG,200 1.<br />

• • •<br />

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE ÁGUAS UTILIZADAS POR PEQUENAS INDÚSTRIAS<br />

DE ALIMENTOS DE JUIZ DE FORA NO ANO DE 2004<br />

Microbiological quality of waters used in small foods industry in Juiz de Fora in the<br />

year of 2004<br />

RESUMO<br />

Sara Cristina Hott1<br />

Humberto Moreira Húngaro1<br />

Kamila Edwiges Fontes Freitas1<br />

Camargo de Carvalho Oliveira 1<br />

Marcelo José de Magalhães1<br />

Miriam Aparecida Pinto Vilela2<br />

Marco Antônio Moreira Furtado2<br />

Este trabalho teve como principal objetivo avaliar a qualidade microbiológica de águas<br />

utilizadas por pequenas indústrias. de alimentos da cidade de Juiz de Fora - MG Para isso<br />

foram analisadas 30 amostras coletadas durante o ano de 2004. A análise micobioI6gic<br />

constituiu-se da determinação do Número Mais Provável de coliformes totais e<br />

termotolerantes, cuja presença de coliformes termotolerantes, segundo a legislação vigente<br />

Acadêmicos do curso de FarmáciaJUFJF.<br />

Professores do Departamento de Alimentos e Toxicologia FFB/UFJF.<br />

digitalizado por<br />

Pág. 71<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

(BRASIL, 2004), é indicativa de contaminação e torna a água imprópria para o consumo<br />

e utilização na produção de alimentos. Os resultados obtidos mostraram que 2 amostras<br />

(6,67%) estavam fora dos padrões estabelecidos na legislação sendo consideradas impróprias<br />

para o consumo, e 7 (23,33%) amostras estavam dentro dos padrões legais, porém<br />

apresentaram coliformes totais. Esses resultados são satisfatórios, mas é preciso continuar<br />

atento para o correto tratamento da água que será utilizada nas indústrias de alimentos, a<br />

fim de que seja segurada a boa qualidade dos produtos fabricados, bem como a proteção a<br />

saúde do consumidor.<br />

Palavras-chave: água, coliformes, potável<br />

1 - INTRODUÇ ÃO<br />

Um amplo espectro das atividades humanas<br />

dependem dos múltiplos usos da água, elemento<br />

essencial da vida. É imprescindível garantir sua<br />

qualidade, uma vez que a água pode atuar como<br />

veículo de transmissão de agentes de doenças<br />

infecciosas e parasitárias. Vários parâmetros<br />

devem ser analisados para avaliar a potabilidade<br />

da água, sendo que do ponto de vista<br />

bacteriológico é imp ortante à utilização de<br />

organismos indicadores de contaminação fecal.<br />

Segundo BASTOS et aI. (1999), dadas às<br />

dificuldades de isolamento rotineiro de<br />

organismos patogênicos em amostras ambientais,<br />

desde os primórdios da Microbiologia Sanitária<br />

sugere-se que a indicação de contaminação seja<br />

determinada, prioritária e rotineiramente,<br />

através de indicadores microbiológicos da<br />

presença de material fecal no meio ambiente.<br />

Há décadas, os organismos que melhor tem<br />

cumprido este papel são as bactérias do grupo<br />

coliforme, classicamente definidas como<br />

coliformes totais e termotolerantes (fecais).<br />

Ocorrências e concentrações de bactéria<br />

do grupo coliforme têm sido utilizadas como<br />

parâmetros de avaliação da qualidade da água,<br />

com correlações significativas de sua densidade<br />

com enterobactérias patogênicas. Estes<br />

coliformes fazem parte da microbiota residente<br />

do trato gastrointestinal do homem e de alguns<br />

animais. (CERQUEIRA et aI., 1999; SPERLING,<br />

1999;CONTE et aI., 2004)<br />

Na indústria de alimentos, a água é fator<br />

decisivo sobre a qualidade higiênico-sanitária<br />

dos produtos, sendo utilizada como matériaprima<br />

e na higienização de equipamentos e<br />

pessoal. A água de má qualidade microbiológica<br />

pode trazer sérios transtornos, aumentando,<br />

com isto, os riscos de veiculação de microorganismos<br />

patogênicos aos consumidores<br />

e/ou perdas econômicas. A presença de coliformes<br />

em alimentos é considerada uma<br />

indicação útil de contaminação pós-sanitização<br />

e pós-processo, evidenciando práticas de higiene<br />

Pág. 72<br />

e sanificação aquém dos padrões requeridos para<br />

o processamento de alimentos.Assim um<br />

controle de qualidade da água em seus aspectos<br />

físicos, químicos e microbiológicos é fundamental<br />

para a racionalizar seu uso nas indústrias<br />

de alimentos (OTENIO et aI., 2000;<br />

CONTE et aI., 2004)<br />

Em vista disso, esse trabalho objetivou a<br />

avaliação da qualidade microbiológica de<br />

diferentes amostras de águas provenientes<br />

pequenas indústrias de alimentos da cidade de<br />

Juiz de Fora, MG.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

Durante o ano de 2004 foram analisadas,<br />

no Laboratório de Análise de Alimentos e Águas,<br />

30 amostras de água provenientes de pequenas<br />

indústrias de alimentos da cidade de Juiz de Fora,<br />

MG. A coleta das amostras seguiu as recomendações<br />

da American Public Health<br />

Association (APHA), 1995. Os frascos utilizados<br />

para a coleta foram previamente esterilizados<br />

em autoclave a 121°C por 15 minutos, com 0,4<br />

mL de tiossulfato de sódio 3% p/v.<br />

Pará determinação microbiológica de<br />

coliformes totais e termotolerantes foi realizada<br />

inoculação de 10rnL de amostra, em dez tubos com<br />

caldo Lauril Sulfato Triptose dupla concentração.<br />

Após inoculação, os tubos foram incubados a 35 ±<br />

0,5°C por 24-48 horas e examinados quanto ao<br />

crescimento e produção de gás em tubos invertidos<br />

de Durhan. Os tubos positivos foram submetidos à<br />

prova de confirmação para coliformes totais em<br />

caldo verde bile brilhante (VBB) a 35 ± 0,5°C por<br />

24-48 horas. Os tubos de caldo VBB positivos<br />

(que apresentaram produção de gás) foram então<br />

inoculados em caldo Escherichia co/i (EC)<br />

suplementados com MUG e incubados a 35°C por<br />

24 horas para confirmação de coliformes<br />

termotolerantes (Escherichia co/i), os tubos<br />

positivos apresentaram turvação e fluorescência<br />

na luz ultravioleta. O resultado foi expresso em<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

. Número Mais Provável (NMP), sendo utilizada<br />

para o cálculo a tabela do "Índice de NMP e<br />

intervalo de confiança a nível de 95% de<br />

probabilidade" .<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

De acordo com o Ministério da Saúde<br />

(BRASIL, 2004) os critérios bacteriológicos para<br />

determinação da potabilidade da água estabelecem<br />

a ausência de coliformes termotolerantes em<br />

100mL de amostra. De acordo com os resultados<br />

apresentados no gráfico 1, das 30 amostras<br />

analisadas, 6,67% estavam fora dos padrões<br />

estabelecidos na legislação, sendo portanto,<br />

consideradas impróprias para consumo.<br />

Gráfico 1: Incidência de coliformes fecais em<br />

30 amostras de água provenientes<br />

de pequenas indústrias de alimentos<br />

da cidade de Juiz de Fora - MG<br />

6,67%<br />

93,33%<br />

oAusênc ia<br />

liiI Presenca<br />

Devido às mudanças ocorridas na legislação<br />

de águas, o padrão bacteriológico para veri ­<br />

ficação da potabilidade de água passou a ser a<br />

ausência de coliformes termotolerantes em 100<br />

mL de amostra, de acordo com a Portaria na<br />

518, de 25 de março de 2004, do Ministério da<br />

Saúde. Das 30 amostras analisadas, 28 (93,33%)<br />

apresentaram-se dentro desse parâmetro, sendo<br />

que, dessas 7 (23,33%) amostras apresentaram<br />

ausência de coliformes termotolerantes, porém<br />

apresentaram coliformes totais.<br />

Analisando os dados obtidos no trabalho<br />

anterior (Á VILA et aI, 2004), observou-se que<br />

67,86% das amostras apresentaram contaminação<br />

por coliformes totais e foram reprovadas<br />

segundo os parâmetros da Portaria na 1469, de<br />

29 de dezembro de 2000, do Ministério da Saúde.<br />

Ao compararmos os resultados obtidos com<br />

o trabalho acima, mesmo devido a mudança dos<br />

parâmetros legais, observou-se uma melhoria na<br />

qualidade das amostras de água analisadas no ano<br />

de 2004.<br />

4 - CONCLUSÃ O<br />

Os resultados obtidos neste trabalho foram<br />

satisfatórios, mas é preciso continuar atento para<br />

digitalizado por<br />

o correto tratamento da água que será utilizada<br />

nas indústrias de alimentos, a fim de que seja<br />

assegurada a boa qualidade dos produtos<br />

fabricados, bem como a proteção à saúde do<br />

consumidor.Este tratamento se baseia<br />

principalmente na cloração adequada da água e<br />

no aj uste do seu pH.<br />

SUMMARY<br />

This work had as main objective to<br />

evaluate the microbiological quality of waters<br />

used for small food industries of the city of Juiz<br />

De Fora - MG. For this, 30 samples collected<br />

during the year of 2004 had been analyzed. The<br />

microbiological analysis consisted of the<br />

determination of the NMP of total coliforms<br />

and faeal, whose presence of faecal coliforms,<br />

according to current law (BRASIL, 2004), is<br />

indicative of contamination and becomes the<br />

improper water for the consumption and use in<br />

the fo od production. The gotten results had<br />

shown that 2 samples (6,67%) were are of the<br />

standards established in the legislation being<br />

considered improper for the consumption, and<br />

7 (23,33%) samples were inside of the legal<br />

standards, however they had presented total<br />

coliforms. These results are satisfactory, but<br />

she is necessary to continue intent for the<br />

correct treatment of the water that will be used<br />

in the food industries, so that she is insured the<br />

good manufactured product quality, as well as<br />

the protection the health of lhe consumeI'.<br />

Keyword: water, coliforms. Potable<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

APHA, AMERICAN PUBLIC HEALTH OF<br />

WATER AND WASTEWATER. Standard<br />

methods for the examination of water and<br />

wastewater. 19aed. Washington: American<br />

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qualidade da água: alcance e limitações. In:<br />

CONGRESSO INTERAMERICANO DE<br />

ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL,<br />

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Alegre. Associacíon Interamericana de Ingeniería<br />

Sanitaria y Ambiental, 2000.<br />

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Diário Oficial da União, Seção I. Brasília, DF, p.<br />

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73<br />

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ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

• • •<br />

implementation of the coliform standards in the<br />

brazilian water quality legislation . In:<br />

CONGRESSO INTERAMERICANO DE<br />

ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL,<br />

27, 2000, Porto Alegre, RGS Anais ... Porto<br />

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Á VILA, Juliana Souza et aI. Qual idade<br />

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Microbiológica de Águas Tratadas e Não Tratadas<br />

na Região Nordeste do Rio Grande do<br />

Sul.Pharmacia Brasileira: O espetacular<br />

Crescimento da Farmácia, no Brasil, 45, p. 83-<br />

84, 2004<br />

• •<br />

TENDÊNCIAS DA PRODUÇÃO DE LEITE NO BRASIL<br />

Trends in milk production in Brasil<br />

RESUMO<br />

Rosangela Zoccal1<br />

Aloísio Teixeira Gomes1<br />

O leite é um produto importante em todos os países do mundo. Além do alto valor<br />

nutritivo, o . leite e s . eu derivados participam na geração de renda de muitos países, gera<br />

empregos dIretos e IndIretos e contribui com a redução da migração de pessoas do meio<br />

rural para os centros urbanos.<br />

O Brasil é o sexto maior produtor de leite, com 4,5% da produção mundial. Considerando<br />

a atual produção de leite, ainda existe um déficit de aproximadamente 400 bilhões de litros<br />

no mundo para atender um consumo médio de dois copos de leite diariamente (400 ml/<br />

habitante). No caso do Brasil, a produção anual deveria ser de 26 bilhões de litros de leite<br />

para atender a este nível de consumo da população.<br />

Nos últimos 14 anos, a produção brasileira aumentou 53,6%, passando de 14,5 bilhões de<br />

litros em 1990 para 22,3 bilhões em 2003, para o ano de 2004 a expectativa é de que se<br />

Pesquisadores da Embrapa Gado de Leite. Rua Eugênio do Nascimento, 610 - Dom Bosco, 36038-330 Juiz de<br />

Fora, MG. rzoccal@cnpgl.embrapa.br; agomes@cnpgl.embrapa.br<br />

Pág. 74<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

confirme uma produção de 23 bilhões de litros de leite.<br />

As áreas de maior concentração de produção de leite estão localizadas nos Estados de<br />

Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Santa Catarina. As principais<br />

mesorregiões produtoras são: Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, Noroeste Rio-Grandense,<br />

Sul Goiano, Sul/Sudoeste de Minas, Oeste Catarinense e Centro Goiano. Quatro mesorregiões<br />

brasileiras (Sudoeste Paranaense, Oeste Catarinense, Leste Rondoniense e Sudeste Paraense),<br />

importantes na produção de leite, apresentaram os mais altos índices de crescimento nos<br />

últimos dez anos.<br />

Considerando a produtividade animal mais elevada, como indicativo de pecuária de leite<br />

mais tecnificada, destacam-se as mesorregiões do Centro Oriental, Oeste e Sud oeste<br />

Paranaense, Oeste e Norte Catarinense, Noroeste Rio-Grandense e Campo das Vertentes de<br />

Minas Gerais.<br />

Palavras-chave: Produção de leite, produtividade animal, demanda, áreas de produção.<br />

INTRODUÇÃ O<br />

A produção de leite tem um papel<br />

fundamental em todas as economias,<br />

especialmente em países em desenvolvimento,<br />

porque além de envolver um componente social,<br />

o leite é considerado um produto essencial para<br />

a população na maioria dos países .<br />

No cenário internacional, o Brasil é o sexto<br />

maior produtor de leite, com 4,5% da produção<br />

mundial. O sistema agroindustrial do leite é um<br />

dos mais importantes no agronegócio brasileiro.<br />

Ocupou, em 2004, o sexto lugar em valor bruto<br />

da produção agropecuária, com faturamento de<br />

aproximadamente R$ 12 bilhões. Além da renda<br />

gerada, estima-se que somente na produção<br />

primária empregou 3,6 milhões de pessoas.<br />

No Brasil, a pecuária leiteira é praticada<br />

em todo o território nacional. As condições<br />

edafoclimáticas do País permitem a adaptação<br />

da atividade às peculiaridades regionais. Observase,<br />

conseqüentemente, a existência de diversas<br />

formas ou modelos de produção de leite. Existem<br />

sistemas com diferentes graus de especialização,<br />

desde propriedades de subsistência, utilizando<br />

técnicas rudimentares e produção diária menor<br />

que dez litros, até produtores comparáveis aos<br />

mais competitivos do mundo, usando tecnologias<br />

avançadas e com produção diária superior a 50<br />

mil litros.<br />

Nesse trabalho encontram-se informações<br />

sobre a produção de leite e a produtividade<br />

animal no mundo e no Brasil (Pesquisa da<br />

Pecuária Municipal do IBGE e da FA O).<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃ O<br />

O consumo e a quantidade de leite<br />

disponível por habitante é muito variável nos<br />

diferentes países do mundo. A Organização<br />

digitalizado por<br />

Mundial para a Saúde recomenda que cada<br />

indivíduo consuma, em média, 600 ml/dia ou 219<br />

litros/ano, na forma de leite fluído ou<br />

equivalente em derivados lácteos.<br />

O consumo de leite está relacionado<br />

diretamente com a renda per capita da<br />

população. À medida que cresce o PIB (Produto<br />

Interno Bruto) e melhora a distribuição de renda<br />

do país, aumenta o consumo de leite e derivados<br />

lácteos da população.<br />

Em uma situação hipotética, assumindo que<br />

cada habitante consuma diariamente dois copos<br />

de leite (400 ml) ou 146 litros por ano, calculamos<br />

a demanda potencial de leite no mundo. Nesse<br />

exercício, verificamos que para atender a demanda<br />

potencial, será necessária uma oferta de 920 bilhões<br />

de litros. Considerando a situação atual, existe<br />

um déficit de aproximadamente 400 bilhões de<br />

litros de leite no mundo.<br />

No caso do Brasil, admitindo um cenário<br />

em que se favoreça o consumo de laticínios, em<br />

especial as populações mais carentes, que pouco<br />

ou nada consomem, e tomando por base o<br />

consumo de dois copos de leite diariamente, o<br />

País requer uma disponibilidade anual de 26<br />

bilhões de litros de leite, apenas para atender o<br />

potencial do mercado interno, composto de 178<br />

milhões de pessoas.<br />

Produção de Leite<br />

Nos últimos 15 anos, a produção brasileira<br />

de leite aumentou 53,6%, passando de 14,5<br />

bilhões de litros em 1990 para 22,3 bilhões em<br />

2003. Considerando uma estimativa para o ano<br />

de 2004 a expectativa é de que se confirme uma<br />

produção de 23 bilhões de litros de leite. Durante<br />

esse mesmo período, o efetivo bovino cresceu<br />

Pág. 75<br />

arvoredoleite.org


32,9% e o número de vacas ordenhadas 0,8%. A<br />

taxa média de crescimento da produção, entre<br />

1990 e 2003, foi superior à taxa de crescimento<br />

do rebanho bovino total e também de vacas<br />

ordenhadas, o que significa que houve aumento<br />

da produtividade animal de 52,3%.<br />

O aumento da produção de leite decorreu<br />

principalmente do aumento, em alguns sistemas<br />

de produção, tanto do volume produzido por<br />

fazenda, quanto da produtividade, em razão do<br />

uso de novas tecnologias. Aliado a este fator temse<br />

a expansão da atividade para as regiões de<br />

cerrado, que possui como vantagem competitiva<br />

o menor custo de oportunidade da terra e de mãode-obra.<br />

Nestas regiões é dada prioridade ao pasto<br />

como alimento volumoso no· verão, além de ser<br />

uma grande região produtora de grãos, o que reduz<br />

o custo de alimentação concentrada.<br />

As mesorregiões com maior volume de leite<br />

produzido (acima de 250 milhões de litros/ano),<br />

estão indicadas na Figura 1. Essas mesorregiões<br />

localizam-se principalmente nos Estados de Minas<br />

Gerais, Goiás e Paraná, que juntas produziram<br />

aproximadamente 13,2 bilhões de litros de leite por<br />

ano, o que corresponde a 61 % da produção nacional.<br />

Entre as 22 mesorregiões maiores produtoras<br />

de leite, algumas apresentaram também grande<br />

crescimento no período analisado, como é o caso<br />

do Sul e Centro Goiano, Oeste Catarinense,<br />

Sudoeste e Centro Oriental Paranaense, Leste<br />

Rondoniense, Sudeste Paraense e Agreste<br />

Pernambucano. A mesorregião que não apresentou<br />

crescimento, dentre as grandes produtoras foi o<br />

Campo das Vertentes em Minas Gerais, que reduziu<br />

I, I %, no período de 1994 a 2003, mantendo sua<br />

produção em aproximadamente 280 milhões de<br />

litros de leite por ano.<br />

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ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

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Fonte: IBGE ·Pesquisa da Pecuária Municipal, 2003<br />

Figura 1. Principais mesorregiões produtoras<br />

de leite no Brasil, 2003.<br />

Pág. 76<br />

Produtividade<br />

A pecuária leiteira no Brasil no início dos<br />

anos 90 apresentava uma produtividade de 750<br />

litros de leite/vaca/ano, considerando todos os<br />

rebanhos de vacas ordenhadas, com maior e<br />

menor aptidão leiteira (rebanhos de leite, carne<br />

e duplo-propósito). Este fato cria uma distorção<br />

na produtividade média do rebanho, em litros<br />

por vaca por ano, que fica subestimada ao não<br />

retratar o que ocorre com as explorações<br />

tipicamente leiteiras. Desse modo, considerando<br />

todo rebanho de vacas ordenhadas, a produtividade<br />

aumentou em 52%, atingindo 1.156<br />

litros em 2003, mas continua muito inferior à<br />

média de rebanhos especializados nacionais,<br />

como é o caso do rebanho de gado Holandês<br />

com 7.570 litros/vaca/ano ou do gado Jersey<br />

com 4.670 litros/vaca/ano ou, ainda, da raça<br />

Girolando com 3.790 litros/vaca/ano (Arquivo<br />

Zootécnico Nacional Gado de Leite).<br />

Na Figura 2 estão indicadas as mesorregiões<br />

com produtividade acima de 1.500 litros de leite/<br />

vaca/ano. Na mesorregião do Centro Oriental<br />

Paranaense se obteve, no ano de 2003, uma<br />

produtividade média de 2.908 litros/vaca/ano.<br />

Outras mesorregiões que produziram acima de<br />

2.000 litros/vaca ano são o Oeste e Norte<br />

Catari nense, Oeste e Sudoeste Paranaense,<br />

Noroeste Rio-Grandense e Campo das Vertentes<br />

em Minas Gerais.<br />

Fonte: IBGE · PesQuisa da Pecuária Municipal · 2003<br />

• MesOlTegiães com produtividade acima de 2.500 I/vaca/ano<br />

Mesorregiões com produtividade dtO! 2.000 a 2.500 I/vaca/ano<br />

® Mesorregiões com produtividade de 1.500 íl 2.000 l/vaCíl/ano<br />

Figura 2. Produtividade animal (litros/vaca<br />

ordenhada/ano) nas principais<br />

mesorregiões produtoras - 2003.<br />

CONCLUS Ã O<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Existe um déficit de aproximadamente 400<br />

bilhões de litros de leite no mundo para atender<br />

um consumo médio de dois copos de leite por dia<br />

(400 ml/habitante). O Brasil requer uma<br />

disponibilidade anual de leite de 26 bilhões de<br />

litros para atender essa demanda potencial.<br />

No Brasil, as áreas de maior concentração<br />

de produção de leite estão localizadas nos Estados<br />

de Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul,<br />

Paraná, São Paulo e Santa Catarina. As principais<br />

mesorregiões produtoras são: Triângulo Mineiro/<br />

Alto Paranaíba, Noroeste Rio-Grandense, Sul<br />

Goiano, Sul/Su doeste de Minas, Oeste<br />

Catarinense e Centro Goiano.<br />

Considerando a produtividade animal mais<br />

elevada, como indicativo de pecuária de leite<br />

mais tecnificada, destacam-se as mesorregiões<br />

do Centro Oriental, Oeste e Sudoeste<br />

Paranaense, Oeste e Norte Catarinense, Noroeste<br />

• • •<br />

Rio-Grandense e Campo das Vertentes de Minas<br />

Gerais.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

FAO. Faostat 1990 a 2004. www.fao.org<br />

GOMES, S. T. Diagnóstico e perspectivas da<br />

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Brasília: MCT/CNPq, Juiz de Fora: Embrapa Gado<br />

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NUNEZ, R. El mercado mundial de lácteos: un<br />

escenário futuro. In: Leite: uma cadeia produtiva<br />

em transformação. Embrapa Gado de Leite, p.25-<br />

34, 2004.<br />

ZOCCAL, R.; GOMES, A.T. ; CARVALHO, L.A.<br />

O agronegócio do leite: análise e perspectivas.<br />

Congresso Brasileiro de Economia e Sociologia<br />

Rural, 42, Cuiabá, 2004.<br />

• • •<br />

AVALIAÇÃO SENSORIAL DE LEITE UHT COM BAIXO TEOR DE LACTOSE<br />

Sensory evaluation from UHT milk with low lactose<br />

RESUMO<br />

LONGO, Giovana1<br />

WASZCZYNSKY J, Nina2<br />

O objetivo do trabalho foi comparar os atributos sensonaIS de leite UHT com teor de<br />

lactose normal e com baixo teor de lactose. O estudo foi dividido em duas etapas : na<br />

primeira foi realizada a comparação de leite com teor de lactose normal e com baixo teor<br />

de lactose, de mesma marca comercial; na segunda, a comparação sensorial de amostras de<br />

leite com baixo teor de lactose de diferentes marcas comerciais. Os produtos foram<br />

submetidos aos testes triangular e perfil de características, quanto aos atributos cor, sabor<br />

doce, textura e aroma. O leite com baixo teor de lactose apresentou diferenças significativas<br />

em relação ao leite com teor de lactose normal quanto aos atributos sabor doce e textura.<br />

As amostras de leite com baixo teor de lactose de diferentes marcas apresentaram diferenças<br />

significativas em relação ao atributo cor.<br />

Palavras-chave: leite UHT, intolerância à lactose, avaliação sensorial.<br />

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia de Alimentos - UFPR.<br />

Professora Sênior do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia de Alimentos - UFPR.<br />

digitalizado por<br />

Pág. 77<br />

arvoredoleite.org


1 - INTRODUÇ ÃO<br />

Uma grande parte da população mundial<br />

tem problemas em consumir leite, por serem<br />

intolerantes à lactose ou por apresentarem um<br />

quadro de má absorção da lactose. A intolerância<br />

à lactose é um termo usado para descrever a<br />

incapacidade de digerir lactose devido a uma<br />

deficiência do sistema digestivo. Este fenômeno<br />

causa alguns sintomas como estufamento<br />

abdominal, produção de gases, flatulência, cólicas<br />

e diarréia. No Brasil, 58 milhões de pessoas<br />

apresentam alguma dificuldade em digerir a<br />

lactose (FERREIRA, 1997; KARDEL;<br />

ANTUNES, 1997; MANAN; KARIM; KIT,<br />

1999; BATAVO, 2004). Segundo a Associação<br />

Brasileira de Leite Longa Vida (ABLV, 2005),<br />

muitos países possuem uma gama de produtos<br />

com baixo teor de lactose. No Brasil, este<br />

mercado tem sido pouco explorado, sendo que o<br />

leite com baixo teor de lactose pode ser<br />

encontrado no mercado consumidor na forma<br />

de longa vida.<br />

O objetivo deste trabalho foi comparar os<br />

atributos sensoriais de leite UHT com teor de<br />

lactose normal e com baixo teor de lactose. O<br />

trabalho foi divido em duas etapas: na primeira foi<br />

realizada a comparação de leite com teor de lactose<br />

normal e com baixo teor de lactose, de mesma<br />

marca comercial; na segunda etapa, a comparação<br />

sensorial de amostras de leite com baixo teor de<br />

lactose de diferentes marcas comerciais.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

2.1 - Avaliação Sensorial<br />

• Teste triangular:<br />

Onze provadores não-treinados avaliaram<br />

a diferença global entre amostras de leite UHT<br />

com teor de lactose normal e com baixo teor de<br />

lactose. Três amostras de leite foram apresentadas<br />

simultaneamente, codificadas com<br />

algarismos de três dígitos, sendo que duas eram<br />

idênticas e uma diferente (ABNT, 1993;<br />

DUTCOSK Y, 1996). Os resultados foram<br />

avaliados por meio da Tabela de Significância<br />

no Teste Triangular (ASTM, 1968).<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

• Perfil de características :<br />

Dez provad ores foram orientad os a<br />

realizarem o perfil de características das amostras<br />

em relação à cor, sabor doce, textura e aroma,<br />

utilizando escala hedônica não-estruturada de nove<br />

centímetros. Para os atributos cor e aroma, as<br />

escalas foram ancoradas à esquerda pelo termo<br />

"desgostei muitíssimo" e à direita pelo termo<br />

"gostei muitíssimo"; para sabor doce, à esquerda<br />

"pouco intenso" e à direita "muito intenso"; e<br />

para textura, à esquerda "muito fina (fluida como<br />

a água)" e à direita "muito espessa" (DUTCOSKY,<br />

1996; ABNT, 1998). Os dados foram avaliados<br />

por análise de variância, utilizando o programa<br />

MSTAT-C (KOEHLER, 1999).<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

3.1 - Primeira Etapa<br />

• Teste triangular:<br />

Os dados demonstraram que as amostras de<br />

leite UHT com teor de lactose normal e com<br />

baixo teor de lactose diferiram significativamente<br />

entre si (p


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

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Tostes, Juiz de Fora, v. 59, n. 339, p. 126-1 30,<br />

jul./ago. 2004.<br />

ASTM AMERICAN SOCIETY FOR TESTING<br />

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testing methods. STP 434. New York: ASTM,<br />

1968. 77p.<br />

BATAVO. Sensy baixa lactose. 2004. 2p.<br />

DUTCOSKY, S.D. Análise sensorial de<br />

alimentos. Curitiba: Champagnat, 1996. 123p.<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

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Curitiba: UFPR, 1999. 124p.<br />

KARDEL, G.; ANTUNES, L. A. F. Culturas lácticas<br />

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fermentados: leites fermentados. In: LERAYER,<br />

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• • •<br />

CARACTERíSTICAS FíSICO-QuíMICAS DE LEITE CRU DO CEFET-RP<br />

Physical-chemical characteristics of raw milk in CEFET-RP<br />

Andrew Antonio lopes 1<br />

Thiago Valente Pires1<br />

Thaiana Arrighi Lima1<br />

Maurício Henriques Louzada Silva2<br />

I Estudante de Graduação do Curso de Tecnologia em Laticínios do (CEFETRP)<br />

2 Doutorando do Curso de Ciência e Tecnologia de Alimentos UFV, Professor Substituto do Centro Federal de<br />

Educação Tecnológica de Rio Pomba (CEFETRP)<br />

Pág. 80<br />

1 INTRODUÇÃ O<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

O leite quando secretado pelas células<br />

epiteliais da glândula mamária, é um produto que<br />

possui uma série de nutrientes com diferentes<br />

composições (Clinica do Leite -ESLAQ-USP).<br />

Em função das suas características químicas<br />

e biológicas, ele é considerado um alimento de<br />

alta qualidade. No entanto, uma serie de eventos<br />

pode reduzir a sua qualidade.<br />

As avaliações do leite visam, em primeiro<br />

lugar, identificar estes fatores estranhos e em<br />

segundo lugar, quantificar os compostos de<br />

interesse da indústria (com fins de caracterização<br />

da matéria-prima para a confecção dos derivados<br />

do leite) e para garantir a segurança do<br />

consumidor (Clinica do Leite -ESLAQ-USP).<br />

OS critérios de inspeção dos principais<br />

parâmetros físico-químicos pesquisados para<br />

verifi cação da integridade deste produto são<br />

especificados pela legislação vigente (instrução<br />

normativa 51, de 18 de setembro de 2002).<br />

2 • METODOLOGIA<br />

Durante o mês de abril foram selecionadas<br />

7 vacas da raça holandesa de acordo com a média<br />

de produção de leite/dia das quais foram coletadas<br />

7 amostras ainda no estábulo do CEFET-RP.<br />

Cada amostra foi conduzida imediatamente ao<br />

laboratório de analises do CEFET-RP e submetidas<br />

as seguintes analises: densidade<br />

(termolactodensímetro de Quevene), crioscopia<br />

(crioscópio eletrônico Lactron 321 -L), gordura<br />

(butirômetro de Gerger e Milkotesler), estrato<br />

seco total (EST) (disco de Ackermanm), estrato<br />

seco desengord urado (ESD=EST-GD), acidez<br />

titulável pelo método Dornic, pH (phmêtro) e<br />

lactose utilizando cloramiona -T, de acordo com<br />

metodologia descrita por PEREIRA et aI. (2001).<br />

3 • RESULTADOS<br />

A Tabela I apresenta os resultados obtidos para<br />

as analises físico-químicas das 7 amostras de leite.<br />

Tabela 1: resultados das analises físico-químicos do leite cru processado no CEFET-RP<br />

Análises físico-químicas 2 3 4 5 6 7<br />

Crioscopia (oH) -0,539 -0,548 -0,538 -0,543 -0,539 -0,538 -0,541<br />

Densidade a 15°D 6,79 6,91 6,78 6,8 6,9 1 6,79 6,82<br />

Gordura% 3 3,4 3 2,8 4 3 ,5 3,4<br />

Acidez (OD) 17 15 18 15,5 14,5 16,5 16,5<br />

pH 6,79 6,91 6,78 6,8 6,9 I 6,79 6,82<br />

EST% I 1 ,35 I 1 ,84 11, 35 11,1 I 12,05 11,7 1 1 ,58<br />

ESD% 8,35 8,44 8,35 8,31 10,5 8,2 8,18<br />

Lactose% 4,856 4,724 4,921 4,789 4,66 4,396 4,856<br />

Tabela 2: comparação das medias(x) e desvios padrões(s2),com os valores especificados pela (legislação<br />

vigente)*<br />

Análises físico-químicas X 52 Legislação<br />

Crioscopia (OH) -0,54 0,00335 -0,53<br />

Densidade a 15°D 1,029 0,00072 1,028 a 1,034<br />

Gordura% 3,3 0,37416 3<br />

Acidez (OD) 16, I 1,12 145 14 a 18<br />

pH 6,82 0,05276 6,6 a 6,8<br />

EST% 11, 56 0,29968 12,5<br />

ESD% 8,61 0,77776 min 8,4<br />

Lactose% 16344<br />

* Legislação vigente (instrução normativa 51, de 18 de setembro de 2002).<br />

digitalizado por<br />

arvoredoleite.org<br />

Pág. 81


Os resultados encontrados para as analises<br />

de densidade, crioscopia, gord ura, estrato seco<br />

total, estrato seco desengordurado, acidez, ph e<br />

lactose, foram estatisticamente iguais, (t


foi significativamente maior do que a média da<br />

CIB nas amostras adicionadas de azidiol. As<br />

amostras de leite cru conservadas com azidiol e<br />

mantidas sob refrigeração tiveram CIB inferior<br />

àquelas não refrigeradas. E ainda, a média da<br />

CIB em amostras de leite sem conservante e<br />

submetidas à refrigeração foi idêntica à média da<br />

CIB nas amostras adicionadas de azidiol e<br />

mantidas em temperatura ambiente.<br />

A média geral obtida na CBT das amostras<br />

de leite cru conservadas com azidiol e mantidas<br />

sob refrigeração foi de 3,19 x 105 UFC/mL, sendo<br />

menor que a obtida por BUENO et aI. (2004)<br />

em tanques de expansão de uso individual, onde<br />

os autores constataram média geral de 2,6 x 106<br />

UFC/mL.<br />

A média de CIB nas amostras de leite de<br />

melhor qualidade microbiológica, que não foram<br />

adicionadas de azidiol e foram mantidas sob<br />

refrigeração, foi de 145 bactérias/mL. Esse<br />

achado é semelhante ao verificado por CASSOU<br />

et aI. (2004) que encontraram no grupo controle<br />

(leite sem conservante, analisado imediatamente<br />

após colhido) média de 141 bactérias/mL<br />

A média da CIB nas amostras mantidas sob<br />

refrigeração de 1,9°C a 4,6°C foi significativamente<br />

menor (P


Quanto aos parâmetros contemplados pela<br />

legislação, ou seja, gordura, acidez e estrato seco<br />

desengordurado, esses se apresentaram em acordo<br />

com os valores preconizados na legislação<br />

vigente (BRASIL, 2004). Esses resultados são<br />

corroborados aos encontrados por SOUZA et a!.<br />

(2004) no que concerne a análise de gordura e<br />

sólidos totais, esses autores fizeram a análise de<br />

leite UHT provenientes de duas indústria de<br />

laticínios do Estado do Paraná. No entanto,<br />

BARROS (2003) analisou leites UHT<br />

comercializados em Brasília/DF e observou que<br />

os resultados apresentaram valores fora dos<br />

padrões legais para todos os tipos de leite<br />

(desnatado, semidesnatado e integral). Em<br />

relação ao leite integral a autora observou que<br />

3% de amostras estavam fora do padrão para<br />

fração de gordura; 27% para EST e 57% para<br />

ESD. Para o leite UHT semidesnatado, verificouse<br />

que 7% para EST e 33% para ESD.<br />

No que concerne a análise de proteína, não<br />

há regulamento previsto para tal parâmetro<br />

físico-químico, no entanto considerando o teor<br />

mínimo de 2,9%, utilizado para a averiguação da<br />

qualidade de leite submetido à pasteurização<br />

rápida, independente do tipo, ou seja, tipo A, B<br />

ou C, observou-se que 15% das amostras<br />

analisadas no presente trabalho apresentaram<br />

valores abaixo desse. Resultados análogos aos<br />

obtidos por SOUZA et a!. (2004).<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

CONCLUSÃ O<br />

Conclui-se que o perfil físico-químico do<br />

leite u. H. T. comercializado no município de Rio<br />

Verde, GO, encontra-se dentro dos padrões<br />

previstos pela legislação vigente.<br />

ABSTRACT<br />

The present work was carried through with<br />

the purpose to inquire the profile physicistchemistry<br />

of the milk UHT commercialized in<br />

the City of Rio Verde, Goiás. In the period of in<br />

days 10 and 11 of lune of 2003. 15 milk samples<br />

UHT of 06 marks, being 07 skimmed, 03 had<br />

been harvested semi skimmed and 05 integraIs.<br />

The sampIes had been submitted to the analyses<br />

physicist-chemistries, protein (P), fat (G),<br />

acidity Dornic (AO) and taken away the fat dry<br />

extract text (ESD). The results of the carried<br />

through analyses ' had been compared with the<br />

foreseen ones for the Iegislation, and alI met<br />

inside of the foreseen one. Therefore, one<br />

concludes that the profile physicist-chemistry<br />

of the milk U.H.T. commercialized in the city<br />

of Rio Verde, GO, meets inside of the standards<br />

foreseen for the legislation<br />

Palavras-chave: qualidade do leite, físicoquímica,<br />

composição<br />

Tabela 1 - Valores médios do EST(%) e ESD (%), gordura (%), Proteína (%) e acidez (g de ácido<br />

láticol I 00 ml), das amostras de leite U.A.T analisadas em Rio Verde, Goiás.<br />

Pág. 86<br />

AMOSTRAS EST (%) ESD(%) Gordura(%) Proteína( %) Acidez<br />

A-D 9,50 9,40 0,10 3,26 0, 155<br />

B-D 9,3 1 9,16 0, 15 3,38 0, 145<br />

F-D 9,29 9,09 0,20 2,60 0, I 53<br />

G-D 9,66 9,36 0,30 2,55 0, 150<br />

1-D 9, I 7 9,07 0, 10 2,98 0, 140<br />

L-D 9,25 9, I 5 0, 10 3,26 0, 150<br />

M-D 9,11 0,05 3, I 5 150<br />

Médias 9,33 9,18 0,14 3,03 0,149<br />

I-SD 10,90 8,90 2,00 2,44 0, 145<br />

N-SD 10,10 9,00 1,10 2,84 0,150<br />

O-SD 10,03 8,53 1,50 3, I 8 0, 148<br />

Médias 10,34 8,81 1,53 2,82 0,148<br />

C-I 11, 89 8,69 3,20 3,08 0, 150<br />

D-I 11, 83 8,68 3, 15 2,88 0, 150<br />

E-I 11, 77 8,67 3, I O 3,28 0,150<br />

H-I 12,06 8,66 3,40 2,35 0, 150<br />

P-I 12,05 8,45 3,60 3,12 0, 143<br />

Médias 11,92 8,63 3,29 2,94 0,149<br />

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICÍNIOS<br />

BARROS, D.L.G Avaliação da Qualidade<br />

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Desnatado Comercializado em Brasília-DF.<br />

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2001,<br />

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Scientiarum. Animal Sciences. v. 26, n. 2,<br />

p. 259-264, 2004.<br />

• • •<br />

ACEITABILlDADE E RENDIMENTO DE QUEIJO MINAS FRESCAL ADICIONADO DE SORO<br />

DE LEITE EM PÓ<br />

Acceptability is revenue of queijo minas frescal addedof serum of powdered milk<br />

INTRODUÇÃ O<br />

O soro é um subproduto da indústria de leite,<br />

resultante da fabricação de queijos, que se separa<br />

do coágulo durante a fabricação, retendo 55% dos<br />

nutrientes do leite. Cada litro de leite dá origem<br />

de 0,6 a 0,9 L de soro (SIQUEIRA et a!., 2002).<br />

Priscila Alonso dos Santos1<br />

Jacira dos Santos Isepon2<br />

Marco Antônio Pereira da Silva3<br />

Karyne Oliveira Coelho1<br />

Edmar Soares Nicolau4<br />

Cleusely Matias de Souza 1<br />

Marcele Louise Tadaieski Arruda1<br />

O soro de leite é um potente agente<br />

poluidor (PRIMO, 200 I) e não existem<br />

levantamentos precisos do total do soro<br />

produzido pela indústria de laticínios. Estima-se<br />

que no Brasil 50% do soro seja despejado<br />

Pós-graduandas do Curso em Ciência Animal da Universidade Federal de Goiás 1 Av. Alexandre de Morais Q-I 2,<br />

L-05, Pq. Amazônia, CEP: 74.840-300, Goiânia, Goiás - Fone: (62) 280-2067 - emaiI: prialonso@yahoo.com.br<br />

2 Prot". Dr. do Departamento de Zootecnia UNESP - Ilha Solteira, SP<br />

3 Prof. Dr. do Curso Medicina Veterinária da Universidade Federal de Goiás<br />

4 Prof. Msc. do Curso Técnico em Alimentos do CEFET de Rio Verde, Goiás.<br />

digitalizado por<br />

Pág. 87<br />

arvoredoleite.org


diretamente nos rios, sem nenhum tipo de<br />

tratamento, o que concorre para a poluição dos<br />

rios devido, principalmente, ao seu alto teor de<br />

matéria orgânica (PETRUS, 2003). No país a<br />

disponibilidade de soro tem aumentado significativamente.<br />

Entretanto, o seu aproveitamento<br />

está aquém do desejável. Dentre as<br />

técnicas para sua valorização, o soro de leite<br />

pode ser utilizado na fabricação de ricota, bebida<br />

láctea, ser concentrado, transformado em pó,<br />

obtenção de seus componentes, sendo que para<br />

cada alternativa deve ser precedida de uma análise<br />

técnica e econômica (GIROTO &<br />

PAWLOWSKY, 2002).<br />

De acordo com a legislação do MERCOSUL<br />

são permitidos o uso de soros lácteos e concentrados<br />

protéicos de soro como ingredientes<br />

opcionais em formulações de alimentos, o que<br />

não só permite ao fabricante reduzir o custo total<br />

de produção como também melhorar a qualidade<br />

nutricional do produto no que concerne ao teor<br />

de proteínas e cálcio (USDEC, 1999).<br />

Quanto à utilização do soro de leite para a<br />

produção de queijos, observa-se que a presença<br />

de proteínas do soro no queijo tende a mudar<br />

suas propriedades de textura e o padrão de<br />

maturação, o que podem interferir nasa características<br />

organolépticas do produto final. No<br />

entanto o principal problema das fabricações de<br />

queijos com leite reconstituído consiste, na falta<br />

de coesão da massa. Com efeito, a coesão do<br />

coágulo é insuficiente para permitir uma certa<br />

mecanização da fabricação conforme a tecnologia<br />

clássica (em particular formação de<br />

"grãos da massa") (VAN DENDER et aI., 1999).<br />

Considerando esses aspectos, o presente<br />

trabalho teve por objetivo estudar o efeito da<br />

adição do soro de leite na produção do queijo<br />

Minas Frescal, a fim de verificar a aceitabilidade<br />

e rendimento do produto fi nal.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

O leite foi fornecido pela Fazenda de Ensino<br />

e Pesquisa - UNESP, localizada no município de<br />

Selvíria MS. Este era armazenado em latões e<br />

enviado para o processamento. Após chegar no<br />

Laboratório de Biotecnologia da Faculdade de<br />

Engenharia UNESP - Campus de Ilha Solteira<br />

SP, o leite era submetido ao processo de<br />

pasteurização lenta (63 a 65°C/30 min).<br />

Técnica de reconstituição do soro de leite<br />

em pó e mistura ao leite in Ilatura<br />

O soro de leite em pó foi preparado através<br />

de uma solução à 12% pela adição lenta à<br />

Pág. 88<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

superfície da água, previamente fervida e resfriada<br />

a 45°C. A homogeneização foi manual, utilizandose<br />

uma escumadeira de aço inoxidável, até<br />

completa dissolução do soro . Em seguida, foi<br />

mantido sob refrigeração por aproximadamente<br />

16 horas, a 8°C (VIEIRA & NEVES, 1980).<br />

Técnica de fabricação do queijo Minas<br />

Frescal<br />

Para a fabricação dos queijos, foram<br />

utilizados 09 litros de leite em cada tratamento,<br />

que foram os seguintes:<br />

Tratamento 1: Leite pasteurizado;<br />

Tratamento 2: Leite pasteurizado adicionado<br />

com 2,5% de soro de leite em pó não<br />

reconstituído; Tratamento 3: Leite pasteuri­<br />

zado adicionado com 2,5% de soro de leite em<br />

pó reconstituído; Tratamento 4: Leite<br />

pasteurizado adicionado com 5% de soro de<br />

leite em pó não reconstituído; Tratamento 5:<br />

Leite pasteurizado adicionado com 5% de soro<br />

de leite em pó reconstituído.<br />

Cálculo de Rendimento de Fabricação<br />

A avaliação do rendimento dos queijos<br />

obtidos a partir de diferentes níveis de substituição<br />

protéica foi realizada considerando quantidade<br />

gasta de litros de leite/Kg de queijo produzido.<br />

Av aliação da aceitabilidade do produto<br />

Os queijos foram avaliados quanto ao sabor,<br />

aroma, textura e coloração, por uma equipe de<br />

10 degustadores não treinados. Esses atribuíram<br />

notas de I a 5, onde : ótimo = 5; bom = 4;<br />

regular = 3; ruim = 2; péssimo = I.<br />

Delineamento experimental e análises<br />

estatísticas<br />

O delineamento experimental adotado foi<br />

o inteiramente casualizado, com os fatores<br />

tratamento e tempo de armazenamento no<br />

esquema de parcela subdividida com tratamentos<br />

nas parcelas e tempo como sub-parcela, utilizouse<br />

o sistema de análise estatística Sanes!.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃ O<br />

Os valores da análise de variância do teste<br />

sensorial encontram-se na Tabela 1. Observase<br />

que houve variação entre os tratamentos<br />

avaliados no estudo, sendo que os queijos dos<br />

tratamentos 4 e 5 foram os menos aceitos pelos<br />

degustadores. Além disso, esses lotes apre-<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

sentarem-se mais escuros (amarelos) e moles<br />

em relação ao queijo testemunha e aos<br />

tratamentos 2 e 3.<br />

Na Tabela 2 estão apresentados os valores<br />

médios da análise sensorial<br />

Com relação ao Teste do Perfil de<br />

Características, o queijo do tratamento I foi o<br />

que recebeu as melhores médias de aceitação<br />

quanto aos atributos sensoriais. Com isso<br />

verifica-se que o queijo tipo Minas Frescal<br />

fabricado de forma convencional, é o mais<br />

adequado. Devido a maior aceitabilidade e<br />

estabilidade observada durante o período de<br />

armazenamento a 5°C. Quanto à aceitabilidade<br />

dos queijos produzidos com a adição de soro,<br />

esta foi comprometida, principalmente quanto<br />

ao sabor, que os provadores descreveram que<br />

apresentava-se "doce", resultados estes que<br />

podem ter sido obtidos devido a alta umidade e<br />

ao teor de lactose do queijo Minas Frescal (ROSSI<br />

et aI., 1998).<br />

Os valores médios do rendimento dos<br />

queijos nos cinco tratamentos empregados estão<br />

apresentados na Tabela 3, os mesmos não foram<br />

submetidos à análise estatística, porém<br />

evidenciam uma diminuição na quantidade de leite<br />

para a obtenção de um kg de queijo.<br />

Tabela 3 - Rendimento de produção expresso<br />

em volume de leite/Kg de queijo "Minas Frescal"<br />

produzido<br />

Tratamentos Médias<br />

1 5,25<br />

2 5,04<br />

3 6,41<br />

4 4,05<br />

5 7 ,94<br />

Entre os tratamentos, o tratamento 4<br />

(4,05 litros/kg) apresentou melhor rendimento<br />

que o tratamento I (testemunha 5,25 litros/kg)<br />

e o tratamento 2 (leite + 2,5% de soro de leite<br />

em pó não reconstituído 5,04), no entanto entre<br />

os outros tratamentos houve um baixo<br />

rendimento.<br />

CONCLUSÃ O<br />

Considerando as análises físico-químicas e<br />

sensoriais pôde-se concluir que a elaboração de<br />

queijos Minas Frescal com uso de soro de leite<br />

em pó interfere na aceitabilidade do produto<br />

fi nal, apesar do ganho em rendimento, ressaltando-se<br />

a importância da modificação da<br />

técnica de fabricação, a fi m de sanar essa<br />

desvantagem.<br />

Tabela 1 - Análise de variância e respectivos níveis de significância dos resultados obtidos pelas<br />

análises sensoriais<br />

Causas de variação Sabor Aroma Textura Coloração<br />

Tratamento 10,84 ** 4,39 ** 7,61 ** 7,37 **<br />

Temp. Armaz 0,04 ns 2,42 * 5, 16 ** 5,04 **<br />

Trat x Tempo 2,45 ** 0,43 ns 1,04 ns 0,84 ns<br />

Média geral 3,52 3,92 3,83 4,04<br />

C V(%) 23,69 21,28 21,73 19,68<br />

** (p < 0,0 I); * (p < 0,05); ns não significativo<br />

Ta bela 2 - Valores médios das características sensoriais do queijo Minas Frescal<br />

Tratamentos Sabor Aroma Textura Cor<br />

1 4,2a 4,4a 4,3a 4,4a<br />

2 3,8ab 4,Oab 4,3a 4,4a<br />

3 3,6bc 4,Oabc 3,8ab 4,2ab<br />

4 3,lcd 3,6bc 3,5bc 3,7bc<br />

5 2,7d 3,4c 3,2c 3,3c<br />

Letras minúsculas iguais na mesma coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade (p < 0,05).<br />

digitalizado por<br />

arvoredoleite.org


ABSTRACT<br />

The present work had for objective to<br />

evaluate the effect of the addition of serum of<br />

powdered milk in the acceptability and revenue<br />

of the cheese Minas Fresca!. The experiment was<br />

developed in the Laboratory of Biotechnology<br />

of the Ability of Engenharia/UNESP-Campus of<br />

Ilha Solteira. As raw material was used milk in<br />

natura and serum of powdered milk constituting<br />

in different proportions, what composed the<br />

following treatments: TI - pasteurized Milk, T2<br />

- pasteurized Milk not added with 2,5% of serum<br />

of powdered milk reconstituted, T3 - pasteurized<br />

Milk added with 2,5% of serum of reconstituted<br />

powdered milk, T4 - pasteurized Milk not added<br />

with 5% of serum of powdered milk reconstituted<br />

and T5 - pasteurized Milk added with 5% of serum<br />

of reconstituted powdered milk. To verify the<br />

acceptability of the product, this was evaluated<br />

as: flavo r, aroma, texture and coloration, for a<br />

team of 10 not trained tasters. Those attributed<br />

notes from I to 5, where: 5 = great, 4 = good, 3 =<br />

regulate, 2 = bad, 1= terrible. The adopted<br />

experimental delineators was it entirely casualized.<br />

By means of analysis of the found results, it was<br />

verified that the cheese type Minas manufactured<br />

Frescal in a conventional way, is the most<br />

appropriate. It is ended that cheese Minas Frescal<br />

elaboration with use of serum of powdered milk<br />

interferes in the acceptability of the final product,<br />

in spite of the gain in revenue.<br />

Palavras-chave: Queij o Minas Frescal,<br />

análise sensorial, soro de leite em pó.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

GIROTO, J.M.; PAWLOWSKY, U. Soro de leite:<br />

custos de equipamentos para o seu processamento.<br />

Pág. 90<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATIcíNIOS<br />

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Utilização do coalho bovino e coagulantes<br />

microbiano e genético na proteólise e<br />

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do Instituto de Laticínios "Cândido<br />

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Revista do Instituto de Laticínios<br />

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Revista do Instituto de Laticínios "Cândido<br />

Tostes", v.35, n.212, p. 19- 25, 1980.<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATIcíNIOS<br />

PESQUISA DE RESíDUOS DE ANTIBiÓTICOS EM AMOSTRAS DE LEITE DA<br />

COOPERATIVA REGIONAL AGROPECUÁRIA DE MACUCO, MUNiCíPIO DE MACUCO,<br />

ESTADO DO RIO DE JANEIRO<br />

Research of residual antibiotics in samples milk of Cooperativa Regional Agropecuária<br />

de Macuco, in the State of Rio de Janeiro<br />

1 - INTRODUÇÃ O<br />

A Instrução Normativa n° 51 foi publicada<br />

em setembro de 2002 e aprovou os Regulamentos<br />

Técnicos de Produção, Identidade e Qualidade do<br />

Leite tipo A, do Leite tipo B, do Leite tipo C, do<br />

Leite Pasteurizado e do Leite Cru Refrigerado e o<br />

Regulamento Técnico da Coleta de Leite Cru<br />

Refrigerado e seu Transporte a Granel (COSTA,<br />

2003). Um dos requerimentos do Programa<br />

Nacional de Melhoria da Qualidade do Leite e dos<br />

Regulamentos da Instrução Normativa n° 51, é que<br />

a pesquisa de resíduos de antibióticos ou outros<br />

inibidores do crescimento microbiano, deverá seguir<br />

os Limites Máximos de Resíduos previstos no<br />

Programa Nacional de Controle de Resíduos da<br />

Instrução Normativa n° 42, de dezembro 1999; e<br />

que as análises devem ser feitas pelo menos uma<br />

vez por mês em cada propriedade (BRASIL, 2002).<br />

O uso indiscriminado de antibióticos no<br />

tratamento de processos infecciosos de vacas<br />

em lactação, em especial nas mastites, muitas<br />

vezes deixam resíduos destes no leite, pois são<br />

absorvidos pela corrente sanguínea (FONSECA<br />

e SANTOS, 2000). A presença desses resíduos<br />

no leite acima do limite permitido podem causar<br />

vários problemas, sendo os de maior relevância:<br />

seleção de cepas bacterianas patogênicas resistentes<br />

no ambiente; o desencadeamento de<br />

reações de hipersensibilidades diversas; e a<br />

Viviane Brandão Barreira'<br />

Lívia Helena Moreira da Silva Melo2<br />

Andréa Matta Ristow3<br />

Silvio Marini4<br />

Sara Simone Pinheiro de Lacerda5<br />

Danielle Valadão Albernaz Mattos Tavares6<br />

fermentação insatisfatória na produção de<br />

derivados lácteos, como queijos e iogurtes<br />

(NASCIMENTO, et aI, 2001).<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

I ,6Médica Veterinária. Rio de Janeiro, RJ. E-mail: viviane.barreira@ig.com.br<br />

O presente estudo foi realizado nas instalações<br />

da Cooperativa Regional Agropecuária de Macuco<br />

Ltda. (CRAPML), no município de Macuco, estado<br />

do Rio de Janeiro. No período de maio a junho de<br />

2004, a CRAPML tinha o cadastro de 211 tanques<br />

de resfriamento, porém somente 199 ativos. Desses<br />

199 tanques, 17 eram de imersão e 182 de expansão;<br />

sendo 85 tanques particulares e 114 tanques<br />

coletivos. totalizando a produção de 70 I associados<br />

ati vos. Foram coletadas amostras de todos os 199<br />

tanques ativos e analisadas no máximo 24 horas<br />

após a coleta. Para detecção de resíduos de<br />

antibióticos no leite, foi utilizado o kit Delvotest


3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Os resultados mostraram que dos 199<br />

tanques que forneceram leite à CRAPML durante<br />

a pesquisa, 15 tanques apresentaram resultado<br />

positivo (7,54%); enquanto que 184 tanques<br />

apresentaram resultado negativo (92,46%). Com<br />

relação aos 15 tanques positivos, 9 eram<br />

particulares (10,59%) e 6 coletivos (5,26%). Essa<br />

diferença se deve provavelmente pelo fato dos<br />

produtores de tanques coletivos possuem uma<br />

maior preocupação em adicionar ao tanque um<br />

leite de melhor qualidade, pois se na indústria for<br />

detectado alguma alteração, como a presença de<br />

inibidores; todo o leite do tanque será condenado<br />

e portanto todos produtores que utilizam este<br />

tanque serão penalizados. Enquanto que os<br />

produtores de tanques particulares se fornecerem<br />

à indústria um leite de qualidade inferior, estarão<br />

prejudicando a si mesmo e portanto a penalidade<br />

será igualmente particular sem afetar terceiros.<br />

Segundo Gomi & Cabrini (2003), os<br />

monitoramentos realizados em diversos países<br />

mostram que o nível de contaminação do leite<br />

bovino por resíduos de antibióticos em tanques,<br />

está em torno de 2 a 5%. Porém, esta faixa pode<br />

não estar refletindo a realidade, pois alguns<br />

métodos rápidos para detecção de antibióticos<br />

em leite podem apresentar resultados positivos<br />

abaixo dos LMRs estipulados pela legislação do<br />

país ou gerar resultados negativos, se não<br />

empregados de forma correta. Comparando o nível<br />

de resíduos de antibióticos relatado no estudo de<br />

Gomi & Cabrini (2003), de 2 a 5%, com o<br />

percentual dos tanques positivos da CRAPML, de<br />

7,54%, podemos considerá-lo um valor alto.<br />

Ao usarmos o Delvotest SP estamos tendo<br />

uma boa pesquisa de b - lactâmicos (o grupo mais<br />

incriminado como causador de resíduos no leite),<br />

e ao mesmo tempo rigorosos quanto as demais<br />

drogas que o kit detecta, pois são detectados em<br />

valores acima do que a legislação estabelece.<br />

Segundo Costa (1996) e Costa (2002), cada<br />

teste apresenta vantagens e desvantagens, ressaltando<br />

a ocorrência de resultados falso-negativos quando o<br />

teste apresenta baixa sensibilidade por exemplo; e<br />

resultados falso-positivos quando o leite analisado<br />

possui substâncias antimicrobianas naturais, por<br />

exemplo lactoferrinas, lisozimas e mediadores do<br />

processo inflamatório. Sendo necessário cuidados na<br />

interpretação de resultados, principalmente quando<br />

se analisa amostras individuais, como por exemplo,<br />

animais com alto valor de células somáticas e<br />

particularmente em vacas logo após o parto, pois<br />

nas cinco ordenhas subseqüentes a este, os testes<br />

costumam dar resultados falso-positivos pelo<br />

processo inflamatório.<br />

Pág. 92<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

A possível presença de antimicrobianos<br />

naturais encontrados no leite, podem ser<br />

neutralizadas ou inativadas quando aquecidas a<br />

82° C por 2 a 5 minutos (ALBUQUERQUE,<br />

1996; BORGES, 2000; NASCIMENTO, 2001;<br />

CARRARO, 2003).<br />

4 - CONCLUSÃ O<br />

Em decorrência dos resultados obtidos,<br />

podemos concluir que há a necessidade de um<br />

trabalho de educação sanitária e conscientização<br />

dos produtores para este problema, assim como<br />

um controle e fiscalização mais severos para se<br />

obter um produto seguro para o consumidor e<br />

para um melhor controle da qualidade dos<br />

produtos da CRAPML. Conseqüentemente a<br />

cooperativa e os produtores terão seus prejuízos<br />

reduzidos. A presença de resíduos de antibióticos<br />

no leite pode acarretar problemas econômicos<br />

para o produtor, prejudicar a fabricação de<br />

derivados do leite, assim como trazer problemas<br />

à saúde dos consumidores. Apesar de muitos fatores<br />

estarem envolvidos com a presença destes resíduos<br />

no leite, para evitá-los é fundamental o controle<br />

individual da vaca em tratamento e fazer o uso<br />

adequado dos antibióticos, entre outros protocolos<br />

que devem ser feitos. O atual momento representa<br />

uma oportunidade de crescimento para o setor<br />

lácteo, mas para que essas mudanças ocorram<br />

temos que ter em mente a necessidade da melhora<br />

da qualidade do leite.<br />

ABSTRACT<br />

The presence of residual antibiotics in milk<br />

is one of the main concerns in the dairy industry,<br />

which may cause losses to the milk by-product<br />

technology, and become a serious public health<br />

issue. Bearing in mind that since milk is a highly<br />

nutritional food, widely consumed by man and<br />

one of the main foods ingested by children, it<br />

must be strictly inspected. Normative Instruction<br />

n° 51 of September 2002, one of its requirements<br />

is that the study of antibiotic residuais or other<br />

microbiotic growth inhibitors must adhere to the<br />

Maximum Residual Thresholds set forth in<br />

Normative Instruction n° 42 of December 1999.<br />

The purpose of this paper was to study the<br />

presence of antibiotic residuais in the 199 tanks<br />

(11 4 collective and 85 private tanks) of<br />

CRAPML (Cooperativa Regional Agropecuária<br />

de Macuco), in the State of Rio de Janeiro. The<br />

analyses were performed with the Delvotest®<br />

SP kit (microbiotic growth inhibitors). 15 tanks<br />

were found to have residual antibiotic, which<br />

corresponds to 7,54% of the samples. Out of<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

that total of positive-testing tanks, 9 were private<br />

and 6 were collective tanks. The results show a<br />

high occurrence of those residues in milk, imposing<br />

the application of punitive measures on the<br />

producers that send milk with residual antibiotics<br />

to CRAPML and stricter control by the sanitation<br />

authorities, as well as the implementation of a<br />

program to educate and monitor for prevention,<br />

to be prepared for ali producers.<br />

Key-words : milk, residual antibiotics,<br />

Delvotest® SP.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

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a presença de resíduos de antibióticos em leite<br />

comercializado em Fortaleza. Revista Higiene<br />

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• • •<br />

PRODUÇÃO DE PROTEASE E FORMAÇÃO DE BIOFILME POR BACTÉRIAS<br />

PSICROTRÓFICAS NA INDÚSTRIA DE LATiCíNIOS E SUA RELAÇÃO COM A<br />

COMUNICAÇÃO CÉLULA-CÉLULA<br />

Protease production and biofilm formation by psychrotrophic bacteria in the dairy<br />

industry and its relation with cell-to-cell communication<br />

Eliseth de Souza Viana1<br />

Maurílio Lopes Martins1<br />

Uelinton Manoel Pinto2<br />

Esther Dantas Costa3<br />

Maria Cristina Dantas Vanetti4<br />

Doutorandos ,em Microbiologia Agrícola UFV/DMB; m_Iopesm@yahoo.com.br e eliseth@vicosa.ufv.br.<br />

2 Mestre em Microbiologia Agrícola - UFV/DMB; uelintonpinto@yahoo.com.br<br />

3 Mestranda em Microbiologia Agrícola - UFV/DMB; esther@vicosa.ufv.br<br />

4 Professora do Departamento de Microbiologia da Universidade Federal de Viçosa.<br />

Pág. 93<br />

digitalizado por<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATIcíNIOS<br />

RESUMO<br />

Este trabalho busca relacionar o mecanismo de comunicação entre bactérias psicrotróficas<br />

com a produção de enzimas proteolíticas e a formação de biofilmes. O quorum sensing é<br />

um mecanismo de comunicação célula-célula, mediado por moléculas sinalizadoras, utilizadas<br />

por bactérias para regular a expressão de genes em resposta à densidade populacional.<br />

Considerando que essas moléculas podem induzir a expressão dos genes que codificam<br />

enzimas deterioradoras termorresistentes e dos genes responsáveis pela formação de<br />

biofilmes, existe um grande potencial para a comunicação célula-célula ou quorum sensing<br />

influenciar a qualidade do leite e derivados.<br />

Palavras-chave: leite cru, bactérias psicrotróficas proteolíticas, biofilme e quorum sensing.<br />

1 • BACT ÉRIAS PSICROTRÓFICAS EM<br />

LEITE E SUAS IMPLICAÇÕES<br />

O leite constitui um meio de cultura ideal<br />

para a multiplicação de microrganismos patogênicos<br />

e deterioradores considerando seu alto<br />

valor nutricional, alto teor de água e pH próximo<br />

a neutralidade (Frank, 1997). A manutenção e o<br />

transporte do leite cru refrigerado impede a<br />

deterioração por bactérias mesofílicas, mas resulta<br />

na seleção de bactérias psicrotróficas (Frank, 1997).<br />

No leite, os psicrotróficos são representados<br />

principalmente pelas bactérias Gram-negativas<br />

Pseudolllollas, Achromobactel Aero/llonas,<br />

Serra tia, Alcaligenes, Chrolllobacterium e<br />

Flavobacterium spp. e pelas bactérias Grampositivas<br />

Bacillus. Clostridiu11l, CorYllebacteriulll,<br />

Streptococcus. Lactobacilllls e MicrocOCCllS spp<br />

(Sorhaug e Stepaniak, 1997; Pinto 2004), sendo a<br />

microbiota Gram-negativa a mais comumente<br />

encontrada (Cousin, 1982; Pinto, 2004). Dentre<br />

estas, as pertencentes ao gênero Pseudo11!ollas<br />

são as predominantes (Dogan e 800r, 2003;<br />

Pinto, 2004). Esse gênero inclui espécies que se<br />

caracterizam por apresentar alta divers idade<br />

genética (Martins, 2003) e mecanismos fisiológicos<br />

de adaptação e crescimento a baixas temperaturas.<br />

p. jll10rescells constitui a espécie deterioradora do<br />

leite de maior importância (Dogan e Boor, 2003;<br />

Pinto, 2004) por produzir proteases termoestáveis<br />

que hidrolisam a caseína e diminuem a produtividade<br />

industrial e a qualidade sensorial dos produtos lácteos<br />

(Sorhaug e Stepaniak, 1997). Algumas dessas<br />

bactérias também secretam lecitinases e lipases que<br />

podem desempenhar um papel significativo na<br />

deterioração desses produtos (Dogan e Boor, 2003).<br />

2 - QUORUM SENSING<br />

Muitas bactérias regulam a expressão<br />

gênica em resposta ao tamanho populacional<br />

por um mecanismo chamado de quorum sensing<br />

(QS) (Whitehead et aI., 2001). Este sistema<br />

Pág. 94<br />

possibilita a comunicação entre células e é<br />

mediado por sinais químicos extracelulares,<br />

denominados de moléculas sinalizadoras,<br />

produzidas pelas bactérias quando densidades<br />

celulares específicas são atingidas. Estas<br />

moléculas podem ser divididas em: (i)<br />

autoindutore s-l, conhecidos como N-acil<br />

homoseri nas lactonas (AHLs) e usados por<br />

bactéri as Gram-negativas para a comunicação<br />

intraespécie (Whitehead et aI., 200 I); (ii)<br />

autoindutor-2 ou furanosil borato diéster,<br />

produzido por bactérias Gram-negativas e Grampositivas,<br />

utilizado para comunicação intra e<br />

interespécie (Chen et aI., 2002); (iii) autoindutor-3<br />

de estrutura desconhecida (Sperandio et<br />

aI., 2003); (iv) aminoácidos e peptídeos pequenos<br />

utilizados por bactérias Gram-pos itivas<br />

(Whitehead et aI., 2001). Além desses, dipepitídeos<br />

cíclicos, como dicetopiperazinas e 2heptil-3-hidroxil-4-quinolona<br />

podem estar<br />

envolvidos na sinalização célula-célula (Pesci et<br />

aI., 1999). Quando a conce ntração do sinal é<br />

suficientemente alta, genes alvos são ativados<br />

ou repri midos (Whitehead et aI., 200 I ). Este<br />

mecanismo permite que as células controlem<br />

muitas de suas funções tais como a colonização<br />

de superfície e motilidade, produção de<br />

exopolímeros, produção de antibióticos, formação<br />

de biofilme, bioluminescência, produção de<br />

pigmentos, expressão de genes de virulência e<br />

produção de enzimas hidrolíticas (Whitehead et<br />

aI., 200 I). Os estudos realizados até o momento<br />

indicam que as moléculas sinalizadoras são<br />

produzidas por bactérias em leite (Pinto et aI.,<br />

2005). O QS bacteriano favorece o acesso a<br />

nutrientes ou nichos ambientais mais favoráveis<br />

e permite que as bactérias se diferenciem em<br />

formas melhor adaptadas a ambientes hostis<br />

(Swift et aI., 2001). O estudo do QS e sua relação<br />

com bactérias deterioradoras ou patogênicas de<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

alimentos faz-se necessário para que haja uma<br />

melhor compreensão da importância desse sistema<br />

na ecologia microbiana dos alimentos. Este<br />

conhecimento poderia contribuir para a geração<br />

de novas estratégias de controle do crescimento de<br />

bactérias indesejáveis e produção de metabólitos<br />

prejudiciais aos alimentos, apresentando um grande<br />

potencial para a preservação e segurança destes<br />

produtos (Pinto, 2005).<br />

2.1. Produção de enzimas proteolíticas e<br />

quorum sellsillg<br />

As enzimas proteolíticas produzidas por<br />

bactérias psicrotróficas podem resultar em vários<br />

problemas tecnológicos para a indústria de<br />

laticínios tais como, instabilidade do leite ao<br />

calor, coagulação durante a pasteurização,<br />

gelificação do leite UHT, desenvolvimento de<br />

vários sabores e odores indesejáveis e redução<br />

do rendimento na produção de queijos (Cousin,<br />

1982; Sorhaug e Stepaniak, 1997). Em P.<br />

fluorescens, a principal enzima proteolítica é<br />

codificada pelo gene aprX e sua produção é<br />

regulada por diferentes fatores, incluindo<br />

temperatura, fase de crescimento, pH,<br />

disponibilidade de nutrientes e íons (McCarthy,<br />

2003). Pinto (2004) observou que o grau de<br />

proteólise em amostras de leite refrigerado<br />

inoculadas com P. fluorescens foi dependente da<br />

temperatura, do tempo de estocagem e do<br />

número de células. Segundo McCarthy (2003), a<br />

produção de enzimas extracelulares quando a<br />

densidade celular é baixa pode ser desvantajosa<br />

para as células em razão da difusão das enzimas e<br />

dos nutrientes liberados por elas no meio.<br />

Considerando que as enzimas hidrolíticas são<br />

responsáveis pelos defeitos de qualidade do leite<br />

e derivados e que o limite de detecção de sua<br />

atividade é possível apenas em densidade<br />

populacional alta, o QS pode participar na<br />

regulação dos genes que codificam essas enzimas.<br />

2.2. Formação de biofilme e quorum sellsillg<br />

Bactérias psicrotróficas possuem a capacidade<br />

de colonizar superfícies e formar<br />

biofilmes, podendo afetar a qualidade e a<br />

segurança dos produtos lácteos, o que resulta em<br />

risco para a saúde dos consumidores. Os biofilmes<br />

representam um proQlema significativo e<br />

persistente quando os procedimentos de higienização<br />

não são apropriados e também podem<br />

conferir maior resistência das bactérias a agentes<br />

sanificantes. Nos biofilmes, as populações<br />

bacterianas encontram-se aderidas a uma<br />

superfície e imersas em uma matriz polimérica<br />

digitalizado por<br />

que contém canais para a circulação de água e<br />

nutrientes (Costernon et aI. 1999). Fatores como<br />

pH, temperatura, conteúdo de ferro, oxigênio e<br />

nutrientes influenciam a sua formação (Stoodley<br />

et aI., 1999). A formação da estrutura tridimensional<br />

dos biofilmes é um processo<br />

dinâmico que envolve uma série de eventos<br />

moleculares coordenados influenciados pelo<br />

sistema QS (Parsek e Greenberg, 2005). O papel<br />

do QS na formação de biofilme tem sido<br />

reportad o em várias espécies de bactérias<br />

psicrotróficas (Huber et aI. 2001; Conway et<br />

aI., 2002, Lynch et aI., 2002). Entretanto, ainda<br />

não existem estudos que comprovem o<br />

envolvimento desse sistema na formação de<br />

biofilmes constituídos por bactérias isoladas de<br />

leite cru refrigerado.<br />

2 - CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS<br />

As moléculas sinalizadoras podem induzir<br />

a expressão dos genes que codificam enzimas<br />

deterioradoras termorresistentes e dos genes<br />

responsáveis pela formação de biofilmes,<br />

portanto, existe um grande potencial para o QS<br />

influenciar na qualidade do leite e derivados. O<br />

desenvolvimento de sistemas para interromper<br />

o processo de comunicação célula-célula em<br />

bactérias é de grande interesse. A aplicação destes<br />

sistemas pode ser potencialmente útil na inibição<br />

do crescimento e dos mecanismos de virulência<br />

das bactérias em diferente ambientes, incluindo<br />

os al imentos.<br />

SUMMARY<br />

This work aimed to relate the communication<br />

mechanism among psychrotrophic bacteria with<br />

the production of proteolytic enzymes and biofilm<br />

formation. Quorum sensing is a mechanism of cellto-cell<br />

communication mediated by signaling<br />

molecules used by bacteria to regulate gene<br />

expression in response to the population density.<br />

Since these molecules can induce the gene<br />

expression of thermostable spoilage enzymes and<br />

genes related to biofilm formation, there is a<br />

potential function of the quorum sensing system<br />

to influence the quality of milk and dairy products.<br />

Key words: raw milk, psychrotrophic<br />

proteolytic bacteria, biofilm and quorum sensing.<br />

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ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

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• • • •<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

FABRICAÇÃO DE QUEIJO MINAS PADRÃO UTILIZANDO CULTURA LÁTICA ENDÓGENA<br />

Manufacture of "Minas Padrão" type eheese using endogenous laetie eulture starter<br />

RESUMO<br />

José Fernando Mourão<br />

Cavalcante1<br />

Lorena Fernandes Juncal2<br />

Nélio José de Andrade3<br />

Juliano Gomide de Souza4<br />

Mauro Mansur Furtado5<br />

O objetivo deste trabalho foi produzir um queijo Minas Padrão empregando uma cultura<br />

lática endógena (UFVLN-21) como cultura starter. Empregou-se leite pasteurizado (65°C/<br />

30 min), padronizado para 3,2 % de gord ura e inoculado com cultura lática endógena<br />

(UFVLN-21) isolada de leite cru de vaca. Os queijos foram elaborados e maturados durante<br />

período de 2 I dias em câmara fria (10 ± 2° C), sendo analisados a cada 7 dias. Foram<br />

realizadas as seguintes análises físico-químicas nos queijos: umidade, gord ura, proteína<br />

total, GES, pH, acidez e cloreto de sódio. Além disso, foram realizadas avaliações sensoriais<br />

dos queijos elaborados com 7, 14 e 21 dias de maturação, por um júri composto de seis<br />

especialistas no assunto. Com base nos resultados do presente experimento concluiu-se<br />

que é possível a fabricação de queijo Minas Padrão empregando cultura lática endógena.<br />

1 - INTRODUÇÃ O<br />

O queijo Minas Padrão é conhecido como<br />

queijo Minas Curado, prensado e pasteurizado. É<br />

o queijo brasileiro mais antigo e original,<br />

possuindo outras variedades com características<br />

semelhantes, como o queijo do Serro, da Canastra<br />

e do Salitre, mas todos de fabricação artesanal<br />

com leite cru. Trata-se de queijo seco e firme<br />

com casca amarelada e coloração interna brancacreme,<br />

contém algumas olhaduras irregulares,<br />

sabor pronunciado, levemente ácido, de formato<br />

cilíndrico e peso variando de 0,8 kg a 1,2kg<br />

(MARTINS ,2000; PEREIRA, 2005).<br />

O objetivo principal do trabalho foi a<br />

elaboração de queijo Minas Padrão com leite<br />

pasteurizado (63-65°C/30 min), padronizado para<br />

3,2 % de gordura e inoculado com cultura lática<br />

endógena (UFVLN-21) isolada de leite cru de<br />

vaca. Os queijos foram elaborados e estocados<br />

durante período de 21 dias em câmara fria (10 ±<br />

2° C), sendo analisados a cada 7 dias de maturação.<br />

Foram realizadas as seguintes análises físicoquímicas<br />

nos queijos: umidade, gordura, proteína<br />

total, pH, acidez e cloreto de sódio. Além disso,<br />

foram realizadas avaliações sensoriais dos queijos<br />

elaborados com 7, 14 e 21 dias de maturação, por<br />

um júri composto de seis especialistas no assunto.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

O presente trabalho foi realizado na Usina<br />

Piloto de Laticínios (FUNARBE) e no Laboratório<br />

de Pesquisa de Leite e Derivados, do Departamento<br />

de Tecnologia de Alimentos da Universidade<br />

Federal de Viçosa (UFV), Minas Gerais.<br />

Prof. Universidade Estadual do Ceará (UECE) e Doutorando do Departamento de Tecnologia de Alimentos da<br />

Universidade Federal de Viçosa (DTA/UFV).<br />

2 Prof. Ti tular do DTA I UFY.<br />

3 Estudante Curso Ciência e Tecnologia de Laticínios do DTA/UFV<br />

4 Graduado em Ciência e Tecnologia de Laticínios pelo DTA/UFV<br />

5 Prof. Adjunto do DTA I UFV.<br />

Órgão financiador: CAPES.<br />

digitalizado por<br />

arvoredoleite.org<br />

Pág. 97


2.1. Matéria-prima<br />

o leite empregado neste experimento foi<br />

proveniente de produtores que fornecem<br />

regularmente matéria-prima à Usina Piloto da<br />

UFY. Leite cru de conjunto, com acidez de 16 °D<br />

foi resfriado e estocado entre 4 e 5 °C,<br />

pasteurizado no próprio tanque de fabricação (65<br />

°C / 30 min) por meio de vapor indireto (camisa<br />

de vapor) e padronizado para 3,2 % de gordura.<br />

A cultura lática endógena empregada neste<br />

experimento foi UFVLN-21 (LactococCllS laclis,<br />

ssp. cremo ris) isolada do leite cru de vaca<br />

(CAVALCANTE el. ai., 2003). A cultura lática<br />

foi ativada em meio LDR 10%, por três dias<br />

consecutivos, antes do experimento.<br />

2.3. Tecnologia de Fabricação do Queij o<br />

Minas<br />

Após a pasteurização, o leite foi resfriado<br />

a 36 °C antes de ser adicionado dos ingredientes<br />

necessários. No tanque de fabricação foi<br />

adicionada a solução de cloreto de cálcio (20g/<br />

100litros) e 1 % do fermento lático (UFVLN-<br />

21). O l eite fo i agitado, visando à dispersão<br />

uniforme do fermento ao novo meio. Em seguida,<br />

adicionou-se o coalho em pó (CHR HANSEN®)<br />

em quantidade suficiente para atingir o ponto de<br />

corte em cerca 40 minutos. Atingido o ponto, a<br />

massa foi cortada, empregando-se liras horizontal<br />

e vertical, de modo a se obter grãos de<br />

I cmJ• Deixou-se os grãos em repouso por cerca<br />

de 5 minutos. Agitou-se lentamente, por 20<br />

minutos, para que os grãos não esfacelassem.<br />

Deixou-se novamente em repouso para ocorrer<br />

à separação dos grãos e do soro. Removeu-se o<br />

soro até que o coágulo começasse a emergir.<br />

Continuou-se a agitação, desta vez mais rápida.<br />

A temperatura da massa (36 °C) foi mantida<br />

constante durante esta fase. Retirou-se o restante<br />

do soro e fez-se a salga na massa (1 % de sal em<br />

relação volume processado). Realizou-se a<br />

enformagem e prensagem. Em seguida, fez-se a<br />

prensagem em prensa vertical durante 16 horas.<br />

Maturou-se os queijos em câmara frigorífica (10-<br />

12 °C) e umidade relativa a 80 %, por 21 dias.<br />

2.4. Análises Físico-Químicas<br />

Foram realizadas as seguintes análises<br />

físico-químicas nos queijos:<br />

a) Umidade: determinada em estufa à 105<br />

°C pelo método gravimétrico (AOAC,<br />

1995);<br />

b) Cinzas: determinada em mufla à 550 °e,<br />

pelo método gravimétrico (AOAC, 1995);<br />

Pág. 98<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATIcíNIOS<br />

c) Gordura: determinada pelo método<br />

volumétrico GERBER (butirômetro<br />

especial para queijos), segundo as<br />

Normas do INSTITUTO ADOLFO<br />

LUTZ (1985) ;<br />

d) Cloreto de sódio: determinado pelo<br />

método de doseamento na substância,<br />

descrito por PEREIRA et aI., 2001;<br />

e) Acidez (% ácido lático): determinada<br />

pelo método ponderaI descrito por<br />

PEREIRA el ai. (2001);<br />

f) pH: determinado pelo método direto<br />

usando aparelho pHmetro;<br />

g) Nitrogênio total: determinado pelo<br />

método Kjeldahl, utilizando aparelho<br />

BÜCHI®;<br />

h) Gordura no Extrato Seco: (GES):<br />

calculada através da relação do teor de<br />

extrato seco e teor de gordura da<br />

amostra x 100 %, segundo FURTADO<br />

(1991).<br />

2.4. Avaliação Sensorial dos Queijos<br />

Foi realizada por um júri composto de seis<br />

membros especialistas no assunto, do sexo<br />

masculino e feminino, na faixa etária de 30 a 55<br />

anos. Cada membro recebeu uma amostra de<br />

queijo e uma ficha específica para avaliação<br />

sensorial aos 7, 14 e 21 dias de maturação.<br />

3 - RESULTA DOS E DISCUSSÃO<br />

Os queijos elaborados com cultura lática<br />

endógena (UFVLN-2 1) apresentaram de uma<br />

maneira geral, um bom aspecto geral, sabor e<br />

aroma. No Quadro I são mostrados os resultados<br />

das avaliações sensoriais dos queijos realizadas<br />

pelo júri de especialistas aos 7, 14 e 21 dias de<br />

maturação.<br />

Observa-se no Quadro I. que os queijos, no<br />

geral, tiveram uma boa avaliação sensorial pelo<br />

júri de especial istas que considerou o queijo Minas<br />

Padrão elaborado com cultura lática endógena<br />

como "Gostei extremamente" a "Gostei<br />

ligeiramente" na escala hedônica, sendo que os<br />

queijos mais maturados tiveram uma melhor<br />

avaliação. Alguns aspectos positivos e negativos<br />

foram levantados pelo júri com relação ao sabor,<br />

aroma, textura e coloração dos queijos, ao longo<br />

da maturação. Assim, aos 21 dias de maturação<br />

observou-se que apesar da boa aparência, sabor e<br />

aroma, constatou-se que a textura apresentavase<br />

borrachuda ao mastigar. Os queijos<br />

apresentaram olhaduras mecânicas e cor da casca<br />

amarelo intensa.<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Quadro 1 - Avaliação do queijo Minas Padrão elaborado com cultura lática endógena (UFVLN-21)<br />

com 7 dias (x), 14 dias (+) e 21 (*) dias de maturação pelo júri de seis especialistas.<br />

AVALIADOR GE GM Gmd GL I DL Dmd DM DE<br />

1 * + x<br />

2 x + *<br />

3 x + *<br />

4 * x +<br />

5 * x +<br />

6 * x +<br />

Escala hedônica: GE = Gostei extremamente; GM = Gostei muito; Gmd =Gostei moderadamente; GL = Gostei ligeiramente;<br />

I = Indiferente; DL= Desgostei ligeiramente; Dmd= Desgostei moderadamente; DM Desgostei muito; DE Desgostei<br />

extremamente.<br />

Figura 1 - Valores médios das análises físico-químicas do queijo Minas Padrão elaborado com cultura<br />

lática endógena (UFVLN-21) aos 7, 14 e 21 dias de maturação.<br />

* Média de três repetições<br />

Tempo cura e<br />

Umidade (%)<br />

Gordura (%)<br />

Proteína (%)<br />

GES<br />

pH<br />

Acidez (%)<br />

NaCI (%)<br />

Com 7 dias<br />

43,61<br />

24,75<br />

28,15<br />

43,89<br />

5,79<br />

0,38<br />

2,24<br />

Os resultados das análises físico-químicas<br />

do queijo Minas Padrão elaborado com a cultura<br />

lática endógena são apresentados na Figura I.<br />

O teor de umidade dos queijos variou de<br />

43,61 % (7dias) a 40,3% (21 dias), representando<br />

uma perda de água de cerca 3,3%. Vários fatores<br />

contribuem para a alteração de umidade nos<br />

queijos como temperatura de coagulação,<br />

quantidade de coalho, corte da coalhada,<br />

mexedura, salga e condições de maturação<br />

(FURTADO, 1991; ECK, 1987). O teor de<br />

gordura permaneceu praticamente inalterado ao<br />

longo do período de 21 de maturação dos queijos.<br />

Com relação ao teor de proteína total houve<br />

uma diminuição de 1, 64 % aos 21 dias de<br />

maturação, que pode ser explicada devido a queda<br />

na umidade dos queijos. O teor de Gordura no<br />

Extrato Seco (GES) apresentou aumento de<br />

2,0%, aos 21 dias de maturação dos queijos. Os<br />

valores de pH ficaram na faixa de 5, 8 a 5,6<br />

demonstrando que houve uma estabilização e leve<br />

queda no pH dos queijos durante a maturação. Os<br />

teores de acidez dos queijos seguiram a mesma<br />

digitalizado por<br />

Com 14 dias<br />

42,10<br />

25,0<br />

28,49<br />

43,17<br />

5,73<br />

0,39<br />

2,30<br />

Com 21 dias<br />

40,28<br />

25,0<br />

26,51<br />

41,86<br />

5,61<br />

0,45<br />

2,24<br />

tendência dos valores de pH ao longo da<br />

maturação. Com relação ao teor de sal dos queijos,<br />

ficou praticamente inalterado, em cerca de 2,2%<br />

de NaCl, ao longo da maturação.<br />

4 - CONCLUSÕES<br />

Concluiu-se que é possível fabricar queijo<br />

Minas Padrão com emprego de culturas láticas<br />

endógenas. A cultura lática endógena (UFVLN-2 l)<br />

apresentou bom desempenho tecnológico na<br />

elaboração do queijo Minas Padrão, com relação ao<br />

sabor, aroma e aspecto geral, no experimento<br />

realizado. Entretanto, foi constatado por alguns<br />

membros do júri de avaliação sensorial que a textura<br />

dos queijos ficou com aspecto borrachudo. A<br />

disponibilidade de culturas láticas endógenas<br />

regionais é uma necessidade econômica e representa<br />

um avanço tecnológico que se impõe no nosso país.<br />

Além disso, o produto elaborado com leite<br />

pasteurizado empregaria os novos fermentos láticos<br />

endógenos, que são compostos por microrganismos<br />

da própria região, o que favoreceria a qualidade do<br />

produto regional, no caso queijo Minas Padrão.<br />

Pág. 99<br />

arvoredoleite.org


SUMMARY<br />

The main purpose of this experiment was<br />

the manufacture of Minas Padrão type cheese<br />

using endogenous lactic culture starter.<br />

Pasteurized milk (65°C/30 min), standardized<br />

to 3.2% fat, was added with endogenous lactic<br />

culture starter (UFVLN-21), isolated from raw<br />

milk. Cheeses were manufactured and ripened at<br />

10 ± 2° C in cold room and analyzed at each 7<br />

days period. Cheeses were analyzed for the<br />

following physical-chemical analysis: moisture,<br />

fat, total protein, fat in the dry matter, pH,<br />

acidity e sodium chloride. Chesses were also<br />

submitted to a sensory panel, at 7, 14 and 21<br />

days of ripening. Results showed that is possible<br />

to manufacture Minas Padrão type cheese using<br />

endogenous lactic culture starter.<br />

Key words: 'Minas Padrão' type cheese;<br />

endogenous latic culture starter.<br />

5 - REFER ÊNCIAS BIBLIOGRÁ FICAS<br />

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AVALIAÇÃO DOS íNDICES DE EXTENSÃO E PROFUNDIDADE DE PROTEÓLlSE DO<br />

QUEIJO COALHO<br />

Evaluation of proteolysis extent and depth indexes in Coalho type cheese<br />

José Fernando Mourão Cavalcante 1<br />

Nélio José de Andrade2<br />

Lorena Fernandes JuncaP<br />

Mauro Mansur Furtado2<br />

Prof. Universidade Estadual do Ceará (UECE) e Doutorando do Departamento de Tecnologia de Alimentos da<br />

Universidade Federal de Viçosa (DTA/UFV).<br />

2 Prof. Titular do DTA I UFV.<br />

3 Estudante Curso Ciência e Tecnologia de Laticínios do DTA/UFV<br />

4 Prof. Adjunto do DTA I UFV.<br />

Órgão financiador: CAPES.<br />

Pág. 100<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

RESUMO<br />

O queijo Coalho é um produto típico da região Nordeste, onde ele goza de grande<br />

popularidade, aceitação e consumo. Ultimamente, o queijo Coalho tem sido produzido e<br />

consumido na região Sudeste do Brasil. Foram elaborados queijos de Coalho com leite<br />

pasteurizado, padronizado para 3,3% de gordura e inoculado com cultura lática endógena<br />

isolada de queijo Coalho artesanal . Os queijos foram maturados por um período de 30 dias<br />

à temperatura ambiente e em câmara fria. O presente trabalho teve o objetivo de detalhar<br />

e avaliar a extensão e profundidade de proteólise, visando o controle do processo de<br />

maturação do queijo Coalho. Outro objetivo foi disponibilizar dados sobre a extensão e<br />

profundidade do queijo Coalho.<br />

1 - INTRODUÇÃ O<br />

O queijo Coalho é um produto típico da<br />

região Nordeste do Brasil, de grande popularidade,<br />

aceitação, consumo e produção nesta<br />

região. Ultimamente, ele tem sido produzido e<br />

consumido na região Sudeste. É um queijo de<br />

massa semicozida e tradicionalmente consumido<br />

fresco ou dentro de 10 dias de maturação (LIMA,<br />

1996). É produzido há mais de um século a partir<br />

de leite de vaca, cru ou pasteurizado. A maior<br />

parte do queijo Coalho produzido no Nordeste é<br />

proveniente de fabricação artesanal em pequenas<br />

queij arias urbanas ou rurais (SENA, 2000). A<br />

maturação de queijos é um fenômeno complexo<br />

que envolve uma série de transformações<br />

bioquímicas nos seus constituintes, como<br />

proteínas, lipídeos e carboidratos, durante a<br />

fabricação, maturação e vida de prateleira do<br />

queijo (McSWEENEY et ai. , 1993).<br />

Estas transformações são provocadas,<br />

principalmente, devido à ação de enzimas<br />

provenientes das bactérias láticas, chamadas<br />

"starters", das enzimas naturais do leite, da flora<br />

lática do leite cru e do próprio coalho usado na<br />

fabricação do queijo. Na maioria dos queijos, a<br />

proteólise, lipólise e glicólise são processos<br />

importantes para determinação da textura, da<br />

consistência, sabor e aroma do produto.<br />

Portanto, fica evidente que, na degradação das<br />

proteínas, a proteólise, desempenha papel<br />

fundamental na qualidade do produto final. O<br />

processo de proteólise do queijo é resultado da<br />

ação de várias enzimas, como proteinases e<br />

peptidases, sendo que as principais são a<br />

quimosina ou renina, (do coalho) e enzimas do<br />

fermento lático. Microrganismos presentes<br />

ocasionalmente, como resultado de contaminação,<br />

podem também contribuir para esta<br />

degradação. A quimosina tem a ação específica<br />

de quebrar a ligação Phe 105 e Met 106 da êcaseína.<br />

As bactérias láticas liberam peptídeos<br />

digitalizado por<br />

da caseína por meio da ação de suas proteinases,<br />

sendo que alguns destes peptídeos (hidrófobos)<br />

podem causar sabor amargo no queijo<br />

(WOLFSCHOON POMBO et ai., 1982). Para<br />

melhor entendimento, a Figura I mostra de<br />

maneira esquemática como ocorre a proteólise<br />

da caseína:<br />

ENZIMAS PROTEÓLITICAS<br />

CASE f NA Peptídeos AAs<br />

Nitrogênio Total<br />

AAs = Aminoácidos<br />

Extensão<br />

Figura 1 - Formação dos índices de avaliação<br />

de proteólise em queijos.<br />

Fonte: Adaptado de WOLFSCHOON POMBO e aI., 1983.<br />

A extensão da proteólise ou índice de<br />

maturação se caracteri za pela quantidade de<br />

substâncias nitrogenadas solúveis acumuladas<br />

durante o processo de proteólise. A profundidade<br />

da proteólise engloba as substâncias nitrogenadas<br />

de baixo peso molecular, como aminoácidos,<br />

oligopeptideos, aminas, entre outras, acumuladas<br />

durante o processo de maturação de queijos. A<br />

profundidade pode ser quantificada pelo teor de<br />

nitrogênio não protéico (NNP) ou solúvel em<br />

ácido tricloroacético (TCA). Entende-se por<br />

NNP aquelas substâncias nitrogenadas de baixo<br />

arvoredoleite.org<br />

Pág. 101


peso molecular que não se precIpItam na<br />

presença de TCA a 12%. A profundidade da<br />

proteólise pode ser definida da seguinte maneira:<br />

D Profundidade (%) = Nitrogênio solúvel<br />

em TCA a 12% x 100 / Nitrogênio<br />

total.<br />

A Figura 2 mostra graficamente os efeitos<br />

das ações do coalho e dos fermentos láticos no<br />

desenvolvimento do sabor e aroma de queijos.<br />

Figura 2 - Mecanismo de degradação da caseína<br />

no queijo<br />

Fonte: Adaptado de WOLFSCHOON POMBO e aI.. 1982.<br />

Tentativas para entendimento deste fenômeno<br />

têm levado ao desenvolvimento de métodos<br />

objetivos, considerados capazes de estimar a<br />

qualidade final do queijo. A avaliação sensorial de<br />

queijos depende da capacidade do julgador em<br />

examinar uma pequena amostra de um lote de queijo<br />

ao acaso e usar suas habilidades para prever a qualidade<br />

futura. Portanto, os resultados da avaliação sensorial<br />

são subjetivos. Na literatura encontram-se diversos<br />

métodos objetivos (químicos e reológicos) de<br />

avaliação da maturação de queijos, que têm sido<br />

desenvolvidos e testados. Entretanto, a fim de<br />

melhor prever o processo de maturação, seja por<br />

método químico ou reológico, é preciso levar em<br />

consideração a maneira de elaboração do queijo,<br />

incluindo o tipo e atividade do fermento lático e<br />

coalho usado, e as condições de maturação<br />

(McSWEENEY ef ai . . 1993). O objetivo deste<br />

trabalho foi avaliar a extensão e profundidade de<br />

proteólise no queijo Coalho, visando controle do<br />

processo de maturação. Outro objetivo foi<br />

disponibilizar dados sobre os índices extensão e<br />

-profundidade de proteólise do queijo Coalho.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

O presente trabalho foi realizado na Usina<br />

de Laticínios e no Laboratório de Pesquisa de<br />

Pág. 102<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Leite e Deri vados, do Departamento de<br />

Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal<br />

de Viçosa-MG.<br />

2.1. Matéria-prima<br />

A matéria-prima utilizada para elaboração<br />

dos queijos, foi proveniente de produtores que<br />

fornecem regularmente leite à Usina de<br />

Laticínios da Universidade Federal de Viçosa­<br />

MG. Leite cru de conjunto, com acidez de 16 °0<br />

foi resfriado e estocado entre 4 e 5 °C,<br />

pasteurizado no próprio tanque de fabricação (65<br />

°C/30 min) por meio de vapor indireto (camisa<br />

de vapor) e padronizado para 3,3 % de gordura.<br />

A fabricação dos queijos foi realizada a nível<br />

industrial, usando-se as seguintes etapas : i)<br />

pasteurização do leite, ii) resfriamento à 36 °C;<br />

iii) adição de fermento lático, cloreto de cálcio<br />

e coalho em pó; iv) coagulação e repouso; v)<br />

corte da massa; vi) mexedura e aquecimento até<br />

45 °C; vii) dessoragem parcial (95% soro); (viii)<br />

salga na massa (1,2 % de sal em relação ao volume<br />

leite); ix) dessoragem total; x)enformagem; xii)<br />

primeira prensagem (15 min.); xiii) segunda<br />

prensagem (15 h); xiv) maturação à temperatura<br />

ambiente (27 ± 2°C) e em câmara fria (10 ±<br />

2°C). Empregou-se cultura lática endógena<br />

isolada de queijo Coalho artesanal proveniente<br />

do município de Tauá-Ceará (CAVALCANTE et<br />

aI., 2003) como fermento lático na elaboração<br />

dos queijos. A cultura lática foi ativada, durante<br />

três dias consecutivos, em leite desnatado<br />

reconstituído (LDR) 12 % e incubadas a 30 ± 2<br />

°C até a coagulação do leite. Após reativação, a<br />

cultura industrial foi obtida pela transferência<br />

do inoculo, 1 % (v/v), para um frasco de<br />

Erlenmeyer contendo I litro de LDR 12 %<br />

esterilizado, seguida de incubação a 30 ± 2°C até<br />

a coagulação do leite. Após, cultura fo i<br />

adicionada diretamente no tanque de fabricação<br />

contendo 100 L de leite pasteurizado.<br />

2.2. Análises físico-químicas<br />

Foram realizadas as seguintes análises físicoquímicas<br />

nos queijos: Umidade: determinada em<br />

estufa a 105 °C pelo método gravimétrico (AOAC,<br />

1990); Cinzas: determinada em mufla a 550 °C,<br />

pelo método gravimétrico (AOAC, 1990);<br />

Gordura: determinada pelo método volumétrico<br />

GERBER de Van Gulik para leite e queijo (APHA,<br />

1992); Cloreto de sódio: determinado pelo método<br />

de doseamento na substância, descrito por<br />

PEREIRA et ai. (2001); pH pelo método<br />

potenciométrico: determinado conforme<br />

PEREIRA et ai. (200 I); Nitrogênio total:<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

determinado pelo método Kj eldahl, utilizando<br />

aparelho B ÜCHI®; Nitrogênio solúvel em pH 4,6<br />

e nitrogênio solúvel em TCA 12%, determinado<br />

pelo método de Kjeldahl, usando aparelho BÜCHI<br />

® . conforme descrito por PEREIRA et alo 2001.<br />

Proteína total foi calcaulada multiplicando pelo<br />

fator 6,38 o teor de nitrogênio total determinado<br />

pelo método de Kjeldahl; Extensão ou índice de<br />

maturação foi determinada através da relação<br />

entre os teores de nitrogênio solúvel em pH 4,6 e<br />

nitrogênio total referida a 100, de acordo com<br />

WOLFSCHOON POMBO e LIMA (1983);<br />

Profundidade da proteólise foi determinada através<br />

da relação entre teores de nitrogênio solúvel em<br />

TCA 12% e nitrogênio total referida a 100, de<br />

acordo com WOLFSCHOON POMBO e LIMA<br />

(1983).Gordura no Extrato Seco (GES ) foi<br />

determinada através da relação do teor de extrato<br />

seco e teor de gordura da amostra x 100 %, segundo<br />

FURTADO (1991).<br />

3 • RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Na Tabela I são apresentados os resultados<br />

de análises físico-químicas do queijo Coalho<br />

elaborado com cultura lática endógena e<br />

maturado à temperatura ambiente (27 ±2 °C ) e<br />

em câmara frigorífica (10 ± 2 °C).<br />

Os resultados das análises físico-químicas<br />

demonstraram que houve uma diminuição no teor<br />

de umidade dos queijos ao longo do processo de<br />

maturação a TA e CF, tendo os queijos maturados<br />

em CF apresentado menor perda de peso. Com<br />

relação aos teores de gordura, proteína total,<br />

cloreto de sódio e sais minerais ocorreu o inverso.<br />

Os valores do pH dos queijos apresentaram-se<br />

praticamente inalterados ao longo do processo<br />

de maturação a TA e CF, com exceção para o<br />

queijo com 20 dias maturado a CF. Os valores dos<br />

índices de extensão e de profundidade de maturação<br />

foram sempre mais elevados nos queijos maturados<br />

a TA, com relação aos queijos maturados a CF ao<br />

longo do processo de maturação, mostrando a<br />

importância da refrigeração no controle do<br />

processo de maturação e na vida de prateleira dos<br />

queijos. Este fato pode ser explicado pelo aumento<br />

da velocidade das reações enzimáticas e microbianas<br />

com aumento da temperatura de<br />

maturação. Estes resultados assemelham-se aos<br />

valores encontrados na literatura disponível<br />

(LIMA, 1996; BENEVIDES, 1999). A maturação<br />

do queijo é um trabalho que envolve um grande<br />

numero de microrganismos. Desde o primeiro dia<br />

do processo de fabricação de queijos o numero de<br />

microrganismos varia de 1 a 2 x 109 UFC / grama<br />

de queijo. Daí em diante, a população geralmente<br />

decresce devido à insuficiência de oxigênio,<br />

elevação da acidez e à presença de compostos<br />

inibi dores que são produzidos à medida que o queijo<br />

vai maturando (KOSIKOWSKY, 1985). A<br />

proteólise no queijo é variável e depende da<br />

composição da microbiota presente. A contribuição<br />

de peptídeos e aminoácidos produzidos<br />

pela proteólise bacteriana da caseína para com as<br />

propriedades totais do queijo não está totalmente<br />

esclarecida, embora se acredite que estes compóstos<br />

possam contribuir para o desenvolvimento<br />

do sabor em queijos duros e semi-duros, caso do<br />

queijo Coalho (LAW & WIGMORE, 1982). Sabese<br />

que, quanto maior o teor de umidade de um<br />

queijo, mais rápido ocorrerá a proteólise e por<br />

conseqüência, mudanças na consistência e no<br />

sabor do queijo. No presente trabalho, os valores<br />

de nitrogênio solúvel total e proteína total<br />

encontrados correspondem aos resultados de<br />

Tabela 1 - Resultados das análises físico-químicos do queijo Coalho produzido com uma cultura lática<br />

endógena e maturado por 30 dias em temperatura ambiente (25 ±2 °C ) e em câmara<br />

frigorífica (10 ± 2 °C)<br />

Parâmetros Temperatura Ambiente (TA) Câmara Frigorífica (CF)<br />

cura -dias 10 20 30 10 20 30<br />

(%) 44,40 42,7 37,2 31,5 42,57 38,9 37,9<br />

Gordura (%) 29,0 28,0 34,0 34,0 28,0 32,0 34,50<br />

GES 52,16 48,86 54, 14 45,98 48,75 52,37 55,55<br />

Proteína total (%) 23,84 23,2 28,0 29,7 23, I 27,7 26,37<br />

NaCI (%) 2,10 2,19 2,27 2,39 2,15 2,19 2,40<br />

pH 5,30 5,20 5,18 5,38 5,32 5,28 5,40<br />

N 2 Total (%) 3,736 3,9650 4, 1592 3,8834 3,997 3,95 1 3,700<br />

Extensão (%) 1,16 8,24 9,01 7,89 7,38 8,66 7,32<br />

Profundidade(% ) 0,46 1,13 0,51 1,98 0,6 1 0,63 1,75<br />

Média de cinco repetições<br />

digitalizado por<br />

Pág. 103<br />

arvoredoleite.org


GONDIM (1995) em trabalho realizado na França<br />

com o queijo Coalho do Ceará, produzido a partir<br />

de leite pasteurizado. Constata-se ainda da Tabela<br />

I que houve uma diminuição nos valores dos<br />

índices da extensão e da profundidade de maturação<br />

aos 30 dias de cura dos queijos.<br />

4 • CONCLUSÕES<br />

Concluiu-se que é possível produzir queijo<br />

Coalho de boa qualidade com leite pasteurizado<br />

e inoculado com cultura lática endógena ou<br />

nativa. A temperatura tem uma grande influência<br />

no processo de maturação e, por conseguinte<br />

nos valores do índice de maturação e na<br />

profundidade da proteólise do queijo Coalho.<br />

Considerando os valores encontrados do índice<br />

de maturação pode-se concluir que a maturação<br />

ideal do queijo Coalho ocorreu entre 10 e 20<br />

dias de maturação em TA e CF, respectivamente,<br />

para o período estudado . .<br />

SUMMARY<br />

Coalho type cheese is a typical product<br />

from Northeast of Brazil, being very popular,<br />

and largely accepted among consumers. Lately,<br />

Coalho type cheese has been manufactured and<br />

consumed in Southeast of BraziI. Cheeses were<br />

elaborated from pasteurized milk, standardized<br />

to 3,3% fat and inoculated with endogenous<br />

lactic cult ure starter, isolated from artisan<br />

Coalho type cheese. Cheeses were ripened for<br />

30 days at room temperature and cold room.<br />

The aim of this work was to evaluate the extent<br />

and depth ripening indexes, in order to control<br />

the ripening processo<br />

Key words: Coalho type cheese, ripening<br />

extent and depth indexes.<br />

5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

AOAC, Official Methods of Analysis , 15 th<br />

ed., voI. 2, Association of Official Analytical<br />

Chemists, Washington, DC, 1990.<br />

Pág. 104<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

APHA, Standard Methods for Examination<br />

of Dairy Products, 18 th ed., American Public<br />

Health Association, Washington, DC, 1992. 433p.<br />

CASTRO, E. M.T; FERREIRA, C.L.L.F;<br />

VANETTI, M. C.D; FURTADO, M.M; DE<br />

CARVALHO, A.F; REIS, F. P. Caracterização<br />

do Fermento Artesanal Empregado na<br />

Fabricação de Queijos. Revista do Instituto<br />

de Laticínios Cândido Tostes, Juiz de Fora, MG,<br />

1998, n° 304, voI. 53, p. 181-188.<br />

GUTIERREZ, E. M. R; DOMARCO, R. E;<br />

SPOTO, M.H.F., BLUMER, L.; MARAIA, C.<br />

Efeito da radiação gama nas características<br />

físico-químicas e microbiológicas do queijo<br />

Prato durante a maturação. Revista Ciência e<br />

Tecnologia de Alimentos, Campinas-SP, V. 24(4),<br />

p. 596-601, out. / dez. 2004. ISSN O 1 O 1-2061.<br />

LIMA, M. H. P. Elaboração de queijo de<br />

coalho a partir de leite pasteurizado e<br />

inoculado com S. thermoplzillus e L.<br />

bulgaricus. Fortaleza, CE. Universidade<br />

Federal do Ceará, 1996. 82 p. Dissertação de<br />

Mestrado. UFC.<br />

McSWEENEY, P.L.H; FOX, P.F. Cheese:<br />

Methods of Chemical Analysis. In: FOX, P.F.<br />

Cheese: Chemistry, Physics and Microbiology,<br />

1993, London, Chapman & Hall, 2° Ed., voI. 1,<br />

p. 34 1-388.<br />

PEREIRA, D.B.C., da SILVA , P. H.F. , JUNIOR,<br />

L.C.G.C., OLIVEIRA, L. L. , Físico-Química do<br />

Leite e Derivados : Métodos Analíticos, 2".<br />

ed., Juiz de Fora, EPAMIG, 2001. p.109- 1 37.<br />

SEN A, M.J. Perfil Epidemiológico, Resistência<br />

a Antibióticos e aos Conservantes Nisina e<br />

Sistema Lactoperoxidase de Staplzylococcus sp<br />

Isolados de Queijo Coalho Comercializados<br />

em Recife-PE, Escola de Veterinári a-UFMG,<br />

2000, 75p. (Tese de Doutorado)<br />

WOLFSCHOON POMBO, A. F; DE LIMA,<br />

ACHSON. Extensão e Profundidade<br />

Proteólise de Queijo Minas Fresca!. In:<br />

Congresso Nacional de laticínios, Juiz de Fora,<br />

Anais, 1983, EPAMIG, p. 50-54.<br />

WOLFSCHOON-POMBO, A.F. Í ndices de<br />

proteólise de alguns queijos brasileiros.<br />

Boletim do Leite, n. 611, p. 1-8, 1983.<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

PERFil MICROBIOLÓGICO SENSORIAL E DE FIBRAS DO SORVETE DE ACEROLA<br />

PASTEURIZADO E ENRIQUECIDO COM SORO DE LEITE EM PÓ E OLlGOFRUTOSE<br />

Mierobiologycal sensory and fiber profile of acerola ice eream pasteurized and<br />

enriched with whey and oligofruetose<br />

1 - INTRODUÇÃ O<br />

A acerola, também conhecida como cerejadas-antilhas,<br />

é um fruto avermelhado originário<br />

da região das Antilhas e seu principal atrativo é o<br />

alto teor de vitamina C, sendo também rica em<br />

outros nutrientes como carotenóides, tiamina,<br />

riboflavina e niacina (LIMA et ai., 2003).<br />

O soro de leite é um subproduto de indústrias<br />

lácteas, proveniente da fabricação de queijos, rico<br />

em aminoácidos essenciais e vitaminas (tiamina,<br />

riboflavina, ácido pantotênico, e vitaminas B 6 e<br />

B 12 (FERREIRA, 1996). A oligofrutose, considerada<br />

um prebiótico, constitui-se num produto<br />

da hidrólise enzimática parcial da inulina, que pode<br />

ocorrer naturalmente como também pode ser<br />

obtido industrialmente (NITSCHKE et ai., 2002).<br />

Vários fatores têm contribuído para o desenvolvimento<br />

dos alimentos funcionais, sendo um<br />

deles o aumento da consciência saudáveis de<br />

consumidores que desejam melhorar a qualidade<br />

de vida (SOUSA, 2003).<br />

O desenvolvimento do sorvete de acerola<br />

a partir do soro de leite adicionado de fibra, tem<br />

como principal função ser uma fonte de<br />

nutrientes, visando contribuir para a saúde dos<br />

consumidores, atendendo também às suas<br />

expectativas quanto à palatabilidade.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

Foram elaboradas cinco formulações do<br />

sorvete de acerola a partir de 1,5 % do soro do<br />

Carolina Telá Becker1'<br />

Elisa Wogel<br />

Simone Sagrillo Biscaia1<br />

William Arthur Philip Louis Naidoo Terroso de Mendonça Brandão2<br />

Silva na Ligia Bortolotti2<br />

Valdemar Padilha Feltrim2<br />

Saraspathy Naidoo Terroso Gama de Mendonça2<br />

leite em pó contendo oligofrutose ORAFTIO (0%,<br />

6%, 8%, 9%, 9,5%), sendo estas submetidas à<br />

pasteurização (80°C/20min), onforme legisação<br />

vigente ( BRASIL. MINISTERIO DA SAUDE,<br />

2004). Foram encaminhadas as quatro amostras<br />

contendo porcentagens diferentes de fibra para o<br />

Departamento de Tecnologia de Alimentos e<br />

Medicamentos da Universidade Estadual de<br />

Londrina (UEL). Foram realizadas as seguintes<br />

análises microbiológicas: Coliformes à 35°C e<br />

45°C Sa lmolle!la sp e estafilococos coagulase<br />

positiva (BRASIL. MINISTÉRIO DA<br />

AGRICULTURA, 2003; APHA, 1995). O teste<br />

de aceitabilidade sensorial foi aplicado através da<br />

Escala Hedônica de sete pontos (lOS, 1987) com<br />

a participação de 50 julgadores não treinados.<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÂO<br />

Os resul·\ados referentes às análises<br />

microbiológicas do produto elaborado estão<br />

demonstrados na Tabela O I .<br />

As cinco amostras que foram submetidos à<br />

pasteurização (80°C/20min) mostraram-se em<br />

condições higiênicas satisfatórias para consumo<br />

A Tabela 02 apresenta os resultados da<br />

análise estatística dos dados resultantes da<br />

avaliação sensorial, através da análise de<br />

variância (ANOVA) e Teste de Tukey.<br />

I Discente do Curso Superior de Tecnologia em Laticínios do CEFET-PR/Unidade de Medianeira<br />

2 Docente do Curso Superior de Tecnologia em Laticínios do CEFET-PR/Unidade de Medianeira<br />

*Bolsista ITAIIPTI-ITAIPU BINACIONAL<br />

digitalizado por<br />

Pág. 105<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />

Tabela 1: Dados referentes às análises microbiológicas.<br />

Formulação Contagem de Contagem de Contagem de<br />

coliformes à 35°C coliformes à 45°C estafilococos sp/25g<br />

coagulase positiva<br />

0% de oligofrutose NMP/g = 4,3 NMP/g = 0,4 < 102 UFC/g Ausência<br />

6% de oligofrutose NMP/g = 2,8 NMP/g =1,1 < 102 UFC/g Ausência<br />

8% de oligofrutose NMP/g =0,9 NMP/g = 0,9 < 102 UFC/g Ausência<br />

9,0% de oligofrutose NMP/g = 0,4 NMP/g = 0,4 < 102 UFC/g Ausência<br />

9,5% de oligofrutose NMP/g = 0,9 NMP/g = 0,9 < 102 UFC/g Ausência<br />

Tolerância RDC N"12/01 ------- 5 x 10 5 X 10 2 Ausência<br />

Tabela 2: Aceitabilidade sensorial do sorvete de acerola enriquecido com oligofrutose.<br />

AMOSTRAS *Média dos julgamentos dos atributos<br />

Textura Cor Aparência Sabor Aroma<br />

Sem oligofrutose 5,4± 1,2" 5,8±1 ,0" 5,6± I,oa 5,5± 1 ,4" 5,6± 1,3a<br />

6% de oligofrutose 6,1±0,8" 6,1±0,7a 6,0±0,8" 6,0±1,1" 6,0± I,oa<br />

8% de oligofrutose 5,8±1,0"0 6,0±0,8a 5,7±0,9" 5,8± 1 ,0a 5,6±1,1"<br />

9% de oligofrutose 5,8± 1 ,2ah 6,0±0,8a 5,8± 1,2" 5,7±1,2a 5,6± 1 ,2a<br />

9,5% de oligofrutose 5,8±0,8ao 6,2±0,7a 5,8± I ,oa 5,9±1,la 5,8± 1 ,oa<br />

D.M.S** 0,52 0,37 0,45 0,52 0,48<br />

Média de 50 julgamentos. Escala Hedônica: (7) gostei muitíssimo; (6) gostei muito; (5) gostei regularmente;<br />

(4) nem gostei e nem desgostei; (3) desgostei regularmente; (2) desgostei muito; (I) desgostei muitíssimo.<br />

** D.M.S.: Diferença Mínima Significativa pelo teste de médias de Tukey, ao nível de significância de 5%.<br />

II.h Marcas (média e desvio-padrão) seguidas da mesma letra (mesma coluna) não diferem entre si.<br />

Tabela 3: Teores de fibra solúvel no sorvete de acerola.<br />

Amostra de sorvete 6% de fibra<br />

Fibra solúvel 3,07%<br />

Após a análise estatística dos dados<br />

observou-se que não houve diferença<br />

significativa ao nível de 5% de probabilidade<br />

quanto aos atributos de cor, aroma, aparência e<br />

sabor, pois p-valor > 0,05. Quanto ao atributo<br />

de textura, verificou-se que houve diferença<br />

significativa entre as amostras (sem oligofrutose<br />

e 6% de oligofrutose), pois p-valor < 0,05 ao<br />

nível de 5% de significância.<br />

Os dados relativos aos resultados das análises<br />

de fibra solúvel estão demonstrados na Tabela 3.<br />

As diferenças nos dados deve-se ao fato<br />

de que o método é baseado em atividades de<br />

di versas enzimas que eventualmente podem dar<br />

resultados diferentes, e também à falta da<br />

homogeneidade da polpa.<br />

Pág. 106<br />

8% de fibra 9% de fibra 9,5% de fibra<br />

1,08% 2,28% 2,78%<br />

4 • CONCLUSÃ O<br />

O produto elaborado atende aos parâmetros<br />

microbiológicos vigentes na legislação. O sorvete<br />

contendo fibras é um alimento que pode ser<br />

considerado prebiótico, pois pode estimular o<br />

crescimento das bactérias que compõem a<br />

microbiota intestinal, as Bifidobactérias.<br />

Segundo a análise sensorial o produto seria bem<br />

aceito no mercado, pois as avaliações se<br />

aproximaram do gostei muito na escala Hedônica<br />

de sete pontos.<br />

5 • SUMMARY<br />

This research aimed to develop an ice cream<br />

with acerola pulp enriched with whey and<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

oligofructose, as a source of vitamins, proteins,<br />

minerais and essential amino acid, as well as<br />

soluble fibers. Five formulations were developed<br />

with whey (l,5%) and oligofructose (0%, 6%,<br />

8%, 9% and 9,5%), so before the process of the<br />

ice cream achievement, its syrup (ingredients)<br />

was submitted to a thermal treatment (80°CI<br />

20min) to avoid possible contamination.<br />

Microbiological, soluble fiber and sensory<br />

analyses were realized. Fiber analysis presented<br />

differences among the samples considering the<br />

fact that the method was based on the activity<br />

of several enzymes. The acerola ice cream<br />

enriched with whey and oligofructose were<br />

analysed and presented results in accordance for<br />

coliforms 35° and 45°,coagulase positive<br />

staphylococci and Salmonella (absence) and also<br />

presented satisfactory acceptance for attributes<br />

as color, taste, texture, aroma and appearence.<br />

Key words : ice cream, acerola, whey,<br />

oligofructose.<br />

5 - REFERÊNCIAS BIBLIÓGRÁFICAS<br />

AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION.<br />

APHA. Compendium of Methods for the<br />

Microbiological Exam ination of Foods,<br />

Washington, 1995, 70 I p.<br />

BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRIC ULTURA,<br />

PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Instrução<br />

Normativa n° 62, de 26 de agosto de 2003.<br />

Métodos analíticos oficiais para análises<br />

microbiológicas para o controle de produtos de<br />

origem animal e água. Diário Oficial [da]<br />

República Federativa do Brasil. Brasília, 18<br />

de set. de 2003, 181-E, Seção I, p. 14 - 29.<br />

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Agência<br />

Nacional da Vigilância Sanitária. Regulamento<br />

Técnico sobre padrões microbiológicos para<br />

• • •<br />

digitalizado por<br />

alimentos. Resolução RDC n" 12, de 02 de<br />

janeiro de 2001. Disponível em:http://<br />

elegis. bvs.br/leisref/public/show Act.php ?id= 144-<br />

Acesso em: Ii de novembro de 2004.<br />

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Agência<br />

Nacional da Vigilância Sanitária. Regulamento<br />

Técnico de Boas Práticas de Fabricação para<br />

Estabelecimentos Industrializadores de Gelados<br />

Comestíveis e a Lista de Verificação das Boas<br />

Práticas de Fabricação para Estabelecimentos<br />

Industrializados de Gelados Comestíveis.<br />

Portaria n" 379 de 26 de abril de 1999.<br />

Disponível em :http://elegis.bvs.br/leisref/public/<br />

show Act.php?id=79- Acesso em: Ii de<br />

novembro de 2004.<br />

FERREIRA, C. L. L. F. Produtos lácteos<br />

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tecnológicos. Viçosa: UFV, 1996.<br />

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STANDARDIZAT ION. [lOS] Sensory<br />

Analysis : methodology evaluation of food<br />

products by method using scales.<br />

International Standard ISO 4121,<br />

Geneva, 1987, 7p.<br />

LIMA, G. A. L. V; MELO, A. E.; MACIEL, S. l.<br />

M.; LIMA, S. E. D. Avaliação do teor de<br />

antocianinas em polpa de acerola congelada<br />

proveniente de frutos de 12 diferentes<br />

aceroleiras. Ciência e Tecnologia de<br />

Alimentos, v.23, n. l, p. 101-103, 2003.<br />

NITSCHKE, M.: UMBELINO, D. C ..<br />

Frutooligossacarídeos: Novos Ingredientes<br />

Funcionais. Boletim da Sociedade Brasileira<br />

de Ciência e Tecnologia de Alimentos, v.<br />

36, n. I, p. 27-34, jan.-jun. 2002.<br />

SOUSA, M. H. P. ; SOUZA NETO, A. M.; MAIA,<br />

A. G. . Componentes Funcionais nos Alimentos.<br />

Boletim da Sociedade Brasileira de Ciência<br />

e Tecnologia de Alimentos, v. 37, n. 2, p. 127<br />

- 135, jul. dez.2003.<br />

• •<br />

Pág. 107<br />

arvoredoleite.org


1 - INTRODUÇÃO<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

A QUALIDADE DO · LEITE PARA O PRODUTOR RURAL<br />

o Brasil é um dos maiores produtores de<br />

leite do mundo (6a posição) e recentemente o<br />

país atingiu uma condição na produção leiteira,<br />

que permitiu o crescimento de 102% nas<br />

exportações (O ANO ... , 2004). A obtenção de<br />

espaço junto ao mercado internacional é, porém,<br />

um desafio para o setor de lácteos. Além de<br />

garantir a quantidade produzida, o produto precisa<br />

apresentar níveis de qualidade compatíveis com<br />

os exigidos pelos países de destino e para fazer<br />

frente aos concorrentes (BRANDÃO e LEITE,<br />

2002). O Brasil vem aos poucos apri morando a<br />

qualidade de seu produto, merecendo destaque a<br />

implantação do Programa Nacional de Melhoria<br />

da Qualidade do Leite (PNQL) e a publicação da<br />

Instrução Normativa n". 51/2002 (DURR,<br />

20(4). Porém muito precisar ser fe ito para<br />

garantir esse ganho qualitativo que deve ter início<br />

exatamente junto ao setor responsável pela<br />

matéri a-prima, os produtores rurais. Nenhum<br />

produtor esta livre de problemas em sua<br />

propriedade, mas existem maneiras para<br />

minimizá-los estabelecendo uma rotina rígida,<br />

executando todas as operações de maneira<br />

adequada, buscando conhecimentos técnicos e<br />

aplicando-os em sua propriedade.<br />

Algumas ações têm sido tomadas com o<br />

objetivo de capacitar os produtores para a<br />

obtenção higiênica do leite, como é o caso do<br />

SEN AR (Serviço Nacional de Aprendizagem<br />

Rural) no Paraná e de diversas empresas e<br />

cooperativas por todo o país (VOLPI e BRESSAN,<br />

2001; VOLPI, 2004). Essas ações são<br />

importantíssimas, dentre outras, para dar suporte<br />

ao processo de melhoria da qualidade do leite<br />

(ALVIM et alo 20(2). Observa-se, porém que o<br />

nível de conhecimento por parte dos produtores<br />

Milk quality for rural producers<br />

BOENG, S.'<br />

MALACARNE, P. '<br />

TRENTO, J.l<br />

ZANETTE R.l<br />

CARVALHO, P. T,2<br />

ainda é muito baixo (BRANDÃO e LEITE, 2(02).<br />

Esse trabalho teve como objetivo avaliar<br />

o nível de conhecimento dos produtores rurais<br />

quanto ao conceito de qualidade na obtenção e<br />

manipulação do leite e ao emprego de práticas<br />

para garantir essa qualidade.<br />

2 - METODOLOGIA<br />

Os dados obtidos fo ram levantados por<br />

meio de entrevistas . Foram selecionados 15<br />

produtores de leite no período compreendido<br />

entre dezembro de 2004 a janeiro de 2005, no<br />

município de Medianeira, região oeste do Paraná.<br />

Foi utilizado para isso um questionário semiestruturado.<br />

Os itens abordados na entrevista<br />

fo ram: caracteri zação do produtor, procedimentos<br />

durante a obtenção e manuseio da<br />

matéria-pri ma (leite) e conceitos sobre a<br />

qualidade do leite. Segundo Breen e Blankenship<br />

( 1991), o uso de questionários escritos facilita a<br />

entrevista tanto para o entrevistador quanto para<br />

o entre vistado, principalmente quando esse<br />

apresenta dificuldade para se expressar.<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

A maioria dos entrevistados se enquadram<br />

entre pequenos e médios produtores com produção<br />

entre 100 e 300 litros/dia/propriedade.<br />

São agricultores com idade acima de 30 anos e<br />

com nível de instrução máximo de ensino médio<br />

completo. A renda está situada entre 5 e 8 salários<br />

mínimos e as propriedades têm até 20 hectares.<br />

O perfil aqui retratado se assemelha ao descrito<br />

no Projeto de Desenvolvimento Nacional da<br />

Agricultura (CNA, 1999).<br />

Dicente do Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná, Medianeira (PR) Tecnologia em Alimentos<br />

2 Docente do Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná, Medianeira (PR) - padetar@yahoo.com.br<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiC í NIOS<br />

Quanto a conhecimentos técnicos, 60% já<br />

participaram de algum tipo de treinamento,<br />

conforme Figura I.<br />

'"<br />

t 60<br />

:g 50<br />

loi",;<br />

. :::. :c<br />

'"<br />

'C 20<br />

e' iG<br />

o<br />

sim não<br />

Figura 1 - Participação dos produtores em<br />

cursos técnicos.<br />

Em termos de equipamentos utilizados, o<br />

cenário é bastante animador. Com relação ao<br />

processo de ordenha, observou-se que apenas<br />

26% dos entrevistados realizam ordenha<br />

manual, com 74% possuindo ordenha mecânica.<br />

Tal situação difere da realidade brasileira, que<br />

apresenta valores menores de produtores que<br />

utilizam ordenha mecânica (KRUG, PADULA,<br />

VA RGAS, 2(02). O uso de ordenha mecânica,<br />

desde que atenda padrões de higiene e execução,<br />

favorecem a obtenção de leite com melhor<br />

qualidade (PEDREIRA, 20(0). Foi constatado<br />

também que a maioria dos entrevistados<br />

possuíam resfriadores de leite e a coleta era<br />

fe ita a granel pelas empresas captadoras.<br />

Álvares, Bernardes e Nogueira Netto (2002)<br />

descrevem que mais de 70% do leite sob<br />

inspeção é resfriado a granel, permitindo que o<br />

consumidor tenha acesso a um alimento de<br />

melhor qualidade, embora tal cenário não se<br />

concretize para a maioria dos produtores<br />

brasileiros. Esses investimentos em parte são<br />

decorrentes de estímulos que os produtores têm<br />

das empresas laticinistas, com sistemas de<br />

pagamento por qualidade (IBARRA, 2(04). Na<br />

Região Oeste do Paraná uma parcela<br />

representativa (70%) dos produtores recebe<br />

mais pela qualidade do leite (Figura 2), possuem<br />

assistência técnica e já participaram de alguma<br />

forma de treinamento.<br />

Os dados obtidos demonstraram que todos<br />

os agricultores têm conhecimento a respeito das<br />

doenças relacionadas ao rebanho leiteiro, sendo<br />

a mais citada, a mastite. O "teste da caneca" era<br />

realizado por todos os entrevistado, com a<br />

finalidade de detecção da mastite na sua forma<br />

clínica TAVERNA, 2004).<br />

digitalizado por<br />

XiI<br />

'"<br />

;:,.. .'"<br />

i<br />

t<br />

fjtl<br />

{ I<br />

li '<br />

yl<br />

J I<br />

: i"<br />

o<br />

Pagalnento por qmll.idade<br />

sim não<br />

Figura 2 - Produtores que recebem por qualidade.<br />

J; *,<br />

-<br />

I..<br />

.<br />

I..<br />

tl::1<br />

Pré-d ip e PlÍsdip<br />

silll não<br />

Figura 3 - Produtores que realizam a etapa de<br />

pré e pós-dipping.<br />

Há também uma forte atuação das empresas<br />

na avaliação da qualidade do leite. Elas efetuam<br />

rigoroso controle da presença de antibióticos<br />

no leite fornecido pelos seus produtores, e devido<br />

a esse criterioso controle, todos os produtores<br />

entrevistados respeitam o período de carência<br />

dos antibióticos. Tal fato demonstra a importância<br />

do controle de qualidade exercido pelas<br />

empresas, que de certa forma, atuam como<br />

agentes fiscalizadores.<br />

A maioria dos produtores não realiza,<br />

entretanto as etapas de pré-dip e pós-dip (Figura<br />

3) que são fu ndamentais na manutenção da<br />

qualidade do leite e sua higiene (TAVERNA,<br />

2(04), pois preparam os tetos para a ordenha<br />

higiênica, além de serem fu ndamentais na<br />

prevenção de mastites. Fagundes et al (2004)<br />

estudando contaminação por Pseudol1lollas spp<br />

em leite, constatou que sob condições inadequadas<br />

de higiene os níveis de contaminação são<br />

maiores, mesmo com o uso de ordenha mecânica<br />

e resfriadores de leite.<br />

arvoredoleite.org


4 - CONCLUSÃ O<br />

Baseado nos dados apresentados é possível<br />

concluir que os produtores rurais entrevistados<br />

têm concentrado a melhoria na qualidade do leite<br />

principalmente através da aquisição de equipamentos,<br />

mas pecam por não adotarem certas<br />

práticas comportamentais fundamentais (pré e<br />

pós-dipping) para garantir a qualidade do produto.<br />

Esse cenário comprova a necessidade de uma<br />

melhor capacitação dos produtores rurais, a fim<br />

de se garantir a melhora na qualidade do leite.<br />

ABSTRACT<br />

The milk sector is very important in Brazil<br />

and its great challenge is to improve the quality of<br />

milk. Such improvement begins exactly in the<br />

milk farms, that is where the raw material is<br />

obtained. The aim of this work was to evaluate<br />

the levei of knowledge of the milk producers<br />

regarding the quality of milk. For that, interviews<br />

with milk producers were done in Medianeira<br />

(Parana/Brazil), approaching subjects as<br />

characterization of the milk farmers, procedures<br />

during the milking and concepts on the quality of<br />

milk. The obtained data indicated that the majority<br />

of the producers was classified as small or medium<br />

and uses milk cooler and mechanic milking. The<br />

bovine mastitis is the main illness that they relate<br />

to milk and try to obey the antibiotic use<br />

legislation. However fe w adopt the essential before<br />

and after dipping techniques. Because of that, it is<br />

necessary to improve producers qualification in<br />

order to guarantee a better quality of milk.<br />

Key-words: milk sector, milk quality,<br />

producers qualification.<br />

REFERÊNCIAS<br />

ALVIM, R. S. MARTINS, M. c.; MUSTEFAGA,<br />

P. S. Desempenho da cadeia produtiva do leite<br />

no Brasil-Visãodos produtores. In: Duarte (ed).<br />

O Agronegócio do Leite e para o seu<br />

Desenvolvimento Sustentável. Juiz de Fora:<br />

EMBRAPA 2002, p. 195-204.<br />

ÁLVARES, J.G; BERNARDES, P.R.; NOGUEIRA<br />

NETTO, Y. Políticas para o agronegócio do leite:<br />

conquistas e desafios In: VILELA, D. Ced.) O<br />

Agronegócio do Leite e Políticas Públicas<br />

para o seu Desenvolvimento Sustentável.<br />

Juiz de Fora: EMBRAPA 2002, p. 11-27.<br />

O ANO da virada. Leite e Derivados, São Paulo,<br />

ano XIV, n. 81, p.06- 10, 2004.<br />

BRANDÃO, P. ; LEITE, B. O desempenho e as<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

• • • •<br />

perspectivas para o agronegócio do leite brasileiro<br />

no mercado internacional. In: VILELA, D. Ced.).<br />

O Agronegócio do Leite e Políticas Públicas<br />

para o seu Desenvolvimento Sustentável. Juiz<br />

de Fora: EMBRAPA 2002, p. 105 - 149.<br />

BREEN, GE.; BLANCKENSHIP, A.B. Pesquisa<br />

de Mercado: faça você mesmo. São Paulo:<br />

Makron Books, 1991.<br />

CNA - Confederação Nacional da Agricultura.<br />

Um perfil do Agricultor Brasileiro . Brasília:<br />

CNA/FVG, 1999, p.51.<br />

DURR, J.W. Programa nacional de melhoria da<br />

qualidade do leite: uma oportunidade única. In:<br />

DURR. J.W. ; CARVALHO, M.P.; SANTOS, M.Y.<br />

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no Brasil. Passo Fundo: UPF, 2004, p. 38-55.<br />

FAGUNDES, C.M.; FICHER, Y. ; PADILHA DA<br />

SILVA , W. ; CARBONERA, N.; RIBEIRO<br />

ARAÚJO, M. Enumeração de pseudomonas spp<br />

no leite bovino cru recém-obido e no leite<br />

refrigerado durante as diferentes etapas da ordenha<br />

com distintos manejos higiênicos. In: DURR,<br />

J.W.; CARVALHO, M.P.; SANTOS, M.Y. (org.)<br />

O compromisso com a qualidade do leite no<br />

Brasil. Passo Fundo: UPF, 2004. p. 26 1 -268.<br />

IBARRA, A.A. Sistema de pagamento do leite<br />

por qualidade-visão global In: DURR, J.W. ;<br />

CARVALHO, M.P.; SANTOS, M.V. Corg.) O<br />

compromisso com a qualidade do leite no<br />

Brasil. Passo Fundo: UPF, 2004, p. 72-86.<br />

KRUG E.E.; PA DULA, A.D.; VARGASW, M.S.<br />

Indicadores de sustentabilidade do leite:<br />

identifica


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Tabela 1 - Composição centesimal de queijo parmesão ralado comercializado em Medianeira-PR.<br />

Queij o Umidade Cinzas Lipídios Proteínas pH<br />

Parm esão % % % % %<br />

Ralado<br />

Marca A* 15,7 ± 0,9 6,8 ± 0,7 24,2 ± 2, I 33,0 ± 1,0 5,5 ± 0, 1 0, 1 ± 4,8<br />

Marca B* 12,7 ± 2,3 10,6 ± 0,1 0,3 ± 4,7 33,0 ± 1,0 5,2 ± 0, 1 1,3 ± 0, 1<br />

Marca C* 16,4 ± 1,8 7,3 ± ,0,0 63,0 ± 6,0 36,0 ± 2,0 5,2 ± 0,0 1,2 ± 0,0<br />

Marca D* 21,0 ± 0.0 10,3 ± 0,0 55,0 ± 5,0 35,0 ± 1,0 4,8 ± 0, 1 2,0 ± 0, 1<br />

Marca E** 21,3 ± 0,4 8,3 ± 0,3 28,0 ± 1,2 6,7 ± 0,0 5,5 ± 0,0 37 ± 0,0<br />

Legislação 34 34,8 (I OOg) 22 - 24 35 5,0 - 7,0 0, 18 - 0,22<br />

* Análises foram realizadas em triplicata; ** análise realizada em duplicata.<br />

critéri os de desempenho dos colaboradores e<br />

melhoria contínua dos procedimentos de<br />

experimentação em laboratório.<br />

4 - CONCLUSÃ O<br />

o laboratório deve executar operações<br />

analíticas que conduzam a resultados confiáveis<br />

e adequados como, por exemplo qualificar<br />

padrões e reagentes.<br />

Os dados devem ser analisados de forma<br />

criteri osa uma vez que inúmeras variáveis<br />

interferem durante a condução da análise.<br />

A qualidade dos métodos e dos resultados<br />

obtidos num laboratório associa-se com o<br />

controle de qualidade e re fletem a prática da<br />

organização do trabalho e competência técnica<br />

dos analistas.<br />

ABSTRACT<br />

The analytical data evaluation produced<br />

by academicians in food analysis must not be<br />

considered absolute since the values obtained<br />

show inaccurate estimates and are influenced by<br />

basic aspects such as diffi culty of the used<br />

methodology comprehension procedure used,<br />

collection and prepare, solution prepare and<br />

pattern sample, different academicians in the<br />

same group executing the analysis, compilation<br />

Pág. 112<br />

•<br />

and calculation of data. Such variations can be<br />

reduced, but it is necessary and important to<br />

show the students who wilI become professionals<br />

in the future, that the data on fo od analysis<br />

must preserve a good quality.<br />

Key words: food composition, analytical<br />

quality, food analysis.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

HARRIS, Daniel C. Análise Química<br />

Quantitativa quinta edição, Livros Técnicos<br />

e Científi cos Editora, 2001, Rio de Janeiro, RJ.<br />

p. 862.<br />

INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas<br />

Analíticas do Instituto Adolfo Lutz. Métodos<br />

químicos e fís icos para análise de alimentos. 3<br />

ed., v. I. São Paulo, 1985.<br />

LANARA. Métodos analíticos oficiais para<br />

controle de produtos de origem animal e<br />

seus ingredientes: I Métodos<br />

Microbiológicos. 11 - Métodos físicos e químicos.<br />

Brasília, DF, 1981.<br />

MENEZES, E.W.; GIUNTINI, E.B.; LAJOLO,<br />

F. M., A questão da variabilidade e qualidade<br />

de dados de composição de alimentos.<br />

Nutrire: rev. Soco Bras. Alim. Nutr.=J . Brasilian<br />

Soco Food Nutr., São Paulo, SP. V. 26, p. 63-76,<br />

dez., 2003.<br />

•<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

DESENVOLVIMENTO DE UM PLANO DE APPCC PARA PROCESSAMENTO DE IOGURTE<br />

Development of a HACCP plan for an yogurt processing<br />

RESUMO<br />

Geruza Dias1<br />

Emiliane Andrade Araújo2<br />

Joelma Coelho Monteiro3<br />

Cláudio Furtado Soares4<br />

Junto ao crescimento do mercado de iogurtes, muitos destes produtos têm sido fabricados<br />

e comercializados de forma inadequada, o que vem a comprometer a sua qualidade e a<br />

causar danos à saúde do consumidor. Para garantir a qualidade e inocuidade dos alimentos de<br />

modo a torná-los seguros ao consumidor, o sistema Análises de Perigos e Pontos Críticos<br />

de Controle (APPCC), é uma ferramenta que vem sendo amplamente divulgada, utilizada<br />

e cobrada por órgãos competentes. Este sistema é baseado em uma série de etapas inerentes<br />

ao processamento, incluindo todas as operações que ocorrem desde a obtenção da matériaprima<br />

até o consumo do alimeto. A portaria 1428 do Ministério da Saúde, publicada em<br />

1993 para vigorar em 1994, regulamenta a obrigatoriedade de procedimentos para<br />

implantação do Sistema APPCC nas Indústrias de Alimentos. Este trabalho objetivou<br />

desenvolver um plano de APPCC para uma linha de processamento de iogurte com polpa<br />

de fruta. O desenvolvimento para elaboração e implantação do programa de qualidade para<br />

processamento de iogurte, seguiu-se uma seqüência de etapas baseadas nas legislações,<br />

sendo elas: Formação de equipe multidisciplinar responsável pela elaboração e plano de<br />

APPCC; identificação da empresa; avaliação dos pré-requisitos para o sistema; programa<br />

de capacitação técnica; seqüência lógica de aplicação dos princípios do APPCC;<br />

encaminhamento da documentação para avaliação pelo DIPOA; aprovação, implantação<br />

e validação do plano APPCC. Os Pontos Críticos de Controle (PCC's) observados no<br />

processamento do iogurte foram: Recepção de leite cru, estocagem de leite cru, fi ltração,<br />

adição de leite em pó, tratamento térmico, fermentação e adição de polpa de fruta. O<br />

plano APPCC desenvolvido e implantado na linha de processamento de iogurte com polpa<br />

de fruta, foi de fu ndamental importância para a qualidade do produto fi nal, como também<br />

trouxe outros benefícios para a empresa.<br />

Palavras-chave: Iogurte, APPCC, Qualidade, Segurança Alimentar.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

Iogurte é o produto da fermentação com<br />

cultivos proto-simbióticos de StreptocoCClI.I' .I'alivarills<br />

sltbsp. therlllophillts e Lactobacilllls delbrlteckii<br />

sl/bsp. blll,;ariclI.I', que podem ser acompanhados, de<br />

maneira complementar, por outras bactétias acidófilas<br />

que, contribuam para a determinação das caractrísticas<br />

do produto final (BRASIL, 2000). Pesquisas têm<br />

Estudante do Curso de Ciência e Tecnologia de Laticínios - UFV<br />

2. Mestranda em Ciência e tecnologia de laticínios UFV<br />

3 Graduada em Ciência e Tecnologia de Laticínios - UFV<br />

4 Professor do Departamento de Tecnologia de Alimentos - UFV<br />

digitalizado por<br />

demonstrado um crescimento do mercado de iogurtes<br />

acima de 10% ao ano (G URGEL, 2003), o que reflete<br />

o quadro econômico e a busca dos consumidores por<br />

alimentos mais saudáveis. Devido a esse aumento de<br />

consumo e as vantagens que este produto oferece<br />

para investimento em sua produção, observa-se o<br />

surgimento de marcas pertencentes ao mercado<br />

Pág. 113<br />

arvoredoleite.org


informal ou a pequenas fábricas que não recebem a<br />

devida fiscalização e não possuem a tecnologia<br />

necessária para a fabricação do iogurte (MALTA et<br />

aI., 200 1). Para garantir a qualidade e inocuidade dos<br />

alimentos de modo a torná-los seguros ao consumidor,<br />

o sistema de Análise de Perigos e Pontos Cóticos de<br />

Controle, APPCC, é uma ferramenta que vem sendo<br />

amplamente divulgada, utilizada. Este sistema é uma<br />

abordagem científica e sistemática para o controle<br />

de processo, elaborado para prevenir a ocorrência de<br />

problemas, assegurando que os controles são aplicados<br />

em determinadas etapas no sistema de produção de<br />

alimentos, onde possam ocorrer perigos ou situações<br />

críticas (BRASIL, 1998).<br />

Além da garantia de qualidade e segurança do<br />

alimento, o sistema APPCC proporciona redução<br />

dos custos operacionais, redução da necessidade de<br />

testes de produtos acabados, diminuição de perdas<br />

de matérias-primas e produtos, aumento da<br />

credibilidade junto aos clientes e atendimento aos<br />

requisitos legais. Este trabalho objetivou desenvolver<br />

um plano de APPCC para uma linha de<br />

processamento de iogurte com polpa de fruta, em<br />

uma indústria de laticínios no estado de Minas Gerais.<br />

2 - MATERIAIS E MÉTODOS<br />

o desenvolvimento para elaboração e<br />

implantação do plano de APPCC para processamento<br />

de iogurte, seguiu-se uma sequência de etapas baseadas<br />

nas legislações vigentes, sendo elas:<br />

1" Etapa - Formação de equipe multidisciplinar<br />

responsável pela elaboração e plano de<br />

APPCC. A re ferida equipe fo i selecionada<br />

cuidadosamente e constitui-se de pessoal<br />

familiarizado com o produto, método de elaboração<br />

e estabelecimento produtor; sendo coordenada por<br />

um responsável técnico do controle de qualidade,<br />

devidamente capacitada em APPCC.<br />

2" Etapa - Identificação da empresa. Foram<br />

levantadas informações completas sobre a<br />

empresa como razão social, endereço, número<br />

de registro no SIF, categoria do estabelecimento,<br />

produtos, destino da produção e mercad o.<br />

Elaborou-se um organograma da empresa, sendo<br />

também definido as fu nções e atribuições dos<br />

membros integrantes do organograma.<br />

3" Etapa - Avaliação dos pré-requisitos<br />

para o sistema APPCC. Nesta fase a equipe de<br />

trabalho realizou estudos através de auditorias<br />

internas visando analisar a situação do<br />

estabelecimento e traçar estratégias para alcançar<br />

os objetivos fi nais. Os pré-requisitos analisados<br />

fo ram: Boas Práticas de Fabricação, Boas<br />

Práticas de Higiene, Programa de Gestão da<br />

Qualidade, entre outros.<br />

4" Etapa Programa de capacitação<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

técnica. Implicou na elaboração e aplicação de<br />

um programa de educação e treinamento nos<br />

princípios de APPCC envolvendo todo o pessoal<br />

responsável. direta ou indiretamente, pelo plano.<br />

Foram realizados conjuntamente treinamentos<br />

de noções de microbiologia e parasitologia,<br />

higiene pessoal, limpeza e sanificação, controle<br />

integrado de pragas e auditoria interna. Todos<br />

os treinamentos foram documentados.<br />

5" Etapa - Sequência lógica de aplicação<br />

dos princípios do APPCC. Através de reuniões<br />

da equipe, foi descrito o produto, identificado o<br />

uso pretendido e o consumidor, construído o<br />

diagrama operacional, o qual foi verificado na<br />

prática sua adequação. Posteriormente listou-se<br />

e identificou-se os perigos, analisando os riscos<br />

e considerando as medidas preventivas de<br />

controle; identi ficou-se os pontos críticos de<br />

controle (PCC's) e aplicou-se a árvore decisória;<br />

estabeleceu-se os limites críticos para cada PCC,<br />

o sistema de monitorização, as ações corretivas<br />

e os procedimentos de verificação; por fi m<br />

providenciou-se a documentação e estabeleceuse<br />

os procedimentos de registro.<br />

6" Etapa - Encaminhamento da documentação<br />

para avaliação pelo DIPOA. O plano<br />

APPCC elaborado e requeri mento solicitando<br />

análise e aprovação do mesmo, foi remetido ao<br />

Sr. Diretor do DIPOA.<br />

7" Etapa - Aprovação, implantação e<br />

validação do plano APPCC. O plano fo i<br />

implantado após a apresentação da documentação<br />

e aprovação pelo DIPOA. A validação do plano<br />

fi cou condicionada ao resultado de auditoria<br />

específica, liderada por profissionais do DIPOA.<br />

3 - RESULTA DOS E DISCUSSÃO<br />

Após a formação da equipe responsável pelo<br />

APPCC e a identificação completa da empresa, foram<br />

listadas as não-conformidades da empresa observada<br />

através das análises de pré-requisitos para o plano em<br />

questão, de finindo-se metas para a adequação da<br />

empresa. A seqüência lógica de aplicação dos princípios<br />

do APPCC permitiu a obtenção do fluxograma de<br />

produção de iogurte com polpa, bem como a<br />

identificação dos PCC's, como pode ser observado<br />

na figura- I. Os procedimentos de verificação ficaram<br />

geralmente a cargo da supervisão através de programa<br />

de coleta de amostras para análise, inspeção na<br />

produção primária, calibração de equipamentos,<br />

controle de reagentes; providenciando por fi m a<br />

documentação e estabelecendo os procedimentos<br />

de registro. Posteriormente à aprovação,<br />

implantação e validação do plano APPCC, são<br />

realizadas auditorias por responsáveis do DIPOA,<br />

que vem a forçar a empresa a estar continuamente<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

interagindo com o plano e realizando algumas<br />

modificações quando necessário.<br />

I Recepção de Leite Cru/Indústria I PCC I (M,Q)<br />

t<br />

Fi I tração/Pesagem<br />

Resfriamento<br />

Estocagem de Leite Cru I PCC2 (M)<br />

t<br />

Filtração/Clarificação PCC3 (F)<br />

t<br />

Leite em Pó I Mistura I Açúcar<br />

t<br />

I Tratamento térmico I PCC5 (M)<br />

t<br />

Resfriamento<br />

I Quebra do Coagulo I<br />

t<br />

PCCIi (Ml<br />

I Adição de Polpa de Fruta I PCC7 I (M,Ql<br />

t<br />

Embalagem<br />

t<br />

Estocagem<br />

Transporte<br />

I Comercialização I<br />

Figura 1: fl uxograma de produção de iogurte<br />

com polpa de fruta e seus respectivos<br />

' PPC's e perigos, M = microbiológico,<br />

Q = químico, F = físico.<br />

4 - CONCLUSÃ O<br />

O plano APPCC desenvolvido e implantado<br />

na linha de processamento de iogurte com polpa de<br />

digitalizado por<br />

fruta, foi de fundamental importância para a qualidade<br />

do produto final, como também tro uxe outros<br />

benefícios para a empresa. No entanto, cada indústria<br />

processadora de iogurte com polpa de fruta deverá<br />

elaborar seu próprio plano, visto as diferenças<br />

existentes entre elas. Verifica-se deste modo que o<br />

plano APPCC é ferramenta indispensável na atuação<br />

de todos os profissionais da área de alimentos.<br />

5 - SUMMARY<br />

Many of these products, as long as yogurt's<br />

market development, have been produced and<br />

commercialized in a wrong way, which engages its<br />

quality and cause danger to the consumer's health.<br />

To garantee the food 's quality and harmless, so<br />

that they are safe to consumers, the Analises of<br />

Danger and Critic Points of Control system<br />

(HACCP), is a tool that has been amply spread,<br />

used and collected by competent agencys. This<br />

work intended to develop an HACCP plan for a<br />

making up of fruit's pulp yogurt. The programme's<br />

development elaboration and implantation for<br />

the yougurt making up, followed a a step's system<br />

based on laws, as: Formation of an multidiscipline<br />

team, responsable for planning and elaborating the<br />

HACCP; company 's recognizement; prerequirernents<br />

evaluation for the system; tecnical<br />

enably system; logical sequence for principies<br />

aplication of HACCP; leading the documents for<br />

evaluation by DIPOA; . plan 's ACDPC approval.<br />

implantation and validation. The criticai CPC 's<br />

control points observed in the yogurt making up<br />

were: Recieving raw milk, raw milk's stock piling,<br />

fi ltration, dust rnilk addition, termic treatment,<br />

fe rmentation and fruit 's pulp addition. The<br />

HACCP plan developed and implanted in the<br />

making up line of fruit's pulp yogurt, was very<br />

important for the product ' s fi nal quality, so as<br />

brought benefits for the company too.<br />

5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGR Á FICAS<br />

BRASIL. MAPA. Resolução n° 05 de 13/1 1/2000.<br />

Regulamento Técnico para Padronização de<br />

identidade e qualidade de leites fermentados. Diário<br />

Oficial da República Federativa do Brasil,<br />

Brasília, 02 de janeiro de 2001.BRASIL. MAPA.<br />

Portaria n° 46 de 10/02/ 1998. Institui o Sistema de<br />

Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle, a<br />

ser implantado gradativamente, nas indústrias de<br />

produtos de origem animal sob o regime do SIF.<br />

Diário Oficial da República Federativa do<br />

Brasil, Brasília, II de fevereiro de 1998.GURGEL,<br />

A. Mercado de Iogurtes-Crescimento para todos os<br />

gostos. In: Indústria de Laticínios. Março/Abril,<br />

n044. 18-32p, 2003.<br />

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ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />

IMPLANTAÇÃO DAS BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO NO LATiCíNIOS FUNARBE<br />

EM ViÇOSA<br />

Implantation of Good Manufacturing Pratices (GMP) in dairy industry FUANRBE<br />

in Viçosa<br />

RESUMO<br />

Geruza Dias1<br />

Hermínia M. Oliveira1<br />

Maria Helena Sampaio2<br />

Aristides Fialho Dias3<br />

Emiliane A. Araújo4<br />

Claúdio Furtado Soares5<br />

Para se obter um produto saudável e de grande valor nutritivo, é necessano que programas<br />

de gestão de segurança de alimentos sejam implantados nas indústrias . As Boas Práticas de<br />

Fabricação (BPF) é um programa indispensável quando se trata de qualidade e segurança<br />

alimentar. Consiste em um conjunto de princípios e regras para a correta manipulação de<br />

alimentos, considerando desde a matéria prima até o produto final, envolvendo as condições<br />

de equipamentos, sanificação de equipamentos e estabelecimentos, controle de pragas,<br />

higiene pessoal e tratamento de efluentes. As portarias 326/97 do Ministério da Saúde e a<br />

portaria 368/97 do Ministério da Agricultura, determinam a obrigatoriedade da utilização<br />

das Boas Práticas de Fabricação nos estabelecimentos produtores/industrializadores de<br />

alimentos. Este estudo baseou-se na implantação das Boas Práticas de Fabricação em uma<br />

usina de beneficiamento de leite na FUNARBE em Viçosa no estado de Minas Gerais.<br />

Realizou-se primeiramente uma auditoria externa com aplicação de check-list com objetivo<br />

de verificar a at ual situação da usina de laticínios e de elaborar a partir das necessidades<br />

reais um plano de ação. Posteriormente foi ministrado aos colaboradores um treinamento<br />

de conscientização da importância da implantação das Boas Práticas. Formou-se uma<br />

equipe multidisciplinar que foram responsáveis pela elaboração e contínua atualização do<br />

manual de Boas Práticas, dos Procedimentos Padrões de Higiene Operacional e das Instruções<br />

de Trabalho. Durante um período de um ano e seis meses foram realizadas três auditorias<br />

internas com intervalos de cinco meses, no qual, se baseavam na aplicação de check-list<br />

para avaliar o desenvolvimento da implantação das Boas Práticas. Os resultados obtidos<br />

das conformidades foram respectivamente 50%, 65% e 67%. Tabulados os dados podemos<br />

concluir que houve uma grande melhoria nos requisitos fu ndamentais, tais como:<br />

treinamentos dos colaboradores, higiene pessoal e controle integrado de pragas, quando<br />

comparados com a primeira auditoria externa com 30 % de conformidades.<br />

Palavras-chave: Alimento seguro, Qualidade, Boas Práticas de Fabricação.<br />

Estudandes de Graduação de Ciência e tecnologia de laticínios;<br />

2 Gerente de Controle de Qualidade do Laticínios FUNARBE;<br />

3 Gerente de Produção e Coordenador do Laticínios FUNARBE;<br />

4 Mestrando em Ciência e tecnologia de laticínios;<br />

5 Professor do Departamento de Tecnologia de Alimentos - UFY.<br />

1 _ INTRODUÇÃO<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

As Boas Práticas de Fabricação (BPF) são<br />

pré-requisitos indispensáveis para a implantação<br />

de qualquer programa de qualidade, consiste em<br />

um conjunto de princípios e regras para a correta<br />

manipulação de alimentos, considerando desde a<br />

matéria-prima até o produto fi nal, envolvendo<br />

as condições de armazenamento, condições<br />

estruturais de edifícios, condições de<br />

equipamentos, sanificação de equipamentos e<br />

estabelecimentos, controle de pragas, higiene<br />

pessoal e tratamento de efluentes. As portarias<br />

326/97 do Ministério da Saúde e a portaria 3681<br />

97 do Ministério da Agricultura, determina a<br />

obrigatoriedade da utilização das Boas Práticas<br />

de Fabricação nos estabelecimentos produtores 1<br />

industrializadores de alimentos. Os objetivos do<br />

presente trabalho foram os levantamentos dos<br />

requisitos necessários para elaboração do manual<br />

de B PF, treinamentos dos colaboradores e<br />

efetuação das atividades de monitoramento a<br />

serem aplicadas numa usina de beneficiamento<br />

de leite.<br />

2 - MATERIAIS E MÉTODOS<br />

2.1 Formação da equipe multidiciplinar e<br />

designação do consultor técnico.<br />

Para a implantação das Boas Práticas de<br />

Fabricação realizou-se um treinamento a todos<br />

os funcionários no qual foram abordados assuntos<br />

como a importância da produção de alimentos<br />

seguros, esclarecendo sobre o que é Boas Práticas<br />

de Fabricação e os requisitos para sua implantação.<br />

A partir deste treinamento foi formada uma equipe<br />

de trabalho composta por três alunos do curso de<br />

Ciência e Tecnologia de Laticínios, pelo<br />

supervisor de produção, pela gerente de qualidade<br />

e gerente de produção e mais seis col aboradores,<br />

sendo um de cada setor do laticínios. Para orientar<br />

a equipe havia presente nas reuniões um consultor<br />

técnico que possuía os conhecimentos necessários<br />

para implantação de BPF.<br />

2.2 Realização de Auditoria Interna<br />

Para a avaliação das condições em que se<br />

encontrava o laticínios foi realizado uma<br />

auditoria interna. Utilizando-se a portaria 3681<br />

97, elaborou-se e aplicou-se um check-list<br />

tabulando os dados em conformes e não<br />

conformes. O check-list foi aplicado de acordo<br />

com as seguintes etapas:<br />

I) Aspectos Gerais de Higiene Pessoal e<br />

Programa de Treinamento;<br />

digitalizado por<br />

2) Aspectos Gerais de Projetos e<br />

Instalações;<br />

3) Aspectos Gerais de Fabricação;<br />

4) Aspectos Gerais de Limpeza e<br />

Sanificação ;<br />

5) Aspectos Gerais de Controle Integrado<br />

de Pragas;<br />

6) Aspectos Gerais de Controle de<br />

Qualidade.<br />

Após executar-se a primeira auditoria,<br />

outra foi marcada para um período de seis meses<br />

a fim de verificar o desempenho da implantação<br />

das Boas Práticas de Fabricação.<br />

2.3 Elaboração do Manual de BPF<br />

O manual de Boas Práticas de Fabricação é<br />

um documento onde estão descritas as atividades<br />

que a empresa executa para que os alimentos sejam<br />

produzidos com segurança e qualidade. Uma vez<br />

detalhado o processo e a situação do laticínios foi<br />

elaborado o manual descrevendo as atividades<br />

feitas para atender os requisitos exigidos pela<br />

legislação e os Procedimentos Padrões de Higiêne<br />

Operacional (PPHO's). O manual foi uma<br />

reprodução fiel da realidade da empresa sendo<br />

atualizado sempre em que a empresa realizar<br />

alterações em sua estrutura física ou operacional.<br />

2.3 Elaboaração das Instruções de Trabalho<br />

(IT's)<br />

Para a padronização das atividades<br />

realizadas, fo i elaborado as instruções de<br />

trabalho, com a fi nalidade de orientar os<br />

colaboaradores quanto a higienização dos<br />

equipamentos e a fabricação dos produtos.<br />

2.4 Treinamento dos funcionários<br />

Após o termino da elaboração do manuaL<br />

PPHO's e das instruções de trabalho, fo i<br />

realizado um treinamento para apresentação do<br />

material aos colaboradores e para reafirmar a<br />

importância da colaboração de todos para a<br />

implantação das Boas Práticas de Fabricação.<br />

São notificados os treinamentos realizados em<br />

cada setor da indústria, contendo os nomes dos<br />

participantes do evento, a data e a carga horária.<br />

2.5 Atividades de monitoramento<br />

O monitoramento dos itens de BPF é realizado<br />

pelos responsáveis por cada setor do laticínios, os<br />

quais informam ao supervisor de produção sobre as<br />

arvoredoleite.org<br />

Pág. 117


ocorrências · de não conformidades, sendo registradas<br />

a data e a hora da observação.<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Os resultados obtidos da aplicação do<br />

primeiro, segundo e terceiro check-list esta<br />

apresentado no Quadro 1. As auditorias foram<br />

realizadas num intervalo de 5 meses.<br />

Quadro 1: Resultados - I a Auditoria interna<br />

- Diagnóstico de BPF<br />

Resultados das Auditorias<br />

Etapas<br />

Etapas:<br />

I) Aspectos Gerais de Higiene Pessoal e<br />

Programa de Treinamento<br />

2) Aspectos Gerais de Projetos e Instalações<br />

3) Aspectos Gerais de Fabricação<br />

4) Aspectos Gerais de Limpeza e Sanificação<br />

5) Aspectos Gerais de Controle Integrado<br />

de Pragas<br />

6) Aspectos Gerais de Controle de Qualidade<br />

Como pode-se observar nos gráficos acima<br />

houve um aumento nas conformidades, passando<br />

de 30% de conformidade da primeira auditoria<br />

para 67% na terceira auditoria, isto se deve<br />

principalmente a etapa 1 que se trata dos aspectos<br />

gerais de higiene pessoal e programas de<br />

treinamento e a etapa 5 que esta relacionada<br />

com o controle integrado de pragas. Atualmente<br />

a usina de beneficiamento se encontra no estágio<br />

fi nal das reformas para melhor atender os<br />

requisitos da implantação de BPF.<br />

4 - CONCLUSÃ O<br />

Por meios dos dados obtidos conclui-se que<br />

a empresa atende a 67% do total de requisitos<br />

exigidos e que ainda esta em processo de<br />

implantação de Boas Práticas de Fabricação<br />

restando-lhe a correção de não conformidades<br />

relacionadas as exigências do programa. A<br />

maioria das não conformidades foi corrigida por<br />

capacitação, motivação, conscientização dos<br />

Pág. 118<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

• • • •<br />

funcionários e comprometimento da direção, no<br />

entanto é importante enfatizar a necessidade do<br />

treinamento contínuo do pessoal.<br />

5 - SUMARY<br />

This study was based on Good<br />

Manufacturation's Pratics implantation in a<br />

benefitment milk usine at FUNARBE in Viçosa,<br />

Minas Gerais. Fullfiled, at first, an externai auditory<br />

with a check list application intending to verificate<br />

the dairy product usine present situation and to<br />

elaborate, throught out real needs, an action plan.<br />

After that, was ministrated, for the collaborators,<br />

a consciousness training for the importancy of<br />

the Good Pratic implantion. A multidiscipline team<br />

was created and they were responsable for the<br />

elaboration and the Good Pratic's manual, Standart<br />

Operational of Hygiene Procediments and the<br />

Work Instrustions continuai modernization. During<br />

a period of an year and a half, there were three<br />

internai auditorship with a five months break, in<br />

which, based in the check-list aplication to evaluate<br />

the development of the Good Pratic 's<br />

implantation. The results obtained were,<br />

respectively 50%, 65% e 67%. The data tabulated,<br />

we can conclude that were a great improvement in<br />

the fu ndamental requisites, as: collaborators<br />

trainning, personal hygiene and pragues integrated<br />

control, when compaired to the first externai<br />

auditorship with 30% of the conformities.<br />

6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

BRASIL. Ministério da agricultura e Abastecimento.<br />

Port aria n° 368, de 04 de setembro de 1997<br />

(D.0.U.08/09/97). Regulamento Técnico sobre as<br />

condições Higiênico-Sanitárias e de Boas Práticas<br />

de Fabricação para Estabelecimentos elaboradores/<br />

Industrializadores de Alimentos.<br />

BRASIL. Secretaria de vigilância Sanitária do<br />

Ministério da Saíde. Portaria n° 326, de 30 de<br />

julho de 1997 (D.O.U. 01/08/97). Condições<br />

Higiênicas Sanitárias e de Boas Práticas de<br />

Fabricação para Estabelecimentos Produtores/<br />

Industrializadores de Alimentos.<br />

BRASIL. Ministério da Agricultura e<br />

Abastecimento. Resolução nO IO de 22/05/2003.<br />

Institui o programa genérico de Procedimentos<br />

- Padrão de Higiêne Operaciomal - PPHO, a .ser<br />

utilizados nos Estabelecimentos de Leite e<br />

Derivados que funcionam sob o regime de<br />

Inspeção Federal, como a etapa preliminar e<br />

essencial dos programas de segurança Alimentar<br />

do tipo APPCC. Brasília: MAPA, 2003.<br />

• • • •<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

ELABORAÇÃO E ESTABILIDADE DE BEBIDA CARBONATADA AROMATIZADA À BASE<br />

DE SORO DE LEITE<br />

Elaboration and stability of flavorized carbonated milk whey based beverage<br />

RESUMO<br />

Júnio César Jacinto de Paula1<br />

Lívia M. P. Luiz2<br />

Sebastião César Cardoso Brandão3<br />

O objetivo deste trabalho foi a elaboração e a avaliação da estabilidade de uma bbida<br />

carbonatada aromatizada à base de soro de leite, sendo estável à temperatura ambIente,<br />

por pelo menos três meses sem receber tratamentos térmicos extremos c . omo a<br />

esterilização. Buscou-se estabelecer um processo de fabricaço sim . ples que fosse facIln:ente<br />

adaptado por uma indústria de laticínios sem grandes InvestImentos. Pa . ra avalIar a<br />

estabilidade do produto, durante 90 dias de estocagem à temperatura aIblene, , fo . ram<br />

realizadas periodicamente análises sensoriais (teste de aceitação), mlcroblOloglcas<br />

(contagem padrão em placas, bactérias do grupo coliformes e contgem de . fungs<br />

filamentosos e leveduras) e físico-químicas (pH e acidez titulável), segUIdas de mspeçao<br />

visual para verifi car sinais de alteração nas embalagens ou modificação do . prd . uto. Os<br />

resultados das análises mostraram, que a bebida apresentou grande aceItabIlIdade e<br />

estabilidade microbiológica e físico-química ao longo dos 90 dias de armazenamento à<br />

temperatura ambiente, demonstrando, que a tecnologia empregada fo . i eficiente na sua<br />

conservação. Em conclusão, a bebida carbonatada à base de soro de leIte representa uma<br />

alternativa barata e viável para a implantação na indústria de laticínios podendo concorrer<br />

com vantagens no mercado de refrigerantes.<br />

Palavras-chave: Soro de leite, Bebida Carbonatada, Novo Produto<br />

1- INTRODUÇÃO<br />

O soro de leite é um subproduto de<br />

importância relevante, tendo em vista o volume<br />

produzido e sua composição nutricional. O soro<br />

devido ao seu alto valor de DBO inviabiliza o seu<br />

tratamento, e quando é lançado em cursos de água<br />

provoca grande efeito poluidor. Nos últimos 30<br />

anos, em outras partes do mundo, o estudo do<br />

soro de leite vem chamando muita atenção, por<br />

sua importância econômica e pelas propriedades<br />

vantajosas vinculadas a ele e a seus componentes.<br />

Porém, na América Latina, principalmente no<br />

Brasil, o soro ainda não recebeu grande atenção<br />

(HOMEM, 2004). A natureza e a composição do<br />

soro de leite são influenciadas pela tecnologia<br />

aplicada à coagulação da caseína e pelo pH,<br />

MS Ciência e Tecnologia de Alimentos - UFV<br />

2 Estudante de Ciência e Tecnologia de Laticínios<br />

3 Professor Titular do Departamento de Tecnologia de Alimentos - UFY.<br />

digitalizado por<br />

ocorrendo uma variação no teor de proteínas,<br />

gordura e minerais. As proteínas do soro<br />

representam 20% das proteínas do leite. sendo<br />

que as principais são a-Iactoalbumina e blactoglobulina<br />

que correspondem a aproximadamente<br />

70 a 80% das proteínas totais do soro.<br />

Além dessas, são encontradas as soroalbuminas,<br />

imunoglobulinas, proteases-peptonas, lactoperoxidases<br />

e outras enzimas (MORR e HA, 1993).<br />

Dependendo da tecnologia aplicada, o soro e seus<br />

derivados podem ser transformados em produtos<br />

de excelentes e específicas propriedades biológicas<br />

e funcionais. Em suma, pode-se assegurar que o<br />

soro, antes de ser considerado apenas mais um<br />

componente dos efluentes das indústrias<br />

Pág. 119<br />

arvoredoleite.org


laticinistas, pode e deve ser aproveitado como<br />

complemento na alimentação humana. A maioria<br />

das técnicas de preservação, atualmente<br />

empregadas para prevenir ou retardar o<br />

crescimento microbiano em produtos alimentícios,<br />

consiste na redução de temperatura,<br />

pH, atividade de água (Aw) e aplicação de calor.<br />

Vários processos de conservação de alimentos<br />

trazem grandes desvantagens, tanto para o<br />

consumidor como para as indústrias de<br />

beneficiamento, destacando-se as perdas de<br />

qualidade e o alto custo dos equipamentos que as<br />

indústrias necessitam usar, a fim de aplicar o<br />

tratamento. GOLD (1996) destacou que a<br />

preservação de alimentos é baseada no retardo do<br />

crescimento microbiano, devendo-se, então, atuar<br />

nos fatores extrínsecos e intrínsecos do crescimento<br />

e da sobrevivência do microrganismo.<br />

De acordo com LEISTENER (1995), as técnicas<br />

convencionais estão sendo usadas juntamente com<br />

algumas alternativas, fazendo com que haja<br />

sinergismo entre elas (tecnologia de barreiras).<br />

Uma dessas alternativas é o uso do tratamento<br />

térmico de pasteurização juntamente com o<br />

dióxido de carbono e abaixamento de pH. A<br />

carbonatação consiste na dissolução do CO, no<br />

meio líquido, em níveis especificados. O dióxido<br />

de carbono é usado largamente para estender a<br />

vida de prateleira de alimentos perecíveis através<br />

do retardamento do crescimento bacteriano.<br />

Segundo DANIELS et aI. (1985), uma das<br />

principais explicações para a adição de dióxido<br />

de carbono em alimentos foi o fato de que ele<br />

desloca parte ou totalidade do oxigênio viável<br />

necessário ao metabolismo bacteriano, diminuindo<br />

o crescimento. A microbiota aeróbia é inibida<br />

desfavorecendo o crescimento de contaminantes<br />

como fungos fi lamentosos e leveduras. No<br />

entanto, alguns estudos mostram que certas<br />

bactérias anaeróbias também podem ser inibidas<br />

pela presença de C01.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

O trabalho foi conduzido na usina piloto<br />

e nos laboratórios do Departamento de<br />

Tecnologia de Alimentos (DTA) da<br />

Universidade Federal de Viçosa (UFV) - MG. A<br />

matéria prima, soro de leite proveniente da<br />

fabricação de queijos Minas Padrão ou<br />

Mussarela, também foi obtida na usina do<br />

Laticínio Escola da UFY. Optou-se pelo uso do<br />

soro desses dois tipos de queijos, tendo em vista<br />

que são largamente produzidos no Brasil, e por<br />

não utilizarem nenhum tipo de corante durante<br />

a fabricação. O processamento, o tipo de ácido<br />

utilizado, a carbonatação do produto, o tra-<br />

Pág. 120<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

tamento térmico e o fluxograma de fabricação<br />

foram definidos em vários testes preliminares.<br />

A partir desses testes, passou-se, em seguida,<br />

para os trabalhos em escala-piloto. O fl uxograma<br />

de fabricação da bebida pode ser<br />

observado na Figura I.<br />

Obtenção do Soro (32 "C)<br />

<br />

Adição de Açúcar<br />

, <br />

Adição de Acido até pH determinado<br />

<br />

Aquecimento 60 uC<br />

<br />

Homogeneização a 140,62 e 35, 15 kgf/cml<br />

<br />

Pasteurização<br />

<br />

Resfriamento Rápido a 40 "C<br />

<br />

Adição de conservantes<br />

<br />

Resfriamento a 20 "C<br />

<br />

Adição de Aroma<br />

<br />

Envase em Garrafas PET 600mL<br />

<br />

Injeção de Água Carbonatada Sob Pressão de 5<br />

kgflcm" nas Garrafas<br />

<br />

Armazenamento à Te mperatura Ambiente<br />

Figura 1 - Fluxograma de processamento da<br />

bebida carbonatada de soro de leite.<br />

2.1. Determinação da vida de prateleira<br />

das bebidas<br />

O processamento foi realizado em três<br />

repetições (R I, R2 e R3), sendo as garrafas<br />

armazenadas à temperatura ambiente para<br />

avaliação de sua vida de prateleira. Periodicamente<br />

foram realizadas análises microbiológicas,<br />

físico-químicas, sensoriais e de aparência para<br />

verificar possíveis alterações do produto durante<br />

o armazenamento. Para avaliar a estabilidade<br />

microbiológica da bebida, foram realizadas análises<br />

do número mais provável de coliformes totais<br />

um dia após a fabricação, além de contagens de<br />

microrganismos aeróbios mesófilos e de fungos<br />

filamentosos e leveduras aos O I, 15, 36, 77 e 94<br />

dias, segundo metodologia oficial (BRASIL,<br />

2003b). Para avaliação físico-química da bebida,<br />

foram realizadas " nos mesmos tempos, análises<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

de pH e acidez, bem como a avaliação da<br />

aparência, de odores estranhos e deformações nas<br />

embalagens. As análises sensoriais (testes de<br />

aceitação) foram realizadas aos 2, 25, 55 e 90<br />

dias de estocagem. Para determinação da<br />

composição centesimal da bebida carbonatada<br />

fo ram realizadas análises físico-químicas de<br />

gordura, proteínas, cinzas e umidade, segundo<br />

metodologia oficial (BRASIL, 2003a). Todas as<br />

análises foram feitas em duplicata.<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

3.1. Composição centesimal da bebida<br />

Os resultados das análises da composição<br />

físico-química da bebida carbonatada de soro de<br />

leite apresentaram a seguinte composição<br />

centesimal: gordura O, I %, proteínas 0,52%,<br />

cinzas 0,34%, umidade 85,84% e carboidratos<br />

13,20% e o valor calórico foi de 55,78 kcal/<br />

100g. A bebida carbonatada mostra-se nutricionalmente<br />

superior aos refrigerantes (cocacola<br />

e guaraná), que são consumidos com<br />

freqüência pelos diversos grupos etários,<br />

especialmente, crianças, adolescentes e atletas,<br />

por veicular não apenas "calorias vazias" como<br />

os refrigerantes, mas proteín as, vitaminas e<br />

minerais que são essenciais para a manutenção<br />

da saúde.<br />

3.2. Análises físico-químicas de pH c acidez<br />

titulável<br />

Os valores de pH e acidez titulável das três<br />

repetições ocorreram como esperado, ao longo<br />

do tempo de armazenamento. Nos primeiros dias<br />

de estocagem ocorreu uma pequena diminuição<br />

de pH e aumento de acidez que pode ser<br />

conseqüência de equilíbrios iônicos dos cátions e<br />

ânions da bebida. Com o passar dos dias, o pH e<br />

a acidez titulável estabilizaram-se em torno do<br />

esperado mantendo-se nesta faixa até o final do<br />

prazo de validade. Na avaliação geral, os<br />

resultados mostraram que a bebida carbonatada<br />

foi estável em relação ao pH e acidez titulável,<br />

durante todo o período avaliado.<br />

3.3. Análises microbiológicas<br />

Observou-se que a contagem de aeróbios<br />

mesófilos no primeiro dia de estocagem foi de<br />

6,0 x 102 UFC/mL para as amostras da repetição<br />

I, e de 9,2 x 10' UFC/mL para as amostras da<br />

repetição 2, sendo que o crescimento de colônias<br />

apresentado nas análises das amostras da<br />

repetição 3 foi < 1,0 X 10° UFC/mL. Na segunda<br />

digitalizado por<br />

semana de estocagem, as amostras da repetição<br />

1 apresentaram um número muito baixo de<br />

colônias (3,0 x 10° estimado), enquanto as<br />

contagens para as amostras das outras repetições<br />

foram < 1 ,0 x 10° UFC/mL. Para as outras<br />

análises nas datas seguintes as contagens foram<br />

< 1,0 x 10° UFC/mL para todas as repetições, até<br />

o final da estocagem à temperatura ambiente.<br />

As primeiras contagens de fungos filamentosos<br />

e leveduras apresentaram comportamento similar<br />

às contagens de aeróbios mesófilos. As amostras<br />

das repetições I e 2 apresentaram uma baixa<br />

população (6,0 x 10° estimado e 3,0 x 10°<br />

estimado), sendo que as amostras da repetição 3<br />

apresentaram população < 1,0 x 10° UFC/mL. A<br />

partir da segunda semana de estocagem, as<br />

contagens para as três repetições foram < 1,0 x<br />

10° UFC/mL até o final do período.<br />

4 - CONCLUSÕES<br />

Pôde-se concluir que o produto apresentou<br />

estabil idade microbiológica ao longo do tempo<br />

de armazenamento à temperatura ambiente,<br />

demonstrando que a tecnologia empregada foi<br />

eficiente na conservação da bebida. Os resultados<br />

das análises físico-químicas realizadas durante o<br />

armazenamento permitiram concluir que o<br />

produto foi estável em relação ao pH e acidez<br />

titulável durante todo o período analisado. A<br />

bebida carbonatada à base de soro de leite<br />

apresentou-se de acordo com o padrão<br />

microbiológico da Instrução Normativa n° 36,<br />

de 31 de Outubro de 2000 do Ministério da<br />

agricultura (BRASIL, 2000), durante todos os<br />

90 dias de estocagem.<br />

5 - ABSTRACT<br />

The objective of this work was lhe<br />

elaboration and stability evaluation of a f1avored<br />

carbonated milk whey based drink. Being stable<br />

at room temperature for at least three months<br />

without receiving extreme thermal treatments as<br />

sterilization. We were looking for the<br />

establishment of a simple process of production<br />

which would be easily adapted by a dairy industry<br />

without great investments. To evaluate the<br />

stability of the product during the 90 days of<br />

shelf life at room temperature the sensorial,<br />

microbiologic and physiochemical analysis.<br />

followed by visual inspections to verify signs of<br />

packing alterations or modifications of the<br />

product were done periodically. The analyses<br />

results showed that the drink has great<br />

acceptability, microbiological and physiochemical<br />

stability in 90 days of storage at room<br />

arvoredoleite.org<br />

Pág. 121


temperature, showing that the used technology<br />

was efficient to the beverage conservation. In<br />

concIusion, the carbonated drink represents a<br />

cheap and viable alternative for the implantation<br />

in the dairy industry and could compete with<br />

advantages in the soft drink's market.<br />

Key words: Milk Whey, Carbonated<br />

Beverage, New Product.<br />

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS<br />

DANIELS, J. A., KRISHNAMURTHI, R., RIZVI,<br />

S. S. H. A review of carbon dioxide effects on<br />

microbial growth and food quality. Journal of<br />

Food Protection, v. 48, n. 6, p. 532-537, 1985.<br />

GOLD, G, W. Methods for preservation and<br />

extension of shelf life. International Journal<br />

of Food Microbiology, v. 33, p. 51-64, 1996.<br />

HOMEM, G. R. Avaliação técnico-econômica<br />

e análise locacional de unidade<br />

processadora de soro de queijo em Minas<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

• • • •<br />

Gerais. Viçosa. MG, 2004, 230p. Tese de<br />

Doutorado, Ciência e Tecnologia de Alimentos,<br />

Universidade Federal de Viçosa.<br />

LEE, E., HOTCHKISS, J.H. Manual for<br />

manometric method for the analysis of COo in<br />

dairy products. Cornell University. August 8,<br />

1997. 5p.<br />

LEINSTNER, L. Principies and applications<br />

of hurdle technology. Glasgow: 1995, Blackie,<br />

p.I-2I.<br />

MORR, C., HÁ, E.W. Whey protein concentrates<br />

and isolates processing and functional proprieties<br />

criticai reviews. Food Science and Nutrition,<br />

v .33, n. 6, p 43 1 -476, 1993.<br />

BRASIL, 2000. Instrução Normativa n.O 36, de<br />

31 de Outubro de 2000 do Ministério da<br />

Agricultura. Regulamento Técnico de Identidade<br />

e Qualidade de Bebidas Lácteas.<br />

BRASIL, 2003a; Instrução Normativa n° 22, de<br />

14 de Abril de 2003, Ministério da Agricultura.<br />

BRASIL, 2003b; Instrução Normativa .n° 62, de<br />

26 de agosto de 2003, Ministério da Agricultura.<br />

• • • •<br />

PESQUISA DE MERCADO DE UMA BEBIDA CARBONATADA A BASE DE SORO DE LEITE<br />

Market research of a carbonated cheese whey based beverage<br />

RESUMO<br />

Junio César J. de Paula2<br />

Maria Patrícia Milagres1<br />

Sebastião C. C. Brandão3<br />

Rodrigo Gava4<br />

O objetivo deste trabalho foi a avaliação da viabilidade de lançamento de uma bebida<br />

gaseificada à base de soro de leite através de uma pesquisa de mercado realizada em Viçosa.<br />

A Pesquisa foi feita partir de um questionário previamente estabelecido, aplicado a 170<br />

pessoas em quatro supermercados da cidade. Quanto ao interesse dos consumidores pelo<br />

novo produto os resultados revelam que 94 % dos entrevistados comprariam ou pelo menos<br />

experimentariam a bebida gaseificada a base de soro e apenas 6% não comprariam o<br />

Bacharel em Ciências Tecnologia de Laticínios - UFV<br />

2 MS Ciência e Tecnologia de Alimentos - UFV<br />

3 Professor Titular do Departamento de Tecnologia de Alimentos - UFV<br />

4 Professor do Departamento de Administração - ADM<br />

122<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

produto. Os fatores qualitativos que esperados em um novo "tipo" de refrigerante foram<br />

ordenados pelos entrevistados da seguinte fo rma: (I) fatores nutritivos, (2) baixo teor<br />

calórico e (3) baixos preços, considerados, portanto os mais relevantes para ambos os<br />

sexos e todas as idades. Essas características do produto fazem da bebida carbonatada à base<br />

de soro de leite uma oportunidade Ímpar para o mercado.<br />

Palavras-chave: Pesquisa de Mercado, Bebida Carbonatada, soro de leite.<br />

l · INTRODUÇÃ O<br />

De acordo com POLIGNAMO (200 I), a<br />

utilização de técnicas de pesquisa de mercado pode<br />

auxiliar na tarefa de se desenvolver produtos,<br />

como .mecanismo de captação das necessidades<br />

dos clientes, monitoramento de seus hábitos e<br />

atitudes e ainda avaliação de protótipos. O<br />

desenvolvimento de produtos orientado pelo<br />

mercado é imprescindível para que as empresas<br />

possam direcionar os seus novos lançamentos de<br />

acordo com as necessidades e os desej os dos<br />

Sexo: ( ) Masculino 2( ) Feminino<br />

Faixa Etária: I( ) 12 a 17 2( ) 18 a 25 3( ) 26 a 49<br />

Grau de Escolaridade: 1 ( ) Primeiro Grau 2( ) Segundo Grau 3( ) Superior<br />

1- Qual a sua afinidade por refrigerantes:<br />

I( ) Gosta muito 4( ) Desgosta moderadamente<br />

2( ) Gosta moderadamente 5( ) Desgosta muito<br />

3( ) Indiferente<br />

2- Qual a sua afinidade por sucos ou bebidas naturais não alcoólicas:<br />

consumidores. O setor de bebidas é um mercado<br />

em expansão. Segundo BERTO (2003), entre<br />

1990 e 1998, houve elevação de 55% no mercado<br />

brasileiro de bebidas, com tendência de ascensão<br />

maior das bebidas não-alcoólicas, devido à<br />

preferência do consumidor por alimentos<br />

saudáveis e prontos para o consumo. O<br />

lançamento de uma bebida carbonatada à base de<br />

soro de leite pode ser uma alternativa da indústria<br />

de laticínios para esse mercado consumidor.<br />

4( ) 50 ou mais<br />

4( )Outros<br />

1 ( ) Gosta muito 4( ) Desgosta moderadamente<br />

2( ) Gosta moderadamente 5( ) Desgosta muito<br />

3( ) Indiferente<br />

3- Quais sabores você mais gosta:<br />

1 ( ) Limão 3( ) Maçã 5( ) Pêssego 7( ) Frutas Cítricas<br />

2( ) Maracujá 4( ) Laranja 6( ) Morango 8( ) Outros<br />

4- Qual a quantidade que você consome de refrigerantes semanalmente, e em que tipo de embalagens:<br />

I( ) Nenhuma<br />

2( ) Bebo raramente<br />

3( ) Garrafa 300mL I ( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( ) 6 ou +( )<br />

4( ) Latas I ( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( ) 6 ou +( )<br />

5( ) PET 600mL 1 ( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( ) 6 ou +( )<br />

6( ) PET I L 1 ( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( ) 6 ou +( )<br />

7( ) PET 1,5L I ( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( ) 6 ou +( )<br />

8( ) PET 2 L I( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( ) 6 ou +( )<br />

S- Cite em ordem de preferência o que você esperaria de um novo tipo de refrigerante:<br />

I ( ) Que seja saboroso 4( ) Que seja barato<br />

2( ) Que seja nutritivo (Cálcio e proteína) 5( ) Que tenha baixa caloria<br />

3( ) Que seja refrescante<br />

6- Você compraria uma bebida a base de laticínios carbonatada<br />

.<br />

que apresentasse todas as características<br />

da pergunta anterior:<br />

I( ) Sim 2( )Não<br />

Figura 1 Questionário aplicado aos consumidores de refrigerantes e sucos naturais na pesquisa de<br />

mercado para bebida carbonatada de soro de leite.<br />

digitalizado por<br />

Pág. 123<br />

arvoredoleite.org


2 - MATERIAL E M ÉTODOS<br />

A pesquisa de mercado foi realizada através<br />

da aplicação de um questionário que utiliza<br />

perguntas que medem o grau de interesse dos<br />

consumidores em relação aos produtos concorrentes<br />

(refrigerantes e sucos naturais) que já<br />

se encontram no mercado. As perguntas avaliaram<br />

ainda a quantidade consumida semanalmente, o<br />

gosto desses consumidores (sabores preferidos),<br />

as suas embalagens de preferências, os fatores<br />

qualitativos que esses possíveis compradores<br />

julgam de maior importância, e o interesse deles<br />

pelo novo produto avaliado. Buscou-se avaliar a<br />

aceitação e o desejo dos consumidores em adquirir<br />

uma bebida de laticínios carbonatada. Foram<br />

entrevistadas 170 pessoas em quatro supermercados<br />

de Viçosa. Os consumidores foram abordados<br />

no momento em que estavam comprando<br />

refrigerantes ou sucos naturais, de forma a atingir<br />

a população que potencialmente compraria o novo<br />

produto. Para tal, foram escolhidos os supermercados<br />

Bahamas , Amantino, Viçosense e<br />

Mercado Modelo. A Figura 1 mostra o questionário<br />

aplicado na pesquisa de mercado para a bebida<br />

carbonatada de soro de leite.<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Foram avaliados consumidores de ambos<br />

os sexos e classes sociais. Foram entrevistadas<br />

pessoas de todas as faixas etárias, sendo que a<br />

maior parte das pessoas possuía idade entre 18 a<br />

25 anos (44%) e 26 a 49 anos (30%). A faixa<br />

etária de 12 a 17 anos compreendia 15% dos<br />

entrevistados e os I I % restantes eram de idade<br />

superior a 49 anos (Figura 2).<br />

30%<br />

(l] 12 a 17 anos<br />

51 26 a 49 anos<br />

11%<br />

Idade<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

15%<br />

IITD 1 8 a 25 anos<br />

1!3 50 anos ou mais<br />

Figura 2 - Faixa etária dos entrevistados na<br />

pesquisa de mercado para a bebida<br />

carbonatada de soro de leite.<br />

Dos entrevistados, 38% possuíam formação<br />

de nível superior, 35% segundo grau, 19% primeiro<br />

grau e 8% possuíam outros níveis de escolaridade.<br />

Avaliando-se a afinidade dos entrevistados em<br />

relação aos refrigerantes existentes no mercado,<br />

observou-se, pela análise dos resultados, que 45%<br />

Pág. 124<br />

gostam moderadamente de refrigerantes e 37%<br />

gostam muito, o que indica que esse tipo de produto<br />

tem boa aceitação (Figura 3).<br />

37%<br />

Afinidade por Refrigerantes<br />

8% 6% 4%<br />

11 Desgosta Moderadamente O Desgosta Muito<br />

121 Gosta Moderadamente mJ Gosta Muito<br />

51 Indiferente<br />

Figura 3 - Afinidade dos entrevistados por<br />

refrigerantes.<br />

A Figura 4 evidencia que as pessoas estão<br />

mais preocupadas com sua saúde, pois 67% dos<br />

entrevistados responderam que gostam muito e<br />

29% responderam que gostam moderadamente<br />

de sucos e bebidas naturais, sendo que 4% dos<br />

entrevistados mostraram-se indiferentes, ou seja,<br />

compram somente em promoções ou compram<br />

para pessoas da família.<br />

por Sucos e Bebidas<br />

4%<br />

Figura 4 - Afinidade dos entrevistados por sucos<br />

e bebidas naturais.<br />

Com o intuito de identi ficar o gosto dos<br />

potenciais compradores, foi perguntado aos<br />

entrevistados quais eram seus sabores preferidos. A<br />

Figura 5 demonstra que os sabores laranj a e<br />

maracujá apresentaram 47,6 % de preferência,<br />

seguidos dos sabores de pêssego e morango com<br />

28,56 % cada. Outro sabor que também se destacou<br />

foi o sabor limão com 27,37% de preferência.<br />

Pesquisa de Sabores<br />

Sabores<br />

Figura 5 - Sabores preferidos pelos entrevistados.<br />

MoçA<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiC í NIOS<br />

A freqüência com que consumo de<br />

refrigerantes e também sucos e bebidas naturais<br />

não alcoólicos foi abordada e os dados revelam<br />

que 79% dos entrevistados consomem refrigerantes<br />

semanalmente, 14% consomem<br />

raramente, e apenas 7% não os consomem. "Já o<br />

consumo de sucos e bebidas naturais não alcoólicos<br />

foi citado por 100% dos entrevistados". Ressaltase<br />

também que para se ter uma idéia da possível<br />

aceitação da bebida à base de soro de leite, foi<br />

perguntado aos consumidores de refrigerantes se<br />

eles comprariam uma bebida de laticínios<br />

carbonatada que apresentasse boas características<br />

sensoriais e nutricionais, além de baixo preço. Os<br />

dados revelaram que 94% dos entrevistados teriam<br />

interesse em comprar ou pelo menos experimentar<br />

a bebida carbonatada à base de soro, e<br />

apenas 6% não comprariam o produto. Observouse<br />

também que pessoas com maior grau de<br />

escolaridade tiveram maior disponibilidade para<br />

o possível uso da bebida proposta. Pode-se observar<br />

que pessoas de todas as idades e de ambos os sexos<br />

demonstraram um grande interesse em consumir<br />

a bebida. Com relação ao consumo semanal de<br />

refrigerantes e as respectivas embalagens<br />

(conteúdo) em que são compradas, foi demonstrada<br />

enorme diversidade de respostas. A preferências<br />

dos entrevistados em relação aos fatores<br />

qualitativos que esperavam de um novo "tipo" de<br />

refrigerante foi ordenada da seguinte forma: (I)<br />

fatores nutritivos, (2) baixo teor calórico e (3)<br />

baixo preço foram os mais relevantes para ambos<br />

os sexos e todas as idades, na hora da escolha.<br />

Essas, que são características do produto, fazem<br />

da bebida carbonatada uma oportunidade ímpar<br />

para o mercado viçosense e brasileiro.<br />

4 - CONCLUSÕES<br />

Em suma, pôde-se concluir que a bebida<br />

carbonatada de soro de leite constitui uma<br />

alternativa viável de um novo produto, podendo<br />

ter grande aceitação e tornando-se uma<br />

• • • •<br />

digitalizado por<br />

oportunidade ímpar para o mercado. A bebida<br />

proposta representa novas oportunidades e<br />

possibilidades para que a indústria de laticínios<br />

possa competir, com vantagens, no mercado de<br />

refrigerantes.<br />

ABSTRACT<br />

The aim of this work was to evaluate the<br />

viability of a carbonated milk whey based drink<br />

as a new product in the market. The market<br />

research was made with a previously established<br />

questionnaire applied to 170 consumers in four<br />

supermarkets in the city. The consumers'<br />

interest for the new product point that 94% of<br />

the consumers would buy 01' at least would try<br />

the carbonated milk whey based drink and only<br />

6% would not buy this product. The consumers'<br />

preference in relation to the qualitative factors<br />

expected in a new soft drink was ordered in the<br />

fo llowing way: (I) nutritious factors, (2) low<br />

caloric value and (3) low prices and were<br />

considered therefore relevants for both sexes<br />

and ali ages. The characteristics of the product,<br />

make the carbonated milk whey based drink an<br />

unique market opportunity.<br />

Key words: Market Research, Carbonated<br />

Beverage, Milk Whey.<br />

5 - REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

BERTO, D. Mercado de bebidas apresenta grande<br />

potencial de crescimento. Revista Food<br />

Ingredients, n" 23, p. 32-33, mar.labr. 2003.<br />

KOTLER, P. Administração de marketing:<br />

análise, implementação e controle. 4. ed. São<br />

Paulo: Atlas, 1994. 676p.<br />

POLlGNAMO, L. A. C. O. Papel da pesquisa de<br />

mercado durante o desenvolvimento de produtos.<br />

In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GESTÃO DE<br />

DESENVOLVIMEN TO DE PRODUTOS, 3.,<br />

200 I, Florianópolis. Anais.<br />

• • •<br />

125<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

EXPERIÊNCIA DE UMA EMPRESA NA ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE NEGÓCIOSa<br />

ESTUDO DE CASO<br />

A company experience on elaboration of a business plane of case study<br />

RESUMO<br />

Maria Patrícia Milagres1<br />

Jose Augusto Marques1<br />

Geruza Dias2<br />

Cláudio Furtado3<br />

o propósito de se escrever um Plano de Negócios fica bastante claro quando se verifica a quantidade de benefícios<br />

que um Plano de Negócios pode trazer para sua empresa. Através desta ferramenta de gestão, você consegue<br />

planejar e decidir a respeito do futuro de sua empresa, tendo como base o seu passado, sua situação atual em<br />

relação ao mercado, aos clientes e à concorrência. Com o Plano de Negócios é possível identificar os riscos e<br />

propor planos para minimizá-los e até mesmo evitá-los; identificar seus pontos fortes e fracos em relação a<br />

concorrência e o ambiente de negócio em que você atua; conhecer seu mercado e definir estratégias de marketing<br />

para seus produtos e serviços; analisar o desempenho financeiro de seu negócio, avaliar investimentos, retorno<br />

sobre o capital investido; enfim, você terá um poderoso guia que norteará todas as ações de sua empresa. O<br />

presente trabalho teve como objetivo apresentar um estudo de caso da elaboração de um Plano de Negócios,<br />

podendo ser usado como exemplo para outras empresas. O Plano de Negócios teve início com um resumo<br />

executivo envolvendo um enunciado do projeto, o histórico da empresa estudada e seus produtos, serviços e<br />

tecnologias. O segundo passo foi o desenvolvimento do planej amento estratégico onde são apresentados a<br />

missão, foco e objetivo da empresa e sua situação planejada. Outro importante item que foi estudado e descrito<br />

no Plano de Negócios é a descrição legal da empresa. O terceiro passo é a estrutura da empresa, neste foi<br />

abora?o o p lanejamento est . ratégico da empresa, a descrição legal, estrutura organizacional e plano de operação.<br />

O p : oxImo Item abordado fOI o plano de ação contendo análise de mercado que indica o setor que a empresa atua,<br />

a . clIentela que ela atende, seus concorrentes e seus fornecedores o que representa as oportunidades e ameaças,<br />

aInda . dentro do plano de ação foi descrito as estratégias de marketing. Finalizando o plano de ação apresentamos<br />

o projeto onde estavam as ações a serem abordados destacando prioridades para 2005 em forma de cronograma<br />

d screvendo quem, quando, porque, onde e como a ação será realizado. A elaboração do Plano de Negócios<br />

aj udou a empresa a identificar seus principais concorrentes, seus parceiros, clientes, principais oportunidades e<br />

an:.eaças ; Este PI:no de : gócios é uma ferramenta que vem sendo usada pela empresa para melhor gerir suas<br />

açoes e e um cartao de VISIta que vem sendo usado para apresentação de seus negócios.<br />

1 - INTRODUÇÃ O<br />

Segundo o professor José Dornelas<br />

(www.planodenegócios.com.br). em seu artigo<br />

como escrever um Plano de Negócios: O<br />

propósito de se escrever um Plano de Negócios<br />

fica bastante claro quando se verifica a quantidade<br />

de benefícios que um Plano de Negócios pode<br />

trazer para sua empresa. Através desta ferramenta<br />

de gestão, você consegue planejar e decidir a<br />

respeito do futuro de sua empresa, tendo como<br />

base o seu passado, sua situação atual em relação<br />

Graduados em Ciência e Tecnologia de Laticínios<br />

2 Estudante de Ciência e Tecnologia de Laticínios<br />

3 Professor do Departamento de Tecnologia de Alimentos.<br />

Pág. 126<br />

ao mercado, aos clientes e à concorrência. Com<br />

o Plano de Negócios é possível identificar os<br />

riscos e propor planos para minimizá-los e até<br />

mesmo evitá-los; identificar seus pontos fortes<br />

e fracos em relação a concorrência e o ambiente<br />

de negócio em que você atua; conhecer seu<br />

mercado e definir estratégias de marketing para<br />

seus produtos e serviços; analisar o desempenho<br />

financeiro de seu negócio, avaliar investimentos,<br />

retorno sobre o capital investido; enfim, você<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL .DE LATiCíNIOS<br />

terá um poderoso guia que norteará todas as ações<br />

de sua empresa. Como se nota, o Plano de<br />

Negócios não é uma ferramenta estática, pelo<br />

contrário, é uma ferramenta extremamente<br />

dinâmica e deve ser atualizado e utilizado<br />

periodicamente. Segundo Sahlman (Sahlman,<br />

1997), importante professor da Harvard Business<br />

School, poucas áreas têm atraído tanta atenção<br />

dos homens de negócio nos Estados Unidos como<br />

os planos de negócios. Dezenas de livros e artigos<br />

têm sido escritos e publicados naquele país<br />

tratando do assunto e propondo fórmulas<br />

milagrosas de como escrever um plano de<br />

negócios que revolucionará a empresa. Isso<br />

começa a ocorrer também no Brasil, devido<br />

principalmente ao fervor da nova economia (a<br />

Internet) e as possibilidades de se fazer riqueza<br />

da noite para o dia. O cuidado que se deve tomar<br />

é o de se escrever um plano de negócios com<br />

todo conteúdo que se aplica a um plano de<br />

negócios e que não contenha números recheados<br />

de entusiasmo ou fora da realidade. Nesse caso,<br />

pior que não planejar é fazê-lo erroneamente, e<br />

o pior ainda, conscientemente. Outro paradigma<br />

que precisa ser quebrado é o fato de achar-se que<br />

o plano de negócios depois de feito pode ser<br />

esquecido. Este é um erro imperdoável e as<br />

conseqüências serão mostradas pelo mercado que<br />

está em constante mutação. A concorrência muda,<br />

o mercado muda, as pessoas mudam. E o plano<br />

de negócios, sendo uma ferramenta de planejamento<br />

que trata essencial mente de pessoas,<br />

oportunidades, do contexto e mercado, riscos e<br />

retornos (Sahlman, 1997), também muda. O<br />

plano de negócios é uma ferramenta dinâmica e<br />

deve scr atualizado constantemente, pois o ato<br />

de planej ar é dinâmico e corresponde a um<br />

processo cíclico. Uma possível estrutura para a<br />

confecção de um plano de negócios é proposta a<br />

seguir. Seu formato foi obtido a partir da análise<br />

de várias publicações, artigos, livros e planos de<br />

negócios reais utilizados por várias empresas e<br />

da elaboração de dezenas de planos de negócios<br />

para diferentes públicos-alvos (Dornelas, 1999b).<br />

Esta estrutura é composta pela capa , sumário,<br />

sumário executivo, planejamento estratégico,<br />

descrição da empresa, produtos e serviços, análise<br />

de mercado, plano de marketing, plano<br />

financeiro. e anexos.O Plano de Negócios é uma<br />

ferramenta muito útil na gestão das empresas,<br />

entretanto ele não é muito usado, ou incorretamente<br />

usado principalmente pelas micro e<br />

pequenas empresas, incluindo empresas de<br />

laticínios, que muitas vezes são administrados<br />

por pessoas sem conhecimentos sobre o assunto.<br />

O objetivo deste artigo é alertar os empresários<br />

de como um Plano de Negocio corretamente<br />

digitalizado por<br />

estruturado, e bem administrado, pode aj udar no<br />

desenvolvimento das suas empresas. As<br />

exportações de produtos lácteos têm aumentado<br />

muito nos últimos anos, e o Plano de Negócios<br />

pode ser uma ferramenta muito útil no processo<br />

administrativo destas exportações. Ele pode ser<br />

usado como um cartão de visitas para apresentar<br />

a sua empresa, e muitos países ate exigem a<br />

apresentação destes para avaliação da sua<br />

empresa. O presente trabalho teve como objetivo<br />

apresentar um estudo de caso da elaboração de<br />

um Plano de Negócios para a empresa estudada.<br />

podendo ser usado como exemplo para outras<br />

empresas.<br />

2 - MATERIAIS E MÉTODOS<br />

2.1. Descrição da Empresa<br />

Iniciamos a elaboração do Plano de<br />

Negócios com a descrição da empresa. Esta seção<br />

é importante para que o leitor conheça a<br />

empresa, seu histórico, crescimento e<br />

faturamento dos últimos anos, sua razão social,<br />

estrutura organizacional da empresa, localização,<br />

parceria e serviços terceirizados.<br />

2.2. Planejamento Estratégico<br />

O planejamento estratégico é onde foi<br />

definido os rumos da empresa, sua situação atual,<br />

suas metas e objetivos de negócios, bem como a<br />

descrição da missão da empresa, foco e a situação<br />

planejada.<br />

Este planejamento foi fe ito através de<br />

estudos da situação atual da empresa, estudo do<br />

mercado, assim foi definido os objetivos e as<br />

metas a serem alcançadas, e chegou-se a situação<br />

planejada.<br />

2.3. Estrutura Organizacional<br />

Nesta seção foi apresentado os dirigentes<br />

da empresa, a função desempenhada e a formação<br />

acadêmica de cada um dentro desta.<br />

2.4. Planos de Operação<br />

Aqui fo i descri to como são tomadas as<br />

decisões estratégicas e as de cunho administrativos,<br />

quem é responsável pelas tomadas de<br />

decisão da empresa estudada. Também nesta<br />

abordamos sobre as medidas, recursos e instrumentos<br />

adotados para facilitar e melhorar a<br />

operacionalização da empresa e seu desempenho<br />

organizacional. Do ponto de vista comercial<br />

procuramos definir as forças de venda da empresa<br />

127<br />

arvoredoleite.org


e suas estratégias de divulgação. O Controle de<br />

qualidade, terceirização e parcerias foram outros<br />

pontos abordados nesta seção.<br />

2.5. Diagnóstico da Empresa<br />

Uma vez especificados os planos de operação,<br />

começamos a definir o plano de ação adotado pela<br />

empresa no momento, neste foi citado como é<br />

feita a análise de mercado, discutido se esta é<br />

eficiente. O setor em que a empresa está atuando,<br />

e se ela está explorando todo o potencial deste foi<br />

discutido nesta seção. Como a empresa relaciona<br />

com seus clientes, fornecedores, parceiros, como<br />

identifica seus concorrentes, oportunidades e<br />

ameaças. Discuti mos também nesta seção as<br />

estratégias de marketing da empresa, as vantagens<br />

competitivas que ela oferece, sua política de preço,<br />

sua publicidade, os serviços ao clientes na hora da<br />

venda. Comparamos com as estratégias das<br />

concorrentes e procuramos, através de questionários,<br />

medir a satisfação dos clientes e definir<br />

assim se as estratégias de marketing adotados pela<br />

empresa estão sendo eficazes.<br />

2.6. O Projeto<br />

Após levantamento do diagnóstico da<br />

empresa que identificou deficiências e eficiências<br />

nos planos da empresa, nas oportunidades e<br />

ameaça e na estratégia de marketing a ser adotada.<br />

Neste foi definido as ações a serem adotadas para<br />

reduzir as ineficiências, e um cronograma de quem<br />

vai ser responsável pela ação, quando a ação vai<br />

ser realizada, porque esta ação tem que ser<br />

tomada e corno será realizada.<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Após oito meses da elaboração do Plano de<br />

Negócios pode-se veri ficar uma boa redução das<br />

ineficiências da empresa. O Plano de Negócios foi<br />

aj ustado de aC9rdo com as mudanças ocorridas no<br />

mercado, na legislação, nas necessidades dos<br />

clientes e no ambiente de negócios em que atua. A<br />

empresa pode identificar melhor seus clientes, seus<br />

concorrentes, oportunidades e ameaças. Enfim, o<br />

Plano de Negócios se tornou um poderoso guia que<br />

vem mostrando todas as ações da empresa e<br />

aj udando bastante nas tomadas de decisão.<br />

4 - CONCLUSÃ O<br />

Concluímos então que o propósito de se<br />

escrever um Plano de Negócios fica bastante<br />

claro quando se verifica a quantidade de benefícios<br />

que este pode trazer para sua empresa.<br />

Pág. 128<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

5 - SUMMARY<br />

The present project had as an objective to<br />

show a case study on the elaboration of a Business<br />

Plan, which can be used as an example for other<br />

types of companies.This Business Plan was<br />

initiated with an executive summary involving<br />

the title of the project, the analyzed company's<br />

history and its products, services and<br />

technologies developed. The second step was<br />

. the development of a strategic plan where the<br />

mission, focus, objectives and the planned<br />

situation of the company were introduced.<br />

Another important item studied and described<br />

in the B usiness Plan is the legal description of<br />

the company. The third step is to develop a<br />

structure for the company, and it was approached<br />

the strategic plan of the organization, as well as<br />

the legal description, organizational structure<br />

and operational planning. The following item<br />

approached was the action plan with a marketing<br />

analysis which indicates the specific field the<br />

company is going to operate in, its customers,<br />

its concurrent companies and its suppliers, what<br />

represents both opportunities and threat at the<br />

same time, yet marketing strategies were<br />

described in the strategic planning. To end with,<br />

in the action plan we present the project where<br />

there are the actions to be approached stressing<br />

priorities to 2005 in form of a schedule which<br />

describes who, when, why, where and how the<br />

action is going to be implemented.The<br />

elaboration of a Business Plan helped the<br />

company identify its major concurre nt,<br />

partners, customers, as well as the main<br />

opportunities and threats. This Business Plan is<br />

a tool which has been used by the company to<br />

manage in a better way its actions and it is also<br />

a type of business card that has been used to<br />

introduce its businesses or services.<br />

REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS<br />

DORNELAS, J.C.A. Capacitação dos Gerentes<br />

de Incubadoras na Elaboração e Utilização do<br />

Plano de Negócios como uma Estratégia para se<br />

Disseminar seu Conceito junto às Empresas<br />

Incubadas. /submetido ao IX Seminário Nacional<br />

de Parques Tecnológicos e Incubadoras de<br />

Empresas, Porto Alegre-RS, set. 1999a/.<br />

DORNELAS, J.C.A. Plano de Negócios:<br />

Estrutura e Elaboração. Apostila. São Carlos SP.<br />

mai. 1999b.<br />

JIAN. Handbook of Business Planning: BizPlan<br />

Buider Interactive. JIAN Tools. Mountain View<br />

CA, 1997.<br />

KAPLAN, R.S.; NORTON, D.P. Using the<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Balanced Scorecard as a Strategic Management<br />

System. Harvard Business Review, Boston, MA,<br />

USA, 1996a.<br />

KAPLAN, R.S.; NORTON, D.P. The Bal anced<br />

Scorecard: Translating Strategy into Action ..<br />

Harvard Business School Press, Boston, MA,<br />

USA, 1996b.<br />

PINSON, L. Anatomy of a Business Plano 3. ed.<br />

Chicago: Upstart Publishing Company, 1996. 255p.<br />

RENTES, A.F.; VAN AKEN, E.M.; BUTLER, R.;<br />

An Organizational Assessment Method for<br />

Transformation Efforts. Proceedings of the<br />

Portland International Conference on Management<br />

• • •<br />

of Engineering and Technology, Portland, OR, USA,<br />

July, 1999.<br />

SAHLMAN, W.A. How to Write a Great Business<br />

Plano Harvard Business Review, jul -aug, 1997.<br />

SBA. United States Small Business Administration,<br />

http://www.sba.gov, novo 1998.<br />

SEBRAE. Indicadores da Mortalidade das MPEs<br />

Paulistas. Região Metropolitana de São Paulo.<br />

Pesquisas Econômicas, São Paulo-SP, dez. 1998a.<br />

(Relatório Preliminar).<br />

SEBRAE. Avaliação das Incubadoras. Divisão de<br />

Marketing/Pesquisas Mercadológicas, São Paulo­<br />

SP, dez. 1998b.<br />

• • • •<br />

AVALIAÇÃO DA ACEITAÇÃO DE UMA BEBIDA CARBONATADA À BASE DE SORO DE<br />

LEITE DURANTE O ARMAZENAMENTO À TEMPERATURA AMBIENTE<br />

Acceptation evaluation of a carbonated milk whey based during the storage at room<br />

temperature<br />

RESUMO<br />

Júnio César Jacinto de Paula'<br />

Giuliano Amaral Viana'<br />

Cláudia A. de Oliveira e Silva2<br />

Sebastião César Cardoso Brandão3<br />

O objetivo deste trabalho foi avaliar a aceitação de uma bebida carbonatada à base de soro<br />

de leite durante o período de validade de 90 dias armazenada à temperatura ambiente. A<br />

bebida foi produzida em três repetições as quais foram submetidas a testes de aceitação, aos<br />

2, 25, 55, e 90 dias de armazenamento. Foi utilizada a Escala Hedônica de nove pontos,<br />

com um número mínimo de 51 provadores não treinados para cada avaliação nos diferentes<br />

tempos de estocagem. Nas primeiras avaliações, com dois dias de estocagem, as amostras<br />

das três repetições obtiveram a maior média, 7,38 pontos com desvio padrão de 0, 19. Aos<br />

25 dias de estocagem a média foi de 7,04 e desvio padrão de 0,06. Na avaliação aos 55 dias<br />

ficaram com média de 7,14 e desvio padrão de O, I 3, fi nalizando os 90 dias com média de<br />

7,08 e desvio padrão de 0,13. Não houve diferença significativa entre as médias de aceitação<br />

nos diferentes tempos de estocagem da bebida carbonatada de soro de leite. As amostras<br />

obtiveram media geral entre 7 e 8 pontos durante todo o período analisado, ficando entre<br />

os termos hedônicos gostei moderadamente e gostei muito. Com os resultados apresentados<br />

1 MS Ciência e Tecnologia de Alimentos - UFV<br />

2 Estudante de Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos<br />

3 Professor do Departamento de Tecnologia de Alimentos.<br />

digitalizado por<br />

Pág. 129<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

é possível assegurar a alta receptividade dos provadores em relação à bebida durante os<br />

noventa dias de armazenamento .<br />

Palavras-chave: Soro de leite, Bebida Carbonatada, aceitação.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

A análise sensorial constitui uma<br />

ferramenta de grande importância no processo<br />

de desenvolvimento de novos produtos. Os testes<br />

afetivos com o uso da escala hedônica de nove<br />

pontos determinam a aceitabilidade de um<br />

alimento por meio de categorias sucessivas de<br />

respostas, sendo possível determinar a<br />

preferência do produto seguindo uma ordem<br />

previamente estabelecida que varia com base nos<br />

atributos gosta e desgosta (CHAVES e<br />

SPROESSER, 1996). TORRES et aI. (1989)<br />

empregaram a escala hedônica de nove pontos<br />

para avaliar a aceitação de bebidas à base de soro<br />

de mussarela, pasteurizado, mantido à<br />

temperatura de refri geração por 21 dias de<br />

estocagem. As bebidas obtiveram os seguintes<br />

pontos: sabor morango: 7, 18 pontos, limão: 6,96<br />

pontos, abacaxi: 6,8 pontos e pêra 6,63 pontos.<br />

Uma bebida fabricada com 25 a 40% de soro de<br />

leite e suco de "grapefruit" combinado com 7 a<br />

20% de suco de pêra recebeu nota média de 5,9<br />

em uma escala hedônica de I a 7. Uma outra<br />

série de bebidas, usando suco de uva, soro de<br />

leite e 3% de suco de maracujá teve também uma<br />

boa aceitação (NELSON e BROWN, 1969). Uma<br />

bebida aromatizada com sabor laranja, contendo<br />

33% de soro de leite obtido da fabricação de<br />

queijo cottage, obteve nota média 6,3 de 50<br />

provadores, e uma bebida sem soro de leite obteve<br />

nota média de 4,7. Outras bebidas contendo 80 a<br />

90% de soro de leite e aromatizadas com 10% de<br />

polpa de morango natural ou 20% de polpa de<br />

pêra receberam bons escores em painéis<br />

(NELSON e BROWN, 1969). TEIXEIRA<br />

(2002) utilizou soro de ricota nas proporções de<br />

50, 60 e 70% para elaboração de bebidas lácteas<br />

fermentadas. A formulação contendo 50% de<br />

soro foi a que apresentou melhor aceitação, com<br />

média de 7,27 pontos na escala hedônica de nove<br />

pontos. A fo rmulação com 60% de soro obteve<br />

6,22 pontos e a formulação com 70% de soro<br />

obteve 6,63 pontos. SILVA (2000) elaborou uma<br />

bebida láctea fermentada à base de soro de leite<br />

fortificada com ferro aminoácido quelato. A<br />

bebida teve boa aceitação por pré-escolares, com<br />

media de 7, 1, ou seja, 78% do valor máximo da<br />

escala hedônica facial de três pontos.<br />

Pág. 130<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

O processamento foi realizado em três<br />

repetições (R I, R2 e R3), sendo as garrafas<br />

armazenadas à temperatura ambiente para<br />

avaliação de sua vida de prateleira. As análises<br />

sensoriais (testes de aceitação) foram realizadas<br />

aos 2, 25, 55 e 90 dias de estocagem. As<br />

avaliações foram realizadas no Laboratório de<br />

Análise Sensorial do Departamento de<br />

Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal<br />

de Viçosa. A aceitação foi avaliada por um número<br />

mínimo de 50 provadores não-treinados,<br />

utilizando a escala hedônica de nove pontos<br />

(Figura I). Os testes fo ram conduzidos em<br />

cabines individuais, sob luz branca e as amostras<br />

foram apresentadas refrigeradas (5"C), em copos<br />

descartáveis de 50 mL.<br />

2.1 Delineamento experimental e análise<br />

estatística<br />

O experimento foi conduzido no delineamento<br />

experimental em blocos casualizados<br />

com três repetições. Os blocos fo ram os três<br />

tempos e as três épocas em que a bebida foi<br />

produzida. Os tratamentos foram constituídos de:<br />

R I, R2 e R3. Para aval iar se o tempo de estocagem<br />

alterou significativamente a aceitação da bebida,<br />

os dados foram submetidos à análise de variância,<br />

utilizando-se o pacote estatístico SAS (SAS<br />

Institute Inc. North California. USA. 1999) versão<br />

8,0 licenciado para a Universidade Federal de<br />

Viçosa. Adotou-se o nível de significância á = 5%.<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

A avaliação da aceitação pelo consumidor<br />

é um ponto primordial no desenvolvi mento de<br />

um novo produto, os métodos afetivos medem<br />

atitudes subjetivas de aceitação ou preferência<br />

de um produto de forma individual ou em<br />

relação a outros. A análise sensorial representa<br />

grande importância para se medir a<br />

aceitabilidade de um alimento por meio de uma<br />

escala hedônica com categorias sucessivas de<br />

respostas, sendo possível determinar a<br />

preferê ncia do produto (CHAVES e<br />

SPROESSER, 1996). Os resultados das análises<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

ESCALA HEDÔNICA<br />

Nome: Data: _____ ______ / ____ _<br />

Por favor, avalie a amostra utilizando a escala abaixo para descrever o quanto você gostou ou<br />

desgostou do produto. Marque a posição da escala que melhor reflita seu julgamento.<br />

Código da amostra: ________________________ _<br />

( ) Gostei extremamente<br />

( ) Gostei muito<br />

( ) Gostei moderadamente<br />

( ) Gostei ligeiramente<br />

( ) Indiferente<br />

( ) Desgostei ligeiramente<br />

( ) Desgostei moderadamente<br />

( ) Desgostei muito<br />

( ) Desgostei extremamente<br />

Comentários<br />

Figura 1 Escala hedônica de nove pontos, usada para avaliar amostras da bebida carbonatada de<br />

soro de leite.<br />

sensoriais estão apresen tados na Figura 2.<br />

9.00<br />

'"<br />

a.50<br />

<br />

::;;<br />

a,oo<br />

o<br />

,'" 7,50<br />

§<br />

<br />

f !<br />

7,00<br />

6,50<br />

6.00<br />

25 55 90<br />

Tempo (dias)<br />

Figura 2 - Evolução das médias e desvio-padão<br />

obtidos na avaliação sensorial da<br />

bebida carbonatada durante o tempo<br />

de estocagem à temperatura<br />

ambiente.<br />

Nas primeiras avaliações, com dois dias de<br />

estocagem, as amostras das três repetições<br />

obti veram a maior média, 7,37 pontos com<br />

desvio-padrão de 0, 19. Aos 25 dias de estocagem,<br />

a média foi de 7,04 e desvio-padrão de 0,06. Na<br />

avaliação, aos 55 dias, fi caram com média de<br />

7, 14 e desvio-padrão de 0, 13, finalizando os 90<br />

dias com média de 7,08 e desvio-padrão de 0, 13.<br />

Pelos resultados fo rnecidos na análise de<br />

variância mostrada no Quadro I, não houve<br />

diferença significativa, a 5% de significância,<br />

entre a aceitação nos diferentes tempos de<br />

estocagem da bebida carbonatada à base de soro<br />

de leite, isto é, o tempo de armazenamento não<br />

alterou a aceitação da bebida. É possível assegurar<br />

ainda a receptividade dos provadores em relação<br />

à bebida carbonatada de soro de leite durante os<br />

90 dias de armazenamento, à temperatura<br />

ambiente. As amostras obtiveram média entre 7<br />

e 8 pontos durante todo o período analisado,<br />

ficando entre os termos hedônicos gostei<br />

moderadamente e gostei muito.<br />

4 - CONCLUSÃ O<br />

O produto desenvolvido obteve boa<br />

aceitação durante todo o período analisado,<br />

Quadro 1 Análise de variância das notas obtidas na avaliação sensorial ao longo do período de<br />

estocagem da bebida à temperatura ambiente<br />

Fonte de Variação Graus de Liberdade Quadrado Médio F calculado Pr > F<br />

Tratamento<br />

Residuo<br />

Total<br />

3<br />

669<br />

672<br />

digitalizado por<br />

3,767989<br />

1,8 446 12<br />

2,04 O, 1066<br />

Pág. 131<br />

arvoredoleite.org


. 'iJ<br />

I<br />

II<br />

I<br />

apresentando média entre 7 e 8 pontos, situandose<br />

entre os termos hedônicos gostei moderadamente<br />

e gostei muito. Não houve diferença<br />

significativa, a 5% de significância, entre a<br />

aceitação nos diferentes tempos de estocagem da<br />

bebida carbonatada à base de soro de leite, podendo<br />

esta ter uma vida de prateleira de até 90 dias à<br />

temperatura ambiente. Com os resultados<br />

apresentados é possível assegurar a alta<br />

receptividade dos provadores em relação à bebida<br />

durante os noventa dias de armazenamento,<br />

representando uma alternativa viável de um novo<br />

produto que pode ser facilmente produzido e<br />

comercializado pelas indústrias de laticínios.<br />

ABSTRACT<br />

The aim of this work was to evaluate the<br />

acceptance of a carbonated milk whey based<br />

drink during 90 days of shelf stored at room<br />

temperature. The drink was produced in three<br />

repetitions which were stored at room<br />

temperature. The Acceptance tests in each<br />

repetition were done at 2, 25, 55, and 90 days<br />

of storage. The Nine Points Hedonic Scale was<br />

used with a non trained panel of 51 tasters for<br />

each eval uation in different storage times. In<br />

the first evaluations, two days of storage, the<br />

three repetitions samples obtained the largest<br />

average, 7,38 points with 0, 19 of standard<br />

deviation. To 25 days of storage the average<br />

was of 7,04 and 0,06 of standard deviation. In<br />

the 55 days the average was 7, 14 and 0, 13 of<br />

standard deviation, fi nishing the 90 days with<br />

average of 7,08 and 0, 13 of standard deviation.<br />

There was not significant difference among lhe<br />

acceptance averages in different storage times<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

•<br />

of the carbonated milk whey based drink. The<br />

samples obtained general average between 7 and<br />

8 points during the whole analyzed period, being<br />

among the hedonic terms "Iiked it moderately"<br />

and "Iiked it a Iof'. With the presented results<br />

is possible to assure the high receptivity of the<br />

drink during the ninety days of storage.<br />

Key words: Milk Whey, Carbonated<br />

Beverage, Acceptance.<br />

5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

CHAVES, 1. B. P., SPROESSER, R. L. Práticas<br />

de Laboratório de análise sensorial de<br />

alimentos e bebidas. Viçosa: Universidade<br />

Federal de Viçosa, Imprensa Universitária,<br />

1996. 8Ip.<br />

NELSON, F. E., BROWN, W. Corrosion whey<br />

utilization in fruit juice drinks. Journal of<br />

Dairy Science, v.52, n.6, p.90J, 1969.<br />

SILVA , M. R. Efeito de uma bebida láctea<br />

fermentada e fortificada com ferro no estado<br />

nutricional de ferro em pré-escolares.<br />

Viçosa. MG, 2000. Dissertação de Mestrado,<br />

Ciência e Tecnologia de Alimentos, Universidade<br />

Federal de Viçosa.<br />

TEIXEIRA, S. M. B. Elaboração de bebida<br />

láctea fermentada utilizando soro de ricota.<br />

Lavras. MG, 2002, 63p. Dissertação de Mestrado,<br />

Ciência e tecnologia de alimentos. Universidade<br />

Federal de Lavras.<br />

TORRES, c.c. Bebidas a base de soro de<br />

queijo: caracterização físico-química,<br />

microbiológica e sensorial. Viçosa. MG, 1988,<br />

117. Dissertação de Mestrado, Ciência e Tecnologia<br />

de Alimentos, Universidade Federal de Viçosa.<br />

• •<br />

AVALIAÇÃO DO MÉTODO FLUORIMÉTRICO NA DETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE DE<br />

FOSFATASE ALCALINA RESIDUAL EM LEITE<br />

Assessment of fluorimetric method for the determination of residual alkaline<br />

phosphatase activity in milk<br />

Paula Rosa Schetino de Castra1<br />

Sebastião César Cardoso Brandão2<br />

Mestranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos - Universidade Federal de Viçosa.<br />

2 Professor Titular do Departamento de Tecnologia de Alimentos Universidade Federal de Viçosa<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

RESUMO<br />

Neste estudo o método fluorimétrico foi avaliado quanto a sua sensibilidade na determinação<br />

da atividade de fosfatase alcalina (ALP) em leite. Amostras de leite integral foram tratadas<br />

termicamente a 95°C/ I minuto e, depois de resfriadas, adicionadas de leite cru nas<br />

concentrações de 0%; 0,01 %; 0,025%; 0,05%; O, I %; 0,2%; 0,8%; I % e 2 %. As amostras<br />

foram analisadas em fluorímetro modelo FLM 200 (Advanced Instruments, Inc). Adotando<br />

o limite de 350 mU/L, estabelecido atualmente pelo FDA para leite e produtos lácteos,<br />

verificou-se que esse valor limite corresponde a adição de 0,025% a 0,05% de leite cru ao<br />

leite tratado termicamente, dependendo do período do ano. O método Fluorophos apresenta<br />

elevada sensibilidade e reprodutibilidade, sendo capaz de detectar atividade residual de<br />

fosfatase alcalina tão baixa quanto 10 mU/L.<br />

Palavras-chave: Fosfatase alcalina, Método Fluorimétrico, Leite<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

Diversos métodos para detecção da atividade<br />

residual da fosfatase alcalina em produtos lácteos<br />

já foram desenvolvidos e sofreram modificações<br />

ao longo do tempo visando uma maior<br />

sensibilidade e rapidez (Angelino et ai, 1999). Os<br />

métodos antigos são complexos, necessitam de<br />

maiores períodos de incubação e possuem um nível<br />

de precisão que impossibilita a detecção de<br />

pequenas quantidades de leite cru no leite<br />

pasteurizado. Dentre os métodos rápidos e<br />

sensíveis encontra-se o Flu orimétrico, que é<br />

adotado pela AOAC (AOAC, 2000), ISO (ISO,<br />

1996), Standard Methods (Marshall, 1992) e é<br />

atualmente o único método oficial aprovado pelo<br />

FDA (Food and Drug Administration) para a<br />

quantificação de fo sfatase alcalina (ALP) em<br />

produtos lácteos (PMO, 2003). O método<br />

f1 uorimétrico para quantificação da ALP utiliza<br />

como substrato um monoéster ortofosfórico<br />

aromático, denominado Flu orophos, que sob<br />

hidrólise, catalisada pela ALP, perde um radical<br />

fosfato e torna-se um composto altamente<br />

fl uorescente, denominado Fluoroyellow (Rocco,<br />

1989). A taxa de formação do Fluoroyellow é<br />

monitorada em um fl uorímetro dedicado para<br />

determinação da variação da fluorescência durante<br />

3 minutos. A atividade enzimática é calculada em<br />

miliunidades por litro (mU/L). Este método<br />

apresenta como principais vantagens a rapidez<br />

de execução, confiabilidade dos resultados,<br />

especificidade da atividade da ALP, possibilidade<br />

de quantificação automática e registros impressos.<br />

é aplicável a uma grande variedde de produtos<br />

lácteos, além de possuir baixo<br />

limite de detecção, que pode chegar até<br />

0,006% de leite cru (Cornell, 1998). O principal<br />

objetivo desse estudo foi avaliar a sensibilidade<br />

digitalizado por<br />

do método fl uorimétrico na determinação da<br />

atividade de ALP em leite.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

2.1.Amostras<br />

Amostras de leite cru integral e de leite<br />

padronizado pasteurizado pelo processo HTST<br />

(75°C por 15 segundos) foram coletadas no<br />

Laticínio Escola da Funarbe. A atividade da<br />

fosfatase alcalina no leite cru foi determinada em<br />

24 amostras, destas 17 foram durante a primavera<br />

e 7 no verão. Leite cru nas concentrações de 0%,<br />

0,01 %, 0,025% e 0,05% foram adicionadas a leite<br />

tratado a 95°C por I minuto (atividade ALP zero)<br />

para correlacionar o limite de 350 mU/L,<br />

estabelecido pelo FDA para o método , com a<br />

adição de leite cru ao leite tratado termicamente<br />

(PMO, 2(03). Para a determinação da linearidade<br />

de resposta do método foram utilizadas<br />

concentrações de 0%, 0,05%, O, 1%, 0,2%, 0,8%,<br />

I %, e 2% de leite cru.<br />

2.2. Determinação Fluorimétrica da Fosfatase<br />

Alcalina em Leite<br />

A determinação quantitativa da fosfatase<br />

alcalina nas amostras de leite pasteurizado pelo<br />

método fl uorimétrico foi realizada segundo<br />

metodologia da ISO 11816-1 (ISO, 1996), que é<br />

a mesma do Standard Methods (Marshall, 1992).<br />

A amostra de leite analisada fo i misturada e<br />

retirada uma alíquota de 75 lL para teste. Dois<br />

mililitros da solução do substrato Fl uorophos<br />

(substrate buffer pH 10 e Fluorophos substrate)<br />

foram adicionados em cubetas próprias que foram<br />

e estabilizadas à 38°C por 10 minutos no bloco<br />

arvoredoleite.org<br />

Pág. 133


de aquecimento a seco (heating block). A seguir<br />

uma alíquota de 75 lL da amostra foi retirada,<br />

utilizando pipetador próprio, adicionadas ao<br />

substrato nas cubeta e misturada por inversão,<br />

limpando-se as laterais com lenço descartável.<br />

A cubeta foi introduzida no porta-cubeta do<br />

fI uorímetro (Advanced Instruments, Inc),<br />

previamente calibrado com soluções padrão.<br />

Após o primeiro minuto necessário para que haja<br />

o equilíbrio da temperatura, a taxa de aumento<br />

da fluorescência (F/min) foi medida automaticamente<br />

por 2 minutos pelo aparelho. A atividade<br />

calculada da fosfatase em miliunidades por litro<br />

era exibida no visor do equipamento e impressa<br />

automaticamente. Uma unidade da enzima<br />

Fosfatase Alcalina corresponde à sua quantidade<br />

que catalisa a transformação de I mmol de<br />

substrato Fluoroyellow por minuto por litro de<br />

amostra. Os resultados são expressos em<br />

miliunidades devido aos baixos níveis da enzima<br />

encontrada nos produtos fi nais (Marshal, 1992).<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

A Figura I apresenta os resultados da<br />

atividade da ALP nas 24 amostras de leite cru,<br />

que variaram de 5 16.800 mU/L na primavera<br />

até 1.5 I 9.800 mU/L no verão. Observou-se o<br />

aumento natural da atividade da ALP no verão<br />

em re lação à primavera. Haab & Smith (1956),<br />

utilizando o método de Sanders e Sager modifi<br />

cado, também encontraram variação na<br />

atividade de fosfatase alcalina durante as várias<br />

estações do ano, durante o período completo<br />

de lactação (com uma concentração máxima<br />

cerca de 28 semanas após o parto), entre vacas<br />

400000<br />

200000<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

.<br />

..<br />

. . . .<br />

. .<br />

e de acordo com a produção de leite (inversamente<br />

proporcional). O FDA estabelece que<br />

o leite já pasteurizado deve apresentar uma<br />

atividade de fosfatase alcalina inferior a 350<br />

mU/L (PMO, 2003). Na Figura 2 encontramse<br />

os resultados da atividade de ALP em sete<br />

repetições realizadas em amostras contendo<br />

0,01 %, 0,025% e 0,05% de leite cru, durante o<br />

verão. Nos meses de janeiro e fe vereiro a<br />

concentração de 0,025% foi a que apresentou<br />

uma atividade de ALP próxima ao limite de<br />

350 mU/L, que correspondia a atividade de<br />

1.400.000 mU/L no leite cru. Nos meses de<br />

outubro a novembro foi necessária a concentração<br />

de 0,05% para atingir 350 mU/L,<br />

devido a redução natural da ALP no leite cru<br />

para 700.000 mU/L. Uma excelente correlação<br />

entre a atividade da ALP e o leite cru adicionado<br />

foi encontrada (Y = 13999X + 16 e R" = 0,9998)<br />

sendo o método adequado para atender o limite<br />

legal. A avaliação da sensitividade e linearidade<br />

de resposta de todas as amostras analisadas<br />

encontra-se na Figura 3. Excelentes correlações<br />

(acima de 0,99) foram encontradas para cada<br />

uma das repetições realizadas. Entretanto,<br />

quando se analisa as várias repetições pode-se<br />

observar, de acordo com o Desvio Padrão, que<br />

ocorreram variações nas atividades entre as repetições<br />

devido a variação natural da concentração<br />

da ALP no leite cru. Dessa forma, o<br />

estabelecimento da atividade de 350 mU/L é<br />

melhor do que o uso da concentração fi xa de<br />

leite cru como limite para determinar se o leite<br />

fo i corretamente pasteuri zado. Apesar de o<br />

limite estabelecido pelo FDA ser de 350 mU/L,<br />

sabe-se que, leite corretamente pasteurizado<br />

o 1 2 3 4 5 6 7 B 9 10 1 1 12 13 14 15 16 17 1 B 19 20 21 22 23 24<br />

Repetições<br />

Figura 1 Variação da atividade de fosfatase alcalina em leite cru na primavera e no verão.<br />

134<br />

..<br />

..<br />

800<br />

700<br />

600<br />

c..<br />

..J 500<br />

..:<br />

..J<br />

"<br />

::> 400<br />

"<br />

E<br />

<br />

..:<br />

300<br />

200<br />

100<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

y=13999x + 1 6<br />

R' = 0,9998<br />

0,01 0,02 0,03 0,04 o ,o 5<br />

% leite cru adicionada<br />

Figura 2 - Regressão linear de 7 repetições da atividade de ALP em torno de 350 mU/L pelo método<br />

f1uorimétrico em função da % de leite cru adicionada, analisadas durante o verão.<br />

18000<br />

16000<br />

14000<br />

c..<br />

..J 12000<br />

..:<br />

..<br />

..J<br />

" 10000<br />

::><br />

"<br />

.ê. 8000<br />

«<br />

6000<br />

4000<br />

2000<br />

y = !266X + 109<br />

R = 0,9995<br />

0,2 0,4 0,6 0,8<br />

1,2 1,4 1,6 1.8<br />

% leito cru adicionada<br />

Figura 3 - Regressão linear de 17 repetições da atividade de ALP em amostras com diferentes<br />

concentrações de leite cru pelo método f1uorimétrico, analisadas durante a primavera.<br />

(75°C/ 15 segundos) apresenta valores de ALP<br />

entre 10 a 25 mU/L, segundo os padrões americanos.<br />

Estes valores podem ser bem maiores<br />

chegando a 185 mU/L quando a temperatura<br />

de pasteuri zação empregada for de 72°C<br />

(Painter, 1995).<br />

4 - CONCLUSÃ O<br />

Foi observado que o método f1uorimétrico<br />

para determinar se o leite foi corretamente<br />

pasteurizado, utilizando-se o limite de 350<br />

mU/L, correspondeu a adição de 0,025% a<br />

0,05% de leite cru ao leite tratado termicamente,<br />

no verão e na primavera respec-<br />

digitalizado por<br />

tivamente. A introdução do método Fl uorophos<br />

para quantificar a atividade residual de ALP<br />

após a pasteurização do leite resulta em maior<br />

sensitividade, precisão, facilidade de execução,<br />

rapidez (resultados são obtidos em apenas 3<br />

minutos) e melhorias nos programas de<br />

segurança alimentar em indústrias de laticínios.<br />

Além disso, ele pode ser aplicado a urna<br />

grande variedade de produtos lácteos.Os métodos<br />

colori métricos atuais não são mais adequados<br />

para garantir níveis de segurança alimentar,<br />

considerando os limites máximos internacionais<br />

oficializados para atividade de fosfatase alcalina.<br />

Recomendamos, portanto, a oficialização do<br />

método fIuorimétrico no Brasil.<br />

Pág. 135<br />

arvoredoleite.org


5 - ABSTRACT<br />

In this study the fluorimetric method was<br />

evaluated regarding its sensitivity in the<br />

determination of alkaline phosphatase activity<br />

in milk. Whole milk samples were heated at 95°C<br />

for I minute and after cooled, added of raw milk<br />

in the concentrations of 0%; 0,01 %; 0,025%;<br />

0,05%; O, I %; 0,2%; 0,8%; 1 % and 2 %. The<br />

samples were analyzed in fluorometer mo dei FLM<br />

200(Advanced Instruments, Inc). Adopting the<br />

limit of 350 mU/L, established nowadays by FOA<br />

for milk and milk products, it was verified that<br />

this limit value corresponds to the addition of<br />

0,025% to 0,05% of raw milk to the thermally<br />

treaty milk, depending on the period of the year.<br />

The F1uorophos method has elevated sensitivity<br />

and reproducibility, being able to detect residual<br />

alkaline phosphatase activity so low as 10 mU/L.<br />

Keywords: Alkaline<br />

Fluorimetric Method, Milk.<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Phosphatase,<br />

6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

ROCCO, R. M. Fluorimetric analysis of alkaline<br />

phosphatase in cheese. Journal Oairy Science.<br />

72 Suppl.l, 171. 1989.<br />

MARSHALL, R. T., Standard methods for the<br />

examination of dairy products. American Public<br />

Health Association. NW Washington, OC. 1992.<br />

ISO. Milk and milk products - determination of<br />

alkaline phosphatase activity - fluorimetric<br />

method. Part 2: Method for cheese. ISO/TC 341<br />

SC 5. Nederlands Normalisatie-instituut (NNI),<br />

Netherlands. 1996.<br />

AOAC. Alkaline phosphatase activity in fluid<br />

dairy products, fluorimetric method - AOAC<br />

official method 991 .24. Oficial Methods of<br />

Analysis of AOAC International. William<br />

Howritz (ed.), Chapter 33, pp 37-38.<br />

Gaithersburg, Maryland, USA, 2000.<br />

CORNELL UNIVERSITY - COLLEGE OF<br />

AGRICULTURE ANO LIFE SCIENCES.<br />

Alkaline phosphatase testing for milk<br />

pasteurization. Oairy Science Facts. Oepartment<br />

of Food Science, Stocking Hall, Itaca, NY, 1998.<br />

PAINTER, C. J. Residual alkaline phosphatase<br />

activity in milks subjected to various timel<br />

temperature treatments. 119 f. Thesis (Master<br />

of Science) University of Wisconsin, Madison.<br />

1995.<br />

ANGELINO, P. O.; CHRISTEN, L. C.;<br />

PENFIELO, M. P. ; BEATTIE, S. Residual<br />

alkaline phosphatase activity in pasteurized milk<br />

heated at various temperatures-measurement<br />

with the Fluorophos and Scharer rapid<br />

phosphatase tests. Journal of Food Protection,<br />

v. 62, n. 1, p. 81-85, 1999.<br />

Pasteurized Milk Ordinance- PMO, 200 1<br />

Revision, May 2002.US Food and Orug<br />

Administration.<br />

AVALIAÇÃO DO MÉTODO DE SCHARER MODIFICADO VISUAL E<br />

ESPECTROFOTOMÉTRICO E DO MÉTODO OFICIAL BRASILEIRO NA DETERMINAÇÃO<br />

DA ATIVIDADE DE FOSFATASE ALCALINA RESIDUAL EM LEITE<br />

Assessment of the modified Scharer Methods (visual end spectrophotometric) and the<br />

brazilian official method for residual alkaline phosphatase activity determination in milk<br />

Paula Rosa Schetino de Castro1<br />

Juliana C.Sampaio Rigueira2<br />

Sebastião César Cardoso Brandão3<br />

Mestrandas em Ciência e Tecnologia de Alimentos - Universidade Federal de Viçosa.<br />

2 Professor Titular do Departamento de Tecnologia de Alimentos - Universidade Federal de Viçosa.<br />

Pág. 136<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

RESUMO<br />

No Brasil, o método oficial do Ministério da Agricultura para determinação da atividade<br />

residual da Fosfatase Alcalina (ALP) em leite é uma adaptação do método Scharer Modificado<br />

Visual, sendo o resultado qualitativo e descrito sob a forma de negativo (cinza) ou positivo<br />

(azul). O método Oficial Brasileiro, o método Modificado de Scharer Visual e o<br />

Espectrofotométrico foram comparados quanto a sua sensitividade para determinar os<br />

níveis residuais de fosfatase alcal ina em leite. Amostras de leite integral foram aquecidas<br />

a 95°CI I minuto e, depois de resfriadas, adicionadas de leite cru nas concentrações de 0%;<br />

0,05%; O, I %; 0,2%; 0,8%; I % e 2 %. O método Scharer espectrofotométrico detectou a<br />

presença de O, I % de contaminação de leite cru nas amostras de leite tratadas termicamente,<br />

com base no limite estabelecido internacionalmente para o método Scharer Modificado<br />

que é de IIg fenol/mL, tanto visual como o espectrofotométrico. A determinação visual da<br />

atividade da ALP pelo método Scharer Modificado detectou a presença de 0,8% de leite<br />

cru nas amostras de leite. O método Oficial Brasileiro somente detectou como positivas<br />

amostras contendo de I % a 2% de leite cru adicionado ao leite tratado termicamente.<br />

Ambos os métodos Oficial Brasileiro e o Scharer Modificado Visual apresentam limite<br />

mínimo de detecção muito elevados, tornando-os insatisfatórios para analisar fosfatase<br />

alcalina residual em leite pasteurizado.<br />

Palavras-chave: Fosfatase Alcalina, Método de Scharer, Método Oficial Brasileiro.<br />

1 - INTRODUÇÃ O<br />

A fosfatase alcalina é uma enzima natural do<br />

leite cru e a sua presença é indicativa da eficiência<br />

da pasteurização, pois a resistência térmica da<br />

fo sfatase é ligeiramente maior do que a de<br />

microorganismos patogênicos não formadores de<br />

esporos e inferior ao tratamento térmico da<br />

pasteurização. Logo, o leite e seus produtos que<br />

apresentcm um teste negativo para fosfatase alcalina<br />

são considerados pasteurizados e próprios para o<br />

consumo. Análises laboratoriais para determinar a<br />

atividade residual de ALP são baseadas na exposição<br />

de substratos específicos à enzima com subseqüente<br />

detecção do produto da reação (Roberto et aI.,<br />

2001). O método modificado de Scharer é um teste<br />

clássico para a determinação da atividade da fosfatase<br />

alcalina em produtos lácteos e detecta níveis de<br />

0, I % de leite cru adicionado ao leite pasteurizado.<br />

O método de Scharer utiliza o fenilfosfato dissódico<br />

como substrato que, sob ação enzimática da fosfatase<br />

alcalina, libera fenol. O fenol reage com o 2,6<br />

dicloroquinona cloroimida (CQC) para formar<br />

indofenol, que é extraído com a adição do butano!.<br />

A mensuração visual da concentração de fenol das<br />

amostras é feita por comparação com padrões e<br />

também pode ser feita por espectrofotometria, no<br />

comprimento de onda de 650 nm, para<br />

determinações quantitativas. O limite estabelecido<br />

para o método é de I mg fenol/mL ou g de produto<br />

lácteo. No Brasil, o método oficial do Ministério da<br />

Agricultura para a detecção da atividade da fosfatase<br />

alcalina é uma adaptação do Scharer Modificado<br />

digitalizado por<br />

Visual (Brasil, 2003). O resultado da metodologia<br />

oficial brasileira é qualitativo e descrito sob a forma<br />

de negativo (cinza) ou positivo (azul). O método<br />

Oficial Brasileiro não possui a etapa final de extração<br />

do indofenol por butanol, e comparação da cor<br />

formada com uma curva padrão de fenol, como no<br />

método Scharer Modificado Visual, do qual foi<br />

adaptado. Também, não estabelece um limite<br />

quantitativo comparativo sendo o limite de detecção<br />

para este método, atualmente, considerado<br />

insatisfatório (Soares, 2003). Este trabalho teve<br />

como objetivos determinar o limite de detecção da<br />

atividade residual da Fosfatase Alcalina em leite<br />

pelos Métodos Oficial Brasileiro (Scharer Visual<br />

Adaptado), Scharer Visual e Scharer<br />

Espectrofotométrico.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

2.1. Amos tras<br />

Amostras de leite cru integral e de leite<br />

padronizado pasteurizado pelo processo HTST<br />

(72°C por 15 segundos) foram coletadas no<br />

Laticínio Escola da Funarbe. Leite cru nas<br />

concentrações de 0%, 0,05%, O, I %, 0,2%, 0,8%,<br />

1 %, e 2% foram adicionadas a leite tratado a<br />

95°C por 1 minutos (atividade ALP zero) para<br />

determinação do limite de detecção dos métodos<br />

Oficial Brasileiro, Scharer Visual e Scharer<br />

es pectro foto métri co.<br />

arvoredoleite.org<br />

Pág. 137


2.2 Determinação da Atividade Residual da<br />

Fosfatase Alcalina em Leite<br />

2.2.1. Método Scharer Visual Adaptado (Método<br />

Oficial Brasileiro)<br />

Segundo metodologia de Brasil (2003), foram<br />

transferidos 0,5 mL da amostra para um tubo de<br />

ensaio e adicionado de 5 mL de solução substrato<br />

(fenilfosfato dissódico) 0, 1 % e levado ao banhomaria<br />

a 39°C - 41°C durante 16 minutos. Após<br />

incubação, foram adicionadas 6 gotas de solução<br />

reagente CQC (2,6-dic1oroquinona c1oroimida)<br />

0,3% e 2 gotas do catalisador sulfato de cobre 0,2%.<br />

O tubo foi levado novamente ao banho-maria a<br />

39°C-41°C por 5 minutos. Para o controle negativo<br />

repetiu-se o mesmo procedimento acima descrito,<br />

utilizando-se, em lugar da amostra, 0,5 mL de leite<br />

fervido. O resultado é considerado como positivo<br />

para amostras com coloração azul (presença de<br />

leite cru) e negativo para amostras com coloração<br />

cinza (ausência de leite cru).<br />

2.2.2. Métodos Sc!zarer Modificado Visual e<br />

Espectrofoto /llétrico<br />

As amostras de leite foram preparadas<br />

utilizando o mesmo procedimento descrito acima,<br />

tanto para o método Visual quanto<br />

espectrofotométrico (Marshall, 1992). Após a<br />

incubação os tubos foram removidos do banhomaria.<br />

resfriados em banho de gelo e adicionados<br />

de 3 mL de butanol neutralizado resfriado. para<br />

extração do indofenol produzido. De acordo com<br />

Marshall (1992), devem ser utilizados controles<br />

em todos os procedimentos de determinação da<br />

fosfatase alcalina. Dois controles foram utilizados:<br />

um positivo e um negativo. Para o controle<br />

positivo, foi utilizado leite contendo 0,2% de leite<br />

cru e para o controle negativo amostra de leite<br />

aquecido a 95°C por I minuto. A interpretação do<br />

resultado da análise foi realizada pela comparação<br />

visual com uma curva de calibração para o método<br />

Scharer rápido visual e para o método espectrofotométrico<br />

pela comparação da absorvância,<br />

que será obtida por leitura em espectrofotômetro<br />

no comprimento de onda de 650 nm, com a mesma<br />

curva de calibração adotada para a análise visual. A<br />

curva de calibração foi obtida a partir de soluções<br />

de fenol em água nas concentrações de 0,0; 1,0;<br />

2,0; 5,0 e 10,0 mg de equivalente fenol! 5mL de<br />

solução. Concentrações superiores a I mg de fenol!<br />

mL de leite é considerado indicativo de uma<br />

pasteurização incorreta ou uma contaminação por<br />

leite cru ou por produtos não pasteurizados<br />

(Marshall, 1992). Todas as análises foram realizadas<br />

com 15 repetições.<br />

Pág. 138<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATIcíNIOS<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

3.1. Determinação Quantitativa e Qualitativa<br />

da Atividade de Fosfatase Alcalina<br />

Em função dos resultados das análises pelos<br />

diferentes métodos, foi realizada uma comparação<br />

entre os limites de detecção qualitativo e<br />

quantitativo da presença de atividade residual de<br />

fosfatase alcal ina em leite dos três métodos de<br />

análise. A concentração de fenol na amostra é<br />

calculada pela equação da reta obtida pela<br />

absorvância dos padrões contendo fenol. A média<br />

e o desvio padrão dos resultados referentes à<br />

determinação da atividade de fosfatase alcalina nas<br />

amostras de leite das 15 repetições, expressos em<br />

concentração de fenol!mL leite, são apresentados<br />

no Quadro I. O método de Scharer Espectrofotométrico<br />

foi capaz de detectar O, I % de leite<br />

cru adicionado ao tratado termicamente, o que<br />

equivale a Illg fenol!mL. concordando com o limite<br />

reconhecido por Marshall (1992). No entanto,<br />

algumas amostras apresentaram uma concentração<br />

de fe nol inferior a I mg fenollmL de leite<br />

adicionado de O, I % de leite cru, o que pode ser<br />

observado pelo valor do desvio padrão. Isto pode<br />

ser atribuído a variação do teor de fosfatase alcalina<br />

presente ·no leite cru. De acordo com Haab e Smith<br />

(1956), vários fatores como a temperatura<br />

ambiente e plano nutricional a que as vacas foram<br />

submetidas. estação do ano, bem como o período<br />

de lactação. promovem variações na atividade de<br />

fosfatase alcalina no leite cru. que podem justi ficar<br />

o desvio padrão encontrado.<br />

O método de determinação qualitativo<br />

Scharer Visual envolve a comparação da coloração<br />

da amostra com os padrões contendo<br />

fenol. Neste método, a amostra foi considerada<br />

positiva quando apresentava uma coloração igual<br />

ou mais intensa ao padrão da curva contendo<br />

I mg fe nollmL. De acordo com o Quadro 2<br />

verificamos que a determinação visual da atividade<br />

da ALP pelo método Scharer Modificado detectou<br />

somente a presença de 0,8% de leite cru nas<br />

amostras de 'leite tratadas termicamente. O<br />

método Oficial Brasileiro somente detectou<br />

como positivas amostras contendo de I a 2% de<br />

leite cru adicionado. Considerando-se o limite<br />

de Ilg de fe nol/mL, os resultados demonstram<br />

que o Método Modificado de Scharer Visual é<br />

ineficiente na detecção da atividade da ALP, pois<br />

acusa como positi vas amostras com concentração<br />

de fe nol acima de 10 19 de fe nol por mL<br />

de leite (Quadro I). No caso do método Oficial<br />

Brasileiro somente fo ram determinadas como<br />

positivas amostras contendo acima de 12 19 de<br />

fenol por mL de leite (Quadros I e 2),<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Quadro 1- Média e Desvio Padrão da atividade<br />

de fosfatase alcal ina nas amostras<br />

contendo diferentes porcentagens<br />

de leite cru.<br />

% leite cru<br />

adicionado<br />

0,05<br />

O, I<br />

0,2<br />

0,8<br />

I<br />

2<br />

Atividade de Fosfatase Alcalina*<br />

Média Desvio Padrão<br />

0, 10<br />

1,13<br />

3,30<br />

10,43<br />

11, 72<br />

23,27<br />

0,47 3<br />

0,814<br />

1,718<br />

3,900<br />

2,568<br />

5,670<br />

Quadro 2 Resultado das repetições para o<br />

método de Scharer Visual e o Oficial<br />

Brasileiro.<br />

% leite cru<br />

adicionado<br />

O, I<br />

0,2<br />

0,8<br />

I<br />

2<br />

N° de Resultados Positivos nas<br />

15 Repetições<br />

Scharer Visual Oficial Brasileiro<br />

o<br />

O<br />

I<br />

6<br />

10<br />

Desta fo rma, ambos os métodos Scharer<br />

Modificado Visual e o Oficial Brasileiro<br />

apresentam limite mínimo de detecção muito<br />

acima de 11g de fe nollmL, tornando-os<br />

insatisfatórios para analisar fo sfatase alcalina<br />

residual em leite pasteurizado.<br />

4 - CONCLUSÃ O<br />

Ambos os métodos Oficial Brasileiro e o Scharer<br />

Modificado Visual apresentaram limite mínimo de<br />

detecção muito acima de 11g de fenollmL, tornandoos<br />

insatisfatórios para analisar fosfatase alcalina<br />

residual em leite pasteurizado. O método de Scharer<br />

Espectrofotométrico mostrou-se mais sensível que<br />

os métodos visuais, no entanto, níveis de<br />

contaminação de O, I % de leite cru ou I 19 de fenol<br />

por mL de leite são considerados indicadores elevados,<br />

tendo-se como base novos padrões internacionais.<br />

Dessa forma, recomenda-se que um método mais<br />

sensível para detenninar níveis residuais de fosfatase<br />

alcalina seja oficializado pela legislação brasileira.<br />

5 - ABSTRACT<br />

In Brazil, the official method of the<br />

Agriculture Department for determination of the<br />

O<br />

O<br />

O<br />

I<br />

6<br />

digitalizado por<br />

residual alkaline phosphatase activity in milk is<br />

an adaptation of Visual Modified Scharer<br />

method, being the qualitative result and described<br />

on the form of negative (gray) or positive (blue).<br />

The Brazilian official method, Scharer's Visual<br />

and spectrophotometric method were compared<br />

regarding their sensitivity to determine the<br />

residuaIs leveIs of phosphatase alkaline in milk.<br />

Whole milk samples were heated to 95°C for 1<br />

minute and, after cooled, added of raw milk in<br />

the concentrations of 0%; 0,05%; 0, 1%; 0,2%;<br />

0,8%; 1% and 2%. The spectrophotometric<br />

Scharer method detected the presence of O, 1%<br />

of contamination of raw milk in the samples of<br />

heated milk, based in the international1y<br />

established limit for the Modified Scharer method<br />

that is I mg phenol/mL of milk, even visual or<br />

spectrophotometri c. The visual determination<br />

of the ALP activity by Scharer's Modified<br />

method detected the presence of 0,8% of raw<br />

milk in the milk samples. The Brazilian Official<br />

method only detected as positive samples<br />

contend from 1 % to 2% of raw milk added to<br />

the heated milk. Both methods Brazilian Official<br />

and Visual Modified Scharer have the minimum<br />

limit of detection very high, becoming them<br />

unsatisfactory to analyze residual alkaline<br />

phosphatase in pasteurized milk.<br />

Keywords: Alkaline Phosphatase,<br />

Scharer's Methods, Brazilian Official Method.<br />

6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

BRAS IL. Secretaria de Defesa Agropecuária<br />

Ministério da Agricultura, Pecuária e<br />

Abastecimento. Instrução Normativa n° 22, de 14<br />

de abril de 2003. Métodos Analíticos Oficiais<br />

Físico-Químicos para Controle de Leite e Produtos<br />

Lácteos. DOU 83 maio/2003.<br />

MARSHALL, R. T., Standard methods for the<br />

examination of dairy products. American Public<br />

Health Association. NW Washington, DC. 1992.<br />

/ROBERTO, C. D.; LIMA, R. C.; BRANDÃO,<br />

S.C.C. Sensitividade do método de análise da<br />

fosfatase alcalina e o controle da segurança da<br />

pasteurização do leite. Revista Leite e Derivados,<br />

v. 58, p. 32-41. São Paulo. 200 I.<br />

SOARES, C.F. Avaliação de métodos<br />

colori métricos qualitativos e quantitativos para<br />

a determinação de atividade de fosfatase alcalina<br />

em leite e queijo minas padrão. 2003, 45 p.Tese<br />

(mestrado). Universidade Federal de Minas Gerais,<br />

Belo Horizonte.<br />

HAAB, W. ; SMITH, L.M. Variations in alkaline<br />

phosphatase activity of milk. Journal of Dairy<br />

Science, v. 39, n. 12, p. 1644- 1650, 1956.<br />

Pág. 139<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

ESTUDO DA VIABILIDADE DE DESENVOLVIMENTO DE UM REQUEIJÃO LlGHT, COM<br />

ADiÇÃO DE FIBRA<br />

Study of development viability of a requeijão light, with fiber addition<br />

RESUMO<br />

Maria Patrícia Milagres1<br />

Giselle Cruz Daher1<br />

Solange Aparecida Paula 1<br />

Sabrina Ribeiro dos Santos Duarte2<br />

Mauro Mansur Furtado3<br />

A ingestão inadequada de fibra alimentar na dieta humana está relacionada a muitas doenças.<br />

Portanto, é muito importante manter níveis de fibra razoáveis na dieta para minimizar os<br />

riscos de contrair algumas dessas doenças. O objetivo deste trabalho foi a elaboração de um<br />

produto light, onde usou-se fibra para dar consistência ao produto. O requeijão foi obtido<br />

através de uma massa ácido-lática, emulsionada com outros ingredientes láticos, sob a ação<br />

de sais emulsificantes, fibra, calor e posterior resfriamento. O produto final apresentou<br />

uma textura firme (efeito causado pela adição da fi bra), fina, lisa, com sabor levemente<br />

ácido e de cor branco-creme e homogênea. Após a obtenção do produto, foi realizado um<br />

teste de aceitação, através do uso de uma escala hedônica, no Laboratóri o de Análise<br />

Sensorial do Departamento de Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal de Viçosa.<br />

Os resultados apontaram para uma aceitação muito boa do produto.<br />

Palavras-chave: requeijão, fibras, produtos light<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

A ingestão inadequada de fi bra alimentar<br />

na dieta humana está relacionada a muitas<br />

doenças . Portanto, é muito importante manter<br />

níveis de fibra razoáveis na dieta para minimizar<br />

os riscos de contrair algumas dessas doenças. As<br />

fibras oferecem vários benefícios fisiológicos,<br />

incluindo facilidade na defecação (aumento do<br />

bolo fecal, tempo de trânsito no intestino, etc),<br />

redução de níveis de glicose sangüínea, gordura e<br />

colesterol, produção de ácidos graxos de cadeia<br />

curta, efeitos prebióticos e melhor absorção de<br />

minerais(M ITCHEL,2002). Fi bras alimentares<br />

são partes de plantas ou carboidratos análogos<br />

que são resistentes à digestão e absorção no<br />

intestino delgado humano e que são completa ou<br />

parcialmente fermentadas no intestino grosso,<br />

fornecendo energia principalmente para o<br />

crescimento bacteriano. Alguns exemplos de<br />

fi bras solúveis são pectinas, B-glucana, gomas,<br />

inulina e polidextrose. Exemplos de fi bras<br />

insolúveis incluem a celulose, hemicelulose,<br />

lignina, cutina, suberina, ceras de plantas, quitina<br />

e quitosana (GORDON, 2002; MITCHEL,<br />

2002). A Ingestão Diüria Recomendada varia<br />

entre 25 a 30 gramas por dia.<br />

Porém, a ingestão diária de fi bras entre<br />

adultos americanos é de cerca de 15 gramas por<br />

dia, o que equivale a, aproximadamente, metade<br />

da quantidade recomendada (OHR, 2002). Entre<br />

os japoneses, as dietas também são deficientes<br />

em fibras, sendo de cerca de 10 gramas por dia.<br />

O leite e, portanto, seus derivados, são alguns<br />

dos mais completos alimentos. Com a deficiência<br />

apenas em vitamina C e fe rro, lácteos são<br />

Bacharelado em Ciência e Tecnologia de Laticínios pela Universidade Federal de Viçosa.<br />

2 Estudante de Ciência e Tecnologia de Laticínios pela Universidade Federal de Viçosa.<br />

3 Professor Adjunto IV do Departamento de Tecnologia de Alimentos da UFV.<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

can didatos ideais para a adição de fibras<br />

(ROSEMEYER, 1990). Além do leite longa vida<br />

com adição de fibra inulina recentemente lançado<br />

no mercado (ELEGÊ Alimentos, 2005), alguns<br />

produtos lácteos com fibra têm sido<br />

desenvolvidos, entre o quais destacam-se sorvete,<br />

manteiga, queijo e iogurte. Como exemplo,<br />

pode-se citar o lançamento no mercado do<br />

pri meiro sorvete com fibras do País feito pela<br />

La Basque. O sorvete Iight menta com fibras<br />

contém baixas calorias, é rico em fibras solúveis,<br />

reduz níveis de glicose no sangue, gord ura e<br />

colestero l, e ainda melhora a absorção de<br />

minerais. Outro exemplo consiste no<br />

lançamento de uma manteiga light com apelo de<br />

fibras e redução de 50% do teor de gordura,<br />

desenvolvida com a adição de um estabilizante<br />

lançado pela GerminaI, empresa que atua no<br />

fornecimento de ingredientes (MARCHIORI,<br />

2004). Nos últimos anos, alguns iogurtes com<br />

fibras têm sido lançados no Brasil, como o iogurte<br />

funcional Activia Fibras da Danone, lançado nos<br />

sabores Cereais e Cereais Coco (DANONE,<br />

2005). Um outro exemplo é o iogurte Molico<br />

Frutas e Fibras da Nestlé, encontrado nos sabores<br />

ameixa e pêssego (NESTLÉ, 2005). BRANDÃO<br />

(2002) exemplifica alguns lácteos funcionais<br />

lançados no mercado internacional, entre o quais<br />

está um iogurte para beber com oligossacarídeos<br />

(prebiótico), desenvolvido pela Granarolo<br />

Felsinea, na República Checa. Na Europa,<br />

WOUTERS (1998) desenvolveu um cream<br />

cheese com redução de gordura e adição da fibra<br />

inulina (Raftiline®), que possui função prebiótica<br />

e de mimético, substituindo parte da gordura do<br />

novo produto. O requeijão é um produto<br />

tipicamente brasileiro, que se originou nas<br />

antigas regiões produtoras de creme para<br />

fabricação de manteiga, onde o leite desnatado,<br />

considerado naquela época como subproduto, era<br />

utilizado na fabricação de requeijão. Existe na<br />

forma pastosa e de corte, sendo que a forma<br />

pastosa é a mais comercializada. O produto cremoso<br />

pertence ao grupo de queijos denominados<br />

fundidos, processados ou pasteurizados e é o<br />

produto que melhor representa esta classe no<br />

Brasil. Com o avanço da tecnologia na área de<br />

ingredientes, tornou-se possível a fabricação de<br />

requeijão cremoso com teor reduzido de gordura<br />

e com umidade em torno de 70%, no intuito de<br />

atender aos segmentos de mercado, preocupados<br />

com a boa forma e uma alimentação mais<br />

saudável. Segundo a portaria 41/95 da Secretaria<br />

Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), o termo<br />

"Iight" significa a redução parcial de um<br />

determinado componente, sendo usado para<br />

produtos que apresentem redução calórica de<br />

digitalizado por<br />

25% nos teores de gordura, energia, colesterol<br />

ou açúcar.<br />

A decisão de adicionar fibras ao requeijão é<br />

devido à preocupação de sua baixa ingestão por<br />

parte dos consumidores. Baixa ingestão de fibras<br />

contribui para um nível elevado de lipídeos no<br />

sangue e, conseqüentemente, para uma maior<br />

probabilidade de desenvolver doenças cardiovasculares,<br />

enquanto o consumo diário de fibras<br />

normaliza os níveis de triglicerídeos e colesterol<br />

do sangue. O requeijão foi fabri cado nas<br />

instalações industriais do Laticínios Escola UFV­<br />

FUNARBE. O processo de fabricação consistiu<br />

na fusão da mistura de creme com a massa fresca,<br />

dessorada e lavada.<br />

3 - MATERIA.IS E MÉTODOS<br />

Para a produção da massa fresca, lavada e<br />

dessorada foi utilizada leite desnatado pasteurizado,<br />

procedemos a coagulação utilizando acido<br />

lático, e agitou- se para evitar a filagem, logo<br />

após drenou-se o soro, e foi feita a lavagem com<br />

água industrial ate que o água de lavagem<br />

apresenta-se I a 2°0, então drenou-se toda a<br />

água e procedeu a prensagem da massa. Esta massa<br />

produzida é fu ndida em máquina 'STEPHA N<br />

GEIGER ' juntamente com os ingredientes da<br />

Tabela I:<br />

Tabela 1: Ingredientes utilizados na fabricação<br />

do Requeijão<br />

Produto<br />

Massa Fresca 40% EST<br />

Creme 50% MG<br />

Fibra<br />

Sal fundente<br />

Nisina<br />

Quantidade para 6,50<br />

de Massa Fresca<br />

6,50<br />

2,0<br />

0,40<br />

0,25<br />

Realizou-se teste de aceitação para avaliar<br />

o grau de aceitação do produto junto aos<br />

consumidores. Observou-se o desempenho do<br />

produto em mercados selecionados e avaliou-se<br />

a probabilidade de sucesso em mercados maiores.<br />

Foram aplicados questionários com apresentação<br />

do protótipo do produto para medir o seu<br />

desempenho frente ao mercado consumidor,<br />

avaliar questões sensoriais, atributos de<br />

embalagem e rotulagem do produto final.<br />

4 - RESULTADO E DISCURSÃO<br />

O produto obtido apresentou aparência<br />

agradável, textura firme (devido à adição 3,3%<br />

de fibras) e brilhante, teor de 10 % de gordura,<br />

141<br />

arvoredoleite.org


sabor suave, consistência cremosa, cor amarelo<br />

palha, variando de bem pálido a branco e odor<br />

característico de creme fresco. No teste sensorial<br />

utilizou-se 40 provadores não treinados,<br />

conforme padrão seguido pelo Departamento de<br />

Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal<br />

de Viçosa. Através da análise sensorial comprovouse<br />

a grande aceitação do produto pelos provadores,<br />

como mostra a Figura 1. Verificou-se que 10%<br />

dos entrevistados gostaram extremamente, 70%<br />

gostaram muito e 20% desgostaram ligeiramente<br />

do requeijão light com fibras.<br />

o<br />

Gráfico de aceitação<br />

Aceitação<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

EI Gostaram<br />

extrerrarrente<br />

iil gostaram rruito<br />

CI Gostaram<br />

Iigeirarrente<br />

Figura 1: resultado da análise sensorial<br />

Realizo u-se também uma pesquisa de<br />

mercado com aplicação de questionários,<br />

apresentando o protótipo do produto para medir<br />

o desempenho do requeijão light fonte de fibras<br />

frente ao mercado consumidor. Os resultados<br />

obtidos nos questionários aplicados estão<br />

expressos nas Figuras 2, 3 e 4.<br />

Análise de Mercado<br />

25%<br />

---- --.<br />

75%<br />

Figura 2: Número de pessoas que conhecem<br />

os benefícios do consumo de fibra<br />

alimentar<br />

5-CONCLUSÃ O<br />

Através dos testes realizados foi possível<br />

desenvolver um requeijão com adição de fibras,<br />

com redução de 60% no teor calórico e<br />

manutenção das características organolépticas,<br />

Pág. 142<br />

podendo ser enquadrado, portanto, como<br />

produto light. Apesar da grande aceitação obtida<br />

pelo produto, novos ensaios devem ser feitos a<br />

fim de melhorar a viscosidade e consistência do<br />

produto, visto que a concentração de 3,3% de<br />

fibras deixou o requeijão bastante consistente.<br />

Análise de Mercado<br />

5%<br />

95%<br />

<br />

<br />

Figura 3: Número de pessoas que acham que o<br />

uso de fibra na formulação do<br />

produto pode torná-lo mais saudável<br />

Análise de Mercado<br />

8%<br />

92%<br />

Figura 4: Número de pessoas que consideram<br />

um produto light importante na<br />

alimentação<br />

6 a ABSTRACT<br />

The inadequate ingestion of fibers in the<br />

human diet can be related to many diseases.<br />

Therefore, it is very important to maintain a<br />

diet with reasonable fiber leveIs in order to<br />

minimize risks of acquiring any diseases. The<br />

objective in this work was the elaboration of a<br />

diet product, with the use of fibers to give the<br />

product consistency.<br />

The cream cheese was made with the<br />

mixture of a lactic-acid aggregate, emulsified with<br />

other lactic ingredients, under the action of<br />

emulsifier salts, fiber, heat and posterior cooling.<br />

The final product showed a firm, fine and smooth<br />

texture (effect caused by the addition of fiber),<br />

the flavor was slightly acid and was<br />

homogeneously white-cream colored. After this<br />

final product had been obtained, it was carried<br />

out an acceptation test, through the use of a<br />

ANAIS DO XXII CONGR ESSO NACIONAL DE LATICÍNIOS<br />

hedonic scale, in the Laboratory of Sensorial<br />

Analysis at the Department of Food<br />

Engineering, from the Federal University of<br />

Viçosa. The results indicated a very good<br />

acceptance of the product.<br />

Keywords: cream cheese, fi ber<br />

7 - BIBLIOGRAFIA<br />

FURTADO, M.M. A arte e a ciência do queijo.<br />

2 edição. São Paulo: Globo. 1991.<br />

KOTLER, P. Administração de Marketing:<br />

+ + + +<br />

Análise, Planejamento, Implementação e<br />

Controle. 4" ed. São Paulo: Atlas, 1994<br />

KOTLER, P. & ARMSTRONG, G. Princípios<br />

de Marketing. 7" ed. Rio de Janeiro : LTC,<br />

1999.<br />

MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos.<br />

8" ed. São Paulo Atlas: 200 I, 388 p.<br />

OLIVEIRA, S.E.R., BRANDÃO, S.C.C. Alguns<br />

Parâmetros que Afetam a Fabricação do Requeijão<br />

Cremoso Tradicional. Revista Milkbizz, Ano I­<br />

Número 3 julho/agosto 2002, p.20<br />

http://www.dipemar.co m. b r li e i t e/ 82/<br />

materia_especiaLleite.htm<br />

+ + + +<br />

ELABORAÇÃO DE IOGURTE CONTENDO ISOLADO PROTEíco DE SOJA<br />

Elaboration yogurt with soy protein isolate<br />

RESUMO<br />

Juliana C.Sampaio Rigueira1<br />

Paula Rosa S. de Castro1<br />

José Carlos Gomes2<br />

Atual mente opta-se por alimentos mais saudáveis como cereais integrais, iogurtes e<br />

queijos magro. Dentre estes alimentos, destaca-sc o iogurte por possuir vários efeitos<br />

benéficos sobre a saúde e nutrição humana. O iogurte é rico em proteínas especiais, de<br />

fácil digestão graças à ação das bactérias que o formam. A soja é constituída por grande<br />

quantidade de proteínas e estas são caracterizadas por apresentarem características<br />

funcionais relevantes. O presente trabalho teve como objetivo elaborar um iogurte com<br />

elevado valor nutritivo a partir de leitc integral e isolado protéico de soja, realçando,<br />

perante o mercado consumidor, as vantagens do consumo do iogurte como fonte de<br />

cálcio, fonte protéica animal e vegetal. O iogurte foi desenvolvido no Laboratório de<br />

Análise de Alimentos do Departamento de Tecnologia de Alimentos (UFV). O produto<br />

foi elaborado a partir da mistura de leite padronizado, isolado protéico de soja e açúcar.<br />

A mistura foi submetida a um tratamento térmico de 63°C/30 minutos e em seguida<br />

resfriada para 43°C. Inoculou-se I % da cultura termofílica mantendo-se incubado a 43°C<br />

até atingir-se 0,65% de acidez. Após incubação fez-se o resfriamento lento até 10°C. Em<br />

seguida o produto foi estocado em câmara fria durante 12 horas. Após o tempo de<br />

maturação a massa foi quebrada e adicionada 5,0% de polpa de morango. O envase foi<br />

feito a temperatura de 7°C. Foram realizadas análises físico-químicas, microbiológicas e<br />

teste de aceitação. O iogurte apresentou 3,0% de gordura, 0,7% de acidez titulável e pH<br />

Estudante de Mestrado do Departamento de Tecnologia de Alimentos (DTA ) da Universidade Federal de<br />

Viçosa.<br />

2 Professor titular do Departamento de Tecnologia de Alimentos (DTA) da Universidade Federal de Viçosa<br />

digitalizado por<br />

Pág. 143<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />

de 4,24. Os resultados das análises microbiológicas foram os seguintes: contagem de<br />

bolores e leveduras < 10' UFC/ml, contagem de mesófilós 4,8 x 107 UFC/ml e ausência de<br />

coliformes. A aceitação dos provadores ficou entre os termos hedônicos gostei<br />

moderadamente e gostei muito. A partir dos resultados podemos concluir que o iogurte<br />

contendo isolado protéico de soja tem grande potencial no mercado de produtos lácteos.<br />

Palavras-chave: Iogurte, isolado protéico de soja.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

Nos últimos 20 anos, a fabricação de<br />

iogurte no Brasil cresceu de maneira bastante<br />

considerável e hoje já se verifica um crescimento<br />

notável quando comparado à produção de outros<br />

países. O iogurte é obtido por coagul ação e<br />

diminuição do pH pela fermentação lática,<br />

mediante a ação da cultura de StreptococCllS<br />

therl1lophilllS e Lactobacilllls delbrlleckkii ssp.<br />

blllaricl/s. O leite utilizado deve ser<br />

pasteurizado podendo ser integral ou desnatado,<br />

concentrado e adicionado de outras substâncias<br />

alimentícias (BRASIL, 1997).<br />

É um produto de excelente qualidade<br />

sensorial, bastante divers ificado e de boa<br />

aceitabilidade. Seu consumo está também<br />

relacionado com sua imagem saudável e nutritiva<br />

(KURMAN, 1 986). A soja é constituída por<br />

grande quantidade de proteínas e estas são<br />

caracteri zadas por apresentarem características<br />

funcionais relevantes como diminuição dos níveis<br />

de colesterol e triglicerídeos no sangue, atividade<br />

anticarcinogênica, estimulação da excreção de<br />

ácidos biliares, efeitos hormonais benéficos,<br />

papel preventivo no processo de osteoporose,<br />

entre varlos outros (KNIGHT, 1995 e<br />

MESSINA, 1 994). É de extrema importância a<br />

qualidade da proteína da soja e sua adaptabilidade<br />

às necessidades fisiológicas do ser humano. Dos<br />

20 aminoácidos que o ser humano requer, onze<br />

são produzidos pelo nosso organismo. Os outros<br />

nove devem ser obtidos através de nossa<br />

alimentação diária. A proteína da' soja provê todos<br />

os nove aminoácidos restantes, tornando-se uma<br />

proteína completa. Daí, a soja ser considerada<br />

como o único vegetal que oferece um perfil<br />

protéico completo. Um número cada vez maior<br />

de produtos alimentícios que contém proteína<br />

de soja levam a um aumento imensurável de uma<br />

nova geração de ingredientes à base destas<br />

proteínas para desenvolver produtos de sabor<br />

agradável, facilitando ao público o uso desse<br />

ingrediente como agente hipercolesterolemênico<br />

minimizando o uso da farmacoterap ia<br />

(BAKHIT,1994). Os isolados protéicos de soja<br />

podem ser incorporados em uma diversidade de<br />

alimentos sólidos e bebidas, e estes podem ser<br />

formulados especificamente para que contribuam<br />

para uma ingestão diária de proteína<br />

(WASHBURN,1 995). Esse projeto tem o<br />

objetivo de elaborar um iogurte com elevado<br />

valor nutritivo a partir de leite padronizado e<br />

isolado protéico de soja.<br />

2 - MATERIAIS E MÉTODOS<br />

O presente trabalho foi desenvolvido no<br />

Laboratóri o de Análise de Alimentos do<br />

Departamento de Tecnologia de Alimentos da<br />

Uni versidade Federal de Viçosa (UFV). Foram<br />

realizadas análises físico-químicas, microbiológicas<br />

e teste de aceitação.<br />

2.1. Elaborações do Produto<br />

Para processamento das três repetlçoes<br />

realizadas preparou-se o produto a partir da mistura<br />

de leite padronizado (3,0 litros), isolado protéico<br />

de soja (1,5C}(, ) e açúcar (10%). A mistura foi<br />

submetida a um tratamento térmico de 63°C/30<br />

minutos e em seguida resfriada para 43°e. Inoculouse<br />

1 % da cultura termofílica (Streptococcus<br />

thermophilus e Lactobacilllls delbrueckkii ssp.<br />

BlIlaricl/s) que foi incubada a 43°C até atingir<br />

0,65% de acidez. Após incubação fez-se o<br />

resfriamento lento até 10°e. Em seguida o produto<br />

foi estocado em câmara fria durante 12 horas. Após<br />

o tempo de maturação a massa foi quebrada e<br />

adicionou-se 5,0% de polpa de morango. O envase<br />

foi feito a temperatura de 7°C.<br />

2.2. Realização das análises<br />

As análises físico-químicas realizadas foram<br />

determinação do teor de gordura, acidez e pH. O<br />

teor de gordura foi determinado utilizando o<br />

método de Gerber de acordo com KOSIKOWSKI<br />

(1997). Para determinação de acidez (PEREIRA,<br />

2001) foram titulados 5 gramas de iogurte por<br />

solução de NaOH O, I moI/L, utilizando como<br />

indicador a fenolftaleína. O resultado foi dado<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />

em porcentagem de compostos com caráter<br />

ácido, como ácido lático. Para determinação de<br />

pH foi utilizado o método eletroanalítico<br />

(potenciomêtrtico) (KOSI KOWSKI,1977). Nas<br />

determinações microbiológicas, foram realizadas<br />

contagem pad rão em placas de bolores e<br />

leveduras em ágar dextrose batata acidificada<br />

com 1,0% de ácido tartárico (10%), contagem<br />

de coliformes totais (30°C) e fecais (45°C) pela<br />

técnica do número mais provável e contagem<br />

padrão em placas de mesófilos aeróbios. A<br />

análise sensorial foi realizada com 40 provadores<br />

não-treinados utilizando o teste de aceitação<br />

(Escala Hedônica).<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

A média dos resultados obtidos nas análises<br />

físico-químicas estão apresentados no Quadro I.<br />

O teor de gordura e acidez titulável encontramse<br />

dentro dos padrões estabelecidos pela<br />

legislação de iogurte (Brasil, 1997).<br />

Quadro 1 Média dos resultados das análises<br />

físico-químicas do Iogurte contendo<br />

Isolado protéico de Soja.<br />

Análises<br />

Acidez titulável<br />

Gordura<br />

pH<br />

Média das Repetições<br />

0,7%<br />

3,0%<br />

4,24%<br />

Os resultados das análises microbiológicas<br />

estão apresentados na tabela 2. Os resultados<br />

microbiológicos apresentaram ausência de<br />

coliformes 30°C e 45°C e bolores e leveduras. Os<br />

valores obtidos para todas as análises microbiológicas<br />

encontram-se dentro dos limites<br />

estabelecidos pela legislação vigente (Brasil, 1997).<br />

Quadro 2 - Média dos resultados das análises<br />

microbiológicas do Iogurte contendo<br />

Isolado protéico de Soja.<br />

Análises Média das Repetições<br />

Contagem de bolores < lO' UFC/ml<br />

e leveduras<br />

Contagem de mesófilos 4,8 x 107 UFC/ml<br />

Contagem de coliformes<br />

30° e 45 °C<br />

Ausência<br />

Na análise sensorial o produto obteve boa<br />

aceitação pela escala hedônica, ficando entre os<br />

termos gostei muito e gostei moderadamente.<br />

Leite Padronizado adicionado de isolado<br />

protéico de soja e 10% de açúcar<br />

digitalizado por<br />

Leite Padronizado adicionado de<br />

isolado protéico de soja e<br />

10% de açúcar -<br />

Tratamento térmico 63°C/30min<br />

Resfriamento até 43°C<br />

Incubação com I % de cultura termofílica<br />

(S. thermphillls e L. delbrueckii ssp.<br />

Bl/laricus)<br />

Resfriamento até 0,65% de<br />

acidez titulável<br />

Câmara fria 10°C<br />

por 12 horas<br />

Quebra da massa<br />

Adição da polpa<br />

Envase<br />

Figura 1 - Fluxograma de Fabricação do Iogurte<br />

contendo Isolado Protéico de Soja.<br />

4 - CONCLUSÃ O<br />

Conclui-se que o produto elaborado tem<br />

grande potencial no mercado de produtos lácteos,<br />

pois apresentou adequadas características fisicoquímicas,<br />

microbiológicas e sensoriais. O iogurte<br />

contendo isolado protéico de soja proporciona<br />

um produto rico em nutrientes e uma ótima fonte<br />

nutritiva, podendo ser uma alternativa para a<br />

indústria de produtos lácteos.<br />

Pág. 145<br />

arvoredoleite.org


5 - ABSTRACT<br />

Nowadays it is opted to fo ods more<br />

healthful as integral cereais, yogurt and lean<br />

cheeses. Amongst these foods, the yogurt is<br />

distinguished for having a lot of beneficiai effects<br />

on the health and human nutrition. The yogurt,<br />

that is rich in special proteins, has easy digestion<br />

thanks to the action of the bacteria that form<br />

it. The soy is constituted by great amount of<br />

proteins and these are characterized by<br />

presenting important functional characteristics.<br />

The present work had as objective to elaborate<br />

a yogurt with high nutrition value from integral<br />

milk and soy protein isolare, enhancing in front<br />

of the consuming market, the consumption's<br />

advantages of the yogurt as calcium source,<br />

animal and vegetal protein's source. The yoghurt<br />

was developed in the Foods Analysis Laboratory<br />

of the Department of Food Technology (UFV).<br />

The preparation of the product was made from<br />

the standardized milk mixture, soy protein<br />

isolated and sugar. The mixture was submitted<br />

to a thermal treatment of 63°C/30 minutes and<br />

after tha! cooled fo r 43°C. Culture of<br />

Streptococcus therl110philus and La ctobacillus<br />

delbrueckkii ssp. bu/gariclls was inoculated, until<br />

titrated acidity of 0.65%. After incubation<br />

became the slow cooling until 10°C, being<br />

maintained at this temperature for 12 hours .<br />

After the matllration time the mass was broken<br />

and added 5.0% of strawberry pulp. The prodllct<br />

was slIbmitted to physical, chemical,<br />

microbiological and acceptance tests. The yogurt<br />

presented 3,0% of fat, 0,7% of titradet acidity<br />

and pH of 4,24. The results of the<br />

microbiological analyses had been the fo llowing<br />

ones: count of mould and yeast < I OI UFC/ml,<br />

mesophylls count 4,8 x 107 UFC/ml, absence of<br />

total and fe cal coliforms. The product obtained<br />

a good sensorial acceptance for hedonic scale,<br />

raking between the terms I liked it a lot and I<br />

146<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

• • •<br />

liked it moderately. From the results we can<br />

conclude that the yogurt containing soy protein<br />

isolate has great potential in the market of milky<br />

products.<br />

Key words: Yoghurt, soy protein isolate.<br />

6 - REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS<br />

Brasil, Ministério da Agricultura e Abastecimento.<br />

Regulamento técnico Mercosul de identidade e<br />

qualidade de leites fermentados. Recomendação<br />

n. 31 de 12 de junho de 1997. Diário Oficial da<br />

União n. 125, 3 de julho de 1997, Brasília, 1997.<br />

BAKHIT, R.M., KLEIN, B.P., ESSEX-SORLIE,<br />

D., HAM,J.O., ERDMAN, l.W., POTTER, S.M.,<br />

Intake of 25g of soybean protein with or without<br />

soybean fiber alters plasma lipids in men with<br />

elevated cholesterol concentrations, J Nutr,<br />

1994, p. 213-222.<br />

KNIGHT, D.C., EDEN, l.A , Phytoestrogens -<br />

a short review, Maturitas, 1995, p. 167-175.<br />

KOSI DOWSKI, F. V Cheese and Fermented<br />

Milk .Foods . 2 ed. Edward Brothers, Inc. Ann<br />

Arbor, Michigan, 1997, 77 1 p.<br />

KURMAN,J.A. Yogurt made from ewe's and<br />

goat's milk. International Dairy Federation<br />

Bulletin, n. 202, p. 153 -166, 1986.<br />

MESSINA,M.J., PERSKY, V., SETCHELL,<br />

K.D.R., BARNES, S., Soy intake and cancer<br />

risk: a review of the in vitro and in vivo<br />

data, Nutr Cancer, 1994, p. 113- 131.<br />

PEREIRA, D.B.C., SILVA,P.H.F., OLIVEIRA,<br />

L. L. , Físico-Química do Leite e Derivados<br />

- Métodos Analíticos, 2" edição ,Juiz de Fora<br />

- MG , 2001, p. 185- 193.<br />

WASHBURN, S. A, BURKE, G. L., MORGAN,<br />

T. M., A dietary supplement as post menopausal<br />

hormone replacement therapy, Centro Nacional<br />

de Investigación Toxicológica , food and Drug<br />

Administration, tercera Conferência Internacional<br />

sobre Fitoestrógenos , 1995.<br />

• • • •<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

em porcentagem de compostos com caráter<br />

ácido, como ácido lático. Para determinação de<br />

pH foi utilizado o método eletroanalítico<br />

(potenciomêtrtico) (KOSI KOWSKI,1 977). Nas<br />

determinações microbiológicas, foram realizadas<br />

' contagem padrão em placas de bolores e<br />

leveduras em ágar dextrose batata acidificada<br />

com 1,0% de ácido tartárico (10%), contagem<br />

de coliformes totais (30°C) e fecais (45°C) pela<br />

técnica do número mais provável e contagem<br />

padrão em placas de mesófilos aeróbios. A<br />

análise sensorial foi realizada com 40 provadores<br />

não-treinados utilizando o teste de aceitação<br />

(Escala Hedônica).<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

A média dos resultados obtidos nas análises<br />

físico-químicas estão apresentados no Quadro I.<br />

O teor de gordura e acidez titulável encontramse<br />

dentro dos padrões estabelecidos pela<br />

legislação de iogurte (Brasil, 1997).<br />

Quadro 1 - Média dos resultados das análises<br />

físico-químicas do Iogurte contendo<br />

Isolado protéico de Soja.<br />

Análises Média das Repetições<br />

Acidez titulável<br />

Gordura<br />

pH<br />

0,7%<br />

3,0%<br />

4,24%<br />

Os resultados das análises microbiológicas<br />

estão apresentados na tabela 2. Os resultados<br />

microbiológicos apresentaram ausência de<br />

coliformes 30°C e 45°C e bolores e leveduras. Os<br />

valores obtidos para todas as análises microbiológicas<br />

encontram-se dentro dos limites<br />

estabelecidos pela legislação vigente (Brasil, 1997).<br />

Quadro 2 Média dos resultados das análises<br />

microbiológicas do Iogurte contendo<br />

Isolado protéico de Soja.<br />

Análises Média das Repetições<br />

Contagem de bolores<br />

e leveduras<br />

Contagem de mesófilos<br />

Contagem de coliformes<br />

30° e 45 °C<br />

< 101 UFC/ml<br />

4,8 x 107 UFC/ml<br />

Ausência<br />

Na análise sensorial o produto obteve boa<br />

aceitação pela escala hedônica, ficando entre os<br />

termos gostei muito e gostei moderadamente.<br />

Leite Padronizado adicionado de isolado<br />

protéico de soja e 10% de açúcar<br />

digitalizado por<br />

Leite Padronizado adicionado de<br />

isolado protéico de soja e<br />

10% de açúcar<br />

Tratamento térmico 63°C/30min<br />

Resfriamento até 43°C<br />

Incubação com I % de cultura termofílica<br />

(S. thermphilus e L. delbrueckii ssp.<br />

BlIlgaricus)<br />

Resfriamento até 0,65% de<br />

acidez titulável<br />

Câmara fria 10°C<br />

por 12 horas<br />

Quebra da massa<br />

Adição da polpa<br />

Figura 1 - Fluxograma de Fabricação do Iogurte<br />

contendo Isolado Protéico de Soja.<br />

4 - CONCLUSÃ O<br />

Conclui-se que o produto elaborado tem<br />

grande potencial no mercado de produtos lácteos,<br />

pois apresentou adequadas características fisicoquímicas,<br />

microbiológicas e sensoriais. O iogurte<br />

contendo isolado protéico de soja proporciona<br />

um produto rico em nutrientes e uma ótima fonte<br />

nutritiva, podendo ser uma alternativa para a<br />

indústria de produtos lácteos.<br />

arvoredoleite.org<br />

Pág. 145


5 - ABSTRACT<br />

Nowadays it is opted to foods more<br />

healthful as integral cereais, yogurt and lean<br />

cheeses. Amongst these foods, the yogurt is<br />

distinguished for having a lot of beneficiai effects<br />

on the health and human nutrition. The yogurt,<br />

that is rich in special proteins, has easy digestion<br />

thanks to the action of the bacteria that form<br />

it. The soy is constituted by great amount of<br />

proteins and these are characterized by<br />

presenting important functional characteristics.<br />

The present work had as objective to elaborate<br />

a yogurt with high nutrition value from integral<br />

milk and soy protein isolate, enhancing in front<br />

of the consuming market, the consumption's<br />

advantages of the yogurt as calcium source,<br />

animal and vegetal protein's source. The yoghurt<br />

was developed in the Foods Analysis Laboratory<br />

of the Department of Food Technology (UFV).<br />

The preparation of the product was made from<br />

the standardized milk mixture, soy protein<br />

isolated and sugar. The mixture was submitted<br />

to a thermal treatment of 63°C/30 minutes and<br />

after that cooled fo r 43°C. Culture of<br />

Slreptococcus Iherl1lophilus and Lacfobacillus<br />

delbrueckkii ssp. bulgaricus was inoculated, until<br />

titrated acidity of 0.65%. After incubation<br />

became the slow cooling until 10°C, being<br />

maintained at this temperature for 12 hours.<br />

After the maturation time the mass was broken<br />

and added 5.0% of strawberry pulp. The product<br />

was submitted to physical, chemical,<br />

microbiological and acceptance tests. The yogurt<br />

presented 3,0% of fat, 0,7% of titradet acidity<br />

and pH of 4,24. The results of the<br />

microbiological analyses had been the following<br />

ones: count of mould and yeast < 101 UFC/ml,<br />

mesophylls count 4,8 x 107 UFC/ml, absence of<br />

total and fe cal coliforms. The product obtained<br />

a good sensorial acceptance for hedonic scale,<br />

raking between the terms I liked it a lot and I<br />

Pág. 146<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

• • •<br />

. "<br />

liked it moderately. From the results we can<br />

conclude that the yogurt containing soy protein<br />

isolate has great potential in the market of milky<br />

products.<br />

Key words: Yoghurt, soy protein isolate.<br />

6 - REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS<br />

Brasil, Ministério da Agricultura e Abastecimento.<br />

Reaulamento técnico Mercosul de identidade e<br />

qu:lidade de leites fermentados. Recomendação<br />

n. 31 de 12 de j unho de 1997. Diário Oficial da<br />

União n. 125, 3 de julho de 1997, Brasília, 1997.<br />

BAKHIT, R.M., KLEIN, B.P., ESSEX-SORLIE,<br />

D., HAM,J.O., ERDMAN, J.W., POTTER, S.M.,<br />

Intake of 25g of soybean protein with or without<br />

soybean fiber alters plasma lipids in men with<br />

elevated cholesterol concentrations, J Nutr,<br />

1994, p. 213-222.<br />

KNIGHT, D.C., EDEN, J.A , Phytoestrogens -<br />

a short review, Maturitas, 1995, p. 167- 175.<br />

KOSIDOWSKI, F. V Cheese and Fermented<br />

Milk oods . 2 ed. Edward Brothers , Inc. Ann<br />

Arbor, Michigan, 1997, 771 p.<br />

KURMAN,J.A. Yogurt made from ewe's and<br />

goat's milk. International Dairy Federation<br />

Bulletin, n. 202, p. 153 166, 1986.<br />

MESSINA,M.J., PERSKY, V., SETCHELL,<br />

K.D.R., BARNES, S., Soy intake and cancer<br />

risk: a review of the in vitro and in vivo<br />

data, Nutr Cancer, 1994, p. 113-131.<br />

PEREIRA, D.B.C., SILVA,P.H.F., OLIVEIRA,<br />

L.L., Físico-Química do Leite e Derivados<br />

- Métodos Analíticos, 2" edição ,J uiz de Fora<br />

- MG , 2001, p. 185-193.<br />

WASHBURN, S. A, BURKE, G. L., MORGAN,<br />

T. M., A dietary supplement as post menopausal<br />

hormone replacement therapy, Centro Nacional<br />

de Investigación Toxicológica , food and Drug<br />

Administration, tercera Conferência Internacional<br />

sobre Fitoestrógenos , 1995.<br />

•<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

SÓLIDOS TOTAIS, VISCOSIDADE E TEOR DE PROTEíNAS DE BEBIAS LÁCTEAS<br />

FERMENTADAS, PRODUZIDAS NO ESTADO DO CEARA<br />

Total solids, viscosity and protein in fermented strawberry milk beverage produced in<br />

Ceara · Brazil<br />

RESUMO<br />

Geria Castello Branco CHINELATEl<br />

Francisco José Siqueira TELLES2<br />

Janaína Maria Martins VIEIRN<br />

Suelane Medeiros MOURN<br />

Luiz Alves BITU4<br />

Trinta amostras de bebidas lácteas fermentadas sabor morango produzidas por cinco<br />

indústrias cearenses e disponíveis no mercado de Fortaleza Ceará, foram analisadas na<br />

Unidade de Laticínios do Departamento de Tecnologia de Alimentos/Centro de Ciências<br />

Agrárias da Universidade Federal do Ceará, quanto a presença de amido, teor de extrato<br />

seco total, viscosidade e teor de proteína. Os valores encontrados, variaram para o Estrato<br />

Seco Total de 13,37% a 21,53%; para a Viscosidade de 335,33 cP a 2154,36 cP; e para o<br />

teor de Proteínas Totais de 0,25% a 3,51 % Pôde-se verificar que o teor de sólidos totais<br />

tem ação direta na viscosidade, sendo esta também influenciada pela presença de amido<br />

observado nas análises qualitativas. Foram encontradas discrepâncias entre os valores<br />

analisados e o valor mínimo definido na Legislação vigente e constantes na Rotulagem<br />

Nutricional para algumas marcas. Os resultados sugerem uma maior fiscalização pelos<br />

órgãos competentes quanto ao valor mínimo exigido de teor de proteínas e o valor<br />

nutricional informado.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

A produção de bebidas lácteas fermentadas<br />

tem apresentado um crescimento significativo<br />

na última década e com tendência a ser mantida<br />

nos próximos anos. Entre os fatores que<br />

contribuíram para este crescimento, destaca-se<br />

o surgimento dos fermentos DVS para uso direto<br />

na fabricação, a tecnologia e processos<br />

relativamente simples, o baixo custo de<br />

investimento em maquinário e equipamentos<br />

para a produção em pequena e média escala e o<br />

surgimento de marcas regionais, além de fatores<br />

relacionados coma política econômica dos<br />

últimos anos. No entánto, algumas exigências<br />

deverão ser cumpridas para atender à legislação<br />

vigente e um mercado consumidor cada vez mais<br />

exigente, no qual a melhoria e garantia da<br />

qualidade deverão ser preocupações constantes<br />

de todos os envolvidos no processo de produção<br />

e comercialização deste produto.<br />

Todavia, tem-se observado um grande<br />

número de fabricantes de bebidas lácteas com<br />

dificuldades em obter produtos de boa qualidade,<br />

devido ao surgimento de anomalias relacionadas<br />

principalmente com a viscosidade, textura e<br />

separação visível de fases (sinérese) no produto<br />

final. Com relação aos ingredientes, não há<br />

Técnica do Laboratório de Laticínios, Aluna do Curso de Graduação de Engenharia de Alimentos/UFC Técnica<br />

em Laticínios pelo Instituto de Laticínios Cândido Tostes MG<br />

2 Professor Adjunto IV do Departamento de Tecnologia de Alimentos - CCA/UFC.<br />

3 Aluna do Curso de Graduação de Engenharia de Alimentos/UFC.<br />

4 Técnico do Laboratório de Carnes - UFC/ CCAI DETAL.<br />

Apoio: Universidade Federal do Ceará - UFC<br />

digitalizado por<br />

Pág. 147<br />

arvoredoleite.org<br />

EPAMiG "', t''LCT


--" "rJl'l" --------------------------------<br />

dúvida de que em diferentes circunstâncias e de<br />

acordo com a legislação específica, algumas<br />

substâncias, como os hidrocolóides, podem ser<br />

adicionadas intencionalmente aos alimentos,<br />

com a finalidade de se obter efeitos específicos.<br />

Este trabalho tem como objetivo o estudo<br />

da qualidade físico-química de bebidas lácteas<br />

fermentadas sabor morango produzidas no estado<br />

do Ceará em relação à viscosidade, teor de sólidos<br />

totais e o teor de proteínas.<br />

2· MATERIAL E MÉTODOS<br />

2.1 . Material<br />

As amostras de bebida láctea fermentada<br />

sabor morango foram adquiridas em estabelecimentos<br />

comerciais aleatórios da cidade de<br />

Fortaleza, com 02 amostras de 05 diferentes<br />

lotes. As amostras foram analisadas quanto aos<br />

parâmetros físico-químicos: pesquisa qualitativa<br />

de amido, teor de extrato seco total (EST), teor<br />

de proteína total e viscosidade; na Unidade de<br />

Laticínios do Departamento de Tecnologia de<br />

Alimentos/ Universidade Federal do Ceará.<br />

2.2 . Método de análise<br />

2.2.1 - Pesquisa Qualitativa de Amido<br />

A determinação qualitativa do amido foi<br />

verificada pela presença ou ausência de coloração<br />

azulada após o aquecimento e adição de solução<br />

de iodo/iodeto de potássio (Jugol). Foi realizado<br />

em duplicatas.<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

2.2.2 . Teor de Extrato Seco Total (EST)<br />

A determinação foi fe ita pelo Método<br />

Gravimétrico, aquecendo a amostra em estufa<br />

105°C até obtenção de peso constante. Foi<br />

realizado em triplicatas [02].<br />

2.2.3 - Te or de Proteína Total<br />

A determinação foi realizada pelo Método<br />

de Kjeldahl para nitrogênio (Macro-Kjeldahl),<br />

sendo realizado em triplicatas. [02, 03]<br />

2.2.4 • Viscosidade<br />

Utilizando-se o viscosímetro ViscoTester 6<br />

L/R modelo LCP, usando haste na 2 e velocidade<br />

10 rpm, a 20°C. Foram feitas em triplicatas.<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÕES<br />

Os valores médios encontrados na composição<br />

físico-química das bebidas lácteas fermentadas sabor<br />

morango encontram-se na Tabela I.<br />

Os valores de Extrato Seco Total (EST)<br />

vari aram de 13,37 a 21,53%, conforme demonstrado<br />

na Tabela 2 e os valores de Viscosidade<br />

encontrados variaram de 335,33 a 2154,36 cP,<br />

conforme Tabela 4. Pode-se verificar uma tendência<br />

direta nas amostras analisadas entre o teor de sólidos<br />

totais e a viscosidade, sendo esta também<br />

influenciada pela presença de amido observado nas<br />

análises qualitativas. Tendência semelhante foi<br />

descrita por WOLFSCHOON-POMBO et aI. [05],<br />

Ta bela 1. Valores médios obtidos na composição físico-química das bebidas lácteas sabor morango.<br />

EST( %) 13,89 19,26 17,85 16,77 18,60 15,77<br />

Proteína(%) 1,52 2,02 1,18 1,15 1,22 1,09<br />

Viscosidade(cP) 589,63 2043,62 887,36 820,47 966,73 595,00<br />

Amido positivo positivo positivo positivo positivo positivo<br />

Tabela 2. Valores obtidos nas análises de Teor de Extrato Seco Total (%). Média das triplicatas.<br />

1° lote 14,40 18,02 17,85 16,12 18,77 15,77<br />

2° lote 13,44 19,51 18,02 16,08 18,86 16,80<br />

3° lote 13,37 18,66 16,89 18,02 15,57 14,87<br />

4° lote 13,50 21,53 17,59 16,08 19,81 17,30<br />

5° lote 14,73 18,60 19,41 17,57 20,00 14,50<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

que verificaram que o aumento de sólidos totais<br />

ocasionou aumento proporcional na viscosidade de<br />

iogurtes. O amido participa do Extrato Seco Total e<br />

estes, tanto EST como amido, influenciam nos<br />

valores da viscosidade das bebidas lácteas. [OI]<br />

As determinações de Proteína Total<br />

variaram de 0,25 a 3,5 I %, conforme demonstrado<br />

na Tabela 3. De acordo com a Instrução Normativa<br />

361200, o teor de proteínas totais de bebidas lácteas<br />

fermentadas deve ser de, no mínimo, 1,2%.<br />

4 - CONCLUSÃ O<br />

Pode-se observar que o teor de EST, em<br />

nenhum dos fabricantes analisados, apresentou<br />

uma padronização nos diferentes lotes, variando<br />

de 13,89 a 2 I ,53%.<br />

Em relação ao teor de proteínas totais,<br />

50% dos fabricantes, não atingiram o valor<br />

mínimo exigido pela Legislação vigente [04].<br />

Tem-se observado uma tendência crescente<br />

para o uso de hidrocolóides cuja função principal<br />

é proporcionar uma maior retenção de água no<br />

sistema, aumentando a viscosidade e melhorando<br />

o corpo e a textura, uma vez que atuam também<br />

como espessantes. O amido foi encontrado em<br />

todas as amostras analisadas.<br />

ABSTRACT<br />

Thirty samples of fermented strawberry<br />

milk beverage produced in Ceara Brazil were<br />

analyzed in terms of starch, Non-Fat-Extract,<br />

viscosity and total Protein. The results found<br />

for NFE vary from 13.37 to 2 1.53%; viscosity :<br />

335.33cP to 2154.36cP, and protein: 0.25 to<br />

3.5 1%. The result found for TS presented a cIear<br />

evidence on the viscosity of the samples,<br />

probably due to starch presence in the samples.<br />

Also the values found are not according to the<br />

Federal Regulamentation for this type of beverage.<br />

5 • REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

[O I] ALMEIDA, K.E., et ai. Características<br />

físicas e químicas de bebidas lácteas fermentadas<br />

e preparadas com soro de queijo Minas Fresca\.<br />

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Cândido Tostes, v. 227, n. 37, p 19-24, 1983.<br />

Tabela 3. Valores obtidos nas análises do Teor de Proteínas Totais (%). Média das triplicatas.<br />

Lotes Fabricantes<br />

A B C D<br />

10 lote 1,23 1,43 1,18 1,16 1,59 1,09<br />

2° lote 1,04 I, I ° 1,24 0,92 1,27 1,07<br />

3° lote 0,9 1 1,1 1 1,05 0,78 1,11 1,03<br />

4° lote 1,62 3,5 1 1,23 0,25 1,03 1,18<br />

5° lote 2,80 2,97 1,22 2,66 1,11 1,06<br />

Tabela 4.Valores obtidos nas leituras de Viscosidade (cP). Média das triplicatas.<br />

583,67 2095,30 949,30 912,00 350,00 428,00<br />

2° lote 607, 14 2001,05 1046,00 831,33 1050,70 335,33<br />

3° lote 592,34 1983,17 982,30 748,00 1522,60 818,33<br />

4° lote 559,71 1984,21 1041,60 1076,50 922,00 620,33<br />

5° lote 605,28 2154,36 417,60 534,50 988,33 773,00<br />

• • • • • • • •<br />

digitalizado por<br />

Pág. 149<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

IDENTIFICAÇÃO DE LlSTERIA MONOCYTOGENES PELA REAÇÃO EM CADEIA DA<br />

POLlMERASE<br />

Identification of Listeria monocytogenes by polymerase chain reaction<br />

RESUMO<br />

Carla Lange1<br />

Nadia David Peres2<br />

Edna Froeder Arcuri1<br />

Maria Aparecida V. P. Brito 1<br />

José Renaldi F. Brito 1<br />

Paula de Matos Garcia2<br />

Mônica Maria de Oliveira Pinho Cerqueira3<br />

o presente trabalho teve por objetivo avaliar a especificidade e a eficiência de amplificação<br />

de três pares de oligonucleotídeos na identificação de Listeria 111011 o c)'togell es. A reação<br />

empregou dois pares de oligonucleotídeos que amplificam o gene da listeriolisina O<br />

(oligonucleotídeos LM l/LM2 e LMA/LMB) e um par de oligonucleotídeos que amplifica o<br />

gene que codifica uma proteína associada à invasão da célula hospedeira (invasioll associated<br />

protein. oligonucleotídeos IAP I/IAP2). Foram utilizadas amostras de L. Il/O}lOcytogenes<br />

(n=3 1), L. i1l0CClll/ (2) e L. iva/lovii (l) isoladas do ambiente de laticínio, de queijo e de<br />

produtos cárneos. Amostras-padrão de L. mO/loc)'togenes (4), L. ill!10Clla (I), L. ivallovii<br />

(I), L. seeligeri (I) e L. welshil/leri (I) e outras bactérias (Escherichill co/i, Shigella<br />

sOllllei, Klebsiella plleu11loll iae, Sall1umella Typhimurium, StaplIylococcus aureus.<br />

StaplIylococcus sp. coagulase-negativo. StreptococCllS agalllctiae e Streptococcus uberis)<br />

também foram incluídas. Concluiu-se que os três pares de oligonucleotídeos apresentaram<br />

um boa eficiência de amplificação, pois detectaram todas as amostras de L. 11Iollocytogelles;<br />

os oligonucleotídeos LM I/LM2 foram também específicos, pois só amplificaram amostras<br />

de L. I//ollocy/ogelle.l'. enquanto os oligonucleotídeos LMA/LMB e lAPIIIAP2 amplificaram<br />

também uma amostra de L. i}/}/ocua. Os oligonuclcotídeos avaliados neste estudo serão<br />

empregados em estudos futuros de detecção de L. 11Iollocy/ogelle.l' diretamente no leite.<br />

Palavras-chave: Listeria I/lOllocytogenes; detecção por PCR; especificidade de primers.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

Listeria I/lO!1ocytogelles é uma bactéria<br />

Gram-positiva capaz de causar doenças sérias no<br />

homem e nos animais. A ampla distribuição e a<br />

habilidade de sobreviver e multiplicar-se em<br />

ambientes desfavoráveis tornam o patógeno um<br />

grande problema para a indústria de alimentos e<br />

de saúde pública (Bille et aI., 2003). Os métodos<br />

clássicos usados para detectar e identificar L.<br />

11l01locytoge1les em alimentos são demorados e<br />

trabalhosos. Utilizam diferentes meios de cultura<br />

em diferentes etapas, que incluem enriquecimento<br />

seletivo, isolamento em meio sólido<br />

seletivo e identificação bioquímica. A reação em<br />

cadeia da polimcrase (PCR) tem sido empregada<br />

com sucesso como um método alternativo para<br />

a detecção de L. }J/ollocytogenes em alimentos<br />

(Border et aI., 1990; Furrer et aI., 1991;<br />

Niederhauser et aI., 1993), apresentando como<br />

Pesquisador, Embrapa Gado de Leite.<br />

2 Mestranda, Departamento de Tecnologia e Inspeção de Produtos de Origem Animal, Escola de Veterinária da UFMG.<br />

3 Professora, Departamento de Tecnologia e Inspeção de Produtos de Origem Animal, Escola de Veterinária da UFMG.<br />

Órgão financiador: Embrapa/Prodetab 047-02/99<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

vantagem a diminuição do tempo de<br />

identificação da bactéria. O objetivo deste<br />

trabalho foi avaliar a especificidade e a<br />

eficiência de amplificação de três pares de<br />

oligonucleotídeos descritos na literatura para a<br />

identificação de L. mO/locytogenes pela reação<br />

de PCR.<br />

2 - MATERIAL E M É TODOS<br />

Para a realização deste estudo, inicialmente<br />

foi feita a caracterização bioquímica das amostras<br />

de Listeria spp. Em seguida as amostras foram<br />

submetidas à técnica de PCR para amplificação<br />

de fragmentos específicos de DNA e determinação<br />

da especificidade dos oligonucleotídeos.<br />

2.1 Estirpes bacterianas<br />

As amostras de Listeria spp. usadas neste<br />

estudo estão listadas na Tabela 2, juntamente com<br />

suas características bioquímicas e amplificação por<br />

PCR. Para avaliar a especificidade dos oligonucleotídeos<br />

foram empregadas as seguintes<br />

bactérias: Escherichia coli (ATCC 11229 e<br />

117 75), Shigella sOflJlei (CIP 6310), Klebsiella<br />

p1le1l11loniae (ATCC 13883), Sall1lonella<br />

Ty phimurium (lAL 1472), StaphylococcllS<br />

aurellS, Stap/zylococclls sp. coagulase-negativo,<br />

Streptococcus agalactiae e StreptococCllS uberis,<br />

as quatro últimas originárias de leite. As amostras<br />

provenientes do Estado de Minas Gerais foram<br />

gentilmente cedidas pela Prof. Cristina Vanetti<br />

(Laboratório de Microbiologia de Alimentos da<br />

Universidade Federal de Viçosa) e as provenientes<br />

do Estado do Rio Grande do Sul foram cedidas<br />

pelo Prof. Wladimir Padilha da Silva (Laboratório<br />

de Tecnologia de Alimentos da Universidade<br />

Federal de Pelotas).<br />

1.2 Testes bioquímicos de identificação de<br />

Listeria spp.<br />

As amostras de Listeria spp. foram<br />

submetidas aos seguintes testes, realizados de<br />

acordo com Hendrickson (1985) e Barrow e<br />

Feltham (1995): coloração de Gram, produção<br />

de catalase, oxidase e de hemólise beta em ágar<br />

contendo 5% de sangue desfibrinado de carneiro,<br />

hidrólise da esculina, teste do Vermelho de Metila<br />

e de Voges Proskauer (VM/VP), motilidade no<br />

meio de SIM, teste de CAMP com S. allrellS e<br />

RhodocoCCllS equi, produção de ácido a partir<br />

de glicose, manitol, ramnose, xilose e ribose,<br />

hidrólise do hipurato de sódio e redução do<br />

nitrato. A identificação foi realizada de acordo<br />

com Bille et aI. (2003) e Quinn et aI. (1999).<br />

digitalizado por<br />

2.3 Amplificação por PCR<br />

2.3. 1 Extração de DNA<br />

Uma colônia isolada de cada bactéria foi<br />

inoculada em 3 ml de caldo BHI. A extração de<br />

DNA foi realizada utilizando-se duas diferentes<br />

técnicas: extração por fenol e clorofórmio (Jersek<br />

et aI., 1996), e por meio de lise térmica (Nunes et<br />

aI., 1999). O DNA foi quantificado em<br />

espectrofotômetro (GeneQuantpro, Amersham<br />

Biosciences) e as quantidades aj ustadas para a<br />

reação de PCR.<br />

2.3.2 Reação de peR<br />

A reação de PCR foi realizada em termociclador<br />

(GeneAmp PCR System 9600,<br />

Applied Biosystems). Adicionou-se I ml de DNA<br />

bacteriano (100 ng/ml) a uma mistura contendo<br />

I ml de cada oligonucleotídeo (10 mM), 5 ml de<br />

tampão de PCR 10 X, 1,5 ml de MgCl, (50mM),<br />

I ml da mistura de nucleotídeos (10 mM), I U de<br />

Taq polimerase e água bidestilada para completar<br />

um volume de 50 ml. As condições de amplificação<br />

foram: 5 mino a 94 DC, 35 ciclos de 30<br />

sego a 94 DC, 45 sego à temperatura de anelamento<br />

dos oligonucleotídeos (50 DC para LM li<br />

LM2 e 55 DC para LMA/LMB e IAPIIlAP2) e<br />

45 sego a 72 °C, e uma extensão final de 5 mino<br />

a 72 °C, como descrito por Aznar e Alarcón<br />

(2003). Os fragmentos de DNA amplificados<br />

foram visualizados em gel de agarose (1,5%, pl<br />

v) corado com solução de brometo de etídio<br />

(0,005%, p/v) e fo tografados em fotodocumentador<br />

(Eagle Eye lI, Stratagene). Os<br />

oligonucleotídeos utilizados neste trabalho estão<br />

descritos na Tabela I.<br />

1 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

As amostras de Listeria spp. apresentaramse<br />

como cocobacilos Gram-positivos, móveis e<br />

com crescimento característico (formato de<br />

guarda-chuva) no meio de S IM, resultado<br />

positivo nos testes de produção de catalase e<br />

hidrólise da esculina e negativo para a produção<br />

de oxidase, formaram ácido a partir da D-glicose,<br />

mas não a partir do manitol, nem reduziram o<br />

nitrato. As demais características podem ser<br />

visualizadas na Tabela 2.<br />

Todas as amostras de L. 11l0llocytogenes<br />

apresentaram produtos de amplificação com os<br />

três oligonucleotídeos testados: 702 pb (LM li<br />

LM2), 234 pb (LMA/LMB) e 131 pb (lAPI/<br />

IAP2). Uma amostra de L. i1lflOCUa apresentou<br />

produtos de amplificação com os oligo-<br />

Pág. 151<br />

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ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Tabela 1. Oligonucleotídeos usados na reação de PCR para a identificação de L. llloJ/.ocytogeJ/.es.<br />

Oligonucleotídeos<br />

Gene-alvo<br />

LMA: CGGAGGTTCCGCAAAAGATG hlyA<br />

LMB: CCTCCAGAGTGATCGATGTT<br />

IAP I: ACAAGCTGCACCTGTTGCAG iap<br />

IAP2: TGACAGCGTGTGTAGTAGCA<br />

LM I: CCTAAGACGCCAATCGAA Iz ly A<br />

LM2: AAGCGCTTGCAACTGCTC<br />

Produto<br />

codificado<br />

Listeriolisina O<br />

lnvasiol! lIssociated<br />

proteill<br />

Listeriolisina O<br />

Produto<br />

amplificado<br />

234 pb<br />

131 pb<br />

702 pb<br />

Referência<br />

Furrer et aI.<br />

(199 1 )<br />

Niederhauser et aI.<br />

( 1993)<br />

Border et aI.<br />

( 1 990)<br />

Tabela 2. Caracterização bioquímica e amplificação por PCR de amostras de Listera s p. isoladas<br />

do ambiente, de queijo e de produtos cárneos, e de amostras-padrão de Llstena spp.<br />

N" pfllceúência HEM S. R. HIP RAM XYL RIB VM VP PCR - PCR · PCR - Iúenlificação<br />

anloSlras<br />

tI//re//s eq//i LMA IAP LM I<br />

13 amoicnlc/MG + + + + + + + + + + L. II/ollocylogelles<br />

amoicnlc/MG + + +/- + + + + + + + L. II/ollocylogenes<br />

amoicnlc/MG + + + + + + + + + L. l1Jonocylogt!I1t!.\'<br />

frango/MG + + + + + + + + + + L. II/onocylogenes<br />

11 qUCijll/RS + + + + + + + + + + L. lI/onocylOgenes<br />

qucijo/RS + + + + + + + + + L. l/lonocylOgene.\'<br />

qucijo/RS + + +/- + + + + + + + L. I/lollocylogene,\'<br />

qucijo/RS + + + + L. illIlOC//lI<br />

lingüiça/RS + + + + + + L. illl/oc//tI<br />

lingüiç.tlRS + + + + + + L. iVlIllol'ii<br />

ATICC 19111 + + + + + + + L. 1l10l1ocylogt'I1t!S<br />

ATICC 1')117 + + + + + L. lIltJllocytogt'IJt.',\"<br />

ATICC 7t\44 + + + + + + + L. 1II01J{}(',\'(ogt'Il t.'.\'<br />

SCOTI A + + + + + + + L. !1Iol1(Jcylogellt'.\'<br />

IAL 1984 + L. ;1l110C1I1I<br />

IAL 1983 + + + + +/-<br />

L. iW/fUH'ii<br />

IAL 1985 + + + + L. sl'digai<br />

IAL 1986 + + + + L. \1'''',l'hill/ai<br />

Abreviaturas: HEM - hemólise; S. allrells - CAMP com S. llllrellS; R, elJlIi - CAMP com R, elJlIi; HIP - hidrólise do<br />

hipurato; RAM - ramnose; XYL - xilose; RIB ribose; VM vermelho de metila; VP - Voges-Proskauer.<br />

nucleotídeos LMA/LMB e IAPIIIAP2 (Tabela<br />

2), As demais espécies de Listeria e os outros<br />

gêneros bacterianos não apresentaram produto<br />

de amplificação eom os oligonucleotídeos<br />

testados. Desta forma, concluiu-se que os três<br />

pares de oligonucleotídeos apresentaram uma<br />

boa eficiência de amplificação, pois detectaram<br />

todas as amostras de L. mOll ocytogenes. Os<br />

oligonucleotídeos LM l/LM2 foram também<br />

específicos, pois só amplificaram amostras de<br />

L. lIloJ/.ocytogenes.<br />

Como apresentam temperaturas de anelamento<br />

idênticas, os oligonucleotídeos LMA/LMB<br />

e lAP IIIAP2 foram usados com sucesso na mesma<br />

reação (lIlultiplex PCR), o mesmo não ocorrendo<br />

com os oligonucleotídeos LM l/LM2, que<br />

apresentam temperatura de anelamento inferior,<br />

como já descrito por Aznar e Alarcón (2002).<br />

Desta forma, são necessárias duas reações<br />

diferentes para obter os resultados com os três<br />

Pág. 152<br />

oligonucleotídeos. Apesar de serem específicos<br />

para L. 1II0/lOcytogelles, a reação com os<br />

oligonucleotídeos LM l/LM2 pode dar origem a<br />

bandas inespecíficas, que entretanto apresentam<br />

peso molecular diferente de 702 pb, fato também<br />

reportado por Aznar e Alarcón (2002).<br />

Foram testados dois diferentes protocolos<br />

de extração de DNA de Listeria spp., a extração<br />

por fenol e clorofórmio e a extração por lise<br />

térmica. A extração por fenol e clorofórmio<br />

resultou em DNA superior em quantidade e<br />

qualidade, revelado pela leitura em cspectrofotômetro,<br />

quando comparado com o DNA<br />

extraído por lise térmica. Entretanto, não houve<br />

diferença na qualidade do produto de amplificação,<br />

pois em ambos os casos houve a amplificação das<br />

bandas específicas. O protocolo de extração por<br />

lise térmica é mais rápido e utiliza lima quantidade<br />

mínima de material, sendo a técnica de escolha<br />

particularmente quando não existe a necessidade<br />

de guardar o DNA bacteriano para futuros<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

experimentos. Neste último caso, deve-se optar<br />

pelo protocolo tradicional de extração por fenol e<br />

clorofórmio.<br />

2 - CONCLUSÃ O<br />

A identificação de L. /1l0!locytogelles foi<br />

realizada em poucas horas por meio da reação de<br />

PCR, a partir de cultura pura, substituindo a<br />

caracterização bioquímica, que é mais demorada<br />

e trabalhosa. No presente estudo, os oligonucleotídeos<br />

LM l/LM2 foram específicos para<br />

L. 1ll0/locytogenes; os oligonucleotídeos LMA/<br />

LMB e IAP IIIAP2 não foram específicos, pois<br />

também amplificaram a espécie L. in/locua. Os<br />

oligonucleotídeos avaliados neste estudo serão<br />

empregados em estudos futuros de detecção de<br />

L. l1lollocytogenes no leite.<br />

SUMMARY<br />

The aim of this study was to investigate the<br />

efficience of amplification and specificity of three<br />

pairs of primers, specific for PCR detection of<br />

Listeria 11l0llocytogenes, targeted to two different<br />

genes, hlyA - listeriolysin O (primers LM I/LM2 e<br />

LMA/LMB) and iap - invasion-associated protein<br />

(primers IAP IIIAP2). A total of 34 strains of<br />

Listeria spp. isolated from cheese, meat products<br />

and from a dairy industry environment were<br />

analysed, including 31 L. 1Il0llocytogelles, 2 L.<br />

il/occlIa and 1 L. ival/ovii. Reference strains of L.<br />

mOfl ocytogenes (4), L. innoclIa (I), L. ivanovii<br />

(1), L. .I'eeligeri (I), L. lVelshillleri (I) and other<br />

bacteria (Escherichia coli, Shigella sOl/flei,<br />

Klebsie//a pneulIlolliae, Sall1lollella Typhimurium,<br />

Staphylococcl/.I' aureus, coagulase-negative<br />

Staphylococcu.l' sp., Streptococcus agalactiae and<br />

StreptocoCCll.l' Ilberis) were ais o included. A<br />

amplified fragment of 702 pb corresponding to<br />

primers LM I/LM2 was obtained in ali L.<br />

1/l01locytogelles strains. Fragments of 234 pb and<br />

131 pb, corresponding to primers LMA/LMB and<br />

IAP IIIAP2, respectively, were obtained in ali L.<br />

1ll01locytogenes strains but ais o in one strain<br />

belonging to the species L. inoccua. None of the<br />

other species and genera showed specific<br />

amplification fragments. The results showed that<br />

only the LM l/LM2 primer combination was<br />

specific for L. !llOllocytogenes. The primers<br />

evaluated in this study will be used for the detection<br />

of L. l1lollocytogefles in milk and milk products.<br />

Key-words: Listeria /1l011ocytogelles; PCR<br />

detection; primer specificity.<br />

• • • •<br />

digitalizado por<br />

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multiplex PCR. Diagn. Microbiol. Infect. Dis.,<br />

v. 34, p. 77-81, 1999.<br />

QUINN, P. J.; CARTER, M. E.; MARKEY, B.<br />

CARTER, G. R. Clinicai Veterinary<br />

Microbiology. London: Mosby, 1999. 648 p.<br />

• • • •<br />

arvoredoleite.org<br />

Pág. 153


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

MÉTODO DE REAÇÃO EM CADEIA DA POLlMERASE PARA ESCHERICHIA COLl 0157:H7<br />

PCR method for Escherichia coli 0157:H7<br />

RESUMO<br />

Paula de Matos Garcia1*<br />

Edna Froeder Arcuri2<br />

Maria Aparecida V. P. Brito2<br />

Carla Christine Lange2<br />

José Renaldi Feitosa Brito2<br />

Nadia David Peres1**<br />

Mônica M. O. Pinho Cerqueira3<br />

o objetivo deste trabalho foi estabelecer um protocolo de uma reação de Illultiplex PCR,<br />

utilizando oligonucleotídeos iniciadores descritos na literatura para detecção de E. coli<br />

0157:H7. Foram padronizados l1lultiplex PCR (I) para os genes J:lbE e fliC, envolvidos na<br />

biossíntese dos antígenos somático O 157 e flagelar H7, respectivamente, e (2) para os<br />

genes slt , e slt ] , que codificam toxinas semelhantes àquelas produzidas por Shigella<br />

dysenterille e que estão presentes no grupo de E. coli denominado STEC (Shigll-loxin E.<br />

coli). Após a padronização da técnica, a especificidade foi avaliada testando-se 18 estirpes<br />

de E. coli isoladas de leite de vacas com mastite, E. coli ATCC 11775, E. coli ATCC 25922,<br />

E. coli 0157 K88ac H I i A2, e outras cinco estirpes de E. coli enteropatogênicas, além de<br />

amostras pertencentes a outros gêneros bacterianos. Dentre as amostras analisadas, apenas<br />

E. coli 0157:H7 apresentaram os fragmentos de DNA específicos para ambos os genes,<br />

J:lhE e fliC, indicando total especificidade da técnica para detecção de E. coli 0157 :H7. A<br />

presença conjunta dos genes Sll , e sll ] foi verificada em uma estirpe de E. coli 0157:H7,<br />

enquanto as outras quatro E. coli 0157: H7 apresentaram produtos de amplificação apenas<br />

para o gene s11 2 '<br />

1. INTRODUÇÃ O<br />

E. co li 0157:H7 é um sorotipo de<br />

Escherichia coli pertencente ao grupo EHEC<br />

(Escherichill coli entero-hemorrágicas). Este<br />

grupo inclui estirpes que produzem fatores<br />

citotóxicos descritos como verotoxinas (VTs)<br />

ou Shiga-like toxinas (SLTs) (Doyle et aI., 1997)<br />

e são mais comumente associados com episódios<br />

de doenças em humanos.<br />

Desde sua identificação em 1982, E. coli<br />

0157:H7 tem sido isolada em numerosos surtos<br />

envolvendo colite hemorrágica e síndrome hemolítica<br />

urêmica (Kuntz e Kuntz, 1999). É uma<br />

importante causa de doença de origem alimentar<br />

sendo associada especialmente a alimentos de<br />

origem animal, como carnes, leites e produtos<br />

derivados (Mechie et aI., 1997).<br />

Um estudo fe ito por Massa et aI. (1997)<br />

mostrou que a E. coli O l57:H7 pode sobreviver<br />

durante a fermentação e estocagem de iogurtes,<br />

demonstrando que ela é significativamente mais<br />

tolerante à acidez que outras E. co/i.<br />

A técnica da Reação em Cadeia da<br />

Polimerase (PCR) é um grande avanço no<br />

diagnóstico molecular de micn;rganismos, apre-<br />

Alunas de mestrado do Departamento de Tecnologia e Inspeção de Produtos de Origem Animal, Escola de<br />

VeterináriaJUFMG<br />

2 Pesquisador, Embrapa Gado de Leite<br />

3 Professora, Departamento de Tecnologia e Inspeção de Produtos de Origem Animal. Escola de Veterinária/<br />

UFMG<br />

Órgão Financiador: Embrapa/Prodetab 047-02/99<br />

* Bolsista CNPq<br />

** Bolsista Capes<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

sentando como vantagem maior rapidez na sua<br />

identificação (Hu et aI., 1999). A multiplex PCR<br />

detecta simultaneamente duas ou mais<br />

seqüências específicas de DNA e tem sido<br />

utilizada com sucesso na detecção de E. coli<br />

0157:H7 em fezes de animais (Hu et aI., 1999,<br />

Botteldroorn et aI., 2003) e em alimentos<br />

(Bottero et aI., 2004).<br />

O objetivo deste trabalho foi estabelecer<br />

um protocolo de uma reação de multiplex PCR,<br />

utilizando oligonucleotídeos iniciadores<br />

(primers) descritos na literatura para detecção<br />

de E. coli 0157:H7.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

2.1 Estirpes bacterianas<br />

Foram ' usadas cinco estirpes de E. coli<br />

0157:H7, uma adquirida do Instituto Adolfo Lutz<br />

(lAL 1848) e as outras quatro gentilmente<br />

cedidas pela Dra. Dália dos Prazeres Rodrigues,<br />

da Fundação Osvaldo Cruz - Rio de Janeiro. Para<br />

avaliar a especificidade dos primers, foram<br />

utilizadas estirpes de E. coli e de outros<br />

microrganismos, descritas na Tabela I. As<br />

amostras de E. coli isoladas de leite de vacas<br />

com mastite, identificadas pelo Sistema API 20<br />

E BioMerieux S.A (Garcia et aI., 2005),<br />

pertencem à coleção de culturas da Embrapa<br />

Gado de Leite.<br />

2.2 Testes sorológicos<br />

Foram usados testes sorológicos com antisoro<br />

H7 (BD Difco E. coli H antiserum H7-<br />

Becton, Dickinson and Company, USA) e 0157<br />

(Probac do Brasil E. coli 0157, São Paulo-SP)<br />

para identificação de sorotipos de E. coli<br />

suspeitos para os genes J:lbE e .IhC, seguindo as<br />

recomendações dos fabricantes.<br />

2.3 Extração de DNA<br />

Na extração de DNA foram utilizados três<br />

métodos diferentes. Para a cultura em caldo BHI<br />

o DNA foi extraído pelo método fenol<br />

clorofórmio segundo Jersek et aI. (1996) e pelo<br />

método de lise térmica segundo Nunes et aI.<br />

(1999). O DNA foi quantificado em espectrofotômetro<br />

(GeneQuantpro, Amers ham<br />

Biosciences) e a concentração foi aj ustada para<br />

a 20 ng/ ml. Para a cultura em ágar BHI foi<br />

utilizado o método de lise térmica de uma colônia<br />

suspensa em 100 ml de água bidestilada,<br />

utilizando-se 5 ml deste lisado por reação como<br />

descrito por Hu et aI. (1999).<br />

digitalizado por<br />

2.4 PCR<br />

Os primers usados na reação de PCR foram .<br />

propostos por Hu et aI. (1999) e estão<br />

apresentados a seguir: RfbF 5'­<br />

GTGTCCATTTATACGGACATCCATG-3' e RfbR<br />

5'-CCTATAACGTCATGC CAATATTGCC-3'<br />

para o gene J:lhE (292 pb); FLICh 7 .F 5'­<br />

GCGCTGTCGAGTCTATCGAGC-3' e FLICh 7 .R 5'­<br />

CAACGGTGACTTATCGCCATTCC-3' para o<br />

gene fliC (625 pb); SLT- IF 5'-TGT<br />

AACTGGAAAGGTGGAGTATAC-3' e SLT- IR 5'­<br />

GCTATTCTGAGTCAACGAAAAATAAC-3' para<br />

o gene slt J (210 pb); SLT- I1F 5'­<br />

GTTTTTCTTCGGTATCCTATTCCG-3' e SLT­<br />

IIR 5'-GATGCATCTCTGGTCATTGTATTA C-3'<br />

para o gene slt, (484 pb). Os genes J:lbE e .lliC estão<br />

envolvidos na - biossíntese dos antígenos somático<br />

0157 e flagelar H7, respectivamente, e os genes<br />

slt , e sll ] codificam toxinas semelhantes àquelas<br />

produzidas por Shigellll dysell terille e estão<br />

presentes no grupo de E. coli denominado STEC<br />

(Slzigll-toxin E. coli).<br />

A PCR foi realizada de duas maneiras: (i)<br />

em uma única reação, nas condições descritas<br />

por Hu et aI. (1999), avaliando os quatro pares<br />

de primers RfbF/RfbR, FLICh 7 F/FLICh 7 R, SLT-IF/<br />

SLTIR e SLT-IIF/SLT-IIR numa mesma<br />

lIJ ulliplex PCR utilizando estirpes de E. (' oli<br />

0157:H7, e (i i) em duas reações, "A" (com RfbF/<br />

RfbR e FL ICh 7 F/FL ICh 7 R) e "B" (com SLT-IF/<br />

SLTIR e SLT-IIF/SLT-I1R). A reação "A" com 5<br />

ml de tampão de PCR (I OX), I ml da mistura de<br />

dNTPs (lO mM); I U de taq DNA polimerase;<br />

2,5 mmol/I de MgCI,; 30 pmol de cada<br />

oligonucleotídeo FL ICh 7. - 50 pmol de cada Rfb,<br />

2,5 ml de DNA bacteri ano (20 ng/ml) e água<br />

bidestilada para completar o volume total de 50<br />

ml. A reação "B" foi idêntica a reação "A", mas<br />

com 50 pll10l de cada oligonucleotídeo. As<br />

misturas foram aquecidas por cinco minutos a<br />

94 °e seguido por 35 ciclos de amplificação<br />

(desnaturação a 94°C por 30s, anelamento a 57<br />

°c por um minuto e extensão a 72 °C por um<br />

minuto) e extensão fi nal a 72 °C/lO min em<br />

termociclador (GeneAmp PCR System 960,<br />

Applied Biosystems).<br />

Os fragmentos de DNA amplificados foram<br />

separados por eletroforese em gel de agarose a<br />

1,6%, corados com solução de brometo de etídio<br />

(0,005%, p/v) e fotografados em fotodocumentador<br />

(Eagle Eye 11, Stratagene).<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Na primeira fase do experimento, quando<br />

se tentou reproduzir a reação de PCR contendo<br />

arvoredoleite.org


os quatro pares de primers para os genes IfbE.<br />

fliC. slt l e slt 2 • como proposta por Hu et aI.<br />

(1999), não foi verificada a amplificação dos<br />

quatro produtos esperados, mesmo após diversas<br />

tentativas de otimização da reação variando<br />

temperatura de anelamento, concentracões de<br />

MgCI, e concentracões dos primers. Entretanto,<br />

em misturas separadas (A e B), houve a<br />

amplificação dos fragmentos esperados. Os<br />

resultados apresentados neste trabalho (Tabela<br />

I) mostram que uma multiplex PCR utilizando<br />

os pares de primers para os genes Rfb/FLICh 7 e<br />

SLT-I1SLT- lI nas duas reações estabelecidas ("A"<br />

e "B") são suficientes para o diagnóstico de E.<br />

coli 0157:H7.<br />

Dentre as bactérias analisadas. apenas E.<br />

co!i 0157:H7 apresentaram produtos de amplificação<br />

para os genes IfbE e fU C. indicando<br />

total especificidade da técnica para detecção de<br />

E. coli O 157:H7 (Tabela I), em concordância<br />

com o trabalho de Hu et aI. (1999). Ainda, duas<br />

E. coli isoladas de mastite, uma E. coli<br />

enteropatogênica (Embrapa-GL 5669) e uma E.<br />

coli ATTCC 11775 apresentaram produtos de<br />

amplificação para o gene fliC, envolvido na<br />

biossíntese do antígeno flagelar H7. Uma E. co/i<br />

0157 K88ac H 1 1 A2 apresentou apenas o produto<br />

de amplificação do gene l:tbE. Tanto as estirpes<br />

de E. coli 0157:H7, quanto os microrganismos<br />

que amplificaram apenas um dos genes para E.<br />

coli O 157:H7, foram testados sorologicamente<br />

para os antígenos O 157 e H7, confirmando a<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Tabela 1 - Estirpes bacterianas e resultados da PCR<br />

Microorganismo<br />

E. coli O 157:H7<br />

E. coli 0157 K88ac HII A2 (lAL 04 11)<br />

E. coli H7 O I K I (ATCC 11775)<br />

E. coli (ATCC 25922)<br />

E. coli isoladas de mastite<br />

E. coli enteropatogênica (Embrapa-GL)<br />

Sulll/ollel/a Ty phimuril1m (lAL 1472)<br />

Salll/ollella Typhi (lAL 1251)<br />

Sailllollella Dublin (Embrapa-GL 5672)<br />

Ell terobacter c!oaceae (CDC 3430)<br />

Enterobacter sakazakii (CDC 700617(07)<br />

Pselldol1l0llaS aerllgillosa (ATCC 27853)<br />

Kiebsiella pllellll/oniae (ATCC 13883)<br />

Shigella sOllllei CIP 6310 (lAL 1585)<br />

Listeria /llOllOcytogelles (ATCC 191171 SCOTT-A)<br />

Listeria illllOCIUl (lAL 1 984)<br />

Listeria we!shimeri (IAL 1819)<br />

StaphyiococcllS allrellS (CNPGL 5344)<br />

Pág. 156<br />

eficiência da técnica de PCR para detecção das<br />

E. coli 0157:H7.<br />

A presença dos genes S/t i e s/t ] foi verificada<br />

em uma estirpe de E. coli O 1 57:H7<br />

enquanto outras quatro E. co/i 0157:H7 apresentaram<br />

produtos de amplificação apenas para<br />

o gene slt,. A amplificação dos genes S/t i e s/t ]<br />

fornece informação adicional em relação à<br />

produção de enterotoxinas.<br />

Todos os três métodos de extração de DNA<br />

usados foram adequados, pois não houve<br />

nenhuma diferença na qualidade da PCR em<br />

amplificar as bandas específicas. Os métodos de<br />

extração por lise térmica são mais simples,<br />

rápidos e mais baratos que o método de extração<br />

por fenol e clorofórmio, sendo portanto os mais<br />

convenientes.<br />

4 - CONCLUSÃ O<br />

Neste estudo foram padronizadas duas<br />

I/lllltiplex PCR "A" e "B". A reação "A" contendo<br />

os primers RfbF/RfbR e FLICh 7 F/FLICh 7 R<br />

apresentou total especificidade para detecção de<br />

E. co!i 0157:H7. A reação "B" com os primers<br />

SLT- IFISLTlR e SLT-lIFISLT-IIR detecta os<br />

genes slt l e slt 2 que codificam as toxinas (Shiglllike-toxill<br />

I e 2), fornecendo uma informação<br />

adicional importante das estirpes analisadas.<br />

Estas técnicas serão empregadas posteriormente<br />

para detecção de E. coli O 157:H7 e outras STEC<br />

diretamente do leite.<br />

Testados PCR Número<br />

SLTlI<br />

5 5 5 I<br />

O O O<br />

I O O O<br />

I O O O O<br />

18 2 O O O<br />

5 O O O<br />

I O O O O<br />

I O O O O<br />

I O O O O<br />

O O O O<br />

2 O O O O<br />

I O O O O<br />

O O O O<br />

I O O O O<br />

2 O O O O<br />

O O O O<br />

O O O O<br />

O O O O<br />

ABSTRACT<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

The aim of this work was to establish a<br />

protocol of a ml1ltiplex PCR, using a set of<br />

primers described in literature for detection of<br />

E. coii O 157H7. It was standardized multiplex<br />

PCR fo r: (I) the genes RfbE and .f1iC for the<br />

somatic antigens 0157 and f1 agellar H7,<br />

respectively and (2) the genes slt l and slt 2 , that<br />

codify Shiga-like toxin present in the group of<br />

E. coli called STEC (Slziga-toxin E. co/i). After<br />

the standardization of the conditions for the<br />

multiplex PCR assay, the specificity was<br />

evall1ated testing 18 strains of E. coli isolated<br />

from milk of cows with mastitis, E. coli ATCC<br />

11775, E. coli 25922, E. coli 0157 K88ac HII<br />

A2, fi ve enteropathogenic strains of E .coli, and<br />

strains of others bacterial genera. Among the<br />

evaluated strains, only E .coii 0157:H7<br />

presented the PCR products specific for both<br />

genes l:tbE and fliC, indicating total specificity<br />

of the assay for detection of E. co.[i 0157:H7.<br />

The presence of both genes .'1ft I and sit 2 was<br />

verified in one strain of E. coli 0157:H7 while<br />

the other four E. coli O 157:H7 presented only<br />

the PCR prodl1ct specific for the gene sit ] "<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

BOTTELDOORN, N.; HEYNDRICHX, M.;<br />

RIJPENS, N.; HERMAN, L. Detection and<br />

characterization of verotoxigenic Escherichia<br />

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BOTTERO, M.T.; DALMASSO, A.; SOGLIA,<br />

D.; ROSATI. S.; DECASTELLI, L.; CIVERA, T.<br />

Development of a mllltiplex PCR assay for the<br />

identification of pathogenic genes of Esclzerichill<br />

coli in milk and milk prodl1cts. Molecular and<br />

CeIlular Probes, v. 18, n. 4, p. 283-288, 2004.<br />

DOYLE, M. P. ; ZHAO, T. ; MENG, l.; ZHAO, S.<br />

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digitalizado por<br />

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V. P. ; BRITO, l. R. F. ; LANGE, e. e.; SILVA, P.<br />

D. L., CERQUEIRA, M. M. O. P. Identificação<br />

de E. coli isoladas de leite de vacas com mastite<br />

e pesquisa dos genes slt l e sl! 2 por PCR. Anais dos<br />

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de Higienistas de Alimentos - Revista Higiene<br />

Alimentar, v. 19, ed. 130, abril de 2005.<br />

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KUNTZ, T. B.; KUNTZ, S. T.<br />

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NUNES. E. L. C.; SANTOS, K. R. N.;<br />

MONDINO, P. l. 1.; BASTOS, M. C. F. ;<br />

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ileS-2 gene encoding ml1pirocin resistance in<br />

methicillin-resistant Staphy!ococclls lI ureus by<br />

multiplex PCR. Diagnostic Microbiology and<br />

Infectious Disease, v. 34, p. 77-8 I. 1999.<br />

• • • •<br />

arvoredoleite.org<br />

Pág. 157


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

ISOLAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE LACTOBACILLUS SSP PARA USO COMO<br />

PROBIÓTICO*<br />

Selection and characterization of Lactobacillus ssp. strains, for use as probiotic<br />

RESUMO<br />

Pozza, M.S. S.1<br />

Garcia, J.E.2<br />

Migioranza, L.H.S.3<br />

Garcia, 8.3<br />

Merguizo, R.A.4<br />

Catisti, D.G.5<br />

Pozza, P. C. 6<br />

o objetivo o preente trabalho foi o de isolar estirpes de lactobacilos de fezes humanas<br />

com potencIal aplicação como probióticos, Foram coletadas amostras de fezes de nove<br />

cri , anças com at 1 , a , no de idade, utilizando a técnica de swab (Koneman et aI, 1997), Para<br />

o Isolam , en , to fOI utilizado o Agar MRS, com incubação a 37°C. As colônias que mostraram<br />

caractenstlcas típicas de Lactobaci!lus ssp, foram transferidas com alça de platina para<br />

tubos contendo _ caldo MRS (37°C) por 24 horas, Após turvação do meio, procedeu-se ao<br />

teste de coloraçao de Gram, de esporos, e ao teste de catalase, As colônias Gram positivas<br />

el forma de bastonetes, e catalase negativas, foram cultivadas em caldo MRS modificado<br />

e ll1cuba . s a 37°C, por 24 horas, em tubos de cultura contendo um tubo de Durhan invertido,<br />

para ven , fIcar a produção de gás. Verificou-se ainda, a capacidade das culturas em fermentar<br />

os crbOldrtos: dextrose, frutose, galactose, lactose, maltose, manose, ramnose, sacarose,<br />

sorbItol e xIlose, Para determinação da resistência a bile e ao fenol, após três reativações<br />

em caldo MRS os isolados f ' d<br />

, '<br />

. oram repica os na<br />

-<br />

proporçao de I %. em caldo MRS a d" ICIOna d o<br />

de 0,3 d bIle (Oxgall) e 0,3% de fenol, e incubados por 6 h a 3rc. Após este período, as<br />

absorbanclas dos cultivos f d ' , A 7 c<br />

" , oram etermll1adas em espectrofotometro a 620 nm, s "<br />

cooI1las , Isoladas apresentaram-se Gram positivas, sendo a maioria bacilos, Os 30 isolados<br />

pre-selecIOnados foram testados em relação à fe rmentação dos principais carboidratos. De<br />

acordo com os resultados obt' d ' I ' b . ' .<br />

, ' , '<br />

l OS, os ISO ados podenam ser correspondentes a actenas<br />

lactlcas das , especles Lac!o!JacillllS acidojJlzilllS, Lacto!Jacilllls casei. Lactobacilllls planta /'lllll<br />

, servou-se<br />

.<br />

que 23 % das culturas apresentaram uma a sor anCla<br />

e Lacto!JlIclllu.I' terlllentl//Il Ob b b'<br />

, '<br />

maIOr qu , 0,3 , sendo, portanto, consideradas resistentes a bile, As culturas apresentaram<br />

gra , us vanavels de sensibilidade ao fenol, sendo que uma delas se destacou como mais<br />

resls:ene, Concluiu-se que 10% dos isolados poderiam ser selecionados, considerando a<br />

tolerancla ao fenol e sais biliares,<br />

Palavras-chave: flora intestinal, sais biliares, sensibilidade ao fenol.<br />

M,S./Dolltoranda em Ciência de Alimentos-UEL'<br />

2 Dr., Depto, de Bioquímica-UEL;<br />

3 Dr.; Depto de Tecnologia de Alimentos-UEL'<br />

4 Graduando em Química-UEL;<br />

5 Graduando em Farmácia e Bioquímica-UEL'<br />

6 D.S, Centro de Ciências Agrárias - UNI OESTE.<br />

2 Bolsa Pro Doe-CAPES;<br />

5 Bolsa Inicação Científica-CNPq;<br />

FUNDAÇAO ARAUCÁ RIA. Governo do Estado do Paraná.<br />

Pág. 158<br />

,<br />

,<br />

INTRODUÇÃ O<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

A administração oral é a forma mais<br />

conveniente de apresentação dos probióticos, e<br />

os microrganismos viáveis são comumente<br />

adicionados aos alimentos, especialmente<br />

produtos lácteos (Hamilton-Miller et aI, 1999).<br />

Para probióticos utilizados na forma oral, a<br />

sobrevivência durante o trânsito gastrointestinal,<br />

e, portanto, a capacidade de sobreviver à passagem<br />

através da acidez do estômago e bile, é importante<br />

para que o microrganismo possa exercer seu efeito<br />

benéfico no hospedeiro (Collins et aI 1998). Vários<br />

estudos "in \litro " estimam a sobrevivência de<br />

bactérias ingeridas em relação ao trânsito através<br />

do trato gastrointestinal. Diante disto, o objetivo<br />

do presente trabalho foi o de isolar estirpes de<br />

lactobacilos de fezes humanas com potencial<br />

aplicação como probióticos.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Foram coletadas amostras de fezes de seis<br />

crianças com até 1 ano de idade, utilizando a<br />

técnica de swab (Koneman et aI, 1997). O swab<br />

utilizado foi colocado em 10 ml de caldo Rogosa<br />

(LBS) e incubado a 37°C124 horas. Para o<br />

isolamento, foi utilizado o Agar MRS (De Man,<br />

Rogosa e Sharpe), pH 5,4 adicionado de acetato<br />

(1,5%) e púrpura de bromocresol (0,045%) com<br />

incubação a 37°C. As colônias que mostraram<br />

características típicas de Lactobacillus ssp, foram<br />

transferidas com alça de platina para tubos<br />

contendo caldo MRS. Os isolados foram submetidos<br />

ao teste de coloração de Gram, de esporos, e ao<br />

teste de catalase. As colônias Gram positivas, em<br />

forma de bastonetes, e catalase negativas, foram<br />

cultivadas em caldo MRS modificado e incubadas a<br />

37°C124 horas, em tubos de cultura contendo um<br />

tubo de Durhan invertido, para se verificar a<br />

produção de gás. Verificou-se ainda a capacidade<br />

das culturas em fermentar os seguintes carboidratos:<br />

dextrose, frutose, galactose, lactose, maltose,<br />

manose, ramnose, sacarose, sorbitol e xilose. Para<br />

determinação da resistência a bile, os isolados<br />

foram repicados na proporção de I % em caldo<br />

MRS adicionado de 0,3% de bile (Oxgall) e<br />

incubados por 6 h a 37°C. Determinou-se a<br />

absorbância do cultivo em espectro fotômetro a<br />

620 nm (Lin et ai, 1991). A tolerância ao fenol foi<br />

verificada inoculando-se a cultura ativa, na<br />

proporção de I % no meio MRS contendo a<br />

substância inibitória, na concentração de 0,3%. Os<br />

tubos foram incubados a 37°C por 6 horas, sendo a<br />

absorbância determinada a 620 nm (Paulo, 1991).<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃ O<br />

As 75 colônias isoladas apresentaram-se<br />

Gram positivas, sendo a maioria bacilos e raramente<br />

cocos. 30 isolados foram pré-selecionados,<br />

compreendendo bacilos isolados ou em fi leiras,<br />

catalase negativos, e não produtores de gás nem<br />

esporos. No teste de fermentação de carboidratos<br />

(Tabela I), observaram-se variações nas propriedades<br />

fermentativas dos isolados. De acordo<br />

Tabela 1 - Fermentação de carboidratos para caracteri zação dos isolados de lactobacilos.<br />

X D F<br />

4. 1 + + + + + + +<br />

2.2 + + + + + + ( ) + 4.6 + + + + + + +<br />

2.3 + + + + + + ( ) + 4.3 + + + + + + # #<br />

2.5 + + + + + + ( ) + 5.2 + + + + + + + +<br />

2. 11 + + + + + + ( ) + 5.3 + + + + + + + +<br />

2. 15 + + + + + + ( ) + 5.6 + + + + + + # + + #<br />

2. 16 + + + + + + ( ) + 5.5 + + + + + + # + + #<br />

2. 17 + + + + + + ( ) + 5.7 + + + + + ( ) # + +<br />

2. 19 + + + + + + ( ) + 5.8 + + + + ( ) + + +<br />

2.21 + + + + + + ( ) + 5.9 + + + # + + # + +<br />

2.22 + + + + + + ( ) + # 6.7 + + + ( ) + + ( ) + +<br />

3.2 + + + + + + 6.8 + + ( ) ( ) + + ( ) + +<br />

3.3 + + + + + + 6.5 + + + + + + ( ) + +<br />

3.7 + + + + + + 6.9 + + + + + + + + + ( )<br />

3. 14 + + + + + + 610 + +<br />

+= reação positiva, - = reação negativa () = reação lenta, #= fraca, lenta ou negativa. D (dextrose), F (frutose), G (galactose),<br />

L (Iactose), M* (mal tose), M (manose), R(ramnose), S* (saearose), S (sorbitol), X (xilose).<br />

digitalizado por<br />

Pág. 159<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />

Tabela 2 - Valores médios de Absorbância de culturas lácticas em meio MRS contendo bile e fenol.<br />

MRS + MRS +<br />

controle 0,3% 0,3% de<br />

1,05 1 0, 194 0, 146<br />

2.2 1,049 0,237 0,219<br />

2.3 1,305 0, 157 0, 112<br />

2.5 1,312 0, 183 0, 145<br />

2. 11 1,07 1 0,706 1,006<br />

2. 15 0,934 0, 199 0, 164<br />

2. 16 0,764 0,2 17 0,224<br />

2.17 1,213 0,088 0,3 17<br />

2. 19 1,367 0, 192 0,273<br />

2.21 1,380 0,227 0,42 6<br />

2.22 0,735 0,218 0,207<br />

3.2 1,483 0,354 0,286<br />

3.3 1,198 0,082 0,342<br />

3.7 1,161 0,204 0,277<br />

3. 14 1,258 0, 188 0,248<br />

com a Tabela de Identificação API, os isolados<br />

poderiam ser correspondentes a bactérias lácticas<br />

das especles Lac/obacilllls acidophilll.l'.<br />

Lac/obacillll.l' casei, Lac/obacillll.l' plwztarlllJl e<br />

Lac/obacillll.l' fe rmelllllllI.<br />

Os isolados foram testados para verificar<br />

sua resistência a bile e fe nol. Os resultados são<br />

apresentados na Tabela 2.<br />

Observou- se que 23 % das culturas<br />

apresentaram uma absorbância maior que 0,3,<br />

sendo portanto resistentes a bile. Gardiner et ai<br />

(2002) avaliaram a tolerância de lactobacilos<br />

em diferentes concentrações de oxgall, e<br />

verificaram que a viabilidade foi reduzida nas<br />

concentrações de 0,5 e 0,3%. Avaliando a<br />

sobrevivência de 200 cepas de lactobacilos e<br />

bifidobacterias em MRS, contendo O, 0,5 e 1,0<br />

% de OxgalJ, Prasad et aI (1998) selecionaram<br />

isolados com a taxa de sobrevivência acima de<br />

80%, na concentração de I % de bile,<br />

encontrando apenas 4 bactérias. Neumann e<br />

Ferreira (19 95), avaliando duas estirpes de<br />

lactobacilos, verificaram que nenhuma atingiu<br />

tal valor após 6 horas a 37°C, o que aconteceu<br />

somente após 8 horas. Com relação ao fenol, as<br />

culturas apresentaram graus variáveis de<br />

sensibilidade, sendo considerada a mais resistente<br />

a estirpe 2. 11. Paulo (1991) verificou tolerância<br />

a 0,3% de fe nol e completa inibição a 0,5% deste<br />

inibidor em lactobacilos. Xantopoulos et aI<br />

(2000) constataram que, a maioria das estirpes<br />

de lactobacilos isoladas cresceu, embora em<br />

baixos níveis, na presença de 0,4% de fenol.<br />

Isolado MRS MRS + MRS +<br />

controle 0,3% 0,3% de<br />

4. 1 0,055 0,043 0,015<br />

4.6 0, 142 0,079 0,008<br />

4.3 0,088 0, 129 0,018<br />

5.2 1,625 0,529 0,540<br />

5.3 1,278 0,660 0,212<br />

5.6 1,292 0,272 0,342<br />

5.5 1,058 0,708 0,266<br />

5.7 1,027 0,648 0,326<br />

5.8 0,880 0,607 0,219<br />

5.9 1,138 0,213 0,238<br />

6.7 0,932 0, 1 11 0,355<br />

6.8 1,06 1 0, 157 0,434<br />

6.5 1,087 0, 174 0, 137<br />

6.9 0,875 0,088 0,309<br />

6.10 0,922 0,050 0,26 1<br />

Portanto, as cepas 2.11, 3.2, 5.2, 5.3, 5.5, 5.7 e<br />

5.8 poderiam ser selecionadas considerando a<br />

tolerância ao fenol e sais biliares.<br />

CONCLUSÃ O<br />

Considerando a tolerância ao fenol e sais<br />

biliares, 10% dos isolados poderiam ser selecionados.<br />

ABSTRACT<br />

The objective of this stlldy was to isolate<br />

lac/o!Jacilllls strains from human feces, fo r<br />

potential application as probiotics. Feces samples<br />

oI' nine children, older then I year, had been<br />

collected, using the technique of swab (Koneman<br />

et aI, 1997). For the isolation, Agar MRS was<br />

llsed, incubated at 37°C. The colonies that had<br />

shown typical characteristics of Lactobacillus ssp,<br />

had been transferred to broth MRS tubes, and<br />

incubated at 37°C, for 24 hOllrs. After growth<br />

indication, the isolated ones had been submitted<br />

to the test of Gram. spores, and to the catalase<br />

test. Positive Gram colonies, rod shape, and<br />

negative catalase, had been cultivated in modified<br />

broth MRS and incubated at 37°C, for 24 hours,<br />

in culture tubes having inverted Durhan tubes, to<br />

verify the gas prodllction. It was still verified,<br />

the fe rmentative ability of the carbohydrates:<br />

dextrose. fructose, galactose, lactose, maltose,<br />

mannose, rhamnose, sucrose, sorbitol and xylose.<br />

For determination of bile and phenol resistance,<br />

after three reactivations in broth MRS, the<br />

isolated ones had been applied in the ratio of 1%.<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />

in broth MRS with 0.3% of bile (Oxgall), and<br />

0.3% of phenol, and incubated for 6 h at 37°C.<br />

After this period, it was determined the absorbance<br />

in spectrophotometer at 620 nm. The 75 isolated<br />

colonies were positive Gram, the most of rod<br />

shape. The 30 previously selected isolated, had<br />

been tested in relation to the fermentation of<br />

the main carbohydrates. According to those<br />

results, the selected isolated could be<br />

corresponding to the lactic acid bacteria of<br />

Lactobacillus acidophillls species, as well as<br />

Lactobacillus casei, Lactobacillus plantarlll1l and<br />

Lactobacillus fe rmentum. It was observed that<br />

23 % of the cultures had presented higher<br />

absorbance then 0.3, that would be considered<br />

bile resistant. The cultures had presented different<br />

degrees of phenol sensitivity, being one of them<br />

detached as more resistant then others. It was<br />

concluded that 10% of the isolated strains could<br />

be selected as probiotics, considering the tolerance<br />

to phenol and bile salts. Key words: intestinal<br />

flora, bile salts, phenol sensitivity.<br />

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infant faeces as dietary adjuncts. Food<br />

Microbiology, 17 :205-2 15, 2000.<br />

• • • •<br />

DESENVOLVIMENTO DE UM PROGRAMA SIMPLES DE COMPUTADOR PARA<br />

DETERMINAÇÃO DE ADULTERAÇÃO DA GORDURA DE LEITE<br />

Elaboration of a simple software for determination of milk fat adulteration<br />

Sidinéa Cordeiro de Freitas1<br />

José Luis C. LLanos2<br />

Heloisa Mácia CecchP<br />

I Eng" Química, DI'. Ciência de Alimentos - Embrapa Agroindústria de Alimentos, sidi@ctaa.embrapa.br<br />

2 Estatístico.<br />

3 Professora Universidade de Campinas.<br />

digitalizado por<br />

Pág. 161<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICÍNIOS<br />

RESUMO<br />

o objetivo deste estudo foi desenvolver uma metodologia analítica capaz de caracterizar a<br />

autenticidade da gordura do leite e seus derivados. A pureza da gordura do leite foi avaliada<br />

pela análise de seus triacilgliceróis por cromatografia gasosa usando alta temperatura e<br />

injetor com programação de temperatura, levando-se em conta a sua variabilidade<br />

relacionada a fatores genéticos, climáticos e alimentares. Baseado neste estudo foi aplicada<br />

análise estatística fatorial no perfil de triacilgliceróis da gord ura de leite genuína, na qual<br />

foram monitoradas todas as variáveis, que de acordo com a literatura, são capazes de<br />

modificar a sua composição e nos dados de adulteração da gord ura genuína com óleos<br />

vegetais de soja, girassol e milho na proporção de 5, 10 e 20%. Este estudo proporcionou<br />

a elaboração de um programa de computador, capaz de determinar a adulteração de gordura<br />

de leite com gordura estranha na faixa de 10% ou mais. Este estudo estatístico foi comparado<br />

com o estudo feito por regressão linear múltipla proposta por Timms (1980) para gorduras<br />

de leite australianas e por Precht (1991) e 1992) para gorduras de leite germânicas.<br />

Palavras-chave: adulteração, gordura de leite, estatístico, pureza, programa de computador.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

Em 1980 Timms demonstrou que era<br />

possível determinar a adulteração da gordura do<br />

leite da Austrália com gorduras estranhas, através<br />

de uma análise estatística de dados autênticos.<br />

Descreveu uma fó rmula fazendo uso dos<br />

triacilgliceróis C40, C42 e C44, utilizando<br />

regressão linear múltipla. Em 1991 Precht<br />

publicou um artigo sobre o controle da pureza da<br />

gordura do leite, e definiu que para gorduras de<br />

leite da Europa a fó rmula de Timms, não se<br />

aplicava, devido a maior variabilidade dos dados,<br />

e assim, usando a mesma idéia de Timms,<br />

pesquisou a variabilidade da gorduras autênticas<br />

de seu país, formulando assim uma equação geral<br />

e outras específicas para cada tipo de adulteração,<br />

utilizando na equação geral os triacilgliceróis C26,<br />

C28, C30, C32, C34, C40, C42, C44 e C46. Em<br />

1992, Precht descreveu métodos por cromatografia<br />

gasosa de ácidos graxos, triacilgliceróis e<br />

esteróis, para determinar a autenticidade da<br />

gordura do leite pelo estudo do perfil de ácidos<br />

graxos ou triacilgliceróis e relações entre estes<br />

componentes, levando-se em conta a variabilidade<br />

deste perfil, em relação a fatores genéti cos,<br />

climáticos e alimentares. Estes cálculos basearamse<br />

na análise de triacilgl iceróis de 755 gorduras de<br />

leite e 20 gorduras estranhas. Em todas as gorduras<br />

analisadas, foram realizadas misturas simuladas<br />

em computador com diferentes quantidades de<br />

gorduras estranhas, e então, foi fi xada como<br />

gord ura modificada de leite, aquela que<br />

apresentasse pelo menos um dos triacilgliceróis<br />

fora da faixa de variação medida para gordura de<br />

leite. A fórmula, então estabelecida, através de<br />

procedimentos estatísticos delineados no artigo,<br />

permItIu a detecção de gord ura estranha com<br />

substancial melhora na sensibilidade.<br />

As gorduras de origem vegetal mais<br />

utilizadas como adulterantes são óleos de girassol;<br />

algodão; soja, soja e algodão parcialmente<br />

hidrogenado, coco; mistura de 60% de margarina<br />

de óleo de milho hidrogenado e 40% de creme de<br />

manteiga doce, margarina e leite de soja; oliva,<br />

palma; parte comestível do gérmen de trigo e<br />

óleo de gérmen de trigo (Younes & Soliman,<br />

1986; Soliman & Younes, 1986; Fox et aI.,<br />

1988; Duthie et aI., 1988; Sato et aI., 1990;.<br />

Precht, 1991; Precht, 1992; Lercker et aI.,<br />

1992; Fuente & Juarez, (999). O objetivo deste<br />

trabalho foi desenvolver um método analítico e<br />

estatístico para determinação de adulteração em<br />

gordura de leite.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

2.1 - Material<br />

Amostras de leite foram coletadas duas vezes<br />

ao mês, no início do verão até o final do período<br />

do inverno. A definição do período de coleta,<br />

baseou-se no trabalho de Precht (1992), que<br />

caracterizou a gordura do leite durante todas as<br />

estações do ano. Corno em nosso país não<br />

possuímos estações do ano suficientemente<br />

definidas, foi escolhido o período de 9 meses, visto<br />

que não há diferenças de temperatura significativas<br />

entre a primavera e o outono. Foram escolhidas 4<br />

raças de animal: Mestiça, Holandesa, Jersey e<br />

Girolanda, disponibilizadas pelos produtores da<br />

Cooperativa dos Produtores de Leite da Região de<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Campinas, denominados respectivamente de<br />

produtor A, B, C e O. Foram realizadas 19 coletas<br />

de amostras de leite onde foram monitoradas<br />

algumas variáveis, sobre os animais, que de acordo<br />

com a literatura são importantes na variação da<br />

composição da gordura do leite, tais como:<br />

alimentação oferecida; localização do animal, pasto<br />

ou estábulo e época do ano em que foi realizada a<br />

coleta, isto é, verão, outono e inverno. A<br />

monitoração das variáveis foi realizada através de<br />

um formulário simples, fornecido a Cooperativa<br />

que deveria ser preenchido no período da coleta.<br />

Amostras de óleo de soj a, milho e girassol,<br />

utilizadas para adulteração da gordura do leite foram<br />

adquiridas no mercado local. A adulteração foi<br />

realizada pela adição de 5, 10 e 20 % de cada óleo<br />

na gordura do leite de um dos produtores, escolhido<br />

aleatoriamente.<br />

2.2 - Método<br />

Extração da gordura pelo método 905.02,<br />

item 33.2.25 da Association of Official Analytical<br />

Chemists - AOAC (2000).<br />

2.2.1 - Separação dos triacilgliceróis<br />

A separação da gordura foi realizada por<br />

extração em fase sólida, de acordo com Lercker<br />

(1992). A gordura de leite genuína e as misturas<br />

de gordura de leite mais óleo foram injetadas em<br />

Cromatógrafo gasoso marca Varian 3400.<br />

2.2.2 - Análise estatística<br />

Para veri ficar diferenças entre a composição<br />

da gordura do leite puro, e as gorduras de<br />

leite adulteradas com óleos vegetais, os dados<br />

primários obtidos dos cromatogramas dos 15<br />

triacilgliceróis foram analisados pela técnica<br />

Estatística Multivariada de Análise Fatorial com<br />

rotação promax. Com a análise fatorial obtevese<br />

três fatores que foram submetidos à Análise<br />

Discriminante, resultando em duas fu nções<br />

discriminantes lineares uma para leite puro e<br />

outra para leite adulterado que proporcionaram<br />

a criação de uma planilha de cálculo no Excel<br />

para se obter uma regra de decisão, capaz de<br />

determinar se os dados de uma amostra<br />

desconhecida é constituída de gordura pura ou<br />

adulterada. Utilizou-se o pacote estatístico SPSS<br />

(Statistical Package Software System).<br />

3 - RESULTADOS<br />

Os dados referentes à análise de triacilgliceróis,<br />

durante os períodos do verão, outono e<br />

digitalizado por<br />

inverno, das coletas de leite dos produtores A, B, C<br />

e O, que corresponderam respectivamente às raças<br />

Mestiça, Holandesa, Jersey e Girolanda, foram<br />

tabulados e pode-se verificar a faixa de variação da<br />

concentração de cada triacilglicerol, durante a<br />

época de coleta. Dentro desta faixa de<br />

concentração estão incluídas as variações devido<br />

ao tipo de alimentação (15 dietas diferentes) e<br />

localização do animal (pasto ou estábulo). Os dados<br />

referentes à análise de triacilgliceróis da gordura<br />

adulterada com 5, 10 e 20% de óleos de soja, girassol<br />

e milho foram tabelados em planilha. Estas<br />

planilhas foram submetidas ao programa estatístico<br />

SPSS, que utilizou as etapas de análise fatorial,<br />

análise discriminante, regra de decisão e automatização<br />

dos dados. A automatização consistiu<br />

na aplicação da análise estatística em amostras<br />

desconhecidas e a predição automática do fato de<br />

que se tem gordura de leite pura ou adulterada, a<br />

elaboração desta planilha de cálculo no Excel, foi<br />

capaz de facilitar esta decisão. Esta planilha<br />

desenvolvida promove a padronização dos<br />

triacilgliceróis, pela determinação dos fatores que<br />

é soma ponderada dos triacilgliceróis, calcula o<br />

escore fatorial, que é uma soma ponderada dos<br />

fatores, e calcula a função discriminante para cada<br />

grupo de leite puro e leite adulterado, determinando<br />

uma regra de decisão, se a função discriminante<br />

para leite puro for maior ou igual à função<br />

discriminante para leite adulterado, esta amostra é<br />

dita pura e no caso em que a função discriminante<br />

para leite puro for menor que a função para leite<br />

adulterado a amostra é considerada adulterada. O<br />

programa desenvolvido possui uma tela, que pode<br />

ser vista na figura 15, na qual uma coluna é<br />

destinada a se inserir o valor percentual dos 15<br />

triacilgliceróis (C26 a C54), analisados por<br />

cromatografia gasosa, de uma amostra desconhecida.<br />

Após a introdução do último valor, uma<br />

outra janela mostrará o resultado destes dados, se<br />

pertencem a uma amostra pura ou adulterada.<br />

4 - CONCLUSÕES<br />

A determinação de triacilgliceróis por<br />

cromatografia gasosa usando alta temperatura e<br />

injeção com programação de temperatura<br />

revelou-se uma técnica rápida e eficaz na<br />

determinação do perfil dos triacilgliceróis da<br />

gordura do leite. A monitoração de todas as<br />

variáveis possíveis de modificar a composição<br />

da gordura se mostrou importante, visto que foi<br />

verificada grande variabilidade durante o período<br />

de coleta. O desenvolvimento de um programa<br />

de computador simples empregando os dados<br />

obtidos com o perfil de uma gordura de leite,<br />

através da análise estatística multi variada de<br />

163<br />

arvoredoleite.org


Análise Fatorial, possibilita agilidade no controle<br />

da autenticidade de produtos lácteos. O estudo<br />

proposto para determinação de adulteração de<br />

gordura de leite por gord ura estranha, não se<br />

mostrou eficiente na determinação de<br />

adulteração em pequenas quantidades (5% de<br />

adulteração), mas é possível determinar a<br />

adulteração num percentual maior e igual a 10%.<br />

Software para determinar se uma nova amostra<br />

de análise de Leite é Puro ou Adulterado<br />

Picos<br />

C26<br />

C28<br />

C30<br />

C32<br />

C34<br />

C36<br />

C38<br />

C40<br />

C42<br />

C44<br />

C46<br />

C48<br />

C50<br />

C52<br />

CS4<br />

Soma<br />

Figura IS<br />

SUMMARY<br />

% Área<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

0.15<br />

0.45<br />

0.84 Tipo de Leite '!<br />

1.60<br />

3.70 Puro<br />

8.50<br />

13.00<br />

11.50<br />

5.60<br />

4.60<br />

5.20<br />

7.20<br />

11.80<br />

15.40<br />

10.80<br />

100.34<br />

Programa desenvolvido. Exemplo<br />

de como são inseridos os dados de<br />

uma amostra desconhecida.<br />

The objective 01' this study was to characterise<br />

the authenticity of milk and milk products. The<br />

purity of milk fat was evaluated by analysis of its<br />

triacylglycerols by high temperature gas<br />

chromatography with a programmed temperature<br />

injector, wherein variability related to genetic,<br />

clill1atic and feeding factors ware taking into<br />

consideration. Based on this study, a factorial<br />

statistical analysis was applied to the triacylglycerol<br />

profile of genuine ll1ilk fat, in which ali the variables<br />

which, according to the literature, are capable of<br />

modifying the cOll1position, were monitored; and<br />

to the data related to genuine milk fat that was<br />

adulterated with soybean. sunflower and corn oils,<br />

in a proportion of 5, 10 and 20%. Said study has<br />

been compared with the study performed by multi pie<br />

linear regression proposed by Timms (1980)<br />

• • • •<br />

concerning Australian milk fat; and by Precht (1991<br />

and 1992) concerning German milk fat.<br />

Key words: triacylglycerol, milk fat,<br />

statistical analysis, purity, vegetable oi!.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

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Aceites. v. 37, n. 4, p. 200-203. 1986.<br />

• • • •<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

APLICAÇÃO DO MÉTODO ESTATíSTICO FATORIAL NA AALlAÇÃO DA PUREZA DA<br />

.<br />

GORDURA DE LEITE EM PRODUTOS LACTEOS<br />

Evaluation of milk fat purity in dairy products by multivaried statistical analysis<br />

RESUMO<br />

Sidinéa Cordeiro de Freitas1<br />

José Luis C. LLanos2<br />

Heloisa Mácia Cecchj3<br />

A adulteração da gordura do leite tem sido preocupação de pesquisadores em todo o mundo,<br />

principal mente a relacionada a produtos lácteos. A pureza da gordura do leite pode ser<br />

avaliada pela análise de seus triacilgliceróis, levando-se em conta a sua variabilidade<br />

relacionada a fatores genéticos, climáticos e alimentares. Através destes estudos foi<br />

elaborado um programa simples de computador, utilizando a técnica estatística multivariada<br />

de análise fatorial, capaz de determinar a adulteração de gordura de leite com gordura<br />

estranha, numa faixa de 10% ou mais. Neste trabalho foi realizada a confirmação dos<br />

resultados experimentais através da análise de triacilgliceróis por cromatografia gasosa de<br />

produtos lácteos comerciais. Foram analisados 3 lotes dos seguintes produtos: leite integral<br />

tipo longa vida, leite tipo B, leite tipo C, manteiga, queijo prato e requeijão cremoso. Os<br />

resultados obtidos foram submetidos a um programa de computador desenvolvido por<br />

Freitas (200 I), para identificar a possível adulteração de gordura de leite com gordura de<br />

origem vegetal, baseado em análise estatística fatorial. Os resultados também foram<br />

aplicados nas fórmulas obtidas por regressão linear múltipla proposta por Timms e Precht.<br />

Precht estudou a variabilidade da gord ura de leite de origem germânica, sugerindo uma<br />

fórmula para detecção de adulteração de gord ura de leite com gord ura estranha. Timms,<br />

realizou o mesmo estudo, sugerindo uma fórmula para gorduras de leite australiana. Devido<br />

a variabilidade da composição da gordura de leite, é aconselhável se determinar a faixa de<br />

variação encontrada na região em estudo. A aplicação do método desenvolvido revelou que<br />

os produtos analisados não estavam adulterados.<br />

Palavras-chave: produtos lácteos, estatística, ad ulteração, triacilglicerol, gordura de leite.<br />

1 - INTRODUÇÂ O<br />

A detecção de gorduras estranhas na gordura<br />

de leite é um problema muito complexo. A<br />

gordura de leite contém numerosos componentes<br />

que também são encontrados na maior parte dos<br />

óleos vegetais e animais. Então, é bastante difícil<br />

se eleger um constituinte específi co que não<br />

exista na gordura do leite e exista nas demais<br />

gorduras. A maioria dos métodos usam diferenças<br />

de concentração dos componentes das diversas<br />

gorduras que constituem a mistura (Collomb &<br />

Spahni, 1991). A adulteração de gordura de leite<br />

em produtos lácteos tem ocorrido<br />

principalmente na Europa pela substituição de<br />

parte desta por gordura de baixo custo, devido a<br />

vantagens econômicas e propriedades funcionais<br />

(Lipp, 1995; Batelli & Pellegrino, 1994). A<br />

adição de gordura estranha à gordura do leite é<br />

ilegal, quando não é declarada sua adição no rótulo<br />

do produto. Vários pesquisadores como: Guyot<br />

(1977a,b), Christie (1989), Lyapkov & Melamed<br />

(1990), Schaller (1991), Evershed (1992),<br />

Trvzická: & Marés (1994) e Lipp (19 95)<br />

descrevem métodos para determinação de<br />

adulteração de gordura de leite por cromatografia<br />

Eng" Química, Dr. Ciência de Alimentos Embrapa Agroindústria de Alimentos, sidi @ctaa.embrapa.br<br />

2 Estatístico.<br />

Professora Universidade de Campinas .<br />

digitalizado por<br />

arvoredoleite.org


gasosa, através da análise de triacilgliceróis.<br />

Timms (1980) e Precht (1991) utilizaram<br />

ferramentas estatísticas para determinar<br />

adulteração de gord ura de leite com gord ura<br />

estranha. Batelli & Pellegrino (1994), usaram a<br />

fórmula proposta por Prechet (1991) para a<br />

detecção de gordura estranha em gordura de leite,<br />

na análise de diversos tipos de queijo. A fórmula<br />

criada por Precht também fo i testada por<br />

Renterghem (1997) e Collomb (1998). A<br />

aplicação do método desenvolvido por Freitas<br />

(2001) revelou que os produtos analisados não<br />

estavam adulterados, enquanto que as fórmulas<br />

propostas por Timms (1980) e Precht (1992),<br />

mostraram haver adulteração .<br />

2 - MATERIAL E M É TODOS<br />

2.1 - Material<br />

Amostras de leite integral em embalagem<br />

"tretrapak", leite tipo B, leite tipo C, manteiga<br />

tipo extra, queijo tipo prato e requeijão cremoso<br />

foram adquiridas em supermercados na região de<br />

Campinas, compreendendo 3 lotes de cada<br />

amostra.<br />

2.2 - Método<br />

A gordura dos produtos lácteos foi extraída,<br />

seguida da separação dos triacilgliceróis em coluna<br />

de fase sólida e o extrato fo i injetado em<br />

cromatógrafo gasoso Varian 3400.<br />

2.3 • Análise estatística<br />

Empregou- se um programa simples de<br />

computador baseado em técnicas: análise fatorial,<br />

usando o método de extração do componente<br />

principal com rotação Varimax e estatística<br />

multi variada de análise fatorial com rotação<br />

Polimax dos fatores, após transformação<br />

logarítmica da percentagem relativa dos 15<br />

tracilgliceróis durante todo o período de coleta do<br />

leite genuíno e de sua adulteração, utilizando o<br />

pacote estatístico SAS (Statistical Analysis System).<br />

3 - RESULTADOS<br />

A tabela I mostra o emprego dos resultados<br />

da análise de triacilglecerois nos produtos<br />

comerciais, usando o programa desenvolvido por<br />

Freitas 9200 I) Timms (1980) e Precht (1992).<br />

Nos produtos lácteos analisados onde foi<br />

empregado o programa de computador para<br />

detecção de gordura estranha, não foi verificada<br />

a presença de adulteração ao nível detectado pela<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

fórmula. Empregando as fórmulas proposta por<br />

Timms (1980) e Precht (1992). nos resultados<br />

dos prod utos lácteos analisados, obti vemos o<br />

resultado mostrado na Tabela I, onde a coluna<br />

correspondente a R de Timms (1980) representa<br />

a aplicação da fórmula, R= 14, 197C40 - 36,396<br />

C42 + 32,364 C48, que define uma faixa de<br />

confiança de 99% para gord ura de leite de R =<br />

98, 12-101,88. O emprego desta fó rmula<br />

mostrou que todos os lotes dos produtos lácteos<br />

continham gord ura estranha, podendo-se afirmar<br />

que a fórmula proposta não atende ao perfi l de<br />

variabilidade da gordura de leite brasileira.<br />

Utilizando os dados de adu lteração na fórmula<br />

total proposta por Precht (1991), que cobre a<br />

adulteração com todas as gorduras estranhas e<br />

provem limites de detecção de 4 a 5%, no qual a<br />

gordura pura deve estar na faixa de R = 97,63 -<br />

102,42, com 99% de confiança. R = -2,7575<br />

C26 + 6,4077 C28 + 5,5437 C30 - 5,3247 C32<br />

+ 6,2600 C34 + 8,0 I 08 C40 - 5,0336 C42 +<br />

0,6356 C44 + 6,0171 C46. O emprego desta<br />

fórmula geral resultou na classificação de que<br />

todos os lotes dos produtos lácteos analisados<br />

eram produtos adulterados, evidenciando-se que<br />

esta fó rmula também não se adapta a<br />

variabilidade da gord ura de leite brasileira.<br />

Aplicando-se a fórmula particular, proposta por<br />

Precht (1992) para a detecção de adulteração<br />

com óleo de soja, girassol e oliva, nos dados<br />

obtidos com a adulteração realizada em<br />

laboratório. R = (Us 167 C26 + 2,8039 C32 +<br />

0,3467 C34 + 1.4387 C36 + 2.3912 C40 +<br />

0,5802 C42 + 2,0674 C46 + O,567íS C48 +<br />

1,0304 C50 + 1,5387 C52; para uma faixa de<br />

valores para gordura de leite pura de R = 98,85 -<br />

102,04. O emprego desta fórmula mostrou que<br />

somente alguns produtos estavam adulterados,<br />

como o lote I da manteiga extra e todos os lotes<br />

do leite integral em embalagem "tetrapak"<br />

também estavam adulterados, evidenciando- se<br />

que esta fó rmula também não é adaptada a<br />

produtos brasileiros.<br />

4 - CONCLUSÃ O<br />

A fórmula proposta para determinação de<br />

adulteração de gordura de leite por gordura<br />

estranha, não se mostrou eficiente na<br />

determinação de adulteração em pequenas<br />

quantidades, porém já é um pequeno passo para<br />

estudar fórmulas estatísticas mais eficientes para<br />

se obter tal intuito. Por ora já é possível<br />

determinar a adulteração num percentual maior<br />

que 10% com qualquer tipo de adulteração<br />

realizada, seja com gord ura vegetal ou animal.<br />

Na comparação dos dados obtidos com produtos<br />

Produto<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Fórmulas<br />

Timms (1) Precht ( 2 ) Precht (3 ) Proposta (4)<br />

Manteiga lote 1 14. 0tiS5 I I {). t) . l . j n.! -:5 Puro<br />

Manteiga lote 2 1 1 I . ':S I) 7, J () j . . \ : . ti 102,0141 Puro<br />

Manteiga lote 3 105.07,25 !Oi) tj67 5 101,8181 Puro<br />

Leite integral lote 1 1 08.97 J Í) J 07 .-t8;Q !O: ,:5g Puro<br />

Leite integral lote 2 t 06,024 J 09. i ! . I i): , :?g43 Puro<br />

Leite integral lote 3 1 I j .:9(H j 10 . . \ 159 IO: ,2377 Puro<br />

Leite C lote 1 I I i .4,84 109 .. 804 I n:,0997 Puro<br />

Leite C lote 2 108. 1"1- 08 IOS.6965 101,7693 Puro<br />

Leite C lote 3 I 09.8"1. 1 7 J J 0.S7 5 I 101,7896 Puro<br />

Leite B lote 1 106.589.\ 107.7597 101,90 I Puro<br />

Leite B lote 2 1 1 l. J O(). 10') . ') : :..:j 101,3239 Puro<br />

Leite B lote 3 108.:>1- l(h.-!5.Q 101,7396 Puro<br />

Queijo prato lote 1 1 12.0,2 56 I 10.08 i 6 10 I ,80 1 5 Puro<br />

Queijo prato lote 2 1 09J)851- 108,.1: i 8 101,8425 Puro<br />

Queijo prato lote 3 108. J 90. lOS, i : . . 101,5305 Puro<br />

Requeijão lote 1 I I L,20.. j O) , i l I' : 101,7345 Puro<br />

Requeijão lote 2 I 12.057 . J I n,') ".). () t1 102,9424 Puro<br />

Requeijão lote 3 1 09.0·;I. I J 0\ .. 2 : 4· 102,343 Puro<br />

(I) R da equação proposta por Timms, R. (1980), correspondendo a um intervalo confiança de maior que 99%.<br />

(2) R proposto por Precht, D. (1991), correspondendo a um intervalo de confiança de 99%.<br />

(3) R proposto por Precht, D. (1992), cOlTespondendo a um intervalo de confiança de 99%.<br />

Ffll :.' 11:/.:! ;);' pr(It1UIl" , qtl1...' ,\ l(l L· {)n,)idl.. r:ldi,)':: P\,:·: .. , uín .. 'JlI ! ()rdur\: ti:.: ;: Ir!nh:l.<br />

lácteos, com fó rmulas propostas por outros<br />

autores, como Timms (1980) e Precht (1992),<br />

pode-se verificar que as fórmulas propostas, não<br />

se aplicam ao perfil da gordura de leite brasileira.<br />

A grande variabilidade da nossa gordura, por outro<br />

lado, proporcionou dificuldade na obtenção de<br />

uma determinação de adulteração em quantidade<br />

menor que 10%.<br />

SUMMARY<br />

The adulteration of milk fat has been<br />

concern of researchers in the whole world,<br />

mainly related the milky products. The pureness<br />

of milk fat is evaluated by the analysis of its<br />

triacylglycerols, taking itself in account its<br />

related variability the genetic, climatic and<br />

alimentary factors. The application of statistics<br />

analysis provided the elaboration of a simple<br />

computer program that is able to determine the<br />

adulteration of milk fat with strange fat, in a<br />

10% band or more. In this work the confirmation<br />

of the experimental results through the analysis<br />

01' triacylglycerols by gas chromatography of<br />

commercial milky products was carried through,<br />

digitalizado por<br />

such as milk of various types, butter, cheese and<br />

"requeijão". The gotten results had been<br />

submitted to the computer program elaborated<br />

based in analysis factorial statistics, the fo rmula<br />

gotten for multiple linear regression proposal<br />

by Timms (1980) for Australian milk fats and<br />

the formulas also gotten for multi pIe linear<br />

regression proposals by Precht (199 1, 1992) that<br />

one another fo rmula fo r germanic milk fats,<br />

since the formula of Timms was not applied to<br />

the local fats, because Germanic milk fat had<br />

bigger variability.<br />

Key words: triacylglycerols, milky<br />

products, adulteration, milk fat, statistics<br />

analysis.<br />

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

BATELLI, G. & PELLEGRINO, L. Detection of<br />

Non-Dairy Fat in Cheese by Gas Chromatography<br />

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Pág. 167


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Modification of a Multilinear Regression Method<br />

for the Determination of Foreign Fats in Milk<br />

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de Leite. 200 I. 212 f. Tese (Doutorado em<br />

Ciência de Alimentos) - Faculdade de Engenharia<br />

de Alimentos, Universidade de Campinas,<br />

Campinas .<br />

GUYOT, A. L. Chromatographic Gaz-Liquide dês<br />

Triglycerides de la Matiere Grasse Butyrique 11.<br />

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Bulletin des Recherches Agronomiques<br />

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UPP, M .. Review of Methods for the Analysis<br />

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LYA PKOV, B. G. & MELAMED, D. B ..<br />

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Mittels KapilIar-GC. Fat Science Technology. V.<br />

93, p. 510. 1991.<br />

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Non-Mi!k Fat in Mixtures of Milk and Non­<br />

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Chromatography of Neutra! lipids. In Lipid<br />

Chromatographic Analysis. Edition T.<br />

Shibamoto. Marcel Dekker, New York, USA. !994.<br />

• • • •<br />

VERIFICAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE FRAUDE AQUOSA EM LEITE CRU<br />

Incidence of water in raw milk in arder to detect fraud procedures<br />

Antonio Xavier de Farias'<br />

Sidinéa Cordeiro de Freitas2<br />

Fernando Teixeira Silva3<br />

Andréia Caçador Pena4<br />

Margaret Fajngold5<br />

Biólogo, M.Sc. Microb. Ve terinária - Pesquisador II - Embrapa Agroindústria de Alimentos.<br />

antxafar@ctaa.embrapa.br<br />

2 Eng" Química, OS. em Ciência de Alimentos - Pesquisadora 1II - Embrapa Agroindústria de Alimentos.<br />

3 Eng" Agrônomo, M.Sc. Tec. de Alimentos - Técnico de Nível Superior III - Embrapa Agroindústria de Alimentos.<br />

4 Tec. em Laticínios.<br />

5 Tec. de Laboratório MAPA - Lanargo.<br />

Pág. 168<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

RESUMO<br />

?iante da possibiliade do . índice crioscópico de leite cru ser alterado mediante a adição de<br />

al ool, oran reailza . das II1vestigações para verificar a ocorrência de fraude aquosa em<br />

leite. FOI realizada a Simulação da mistura de álcool a 96 GL + água + leite cru, comprovando<br />

a alteração do índice crioscópico. Foram coletadas amostras de leite de produtores diversos<br />

na plataforma de recepção de uma usina de beneficiamento de leite e realizadas as<br />

determinaçõs de teor alcoólico e índice crioscópico. Os resultados foram negativos para<br />

o teor alcoólico e os de crioscopia indicaram que apenas 4,7 % das amostras encontravamse<br />

dentro dos limites máximos permitidos pela legislação. Considerando a possibilidade da<br />

p rmanência de resíduos de álcool no produto final uma vez que o ponto de ebulição deste<br />

hidrocarboneto está acima da temperatura de pasteurização, este problema deveria ser<br />

tratado como de segurança alimentar, demandando ações apropriadas das autoridades<br />

sanitárias e cooperativas no sentido de coibir esta prática fraudulenta.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

A adição de água ao leite reduz de forma<br />

significativa seu valor nutritivo por alterar a relação<br />

dos seus constituintes, reduzindo o rendimento<br />

industrial e elevando os riscos de contaminação<br />

microbiana e conseq uentemente provocando<br />

perdas econômicas (ALVES et aI., 2004):<br />

Segundo HARDING (19 90) o índice<br />

crioscópico é um dos principais indicadores de<br />

qualidade do leite, sendo inclusive utilizado como<br />

parâmetro vinculado ao pagamento do produto<br />

pelas cooperativas em vários países e sua<br />

determinação prevista na Instrução Normativa<br />

n° 51, de 18 de setembro de 2002 do Ministério<br />

da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.<br />

Diante da possibilidade deste índice ser<br />

alterado mediante a adição de álcool, o objetivo<br />

deste trabalho foi realizar urna investigação para<br />

verificação da ocorrência de fraude aquosa em<br />

leite proveniente de pequenas fazendas que<br />

utilizam o transporte de leite envasado em latões<br />

até a Usina de Beneficiamento, em atendimento<br />

a uma solicitação de técnicos da área de controle<br />

de qualidade de uma Usina de Beneficiamento de<br />

leite da Zona da Mata do Estado de Minas Gerais.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

Foi realizada a simulação da reação com<br />

200 ml de álcool a 96 GL + 10 ml H,O + 100 L<br />

de leite cru, determinado-se antes e - depois da<br />

adição do álcool o índice crioscópico.<br />

Posteriormente, fo ram realizadas aleatoriamente<br />

a coleta de 60 amostras de leite cru<br />

diretamente de latões de produtores diversos n<br />

plataforma de recepção e 4 em caminhões<br />

tanques em urna usina de beneficiamento de leite<br />

da Zona da Mata de Minas Gerais. As amostras<br />

foram acondicionadas sob refrigeração até o<br />

digitalizado por<br />

início da realização das determinações de teor<br />

alcoólico e índice crioscópico no Laboratório<br />

do LANARGO-MAPA.<br />

2.1 - Índice Crioscópico<br />

Determinação realizada em equipamento<br />

Crióscópio Eletrônico Digital Modelo 312 L<br />

LABTROM de acordo com o manual do<br />

fabricante.<br />

2.2 - Teor alcoólico<br />

Inicialmente a temperatura das amostras<br />

foi aj ustada para 200C. Em seguida foi realizada<br />

a transferência de uma alíquota de 100 ml de<br />

leite para um balão volumétrico e deste para um<br />

balão Kj eldahl, efetuando-se a rinsagem com água<br />

destilada por cinco vezes, adicionado-se cerca de<br />

20 gotas do antiespumante tween 80 e imediatamente<br />

acoplando-se o balão a um destilador.<br />

Após a obtenção de 3,4 de destilado o volume foi<br />

recolhido no mesmo balão volumétrico completando-se<br />

o volume com ág ua destilada. A leitura<br />

do valor da densidade foi realizada em Densímetro<br />

Digital Marca APPAAR modelo DMA 46. O teor<br />

alcoólico foi calculada com o auxílio da tabela de<br />

conversão de teor alcoólico / densidade 20o/20°C<br />

(PREGNOLATTO & PREGNOLATTO, 1985)<br />

(AOAC, 2000 método 920.57)<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Os resultados foram negativos para o teor<br />

alcoólico e nos de crioscopia foram determinados<br />

que apenas 4,7% das amostras (Fig. I)<br />

encontravam-se dentro dos limites máximos<br />

permitidos pela legislação. Uma vez que, por<br />

Pág. 169<br />

arvoredoleite.org


apresentar ponto de ebulição maior que a<br />

temperatura usual de pasteurização, há a<br />

possibilidade da permanência de resíduos de álcool<br />

no produto final. Este problema deve ser tratado<br />

dentro do contexto de segurança alimentar como<br />

um risco químico constitui-se em um alerta para<br />

autoridades sanitárias e as cooperativas no sentido<br />

de coibir esta prática fraudulenta. Considerando a<br />

relevância desta questão esta investigação foi<br />

inserida como uma atividade em uma das metas<br />

do subproj eto "Determinação de perigos<br />

restritivos à eficiência do processamento e<br />

competitividade do leite pasteurizado, buscando<br />

maximizar a segurança e qualidade para o<br />

consumidor" em que tem como objetivo gerar<br />

informações que conduzam a melhoria da qualidade<br />

do leite pasteurizado através da avaliação da<br />

ocorrência de perigos microbiológicos e químicos,<br />

durante as etapas de processamento e distribuição,<br />

atendendo a uma solicitação de técnicos da área<br />

de controle de qualidade.<br />

, ' .",<br />

4,70%<br />

"-<br />

,<br />

<br />

95,30%<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

INDICE<br />

CRIOSCÓPICO<br />

MAIOR QUE 0,53<br />

mlNDICE<br />

CRIOSCÓPICO<br />

MENOR QUE 0,53<br />

Figura 1: Percentagem de amostras de leite<br />

com índice crioscópico maior e<br />

menor estabelecidos na legislação.<br />

4 • CONCLUSÃ O<br />

Foi comprovada a alteração do índice<br />

crioscópico a partir da adição de álcool em leite<br />

cru. Embora não tendo sido detectado teor<br />

alcoólico nas amostras analisadas esta análise<br />

deveria constar como um dos itens para o<br />

controle de qualidade do leite.<br />

Pág. 170<br />

SUMMARY<br />

Considering the possibility of the<br />

cryoscope index of raw milk being altered by<br />

the addition of alcohol, investigations were<br />

carried out to verify the occurrence of aqueous<br />

fraud in milk. A simulation made by mixing 96<br />

GL alcohol + water + raw milk demonstrated the<br />

alteration of the cryoscope indexo Samples of<br />

raw milk from several producers were collected<br />

at the platform of a milk processing plant and<br />

analyzed for alcoholic content and cryoscope<br />

indexo The results were negative for the alcoholic<br />

content and, regarding the cryoscope index,<br />

only 4,7% of the samples were within the limits<br />

allowed by the national legislation. Since alcohol<br />

residues could remain in the final product, since<br />

the boiling point of this hydrocarbon is higher<br />

than the pasteurization temperature, this should<br />

be considered a food safety problem, requiring<br />

appropriate actions by sanitary authorities and<br />

cooperatives to halt this fraudulent practice.<br />

Key words: cryoscope index, raw milk,<br />

aqueous fraudo<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

ALVES, C.; FONSECA, C.S.P.; FONSECA,L.M.;<br />

RODRIGUES, R.; COELHO, M.D. Avaliação da<br />

influência do conservante bronopol na<br />

determinação do índice crioscópico do leite cru.<br />

Revista do Instituto de Laticínios Cândido<br />

Tostes, v. 59, n. 339, p. 482-484, Juiz de Fora­<br />

MG, 2004.<br />

ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL<br />

CHEMISTS . Official Methods of Analysis of<br />

AOAC International 16" Ed. 3" Revisão,<br />

Gaithersburg, MD., 2000<br />

HARDING, F. Milk adulteration - freenzing<br />

point depression. Journal of Society of Dairy<br />

Technology, V. 43, n. 3 p. 61-62, 1990<br />

PREGN OLATTO, W. ; PREGNOLATTO, N.P.<br />

Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz,<br />

3" ed., p. 331 -332, São Paulo, 1985.<br />

•<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE LEITE PASTEURIZADO TIPO B<br />

PRODUZIDO EM UMA USINA DE BENEFICIAMENTO DA ZONA DA MATA DE MINAS GERAIS<br />

Microbiological evaluation of pasteurized milk from a processing dairy industry in<br />

Minas Gerais, southeastern Brazil<br />

RESUMO<br />

Antonio Xavier de Farias1<br />

Maria da Graça Fichei do Nascimento2<br />

André Luis Bonnet Alvarenga3<br />

Heloíza Maria de Souza4<br />

Foram objetivos deste trabalho a avaliação da qualidade microbiológica do leite pasteurizado<br />

tipo B de uma Usina de Beneficiamento. Foram examinadas amostras de leite, coletadas<br />

em quatro pontos pré-determinados: tanque de recepção de leite cru (LC), saída do<br />

pasteurizador (SP) e do leite pasteurizado e envasado em embalagem de polietileno (PE).<br />

Foram realizados ensaios microbiológicos para Contagem Total de Mesófilos Aeróbios em<br />

Placa (CTP), número mais provável (NMP) de coliformes a 30"C e coliformes a 45"C, e<br />

pesquisa de Salll/ollella spp./25mL. Foi observado que apenas 16,7% (3/1 8) das amostras<br />

analisadas LC estavam dentro dos padrões da legislação, e que todas as amostras SP e PE<br />

estavam dentro dos padrões estabelecidos para CTP, confirmando a eficiência do processo<br />

de pasteurização na redução da carga microbiana do leite. A ausência de Salll/ollella em<br />

100% das amostras (LC, SP e PE) foi determinada. A partir da enumeração de coliformes<br />

a 30"C, foi observado que 16,7% (3/1 8) das amostras LC, 77,8% (14/18) das amostras SP<br />

estavam dentro dos padrões e apenas 11, I % (02/18) das amostras PE não apresentaram<br />

presença de coliformes a 30"C. Embora a pasteurização tenha sido eficiente em 77,8% das<br />

amostras, para a eliminação das bactérias do grupo dos coliformes a 30"C, ocorreram<br />

problemas de contaminação do produto fi nal. envasado em embalagem de polietileno<br />

(PE), sugerindo a ocorrência de uma possível contaminação por microrganismos desse<br />

grupo. durante o envase. Os resultados obtidos para coliformes a 45"c' revelaram o valor<br />

de NMP de 150 no PE, sugeri ndo contaminaçiio após a pasteurizaçiio e/ou durante o<br />

envase, em comparação com a não detecção deste grupo de microrganismos (na sensibilidade<br />

do método) para as amostras analisadas à saída do pasteurizador (SP).<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

As enfermidades transmitidas por alimentos<br />

(ETA' s) representam um sério risco à<br />

saúde pública, principalmente por poderem ser<br />

amplamente disseminadas, poderem ser causadas<br />

por diferentes tipos de alimentos e acometerem<br />

grande número de indivíduos.<br />

O leite, além de ser um dos alimentos mais<br />

completos, que, segundo Fagundes (1997), tratase<br />

de uma mistura complexa de ácidos graxos,<br />

proteínas, carboidratos e minerais, que dificulta<br />

as fases de higienização dos equipamentos, é<br />

também um meio de cultura excelente para<br />

Biol., MSc. Microb. Veterinária. Pesquisador II - Embrapa Agroindústria de Alimentos, Rio de Janeiro, RJ.<br />

2 Med. Veterinária, MSc., Ph.D. Microbiologia e Segurança Alimentar. Pesquisador III Embrapa Agroindústria<br />

de Alimentos.<br />

3 Eng. Químico, MSc. C&T de Alimentos Técnico. de Nível Superior 1II Ernbrapa Agroindústria de Alimentos.<br />

4 Médica Veterinária. Pesquisadora - EPAMIG, Centro Tecnológico Instituto de Laticínios "Cândido Tostes".<br />

Juiz de Fora. MO.<br />

digitalizado por<br />

arvoredoleite.org


diversos microrganismos. Em estudos recentes<br />

(Marques ef ai. , 2005), concluíram que cerca de<br />

53% das amostras analisadas de leite pasteurizado<br />

tipo C, processado em Goiás, estavam<br />

em desacordo com os padrões microbiológicos<br />

estabelecidos na Instrução Normativa nU. 51<br />

(Brasil, 2002). Segundo estes autores, o elevado<br />

número de coli formes evidenciavam as más<br />

condições de processamento e o não<br />

cumprimento das Boas Práticas de Fabricação<br />

(BPF). Neste contexto, de importância<br />

fundamental no processo de beneficiamento de<br />

leite que utiliza o processo de pasteurização<br />

constituiram os objetivos deste trabalho a<br />

avaliação da qualidade microbiológica do leite<br />

Pasteuri zado tipo B de uma usina de<br />

Beneficiamento localizada na Zona da Mata, em<br />

Minas Gerais.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

Foram examinadas 54 amostras de leite,<br />

coletadas em quatro pontos pré-determinados:<br />

tanque de recepção de leite cru (LC) , saída do<br />

pasteurizador (SP) e leite pasteurizado e envasado<br />

em embalagem de polietileno (PE). Foram<br />

realizadas nove coletas, com intervalos mensais,<br />

e em cada uma delas fo ram coletadas duas<br />

amostras por ponto. Após cada coleta, as<br />

amostras foram mantidas sob refrigeração até o<br />

início das análises. Os ensaios microbiológicos<br />

para Contagem Total de Mesófilos Aeróbios em<br />

Placa (CTP), número mais provável (NMP) de<br />

coliformes a 30"C (métodos de enumeração de<br />

microrganismos a 30"C), coliformes a 45"C e<br />

pesquisa de Sa tll/ol/e lla spp./25mL, foram<br />

realizadas no Laboratório de Microbiologia do<br />

Centro Tecnológico do Instituto de Laticínios<br />

Cândido Tostes, em Juiz de Fora, MG. A exec ução<br />

dos ensaios seguiram os métodos oficiais<br />

internacionais para leite e seus derivados (FIL­<br />

IOF, 1987).<br />

3 - RESULTA DOS E DISCUSSÃO<br />

A interpretação dos resultados obtidos foi<br />

realizada em consonância com a Instrução<br />

Normativa nU 51 de 2002 (Brasil 2002), sendo<br />

observado que apenas 16,7% (3/18) das amostras<br />

analisadas de leite cru (LC) estavam dentro dos<br />

padrões da legislação. Todas as amostras eoletadas<br />

à saída do pasteurizador (SP), assim como as de<br />

produto final envasado (PE) estavam dentro dos<br />

padrões estabelecidos para CTP, confirmando a<br />

eficiência do processo de pasteurização na<br />

redução da carga microbiana do leite. Todas as<br />

amostras de leite analisadas quantitativamente<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

para Salmollella spp. (nas amostras de SP e PE)<br />

estavam de acordo com a legislação que<br />

estabelece ausência de Sall1lollella spp em 25mL.<br />

Nos resultados obtidos para enumeração de<br />

coliformes a 30"C, 16,7% (3/1 8) das amostras<br />

de leite cru (LC) e 77,8% (14/18) amostras de<br />

leite SP estavam dentro dos padrões, Apenas<br />

11,1% (02/18) das amostras de PE não<br />

apresentaram presença de coliformes a 30"C, na<br />

sensibilidade do método, exigido pela Instrução<br />

Normativa nU 51. Embora, a pasteurização tenha<br />

sido eficiente em 77,8% das amostras para a<br />

eliminação das bactérias do grupo dos coliformes<br />

a 30"C, ocorreram problemas de contaminação<br />

do produto final, envasado em embalagem de<br />

polietileno (PE), sugerindo a ocorrência de uma<br />

possível contaminação com microrganismos<br />

desse grupo, durante o envase. Os resultados<br />

obtidos para coliformes a 45"C, revelaram o<br />

valor de NMP de 150 na amostra embalada (PE),<br />

o que sugere contaminação pós-pasteurização ou<br />

durante o envase, em comparação com a não<br />

detecção deste grupo de microrganismos (na<br />

sensibilidade do método) para as amostras<br />

analisadas à saída do pasteurizador (SP).<br />

4 - CONCLUSÕ ES<br />

• Confirmada a eficiência do processo de<br />

pasteuri zação na redução da carga<br />

microbiana de mesófilos aeróbios do leite.<br />

• As condições microbiológicas em relação<br />

a S(/ III/o/l e !l(/ spp corresponderam às<br />

expectati vas dos consumidores quanto a<br />

segurança alimentar do produto fi nal.<br />

Muito embora, o processo de pasteuri<br />

zação do leite cru tenha sido eficiente,<br />

a ocorrência de contaminação póspasteurização<br />

por coliformes sugere<br />

falhas no processo de sanitização dos<br />

equipamentos elou das embalagens.<br />

SUMMARY<br />

The objectives of this work were the<br />

evaluation 01' the microbiological quality milk<br />

pasteurised milk produced in a industrial plant.<br />

Samples of milk were collected in fo ur points:<br />

tank of reception of raw milk (LC), pasteuriser<br />

outlet (SP), packed pasteurised milk (PE). Total<br />

piate count (CTP), total coliforms and faecal<br />

coliforms enumeration, and Sall1lollella spp.<br />

presence were accomplished. It was observed that<br />

only 16,7% (3/18) of the LC tested samples were<br />

in accordance to microbiological standards for<br />

Salmolle[[a and total and faecal coliforms<br />

enumeration. In addition, all the tested SP and<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL .DE LATiCíNIOS<br />

PE samples were in accordance to CTP standards.<br />

This result confirmed the efficiency of<br />

pasteurisation processo Samonella was not found<br />

in ali of the tested samples (LC, SP and PE It was<br />

also observed that 16,7% (3/18) of LC tested<br />

samples, 77,8% (14/18) of SP tested samples and<br />

11, I % (02/18) of PE tested samples were in<br />

accordance to microbiological standards for total<br />

coliforms enumeration. Although pasteurisation<br />

process was efficient in 77,8% of the tested<br />

samples in elimination of total coliforms bacteria,<br />

it was observed contamination by total coliforms<br />

in packed pasteurised milk tested samples (PE).<br />

This result shows the occurrence of a<br />

contamination during packing processo In the<br />

same way, contamination by faecal coliforms in<br />

some of the packed pasteurised milk tested samples<br />

(PE) were observed. This result suggests that it<br />

may have ocurred an after-thermal process<br />

contamination or a contamination during packing<br />

process, since this contamination was not<br />

observed in the pasteuriser outlet samples (SP).<br />

Key words: microbiological quality milk,<br />

pasteurisation processo<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGR Á FICAS<br />

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e<br />

Abastecimento Instrução Normativa nU. 51 de<br />

Regulamento Técnico de Produção, Identidade<br />

e Qualidade do Leite Tipo A, do Leite Tipo B,<br />

do Leite C, do Leite Pasteurizado e do Leite Cru<br />

Refrigerado e o Técnico da Coleta de leite Cru<br />

Refrigerado e seu Transporte a Granel. Diário<br />

Oficial da União. Brasília, 18 de setembro de<br />

200. Secção 3. Disponível em: < http: Ii<br />

www.agricultura.gov.br/das/dipoa/ > acesso em<br />

2004.<br />

FAGUNDES, C.M. Inibidores e Controle de<br />

Qualidade do Leite. Pelotas: Ed.<br />

Universitária, UFPel, 1997. 115 p., ISBN 85-<br />

7 1 92-076- I.<br />

INTERNACIONAL DAIRY FEOERATION FIL­<br />

IOF, Standard Methods for the Examination of<br />

Dairy Products, Bulletin IDF Brussels, 1987<br />

MARQUES, M.S.; COELHO Jr., L.B.; SOARES,<br />

P.C. Avaliação da qualidade microbiológica do<br />

leite pasteurizado tipo C processado no Estado<br />

de Goiás. Encarte Eletrônico (COR) Revista<br />

Higiene Alimentar, v. 19, nU. 130, 2005.<br />

ASPECTOS DE QUALIDADE DO lEITE CRU EM DUAS USINAS DE BENEFICIAMENTO DA<br />

ZONA DA MATA DE MINAS GERAIS: CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS (CSS)<br />

Quality aspects of raw milk processed in dairy plants in Minas gerais, Southeastern<br />

Brazil: Somatic Cells Counting<br />

Antonio Xavier de Farias1<br />

Roberto Luiz Pires Machado2<br />

Fernando Teixeira Silva3<br />

José Reinaldi Feitosa de Brito4<br />

* Projeto de pesquisa financiado pelo PRODETAB/BIRD<br />

Biólogo, M.Sc. Microb. Veterinária - Pesquisador II - Embrapa Agroindústria de Alimentos.<br />

antxafar@ctaa.embrapa.br<br />

2 EngO Agrônomo Técnico de Nível Superior 1- Embrapa Agroindústria de Alimentos.<br />

3 Eng " Agrônomo, M.Sc. Tec. de Alimentos - Técnico de Nível Superior III - Embrapa Agroindústria de Alimentos.<br />

4 Pesquisador da Embrapa Gado de Leite - Juiz de Fora MG.<br />

digitalizado por<br />

Pág. 173<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

RESUMO<br />

Dentre os vários parâmetros para avaliação da qualidade do leite, a quantificação de células<br />

somáticas é de importância relevante em função de estar associada a processos infecciosos<br />

inflamatórios, causando disfunção das glândulas mamárias conhecida como mastite ou<br />

mamite. Para este trabalho foram coletadas 38 amostras de leite cru resfriado tipo B no<br />

tanque de recepção de duas Usinas de Beneficiamento de Leite da Zona da Mata do Estado<br />

de Minas Gerais. As amostras foram analisadas para quantificação de Células Somáticas(CCS),<br />

gorduras, proteínas , lactose e sólidos totais. Vinte e seis por cento apresentaram uma<br />

contagem de células somáticas CS/ml acima de 6 x I 05 , estando em não conformidade com<br />

o requisito da legislação vigente. Em algumas das amostras com maiores níveis de CCS, foi<br />

observado um aumento no teor de sólidos totais, podendo ser devido a diminuição da<br />

produção de leite. O desvio padrão da média das CCS de 331 .000 céls./ml, demonstra uma<br />

falta de padronização quanto ao manejo sanitário do gado e uma conseqüente baixa qualidade<br />

sanitária do leite, apesar dos valores médios de céls./ml de 556.000 estarem dentro do<br />

padrão de identidade e qualidade do leite B.<br />

1 - INTODUÇÃ O<br />

O leite é matéria-prima por excelência de<br />

vários produtos de largo consumo e boa aceitação<br />

no mercado brasileiro. A sua utilização como<br />

bebida, tem grande importância na alimentação<br />

da população, nas diversas idades. A qualidade<br />

desse leite, após o processamento, está diretamente<br />

influenciada pela concentração de<br />

células somáticas (CCS) e indiretamente pela<br />

adoção de padrões higiênicos e do índice técnico<br />

das práticas de manejo e ordenha do rebanho,<br />

bem como das condições de transporte e<br />

estocagem até os laticínios.<br />

Dentre os vanos parâmetros para<br />

avaliação da qualidade do leite, a quantificação<br />

de células somáticas é de importância relevante<br />

em fu nção de estar associada a processos<br />

infecciosos infl amatórios, causando disfunção<br />

das glândulas mamarias conhecida como mastite<br />

ou mamite. Desse modo, uma condição higiênicosanitária<br />

deficiente no manejo e/ou na ordenha<br />

do rebanho leiteiro está intimamente relacionada<br />

com redução da qualidade do mesmo (MARTIOLI<br />

et ai, 2000). O objetivo deste trabalho fo i<br />

investigar a qualidade do leite através da<br />

quantificação das células somáticas presentes<br />

quando da sua entrada nas u.nidades de processamento.<br />

Os resultados desse trabalho também<br />

fazem parte do desenvolvimento de metas<br />

propostas no subproj eto "Determinação de<br />

perigos restritivos à eficiência do processamento<br />

e competitividade do leite pasteurizado, buscando<br />

maximizar a segurança e qualidade para o<br />

consumidor" que tem como objetivo gerar<br />

informações que conduzam a melhoria da<br />

qualidade do leite pasteurizado através da<br />

avaliação da ocorrência de perigos micro-<br />

Pág. 174<br />

biológicos e qUI mICOS, durante as etapas de<br />

processamento e distribuição" fi nanciado pelo<br />

Projeto de Apoio ao Desenvolvimento de<br />

Te cnologias Agropecuárias para o Brasil -<br />

PRODETAB.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

Para a amostragem foram selecionadas duas<br />

usinas de processamento do leite B em regiões<br />

distintas, na Zona da Mata de Minas Gerais, Além<br />

Paraíba e Juiz de Fora, que possuem sistemas<br />

diferente de transporte, por latões e por tanques<br />

isotérmicos, respectivamente . Em ambos os<br />

casos o leite é utilizado como matéria-prima para<br />

a produção de leite fl uido B pasteurizado,<br />

manteiga, queijos e outros produtos lácteos.<br />

2.1. Coleta das Amos tras<br />

Foram coletadas 38 amostras (14 de cada<br />

usina) de leite cru resfriado tipo B em duas Usinas<br />

de Beneficiamento de Leite. A coleta das<br />

amostras foi realizada diretamente do tanque de<br />

recepção, com capacidade aproximada de 1.700<br />

litros, após homogeneização utilizando-se<br />

coletores de aço inox, imediatamente após a<br />

chegada do leite nas Usinas. As amostras foram<br />

acondicionadas em frascos de 100 ml com<br />

Bronopol, mantidas sob refrigeração e<br />

encaminhadas ao laboratório de qualidade da<br />

Embrapa Gado de Leite, para realização da<br />

contagem de Células Somáticas(CCS) e<br />

determinação dos teores de gorduras, proteínas<br />

lactose e sólidos totais (BRITO, 200 I).<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

PE samples were in accordance to CTP standards.<br />

This result confirmed the efficiency of<br />

pasteurisation processo Samonella was not found<br />

in ali of the tested samples (LC, SP and PE It was<br />

also observed that 16,7% (3/18) of LC tested<br />

samples, 77,8% (14/l8) of SP tested samples and<br />

11, I % (02/l8) of PE tested samples were in<br />

accordance to microbiological standards for total<br />

coliforms enumeration. Although pasteurisation<br />

process was efficient in 77,8% of the tested<br />

samples in elimination of total coliforms bacteria,<br />

it was observed contamination by total coliforms<br />

in packed pasteurised milk tested samples (PE).<br />

This result shows the occurrence of a<br />

contamination during packing processo In the<br />

same way, contamination by faecal coliforms in<br />

some of the packed pasteurised milk tested samples<br />

(PE) were observed. This result suggests that it<br />

may have ocurred an after-thermal process<br />

contamination or a contamination during packing<br />

process, since this contamination was not<br />

observed in the pasteuriser outlet samples (SP).<br />

Key words: microbiological quality milk,<br />

pasteurisation processo<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e<br />

Abastecimento Instrução Normativa n°. 51 de<br />

Regulamento Técnico de Produção, Identidade<br />

e Qualidade do Leite Tipo A, do Leite Tipo B,<br />

do Leite C, do Leite Pasteurizado e do Leite Cru<br />

Refrigerado e o Técnico da Coleta de leite Cru<br />

Refrigerado e seu Transporte a Granel. Diário<br />

Oficial da União. Brasília, 18 de setembro de<br />

200. Secção 3. Disponível em: < http: Ii<br />

www.agricultura.gov.br/das/dipoa/ > acesso em<br />

2004.<br />

FAGUNDES, C.M. Inibidores e Controle de<br />

Qualidade do Leite. Pelotas: Ed.<br />

Universitária, UFPel, 1997. 115 p., ISBN 85-<br />

7192-076-1.<br />

INTERNACIONAL DAIRY FEDERATION FIL­<br />

IDF, Standard Methods for the Examination of<br />

Dairy Products, Bulletin IOF Brussels, 1987<br />

MARQUES, M.S.; COELHO Jr., L.B.; SOARES,<br />

P.C. Avaliação da qualidade microbiológica do<br />

leite pasteurizado tipo C processado no Estado<br />

de Goiás. Encarte Eletrônico (CDR) Revista<br />

Higiene Alimentar, V. 19, n°. 130, 2005.<br />

ASPECTOS DE QUALIDADE DO LEITE CRU EM DUAS USINAS DE BENEFICIAMENTO DA<br />

ZONA DA MATA DE MINAS GERAIS: CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS (CSS)<br />

Quality aspects of raw milk processed in dairy plants in Minas gerais, Southeastern<br />

Brazil: Somatic Cells Counting<br />

* Projeto de pesquisa financiado pelo PRODETAB/BIRD<br />

Antonio Xavier de Farias1<br />

Roberto Luiz Pires Machado2<br />

Fernando Teixeira Silva3<br />

José Reinaldi Feitosa de Brito4<br />

Biólogo. M.Sc. Microb. Veterinária - Pesquisador 11 - Embrapa Agroindústria de Alimentos.<br />

antxafar@ctaa.embrapa.br<br />

2 Eng Agrônomo - Técnico de Nível Superior 1- Embrapa Agroindústria de Alimentos.<br />

3 Eng grônomo, M.Sc. Tec. de Alimentos - Técnico de Nível Superior III - Embrapa Agroindústria de Alimentos.<br />

4 Pesqll1sador da Embrapa Gado de Leite Juiz de Fora - MO.<br />

digitalizado por<br />

arvoredoleite.org<br />

Pág. 173


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

RESUMO<br />

Dentre os vários parâmetros para avaliação da qualidade do leite, a quantificação de células<br />

somáticas é de importância relevante em função de estar associada a processos infecciosos<br />

inflamatóri os, causando disfunção das glândulas mamárias conhecida como mastite ou<br />

mamite. Para este trabalho foram coletadas 38 amostras de leite cru resfriado tipo B no<br />

tanque de recepção de duas Usinas de Beneficiamento de Leite da Zona da Mata do Estado<br />

de Minas Gerais. As amostras foram analisadas para quantificação de Células Somáticas(CCS),<br />

gorduras, proteínas, lactose e sólidos totais. Vinte e seis por cento apresentaram uma<br />

contagem de células somáticas CS/ml acima de 6 xl 05 , estando em não conformidade com<br />

o requisito da legislação vigente. Em algumas das amostras com maiores níveis de CCS, foi<br />

observado um aumento no teor de sólidos totais, podendo ser devido a diminuição da<br />

produção de leite. O desvio padrão da média das CCS de 331.000 céls./ml, demonstra uma<br />

falta de padronização quanto ao manejo sanitário do gado e uma conseqüente baixa qualidade<br />

sanitária do leite, apesar dos valores médios de céls./ml de 556.000 estarem dentro do<br />

padrão de identidade e qualidade do leite B.<br />

1 - INTODUÇÃ O<br />

O leite é matéria-prima por excelência de<br />

vários produtos de largo consumo e boa aceitação<br />

no mercado brasileiro. A sua utilização como<br />

bebida, tem grande importância na alimentação<br />

da população, nas diversas idades. A qualidade<br />

desse leite, após o processamento, está diretamente<br />

influenciada pela concentração de<br />

células somáticas (CCS) e indiretamente pela<br />

adoção de padrões higiênicos e do índice técnico<br />

das práticas de manejo e ordenha do rebanho,<br />

bem como das condições de transporte e<br />

estocagem até os laticínios.<br />

Dentre os vários parâmetros para<br />

avaliação da qualidade do leite, a quantificação<br />

de células somáticas é de importância relevante<br />

em fu nção de estar associada a processos<br />

infecciosos infl amatórios, causando disfunção<br />

das glândulas mamarias conhecida como mastite<br />

ou mamite. Desse modo, uma condição higiênicosanitária<br />

deficiente no manejo e/ou na ordenha<br />

do rebanho leiteiro está intimamente relacionada<br />

com redução da qualidade do mesmo (MARTIOLI<br />

et ai, 2000). O objetivo deste trabalho foi<br />

i n vesti gar a qual idade do lei te através da<br />

quantificação das células somáticas presentes<br />

quando da sua entrada nas u.nidades de processamento.<br />

Os resultados desse trabalho também<br />

fazem parte do desenvolvimento de metas<br />

propostas no subproj eto "Determinação de<br />

perigos restritivos à eficiência do processamento<br />

e competitividade do leite pasteurizado, buscando<br />

maximizar a segurança e qualidade para o<br />

consumidor" que tem como objetivo gerar<br />

informações que conduzam a melhoria da<br />

qualidade do leite pasteurizado através da<br />

avaliação da ocorrência de perigos micro-<br />

Pág. 174<br />

biológicos e qUlmlcos, durante as etapas de<br />

processamento e distribuição" fi nanciado pelo<br />

Projeto de Apoio ao Desenvolvimento de<br />

Tecnologias Agropecuárias para o Brasil -<br />

PRODETAB.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

Para a amostragem foram selecionadas duas<br />

usinas de processamento do leite B em regiões<br />

distintas, na Zona da Mata de Minas Gerais. Além<br />

Paraíba e Juiz de Fora, que possuem sistemas<br />

diferente de transporte. por latões e por tanques<br />

isotérmicos, respectivamente . Em ambos os<br />

casos o leite é utilizado como matéria-prima para<br />

a produção de leite fl uido B pasteurizado,<br />

manteiga, queijos e outros produtos lácteos.<br />

2.1. Coleta das Amostras<br />

Foram coletadas 38 amostras (14 de cada<br />

usina) de leite cru resfriado tipo B em duas Usinas<br />

de Beneficiamento de Leite. A coleta das<br />

amostras foi realizada diretamente do tanque de<br />

recepção. com capacidade aproximada de 1.700<br />

litros, após homogeneização utilizando-se<br />

coletores de aço inox, imediatamente após a<br />

chegada do leite nas Usinas. As amostras foram<br />

acondicionadas em frascos de 100 ml com<br />

Bronopol, mantidas sob refrigeração e<br />

encaminhadas ao laboratório de qual idade da<br />

Embrapa Gado de Leite, para realização da<br />

con tagem de Células Somáticas(CCS) e<br />

determinação dos teores de gord uras, proteínas<br />

lactose e sólidos totais (BRITO, 200 1).<br />

3 - RESULTA DOS E DISCUSSÃO<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Considerando-se a diversidade da origem<br />

do leite amostrado, a CCS média observada de<br />

CS/ml 5,6 x 10\ tabela 2.- valores médios totais<br />

de constituintes e contagerTI de células somáticas<br />

de leite cru, apresentaram-se dentro dos padrões<br />

estabelecidos pela Instrução Normativa n.o 51<br />

de 18 de setembro de 2002. Entretanto, das<br />

amostras, vinte e seis por cento apresentaram<br />

uma contagem de células somáticas CS/ml acima<br />

de 6 xl05, estando em não conformidade com<br />

estes padrões. Estes resultados são também<br />

considerados acima da média para a<br />

interpretação da CCS, quando da estimativa do<br />

problema de mastite, sendo a contagem do leite<br />

normal, originado de animais sadios,<br />

normalmente menor que 300.000 céls./ml de<br />

leite (Ferrão, 2002), sugerindo uma baixa<br />

qualidade do manejo sanitário do rebanho. E<br />

10,5% das CCS apresentaram valores maiores<br />

que 1,0 x 106 CS/ml. Este fato ocorreu em ambas<br />

as regiões amostradas no mês de janeiro e estas<br />

amostras estariam em não conformidade com a<br />

legislação. Aproximadamente 5,3% das amostras<br />

não apresentaram o teor mínimo de proteínas<br />

exigido pela legislação de 2,9g/l00g<br />

sendo que 63% não alcançaram o teor mínimo<br />

de gord uras de 3,Og/ l OOg.<br />

Comparando-se os valores médios de<br />

constituintes do leite, apresentados na tabela I<br />

dos resultados médios da composição e contagem<br />

de células somáticas de leite cru por região<br />

amostrada, veri fi ca-se que independentemente<br />

da região. os resultados dos teores de gorduras,<br />

proteínas e lactose, são similares ao contrário<br />

dos de contagem de células somáticas, que<br />

apresentaram valores médios de 6,5 x 105 CS/ml<br />

na usina A. diferentemente da usina B de 476.000<br />

CS/mL que encontra-se dentro dos padrões de<br />

identidade e qualidade do leite cru B.<br />

O desvio padrão encontrado nas CCS, é<br />

indicativo de uma diversidade de qualidade no<br />

leite, demonstrando que não existe uma<br />

padronização de manejo e índice técnico entre<br />

os prod u tores.<br />

Tabela 2 - Valores médios totais de constituintes<br />

e contagem de células somáticas de<br />

leite cru, analisada no laboratório de<br />

qualidade da Embrapa Gado de Leite.<br />

Componente Média Desvio<br />

Analisado Aritmética Padrão<br />

Gordura 3,55 0, 15<br />

Proteína 3,13 0, 15<br />

Lactose 4,60 0, 16<br />

Sólidos Totais 12,27 0,27<br />

Contagem de Células<br />

Somáticas (céls./ml)<br />

566.000 33 1 .000<br />

Tabela 3 - Valores médios encontrados na usina<br />

A de constituintes e contagem de<br />

células somáticas de leite cru,<br />

analisada no laboratório de qualidade<br />

da Embrapa Gado de Leite.<br />

Componente Média Desvio<br />

Analisado Aritmética Padrão<br />

Gordura 3,50 0, 12<br />

Proteína 3,16 0, 13<br />

Lactose 4,63 0, 17<br />

Sólidos Totais 12,28 0,27<br />

Contagem de Células<br />

Somáticas (céls./ml)<br />

645.000 397.000<br />

A tabela 3 apresenta os valores médios<br />

encontrados na usina A de constituintes e<br />

contagem de células somáticas de leite cru. A<br />

maior variação de CCS/ml, apresentou-se na<br />

mesma, onde as contagens médias das amostras<br />

analisadas foram maiores. Isto sugere um menor<br />

índice técnico na produção primária. manejo do<br />

rebanho e ordenha nessa região.Outro .fator<br />

importante é que a coleta do leite nessa região é<br />

feita por latões, diferentemente da usina B onde<br />

o transporte do leite até a mesma é realizado em<br />

tanques refrigeradores. Embora não tenha relação<br />

direta com presença de células somáticas, reforça<br />

a idéia de associação a uma melhor condição<br />

higiênica e por esta estar relacionada com um<br />

melhor manejo tecnológico pelo produtor.<br />

Ta bela 1 - Resultados médios da composição e contagem de células somáticas de leite cru por região<br />

amostrada.<br />

:::l<br />

U<br />

<br />

'v<br />

-l<br />

Usina<br />

A<br />

B<br />

Ambas as Usinas<br />

Gordura<br />

3,50<br />

3,60<br />

3,55<br />

Proteína<br />

3,16<br />

3,10<br />

3,13<br />

Lactose<br />

4,63<br />

4,58<br />

4,60<br />

_<br />

<br />

Sólidos Totais<br />

12,28<br />

12,27<br />

12,27<br />

CSS x 105<br />

6,5<br />

4.8<br />

5,6<br />

digitalizado por<br />

arvoredoleite.org


Tabela 4 - Valores médios encontrados na usina<br />

B de constituintes e contagem de<br />

células somáticas de leite cru,<br />

analisada no laboratório de qualidade<br />

da Embrapa Gado de Leite.<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Componente Média Desvio<br />

Analisado Aritmética Padrão<br />

Gordura 3,60 0, 17<br />

Proteína 3, 10 0, 17<br />

Lactose 4,58 0, 16<br />

Sólidos Totais 12,27 0,28<br />

Contagem de Células<br />

Somáticas (céls./ml)<br />

476.000 243.000<br />

Observou-se que a maior variação dos<br />

constituintes analisados, gordura e proteína,<br />

apresentou-se na usina B, onde ocorreu menor<br />

presença de células somáticas, conforme a tabela<br />

4, dos valores médios encontrados na usina B de<br />

constituintes e contagem de células somáticas de<br />

leite cru. Entretanto a maior variação nos teores<br />

de lactose apareceu na região de maior CCS e<br />

desvio da mesma na usina A. Estes resultados<br />

sugerem a necessidade de uma continuidade nesta<br />

investigação. para interpretação da correlação<br />

entre os teores desses componentes com os<br />

valores de CCS. Em algumas das amostras com<br />

maiores níveis de céls./ml, foi observado um<br />

aumento no teor de sólidos totais. Esse resultado<br />

pode estar relacionado com uma diminuição da<br />

produção de leite necessitando de uma investigação<br />

mais acurada de suas variações. Os teores médios<br />

de gord uras, proteínas, lactose e sólidos totais<br />

podem ser considerados dentro da média, quando<br />

comparados aos requisitos encontrados no padrão<br />

de identidade e qualidade do leite cru B refrigerado.<br />

4 - CONCLUSÕES<br />

O desvio padrão da média das CCS de 331 .000<br />

céls./ml, demonstra uma falta de padronização<br />

quanto ao manejo sanitário do gado e uma<br />

conseqüente baixa qualidade sanitária do leite,<br />

apesar dos valores médios de céls./ml de 556.000<br />

estarem dentro do padrão de identidade e qualidade<br />

do leite B. Foi observada uma melhor qualidade do<br />

Pág. 1?6<br />

, I<br />

• • •<br />

leite transportado em tanques frigorificados, em<br />

relação ao transportado em galões.<br />

SUMMARY<br />

Among the parameters for evaluation of<br />

the quality of milk, the somatic cells<br />

quantification has great importance in function<br />

to be associated to the inflammatory infectious<br />

processes, causing mammary glands disfunctions<br />

caIled "mastite". For this work 38 samples of<br />

type B cooled milk had been collected in the<br />

reception's tank of two milk processing plants<br />

at "Zona da Mata" in Minas Gerais state. The<br />

samples had been analysed to the somatic ceIls<br />

count (SCC), total fats, proteins, lactose and<br />

solids. Twenty and six percent had presented a<br />

SCC greater than 6 x 105 CS/ml, being in not<br />

conformity with the parameters in the currents<br />

brasilians regulaments. In some of the samples<br />

with bigger leveis of SCC, an increase in the<br />

total solid was observed, probabily related to a<br />

reduction of the milk production. The standard<br />

deviaton of the aritmetric mean of the 33 I .000<br />

of céls./mI. demonstrates that there isn't a<br />

adoption of the cattle sanitary handling standards<br />

procedures with consequent decrease of the<br />

sanitary milk's quality. in despite the average<br />

values of céls./ml of 556.000 to be inside of the<br />

brasilian standard of idéntity and quality of type<br />

B cooled raw milk.<br />

Key-words: quality of raw milk. somatic cells.<br />

REFERÊNCIAS<br />

BRITO. l.R.F. Coleta de amostras de leite para<br />

determinação da composição química e contagem<br />

de células somáticas. Circular Técnica n.<br />

62, Embrapa Gado de Leite, 200 J, p. 61.<br />

FERRÃO, S. P. B .. Influência de contagem de células<br />

somáticas na qualidade do leite. http://<br />

www.serrana.com.br/n_boletins.aspTipo=n&id=24.<br />

2002.<br />

MARTIOLI, G. P. ; PINTO, S.M.; ABREU, L.R.;<br />

CLEMENTE, P. R. Algumas considerações sobre<br />

mastite. Revista do Instituto de Laticínios<br />

Cândido Tostes, v. 54 n. 314, p. 3-9, 2000.<br />

• • • •<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

PESQUISA DE MICRORGANISMOS PSICROTRÓFICOS EM LEITE CRU PRODUZIDOS EM<br />

CURITIBA E REGIÃO METROPOLITANA.<br />

"Research of psychrotrophic microrganisms in raw milk produced in curitiba and<br />

region metropolitan"<br />

RESUMO<br />

Dayane Karina Lorenzetti1<br />

Jocilene de Miranda Marques 1<br />

Giovani Mocelin2<br />

Grandes vol umes de leite ficam armazenados a temperatura de refrigeração (l°C a 6°C) por<br />

longos períodos na indústria de laticínios. As bactérias psicrotróficas podem desenvolverse<br />

nessas temperaturas levando a mudanças indesejáveis no leite e nos seus derivados.<br />

indicando a baixa qual idade do leite e condições sanitárias insatisfatórias durante o<br />

processamento. O objetivo do presente trabalho foi pesquisar a presença de microrganismos<br />

psicrotróficos do leite cru produzido em Curitiba e na região metropolitana. Foram analisadas<br />

amostras diárias de leite cru resfriado tipo C dessa região nos meses de janeiro, fevereiro e<br />

març o de 2005. Os resultados evidenciaram uma grande necessidade de melhorias e<br />

qualificação de boas práticas na ordenha, orientação e treinamento aos produtores e a<br />

todas as pessoas envolvidas no processo de captação de leite para uma redução na carga de<br />

microrganismos psicrotróficos a níveis aceitáveis.<br />

Palavras-chave: Microrganismo, leite, psicrotróficos.<br />

INTRODUÇÃ O<br />

A produção de leite cresceu a urna taxa<br />

média de 4,5% ao ano na última década, passando<br />

de 15,6 bilhões de litros, em 1993, para 22,6<br />

bilhões, em 2003. Atualmente o Brasil é o sexto<br />

maior produtor de leite, com um volume que<br />

corresponde a aproximadamente 4,5% da<br />

produção mundial. O setor é um dos mais<br />

importantes do agronegócio brasileiro, ocupando<br />

o sexto lugar em valor bruto da produção<br />

agropecuária (MARTINS, 2004).<br />

A qualidade do leite produzido no Brasil<br />

melhorou substancialmente a partir de 2001. As<br />

condições favoráveis, com oportunidades de<br />

export ação, permitiram a implementação do<br />

Programa de Melhoria da Qualidade do Leite<br />

(Ministéri o da Agricultura, Pecuária e<br />

Abastecimento (MAPA), Instrução Normativa<br />

n° 51, de 18 de setembro de 2002), que estabelece<br />

critérios para a produção. identidade e qualidade<br />

do leite (MARTINS, 2004).<br />

Segundo o Regulamento Técnico de<br />

Identidade e Qualidade de leite cru resfriado<br />

(INSTRUÇÃ O NORMATIVA N°51, 2002), o<br />

leite deve ser refrigerado em tanque de expansão<br />

a temperatura igual ou inferior a 4°C (quatro<br />

graus Celsius) no tempo máximo de 3h após o<br />

término da ordenha, independentemente de sua<br />

capacidade ; igual ou inferior a rc quando o<br />

tanque de refrigeração for por imersão.<br />

Temperatura em torno de 4°C controlam o<br />

crescimento de microrganismos mesófilos, que<br />

em geral provocam acidificação e causam perdas<br />

econômicas para produtores e indústrias.<br />

A refrigeração é importante na manutenção<br />

das condições bacteriológicas do leite cru até o<br />

seu beneficiamento. Nos programas sanitários<br />

Alunas do mestrado em Tecnologia de Alimentos - UFPR. Setor de Tecnologia da Universidade Federal do<br />

Paraná.<br />

2. Professor doutor do programa de mestrado e doutorado em Tecnologia de Alimentos - UFPR, Setor de Te cnologia<br />

da Universidade Federal do Paraná.<br />

digitalizado por<br />

arvoredoleite.org


--- Ik#<br />

. ............ --------------------------------------------------------<br />

para leite de consumo, um dos fatores<br />

fundamentais para melhorar a qualidade do leite<br />

é o resfriamento na própria fazenda. Na<br />

indústria de laticínios, onde grandes volumes de<br />

leite ficam armazenados a temperatura de<br />

refrigeração por longos períodos, as bactérias<br />

psicrotróficas podem desenvolver-se causando<br />

mudanças indesejáveis no leite e nos seus<br />

derivados. A presença desses microrganismos<br />

indica a baixa qualidade do leite e insatisfatórias<br />

condições sanitárias no processamento<br />

(RAVANIS e LEWIS, 1995).<br />

O objetivo do presente trabalho foi<br />

pesquisar o perfil do leite cru, produzido em<br />

Curitiba e região metropolitana, quanto à<br />

presença de microrganismos psicrotróficos.<br />

MATERIAL E MÉTODO<br />

Foram analisadas amostras diárias de leite<br />

cru resfriado tipo C, oriundas de Curitiba e região<br />

metropolitana. Coletados 1000 mL de cada um<br />

dos 3 compartimentos dos caminhões contendo<br />

tanque isotérmico para transporte de leite<br />

captado no município de Curitiba e região<br />

metropolitana.<br />

Essas amostras foram retiradas na plataforma<br />

de recepção de um laticínio situado na<br />

cidade de Curitiba durante os meses de janeiro,<br />

fe vereiro e março de 2005.<br />

Foram efetuadas análises de microrganismos<br />

psicrotróficos utilizando a metodologia<br />

de OLIVEIRA e PA RMILEE, 1976<br />

(contagem de psicrotróficos modificada que<br />

possibilita a enumeração dos microrganismos em<br />

menor tempo, 21°C/25h).<br />

Utilizou-se placa de Petrifilmâ para<br />

contagem de aeróbios AC (3M do Brasil Ltda.).<br />

RESULTA DOS E DISCUSSÃO<br />

Durante os 3 meses em que o leite coletado<br />

no município de Curitiba e região metropolitana<br />

foi analisado, observou-se alta contagem de<br />

microrganismos psicrotróficos e resultados muito<br />

semelhantes quando calculadas as médias dos meses.<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

As altas contagens de algumas linhas<br />

específicas, fizeram com que as médias se<br />

mantivessem altas. Foram obtidas no leite cru<br />

contagens de I, I x 10" até 2,3 x 10'JUFC/mL.<br />

De uma forma geraL as contagens foram<br />

altas (I OH UFC/mL). O que mostrou-se<br />

extremamente grave, pois nos silos de leite cru,<br />

após feito o descarregamento, este acaba sendo<br />

misturado independente da contagem, o que torna<br />

a média de microrganismos psicrotróficos<br />

presentes nos silos alta.<br />

As médias dos meses analisados foram<br />

as seguintes: janeiro 1,6 x I OH UFC/mL; fevereiro<br />

1,5 x 10H UFC/mL e março 1,6 x 10HUFC/mL.<br />

DESMASURES e GUEDES (1997), encontraram<br />

índices de contaminação de<br />

microrganismos psicrotróficos do gênero<br />

Pseudol1/oJlas de 2,2 x 106 UFC/mL em<br />

equipamentos de ordenha.<br />

Os microrganismos psicrotróficos presentes<br />

no leite são responsáveis pela produção<br />

de enzimas que com freqüência não são destruídas<br />

pelos processos térmicos a que o leite é<br />

submetido.<br />

SHAH (19 94) relata que a atividade<br />

enzimática dos psicrotróficos tem grande<br />

importância quando as contagens ultrapassam<br />

101> ufc/mL.<br />

Essas enzimas (lipases e proteases) mesmo<br />

em baixas concentrações são capazes de causar<br />

sabor de ranço e sabor amargo no leite e produtos<br />

lácteos estocados sob refrigeração.<br />

Esses resultados evidenciam uma grande<br />

necessidade de melhorias e qualificação de boas<br />

práticas na ordenha. Orientação e treinamento<br />

aos produtores e a todas as pessoas envolvidas<br />

no processo de captação de leite. Para que haja<br />

uma redução na carga de microrganismos<br />

Psicrotróficos a níveis aceitáveis.<br />

CONCLUSÃ O<br />

Portanto, as médias das contagens encontradas<br />

nos 3 meses estudados (I OH), superam<br />

as contagens indicadas na literatura (106 ufc/mL)<br />

Tabela 1 - Resultado das análises microbiológicas do leite cru coletado em Curitiba e Região<br />

Metropolitana.<br />

Mês Média do mês Maior cont. Menor cont. % Carretas % Carretas<br />

2005 UFC/mL UFC/mL UFC/mL acima de 101> abaixo 106<br />

Janeiro 1,6 x IOH 1,2 X 109 1,0 x 104 60,34 39,66<br />

Fevereiro 1,5 x 10R 1,2 X 109 1,1 X 102 58,54 41,46<br />

Pág. 178<br />

Março 1,6 x 10H 2,3 X 109 1,2 x 104 59,40 40,60<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

sendo problemático para este laticínios a quantia<br />

de enzimas produzidas pelos microrganismos<br />

psicrotróficos e indicando que os produtos<br />

produzidos lá podem sofrer alterações durante a<br />

vida de prateleira devido a ação de enzi mas<br />

termorresistentes produzidas por estes microrganismos,<br />

podendo dificultar a aceitação desses<br />

produtos no mercado interno e externo.<br />

SUMMARY<br />

Large volumes of milk are stored at low<br />

temperatures between 1°C and 6°C for long periods<br />

in the dairy industry. The psycrotrophic bacteria<br />

can develop themselves causing undesirable<br />

changes in the milk and dairy products. lts<br />

presence indicates the unsatisfactory sanitary<br />

conditions during the milk processing and the<br />

low quality of the raw milk. The main goal of<br />

this work was to investigate the presence of the<br />

psycrotrophic bacteria in the raw milk produced<br />

in Curitiba and metropolitan region during the<br />

months of January, February and March of 2005.<br />

Daily milk samples were taken from cooled type<br />

C raw milk. The results demonstrates the<br />

necessity of improvements during milking and<br />

courses and training to the producers and<br />

everybody else involved people in the dairying<br />

in order to reduce the load of undesirable<br />

microorganisms to acceptable leveIs.<br />

Keywords:<br />

psycrotrophic.<br />

REFERÊNCIAS<br />

microorganism, milk,<br />

DESAMASURES, N. & GUEGUEN, M.<br />

Monitoring the microbiology of high quality<br />

milk by monthly sampling over 2 years. Jounal<br />

of Dairy Research. v. 64, p. 271 -280, 1997.<br />

INSTRUÇÃ O NORMATIVA N°51, de 18 de<br />

Setembro de 2002. Disponível em : <<br />

www.agricultura.gov.br > Acesso em 7 jan. 2005.<br />

MARTINS, M. C. Competitividade da cadeia<br />

produtiva do leite no Brasil. Revista de Política<br />

Agricula. Ano XIII. n. 3. p. 38-51, 2004.<br />

OLIVERIA, J. S.; PARMELEE, C.E. Rapid<br />

enumeration of psychrotrofic bacteria in raw<br />

and pasteurized milk. Journal of Milk and<br />

Food Technology. v.39, n.4, p. 269-272, 1976.<br />

RANIS, S.; LEWIS, M. J. Observations on the effect<br />

of raw milk quality on the keeping quality of<br />

pasteurized milk. LeUers in Applied Microbiology.<br />

London, v. 20, n. 3, 1995. p. 517-524.<br />

S HAH, N. P. Psychrotrophs in milk: a review.<br />

Milchwissenschaft. v. 49, p. 432-437, 1994.<br />

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE QUEIJO MINAS ARTESANAL DO CONCURSO<br />

MUNICIPAL DE MEDEIROS-MG<br />

Microbiological estimate of handicraft minas cheese on the contest of Medeiros Conty<br />

Estudantes de Tecnologia em Processamento de Alimentos, CEFET-Bambuí.<br />

2 Professor do Setor de Microbiologia e Controle de Qualidade, CEFET-Bambuí.<br />

3 Zootecnista - EMATER de Medeiros-MO.<br />

4 Professoras da área de leite e derivados, CEFET-Bambuí.<br />

* Órgão financiador: CEFET-Bambuí.<br />

digitalizado por<br />

Alessandra M. Silva1<br />

Alessandra R. VitaP<br />

Claudiana J. Leite1<br />

Jonas G. S. e Silva2<br />

Alberto S. PaciullP<br />

Sônia O. D. Paciulli4<br />

Romilda A. B. M. Araújo4<br />

Pág. 179<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

RESUMO<br />

A produção do queijo Minas Artesanal é uma atividade econômica importante para a<br />

identidade sócio-cultural da região da Serra da Canastra, onde fica localizado o município<br />

de Medeiros. O seu aprimoramento é uma busca constante de organizações como a Associação<br />

dos Produtores de Queijo Canastra de Medeiros (APROCAME), associada à EMATER e<br />

FERT ("Fo/'ll/atiol/ pour /'Epanouissement et lê Rellouveau de la Te /Te"). Para isto foi<br />

organizado o 9° Concurso para avaliar os queijos da região e incentivar os produtores à<br />

melhoria de qualidade de seu produto. Fabricados a partir de leite cru, a avaliação<br />

microbiológica destes queijos é de fundamental importância para verificar se o produto é<br />

seguro para o consumidor. O presente trabalho teve como objetivo analisar os queijos<br />

apresentados neste concurso, considerando os padrões microbiológicos estabelecidos pela<br />

Lei Estad ual n" 14. 1 85, de 31 de janeiro de 2002. Das 28 amostras analisadas todas se<br />

encontravam dentro do padrão para Coliforme a 30 °C (I x 104 UFC/g) e para Coliforme a<br />

45 °C (5x I 03 UFC/g), apesar do grupo de colifonnes esta abaixo do permitido pela legislação<br />

vigente em 14% das amostras foram encontrados outros microorganismos do grupo<br />

enterobacterias. Os resultados evidenciaram a necessidade de orientação aos produtores<br />

em relação à qualidade da matéria-prirna e à adoção de Boas Práticas de Fabricação,<br />

buscando minimizar problemas microbiológicos e agregando maior valor ao produto final.<br />

Palavras-chave: Queijo Minas Artesanal, Medeiros, microbiologia.<br />

1 - INTRODUÇÃ O<br />

Em Minas Gerais a produção de queijo<br />

artesanal a partir de leite cru, é uma atividade<br />

tradicional de vári os municípios, sendo importante<br />

para a economia e identidade sóciocultural<br />

do Estado, além de ser a principal<br />

ati vidade geradora de re nda destas regiões<br />

(Furtado. 1980).<br />

A fabricação e consumo do queijo na região<br />

da Canastra se confundem com a história do<br />

povoamento local, iniciado com a busca de<br />

minerais e pedras preciosas. O queijo fabricado<br />

de fo rma artesanal já era incluído entre os<br />

costumes e hábitos alimentares daquela época.<br />

Dentre as re giões produtoras de queij o<br />

artesanal, em Minas Gerais, com certeza a<br />

Canastra é a mais conhecida (Almeida, et al.<br />

2(04), e esta fama já ultrapassa as fronteiras do<br />

Estado. As condições físico-ambientais, que<br />

combinam de maneira única solo, clima, relevo,<br />

altitude e água das fontes do Rio São Francisco,<br />

são propícias ao desenvolvimento de bactérias<br />

típicas que produz um queijo diferenciado com<br />

sabor característico.<br />

A cidade de Medeiros está localizada na<br />

microrregião do Alto São Francisco, zona oeste<br />

de Minas Gerais. próximo a Serra da Canastra;<br />

situando-se a 320 Km de Belo Horizonte.<br />

Medeiros é destaque na produção do queijo Minas<br />

Artesanal com a produção de 1600 toneladas/<br />

ano (IMA/EMATER-MG 2003 / IBGE 2002);<br />

sendo marcante a presença da Agricultura<br />

familiar. O setor já se organiza com a Associação<br />

dos Produtores de Queijo Canastra de Medeiros<br />

(APROCAME), associada a EMATER e FERT,<br />

que através da Lei Estadual n° 14. 1 85, de 31 de<br />

janeiro de 2002, busca o aprimoramento da<br />

produção de queijos artesanais fe ito a partir de<br />

leite cru, regulamentado pelo decreto n° 42 .645,<br />

de 05 de junho de 2002, que dispõe sobre os<br />

parâmetros a serem atendidos para que o produto<br />

possa ser comercializado.<br />

O objetivo deste trabalho é analisar as<br />

condições microbiológicas do Queijo Minas<br />

Artesanal, apresentado no 9° Concurso municipal<br />

de junho de 2004, realizado pela EMATER de<br />

Medeiros-MG, como contribuição para preservação<br />

do processo artesanal, verificando a<br />

qualidade e segurança do produto.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

Neste trabalho, amostras de 28 queijos,<br />

foram coletadas durante o Concurso Municipal<br />

do Queijo Minas Artesanal, de junho de 2004. A<br />

coleta fo i realizada com todos os cuidados de<br />

assepsia, utilizando-se materi ais previamente<br />

esterilizados. As amostras foram acondicionadas<br />

individualmente em embalagens plásticas estéreis<br />

e, após identificação adequada, transportadas em<br />

caixas isotérmicas e analisadas no Laboratório<br />

de Microbiologia do Centro Federal de Educação<br />

Tecnológica de BambuÍ (CEFET-Bí). Sendo as<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

análises realizadas em triplicata, para avaliação<br />

dos seguintes indicadores microbiológicos:<br />

Contagem de coliforme a 30 °C (Standard<br />

MetllOds 1992); coliforme a 35 °C e 45 °C<br />

(NMP) e detecção de outras enterobactérias em<br />

placas (Norma FIL-IDF).<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Representação dos resultados das analises<br />

microbiológica realizadas.<br />

4<br />

O Coliformes 30º C<br />

o Coliformes 45º C<br />

111 Outras<br />

Figura 1 - Número de amostras em relação ao<br />

tipo de microrganismos presentes<br />

nos queijo Minas Artesanal<br />

coletados no 9" Concurso Municipal<br />

de Medeiros-MG.<br />

Das 28 amostras de queijos analisadas, 20<br />

(7 1%) e 16 (57%), estão dentro dos padrões<br />

recomendados pela legislação, para coliformes a<br />

30°C e a 45°C, respectivamente. Queijos<br />

artesanais da região do Serro analisados por Pinto<br />

(2004) apresentaram resultados de 24% e 69%<br />

para coliformes a 30°C a 45°C, respectivamente.<br />

Em outro estudo com queijos artesanais realizado<br />

na região de Araxá, Araújo (2005) encontrou 19<br />

(5 1 %) e 23 (62%) para os mesmos microrganismos.<br />

Todos os resultados citados acima<br />

apresentam-se dentro dos padrões recomendados<br />

pela legislação. Pereira et aI. (1999) estudando<br />

queijo canastra coletado em Belo Horizonte<br />

encontrou 81,2% fora dos padrões para<br />

coliformes 45°C. Para outras enterobactérias 4<br />

(14%) das amostras mostraram-se fora do<br />

padrão. A presença destes microrganismos nos<br />

alimentos, cujo habitat excl . usivo é o trato<br />

gastrointestinal de animais de sangue quente,<br />

indica precárias condições higiênico-sanitárias<br />

de fabricação/manipulação do alimento (Silva et<br />

aI. 2001).<br />

4 - CONCLUSÃ O<br />

Considerando os resultados anali sados,<br />

quanto às características microbiológi cas,<br />

veri ficou-se a necessidade de orientação aos<br />

produtores e à implantação de Boas Práticas de<br />

Fabricação ; agregando maior valor e<br />

aprimoramento ao produto, e promovendo a<br />

preservação das características e dos processos<br />

digitalizado por<br />

tradicionais de fabricação.<br />

Estudos posteriores são necessanos para<br />

analisar a presença de outros microrganismos e<br />

a influência do período de maturação na inibição<br />

microbiana.<br />

ABSTRAT<br />

The manual production of Minas' cheese<br />

is an important economic activity that<br />

reinforces the cultural identity of the Serra da<br />

Canastra region, where is located the city of<br />

Medeiros. The improvement of the Minas'<br />

cheese production is the result of efforts<br />

promoted by associations such as the Association<br />

of the Cheese Producers of Serra da Canastra in<br />

Medeiros County (APROCAME), which is<br />

associated to EMATER and FERT ("Formation<br />

pour I'Epanouissement et reads Renouveau of<br />

la Terre"). APROCRAME, as part of the<br />

activities to improve the quality of Minas'<br />

cheese, organized the 9° contest to eval uate the<br />

various Mina's cheese produced within the region.<br />

The contest has also the objective to stimulate<br />

the cheese producers to improve the quality of<br />

their product. Since Minas' cheese is<br />

manufactured out of raw milk, the<br />

microbiological test of product is very important<br />

in order to assure the safe consumption by the<br />

population. The present analysis had the<br />

objective to analyze the Mina's cheese consumed<br />

during the contest, considering the<br />

microbiological standards established by the State<br />

Law number 14. 1 85, of January 31 of 2002. Ali<br />

of the 28 analyzed samples complied to the<br />

standard for Coliforme of 30° C (I x I 04 UFC/g)<br />

and to Coliforme of 45°C (5x 10.1 UFC/g), despite<br />

the group of coliformes this below of allowed<br />

for law in 14% of the samples, had been found<br />

other m.o. of the grollp of enterobacterias. The<br />

results evidenced the need of orientation to the<br />

producers in relation to the qllality of the raw<br />

material and the adoption of Good Practical of<br />

Manufacture, with the objective of minimize<br />

microbiological isslles and add higher value to<br />

the fi nal goods.<br />

Keywords: Minas handicraft cheese,<br />

Medeiros, microbiology.<br />

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGR Á FICAS<br />

ALMEIDA, E. F. L.; FERNANDES, M. R ..<br />

Caracterização da Microrregião da<br />

Canastra como Produtora Tradicional do<br />

Queij o Minas Artesanal. São Roque de Minas:<br />

EMATER - novembro/2004.<br />

arvoredoleite.org


FURTADO, M. M .. Queijo do Serro - tradição<br />

na história do povo mineiro. Revista do<br />

Instituto de Laticínios Cândido Tostes, v.<br />

35, p. 33-36; 1980.<br />

SILVA, J. v. ; HOFFMAN, F; MANSOR, A. P. et<br />

ai. Monitoramento da qualidade microbiológica<br />

de queijos tipo Minas Frescal fabricados<br />

artesanal mente. Revista Indústria de<br />

Laticínios, p. 71-75, ano 6, n. 34, jul/ago. 200 I.<br />

PEREIRA, M.L; GASTELOIS, M.C.A; BASTOS,<br />

E.M.A.F; CAIFFA, W.T; FALEIRO, E.S.C ..<br />

Enumeração de coliformes fecais e presença de<br />

Sall1lolle lla sp. em queijo Minas. Arquivo<br />

Brasileiro de Medicina Veterinária e<br />

Zootecnia, vol-5 1, n 5, 1999.<br />

ARAÚJO, R.A.B.M .. Diagnóstico sócioeconomico,<br />

cultural e avaliação dos<br />

parâmetros físico-químicos e<br />

microbiológicos do queijo Minas Artesanal<br />

da região de Araxá. Viçosa-MG, 2005. 136 f.<br />

Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia<br />

de Alimentos)-Universidade Federal de Viçosa.<br />

PINTO, M.S. Diagnóstico sócio-econômico,<br />

cultural e avaliação dos parâmetros físico-<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

• • • •<br />

qUlmlcos e microbiológicos do queijo<br />

Minas Artesanal da região de Serro-MG.<br />

Viçosa-MG, 2004. 140 f. Dissertação (Mestrado<br />

em Ciência e Tecnologia de Alimentos)­<br />

Universidade Federal de Viçosa.<br />

MINAS GERAIS, Assembléia Legislativa do<br />

Estado de Minas Gerais. Lei Estadual n° 14.185,<br />

de 31 de janeiro de 2002. Que dispõe sobre o<br />

processo de produção de queijo minas artesanal<br />

e dá outras providências<br />

MINAS GERAIS, Assembléia Legislativa do<br />

Estado de Minas Gerais. Decreto n° 42.645, de<br />

05 de junho de 2002.<br />

MINAS GERAIS, Instituto Mineiro de<br />

Agropecuária (lMA). Portaria n° 518, de 14 de<br />

junho de 2002. Dispõe sobre requisitos básicos<br />

das instalações, materiais e equipamentos ... Belo<br />

Horizonte, 14 jun. 2002.<br />

MINAS GERAIS, Instituto Mineiro de<br />

Agropecuária (lMA). Portaria n° 523, de 03 de<br />

julho de 2002. Dispõe sobre as condições<br />

higiênico-sanitárias e boas práticas na<br />

manipulação e fabricação ... Belo Horizonte, 03<br />

jul. 2002.<br />

• • • •<br />

PERFIL SENSORIAL DE SORVETE DE CHOCOLATE<br />

Sensation profile of chocolate ice cream<br />

RESUMO<br />

CASTRO, Vanessa Cristina de'*<br />

ANDRADE, Vivian Tavares de'<br />

MINIM, Valéria Paula Rodrigues2•<br />

SILVA, Danilo José Pereira da'.<br />

O consumo de sorvete no Brasil vem aumentando a cada ano. No presente estudo, análise<br />

descritiva quantitativa foi aplicada para levantar atributos sensoriais que melhor<br />

caracterizassem cinco marcas comerciais de sorvete de chocolate. Os atributos referiramse<br />

a características de aroma, sabor, cor e textura, possibilitando avaliar o perfil sensorial<br />

Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, Ma, Brasil.<br />

I Estudante de Engenharia de Alimentos Universidade Federal de Viçosa.<br />

2 Professora Titular do Departamento de Tecnologia de Alimentos/UFY.<br />

* vanessariso@yahoo.com.br<br />

** viviantaan@yahoo.com.br<br />

Pág. 182<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

dessas marcas. Os sorvetes de chocolate foram avaliados por uma equipe de provadores<br />

treinados, sendo definidos, com base no método rede, treze descritores (partículas de gelo,<br />

cremosidade, cor característica, homogeneidade, pegajosidade, aroma de chocolate, aroma<br />

de café, aroma tutti-fruti, gosto amargo, gosto doce, sabor de chocolate, sabor de café e<br />

sabor de tutti-fruti). As cinco amostras apresentaram diferença significativa (p


o treinamento dos provadores foi<br />

realizado, segundo recomendações de STONE et<br />

aI. (1974).<br />

Após a realização do treinamento foi feito<br />

um teste piloto para verificar o desempenho dos<br />

provadores. Foram aval iadas três amostras de<br />

sorvete (Kibom, Sol e Neve e Vidalle), apresentadas<br />

em uma mesma sessão, com três<br />

repetições, utilizando a ficha descritiva definitiva,<br />

anteri ormente elaborada. Os provadores foram<br />

selecionados de acordo com a sua habilidade em<br />

discriminar as amostras e com a repetibilidade<br />

dos resultados.<br />

Citado por MONTEIRO (200 I ), com o<br />

objetivo de se obter informações sobre a<br />

repetibilidade e o poder de discriminação destes<br />

provadores, foram realizadas análise de variância<br />

(ANOVA), com duas fo ntes de variação<br />

(repetição e amostra), por provador, para cada<br />

atributo sensorial de acordo com POWERS,<br />

CENCIARELLl e SHINHOLSER (1984). Foram<br />

retreinados os provadores que apresentaram<br />

probabilidade de F (amostra) maiores ou iguais a<br />

0,50 ou probabilidade de F (repetição) menores<br />

ou iguais a 0,05 em pelo menos um dos atributos.<br />

Foi realizada a análise de variância para<br />

comparação das amostras (marcas comerciais),<br />

a comparação das médias foi determinada pelo<br />

teste de Tukey ao nível de I % de significância.<br />

As análises estatís ticas foram realizadas,<br />

utilizando-se os programas do pacote estatístico<br />

SAS (Statistical Analysis System - SAS Institute<br />

Inc, North Carolina, USA), versão 8.0, licenciada<br />

para Universidade Federal de Viçosa, 20(2).<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Ta bela l -Definições e referências dos termos descritivos selecionados.<br />

A T IUIlUTOS<br />

11 0 111 ugcllchl;llh:<br />

A rulll a d ch {l colul I.!<br />

Arol1l de café<br />

A rom a I u ll i frlll i<br />

S:l ho l' dI.! chuculate<br />

Pág. 184<br />

Suho r dI.! I.:U fé<br />

Dos 26 voluntários, 8 foram préselecionados<br />

para participarem do processo de<br />

desenvolvimento da terminologia descritiva. A<br />

Tabela I apresenta a listagem dos treze termos<br />

descritivos selecionados para caracterização do<br />

sorvete de chocolate, a definição consensual de<br />

cada termo e as amostras- referência dos<br />

extremos das escalas.<br />

Dentre os 8 provadores recrutados e préselecionados,<br />

quatro apresentaram valores de<br />

significância de F ", maiores que 0,50 ou<br />

all stra<br />

valores de significância de F'


e a amostra 3 foi a que apresentou a cor menos<br />

característica.<br />

Quando foi analisada a homogeneidade,<br />

observou-se que as amostras 1, 4 e 5 foram<br />

consideradas as mais homogêneas. A amostra 3<br />

apresentou-se como a me os . homogênea.<br />

Com relação a pegajosldade a amostra 3<br />

apresentou-se como a mais pegajosa. As amostras<br />

1 e 4 foram as que apresntaram a menor<br />

pegajosidade.<br />

A amostra 2 apresentou mais aroma de café<br />

que as demais. As amo tr s . 1, . 3, 4, e 5 não<br />

apresentaram diferenças slgl11fIcatlvas entre elas.<br />

4 - CONCLUS Õ ES<br />

A Análise Descritiva Quantitativa forneceu<br />

informações valiosas na descrição dos atributos<br />

sensoriais importantes para a caracterização das<br />

cinco marcas de sorvete de chocolate. Os<br />

resultados obtidos neste estudo indicaram grande<br />

diferença entre as marcas analisadas em relação<br />

ao seu perfil sensorial.<br />

5 - ABSTRACT<br />

The consumption of ice cream has been<br />

increasing every year in Brazil. On the present<br />

study, quantitative descriptive analyzes were<br />

applied to draw up sensorial peculiarities that<br />

better characterize five commercial brands of<br />

chocolate ice cream. The peculiarities were<br />

regarded to characteristics of flavor, taste, color<br />

and texture, making feasible the evaluation of<br />

the sensorial profile of these brands. A team of<br />

trained tasters eval u ated the chocolate ice<br />

creams, and they have been based on the net<br />

method, thirteen descriptors (ice particles,<br />

creaminess, characteristic color, homogeneity,<br />

stickiness, chocolate f1avor, coffee flavor, tuttifrutti<br />

f1avor, bitter taste, sweet taste, chocolate<br />

Pág. 186<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

• • • •<br />

taste, coffee taste, and tutti-frutti taste). The<br />

five samples showed significant difference<br />

(p


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Tabela 1 - Composição básica de sorvete (MORETTI, 1977).<br />

2 - MERCADO<br />

Proteínas<br />

Gordura<br />

Carboidratos<br />

Ene rgia em 100 g<br />

Peso de 1 ar ão com 100 cal.<br />

As empresas brasileiras produzem,<br />

atualmente, 800 milhões de litros de sorvete por<br />

ano. As empresas de pequeno e médio porte<br />

respondem por 30% deste valor.<br />

O consumo per capita de sorvetes no Brasil<br />

é de 3,04 litros por ano (Abis, 2004). O consumo<br />

é baixo e há bastante espaço para o crescimento<br />

desse mercado, a exemplo de outros países como<br />

a Nova Zelândia. Para aumentar o consumo per<br />

capita de sorvete no Brasil é preciso uma ação<br />

forte das indústrias do setor para mudar hábitos já<br />

consolidados.<br />

A Associação Brasileira das Indústrias de<br />

Sorvetes (Abis) deu início a uma série de ações<br />

para elevar o consumo per capita de sorvete no<br />

país para 6, I litros/ano até 2009 (Abis, 2004).<br />

O setor fabricante de sorvetes concentra<br />

no verão 50% de suas vendas. Em 2001 foram<br />

produzidos 521 milhões de litros de sorvete no<br />

país, o que representou faturamento de R$ 1,957<br />

bilhão (Abis, 2004).<br />

3 - LOCALIZAÇÃO<br />

3.1 - Macrolocalização<br />

A macrolocalização escolhida para a<br />

implantação da fábrica de sorvete foi o estado do<br />

Rio de Janeiro. Localizado na Região mais rica e<br />

dinâmica do Brasil, que concentra em um raio de<br />

500 km, cerca de 67% do PIB nacional. Sua<br />

grandeza se expressa através das inúmeras<br />

oportunidades de negócios.<br />

3.2 - Microlocalização<br />

O município escolhido para a implantação<br />

da agroindústria foi Barra Mansa. A cidade está<br />

localizada na região do Médio Paraíba do estado<br />

do Rio de Janeiro. As empresas de produção de<br />

bens e prestação de serviços que se instalarem<br />

ou expandirem seus negócios em Barra Mansa<br />

podem obter a isenção de até 100% do IPTU<br />

(Imposto Predial e Territorial Urbano), bem<br />

como a isenção de até 100% sobre os Impostos<br />

Sobre a Transmissão e Cessão Onerosa, Inter<br />

Pág. 188<br />

3.9%<br />

12.0%<br />

20,3 %<br />

200 calorias<br />

47 ra m as<br />

Vivos, de Bens Imóveis e de Direitos Reais. Boa<br />

parte dos produtores leiteiros da região participa<br />

da Cooperativa Agro-Pecuária de Barra Mansa<br />

que recebe diariamente 80 mil litros de leite.<br />

4 - DIMENSIONAMENTO<br />

O projeto é voltado para atender o Estado<br />

do Rio de Janeiro, o qual possui uma população<br />

de 14,4 milhões de consumidores. (IBGE 2000).<br />

É sabido que a média de consumo per capita<br />

de sorvetes no Brasil é de 3,04 L/ano. (ABIS<br />

2004). Portanto visando alcançar 18,75% da<br />

demanda do Estado Rio de Janeiro atendida pelos<br />

médios produtores, aproximadamente 810000<br />

consumidores, o projeto é dimensionado para<br />

produção de 2,4 milhões de litros por ano<br />

(capacidade máxima).<br />

5 - ANÁLISE FINANCEIRA<br />

5.1 - Investimento Fixo<br />

Tabela 2<br />

5.2 - Capital de Giro<br />

Tabela 3<br />

5.3 - Custos fixos<br />

As necessidades de mão de obra fixa, ou custos<br />

administrativos, estão descritos na Tabela 4 e<br />

englobam também os encargos sociais. Os custos<br />

fixos totais estão representados na Tabela 5.<br />

Tabela 4<br />

Tabela 5<br />

5.4 - Custos Variáveis<br />

Os custos variáveis englobam as despesas<br />

que variam de acordo com a quantidade de<br />

produzida. Estes valores estão especificados nas<br />

tabelas abaixo.<br />

Tabela 6<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

2 - Investimento fixo, obras e outros serviços.<br />

Te rre no<br />

Area de construção<br />

To tal<br />

Te rraplanage 01<br />

Área de cons trução<br />

Total<br />

Te rreno<br />

Área de construção<br />

Total<br />

Obra s Civis<br />

Cons truções Agroindus tria<br />

Cons truções Adminis tra ção<br />

Total<br />

Equip. Auxiliare s<br />

Computador<br />

Fax<br />

Materiais permanentes<br />

Telefone fixo<br />

TOTAL<br />

Obra s Externas<br />

Tra ta mento de efluente (Lagoa)<br />

To ta l<br />

Insta lação<br />

Se guro s<br />

Instalação Elétrica/Tra nsf.<br />

To ta l<br />

Veículos<br />

Veículos Passeio<br />

Veículos Carga<br />

Total<br />

Capital de Giro.<br />

Capita l de Giro<br />

Descrição<br />

Matéria-prim a (dias)<br />

Insumos (mês)<br />

Embalagens (m ês)<br />

Produto acabado (dias)<br />

Vendas a prazo (1 0 dias)<br />

Crédito à fo rnecedor (mês)<br />

Desconto bancário (5 %)<br />

Reserva de caixa (fi. De pagto . mensal)<br />

TOTAL<br />

Necessidade de mão de obra fixa.<br />

Necessidade de Mão-de-Obra Fixa<br />

Função<br />

Porteiro<br />

Contador<br />

Secretária<br />

Vendedor<br />

Laboratorista<br />

Faxineiro<br />

Supervisor de produção<br />

Supervisor de tratamento de resíduos<br />

Gerente (Eng. Alimentos)<br />

Subtotal<br />

Enc argos S oc iais<br />

Retirada Sócios<br />

Total<br />

Dimensões (012) Pre ço Unitá rio<br />

2240 72,46<br />

2240<br />

Dimensões (012) Pre ço Unitá rio<br />

O 9<br />

O<br />

Dimensões (012) Pre ço Unitá rio<br />

2240 72,46<br />

2240<br />

Dimensões (012) Pre ço Unitá rio<br />

Quantidade<br />

4<br />

1<br />

1<br />

259 597<br />

384 553<br />

643<br />

2.500,00<br />

490,00<br />

4.000,00<br />

35,00<br />

Quantidade Pre ço Unitá rio<br />

30 12<br />

4% 2.132.086,50<br />

1 % 2.132.086,50<br />

4.000,00<br />

Quantidade Pre ço Unitá rio<br />

2 15.000<br />

O O<br />

Quantidade<br />

digitalizado por<br />

16<br />

88'k<br />

I<br />

Tempo<br />

3<br />

I<br />

I<br />

10<br />

10<br />

S<br />

N<br />

10%<br />

Preço Total<br />

162.3 1 0,40<br />

162.310,40<br />

Preço Total<br />

0,00<br />

0,00<br />

Preço Total<br />

162.3 1 0,40<br />

162.310,40<br />

Preço Total<br />

154.509,04<br />

212.232,96<br />

366.742,00<br />

Preço Total<br />

10.000,00<br />

490,00<br />

4.000,00<br />

35,00<br />

14.525,00<br />

Preço Total<br />

360,00<br />

360,00<br />

85.283,46<br />

21.320,87<br />

4.000,00<br />

110.604,33<br />

Preço Total<br />

30.000,00<br />

0,00<br />

30.000,00<br />

Valor (R $)<br />

2.649,60<br />

62.455,46<br />

19.703,65<br />

13.388,67<br />

13. 388,67<br />

(13.388,67)<br />

669,43<br />

3.276,00<br />

102.1 42,8 1<br />

Salário Cus to Mensal Cus to Anual<br />

1,00 1.040,00 12.4HO,OO<br />

1,00 260,00 3.1 20,00<br />

1,00 260,00 3.120,00<br />

2,00 1.560,00 18.720,00<br />

2,00 520,00 6.240.00<br />

1,00 780,00 9.360,00<br />

3.00 780,00 9.360,00<br />

2.00 520.00 6.240.00<br />

6,00 1.560.00 18.720.00<br />

7.280.00 87.360.00<br />

76.876,80<br />

3.000.00 3.000.00 36.000.00<br />

200.236,80<br />

Pág. 189<br />

arvoredoleite.org


Tabela 5 - Custos fixos totais.<br />

Despesas Fllms de Capital Anual<br />

Custos Administrativos*<br />

Valor (R$)<br />

200.236.80<br />

Depreciação Edificação (50 anos) 2% 7.334,84<br />

Depreciação Eqtup.da fábrica (lO anos) 10% 225.721,58<br />

Depreciação Veículos (5 anos) 20% 6.000,00<br />

Seguros 1% 21.320,87<br />

Irrpostos 1% 3.667,42<br />

Total<br />

464.281,51<br />

Descrião<br />

Tabela 7 - Custos de mão de obra variáveis.<br />

Tabela 8 - Custo total de produção.<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Tabela 6 - Custos variáveis.<br />

Leite<br />

I!NW1llS<br />

Enhahm prinÚIil<br />

Enhalam s:x:urtJíuia<br />

En::rgia fixa<br />

En::rgia var(5% fixa)<br />

gw<br />

A!,'lIiI fun: imários<br />

GLP<br />

Mão-de-Obra V,uiá\\:1<br />

ano 1<br />

ano 2 ano 3<br />

213734,4 310886,4<br />

687010,0 999287.3<br />

216740,2 315258,4<br />

919,6 1337,6<br />

389


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

DESENVOLVIMENTO DE LEITE ACIDÓFILO SABOR MORANGO COM PREBIÓTICO<br />

Development acidophilus milk f1avor strawberry with prebiotic<br />

RESUMO<br />

Vívian Tavares de Andrade1<br />

Vanessa Cristina de Castro1<br />

Vagna FreW<br />

Célia Lúcia Fortes Ferreira3<br />

Foram desenvolvidos formulações e tecnologia para produção de leite acidófilo sabor<br />

morango com prebiótico. Este produto visa aprimorar beneficamente a microbiota<br />

intestinal e as funções fisiológicas do trato intestinal humano. Para o processo de<br />

fermentação do leite, utilizou-se uma cultura láctea de Lactobacillus acidoplzilus. Após 16<br />

horas de fermentação a 37 °C, o leite apresentou pH de 4,3 e 0,94% de acidez. A formulação<br />

final do Leite Acidófilo Prebiótico consistiu de leite desnatado esterilizado, polpa de<br />

morango, açúcar e aroma natural necessários para produzir partidas de 4 litros. A amostra<br />

analisada em três repetições apresentou uma média de 0,0 % de gordura e 17,2 % de sólidos<br />

totais. O Leite Acidófilo Prebiótico final apresentou contagem de coliformes totais e<br />

coliformes fecais menor que 3 UFC/g. A contagem em placas de Lac{obaciLlus acidoplzilus<br />

apresentou uma média de 3,1 x I O UFC/g. Depois de um período de um mês de estocagem,<br />

o Lac{obaciLllls acidoplzilllS decresceu para 1,7 x lOs UFC/g . A amostra submetida à<br />

análise sensorial para teste de aceitação com uma escala de nove pontos recebeu média de<br />

7,0 pontos, ficando classificada como gostei moderadamente. O leite acidófilo final está<br />

em conformidade com os padrões microbiológicos estabelecidos pelo Ministério da Saúde,<br />

apresenta aroma característico de morango e textura suave e uniforme.<br />

Palavras-chave: Leite acidófilo, prebiótico, probiótico.<br />

1 - INTRODUÇÃ O<br />

Nas últimas décadas pesquisas têm demonstrado<br />

que certos alimentos possuem função<br />

metabólica e regulatória na fisiologia do<br />

organismo humano, através do qual fo rnecem<br />

benefícios além da nutrição básica e podem<br />

prevenir doenças ou promover saúde.<br />

De um modo geral, são três as estratégias<br />

dietéticas para aumentar os microorganismos<br />

benéficos na microbiota intestinal. A primeira é<br />

por meio do consumo de probiótico, definido<br />

como organismos vivos que exercem ação benéfica<br />

sobre a saúde quando ingeridos em determinado<br />

número. Essa ação está relacionada ao equilíbrio<br />

da microbiota intestinal , podendo também ter<br />

efeito na redução do colesterol sanguíneo e no<br />

Estudante de Engenharia de Alimentos UFY.<br />

2 Estudante de Tecnologia de Laticínios do DTA/UFY.<br />

3 Professora Titular do Departamento de Tecnologia de Alimentos/UFY.<br />

Pág. 192<br />

controle de diarréias, assim como na redução do<br />

risco de desenvolvimento de algumas formas de<br />

câncer. Um das formas de atuação dos probióticos<br />

é a inibição da proliferação, no intestino, das<br />

bactérias patogênicas (FERREIRA, 2001).<br />

A segunda alternativa é pelo consumo de<br />

uma substância prebiótica. Estes são ingredientes<br />

alimentares não digeríveis, que afetam beneficamente<br />

o hospedeiro pela estimulação seletiva<br />

do crescimento ou da atividade de um número<br />

limitado de espécies bacterianas já resistentes no<br />

cólon. Essas substâncias são oligossacarídeos em<br />

geral, sendo que a inulina e os frutooligossacarídeos<br />

são os prebióticos mais estudados<br />

(FERREIRA, 2001).<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Este trabalho teve por objetivo desenvolver<br />

um Leite acidófilo sabor morango com<br />

prebiótico de forma a atender às exigências do<br />

mercado.<br />

2 - MATERIAIS E MÉTODOS<br />

2.1 - Preparo da Cultura de Lac{obacillus<br />

acidophilus<br />

Leite desnatado reconsti tuído a 13% de<br />

sólidos totais foi distribuído em garrafas de<br />

diluição de 100 ml. Essas foram autoclavadas a<br />

121°C durante 15 minutos e então resfriadas para<br />

7°C. Foi feita repicagens sucessivas da Cultura<br />

Láctea de Lactobacillus acidophilus. Essa<br />

mistura, foi fermentada à temperatura de 37°C<br />

por aproximadamente 24 horas ou até atingir<br />

acidez de 0,90% de ácido lácteo. Essas foram<br />

estocadas à - 18°C até o momento de ser<br />

adicionada ao leite esterilizado.<br />

2.2 - Preparo do Leite Fermentado<br />

O conteúdo da garrafa de diluição foi<br />

adicionado, na proporção de 2%, diretamente<br />

ao leite previamente submetido a tratamento<br />

térmico de 121°C por 15 minutos e resfriado a<br />

3 rc. A fermentação ocorreu em 16 horas. O<br />

pH do leite durante e após a fermentação foi<br />

determinado com pH Meter E 500 Digital,<br />

conforme ATHERTON e NEWLANDER (1977).<br />

2.3 - Fibra Prebiótica<br />

A fi bra prebiótica utilizada fo i a Nutra<br />

Flora, que são frutooligossacarídeos de cadeia<br />

curta. A legislação brasileira (Resolução - RDC<br />

n° 359, de 23 de dezembro de 2003) estabeleceu<br />

como valor de referência para uma porção de<br />

leite Acidófilo o equivalente a 200 ml. Foi<br />

adicionado 0,004g (2,0 %) de Nutra Flora? (Fibra<br />

Prebiótica) por porção de Leite Acidófilo, 5%<br />

de polpa de fruta e 0,1% de aroma de morango<br />

(S 10696, Danisco).<br />

2.4 - Formulação do Leite acidófilo<br />

O Quadro 1 apresenta a formulação do<br />

Leite Acidófilo sabor de Morango com Prebiótico<br />

submetida às análises físico-químicas, microbiológicas<br />

e sensorial.<br />

2.5 - Produção de Leite Acidófilo<br />

Após atingir a acidez desejada, esse foi<br />

resfriado inicialmente para 20°C e posteriormente<br />

para 10°C sendo feita a quebrar do coágulo e<br />

adicionada de polpa de fruta e fibra prebiótica.<br />

Depois de agitado, o produto foi envasado em<br />

garrafas de plástico e mantido a 10°C.<br />

2.5 - Análises Físico-Químicas e Microbiológicas<br />

Foram realizadas as seguintes análises no<br />

Leite Acidófilo com Prebiótico.<br />

- Determinação do teor de gord ura,<br />

segundo AOAC (1996), método n°<br />

952.06.<br />

Determinação de sólidos totais segundo<br />

AOAC (1996), método n° 941 .08.<br />

- Contagem de coliformes totais e fecais;<br />

segundo FIL 7341, 1985.<br />

- Contagem de Lac{o!Jacilllls acidophillls;<br />

APHA 1984.<br />

2. 6 - Análise Sensorial<br />

Quadro 1 Formulação de Leite Acidófilo sabor Morango com Prebiótico<br />

O produto foi submetido à análise sensorial<br />

por cinqüenta provadores não treinados que<br />

receberam amostras da formulação testada. O<br />

Leite Acidófilo foi fo rnecido aos provadores em<br />

copos plásticos descartáveis de 30 mL,<br />

distribuídos ao acaso, em bandejas. A formulação<br />

foi analisada quanto a aceitação utilizando uma<br />

Ingredientes<br />

kg Gordura (kg)<br />

S.N.G.L<br />

(kg)<br />

Açúcar (kg)<br />

Fibra<br />

Prebiótica<br />

Leite 4,00 0,00 0,36<br />

Açúcar<br />

Base conce ntrada de<br />

0,34 0,34<br />

morango 0,20<br />

Fibra Pre biótica 0,09 0,09<br />

Tota 4,63 0,00 0,36 4,50 0,09<br />

Percentagem (%) 100 0,00 7,79 15,0 1,95<br />

digitalizado por<br />

arvoredoleite.org


escala Hedônica de 9 pontos, que relaciona o<br />

sabor e o aroma à aceitação pelo provador<br />

(MOTA , 1999).<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃ O<br />

3.1 -Resultados das Análises Físicoquímicas<br />

Após cerca de sete horas de fermentação a<br />

37° C, o Leite Acidófilo apresentou pH de 4,3,<br />

acidez de 0,94%. A amostra de Leite Acidófilo<br />

apresentou 0,0 % de gordura e 17,2 % de Sólidos<br />

Totais.<br />

Os resultados dos teores de gordura,<br />

proteínas e sólidos totais indicam que as amostras<br />

estão em conformidade com o estabelecido pelo<br />

Ministério da Saúde (ANVISA, 1999).<br />

3.2 - Resultados das Análises Microbiológicas<br />

Nas análises de coliformes fecais e<br />

coliformes totais, a amostra de Leite Acidófilo<br />

apresentou contagem menor que 3 NMP/g da<br />

amostra. A análise de fungos e leveduras<br />

apresentou um valor de Os resultados indicam<br />

que as amostras estão em conformidade com o<br />

estabelecido pelo Ministério da Saúde (ANVISA,<br />

1997 e ANVISA, 200 I).<br />

A contagem em placas de Lactobacillus<br />

acidophilus apresentou uma média de 3, I x 109<br />

UFC/g. Depois de um período de um mês de<br />

eslocagem, o LactobaciJlus acidophilus decresceu<br />

para 1,7 x 108 UFC/g, mostrando estar de acordo<br />

com o regulamento apresentado pela (ANVISA,<br />

2002) que cita que os produtos contendo<br />

probióticos para o consumo devem possuir no<br />

mínimo 106 UFC/g do produto.<br />

3. 3 - Prebiótico<br />

O frutooligossacarídeo usado na<br />

fo rmulação serve de substrato para as<br />

bifidobactérias e lactobacilos presentes no<br />

intestino grosso, e como conseqüência do<br />

aumento da população dessas bactérias benéficas<br />

e diminuição do pH pela fermentação das fibras,<br />

há uma diminuição e inibição do crescimento de<br />

bactérias patogênicas e indesejáveis.<br />

Conseqüentemente ocorre redução sensível da<br />

quantidade de substancias tóxicas geradas por<br />

essas bactérias, promovendo saúde e regularidade<br />

intestinal, fortalecimento do sistema<br />

imunológico, aumento da absorção dos<br />

nutrientes, e redução do colesterol. Segundo a<br />

GTC Nutrition LLC, os efeitos bifidogênicos<br />

podem ser observados com a ingestão de apenas<br />

Pág. 194<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

um grama de Nutra Flora por dia.<br />

3.4. - Resultados da Análise Sensorial<br />

A amostra submetida à análise sensorial para<br />

teste de aceitação com uma escala de nove pontos<br />

recebeu uma média de 7,0 pontos sendo classificada<br />

como gostei moderadamente. Isso indica que a<br />

amostra teve um bom índice de aceitação.<br />

4 - CONCLUSÃ O<br />

Leite Acidófilo sabor de morango com<br />

Prebiótico foi produzido utilizando<br />

frutooligossacarídeo Nutra Flora. O Leite<br />

Acidófilo nível elevado de Lactobacillus<br />

acidophilus viáveis, portanto esse pode ser usado<br />

como uma boa fonte de incorporação dessas<br />

bactérias probióticas para o consumidor. O<br />

frutooligosacarídio (prebiótico) foi adicionado<br />

em quantidade suficiente para promover efeitos<br />

benéficos na flora intestinal. O Leite Fermentado<br />

é um ótimo veículo para probióticos, pois esses<br />

microrganismos sobrevivem pelo período de<br />

estocagem frigoríficada. O Leite Acidófilo<br />

apresentou verificação com os padrões<br />

microbiológicos estabelecidos pelo Ministério da<br />

Saúde, aroma característico de morango, textura<br />

suave e uniforme.<br />

5 - ABSTRACT<br />

Formulations and technology were<br />

developed fo r production of acidophilus milk<br />

strawbcrry fl avor with prcbiotic. This product<br />

intends to enlarge, beneficially, the intestine<br />

microbiological fl ora and the physiological<br />

functions of the human intestinal path, and to<br />

meet the consu mers requirements. For the<br />

process of fermentation of the milk, a milky<br />

culture of Lactobacillus acidophilus was<br />

utilized. After 16 hours of fe rmentation at 37<br />

°C, the milk presented a pH value of 4,6 and<br />

0,94% of acidity. The final fo rmulation of the<br />

acidophilus milk prebiotic consisted of<br />

sterilized skimmed milk, strawberry pulp, sugar<br />

and natural aroma necessary to produce a 4<br />

liters batch. The analyzed sample, in 3<br />

repetitions, presented an average of 0,0% of<br />

fat and 17,2% of total solids. The final ice<br />

cream had a total coliform and fecal coliform<br />

counts less 3 UFC/g. The count in plates of<br />

Lactobacillus acidoplzilus presented an average<br />

of 3,1 x 109 UFC/g. After a period of a month of<br />

store, the Lactobacillus acidoplzilus decreased<br />

for 1,7 X 108 UFC/g. The sample underwent a<br />

sensorial analysis for an acceptance test with a<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

9_point-scale, and got an average of 7,0 points,<br />

which classifies as "Iiked moderately". The<br />

final acidophilus milk was compatible with the<br />

microbiological standards established by the<br />

he althy ministry, presenting a typical<br />

strawberry scent, soft and uniform texture.<br />

Key Words: acidophilus milk, prebiotic,<br />

probiotic.<br />

6 - REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

ANVISA. AGÊNCIA NACIONAL DE<br />

VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução RCD n.<br />

2 - 07 de janeiro de 2002. Disponível em:<br />

. Acesso: janeiro de<br />

2003. ANVISA.<br />

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA<br />

SANITÁRIA. Resolução RCD n. 359 - 23 de<br />

dezem bro de 2003. Disponível em: . Acesso: maio de 2004.<br />

• + + •<br />

ANVISA. AGÊNCIA NACIONAL DE<br />

VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução RCD n.<br />

12 - 02 de janeiro de 2001 e Portaria n° 451<br />

- SVS/MS, de 19 de setembro de 1997.<br />

Disponível em: .<br />

Acesso: janeiro de 2004.<br />

ANVISA. Secretaria de Vigilância Sanitári a.<br />

Portaria nU 379 - SVS/MS, de 26 de abril de 1999.<br />

Disponível em: .<br />

Acesso: janeiro de 2003.<br />

ATHERTON, H.V. & NEWLANDER, J. A.<br />

Chemistry and testing of dairy products. 4th<br />

ed. Connecticut, AVI PubI. Co., p. 26 I -265, 1977.<br />

FERREIRA, C.L.L.F. Tecnologia para produtos<br />

Lácteos Funcionais: Probióticos. O agronegócio<br />

do leite e os alimentos lácteos funcionais.<br />

Juiz de Fora, p. 181-203, 2001.<br />

MOTA, W.F. Uso de ceras e embalagens rústicas<br />

na conservação pós-colheita do maracujá<br />

amarelo. Tese de Mestrado, Universidade Federal<br />

de Viçosa, Viçosa-MG, 1999.<br />

• + • •<br />

INCIDÊNCIA DE STAPHYLOCOCCUS SP. E STAPHYLOCOCCUS COAGULASE POSITIVA<br />

EM QUEIJOS DE COALHO ARTESANAL E INDUSTRIAL COMERCIALIZADOS EM<br />

FORTALEZA, CEARÁ<br />

Incidence of Staphy/ococcus sp. and Staphy/ococcus positive-coagulase in<br />

industrialized and artisanal "coalho" cheese commercialized in Fortaleza, Ceará<br />

RESUMO<br />

Ariosvana Fernandes Lima1<br />

Evânia Altina Teixeira de Figueiredo2<br />

Mônica Correia Gonçalves3<br />

Maria de Fátima Borges4<br />

Avaliou-se a incidência de StaplzylococcllS sp. e Staphylococcus coagulase positiva em 80<br />

amostras de queijos de coalho artesanal e industrial, comercializados em diversos pontos<br />

Mestranda em Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal do Ceará.<br />

2 Professora, Departamento de Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal do Ceará.<br />

3 Aluna do Curso de Graduação em Engenharia de Alimentos, Universidade Federal do Ceará.<br />

4 Pesquisadora, Embrapa Agroindústria Tropical, Fortaleza, CE.<br />

Órgãos Financiadores: Laboratóri o de Microbiologia de Alimentos ICCAI UFCI Associação Científica de<br />

Estudos Agrários.<br />

digitalizado por<br />

Pág. 195<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

de venda em Fortaleza, Ceará. Em todas as amostras de queijo de coalho analisadas,<br />

verificaram-se níveis de contaminação com Staphylococcus sp. variando de 6,Ox 1 O a<br />

8,9x 1 07 UFC/g, exceto em uma amostra com SrF que apresentou < 10 UFC/g. Foi constatado<br />

que 43 (53,75%) amostras apresentaram contagens de SfaphylococcllS coagulase positiva<br />

variando de 4,4 x 104 a 1,7 x 107 UFC/g, não atendendo os padrões sanitários da RDC N.o<br />

12 (BRASIL,200Ia). Das 43 amostras de queijos de coalho artesanal e ind ustrial<br />

contaminadas com SfaphylococcllS coagulase positiva, 30 (69,77%) amostras são artesanais,<br />

sendo 23 (53,49%) do Ceará e 7 (16,28%) de outros estados; e 13 (30,23%) são industriais<br />

sendo 9 (20,93%) com registro do SIE e 4 (9,30%) com registro do SIF. A alta incidência<br />

de Staphy!ocOCCllS sp. nos queij os de coalho analisados sugere condições sanitárias<br />

deficientes, enquanto que a elevada contaminação com Staphylococcus coagulase positiva<br />

indica um possível risco a saúde do consumidor.<br />

Palavl'as-chavc: Queijo de coalho, StaphylococcllS coagulase positiva, SraphylococclIs sp.<br />

INTRODUÇÃ O<br />

No estado do Ceará a produção artesanal e<br />

industrial de queijos de coalho é tradicional.<br />

Apesar de algumas indústrias fabricarem o queijo<br />

de coalho com registro do Serviço de Inspeção<br />

Estadual (SIE) ou do Serviço de Inspeção Federal<br />

(SIF) obedecendo obrigatoriamente às condições<br />

higiênico-sanitárias durante a fabricação, a<br />

produção artesanal e o comércio informal<br />

permanecem, constituindo um risco a saúde do<br />

consumidor.<br />

S. aurcus é freqüentemente encontrado em<br />

queijos e produtos de laticínios. Várias pesquisas<br />

sobre a qualidade microbiológica do queijo de<br />

coalho relataram a ocorrência de microrganislllos<br />

do gênero Swphylococcus, excedendo<br />

na maioria das vezes. os limites estabelecidos<br />

pela legislação vigente (PAIVA e CARDONHA,<br />

1999; LEITE J ÚNIOR cf aI., 2000; BENEVIDES<br />

e TELLES, 2002; BORGES, cf (/ 1. ,2003;<br />

PICANÇO Cf (f1.,2004).<br />

Leite Júnior ef aI. (2000) analisaram 18<br />

amostras de queijo de coalho comercializados à<br />

temperatura ambiente e sob re frigeração, em<br />

Campina Grande, e concluíram que todas as<br />

amostras estavam fora dos padrões para S. (/urells<br />

(Portaria 45 1/97).<br />

Benevides e Te lles (2002) evidenciaram<br />

que em 40 amostras de queijos de coalho,<br />

comercializados na cidade de Fortaleza, CE,<br />

44,44c}'c, das amostras estavam impróprias ao<br />

consumo com relação a S. aurells.<br />

No Rio Grande do Norte. Feitosa cf aI.<br />

(2003) ao analisarem I1 amostras de queijo de<br />

coalho, observaram a ocorrência de estafilococos<br />

coagulase positiva em 72,7% das amostras, com<br />

contagens variando de 7,Ox I0 a 1,3x10R UFC/g.<br />

Borges ef aI (2003), em 43 amostras de<br />

queijo de coalho, oriundos das seis microrregiões<br />

do Ceará, verificaram um nível de contaminação<br />

de 93, I % das amostras com estafilococos<br />

coagulase positiva, como contagens variando de<br />

I ,Ox I O' a 2,Ox I 09 UFC/g.<br />

Este trabalho objetivou determinar a<br />

incidência de SfaphylococcllS sp. e Swphylococcus<br />

coagulase positiva em queijos de coalho artesanais e<br />

industriais, comercializados em diversos pontos de<br />

venda em Fortaleza, Ceará.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

Foram analisadas 80 amostras de queijo de<br />

coalho, sendo :n de queijos de coalho artesanais<br />

do Cead. 11 de queijos de coalho artesanais de<br />

outros estados, 13 de queij os de coalho industrial<br />

com registro do Serviço de Inspeção Estadual<br />

(SIE) e 23 de queijos de coalho industrial com<br />

registro Serviço de Inspeção Federal (SIF).<br />

As análises de SflIphylococclIs sp. e<br />

Sfaphy/ococcus coagulase positiva em queijos<br />

de coalho fo ram realizadas segundo a<br />

metodologia recomendada pelo "Compendium<br />

of Methods for the Microbiol ogical Examination<br />

of Foods" (LANCETTE e BENETT, 200 I).<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃ O<br />

Nas 80 amostras de queijo de coalho<br />

analisadas, veri ficou-se que 79 (98,75%) estavam<br />

contaminadas com SfaphylococclIs sp.(Tabela<br />

I) e 43 (53.75%) com Sf(fphylococclIs coagulase<br />

positiva (Tabela 2).<br />

Nas amostras de queijo de coalho artesanal<br />

e ind ustrial verifica-se elevada incidência de<br />

Sfaphylococcus sp com maior números de<br />

amostras com contagens entre I x 106UFC/g a I<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />

Tabela 1 - Incidência de StaphylococcllS sp. (UFC/g) em amostras de queijos de coalho artesanais e<br />

industriais.<br />

Amostras de Quei ' o de Coalho<br />

Staphylococcus sp. Artesanal Industrial<br />

UFC/g Ceará Outros Estados SIE SIF<br />

N.o % N." % N." % N." %<br />

1/33 3,03 1/22 4,54<br />

4/33 12,12 2/1 1 18,18 4/ 13 30,77 5/22 22,72<br />

19/33 57,57 5/1 1 45,45 6/ 13 46,15 14/22 63,63<br />

9/33 27,27 4/1 1 36,36 3/1 3 23,08 2/22 9,09<br />

Tabela 2 - Incidência de Sraphylococcus coagulase positiva (UFC/g) em amostras de queijos de coalho<br />

artesanais e industriais.<br />

Amostras de Quei ' o de Coalho<br />

Staphylococcus Artesanal Industrial<br />

Coagulase Ceará Outros Estados SIE SIF<br />

Positivo<br />

UFC/g N ." % N.o<br />

1 x 10 1 X 10 )<br />

1 x 10 5<br />

5/23 1,74 1/7<br />

1 x lOh 12/23 52,17 4/7<br />

1 x 10 6/23 26,09 2/7<br />

x 107 UFC/g (Tabela I). A maioria dos queijos de<br />

coalho artesanais é comercializada em temperaturas<br />

ambiente. O controle da temperatura<br />

dos queijos é fundamental para evitar o<br />

crescimento de Sf(/phylococcus produtores de<br />

enterotoxinas. Segundo (BRASIL, 2001b) o<br />

queijo de coalho deverá manter-se a uma<br />

temperatura não superior a 12°C durante sua<br />

conservação e comercialização. Esse limite de<br />

temperatura não é eficiente, pois conforme<br />

ICMSF (1996) o S. al/reus é capaz de produzir<br />

toxina entre 10 a 48°C.<br />

Paiva e Cardonha (1999) avaliaram de 20<br />

amostras de queijo de coalho comercializadas em<br />

Natal-RN. Das dez amostras artesanais e dez<br />

industrializados (SIE), 30% e 10%, respecti<br />

vamente estavam em desacordo com os padrões<br />

microbiológicos vigentes (Portaria 45 1/97).<br />

Os queijos de coalho contaminados com<br />

Staplzylococcl/s coagulase positiva também<br />

apresentaram elevadas contagens, com maior<br />

incidência das amostras entre I x 106UFC/g a 1<br />

x 107UFC/g (Tabela 2). Quando grande número<br />

de S. aureus é encontrado em alimentos processados,<br />

pode ser concluído que as condições<br />

digitalizado por<br />

% N.c' % N.o %<br />

1/9 11,11<br />

14,28 5/9 55,55 1/4 25,00<br />

57, 14 2/9 22,22 3/4 75,00<br />

28,57 1/9 11,11<br />

sanitárias e controle de temperatura fo ram<br />

inadequadas (LANCETTE e BENNETT, 20(1).<br />

Picanço cf aI. (2004) enumeraram<br />

estafilococos coagulase positiva em 46 amostras<br />

de queijos de coalho comercializados em<br />

diversos bairros da cidade de Fortaleza, das quais<br />

100% apresentaram contagens acima dos limites<br />

estabelecidos pela legislação vigente (BRASIL,<br />

200 I a).<br />

Os queijos que apresentam SIE e SIF têm<br />

suas instalações inspecionadas por fiscais da<br />

Secretaria de Agricultura do Estado ou por fiscais<br />

do Ministério da Agricultura e Pecuária, enquanto<br />

que os queijos artesanais não são submetidos à<br />

inspeção.<br />

4 - CONCLUSÃ O<br />

Não houve diferença significativa do nível<br />

de contaminação com relação StaphylococclIs sp.<br />

e SraphylococclIs coagulase positiva nos<br />

diferentes tipos de queijos de coalho analisados,<br />

evidenciando a necessidade de uma aplicação<br />

efetiva de boas práticas em toda a cadeia de<br />

produção, bem como uma avaliação do sistema<br />

de fiscalização por parte dos órgãos responsáveis.<br />

arvoredoleite.org


ABSTRACT<br />

lt was evaluated the incidence of<br />

StaphylococCllS sp. and Staphylococcus<br />

positive-coagulase in 80 samples of industrialized<br />

and artisanal "coalho" cheese commercialized<br />

in several vending sites in Fortaleza, Ceará. In<br />

ali the analysed "coalho" cheese samples there<br />

were verified contamination leveis of<br />

Staphylococcus sp. varying from 6,Ox 104 to<br />

8,9x I 07 UFC/g, except for one sample with FIS<br />

(Federal lnspection Service), which presented<br />

lower than 10 UFC/g. It was observed that 43<br />

(53,75%) of the samples presented counts of<br />

Staphylococcl/S positive-coagulase varying from<br />

4,4 x 104 to 1,7 x 107 UFC/g, thus not attending<br />

to the sanitary pattem of RDC N.o 12<br />

(Brasil,200 I). From the 43 industrialized arid<br />

artisanal "coalho" cheese samples which were<br />

contaminated with Staphy/ococcus positivecoagulase,<br />

there were 30 (69,77%) artisanal<br />

samples, being 23 (53,49%) from Ceará and 7<br />

(16,28%) fro m other states; and 13 (30,23%)<br />

industrialized samples, being 9 (20,93%) with<br />

State Inspection Service resgister and 4 (9,30%)<br />

with Federal Inspection Service register. The high<br />

incidence of StaphylococcllS sp. in the analyzed<br />

"coalho" cheese suggests defective sanitary<br />

conditions, while the high incidence of<br />

Slaphy/ococCl/S positive-coagulase indicates a<br />

possible risk to the consumers' health.<br />

Keywords : "coalho" cheesc, Swphy/ocOCCl/S<br />

positive-coagulasc, Slaphy/ococCl/S sp.<br />

5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

BENEV1DES,S.D.; TELLES, F. J. S.;<br />

Características microbiológicas, de<br />

armazenamento e de embalagem de queijos<br />

tipo "coalho" comercializados na cidade de<br />

Fortaleza, CE. Revista Higiene Alimentar, São<br />

Paulo, v. 16, n. 95, p. 44-47 , abril, 2002.<br />

BORGES, M. de F.; FEITOSA, T. ; NASSU, R.T.;<br />

MUNIZ, C. R.; AZEVEDO, E. H. F. ;<br />

FIGUEIREDO, E. A. T. Microrganismos<br />

patogênicos e indicadores em queij o de<br />

coalho produzido no estado do Ceará,<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />

• • •<br />

Brasil. Boletim do Centro de Pesquisa e<br />

Processamento de Alimentos, Curitiba, v. 21, n.<br />

1, p. 31-40, jan. /j un. 2003.<br />

BRASIL (a). Resolução n.O 12 de 02 de janeiro<br />

de 200 I. Ministério da Saúde. Regulamento<br />

técnico sobre os padrões microbiológicos para<br />

alimentos. Brasília, DF. Disponível em: . Acesso<br />

em: 14 set. 2004.<br />

BRASIL (b). Instrução Normativa n.O 30, de 26<br />

de j unho de 200 I. ANEXO Ir - Regulamento<br />

Técnico de Identidade e Qualidade de<br />

Queijo de Coalho. Ministério da<br />

Agricultura, Pecuária e Abastecimento.<br />

Diário Oficial n.o 136-E, segunda-feira, 16 de<br />

julho de 200 I.<br />

FEITOSA, T. ; BORGES, M. de F.; NASSU, R. T. ;<br />

AZEVEDO, E. H. F.; MUNIZ, C. R. Pesquisa<br />

de Salmollella sp ., Listeria sp . e<br />

microrganismos indicadores higiênicosanitários<br />

em queij os produzidos no estado<br />

do Rio Grande do Norte. Ciências e Tecnologia<br />

de Alimentos, Campinas, v. 23 (supl); p. 162-<br />

165, dez. 2003.<br />

INTERNATIONAL COMMISSION ON<br />

MICROBIOLOGICAL SPECIFICATIONS FOR<br />

FOODS (ICMSF). Microorganisms in Foods<br />

5 - Microbiological Specifications 01' food<br />

pathogens. 5l3p. v. 5. p. 299-303 . London:<br />

Blackie Academic & Professional, 1996.<br />

LANCETTE, G. A.; BENETT, R.W.<br />

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enterotoxins. In: Compcndium of mcthods for<br />

the microbiological examination of fo ods.<br />

APHA, 4" ed. Washington, DC, 2001.<br />

LEITE JUNIOR, A. F. S.; FLORENTINO, E.R.;<br />

OLIVEIRA, E. B.; SÁ, S.N.; TORRANO, A D.<br />

M. Qualidade microbiológica do queijo<br />

coalho comercializado à temperatura<br />

ambiente sob refrigeração, em Campina<br />

Grande - PB. Revista Higienc Alimentar, v.<br />

14, n.O 73, p 53-59, 2000.<br />

PAIVA, M. S. O.; CARDONHA, A. M. S. Queij o<br />

de coalho artesanal e industrializado<br />

produzidos no Rio Grande do Norte: Estudo<br />

comparativo da qualidade microbiológica.<br />

Revista Higiene Alimentar, São Paulo, v. 13, n.O<br />

61, p. 33. Resumos, abr./mai. 1999.<br />

• •<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA E FíSICO-QíMICA DE LEITE TIPO C COMERCIALIZADO<br />

EM CURITIBA E REGIAO METROPOLITANA<br />

Microbiological and physico-chemical quality of the milk type C commercialized in<br />

Curitiba and region metropolitan<br />

RESUMO<br />

É rica Cristina Ramírez Baggio"<br />

Dayane Karina Lorenzetti1<br />

Paulo Sérgio Growoski Fontoura2<br />

Renato João Sossela de Freitas2<br />

Os objetivos deste trabalho foram avaliar a qualidade microbiológica e físico-química de<br />

leite tipo C padronizado, avaliando os padrões estabelecidos pela legislação vigente<br />

(Instrução Normativa n.o 51 de 18 de setembro de 2002, do Ministério da Agricultura,<br />

Pecuária e Abastecimento) e verificar a ocorrência de fraudes econômicas. Foram analisadas<br />

15 amostras de leite tipo C de cinco marcas comerc ializadas em Curitiba e Região<br />

Metropolitana. Efetuaram-se análises físico-químicas, representadas pela determinação da<br />

densidade a 15°C; do teor de gordura e da acidez titulável em graus Dornic; pH; determinação<br />

do ponto crioscópico; estabilidade ao álcool; determinação do extrato seco total e do<br />

extrato seco desengordurado; e análises microbiológicas representadas pela contagem total<br />

de mesófilos; determinação do NMP de coliforme total; determinação do NMP de coliforme<br />

fecal; contagem de psicrotróficos e contagem de células somáticas . Os resultados obtidos<br />

dcmonstraram que as alterações se deram principalmente no teor de gord ura com 53,3%<br />

das amostras fora do padrão, extrato seco desengordurado com 40% fo ra do padrão e<br />

acidez com 40% das amostras fora do padrão estabelecido pela legislação quanto às análises<br />

físico-químicas. Para as análises microbiológicas, 7, I % das amostras de coliforme total<br />

aprcsentaram-se no limite máximo estabelecido pela legislação vigente. Observaram-se<br />

que 46,6% das amostras apresentaram microrganismos psicrotróficos e, de acordo, com a<br />

International Dairy Federation 6,6% das amostras estão fora do padrão para contagem de<br />

células somáticas. Com base nos resultados, concluiu-se que as cinco marcas analisadas de<br />

leite comercializadas na cidade de Curitiba e Região Metropolitana demonstraram resultados<br />

médios compatíveis com o padrão da legislação vigcnte, cmbora tenham apresentado<br />

algumas irregularidades.<br />

Palavras-chave: leite, análises físico-químicas, análiscs microbiológicas.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

O leite é um dos alimentos mais completo<br />

largamente utilizado na alimentação humana,<br />

principalmente por crianças (POLEGATO e<br />

RUDGE, 2003).<br />

No Brasil, a produção de leite, como os<br />

outros segmentos da atual sociedade, é uma<br />

atividade cada vez mais competitiva. Portanto,<br />

é importante quantificar e qualificar os fatores<br />

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia de Alimentos - UFPR.<br />

2 Professor do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia de Alimentos - UFPR .<br />

* Autor(a) responsável e-mail: ericabaggio@hotmail.com<br />

Universidade Federal do Paraná - UFPR - Programa de Pós-Graduação em Tecnologia de Alimentos - Centro<br />

Politécnico Jardim das Américas - Usinas-Piloto, Bloco A, Sala PO-17 Caixa Postal 190 1 1, CEP 81531-990,<br />

Curitiba PRo<br />

digitalizado por<br />

arvoredoleite.org


que podem influenciá-la, buscando ganhos<br />

efetivos na quantidade e qualidade do leite<br />

produzido, na tentativa de suprir a demanda<br />

nacional (COLDEBELLA et al., 2004).<br />

As condições físico-químicas do leite<br />

envolvem diversos parâmetros, que podem ser<br />

explorados em laboratório para a determinação<br />

de sua qualidade, revelando fenômenos deterioradores<br />

e processamento inadequado. As<br />

maiores preocupações quanto à qualidade físicoquímica<br />

do leite estão associadas ao estado de<br />

conservação e à eficiência do seu tratamento<br />

térmico e integridade físico-química, principalmente<br />

relacionada à adição ou remoção de<br />

substâncias químicas próprias ou estranhas à sua<br />

composição (TINÔCO et al., 2002).<br />

A qualidade microbiológica do leite é um<br />

termo muito amplo e genéri co. Com relação às<br />

bactérias, o leite pode proporcionar o desenvolvimento<br />

de dois grandes grupos: os mesófilos<br />

e os psicrotróficos. Esses grupos podem ser<br />

termodúricos, resistindo à pasteuri zação<br />

(FONSECA e SANTOS, 2000).<br />

Neste estudo utilizou-se como padrão à<br />

legislação vigente do Ministério da Agricultura,<br />

Pecuária e Abastecimento, Instrução Normativa<br />

n.O 51 de 18 de setembro de 2002.<br />

O objetivo do presente trabalho foi<br />

determinar a qualidade microbiológica e físicoquímica<br />

de leite tipo C padronizado, de cinco<br />

marcas comercializadas em Curitiba e Região<br />

Metropolitana, avaliando os padrões estabelecidos<br />

pela legislação vigente e ocorrência de<br />

fraudes econômicas.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

Foram analisadas 15 amostras de leite tipo C<br />

de cinco marcas comercializadas em Curitiba e<br />

Região Metropolitana. Todas as marcas analisadas<br />

foram produzidas em estabelecimento industrial,<br />

sob Inspeção Federal. As amostras foram obtidas<br />

de diversos locais de venda, em um mesmo dia. De<br />

cada uma das cinco marcas pesquisadas foram<br />

analisados três litros de leite individualmente.<br />

Foram efetuadas provas físico-químicas,<br />

representadas pela determinação da densidade a<br />

15°C, do teor de gordura e da acidez titulável em<br />

graus Dornic, pH, determinação do ponto<br />

crioscópico, estabilidade ao álcool, determinação<br />

do extrato seco total (EST) e do extrato seco<br />

desengordurado (ESD) (BRASIL, 1981) e provas<br />

microbiológicas, representadas pela contagem total<br />

de mesófilos, determinação do NMP de coliforme<br />

total, determinação do NMP de coliforme fecal,<br />

contagem de psicrotróficos (BRASIL, 1993) e<br />

contagem de células somáticas (CCS).<br />

Pág. 200<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

3 - Resultados e Discussão<br />

Em relação aos resultados obtidos nas<br />

análises físico-químicas, os leites das cinco marcas<br />

encontraram-se dentro dos padrões exigidos pela<br />

legislação vigente para a análise de densidade a<br />

15°C, pH, crioscopia e prova do álcool.<br />

Quanto à análise de gord ura, a marca A<br />

apresentou problemas nas três amostras analisadas.<br />

Todas estavam com excesso de gordura (O, I %)<br />

quando comparadas com a legislação para leite tipo<br />

C pasteurizado padronizado a 3,0%. Das três<br />

amostras analisadas da marca C apenas uma estava<br />

de acordo com a legislação, sendo que as outras duas<br />

mostraram excesso de gordura (0,6% e 0,3%). A<br />

marca D também apresentou problemas; as análises<br />

apresentaram resultados para gordura abaixo do<br />

exigido, tratando-se de fraude econômica em relação<br />

ao consumidor, uma vez que este está pagando por<br />

um produto com um teor de gordura que não é real.<br />

Com relação à acidez, encontraram-se em<br />

desacordo todas as amostras das marcas C e E. Os<br />

valores encontrados para as amostras da marca C<br />

foram de O, 125g e da marca E de O, 130g de ácido<br />

láctico/ l 00 ml de leite. A possível causa desta<br />

baixa acidez pode ter relação com o incompleto<br />

enxágüe dos equipamentos e tubulações utilizados<br />

durante o processamento do produto e que<br />

tenham sido higienizados com soda cáustica.<br />

Na análise de extrato seco desengordurado<br />

(ESD), a marca A apresentou-se fora dos padrões<br />

em duas das três amostras analisadas, 8,38%.<br />

sendo que o mínimo exigido é de 8,4%. Problemas<br />

quanto ao ES D também ocorreram nas marcas C<br />

e D, sendo o valor mais baixo em uma das<br />

amostras da marca C, onde o resultado obtido<br />

fo i de apenas 8,22%. Na marca D as três<br />

amostras apresentaram valores abaixo do limite,<br />

8,34%, 8,30% e 8,31 %. Neste caso, pode-se<br />

constatar que o ESD está abai xo do limite da<br />

legislação devido ao desnale ocorrido no leite,<br />

indicando a fraude econômica. Pode-se concluir<br />

que o problema nesta marca não foi de adição de<br />

água porque não houve problemas na crioscopia.<br />

Para as análises microbiológicas, os resultados<br />

encontrados para as análises de<br />

contagem total de mesófilos e coliformes fe cais<br />

mostraram-se dentro dos padrões exigidos pela<br />

legislação vigente.<br />

Quanto à análise de coliformes totais,<br />

apenas uma amostra da marca D mostrou-se no<br />

limite maXIlTIO exigido pela legislação,<br />

demonstrando condições sanitárias inadequadas,<br />

que pode estar presente durante o processamento,<br />

produção ou armazenamento.<br />

Os resultados mostraram que as contagens<br />

de psicrotróficos foram baixas, sendo que não<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

há padrão na legislação para este grupo de<br />

microrganismo. ADAMS et aI. (1975) citam que<br />

bactérias psicrotrófi cas na quantidade de 1,0 x<br />

104 UFC/ml podem vir a prod uzir enzimas<br />

termoestáveis responsáveis pelo cheiro e sabor<br />

desagradáveis e coagulação do produto,<br />

encurtando a vida útil do mesmo.<br />

De acordo com a International Dairy<br />

Federation (1981), os resultados encontrados para<br />

CCS estão dentro dos padrões, exceto uma amostra<br />

da marca C apresentando como resultado 5,1 x 104<br />

UFC/ml. COLDEBELLA et ai. (2004) observaram<br />

a ocorrência de perda na produção de leite a partir<br />

de 1,7 x 104 UFC/ml de células somáticas.<br />

4 - CONCLUSÃ O<br />

Com base nos resultados obtidos das análises<br />

microbiológicas e físico-químicas, concluí-se que<br />

as cinco marcas analisadas de leite comercializadas<br />

na cidade de Curitiba e Região Metropolitana<br />

demonstraram resultados médios compatíveis com<br />

o padrão da legislação vigente, embora tenham<br />

apresentado algumas irregularidades.<br />

ABSTRACT<br />

This research was developed to determine<br />

the microbiological and physico-chemical quality<br />

of the type C pasteurized milk and to evaluate the<br />

standards established by Normative Instruction<br />

number 51, of September, 18th, 2002, in<br />

Agriculture. Cattle-breeding and Supply Ministery<br />

and occurrence of economic frauds. Fifteen samples<br />

of type C pasteurized milk were analysed. These<br />

samples were from five brands commercialized in<br />

Curitiba and Region Metropolitan. Physicochemical<br />

analyses are represented by:<br />

determination of density at 15°C, of fat and of<br />

Dornic acidity, pH, cryoscopy index, stability<br />

aIcohol, determination of total dry extract and<br />

taken away the fat dry extract; and microbiological<br />

analyses are represented by: total mesophilic<br />

counting; determination of the most probable<br />

number of total coliforms; determination of lhe<br />

most probable number of fecal coliforms;<br />

psychrotrophics counting and somatic cell count.<br />

The results had shown alteration in the fat with<br />

53,3% of the samples out of the standard, taken<br />

away lhe fat dry extract with 40% out of the<br />

slandard and acidity with 40% of the samples out<br />

of the standard established. For lhe microbiological<br />

analyses, 7, I % of lhe samples of total coliforms<br />

had presented maximum limit established by<br />

legislation. It was observed that 46,6% of the<br />

samples had presented microorganisms<br />

psychrotrophics and, in agreement, with the<br />

digitalizado por<br />

International Dairy Federation 6,6% of the samples<br />

are out of the standard for somatic cell count. The<br />

conclusion is that the fi ve milk brands<br />

commercialized in Curitiba and Region<br />

Metropolitan showed results average compatible<br />

with the standard of the legislation, although the<br />

brands have showed some irregularities.<br />

Keywords : milk, physico-chemical<br />

analyses, microbiological analyses.<br />

REFERÊNCIAS<br />

ADAMS, D. M.; BARACH, J. T. ; SPECK, M. L.<br />

Heat resistent proteases produced in milk by<br />

psycrotrophic bacteria of dairy origino Journal<br />

of Dairy Science, Sanvoy, v. 58, n. 6, p. 828-<br />

834, 1975.<br />

BRASIL, Ministério da Agricultura. Métodos<br />

Analíticos Oficiais para Controle de<br />

Produtos de Origem Animal e seus<br />

Ingredientes - 11 - Métodos Físico Químicos<br />

- LANARA. Brasília, 1981.<br />

BRAS IL. Ministério da Agricultura e do<br />

Abastecimento. Leis, Decretos, etc. Portaria 101, de<br />

11 de agosto de 1993. O Secretário de Defesa<br />

Agropecuária do Ministério da Agricultura e do<br />

Abastecimento, RESOLVE: Aprovar e oficializar<br />

os métodos analíticos para controle de produtos<br />

de origem animal e seus ingredientes -<br />

métodos microbiológicos. Brasília-DF, 1993.<br />

COLDEBELLA. A.; MACHADO, P. F. ;<br />

DEMÉTRIO, C. G. B.; RIBEIRO JÚNIOR, P.J.;<br />

MEYER, P. M.; CORASSIN, C. H.; CASSOU,<br />

L. D. Contagem de células somáticas e produção<br />

de leite em vacas holandesas confinadas. R. Bras.<br />

Zootec., v. 33, n. 3, p. 623-634, 2004.<br />

FONSECA, L. F. L.; SANTOS, M. V. Qualidade<br />

do leite e controle de mastite. São Paulo:<br />

Lemos Editorial, 2000. 175p.<br />

INSTRUÇÃO NORMATIVA N°5 1, de 18 de<br />

Setembro de 2002. Disponível em: <<br />

www.agricultura.gov.br > Acesso em 7 jul. 2004.<br />

INTERNATlONAL DAIRY FEDERATION -<br />

IDF. The IDF group of experts on mastitis.<br />

Laboratory methods fo r use in mastitis word.<br />

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POLEGATO, E. P. S.; RUDGE, A. C. Estudo das<br />

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de Marília SP/Brasil. Higiene Alimentar, v.<br />

17, n. 110, p. 56-63, jul. 2003.<br />

TINÔCO, A. L. A.; COELHO, M. S. L.; PINTO,<br />

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arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

DIAGNÓSTICO DA TECNOLOGIA E PLANEJAMENTO DE PROCEDIMENTOS<br />

PADRONIZADOS DE LIMPEZA E SANIFICAÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE ORDENHA<br />

MECÂNICA TIPO CANALIZADA<br />

Technology assessment and design of standard cleaning and sanitation procedures<br />

for mechanized milking equipment<br />

iNTRODUÇÃ O<br />

o Brasil está passando por uma evol ução<br />

no sistema de produção de leite, que é a transição<br />

da coleta em latões para a granelizada. Isto implica<br />

no resfriamento do leite na fazenda, imediatamente<br />

após a ordenha. Este procedimento<br />

faz parte do Programa Nacional de Melhoria da<br />

Qualidade do Leite (PNMQL), aprovado em 2002<br />

através da Instrução Normativa no 51 do<br />

Ministério da Agricultura, Pecuária e<br />

Abastecimento (MAPA). O funcionamento do<br />

sistema exige uma infra-estrutura adequada de<br />

resfriamento, em tanques de expansão ou de<br />

imersão, e o transporte em caminhões isotérmicos<br />

ou que apresentem unidade produtora de frio.<br />

Exige, também, avanços na tecnologia de<br />

higienização. Esta é uma das atividades de maior<br />

impacto nos custos operacionais da indústria de<br />

laticínios, tanto diretos como indiretos. Esta<br />

atividade é fundamental para a qualidade e<br />

segurança dos produtos lácteos. A eficiência do<br />

processo de limpeza em circuito fechado (CIP)<br />

depende, dentre outros fatores, da energia química,<br />

energia cinética e temperatura, através da<br />

utilização de detergentes e agentes sanificantes,<br />

dinâmica dos fluidos que circulam no equipamento<br />

e a temperatura das soluções e da água utilizada<br />

no procedimento de higienização, respec-<br />

Marcio Reis Pereira de Sousa 1<br />

José Francisco Pereira Martins2<br />

Ronne Peterson Severnini Simões3<br />

Victor Sousa de Figueiredo3<br />

tivamente. Estes fatores têm impacto direto no<br />

custo do processo de higienização e, por<br />

conseguinte, no custo do produto . para o<br />

consumidor. Os contaminantes do equIpamento<br />

de ordenha têm origem no ambiente, no animal e<br />

na higienização inadequada do equipamento. A<br />

limpeza e sanificação do equipamento, pré e pósordenha,<br />

é importante para garantia de qualidade<br />

do leite obtido. A atual demanda da indústria de<br />

produtos lácteos com prolongada ida de<br />

prateleira, tem resultado em novos desafIOs para<br />

a manutenção da qualidade do leite e seus<br />

derivados. O tempo prolongado de armazenagem<br />

em temperaturas de refrigeração favorece o<br />

crescimento e o predomínio de bactérias<br />

psicrotróficas. Embora a grande maio ia as<br />

psicrotróficas seja destruída pela pasteunzaçao,<br />

com exceção das bactérias termodúricas, aquele<br />

grupo de bactérias apresenta capacidade de<br />

produção de enzimas lipolíticas e proteolíticas<br />

termórresistentes que mantêm sua atividade<br />

enzimática após a pasteurização ou mesmo o<br />

tratamento UHP. (Fonseca & Santos). Uma das<br />

preocupações que deve ser observada com at nção<br />

é a adequada remoção de biofilmes bactenanos<br />

formados no equipamento de ordenha pois estes,<br />

aumentam o potencial de biotransferência dos<br />

Médico Veterinário, Mestrando em Ciência e Tecnologia de Alimentos IT/UFRRJ. Esp c!ayst . a em g!ene.<br />

Processamento e Vigilância de Produtos de Origem Animal com Aperfeiçoamento em lgIlancla Sal11tar a.<br />

2 Farmacêutico - Bioquímico. MSc Laticínios, PhD Tecnologia de Alimentos. Professor titular de TecnologIa do<br />

Leite da UFRRJ.<br />

3 Acadêmicos do Curso de Medicina Veterinária IV /UFRRJ.<br />

, .<br />

Órgão(s) financiador(es): CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nlvel Supenor" U . FRRJ -<br />

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, KALYKIM - Indústria e Comércio Ltda e SANDET - qUI mIca Itda.<br />

Contato: Prof. J.F.P.Martins, PhD - Instituto de Tecnologia / UFRRJ, Cx Postal 74.592 - CEP 23.85 1-970<br />

Seropédica RJ Fone: (21 )3787 3677, email: jfmarti@ufrrLbr<br />

Pág. 202<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

microorganismos para o leite. Quanto maior o<br />

tempo decorrido entre a ordenha e a higienização,<br />

maior o potencial de aderência de biofilmes de<br />

microrganismos contaminantes (principalmente<br />

PseudoJl/onas sp).Como resultado, maior será a<br />

necessidade de detergentes, tanto em concentração<br />

como em complexidade, e maior a<br />

necessidade de sanificante. A eficiência destes<br />

produtos decorrem, também, da eficiência de<br />

fatores funcionais e mecânicos do equipamento,<br />

como o layout, a turbulência obtida internamente<br />

na linha, a possibilidade de desmonte periódico<br />

para a higienização, calibração e inspeção manual!<br />

visual, etc. Isto tem impacto direto em custos<br />

operacionais. Conhecer os procedimentos correntes<br />

permite estabelecer um quadro de ações<br />

em gestão de tecnologia e capacitação do pessoal<br />

envolvido. Esta é uma atividade fundamental para<br />

a qualidade e segurança dos produtos lácteos e<br />

exige protocolos técnicos adequados e validados,<br />

específicos para cada instalação.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Foi montado um checklist com sessenta e<br />

cinco itens, testado e validado (abrangendo<br />

sanidade do rebanho, sanidade e higiene pessoal e<br />

operacional; equipamentos e utensílios de<br />

ordenha; armazenamento e transporte do leite;<br />

água; indicadores de gestão) conducente ao quadrodiagnóstico<br />

da tecnologia de limpeza . Cada ítem<br />

do checklist tem pontuação diferenciada<br />

conforme a capacidade de impactar a qualidade<br />

do produto. Os critérios utilizados na seleção das<br />

instalações-teste de ordenha compreenderam tipo<br />

de equipamento de ordenha, controle sanitário<br />

dos animais. volume de produção (min. IOOO LI<br />

dia), receptividade dos produtores à inovação,<br />

assim como o potencial multiplicador. A ordenha<br />

da manhã e a da tarde foram avaliadas por dois<br />

auditores independentes e em momentos<br />

diferentes. O diagnóstico gerou informações cuja<br />

análise permitiu traçar um quadro de generalidades<br />

e especificidades, possibilitando o desenvolvimento<br />

de procedimentos de higienização. Estes<br />

procedimentos, implantados em três das fazendasteste,<br />

envolvem a utilização de soluções apropriadas<br />

de detergentes (alcalino e ácido) e sanificantes,<br />

testadas e aprovadas nos laboratórios da UFRRJ.<br />

Na implantação desses procedimentos foram<br />

evidenciadas partes críticas, pela determinação do<br />

potencial de biotransferência de contaminantes das<br />

superfícies do equipamento de ordenha, e o<br />

treinamento do pessoal envolvido na utilização<br />

deste equipamento. Envolveu, também um<br />

digitalizado por<br />

•<br />

monitoramento constante das instalações e das<br />

atividades durante o período inicial de implantação<br />

e periódico depois de implantado através de visitas<br />

regulares aos locais de ordenha e através de análises<br />

microbiológicas por contagem total de psicrotróficos<br />

das superfícies internas de seis pontos,<br />

identificados. ao longo do equipamento (UFC/cm2)<br />

e do leite de ordenha.<br />

RESULTA DOS E DISCUSSÃ O<br />

O diagnóstico revelou um quadro de<br />

elementos facil itadores e dificultadores da<br />

higienização das linhas de ordenha, incluindo falta<br />

de capacitação do pessoal e de planejamento<br />

operacional adequado. Suprimento irregular de<br />

produtos de higienização, excesso de improvisação<br />

nas instalações de ordenha, falta de tratamento da<br />

água, foram outros problemas evidenciados. Existe<br />

uma premente necessidade de planejamentol<br />

desenvolvimento I implantação limplementação<br />

de uma política instrucional (palestras, cursos)<br />

relacionada à higienização do equipamento de<br />

ordenha. Os PPHO especificamente adequados para<br />

cada equipamento de ordenha mecanizada tem<br />

propiciado sensível melhora na qualidade da<br />

higienização destes equipamentos.Isto está sendo<br />

comprovado por análises microbiológicas de<br />

monitoramento, e pela percepção e satisfação dos<br />

produtores envolvidos . O trabalho está em<br />

andamento com solicitações para que seja ampliado.<br />

CONCLUS Ã O<br />

Limpeza e sanificação dos equipamentos de<br />

ordenha são operações fundamentais para a<br />

obtenção de leite de qualidade. A tecnologia<br />

empregada na higienização dos equipamentos de<br />

ordenha deve ser trabalhada numa parceria das<br />

empresas captadoras de leite e fazendas produtoras.<br />

Existe urgência na abordagem de problemas<br />

fundamentais, corno a capacitação do pessoai que<br />

opera a limpeza, melhoria na gestão do processo,<br />

escolha adequada de detergentes e sanificantes, e<br />

correta calibração dos equipamentos.<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

BRASIL, Ministério da Agricultura Pecuária e<br />

Abastecimento.Instrução Normativa n° 51, de<br />

18 de setembro de 2002.<br />

SPREER, E. Technologie der Milchverarbeitung.<br />

Veb Fachbuchverlag. Leipzig. 615p. 1991.<br />

FONSECA, L. F. L.; SANTOS, M. V. Qualidade<br />

do leite e controle de mastite 152p. 2000.<br />

• •<br />

arvoredoleite.org<br />

Pág. 203


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

DESVIOS DE QUALIDADE NO PROCESSAMENTO DE IOGURTE EM FUNÇÃO DA<br />

CONTAMINAÇÃO DO LEITE CRÚ COM MICRORGANISMOS PSICROTRÓFICOS<br />

Potential deviations on quality of yoghurt as function of psychrotrophs growth in<br />

raw milk<br />

INTRODUÇÃ O<br />

Iogurte é um dos mais importantes<br />

produtos da industria de laticinios. O seu<br />

processamento envolve clarificação, separação<br />

e padronização do leite. Pode, tambem, envolver<br />

fortificação pela adição de leite em pó. A mistura<br />

é pasteurizada em trocador de calor por entre<br />

85°C - 95°C por alguns minutos. Estes tratamentos<br />

termicos, mais severos que aqueles<br />

aplicados ao leite, objetivam :<br />

G produzir um ambiente relativamente<br />

livre de microrganismos contaminantes.<br />

o desnaturar e coagular proteinas de soro<br />

visando melhor viscosidade e textura.<br />

Compreende, ainda, a homogeneização<br />

da mistura pela aplicação de pressão de 2000-<br />

2500 psi. Esta homogeneização, além de<br />

importante para a mistura dos ingredientes,<br />

auxilia a prevenir a separação do creme e o<br />

dessoramento durante incubação e estocagem.<br />

Estabilidade, consistencia e corpo são melhorados<br />

no processo.<br />

No entanto, iogurte é um produto cuja<br />

qualidade tem grande dependência da qualidade<br />

do leite crú. O PNMQL - Programa Nacional de<br />

Melhoria da Qualidade do Leite (PNMQL),<br />

aprovado em 2002 através da Instrução<br />

Normativa n" 51 do Ministério da Agricultura,<br />

Pecuária e Abastecimento (MAPA) prevê o<br />

resfriamento do leite na fazenda e a coleta<br />

granelizada. Isto pode ter impacto significativa<br />

na qualidade dos produtos obtidos deste leite<br />

Instituto de Tecnologia - UFRRJ / Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.<br />

Acadêmico de Veterinária/UFRRJ.<br />

2 Professor Adjunto,PhD - Instituto de Tecnologia/UFRRJ.<br />

3 Veterinário, Mestrando em Ciência e Tecnologia de Alimentos/UFRRJ.<br />

Pág. 204<br />

Victor Sousa de Figueiredo1<br />

José Francisco Pereira Martins2<br />

Claudia Guerreiro da Silva3<br />

Ronne Peterson Severnini Simões1<br />

Mareio Reis Pereira de Sousa3<br />

Rosa Helena Luchese2<br />

granelizado. O armazenamento refrigerado do<br />

leite crú exerce pressões seletivas que favorecem<br />

o crescimento de microrganismos psicrotróficos.<br />

Estes microrganismos são prod utores de várias<br />

enzimas extracelul ares de ação proteolítica e/ou<br />

lipolítica, muitas das quais resistentes aos<br />

processos usuais de tratamento térmico.<br />

Produzem, ainda, enzimas intracelulares e/ou<br />

acopladas à membrana celular, como aminopeptidases,<br />

endopeptidases, carboxipeptidases e<br />

esterases. Pselldo!1l0llaS são, também, produtoras<br />

de ésteres voláteis. Estas enzimas termoresistentes<br />

podem impactar a qualidade dos<br />

derivados lácteos. Amplos são os estudos de<br />

caracterização das enzimas extracelulares, sendo,<br />

porém, poucos os estudos referentes a enzimas<br />

intracelulares e ao impacto que podem ter na<br />

interação entre os microrganismos empregados<br />

nos bioprocessos lácticos.<br />

Este trabalho buscou avaliar o potencial<br />

de impacto que o crescimento de psicrotróficos<br />

no leite crú pode ter na qualidade do iogurte,<br />

bem como a importância da higienização para a<br />

obtenção de matéria prima de qualidade para<br />

produtos derivados do leite, e veri ficar as<br />

alterações das enzimas de pseudomonas, sobre o<br />

iogurte, em diferentes tempos de incubação<br />

(simulando diferentes tempos decorridos entre<br />

ordenha e coleta do leite resfriado) .. Leite<br />

deliberadamente inoculado com Pselldo!tlonas<br />

flllorescens, e incubado por 96h, 72h, 48h e 24h,<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

foi transformado em iogurte. O processamento<br />

envolveu tratamento térmico de pasteurização<br />

prévio à fermentação. Na mistura resfriada até<br />

a temperatura de incubação, um volume de 3%<br />

de cultura, uma mistura simbionte de<br />

Streptococcus salivarius subsp. tlzermophillls<br />

(ST) e Lactobacilllls delbrueckii subsp.<br />

bulgariclls (LB), numa relação I: I, foi inoculada<br />

ao recipiente de fermentação. A temperatura de<br />

43° C foi mantida por 4 h em condições de nãoagitação.<br />

Esta temperatura é um equilíbrio entre<br />

as temperaturas ótimas para os dois microrganismos<br />

(ST 39°C; LB 45°C). A fermentação<br />

foi interrompida pelo resfriamento. O produto<br />

coagulado foi resfriado a ')-IO°C para minimizar<br />

a degradação física, química e microbiologica.<br />

O proj eto encontra-se em desenvolvimento,<br />

mas resultados já obtidos mostram que o<br />

crescimento de Pseudomollas afeta negativamente<br />

o desempenho do fermento láctico<br />

(desequilíbrio para Lactobacillus fo i maior<br />

quanto maior o tempo de crescimento de<br />

Pseuc!on/ollas), a acidificação (reduzida), menor<br />

acidez fi nal do produto, aroma e textura.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

BARRANTES, E. ET AL. The manufacture of<br />

set-type natural yoghurt containing different oils<br />

1. Compositional quality, microbiological<br />

evaluation and sensory properties International<br />

Dairy Journal 6:811- 826. 1996.<br />

BARRANTES, E. ET AL. The manufacture of<br />

set-type natural yoghurt containing different oils<br />

- 2: Rheological properties and microstructure<br />

International Dairy Journal 6:827-837. 1996.<br />

CARNEIRO, A. P. Potencial de biotransferência<br />

de superfícies contaminadas com PseudolUollas<br />

flllorescens após processo de limpeza e sanificação<br />

em circuito fechado (CIP). UFRRJ, Programa de<br />

Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de<br />

Alimentos. Dissertação de Mestrado (2003)<br />

MUIR, D. D.; TAMIME, A. Y. ; KHASKHELI, M.<br />

Effect of Processing Conditions and Raw Materiais<br />

on the Properties of Kishk 2. Sensory Profile and<br />

Microstructure Lebensmittel-Wissenschaft und­<br />

Technologie 33: 452-461. 2000.<br />

TAMIME, A. Y. ; MUIR, D. D.; KHASKHELI,<br />

M.; BARCLAY, M. N. I. Effect of Processing<br />

Conditions and Raw Materiais on the Properties<br />

of Kishk I. Compositional and Microbiological<br />

Qualities Lebensmittel-Wissensch aft und­<br />

Technologie 33:444-45 1. 2000.<br />

o COTIDIANO NO ENSINO DO PROCESSAMENTO DE QUEIJOS: RECURSOS<br />

INSTRUCIONAIS ALTERNATIVOS<br />

Cheese processing: buildingmup teaching resources<br />

RESUMO<br />

Marlene Jeronimo1<br />

José Francisco Pereira Martins2<br />

O procurou-se elaborar material instrucional que permita ao aluno apropriar-se das bases<br />

científico-tecnológicas do processamento de queijos. Os experimentos foram realizados<br />

no laticínio e laboratório de microbiologia do CEFET de Uberaba, com os alunos do 3° ano<br />

do curso técnico em agroindústria.<br />

Zootecnista, Professora do CEFET Uberaba; Mestranda em Educação Profissional Agrícola/UFRRJ.<br />

2 Professor Adj unto, PhD Instituto de Tecnologia/UFRRJ.<br />

digitalizado por<br />

Pág. 205<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Considerando-se que a fabricação de queijos é um processo de construção de ecossistema, que<br />

resulta em pressões seletivas sobre a microbiota e numa dinâmica específica de reações<br />

bioquímicas, essa construção foi feita em etapas definidas desde a obtenção do leite,<br />

processamento e maturação dos queijos, dando foco ao processamento do Mussarela. Os<br />

tópicos foram organizados num fluxo evolutivo abordando desde os requisitos de qualidade<br />

para o leite até as características finais dos queijos. Assim foram desenvolvidos os experimentos<br />

sobre o teste de redutase mais PseudomollQs, acidificação do leite devido ao tempo de<br />

transporte, teste de inibidores no leite, tratamento térmico e microfiltração; impacto do<br />

tratamento térmico do leite na precipitação da caseína, verificação de diferentes tipos de<br />

coalhos, verificação do tempo de agitação dos coágulos quanto ao rendimento do queijo<br />

Minas Meia Cura, verificação do efeito da lavagem da massa do queijo Prato em comparação<br />

com o queijo Minas Meia Cura, simulação de filagem - verificação de tempo e temperatura,<br />

verificação da cremosidade do requeijão cremoso: produção de fio longo; produção de gás e<br />

atividades lipolíticas e proteolíticas por microrganismos; Mussarela: verificação da<br />

derretibilidade e liberação de gordura com diferentes dias de maturação. A verificação do<br />

aprendizado foi feita aplicando um questionário diagnóstico antes e após o desenvolvimento<br />

do programa e fazendo o acompanhamento do desempenho cotidiano do aluno em cada<br />

experimento. Considera-se que com o material instrucional elaborado, o aluno teve<br />

oportunidade de construir um conhecimento que foi além do simples fazer instrumental.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Inicialmente, os alunos passaram por uma<br />

avaliação diagnóstica, onde, através de um<br />

questionário, foi feita uma sondagem dos conhecimentos<br />

empíricos sobre o assunto. Este<br />

questionário era constituído de questões abertas,<br />

com intuito de gerar respostas expontâneas. O<br />

mesmo questionário foi aplicado ao final dos<br />

experimentos sendo analisadas e arquivadas em<br />

pastas individuais, juntamente com os relatórios<br />

diários das atividades realizadas.<br />

A avaliação feita pelo professor baseou-se<br />

na análise dos relatórios das atividades diárias e<br />

nas respostas ao questionário diagnóstico.<br />

Esta sondagem foi feita pela aplicação de um<br />

questionário incluindo os seguintes aspectos: capacidade<br />

de trabalhar em equipe; responsabilidade;<br />

criatividade; iniciativa; envolvimento com o<br />

projeto; capacidade de comunicação; domínios das<br />

bases tecnológicas e científicas do processo.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Pág. 206<br />

o que é coagulação do leite ?<br />

81,8%<br />

18,2%<br />

JI separação do<br />

soro da<br />

massa<br />

Dnão sei<br />

Figura 1 - respostas dos alunos à questão: O<br />

que é coagulação do leite?<br />

(QI: respostas da avaliação inicial )<br />

(Q2: respostas ao final do curso)<br />

o que afeta a coagulação do leite?<br />

81,8%<br />

OpH<br />

m microrganismos e<br />

temperatura<br />

C não sei<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Q2<br />

---- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- --,<br />

o que afeta a coagulação do<br />

78%<br />

leite ?<br />

22%<br />

o coalho<br />

D terrperatura,<br />

qualidade e<br />

quantidade de<br />

coalho<br />

Figura 2 - respostas dos alunos à questão: O<br />

que afeta a coagulação do leite?<br />

(Q<br />

I<br />

: respostas da avaliação inicial)<br />

(Q2: respostas ao final do curso)<br />

Q 2<br />

o que se deve fazer para obter<br />

45,5%<br />

leite de qualidade?<br />

o higiene<br />

EEl análise do leite<br />

e pasteurização<br />

Dnão sei<br />

,--- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -,<br />

O que se deve fazer para obte r um<br />

leite de qualidade?<br />

Figura 3 - respostas dos alunos à questão: O que se<br />

deve fazer para obter leite de qualidade?<br />

(Q I: respostas da avaliação inicial)<br />

(Q2: respostas ao final do curso)<br />

o que é força do coalho?<br />

digitalizado por<br />

Q2 ,-________________________________ -,<br />

Figura 4 - respostas dos alunos à questão: O que<br />

é força do coalho?<br />

(QI: respostas da avaliação inicial )<br />

(Q2: respostas ao final do curso)<br />

Q<br />

I r----------------------------------,<br />

o que é maturação dos queijos?<br />

o<br />

72,7%<br />

9,1 %<br />

O tempo para o<br />

consumo do<br />

queijo<br />

litempo para<br />

retirada do soro<br />

O ge9ggento<br />

dos queijos<br />

Dnão sei<br />

o que é maturação dos queijos?<br />

período que os queijos adquirem sabor<br />

Figura 5 - respostas dos alunos à questão: O<br />

que é maturação dos queijos?<br />

(Q I : respostas da avaliação inicial)<br />

(Q2: respostas ao final do curso)<br />

Análise das respostas aos dois questionários<br />

aplicados mostrou uma evolução clara no<br />

conhecimento da população amostra. Em muitos<br />

aspectos estudados as respostas obtidas mostram<br />

uma consolidação do conhecimento do aluno.<br />

Na questão sobre o que fazer para se obter<br />

leite de qualidade, um número superior a 60%<br />

dos alunos mostravam não saber ou dispor de<br />

conceitos equivocados. Após as aulas todos os<br />

alunos mostraram saber quais os principais requisitos<br />

para obtenção de leite de qualidade.<br />

Outro exemplo diz respeito ao conceito de<br />

Pág. 207<br />

arvoredoleite.org


força do coalho onde, inicialmente, a totalidade<br />

do grupo dizia não ter noção enquanto na<br />

avaliação final, todos mostraram capacidade de<br />

trabalhar corretamente o conceito.<br />

CONCLUSÃ O<br />

Procurou-se, neste trabalho, uma sistematização<br />

de conceitos e experimentos para levar o<br />

aluno a construir, de forma evolutiva, seu<br />

conhecimento sobre o processamento de queijos e<br />

as implicações das várias etapas nas características<br />

de qualidade. Os resultados obtidos mostraram, de<br />

forma clara, que houve uma consolidação do<br />

conhecimento individual das bases científicotecnológicas<br />

do processamento de queijos.<br />

REFERÊNCIAS<br />

ABREU, L. R. de. Tecnologia de leite e<br />

derivados. Lavras: UFLA/FAEPE/DCA:<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

• • • •<br />

Imprensa Universitária UFLA, 2000. 205p.<br />

ALMEIDA, F. J. de; JÚNIOR, F. M. F ..<br />

Projetos e ambientes inovadores. Série de<br />

Estudos. Educação à distância. Ministério da<br />

Educação - Secretaria de Educação à Distância,<br />

2000. 96p.<br />

FOOD SCIENCE. University of Guelph. Curd<br />

treatment. In: Treatment of milk fo r<br />

cheesemaking: 2003. 5 p.<br />

FURTADO, M. M. Principais problemas dos<br />

queijos: causas e prevenção. Fonte Comunicações<br />

e Editora. SP, 1999. 176p.<br />

FURTADO, M. M. Milkbizz Tecnologia<br />

Temático Laticínios. Queijo Mussarela para<br />

Pizza: Fundamentos da Fabricação. Parte I.<br />

PRATA, L. F. Fundamentos de ciência do<br />

leite. Jaboticabal: FUNEP-UNESP, 2001. 287p.<br />

SANTOS, M. V. ; FONSECA, L. F. L. da.<br />

Importância e efeito de bactérias psicrotróficas<br />

sobre a qualidade do leite. Higiene alimentar;<br />

15 (82) : 13-9, 200 I.<br />

• • • •<br />

PROPRIEDADES REOLÓGICAS E SENSORIAIS DE REQUEIJÃO CREMOSO COM<br />

DIFERENTES TECNOLOGIAS DE COAGULAÇÃO<br />

"Rheological and sensory properties of "requeijão cremoso" with different<br />

coagulation technologies"<br />

RESUMO<br />

GOTELlP, E. L.l<br />

JARDIM, F. B. B.2<br />

MIGUEL, D. P.2<br />

Este trabalho teve como objetivo desenvolver dois tipos de requelJoes cremosos, com<br />

diferentes tecnologias de coagulação e avaliar as suas características reológicas (teste de<br />

fusão Arnott e Arnott modificado) e sensoriais (teste de aceitação e de preferência). No<br />

tratamento I (coagulação ácida), a massa foi obtida pela adição de ácido láctico, e no<br />

tratamento 2 (coagulação enzimática e láctica) a massa foi obtida pela adição de fermento<br />

Aluna de graduação em Engenharia de Alimentos Faculdades Associadas de Uberaba/FAZU. Uberaba-MG.<br />

bibi lauberaba@hotmail.com.<br />

2 Professoras do curso de graduação em Engenharia de Alimentos - Faculdades Associadas de Uberaba/FAZU.<br />

Uberaba - M G. fernandaj ardim@ fazu.br.<br />

Órgão financiador: Copervale-MG.<br />

Pág. 208<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

lácteG tipo O e solução de coalho. No tratamento I, a capacidade de fusão da massa foi<br />

maior comparando-a com o tratamento 2. O requeij ão creinoso obtido no tratamento I<br />

apresentou melhor resultado no teste de preferência, sendo escolhido por 72,5% dos<br />

provadores, em relação ao requeijão cremoso obtido pelo tratamento 2, escolhido por<br />

27,5% dos provadores, resultando em preferência significativa. Com relação ao teste de<br />

aceitação, o requeij ão cremoso obtido pelo tratamento I obteve médias superiores em<br />

relação a todos os atributos avaliados (aroma, sabor, textura, cor e impressão global). O<br />

requeijão cremoso obtido por coagulação ácida (tratamento I), na análise global de todos<br />

os parâmetros analisados, apresentou resultados mais satisfatórios de todas as propriedades<br />

analisadas (reológicas e sensoriais).<br />

Palavras-chave: I. Requeijão, 2.Coagulação.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

Requeijão cremoso é um tipo de queijo<br />

fundido cremoso, obtido por fusão de uma massa<br />

de coalhada dessorada e lavada obtida por<br />

coagulação ácida e/ou enzimática do leite, com<br />

adição de creme de leite e/ou "butter oi I"<br />

(BRASIL, 1997). O objetivo deste trabalho foi<br />

desenvolver dois tipos de requeijão cremoso com<br />

diferentes tecnologias de coagulação e avaliar as<br />

suas propriedades reológicas (teste de fusão) e<br />

sensoriais (teste de aceitação e de preferência).<br />

2 - MATERIAL E M É TODOS<br />

No preparo da massa por coagulação ácida<br />

(tratamento I), 10 L de leite cru tipo C foram<br />

aquecidos a 48"C para a adição de ácido láctico<br />

85c,YcJ na concentração de 0.28%. diluído em água<br />

potavél na proproção de I: 10, deixando-se em<br />

repouso por 10 minutos para fi nalizar a<br />

precipitação e firmar a massa.<br />

No preparo da massa por coagulação<br />

enzimática e láctica (tratamento 2), 10 L de leite<br />

cru tipo C foram aquecidos a 35"C e adicionou-se<br />

fermento lácteo mesófilo DVS-704 500U tipo O<br />

(LactococclI.I' lactis subesp. Crel1loris e<br />

LactococclIs lacti.l' slIbesp. Lactis) na proporção<br />

de 2%. Para acelerar o processo de dessoragem da<br />

massa, houve o acréscimo de 0,09% de coalho<br />

líquido (" Haia e o leite permaneceu em repouso<br />

por 35 minutos para coagulação.<br />

A seguir. para os dois tratamentos,<br />

procedeu-se a separação massa/soro. A massa foi<br />

lavada com leite pasteurizado integral tipo C a<br />

50"C (volume de 30% em relação ao inicial).<br />

Após a lavagem, escorreu-se a massa em pano e<br />

levou-a à fusão, juntamente com creme de leite<br />

pasteurizado (25% de gordura), sal fundente<br />

(citrato de sódio) e cloreto de sódio,<br />

respecti vamente, nas proporções de 100%, 1%<br />

e I %, em relação à quantidade de massa (1000<br />

digitalizado por<br />

g). A massa e os ingredientes foram colocados<br />

em recipiente imerso em banho-maria com<br />

temperatura constante de 80"C, sendo a mistura<br />

agitada até a obtenção de uma massa fundida e<br />

homogênea. Obtido o requeijão cremoso, este<br />

fo i acondicionado em potes plásticos de<br />

poliestireno com tampa (250 mL), sendo<br />

resfriados em banho de gelo e armazenados em<br />

geladeira com temperatura controlada de 4-5"C .<br />

2.1 Análise Reológica<br />

As massas obtidas pelos Tratamentos I e<br />

2, antes da fusão, foram utilizadas para o teste<br />

de fusão em triplicata. As amostras foram obtidas<br />

através de um molde cilíndrico de metal (14 mm<br />

de diâmetro e altura) para se obter urna massa<br />

padronizada. Utilizou-se um paquímetro para<br />

efetuar as medidas que representam o derretimento<br />

da massa. Seguindo a recomendação<br />

de ARNOTT et ai. (1956), no teste de Arnott,<br />

placas de Petri com as amostras foram colocadas<br />

em estufa a 100DC por 15 minutos. No teste de<br />

Arnott modificado, placas de Petri com as<br />

amostras foram colocadas por 90 segundos cm<br />

forno de microondas marca LG, com potência<br />

total equivalente a 60%. Nos dois testes de<br />

Arnott, as placas com as amostras após a fusão<br />

fo ram colocadas em geladeira por 30 minutos<br />

para possibilitar a leitura dos resultados com<br />

maior precisão.<br />

2.2 Anílise sensorial<br />

Na análise sensorial, foi feita avaliação das<br />

amostras de requeijões cremosos dos<br />

Tratamentos I e 2 através de 40 provadores<br />

não treinados (ABNT, 1994; MEIGAARD et ai.,<br />

1991). Os provadores fizeram a indicação de um<br />

produto em re lação ao outro através de fi cha<br />

arvoredoleite.org


modelo para o Teste de preferência. Na análise<br />

de aceitação, as amostras foram avaliadas em<br />

relação ao aroma, à cor, à textura, ao sabor e à<br />

impressão global através de ficha modelo para o<br />

Teste de aceitação. Os provad ores utilizaram<br />

escala hedônica, não estruturada, de 9 cm,<br />

ancorada nos extremos pelos termos "desgostei<br />

muitíssimo" e "gostei muitíssimo" (STONE;<br />

SIDEL, 1993).<br />

2.3 Análise estatística<br />

Para o Teste de preferência, utilizou-se a<br />

Tabela de Comparação Pareada-Preferência<br />

bicaudal, onde foi verificado o número mínimo<br />

de respostas para o número total de provadores<br />

(40) a 5% de significância ou menos (ABNT,<br />

1994; MEIGAARD et ai., 1991). Para o Test de<br />

aceitação, os resultados foram analisados pela<br />

Análise de Variância e Teste t-Student a 5% de<br />

significância ou menos (FERREIRA et ai., 2000).<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Os resultados médios obtidos na análise<br />

reológica, através do teste de fusão (Tabela 1),<br />

indicaram que a capacidade de fusão da massa do<br />

Tratamento I foi superior em comparação à<br />

massa do Tratamento 2.<br />

Através dos resultados obtidos da análise<br />

sensorial no teste de Preferência, constatou-se<br />

que o requeijão cremoso do Tratamento 1<br />

(coagulação ácida) obteve 72,5% da preferência<br />

entre os julgadores empregados no teste<br />

totalizando 29 provadores, sendo que o requeijão<br />

cremoso do Tratamento 2 (coagulação enzimática<br />

e láctica) obteve 27,5% da preferência<br />

entre os julgadores empregados no teste<br />

totalizando lI provadores. De acord o com a<br />

tabela do teste de Comparação Pareada­<br />

Preferência bicaudal, se a soma da amostra<br />

indicada como preferida (Tratamento 1 = 29)<br />

for igual ou maior ao numero mínimo tabelado<br />

(27), conclui-se que há preferência significativa<br />

de um produto em relação ao outro ao nível de<br />

5,0% de significância. Portanto, o requeijão<br />

cremoso do Tratamento I foi apontado como o<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

mais preferido entre os provad ores com<br />

diferença estatisticamente significante.<br />

No Teste de aceitação (Tabela 2), foi<br />

verificado que o requeijão com coagulação ácida<br />

(Tratamento I) obteve maiores val ores médios<br />

de todos os atributos sensoriais avaliados,<br />

reforçando a maior preferência desta amostra em<br />

relaçãp ao requeijão com coagulação enzimática<br />

e láctica (Tratamento 2). A análise de variância<br />

dos resultados dos atributos sensoriais mostrou<br />

que houve diferença significativa (p f 0,05) entre<br />

as amostras em relação aos atributos sensoriais<br />

sabor e impressão global.<br />

Tabela 2 - Análise de variância dos atributos<br />

sensoriais obtidos no Teste de aceitação<br />

dos requeijões cremosos obtidos por<br />

coagulação ácida (Tratamento I) e<br />

coagulação enzimática e láctica<br />

(Tratamento 2).<br />

Atributo Tratamento Tratamento<br />

1 2<br />

Aroma 6,8" 5,6 "<br />

Cor 7,4 " 7,2 "<br />

Te xtura 6,2 " 5<br />

? a<br />

Sabor 7, 1 a 5,4 h<br />

Impressão Global 6,7 a 5,5 h<br />

Nota: Letras iguais minúsculas na mesma linha indicam<br />

que não houve diferença significativa (p::;O,05).<br />

Analisando os resultados obtidos pelos testes<br />

sensoriais, verificou-se que o requeijão cremoso<br />

obtido por coagulação ácida (Tratamento J) foi<br />

melhor avaliado em todos os parâmetros<br />

analisados, mesmo considerando que o requeijão<br />

cremoso obtido por coagulação enzimática e<br />

láctica (Tratamento 2) tenha o fermento lácteo<br />

como um coadjuvante que melhora os aspectos<br />

sensoriais do requeijão. Através de uma análise<br />

geral de todos os resultados, o Tratamento I<br />

(coagulação ácida) obteve melhores resultados em<br />

todos os parâmetros, destacando-se sua melhor<br />

capacidade de fusão e melhores propriedades<br />

Tabela 1 - Resultados médios do teste de fusão referentes às massas obtidas por coagulação ácida<br />

(Tratamento I) e coagulação enzimática e láctica (Tratamento 2), expressos e mm de dilatação.<br />

Pág. 210<br />

Teste de Fusão<br />

Teste de Arnott<br />

Teste de ArnoU modificado<br />

Média final<br />

Tratamento 1<br />

(3,75 ± 0,75) mm<br />

(7,56 ± 1,95) mm<br />

mm<br />

Tratamento 2<br />

(2,33 ± 0,82) mm<br />

(2,09 ± 0,34) mm<br />

mm<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

senSOrIaiS, em relação ao Tratamento 2<br />

(coagulação enzimática e láctica).<br />

4 - CONCLUSÃ O<br />

Nas análises reológicas, o requelJUo com<br />

coagulação ácida (Tratamento 1), em relação<br />

ao com coagulação enzimática e láctica<br />

(Tratamento 2), obteve melhores resultados de<br />

capacidade de fusão. No Teste de preferência, o<br />

requeijão com coagulação ácida (Tratamento J)<br />

foi apontado como o mais preferido pelos<br />

provadores com diferença estatística (p:::;.0,05).<br />

No Teste de aceitação, o Tratamento 1 apresentou<br />

as maiores médias para todos os atributos<br />

sensoriais avaliados e aplicando a análise de<br />

variância, houve diferença significativa (p:::;.0,05)<br />

entre os tratamentos I e 2 nos atributos sabor e<br />

impressão global. Portanto, o processo de<br />

coagulação ácida (Tratamento I) apresentou<br />

resultados mais satisfatórios de todas as<br />

propriedades analisadas (reológicas e sensoriais).<br />

SUMMARY<br />

This work has the objective of developing<br />

two kinds of cheese spread with different c10tting<br />

technology and evaluates its rheological (Arnott<br />

and modified Arnott fusion tests) and sensory<br />

(acceptance and preference test) characteristics.<br />

In treatment I (acid clotting) thc mass was<br />

obtained the addition of lactic acid and in<br />

treatment 2 (enzymatic and lactic clotting) the<br />

mass was obtained from the addition of lactic<br />

yeast type O and curdled milk. In treatment I<br />

the mass fusion capacity was bigger comparing<br />

to treatment 2. The cheese spread obtained from<br />

treatment 1 prcsentcd to be favoritc on the<br />

+ • • +<br />

preference test, being chosen by 72,5% of the<br />

tasters compared to the cheese spread obtained<br />

from treatment 2 chosen by 27,5% of the<br />

tasters, resulting in significant prefere nce.<br />

Concerning to acceptance test the cheese spread<br />

obtained from treatment 1 got higher grades<br />

related to all evaluated attributes (smell, taste,<br />

texture, color and global impression). The cheese<br />

spread obtained by acid clotting (treatment I)<br />

in the global analyses of ali analyzed parameters<br />

showed more satisfactory results of alI analyzed<br />

properties (rheological and sensory).<br />

Key-words: 1. Cheese spread. 2. Clotting<br />

5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGR Á FICAS<br />

ARNOTT, D. R.; MORRIS, H.A.; ONCHE, W. A.<br />

Effect of certain chemical factors on the melting<br />

quality of processed cheese. J ournal of Dairy<br />

Science, Champaing, v. 40, p. 957-963, 1956.<br />

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS<br />

TÉCNICAS-ABNT. Tes te de ordenação em<br />

análise sensorial-NBR 13170. São Paulo:<br />

ABNT, 1994.<br />

BRASIL. Ministério da Agricultura.<br />

Regulamentos técnicos de identidade e<br />

qualidade de leite e produtos lácteos.<br />

Brasília, 1997. 77 p.<br />

FERRREIRA, Y. L. P. et aI. Análise Sensorial:<br />

testes discriminativos e afetivos. Campinas:<br />

SBCTA , 2000. 127 p.<br />

MEILGAARD, M.; CIVILLE, G. Y.; CARR, B.<br />

T. Sensory Evaluation Techniqucs . Flórida:<br />

CRC PRESS, 1991. 354 p.<br />

STONE, H.; SIDEL, J. L. Scnsory evaluation<br />

practices. 2. ed. London: Academic Press,<br />

1993. 338 p.<br />

o AMBIENTE GLOBAL DE NEGÓCIOS DAS INDÚSTRIAS DE LATiCíNIOS ENVOLVENDO<br />

NEGOCIAÇÕES E FIDELlZAÇÃO DE CLIENTES<br />

The global business network of dairy industries involving client's negotiation and fidelity<br />

digitalizado por<br />

•<br />

José Geraldo Nogueira<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

RESUMO<br />

o processo da globalização tornou-se vital para que as Indústrias de Laticínios se tornem<br />

visionárias, modernas e mais competitivas. As oportunidades apresentadas pelos mercados<br />

direcionam as negociações de maneira que os produtos lácteos sejam comercializados com<br />

uma gestão estratégica de marketing focada na fidelização dos clientes.<br />

Palavras-chave: Comercialização, Estratégia de Marketing, Negociação, Fidelização.<br />

1 - INTRODUÇÃ O<br />

No segmento lácteo, o Brasil começa a ter<br />

situações de comercialização favoráveis,<br />

devendo ampliar os mercados com estratégias<br />

de mais eficazes. Negociar de qualquer jeito em<br />

um mercado livre global, torna-se um erro. O<br />

papel do marketing em função da dinâmica do<br />

mercado é Pesquisa; Delineamento do produto;<br />

Preços e condições; Venda direta; Estratégia de<br />

comunicação e, Administração e gerência. Os<br />

gestores devem propor táticas, saber agregar<br />

valor ao seu negócio com negociações focadas<br />

no ganha a ganha e fidelizações.<br />

2 - OBJETIVO<br />

Este artigo visa destacar o sentido de valor<br />

comercial em uma negociação a ser praticado e<br />

da prática da fidelização, o qual se constitui como<br />

um fator de comprometimento junto ao mercado<br />

consumidor de produtos lácteos.<br />

3 - O PROBLEMA<br />

3.1 - As Estratégias e a Busca das Melhores<br />

Práticas<br />

Percebe-se que há uma dificuldade em<br />

propor mudanças de comportamento do gestor<br />

nas Indústrias de Laticínios com estratégia de<br />

desenvolvimento de mercado. Em cada<br />

pr 9 cesso de negociação a análise deve ser individuai<br />

com uma gestão mercadológica e<br />

envolvimento de todos.<br />

3.2 - Os cuidados para exportar<br />

Para José Maria (2005), "a gente tem que<br />

ter consciência de que exportar não é apenas<br />

aproveitar uma oportunidade. É necessário buscar<br />

e conquistar o mercado externo e depois trabalhar<br />

para sua manutenção". As Indústrias de Laticínios<br />

Brasileiras devem procurar oferecer um Portfolio<br />

dos seus produtos. Segundo Jorge Abreu (2005),<br />

"O segre do do Marketing está em como<br />

Pág. 212<br />

identificar o valor que o cliente está disposto a<br />

'consumir' ."<br />

3.3 - As etapas da negociação<br />

Segundo Frank L. A. (1998), "Tanto nas<br />

negociações nacionais como nas internacionais,<br />

há seis etapas que precisam ser cumpridas : (l)<br />

orientação e pesquisa; (2) resistência; (3)<br />

reformulação das estratégias ; (4) discussões e<br />

tomada de decisões ; (5) acordo; e (6) seguimento".<br />

O conhecimento dessas etapas poderá aj udar ao<br />

gestor das Indústrias de Laticínios a compreender<br />

a forma geral do processo de negociação e do<br />

andamento em cada etapa. Ainda, segundo ele, "o<br />

planejamento de uma negociação é um processo<br />

simples, com quatro etapas, que devem ser<br />

aplicadas a todas as partes, à sua e à do outro lado.<br />

Para ambas, o gestor deve: (I) identi ficar todas<br />

as questões; (2) priorizar essas questões; (3)<br />

estabelecer um leque de acordos alternativos; e<br />

(4) desenvolver estratégias e táticas".<br />

4 - REVISÃ O BIBLIOGRÁ FICA<br />

4.1 - Os lácteos mais exportados<br />

De acordo com os dados do MDlC/Secex,<br />

no período entre 1996 a 2004, são em número de<br />

seis os grupos de lácteos que dividindo-os em<br />

classes de produtos perfazendo um total de 34<br />

mercadorias compõem as exportações no Brasil.<br />

As principais mercadorias são: leite<br />

condensado, leite em pó integral e o queijo<br />

fu ndido. Os três produtos juntos representam<br />

cerca de 71 % do volume e 67,4% do valor<br />

arrecadado com as exportações no período<br />

analisado. Pode-se perceber que o mercado<br />

internacional começa .a dar vazão aos produtos<br />

nacionais da Onda Verde e Amarela.<br />

Nota-se que apesar do volume e o valor das<br />

exportações brasileiras aumentarem mês a mês,<br />

para Antonio Bustoff, (2005), "existe um número<br />

restrito de empresas que vendem seus produtos<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

no exterior. De 2002 para 2003, com um<br />

crescimento de quase 20 bilhões de dólares de<br />

exportações na Balança Comercial, o número de<br />

empresas exportadoras, cresceu apenas 2% ... ".<br />

Para ele, "é necessário um trabalho das<br />

associações de produtos, das industrias dos<br />

pequenos e médios e um reforço no papel de<br />

tradings. As grandes empresas têm departamentos<br />

internacionais com capacidade de prospectar<br />

mercados e lançar agentes comerciais nos<br />

mercados novos".<br />

4.2 - Negociando Melhor<br />

O segmento de lácteo brasileiro hoje é visto<br />

como um que se destaca, mas ainda de forma<br />

modesta. Segundo pesquisas do MDCI/SECEX,<br />

entre 1996 a 2004 o Brasil exportou o<br />

equivalente a 266,8 milhões de dólares (200 mil<br />

toneladas) de produtos lácteos no período. Todos<br />

os doze paises que mais importam os produtos<br />

brasileiros apresentam um total de 78,9% do<br />

valor em dólares.<br />

Na negociação deve-se ter em mente que o<br />

seu sucesso compromete a fidelização e esta,<br />

projeta a imagem da organização. Para Peter C.<br />

Wilton (1997), "ao invés de simples vendedores,<br />

deve-se treinar homens de negócios focados nas<br />

estratégias empresariais, capazes de por em<br />

prática as táticas adequadas". Para Joe Gerard<br />

(1978) "Faça o cliente em perspectivas gostar,<br />

confiar e acreditar em você". Para Noberto<br />

Ferreira (1997), "dar motivos para os clientes<br />

comprarem de você garantir que o cliente tenha<br />

sucesso no preenchimento de suas carências, no<br />

atendimento de suas necessidades e na resolução<br />

dos problemas e, dificultar a decisão de comprar<br />

do concorrente ... "<br />

Segundo Luiz Sabatino, "a definição de<br />

como e quando a empresa deseja comunicar-se<br />

com o seu cliente deverá ser definida pelas<br />

ferramentas do Marketing: marketing direto, TV,<br />

revista, marketing por e-mai!, etc, isto conforme<br />

o modelo de negócio da empresa".<br />

No programa de fidelização é necessário que<br />

todos os colaboradores das Indústrias de Laticínios<br />

conheçam-no com afinco. Segundo Peter C.<br />

Wilton, "estar apto para visualizar situações,<br />

antecipar cenários e identificar necessidades do<br />

consumidor, que muitas vezes a equipe de venda<br />

não detecta". Segundo Washington Olivetto<br />

(2003), "a publicidade cria a predisposição de<br />

compra. Quem vende é o vendedor".<br />

5 - METODOLOGIA<br />

Escolher uma política de expansão de<br />

digitalizado por<br />

mercados requer esforços em vários mercados.<br />

"As principais alternativas incluem uma<br />

ESTRATÉGIA DE CONCENTRAÇÃO que tem<br />

o foco em um pequeno número de mercados ou<br />

uma ESTRATÉGIA DE DIVERSIFICAÇÃO que<br />

é caracterizada pelo crescimento em um número<br />

relativamente grande de mercados", Igal A. e<br />

Jehiel Z, (Spring 1979): pp. 93-98.<br />

"Tanto a concentração como a diversificação,<br />

são aplicáveis a segmentos de mercado<br />

ou a mercados de massa, dependendo do<br />

comprometimento de recursos da empresa. Uma<br />

opção é a estratégia de concentração dual na<br />

qual os esforços estão concentrados em um<br />

segmento específico em um número limitado de<br />

paises ... A primeira é a mais provável para<br />

pequenas empresas ou aquelas que comercializam<br />

produtos especializados para mercados<br />

claramente definidos. Segundo Czinkota e<br />

Ronkainem (200 l) " ... 0 contexto da ampliação<br />

de mercado e dos planos de expansão de<br />

mercados, deve-se ter em mente que o potencial<br />

de mercado é muito diferente do potencial de<br />

vendas. O primeiro sinaliza sob o nível de vendas<br />

que pode estar disponível para todos os<br />

profissionais de marketing em uma indústria em<br />

um dado mercado. O segundo, é a fatia do<br />

mercado que um profissional de marketing<br />

particular pode esperar conquistar a longo<br />

prazo". (Marketing as melhores práticas, ed.<br />

Bookman, 2000).<br />

6 - CONCLUSÃO<br />

Segundo Marcio Miranda (2005), as<br />

seguintes dicas aj udarão os executivos a negociar<br />

melhor:<br />

(1) Tente negociar tudo; (2) Torne-se um<br />

bom ouvinte; (3) Planeje; (4) Peça alto ou<br />

ofereça baixo; (5) Justifique sua oferta; (6) Seja<br />

paciente; (7) Não aceite a primeira oferta; (8)<br />

Nunca dê nada de graça; (9) Guarde uma<br />

concessão para o final; (lO) Tenha sempre uma<br />

alternativa.<br />

As estratégias para atuar no mercado<br />

exterior devem ser norteadas de alguns princípios<br />

básicos que segundo Michel Abdo Alaby (2005)<br />

são abaixo apresentadas :<br />

a) Ter a avaliação precisa dos produtos que<br />

se que exportar, percebendo quais os que<br />

possuem maiores condições de competir<br />

e procurar avaliar as modalidades de<br />

exportações mais adequadas à<br />

empresa ...<br />

b) Obter corretamente a formação dos<br />

preços com base nos custos reais de<br />

produção e com cuidados sobre as<br />

Pág. 213<br />

arvoredoleite.org


incidências de impostos.<br />

c) Ampliar o leque de atendimentos aos<br />

mercados internacionais, observando a<br />

melhor tática para uma negociação<br />

eficaz ...<br />

d) Ter um profissional que represente a<br />

organização em todos os movimentos<br />

onde existem exportações e mercad os.<br />

e) Procurar desenvolver um net work<br />

sempre com pessoas que comercializam<br />

em diversos paises.<br />

f) Direcionar um portfolio de produtos em<br />

vários idiomas.<br />

Assim, as Indústrias de Laticínios,<br />

poderão encontrar novos mercados e ampliar<br />

cada vez mais as suas reais condições de participação<br />

no mercado.<br />

ABSTRACT<br />

The global process became vital to the dairy<br />

industries making them more visionnarie,modern<br />

and competitive.The opportunities offered by the<br />

different markets directed negotiations in a<br />

manner where daily products are commercialized<br />

in a strategic way focused primarily in the c1ient's<br />

fidelity<br />

Key words: Commercialization, Clients,<br />

Marketing, strategic, negociation, fidelity.<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

Czinkota, Michael R e Ronkainem, likka A<br />

Marketing as melhores práticas. Porto Alegr:<br />

Bookman, 200 I.<br />

Abreu, Jorge P. Artigo "O significado do<br />

Valor", 2005.<br />

Wilton , Peter. C. - "Administração .das<br />

estratégias de vendas - Art. Vendedor: Homem<br />

de Negócios. Revista Técnicas de Venda (1997).<br />

Girard, J. e Stanley H. B, Como Vencer Qualquer<br />

Coisa a Qualquer Um, Record, RJ, 1978.<br />

Bustorff, Antonio, Art. "Produtos "made in<br />

Brazil" conquistam consumidores europeus,<br />

Internet, Notícias, Export News, 22/0412005.<br />

Miranda, Márcio, "Como Negociar Melhor",<br />

Internet, Artigos e Idéias, Export News, 27/04/2005.<br />

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Ind. e Com. - Secretaria Com. Exterior.<br />

Alaby, Michel A., "Exportação na Pequena e Média<br />

Empresa - Bicho de Sete Cabeças?" Internet, .<br />

Artigos e Idéias, Export News, 27/04/2005.<br />

Acuff, Frank L., Como Negociar Qualquer Coisa<br />

Com Qualquer Pessoa Em Qualquer Lugar Do<br />

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Olivetto, Washigton. - Artigo "Publicidade não<br />

vende!"- Revista Técnicas de Venda, 2003.<br />

Sabatino, Luiz. Fidelização - Ed.Reichmann<br />

& Affonso Editores, RJ, 2003.<br />

Rabelo, J. Maria. Diretor de Comércio Exterior '<br />

do Banco do Brasil, 2005.<br />

CARACTERíSTICAS FíSICO-QuíMICAS DE QUEIJOS DE COALHO INDUSTRIAIS E<br />

ARTESANAIS PRODUZIDOS NO ESTADO DO CEARÁ<br />

Physico-chemical characteristics of industrial and artisanal "coalho" cheese produced<br />

in Ceará - Brazil<br />

Alex-Sandra Alexandre de Andrade1<br />

Renata Tieko Nassu2<br />

Maria do Carmo Passos Rodrigues3<br />

Aline Costa Silva4<br />

Geirla Jane Freitas da Silva4<br />

Rogleijiania Lúcia Adriano Fernandes4<br />

Estudante de pós-graduação, Curso de Mestrado em Tecnologia de Alimentos - Universidade Federal do Ceará '<br />

Fortaleza - CE. E-mail: alexiaandrade2003 @yahoo.com.br<br />

2 Pesquisadora Embrapa Agroindústria Tropical, Fortaleza - CE.<br />

3 Docete do Curso de Engenharia de Alimentos - Universidade Federal do Ceará.<br />

4 Estagiárias Embrapa Agroindústria Tropical.<br />

Pág. 214<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE lATiCíNIOS<br />

RESUMO<br />

O queijo de coalho é o mais tradicional e um dos mais difundidos queijos fabricados na região<br />

Nordeste. No estado do Ceará, caracteri za-se como produto típico, sendo amplamente<br />

comercializado. Sua elaLoraçno, no entanto, não possui uma metodologia padronizada, o que<br />

é confirmado pela baixa qualidade e falta de uniformidade dos produtos. O presente trabalho<br />

teve como objetivo estudar as características físico-químicas de queijos de coalho industriais<br />

e artesanais produzidos no estado do Ceará. Foram realizadas as análises de umidade, gordura,<br />

proteína, cinzas, cloreto de sódio, acidez, pH, nitrogênio total e não protéico, índice de<br />

maturação, atividade de água e cor instrumental. Os resultados de umidade não mostraram<br />

diferença significativa a 5%, e permitiram classificar as amostras como queijos de média a<br />

alta umidade. O teor de gordura nos queijos artesanais foi significativamente maior, no<br />

entanto, ambos estão dentro da faixa estabelecida pelo Regulamento Técnico de Identidade<br />

e Qualidade. Todos os demais parâmetros avaliados, excluindo-se o pH e a medida da cor<br />

instrumental apresentaram diferença significativa ao nível de 5%. Com base nos resultados,<br />

foram constatadas diferenças na composição centesimal e características físico-químicas dos<br />

queijos produzidos de forma industrial e artesanal.<br />

Palavras-chave: queijos regionais, técnicas de processamento, composição centesimal.<br />

]. - INTRODUÇÃO<br />

O queijo de coalho constitui-se em um<br />

derivado do leitc de grande p.:Jpularidade,<br />

aceitação, produção e consumo na região<br />

Nordeste do Brasil. Seu nome deve-se ao fato de<br />

ter sido tradicionalmente elaborado com leite<br />

coagulado pela ação do coalho, o qual é extr .. ído<br />

do quarto estômago (abomaso) de pequenos<br />

animais tais como cabrito, bezerro, preá, mocó,<br />

os quais devidamente preparados são chamados<br />

de coagulador ou a!JolllaslIn (AQUINO, 1983).<br />

Segundo o regulamento Técnico de<br />

Identidade e Qualidade (BRASIL, 2001), entendese<br />

por queijo de coalho o queijo que se obtém por<br />

coagulação do leite por meio de coalho ou outras<br />

enzimas coagulantes apropriadas, complementado<br />

ou não pela ação de bactérias láticas selecionadas<br />

e comercializado normalmente com até 10 dias<br />

de fabricação. O leite utilizado em sua fabricação<br />

deve, obrigatoriamente, ser pasteurizado ou sofrer<br />

tratamento térmico equivalente.<br />

No Ceará, o queijo de coalho se caracteriza<br />

como um produto típico do Estado, sendo facilmente<br />

encontrado em todo o comércio e apresentando<br />

destaque considerável na economia local.<br />

A produção queijeira cearense dividese<br />

basicamente em dois segmemos, compreendendo<br />

as médias empresas fiscalizadas por órgãos<br />

oficiais e as pequenas unidades de fabricação<br />

artesanal localizadas principalmente no meio<br />

rural, que ainda produzem qlJeijo a partir do leite<br />

cru (BENEVIDES, 1999).<br />

Apesar da intensa produção e consumo, o<br />

queijo de coalho não conta ainda com uma<br />

digitalizado por<br />

tecnologia apropriada de fabricação, o que resulta<br />

em produtos com baixa qualidade, sem<br />

padronização e apresentando variações na<br />

composição centesimal (LIMA, 1996).<br />

Um dos grandes desafios hoje é alcançar<br />

uma padronização e adequação das metodologias<br />

de fabricação, visando atender a todos os<br />

requisitos previstos na legislação atual, mas sem<br />

descaracteri zar o produto, para que não haja<br />

rejeição por parte dos consumidores.<br />

Com base no exposto, o presente trabalho<br />

teve como objetivo estudar as características<br />

físico-químicas de queijos de coalho industriais e<br />

artesanais produzidos no estado do Ceará.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

2.1 - Local e Coleta das Amostras<br />

Oito amostras de queijo de coalho, sendo<br />

quatro de fabricação artesanal e quatro<br />

industrializadas com SI (Serviço de Inspeção),<br />

furam adquiridas em pontos de venda da cidade de<br />

Fortaleza CE. Todas as amoshds, comercializadas<br />

sob rtfrigeração, foram então acondicionadas em<br />

caixas isotérmicas e transportadas para o<br />

Laboratório de Análises Físico-Químicas da<br />

Embrapa Agroindústria Tropical.<br />

2.2 p Análises Realizadas<br />

Foram realizadas, em triplicata, as<br />

determinações de umidade, gordura no extrato<br />

Pág. 215<br />

arvoredoleite.org


seco, proteína total, cinzas, cloreto de sódio,<br />

acidez, pH, nitrogênio total e não protéico e<br />

índice de maturação, de acordo com metodologias<br />

da AOAC (1997) e Instituto Adolfo Lutz<br />

(1985). A análise de atividade de água foi realizada<br />

utilizando o aparelho Aqualab, enquanto a cor<br />

instrumental foi obtida em colorímetro Minolta<br />

(sistema CIELab).<br />

3 - RESULTADOS E DiSCUSS ÃO<br />

Os resultados obtidos para as características<br />

físico-químicas das amostras de queijo de coalho<br />

industriais e artesanais analisadas estão indicados<br />

na Tabela 1. Os queijos industriais e artesanais<br />

apresentaram, respectivamente, valores médios<br />

de 45, 06 e 44,52 % para umidade, não indicando<br />

diferença significativa (p > 0,05) entre os dois<br />

tipos, podendo ser classificados como queijos de<br />

média a alta umidade.<br />

O teor de gordura no extrato seco variou<br />

significativamente ao nível de 5%, entre as<br />

amostras industriais e artesanais, apresentando<br />

médias de 44,35 e 48,32%, respectivamente, e<br />

estando de acordo com o Regulamento Técnico<br />

de Identidade e Qualidade de Queijo de Coalho,<br />

que estabelece uma faixa entre 35,0 e 60,0%.<br />

Os valores médios obtidos para os parâmetros:<br />

proteína total, nitrogênio total , nitrogênio<br />

não protéico, cinzas, cloreto de sódio,<br />

atividade de água, acidez em ácido lático e índice<br />

de maturação, apresentaram diferença significativa<br />

ao nível de 5% entre as amostras<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

industriais e artesanais. Com relação as<br />

determinações de pH e medida da cor instrumental<br />

(parâmetro L*) que mede a luminosidade, não<br />

foram observadas diferenças significativas (p ><br />

0,05) entre as duas amostras.<br />

4 - CONCLUSÃ O<br />

Com base nos resultados obtidos neste<br />

estudo, foram constatadas diferenças na<br />

composição centesimal e demais parâmetros<br />

físico-químicos avaliados, entre os queijos<br />

produzidos de forma industrial e artesanal. Esse<br />

fato serve para confirmar a necessidade de<br />

padronização das tecnologias de elaboração, com<br />

vistas a alcançar uma melhoria na qualidade e<br />

uniformidade do produto, sem, no entanto,<br />

promover a sua descaracterização.<br />

SUMMARY<br />

"Coalho;' cheese is one of the most<br />

traditional and consumed product in the North<br />

East region of Brazil. In Ceara state, it is a typical<br />

product and widely sold. However, its processing<br />

is not standardized, which is confirmed by its<br />

low quality and lack of uniformity of products.<br />

This work aimed to study the physico-chemical<br />

characteristics of Industrial and artisanal<br />

processed "coalho" cheese. The following<br />

analysis were done : moisture content, fat<br />

content, protein, ash, sodium chloride, titrable<br />

acidity, total and non proteic nitrogen,<br />

Tabela 1 - Características físico-químicas das amostras de queijos de coalho industriais e artesanais<br />

produzidos no estado do Ceará.<br />

Determinações Queijos industriais Queijos Artesanais<br />

U midade (%) 45,06a 44,52a<br />

Gordura no Extrato Seco (%) 44,35b 48,32a<br />

Proteína Total (%) 21,51a 20,68b<br />

Cinzas (%) 4,08b 4,68a<br />

Cloreto de Sódio (%) 2,43b 3,30a<br />

Acidez (%) 0,38b 1,29a<br />

PH 6, 18a 5,83a<br />

Nitrogênio Total (%) 3,41a 3,24b<br />

Nitrogênio Não Protéico (%) 0, 13a 0,08b<br />

Índice de Maturação (%) 3,91a 2,71b<br />

Atividade de Água 0,97a 0,96b<br />

Cor I nstru mental (L *) 88,65a 8S,80a<br />

Valores seguidos das mesmas letras em cada linha não diferem ao nível de 5% de significância pelo teste de Tukey.<br />

Pág. 216<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

maturation index, water acti vity and<br />

instrumental coloro Results of moisture content<br />

did not show significant difference (5%) between<br />

samples which were c1assified as medium to high<br />

moisture cheeses. Fat content in artisanal cheeses<br />

was significantly high, but both are within the<br />

range of Quality and Identity Technical<br />

Regulation. All the rest of evaluated parameters,<br />

excepting pH and instrumental color showed<br />

significant difference (5%). Results showed<br />

differences in proximal composition and<br />

physico-chemical characteristics between<br />

artisanal and industrial cheese.<br />

Key words: regional cheese; processing<br />

techniques; proximal composition.<br />

FINANCIAMENTO: Banco Mundial/<br />

PRODETAB e CNPq.<br />

REFER ÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

AOAC Association of Analytical Chemists.<br />

Official methods of analysis of AOAC<br />

iníernational. 161h ed, Washington: AOAC, 1997.<br />

AQUINO, F. T. M. Produção do queijo de coalho<br />

no Estado da Paraíba: acompanhamento das<br />

2<br />

3<br />

características físico-químicas do<br />

processamento. João Pessoa, 1983. 74p.<br />

Dissertação de Mestrado em Ciência e Tecnologia<br />

de Alimentos, Universidade Federal da Paraíba.<br />

BENEVIDES, S. D. Comportamento do queijo<br />

de coalho produzido com leite cru e<br />

pasteurizado, maturado a temperatura<br />

ambiente e sob refrigeração. Fortaleza, 1999.<br />

132p. Dissertação de Mestrado em Tecnologia<br />

de Alimentos, Universidade Federal do Ceará.<br />

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e<br />

Abastecimento. Instrução Normativa N° 30, de<br />

26/06/2001. (D.O.U., 16/07/2001).<br />

Regu lamento Técnico de Identidade e<br />

Qualidade de queijo de coalho. Disponível:<br />

http://oc4j.agricultura. gov. br/agrolegis/do/<br />

consultaLei ?op=viewTextual&codigo=2194<br />

[Acesso em 30/05/2005].<br />

INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas<br />

analíticas do Instituto Adolfo Lutz. São<br />

Paulo, 1984, 371 p.<br />

LIMA, M.H.P. Elaboração de queijo de<br />

coalho a partir de leite pasteurizado e<br />

inoculado dom Streptococcus thermophillus e<br />

Lactobaci/lus bulgariclls. Fortaleza, 1996. 81 p.<br />

Dissertação de Mestrado em Tecnologia de<br />

Alimentos, Universidade Federal do Ceará.<br />

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE QUEIJOS DE COALHO ARTESANAIS E<br />

INDUSTRIALIZADOS COMERCIALIZADOS EM FORTALEZA, CE<br />

Microbiological evaluation of artisanal and industrial "coalho" cheeses marketed at<br />

Fortaleza, CE<br />

Bruno,L.M.1<br />

Feitosa, T.1<br />

Nassu, R.T.1<br />

Carvalho,J.D.G.2<br />

Andrade, A.A.3<br />

Pesquisadora da Embrapa Agroindústria Tropical, Fortaleza, CE.<br />

Pós-graduanda do curso de Doutorado em Tecnologia de Alimentos da UNICAMP e bolsista do CNPq.<br />

Pós-graduanda do curso de Mestrado em Tecnologia de Alimentos da UFC e bolsista do CNPq.<br />

E-mail: Imbruno@cnpat.embrapa.br<br />

Fonte financiadora: Banco Mundial - PRODETAB e CNPq.<br />

digitalizado por<br />

Pág. 217<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

RESUMO<br />

Neste trabalho foi avaliada a presença de microrganismos indicadores e patogênicos em<br />

queijos de Coalho artesanais e industrializados comercializados em Fortaleza, Ceará. Oito<br />

amostras de queijos, sendo quatro artesanais e quatro industrializados, foram analisadas<br />

para os seguintes microrganismos: coliformes fecais, Eschericlzia coU, StaplzylococcllS<br />

coagulase positiva, Salmonella sp. e Listeria monocytogenes. A contagem de coliformes<br />

fecais foi superior a li 00 NMP/g em 100% das amostras, sendo confirmada a presença de<br />

E. coli em todos os queijos industrializados e apenas em um artesanal. Em relação à análise<br />

de estafilococos coagulase positiva, apenas uma das amostras de queijos industrializados<br />

não atendeu aos padrões estabelecidos pela legislação, enquanto que três queijos artesanais<br />

apresentaram contagens superiores a 107 UFC/g. A presença de Salmonella sp. foi detectada<br />

apenas em uma amostra de queijo industrializado, enquanto L. 11/011ocytogelles não foi<br />

encontrada em nenhuma das amostras.<br />

Palavras-chave : coliformes, Escheric/zia co/i, Salmollella, Listeria.<br />

1 a INTRODUÇÃO<br />

O queijo de Coalho é um produto típico do<br />

Nordeste brasileiro, muito apreciado em toda a<br />

região. Sua produção é considerada tradicional<br />

no Ceará (NASSU et aI., 2001) e está concentrada<br />

em pequenos municípios da zona rural.<br />

Ele é obtido pela coagulação do leite, através de<br />

coalho, complementada ou não com bactérias<br />

ácido láticas selecionadas (BRASIL, 200Ia).<br />

As tecnologias de fabricação de queijo de<br />

Coalho provêm de tradições arraigadas , que<br />

persistem até hoje, de forma que os produtos não<br />

possuem qualquer padrão em relação às técnicas<br />

de processamento e qualidade, sendo pouco<br />

competitivos no mercado, além de representarem<br />

risco à saúde pública, devido ao seu alto grau de<br />

contaminação e baixa qualidade microbiológica.<br />

A presença tanto de microrganismos<br />

patogênicos, destacando-se Salmollella sp.,<br />

Listeria 11l0l!ocytogelles e Staphylococcus<br />

allrellS, bem como de microrganismos indicadores<br />

de processamento realizado em condições<br />

higiênico sanitárias insatisfatórias tem sido<br />

relatada em vários estudos (TESHIMA et aI.,<br />

2004; BRANCO et ai., 2003; BORGES et ai.,<br />

2003; FEITOSA et ai., 2003).<br />

Nassu et ai. (200 I) constataram que o leite<br />

usado na elaboração de queijo de Coalho não é<br />

pasteurizado em cerca de 85% dos casos<br />

analisados, contribuindo para a veiculação de<br />

microrganismos indesejáveis no produto fi nal.<br />

Além disso, Bastos et ai. (200 I) detectaram<br />

falhas em procedimentos de higiene e sanificação<br />

em indústria produtora de queijo de Coalho,<br />

alertando para a necessidade de implantação de<br />

Boas Práticas de Fabricação para controle dos<br />

pontos críticos do processo de produção.<br />

Pág. 218<br />

Neste trabalho foi avaliada a presença de<br />

microrganismos indicadores e patogênicos em<br />

queijos de Coalho artesanais e industrializados<br />

comercializados em Fortaleza, Ceará.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

Foram analisadas oito amostras de queijos<br />

de Coalho, sendo quatro, de queijos artesanais e<br />

quatro de queijos industrializados. As amostras<br />

foram coletadas aleatoriamente nos locais de<br />

comercialização e transportadas em caixas<br />

isotérmicas, contendo gelo, até o Laboratório<br />

de Microbiologia de Alimentos da Embrapa<br />

Agroi ndústria Tropical . Em seguida fo ram<br />

avaliadas quanto ao número mais provável<br />

(NMP) de coliformes fecais, pesquisa de<br />

Escherichia coli, contagem de estafi lococos<br />

coagulase positiva, pesquisa de Sallllollella sp. e<br />

L. 11l01locytogel!es, segundo metodologias<br />

descritas no "Compendium of Methods for the<br />

Microbiological Examination of Foods" da<br />

"American Public Health Association"<br />

(DOWNES e ITO, 2001).<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Os resultados das análises microbiológicas<br />

das amostras de queijos encontram-se na Tabela<br />

I. A contagem de coliformes fecais apresentou<br />

NMP superior a li OO/g em 100% das amostras,<br />

sendo confirmada a presença de E. coli em todos<br />

os queijos industrializados e em apenas um<br />

artesanal. O elevado número de coliformes fecais<br />

encontrado, acima do permitido pela legislação<br />

para queijos de média umidade, 1000/g (BRASIL,<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

200Ib), sugere alto nível de contaminação fecal,<br />

que pode ser atribuído a diversos fatores entre os<br />

quais qualidade insatisfatória da matéria-prima,<br />

u so de leite cru e condições inadequadas de<br />

processamento. A detecção de E. coU também<br />

alerta para o fato de risco a saúde do consumidor<br />

u ma vez que existem cepas patogênicas deste<br />

microrganismo, além de indicar a probabilidade<br />

da presença de outros patógenos Gram negativos<br />

como Salmollella spp. e Slziguella spp. (Guedes<br />

Neto et aI., 2004).<br />

Em relação à análise de estafilococos<br />

coagulase positiva, apenas um dos queijos industrializados<br />

não atendeu aos padrões estabelecidos<br />

p ela legislação, enquanto que três queijos<br />

artesanais apresentaram contagens superiores a<br />

1 07 UFC/g, sendo os valores encontrados acima<br />

do permitido pela legislação, 103 UFC/g (BRASIL,<br />

200 I b). Estes queijos foram considerados produtos<br />

em condições higiênico-sanitárias<br />

insatisfatórias. A prevalência destas bactérias nas<br />

amostras de queijos artesanais, além de sugerir<br />

um processamento realizado fora dos padrões<br />

das Boas Práticas de Fabricação, também pode<br />

indicar baixa qualidade do leite empregado,<br />

podendo até ser proveniente de animais com<br />

mastite, já que Staphylococcus aureus é o agente<br />

etiológico desta doença: bem como o baixo nível<br />

sócio-econômico dos ordenhadores, que muitas<br />

vezes são portadores assintomáticos de S. aureus<br />

e não possuem hábitos adequados de higiene<br />

(FEITOSA et aI., 2003). É importante salientar<br />

que a presença do microrganismo em concentrações<br />

superiores a 105células/g pode favorecer<br />

a produção de enterotoxina (FORSYTHE,<br />

2002), tornando o alimento um risco potencial<br />

a saúde do consumidor.<br />

A presença de Salmollella sp. foi detectada<br />

apenas em uma amostra de queijo industrializado,<br />

caracterizando-a como imprópria para consumo.<br />

A legislação brasileira exige ausência de<br />

Salmollella sp. em queijos (BRASIL, 2001b) e a<br />

detecção deste microrganismo num produto<br />

industrializado ressalta tanto a necessidade do<br />

monitoramento microbiológico do processamento,<br />

como a adoção das Boas Práticas de<br />

Fabricação.<br />

L. mOllocytoglmes não foi encontrada em<br />

nenhuma das amostras de queijos analisadas.<br />

Segundo WHER (1987), citado por Branco et<br />

aI. (2003) a contaminação de produtos lácteos<br />

por esse patógeno deve-se mais a contaminação<br />

cruzada que propriamente à excreção da bactéria<br />

no leite.<br />

4 - CONCLUSÃ O<br />

A elevada população de coliformes fecais,<br />

em 100% das amostras, e de estafilococos<br />

coagulase positiva, em 50% delas, indica que os<br />

produtos não foram elaborados de acordo com<br />

as normas de Boas Práticas de Fabricação,<br />

caracterizando os queijos como produtos<br />

processados em condições higiênico-sanitárias<br />

insatisfatórias. A presença de Sal11/ollella em uma<br />

das amostras, a caracteriza como imprópria para<br />

o consumo humano.<br />

ABSTRACT<br />

Presence of indicator and pathogenic<br />

microorganisms in artisanal and industrial<br />

"Coalho" cheeses marketed in Fortaleza, Ceará<br />

was evaluated in this work. Eight cheese samples,<br />

being four artisanal and four industrial, were<br />

Tabela 1: Caracterização microbiológica de queijos de Coalho artesanais e industrializados<br />

comercializados em Fortaleza, CE (QCA : queijo de Coalho artesanal; QCI: queijo de<br />

Coalho industrializado).<br />

Coliformes fecais E. coZi S. coagulase positiva Salmonella sp. L. monocytogenes<br />

Amostras (NMP/g) (NMP/g) (UFC/g) (em 25g) (em 25g)<br />

QCA I > 1100 Ausência 1100 Presença 3,Ox IOH Ausência Ausência<br />

QCA3 > 1100 Ausência 8,2x107 Ausência Ausência<br />

QCA4 > 1100 Ausência 3,2x 107 Ausência Ausência<br />

QCI I > 1100 Presença 1100 Presença 1100 Presença 1100 Presença 4,8x107 Presença Ausência<br />

digitalizado por<br />

Pág. 219<br />

arvoredoleite.org


analyzed for the following microorganisms : fecal<br />

coliforms, Escherichia co/i, coagulase positive<br />

Staphylococcus, Salmonella sp. and Listeria<br />

monocytogenes. In 100% of samples fecal<br />

coliforms counts were higher than 1100 MPN/g,<br />

with E. coli presence being confirmed in all<br />

industrial cheeses and just in one artisanal.<br />

Considering coagulase positive Staphylococcus,<br />

only one industrial cheese did not accord with<br />

that established in legislation patterns, while three<br />

artisanal cheeses showed counts higher than 107<br />

CFU/g. Salmonella sp. presence was detected only<br />

in one industrial cheese, while L. mO!locytogelles<br />

was not found in any cheese samples.<br />

Keywords: coliforms, Escherichia coli,<br />

Salmollella, Listeria<br />

5 - REFERÊN CIAS<br />

BASTOS, M.S.R.; NASSU, R.T. ; BORGES, M.F.;<br />

SILVA, J.B. Inspeção em uma indústria produtora de<br />

queijo tipo coalho no Estado do Ceará, visando a<br />

implantação de Boas Práticas de Fabricação. Revista<br />

do Instituto de Laticínios Cândido Tostes, Juiz<br />

de Fora, v. 57, n. 321, p. 130- 1 36, Jul.lAgo. 2001.<br />

BORGES, M.F. ; FEITOSA, T. ; NASSU, R.T.;<br />

MUNIZ, C.R.; AZEVEDO, E.H.F.; FIGUEIREDO,<br />

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em queijo de coalho produzido no estado do Ceará,<br />

Brasil. Boletim Ceppa, Curitiba, v. 21, p. 32-40,<br />

Jan./Jun. 2003.<br />

BRANCO, M.A.A.C.; FIGUEIREDO, E.A.T. ;<br />

BORGES, M.F.; SILVA , M.C.D.; DESTRO.<br />

Incidência de Listeria l1lollocylogenes em queijo<br />

de coalho refrigerado produzido industrialmente.<br />

Boletim Ceppa, Curitiba, v.2 1, p. 393-408,<br />

Jan./Jun. 2003.<br />

BRASIL. Instrução Normativa n° 30 de 26 de<br />

julho de 200 1 (a). Aprova o regulamento técnico<br />

de identidade e qualidade de manteiga da terra,<br />

queij o de Coalho e queijo Manteiga. Secretaria<br />

Pág. 220<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

• • • •<br />

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Acesso em 01<br />

de junho de 2005.<br />

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janeiro de 2001 (b). Aprova regulamento técnico<br />

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Vigilância Sanitária. Disponível em: <br />

Acesso em 03 fev. 2004.<br />

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produzidos no estado do Rio Grande do Norte.<br />

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v. 23 (Supl), p. 162- 165, Dez. 2003.<br />

FORSYTHE, S.J. Microbiologia da Segurança<br />

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VELOSO, F. P. ; PAIVA, R.M.B.; PENNA,<br />

C.F. A.M.; SENA, M.J. Qualidade físico-química<br />

e microbiológica de queijo de coalho produzido<br />

no Brasil - revisão. Revista do Instituto de<br />

Laticínios Cândido Tostes, Juiz de Fora, v.<br />

59, n. 339, p. 194- 198, Jul.lAgo. 2004.<br />

NASSU, R.T. ; ARAÚJO, R.S.;BORGES,M.F. ;<br />

LIMA,J.R.; MACEDO, B.A.; LIMA, M.H.P;<br />

BASTOS, M.S.R. Diagnóstico da condições de<br />

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TESHIMA, E.; VIANA, A.C.; ASSIS, M.M.S.;<br />

FIGUEIREDO, H.M. Identidade e qualidade do<br />

queijo de coalho comercializado em Feira de<br />

Santana. Revista do Instituto de Laticínios<br />

Cândido Tostes, Juiz de Fora, v. 59, n. 339, p.<br />

194-198, Jul./Ago. 2004.<br />

• •<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

BACTÉRIAS ÁCIDO lÁ TICAS ISOLADAS DE QUEIJOS DE COALHO ARTESANAIS<br />

COMERCIALIZADOS EM FORTALEZA, Cf<br />

lactic acid bacterias isolated from "coalho" artlsanal cheeses marketed in Fortaleza, CE<br />

RESUMO<br />

Carvalho, J.D.Gl<br />

Bruno , L.M.2<br />

Nassu, R.T2.<br />

Lima, C.P.3<br />

Vasconcelos, N.M.3<br />

Kuaye, A.Y.4<br />

° objetivo deste trabalho foi isolar e identificar bactérias ácido láticas presentes em<br />

queijos de Coalho artesanais comercializados em Fortaleza, Ceará. As bactérias ácido láticas<br />

foram isoladas nos meios M 17 e Rogosa, a partir de seis amostras de queijos de diferentes<br />

produtores. De um total de 331 isolados, 270 foram identificados como bactérias ácido<br />

láticas e classificados nos seguintes gêneros: Enterococcus (24,4%), Enterococcus 'atípicos<br />

(35,9%), Streptococcus (26,7%), Streptococcus atípicos (0,4%), Lactococcus (0,4%),<br />

Leuconostoc (1,5%) e Lactobacillus (10,4%). Os Lactobacilllls (28) foram ainda<br />

classificados em termofílicos homofermentativos (39,3%) e heterofermentativos (53,6%).<br />

Nove isolados de bactérias ácido láticas (3,3%) não puderam ser identificados com base nos<br />

testes realizados. A predominância de Enterococcus e Streptococcus sugere que durante o<br />

processamento deste queijo pode ocorrer uma seleção de bactérias resistentes a temperaturas<br />

elevadas, provavelmente devido à etapa de cozimento da massa.<br />

Palavras-chave: En lerococcus, StreptococCllS, Laclococclls, LellCOll 0stoc, Lactobacillus.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

° queijo de Coalho, amplamente consumido<br />

na região Nordeste, é fabricado na maioria das<br />

vezes, de forma artesanal com leite cru, o que<br />

lhe confere características peculiares, percebidas<br />

pelo consumidor. Uma das etapas de seu<br />

processamento consiste no cozimento sucessivo<br />

da massa com soro aquecido, a uma temperatura<br />

que varia de 40° a 65°C, por aproximadamente<br />

20 minutos. No entanto, este processo é baseado<br />

em procedimentos empíricos que passam de<br />

geração a geração, sem padronização, variando<br />

a cada batelada e entre as unidades produtoras.<br />

A legislação estabelece que o leite utilizado<br />

na fabricação de queijos deve ser submetido à<br />

pasteurização ou tratamento térmico equivalente<br />

(BRASIL, 1996). A pasteurização, além de eliminar<br />

microrganismos indesejáveis, também promove a<br />

destruição da microbiota lática natural do leite, a<br />

qual é responsável pelo desenvolvimento das<br />

características organolépticas do queijo (GRAPPIN<br />

e BEUVIER, 1997).<br />

° amplo uso de fermento lático comercial<br />

em queijos fabricados a partir de leite pasteurizado<br />

resulta na perda de características típicas presentes<br />

nos queijos produzidos com leite cru. Isto ocorre<br />

devido à substituição integral da complexa<br />

microbiota nativa presente no leite cru por<br />

fermentos láticos comerciais uniformes que<br />

Pós-g aduanda do curso de Doutorado em Tecnologia de Alimentos da UNICAMP e bolsista do CNPq.<br />

2 PesqUisadora da Embrapa Agroindústria Tropical, Fortaleza, CE, Imbruno@cnpat.embrapa.br.<br />

3 Estudante do curso de Engenharia de Alimentos da UFC e estagiária da Embrapa Agroindústria Tropical.<br />

4 Professor Departamento de Tecnologia de Alimentos da Faculdade de Engenharia de Alimentos da UNICAMP.<br />

Fonte financiadora: Banco Mundial - PRODETAB; CNPq.<br />

digitalizado por<br />

Pág. 221<br />

arvoredoleite.org


conduzem a uma padronização cega (MACEDO<br />

et ai. , 2004). Para minimizar tal problema, tem<br />

se buscado selecionar cepas que façam parte da<br />

microbiota presente nos queijos artesanais de<br />

modo a se obter fermentos láticos e fermentos<br />

láticos adjuntos especificamente preparados para<br />

adição ao leite tratado termicamente destinado a<br />

produção de queijos (MACEDO et ai, 2004).<br />

Este trabalho teve como objetivo isolar e<br />

identificar bactérias ácido láticas presentes em<br />

queijos de Coalho artesanais comercializados em<br />

Fortaleza, Ceará, contribuindo para ampliar o<br />

conhecimento sobre a microbiota natural do<br />

queijo de Coalho.<br />

2 • MATERIAL E M É TODOS<br />

Seis amostras de queijo de Coalho artesanais,<br />

comercializadas em Fortaleza, CE, foram<br />

adquiridas, acondicionadas em caixa isotérmica,<br />

contendo gelo, e transportadas para o<br />

Laboratório de Microbiologia de Alimentos da<br />

Embrapa Agroindústria Tropical.<br />

Alíquotas de 25g de cada amostra foram<br />

homogeneizadas em 225ml de solução de citrato<br />

de sódio a 2%, aquecida a 45°C. Na seqüência,<br />

foram realizadas diluições decimais em série, em<br />

solução peptonada a 0,1 % (HARRIGAN, 1998),<br />

seguida da inoculação, em profundidade, de I ml<br />

de cada diluição nos meios M 17, para cocos e<br />

Rogosa, para lactobacilos (MACEDO et ai.,<br />

2004). O primeiro foi incubado por 48 horas e o<br />

segundo por 5 dias, em ambas temperaturas: 30°<br />

e 42°C. Após o crescimento, 15 a 20 colônias<br />

foram selecionadas aleatoriamente, purificadas<br />

em ágar MRS e transferidas para caldo MRS para<br />

realização dos seguintes testes: coloração de<br />

Gram, produção de catalase, produção de ácido<br />

em Litmus milk, crescimento nas temperaturas<br />

de 10°, 15° e 45°C; crescimento em pH 4,4 e<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

9,6; crescimento em NaCI 6,5% e produção de<br />

CO, a partir da glucose (HARRIGAN, 1998;<br />

COOGAN et ai., 1997).<br />

3 • RESULTADOS E DISCUSS ÃO<br />

De um total de 331 isolados Gram positivos,<br />

31 não se desenvolveram nos meios<br />

utilizados e, portanto, não foram submetidos as<br />

avaliações posteriores. O restante dos mcrorganismos,<br />

281, foram catalase negatIva e<br />

produtores de ácido em Litmus milk (Tabela 1),<br />

que são características de bactérias ácido láticas<br />

(HARRIGAN, 1998).<br />

Tabela 1: Avaliação de produção de catalase e<br />

de ácido por bactérias ácido láticas<br />

isoladas de queijo de Coalho.<br />

Número de %<br />

isolados<br />

EllteroCOCCllS 66 24,4<br />

Catalase<br />

Positiva 19 5,7<br />

Negativa 28 I 84,9<br />

Produtores de<br />

ácido em Litmus milk<br />

isolados não<br />

recuperados<br />

281 84,9<br />

3 1 9,4<br />

Total de isolados 33 1 100<br />

Os isolados com características de bactérias<br />

ác ido 1áticas foram submetidos aos testes de<br />

identificação de gênero. Os microrganismos na<br />

forma de cocos fo ram classificados de acordo<br />

com a realização dos ensaios apresentados na<br />

Tabela 2, enquanto que os na forma de bastões<br />

foram submetidos aos testes de crescimento à<br />

Tabela 2: Características que diferenciam os gêneros de bactérias ácido láticas, com a forma de<br />

cocos em produtos 1áticos (Harrigan, 1998).<br />

Testes<br />

Crescimento em:<br />

10°C<br />

45°C<br />

6,5% de NaCl<br />

pH 9,6<br />

pH 4,4<br />

Prod. CO 2 a partir da Glicose<br />

Fonte: Harrigan (1998).<br />

Pág. 222<br />

EllteroCOCCllS<br />

+<br />

+<br />

+<br />

+<br />

+<br />

LactocoCCllS StreptococCllS LellC01l0stoc<br />

+ +<br />

+<br />

+<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

BACTÉRIAS ÁCIDO LÁ TICAS ISOLADAS DE QUEIJOS DE COALHO ARTESANAIS<br />

COMERCIALIZADOS EM FORTALEZA, CE<br />

lactic acid bacterias isolated from "coalho" arlisanal cheeses marketed in Fortaleza, CE<br />

RESUMO<br />

Carvalho, J.D.Gl<br />

Bruno, L.M.2<br />

Nassu, R.P.<br />

Lima, C.P.3<br />

Vasconcelos, N.M.3<br />

Kuaye, A.Y.4<br />

O objetivo deste trabalho foi isolar e identificar bactérias ácido láticas presentes em<br />

queijos de Coalho artesanais comercializados em Fortaleza, Ceará. As bactérias ácido láticas<br />

foram isoladas nos meios M 17 e Rogosa, a partir de seis amostras de queijos de diferentes<br />

produtores. De um total de 331 isolados, 270 foram identificados como bactérias ácido<br />

láticas e classificados nos seguintes gêneros: Enterococcus (24,4%), Enterococcus atípicos<br />

(35,9%), Streptococcus (26,7%), Streptococcus atípicos (0,4%), Lactococclls (0,4%),<br />

Leuconostoc (1,5%) e LactobacilLus (10,4%). Os LactobacilLus (28) foram ainda<br />

classificados em termofílicos homofermentativos (39,3%) e heterofermentativos (53,6%).<br />

Nove isolados de bactérias ácido láticas (3,3%) não puderam ser identificados com base nos<br />

testes realizados. A predominância de Enterococcus e Streptococcus sugere que durante o<br />

processamento deste queijo pode ocorrer uma seleção de bactérias resistentes a temperaturas<br />

elevadas, provavelmente devido à etapa de cozimento da massa.<br />

Palavras-chave: Enterococclls, StreptococCllS, Lactococcus, LellC01l0stoc, Lactobacillus.<br />

1 - INTRODUÇÃ O<br />

O queijo de Coalho, amplamente consumido<br />

na região Nordeste, é fabricado na maioria das<br />

vezes, de forma artesanal com leite cru, o que<br />

lhe confere características peculiares, percebidas<br />

pelo consumidor. Uma das etapas de seu<br />

processamento consiste no cozimento sucessivo<br />

da massa com soro aquecido, a uma temperatura<br />

que varia de 40° a 65°C, por aproximadamente<br />

20 minutos. No entanto, este processo é baseado<br />

em procedimentos empíricos que passam de<br />

geração a geração, sem padronização, variando<br />

a cada batelada e entre as unidades produtoras.<br />

A legislação estabelece que o leite utilizado<br />

na fabricação de queijos deve ser submetido à<br />

pasteurização ou tratamento térmico equivalente<br />

(BRASIL, 1996). A pasteurização, além de eliminar<br />

microrganismos indesejáveis, também promove a<br />

destruição da microbiota lática natural do leite, a<br />

qual é responsável pelo desenvolvimento das<br />

características organolépticas do queijo (GRAPPIN<br />

e BEUVIER, 1997).<br />

O amplo uso de fermento lático comercial<br />

em queijos fabricados a partir de leite pasteurizado<br />

resulta na perda de características típicas presentes<br />

nos queijos produzidos com leite cru. Isto ocorre<br />

devido à substituição integral da complexa<br />

microbiota nativa presente no leite cru por<br />

fermentos láticos comerciais uniformes que<br />

I Pós-graduanda do curso de Doutorado em Tecnologia de Alimentos da UNICAMP e bolsista do CNPq.<br />

2 Pesquisadora da Embrapa Agroindústria Tropical. Fortaleza, CE, Imbruno@cnpat.embrapa.br.<br />

3 Estudante do curso de Engenharia de Alimentos da UFC e estagiária da Embrapa Agroindústria Tropical.<br />

4 Professor Departamento de Tecnologia de Alimentos da Faculdade de Engenharia de Alimentos da UNICAMP.<br />

Fonte financiadora: Banco Mundial - PRODETAB; CNPq.<br />

digitalizado por<br />

Pág. 221<br />

arvoredoleite.org


conduzem a uma padronização cega (MACEDO<br />

et a!., 2004). Para minimizar tal problema, tem<br />

se buscado selecionar cepas que façam parte da<br />

microbiota presente nos queijos artesanais de<br />

modo a se obter fermentos láticos e fermentos<br />

láticos adjuntos especificamente preparados para<br />

adição ao leite tratado termicamente destinado a<br />

produção de queijos (MACEDO et aI, 2004).<br />

Este trabalho teve como objetivo isolar e<br />

identificar bactérias ácido láticas presentes em<br />

queijos de Coalho artesanais comercializados em<br />

Fortaleza, Ceará, contribuindo para ampliar o<br />

conhecimento sobre a microbiota natural do<br />

queijo de Coalho.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

Seis amostras de queijo de Coalho artesanais,<br />

comercializadas em Fortaleza, CE, foram<br />

adquiridas, acondicionadas em caixa isotérmica,<br />

contendo gelo, e transportadas para o<br />

Laboratório de Microbiologia de Alimentos da<br />

Embrapa Agroindústria Tropical.<br />

Alíquotas de 25g de cada amostra foram<br />

homogeneizadas em 225ml de solução de citrato<br />

de sódio a 2%, aquecida a 45°C. Na seqüência,<br />

foram realizadas diluições decimais em série, em<br />

solução peptonada a 0,1% (HARRIGAN, 1998),<br />

seguida da inoculação, em profundidade, de lml<br />

de cada diluição nos meios M 17, para cocos e<br />

Rogosa, para lactobacilos (MACEDO et a!.,<br />

2004). O primeiro foi incubado por 48 horas e o<br />

segundo por 5 dias, em ambas temperaturas: 30°<br />

e 42°C. Após o crescimento, 15 a 20 colônias<br />

foram selecionadas aleatoriamente, purificadas<br />

em ágar MRS e transferidas para caldo MRS para<br />

realização dos seguintes testes: coloração de<br />

Gram, produção de catalase, produção de ácido<br />

em Litmus milk, crescimento nas temperaturas<br />

de 10°, 15° e 45°C; crescimento em pH 4,4 e<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

9,6; crescimento em NaCI 6,5% e produção de<br />

CO, a partir da glucose (HARRIGAN, 1998;<br />

COOGAN et aI., 1997).<br />

3 G RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

De um total de 331 isolados Gram positivos,<br />

31 não se desenvolveram nos meios<br />

utilizados e, portanto, não foram submetidos as<br />

avaliações posteriores. O restante dos microrganismos,<br />

281, foram catalase negativa e<br />

produtores de ácido em Litmus milk (Tabela 1),<br />

que são características de bactérias ácido láticas<br />

(HARRIGAN, 1998).<br />

Tabela 1: Avaliação de produção de catalase e<br />

de ácido por bactérias ácido láticas<br />

isoladas de queijo de Coalho.<br />

Número de %<br />

isolados<br />

EnterococcllS 66 24,4<br />

Calalase<br />

Positiva 19 5,7<br />

Negativa 281 84,9<br />

Produtores de<br />

ácido em Litmus milk<br />

isolados não<br />

recuperados<br />

281<br />

84,9<br />

31 9,4<br />

Total de isolados 331 100<br />

Os isolados com características de bactérias<br />

ácido láticas foram submetidos aos testes de<br />

identificação de gênero. Os microrganismos na<br />

forma de cocos foram classificados de acordo<br />

com a realização dos ensaios apresentados na<br />

Tabela 2, enquanto que os na forma de bastões<br />

foram submetidos aos testes de crescimento à<br />

Tabela 2: Características que diferenciam os gêneros de bactérias ácido láticas, com a forma de<br />

cocos em produtos láticos (Harrigan, 1998).<br />

45°C<br />

6,5% de NaCI<br />

pH 9,6<br />

pH 4,4<br />

Prod. COl a partir da Glicose<br />

Fonte: Harrigan (1998).<br />

Pág. 222<br />

+<br />

+<br />

+<br />

+<br />

+<br />

LactocoCCllS Lellconostoc<br />

+ +<br />

+<br />

+<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

temperatura de 15° e 45°C e produção de COl a<br />

partir da glucose (COOGAN et aI., 1997).<br />

Ao longo do processo de identificação das<br />

bactérias ácido láticas, ocorreu a perda de mais<br />

11 isolados. A classificação dos 270 isolados que<br />

se mantiveram ativos pode ser observada na<br />

Tabela 3. Nove isolados (3,3%) de bactérias ácido<br />

láticas não puderam ser agrupados em nenhum<br />

dos gêneros com os testes realizados, necessitando<br />

de avaliações adicionais. Os Ellferococcus atípicos<br />

não apresentaram crescimento a 100e e o<br />

Streptococcus atípico cresceu em pH 9,6, o que<br />

não corresponde ao comportamento esperado<br />

para os microrganismos classificados nestes<br />

gêneros, conforme mostra a Tabela 2. Os 28<br />

isolados de Lactohacillus foram agrupados em<br />

termofílicos homofermentativos (39,3%) e<br />

termofílicos hetero fermen tati vos (53,6 %),<br />

segundo a produção de C02 a partir da fer­<br />

mentação da glucose.<br />

Tabela 3: Identificação do gênero de bactérias<br />

ácido láticas isoladas de queijo de<br />

coal ho.<br />

Bactérias N° de %<br />

ácido láticas isolados<br />

Ellterococcus 66 24,4<br />

Ellterococcus atípicos 97 35,9<br />

Streptococcus 64 23,7<br />

Streptococcus atípico 0,4<br />

Lactococclls 1 0,4<br />

Lellconostoc 4 1,5<br />

Lactobacilllls 28 10,4<br />

Não identificados 9 3<br />

Total 270 100<br />

Enterococcus foi o gênero predominante<br />

das bactérias ácido láticas isoladas do queijo de<br />

Coalho artesanal, repre sentando o total de<br />

60,3%, dentre os típicos e atípicos. Outros<br />

pesquisadores também têm observado a<br />

preponderância de EllterocoCClls em diversos<br />

queijos artesanais. Cogan et aI. (1997)<br />

encontraram um número significante de<br />

Ellterococcus em queijos europeus como: Feta,<br />

Kasseri , Manchego, Majonero e outros.<br />

Enquanto que Medina et aI. (2001), avaliando<br />

250 cepas de bactérias ácido láticas isoladas de 4<br />

amostras de um queijo artesanal Argentino,<br />

identificaram 59% como sendo Ellterococcus e<br />

41 % como Lactohacillus. Nos queijos artesanais<br />

produzidos a partir de leite cru, estes<br />

digitalizado por<br />

microrganismos advêm da matéria-prima ou do<br />

ambiente, variando conforme as condições de<br />

higiene do processo e da época do ano (MEDINA<br />

et aI., 2000).<br />

4 - CONCLUSÃ O<br />

Embora ainda seja necessária a realização<br />

de um maior número de ensaios para completa<br />

caracterização das bactérias ácido láticas presentes<br />

nos queijos de Coalho, este trabalho indica como<br />

está constituída e distribuída a sua microbiota<br />

lática, em termos de gênero. A predominância<br />

dos gêneros Enterococcus e Streptococcus sugere<br />

que durante o processamento deste queijo pode<br />

ocorrer uma seleção de bactérias resistentes a<br />

temperaturas elevadas, provavelmente devido à<br />

etapa de cozimento da massa.<br />

ABSTRACT<br />

The aim of this work was to isol ate and<br />

identify the lactic acid bacteria present in the<br />

"Coalho" artisanal cheeses marketed in<br />

Fortaleza, Ceara. The lactic acid bacteria were<br />

isolated in the M 17 and Rogosa media from six<br />

cheeses manufactured by different producers.<br />

From a total of 331 isolates, 270 were identified<br />

as lactic acid bacteria and c1assified in the<br />

following genera: Ellterococcl/S (24,4%),<br />

atypical En terococcl/S (35,9%), Streptococclls<br />

(26,7%), atypical StreptocOCCl/S (0,4%),<br />

LactococclIs (0,4%), Lellcollostoc (1,5%) and<br />

Lactobacillus (10,4%). The Lactohacillus (28)<br />

were further classified as homofermentative<br />

(39,3%) and heterofermentative (53,6%)<br />

thermophilics. Nine out of 270 isolates (3,3%)<br />

could not have been classified in any of the<br />

mentioned genera by the performed tests. The<br />

dominance of Enterococclls and Streptococclls<br />

suggests that a selection of high temperatures<br />

resistent bacteria can occur during the cheese<br />

processing, probably due to the cooking of the curd.<br />

Kcy words: EnterococclIs, StreptococCIIS,<br />

Lactococclls, Leucollostoc, Lactohacillus.<br />

5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

BRASIL. Portaria n° 146, de 07 de março de<br />

1996. Aprova regulamentos técnicos de<br />

identidade e qualidade dos produtos lácteos.<br />

Ministério da Agricultura, do Abastecimento e<br />

da Reforma Agrária. Brasília, 50p.<br />

COOGAN, T.M.; BARBOSA, M.; BEUVIER, E.;<br />

BIANCHI-SALVADORI, B.; COCCONCELLI,<br />

Pág. 223<br />

arvoredoleite.org


P.S.; FERNADES, 1.; GOMEZ, J.; GOMEZ, R.;<br />

KALANTZOUPOULOS, G.; LEDDA, A.;<br />

MEDINA, M.; REA, M.C.; RODRIGUEZ, E.<br />

Characterization of the lactic acid bacteria in<br />

artisanal dairy products. Journal of Dairy<br />

Research, Cambridge, v. 64, n. 3, p. 409-42 1,<br />

Aug., 1997<br />

GRAPPIN, R.; BEUVIER, E. Possible<br />

implications of milk pasteurization on the<br />

manufacture and sensory quality of ripened<br />

cheese. International Dairy J ournal, v. 7, n.<br />

12, p. 751-871, Dec, 1997.<br />

HARRIGAN, W. F. Laboratory Methods in<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Food Microbiology. 3D ed. San Diego: Academic<br />

Press, 1998.<br />

MACEDO, A.C.; TAVARES, T.G.; MALCATA<br />

F.X. Influence of native lactic acid bacteria o<br />

the microbiological, biochemical and sensory<br />

profiles of Serra da Estrela cheese. Food<br />

Microbiology. London. v. 21, p. 233-240, 2004.<br />

MEDINA, R.; KATZ, M.; GONZALES, S .;<br />

OLIVER, G. Characterization of lactic acid<br />

bacteria in Ewe's milk and cheese from<br />

Northwest Argentina. Journal F ood<br />

Protection, Des Moines, v. 64, n. 4, p. 559-<br />

563, Apr., 200 I.<br />

ENTEROTOXINA ESTAFILOCÓCICA EM QUEIJO DE COALHO INDUSTRIALIZADO<br />

Staphylococcal enterotoxin in manufactured "coalho" cheese<br />

RESUMO<br />

Maria de Fatima Borges1<br />

José Luiz Pereira2<br />

Renata Tieko Nassu1<br />

Norma Teruko Nago Miya2<br />

Arnaldo Yoshiteru Kuaye3<br />

O estudo teve como objetivo avaliar o perfil de contaminação por estafilococos coagulase<br />

positiva e negativa e a ocorrência de enterotoxina estafilocócica na linha de produção de<br />

queijo de coalho. A contagem de estafilococos foi realizada em 25 amostras de cada produto:<br />

leite cru, leite pasteurizado, coalhada e queijo, coletadas de cinco lotes (processamentos)<br />

diferentes. Para a detecção de enterotoxinas foram analisadas 20 amostras compostas,<br />

baseado no método ELFA (Enzyme linked Fluorescent Assay) empregando o sistema<br />

automatizado VIDAS® Staph enterotoxin II (BioMérieux SA). A contagem de estafilococos<br />

coagulase positiva e negativa nos produtos analisados variou de < I O, no leite pasteurizado a<br />

1,2 x 107UFC/mL, no leite cru. A presença de S. aureus foi detectada em todas amostras de<br />

leite cru utilizado nos processamentos. Enterotoxina estafilocócica foi constatada em 20%<br />

(4120) das amostras analisadas. A detecção de S. aureus em alguns (3/25) dos queijos produzidos,<br />

indicam contaminação na linha de produção do queijo de coalho, possivelmente associada a<br />

falhas na adoção do programa de Boas Práticas de Fabricação.<br />

Palavras-chave: Staphylococcus aureus, intoxicação estafilocócica, produtos lácteos.<br />

Embrapa Agroindústria Tropical, Fortaleza, CE - E-mail: fatima@cnpat.embrapa.br<br />

2 Departamento de Ciências de Alimentos - FEA/UNICAMP, Campinas, SP.<br />

3 Departamento de Tecnologia de Alimentos - FEA/UNICAMP, Campinas, SP.<br />

Fonte financiadora: CNPq (Processo n° 502929/2003-0)<br />

Pág. 224<br />

la<br />

O queijo de coalho é muito consumido na<br />

'-0 Nordeste e sua produção representa<br />

atividade econômica e social . Vários<br />

dos têm classificado o queijo de coalho,<br />

n cipal mente o artesanal, como imprópri o<br />

o consumo humano devido ao elevado nível<br />

contaminação por bactérias patogênicas<br />

assu et. aI., 200 I; Borges et. aI., 2003; Feitosa<br />

. aI., 2003. Dentre estas, destacam-se espécies<br />

Staphylococcus enterotoxigênicos, princi­<br />

almente S. Qureus comum em leite cru.<br />

Staphylococcus enterotoxigênicos, S. aureus<br />

(com maior prevalência), S. Jzyicus e _ S.<br />

intermedius, quando presentes em populaçoes<br />

elevadas (3106 UFC/g) e sob condições adequadas<br />

produzem uma ou mais ent rotoxin estalocó . cica<br />

(SE) nos alimentos, os qUaiS depOIS de mgendos<br />

causam intoxicação estafilocócica. Os principais<br />

sintomas são náuseas, vômitos, dores abdominais,<br />

diarréia e prostração (Hui et al., 2001).<br />

As enterotoxinas estafilocócicas ocorrem<br />

com certa freqüência em produtos lácteos como<br />

os queijos (Nicolau et. aI., 2001; Araújo et. aI.,<br />

2002) e representam um problema de saúde<br />

pública pelo risco de causar intoxicação<br />

alimentar. São conhecidas, até o momento, 14<br />

tipos de enterotoxinas, sendo as clássicas SEA,<br />

SEB, SEC . . 1'<br />

I . 2<br />

SED, SEE (Hui et ai., 2001) as de<br />

maior ocorrência, e as enterotoxinas<br />

recentemente descritas SEG, SEH, SEI, SEJ, SEK,<br />

SEJ, SEM, SEN e SEO (Rosec e Gigaud, 2002;<br />

Omoe et. aI., 2002, Becker et. aI., 2004)<br />

Intoxicações estafilocócicas atribuídas ao<br />

consumo de queijos têm sido relatadas em vários<br />

países. No Brasil, surtos de intoxicações<br />

estafilocócicas têm sido associados principalmente<br />

ao consumo de queijos do tipo Minas<br />

Padrão (Carmo et ai. , 2002) e Minas Frescal<br />

(Carmo et. aI., 1995; Pena et. aI., 2002) e, quanto<br />

ao queijo de coalho, há apenas relatos pessoais.<br />

Porém, linhagens de S. aureus produtoras de<br />

enterotoxina têm sido isoladas neste tipo de<br />

queijo (Cunha Neto et. aI., 2001).<br />

O presente estudo teve como objetivo<br />

avaliar o perfil de contaminação por estafilococos<br />

coagulase positiva e negativa e a<br />

ocorrência de enterotoxina estafilocócica na<br />

linha de produção de queijo de coalho.<br />

2 e MATERIAL E MÉTODOS<br />

O estudo foi realizado em uma indústria de<br />

laticínios produtora de queijo de coalho, na região<br />

metropolitana de Fortaleza, CE. Amostras<br />

constituídas de cinco unidades de cada produto:<br />

digitalizado por<br />

leite cru, leite pasteurizado, coalhada e queijo,<br />

foram coletadas a intervalos de 45-50 dias, de<br />

cinco lotes (processamentos) diferentes. Após a<br />

coleta, as amostras foram acondicionadas em<br />

caixas isotérmicas, contendo gelo, e transportadas<br />

para o Laboratório de Microbiologia de Alimentos<br />

da Embrapa Agroindústria Tropical em Fortaleza<br />

- CE para análise microbiológica.<br />

A contagem de estafilococos coagulase<br />

positiva e negativa foi realizada em 25 amostras<br />

de cada produto (leite cru, leite pasteurizado,<br />

coalhada e queijo), através da inoculação de<br />

diluições adequadas da amostra (25 mL ou g) em<br />

ágar Baird-Parker. Após a incubação, placas com<br />

20 a 200 colônias foram selecionadas para<br />

contagem das colônias típicas e atípicas. Cinco<br />

colônias típicas e cinco atípicas foram selecionadas<br />

para caracteri zação bioquímica (atividade de<br />

catalase, sensibilidade a lisostafina, produção de<br />

coagulase e de DNAse) conforme recomendações<br />

do Manual de Análises Microbiológicas da Food<br />

Drug Administratiom (Bennett e Lancette, 1998)<br />

A ocorrência de enterotoxinas foi avaliada<br />

em 20 amostras compostas, sendo cada uma<br />

constituída por cinco amostras de leite cru, cinco de<br />

leite pasteurizado, cinco de coalhada e cinco de<br />

queijo. As análises foram realizada no Laboratório<br />

de Microbiologia de Alimentos do DCAIFEA da<br />

UNICAMP, baseando no método ELFA (Enzyme<br />

linked Fluorescen/ Assay) empregando o sistema<br />

automatizado VIDAS® S/aplz en /er% xin 11<br />

(BioMérieux SA ), que permite a detecção qualitativa<br />

das enterotoxinas clássicas A, B, C, D e E.<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

A contagem de estafilococos coagulase<br />

positiva e negativa variou de


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Tabela 1 - Contagem de estafilococos coagulase positiva e negativa em produtos lácteos.<br />

Estafilococos coagulase positiva e negativa (UFC/mL ou g)<br />

Amostra Processamento<br />

11 111 IV V<br />

Leite cru 1,8 x 106 3,8 X 105 1,2 X 107 2,7 X 105 3,3 x 106<br />

Leite pasteurizado < 10 2,5 X lO' < lO < 10 < 10<br />

Coalhada 8,6 x 102 5,6 X 103 < 100 < 100 7,0 X lO'<br />

Queijo 2,0 x 103 9,0 X lO' 3,7 X 104 1,0 X 103 1,3 X 103<br />

Tabela 2 - Detecção de enterotoxina estafilocócica no processamento de queijo coalho.<br />

Amostra<br />

Leite cru<br />

Leite pasteurizado<br />

Coalhada<br />

Queijo<br />

+ Presença - Ausência<br />

analisadas. Essas quatro amostras eram oriundas<br />

do processamento III (Tabela 2), no qual a<br />

enterotoxina foi detectada no leite cru e,<br />

consequentemente, também foi encontrada no<br />

leite pasteurizado, na coalhada e no queijo obtido<br />

a partir desse leite. Esse resultado era esperado<br />

uma vez que a pasteurização não inativa<br />

enterotoxinas estafilocócicas devido a sua<br />

termorresistência. A produção de enterotoxina<br />

pode ser atribuída à elevada população (1,2 x<br />

I07UFC/mL) de estafilococos coagulase positiva<br />

e negativa detectada no leite cru deste<br />

processamento, e que após a pasteurização reduziu<br />

para menos de 100UFC/mL, tanto no leite<br />

pasteurizado como na coalhada. No entanto, no<br />

queijo (Tabela 1) foi observada uma população de<br />

3,7 x lOUFC/g, com a confirmação de S. allreus,<br />

indicando contaminação pós-pasteurização.<br />

4 fl CONCLUSÕ ES<br />

O leite utilizado na fabricação dos queijos<br />

de coalho apresentou elevada contaminação por<br />

estafilococos coagulase positiva e negativa (2,7<br />

x 105 a 1,2 x 107UFC/mL) com confirmação de<br />

S. allreus, indicando risco potencial de produção<br />

de enterotoxinas. A ocorrência de enterotoxina<br />

estafilocócica foi constatada em 20% das<br />

amostras analisadas. A detecção de S. aureus<br />

em alguns dos queijos dos processamentos III<br />

(1/5) e V (2/5), indicam contaminação na linha<br />

Pág. 226<br />

II<br />

Processamento<br />

III<br />

+<br />

+<br />

+<br />

+<br />

IV v<br />

de produção do queijo de coalho, indicam<br />

contaminação na linha de produção do queijo de<br />

coalho, possivelmente associada a falhas na<br />

adoção do programa de Boas Práticas de<br />

Fabricação.<br />

5 - SUMMARY<br />

The aim of this work was to evaluate the<br />

contamination at the production line of<br />

"coalho" cheese with coagulase-positive and<br />

coagulase-negative staphylococci, and the<br />

presence of staphylococcal enterotoxin.<br />

Staphylococci counts were performed in 25<br />

samples of each: raw milk, pasteurized milk, curd<br />

and "coalho" cheese, collected at five different<br />

processing. The staphylococcal enterotoxin<br />

detection was done by the ELFA method<br />

(Enzyme linked Fluorescent Assay) using<br />

VIDAS® Staph enterotoxin II (BioMérieux SA).<br />

The numbers of coagulase-positive and<br />

coagulase-negative staphylococci ranged from<br />


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

EFEITO DO TIPO E DA CONCENTRAÇÃO DE GOMA NA SINÉRESE DE BEBIDAS<br />

LÁCTEAS PROBIÓTICAS CONTENDO PROTEíNAS DE SOJA<br />

Effect type and concentration of gum on the syneresis of probiotic dairy beverages<br />

containing soy protein<br />

RESUMO<br />

Raquel Guttierres Gomes1<br />

Luana Bonome Message1<br />

Ana Lúcia Barretto Penna1<br />

As gomas têm tido variadas aplicações através dos séculos, incluindo desde adesivos para a<br />

mumificação dos faraós até coberturas protetoras de alimentos. A fi nalidade do uso de<br />

gomas é melhorar e manter as características reológicas, tais como a textura, a viscosidade,<br />

a consistência, o aspecto e o corpo, tão importantes quanto as sensoriais, como o sabor e<br />

o aroma do produto. A ação dessas substâncias inclui basicamente a retenção de água e o<br />

aumento da viscosidade.<br />

O objetivo deste trabalho foi estudar o efeito do tipo e da concentração de goma em uma<br />

bebida láctea probiótica contendo proteínas de soja.<br />

Foi feita a caracterização fisico-química e avaliação da sinérese durante 30 dias de<br />

armazenamento.<br />

O tipo e concentração da goma não infl uenciou as características físico-químicas das<br />

bebidas . A adição de 0,5% de SBB (mistura comercial de gomas composto de gelatina,<br />

amido e açúcar) resultou em menor sinérese.<br />

I - INTRODUÇÃO<br />

Com a necessidade de se criar alternativas<br />

para a utilização do soro proveniente da crescente<br />

produção de queijos no Brasil, a produção de<br />

bebidas lácteas utilizando soro de queijo vem<br />

ganhando um mercado muito grande. Isto se deve<br />

principalmente ao maior nível de informação<br />

sobre os benefícios nutricionais do produto,<br />

menor custo de produção para o fabricante e<br />

redução do preço final para o consumidor<br />

(SANTOS; FERREIRA, 2001).<br />

As bebidas lácteas são produtos formulados<br />

contendo iogurte, soro de leite, polpa ou suco de<br />

frutas, outras matérias-pri mas e aditivos<br />

permitidos. Estas bebidas apresentam grau de acidez<br />

mais baixo e se adaptam melhor ao paladar do<br />

brasileiro (ALMEIDA; BONASSI; ROÇA; 2000).<br />

A categoria de iogurte líquido e outras bebidas<br />

lácteas (bebidas à base de iogurte, "shakes", leites<br />

modificados) teve um aumento significativo<br />

durante o período de 3 anos, com diversas<br />

inovações na categoria, inclusive bebidas com<br />

culturas vivas, bebidas enriquecidas com sabor,<br />

lançamentos de novos sabores e de bebidas à base<br />

de soja (LIMA; MADUREIRA; PENNA, 2002).<br />

A utilização de soja, seja em fo rma de<br />

extrato aquoso ou de proteínas isoladas, incorpora<br />

outros benefícios ao produto lácteo. As proteínas<br />

de soja são usadas em formulações de diversos<br />

produtos com a fi nalidade de complementar os<br />

produtos lácteos, pelo aumento no teor e<br />

diversidade de proteínas do produto, além dos<br />

benefícios conferidos pela presença de isof1avonas<br />

(KLEIN; RICHARDS, 2003).<br />

Hoje, a indústria de iogurte está dominada<br />

pelo iogurte batido, pois este permite aos<br />

produtores adicionar vários estabilizantes para<br />

prevenir a sinérese durante a vida de prateleira<br />

(LUCEY, 2002).<br />

UNESP - Departamento de Engenharia e Tecnologia de Alimentos. São José do Rio Preto, SP Brasil.<br />

rgutti @bol.com.br; lubomes@hotmail.com; analucia@ibilce.unesp.br.<br />

Pág. 228<br />

-<br />

-<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

O objetivo deste trabalho foi estudar o<br />

efeito do tipo (pectina, goma guar, carragena e<br />

uma mistura comercial de gomas - SBB) e da<br />

concentração de goma (0,0 I; 0,03; 0,05 para<br />

carragena e O, I ; 0,3; 0,5% para as demais), em<br />

uma bebida láctea probiótica contendo proteínas<br />

de soja.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

Foram estudadas 12 formulações de bebidas<br />

lácteas funcionais, onde os produtos foram<br />

elaborados com soro de leite em pó (3,0%),<br />

isolado protéico de soja (1,5%), leite em pó<br />

desnatado (6,0%), 5% de sacarose e gomas nas<br />

concentrações 0,0 I; 0,03; 0,05% para carragena<br />

e 0, 1; 0,3; 0,5% para pectina, guar e SBB. Os<br />

ingredientes foram pesados, misturados na forma<br />

seca e reconstituídos em água. A mistura foi<br />

aquecida a 85°C, em seguida fe ito um<br />

resfriamento até atingir 43°C, foi adicionado a<br />

cultura láctica e incubado até obter-se o valor de<br />

pH próximo a 4,5 : Termin d fenentaçã ,<br />

foi feito um resfrIamento IIllclal ate aproxImadamente<br />

20°C, e a quebra do coágulo. Em<br />

seguida, foi feito o resfriamento final e a bebida<br />

foi armazenada em refrigerador.<br />

Foram realizadas as análises físico-químicas:<br />

pH, acidez titulável, sólidos totais, cinzas e<br />

proteína conforme descrito por Silva, et aI., 1997.<br />

A evolução da sinérese foi determinado por um<br />

método adaptado (DANNENBERG; KESSLER,<br />

1988). Todas as análises foram realizadas em<br />

triplicata.<br />

3 - RESULTA DOS E DISCUSSÃO<br />

Os resultados das avaliações físico-químicas:<br />

tempo de fe rmentação, pH, acidez titulável,<br />

teores de proteínas, cinzas e sólidos totais das<br />

bebidas lácteas estão apresentados da Tabela I.<br />

Os resultados das análises físico-químicas<br />

apresentaram pouca variação, portanto o efeito<br />

do tipo (pectina, goma guar, carragena e SBB) e<br />

da concentração de goma (0,0 I; 0,03; 0,05%<br />

para carragena e O, I; 0,3; 0,5% para as demais)<br />

não influenciaram nestes resultados. Os valores<br />

obtidos atendem aos requisitos estabelecidos pelo<br />

Regulamento Técnico de Qualidade e Identidade<br />

de bebidas lácteas, demonstrando serem adequadas<br />

para o consumo.<br />

A Figura I, mostra o acompanhamento da<br />

sinérese durante os 30 dias de armazenamento<br />

das bebidas lácteas adicionadas das diversas<br />

gomas. Pode-se observar que a separação do soro<br />

acontece u gr.ad ati vamen te, isto pode ter<br />

acontecido devido a diminuição do valor do pH<br />

que leva a redução da hidratação das proteínas e<br />

contração do coágulo e ao tipo de tratamento<br />

térmico empregado (GAONKAR, 1995).<br />

As bebidas apresentaram separação de fases<br />

nas amostras em que foram usadas as menores<br />

concentrações (O, I e 0,3%) das gomas pectina e<br />

SBB, e 0,0 I e 0,03% de carragena. Observou-se<br />

escurecimento durante o tratamento térmico nas<br />

bebidas onde fo i utilizada a goma guar. Os<br />

melhores re sultados foram obtidos pela adição<br />

de 0,5% de SBB, não havendo a separação de<br />

fases e nem sinérese.<br />

A separação pode ter acontecido devido a<br />

reação eletrostática entre hidrocolóides e<br />

proteínas, pois são polímeros de alto peso<br />

molecular e tendem a se separarem (GAONKAR.<br />

1995), as bebidas apresentaram porcentagens<br />

de proteínas muito superior ao mínimo<br />

estabelecido pela legislação que é de 1,2%. Outro<br />

fator a considerar é o pH da bebida, que é muito<br />

próximo do ponto isoelétrico (pl) das proteínas<br />

tanto do leite (4,6) quanto da soja (5, 1), e isto<br />

leva a um balanço de cargas de proteínas próximo<br />

a zero (SÁNCHEZ; BARTHOLOMAI; PILOSOF,<br />

1995). A preparação das bebidas em valores de<br />

Ta bela I - Valores médios das análises físico-químicas das bebidas lácteas adicionadas de gomas.<br />

Análises Carragena Pectina SBB Guar<br />

Concentração 0,01% 0,03 % 0,05% 0, 1% 0,3% 0,5% 0, 1% 0,3% 0,5% 0,1% 0,3% 0,5%<br />

TP 5:20 7:00 6:00 6:00 7:05 6:20 5:20 8:00 7:05 6:00 7:05 9:35<br />

pH 4,6 1 4,63 4,6 1 4,61 4,59 4,62 4,60 4,59 4,60 4,59 4,63 4,77<br />

Acidez 93,5 94, I 91,9 88,3 99,0 95, I 90,2 94,7 89,5 86,9 72,6 65,9<br />

Sol. Totais 16,84 17,98 16,82 1 6,6 I 17,57 16,93 16,88 17,38 17,18 17,34 17,76 16,53<br />

Cinzas 0,69 0,78 0,72 0,68 0,73 0,7 1 0,68 0,73 0,70 0,65 0,74 0,69<br />

Proteínas 3,56 3,54 3,50 3,59 3,56 3,52 3,59 3,59 3;59 3,56 3,54 3,59<br />

TP - tempo de fermentação.<br />

digitalizado por<br />

arvoredoleite.org


pH mais distantes do pI poderiam resultar em<br />

menor separação de fases.<br />

50<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Carragena<br />

'\ ,'].o ''Dias''!) rt- '].0 '


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

processo, da microbiota utilizada, do tipo de coalho, de enzimas produzidas pelas bactérias<br />

lácticas adicionadas e de enzimas de fermentos não lácticos.<br />

Palavras-chave: queijo, índices de maturação, composição centesimal.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

o Parmesão é um queijo tipicamente italiano<br />

e pode ser descrito como um produto salgado,<br />

prensado e de longa maturação, no mínimo 6 meses,<br />

podendo ultrapassar 2 anos. É um queijo de<br />

coagulação enzimática, massa semi-cozida, bastante<br />

duro e de sabor relativamente forte quando<br />

devidamente curado. A massa é clara e a sua textura<br />

é ressecada apresentando um ligeiro aspecto<br />

granular, pois os grãos de massa não chegam a se<br />

unir completamente devido a grande dessora durante<br />

o tratamento da massa, entretanto, os queijos não<br />

devem apresentar olhaduras e nem aberturas<br />

mecânicas. Um queijo Parmesão típico apresenta,<br />

após curado, entre 32-37% de umidade, 2 a 3,5%<br />

de sal e pH entre 5,3 a 5,5 (OLIVEIRA, 1986). O<br />

queijo tipo Gorgonzola, é um dos principais tipos<br />

de queijo azul, maturado internamente pelo<br />

Pellicillilllll roq/lej(Jrti, sendo considerado um dos<br />

queijos italianos mais tradicional e conhecido em<br />

todo mundo, principalmente por consumidores de<br />

paladar apurado. Possui como característica<br />

peculiar, a presença de veias azuis e o sabor picante,<br />

originado da intensa atividade proteolítica do mofo<br />

sobre as diversas frações protéicas do queijo durante<br />

as várias etapas de processamento e maturação<br />

(PACIULLI et aI., 200 I). Te m consistência<br />

esfarelenta e sua textura é fechada, com poucas e<br />

pequenas olhaduras. O queijo Gorgonzola deve ser<br />

obtido de leite de vaca, pasteurizado, ter massa<br />

macia, crua, gorda, de cor branca matizada pelo<br />

desenvolvimento de mofo e apresentar a seguinte<br />

composição físico-química: umidade 43-45%,<br />

gordura 28-30%, proteína 21 %, teor de sal 3,0-<br />

3,5% (LOURENÇO NETO, 1984; FURTADO;<br />

LOURENÇO NETO, 1994). O Prato é um queijo<br />

gordo, em média 27% de gordura, de média umidade<br />

(43%), massa semi-cozida, de consistência semi<br />

dura e textura homogênea, com poucas e pequenas<br />

olhaduras lisas e bri lhantes. O sabor é suave,<br />

levemente adocicado e sua cor é amarelo-ouro.<br />

Antes de ser consumido deve maturar por um<br />

período de 45 a 60 dias (PERRY, 2004).<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

Foram usados três tipos de queijos: Prato,<br />

Gorgonzola e Parmesão advindos de um mesmo<br />

laticínio. Foram realizadas as análises físico-<br />

Pág. 232<br />

qUlmlcas: extrato seco total (EST) (CASE,<br />

BRADLEY JR.; WILLIAMS, 1985), acidez<br />

titulável (IAL, 1985), gord ura (lAL, 1985),<br />

gordura no extrato seco (GES = Gord ura/<br />

ESTx I (0), nitrogênio total - NT (AOAC,<br />

1997), nitrogênio solúvel em pH 4,6 - NNC<br />

(SILVA et aI., 1997), nitrogênio solúvel em TCA<br />

12% - NNP (SILVA et aI., 1997), tirosina e<br />

triptofano (VAKALERIS; PRICE, 1959). O<br />

índice de extensão da maturação (lEM) fo i<br />

determinado por NNC/NTx 1 00 e o índice de<br />

profundidade da maturação (lEP) por NNP/<br />

NTx lOO (WOLFSCHOON-POMBO, 1983).<br />

Todas as análises foram realizadas em triplicata.<br />

A análise de variância (ANOVA) dos resultados<br />

fo i realizada a partir de um delineamento<br />

inteiramente casualizado (DIC), com a utilização<br />

do teste de Tukey, considerando-se um nível de<br />

significância p


sensorial characteristics (taste, flavor,<br />

consistency) during the ripening. The aim of<br />

this work was to evaluate the centesimal<br />

composition and the indices of ripening of three<br />

di fferent ripened cheeses: Gorgonzola, Parmesan<br />

and Prato. The cheeses showed 0,67 to 3,44%<br />

acidity, 34,54 to 41,49% moisture, 32,47 to<br />

51,95% fat in dry matter, 22,48 to 31,37%<br />

protein, 3,65 to 6, II % ashes; 175,3 1 to 583,86<br />

mg of tyrosine/ I 00 g of cheese; 4 1,82 to 98,84<br />

mg of tryptophan/ l OOg of cheese. The ripening<br />

depth indices varied from 4,53% to 23,82% and<br />

the ripening extension indices varied from 7,37%<br />

to 30,62%. Besides the wide variability in the<br />

composition between the different types of<br />

ri pened cheese, it was also observed a wide<br />

variation in ripening indices, related to the<br />

different process parameters, microbiota used,<br />

the rennet type, the enzymes produced by lactic<br />

bacteria added, and the enzymes from non lactic<br />

starter culture .<br />

Key words: cheese, indices of ripening,<br />

centesimal composition.<br />

5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGR ÁFICAS<br />

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PERRY, K. S. P. Queijos: Aspectos químicos.<br />

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• • •<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

MATURAÇÃO DE QUEIJO PRATO: COMPARAÇÃO ENTRE O PRODUTO INTEGRAL E O<br />

PRODUZIDO COM TEOR REDUZIDO DE GORDURA<br />

Ripening of prato cheese: comparison between full-fat and low-fat products<br />

RESUMO<br />

Claudia Ribeiro Borges Silva1<br />

Bruna Rodrigues Morettil<br />

Aline Cristina Nabuco1<br />

Graziele Aparecida Chiuchi Garcia1<br />

Ana Lúcia Barretto Penna 1<br />

Queijos com teores reduzidos de gordura são caracterizados por apresentarem determinados<br />

defeitos não observados nos seus correspondentes feitos com teor integral. A redução no<br />

conteúdo de gordura tem um efeito negativo sobre as características sensoriais do queijo.<br />

além das conseqüências econômicas negativas tanto no rendimento dos queijos de baixa<br />

gordura como em sua maturação. Neste trabalho foi estudado o efeito da redução do teor<br />

de gordura nas características físico-químicas e na evolução da maturação de queijo tipo<br />

Prato. Foram realizadas análises físico-químicas dos queijos após 30 e 48 dias de maturação<br />

em três lotes de queijos. Os queijos do lote 2 foram os que apresentaram os menores teores<br />

de gordura. Em relação ao queijo tradicional, a redução nos teores de gordura foi em média<br />

35% e 45% para os queijos dos lotes I e 2, re spectivamente . Os queijos do lote I<br />

apresentaram os maiores teores de cinzas e proteína total. Os queij os do lote 3 foram os<br />

que apresentaram maiores índices de extensão e profundidade da maturação, indicando<br />

menor proteólise nos queijos com teor reduzido de gordura.<br />

Palavras-chave : maturação, queijo Prato, teor reduzido de gordura.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

Queijo Prato é o queijo maturado que se<br />

obtém por coagulação do leite por meio do<br />

coalho e/ou de outras enzimas coagulantes<br />

apropriadas. complementada ou não pela ação<br />

de bactérias lácticas específicas (BRASIL,<br />

1997). É um queijo gordo, de média umidade,<br />

massa semi-cozida de consistência semi-dura e<br />

textura homogênea, com poucas ou nenhuma<br />

olhaduras lisas e brilhantes. Seu sabor é suave,<br />

levemente adocicado e sua cor é amarelo-ouro<br />

(PERRY, 20(4). Durante o processo de<br />

maturação dos queij os ocorrem diversas<br />

transformações bioquímicas que envolvem<br />

carboidratos, proteínas e lipídeos,<br />

correspondendo à glicólise, proteólise e lipólise,<br />

respectivamente (WOLFSCHOON-POMBO,<br />

1983; FOX, 1993). A estrutura e a composição<br />

ci o queijo mudam e, conseqüentemente, suas<br />

propriedades sensoriais se desenvolvem,<br />

estando envolvidos aspectos bioquímicos,<br />

microbiológicos, bem como os puramente<br />

químicos e físicos (WALSTRA et (/1. , 1999). A<br />

maturação do queijo Prato é muito importante,<br />

pois é nessa fase do processamento, realizada<br />

em condições de temperatura e umidade<br />

controladas, que o produto adquire as características<br />

que lhe são peculiares (SILVA , VA N<br />

DENDER & BALDINI, 1999). A redução no<br />

conteúdo de gordura tem um efeito negativo<br />

sobre as características sensoriais do queijo. além<br />

de conseqüências econômicas negativas tanto<br />

no rendimento dos queijos de baixa gordura<br />

como em sua maturação. Estudos visando a<br />

produção de queijos com baixa gordura<br />

UNESP - Departamento de Engenharia e Tecnologia de Alimentos DETA. São José do Rio Preto. SP-Brasil.<br />

analucia@ibilce.unesp.br; rbsclaudia@yahoo.com.br.<br />

digitalizado por<br />

arvoredoleite.org<br />

235


geralmente mostram que esses produtos feitos<br />

pelos métodos convencionais têm defeitos<br />

senSOriaiS, como um aroma pobre, sabor<br />

indesejável (gosto amargo) e textura, que é<br />

muito firme e elástica (também descrita como<br />

"borrachenta") ou danificada pela cristalização<br />

do lactato de cálcio (RODRÍGUEZ, 1998). A<br />

remoção da gordura promove uma alteração na<br />

proporção dos vários componentes do queijo e<br />

aumenta o seu teor de umidade. Por outro lado,<br />

a relação entre a umidade e o teor de sólidos<br />

não gordurosos do queijo é geralmente similar à<br />

dos integrais e, por conseguinte, o conteúdo de<br />

sal na fase úmida de queijo com teor reduzido<br />

de gordura é menor. Essas alterações no microambiente<br />

do queijo são grandemente<br />

responsáveis não somente pelas alterações nas<br />

características fu ncionais e sensori ais desses<br />

queijos, como também em suas características<br />

microbiológicas e bioquímicas (SILVA et ai. ,<br />

2004). Neste trabalho foi estudado o efeito da<br />

redução do teor -de gordura nas características<br />

fi sico-químicas e na evolução da maturação de<br />

queijo tipo Prato.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

Foram avaliados três lotes de queij os,<br />

sendo o primeiro produzido na Planta Piloto<br />

do DETA - UNESP e os demais, queijos<br />

comerciais light (lote 2) e tradicional (lote 3)<br />

produzidos em escala industrial. O primeiro lote<br />

fo i produzido a partir de leite pasteurizado<br />

padronizado com um teor de gord ura médio de<br />

1,9%, adicionado de 2% de cultura mesofílica<br />

(L lactis ssp lactis e L. laC/is ssp crel11oris),<br />

0,03% de coalho e 0,3% de cloreto de cálcio. A<br />

coagulação ocorreu entre 30-40 minutos, sendo<br />

o corte realizado durante 10-15 minutos,<br />

seguido da retirada de 1/3 de soro e aquecimento<br />

até 40°C. O tempo de tratamento da massa foi<br />

de 60 minutos a contar do corte. A massa foi<br />

enformada e prensada por 30 minutos, invertida<br />

e prensada até o dia seguinte. A salga em<br />

salmoura (d= 18-200Baumé) foi efetuada durante<br />

5 horas. seguida da secagem, embalagem a vácuo<br />

e estocagem em câmara para maturação (13°C<br />

e UR=80%). Foram realizadas as determinações<br />

de extrato seco total (EST) (CASE, BRADLEY<br />

J R.;WILLIAMS, 1985), acidez titulável<br />

(I AL, 1985), gordura (lAL, 1985), gordura no<br />

extrato seco (GES = Gordura/ESTx I 00), cinzas<br />

(lAL, 1985), nitrogênio total - NT (AOAC,<br />

1997), nitrogênio não caséico - NNC (SILVA et<br />

aI., 1997), nitrogênio não protéico NNP<br />

(SILVA et (/ 1. , 1997) e atividade de água - Aa<br />

(VAN DENDER et aI. , 1995). O índice de<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

extensão da maturação (lEM) foi determinado<br />

por NNC/NT x 100 e o índice de profundidade<br />

da maturação (IPM) por NNP/NT x 1 00<br />

(WOLFSCHOON-POMBO, 1983). Todas as<br />

análises foram realizadas em triplicata após 30<br />

e 48 dias de maturação. A análise de variância<br />

(ANOVA) dos resultados fo i realizada a partir<br />

de um delineamento inteiramente casualizado<br />

(DIC), com a utilização do teste de Tukey,<br />

considerando-se um nível de significância<br />

p


FUNESP, 1995.<br />

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e<br />

Abastecimento. Regulamento Técnico de<br />

Identidade e Qualidade do Queijo Prato.<br />

Portaria 358 de 04 de setembro de 1997.<br />

BRAS IL. Ministério da Saúde. Secretaria de<br />

Vigilância Sanitária. Regulamento Técnico<br />

referente à Informação Nutricional<br />

Complementar (declarações relacionadas ao<br />

conteúdo de nutrientes), constantes do anexo<br />

desta portaria. Portaria n. 27, de 13 de janeiro<br />

de 1998. Diário Oficial da União, Poder<br />

Executivo, de 16 de janeiro de 1998.<br />

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technology: a review. Journal of Food<br />

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MCSWEENEY, P. L.H. Fundamentais of<br />

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IAL- INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas<br />

Analíticas do Instituto Adolfo Lutz. 3. ed.<br />

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KATSUDA. M. S.; MIGLIORANZA. L. H .S.;<br />

FE R REIR A, S. H. P. ; FONSECA, I. C. B.<br />

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de queijo tipo prato com teor reduzido de<br />

gordura . Revista do Instituto de Laticínios<br />

Cândido Tostes, Juiz de Fora, v. 54, n. 309, p.<br />

128 -133, 1999<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

• • • •<br />

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bioquímicos e microbiológicos. Química Nova,<br />

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proteólise em alguns queij os brasileiros.<br />

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661, p. 1-8, 1983.<br />

• • •<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

SEPARAÇÃO DAS PROTEíNAS DO SORO DE QUEIJO POR ADSORÇÃO UTILIZANDO<br />

HIDROXIAPATITA E CARVÃO ATIVADO COMO ADSORVENTES<br />

Separation of the cheese serum proteins by adsorption using hydroxil apatite and<br />

activated carbon as adsorvents<br />

RESUMO<br />

Robinson Silva de Santana1<br />

Sarah de Arruda Costa2<br />

César Augusto Moraes de Abreu3<br />

Sonia Sousa Melo C á valcanti de Albuquerque3<br />

A produção de queijo origina elevados volumes de soro rico, principalmente, em lactose,<br />

proteínas e sais minerais. Cerca de 50% de todo o soro produzido não é aproveitado,<br />

sendo descartado sem nenhum tratamento. Um litro de soro possui uma DBO entre<br />

30.000 e 60.000 de O 2 , estando esses valores cerca de 100 vezes mais elevados que os do<br />

esgoto doméstico, causando assim uma séria poluição ambiental. O presente trabalho<br />

propões a valorização do soro de queijo através da hidrogenação catalítica da lactose em<br />

reatos de leito de lama, gerando lactitol, substância de maior valor no mercado, após<br />

conveniente separação dos componentes. Inicialmente, o soro de queijo foi submetido à<br />

adsorção utilizando a hidroxiapatita durante 24 horas tendo o conteúdo de proteínas e<br />

lactose determinado antes e após o processo adsortivo. Procedeu-se de maneira semelhante<br />

com o carvão ativado, permitindo uma avaliação do desempenho dos presentes<br />

adsorventes. A hidroxiapatita apresentou um baixo desempenho na remoção das proteínas,<br />

ao contrário do carvão ativado que apresentou um bom desempenho, havendo poré,<br />

consideradas perdas de lactose.<br />

Palavras-chave: Proteína. Soro de Queijo. Adsorção.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

A produção mundial de soro de queijo é<br />

estimada em 130 milhões de toneladas por ano,<br />

sendo 95% dos quais originadas na fabricação de<br />

queijo. O restante provém da manufatura de<br />

caseína e leite coagulado (ZALL, 1992:<br />

PELLEG RINO & PETENATE, 1988). No<br />

Brasil, a disponibilidade de soro tem aumentado<br />

significativamente. A produção de queijo origina<br />

elevados volumes de soro rico, principalmente,<br />

em lactose. proteínas e sais minerais.<br />

Considerando que o soro de queijo contém<br />

em peso 0,9% de proteína, 4,9% de lactose,<br />

0,6% de sais minerais e 0,3% de gordura,<br />

perdem-se c om seu desperd ício<br />

Químico Industrial. Mestre em Engenharia Química UFPE.<br />

2 Estudantes de Engenharia Química - UFPE.<br />

:3 Professores do Departamento de Engenharia Química - UFPE.<br />

digitalizado por<br />

aproximadamente, por ano, 41.000 toneladas<br />

de proteína, 205.000 toneladas de lactose,<br />

29.000 toneladas de sais minerais e 12.000<br />

toneladas de gordura. Na realidade, o soro<br />

apresenta ulll a composição variada, sendo<br />

afetada pelo tipo de queijo de que se origina,<br />

pelo tratamento térmico e pelo manuseio<br />

(ABREU, 1999). Cerca de 50% de todo o soro<br />

produzido não é aproveitado, sendo descartado<br />

sem nenhum tratamento. Um litro de soro<br />

possui uma DBO entre 30.000 e 60.000 de O"<br />

estando esses valores cerca de 100 vezes ma(s<br />

elevado que os do esgoto doméstico, causando<br />

assim uma séria poluição ambiental. Melhor que<br />

investir em um tratamento oneroso deste<br />

Pág. 239<br />

arvoredoleite.org


efluente é considera-lo um subproduto de maior<br />

valor agregado (ABREU, 1999). O processo de<br />

hidrogenação constitui uma rota química capaz<br />

de transformar biomassa polissacarídicas em<br />

polióis. Tratando-se da lactose obtém-se<br />

lactitol, adoçante de baixas calorias apresentando<br />

um largo espectro de utilização na<br />

indústria de alimentos (FERNANDES, 200 I).<br />

No sentido de efetuar a hidrogenação da lactose<br />

torna-se necessário à remoção das proteínas<br />

presentes no soro. A hidroxiapatita utilizada<br />

na adsorção das proteínas é um adsorvente de<br />

baixo custo, não tóxico, que pode ser preparado<br />

através de simples operações, oferecendo a<br />

possibilidade de separação seletiva (ROSSANO<br />

et aI, 200 I). O carvão ativado é constituído<br />

pelo empilhamento aleatório de camadas planas<br />

de átomos de carbono em arranj os hexagonais,<br />

ou planos basais (FERNANDES, 2001). O<br />

presente trabalho teve como fi nalidade pri ncipal<br />

a separação das proteínas do soro de queijo<br />

por adsorção utilizando a hidroxiapatita e o<br />

carvão ativado como adsorventes.<br />

2 - MATERIAIS E MÉTODOS<br />

2.1 - Coleta do soro de queijo<br />

Proveniente da fabricação de queijo coalho,<br />

o soro de queijo fo i coletado em recipientes<br />

assépticos no Laticínio Do Queijo Caseiro Ltda,<br />

Cidade de Limoeiro / PE e trazido ao laboratório<br />

em ambiente re frigerado.<br />

2.2 - Adsorção das proteínas do soro de<br />

queijo<br />

Te ndo como objeti vo a remoção das<br />

proteínas do soro de queijo, foram utilizados a<br />

hidroxiapatita e carvão ativado.<br />

2.2.1 - Preparação do adsorvellte hidroxiapatita<br />

A hidroxiapatita fo i preparada tomandose<br />

500 ml de Na,HPO. 0,5M e 500 ml de CaCI,<br />

0,5M os quais fram ingeridos a uma taxa d<br />

250 ml/h em um béquer de 200mL sob agitação<br />

de 210 rpm, contendo 50mL de NaCI I M. O<br />

precipitado fo i fi ltrado três vezes com água<br />

destilada, cada vez com I litro, sendo<br />

posteriormente devolvido ao béquer com aj uda<br />

de I L de água. Em seguida, adicionou-se 25 ml<br />

de solução de NaOH a 40% e o sistema foi aferido<br />

sob agitação de 100 rpm, durante I hora. O<br />

excesso foi retirado e o precipitado foi lavado<br />

com água destilada.<br />

Pág. 240<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

2.3 -Adsorção da proteína utilizando<br />

hidroxiapatita<br />

Para a remoção de proteínas com hidroxiapatita,<br />

250 ml de tampão fó sforo pH 5.0,<br />

concentração 0,0 I M, foram adicionados a 25g<br />

de hidroxiapatita contidos num balão de fundo<br />

chato, em agitação utilizando um bastão<br />

magnético durante I hora, para equilibrar o<br />

adsorvente . O tampão foi retirado e 70 ml de<br />

soro após tratamento térmico pH 5.0 foram<br />

introduzidos ao balão de fundo chato contendo a<br />

hidroxiapatita, permanecendo em agitação<br />

durante 24 horas. No dia seguinte, efetuou-se a<br />

filtração, reservando o fi ltrado para análise de<br />

proteín as.<br />

2.4 - Adsorção da proteína utilizando carvão<br />

ativado<br />

Utilizou-se carvão ativado para a remoção<br />

de proteínas por adsorção tomando-se 700 ml<br />

de soro de queijo após tratamento térmico pH<br />

5.8 e submetendo-se à agitação em presença de<br />

10% de carvão ativado durante 24 horas. A seguir<br />

o soro fo i fi ltrado e reservado para a reação.<br />

Foram retiradas amostras para a determinação<br />

do teor de proteínas e lactose antes e após o<br />

tratamento adsorti vo.<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÕES<br />

O soro de queijo após adsorção com carvão<br />

ativo apresentou-se incolor e inodoro, havendo<br />

alteração no pH de 5.8, antes da adsorção, para<br />

6.6 no fi nal do processo. Após a adsorção com<br />

hidroxiapatita, o soro de queijo ainda apresentava<br />

odor e cor característico, havendo alteração no<br />

pH de 5.8 para 9.0. A tabela I apresenta o<br />

desempenho do carvão ativado e da hidroxiapatita<br />

no processo de adsorção de proteínas e lactose. O<br />

percentual de remoção de proteínas do soro<br />

utilizando hidroxiapatita foi baixo nas condições<br />

estudadas, evidenciando o fraco desempenho do<br />

adsorvente em leito de lama. Os trabalhos utilizando<br />

hidroxiapatita se resumem a cromatografia em<br />

coluna revelando dois efeitos para que haja sucesso<br />

na separação. O efeito cromatográfico frontal que<br />

consiste na dinâmica de saturação da coluna<br />

durante a alimentação da mistura e a competição<br />

pelos sítios da hidroxiapatita (fase estacionária)<br />

onde as substâncias que se ligam fo rtemente a<br />

superfície empurram a frente as de fraca interação<br />

até que todos os componentes se localizem em<br />

zonas consecutivas de substâncias puras (VOGT &<br />

R UTH, 1997). O baixo desempenho da hi-<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

droxiapatita provavelmente está relacionado a<br />

ausência dos efeitos dinâmicos em coluna, podendo<br />

ser alvo de estudos mais profundos em outros<br />

trabalhos. Determinações dos teores de proteínas<br />

antes e após o tratamento adsortivo com carvão<br />

ativado revelaram a remoção de 81 % das proteínas<br />

que remanesciam após o tratamento térmico,<br />

deixando o soro com apenas O, l1 %. Devido à<br />

ausência de referências a este respeito, foi utilizada<br />

uma quantidade de carvão ativo muito elevada<br />

(10%), causando também remoção de lactose<br />

(41 %).<br />

4 - CONCLUSÃ O<br />

Os resultados obtidos permitem concluir<br />

que o uso de hidroxiapatita como adsorvente<br />

em sistemas de leito de lama não se mostrou<br />

adequado para remoção de proteínas do soro<br />

bruto ou após tratamento térmico. O carvão<br />

ativado apresentou-se conveniente para a<br />

remoção de proteínas do soro de queijo<br />

parcialmente pasteurizado. Torna-se necessário<br />

a otimização das variantes no sentido de<br />

minimizar as perdas de lactose.<br />

5 - ABSTRACT<br />

The cheese production generates a high<br />

volume of serum lhat is rich in lactose, proteins<br />

and mineral salts . About 50% of ali produced<br />

serum is not used at alI. lt is discharged in the<br />

environment without any treatment. One \iter<br />

of serum has an OBD varying between 30,000<br />

and 60,000 mg of O,. This value is one hundred<br />

times greater than OB D of regular house sewage;<br />

hence, the eheese serum diseharge cause a severe<br />

environmental pollution problem. This work<br />

suggests the cheese serU/11 to be processed via<br />

catalytic hydrogenation of lactose in a mud bed<br />

reactor, producing lactitol. Lactitol has a good<br />

market value after the separation of the serum<br />

components. The separation process was<br />

carried out, initially, using the hydroxil apatite<br />

as adsorbent for 24 hours. The amount of the<br />

proteins and lactose present in the serum was<br />

measured before and after the absorption<br />

process took place. The same procedure was<br />

adopted using active carbon as adsorbent, whieh<br />

enable the results obtained by these two<br />

processes to be evaluated. The hydroxil apatite<br />

presented a low performance in protein<br />

removal. The acti vated carbon presented a good<br />

performance as adsorbent; however, it produced<br />

a considerable lactose loss.<br />

Key words: Proteins, Cheese serum,<br />

Adsoption.<br />

6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

ABREU, L.R. Tecnologia de Leites e derivados,<br />

Tahela 1 - Resultados do processo de adsorção de proteínas utilizando hidroxiapatita e carvão ativado<br />

como adsorventes.<br />

Descrição elo Cone. (g/l OOg) an tes Conc. (g/l OOg) após Percentual de re moção<br />

Tratamento tratamento tratamento<br />

Adsortivo do Proteína Lactose Proteína Lactose Proteína Lactose<br />

Soro bruto<br />

submetido a 0,82 49,0 0,63 45,0 23,0 8,0<br />

adsorção com<br />

hidroxiapatita<br />

Soro após<br />

tratamento<br />

térmico 0,48 49,0 0,34 47,0 29,0 4,0<br />

submetido a<br />

adsorção com<br />

hidroxiapatita<br />

Soro após<br />

tratamento<br />

térmico 0,52 46,05 O, 10 27, 16 81,0 41,0<br />

submetido a<br />

adsorção com<br />

carvão ativado<br />

digitalizado por<br />

arvoredoleite.org<br />

Pág. 241


1999. UFLA, FAEPE. Ia ed. Minas Gerais. 215p.<br />

FERNANDES, M .B.C. 200 I. Valorização de<br />

Sacarídeos por Hidrólise Catalítica em Reator<br />

Trifásico Mecanicamente Agitado. Dissertação<br />

(Mestrado em Engenharia Química). Universidade<br />

Federal de Pernambuco, Recife - PE.<br />

PELLEGRlNO, A.M.; Penate, A.M. 1988.<br />

Precipitação de Proteínas do Soro de Queijo com<br />

Amido. Ciência e Tecnologia dos Alimentos, 8:<br />

97 114.<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

• • •<br />

VOGT, S.: R U HT, F. 1997. Comparison of<br />

anion - exchange and hydroxil apatite<br />

displacement. Chromatography for the<br />

lsolation of Whey Proteins. Journal<br />

Chromatography, 766: 125 - 137.<br />

JALL, R. 1992. Sources and Compositions of<br />

Whey and Permaste, Why and Lactose<br />

Processing. Journal Dairy of Science, 67: 2654<br />

- 79.<br />

• • • •<br />

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DO QUEIJO MANTEIGA COMERCIALIZADO À<br />

TEMPERATURA AMBIENTE E SOB REFRIGERAÇÃO<br />

Microbiologic evaluation of the buUer cheese commercialized in the ambient<br />

temperature and refrigerated<br />

RESUMO<br />

Sonia Sousa Melo Cavalcanti de Albuquerque1<br />

Olga Martins Marques2<br />

Cacilda Oliveira3<br />

Julierme Gomes Correia de Oliveira3<br />

Foram coletadas 15 amostras de queijo de manteiga, típico da região Nordeste, em<br />

estabelecimentos comerciais da Cidade de Recife, com o objetivo de avaliar as condições<br />

higiênicas sanitárias deste alimento. As análises microbiológicas constaram de<br />

determinação do número mais provável de Co/(orll/es To tais e Te rll/% /erall/es, contagem<br />

padrão em placas de bactérias mesófilas, bolores e leveduras, pesquisa de Sa!/IloJlella sI',<br />

Staphy/ococlIs allrells e Pselldoll/ollas aerll!{illosa. Das quinze amostras analisadas, oito<br />

estavam à temperatura ambiente e sete sob refrigeração. Do total de amostras analisadas,<br />

66,66% apresentaram Co/ifol'mes To /ais, sendo 33,33% com contagem 3 2,0 x 10' e<br />

33,33% entre 9,0 x 102 e 9,3 x 103• Encontrou-se contaminação por Co/ifo r/1/ es<br />

Te rmoto!erallles em 46,66% das amostras, sendo 13,33c}() com valores 3 2,0 x 10' e<br />

33,33% com valores entre 4,0 x 102 e 1,5 x 101 . As unidades fo rmadoras de colônia<br />

(UFC) de bactérias em 33,33% das amostras apresentaram contagem acima de 106 UFC/<br />

g e 13% do produto apresentou valores acima de 10' UFC/g para bolores e leveduras. Foi<br />

detectada a presença de Sa!l1lollella sp (40%), Staphy/ocOCllS allrells (86,66%) e<br />

Pselldo/llOlIaS lIerc/!{illos{/ (40%) nas amostras pesquisadas. Desta forma, pode-se concluir<br />

que do ponto de vista microbiológico as amostras analisadas encontram-se i mpróprias<br />

Professora do Departamento de Engenharia Química - UFPE .<br />

2 Engenheira Química do Depto de Engenharia Química - UFPE.<br />

Estudantes de Engenharia Química - UFPE.<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

para o consumidor, sendo necessana a aplicação de medidas de proteção e cuidados de<br />

higiene no acondicionamento e manipulação do produto.<br />

Palavras-chave: Queijo de manteiga, Anál ise microbiológica.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

o queijo manteiga, também conhecido como<br />

"Requeijão do Nordeste", é um alimento<br />

tradicionalmente consumido pela população<br />

nordestina. Este queijo é produzido principalmente<br />

nos estados de Pernambuco, Rio<br />

Grande do Norte, Sergipe, Paraíba e Alagoas .<br />

Diferentemente do queijo de coalho, este produto<br />

é obtido sem uso do coal ho, já que a coalhada é<br />

obtida por desnaturação ácida (FERREIRA,<br />

2(00), a tecnologia da fabricação deste produto<br />

apresenta grande variabilidade, possuindo em<br />

comum as etapas de coagulação do leite desnatado,<br />

dessoragem da massa com água e/ou leite, salga,<br />

fusão da massa com manteiga da terra, moldagem<br />

ou enformagem. O produto é geralmente<br />

apresentado em formato de paralelepípedo, entre<br />

2,0 a 10,0 Kg (VENTURA, 1987;). Jassen­<br />

Escudero & Rodriguez - Amaya, 1981, em um<br />

estudo sobre queijo de manteiga, determinaram a<br />

composição físico-química de amostras<br />

provenientes de diferentes unidades de<br />

processamento, concluindo que o produto possuía<br />

alto teor de proteínas e baixo teor de gordura.<br />

Alguns queijeiros resolveram baratear o produto<br />

mediante a substituição total ou parcial da gordura<br />

láctea por óleo vegetal. descaracterizando o<br />

produto original. (LIMA et ai, 2(02).<br />

O leite destinado à fabricação de queijo deve<br />

prover de animais sadios e ser de boa qualidade<br />

bacteriológica. Na fabricação de queijos, a qualidade<br />

do produto é diretamente proporcional à qualidade<br />

da matéria-prima, o leite (FURTADO, 1991). Cerca<br />

de 50% do queijo fabricado no Brasil é feito<br />

artesanal mente e sem controle higiênico-sanitário<br />

ou de qualidade (BORTOLETO et ai, 1997).<br />

A import ância da microbiota como fator<br />

higiênico e tecnológico influi sobre a qualidade<br />

dos produtos fi nais através de atividade<br />

metabólica de microrganismos que resitem a ação<br />

do processamento industrial, influindo<br />

decisivamente sobre a capacidade de elaboração<br />

e qualidade sensorial, tecnologia e toxicológica<br />

do queijo (MARQUES, 2(00).<br />

Ainda que as condições no momento de<br />

fabricação sejam adequadas, o acondicionamento<br />

e venda do produto nos estabelecimentos<br />

comerciais comprometem o alimento por não<br />

atender as condições higiênicas contribuindo para<br />

digitalizado por<br />

o desenvolvimento de microrganismos patogênicos,<br />

que podem causar danos à saúde do<br />

consumidor.<br />

Este trabalho teve por objetivo avaliar as<br />

condições higiênicas e sanitárias do queijo<br />

manteiga comercializada à temperatura ambiente<br />

e sob refrigeração, em Recife - PE.<br />

2 - MATERIAIS E MÉTODOS<br />

Foram adquiridas 15 amostras de queijo<br />

manteiga, em estabelecimentos que comercializam<br />

o produto, sendo alguns queijos mantidos<br />

sob re frigeração e outros mantidos à temperatura<br />

ambiente.<br />

Das 15 amostras analisadas, oito estavam<br />

à temperatura ambiente e sete sob refrigeração.<br />

As amostras pesavam em torno de 250 a 300g,<br />

tendo sido cortadas e embaladas pelo vendedor.<br />

As amostras foram acondicionadas em caixas de<br />

isopor, contendo gelo, e posteriormente encaminhadas<br />

para o laboratório de microbiologia,<br />

onde foram realizadas as análises microbiológicas<br />

seguindo-se as normas recomendadas para este<br />

tipo de alimento. Os parâmetros avaliados foram<br />

os seguintes: Determinação do Números Mais<br />

Provúvel (NMP) de Co/ifo 1'111 es To tais e<br />

Te rllloto/e/'olltes, Contage m padrão em placas<br />

de microrganismos mesófilo aeróbios, Contagem<br />

de bolores e leveduras, Pesquisa de Salmonella<br />

sp, Staphylococus aureus e Pseudomonas<br />

aeruginosa de acordo com a metodologia<br />

recomendada pela Internnational Commission<br />

on Microbiological Specification fo r Foods<br />

(IC MSF, 2(00).<br />

3 - RESULTA DOS E DISCUSSÃO<br />

Segundo Lerayer & Carvalho (1998), os<br />

ColUá/'mes To tais e Te l'lIloto/eralltes, por se tratar<br />

de microrganismos indicadores de contaminação,<br />

são destruídos durante o processamento térmico e<br />

sua presença indicaria práticas de higiene e<br />

sanitização inadequadas na produção. Os Co!!(ormes<br />

To tais estavam presentes em 66,66% das amostras<br />

analisadas, enquanto que 46,66% dos queijos<br />

apresentavam-se contaminados com Co!(j'ormes<br />

Te rJ//oto/erantes. É provável que esta contaminação<br />

arvoredoleite.org


seja proveniente das condições de armazenamento<br />

do produto, falta de higiene nos recipientes e facas<br />

utilizadas para corte dos queijos bem como falta de<br />

higiene das mãos dos vendedores. A tabela I<br />

apresenta os resultados das análises microbiológicas<br />

realizadas. Observa-se que 40% das amostras estavam<br />

contaminadas com Sall11ol/efla sp, e 86,66% com a<br />

bactéria StaphylococlIs aureus. Observou-se ainda,<br />

que em 40% das amostras anallisadas havia a<br />

presença de Pselldol110llaS aerugillosa. Embora esta<br />

bactéria não seja pesquisada neste tipo de alimento,<br />

a presença da mesma pode inibir o desenvolvimento<br />

de bactérias do grupo coliforme. As unidades<br />

formadoras de colônia de bactérias (UFC) em 33,33%<br />

das amostras apresentaram contagem acima de 10ó<br />

UFC/g e 13% do produto apresentou valores acima<br />

de 10" UFC/g para bolores e leveduras. A refrigeração<br />

do queijo manteiga no comercio é feita de modo<br />

irregular e às vezes intercaladas por longos períodos<br />

onde o produto fica exposto à temperatura<br />

ambiente. Por outro lado, a maior parte do queijo<br />

é estocada no refrigerador sem nenhuma<br />

embalagem, o que pode justificar a fato de haver<br />

contaminação no prod uto refrigerado. Os<br />

resuitados destas análises demonstraram a qualidade<br />

microbiológica inadequada evidenciando prováveis<br />

deficiências nas condições de armazenamento e<br />

falta de cuidado higiênico-sanitários.<br />

4 - CONCLUSÕ ES<br />

Do ponto de vista microbiológico as<br />

amostras analisadas encontram-se impróprias<br />

para o consumo. sendo potencialmente capaz de<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

produzir intoxicação alimentar, devido a presença<br />

de bactérias indicadoras de contaminação fecal e<br />

Staphylococus aurellS, o que implica necessariamente<br />

em contaminação por manipuladores<br />

e acondicionamento adequado.<br />

Ao analisar estes resultados microbiológicos<br />

conclui-se que a aplicação de medidas de proteção<br />

e cuidados de higiene no acondicionamento e<br />

manipulação do produto se faz necessária para<br />

garantir um alimento de qualidade.<br />

Para reduzir a presença de microrganismos<br />

patogênicos nesse produto, os estabelecimentos<br />

comerciais deveriam ser fiscalizados pelos órgãos<br />

governantes re sponsáveis pelo controle de<br />

qualidade de alimentos.<br />

5 - ABSTRACT<br />

The butter cheese is produced typically in<br />

the Northeast of Brazil. In order to evaluate the<br />

sanitary conditions in which they are conditioned<br />

and sold, it was collected 15 samples in food stores<br />

in the city of Recife. The microbiological analysis<br />

carried out on these samples consisted of: the<br />

calculation of the number of the most probable<br />

{o{al and {olerall! colU(J/'Ills the standard countig<br />

on glass sIides of mesophilic bacterias, mold and<br />

veast and the search of the presence of Sallllo/lella<br />

sp, SflIphylococus aureus. Pseudol11o/las<br />

ael'l/gil/osa. Eight out the fi fteen samples were<br />

conditioned ai ambient temperature and seven were<br />

refrigerated. One of the main results of the analysis<br />

was that 66,66c7c, of the samples presented wtal<br />

colif(lJ'Ills. Half of them presented 3 2Ax 10' {o{{1!<br />

Ta bela 1 - Resultados das análises microbiológicas do queijo manteiga comercializado à temperatura<br />

ambiente e sob refrigeração, em Recife PE<br />

Amostra Co I ijil/'ll/e.l' Colijilrllle.\' Bactérias Bolores e S/aphylococlI.I' Sallllollella P.I'eI Ic!O/I/O//(/.\·<br />

/owi.l' Te r/l/o{o!er(lIl/e.l' Mesófilas Leveduras allrellS .I'pell/ 25g aerllgil/o.\'a<br />

(NMP/g) (NMP/g) (UFC/g) (UFC/g) Aus/Pres Aus/Pres ( NMP/g)<br />

32.4x I0' 9.0x I0' 6.9 xlO'1 7.2 xlO) + 5, I<br />

2 2.0x I0' 1 .5x 10) 3,lxI0·1 2, Ix 10) + + 0.0<br />

3 2.0xI0' 2,Ox I0" 9,8x 10 . 1 1,9x I0' + + 0.2<br />

4 2,Ox I0' 2,Ox I0' > 16,0 > 16,0 + + 5.1<br />

5 0.0 0,0 3.6x 1 0.1 6,Ox 101 + 0.0<br />

6 4,3xI0) 4.0x I0" I ,3x 10' 2,Ox 101 + 0.0<br />

7 0,0 0,0 1 .2x I 04 5,8x 101 + 0.0<br />

8 3.9xI0) 4,Ox 102 2,3xI0" 1,3xI 0·1 + 0.0<br />

9 2.0x I0' 0,0 > 16,0 7,4x I0·1 0,0<br />

10 9,Ox 102 0,0 > 16,0 8,7x I0) + 0.0<br />

11 0.0 0.0 1,96x I0" 6,Ox I0) + 0,0<br />

12 0.0 0.0 5,2xI 0·1 8.5x102 + 4 ,0<br />

13 9.3x 10) 1,5xI0) > 16,0 5,8x 101 + + 4.0<br />

14 0.0 0,0 2,18x 10) 2,5xI0) + + 0.0<br />

15 2.0x I0) 0,0 > 16,0 2,3xI0" + + 3.0<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

colifor11lS and the remaining had values ranging<br />

between 9,Oxl02 and 9,0 xIO·\ Also, 46% of the<br />

samples were contaminated by thermo tolerant<br />

colifo rms, in which, 13,33% presented values 3<br />

2,Oxl 05 and , 33,33% had values ranging between<br />

4,Oxl02 and 1,5xl03• The counting of bacteria's<br />

colonies forming units (CFU) resulted ina value<br />

above 106 CFU/g in 33,33% of the samples. For<br />

mold and yeast counti ng, the values were above<br />

105 CFUlg. AIso, it was detected the presence of<br />

Salmo/lella sp and Pseudol1lo1las aeruginosa in<br />

40% of the samples and Staplzylococus aureus in<br />

86,66%. Thus, in the microbiological viewpoint,<br />

the analysed samples were not proper for<br />

consumptio. It is necessary to take actions to<br />

improve the sanitary conditions for handling,<br />

storing and seIling this product.<br />

Key words: butter cheese, microbilogical<br />

analysis-cheese.<br />

6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

BORTOLETO, E. E.; CROCETTA, 1.; NOGUEIRA,<br />

J. R. Leite: realidade e perspectivas. São Paulo: SAA,<br />

1997. (Coleção de cadeias de produção de<br />

agricultura).<br />

FERREIRA, L.G. ;TELLES, F.J.S.; BENEVIDES,<br />

S.O. Perfil do teor de gordura em diferentes<br />

queijos comercializados em Fortaleza. In:<br />

Congresso Brasileiro de Ciências e Tecnologia<br />

dos Alimentos. Livro de Resumo. Fortaleza:<br />

SBCTA, p. 3 - 60. 2000<br />

• • •<br />

FURTADO, M.M. A arte e a ciência do queijo.<br />

São Paulo, Editora Globo, 1991<br />

INTERNATIONAL COMMISSION ON<br />

MICROBIOLOGICAL SPECIFICATIONS FOR<br />

FOODS - ICMSF. Microrganismos de los<br />

alimentos: Su significado y métodos de<br />

enumeración. 2a ed, Zaragoza, Espana. Editorial<br />

Acribia, S.A. voI. I, 2000, 439 p.<br />

JASSEN ESCUDERO, C.; RODRIGUEZ -<br />

AMÁ YA, D.B. Composition of the brasilian<br />

cheese "requeijão do norte". Journal of Food<br />

Science, Chicago, V. 46, n. 3, p. 917 - 919,<br />

May/June, 1981.<br />

LERAYER, A.L.S.; CARVALHO, A.F. Requisitos<br />

microbiológicos de queijos: portaria n° 146. In:<br />

Legislação de produtos lácteos e de alimentos<br />

para fins especiais diet, Iight e enriquecidos. São<br />

Paulo: [s.n], 1998.<br />

LIMA, J.R.; NASSU, R.T. ; BORGES, M.D.F.<br />

Avaliação microbiológica de queijo de coalho, queijo<br />

de manteiga e manteiga da terra produzidos nos<br />

Estados do Ceará e Rio Grande do Norte. Higiene<br />

Alimentar, vol. 16, n° 99, agosto, pág. 57-66.<br />

MARQUES, A.V.M.S. Efeito da pasteurização do<br />

leite para a fabricação de queijo coalho sobre a<br />

biota contaminante e constituinte químico.<br />

2000. Dissertação (Mestrado em Ciência e<br />

Tecnologia de Alimentos). Universidade Federal<br />

da Paraíba, João Pessoa, PB.<br />

VENTURA, R.F. Requeijão do Nordeste: tipos e<br />

fabricações. Revista do Instituto de Laticínios<br />

Cândido Tostes, Juiz de Fora, v. 42, n. 254, p. 3<br />

21, 1987.<br />

• • • •<br />

DETECÇÃO DE FRAUDE EM LEITE POR ADiÇÃO DE ETANOL<br />

Fraud detection in milk for addition of ethanol<br />

Mestre em Microbiologia Agrícola. Universidade Federal de Viçosa.<br />

2 Bacharel em Ciência e Tecnologia de Laticínios. Universidade Federal de Viçosa.<br />

3 Mestranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos. Universidade Federal de Viçosa.<br />

4 Professor do Departamento de Tecnologia de Alimentos. Universidade Federal de Viçosa.<br />

digitalizado por<br />

Mauricio de Oliveira Leite 1<br />

Carlos Henrique Baltazar de Castro2<br />

Ana Cláudia Lopes Fontes3<br />

Sebastião César Cardoso Brandão4<br />

Pág. 245<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />

RESUMO<br />

Um produto contendo alta concentração de álcool (aqui denominado "Concentrad '<br />

Alcoólico") está sendo oferecido no merc ado para ser usado como reconstituinte dO<br />

crioscopia após a adição de água. A recomendação de uso é adicionar 3% (v/v) d<br />

"


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />

Quadro 2 - Resutados de análises físico-químicas do leite após a adição de diferentes concentrações<br />

da "Agua Alcoolizada" e valores de referência (IN 51/2002 - MAPA)<br />

Volume de "Água Alcoolizada"<br />

Análises Adicionado em % (v/v) Va lores de<br />

Referência<br />

0,0 5,0 10,0 15,0<br />

SNG (g/l OOmL)<br />

MG (g/ l OOmL)<br />

D (g/mL)<br />

IC (OH)<br />

Acidez (g ác.<br />

Lático/ I OOmL)<br />

8,76<br />

3,08<br />

1,03 1<br />

0,536<br />

0, 15<br />

8,32<br />

2,94<br />

1,029<br />

-0,539<br />

0, 15<br />

7,93<br />

2,77<br />

1,028<br />

-0,544<br />

0, 13<br />

7,61<br />

2,55<br />

1,026<br />

-0,549<br />

0, 13<br />

mínimo 8,4<br />

3,0<br />

1,028 a 1,034<br />

máximo -0,530<br />

0, 14 a 0, 18<br />

pH 6,70 6,7 1 6,73 6,75<br />

0= densidade relativa à ISoC; MG= matéria gorda; IC= índice crioscópico; SNG= sólidos não gordurosos;<br />

4 - CONCLUSÃ O<br />

Considerando que o "Concentrado<br />

Alcoólico" foi enviado por representantes do<br />

setor lácteo, fica evidente que a fraude por adição<br />

de etanol em leite é uma prática já adotada. A<br />

alta sensibilidade do método oficial para análise<br />

de fraude de leite com água e etanol capaz de<br />

detectar 0,2% torna inviável essa prática ilegal.<br />

O método é barato, simples e rápido. O leite<br />

adicionado de 5% e 10% (v/v) da "Água<br />

Alcoolizada" apresentou pequenas alterações nas<br />

suas características normais que dificilmente<br />

condenariam o produto "in natura" em análises<br />

de rotina nas plataformas de recepção dos<br />

laticínios no Brasil. A adição de 5,0% de "Água<br />

Alcoolizada" ao leite reduziu o teor de SNG<br />

colocando-o fora dos padrões de identidade d<br />

leite pasteurizado tipo C. A densidade do leite só<br />

fi cou fora dos padrões de identidade com adição<br />

de concentrações acima de 10%. A crioscopia e<br />

o pH não conseguiram demonstrar a existência<br />

da fraude em todas as concentrações utilizadas<br />

nesse trabalho. Sugere-se maior fi scalização e<br />

rigor nas penalidades pelos órgãos competentes<br />

aos estabelecimentos fraudadores e maior<br />

atenção nas indústrias de laticínios no momento<br />

da recepção da matéria-prima e, principalmente,<br />

que adotem a análise de detecção de álcool como<br />

análise de rotina nos seus procedimentos<br />

laboratoriais.<br />

SUMMARY<br />

A product conta1l11ng high concentration<br />

of ethanol (here denominated "Alcoholic<br />

Concentrate") is being offered at the market to<br />

be used as crioscopy correcteur after the addition<br />

• • •<br />

of water. The recommendation is to add 3% (v/<br />

v) of the "Concentrate Alcoholic" in water,<br />

which presents crioscopy of -0,540oH. The<br />

"Alcoholized Water" is then added to the milk,<br />

to accomplish the fraud, in proportions that can<br />

arrive up to 30%. The objective of this work<br />

was to establish the minimum limit of detection<br />

of the ethanol presence in frauded milk and to<br />

evaluate the physiochemical alterations caused<br />

by the addition of different ethanol<br />

concentrations to correct the crioscopy. The<br />

results demonstrated high sensitibility of the<br />

detection method, capable to detect 0.2% of<br />

the addition to the milk of the "Alcoholized<br />

Water". The method of analysis is simple, cheap<br />

and fast. As for the index crioscopic, ali 01' the<br />

samples presented values above the established<br />

minimum for (-0,5300H) of the Ministry of the<br />

Agriculture and in the interval considered<br />

normal for the milk (-0,530 to -0,5500H).<br />

Key-words: Fraud, Ethanol Detection,<br />

Milk, Crioseopy.<br />

REFERÊNCIA<br />

JB - JORNAL DO BRASIL. Leite adulterado<br />

vendido em Brasília. Disponível em hllp:11<br />

www.mj.gov.br/D PDC/c I i ppi ng/2003/abri Ii<br />

250403.htm#Leite. Acesso em maio de 2005.<br />

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA<br />

E ABASTECIMENTO. Portaria 51 N°. 22, de<br />

14 de abril de 2003. Métodos Físico Químicos<br />

para Controle de Leite e Produtos Lácteos. 150p.<br />

Nova Legislação de Produtos Lácteos. Revista<br />

Indústria de Laticínios. P 171-207. São Paulo.<br />

2002.<br />

• • •<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

INTERAÇÕES ENTRE PREBIÓTICOS E 81FID08A CTERIUM LA C TIS 88- 12 EM MEIO A<br />

BASE DE SORO<br />

Prebiotics and 8ifidobacterium lactis 88-12 interactions in a base whey medium<br />

1 _ INTRODUÇÃ O<br />

Probióticos são suplementos microbianos<br />

vivos que promovem benefícios a saúde do Trato<br />

Gastrointestinal (TGI), nos ecossistemas<br />

respiratórios e urogenital, podendo ativar o<br />

sistema imune e melhorar a utilização de lactose<br />

em pacientes que apresentam intolerância a esse<br />

carboidrato (NICOLl & VIEIRA, 2000; WANG<br />

et ai, 20(3). Para que sejam consideradas<br />

probióticas, as bactéri as devem: possuir<br />

identificação taxonômica, ser de origem humana,<br />

apresentar altas contagens ( 10ó 10M célulaslg<br />

ou mL ), sobreviver, proliferar e estimular a<br />

atividade metabólica no TGI, (SHORTT, 2000;<br />

SARON, 2003). Um dos probióticos mais<br />

estudados é o BUidobacterillm sfJfJ, por conferir<br />

múltiplo benefícios ao hospedeiro, adicionado a<br />

leites fe rmentados ou outros produtos,<br />

combinado ou não a prebióticos (HATTING, A.<br />

L.; VILJOEN, B. C., 2(01 ).<br />

Bifidobactérias são microrganismos Grampositivos,<br />

imóveis, não esporulados e anaeróbios<br />

(SALMINEN & WR IGHT, 1993) e possuem<br />

propriedades probióticas, nutritivas e terapêuticas.<br />

O efeito probiótico, ocorre somente se o<br />

microrganismo sobreviver ao trânsito através do<br />

TG !. Quando em número suficiente, a bifidobactéria<br />

mantém um balanço favorável entre a<br />

população benéfica e os microrganismos<br />

potencialmente prejudiciais no TGI (WENRONG<br />

& MANSEL, 20(0).<br />

Prebióticos são suplementos não digeríveis<br />

na dieta, que estimula o crescimento e/ou<br />

atividade de microrganismos benéficos e inibe<br />

potenciais bactérias nocivas. Os prebióticos mais<br />

comuns não digeríveis são frutoligossacarídeos<br />

(FOS) e a inulina (LAINE et ai, 2(03). A goma<br />

Nobrega, L. 0.1<br />

Matsubara, 8. T.2<br />

Castro-Gomez, R. J. H.3<br />

Garcia, 8.4<br />

acácia classifica-se como fibra solúvel de baixa<br />

viscosidade e atua principalmente na fisiologia<br />

humana, através da microbiota e da produção de<br />

ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) (CNI,<br />

20(0). Além do efeito prebiótico, causa aumento<br />

do volume fecal e faeilita a expulsão das fezes.<br />

Entre as bactérias probióticas, os gêneros<br />

Bacteroides, Bifidobactérias e Lactobacilos, são<br />

particularmente estimulados pela goma acácia<br />

(CNI, 2000; MICHEL et aI, 1998).<br />

Foi observado que a prévia exposição de<br />

bífidas a produtos base contendo aveia, aumenta<br />

a capacidade de aderência ao tecido colônico de<br />

algumas linhagens teste, podendo portanto a<br />

aveia, ser também utilizada como prebiótico<br />

(LAINE et ai, 20(3).<br />

O objetivo do trabalho, fo i analisar a<br />

interação entre prebióticos (inulina, oligofrutose,<br />

goma acácia e aveia) e peptona de<br />

caseína com o probiótico, definindo um meio a<br />

base de soro de leite reconstituído otimizado para<br />

o desenvolvimento de B lactis Bb- 12.<br />

2 - MATERIAIS E MÉTODOS<br />

Aluna de M estrado do Programa de Ciência e Tecnologi a de Alimentos-UEL;<br />

2 Aluna de I niciação Científica-UEL;<br />

:I Prof. Dr. do Depto. de Tecnologia de Alimentos e Medicamentos-UEL;<br />

4 Prol .... Ora. Do Depto. De Tecnologia de Alimentos e Medicamentos- UEL.<br />

digitalizado por<br />

2.1 -I'robiótico e prebióticos e preparo do<br />

inócuIoA cultura de B. tactis Bb-12 foi<br />

cedida pela Chr. Hansen. Os prebióticos<br />

utilizados foram aveia com alto teor de<br />

B-gIucana (Red Mills), inulina<br />

(RaftilineO, oligofrutose (RaftiloseO,<br />

goma acácia (Fibre GumO e peptona de<br />

caseÍna como fonte de nitrogênio.<br />

Foram transferidas alçadas da cultura de<br />

Bfid()bacteri1l1ll lactis Bb-12 liofilizada para 20<br />

arvoredoleite.org


mL de caldo MRS esterilizado a 121°CI 15<br />

minutos. A cultura foi incubada a 37°CI 24 horas<br />

sob anaerobiose (Anaerobac). Foram realizadas<br />

duas repicagens, adicionando-se 2% do inóculo<br />

ao caldo MRS estéri l. A biomassa separada<br />

através de centrifugação a 4°CI 15 minutos,<br />

lavada e ressuspensa em 5 mL de tampão fosfato.<br />

2.2 - Preparo do soro de leite, fontes de<br />

Carbono e fonte de Nitrogênio<br />

Amostras contendo soro de leite a 4,5%<br />

(p/v) como meio base e tratado termicamente a<br />

85°CI 11,5 minutos, foram adicionadas de<br />

peptona de caseína, inulina, oligofrutose, goma<br />

acác ia e aveia, tratados previamente a 121 °CI<br />

15 minutos, em concentrações de 0,5% e 5,0%,<br />

conforme desenho experimental 2**[k-p],<br />

ilustrado na Tabela ° I do Programa Statística<br />

5.0. A biomassa ressuspensa em 5 mL de tampão<br />

fosfato e diluída até aproximadamente 10.1 ufcl<br />

mL, foi adicionada na proporção de 1 % aos<br />

tubos, seguido de incubação a 37°CI 72 horas em<br />

anaerobiose e fe ita a contagem bacteriana em<br />

ágar MRS sob as mesmas condições.<br />

2.3 - Otimização do meio a base de soro de<br />

leite reconstituído, goma acácia e inulina<br />

Para a definição do meio otimizado a base<br />

de soro de leite reconstituído, utilizou-se um<br />

desenho experimental fa torial 3 * * [k-p],<br />

ilustrado na tabela 02 do programa Statística<br />

5.n. Tubos contendo soro de leite reconstituído<br />

a 4,5% (p/v), tratado termicamente a 85°CI Ii ,5<br />

minutos, fo ram adicionados de inulina e goma<br />

acácia esterilizados a 121°CI 15 minutos, em<br />

concentrações de 1,75%; 2,75% e 3,75% e de<br />

0,5%; 1,5% e 2,5%, respectivamente. A biomassa<br />

ressuspensa em 5 mL de tampão fosfato, e diluída<br />

a aproximadamente 10.1 ufcl mL, foi adicionada<br />

aos tubos na proporção de I %, seguido de<br />

incubação a 37°CI 72 horas sob anaerobiose e<br />

fe ita contagem bacteriana em agar MRS a 37°CI<br />

72 horas em condições anaeróbicas.<br />

1 - RESULTA DOS E DISCUSSÂ O<br />

1.1 - Interação entre prebióticos e<br />

Bifidobacteriu11l lactis Bb-12 em meio a<br />

base de soro de leite reconstitu ído.<br />

Na Tabela 03 (b) pode-se observar os efeitos<br />

da interação entre prebióticos e B. lactis Bb-12,<br />

sendo que a inulina e a oligofrutose apresentaram<br />

efeito positivo, indicando uma favorável interação<br />

do prebiótico com o microrganismo. A aveia com<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

alto teor de b-glucana, também favoreceu o<br />

desenvolvimento do probiótico. Outros autores<br />

utilizando meio a base de aveia, encontraram<br />

valores aproximados de I x I 07 ufcl mL, para B.<br />

ado[escelltis, B. /Ollglllll e B. factis após 24 horas<br />

de fermentação, comprovando o efeito<br />

bifidogênico da aveia (LAlNE et ai, 2(03). Segundo<br />

HATTINGH et ai., (2001), a adição de prebióticos<br />

assegura crescimento de Bifidobacterilllll na ordem<br />

de I x I O ufc/mL em produtos lácteos, por servirem<br />

de fonte de carbono para estes microrganismos.<br />

Em relação a fonte de nitrogênio, a interação foi<br />

igualmente favorável ao crescimento de B. !actis<br />

Bb-12, indicando ter um efeito como ingrediente<br />

em formulações para a obtenção de altas contagens<br />

de bifidobactérias. Na Tabela 03 (a) observa-se<br />

ainda, uma variação da resposta na faixa de 107 a<br />

10'1 ufc/mL.<br />

Por outro lado, a goma acácia quando<br />

testada isoladamente, demonstrou um efeito<br />

negativo, sendo que, quando adicionada à inulina,<br />

promoveu o crescimento de B. lactis B b- 12,<br />

apresentando o melhor resultado entre todas as<br />

interações. Em função do resultado obtido neste<br />

experimento, utilizou-se um novo desenho<br />

experimental para estudar o efeito conjunto da<br />

goma acácia e inulina sobre o B. lactis Bb-12.<br />

3.2 - Definição do meio otimizado a base de<br />

soro de leite reconstituído, adicionado<br />

de goma acácia e inulina para o<br />

crescimento de BifidobacteriulIl lactis<br />

Bh-12.<br />

Con forme apresentado na Figura ° I , observase<br />

que nos extremos de concentrações de inulina<br />

(aproximadamente 1,7% e 3,8%) e goma acácia<br />

(aproximadamente 0,3% e 2,8%) no experimento<br />

de otimização, foram obtidos os resultados de<br />

maiores contagens bacterianas. A Tabela 04 por outro<br />

lado, indica os valores esperados de contagens<br />

bacterianas calculados a partir do modelo matemático<br />

variando-se as concentrações de inulina e<br />

goma acácia dentro dos extremos. Observa-se<br />

maiores resultados com valores de 0,3% de goma<br />

acácia e 1,65% de inulina ou 0,3% de goma acácia e<br />

3,95% de inulina em formulações a base de soro<br />

deleite. Portanto, por questões econômicas, a<br />

melhor opção seria a primeira.<br />

4 - CONCLUSÃ O<br />

A interação de BUtdobacteriulIl /{[ctis Bb-<br />

12 com fontes de carbono e fonte de nitrogênio,<br />

apresentou altos números de ufc/mL em<br />

concentrações de 0,5% e 5,0%. A inulina,<br />

oligofrutose, aveia e peptona de caseína, quando<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

consideradas isoladamente, foram eficientes no<br />

desenvolvimento do probiótico estudado, exceto<br />

a goma acácia, que apresentou efeito no<br />

desenvolvimento da B. lactis Bb-12 somente<br />

quando interagindo com a inulina.<br />

O meio a base de soro formulado com 1,65%<br />

de inulina e 0,3% de goma acácia, apresentou um<br />

efeito favorável sobre o crescimento de<br />

B(fidobacterilllll !actis Bb-12 (9,8x I OH ufc/mL),<br />

podendo ser utilizado como meio alternativo para<br />

o probiótico, em formulações que necessitem<br />

altas contagens deste microrganismo.<br />

ABSTRACT<br />

Probiotics promote beneficiai effects to<br />

human and animal gastrointestinal tracL<br />

Bfidobacterilllll spp cause multiple benefits to<br />

the host and it can be added to fermented milks<br />

or dairy products with or without prebiotics.<br />

Nondigestible oligosaccharides have been described<br />

as beneficiai to colonic micro flora among them<br />

frutoligosacharides (FOS) Iíke inulin are frequently<br />

used, but also oligo and polysaccharides. Acacia<br />

gum, a low viscosity soluble fiber is used selectively<br />

by probiotic bacteria producing SCFA . Previous<br />

exposure of B(fidobacterium spp to oat products<br />

causes an increase in ability adherence to<br />

epithelial colonic ceIls. The B(fidobacteriull1 spp<br />

growth in different prebiotics was made using<br />

factorial experi mental design 2**[K-p). two<br />

leveI variation of Statistica vers ion 5.0.<br />

Reconstituted whey (4,5% w/v) was heat treated<br />

to 85°C/l 1 minutes and added to casein peptone,<br />

inulin, oligofrutose, acacia gum and high b-glucan<br />

oat at concentrations of 0,5 and 5,0%, according<br />

experimental design and previously treated for<br />

121 °CI 15 minutes. After inoculation of 1%<br />

cultivated B. lactis Bb-12 (lO 3 CFU/mL) in MRS<br />

broth, the tubes were anaerobically incubated in<br />

37 °CI 72 hours and bacterial counts on MRS<br />

Agar on the same conditions. The results and<br />

interactions indicated that Raftilineâ, oat and<br />

Raftiloseâ showed a positive effect towards growth<br />

of B.lactis Bb-12 ,with average counts of Ix 10<br />

CFU/mL while acacia gum alone showed negative<br />

effect. Considering nitrogen source the effect<br />

was benefic. A base whey medium was optimized (<br />

0,3% w/v acacia gum and 1,65% w/v inulin).<br />

Key words: probiotics, inulin, accacia<br />

gum, b-glucan.<br />

Tabela 2 - Desenho experi mental fatorial<br />

3**[k-p)<br />

EXP. INULINA GOMA ACÁCIA<br />

2<br />

3<br />

4<br />

5<br />

6<br />

7<br />

8<br />

9<br />

1,0<br />

-1,0<br />

-1,0<br />

0,0<br />

0,0<br />

0,0<br />

1,0<br />

1,0<br />

-porcentagem das fontes de carbono<br />

Tabela 1 - Desenho experimental 2**[k-p] em dois níveis de variação.<br />

EXP AVEIA INULINA OLIGOFRUTOSE PEPTONA<br />

DE CASEÍNA<br />

5,0 5,0<br />

2 5,0 5,0 5,0 0,5 0,5<br />

3 5,0 5,0 0,5 5,0 0,5<br />

4 5,0 5,0 0,5 0,5 5,0<br />

5 5,0 0,5 5,0 5,0 0,5<br />

6 5,0 0,5 5,0 0,5 5,0<br />

7 5,0 0,5 0,5 5,0 5,0<br />

8 5,0 0,5 0,5 0,5 0,5<br />

9 0,5 5,0 5,0 5,0 0,5<br />

10 0,5 5,0 5,0 0,5 5,0<br />

lI 0,5 5,0 0,5 5,0 5,0<br />

12 0,5 5,0 0,5 0,5 0,5<br />

13 0,5 0,5 5,0 5,0 5,0<br />

14 0,5 0,5 5,0 0,5 0,5<br />

15 0,5 0,5 0,5 5,0 0,5<br />

16 0,5 0,5 0,5<br />

*porcentagem fontes de carbono e nitrogênio<br />

digitalizado por<br />

-1,0<br />

0,0<br />

1,0<br />

1,0<br />

0,0<br />

1,0<br />

-1,0<br />

0,0<br />

I<br />

Pág. 251<br />

arvoredoleite.org


Tabela 3 - (a) Contagem bacteriana em log (ufcl<br />

mL) e (b) principais efeitos e<br />

interações entre prebióticos, fonte de<br />

nitrogênio e B. lactis Bb-12 segundo<br />

Programa Statistica versão 5.0.<br />

EXP. (a)<br />

I<br />

2<br />

3<br />

4<br />

5<br />

6<br />

7<br />

8<br />

Log(ufc/ml)<br />

9,92427<br />

9,51851<br />

8,30102<br />

8,92427<br />

9,99563<br />

8,04139<br />

8,59106<br />

8,23044<br />

INTERAÇ ÕES (b)<br />

(I) AVEIA<br />

(2) RAFTILlNE<br />

(3) GOMA ACÁCIA<br />

(4) RAFTILOSE<br />

(5) PEPTONA DE CASEÍNA<br />

I by 2<br />

I by 3<br />

1 by 4<br />

1 by 5<br />

2 by 3<br />

2 by 4<br />

2 by 5<br />

3 by 4<br />

3 by 5<br />

3,0<br />

2,6<br />

2,2<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

EXP.<br />

9<br />

10<br />

I I<br />

12<br />

13<br />

14<br />

15<br />

16<br />

Log(ufc/ml)<br />

9,46239<br />

8,92427<br />

8,66275<br />

8,30102<br />

7,70757<br />

0,00000<br />

8,30102<br />

9,5 1851<br />

EFEITO<br />

1,3 3113<br />

1,45411<br />

- 0,6570 I<br />

1,18591<br />

1,02301<br />

-1,00 172<br />

1,51526<br />

-0,66 157<br />

-1,16416<br />

1,567 10<br />

-1,01532<br />

-0,80985<br />

1,46551<br />

0,38223<br />

FiUed Surface; Variabla: RESULT_C<br />

2 Solaval factors, 1 Blocks, 9 Runs; MS Residual=,67321 14<br />

DV: RESULT_C<br />


o crescimento desse mercado foi impulsionado,<br />

entre outros fatores, pelo desenvolvimento<br />

do turismo nas praias nordestinas, criando<br />

a possibilidade de ser comercializado nessa forma<br />

nas demais áreas litorâneas do país. Nas cidades<br />

litorâneas e interioranas do Nordeste a maioria de<br />

consumidores e turistas prefere o tradicional queijo<br />

coal hado e prensado aos queijos argentinos e<br />

europeus. Essas ocorrências vêm sustentando uma<br />

série de atividades alternativas de processamento<br />

e comercialização de queijos na região (CERDAN<br />

et aI.,1 999).<br />

O queijo de coalho assado comercializado<br />

nas praias nordestinas, geralmente, é procedente<br />

de lotes de produtos artesanais, que chegam até<br />

o litoral sem os cuidados preconizados de higiene<br />

e de conservação. A transformação do produto é<br />

feita no local, ou seja, ao longo das praias com<br />

auxílio de fogareiros de lata tendo o carvão como<br />

fonte de energia.<br />

A somatória de processos inadequados<br />

observados até a comercialização do queijo de<br />

coalho assado, pode acarretar alterações na<br />

qualidade do produto fi nal, com contaminações<br />

de ordem microbiológica. O trabalho teve como<br />

objetivo a avaliar da qualidade microbiológica<br />

do queijo de coalho assado comercializado no<br />

município de Aracaju/SE.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

Foram recolhidas 17 amostras de queijo de<br />

coalho tratado termicamente nos principais<br />

pontos de comercialização do município de<br />

Aracaju/SE no período de 60 dias. As amostras<br />

foram procedentes de queijo de coalho submetido<br />

à cocção, com auxílio de fogareiro de carvão<br />

durante 3 minutos, atingindo urna temperatura<br />

média inte rna de 55,5°e. O material fo i<br />

acondicionado em sacos plásticos de primeiro uso,<br />

armazenado em caixa isotérmica e refrigerado<br />

(18°C) durante 24 horas. Posteriormente, fo i<br />

encaminhado para o laboratório de Defesa Animal<br />

do Departamento de Desenvolvimento<br />

Agropecuário - DEAGRO. As amostras fo ram<br />

submetidas às análises de Contagem de Coliformes<br />

totais e fecais (NMP/g) e determinação de<br />

SwphY{OCOCCllS sp (UFC/g) de acordo com<br />

LANARA (BRASIL, 1981). Os resultados foram<br />

comparados com os padrões estabelecidos na<br />

legislação vigente (BRASIL, 2002).<br />

3 • RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Os resultados relat"ivos às análises microbiológicas<br />

nas amostras de queijo de coalho<br />

tratado termicamente são visualizados na Tabela I.<br />

Pág. 254<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Tabela 1 - Contagem de Coliformes totais,<br />

fecais e de Staphy{ocOCCllS sp .<br />

isolados nas amostras de queijo de<br />

coalho submetido a tratamento<br />

térmico.<br />

Amostra Staphylococcus Coliformes Coliformes<br />

sp (UFC/g) totais fecais<br />

(NMP)<br />

OI 4,5 x 104<br />

02 8,0 x 105<br />

03 7,0 x 104 104 104<br />

04 6,5 x 104 103x 105 1,9 x 105<br />

05 8,0 x 105<br />

06 4,3 x 104 4,6 xlOó 105<br />

07 3,9 x 104 2,4 X lO' 1,9 xlO'<br />

08 2,9 x 105 1,1 X lO'<br />

09 4,5 x 104 1,5 x 1 0ó I, I xl07<br />

10 1,0 X 105 lO' 2,3 x 10"<br />

li 2,8 x 10 .1<br />

12 2,6 x 1 04 1,1 xl07 1,1 xl07<br />

13 10.1 1,1 x I 07 1,1 x I 07<br />

14 1,1 x 10ó 1,1 x I 07<br />

15 5,1 x 104 1,1 x I 07 1,1 X 107<br />

16 2,5 x 10' 1,5 x I OI> 1.1 X 107<br />

17 1,0 x 104 1,1 xl07 1,1 x 107<br />

Os resultados indic aram que 94% das<br />

amostras apresentaram contaminação por<br />

Staphy!ocOCCllS sp. com valores acima do<br />

permitido pela legislação. De acordo com os<br />

padrões estabelecidos pela ANVISA (2002), a<br />

contagem máxima de Stophy{ococclIs sp é na<br />

ordem de 10' UFC/g. Souza et aI., (2003), ressalta<br />

que a temperatura de crescimento e produção de<br />

toxinas para a maioria das Staphy{ococclIs varia<br />

de 7 - 48°C, com pH variando entre 4 - 10, com<br />

a ressalva que, a toxina estafilocócica é bastante<br />

termoestável, não sendo inativada por regimes<br />

de cocção padrão. Por outro lado, o microrganismo<br />

é inativado rapidamente pelo calor<br />

numa temperatura de 65,5°C durante 0,2 - 2,0<br />

minutos (FORSYTHE, 2002). A presença desses<br />

microrganismos em produtos lácteos pode ser<br />

considerado como indicador de contaminação<br />

oriunda das fossas nasais, boca e pele de<br />

manipuladores, podendo causar intoxicações<br />

alimentares (ROITMAN, et aI., 1988).<br />

Os resultados da contagem de colifo\'mes<br />

totais indicaram valores mínimos de 1,0 x 10' e<br />

máximo de 1, I x 107 UFC/g. O índice de<br />

coliformes totais avalia as condições higiênicas<br />

de processamento, com a maioria desses<br />

microrganismos encontrada no meio ambiente,<br />

com limitada relevância higiênica (HITCHINS<br />

et. aI., 1996). A contagem de coliformes pode<br />

ser útil em testes de contaminações pós-<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

processamento, devido ao fato dos coliformes<br />

serem destruídos com certa facilidade pelo calor.<br />

A determinação de coliformes fecais nas<br />

amostras positivas para coliformes totais<br />

revelou valores maiores que 102/g. Portanto,<br />

100% das amostras encontram-se fora dos<br />

padrões oficiais para alimentos processados<br />

(tolerância máxima de 102/g) (BRASIL, 2002).<br />

O índice de coliformes fecais é empregado como<br />

indicador de contaminação fecal e avalia as<br />

condições higiênico-sanitárias deficientes, visto<br />

presumir-se que a população deste grupo é<br />

constituída de uma alta proporção de E. coli (<br />

HITCHINS et. aI., 1996).<br />

4 - CONCLUSÃ O<br />

Das amostras analisadas de queijo de<br />

coalho submetido à cocção, 83% estão fora dos<br />

padrões microbiológicos estabelecidos na<br />

legislação para alimentos processados. A presença<br />

de microrganismos patógenos é indicio de li ma<br />

manipulação inadequada sob precárias condições<br />

de higiene nas diferentes etapas de fabricação,<br />

transformação e de comercialização.<br />

Os índices elevados de coliforme total, fecal e<br />

de Staphy{ococclIs sp demonstram que a temperatura<br />

empregada na cocção do queijo de coalho não é<br />

eficiente para eliminação dos microrganismos.<br />

ABSTRACT<br />

The cheese type curdle presents great<br />

acceptance with equal use in the typical cooking<br />

oI' the Northeast region. lt enters the diverse forms<br />

oI' consumption have the baked cheese, wide<br />

commercialized in beaehes northeasterns. In<br />

general the product proceeds from lots<br />

manufactured and commercialized without the<br />

praised cares of hygiene and conservation. The<br />

addition of inadequate processes, since the<br />

at!ainment of milk until the commercialization<br />

oI' the baked curdle cheese, can cause alterations<br />

the fi nal product quality, subject to contaminations<br />

of different orders. The work had as objective to<br />

evaluate the microbiological qllality of the cheese<br />

curdle type thermal treat, commercialized in<br />

Aracaju city. For in such a way, 17 samples of the<br />

product collected in different points and submitted<br />

to the cOllnting had been analyzed standard in plates<br />

of Staplzy{ococclIs sp.(UFC/g) and Co{(lormes<br />

sp.(NMP/g) in the Laboratory of Animal Defense<br />

the Sergipe- DEAGRO, using the parameters of<br />

LANARA (2002). The results had indicated that<br />

83% of the samples met outside of the standards<br />

• • • •<br />

digitalizado por<br />

of microbiological control fo r foods of the<br />

National Division of Sanitary Food Monitoring<br />

(Brazil, 2002). The results had indicated that the<br />

thermal treatment to that the curdle cheese was<br />

submitted was not efficient in the elimination of<br />

the microbes determined in the study.<br />

Key-words: curdle cheese, thermal<br />

treatment, microbiological analysis.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGR Á FICAS<br />

BRASIL, Agência Nacional de Vigilância<br />

Sanitária. Resolução- rdc n° 12 de 02 de janeiro<br />

de 2002. Aprova o regulamento técnico sobre<br />

padrões microbiológicos para alimentos. [online]<br />

disponível na internet via URL: http://<br />

www.anvisa.gov.br/legis/resoI/1 2_0 I rdc.htm.<br />

Arquivo capturado em 06 de fe vereiro de 2005.<br />

CERDAN, C. T. ; SAUTlER, D. P. Construção e<br />

desenvolvimento dos territórios: o caso dos sistemas<br />

de produção localizados no Estado de Sergipe. In:<br />

PROJETO SIS TEMA AGROALIMENTAR<br />

LOCALIZADOS (SIAL) LIGADOS A PECUÁRIA<br />

LETEIRA NO NORDESTE DO BRASIL. Programas<br />

agriculturas Familiares. Paris: CIRAD/TERRA, 1999.<br />

FORSYTHE, S. 1. Microbiologia da<br />

Segurança Alimentar, I ed., São Paulo:<br />

Editora Artmed, 2002.<br />

HITCHINS, A.D.; HARTMAN, P. A.; TO DD,<br />

E.C.D. Compendium of methods for the<br />

microbiological examination oI' foods :<br />

Coliforms-Escherichia coli and its toxins.<br />

3.ed. Washington : American Public Health<br />

Association, 1996. p. 325-369<br />

LABORATÓRIO NACIONAL DE REFERÊNCIA<br />

ANIMAL - LANARA. Métodos analíticos<br />

oficiais para controle de produtos de origem<br />

animal e seus ingredientes. I. Métodos<br />

microbiológicos. Brasília: 1993. 121 p.<br />

PIMENTEL, J.C.M. A Cadeia Produtiva do Leite<br />

no Nordeste: O setor Queijeiro. In:1 WORKSHOP<br />

DESENVOLV IMENTO DO SETOR QUEIJEIRO<br />

NO NORDESTE BRASILEIRO I :2003. Aracaju.<br />

Anais ... Aracaju, 2003.<br />

ROITMAN, 1.; TRAVASSOS, L.R.; AZEVEDO,<br />

J. L. Tratado de microbiologia. São Paulo:<br />

Mande, 1988.<br />

SOUZA, S.S; PELICIONI, M.e.F.; PEREIRA,<br />

I.M.T. B. A vigilância de alimentos corno<br />

instrumento de produção de saúde: Relato de<br />

experiência de ed ucação em saúde para o<br />

comércio varej ista de alimentos e construção de<br />

um projeto de parceria. Higiene Alimentar,<br />

São Paulo, n. 113, p. 33-37, 2003.<br />

• • • •<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />

AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS FíSICO-QuíMICOS, CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS<br />

(CCS) E DETECÇÃO DE RESíDUOS DE ATIBIÓTICOS NO LEITE. NOSSA SENHORA<br />

DA GLORIA - SE<br />

Evaluation of fisicalachemistry parameters, counting of somatic cells (ccs) and<br />

detention of residues antibiotic in the milk. Nossa Senhora da Glória - SE<br />

RESUMO<br />

Irinéia Rosa do Nascimento1<br />

Adailton dos Santos2<br />

Cristiane Otto Sá3<br />

José Luiz de Sá4<br />

Orlando Monteiro Carvalho Filhos<br />

Eder Cardoso de Oliveiras<br />

o presente trabalho teve como objetivo analisar parâmetros físico-químicos, Contagem de<br />

Células Somáticas (CCS) e detecção de resíduos de antibióticos no leite proveniente de<br />

sistemas de produção de leite orgânico, ecológico e convencional no município de Nossa<br />

Senhora da Glória/SE. Foram selecionadas 08 propriedades rurais de diferentes sistemas de<br />

produção e níveis tecnológicos. Foram coletadas de cada propriedade 12 amostras de leite<br />

cru em 6 repetições consecutivas. Os testes físico-químicos e CCS fo ram realizados no<br />

Laboratório de Qualidade do Leite da EMBRAPA-Gado de Leite. A determinação de resíduos<br />

de medicamentos veterinários foi realizada no Laboratório de Virologia Comparada da<br />

Universidade Federal de Sergipe. Os resultados foram comparados com os padrões<br />

estabelecidos pela Legislação vigente. A análise estatística constou da análise de variância,<br />

com médias comparadas através do teste de Tukey a 5%. Os resultados indicaram que os<br />

teores de gordura e de sólidos totais das amostras de leite provenientes dos diferentes<br />

sistemas estudados não diferem entre si. As amostras de leite proveniente de duas<br />

propriedades com sistema convencional apresentaram resíduos de antibióticos. As amostras<br />

obtidas na propriedade com utilização de sistema orgânico apresentaram o menor número<br />

de contagem de célu las somáticas.<br />

Palavras-chave: leite, CCS, análises físico-químicas.<br />

1 - INTRODUÇÃ O<br />

O leite é um alimento altamente propenso<br />

a alterações físico-químicas e microbiológicas<br />

decorrentes de diferentes fatores. A adoção de<br />

determinado sistema de produção e de suas<br />

práticas refl ete diretamente na qualidade do<br />

produto, em nível de propriedade.<br />

Zootecnista, ProF M.Sc. Curso de Medicina Veterinária - Faculdade Pio Décimo.<br />

2 Eng. Agrônomo, Universidade Federal de Sergipe - DEA.<br />

3 Méd. Veterinária. Dra Pesquisadora Embrapa - Semi-árido.<br />

4 Méd. Vetrinário. Dr. Pesquisador Embrapa - Semi-árido.<br />

5 Eng. Agrônomo, M. Sc. Pesquisador Embrapa - Semi-árido.<br />

6 Estudante. Curso Medicina Ve terinária - Faculdade Pio Décimo.<br />

Pág. 256<br />

').,. ," <<br />

Um dos fatores de qualidade do leite é<br />

determinado pela ausência de mastite bovina no<br />

rebanho (HEIDRICH et aI., 1980). A ocorrência<br />

de mastite é mais comum em propriedades que não<br />

adotam um manejo sanitário eficaz, com praticas<br />

higiênicas na obtenção do leite. A contagem de<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

célu las somáticas (CCS) é um dos parâmetros<br />

mais utilizados na detecção de mastites e na<br />

avaliação da qualidade do leite. Altas contagens<br />

de células somáticas podem alterar a composição<br />

do leite, provocando uma redução da gordura,<br />

caseína e sólidos totais, e um aumento do<br />

nitrogênio total , nitrogênio não protéico e<br />

proteínas (BENCINI et al., 1997). Assim como<br />

as baixas contagens microbianas, a ausência de<br />

resíduos de antibióticos no leite contribuiu para<br />

a qualidade do leite, já que tais substâncias podem<br />

provocar inibição de culturas lácteas utilizadas<br />

na fabricação de queijos e leites fermentados.<br />

Além disso, taxas de resíduos de antibióticos no<br />

leite são capazes de suscitar uma série de<br />

problemas relacionados com a saúde pública<br />

(MENDONÇA et aI., 200 I).<br />

O presente trabalho teve como objetivo<br />

avaliar a qualidade do leite proveniente de<br />

sistemas de produção orgânico, ecológico e<br />

convencional no município de Nossa Senhora<br />

da Glória/SE através da análise comparativa dos<br />

parâmetros físico-químicos (teores de gordura,<br />

proteína, lactose e sólidos totais), contagem de<br />

células somáticas (CCS) e detecção de resíduos<br />

de antibióticos no leite.<br />

2 " MATERIAL E M ÉTODOS<br />

O trabalho foi conduzido no município de<br />

Nossa Senhora da Glória, localizado no sertão<br />

sergipano, Foram selecionadas 08 propriedades<br />

de diferentes sistemas de produção de leite e<br />

manejo de ordenha, a saber: propriedade A -<br />

sistema orgânico e ordenha manual; propriedades<br />

B, C, D e G - sistema convencional e ordenha<br />

manual; pro priedade E - sistema agroecológico<br />

e ordenha manual; propriedades F e H - sistema<br />

convencional c ordenha mecânica.<br />

De cada propriedade fo ram coletadas 12<br />

amostras de leite cru, em 6 repetições consecutivas.<br />

As amostras de leite foram retiradas logo após a<br />

ordenha. As amostras destinadas aos testes físicoquímicos<br />

e CCS fo ram encaminhadas para o<br />

Laboratório de Qualidade do Leite da EMBRAPA<br />

gado de leite (CNPGL), Juiz de Fora/MG, onde foram<br />

determinados os teores de gordura (%), lactose (%),<br />

proteína (%), sólidos totais (%), utilizando o<br />

método infravermelho com auxílio do equipamento<br />

Bentley 2000. A Contagem de Células Somáticas<br />

(CCS) foi realizada através do Somacount 300. A<br />

análise de resíduos de medicamentos veterinários<br />

foi realizada no Laboratório de Virologia<br />

Comparada da Universidade Federal de Sergipe,<br />

seguindo os procedimentos recomendados pela<br />

Capilab, para uso do kit DevoItest® SP, com as<br />

amostras submetidas em banho-maria à temperatura<br />

de 64° C por 3 horas. Os resultados foram<br />

comparados com os padrões estabelecidos pela<br />

Legislação - Instrução Normativa n05 1 (BRASIL,<br />

2002). A análise estatística foi realizada através da<br />

análise de variância, e as médias comparadas através<br />

do teste de Tukey a 5%.<br />

3 - RESULTA DOS E DISCUSSÃO<br />

Os resultados das analises físico-químicos<br />

e da contagem de células somáticas (CCS) estão<br />

apresentados na Tabela 2.<br />

Os resultados indicaram que todas as<br />

amostras apresentaram teores de gordura e<br />

sólidos totais dentro do padrão da Instrução<br />

Normativa n° 51, que estabelece os valores<br />

mínimos de 3,0 e 8,4 g/ l OOg respectivamente.<br />

Quanto ao teor de proteína, não houve diferença<br />

significativa entre os valores encontrados nas<br />

propriedades B e H e entre as propriedades E e F.<br />

Os valores das demais propriedades apresentaram<br />

diferença significativa (p


legislação( IOh). A higiene da ordenha está mais<br />

relacionada com a ocorrência de mastite do que<br />

o sistema de produção, entretanto, como o<br />

produtor orgânico é mais esclarecido com relação<br />

ao manejo dos animais é provável que a<br />

incidência de mastite seja menor nos sistemas<br />

agroecológicos de produção, mesmo naqueles em<br />

que a ordenha é feita manual mente (SUNDRUM,<br />

200 I). Os maiores valores para CCS foram<br />

encontrados nas propriedades C e G. Não houve<br />

diferença significativa para a CCS das amostras<br />

de leite provenientes das propriedades F e H.<br />

Apesar do uso de ordenha mecânica apresentaram<br />

CCS superior a das amostras das<br />

propriedades A, D e E (ordenha manual). Segundo<br />

Bencini et aI., (1997), a ordenha mecânica pode<br />

reduzir a contagem de células somáticas no leite,<br />

porém, se a limpeza do equipamento e o manejo<br />

dos animais não forem adequados, a ocorrência<br />

de mastite pode ser igual ou mais alta do que em<br />

propriedades que realizam a ordenha manual de<br />

fo rma higiênica. Os resultados do teste de<br />

detecção de resíduos de medicamentos indicaram<br />

16,6% das amostras com resultado positivo,<br />

provenientes das propriedades D (ordenha<br />

manual) e F (ordenha mecânica). A presença de<br />

resíduos nessas amostras pode ser devida à<br />

antibioticoterapia amplamente utilizada, principalmente<br />

no tratamento de mastites. Resultados<br />

semelhantes foram encontrados por Mendonça<br />

et ai. (200 I), que registraram resíduos de (3lactâmicos<br />

em 5% das amostras de leite cru<br />

coletadas em tanques de expansão e em 20% das<br />

colctadas em caminhões isotérmicos na região<br />

de Minas Gerais.<br />

4 - CONCLUSÕES<br />

As amostras de leite das diferentes<br />

propriedades apresentam uma composição de<br />

sólidos totais, gordura, proteína e lactose dentro<br />

dos padrões recomendados pela Instrução<br />

Normativa no. 51.<br />

A utilização de práticas adequadas de manejo<br />

e de ordenha contribui para uma menor CCS,<br />

com reflexos na qualidade do leite.<br />

A propriedade que adota o sistema de<br />

produção de leite orgânico apresenta melhores<br />

resultados quanto aos parâmetros de qualidade<br />

de leite analisados.<br />

ABSTRACT<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

The present work had as objective to<br />

• • •<br />

analyze parameters physicist-chemistries, CCS<br />

and detention of antibiotic residues in milk<br />

proceeding from systems of organic, ecological<br />

milk production and conventional in Nossa<br />

Senhora da Glória/SE city. 08 country properties<br />

of different systems of production and<br />

technological leveis had been selected. 12 raw<br />

milk samples had been collected of each property<br />

in 6 consecutive repetitions. The tests physicistchemistries<br />

and CCS had been carried through in<br />

the Laboratory 01' Quality 01' the Milk of<br />

EMBRAPA-Gado de Leite. The determination<br />

of medicine residues veterinarians was carried<br />

through in the Laboratory of Comparative<br />

Virology of the Federal University of Sergipe.<br />

The results had been compared with the<br />

standards established for the Current law. The<br />

analysis statistics consisted of the variance<br />

analysis, with averages compared through the<br />

test of Tukey 5%. The results had indicated that<br />

the texts of fat and total solids 01' the milk<br />

samples proceeding from the different studied<br />

systems do not differ between itself. The milk<br />

samples proceeding from two properties with<br />

conventional system had presented antibiotic<br />

residues. The samples gotten in the property<br />

with use of organic system had presented the<br />

lesser number of counting of somatic cells.<br />

Key-words: milk, CCS, analyses physicistchemistries<br />

REFERÊNCIAS BIBLIÓGRAFICAS.<br />

BENCINI. R.; PULlNA, G. The quality of<br />

sheep milk: a Review. Wool Te chnology and<br />

Sheep Breeding. v. 45. n. 3, p. 182-220. 1997.<br />

BRASIL. Leis. decretos, etc. Instrução<br />

Normativa n"S1. Diário Oficial da União.<br />

Brasília: Ministério da Agricultura. pecuária e<br />

abastecimento. I O de janeiro de 2002.<br />

HEIDRICH, H. D .. GRUNER, J .. VASKE, T. R.<br />

Manual de Patologia Bovina. São Paulo, J.<br />

M. Varela. Livros Ltda. 1980. 310pp.<br />

MENDONÇA. A. H.; Cerqueira. M.M.O.A.P;<br />

Souza, M.R.; Penna. C.F.A.M; Siqueira , T. M.L;<br />

Camargos. CRM. Qualidade físico-quimica de<br />

leite cru resfriado: Comparação de deferentes<br />

procedimentos e local de coleta. In: XIX<br />

CONGRESSO NACIONAL DE LATICÍNIOS. 56.<br />

2001. Juiz de Fora. Anais ... Juiz de Fora: 2001.<br />

SUNDRUM, A. Organic livestock farming.<br />

Livestock Production Science. v. 67, p. 207-<br />

215. 2001.<br />

• • • •<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

EFEITO DO SORO DE QUEIJO NA ACEITAÇÃO DE PÃO DE FORMA<br />

Effect of the whey in the acceptance of pan bread<br />

RESUMO<br />

MACIEL, J.F.1<br />

CARNEIRO, J.C.S.2<br />

CARNEIRO, J.D.S.2<br />

BaNaMO, P.3<br />

BaNaMO, R.C.F.2<br />

MELO NETO, B.A.S·<br />

SANTOS, A.C.4<br />

AGUIAR, J.C.4<br />

BARACHO, P.C.4<br />

GOMES, A.M.4<br />

SOUZA, M.R.4<br />

ARJ Ã O, A.A.4<br />

FONTAN, R.C.1.2<br />

O Brasil apresenta uma grande produção de soro de queijo, que possui g . r nde valor<br />

nutritivo. Um pequeno volume deste é industrializado, sendo o restante utIllz do para<br />

alimentação animal ou descartado. Considerando-se a possibiliade de eapr veltamento<br />

deste subproduto e ao mesmo tempo acrescentar ao ãO prote . 1I1s e m1l1eralS pre ntes<br />

no soro, este estudo teve por objetivo verificar o efeito da adlçao de soro de queiJo na<br />

aceitação do pão de forma. Foram elaboradas cinco formul . ações de pão de . for , ma, nas<br />

quais O, 40, 50, 60 e 70% da água da formulação convencIOnai foram . subsltll1da pr<br />

soro de queijo. As cinco formulações de pão de fo rma fo ram submetlds a aval1aç o<br />

sensorial, utilizando-se a Escala Hedônica de nove pontos. Os dados da avalIação sens , onal<br />

fo ram submetidos à análise de variância (ANOVA ) e teste de comparação de medws<br />

(teste de Tukey). Observou-se, pela anál ise de variância. que a formulações de po de<br />

fo rma diferiram (P.::;.O,OI) em relação à aceitação pelos consumidores. A forrllulaçao de<br />

pão de forma que teve 70% de substituição da água por soro não diferiu da formulação que<br />

teve 60% de substituição da água por soro e diferiu das demais, pelo teste de Tukey, ao<br />

nível de 5% de probabilidade. Assim, recomenda-se a substituição de 70% da água da<br />

formulação dos pães por soro, uma vez que esta adição propo : cio . noll maior aceitação , do<br />

pão de forma e leva a um maior aproveitamento do soro e maIOr 1I1cremento de prote1I1as<br />

e minerais ao pão de forma.<br />

Palavras-chave: soro, avaliação sensorial e pão de forma.<br />

Apoio financeiro: MCT/CNPq.<br />

Professor adjunto / DTQA - UFPB.<br />

2 Professor assistente / DTRA - UESB / Laboratórios: Panificação e Secagem; Análise Sensorial.<br />

3 Professor adjunto / DEBI - UESB.<br />

4 Estudantes do curso de Engenharia de Alimentos - UESB<br />

5 Mestrando em Ciência e Tecnologia de Alimentos - UFPB.<br />

* autor para correspondência / e-mail: bianoneton@bol.com.br<br />

digitalizado por<br />

arvoredoleite.org<br />

Pág. 259


1 - INTRODUÇÃO<br />

A produção mensal de soro proveniente de<br />

queijo tipo mussarela, em Itapetinga - BA é de<br />

aproximadamente 270.000 litros, os quais são<br />

destinados à alimentação de suínos e uma pequena<br />

parte é utilizada como ingredientes de outros<br />

alimentos. Assim, são necessárias novas<br />

alternativas para aumentar a utilização do soro<br />

como ingrediente, podendo agregar valor a este<br />

subproduto.<br />

Foi observado, em trabalhos anteriores, que<br />

a substituição parcial da água da formulação de<br />

pão de forma por 30% de soro é viável (MACIEL<br />

et a\., 2002). É de interesse a adição de<br />

porcentagens de soro superiores a 30%, pois<br />

permite um maior reaproveitamento deste<br />

subproduto da produção de queijo e ao mesmo<br />

tempo está acrescentando ao pão proteínas e<br />

minerais presentes no soro. Dessa forma, o<br />

presente estudo teve como objetivos verificar o<br />

efeito da adição de soro de queijo (em proporções<br />

superiores a 30%) na aceitação de pão de forma.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

2.1 -Elaboração dos pães<br />

Os pães de forma foram elaborados no<br />

Laboratório de Panificação e Secagem da UESB<br />

(Campus de Itapetinga). A elaboração foi manual<br />

e os pães foram assados em forno doméstico a<br />

180 °C por 45 minutos. Observa-se na Tabela 1,<br />

a fo rmulação 00 pão convencional, sem adição<br />

de soro. Foram utilizados, para as demais<br />

fo rmulações, as mesmas proporções de ingredientes,<br />

exceto a quantidade de água que foi<br />

substituída parcial mente por soro, mais especificamente,<br />

40, 50, 60 e 70% de soro.<br />

Tabela 1 - Formulação de pão de fo rma sem<br />

adição de soro (0% de soro)<br />

INGREDIENTES QUANTIDADE QUANTIDADE<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

(g) (%)<br />

Farinh.a de trigo 500 100<br />

especial<br />

Açúcar cristal 30 6<br />

Gordura vegetal 25 5<br />

hidrogenada<br />

Fermento biológico 15 3<br />

fresco<br />

Sal 10 2<br />

Água 300 60<br />

Pág. 260<br />

2.2 - Análise Sensorial<br />

As cinco formulações de pão de fo rma<br />

foram submetidas à avaliação sensorial, no<br />

Laboratório de Análise Sensorial (UESB), em<br />

cabines individuais por 168 consumidores, entre<br />

alunos, professores e servidores da referida<br />

instituição, utilizando-se a Escala Hedônica de<br />

nove pontos (I: desgostei extremamente; 2:<br />

desgostei muito; 3: desgostei moderadamente;<br />

4: desgostei ligeiramente; 5: indiferente; 6: gostei<br />

ligeiramente; 7: gostei moderadamente; 8: gostei<br />

muito; 9: gostei extremamente) (STONE e<br />

SIDEL, 1993).<br />

2.3 -Análise estatística dos dados<br />

Os dados da aval iação sensorial foram<br />

submetidos à análise de variância (ANOVA) e<br />

teste de comparação de médias (teste de Tukey),<br />

utilizando-se o Sistema para Análises Estatísticas<br />

e Genéticas - SAEG (RIBEIRO JÚNIOR, 2(01).<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Observou-se, pela análise de variância, que<br />

as formulações de pão de fo rma diferiram<br />

(P.::;.O,O I) em relação à aceitação pelos<br />

consumidores. Ve rifica-se na Tabela 2 que a<br />

formulação de pão de forma que teve 70% de<br />

substituição da água por soro não diferiu da<br />

formulação teve 60% de substituição da água por<br />

soro e diferiu das demais, pelo teste de Tu key,<br />

ao nível de 5% de probabilidade. A formulação<br />

de pão de forma que teve 70% de substituição da<br />

água por soro apresentou escore de aceitação<br />

médio igual a 7,2 ficando classificada entre os<br />

termos hedônicos "gostei moderadamente" e<br />

"gostei muito".<br />

4 - CONCLUSÃO<br />

Verificou-se que a adição de soro de queijo<br />

afetou a acei tação do pão de fo rma, sendo<br />

recomendado a substituição de 70% da água da<br />

formulação dos pães por soro, uma vez que esta<br />

adição proporcionou maior aceitação do pão de<br />

forma e leva a um maior aproveitamento do<br />

soro e maior incremento de proteínas e minerais<br />

ao mesmo.<br />

SUMMARY<br />

Brazil presents a great production of whey,<br />

obtained from cheese production having a high<br />

nutritional value. Only a small volume is<br />

industrialized, being the remaining used fo r<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Tabela 2 - Médias dos escores de aceitação para as formulações de pão de forma.<br />

FORMULAÇÃO MÉDIAS<br />

Formulação 5 (substituição de 70 % da água da formulação convencional<br />

por soro de queijo)<br />

Formulação 4 (substituição de 60 % da água da formulação convencional<br />

por soro de queijo)<br />

Formulação I (sem adição de soro de queijo)<br />

Formulação 2 (substituição de 40 % da água da formulação convencional<br />

por soro de queijo)<br />

Formulação 3 (substituição de 50 % da água da formulação convencional<br />

7,2 a<br />

6,9 a b<br />

Pares de médias seguidas de pelo menos uma mesma letra não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade teste<br />

de Tukey.<br />

feeding animal or discarded without treatmen!.<br />

Considering the possibility of utilization of this<br />

discharged product and at the same time<br />

increasing in pan bread its protein and minerais<br />

content, this study had as objective verify the<br />

effect of whey addition in the acceptance of the<br />

pan bread. Five formulations of pan bread were<br />

elaborated, where 0%, 40%, 50%, 60% and 70%<br />

respectively of the water (in the conventional<br />

formulation) was substituted by whey in same<br />

amount. The fi ve fo rmulations of pan bread<br />

were submitted to a sensory evaluation, being<br />

used a hedonic scale of nine points. The variance<br />

analysis (ANOVA) of experimental data and a<br />

Tukey test were realized. lt was observed, by<br />

lhe ANOVA, that the fonnulations of pan bread<br />

differed (P < 0,0 I) in relation to the acceptance<br />

by consumers. Tukcy test (P < 0,05) reveals<br />

Ihat the bread fo rmulation with 70% of<br />

substitution of water by whey didn' t differ to<br />

the formulation with 60% of substitution,<br />

• •<br />

digitalizado por<br />

6,6 b<br />

6,6 b<br />

6,5 b<br />

differing to the others. Thus, the substitution of<br />

70% of the water in the bread formulation by<br />

whey is recommended, once this addition<br />

provided larger acceptance of the pan bread and<br />

it takes to a larger use of whey and increment of<br />

proteins and mineraIs content in pan bread.<br />

Key-words: whey, sensory evaluation,<br />

pan bread.<br />

5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

MACIEL, J.F.; SANTOS, J.v.; BONOMO, P. ; et a!.;<br />

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STONE, H.; SIDEL, J.L. Sensory evaluation:<br />

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arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />

EFEITO DO SORO DE QUEIJO NAS CARACTERíSTICAS FíSICAS DE PÃO DE FORMA<br />

Effect of the whey in the physical characteristics of pan bread<br />

RESUMO<br />

MACIEL, J.F.l<br />

CARNEIRO, J.C.S.2<br />

BaNaMO, P.3<br />

CARNEIRO, J. D.S.2<br />

BaNaMO, R.C. F.2<br />

MELO NETO, B.A.4'<br />

VARJÃ O, A.A.s<br />

AGUIAR, J.C.S<br />

ANTaS, A.C.S<br />

GOMES, A.M.s<br />

SOUZA, M.R.s<br />

BARACHO, P.C.s<br />

FONTAN, R.C.1.2<br />

Neste trabalho foi estudado o efeito da adição de soro de queijo, um subproduto da indústria<br />

láctea, nas características físico-químicas do pão de forma. No experimento executado<br />

0%, 40%, 50%, 60% e 70% da água da formulação dos pães foram substituídas por soro de<br />

queijo. Concluiu-se, pelos resultados da análise de regressão, que a adição de soro não<br />

afetou a umidade, o pH e nem o volume específico dos pães. Assim, recomenda-se a<br />

substituição de 70% da água da formulação dos pães por soro.<br />

Palavras-chave: análises físico-químicas, pão de fo rma, soro.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

Em Itapetinga - BA, a produção mensal<br />

de soro proveniente de queijo tipo mussarela é<br />

de aproximadamente 270000 litros, os quais<br />

são destinados à alimentação de suínos e uma<br />

pequena parte é utilizada como ingredientes de<br />

outros alimentos. Assim, são necessárias novas<br />

alternativas para aumentar a utilização do soro<br />

como ingrediente, podendo agregar valor a este<br />

subproduto.<br />

Foi observado, em trabalhos anteriores, que<br />

a substituição parcial da água da formulação de<br />

Apoio financeiro: MCT / CNPq.<br />

I Professor adjunto / DTQA - UFPB<br />

pão de forma por 30C}(, de soro é vi


Fundamentos da tecnologia de panificação:<br />

Série Tecnologia Agroindustrial. São Paulo:<br />

Fundação Tropical de Pesquisa e Tecnologia, s.d.<br />

349 p.<br />

INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas<br />

analíticas do Instituo Adolfo Lutz. São Paulo:<br />

O Instituto, J 985.<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

• • • •<br />

MACIEL, J.F.; SANTOS, J.v.; BONOMO, P.; et<br />

aI.; Enriquecimento nutricional de pão de forma<br />

com soro de leite. Revista do Instituto de<br />

Laticínios Cândido Testes, v. 57, n 327, p.<br />

114 a 116. 2002.<br />

RIBEIRO JÚNIOR, J.1. Análises estatísticas<br />

no SAEG - Viçosa: UFV, 200 I. 30 I p.<br />

• • • •<br />

PERFIL QUíMICO E FíSICO-QuíMICO DE BASES LÁCTEAS FERMENTADAS TIPO FLAN<br />

COM DIFERENTES TIPOS DE ESPESSANTES<br />

Chemical and physicochemical profile of the fermented milky base Iike Flan with<br />

different kinds of thickeners<br />

RESUMO<br />

Luciane Vincenzi1<br />

Marly Sayuri Katsuda2<br />

Cristiane M. Feniman3<br />

O presente trabalho teve a finalidade de avaliar as alterações químTcas e físico-químicas<br />

de bases lácteas fermentadas em relação as bases lácteas não fe rmentadas do tipo tlan durante<br />

o período de armazenamento. O ensaio consistiu em bases lácteas fermentadas com culturas<br />

láticas compostas por StreptococclIs salivarills subsp ther/J/ophillls e Lactobacilllls delbruechii<br />

subsp blll[{aricllS comparados ao não fermentado, nos tempos I, 7 e 14 dias armazenados sob<br />

refrigeração (5 ± 2°C). As análises químicas e físico-químicas realizadas na base Láctea<br />

fermentada foram pH, acidez titulável (AT), umidade e sinérese. Para a base não fermentada<br />

foram determinadas umidade e sinérese. Os espessantes utilizados nas bases lácteas foram<br />

carragena padronizada para produtos ácidos (O), carragena + goma guar (F) e carragena +<br />

amido acetilado (G). Os resultados de pH e AT das bases lácteas fermentadas demonstraram<br />

que após 14 dias de estocagem o produto acidificou significativamente. O tratamento G<br />

apresentou maior sinérese e um incremento no pH e AT em relação aos demais tratamentos<br />

(p>0,05). O parâmetro sinérese das bases lácteas fermentadas foi maior em relação a bases<br />

não fermentadas durante o armazenamento (p>0,05). Portanto, a base láctea fe rmentada<br />

elaborada com carragena + goma guar apresentou maior estabilidade química e físico-química<br />

durante 0 período de armazenamento em relação aos demais tratamentos, além de apresentar<br />

.<br />

pouca dIferença em relação a base Láctea não fe rmentada.<br />

Palavras-chave: Gomas, amido, estabilidade da base láctea, StreptococclIs salivarillS subsp<br />

therl1lophillls, Lacto!Jacillus delbrllechii subsp blllgariclIs, fermentação e estocagem.<br />

Tecnó!oga m Alimentos . - mdalidade Inustialização de Laticínios. Centro Federal de Educação Tecnológica do<br />

Parana, Ullldade de MedianeIra. Av. Brasil n 4232, Parque Independência, CEP: 85884-000, Medianeira - PRo<br />

2 M .. \·c Ciência de Alimentos, Docente do Curso de Tecnologia em Alimentos, CEFET, Unidade de Medianeira/<br />

PRo E-mail: marly@md.cefetpr.br<br />

3 M. SC. Ciência de Alimentos, Tecnóloga de Alimentos/<br />

Pág. 264<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Um dos segmentos lácteos que oferece<br />

di versas opções para o consumidor são os<br />

produtos lácteos gelificados. A inovação do<br />

produto envolve não somente o desenvolvimento<br />

de diversas formulações e sabores, mas<br />

também alterações tecnológicas visando alterar<br />

suas características sensoriais, tais como<br />

emulsificação e fermentação. As sobremesas<br />

lácteas fermentadas podem gerar novos produtos<br />

alterando o sabor, devido aos compostos<br />

aromáticos desenvolvidos durante a fermentação,<br />

além de agregar valor nutricional, devido a<br />

presença das culturas láticas. LEROY & VUYST<br />

(2004) comentaram que atualmente vem<br />

ampliando a oferta de alimentos adicionados de<br />

componentes ou microrganismos que exercem<br />

funções biológicas com o intuito de proporcionar<br />

efeitos benéficos aos consumidores.<br />

De acordo com a Resolução n° 388 do<br />

Ministério da Saúde, o fl an se enquadra na<br />

classificação das sobremesas gelificadas, bem<br />

como pudins e leites gelificados. As sobremesas<br />

lácteas não fermentadas são elaboradas a partir<br />

de leite. amido, açúcar, cacau, etc. A textura e o<br />

corpo são fatores importantes para especificar<br />

as características gerais do produto. O corpo do<br />

fl an deve ser suficientemente fi rme e coeso,<br />

enquanto o aspecto deve ser suave, livre de<br />

grumos e fi ssura (BRASIL, J 999; SCIGLIANO,<br />

2002; DANONE, 20(3). Os principais agentes<br />

espessantes e gelificantes utilizados na indústria<br />

alimentícias são gomas, amidos, pectinas e<br />

gelatinas. Os fatores que influenciam a gelificação<br />

são: concentração, temperatura, açúcar, pH e<br />

condições de armazenamento (SGARBIERI,<br />

1996; PENNA. 2002).<br />

Baseado nesse contexto o presente trabalho<br />

visou avaliar as alterações químicas e físicoquímicas<br />

de bases lácteas fermentadas em relação<br />

as bases lácteas não fermentadas do tipo f1 an<br />

durante o período de armazenamento.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

2.1 - Material<br />

Para a realização do experimento utilizouse<br />

leite integral (3,4% de gordura e 16°D) e<br />

pasteurizado. A cultura lática utilizada foi o YC -<br />

X J I da CHR- Hansen. Os agentes geleificantes<br />

utilizados foram os aditivos comercializados para<br />

produção de sobremesas lácteas: Carragena<br />

Genulacta LRA 50 e LP 60 (CP KeIco), amido de<br />

mandioca acetilado e pré-gelatinizado (CARGILL);<br />

amido de mandioca pré gelatinizado (NATIONAL);<br />

digitalizado por<br />

goma guar e goma xantana (KERRY do Brasil) e<br />

alginato de sódio (GERMINAL).<br />

2.2 -Métodos<br />

A elaboração da base Láctea fermentada e<br />

não fe rmentada fo i baseada no processo de<br />

fabricação do iogurte natural proposto por<br />

TA MIME & ROBINSON (199 J) com modificações.<br />

O leite foi aquecido até 65°C e adicionado de<br />

agente geIificante. Após a homogeneização, a<br />

mistura fo i aquecida a 83°C e mantida por 30<br />

minutos em banho-maria. Decorrido este tempo,<br />

resfriou-se a mistura à temperatura de 42°C e<br />

adicionou 1,5% do fermento lácteo YC - X l I.<br />

Finalmente a mistura foi envasada em embalagem<br />

polimérica (capacidade para 50 gramas) e submetida<br />

a fermentação em estufa a 42°C para promover a<br />

acidificação até pH 4,4. No fi nal da fermentação,<br />

as bases lácteas foram armazenadas em câmara<br />

fria à temperatura de 7 ± 2°C. As base láctea não<br />

fermentada foram envasadas e armazenadas nas<br />

mesmas condições de refrigeração.<br />

O ensaio consistiu em duas etapas. A primeira<br />

etapa fo i selecionar os espessantes que apresentaram<br />

característica estável na textura e<br />

aparência após a fe rmentação . Os tratamentos<br />

foram denominados como A (alginato de sódio), B<br />

e C (Amido de mandioca pré-gelatinizado da<br />

CARGILL e NATIONAL), D (GENULACTA LRA<br />

50 - carragena iota padronizada para pH 4,4<br />

4,6), E (GENULACTA LP 60 - carragena iota<br />

padronizada para pH neutro), F (GENULACTA<br />

LP 60 carragena + goma guar), G (GENULACTA<br />

LP 60 - carragena + amido acetilado) e H<br />

(GENULACTA LP 60 carragena + goma<br />

xantana) utilizados nas concentrações indicadas<br />

pelos fabricantes com aplicação em sobremesas.<br />

A segunda etapa consistiu na avaliação química e<br />

físico-química das bases lácteas fermentadas<br />

(A,B, ... ) comparadas com as não fermentadas (Aa,<br />

Bb, .. ). O experimento consistiu na aval iação<br />

química e físico-química das bases gelificadas<br />

fermentadas e não fermentadas durante o período<br />

de armazenamento nos tempos I, 7 e 14 dias.<br />

Para as bases lácteas fermentadas foram avaliados<br />

pH, AT, umidade e sinérese. Para as bases não<br />

fermentadas foram verificados o teor de umidade<br />

e sinérese. Os procedimentos analíticos realizados<br />

para pH e AT foram de acordo com SILVA et aI.<br />

(1997), Umidade (INSTITUTO ADOLFO LUTZ,<br />

J 985) e Sinérese (HASHIMOTO & ANTUNES.<br />

1995). A partir dos resultados obtidos procedeuse<br />

a análise de variância (ANOVA tlVO way e/ou<br />

oI/e way) e aplicou-se o teste de Tuckey mediante<br />

programa MINITAB fo!' windows (1998) para<br />

verificar diferenças entre as médias.<br />

arvoredoleite.org


3 _ RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

3.1 -Testes preliminares<br />

Os tratamentos A, B, C, E e H não<br />

apresentaram características adequadas para o<br />

produto em estudo, pois apresentaram frágeis,<br />

quebradiços e com fissuras. Porém os tratamentos<br />

O, F e G apresentaram características de textura<br />

e estabilidade adequadas, sendo selecionados para<br />

realizar a segunda etapa do experimento.<br />

3.2 - Caracterização físico-químicas das<br />

bases lácteas<br />

As bases lácteas ao final do tempo de<br />

fe rmentação (5 horas) apresentaram pH entre<br />

4,4 e 4,6. Durante I dia de armazenamento não<br />

houve produção de acidez. Segundo ANTUNES<br />

el. aI, (2003), o pH 4,6 é geralmente fixado<br />

para o término da fe rmentação de iogurte, no<br />

entanto a pós acidificação durante a vida de<br />

prateleira é um fenômeno comum (TABELA I).<br />

Os resultados de pH e AT das bases lácteas<br />

fe rmentadas demonstraram que após 14 dias de<br />

estocagem o produto sofreu acidificação.O<br />

tratamento G apresentou maior pH e AT em<br />

relação aos demais tratamentos (p>0,05). O<br />

tratamento D apresentou menor pH e AT. A queda<br />

do pH indica que houve fermentação durante a<br />

estocagem. LUCAS el aI . . (2004), relata que a<br />

pós-acidificação pode ser explicada pela atividade<br />

metabólica dos lactobacilos durante o<br />

armazenamento em temperaturas de refrigeração.<br />

Entre as bases lácteas não fermentadas o<br />

tratamento Ff apresentou menor sinérese em<br />

todos os tempos (TABELA 2). Para as bases<br />

fe rmentadas O tratamento F fo i o que sofreu<br />

menor sinérese em relação a demais bases lácteas<br />

fe rmentadas (p>0,05). A formulação F apresentou<br />

menor sinérese comparada somente com<br />

a carragena em sistema lácteo. PENNA (2002)<br />

relata que a goma guar não forma gel, porém é<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

compatível com outros hidrocolóides. Quando<br />

combinada com a carragena, produz géis fortes<br />

estabilizando os alimentos ácidos e contribuind<br />

na redução da sinérese.<br />

Tabela 2 - Medida de Sinérese (m!) durante o<br />

tempo de armazenamento das bases<br />

fermentadas e não fermentadas .<br />

D 1,7± 0, 1 li<br />

Dd 0,8± 0, 1 L'<br />

F 1,5± 0, 1 "<br />

Ff 0,5± 0,0 "<br />

G 1,9± 0,0 c<br />

Gg 0,6± 0,0 h<br />

2,3± O, I c<br />

1,4± 0,0 , .<br />

1,9± 0, 1 "<br />

0,8± 0, 1 "<br />

2, I± 0, 1 tle<br />

I,I± 0, 1 h<br />

2,7± 0,0 ç<br />

1,9± 0, 1 h<br />

2, 1± 0, 1 h<br />

l,l± 0,0 "<br />

3,2± 0,0 ti<br />

1,9± 0, 1 h<br />

I média de nove réplicas<br />

a, b - médias com letras minúsculas indicam diferenças entre<br />

os tratamentos no nível de 5% de significância.<br />

A sinérese das bases lácteas fermentadas em<br />

relação as não fermentadas apresentaram maior<br />

desprendimento de água durante o armazenamento.<br />

Provavelmente isso ocorreu devido à fermentação<br />

durante o período de estudo. Observou-se que ambas<br />

as formulações apresentaram aumento de sinérese<br />

durante a estocagem refrigerada, porém este<br />

aumento apresentou diferenças significativas entre<br />

as formulações e entre o período estudado (p da<br />

formulação G tiveram elevada sinérese comparada<br />

aos demais tratamentos.<br />

O gel obtido da formulação D apresentou<br />

baixa slnérese no 10 dia, porém aumentou<br />

gradativamente durante o período de estocagem.<br />

Entretanto todas as bases lácteas , fe rmentadas<br />

ou não, apresentaram diferenças significativas<br />

com relação à sinérese e durante o tempo de<br />

estocagem (p0,05). Porém, apresentaram diferença ao<br />

durante o tempo de estocagem (p


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

AVALIAÇÃO QUíMICA E FíSICO-QuíMICA DO QUEIJO TIPO PRATO ADICIONADO DE<br />

BIFIDOBACTERIUM LACTIS DURANTE A MATURAÇÃO<br />

Chemical and physico-chemical evaluation of the Prato cheese with Bifidobacterium<br />

lactis on ripening<br />

RESUMO<br />

Cristiane Della Vechia1<br />

Danila Zago1<br />

Vanessa Schoffen 1<br />

Marly Sayuri Katsuda2<br />

o trabalho teve como objetivo avaliar a evolução química e físico-química do queijo tipo<br />

prato adicionado de cultura B(fidobacteriulll lactis em relação ao queijo controle ao longo<br />

da maturação. As análises químicas e físico-químicas realizadas fo ram nitrogênio total,<br />

nitrogênio solúvel, acidez, pH, cloretos, cinzas, umidade e gordura nos tempos O e 30 dias<br />

de maturação. Os resultados demonstraram que ambos os tratamentos (controle e probiótico)<br />

apresentaram o teor de gordura dentro dos limites estabelecidos pela legislação, exceto<br />

umidade para o tratamento controle, o qual apresentou quantidade superior ao limite<br />

estabelecido pela legislação. Os teores de cinzas, pH e acidez titulável apresentaram dentro<br />

dos limites descritos na literatura e demonstraram serem iguais estatisticamente no nível<br />

de 5% entre os tratamentos. Os parâmetros químicos cloretos, Nitrogênio total e Nitrogênio<br />

solúvel apresentaram abaixo dos limites descritos por alguns autores, o que pode ser<br />

conseqüente do incremento do teor de umidade na composição dos queijos, proporcionando<br />

um desbalanceamento na concentração destes componentes. Apesar desta observação, os<br />

tratamentos não apresentaram diferença estatística ao nível de 5% de significância. Após<br />

os 30 dias de maturação, todos os parâmetros químicos e físico-químicos entre os tratamentos<br />

não apresentaram diferença estatística ao nível de 5% de significância. Portanto, este<br />

estudo demonstrou que o queijo adicionado de B. factis apresentou ser um produto viável<br />

não oferecendo modificações químicas e físico-químicas em re lação ao queijo Prato<br />

tradicional .<br />

Palavras-chave: Queijo semi duro, semi cozido, alimento funcional, probióticos.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

De acordo com a definição legal, o queijo<br />

tipo prato é um queijo maturado obtido por<br />

coagulação do leite por meio de coalho e/ou outras<br />

enzimas coagulantes, complementadas ou não por<br />

bactérias lácticas específi cas (MERCOSUL,<br />

1996). É classificado como queijo gordo, com de<br />

gordura no extrato seco entre 45 e 59,9 % e média<br />

umidade com percentagens variando entre 36 e<br />

45,9% (MAPA, 1996). Segundo OLIVEIRA<br />

(1986), o queijo tipo Prato contém 1,7% de sal e<br />

pH variando entre 5,3-5,5.<br />

A adição de bifidobactérias em queijos vem<br />

aumentando nas últimas décadas. Isso se deve a<br />

boa estabilidade que o microrganismo apresenta<br />

em queijos em relação ao leite fermentado, devido<br />

a baixa acidez e dispor de um meio estável para a<br />

sobrevivência desse microrganismo. Em poucas<br />

semanas, a maturação favorece a sobrevivência<br />

Tecnólogas em Alimentos - modalidade Industrialização de Laticínios, Centro Federal de Educação Tecnológica do<br />

Paraná, Unidade de Medianeira. Av. Brasil n° 4232, Parque Independência, CEP: 85884 - 000, Medianeira - PRo<br />

2 M.sc Ciência de Alimentos, Docente, CEFET/ Unidade de Medianeira PRo E-mail: marly@md.cefetpr.br<br />

Projeto financiado pela empresa FRIMESA - Medianeira/PR.<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

das bactérias bífi das e outros microrganismos<br />

anaeróbios. Estudos realizados com Queij o<br />

Crescenza adicionado de BUidobacteriulJI b(tldulll,<br />

B. iJ!tcllltis e B. fOllgulII com 14 dias de maturação<br />

apresentaram elevada concentração de Nitrogênio<br />

solúvel em relação ao queijo convencional,<br />

demonstrando que as culturas probióticas tiveram<br />

maior atividade proteolítica do que os queijos<br />

convencionais. O mesmo foi observado em queijo<br />

Cheddar adicionado de lactobacilos e<br />

bifidobacterias, o qual apresentou maior atividade<br />

proteolítica em relação ao queijo convencional.<br />

(Gobetti et ai, 1998; Stanton et ai., 1998).<br />

Deste modo, o presente trabalho teve<br />

como objetivo avaliar as alterações químicas e<br />

físico-químicas do queijo tipo Prato adicionado<br />

de B. factis após o período de maturação.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

2.1 -Material<br />

O queijo foi elaborado a partir do leite<br />

integral e pasteurizado com a composição química<br />

dentro dos padrões estabelecidos pela legislação<br />

vigente. Foram utilizadas culturas liofilizadas 0-<br />

702 tipo DVS (CHR-Hansen) e BB-12 (CHR­<br />

Hansen) composta de BUido!Jacteriltlll fac/is.<br />

2.2 -Métodos<br />

O queijo tipo prato fo i elaborado no<br />

Laborat6rio de Lat icínios, do Centro Federal de<br />

Educa'rüo Te cnol6gica do Paraná, Unidade de<br />

Medianeira- PR . Os procedimentos de elabonl'rão<br />

do queijo Ti po Prato foram realizados de acordo<br />

com a metodologia descrita por OLIVEIRA<br />

(1986). O estudo consistiu em dois tratamentos:<br />

controle (queijo convencional) e probiótico<br />

(adicionado de B. (actis). A cultura probiótica<br />

foi adicionada junto com a cultura starter na<br />

proporção especificada pelo fabricante. As<br />

culturas starters foram adicionadas na proporção<br />

de 1,5%. Após a salga e secagem, os queijos<br />

foram embalados e maturados a 12±2°C por 30<br />

dias. As análises químicas e físico-químicas foram<br />

realizadas nos tempo O e 30 dias, em triplicata.<br />

As análises químicas e físico-químicas<br />

foram: Acidez titulável, pH, Gord ura, Extrato<br />

Seco (método gravimétrico), Umidade, Cloretos,<br />

Cinzas, Nitrogênio Total e Solúvel (método do<br />

formol). Todas as análises foram conduzidas de<br />

acordo com os procedimentos descritos por<br />

SILVA el af (1997).<br />

Os resultados foram avaliados por análise<br />

de variância e as médias comparadas por teste<br />

de Tuckey ao nível de 5% de significância.<br />

digitalizado por<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

o pH obtido para ambos os tratamentos<br />

apresentou valores semelhantes ao citado por<br />

OLIVEIRA (1986), entre 5,3 - 5,5 (Tabela I). O<br />

aumento do pH no decorrer na maturação é esperado<br />

em virtude da formação de compostos de caráter<br />

alcalino solúveis na fase aquosa dos queijos, através<br />

da proteólise e/ou do catabolismo do ácido láctico<br />

(FARKEY et ai. 1990). Segundo PENNA (2002),<br />

os valores de acidez para o queijo tipo prato, oscilam<br />

entre 0, 15 à 1,62 % até o 90° dia de maturação. A<br />

partir dos resultados obtidos permitiu observar que<br />

a acidez titulável dos queijos controle foi de 0,64 %<br />

e o queijo probiótico 0,66% encontrando-se valores<br />

inferiores aos citados por PENNA no 33° dia de<br />

maturação com valor de 0,69%. Os fatores que<br />

influenciaram no desenvolvimento da acidez durante<br />

a etapa de maturação foram as proporções de<br />

bactérias produtoras de ácido láctico no soro e na<br />

coalhada, temperaturas empregada, tamanho dos<br />

grãos da coalhada e a proporção de substâncias<br />

antimicrobianas produzidas pelas bactérias (SCOTT,<br />

199 1). Não houve diferença estatística no nível de<br />

5% entre os tratamentos e entre os tempos.<br />

Os teores de umidade da amostras controle<br />

apresentaram acima do teor recomendado pela<br />

legislação. Porém não apresentou diferença<br />

estatística no nível de 5% entre os tratamentos<br />

e entre os tempos. Segundo SCOTT (1991), a<br />

reten'rão de umidade pode ser conseqüente de<br />

falhas no processamento tais como a intensidade<br />

de lavagcm da massa, tempo dc scmicozimcnto,<br />

tcmperatura fi nal atingida pela massa, grau de<br />

dessoragem, tempo insuficiente dc prensagem<br />

exercido na massa e fal ta de peso sobre os queijos.<br />

VAN DENDER (1986), cita que os teores<br />

de cinzas devem apresentar em média 3,7 %.<br />

Em ambos os tratamentos, as cinzas apresentaram<br />

valores abaixo aos citados pelo autor,<br />

não apresentando diferença significativa no<br />

nível de 5% entre os tratamentos e entre os<br />

tempos de maturação.<br />

O teor de sal nos queijos é importante no<br />

combate ao estufamento tardio, mas, sua eficiência<br />

depende do pH do queijo (5,3 5,5) além da<br />

temperatura de maturação do queijo (FURTA DO,<br />

1989). Segundo OLIVEIRA (1986), o teor de sal<br />

do queijo tipo prato típico deve conter<br />

aproximadamente 1,7 % de sal, concentração<br />

superior ao determ inado neste experimento, os<br />

quais apresentaram em média 0,8%. Os fatores<br />

que podem ter influenciado no teor de sal são:<br />

tempo de salga insuficiente e a temperatura da<br />

salmoura. Através dos dados obtidos, não houve<br />

diferença significativa no nível de 5% entre os<br />

tratamentos e entre os tempos.<br />

269<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Tabela 1 _ Composição química e característica físico-química dos tratamentos durante a maturação.<br />

tempo O 30<br />

tratamentos Controle Probiótico Controle Probiótico<br />

pH 5,24 ± 0,03 aA 5,20 ± 0,03 aA 5,36 ± 0,04 h A 5,22 ± 0,04 h A<br />

Acidez Titulável<br />

(% de Ácido Láctico)<br />

0,6 1 ± 0,04 aA 0,64 ± 0,03 :IA 0,66 ± 0,04 uA 0,66 ± 0,03 uA<br />

Umidade (%) 45,74 ± 0,86 :I A 44,83 ± 0,76 :I A 48,32 ± 8,25 uA 45,31 ± 2, 10 aA<br />

Extrato Seco (%) 54,26 ± 0,87 aA 55,17 ± 0,76 aA 51,68 ± 8,25 uA 54,69 ± 2, 10 aA<br />

Cinzas (%) 3,05 ± 0, 12<br />

Cloretos (%)<br />

aA<br />

0,79 ± 0,06 : IA<br />

2,76 ±<br />

3,33 ± 0,24<br />

0,73 ±<br />

uA<br />

0,82 ± 0,08 uA<br />

3,63 ± 0, 18 uA<br />

Gordura (%) mim 26, 16 ± 0,87 uA 26, 13 ± 0,85 uA 26,60 ± 0,60 aA 26,40 ± 0,8 1 uA<br />

GES (%) mim 48,21± 0,83 uA 47,36± 0,89 uA 51,47± 7,25 uA 48,27± 0,38 uA<br />

Nitrogênio Total<br />

84,58 ± 13,37 aA 90,42 ± 13,37 uA 105 ± 8,75 aA 113,75 ± 8,75 aA<br />

(mgIlOOg)<br />

Nitrogênio Solúvel<br />

(mg/lOOg)<br />

28,30 ± 7,10 aA 25,97 ± 5,68 uA 39,08 ± 4,40 aA 38,33 ± 6,39 uA<br />

0,58 uA<br />

0,05 uA<br />

0,90 ± 0,05 uA<br />

a.b _ Letras minúsculas diferentes indicam diferença no nível de 5% de significância em relação ao tempo de maturação.<br />

A _ Letras maiúsculas iguais indicam que não há diferença significativa no nível de 5% em relação ao tratamento.<br />

FURTA DO (1989), cita que o queijo tipo<br />

prato apresenta 28% de gordura, sendo superior ao<br />

valor determinado neste experimento para ambos<br />

os tratamentos que variou entre 26, I % a 26,6%.<br />

Embora ambos os tratamentos estejam com o teor<br />

de gordura no extrato seco dentro dos limites<br />

estabelecidos pela legislação. Não houve diferença<br />

estatística entre os tratamentos e os tempos de<br />

maturação no nível de 5% de significância.<br />

Nas análises de Nitrogênio total comparado<br />

com os dados de DRUNKLER (2003), onde este<br />

cita uma média de 150 mg/ lOOg no queijo Prato<br />

no início da maturação . Os resultados deste<br />

experimento apresentaram-se inferiores ao citado<br />

pelo autor, com média inicial de 87 mgll OOg. Os<br />

tratamentos não apresentaram diferença estatística<br />

no nível de 5% de significância. A determinação do<br />

Nitrogênio solúvel esta relacionada com o nível de<br />

maturação dos queijos em cada tempo analisado.<br />

POMBO (1983) afirma que com o passar do<br />

tempo, pode ocorrer proteólise no queijo e as<br />

proteínas tendem a degradar-se aumentando a<br />

proporção de nitrogênio solúvel. Segundo<br />

DRUNKLER (2003), o teor de nitrogênio solúvel<br />

em pH 4,6 apresentou em média 53,65 mglI OOg<br />

no 25° dia de maturação. Analisando os resultados<br />

expressos pelo autor, observa-se que os valores<br />

encontrados neste experi mento se obtiveram<br />

abaixo no 30° dia de maturação (média de 38,7mgl<br />

100g). Não houve diferença estatística no nível de<br />

5% de significância entre os tratamentos e tempos<br />

de maturação.<br />

Pág. 270<br />

4 - CONCLUSÃO<br />

Evidenciou-se que o queijo incorporado da<br />

cultura probiótica não apresentou diferença na<br />

composição química e parâmetros físicoquímicos<br />

em relação ao queijo controle.<br />

Portanto, queijo tipo prato adicionado de B.<br />

{actis demonstrou ser um produto viável com<br />

poucas alterações químicas e fís ico-químicas.<br />

SUMMARY<br />

The objective of this work was evaluate of<br />

chemical and physicochemical of Prato cheese<br />

added by BZ!idobacteriulIl lactis in comparision<br />

of traditional cheese during the ripening. chemical<br />

and physicochemical analysis was total nitrogen,<br />

soluble nitrogen, titratable acidity, pH, chloride,<br />

ashes, dry matter, umidity and fat in O and 30<br />

days of ripening. The results showed that the fat<br />

val ue was into the legislation parameter, except<br />

umidity which value was above of legal value.<br />

Ashes, pH, titratable acidity was statistically equal<br />

on 5% of significance between treatment.<br />

Chloride, total nitrogen and soluble nitrogen were<br />

below of the limits described by other authors.<br />

The treatments not showed statistic differences<br />

in the 5% of significance. After 30 days of<br />

ripening ali chemical and physicochemical not<br />

showed difference between the treatments. So the<br />

cheese added with probiotic had not difference in<br />

comparision of traditional Prato cheese.<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Key-words: Semi-hard cheese, semi<br />

heated, fuctional food, probiotic.<br />

5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

DRUNKLER, N. L. Efeitos da padronização<br />

do teor de Caseína/Gordura (C/G) sobre o<br />

rendimento e características químicas e<br />

físico - químicas do


Os parâmetros fi sico-químicos e microbiológicos<br />

do leite têm importância fundamentai<br />

para aferir sobre a qualidade do mesmo. O<br />

leite bovino é bastante estudado e estes<br />

parâmetros têm sido padronizados de acordo com<br />

a evolução da produção leiteira, entretanto estes<br />

parâmetros são pouco estudados para o leÚe eqüino<br />

e poucos dados são encontrados na literatura<br />

mundial . A concentração bacteriana no leite é<br />

importante indicativo de sua qualidade e reflete a<br />

saúde do animal que o produz, as condições de<br />

ordenha, armazenamento e transporte do leite,<br />

além de interferir na percepção de qualidade do<br />

leite e derivados pelo consumidor (FONSECA &<br />

SANTOS, 2000; HILLERTON, 2000). O controle<br />

microbiológico do leite avalia o risco que o mesmo<br />

pode apresentar para a saúde do consumidor além<br />

de permitir avaliar o tempo de conservação (vida<br />

de prateleira) do leite. A contaminação microbiana<br />

é normalmente aferida por meio da contagem<br />

bacteriana total (CBT). Em virtude das interações<br />

entre os fatores responsáveis por sua<br />

contaminação, o leite, ao sair da glândula mamária,<br />

pode apresentar contagem bacteriana inicial<br />

variável: desde valores abaixo de 1,0 x 10.1 UFC/<br />

mL até acima de 1,0 x 10r, UFC/mL (BRAMLEY<br />

& McKINNON, 1990). Não foram encontrados<br />

estudos sobre este parâmetro para a espécie<br />

eqüina. O objetivo deste trabalho foi o de<br />

identificar a qualidade microbiológica do leite<br />

eqüino a fi m de viabilizar a utilização do mesmo<br />

para o consumo por humanos na fo rma de<br />

alimento esscncial, como já acontece, com<br />

sucesso, em países europeus como Alemanha e<br />

França.<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Para este estudo fo ram analisadas 132<br />

amostras de leite eqüino, colhido em quatro<br />

diferentes haras num raio de 120km de Goiânia<br />

- Goiás, quinzenalmente durante os primeiros<br />

90 dias de lactação. O leite eqüino foi obtido de<br />

ordenha total, manual, após limpeza e assepsia<br />

dos tetos com álcool 700GL e gaze. O leite foi<br />

colhido em béquer de vidro de 1000ml,<br />

esterilizado em autoclave. Mãos e antebraços do<br />

ordenhador eram lavados com água e sabão e<br />

enxutos. Após a limpeza dos braços, a assepsia<br />

era feita com álcool 70oGL. Após a ordenha, o<br />

leite era transferido para frasco estéril, na presença<br />

de fonte de calor, onde era homogeneizado<br />

e separada uma amostra de 40mL à qual era<br />

adicionado o conservante azidiol preparado pelo<br />

LQL - CPA - UFG. Este leite era mantido em<br />

caixa isotérmica com gelo químico e transferido<br />

ao laboratório de qualidade do leite do Centro de<br />

Pesquisa em Alimentos da Escola de Veterinária<br />

onde era analisado pelo método eletrônico de<br />

citometria de fl uxo. Foram consideradas para<br />

este trabalho apenas amostras advindas de<br />

animais saudáveis que não apresentaram dor,<br />

calor, incômodo ou resistência anormal à<br />

ordenha e/ou quaisquer alterações físico-químicas<br />

não fisiológicas no leite, indicativos de mastite<br />

clínica ou sub-clínica.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Os dados obtidos foram agrupados segundo<br />

o período da lactação, de onde se obteve a média<br />

Gráfico I - Concentração bacteriana encontrada no leite eqüino obtido entre 15 e 90 dias de lactação<br />

(em UFC/mL).<br />

U F C x 10'/ mL<br />

16<br />

Pág. 272<br />

14<br />

12<br />

10<br />

8.0<br />

6.0<br />

4.0<br />

2.0<br />

/--- -- --'- -- --"' ''''<br />

:---'- --_._--------_._--------_ .. _---<br />

t--- -- --- -- -- -- -- -- -- -- -- - ---<br />

-- --- I--CBT I<br />

15 30 45 60 75 90<br />

Dias após o parto<br />

-- -<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

de cada ordenha. Os resultados encontrados estão<br />

expostos no gráfico a seguir.<br />

Os resultados obtidos neste trabalho<br />

demonstram uma concentração bacteriana bastante<br />

baixa, variando de 7,05 x 10 .1 UFC/mL até um<br />

máximo de 1,45 x 104 UFC/ mL, dentro dos limites<br />

e próximos dos valores mínimos, descritos por<br />

(BRAMLEY & McKINNON, 1990). Estes valores<br />

podem traduzir as interações descritas pelos mesmos<br />

autores entre o leite e fatores ambientais. Dentre<br />

as possíveis fontes de contaminação foram<br />

identificadas a possibilidade de contaminação<br />

ambiental e advinda do próprio animal. A possível<br />

contaminação ambiental pode ser devida ao local<br />

de ordenha, uma vez que os animais eram<br />

ordenhados em currais ou estrebarias que, apesar<br />

de se apresentarem limpos, eram locais de grande<br />

trânsito animal. A possível contaminação animal<br />

pode ser decorrente da dificuldade de higienização<br />

do espaço existente entre os tetos da égua que é<br />

profundo e estreito, sendo assim de difícil acesso<br />

para a limpeza; além de ser um local propício ao<br />

acúmulo de sujidades que podem cair facilmente no<br />

leite durante a ordenha.<br />

De acordo com (HILLERTON, 2000) a<br />

concentração bacteriana no leite é importante<br />

indicativo de sua qualidade. Do ponto de vista<br />

microbiológico, de acordo com os resultados<br />

obtidos, o leite eqüino obtido de éguas saudáveis<br />

e bem armazenado apresenta boa qualidade<br />

podendo ser consumido pelo homem.<br />

SUMMARY<br />

The equine milk is very used in some<br />

countries like Germany, France and Russia for<br />

• •<br />

digitalizado por<br />

the treatment of some diseases mostly in<br />

children or patients with pulmonary diseases.<br />

However, it is not exhaustively studied and, in<br />

Brazil, there are few studies on this subject. The<br />

aim of this study is to give knowledgement about<br />

the mare's milk microbiological characteristics<br />

in the region of Goiânia. The study was carried<br />

during the three first months of lactation and<br />

the milk was collected each 15 days with the<br />

beginning after de 10lh day of lactation. A total<br />

of 132 samples were analyzed. The results<br />

demonstrated that the mare's milk has the<br />

bacterial counting varying between 7,05 x 10.1<br />

UFC/mL and 1,45 x 104 UFC/ mL and is safe for<br />

human consumers .<br />

Key words: bacterial counting; consume;<br />

diseases; humans; mare; milk.<br />

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA<br />

BRAMLEY, A. 1.; McKINNNON, C. H. The<br />

microbiology of raw milk. In: ROBINSON, R.<br />

K. Dairy Microbiology: The microbiology of<br />

milk. 2.ed. Barking: Elsevier Science Publishers,<br />

1990. capo 5, p. 163-208.<br />

FONSECA, L. F. L.; SANTOS, M. V. Qualidade<br />

do leite e controle de mastite. São Paulo:<br />

Lemos Editorial, 2000. 175p.<br />

HILLERTON, E. Contagem bacteriana no leite:<br />

importância para a indústria e medidas de<br />

controle. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL<br />

SOBRE QUALIDADE DO LEITE, 2., 2000,<br />

Curitiba, Anais . .. Curitiba: UFPR, 2000, p.<br />

59-65.<br />

• • •<br />

arvoredoleite.org<br />

Pág. 273<br />

I1<br />

;; ;r<br />

I' "<br />

,I '


PESQUISA DE RESíDUO DE ANTIBiÓTICO . LACTÂMICOS NO LEITE DE CABRÀ<br />

FORNECIDO A SEIS MINI - USINAS DO CARIRI PARAIBANO<br />

Research of antibiotic residue a lactâmicos in the raw goat milk supplied to six mini<br />

plants of Cariri Paraibano<br />

RESUMO<br />

SILVA, Luciana Medeiros da<br />

CARVALHO, Maria das Graças Xavier de1<br />

MEDEIROS, Nara Geanne de Araúj0 1<br />

SIQUEIRA, Iara Nunes de2<br />

LIMA, Suely Cristina Pereira de2<br />

SANTOS, Marta Glícia Oliveira dos2<br />

XAVIER, Valéria Maria Cavalcante3<br />

HOLANDA, Simone Araújo de Medeiros ' 4<br />

A rença d . e rsídu? . de antibiótico no leite é de grande preocupação das autori dades<br />

samtanas devido . a toxcldade e resistência que ele pode provocar no consumidor. O objetivo<br />

dsse trabalho fOi anhsar a presença de resíduos de antibióticos do grupo /3 - lactâmicos no<br />

leite de cabra fornecido a seis mini - usinas do cariri paraibano. Foram analisadas amostras<br />

de acordo com o número de fornecedores para cada mini - usina, aqui identificadas como<br />

A, .' C, D, E e F. Os resultados desta pesquisa mostraram um grande número de amostras<br />

posItivas, A 25, . B 10,6 . %, C 20%, D 9,7%, E 25% e F 27,3%. A partir desses resultados<br />

torna-s necessarl? , un ngoroso controle deste leite por parte dos produtores, Mini-usinas<br />

e autoridades samtana.<br />

Palavra-chave: Leite de cabra, Antibiótico, Saúde Públ ica.<br />

INTRODUÇÃO<br />

. Existe um grande interesse na produção de<br />

leite de cabra, em virtude do seu alto valor<br />

nutritivo, nível de qualidade dietética, despertando<br />

a iniciativa governamental para criação<br />

de programas que objetiva elevar o nível<br />

nutricional da dieta familiar da população de<br />

baixa renda (MEDEIROS et al., 1994).<br />

A presença de resíduo de antibiótico no leite<br />

tem sido, nos últimos anos, um dos maiores desafios<br />

impo stos a industria de alimentos no mundo, pois<br />

.<br />

eles 1I1terferem na manufatura de alguns produtos<br />

lácteos, podem causar hipersensibilidade em<br />

humanos, além de resistência a antibioticoterapia,<br />

e são considerados indesejáveis pelos consumidores<br />

(JOHNSSON, 1993).<br />

A resistência bacteriana a antibióticos é<br />

um sério problema na saúde pública, pois pode<br />

proporcionar problemas de saúde aos<br />

consumidores, como alergia, intoxicação e até<br />

mesmo alguns tipos de câncer, e ainda inviabilizar<br />

o processamento lácteo na ind ústria, para<br />

obtenção de iogurte, bebidas fermentadas, queijos<br />

e outros produtos (BRITO, 1998).<br />

Furtado (1999) cita que os antibióticos<br />

podem ser encontrados no leite por introdução<br />

voluntária fraudulenta, para prolongar a<br />

Prfesras do Departamento ?e Medicina Veterinária do Centro de Saúde e Tecnolocria Rural CSTR da<br />

Ul11velsldade Federal de Campll1a Grande UFCG.<br />

2 PÓ , s-raduanas , o Curso de Medicina Veterinária em Pequenos Ruminantes do CSTR/DMV/UFCG<br />

3 Medica Vetennana.<br />

4 Aluna do curso de graduação em Medicina Veterinária - CSTR/ UFCG.<br />

Pág. 274<br />

'"<br />

.<br />

durabilidade do leite, ou por :ia ndireta oriunda . do<br />

tratamento terapêutico de animaIS . com algum tipO<br />

de infecção, especialmente a mamlte, que acomete<br />

ce<br />

rca de 40% do rebanho leiteiro brasileiro.<br />

O uso indiscriminado de antibiótico e a não<br />

obediência ao tempo de carência indicado, . após<br />

a última aplicação do medicamento no anlInal,<br />

p<br />

ara utilização do leite para consumo, tem sido<br />

' f ' d<br />

relatado há décadas por di erentes pesqUisa ores<br />

(Kosikowski, 1960; Mello Filho, 1969; Farrely,<br />

1970; Cook et al., 1976).<br />

Em virtude de fatos como esses este tra-<br />

balho tem como objetivo à pesquisa de presença<br />

de resíduo de antibiótico do grupo b - lactâmicos<br />

no leite fornecido a seis mini - usinas do cariri<br />

paraibano.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Foram analisadas 164 amostras de leite de<br />

cabra cru, de acordo com o numero de<br />

fo rnecedores para cada mini usina aqui<br />

identificada como A com 48 fornecedores de leite<br />

de cabra, B com 47 fornecedores, C com 15, D<br />

com 31, E com 12 e F com li fornecedores.<br />

Para cada analise foi utilizada o Kit P -<br />

lactâmicos (SNAP), uma placa aquecedora e a<br />

mostra de leite. Este kit analisa a ausência ou<br />

presença de resíduo de antibiótico do grupo das<br />

penicilinas e cafalosporinas (pe nicilina G,<br />

amoxicilina, ampicilina, cefapirina).<br />

RESULTADO E DISCUSSÃO<br />

Neste estudo, foi encontrado um percentual<br />

de 17,70% das amostras coletadas com presença<br />

de antibióticos e 82,30% com ausência.<br />

Analisando-se por mini - usinas, observou-se que<br />

na A 25% das amostras apresentaram resíduos de<br />

b - lactâmicos, na B 89,4%, na C 20%, na D<br />

9,7%, na E 75% e na F 72,7% (Tabela 01).<br />

SANTOS et aI. (2005),pesquisando nesta<br />

mesma região no período de janeiro a dezembro<br />

de 2004 encontrou 31,66% de amostras<br />

positivas. Carvalho (1998), trabalhando com<br />

m1l11 usinas da região de São Paulo, encontrou<br />

resultados inferiores 11,1 1 % , porém de caráter<br />

preocupante, já Barros et aI (200 I) pesquisando<br />

antibiótico no leite pasteurizado tipo C na cidade<br />

de Salvador e Albuquerque et aI (1996) em<br />

Fortaleza, obtiveram resultados superiores aos<br />

encontrados nesta pesquisa, 38,5% e 69,7% das<br />

amostras positivas, respectiva mente. Estes<br />

dados revelam a necessidade de maior atenção<br />

por parte dos Serviços de Inspeção no controle<br />

sanitário do leite distribuído ao consumo.<br />

CONCLUSÃO<br />

De acordo com os resultados encontrados<br />

observa-se um grande número de amostra com<br />

presença de resíduo de antibiótico, necessitando<br />

de um rigoroso controle do leite que é processado<br />

nestas mini - usinas, pois a presença do mesmo<br />

representa grave perigo para saúde pública e<br />

compromete processamento dos seus derivados.<br />

como iogurte.<br />

SUMMARY<br />

The presence of antibiotic residue in the<br />

milk is of great concern of the sanitary<br />

authori ties due to the toxicity and resistance<br />

that he can provoke in the consumer. Was lhe<br />

objective of lhat work to analyze the presence<br />

of residues of antibiotics of the group?-done<br />

lactâmicos in the goat milk supply to six miniplants<br />

of the cariri paraibano. Samples were<br />

Tabela 1 - Resultados da presença de resíduos de antibióticos do grupo b - lactâmicos de leite de cabra<br />

cru fornecido a seis mini - usinas do cariri paraibano, no período de dezembro de 2004 a<br />

abril de 2005.<br />

*N - N° de amostras<br />

Mini-Usinas PRESENTE AUSENTE N° total de<br />

amostras<br />

B 05 10,6 42 89,4 47<br />

C 03 20 12 80 15<br />

D 03 9,7 28 90,3 31<br />

E 03 25 09 75 12<br />

F 03 27,3 08 72,3 Ii<br />

29 135 164<br />

digitalizado por<br />

arvoredoleite.org<br />

I<br />

I<br />

I<br />

I ,


analyzed in agreement with the number of<br />

suppliers for each mini-plant, here identified as<br />

A (48), B (47), C (15), D (31), E (12) and F<br />

(1 1). The results of this research showed a great<br />

number of positive samples, A 25%, B 10,6%, C<br />

20%, D 9,7%, E 25% and F 27,3%. To leave of<br />

those results he/she becomes necessary a rigorous<br />

control of this milk on the part of the producers,<br />

Mini-plants and sanitary authorities.<br />

Key-words: goat milk, Antibiotic , public<br />

Health<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

ALBUQUERQUE, L. M. B.; MELO, V. M.;<br />

MARTINS, S. C. S. Investigações sobre a presença<br />

de resíduos de antibióticos em leite<br />

comercializado em Fortaleza CE - Brasil.<br />

Revista Higiene Alimentar. São Paulo, v. 10,<br />

n. 41, p. 29-32, 1996.<br />

BARROS, G. M. S.; JESUS, N. M. de; SILVA, M.<br />

H. Pesquisa de resíduos de antibióticos em leite<br />

pasteurizado tipo C, comercializado na cidade<br />

de Salvador. Revista Brasileira de Saúde e<br />

Produção Animal. n.2, p. 69-73, 200 I.<br />

Publicação on-line da EMV-UFBA.<br />

BRITO, M. A.V.P. Perigos dos resíduos<br />

antimicrobiano. In: BRITO, J.R.F. ; DIAS, 1>C.<br />

(ED). A qualidade do leite. Juiz de Fora: EMBRAPA,<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATIcíNIOS<br />

São Paulo: TORTUGA, p. 67-74, 1998.<br />

CARVALHO, M. G. X. Características físico_<br />

quimicas, biológica e microbiológicas do leite<br />

de cabra processado em micro usinas da<br />

Região da Grande São Paulo - SP. São Paulo<br />

1998. Tese (Doutourado). Faculdade de Medicina<br />

Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo.<br />

COOK, R. C.; KATZ, W. K.; MEARA, P. J. The<br />

incidence and source of penincilinium in<br />

milk supplied to the city of JOhannesbung.<br />

1. S. Afi·i. Ve to Assoe. V. 47, n. 3, p. 205-7, 1976<br />

FURTADO, M. M. Principais problemas dos<br />

queijos: causas e prevenções. São Paulo:<br />

Fonte Comunicação e Editora São Paulo - Brasil<br />

22 P. ,1999.<br />

FA RRELY, B. T. A survey of the incidence of<br />

antibiotic contamination of milk in the Dublin<br />

liquid milk area. Ir. Ve to Joumal. Dublin, V. 26,<br />

n. 3, p. 41-7, 1970<br />

JOHNSSON, G. Swedish sheme for the control of<br />

inhibitory substances. Bulletin of International<br />

Dairy Federation (283): 59, 1993.<br />

MEDEIROS, L. P. ; GIRÃO, R. N.; GIRÃO, E.<br />

S. et a!. Caprinos- princípios básicos para<br />

sua exploração. Brasília: EMBRAPA- SPI,<br />

177P., 1994.<br />

MELLO FILHO, J. M.; Penincilina ni leite de<br />

consumo da cidade de são Paulo e riscos de<br />

sensibilização. Revista Paulista de Medicina '<br />

São Paulo, V. 25, p. 21-34. 1969.<br />

PESQUISA DE MICRORGANI , SMOS MESÓFILOS BASEADO NO SISTEMA DE ANÁLISES<br />

DE PERIGOS E PONTOS CRITlCOS DE CONTROLE a APPCC EM SEIS MINI USINAS DE<br />

LEITE DE CABRA DO CARIRI PARAIBANO<br />

Rese . a ch of microrg nisms mesophilis based on the system of Hazard Analyses and<br />

Cntlcal Control Pomt a HACCP in six míni plants of milk goat of cariri paraibano<br />

SANTOS, Marta Glicia Oliveira dos1<br />

CARVALHO, Maria das Graças X. de2<br />

Alunas da pós-grad . uação em medicina veterinária de pequenos ruminantes. UFCG-PB-Brasil.<br />

2 Prof.a de Tecnologia e Inspeção de Leite e derivados. UFCG-PB-Brasil.<br />

3 Aluna do Curso de especialização. UFCG-PB-Brasil.<br />

LIMA, Suely Cristina Pereira1<br />

SILVA, Luciana Medeiros da3<br />

SIQUEIRA, Iara Nunes de1<br />

'<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

RESUMO<br />

O leite pode ser conservado por vários processos tecnológicos, dentre eles, a pasteurização<br />

é um método que assegura a destruição dos microrganismos patógenos e mantém as<br />

características organolépticas e nutritivas, tornando um alimento inócuo e sadio (RIEDEL,<br />

1996). O APPCC é um programa de controle de qualidade adotado por indústrias de<br />

alimentos com o intuito de produzir alimentos que não ofereça riscos a saúde do consumidor.<br />

Observando os padrões microbiológicos para leite de cabra pasteurizado, o trabalho teve<br />

como objetivo monitorar o processo de pasteurização quanto à presença de microrganismos<br />

mesófilos, coletando 10 (dez) amostras de leite por Ponto crítico de Controle (PCC), em<br />

cada uma das 6 (seis) mini-usinas do cariri paraibano. O PCC I é a etapa de pasteurização e<br />

o PC C, a estocagem. Encontra-se em todas as mini-usinas um alto índice de contaminação,<br />

atingindo médias superiores ao recomendado pela legislação, onde o leite logo após a<br />

pasteurização apresentou uma média de 2,3 x 10ó UFC/mL a 1,3 x 107 UFC/mL e o<br />

embalado (pronto para consumo) de 2,3 x 10ó UFC/mL a 2,6 x 107 UFC/mL. Em algumas<br />

mini-usinas observou contaminação da estocagem superior a da recém pasteurizada,<br />

indicando uma contaminação pós-pasteurização, associadas a falhas no empacotamento e<br />

armazenamento do leite após a pasteurização.<br />

Key words: Goat milk, mesophilis, HACCP, Pasteurization.<br />

INTRODUÇÃO<br />

Segundo Jaubert (1997) a qualidade do leite<br />

caprino pode ser definida como um potencial<br />

resultante de tratamentos tecnológicos, no qual<br />

seu consumo responde às expectativas em<br />

termos da saúde (valor nutricional), da qualidade<br />

(higiene) e da satisfação (atributos sensoriais).<br />

Portanto, o leite deve ser obtido e manuseado<br />

de fo rma correta desde a ordenha, benefi<br />

ciamento e distribuição. Segundo Simplicio e<br />

Wander (2003) e Guimarães e Cordeiro (2003),<br />

a carência de aplicação de tecnologias adequadas,<br />

somada à não utilização de padrões de controle<br />

higiênico-sanitário do leite de cabra e seus<br />

derivados no Brasil, têm-se constituído como os<br />

principais obstáculos ao desenvolvimento do<br />

setor de laticínios especializados em produtos<br />

caprinos. O desenvolvimento deste setor<br />

produtivo encontra-se vinculado à melhoria da<br />

estrutura de comercialização e à aplicação de<br />

tecnologias viáveis aos padrões de qualidade<br />

exigidos. Segundo a ICMSF (1984) o número de<br />

microrganismos aeróbios mesófilos (contagem<br />

em placas) encontrado em um alimento tem sido<br />

um dos indicadores microbiológicos da qualidade<br />

dos alimentos mais comumente utilizados.<br />

Segundo Franco (1996) a contagem total de<br />

bactérias é empregada para indicar a qualidade<br />

dos alimentos, independente da presença de<br />

patógenos, contagem elevada em alimentos é<br />

indicativo do uso de matéria-prima contaminada,<br />

processamento insatisfatório ou abuso durante<br />

digitalizado por<br />

o armazenamento em relação ao binômio tempotemperatura.<br />

O Sistema APPCC determina a<br />

pasteurização e a estocagem como sendo etapas<br />

denominadas Pontos Críticos de Controle - PCC<br />

e devem ser monitoradas quanto a perigos<br />

microbiológicos. O objetivo deste trabalho foi<br />

avaliar o nível de recontaminação do leite de<br />

cabra durante o processo de pasteurização nas<br />

mini-usinas do cariri paraibano.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Durante o período de janeiro a dezembro<br />

de 2004 foram monitoradas todas as mini usinas<br />

de beneficiamento de leite de cabra da região<br />

do cariri paraibano, baseado no sistema de<br />

controle de qualidade, o APPCC. Foram<br />

analisadas 10 amostras de leite de cabra por<br />

etapa do processamento: logo após a pasteurização<br />

(PCC,) e o leite embalado (PCCj),<br />

totalizando io amostras por mini-usinas. Às<br />

amostras foram transportadas e acondicionadas<br />

em caixas de isopor com gelo para o laboratório<br />

de Tecnologia e Inspeção de Leite da<br />

Universidade Federal de Campina Grande, em<br />

seguida foram mantidas sob refrigeração até o<br />

momento das análises. Realizou-se a Contagem<br />

Padrão em Placa (UFC/mL) para microrganismos<br />

mesófilos (BRASIL, 1992). O índice<br />

de contaminação foi baseado na legislação para<br />

leite de cabra (BRASIL, 2000).<br />

Pág. 277<br />

arvoredoleite.org


RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Encontra-se em todas as mini-usinas um<br />

alto índice de contaminação, atingindo médias<br />

superiores ao recomendado pela legislação, onde<br />

o leite logo após a pasteuri zação apresentou<br />

uma média de 2,3 x 106 UFC/mL a 1,3 x 107<br />

UFC/mL e o embalado (pronto para consumo)<br />

de 2,3 x 106 UFC/mL a 2,6 x 107 UFC/mL. De<br />

acordo com a Tabela O I observa-se que a<br />

pasteurização não fo i eficiente na destruição<br />

de microrganismos mesófilos, onde encontrase<br />

altas contagens no Ponto Crítico de Controle<br />

2 (PCC1), tendo estas, em muitas das amostras,<br />

elevado as suas contagens no PCC 1 nas miniusinas<br />

A, B e F, caracterizando uma contaminação<br />

pós-pasteurização, com alta porcentagem<br />

de amostras recontaminadas. Barbosa,<br />

Miranda (1986), em Portugal, analisando<br />

amostras de leite de cabra, obtiveram os<br />

seguintes valores médios para bactérias aeróbias<br />

mesófilas de 2,0 x 106 UFC/mL, já na Índia,<br />

região nordeste da Irlanda, com 6,5 x 10.1 UFC/<br />

mL, considerada satisfatória, ou seja com<br />

qualidade microbiológica boa.<br />

Carvalho (1998) ao avaliar os efeitos da<br />

pasteurização lenta em leite de cabra obtido da<br />

grande São Paulo, observou que esse tipo de<br />

pasteurização fo i eficaz na destruição de<br />

mesófi los, apesar das contaminações póspasteurização<br />

elevarem as suas quantidades,<br />

tornando os leites analisados fora dos padrões.<br />

Tabela 1 - Va lores médios para CPP de<br />

microrganismos mesófilos (UFC/<br />

mL) nos dois Pontos Críticos de<br />

Controle (PCC), nas seis mini-usinas<br />

de leite de cabra do cariri paraibano,<br />

no período de janeiro a dezembro de<br />

2004.<br />

Mini-usinas CPP - Mesófilos<br />

PCC 2 PCC 3<br />

A l,1 x J()1 2,6 x 107<br />

B 5,4 X 106 1,9 x 107<br />

C 2,3 X 106 2,3 X 106<br />

D 1,3 X 107 6,2 x 106<br />

E 6,6 X JOf> 6,5 X IOf><br />

F 5,3 X 106 2,6 x 107<br />

CONCLUSÃO<br />

o monitoramento no fluxograma do<br />

beneficiamento do leite de cabra revelou que O<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

PCC 1 mostrou índices de contaminações elevadas<br />

quando comparados aos encontrados em alguns<br />

PCC1, sugerindo contaminação pós-pasteurização<br />

associados à falhas no empacotamento e<br />

armazenamento após a pasteurização. Torna-se<br />

necessário que os laticínios adotem uma política<br />

de qualidade, que visualize toda a cadeia produtiva<br />

do leite de cabra, para que haja uma interação<br />

direta entre produtores, mini usinas e órgãos de<br />

fiscalização e que sejam adotadas as Boas Práticas<br />

de Fabricação - BPF e a implantação do APPCC.<br />

ABSTRACT<br />

The milk can be conserved by several<br />

technological processes, among them, the<br />

pasteurization is a method that assures the<br />

destruction of the microorganisms patógenos and<br />

it maintains the characteristics organolépticas and<br />

nutritious, turning an innocuous and healthy food<br />

(RIEDEL, 1996). The HACCP is a quality control<br />

program adopted by industries of foods with the<br />

intention of producing foods that he/she doesn't<br />

offer risks the consumer's health. Observing the<br />

patterns microbiológics for goat milk pasteurized,<br />

the work had as objecti ve monitors the<br />

pasteurization process as for the presence of<br />

microorganisms mesophilis, collecting 10 (ten)<br />

samples of milk fo r criticaI Point of Control<br />

(PCC), in each one of the 6 (six) mini-plants of<br />

the cariri paraibano. PCC I is the pasteurization<br />

stage and PC C, lhe slockpiling. He/she is in ali of<br />

lhe mini-plant-s a high index of contaminalion,<br />

reaching superior averages to the recommended<br />

by the Iegislation, where the milk soon after the<br />

pasteurization it presented an average of 2,3 x<br />

106 UFC/mL to 1,3 x 107 UFC/mL and wrapped<br />

him/it (ready for consumption) of 2,3 x 106 UFC/<br />

mL to 2,6 x 107 UFC/mL. In some l11ini-plants<br />

observed contamination of the superior stockpiling<br />

lhe one of the recently pasteurized, indicating a<br />

contamination powder-pasteurization, associated<br />

to fail in the packing and storage of the milk after<br />

the pasteuri zation.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

BARBOSA, M.; MIRANDA, R. Physicalchemical<br />

and microbiological characteristics of<br />

goat milk in Portugal. Bulletin International<br />

Dairy Federation. n. 202, 1986.<br />

BRASIL. Ministério da Agricultura. Métodos<br />

analíticos oficiais para controle de produtos<br />

de origem animal e seus ingredientes: I,<br />

Métodos microbiológicos. Brasília, 1992.<br />

BRASIL, Ministério da Agricultura Pecuária e<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Abastecimento. Instrução Normativa n° 37, de<br />

31 de outubro de 2000. Regulamento Técnico<br />

de Produção, Identidade e Qualidade do<br />

leite de cabra. Brasíl ia, 2000.<br />

CARVALHO, M. G. X. Características físicoquímicas,<br />

biológicas e microbiológicas do leite<br />

de cabra processado em micro usinas da<br />

Região da Grande São Paulo - SP. São Paulo,<br />

1998. Tese (Doutorado). Faculdade de Medicina<br />

Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo.<br />

FRANCO, B. D. G. M.; LANDGRAF, M.<br />

Microbiologia de alimentos. São Paulo: Atheneu,<br />

p. 182, 1996.<br />

GUIMARAR-ES, M. P. S. L.; CORDEIRO, P. R.<br />

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lácteos no Brasil, In: Simpósio Internacional de<br />

caprinos de corte e Simpósio Internacional sobre<br />

o Agronegócio da caprinocultura leiteira, 1, João<br />

Peso/PB, Anais ... João PessoalPB, p. 95-101, 2003.<br />

• • • •<br />

INTERNATIONAL COMMISSION ON<br />

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FOOD (lCMSF). Microorganismos de los<br />

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microbiológico. Zaragoza: Acríbia, p. 43 1, 1984.<br />

JAUBERT, A. Biochemical characteristics and<br />

quality of goat milk. Morand-Fehr (ed) Recent<br />

advances in goat research. Zaragoza: CIHEAM­<br />

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Mediterranean's; v. 25). 6. International<br />

Conference on goats, Beijing (China).<br />

RIEDEL, G. Controle Sanitário do alimentos.<br />

2" ed., São Paulo: Atheneu, p. 320, 1996.<br />

SIMPLICIO, A. A.; WA NDER, A. Organização<br />

e gestão da unidade prod utiva no caprinoovinocultura.<br />

Congresso Pern ambucano de<br />

Medicina Veterinária - Seminário Nordestino de<br />

Caprino-ovinocultura, 5, Recife/Brasil. Anais • ..<br />

Recife/Brasil, p. 177-1 87, 2003.<br />

• • • •<br />

CARACTERíSTICAS FíSICO-QuíMICAS DO LEITE DE CABRA CRU E PASTEURIZADO EM<br />

SEIS MINI-USINAS DO CARIRI PARAIBANO<br />

Physiochemical characteristics of the raw milk of goat are pasteurized at six miniplants<br />

of cariri paraibano<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

A caprinocuItura vem ganhando grande<br />

impulso nos últimos anos pelo potencial que<br />

representa, podendo ser considerada um ins-<br />

Suely Cristina Pereira de LlMAl<br />

Maria das Graças Xavier de CARVALH02<br />

Marta Glícia Oliveira dos SANTOSl<br />

Luciana Medeiros da SILVN<br />

Nara Geanne de Araújo MEDEIROS4<br />

Valéria Maria Souza Cavalcante XAVIER5<br />

Simone Araújo de Medeiros HOLANDN<br />

trumento eficaz de promoção de desenvolvimento<br />

da zona semi-árida no Nordeste<br />

brasileiro. A sua exploração desempenha papel<br />

I UFCG/CSTR mestranda do curso de pós-graduação Méd. Veterinária de Peq. Ruminantes.<br />

2 UFCG/CSTR Prof' de Tecnologia e Inspeção de Leite.<br />

3 UFCG/CSTR Prof' de Bioquímica Animal.<br />

4 UFCG/CSTR Prof' Inspeção de Pescado.<br />

4 UFCG/CSTR Aluna do curso de Medicina Veterinária.<br />

digitalizado por<br />

arvoredoleite.org<br />

Pág. 279


elevante como fonte de proteínas e importante<br />

fator sócio-econômico para os pequenos<br />

produtores, através da utilização de seus<br />

subprodutos (RODRIGUES, 1998). A importância<br />

do leite de cabra na alimentação se deve ao seu<br />

alto valor nutritivo, maior digestibilidade,<br />

características terapêuticas e dietéticas (FISBERG<br />

et aI., 1999; HAENLEIN, 2003). Do ponto de<br />

vista físico-químico, o leite é um produto muito<br />

completo. Para compreender as transformações<br />

que se produzem nos produtos lácteos durante os<br />

diversos tratamentos industriais, é imprescindível<br />

um profundo conhecimento de sua estrutura<br />

(AMIOT, 1991). A análise dos parâmetros<br />

físico-químicos convencionais para o leite de<br />

consumo, portanto, torna-se um fator<br />

preponderante para assegurar ao consumidor o<br />

direito de controle de qualidade do mesmo<br />

(CAMPOS et aI., 1995). O objetivo do presente<br />

trabalho foi determinar as características físicoquímicas<br />

do leite de cabra cru e pasteurizado<br />

proveniente de seis mini-usinas do cariri<br />

paraibano.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

Foram coletadas em seis mini-usinas de<br />

leite de cabra do cariri paraibano 10 (dez)<br />

amostras de leite de cabra cru e 10 (dez) amostras<br />

de leite de cabra pasteurizado de cada estabelecimento.<br />

As análises físico-químicas foram<br />

re alizadas de acordo com a metodologia<br />

re comendada pelo Laboratório Nacional de<br />

Referência Ani mal - LANARA (BRASIL, 1981)<br />

para : Acidez Ti tulável; Te or de Gord ura;<br />

Densidade a 15° C; Extrato Seco Total (EST) e<br />

Extrato Seco Desengordurado (ESD). Os<br />

resultados das análises físico-químicas foram<br />

analisados utilizando a estatística descritiva,<br />

comparando-se os resultados encontrados com<br />

a legislação em vigor (VIEIRA, 1992).<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Na Tabela I e 2 encontram-se os resultados<br />

relativos à acidez, densidade, gordura, extrato seco<br />

total e extrato seco desengordurado do leite de<br />

cabra cru e pasteurizado, nas seis mini-usinas<br />

selecionadas que se apresentaram fora dos padrões.<br />

Os valores médios encontrados para a<br />

acidez do leite de cabra cru e pasteurizado nas 6<br />

mini-usinas estudadas variou de 15, 10 a 18,20°<br />

O, onde situaram-se dentro dos limites<br />

estabelecidos pela legislação vigente (BRASIL,<br />

2000). Porém, verificou-se que 2 amostras da<br />

usina A (20%), duas da usina B (20%), duas da<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATIcíNIOS<br />

usina D (20%), duas da usina E (20%) e três da<br />

usina F (30%) para o leite de cabra cru estavam<br />

fora dos padrões, que representa 18,33% do total<br />

das amostras. Para o leite pasteuri zado, apenas<br />

I amostra da usina B (10%) e uma da usina O<br />

(l 0%) apresentando acidez titulável acima de<br />

18° D, ou seja, 3,33% das amostras estavam fora<br />

dos padrões legais. Pereira et aI. (1999)<br />

encontraram um percentual muito alto de 56,6%<br />

de amostras de leite de cabra pasteurizado fora<br />

dos padrões, discordando com esta pesquisa. As<br />

densidades médias determinadas em leites de cabra<br />

cru e pasteurizado encontram-se dentro dos<br />

padrões normais estabe lecidos pela legislação<br />

vigente (1.028-1 .034) em todas as mini-usinas<br />

estudadas. Estes valores variam entre 1.03 1 ,03<br />

a 1.032,43. No entanto, das 60 amostras de leite<br />

cru, duas apresentaram densidade acima dos<br />

padrões (Usinas B e E), com valores maiores que<br />

o permitido, de 1.035,2 e 1.034,6 respectivamente.<br />

Almeida et aI. (2000), ao pesquisar a<br />

qualidade do leite de cabra comercializado em<br />

Juiz de Fora- MG encontrou valores muito abaixo<br />

desta pesquisa, que foram de 1.027, 15 a 1.03 1,63<br />

g/L, constatando que 10% das amostras<br />

produzidas no município estavam em desacordo<br />

com a legislação. O teor de gordura foi o mais<br />

variável, tendo como valor mínimo 3,3 % e no<br />

máximo de 7,6%. Em todas as mini-usinas os<br />

valores estavam dentro dos padrões quanto a<br />

variação estudada. Nunes e Isepon (2003)<br />

encontraram valores muito abaixo do encontrado<br />

nesta pesquisa. que roi de 2.74% para o teor de<br />

gord ura. O valor máximo encontrado por estes<br />

autores foi de 3,48%. Os valores estabelecidos<br />

para o extrato seco total devem ser iguais ou no<br />

mínimo de 11, 2% (BRASIL. 2(00). O menor<br />

valor encontrado foi de 12,Oc}'c, em uma amostra<br />

de leite pasteurizado da usina E e o maior valor<br />

foi de 17.63% em uma amostra de leite cru da<br />

usina D. Este alto valor pode ser decorrente do<br />

alto teor de Gordura encontrado na amostra da<br />

mesma usin, que fo i de 7.6% de gordura.<br />

Almeida et aI. (2000), pesquisaram a qualidade<br />

do leite de cabra comercializado na cidade de<br />

Juiz de Fora (MG) e encontraram valores de EST<br />

de 9,28 - 13,29%. Nesta pesquisa os autores<br />

encontraram 16,67% das amostras fo ra dos<br />

padrões. Já Pereira et aI. (1999) encontraram<br />

em leite de cabra pasteurizado 63,3 das amostras<br />

fora dos pad rões. No que se re fere ao extrato<br />

seco desengordurado para o leite cru e<br />

pasteurizado todas as amostras apresentaram-se<br />

dentro dos padrões legais que é de no mínimo<br />

8,2% (BRASIL, 2(00), onde os valores variaram<br />

de 8,48 a 10,03%. Prata et aI. (1998)<br />

encontraram valores de 8,21 a 10,06%, com 75%<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Tabela 1- Resultado das análises físico-químicas, fora dos padrõe . legais . *, relativas ?s 60 aosta<br />

de leite de cabra cru, colhidas em 6 mini-usinas do Cann paraibano, no penodo de ]Unelr<br />

a dezembro de 2004, Patos-PB.<br />

Análises<br />

Leite<br />

físico- Usina A Usina B Usina C Usina D Usina E Usina F<br />

químicas N° (%) N° (%) N° (%) N° (%) N° (%) N° (%)<br />

Acidez 2 20 2 20 O O 2 20 2 20 3 30<br />

Densidade O O I lO O O O O I 10 O O<br />

Gordura O O O O O O O O O O O O<br />

EST O O O O O O O O O O O O<br />

ESD O O O O O O O O O O O O<br />

* Amostras fora dos padrões legais estabelecidos pela Instrução Normativa n" 37, que regulamenta a qualidade do leite de<br />

cabra cru e pasteurizado (BRASIL, 2000).<br />

Tabela 2 -Resultado das análises físico-químicas, fora dos padrs legis *, relativa: as 60 mo . stras<br />

de leite de cabra pasteurizado, colhidas em 6 mini-usinas do Cann paraibano, no penodo de Janeiro a<br />

dezembro de 2004, Patos-PB.<br />

Análises<br />

Leite Cru<br />

físico- Usina A Usina B Usina C Usina D Usina E Usina F<br />

N° N° (%) N° (%) N° (%)<br />

Densidade O O O O O O O O O O O O<br />

Gordura O O O O O O O O O O O O<br />

EST O O O O O O O O O O O O<br />

ESO O O O O O O O O O O O O<br />

* Amostras fora dos padrões legais estabelecidos pela Instrução Normativa n" 37, que regulamenta a qualidade do leite de<br />

cabra pasteurizado (BRASIL, 2000).<br />

dos resultados até 9,36% e média de 8,895 ±<br />

0,337% não diferindo ao encontrado nesse<br />

experimento.<br />

4 - CONCLUSÃO<br />

Ao analisar os parâmetros físico-químicos<br />

do leite de cabra cru e pasteurizado de seis miniusinas<br />

do cariri paraibano pode-se concluir que,<br />

do ponto de vista da inspeção, o perfil do leite<br />

de cabra cru está em desacordo com a legislação<br />

em 21,66% das amostras e para o leite<br />

pasteurizado apenas 3,33% das amostras estavam<br />

fora dos padrões. A pasteuri zação na indústria<br />

mostrou-se eficiente no que se refere às<br />

propriedades físico-químicas do leite, pois apesar<br />

de constatada grandes variações nos resultados<br />

não houve alterações que pudessem torná-lo<br />

inadequado ao consumo.<br />

digitalizado por<br />

SUMMARY<br />

The goats exploration plays important<br />

part as source of proteins and important<br />

socioeconomic factor for the small producers,<br />

through the use of your by-products. The<br />

analysis of the physical-chemical parameters<br />

becomes a preponderant factor to assure the<br />

consumer the right of control of quality of the<br />

same. The objective of the present work it was<br />

to determine the characteristics physicalchemistries<br />

of the raw goat milk and pasteurized<br />

originating from six mini-plants of the cariri<br />

paraibano. They were collected at six mini-plants<br />

of milk of goat of the cariri paraibano 10 (ten)<br />

samples of raw goat milk and 10 (ten) samples<br />

of pasteurized goat milk of each establishment.<br />

The analyses physical-chemistries were<br />

accomplished in agreement with the<br />

arvoredoleite.org


methodology recommended by the National<br />

Laboratory of Animal Reference - LANARA<br />

(BRAZIL, 1981) for: Acidity Titulável; Tenor<br />

of Fat; Density to 15° C; Total Dry extract<br />

(EST) and Degreased Dry Extract (ESD). The<br />

medium values fo und for the acidity of the raw<br />

goat milk and it varied from 15, lO to 18,20° D,<br />

it was veri fied that 2 samples of the plant A<br />

(20%), two of the plant B (20%), two of the<br />

plant D (20%), two of the plant E (20%) and<br />

three of the plant F (30%) for the raw goat milk<br />

they were out of the patterns, that represents<br />

18,33% of the total of the samples. For the<br />

pasteurized milk, only I sample of the plant B<br />

(10%) and one of the plant D (10%) presenting<br />

acidity titulável above 18° D, in other words,<br />

3,33% of the samples were out of the legal<br />

patterns. In the density of the 60 samples of<br />

raw milk, two presented density above the<br />

patterns (Plants B and it is), with larger values<br />

than allowed it, of 1.035,2 and 1.034,6<br />

respectively. The fat tenor was it more variable<br />

tends as minimum value 3,3% and at the mos<br />

of 7,6%. In ali the mini-plants the values were<br />

inside of the palterns as the studied variation.<br />

The smallest value fo und for the total dry extract<br />

it was of 12,0% in a sample of pasteurized milk<br />

of the plant E and the largest value was of<br />

17.63% in a sample of raw milk of the plant D.<br />

In what he/she refers to the degreased dry extract<br />

the values they varied fro m 8,48 to 10,03%.<br />

When analyzing the physical-chemical<br />

parameters of the raw and pasteurized goat milk<br />

of six mini-plants 01' the cariri paraibano it can<br />

be ended that, of the point of view of the<br />

inspection, the profile of the raw goat milk is in<br />

disagreement with the legislation in 21,66% of<br />

the samples and for the ll1ilk pastcurized only<br />

3.33% of the samples they were out of the<br />

patterns. The pasteurization in the industry was<br />

shown efficient in what he/she refers to the<br />

physical-chemical properties of the milk,<br />

because in spite of having verified great<br />

variations in the results there were not<br />

alterations to turn him/it inadequate to the<br />

consumption.<br />

Key-words: goat milk, pasteuri zation,<br />

physiochemical characteristics.<br />

Pág. 282<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

• • • •<br />

5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

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origem animal e seus ingredientes : lI,<br />

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Article in Press. 2003.<br />

NUNES, S. A.; ISEPON, J. S. Influência do<br />

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Revista do Instituto de laticínios Cândido<br />

Tostes, n. 33 1, v. 58. p. 21- 27, 2003.<br />

PEREIRA, Y. G. ; RUDGE. A. c.; MEIRA, D. R.<br />

Avaliação da qualidade microbiológica e fís icoquímica<br />

do leite de cabra comercializado na região<br />

centro-oeste do Estado de São Paulo- SP.<br />

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PRATA , L. F. ; RIBEIRO, A. C. et aI.<br />

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RODRIGUES, A. A importância dos capri nos<br />

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Agronegócio de leite no Nordeste: Alternativas<br />

tecnológicas c pcrspectivas de mercado.<br />

Anais . . . Natal, 1998, 21 I p.<br />

• • • •<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

MÉTODO ALTERNATIVO PARA ENUMERAÇÃO DE BACTÉRIAS LÁ TICAS<br />

Alternative method for enumeration of latie aeid baeteria<br />

RESUMO<br />

FONTES, E. A. F.l<br />

PIRES, A. C. S2.<br />

ARA Ú JO, E. A.2<br />

A busca por alimentos mais saudáveis tem aumentado o consumo de produtos lácteos<br />

fermentados. As bactérias láticas são constituintes de um grupo importante de bactérias de<br />

interesse industrial, por apresentarem um papel fundamental na produção de alimentos<br />

fermentados. A contagem em placas é um método convencional utilizado pelas indústrias<br />

de laticínios para enumeração de microrganismos. O objetivo deste trabalho foi comparar<br />

o método convencional de contagem de bactérias láticas em placas contendo ágar MRS<br />

com o alternativo Petrifilm3M• Foram utilizadas cultura homofermentativa de Lactobacillus<br />

delbrueckii ssp. bulgaricus e cultura heterofermentativa de Leucollostoc mesenteroides<br />

subsp. cremoris. As culturas foram inoculadas e ativadas em leite desnatado reconstituído<br />

a 10 % e diluições centesimais foram feitas em água peptonada O, I % sendo a última<br />

diluição feita em caldo MRS para o plaqueamento em Petrifilm3M• O plaqueamento foi<br />

feito em triplicata no agar MRS e no Petrifilm3M que foram incubados em anaerobiose a 37<br />

°C ± 2 °C por 48 horas. No método convencional, foram contadas diluições com contagens<br />

entre 25 e 250 unidades formadoras de colônias (UFC). Para a metodologia alternativa, as<br />

colônias vermelhas sem formação de gás foram identificadas como microrganismos<br />

homofermentativos e as colônias vermelhas com formação de gás, como heterofermentativas.<br />

A comparação entre o método alternativo e a contagem em placa em ágar<br />

MRS não diferiu estaticamente (p>0,05), apresentando resultados semelhantes.<br />

INTRODUÇÃO<br />

As bactéri as do ácido lático despertam<br />

interesse devido ao seu potencial de utilização no<br />

biocontrole em alimentos. Elas podem exercer<br />

atividade inibitória frente a outras bactéri as<br />

devido à competição direta por nutrientes e pela<br />

produção de compostos antagonísticos como<br />

ácidos orgânicos, diacetil, peróxido de hidrogênio<br />

e bacteriocinas (Mc MULLEN & STILES, 1996).<br />

As bactérias láticas constituem um grupo<br />

importante em virtude da sua capacidade de atuar<br />

em diferentes grupos de alimentos de maneira<br />

peculiar. Estas apresentam como características<br />

serem Gram+ e quase todas não apresentarem<br />

motilidade e nem catalase. São anaeróbias<br />

facultativas, sacarolíticas, produzzem grandes<br />

quantidades de ácido lático, têm metabolismo<br />

biossintético pobre, não utilizam O, e dividemse<br />

em homo e heterofermentativas<br />

1 Pesquisadora DTIICNPq - UFV.<br />

2 Mestrandas do Departamento de Tecnologia de Alimentos - UFY.<br />

digitalizado por<br />

As homofermentativas produzem quase que<br />

exclusivamente ácido lático quando fermentam a<br />

glicose. Já as heterofermentativas produzem, além<br />

de ácido lático, outros compostos como CO, e/ou<br />

ácido acético, em quantidades apreciáveis. -<br />

O Lactobacillus delbrueckii spp. Bulagaricus<br />

é uma bacteria homofermentativa e é uma das<br />

bactérias requeridas para a produção de iogurte,<br />

sendo essencial para a formação do seu sabor<br />

característico (AWAISHEH et aI., 2005).<br />

O Leucollos{oC mesenteroides subsp.<br />

cremoris é uma bactéria heterofermentativa,<br />

sendo constituinte de culturas utilizadas na<br />

produção de queijos em que é desejável a presença<br />

de algumas olhaduras (FERREIRA, 2001).<br />

O método convencional de contagem de<br />

bactérias láticas em placas consiste no plaqueamento<br />

das amostras pela técnica pour plate<br />

arvoredoleite.org


em meio de cultura MRS. Para que ocorra o<br />

crescimento das colônias, as placas são incubadas<br />

em condições ideais de tempo e temperatura.<br />

Esta técnica apresenta como desvantagem o<br />

demorado tempo de preparo dos meios de cultura<br />

e vidrarias, além de ser um processo propício a<br />

erros, tais como: possibilidade de algumas<br />

partículas dos alimentos serem contadas como<br />

colônias e a contagem final estar sujeita a valores<br />

não correspondentes aos reais, devido à<br />

possibilidade dos microrganismos se agregarem.<br />

Segundo FRAQUEZA (2002), os métodos<br />

rápidos compreendem uma área de estudo<br />

relativamente nova na microbiologia aplicada,<br />

que tem por objetivo de melhorar e desenvolver<br />

teste de isolamento, detecção precoce, caracterização<br />

e enumeração de microrganismos. Os<br />

benefícios dos métodos rápidos baseiam-se na<br />

simplificação de execução da análise com redução<br />

do trabalho laboratorial, processamento de maior<br />

número de amostras em menor período de tempo.<br />

A contagem em placas Petrifilm . 1M é um método<br />

rápido, com sistema pronto de meio de cultura<br />

que contém os nutrientes do padrão de contagem,<br />

um agente geleificante solúvel em água fria e um<br />

indicador para facilitar a enumeração das colônias.<br />

Uma alíquota da amostra é transferida para o<br />

Petrifilm 1 M, no qual ocorre a hidratação dos<br />

nutrientes com posterior solidificação do gel.<br />

Este trabalho teve como objetivo comparar<br />

a enumeração de bactérias láticas, homo e<br />

heterofermentativas, pelo método convencional<br />

em placas e Petrifilrn\'.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Foram utilizadas culturas puras de L.<br />

delbrueckii spp. bulgariclls e de L. mesellleroides<br />

subsp. crellloris, que foram ativadas três vezes<br />

em leite desnatado reconstituído a 10 %.<br />

Para contagem em placas, fo ram fe itas<br />

diluições seriadas em água peptonada 0, 1 %.<br />

Seguiu-se o plaqueamento, de cada cultura, em<br />

meio MRS, pelo método pOlir plale, em triplicata.<br />

A contagem convencional seguiu as recomendações<br />

da APHA.<br />

Para a contagem em Petrifilm·1M, foram<br />

feitas diluições seriadas em água peptonada O, I<br />

%, sendo a última diluição feita em caldo MRS,<br />

seguindo as recomendações do fabricante.<br />

Alíquotas de 1 mL de cada cultura foram<br />

transferidas para o Petrifilm·1M.<br />

As placas de Petri e os Petrifilms foram<br />

incubados em anaerobiose, a 3rC ± 2 °c por<br />

48 horas.<br />

Com auxílio de um contador, realizou-se a<br />

leitura das placas com contagem entre 25 e 250<br />

Pág. 284<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

colônias. No método rápido, as colônias<br />

vermelhas sem formação de gás representaram<br />

as bactérias homofermentativas, enquanto as<br />

colônias vermelhas com produção de gás<br />

caracterizaram as hetero fermentativas.<br />

O experimento fo i conduzido seguindo o<br />

Delineamento Inteiramente Casualizado com três<br />

repetições.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Os resultados das contagens realizadas pelo<br />

método convencional e pelo método rápido não<br />

diferiram significativamente a 5 % de<br />

probabilidade pelo teste F, como observado no<br />

Quadro I.<br />

As contagens das unidades formadoras de<br />

colônia (UFC) foram expressas em logaritmos<br />

decimais. Para L. delbrueckii spp. bulgaricus<br />

obtiveram-se 8,40 e 8, I 5 para contagem em<br />

placas e Petri film1M, respectivamente. Para o L.<br />

mesellleroides subsp. cre11loris os resultados<br />

foram 7,84 para o método convencional e 7,37<br />

para o método rápido.<br />

Quadro 1 - Resumo da análise de variância para<br />

a contagem de bactérias láticas utilizando<br />

método de contagem convencionai<br />

em placa e Petri film .\I<br />

QM<br />

Fonte de L. delhmeckii L. II/e.l'eflleroide.l'<br />

variação GL spp. !mlgariclI.I' suhsp. crel1lori.l'<br />

Métodos 0,2953'" 0, 1 323'"<br />

Resíduo 4 0, 1813 0, 1063<br />

n·' Não significativo a 5 '70 de probabilidade pelo teste F.<br />

CONCLUSÃO<br />

Conclui-se que o método de contagem em<br />

placas Petri film·\M é uma alternativa viável<br />

economicamente ao método convencional de<br />

contagem em placas, por ter-se observado<br />

sensibilidade equivalente entre os métodos.<br />

SUMARY<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

AWAISHEH, S.S., HADDADIN, M.S.Y.,<br />

ROB IN SON R. K. Incorporation of selected<br />

nutraceuticals and probiotic bacteria into a<br />

fermented milk.<br />

International Dairy Journal. In Press,<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Corrected Proof, Available online 2 March 2005<br />

FERREIRA, C.L.L.F. Produtos Lácteos<br />

fermentados: Aspectos Bioquímicos e<br />

Tecnológicos, 2 ed., Viçosa: UFV, 2001, 112p.<br />

FRAQUEZA, M. J. Métodos Rápidos Aplicados<br />

ao Controle Microbiológico dos Alimentos.<br />

proceedings of the Veterinary Sciences<br />

Congress, 2002 SPCV, Oeiras, 10-12 out., p.<br />

279-280.<br />

• • • •<br />

Mc MULLEN, L. M., STILES, M. E. Potential<br />

for use of bacteriocin-producing lactic acid<br />

bacteria in the preservation of meats. J. Food<br />

Prot., v. 59, suppl., p. 64-7 1, 1996.<br />

SPLITTSTOESSER, D. F., Eds., Compendium<br />

of Methods For The Microbiological<br />

Examination of Foods, 3 ed., American Public<br />

Health Association, Washington, DC. 1992,<br />

225-238.<br />

• • • •<br />

FORMULAÇÃO E AVALIAÇÃO DE DOCES DE LEITE EM PASTA SEM ADiÇÃO DE AÇÚCAR<br />

Fluid milk candy formularization and evaluation without sugar addition<br />

RESUMO<br />

Tatiane Ganda1<br />

Afonso M. Ramos2<br />

Luciano J. Q. Teixeira3<br />

o doce de leite é um produto característico do Brasil, sendo que Minas Gerais é o maior<br />

produtor nacional. Este trabalho se propôs a formular, avaliar e comparar doces de leite<br />

fabricados com e sem o acréscimo de açúcar, visando-se determinar as características<br />

físico-químicas e sensoriais. Foram feitas três formulações, sendo a primeira com acréscimo<br />

de açúcar (doce comum), e as outras duas com diferentes combinações de edulcorantes. Os<br />

doces produzidos foram analisados físico-quimicamente através das análises de pH, sólidos<br />

solúveis, extrato seco e acidez total titulável. A textura dos doces produzidos foi avaliada<br />

em texturômetro TA-HDi. Para os testes de aceitação do produto fo i utilizada escala<br />

hedônica de nove pontos. Os doces formulados sem a adição de açúcar apresentaram<br />

maiores valores de acidez titulável e de teor de gordura .. Na análise sensorial, o doce<br />

comum obteve média 8,3, enquanto que os doces sem adição de açúcar apresentaram<br />

médias entre 6 e 7.<br />

Palavras-chave: doce de leite; edulcorante; pectina.<br />

1 -INTRODUÇÃO<br />

Vários estudos recentes têm relacionado a<br />

dieta alimentar entre os parâmetros de risco à<br />

saúde pública, baseados nas diversas doenças e<br />

disfunções que decorrem da obesidade.<br />

Graduanda em Engenharia de Alimentos da Universidade Federal de Viçosa.<br />

2 Professor Adjunto do Departamento de Tecnologia de Alimentos da UFV.<br />

3 Doutorando em Ciência e Tecnologia de Alimentos da UFV.<br />

digitalizado por<br />

Essa preocupação com a dieta alimentar<br />

pode ser evidenciada quando analisamos os<br />

números do mercado de alimentos light/diet:<br />

crescimento de 600% na década de 90 (AB IAD,<br />

Pág. 285<br />

arvoredoleite.org


2005), o que coloca em pauta de discussão a<br />

utilização de produtos substitutos do açúcar, como<br />

edulcorantes e polióis. As principais razões,<br />

relatadas pelos consumidores, para consumo .de<br />

alimentos de baixa caloria isentos de açúcar são:<br />

obter melhor saúde geral, ingerir alimentos e<br />

bebidas mais saudáveis, manter ou controlar o<br />

peso atual, reduzir o peso, paladar e para manter<br />

uma aparência física atraente (LITE, 1993,<br />

citado por CÂNDIDO E CAMPOS, 1996).<br />

Atualmente, o Brasil é o maior produtor<br />

de leite do mundo. A produção brasileira passou<br />

de 14,4 bilhões de litros em 1990 para 22,3<br />

bilhões em 2004, representando um crescimento<br />

de 54,86%, segundo o IBGE (2005). Um dos<br />

principais derivados do leite comercializado no<br />

país é o doce de leite, sendo que Minas Gerais é<br />

o maior produtor nacional (lNDI - MG, 2005).<br />

O doce de leite sem adição de açúcar é um<br />

produto que o mercado está exigindo devido às<br />

necessidades de produtos menos calóricos para<br />

a manutenção do peso como também pelo<br />

público diabético.<br />

Neste trabalho foram desenvolvidas duas<br />

formulações de doces com diferentes associações<br />

de edulcorantes, visando-se determinar as<br />

características físico-químicas e sensoriais, além<br />

da avaliação do doce acrescido de sacarose, para<br />

fi ns comparativos.<br />

2 - MATERIAIS E MÉTODOS<br />

Os ingredientes e aditivos que fo ram<br />

mantidos constantes em todos os doces sem<br />

adição de açúcar fo ram os seguintes: leite<br />

(100%), pectina (0,3 a 1,5 %), citrato de sódio<br />

(0,01%) e sorbato de potássio (0,01%). O doce<br />

comum foi fabricado apenas com leite e sacarose.<br />

Para efeito deste trabalho foram usados os<br />

conceitos de adoçantes e edulcorarites propostos<br />

por ANGELUCCI (1990). Para o aj uste da doçura<br />

dos doces de leite, os poderes adoçantes adotados<br />

para os substitutos do açúcar foram os<br />

apresentados por CÂNDIDO e CAMPOS (1996)<br />

e a quantidade adicionada fo i calculada de tal<br />

forma que a doçura fosse equivalente a um doce<br />

formulado com 18% de açúcar.<br />

Foram fe itas três formulações, sendo a<br />

primeira com acréscimo de açúcar (doce comum:<br />

FI), e as outras com os seguintes edulcorantes:<br />

acesulfame-K e sucralose na segunda formulação<br />

(F2); ciclamato de sódio, esteviosídeo, sacarina<br />

sódica e sorbitol na terceira (F3). O agente<br />

espessante utilizado foi a pectina de baixa<br />

metoxilação nas formulações 2 e 3. A análise<br />

estatística fo i realizada com o auxílio do<br />

programa Genes (CRUZ, 200 I).<br />

Pág. 286<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

2.1 - Análises Físico-Químicas<br />

Os doces de leite produzidos foram<br />

analisados físico-quimicamente através das<br />

análises do pH, sólidos solúveis, acidez total<br />

titulável e extrato seco de acordo com as Normas<br />

Analíticas do Instituto Adolfo Lutz (1976) e com<br />

Silva (1997).<br />

2.2 - Análises de Textura<br />

A textura dos doces produzidos foi<br />

determinada utilizando o texturômetro TA-HDi<br />

Texture Analyser of Stable Micro Systems, o<br />

qual mede de forma direta a força máxima de<br />

penetração, em Newtons, através da célula<br />

senso r SMSP /35.<br />

2.4 - Análise Sensorial<br />

Foi realizado um teste de aceitação com 53<br />

provadores não treinados utilizando a escala<br />

hedônica de nove pontos para o atributo impressão<br />

global, sendo que 9 corresponde a gostei<br />

extremamente e 1 a desgostei extremamente.<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

As médias dos resultados encontrados<br />

através das análises dos doces produzidos se<br />

encontram dispostos na tabela abaixo (Tabela I).<br />

De acordo com os resultados obtidos nas<br />

análises sensoriais, o doce formulado com açúcar<br />

obteve média 8,3 ficando entre os termos gostei<br />

muito e gostei extremamente, enquanto que os<br />

doces sem adição de açúcar se localizaram entre<br />

gostei ligeiramente e gostei muito, com médias<br />

6,4 e 6,6 para as fo rmulações 2 e 3, respectivamente.<br />

Os doces sem adição de açúcar<br />

apresentaram maior acidez titulável e menores<br />

valores de pH, devido a adição de conservantes<br />

na produção dos mesmos, além do efeito diluente<br />

exercido pelo açúcar dos ácidos presentes no<br />

produto fabricado com sacarose.<br />

A força máxima que mede a resistência à<br />

penetração apresentou-se maior no doce da<br />

formulação 2, sendo que o doce da formulação 3<br />

apresentou uma textura de menor rigidez. Isto<br />

pode ser explicado por interações entre os<br />

edulcorantes utilizados nas formulações 2 e 3<br />

com o espessante (pectina), visto que os demais<br />

ingredientes foram mantidos constantes.<br />

Quanto ao teor de gordura, as formulações<br />

sem adição de sacarose apresentaram maior valor<br />

devido à influência do efeito diluente do açúcar<br />

no doce comum. O teor de sólidos solúveis atingiu<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Tabela 1. Resultados das análises das três formulações de doces de leite.<br />

Doces Acidez (%) pH Textura (N) Extrato Seco (%) S.S. (OBrix) Gordura (%)<br />

FI 0,2109 b 6,475 a 0,688 a 61,995 a 63 a 6,5 b<br />

F2 0,3775 a 6,375 b 1,030 b 36,620 b 26 b 9,5 a<br />

F3 0,3553 a 6,400 b 0,568 c 36,015 b 26 b 9,5 a<br />

S.S.: sólidos solúveis; gordura em % Gerber.<br />

Médias seguidas por pelo menos uma mesma letra (nas colunas) não diferem significativamente pelo teste de Tukey ao nível<br />

de 5% de probabilidade.<br />

o mesmo valor para as duas formulações sem<br />

adição de açúcar, sendo menor no doce comum.<br />

Essa diferença é explicada pela contribuição do<br />

açúcar no último. O teor de sólidos solúveis<br />

reflete a porcentagem de extrato seco dos doces<br />

obtidos, resultando em maiores valores para o<br />

doce comum.<br />

Os valores dos rendimentos dos doces<br />

formulados com edulcorantes foram próximos<br />

entre si (31 e 30 % para as formulações 2 e 3,<br />

respectivamente), enquanto que o rendimento<br />

do doce comum se apresentou maior devido à<br />

presença de sacarose (36 %).<br />

4 - CONCLUSÃO<br />

Os resultados da análise sensorial indicaram<br />

uma menor aceitação pelos doces formulados<br />

sem a adição de açúcar em comparação com o<br />

doce comum. Entretanto é necessário ressaltar<br />

que os doces tipo diet são direcionados a um<br />

público específico, para diabéticos ou para fins<br />

de restrição calórica. Soma-se a essa constatação<br />

o fato de que notas menores atribuídas a esse<br />

tipo de doce estão relacionadas à percepção de<br />

sabor residual metálico, o qual não foi declarado<br />

como presente pela maioria das pessoas,<br />

indicando que nem todos provadores perceberam<br />

esse sabor. Dessa forma, sugere-se estudos<br />

posteriores que restrinjam o público à classe de<br />

interesse, além de analisar a percepção de sabor<br />

desagradável, como o residual metálico,<br />

relacionando-o ao limiar de percepção e a<br />

formulações com diferentes associações de<br />

edulcorantes.<br />

Quanto à textura dos doces formulados<br />

sem a adição de açúcar, observou-se irregularidade<br />

dos resultados em relação ao doce comum,<br />

visto que a formulação 2 apresentou o maior<br />

valor enquanto que a formulação 3 o menor.<br />

Assi m, faz-se necessário a realização de<br />

pesquisas que estudem a interação entre os<br />

edulcorantes e o agente espessante utilizado,<br />

que nesse caso foi a pectina.<br />

digitalizado por<br />

SUMMARY<br />

The milk candy (doce de leite) is a<br />

characteristic product of Brazil, knowing that<br />

Minas Gerais is the greater national producer.<br />

The objective of this paper was to formulate, to<br />

evaluate and to compare milk candies made with<br />

and without sugar addition, aiming at itself to<br />

determine the characteristics of flavor and<br />

physicist-chemistries-. Three formularizations<br />

had been made: the first one with sugar addition<br />

(common candy), and the others with differents<br />

associations of sweetener. The produced candies<br />

had been analyzed chemistry-physically through<br />

the analyses of pH, soluble solids, dry extract<br />

and total acidity. The texture of the produced<br />

candies was evaluated in an equipment TA -HDi.<br />

For the tests of acceptance of the product a<br />

scale of nine points was used. The candies<br />

fo rmulated without the sugar addition had<br />

presented greaters values of total acidity and fat<br />

percentage. In accordance with the results gotten<br />

in the sensorial analyses, the common candy<br />

got average 8,3, while the candies without sugar<br />

addition presented notes between 6 and 7.<br />

Key-words: doce de leite (milk candy),<br />

sweetener, pectin.<br />

5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

ANGELUCCI, Eidiomar. Legislação sobre<br />

edulcorantes no Brasil. In: EDULCORANTES E<br />

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Campinas). EduIcorantes e Adoçantes em<br />

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Acesso em 25/0412005.<br />

CÂNDIDO, Lya Mary Bileski; CAMPOS, Adriane<br />

Mulinari. Alimentos para fins especiais:<br />

Dietéticos. São Paulo: Livraria Varela, 1996.<br />

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arvoredoleite.org


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ESTATÍSTICA - IBGE. Disponível em http://<br />

www.ibge.gov.br. Acesso em 25/04/2005.<br />

INVESTINDO EM MINAS. Perfil. Disponível:<br />

em .Acesso<br />

em 25/04/2005.<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

• • •<br />

NORMAS ANALÍTICAS DO INSTITUTO<br />

ADOLFO LUTZ. Métodos Químicos e<br />

Físicos para análise de alimentos São<br />

Paulo, 2" ed. 371 p.<br />

SILVA, Paulo Henrique Fonseca da [et al.]; Físico­<br />

Química do Leite e Derivados : Métodos<br />

Analíticos. Juiz de Fora, Gráfica : Oficina de<br />

Impressão Gráfica e Editora Ltda, 1997.<br />

• • •<br />

AVALIAÇÃO DE FILME ANTIMICROBIANO PARA CONSERVAÇÃO DE QUEIJO COALHO<br />

Evaluation of antimicrobial film on coalho cheese conservation<br />

RESUMO<br />

Nathália Ramos de Melo1<br />

Nilda de Fátima Ferreira Soares2<br />

Nédio Jair Wurlitzer3<br />

Nélio José de Andrade4<br />

Thiago dei Rey Ramos de Meios<br />

A superfície dos produtos alimentícios é a região mais exposta ao meio ambiente sujeita,<br />

portanto, a contaminações, principalmente de origem microbiológica. A produção do queijo<br />

coalho é artesanal, passando por etapas de manipulação o que confere ao produto alta<br />

vulnerabilidade às contaminações. A maior contaminação ocorre com o grupo coliforme e<br />

de estafilococos patogénicos. Este trabalho avaliou a eficiência antimicrobiana do fi lme de<br />

base celulósica incorporado com nisina, no crescimento de Staplzy/ococCl/S sp. na superfície<br />

de queijo coalho. Os queijos apresentaram 49,63% de umidade, 0,96 de atividade de água e<br />

pH de 6,09. Estes foram inoculados com 104 UFC.g-1 de Staphy/ococCl/S sp., cobertos<br />

pelo fi lme antimicrobiano e estocados a 7±2°C. Após 5 dias o queijo coberto com o filme<br />

antimicrobiano apresentou redução de 2 ciclos log na contagem de Staphy/ococclIs sp.<br />

comparando com o queijo coberto com o filme controle (sem adição do antimicrobiano).<br />

Em análise visual o queij o coberto com o fi lme antimicrobiano fo i o que apresentou<br />

melhor aparência, menos limosidade e coloração mais branca ao fi nal dos 20 dias de<br />

estocagem. A incorporação de nisina em fi lme de base celulósica é uma embalagem ativa<br />

promissora podendo proporcionar ao consumidor um produto com maior segurança<br />

alimentar.<br />

Palavras-chave: Embalagem Ativa; Filme Antimicrobiano; Queijo Coalho, Nisina.<br />

Eng. de alimentos, doutoranda - UFV. E-mail: nathália@vicosa.ufv.br.<br />

2 Professora PhD - UFY. E-mail: nfsoares@ufv.br.<br />

3 Eng. alimentos (SENAI/RJ), doutorando - UFY. E-mail: nediow@alimentos.senai.br.<br />

4 Eng. agrônomo, professor DS - UFY. E -mail: nandrade@ufv.br.<br />

5 Est. de agronomia - UFY. E -mail: thiagodrrm@yahoo.com.br.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

ANAIS DO XXii CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Os alimentos, industrializados ou não,<br />

mantêm-se em constante atividade biológica,<br />

manifestada por alterações de natureza química,<br />

física, microbiológica ou enzimática, podendo<br />

levar à perda de qualidade e redução de sua vida<br />

útil (Midio e Martins, 2000). A região mais<br />

vulnerável a contaminações, principalmente<br />

microbiana, é a superfície dos produtos. Região<br />

esta que esta mais exposta ao meio ambiente e<br />

sujeita a manipulações, sendo, portanto,<br />

necessária adoção de procedimentos e tecnologias<br />

que reduzam ou inibam esta<br />

contaminação (Oliveira, 2002). O queijo coalho<br />

é um alimento de origem animal obtido por<br />

coagulação do leite de vaca por meio do coalho<br />

ou outras enzimas coagulantes apropriadas,<br />

complementada ou não pela ação de bactérias<br />

lácticas selecionadas e comercializado normalmente<br />

com até 10 dias de fabricação. É um queijo<br />

de média a alta umidade, de massa semi-cozida<br />

ou cozida e deve apresentar um teor de gordura<br />

nos sólidos totais variando de 35,0 a 60,0%<br />

(Instrução Normativa 30, 200 I). Sua produção<br />

é realizada de forma artesanal conferindo ao<br />

produto alta vulnerabilidade a contaminações<br />

devido ao elevado manuseio, principalmente nas<br />

etapas de enformagem e viragem. Por ser um<br />

queijo que apresenta de médio a alto teor de<br />

umidade, com alto teor de lactose favorece a<br />

fe rmentação pela microbiota contaminante,<br />

favorecida também pela ausência de uma flora<br />

lática competidora quando fabricado sem adição<br />

de fermento. Se as condições de elaboração não<br />

forem mantidas sob um rígido controle higiênico,<br />

o queijo desenvolve facilmente elevados índices<br />

de contaminação. O ataque mais comum vem do<br />

grupo coliforme e de estafilococos patogênicos<br />

(Furtado e Lourenço, 1994). No Brasil, de 1995<br />

a março de 200 I, no estado de Minas Gerais foi<br />

verificado 112 surtos de intoxicação alimentar<br />

por enterotoxina estafilocócica, acometendo<br />

12.820 pessoas tendo 17 óbitos. Destes surtos<br />

23 foram pela ingestão de queijos (diversos)<br />

ocasionando um óbito e 6 pela ingestão de leite<br />

e derivados, estes sem óbitos (Carmo, 2002).<br />

Nos últimos anos, diversos sistemas de embalagem<br />

vêm sendo desenvolvidos com o objetivo<br />

de interagir de forma desejável com o produto,<br />

promovendo mudanças nas condições de acondicionamento<br />

de forma a aumentar a vida útil e<br />

melhorar a segurança ou as propriedades<br />

sensoriais do produto, mantendo sua qualidade<br />

(Soares, 1998). Dentre as embalagens ativas<br />

pode-se citar os filmes antimicrobianos, que são<br />

filmes adicionados de agentes capazes de retardar<br />

digitalizado por<br />

ou inibir o crescimento de microrganismos<br />

devida a migração do agente para a superfície do<br />

produto ou a atuação deste agente apenas pelo<br />

contato (Quintavalla e Vincini, 2002). A<br />

liberação de aditivos por embalagens ativas<br />

aumenta a segurança do consumidor, já que esses<br />

compostos são liberados controladamente em<br />

sua superfície, não sendo diretamente adicionados<br />

ao alimento. Desta forma o aditivo se<br />

encontra em menor quantidade, e apenas onde<br />

sua presença é requerida, na superfície do produto<br />

(Appendini e Hotchkiss, 2002). Este trabalho<br />

avaliou a eficiência antimicrobiana do filme de<br />

base celulósica incorporado com nisina no<br />

crescimento de Staplzy!ococclIs sp. na superfície<br />

de queijo coalho. A nisina é uma bacteriocina<br />

naturalmente produzida em vários alimentos<br />

fermentados, especial mente produtos lácteos.<br />

Isolada de bactérias ácido láticas (LAB) já tem o<br />

seu uso aprovado em alimentos em mais de 50<br />

países e em 1988, o FDA concedeu-lhe o status<br />

de GRAS ("Generally Recognized As Safe ")<br />

(Bower et aI., 2002).<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

2.1. Produção do filme<br />

Os fi lmes foram preparado pelo método<br />

"cast", segundo Soares (1998), foi adicionado um<br />

preparado comercial de nisina (Sigma Chemical<br />

Co., St. Louis, USA). Os fi lmes obtidos foram<br />

separados em dois grupos: um submetido a um<br />

processo de lavagem com solução esterilizada de<br />

NaCI 2% na proporção de 8,2 cm2.mL- 1.<br />

mantidos sob agitação a 150 rpm por 15 min e<br />

outro não. Os filmes foram cortados em diâmetros<br />

de 10 cm, pesados e submetidos à exposição de<br />

luz UV (Prodicil, II0v, 254nm) por 2 minutos.<br />

Como controle, fo ram preparados filmes sem<br />

incorporação de nisina.<br />

2.2. Produção e preparo do queijo<br />

Como ingredientes o queijo coalho<br />

apresentou: Leite de vaca padronizado para 2,9%<br />

de gordura, 0,5 mL.L- 1 de CaCI2 , 25 g de coalho<br />

bovino para cada 100 L leite, 2% NaCI (p/v) em<br />

relação ao volume inicial de leite. Os queijos foram cortados ao meio no sentido transversal e<br />

sua parte interna inoculada com O,lmL de uma<br />

suspensão de Staphylococcus SI'. contendo,<br />

aproximadamente, 104 UFC.mL-I. As superfícies<br />

dos queijos foram cobertas com os filmes<br />

testados, acondicionados em embalagens de<br />

polietileno, estocados à 7 2°C. Como controles<br />

sem filme, foi acondicionado em embalagem de<br />

Pág. 289<br />

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poli etileno queijo inoculado e não inoculado com<br />

Staphylococcus sp. Os queijos amostrados nos<br />

tempos de O, 5, 10, 15 e 20 dias de estocagem.<br />

2.3. Análise microbiológica<br />

Da superfície dos queij os em contato com<br />

o fi lme foram removidas assepticamente 25 g<br />

de amostra, mantendo uma profundidade média<br />

de 1,5 mm. As amostras foram homogeneizadas<br />

em 225 mL de água peptonada O, I %, durante 2<br />

minutos. Foi realizado diluições sucessivas e<br />

plaqueamentos pelo método "spread-plate" em<br />

ágar Baird-Parker. As placas foram incubadas a<br />

370C de 30-48 horas.<br />

2.4. Análise de Atividade de água (aa),<br />

umidade e pH<br />

Para caracterizar o queijo foram realizadas<br />

no tempo zero as seguintes análises: Atividade<br />

de água (aa), utilizando o aparelho Aqualab,<br />

modelo Cx-2; pH, por meio do pHmetro<br />

ANALION, PM 608 e umidade, avaliada a 1050C<br />

até peso constante. Todo o experimento foi<br />

executado em triplicata com três repetições.<br />

3 - RESULTADO E DISCUSSÃO<br />

O queijo coalho apresentou 49,63%<br />

umidade, 0,96 de atividade de água de e pH igual a<br />

6,09. A nisina tem sua solubilidade em meio aquoso<br />

dependente do valor do pH, sendo mais solúvel<br />

com a diminuição do mesmo (Moreno et aI .,<br />

2000; Liu e Hansen, 1990). No pH do queijo sua<br />

solubilidade é considerada boa facilitando sua<br />

solvatação para o produto. Os queijos envolvidos<br />

com os filmes incorporados com nisina lavado e<br />

não lavado apresentaram inibição quanto ao<br />

crescimento de Stapliylococcus sp. quando<br />

comparados com o controle inoculado sem adição<br />

de fi lme. No quinto dia de estocagem a inibição<br />

do crescimento de Staphylococcus sp. atingiu 2<br />

ciclos log de diferença entre os queijos cobertos<br />

com o filme incorporado com nisina não lavado<br />

e seu respectivo controle (sem nisina não lavado).<br />

O processo de lavagem diminuiu a atividade<br />

antimicrobiana do fi lme permitindo a diferença<br />

de I ciclo log na contagem de Staphylococcus sp.<br />

entre os filmes lavados com e sem nisina. Siragusa<br />

et aI. (1999) incorporou nisina em fi lme de<br />

polietileno e observou uma redução de 1,4 ciclos<br />

log no crescimento de Broclzothrix tlzerl1losplzacta<br />

na superfície de bifes embalados a vácuo. A redução<br />

microbiana foi mantida até o décimo dia, período<br />

de estocagem comercial do queijo. Porém os<br />

queijos utilizados apresentaram uma contagem de<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Staphylococcus sp. inicial na ordem de 106<br />

UFC.g- l. Segundo Moreno et aI. (1999), a<br />

ini bição de células persiste enquanto houver<br />

bacteriocina ativa remanescente no meio de<br />

crescimento. Sendo assim, como foi alcançado<br />

uma inibição no crescimento de Staphylococcus<br />

sp. durante 10 dias de estocagem mesmo com<br />

uma contaminação inicial alta, acredita-se que<br />

iniciando o armazenamento dentro dos padrões<br />

aceitáveis de contagem microbiana a inibição<br />

proporcionará um aumento de vida útil do<br />

produto. Visualmente foi perceptível a diferença<br />

quanto à qualidade do produto ao final dos 20 dias<br />

de análise. Os queijos embalados com os filmes<br />

incorporados com nisina, lavado e não lavado,<br />

apresentaram melhores condições em sua<br />

aparência, sendo observado uma menor limosidade<br />

e coloração mais branca nestes queijos quando<br />

comparados com os outros tratamentos.<br />

4 • CONCLUSÃO<br />

O filme antimicrobiano de base celulósica<br />

incorporado com nisina apresentou eficiência<br />

quanto a inibição do crescimento de Staphylococcus<br />

sp. na superfície de queijo. Uma vez que os queijos<br />

cobertos com os filmes antimicrobianos lavado ou<br />

não lavado apresentaram redução de I e 2 ciclos<br />

log, respectivamente, em comparação com os<br />

queijos cobertos com os filmes sem incorporação<br />

de nisina lavado e não lavado. Indicando que<br />

esta embalagem ativa é uma nova tecnologia a<br />

ser utilizada objetivando aumentar a vida útil<br />

dos alimentos e proporcionar ao consumidor um<br />

produto com maior segurança alimentar. No<br />

entanto, nunca substituirão a boa qualidade da<br />

matéria prima a ser empregada no processamento<br />

e as boas práticas de fabricação.<br />

SUMMARY<br />

Surfaces of fo od are the region most<br />

exposed to the air and, therefore, able to<br />

deteriorate, mainly with microrganisms. 'Coalho'<br />

cheese is produced in a hand made manner, which<br />

makes the product high vulnerable to<br />

contaminations. Coliforms and staphylococcus<br />

are the groups that most contaminate the<br />

product. This work developed and evaluated the<br />

antimicrobial efficiency of celIulose-based fi lm<br />

incorporated with nisin, on the StaplzylococcllS<br />

sp. growth in coalho cheese surfaces. Cheeses<br />

presented humidity = 49.63%, aw 0.96 and pH<br />

= 6.09. They were inoculated with 104 CFU/g<br />

of Staphylococcus sp. and covered with<br />

antimicrobial fi lm and cellulose-base fi lm<br />

(control) and stored at 7±2 oCo After 5 days of<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

storage the cheese covered with antimicrobial<br />

fi lm presented 5 cycles log reduction in<br />

Staplzylococcus sp. counting compared to the<br />

cheese control (cellulose-base film). Cheese<br />

covered with antimicrobial film showed better<br />

visual, less stick and more white at 20 days of<br />

storage. Nisin incorporation into cellulose-base<br />

film is a promise active packaging contributing<br />

towards food safety quality.<br />

Key-words: Active packaging;<br />

Antimicrobial Film; Coalho Cheese; Nisin.<br />

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA<br />

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antimicrobial food packaging. Inova tive fo od<br />

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• •<br />

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ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

AVALIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE FILME ANTIMICROBIANO LAMINADO NA<br />

CONSERVAÇÃO DE QUEIJO TIPO GORGONZOLA<br />

Evaluation and development of antimicrobial laminated film in gorgonzola type<br />

cheese conservation<br />

RESUMO<br />

Rodrigo Magela Pereira1<br />

Edimar Aparecida Filomeno Fontes2<br />

Kátia de Freitas Fraga3<br />

Nélio José de Andrade4<br />

Nilda de Fátima Ferreira Soares5<br />

Nathália Ramos de Meios<br />

o presente trabalho teve por finalidade avaliar a eficiência antimicrobiana do fi lme<br />

incorporado de natamicina no crescimento dos fungos Pen icilliulI/ roqllefo rti, Aspergillus<br />

niger e Penicillium sp. em meio de cultura. O filme utilizado fo i incorporado com três<br />

concentrações de natamicina. A espessura média dos fi lmes fo i de 20 ± O,Olllm e<br />

apresentaram boa flexibilidade e média resistência ao rasgo. A eficiência antimicrobiana<br />

foi avaliada pelo método de formação de halo onde foi preparada uma suspensão de cada<br />

fungo e inoculada na superfície do meio de cultura BOA, sobre a cultura foram colocados<br />

pedaços (1,0 cm diâmetro) do filme de cada tratamento. Os filmes incorporados de<br />

natamicina apresentaram efeito antimicrobiano. O aumento da concentração de natamicina<br />

no filme proporcionou aumento na atividade do mesmo.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

O queijo tipo Gorgonzola ou queijo azul é<br />

considerado um dos queijos mais tradicionais.<br />

Este queijo é maturado por Penicillilllll roqllefo rti<br />

ou Pellici/lill fll glallclllll , que cresce<br />

internamente em suas olhaduras mecânicas.<br />

Devido a forte ação lipoIítica e proteoIítica do<br />

mofo, o queijo desenvolve sabor e aroma<br />

pronunciados e peculiares (Furtado, 1991). Um<br />

dos problemas mais comuns que afeta a qualidade<br />

do queijo Gorgonzola é a formação de limo em<br />

sua casca, resultante do crescimento de<br />

microrganismos. Normalmente as contaminações<br />

para crescimento desses microrganismos são<br />

provenientes da salmoura ou do próprio ambiente<br />

onde o queijo é manuseado e maturado. O<br />

ambiente tipicamente úmido das câmaras de<br />

maturação do queijo pode favorecer o surgimento<br />

Estudante de Engenharia de Alimentos - Iniciação Cientifica I CNPq - UFV<br />

2 Pesquisadora DS- PRODOCICAPES - UFV<br />

3 Estudante de Engenharia de Alimentos - Iniciação Cientificai FAPEMIG - UFV<br />

4 Professor DS -UFV<br />

5 Professora PhD- UFV<br />

6 Doutorando em Ciência e Tecnologia de Alimentos/CAPES UFV<br />

dessa fl ora contaminante (Chr Hansen, 20(0).<br />

O Pell icillillJ/l roquefo rti é aeróbio, mas cresce<br />

bem em baixas concentrações de oxigênio;<br />

entretanto o crescimento inicial do micélio é<br />

bastante inibido em baixos níveis de oxigênio e<br />

alto nível de gás carbônico. A perfuração é<br />

importante para garantir a saída de gás carbônico<br />

e renovação de oxigênio no interior do queijo.<br />

Em se tratando de queijos maturados com casca,<br />

pode-se tornar uma série de medidas para manter<br />

sob controle o crescimento desfavorável de<br />

mofos. O uso de medidas de higiene e sanitização<br />

nas câmaras de maturação, a manutenção da<br />

umidade relativa do ar na câmara de maturação<br />

dentro dos níveis estabelecidos (baixa umidade<br />

inibe ou reduz o crescimento de fu ngos), o<br />

controle da salmoura do ponto de vista<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

microbiológico e o tratamento periódico dos<br />

queijos nas câmaras são algumas dessas medidas<br />

(Furtado, 1991). Empregam-se antifúngicos<br />

como a natamicina que é aplicada antes da<br />

perfuração do queijo, ou seja, entre sete a dez<br />

dias após o início da maturação, em solução<br />

aquosa de 0,2 a 0,4% por imersão (Chr Hansen,<br />

2000). A natamicina atua apenas na superfície<br />

do queijo, não interferindo no crescimento<br />

benéfico do Penicillilllll roquefo rti, que ocorre<br />

no interior do produto. A natamicina, sinônimo<br />

de pimaricina, é conhecida comercial mente<br />

como "Delvocid". É uma substância incolor,<br />

inodora obtida de forma cristalizada e estável,<br />

com peso molecular de 665,7 g/mol<br />

(C33H47NOI3) (Davidson e Doan, 1992). Possui<br />

baixa solubilidade em água e solventes polares<br />

orgânicos e é praticamente insolúvel em<br />

solventes apoiares. A natamicina pertence ao<br />

grupo de aditivos denominados conservantes, que<br />

de acordo com a ANVISA, "são aquelas<br />

substâncias que impedem ou retardam a alteração<br />

dos alimentos provocada por microorganismos<br />

e enzimas" (Portaria n° 540 de 1997) e é<br />

denominada pelo número E235. É usada<br />

principalmente para retardar o crescimento de<br />

fungos e leveduras especificamente na superfície<br />

de diversas variedades de queijo. A natamicina<br />

possui uma série de vantagens em relação a outros<br />

conservantes. É uma substância que não<br />

infl uencia no "flavor", é efetiva em baixa<br />

concentração, seu custo é re lativamente baixo,<br />

não produz nenhuma alteração organoléptica, é<br />

de baixa toxidez e é efetiva contra vários fungos<br />

e leveduras. Nos últimos anos, têm sido introduzidos<br />

diferentes conceitos sobre embalagens,<br />

como as embalagens ativas. Segundo (Soares,<br />

1998) estas interagem com o alimento, modifi<br />

cando alguma propriedade desejável,<br />

objetivando proporcionar segurança alimentar,<br />

melhoria de qualidade sensorial e ampliar a vidade-prateleira<br />

do produto. A utilização de<br />

embalagens ati vas tem como vantagem a<br />

eliminação da adição direta de conservantes nos<br />

alimentos mantendo a segurança ao consumidor,<br />

pois a migração do aditivo ocorre de forma<br />

controlada para a superfície do produto, onde se<br />

encontra maior contaminação microbiana<br />

responsável pela deterioração do produto<br />

(Gontard, 1997; Appendini e Hotchkiss, 2002).<br />

O presente trabalho tem por fi nalidade<br />

desenvolver fi lme antimicrobiano laminado,<br />

incorporado com natamicina, e avaliar a sua<br />

eficiência antimicrobiana na conservação do<br />

queijo tipo Gorgonzola, buscando promover um<br />

aumento na vida útil do produto.<br />

digitalizado por<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

O experi mento foi realizado no<br />

Laboratório de Embalagem do Departamento de<br />

Tecnologia de Alimentos.<br />

2.1 - Preparo do filme incorporado com<br />

natamicina<br />

Os filmes de base celulósica (figura I)<br />

foram preparados de acordo com (Soares. 1998)<br />

e incorporados com natamicina (Danisco AIS,<br />

DK - 7200 Grindsted, Dennmark. 50% de pureza)<br />

em três concentrações e laminado em folhas de<br />

alumínio (20 11m).<br />

2.2 - Avaliação da atividade antimicrobiana<br />

do filme pelo método do halo<br />

Na superfície do meio de cultura BOA (ágar<br />

batata dextrose), vertido em placas de Petri, foi<br />

inoculado O, I mL de uma suspensão de Penicillil/lll<br />

sp, Pellicillilllll roqllefo rti ou Aspergillus niger.<br />

Pedaços do fi lme (diâmetro de 1 cm) fo ram<br />

colocados assepticamente sobre a superfície do<br />

meio solidificado. As placas foram incubadas a 25°C<br />

por 48-72 horas e a eficiência foi avaliada pela<br />

formação de halos ao redor dos filmes. Todos os<br />

experimentos foram realizados em três repetições.<br />

3 . RESULTADOS & DISCUSSÃO<br />

A espessura média dos filmes foi de 20± 0,0 I<br />

11 m, que apresentaram boa flexibilidade e média<br />

resistência ao rasgo. Avaliação da eficiência<br />

antimicrobiana: Observa-se nas Figuras 2, 3 e 4 a<br />

formação de halos de inibição dos filmes em presença<br />

dos fungos Penicillilllll roqllefo rti, Aspergilllls niger<br />

e Penicillillll/ sp, respectivamente, mostrando a<br />

eficiência antimicrobiana dos fi lmes testados. O<br />

aumento da concentração de natarnicina no filme<br />

proporcionou aumento na atividade do filme. Esse<br />

aumento é devido a maior liberação do antifúngico<br />

para o meio de cultura contendo os fungos. O fungo<br />

Penicillillll/ roqllefo rti apresentou maior suscetibilidade<br />

à ação da natamicina que os fungos<br />

Aspergilllls niger e Pellicillilllll sp, com halo de<br />

inibição maior em todas as concentrações de<br />

natamicina incorporada. A eficiência da inibição dos<br />

filmes testados sobre outros fungos Aspergilllls niga<br />

e PenicilliulI/ sp, mostra a potencialidade do filme<br />

em inibir ou reduzir as contaminações que ocorrem<br />

no queijo gorgonzola, principalmente as provenientes<br />

da salmoura. O controle-(O% natamicina)<br />

não formou halo, concluindo que o fi lme não<br />

apresenta nenhum componente que possa inibir a<br />

ação dos fungos testados.<br />

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4 - CONCLUSÃO<br />

o fi lme laminado produzido apresenta<br />

eficiência antimicrobiana mostrando ser viável sua<br />

utilização na conservação do queijo Gorgonzola,<br />

em substituição ao banho convencional de<br />

natamicina, além de contribuir para a redução de<br />

contaminação com outros fungos, principalmente<br />

os provenientes da salmoura. Os estudos quanto à<br />

eficiência deste filme sobre a conservação deste<br />

queijo faz parte deste projeto e estão sendo<br />

realizados como segunda etapa desse projeto.<br />

5 - SUMMARY<br />

This work aimed to evaluate antimicrobial<br />

efficiency of a cellulose-base film incorporated<br />

with natamicin on the PellicilliulIl roquefo i·ti,<br />

Aspergilllls niger and Penicillillll/ sp. in culture<br />

media. Natamicin was incorporated into the fi lm<br />

in three leveis. The film thickness was 20 ± 0.0 I<br />

m and presented good f1exibility and low tear<br />

resistance. The antimicrobial efficiency was<br />

evaluated by the halo diameter formed around a<br />

piece of the fi lm (1.0 cm diameter) laid on BDA<br />

culture media inoculated with fu ngi. Films<br />

incorporated with natamicin showed antimicrobial<br />

efficiency. Halo diameter increased as the<br />

natamicin concentration increases into the fi lm.<br />

5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

Agência Nacional de Vigilância Sanitária<br />

(ANVISA). Port aria n° 540 - SVS/MS, de 27 de<br />

outubro de 1997. Disponível em: http://<br />

www.anvisa.gov. br/legis/portarias/540_97.htm<br />

Resolução - RDC W 28, DE 23 DE FEVEREIRO<br />

DE 200 I, disponível em http://www.anvisa.gov.br/<br />

base/visadoc/res/res[ 1 730-2-0].htm<br />

DAVIDSON, P. M.; DOAN, C. H .. 1992.<br />

Antimicrobials in Foods. Second edition. Marcel<br />

Dekker, Inc. New York.<br />

FURTADO, M. M. A Arte e a Ciência do Queijo.<br />

Publicações Globo Rural. São Paulo, 1991.<br />

INFORMATIVO HA-LA BIOTEC, CHR<br />

HANSEN, Divisão Laticínios. Ano X - n056<br />

Março/Abril de 2000.<br />

SOARES, N. F. F. ; S. HOTCHKISS, J. H.<br />

Bitterness reduction in grapefruit juice through<br />

active packaging. Packaging Te chnology and<br />

Science. v. ll, n.l, p.9-18, 1998.<br />

GONTARD, N. Active packaging. In. SOBRAL,<br />

P.J.A.; CHUZEL, G. , eds. Workshop sobre<br />

polímeros, Pirassununga, FZEA, P.23-27, 1997.<br />

APPENDINI, P. ; HOTCHKISS, J.H. Review<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

• •<br />

of antimicrobial food packaging. Innovative<br />

food science and emerging technologies, v.3,<br />

p.113-126, 2002.<br />

Figura 1 - Embalagem laminada incorporada<br />

natamicina.<br />

Figura 2 - Halos de inibição de Penicillium<br />

roqueforti de fi lmes laminados<br />

incorporados com três concentrações<br />

de natamicina.<br />

Figura 3 - Halos de inibição de Aspergillus niger<br />

de fi lmes laminados incorporados com<br />

três concentrações de natamicina.<br />

Figura 4 - Halos de inibição de Penicillium sp de<br />

fi lmes laminados incorporados com<br />

três concentrações de natamicina.<br />

• • •<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

MODULAÇÃO DE PARÂMETROS MICROBIOLÓGICOS E DO PH PELO CLORETO DE<br />

SÓDIO NO FERMENTO ENDÓGENO UTILIZADO NA PRODUÇÃO DE QUEIJO MINAS<br />

,<br />

ARTESANAL DO ALTO PARANAIBA<br />

Modulation of pH and microbiological parameters by Sodium chloride in the<br />

endogenous starter culture used in the production of artisanal cheese from the Alto<br />

Paranaíba's region<br />

RESUMO<br />

,<br />

Natan de Jesus Pimentel Filho'<br />

José Manoel Martins2<br />

Luciana Rodrigues da Cunha3<br />

Joelma Piazza Lopes'<br />

Patrícia É rica Fernandes'<br />

Célia Lúcia de Luces F. Ferreira4<br />

Esta pesquisa visou determinar a concentração de NaCI do fermento endógeno utilizado na<br />

fabricação dos queijos artesanais da região do Alto Paranaíba, assim como o pH e contagens<br />

de coliformes totais, Escherichia coli (E. coli) e 5taphylococclIs llllrellS (5. (/lIreus). Nesta<br />

experi mentação constatou-se grande variabilidade dos parâmetros fís ico-químicos e<br />

microbiológicos avaliados nos fermentos endógenos coletados em 15 unidades produtoras<br />

de queijo artesanal no Alto Paranaíba. A maior concentração de NaCI foi mais do que 6<br />

vezes a menor concentração encontrada. Esta variabilidade provavelmente resultou na<br />

diversidade do pH e das características microbiológicas observadas. Os fe rmentos endógenos<br />

(pingo) constituem um insumo presente na fa bricação de todos os queijos artesanais<br />

produzidos nas regiões tradicionais do Estado de Minas Gerais. Para que estes queijos<br />

mantenham as características típicas das diferentes regiões, serão de extrema importância<br />

estudos que visem definir os parâmetros que podem variar neste insumo sem alterar as<br />

características dos referidos queijos, assim como as faixas de variação, para que queijos da<br />

mesma região mantenham características fís ico-químicas e sensoriais semelhantes. Es tudos<br />

desta natureza tornam-se imprescindíveis para que os descritores fís ico químicos e sensoriais<br />

destes queijos possam ser definidos.<br />

Palavras-chave: fermento endógeno, microbiologia, pH, concentração de NaCI.<br />

INTRODUÇÃO<br />

O queijo Minas artesanal é aquele processado<br />

conforme a tradição histórica e cultural da região<br />

do Estado de Minas Gerais onde é produzido, a<br />

partir do leite de vaca hígido e fresco, retirado e<br />

processado na propriedade de origem e seguindo<br />

procedimentos próprios de tecnologia 'de<br />

produção. O queijo artesanal do Alto Paranaíba,<br />

como o da regwo do Serro, tombado pelo<br />

patrimônio histórico, pela Lei Estadual No<br />

14. 185 de 31 de janeiro de 2002 e regulamentada<br />

pelo decreto No 42.645 de 5 de junho de 2002<br />

(IMA, 20(2), utiliza como um de seus insumos<br />

obrigatórios, o fermento endógeno conhecido<br />

como "pingo". Este fermento contém diversos<br />

Estudantes de Graduação em Ciência e Tecnologia de Laticínios, Universidade Federal de Viçosa.<br />

2 Doutorando em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Bolsista FAPEMIG/FIEMG, Universidade Federal de Viçosa.<br />

3 Mestranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Bolsista CNPq, Universidade Federal de Viçosa.<br />

4 Professora Titular do Departamento de Tecnologia de Alimentos. Universidade Federal de Viçosa .<br />

digitalizado por<br />

arvoredoleite.org<br />

295


grupos de bactérias láticas que têm a função de<br />

direcionar uma fermentação desejável quando de<br />

sua adíção ao leite cru, na fase inicial do processo<br />

de fabricação dos queijos artesanais. Dentre as<br />

bactérias láticas presentes no "pingo" estão<br />

LactococclIs lactis ssp. lactis, Lactococcl/S lactis<br />

ssp cremoris, Lactococcus lactis ssp. diacetylactis,<br />

Lellcoll osfoc mesellteroides ssp. cre11/ oris, e<br />

estirpes de Enlerococclls sp., dentre outras. De<br />

um modo geral, estas estirpes dos vários gêneros<br />

têm a função de crescer rapidamente no leite<br />

durante o processo de coagulação, acumular ácido<br />

lático e outras substâncias bioativas contra<br />

patógenos, e com isto assegurar uma fermentação<br />

desejável, transformando o leite, que é facilmente<br />

perecível, em queijo, com vida e prateleira mais<br />

longa. Este processo nas regiões montanhosas do<br />

Estado de Minas Gerais, principalmente nas de<br />

difícil acesso, tem mantido uma tradição de mais<br />

de 200 anos (GLOBO RURAL, 2002). No<br />

entanto, pouco se conhece sobre o insumo<br />

"pingo". Sabe-se que o NaCl nele presente, garante<br />

uma produção segura devido ao efeito que tem<br />

sobre patógenos indesejáveis. Esta<br />

experimentação teve como objetivo avaliar a<br />

concentração de NaCI, pH, contagem de<br />

coliformes totais, E. coli e S. al/rellS em amostras<br />

de fermentos endógenos coletados na região do<br />

Alto Paranaíba.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

As amostras de fermento endógeno (pingo),<br />

utilizado na fabricação dos queijos Minas<br />

artesanais, fo ram coletadas diretamente em 15<br />

unidades produtoras nos municípios de<br />

Coromandel, Cruzeiro da Fortaleza, Guimarânia,<br />

Patrocín io, Patos de Minas c Serra do Salitre,<br />

pertencentes à região do Alto Paranaíba, em<br />

frascos estéreis com tampas rosqueáveis e<br />

adequadamente mantidas re frigeradas até o<br />

momento das análises. As análises de pH foram<br />

realizadas no momento da coleta das amostras,<br />

utilizando-se o medidor de pH digital portátil da<br />

marca Te cnal modelo Meter - 102. As<br />

determinações microbiológicas foram feitas no<br />

Departamento de Água e Esgoto de Patrocínio<br />

(DAEPA) e as análises de cloreto de sódio, no<br />

Laboratório de Análise Físico-químicas de Leite e<br />

Derivados do Departamento de Tecnologia de<br />

Alimento da Universidade Federal de Viçosa. Para<br />

a contagem de Coliformes totais e Eschericlzia<br />

coli, utilizou-se kits de Petrifilm da 3M<br />

Coliformes/ E. colí (AOAC 991.14 Contagem<br />

de Coliformes e E. coli em Alimentos, Película<br />

Reidratável Seca). Para as análises de S. aureus,<br />

utilizou-se o kit Petrifilm 3M - Rapid S. allreus<br />

Pág. 296<br />

{li f J., t;)1} .. 4 "1,<br />

... ·l<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

(RSA) Count Plate (AOAC 98 1.15). A análise de<br />

cloreto de sódio foi realizada através do método<br />

titrimétrico, baseado na reação do nitrato de prata<br />

com os cloretos em presença de cromato de<br />

potássio como indicador (PEREIRA, 2001).<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

A concentração de NaCI, pH e contagens<br />

microbianas do fermento endógeno de 15<br />

propriedades da região do Alto Paranaíba estão<br />

indicadas na Tabela I.<br />

Observa-se grande variabilidade na<br />

concentração de NaCI no fermento endógeno das<br />

diferentes propriedades amostradas . As<br />

concentrações variaram de 3,55% a 22,48%.<br />

Maior número de propriedades apresentaram um<br />

fermento com concentração na faixa de 9,46 -<br />

12,42% (26,6% das propriedades) e 3,55-5,62%<br />

(26,6% das propriedades). Essa grande variabilidade<br />

afeta quantitativamente e qualitativamente os<br />

grupos microbianos presentes no fermento, além<br />

de exercer efeito do mesmo modo, nas bactérias<br />

láticas presentes no leite cru que têm seu<br />

crescimento estimulado num meio com<br />

concentrações baixas de NaCI ou reprimido em<br />

concentrações elevadas. Este estímulo e/ou<br />

repressão provavelmente seleciona(m) grupos<br />

resistentes a estas concentrações, capazes de<br />

direcionar uma fe rmentação desejável na sua<br />

fu nção de fe rmento. Concentrações elevadas de<br />

NaCI suprimem uma grande maioria de patógenos.<br />

No entanto, as concentrações mais elevadas<br />

(acima de 20%) não garantem a eliminação de S.<br />

Ol/rellS e nem de Lisferia II/ollocyloelles que<br />

podem crescer nas concentrações de 10-20% e<br />

10,5-30,5 % de N aCI (sob refrigeração), respectivamente.<br />

Observou-se predominância de pH nas<br />

faixas de 5,03-5, 18 (33,33%) e 5,87-6,86<br />

(33,33%). A variação do pH é função não só da<br />

concentração de NaCI praticada nas diferentes<br />

propriedades, mas também da atividade microbiana<br />

das bactérias láticas selecionadas, com o tempo,<br />

predominantes nestas propriedades. Nos<br />

fe rmentos anali sados predominaram (67%) as<br />

concentrações de até 6,3 x 102 UFC/mL de<br />

coliformes totais, seguidos de fermentos contendo<br />

até I UFC/mL(20%) e somente em 02<br />

propriedades a concentração chegou a 1,4 x 104<br />

UFC/mL. Em cerca de 67% das propriedades<br />

ocorreu I UFC/mL de E. coli. Nos outros 33% das<br />

propriedades os números encontrados não<br />

ultrapassaram 5,2 x 102 UFC/mL. Em cerca de<br />

27% das propriedades ocorreu até I UFC/mL de<br />

S. allrellS e somente em 3 propriedades os números<br />

ficaram entre 1,0 x 104 e 1,2 x 104 UFC/mL.<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Tabela 1 Concentração de NaCI e características microbiológicas do fermento endógeno da região<br />

do Alto Paranaíba.<br />

Parâmetros<br />

20, 1 1- 22,48 +<br />

14,20- 17,45<br />

9,46 - 12,42<br />

6,51 - 7,99<br />

3,55 - 5,62<br />

5,87 - 6,86<br />

5,35 - 5,73<br />

5,28 5,34<br />

5,03 - 5, 18<br />

0- 1 ,Ox 1 0°<br />

Unidades Produtoras de Queijo Artesanal<br />

2 3 4 5 6 7 8 9 I O I I I 2 I 3 I 4 I 5 N° %<br />

de NaCL<br />

3 20,00<br />

+<br />

+ +<br />

1,0-6,3 x 102 + +<br />

930- I ,36x I OI +<br />

O- I,O xIO O<br />

I ,Ox 10'<br />

60 -5,2x I 02<br />

O- I,Ox IO" +<br />

30-7,Ox IO'<br />

IIO-5,9x IC)2<br />

IOOO- I,2x I01<br />

CONCLUSÃO<br />

+<br />

+<br />

+ + +<br />

+<br />

+<br />

+<br />

+ +<br />

+<br />

+ +<br />

+<br />

+ + +<br />

+ +<br />

+<br />

+ +<br />

+<br />

+<br />

+ +<br />

+ +<br />

+ + +<br />

microbiana (UFC/mL)<br />

Coliform es totais<br />

+ +<br />

E .coZi<br />

+<br />

+<br />

+<br />

+ + +<br />

+<br />

+<br />

+ +<br />

+ + +<br />

3 20,00<br />

4 26,60<br />

I 6,66<br />

4 26,60<br />

5 33,33<br />

3 20,00<br />

2 13,33<br />

5 33,33<br />

3 20,00<br />

10 66,67<br />

2 13,33<br />

+ + + + + + + 10 66,67<br />

+ +<br />

Nesta experimentação constatou-se grande<br />

variabilidade dos parâmetros físico-químicos e<br />

microbiológicos avaliados nos fe rmentos<br />

endógenos coletados em 15 unidades produtoras<br />

de queijo artesanal no Alto Paranaíba. A maior<br />

concentração de NaCI foi mais do que 6 vezes a<br />

menor concentração encontrada. Esta<br />

variabilidade provavelmente resultou na<br />

diversidade do pH e das características<br />

microbiológicas observadas. Os fermentos<br />

endógenos (pingo) constituem um insumo<br />

presente na fabricação de todos os queijos<br />

artesanais produzidos nas regiões tradicionais do<br />

Estado de Minas Gerais. Para que estes queijos<br />

mantenham as características típicas das<br />

S.aureus<br />

digitalizado por<br />

+ + 20,00<br />

+ + 2 13,33<br />

+ + 4 26,60<br />

+ 4 26,60<br />

+ + 4 26,60<br />

+ + + 3 20,00<br />

diferentes regiões, serão de extrema importância<br />

estudos que visem definir os parâmetros que<br />

podem variar neste insumo sem alterar as<br />

características dos referidos queijos, assim como<br />

as faixas de variação, para que queijos da mesma<br />

região mantenham características físicoquímicas<br />

e sensoriais semelhantes. Estudos desta<br />

natureza tornam-se imprescindíveis para que os<br />

descritores físico-químicos e sensoriais destes<br />

queijos possam ser definidos.<br />

ABSTRACT<br />

This work was devised to determine the<br />

concentration of NaCI, pH, total coliform, E.<br />

arvoredoleite.org<br />

Pág. 297


coli and S. ll ureus counts, in order to characterize<br />

the endogenous starter culture used in the<br />

production of artisanal cheese from the Alto<br />

Paranaíba's region, Minas Gerais. The 15 samples<br />

were collected in six cities (Coromandel,<br />

Guimarânia, Cruzeiro da Fortaleza, Patrocínio,<br />

Serra do Salitre and Patos de Minas). The highest<br />

salt concentration was in the range of 20,11 to<br />

22,48% and found in 20% of the farm units .<br />

The pH varied from 5,03 to 6,86. In the starters<br />

containing the high salt concentrations, the<br />

presence of the microbial groups evaluated were<br />

rare. However, numbers in the range of 61,36 x<br />

10.1, 5,2 x 10 1 and 1,2 x 10.1 UFC/mL were found<br />

respectively for total co!iform, E. coli and S.<br />

llllrellS, mainly in the starters with high pH. The<br />

results indicated great variability in ali the<br />

parameters evaluated. It is important do devise<br />

studies to determine how this variability<br />

interferes with the quality of the cheese from<br />

this region and its homogeneity.<br />

Key-words: Endogenous starter culture<br />

(pingo), Microbiology, pH and NaCI<br />

concentration. Apoio: CNPq, FA PEMIG.<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

• • • •<br />

Agradecimentos: a EMATER pelo apoio<br />

durante a coleta das amostras.<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

GLOBO RURAL. Queijo: Mineiros tentam aj ustar<br />

modernidade e produção artesanal. Revista Globo<br />

Rural, Ano 17, n. 200, p. 36-46, junho de 2002.<br />

IMA - Instituto Mineiro de Agropecuária.<br />

Portaria n° 517, de 14 junho de 2002 -<br />

Estabelece normas de defesa sanitária para<br />

rebanhos fornecedores de leite para produção de<br />

queijo Minas artesanal. Portaria nU 518, de 14<br />

de junho de 2002 - Dispõe sobre requisitos<br />

básicos das instalações, materiais e equipamentos<br />

para a fabricação do queijo Minas artesanal.<br />

Portaria nU 523, de 3 de julho de 2002 -<br />

Dispõe sobre as condições higiênico-sanitárias e<br />

Boas Práticas na Manipulação e Fabricação do<br />

queijo Minas artesanal. 2002.<br />

PEREIRA, D. B. C.; SILVA, P. H. F. da.; COSTA<br />

JUNIOR, L. C. G; DE OLIVEIRA, L. L. Físicoquímica<br />

do leite e derivados - Métodos<br />

analíticos. I. ed. Juiz de Fora, MG: Oficina de<br />

Impressão Gráfica e Editora Ltda., 2001. P 214.<br />

• • • •<br />

CARACTERíSTICAS MICROSCÓPICAS DE QUEIJO MINAS ARTESANAL DA REGIÃO DO<br />

ALTO PARANAíBA<br />

Microscopia characteristic of artisanal Minas cheese from the Alto Paranaíba's region<br />

Natan de Jesus Pimentel Filho1<br />

José Manoel Martins2<br />

Maria da Penha Píccolo Ramos3<br />

Marcília dos Santos Rosado1<br />

Natália Pacheco de Oliveira 1<br />

Luciana Rodrigues da Cunha4<br />

Kamila Ferreira Costa 1<br />

Célia Lúcia de L. F. Ferreiras<br />

Estudantes de Graduação em Ciência e Tecnologia de Laticínios, Universidade Federal de Viçosa.<br />

2 Doutorando em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Bolsista FAPEMIG/FIEMG, Universidade Federal de<br />

Viçosa.<br />

3 Professora do DTA/UFV/Doutoranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos/Universidade Federal de Viçosa.<br />

4 Mestranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Bolsista CNPq, Universidade Federal de Viçosa.<br />

S Professora Titular do Departamento de Tecnologia de Alimentos. Universidade Federal de Viçosa.<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

RESUMO<br />

Os queijos artesanais produzidos nas regiões tradicionais em Minas Gerais, são fabricados<br />

com leite cru, e estão sendo submetidos ao processo de identificação do processo e<br />

regulamentação, para que tal segmento da agroindústria possa implementar as boas práticas<br />

de fabricação (B PF), ser mais valorizado e seu consumo não representar risco para a saúde<br />

das populações. O regulamento da ANVISA R.O.C. 175 de 8 de julho de 2003 para queijos<br />

industriais, prevê ausência de sujidades e parasitos, mas regulamento semelhante inexiste<br />

para os queijos artesanais. Esta experimentação procurou levantar dados sobre as condições<br />

de materiais estranhos/sujidades, em queijos artesanais da região do Alto Paranaíba, MG.<br />

Foram coletadas amostras diretamente das unidades produtoras de seis cidades da região<br />

(Coromandel, Cruzeiro da Fortaleza, Guimarânia, Patrocínio, Patos de Minas e Serra do<br />

Salitre). As amostras transportadas sob refrigeração para o laboratório de culturas láticas<br />

do Departamento de tecnologia de Alimentos (OTA ), Universidade Federal de Viçosa<br />

(UFV), fo ram assim mantidas até o momento das determinações, no laboratório de<br />

microscopia. Empregou-se a técnica da hidrólise ácida, seguida de fi ltração, descrita pela<br />

AOAC, Ref. 96.049, 1995. Nas 12 amostras analisadas foram observados 814 pontos de<br />

sujidades, sendo 8% relativos a pêlos humanos/animais, e os 92% restantes referentes a<br />

outros materiais estranhos, tais como bárbulas, insetos, areia e outros. As concentrações<br />

mínimas e máximas encontradas por peça de queijo foram 16 e 155, respectivamente,<br />

com uma média de 67,83 pontos de sujidade/peça. Estes dados evidenciam negligência nos<br />

cuidados higiênicos nas diversas etapas desta cadeia alimentar, da obtenção do leite, passando<br />

pelo processamento, transporte, até sua comercialização. Vê-se, portanto, a necessidade<br />

da determinação deste parâmetro, o que irá contribuir para o monitoramento das condições<br />

higiênicas praticadas durante as diversas fases de sua produção.<br />

Palavras-chave: Microscopia, queijo Minas artesanal e digestão ácida .<br />

INTRODUÇÃO<br />

Dentre os produtos lácteos, o queijo é<br />

considerado um dos itens de maior consull1o<br />

mundial. No BrasiL o Eswdo de Minas Gerais se<br />

destaca pela grande produção de queijos<br />

tradicionais. O queijo Minas artesanal é<br />

tradicionalmente produzido no Estado há mais<br />

de dois séculos, ocupando lugar de destaque na<br />

economia brasileira (SEBRAE, 1997). Estes<br />

queijos são fa bricados a partir do leite cru,<br />

utilizando-se fi ltros plásticos ou de náilon para<br />

a retenção das sujidades adquiridas durante sua<br />

obtenção. O produto é transportado da fazenda<br />

por intermediários conhecidos como queijeiros<br />

e o seu transporte é realizado sem uma<br />

embalagem adequada, quase sempre é fe ito em<br />

cabines abertas. No ponto de comercialização, o<br />

produto é vendido inteiro ou em porções. Nestes<br />

pontos de venda, as condições higiênicas são<br />

quase sempre precárias, e o produto manipulado<br />

em pedaços, aumenta ainda mais a superfície para<br />

incorporação de sujidades. A legislação brasileira<br />

contempla padrões de sujidades para diversos<br />

tipos de queijos industriais. Entretanto inexiste<br />

o estabelecimento de tais padrões para os queijos<br />

artesanais. O presente trabalho objetivou<br />

digitalizado por<br />

verificar os níveis de sujidade de queij os<br />

artesanais produzidos na região do Alto Paranaíba,<br />

para que os dados obtidos possam subsidiar o<br />

desenvolvimento de padrões de sujidade para<br />

queijos artesanais produzidos com higiene e que<br />

correspondam à expectativa do consumidor ao<br />

adquirir um produto de qualidade.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

As amostras de queijo foram coletadas<br />

diretamente em 12 unidades produtoras de seis<br />

cidades mineiras da região do Alto Paranaíba<br />

(Coromandel, Cruzeiro da Fortaleza, Guimarânia,<br />

Patrocínio, Patos de Minas e Serra do Salitre).<br />

As amostras transportadas sob refrigeração para<br />

o laboratório de culturas láticas do<br />

Departamento de Tecnologia de Alimentos da<br />

Universidade Federal de Viçosa e foram assim<br />

mantidas até o momento das determinações, no<br />

laboratório de Microscopia de Alimentos.<br />

Empregou-se a técnica da hidrólise ácida, seguida<br />

de fi ltração, descrita pela AOAC, Ref.<br />

96.049, 1995. Primeiramente fo ram observadas<br />

as características externas de todas as amostras,<br />

arvoredoleite.org


seguindo-se pesagem de 225g de cada amostra e<br />

corte em cubos de aproximadamente 6mm.<br />

Foram adicionados 100 mL de H 3 PO 4 (I + 40)<br />

fervente, em béquer seguindo-se<br />

homogeneização lenta por 15 minutos até total<br />

dispersão dos grumos. Para facilitar a filtração<br />

em papel Whatman n.o 4, sob vácuo (funil<br />

B uchner) foram utilizados 800 mL de água<br />

destilada fervente. Em algumas amostras<br />

adicionou-se álcali diluído (NaOH 3% em água)<br />

até total recuperação de toda sujidade nos filtros.<br />

O material nos filtros (até 5 por amostra), foi<br />

examinado ao microscópio estereoscópio (10 a<br />

40X), e posteriormente ao microscópio ótico, e<br />

visualizados em um monitor acoplado. O<br />

material estranho encontrado foi quantificado e<br />

caracterizado.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

A tabela I indica o número de material<br />

estranho encontrado nas amostras.<br />

Todas as amostras apresentaram sujidades cujo<br />

número variou de 16 a 1 55/queijo. Observou-se<br />

um total de 814 pontos de sujidades, sendo 8%<br />

relativos a pêlos humanos/animais, e os 92%<br />

restantes referentes a outros materiais estranhos,<br />

tais como bárbulas, insetos, areia e outros. As<br />

concentrações mínimas e máximas encontradas<br />

por peça de queijo foram 16 e 155, respectivamente,<br />

com uma média de 67,83 pontos de<br />

sujidade/peça. O grande número de sujidade<br />

observado tem vanas origens e resulta<br />

principalmente da falta de controle das diversas<br />

fases da cadeia produtiva do queijo artesanal,<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATIcíNIOS<br />

iniciando-se com a obtenção do leite, passando<br />

pelas etapas de processamento, transporte, até sua<br />

exposição nos pontos e venda. De acordo com a<br />

R.D.C 175 da ANVISA, de 8 de julho de 2003 que<br />

descreve as características microscópicas para<br />

queijos industrializados, estes devem estar isentos<br />

de parasitos e sujidades. Definição semelhante<br />

precisa ser estipulada para os queijos artesanais.<br />

CONCLUSÃO<br />

Na fase em que se encontra a evolução do<br />

processo de implementação de boas práticas de<br />

fabricação, verifica-se que a qualidade do queijo<br />

Minas artesanal depende diretamente do repasse<br />

de informações para o produtor rural pelas<br />

instituições oficiais responsáveis pelo ensino,<br />

pesquisa e extensão, para que o produto gerado<br />

nas unidades produtoras seja seguro. Para isto é<br />

importante que parâmetros de sujidade sejam<br />

estabelecidos. Este estabelecimento irá contribuir<br />

para o monitoramento nas diversas fases<br />

erivolvidas, da obtenção higiênica do leite,<br />

processamento do queijo, seu armazenamento na<br />

propriedade rural, transporte e comercialização.<br />

ABSTRACT<br />

Tabela 1 - Matéria estranha em queijo artesanal do Alto Paranaíba.<br />

Faixa do número de<br />

material estranho<br />

0-20<br />

21-40<br />

41-60<br />

61-80<br />

81-100<br />

10 1-12D<br />

121-140<br />

141-160<br />

Totais<br />

Total de sujidade<br />

Pág. 300<br />

Número de unidades<br />

produtoras com sujidade<br />

2<br />

2<br />

2<br />

2<br />

2<br />

O<br />

I<br />

I<br />

12<br />

Artisanal cheeses are produced with raw milk<br />

and are being submitted to the process of<br />

identification and control, in order to aggregate<br />

economic value to a cheese produced with Good<br />

Manufacturing Procedures (GMP), and at the same<br />

time, not being a risk to the consumer's health.<br />

The ANVISA RDC 175 (july 8/2003), describe<br />

for industrial cheeses, leveIs for strange matters<br />

Número de material por categoria<br />

Pelo humano/animal Outros<br />

5 28<br />

6 72<br />

II 86<br />

14 120<br />

14 170<br />

15 I 18<br />

4 15 I<br />

69 745<br />

69 + 745 = 814<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

and parasites. However, there are no such<br />

standards set for artisanal cheeses. The aim of<br />

this work was to get data in this area for artisanal<br />

cheeses produced in the Alto Paranaíba's region.<br />

Samples were collected in 6 cities (Coromandel,<br />

Cruzeiro da Fortaleza, Guimarânea, Patrocínio,<br />

Patos de Minas e Serra do Salitre), and were kept<br />

under refrigeration til! the analysis at the Food<br />

Technology Department, Universidade Federal de<br />

Viçosa(UFV). The method of the acid hydrolysis<br />

described in AOAC, Ref. 96049, 1995, was used.<br />

In the 12 samples analyzed it were observed 814<br />

points of strange matters, being 8% described as<br />

human/animal pilli, and the remaining 92%, as<br />

others (sand, insects, etc). Minimum and<br />

maximum points of strange matters were<br />

respectively 16 and 155, with an average of<br />

67,83/cheese. These high numbers emphasize<br />

inadequate hygienic standards during the different<br />

phases of this agro fo od chain, from milking,<br />

processing, transport and commercialization. It<br />

seems to be necessary to incorporate this<br />

determination in the control of artisanal cheeses<br />

•<br />

in order to improve the monitoring of the<br />

hygienic conditions during the whole chain, from<br />

milking to consumption.<br />

Apoio: CNPq.<br />

Agradecimentos: a EMATER pelo apoio<br />

durante a coleta das amostras.<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

AOAC (Association Official Analytical<br />

Chemistry). Official Methods of Analysis.<br />

16th. 1995. Ref. 96.049<br />

BRASIL, Ministério da Saúde. Agência Nacional<br />

de Vigilância Sanitária (ANVISA). Resolução<br />

RDC 175, de 8 de junho de 2003. Aprova o<br />

Regulamento Técnico de avaliação de matérias<br />

macroscópicas e microscópicas prejudiciais à<br />

saúde humana em alimentos. Diário Oficial da<br />

União (DOU).<br />

SEB RAE / MG. Diagnóstico da indústria de<br />

laticínios do Estado de Minas Gerais. Belo<br />

Horizonte, 270 p. 1997.<br />

DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO ACHOCOLATADO EM PÓ PROBIÓTICO<br />

Development of powder chocolate probiotic<br />

RESUMO<br />

Eliana dos Santos Leandro'<br />

Herminia Miranda de Oliveira'<br />

Marcília Santos Rosado 1<br />

Meriane Wittig Franco2<br />

Pollyanna Cardoso Pereira3<br />

Maurício Oliveira Leite4<br />

Cláudio Furtado Soaress<br />

Nos últimos anos tem surgido crescente interesse em relação a alimentos funcionais que, além<br />

de fo rnecerem calorias e nutrientes, contribuem também com um benefício à saúde do<br />

Estudantes de Graduação do Curso de Ciência e Tecnologia de Laticínios-UFY.<br />

2 Estudante de Graduação do Curso de Engenharia de Alimentos-UFY.<br />

3 Professora Auxiliar do Departamento de Tecnologia de Alimentos-UFY.<br />

4 Mestre em Microbiologia Agrícola-UFY.<br />

5 Professor Adjunto do Departamento de Tecnologia de Alimentos-UFV.<br />

digitalizado por<br />

Pág. 301<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICÍNIOS<br />

consumidor. O desenvolvimento de t:l0vos produtos em uma indústria de laticínios é<br />

extremamente importante para sua competitividade no mercado. Este trabalho teve como<br />

objetivo desenvolver um produto achocolatado em pó probiótico em sache como UJ}1a alternativa<br />

de assegurar um efeito benéfico à saúde dos consumidores e aumentar a competitividade de<br />

alimentos probióticos. O produto foi elaborado com 49,85% de açúcar cristal, 29,94% cacau<br />

em pó, 15,54% leite pó desnatado, 3,46% de cultura liofilizada de Lactobacillus acidoplzilus,<br />

0,8% de aroma de baunilha, 0,4% de lecitina, e 0,01 % de sal. Para a avaliação sensorial adotouse<br />

o método de escala hedônica, com a utilização de 50 provadores. O pH e a contagem de<br />

células viáveis em meio MRS foram acompanhados com o objetivo de verificar a alteração no<br />

sabor durante a estocagem e permanência do microrganismo no produto, respectivamente. O<br />

pH e contagem de células viáveis em MRS foram de 6,60 e 4,5 x 109 UFC/g, respectivamente.<br />

Após 30 dias de estocagem o número de bactérias lácticas foi mantido na faixa de 109 UFC/g e<br />

o pH não sofreu alterações relevantes no período. O resultado da análise sensorial demonstrou<br />

que o produto apresentou boa aceitação sensorial situando entre os termos hedônicos "gostei<br />

muito" e "gostei moderadamente".<br />

Palavras-chave: Achocolatado em pó, Probiótico, Desenvolvimento, Novo produto.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

Nos últimos anos tem surgido crescente<br />

interesse em relação a alimentos funcionais que,<br />

além de fornecerem calorias e nutrientes,<br />

contribuem também com um benefício à saúde<br />

do consumidor. O alimento probiótico é aquele<br />

que contém microrganismos isolados da flora<br />

intestinal do hospedeiro potencial, podendo o<br />

microrganismo crescer no substrato em<br />

elaboração ou então serem adicionados no<br />

produto, na fo rma concentrada.<br />

Segundo (DAVE, R.I. SHAH, N.P., (997),<br />

as bactérias probióticas têm baixa viabilidade em<br />

produtos fe rmentados. Como as bactérias<br />

probióticas crescem lentamente no leite, a<br />

prática mais comum é adicionar o concentrado<br />

celular no iogurte. Entretanto, o Lactobacillus<br />

delbrueckii sp. bulgariclls contínua a produzir<br />

ácido láctico durante o armazenamento sob<br />

refrigeração, afetando a viabilidade da bactéria<br />

probiótica. Oscilações na temperatura de<br />

armazenagem durante a comercialização deste<br />

produto, é outro fator que afeta também a viabilidade<br />

da bactéria probiótica.<br />

Na tentativa de melhorar a viabilidade das<br />

estirpes probióticas a longo prazo, foram<br />

executados diversos estudos sobre novas metodologias,<br />

que englobam a substituição do vetor<br />

alimentar (DINAKAR e MISTRY 1995).<br />

Segundo (GARCIA, S. CASTRO GÓMEZ e<br />

R.l.H., 2001) há possibilidade de introdução de<br />

bactérias lácteas em alimentos não convencionais<br />

para formulação de alimentos funcionais.<br />

Para atender as mudanças constantes das<br />

preferências dos consumidores, antecipar os<br />

lançamentos dos concorrentes, aproveitar as<br />

oportunidades tecnológicas e conquistar uma<br />

maior participação no mercado, uma opção<br />

estratégica para as indústrias de laticínios é<br />

investir em desenvolvimentos de novos produtos<br />

(Y U et. AI, 2000).<br />

Atualmente a mudança nos hábitos de<br />

consumo das pessoas é mais freqüente e se<br />

caracteriza pela busca de produtos novos,<br />

saudáveis, com maior praticidade, mais com<br />

características sensoriais agradáveis. As boas<br />

características sensoriais são consideradas um<br />

fator importante na aceitabilidade de novos<br />

produtos alimentícios, pelos consumidores, sendo,<br />

portanto uma análise importante a ser feita antes<br />

do lançamento efetivo de um novo produto.<br />

Este trabalho teve por objetivo o desenvolvimento<br />

de um produto achocolatado em pó<br />

probiótico em sache, contendo 25 gramas, para<br />

ser adicionado em leite frio. Avaliar a aceitabilidade<br />

e a viabilidade do Lactobacillus<br />

acidophillls no produto após 30 dias de estocagem.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODO<br />

O produto foi elaborado no laboratório de<br />

Desenvol vi mento de Novos ·Produtos do<br />

Departamento de Tecnologia de Alimentos da<br />

Universidade Federal de Viçosa.<br />

2.1 - Microrganismo<br />

A estirpe Lactobacilllls acidophillls (ATCC<br />

4356) utilizada neste trabalho foi isolada do<br />

intestino humano e obtida da ATCC (American<br />

Type ClIltllre Colectio/l, Rockville, MO) EUA. A<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

biomassa desta cepa foi obtida no laboratório<br />

utilizando cultivo em caldo MRS que foi<br />

centrifugado (10°C, 7500xg por 10 minutos). A<br />

biomassa assim obtida foi lavada com tampão<br />

fosfato e em seguida liofilizada durante 8 horas.<br />

2.2 - Elaboração da formulação<br />

Para elaboração do achocolatado em pó<br />

foram utilizados: açúcar refinado 49,85%; cacau<br />

desengordurado em pó, 29,94%; leite em pó<br />

desnatado, 15,54%; aroma, 0,8%; lecitina 0,4%;<br />

sal, 0,0 I % e culltura láctica probiótica liofilizada,<br />

Lactobacilllls acidophilus, 3,46%.<br />

2.3 - Estabilidade no armazenamento<br />

Para verificar a estabilidade durante o<br />

armazenamento o achocolatado em sache foi<br />

armazenado a 23°C e periodicamente retirado para<br />

determinação de pH e contagem de células viáveis<br />

de Lactobacilllls acidophillls (APHA, 200 I).<br />

2.3 - Análise sensorial<br />

O achocolatado foi submetido a analise<br />

sensorial com fim de avaliar a sua aceitação. Foi<br />

utilizado a Escala Hedônica de 9 pontos, variando<br />

de "gostei extremamente" a "desgostei<br />

extremamente" de acordo com CHAVES E<br />

SPROESSER, (1999).Foram selecionados 50<br />

provadores não treinados, e foi pedido a cada<br />

provador que marcasse em fi cha apropriada a<br />

resposta que melhor refletiu seu julgamento em<br />

relação à aceitação do produto.<br />

3 - RESULTADO E DISCUSSÃO<br />

3.1 - Es tabilidade no armazenamento<br />

Tabela 1 - Determinação do pH e contagens<br />

médias de bactérias lácticas em<br />

achocolatado probiótico em pó<br />

armazenado à temperatura ambiente.<br />

Te mp o pH Bact. Lácticas<br />

( dias) UFC/g<br />

O 6,60 4,5 x 109<br />

15 6,5 1 3,6 x 109<br />

30 6,41 2,7 x 109<br />

Ob5. Resultados correspondem à média de três<br />

determi nações;<br />

A cultura láctica foi adicionada ao pó na proporção de 3,46%;<br />

Cultura LaC!o!Jllcilllls llcidophilllS (liofilizada) 2,6 x 10"J.<br />

digitalizado por<br />

A variação de pH foi pequena, indicando<br />

que não houve alteração química relevante na<br />

formulação . Com relação à viabilidade do<br />

Lacfobacillus acidojJhilus durante o armazenamento,<br />

houve ligeira queda, porém<br />

permanecendo na mesma ordem de grandeza.<br />

Segundo a literatura, probióticos normalmente<br />

devem conter níveis ao redor de 108- 1010 UFC, e<br />

a ANVISA recomenda que as bactérias estej am<br />

ativas, abundantes e em níveis não inferiores a<br />

10ó UFC/g no final do prazo de validade.<br />

3.2 - Analise sensorial<br />

A Figura I apresenta a relação de aceitação<br />

do achocolatado em pó. O produto obteve uma<br />

média de 7,64 pontos o que esta entre as opções<br />

"gostei moderadamente" e "gostei muito",<br />

caracteri zando uma boa aceitação do produto<br />

pelos provadores, sendo o produto em teste<br />

adequado para ser colocado junto ao mercado<br />

consumidor pelas indústrias de alimentos como<br />

mais uma opção de produto funcional.<br />

j<br />

:lO<br />

25<br />

20<br />

<br />

15<br />

ã<br />

;!<br />

lO<br />

O<br />

4 6 l)<br />

Nula<br />

Figura 1 - Relação de Aceitação do achocolatado<br />

em pó probiótico<br />

3.3 - Conclusão<br />

O achocolatado em pó apresentou<br />

características sensoriais satisfatórias sendo que,<br />

a adição de cultura liofilizada não alterou as<br />

características sensoriais do produto durante a<br />

estocagem. A vida de prateleira do achocolatado<br />

em pó probiótico se mostrou superior à produtos<br />

fermentados probióticos, o que representa uma<br />

vantagem em termos de aqulslçao pelo<br />

consumidor e de facilidade na distribuição.<br />

SUMMARY<br />

In the last years, an interesting about<br />

functional fo ods has been noted. Functional<br />

foods have nutritional value as the others kind<br />

off fo od and, in addition, are beneath for the<br />

health depending on the functional value.<br />

Development of new products in dairy products<br />

arvoredoleite.org


industry is extremely important for<br />

permanence in market. This work had the<br />

objective of development of powder chocolate<br />

probiotic in sachet as an alternative of offer a<br />

probiotic fo od for health beneath and growth<br />

the performance in market of functional foods.<br />

The composition of the chocolate powder was:<br />

sugar (4-9,85%), cocoa in powder (29,94%),<br />

defatted milk powder (15,54%), freeze drying<br />

culture of Lactobacillus acidophilus (3,46%),<br />

vanilla flavor (0,8%) , lecitin (0,4%) and salt<br />

. (0,0 1%). For sensorial tests the method of<br />

hedonic scale was used, and 50 tests were<br />

performed. The pH and total cells in MRS<br />

medium were measured for checking alterations<br />

in flavor and to determine the shelf life of the<br />

product. The pH and total cells were 6,60 and<br />

4,5 x 109 CFU/g, respectively. After thirty days<br />

in storage, the number of lactic bacteri um<br />

carried on 109 CFU/g and pH values was not<br />

affected significantly. According to the results<br />

of sensorial analyses the product has good<br />

acceptableness. The hedonics terms "I liked<br />

much" and "1 liked moderately" were most used.<br />

Key Words: Powder chocolate, probiotic,<br />

Development, new products<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />

• • •<br />

4 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION<br />

APHA. Standart methods for the<br />

examination of dairy products. 18 ed;,<br />

Washington, 1992. 433p.<br />

CHAVES, J.B.P., SPROESSER, R.L. Práticas de<br />

Laboratório de Análise Sensorial de<br />

Alimentos e Bebidas. - Viçosa - M.G. :<br />

Imprensa Universitária, Universidade Federal de<br />

Viçosa, 1999, p. 54-57. (Apostila 66)<br />

DAVE, R.I.; SHAH, N.P. Viability of yoghurt and<br />

probiotic bacteria in yoghurts made from commercial<br />

starters cultures.Int. Dairy J., v. 7, p. 31-41, 1997.<br />

DINAKAR, P. Mistry. V.v. 1994. Growth and<br />

Viability of BUidobacteriulll bUidul1l in Cheddar<br />

Cheese. Journal of Dairy Science 77, 2854-2864.<br />

GARCIA, S.; CASTRO GÓMEZ, R.J.H.<br />

Sobremesa Láctea Instantânea em pó com<br />

Lactobacillus Acidophilus LA-5 e Lactobacillus<br />

RL24C: Uma Altern"ativa de Alimento<br />

FuncionaI. Anais do XVIII Congresso<br />

Nacional de Laticínios, voI. 56 82-88.<br />

YU, A.S.O.; NASCIMENTO, P.T. Complexidade<br />

de Desenvolvimento e Desempenho no<br />

lançamento de Novos Produtos. XXI SIMPÓSIO<br />

DE GESTÃO DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA ­<br />

São Paulo - SP, 2000.<br />

• • •<br />

PRODUTO LÁCTEO SIMBIÓTICO FERMENTADO COM CULTURA TERMOFíUCA<br />

Synbiotic Product fermented with thermophilic starter culture<br />

Eliana dos Santos Leandro1<br />

Lorena Fernandes Juncall<br />

Marcília Santos Rosado 1<br />

Maria da Penha Píccolo Ramos2<br />

José Manoel Martins3<br />

Célia Lúcia de Luces Fortes Ferreira4<br />

Estudantes de Graduação em Ciência e Tecnologia de Laticínios da UFY.<br />

2 Pro f" do Departamento de Tecnologia de Alimentos /Doutoranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos da UFY.<br />

3 Doutorando em Ciência e Tecnologia de Alimentos (Bolsista FIEMG/FAPEMIG) da UFY.<br />

4 Pro r" do Departamento de Tecnologia de Alimentos da UFY.<br />

Pág. 304<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

RESUMO<br />

O consumo de leites fermentados contendo bactérias bífidas e prebióticos é uma forma de<br />

manter uma microbiota intestinal balanceada. Por crescer pouco no leite, produtos<br />

carreadores de bactérias bífidas são fermentados com culturas bioajustadoras. Essas culturas<br />

mesofílicas ou termofílicas, bioajustadoras, permitem que os produtos atinjam uma acidez<br />

segura num período aceitável. O presente trabalho teve como objetivo o desenvolvimento<br />

de leite fermentado simbiótico. Inocolou-se 2,00% de cultura ativa de StreptococclIs<br />

therll1ophi/us em LDR 10% esterilizado, incubando-o a 43°C até acidez titulável de 0,68%<br />

expressa em ácido lático. O leite fermentado foi elaborado com LDR 10%, 5% de inulina,<br />

10% de açúcar cristal e 2,00% de polpa de pêssego. Após a quebra da massa adicionou-se o<br />

concentrado celular de Bz(idobacteriu11l /OllgulIl . Os teores de gordura e proteína do<br />

produto foram 0,0% e 3,03% respectivamente. A acidez titulável e a contagem de células<br />

viáveis em meio MRS modificado foram acompanhadas com objetivo de se estimar a vida<br />

de prateleira do produto e a viabilidade dos microrganismos probióticos. Após a fabricação,<br />

determinou-se a acidez titulável (0,88% de ácido lático), o pH (4,0) e a contagem de<br />

células viáveis em MRS (1,5 x 109UFC/ml). Após 25 dias de estocagem, em média, a<br />

acidez, o pH e a contagem de células viáveis em MRS foram 0,9 1 %, pH 3,85 e 2,65 x<br />

JOxUFC/ml, respectivamente. O leite fermentado obteve uma média de 7,75 pontos, no<br />

teste de aceitação, logo após a fabricação, situando-se entre os termos hedônicos "gostei<br />

moderadamente" e "gostei muito". O produto continuou tendo boa aceitação mesmo<br />

tendo ocorrido um ligeiro aumento da acidez, obtendo uma média de 7,25 pontos. Esse<br />

novo produto simbiótico tem o potencial de ser colocado no mercado, contribuindo com<br />

o rol de produtos fu ncionais a disposição do consumidor.<br />

Palavras-chave: probióticos, prebióticos, cultura termofílica, leite fermentado.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

Alimentos probióticos são aqueles que<br />

carreiam ou são produzidos por bactérias<br />

probióticas originadas do trato intcstinal humano<br />

quando o produto se destina ao consumo humano<br />

ou do trato intestinal de uma determinada espécie<br />

animal, quando se destina à alimentação animal<br />

(FERREIRA, 1996). O consumo de produtos<br />

lácteos contendo bactérias probióticas é uma<br />

fo rma de manter uma microbiota intestinal<br />

balanceada. Essas bactérias precisam estar<br />

presentes na forma viável e em números passíveis<br />

de promover esse efeito desejável. Para que<br />

atinjam esses números, as bactérias probióticas<br />

precisam crescer no substrato em elaboração ou<br />

então serem adicionadas no produto, na forma<br />

concentrada. As bactérias probióticas carreiam<br />

algumas características que representam desafios<br />

tecnológicos na fabricação de produtos que as<br />

contêm. Além de não apresentarem bom<br />

crescimento no leite, as bactérias bífidas produzem<br />

substâncias que afetam as características sensoriais<br />

do produto, como no caso de acúmulo de ácido<br />

acético. Para contornar este problema tecnológico<br />

inerente às bactérias probióticas, são<br />

empregadas culturas láticas bioajustadoras de pH<br />

que são componentes normais dos fermentos<br />

digitalizado por<br />

láticos mesofílicos e termofílicos. Uma al ­<br />

ternativa para o aumento de bactérias bífi das<br />

residentes no trato gastrintestinal é o emprego<br />

de prebióticos, definidos como oligossacarídeos<br />

que estimulam seletivamente o crescimento dessas<br />

bactérias, alterando a microbiota colônica em<br />

favor de uma composição mais saudável. Para um<br />

ingrediente alimentar ser considerado prebiótico,<br />

não deve ser hidrolisado nem absorvido na parte<br />

superior do trato gastrointestinal. Os prebióticos<br />

mais comuns são os frutooligossacarídeos (FOS)<br />

e as inulinas. Outra estratégia para o aumento de<br />

microrganismos benéficos no cólon é via consumo<br />

de alimentos simbióticos, que, além do microrganismo<br />

probiótico, carreiam junto uma<br />

substância prebiótica. Este trabalho teve como<br />

objetivo elaborar um leite fermentado simbiótico<br />

sabor pêssego, onde foi avaliada sua aceitabilidade<br />

e vida de prateleira.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODO<br />

O trabalho foi conduzido no Laboratório<br />

de Culturas Láticas do Departamento de<br />

Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal<br />

de Viçosa, Minas Gerais.<br />

arvoredoleite.org


2.1 -Origem das culturas e obtenção do<br />

concentrado celular<br />

A estirpe Bf"idobacterium [ongu11l<br />

(ATCC 15707, UFVCC I 006) utilizada neste<br />

trabalho foi isolada do intestino humano e isolada<br />

de cultura originalmente obtida da ATCC<br />

(American Type Culture Colection, Rockville,<br />

MD) EUA. A estirpe Streptococcus thermoplzilus<br />

foi obtida do Banco de Culturas do Departamento<br />

de Tecnologia de Alimentos da Universidade<br />

Federal de Viçosa. Para a obtenção do concentrado<br />

de Bifidobacte rill lll [ongum fo i<br />

cultivada em volume conhecido de caldo MRS<br />

modificado, isento de ágar por 37°C/24h, em<br />

anaerobiose. Após o crescimento o conteúdo foi<br />

distribuído em tubos estéreis e submetido à<br />

centrifugação de 2018,0 g/ lO minutos em<br />

centrífuga refrigerada Beckmam (modelo GS-<br />

6R).Após o descarte do sobrenadante, o<br />

concentrado celular foi ressuspendido em solução<br />

tampão fosfato de sódio, pH 7,2 e submetido à<br />

nova centrifugação, sendo posteriormente<br />

ressuspendido em LDR 10% estéril, retirando-se<br />

I ml para a contagem de células viáveis no<br />

concentrado.<br />

2.2 - Elaboração do produto<br />

LDR 10% + 10% Açúcar + 5% lnulina<br />

.. 121°C/ 15 minutos<br />

Resfriamento a 43°C<br />

Inoculo de 2C}'c, StreptlicOCCl/S thenl/ophilus<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />

.. 43°C/12 horas<br />

Quebra da massa<br />

..<br />

Adição do Concentrado de B!(ido!Jacterilllll [01lglllll<br />

•<br />

Adição de Polpa de Pêssego<br />

•<br />

Refrigeração rc<br />

Figura 1 - Fl uxograma de Fabricação de Leite<br />

Fermentado Simbiótico.<br />

2.3 -Análises Físico-químicas e<br />

microbiológicas<br />

o leite fermentado foi avaliado no tempo<br />

zero e após 25 dias de estocagem a 7°C. As análises<br />

físico-químicas foram: pH, acidez titulável do<br />

produto expressa em ácido lático, gordura e<br />

Pág. 306<br />

proteínas. Todas as análises foram fe itas em<br />

duplicata segundo metodologia descrita por<br />

(LANARA, (981). Realizou-se a contagem em<br />

placas do número de unidades formadoras de<br />

colônias de BZ/idobacterilllll [01lglllll (UFC/ml)<br />

em meio MRS modificado, segundo (APHA, 2001)<br />

no dia da fabricação e após 25 dias de estocagem.<br />

2.6 -Análise Sensorial<br />

Realizou-se o teste de aceitação do leite<br />

fermentado imediatamente após a fabricação e<br />

após 25 dias de estocagem. Foi utilizada a escala<br />

hedônica de 9 pontos, variando de "gostei<br />

extremamente" a "desgostei extremamente" de<br />

acordo com CHAVES e SPROESSER (1999).<br />

Foram selecionados 50 provadores não treinados,<br />

e foi pedido a cada provador que marcasse<br />

em folha apropriada a resposta que melhor refletiu<br />

seu julgamento em relação à aceitação do produto.<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

3.1 - Contagem de células no concentrado<br />

celular<br />

o produto apresentou o número de células<br />

viáveis de BZ/idobacterilllll I01lglll1/ no período<br />

de até 25 dias (2,65 x 10R UFC/ml) acima do<br />

estimado pela legislação (mínimo 107 UFC/ml)<br />

- (Resolução OS/2002 do Ministério da<br />

Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Após<br />

25 dias de estocagem sob refrigeração, o produto<br />

apresentou-se ligeiramente mais ácido sendo que<br />

esta alteração teve um pequeno reflexo em sua<br />

aceitação. O teor de gordura e proteína no<br />

produto apresentou-se de acordo com a<br />

legislação vigente.<br />

Tahela 1 - Resultados médios, seguidos de seu<br />

respecti vo desvio-padrão, das<br />

análises de pH, acidez (expressa em<br />

ácido lático), gordura, proteína e<br />

contagem de Bi(idobacte rill l1l<br />

[Ollglllll (UFC/ml), referentes ao leite<br />

simbiótico, nos tempos zero e vinte<br />

e cinco dias de fabricação.<br />

pH 4,0 ± 0,10 3,85 ± 0,21<br />

Acidez (%) 0,88 ± 0,06 0,9 1 ± 0,06<br />

Gordura (%) 0,0 ± 0,0 0,0 ± 0,0<br />

Proteína (%) 3,03 ± O, I 3,03 ± O, I<br />

UFC/ml 1,5 X 10 2,65 X 10R<br />

3.2 -Análise Sensorial<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

O leite fe rmentado obteve uma média de<br />

7,75 pontos na escala hedônica, logo após a<br />

fabricação, situando-se entre os termos<br />

hedônicos "gostei moderadamente" e "gostei<br />

muito". O produto continuou tendo a mesma<br />

aceitação na escala hedônica, mesmo tendo<br />

ocorrido um ligeiro aumento da acidez, obtendo<br />

uma média de 7,25 pontos.<br />

4 - CONCLUSÃO<br />

A utilização da cultura termofílica na<br />

elaboração do produto simbiótico contendo<br />

BifidobacteriullI [01!gulll foi efetivo, pois o<br />

produto apresentou-se fermentado no prazo<br />

normalmente esperado para produtos lácteos<br />

fermentados. A rápida acidificação garante a<br />

segurança destes produros. Outra vantagem da<br />

utilização da cultura termofílica foi o sabor do<br />

produto que se manteve próximo aos dos leites<br />

fermentados já produzidos e aceitos pelo consumidor,<br />

uma vez que a bactéria probiótica, por<br />

ter sido adicionada na forma concentrada, não<br />

precisou crescer na base láctea. As análises físicoquímicas,<br />

microbiológicas e sensoriais do leite<br />

fermentado, revelaram ser este um produto<br />

possível de ser colocado no mercado.<br />

SUMMARY<br />

The consumption of fe rmented milks<br />

containing bifidobacteria and prebiotic is an<br />

alternative to maintain a balanced intestinal<br />

microbiota. Bifidobacteria do not grow well in<br />

milk. Thus, mesophilic and thermophilic<br />

culture are to adj ust the acidity in such a<br />

manner, in order to guarantee the safety of<br />

the processo The aim of this work was to<br />

develop a fermented symbiotic milk, having<br />

BifidobacteriulIl [onglllll as the probiotic<br />

organism, and inulin, or prebiotic. A<br />

therm ophilic culture (Streptococcus<br />

ther11l ophilus) was used to fe rment the milk<br />

base. A 2% inoculum of the thermophilic culture<br />

was added non fat dry milk reconstituted to<br />

10% containing 10% sacharose and 5% inulin,<br />

heat treated (83°C/30 min.) and cooled to 43°C.<br />

After breaking the curd it was added 2% peach<br />

jam and the Bifidobacteria concentrate.<br />

Immediately after this addition, were<br />

determined the pH (4, O), titratable acidity<br />

(0,88%), fat (0,0%), protein (3,03%) and bifido<br />

counts in modified MRS agar (1,5 x 109 UFC/<br />

ml). The sensory evaluation recorded the score<br />

of 7,75, indreating an acceptance levei between<br />

"Iiked moderately" and "liked very much".<br />

After 25 days, the acidity was slightly increased<br />

milk a pH (3,85) and titratable acidity (0,9 1 %).<br />

The bifido counts were maintained at 2,65 x<br />

10H UFC/ml, still higher than the minimum<br />

indicated in the legislation (107 UFC/ml). The<br />

sensory evaluation recerved the score 7,25,<br />

indicating a same tendency. However it could<br />

be concluded that this new symbiotic product<br />

has a potential to be commercialized due to its<br />

functionality and sensory abilities.<br />

Tabela 2 - Resultados médios, do teste de aceitação realizado com 50 provadores não treinados de<br />

acordo com a escala hedônica de nove pontos para duas repetições de fabricação .<br />

Categoria Pontuação Pontuação<br />

O 25<br />

RI R2 RI R2<br />

Gostei extremamente 90 54 54 18<br />

Gostei muito 240 184 136 144<br />

Gostei moderadamente 56 119 154 119<br />

Gostei ligeiramente O 24 30 48<br />

Indiferente O O O 25<br />

Desgostei ligeiramente 4 O O O<br />

Desgostei moderadamente O O O O<br />

Desgostei muito O O O O<br />

extremamente O O O O<br />

To tal 398 38 1 374 354<br />

Média 7,9 7,6 7,5 7,0<br />

Média ± Desvio-Padrão 7,75 ±0,2 1 7,25 ±0,21<br />

digitalizado por<br />

arvoredoleite.org


5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS<br />

AMERICAN PUBLlC HEALTH ASSOCIATION<br />

APHA.Standart methods for the<br />

examination of dairy products. 18 ed.,<br />

Washington, 200 I. 433p.<br />

CHAVES, J.B.P., SPROESSER, R.L. Práticas de<br />

Laboratório de Análise Sensorial de<br />

Alimentos e Bebidas. - Viçosa - M.G.:<br />

Imprensa Universitária, Universidade Federal de<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Viçosa, 1999, p. 54-57. (Apostila 66)<br />

FERREIRA, C. L. L. F. , Prebióticos e<br />

Probióticos : Atualização e Prospecção.<br />

Suprema Gráfica e editora, 2003, 206p.<br />

LANARA - LABORATÓRIO NACIONAL DE<br />

REFERÊNCIA ANIMAL. Métodos analíticos<br />

oficiais para controle de produtos de origem<br />

animal e seus ingredientes. I I. Métodos<br />

físico-químicos. Brasília, DF. : 1981.<br />

TOLERÂNCIA "IN VITRO" AO ESTRESSE DIGESTIVO DE BACTÉRIAS PROPIÔNICAS<br />

ENDÓGENAS ISOLADAS DO CAMPO DAS VERTENTES, MINAS GERAIS<br />

"In vitro" tolerance to digestive stresses of endogenous propionibacteria from the<br />

campo das vertentes, Minas Gerais<br />

RESUMO<br />

Luciana Rodrigues da Cunha1<br />

Maria da Penha Piccolo Ramos2<br />

José Manoel Martins2<br />

Natan de Jesus P. Filho3<br />

Felipe Bastos Mota4<br />

Célia L. L F. Ferreiras<br />

Segundo Fuller, 1992, probióticos são células microbianas vivas ingeridas pelo hospedeiro<br />

para a obtenção de um efeito benéfico ao nível do ecossistema digestivo. São consumidos<br />

para manter e promover o balanceamento da microbiota intestinal. Uma microbiota<br />

equilibrada influencia na transformação de moléculas produzidas pelo hospedeiro, e no<br />

estado fisiológico do trato intestinal. Bactérias propiônicas, embora não sej am probióticas<br />

também têm recebido atenção por parte dos pesquisadores devido a seus inúmeros efeitos<br />

probióticos. O trabalho teve como objetivo verificar in vitro a tolerância de isolados de<br />

bactérias propiônicas endógenas da Região do Campo das Vertentes-MG. Foram testados<br />

10 isolados do banco de culturas do Laboratório de Culturas Láticas da Universidade Federal<br />

de Viçosa UFVCC 3068, UFVCC 3070, UFVCC 3071, UFVCC 3072, UFVCC 3073, UFVCC<br />

3076 (Propiollibacterill lll jellsell ii), UFVCC 3077, UFVCC 3079 (Propioll ibacterilllll<br />

.fi'eudenreichii subsp .fi'elldenreiclzií ), UFVCC. 3082, UFVCC 3089 (PropiOll ibacterill1ll<br />

Mestranda Ciência e Tecnologia de Alimentos - UFV CNPq.<br />

2 Doutorandos Ciência e Tecnologia de Alimentos-UFV CNPq/FAPEMIG.<br />

3 Graduandos Ciência e Tecnologia de Laticínios - UFY.<br />

4 Graduando Engenharia de Alimentos UFV/CNPq.<br />

5 Professora Titular Departamento de Tecnologia de Alimentos - UFY.<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

acidipropiollici). Os isolados foram ativados em caldo YEL e a tolerância aos sais biliares<br />

foi aval iada segundo o método de GILLILAND et ai (1985). Dos isolados analisados a<br />

estirpe UFVCC 3089 apresentou maior resistência a 0,3% de sais biliares, sugerindo a<br />

utilização. deste isolado como probiótico. Portanto, as estirpes estudadas podem ser usadas<br />

em "pools" como probiótico, uma vez que as mesmas possuem resistência aos sais biliares,<br />

o qual é uma das barreiras a serem encontradas no trato intestinal do hospedeiro.<br />

Palavras-chave: Bactérias propiônicas, probióticos, estresse digestivo.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

Atualmente, espera-se que um alimento não<br />

somente mantenha as funções vitais do<br />

organismo, mas que além de nutrir promova<br />

saúde. Os produtos fu ncionais carreando<br />

microrganismos probióticos têm crescido no<br />

mercado. Probióticos são células microbianas<br />

vivas ingeri das pelo hospedeiro para a obtenção<br />

de um efeito benéfico ao nível do ecossistema<br />

digestivo (Fuller, 1992), devem ser seguros<br />

(GRAS), resistir as condições de processamento,<br />

não produzir sabores desagradáveis nos produtos<br />

onde são adicionados, sobreviver ao estresse<br />

digestivo, exercendo efeito benéfico no<br />

organismo a que se destina (KLAENHAMMER<br />

AND KULLEN, 1999). São consumidos para<br />

manter e promover o balanceamento da<br />

microbiota intestinal. Uma microbiota equilibrada<br />

influencia na transformação de moléculas<br />

produzidas pelo hospedeiro, e no estado fisiológico<br />

do trato intestinal por meio da modulação<br />

da taxa de re novação de células epiteliais e<br />

modulação do estado imunológico do hospedeiro.<br />

Bactérias do gênero Lactobacillus e<br />

Bifidobacterium fazem parte da microbiota benéfi<br />

ca do intestino delgado e grosso, respectivamente,<br />

e são importantes para manutenção<br />

de uma microbiota balanceada. Bactérias<br />

propiônicas, embora não sejam probióticas<br />

também têm recebido atenção por parte dos<br />

pesquisadores devido a seus inúmeros efeitos<br />

probióticos. PropiOllibacteri1l11l são microrganismos<br />

pleomorfos, Gram positivos que<br />

metabolizam Iactato para ácido propiônico, ácido<br />

acético e CO,. São capazes de inibir o<br />

crescimento da - microbiota indesejável (LYON<br />

AND GLATZ, 1993) e estimular o crescimento<br />

de bifidobactérias (MORE et aI., 1997, ROLAND<br />

et ai, 1998) e beneficamente modificar a<br />

atividade enzimática dentro do intestino<br />

(MONTERE ALHANEN, 1995). Elas podem<br />

liberar p- galactosidase dentro do intestino,<br />

como resultado da permeabilização de sais<br />

biliares, contribuindo, portanto para prevenir a<br />

intolerância à lactose (ZARATE et aI. 2000).<br />

Experimentos in vitro indicaram que bactérias<br />

digitalizado por<br />

propiônicas podem destruir por meio de apoptose<br />

células cancerosas humanas da região coloretal<br />

(JAN et ai 2002). O uso desse grupo microbiano<br />

como probiótico exige que as estirpes utilizadas<br />

sejam resistentes as inúmeras barreiras no trato<br />

intestinal até atingirem o local onde irão atuar.<br />

O trabalho teve como objetivo verificar 'in vitro'<br />

a tolerância aos sais biliares de isolados de<br />

bactérias propiônicas endógenas UFVCC 3068,<br />

UFVCC 3070, UFVCC 3071, UFVCC 3072,<br />

UFVCC 3073, UFVCC 3076 (PropiollibacteriuIJI<br />

jellsenii), UFVCC 3077, UFVCC 3079<br />

(Propiollibacterilllll fr eltdellreichii subsp<br />

frelldenreiclzii), UFVCC 3082, UFVCC 3089<br />

(Propionibacteri um acidipropionici) da Região<br />

do Campo das Vertentes-MO.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

O presente trabalho foi realizado no<br />

Laboratório de Culturas Láticas do BIOAGRO<br />

(Instituto de Biotecnologia Aplicada à<br />

Agropecuária).<br />

2.1 - Resistência a sais biliares<br />

Os isolados foram descongelados a<br />

temperatura ambiente e ativados (três vezes) em<br />

caldo YEL. A tolerância aos sais biliares fo i<br />

avaliada segundo o método de GILLILAND et ai<br />

(1985), inoculando-se 5% da cultura ativa em<br />

meio (YEL) acrescido ou não (controle) de 0,3%<br />

de sais biliares (Oxgall). As culturas foram<br />

incubadas a 30°C e o crescimento foi monitorado<br />

turbidimetricamente em espectrofotômetro (600<br />

nm) nos tempos O, 4, 6 e 48 horas.<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

A Figura I mostra os resultados obtidos<br />

para o crescimento relativo dos isolados em meio<br />

(YEL) acrescido de 0,3 % de sais biliares em<br />

relação ao controle, após 6 horas de incubação.<br />

Pág. 309<br />

arvoredoleite.org


0,6<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Bactérias propiônicas<br />

Figura 1 Resultados obtidos para o crescimento<br />

relativo dos isolados em meio (YEL)<br />

acrescido de 0,3 % de sais biliares em<br />

relação ao controle, após 6 horas de<br />

incubação,<br />

Segundo GILLILAND et ai (1985), um<br />

microrganismo é considerado tolerante aos sais<br />

biliares quando consegue obter uma variação na<br />

absorbância de 0,3 nm em até 6 horas de<br />

incubação a 30°C. De acordo com a Figura I as<br />

estirpes UFVCC 3082 e UFVCC 3089<br />

(Propionibacterillm acidipropionici) apresentaram-se<br />

resistentes a 0,3% de sais biliares,<br />

alcançando uma variação na absorbância superior<br />

a 0,3 nm. A estirpe UFVCC 3089 foi a mais<br />

tolerante, sugerindo a utilização destes isolados<br />

como probiótico. Jan et a!, 2000 e Leverrier et<br />

aI., 2003 mostraram a resistência de bactérias<br />

propiônicas aos sais biliares e verificaram que<br />

essa resistência é maior quando as células se<br />

encontram na fase estacionária. As estirpes de<br />

bactérias propiônicas a serem utilizadas, com<br />

efeito, probióticos devem possuir resistência a<br />

sais biliares para que um número suficiente de<br />

bactérias viáveis atinja o trato intestinal do<br />

hospedeiro e promovam alterações benéficas ao<br />

mesmo.<br />

4 - CONCLUSÃO<br />

As estirpes UFVCC 3082 e UFVCC 3089<br />

podem ser usadas em "pools" como probiótico,<br />

uma vez que possuem resistência aos sais biliares<br />

o qual é uma das barreiras a serem encontradas<br />

no trato intestinal do hospedeiro.<br />

5 - ABSTRACT<br />

FULLER, 1992 defined probiotics as live<br />

microbial food supplements that benefit the<br />

hea1th of consumers by maintaining or<br />

improving their intestinal microbial balance.<br />

Pág. 310<br />

They are ingested to improve and maintain the<br />

intestinal microbiota in equilibrium. Propionic<br />

bacteria are not classical probiotic bacteria but<br />

has been research because they have shown<br />

probiotics effects. The work aimed at to verify<br />

'in vitro' tolerance to digesti ve stresses of<br />

endogenous propionibacteria from the campo<br />

das vertentes, Minas Gerais. Ten isolates were<br />

analised UFVCC 3068, UFVCC 3070, UFVCC<br />

3071, UFVCC 3072, UFVCC 3073, UFVCC<br />

3076 (Propionibacterium jensenii), UFVCC<br />

3077, UFVCC 3079 (P ropionibacterium<br />

fi'eudenreichii subsp freudenreichii ), UFVCC<br />

3082, UFVCC 3089 (Propionibacterium<br />

acidipropionici). The strains were subcultured<br />

in YEL broth and incubated at 30°C/48 hs and a<br />

tolerance to biliar salt was evaluated by<br />

GILLILAND et ai (1985). The strain UFVCC<br />

3089 presented higher resistence to 0,3% biliar<br />

salts, suggesting that the use of this isolate as<br />

probiotic.<br />

Key-words: Propionic bactéria, probiotic,<br />

digestive stress.<br />

6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

FULLER, R. History and development of<br />

probiotics . In: R Fuller (Ed) Probiotics. The<br />

Science basis. New York. Chapman and hall,<br />

1992. p. 111-144.<br />

JAN, G., LEVERRIER, P., ROLAND, N.,<br />

Survival and beneficiai effects of<br />

propionibacteria in the human gut: In vivo<br />

and in vitro investigations. 2002, Lait 82,<br />

131-144.<br />

KLAENHAMMER, T.R., KULLEN, M.J.,<br />

Selection and design of probiotics. 1999,<br />

Int. J. Food Microbiol. 50, 45-57.<br />

LEVERRIER, P. ; FREMONT, Y. ; ROUAULT, A.;<br />

BOYAVAL, P. ; EL JAN,G. In vitro tolerance to<br />

digestive stresses of propionibacteria:<br />

infuence of food matrices.<br />

LYON, W. J., GLATZ, B. A., Isolation and<br />

purification of propionicin PLG-I, a<br />

bacteriocin produced by a strain of<br />

Propionibacterium thoeniL 1993 APPL.<br />

Environ. Microbiol. 59, 83-88.<br />

MANTERE-ALHONEN, S., Propionibacteria<br />

used as probiotics - A review. 1995, Lait 75,<br />

447-452.<br />

MORI, H., SATO, Y., TA KETOMO, N.,<br />

KAMIYAMA, T., YOSHIYAMA, Y.,<br />

MEGURO, S., SATO, H., KANEKO, T.,<br />

Isolation and strutural indentification of<br />

bifidogenic stimulator produced by<br />

Propionibacterium freudenreichiL 1997.<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

1. Dairy Sci 80, 1959-1 964.<br />

ROLAND, N., BOUGLE, LEBEURRIER, F.,<br />

ARHAN, P., MAUBOIS, 1. L., Propionibacterium<br />

freudenreichii stimulates the growth of<br />

Bifidobacterium bifidum in vitro and increases<br />

fecal bifidobacteria in healthy human<br />

• • • •<br />

volunteers, 1998. INT. Dairy 1. 8, 587-588.<br />

ZARATE, G., CHAIA, A. P.,GONZALEZ, S.,<br />

OLIVER, G., Viability and beta-galactosidase<br />

activity of dairy propionibacteria subjected to<br />

digestion by artificial gastric and intestinal<br />

fluids. 2000. 1.Food Prot.63, 1214-1221.<br />

• • • •<br />

AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS CINÉTICOS DE ISOLADOS DE BACTÉRIAS PROPIÔNICAS<br />

ENDÓGENAS DO CAMPO DAS VERTENTES, MINAS GERAIS<br />

Cinetic parameters of endogenous propionic acid bacteria isolated from the campo<br />

das vertentes' region, Minas Gerais<br />

RESUMO<br />

Tiago Teixeira Silva1<br />

Luciana Rodrigues da Cunha2<br />

Natan de Jesus P. Filho3<br />

Elisângela Rodrigues de Freitas3<br />

Flávia Ferreira Alves3<br />

Karina da Silva Chaves3<br />

Célia L. L. F. Ferreira4<br />

As bactérias propiônicas destacam-se pela capacidade de sintetizar diversos compostos<br />

relacionados à segurança alimentar, como ácidos e bacteriocinas além de nutrientes<br />

importantes ao metabolismo humano como prolina, ácido fó lico e vitamina B 12' dentre<br />

outros. As bactérias propiônicas clássicas possuem grande destaque na fabricação de queijos<br />

como o Gruyere, o Emmental e outros queijos que apresentam olhaduras. O sucesso no<br />

processamento destes queijos provém da interdependência de duas fermentações: a lática<br />

e a propiônica. Durante a fabricação do queijo, as bactérias ácido-Iáticas convertem a<br />

lactose em lactato (fermentação lática). Numa segunda fase o lactato é utilizado como<br />

fonte de energia para as bactérias propiônicas. Essas bactérias apresentam ainda propriedades<br />

benéficas comprovadas na espécie humana como ati vidades anticarcinogênicas e<br />

imunoestimulatórias. O presente trabalho teve como objetivo, determinar o tempo de<br />

geração de estirpes de bactérias propiônicas Propiollibacteriull/ jensenii, (UFVCC 3066,<br />

UFVCC 3068, UFVCC 3070, UFVCC 307 1 UFVCC 3072, UFVCC 3073, UFVCC 3074),<br />

PropionibacteriulIl fre udenreichii .I'lIbsp. fi'elldenreichii (UFVCC 3077, UFVCC 3079 e<br />

UFVCC 3080) e Propionibacterilllll freudenreichii slIb.l'p. shermanii, UFVCC 3069, como<br />

parte de sua caracterização. As bactérias foram ativadas e repicadas (I %) em caldo YEL e<br />

Graduando Engenharia de Alimentos - UFV.<br />

2 Mestranda Ciência e Tecnologia de Alimentos - UFV /CNPq.<br />

3 Graduando Ciência e Tecnologia de Laticínios - UFY.<br />

4 Professora Titular do Departamento de Tecnologia de Alimentos - UFY.<br />

digitalizado por<br />

arvoredoleite.org<br />

Pág. 31 1


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

incubadas a 32 °C/48 h. Para determinação das curvas padrão e de crescimento foram<br />

realizadas leituras de densidade ótica (espectrofotômetro - 600 nm) e plaqueamento em<br />

intervalos de aproximadamente I h durante 10 horas. As bactérias foram ativadas e repicadas<br />

(I %) em caldo YEL e incubadas a 32 °C/48 h.<br />

UFVCC 3077, UFVCC 3079 e UFVCC 3080 foram respectivamente 60, 70, 63, 81, 70, 69,<br />

58, 60, 89, 37, 105, 60 minutos. Apesar das bactérias propiônicas terem sido isoladas da<br />

mesma região e mantidas sob as mesmas condições, a diversidade pode ser verificada pelos<br />

diferentes tempos de geração apresentados.<br />

Palavras-chave: tempo de geração, bactérias propiônicas, crescimento.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

o nome Propionibacteriul1l foi sugerido por<br />

Orla lensen em 1909 para bactérias presentes em<br />

queijos tipo suíço de massa prensada e cozida<br />

durante seu crescimento (FERREIRA E<br />

CARVALHO, 1998). As bactérias propiônicas são<br />

gram positivas, pleomorfas, não apresentam<br />

motilidade, muitas vezes apresentam-se como<br />

pequenos bastões ovóides, isoladas, em pares, em<br />

cadeias ou em aglomerados conhecidos como<br />

"escrita chinesa". São anaeróbias e aerotolerantes,<br />

geralmente catalase positivas, formam colônias<br />

arredondadas com coloração variando entre<br />

branco, creme, amarelo-laranja e vermelho.<br />

Certas estirpes sintetizam polissacarídeos.<br />

Propionibactérias são de extrema importância<br />

para o desenvolvimento de olhaduras (THIERRY,<br />

2004) e aroma característico em queijos tipo Suíço<br />

(Emmental e Gruyere), descrito como<br />

"adocicado" e "amendoado" (THIERRY, 2002).<br />

Sua presença, associada à microbiota natural do<br />

leite, está re lacionada com a característica de<br />

"pungência" em análises sensoriais realizadas em<br />

experimentos com queijos tipo Suíço feito com<br />

leite integral. Além do papel no componente de<br />

flavor e aroma característicos dos queijos bactérias<br />

propiônicas podem estar envolvidas em defeitos<br />

de "flavor" dependendo da quantidade de cultura<br />

no queijo e do tipo de queijo fabricado (THIERRY,<br />

2002). Uma grande aplicação das propionibactérias<br />

inclui o seu uso como inóculo para<br />

silagens (YANG, 2004) e na produção de vitamina<br />

B 12 (KAIMING, 1996), Além disso, existe um<br />

aumento de evidências científicas sobre o<br />

potencial de propionibactérias como probióticas<br />

(HUA NG, 2004). Recentemente foi mostrado que<br />

Propiollibacterium acidipropionici e P.<br />

fre udenreichii, podem sobreviver no intestino<br />

humano e sintetizar compostos anticarcinogênicos<br />

(CARDOSO et ai, 2004). Algumas linhagens de<br />

propionibactérias podem produzir quanti dades<br />

apreciáveis de ácido fólico. Outro produto<br />

potencialmente benéfico produzido por esta<br />

Pág. 312<br />

bactéria são os compostos antimicrobianos como<br />

as bacteriocinas. O ácido propiônico é reconhecido<br />

ainda como eficiente agente fungistático (HOLO,<br />

2002) e por isso, as bactérias propiônicas possuem<br />

importante papel na preservação de alimentos<br />

(HUGENHOLTZ, 2002).<br />

2 " MATERIAL E MÉTODOS<br />

O presente trabalho fo i realizado no<br />

Laboratório de Culturas Láticas - BIOAGRO<br />

(Instituto de Biotecnologia Aplicada à<br />

Agropecuária). Foram analisados os crescimentos<br />

das bactérias propiônicas UFVCC (Coleção de<br />

Culturas da Universidade Federal de Viçosa) 3066,<br />

3067, 3068, 3069, 3070, 3071, 3072, 3073,<br />

3074, 3077, 3078, 3079 e 3080. As treze estirpes<br />

estudadas foram isoladas da região do Campo das<br />

Vertentes - MG.<br />

2.1 - Construção da curva padrão e<br />

determinação do tempo de geração<br />

As bactérias foram inoculadas em caldo<br />

YEL esterilizado na proporção de I % e incubadas<br />

a 30°C. O espectrofotômetro utilizado para a<br />

construção da curva padrão foi aj ustado para o<br />

comprimento de onda de 600 nm. Em diferentes<br />

intervalos de tempo (O, I, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e<br />

10 horas) foram feitas leituras de densidade ótica<br />

e plaqueamento, para acompanhamento de<br />

células viáveis. As placas foram incubadas a 30°C<br />

em agar YEL, sob condição de anaerobiose por<br />

sete dias.<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

A Tabela I indica os tempos de geração<br />

determinados para os isolados de bactérias<br />

propiônicas.<br />

Apesar das bactérias propiônicas terem sido<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Tabela 1 - Tempo de geração determinados para os isolados de bactérias propiônicas.<br />

Tempo de Geração das Bactérias Propiônicas<br />

Bactéria Equação da reta<br />

3079 Y = 0,3946 X + 22,167<br />

3074 Y = 0,4692 X + 21,974<br />

3069 Y = 0,5157 X + 21,875<br />

3070 Y = 0,5945 X + 21,343<br />

3067 Y = 0,5962 X + 21,847<br />

307 1 Y = 0,5999 X +2 1,377<br />

3068 Y = 0,6551 X + 21,454<br />

3066 Y 0,6901 X + 21,873<br />

3073 Y = 0,6876 X + 19,658<br />

3080 Y = 0,6966 X + 20,843<br />

3072 Y = 0,7206 X + 19,919<br />

3077 Y = 1,1320 X + 19,701<br />

3078 Y = 1,6294 X + 18,926<br />

isoladas da mesma região e mantidas sob as mesmas<br />

condições, a diversidade pode ser verificada pelos<br />

diferentes tempos de geração calculados. As curvas<br />

padrão das bactérias UFVCC 3066, 3068, 3070,<br />

3071, 3074, 3077, 3078, 3079 e 3080 apresentaram<br />

sinuosidades em sua parte final. Uma<br />

provável causa deste comportamento é a<br />

produção de hexapolissacarídeos durante o<br />

crescimento bac teriano. Este metabólito é<br />

acumulado no meio e gera um aumento da<br />

absorb ância enquanto não há crescimento<br />

pronunciado durante a fase estacionária.<br />

4 - CONCLUSÃO<br />

Apesar das bactérias propiônicas terem sido<br />

isoladas da mesma região e mantidas sob as mesmas<br />

condições, a diversidade pode ser verificada pelos<br />

diferentes tempos de geração calculados. A<br />

determinação do tempo de geração das estirpes<br />

estudadas possibilita controlar a fermentação,<br />

garantindo assim, maior padronização de produtos<br />

na indústria de alimentos.<br />

5 - ABSTRACT<br />

Propionic acid bactéria are able to syntethize<br />

a great variety of compounds related to food safety,<br />

such as organic acids and bacteriocins. They also<br />

produce important metabolits mainly folic acid,<br />

prolina and B 12 vitamin. The classic<br />

Propionibacterium are used as starter in the cheese<br />

industry. The present work at to determine the<br />

generation time (G) of propionic acid bacteria<br />

strains: Propionibacterium jenseniÍ (UFVCC 3066,<br />

3068, 3070, 3071, 3072, 3073 and 3074).<br />

digitalizado por<br />

Jl-Inclinação Tempo de Geração<br />

fase log<br />

0,3946 I h 45 min<br />

0,4692 I h 29 min<br />

0,5 157 Ih 21 min<br />

0,5945 I h lO min<br />

0,5962 1 h 10 min<br />

0,5999 I h 9 min<br />

0,655 1 I h 3 min<br />

0,690 I I h<br />

0,6876 I h<br />

0,6966 I h<br />

0,7206 58 min<br />

1,1320 37 min<br />

1,6294 26 min<br />

Propionibacterilllll fr eudenreichii slIbsp.<br />

.fi"eudellreichii (UFVCC 3077, UFVCC 3079 and<br />

UFVCC 3080) e Propionibacterilllll fi"elldenreichii<br />

subsp. sherllwnii (UFVCC 3(69). The strains were<br />

subcuItured in YEL broth and incubated at 32°C/48<br />

horas. The standard curves and grówth were<br />

turbidimetricarly determined, at 600 nm and<br />

plating occorred at every at time O and at every<br />

60 minutes therein, for 10 hours. The generation<br />

time for UFVCC 3066, UFVCC 3067, UFVCC<br />

3068, UFVCC 3069, UFVCC 3070. UFVCC 307 1<br />

UFVCC 3072, UFVCC 3073, UFVCC 3074,<br />

UFVCC 3077, UFVCC 3079 and UFVCC 3080 were<br />

respectively 60, 70, 63, 81, 70, 69, 58, 60, 89,<br />

37, 105, 60 minutes. It -1 S work noting that<br />

although ali the strains were isolated from the same<br />

region and maintained in the same conditions, they<br />

demonstrate diversity though the different<br />

generation times.<br />

Key-words: Propionic acid bacteria,<br />

genetation time, cinetic parameter.<br />

6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

CARDOSO, F. S.; GASPAR, P. ; HUGENHOLTZ,<br />

l.; RAMOS, A.; SANTOS, H . . Enhancement of<br />

trehalose production in dairy<br />

propionibacteria through manipulation of<br />

environmental conditions. International<br />

lournal of Food Microbiology 91 (2004) 195-204.<br />

HOLO, H.; FAYE, T. ; ANDERS, D.; NILSEN,<br />

T. ; ODEGARD, I.; LANGSRUD, T. ;<br />

BRENDEHAUG, l.; Bacteriocins of propionic<br />

acid bactéria .. Lait 82 (2002) 59-68.<br />

HUANG, Y. ; MICHELLE C. A. In vitro<br />

arvoredoleite.org


assessment of the upper gastrointestinal<br />

tolerance of potential probiotic dairy<br />

propionibacteria. International Journal of<br />

Food Microbiology 91 (2004) 253-260.<br />

KAIMING, Y.E.; SHIJO, M.; JIN, S.; SHIMIZU,<br />

K. Efficient Production of Vitamin B J 2 from<br />

Propionic Acid Bacteria under Periodic<br />

Variation of Dissolved Oxygen<br />

Concentration. Journal of Fermentation and<br />

Bioengineering, Vol. 82, No. 5, 484-491.(1996).<br />

LIEMA, A.H.; VAN BOVENB, AJ.; VEEGERB,<br />

N.J.G.M.; WITHAGENC, A.J.; ROBLES, R.M.;<br />

MEDINAD, J. G. P. ; TIJSSENE, D. J.<br />

VELDHUISENB, Y. Efficacy of folic acid when<br />

added to statin therapy in patients with<br />

hypercholesterolemia following acute<br />

myocardial infarction: a randomised pilot<br />

trial. International Journal of Cardiology 93<br />

(2004) 175-179.<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

• • •<br />

THIERRY, A.; MAILLARD, M. B. Production<br />

of cheese flavour compounds derived from<br />

amino acid catabolism by<br />

Propionibacterium freudenreichii. Lait 82<br />

(2002) 17-32.<br />

THIERRY, A.; MAILLARD, M. B.; HERV, C.;<br />

RICHOUX, R.; LORTAL, S. Varied volatile<br />

compounds are produced by<br />

Propionibacterium. freudenreichii in<br />

Emmental cheese .. Food Chemistry 87 (2004)<br />

439-446<br />

YA NG, W.Z.; BEAUCHEMIN, K.A.;<br />

BEAUCHEMIN, D.D.; VEDRES, G.R.;<br />

GHORBANI, D.; COLOMBATTO, D.P. Effects<br />

of direct-fed microbial supplementation on<br />

ruminal acidosis, digestibility, and<br />

bacterial protein synthesis in continuous<br />

culture. Animal Feed Science and<br />

Technology 114 (2004) 179-1 93.<br />

• • • •<br />

LEITE FERMENTADO PROBIÓTICO TIPO SUNDAE CONTENDO LACTOBACILLUS<br />

A CIDOPHIL US<br />

Fermented dairy product Sundae type containing Lactobacillus acidophilus<br />

RESUMO<br />

Flávia Ferreira Alves1<br />

Heliane Virgínia de Oliveira1<br />

Caroline Comastri Arruda 1<br />

Maria da Penha Píccolo Ramos2<br />

José Manuel Martins3<br />

Célia Lúcia de Luces Fortes Ferreira4<br />

Associando-as às vantagens do leite fermentado e aos benefícios causados pela ingestão de<br />

microrganismos probióticos, elaborou-se um produto fermentado com Streptococcus<br />

therl//oplzilus concentrado celular de L. acidoplzilus adicionado de leite em pó desnatado,<br />

açúcar, estabilizante, calda de maracujá e distribuído em embalagens plásticas e mantido<br />

sob refrigeração. Foram realizadas análises físico-quimicas, microbiológicas e sensoriais<br />

em três repetições, sendo as médias dos resultados obtidos: pH(4,31); acidez(0,90% de<br />

1 Estudantes de graduação em Ciência e Tecnologia de Laticínios - UFY.<br />

2 Prof' do DTA/UFV Doutoranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos UFV.<br />

3 Doutorando em Ciência e Tecnologia de Alimentos UFV (Bolsista FIEMG/FAPEMlG)<br />

4 Prof' Titular do DTA/UFY.<br />

Pág. 314<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICÍNIOS<br />

ácido lático); gordura( l,60%); proteína total(3,66%); contagem do concentrado<br />

celular( l,4x 10NUFC/mL); teste de aceitação por escala hedônica (score7,8). Concluiu-se<br />

que o Leite Fermentado tipo Sundae está dentro dos padrões propostos para produtos<br />

fermentados, e possui potencial de mercado por ter obtido boa aceitação.<br />

Palavras-chave: Leite fermentado, probiótico, Lactobacillus acidoplzilus.<br />

1 -INTRODUÇÃO<br />

Desde o século XIX, tem-se postulado o<br />

"prolongamento da vida" com a ingestão de<br />

produtos lácteos contendo bactérias benéficas<br />

capazes de recompor o desequilíbrio da microbiota<br />

intestinal provocado pelo crescimento excessivo<br />

de bactérias putrefativas. Dentre as alternativas<br />

dietéticas para o aumento de microrganismos<br />

benéficos na microbiota intestinal destaca-se o<br />

consumo de probiótico, que são organismos vivos<br />

que quando ingeridos em determinado número<br />

exercem efeitos benéficos sobre a saúde do<br />

hospedeiro. Lactobacilos e as bactérias bífidas são<br />

os mais usados e podem beneficiar a saúde humana<br />

controlando infecções intestinais, diminuindo a<br />

intolerância à lactose, aumentando a atividade<br />

anticarcinogênica e reduzindo o nível de colesterol<br />

sanguíneo (FERREIRA, 2003). Para uma cultura<br />

ser considerada candidata para uso como adjunto<br />

dietético, ela deve possuir certas características<br />

básicas, como ser habitante normal do trato<br />

intestinal, ser capaz de sobreviver e colonizar o<br />

intestino, produzir efeitos benéficos ao hospedeiro<br />

quando no intestino e manter-se viável no alimento<br />

carreador até o consumo (GILLILAND,1 989). A<br />

proposta deste trabalho foi desenvolver um produto<br />

com o intuito de aproveitar os efeitos benéficos<br />

causados pela ingestão de microrganismos<br />

probióticos associando-os as características<br />

nutricionais e terapêuticas do maracujá e às<br />

vantagens do leite fe rmentado como veículo<br />

carreador. Desenvolveu-se uma sobremesa láctea<br />

com utilização do maracujá (PassUlora edules<br />

f.f1aricarpa), devido ao seu sabor ácido que é<br />

adequado para acompanhar este produto, e<br />

juntamente com sacarose, já que os produtos<br />

elaborados com este açúcar geralmente se destacam<br />

pela aparência e sabor. Além do gosto doce, a<br />

sacarose aumenta a viscosidade, conferindo textura<br />

adequada e estabilidade e nos últimos anos, vem<br />

crescendo o interesse na área sensorial desses<br />

produtos (BEHRENS, 1999). Desta forma, propôsse<br />

a elaboração do leite fermentado tipo sundae<br />

com calda de maracujá, e submetido ao teste de<br />

aceitação avaliado por escala hedônica, uma vez<br />

que a aceitação de sobremesas lácteas tem crescido<br />

nas últimas décadas no mercado nacional.<br />

digitalizado por<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

2.1 -Origem e manutenção da cultura<br />

A cultura de Lactobacillus acidoplzilus, de<br />

origem humana foi obtida no banco de culturas<br />

do Laboratório de Culturas Láticas localizado<br />

no Instituto de Biotecnologia Aplicada à<br />

Agropecuária (BIOAGRO), Universidade Federal<br />

de Viçosa. Para a confirmação de sua pureza, a<br />

cultura foi submetida à coloração de Gram e ao<br />

teste da catalase.<br />

2.2 -Obtenção do concentrado celular<br />

A cultura de L. acidoplzilus foi ativada em<br />

volume conhecido de caldo MRS por 24 horas e<br />

distribuída em vol ume conhecido em tubos<br />

estéreis, submetendo-os à centri fugação de 2750<br />

x g / dez minutos em centrífuga refrigerada<br />

Beckmam (modelo GS-6R). O concentrado<br />

celular fo i ressuspendido em solução tampão<br />

fosfato pH 7,2 e centrifugado novamente nas<br />

mesmas condições anteriores, e ressuspendido<br />

em LDR (Molico, Nestlé) reconstituído a 10%<br />

(p/v), esterilizado (121 °C/l5min). A amostra foi<br />

diluída em tampão fosfato pH 7,2 e plaqueada<br />

em ágar MRS pelo método em profundidade para<br />

contagem total de lactobacilos, seguindo-se<br />

inc ubação 37°C/48 horas.<br />

2.3 - Preparo da calda de maracujá<br />

Adicionou-se polpa de maracujá em um<br />

recipiente e 30% de açúcar (p/v)1. A mistura foi<br />

aquecida a aproximadamente 100°C /30 min, tempo<br />

este necessário para se conseguir a consistência<br />

desejada. A calda já resfriada foi distribuída em<br />

embalagens com capacidade para 150 mL.<br />

2.4 -Obtenção do produto final<br />

De acordo com a Figura I, após a adição da<br />

calda, o leite fermentado foi adicionado em<br />

embalagens e incubados a 37°C por cerca de 12<br />

horas. O produto obtido foi mantido sob<br />

refrigeração (8°C) até a realização da análise<br />

sensorial.<br />

Pág. 315<br />

arvoredoleite.org


Leite cru semi-desnatado + 10% de açúcar<br />

+0, I % de estabilizante + 3% de leite em pó<br />

t<br />

Tratamento Térmico (83°C/30 min)<br />

t<br />

Resfriamento (43°C)<br />

t<br />

Inoculação das culturas ( 2% de S. thermoplzilus,<br />

e cultura concentrada de L. acidophilus)<br />

t<br />

Calda Envase<br />

t<br />

Incubação (45°C/5 horas)<br />

t<br />

Armazenamento (8°C)<br />

Figura 1 - Fluxograma de produção do Leite<br />

Fermentado tipo Sundae<br />

2.5 - Análises físico-químicas e microbiológica<br />

o Leite Fermentado tipo Sundae foi<br />

aval iado através de análises de gordura pelo<br />

método de Gerber (LANARA, 1981), proteína<br />

total pelo método Kjeldhal (GOMES, 1981),<br />

porcentagem de ácido lático por meio de<br />

titulação com NaOH O, I N (LANARA, 1981),<br />

pH (AOAC, 1997), e contagem total do<br />

concentrado celular pelo método em<br />

profundidade (APHA, 1995).<br />

2.6 -Análise sensorial<br />

Realizou-se o teste de aceitação do leite<br />

fermentado tipo Sundae utilizando-se escala<br />

hedônica de 9 pontos, variando de "gostei<br />

extremamente" a "desgostei extremamente" de<br />

acordo com CHAVES e SPROES SER (1999).<br />

Foram selecionados ao acaso 50 provadores não<br />

treinados, que provaram a amostra e a julgaram<br />

de acordo com a sua aceitação marcando a<br />

resposta em uma folha apropriada.<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

3.1 - Caracterização<br />

microbiológica<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICÍNIOS<br />

físico-química e<br />

Na Tabela I estão indicados os valores médios<br />

das análises físico-químicas, microbiológicas e<br />

se:nsorial das três repetições realizadas e seus<br />

respectivos desvios padrões.<br />

O produto apresentou o número de células<br />

viáveis de L. acidoplzilus de acordo com o<br />

proposto pela legislação (mínimo de 107 UFC/<br />

mL segundo resolução 0512002 do Ministério da<br />

Pág. 316<br />

1 \.<br />

C .. f ·<br />

Agricultura). Os teores de gordura, proteína e<br />

acidez no produto apresentou-se de acordo com<br />

a legislação para produtos fermentados (Nova<br />

LegislaçãCl de Produtos Lácteos, 2002).<br />

Tabela 1 - Parâmetros físico-químicos, microbiológico<br />

e sensoriais do Leite<br />

Fermentado Probiótico tipo Sundae.<br />

pH<br />

Acidez<br />

Parâmetros<br />

(gll OOg de ácido lático)<br />

Gordura (g/ I OOg)<br />

Proteína total (g/ I OOg)<br />

Contagem do concen­<br />

trado celular UFC/mL<br />

Análise sensorial<br />

3.2 -Avaliação Sensorial<br />

Resultados<br />

(Média e desvio padrão)<br />

4,3 1 ± 0,04<br />

0,90 ± 0,03<br />

1,60 ± 0, 10<br />

3,66 ± 0, 12<br />

1,4 x !OH ± 0,21<br />

7,8 ± 0, 18<br />

Após 150 observações (cinquenta julgadores<br />

analisando três repetições cada um) do Leite<br />

Fermentado Probiótico tipo Sundae, constatouse<br />

uma média geral, na pontuação definida na<br />

escala hedônica, de 7,8, o que atribui ao produto<br />

uma classificação entre "gostei moderadamente"<br />

e "gostei muito", indicando que o produto teve<br />

um bom índice de aceitação.<br />

4 - CONCLUSÃO<br />

O Leite Fermentado Probiótico tipo<br />

Sundae contendo Lactobacillus acidophi/us é um<br />

produto novo e sem legislação específica com a<br />

qual possam ser comparados os resultados das<br />

análises realizadas neste produto. Por se tratar<br />

de um produto lácteo fermentado as<br />

características físico-químicas foram equiparáveis<br />

com as de outros produtos da mesma classe. De<br />

acordo com os resultados das análises realizadas<br />

concluiu-se que o produto desenvolvido tem<br />

potencial de ser colocado no mercado uma vez<br />

que obteve boa aceitação junto aos consumidores.<br />

SUMMARY<br />

This product was designed with the purpose<br />

of taking advantage of the nutritious and<br />

therapeutic characteri stics of passion fruit<br />

(Passijlo/"a edulis f fla vicarpa), associating them<br />

with the advantages of fermented milk and with<br />

the benefits from the ingestion of probiotic<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

microrganisms. This product was elaborated<br />

with skim powder milk inoculated with<br />

Lactobacillus acidoplzilus concentrate and<br />

culture of Streptococcus tlzermoplzilus. sugar and<br />

stabilizer. The passion fruit syrup was distributed<br />

into adequate plastic packagings where later the<br />

dairy substrat was added. In order to assure the<br />

quality of the product, as well as its approval,<br />

some physical-chemical, microbiological and<br />

sensory analysis were made in three repetitions,<br />

where the obtained results were (in average) the<br />

fo llowing: pH (4,31); acidity (0,90%); fat<br />

(l,60%); total protein (3,66%); L. acidophilus<br />

concentrate (I ,4x 10RUFC/mL); test of approval<br />

through hedonic scale (score 7,8). Evaluating<br />

the results, we concluded that the probiotic<br />

fermented milk sundae type is into the proposed<br />

standards for fermented products, since it's a<br />

new product without specific legislation and as<br />

it obtained a good acceptance from the<br />

consumers, it has a potential market.<br />

Keywords: probiotic, Lactobacillus<br />

acidophilus. fermented milk.<br />

5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION<br />

APHA. Standard Methods for the<br />

Examination of Dairy Products. 18 ed.,<br />

Washington, 1995. 433p.<br />

• • •<br />

AOAC - ASSOCIATION OF OFFICIAL<br />

ANALYTICAL CHEMISTS . Official Methods<br />

of Analysis of AOAC International. 16°ed.,<br />

Arlington, 1997.<br />

BEHRENS, J. H; SILVA, M. A. A.P, WAKELING,<br />

I. N. Avaliação da aceitação de vinhos<br />

brancos varietais brasileiros através de<br />

testes sensoriais afetivos e técnica<br />

multivariada de mapa de preferência<br />

interna. Ciência e Tecnologia de Alimentos,<br />

Campinas, V. 19. n. 2 p. 214-220, 1999.<br />

GILLILAND, S. E; Acidophilus milk products,<br />

a review of potentiais benefits for humans.<br />

J. Dairy Science, V. 72, p. 2483-2494, 1989.<br />

FERREIRA, C.L.L.F. Prebióticos e<br />

probióticos: atualização e prospecção.<br />

Viçosa, 206p, 2003.<br />

CHAVES, J.B.P., SPROESSER, R.L. Práticas de<br />

Laboratório de Análise Sensorial de<br />

Alimentos e Bebidas.- Viçosa-MG.: I ' mprensa<br />

Universitária, UFV, 1999, p. 54-57. (Apostila 66).<br />

LANARA - LABORATÓRIO NACIONAL DE<br />

REFERÊNCIA ANIMAL. Métodos analíticos<br />

oficiais para controle de produtos de origem<br />

animal e seus ingredientes. 11. Métodos<br />

fi sico-químicos. Brasília, DF. : 1981.<br />

Nova legislação Comentada de Pradutos<br />

Lácteos, São Paulo - SP, 2002.<br />

GOMES, J.C. Análise de Alimentos (métodos<br />

químicos e biológicos). Imprensa Universitária.<br />

UFV, Viçosa, 198 I .<br />

• • •<br />

BEBIDA LÁCTEA FERMENTADA COM GRÃOS DE QUEFIR<br />

Lact acid fermented beverage with Kefir grains<br />

Estudantes do curso de Ciência e Tecnologia de Laticínios da UFV.<br />

2 Estudante de doutorado do Departamento de Tecnologia de Alimentos da UFV.<br />

3 Professora titular do Departamento de Tecnologia de Alimentos da UFY.<br />

digitalizado por<br />

Lívia Maria Pinheiro Luiz1<br />

Marcília Santos Rosado 1<br />

Patrícia Campos Bernardes 1<br />

José Manoel Martins2<br />

Célia Lúcia de Luces Fortes Ferreira3<br />

Pág. 317<br />

arvoredoleite.org<br />

TIl ,-. r


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

RESUMO<br />

o presente trabalho teve como objetivo desenvolver uma bebida láctea a base de soro<br />

fermentada com Quefir. No preparo do produto, o soro, oriundo de queijo Minas Frescal,<br />

acrescido de 10% de açúcar e I % de estabilizante foi submetido ao tratamento térmico<br />

83°C/30 sendo posteriormente misturado a 51 % de leite já paste urizado. A mistura foi<br />

resfriada para 25°C e inoculada com 5% dos grãos de Quefir para que se iniciasse o<br />

processo de fermentação lática. O produto fo i mantido a esta temperatura por 8 horas.<br />

Após este período os grãos foram recuperados e o produto foi adicionado de 5% de polpa<br />

de morango e resfriado para 5°C por 24 horas para que ocorresse a fermentação alcoólica.<br />

A bebida láctea foi avaliada quanto aos parâmetros físico-químicos, microbiológicos e<br />

teste de aceitação. O produto apresentou, em média, 1,55% de gordura, acidez titulável de<br />

0,6 I %, pH de 4,26, teor de estrato seco total de 17,67% e teor de proteínas de 1,94%. Na<br />

análise microbiológica o produto apresentou contagem de mesófilos aeróbios de 6,5x I Os<br />

UFC/mL e contagem de leveduras de 3,3x I 05 UFC/mL. O processo foi realizado em três<br />

repetições. O produto obteve uma boa aceitação sensorial pela escala hedônica, obtendo<br />

uma pontuação igual a 7,8, ficando entre os termos "gostei moderadamente" e "gostei<br />

muito". O consumo de bebida láctea fermentada com Quefir é recomendável a alimentação<br />

humana, porque possui um alto valor nutritivo, boa digestibilidade, além das suas<br />

propriedades bioterapêuticas, proporcionando diversos benefícios ao consumidor.<br />

Palavras-chave: Bebida láctea fermentada, soro, grãos de Quefir.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

Nos últimos anos, a crescente preocupação<br />

com a saúde e a boa fo rma resultaram na<br />

necessidade dos fabricantes de alimentos e bebidas<br />

investirem em produtos com baixo teor calórico,<br />

sem colesterol e que tivessem atributos benéficos<br />

ao organismo. Dentro deste novo segmento estão<br />

as bebidas lácteas fermentadas, que conseguem<br />

atingir desde o publico infantil até adultos e<br />

idosos (ARCHIBALD, 2003). Devido ao fato<br />

dos produtos lácteos fermentados apresentarem<br />

seus principais constituintes parcialmente prédigeridos,<br />

estes são produtos altamente<br />

nutritivos, pois, os produtos da fermentação do<br />

leite, além de aumentar a vida de prateleira, em<br />

relação ao leite fresco, torna o leite mais seguro<br />

e mais nutritivo (FERREIRA, 1997). O Quefir,<br />

produto originário de dois tipos de fermentações,<br />

láctica e alcoólica, é comercialmente encontrado<br />

na Rússia, Sudeste Europeu, Estados Unidos e<br />

Canadá. A temperatura ambiente, em torno de<br />

22 a 25°C, ocorre o crescimento de bactérias<br />

láticas, responsáveis pela produção de ácido<br />

láctico e proteólise parcial das proteínas do leite,<br />

com acúmulo de aminoácidos no meio. A<br />

fermentação alcoólica ocorre em temperaturas<br />

de refrigeração, entre 5°C e 15°C, com produção<br />

de CO" álcool e aroma característico. Estas<br />

fermen - tações tornam o Quefir um produto de<br />

fácil digestão, com alto valor nutricional e efetivo<br />

na cura de doenças da pele, por conter grande<br />

Pág. 318<br />

quantidade de vitaminas do complexo B, além<br />

de ser também utilizado por indivíduos lactasedeficientes,<br />

que não fazem uso do leite "in<br />

natura". A indústria de laticínios enfrenta um<br />

grave problema em relação a poluição ambiental<br />

devido ao soro de queijo, sendo necessário seu<br />

tratamento antes que sej a lançado nos cursos<br />

d'água. Uma das alternativas para o aproveitamento<br />

do soro é sua utilização na produção de<br />

bebida láctea. Os produtos do soro oferecem<br />

múltiplos benefícios nutricionais, sendo uma<br />

fonte de nutrientes lácteos, sobretudo proteínas<br />

de alto valor nutricional e cálcio. O objetivo<br />

deste trabalho foi produzir uma bebida a base de<br />

soro lácteo fermentada com grãos de Quefir e<br />

avaliar suas características fís ico-químicas,<br />

microbiológicas e sensoriais.<br />

2 - MATERIAL E METÓDOS<br />

A bebida láctea foi produzida no laboratório<br />

de culturas láticas do Departamento de<br />

Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal<br />

de Viçosa. No preparo do produto, o soro, oriundo<br />

de queijo Minas Frescal, acrescido de 10% de<br />

açúcar e I % de estabilizante (Starmix-Kerry) foi<br />

submetido ao tratamento térmico 83°C/30<br />

minutos, sendo posteriormente adicionado a<br />

51 % de leite já pasteurizado. A mistura foi<br />

resfriada para 25°C e inoculada com 5% dos grãos<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

de Quefir, mantida a esta temperatura por 8 horas<br />

para dar prosseguimento à fermentação lática.<br />

Após este período os grãos foram recuperados<br />

por meio de fi ltração (peneira plástica) e o<br />

produto foi adicionado de 5% de polpa de<br />

morango e resfriado para 5°C por 24 horas para<br />

que ocorresse a fermentação alcoólica (Figura<br />

I). A bebida láctea foi avaliada quanto aos<br />

parâmetros físico-químicos logo após a sua<br />

fabricação determinando-se o pH, acidez<br />

titulável, gord ura, proteína total e extrato seco<br />

total (AOAC, 1995). Também fo ram feitas<br />

contagens de mesofilos aeróbios e contagem de<br />

leveduras (APHA, 200 I). O teste realizado para<br />

analise sensorial foi o de aceitação com escala<br />

hedônica variando de I a 9 pontos utilizando 50<br />

provadores em cada repetição (CHAVES, 1998).<br />

Soro com 10% de açúcar + 1 % estabilizante<br />

t<br />

Tratamento térmico 83°/30 mino<br />

Resfriar para 25° C<br />

t<br />

Adição de 51 % de leite pasteurizado<br />

•<br />

Inoculação de 5% dos grãos de Quefir<br />

t<br />

Incubação a 25°C/8h<br />

•<br />

Quebra da massa e coagem do coágulo<br />

•<br />

Recuperação dos<br />

--.. grãos de Quefir<br />

Resfriamento do coágulo para 5°C<br />

•<br />

Adição de 5% de polpa de morango<br />

•<br />

Envase e refrigeração abaixo de 10°C<br />

Figura 1 - Fluxograma de produção da bebida<br />

láctea fermentada com grãos de<br />

Quefir.<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Os resultados das análises físico-químicas<br />

da bebida láctea fermentada com grãos de Quefir<br />

encontram-se na Tabela I.<br />

A bebida láctea apresentou valores de acidez<br />

e pH semelhantes a de outras bebidas lácteas<br />

digitalizado por<br />

fermentadas com soro de queijo Minas Frescal<br />

(ALMEIDA et aI., 2001) utilizando-se<br />

Lactobacilllls blllgariclls e Streptococcus<br />

tlzermiphilllus. Os valores médios para a bebida<br />

foram de 0,6 1 % para acidez e 4,25 para pH. O<br />

valor médio encontrado para gordura na presente<br />

experimentação foi de 1,55%, já que o leite<br />

utilizado na fabricação da bebida láctea fo i<br />

integral. O valor médio encontrado para<br />

proteína foi de 1,94%, estando este acima do<br />

valor exigido pela legislação brasileira que é de<br />

no mínimo 1,20% (proteína de origem láctea)<br />

para bebidas lácteas fermentadas. Na. analise de<br />

extrato seco total o valor médio foi de 17,87%.<br />

Os resultados das análises microbiológicas<br />

encontram-se na Tabela 2.<br />

Tabela 1 - Resultados médios, com seus<br />

respectivos desvio-padrão, de três<br />

repetições das análises de gordura,<br />

proteína, acidez (expressa em % de<br />

ácido lático), pH e extrato seco total,<br />

da bebida láctea fermentada com<br />

grãos de Quefir.<br />

Parâmetros<br />

avaliados<br />

pH<br />

Acidez titulável (%)<br />

Gordura (%)<br />

Proteína (%)<br />

Extrato Seco Total (CYc, )<br />

Média ±<br />

desvio-padrão<br />

4,25 ± 0,04<br />

0,61 ± 0,01<br />

1,55 ± 0,01<br />

1,94 ± 0,03<br />

17,87 ± 0,20<br />

Tabela 2 - Resultados médios de três repetições<br />

das análises de Mesófilos aeróbios e<br />

Leveduras da bebida láctea fermentada<br />

com grãos de Quefir.<br />

Parâmetros avaliados<br />

Mesófilos aeróbios<br />

(UFC/Il1L)<br />

Leveduras (UFC/mL)<br />

Média<br />

6,5 x lOS<br />

3,3 X 105<br />

O produto apresentou em média 6,5x I Os<br />

UFC/mL para contagem de mesofilos aeróbios.<br />

Apesar da legislação não contemplar padrões de<br />

contagem de mesófilos aeróbios para bebida<br />

láctea fermentada a analise foi realizada visando<br />

caracterizar o produto em relação a esta contagem,<br />

por se tratar de um novo produto. O<br />

valor médio encontrado para contagem de<br />

leveduras foi de 3,3x lOs UFC/mL. Esta análise<br />

foi realizada com a mesma finalidade da<br />

contagem de mesófilos aeróbios . Na analise<br />

Pág. 319<br />

arvoredoleite.org


sensorial o valor médio encontrado foi de 7,8<br />

na escala hedônica, estando entre os termos<br />

"gostei moderadamente" e "gostei muito".<br />

4 - CONCLUSÃO<br />

o produto apresentou contagens microbiológicas<br />

dentro dos padrões exigidos pela<br />

legislação. A concentração de proteínas atendeu<br />

ao padrão vigente que exige no mínimo 1,2% de<br />

proteína de origem láctea para bebidas lácteas<br />

fermentadas. Apesar do produto ter obtido uma<br />

boa aceitação sensorial, sua vida de prateleira é<br />

limitada pelos processos fermentativos que<br />

envolvem a sua fabricação, o que dificulta a sua<br />

comercialização por mais de uma semana.<br />

ABSTRACT<br />

The present work has as objective to<br />

develop a lactic beverage containing whey from<br />

Frescal cheese and 51 % of whole milk, fermented<br />

wich Kefir grains. It was added 10% of sugar and<br />

1% of stabilizing (Starmix - Kerry) to the<br />

thcrmal treatment of 83°C per 30 minutos, and<br />

added to 51 % of pasteurized whole milk. The<br />

grains of Kefir were inoculated (5%) and the<br />

mix was then maintained at 25°C for 8 hours, to<br />

enhance lactic acid fe rmentation. After this<br />

period the grains were removed and the product<br />

was added 01' 3% 01' strawberry jam and cooled<br />

fo r 5°C. Physicho-chemichal, microbiological<br />

and sensory evaluation were immediately<br />

performed. The product was repeated three<br />

times, in different occasions. The product had<br />

an averagc: 1,55% fato 0,6 1 % titratable acid<br />

4,26 pH, total dry matter 17,87% and protei<br />

1,94%. Total mesophilic were 6,5x I O' UFC/<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

+ + + +<br />

mL and yeasts 3,3x I O' UFC/mL A 150 nO'n<br />

trained panel was used to sensory evaluation the '<br />

product and an average value 01' 7,8 indicated<br />

that the product was well percepted ( being<br />

between the terms "I liked it very much" arrd<br />

"Iliked it moderately"). This beverage represents<br />

an alternative used for the whey from the cheese<br />

industry. It also represents the availability of a<br />

nutricires product new.<br />

Key-words: Lact acid fe rmented beverage,<br />

whey and Kefir grains.<br />

5 - REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS<br />

ALMEIDA, K.E.; BONASSI, I.A.; ROÇA,R.O.<br />

Características Físico-Químicas · de<br />

Bebidas Lácteas Fermentadas e Preparadas<br />

com Soro de Queijo Minas Frescal. Revista<br />

Ciência e Tecnologia de Alimentos, volume 1,<br />

n° 2. 200 I.<br />

AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION<br />

(APHA). Compedium of methods for the<br />

microbiological examination 01' foods. 4t 1 • ed.<br />

Frances Pouch Downes and Keith Ito (eds). New<br />

York:Vanderzant, 600p., 200 I.<br />

ARCHIBALD,A. O que é proteína do soro?<br />

Revista Food Ingredients, n° 22, 2003.<br />

AOAC (Association 01' Orficial Analytical<br />

Chemists). Official of Analysis of the<br />

Association of Official Analytical Chemists.<br />

16° ed. Washington, D.C.: AOAC, 1995. 2 v.<br />

CHAVES, J.B.P., Métodos de diferença em<br />

Avaliação Sensorial de Alimentos e<br />

Bebidas, Editora UFV, 1998.<br />

FER REI RA, C.L.L.F; Valor nutricional e<br />

bioterapêutico de leites fermentados.<br />

Revista Leite c Derivados. p. 46-52, 1997.<br />

+ + + +<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiC í NIOS<br />

PARÂMETROS MICROBIOLÓGICOS DE LEITE E ÁGUA UTILIZADOS NA FABRICAÇÃO DE<br />

QUEIJOS MINAS ARTESANAIS DA REGIÃO DO ALTO PARANAíBA<br />

Microbiological parameters of milk and water used in the production of artisanal<br />

cheese of the Alto Paranaíba's region<br />

RESUMO<br />

José Manoel Martins1<br />

Natan de Jesus Pimentel Filho2<br />

Liliane Oliveira Correia2<br />

Débora Siqueira Ferreira2<br />

Luciana Rodrigues da Cunha3<br />

Célia Lúcia de Luces F. Ferreira4<br />

o objetivo deste trabalho foi avaliar as características microbiológicas da água e do leite<br />

utilizados na fabricação de queijo Minas artesanal da região do Alto Paranaíba,<br />

correlacionando-as com as condições estruturais da unidade produtora, treinamento e<br />

práticas de obtenção do leite. Observou-se que a água e leite utilizados na elaboração dos<br />

queijos nesta região podem ser considerados fonte de contaminação, em grande parte das<br />

propriedades amostradas. Em 18.75% e 62.5% das amostras de água, os níveis de coliformes<br />

totais e fecais, respectivamente, estavam de acordo com a legislação. Todas as amostras de<br />

leite encontraram-se de acordo com os limites permitidos para Esclzerichia colí (E. co/i).<br />

mas para SraphylococclIs OllrellS (S. allrells)62,5% ultrapassaram os limites permitidos.<br />

Todas as propriedades têm seu gado vacinado Contra Febre aftosa e Brucelose, mas somente<br />

81,2% vacina contra raiva (herbívoros). Considerando-se que em 87,5% das unidades<br />

produtoras ainda não utilizam água tratada (clorada), espera-se que ao se adequarem às<br />

normas exigidas pela lei, a problemática resultante da qualidade microbiológica será resolvida.<br />

Em 75Cl(, das propriedades, um ou mais de um componente familiar já participou de<br />

treinamentos e cursos oferecidos pela EMATER e todos os proprietários estão conscientes<br />

da necessidade de implementação de medidas higiênicas para a melhoria desses queijos.<br />

Uma vez que o projeto de melhoria de queijos artesanais no Estado de Minas Gerais ainda<br />

se encontra na fase de diagnóstico, a proposta de se colocar no mercado um produto de<br />

qualidade é promissora, pois conta com o interesse do principal responsável por esta<br />

qualidade, o produtor rural.<br />

Palavras-chave: Avaliação microbiológica, água, leite. Alto Paranaíba.<br />

INTRODUÇÃO<br />

A região do Alto Paranaíba é a maior<br />

produtora de queijos artesanais do Estado de<br />

Minas Gerais, com uma produção de mais de<br />

15.000 toneladas/ano. Essa produção, como em<br />

outras regiões do Estado, é caracterizada pela<br />

agri cultura familiar, envolvendo mais de 6000<br />

produtores nesta atividade (EMATER, 2003).<br />

Uma das características do queijo artesanal é sua<br />

fabricação com leite cru. Para que um queijo<br />

originado de leite cru seja seguro, precisa ser<br />

originado de um rebanho sadio, e ser produzido<br />

com boas práticas de fabricação, primando-se o<br />

I Doutorando em Ciência e Tecnologia de Alimentos (FAPEMIG/FIEMG). Universidade Federal de Viçosa.<br />

2 ESllIdantes do Curso de Ciência e Tecnologia de Laticínios. Universidade Federal de Viçosa.<br />

3 Mestranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos (CNPq). Universidade Federal de Viçosa.<br />

4 Professora Titular do Departamento de Tecnologia de Alimentos. Universidade Federal de Viçosa.<br />

Apoio: CNPq, FAPEMIG/FIEMG,<br />

digitalizado por<br />

arvoredoleite.org


processo em todas as suas etapas, de adequação<br />

higiênica. O objetivo desta experimentação foi<br />

verificar a qualidade microbiológica do leite e da<br />

água nas unidades produtoras de queijo artesanal,<br />

e correlacionar com informações sobre as<br />

características físicas da propriedade, técnicas<br />

de obtenção do leite e treinamento do produtor.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Amostras de água e leite foram coletadas<br />

em 16 unidades produtoras de seis cidades da<br />

reglao do Alto Paranaíba (Coromandel,<br />

Gui marânia, Cruzeiro da Fortaleza, Patrocínio,<br />

Patos de Minas e Serra do Salitre). Estas amostras<br />

foram mantidas sob refrigeração e num prazo de<br />

no máximo seis horas fo ram analisadas no<br />

Laboratório do DAEPA (Departamento de Água<br />

e Esgotos de Patrocínio). Em cada um dessas<br />

propriedades foi aplicado um questionário<br />

estruturado, com informações sócio econômico<br />

culturais, relacionadas a diferentes aspectos do<br />

processamento e comercialização desses queijos.<br />

Para as determinações de coliformes totais e<br />

E. coli, feitas na água e no leite, utilizou-se o kit<br />

rápido de identificação (Petrifilm 3M - AOAC<br />

991.14). A determinação de S. ll llrellS foi feita<br />

nas amostras de leite, utilizando-se o kit rápido<br />

de identificação (Petrifilm 3M - AOAC 99 1.15).<br />

RESULTADOS<br />

Os dados obtidos das análises microbiológicas<br />

encontram-se na tabela I.<br />

Cerca de 1/5 (18,75%) e 62,5% das<br />

propriedades apresentaram qualidade microbiológica<br />

da água compatível com os padrões<br />

de qualidade preconizados pela legislação « I 001<br />

100mL) em relação a coliformes totais e E. coli,<br />

respectivamente, sendo que em 1/5 dessas<br />

propriedades, a concentração de E. coli foi igual<br />

a 100. Nas propriedades cujos números<br />

excederam o permitido, as concentrações<br />

Tabela 1 - Características microbiológicas de água e leite utilizados na fabricação de queijo artesanal<br />

na região do Alto Paranaíba, MG.<br />

Parâmetros<br />

Água(UFC/I00mL)<br />

Coliforme Total<br />

100<br />

E. coZi<br />

100<br />

Leite (UFC/mL)<br />

Coliforme Total<br />

100<br />

E. coli<br />

100<br />

. aureus<br />

< 100<br />

100<br />

>100<br />

Pág. 322<br />

+<br />

Unidades Produtoras<br />

2 3 4 5 6 7 8 9 10 12 13 14 15 16<br />

+<br />

+ + + + + + + + + + +<br />

+<br />

+ +<br />

N° %<br />

03 18.75<br />

13 81.25<br />

+ + + + + + + + + + 10 62,50<br />

+<br />

+<br />

+ +<br />

+ + +<br />

+ +<br />

+ +<br />

+<br />

+ + + +<br />

+ 03 18,75<br />

+ +<br />

+ + +<br />

03 18,75<br />

1i 68,75<br />

05 31,25<br />

+ + + + + + + + + + + + + + + + 16 100<br />

+ + + + + + 06 37,50<br />

+ OI 6,25<br />

+ + + + + + + + + 09 56,25<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

variaram de 200 (para ambos os grupos<br />

microbianos) a 13000 e 5300, para coliformes<br />

totais e E. coli, nesta ordem. Para leite cru<br />

inexiste definição de concentração máxima<br />

permitida para coliformes totais. Encontrouse<br />

em 68,75% das propriedades menos do que<br />

100 UFC/ml, sendo que em 27,3% (3 propriedades)<br />

coliformes não foram detectados. Em<br />

100% das propriedades, o leite atingiu a qualidade<br />

exigida pela legislação( 2h<br />

Uso caneca<br />

telada/CMT<br />

Treinamentos<br />

e cursos<br />

F. aftosa<br />

+<br />

+ +<br />

+ +<br />

+<br />

+<br />

+<br />

+<br />

+<br />

+ +<br />

+ +<br />

Brucelose + +<br />

Raiva + +<br />

(+) =Sim (-) =Não<br />

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+<br />

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+<br />

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+ +<br />

+<br />

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+ +<br />

+ +<br />

digitalizado por<br />

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+<br />

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+ +<br />

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+ +<br />

+<br />

+<br />

+ +<br />

+ + +<br />

+ + +<br />

14 15 16<br />

+<br />

+ +<br />

+<br />

+<br />

+ +<br />

+ +<br />

+ +<br />

+<br />

+<br />

+<br />

+<br />

+<br />

+<br />

+ + +<br />

arvoredoleite.org<br />

+


vacinam contra raiva (herbívoros). O diagnóstico<br />

periódico da mastite é efetivo somente em<br />

56.25%, onde o produtor diagnostica o problema<br />

com o uso de caneca telada ou teste CMT<br />

(Califórnia Mastitis Test). A ordenha manual é<br />

feita em 62,50% das propriedades e verificou-se<br />

que os outros 37,50% planeja mecanizar o sistema<br />

no médio e longo prazo, o que poderá, se utilizado<br />

corretamente, melhorar a qualidade do leite (REIS<br />

et aI ., 2004). O tempo gasto na obtenção do leite<br />

também é considerado um fator de risco na<br />

qualidade do produto final e em 75% das<br />

propriedades esse tempo fica entre I :30 e 2:00 h.<br />

Em 75% das propriedades, um ou mais componente<br />

familiar já foi submetido a treinamento em cursos<br />

oferecidos pela EMATER, relacionados a boas<br />

práticas de fabricação e manipulação de alimentos.<br />

CONCLUSÃO<br />

Nesta experimentação observou-se que a<br />

água e leite utilizados na elaboração dos queijos<br />

artesanais da região do Alto Paranaíba podem<br />

ser considerados fo nte de contaminação, em<br />

grande parte das propriedades amostradas.<br />

Considerando-se que em 87,5% das unidades<br />

produtoras ainda não utilizam água tratada,<br />

espera-se que ao se adequarem às normas exigidas<br />

pela lei, a problemática resultante da qualidade<br />

microbiológica será resolvida. Em 75% das<br />

propriedades, um ou mais de um componente<br />

fa miliar já participou de treinamentos e cursos<br />

oferecidos pela EMATER e todos os proprietários<br />

estão conscientes da necessidade de implementação<br />

de medidas higiênicas para a melhoria<br />

desses queijos. Urna vez que o projeto de<br />

melhoria desses queijos ainda se encontra na fase<br />

de diagnóstico, a proposta de se colocar no<br />

mercado um produto de qualidade é promissora<br />

pois conta com o interesse do principal<br />

responsável por esta qualidade, o produtor rural.<br />

ABSTRACT<br />

In this work it was evaluated the<br />

microbiological characteristics of water and<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

• • • •<br />

milk in the farm units from the alto Paranaíba<br />

region, where artisanal cheeses are produced<br />

and correlate these data with physicai<br />

conditions of the producer unit, training and<br />

milking habits. Sixteeen samples were collected<br />

in six different cities (Coromandel, Guimarânea,<br />

Patrocínio, Patos de Minas, Serra do Salitre,<br />

Cruzeiro da Fortaleza). The refrigerated samples<br />

were analyzed within six hours of collection, in<br />

the DAEPA (Departamento de Água e Esgoto<br />

de Patrocínio)'s Laboratory. Water and milk<br />

could be source of contamination in the<br />

majority of the farm units. In I 8,75% and<br />

62,5% of te water's samples, total coliform and<br />

E. co/i counts, respectively, were within the<br />

allowed limits. Ali the milk samples were lower<br />

than the maximum limit fo r E. coli. however<br />

fo r S. aureus, only 37,5% were within these<br />

limits. Considering that 87% of the farm units<br />

still don't use treated(chlorine) water, it is<br />

expected that when these units were adj usted<br />

to the rules dictated by the law, these<br />

microbiological problems would be solved. The<br />

artisanal cheese' project is still in its infancy.<br />

The safety of these cheeses is promising once<br />

the rural producers are well involved to do so.<br />

Agradecimentos : a EMATER pelo apoio<br />

durante a execução do trabalho e ao Departamento<br />

de Água e esgoto de Patrocínio, pela<br />

disponibilização do Laboratório para as análises.<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

EMATER 2003. Ações Extensionistas para o<br />

Desenvolvimento Rural Sustentável. Revista da<br />

EMATER - MG. Ano XXII n° 77. Julho de<br />

2003. p. 16-17.<br />

REIS, G. L.; RIBEIRO. C. G. S.; SANTOS, A. K.<br />

R.; VALENTE, B. D.; PA IVA, R. M. B.;<br />

CERQUEIRA, M. M. O. P. ; SANTOS, E. M. P. ;<br />

SOUZA, M. R. Efeito do tipo de ordenha<br />

sobre a qualidade do leite. Revista do Instituto<br />

de Laticínios Cândido Tostes. Anais do XXI<br />

Congresso Nacional de Laticínios. n° 339. vol.<br />

59. Juiz de Fora. Jul/Ago 2004.<br />

+ +<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiC í NIOS<br />

SISTEMAS DE PROTEÇÃO E VALORIZAÇÃO DE PRODUTOS AGRO-ALIMENTARES<br />

Systems of protection and valorization of agriculture-alimentary products<br />

RESUMO<br />

José Manoel Martins 1<br />

Célia Lúcia de Luces Fortes Ferreira2<br />

Em 1992, foram criados pela União Européia os sistemas de proteção e de valorização dos<br />

produtos agro-alimentares: Especialidade Tradicional Garantida (ETG), Indicação<br />

Geográfica Protegida (lGP) e Denominação de Origem Protegida (DOP), com o objetivo<br />

de incentivar a produção agrícola diversificada, proteger os nomes dos produtos contra<br />

imitações e utilizações indevidas e aj udar os consumidores, fornecendo-lhes informações<br />

re lativas às características específicas dos produtos (EUROPA, 2005). Até ao fi nal de<br />

1998, haviam sido registradas na União Européia 517 denominações de origem, das quais<br />

139 são relativas a designações de produtos no setor dos queijos. No Brasil, são poucas e<br />

ainda distantes dos produtores agrícolas as instituições que emitem certificados de origem.<br />

levando-se em consideração os limites geográficos dos produtos agro-alimentares. Este<br />

trabalho é uma revisão dos sistemas de proteção e valorização dos produtos agro-alimentares,<br />

identificando suas principais características.<br />

Palavras-chave: Certificação, produtos agro-alimentares. queijos.<br />

INTRODUÇÃO<br />

Os sistemas de proteção e valorização dos<br />

produtos agro-alimentares auxiliam os produtores<br />

rurais na estruturação da cadeia produtiva<br />

e na sua coordenação. aj udando a preservar e a<br />

fortalecer a qualidade de seus produtos.<br />

Geralmente, esta cadeia produtiva está presente<br />

numa região específi ca, formada por pequenos<br />

produtores de agricultura familiar e o seu<br />

fo rt alecimento cria novas oportunidades de<br />

desenvolvimento na região, expandindo o<br />

comércio local e nacional e em algumas vezes<br />

atingindo até o comércio exterior, contribuindo<br />

assim para a melhoria dos rendimentos dos<br />

produtores (TIBÉRIO E CRISTÓVÃO, 200 I).<br />

Com isto. o consumidor passa a adquirir um<br />

produto rastreado. cada vez mais padronizado e<br />

com qualidade assegurada. A fi xação do homem<br />

ao campo e a valorização de seu território, são<br />

fatores relevantes destes sistemas. Apesar de<br />

todas as vantagens, estes sistemas ainda<br />

encontram alguns obstáculos como a fa lta de<br />

recursos próprios para adesão e adequação e a<br />

não adesão de alguns prod utores, pelo fato de<br />

estarem no mercado clandestino há anos e<br />

possuírem clientes confiáveis. No Brasil. a<br />

divulgação c aplicação destes sistemas ainda<br />

precisam ser mais explorados. gerando subsídios<br />

aos produtores rurais para que seus produtos<br />

possam ser melhor beneficiados.<br />

-SISTEMAS EUROPEUS DE PROTEÇÃO<br />

E DE VA LORIZAÇÃO DOS PRODUTOS<br />

AGRO-ALIMENTARES<br />

1.1 - Denominação de Origem Protegida<br />

(DOP)<br />

A Denominação de Origcm Protegida é o<br />

nome de uma região. de um local determinado<br />

ou, em casos excepcionais, de um país, que serve<br />

para designar um produto agrícola ou um gênero<br />

alimentício: originário dessa região. desse local<br />

Doutorando em Ciência e Tecnologia de Alimentos (FAPEM IG). Universidade Federal de Viçosa.<br />

:2 Professora do Departamento de Tecnologia de Alimentos. Universidade Federal de Viçosa.<br />

digitalizado por<br />

Pág. 325<br />

arvoredoleite.org


determinado ou desse país e cuja qualidade ou<br />

características devem-se exclusivamente ao<br />

meio geográfico, incluindo os fatores naturais<br />

e humanos, e cuja produção, transformação e<br />

elaboração ocorrem na área geográfica<br />

delimita?a (REGULAMENTO (CEE) N° 208 1,<br />

1992). E como o queijo espanhol Manchego<br />

DOP, que deve ser feito do leite da ovelha típica<br />

da região de Manchega. Assim, matéri as-primas,<br />

técnicas de produção e geografi a, são os três<br />

componentes-chave regulados pela DOP<br />

(WEINZWEIG, 200 I). Os queijos Serra da<br />

Estrela (Portugal), Grana Padano (Itália),<br />

Roquefort (França) e Zamorano (Espanha), são<br />

exemplos de queijos que possuem o selo DOP<br />

na Europa.<br />

1.2 -Indicação Geográfica Protegida (IGP)<br />

A Indicação Geográfica Protegida é o nome<br />

de uma região, de um local determinado ou, em<br />

casos excepcionais, de um país, que serve para<br />

designar um produto agrícola ou um gênero<br />

alimentício: originário dessa região, desse local<br />

determinado ou desse país e cuja reputação,<br />

determinada qual idade ou outra característica<br />

podem ser atribuídas a essa origem geográfica e<br />

cuja produção e/ou transformação e/ou<br />

elaboração ocorrem na área geográfica delimitada<br />

(REG ULAMENTO (CEE) N" 208 1, 1992). Os<br />

produtos de indicação geográfica identificam uma<br />

importante manifestação de local, qualidade, ou<br />

sistemas de alimentos endógenos. Eles são vistos<br />

como li ma contribuição ao consumidor. no qual<br />

pode prever maiores trocas no modelo agrícola<br />

convencional (BARHAM, 2(03).<br />

1.3 -Especialidade Tradicional Garantida<br />

(ETG)<br />

O Regulamento (CEE) n° 2082/92 define<br />

como Especialidade Tradicional Garantida o<br />

elemento ou conj unto de elementos pelos quais<br />

um produto agrícola ou alimentício se distingue<br />

c1 ramente de outros produtos agrícolas ou<br />

alllnentícios similares pertencentes à mesma<br />

categoria. Este regulamento estabelece que os<br />

Estados Membros adotarão todas as medidas<br />

necessárias para garantir a proteção juríd ica<br />

contra qualquer utilização abusiva da menção ou<br />

o . símbolo comunitário e contra qualquer<br />

ImItação dos nomes registrados. É um conceito<br />

mis amplo. Requer que o produto em questão<br />

seja: ou a) produzido na região; ou b) produzido<br />

de materi ais tradicionais, ou c) produzido de<br />

acordo com técnicas tradicionais em uso<br />

(WEINZWElG, 2(01).<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

2 -SÍMBOLOS COMUNITÁRIOS (LOGO.<br />

TIPOS) DE DOP, IGP E ETG.<br />

Cada um dos sistemas europeus descritos<br />

acima possui um símbolo comunitário o u<br />

logotipo de identidade que permite difereneiá_<br />

los de outros produtos existentes no mercado.<br />

DOP<br />

IGP<br />

ETG<br />

Figura 1 - Símbolos comunitários (logotipos) de<br />

Denominação de Origem Protegida<br />

(DOP), Indicação Geográfica Protegida<br />

(IGP) e Especialidade Tradicional<br />

Garantida (ETG) usados pelos<br />

sistemas de proteção e valorização<br />

dos produtos agro-alimentares<br />

europeus (EUROPA, 2(05).<br />

A presença destes logotipos nos produtos é<br />

uma verdadeira garantia para o consumidor,<br />

salientando que se trata de um produto cuja<br />

especificidade se deve à sua origem. Os produtos<br />

alimentares abrangidos pelos sistemas de proteção<br />

e valorização são: carne fresca e miudezas; produtos<br />

à base de carne (aquecidos, salgados, defumados,<br />

etc.); queijos: outros produtos de origem animal<br />

(ovos, mel, produtos lácteos diversos, com exceção<br />

da manteiga); matérias gordas (manteiga, óleos,<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiC í NIOS<br />

etc.): frutos, produtos hortícolas e cereais, em<br />

nature7.a ou transformados: peixes, moluscos;<br />

cerveja: bebidas fabricadas à base de extratos de<br />

plantas; produtos de padaria, pastelaria, confeitaria<br />

ou da industria de bolachas e biscoitos; entre outros<br />

produtos agrícolas.<br />

3 .CERTIFICAÇÃO DOS PRODUTOS<br />

AGRO·ALIMENTARES NO BRASIL<br />

Ao contrário do que ocorre na União<br />

Européia, a América do Sul ainda não possui um<br />

sistema integrado de proteção e valorização dos<br />

produtos agro-alimentares, o que já poderia ter<br />

acontecido com a criação do MERCOSUL<br />

(Mercado Comum do Sul) em 1991, se não fossem<br />

as suas instabilidades e as constantes divergências<br />

geradas entre os países membros. No Brasil,<br />

existem vúrios órgãos de controle de qualidade que<br />

emitem certificados para os produtos agroalimentares,<br />

entre eles podem ser citados a AB IC<br />

(Associação Brasileira da Indústria de Café), a AAO<br />

(Associação de Agricultura Orgânica) e a AMPAQ<br />

(Associação Mineira dos Produtores de Cachaça<br />

de Qualidade). Porém, estes órgãos não levam em<br />

consideração a territorialidade e a tradição dos<br />

produtos, possibilitando o processo de imitação e<br />

a clandestinidade dos mesmos. Entretanto, são<br />

poucas e ainda distantes dos produtores agrícolas<br />

as instituições que emitem certificados de origem,<br />

levando-se em consideração os limites geográficos<br />

dos produtos agro-alimentares. Entre elas pode-se<br />

citar o INPI (Instituto Nacional de Propriedade<br />

Industrial), vinculado ao Ministério do<br />

Desenvolvimento, Indústri a e Comércio Exterior.<br />

3.1 -Instituto Nacional da Propriedade<br />

Industrial (INPI)<br />

O INPI agregou às tarefas tradicionais de<br />

concessão de marcas e patentes, a<br />

responsabilidade dc Indicações Geográficas (IG)<br />

(INPI, 2(05). O reconhecimento de uma<br />

Indicação Geográfica origina-se do esforço de<br />

um grupo de produtores ou de prestadores de<br />

serviço que se organizam para defender seus<br />

produtos ou serviços, motivados por um lucro<br />

coletivo (INPI, 20(5). Através dos Atos<br />

Normativos N° 134 (15/04/97) e W 143 (3 1/<br />

08/98) o INPI institui as normas de procedimento<br />

e os formulários própri os que deverão<br />

ser utilizados para apresentação de requerimento<br />

de registro de Indicações Geográficas. A região<br />

do Vale dos Vinhedos no Rio Grande do Sul é a<br />

primeira do Brasil a conseguir o selo de<br />

Procedência Geográfica ou Indicação Geográfica,<br />

por meio da Associação dos Produtores de Vinhos<br />

digitalizado por<br />

Finos do Vale dos Vinhedos (APROVALE) em<br />

2003. Além do reconhecimento institucional que<br />

é dado às vinícolas nacionais com a concessão<br />

do selo, o INPI promove os vinhos produzidos<br />

no país no mercado internacional. O produtor<br />

brasi leiro desse setor conta com a indicação<br />

geográfica sobre a procedência do vinho<br />

estampada na fo rma de um selo de controle<br />

numerado afixado no rótulo principal do produto<br />

(APEX, 2(03). Estão sendo avaliados pelo INPI<br />

os pedidos de selos de indicação geográfica para<br />

a produção de café, da Região dos Cerrados de<br />

Minas (MG), Terras Altas (MG) e Alto Paraíso<br />

(GO). A certificação de queijos pelo INPI ainda<br />

não foi realizada, o que demonstra a falta de<br />

informação dos órgãos coletivos de representação<br />

desta classe ou a não adequação das<br />

normas estabelecidas pelo INPI.<br />

3.2 • Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA)<br />

Outra forma de certificação de produtos de<br />

origem agro-alimentar, pode ser realizada pelo IMA<br />

(Instituto Mineiro de Agropecuária) que, além da<br />

certificação, também é responsável pela<br />

fiscalização de tais produtos. O primeiro certificado<br />

de cadastro fornecido pelo lMA a um produtor de<br />

queijo artesanal do Estado de Minas Gerais, ocorreu<br />

em abril de 2004, localizado no distrito de Catulés,<br />

cidade de Serra do Salitre, na região do Alto<br />

Paranaíba (EMATER, 2004). Apesar desta<br />

certi fi cação não levar cm consideração a<br />

territorialidade do produto, ela só é concedida aos<br />

produtores que estivercm ele acordo com a legislação<br />

estadual e as portarias específi cas baixadas pelo<br />

IMA, tornando-se mais fúcil a sua adequação a<br />

uma possível certificação de Ind icação Geográfica<br />

quando esta for solicitada ao INPI.<br />

CONCLUSÃO<br />

Levando-se em conta as inúmeras vantagens<br />

advindas do valor agregado aos produtos agroalimentares<br />

que carregam um selo de diferenciação,<br />

quer seja DOP, IGP e ETG. seria importante uma<br />

política mais agressiva das instituições oficiais que<br />

de alguma forma lidam com os produtores rurais,<br />

em especial com os produtores de queijos artesanais.<br />

orientando-os e estabelecendo as bases para que tais<br />

diferenciações possam ser implementadas. Para isto,<br />

é imprescindível maior envolvimento das entidades<br />

representativas dos produtores, em todas as fases da<br />

cadeia produtiva, para atingir níveis de qualidade<br />

desses produtos, para que estes níveis sejam<br />

mantidos, e que se discuta uma política de preço,<br />

para que se justifique o comprometimento<br />

econômico envolvido nestes processos.<br />

arvoredoleite.org


SUMMARY<br />

In 1992, the European Union created the<br />

prolection systems and of valorization of the<br />

agriculture-alimentary products : Traditional<br />

Speciality Guaranteed (TSG), Protected<br />

Geographical Indication (PG I) and PDO (Protected<br />

Designation of Origin), with the objective of<br />

motivating lhe diversified agricultural production,<br />

to protect the names of the products against<br />

imitations and improper uses and to help lhe<br />

consumers, supplying them relative information<br />

to the specific characteristics of the products<br />

(EUROPE, 2005). In 1998, they had been<br />

registered in the European Union 517 origin<br />

denominations, of the which 139 are relative to<br />

design ations of products in the section of the<br />

cheeses (TIBÉR IO AND CRISTÓVÃO, 2001). In<br />

Brazil, lhe institutions that emit origin certificates<br />

are little and stilI distant of the agricultural<br />

producers, being taken in consideration the<br />

geographical limits of the agriculture-alimentary<br />

producls. This work is a revision of the protection<br />

systems and valorization of the European and<br />

Brazilian agriculture-alimentary products,<br />

identifying your characteristic principal.<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

BARHAM. E. Translating terroir: the global<br />

challenge of French AOC labeling. Journal<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />

+ + + +<br />

of Rural Studies n° 19. DRS, Univers ity of<br />

Missouri, Columbia, USA. p. 127- 138. 2003.<br />

EUROPA - O Portal da União Européia.<br />

Agricultura e alimentação. URL: http://<br />

eu ro pa. eu. in t/comm/agri c u lt u re/foodq ual!<br />

quali l_pl.htm. Consultado em janeiro de 2005.<br />

INPI 2005. Instituto Nacional da Propriedade<br />

Industrial. Ministério do Desenvolvimento,<br />

Indústria e Comércio Exterior. Disponível em:<br />

www.inpi.gov.br.<br />

REGULAMENTO (CEE) NU 2081/92 e NU 20821<br />

92 - Conselho das Comunidades Européias _<br />

Relativo à proteção das indicações geográficas,<br />

denominações de origem, especificidade dos<br />

produtos agrícolas e dos gêneros alimentícios.<br />

Jornal Oficial das Comunidades Européias n° L<br />

208 de 24/07/1992. Feito em Bruxelas, em 14 de<br />

julho de 1992.<br />

TIBÉRIO, M. L.; CRISTÓVÃO, A. Produtos<br />

tradicionais e desenvolv imento local: O<br />

caso da designação protegida do queijo<br />

Terrincho DOI> - Te rritório, Agricultura e<br />

Desenvolvimento - I U Congresso de Estudos<br />

Rurais. Departamento de Economia e Sociologia,<br />

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro,<br />

Portugal. 16 - 18 de setembro de 200 I.<br />

WEINZWEIG, A. Foods from Spain. The<br />

Denomination of Origino What is it'! What<br />

Does it do for Vou'! 200 I. Disponível em: (http:/<br />

1 w ww.wineandfoodassociates.com 1<br />

denominations.html). Consultado em 17/0 1/2005.<br />

+ + +<br />

INFLUÊNCIA DA HOMOGENEIZAÇÃO DE CREME NA ACELERAÇÃO DA MATURAÇÃO<br />

DE QUEIJO GORGONZOLA<br />

Influence of the homogenization of cream in the acceleration of the maturation of<br />

Gorgonzola cheese<br />

Estudante de Graduação do Curso Ciência e Tecnologia de Laticínios na UFY.<br />

2 Professor Adjunto do Departamento de Tecnologia de Alimentos da UFY.<br />

Lorena Fernandes Juncal1<br />

Aniella Gonçalves Santos1<br />

Mauro Mansur Furtado2<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiC í NIOS<br />

RESUMO<br />

Os queijo Gorgonzola é um dos mais tradicionais e clássicos queijos entre os cham dos<br />

queijos Azuis, que vêm tendo um expressivo crescimento no mercado. Estes são conheCIdos<br />

pela sua maturação através do crescimento interno de mofos verde-azulados do gênero<br />

PenicilliulII . O crescimento do mofo ocorre internamente nas olhaduras que podem ser<br />

mecânicas ou pelo desenvolvimento microbiano. Dado o seu longo período de maturação,<br />

de 30 a 120 dias, e pensando em uma fo rma de acelerá-la, o presente trabalho visou<br />

avaliar a infl uência que a homogeneização do creme exerce sobre a maturação de queijo<br />

Gorgonzola. Os queijos foram produzidos utilizando creme não homogeneizado e creme<br />

homogeneizado, sendo realizadas análises de pH, profundidade de maturação e<br />

determinação de ácidos graxos livres. Os resultados obtidos, mostraram que a utilização<br />

de creme homogeneizado exerceu influências na proteólise e lipólise , acelerando a<br />

maturação do queijo.<br />

Palavras-chave: Queijo Gorgonzola, maturação, homogeneização de creme.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

Os queijos Azuis são conhecidos como<br />

aqueles que maturados pelo crescimento interno<br />

de mofos verde azulados do gênero Penicillilllll<br />

(MORAES e FREITAS, 1983).<br />

O crescimento do mofo ocorre internamente<br />

nas olhaduras que podem ser mecânicas<br />

ou pelo desenvolvimento microbiano.<br />

O queijo Gorgonzola originou-se no Vale<br />

do Pó, por volta de 880 da era Cristã. O queij o é<br />

muito macio e cremoso, devido aos altos teores<br />

de gordura (30%) e umidade (48%). A casca é<br />

bem visível, rugosa e de coloração avermelhada.<br />

A massa é hem cremosa e fundente, bem diferente<br />

de outros queij os Azuis, como o Danablu. Um<br />

detalhe importante da tecnologia do queijo<br />

Gorgonzola italiano é a elaboração com o uso de<br />

fermentos termofíl icos (FURTADO,2003). A<br />

maturação desses queij os podem variar dentro<br />

de um período de 30 a 120 dias, em câmaras<br />

especiais com alto teor de umidade relativa do<br />

ar (95%) e temperaturas entre 10 e l2"C<br />

(FURTADO,2003).<br />

O queijo Azul brasileiro se apresenta em<br />

fo rmato cilíndrico, com peso de cerca de 3Kg,<br />

de massa e textura aberta com veias azulesverdeadas<br />

devido ao crescimento do mofo.<br />

Quando curado adequadamente, seu aroma é<br />

pronunciado e seu sabor é acentuado bem típico<br />

(MORAES e FREITAS, 1983). É um queijo que<br />

vem tendo um crescimento expressivo no<br />

mercado (MORAES e FREITAS, 1983).<br />

A homogeneização é um processo que<br />

envolve a ruptura dos glóbulos de gord ura a<br />

determinados estágios de pressão. A homogeneização<br />

do creme tem sido recomendada na<br />

fabricação de queijo Azul por oferecer vantagens<br />

digitalizado por<br />

(MORRIS, 1983). A homogeneização tem como<br />

efeitos o aumento da tírea de exposição do<br />

glóbulo de gordura ao ataque lipolítico do mofo,<br />

conferindo sabor e aroma mais intensos:<br />

diminuição da perda de gordura no soro durante<br />

o corte da coalhada. A fabricação de queijo azul<br />

com creme ou leite homogeneizado torna a<br />

coloração do queijo mais clara destacando-se mais<br />

as veias verde-azuladas do crescimento do mofo<br />

(FURTADO, 20(3)<br />

O objetivo deste trabalho fo i avaliar a<br />

aceleração da maturação de queijo Gorgonzola<br />

quando produzido com creme homogeneizado e<br />

não homogeneizado no período de 31, 52, e 73<br />

dias de maturação.<br />

2 - MATERIAIS E MÍTODOS<br />

2.1 -As amostras de queiJ o Gorgonzola<br />

foram elaboradas no laticínios escola<br />

da FUNARBE.<br />

Utilizou-se leite de conjunto dos produtores<br />

da região de Viçosa-MG. Desenvolveram-se dois<br />

lotes de CJueijo: o primeiro lote (amostra I), foi<br />

utilizado leite padronizado para 4,3% de gordura<br />

com creme não homogeneizado: o segundo lote<br />

(amostra 2) foi utilizado creme homogeneizado<br />

para a padronização do leite para 4,3% de gordura.<br />

2.2 - Métodos de análise<br />

2.2. 1 - Determ inação de pH<br />

Utilizou medidor de pH modelo Tecnal, pH<br />

MetI' Tec.<br />

arvoredoleite.org


2.2.2 - Determinação de profundidade de<br />

maturação<br />

A profundidade de maturação foi determinada<br />

através da determinação de nitrogênio<br />

solúvel em TCA 24% (ácido tricloroacético) pelo<br />

método de KJELDAHL.<br />

2.2.3 -Determinação de ácidos graxos livres<br />

A determinação de ácidos graxos livres foi<br />

realizada utilizando o reagente extrato r LIPO-R<br />

segundo o método proposto por Luciana Leal et<br />

alli em Físico-Química do Leite e Derivados­<br />

Métodos Analíticos.<br />

3 - RESULTADOS<br />

3.1 - pH<br />

Em ambos os queijos observou-se um<br />

aumento do pH com o decorrer dos dias de<br />

maturação. Na amostra I o pH variou de 5,30 a<br />

7.63 e na amostra :2 o pH variou de 6,5 1 a 7,20.<br />

Crescim ento do pH<br />

Figura 1 - Creme não-homogeneizado<br />

o<br />

0'"<br />

<br />

a<br />

<br />

OI<br />

'tl<br />

fi)<br />

'"<br />

i5<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

pH<br />

Crescim ento d o pH<br />

2<br />

pH<br />

Figura 2 - Creme homogeneizado<br />

3.2 - Profundidade de maturação<br />

As amostras apresentaram resultados<br />

crescentes, mas observou-se que na amostra 2<br />

apresen tou maior porcentagem de nitrogênio<br />

não-protéico em menos dias de maturação<br />

quando comparada com a amostra l o que<br />

330<br />

73<br />

evidenciou ser mais acelerada a maturação na<br />

amostra 2 do que na amostra I. Para a amostra<br />

1 os valores da profundidade de maturação<br />

variaram de 21 a 31,05% e para a amostra 2 os<br />

valores variaram de 42, lI a 57,07% de<br />

nitrogênio não-protéico.<br />

80<br />

o<br />

' 70<br />

40<br />

l'!! 60<br />

.a 50<br />

E<br />

III 30<br />

'C<br />

VI 20<br />

'"<br />

10<br />

êi<br />

o<br />

Profundidade de maturação<br />

Profundidade<br />

Figura 3 - Creme não-homogeneização<br />

o 80<br />

,ra<br />

o-<br />

ra<br />

60<br />

<br />

E 40<br />

Q)<br />

"C<br />

20<br />

31<br />

Profundidade de maturação<br />

52<br />

4 .11% 4 ,41 %<br />

o O<br />

73<br />

73<br />

2 3<br />

Profundidade<br />

Figura 4 - Creme homogencizado<br />

3.3 - Ácidos graxos !ines<br />

A determinação de ácidos graxos livres<br />

apresentou resultados crescentes para ambas as<br />

amostras. O valor observado na amostra :2 para<br />

31dias de maturação (6.6x 10· lmmol/g) fo i<br />

observado na amostra I para 52 dias de<br />

maturação.<br />

I<br />

80 l<br />

60<br />

-;;<br />

E 40<br />

<br />

{/) 20<br />


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

RESUMO<br />

Queijos elaborados a partir de leite cru são diferenciados no mercado pelo consumidor<br />

em virtude do seu sabor característico. Países europeus produtores tradicionais destes<br />

queijos como França, Portugal, Espanha e Itália investem sistematicamente no<br />

melhoramento da qualidade e aumento da padronização destes queijos em virtude do alto<br />

retorno financeiro. A França, por exemplo, produz uma grande variedade de queijos<br />

elaborados com leite cru, muitos dos quais com denominação de origem protegida, possui<br />

também um grande mercado consumidor de queijos, sendo a maior produtora do mundo e<br />

a maior exportadora da Europa. A existência de grandes mercados consumidores de<br />

queijos, faz com que haja um incremento não só da produção mas também da variedade<br />

de queijos. No entanto tais queijos podem apresentar risco ao consumidor uma vez que<br />

estudos mostram a presença do alto índice de StapIzY!OCOCCllS sp e Esclzericlzia coli<br />

patogênicos. No Brasil, o queijo minas artesanal , tem lugar de destaque no mercado<br />

informal. Recentemente, várias pesquisas têm sido fe itas no sentido de avaliar as<br />

características microbiológicas destes queijos para direcionar a adoção de medidas<br />

preventivas e/ou corretivas. O objetivo deste trabalho foi revisar os índices de<br />

StapIzY!OCOCCllS aurellS e Esclzerichia coli em queijos artesanais produzidos em países<br />

europeus produtores tradicionais e comparar com os índices microbiológicos de queijos<br />

artesanais produzidos no Brasil. Verificou-se que embora países europeus possuam processos<br />

específicos e controlados de produção, a contagem de S. aurellS e E. coli dos seus queijos,<br />

mostrou-se ainda elevada. Estudos sobre o comportamento da microbiota endógena do<br />

leite durante o processo de fermentação devem ser feitos para adoção de novas medidas<br />

que possibilitem a colocação no mercado de um produto passível de ser consumido além<br />

de promoverem o desenvolvimento das regiões de origem para que num futuro próximo<br />

o Brasil possa produzir queijos de qualidade, com alto valor agregado e com lugar garantido<br />

no mercado internacional .<br />

Palavras-chave: Queijos artesanais, Staplzy/ococc/ls sp. Escherichia co/i.<br />

1 - QUEIJOS ARTESANAIS E SEGURANÇA<br />

ALIMENTAR<br />

A comercialização de queijos elaborados a<br />

partir de leite cru é proibida no Brasil devido ao<br />

risco potencial que representa à saúde do<br />

consumidor. oriundo das condições precárias de<br />

processamento nas fazendas produtoras, clima<br />

desfavorável para manuseio do leite cru a<br />

temperatura ambiente.<br />

Vários países europeus produzem um grande<br />

número de queijos elaborados a partir de leite<br />

cru. No entanto devido ao grande risco para os<br />

consumidores, processos de queijos elaborados a<br />

partir de leite cru vêm sendo abandonados na<br />

Espanha e na Grécia desde o fi nal da década de<br />

80, sendo agora produzidos de forma<br />

semiartesanal, envolvendo a pasteurização e a<br />

substituição de equipamentos tradicionais por<br />

outros modernos, capazes de atender aos padrões<br />

higiênicos e tecnológicos, sendo ainda necessária<br />

a qualificação dos manipuladores aliada às boas<br />

práticas de fabricação para a produção de um<br />

queijo que atenda aos padrões estabelecidos pela<br />

legislação vigente (OLARTE et aI., 1999;<br />

MANOLOPOULOU et aI., 2003).<br />

2 -QUEIJOS ARTESANAIS FA BRICADOS<br />

NA EUROPA<br />

2.1 - Queijos franceses<br />

A França produz cerca de 1.000 variedades<br />

de queijos, incluindo aqueles regionais e só<br />

encontrados nas regiões onde são produzidos<br />

(MENG & DOYLE. 1998). É o maior produtor<br />

de queij os do mundo e o maior exportador da<br />

Europa. Dentre os queij os artesanais franceses,<br />

destaca-se o Roquefort, Camembert c Brie. A<br />

grande produção de queijos artesanais na França<br />

parece resultar da capacidade que os consumidores<br />

têm na percepção de diferenças entre os queijos<br />

produzidos artesanal mente e aqueles<br />

industrializados (MASUI & YA MADA, 1999).<br />

2.2 - Queij os italianos<br />

A Itália tem ocupado o segundo lugar na<br />

variedade de queijos produzidos na Europa,<br />

perdendo somente para a França. Cerca de 45% do<br />

leite produzido em território italiano é direcionado<br />

para a fabricação de queijos, garantindo-lhe na<br />

última década o segundo lugar entre os maiores<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

exportadores de queijo no mundo (FOX, 1993a).<br />

Além do queijo Parmesão. os queijos Provolone,<br />

Mussarela e Grana Padano. são conhecidos e<br />

fabricados no mundo inteiro inclusive no Brasil.<br />

Entre os queijos produzidos com leite de ovelha, o<br />

Pecorino romano, Fiore Sardo e Canestrato<br />

Pugliese são de grande importância econômica par<br />

a Itália (DI CAGNO et aI., 2003).<br />

2.3 - Queijos espanhóis<br />

A Espanha produz mais de 100 variedades<br />

de queijos artesanais. Estes queijos frescos ou<br />

maturados de coagulação enzimática, lática ou<br />

mista. de diferentes formatos e produzidos com<br />

leite de cabra, de ovelha e de cabra ou diferentes<br />

misturas, resultam de diferenças ambientais e de<br />

costumes tradicionais (FOODS FROM SPAIN,<br />

2003).<br />

2.4 - Queijos gregos<br />

A Grécia está entre os países de maior<br />

consumo anual per capita de queijo no mundo.<br />

O queijo Feta tem maior significado para o país,<br />

com uma média de consumo per capita anual de<br />

aproximadamente 12 kg, sendo fabricado<br />

original mente com leite de ovelha ao qual se<br />

mistura cerca de 20 a 30% de leite de cabra.<br />

Tradicional mente era fabricado com leite cru<br />

em atividades fa miliares, empregando-se<br />

equipamentos elementares. Atualmente, embora<br />

ainda seja produzido de maneira artesanal, a<br />

maioria da produção é feita industrialmente, com<br />

leite pasteurizado e com fermentos láticos<br />

comerciais (MANOLOPOLOU et a!.. 2003).<br />

2.5 - Características microbiológicas de<br />

queijos artesanais europeus<br />

Embora exista uma grande e tradicional<br />

produção de queijos artesanais na Europa, estudos<br />

revelam que os queijos podem apresentar índices<br />

elevados de microrganismos patogênicos<br />

causadores de infecções ou intoxicações em<br />

humanos (Tabela I).<br />

O alto índice de Staphy1ococcus coagulase<br />

positiva e E. coli em alguns destes queijos<br />

evidenciam o risco potencial para o consumidor.<br />

Estudos fe itos no com queijos Minas artesanal<br />

mostram alta contagem destes dois grupos<br />

microbianos (Pinto et aI 2004; Araújo et ai 2004).<br />

Torna-se necessário o estudo de procedimentos<br />

alternativos para inibição e, ou prevenção destes<br />

microrganismos para a produção de um queijo<br />

artesanal passível de ser consumido.<br />

3 - SUMMARY<br />

Cheeses elaborated from raw milk are<br />

differentiated in the market by the consumeI' by<br />

its f1 avor characteristic. Because 01' the<br />

possibility oI' high fi nanciai returno traditional<br />

European countries producers 01' artisanal<br />

cheeses like France. Portugal. Spain and Italy<br />

invest systematically in the illlprovement of the<br />

Tabela 1 - Índices de Staphylococcus aureus e Escherichia coli em queijos artesanais produzidos na<br />

Europa<br />

País E. co/i Referência<br />

La Serena Espanha NO 6,52 SANCHEZ-REY et aI. ( 1993)<br />

Cendrat Del Montsec França/Espanha 1,54 ND MOR-MUR et aI. (1994)<br />

Taleggio Itália 5 ,48 5.94* 1.95 - 3.73 GOBBETTI et aI. (1997 )<br />

Tenerife Espanha 2.82 5.59 ZÁRATE et aI. (1997 )<br />

Peiiamellera Espanha 5.5 - 6,0 ND ESTEPAR et aI. (1999)<br />

Fossa Itália 3,0 - 5,3 ND GOBBETTI et aI. (1999 )<br />

SeiTa da Estrela Portugal 5,0 - 8,0 NO MACEDO et a!. (1996)<br />

Cameros Espanha < 2-4 0,47 OLARTE et aI. (1999)<br />

Tetilla Espanha < 1,79 6.09 MENENDEZ et aI. (200 I )<br />

Caprino O' aspromonte França/Espanha ND 0-7.0 CARIDI et aI. (2003)<br />

Pecorino Del Poro Itália NO 0-4 CARIDI et aI. (2003)<br />

Feta Grécia NO 3,49 MANOLOPOULOU et a!. (2003)<br />

Batzos Grécia 5,88 ND PSONI et a!.<br />

digitalizado por<br />

arvoredoleite.org


quality and increase of the standardization of<br />

these cheeses. France, for example, produces a<br />

great variety of cheeses elaborated with raw milk,<br />

many 01' the which with denomination of<br />

protected origino France possesses a great<br />

consuming market of cheeses, being the largest<br />

producer of the worl d and the largest exporter<br />

in Europe. The existence of great consuming<br />

markets of cheeses, causes an increment not<br />

only in the production but also in the variety of<br />

cheeses. However such cheeses can present risks<br />

to the consumer, since studies show a high<br />

number of Staph)'locoCCllS (lnd Escherichia co/i.<br />

In Brazil, the artisanal cheese has economic<br />

importance in informal market. Recently, several<br />

researches have been done to evaluate the<br />

microbiological characteristics of these cheeses<br />

to direct the adoption 01' corrective aild<br />

preventive measures. The aim of this work was<br />

to revise the indexes 01' Staphy!ocOCCllS sp and<br />

Escherichia co!i in artisanal cheeses produced<br />

in traditional European countries producers and<br />

to compare them with the microbiological<br />

indexes 01' artisanal cheeses produced in BraziI.<br />

It was verified that although European countries<br />

possess specific and controlled processes of<br />

production, the index 01' Sthaphy!ococcus and<br />

E. coli 01' these cheeses, was still high. Studies<br />

about the behavior of the end.ogenous bacteria<br />

of the milk during the fe rmentation process have<br />

to be done to de adoption 01' new measures, so<br />

that a safe and quality product can come easily<br />

OlHo the market besides promoting the<br />

development of the origin areas so that in a<br />

near fu ture Brazil can produce quality cheeses,<br />

with a high value and with place guaranteed in<br />

the international market.<br />

Kcy-words: Artisanal chesses, Slaphylococcus<br />

sp, Escherichio coli<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATIcíNIOS<br />

• • • •<br />

4 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

OLARTE et aI. Food Microbiology, v. 16, p.<br />

615-621, 1999.<br />

MANOLOPOULOU et aI. Int. J. of Food<br />

Microbiology, v. 82, p. 153 -161, 2003.<br />

MENG J.; DOYLE, M. P. Institut Pasteur, v.<br />

96, p. 151-164, 1998.<br />

MASUI, K.; YA MADA, T. Queijos franceses.<br />

Guia para mais de 350 tipos de queijos de todas<br />

as regiões da França. Rio de Janeiro: Ed. Ediouro,<br />

1999.<br />

DI CAGNO et a!. International Dairy<br />

Journal, v. 13, p. 961 -972, 2003.<br />

FOODS FROM SPAIN. Disponível em: <<br />

www.cheesefromspai n.com ><br />

SANCHEZ-REY et a!. J ournal of Food<br />

Protection, n. 10, v. 56, p. 879-881, 1993.<br />

MOR-MUR et aI. Food Microbiology, n. 11, p.<br />

177-1 85, 1994.<br />

GOBBETTI et aI. International Dairy<br />

J ournal, v. 7, p. 509-5 17, 1997.<br />

ZÁRATE et aI. International Dairy Journal,<br />

v. 7, p. 635-641, 1997.<br />

ESTEPAR et aI. Intcrnational Dairy Journal,<br />

v. 9, p. 737-746, 1999.<br />

GOBBETTI et a!. International Dairy<br />

Journal, v. 9, p. 763-773, 1999.<br />

MACEDO et aI . Intcrnational Dairy Journal,<br />

v. 6, p. 79-94, 1996.<br />

MENENDEZ et aI. Food Microbiology, v. 18,<br />

p. 151-158, 2001.<br />

CARIDI et aI . Intcrnational Dairy Journal,<br />

v. 13, p. 191-200, 2003.<br />

PSONI et aI . Food Microbiology, v. 20, p. 575-<br />

582, 2003.<br />

ARAÚJO et aI. Rev. Cand. Tostes n° 339, v. 59<br />

jul/ago. p. 93-96. 2004.<br />

PINTO et aI . Rev. Cand. Tostes n° 338, v. 59<br />

jan/jun. p. 82-86. 2004.<br />

• • • •<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiC í NIOS<br />

DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO SENSORIAL DE REQUEIJÃO CREMOSO<br />

SABOR PIZZA<br />

Development evaluation and sensory of creamy requeijão flavor pizza<br />

RESUMO<br />

Marcília Santos Rosado 1<br />

Marcelo dos Santos Teixeira1<br />

Carla Ferreira de Lima1<br />

Marcela Souza de Oliveira1<br />

Eliana dos Santos Leandro1<br />

Pollyanna Cardoso Pereira2<br />

Cláudio Furtado Soares3<br />

O presente trabalho teve como objetivo desenvolver um requelJao cremoso sabor pizza<br />

que poderá ser usado em salgados, ou em mesa, acompanhando torradas e biscoitos. O<br />

produto foi elaborado no Laticínio-Escola da FUNARBE. O processamento foi idêntico ao<br />

do requeijão tradicional, adicionado ao fi nal, 0,4% de pimenta, 0,4% de orégano, 0,5% de<br />

salsa e 1,7% de glutamato monossódico, após terem recebido tratamento térmico em<br />

autoclave 12l °C/15 minutos. Realizou-se a análise sensorial do requeijão sabor pizza para<br />

avaliar a aceitabilidade do produto pelos possíveis consumidores. Para tal o teste de aceitação<br />

com uso de escala hedônica. O teste foi realizado com 28 mulheres e 22 homens, entre 15<br />

e 42 anos. A média da avaliação entre as mulheres foi de 8, 5, e entre os homens foi de 8,2.<br />

Calculando-se a média das notas totais obteve-se o valor 8, 38, mostrando que em média as<br />

pessoas situaram-se entre gostei muito e gostei extremamente, sendo a resposta mais<br />

comum gostei extremamente. O produto formulado apresentou boas características visuais<br />

e organolépticas, obtendo uma ótima aceitação por parte dos provadores que participaram<br />

da análise sensorial, constituindo-se assim em um novo produto lácteo com grande potencial<br />

de mercado.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

O requeijão é um queijo tipicamente<br />

brasileiro, tendo se originou nas antigas regiões<br />

produtores de creme para a fabricação de manteiga,<br />

onde o leite desnatado, considerado naquela<br />

época como subproduto, era utilizado na<br />

fabricação de requeijão. Este produto é fabricado<br />

na forma de corte e pastoso, sendo que a grande<br />

maioria da produção é na fo rma pastosa<br />

(OLIVEIRA et ai, 20(2).<br />

É um produto obtido através de uma massa<br />

ácida, lática ou enzimática, emulsionada com<br />

outros ingredientes láticos, sob a ação de sais<br />

fu ndentes, calor e posterior resfriamento. É um<br />

Estudantes de graduação do curso de Ciência e Tecnologia de Laticínios.<br />

2 Professora auxiliar do Departamento de Tecnologia de Alimentos.<br />

Professor adjunto do Departamento de Tecnologia de Alimentos.<br />

digitalizado por<br />

produto saboroso, nutritivo e de uso versátil e<br />

tem sido um dos produtos de destaque dentro dos<br />

novos hábitos alimentares do consumidor.<br />

É um produto consumido normalmente<br />

logo após a fabricação e deve apresentar sabor<br />

ligeiramente ácido, agradável ao paladar, aroma<br />

característico de produto fe rmentado por<br />

microrganismos lácticos, e massa homogênea,<br />

com uma cremos idade ou untuosidade típica<br />

(OLIVEIRA et aI, 20(2).<br />

Trata-se de um produto bastante popular e<br />

de grande valor comercial para o qual os<br />

consumidores têm encontrado continuamente,<br />

arvoredoleite.org


novos usos e aplicações, principalmente devido<br />

ao sabor suave, que o torna adequado para muitas<br />

aplicações culinárias. Atendendo a demanda dos<br />

novos consumidores, o mercado de queij os<br />

apresenta uma mudança significativa na tentativa<br />

de oferecer diferentes opções do produto. Muitas<br />

mudanças estão relacionadas com sabor e<br />

preferências locais, como defumação, temperos,<br />

novos aromas, uso de presuntos ou embutidos em<br />

geral (MARCHIORI, 2004).<br />

A análise sensorial é muito importante para<br />

a obtenção de produtos de qual idade, já que as<br />

boas características sensoriais são consideradas<br />

um fator crucial na aceitabilidade de novos<br />

produtos alimentícios pelo consumidores ,sendo<br />

portanto, uma análise imp ortante a ser fe ita<br />

antes do lançamento efetivo de um novo produto.<br />

Este trabalho teve como objetivo<br />

desenvolver um requeijão cremoso sabor pizza,<br />

que poderá ser usado em salgados, ou em mesa,<br />

acompanhando torradas e biscoitos.<br />

2 - MATERIAL E METÓDOS<br />

o produto fo i elaborado no Laticínio­<br />

Escola da FUNARBE. O processamento foi<br />

idêntico ao do requeijão tradicional, adicionado<br />

ao fi nal, 0,4% de pimenta, 0,4% de orégano,<br />

0,5% de salsa e 1,7% de glutamato monossódico,<br />

após terem recebido tratamento térmico em<br />

autoclave 12 I "C/l5 minutos.<br />

Realizou-se a análise sensorial do requeijão<br />

sabor pizza como fo rma de avaliar a<br />

aceitabilidade do produto pelos possíveis<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

consumidores. Utilizou-se o teste de aceitação<br />

com uso de escala hedônica variando de I a 9<br />

pontos utilizando-se 50 provadores (CHAVES,<br />

1998).<br />

O teste foi realizado no Laboratório de<br />

Análise Sensorial do Departamento de<br />

Tecnologia de Alimentos/UFV, conduzido em<br />

cabines individuais, utilizando-se 28 mulheres e<br />

22 homens, na faixa etári a entre 15 e 42 anos.<br />

As amostras foram fornecidas em um alimentosuporte,<br />

uma vez que os provadores não eram<br />

treinados. Solicitou-se que cada provador<br />

marcasse na ficha avaliação, Figura I, a resposta<br />

que melhor refletisse seu julgamento em relação<br />

à aceitação do produto.<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

O produto formulado obteve boas<br />

características visuais e organolépticas,<br />

apresentando textura característica do requeijão<br />

cremoso.<br />

As folhas de resposta preenchidas pelos<br />

provadores foram organizadas e a classificação<br />

dos julgadores transformadas em valores<br />

numéricos para análise dos resultados, dando<br />

origem ao Gráfico I.<br />

4 - CONCLUSÃO<br />

O produto fo rmulado apresentou boas<br />

características visuais e organolépticas, obtendo<br />

uma ótima aceitação por parte dos provadores que<br />

participaram da análise sensorial, constituindo-se<br />

Ficha de Avaliação<br />

Nome : Data:<br />

Idade:<br />

Por favor, avalie a amostra utilizando a escala abaixo para descrever o quanto você<br />

gostou ou desgostou do produto. Marque a posição da escala que melhor reflita seu julgamento.<br />

) Gostei Extremamente<br />

) Gostei Muito<br />

) Gostei Moderadamente<br />

) Gostei Ligeiramente<br />

) Indiferente<br />

) Desgostei Ligeiramente<br />

) Desgostei Moderadamente<br />

) Desgostei Muito<br />

) Desgostei Extremamente<br />

Comentários:<br />

Figura 1 - Ficha de avaliação da aceitação do requeijão sabor pizza.<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICÍNIOS<br />

assim, num novo produto lácteo que tem grande<br />

potencial de mercado, sendo uma alternativa viável<br />

para a indústria de laticínios atender aos<br />

consumidores quanto a exigências de variedades de<br />

produtos, e ainda uma forma de agregação de valor<br />

ao requeijão tradicional.<br />

Gráfico 1 - Relação de aceitação do requeijão<br />

sabor pizza.<br />

30<br />

Accibl\'iiu du UCtlllldj;lu Tempcmdu<br />

25<br />

<br />

20 1- -<br />

<br />

-::: 15 1-<br />

10<br />

·9<br />

Z<br />

Notas<br />

A média da avaliação entre as mulheres foi de 8,5, e entre os<br />

homens foi de 8,2. Calculando-se a média das notas totais<br />

obteve-se o valor 8,38, que significa que em média as<br />

pessoas situaram-se entre "gostei muito" e "gostei<br />

extremamente". sendo a resposta mais comum "gostei<br />

extremamente". como mostra o gráfico<br />

ABSTRACT<br />

This repor! hacl as objective to develop a<br />

pizza-fIavorecl cre::uny "requeijão" that can be<br />

used with snacks, 01' on table. accompanying toasts<br />

and cookies. The product was elaborated at the<br />

"Laticínio-Escola" 01' FUNARBE. The processing<br />

was identical to the traditional "requeijão" one,<br />

bul added at lhe end, 0.4% of pepper, 0.4% of<br />

+ + + +<br />

digitalizado por<br />

oregano, 0.5% of parsley and 1.7% of<br />

monosodium glutamate, after having received<br />

thermal treatment in autoclave 121 °C115 minlltes.<br />

The sensorial analysis of the pizza-flavored<br />

"requeijão" was accomplished as a fo rm of<br />

evaluating the acceptability of the product by<br />

the possible consumers. For such acceptance test<br />

it was used the hedonistic scale. The test was<br />

accomplished with 28 women and 22 men, between<br />

15 and 42 years old. The average of the evaluation<br />

among the women was 8.5; and among the men,<br />

8.2. By calculating the average 01' the total grades,<br />

it was obtained the value of 8.38, which means<br />

that, on average, people were located between I<br />

liked it a lot and I extremely liked it, being the<br />

latter the most common answer. The formulated<br />

product presented good visual and organoleptic<br />

characteristics, obtaining a great acceptance on<br />

the part of tasters who participated in the<br />

sensorial analysis, composing, then, the grollp of<br />

the ncw lacteal products 01' great potential.<br />

5 - BIBLIOGRAFIA<br />

CHAVES, l.B.P., Métodos de diferença em<br />

Avaliação Sensorial de Alimentos e<br />

Bebidas, Editora UFV, 1998.<br />

COELHO, D.T. , ROCHA, l.A.A., Práticas de<br />

processamento de produtos de origem<br />

animal. Viçosa : UFV, 1999. 64p. (Cadernos<br />

Did.ílicos, 49).<br />

MARCHIORI,E., Queijo: O tesouro que vem<br />

do leite. Revista Indústria de Laticínios, p. 19-<br />

30, n° 50, 2004.<br />

OLIVEIRA, S.E. R .. BRANDÃO, S.c.c.; Alguns<br />

parâmetros que afetam a fa bricação do<br />

requcIJao crcmoso tradicional. Revista<br />

Tecnologia Milkbizz, n° 3, 2002.<br />

+ + + +<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

INFUÊNCIA DA ALIMENTAÇÃO DE VACAS LEITEIRAS SOBRE OS TEORES DE GORDURA<br />

E ACIDEZ DO LEITE NA PRIMAVERA<br />

Influence of feeding of milk cows on fat and acidity of milk in the spring<br />

RESUMO<br />

Jaime Victor Ferreira 8rum1<br />

José Sidney Flemming1<br />

Maria Lucia Masson1<br />

Renato João Sossela de Freitas1<br />

Em mercados cada vez mais competitivos, onde é grande a demanda por produtos lácteos<br />

que atendam aos padrões de qualidade e segurança alimentar de fo rma satisfatória. é<br />

importante a realização de estudos que tenham por objetivo determinar possíveis infl uências<br />

da alimentação de vacas leiteiras sobre a composição do leite ou de seus derivados durante<br />

as estações do ano. Foi conduzido um estudo para avaliar a influência das forragens aveia<br />

(Avelw sativa), azevem (Lolilllll 1II 111t(florlllll) e Braquiária (Braqchiaria hlllllidicola) na<br />

alimentação de vacas, sobre parâmetros de qualidade do leite obtido no inverno e na<br />

primavera. As forragens foram analisadas quanto aos teores de fibra bruta, fi bra ácido<br />

detergente, fi bra neutro detergente, nutrientes digestíveis totais, gordura e proteína. As<br />

amostras de leite foram analisadas, determinando-se acidez e gord ura da manteiga e do<br />

creme de leite durante todo o período. Constatou-se que no mês de setembro houve um<br />

aumento significativo na acidez do creme de leite. Os valores de percentuais de gordura da<br />

manteiga e creme de leite não foram significativamente afetados.<br />

Palavras-chave: forragens para vacas leiteiras, acidez e gordura do creme de leite e<br />

manteiga.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

A composição do leite de vacas leiteiras<br />

pode variar em função de diversos fatores como:<br />

raça, estação do ano. genética, estágio de<br />

lactação, sanidade e nutrição. As tendências atuais<br />

da comercialização do leite demandam produtos<br />

lácteos. cuja composição, pode ser afetada pela<br />

variação na composição do leite, em função da<br />

nutrição dos animais. A gordura é o componente<br />

do leite que apresenta maior variabilidade,<br />

podendo variar de 2,0 a 4,0%. B URCHARD e<br />

BLOCK (1998) citam que a presença de forragens<br />

e sua qualidade, o teor de nutrientes e valores de<br />

fi bra tem influência direta na produção e<br />

composição do leite.<br />

Segundo ANDRIGUETTO et aI. (1999) no<br />

sul do Brasil, no fi nal do inverno e início da<br />

primavera. a queda da produção leiteira assim<br />

como, a alteração da composição dos ácidos<br />

graxos do leite tem sido considerada um<br />

problema de solução difíc il para os nutricionistas.<br />

Citam também que, com as pastagens em início<br />

de crescimento apresentam um alto teor de<br />

gordura rica em ácidos graxos insaturados. com<br />

baixo teor de fi bra estrutural e matéria seca.<br />

2 " MATERIAIS E MÉTODOS<br />

Foram coletadas amostras de forragens<br />

(azevém, aveia e brachiaria), no final do inverno<br />

e início da primavera de 200 I (j ulho, agosto e<br />

setembro). As amostras fo ram analisadas no<br />

laboratório de Nutrição Animal do Departamento<br />

Programa de Pós-Graduação em Tecnologia de Alimentos. Setor de Tecnologia. Centro Politécnico. Universidade<br />

Federal do Paraná UFPR, Curitiba - PRo<br />

Email: jvictorbrum@hotmail.com<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

de Zootecnia da Universidade Federal do Paraná.<br />

Foram realizadas determinações dos teores de<br />

fi bra. de fi bra bruta, fibra ácido detergente<br />

(FDA), fibra neutro detergente (FDN) e gordura<br />

(extrato etéreo) determinando-se os valores de<br />

extrato etéreo e de Nutrientes Digestíveis Totais<br />

(NDT) por espectroscopia no infravermelho<br />

(método Near Infrared Spectroscopy /NIRS).<br />

. O leite produzido durante a realização desta<br />

pesquisa foi recebido por uma indústria de<br />

laticínios localizada na região metropolitana de<br />

Curitiba. Foram analisados o creme de leite e a<br />

manteiga em função da concentração de gordura<br />

e ácidos graxos contidos nestes produtos. As<br />

determinações realizadas foram: acidez (graus<br />

Dornic) e gorduras totais (%).<br />

3 " RESULTADOS<br />

Observou-se que os valores nutricionais da<br />

forragem brachia ria, em fim de período<br />

vegetativo, fo ram reduzidos com baixo valor<br />

energético, altos teores de fi bra (FDA e FDN),<br />

baixo teor de gordura, diminuição da palatabilidade<br />

e aceitação pelos animais. Os valores<br />

encontrados nas determinações são apresentados<br />

na Tabela I. Segundo BALDWIN et aI. (1980)<br />

as fo rragens de inverno (azevem e aveia) por<br />

apresentarem valores nutricionais superiores,<br />

aumentam o consumo voluntário das vaca . s e por<br />

conseqüência uma maior ingestão de gord ura e<br />

menor ingestão de fi bra.<br />

Tahela Composição média de forragens no período julho a setembro de 200 I.<br />

No amostras % FDA<br />

Azevem 15 36,0<br />

Aveia 12 34,0<br />

Brachiaria 17 41,0<br />

A Tabela 2 mostra os valores médios para<br />

os; parâmeti·os acidez e gordura, determinados para<br />

o creme de leite e manteiga. Para o produto<br />

manteiga, não foi possível determinar diferenças<br />

sianificativas entre os teores de acidez e gordura<br />

n;s meses de julho a agosto de 200 I, quando estes<br />

teores foram comparados com o padrão<br />

estipulado pela indústria de laticínios pesquisada<br />

(Tabela 3). Provavelmente, isto ocorreu devido à<br />

estabilização do nível de acidez após algum tempo,<br />

quando todo processo oxidativo já ocorreu.<br />

Tabela 3 Valores padrão para acidez e gordura<br />

Produto<br />

Creme de leite<br />

praticados por indústria de laticínios.<br />

Acidez<br />

Máximo 12,0<br />

Máximo 3,0<br />

Gordura (%)<br />

30 - 36<br />

Mínimo 82<br />

Os dados obtidos junto às duas entidades<br />

envolvidas nesta pesquisa possibilitaram encontrar<br />

diferenças significativas (P0,05). Para<br />

a manteiga, a análise estatística não demonstrou<br />

diferenças significativas (P>0,05) quanto aos<br />

parâmetros de gordura e acidez.<br />

% FDN % EETotal % NDT<br />

45,0 5,8 61,0<br />

43,0 6,9 64,0<br />

64,0 2,6 45 ,0<br />

Nota: Resultados em 90% de matéria seca. *Braquiaria com sementes e ** Aveia e azevem em estado vegetativo. FOA: fi bra<br />

ácido detergente; FON: fibra neutro detergente; EETotal: extrato etéreo total ; NOT: nutrientes digestíveis totais.<br />

Tahela 2 - Valores médios de acidez e gordura nos meses de julho a agosto de 200 I.<br />

Creme de leite<br />

Manteiga<br />

Análise<br />

Acidez*<br />

(Graus Dornic)<br />

(Graus<br />

Nota: "Valores médios de 30 dias/mês.<br />

Acidez*<br />

Gordura* (%)<br />

digitalizado por<br />

84, 1 h IIS 83,6h IIS<br />

Setembro<br />

18,4"<br />

33,9h '"<br />

83,7h IIS<br />

arvoredoleite.org


4 - CONCLUSÃO<br />

Nas condições em que fo i realizada esta<br />

pesquisa, evidenciou-se que a alimentação das<br />

vacas leiteiras pode influenciar a acidez do creme<br />

de leite que se apresentou maior que o valor<br />

estipulado como padrão pela indústria. A<br />

correlação dieta/qual idade do leite é um fator<br />

que deve ser considerado e melhor investigado<br />

pelas indústrias de laticínios exigindo mais<br />

pesquisas, pois se a acidez pode ser influenciada<br />

pela dieta outros parâmetros também poderão<br />

ser influenciados. O que pode afetar a qualidade<br />

do leite e derivados, devendo-se ressaltar que a<br />

acidez é um parâmetro considerado como ponto<br />

crítico para a qualidade do creme de leite e da<br />

manteiga.<br />

SUMMARY<br />

In markets more and more competltlve,<br />

where it is big the demand for milk products<br />

that they assist to the quality standards and food<br />

safety in a satisfactory way, it is important the<br />

accomplishment of studies that have fo r<br />

objective to determine possible influences of the<br />

feeding of dairy cattle on the composition of<br />

the milk or dairy products during the seasons.<br />

This study was to evaluate the influence of the<br />

fo rages oat (Avena sativa), azevem (Lo/illJJ/<br />

1II1I /tif/ orl/JJ/ ) and Braquiária (Braqchiaria<br />

hUlllidico/a ) in the feeding of cows on parameters<br />

of qualily of the milk obtained in the winter and<br />

in the spring. The forages were analyzed with<br />

relationship to lhe contents of crude fi ber, fi ber<br />

acid detergent method, fiber neutral detergent<br />

method, total nutrients digestibles, fat and<br />

protein contents. The samples of milk were<br />

analyzed, being determined acidity and fat of<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL ' DE LATiCíNIOS<br />

• • • •<br />

the butter and of the cream of milk during the<br />

whole period. It was verified that in the month<br />

of September there was a significant increase in<br />

the acidity of the cream of milk. The value of<br />

percentile of fat of the butter and cream of milk<br />

was not significantly affected.<br />

Key-words: acidity, butter, cream, feeding<br />

dairy cattle.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

ANDRIG UETTO, 1.M.; MINARDI, L,<br />

FLEMMING, 1.S.; SOUZA, G.A. Nutrição<br />

Animal. v.8 1999. 395p. Editora Nobel. São<br />

Paulo. SP.<br />

ANDERSON, P.T. ; HAWKINS, D.R.; BERGEN,<br />

W.G. ; MERKEL, R.A.; A note on dry matter<br />

intake composition of gain and other<br />

measures 01' bulls and steers fed to the same<br />

age 01' weigh. 1988. Animal Production. 47. p.<br />

493-496<br />

BALDWIN, R.L.; STORRY, 1.E.; BINES, 1.A;<br />

FULFORD, R.l. Utilization 01' energy for<br />

maintenance and production in dairy cows<br />

givem protect tallow during early lactation.<br />

1978. lournal Agriculture Science. 91: 151.<br />

BURCHARD, J.F. ; BLOCK, E.; Nutrição do gado<br />

leiteiro e composição do leite. Anais do I<br />

Simpósio Internacional sobre Qualidade do Leite.<br />

1998. p. 16-19. Curitiba. PRo Editora UFPR.<br />

DIJKSTRA. F. Eficiência do uso da terra:<br />

agricultura e pecuária de leitc. Anais do I<br />

Encontro Sul Americano de Integração<br />

Agropecuári a. 1997. p. 22-28. Ponta Grossa.<br />

PRo Editora Fundação ABC.<br />

FEED INDUSTRY RED BOOK. Reference e<br />

buyer's guide. 1998. 194p. Moffat publishing Inc.<br />

Monessota. U.S.A.<br />

• • • •<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

GARANTIA DA QUALIDADE E SEGURANÇA ALIMENTAR NO PROCESSAMENTO DE<br />

LEITE UHT<br />

Quality and safety assurance in the processing of UHT milk<br />

RESUMO<br />

Jaime Victor Ferreira Brum1<br />

Maria Lucia Masson2<br />

Este artigo tem como objetivo estabelecer e realçar a importância do desenvolvimento de<br />

sistemas para gerenciamento de qualidade e segurança alimentar na produção de leite UHT.<br />

O estudo foi desenvolvido em uma indústria de laticínios do Paraná, e teve início com a<br />

construção do fluxograma de processamento UHT ao qual foram adicionados pontos<br />

considerados críticos para a qualidade (Pontos Críticos para a Qualidade - PCQ) e para a<br />

segurança alimentar (Pontos Críticos de Controle - PCC).<br />

Ao se estabelecer um sistema que possa ser utilizado na garantia da qualidade de leite UHT,<br />

cujo desigll foi baseado em 3 princípios do sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos<br />

de Controle APPCC objetivou-se fornecer à indústria ferramentas para o controle do<br />

processo, prevenindo-se a produção de leite UHT com características que pudessem<br />

representar risco à qualidade e a saúde dos consumidores.<br />

Palavras-chave: APPCC, qualidade, segurança alimentar. UHT.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

Sistemas de gerenciamento de qualidade e<br />

segurança alimentar têm sido desenvolvidos para<br />

que as indústrias, como as de laticínios, possam<br />

garantir as integridades biológicas, físicas e<br />

químicas dos produtos lácteos, assim como<br />

assegurar que os produtos fi nais não irão afetar<br />

negativamente a saúde dos consumidores.<br />

No Brasil a tecnologia UHT foi difundida<br />

principalmente nas décadas de 80 e 90. No<br />

entanto tem-se observado nos últimos anos a<br />

tendência de substituição do leite pasteurizado,<br />

produto perecível, dependente dos sistemas de<br />

refrigeração e de vida de prateleira mais curta,<br />

pelo leite UHT, que não depende da cadeia de<br />

frio e com vida de prateleira de vários meses.<br />

Embora o leite UHT possa ser considerado<br />

comercialmente estéri l, sabe-se que o processo<br />

não é capaz de elimi nar alguns esporos<br />

bacterianos, oriundos de más condições<br />

higiênicas na obtenção do leite in I/(/[ur(/ ,<br />

contaminação de embalagens, equipamentos de<br />

envase mal higienizados. além de I"a lhas no<br />

sistema de envase asséptico. Da mesma forma,<br />

falhas no processamento UHT podem permitir<br />

também a presença de enzimas. principalmente<br />

do tipo proteolíticas e lipolíticas, que são<br />

termoestáveis e podem causar danos à qualidade<br />

do produto fi nal.<br />

Segundo GONÇALO (2003) citado por<br />

BRUM (2004) a garantia da qualidade envolve a<br />

aplicação de sis temas fo rmais e claramente<br />

definidos e documentados na fo rma de procedimentos<br />

operacionais, verificações necessárias,<br />

especificações, estabelecimento de valores críticos<br />

para controle. Envolvendo também procedimentos<br />

de fi scalização e monitoramento da qualidade.<br />

Veri ficando-se sempre a eficácia do sistema em<br />

garantir a qualidade.<br />

Mestre em Tecnologia de Alimentos Programa de Pós-graduação em Te cnologia de Alimentos. UFPR -<br />

Curitiba PRo Email. jvictorbrum@hotmail.com<br />

2 Doutor em Engenharia de Alimentos - Programa de Pós-graduação em Tecnologia de Alimentos. UFPR -<br />

Curitiba - PRo Email: masson@ufpr.br<br />

digitalizado por<br />

arvoredoleite.org


2 - MATERIAIS E MÉTODOS<br />

Inicialmente estabeleceram-se todas as<br />

etapas da produção do leite UHT em um<br />

fl uxograma a partir de uma verificação in loco<br />

em uma indústria de laticínios do Paraná,<br />

observando-se desde a ordenha do leite até a<br />

expedição para o mercado consumidor.<br />

Basicamente foram seguidos três princípios do<br />

sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos<br />

de Controlei APPCC: I. Identificação dos<br />

perigos; 2. Estabelecimento de medidas preventivas<br />

para controle dos perigos e 3.<br />

Determinação dos pontos críticos de controle<br />

(PCCs), determinando-se também os limites<br />

críticos de controle requeridos. Embora o sistema<br />

APPCC seja composto por 7 princípios, neste<br />

estudo chegou-se até a aplicação dos 3 primeiros<br />

princípios .<br />

No entanto, sabe-se que existem determinados<br />

tipos de falhas no processamento UHT,<br />

que embora não apresentem riscos à saúde dos<br />

consumidores, podem resultar em alterações que<br />

afetam a qualidade do produto, ocasionando<br />

insatisfação por parte dos consumidores. Logo,<br />

fo ram definidos pontos do processamento<br />

identificados como pontos críticos para a<br />

qualidade (PCQs), caracterizados por serem<br />

críticos apenas para a qualidade.<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

A Figura apresenta as etapas do<br />

processamento UHT e os pontos críticos<br />

identificados para a qualidade e para a segurança<br />

alimentar.<br />

Os perigos potenciais biológicos (B), físicos<br />

(F), químicos (Q) e na qualidade (QA)<br />

identificados em cada etapa, fo ram:<br />

I. Produção do leite - B: Sraphylococcus<br />

aureus, M. bovis, B. abortus. B.<br />

meti/ef/sis. C. burnetii e Salmonela<br />

spp . que podem contaminar o leite in<br />

Il(/tura caso os animais sejam portadores<br />

de alguma enfermidade no<br />

úbere. Q: To xina estafilocócica<br />

(produzidas por cepas enteropatogênicas<br />

de StaplzylococcllS aureus);<br />

Resíduos de antibióticos, caso ocorra<br />

mistura do leite proveniente de vacas<br />

em tratamento com leite normal.<br />

Outros contaminantes químicos<br />

(aflatoxinas, pesticidas) poderão ser<br />

introduzidos caso os animais sejam<br />

alimentados com rações, feno ou<br />

silagem contaminados. QA: presença<br />

de microorganismos termodúricos<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

(Micrococcus sp; Streptococcus sp;<br />

Bacil/us subtilis e B. cereus) que por<br />

serem termo resistentes podem<br />

ocasionar alterações de origem<br />

lipolítica e proteolítica em leites antes<br />

ou após o tratamento térmico.<br />

2. Ordenha, 3. Resfriamento e 4.<br />

Transporte<br />

B: Staplzy/ocOCCllS aureus. M. bovis. B.<br />

abortus. B. lIIelitensis, C. burnetii e<br />

Salmollela spp. Provenientes do leite<br />

in natura contaminado. Q: Toxina<br />

estafilocócica (produzidas por cepas<br />

enteropatogênicas de Staplzylococcus<br />

allreus), resíduos de antibióticos, assim<br />

como outros contaminantes químicos<br />

(aflatoxinas, pesticidas) também<br />

carreados via leite in natura contaminado.<br />

Outros perigos químicos como<br />

resíduos de produtos ácidos ou alcalinos<br />

podem ser introduzidos devido à ação<br />

intencional ou acidental, caso ocorram<br />

falhas nos procedimentos de higienização.<br />

QA: para a Qualidade podem ser<br />

citados os microorganismos termodúricos<br />

que podem apresentar nesta etapa<br />

ou em etapas posteriores ao transporte,<br />

às alterações conforme item I. Outros<br />

perigos para a qualidade podem ser odores<br />

estranhos, assim como fragmentos de<br />

pelos, cabelos.<br />

5. Leite in natura - B: Staphy/ococCltS<br />

aurcus, M. bovis, B. abortus. B.<br />

me/irensis, C. burncrii e Salmonela<br />

spp que podem ter contaminado o leite<br />

durante a sua obtenção assim como nas<br />

etapas 2,3 e 4. Q: resíduos de produtos<br />

ácidos ou alcalinos podem ser<br />

introduzidos devido à ação intencional<br />

ou acidental, caso ocorram falhas nos<br />

procedimentos de higienização. O<br />

mesmo pode ser dito em relação aos<br />

perigos químicos e para a qualidade.<br />

6. Resfriamento - B: multiplicação de<br />

microorganismos patogênicos. QA:<br />

risco de multiplicação de microorganismos<br />

acidificantes e psicrotróficos<br />

principalmente se o resfriamento<br />

não for a temperaturas inferiores a 5"C.<br />

7. Estocagem do leite in natura B:<br />

multiplicação de microorganismos<br />

patogênicos. Q: Resíduos de produtos<br />

ácidos ou alcalinos podem ser introduzidos<br />

devido à ação intencional ou<br />

acidental, caso ocorram falhas nos<br />

procedimentos de higienização. QA: risco<br />

de multiplicação de microorganismos<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

acidificantes e psicrotrófi cos principalmente<br />

se o resfriamento não for a<br />

temperaturas inferiores a 5uC.<br />

8. Pasteurização - B: StaplzylococcltS<br />

aureus, M. bovis. B. C/bor/us. B.<br />

me/itensis. C. burnetii e Salmonela spp.<br />

Provenientes do leite in natura ou<br />

devido à contaminação cruzada envolvendo<br />

leite pasteurizado x leite in<br />

natura. Q: Toxina estafilocócica<br />

(produzidas por cepas enteropatogênicas<br />

de Staplzylococcus (/ureus), resíduos de<br />

antibióticos, assim como outros contaminantes<br />

químicos (aflatoxinas,<br />

pesticidas) carreados via leite in natura<br />

contaminado. Outros perigos químicos<br />

como resíduos de produtos ácidos ou<br />

alcalinos podem ser introduzidos devido<br />

à ação intencional ou acidental , caso<br />

ocorram falhas nos procedimentos de<br />

higienização do pasteurizador. É<br />

importante ressaltar que a pasteurização<br />

não é capaz de eliminar todos os perigos<br />

químicos (resíduos de antibióticos,<br />

pesticidas, aflatoxinas).QA: a pasteurização<br />

é um proced imento que se<br />

realizado de forma ineficiente reduz de<br />

fo rma insatisfatória a população de<br />

microorganismos acidificantes e psicrotróficos<br />

principalmente se o<br />

res fri amento não fo r a temperaturas<br />

inferiores a )0c.<br />

9. Estocagcl11 do leite pasteurizado - B:<br />

Stup!tY/OCOCClIS aurellS, M. bovis. B.<br />

a!Jor/lIs, B. II/e/irel/sis. C. bl/metii e<br />

Sa/II/ol/e/a spp. caso ocorra contaminação<br />

cruzada envolvendo leite<br />

pasteurizado e leite in I/atura. Q: estes<br />

perigos podem ser introduzidos devido<br />

às fa lhas nos procedimentos de<br />

higienização, ou carreados via leite in<br />

/l(/ / lI ra (resíduos de antibióticos,<br />

pesticidas, aflatoxinas). QA: Nesta<br />

etapa pode ocorrer a ação de enzimas<br />

termorresistentes, introduzidos por<br />

termodúricos (item I).<br />

10. Homogeneização e esterilização - Q:<br />

os principais perigos químicos são os<br />

resíduos de ácidos ou alcalinos que<br />

podem ocorrer e contaminar o leite<br />

durante a esterilização, devido às falhas<br />

no sistema de higienização. QA: para<br />

a qual idade, os perigos relevantes são<br />

microorganismos acidificantes, proteolíticos<br />

e lipolíticos que podem<br />

ocasionar alterações reológicas importalHes<br />

no produto fi nal (espessamento,<br />

digitalizado por<br />

aumento da viscosidade, gelificação).<br />

1 I. Esterilização das embalagens - B: Cepas<br />

enteropatogênicas de Staphylococc:us<br />

aureus e entcrob{/cteriaceae sp . Q e<br />

QA: os resíduos excessivos de peróxido<br />

de hidrogênio podem ser considerados<br />

perigo químico uma vez que podem<br />

provocar causar danos à saúde dos<br />

consumidores, enquanto que, sob o<br />

aspecto da qualidade, também pode ser<br />

considerado um fator negativo, devido<br />

à capacidade de alterar o sabor do leite<br />

UHT e interagir com componentes<br />

do leite.<br />

12. Envase asséptico B: Cepas<br />

enteropatogênicas de Staphy/ococcus<br />

ll ureus e enterob{/cteriaceae sp . Q:<br />

resíduos de produtos ácidos ou alcalinos<br />

devido às falhas no sistema de<br />

higienização. QA: fragmentos de fita<br />

de soldagem das embalagens podem<br />

fazer com que os consumidores<br />

engasguem quando consumirem o<br />

leite, também microorganismos<br />

acidificantes, proteolíticos e lipolíticos<br />

que podem ocasionar alterações<br />

reológicas importantes no produto<br />

fi nal (espessamento, aumento da<br />

viscosidade, gelificação).<br />

4 - CONCLUSÃO<br />

O sistema fo i eficiente para localizar os<br />

pontos críticos de controle. Foram identificados<br />

I I Pontos Críticos de Controlc (PCC) e 10<br />

Pontos Críticos para a Qualidade. A implementação<br />

da garantia da qualidade e segurança<br />

alimentar no processamento UHT, utilizandose<br />

de procedimentos que fo cam o controle de<br />

pontos críticos para a qualidade e para a<br />

segurança alimentar ao longo de todo o processo<br />

de produção, pode auxiliar de maneira<br />

significativa o trabalho das indústrias lácteas.<br />

SUMMARY<br />

This articJe reports the importance 01' the<br />

development 01' systems for quality and safety<br />

in the production of UHT milk. The study was<br />

developed in a industry 01' dairy products of<br />

Paraná state, and it had beginning with the<br />

construction of the f1 0wsheet 01' processing<br />

UHT to which Criticai Control Points points<br />

were added considered criticai fo r the quality<br />

(Criticai Control Points for the Quality PCQ)<br />

and for the food safety (Criticai Control Points<br />

01' Control - PCC).<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

GU RA '1 - DIAGRAMA DE FLUXO DE PRODUÇÃO DE LEITE UHT E IDENTIFICAÇÃO DOS<br />

FI<br />

PONTOS CRiTICOS E CONTROLE<br />

Legenda:<br />

B O Oa I<br />

PCC1<br />

pco<br />

P-rod uç5" de><br />

( , lalto<br />

__ I<br />

EstoCi:lgCtTl<br />

cxpcdlçõe><br />

B O O ..<br />

PCC:2<br />

Ordenha B O F Ou<br />

PCO<br />

- .<br />

R e.s"trllYI<br />

PCC:2<br />

enC><br />

- PCO<br />

B O F O""<br />

t:r"nsportc<br />

,<br />

, , I<br />

.' ', ' .<br />

Matéria prima<br />

C,'el1:e I In n.arura ) e o<br />

J<br />

'PC-C:2 t RCS1"rlü ent:o<br />

PCO<br />

I 13 Oa<br />

r<br />

P.CC:2<br />

PCO I L!iC:7 a :r"lra I B Q Cl;;\<br />

I p:.:::i::::=-,I<br />

PCC1 1 B CI<br />

pco<br />

,<br />

l-e st'õcag-e rn- . do<br />

PCC:2<br />

- - 'I<br />

leite<br />

B O 0 fÃql;içã-õ-d-s -i<br />

PCO<br />

past:eur'zê:ll do<br />

i bobinas de :<br />

: cn-.balagens :<br />

1 '---------r-------<br />

, ________ 1 T ________ ,<br />

O O.:. L __ :_::-- -j<br />

f---Est:e-rli'z-ã õ--dã-s--- l<br />

: eO"l balagens :<br />

; com Peróxido de :<br />

L ______ !".!.!"?__ _______ 1<br />

gg/ ,; O c,\,2: or O !Cp I.:::,tfrQfao cOI"\tl'olan con"\pletanel"\te un, pel-igo).<br />

Perigos ===> e : biológicos: O: qLlln,lcos.F: f'slcos. Q pClro qLlalldacte.<br />

NOTA: adaptado cJe Intt2Jl"national COI"nIGslol' for MicI'obiologlcal C,.ihTía fOi" Foods _ ICMS F ( 1 988).<br />

When settling down a system that can be<br />

used in the warranty of the quality of UHT milk,<br />

whose design was based on 3 principies of the<br />

system oI' Hazard Analysis and Criticai Control<br />

Point - HACCP was aimed to provi de the dairy<br />

industry tools fo r the control oI' the process,<br />

taking precautions the production oI' UHT milk<br />

with characteristics that could re present risk to<br />

the quality and the consumers ' health.<br />

Key-words: I-Iaccp, quality, food safety,<br />

security, uht.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

BRUM, J.V.F. Análise de Perigos e Pontos<br />

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2003.<br />

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control point (I-IACCP) systell1 to ensure<br />

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Laticínios Cândido Tostes. Juiz de Fora, V.<br />

59, n. 339, p. 61, jul./ago. 2004.<br />

MORTIMORE, S.; WALLACE, C. Haccp: A<br />

Praticai Approach . Praticai Approaches to<br />

Food Control and Food Quali ty Series.<br />

Chapman & I-Iall. Boundary Row. London,<br />

296p, 1997.<br />

OLIVEIRA, C.A.F.; FONSECA, L.F.L. da;<br />

GERMANO, P. M.; Aspectos relacionados à<br />

produção, que influenciam a qualidade do<br />

leite. Disponível em: <br />

Acesso em dezembro 2004.<br />

SENAI. Elementos de apoio para o Sistema<br />

APPCC - APPCCj Controle de Qualidade<br />

de Alimentos. 2. ed. Brasília, 2000. 361p<br />

• • <br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

AVALIAÇÃO FíSICO-QuíMICA E QUANTIFICAÇO DE LACTOBACILOS E<br />

BIFIDOBACTÉRIAS EM LEITES FERMENTADOS PROBIOTICOS COMERCIALIZADOS EM<br />

CASCAVEL-PR<br />

Physical-chemical evaluation and quantification of lactobacilli and bifidobacteria in<br />

probiotics fermented milks commercialized in Cascavel-PR<br />

RESUMO<br />

Oaiani Cristina Cilião ALVE81<br />

Luciana OLIVEIRA de Fariiia, 0.8.2<br />

Oeisy Alessandra ORUNKLER, M.8.2<br />

Luciane 8ENE, 0.8.2<br />

No mercado brasileiro existem vaflas marcas de leites fermentados, incluindo os leites<br />

fermentados de terceira geração, produzidos a partir de bactérias probióticas, as quais são<br />

capazes de promover vários benefícios à saúde, desde que viáves em , quantidades espe fi . cas.<br />

Este trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade dos leites fermentados problOtlcoS<br />

comercializados na cidade de Cascavel-PR durante seu período de validade, por meio da<br />

avaliação de sua composição, propriedades físico-químicas e contagem das bactérias<br />

probióticas, comparando os resultados com os padrões estabelecidos pela legislação. Um<br />

total de nove amostras foram coletadas em quatro supermercados da cidade de Cascavel­<br />

PR, sendo que uma delas continha bifidobactérias e as outras oito amostras continham<br />

lactobacilos. As análises realizadas indicaram que alguns produtos avaliados estavam em<br />

desacordo com padrões estabelecidos na legislação (BRASIL,2000) e as contagens de<br />

bactérias probióticas indicaram, em alguns produtos, uma redução da viabilidade dos<br />

microrganismos no decorrer do período de validade, o que poderia resultar na diminuição<br />

de sua efetividade para promoção de efeitos benéficos ao organismo, devido provavelmente<br />

a falhas no processo de estocagem e conservação do produto.<br />

Palavras-chave: Avaliação físico-química. leites fermentados, probióticos.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

No mercado brasileiro existem várias marcas<br />

de leites fe rmentados, incluindo os leites<br />

fermentados de terceira geração, produzidos a<br />

partir de bactérias probióticas, as quais são capazes<br />

ele promover vários benefícios à saúde. Porém para<br />

assegurarem um efeito benéfico no organismo de<br />

acordo com GOMES e MALCATA ([2003?]),<br />

VINDEROLA e REINI-IEIMER (2000);<br />

LOURENS-I-IATTINGI-I e VILJOEN (200 I);<br />

KRISTO. BILIADERIS e TZANETAKIS (2003) e<br />

COSTA e BORÉM (2003) os produtos probióticos<br />

devem conter um mínimo de 106 UFC/mL.<br />

Pensando-se nesta problemática este trabalho teve<br />

como objetivo avaliar a qualidade dos leites<br />

fermentados probióticos comercializados na cidade<br />

de Cascavel-PR por meio de anúlise composicional.<br />

avaliação das propriedades físico-químicas e<br />

quantificação de bactérias probióticas observando<br />

se estes produtos respeitam os padrões estabelecidos<br />

pela legislação. durante o período de validade.<br />

2 - MATERIAIS E MÉTODOS<br />

Um total de nove amostras de leites<br />

fermentados probióticos de baixo extrato seco,<br />

de diferentes marcas foram adquiridas em quatro<br />

Universidade Estad ual do Oeste do Paraná UNIOESTE / Cascavel - Paraná.<br />

Farmacêutica. acadêmica do Curso na habilitação em Análises Clínicas.<br />

2 Professora - Colegiado de Farmácia - Centro de Ciências Médicas e Farmacêuticas. lucianaf@unioeste.br .<br />

digitalizado por<br />

arvoredoleite.org


supermercados da cidade de Cascavel-PR. Oito<br />

amostras declaravam em seus rótulos, a<br />

presença de lactobacilos como agente probiótico<br />

e uma delas declarava a presença de bifidobactérias<br />

. As amostras fo ram colocadas em<br />

isopor contendo gelo, e encaminhadas ao<br />

Laboratório de Bromatologia da Universidade<br />

Estadual do Oeste do Paraná/Campus Cascavel,<br />

onde foram armazenados em refrigerador até o<br />

momento das análises.<br />

As análises composicionais e determinações<br />

das propriedades físico-químicas foram realizadas<br />

conforme metodologias descritas em PEREIRA,<br />

(200 I), sendo determinados os seguintes<br />

parâmetros: acidez pelo método ponderai, pH,<br />

proteínas totais por micro-Kjeldahl e determinação<br />

de açúcares totais por Fehling de acordo<br />

com NORMAS ... (1985). Os resultados obtidos<br />

fo ram comparados com os padrões para leites<br />

fe rmentados de acordo com BRASIL (2000) e<br />

com dados médios composicionais da literatura<br />

para este tipo de produto.<br />

As contagens microbiológicas foram<br />

realizadas em duplicata após decorridos 2/3 da<br />

validade (Tempo I) e no final desta (Tempo 2).<br />

Foi utilizado o método de plaqueamento "poorplate"<br />

com dupla camada para as diluições I O·fi e<br />

10-7 e as placas foram incubadas a 37 °C (± 2°C)<br />

em anaerobiose por 72 horas, utilizando os meios<br />

de cultura MRS, para amostras contendo<br />

lactobacilos (MAN, ROGOSA e SHARP, 1960) e<br />

MRS-LP para a amostra contendo bifidobactérias<br />

(VINDEROLA e REINHEIMER, 1999).<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

3.1 - Análise com posicional e propriedades<br />

físico-químicas<br />

Naquelas amostras que declaravam presença<br />

de gordura (2), comparando os valores obtidos<br />

nas análises com aqueles citados nos respectivos<br />

rótulos, observou-se que os produtos apresentavam<br />

teor de gordura inferior ao declarado.<br />

Segundo BRASIL, (2000) de acordo com a matéria<br />

gorda, os leites fermentados se classificam em<br />

desnatados quando apresentam no máximo 0,5 %<br />

(mim) de matéria gorda, parcial mente desnatado<br />

quando apresenta no máximo 2,9% (mim) e<br />

integrais quando apresentam no mínimo 3% (ml<br />

m) de matéria gorda. Os teores de proteínas<br />

encontrados mostraram que 22% das amostras<br />

analisadas apresentaram valores inferiores ao<br />

mínimo de 2,9% (mim) preconizado pela<br />

legislação (BRASIL, 2000).<br />

Observou-se que os valores encontrados<br />

para o teor de carboidratos totais foram<br />

346<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

inferiores ao m1l11mO de 16%, citado em<br />

literatura para produtos caracterizados como de<br />

baixo extrato seco (LEITES ... , 200 I ). A baixa<br />

porcentagem de açúcar (7,02% ±0,30)<br />

encontrada em um dos produtos avaliados é<br />

justificada por ser este considerado light. A<br />

concentração de açúcar pode interferir na<br />

viabilidade das bactérias devido ao desequilíbrio<br />

da pressão osmótica do produto (BARRETO et<br />

aI., 2003 ; LOURENS-HATTINGH e VILJOEN,<br />

2001; GOMES e MALCATA, [2003?]), pois se<br />

for adicionada concentração de açúcar muito<br />

alta, pode ocorrer um aumento da pressão<br />

osmótica do produto, afetando a integridade das<br />

bactérias probióticas.<br />

Na determinação de pH foi observado que<br />

75% dos produtos (6) apresentaram val ores<br />

inferiores e 12,5% apresentaram valores<br />

superiores à faixa de pH entre 3,80 a 4,00<br />

normalmente observada para produtos de baixo<br />

extrato seco segundo LEITES ... (200 I). As<br />

bifidobactérias não são tão ácido tolerantes<br />

quanto os Lactobllcillls acidophilllls<br />

(COSTELLO, 1993 lIplld SHAH et aI., 1995).<br />

Talvez por isso o produto que continha<br />

bifidobactérias apresentou um pH mais elevado<br />

(4,13) que os outros produtos que continham<br />

lactobacilos. Os teores de ácido lático observados<br />

estavam de acordo com a faixa estabelecida em<br />

GMC (1997) e BRAS IL (2000).<br />

3.2 - Contagem de microrganismos probióticos<br />

De acordo com GMC (19


n. 61, Janeiro/Fevereiro de 2001.<br />

LOURENS-HATTINGH, A. e VILJOEN, B. C.<br />

Yogurt as probiotic carrier. International<br />

Dairy Journal. n. li, p. 1-17, 2001.<br />

MAN, I. D., ROGOS A, M.A., SHARPE, M. E. A<br />

medium for the cultivation of Lactobacilli. J.<br />

AppI. Bact., 23, p. 130-1 35, 1960.<br />

NORMAS Analíticas do Instituto Adolfo Lutz.<br />

Métodos químicos e físicos para análise de<br />

alimentos. v. I, 3° edição, São Paulo 1985.<br />

PEREIRA, D. B. C., SILVA, P. H. F., JUNIOR,<br />

L. C. G. c. e OLIVEIRA L. L. Físico-química do<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

• • • •<br />

leite e derivados - Métodos analíticos. 2° edição<br />

, Juiz de Fora, Minas Gerais, 2001.<br />

SHAH, N.P.; LACKAPUTHRA, W. E. v. ; BRITZ,<br />

M.L. e KYLE, W. S. A. Survival of Lactobacilllus<br />

acidophillls and B.bU"idlllll in commercial yogurt<br />

during refrigerated storage. International<br />

Dairy Journal, n. 5, p. 515-52 1, 1995.<br />

VINDEROLA, C.G. e RElNHEIMER, J.A.<br />

Culture media for the enumeration of B.bif"idul1l<br />

and L.acídophilus in the presence of yogurt<br />

bacteria. International Dairy Journal. n. 9,<br />

p. 497-505, 1999.<br />

• • • •<br />

ELABORAÇÃO DE IOGURTE DE LEITE DE CABRA PREBIÓTICO - PARTE 2: AVALIAÇÃO<br />

DA COMPOSiÇÃO CENTESIMAL E DAS PROPRIEDADES FíSICO-QuíMICAS<br />

Elaboration of prebiotic goat's milk yogurt - part 2: evaluation of centesimal<br />

composition and physical-chemical properties<br />

RESUMO<br />

É rika S. Konopatzkil<br />

Luciana Oliveira de Fariíia2<br />

Luciane Sene2<br />

Georges Kaskantzis Neto3<br />

Deisy A. Drunkler2. 3<br />

Os pesquisadores e a indústria de alimentos têm se preocupado cada vez mais com o<br />

desenvolvimento de produtos que apresentem componentes ou substâncias funcionais,<br />

dentre os quais, destacam-se os prebióticos inulina e oligofrutose. O leite de cabra, além de<br />

possuir alta digestibilidade é considerado um ótimo substituto do leite de vaca devido às<br />

suas características hipoalergênicas. O objetivo deste trabalho foi verificar a viabilidade da<br />

elaboração de iogurte de leite de cabra prebiótico, sabor morango, sob o ponto de vista da<br />

composição centesimal e das propriedades físico-químicas . Neste trabalho foram elaboradas<br />

quatro formulações (tratamentos I, 2, 3 e 4), com concentrações de inulina e oligofrutose<br />

nas seguintes proporções: 0,0:0,0%; 5,0:0,0%; 0,0:5,0% e 2,5:2,5% (m/v),<br />

respectivamente. O leite de cabra utilizado e os produtos formulados foram analisados em<br />

laboratório para se determinar a composição centesimal e as principais propriedades físico-<br />

Aluna de Farmácia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus de Cascavel; erikajarma@ig.com.br.<br />

2 Professora Assistente, UNIOESTE, Rua Universitária, 2069, Bairro Universitário. CEP 85814-110, Cascavel,<br />

PR; lucianaf@unioeste.br. lsene@ unioeste.br, dadrunkler@unioeste.br.<br />

3 Professor Doutor do Programa de Pós Graduação em Tecnologia de Alimentos, Setor de Tecnologia. Universidade<br />

Federal do Paraná, Curitiba, PR, kaska@ufpr.br.<br />

Pág. 348<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

químicas. A partir dos resultados obtidos foi possível constatar que a elaboração de iogurte<br />

de leite de cabra prebiótico é viável sob o ponto de vista nutricional e legal.<br />

Palavras-chave: leite de cabra, iogurte, inulina, oligofrutose, análises físico-químicas.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

O valor nutritivo do leite é bastante<br />

conhecido e sua importância na alimentação da<br />

criança é destacada. Porém, a alergia à proteína<br />

do leite de vaca tem sido diagnosticada<br />

principalmente na população menor de três anos<br />

de idade, e é a mais comum dentre as alergias<br />

alimentares (Sampson, 2004). O leite de cabra é<br />

considerado um ótimo substituto para as pessoas<br />

alergia ao leite de vaca, por isso. vem aumentando<br />

a sua aceitabilidade e procura (Luiz et aI., 1999).<br />

A partir do leite de cabra é possível elaborar<br />

iogurte, que pode ser definido como um produto<br />

da ação de duas bactérias homofermentativas,<br />

Streptococcus tlzermophillls e Lactobacillus<br />

blllgariclls. que fe rmentam o açúcar do leite,<br />

transformando-o em ácido lático e outros<br />

subprodutos, responsáveis pelo flavor do produto<br />

fi nal (Brabandere e Baerdemaeker, 1999).<br />

Os prebióticos são compostos que afetam<br />

de forma benéfica o hospedeiro, estimulando o<br />

crescimento e/ou atividade de espécies bacterianas<br />

do cólon, promovendo a saúde do organismo.<br />

Dentre os oligossacarídeos que se destacam por<br />

apresentarem efeito prebiótico tem-se a inulina<br />

e a oligofrutose (Nitschke e Umbelino, 2002).<br />

Posto acima, o objetivo deste trabalho foi<br />

elaborar iogurte de leite de cabra adicionado dos<br />

prebióticos inulina c oligofrutose e avaliar a sua<br />

composição centesimal e propriedades físicoquímicas<br />

do produto.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

Os iogurtes foram desenvolvidos seguindose<br />

o fl uxograma básico descrito no Boletim<br />

Informativo do ITAL (1993), com algumas<br />

adaptações. Foram preparados quatro iogurtes,<br />

codificados, conforme a concentração de inulina<br />

e oligofrutose, como tratamentos I, 2, 3 e 4<br />

[0.0:0,0%; 5,0:0,0%; 0,0:5,0% e 2,5:2,5% (m/<br />

v), respectivamente].<br />

As amostras de leite de cabra e os produtos<br />

preparados foram submetidos às análises de lipídios<br />

(método butirométrico); proteínas (Formol para<br />

o leite de cabra e Micro-Kjeldahl para os<br />

tratamentos); carboidratos (por diferença);<br />

extrato seco total e umidade (gravimetria); cinzas;<br />

pH, com emprego de pHmetro, modelo DL-PHT<br />

(DEL LAB) e acidez titulável, expressa em graus<br />

Dornic (°0). O leite de cabra ainda foi submetido<br />

às análises de extrato seco desengordurado e<br />

densidade a 15°C (Brasil, 2003) e os tratamentos<br />

à análise de viscosidade de acordo com Pereira el<br />

aI. (200 1). Os valores de pH e a acidez titulável<br />

dos tratamentos foram analisados semanalmente,<br />

durante cinco semanas, seguindo-se metodologia<br />

descrita em Brasil (2003).<br />

Para cada análise fo ram realizadas três<br />

repetições, em duplicata. O delineamento<br />

experimental foi o inteiramente casualisado e<br />

os dados obtidos foram submetidos à Análise de<br />

Variância. Nos casos onde se observou uma<br />

diferença significativa, ao nível de 5% de<br />

probabilidade entre os tratamentos, foi realizado<br />

o Teste de Tukey stl/delltized (p


em relatos de Losada e Olleros (2002) e Tuohy et<br />

al (2003), para proporcionar um efeito prebiótico<br />

aos consumidores, sem ocasionar efeitos de<br />

intolerância, urna vez que, doses na faixa de 4 a<br />

20g/dia de fibras prebióticas têm demonstrado<br />

eficácia nos efeitos prebióticos. No entanto, doses<br />

maiores que 20 gldia podem induzir a alguns<br />

efeitos indesejáveis, corno flatulência e desconforto<br />

abdominal. Provavelmente, as fibras inulina<br />

e oligofrutose permaneceram estáveis durante a<br />

elaboração e o armazenamento dos iogurtes.<br />

Segundo o fabricante estes ingredientes funcionais<br />

se mantêm estáveis a altas temperaturas e sob<br />

temperaturas de refrigeração e conservam-se a<br />

baixos valores de pH (Orafti, 2000).<br />

Os resultados das análises dos quatro<br />

tratamentos são mostrados na Tabela 5. Os<br />

resultados indicam que não foram verificadas<br />

diferenças significativas entre os tratamentos<br />

estudados para as análises de gordura, proteínas,<br />

cinzas, pH e acidez. Segundo Andrade et ai. (200 I)<br />

ao avaliar a qualidade físico-química de uma marca<br />

de iogurte de leite de cabra produzido em condições<br />

artesanais em Belo Horizonte (MG), encontraram<br />

valores médios menores de pH (3,96 ± 0,37),<br />

maiores de acidez titulável (98,17 °D ± 10,66) e,<br />

resultados médios de gordura próximos aos<br />

encontrados pelos autores (2,78% ± 0,35). Para os<br />

carboidratos fo ram observadas diferenças<br />

significativas entre os tratamentos I e 3 e, entre os<br />

tratamentos I e 4. Os maiores teores de carboidratos<br />

nos tratamentos 2, 3 e 4 eram esperados, devido a<br />

forma de determinação de carboidratos (cálculo por<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

diferença) e por ter sido adicionado oligossacarídeos.<br />

Em relação ao EST, foi verificada diferença<br />

significativa entre os tratamentos I e 3, o que<br />

poderia justificar as diferenças ocorridas em relação<br />

à umidade entre os mesmos.<br />

A maior viscosidade encontrada foi a do<br />

tratamento 2, que diferiu significativamente dos<br />

demais, provavelmente devido à presença de<br />

inulina, que forma um gel em contato com água<br />

ou leite, aumentando o corpo dos produtos<br />

(Roberfroid e Slavin, 2000). Apesar do aumento<br />

do EST, em geral, aumentar a viscosidade<br />

(Martín-Diana et aI., 2003), os demais<br />

tratamentos não deferiram entre si (p>0,05).<br />

Em relação à variação do pH e da acidez<br />

dos tratamentos, durante o tempo de armazenamento<br />

para todos os tratamentos, observouse<br />

que o pH diminuiu e a acidez titulável aumentou<br />

com o decorrer do tempo de estocagem. Este<br />

comportamento fo i similar ao relatado na<br />

literatura, indicando que houve a continuidade<br />

da atividade metabólica dos microrganismos,<br />

embora em velocidade mais baixa, devido à baixa<br />

temperatura de estocagem (Silva el a/., 1993).<br />

4 - CONCLUSÕ ES<br />

Neste trabalho foi possível constatar que a<br />

elaboração de iogurte com leite de cabra<br />

prcbiótico, sabor morango, foi viável sob o ponto<br />

de vista nutricional e legal conforme indicam os<br />

resultados obtidos.<br />

Tabela 5 - Avaliação da composição centesimal e das propriedades físico-químicas do iogurte de leite<br />

de cabra prebiótico.*<br />

Análises<br />

Proteínas (% mim)<br />

Carboidratos (% m/v)<br />

EST (% mim)<br />

Umidade (% mim)<br />

Cinzas (% mim)<br />

pH<br />

Acidez (OD)<br />

Viscosidade (cP)<br />

3,34 ± 0,28 "<br />

12,78 ± 0,97 " (I)<br />

20,33 ± 1,19 "<br />

79,67 ± 1,19"<br />

0,796 ± 0,06 "<br />

4,59 ± 0,03"<br />

74,57 ± 6,27"<br />

90,00 ± 10"<br />

3,26 ± 0,67 "<br />

15,95 ± 3,73 " C<br />

20,88 ± 4,2 1 " C<br />

77, 12 ± 4,2 1 "C<br />

0,756 ± 0,03 "<br />

4,55 ± 0,08.1<br />

72,97 ± 5,40"<br />

230,00 ± 26,46 h<br />

2,92 ± 0,49 "<br />

3,08 ±0,48 "<br />

17,66 ± 0,53 hc<br />

24,39 ± I, 14 hc<br />

75,6 I ± I, I 4 hc<br />

0,736 ± 0,03 "<br />

3,17 ± 0,26 "<br />

3,07 ± 0,56 "<br />

16,96 ± 1,00 hc<br />

23,94 ± 0,33 de<br />

76,06± 0,33 "C<br />

0,747 ± 0,0 I "<br />

4,61 ± 0,07" 4,62 ± 0,06"<br />

74,98 ± 8,57" 77,45 ± 9, 11"<br />

88,33 ± 10,41 " 143,33 ± 40,4 1 a<br />

* Média de três repetições, em duplicata. ** Tratamentos: 1 (sem inulina e oligofrutose); 2 (5.0% m/v de inulina); 3 (5.0%<br />

m/v de oligofrutose); 4 (2,5: 2,5% m/v, inulina: oligofrutose). (i) Para cada variável, médias seguidas por letras iguais nas<br />

linhas indicam não haver diferença significativa entre os tratamentos ao nível de 5% de probabilidade, de acordo com o<br />

Teste de Tukey .I'fl/dellfized (HSD).<br />

SUMMARY<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Food researchers and food industries have<br />

an increasing interest on the deveIopment of<br />

new products which functional components or<br />

substances, and among these, stand out the<br />

prebiotics inulin and oligofructose. Goat's milk<br />

has higher digestibility and lower aIlergenic<br />

properties than cow's milk. The aim of this work<br />

was to evaluate the viability to elaborate<br />

prebiotic goat's milk yogurt, strawberry f1avor,<br />

in the spite of centesimal composition and<br />

physical-chemical properties. Four yogurts<br />

(treatments I, 2, 3 and 4), were elaborated with<br />

different inulin and oligofructose concentrations<br />

[0,0:0,0%; 5,0:0,0%; 0,0:5,0% and 2,5:2,5% (wl<br />

v), respectively]. Goat milk and yogurts were<br />

submitted to evaluation of centesimal<br />

composition and physical-chemical propcrties.<br />

Through the obtained l'esults of the centesimal<br />

composition and physical chemical pl'operties,<br />

was possible to elaborate pl'ebiotic goat's milk<br />

yogurt, strawberl'Y f1avol'.<br />

Key-words: yogul't, goat's milk, inulin,<br />

oligofl'uctose, physical-chemical analysis.<br />

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NITSCHKE, M., UMBELINO, D.C.<br />

Frutooligossacarídeos: novos ingredientes<br />

funcionais. Boletim SBCTA, Campinas, v. l, n.<br />

36, p. 27-34, jan/jun. 2002.<br />

ORAFTI ACTIVE FOOD INGREDIENTS.<br />

Technical properties of RAFTILINE and<br />

RAFTlLOSE, 2000.<br />

PEREIRA, D. B. c.; et aI. Físico-química do<br />

leite e derivados. Métodos analíticos. 2. ed.<br />

Juiz de Fora (MG): EPAMIG. 2001.<br />

ROBERFROID, M.; SLAVIN, J. Nondigestible<br />

oligosaccharides. Criticai Rcviews in Food<br />

Science and Nutrition. [S.I.], v. 40, n. 6, p.<br />

461 -480, 2000.<br />

SAMPSON, H. A. Update on food allergy.<br />

Current reviews of allergy and clinicai<br />

immunology, v. 113, p. 805-8 19, 2004.<br />

TUOHY, K.M.; et aI. Using probiotics and<br />

prebiotics to improve gut health. Drug Discovery<br />

Today, [S.I.], v. 8, n. 15, p. 692-700, 2003.<br />

• • • •<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

IMPLANTAÇÃO DAS BOAS PRÁTICAS AGROPECUÁRIAS (BPA) EM QUEIJARIAS<br />

ARTESANAIS NA COMUNIDADE DOS CATULÉS, MUNiCíPIO DE SERRA DO SALlTRE-MGl<br />

Practices Good Combined Agricultural program (GAP) implantation in artisanal dairies<br />

in the community of Catulés, Serra do Salitre-MG municipal districtl<br />

RESUMO<br />

Carlos Henrique Fonseca2<br />

Accácia Júlia Guimarães Pereira3<br />

o queijo Mil/as artesanal (QMA) é produzido há quase trezentos anos na recrião da Serra do<br />

Salitre-MG. O objetivo desse trabalho foi verificar a viabilidade em se implan7ar um programa<br />

de Boas Práticas Agropecuárias (BPA) voltado à agroindústria artesanal de queijo Minas e<br />

embasado na legislação estadual. Foram selecionadas sete queijarias classificadas conforme<br />

a capacidade de produção, em: pequenas, médias e grandes. Como resultado, as queijarias A<br />

(88,) .<br />

. e E (90,4) alcançaram os melhores resultados na pontuação ponderada e fo ram<br />

classIfIcadas como MUITO BOM. As demais queijarias obtiveram pontuações entre 52,9 a<br />

6 e foram classificadas como REGULARES . Considerando o grau de risco para a segurança<br />

alImentar, na análise preliminar, as queijarias A e E foram enquadradas na classe I, como<br />

de MENOR RISCO e as demais, na classe 2 como de ALTO RISCO. No decorrer da pesquisa<br />

.<br />

observou-se llelhofla na condição higiênico-sanitária das queijarias, principalmente quando<br />

e stas :onseglllam se adequar às exigências legais através dos requisitos de BPA, reduzindo o<br />

.<br />

riSCO a segurança alimentar.<br />

Pal . vras chav . e: Boas práticas agropecuárias; queij o artesanal; queijo Minas tipo Araxá;<br />

queIJo Mll1as tIpO Serra do Salitre; queijo Minas tipo Alto Paranaíba.<br />

1 - INTRODUÇÃ O<br />

Serra do Salitre, mUl1lClplO pertencente à<br />

região do Alto Paranaíba-MG, produz 149<br />

toneladas mensais de queijo Minas artesanal em<br />

suas 260 queijarias (ENCONTRO ... , 2000). Não<br />

existem dados na literatura sobre qualidade<br />

microbiológica do queijo da Serra do Salitre.<br />

Presume-se que os problemas sejam análogos<br />

àqueles pesquisados nas regiões do Serro<br />

(ALEXANDRE, 2001; MACHADO, 2002) e da<br />

Canastra (REIS, 1998). A legislação exige que o<br />

queijo Mil/os seja produzido com leite de vaca<br />

integral fresco, retirado e beneficiado na<br />

propriedade de origem. O leite e queijo<br />

cOItamina . dos podem veicular zoonoses q le<br />

sertam eVItadas mediante controle sanitário<br />

Parte da ? issertação de Mestrado em Ciência de Alimentos apresentada à UFMG.<br />

2 EngenheIro de Alimentos bolsista CAPES.<br />

3 Professor Adjunto FAFAR/UFM G.<br />

Apoio: CA PES.<br />

animal, garantindo a saúde animal e a segurança<br />

do consumidor (ALMEIDA et aI. (2003c). Os<br />

manipuladores de alimentos constituem um grupo<br />

de relevância epidemiológica na transmissão de<br />

parasitos intestinais (LOURENÇO et aI., 2002).<br />

A abordagem "boas práticas agropecuárias -<br />

BPA" é proposta neste estudo em substituição a<br />

terminologia "boas práticas de fabricação -<br />

BPF", utilizada pela maioria dos pesquisadores e<br />

legislação sanitária. O objetivo deste trabalho<br />

fo i lançar as bases para a implantação do<br />

Programa de BPA para queijo Minas, preservando<br />

a identidade artesanal e agregando valores como<br />

segurança alimentar e qualidade higiênicosanitária.<br />

3 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

O experimento fo i realizado em sete<br />

queijarias artesanais agrupadas pela capacidade<br />

de produção (CP), em: pequenas, médias e<br />

grandes. As questões da lista de verificação das<br />

BPA foram organizadas em oito blocos: controle<br />

da sanidade do rebanho (CSR), controle do<br />

abastecimento e potabilidade da água (APA),<br />

construção das instalações dos animais (C IA),<br />

localização e construção da queijaria (LCQ),<br />

instalações, equipamentos e utensíl ios da<br />

queijaria (lEQ), controle, garantia da qualidade<br />

e segurança do leite (CQL), controle do processo<br />

do queijo Minas artesanal (CPQ) e condição<br />

higiênico-sanitária da queij aria (CHQ). As<br />

queijarias foram classificadas quanto ao risco para<br />

a segurança alimentar (BRASIL, 1999a), em:<br />

baixo (grupo I), médio (2) e alto risco (3). Os<br />

grupos I e 2 deveriam atender integralmente<br />

aos itens CSR e APA e 76 a 100% dos demais<br />

itens (grupo I) e 51 a 75% (grupo 2). As queijarias<br />

do grupo 3 deixariam de atender a um ou mais<br />

itens CSR e APA. A pontuação não ponderada, o<br />

peso (W) dos blocos e a pontuação ponderada<br />

(PPB) de cada bloco foram calculados conforme<br />

PINTO (200 I) e as queijarias classificadas como<br />

excelente (96 a 100): muito bom (89 a 95); bom<br />

(76 a 88); regular (4 1 a 75) e ruim (menor que<br />

41). O controle sanitário do rebanho fo i<br />

acompanhado e realizados testes diagnósticos de<br />

Figura 1<br />

Controle do processo do queijo ninas artesanal 1======:=1<br />

Instalações, equiparrentos e utensiios da ======::J<br />

queijaria<br />

J..<br />

Construção das instalações dos anirmis I=====::::J<br />

mamite, tuberculose e brucelose por veterinário<br />

credenciado no Instituto Mineiro de<br />

Agropecuária - IMA local. A água da queijaria A<br />

foi analisada em laboratório oficial. Dezessete<br />

amostras de queijo Minas com dois dias de<br />

fabricação foram analisadas conforme exigência<br />

para credenciamento das queij arias no l MA<br />

(MINAS GERAIS, 2002a; BRASIL, 2003c).<br />

4 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

A Figura 1 compara os valores dos pesos<br />

entre os blocos, mostrando que os blocos CSR e<br />

APA obtiveram o maior peso por apresentarem<br />

todos os itens imprescindíveis. Os blocos CQL<br />

e LCQ obti veram ponderaç ão intermediária<br />

quanto à segurança alimentar e qualidade esperada<br />

do produto. A estratificação da pontuação das<br />

queijarias é mostrada na Figura 2.<br />

A pontuação ponderada das quelJanas A<br />

(88,6) e E (90,4) as classifica como MUITO BOM<br />

e da queijaria G (65%), como REGULAR. O<br />

diferencial entre as queijarias A e G é o foco do<br />

produtor da queijaria A no controle de zoonoses,<br />

manejo do rebanho e potabilidade da água de<br />

abastecimento. Os resultados obtidos evidenciam<br />

que o peso dado à qualidade final do queijo é função<br />

direta e obrigatória da obtenção e manutenção da<br />

qualidade do leite, principalmente nos quesitos<br />

dos blocos CSR, APA, CIA e manejo do gado.<br />

Controle da sanidade do rebanho t============:=J<br />

Peso dos blocos (W)<br />

Contribuição de diferentes itens no cálculo do peso dos blocos.<br />

63,2 62,7<br />

C D E<br />

Queij arias artesanais<br />

Figura 2 - Pontuação ponderada das queijarias quanto aos requisitos de BPA<br />

digitalizado por<br />

G<br />

arvoredoleite.org


Quanto ao grau de risco para a segurança<br />

alimentar as queijarias A e E atenderam<br />

integralmente aos quesitos dos blocos CSR e APA<br />

e obtiveram 82% (A) e 85% (E) de atendimento<br />

aos itens dos demais blocos, sendo enquadradas<br />

na classe BAIXO RISCO para a segurança<br />

alimentar. As demais queijarias, por não<br />

atenderem integralmente os blocos CSR e APA,<br />

fo ram classificadas como ALTO RISCO para a<br />

segurança alimentar. A queijaria A foi credenciada<br />

na delegacia regional do IMA. seccional<br />

Patrocínio-MG em 20 de abril de 2004,<br />

atendendo ao disposto na Lei nl1 14 185 (MINAS<br />

GERAIS, 2002a). O produtor Vanderlino dos Reis<br />

Moreira foi o primeiro produtor de queijo Minas<br />

artesanal a receber o certificado (nU QA667/293-<br />

A) comprobatório da procedência e qualidade da<br />

queijaria da Fazenda "Chicão", deixando para<br />

trás o statlls quo da clandestinidade do queij o<br />

minas artesanal que persistia há mais de dois<br />

séculos (Figura 3a,b,c).<br />

(a) Certificado do IMA<br />

(b) Entrega do certificado pelos presidentes do<br />

IMA e da EMATER-MG.<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />

(c) Produtor Vanderlino Reis Silva e esposa<br />

ladeados pelos engenheiros Carlos H. Fonseca<br />

e Wi Ison J. Rosa.<br />

Figura 3 - Certificação do primeiro produtor<br />

5 - CONCLUSÕ ES<br />

cadastrado no Programa de Produção<br />

do queijo Mil/as artesanal na<br />

comunidade dos Catulés, Serra do<br />

Salitre-MG<br />

I. Todas as queijarias pesquisadas fabricavam<br />

o queijo Mil/(/,\' artesanal segundo<br />

as tradições históricas e culturais<br />

regionais.<br />

2. As qucij arias artcsanais grandes (A e E)<br />

alcançaram mclhorcs rcsultados c foram<br />

classificadas como MUITO BOM,<br />

correspondcndo a uma pontuação<br />

ponderada de 88.6 e 90,4% . As demais<br />

qlleijarias foram classificadas como<br />

REGULARES (52,9 a 65%),<br />

3. Considerando o grau de risco para a<br />

segurança alimentar, na análise preliminar,<br />

as queij arias A c E fo ram<br />

cnquadradas na classe I, como de<br />

MENOR RISCO e as demais, na classe 3<br />

como de ALTO RISCO.<br />

4. As instalações físicas para os animais,<br />

como curral de espera e sala de ordenha,<br />

bem como o padrão de construção das<br />

novas queijari as atendem de forma<br />

complcta às exigências higiênicosanitárias<br />

para o credenciamento destes<br />

produtores artesanais junto ao IMA.<br />

SUMMARY<br />

The handcrafted cheese Minas (QMA) is<br />

produced there is almost three hundred years in<br />

Serra do Salitre-MG region. The goal of this work<br />

was going to verify the viability in if it implants<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

a Practices Good Combined Agricultural program<br />

(GAP) returned to agribllsiness of cheese Minas<br />

and based in the state legislation. They were<br />

going selected seven artisanal dairies classified<br />

as the production capacity, in: small, averages<br />

and big. Like result, artisanal dairies A (88,6)<br />

and E (90,4) they reached the best results in the<br />

pondered punctuation and were going classified<br />

Jike VERY GOOD. Te other artisanal dairies<br />

obtained punctuations between 52,9 to 65 and<br />

were going c1assified like MORE OR LESS.<br />

Considering the risk degree for the alimentary<br />

safety, in the preliminary analysis, artisanal<br />

dairies. A and E were going framed in the class I,<br />

like of SMALLER RISK and the other, in the<br />

class 2 like of HIGH RISK. During the research<br />

it observed improvement in artisanal dairies<br />

hygienic-sanitary condition, mostly when this<br />

ones got if it adapts to the legal exigencies<br />

through GAP's requisites, redllcing the risk to<br />

the alimentary safety.<br />

Key-words: Practices Good Combined<br />

Agricultural program (GAP); artisanal cheese;<br />

cheese Minas kind Araxú; cheese Minas kind Serra<br />

do Salitre.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

EMATER-MG; FA MEV/UFU Escola de<br />

Medicina Veterinúria da Universidade Federal de<br />

Uberlândia; Faculdade de Farmúcia da<br />

Universidadc Federal de Minas Gerais (FAFAR);<br />

CAPES .<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

ALEXANDRE, D.P. Atividade antimicrobiana<br />

de bactérias lúcticas isoladas de queijo Minas<br />

artesal/al do Serro (MG), .Ii·ente a 111 icrorgan iSIllO,l'<br />

indicado res. 200 I. 47 f. Dissertação (Mestrado<br />

em Tecnologia e Inspeção de Produtos de Origem<br />

Animal) - Escola de Veterinúria, Universidade<br />

Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 200 I.<br />

ALMEIDA, E.F.L. CO/ltrole sallitário animal /la<br />

produçüo de qudio Mil/ as artesanal. In:<br />

REUNIÃO ' SOBR ' E O QUEIJO MINAS<br />

• • • •<br />

digitalizado por<br />

ARTESANAL. Bambuí, EMATER-MG. fev. 2003.<br />

BRASIL. Ministério da Agricultura e do<br />

Abastecimento. Portaria nU 56 de 7 de dezembro<br />

de 1999a. Regulamentos técnicos para<br />

produção, identidade e qualidade de leite tipo<br />

A, B e C; leite cru resfriado; leite pasteurizado;<br />

leite de cabra e coleta de leite cru resfriado e<br />

seu transporte a granel. Diário Oficial, Brasília,<br />

I, n° 234, 8 dez. 1999.<br />

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuúria e<br />

Abastecimento. Instrução Normativa nU 62, de<br />

26 de agosto de 2003c. Aprova os Métodos<br />

Analíticos Oficiais para Análise Microbiológica<br />

para Controle de Produtos de Origem Animal e<br />

Água. Diário Oficial, Brasília, 26 ago. 2003.<br />

ENCONTRO técnico sobre queij o artesanal.<br />

Belo Horizonte: Organização das Cooperativas<br />

do Estado de Minas Gerais, 2000. 42p.<br />

LOURENÇO, A.E.P. et aI Enteroparasitores em<br />

manipuladores de alimel/ tos de hospitais da<br />

cidade de Niterói-Ri, Brasil. Higiene Alimentar,<br />

v. 16, n. 77, p. 16-21, 2002.<br />

MACHADO, E.C. Características físicoquímicas<br />

e sensoriais do queijo Minas Artesanal<br />

produzido /la Regiiio do Serro, Minas Gerais.<br />

2002. 49f. Dissertação (Mestrado em Tecnologia<br />

e Inspeção de Produtos de Origem Animal) -<br />

Escola de Veterinúria, Universidade Federal de<br />

Minas Gerais, Belo Horizonte, 2002.<br />

MINAS GERAIS. Assembléia Legislativa do<br />

Estado de Minas Gerais. Lei nU 14 185 de 31 de<br />

janeiro de 2002a. Processo de produção do<br />

queijo Mil/as artesa/lal. Diário do Executivo,<br />

Belo Horizonte, I fev. 2002.<br />

PINTO, R.G. Avaliação das boas práticas de<br />

IabriclI çüo e da qualidade JIlicrobiológica na<br />

produçüo de püo de queijo. 200 I. 179f.<br />

Dissertação (Mestrado em Ciência de Alimentos)<br />

- Faculdade de Farmácia, Universidade Federal<br />

de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2001.<br />

REIS, A.R. Ca ra cterizaçüo fís ico-química e<br />

idelltlicaçüo dos elementos metálicos dos<br />

queijos Mi/las do Serro e Minas da Serra da<br />

Canastra. 1998. 96f. Dissertação (Mestrado em<br />

Ciência de Alimentos) - Faculdade de Farmácia,<br />

Universidade Federal de Minas Gerais, Belo<br />

Horizonte, 1998.<br />

• • • •<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

QUEIJO MINA S ARTESANAL: TECNOLOGIA DE FABRICAÇÃO NA SERRA DO SALlTRE ­<br />

REGIÃO DO ALTO PARANAíBA-MGl<br />

Handcrafted Minas cheese: production technology in Serra do Salitre - region of Alto<br />

Paranaíba-MG<br />

RESUMO<br />

Carlos Henrique Fonseca2<br />

Accácia Júlia Guimarães Pereira3<br />

Wilson José Rosa4<br />

A tecnologia de fabricação do queijo Minas artesanal na Serra do Salitre-MG data do<br />

Século XVIII e utiliza leite de vaca sem tratamento térmico, produzido na propriedade de<br />

origem da queijaria. Foi acompanhada a fabricação do queijo Minas util izando o modo de<br />

produção artesanal, em sete queijarias, classificadas como pequenas , médias e grandes, de<br />

acordo com a capacidade de conversão do leite em queijos. Foi elaborado um fluxograma<br />

de processo representando a tecnologia artesanal de fabricação do queijo utilizada na<br />

região. Cada etapa do processo foi descrita enfatizando os pontos mais característicos da<br />

região estudada. Foram obtidas imagens digitais do modo de produção nas queijarias da<br />

região e das peculiaridades do artesanato do queijo no interior de Minas Gerais, constituindo<br />

referencial técnico da fabricação do queijo Minas artesanal no Alto Paranaíba.<br />

Palavras-chave: queijo; queijo Minas artesanal; leite cru; agricultura familiar; queijaria<br />

rural; cultura mineira<br />

1 - INTRODUÇÃ O<br />

As tradicionais regiões quelJelras do Serro<br />

e da Canastra reúnem cerca de I 000 produtores<br />

artesanais. A inclusão da Serra do Salitre<br />

representa as outras regiões produtoras menos<br />

conhecidas, contudo sedia muitas unidades de<br />

produção (ENCONTRO ... , 2000). Minas Gerais,<br />

através do Decreto nU 42 645, regulamenta a Lei<br />

n" 14 185 de 31/ 1/2002, entende por queijo<br />

Minas artesanal: "queijo elaborado, na<br />

propriedade de origem do leite, a partir do leite<br />

cru, hígido, integral e recém-ordenhado,<br />

utilizando-se na sua coagulação somente<br />

quimosina de bezerro pura e na prensagem<br />

somente o processo manual, e que o produto<br />

fi nal apresente consistência firme, cor e sabor<br />

próprios, massa uniforme, isenta de corantes e<br />

conservantes, com ou sem olhaduras mecânicas,<br />

Trabalho realizado em parceria com a EMATER-Mo.<br />

2 Mestre em Ciência de Alimentos pela UFMo.<br />

3 Prof. Adjunto IV FAFAR/UFMo.<br />

4 Eng. Agrônomo EMATER-Mo.<br />

Apoio: EMATER-Mo.<br />

conforme a tradição histórica e cultural da região<br />

do Estado onde for produzido" (MINAS GERAIS,<br />

2002b). Cada qucijaria produz em torno de quinze<br />

queijos/dia, consumindo oito a dez litros de leite/<br />

forma de queijo e mão-de-obra familiar de três<br />

pessoas (EMATER-MG, 2003).<br />

Muitos pesquisadores tcntam uniformizar a<br />

produção do queijo Minas e diversos trabalhos<br />

sugerem a continuidade dcsses estudos<br />

(ALEXANDRE, 200 I; BARROS, 200 I). Mais da<br />

metade dos produtores rurais da Serra do Salitre<br />

obtém menos de cinqüenta litros de leite/dia. A<br />

região possui 260 queijarias que produzem 129<br />

toneladas de queijo Minas/mês (ENCONTRO ....<br />

2000). A indefinição legal da identidade e qualidade<br />

do queijo Minas artesanal é um problema antigo<br />

(VARGAS, 1998), agravado pelas mudanças<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATIcíNIOS<br />

econômicas na agropecuana, que pressionam<br />

pequenos produtores a abandonar o agronegócio<br />

queijo artesanal. O queijo Minas padrão é<br />

provavelmente o mais antigo e original queijo<br />

brasileiro produzido em Minas Gerais, São Paulo,<br />

Rio de Janeiro e Paraná, onde recebe vári as<br />

denominações. Possui como variedades: queijo do<br />

Serro, queijo Catiara, queijo da Lua, queijo Araxá<br />

e queij o de coalho, todos de fabricação artesanal<br />

a partir do leite cru (RIBEIRO, 1959). Os queijos<br />

produzidos na região, apesar da qualidade superior<br />

agregar maior valor de mercado, são vendidos para<br />

fora do estado como queijo tipo Araxá<br />

Fonte: FONSECA (2004)<br />

Figura 1 - Fluxograma de fabricação do queijo Minas do Salitre<br />

digitalizado por<br />

(ENCONTRO ... , 2000) mantendo o anonimato<br />

das queijarias da Serra do Salitre.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

O experimento foi realizado na Comunidade<br />

dos Catulés, um pequeno povoado na Região do<br />

Alto Paranaíba pertencente ao Município de<br />

Serra do Salitre-MG, no período de fevereiro de<br />

2003 a março de 2004. Foram visitadas quinze<br />

queijarias artesanais escolhidas aleatoriamente.<br />

Dessas queijarias, sete produtores se interessaram<br />

em participar da pesquisa, constituindo uma<br />

o quell" Mill(/.' dJ'lc,,,nal ua Srr


amostra de queijarias grandes I (A, E e G), médias"<br />

(B e O) e pequenas.1 (C e F), com volume de leite<br />

convertido em queijos entre 100 a 460 litros/<br />

dia, representativa da região estudada. O processo<br />

de fabricação do queijo foi acompanhado em<br />

todas as queij arias visitadas. A tecnologia de<br />

fabricação do queijo era artesanal o leite,<br />

exclusivo da propriedade de origem, não sofria<br />

tratamento térmico e o queijo era prensado<br />

manualmente. Todas as queij arias util izavam<br />

mão-de-obra familiar.<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

O processo de elaboração do queijo Minas<br />

artesanal na Serra do Salitre segue os moldes<br />

utilizados no Século XVIII e mudou muito pouco<br />

desde então. O queijo Minas foi produzido com<br />

leite de vaca integral fresco, ordenhado e<br />

beneficiado na queijaria da propriedade de origem,<br />

seguindo procedimentos da tecnologia artesanal.<br />

A Figura I apresenta o fluxograma de fabricação<br />

do queijo Minas artesanal na Serra do Sal itre.<br />

4 - CONCLUSÃ O<br />

Todas as queijarias pesquisadas fabricavam o<br />

queijo Mina.\" segundo as tradições e cultura da região<br />

estudada. Por força da sua tradição histórica, a<br />

fabricação do queijo Minas artesanal já se integrou<br />

ao perfil de Minas Gerais e como tal deve ser<br />

respeitada e preservada. Cabe aos técnicos propor<br />

alternati vas para melhorar o aspecto higiênicosanitário<br />

do queijo artesanal, valorizando a<br />

identidade do produtor no seu habitat e o queijo,<br />

traço característico de ser "mineiro". É preciso<br />

exercer a "mineiridade" local como resposta às<br />

tendências globalizantes, aprendendo a enxergar,<br />

além das tradições. a necessidade do fazer com<br />

arte para poder mostrar às novas gerações, a<br />

evolução de um povo no contexto cultural do país.<br />

SUMMARY<br />

The cheese production technology Minas<br />

homemade in Serra do Salitre Century XVIII date<br />

and uses cow's milk without thermal treatment<br />

produced in origin property. It was goin<br />

accompanied the Minas cheese production using<br />

the homemade production way, in seven dairy<br />

farm, classified like small, averages and big,<br />

according with the milk conversion capacity in<br />

cheeses. It was going elaborated a flow diacrram<br />

of process representing the cheese prodution<br />

homemade technology used in the region. Each<br />

process stage was describe emphasizing the most<br />

characteristic points in the studied region. They<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

were going obtained production way digital imacres<br />

in dairy farm oI' the region and of the che:se<br />

workmanship peculiarities inside Minas Gerais<br />

constituting a referencial technical oI' the chees<br />

production Minas homemade in Alto Paranaíba;<br />

Key-words: cheese; raw milk;<br />

agriculture: dairy farm; mining culture.<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

ALEXANDRE, D.P. Atividade antil1licrobiana<br />

de bactérias lcícticas isoladas de queijo Minas<br />

artesanal do Serro (MG), frente a<br />

lIlicrorganisll/os indicadores. 200 I. 47f.<br />

Dissertação (Mestrado em Tecnologia e Inspeção<br />

de Produtos de Origem Animal) - Escola de<br />

Veteri nária, Universidade Federal de Minas<br />

Gerais, Belo Horizonte, 200 I.<br />

BARROS, C. M. V. illfluência da cultura lcíctica.<br />

lípase. salga e elllbalagem !las características<br />

físico-químicas e sensoriais do queijo Minas<br />

Curado. 200 I. 82f. Dissertação (Mestrado em<br />

Ciência de Alimentos)-Faculdade Farmácia,<br />

Universidade Federal de Minas Gerais, Belo<br />

Horizonte, 200 I.<br />

EMATER-MG (Empresa de Assistência Técnica<br />

e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais).<br />

Cara Cleri::.açüo da lJI icrorregiúo do Alto<br />

Paral/aíha cO/I/O produtora do queijo Minas<br />

artesa n a l. Patos de Minas : DETEC-EMATER­<br />

MG, ou!. 2003.<br />

ENCONTRO técnico sobre queijo artesanal.<br />

Belo Horizonte: Organização das Cooperativas<br />

do Es tado de Minas Gerais. 2000. 42 p. (Projeto<br />

de apoio aos queijos tradicionais de fabricação<br />

artesanal de Minas Gerais).<br />

FONSECA, C.H. Avaliação dos pré-requisitos do<br />

programa de boas práticas agropecuárias na<br />

qualidade higiênico-sanitári a do queijo Minas<br />

artesanal da região da Serra do Salitre-MG. 2004.<br />

248f. Disse rtação (Mestrado em Ciência de<br />

Alimentos) - Faculdade de Farmácia, Universidade<br />

Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2004.<br />

MINAS GERAIS. Assembléia Legislativa do<br />

Estado de Minas Gerais. Decreto nl! 41 645. de 5<br />

de junho de 2002b. Regulamento da Lei nl! 14<br />

185 de 31 de janeiro de 2002, que dispõe sobre o<br />

processo de produção de queijo Minas Artesanal.<br />

Diário do Executivo, 6 jun. 2002.<br />

RIBEIRO, J.A. Queijos do Brasil. ReI'. /I/st. Latic.<br />

Cândido To stes, v. 14, p.33-34, 1959.<br />

VA RGAS. O.L.; PORTO, M.A.C.; BRITO. A.L.<br />

Características de origens para os queijo'\"<br />

1/atllrais de Millas Gerais: municípios do Serro<br />

e de São Roque de Minas. Juiz de Fora: EPAMIG,<br />

1998, 38p. (Relatório Oficial ).<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

QUEIJARIAS ARTESANAIS DO ALTO PARANAíBA E SERRA DA CANASTRA: O<br />

TRADICIONAL QUARTO DE QUEIJO DO SÉCULO XVIII CEDE ESPAÇO PARA AS<br />

QUEIJARIAS CERTIFICADAS NO INSTITUTO MINEIRO DE AGROPECUÁRIA<br />

Artisanals dairies farms of Alto Paranaíba and Serra da Canastra: century XVIII<br />

traditional cheese room opens space for dairy farm certified in the Instituto Mineiro<br />

Agropecuária-IMA<br />

RESUMO<br />

Carlos Henrique Fonseca1<br />

Accácia Júlia Guimarães Pereira2<br />

Wilson José Rosa3<br />

No século XVIII, com a corrida do ouro em Minas Gerais, os portugueses trouxeram<br />

técnicas de fabricação do queijo Serra da Estrela. O local de fabricação dos queijos era um<br />

anexo das moradias nas fazendas às margens dos caminhos que levavam ao Rio de Janeiro;<br />

daí a denominação qllarto de queijo: local de produção, maturação e comercialização do<br />

queijo artesanal. Foram realizadas visitas técnicas às regiões Alto Paranaíba e Canastra,<br />

registrando-se o nível de manejo do gado e da queijaria, a ambiência, técnica de construção.<br />

posição geográfica, abastecimento de água, e forma de descarte do soro de queijo. Existem<br />

várias queijarias fu ncionando do mesmo modo que há mais de duzentos anos e muitas<br />

outras em processo de modernização, visando a adequação legal. seja através de reformas<br />

na estrutura física ou construção de novas instalações em alvenaria.<br />

Palavras chave: queijo; queijo Minas artesanal; instalações; construções rurais;<br />

agronegócios; agricultura familiar; queijaria rural; alimentos; cultura mineira.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

A origem dos queijos mineiros ainda não<br />

está bem elucidada. Algumas fazendas mineiras<br />

produziam um queijo, obtido de maneira simples,<br />

com pouca maturação, que tinha boa aceitação<br />

no mercado da capital do Império. Surgia ali<br />

o "queijo de Mi!las", hoje conhecido como<br />

"Minas curado" (LEANDRO, I 987). O queijo<br />

artesanal é um alimento vivo. Na maturação, o<br />

queijo mineiro expressa sua identidade,<br />

adquirindo coloração dourada típica e textura<br />

macia. Em todo o mundo. regiões montanhosas<br />

sempre foram as últimas a ser alcançadas pelos<br />

avanços da técnica e da comercialização (CERRI,<br />

2002). A questão Boas Práticas Agropecuárias<br />

Mestre em Ciência de Alimentos.<br />

2 Professor adjunto da FAFAR/UFMG.<br />

3 Engenheiro agrônomo da EMATER-MG.<br />

Apoio: CAPES, EMATER-MG.<br />

digitalizado por<br />

(BPA) é uma abordagem muito recente quando<br />

se trata das ferramentas para assegurar a<br />

qualidade do leite e derivados. Não foram<br />

encontrados na literatura trabalhos que fi zessem<br />

referência à terminologia BPA. A maioria dos<br />

pesquisadores aborda o tema indiretamente<br />

dentro das Boas Práticas de Fabricação (BPF).<br />

O Programa Alimentos Seguros (PAS) criado em<br />

2002 pela ANVISA e o Projeto APPCC,<br />

implantado nas indústrias de alimentos pelo<br />

SENAIISEBRAE a partir de 1998, ainda focaram<br />

a produção primária de alimentos voltada para<br />

o pequeno produtor e para a produção artesanal<br />

de alimentos.<br />

arvoredoleite.org


2 - MATERIAIS E MÉTODOS<br />

o programa de implantação das BPA<br />

proposto para sete queijarias da Serra do Salitre­<br />

MG previu ações pontuais, agregadas em blocos<br />

de afinidade de acordo com a legislação higiênicosanitária<br />

estadual e federal.<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

o programa de BPA proposto para as<br />

queijarias da Serra do Salitre-MG traduziu-se em<br />

ações simples para implementar recomendações<br />

higiênico-sanitárias para a segurança alimentar<br />

na cadeia do queijo artesanal. A linha de ação do<br />

programa BPA priorizou as instalações da queijaria<br />

e arredores, o controle sanitário do rebanho e a<br />

higiene pessoal do queijeiro. A Figura 1 mostra<br />

detalhes do manejo dos animais (a,b,c) e as<br />

deficiências no âmbito higiênico-sanitário (d, e,<br />

f) de uma queijaria da Serra do Salitre. As Figuras<br />

2 e 3 mostram alguns detalhes das instalações<br />

para os animais e manejo de uma queijaria<br />

tradicional na região da Serra do Salitre-MG.<br />

A Figura 3 mostra a inexistência de barreira<br />

sanitária efetiva na queijaria, com presença de<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />

animais na área comum da habitação e o<br />

compartilhamento das instalações (cochos de água<br />

e silagem) com aves e pássaros, implicando no<br />

cruzamento de possíveis agentes contaminantes.<br />

A próxima seqüência (Figura 5) mostra<br />

detalhes de uma queijaria artesanal credenciada<br />

no IMA. A construção rural é bastante funcional,<br />

mostrando o cuidado com que o produtor cuida<br />

da manutenção das instalações destinadas aos<br />

animais e suas adjacências . Essa propriedade é<br />

um modelo piloto de manejo planejado do gado,<br />

sanidade do rebanho e uma a alusão à possibilidade<br />

de transformar as BPA em hábitos de manejo e<br />

controle sanitário do rebanho e da queijaria<br />

rotineiros.<br />

As instalações de cada queijaria possuem<br />

particularidades e denotam a preocupação ou não<br />

do produtor quanto à sanidade dos animais da<br />

sua propriedade. No decorrer do período<br />

pesquisado o ritmo adotado por cada propriedade<br />

foi em função da disponibilidade de recursos para<br />

investimentos em melhorias, o que acarretou<br />

atrasos em alguns casos e o não cumpri mento<br />

das metas estabelecidas no programa por uma<br />

das queijarias do grupo. Todos os produtores se<br />

mostraram conscientes da importância das B PA<br />

(a) Cocho de alimentação (b) Curral de espera c) Bezerro ao pé antes da ordenha<br />

(d) Entrada do estábulo<br />

(e) Ordenha manual tradicional (f) Infestação de moscas no animal<br />

Figura 1 - Instalações dos animais e rotina de manejo numa<br />

queijaria do Alto Paranaíba-MG.<br />

(a) Ao fundo queijaria<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LAT IC Í NIOS<br />

(b) Sala de ordenha manual com cocho e piso de<br />

terra batida sem drenagem<br />

(c) Ordenha manual tradicional com bezerro ao pé da vaca e aves se alimentando dos restos de silagem e fezes<br />

Figura 2 - Instalações dos animais e rotina de manejo numa queijaria do Alto Paranaíba-MG<br />

(a) Área externa à queijaria (b) Curral de espera coberto (c) Aves nas instalações do gado<br />

Figura 3 - Instalações dos animais e adjacências numa queijaria da Serra do Salitre-MG<br />

(a) Curral<br />

(b) Adjacências entre curral e queijaria com esgoto a céu aberto<br />

Figura 4 - Detalhes das instalações dos animais e adjacências numa queijaria em Catulés-MG.<br />

digitalizado por<br />

arvoredoleite.org


(a) Cocho de alimentação<br />

no curral<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

(b) Detatal hes do curral, curral de espera e retirada do estrume<br />

(c) Adjacência curral e queijaria d) Detalhes da sala de ordenha mecânica com cochos individuais<br />

Figura 5 - Instalações dos animais e sala de ordenha de uma queij aria certificada no IMA<br />

para a sobrevivência do agronegócio queijo<br />

Minas artesanal.<br />

4 - CONCLUSÃO<br />

A fi gura do "queijeiro" descri ta por<br />

FURTA DO (1991) não desapareceu; adquiriu uma<br />

nova roupagem: a do técnico prútico que adaptou<br />

o modo tradicional de fazer o queijo a um novo<br />

ambiente, mais higiênico e menos propenso à<br />

contaminação microbiana. O "queijeiro<br />

certificado" agregou à sua habilidade artística,<br />

os cuidados higiênico-sanitários do trato com os<br />

animais à obtenção do leite e queijo, garantindo<br />

a sobrevivência do queij o artesanal pela<br />

conciliação da arte com a ciência. Ao classificar<br />

as queijari as artesanais quanto ao grau de risco<br />

para a inocuidade do queijo (BRASIL, 1999),<br />

genericamente chamada de segurança alimentar,<br />

a expectativa de qualidade do queijo produzido<br />

precisa garantir muito mais do que a inocuidade,<br />

cuja ausência ou suspeita da falta de inocuidade é<br />

fator de rejeição imediata do queijo artesanal<br />

pelo consumidor.<br />

SUMMARY<br />

In century XVIII, with the gold race in<br />

Minas Gerais, . portugueses brought technical of<br />

cheese production Serra da Estrela. The cheeses<br />

production location was a dwellings attachment<br />

in the farms to the ways margins that carried to<br />

Rio de Janeiro; thence the cheese denomination<br />

roolll: production location, homemade cheese<br />

maturation and commercialization. They were<br />

going accomplished technical visits to the<br />

regions Alto Paranaíba and Canastra, registering<br />

the cattle handli ng levei and of dairy farm,<br />

enviromental, technical of construction,<br />

geographical position, water supply, and form<br />

of discards of the cheese serum. There are several<br />

dairy farm working of the same way that more<br />

than two hundred years ago and many others in<br />

modernization process, aiming at legal<br />

adaptation, be through re forms in the new<br />

facilities physical structure or construction in<br />

masonry.<br />

Key words: cheese; homemade cheese<br />

Minas; fac ilities; rural constructions;<br />

agribusiness; family agriculture; dairy farm;<br />

victuals; mineira culture.<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância<br />

Sanitária. Resolução n" J 7 de 30 de abril de 1999.<br />

Aprova regulamento técnico que estabelece as<br />

diretrizes básicas para aval iação de risco e<br />

segurança dos alimentos. Disponível em: .<br />

Acesso em 17 de dezembro de 2002.<br />

CERRL C. Queijo: artesüos do .fit turo. Globo<br />

Rural, v. 17, n. 200, p. 36-46, 2002.<br />

FONSECA, C.H. Avaliação dos pré-requisitos do<br />

programa de boas práticas agropecuárias na<br />

quali.dade higiênico-san itária do queijo Minas<br />

artesanal da região da Serra do Salitre-MG. 2004.<br />

248f. Dissertação (Mestrado em Ciência de<br />

+ • • •<br />

Alimentos) Faculdade de Farmácia,<br />

Universidade Federal de Minas Gerais, Belo<br />

. Horizonte, 2004.<br />

FURTADO, M.M. A arte e {/ ciência do queijo .<br />

São Paulo: Globo. 199 I . 297p. (Publicações<br />

Globo Rural).<br />

LEANDRO, J.1. Queijos: origens, tipos,<br />

fa bricaçüo. conservaçüo, uso,\'. São Paulo, 2.ed.<br />

Summus, 1987. 151p.<br />

• • • •<br />

COMPARAÇÃO DO TEOR DE GORDURA DO LEITE DE TRÊS ESPÉCIES NO SUDOESTE<br />

DA BAHIA1<br />

Comparision of fat levei of milk of three species at Bahia southeast1<br />

RESUMO<br />

Cibele Costa Santos2<br />

Andréia Santos Cezário3<br />

Vitor Silva de Al meida2<br />

Leandro Soares Santos4<br />

Paulo Bonomos<br />

Cristina Mattos Veloso6<br />

O presente trabalho fo i realizado na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, em<br />

Itapetinga -BA. Neste experimento objetivou-se determinar o teor gordura do leite de três<br />

espécies: cabras da raça Saanen, búfalas da raça Murrah e vacas mestiças Holandês-Gir<br />

criadas em sistema de pastejo. O delineamento utilizado foi inteiramente ao acaso, obtendo<br />

cinco re petiçõcs de cada espécie. Quando comparados o leite de cabra e vaca, não<br />

apresentaram diferença estatística (P>0.05) nos teores de Gord ura, Extrato Seco Total<br />

(EST) e Extrato Seco Desengordurado (ESD). Porém o leite de búfala apresentou<br />

notadamente maiores valorl es em todas as variáveis estudadas.<br />

Palavras-chave: manejo alimentar, espécies animais, teor de gord ura.<br />

Projeto financiado pela Universidade Estad ual do Sudoeste da Bahia. UESB.<br />

2 Discente do Curso de Zootecnia, UESB. Itapetinga - Ba, Bolsista FAPESB.<br />

3 Mestranda em Zootecnia, UFV, Bolsista CNPq<br />

4 Discente do curso de Engenharia de Alimentos, UESB. Bolsista FAPESB.<br />

5 Docente Adjunto do Curso de Zootecnia, DEBI - UESB.<br />

6 Docente Adjunta do Curso de Zootecnia, DTRA - UESB. Pesquisadora CNPq.<br />

digitalizado por<br />

arvoredoleite.org


1 - INTRODUÇÃO<br />

Em função das suas características químicas<br />

e biológicas o leite é considerado um alimento<br />

de alta qualidade. No entanto, uma série de<br />

eventos pode reduzir a qualidade do leite. As<br />

avaliações do leite visam, em primeiro lugar,<br />

identificar estes fatores estranhos e, em segundo<br />

lugar, quantificar os compostos de interesse da<br />

indústria ou consumidor (gordura, caseína,<br />

lactose, proteína). Estas análises de maneira geral<br />

são de importância para a indústria, a fim de<br />

caracterizar a matéria prima para a confecção<br />

dos derivados do leite. .<br />

O leite de búfala apresenta características<br />

muito próprias e que permitem sua fácil<br />

identificação sob ponto de vista físico-químico<br />

e organoléptico. Seu sabor é peculiar, ligeiramente<br />

adocicado e é muito mais branco quando<br />

comparado ao leite bovino, devido a ausência<br />

quase total do caroten'O (pro-vitamina A), em<br />

sua gordura.<br />

A produção de gord ura do leite está<br />

relacionada ao consumo de volumoso, pois sua<br />

digestão no rúmen leva à formação do ácido<br />

acético principal precursor da gordura na glândula<br />

mamária. Vacas subalimentadas mantêm '0 nível<br />

de gordura no leite, retirando lipídeos das reservas<br />

corporais e essa condição pode se estender até<br />

que a vaca volte a receber a alimento visto que<br />

restrições nutricionais prejudicam a vida<br />

produtiva atual e fu tura das vacas. Segundo<br />

Bitencourt (2000), dos componentes do leite, o<br />

teor de gordura é o que mais pode variar em<br />

fu nção da ai i mentação, de modo geral,<br />

diminuindo com o aumento do volume de<br />

produção e ainda dietas com baixo teor de fibra<br />

deprimem a formação de gord ura. O presente<br />

trabalho teve como objetivo verificar possíveis<br />

diferenças entre os teores de gordura do leite de<br />

três diferentes espécies.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

Parte do presente experimento foi realizado<br />

na Universidade Estadual do Sudoeste da<br />

Bahia em Itapetinga - BA, onde foi coletado o<br />

lei te de cabra e vaca nos respecti vos setores e<br />

parte na Fazenda Cabana da Ponte, em Itoraró<br />

de onde fo i coletado o leite das búfalas .<br />

O delineamento utilizado foi o inteiramente<br />

casualizado, usando-se cinco cabras da raça<br />

Saanen criadas em sistema semi-extensivo, em<br />

pastagem de Tyfton 85, cinco vacas mestiças<br />

Holandês-Gir criadas em sistema semi-extensivo,<br />

em pas tagem de Brachiâria decumbens mais<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATIcíNIOS<br />

suplementação e cinco búfalas da raça Murrah,<br />

criadas em sistema extensivo, o tratamento<br />

corresponde a cada espécie e cada animal é uma<br />

repetição.<br />

Após a coleta o leite fo i guardado em<br />

recipiente plástico, todas as amostras foram<br />

transportadas sob refrigeração e posteriormente<br />

analisadas no Laboratório de Nutrição Animal.<br />

O método utilizado para determinar a gordura<br />

do leite foi o método de Gerber, que tem como<br />

princípio a destruição do estado globular da<br />

gordura e a dissolução da caseína. Para determinação<br />

do EST foi utilizada a fórmula de<br />

Fleischmann e o ESD pela diferença entre EST e<br />

o teor de gordura. Antes de se retirar a amostra<br />

para fazer a analise é fundamental uma boa<br />

homogeneização da mesma, pois por ser menos<br />

densa que os outros componentes, a gordura tem<br />

a tendência de ocupar a fração superior da<br />

amostra. Os dados foram comparadas pelo teste<br />

Tukey a 5%, utilizando-se o Sistema de Análises<br />

Estatísticas e Genética, SAEG.<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

As médias dos valores encontrados de<br />

gord ura total (GT), extrato seco total (EST) e<br />

extrato seco desengordurado (ESD) do leite de<br />

vaca, cabra e búfala encontram-se na Tabela I.<br />

Foi observado que o teor de gordura do leite<br />

de búfala diferiu estatisticamente (P< 0.05) do<br />

leite de vaca e cabra, mostrando que mesmo<br />

submetida ao sistema extensivo fo i capaz de<br />

manter o teor de gordura da espécie, revelando<br />

uma viabilidade econômica quando comparada<br />

com cabras e vacas criadas com suplementação,<br />

aumentando assim o custo de produção. Sabendose<br />

que o teor de gordura e um fator desejável para<br />

a produção de derivados, o leite de búfala se mostra<br />

superior para fabricação dos mesmos. Além da<br />

espécie e manejo alimentar outros fatores podem<br />

fazer com que a gord ura do leite aumente ou<br />

diminua. O teor de gord ura é o que mais pode<br />

variar em fu nção da alimentação, de modo geral,<br />

diminuindo com o aumento do volume de<br />

produção e ainda dietas com baixo teor de fibra<br />

deprimem a formação de gordura. Segundo FAO<br />

(1991) as búfalas tem uma capacidade muito<br />

grande de alterar sua composição do leite devido:<br />

estádio de lactação, composição da dieta,<br />

potencial genético, etc. A baixa produção de leite,<br />

alto teor de fibra na dieta (FDN), fornecimento<br />

de ração completa em comparação ao<br />

fornecimento do concentrado separado do<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

volumoso são fatores que aumentam o teor de<br />

aordura do leite (Machado, 2002).<br />

e<br />

Os valores referentes ao leite cabra apresentados<br />

neste trabalho, são semelhantes aos<br />

encontrados por BONASSI et aI . (1997), que<br />

avaliou a composição do leite de cabra nas quatro<br />

estações do ano, apresentando valores médios<br />

de 3,47, 12,18 e 8,71 para os teores de gordura<br />

total, extrato seco total e extrato seco desengordurado<br />

respectivamente.<br />

Tabela 1 - Médias dos teores de Gordura,<br />

Extrato Seco Total (EST), Extrato<br />

Seco Desengordurado (ESD)<br />

Espécie Gordura EST ESD<br />

Búfala 6,06a 15,28 a 9,22 a<br />

Vaca 3,7b 12,20b 8,5b<br />

Cabra 4,7b 12,89b 8,19b<br />

Médias seguidas de letras iguais não di ferem entre si pelo<br />

Teste de Tukey a 5%<br />

4 - CONCLUSÃO<br />

Os teores de gordura total, extrato seco total<br />

e extrato seco desengordurado apresentaram seus<br />

maiores teores para o leite de búfala, indicando<br />

estes uma resposta favorável ao sistema de<br />

produção da região Sudoeste da Bahia, para<br />

produção de leite e exploração deste em derivados.<br />

ABSTRACT<br />

The present work was realised at the<br />

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, at<br />

+ + + +<br />

digitalizado por<br />

Itapetinga - BA. In this experiment the<br />

objective was to determine the fat levei of three<br />

species: Saanen breed goats, Murrah breed<br />

buffalos and Holstein-Gir crassbred cows reared<br />

at grass system. The design used was the<br />

completely randomised, obtaining fi ve<br />

repetitions of each species. When goat and cow<br />

milk were compared. they did not showed<br />

statistical difference (P>0.05) for fat, total dry<br />

extract (TOE) and de-fated dry extract (DOE).<br />

However, buffalo milk showed greater vat ues<br />

to ali the variables studied.<br />

Key words: animal species, fat leveI, feed<br />

handling<br />

5 - REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS<br />

BITENCOURT, O., PEGORARO, C.M.L.,<br />

GOMES, F. J, et aI. Sistemas de pecuária de<br />

leite. Pelotas: EMB RAPA, 2000 : Qualidade do<br />

leite. P. 175-195.<br />

BONASSL I. A., MARTINS, O., ROÇA, R. O.<br />

Composição química e propiedades físicoquímicas<br />

do leite de cabra. Ciênc. Tecnol.<br />

Aliment. v. 17, n. I, p. 57-63, 1997.<br />

MACHADO, F. P. , CASSOLI, D. L. Novas<br />

tecnologias da avaliação da qualidade do leite.<br />

In: TEIXEIRA, 1. C., DAVID, M. F. ,<br />

ANDRADE,A.G., et a!. Avanços em produção e<br />

manejo de bovinos leiteiros. Lavras : Ed itora<br />

Lavras, 2002. 266p.<br />

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA - UFV<br />

SAEG - Sistema de análises estatísticas e<br />

genéticas. Versão 7. 1. Viçosa, MG: 1997 ISOp.<br />

(Manual do usuário).<br />

+ +<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

CARACTERíSTICAS FíSICO-QuíMICAS DO LEITE DE BÚFALA COMPARADO COM LEITE<br />

·DE VACA1<br />

Physical-chemical characteristics of the buffala milk compared to cow milk1<br />

RESUMO<br />

Vitor Silva de Almeida2<br />

Cibele Costa Santos2<br />

Andréia Santos Cezário3<br />

Leandro Santos Soares4<br />

Paulo Bonomo5<br />

Cristina Mattos Veloso6<br />

o conhecimento da composlçao química do leite é de extrema importância para a<br />

determinação da qualidade. Alguns componentes podem variar de modo expressivo, como<br />

a gordura e a proteína, enquanto outros , como a lactose e os minerais, variam em menor<br />

proporção. Neste experimento foi estudado o valor nutricional do leite de vaca comparado<br />

ao de búfala, visando contribuir para o conhecimento das características físico-químicas<br />

do leite de vaca e búfala. Foram coletadas amostras de cinco animais de cada espécie. Os<br />

dados foram analisados pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. Verificou-se diferença em<br />

todas as variáveis estudas.<br />

Palavras-chave: composição química, propriedades físico-químicas, leite.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

Atualmente, em todas as áreas<br />

profissionais observa-se uma preocupação<br />

comum: a qualidade. O leite quando secretado<br />

pelas células epiteliais da glândula mamaria, é<br />

um produto que possui uma serie de nutrientes<br />

com diferentes composições. Este produto,<br />

enquanto armazenado nos alvéolos da glândula,<br />

recebe a incorporação de outros elementos como,<br />

por exemplo, células de descamação, glóbulos<br />

brancos e também, sofre alteração em sua<br />

composição devido à passagem de compostos<br />

provenientes do sangue como CO" minerais,<br />

uréia e outros. Ele é isento de microorganismos<br />

(Tronco, 2(03).<br />

Em função das suas características químicas<br />

e biológicas é considerado um alimento de alta<br />

qualidade. No entanto, uma serie de eventos pode<br />

reduzir a qualidade do leite. Dentre eles pode-se<br />

destacar a presença de microorganismos no<br />

interior da glândula e após a realização da<br />

ordenha, a introdução de substancias estranhas<br />

como reagentes químicos (formol, bicarbonato,<br />

etc), urina, detritos, etc.<br />

O leite é composto de cerca de 87,3 % de<br />

água e cerca de 12,7 de matéria seca. Esta e a<br />

parte nutritiva, também denominada de extrato<br />

seco, composto de: Lactose, Gorduras, Proteínas<br />

e Sais Minerais (Machado, 2(02). As avaliações<br />

do leite visam, em primeiro lugar, identificar<br />

estes fatores estranhos e, em segundo lugar,<br />

quantificar os compostos de interesse da industria<br />

ou consumidor (gordura, caseína, lactose). Estas<br />

Projeto finac iado pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, UESB.<br />

2 Disente do curso de Zootecnia, UESB, Itapetinga-Ba, Bolsista FAPESB. vsazootec @yahoo.com.br<br />

3 Mestranda em Zootecnia, UFV, Bolsista Cnpq.<br />

4 Discente do curso de Engenharia de Alimentgs, UESB. Bolsista FA PESB.<br />

5 Docente adjunto do curso de Zootecnia, DEBI - UESB.<br />

6 Docente adjunta do curso de Zootecnia, DTRA - UESB. Pesquisadora Cnpq.<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

análises de maneira geral são de importância para<br />

a industria, a fim de caracterizar a matéria prima<br />

para a confecção dos deri vados do leite.<br />

A i mportância do búfalo como animal<br />

leiteiro jü é reconhecida em vários países, como<br />

Índia, Egito e Paquistão. Na Índia, embora o<br />

rebanho bubalino represente somente cerca de<br />

24 % do rebanho total de bovinos e bubalinos,<br />

50 a 70 % do leite produzido nesse pais é de<br />

búfala (Huhn, 1991). O objetivo deste trabalho<br />

foi estudar o valor nutricional do leite de búfala<br />

em comparação com o leite de vaca.<br />

2 - MATERIAL DE MÉTODOS<br />

O experi mento fo i realizado na<br />

Universidade Estadual do Sudoeste em<br />

Itapetinga-BA. Foi coletado leite de cinco espécies<br />

diferentes : cabras da raça Saanen, vacas<br />

mestiças Holandês-Gil' e búfalas da raça Murrah,<br />

o tratamento corresponde a cada espécie e cada<br />

animal é uma repetição .0 material foi coletado<br />

em recipientes plüsticos e levado ao laboratório<br />

para análise.<br />

Realizou-se análises de acidez, por titulação<br />

pelo método Dornic, utilizando-se solução de<br />

hidróxido e sódio N/9 em presença de fenolftaleina<br />

(solução indicadora): do nitrogênio, pelo processo<br />

de Kj eldahl (Silva e Queiroz, 20(2) sendo a<br />

proteína bruta (PB) total obtida por N x 6,35: da<br />

gordura através do método de Gerber, que tem<br />

como principio a destruição do estado globular da<br />

gonJlI I'a e a dissolução da caseína: da densidade,<br />

por intermédio do termolactodensímetro de<br />

Quevone, calibrado a 15°C, e corrigido a<br />

temperatura da amostra: e do extrato seco<br />

desengordurado pela diferença entre o extrato seco<br />

total e o teor de gordura. Antes de se retirar a<br />

amostra para fazer a analise é fu ndamental Ull,la<br />

boa hOll1ogeneização da mesma. Por ser menos<br />

densa que os outros componentes, a gordura tem<br />

a tendência de ocupar a fração superior da amostra.<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Os resultados de análise de leite podem ser<br />

utilizados para se verificar o status nutricional<br />

dos animais, a presença de doenças, a eficiência<br />

dos operários na rotina de ordenha e limpeza<br />

dos equipamentos e o nível de funcionamento<br />

de equipamentos de refrigeração.<br />

Os resultados de extrato seco (%), proteína<br />

bruta «(;ti), gordura (%), acidez percentual, cinzas,<br />

caseína, densidade do leite de búfala e vaca são<br />

apresentados na Tabela I.<br />

Quando se efetua uma comparação com<br />

leite de vaca, percebe-se que o leite de búfala,<br />

digitalizado por<br />

incontestavelmente, apresenta maiores rendimentos<br />

na fabricação de queijos, por apresentar,<br />

principalmente, maiores teores de proteínas e<br />

no de manteiga, devido a maior percentagem de<br />

gordura presente neste tipo de leite. Isso, sem<br />

sombras de duvidas, permite que se aponte o leite<br />

bubalino como uma alternativa viável para ser<br />

utilizado, por aproveitamento tecnológico, em<br />

outros produtos.<br />

Os dados eneontrados a respeito da composição<br />

do leite bubalino são muitos variados, o<br />

que é normal considerando-se os diversos fatores<br />

que agem sobre a mesma. Têm especial<br />

importância na composição do leite as condições<br />

de clima, de alimentação, raça e manejo: Assim<br />

quando se observa a composição ditada por<br />

diferentes autores, grandes disparidades podem<br />

ser encontradas, devido justamente aos fatores<br />

enumerados.<br />

Neste trabalho pode-se observar que para<br />

Gordura, EST, ESD e PB foram encontrada<br />

diferença estatística (P> 0,(5) e para Densidade,<br />

Cinzas, pH e Caseína não foi encontrada<br />

diferença estatística. O valor de densidade<br />

apresentam-se dentro dos valores mínimos da<br />

nova legislação Instrução Normativa n° 5 J, ou<br />

seja, de 1,028 a 1,034.<br />

Segundo Benevides (2003), as fê meas<br />

bubalinas, diferentemente das bovinas, tem uma<br />

capacidade de alterar bastante as composição de<br />

seu leite em fu nção de uma série de fatores:<br />

estád io de lactação. condição cOJ:poral x<br />

composição da dieta, potencial genético, fatores<br />

climáticos. hierarquia dentro do rebanho. etc.<br />

Neste trabalho observa-se que as búfalas mesmo<br />

criadas apenas el11 pasto, consegue manter seus<br />

componentes do leite mais elevados que os das<br />

vacas , revelando uma vantagem na eriação de<br />

búfalos em re lação aos bovinos, principalmente<br />

para a produção de derivados.<br />

4 - CONCLUSÃO<br />

Em relação ao leite de búfala comparado<br />

ao de vaca, observa-se que os valores de gordura,<br />

EST e ES D são os que mais variam dentre as<br />

variáveis analisadas .<br />

ABSTRACT<br />

The knowledge oI' the milk chemical<br />

composition is of extreme importance to quality<br />

determination. Some components can vary in<br />

an expressive way, like fat and protein, while<br />

others, like lactose and mineraIs, vary in lower<br />

proportion. In this experiment it was studied<br />

the nutritional value of the cow milk compared<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Tabela 1 Média dos valores de caseína, gordura total, Extrato seco (EST), Extrato seco desengordurado<br />

(ESD), Caseína, Proteína Bruta (PB), Cinzas, pH e Densidade das espécies estudadas.<br />

Gordura EST ESD Caseína PB Cinzas pH<br />

Búfala 6,06a 15,28a 9,22a<br />

Vaca 3,70b 12,20b 8,5b<br />

to buffalo milk, with the aim to contribute to<br />

the knowledge of the physical-chemical<br />

characteristics of cow and buffalo milk. Samples<br />

of fi ve animaIs of each species were collected.the<br />

data were analysed by Tukey test at 5%<br />

probability. It was verified difference for protein,<br />

fat, TOE and DOE.<br />

Keywords: chemical composlllon, milk,<br />

physical-chemical properties<br />

5 - REFERÊN CIAS<br />

BENEVIDES, C.M.J Leite de búfala - qualidade<br />

tecnológicas. Revista Higiene Alimentar. São<br />

+ • • •<br />

0,55a 5,02a 0,85a 6,46a 1,03 1a<br />

0,42a 3,70b 0,7 1a 6,37a 1,030a<br />

Paulo. N. 54. Março, 1998.<br />

TRONCO, V.M., Manual para inspeção da<br />

qualidade do leite. 2 ed. Santa Maria: UFSM<br />

Editora, 2003. 192 p.<br />

MACHADO, F. P. , CASSOLI, D.L. Novas<br />

tecnologias da avaliação da qualidade do leite.<br />

In: TEIXEIRA, J.C., DAVID, M.F.,<br />

ANDRADE,A.G., et aI. Avanços em produção e<br />

manejo de bovinos leiteiros. Lavras: Editora<br />

Lavras, 2002. 266p.<br />

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA SAEG<br />

Sistema de análises e estatísticas e genéticas.<br />

Viçosa, MG, 2000. (Apostila).<br />

• • • •<br />

TEORES DE PROTEíNA DO LEITE DE CABRA, VACA E BÚFALAl<br />

Protein levei of goat, cow and buftalo milk1<br />

Trabalho financiado pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.<br />

2 Graduandos em Zootecnia - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB);<br />

3 Mestranda em Zootecnia - UFV - Bolsista Cnpq.<br />

4 Professores UESB.<br />

:) Graduando em Engenharia de Alimentos - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)<br />

6 Engenheiro Florestal.<br />

Vitor Silva de Almeida2<br />

Cibele Costa Santos2<br />

Andréia Santos Cezário3<br />

Leandro Soares Santos4<br />

Paulo Bonomos<br />

Vinícius Silva de Almeida6<br />

Cristina Mattos Velosos<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

RESUMO<br />

A importância da determinação do teor de proteína é devido ao fato de que essas<br />

determinações agregam valores nutricionais e econômicos. Neste experimento foram<br />

avaliados o leite de cabra, vaca e búfala, obtendo cinco repetições de cada espécie. O<br />

delineamento utilizado foi inteiramente ao acaso. O leite de búfala apresentou diferença<br />

significativa (P


pois mesmo criada em sistema extensivo possui<br />

proteína mais elevada que a cabra e vaca,<br />

comprova-se que o leite de búfala é mais protéico.<br />

Tabela 1 Médias dos teores Proteína e Caseína<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

do leite búfala, cabra e vaca criadas<br />

em sistema de pastejo.<br />

Espécie Proteína Caseína<br />

Búfala 5,02a 0,55a<br />

Cabra 4,7b 0,44a<br />

Vaca<br />

Médias seguidas de letras iguais não diferem entre si pelo<br />

Teste de Tukey a 5%<br />

4 - CONCLUSÃO<br />

o leite de búfala apresentou-se mais<br />

protéico, porém os valores de caseín a nele<br />

encontrado fo ram semelhantes aos do leite de<br />

cabra e vaca.<br />

SUMMARY<br />

The importance of the determination of<br />

the protein levei is due to the fact that this<br />

determination have nutritional and economic<br />

values. This experiment evaluate goat, cow and<br />

buffalo milk with five repetitions for each<br />

species. It was used the completely randomized<br />

designo The buffalo milk showed significant<br />

difference (P< 0,05) in protein levei when<br />

compared to goat and cow milk. There was no<br />

difference relative to casein levei sin none of<br />

the species.<br />

Keyword: casein, milk, species<br />

5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

MACEDO, M.P., et aI. Chemical composition<br />

of milk from mediterranean buffalo cows raised<br />

in Brasil. 5th Word Buffalo Congresso Royal<br />

Palace. Italy, 1977.<br />

Park, Hipo-alergênicos e importância do leite<br />

de cabra, Pesquisa sobre ruminantes de pequeno<br />

porte.v. 14, p. 151- 159. 1994<br />

RUSSO, H.G. Bubalinocultura. Governo do<br />

Estado de São Paulo. Secretaria de Agricultura e<br />

Abastecimento. Campinas, S.P., 198 6.<br />

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ViÇOSA SAEG<br />

- Sistema de análises e estatísticas e genéticas.<br />

Viçosa, MG, 2000. (Apostila).<br />

• +<br />

PROPRIEDADES TERMOFíSICAS DOS LEITES DE CABRA E VACA<br />

Thermophysical properties of cow and coat's milk<br />

Mestranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos Universidade Federal de Viçosa (UFV);<br />

Rita C. S. Queiroz1<br />

Leandro S. Santos2<br />

Alana R. Lemos2<br />

Daniela A. Pereira2<br />

Cristiane M. Veloso3<br />

Mauren Myajj3<br />

Renata C. F. Bonomo3*<br />

2 Graduandos em Engenharia de Alimentos - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)'<br />

3 Professores - UESB.<br />

Rafael C. I. Fontan3<br />

Traba!ho realizad . o no Laboratório de Engenharia de Processos (LEP). UESB, Praça Primavera 40, Campus de<br />

Itapet1l1ga. Itapetlnga - BA, CEP 45700-000.<br />

* contato: bonomorcf@yahoo.com.br<br />

'<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />

RESUMO<br />

O presente trabalho teve como objetivo determinar o efeito da temperatura nas propriedades<br />

termofísicas densidade e viscosidade nos leites de cabra e vaca. Foram avaliadas amostras<br />

na faixa de temperatura de 20°C a 70°C, em um total de seis pontos experi mentais. A<br />

densidade foi determinada através do método picnométrico, enquanto a viscosidade foi<br />

determinada com a utilização de um viscosímetro de Ostwald calibrado, ambos a temperatura<br />

constante. Foram obtidos valores de densidade entre 1,0039 glmL e 1,0279 glmL e de<br />

viscosidade cinemática entre 4,5 x 10.7 m2/s e 1,69 x lO.ó m2/s . Observou-se para os dois<br />

tipos de leite que a densidade e viscosidade diminuíram com o aumento da temperatura,<br />

sendo aj ustados, respectivamente, modelos lineares e quadráticos, com coeficiente de<br />

determinação (R2) e análise de resíduos satisfatórios em ambos os casos.<br />

Palavras-chave: leite de cabra, leite de vaca, propriedades termofísicas, viscosidade,<br />

densidade.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

O potencial de demanda do leite de cabra,<br />

mesmo considerando que a clientela é formada<br />

por um público diferenciado é aproximadamente<br />

o dobro da produção atual, havendo um déficit<br />

de oferta de 22.000 litros de leite por dia<br />

(COSTA, 2004).<br />

A partir da informação do aumento do<br />

consumo de leite de cabra e da necessidade de<br />

beneficiamento do mesmo, percebe-se a importância<br />

de estudos relacionados ao seu processamento,<br />

uma vez que, as pesquisas com o leite de<br />

cabra são, ainda, incipientes em relação às<br />

pesquisas com leite de vaca. Sabe-se que quando o<br />

leite passa por tratamento térmico, algumas de<br />

suas propriedades termo físicas e reológicas sofrem<br />

alterações com a variação da temperatura. Estas<br />

alterações sendo estudadas e bem definidas podem<br />

ser utilizadas pelas indústrias lácteas, facilitando<br />

o processamento, dimensionamento de equipamentos,<br />

garantindo assim a qualidade do leite e<br />

de seus derivados (CARVALHO, 2004).<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

2.1 -Determinação da Densidade<br />

Foi utilizado o método picnométrico para<br />

a determinação da densidade das amostras, com<br />

as análises sendo realizadas em duplicata. O<br />

picnômetro foi previamente calibrado com água<br />

destilada em todas as temperaturas estudadas e o<br />

procedimento a seguir, foi utilizado para determinar<br />

a densidade do leite.<br />

O picnômetro, lavado e seco, teve sua<br />

massa determinada em uma balança analítica<br />

(GEHAKA). Em seguida, fez-se o ambiente com<br />

a amostra a ser analisada, posteriormente<br />

determinando-se a massa do picnômetro com a<br />

digitalizado por<br />

mesma na temperatura desejada. Este procedimento<br />

fo i repetido para todas as amostras.<br />

nas temperaturas de 20°C, 30°C, 40°C, 50°e,<br />

60°C e 70°C.<br />

2.2 - Determinação da Viscosidade Cinemática<br />

Na determinação da viscosidade, foi<br />

realizado o seguinte procedimento: encheu-se<br />

com a amostra o reservatório do viscosímetro<br />

de Ostwald até sua marca inferior. Em seguida o<br />

viscosímetro foi colocado no Banho Cinemático<br />

(MARCONI) ·na temperatura desejada. Deixouse<br />

a amostrar escoar pelo capilar, registrando-se<br />

o tempo necessário para esta deslocar-se entre<br />

dois pontos previamente determinados. O tempo<br />

medido fo i multiplicado pela constante de cada<br />

viscosímetro. obtendo-se a viscosidade cinemática.<br />

Este procedimento foi realizado em<br />

duplicata para as duas amostras de leite (cabra e<br />

vaca) nas temperaturas de 20°C, 30°C, 40°C,<br />

50°C, 60°C e 70°C,<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

A densidade para os leites de vaca e de cabra<br />

em função da temperatura é apresentada na figura<br />

1. A análise dos dados revela uma correlação linear<br />

com um valor de R2 igual a 0,9767 e 0,9217 para o<br />

leite de cabra e vaca, respectivamente. As equações<br />

I e 2, obtidas a partir da análise de regressão dos<br />

dados experimentais, revelaram coeficientes<br />

angulares negativos para os dois tipos de leite,<br />

demonstrando que com o aumento da temperatura<br />

obtém-se um decréscimo na densidade.<br />

Pc = - 0,0004 1 I x T + 1,03499 (I)<br />

P " = 0,000427 x T + 1,03441 (2)<br />

Pág. 371<br />

arvoredoleite.org


Onde P c é a densidade do leite de cabra (g/<br />

mL), P \ ' é a densidade do leite de vaca (g/mL) e<br />

T é a temperatura (OC).<br />

:::;<br />

1.030<br />

1.025<br />

1.020<br />

1.015<br />

" '°"1<br />

1.005 j<br />

1,000 .c.--,-__ ....-_---, __ -..-__ -,--_---,...-<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />

20 30 40 50 60 70<br />

T (0C)<br />

Figura 1 - Densidade dos leites de vaca e cabra<br />

em função da temperatura.<br />

A figura 2 apresenta os dados obtidos a partir<br />

da análise de viscosidade dos leites de cabra e de<br />

vaca em função da temperatura. A análise dos dados<br />

revela que com o aumento de temperatura observase<br />

uma redução na viscosidade e que essa relação<br />

pôde ser aj ustada por um modelo quadrático com<br />

valores de R2 igual a 0,9992 e 0,9958 para os leites<br />

de vaca e cabra respectivamente. As equações 3 e 4<br />

obtidas a partir da análise de regressão dos dados<br />

experimentais são apresentadas a seguir:<br />

v, =3.75 E- IOxT'-5,08 E-8 xT+2,18 E_6 (3)<br />

v, = 3,62 E- IOxT'-5,30 E-t-: xT+2,61 E-6 (4)<br />

Onde Vc é a viscosidade cinemática do leite<br />

de cabra (lll'/S), v é a viscosidade cinemálica do<br />

leite de vaca (1ll2/ ) e T é a temperatura (OC).<br />

18.,·6<br />

16.,·6<br />

1 · 1 8.6<br />

'íi)' 1 2e 6<br />

1'"<br />

..s 10c·6<br />

I:S Oe.7<br />

20<br />

Leite de cabra<br />

Leite de ,aca<br />

30 LO 50 BC iO<br />

T tc)<br />

Figura 2 - Viscosidade cinemática dos leites de<br />

vaca e cabra em função da temperatura.<br />

4. CONCLUSÃO<br />

Os resultados experimentais deste trabalho<br />

mostraram que com o aumento de temperatura,<br />

-<br />

observa-se um decréscimo nos valores das<br />

propriedades termo físicas densidade e viscosidade,<br />

seguindo uma relação linear e quadrática, respectivamente.<br />

As equações aj ustadas de viscosidade e<br />

densidade podem ser utilizadas para estimar estas<br />

propriedades para leite de cabra e vaca integral<br />

num intervalo de 20°C a 70°C, uma vez que<br />

apresentaram coeficientes de determinação<br />

satisfatórios.<br />

SUMMARY<br />

In this paper was determined the effect of<br />

the temperature in termophysical properties<br />

density and viscosity of goat and cow milks.<br />

Samples were analyzed in temperature range from<br />

20°C to 70°C, in a total of six experimental points.<br />

The density was determined by the picnometric<br />

method, while the viscosity was determined by<br />

an Ostwald viscosimeter, both at constant<br />

temperature. The values obtained fo r density<br />

were located between 1,0039 g/mL and 1,0279 g/<br />

mL and kinematics viscosity values were located<br />

between 4.5 x 10.7 m2/s and 1,69 x 10'(' m2/s . It<br />

was observed for the two kinds of milk that<br />

density and viscosity decreased with elevation in<br />

the temperature. A linear model was adjusted to<br />

experimental density data and a quadratic 1110del<br />

was adjusted to experimental viscosily data. The<br />

determination coefficient (R2) and residual<br />

analysis were salisfactory in both cases.<br />

Kcy-words: goat lll ilk, cow milk,<br />

thermophysical properties. viscosity. density.<br />

5 - REFERÊNCIAS<br />

CARVALHO. Rubênio B. de. Potencialidades dos<br />

111ercados para os Produtos Derivados de<br />

CaprillOS e Ovillos. Disponível em: .<br />

Acesso no dia 07 de Janeiro de 2004.<br />

COSTA. Arlindo L. da. Leite Caprino: 1lI1l NOlIO<br />

Enfoque de Pesquisa. Disponível em: . Acesso no<br />

dia 04 de Dezembro de 2004.<br />

GEANKOPLIS, Christi J. Transport Processes<br />

and Ul1it Operations. 3 " ed. New Jersey:<br />

Prentice-Hall International. 1993. p.569-577.<br />

LEWIS, M. J. Prop riedades Físicas de los<br />

Alimentos y de los Sistemas de Procesado.<br />

Zaragoza: Acribia S.A., 1993. p. 101-133.<br />

MOURA, S. C. S. R. de, VITAL!, A. de A.,<br />

FRANÇA, Y. C. L.. Propriedades Termofísicas<br />

de Soluções Modelo Similares a Creme de Leite.<br />

Ciência e Tecnologia de Alimelltos, vol. 21, n.<br />

2, Campinas, SP. 200 I. p. 209-2 15.<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATIcíNIOS<br />

ANÁLISE SENSORIAL E CARACTERIZAÇÃO FíSICO-QU!MICA DE QUEIJO MINAS<br />

FRESCAL OBTIDO A PARTIR DE LEITE DE BUFALA E VACA<br />

Sensory evaluation and physicochemical characterization of minas frescal cheese<br />

produced from buffalo and cow milk<br />

RESUMO<br />

Tatiana S. Souza1<br />

Normane M. C. Silva1<br />

Leandro S. Santos1<br />

Daniela A. Pereira1<br />

Alana R. Lemos1<br />

Bruna M. A. Carvalho1<br />

Gabrielle C. R. Fontan3<br />

Renata C. F. Bonomo3*<br />

Rafael C. I. Fontan3<br />

João D. S. Carneiro3<br />

O presente trabalho teve como objetivo desenvolver, analisar e omparar s características<br />

físico-químicas e sensoriais de queijos tipo Minas Frescal, obtlos de leite de vac puro<br />

(Formulação A) e da mistura de leite de vaca e búfala l . a proporç . ao de I: 1 . (Formulaçao ).<br />

A partir dos resultados obtidos observou-se que o queiJo prodUZido a partir da form . ulaçao<br />

B apresentou valores superiores de proteína, gordura e cinzas, o _ qu resutu num rendlmnto<br />

21 % maior que o queijo obtido da formulação A. Com relaçao as alahe . s d pH, aCidez<br />

titulável e resistência à penetração não foi observada diferença slgnlflcatl a eltre as<br />

formulações. A avaliação sensorial foi realizada por meio de um tese de aceltaçao com<br />

escala hedônica de nove pontos. A partir da análise estatística concJulll-se qu ap . e . ar as<br />

duas fo rmulações terem obtido notas médias próximas, houve diferença slg lhca lva<br />

(p


potássio) (SAMARA et alo, 1993). No processamento<br />

de queijos, o leite de búfala apresenta<br />

um maior rendimento que o leite de vaca<br />

(MIRANDA, 1986). Seu sabor é pecul iar,<br />

ligeiramente adocicado e é muito mais branco<br />

quando comparado ao leite bovino, devido à<br />

ausência quase total de carotenóides (pro-vit.<br />

A), em sua gordura.<br />

Essas características se refletem no seu<br />

apro veitamento industrial, proporcionando<br />

produtos lácteos de qualidade superior aos de leite<br />

bovino. Neste contexto surge a necessidade de<br />

melhorias e inovações tecnológicas que tornem<br />

o leite de búfala uma matéria prima cada vez<br />

mais presente na indústria de alimentos.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

2.1 -Produção do Queijo Minas Frescal:<br />

Foram feitos dois queijos tipo Minas<br />

Frescal, a partir de duas formulações diferentes:<br />

a formulação A (100% leite de vaca) e a<br />

formulação B (50% leite de vaca e 50% leite de<br />

búfala). Os leites de vaca e búfala utilizados nas<br />

duas formulações para a confecção dos queijos<br />

Minas Frescal tinham 18°D e 200D de acidez,<br />

respectivamente. As formulações foram<br />

pasteurizadas a 65°C por 30 minutos, e após o<br />

tratamento térmico foram resfriadas até 36°C,<br />

quando então fo i adicionado coalho em<br />

quantidade suficiente para coagular o leite em<br />

40 minutos. As massas obtidas foram acondicionadas<br />

em formas de queijo, sendo pesadas e<br />

passando por um período de descanso de 14<br />

horas. Posteriormente, os queijos fo ram<br />

submetidos a salga em salmoura durante o período<br />

de 2 horas.<br />

2.2 - ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS<br />

2.2.1 - pH, Acidez titulável, Cinzas e Gordura<br />

As análises de pH, acidez titulável, cinzas<br />

e gordura, Foram realizadas segundo os métodos<br />

do Instituto Adolf Lutz (1985).<br />

2.2.2 - Umidade<br />

Foram realizadas em triplicata através de<br />

uma balança determinadora de umidade por infravermelho<br />

(GEHAKA).<br />

2.2.3 - Resistência à Penetração<br />

Foram realizados cortes no queijo em<br />

forma de cubo com três cm de aresta e em seguida,<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

mediu-se a tensão de cisalhamento no centro do<br />

cubo até a ruptura da amostra com o auxílio do<br />

penetrômetro (Fruit Peeler).<br />

2.3 -Análise Sensorial<br />

Para a avaliação sensorial foi realizado um<br />

teste de aceitação com escala hedônica de nove<br />

pontos (com extremos em gostei extremamente<br />

e desgostei extremamente). As amostras foram<br />

apresentadas codificadas e aleatorizadas, em<br />

cabines individuais para um total de 60<br />

provadores, entre alunos, funcionários e docentes<br />

da UESB, no Laboratório de Análise Sensorial.<br />

Os dados obtidos foram submetidos à análise de<br />

variância (ANOVA), utilizando-se o Sistema para<br />

Análises Estatísticas e Genéticas -: SAEG<br />

(RIBEIRO JUNIOR, 200 I).<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

3.1 -Análise Sensorial<br />

A Tabela I apresenta o resultado da análise<br />

de variância para a análise sensorial dos queijos<br />

obtidos a partir das duas formulações, a nota<br />

média pra a formulação A foi de 6,87, enquanto<br />

que para a formulação B verificou-se uma nota<br />

de 6,37. Por meio das análises estatísticas<br />

veri ficou-se que houve diferença significativa<br />

entre as duas amostras (p


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO SENSORIAL DE UMA BEBIDA LÁCTEA "TIPO<br />

UMBUZADA"<br />

Development and sensorial evaluation of a dairy beverage "Similar umbuzada"<br />

RESUMO<br />

CARNEIRO, J.C.S.1<br />

SUZART, C.A.G. 2<br />

LIMA, M.Z.2<br />

SANTOS, L.S. 2<br />

BONOMO, R.C.F.1·<br />

BONOMO, P.3<br />

CARNEIRO, J.D.S.1<br />

ARA Ú JO, A.A.L.4<br />

VELOSO, C.M.1<br />

GOMES, A.M.2<br />

MIYAJI, M.1<br />

OLIVEIRA, C.P.1<br />

o presente estudo teve como objetivo o desenvolvimento e avaliação sensorial de uma<br />

bebida láctea que reunisse alguns dos ingredientes da umbuzada, soro de queijo e que atendesse<br />

ao Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade para Bebida Láctea. Três formulações<br />

foram desenvolvidas, de forma que todas apresentassem pelo menos 1,2% de proteínas de<br />

origem láctea, como exigido pela legislação. O valor de pH das bebidas obtidas variou de<br />

4,27 a 4,67 de acordo com a formulação. Em relação ao grau de satisfação dos consumidores,<br />

houve diferença significativa (P = 0,05) entre as formulações um e três e a formulação I<br />

é melhor.<br />

INTRODUÇÃO<br />

O umbu, fruto produzido pelo umbuzeiro, é<br />

muito consumido pelos habitantes dos sertões,<br />

uma vez que a planta é nativa dos chapadões<br />

semi-áridos do Nordeste Brasileiro (DUQUE,<br />

1980). Quanto ao processamento deste fruto nas<br />

comunidades e associações rurais, a atividade de<br />

maior escala é a extração de polpa que é<br />

comercializada para a produção de sucos e outros<br />

derivados. Em menor escala, seguem a umbuzada,<br />

o doce, a compota e o xarope, entre outros. A<br />

umbuzada, um dos produtos mais tradicionais do<br />

processamento do umbu, é uma bebida à base de<br />

polpa cozida de umbu, leite e rapadura, muito<br />

apreciada no meio rural, mas praticamente<br />

inexplorada para comercialização nas cidades<br />

(CAMPOS, 1994). O presente estudo teve como<br />

objetivo o desenvolvimento e avaliação<br />

sensorial de uma bebida láctea que reunisse alguns<br />

dos ingredientes da umbuzada, e soro de queijo,<br />

um subproduto com alto teor protéico e elevada<br />

D.B.O. (demanda bioquímica de oxigênio), o que<br />

o torna considerável agente poluidor dos rios<br />

quando descartado sem tratamento prévio. O<br />

uso do umbu e do soro, na produção da bebida<br />

I<br />

Apoio financeiro: CNPq.<br />

Professor assistente / DTRA - UESB.<br />

2 Estudantes do curso de engenharia de alimentos UESB.<br />

3, 4 Professor adjunto / DEBI e DTRA - UESB.<br />

autor para correspondência / e-mail: bonomorcf@yahoo.com.br<br />

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia UESB, Campus Juvino Oliveira. Pç. da Primavera, n° 40.<br />

Bairro Primavera. ltapetinga - BA. Cep 457000-000.<br />

Pág. 76<br />

.;;\ ":") ... ; ·IVl:i··') ... ·<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

láctea, permite agregar valor ao fruto e<br />

reaproveitar o soro, minimizando o problema<br />

do seu descarte nos rios.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

1 - Desenvolvimento da bebida<br />

A bebida láctea foi elaborada com polpa de<br />

umbu, leite em pó, soro de queijo mussarela e<br />

açúcar. Três formulações foram desenvolvidas,<br />

de forma que todas apresentassem pelo menos<br />

1,2% de proteínas de origem láctea, como exigido<br />

pela legislação. Variou-se, por formulação, a<br />

quantidade dos ingredientes (soro, açúcar e<br />

polpa), resultando em alterações nas<br />

características sensoriais da bebida,<br />

principalmente nos gostos doce e ácido. A Tabela<br />

I apresenta as fo rmulações desenvolvidas e<br />

submetidas à análise sensorial.<br />

Tabela 1 - Ingredientes e quantidades utilizadas<br />

nas três formulações de bebida<br />

Láctea.<br />

Ingrediente Form ulação<br />

2 3<br />

Soro 68% 68% 68%<br />

Açúcar 15% 16% 18%<br />

Polpa 13% 10% 10%<br />

2 - Avaliação Sens orial<br />

Após determinado o pH da bebida, as três<br />

fo rmulações foram submetidas à aval i ação<br />

sensorial, no Laboratório de Análise Sensori al<br />

(UESB), em cabines individuais. Cada um dos<br />

57 consumidores, entre alunos. professores e<br />

servidores da re ferida instituição, avaliou as<br />

três formulações da bebida, numa mesma seção,<br />

utilizando-se a Escala Hedônica de nove<br />

pontos. Estes responderam, também, um<br />

questionário referente a sexo, idade, faixa<br />

etária e consumo de bebida láctea. Os dados da<br />

avali ação sensorial foram submetidos à análise<br />

de variância (ANOVA) e teste de comparação<br />

de médias, utilizando-se o Sistema para Análises<br />

Estatísticas e Genéticas - SAEG (RIBEIRO<br />

JÚNIOR, 2001). A Tabela 2 apresenta o<br />

resultado da ANOVA referente ao teste de<br />

aceitação. Pode-se verificar que não houve<br />

diferença significativa entre as fo rmulações I<br />

e 2, e entre as formulações 2 e 3. As<br />

formulações I e 2 foram consideradas as<br />

melhores.<br />

Tabela 2 - Médias dos escores para avali ação<br />

sensorial de três formulações de<br />

bebida láctea "tipo umbuzada",<br />

avaliadas por consumidores,<br />

utilizando-se escala Hedônica de<br />

nove pontos.<br />

Formulação<br />

2<br />

3<br />

Média*<br />

6,8 a<br />

6,5 a b<br />

6,2 b<br />

* Pares de médias seguidas de pelo menos uma mesma letra<br />

não diferem entre si em relação ao grau de satisfação dos<br />

consumidores, ao nível de 5% de probabilidade, pelo teste<br />

de Tukey.<br />

O resultado do questionário aplicado em<br />

conjunto com o teste de aceitação mostrou que<br />

80,7% dos provadores consomem algum tipo de<br />

bebida láctea e dentro deste percentual mais de<br />

40% consomem este tipo de produto mais de<br />

duas vezes por semana. A Figura 1 apresenta os<br />

resultados referentes à freqüência de consumo<br />

de algum tipo de bebida láctea.<br />

100,0<br />

80,0<br />

<br />

Z 60.0<br />

''li<br />

o<br />

w 40,0<br />

[E<br />

20,0<br />

digitalizado por<br />

0,0<br />

rmis de 2 2 vezes 1 vez por 2 vezes 1 vez por mlnOS de<br />

vezes por por por rrês rrés 1 vez por<br />

rrês<br />

RESPOSTAS<br />

Figura 1 - Freqüência de consumo de algum tipo<br />

de bebida láctea.<br />

Dentre os provadores que responderam que<br />

não consomem nenhum tipo de bebida láctea,<br />

18,2% disseram que não gostam deste tipo de<br />

produto e 63,6% disseram que não tem o hábito<br />

de consumir. Estes resultados demonstram, ainda,<br />

que existe uma fatia de mercado a ser conquistada<br />

e que o consumo do produto desenvolvido neste<br />

trabalho pode ser significativo.<br />

CONCLUSÃO<br />

O teste de aceitação mostrou que existe<br />

diferença significativa (P ::; 0,05) entre as<br />

formulações I e 3, sendo que a I foi considerada<br />

melhor. Tendo em vista estes resultados e<br />

considerando que este trabalho é parte inicial de<br />

Pág. 377<br />

EPAMI· ... .. arvoredoleite.org<br />

CT/!LCT<br />

1f;lA JI"\ "t"Cf' A.


um estudo, a formulação 3 será descartada e serão<br />

testadas novas formulações, a partir das<br />

formulações I e 2, procurando melhorá-las. Os<br />

resultados do questionário de consumo<br />

mostraram, ainda, que existe uma fatia de<br />

mercado a ser conquistada e que o consumo do<br />

produto desenvolvido neste trabalho pode ser<br />

significativo.<br />

SUMARY<br />

The objective of this study was the<br />

development and sensorial evaluation of a dairy<br />

beverage with some "umbuzada" ingredients and<br />

whey assisting to the Technical Regulation of<br />

Identity and Quality for Dairy Beverage. Three<br />

formulations were developed ith at least 1,2%<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

• • • •<br />

of milky proteins according to the legislation.<br />

The pH values obtained for the beverages varied<br />

from 4,27 to 4,67. Relating to the acceptance<br />

test there was significant difference (P = 0,05)<br />

between the formulations 1 and 3 and tl1e<br />

formulation I is the best.<br />

REFERÊNCIAS<br />

CAMPOS, C. O. Industrialização caseira do umbu:<br />

uma nova perspectiva para o semi-árido.<br />

Salvador. EBDA, 1994.<br />

DUQUE, J. G. O Nordeste e as lavouras xerófilas.<br />

3 ed. Mossoró: ESAM/Fundação Guimarães<br />

Duque, 1980.<br />

RIBEIRO JÚNIOR, J.1. Análises estatísticas no<br />

SAEG Viçosa: UFV, 2001. 301 p.<br />

• • • •<br />

ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA PARA A IMPLANTAÇÃO DE UMA<br />

UNIDADE DE FRACIONAMENTO DE LEITE NA REGIÃO CENTRO-OESTE DO BRASIL<br />

Study of technical and economical viability for Implantation of a dairy industry in<br />

Center-West Region of Brazil<br />

RESUMO<br />

Rafael C. I. Fontan1*<br />

Alexandre D. Gade2<br />

Suzana M. Delia Lucia3<br />

Cássio C. Oliveira4<br />

Ronaldo Perez5<br />

Dada a crescente demanda por derivados do leite nas indústrias de alimentos e farmacêuticas,<br />

e . a ausência de empresas nacionais que supram essa necessidade, foi realizado um estudo de<br />

vIabil idade técnica e econômica (EVTE) para a implantação de uma unidade fabril de<br />

fracionamento de leite na região Centro-Oeste do Brasil. O local foi escolhido com base na<br />

oferta de matéria-prima e possibilidade de escoamento da produção. A fábrica teria<br />

Professor da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB.<br />

2 Especialista de Processos da Nestlé S/A-<br />

3 Doutoranda em Ciência e Tecnologia de ' Alimentos pela Universidade Federal de Viçosa - UFY.<br />

4 StaffTécnico da Sadia S/A.<br />

5 Professor da Universidade Federal de Viçosa - UFY.<br />

* endereço para contato: UESB, Campus de Itapetinga, Praça Primavera, 40, Itapetinga - BA, 457000-000.<br />

e-maiJ: rafaelfontan @yahoo.com.br<br />

Pág. 378<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

capacidade de beneficiar 100 mil litros de leite por dia, com investimentos da ordem de<br />

R$ 7,5 milhões, 75% dos quais financiáveis. A análise econômica apresentou uma taxa<br />

interna de retorno (TIR) igual a 47,5%, tempo de retorno de capital (TRC) de 2,14 anos.<br />

Na análise de risco foram identificados os principais fatores que influenciam a viabilidade<br />

do empreendimento, sendo que a TIR apresentou distribuição normal, com valor médio<br />

igual a 40,9 % e desvio padrão de 0,29 %. Os indicadores demonstram que o empreendimento<br />

é atrativo, mas devido ao alto custo de' implantação torna-se restrito a um pequeno grupo<br />

de empresários.<br />

Palavras-chave: viabilidade, análise financeira, análise de risco, leite, soro de leite.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

Indústrias de alimentos e farmacêuticas<br />

vêm, a cada ano, utilizando um maior volume de<br />

componentes presentes no leite, como a lactose<br />

e proteínas do soro, sendo necessário o<br />

fracionamento do mesmo de modo que seja<br />

suprida a necessidade destas. O Brasil ainda é<br />

carente de empresas neste segmento, dependo<br />

basicamente de importação destes produtos.<br />

A implantação de uma indústria com tal<br />

finalidade depende de uma série de fatores, que<br />

interligados em uma análise podem nos dizer<br />

H!.uito a respeito de sua viabilidade. Localização,<br />

impacto ambiental, oferta de matéria-prima e<br />

seu custo, mercados consumidores, mão-de-obra<br />

especial izada, infra-estrutura social, incentivos<br />

fiscais e demanda de capital de giro são alguns<br />

fatores que influenciam na tomada de decisão,<br />

devendo ser considerados e analisados.<br />

2 - A EMPRESA<br />

A indústria proposta teria capacidade para<br />

beneficiar 100 mil litros de leite por dia,<br />

fracionando-o em seis diferentes produtos:<br />

creme de leite, caseína alimentar, lactose, soro<br />

de leite, concentrado protéico de soro (WPC) e<br />

isolado protéico de soro (WPI). Toda a produção<br />

é destinada a ser matéria-prima para outras<br />

indústrias, sendo o creme de leite comercializado<br />

a granel e os demais produtos vendidos em<br />

embalagens de 25 kg.<br />

A unidade consiste de uma planta de<br />

fracionamento de leite, um laboratório para<br />

análises de rotina, um prédio administrativo, uma<br />

guarita. um prédio para utilidades (caldeiras,<br />

oficina e sistema de refrigeração) e uma estação<br />

de tratamento de resíduos, totalizando uma área<br />

construída de 2200 m2 em um terreno de<br />

26500 m2 .<br />

Seriam gerados cerca de 55 empregos<br />

diretos sendo 16 na área administrativa e 39 na<br />

digitalizado por<br />

área operacional, distribuídos em dois turnos de<br />

produção de oito horas cada. A alta tecnologia<br />

envolvida nos processos produtivos leva a um<br />

reduzido número de funcionários, com alta<br />

capacitação técnica, e conseqüentemente<br />

melhores salários.<br />

Dentre os processos de alta tecnologia<br />

propostos para a empresa, estariam a secagem<br />

de caseína em tambores rotativos, ultrafiltração,<br />

microfiltração e osmose reversa em membranas,<br />

concentração de produtos por recompressão<br />

térmica de vapor (TVR) e secagem de produtos<br />

por atomização em spray-dryer (VARNAN e<br />

SUTHERLAND, 1994).<br />

A empresa ainda contaria com o principio<br />

de "resíduo zero", re-aproveitando ao máximo<br />

tudo o que for possível. Nesse contexto, a água<br />

retirada do leite nos processos com membranas<br />

e nas etapas de concentração seria tratada e reaproveitada<br />

na indústria, gerando economia de<br />

66 mil litros de água por dia.<br />

3 - LOCALIZAÇÃO<br />

Devido à grande expansão agropecuária e<br />

agroindustrial na região Centro-Oeste, esta região<br />

foi a selecionada para a implantação da indústria.<br />

Mais especificamente, foi escolhida a cidade de<br />

Itumbiara - GO com mais de 80 mil habitantes e<br />

hoje importante pólo agro-industrial. Possui<br />

grande potencial hidrelétrico e hídrico e vem<br />

aproveitando de forma coerente essa característica.<br />

Itumbiara está localizada na microrregião<br />

de Meia Ponte, hoje a maior produtora de leite<br />

no país. Além disso, a cidade está próxima a<br />

outras importantes bacias leiteiras nacionais,<br />

como as microrregiões de Frutal, Araxá, Patos<br />

de Minas e Patrocínio, todas em Minas Gerais, e<br />

Sudoeste de Goiás, totalizando uma oferta de leite<br />

de mais de 1,5 bilhões de litros de leite por ano.<br />

No município de Itumbiara existem ainda<br />

importantes meios de escoamento para<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />

ESTUDO COMPARATIVO DE DOIS MÉTODOS CROMATOGRÁFICOS PARA ANALISES DE<br />

a-LACTOALBUMINA E -LACTOGLOBULlNA<br />

Comparison of two high-performance liquid chromatographyc methods for alactalbumin<br />

and ·Iactoglobulin analysis<br />

RESUMO<br />

Abraham Damian Giraldo-Zuniga l'<br />

Jane Sélia dos Reis Coimbra2<br />

Luis Antonio Minim2<br />

Edwin Elard Garcia Rojas2<br />

Este trabalho descreve e compara os métodos de cromatografia líquida de alta eficiência de<br />

fase reversa e de troca iônica utilizados para quantificar as proteínas a-Iactoalbumina e lactoglobulina.<br />

Os resultados mostraram que a cromatografia líquida de fase reversa levou<br />

a uma melhor separação das proteínas. Mediante este método, foi possível uma separação<br />

completa das proteínas em estudo com elevada resolução, boa repetitividade dos tempos<br />

de retenção e um curto tempo de analise de aproximadamente 33 minutos.<br />

Palavras-chave: Cromatografia de troca iônica, RP-HPLC, a-Iactoalbumina, lactoglobulina.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

O soro de queijo é um sub produto da<br />

industria do queijo, contem aproximadamente<br />

20% das proteínas totais do leite, sendo uma<br />

fo nte de proteínas de baixo custo (McIntosh et<br />

al., 1998) o volume produzido mundialmente<br />

deste subproduto é de aproximadamente 91<br />

milhões de toneladas (FAO, 2004). As proteínas<br />

do soro de queijo possuÇ!m elevado valor funcional<br />

e nutricional. A a- Iactoalbumina (a-Ia) e a lactoglobulina<br />

(-Ig) são as proteínas presentes<br />

em maior quantidade no soro de queijo e<br />

constituem cerca de 70% do conteúdo protéico<br />

total do soro (Wit, 1998; Morr e Ha, 1993).<br />

Estas proteínas em forma purificada são<br />

benéficas à saúde (Etzel, 1999). Dentre as<br />

funções atribuídas à a-Ia e à -Ig encontram-se<br />

as anticarcinogênicas, digestiva, regulam o sono<br />

e a vigília e são usadas como suplemento<br />

alimentício (Mcintoshi et aI., 1998), e no<br />

desenvolvimento de fó rmulas especiais, como<br />

por exemplo alimentos para pessoas com<br />

fenilcetonúria, uma enfermidade que provoca a<br />

não-metabolização de fenilalanina e causa, entre<br />

outros problemas , a deficiência mental. Na<br />

atualidade existem várias processos para separar<br />

as frações de a-Ia e -Ig do soro, porem são<br />

necessárias técnicas de analise quantitativa<br />

rápidas e confiáveis. Vários métodos de analise<br />

tem sido testados para analisar as proteínas do<br />

soro, tais como: eletroforese, cromatografia<br />

líquida, eletroforese capilar dentre outras<br />

(Strange et ai, 1998; Jong et ai, 1993). Um dos<br />

métodos mais utilizados para analises das<br />

proteínas do soro é a cromatografia líquida,<br />

particularmente a cromatografia líquida de alta<br />

eficiência (CLAE) a mesma que combina<br />

versatilidade, curtos períodos de análises e um<br />

elevado poder de resolução (Elgar et aI., 2000).<br />

O presente trabalho descreve e compara os<br />

métodos de cromatografia líquida de fase reversa<br />

e cromatografia líquida de troca iônica utilizados<br />

para quantificar as proteínas a-Iactoalbumina e<br />

Curso de Engenharia de Alimentos, Universidade Federal do Tocantins (UFT), 77020-210 - Palmas - TO, Brasil.<br />

2 Laboratório de Processos de Separação (LPS), Departamento de Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal<br />

de Viçosa (UFV), 3657 1 -000 Viçosa MG, Brasil. E-mail: abraham@ lIji.edll.br<br />

Pág. 382<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

-Iactoglobulina presentes no soro de queijo in<br />

natura.<br />

2 - MATERIAIS E MÉTODOS<br />

Foram utilizados padrões das proteínas alactoalbumna<br />

e -Iactoglobulina (grau eletroforético,<br />

SIGMA) e soro in natura obtido do<br />

laticínio da FUNARBE/UFV.<br />

2.1 Cromatografia de Troca Iônica (CTI)<br />

O equipamento utilizado para a cromatografia<br />

de troca iônica foi o sistema<br />

cromatográfico ÀKTA purifier® (Pharmacia,<br />

Sweden). O sistema foi monitorado via software<br />

UNICORN®. A coluna empregada foi a Mono<br />

Q-HR 5/5 (0,5 cm de diâmetro x 5 cm de<br />

comprimento) (Pharmacia). Na Tabela 1<br />

observa-se as condições de analise das proteínas<br />

do soro.<br />

Tabela 1 - Gradiente utilizado na eluição das<br />

proteínas do soro mediante<br />

Cromatografia de Troca Iônica.<br />

Tempo (min) A (%) B (%)<br />

0-20 90 10<br />

20-25 90 10<br />

25-40 70 30<br />

40-50 O 100<br />

A: 10 111M solução tampão de fosfato de<br />

potássio; B: A + 1.0 M NacL.<br />

2.2 - Cromatografia em Fase Reversa (CFR)<br />

O equipamento utilizado foi um<br />

cromatográfo líquido (Shimadzu) controlado via<br />

Software (Shimadzu- Class- VP). O eluente foi<br />

monitorado usando detector de feixes de diodo<br />

(SPD-M I OAVP- Shimadzu) a 210 nm. Foi usada<br />

uma coluna de fase reversa (CLC ODS-C 18) de<br />

250 x 4,6 mm e coluna de guarda (CLCG-ODS)<br />

de 10 x 4 mm. Todos os reagentes usados foram<br />

de grau analítico, água deionizada e acetonitrila<br />

grau cromatográfi co. Foram empregadas as<br />

condições de analises previamente definidas por<br />

Zuniga et aI. (2000).<br />

Para ambas as técnicas cromatográficas<br />

foram obtidas uma curva padrão para a a-Ia e ­<br />

Ig, construídas usando soluções de proteínas puras<br />

em concentrações na faixa de 0,02 mg/mL a 2,0<br />

mg/mL, as amostras foram filtradas em membrana<br />

de acetato de celulose de 0.2 J.lL de<br />

diâmetro de poro (Durapor, Brazil).<br />

digitalizado por<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

As analises foram feitas em triplicata e o<br />

coeficiente de determinação para cada curva<br />

padrão foi calculado por análise de regressão<br />

linear. N a Tabela 2 são mostrados os coeficientes<br />

para cada uma das técnicas comparadas.<br />

Tabela 2 Coeficientes da equação de regressão<br />

Y = (IX +b<br />

Metodo<br />

CTI-alfa<br />

CTI-beta<br />

CFR-alfa<br />

CFR-beta<br />

a<br />

1703. 1<br />

1397.9<br />

2E+07<br />

2E+07<br />

B<br />

32.285<br />

270.57<br />

853496<br />

2E+06<br />

3.1 - Cromatografia de Troca Iônica<br />

0.985<br />

0.989<br />

0.997<br />

0.997<br />

Na Figura I (a) pode ser observado o<br />

cromatograma das proteínas padrões de a-Ia<br />

(pico I) e -Ig (pico 2). O cromatograma do<br />

soro in natura é mostrado na Figura I (b), onde<br />

as proteínas a-Ia e -Ig foram eluidas nos picos<br />

3 e 4 respectivamente. A eluição completa das<br />

proteínas foi atingida com 50 mino Esta<br />

técnica apresentou uma boa resolução na<br />

separação das proteínas, como pode ser verificado<br />

nos diferentes tempos de retenção para<br />

cada proteína, sendo 20 e 27 minutos para a­<br />

Ia e -Ig respectivamente.<br />

Na cromatografia de troca iônica a<br />

interação entre a proteína e a superfície de<br />

troca de íons da resina depende de vários<br />

fatores, tais como a distribuição da carga, pH,<br />

ponto isoelétrico das proteínas, sol vente<br />

utilizado na eluição, dentre outros (Janson and<br />

Rydén, 1998). O pH (7.0) utilizado neste<br />

trabalho, foi superior ao ponto isoelétrico das<br />

proteínas em estudo, favorecendo a superfície<br />

negativa das proteínas que ficaram adsorvidas<br />

na resina da coluna cromatográfica. Com o<br />

incremento da concentração de NaCI na fase<br />

móvel foi conseguida a eluição das proteínas<br />

adsorvidas na coluna. Como observado na<br />

Figura 2 (b) no soro in natura a a-Ia foi eluida<br />

no pico 3 e a -Ig no pico 4. De acordo com o<br />

ponto isoelétrico das proteínas o primeiro pico<br />

observado nesta figura provavelmente é a<br />

albumina de soro bovino. Resultados semelhantes<br />

na analise de proteínas do soro<br />

mediante cromatografia de troca iônica foram<br />

obtidos por outros autores (Andrews et aI,<br />

1985; Ferreira et aI, 2003)<br />

arvoredoleite.org


(a)<br />

(b)<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

2<br />

mAU %I<br />

lOO<br />

1000<br />

mAU<br />

2500<br />

:!oon<br />

1500<br />

1000<br />

oo<br />

11\<br />

a-Ia I:<br />

13-lg A '<br />

\ I i \<br />

\ ,I<br />

\---- -1<br />

I<br />

1II (3-lg<br />

, 'I B<br />

iJ I<br />

\<br />

\<br />

"-<br />

00 5.0 10.0 15.0 20.0 25.0 30.0 35.0 ml<br />

a-Ia 3/1<br />

fl-Ig-A l Il-Ig-U<br />

) "\. I ----=-r/ .s:: <br />

---<br />

I<br />

l -(<br />

A<br />

l.O 10.0 20.0 30.0 '10.0 ml<br />

Figura 1 - Cromatograma típico de padrões de a-Ia e -Ig (a) e de soro in natura de Mozarela (b)<br />

obtidos mediante CTI<br />

3.3 - Cromatografia de Fase Reversa<br />

Na Figura 2 (a) pode ser visto um<br />

cromatograma das amostras de proteínas puras<br />

usadas na construção das curvas-padrão, onde<br />

foram obtidos dois picos bem definidos para a<br />

-Iactoglobulina. Isto deve-se ao fato da -Ig<br />

ser um dímero formado por -Ig A e -Ig B<br />

(Cayot e Lorient, 1997). Observa-se que as<br />

condições cromatográficas usadas permitiram<br />

boa resolução na separação da -lg A e -lg B<br />

em um curto tempo de análise. A -lg é<br />

considerada o principal componente alergênico<br />

do leite bovino, e as variantes genéticas são as<br />

que provocam diferentes respostas alergênicas<br />

(Cayot e Lorient, 1997).<br />

As condições cromatográfi cas usadas<br />

permitiram obter boa resolução e curto tempo<br />

de analise (33 minutos) para a completa<br />

separação de -lg A e -lg B. Esta técnica<br />

Pág. 384<br />

cromatográfica é baseada principalmente nas<br />

diferenças de hidrofobicidade e tem sido muito<br />

utilizada na analise de diferentes proteínas e<br />

peptídeos (Roger & Harrison, 1994). Neste<br />

trabalho foi realizada uma eluição em gradiente,<br />

empregando uma solução de NaCl (pH 2,5) e<br />

uma força iônica de 0,15M como eluente A e<br />

Acetonitrila pura como eluente B, de acordo com<br />

a metodologia descrita por Zuniga, et ai (2000)<br />

conseguindo uma resolução ótima na separação<br />

das proteínas a-la e -lg.<br />

As duas técnicas cromatográficas utilizadas<br />

neste trabalho não mostraram uma<br />

repetitividade exata dos tempos de retenção<br />

dos picos de ambas as proteínas, porem a<br />

cromatografia líquida de alta eficiência usando<br />

coluna de fase reversa mostrou os melhores<br />

resultados em termos de a repetitividade dos<br />

tempos de retenção, com variações das aproximadas<br />

de ±2%.<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

%F<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

(a)<br />

(b)<br />

7 5 <br />

I<br />

I<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

o 5 10 15<br />

a.-Ia<br />

Minutos<br />

20 25 30<br />

,---------,-----,----,----------o<br />

5 10 15 20 25 30<br />

Minutos<br />

40<br />

CO<br />

E<br />

Ql<br />

Ol<br />

2<br />

C<br />

Ql<br />

<br />

Ql<br />

20 o..<br />

Figura 2 Cromatograma típico de padrões de a-Ia e -lg (a) e de soro in natura de Mozarela (b)<br />

4 - CONCLUSÃO<br />

obtidos mediante (RP-HPLC)<br />

Os resultados mostraram que a cromatografia<br />

líquida de fase reversa levou a uma melhor<br />

separação das proteínas. Mediante este método,<br />

foi possível uma separação completa das<br />

proteínas em estudo com elevada resolução e<br />

em um curto tempo de analise de aproximadamente<br />

33 minutos e com variações de<br />

repetitividade dos tempos de retenção dos picos<br />

cromatográficos da ordem de ±2%.<br />

ABSTRACT<br />

This paper describes and compares three<br />

chromatographic methods for the analysis and<br />

digitalizado por<br />

quantification of most abundant proteins in cheese<br />

whey, a-lactalbumin and -lactoglobulin. The<br />

methods were: Reverse-phase high performance<br />

liquid chromatography, anion Exchange<br />

chromatography and size-exclusion<br />

chromatography. The reverse- phase liquid<br />

chromatography led to a better separation of whey<br />

proteins than size-exclusion chromatography and<br />

anion exchange chromatography, this method<br />

offered a excellent separation for whey proteins<br />

and presented a short time of analysis (33 min.).<br />

Key Words: RP-HPLC, anion-exchange<br />

chromatography, a-Lactalbumin, p-Lactoglobulin.<br />

arvoredoleite.org


5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

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ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

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Cândido Tostes. v. 54, n. 316, p. 17-21, 2000.<br />

• • •<br />

MICROBIOTA CONTAMINANTE DO LEITE CRU REFRIGERADO<br />

Spoilage microbiota from refrigerated raw milk<br />

Cláudia Lúcia de Oliveira Pintol<br />

Maurílio Lopes Martins2<br />

Sebastião César Cardoso Brandão3<br />

Célia Alencar de Moraes4<br />

Maria Cristina Dantas Vanetti4<br />

Pesquisadora EPAMIG/CTZM-Viçosa-MG, DS em M icrobiologia Agrícola UFV E-mail: clucia@epamig.ufv.br<br />

2 Doutorando, Departamento de Microbiologia. Universidade Federal de Viçosa.<br />

3 Departamento de Tecnologia de Alimentos. Universidade Federal de Viçosa.<br />

4 Departamento de Microbiologia. Universidade Federal de Viçosa. E-mail: mvanetti@ufv.br<br />

Pág. 386<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

RESUMO<br />

Os objetivos deste trabalho foram avaliar características microbiológicas do leite cru<br />

refrigerado e isolar bactérias psicrotróficas proteolíticas predominantes. Amostras de leite<br />

cru foram coletadas em tanques de refrigeração individuais, coletivos e no silo industrial e<br />

avaliadas quanto ao grau de contaminação por bactérias mesofílicas, psicrotróficas,<br />

psicrotróficas proteolíticas e Pseudomollas sp e quanto à lactofermentação. Constatou-se<br />

grande variação ocorreu na qualidade bacteriológica entre as amostras. O grau de<br />

contaminação das amostras coletadas em tanques de refrigeração coletivos e individuais<br />

foi inferior ao constatados nas amostras coletadas no silo industrial. O percentual de<br />

amostras com contagens microbianas mais altas foi observado, respectivamente, no silo<br />

industrial, tanques coletivos e tanques individuais. Bactérias psicrotróficas proteolíticas<br />

Gram-negativas foram isoladas com maior freqüência. Os resultados desta pesquisa indicaram<br />

a necessidade de maior controle das fontes de contaminação do leite cru para a obtenção de<br />

produtos lácteos de alto valor agregado e confirmaram que a microbiota contaminante<br />

Gram-negativa é predominante do leite cru refrigerado.<br />

Palavras-chave: leite cru, refrigerado, microbiota<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

A estocagem do leite cru refrigerado na<br />

fonte de produção regulamentada no Brasil em<br />

2002 (BRASIL. 2(02 ) diminuiu os custos<br />

operacionais de produção. Porém, esta prática é<br />

associada a problemas tecnológicos decorrentes<br />

da atividade enzimática de bactérias<br />

psicrotróficas (COUSIN, 1982; S0RHAUG e<br />

STEPANIAK, 1997). A microbiota psicrotrófica<br />

contaminante do leite cru inclui espécies de<br />

bactérias Gram-negativas dos gêneros<br />

Pseltdoll/ollas, Ac!lroll/ o!Jacter, AerOfl!OllaS,<br />

Serra tia, A/caligelles, Chrol11o!Jacteriul1l e<br />

F/a \!o!Jacteriul1/ e bactérias Gram-pos itivas dos<br />

gêneros Bacilllts, C[ostridilllll, Coryne!Jacterilllll,<br />

StreptococCllS, LactococClIs, Leucollostoc,<br />

Lacto!Jacillus e Micro!Jacterillll/ spp. (COUSIN,<br />

1982; RYSER, 1999). Bactérias ci o gênero<br />

Pselldolllo/WS são isoladas com maior freqüência<br />

do leite e de produtos lácteos refrigerados embora<br />

não representem mais do que 10% da microbiota<br />

do leite cru, recém-ordenhado (S0RHAUG e<br />

STEPANIAK, 1997). A contaminação dos<br />

produtos lácteos por bactérias psicrotróficas é<br />

associada ao suprimento de água de qualidade<br />

inadequada, deficiências de higiene e mastite<br />

(MURPHY e BOOR, 20(0). A contagem de<br />

bactérias mesofílicas é a análise empregada para<br />

a avaliação da qualidade de leite cru refrigerado<br />

porém, esta não fornece indicações dos tipos de<br />

contaminantes e o seu potencial deteriorador.<br />

Com base nos dados da literatura, é imprudente a<br />

fabricação de produtos lácteos a partir do leite<br />

cru com contagem de psicrotróficos superior a<br />

5,0 x 106 UFC/mL. Os objetivos deste trabalho<br />

digitalizado por<br />

foram avaliar características microbiológicas do<br />

leite cru refrigerado e isolar bactérias psicrotróficas<br />

proteolíticas predominantes.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

As amostras de leite cru refrigerado foram<br />

coletadas no silo industrial e em tanques coletivos<br />

e individuais de fornecedores de uma indústria de<br />

Laticínios da Zona da Mata Mineira. Foram<br />

coletadas 4 amostras no silo industrial me dias e<br />

hora diferentes, 33 amostras de leite em tanques<br />

de refrigeração individuais e 12 amostras em<br />

tanques coletivos com, aproximadamente, 48<br />

horas de estocagem (ABNT, 1985). Para a coleta,<br />

manuseio e manutenção das amostras seguiu-se<br />

as recomendações da Federação Internac ional<br />

de Laticínios (IOF, 1985). As amostras de leite<br />

cru refrigerado foram avaliadas quanto a prova<br />

de lactofermentação (BRAMLEY e McKINNON<br />

(1990), contagem de bactéri as mesofílicas e<br />

mesofílicas proteolíticas em Ágar Casei nato para<br />

Métodos Padronizados - SMCA (FRANK et<br />

aI ., 1992), contagem de bactérias psicrotróficas<br />

e psicrotróficas proteolíticas em SMCA, com<br />

incubação a 6,5 ± 0,5°C, por 10 dias, contagem<br />

de PseudolJlol!as spp. em agar base para<br />

Pseudol/lollas CM559 (Oxoid), adicionado de<br />

cetrimida (10,0 mg L·I ), fucidina (10,0 mg L·I) e<br />

cefalosporina (50,0 mg L·I) (suplemento. seletivo<br />

SR 103E, Oxoid®), com incubação a 22°C, por<br />

72 horas. Foram selecionadas de três a quatro<br />

colônias com halos de clarificação e, ou de<br />

precipitação da caseína do meio de cultura<br />

arvoredoleite.org


SMCA, das maiores diluições de amostras de leite<br />

cru. Os isolados foram purificados em ágar<br />

nutriente e congelados a -80°C, em caldo<br />

tripticaseína e soja TSB, com 20% de gliceroI.<br />

Após ativação em caldo TSB, a 25°C , por 48<br />

horas foram caracterizados quanto à morfologia<br />

e reação de Gram. O metabolismo fermentativo<br />

da glicose foi pesquisado nos isolados Gramnegativos<br />

em meio Rugai modificado por Pessoa<br />

e Silva (MBiolog Diagnósticos Ltda.). As médias<br />

das contagens microbianas das amostras<br />

coletadas em tanques individuais, coletivos e no<br />

silo industrial, foram comparadas por análise de<br />

variância e teste de Tllkey a 5% de probabilidade,<br />

utilizando-se o Sistema de Análise Estatística -<br />

SAS (1996). Realizou-se ainda a análise<br />

descritiva do percentual de amostras coletadas<br />

em tanques individuais, coletivos e no silo industrial<br />

quanto ao grau de contaminação dos<br />

grupos de microrganismos avaliados, agrupandoas<br />

em faixas de contagens.<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Constatou-se uma grande variação da<br />

qualidade bacteriológica do leite pela prova de<br />

lactofermentação com predominância de coágulos<br />

indicativos de predominância de microbiota<br />

proteolítica. O grau de contaminação das<br />

amostras coletadas no silo industrial foi<br />

significativamente superior aos observados nas<br />

amostras provenientes dos tanques individuais e<br />

coletivos para os grupos microbianos avaliados<br />

(Quadro I ). Verificou-se maior número de<br />

amostras com contagens mais altas (entre 105 e<br />

10" UFC/mL ou superior a 106 UFC/mL) de<br />

mesófilos, mesófilos-proteolíticos, psicrotróficos,<br />

psicrotróficos proteolíticos e Pselldomonas<br />

respectivamente no silo industrial e nos tanques<br />

coletivos. Os percentuais de amostras de leite<br />

cru refri gerado, com contagens de psicrotróficos<br />

superiores a 10% da contagem de mesófilos<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

foram de 57,6%, 66,7% e 100% nas amostras<br />

coletadas em tanques de refrigeração individuais<br />

coletivos e no silo industrial, respectivament<br />

indicando deficiências nas condições higiênicas<br />

de produção e de armazenamento, de transporte<br />

e de refrigeração. Contaminações altas por<br />

mesófi los e psicrotróficos também foram<br />

constatadas por SILVA (2003) em amostras de<br />

leite coletadas em silos industriais. Esse autor<br />

observou urna correlação positiva entre a<br />

contagem de bactérias psicrotróficas do leite cru<br />

e o aumento da viscosidade do leite UHT<br />

sugerindo a presença de atividade de enzimas<br />

proteoIíticas termorresistentes.<br />

Dentre as 153 bactérias psicrotróficas<br />

proteoIíticas isoladas de leite cru refrigerado<br />

constatou-se a predominância de Gram-negativas<br />

(75%), especialmente as não fermentadoras de<br />

glicose que representou 48% do total de isolados<br />

confirmando os resultados descritos na literatura<br />

(COUSIN, 1982). Os gêneros bacterianos não<br />

fermentadores de glicose incluem Acinetobacter,<br />

Aerol1lollas, Burk/zolderia, Clzryseobacterillll<br />

(FlavobacteriulIl), Clzryseolllonas, Moraxella e<br />

Pseudol1/onas e dentre esses, Pseudolllonas<br />

fl uorescens é isolada com maior freqüência<br />

(MUIR, 1996). A importância do controle da<br />

contaminação dessa bactéria na cadeia produtiva<br />

do leite é relacionada ao seu potencial enzimático<br />

que pode variar em função da estirpe (DOGAN e<br />

BOOR, 2003).<br />

4 - CONCLUSÃO<br />

A grande variação observada nos tipos de<br />

coágulos na prova de lactofermentação, com a<br />

predominância coágulos típicos de bactérias<br />

contaminantes proteolíticas indicou a necessidade<br />

de maior controle das diferentes fo ntes<br />

de contaminação do leite cru. A manutenção do<br />

leite cru, por períodos prolongados, em condições<br />

de refrigeração pode comprometer a sua<br />

Quadro! - Médi , a dos logaritmos dos números de unidades formadoras de colônias (UFC/mL) de bactérias<br />

mesofIlas, mesófilas proteolíticas, psicrotróficas, psicrotróficas proteolíticas e de<br />

Pselld{:111o . nas sp ., de amostras coletadas em tanques de refrigeração individuais, coletivos<br />

e no SIlo 1I1dustnal.<br />

Local de Mesófilas Mesófilas Psicrotróficas Psicrotróficas PselldoJr/ol1 as<br />

amostragem proteolíticas proteolíticas spp.<br />

Tanque Individual 5, 13 a<br />

Tanque Coletivo 5,26 a 4,85<br />

4,65 n 4,49a 3,62 a 3,94 •<br />

a. h<br />

4,70<br />

Silo Industrial 6,36 h 5,66 h 6,20 h 5,25 h<br />

a. h<br />

3,83 a. h 4,47 a. h<br />

5,84 h<br />

Médias seguidas de uma mesma letra nas colunas não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.<br />

Pág. 388<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

qualidade selecionar bactérias psicrotróficas<br />

capazes de produzir enzimas proteolíticas e<br />

lipo líticas termoestáveis. Portanto há necessidade<br />

de investimentos contínuos em boas<br />

práticas na cadeia produtiva do leite. O presente<br />

estudo confirmou que bactérias Gram-negativas,<br />

especialmente não-fermentadoras, são isoladas<br />

com maior freqüência de leite cru refrigerado,<br />

indi cando a necessidade do controle do<br />

binômino tempo/temperatura durante a<br />

estocagem do leite cru.<br />

SUMMARY<br />

This work aimed to evaluate the<br />

microbiological characteristics of cooled raw milk<br />

and to isolate proteolytic psychrotrophic<br />

bacteria. Samples of raw milk were collected in<br />

individual refrigerated tanks, collective<br />

refrigerated tanks and in the industrial silo. These<br />

samples were evaluated to the presence of<br />

mesophilic, psychrotrophic, proteolytic<br />

psychrotrophic bacteria, Pselldolllollas sp and to<br />

the lacto fermentation test. It was verified that a<br />

great variation occurred in the bacteriological<br />

quality among the samples. The contamination<br />

of samples collected from individual and colIective<br />

tanks were lower than that observed in samples<br />

collected from industrial silo. Gram-negative<br />

proteolytic psychrotrophic bacteria were the<br />

predominant microbiota. These results indicated<br />

the necessity for larger control of the raw milk<br />

contamination sources in order to obtain milk<br />

products of high aggregate value. Also, they<br />

confinned that the Gram-negative microbiota is<br />

predominant in refrigerated raw milk.<br />

Key-words: refrigerated raw milk ,<br />

microbiota.<br />

5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

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6 - AGRADECIMENTOS<br />

Os autores agradecem à Fundação de<br />

Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais­<br />

FAPEMIG pelo auxílio financeiro, à Cooperativa<br />

dos Produtores de Leite de Leopoldina - Lac<br />

pelo apoio na concessão das amostras e ao Prol"'.<br />

José Benício Paes Chaves do DTA/UFY.<br />

• • • •<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

DIFERENÇAS MORFOLÓGICAS DE LA C TOBA CILLUS DELBRUECKII UFV H2B<br />

DIFERENTES MEIOS DE CULTIVO<br />

Morphological Differences of Lactobacillus delbrueckii UFV H2b20 d D'<br />

,<br />

Cultlvation Media<br />

RESUMO<br />

A produção de alimentos probióticos exiae<br />

características do microrganismo de l' t<br />

e os efeitos benéficos do produto L . ( b '11<br />

a ongados. Alaumas espécies e'· b<br />

.<br />

I<br />

20 EM<br />

un er Iverse<br />

Mauricio de Oliveira leite1<br />

Cláudia Lúcia de Oliveira Pinto2<br />

.<br />

Célia Alencar de Moraes3<br />

Magdala Alencar Te ixeira4<br />

'" proflndo conhecImento de todas as<br />

n eresse para aarantIr seaura ' 'd d<br />

"'_ '" nça a sau e o consumidor<br />

. ac o ael u\" sao bastonetes Gra<br />

Xl<br />

. .<br />

'" em uma mIstura de basto t I<br />

simultaneamente. A observação das células co ' .<br />

originadas de uma mesma estirpe levou '<br />

do L. delbrueekii UFV H2b?0 '<br />

Este trabalho teve por objetivo a I<br />

. .<br />

m-poSItlvoS, curtos ou<br />

ne es . ongos e curtos<br />

m dIfeIentes morfologIas nos produtos,<br />

'<br />

d<br />

a neceSSI ade de conhecer as possíveis apresentações<br />

d<br />

- nos pro utos probióticos dese I 'd<br />

nvo VI os com essa bactéria.<br />

UFV<br />

'<br />

H2b20 em meios e condiçõdan<br />

1r as<br />

.<br />

mudanças morfológicas de L. delbrueekii<br />

probiótico.<br />

e<br />

O conhecimento da variaÇ ãu Iof regd os na<br />

.<br />

produção de células para<br />

de processos de produção de células e produtos.<br />

'" ca e Importante no acompanhamento<br />

Palavras-chave: LaclObacilllls delbrueekii UFV H2b20, probiótico, morfologia celular.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

Probiólicos são culturas de microraanismos<br />

pUr'lS '. .<br />

< . ou Il1Istas, quc afetam beneficamente o<br />

home m Ol o animal, melhorando as propriedades<br />

.<br />

da mlcrOblOta indígena (HUIS IN'T VESD I<br />

1994) A<br />

. .<br />

"'<br />

et a .,<br />

. partir do Isolamento de Lae(obaeilh/ l'<br />

d recém nascidos, com três dias de idade '<br />

alImentados exclusivamente com leite materno '<br />

e da seleção de estirpe com característica<br />

adequadas para a aplicação como probiótico<br />

(SANTO , 1984), urna série de trabalhos foi<br />

desenvolvIda com o L. delbrueckii UFV H2b20<br />

Foral1 demonstradas suas característica;<br />

promIssoras para aplicação como probiót'<br />

(AGOSTIN<br />

ICO<br />

. HO, 1988), tanto em produtos<br />

contendo celulas viáveis para uso imediato ou<br />

par produtos estáveis com prazos de validade<br />

mais longos (FIGUEIREDO, 1997). O L.<br />

Mestre em Microb ' I<br />

esqulsadora (OS). Epamig-MG.<br />

2 P '<br />

. A ' ' .<br />

10 ogIa gncola. UI1lversldade Federal de Viçosa<br />

3 Professora Adjunta do Departamento Microbiol<br />

4 Professora Colabora do Departamento M' b' °<br />

,<br />

delbrlleekii<br />

UFV H2b20 prod uz peróxido de<br />

,<br />

hldrogenlO em quantidade suficiente para inibir<br />

rupo . s bem diversificados de microrganismos,<br />

InclUIndo o de patógenos intestinais, como:<br />

Salm . onelIa, Shigella e outras bactérias causadoras<br />

de dIstúrbios intestinais no homem (RIBEIRO<br />

1995): Os estudos também mostraram a su<br />

apacIdade de colonização do intestino e<br />

Imunostimulação (NEUMANN, 1998). O<br />

cone . cmento . das propriedades do microrganismo<br />

prOblOtIco de lI1teresse é determinante num sistema<br />

de produção . de células e de produtos probióticos.<br />

E . sse conhecllnento prévio do comportamento em<br />

dIferentes meios e condições de cultivo pode evitar<br />

perdas pela als impressão de contaminação da<br />

cultura e, prInCIpalmente, evitar a produção de<br />

culturas realmente contaminadas e colocar em risco<br />

,.<br />

. (PI ' .<br />

gl 1.0). UI1lversldade Federal de Viçosa.<br />

l<br />

, Icro 10 ogla (Ph.D). Universidade Federal de<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

a saúde pública. Laetobaeillus são bastonetes Gram­<br />

positivos, curtos ou alongados dependendo da idade<br />

da cultura, da composição do meio e da tensão de<br />

oxigênio, não formam esporos e possuem<br />

metabol ismo excl usi v amente fermentati vo<br />

(KANDLER & WEISS, 1986). O meio pode<br />

determinar ainda o grau de curvatura da célula.<br />

Algumas espécies exibem uma mistura de<br />

bastonetes longos e curtos simultaneamente. A fase<br />

de crescimento e o pH podem levar à formação de<br />

cadeias longas ou de anéis compostos por várias<br />

células (KANDLER & WEISS, 1986). A observação<br />

das células com diferentes morfologias nos<br />

produtos originados de uma mesma estirpe levou à<br />

necessidade de conhecer as possíveis apresentações<br />

do L. delbrueekii UFV H2b20 nos produtos<br />

desenvolvidos. Este trabalho teve por objetivo<br />

acompanhar as mudanças morfológicas de L.<br />

delbrlleekii UFV H2b20 em diferentes meios e<br />

condições de cultivo empregados na produção de<br />

células para probiótico.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

2.1 -Meios e condições de cultivo de L.<br />

delbrueckii UFV H2b20<br />

A cultura de L. delbrueekii UFV H2b20 era<br />

conservada em soro de queijo com 20% de<br />

glicerol a -80°C, reativada em leite desnatado<br />

reconstituído a 10% (p/v) e as colônias isoladas<br />

em placa com agar MRS eram usadas para a<br />

prod ução de cada batelada de células. Foram<br />

produzidas células em: A) soro de queijo Minas<br />

Frescal; B) caldo MRS; C) Leite integral. Foram<br />

testadas também: células produzidas em soro de<br />

queijo Minas Frescal que foram centrifugadas e<br />

em seguida ressuspendidas em leite integral que<br />

fo i desidratado em sp ray dryer (leite em pó<br />

contendo células viáveis). Foi analisada também<br />

a morfologia de células cultivadas em soro de<br />

queijo e transferidas para caldo MRS e daquelas<br />

presentes no leite em pó, inoculadas em soro de<br />

queijo Minas frescal e incubadas a 40°C por 12<br />

horas. Esse binômio foi empregado em todas as<br />

etapas de propagação das células. Os experimentos<br />

foram repetidos três vezes.<br />

2.2 -Morfologia celular de L. delbrueckii<br />

UFV H2b20 nos diferentes meios de<br />

propagação de células e nos produtos<br />

probióticos<br />

As diferenças morfológicas foram<br />

analisadas após preparações em lâminas<br />

conforme o método de Gram e observadas em<br />

microscópio Leica DMLS. As imagens foram<br />

digitalizado por<br />

capturadas e convertidas em arquivos jpg, em<br />

um computador acoplado ao microscópio,<br />

utilizando o software gerenciador de imagens<br />

IM50, versão 1.20.<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

3.1 - Morfologia de L. delbrueckii UFV H2b20<br />

em resposta a diferentes meios e<br />

condições de cultivo<br />

As células de L. delbrueckii UFV H2b20<br />

(Figura I), cultivadas em soro de queijo Minas<br />

Frescal, apresentaram-se como bastonetes curtos<br />

(Figura IA). Em caldo MRS predominou a forma<br />

de bastonetes alongados (Figura 1 B) e um misto<br />

das duas formas nas células cultivadas no leite<br />

integral (Figura I C). A morfologia do lactobacilo<br />

transferido de soro de queijo para caldo MRS<br />

(Figura I E) confirmou a identidade da bactéria<br />

cultivada no soro, ou seja, ao retornar para o<br />

meio MRS, as células assumiram novamente a<br />

forma de bastonetes alongados. A Figura I D<br />

mostra as células diretamente recuperadas do leite<br />

em pó produzido com as células crescidas em soro<br />

de queijo Minas Fresca/. A diferença de morfologia<br />

entre as cél ulas da Figura I A e da Figura I D pode<br />

ser devida às condições a que foram submetidas<br />

imediatamente antes da passagem pelo sp ray<br />

dryer. em que o concentrado de células foi<br />

transferido de soro de queijo para o leite. O tempo<br />

neste último. até a alimentação do spray dryer. é<br />

variável. O pH final do soro na produção de<br />

células foi de 3,9 a 4,5. O pH no leite antes do<br />

spray drying foi de 6,52 a 6,57. A morfologia das<br />

células de L. delbrueekii UFV H2b20 obtidas do<br />

leite em pó e cultivadas em soro de queijo Minas<br />

Frescal (I F) confirmou o pleomorfismo dessas<br />

células. A morfologia demonstrada é a mesma<br />

constante na Figura I A. Ficou demonstrado que<br />

as condições do meio levaram às diferenças<br />

morfológicas, confirmando a identidade das células<br />

que se encontravam no produto probiótico em<br />

questão. A di ferença na morfologia não<br />

representou a presença de contaminantes.<br />

4 - CONCLUSÃO<br />

As mudanças morfológicas de L. delbrlleekii<br />

UFV H2b20 em meios e condições de cultivo<br />

usados na produção de células para probiótico<br />

foram registradas. O conhecimento da variação<br />

morfológica é importante no acompanhamento<br />

de processos de produção de células e produtos.<br />

As diferenças morfológicas das células de L.<br />

delbrueekii UFV H2b20 obtidas nos diferentes<br />

meios e condições de cultivo confirmaram o<br />

arvoredoleite.org<br />

Pág. 391


Figura 1 - Células de L. delbrueckii UFV H2b20 coradas pelo método de Gram. (A) Células cultivadas<br />

em soro de queijo Minas Frescal; (B) Células cultivadas em caldo MRS; (C) Células cultivadas<br />

em leite integral; (D) Células diretamente originadas de leite em pó probiótico. As células<br />

foram cultivadas em soro de queijo Minas Frescal; adicionadas ao leite e submetidas à<br />

desidratação em Spray dryer; (E) Células originadas do soro de queijo Minas Frescal e<br />

cultivadas em caldo MRS; (F) Células originadas do leite em pó e cultivadas em soro de<br />

queijo Minas Fresca!.<br />

pleomorfi smo dessas células. A diferença na<br />

morfologia não foi decorrente da presença de<br />

contaminantes nos produtos. O conhecimento<br />

aqui registrado será incorporado ao protocolo<br />

dc monitoramento de produção dessa bactéria c<br />

dos produtos probióticos dela derivados.<br />

SUMMARY<br />

The prodllction of probiotic foods demands<br />

cOll1prehensive knowledge of the characteristics<br />

of the microorganism 01' interest lO guarantee<br />

safcty to the consumer's health and the beneficiai<br />

effects 01' the product. Laclobacilli are short or<br />

long rod shaped Gram-positivc bacteria. Some<br />

species exhibit a mixlllre 01' long and short rods<br />

simllllaneollsly in lhe same medium. The<br />

observalion of different morphological patterns<br />

in celJs 01' L. de/brueckii UFV H2b20 dllring<br />

distinct steps of probiotics prodllction led to<br />

the need to confirm its identity along the<br />

processing line. This stlldy was carried out with<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

the objecti ve of monitoring morphological<br />

changes in that strain from the early steps of<br />

cultivation through cell mass prodllction and<br />

probiotic product processing. This aims to<br />

enSllre safety and product identity.<br />

Keywords: Lactobacillus delbrlleckii UFV<br />

H2b20, probiotics. cells morphology.<br />

REFERÊNCIA<br />

AGOSTINHO, S.M.M. Comportamento do<br />

L.acidophilllS UFV H2b20 sob condições do<br />

trato digestivo in vitro e efeito de métodos<br />

de preservação em sua atividade. Viçosa,<br />

UFV, 70p. Dissertação (Mestrado em Ciência e<br />

Tecnologia de Alimentos) - Universidade Federal<br />

de Viçosa, Viçosa, MG, 1988.<br />

FIGUEIREDO, H. M. Produção de células viáveis<br />

de Lactobacilllls acidopltillls UFV H2b20 em soro<br />

de queijo e sua estabilidade em leite em pó e<br />

leite fluido. Viçosa: UFV, 1997. 78p. Dissertação<br />

(Mestrado em Tecnologia de Alimentos)<br />

• • •<br />

Universidade Federal de Viçosa, UFV, 1997.<br />

HUIS IN'T VELD, 1.H.J, HAVENAAR, R.,<br />

MARTEAU, P. Establishing a Scientific Basis<br />

for probiotics R&D. Tibtech, v. 12, p. 6-8, 1994<br />

KANDLER, O.; WEISS, N. Lactobaci/lus. Em<br />

SNEATH, P. H. A.; MAIR, N . S.; SHARPE, M.<br />

E.; HOLT, 1. G. (Editores), BERGUEY'S<br />

MANUAL OF Systematic Bacteriology. Vol. 02,<br />

p. 1208-1 234, 1986.<br />

NEUMANN. E .. OLIVEIRA, M.A., CABRAL.<br />

CM., MOURA, L.N., NICOLI, J.R., VIEIRA.<br />

E.C., CARA, D.C., PODOPRIGORA, G.l..<br />

VIEIRA, L.Q.. Monoassociation with<br />

Lactobacillus acidophilus UFV H2b20 stimulates<br />

the immune defense mechanisms of germfree<br />

mice. J. Med. Res. 31, p. 1565-1573, 1998.<br />

SANTOS, N.S. Isolamento de Lactobacilllls<br />

acidophilllS de fezes de crianças alimentadas<br />

ao seio e de bezerros, visando a sua<br />

utilização como adjunto dietético. Viçosa,<br />

UFV, 69p. Dissertação (Mestrado em Ciência e<br />

Tecnologia de Alimentos). Universidade Federal<br />

de Viçosa, Viçosa, MG, 1984 .<br />

• • • •<br />

VARIAÇÃO DOS PARÂMETROS OBTIDOS NA ANÁLISE DO PERFIL DE TEXTURA (TPA)<br />

DE QUEIJOS PROCESSADOS COM O TIPO DE RECIPIENTE UTILIZADO PARA CONTER A<br />

AMOSTRAl<br />

Comparison of texture profile analysis parameters of processed cheese samples held<br />

in different containers<br />

RESUMO<br />

Ariene G. F. VAN DENDER2<br />

Nelson TREVISAN Jr.3<br />

Katumi YOTSUYANAGI4<br />

Valéria D. A. ANJOS4<br />

A Análise do Perfil de Textura (TPA) tem sido cada vez mais utilizada na indústria<br />

alimentícia pois permite avaliar a padronização do processo de fabricação, determinar a<br />

Trabalho com auxílio da FAPESP.<br />

2 Pesquisadora científica - TECNOLAT adender@ital.org.br<br />

3 Bolsista IC - FAPESP.<br />

4 Pesquisador científico - LAFISE.<br />

digitalizado por<br />

Pág. 393<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

identidade e monitorar a qualidade do produto final. O objetivo principal deste trabalho<br />

consistiu em avaliar a influência exercida pelo tipo de recipiente (copo de vidro e cápsula<br />

de alumínio) usado na Análise do Perfil de Textura (TPA) sobre os valores dos parâmetros<br />

da mesma em amostras de queijos processados. As leituras de TPA de amostras de requeijão<br />

cremoso, requeijão cremoso light e de um produto denominado especialidade láctea à base<br />

de requeijão foram realizadas diretamente na embalagem comercial original (copo de<br />

vidro) e também utilizando uma cápsula de alumínio padronizada contendo as amostras.<br />

De modo geral, houve um aumento nos valores dos parâmetros do perfil de textura em<br />

função da diminuição das dimensões (altura e diâmetro) do recipiente usado para conter a<br />

amostra na análise de textura, mostrando assim a necessidade da padronização das condições<br />

de realização da análise de TPA para que os resultados obtidos possam ser comparados<br />

adequadamente.<br />

Palavras-chave: requeijão cremoso, análise do perfil de textura, TPA, queijos processados,<br />

recipiente da amostra.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

A determinação do perfil de textura é muito<br />

importante para avaliar a padronização do<br />

processo de fabricação, determinar a identidade<br />

e monitorar a qualidade do produto final. Os<br />

principais parâmetros envolvidos na caracterização<br />

do perfil de textura de requeijões cremosos<br />

são a sua firmeza, adesividade, elasticidade,<br />

coesividade e gomosidade.<br />

De modo geral, esta análise reflete as<br />

operações de mastigação, com a obtenção da<br />

força ou trabalho realizados na boca, com aplicações<br />

sucessivas de força simulando as operações<br />

dos dentes para compressão, corte e mastigação<br />

do alimento o suficiente para ser ingerido<br />

(ANJOS, 2000).<br />

A Figura I representa um exemplo de<br />

resultado obtido na análise do perfil de textura<br />

do requeijão cremoso. De acordo com a Figura<br />

1, o pico máximo entre os pontos 1 e 2 obtido<br />

na primeira curva do ciclo de compressão<br />

representa a firmeza da amostra, que é a força<br />

necessária para ocasionar uma compressão no<br />

alimento. A área delimitada entre os pontos 3 e<br />

4 representa a adesividade, que é a força necessária<br />

para superar as forças de atração entre a<br />

superfície do alimento e a superfície do elemento<br />

de prova, correspondendo ao pico máximo<br />

negativo existente sobre a curva. A elasticidade<br />

do requeijão é avaliada pelo comprimento da<br />

base da área entre os pontos 4 e 5 dividido pelo<br />

comprimento entre os pontos 1 e 2, dado como<br />

a altura que o alimento recupera entre o primeiro<br />

e o segundo pico de compressão. A coesividade é<br />

a relação entre a área da força (positiva) obtida<br />

durante o segundo pico de compressão e a área<br />

da força (positiva) obtida no primeiro ciclo de<br />

compressão. O produto da firmeza e coesividade<br />

Pág. 394<br />

resultam na gomos idade (SZCZESNIAK, 1963;<br />

ZOON, 1991; TUNICK; NOLAN, 1992).<br />

Force :g)<br />

100'°1<br />

80,0<br />

50,0<br />

Coi<br />

{,<br />

,y'<br />

J;::::::<br />

,/.;<br />

I)f.:<br />

)>>11111<br />

40,0-<br />

,.I(í 11 11 "<br />

\;:::::::::<br />

11'111111111<br />

""111111111 I<br />

111111111111<br />

20,0 .flllllllllll"<br />

llllllllllllll<br />

11111111111111<br />

:11111111111111<br />

111111111111111 )11111111111111<br />

0 , 0 WiJ..U.UllU.lU_\,, _____ , _____ ' ___ ,', __ c ___ U.LU .. UillU.u ---r--'----- -'<br />

° 1 , ', 30,0 40,0 50,0<br />

-20,0<br />

-40,0'<br />

-50,0<br />

-80.0<br />

Time (S8C.)<br />

Figura - Representação gráfica da análise do<br />

perfil de textura do requeijão<br />

cremoso.<br />

O objetivo principal deste trabalho<br />

consistiu em avaliar a influência exercida por<br />

dois tipos de recipientes usados na Análise do<br />

Perfil de Textura (TPA) sobre os valores dos<br />

parâmetros da mesma em amostras comerciais<br />

de requeijão cremoso tradicional (A), requeijão<br />

cremoso light (AL) e um novo produto lançado<br />

no mercado, a "especialidade láctea à base de<br />

requeijão cremoso" (ESP). As avaliações foram<br />

feitas dentro do copo original e após a<br />

transferência para uma cápsula padronizada de<br />

alumínio. O uso deste tipo de recipiente é<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

necessano para analisar o perfil de textura de<br />

amostras em diferentes embalagens, como por<br />

exemplo, pote plástico, bisnaga, em que a<br />

referida análise não pode ser determinada<br />

diretamente nas embalagens, como é feito<br />

normalmente quando se utilizam somente copos.<br />

2 - MATERIAIS E MÉTODOS<br />

As amostras analisadas foram adquiridas no<br />

comércio de Campinas, sendo 3 lotes de amostras<br />

comerciais de requeijão cremoso com teor<br />

normal de gordura ou tradicional (A), 3 lotes de<br />

amostras comerciais de requeijão cremoso com<br />

teor reduzido de gordura ou "light" (AL) e 3<br />

lotes de amostras comerciais de especialidade<br />

láctea à base de requeijão cremoso (ESP). As<br />

análises do perfil de textura foram realizadas<br />

logo após a aquisição dos requeijões no comércio<br />

(1-3 dias). A temperatura das amostras para<br />

análise do perfil de textura foi de 10°C, sendo<br />

avaliadas dentro do copo original de vidro, com<br />

altura média de 120mm, diâmetro de 74mm e<br />

capacidade volumétrica de 284mL e após a<br />

transferência para uma cápsula de alumínio de<br />

52mm dc diâmetro, 26mm de altura e com<br />

capacidade de 52 mL. O método empregado para<br />

avaliação do perfil de textura das amostras de<br />

requeijão fo i o recomendado por CAMPOS<br />

(1981), adaptado para utilização do TA-XT2<br />

(Texture Profile Analyser - Stable Micro Systems),<br />

utilizando-se os seguintes parâmetros de teste:<br />

velocidade de pré-teste de 2,0 mm/s, velocidade de<br />

teste dc 2,0 mm/s, velocidade de pós-teste de 2,0<br />

mm/s, profundidade de 10,0 mm, tempo de 5,0 s e<br />

força de contato de 100 g utilizando probe<br />

cilíndrico de acrílico P25/L, de 25mm de diâmetro.<br />

Os parfimetros do perfil de textura analisados<br />

foram: elasticidade, coesividade, adesividade,<br />

firmeza e gOJl1osidade (Figura 2).<br />

Os experimentos foram realizados de forma<br />

aleatória, em triplicata. Os resultados obtidos foram<br />

analisados por meio de análise de variância<br />

(ANOVA), e submetidos ao Teste de Tukey ao<br />

nível de erro de 5%, para comparação das médias.<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Nas Tabelas O I, 02 e 03 foram comparadas<br />

as médias dos parâmetros do perfil de textura<br />

por marca de acordo com o recipiente em que<br />

foram feitas as análises, ou seja, no copo e na<br />

cápsula, para as amostras de requeijões A, AL e<br />

para a ESP utilizando o teste de Tukey ao nível<br />

de erro de 5%.<br />

Analisando-se os dados obtidos pode-se<br />

constatar a influência do tipo de recipiente nos<br />

valores dos parâmetros do perfil de textura dos<br />

três produtos analisados. No caso das amostras<br />

tradicionais A (Tabela O I ) observaram-se<br />

diferenças significativas entre as análises<br />

realizadas no copo e na cápsula para os<br />

parâmetros firmeza, adesividade, e gomosidade,<br />

enquanto que os parâmetros elasticidade e<br />

coesividade não apresentaram diferenças de<br />

acordo com o recipiente de análise. Os requeijões<br />

AL (Tabela 02) apresentaram diferenças em<br />

todos os valores dos parâmetros do perfi l de<br />

textura, com exceção da elasticidade. No caso<br />

das amostras de ESP (Tabela 03) constataramse<br />

diferenças significativas em todos os<br />

parâmetros do perfil de textura quando analisados<br />

em diferentes recipientes.<br />

Observou-se também que, de modo geral.<br />

os valores cios parâmetros do perfil de textura<br />

obtidos na dpsula são maiores do que os valores<br />

obtidos no copo, ou seja, houve um aumento<br />

nos valores dos parâmetros do perfil de textura<br />

provavelmente devido ao fato do efeito exercido<br />

pelas paredes laterais e pelo fundo em relação<br />

Figura 2 - Determinação do perfil de textura de requeijão cremoso no copo e na cápsula utilizando<br />

probe cilíndrico acrílico P25/L, de 25mm de diâmetro.<br />

digitalizado por<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />

Tabela 1 - Resultados médios dos parâmetros de perfil de textura do requeijão cremoso tradicional de<br />

acordo com o recipiente utilizado para análise.<br />

Cápsula Copo<br />

Firmeza(g) 71,633 ± 6,047 a 54,688 ± 7,334 b<br />

Adesividade(g/cm) -182,779 ± 18,633 a 129,69 1 ± 21,427 b<br />

Elasticidade(cm) 0,996 ± 0,003 a 0,996 ± 0,002 a<br />

Coesividade 0,896 ± 0,019 a 0,887 ± 0,025 a<br />

Gomosidade(g) 64,23 1 ± 6,589 a 48,482 ± 6,685 b<br />

Médias acompanhadas da mesma letra na linha não diferem a nível de erro de 5 %, pelo teste de Tukey.<br />

Adesividade comparada em módulo por ser força negativa.<br />

d.m.s. (5%)<br />

6,7 17<br />

20,06 6<br />

0,003<br />

0,022<br />

6,633<br />

Tabela 2 - Resultados médios dos parâmetros de perfil de textura do requeijão cremoso light de<br />

acordo com o recipiente utilizado para análise.<br />

d.m.s.<br />

Firmeza(g) 113 ,414 ± 21,768 a 81,097 ± 9,33 1 b 16,735<br />

Adesividade(g/cm) -257,65 1 ± 56,222 a -176,538 ± 17,853 b 41,683<br />

Elasticidade(cm) 0,989 ± 0,002 a 0,987 ± 0,003 a 0,003 a<br />

Coesividade 0,854 ± 0,009 b 0,877 ± 0,019 a 0,015<br />

Gomosidade(g) 96,926 ± 18,650 a 7 1 , 139 ± 8,401 b 14,454<br />

Médias acompanhadas da mesma letra na linha não diferem a nível de erro de 5 %, pelo teste de Tukey.<br />

Adesividade comparada em módulo por ser força negativa.<br />

Tabela 3 - Resultados médios dos parâmetros de perfil de textura da especialidade láctea à base de<br />

requeijão cremoso de acordo com o recipiente utilizado para análise.<br />

Cápsula Copo d.m.s. (5%)<br />

Firmeza(g) 149,477 ± 31,604 a 94,645 ± 19,496 b 26,240<br />

Adesividade(g/cm) -397,039 ± 79,276 a -2 1 2,67 1 ± 50,413 b 66,387<br />

Elasticidade(cm) 0,982 ± 0.003 a 0,978 ± 0,002 b 0,003<br />

Coesividade 0,877 ± 0,021" 0,834 ± 0,023 b 0,022<br />

Gomosidade(g) 131,161 ± 28,546 a 79, 128 ± 17,5 15 b 23,666<br />

Médias acompanhadas da mesma letra na linha não diferem a nível de erro de 5 %, pelo teste de Tukey.<br />

Adesividade comparada em módulo por ser força negativa.<br />

ao probe ser maior na cápsula quando comparado<br />

ao copo. Isto ocorreu em função da diminuição<br />

das dimensões (altura, diâmetro e capacidade<br />

volumétrica) do recipiente usado para conter a<br />

amostra na análise de textura (cápsula < copo).<br />

4 - CONCLUSÕES<br />

Os resultados obtidos neste estudo permitiram<br />

verificar a influência exercida pelo recipiente de<br />

análise onde a amostra está contida sobre os<br />

parâmetros do perfil de textura de queijos<br />

processados. Tais resultados são importantes pois<br />

colocam em evidência a necessidade de padronização<br />

das condições de realização da análise de TPA para<br />

que os resultados obtidos em diferentes experimentos<br />

possam ser confiáveis e comparáveis entre si.<br />

SUMMARY<br />

Texture Profile Analysis (TPA) has been<br />

increasingly used in the food industry as a useful<br />

tool to standardize manufacturing processes,<br />

determine product identities and monitor final<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

product quality. The main objective of this study<br />

was to evaluate the influence exerted by the type<br />

of container (household drinking glass and<br />

aluminum capsule) used in Texture Profile Analysis<br />

(TPA) on the TPA parameter values of samples of<br />

processed cheese. TPA readings of requeijüo<br />

cre/J/oso, requeUüo cre/J/oso light and a product<br />

known as "especialidade lâctea à base de requeijüo<br />

cre/J/oso" (dairy specialty product containing<br />

reqlleUüo cre/J/oso) were performed directly on<br />

sample material contained in the original retail<br />

package (regular drinking glass) and subsequently<br />

in an aluminum capsule. In general, texture profile<br />

parameter values increased with the decrease of<br />

the size (height and diameter) of the container<br />

holding the samples submitted to TPA analysis.<br />

The results obtained clearly show the need to<br />

standardize the TPA testing conditions to allow<br />

for adequate comparison of TPA results.<br />

Key-words: reqlleijüo cre/J/oso, texture<br />

profile analysis, TPA, processed cheeses, sample<br />

containers.<br />

5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

ANJOS, Y.D.A Reologia de requeijão cremoso e<br />

outros queijos fundidos. In: Seminário sobre<br />

requeijão cremoso e outros queij os<br />

fundidos: Aspectos de qualidade,<br />

processamento, rotulagem, legislação e<br />

mercado. Campinas, ITAL, capo 12, p. 1-10,<br />

2000 . (Manual Técnico).<br />

ZOON, P. The relation between instrumental<br />

and sensory evaluation of the rheological and<br />

fracture and properties of cheese. Bulletin of<br />

the International Dairy Federation, Brussels,<br />

V. 268, p. 30-5, 1991.<br />

TUNICK, M.H.; NOLAN, E.D.J. Rheology of<br />

cheese. Physical chemistry of food processes<br />

fundamental aspects . In: BAIAN, J.C. New<br />

York: ed. An AVI Book, p. 273-97, 1992.<br />

SZCZESNIAK, A.S. The texturometer. A new<br />

instrument for objective texture measurement.<br />

Journal of Food Science, Chicago, V. 28, n. 3,<br />

p. 390-6, 1963.<br />

CORRELAÇÃO ENTRE A COMPOSiÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E OS PARÂMETROS DA<br />

ANÁLISE DO PERFIL DE TEXTURA (TPA) DE QUEIJOS PROCESSADOSl<br />

Correlation between physical-chemical composition and texture profile analysis (TPA)<br />

of processed cheeses<br />

RESUMO<br />

+<br />

Ariene G. F. VAN DENDER2<br />

Nelson TREVISAN Jr.3<br />

Katumi YOTSUYANAGI4<br />

Valéria D. A. ANJOS4<br />

Marcelo MORGAN05<br />

Diferenças na composição centesimal dos requeijões cremosos e a diversidade de produtos<br />

encontrados comacialmente justificam um importante estudo para avaliar a influência da<br />

Trabalho com auxílio da FA PESP.<br />

2 Pesquisadora científica TECNOLAT adender@ital.org.br.<br />

Bolsista IC FAPESP.<br />

4 Pesquisador científico - LAFISE.<br />

5 Pesquisador científico - CQNA.<br />

digitalizado por<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

variação das características físico-químicas nos parâmetros do perfil de textura (TPA). O<br />

objetivo principal deste trabalho consistiu em correlacionar os parâmetros de TPA com as<br />

principais características físico-químicas de amostras comerciais de requeijão cremoso<br />

tradicional, requeijão cremoso light e um produto lançado mais recentemente no mercado<br />

brasileiro, a "especialidade láctea à base de requeijão cremoso". Levando-se em conta a<br />

complexidade do sistema estudado, a correlação linear mostrou ser uma técnica eficiente<br />

para avaliar a influência das principais características físico-químicas nos parâmetros do<br />

perfil de textura dos produtos estudados.<br />

Palavras-chave: Requeijão cremoso, requeijão cremoso light, especialidade láctea à base<br />

de requeijão cremoso, análise de perfil de textura, composição físico-química, queijos<br />

processados.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

A determinação do perfil de textura é muito<br />

importante para avaliar a padronização do<br />

processo de fabricação, determinar a identidade<br />

e monitorar a qualidade do produto final,<br />

relacionada principalmente com a textura e a<br />

estabilidade da emulsão. Os parâmetros do perfil<br />

de textura (TPA) são obtidos da análise da curva<br />

representativa do alimento. Os principais<br />

parâmetros envolvidos na caracterização do<br />

perfil de textura de requeijões cremosos são a<br />

firmeza, adesividade, elasticidade, coesividade e<br />

gomosidade. O corpo e a textura dos queijos<br />

processados são afetados por vários fatores tais<br />

como: composição e grau de maturação da massa<br />

utilizada como matéria-prima, pH, tipo e<br />

quantidade de sal emulsificante, temperatura e<br />

tempo de cozimento, velocidade de agitação e<br />

temperatura de resfriamento (TEMPLETON;<br />

SOMMER, 1930, 1932; MEYER, 1973;<br />

VERMA; GUPTA, 1981; BERGER et aI., 1989;<br />

GUPTA; REUTER, 1992; YUN et aI., 1993).<br />

Atualmente, o uso de ingredientes em<br />

substituição ao queijo natural na fabricação de<br />

queijos processados tem aberto urna ampla área<br />

para os produtos alimentícios. Por exemplo,<br />

caseína, caseinatos, concentrados de proteínas do<br />

soro, leite em pó e concentrados de proteínas de<br />

leite podem ser usados como fontes de proteínas,<br />

enquanto creme, manteiga, frações de gordura do<br />

leite e óleos vegetais podem ser usados em várias<br />

proporções para fornecer a gordura do produto.<br />

Lactose, polissacarídeos, gomas, estabilizantes e<br />

conservadores podem ser também adicionados<br />

para reduzir custos, acrescentar sabor ou textura<br />

ou prolongar a vida de prateleira (LEE, 2001).<br />

Sendo assim, a composição centesimal dos<br />

produtos com teor reduzido de gordura pode variar<br />

bastante quando comparada à dos produtos<br />

tradicionais correspondentes. No caso de queijos<br />

processados, o amido modificado pode ser<br />

Pág. 398<br />

utilizado para auxiliar na retenção de água do<br />

produto, dando maior estabilidade à emulsão e<br />

proporcionando um controle maior do processo.<br />

De acordo com FRIEDMAN (1995), as<br />

propriedades espessantes e gelatinizantes do amido<br />

influenciam positivamente as características<br />

sensoriais de produtos alimentares, além de<br />

importante efeito tecnológico e funcional no<br />

processamento industrial.<br />

Tendo em vista a grande variedade de<br />

produtos encontrados no comércio, o objetivo<br />

deste trabalho consistiu em correlacionar os<br />

parâmetros obtidos na análise do perfil de textura<br />

(TPA) com as principais características físicoquímicas<br />

de amostras comerciais de requeijão<br />

cremoso tradicional (A), requeijão cremoso light<br />

(AL) e um produto lançado mais recentemente<br />

no mercado brasileiro, a "especialidade láctea à<br />

base de requeijão cremoso" (ESP). Desta forma,<br />

pretendeu-se determinar como as diferenças na<br />

composição podem afetar cada parâmetro do<br />

perfil de textura dos produtos, visando obter<br />

informações úteis para o controle do processo, o<br />

monitoramento do requeijão durante a estocagem<br />

e para o desenvolvimento de novos produtos,<br />

tendo em vista a existência de diversos parâmetros<br />

e interações ainda a serem explorados.<br />

2 - MATERIAIS E MÉTODOS<br />

Os produtos analisados foram adquiridos<br />

no comércio de Campinas, sendo 3 lotes de<br />

amostras comerciais de requeijão cremoso com<br />

teor normal de gordura ou tradicional (A), 3 lotes<br />

de amostras comerciais de requeijão cremoso<br />

com teor reduzido de gordura ou "light" (AL) e<br />

3 lotes de amostras comerciais de especialidade<br />

láctea à base de requeijão cremoso (ESP). A<br />

temperatura das amostras para análise do perfil<br />

de textura foi de 10DC, sendo avaliadas<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

diretamente no copo original. Para a caracterização<br />

físico-química e perfil de textura foram<br />

utilizadas três unidades de cada lote. Todos os<br />

requeijões foram submetidos às seguintes análises<br />

físicas e químicas para a caracterização dos<br />

produtos: pH, extrato seco total (EST), gordura,<br />

proteína total, nitrogênio solúvel em pH 4,6<br />

(NS), nitrogênio não-protéico (NNP), cloreto<br />

de sódio, carboidratos (CARB), cinzas e minerais,<br />

realizadas de acordo com os métodos oficiais. O<br />

método empregado para avaliação do perfil de<br />

textura das amostras de requeijão foi o<br />

recomendado por CAMPOS (1981), adaptado<br />

para utilização do TA-XT2 (Texture Profile<br />

Analyser Stable Micro Systems). Para este<br />

trabalho foram utilizados os seguintes parâmetros<br />

de teste: velocidade de pré-teste de 2,0<br />

mm/s, velocidade de teste de 2,0 mm/s,<br />

velocidade de pós-teste de 2,0 mm/s, profundidade<br />

de 10,0 mm, tempo de 5,0 segundos, força<br />

de contato de 100 g. e probe cilíndrico acrílico<br />

P25/L de 25mm de diâmetro. Os parâmetros do<br />

perfil de textura analisados foram: elasticidade,<br />

coesividade, adesividade, firmeza e gomosidade.<br />

Os resultados obtidos foram analisados por meio<br />

de análise de variância (ANOVA), e submetidos<br />

ao Teste de Tukey ao nível de erro de 5%, para<br />

comparação das médias. Efetuou-se análise de<br />

correlação linear entre os resultados médios das<br />

análises físico-químicas e dos parâmetros de perfil<br />

de textura dos requeijões A e dos requeijões AL<br />

em conjunto. Os dados obtidos para ESP foram<br />

avaliados separadamente.<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Avaliando os dados da Tabela 1, foi possível<br />

observar diferenças significativas entre quase<br />

todos os componentes, como era esperado,<br />

devido às exigências da legislação em relação à<br />

composição dos produtos light, à utilização de<br />

di ferentes ingredientes, inclusive de origem<br />

vegetal (gordura e amido) no processo de<br />

fabricação da especialidade láctea e às diferenças<br />

tecnológicas existentes entre os processos de<br />

fabricação dos produtos.<br />

Quanto ao perfil de textura, de acordo com<br />

a Tabela 2, percebe-se de modo geral que os<br />

requeijões A, AL e a ESP apresentaram diferenças<br />

significativas e um alto desvio padrão nos valores<br />

de firmeza, adesividade e gomosidade enquanto<br />

que os valores de elasticidade e coesividade<br />

apresentaram diferenças significativas, porém<br />

com um baixo desvio padrão.<br />

Tabela 1 Resultados médios das análises físico-químicas das amostras comerciais de requeijão cremoso<br />

(A), requeijão cremoso light (AL) e especialidade láctea à base de requeijão cremoso<br />

(ESP).<br />

pH<br />

EST (g/lOOg)<br />

Gordura (g/lOOg)<br />

Proteína (g/lOOg)<br />

NS (g/lOOg)<br />

NNP (g/lOOg)<br />

Sal (g/lOOg)<br />

Cinzas (g/lOOg)<br />

Cálcio (mg/lOOg)<br />

Fósforo (mg/lOOg)<br />

Magnésio (mg/lOOg)<br />

Sódio (mg/lOOg)<br />

CARB (g/lOOg)<br />

ESD (g/lOOg)<br />

41.53 ± 0.53 a<br />

26.98 ± 0.61 a<br />

11.38 ± 0.92 b<br />

0.10 ± 0.01 ab<br />

0.019 ± 0.005 b<br />

0.79 ± 0.02 b<br />

1.75 ± 0.09 c<br />

154.73 ± 10.78 b<br />

319.92 ± 19.67 b<br />

6.26 ± 1.47 b<br />

486.71 ± 24. 12 b<br />

1.42 ± 0.63 b<br />

14.55 ± 0.82 c<br />

64.97 ± 1.71 a<br />

31.70 ± 0.56 c<br />

15.40 ± 0.46 c<br />

12.50 ± 0.27 a<br />

0.08 ± 0.03 b<br />

0.020 ± 0.006 b<br />

0.76 ± 0.03 c<br />

1.93 ± 0.11 b<br />

216.31 ± 18.3 1 a<br />

384.24 ± 40.05 a<br />

6.89 ± 1.22 b<br />

533.42 ± 51.90 a<br />

1.88 ± 0.3 1 b<br />

16.31 ± 0.22 b<br />

48.56 ± 0.74 c<br />

38.39 ± 0.45 b<br />

20.98 ± 0.50 b<br />

8.68 ± 0.58 c<br />

0.10 ± 0.01 a<br />

0.031 ± 0.003 a<br />

1.15 ± 0.04 a<br />

2.13 ± 0. 15 a<br />

122.42 ± 8.07 c<br />

234.71 ± 17.48 b<br />

9.79 ±1.17 a<br />

553.17 ± 14.94 a<br />

6.60 ± 0.80 a<br />

17.41 ± 0.71 a<br />

54.65 ± 1.50 b<br />

Médias acompanhadas da mesma letra na linha não diferem a nível de erro de 5 %, pelo teste de Tukey.<br />

GES = Gordura no extrato seco, ESD = Estrato seco desengordurado.<br />

digitalizado por<br />

0.605<br />

0.616<br />

0.762<br />

0.0'21<br />

0.006<br />

0.034<br />

0.139<br />

9,7344<br />

20,5 190<br />

0,9592<br />

25,3280<br />

0.723<br />

0.754<br />

1.626<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Tabela 2 - Resultados médios dos parâmetros do perfil de textura entre as amostras comerciais<br />

realizadas no copo.<br />

A AL ESP d.m.s. (5 %)<br />

Firmeza(g) 54.688 ± 7.334 b 81.097 ± 9.33 1 a 94.645 ±.. I 9.496 a 15.513<br />

Adesividade(g/ern) -129.691 ± 21.427 b -176.538 ± 17.853 a -2 I 2.67 I ± 50.4 I 3 a 39.159<br />

Elasticidade( em) 0.996 ± 0.002 a 0.987 ± 0.003 b 0.978 ± 0.002 c 0.003<br />

Coesividade 0.887 ± 0.025 a 0.877 ± 0.019 a 0.834 ± 0.023 b 0.026<br />

Gomosidade(g) 48.482 ± 6.685 b 7 I. I 39 ± 8.40 I a 79. 128 ± 17.515 a 13.963<br />

Médias acompanhadas da mesma letra na linha não diferem a nível de erro de 5 '70. pelo teste de Tukey.<br />

Adesividade comparada em módulo por ser força negativa.<br />

Na Tabela 3 é apresentado o resultado da<br />

correlação entre as análises físico-químicas e os<br />

parâmetros de perfil de textura dos requeijões A e<br />

AL avaliados em conjunto. Essa forma de<br />

avaliação foi utilizada para que se obtivesse uma<br />

faixa de variação maior nos valores da<br />

composição centesimal e nos valores TPA quando<br />

comparada à variação observada para cada um<br />

dos produtos. Assim, considerando que o requeijão<br />

cremoso A e o AL possuem praticamente os<br />

mesmos ingredientes, conforme declarado nas<br />

embalagens, optou-se por considerar os dados dos<br />

dois tipos de produto para que fossem obtidos<br />

resultados expressivos. A partir destes dados foram<br />

estabelecidas as correlações nos casos em que<br />

foram obtidos coeficientes de correlação linear<br />

(r) maiores que 10,701.<br />

De modo geral, observando os coeficientes<br />

de correlação linear apresentados na Tabela 3,<br />

pode-se verificar que o pH apresentou pequena<br />

influência (r < 10,701) sobre os parâmetros do<br />

perfil de textura dos dois produtos avaliados, o<br />

que provavelmente se deve ao fato dos valores<br />

de pH se situarem na faixa de 5,81 a 5,98 (Tabela<br />

I) que resultam em queijos processados de<br />

consistência macia. De acordo com<br />

TEMPLETON; SOMMER (1932), valores de pH<br />

variando na faixa de 5,7 a 6,3 exercem pouca<br />

influência sobre o corpo e a textura dos queijos<br />

processados untáveis. Observa-se ainda na Tabela<br />

3 que o teor de EST apresentou influência em<br />

quatro parâmetros do perfil de textura dos<br />

requeijões cremosos analisados. Constatou-se que<br />

com o aumento desse teor houve uma diminuição<br />

(r > -0,70) da firmeza, da adesividade e da<br />

gomos idade dos produtos e um aumento da<br />

elasticidade (r > 0,70). Entretanto, sabe-se pela<br />

literatura que um aumento no teor de EST (i. e.<br />

diminuição do teor de umidade), resulta em<br />

produtos de consistência mais firme, adesiva e<br />

gomosa. Por exemplo, FUKUI et aI. (1972)<br />

citado por GUPTA; REUTER (1993) reportaram<br />

um rápido decréscimo na firmeza de queijos<br />

processados com um aumento de umidade de 40<br />

a 50 %. Além disso, OLSON; PRICE (1961) e<br />

TEMPLETON; SOMMER (1936) citado por<br />

GUPTA; REUTER (1993) também constataram<br />

uma diminuição na firmeza de queijos<br />

processados com o aumento da umidade do<br />

sistema. O fato da firmeza diminuir com o<br />

aumento da umidade no caso da avaliação<br />

conjunta do requeijão A e AL, ocorreu provavelmente<br />

devido à utilização de concentrado de<br />

proteína de soro (CPS) como substituto de<br />

gordura no requeijão light, uma prática cada vez<br />

mais comum na fabricação deste tipo de produto.<br />

De modo geral, os CPS são sistemas multifuncionais<br />

adicionados aos produtos com teor<br />

reduzido de gordura com o objetivo de modificar<br />

propriedades através de gelatinização. aumento<br />

de viscosidade, estabilização de emulsões, entre<br />

outros. De acordo com SILVA (2003), o aumento<br />

da firmeza observado nos produtos adicionados<br />

de concentrados de CPS (ou WPC) está<br />

provavelmente relacionado com a desnaturação<br />

das proteínas do soro e conseqüente aumento do<br />

seu poder de hidratação, com a formação do<br />

complexo f3-lactoglobulina/K-caseína e com a<br />

competição pela água entre as proteínas do soro<br />

e a caseína. Este conjunto de fatores resulta num<br />

sistema com menor liberdade de movimentos das<br />

partículas que o compõem e conseqüentemente<br />

maior firmeza do produto. Além disso, o<br />

desenrolamento das moléculas de proteínas do<br />

soro durante o aquecimento expõe grupos<br />

hidrofóbicos que podem se orientar na interface<br />

óleo-água proporcionando a estabilidade da<br />

emulsão (MODLER, 1985).<br />

Quanto ao teor de gordura e GES, verificouse<br />

sua influência em quatro parâmetros do perfil<br />

de textura dos requeijões cremosos analisados.<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Tabela 3 _ Resultados da correlação linear avaliando em conjunto os lotes comerciais de requeijão<br />

cremoso tradicional (A) e requeijão cremoso light (AL).<br />

Firmeza Adesividade<br />

pH *0,67 0,62<br />

EST -0,83 -0,77<br />

Gordura -0,86 -0,80<br />

Proteína 0,62 0,56<br />

NS -0,40 -0,25<br />

NNP 0,00 0,04<br />

Sal -0,43 -0,49<br />

Cinzas 0,78 0,72<br />

CARB 0,53 0,55<br />

ESD 0,86 0,82<br />

GES -0,87 -0,82<br />

*(r = coeficiente de correlação linear)<br />

Constatou-se que com o aumento desses teores<br />

houve uma diminuição (r > -0,70) da firmeza, da<br />

adesividade e da gomosidade dos produtos e um<br />

aumento da elasticidade (r > 0,70). OLSON;<br />

PRICE (1961) avaliando os efeitos das<br />

características físico-químicas sobre o corpo de<br />

queijos processados constataram que um aumento<br />

de 6% no teor de gordura não ocasionou<br />

diferenças estatisticamente significativas nos<br />

valores de firmeza, ao passo que KOCA; METIN<br />

(2004) constataram que os queijos Kashar com<br />

teor normal de gordura foram significativamente<br />

mais macios do que os queijos com teor reduzido<br />

de gordura e sem substituto de gordura. Segundo<br />

ROME1H et aI., 2002 (citado por KOCA;<br />

METIN, 2004), isso provavelmente ocorre<br />

devido ao fato de que a gordura poderia quebrar a<br />

matriz protéica e fazer o papel de lubrificante<br />

para dar suavidade e uma textura macia ao queijo.<br />

Além disso, de acordo com RUDAN et aI. (1999),<br />

um aumento em umidade e gordura em queijo<br />

mussarela resultaria em diminuição da matriz<br />

protéica e portanto menos força seria requerida<br />

para provocar uma deformação resultando em<br />

maior maciez (menor firmeza). Por outro lado,<br />

pode-se verificar que com o aumento do teor de<br />

ESD houve um aumento (r > 0,70) na firmeza,<br />

na adesividade e na gomosidade dos produtos, ao<br />

passo que a elasticidade apresentou uma<br />

diminuição (r > -0,70). Esses resultados eram<br />

esperados e estão de acordo com os obtidos por<br />

GUPTA; REUTER (1992) ao avaliarem o efeito<br />

da adição de WPC na firmeza de queijos<br />

processados. Os autores constataram que o<br />

aumento do teor de ESD ocasionado pela adição<br />

digitalizado por<br />

Elasticidade Coesividade Gomosidade<br />

-0,41 0,03 0,69<br />

0,86 0,22 -0,82<br />

0,87 0,25 -0,85<br />

-0,77 -0,67 0,56<br />

0, 19 -0,36 -0,44<br />

-0,29 -0,56 -0,06<br />

0,74 0,35 -0,40<br />

-0,47 0, 1 0 0,81<br />

-0,20 0,32 0,57<br />

-0,78 -0,37 0,84<br />

0,88 0,29 -0,86<br />

de WPC resultou em uma maior firmeza do<br />

produto. Resultados semelhantes foram obtidos<br />

por OLSON; PRICE (1961), que verificaram um<br />

aumento dos valores de firmeza de queijo<br />

processado em que foram adicionados leite em<br />

pó desnatado, lactose e soro em pó com o intuito<br />

de aumentar o teor de extrato seco desengor­<br />

durado do produto. Além disso, observou-se que<br />

a elasticidade dos produtos avaliados diminuiu<br />

com o aumento do teor de proteínas (r > -0,70),<br />

o que provavelmente se deve ao fato de que com<br />

este aumento a matriz protéica do produto se<br />

torna mais complexa conferindo uma menor<br />

flexibilidade e conseqüentemente uma maior<br />

rigidez ao produto. Constatou-se também que a<br />

coesividade não apresentou correlação com os<br />

valores observados na caracterização físico­<br />

química dos produtos avaliados neste estudo, ou<br />

seja, verificaram-se coeficientes de correlação<br />

linear menores que 10,701.<br />

Na Tabela 4 são apresentados os resultados<br />

da correlação entre as análises físico-químicas e<br />

os parâmetros de perfil de textura da<br />

especialidade láctea à base de requeijão cremoso.<br />

De acordo com esses dados pode-se verificar<br />

que da mesma forma que ocorreu com o requeijão<br />

A e o AL (Tabela 3), o pH não influenciou os<br />

parâmetros do perfil de textura da ESP. Por outro<br />

lado, a coesividade aumentou com o aumento do<br />

EST ao passo que houve uma diminuição da<br />

firmeza, da adesividade e da gomosidade com o<br />

aumento do teor de gordura e do teor de GES e um<br />

aumento destes mesmos parâmetros com o<br />

aumento do teor de ESD dos produtos avaliados.<br />

Pág. 401<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Tabela 4 - Resultados da correlação linear das amostras comerciais de<br />

requeijão cremoso (ESP).<br />

Firmeza Adesividade<br />

pH *0,56 0,52<br />

EST 0,42 0,52<br />

Gordura -0,85 -0,81<br />

Proteína 0,05 0,00<br />

NS 0,01 0,05<br />

NNP 0,26 0,20<br />

Sal -0,45 -0,42<br />

Cinzas 0,34 0,37<br />

CARB 0,66 0,73<br />

ESD 0,86 0,90<br />

GES -0,91 -0,91<br />

*(1' = coeficiente de correlação linear)<br />

Com relação ao teor de carboidratos<br />

obse . ra-se que com o aumento desse teor, <br />

adeslvldade a coesividade aumentaram, o que<br />

pode . s . er explIcado pelas características do amido<br />

modIfIcado. De modo geral, a estrutura macro<br />

molcular do amido lhe confere propriedades<br />

partIculares, tais como solubilidade, viscosidade<br />

poder de gelatinização e de adesão. Quando usad<br />

em formulações apresenta propriedades de<br />

rete . nção de água, estabilização do sistema<br />

contere viscosidade e adesividade, e funciona até<br />

CI:to ponto como substituto de gord ura<br />

peIlnl:lndo a obtenção de melhor textura e<br />

sensaçao sem , elhante à gordura na boca, além de<br />

UH , l produto hlal cremoso (FRIEDMAN, 1995).<br />

Deve-se enfatIzar que a especialidade láctea fi<br />

a _ de requeijão cremoso se caracteriza pela<br />

ddlçao de gordura vegetal e de amido modificado<br />

e ll sua formulação, o que torna o sistema<br />

dIferente ds requeijões tradicionais e light no<br />

que s<br />

.<br />

e<br />

,. ret ere à gelificação do amido e à<br />

_<br />

emulslflcaçao das proteínas, da gordura e áaua<br />

durante o processo de fus'io Atl I<br />

utIlIzados diversos outros ingredientes além<br />

/;;0 _<br />

< . Ia mente, sao<br />

• .<br />

desses, resI1tando em sistemas muito complexos<br />

que necessitam de um estudo mais aprofundado<br />

para :ntender as possíveis interações existentes<br />

que nao foram observadas em requeijão cremoso.<br />

4 - CONCLUSÕES<br />

, .<br />

A orelação linear mostrou ser uma<br />

tecl1lca :fl<br />

.<br />

clente para avaliar a influência das<br />

caractenstlcas físico-químicas nos parâmetros<br />

Pág. 402<br />

. . ,<br />

Elasticidade Coesividade<br />

0,18 -0,04<br />

especIalIdade lactea à base de<br />

-0,62 0,87 0,51<br />

-0,04 -0, 18 -0,82<br />

0,54 -0,52 0,00<br />

-0,19 0,08 0,02<br />

0,45 -0,43 0,20<br />

0,33 -0, 15 -0,44<br />

-0,40 0,60 0,38<br />

-0,64 0,87 0,73<br />

-0,36 0,67 0,90<br />

0,22 -0,52 -0,92<br />

do perfil de textura dos produtos analisados<br />

levando-se em conta a complexidade do sistem<br />

estudado. Essa abordagem fornece um métod<br />

I;ara avaliar sistemas multidimensionais, com<br />

e o caso do presente trabalho e de muitos outros<br />

apresentados na literatura.<br />

SUMMARY<br />

.<br />

Variation in percentage composition of<br />

dlffernt typs of reqlleijüo crell/OSO, along with<br />

the wlde vanety of different products similar to<br />

and/or containing requeijão cremoso currently on<br />

the Brazilian market support the need for a detailed<br />

study to evaluate the influence of variations in<br />

percentage cOll1position on texture profile<br />

parameters (TPA). The main objective of this study<br />

was to con:e1ate the parameters obtained by<br />

textu'e profIle analysis with the main physical­<br />

chemlcal characteristics of samples of traditional<br />

rqlleijüo crell/OSO, reqlleijüo crell/OSO light and a<br />

ploduct recenlly Iaunched' in the Brazilian domestic<br />

market and known as "especialidade /úctea à base<br />

de re /l eIjtio crell/oso" (dairy specially product<br />

contarnllg reqlleijüo crell/oso). Considering the<br />

complelty of the food system studied, lhe linear<br />

correlatlOn technique was found to be an effective<br />

mean for evaluating lhe influence of physical­<br />

chemlcal characteristics on the texture profile<br />

parameters studied.<br />

ey words: Reqlleijüo cremoso,<br />

reqlle j(o cremoso light, dairy specialty product<br />

contalnlng reqlleijtio crell/OSO, texture profile<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

analysis, TPA, physical-chemical composition,<br />

processed cheeses.<br />

5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

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MERKENICH, K; UHLMANN, G. Processed<br />

cheese manufacture: A Joha Guide. BK.<br />

Landenburg, 238p, 1989.<br />

CAMPOS, S. D. S. Reologia de requeijão e outros<br />

queijos fundidos. In MARTINS, J. F. ;<br />

FERNANDES, A. G. Curso sobre o<br />

processamento de rquelJ ao cremoso e<br />

outros queijos fundidos. Campinas, IT AL,<br />

capo 11, p. 1-8, 1981. (Apostila mimeografada).<br />

FRIEDMAN, R.B. Interactions of starches in<br />

foods. In: GAONKAR, A.G. (ed.). Ingredient<br />

interactions : effects on food quality. New<br />

York: M. Dekker, p. 171-198, 1995.<br />

GUPTA, V. K.; REUTER, H. Processed cheese<br />

foods with added whey protein concentrates.<br />

Lait, Paris, v. 72, n. 2, p. 201-12, 1992.<br />

GUPTA, V. K.; REUTER, H. Firmness and<br />

melting quality of processed cheese foods with<br />

added whey protein concentrates. Lait. v .. 73,<br />

p. 381-388, 1993.<br />

KOCA, N; METIN, M. Textural, melting and<br />

sensory properties of low-fat fresh kashar cheeses<br />

produced by using fat replacers. International<br />

Dairy lournal. na 14, p. 365-373, 2004.<br />

LEE, S. K. The effect of pH on the Rheological<br />

Properties of Reduced-fat Model Processed<br />

Cheese Spreads. Lehensmittel Wissenschaft<br />

and Technologie. na 34, p. 288-292, 200 I.<br />

• • • •<br />

digitalizado por<br />

MEYER, A. Process cheese Manufacture .<br />

. London, Food Trade Press, 360p, 1973.<br />

MODLER, H.W. Functional propertjes of nonfat<br />

dairy ingredient - a review. Modification of<br />

lactose and products containing whey proteins.<br />

Journal of Dairy Science. V. 68, p. 2206-<br />

2214, 1985.<br />

OLSON, N.F. ; PRICE, W.V. Composition and<br />

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pasteurized process cheese spread. Journal of<br />

Dairy Science, Champaign, v. 44, n. 8, p. 1394-<br />

404, 1961.<br />

SILVA, A.T. Fabricação de requeijão 'cremoso<br />

e de requeijão cremoso light a partir de<br />

retentado de uItrafiltração acidificado por<br />

fermentação ou adição de ácido lático. Tese<br />

de Doutorado. Universidade Estadual de<br />

Campinas, 2003.<br />

TEMPLETON, H. L.; SOMMER, H. H. Some<br />

observations on processed cheese. Journal of<br />

Dairy Science, Champaign, v. 13, p. 203-20, 1930.<br />

TEMPLETON, H. L.; SOMMER, H. H. Factors<br />

affecting the body and texture of processed<br />

cheese. Journal of Dairy Science, Champaign,<br />

v. 15, p. 29-41, 1932b.<br />

VERMA, B. B.; GUPTA, S. K. Effect of heat<br />

processing 011 the body and texture of milk and<br />

milk products. lndian Diaryman, New Delhi,<br />

V. 33, n. 6, p. 361-5. 1981.<br />

YUN, l. l.; KIELY, L. l.; KINDSTEDT, P. S.;<br />

BARBANO, D. M. Mozzarela cheese: Impact of<br />

milling pH on functional properties. Journal<br />

of Dairy Science, Champaign, v. 72, n. 12, p.<br />

3639-47, 1993.<br />

• • •<br />

Pág. 403<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />

ANÁLISE DO PERFil DE TEXTURA E CARACTERíSTICAS FíSICOaQUíMICAS DE<br />

REQUEIJÃO CREMOSO LlGHT COM FIBRA ALIMENTAR<br />

Texture Profile Analysis and physicalachemicai characteristics of requeijão cremoso<br />

light with dietary fibre<br />

RESUMO<br />

Ariene G. F. VAN DENDERl<br />

Mirela G. 80812<br />

Priscila 8. CONRAD03<br />

Katumi YOT8UYANAGI4<br />

Valéria A. D. ANJ085<br />

Camila MONTEIR06<br />

A adição de fibra solúvel com a função de substituir gordura em requelJao cremoso light<br />

pode agregar valor ao produto além de melhorar seu valor nutricional. O objetivo deste<br />

trabalho foi avaliar os efeitos da substituição da gordura por fibra alimentar nas<br />

características físico-químicas e no perfil de textura de requeijão cremoso light. Os requeijões<br />

apresentaram composição centesimal dentro da faixa utilizada nos cálculos, principalmente<br />

quanto aos teores de gordura e de GES. Em relação aos parâmetros de textura, os requeijões<br />

com fibra apresentam valores menores de firmeza, adesividade e gomosidade em relação<br />

ao requeijão controle.<br />

Palavras-chave: fibra alimentar, requeijão cremoso light, inulina, mimético de gordura.<br />

1 . INTRODUÇÃO<br />

A adição de fibras solúveis extraídas de<br />

vegetais para substituir a gord ura pode<br />

representar, do ponto de vista da saúde, um<br />

avanço import ante, além de uma forma de<br />

agregar valor ao produto (O INGREDIENTE do<br />

lácteo saudável, 2004). A demanda do mercado<br />

consumidor por alimentos com redução de<br />

gordura tem aumentado de forma expressiva por<br />

estar fortemente associado à crescente preocupação<br />

com a saúde e com uma alimentação<br />

equilibrada (SILVA, 2003). A fibra alimentar, por<br />

sua vez, oferece vários benefícios fisiológicos e<br />

a sua ingestão inadequada está relacionada com<br />

muitas doenças. Portanto, é muito importante<br />

manter níveis de fibra razoáveis na dieta para<br />

minimizar os riscos de contrair algumas dessas<br />

Pesquisadora Científica - Tecnolat - ITAL - adender@ital.org.br<br />

doenças (MITCHEL, 2002). Como a gordura<br />

desempenha um papel importante no sabor,<br />

textura e aparência do alimento, no desenvolvimento<br />

de produtos com valores reduzidos<br />

de gordura torna-se importante monitorar suas<br />

características. O objetivo deste trabalho<br />

consistiu em estudar os efeitos da substituição de<br />

gordura por fibra alimentar nas características<br />

físico-químicas e no perfil de textura de requeijão<br />

cremoso light.<br />

2 • MATERIAL E MÉTODOS<br />

2 Doutoranda em Tecnologia de Alimentos FEA - UNICAMP Bolsista CNPq.<br />

3 Aluna de graduação FEA UNICAMP - Bolsista PIBIC - CNPq.<br />

4 Pesquisador Científico - Lafise ITAL.<br />

5 Pesquisadora Científica - Lafise ITAL.<br />

6 Assistente de pesquisa - Lafise - ITAL.<br />

Ó rgão financiador: CNPq.<br />

Como controle foi utilizado requelJao<br />

cremoso light adicionado de concentrado de<br />

proteína de soro - WPC 34% fabricado conforme<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

descrito em SILVA (2003) e SILVA et aI. (2002).<br />

Foram realizados dois processamentos no<br />

Tecnolat-ITAL, constando cada um de três<br />

fabricações de requeijão, sendo um controle<br />

(RCC), um com 3,3 (RCFI) e outro com 6,7%<br />

(RCF2) de fibra alimentar (Raftiline®HPX). Os<br />

requeijões foram estocados sob refrigeração a<br />

4±2"C. A caracterização do produto recémfabricado<br />

(um a dois dias após a fabricação) foi<br />

feita por meio das análises de acidez, pH, extrato<br />

seco total (EST), gordura, proteína total,<br />

nitrogênio total, nitrogênio solúvel em pH 4,6,<br />

nitrogênio não-protéico, cloreto de sódio e cinzas.<br />

Para o acompanhamento da estocagem dos<br />

produtos (após 15, 30, 45, 60, 75 e 90 dias de<br />

estocagem) foram realizadas as mesmas análises<br />

da caracterização, exceto cloreto de sódio e cinzas.<br />

O perfil de textura foi determinado em<br />

equipamento TA-XT2 (Texture Profile Analyser),<br />

da marca SMS - Stable Micro Systems, operando<br />

com o software Texture Expert®, com modo de<br />

operação TPA. Os parâmetros de textura<br />

avaliados em todos os requeijões foram firmeza,<br />

adesividade, elasticidade, coesividade e<br />

gomosidade. Os dados foram avaliados estatisticamente<br />

por meio de análise de variância<br />

(Anova), Teste de Dunnett (para comparação com<br />

o requeijão controle) e Teste de Tukey (para<br />

comparação entre os requeijões com fibra) ao nível<br />

de erro de 5%, para comparação das médias. A<br />

fim de definir algumas características sensoriais<br />

dos requeijões fabricados, especialistas realizaram<br />

avaliação sensorial preliminar dos produtos.<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

De modo geral, observou-se que os<br />

requeijões apresentaram composição centesimal<br />

dentro da faixa utilizada nos cálculos,<br />

principalmente quanto aos teores de gordura e<br />

de GES. Quanto ao teor de EST, foram observados<br />

valores inferiores aos esperados. Nos dois<br />

processamentos, a concentração de proteína<br />

total difere significativamente ao nível de 5%<br />

de significância para os três produtos em todas<br />

as épocas avaliadas, sendo sempre maior para o<br />

RCC (requeijão cremoso controle) e menor para<br />

o RCF2 (requeijão cremoso light com 6,7% de<br />

fibra). Na caracterização do 2" processamento,<br />

no entanto, o requeijão cremoso light controle<br />

(RCC) e o requeijão light 3,3% de fibra (RCFI)<br />

não diferiram significativamente. Os Quadros I<br />

e 2 mostram a comparação entre os três tipos de<br />

requeijões pelo Teste de Tukey em cada época<br />

de estocagem para os processamentos I e 2,<br />

respectivamente. O Quadro 3 apresenta os<br />

resultados de textura de acordo com o Teste de<br />

digitalizado por<br />

Dunnett, comparando os requelJoes com fibra<br />

(RCFI e RCF2) com o requeijão controle (RCC).<br />

Quanto à análise do perfil de textura, foi<br />

observado, de maneira geral, que os requeijões<br />

com fibra apresentam valores menores de<br />

firmeza, adesividade e gomos idade em relação<br />

ao controle. O Quadro 4 apresenta os resultados<br />

segundo o Teste de Tukey, para comparação<br />

entre os requeijões com fibra ao nível de erro de<br />

5%. De acordo com estes dados, observa-se que<br />

no I U processamento houve diferença significativa<br />

entre as duas amostras apenas para<br />

elasticidade e coesividade. Já no 2" processamento<br />

as amostras diferiram quanto a todos<br />

os parâmetros de textura avaliados. De forma<br />

similar à análise de textura, a análise sensorial<br />

preliminar verificou que o requeijão cremoso light<br />

com 3,3% de fibra (RCFI) é menos firme que o<br />

requeijão cremoso controle (RCC), porém é mais<br />

firme que o requeijão com 6,7% de fibra (RCF2).<br />

4 - CONCLUSÃO<br />

Os resultados obtidos mostraram a<br />

viabilidade de se fabricar requeijão cremoso Iight<br />

com adição de fibra alimentar como substituto<br />

de gordura. Foi verificado que, de um modo geral,<br />

as amostras apresentaram valores esperados para<br />

as análises físico-químicas, com exceção dos<br />

valores encontrados para extrato seco total<br />

(EST), que foram inferiores aos esperados,<br />

indicando a necessidade de adequar as<br />

formulações utilizadas. Quanto às análises de<br />

textura, os requeijões light adicionados de fibra<br />

apresentaram menor firmeza que o requeijão<br />

controle. Este resultado demonstra a necessidade<br />

de realizar alguns aj ustes na formulação de<br />

requeijão light com adição de fibra, como por<br />

exemplo, adaptar a sua composição centesimal<br />

e/ou empregar diferentes concentrados de<br />

proteínas de soro com o objetivo de conferir<br />

maior firmeza ao produto.<br />

SUMMARY<br />

Addition of soluble fibre to replace fat in<br />

requeijão cremoso light can enhance value to<br />

the product and improve its nutritional value.<br />

The objective of this study was to evaluate the<br />

effects of replacing fat with dietary fibre on the<br />

physical-chemical characteristics and on texture<br />

profile of requeijão cremoso light. The products<br />

showed centesimal composition within the<br />

interval used on the calculations, especially<br />

those concerning fat. Regarding the texture<br />

parameters, the products with fibre showed less<br />

hardness, adhesiveness and gumminess than the<br />

arvoredoleite.org<br />

Pág. 405


-o<br />

Ill·<br />

C?<br />

.j:>.<br />

o<br />

(j)<br />

-o<br />

Ill·<br />

C?<br />

.j:>.<br />

o<br />

-... .J<br />

Quadro 1 - Comparação entre as composições dos três tipos de requeijões do I" processamento nos diferentes tempos de estocagem .<br />

DIAS tipo<br />

RC C<br />

RC FI<br />

RC F2<br />

d.m.s.(5'J,)<br />

15 RC C<br />

RC FI<br />

RC F2<br />

d.m.s.(5%)<br />

30 RC C<br />

RC FI<br />

RC F2<br />

d.m.s.(5%)<br />

45 RC C<br />

RC FI<br />

RC F2<br />

d.m.s.(5%)<br />

fiO RC C<br />

RC FI<br />

RC F2<br />

d.m.s.(5"J,)<br />

75 RC C<br />

RC FI<br />

RC F2<br />

d.m.s.(5'J,)<br />

90 RC C<br />

RC FI<br />

RC F2<br />

d.m.s.(5%)<br />

ACIDEZ ('i', A.L.)<br />

0.07 14 ± 0,002R a<br />

0,0580 ± 0.0000 o<br />

0,048fi ± 0,0000 c<br />

0,004<br />

O,Ofi5 I ± 0.0028 a<br />

0,05% ± 0,00 19 o<br />

0,0489 ± 0,0000 c<br />

{J.()049<br />

0,0725 ± 0,0009 a<br />

0,Ofi28 ± 0,0009 b<br />

0,0484 ± 0,0000 c<br />

0,00 19<br />

0,0735 ± 0.0000 a<br />

0,Ofi34 ± 0,0001 o<br />

0,0532 ± 0,0000 c<br />

0,000 1<br />

0,0734 ± 0.0000 a<br />

0,0587 ± 0,0000 o<br />

O,053fi ± 0,0000 c<br />

O<br />

O,07RO ± 0,0000 a<br />

0,0592 ± 0,00 10 o<br />

0,04fi8 ± 0,0025 c<br />

0,0039<br />

0,0777 ± 0,0000 a<br />

0,Ofi30 ± 0,0009 b<br />

0,0488 ± 0,0000 c<br />

0,00 13<br />

EST (gll OOg)<br />

27.5345 ± O.Ofifi3 o<br />

27,47Rfi ± 0.2202 o<br />

27,8855 ± 0.0387 a<br />

0.3372<br />

27.5790 ± O. IROI a<br />

27 ,5373 ± 0.2280 a<br />

27,8 105 ± 0, 1414 a<br />

0,4fi74<br />

27,3R94 ± 0,1273 a<br />

27,4%fi ± O,OfiOfi a<br />

27 ,5M5 ± 0,054fi a<br />

0,2 187<br />

27,4823 ± 0.0228 b<br />

27,533 1± O,Ofi7fi ao<br />

27,7409 ± 0,1490 a<br />

0,2389<br />

27 ,4029 ± O,Ofi3fi o<br />

27 ,55 18 ± 0.2349 ab<br />

27,900fi ± O,Ofi09 a<br />

0,3fi29<br />

27,fi838 ± 0,0958 a<br />

27,82 Ifi ± O,2 1fi9 a<br />

28,0227 ± 0,0204 a<br />

0,3443<br />

27 ,395 1 ± 0,0583 o<br />

27,4M5 ± 0,2533 ab<br />

27,S223 ± 0.058fi a<br />

O,3R54<br />

GORDURA<br />

(g!lOOg)<br />

9,4354 ± 0.0927 a<br />

9,5384 ± 0,0(\01 a<br />

9,5 123 ± 0. 1 (\77 a<br />

0.2904<br />

9.4252 ± 0, 1 fi39 a<br />

9,4459 ± 0,094 1 a<br />

9,42% ± 0,0(\24 a<br />

O,287R<br />

9,709R ± 0.23fi7 a<br />

9,4 185 ± 0. 1 fifi9 a<br />

9,5580 ± O,080fi a<br />

0,4348<br />

9,52 13 ± O.07R7 a<br />

9,5fi78 ± 0. 1059 a<br />

9,fi7(\5 ± O, IS03 a<br />

0,2892<br />

9,3089 ± O,I22fi a<br />

9,4(\39 ± 0,0404 a<br />

9,472 1 ± 0,0598 a<br />

0,2057<br />

9,4993 ± 0,0590 b<br />

9,57R5 ±O,I007 o<br />

9,7M I ±O,0 141 a<br />

0, 17<br />

9,7744 ±O,1019 a<br />

9,3892 ± 0,0 177 b<br />

9,7094 ± 0.0588 a<br />

d.m.s.: diferença mínima significativa ao nível de erro de 5% de probabilidade.<br />

As amostras (média ± desvio padrão) seguidas de mesma letra na coluna não diferem ao nível de 5% de erro.<br />

0, 172<br />

GES<br />

(g gnrdura! lOOg EST)<br />

34.2fi73 ± 0,3040 a<br />

34.7 138 ± O,3fi87 a<br />

34,1 121 ± 0,fi 189 a<br />

1,131<br />

34, 1738 ± 0,373 1 a<br />

34,3054 ± 0,5982 a<br />

33,9078 ± 0,3914 a<br />

1,lfifi3<br />

35,4541 ± 1,027 1 a<br />

34,2537 ± 0,M28 a<br />

34,fi74fi ± 0,2279 a<br />

1,783 1<br />

34,M5 1 ± 0,28 12 a<br />

34,7508 ± 0,4fi94 a<br />

34,8835 ± 0,fi7fifi a<br />

1,2585<br />

33,97 12 ± 0,4957 a<br />

34,35 19 ± 0,4370 a<br />

33.9495 ± 0,2540 a<br />

1,0239<br />

34.3 138 ± 0,2750 a<br />

34,43 17 ± O,fi2fi3 a<br />

34,8434 ± 0,0734 a<br />

0,995<br />

35.fi793 ± O,345fi a<br />

34, 1883 ± 0,2953 b<br />

34,897R ± 0,1924 o<br />

0,7 14<br />

PT<br />

(g!lOOg)<br />

15,fi072 ± 0,0555 a<br />

13,4(\80 ± 0, 1 309 o<br />

10,837 I ± 0,0829 c<br />

0,238<br />

14,8fi58 ± O,fi843 a<br />

13,2610 ± 0,3375 o<br />

I 1,IOfi3 ± O,lOfifi c<br />

1,1142<br />

14,32fi9 ± 0,2770 a<br />

12,497 1 ±O,1219 b<br />

1O,478I± 0,0048 c<br />

0,378<br />

15,2475 ± 0,1022 a<br />

13,1900 ± 0,0 160 b<br />

1 1,1697 ± 0,0922 c<br />

0,2005<br />

14,4330 ± 0,0935 a<br />

12,9539 ± 0,1717 b<br />

IO,fi8fi l ± 0, 1 785 c<br />

0,3828<br />

15,25 12 ± 0,0185 a<br />

13,4325 ± O,032fi b<br />

10,%02 ± 0,0497 c<br />

0.0900<br />

14,852fi ± 0,1331 a<br />

13,1283 ± 0,0595 b<br />

10,7 132 ± 0,01fi5 c<br />

0,2 122<br />

NS (g/I OOg)<br />

0,1071 ±(),{)019 a<br />

0.0959 ± 0,0020 b<br />

O,Ofi74 ± 0.0003 c<br />

0,004 1<br />

O, I O 16 ± 0,0047 b<br />

0,1351 ±O,0048 a<br />

0,0857 ± 0.0023 c<br />

0,0103<br />

O, I 028 ± 0,0028 a<br />

0,0989 ± 0,005 I a<br />

0,067 J ± 0,0009 b<br />

O,OOS5<br />

0, 12 I 3 ± 0,005 I a<br />

O, I 050 ± 0,0020 b<br />

0,0938 ± 0,0029 c<br />

0,0089<br />

0,0960 ± 0,000 I b<br />

0,2822 ± 0,0092 a<br />

0,070fi ± 0,000 I c<br />

0,0133<br />

0, 1091 ±0,000 1 b<br />

0,2009 ± 0,0023 a<br />

0,0952 ± 0,0006 c<br />

0,0034<br />

0, 1095 ± 0,0013 b<br />

0,2849 ± 0,0003 a<br />

O,O()()fi ± 0.0009 c<br />

Quadro 2 - Comparação entre as composições dos três tipos de requeijões do 2° processamento nos diferentes tempos de estocagem.<br />

DIAS TIPO<br />

RC C<br />

RC FI<br />

RC F2<br />

d.m.s.(5%)<br />

15 RC C<br />

RC FI<br />

RC F2<br />

d.m.s.(5%)<br />

30 RC C<br />

RC FI<br />

RC F2<br />

d.m.s.(5%)<br />

45 RC C<br />

RC FI<br />

RC F2<br />

d.m.s.(5%)<br />

60 RC C<br />

RC FI<br />

RC F2<br />

d.m.s.(5%)<br />

75 RC C<br />

RC FI<br />

RC F2<br />

d.m.s.(5%)<br />

90 RC C<br />

RC FI<br />

RC F2<br />

d.m.s.(5%)<br />

ACIDEZ (% A.L.)<br />

0,0652 ± 0,0028 a<br />

0,0580 ± 0,0000 b<br />

0,0489 ± 0,0000 c<br />

0,004 1<br />

0,0685 ± 0,0000 a<br />

0,0538 ± 0,0000 c<br />

0,0635 ± 0,0000 b<br />

2,70E-09<br />

0,0571 ± 0,0000 a<br />

0,0499 ± 0,0070 a<br />

0,0484 ± 0,0000 a<br />

0,0101<br />

0,0684 ± 0,0000 a<br />

0,0536 ± 0,0000 c<br />

0,0538 ± 0,0000 b<br />

2,70E-09<br />

0,0690 ± 0,0009 a<br />

0,05 83 ± 0,0000 b<br />

0,0534 ± 0,0000 c<br />

0,0013<br />

0,0635 ± 0,0000 a<br />

0,0538 ± 0,0000 b<br />

0,0490 ± 0,0000 c<br />

1,90E-09<br />

0,0635 ± 0,0000 a<br />

0,0544 ± 0,0014 b<br />

0,0483 ± 0,0009 c<br />

0,0024<br />

EST (gIlOOg)<br />

25,9023 ± 0, 1230 c<br />

27, 1415 ± 0,0844 b<br />

28,2241 ± 0,0992 a<br />

0,259 1<br />

25,5 153 ± 0,0633 c<br />

26,5242 ± 0,2354 b<br />

27,9100 ± 0, 1232 a<br />

0,395<br />

25,723 1 ± 0,3018 c<br />

26,8572 ± 0,0585 b<br />

28,3343 ±0,0890 a<br />

0,4628<br />

26,1770 ± 0,0407 c<br />

27,3 122 ± 0,03 10 b<br />

28,355 1 ± 0,0962 a<br />

0, 1576<br />

25,5290 ± 0,0085 c<br />

26,4744 ± 0,1 175 b<br />

27,7816 ± 0,0523 a<br />

0,1 863<br />

25,7636 ± 0, 1205 c<br />

26,8411 ± 0,0479 b<br />

28, 1375 ± 0,0900 a<br />

0,2283<br />

25,7929 ± 0, 1086 c<br />

27,0025 ± 0,0860 b<br />

28,1 985 ± 0,0300 a<br />

0,205<br />

GORDURA<br />

(g/l OOg)<br />

8,7573 ± 0,09 19 c<br />

9,2652 ± 0, 1 151b<br />

9,8427 ± 0,0794 a<br />

0,24 19<br />

9,3610 ± 0,1035 b<br />

9,6728 ± 0,1283 a<br />

9,8363 ± 0,0856 a<br />

0,2687<br />

8,8480 ± 0,0947 c<br />

9,3728 ± 0, 1590 b<br />

9,8370 ± 0,0799 a<br />

0,29 16<br />

8,7093 ± 0,09 16 c<br />

9,0797 ± 0,0465 b<br />

9,5 143 ± 0,0283 a<br />

0, 1541<br />

9,4406 ± 0,1372 b<br />

9,7644 ± 0,0073 a<br />

9,8159 ± 0,0746 a<br />

0,2262<br />

9,0608 ± 0,01 14 c<br />

9,4336 ± 0,2014 b<br />

9,8943 ± 0,0552 a<br />

0,3025<br />

8,6858 ± 0,0559 c<br />

9,2156 ± 0,0748 b<br />

9,6597 ± 0,2638 a<br />

0,4047<br />

GES<br />

(g gordura/ IOOg EST)<br />

d.m,s,: diferença mínima significativa ao nível de erro de 5% de probabilidade .<br />

As amostras (média ± desvio padrão) seguidas de mesma letra na coluna não diferem ao nível de 5% de erro.<br />

PT<br />

(g/100g)<br />

0,0023<br />

NNP (g! l OOg)<br />

0,0379 ± 0,0030 a<br />

0,03R4 ± 0,0020 a<br />

0,0305 ± 0,00 I () b<br />

0,()054<br />

0,0359 ± 0,0037 a<br />

0,0331 ± 0,0078 a<br />

0,02fi7 ± 0,0008 a<br />

0,012fi<br />

0,03fi3 ± 0,001 I a<br />

0,O lfi8 ± 0,0014 c<br />

0,0292 ± 0,0008 b<br />

0,0028<br />

0,03fi8 ± O,OOfiS ab<br />

0,04fifi ± 0,0017 a<br />

0,0338 ± 0,0024 b<br />

0,0103<br />

0,0394 ± O,OOOS c<br />

0,0965 ± 0,00 I fi a<br />

O,04fi9 ± 0,0033 b<br />

0,0053<br />

0,05 13 ± O,00fi6 a<br />

0,047fi ± 0,0034 a<br />

0,0237 ± 0,0029 b<br />

0,01 15<br />

0,0457 ± 0,0057 a<br />

0,0438 ± 0,0034 ab<br />

0,0343 ± 0,0017 b<br />

0,0098<br />

NS (gIlOOg) NNP (g/I OOg)<br />

33,8098 ± 0,4444 a 14,4192 ± 0,1 804 a 0,1077 ± 0,0026 a 0,0333 ± 0,0029 b<br />

34,1378 ± 0,5225 a<br />

34,8739 ± 0,3688 a<br />

1,1264<br />

13,7 147 ± 0,5573 a 0,0998 ± 0,0040 a<br />

11,0321 ±0,0755 b 0,0893 ± 0,0042 b<br />

0,8542 0,0092<br />

0,05 15 ± 0,0036 a<br />

0,05 19 ± 0,00 13 a<br />

0,0069<br />

36,6873 ± 0,3 146 a 14,1551 ± 0,0151 a 0,1247 ± 0,0080 a 0,0324 ± 0,0039 a<br />

36,47 15 ± 0,7373ab 12,7 164 ±0,1216 b 0,0789 ±0,0034 b 0,0345 ±0,0053 a<br />

35,2441 ± 0,4300 b<br />

1,3157<br />

34,3977 ± 0,1771a 14,3237 ± 0,0594 a<br />

34,8979 ± 0,5223 a 12,9495 ± 0,2045 b<br />

34,7 173 ± 0,1 922 a<br />

0,8487<br />

33,27 10 ± 0,3508 a<br />

33,2441 ± 0,1701 a<br />

33,5547 ± 0,2062 a<br />

0,6376<br />

10,7235 ± 0,0979 c 0,0747 ± 0,0049 b<br />

0,2269 0,0145<br />

1 1,2988 ± 0,1033 c<br />

0,1 064± 0,0001 a<br />

0,0882 ± 0,0000 b<br />

0,0874 ± 0,0033 b<br />

0,3424 0,0048<br />

14,4320 ± 0,0903 a 0,0926 ± 0,0011 b<br />

13,0556 ± 0,198 1 b 0,1043 ± 0,0019 a<br />

11,1140 ± 0,05 13 c 0,0649 ± 0,0044 c<br />

0,3235 0,007 1<br />

0,0411 ±0,0064 a<br />

0,0133<br />

0,0345 ± 0,0035 ab<br />

0,0300 ± 0,0024 b<br />

0,0374 ± 0,002 1 a<br />

0,0068<br />

0,0345 ± 0,00 17 a<br />

0,0267 ±± 0,0060 a<br />

0,0227 ± 0,0058 a<br />

0,0124<br />

36,9799 ± 0,5478 a 15,3943 ± 0,2627 a 0,0867 ± 0,0045 b 0,0348 ± 0,0017 b<br />

36,8830 ± 0, 1442 a 13,6794 ± 0,5462 b 0,0799 ± 0,0001 b 0,0441 ± 0,0052 a<br />

35,3323 ± 0,2076 b 1 1,5059 ± 0,0458 c 0,0964 ± 0,0043 b 0,0418 ± 0,0014 ab<br />

0,8726 0,8791 0,009 0,008 1<br />

35,1698 ± 0,2045 a<br />

35,1452 ± 0,6945 a<br />

35,1 644 ± 0, 1810 a<br />

1,0793<br />

33,6762 ± 0,3325 a<br />

34, 1293 ± 0,3864 a<br />

34,2564 ± 0,9564 a<br />

1,5675<br />

digitalizado por<br />

15,2512±0,0185 a 0,093 1 ± 0,0035 a 0,0288 ±0,000 I a<br />

13,4325± 0,0326 b 0,0932 ± 0,0036 a 0,02 18 ± 0,00 18 b<br />

1 1,0178 ± 0,1495 c 0,0797 ± 0,0011 b<br />

0,223 0,0075<br />

0,0171 ± 0,0018 c<br />

0,0037<br />

14,2940 ± 0,0295 a 0,1 179 ± 0,0018 a 0,0225 ± 0,003 1 a<br />

12,9686 ± 0,1 190 b 0,0945 ± 0,0036 b 0,0235 ±0,0004 a<br />

1 1,0829 ± 0,0320 c 0,0891 ± 0,0005 b 0,0161 ± 0,0016 b<br />

0,1633 0,0059 0,005 1<br />

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Pág. 408<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

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ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

control product. Key-words: dietary fibre,<br />

requeijüo cremoso light, inulin, fat mimetic.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

MITCHEL, H. L. Bebidas enriquecidas com<br />

fibras. Food Ingredients : Pesquisa e<br />

Desenvolvimento na Indústria de Alimentos e<br />

Bebidas, ano IV, n. 20, p. 72-75, set./out., 2002.<br />

O INGREDIENTE do lácteo saudável. Revista<br />

Leite e Derivados, ano XIII, n. 76, p. 54-59,<br />

61-62, 64, mar.labr., 2004.<br />

SILVA, A. T. Fabricação de requeijão<br />

cremoso e de requeijão cremoso "light" a<br />

• • • •<br />

partir de retentado de ultrafiltração<br />

acidificado por fermentação ou adição de<br />

ácido láctico. 2003. Tese (Doutorado em<br />

Tecnologia de Alimentos). Departamento de<br />

Tecnologia de Alimentos, Universidade Estadual<br />

de Campinas, Campinas, 2003.<br />

SILVA, A. T.; VAN DENDER, A. G. F. ; MORI, E.<br />

E. M.; YOTSUYANAGI, K. Utilização de<br />

concentrado protéico de soro na fabricação de<br />

requeijão cremoso com teor reduzido de gordura.<br />

In: XVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE<br />

CI Ê NCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS,<br />

2002, Porto Alegre, RS. Anais. Porto Alegre,<br />

04 a 07 de agosto de 2002 (CD ROM ISBN: 85-<br />

891 23-0 1-4).<br />

• • • •<br />

ESTUDO COMPARATIVO DA ATIVIDADE ENZIMÁTICA E DA PROTEÓLlSE EM QUEIJO<br />

PRATO DE DIFERENTES ORIGENS'<br />

Comparative study of enzyme activity and proteolysis in prato cheese from<br />

different origins<br />

RESUMO<br />

Izildinha Moreno1<br />

Maria Teresa Destro2<br />

Ariene G. F. Van Dender1<br />

Adriana T. Silva 1<br />

Airton Vi ' alta 1<br />

Elza T. G. Marasca 1<br />

Gisele A. N. Costa3<br />

Fabiana K.H.S. Trento4<br />

O queijo Prato é a variedade de queijo maturado mais consumida no Brasil, todavia as<br />

variações nele ocorridas durante a maturação e sua microbiota diferenciada ainda não<br />

foram devidamente caracterizadas, principalmente com relação à especificidade das enzimas<br />

envolvidas no processo. Neste trabalho foram determinadas a atividade de enzimas<br />

proteolíticas e autolíticas existentes em extratos aquosos de queijo Prato produzido em<br />

quatro estados (A=Santa Catarina, B=Goiás, C=São Paulo e D=Minas Gerais) e sua relação<br />

* Artigo originado de projeto financiado pela FAPESP.<br />

I Pesquisador Científico, Centro de P&D de Laticínios - TECNOLAT ITAL.<br />

2 Professor Doutor. Faculdade de Ciências Farmacêuticas. Universidade de São Paulo - USP.<br />

3 Bolsista FAPESP.<br />

4 Assistente de Pesquisa TECNOLAT.<br />

digitalizado por<br />

Pág. 409<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

com o desenvolvimento da proteólise dos referidos produtos. Os resultados obtidos<br />

permitiram demonstrar a ocorrência de variações de especificidade e de atividades enzimáticas<br />

tanto entre os queijos de diferentes origens quanto ao longo da maturação e a conseqüência<br />

desta variabilidade no desenvolvimento da proteólise dos mesmos. De modo geral, a<br />

proteólise avaliada pelos índices de extensão e de profundidade da maturaçãO foi mais<br />

elevada no queijo D, com maior atividade de enzimas proteolíticas e autolíticas de diferentes<br />

especificidades, seguindo a ordem D>C>B;:::A. As diferenças na evolução da proteólise do<br />

queijo C, que apresentou perfil enzimático semelhante ao do queijo D, foram atribuídas à<br />

falta de uniformidade na composição físico-química do queijo C quando comparado ao D,<br />

especialmente com relação ao pH e ao teor de sal na umidade, provavelmente em função<br />

de diferenças tecnológicas entre os dois processos de fabricação.<br />

Palavras-chave: Queijo Prato, Enzimas proteolíticas, Autolisinas, Proteólise, Autólise.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

O queijo Prato é a variedade de queijo<br />

maturado mais apreciada e consumida no país, o<br />

que levou ao aumento de 117% de sua produção<br />

nos últimos 10 anos, passando de 45.000ton.<br />

produzidas em 1993 para 97.600ton. em 2003<br />

(ABIQ, 2004). Todavia as variações nele ocorridas<br />

durante a maturação e sua microbiota diferenciada<br />

ainda não foram devidamente caracterizadas,<br />

principalmente com relação à natureza e<br />

especificidade das enzimas envolvidas no processo.<br />

Além disso, uma série de fatores, dos quais as<br />

modificações nas tecnologias de fabricação, as<br />

variações do período de maturação sem o uso<br />

adicional de qualquer tipo de tecnologia e a<br />

utilização de culturas adjuntas sem avaliação<br />

anterior, têm resultado na comercialização de<br />

variedades de queijos de qualidade irregular e com<br />

grande heterogeneidade na composição físicoquímica<br />

e características microbiológicas<br />

(MORENO, 2003; CICHOSCKI et ai, 2002). Como<br />

resultado, este importante produto nacional vem<br />

perdendo seus padrões de qualidade e identidade e,<br />

conseqüentemente, seu valor comercial.<br />

V árias enzi mas proteolíticas originárias de<br />

diferentes fontes atuam de forma combinada<br />

durante a maturação do queijo Prato, in­<br />

fluenciando em suas características de "flavour"<br />

e textura. Dentre elas, destacam-se as endógenas,<br />

sendo a plasmina e as proteinases e peptidases<br />

(aminopeptidases) provenientes das bactérias não<br />

integrantes do fermento láctico (NSLAB), as<br />

mais relevantes em termos de atividade e<br />

significado tecnológico e outras que são adi­<br />

cionadas para a indução de alterações específicas,<br />

como a quimosina e pepsina do coalho e a s<br />

proteinases e peptidases do fermento láctico<br />

(McSWEENEY; SOUSA, 2000).<br />

Além dessas, as autolisinas das culturas<br />

lácticas endógenas ou adicionadas vêm sendo<br />

consideradas essenciais na maturação, uma vez<br />

que ao atuarem (forma natural ou induzida) em<br />

ligações específicas do próprio peptideoglicano<br />

permitem a liberação no coágulo de todas as<br />

enzimas citoplasmáticas importantes para a<br />

proteólise secundária (SHOCKMAN; H Ó LJTJE,<br />

1994). Estudos com o queijo Prato (MORENO,<br />

2003) e com outros tipos de queijos (KIERNAN<br />

et aI., 2000; PILLIDGE et aI., 1998) revelaram<br />

que a utilização de culturas fortemente<br />

autolíticas levaram a um aumento da proteólise<br />

e uma maior liberação de aminoácidos livres e,<br />

em muitos casos, à diminuição do amargor.<br />

Em face dessas importantes constatações<br />

e da escassez de dados a respeito dos agentes<br />

enzimáticos (proteolíticos e autolíticos)<br />

determinantes da proteólise do queijo Prato<br />

buscou-se, neste estudo, gerar mais<br />

conhecimentos para elucidar as complexas<br />

mudanças que ocorrem durante a maturação<br />

referido queijo.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

2.1 -Obtenção dos extratos de queijos<br />

Amostras de queijo Prato fabricado em<br />

Santa Catarina (A), Goiás (B), São Paulo (C) e<br />

Minas Gerais (D) foram maturadas nas mesmas<br />

condições (12±2°C/45 dias) e avaliadas com 5,<br />

15, 25, 35 e 45 dias. Os extratos aquosos dos<br />

queijos foram obtidos homogeneizando-se 4,5g<br />

da amostra em 20mL de água deionizada estéril.<br />

Os homogeneizados foram centrifugados a<br />

10.000g por 15 minutos a 4°C e os sobrenadantes,<br />

filtrados em membranas de 0,423/lm (Sartorius<br />

F-91127, Palaiseau, França) e mantidos a -20°C<br />

até sua utilização (VALENCE; LORTAL, 1998).<br />

A concentração de proteínas nestes extratos foi<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

determinada peJo método de LOWRY et aI.<br />

(1951), utilizando-se o reativo de FOLIN;<br />

CIOCALTEAU (SIGMA DIAGNOSTICS®,<br />

1985). A absorbância da mistura foi medida a<br />

725nm e a concentração de proteínas (mg.mL· I )<br />

determinada a partir da comparação dos dados<br />

com uma curva padrão de albumina bovina<br />

(Sigma Aldrich, Saint Louis, USA).<br />

2.2 -Determinação da atividade específica<br />

de aminopeptidases (AP)<br />

Foi determinada, segundo RONCARI;<br />

ZUBER (1969), pela medida da extensão de<br />

hidrólise dos seguintes substratos cromogênicos<br />

(-p-NA: -p-nitroanilida): Glu-p-NA para Pep A,<br />

Arg-p-NA para Pep N, Leu-p-NA para Pep Q,<br />

Ala-p-NA para Pep G, Lis-p-Na para Pep C, Prop-NA<br />

para Pep I, Gli-p-NA para Pep X. A unidade<br />

(U) de atividade específica foi definida pela<br />

relação entre o número de unidades da atividade<br />

enzimática por miligrama de proteína no extrato<br />

enzimático (0,01 U.min-I mg de proteína- I ).<br />

2.3 -Detecção da atividade de autolisinas<br />

por zimogramas<br />

As autolisinas livres nos extratos aquosos<br />

de queijo foram detectadas por eletroforese em<br />

SDS-PAGE [gel de separação a 14%, pH 8,8<br />

contendo 0,2% (p/v) de células de Micrococcus<br />

{llleus liofilizadas e gel de concentração a 4%]<br />

durante I hora sob voltagem constante de 180<br />

V, utilizando-se uma unidade vertical Protean 11<br />

(Bio-Rad). Os géis foram lavados em água<br />

destilada e incubados a 42"C/16 horas em tampão<br />

Tris-HCI 50 mM pH 6,8 contendo Triton X-<br />

100 I % (v/v) em uma câmara de hibridização<br />

HB-I D (Techne, USA). A seguir, os géis foram<br />

corados em solução de azul de metileno 0,1% (p/<br />

v) acrescida de hidróxido de potássio 0,001%<br />

(p/v) e lavados em água destilada até a<br />

visualização de bandas translúcidas características<br />

das autolisinas (VALENCE; LORTAL, 1995).<br />

2.4 - Determinação dos índices de proteólise<br />

Os índices de extensão (IEM) e de<br />

profundidade (lPM) da proteólise foram obtidos<br />

pelas fórmulas: IEP= (NS-pH4,6/NT)x 100 e<br />

IPP=(NNP/NT)xIOO. O nitrogênio solúvel em<br />

pH 4,6 (NS-pH-4,6) foi dosado no sobrenadante<br />

obtido após a precipitação isoelétrica das caseínas<br />

em ácido clorídrico (HCI) 1,41 N (VAKALERIS;<br />

PRICE, 1959) e o nitrogênio não protéico (NNP)<br />

no sobrenadante obtido após a precipitação das<br />

proteínas em 12% de ácido tricloroacético (TCA)<br />

digitalizado por<br />

(ASCHAFFENBURG; DREWRY, 1959). O NT foi<br />

determinado pelo método de Kjeldahl<br />

(INTERNATIONAL.., 1964).<br />

2.5 -Determinação das propriedades físicoquímicas<br />

Os queijos foram submetidos às análises do<br />

pH em mistura de 20g de queijo em 20 ml de<br />

água, por meio de potenciômetro (pHmetro)<br />

digital com eletrodo de vidro combinado, marca<br />

Micronal B-375 (BRASIL, 2003), cloreto de<br />

sódio (SERRES et ai, 1973), titulando-se o<br />

excesso de nitrato de prata com tiocianato de<br />

potássio (expresso em cloretos) e de extrato seco<br />

total pelo método de secagem das amostras mais<br />

areia tratada, até peso constante (7h), em estufa<br />

a 102±2°C (INTERNATIONAL. .. , 1982 ).<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

3.1 -Atividade de aminopeptidases (AP)<br />

Analisando-se o conjunto de resultados<br />

obtidos neste trabalho, verificaram-se variações<br />

nos valores de atividade específica de uma mesma<br />

enzima tanto entre os queijos das diferentes origens<br />

quanto entre os queijos de uma mesma origem ao<br />

longo da maturação. Maior atividade de AP foi<br />

detectada no queijo D e seguindo a ordem:<br />

D>C>B;:::A. Independentemente da especificidade<br />

enzimática e do tempo de maturação, os valores<br />

de atividade específica variaram entre 30,89 U<br />

(Pep A) e 546,69 U (Pep N) no queijo D, 44,64 U<br />

(Pep G) e 224,93 (Pep C) no queijo C, 0,52 (Pep<br />

G) e 15,89 U (Pep C) no queijo B e 0,47 U (Pep Q)<br />

e Ii ,99 U (Pep) no queijo A.<br />

Os queijos A e B apresentaram características<br />

similares, com ausência de especificidade<br />

para a Pep I, mas com diferenças de atividade<br />

entre as AP. O queijo A apresentou forte atividade<br />

para a Pep X (12,94 U) e Pep G (11,99 U) e o<br />

queijo B para a Pep C (15,89 U). As características<br />

dos queijos C e D foram similares e<br />

diferentes daquelas apresentadas pelos queijos A<br />

e B; porém, o queijo D apresentou atividade<br />

específica aproximadamente 2,2 vezes maior que<br />

a do queijo C. Ambos com fraca atividade para a<br />

Pep I (C=6,81 U, D=7,91) e forte para a Pep C<br />

(C=225,93, D=432,95 U) e Pep N (C=215,20<br />

U, D= 546,69 U), mas, sem atividade, no queijo<br />

C, para a Pep A e Pep X.<br />

A medida da atividade de AP em queijo Prato<br />

é importante para determinar a contribuição da<br />

microbiota nas reações envolvidas na maturação.<br />

V ários autores demonstraram, para outros tipos<br />

de queijos, que somente estas enzimas seriam<br />

Pág. 411<br />

arvoredoleite.org


capazes de degradar peptídeos amargos (ARD O<br />

et aI., 2002; COURTIN et aI., 2002). Além disso,<br />

a medida dessas enzimas fornece também<br />

importantes informações a respeito da<br />

ocorrência de autólise (O'DONOVAN et aI,<br />

1996; KIERNAN et aI., 2000).<br />

3.2 -Atividade de autolisinas<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Não foram evidenciadas bandas de atividade<br />

lítica nos extratos aquosos dos queijos A e B na<br />

condição de renaturação utilizada (pH 6,8 e 42°C),<br />

enquanto nos queijos C e D foram detectadas bandas<br />

de atividade lítica de aproximadamente 37 KDa<br />

em ambos os queijos C e D, porém, de intensidade<br />

fraca no queijo C e forte no D. Além desta,<br />

observou-se também a presença de mais duas bandas<br />

Iíticas de fraca intensidade no queijo D, de pesos<br />

moleculares mais elevados, aproximadamente 50<br />

e 100KDa. Independentemente do número e da<br />

intensidade das bandas líticas, as autolisinas já<br />

haviam sido liberadas nos extratos aquosos dos<br />

queijos C e D desde o período inicial da maturação,<br />

resultados que sugerem que a autólise da microbiota<br />

presente nesses queijos ocorreu durante a etapa de<br />

processamento.<br />

3.3 -Evolução da proteólise durante a<br />

maturação<br />

Comparando-se os índices de proteólise no<br />

início e final da maturação, verificou-se que Ó lEP<br />

foi mais elevado (7,83 a 17,22%) no queijo D e<br />

seguido dos queijos C (7,24 a 15,95%) e B (7,12 a<br />

15.51 %), que foram semelhantes, e menor no<br />

queijo A (4,55 a 9,14%). Com relação ao IPP,<br />

valor mais elevado também foi detectado no queijo<br />

D (6,96 a 12,30%) e seguido dos queijos C (4,05 a<br />

9,97%) e B (2,74 a 7,20%) e menor para o queijo<br />

A (1,99 a 5,82%). Estes resultados revelaram uma<br />

evolução mais lenta do IPP no queijo C, que mesmo<br />

tendo apresentado maior atividade, principalmente<br />

das enzimas do coalho (lEP), alcançou no final da<br />

maturação os mesmos valores encontrados para o<br />

queijo D com 25 dias. Portanto, a menor taxa de<br />

proteólise secundária observada para o queijo C,<br />

quando comparada ao queijo D, pode estar<br />

relacionada ao baixo valor de pH e maior teor de<br />

sal na umidade (S/U) deste queijo (pH= 5,34, SI<br />

U=4,21 %) em relação ao queijo D (pH=5,57, SI<br />

U=2,45%), que podem ter afetado negativamente<br />

a atividade das autolisinas e das aminopeptidases,<br />

retardando a proteólise do queijo C.<br />

4 - CONCLUSÕES<br />

Pág. 412<br />

As informações originadas deste estudo<br />

mostraram claramente a existência de uma<br />

relação positiva entre a atividade de amino­<br />

peptidases (AP) e o desenvolvimento da<br />

proteólise em queijo Prato. Os queijos C e D<br />

que apresentaram maior atividade de AP'<br />

alcançaram maiores índices de proteólise (lEP <br />

IPP) em decorrência da autólise mais intensa da<br />

microbiota, enquanto nos queijos A e B, que não<br />

apresentaram atividade de autolisinas, a<br />

proteólise evoluiu mais lentamente. As dife­<br />

renças na evolução da proteólise do queijo C,<br />

que apresentou perfil enzimático semelhante ao<br />

do queijo D, foram atribuídas à falta de<br />

uniformidade na composição físico-química do<br />

queijo C quando comparado ao D, especialmente<br />

com relação ao pH e ao teor de sal na umidade,<br />

provavelmente em função de diferenças<br />

tecnológicas entre os dois processos de<br />

fabricação.<br />

ABSTRACT<br />

Prato cheese is the most popular and most<br />

widely consumed variety of ripened cheese in<br />

Brazil. However, variations in product<br />

composition and overall characteristics resulting<br />

from different manufacturing processes and<br />

specific microbiological agents have not as yet<br />

been characterized, particularIy as related to the<br />

specific enzymes involved in' the manufacturing<br />

and ripening processes. The present study aimed<br />

at determining the activity of proteolytic and<br />

autolytic enzymes in the aqueous extract of<br />

samples 01' Prato cheese produced in four<br />

different regions 01' Brazil (A=Santa Catarina,<br />

B=Goiás, C=São Paulo and D=Minas Gerais) and<br />

their relation with the development of<br />

proteolysis in the above-mentioned products.<br />

The results obtained allowed to demonstrate the<br />

occurrence 01' variations in terms 01' specificity<br />

and enzyme activities not only between the<br />

cheeses from different origins, but also in the<br />

course 01' the ri pening process and the<br />

consequences 01' these variations on the<br />

development 01' proteolysis. In general,<br />

proteolysis as evaluated on the basis of the<br />

ripening extension and ripening depth indexes<br />

was most intense in cheese D, with higher<br />

activity 01' proteolytic and autolytic enzymes<br />

01' different specificities. Intensity of proteolysis<br />

of the samples tested was found to follow the<br />

order: D>C>BA . The differences in the<br />

evolution of proteolysis in cheese C, which<br />

exhibited an enzyme profile similar to that of<br />

cheese D, were attributed to the lack of<br />

uniformity of the physical-chemical composition<br />

of cheese C compared to cheese D, especially as<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

related to pH value and the salt-in-moisture<br />

content, which most probably resulted from<br />

technological differences between the two<br />

manufacturing processes.<br />

Key words: Prato cheese, Proteolytic<br />

enzymes, Autolysins, Proteolysis, Autolysis.<br />

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Pág. 413<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

CAPACIDADE DE DERRETIMENTO DE REQUEIJÃO CREMOSO OBTIDO POR<br />

DIFERENTES PROCESSOS<br />

"Melting properties of requeijão cremoso manufactured by different methods"<br />

RESUMO<br />

Silva, Adriana Torres1<br />

VAN DENDER, Ariene G. F.l<br />

MELLO, Fábio M. de2<br />

Neste trabalho foram avaliadas as características de derretimento de quatro diferentes<br />

tipos de requeijão cremoso, sendo dois fabricados a partir de retentado obtido por<br />

ultrafiltração de leite, um Iight (RUL) e outro integral (RUI), e dois produtos comerciais<br />

obtidos por método tradicional, um light (RCL) e outro integral (RCI). A capacidade de<br />

derretimento dos requeijões foi avaliada pelo teste clássico descrito por OLSON e PRICE<br />

em 1958, onde o resultado é expresso como fluxo de queijo. Alem disso, as amostras foram<br />

analisadas quanto às principais características físico-químicas. As diferenças encontradas<br />

entre os resultados de capacidade de derretimento dos requeijões pela medida do fluxo das<br />

amostras refletiram as principais diferenças de consistência existentes entre eles, ou seja,<br />

os requeijões de UF, que não formam fio e são mais firmes apresentaram fluxos menores e,<br />

portanto, menor capacidade de derretimento do que os tradicionais, que são mais cremosos<br />

e apresentam formação de fio característica deste tipo de produto.<br />

Palavras-chave: requeijão cremoso; capacidade de derretimento; ultrafiltração; requeijão<br />

cremoso com teor reduzido de gordura.<br />

I - INTRODUÇÂO<br />

A característica de derretimento ou de<br />

"refundibilidade" do queijo fundido, uma<br />

propriedade que o produto cremoso ou fatiável<br />

deve apresentar, é definida por CAMPOS (1981)<br />

como a capacidade do mesmo em derreter quando<br />

aquecido. De acordo com PARK et aI. (1984) as<br />

características de fusão são fatores primários<br />

na determinação da qualidade de diferentes tipos<br />

de queijos processados, sendo que várias técnicas<br />

de processamento podem ser utilizadas para<br />

melhorar esta propriedade. Atualmente percebese<br />

um grande aumento na utilização do queijo<br />

fundido em preparações e processamentos de<br />

diversos alimentos, tanto em caráter artesanal<br />

como industrial, o que evidencia a importância<br />

da determinação da capacidade de fusão para<br />

caracterizar e avaliar a qualidade deste tipo de<br />

produto.<br />

Métodos para avaliação das características<br />

de derretimento nos quais o queijo é exposto ao<br />

ar durante a fusão tendem a causar a formação<br />

de um filme na superfície resultando em um fluxo<br />

de derretimento desigual. O método descrito por<br />

OLSON; PRICE (1958) elimina a formação de<br />

filme e controla a direção do fluxo permitindo<br />

desta forma uma medida mais exata. O objetivo<br />

deste trabalho consistiu em avaliar, empregando<br />

este método, a capacidade de derretimento de<br />

requeijão cremoso obtido por diferentes processos.<br />

Para isto foram analisadas amostras de<br />

quatro tipos de requeijão cremoso, sendo dois<br />

fabricados a partir de retentado obtido por<br />

uItrafiltração (UF) de leite, um light (RUL) e<br />

outro integral (RUI), e dois produtos comerciais<br />

obtidos por método tradicional, um light (RCL)<br />

e outro integral (RCI).<br />

Pesquisador científico, TECNOLAT - lTAL; Av. Brasil, 2880, Campinas _ SP; CEP 13073-001.<br />

2 Bolsista PlBlC-CNPq. email: atorres@ital.sp.gov.br.<br />

Pág. 414<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Amostras avaliadas<br />

OI) RUI e RUL: amostras de requelJao<br />

cremoso e de requeijão cremoso Iight,<br />

respectivamente, fabricados com retentados<br />

obtidos por UF de leite.<br />

• RCI e RCL: amostras comerciais de<br />

requeijão cremoso e de requeijão cren:oso<br />

light, respectivamente, ambas obtidas<br />

por método tradicional .<br />

Análises físico-químicas dos requeijões<br />

O pH foi determinado utilizando-se um<br />

potenciômetro digital modelo MICRONAL B375<br />

e o teor de extrato seco total (ES) pelo méto do<br />

de secaaem das amostras mais areia tratada ate , o<br />

peso costante, em estufa a 102 ± 2" (IF, I 982).<br />

O teor de gordura dos requeijões fOI obtido pelo<br />

método de Gerber-van Gulik (INSTITUTO ... ,<br />

1985) e o de gordura no extrato seco (GES)<br />

calculado pela fórmula: GES= (% gordura! % EST?<br />

x 100. O teor de proteína total (PI) fOI<br />

determinado pelo método de Kjeldahl (IOF, 1964),<br />

multiplicando-se o valor de nitrog<br />

.<br />

ênio tota pelo<br />

fator 6,38. O teor de cinzas fOI determinado<br />

secun a d o HORWITZ (1975)<br />

.<br />

e o de cálcio de acordo<br />

com o método titrimétnco (IOF, 1967).<br />

Capacidade de derretimento<br />

Para avaliar a capacidade de derretimento<br />

dos requeijões fo i empregada metodologia<br />

descrita por OLSON; PRICE (I :58) e por<br />

CAMPOS (1981), já que outros tres metodos ,<br />

testados não se mostraram adequados para o<br />

produto em questão, devido principalmente às<br />

dificuldades encontradas para amostragem e a<br />

posterior visualização do resultad.<br />

Neste método um tubo de Vidro plrex<br />

.<br />

de<br />

30l11m de diâmetro interno e 250mm de<br />

comprimento é utilizado para manter a amostra.<br />

Uma extremidade do tubo é fechada por uma<br />

rolha de borracha perfurada, contendo um tubo<br />

de vidro que atua como válvula de ecape. Uma<br />

linha de referência é gravada no Vidro a 27,5<br />

mm, a partir da extremidade oposta do tubo.<br />

Esta extremidade também é fechada por uma<br />

rolha de borracha após a amostra ser colocada<br />

no tubo. Durante o teste, o tubo é colocado em<br />

um suporte que o mantém na posição horizontal<br />

na estufa. Este suporte pode ser inclinado (15")<br />

de modo a cessar imediatamente o fluxo da<br />

amostra aquecida para a sua medição.<br />

Uma quantidade de l5±0,2g da amostra fOI<br />

.<br />

pesada no tubo. Os mesmos foram mantidos<br />

digitalizado por<br />

durante 30 minutos em banho de gelo na posição<br />

vertical, com a amostra na extremidade inferior.<br />

Em seguida os tubos foram colocados no suporte<br />

na posição horizontal em estufa a I IOuC com<br />

circulação forçada de ar. Após 8 minutos de<br />

aquecimento, o suporte foi inclinado ara ce . ssar<br />

o fluxo e a distância percorrida a partir da Itnha<br />

de referência foi medida rapidamente. O tubo e<br />

o suporte foram recolocados na estufa para . um<br />

aquecimento adicional de 2 minutos e, em segUida,<br />

feita outra leitura. A distância total, em<br />

centímetros, percorrida pela amostra nos 8 + 2<br />

minutos de aquecimento foi medida, calculandose<br />

o fluxo da amostra em (cm/min). No teste<br />

original descrito por OLSON; PRICE (l958? a<br />

amostra foi aquecida a IIO"C/8mm.<br />

(6min.+2min.), o que foi adaptado por GIGANE<br />

(1998), que empregou condição de I 10 "C/ I Om1l1<br />

(8min.+2min.).<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

As Tabelas I e 2 apresentam os resultados<br />

das análises físico-químicas e dos testes de fusão<br />

dos requeijões, respectivamente.<br />

Tabela I - Resultados das análises físicoquímicas<br />

dos requeijões cremosos.<br />

RUI RUL RCI RCL<br />

pH 6,28 6,25 5,71 5,80<br />

Acidez ( " D) 0,80 1,27 0,81 0,62<br />

EST (g/ I OOg) 43,65 31,21 37,52 27,95<br />

Gordura (g/ I OOg) 27,62 14,68 22,67 9,48<br />

GES (g/l OOg ES) 63,28 47,03 60,42 33,92<br />

Cinzas (g/ I OOg) 3,39 4,32 1,79 2,43<br />

Pt (g/lOOg) 9,43 10,85 11,23 12,97<br />

Cálcio (mg/lOOg) 185,0 160,0 135,0 110,0<br />

Os resultados obtidos no teste de fusão<br />

dos requeijões RUI, RUL, RCI e RCL (Tab . ea 2)<br />

foram bastante distintos entre si e permltlram<br />

relacionar a variação da capacidade de<br />

derretimento das amostras com as diferenças<br />

de consistência observadas diretamente nas<br />

mesmas . Assim, os requeijões obtidos por<br />

ultrafiltração (mais fi rmes) apresentaram<br />

capacidade de derretimento (grau d . e refundibilidade)<br />

menor do que aqueles fabncados<br />

pelo processo tradicional (mais cremosos). Já<br />

os requeijões "Iight" de ambos proessos<br />

apresentaram uma capacidade de derretimento<br />

maior do que os requeijões com teor de gordura<br />

integral.<br />

Pág. 415<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Tabela 2 Resultados experimentais dos testes de fusão, apresentados em deslocamento (cm), tempo<br />

de fusão (min) e fluxo (cm/min), para os requeijões RUI, RUL, RCI e RCL.<br />

RUI<br />

RUL<br />

RCI<br />

RCL<br />

Tempo 1l! 2l! 3l!<br />

8 min 1,3 1,4 1,2<br />

2 min 1,5 1,5 1,4<br />

8 min 4,2 4,0 4,1<br />

2 min 4,4 4,3 4,3<br />

8 min 11,8 12, I 11,5<br />

2 min 14,7 14,9 14,8<br />

8 min 13,5 14,2 13,8<br />

2 min 16,8 17,3 17,0<br />

Analisando o teor de cálcio das amostras<br />

observa-se que as amostras com maior teor deste<br />

mineral apresentaram menor capacidade de<br />

derretimento (RUIRCL).<br />

Segundo RAPACCI (1997), quanto maior o teor<br />

de cálcio da massa, menor é a sua capacidade de<br />

fusão. Já a porcentagem de gordura no extrato<br />

seco (GES) em geral exerce uma influência contrária<br />

à exercida pelo teor de cálcio. No entanto, isto<br />

não foi observado neste trabalho, pois a amostra<br />

com maior teor de GES foi a que apresentou menor<br />

capacidade de derretimento, ou seja, o teor de GES<br />

não influenciou diretamente esta propriedade nas<br />

amostras avaliadas neste caso. Isto se deve<br />

provavelmente à influência do teor de cálcio das<br />

amostras e às diferenças entre as formulações dos<br />

requeijões, ou seja, entre os requeijões de UF e<br />

tradicional e entre aqueles com teor de gordura<br />

normal e reduzido (light). As principais diferenças<br />

se referem à maior retenção de nitrogênio solúvel<br />

nos produtos de UF e ao uso de substitutos de<br />

gordura (concentrado de proteína de soro) nos<br />

produtos light, que alteram a proporção de<br />

proteína/gordura e/ou de proteína solúvel/proteína<br />

total dos mesmos, o que em última análise pode<br />

afetar algumas de suas características físicas.<br />

4 - CONCLUSÔES<br />

Pág. 416<br />

• Neste trabalho, as diferenças encontradas<br />

entre os resultados de capacidade<br />

de derretimento dos requeijões pela<br />

medida do fluxo das amostras refletiram<br />

as principais diferenças de consistência<br />

existentes entre eles, ou seja, os requeijões<br />

de UF, que não formam fio e<br />

são mais firmes apresentaram fluxos<br />

menores e, portanto, menor capacidade<br />

4l!<br />

1,2<br />

1,3<br />

4,1<br />

4,4<br />

12,0<br />

14,8<br />

13,5<br />

16,9<br />

51! 6l! Fluxo médio (cm/min)<br />

1,1 1,4<br />

1,3 1,6<br />

4,3 4,2<br />

4,5 4,4<br />

12,3 12, I<br />

15,0 14,7<br />

14,5 13,9<br />

17,4 17,3<br />

0,172<br />

0,526<br />

1,778<br />

2,054<br />

de derretimento do que os tradicionais,<br />

que são mais cremosos e apresentam<br />

formação de fio característica deste tipo<br />

de produto.<br />

O teor de cálcio influenciou diretamente<br />

as características de derretimento dos<br />

requeijões aval iados (> teor Ca -7 <<br />

capacidade de derretimento), o que não<br />

ocorreu para o conteúdo de gordura no<br />

extrato seco.<br />

• De modo geral, a determinação da<br />

capacidade de derretimento pelo método<br />

de OLSON; PRICE (1958) se mostrou<br />

adequada para caracterizar e classificar<br />

os requeijões cremosos e também outros<br />

queijos processados, principalmente<br />

aqueles destinados ao uso culinário. De<br />

uma forma geral, requeijões que apresentam<br />

menor refundibilidade são mais<br />

adequados para serem utilizados como<br />

matéria-prima de molhos ou então como<br />

recheio ou cobertura no preparo de<br />

diversos alimentos tais como pizzas,<br />

pães, biscoitos e massas recheadas. No<br />

caso de serem usados em coberturas, estes<br />

produtos são mais indicados pois quando<br />

submetidos a aquecimento, os mesmos<br />

derretem menos e de uma forma mais<br />

controlada, evitando assim que escorram<br />

pelas bordas de pizzas, por exemplo.<br />

SUMMARY<br />

In the present study, the melting<br />

characteri stics of four different types of<br />

requeijão cremoso were evaluated: (I) reduced<br />

fat requeijão manufactured from UF skim milk<br />

retentate (RUL); (2) fuH fat requeijão made from<br />

UF whole milk retentate (RUI); (3) commercial<br />

reduced fat requeijão manufactured by the<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

traditional manufacturing process (RCL) and (4)<br />

commercial traditional full fat requeijão (RCI).<br />

The melting ability of the different types of<br />

requeijão was evaluated using the classic test<br />

method described by OLSON and PRICE in 1958,<br />

the results of which are expressed as cheese f/o w.<br />

In addition, the samples were analyzed for the<br />

main physical-chemical characteristics. The<br />

differences in melting capacity as expressed by<br />

the cheese f10w value reflect the differences in<br />

consistency between the different types of<br />

requeijão. For that reason, the UF requeijão<br />

types, which do not form strings and typically<br />

present greater firmness, produced lower cheese<br />

flow values and, consequently, smaller melting<br />

ability as compared to the traditional requeijão<br />

types, which are creamier and present the<br />

characteristic stringiness of this type of<br />

traditional processed cheese product.<br />

Keywords: "requeijão cremoso"; melting<br />

properties; ultrafiltration; reduced fat requeijão<br />

cremoso.<br />

5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS<br />

CAMPOS, S. D. S. Reologia de requeijão e outros<br />

queijos fundidos. In: MARTINS, J. F. P. ;<br />

FERNANDES, A. G. (Ed). Processamento de<br />

requeijão cremoso e outros queijos fundidos.<br />

Campinas: ITAL, 1981. Capo J I, p. 1-8.<br />

GIGANTE, M. L. Requeijão cremoso obtido<br />

por ultrafiltração de leite pré-acidificado<br />

adicionado de concentradoo protéico de<br />

soro. 1998. 122p. Tese (Doutorado) - Faculdade<br />

de Engenharia de Alimentos, Universidade<br />

digitalizado por<br />

•<br />

Estadual de Campinas.<br />

HORWITZ, W. ed. Official methods 01'<br />

analysis of the association 01' official<br />

analytical chemists . 12. ed. Washington:<br />

AOAC, 1975. p. 284. (Proc. 16223).<br />

INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Norm as<br />

analíticas do Instituto Adolfo Lutz: Métodos<br />

químicos e físicos para análise de alimentos. 3.<br />

ed. São Paulo: IAL 1985. v. I, 371 p.<br />

INTERNATIONAL DAIRY FEDERATION.<br />

Determination of the total solids content<br />

of cheese and processed cheese. Belgium:<br />

FILlIDF, 2p. (FILlIDF, 4A), 1982.<br />

INTERNATIONAL DAIRY FEDERATION.<br />

Determination of the protein content 01'<br />

processed cheese products. Belgium: FILlIDF,<br />

3p. (FIL-IDF, 25), 1964.<br />

INTERNATIONAL DAIRY FEDERATION.<br />

Determination of total calcium of melting<br />

cheese using a titrimetric mode. Belgium:<br />

FILlIDF, 4p., 1967.<br />

OLSON, N. F.; PRICE, W. V. A melting test for<br />

pasteurized process cheese spreads. Journal of<br />

Dairy Science, Champaign, v. 41, n. 7, p. 999-<br />

1000, 1958.<br />

PARK, J; ROSEMAN, J. R.; PELEG, M.<br />

Comparison of four procedures of cheese<br />

meltability evaluation. Jounal of Food Science,<br />

Chicago, v. 49, n. 4, p. 1158-1170, 1984.<br />

RAPACCI, M. Estudo comparativo das<br />

características físicas e químicas, reológicas<br />

e sensoriais do requeijão cremoso obtido por<br />

fermentação láctica e acidificação direta.<br />

1997. 144p. Tese (Doutorado) Faculdade de<br />

Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual<br />

de Campinas.<br />

• • • •<br />

Pág. 417<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

SORO DE QUEIJO: PERCEPÇÃO DO MERCADO CONSUMIDOR EM RELAÇÃO A SUA<br />

UTILIZAÇÃO<br />

Cheese whey: perception of the consuming market in relation to its use<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

A quantidade de soro de queijo produzida<br />

nos laticínios vem aumentando ao longo dos<br />

anos e uma grande preocupação é em relação ao<br />

seu tratamento, pois apresenta alto poder<br />

poluente (ALMEIDA, BONASSI e ROÇA, 2001).<br />

O soro vem sendo utilizado como ingrediente<br />

para o processamento de diversos derivados.<br />

Mesmo em produtos tradicionais, tais como<br />

requeijão e iogurte, a sua adição já tem sido<br />

observada. Seu emprego na produção de derivados<br />

lácteos pode ser visto como uma forma de<br />

baratear os custos de produção, devido ao seu<br />

baixo preço e grande volume produzido. A produção<br />

no Brasil é em torno de 20 mil toneladas<br />

por ano, representando uma grande oferta<br />

(ABIQ, 1999). Mas isso nem sempre reflete no<br />

preço final dos produtos derivados, pois a adição<br />

de outros ingredientes como cereais e vitaminas<br />

conferem um maior valor agregado. Além disso,<br />

apesar da alta produção nacional, de acordo com<br />

levantamento realizado pela Empresa Brasileira<br />

de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA<br />

(EMBRAPA, 2005), o Brasil importou cerca de<br />

24.000 kg de soro de leite no período<br />

compreendido entre 1998 e 2004.<br />

O soro pode ser encarado como matériaprima<br />

para a elaboração de vários alimentos,<br />

sendo fonte de lactose, gordura e proteínas. Sua<br />

composição é de aproximadamente 93% de água,<br />

5% de lactose, 0,9-0,7% de proteínas, 0,5-0,3%<br />

de gordura, 0,2% de ácido láctico e pequenas<br />

quantidades de vitaminas (BEMHASSAN e<br />

GHALY, 1994). Em relação às vantagens<br />

nutricionais do soro de queijo, podemos citar:<br />

presença de aminoácidos essenciais, cálcio e<br />

TEIXEIRA, V.Q.l<br />

CORTEZ, M.A.S.3<br />

SILVA, C.2<br />

PLATTE, C. S.2<br />

SILVA, A.C.O.3<br />

lactose (TAMINE e ROBINSON, 1991).<br />

Pesquisas têm sido realizadas visando criar<br />

opções para diminuir principalmente os danos<br />

ao meio ambiente, devido à sua alta demanda<br />

biológica de oxigênio (ALMEIDA, BONASSI e<br />

ROÇA, 200 I). Vários produtos já apresentam<br />

legislações pertinentes, destacando-se bebidas<br />

lácteas fermentadas e não fermentadas (BRASIL,<br />

2000). Percebe-se que os consumidores<br />

desconhecem este tipo de alimento, sendo<br />

induzidos, muitas vezes, a adquiri-los devido à<br />

falta de informações e exposição inadequada no<br />

comércio. O presente trabalho avaliou o grau de<br />

conhecimento dos consumidores em relação à<br />

utilização de soro em produtos lácteos, além de<br />

determinar a influência da adição de outros<br />

ingredientes na variação no preço fi nal,<br />

objetivando traçar um perfil do mercado.<br />

2 - MATERIAIS E MÉTODOS<br />

Os produtos selecionados para esta pesquisa<br />

foram: bebida láctea UHT/leite UHT, bebida<br />

láctea fermentada/iogurte e especialidade láctea!<br />

requeijão; agrupados de acordo com suas<br />

semelhanças tecnológicas. Foram realizadas<br />

entrevistas com consumidores nas dependências<br />

da Universidade Federal Fluminense-RJ, entre os<br />

dias 06/0112005 e 11/01/2005. Os entrevistados<br />

(233) foram escolhidos aleatoriamente entre<br />

alunos, professores, funcionários e visitantes,<br />

que após visualizarem as embalagens dos referidos<br />

produtos, respondiam uma ficha de avaliação. Já<br />

para a avaliação dos preços e das condições de<br />

comercialização, foram visitados 70 mercados,<br />

Estudante de graduação e bolsista PIBIC/UFF, curso de Medicina Veterinária UFF.<br />

2 Estudantes de graduação, curso de Medicina Veterinária UFF.<br />

3 Professores, curso de Medicina Veterinária UFF.<br />

Pág. 418<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

sendo 50 no município do Rio de Janeiro e 20<br />

em Niterói, entre os dias 27/1 212004 e lO/OI/<br />

2005. Durante a avaliação, os pesquisadores<br />

preenchiam uma ficha com os dados relativos à<br />

exposição dos produtos e informações contidas<br />

nas prateleiras e gôndolas. Os dados obtidos em<br />

ambas as pesquisas foram analisados estatisticamente<br />

de forma descritiva para a obtenção<br />

de um perfil de conhecimento dos consumidores<br />

em relação à adição de soro em derivados lácteos.<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

3.1 -Perfil dos consumidores e seus<br />

conhecimentos sobre soro e sua<br />

utilização.<br />

Os entrevistados, em sua grande maioria<br />

(82,83%), possuíam idade entre 20 e 29 anos, sendo<br />

que 220 (85,84%) estavam cursando o ensino<br />

superior, 14 (6,00%) já concluíram o ensino<br />

superior e 12 (5,15%) possuíam um curso de pósgraduação.<br />

Partindo-se deste grupo, foi observado<br />

que cerca de 69% dos entrevistados tinham o<br />

costume de ler algumas das informações contidas<br />

nos rótulos dos produtos lácteos. Entretanto,<br />

verificou-se que cerca de 82% dos entrevistados<br />

não observaram diferenças nas embalagens de<br />

requeijão e especialidade láctea. O mesmo ocorreu<br />

com o iogurte e a bebida láctea fermentada, onde<br />

80% dos consumidores não puderam diferenciálos.<br />

No caso das bebidas lácteas UHT. 53% dos<br />

entrevistados a diferenciaram do leite integral<br />

UHT, mas na maioria dos casos essa diferenciação<br />

só foi feita pelos consumidores que já haviam<br />

comprado o produto erroneamente, pensando ser<br />

leite UHT (Tabela I). Apesar de cerca de 58% dos<br />

entrevistados possuírem algum conhecimento<br />

sobre o que é soro, 59% não sabiam de sua utilização<br />

e em quais produtos ele poderia ser utilizado.<br />

Quando foram perguntados sobre o que mais<br />

influía na sua decisão de compra, 40,5%<br />

relataram o preço como fator determinante, 43%<br />

colocaram a qualidade do produto como sendo o<br />

mais importail te e apenas 16,5% dos<br />

entrevistados colocaram a marca como fator de<br />

escolha dos derivados lácteos (Figura I).<br />

Marca<br />

Qualidade<br />

42%<br />

Preço<br />

41%<br />

Figura 1 - Fatores que influenciam a decisão de<br />

compra de produtos lácteos.<br />

3.2 - Valor agregado aos produtos lácteos<br />

pela adição de outros ingredientes.<br />

Em dezembro de 2004, foi observado que<br />

produtos adicionados de soro nem sempre eram<br />

mais baratos que os tradicionais. As marcas de<br />

maior circulação estão com produtos adicionados<br />

de soro no mercado, que se equiparam em preço<br />

aos produtos tradicionais, onde foram observadas<br />

algumas bebidas lácteas fermentadas chegando a<br />

um preço máximo de R$6,89 contra R$7,49 dos<br />

iogurtes. O mesmo ocorreu com as especialidades<br />

lácteas aonde os preços máximos chegaram à<br />

R$5,38 contra R$6,07 dos requeijões. As bebidas<br />

lácteas UHT estavam sempre com preços<br />

inferiores ou iguais ao dos leites UHT.<br />

3.3 - Forma de comercialização e rotulagem<br />

dos produtos derivados lácteos.<br />

Todos os estabelecimentos apresentaram<br />

erros na denominação de pelo menos um dos<br />

produtos lácteos em estudo. Comparando requeijão<br />

com especialidade láctea, foi constatado que 71 %<br />

dos estabelecimentos cometiam erros na sua<br />

denominação, sendo que em 96% dos casos, a<br />

especialidade láctea era identificada como requeijão.<br />

Em 90% dos estabelecimentos eles se apresentavam<br />

misturados nas prateleiras e em 10% das vezes<br />

estavam lado-a-Iado. A bebida láctea fermentada<br />

apresentou erro de denominação em 85% dos<br />

mercados, onde em 73% das vezes encontrava-se<br />

identificada como iogurte. Ambos os produtos<br />

estavam sendo comercializados sem separação em<br />

Tabela 1 - Diferenciação entre produtos com e sem adição de soro de queijo.<br />

Diferenciam<br />

Não diferenciam<br />

Requeijão e<br />

especialidade láctea<br />

18%<br />

82%<br />

digitalizado por<br />

Iogurte e<br />

bebida láctea fermentada<br />

20%<br />

80%<br />

Leite UHT e<br />

bebida láctea UHT<br />

53%<br />

47%<br />

Pág. 419<br />

arvoredoleite.org


91 % dos casos. Já a bebida láctea U H T diferiu dõ s<br />

outros produtos, pois foi achada em apenas 37%<br />

dos estabelecimentos, onde em 19% dos casos era<br />

denominada de leite UHT. Em 65% dos<br />

estabelecimentos, sua venda era feita misturada<br />

com leite UHT, contra 35% estando um produto<br />

ao lado do outro (Figura 2).<br />

4 - CONCLUSÕES<br />

Observou-se que mesmo dentro de um grupo<br />

de pessoas com escolaridade superior, o hábito de<br />

ler os rótulos não era muito consistente, pois a<br />

maioria encontrava dificuldade de definir os produtos<br />

que consumiam. Durante a pesquisa foi notada a<br />

falta de conhecimento sobre a existência dos<br />

produtos adicionados de soro, por não existir uma<br />

divulgação desses produtos, pela semelhança entre<br />

as embalagens, nomes dos produtos sem destaque<br />

nos rótulos e forma na qual eram comercializados,<br />

normalmente misturados nas prateleiras. Quanto<br />

ao modo de comercialização, todos os estabelecimentos<br />

apresentaram problemas na maneira<br />

de classificar e etiquetar os produtos, sendo o erro<br />

mais freqüente a denominação de bebida láctea<br />

fermentada como iogurte e de especialidade láctea<br />

como requeijão. Além disso, em vários mercados os<br />

produtos estavam expostos de forma misturada nas<br />

prateleiras, o que prejudica na diferenciação dos<br />

produtos e pode induzir o consumidor à compra de<br />

um produto com características nutricionais e<br />

sensoriais diferentes das desejadas. Para a indústria,<br />

a utilização do soro de queijo na formulação de<br />

bebidas lácteas é uma forma de agregar valor<br />

comercial a um resíduo e ainda diminuir custos com<br />

tratamento de despejos industriais.<br />

5 - ABSTRACT<br />

Cheese whey is being used as ingredient for<br />

processing of several foods. Its addiction to dairy<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

products can be seen as a form to reduce<br />

production costs, due to the low price and great<br />

produced volume. It is noticed that consumers .<br />

ignore this kind of addition. Besides, the great<br />

offer not always contemplates the final price,<br />

sometimes the addition of others ingredients<br />

increases the attached value of the product. The<br />

present work evaluated consumers' knowledge in<br />

relation to the use of cheese whey in dairy<br />

products, as well the influence of addition of<br />

others ingredients in variation of the final price,<br />

to trace a profile of the market. In the period<br />

among 06/01/2005 to 11/01/2005, 233 people<br />

were interviewed in the dependences of the<br />

Universidade Federal Fluminense-RJ, to evaluate<br />

the consumer's knowledge on such products. For<br />

the evaluation of prices and the conditions of<br />

commercialization of theses products, 70 markets<br />

were visited, being 50 at the district of Rio de<br />

Janeiro and 20 at Niterói-RJ, in the period of 27/<br />

12/2004 to 10/01/2005. It was verified that<br />

consumers have great difficult to identify<br />

production with the addiction of cheese whey.<br />

Up to 47% of the consumers were capable of<br />

identifying differences between UHT milk and<br />

UHT "bebida láctea", 80% between yogurt and<br />

"bebida láctea fermentada" and 82% between<br />

"requeijao" and "especialidade láctea". In relation<br />

to presentation form, it was verified mistakes in<br />

the denomination of at least one of its products<br />

were happened in 100% of the establishments<br />

(70). lt was also observed that prices of products<br />

with cheese whey were similar to or lager than<br />

the prices of traditional products, due mainly to<br />

the addition of other ingredients that increases<br />

the commercial value of the product.<br />

6 - BIBLIOGRAFIA<br />

ABIQ (ASSOCIAÇ Ã O BRASILEIRA DAS<br />

IND Ú STRIAS DE QUEIJO). Dados de<br />

Leite LHT e Beb. Iogurte e Beb. Lác. Requeijão e Espec.<br />

Láct UHT Fenn Lác.<br />

Figura 2 - Forma de comercialização dos produtos lácteos nos estabelecimentos pesquisados.<br />

Pág. 420<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Produção Mercosul e outras regiões. São<br />

Paulo, 1995.<br />

ALMEIDA, K. E.; BONASSI, LA.; ROÇA, R.O.<br />

Características f ísicas e químicas de bebidas<br />

lácteas fermentadas e preparadas com soro de<br />

queijo minas fresca\. Ciênc. Tecnol. Aliment. :<br />

Campinas, v. 21, n. 2, p. 87-192, maio-ago.<br />

200 I.<br />

BEM-HASSAN, R.M.; GHALY, A. E. Continuous<br />

propagation of Kluyveromyces fragilis in cheese<br />

whey for poIlution potential reduction. Applied<br />

Biochemistry and Biotechnology, v. 47, p.<br />

89-105, 1994.<br />

• • •<br />

BRASIL. Ministério da Agricultura. Regulamento<br />

da Agricultura e do Abastecimento, Regulamento<br />

técnico de identidade e qualidade de bebidas<br />

lácteas. DAS/SIPOA. Diário Oficial da União,<br />

Brasília, p. 22-25, 08 de novembro de 2000.<br />

Seção I.<br />

EMBRAPA. Importação brasileira de<br />

produtos lácteos (mil kg) 1998-2004.<br />

Disponível em: .<br />

Acesso em: 26 abr. 2005.<br />

TAMIME, A.Y.; ROBINSON, R.K. Yogur<br />

Ciência y Tecnologia, Acribia: Zaragoza,<br />

1991. 368p.<br />

• • • •<br />

ANÁLISE GENERALIZADA DE PROCRUSTES EM ANÁLISE SENSORIAL<br />

Generlized procrustes analysis in sensory analysis<br />

RESUMO<br />

Eric Batista Ferreira 1<br />

A Análise Sensorial se resume em avaliar como um objeto é percebido pelos sentidos<br />

humanos ou por uma combinação deles. Embora aconteça com mais freqüência, os<br />

alimentos não são os únicos objetos que podem estar sujeitos à Análise Sensorial. Pode-se<br />

perceber artigos não comestíveis como automóveis, perfumes, cosméticos etc. Em todos<br />

os casos, existem alguns problemas fundamentais como o tempo e os recursos financeiros<br />

gastos no treinamento dos juízes (ou provadores); e os vieses que estes podem inserir em<br />

suas notas, ou seja, tendências de se concentrarem em determinada parte da escala de notas<br />

ou abranger maior ou menor amplitude dentro de uma escala. Uma alternativa para driblar<br />

todos esses entraves é a metodologia estatística exploratória de dados multi variados chamada<br />

Análise Generalizada de Procrustes (GPA). Ainda pouco difundida no Brasil, essa técnica é<br />

usada desde a década de 70 em países como Inglaterra, França, Holanda, Escócia e Estados<br />

Unidos. Ela proporciona a utilização de provadores não treinados usando escalas diversas<br />

para pontuar quantos e quais atributos desejarem, extraindo, ao final, a informação de<br />

consenso entre eles. Em associação à GPA, é recomendado o uso da metodologia laboratorial<br />

Perfil de Livre Escolha (FCP). Apesar de ser executada em softwares específicos de custo<br />

elevado, a GPA pode ser analisada. em programas grátis ou de fácil acesso (R e Excel) por<br />

meio de pacotes ou macros específicos.<br />

Palavras-chave: Análise Sensorial, Análise Generalizada de Procrustes, R.<br />

Técnico em Laticínios, Eng. Agrônomo, Mestre em Estatística. doutorando em Estatística - Universidade<br />

Federal de Lavras - UFLA.<br />

digitalizado por<br />

Pág. 421<br />

arvoredoleite.org


INTRODUÇÃO<br />

Procrustes (também chamado de Polypemon,<br />

Damastes ou Procoptas), personagem da mitologia<br />

grega, recebia em sua hospedaria peregrinos que<br />

iam para o Templo de Deméter e Elêusis. A eles,<br />

servia banquetes e vinhos e convidava a uma noite<br />

sono em sua cama, a cama de Procíllstes. Nela só<br />

se deitavam pessoas que coubessem exatamente<br />

em seu comprimento. Para isso, seus capangas<br />

esticavam as pernas e braços dos peregrinos ou<br />

cortavam-lhes as extremidades. Theseus, herdeiro<br />

do trono de Atenas, recebeu a missão de completar<br />

seis trabalhos para ter seu reino: matar seis bandidos<br />

com seus próprios métodos e tortura. Procrustes<br />

foi um deles (Ferreira, 2004).<br />

Análise sensorial de alimentos prevê que<br />

um grupo de provadores (juízes) avaliem um ou<br />

mais atribut o s de um grupo de alimentos. As<br />

funções da análise podem ser descrever,<br />

discriminar ou determinar a preferência dos<br />

consumidores por determinado alimento.<br />

A análise generalizada de Procrustes, GPA,<br />

(Gower, 1975) tem o objetivo de descrever um<br />

alimento através da exposição da percepção média<br />

dos provadores acerca de um grupo de alimentos,<br />

em um sistema de eixos que representam uma<br />

combinação linear dos atributos analisados.<br />

Muito utilizada no exterior, a GPA merece<br />

a devida atenção. Para tanto, ela precisa ser<br />

descrita. estudada e aplicada em situações<br />

pertenccntes il nossa realidade. Além disso.<br />

devido ao elevado custo dos softwares capazes<br />

de executa-Ia. é eminente o desen\'olvimento de<br />

alternativas baratas e eficientes de analise.<br />

O setor de laticínios. bem como todo a<br />

indLÍstria de alimentos. historicamente vem seu<br />

fornecedor de dados para a execução de tal anúlise<br />

e esta. por sua vez. traz aos pesquisadores e<br />

empresários informaçôes claras e preciosas no<br />

tocante a descrição, comparação e desenvolvimento<br />

de produtos desejados por seu público alvo.<br />

O pacote do R (R, 2(04) que possui implementado<br />

o algoritmo da Anúlise Generalizada de<br />

Procrustes é chamado aIHílise estatística de forma e<br />

opera sob a licença GPL 2. Esse pacote não peltence<br />

ao conjunto de pacotes búsicos que compôem a versão<br />

padrão do R, por isso, ele deve ser baixado e instalado<br />

separadamente. após a instalação do programa. Isso<br />

pode ser feito pela URL http://www.maths.nott.ac.uk/<br />

-ild/shapes. Sua versão 1.0-7 está disponibilizada<br />

desde o dia 19 de novembro de 2003.<br />

METODOLOGIA<br />

Nosso interesse recai em saber como os<br />

indivíduos diferem e quanto eles concordam em<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

suas percepções do mesmo objeto (alimento).<br />

Para tanto, é necessário que a esses indivíduos<br />

sejam apresentados os mesmos objetos, amostras '<br />

estímulos ou substâncias.<br />

Embora seja necessário que cada indivíduo<br />

julgue o mesmo alimento, eles não precisam<br />

julgar os mesmos atributos nem o mesmo número<br />

de atributos. O perfil de livre escolha (FCP) é<br />

uma metodologia em que diferentes indivíduos<br />

registram diferentes atributos. A GPA é mais bem<br />

aj ustada para análise de massas de dados em que<br />

os indivíduos expressam atributos diferentes.<br />

Para ilustrar a metodologia (Gower, 1975)<br />

e sua utilização no software livre R (Ferreira<br />

2004), foi analisado e interpretado um exempl<br />

fictício. Avaliaram-se 3 marcas de biscoitos (a, b<br />

e c), sob 2 atributos (sabor e crocância), por 3<br />

juízes (Pedro, João e Maria).<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Foram anali sadas no software R três<br />

matrizes de notas simuladas para Pedro (P), João<br />

(J) e Maria (M), respectivamente<br />

P = 1,5<br />

3 9 95 [2<br />

1,5 9<br />

1 [ ' 1<br />

2 J = 8,5<br />

3 9 [ 8 5 5 5,5 5 1<br />

!v1 = 4,5<br />

4<br />

A Figura I mostra a situação de consenso dos<br />

biscoitos a, b e c em dois eixos principais. que se<br />

caracterizam corno combinações lineares dos dois<br />

atributos estudados (sabor e croc5.nclll). Ou seja, os<br />

três provadores concordam el11 situar os bisoitos<br />

analisados nessas posições indicadas pelas letras a,<br />

b e c. Para compreender melhor o que isto significa,<br />

é essencial analisar a Figura 2.<br />

Biscoito s: Consenso<br />

o -------- __ ____________ <br />

·2 -1 o<br />

Eixo Principal 1<br />

Figura 1 Configuração de consenso entre os<br />

provadores acerca das marcas de<br />

biscoito a, b e c nos eixos principais<br />

I e 2, que são combinações lineares<br />

dos atributos sabor e crocância.<br />

C!<br />

li)<br />

N o<br />

<br />

N<br />

ro<br />

o.<br />

'(3<br />

c:<br />

'i::<br />

o.<br />

C!<br />

o<br />

.ê li)<br />

9<br />

w<br />

C!<br />

";'<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Círculo de Correlação<br />

-1 .0 -0.5 0.0 0.5 1.0<br />

Eixo principal 1 (68%)<br />

Figura 2 - Círculo de correlação indicando<br />

significado de cada um dos eixos<br />

principais.<br />

Pode-se observar que o produto b apresenta<br />

as maiores notas de crocância e o produto a as<br />

maiores notas para sabor. Porém o produto a é o<br />

menos crocante de todos. O produto c é o segundo<br />

mais crocante e o menos saboroso.<br />

• • •<br />

CONCLUSÕES<br />

A análise generalizada de Pocrustes é uma<br />

metodologia de fácil interpretação e sua<br />

execução em softwares livres é perfeitamente<br />

factível. Ela é uma metodologia exploratória que<br />

permite tirar conclusões relativas entre produtos.<br />

ABSTRACT<br />

In sensory analysis a lot of bias are found in<br />

practical situations. To minimize these problems one<br />

may use the generalized Procrustes analysis. The use<br />

of free software like R é meaningful for this propose.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

Ferreira, E.B. (2004) Análise generalizada de<br />

Procrustes via R: lima ap licação em laticínios.<br />

115 p. Dissertação (Mestrado) - Universidade<br />

Federal de Lavras, Lavras, MG.<br />

Gower, J.c. (1975) Generalized Procrustes Analysis.<br />

Psychometrika, Williamsburg, v. 40, n. I, p. 33-51.<br />

R Development Core Team (2004). R: A language<br />

and enviroJllllent fo r statistical computing. R<br />

Foundation for Statistical Computing, Vienna,<br />

Austria. ISB N 3-90005 1-07-0. Disponível em:<br />

. Acesso em: 2004.<br />

• •<br />

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA E FíSICO-QuíMICA DO LEITE TIPO "C" PASTEURIZADO,<br />

COMERCIALIZADO NO MUNiCíPIO DE BETIM - MG<br />

Microbiology and phisico-chemical quality of pasteurized type "C" milk from retail<br />

market of Betim - MG<br />

Frederico Garcia Lima 1<br />

Andréa Melo Garcia de Oliveira2<br />

Eduardo Xavier3<br />

Graduando do curso de Medicina Veterinária PUC Minas - Betim. Rua Ascânio Lima. 308, Cidade Nova,<br />

Arcos - MG, CEP: 35588-000. Tel: (37)335 1 5131; 998 1 1353.<br />

2 Mestre em Tecnologia de Alimentos pela UFV - MG e Professora - PUC Minas - Betim.<br />

3 Mestre em Inspeção de Produtos de Carne Leite e derivados pela UFMG e Professor - PUC Minas - Betim.<br />

digitalizado por<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

RESUMO<br />

Foram realizadas análises microbiológicas e físico-químicas de 42 (quarenta e duas) amostras<br />

de leite pasteurizado tipo C comercializadas em Betim/MG. Os resultados mostraram que<br />

7,14% das amostras estavam impróprias para o consumo, em desacordo com os padrões<br />

estabelecidos na Resolução RDC 012/2001 da ANVISA, e, 88% das amostras estavam de<br />

acordo com os padrões estabelecidos pela I.N. na 51/2002, do MAPA para parâmetros<br />

físico-químicos e/ou microbiológicos, demonstrando a necessidade de se intensificar a<br />

fiscalização neste setor, tanto no mercado, quanto nas indústrias.<br />

Palavras-chave: leite pasteurizado, qualidade, microbiologia, características físico-químicas.<br />

INTRODUÇÃO<br />

Há uma grande preocupação quanto à<br />

qualidade microbiológica e físico-química do leite,<br />

principalmente por poder ser este veiculador de<br />

microrganismos patógenos ou ser alvo de fraudes<br />

por remoção e/ou adição de substâncias próprias<br />

ou estranhas à sua composição, como por<br />

exemplo, os antibióticos. Nestas situações, o<br />

produto traz prejuízos à saúde do consumidor<br />

(OLIVEIRA et aI., 1999), e à indústria laticinista<br />

(TIN Ô CO et aI., 2(02).<br />

O presente trabalho teve o objetivo de<br />

avaliar a qualidade microbiológica e físico<br />

química do leite tipo C pasteurizado,<br />

comercializado no município de Betim MG,<br />

que é hoje umas das cidades mais populosas do<br />

estado de MG e não se tinha conhecimento de<br />

trabalhos com esse objetivo no município.<br />

MATERIAL E MltTODOS<br />

No período de 28/4 a 25/6 de 2004, foram<br />

coletadas , no total, 42 amostras de nove<br />

diferentes marcas de leite pasteurizado tipo C<br />

comercializado no município de Betim-MG. As<br />

análises microbiológicas foram realizadas segundo<br />

a metodologia preconizada na Instrução<br />

Normativa na 62, de 26 de agosto de 2003<br />

(BRASIL, 2003), enquanto que as análises físicoquímicas<br />

foram realizadas conforme os Métodos<br />

Analíticos ... (BRASIL, 1981), além do teste do<br />

S NA p{l segu ndo ind i cações do fabri can te,<br />

realizado para pesquisa da presença de resíduos<br />

de antibióticos beta-Iactâmicos no leite.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Os resultados, em valores percentuais,<br />

mostram que das 42 amostras analisadas, 4<br />

(7,1 4%) apresentavam-se em desacordo com os<br />

padrões estabelecidos na Resolução RDC 012/<br />

201 da ANVISA (BRASIL, 2001), e 37 (88%)<br />

apresentavam algum tipo de discordância perante<br />

os padrões estabelecidos na Instrução Normativa<br />

na 51/2002 do MAPA (BRASIL, 2(02) para leite<br />

pasteurizado tipo C, para características físicoquímicas<br />

e/ou microbiológicas (Tabela I). Essa<br />

diferenciação foi feita porque os padrões da<br />

ANVISA contém apenas valores para NMP<br />

(Número Mais Provável) de coliformes 45°C<br />

como indicador.<br />

Leite et a!. (2002) trabalhando com 20<br />

amostras, encontraram fora dos padrões para<br />

coliformes totais 55% das amostras, 35% para<br />

coliformes à 45°C e 5o/c. para bactérias mesófilas<br />

aeróbias. Em concordância com estes autores o<br />

presente trabalho apresentou 33,5% das amostras<br />

analisadas fora do padrão para NMP coliformes<br />

30/35°C. A presença de coliformes no leite indica<br />

falha nas condições higiênicas do proccsso, ou<br />

seja. recontaminação pós tratamento térmico<br />

ou pastcurização inadequada. Como estes<br />

microrganismos não são resistentes ao calor e<br />

não foi encontrada nenhuma amostra com<br />

presença da enzima fosfatase, o binômio<br />

temperatura/ tempo de pasteurização foi<br />

alcançado. A recontaminação durante o<br />

beneficiamento do lei te é, portan to, a hi pótese<br />

mais provável da presença destes microrganismos<br />

no leite pasteurizado. Esta hipótese pode ser<br />

reforçada pela presença de contaminação por<br />

bactérias aeróbias mesófilas, que também<br />

indicam condições higiênicas impróprias na<br />

indústria laticinista ou, segundo Zocche et aI.<br />

(2002), uma matéria prima muito contaminada,<br />

uma vez que a carga microbiana final do leite<br />

pasteurizado depende da carga microbiana<br />

inicial. Esta matéria prima de má qualidade pode<br />

ser mascarada, por exemplo, quando se faz um<br />

superaquecimento durante a pasteurização, o que<br />

pôde ser constatado pela ausência da enzima<br />

peroxidase no leite em algumas amostras<br />

analisadas.<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Tabela 1 Resultados de análises microbiológicas e físico-químicas de 42 amostras Leite Pasteurizado<br />

Tipo C colhidas entre 28/4 a 25/6 de 2004 no mercado de Betim/MG. Porcentagem de<br />

amostras em desacordo com os padrões legais brasileiros.<br />

Análises realizadas Resultados em desacordo Resultados em desacordo<br />

com a IN 51/2002 (%)<br />

com a IN 51/2002 (nO)<br />

Bactérias aeróbias mesófilas 7<br />

NMP Coliformes 30/35 °C 14<br />

NMP Coliformes 45 °C 5<br />

Microbiologia em desacordo 21<br />

Físico-Químicas<br />

Densidade 15°<br />

Acidez Dornic<br />

Gordura<br />

ESD<br />

Í ndice crioscópico<br />

Peroxidase<br />

Fosfatase<br />

Antibióticos<br />

em desacordo<br />

Total em desacordo<br />

Valores próximos aos verificados neste<br />

trabalho foram demonstrados por Zocche et aI.<br />

(2002), avaliando a qualidade do leite pasteurizado<br />

produzido na região oeste do Paraná<br />

que, para os parâmetros de gordura e índice<br />

crioscópico, foi de 37,5% para as duas análises.<br />

No mesmo trabalho este autor encontrou valores,<br />

em desacordo com o padrão, de 12,5% para<br />

acidez Dornic. Resultados diferentes dos<br />

encontrados em Betim quanto às análises físico<br />

-químicas foram observados em outras localizações<br />

brasileiras, como no trabalho de Cardoso<br />

e Araújo (2003) que estudando a qualidade do<br />

leite comercializado no Distrito Federal de 1997<br />

a 2001, encontraram 23,2% das amostras<br />

analisadas de leite pasteurizado tipo C em desacordo<br />

com os padrões legais.<br />

Em uma revisão bibliográfica feita por<br />

Oliveira et a!. (1999) sobre aspectos relacionados<br />

à produção que influenciam a qualidade do leite,<br />

destacam que componentes insolúveis no leite,<br />

como a proteína e gordura, que são os que mais<br />

variam de acordo com a produção, não<br />

interferem no índice crioscópieo. Alterações na<br />

crioscopia então, revelam a adição de água no<br />

leite, acidental ou não. Este dado se confirma<br />

quando encontramos também, no leite oferecido<br />

1I<br />

18<br />

II<br />

30<br />

1I<br />

17<br />

O<br />

8<br />

33<br />

37<br />

digitalizado por<br />

16,5<br />

33,5<br />

12<br />

50<br />

26,2<br />

42,9<br />

26,2<br />

71,4<br />

26,2<br />

40,5<br />

0,0<br />

19,0<br />

78,6<br />

88<br />

ao comércio de Betim, valores de densidade<br />

abaixo do nível legal, e graus de acidez Dornic<br />

apresentando leites mais alcalinos, o que também<br />

pode ser um indicativo de presença de água.<br />

Folly e Machado (200 I) analisando leite<br />

pasteurizado comercializado na região norte do<br />

estado do Rio de Janeiro, encontraram 1,66%<br />

das amostras positivas para o Snap Test ® . A<br />

presença de amostras de leite pasteurizado com<br />

resíduo de antibiótico é, provavelmente, devido<br />

ao desrespeito ao período de carência do produto<br />

usado na terapia de tratamentos de mastistes para<br />

poder enviar o leite para a indústria.<br />

CONCLUSÕES<br />

Tais resultados demostram o descaso de<br />

algumas indústrias quanto à qualidade de seus<br />

produtos e a saúde do consumidor.<br />

Os resultados indicam uma deficiência do<br />

controle da qualidade da matéria prima, das<br />

condições higiênico sanitárias e físico-químicas<br />

do leite, provavelmente durante o processamento,<br />

transporte ou armazenamento no<br />

mercado do leite pasteurizado tipo C, bem como<br />

uma ineficiência dos órgãos fiscalizadores em<br />

coibir abusos da indústria.<br />

arvoredoleite.org


SUMARY<br />

Microbiology and physical and chemical<br />

analysis of 42 (forty two) samples of pasteurized<br />

milk, from Betim/MG, analyzed in Medicine<br />

Veterinary Scholl of PUC/Betim, results in 7,14%<br />

out Brazil's Law (Resolution RDC 012/2001 -<br />

ANVISA), and, 88% of the samples out Brazil's<br />

Law (Normative Instruction n 51, 2002) for<br />

physical and chemical and microbiology<br />

characteristics, same of this with beta- lactamics<br />

antibodies residues. It is considered hazard to<br />

people health and identify that is necessary<br />

intensifying health inspections in retail market<br />

and industries of milk.<br />

Key-words: pasteurized milk, quality,<br />

microbiology, physical and chemical<br />

characteristics.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

BRASIL. MINIST É RIO DA AGRICULTURA.<br />

Secretaria de Defesa Agropecuária. Métodos<br />

analíticos oficiais para controle de produtos<br />

de origem animal e seus ingredientes.<br />

Métodos Físico-Químicos, Brasília, DF. 198 1.<br />

BRASIL. MINIST É RIO DA SA Ú DE RDC N" 12,<br />

02 de janeiro de 200 I . Aprova o regulamento<br />

técnico sobre padrões Microbiológicos para<br />

Alimentos. Diário Oficial da República Federativa<br />

do Brasil (janeiro 7, 2(01).<br />

BRASIL. MINIST É RIO DA AGRICULTURA.<br />

Secretaria de Defesa Agropecuária. Instrução<br />

Normativa nU 51 de 18 de setembro de 2002.<br />

Que aprova os Regulamentos Técnicos de<br />

Produção. Identidade e Qualidade do Leite tipo<br />

A. do Leite tipo B, do leite tipo C, do Leite<br />

Pasteurizado e do Leite Cru Refrigerado e o<br />

Regulamento Técnico da Coleta de Leite Cru<br />

Refrigerado e seu Transporte a Granel, em<br />

conformidade com os Anexos a esta Instrução<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

•<br />

Normativa. Diário Oficial da União. Brasília,<br />

20 setembro 2002.<br />

BRASIL. MINIST É RIO DA AGRICULTU R A.<br />

Instrução Normativa n" 62, de 26 de agosto de<br />

2003. Dispõe sobre os métodos microbiológicos<br />

de água e alimentos de origem animal. Diário<br />

Oficial da União. Brasília, 28 agosto 2003.<br />

CARDOSO, L.; ARA Ú JO, W. M. C. Parâmetros<br />

de qualidade em leite comercializados no Distrito<br />

Federal, no período de 1997 - 200 I. Higiene<br />

Alimentar. São Paulo, v. 17, n. 114/1 15, p. 34<br />

40, nov/dez. 2003.<br />

FOLLY, M. M.; MACHADO, S. C. A.<br />

Determinação de resíduos de antibióticos,<br />

utilizando-se métodos de inibição microbiana,<br />

enzimático e imunoensaios no leite pasteurizado<br />

comercializado na região norte do Estado do Rio<br />

de Janeiro, Brasil. Ciência Rural, Santa Maria,<br />

Rio de Janeiro, v. 31, n. 1, p. 95-98, 2001.<br />

LEITE, C. C.; GUIMAR Ã ES, A. 0. ; ASSIS, P.<br />

N.; SILVA, M. D.; ANDRADE, C. S. O. Qualidade<br />

bacteriológica do leite integral (tipo C)<br />

comercializado em Salvador Bahia. Revista<br />

Brasileira de Saúde e Produção Animal. ano<br />

3 (1), p. 21.25, 2002.<br />

OLIVEIRA, C.A.F. de.; FONSECA, L. F. L. da.;<br />

GERMANO, P. M. L. Aspectos relacionados à<br />

produção, que influenciam a qualidade do leite.<br />

Higiene Alimentar, São Paulo, v. 13. n. 62, p.<br />

10-16. junho, 1999.<br />

TIN Ô CO, A. L. A. ; BARCELLOS, R. M. C.;<br />

PINTO, P. S. A.; COELHO. M. S. L. Análises<br />

das condições físico-químicas do leite oferecido<br />

ao comércio em Viçosa MG. Higiene<br />

Alimentar, São Paulo. v. 16. n. 98, p. 101-<br />

106, julho, 2002.<br />

ZOCCHE, F; BERSOT, L. S.; BARCELLOS, V.<br />

C.; PA RANHOS, 1. K.; ROSA, S. T. M.;<br />

RAYMUNDO, N. K. Qualidade microbiológica e<br />

físico-química do leite pasteurizado produzido<br />

na região oeste do Paraná. Al"Chives of<br />

Veterinary Sciense, v. 7, n. 2, p. 59-67, 2002.<br />

•<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LAT iC í NIOS<br />

ANÁLISES DE FOSFATASE ALCALINA RESIDUAL EM QUEIJOS INSPECIONADOS PELO<br />

ESTADO DE MINAS GERAIS<br />

Analysis of residual phosphatase in cheese inspected for Minas Gerais<br />

RESUMO<br />

OLIVEIRA, A. M. G.l<br />

NEVES, V. J.2<br />

BOAVENTURA, R. L.3<br />

PIRES, L. L.4<br />

LIMA, L. L.s<br />

A pesquisa de fosfatase alcalina residual foi realizada em 20 amostras de diferentes tipos de<br />

queijos, oriundas da rotina de fiscalização do estado recebidas no mês de abril de 2004 com<br />

o objetivo de avaliar a aplicabilidade do método visual segundo a metodologia da AOAC<br />

946.03, 1995. A intensidade da cor azul desenvolvida na análise das amostras foi comparada<br />

com as cores da curva padrão de fenol. E a concentração de fenol de cada amostra foi<br />

quantificada por espectrofotometria, utilizando comprimento de onda de 650nm. Observouse<br />

uma grande variedade de tons da cor azul, o que interferiu na interpretação do resultado<br />

pelo método visual. Das vinte amostras consideradas neste trabalho, apenas duas (10%)<br />

foram positivas, ou seja, teriam sido elaboradas com leite cru ou misturadas com leite cru<br />

e 10 amostras (50%) estavam em uma faixa (>1,0 e


aquecimento) e com a concentração inicial da<br />

enzima no leite cru. Nenhum dos métodos de<br />

determinação da atividade desta enzima<br />

considera estes fatores para estabelecer a<br />

sensibilidade. Portanto, esta variabilidade pode<br />

resultar em erro nos limites de detecção da<br />

fosfatase alcalina residual. (SOARES, 2003).<br />

Seguindo as determinações oficiais, o<br />

Laboratório de Inspeção de Produtos de Origem<br />

Animal do Instituto Mineiro de Agropecuária -<br />

IMA, implantou a técnica e realiza as análises<br />

de fosfatase residual em queijos segundo a<br />

metodologia da Official Methods of Analysis of<br />

AOAC International 946.03, 1995 (A.O.A.C.,<br />

1995). O objetivo deste trabalho foi conhecer o<br />

espectro de cores resultante desta análise nos<br />

queijos inspecionados pelo estado e avaliar a<br />

aplicabilidade do método visual descrito nesta<br />

metodologia para as variedades de queijos<br />

inspecionadas pelo IMA.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

Foram realizadas, em abril de 2004, análises<br />

de fosfatase alcalina residual em 20 amostras de<br />

diferentes tipos de queijos, entre eles mussarela,<br />

ricota, minas frescal e parmesão, oriundas da<br />

rotina de fiscalização do IMA.<br />

As análise da atividade da fosfatase alcalina<br />

residual nas amostras dos queijos seguiram os<br />

procedimentos descritos na metodologia da AOAC<br />

946.03 (A .O.A.C., 1995). Os reagentes foram<br />

preparados seguindo a metodologia citada e<br />

armazenados até o momento do uso. O único<br />

reagente que era preparado semanalmente, no<br />

momento da análise, era a solução de BQC (2,6dibromoquinonacloraimida).<br />

Alíquotas de 0,5g das<br />

amostras de queijos foram colocadas em tubos de 16<br />

ou 18 x 150 mm com tampas. Similarmente, era<br />

pesado uma amostra escolhida aleatoriamente, que<br />

era tratada (I min à 85 - 90°C) para ser o controle<br />

negativo e em outro tubo era feito o controle<br />

"branco. Na amostra controle negativo adicionouse<br />

1,0 mL do tampão bário apropriado, sem<br />

substrato, macerou-se aquecendo-se em seguida em<br />

banho-maria, por I minuto à 85 - 90°C. Resfriouse<br />

até atingir a temperatura ambiente. Para cada<br />

amostra teste adicionou-se 1,0 mL do substrato<br />

tampão bário apropriado e macerou-se. A partir deste<br />

ponto, tratou-se o branco, o controle e as amostras<br />

testes da mesma maneira. Foram adicionados 9,0<br />

mL de tampão de bário com substrato e misturados.<br />

Neste ponto mediu-se o pH e se necessário fazia-se<br />

a correção (em nenhuma amostra foi preciso fazer<br />

a correção). O bastão foi removido do tubo,<br />

enrolando-o firmemente com um pedaço de papel<br />

de filtro limpando-o enquanto tirava-o do tubo.<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Inseriu-se este papel no tubo, tampando logo depois.<br />

O tubo foi imediatamente incubado em banho-maria<br />

por I hora a 37 - 38°C, agitando-se ocasionalmente.<br />

Após este período, aqueceu-se em banho-maria<br />

fervente por 1 minuto marcados após a temperatura<br />

do conteúdo do tubo chegar a 85°C, e resfriou-se<br />

para temperatura ambiente em banho com água fria.<br />

Pipetou- se 1,0 mL da solução de precipitante de<br />

proteína misturando-a completamente. Filtrou-se<br />

o precipitado (funil de 5 cm, papel 9 em Whatman<br />

n042 ou equivalente) e coletou-se 5,0 mL do filtrado<br />

em tubo graduado (5,0 a 10,0 mL). Adicionou-se<br />

5,0 mL do tampão para desenvolvimento de cor e 4<br />

gotas de solução BQC (2,6-dibromoquinonacloraimida),<br />

misturando-se e deixando, para<br />

desenvolver a cor, por 30min à temperatura<br />

ambiente. O resultado obtido foi comparado com<br />

os tubos da curva padrão de fenol para determinação<br />

da intensidade da cor azul como descrito para o<br />

método visual, e a concentração de fenol foi<br />

quantificada por leitura realizada no espectrofotômetro<br />

(modelo Cary 50 Probe), utilizando<br />

comprimento de onda de 650nm como descrito no<br />

método quantitativo. A curva padrão de fenol foi<br />

obtida a partir de soluções de fenol em água destilada<br />

nas concentrações de 1,0; 2,0; 3,0; 4,0; 5,0; 6,0;<br />

7,0; 8,0 e 9,01lg de equivalente fenol/ mL de solução<br />

(1'2 = 0.9977).<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

De acordo com a metodologia da A.O.A.C.<br />

946.03.1995. para os tipos de queijos analisados,<br />

valores menores que 3,0 Ilg de fenol! g de amostra,<br />

indicam queijos fe itos de leite pasteurizados. Os<br />

resultados das concentrações de fenol (Ilg/ g) das<br />

amostras analisadas estão na tabela I. Assim, das<br />

vinte amostras consideradas neste trabalho, duas<br />

(10%) foram positivas para esta análise<br />

apresentando concentrações de fenol de 22,5 e<br />

4,82 Ilg de fenol! g, ou seja, teriam sido elaboradas<br />

com leite cru. Corno observado na tabela I para<br />

as amostras 13 e 15 não foi determinado a<br />

concentração de fenol pelo espectrofotômetro,<br />

pois elas não apresentaram coloração azul como<br />

resultado da análise, e junto com as demais<br />

amostras (90%) são consideradas negativas, ou<br />

seja, fabricadas com leite pasteurizado.<br />

As tonalidades de cor azul desenvolvidas por<br />

algumas amostras analisadas, o branco (Br) e o<br />

controle negativo (P), comparadas com as cores<br />

da curva padrão estão na figura I. Podemos observar<br />

urna grande variedade de tons de azul o que<br />

interferiu na interpretação dos resultados quando<br />

comparadas com as cores da curva padrão de fenol.<br />

Observando a figura I, podemos afirmar que<br />

o tubo 52 foi de uma amostra considerada<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

negativa pois apresentou cor cinza, os tubos 54<br />

e 56 foram amostras consideradas positivas pois<br />

apresentaram um tom de azul forte o bastante<br />

para indicar amostras positivas.<br />

A amostra do tubo 56 estaria acima do<br />

padrão 9 lg de fenol/mL e a do tubo 54 entre os<br />

padrões 4 e 5 Ilg de fenol/mL. As amostras dos<br />

tubos 48 e 50 estariam na faixa de dificuldade na<br />

interpretação do resultado. Como se pode<br />

observar pelos valores apresentados na tabela I,<br />

10 amostras (50%) estariam nesta faixa onde a<br />

concentração de fenol seria > 1,0 e < 4,0 Ilg de<br />

fenol/g de amostra, sendo portanto difícil uma<br />

diferenciação visual entre a amostra elaborada<br />

com leite pasteurizado ou não pasteurizado.<br />

Figura 2 Cores desenvolvidas pela curva padrão<br />

e algumas das amostras analisadas.<br />

Tabela 1 Concentração de fenol dos diversos tipos de queijos analisados.<br />

Amostra Tipo de queijo Conc. fenol (Ilg/g)<br />

Mussarela 2, I O<br />

2 Mussarela 1,45<br />

3 Mussarela 0,905<br />

4 Mussarela 1,69<br />

5 Mussarela 2,35<br />

6 M. Frescal 22.5<br />

7 Ricota 0,29<br />

8 Mussarela 2,19<br />

9 Ricota 0,35<br />

10 Mussarela 2,84<br />

digitalizado por<br />

3 - CONCLUSÕES<br />

O método visual revelou-se inapropriado<br />

para as condições trabalhadas, considerando-se,<br />

a variação nas concentrações de fosfatase alcalina<br />

residual apresentadas pelas amostras de queijos<br />

fabricadas no estabelecimentos inspecionados<br />

pelo estado.<br />

Observou-se a necessidade de novas<br />

pesquisas contemplando as possíveis causa de<br />

interferências nos resultados desta análise de<br />

fosfatase alcalina residual , como por exemplo:<br />

teor de gordura e umidade dos queijos, tipo de<br />

processamento (tempo e temperatura) dado ao<br />

leite, precipitação das proteínas, entre outros.<br />

ABSTRACT<br />

Twenty samples of different types of cheeses<br />

were analyzed for presence of residual phosphatase<br />

alkaline according to methodology of AOAC<br />

946,03, 1995, to evaluate the applicability of the<br />

visual method related this methodology. The<br />

intensity of the blue color of sample was compared<br />

with the color of the curve phenol standard and<br />

the phenol concentration of each sample was<br />

quantified by espectrofotometria, using wave length<br />

of 650nm. Observed a great variety of tones of<br />

the blue what it intervened with the interpretation<br />

of the result for the visual method. Of the twenty<br />

samples considered in this work. two (10%) had<br />

been positive, or either, would have been elaborated<br />

with raw milk and 10 samples (50%) were in a<br />

band (> 1,0 e


phosphatase alkaline residual of these cheeses.<br />

Exist necessity of further research on the possible<br />

interferences in the results of this analysis, as for<br />

example: fat and humidity of the cheeses, type of<br />

processing, among others.<br />

Key-words: phosphatase alkaline, cheese,<br />

pasteurization.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

AOAC OFFICIAL METHODS OF ANALYSIS.<br />

946-03 Phosphatase (Residual) in Cheese. Final<br />

Action. AOAC OFFICIAL METHODS OF<br />

ANALYSIS capo 33, p. 67- 69, 1995.<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

BRASIL. MINIST É RIO DA AGRICULTURA E DO<br />

ABASTECIMENTO. S.D.A.- D.I.P.O.A.<br />

Portaria n"146, de 07 de março de 1996. D I spõe<br />

sobre o Regulamento Técnico de Identidade e<br />

Qualidade dos Produtos Lácteos. 1996.<br />

MURTHY, G.K.; COX, S. Evalution of APHA<br />

and AOAC methods for phosphatase in cheese.<br />

J.A.O.A.C., v. 71, n. 6, p. 1195-1199, 1988.<br />

SOARES, C.F. Avaliação de Métodos<br />

Coloremétricos Qualitativos e Quantitativos<br />

para a Determinação de Atividade<br />

de Fosfatase Alcalina em Leite e Queijo<br />

Minas Padrão. Dissertação de mestrado. Escola<br />

de Veterinária - UFMG. 2003.<br />

. - .<br />

INFLUÊNCIA SAZONAL E REGIONAL SOBRE A COMPOSiÇÃO E A CONTAGEM DE<br />

CÉLULAS SOMÁTICAS DO LEITE CRU PRODUZIDO EM MINAS GERAIS<br />

Seasonal and regional influence on the composition and somatic cell count of raw milk<br />

produced in Minas Gerais, Brazil<br />

RESUMO<br />

Cristiana Salaberga Procópio Fonseca1<br />

Leorges Moraes da Fonseca2.3<br />

Ronon Rodrigues2.3<br />

Wagner Luiz Moreira dos Santos2<br />

As determinações da composição e da contagem de células somáticas (CCS) do leite cru<br />

produzido no Estado de Minas Gerais foram realizadas no Laboratório de Análise da Qualidade<br />

do Leite do Departamento de Tecnologia e Inspeção de Produtos de Origem Animal da<br />

Escola de Veterinária da UFMG (LabUFMG). No período de dezembro de 2003 a janeiro de<br />

2005, 50.434 amostras de leite provenientes de tanques de refrigeração, coletadas por 13<br />

indústrias, foram analisadas para composição e CCS no equipamento eletrônico Bentley<br />

Combi-System 2300. Dados meteorológicos de sete regiões do Estado foram usados e<br />

correlacionados aos resultados. Os valores médios encontrados para a composição do leite<br />

cru refrigerado foram, em g/ l OOg (média ± desvio padrão): gordura (3,63 ± 0,43); proteína<br />

(3,19 ± 0, 19); lactose (4,51 ± 0, 12); e sólidos totais (12,32 ± 0,51). As médias geométricas<br />

e aritméticas para CCS foram, respectivamente, 380.000/mL e 483.000/mL ± 376.000/mL.<br />

Mestrado Tecnologia e Inspeção de Produtos de Origem Animal/EV - UFMG - CNPq.<br />

2 Professores do Departamento de Tecnologia e Inspeção de Produtos de Origem Animal/EV UFMG.<br />

Coordenadores Laboratório de Análise da Qualidade do Leite<br />

(DTIPOA/Escola de Veterinária da UFMG - Av. Antônio Carlos, 6627 - Pampulha. Belo Horizonte, MG -<br />

CEP 3 1270-90 1 (labufmg@veLufmg.br)<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Houve influência da estação do ano com aumento significativo na CCS durante o verão (p =<br />

0.0 I). Quanto à influência regional, a região sul apresentou maiores CCS (média geométrica<br />

de 480.000 céls./mL), seguida pelas regiões Leste e Alto Paranaíba/Triângulo, Norte e<br />

Metropolitana (média geométrica de 316.000 céls./mL na Região Metropolitana) (p


epetiu com os teores de sólidos totais, altamente<br />

correlacionados com o teor de gordura, componente<br />

com maior variabilidade (FIG. 2).<br />

W<br />

(.l<br />

o<br />

,s ,---<br />

3.7<br />

o ::.€<br />

""<br />

j<br />

...<br />

Figura 1 -Contagem de células somáticas<br />

mensais médias de amostras de leite<br />

cru de Minas Gerais analisadas no<br />

Laboratório de Análise da Qualidade<br />

do Leite da Escola de Veterinária da<br />

UFMG durante os meses de dezembro<br />

de 2003 a janeiro de 2005.<br />

Com relação às regiões, os maiores teores de<br />

gordura ocorreram no Norte de Minas, com teor<br />

médio de 3,74%, em ordem decrescente de<br />

concentração pelas regiões Metropolitana, Alto<br />

Paranaíba & Triângulo, Sul e Leste, Nesta última<br />

Figura 2<br />

Pág. 432<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

pqottlM<br />

-- -- -- -- -- -- -,<br />

11.1'1<br />

128<br />

'E<br />

§<br />

o t,,",<br />

..,<br />

Ul<br />

região, os teores médios de gordura foram de 3,38%.<br />

Os altos teores de gordura podem estar relacionados<br />

com a característica genética dos animais que<br />

compõem os rebanhos daquela região composta de<br />

animais zebuínos. Tendência similar foi encontrada<br />

para os teores de proteína com maiores teores nos<br />

meses de maio e junho de 2004 e dezembro de<br />

2003, com 3,29% e os menores teores em outubro<br />

e dezembro de 2004, com 3,14% (p


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

INFLUÊNCIA SAZONAL SOBRE A CONTAGEM BACTERIANA DO LEITE CRU<br />

PRODUZIDO EM MINAS GERAIS<br />

Seasonal influence on bacterial count of raw milk produced in Minas Gerais, Brazil<br />

RESUMO<br />

Cristiana Salaberga Procópio Fonseca 1<br />

Leorges Moraes da Fonseca2.3<br />

Ronon Rodrigues2.3<br />

Wagner Luiz Moreira dos Santos2<br />

o presente trabalho teve por objetivo avaliar a qualidade do leite cru quanto às bactérias<br />

totais. As amostras coletadas em tanques refrigeradores, no Estado de Minas Gerais, durante<br />

o período de dezembro de 2003 a janeiro de 2005, totalizaram 50.434, de 13 indústrias<br />

localizadas em 7 regiões do Estado. As análises foram realizadas no Laboratório de Análise<br />

da Qualidade do Leite do Departamento de Tecnologia e Inspeção de Produtos de Origem<br />

Animal da Escola de Veterinária da UFMG (LabUFMG) por citometria de fluxo usando o<br />

equipamento eletrônico Bactocount !BC - Bentley®calibrado para fornecer resultados em<br />

unidade formadora de colônia (UFC). As amostras foram coletadas e adicionadas com<br />

conservante azidiol e enviadas ao laboratório em caixas isotérmicas com gelo reciclável em<br />

um prazo máximo de 48 horas. Os resultados foram correlacionados com dados climáticos.<br />

Médias geométricas e aritméticas para população microbiana fo ram, respectivamente,<br />

138.000 UFC/mL e 680.000 UFC/mL (desvio padrão de 1.311.000). Aproximadamente<br />

81,6% das amostras encontraram-se dentro dos padrões estabelecidos pela Instrução<br />

Normativa 51, de 1.000.000 UFC/mL para Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, apartir de<br />

julho de 2005. Houve influência da estação, sendo que as médias geométricas mensais<br />

variaram de 63.000 UFC/mL na estação seca a 398.000 UFC/mL na chuvosa.<br />

Palavras-chave: Contagem bacteriana total, contagem de células somáticas, composição<br />

do leite, qualidade do leite.<br />

INTRODUÇÃO<br />

O Estado de Minas Gerais responde por<br />

aproximadamente 30% da produção nacional de<br />

leite com valores acima de 6 bilhões de litros/<br />

ano, com potencial para superar este total por<br />

ainda ocupar o 5" lugar em produtividade (Iitros/<br />

vaca) no Brasil.<br />

A busca de melhoria no setor tem sido uma<br />

preocupação mundial na obtenção de uma<br />

matéria-prima de qualidade na propriedade rural<br />

e na indústri a, e de um produto seguro e saudável<br />

na mesa do consumidor. Vários métodos para<br />

análise desta qualidade foram desenvolvidos nas<br />

últimas décadas como por exemplo a citometria<br />

de fl uxo, empregada com sucesso na análise de<br />

diferentes componentes do leite e na enumeração<br />

de microorganismos.<br />

As novas regulamentações a serem<br />

obedecidas no Brasil a partir de julho de 2005,<br />

eXlglfao que todo o leite cru, recebido em<br />

laticínios sob Inspeção Federal, seja analisado<br />

Mestrado Tecnologia e Inspeção de Produtos de-Origem Animal/EV - UFMG - CNPq.<br />

2 Professores do Departamento de Tecnologia e Inspeção de Produtos de Origem Animal/EV _ UFMG.<br />

Coordenadores do Laboratório de Análise da Qualidade do Leite<br />

(DTIPOA/Escola de Ve terinária da UFMG - Av. Antônio Carlos, 6627 - Pampulha - Belo Horizonte, MG _<br />

CEP 3 1270-90 I (Iabufmg@vet.ufmg.br)<br />

Pág. 434<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

mensalmente, apresentando padrões mínimos de<br />

qualidade de acordo com a Instrução Normativa<br />

51/2002 do Ministério da Agricultura, Pecuária<br />

e Abastecimento.<br />

Com o objetivo de avaliar a contagem<br />

bacteriana do leite cru produzido no Estado de<br />

Minas Gerais, desenvolveu-se o presente estudo,<br />

considerando diferenças sazonais e correlacionando<br />

fatores climáticos com a variação sazonal da<br />

qualidade deste leite.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Durante o período de dezembro de 2003 a<br />

janeiro de 2005, foram analisadas 50.434 amostras<br />

de leite proveniente de tanques de refrigeração por<br />

expansão direta, coletadas e enviadas por 13<br />

indústrias laticinistas do Estado de Minas Gerais.<br />

Para avaliação da contagem bacteriana total<br />

utilizou-se o equipamento eletrônico Bactocount<br />

IBC da Bentley®. Amostras que apresentaram não<br />

conformidades, isto é, problemas relacionados à<br />

integridade das mesmas, foram desqualificadas para<br />

análise. Adicionalmente, foram consideradas para<br />

a análise estatística amostras que se apresentaram<br />

com contagem bacteriana total de até 7.000.000<br />

UFC/mL. Os resultados de contagem bacteriana<br />

foram tabulados e analisados por meio de estatística<br />

descritiva, utilizando-se os pacotes estatísticos<br />

Minitab@ 10.0 e SPSS® 9.0, ambos para Windows®.<br />

Os dados meteorológicos foram obtidos por<br />

acesso eletrônico ao banco de dados do Centro<br />

Nacional de Pesquisas Tecnológicas (CPTEC/<br />

INPE, 2005). Foram consideradas as temperaturas<br />

médias mensais, as temperaturas máximas<br />

e mínimas no período de dezembro de 2003 a<br />

janeiro de 2005 de sete regiões do Estado de<br />

Minas Gerais.<br />

Os meses estudados foram estratificados<br />

em quatro grupos de acordo com as estações do<br />

ano, isto é, verão Uaneiro a março), outono (abril<br />

a junho), inverno Uulho a setembro) e primavera<br />

(outubro a dezembro). Esta separação permitiu<br />

melhor visualização e avaliação das mudanças<br />

climáticas que ocorrem durante um ano.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Os valores médios encontrados pelo<br />

Laboratório de Análise da Qualidade do Leite da<br />

Escola de Veterinária encontram-se na TAB. I.<br />

Os dados de contagem bacteriana apresentam<br />

elevada variabilidade, com valores extremos e<br />

dispersão dos dados não seguindo a distribuição<br />

normal. Este fato serve para enfatizar que, para<br />

uma comparação e análise mais eficiente das<br />

contagens bacterianas de amostras de leite, é<br />

digitalizado por<br />

necessano a transformação dos dados de forma<br />

a obter uma distribuição normal, o que é alcançado<br />

por meio da transformação logarítmica.<br />

Tabela 1 - Contagem bacteriana (CBT) de<br />

amostras de leite cru analisadas no<br />

Laboratório de Análise da Qualidade<br />

do Leite da Escola de Veterinária da<br />

UFMG, no período de dezembro/<br />

2003 a janeiro/2005 (50.430<br />

amostras). (p


250.000 bactérias/mL em maio a 1.200.000/mL<br />

em janeiro de 2004. Esta diferença pode ser<br />

explicada pela dispersão anormal dos dados, com<br />

pontos extremos influenciando a média aritmética,<br />

fato minimizado pela média geométrica.<br />

Aproximadamente 81,6% das amostras<br />

tiveram contagens bacterianas em acordo com o<br />

padrão a vigorar em julho de 2005 para as regiões<br />

Sudeste, Centro-Oeste e Sul, que é de 1.000.000<br />

UFC/ml (Brasil, 2002). Em se tratando do padrão<br />

de qualidade a ser exigido a partir de 201 I para<br />

estas mesmas regiões, foram observadas apenas<br />

44,9% das amostras em acordo (FIG. 2).<br />

Outros trabalhos realizados no Estado de<br />

Minas Gerais apresentaram um total de 71,97%<br />

(Picinin et aI., 2001) e 88% (Mendonça et aI.,<br />

200 I) das amostras abaixo de 1.000.000 UFC/<br />

mL. Em Goiás, Bueno (2004) encontrou 45,53%<br />

das amostras abaixo de 100.000 UFC e 19,4%<br />

acima de 1.000.000 UFC/mL.<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

o menor ou igual a 100<br />

I3de 101 01 300<br />

Ode 301 01 750<br />

O de 75 1 a 1.000<br />

acima de 1.000<br />

Figura 2 - Distribuição de CBT (x 1000 UFC/<br />

mL) de 50.434 amostras de leite cru<br />

analisadas no LabUFMG durante o<br />

período de dezembro de 2003 a<br />

janciro de 2005.<br />

CONCLUSÃO<br />

• Aproximadamente 81,6% do leite cru<br />

refrigerado, produzido no Estado de Minas<br />

Gerais, apresentou contagem bacteriana<br />

dentro dos padrões a serem exigidos a partir<br />

de julho de 2005 para as regiões Sul, Sudeste<br />

e Centro-oeste pelo Ministério da<br />

Agricultura, Pecuária e Abastecimento<br />

através da IN 51 de setembro de 2002.<br />

• A contagem bacteriana do leite cru<br />

produzido no Estado de Minas Gerais e<br />

armazenado em tanques de refrigeração são<br />

influenciados pelas variações sazonais. No<br />

verão há aumento da CBT e no fi nal do<br />

outono e no inverno ocorre elevação dos<br />

teores de gordura, proteína e sólidos.<br />

• O aumento da CBT está correlacionado<br />

com o aumento da CCS.<br />

• • •<br />

ABSTRACT<br />

The objective of this work was to evaIuate<br />

the individual bacteria count (IBC) of raw milk<br />

produced in the State of Minas Gerais, Brazil.<br />

From December 2003 to January 2005, 50,434<br />

samples of raw milk, colIected from refrigerated<br />

tanks in the farms of thirteen dairy industries,<br />

were sent to the Laboratory for Milk Analysis<br />

from the Veterinary School of the UFMG. The<br />

analyses were done using the electronic equipment<br />

BactoCount !BC from Bentley®. The arithmetic<br />

mean of the period was (average ± standard<br />

deviation) 138 .000 UFC/mL ± 1.311.000 UFC/<br />

mL, with a geometric mean of 680.000 UFC/mL.<br />

There was seasonal infl uence, with monthly<br />

geometric mean ranging from 63,000 CFU/mL<br />

during dry season to 398,000 CFU/mL on raining.<br />

There was a tendency of decrease in the bacterial<br />

counting in the months from February to ApriI.<br />

There was a positive correlation between IBC<br />

and somatic celI count (p


RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Os valores encontrados para índice crioscópico<br />

dos soros apresentaram-se na faixa de -0,453 OH a -<br />

0,639 OH para Minas Padrão e -0,484 oH a -0,625<br />

OH para Mussarela, com média geral de -0,560oH,<br />

desvio de -0,045 e CV de 5,52%, diferindo dos<br />

valores encontrados por Siqueira (2000), que foram<br />

de -0,513 oH para soro de queijo Minas Padrão e -<br />

0,480 OH para soro de queijo Mussarela.<br />

Os valores da densidade apresentaram média<br />

de I ,0252±0,001 1 e CV de 0,08%. Para o soro de<br />

queijo Minas Padrão os valores encontrados<br />

variaram de 1,0230 a 1,0260 e para o soro de<br />

queijo Mussarela a variação encontrada foi de<br />

1,0240 a 1,0270. Os resultados encontrados foram<br />

semelhantes aos de Furtado e Pombo (1979),<br />

Sbampato et aI. (1998) e Siqueira (2000), que<br />

variaram entre os valores de 1,0246 e 1,0274.<br />

Os valores encontrados para os teores de<br />

gordura apresentaram média geral de 0,72±0,27<br />

g/ l OOg e CV = 32,92%. Para o soro de queijo<br />

Minas Padrão, os teores de gordura apresentaram<br />

um coeficiente de variação (CV) de 31 %. Para<br />

soro de queijo tipo Mussarela o CV foi de 34%.<br />

Em um trabalho que utilizou metodologia igual<br />

ao deste experimento, Chiappini e Santos (1995)<br />

encontraram o teor médio de gordura no soro de<br />

queijo Minas frescal de 0,56 g/ l OOg.<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Os valores encontrados para os teores de<br />

proteínas no soro (média geral de 0,8 1 ±0,06 gl<br />

100g e CV = 5,19) são semelhantes aos relatados<br />

por vários autores (Wolfschoon e Furtado, 1977;<br />

Furtado e Pombo, 1979; Chiappini e Santos<br />

1995; Kosikowski, 1997). No presente expe<br />

rimento os valores médios encontrados para os<br />

teores de proteína no soro de queijo Minas Padrão<br />

oscilaram entre 0,7 1 e 0,9 g/l OOg e, para o soro<br />

de queijo Mussarela, entre 0,77 e 0,95 g/IOOg.<br />

A média de cloretos encontrada no soro de<br />

queijo Minas Padrão foi de O, 19±0,0 11 (CV de<br />

5,7%), enquanto no soro de queijo Mussarela foi<br />

de 0, 18±0,015 g/lOOg (CV de 8,1%). Estes teores<br />

de cloretos diferiram dos encontrados por Siqueira<br />

(2000) que foram de 0,73±0,2 1 (CV = 29,08)<br />

para soro de queijo Minas Padrão e 0,95±0,41<br />

(CV = 43,49) para soro de queijo Mussarela<br />

apesar de ter sido empregado o mesmo métod<br />

em ambas as pesquisas.<br />

Os valores de resíduo mineral fixo (cinzas)<br />

e de lactose das amostras de soro analisadas não<br />

apresentaram diferença significativa entre as<br />

regiões ou entre os soros, apresentando,<br />

respectivamente, médias e CV de 0,497 g/100g<br />

(6,98) e 4,267 gl lOOg (12,29). Estes valores<br />

encontrados foram próximos aos citados por<br />

outros autores (Kosikowski, 1997; Furtado e<br />

Pombo, 1979; Chiappini e Santos, 1995) que<br />

Tabela 1 - Comparação entre médias dos teores de proteínas, cloretos e gordura (g/ IOOg) de soros de<br />

queijos Minas Padrão e Mussarela, das macrorregiões do Sul de Minas (SM), Alto São<br />

Francisco (ASF), Zona da Mata (ZM) e Zona Metalúrgica (MT), avaliados no período de<br />

outubro de 2003 e março de 2004<br />

PARÂMETRO REGIÃO<br />

SORO<br />

M. PADRÃO MUSSARELA<br />

TEOR DE PROTEÍNAS ASF 0,81 h.: A 0,79 a A<br />

MT 0,88 a A 0,86 ac A<br />

ZM 0,77 hl.: B 0,83 aI: A<br />

SM 0,73 " B 0,85 a A<br />

TEOR DE CLORETOS ASF 0, 19 hA 0, 19 ah A<br />

MT 0,22 aA 0, 17 h B<br />

ZM 0, 19 hA 0,21 ah A<br />

SM 0, 18 hA 0, 18 h A<br />

TEOR DE GORDURAS ASF 0,88 ah A 0,7 J ,Ih A<br />

MT 0,76 ah A 0,75 ah A<br />

ZM 0,61 aI> A<br />

0,54<br />

SM 0,49 hB 1,06 ah A<br />

*Letras minúsculas diferentes indicam valores estatisticamente diferentes entre colunas (p$.;O,05)<br />

*Letras maiúsculas diferentes indicam valores estatisticamente diferentes entre linhas (p$.;O,05)<br />

Pág. 438<br />

I> A<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

estavam entre 4,80 g/ l OOg a 5,64 g/ l OOg para<br />

lactose e 0,39 g/ lOOg e 0,65 g/l OOg para cinzas.<br />

Verificou-se a ocorrência de interação<br />

significativa entre região e composição<br />

centesimal do .soro para os teores de gordura,<br />

proteína e cloreto de sódio (TAB. 1). Esta<br />

diferença foi significativa apenas entre regiões,<br />

sem qualquer interação com o tipo de soro, para<br />

os parâmetros de crioscopia e densidade relativa<br />

(cujos valores mais baixos foram da região da<br />

Zona da Mata). Apenas os teores de cinzas e de<br />

lactose não apresentaram diferença estatisti<br />

camente significativa em nenhum aspecto.<br />

Não houve diferença significativa entre as<br />

amostras de soro do tipo doce. Este fato é<br />

importante, uma vez que o soro utilizado em<br />

produtos industriais tem origens diversas.<br />

CONCLUSÃO<br />

A variação entre a composição do soro foi<br />

baixa, exceto em relação ao teor de gord ura,<br />

facilitando a inspeção e o estabelecimento de<br />

critérios para este produto.<br />

Não houve diferença estatisticamente<br />

significativa entre os tipos de soro, mas sim na<br />

interação soro x região (p


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

PERFIL MICROBIOLÓGICO DOS SOROS DE QUEIJOS MINAS PADRÃO E MUSSARELA<br />

PRODUZIDOS EM MINAS GERAIS<br />

Microbiological profile of the whey of minas and mozzarella cheeses produced in<br />

Minas Gerais, Brazil<br />

INTRODUÇÃO<br />

o soro é um produto de curta vida útil devido<br />

ao elevado valor nutritivo, condições de umidade<br />

e pH, que são favoráveis ao crescimento<br />

microbiano. Alguns trabalhos vêm demonstrando<br />

que é preocupante a contaminação por coliformes<br />

(Chiappini et aI., 1995; Siqueira et aI., 2001). A<br />

utilização do soro na indústria alimentícia vem<br />

sendo estudada por diversos autores, principalmente<br />

como matéria prima na elaboração<br />

de novos produtos. Esses novos produtos passaram<br />

então a fazer parte da dieta da população,<br />

incluindo os idosos e principalmente as crianças,<br />

o que faz com que o controle da qualidade, não só<br />

nutricional, mas também higiênico-sanitária do<br />

soro, seja fundamental (Chiappini et aI., 1995).<br />

Porém poucos trabalhos avaliaram a microbiota<br />

do soro, exceto aqueles que estudaram especificamente<br />

os microorganismos utilizados para<br />

a produção do queijo e sua sobrevivência no soro.<br />

Este trabalho teve por objetivo a obtenção do<br />

perfil da qualidade microbiológica dos soros de<br />

queijos Minas Padrão e Mussarela produzidos em<br />

quatro macrorregiões de Minas Gerais, verificando<br />

se há variação estatisticamente significativa entre<br />

as amostras.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

As amostras foram coletadas em laticínios<br />

de pequeno e grande porte, com registro na<br />

Inspeção Federal, em quatro macrorregiões de<br />

Minas Gerais (Alto São Francisco, Zona da Mata,<br />

Metalúrgica e Sul de Minas). Vinte e quatro<br />

TEIXEIRA, Lílian Viana1<br />

FONSECA, Leorges Moraes2<br />

MENEZES, Liliane D.M.3<br />

MALAGOLE, Paula J.3<br />

amostras de cada tipo de soro (de queijo Minas<br />

Padrão e tipo Mussarela), foram coletadas<br />

diretamente do tanque de produção, logo após o<br />

corte da massa, em recipiente esterilizado, e a<br />

seguir acondicionado com gelo recicIável e<br />

transportadas em caixas isotérmicas para o<br />

laboratório. O início das análises ocorreu em um<br />

prazo máximo de 24 horas após a coleta do soro.<br />

A coleta foi realizada durante o período de<br />

outubro de 2003 a março de 2004.<br />

As análises foram realizadas em duplicata,<br />

utilizando-se as técnicas e padrões da<br />

International Dairy Federation (IOF) para leite<br />

e/ou produtos lácteos, visto não haver técnicas<br />

específi cas para soro. As análises foram<br />

realizadas nos laboratórios de Microbiologia do<br />

Instituto Mineiro de Agropecuária (lMA) e nos<br />

laboratórios do Departamento de Tecnologia e<br />

Inspeção de Produtos de Origem Animal da Escola<br />

de Veterinária da UFMG.<br />

As seguintes análises foram realizadas :<br />

contagem de bolores e leveduras (Técnica na 94<br />

B; IOF, 1990); contagem de coliformes (Técnica<br />

na 73 A; IOF, 1985); contagem de<br />

Staplzy!ocOCCllS coagulase positiva (Técnica na<br />

145 A; IOF, 1997); e contagem de psicrotróficos<br />

(Técnica na 101 A; IOF, 1991). Para a<br />

comparação estatística entre soros utilizou-se o<br />

teste Mann e Whitney (MINITAB®, 1 996),<br />

enquanto que para a comparação estatística entre<br />

regiões utilizou-se o teste Kruskal e WaIlis, por<br />

meio do programa SAEG®(Sampaio, 2002;<br />

Euclides, 2003).<br />

I Mestrado, Dept. Tecnologia e Inspeção de Produtos de Origem Animal - EV-UFMG.<br />

2 Professor, Dept. Tecnologia e Inspeção de Produtos de Origem Animal - EV-UFMG.<br />

3 Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA)<br />

Pág. 440<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Na contagem dos coliformes a 30 °C, cerca<br />

de 16,6% das amostras de soro de queijo Mussarela<br />

e 12,5% de soro de queijo Minas Padrão<br />

apresentaram NMP/mL acima de 240, e em<br />

relação aos Coliformes a 45°C, cerca de 37% das<br />

amostras de cada tipo de soro apresentaram<br />

contagens acima de 240 NMP/mL. Apenas na<br />

comparação entre regiões houve diferença<br />

significativa (p


OLIVEIRA, L. A. T. Avaliação do soro de queijo<br />

quanto as bactérias heterotróficas aeróbias<br />

mesófilas e psicrófilas viáveis. Revista do<br />

Instituto de Laticínios Cândido To stes, v. 50, n.<br />

292, p. 245-248, 1995.<br />

EUCLIDES, R. F. Sistema para análises<br />

estatísticas - SAEG, versão 7.0, 2001.<br />

Disponibilidade e acesso: www.ufv.br/saeg/<br />

index.htm. Acesso em: 28 dez. 2003.<br />

IOF (International Dairy Federation). Milk and<br />

milk based products: Enumeration of coagulasepositive<br />

Staphylococci: colony count technique.<br />

In: Bulletin (d' Intemational Dairy Federation.<br />

IOF, Brussels, n° 145 A, 1997, 5 p.<br />

IOF. (lnternational Dairy Federation). Milk<br />

and milk products : Enumeration of coliforms:<br />

colony count technique and most probable<br />

number technique at 30° C. In: BlIlletin of<br />

Intematiollal Dairy FederatioTl. IOF, Brussels,<br />

n° 73 A, 1985, 9 p.<br />

IOF. (lnternational Dairy Federation). Milk and<br />

milk products: Enumeration of yeast e moulds:<br />

colony count technique at 25°C. In: BlIlletill (f<br />

IlIternatio/lal Dair)' Federatioll. IOF, Brussels,<br />

n° 94 B, 1990, 2 p.<br />

IOF. (International Dairy Federation). Milk and<br />

milk products: Enumeration of psychrotrophic<br />

microorganisms: colony count technique at<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />

• • • •<br />

6,5°C. In: BlIlletin of International Dairy<br />

Federatioll. IOF, Brussels, n° 10 I A, 1991, 3 p.<br />

MINITAB Inc. 1996. Meet Minitab - Minitab<br />

Statistical Software. Minitab Inc; Stae College, PA.<br />

RAPINI, L.S. Efeito da implantação das Boas<br />

Praticas de Fabricação (BPF) na qualidade de<br />

queijos de leite de cabra. Dissertação de<br />

Mestrado. 93p. Escola de Veteri nária, UFMG,<br />

Belo Horizonte, MG, 2004<br />

SAMPAIO, I. B. M. Es tatística aplicada à<br />

experimentação animal. Belo Horizonte:<br />

Fundação de Ensino e Pesquisa em Medicina<br />

Veterinária e Zootecnia, 2002. 221 p.<br />

SIQUEIRA, I. M. C. Avaliação da Qualidade<br />

Físico-Química e Microbiológica de Quatro<br />

Tipos de Soro de Queijo. Dissertação de<br />

Mestrado. 104p. Faculdade de Farmácia, UFMG,<br />

Belo Horizonte, MG, 2000.<br />

SIQUEIRA, I. M. C.; CERQUEIRA, M. M. O.;<br />

SOUZA, M. R.; GLÓRIA, M. B. A. Avaliação<br />

microbiológica de quatro tipos de soro. Revista<br />

do Instituto de Laticínios Cândido Tostes, v. 56,<br />

n. 321, p. 321 -330, 200 I<br />

AGRADECIMENTOS<br />

FA PEMIG (CAG 917/0 1); CNPq; Instituto<br />

Mineiro de Agropecuária (lMA)<br />

• • • •<br />

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE "KITS" DESTINADOS À DETECÇÃO DE RESíDUOS<br />

INIBIDORES EM LEITE OBTIDO DE VACAS TRATADAS COM IVERMECTINA E ABAMECTINA<br />

Evaluation of kits for inhibitors detection in milk obtained from cows treated with<br />

ivermectin and abamectin<br />

Mestrado em Medicina Veterinária, Escola de Veterinária da UFMG.<br />

Marion Ferreira Gomes1<br />

Cristiana Salaberga Procópio Fonseca1<br />

Leorges Moraes da Fonseca2<br />

2 Professor; Coordenador do Laboratório de Análise da Qualidade do Leite da Escola de Veterinária da UFMG<br />

(DTIPOA/Escola de Veterinária da UFMG Av. Antônio Carlos, 6627 - Pampulha Belo Horizonte, MG -<br />

CEP 31270-901 (Iabufmg@vet.ufmg.br)<br />

Pág. 442<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

RESUMO<br />

O uso de medicamentos para o tratamento para vacas em lactação é uma prática que deve<br />

ser feita após prescrição veterinária. Devido ao uso ilegal de ivermectina e abamectina em<br />

vacas lactantes, existe uma preocupação por parte da indústria pela excreção de metabólitos<br />

destes medicamentos no leite e a possibilidade de interferência nos métodos de detecção de<br />

resíduos inibi dores no leite. Neste experimento, dez vacas foram aleatoriamente distribuídas<br />

em três grupos: um grupo controle, um grupo com administração de ivermectina e um<br />

terceiro grupo com administração de abamectina, todos com três animais cada.<br />

Adicionalmente, uma vaca foi tratada com beta-Iactâmico para controle de resultado<br />

positivo. A amostragem foi feita antes da administração dos medicamentos, diariamente<br />

nos quatro primeiro dias, e semanalmente até os 40 dias após o início do experimento. Os<br />

kits testados foram: SNAP (Beta-Iactam test kit); Delvotest SP; CH ATK (single test<br />

P&S); BETA STAR; CHARM MRL Test; e CHARM SL Test. A composição e a contagem<br />

de células somáticas das amostras foram analisadas com o equipamento Bentley® 2300,<br />

enquanto a contagem bacteriana usando o equipamento Bactocount IBC (Bentley®). Os<br />

dados evidenciam que os resíduos de ivermectina e de abamectina não resultaram em falsos<br />

positivos nos kits avaliados, usados para a detecção de antibióticos em leite cru. Em uma<br />

fase complementar, os níveis de ivermectina e abamectina serão determinados por meio de<br />

cromatografia líquida de alta eficiência para se estabelecer as curvas de excreção para os<br />

resíduos de ivermectinas em vacas lactantes.<br />

Palavras-chave: Ivermectina, abamectina, resíduos, antibiótico, leite.<br />

INTRODUÇÃO<br />

As avermectinas são drogas veterinárias<br />

utilizadas para o controle da maioria dos nematóides<br />

gastrointestinais e pulmonares, além de<br />

controlar outros ectoparasitas, tendo sido<br />

introduzidas no mercado mundial em 1981 .<br />

Quimicamente, a ivermectina é um derivado<br />

sintético da abamectina (Campbell, 1989).<br />

Embora a abamectina tenha sido tradicionalmente<br />

associada ao controle de pragas agrícolas, o seu<br />

uso tem se estendido ao controle de parasitas em<br />

animais, inclusive no Brasil. As avermectinas<br />

utilizadas até o momento resultam na excreção<br />

de resíduos metabólitos nos tecidos e fluidos<br />

corporais por períodos de até 40 dias, fato que<br />

justifica a sua não utilização em vacas lactantes,<br />

além do monitoramento em animais de corte.<br />

Entretanto, apesar da atual proibição da<br />

utilização de avermectinas em rebanhos leiteiros,<br />

não existe rotina de monitoramento destes<br />

medicamentos por parte das indústrias e,<br />

portanto, a possibilidade de abuso é fato reconhecido<br />

no setor laticinista. Além disso,<br />

embora não haja citação na literatura, existe<br />

preocupação por parte da indústria da possível<br />

interferência destes metabólitos de avermectinas<br />

nos resultados obtidos por meio dos kits de<br />

diagnóstico para detecção de antibióticos em<br />

leite. Portanto, o presente trabalho teve por<br />

objetivo avaliar a interferência de resíd uos de<br />

ivermectina e abamectina, administrados a vacas<br />

digitalizado por<br />

em lactação, nos resultados obtidos por meio de<br />

"kits" para a detecção de antibióticos em leite.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

O experimento de campo foi conduzido<br />

em duas propriedades rurais de Juiz de Fora-MG,<br />

sendo que não houve intervenção no sistema de<br />

produção e manejo das propriedades utilizadas.<br />

As análises do leite foram realizadas no<br />

Laboratório de Análise da Qualidade do Leite do<br />

Departamento de Tecnologia e Inspeção de<br />

Produtos de Origem Animal da Escola de<br />

Veterinária da UFMG (LabUFMG).<br />

Dez animais foram utilizados neste<br />

experimento, que compreendeu quatro tratamentos:<br />

três grupos experimentais contendo três<br />

vacas no terço médio de lactação, distribuídas<br />

aleatoriamente em cada grupo e um animal que<br />

recebeu aplicação de antibiótico Beta-Iactâmico<br />

- Multibiotico® (para controle de resultado<br />

positivo). Os tratamentos utilizados em dois<br />

grupos foram ivermectina, abamectina (10 mg/<br />

50 kg de peso; Jofadel®), além de um terceiro<br />

grupo utilizado como controle negativo. As<br />

coletas de amostras foram realizadas antes da<br />

administração do medicamento, diariamente nos<br />

quatro primeiros dias e, então semanalmente,<br />

até 40 dias após o início do experimento. Os<br />

kits para detecção de inibi dores testados foram:<br />

Pág. 443'<br />

arvoredoleite.org


SNAp® (Beta-Iactam test kit), DELVOTEST SP®,<br />

CH ATK® (single test P&S), BETA STAR®,<br />

CHARM MRL ® Test e CHARM SL ® Test. Foram<br />

determinadas a composição centesimal e a<br />

contagem de células somáticas das amostras de<br />

leite, utilizando-se o equipamento Bentley®<br />

2300, calibrado com amostra padrão de origem<br />

canadense e a contagem bacteri ana pelo<br />

equipamento IBC Bactocount da Bentley®<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

As avermectinas, isto é, fármacos a base<br />

de Ivermectina e Abamectina são anti parasitários<br />

considerados de amplo espectro.<br />

Entretanto, devido ao longo período de eliminação<br />

das formulações usadas até o momento,<br />

as avermectinas não são recomendadas para<br />

utilização em animais lactantes, visto que,<br />

durante este período, o leite é impróprio para a<br />

alimentação humana. A realidade, porém, é que<br />

estes medicamentos são difundidos entre os<br />

produtores de leite.<br />

Embora o leite coletado tenha sido de<br />

animais individuais e não leite de conjunto, as<br />

amostras apresentaram composição próximo ao<br />

normal (Tab. I). Ressaltam-se os teores<br />

relativamente baixos de lactose, fato observado<br />

em outros levantamentos da composição de<br />

leite produzido em Minas Gerais (Brito et aI.,<br />

2003). Quanto aos teores de proteína, os dados<br />

evidenciam uma amostra como resultado<br />

extremo com proteína elevada (p


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO GORDURA/POTEíNA DO LEITE CRU COMO íNDICE DE<br />

PROBLEMAS METABOLlCOS EM REBANHOS<br />

Evaluation of fatlprotein ratios of raw milk as indicator for metabolic diseases in<br />

dairy herds<br />

RESUMO<br />

Cristiana Salaberga Procópio Fonseca 1<br />

Leorges Moraes da Fonseca2,3<br />

Ronon Rodrigues2,3<br />

Wagner Luiz Moreira dos Santos2<br />

A relação entre os teores de gordura e proteína (G/P) do leite é um índice útil para se avaliar<br />

a qualidade do leite cru, pois permite obter um diagnóstico de doenças metabólicas importantes<br />

no rebanho, como por exemplo a acidose metabólica. A inversão do índice G/P ocorre<br />

quando o teor de gordura for inferior ao teor de proteína, O ideal é que seja aplicado<br />

preventivamente na análise de leite individual, pois quando o leite de conjunto no rebanho<br />

apresenta inversão deste índice, uma ocorrência metabólica grave já está instalada no<br />

rebanho. O objetivo deste trabalho foi avaliar a relação G/P de leite cru de conjunto, para<br />

verificar a ocorrência de tendência sazonal no Estado de Minas Gerais no período de<br />

dezembro de 2003 a janeiro de 2005. Foram analisadas 50.434 amostras de leite proveniente<br />

de tanques de refrigeração por expansão direta, coletadas por treze indústrias e analisadas<br />

quanto aos teores de gord ura e de proteína. Os resultados revelam influência sazonal<br />

(p


CONCLUSÕES<br />

A relação gordura/proteína no leite de<br />

rebanhos do Estado de Minas Gerais indica graves<br />

problemas de inversão deste índice, relacionados<br />

provavelmente a deficiências no manejo<br />

nutricional.<br />

Houve influência sazonal na inversão da<br />

relação gordura/proteína, com maior ocorrência<br />

de inversão em novembro de 2004.<br />

ABSTRACT<br />

The fat/protein ration (F/P) of milk is a<br />

useful tool for raw milk quality evaluation. It<br />

allows the diagnostic of important metabolic<br />

disorders in the herd, such as metabolic acidosis.<br />

The inversion of the fat/protein ration occurs<br />

when the fat in milk is lower than the protein<br />

content. The main use of the ration is for<br />

individual milk as a controlling instrument, because<br />

when inversion is detected in a herd it means that<br />

serious metabolic disorder is already taken place.<br />

The present work evaluated the F/P ration of<br />

50.434 samples of raw bulk tank milk, from<br />

thirteen dairies of Minas Gerais State from<br />

December 2003 to January 2005. Seasonal<br />

influences were veri fi ed, and the correlation<br />

between seasonal influence and region was<br />

evaluated. The results reveals seasonal influence<br />

(p< 0.05), with highest occurrence of ration<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

• •<br />

inversion on November and January, reaching<br />

20% of the samples below 1.0 on November 2004<br />

when the monthly average for F/P was 1.09. Th<br />

data indicate some periods of fat depression in<br />

some herds. The inversion cases usually are<br />

followed by increased milk production, but can<br />

be consequences of bad nutrition management<br />

such as high leveIs of starch or low leveis of fibers,<br />

or stress caused by high temperature or other<br />

environmental problems.<br />

Key-words: fat/protein ration, milk<br />

composition, milk quality, metabolic acidosis.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

DÜRR, J.W. Panorama da qualidade do leite na<br />

Região Sul (RS). In: Diagnóstico da qualidadé<br />

do leite, impacto para a indústria e a questão<br />

dos resíduos de antibióticos, 2003, Juiz de<br />

Fora. AI/uis ... Juiz de Fora: CBQL, 2003. p. 2-17.<br />

NILES, D. Utilizing milk component data. Part<br />

1- Iden tifying rumen acidosis and related<br />

problems using fat/protein ratios. Unlocking<br />

Herd Performance. v. 2000, n. I, p. 4-5, 2000.<br />

REIS, R.B.; GLÓRIA J.R.; VIEIRA L.R.; FARIA<br />

B.N. Manipulação da composição do leite pela<br />

nutrição da vaca. In: I Simpósio do<br />

agronegócio do leite : produção e qualidade<br />

(CD-rom), 2004, Belo Horizonte. Alluis ... Belo<br />

Horizonte : Escola de Veterinária da UFMG, 2004.<br />

• • • •<br />

CARACTERIZAÇÃO FíSICO-QuíMICA E SENSORIAL DE BEBIDAS LÁCTEAS<br />

FORMULADAS COM CASEI NATO DE CÁLCIO EM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE<br />

SORO DE QUEIJO E LEITE<br />

Physical, chemical and sensorial characterization of dairy beverages formulated with<br />

calcium caseinate in different concentrations of cheese serum and milk<br />

I Professores do DTCA UFSM - RS.<br />

2 Química Industrial Bolsista voluntária do DTCA.<br />

Pág. 448<br />

RICHARDS, N.S.P.l<br />

CORADINI, M.T.2<br />

KUBOTA, E.H.l<br />

HECKTHEUER, L.H.R.l<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

RESUMO<br />

o consumo de bebidas lácteas tem apresentado importante crescimento nesta última década,<br />

justificado pela tecnologia no emprego de ingredientes e processos. Uma das principais<br />

preocupações do consumidor atual é o valor protéico dos alimentos, sendo o consumo de<br />

quantidades adequadas de proteínas, fundamental para a manutenção da saúde das pessoas.<br />

O teor de proteínas em bebidas lácteas pode ser aumentado através da adição de caseinatos.<br />

O objetivo deste trabalho foi verificar as características físico-químicas e sensoriais de<br />

bebidas lácteas formuladas com caseinato de cálcio (0,25%) utilizando diferentes<br />

concentrações de soro de queijo e leite fluido. O intuito da adição de caseinato de cálcio foi<br />

a de mel horar o teor protéico das bebidas, consequentemente o valor nutricional destas e<br />

que mantivessem as propriedades tecnológicas e sensoriais adequadas . Foram testadas sete<br />

formulações onde variou-se a concentração de soro de queijo de 20 a 100% e a de leite<br />

fluido de O a 50%. Os produtos foram avaliados quanto ao valor de pH, acidez total<br />

titulável, teor de gord ura, teor de proteínas totais e propriedades sensoriais (teste de<br />

ordenação). Observou-se que bebidas lácteas que possuíam maiores concentrações de leite<br />

tiveram seus teores de proteínas majorados quando adicionadas de casei nato de cálcio. O<br />

caseinato não conferiu sabor residual as bebidas. Os resultados das análises físico-químicas<br />

indicaram que os valores de pH das bebidas variaram de 5,05 a 6,80, a acidez total titulável<br />

de 9 a 200D, o teor de proteínas de 0,80 a 2,21 % e o teor de gordura O, I a 1,80 %.<br />

Palavras-chave: soro, caseinato, proteína.<br />

1 - ITRODUÇÃO<br />

Conforme Regulamento Técnico de<br />

Identidade e Qualidade de Bebidas Lácteas<br />

(BRASIL, 2000), bebida láctea é o produto<br />

obtido a partir de leite ou leite reconstituído e/<br />

ou derivados de leite, reconstituídos ou não,<br />

podendo ser fe rmentada ou não, com ou sem<br />

adição de outros ingredientes. A base láctea deve<br />

representar pelo menos 51 % (cinqüenta e um<br />

por cento) massa/massa (m/m) do total de<br />

ingredientes do produto. A bebida láctea não<br />

fermentada segue a mesma regulamentação,<br />

porém, o produto não é adicionado de cultivos<br />

de microrganismos ou de produtos lácteos<br />

fermentados e deve ser submetido a tratamento<br />

térmico adequado.<br />

Devido ao crescente aumento da fabricação<br />

de queijos no Brasil, há necessidade de se criar<br />

alternativas para a utilização do soro resultante<br />

do processo de fabricação. A bebida láctea<br />

utilizando soro de queijo em sua formulação vem<br />

ganhando um nicho de mercado muito grande,<br />

principalmente com o maior nível de informação<br />

sobre os benefícios nutricionais das proteínas<br />

presentes no soro, além do menor custo de<br />

produção para o empresário e a redução do preço<br />

fi nal para o consumidor.<br />

As proteínas do soro possuem um dos mais<br />

altos índices de valor biológico em comparação<br />

a outras fontes de proteínas, sendo um conjunto<br />

heterogêneo de proteínas que representam<br />

digitalizado por<br />

aproximadamente 20% do total de proteína<br />

láctea (RICHARDS, 2002).<br />

O consumo de bebidas lácteas tem<br />

apresentado importante crescimento nesta última<br />

década, justificado pela tecnologia no emprego<br />

de ingredientes e processos. Uma das principais<br />

preocupações do consumidor atual é o valor<br />

protéico dos alimentos, sendo o consumo de<br />

quantidades adequadas de proteínas, fundamental<br />

para a manutenção da saúde das pessoas.<br />

Este trabalho teve como objetivo o<br />

desenvolvimento de bebidas lácteas com<br />

diferentes concentrações de soro de queijo e leite<br />

fl uido, enriquecida com caseinato de cálcio,<br />

elevando desta forma seu valor nutricional.<br />

2 - MATERIAIS E MÉTODOS<br />

2.1 - Elaboração das bebidas lácteas<br />

Foram desenvolvidas sete formulações de<br />

bebida láctea não fermentada, utilizando<br />

diferentes concentrações de soro de queijo e leite<br />

fl uido no laboratóri o do Departamento de<br />

Tecnologia e Ciências dos Alimentos (DTCA)<br />

da Universidade Federal de Santa Maria, Santa<br />

Maria, RS. Brasil, nos meses de março a maio de<br />

2005. Foram feitos dois lotes: no primeiro<br />

utilizou-se leite integral e, no segundo, leite<br />

desnatado. As concentrações de soro variaram<br />

Pág. 449<br />

arvoredoleite.org


de O a 100%, de leite O a 50% e de O a 50% de<br />

água. Utilizou-se em todas as formulações, 0,25%<br />

de caseinato de cálcio e 7% de açúcar (sacarose).<br />

Os ingredientes das formulações foram<br />

homogeneizados e pasteurizados em banho-maria<br />

a 83°C/5min com agitação constante. A seguir,<br />

as amostras foram resfriadas em banho de gelo e<br />

armazenadas em refrigerador a 4°C para,<br />

posteriormente, serem adicionadas de polpa de<br />

morango e analisadas.<br />

2.2 - Análise físico-química<br />

Logo após a fabricação, as bebidas foram<br />

analisadas nos laboratórios do OTCA/UFS M,<br />

segundo as Normas do Instituto Adolfo Lutz (lAL,<br />

1985), em relação ao valor de pH; acidez total<br />

titulável; teor de gordura e teor de proteína total.<br />

2.3 - Análise sensorial<br />

As amostras fo ram analisadas sensorialmente<br />

por uma equipe de 26 provadores,<br />

utilizando o teste de ordenação, conforme Faria<br />

& Yotsuyanagi (2002). Os resultados foram<br />

tratados com base no Teste de Friedman e Teste<br />

de Fisher (LAWLESS & KLEIN, 1991).<br />

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

3.1 - Aspectos físico-químicos das bebidas<br />

lácteas<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />

Tabela 1 - Valores médios das análises físico-químicas das bebidas lácteas.<br />

Os resultados das análises físico-químicas<br />

podem ser observados na Tabela 1.<br />

A Tabela I apresenta os valores médios de<br />

pH encontrados nas diferentes formulações de<br />

bebidas lácteas. Estes valores são semelhantes<br />

aos encontrados por Sivieri & Oliveira (2002),<br />

que observaram valores entre 6,63 a 6,45 e<br />

Almeida, B onassi & Roça (200 I ), que<br />

encontraram valores de 4,56 a 5,14.<br />

No segundo lote de bebidas lácteas foi<br />

acrescentado 0,1% de ácido lático para aumentar<br />

a acidez total titulável e, consequentemente o<br />

tempo de vida-de-prateleira dos produtos.<br />

Os teores de acidez total titulável<br />

encontrados neste trabalho situaram-se entre 9 a<br />

20°0. Notou-se que com a adição de ácido lático<br />

os valores de acidez total titulável aumentaram,<br />

consequentemente houve redução do valor de pH.<br />

Conforme pode ser observado na Tabela 1,<br />

os teores de gordura variaram de O, I a 1,8%. Os<br />

menores valores foram encontrados para bebidas<br />

preparadas somente com soro de queijo. Estes<br />

valores são maiores do que os encontrados por<br />

Sivieri & Oliveira (2002) e menores do que os<br />

encontrados por Almeida, Bonassi & Roça (200 I).<br />

Quanto ao teor de proteínas, as bebidas<br />

lácteas apresentaram variações entre 0,80 a<br />

2,21 %. Observa-se que quanto maior a<br />

concentração de leite, maior a concentração de<br />

proteínas encontradas. No primeiro lote, de<br />

maneira geral. as concentrações de proteína<br />

Formulações PpH Acidez (°0) Gordura (%) Proteína (%)<br />

FI (integral) 6,47c 11,0 Il<br />

FI (desnatado) 6,07 r<br />

20,0 A<br />

F2 (integral) 6,35 [) 10, 5 E<br />

F2 (desnatado) 5,48 J 20,0 A<br />

F3 (integral) 6,66 B<br />

F3 (desnatado) 5,97 G<br />

F4 (integral) 6,25 E<br />

10,5 E<br />

17,0 B<br />

F4 (desnatado) 5,05 K 17,0 B<br />

F5 (integral) 6,65 B<br />

F5 (desnatado) 5,75 I 17,0 B<br />

F6 (integral) 6,80 A 9,0 G<br />

F6 (desnatado) 5,86 H<br />

F7 (integral) 6,27 E<br />

1,3<br />

B C<br />

0,8 Er<br />

1,1 CD<br />

1,74 BC<br />

1,85 B<br />

1,38 DE<br />

0,5 Er 1,34 IlE<br />

1,5<br />

A B<br />

0,5 ErG<br />

10,0 r 0,8 DE<br />

0,1 G<br />

10,0 r 1,4<br />

16,0 C<br />

B C<br />

0,5 Er<br />

1,8 A<br />

0,1 rG<br />

11,5 [) 0,5 ErG<br />

F7 (desnatado) 5,08 K 20,0 A 0,7 Er<br />

Pág. 450<br />

1,74 BC<br />

1,81 BC<br />

1,29 DE<br />

0,80 I'<br />

1,69 C<br />

1,72 BC<br />

1,43 D<br />

2,2 1 A<br />

1,25 E<br />

1,25 E<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICÍNIOS<br />

foram menores que do segundo lote, isto se deve<br />

ao fato da adição do leite desnatado onde ocorre<br />

uma maior concentração dos componentes. Os<br />

valores de proteína preconizados pela legislação<br />

brasileira são de 1,2% (mínimo), as bebidas<br />

lácteas desenvolvidas, com exceção da<br />

formulação F4, que possuía 100% de soro de<br />

queijo, obtiveram valores superiores.<br />

A Tabela 2 apresenta a comparação<br />

múltipla das médias de ordenação. O O.M.S. foi<br />

de 45,93 (a 5%). Conforme pode ser observado,<br />

a formulação 3 diferiu significativamente das<br />

formulações 4 e 7. A formulação 4 diferiu da<br />

formulação 5 ao nível de 5%. A formulação F7<br />

apresentou o pior sabor, seguida da formulação<br />

4, sendo que estas formulações foram<br />

desenvolvidas utilizando 100% de soro.<br />

Tabela 2 - Comparação múltipla das médias do<br />

teste de ordenação.<br />

Formulações FI<br />

Médias 81<br />

CONCLUSÃO<br />

F2 F3 F4 F5 F6 F7<br />

90 65 1 18 69 94 122<br />

As bebidas lácteas desenvolvidas<br />

apresentaram, de maneira geral, características<br />

físico-químicas e sensoriais adequadas. O<br />

casei nato de cálcio adicionado às bebidas<br />

aumentou o teor protéico destas, consequentemente<br />

o valor nutricional.<br />

SUMMARY<br />

The consumption of dairy beverages<br />

presented an important growth in this last decade,<br />

justified by the technology used in ingredients<br />

and processcs. One of the main concerns of the<br />

currcnt consumer is the proteic value of foods,<br />

being the consumption of adequate amounts of<br />

proteins, basic for the maintenance of the<br />

people's health. The amount of protein in dairy<br />

beverages can be increased through the addition<br />

of caseinates. The objective of this work was to<br />

verify the sensorial, physical and chemical<br />

characteristics of dairy beverages formulated with<br />

Calcium Caseinate (0.25%) using different<br />

concentrations of whey und fluid milk. The<br />

intention of the addition of Calcium Caseinate<br />

was to improve the proteic amount in beverages<br />

and, consequently, the nutritional value of these<br />

and also that they maintained the technological<br />

and sensorial properties. Seven formulations in<br />

• • • •<br />

digitalizado por<br />

which the concentration of whey varied from 20<br />

to 100%, and of fluid milk varied from O to 50%<br />

were tested. The products were evaluated as to<br />

the value of pH. total titrable acidity, amount of<br />

fat, total protein value and sensorial properties<br />

(ordination test)o It was observed that in dairy<br />

beverages with bigger milk concentrations the<br />

protein values increase when Calcium Caseinate<br />

was added. The Caseinate did not add residual<br />

flavor to the beverages. The results of the<br />

physical and chemical analysis indicated that the<br />

pH value of the beverages varied in between 5.05<br />

and 6.80, that the total titrable acidity varied in<br />

between 9 and 20°0, that the amount of protein<br />

varied in between 0.80 and 2.21 % and that the<br />

amount of fat varied in between 0.1 and 1.8%.<br />

Key-words: whey, caseinate, protein<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

ALMEIDA, K.E.; BONASSI, I.A.; ROÇA, R.O.<br />

Características Físicas e Químicas de Bebidas Lácteas<br />

Fermentadas e Preparadas com Soro de Queijo Minas<br />

Fresca!. Ciência e Tecnologia de Alimentos,<br />

Campinas, V. 21, n° 2, p. 187-192. 2001.<br />

BARBOSA, I. N.; PINTO, M.S.; CUNHA, L.R.;<br />

MARTINS, J.M.; FERREIRA, C.L.L.F. O<br />

Aproveitamento do Soro na Elaboração de Bebidas<br />

Fermentadas. Anais do XIX Congresso Nacional<br />

de Laticínios, J uíz de Fora, p. 194-1 97, 2002.<br />

BRASIL. Ministério da Agricultura. Instrução<br />

Normativa n° 36 de 31 de outubro de 2000.<br />

Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade<br />

de Bebidas lácteas. In: Diário Oficial da União,<br />

Brasília, 08/1 1/2000, Seção I, p. 22-23.<br />

FA RIA, E.V. ; YOTSUYANAGI, K. Técnicas de<br />

análise sensorial. Campinas: ITALlLAFISE,<br />

2002. I16p.<br />

INSTITUTO AOOLFO LUTZ. Normas<br />

Analíticas do Instituto Adolfo Lutz:<br />

Métodos químicos e físicos para análise de<br />

alimentos. 3. ed. São Paulo: Imprensa Oficial<br />

do Estado de São Paulo, 1985.<br />

LAWLESS, H.T.; KLEIN, B.P. Sensory<br />

Science Theory and Applications in Foods.<br />

New York: Marcel Oekker, 1991.<br />

RICHAROS, N.S.P.S. Soro lácteo: perspectivas<br />

industriais e proteção ao meio ambiente. Food<br />

Ingredients, n. 17, p. 20-27, 2002.<br />

SIVIERI, K.; OLIVEIRA, M. N. Avaliação da<br />

Vida-de-Prateleira de Bebidas Lácteas Preparadas<br />

com "Fat Replacers" (Litesse e Oairy-Io).<br />

Ciência e Tecnologia de Alimentos,<br />

Campinas, V. 22, n° I, p. 24 - 31, jan.-abr. 2002.<br />

• • • •<br />

arvoredoleite.org<br />

Pág. 451


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

DESENVOLVIMENTO DE CREME DE LEITE LlGHT PASTEURIZADO UTILIZANDO A MSR<br />

Development of pasteurized light milk cream using the methodology of surface<br />

. response (msr)<br />

RESUMO<br />

RICHARDS, N.S.P.S.1<br />

LOTTICI, V.2<br />

ZAM8ERLAN, F.8.3<br />

Os consumidores estão cada vez mais exigentes com a qualidade dos produtos que adquirem,<br />

pois existe uma consciência maior pela busca de produtos nutricionalmente mais saudáveis,<br />

que contenham um nível mais baixo de gordura. O creme de leite pasteurizado (nata) é um<br />

produto bastante popular no Rio Grande do Sul, muito utilizado no dia-a-dia da população<br />

brasileira e de grande valor comercial, porém, contém um teor de gordura que pode ser<br />

superior a 50%, proporção esta considerada bastante elevada. Este trabalho teve como<br />

objetivo desenvolver formulações de creme de leite pasteurizado com teor mais baixo de<br />

gordura, ou seja, light, como alternativa para as empresas preocupadas com o avanço e a<br />

expectativa do novo mercado consumidor. Foram desenvolvidas dez formulações de creme<br />

de leite ligIa pasteurizado utilizando a metodologia de superfície de resposta (MSR),<br />

determinou-se a interação entre as variáveis independentes, o teor de gordura e a influência<br />

da concentração de estabilizante nas diferentes formulações em relação às respostas<br />

sensoriais obtidas. Quanto a caracterização físico-química, as formulações foram avaliadas<br />

estatisticamente por meio da análise de variância (ANOVA) e as médias comparadas entre<br />

si através do teste de Tukey, verificando-se as médias estatisticamente significativas em<br />

nível de 99% de probabilidade. A formulação preferida pelos provadores na análise sensorial<br />

foi a . frmulação 10, que possuía o maior teor de gordura (19%) e a maior concentração de<br />

estabtlI zante (0, 18%). Na caracterização físico-química a formulação preferida pelos<br />

consumidores (FIO) apresentou o pH de 6,56, a acidez total titulável de 13,4°D e a<br />

consistência de 3,8 min/cm, estando dentro dos padrões exigidos pela legislação vigente.<br />

Palavras-chave: creme de leite, nata, light.<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

A crescente procura do consumidor por<br />

produtos saudáveis é um fator determinante para<br />

o crescimento da linha de produtos light, apesar<br />

de contar com produtos mais caros se comparados<br />

com seus similares tradicionais, os seus usuários<br />

optam por pagar um preço diferenciado em busca<br />

de determinados benefícios.<br />

Os produtos light constituem um segmento<br />

do mercado de alimentos que tem apresentado<br />

um crescimento excepcional nas últimas duas<br />

I Professora do OTCA UFSM - RS.<br />

2 Engenheira de Alimentos do Grupo Avipal.<br />

3 Engenheiro de Alimentos da Empresa HEXUS FOOOS.<br />

Pág. 452<br />

décadas, pois, apresentam uma particularidade a<br />

mais, podem ser saborosos, além de mais saudáveis.<br />

O desenvolvimento de tais produtos têm<br />

sido um dos principais objetivos dos profissionais<br />

da área, já que a demanda do mercado consumidor<br />

por este tipo de alimento tem aumentado de<br />

forma expressiva por estar fortemente associado<br />

à crescente preocupação com a saúde e com uma<br />

alimentação equilibrada.<br />

Nos últimos anos, o consumo de derivados<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

lácteos vem crescendo de forma significativa.<br />

Isso se deve a inúmeros fatores dentre estes a<br />

grande variedade de produtos existentes no<br />

mercado por um "custo relativamente" acessível<br />

a maior parte da população. Desta forma, o<br />

creme de leite pasteurizado conhecido<br />

popularmente como "nata" , tornou-se um<br />

componente diário da dieta de muitas pessoas.<br />

O creme de leite pasteurizado contém um<br />

percentual de gordura que pode ser superior a<br />

50%, esta proporção é considerada bas tante<br />

elevada, independente da natureza da matéria<br />

gordurosa, por isso, o objetivo deste trabalho<br />

foi o de desenvolver, atendendo as expectativas<br />

dos consumidores por um produto mais saudável,<br />

um creme de leite pasteurizado com o teor mais<br />

baixo de gordura, ou seja, liglzt, como alternativa<br />

para as empresas preocupadas com o avanço e a<br />

expectativa do novo mercado consumidor.<br />

2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />

O desenvolvimento das formulações dos<br />

cremes de leite light pasteurizados foram<br />

realizados na Mini-usina de Leite e Derivados. Os<br />

experimentos físico-químicos foram realizados no<br />

laboratório de Análise de Alimentos e as análises<br />

microbiológicas no laboratório de Microbiologia,<br />

situados no Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas<br />

(prédio B) na Universidade do Vale do<br />

Rio dos Sinos - UNISINOS - São Leopoldo, RS.<br />

2.1 - Delineamento Experimental<br />

Baseando-se na Metodologia de Superfície<br />

de Resposta, utilizou-se o delineamento central<br />

composto rotacional com duas variáveis<br />

independentes: o teor de gordura e a concentração<br />

de estabilizante. Para o delineamento<br />

destas duas variáveis é necessário um mínimo de<br />

2N + 2N + I ensaios (ou pontos), sendo N o<br />

número de vanaveis (BOX, HUNTER,<br />

HUNTER, 1978).<br />

2.2 - Análises físico-químicas<br />

As dez formulações de creme de leite ligIa<br />

foram analisadas quanto à: valor de pH, teor de<br />

acidez total titulável, teor de gordura, segundo<br />

as Normas do Instituto Adolfo Lutz (lAL, 1985),<br />

e consistência através do consistômetro de<br />

Bostwick modelo MA-44 1 (ROSSI et aI., 1990).<br />

2.3 - Análise sensorial<br />

As dez formulações de creme de leite ligIa<br />

pasteuri zado foram submetidas a análise<br />

sensorial, para a avaliação da aceitação, segundo<br />

digitalizado por<br />

Teixeira, Meinert & Barbeta, 1987. Foram<br />

julgados cinco dos atributos das formulações:<br />

sabor, textura (espalhabilidade), aroma, cor e<br />

qualidade global, utilizando 48 provadores nãotreinados.<br />

2.4 - Análise estatística<br />

O resultado do teste sensorial foi<br />

submetido à análise estatística utilizando análise<br />

de variância (ANOVA) e para o estudo comparativo<br />

das médias foi realizado o teste de<br />

Tukey ao nível de 95% de probabilidade<br />

(p


Tabela 1 - Resultados das análises físico-químicas<br />

FORMULAÇÕES GORDURA (%)<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

11,0 f<br />

2 12,0 o<br />

3 12,0 "<br />

4 15,0 tl<br />

5 15,3 e<br />

6 18,0 h<br />

7 18,0 h<br />

8 18,0 h<br />

9 19,0 "<br />

10<br />

pH<br />

6,58 ht.:<br />

6,55 de<br />

6,57<br />

I.: ti<br />

6,60 "<br />

6,54 "<br />

6,55 ti"<br />

6,56 etlo<br />

6,58 IH':<br />

6,59 ah<br />

13,2 h<br />

13,4 "<br />

13,3 "h<br />

13,2 h<br />

13,4 "<br />

13,4 "<br />

13,3 "h<br />

13,2 h<br />

13,2 h<br />

CONSISTÊNCIA<br />

(min.lcm)<br />

6,0 he<br />

7,5 "<br />

6,1 he<br />

5,8 he<br />

5,6 e<br />

6,3 1 "he<br />

5,45 e<br />

4, 1 ti<br />

6,9 "h<br />

Nota: Médias seguidas por letras iguais indicam não haver diferença significativa ao nível de 99% de probabilidade (p±:O,OI ).<br />

com a legislação (BRASIL, 1996), a acidez<br />

máxima do creme de leite ligia pasteurizado deve<br />

ser de 20°0.<br />

A consistência obtida nas formulações<br />

oscilou de 3,8 a 7,5 min/cm, sendo que a<br />

fo rmulação 2 foi a que apresentou a menor<br />

consistência e esta não diferiu significativamente<br />

das fo rmulações 6 e 9, mas diferiu significativamente<br />

das demais formulações. Isto já era<br />

previsto, pois as formulações 2, 6 e 9 possuem as<br />

menores concentrações de estabilizantes em<br />

combinação com o teor de gordura se comparadas<br />

com as outras formulações.<br />

3.2 - Análise sensorial<br />

Dentre as formulações avaliadas, a que<br />

apresentou uma melhor aceitabilidade pelos<br />

provadores foi a formulação 10, que apresentou<br />

um teor de gordura de 19% e uma concentração<br />

de estabilizante de 0, 18%, podendo ter<br />

influenciado no sabor, aroma e consistência.<br />

Provavelmente, a preferência por esta<br />

fo rmulação deve-se ao fato dos provadores<br />

estarem acostumados com o creme de leite<br />

pasteuri zado tradicional, que contém um alto<br />

teor de gordura e consistência firme.<br />

Observa-se na Figura I a, I b e I e que nos<br />

atributos aroma, cor e qualidade global a formulação<br />

10 apresentou os melhores resultados.<br />

De acordo com Castro et a!. (2002), a<br />

gordura é responsável pela cremosidade e maciez<br />

do alimento na boca, também contribui na<br />

aparência, palatabilidade e lubrificação dos<br />

alimentos, além de aumentar a sensação de<br />

saciedade durante as refeições.<br />

Pág. 454<br />

A fo rmulação 8 fo i a que apresentou<br />

melhores resultados no atributo sabor (Figura<br />

Ic), diferindo significativamente das formulações<br />

2, 3 e 6 e estas não diferiram entre si.<br />

Com relação a textura (Figura 1 d),<br />

formulação que obteve os melhores resultados<br />

foi a 7 e não diferiu significativamente das<br />

formulações 5, 8 e lO.<br />

1Ii!J!I '.409<br />

• 4,518<br />

EE3 4,62pl!<br />

CJ ',731íl<br />

0.,8<br />

0 ',95'<br />

CJ 5,0&1<br />

lIi!J!I 5,173<br />

11i!J!1 5,282<br />

11i!J!1 5,391<br />

lIi!J!IatxNo<br />

a)<br />

b)<br />

" gOfdtHiI<br />

%gortlra<br />

0.18<br />

0,16<br />

0,12<br />

1IlI!li14,778<br />

1IlI!li14,957<br />

85.13S<br />

a:<br />

05,671<br />

05,8.19<br />

0,08<br />

1IlI!li16,028<br />

1IlI!li16,206<br />

1IlI!li16,385<br />

0,06<br />

lII abava 12 15<br />

'%jpfl:llra<br />

_ 1,818<br />

lIi!J!I 2,136<br />

CJ 2459 '<br />

8 :<br />

03.409<br />

CJ 3.727<br />

c)<br />

_ 4,045<br />

11i!J!1 4,364<br />

_ 4,682<br />

Babova 15<br />

liIiIíl<br />

CJ<br />

o<br />

d)<br />

0,18<br />

0,16<br />

0, 12<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

%!JOrdtl'a<br />

o<br />

o<br />

o 0,08<br />

o<br />

lIlI!li1 0,06<br />

_<br />

- 12 15 18<br />

e)<br />

";" gordura<br />

a) Resposta sensorial do atributo aroma<br />

b) Resposta sensorial do atributo cor<br />

c) Resposta sensorial do atributo sabor<br />

d) Resposta sensorial do atributo textura<br />

e) Resposta sensorial do atributo qualidade<br />

global<br />

Figura - Efeito do teor de gordura a da<br />

concentrações de estabilizante nas<br />

resposta sensoriais.<br />

CONCLUSÕES<br />

O desenvolvi mento de produtos com baixo<br />

teor de gordura oferece grandes oportunidades<br />

digitalizado por<br />

de mercado, com o apelo de serem mais saudáveis,<br />

entretanto, é essencial que estes produtos sejam<br />

organolepticamente aceitáveis. Todo consumidor<br />

está potencialmente interessado em encontrar a<br />

vantagem de consumir um alimento mais<br />

saudável que colabore, simultaneamente, na<br />

redução de riscos e na prevenção de doenças.<br />

ABSTRACT<br />

The consumers are always demanding more<br />

quality of the products that they acquire,<br />

therefore, there is a bigger conscience for the<br />

search of more healthy nutritional products, that<br />

contain a lower levei of fat. The pasteurized<br />

milk cream (cream) is a sufficiently popular<br />

product, used a lot in the day-by-day of the<br />

Brazilian population and with a great commercial<br />

value, but it contains a high percentage of fat<br />

that can be superior to 50%, considered very<br />

high. Therefore, it was decided to develop<br />

pasteurized milk cream with a lower levei of fat,<br />

also known as liglzt, as an alternative fo r the<br />

companies worried about the improvements and<br />

expectations of the new consumer market. Ten<br />

formulas of pasteurized liglzt milk cream were<br />

developed using the methodology of surface<br />

response (MSR). The interaction between the<br />

independent variables, the levei of far and the<br />

stabalizers concentrations in the diffe rent<br />

formulas in relat ion to the sensorial ans wers<br />

obtained were determined. As to lhe physical<br />

and chemical characteristics. the formulas had<br />

been evaluated by the statistical variance analysis<br />

(ANOVA) and the averages compared between<br />

themselves though the Tukey Te st. veri fying<br />

the averages in significance leveis of 99% of<br />

probability. The preferred formula by the tasters<br />

in the sensorial analysis was fo rmula 10, that<br />

had the highest leveis of fat (19%) and the<br />

highest concentration of stabilizers (0, 18%).<br />

The physical and chemical characterislics<br />

presented a pH of 6.56, acidity of 13.4°0 and a<br />

3.8 min/cm consistency, being inside of the<br />

standards demanded by the current law.<br />

Therefore, it was possible to reach the desired<br />

objective.<br />

Key-words: milk cream, cream, light .<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

BANZATTO, O. A.: KRONKA, S. N,<br />

Experimentação agrícola. 3ed. Jaboticabal :<br />

FUNEP, 1995. 247p.<br />

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n° 146 de 7/ 03/1 996. Regulamento Técnico<br />

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Produtos Lácteos. Brasília, 1996.<br />

BRASIL. Ministério da Agricultura e<br />

Abastecimento Decreto n° 30.621 de 29/03/52<br />

alterado pelos Decretos 1.255 de 25/06/62,<br />

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Origem Animal. Brasília, 1997.<br />

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• • •<br />

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INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas<br />

Analíticas do Instituto Adolfo Lutz: Métodos<br />

Químicos e Físicos para Análise de Alimentos. 3<br />

ed. So Paulo: Instituto Ad?lfo Lutz, 1985, 533p.<br />

RABELO, A. M. S.; RABELO, D. S.; MOURA,<br />

C. J. M.; ROLIM, H. M. Y. ; MONTEIRO, A. M.<br />

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light comercializados em Goiânia. Anais do XX<br />

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Cândido Tostes. Juiz de Fora, v. 57, n. 327, p.<br />

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ROSSI, E.A.; FARIA, J.B.; BORSATO, D.;<br />

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Análise Sensorial de Alimentos. Florianópolis:<br />

Editora da UFSC, 1987. 180p.<br />

• •<br />

GERENCIAMENTO DE APPCC E BPF, SEM RELATÓRIOS IMPRESSOS EM PAPEL<br />

HACCP and GMP paper free management<br />

RESUMO<br />

Ramos, B. M.O.l<br />

Miglioranza, L.H.S.2<br />

Ramos, R.3<br />

Oliveira, V.C.3<br />

Esse trabalho propõe o uso de informática, como ferramenta para avaliação dos resultados<br />

da aplicação das Boas Práticas de Fabricação (BPF) e do Sistema de Análise de Perigos e<br />

Pontos Críticos de Controle (APPCC) em laticínios. O objetivo foi desenvolver um<br />

instrumento de diagnóstico e acompanhamento da eficácia dos programas, no qual se<br />

aplica o conceito de gerenciamento onde se dispensa o emprego de relatórios impressos.<br />

O aplicativo é de fácil operação, não exigindo conhecimentos avançados em informática.<br />

Normalmente a avaliação de resultados em programas de BPF é complexa, pelo caráter<br />

1 MS., Doutorando em Ciência Animal - UEL;<br />

2 Dr .. Depto de Tecnologia de Alimentos - Universidade Estadual de Londrina. Londrina - Pr - luciah@rantac.net<br />

3 Bel. em Ciência da Computação.<br />

Pág. 456<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

subjetivo da mesma. As normas e pontuações que são atribuídas ao cumprimento dessas<br />

normas, envolvem diferentes ambientes, propósitos e metas a serem atingidas. Tais<br />

pontuações devem ser adaptadas para qualquer etapa, anteri or ou dentro da indústria,<br />

respeitando as características peculiares apresentadas por qualquer ponto crítico na linha<br />

de processamento de leite. Além disso, o gerenciamento convencional do sistema APPCC,<br />

gera muitos arquivos de papel, registros e relatórios, tornando a atividade pouco prática e<br />

conveniente. No sistema computacional proposto, as variáveis subjetivas são transformadas<br />

em objetivas, que podem ser medidas, e transportadas para gráficos. O sistema permite<br />

categorizar indicadores e desenvolver procedimentos para monitorá-los, como fundamento<br />

para qualquer avaliação de estratégia de implementação da qualidade de leite. O programa<br />

aplica mecanismos de pontuação de itens, dividido em três níveis: risco reduzido (0-3),<br />

risco moderado (4-6) e risco elevado (7-1 0). O registro das informações pode ser feito no<br />

interior da fábrica, através de "palm-top", que posteriormente são transferidos e gerenciados<br />

por base de dados MySQL. O Sistema também permite a descrição visual e a geração de<br />

uma fórmula computacional para um gráfico resultante. Os relatóri os e dados estatísticos<br />

são modelados de acordo com as necessidades da Empresa. Existe também uma ferramenta<br />

de backup automático, bem como, há disponibilidade de atualização pela Internet. Como<br />

resultado final, pode-se obter um controle mais efetivo sobre a qualidade do leite.<br />

Palavras chave: variáveis objetivas, controle de qualidade, ferramentas de avaliação da<br />

eficiência.<br />

APLICAÇÃO DO MODELO DE<br />

G EREN CIAMENTO<br />

Não basta aplicar instrumentos de garantia<br />

de controle de qualidade e segurança na indústria<br />

de alimentos. Deve-se assegurar que tais<br />

instrumentos possam também sofrer avaliação<br />

periódica quanto a sua eficácia (van der Spiegel,<br />

2(03). Para tanto. os resultados da aplicação<br />

corre ta desses sistemas devem ser mensurados.<br />

Por exemplo, ao se conferir valores ou indicadores<br />

objetivos para os inúmeros atributos<br />

avaliados em Boas Práticas de Fabricação, temos<br />

condições de observar, ao longo do tempo, a<br />

evolução da resposta da empresa à ferramenta<br />

utilizada. Observa-se nesse caso, a redução da<br />

ocorrência de não-con formidades e a adequação<br />

dos diversos setores dentro da indústria aos<br />

padrões pré-estabelecidos.<br />

O instrumento proposto para BPF, inclui<br />

três categorias de não-conformidades: baixo risco<br />

(com peso de O a 3); médio risco (com peso de 4<br />

a 7): e alto risco (com peso de 8 a 10). A<br />

atribuição desses pesos, bem como o número de<br />

observações / dia, é definido previamente no<br />

sistema, pelo responsável por armazenamento<br />

de informações. Os critérios de avaliação são<br />

flexíveis e aj ustados de acordo com o interesse<br />

da empresa, que determinará o rigor da avaliação.<br />

Na aplicação do sistema de Análise de<br />

Perigos e Pontos Críticos de Controle APPCC,<br />

o estabelecimento desses parâmetros possui<br />

natureza menos complexa por tratar normal-<br />

digitalizado por<br />

mente de valores e medidas objetivas. Ao<br />

armazenar resultados de análises, a observação<br />

das tendências de melhoria do processo, pode<br />

ser averiguada no intervalo de tempo mais<br />

conveniente, também de acordo com as<br />

necessidades da empresa.<br />

Através dos gráficos gerados após avaliação<br />

mensal (figura I), observa-se uma tendência de<br />

declínio nas não-conformidades, como resultado<br />

das medidas corretivas aplicadas. Ressaltamos o<br />

observado no setor de recepção onde havia no<br />

início do período de auditagem, um grande número<br />

de ocorrências registradas. Verificando-se o grau<br />

de risco das não-conformidades, observa-se que<br />

não foram constatadas ocorrências de alto risco,<br />

limitando-se a não-conformidades de baixo e<br />

médio risco. Em 3 observações consecutivas e<br />

semanais, constatou-se a redução de nãoconformidades<br />

de médio risco.<br />

Foram investigados 19758000 litros de<br />

leite na recepção, quanto a presença de<br />

antibióticos durante o mês de dezembro de 2004<br />

(fIgura 2). A avaliação compreendeu tomada de<br />

amostras, de lotes individuais contendo em média<br />

6400 litros. Desse total, fo ram descartados<br />

84854 litros, correspondendo a 0,429% do<br />

volume analisado, que apresentaram resultado<br />

positivo quanto à presença desse perigo químico.<br />

No mês de maio, dos 19313000 litros de leite,<br />

Pág. 457<br />

arvoredoleite.org


ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

' .n . 300 n . . ....... n . n . n.' ....... , n ....... , ........ ' ..... n .. ·········'······· ··· ······ n . .. ..... , .. ......... ' ............... n . . n '." ... , .. ,·,··.'.'n .. .. n ..... ' ... ' . n ... · .. · .. · n n. '<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

28<br />

130<br />

1 ·a 1· b 2·a<br />

10<br />

12<br />

31<br />

2· b 3 · a 3· b<br />

o pasteurização<br />

. O concentração<br />

tilisecagem<br />

O recepção<br />

Figura 1 - Avaliação de BPF em três semanas consecutivas. a representa número de ocorrências de<br />

não-conformidades; b representa a soma de valores atribuídos dentro das categorias de<br />

médio e baixo risco.<br />

19.8 ,.. .. n .. nn' .. ,' nn, n .. nnn.n .. nn .. ' .. nnn'nnnn.' .... nn.nnnn' .. nnnnn .. nn, nnnn'n'n .. nnn .. ',.',nnnn . .. nnn .. n .. n" ',n .. nnn' .. .. nn .. n"<br />

19.7<br />

19.6<br />

19.5<br />

]<br />

'2<br />

: HJ,4<br />

ª<br />

;:: 19,3<br />

19.2<br />

19.1<br />

dozombro·04 maio·OS<br />

Figura 2 - Presença de antibiótico em leite. (Y 1 litros analisados. Valores em milhões, representados<br />

em colunas; Y2 - litros descartados. Valores em milhares, representados por linha).<br />

foram descartados 15875 litros, correspondendo<br />

a 0,082 % do volume analisado.<br />

Todos os valores apresentados como<br />

exemplos de BPF e APPCC, são oriundos de<br />

observações em empresa que testa os aplicativos.<br />

o registro de ocorrências observadas<br />

durante três semanas consecutivas do mês de<br />

maio de 2005, indicou a ausência de nãoconformidades<br />

de alto risco. Na seqüência de<br />

observações embutidas no gráfico de exemplo,<br />

70<br />

60<br />

20<br />

observou-se que as inúmeras medidas corretivas<br />

aplicadas simultaneamente ao registro de<br />

ocorrências, permitiram a diminuição de riscos<br />

particularmente de grau médio, aproximando a<br />

empresa aos padrões de BPF estabelecidos em<br />

seus planos de ação. Isso permite inferir o<br />

resultado progressivo da aplicação das medidas<br />

corretivas, principalmente no setor de recepção,<br />

que apresentou melhor resultado.<br />

Inicialmente, o registro de ocorrências<br />

aparentemente não foi atribuído com o mesmo<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

rigor que nas demais semanas, mas isso fica a<br />

critério da empresa e possui caráter flexível.<br />

Sugere-se portanto, o estabelecimento de<br />

critérios homogêneos (número de observações /<br />

dia) padronizados, para aumentar a confiabilidade<br />

dos dados e permitir a comparação de resultados.<br />

ABSTRACT<br />

Our work presents a software for HACCP/<br />

GMP management in the milk industry. The aim<br />

was the development of a diagnostic instrument<br />

to assess the performance of those food quality<br />

tools, based on the paper free management concept.<br />

It is easy to deal with the software, not requiring<br />

advanced computer knowledge. The GMP<br />

management is quite difficult because there is<br />

subj ective element in the evaluation. Rules and<br />

scores attributed involves different environment,<br />

proposal and goals. They must be adapted to any<br />

situation before and inside the industry, respecting<br />

the particular characteristics presented by any<br />

CrIticai points in the milk production. Moreover,<br />

the conventional HACPP management generates<br />

great amounts of paper archives, records and<br />

reports, becoming a non practical and suitable work.<br />

In the proposed software, the subjective variables<br />

are transformed in objective variables that can be<br />

measured, plotted and graphically registered. The<br />

system identifies the objective variables and<br />

develop procedures appropriated to monitor them<br />

as basis for any evaluation of strategy<br />

implementation in the milk quality control. The<br />

program uses mechanisms of scoring, divided in<br />

three leveis: low risk (O - 3), medium risk (4 6)<br />

and high risk (7 - 10). The input data and ali the<br />

added information are managed by the MySQL<br />

database. The system permits also a visual<br />

description and generates a computational formula<br />

fo r a resllltant graphic. The report and the<br />

statistical data are modeled according to the<br />

manufacturer needs. There is also an alltomatic<br />

backllp tool, and is available the update for the<br />

internet. As a fi nal resuIt, a higher assurance of<br />

milk quality can be obtained, by the comparisons<br />

of graphic results in time intervals.<br />

Key-words: Objective variabIes, quality<br />

control, tools of performance evaluation.<br />

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA<br />

Van der SPIEGEL, M.; LUNING, P. A.; ZIGGERS,<br />

G.W.; JONGEN, W.M.F. Towards a conceptual<br />

Illodel to measure effecti veness of food quality<br />

systems. Trends in Food Science & Technology,<br />

n. 14, p.424-43 I, 200 3.<br />

DETERMINAÇÃO DE ADULTERAÇÃO DE LEITE EM PÓ COM SORO EMPREGANDO<br />

ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO PRÓXIMO (NIR) E QUIMIOMETRIA<br />

Determination of powder milk adulteration with whey by using Near Infrared<br />

Spectroscopy and Chemometrics<br />

Alessandra Borin'<br />

Ronei Jesus Poppi'<br />

* LAQQA- Laboratório de Quimiometria em Química Analítica, Instituto de Química UNICAMP, Caixa Postal<br />

6154. CEP 1 3084-862, Campinas, SP, BrasiL<br />

Órgão Financiador: CNPq.<br />

digitalizado por<br />

Pâg. 459<br />

arvoredoleite.org


1. INTRODUÇÃO<br />

A fiscalização da autenticidade dos alimentos<br />

é muito importante seja pOr razões econômicas<br />

ou de saúde pública. No caso do leite em pó, as<br />

adulterações podem ocorrer com a adição de soro<br />

de leite, maltose, sacarose, amido e até soda<br />

cáustica. Entre as mais comuns, está a adição do<br />

soro de leite, que é 90% mais barato do que o leite<br />

e geralmente importado da Argentina, Nova<br />

Zelândia e Austrália I . A faixa de fraude mais comum<br />

é de 20 a 25% pois até esta, o consumidor não<br />

percebe diferenças no sabor, mas a fraude pode<br />

chegar em até 60%. A qualidade do leite em pó é<br />

regulamentada pelo Regulamento técnico de<br />

identidade e qualidade de leite em pó, e a<br />

determinação de soro ao leite é realizada pelas<br />

metodologias de análises de referência!, que tem<br />

por objetivo a determinação do glicomacropeptídeo<br />

(GMP). Esta determinação pode ser<br />

fe ita por métodos cromatográficos ou eletroforéticos.1<br />

·4 . s, os quais requerem um tempo<br />

substancial para a preparação e análises. A técnica<br />

de Espectroscopia no infravermelho próximo, que<br />

compreende a região de 780 a 2500nm vem sendo<br />

amplamente empregada na análise de alimentos<br />

por ser rápida, não destrutiva e sem necessidade<br />

de preparo das amostras. Esta técnica já foi<br />

aplicada em leite para determinação de gordura 6 ,<br />

caseína7, proteína e lactoseR, bem como a<br />

classificação'! de leite e determinação de soro em<br />

leite em pó desnatado 10. A utilização dos espectros<br />

para classificação e quantificação requer o<br />

emprego de ferramentas quimi ométricas, que<br />

basicamente desenvolvem modelos matemáticos<br />

a partir desses sinais instrumentais. Desde o final<br />

da década de 70, a quimiometriall vem aplicando<br />

conhecimentos estatísticos, matemáticos e<br />

computacionais na Química, como o desenvol-<br />

07<br />

A<br />

Amoslras de dl(erenles marcasde leile<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />

vimento de modelos de calibração multivariadal,<br />

que proporciona uma grande melhora na obtenção<br />

da informação quantitativa, aumento de<br />

seletividade e confiabilidade. Entre os diferentes<br />

métodos de regressão linear temos a regressão<br />

linear por mínimos quadrados parciais (PLS)I3. A<br />

fim de otimizar ainda mais esses modelos recorrese<br />

a métodos de seleção de variáveis. No caso<br />

deste trabalho será estudado o siPLS 14 que tem<br />

por princípio a divisão do espectro em intervalos,<br />

indicando em quais deles os RMSECV (raiz do<br />

erro quadrático da validação cruzada) são menores.<br />

A partir disso é possível fazer a sinergia entre 2 a<br />

5 faixas dos intervalos com menores RMSECV,<br />

desenvolvendo-se o modelo PLS com apenas estas<br />

regiões do espectro selecionadas, ou seja com um<br />

menor número de variáveis.<br />

2. MATERIAL E MÉTODOS<br />

Amostras de leite em pó a granel DISCAMP<br />

foram contaminadas artificialmente com soro<br />

de leite em pó, fornecido pela empresa Tangará,<br />

numa faixa de concentração de I a 50%. As<br />

amostras homogeneizadas com auxilio de vortex<br />

foram analisadas no Espectrofotômetro UV-VIS<br />

Cary 5G, em triplicata, na região de 810m a<br />

2400 n m. Os espectros fo ram tratados por<br />

Correção do Espalhamento multiplicativo<br />

(MS C). Para o conjunto de calibração fo ram<br />

empregadas 35 amostras, e para o conjunto de<br />

previsão, 12 amostras.<br />

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES<br />

Para um estudo prévio foram obtidos<br />

espectros de 8 marcas de leite diferentes<br />

g<br />

°O' 9 @A}f2<br />

O<br />

B<br />

Discamp<br />

005 FevfMar05<br />

Ninho ltam<br />

e Sere<br />

Inte I<br />

t'!. ·005<br />

5 ·0 1<br />

·0 15<br />

·0 2<br />

·025<br />

m p<br />

Dez04 \;J)<br />

(@)<br />

HAN I<br />

Mohco e<br />

Seren De::n<br />

ltamtJesn<br />

.o.ÔLJ --.oc ':-2,..L--:!-0---='0 :-' --;:-'0::-2 --;:073 --;:!0'4<br />

CP 1 (5949%)<br />

Figura 1 - A-Espectros das amostras das diferentes marcas de leite B- PCA com a separação e<br />

classificação dos grupos de amostras<br />

Pág. 460<br />

Ç1<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />

A<br />

47 amostras de lo?lle puro e com SOlO<br />

06.---- --- -- - ---,<br />

055<br />

05<br />

045<br />

04<br />

:;; 0 35<br />

Q 03<br />

0.25<br />

1200 1400 1600 1800 2000 2200 2400<br />

Numero de onda (nm)<br />

<br />

006<br />

0.04<br />

0.02<br />

a.<br />

'-,<br />

-O 02<br />

-0.04<br />

· 0 O_tA<br />

o<br />

'j<br />

LeItes<br />

p uros<br />

-0.3 ·0.2<br />

-0.1<br />

CP 1<br />

B<br />

Leites<br />

fraudados<br />

de l a<br />

0.1 02 03<br />

Figura 2 A- Espectros das 47 amostras de leite com soro B- PCA com a separação dos dois grupos<br />

de amostras: intactas e fraudadas.<br />

Tabela 1 - Resultados dos modelos desenvolvidos para quantificação do soro em leite em pó.<br />

PLS SiPLS<br />

Referência Previsto Erro Relativo Erro Relativo<br />

3,99 4,07 1,86 4,36 9,02<br />

11, 99 12,92 7,74 12,89 7,43<br />

18,98** 21,21 11, 72 20, 16 6, 17<br />

21,70** 23,9 1 10, i 8 23,03 6, 12<br />

22,62** 22,83 0,90 22,85 0,99<br />

23,99** 24,84 3,55 25,00 4,2 1<br />

33,85 35,54 4,99 34, 16 0,92<br />

34,77 36,13 3,91 35,52 2, 15<br />

37,82 35,98 -4,87 38,04 0,58<br />

43,39 38,60 -11,02 38,28 -11,76<br />

44,67 42,72 -4,35 41,56 -5,96<br />

44,89 39,55 -1 1,91 39,70 11, 57<br />

Média do erro<br />

relativo<br />

6,60 5,54<br />

Média do erro<br />

relativo da faixa<br />

6,59 4,37<br />

RMSEP 0,72 1 0,690<br />

*VL- Varíaveis latentes / ** Faixa mais usual de fraude (20 a 25%)<br />

(Ninho®, Sereníssima® integral e desnatado,<br />

Itambé® integral e desnatado, Molico®, leite a<br />

granel DISCAMP® e leites infantis NAN I ®,<br />

NAN2®). Na Figura IA apresenta-se os<br />

espectros dos leites e na Figura I B o resultado<br />

da Análise de Componentes Principais, com 4<br />

componentes principais, é possível visualizar<br />

na Figura I B, a separação de algumas marcas<br />

digitalizado por<br />

(por exemplo, tipo NAN I, NAN2) e<br />

agrupamentos como os leites integrais (Ninho,<br />

ltambé, Sereníssima) e leites desnatados<br />

(Molico e Sereníssima desnatado). Também se<br />

observa a formação de dois grupos do leite<br />

DISCAMP, de lotes de meses diferentes, sendo<br />

possível também a identificação de amostras<br />

com possível degradação.<br />

Pág. 461<br />

arvoredoleite.org


Já para a identi ficação das amostras<br />

adulteradas com soro, também se obteve os<br />

espectros (Figura 2A) e realizou-se o PCA, com<br />

3 componentes principais, como mostra a Figura<br />

2B. É possível observar uma clara separação<br />

entre as amostras adulteradas das puras. Vale<br />

ressaltar que a amostra com I % de contaminação<br />

de soro, já é identificada no grupo das adulteradas.<br />

Para o desenvolvimento do modelo PLS<br />

com seleção de variáveis siPLS, o espectro foi<br />

di vidido em 10 intervalos, e as 4 faixas de menor<br />

erro (RMSECV) escolhidas e modeladas em<br />

sinergia foram : 2400-2247 e 1770 - 1615 nm<br />

bandas correspondentes a gordura e proteína do<br />

leite, e 2085-1930 e 1297-1142 nm<br />

correspondente a aminoácidosl5• Lembrando que<br />

ambos os modelos foram desenvolvidos com 4<br />

variáveis latentes. A avaliação do melhor modelo<br />

dar-se-á observando os menores erros relativos,<br />

e os menores valores de RMSEP (raiz quadrada<br />

do erro quadrático de previsão). Os maiores erros<br />

relativos (até 12%) ocorreram principalmente<br />

em amostras com concentrações maiores,<br />

provavelmente por problemas de homogeneização<br />

da mistura de pós. Na faixa de<br />

concentração mais usual para fraude (20 a 25%)<br />

a média do erro relativo foi de 4,37% para o<br />

modelo com siPLS e 6,59 % para o modelo PLS.<br />

De uma maneira geral, os erros relativos e os<br />

RMSEPs de ambos os modelos são semelhantes,<br />

sendo valores um pouco menores para o modelo<br />

siPLS. Realizando o teste F (confiança de 95%),<br />

o valor obtido é de 1,09, abaixo do tabelado<br />

pelo teste F (2,69), ou seja, os modelos não<br />

possuem diferença significativa. Porém, uma<br />

importante informação obtida pela seleção de<br />

variáveis siPLS é a identificação das bandas no<br />

espectro no infravermelho de maior informação<br />

química, contribuindo para a atribuição das<br />

mesmas.<br />

4 · CONCLUSÃO<br />

A avaliação qualitativa das amostras<br />

fraudadas por Espectroscopia no infravermelho<br />

Próximo e Análise de Componentes Principais<br />

é muito eficiente, tanto na classificação das<br />

diferentes marcas de leite como na identificação<br />

das amostras adulteradas com soro, com<br />

concentração de apenas I % de contaminação.<br />

Para quantificação do soro, neste estudo o<br />

emprego de seleção de variáveis apresentou<br />

resultados equivalentes ao modelo desenvolvido<br />

com o espectro inteiro, porém o siPLS é muito<br />

útil na identificação das regiões do espectro com<br />

maior informação química para o modelo bem<br />

Pág. 462<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

como na atribuição das bandas . Pretende-se<br />

desenvolver modelos com menores erros de<br />

previsão com a utilização de um maior número<br />

de amostras assim como com diferentes marcas<br />

de leite.<br />

5 - ABSTRACT<br />

The food authenticity is very important<br />

to make sure health publico In the case of powder<br />

milk, the aim of this paper has been to identify<br />

and quantify adulterated samples by using Near<br />

Infrared spectroscopic due to its speed, non­<br />

destructi ve nature and not need sample<br />

pretreatment. It was built chemometrics models<br />

by using PLS with variable selection (siPLS). The<br />

Principal component analysis (PCA) showed the<br />

separation between adulterates samples ones. To<br />

quantification, the either full PLS and siPLS<br />

models average have been presented the same<br />

results, with errors below of 7%.<br />

6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

I ROSA, R.; SANTOS, R. Fraude no Leite é<br />

investigada, Jornal do Brasil. Disponível em:<br />

http://www2.rio.rj.gov.br. Acessado em 19 de<br />

abril, 2005.<br />

2 BRASIL. Ministério da Agricultura, do<br />

Abastecimento e da Reforma agrária. Portaria<br />

n. 124, de 23 de Setembro de 1991. Disponível<br />

em: http://www.agricultura.gov. Br. Acessado em<br />

05 de maio, 2005<br />

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Assessment of quality of comercial UHT milks<br />

by chromtographic and eletrophoretic methods,<br />

1. (l Food Protect, 56: 263-264, 1993<br />

4 VELOSO, A. C. A.; TEIXEIRA, N. ;<br />

FERREIRA, I.M.P.L.V.O.; FERREIRA, M. A.<br />

Detecção de adulteraç ões em produtos<br />

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lácteas , Quím. Nova, 25(4):609-615, 2002.<br />

5 RECIO, I; GARCIA-RISCO, M R; LOPEZ­<br />

FANDINO, R. et a!. Detection of rennet whey<br />

in UHT milk by capillary electrophoresis, Int.<br />

Dair)' Journal, 10:333-338, 2000.<br />

(, SATO, T.; KAWANO,S. Detection of foreign<br />

fat adulteration of milk fat by near infrared<br />

spectroscopic method, J. Dair)' Science,<br />

73 :3408-3413, 1990.<br />

7 SORENSEN, L.K.; LUND, M.; JUUL, B.<br />

Accuracy of Fourier transform infrared<br />

spectrometry in determination of casein in<br />

dairy cow's milk, J. Dairy Research, 70:445-<br />

453, 2003.<br />

K SASIC, S.; OZAKI, Y. Short-wave near-infrared<br />

spectroscopy of biological fl uids. I. Quantitative<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

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by Partial least-squares regression and band<br />

assignment, Anal. Ch em, 73:64-7 1, 2001.<br />

DOWNEY, G.; ROBERT, P. ; et aI Classification<br />

of coml11ercial skim milk powders according to<br />

heat treatment using factorial discriminant<br />

analysis of near-infrared reflectance spectra,<br />

Appl. Spectrosc, 44( I): 150-155, 1990.<br />

1 0 MENDENHALL, LV.; BROWN, R.J. Fourier<br />

transform infrared determination of whey<br />

powder in nonfat dry milk, .J Dairy Science, 74:<br />

2896-2900, 1991.<br />

+<br />

11 OTTO, M. ChelllOJ/letrics Statistics and<br />

Computer application in Analytical Clzelllistry,<br />

Willey-VCH, New York, 1999.<br />

11 MARTENS, H.; NAES,T. Multivariate<br />

Calibration, John Wiley&Sons, New York, 1989.<br />

1 3 GELADI, P. KOWALSKI, B.R. Partial Least<br />

Squares Regression: a tutorial; AliaI. Chim. Acta<br />

185, 1986.<br />

14 NORGAARD, L.;iToolbox Manual, 2004<br />

1 5 BURNS, D.A.; CIURCZAK, E.W. Handbook<br />

of near-infrared analysis, 2' ed., New York, 499-<br />

533, 2001.<br />

• •<br />

QUEIJOS LlGHT COMERCIALIZADOS NA CIDADE DE SÃO PAULO: AVALIAÇÃO DA<br />

ROTULAGEM NUTRICIONAL COMPLEMENTAR COM ÊNFASE EM COLESTEROL E<br />

GORDURAS TOTAIS<br />

Light cheese commercialized in the city of São Paulo, Brazil: evaluation of<br />

complementary nutritional label emphasizing cholesterol and total fat<br />

RESUMO<br />

Marilda Duarte1<br />

Jacira Hiroko Saruwtari1<br />

Renato Januário de Sousa 1<br />

° consumo de alimentos ligIa vem crescendo muito nos últimos anos. Isto se deve ao fato<br />

de que um maior número de pessoas busca uma vida mais saudável e uma boa forma física.<br />

Dentre estes alimentos incluem-se os queijos liglIt. Devido a importância da proteção à<br />

saúde da população e o conhecimento de identidade dos produtos alimentícios, o presente<br />

trabalho teve como objetivos avaliar a informação nutricional complementar declarada na<br />

rotulagem de queijos ligIa frente às exigências da Portaria n° 27, de 13/0 1/1998 da SVS/<br />

MS, e a compat ibilidade das informações declaradas na rotulagem com os dados<br />

experimentais quanto aos teores de colesterol e gorduras totais. Foram analisadas dez<br />

amostras de diferentes marcas e tipos de queijos light , sendo, cinco Minas frescal, dois<br />

queijo mussarela, um queijo prato, um queijo processado UHT e um queijo padrão. Dos dez<br />

produtos, 70% não atenderam as exigências do regulamento no que se refere ao uso do<br />

apelo light para esta categoria de produto. Comparando-se com os dados experimentais,<br />

foi verificado que os valores declarados na rotulagem estavam em desacordo em 60%<br />

quanto aos teores de colesterol e 40%, em relação as gorduras totais. Os resultados obtidos<br />

Instituto Adolfo Lutz- Av. Dr. Arnaldo, 355 Cerqueira César, São Paulo Brasil - SP CEP 01246-902.<br />

Pág. 463<br />

digitalizado por<br />

arvoredoleite.org


demonstram a necessidade de maior orientação aos produtores, assim como uma fiscalização<br />

mais efetiva dos alimentos em questão, a fim de que sejam veiculadas informações corretas<br />

e precisas para o consumidor.<br />

Palavras-chave: queijo light, rotulagem, gorduras totais, colesterol.<br />

1 " INTRODUÇÃO<br />

A qualidade de um produto alimentício pode<br />

ser comprometida por vários fatores, que vão<br />

desde a matéria prima até a rotulagem deste<br />

alimento. Neste sentido, a legislação brasileira<br />

procura regulamentar os processos de produção,<br />

distribuição e apresentação dos alimentos a fim<br />

de que estes cheguem ao consumidor com<br />

qualidade e com informações corretas e precisas<br />

em suas rotulagens. O Brasil tem evoluído nas<br />

últimas décadas elaborando legislações que têm<br />

contribuído para oferecer à população maior<br />

segurança e melhores informações dos alimentos<br />

a serem consumidos. A definição de rotulagem já<br />

foi prevista no Regulamento da Inspeção<br />

Industrial e Sanitária de Produtos de Origem<br />

Animal (RIlSPOAf, o Decreto-Lei na 986 de 21/<br />

10/69 1 que instituiu as Normas Básicas para<br />

Alimentos também trata do assunto. Outra lei de<br />

igual importância é a Lei na 8.078 de 1l/09/904<br />

que criou o Código de Defesa do Consumidor, na<br />

qual consta que são direitos do consumidor a<br />

informação adequada e clara sobre os diferentes<br />

produtos e serviços, com especificação correta<br />

de quantidade, características, composição,<br />

qualidade e preço, bem como sobre os riscos que<br />

apresentem. O Ministério da Agricultura e<br />

Abastecimento publicou a Portaria n° 37 1 de 041<br />

09/976, que aprovou o Regulamento Técnico para<br />

a Rotulagem de Alimentos Embalados. Nesse<br />

regulamento tornam-se obrigatórias a apresentação<br />

e a denominação de venda do alimento,<br />

a lista de ingredientes, o conteúdo líquido, a<br />

identificação da origem, a identificação do lote,<br />

a data de validade e as instruções sobre o preparo<br />

e uso do alimento (quando apropriado).<br />

Além das informações gerais, o rótulo é<br />

um veículo para fornecer ao consumidor<br />

informações nutrtclOnais que venham a<br />

contribuir na escolha de um produto que atenda<br />

às suas expectativas. O interesse da população<br />

em conhecer as características dos produtos<br />

alimentícios que estão adquirindo vem crescendo<br />

nos últimos anos 1.7. Os consumidores desejam<br />

obter estas informações por diversos motivos,<br />

mas principalmente, para poderem comparar os<br />

alimentos entre si na hora da compra, no que se<br />

refere aos itens qualidade e preço, evitar<br />

Pág. 464<br />

ingredientes cujo consumo deseje reduzir ou<br />

eliminar de sua dieta, por motivos de saúde ou<br />

para manter a boa forma física. A Portaria n° 27<br />

de 13/0 l/98 da Secretaria de Vigilância Sanitária,<br />

do Ministério da SaúdeS contribui neste sentido<br />

estabelecendo a Informação Nutricional<br />

Complementar dos Alimentos, sendo que, esta<br />

declaração é de caráter opcional. A Informação<br />

Nutricional Complementar abrange qualquer<br />

representação que afirme, sugira ou implique que<br />

um alimento possui uma ou mais propriedades<br />

nutricionais particulares relativas ao seu valor<br />

energético, conteúdos de colesterol, gord uras<br />

totais, gorduras saturadas, sódio, proteínas, fibras<br />

alimentares, açúcares, gorduras totais, vitaminas<br />

e minerais. De acordo com esta portaria podem<br />

ser utilizados os seguintes termos: light, !ite, leve,<br />

[ow, baixo, pobre, very [OW, muito baixo, high,<br />

rico, alto teor, alto conteúdo, source, fonte, free,<br />

livre, sem, zero, não contém, isento, sem adição,<br />

reduzido, increased e aumentado, respeitando as<br />

características de cada produto.<br />

O crescente aumento de consumo de queijos<br />

/if{la oferecidos no mercado e a preocupação com<br />

a saúde pública motivaram a execução deste<br />

trabalho, que teve como objetivos avaliar a<br />

informação nutricional complementar quando se<br />

é usado o apelo light, assim como, a veracidade das<br />

informações dos teores de colesterol e gorduras<br />

totais declarados na rotulagem destes produtos<br />

comercializados na cidade de São Paulo-SP.<br />

2 - MATERIAL<br />

Foram adquiridos em supermercados da<br />

cidade de São Paulo - SP dez amostras de queijos<br />

light de nove marcas diferentes. Dos dez<br />

produtos, cinco eram queijo Minas frescal, dois<br />

queijo mussarela, um queijo prato, um processado<br />

UHT e um queijo padrão, sendo que seis estavam<br />

em embalagem original e quatro em embalagem<br />

fracionada.<br />

3 - MÉTODOS<br />

Os rótulos dos queijos foram analisados<br />

tomando por base a Portaria n° 27 de 13/0 1/98<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

da SVS/MS5• As anál ises de gorduras totais e<br />

colesterol foram realizadas em duplicata e<br />

posteriormente foi tirada a média dos resultados.<br />

A determinação de gorduras totais foi<br />

efetuada empregando-se butirometro de Gerber<br />

seguindo a metodologia das Normas Analíticas<br />

do Instituto Adolfo LutzR•<br />

O colesterol foi quantificado utilizando a<br />

técnica de cromatografia líquida de alta eficiência<br />

(CLAE). A metodologia utilizada foi baseada na<br />

descrita por Stewart et al,lo que é por saponificação<br />

direta com hidróxido de potássio sob<br />

agitação e aquecimento, com subseqüente<br />

extração do colesterol com hexano. As condições<br />

cromatográficas foram: coluna C 1 8<br />

(150mmx4,6mmx5,Omm), fase móvel<br />

(acetonitrila:isopropanol 70:30), isocrático,<br />

fl uxo I mLlminutó, detector ultravioleta a<br />

210nm.<br />

4 " RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Os resultados obtidos da avaliação da<br />

Rotulagem Nutricional Complementar declarada<br />

na rotulagem dos queijos analisados tomando por<br />

base a Portaria na 27/98 SVS/MS estão<br />

apresentados na Tabela 1. Os resultados da<br />

Tabrla 1. Avaliação da Rotulagem Nutricional Complementar<br />

comparação dos teores de gorduras totai s e<br />

colesterol declarados na rotulagem com os<br />

obtidos experimentalmente estão apresentados<br />

na Tabela 2. Foram consideradas satisfatórias as<br />

amostras que obtiveram resultados experimentais<br />

de gorduras totais e colesterol uma variabilidade<br />

de até 20% quando comparados com os valores<br />

apresentados nas suas rotulagens.<br />

Analisando as Tabelas I e 2 foi verificado<br />

que 80% dos rótulos apresentam algum tipo de<br />

irregularidade. Dos queijos analisados quanto aos<br />

teores de gorduras totais 40% estavam em<br />

desacordo com os valores declarados na<br />

rotulagem comparando-se com os dados<br />

experimentais. Com relação aos teores de<br />

colesterol 60% dos queijos estavam em desacordo<br />

com a rotulagem quando comparados com os<br />

valores encontrados analiticamente.<br />

Foi verificado que nos quatro produtos<br />

adquiridos em embalagem fracionada, não<br />

constavam valores comparativos de light e<br />

convencional, assim como, o tipo de apelo de<br />

suas propriedades nutricionais particulares. Dos<br />

seis produtos que foram obtidos em embalagens<br />

originais, três não continham em suas rotulagens<br />

nenhuma indicação de qual componente tinha<br />

LigIa Marca Porpl0 Calorias Gordums Totais Gorduras Saturadas Colcstl'fol Apelo<br />

___ .C'oJlvencig<br />

Queijo Minas Frescal A<br />

(..!ucijo Minas Frescal A 80 20<br />

Queijo Minas Frescal B 30g 50 38 3.5 30 2,5 17 15 25 35% menos caloria,<br />

Queijo Minas Frescal B 80 5 20 30% menos gorduras<br />

Queijo Minas Frescal C 30g 40 50 3,5 30 2.5 17 75<br />

Queijo Minas Frescal C 80 3 20<br />

Queijo Minas Frescal D 30g 40 50 80 78 25 50% menos calOJias<br />

Queijo Minas Frescal D 80 4 25<br />

Queijo Minas Frescal E 30g 55 31 40 33 12 52<br />

Queijo Minas Frescal E 80 25<br />

Queijo Pocessado UIIT F 20g 40 33 56 67 50 55% menos gorduras<br />

Queijo Poccssado UHT F 60 4,5 10 33% menos calorias<br />

Queijo Mussarela D 30g 80 4,5 4,5 30<br />

n.c,<br />

Queijo Mussarela G 30g 80 15<br />

n.c,<br />

Queijo Prato G 30g 80 15<br />

n.c,<br />

Queijo Padrão H 30g 110 30<br />

O De acordo com a Portaria n' 27/98 SVS/MS D Em desacordo com a Portaria n' 27/98 SVS,lS<br />

digitalizado por<br />

Pág, 465<br />

arvoredoleite.org


-r-------------------------------------.... P----------------<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Tabela 2. Comparação dos Teores de Gorduras Totais e Colesterol Declarados na Rotulagem com os Obtidos<br />

Experimentahnente<br />

Amostra<br />

Queijo lvfinas Fresca!<br />

Queijo Minas Fresca!<br />

Queijo Minas Fresca!<br />

Queijo Minas Fresca!<br />

Queijo Minas Fresca!<br />

Queijo Processado U1IT<br />

Queijo Mussarela<br />

Queijo Mussarela<br />

Queijo Prato<br />

T.D. - Teor Dec1arado<br />

Marca Porção<br />

A 30g<br />

B 30g<br />

C 30g<br />

D 30g<br />

E 30g<br />

F 20g<br />

D 30g<br />

G 30g<br />

G 30g<br />

D De acordo com a rotulagem D Em desacordo com a rotulagem<br />

sido reduzido. A marca D apresentou em seu<br />

rótulo o mesmo teor de colesterol, tanto para o<br />

convencional como para o light, apesar de ter<br />

declarado uma redução no teor de gorduras totais.<br />

5 - CONCLUSÃO<br />

Os resultados obtidos demonstraram a<br />

necessidade de maior orientação aos produtores<br />

e distribuidores de queijos light, assim como uma<br />

fi scalização mais efetiva dos alimentos em<br />

questão, a fi m de que sej am veiculadas<br />

informações corretas e precisas para que o<br />

consumidor obtenha produtos que atendam suas<br />

expectativas.<br />

6 - ABSTRACT<br />

Light food consumption has been<br />

increasing in the past years. lt occurs due to the<br />

fact that a greater number of people have sought<br />

a healthier lifestyle and a better body shape.<br />

Among this food, it is included light cheese.<br />

Because of the importance of the population's<br />

health protection and identity awareness of food<br />

products, the present study aimed at evaluating<br />

the complementary nutritional information<br />

printed on the label of light cheese according to<br />

the requirements of Rule na 27 from January<br />

131h, 1998 of SVS/Ministério da Saúde (Health<br />

Department) and its compatibility with<br />

experimental data regarding the leveis of<br />

cholesterol and total fat. Ten samples of<br />

different brands and kinds of light cheese were<br />

analyzed, considering that 5 were "Minas<br />

Frescal" cheese; 2 were mozzarella cheese; one,<br />

Pág. 466<br />

"prato" cheese; one, ultra-pasteurized processed<br />

cheese; and one, standard cheese. Out of the ten<br />

cheeses, 70% did not meet the requirements<br />

established by the rule regarding the use of the<br />

word light for this product category. When<br />

comparing the experimental data, it was<br />

observed that the values printed on the labels<br />

were not matching with it in 60% of the cases<br />

with regard to cholesterol leveis and in 40% in<br />

relation to total fat leveis. The results show the<br />

need for better guidance to producers, as well as,<br />

more effective inspection of this product so that<br />

more precise and accurate information will be<br />

given to consumers .<br />

Key words: light cheese, label, total fat,<br />

cholesterol.<br />

7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

I. AFONSO F. M.; GURGEL M.V,; MENDES<br />

C.T.D,; GREGÓRIO S.R.; LANZILLOTTI H.S.<br />

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Tradicional e Light Revista Higiene Alimentar,<br />

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2. BRASIL. Decreto 3069 1, de 29 de março de<br />

1952. Presidência da República. Aprova o novo<br />

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União; Brasília, 07 julho 1952. Seção I.<br />

3. BRASIL. Decreto-Lei n. 986, de 21 de outubro<br />

de 1969. Ministério da Marinha de Guerra<br />

Ministério do Exército, Ministério d<br />

Aeronáutica Militar. Institui normas básicas<br />

sobre alimentos. Diário Oficial da União,<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

Brasília, n. 202, 1969. Seção I, p. 8935.<br />

4. BRASIL. Lei n. 8.078, de II de setembro de<br />

1990. (Código de Defesa do Consumidor).<br />

Congresso Nacional. Dispõe sobre a Proteção<br />

do Consumidor e dá outras Providências. Diário<br />

Oficial da União, Brasília, n. 176, 12 set. 1990.<br />

Seção I, supl.<br />

5. BRASIL. Portaria n. 27, de 13 de janeiro de<br />

1998. Secretaria de Vigilância Sanitária. Aprova o<br />

Regulamento Técnico referente à Informação<br />

Nutricional Complementar (declarações relacionadas<br />

ao conteúdo de nutrientes), constantes do anexo<br />

desta Portaria. Diário Oficial da União, Brasília, n.<br />

li-E, 16 jan. 1998. Seção I-E, p. O l-E.<br />

6. BRASIL. Portaria n° 37 1, de 04 de setembro<br />

de 1997. Ministério da Agricultura e do<br />

Abastecimento. Aprova o Regulamento Técnico<br />

para Rotulagem de Alimentos Embalados. Diário<br />

Oficial da União, Brasília, 06 de set. de 1997.<br />

• • • •<br />

7. FREITAS, J.F.; DAMASCENO K.S.F.S.CH.;<br />

CALADO L.C. - Rotulagem de Alimentos<br />

Lácteos : A Percepção do Consumidor - Revista<br />

Higiene Alimentar. São Paulo, v. 18, n. 125, p.<br />

17-21, ouL 2004.<br />

8. INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas<br />

Analíticas do Instituto Adolfo Lutz. v. 1:<br />

Métodos químicos e físicos para análise de<br />

alimentos, 3. ed. São Paulo: IMESP, 1985. p.<br />

233-234.<br />

9. PIVARO, J. Receita Saudável para as Empresas<br />

_ Produtos Diet e Light - Revista -Indústria de<br />

Laticínios- São Paulo, n. 56, p. 12-17, mar/<br />

abro 2005.<br />

10. STEWART,G.; GOSSELIN C. & PANDIAN<br />

S. Selected ion monitoring of tertbutyldimethylsilyl<br />

cholesterol esthers for<br />

determination of total cholesterol content in<br />

foods. Food Chemistry, V. 44, p. 377-380, 1992.<br />

• • • •<br />

STATlAT: UM SOFTWARE GERENCIADOR DE CONCURSOS DE PRODUTOS lÁCTEOS<br />

1 - INTRODUÇÃO<br />

Os concursos de prodtltos lácteos são uma<br />

forma difundida e eficiente de elevar a qualidade<br />

dos produtos, promover a divulgação de<br />

tecnologias e marcas e fornecer um retrato do<br />

setor de leite e seus derivados em uma região.<br />

A partir de bons resultados em um concurso<br />

de produtos lácteos, uma empresa pode entrar<br />

no mercado, se consolidar perante seus clientes<br />

ou ainda assumir a liderança em vendas de um<br />

determinado produto.<br />

Por exemplo, o concurso de Produtos<br />

Lácteos do Instituto de Laticínios Cândido Tostes<br />

acontece tradicionalmente todo ano durante o<br />

Statlat: a manager for dairy concourses<br />

Eric Batista Ferreira'<br />

Deive Ciro de Oliveira2<br />

Congresso Nacional de Laticínios, realizado na<br />

terceira semana de julho na cidade de Juiz de Fora<br />

_ MG. Respeitado na região e em todo o Brasil, o<br />

concurso recebe inscrições de diversas empresas<br />

nas categorias queijo Minas Padrão, queijo Prato,<br />

queijo Gorgonzola, requeijão, doce de leite e muitos<br />

outros. Para julgá-los, são convidados especialistas<br />

em laticínios de diversas partes do país.<br />

A motivação para a realização deste<br />

trabalho se deu com a necessidade de uma<br />

interface que agilizasse o processo de contagem<br />

dos votos, sem perder, contudo, a segurança, o<br />

sigilo e a credibilidade.<br />

Tec. Laticínios, Eng. Agrônomo, mestrando em Estatística Exp. Agropecuária - UFLA. ericbferreira@nestacpe.net<br />

2 Bacharel em Ciência da Computação, mestrando em Estatística Exp. Agropecuária UFLA. Capes.<br />

digitalizado por<br />

arvoredoleite.org<br />

Pág. 467


2 - DESENVOLVIMENTO<br />

Foi desenvo lvido um software em<br />

linguagem de programação Delphi (Borland,<br />

2004) que permite grande flexibilidade e<br />

praticidade de programação e possui interfaces<br />

amigáveis para deleite do usuário.<br />

O programa StatLat (Sistema Estatístico de<br />

Gerência de Concursos de Produtos Lácteos)<br />

permite a realização de operações básicas como o<br />

estabelecimento de concursos com vários juízes,<br />

que avaliam produtos lácteos de diversos<br />

concorrentes ao longo de atributos sensoriais. Para<br />

esses atributos podem ser dados pesos diferentes,<br />

de acordo com o desejo da comissão organizadora.<br />

Se assim desejar, cada juiz tem a oportunidade de<br />

digitar sua própria matriz (atributos x concorrentes)<br />

de notas sendo criada, após o pedido de<br />

processamento feito pelo Administrador do<br />

concurso, uma tabela de classificação dos<br />

concorrentes em ordem decrescente (do primeiro<br />

lugar ao último colocado).<br />

3 - RESULTADOS<br />

O programa é composto basicamente de<br />

três interfaces: duas interfaces para os juízes e a<br />

interface do Administrador. Através da interface<br />

do Administrador as informações mais sigilosas<br />

podem ser obtidas e todas as configurações<br />

necessárias podem ser feitas (como peso de cada<br />

atributo, número de juízes, produtos, processamento<br />

dos dados etc).<br />

Na Figura I pode-se observar a primeira<br />

interface do juiz. Nela o juiz pode selecionar o produto<br />

a ser julgado, selecionar seu nome, colocar um nome<br />

de acesso (login) e uma senha pessoal do juiz.<br />

Produto<br />

Idoce de leIte<br />

Jurado<br />

IEf


aerobicamente em queijo ultrafiltrado (SUF), a 30°C<br />

com agitação orbital de 150 rprn/l0-16h. Foi usado<br />

como inócul0 uma pré-cultura em fase exponencial<br />

cultivada no mesmo meio. A massa de células em<br />

suspensão foi determinada através de leitura de<br />

densidade ótica (DO), utilizando-se espectrofotômetro<br />

(Pharmacia, modelo Novaspec II ) e<br />

comprimento de onda de 600 nm.<br />

2.2. Soro de queijo ultrafiltrado<br />

O soro teve suas proteínas precipitadas<br />

pelo calor e separadas por filtração. Ao filtrado<br />

foi adicionado 4% de citrato de sódio e o soro<br />

finalmente foi autoclavado por 8 min a 121°C.<br />

2.3. Determinação da atividade enzimática<br />

As medidas de atividade de b-galactosidase<br />

acompanharam o crescimento da cultura.<br />

Alíquotas de 1 mL do meio de cultura da levedura<br />

foram centrifugadas (8000 rpm/5min). O sobrenadante<br />

foi descartado e 0,9 mL de tampão<br />

fosfato foi adicionado ao precipitado.<br />

Ressuspenso o precipitado, foram retirados 0,5<br />

mL, os quais foram adicionados 0,5mL de solução<br />

etano] 50% para a permeabilização da membrana<br />

da levedura. A um volume de O, lmL da solução<br />

permeabilizada adicionou-se 0,4 mL de ONPG<br />

(4mg/mL). Após 10min, a reação foi paralisada<br />

com ImL de Na,CO] (0,5M). A concentração de<br />

ONP foi analisãda "espectrofotometricamente,<br />

convertendo absorbância a 420 nm em moi de<br />

ONPG hidrolizado/min/mg cél.<br />

2.4. Biorreator<br />

Foi usado um biorreator do tipo "batelada<br />

alimentada", à temperatura ambiente, onde o<br />

'"<br />

o<br />

o<br />

o<br />

o<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

o<br />

10 20<br />

o<br />

meio de cultura ficou sobre agitação constante.<br />

A alimentação foi realizada através de<br />

bomba peristáltica onde foram testados vários<br />

fluxos (0,3 a 1,0 mL/min).<br />

3. RESULTADOS<br />

Avaliando-se a concentração de células de<br />

cultura de K. Lactis em SUF, sob regime de<br />

"batelada alimentada", com fluxo de alimentação<br />

variando de O a 1,0 mL/min, observou-se que<br />

para fluxos maiores que 0,5 mL/min houve queda<br />

na concentração celular, medida através de<br />

densidade ótica a 600 nm, provavelmente devido<br />

ao alto grau de diluição empregado.<br />

As condições que permitiram concentração<br />

celular constante, com 00600 variando de 3,0 a<br />

4,0 (Figura I), e próxima ao valor de maior<br />

atividade enzimática foram os fluxos de 0,3 e<br />

0,4 mL/min.<br />

A atividade enzimática relativa, para ambos<br />

os fluxos avaliados, permaneceu constante, na<br />

faixa de 0,24 a 0,32 lmol ONP.min"l.mgcél·1<br />

(Figura 2).<br />

4 - CONCLUSÕES<br />

Para manter o processo na fase mais<br />

produtiva em termos de atividade de -galactosidase,<br />

sugere-se um fluxo de alimentação que<br />

mantenha a 0.0 '600 entre 3,0 e 3,5, para as<br />

condições de temperatura ambiente, SUF como<br />

meio de cultura e regime de "batelada alimentada",<br />

com isso obtém-se uma máxima atividade<br />

enzimática relativa por um maior tempo,<br />

otimizando o processo de obtenção de lactose<br />

hidrolisada. Nas condições avaliadas, os fluxos que<br />

melhor se adequaram foram de 0,3 e 0,4 mL/min.<br />

I <br />

30<br />

Tempo (H oras)<br />

Fluxo 0,3 mL/m in<br />

Fluxo 0,4 mL/m in<br />

40 50<br />

Figura 1 - Concentração de células de K. lactis cultivadas em SUF, sob regime de "batelada alimentada".<br />

Pág, 470<br />

I<br />

ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />

0,3 o<br />

o<br />

0,2<br />

0,1<br />

o<br />

o .. "<br />

.. Q<br />

o<br />

r .. Fluxo O,3mllm in<br />

o Fluxo O,4mllm in I<br />

0,0 -l---,r----,---..,.---,---,--==::;==::::;;::==<br />

10 15 20 25 30 35<br />

Tempo (Horas)<br />

40 45 50<br />

Figura 2 - Atividade enzimática relativa para células de K. laeris cultivadas em SUF, sob regime de<br />

"batelada alimentada"<br />

5 - ABSTRACT<br />

Klllyveromyees laeris has been explored in<br />

the industrial production of b-Galactosidase,<br />

presenting a good growth in cheese whey, a waste<br />

of the dairy industry. Previous studies<br />

demonstrated that the relative activity of b­<br />

Galactosidase hold a maximum in the end of the<br />

phase log of the growth of K. laetis. This work<br />

had as objective the determination of the<br />

necessary parameters for the maintenance of the<br />

cells of K. laetis in this phase, using biorreator<br />

type "feed batch". Thc cells were cultivated<br />

aerobic conditions in ultrafiltred cheese whey, to<br />

the ambient temperature under constant<br />

agitation. The mass of cells in suspension was<br />

measured by the absorbance to 600 nm. The<br />

enzymatic activity was accompanied by the<br />

conversion of ONPG in ONP. The concentration<br />

of ONP was analyzed through absorbance to<br />

420nm. For the obtained results, it was observed<br />

that the conditions that allowed most relative<br />

activity of b-Galactosidase were population of<br />

00(>00=3,5-4,0, obtained with the flow of 0,3-<br />

O,4mL/min.<br />

Palavras-chave: p-G alactos id ase,<br />

Kluyveromyees laetis. whey.<br />

• •<br />

digitalizado por<br />

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

BONEKAMP, F.J.; OOSTEROM, J. On safety<br />

of Klyverolllyees laetis - a review. AppI.<br />

MicrobioI. Biotechnol., v.4l, p. 1-3, 1994.<br />

KULIKOVA, A K., GOMARTELI, M. M.,<br />

TSERETELI, A K., BEZBOOOROV, A.M.,<br />

KVESITADZE, G. l., BILAI, T. I. b-galactosidase<br />

of lower eucaryotes (fungi and yeasts)(review ).<br />

Prikladnaya Biokhimiya i Mikrobiology, v.<br />

25, n. 6, p. 734-746, 1989.<br />

RICHMOND, M. L.; GRAY, J.I.; STINE, C.M.<br />

Beta-galactosidase: Review of research related<br />

to technological application, nutircional<br />

concers, and immobilization. Journal of Dairy<br />

Science, Baltimore, v.64, p.1759- 1771,1981.<br />

SANTIAGO, P. A. Contribuição ao estudo da<br />

produção de b-galctosidase por fermentação<br />

de soro de queijo com Kluy veromyces<br />

marxiallus . Uberlândia, 2004. Dissertação<br />

(Mestre em Engenharia Química), Faculdade de<br />

Engenharia Química, Universidade Federal de<br />

UberIândia (UFU).<br />

SISO, M.LG.; CERDÁN, E.; PICOS, M.A.F. et aI.,<br />

Permeabilization of Klyveromyees laetis cells for<br />

milk whey sacharification: A comparison of<br />

diferent treatments. Biotechnology Techniques,<br />

Londres, v.6, n.4, p.289-292, 1992.<br />

• • • •<br />

Pág. 471<br />

arvoredoleite.org


l<br />

Pág. 472<br />

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Pág. 476<br />

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