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www.arvoredoleite.org<br />
Esta é uma cópia digital de um documento que foi preservado para inúmeras gerações nas prateleiras da biblioteca Otto<br />
Frensel do Instituto de Laticínios Cândido Tostes (ILCT) da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG),<br />
antes de ter sido cuidadosamente digitalizada pela Arvoredoleite.org como parte de um projeto de parceria entre a<br />
Arvoredoleite.org e a Revista do Instituto de Laticínios Cândido Tostes para tornarem seus exemplares online. A Revista do<br />
ILCT é uma publicação técnico-científica criada em 1946, originalmente com o nome FELCTIANO. Em setembro de 1958, o seu<br />
nome foi alterado para o atual.<br />
Este exemplar sobreviveu e é um dos nossos portais para o passado, o que representa uma riqueza de história, cultura e<br />
conhecimento. Marcas e anotações no volume original aparecerão neste arquivo, um lembrete da longa jornada desta<br />
REVISTA, desde a sua publicação, permanecendo por um longo tempo na biblioteca, e finalmente chegando até você.<br />
Diretrizes de uso<br />
A Arvoredoleite.org se orgulha da parceria com a Revista do Instituto de Laticínios Cândido Tostes da EPAMIG para digitalizar<br />
estes materiais e torná-los amplamente acessíveis. No entanto, este trabalho é dispendioso, por isso, a fim de continuar a<br />
oferecer este recurso, tomamos medidas para evitar o abuso por partes comerciais.<br />
Também pedimos que você:<br />
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para informar as pessoas sobre este projeto e ajudá-las a encontrar materiais adicionais no site. Não removê-las.<br />
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forma e/ou em qualquer lugar. Reiteramos que as penalidades sobre violação de propriedade intelectual podem ser bastante<br />
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Sobre a Arvoredoleite.org<br />
A missão da Arvoredoleite.org é organizar as informações técnicas e torná-las acessíveis e úteis. Você pode pesquisar outros<br />
assuntos correlatos através da web em http://arvoredoleite.org.
II<br />
digitalizado por<br />
N<br />
11<br />
N<br />
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arvoredoleite.org
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criativa para auxiliar a indústria de latidnios. Sua!<br />
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I<br />
Revista do Instituto de Laticínios "Cândido Tostes" a Jul/Ago, n2 345, 6.0.: 1-471, 2005<br />
REVISTA DO INSTITUTO DE LATiCíNIOS<br />
"CÂNDIDO TOSTES"<br />
DAIRY JOURNAl<br />
BIMONTHLV PUBLlSHED BV THE<br />
"CÂNDIDO TOSTES" DAIRV INSTITUTE<br />
ANAIS DO<br />
XXII CONGRESSO<br />
NACIONAL DE<br />
LATiCíNIOS<br />
EPAMIG<br />
EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA DE MINAS GERAIS<br />
Centro Tecnológico<br />
Instituto de Laticínios "Cândido Tostes"<br />
Revista do Instituto de Laticínios "Cândido Tostes"<br />
Juiz de Fora (MG) . Vol. 60 (345); 1-471 - Jul/Ago de 2005<br />
digitalizado por<br />
arvoredoleite.org<br />
BIBL.IO reCA
Revista do Instituto de laticínios "Cândido Tostes" - Jul/Ago, n2 345, 6.0.: 1-471, 2005<br />
Governo do Estado de Minas Gerais<br />
Aécio Neves da Cunha<br />
Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento Gerais<br />
Silas Brasileiro<br />
Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais<br />
Baldonedo Arthur Napoleão - Presidente<br />
Luiz Carlos Gomes Guerra - Diretor de Administração e Finanças<br />
Manuel Duarte Xavier - Diretor de Operações Técnicas<br />
Centro Tecnológico · Instituto de laticínios Cândido Tostes<br />
Comitê Gerencial<br />
Gerson Occhi - Chefe do CT/ILCT<br />
Fernando Antônio Resplande Magalhães - Ger. Estadual do Programa de Pesquisa Processamento Agroindustrial<br />
Danielle Braga Chelini Pereira - Coord. do Programa Ensino Leite e Derivados<br />
José Lourenço Pereira Russi - Supervisor do Núcleo de Administração e Finanças<br />
Nelson Tenchini Macedo - Supervisor do Núcleo de Indústria e Comércio<br />
Editoração Eletrônica<br />
<br />
.llil<br />
-Ce-t.c<br />
, gráfico e editoro<br />
artes gráficas<br />
(32) 3217-0283<br />
Revista do Instituto de laticínios Cândido Tostes<br />
Luiza Carvalhaes Albuquerque<br />
Coordenadora de Transferência e Difusão de Tecnologia<br />
Especialista em Marketing e Qualidade Total<br />
Jornalista Responsável<br />
Vania Lucia Alves Lacerda<br />
Reg. Prof. 4.72 9/MG<br />
Corpo Revisor da Revista do ILCT<br />
Adauto de Matos Lemos<br />
Célia Lucia Luces Fortes Ferreira<br />
Daise Aparecida Rossi<br />
Edna Froeder Arcuri<br />
Fernando Antônio Resplande Magalhães<br />
Luiz Ronaldo de Abreu<br />
Luiza Carvalhaes de Albuquerque<br />
Paulo Henrique Fonseca da Silva<br />
Os trabalhos apresentados são de inteira responsabilidade de seus autores.<br />
Juiz de Fora, julho de 2005<br />
EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA DE MINAS GERAIS<br />
D EPAMIG •<br />
Impressão<br />
te.<br />
".-<br />
CENTRAL<br />
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GRÁFICA E EDITORA<br />
(32) 3215-8988<br />
Revista do Instituto de Laticínios "Cândido Tostes", n. 1 - 1946 - Juiz de Fora. Instituto de Laticínios "Cândido<br />
Tostes", 1946.<br />
v. ilust. 23 cm<br />
n. 1-19 (1946-48), 27 cm, com nome de Felctiano, n. 20-73 (1948-57), 23 cm, com o nome de Felctiano.<br />
A partir de setembro de 1958, com o nome de Revista do Instituto de Laticínios "Cândido Tostes".<br />
1. Zootecnia - Brasil - Periódicos. 2. Laticínios - Brasil Periódicos<br />
1. Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, Juiz de Fora, MG, ed.<br />
ISSN 0100-3674 CDU 636/637(81)(50)<br />
Revista do Instituto de laticínios "Cândido Tostes" D Jul/Ago, n2 345, 6.0.: 1-471, 2005<br />
XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
"Inserção do Brasil no Mercado Internacional de Lácteos"<br />
COMISSÃO ORGANIZADORA<br />
Coordenação Geral<br />
Artur Fernandes Gonçalves Filho - SEDE<br />
Gerson Occhi CT/ILCT<br />
. Comissão Administrativa Financeira<br />
José Lourenço Pereira Russi - CT/ILCT<br />
José Roberto Enoque - SEDE<br />
Comissão de Recepção e Credenciamento<br />
Si Iene Santos de Mendonça - CT/ILCT<br />
Comissão de Divulgação e Marketing<br />
Cristina Barbosa de Assis - SEDE<br />
Comissão Científica<br />
Adauto de Matos Lemos - CT/ILCT<br />
Comissão EXPOMAQ<br />
Sônia Maria Borges - CT/ILCT<br />
Luiz Fernando Drummond Alves - SEDE<br />
Comissão EXPOLAC<br />
Nelson Luiz Tenchini de Macedo - CT/ILCT<br />
COMISSÃO CIENTíFICA<br />
Coord. Adauto de Matos Lemos - EPAMIG/CT/ILCT .<br />
Antônio Carlos Savino de Oliveira - EPAMIG/CT/ILCT<br />
Braz dos Santos Neves - EPAMIG/CT/ILCT<br />
Cláudia Eugênia Castro Brav.o Martins - UFLA/CNPq<br />
Cristina Thielmann - EPAMIG/CT/ILCT<br />
Danielle Braga Chelini Pereira - EPAMIG/CT/ILCT<br />
Edna Froeder Arcuri - Embrapa Gado de Leite<br />
Eloá Corrêa de Souza - EPAMIG-CT/ILCT<br />
Fernando Antônio Resplande Magalhães - EPAMIG-CT/ILCT<br />
Heloíza Maria de Souza - EPAMIG/CT/ILCT<br />
ítalo Tuler Perroni - EPAMIG/CT/ILCT<br />
José Alberto Bastos Portugal - CES JF/CBQL<br />
José Roberto Ferreira - Embrapa Gado de Leite<br />
Luíza Carvalhaes Albuquerque - EPAMIG/CT/ILCT<br />
Maria Aparecida V. Paiva e Brito - Embrapa Gado de Leite<br />
Márcia Aparecida Crivelari Porto - EPAMIG/CT/ILCT<br />
Marco Antônio Furtado - UFJF/FFB<br />
Michael Mitsuo Saito - EPAMIG/CT/ILCT<br />
Paulo Henrique Fonseca da Silva - EPAMIG/CT/ILCT<br />
Rodrigo Stephani - EPAMIG/CT/ILCT<br />
Silmat Carla da Silva - EPAMIG/CT/ILCT<br />
A Comissão Organizadora agradece a todos os funcionários do CT/ILCT e a todas<br />
as pessoas que colaboraram direta ou indiretamente para a realização do<br />
XXII Congresso Nacional de Laticínios.<br />
digitalizado por<br />
arvoredoleite.org<br />
Pág. III
Revista do Instituto de Laticínios "Cândido Tostes" • Jul/Ago, n2 345, 6.0.: 1-471, 2005<br />
3M do Brasil LIda<br />
ABC Comércio e Representações LIda.<br />
RELAÇÃO DE PARTICIPANTES NA EXPOMAQ/2005<br />
ABIQ Associação Brasileira das Indústrias de Queijos<br />
AEB Bioquímica Latino Americana S/A<br />
Alpax Comércio de Produtos para Laboratório LIda.<br />
AM Brasil Comércio Importação e Exportação LIda.<br />
André Luiz Lima de Souza -Casa Forte<br />
APV South América Ind. e Com. LIda.<br />
BKG Rotem Química do Brasil LIda.<br />
Brassell Com., Importação e Exportação LIda.<br />
Bunge Alimentos S/A<br />
Cap Lab Comercial LIda.<br />
Carvalho & Fernandes Insumos p/ Ind. Alim Ldta.<br />
Chamfer Ind. e Com.Ferr.Prod.Plásticos LIda.<br />
CHR Hansen Indústria e Comércio LIda.<br />
Clariant Comercial S/A<br />
Clyrep Serviços Gráficos LIda.<br />
Codmarc Codif. p/ Marc. Com. e Serviços LIda.<br />
Conservas Ritter S/A Ind., Agrícola e Comercial<br />
CONSILCT-Empresa Júnior de Consultoria ILCT<br />
Danisco Cultor Brasil Llda/Fermentech<br />
Delgo Metalúrgica LIda.<br />
Descartável Embalagens LIda.<br />
Desnate Ind e Com de Peças p/ Centrífugas LIda.<br />
Dinieper Indústria Metalúrgica LIda.<br />
Doce Aroma Comercial LIda.<br />
Editora Dipemar - Rev Leite & Derivados<br />
Embrapa - Gado de Leite<br />
Emil - Empresa Mineira LIda.<br />
Engefril Ind e Com LIda.<br />
Etiquetadora Amaral LIda.<br />
Eurochem Internacional do Brasil LIda.<br />
Eximaq Ind. Com. de Equip. Industriais LIda.<br />
Fermentech Com. de Insumos p/Alimentos LIda.<br />
Fibrasa Nordeste S/A<br />
FIBRAV - Fibra de Vidro de Lambari<br />
Fitatex Etiquetas e Embalagens LIda.<br />
Fortuce & Fortuce LIda.<br />
G100 Assoe. Bras. de Peq. e Médias Cooperativas e<br />
Empresas de Laticínios<br />
Gelobraga Refrigeração LIda.<br />
Gemacon Comércio e Serviços LIda.<br />
Geraldo Rafael da Silva (Casa das Desnatadeiras)<br />
Globalfood - Sistemas, Ingred. Tecnol.p/Alimentos<br />
Globo Inox Equipamentos Industriais LIda.<br />
Grati Indústria e Comércio LIda.<br />
Helifer Comércio e Representação LIda.<br />
Hexis Científica<br />
Hiper Centrifugation LIda.<br />
Huhtamaki do Brasil LIda.<br />
IGE-Indústria Mecânica Geiger LIda.<br />
Importador e Exp. de Medidores Poli mate LIda.<br />
Pág. IV<br />
Incalfer do Brasil LIda.<br />
Indústria de Papéis Sudeste<br />
Injesul Plásticos Ind e Com LIda.<br />
Inoxmilk Ind. e Com. LIda.<br />
Inoxta Comercial LIda.<br />
INPA Indústria de Embalagens Santana S/A<br />
Interozone do Brasil LIda.<br />
ISP do Brasil LIda.<br />
Jandaplast Indústria LIda.<br />
Johnson Diversey Brasil LIda.<br />
Jorvic do Brasil LIda.<br />
Josmaq Equipamentos p/lndúdtria Alimentícia<br />
Kerry do Brasil LIda.<br />
Laborclin Produtos para Laboratorio<br />
Laktron Indústria Eletrônica LIda.<br />
Madasa do Brasil LIda.<br />
Makplan Comércio e Representação LIda.<br />
Maksist Comércio e Serviços LIda.<br />
Maria da Graças Silva Teixiera - Inoxsul<br />
Mastervac Ind. e Com. De Máquinas LIda.<br />
Matrix Ingedientes Com. e Rep. LIda.<br />
MecânicaTony LIda.<br />
Mercopack Embalagens LIda.<br />
Meta Tecnologia em Sistemas LIda.<br />
Metalgráfica Palmira LIda.<br />
Mirainox LIda.<br />
Módulo Embalagens Ind. E Com. LIda.<br />
Multidraw Eng.e Proj.lndl. e Ambientais LIda.<br />
Office Informática LIda.<br />
Packo Plurinox do Brasil LIda.<br />
Paraindustrial Com. de Embalagens LIda.<br />
Poly Vac S/A Ind. e Com. de Embalagens<br />
Prefeitura Municipal de Juiz de Fora<br />
Produtos Macalé LIda.<br />
Resinar Materiais Compostos LIda.<br />
Revista Indústria de Laticínios<br />
Sacco Com., Imp. e Exp. de Alimentos LIda.<br />
Saporati do Brasil LIda.<br />
Selovac Indústria e comércio LIda.<br />
Separatori Indústria e Com. de Centrífugas LIda.<br />
SIG Combiblok do Brasil LIda.<br />
SILEMG -M.G<br />
Spirax Sarco Indústria e comércio LIda.<br />
Tate e Lyle do Brasil S.A<br />
Terom do Brasil<br />
Tetra Pak LIda.<br />
TKC Indústria e Comércio LIda.<br />
Trevi Indústria Mecânica LIda.<br />
Unipac Embalagens LIda.<br />
Universidade Federal de Goiânia<br />
Westfalia Separator do Brasil LIda.<br />
York International LIda.<br />
Revista do Instituto de Laticínios "Cândido Tostes" - Jul/Ago, n2 345, 6.0.: 1-471, 2005<br />
Cooperativa de Laticínios de Campezina<br />
RELAÇÃO DE PARTICIPANTES NA EXPOLAC/2005<br />
COOPNOROESTE - Coop. Agrop. Noroeste do MT LIda<br />
Coop. dos Produtores de Leite de Além Paraíba<br />
Fundação Arthur Bernardes<br />
Cooperativa Laticínios Selita<br />
Ind. Com. de Produtos de Leite Bombardelli<br />
Coop. Agropecuária do Vale do Paracatu LIda<br />
Cooperativa de Laticínios de Promissão<br />
Indústrias Flórida LIda<br />
Centro Federal de Educação Tecnológica de Rio Pomba<br />
Coop. dos Produtores de Leite de Mar de Espanha Resp. LIda<br />
Serrote Branco Agroindustrial LIda<br />
Marfim Indústria e Comércio LIda<br />
Coop. Agropecuária de São João Nepomuceno de Resp LIda<br />
Agroindústria Guarani LIda<br />
Laticínios Gardingo<br />
Laticínios Cruziliense LIda<br />
Quá-Quá Ind. Alimentícia LIda<br />
Coop.· Reg. Agropecuária de São Domingos do Prata<br />
Coop. Laticínios Vale do Mucuri LIda<br />
Laticínios Exterkoetter LIda<br />
Laticínios Bom Destino<br />
Laticínios Mundo Doce<br />
digitalizado por<br />
Laticínios Vimilk<br />
Alvarenga e Cia. LIda<br />
Vara Hanna Com. e Ind. LIda<br />
Laticínios Curral de Minas LIda<br />
Empresa Agropecuária Rio Bonito LIda<br />
Coop. Mista Agropecuária Witmarsum LIda<br />
Laticínios Carrancas LIda<br />
COOPAVEL Coop. Agroindustrial<br />
Indústria de Laticínios MSP<br />
Lactoplasa Ind. de Laticínios do Planalto S/A<br />
Laticínios V.J. Oliveira LIda<br />
Marco Antônio Assis Moreira<br />
Coop. Agropecuária Vale do Rio Doce LIda<br />
Laticínios Tirolez LIda<br />
Laticínios Verde Campo LIda<br />
Laticínios Tirolez LIda<br />
Laticínios DaMatta Ind. e com. LIda<br />
Cayuaba Agroindustrial LIda<br />
Palmieri & Almeida Com. e Ind. de Laticínios LIda<br />
Laticínios Nogueira Montanhês<br />
Laticínios Tânia Ind. e Com. LIda<br />
Complexo Agroindustrial Pindobas LIda<br />
arvoredoleite.org
Revista do Instituto de Laticínios "Cândido Tostes" - Jul/Ago, nQ 345, 6..0.: 1-471, 2005<br />
SUMÁRIO<br />
PALESTRAS<br />
TENDÊNCIAS E NOVOS DESENVOLVIMENTOS NO MERCADO DE QUEIJO PROCESSADO -<br />
UMA VISÃO MUNDIAL - E TAMBÉM EM RELAÇÃO A REDUÇÃO DE SÓDIO NA<br />
NUTRIÇÃO HUMANA .................................................................................................................................... 1<br />
MICROCRISTALlZAÇÃO EM LEITES CONCENTRADOS: UMA REVISÃO .................................... 2<br />
INSERÇÃO DO BRASIL NO MERCADO INTERNACIONAL DE LÁCTEOS .................................... 6<br />
USO DE EDULCORANTES EM ALIMENTOS E EM PRODUTOS LÁCTEOS .................................. 7<br />
COMUNICAÇÕES TÉCNICAS<br />
COMPETITIVIDADE DO SETOR LÁCTEO NACIONAL: GESTÃO DA LOGÍSITICA DE<br />
CAPTAÇÃO DE LEITE ................................................................................................................................. 15<br />
ANÁLISE DOS DETERMINANTES DA EFICIÊNCIA NAS TRANSAÇÕES DE EXPORTAÇÕES<br />
DE PRODUTOS LÁCTEOS BRASILEIROS .............................................................................................. 23<br />
DESENVOLVIMENTO DE IOGURTE COM LACTOSE REDUZIDA PARA PACIENTES<br />
INTOLERANTES POR MEIO DE FERMENTAÇÃO E ADIÇÃO DE LACTASE ............................ 29<br />
ALTERAÇÃO DO PERFIL ELETROFORÉTICO DE PROTEÍNAS DO LEITE EM RAZÃO DO<br />
CRESCIMENTO DE PSEUDOMONAS FLUORESCENS ........................................................................ 38<br />
EMBALAGEM ATIVA PARA A FABRICAÇÃO DE LEITE DELACTOSADO ................................. .45<br />
POSTER'S<br />
INFLUÊNCIA DA ÁGUA INDUSTRIAL EM PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLE, EM<br />
LATICÍNIO DE BANDEIRANTES - PARANÁ ....................................................................................... 49<br />
LEITE DESNATA DO, CALDO MRS E SUCO DE MAÇÃ GALA COMO INÓCULOS PARA<br />
FERMENTAÇÃO PROBIÓTICA EM SUCO DE MAÇÃ ......................................................................... 53<br />
ANÁLISE DE CAPACIDADE: UMA IMPORTANTE FERRAMENTA ESTATÍSTICA NO<br />
CONTROLE DE PROCESSOS INDUSTRIAIS NA PRODUÇÃO DE LEITE UHT .......................... 56<br />
RESISTÊNCIA A ANTIMICROBIANOS EM SALMONELLA SP. E ESCHERICHIA COL!<br />
ISOLADOS DE QUEIJO "MINAS FRESCAL" .......................................................................................... 59<br />
QUALIDADE MICROBILÓGICA DO LEITE HUMANO ORDENHADO .......................................... 62<br />
QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DO LEITE PA STEURIZADO COMERCIALIZADO EM<br />
JUIZ DE FORA NO ANO DE 2004 SOB INSPEÇÃO MUNICIPAL ..................................................... 65<br />
A VALlAÇÃO MICROBIOLÓGICA DO QUEIJO TIPO MINAS FRESCAL COMERCIALIZADO<br />
EM JUIZ DE FORA E REGIÃO NO ANO DE 2004 ................................................................................. 68<br />
QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE ÁGUAS UTILIZADAS POR PEQUENAS INDÚSTRIAS<br />
DE ALIMENTOS DE JUIZ DE FORA NO ANO DE 2004 ..................................................................... 7 I<br />
TENDÊNCIAS DA PRODUÇÃO DE LEITE NO BRASIL ..................................................................... 74<br />
AVALIAÇÃO SENSORIAL DE LEITE UHT COM BAIXO TEOR DE LACTOSE .......................... 77<br />
CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DE LEITE CRU DO CEFET-RP ..................................... 80<br />
CONSERVAÇÃO DE AMOSTRAS DE LEITE CRU PARA A DETERMINAÇÃO DA CONTAGEM<br />
BACTERIANA POR CITOMETRIA DE FLUXO ..................................................................................... 83<br />
Pág. VI<br />
F<br />
Revista do Instituto de Laticínios "Cândido Tostes" - Jul/Ago, nQ 345, 6..0.: 1-471, 2005<br />
PERFIL FÍSICO-QUÍMICO DO LEITE UHT COMERCIALIZADO EM RIO VERDE, GO . ..... ... 85<br />
ACEITABILIDADE E RENDIMENTO DE QUEIJO MINAS FRESCAL ADICIONADO DE<br />
SORO DE LEITE EM PÓ ............................................................................................................................... 87<br />
PESQUISA DE RESÍDUOS DE ANTIBIÓTICOS EM AM
Revista do Instituto de laticínios "Cândido Tostes" • Jul/Ago, nº 345, 6..Q: 1-471, 2005<br />
APLICAÇÃO DO MÉTODO ESTATÍSTICO FATORIAL NA AVALIAÇÃO DA PUREZA DA<br />
GORDURA DE LEITE EM PRODUTOS LÁCTEOS ................... ; ........................................................ 165<br />
VERIFICAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE FRAUDE AQUOSA EM LEITE CRU ............................... 168<br />
A VALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE LEITE PASTEURIZADO TIPO B<br />
PRODUZIDO EM UMA USINA DE BENEFICIAMENTO DA ZONA DA MATA DE MINAS<br />
GERAIS ......... ................................................................................................................................................... 171<br />
ASPECTOS DE QUALIDADE DO LEITE CRU EM DUAS USINAS DE BENEFICIAMENTO DA<br />
ZONA DA MATA DE MINAS GERAIS: CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS (CSS) ......... 173<br />
AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE QUEIJO MINAS ARTESANAL DO CONCURSO<br />
MUNICIPAL DE MEDEIROS-MG ............................................................................................................ 179<br />
PERFIL SENSORIAL DE SORVETE DE CHOCOLATE ...................................................................... 182<br />
ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA PA RA A IMPLANTAÇÃO DE<br />
UNIDADE DE PROCESSAMENTO DE SORVETE .......................... .................................................. .. 187<br />
DESENVOLVIMENTO DE LEITE ACIDÓFILO SABOR MORANGO COM PREBIÓTICO ...... 192<br />
INCIDÊNCIA DE STAPHYLOCOCCUS SP. E STAPHYLOCOCCUS COAGULASE POSITIVA<br />
EM QUEIJOS DE COALHO ARTESANAL E INDUSTRIAL COMERCIALIZADOS EM<br />
FORTALEZA. CEARÁ .................................. ............................................................................................... 195<br />
QUALIDADE MICROBIOLÓGICA E FÍSICO-QUÍMICA DE LEITE TIPO C COMERCIALIZADO<br />
EM CURITIBA E REGIÃO METROPOLITANA ........... ....................................................................... 199<br />
DIAGNÓSTICO DA TECNOLOGIA E PLANEJAMENTO DE PROCEDIMENTOS<br />
PADRONIZADOS DE LIMPEZA E SANIFICAÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE ORDENHA<br />
MECÂNICA TIPO CANALIZADA ............... ........................................................................................... 202<br />
DESVIOS DE QUALIDADE NO PROCESSAMENTO DE IOGURTE EM FUNÇÃO DA<br />
CONTAMINAÇÃO DO LEITE CRÚ COM MICRORGANISMOS PSICROTRÓFICOS ................ 204<br />
O COTIDIANO NO ENSINO DO PROCESSAMENTO DE QUEIJOS: RECURSOS<br />
INSTRUCIONAIS ALTERNATIVOS ................. .................................. ............... ... .................................... 205<br />
PROPRIEDADES REOLÓGICAS E SENSORIAIS DE REQUEIJÃO CREMOSO COM<br />
DIFERENTES TECNOLOGIAS DE COAGULAÇÃO . .................................................................... ...... 208<br />
O AMBIENTE GLOBAL DE NEGÓCIOS DAS INDÚSTRIAS DE LATICÍNIOS ENVOLVENDO<br />
NEGOCIAÇÕES E FIDELIZAÇÃO DE CLIENTES ................................................ ......... ..................... 2 1 I<br />
CARACTERÍSTICAS FÍS ICO-QUÍM ICAS DE QUEIJOS DE COALHO INDUSTRIAIS E<br />
ARTESANAIS PRODUZIDOS NO ESTADO DO CEARÁ ..................................................... .............. 214<br />
AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE QUEIJOS DE COALHO ARTESANAIS E<br />
INDUSTRIALIZADOS COMERCIALIZADOS EM FO RTALEZA, CE ................................... .... ..... 217<br />
BACTÉRIAS ÁCIDO LÁ TICAS ISOLADAS DE QUEIJOS DE COALHO ARTESANAIS<br />
COMERCIALIZADOS EM FORTALEZA, CE ................................. .......................... ......... .................... 22 1<br />
ENTEROTOXINA ESTAFILOCÓCICA EM QUEIJO DE COALHO INDUSTRIALIZADO ....... 224<br />
A VALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS E DOS ÍNDICES DE<br />
MATURAÇÃO DE DIFERENTES TIPOS DE QUEIJOS ........ ............................................................. 23 I<br />
.. L - -<br />
.<br />
-'""fM AT URAÇAO DE QUEIJO PRATO: COMPARAÇAO ENTRE O PRODUTO INTEGRAL E O<br />
PRODUZIDO COM TEOR REDUZIDO DE GORDURA ................... ........ .......................................... 235<br />
SEPARAÇÃO DAS PROTEÍNAS DO SORO DE QUEIJO POR ADSORÇÃO UTILIZANDO<br />
HIDROXIAPATITA E CARVÃO ATIVADO COMO ADSORVENTES .............................................. 239<br />
AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DO QUEIJO MANTEIGA COMERCIALIZADO À<br />
TEMPERATURA AMBIENTE E SOB REFRIGERAÇÃO ....................................... ......................... ... 242<br />
DETECÇÃO DE FRAUDE EM LEITE POR ADIÇÃO DE ETANOL .............. ................................ 245<br />
INTERAÇÕES ENTRE PREBIÓTICOS E BIF/DOBA CTERIUM LA CTIS BB-12 EM MEIO<br />
A BASE DE SORO ...................................................................................... ................................................... 249<br />
Pág. VIII<br />
- fi-<br />
Revista do Instituto de laticínios "Cândido Tostes" - Jul/Ago, nº 345, 6..Q: 1-471, 2005<br />
QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DO QUEIJO TIPO COALHO SUBMETIDO A<br />
TRATAMENTO TÉRMICO COMERCIALIZADO EM ARACAJU/SE ............................................. 253<br />
AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS, CONTAGEM DE CÉLULAS<br />
SOMÁTICAS (CCS) E DETECÇÃO DE RESÍDUOS DE ANTIBIÓTICOS NO LEITE<br />
NOSSA SENHORA DA GLÓRIA - SE ... ........................................................................................... ....... .. 256<br />
EFEITO DO SORO DE QUEIJO NA ACEITAÇÃO DE PÃO DE FORMA ...................................... 259<br />
EFEITO DO SORO DE QUEIJO NAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DE PÃO DE FORMA .... 262<br />
PERFIL QUÍMICO E FÍSICO-QUÍMICO DE BASES LÁCTEAS FERMENTADAS TIPO<br />
FLAN COM DIFERENTES TIPOS DE ESPESSANTES ...................................................................... 264<br />
A VALIAÇÃO QUÍMICA E FÍSICO-QUÍMICA DO QUEIJO TIPO PRATO ADICIONADO DE<br />
BIF/DOBA CTERIUM LA CTIS DURANTE A MATURAÇÃO ............................................................. 268<br />
A VALIAÇÃO DA VIABILIDADE MICROBIOLÓGICA DO LEITE EQUINO PARA O<br />
CONSUMO HUMANO ................................................................................................................................. 27 1<br />
PESQUISA DE RESÍDUO DE ANTIBIÓTICO - LACTÂMICOS NO LEITE DE CABRA CRU<br />
FORNECIDO A SEIS MINI USINAS DO CARIRI PARAIBANO .......... .......................................... 274<br />
PESQUISA DE MICRORGANISMOS MESÓFILOS BASEADO NO SISTEMA DE ANÁLISES DE<br />
PERIGOS E PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLE - APPCC EM SEIS MINI USINAS DE<br />
LEITE DE CABRA DO CARIRI PA RAIBANO ........................... ........................................................... 276<br />
CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DO LEITE DE CABRA CRU E PASTEURIZADO<br />
EM SEIS MINI-USINAS DO CARIRI PARAIBANO ............................................................................. 279<br />
MÉTODO ALTERNATIVO PARA ENUMERAÇÃO DE BACTÉRIAS LÁTICAS ........................ 283<br />
FORMULAÇÃO E AVALIAÇÃO DE DOCES DE LEITE EM PASTA SEM ADIÇÃO<br />
DE AÇÚCAR .............. ........................ ........................................................................... ................. ................. 285<br />
AVALIAÇÃO DE FILME ANTIMICROBIANO PA RA CONSERVAÇÃO DE QUEIJO<br />
COALHO .......... .................... ................................. ................................................................................ ..... ..... 288<br />
AVALIAÇÃO E DESENVOLV IMENTO DE FILME ANTIMICROBIANO LAMINADO NA<br />
CONSERVAÇÃO DE QUEIJO TIPO GORGONZOLA .......................................... .......................... .. .... 292<br />
MODULAÇÃO DE PA RÂMETROS MICROB IOLÓGICOS E DO PH PELO CLORETO DE<br />
SÓDIO, NO FERMENTO ENDÓGENO UTILIZADO NA PRODUÇÃO DE QUEIJO MINAS<br />
ARTESANAL DO ALTO PARANAÍBA ............................................................................................. ...... 295<br />
CARACTERÍSTICAS MICROSCÓPICAS DE QUEIJO MINAS ARTESANAL DA REGIÃO DO<br />
ALTO PARANAÍBA ..................................................................................................................................... 298<br />
DESENVOLV IMENTO DE PRODUTO ACHOCOLATADO EM PÓ PROBIÓTICO .................... 30 1<br />
PRODUTO LÁCTEO SIMBIÓTICO FERMENTADO COM CULTURA TERMOFÍLICA .......... 304<br />
TOLERÂNCIA "IN VITRO" AO ESTRESSE DIGESTIVO DE BACTÉRIAS PROPIÔNICAS<br />
ENDÓGENAS ISOLADAS DO CAMPO DAS VERTENTES, MINAS GERAIS ......................... ...... 308<br />
AVALIAÇÃO DE PA RÂMETROS CINÉTICOS DE ISOLADOS DE BACTÉRIAS PROPIÔNICAS<br />
ENDÓGENAS DO CAMPO DAS VERTENTES, MINAS GERAIS ..................... ........................ ........ 31 1<br />
LEITE FERMENTADO PROBIÓTICO TIPO SUNDAE CONTENDO LA CTOBA CILLUS<br />
ACIDOPHILUS ......................................................................................................... ..................................... 314<br />
BEBIDA LÁCTEA FERMENTADA COM GRÃOS DE QUEFIR ........................................................ 3 I 7<br />
PARÂMETROS MICROB IOLÓGICOS DE LEITE E ÁGUA UTILIZADOS NA FABRICAÇÃO<br />
DE QUEIJOS MINAS ARTESANAIS DA REGIÃO DO ALTO PARANAÍBA .................. ............... 321<br />
SISTEMAS DE PROTEÇÃO E VALORIZAÇÃO DE PRODUTOS AGRO-ALIMENTARES ... .... 325<br />
INFLUÊNCIA DA HOMOGENEIZAÇÃO DE CREME NA ACELERAÇÃO DA MATURAÇÃO<br />
DE QUEIJO GORGONZOLA ......................... ............................................................................ ................. 328<br />
ÍNDICE DE STAPHYLOCOCCUS SP E ESCHERICHIA COL! EM QUEIJOS ARTESANAIS<br />
PRODUZIDOS NA EUROPA E NO BRASIL ........................................................................................... 33 I<br />
digitalizado por<br />
arvoredoleite.org
Revista do Instituto de Laticínios "Cândido Tostes" - Jul/Ago, nº 345, !ill: 1-471, 2005<br />
DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO SENSORIAL DE REQUEIJÃO CREMOSO<br />
SABOR PIZZA ............................................................................................................................................... 335<br />
INFUÊNCIA DA ALIMENTAÇÃO DE VACAS LEITEIRAS SOBRE OS TEORES DE<br />
GORDURA E ACIDEZ DO LEITE NA PRIMAVERA ........................................................................... 338<br />
GARANTIA DA QUALIDADE E SEGURANÇA ALIMENTAR NO PROCESSAMENTO<br />
DE LEITE UHT ............................................................................................................................................ 341<br />
AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E QUANTIFICAÇÃO DE LACTOBACILOS E<br />
BIFIDOBACTÉRIAS EM LEITES FERMENTADOS PROBIÓTICOS COMERCIALIZADOS<br />
EM CASCAVEL-PR ....................................................................................................................................... 345<br />
ELABORAÇÃO DE IOGURTE DE LEITE DE CABRA PREBIÓTICO - PARTE 2: AVALIAÇÃO<br />
DA COMPOSIÇÃO CENTESIMAL E DAS PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS ...................... 348<br />
IMPLANTAÇÃO DAS BOAS PRÁTICAS AGROPECUÁRIAS (BPA) EM QUEIJARIAS<br />
ARTESANAIS NA COMUNIDADE DOS CATULÉS, MUNICÍPIO DE SERRA<br />
DO SALITRE-MG ......................................................................................................................................... 352<br />
QUEIJO MINAS ARTESANAL: TECNOLOGIA DE FA BRICAÇÃO NA SERRA DO SALITRE -<br />
REGIÃO DO ALTO PARANAÍBA-MG ................................................................. ................................... 356<br />
QUEIJARIAS ARTESANAIS DO ALTO PARANAÍBA E SERRA DA CANASTRA: O<br />
TRADICIONAL QUARTO DE QUEIJO DO SÉCULO XVIII CEDE ESPAÇO PARA AS<br />
QUEIJARIAS CERTIFICADAS NO INSTITUTO MINEIRO DE AGROPECUÁRIA .................... 359<br />
COMPARAÇÃO DO TEOR DE GORDURA DO LEITE DE TRÊS ESPÉCIES NO SUDOESTE<br />
DA BAHIA ...................................................................................................................................................... 363<br />
CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DO LEITE DE BÚFALA COMPARADO COM<br />
LEITE DE VA CA .......................................................................................................................................... 366<br />
TEORES DE PROTEÍNA DO LEITE DE CABRA, VACA E BÚFALA ............................................ 368<br />
PROPRIEDADES TERMOFÍSICAS DOS LEITES DE CABRA E VACA ......................................... 37 O<br />
ANÁLISE SENSORIAL E CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE QUEIJO MINAS<br />
FRESCAL OBTIDO A PARTIR DE LEITE DE BÚFALA E V ACA ................................................... 3 7 3<br />
DESENVOLV IMENTO E AVALIAÇÃO SENSORIAL DE UMA BEBIDA LÁCTEA "TIPO<br />
UMBUZADA" ................................................................................................................................................ 376<br />
ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA PA RA A IMPLANTAÇÃO DE UMA<br />
UNIDADE DE FRACIONAMENTO DE LEITE NA REGIÃO CENTRO-OESTE DO BRASIL ...... 378<br />
ESTUDO COMPARATIVO DE DOIS MÉTODOS CROMATOGRÁFICOS PA RA ANALISES<br />
DE a-LACTOALBUMINA E -LACTOGLOBULINA ........................................................................ 382<br />
MICROBIOTA CONTAMINANTE DO LEITE CRU REFRIGERADO ............................................ 386<br />
DIFERENÇAS MORFOLÓGICAS DE LA CTOBA CILLUS DELBRUECK/l UFV H2B20 EM<br />
DIFERENTES MEIOS DE CULTIVO ....................................................................................................... 390<br />
V ARIAÇÃO DOS PA RÂMETROS OBTIDOS NA ANÁLISE DO PERFIL DE TEXTURA (TPA)<br />
DE QUEIJOS PROCESSADOS COM O TIPO DE RECIPIENTE UTILIZADO PA RA<br />
CONTER A AMOSTRA ............................................................................................................................... 393<br />
CORRELAÇÃO ENTRE A COMPOSIÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E OS PA RÂMETROS DA<br />
ANÁLISE DO PERFIL DE TEXTURA (TPA) DE QUEIJOS PROCESSADOS ............................. 397<br />
ANÁLISE DO PERFIL DE TEXTURA E CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DE<br />
REQUEIJÃO CREMOSO LIGHT COM FIBRA ALIMENTAR ............................................................ 404<br />
COMPARATIVO DA ATIVIDADE ENZIMÁTICA E DA PROTEÓLISE EM QUEIJO<br />
PRATO DE DIFERENTES ORIGENS ...................................................................................................... 409<br />
CAPACIDADE DE DERRETIMENTO DE REQUEIJÃO CREMOSO OBTIDO POR<br />
DIFERENTES PROCESSOS ........................................................................................................................ 4 I 4<br />
SORO DE QUEIJO: PERCEPÇÃO DO MERCADO CONSUMIDOR EM RELAÇÃO A SUA<br />
Pág. X<br />
-<br />
ir<br />
Revista do Instituto de Laticínios "Cândido Tostes" - Jul/Ago, nº 345, !ill: 1-471, 2005<br />
UTILIZAÇÃO ................................................................................................................................................ 418<br />
ANÁLISE GENERALIZADA DE PROCRUSTES EM ANÁLISE SENSORIAL ............................... 42 I<br />
QUALIDADE MICROBIOLÓGICA E FÍSICO-QUÍMI , CA DO LEITE TIPO "C"<br />
PASTEURIZADO, COMERCIALIZADO NO MUNICIPIO DE BETIM - MG .............................. 423<br />
ANÁLISES DE FOSFATASE ALCALINA RESIDUAL EM QUEIJOS INSPECIONADOS PELO<br />
ESTADO DE MINAS GERAIS .................................................................................................................... 427<br />
INFLUÊNCIA SAZONAL E REGIONAL SOBRE A COMPOSIÇÃO E A CONTAGEM DE<br />
CÉLULAS SOMÁTICAS DO LEITE CRU PRODUZIDO EM MINAS GERAIS ............................ 430<br />
INFLUÊNCIA SAZONAL SOBRE A CONTAGEM BACTERIANA DO LEITE CRU<br />
PRODUZIDO EM MINAS GERAIS .......................................................................................................... 434<br />
PERFIL FÍSICO-QUÍMICO DOS SOROS DE QUEIJOS MINAS PADRÃO E MUSSARELA<br />
PRODUZIDOS NO ESTADO DE MINAS GERAIS ............................................................................... 437<br />
PERFIL MICROBIOLÓGICO DOS SOROS DE QUEIJOS MINAS PADRÃO E MUSSARELA<br />
PRODUZIDOS EM MINAS GERAIS ......................................................................................................... 440<br />
AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE "KITS" DESTINADOS À DETECÇÃO DE RESÍDUOS<br />
INIBIDORES EM LEITE OBTIDO DE VACAS TRATADAS COM IVERMECTINA E<br />
ABAMECTINA .............................................................................................................................................. 442<br />
AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO GORDURA/PROTEÍNA DO LEITE CRU COMO ÍNDICE DE<br />
PROBLEMAS METABÓLICOS EM REBANHOS ................................................................................. 446<br />
CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E SENSORIAL DE BEBIDAS LÁCTEAS .<br />
FORMULADAS COM CASElNATO DE CÁLCIO EM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE<br />
SORO DE QUEIJO E LEITE ...................................................................................................................... 448<br />
DESENVOLVIMENTO DE CREME DE LEITE LlGHT PASTEURIZADO UTILIZANDO<br />
A MSR ............................................................................................................................................................... 452<br />
GERENCIAMENTO DE APPCC E BPF, SEM RELATÓRIOS IMPRESSOS EM PAPEL ............. 456<br />
DETERMINAÇÃO DE ADULTERAÇÃO DE LEITE EM PÓ COM SORO EMPREGANDO<br />
ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO PRÓXIMO (NIR) E QUIMIOMETRIA ................ 459<br />
QUEIJOS LIGHT COMERCIALIZADOS NA CIDADE DE SÃO PAULO: AVALIAÇÃO DA<br />
ROTULAGEM NUTRICIONAL COMPLEMENTAR COM ÊNFASE EM COLESTEROL E<br />
GORDURAS TOTAIS ................................................................................................................................... 463<br />
STATLAT: UM SOFTWARE GERENCIADOR DE CONCURSOS DE PRODUTOS LÁCTEOS ...... 467<br />
AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES OPERACIONAIS DE BIORREATORES DO TIPO<br />
"BATELADA ALIMENTADA", NA PRODUÇÃO DE -GALACTOSIDASE POR<br />
KLUYVEROMYCES LA CTlS EM SORO ULTRAFILTRADO ............................................................... 469<br />
digitalizado por<br />
Pág. XI<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiC í NIOS<br />
PALESTRAS<br />
TENDÊNCIAS E NOVOS DESENVOLVIMENTOS NO MERCADO DE QUEIJO PROCESSADO<br />
_ UMA VISÃO MUNDIAL - E TAMBÉM EM RELAÇÃO A REDUÇÃO DE SÓDIO NA<br />
NUTRiÇÃO HUMANA<br />
Trends and developments on the processed cheese market - a world-wide view - also<br />
with respect to sodium reduction in human nutrition<br />
1. DESENVOLVIMENTO EM QUEIJO<br />
PROCESSADO E NO MERCADO DE<br />
QUEIJO ENTRE 1999 - 2003.<br />
2. TEND Ê NCIAS PARA PRODUTOS DE<br />
QUEIJO PROCESSADO NA EUROPA E<br />
NO MERCADO MUNDIAL.<br />
3. NOVOS DESENVOLVIMENTOS EM<br />
QUEIJO PROCESSADO E NO<br />
MERCADO RELACIONADO.<br />
3.1. Produtos de Alto Valor Agregado.<br />
3.2. Análogos (Imitações) de Queijo.<br />
3.3. Produtos contendo Baixo Teor de<br />
Sódio.<br />
4. ESTABILIZAÇ ÃO EM ANÁLOGOS DE<br />
QUEIJO.<br />
s. DEMONSTRAÇÃO DE AMOSTRAS.<br />
Durante os últimos 15 anos o desenvolvimento<br />
de queijo processado tem seguido duas<br />
principais direções. Devido a concentração<br />
contínua em poucos produtores independentes<br />
ativos de queijo processado no mundo, um<br />
potencial para o crescimento do mercado de<br />
produtos populares como, por exemplo, fatiados<br />
e em porções, é só previsto no Leste - países do<br />
bloco Europeu, América Latina, próximo e médio<br />
Oriente e África do Norte. Entretanto, este<br />
segmento fica sujeito à pressão, vinda das redes<br />
de supermercados, em relação a preços permanentes.<br />
Reais inovações de produtos são<br />
somente vistas na área de especialidades em queijo<br />
processado. Este grupo de produto tem mostrado<br />
um crescimento significante.<br />
Atual mente os mercados em crescimento<br />
estão localizados no antigo bloco do Leste<br />
Europeu, principalmente a Federação Russa, na<br />
América do Sul, nos países árabes e África do<br />
Norte. Europa ocidental, os Estados Unidos da<br />
América e o Japão possuem mercados relativamente<br />
estáveis. Por outro lado, com trans-<br />
digitalizado por<br />
Dr. Andrea Maurer-Rothmann, BK Giulini GmbH, Alemanha.<br />
ferência de produções para a Europa oriental ou<br />
África do Norte, uma redução na produção em<br />
alguns países da Comunidade Europa deve ser<br />
esperada nos próximos anos.<br />
Muitos produtos alimentícios populares<br />
contêm queijo como um componente substancial<br />
do perfil de aroma deles. Em alguns casos ele não<br />
é somente o aroma, mas também possuem<br />
propriedades funcionais usando queijo natural ou<br />
processado como um ingrediente integral do<br />
produto alimentício desejado. Queijos processados<br />
em fatias utilizados em burguers e torrados<br />
necessitam de diferentes propriedades de fusão,<br />
comparado com aqueles usados em sanduiches.<br />
Queijo processado em blocos usado em coberturas<br />
de pizza tem excelentes propriedades de re-fusão<br />
e formação de fio, enquanto queijos processados<br />
em blocos posteriormente processados em embutidos<br />
devem ser termicamente estáveis.<br />
Produtos de queijo processado termicamente<br />
estáveis devem voltar a forma original<br />
deles depois de um aquecimento. Para que isto<br />
acontença, o procedimento a ser aplicado é<br />
significantemente diferente daquele descrito para<br />
produtos com boas propriedades de refusão. Caso<br />
necessário, sais emulsificantes especiais são<br />
utilizados na maior dosagem possível, enquanto<br />
as temperaturas usadas para produtos untáveis são<br />
empregadas . Altas concentrações de queijo<br />
processado usado com resfriamento lento após<br />
enchimento/envazamento são também vantajosos.<br />
Queijos processados termicamente resistentes<br />
são encontrados em produtos de<br />
panificação, embutidos, "cordon bleu", massas,<br />
biscoitos, sopas, saladas, porções para churrasco,<br />
produtos fritos e muitas outras aplicações. BK<br />
Giulini oferece sais fundentes especiais como<br />
JOHA S 234, JOHA BT I, BEKALPUS TS I,<br />
BEKAPLUS Q 6 para a utilização em produtos<br />
estáveis de panificação e fritos.<br />
Pág. 1<br />
arvoredoleite.org
Outra tendência neste mercado é também<br />
a redução total do sódio no produtos final, já<br />
que o consumo humano diário de sódio é muito<br />
alto. O desequilíbrio de sódio / potássio na nutrição<br />
humana pode causar problemas de saúde,<br />
como pressão sanguínea alta, aumento de risco<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICÍNIOS<br />
• • •<br />
de parada cardíaca, formação de edemas etc.<br />
B K Giulini oferece uma gama de sais fundentes<br />
sem sódio a range (JOHA S 9 K, JOHA S 4<br />
K) ou conteúdo reduzido de sódio. (JOHA B 9,<br />
JOHA B 50).<br />
• • •<br />
MICROCRISTALlZAÇÃO EM LEITES CONCENTRADOS: UMA REVISÃO<br />
Microcrystallization in concentrated milk: a review<br />
RESUMO<br />
í talo Tuler Perrone1<br />
Fabiana Queiroz Ferrua2<br />
Luiz Ronaldo de Abreu3<br />
Dentre os produtos lácteos que lideram as exportações brasileiras pode-se destacar o leite<br />
em pó e o leite condensado. A padronização, a identidade e a qualidade do leite condensado<br />
estão intimamente ligadas a sua textura. Uma textura arenosa é indesejável e normalmente<br />
está ligada ao aparecimento de cristais de !actose perceptíveis, ou sej a, com tamanho<br />
superior a 16 micrometros. O processo de microcristalização é uma ferramenta muito<br />
usada para controlar o número e o tamanho dos cristais de lactose no produto. Este<br />
consiste no resfriamento, para que ocorra a saturação da lactose na solução, e, adição, sob<br />
agitação, de núcleos de cristalização. Normalmente é empregada alfa lactose em pó como<br />
núcleo de cristalização. A velocidade e a uniformidade da agitação são fundamentais para<br />
a nacional. Um dos principais limitantes a padronização do doce de leite é a cristalização<br />
da lactose durante o armazenamento. A microcristalização do doce de leite é realizada com<br />
sucesso por algumas empresas, porém novas técnicas de controle são fundamentais para<br />
que as indústrias possam produzir produtos competitivos no mercado internacional. A<br />
padronização da tecnologia possibilita a obtenção de produtos uniformes e sem a presença<br />
de cristais perceptíveis ao paladar, o que caracteriza importantes atributos de qualidade<br />
sensorial como aparência, sabor e textura. A correta cristalização durante a fabricação do<br />
leite condensado e do doce de leite é fundamental para a identidade destes produtos. O<br />
entendimento deste processo é primordial para as indústrias brasileiras que queiram exportar<br />
lácteos concentrados.<br />
Palavras-chave: leites concentrados, lactose, microcristalização.<br />
Bacharel em Química, Mestrando em Ciência dos Alimentos (UFLA), Professor da EPAMIG/CT/ILCT.<br />
italoperrone@ig.com.br<br />
2 Engenheira de Alimentos, D.S. Engenharia de Alimentos (UNICAMP), Professora do Departamento de Ciência<br />
de Alimentos/UFLA. fqferrua@ufla.br<br />
3 Zootecnista, PhD Ciência de Alimentos (Wisconsin), Professor do Departamento de Ciência de Alimentos/<br />
UFLA. lrabreu@ufla.br<br />
Pág. 2<br />
r<br />
1 _INTRODUÇ Ã O<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiC í NIOS<br />
Os principais produtos lácteos concentrados<br />
por evaporação da água são: leite em<br />
pó, soro em pó, doce de leite, leite eaporad . o e<br />
doce de leite. O processo de evaporaçao conSIste<br />
da retirada da água do leite à pressão atmosférica<br />
ou reduzida através da troca de calor indireta<br />
com vapor de água. Esta operação tecnológica<br />
se realiza para reduzir o volume e melhorar a<br />
capacidade de conservação. De acordo com<br />
Walstra et aI (2004) o grau de concentração<br />
pode ser determinado ao se empregar um at . or,<br />
denominado fator de concentração (Q), defInIdo<br />
como a razão entre o teor de sólidos do produto<br />
concentrado e o teor de sólidos da matériaprima<br />
original . A massa do produto concentrado<br />
é I/Q vezes a massa anterior à concentração.<br />
Quando o processo de evaporação proporciona<br />
valores de Q próximos a 2,8 ocorre à saturação<br />
da lactose no produto concentrado O resfriamento<br />
lento do produto, a saturação da lactose<br />
na solução e a presença de alguns núcleos de<br />
cristalização tornam o meio propício a<br />
cristalização natural do produto. Segundo<br />
Brennan et ai (1980) a cristalização é<br />
indesejável quando ocorre a formação de<br />
depósitos dentro da embalagem, quando os<br />
cristais geram textura arenosa e quando<br />
acarretam em depreciação do alimento. O doce<br />
de leite e o leite condensado possuem condições<br />
favoráveis de composição, viscosidade e temperatura<br />
de armazenamento para que o fenômeno<br />
da cristalização ocorra. Diversas ferramentas<br />
são empregadas na tentativa do controle da<br />
cristalização , podendo destacar: controle da<br />
composição do leite, da formulação empregada,<br />
aumento da viscosidade do produto final,<br />
hidrólise da lactose e o processo de microcristal<br />
ização. A importância da composição do<br />
leite pode ser enfatizada por Santos (1976) que<br />
recomenda o emprego de leites com maiores<br />
teores de proteína e menores de lactose, o que<br />
dificulta a formação de cristais de lactose no<br />
doce de leite. Souza (1979) acidificou o leite<br />
com fermento lático objetivando diminuir o<br />
teor de lactose do produto final e conseqüentemente<br />
inibir a cristalização desta, porém não<br />
conseguiu resultados significativos. Coelho<br />
(1982) hidrolisou a lactose no leite antes da<br />
fabricação do doce e obteve resultados significativos<br />
quanto à inibição do processo de<br />
cristalização. Vargas (1982) demonstrou a não<br />
correlação entre a adição de amido e a inibição<br />
da cristalização. Segundo Terán-Ortiz (1998) a<br />
adição de gomas xantana e locusta, a fabricação<br />
de doce de leite, dificulta a formação de cristais<br />
digitalizado por<br />
no produto. Hosken (1969) testou sete<br />
di ferentes formulações para produção de doce<br />
de leite e concluiu que o processo de microcristalização<br />
é eficiente para evitar a formação'<br />
de cristais perceptíveis. De acordo com Spreer<br />
(199 1) o emprego da microcristali zação na<br />
tecnologia de leite condensado possibilita a<br />
obtenção de cristais pequenos, numerosos e imperceptíveis<br />
ao paladar. Segundo Hunziker<br />
(1934) o segredo para a prevenção da arenosidade<br />
em leite condensado é a formação de<br />
inúmeros cristais pequenos no produto, o que<br />
pode ser obtido pela microcristalização. O<br />
objetivo deste artigo é enfatizar a importância<br />
da microcristalização como ferramenta de<br />
controle da cristalização em doce de leite e<br />
leite condensado'.<br />
2 -CARACTERÍSTICAS FÍSICO QUÍ MI<br />
CAS DA LACTOSE<br />
A lactose é um dissacarídeo formado pela<br />
ligação entre a galactose e a glicose. Esta<br />
diretamente relacionada com aspectos tecnológicos<br />
como reação de Maillard, formação de<br />
lactulose, fi xação de aromas, fermentação e<br />
cristalização. Apresenta-se sob as formas alfa e<br />
beta no leite. Estas formas diferem na posição<br />
da hidroxila do carbono anomérico. Considerando<br />
a representação em fo rma de ciclo<br />
temos que a alfa lactose é caracterizada pela<br />
hidroxila do carbono anomérico voltada para<br />
baixo. Existe um fe nômeno, no leite e nos<br />
produtos lácteos, de mútua transformação de uma<br />
forma na outra denominado mutarrotação. A<br />
mutarrotação ocorre em solução aquosa e<br />
consiste em um equilíbrio entre as quantidades<br />
de alfa lactose e de beta lactose. Segundo FOX<br />
(1985) a distribuição de alfa e beta lactose em<br />
solução corresponde a aproximadamente 37,3%<br />
de alfa e 62,7% de beta a 20°C. A razão entre<br />
alfa e beta aumenta com a temperatura Este fato<br />
é evidenciado por Walstra (1984) ao mostrar<br />
que o processo de mutarrotação possui um QI O de<br />
aproximadamente 2,8. Dados obtidos por<br />
Montes (2003) mostram que a solubilidade da<br />
lactose e solução aquosa varia de 14,61 gramas<br />
por 100 gramas de água a 156,96 gramas quando<br />
a temperatura varia entre 10 e 90°C. As formas<br />
alfa e beta possuem diferentes solubilidades. De<br />
acordo com FOX (1985) a solubilidade inicial da<br />
alfa lactose é de aproximadamente 7gramas em<br />
100 gramas de água a 15°C, enquanto a beta<br />
lactose possui solubilidade aproximada de 50<br />
. gramas nas mesmas condições. Desta forma, a<br />
arvoredoleite.org<br />
Pág. 3
mutarrotação pode interferir no comportamento<br />
de solubilidade da lactose em uma solução. Este<br />
fato é evidenciado por Twieg e Nickerson (1968)<br />
ao demonstrarem, sob determinadas condições,<br />
que a taxa de mutarrotação determina a taxa de<br />
cristalização e reforçado por Thurlby e Sitnai<br />
(1976) ao estudarem o fenômeno em tanques de<br />
cristalização de soro. Segundo FOX (1985) a<br />
solubilidade da lactose pode ser calculada, para<br />
temperaturas inferiores a 93,5°C, empregandose<br />
a equação: [solubilidade da lactose] = (R+I) x<br />
[solubilidade da alfa lactose], onde R = 1,64<br />
0,0027T, sendo T a temperatura em graus<br />
Celsius. Entretanto o autor ressalta que este<br />
modelo não apresenta boa correlação com dados<br />
experimentais. Um outro fator que interfere na<br />
solubilidade da lactose é a presença de sacarose<br />
na solução ou no produto. Nickerson e More<br />
(1972) estudaram a interferência da presença da<br />
sacarose na solubilidade da lactose em uma mesma<br />
solução. Ao prepararem cinco soluções de lactose<br />
e sacarose em água, com diferentes concentrações,<br />
observaram que a solubilidade da<br />
lactose, a 85°C, é reduzida a 60-80% da solubilidade<br />
normal. A temperatura de 20°C a<br />
solubilidade da lactose é reduzida a 40-75% da<br />
solubilidade normal. Estes dados evidenciam que<br />
produtos lácteos concentrados adicionados de<br />
sacarose, como doce de leite e leite condensado,<br />
possuem grande tendência intrínseca a cristalização<br />
da lactose.<br />
3. PRODUÇÃ O DE DOCE DE LEITE E<br />
LEITE CONDENSADO<br />
o doce de leite é um produto tipicamente<br />
latino-americano, sendo os países maiores<br />
produtores a Argentina e o Brasil, fato<br />
evidenciado por Hosken (1969). Os métodos<br />
de fabricação de doce de leite são muito simples<br />
e destituídos de controles rígidos pela maioria<br />
das empresas. Este fato compromete a durabilidade<br />
do produto, principalmente no que<br />
diz respeito à textura. Segundo Perrone (2000)<br />
a produção de doce de leite consiste, em sua<br />
maioria, na concentração, a pressão atmosférica,<br />
de uma mistura de leite, sacarose e bicarbonato<br />
de sódio em diferentes proporções.<br />
Normalmente são empregados 20% de sacarose<br />
sobre o volume de leite para a obtenção do doce<br />
em pasta e a concentração ocorre até 68°Brix.<br />
O produto é então resfriado e embalado. O<br />
leite condensado, segundo Wastra et aI. (2004)<br />
é um leite obtido por concentração a vácuo e<br />
adição de sacarose. Um exemplo de fabricação<br />
de leite condensado pode ser observado na figura<br />
I a seguir.<br />
Pág. 4<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />
FiguraI - Produção de leite condensado.<br />
Adaptado de Wastra (2004)<br />
A tecnologia de produção de leite<br />
condensado contempla a microcristalização<br />
como ferramenta para controle do tamanho dos<br />
cristais de lactose e conseqüentemente da textura<br />
do produto fi nal.<br />
4. MICRO CRISTALIZAÇÃ O<br />
O processo de microcristalização é<br />
empregado largamente pela indústria de leite<br />
condensado há anos. A mesma tecnologia encontra<br />
algumas barreiras quando se trata de<br />
produção de doce de leite, pois este é produzido<br />
em equipamentos muito simples e sem controles<br />
de processo. A microcristalização consiste no<br />
resfriamento rápido do produto acabado e da<br />
adição, sob agitação, de núcleos de cristalização.<br />
O resfriamento tem como objetivo supersaturar<br />
a solução e favorecer o aparecimento de cristais.<br />
Os núcleos induzem a formação de cristais<br />
imperceptíveis ao paladar do consumidor, fato<br />
este conseguido pela eficiente agitação do<br />
produto, de forma a possibilitar um perfeito<br />
encontro entre os núcleos e as moléculas de<br />
lactose da solução supersat urada. Hunziker<br />
(1944) afirma que o tamanho dos cristais de<br />
lactose possibilita o controle da textura do<br />
produto fi nal. Segundo Bolanowski (1965) a<br />
microcristalização está inseparavelmente ligada<br />
a dois aspectos temporais: o tempo necessário<br />
para a diminuição da temperatura do produto ao<br />
ponto necessário para ocorrer à cristalização. A<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
taxa de resfriamento e a intensidade da agitação<br />
determinarão em grande parte o tamanho do<br />
cristal formado. O outro aspecto é o tempo<br />
necessário para que os cristais cresçam sob as<br />
condições de microcristalização. Um resfria<br />
mento progressivo de uma solução de um soluto<br />
em um solvente não acarreta em cristalização<br />
imediata. A concentração do soluto aumenta<br />
acima do seu valor de saturação a respectiva<br />
temperatura. O efeito imediato é a produção de<br />
uma solução supersaturada na qual pode ocorrer<br />
a nucleação de cristais. Segundo Brennan (1980)<br />
em soluções supersaturadas a cristalização pode<br />
iniciar-se ao se adicionar cristais de soluto no<br />
meio. De acordo com Whittier (1944) a lactose<br />
possui grande habilidade para a formação de<br />
soluções supersaturadas. Muir (1990) fala sobre<br />
a formação de soluções supersaturadas de lactose<br />
em água antes da formação de cristais na solução<br />
e caracteriza o leite condensado como sendo uma<br />
solução supersaturada de lactose. Spreer (1991)<br />
enfatiza que para evitar a formação de cristais<br />
perceptíveis deve-se orientar a cristalização de<br />
forma a obter múltiplos cristais pequenos,<br />
imperceptíveis ao pal adar. Para tal deve-se<br />
alcançar um número ao redor de 300000 por<br />
milímetro cúbico de leite. Este resultado se obtém<br />
ao resfriar bruscamente o produto a 30-32°C<br />
apó$ a saída do evaporador. Nesta temperatura,<br />
a velocidade de cristalização é máxima, pois a<br />
viscosidade do produto não é suficiente para<br />
interferir de fo rma negativa no processo.<br />
Segundo Spreer (1991) a adição de lactose em<br />
pó, como núcleo de cristalização, ao leite<br />
condensado conjugado com o resfriamento<br />
adequado do produto e agitação por 20 a 25<br />
minutos garante uma textura perfeita. Hunziker<br />
(1944) afirma que durante os primeiros estágios<br />
do resfri amento a quantidade de lactose que<br />
excede a saturação é pequena e que a formação<br />
de cristais é lenta. À medida que a temperatura<br />
diminui, a supersaturação aumenta e a taxa de<br />
cristalização torna-se mais rápida, chagando ao<br />
seu máximo em uma temperatura aproximada<br />
de 36°C. Com a contínua diminuição da<br />
temperatura, o aumento de viscosidade retarda a<br />
formação de cristais e a velocidade de cristalização<br />
decresce mesmo antes do final do<br />
resfriamento. A temperatura exata na qual a taxa<br />
de cristalização é máxima varia com a razão<br />
entre lactose e água no leite condensado, o que<br />
em grande parte pode ser controlado através do<br />
controle do processo de concentração e de<br />
padronização do produto. Conforme Whittier<br />
(1944) a cristalização da lactose a temperaturas<br />
de inoculação, com alfa lactose, depende de dois<br />
fatores - o grau de sat uração da solução e a<br />
digitalizado por<br />
velocidade de mutarrotação. Hartel (1993)<br />
explicita que a supersaturação é baseada no<br />
direcionamento termodinâmico de forças entre<br />
a solução concentrada e a concentração de<br />
equilíbrio. A diferença de potencial químico entre<br />
estes estados define o grau de supersaturação.<br />
De acordo com Hartel e Liang (1989) a formação<br />
de cristais somente ocorre sob determinadas<br />
condições de inoculação. Whittier (1944) descreve<br />
que a microcristalização ocorre melhor a<br />
30°C do que a 25°C, o que indica a importância da<br />
viscosidade sobre a formação e crescimento dos<br />
cristais de lactose. O autor enfatiza, ainda, que<br />
definitivamente existe uma grande desvantagem<br />
de se microcristalizar o produto a temperaturas<br />
inferiores a 20°C. Twieg e Nickerson (1968)<br />
descrevem que a taxa de cristalização não é<br />
diretamente proporcional a área superficial dos<br />
cristais semeados e que provavelmente o efeito<br />
limitante é a mutarrotação. Segundo Hartel<br />
(1993) os fatores que interferem de forma significativa<br />
no processo de crescimento dos cristais<br />
são a agitação, a presença de impurezas, agentes<br />
de nucleação, supersaturação, temperatura,<br />
viscosidade do produto e pH. Ferramentas de<br />
controle para o processo de microcristalização<br />
são fundamentais para a execução de um processo<br />
adequado. Hough, Martinez e Contarini (1990)<br />
desenvolveram uma técnica para observação dos<br />
cristais de doce de leite ao microscópio. A técnica<br />
consiste da observação direta de uma amostra do<br />
produto ao microscópio e a determinação do<br />
número de cristais por grama e do tamanho médio<br />
dos mesmos. Cristais inferiores a 16 micrometros<br />
são imperceptíveis ao paladar, porém a quantidade<br />
dos mesmos também interfere de forma decisiva<br />
na perccr ;3.0 da textura do alimento.<br />
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Inibição de Cristalização de Açúcares em<br />
Doce de Leite. 1998. 78p. Tese M.S. UFLA.<br />
DIAGNÓSTICO MICROBIOLÓGICO NA INDÚSTRIA DE LATiCíNIOS: UMA FERRAMENTA<br />
PARA RASTREABILlDADE E COMPETITIVIDADE NO MERCADO INTERNACIONAL<br />
As análises microbiológicas realizadas em<br />
uma indústria de laticínios são ferramentas<br />
importantes na garantia da qualidade dos produtos<br />
oferecidos ao consumidor e na determinação de<br />
medidas profiláticas para controle da contaminação.<br />
De forma geral, quanto mais precisos e<br />
rápidos os diagnósticos, mais rapidamente as<br />
medidas podem ser empreendidas, e maior é o<br />
sucesso da intervenção.<br />
Pág. 6<br />
•<br />
Daise Rossi<br />
A qualidade dos resultados obtidos nas análises<br />
realizadas no produto final, nas diferentes etapas<br />
da produção ou em pontos de controle prédeterminados,<br />
deve ser criteriosamente avaliada.<br />
As metodologias escolhidas devem contemplar a<br />
análise detalhada de diversos itens entre os quais<br />
destacamos: os protocolos escolhidos devem ser<br />
considerados quanto as suas aprovações (nacional<br />
e internacional), segurança biológica, nível de<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
capacitação necessana ao técnico executor,<br />
sensibilidade analítica do teste, tempo para<br />
obtenção dos resultados, repetibilidade, especi<br />
ficidade, rastreabilidade, espaço e capacidade física<br />
do laboratório e, principal mente, confiabilidade<br />
dos resultados gerados. A relação custo/benefício<br />
deve ser amplamente discutida e avaliada pelos<br />
envolvidos no processo produtivo e pelos respon<br />
sáveis pelo processo analítico. Estes são na verdade,<br />
os que deverão decidir "efetivamente na escolha<br />
do método". Muitas vezes, esta avaliação é feita<br />
basicamente com base em dados econômicos e há<br />
um sério risco de colocar em perigo todo um traba<br />
lho de base científica envolvido na seleção<br />
adequada de metodologias e na segurança alimentar.<br />
Para o exportador devem ser observadas<br />
ainda, as legislações dos países importadores e,<br />
particularmente, as exigências específicas de cada<br />
do cliente.<br />
Muitas vezes, apesar dos métodos tradicionais<br />
serem considerados o padrão ouro de análise, pelos<br />
diferentes interesses e necessidades de adequações,<br />
novos métodos precisam ser introduzidos. Os<br />
"novos métodos" conhecidos também como<br />
"métodos alternativos ou métodos rápidos" estão<br />
disponíveis na forma de kits diagnósticos ou podem<br />
ser simplesmente, uma versão simplificada dos<br />
métodos tradicionais, com o agar ou caldo de cultivo<br />
já prontos em tubo e placa descartável ou outras<br />
apreentações similares. Podem ainda, ser baseados<br />
em características particulares como a atividade<br />
enzimática do microrganismo ou grupo de micror-<br />
• • •<br />
ganismos que se deseja pesquisar ou quantificar,<br />
baseados na atividade antigênica ou uma combinação<br />
dos dois últimos, os imunoenzimáticos. Atualmente,<br />
os métodos moleculares estão sendo introduzidos<br />
na rotina de análise de diversos segmentos da<br />
indústria de alimentos, trazendo segurança e<br />
confiabilidade nos resultados obtidos.<br />
Independente do método escolhido a<br />
introdução de protocolos de análise alternativos<br />
devem ser sempre acompanhados de controles<br />
externos ou inter laboratoriais. Qualquer teste<br />
qualitativo que venha a ser utilizado na indústria<br />
de laticínios deve ter sua sensibilidade, especificidade,<br />
valor preditivo positivo e negativo<br />
previamente conhecido ou pré-determinado. No<br />
caso de métodos qualitativos, a precisão e<br />
exatidão devem ser previamente determinadas<br />
ou oferecidas pelo fabricante.<br />
Por estas razões, a responsabilidade na<br />
avaliação criteriosa das metodologias deve ser<br />
feita por uma equipe multidisciplinar, com<br />
embasamento técnico científico e acompanhadas<br />
de suporte técnico permanente. Essa<br />
equipe deverá analisar todas as avaliações e<br />
documentações buscando obter resultados<br />
seguros, que gerem rastreabilidade e ainda,<br />
garantam segurança na cadeia alimentar do<br />
segmento alimentar envolvido.<br />
O resultado analítico só será efetivo e<br />
confiável se fo rem respeitados os critérios<br />
microbiológicos da metodologia escolhida de forma<br />
segura e com bases científicas comprovadas.<br />
• •<br />
USO DE EDULCORANTES EM ALIMENTOS E EM PRODUTOS LÁCTEOS<br />
The use of sweetners in food and dairy food<br />
RESUMO<br />
Maristella Chanoft*<br />
Este trabalho tem como objetivo informar sobre quais são os insumos disponíveis no<br />
mercado que são utilizados como substitutos de açúcares para produtos lácteos. Este<br />
* Engenheira de Alimentos formada pela Escola de Engenharia Mauá em 1999. Pós graduada em Gestão da<br />
Qualidade em Alimentos pela Universidade São Judas Tadeu em 2001. Tema da Monografia de término da<br />
Especialização: Aditivos para produtos Diet e Light.<br />
digitalizado por<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
reúne informações sobre obtenção, propriedades e aplicações, segurança e legislação de<br />
cada insumo apresentado. Ele é destinado àqueles que trabalham direta ou indiretamente<br />
com produtos diet, ligIa ou simplesmente às pessoas leigas que queiram adquirir algum<br />
conhecimento nessa área de substitutos de açúcares.<br />
I - INTRODUÇÃO<br />
Os produtos dietéticos estão no mercado<br />
brasileiro há mais de trinta anos, porém o<br />
incremento da produção deu-se no final de da<br />
década de 80.<br />
As indústrias de alimentos, comprometidas<br />
com a promoção da saúde e prevenção de<br />
doenças, desenvolveram tecnologias para a<br />
produção de alimentos de baixa caloria, incluindo:<br />
bebidas, produtos cárneos, produtos lácteos,<br />
sobremesas, produtos com baixo teor de sódio,<br />
etc., mediante substituição de açúcar por<br />
edulcorante, redução do teor de gordura, mantendo-se<br />
a qualidade e o equilíbrio nutricional<br />
dos alimentos. No desenvolvimento destes<br />
produtos deve-se ter em conta que o substituto<br />
do açúcar desempenhe função equivalente em<br />
lermos funcionais e organolépticos.<br />
1 - ADOÇANTES E EDULCORANTE<br />
1.1 - Conceitos de adoçantes e edulcorantes<br />
O Decreto na 55.87 1 de 20/03/65 definiu,<br />
em seu art. 4°. alínea 8, edulcorante como sendo<br />
a substância orgânica artificial, não glicídica, capaz<br />
de conferir sabor doce aos alimentos'.<br />
ANGELUCCI (1990)2 propôs as seguintes<br />
definições: edulcorantes são substâncias com<br />
sabor extremamente doce, não necessariamente<br />
açúcares ou polióis, embora possa contê-los como<br />
parte integrante de suas moléculas, não necessari<br />
amente energéticas, com poder edulcorante<br />
muito superior ao da sacarose. Para o autor,<br />
adoçantes são compostos de sabor doce como os<br />
açúcares e os polióis, quase sempre energéticos,<br />
tendo a sacarose como membro principal, cujo<br />
poder edulcorante é unitário.<br />
As características de flavo, . dos<br />
edulcorantes são bastante distintas daquelas da<br />
sacarose, no que diz respeito à percepção<br />
máxima da doçura e da duração da sensação<br />
causada. A sacarose causa a sensação de sabor<br />
doce relativamente mais rápido do que os<br />
edulcorantes. Por outro lado, a duração do sabor<br />
doce quando a sacarose é ingerida é mais curta<br />
do que a dos edulcorantes. Esta persistência do<br />
efeito adoçante é a que ocasiona a fadiga causada<br />
pela sensação de doçura, levando ao característico<br />
afier taste, ou sabor residual, dessas substâncias.<br />
Pág. 8<br />
Este sabor residual geralmente aumenta a medida<br />
em que a concentração desses edulcorantes atinge<br />
val ores excessivos3•<br />
Outra diferença sensível entre a sacarose e<br />
os edulcorantes não nutritivos, refere-se à<br />
capacidade daquela de dar "corpo" aos alimentos<br />
nos quais é empregada. Estes edulcorantes não<br />
apresentam tal propriedade. Assim, torna-se<br />
extremamente difícil duplicar-se o fla vo, . ,<br />
textura e vári as outras características de<br />
produtos adoçados com sacarose, empregandose<br />
edulcorantes não nutritivos.<br />
Em alguns casos é impossível formular-se<br />
produtos simplesmente substituindo a sacarose<br />
pelos edulcorantes não nutritivos4, sendo<br />
necessária a introdução de outros aditivos que<br />
forneçam outras funções que não seja a doçura.<br />
1.2 -Classificação<br />
Têm sido propostas varIas classificações<br />
para edulcorantes e adoçantes, baseadas em sua<br />
origem e valor calórico. Alguns autores7. 1.l, a<br />
CEE, e o Codex Alimentarius classificaram os<br />
substitutos de sacarose em dois grupos:<br />
1.2. 1 Edulcorantes intensos (ou não<br />
nutritivos): que fornecem somente doçura<br />
acentuada, não desempenham nenhuma outra<br />
função tecnológica no produto final, são pouco<br />
calóricos e são utilizados em quantidades muito<br />
pequenas ;<br />
I Adoçantes de corpo: que fornecem<br />
energia e textura aos alimentos, geralmente<br />
contém o mesmo valor calórico do açúcar, e são<br />
utilizados em quantidades maiores.<br />
O adoçante ideal deve apresentar as<br />
seguintes características:<br />
a) Poder adoçante igual ou superior ao da<br />
sacarose;<br />
b) Disponibilidade comercial;<br />
c) Custo comparável ao da sacarose (baixo<br />
custo/unidade de doçura);<br />
d) Compatibilidade química com aditivos,<br />
como aromatizantes e corantes;<br />
e) Inerte aos demais componentes dos<br />
alimentos;<br />
f) Incolor;<br />
g) Inodoro;<br />
h) Fácil solubilidade;<br />
i) Estabilidade química e térmica;<br />
j) Isento de toxicidade;<br />
k) Normalmente metabolizado, ou resistente<br />
a digestão;<br />
1) Contribuir com calorias reduzidas « 2<br />
kcal/g) ou ser isento de calorias;<br />
m) Não promover cáries;<br />
n) Permitir níveis irrestritos de utilização;<br />
o) Proporcionar as propriedades funcionais,<br />
qualidade de doçura, sabor residual e perfil<br />
de doçura versus tempo semelhante ao<br />
da sacarose, sem gosto lateral não doce7.<br />
1.2.1 - Adoçalltes e edulcorante nutritivos<br />
1.2.1.1 - FRUTOSE<br />
A frutose, levulose ou açúcar da fruta é<br />
encontrada principalmente em frutas e no mel.<br />
As propriedades mais importantes do ponto<br />
de vista tecnológico são: alta solubilidade em<br />
água (80% a 20°C) e alta higroscopicidade, o que<br />
a torna útil como inibidor de cristalização no<br />
armazenamento de alimentos. Contribui para a<br />
diminuição do ponto de congelamento, elevação<br />
do ponto de ebulição e pressão osmótica. Suas<br />
soluções apresentam menor viscosidade que as<br />
correspondentes de sacarose. A substituição da<br />
sacarose por frutose implica na utilização de<br />
menor quantidade de aromas no processamento<br />
pelo fato da frutose exaltar o sabor e o aroma de<br />
outros ingredientes, especialmente de frutas e<br />
ácidos. Reduz a atividade de água, auxiliando no<br />
controle da contaminação microbiana7•<br />
É o mais doce de todos os açúcares naturais,<br />
apresentando grau de doçura igual a 117 em relação<br />
a sacarose 10%. A doçura da frutose aumenta com<br />
o decréscimo da temperatura, pH e teor de<br />
sólidos 7, 1 . O poder edulcorante elevado da frutose<br />
permite que seja consumida em menor quantidade<br />
que os demais monossacarídeos, reduzindo o valor<br />
calórico. A doçura da frutose é rapidamente percebida<br />
(ideal em produtos como sorvetes e gelados<br />
em geral). Apresenta sinergismo com edulcorantes<br />
nutritivos e não nutritivos.<br />
A substituição da sacarose por frutose na<br />
dieta apresenta grandes vantagens em vários<br />
estados clínicos tais como diabetes, obesidade e<br />
hipoglicemia reativa. Por ser metabolizada independentemente<br />
da insulina pode ser administrada<br />
a pessoas portadoras de diabete melito, uma vez<br />
que não ocasiona alterações bruscas na glicemia7.<br />
1.2.1.2 - POLI Ó IS<br />
São conhecidos como edulcorantes de<br />
"corpo", diferenciam-se de outros sacarídeos<br />
digitalizado por<br />
devido à redução da funções cetona ou aldeído.<br />
Os polióis apresentam importantes propriedades<br />
como resistência ao escurecimento, diminuição<br />
da susceptibilidade à fermentação, maior<br />
resistência a cristalização, maior estabilidade<br />
química e maior afinidade por água7•<br />
Uma das principais uti lizações dos polióis<br />
está relacionada à propriedade destes compostos<br />
de conferir "corpo" aos alimentos. Na<br />
indústria alimentícia, são empregados em mistura<br />
com edulcorantes intensos, para promover<br />
corpo aos alimentos.<br />
Atuam como emulsificantes, estabilizantes,<br />
umectantes, crioprotetores e redutores de ponto<br />
de congelamento.<br />
Quando ingerimos em excesso, devido a<br />
baixa taxa e lenta velocidade de absorção pelo<br />
intestino delgado (várias vezes menor que a da<br />
sacarose), podem promover, ao atingir o cólon,<br />
um efeito osmótico causando diarréia. A tolerânciá<br />
à ingestão de polióis é variável de indivíduo<br />
para indivíduo, sendo maior para pessoas<br />
habituadas a ingeri-los·l,<br />
1.2.1.2.1 - Sorbitol<br />
Entre as características do sorbitol, podem<br />
ser citadas: espessante, edulcorante, inibidor de<br />
cristalização, estabilizante, umectante, condicionador<br />
de umidade, plastificante, anticongelante<br />
(reduz o ponto de congelamento) e crioprotetor.<br />
Apresenta doçura igual a 0,5 a 0,7 vezes a da<br />
sacarose (0,5 em relação a sacarose 10%), e<br />
efeito refrescante quando dissolvido na boca, por<br />
apresentar calor de dissolução igual a -26,6 kcal/<br />
kg. É higroscópico, solúvel (220g/ l OOg HO a<br />
20°C) e mostra excelente estabilidade qUÍlnica,<br />
bacteriológica e térmica, não sendo volátil.<br />
Funde a temperatura de 96-97°C. A eliminação<br />
de água intramolecular ocorre somente quando<br />
se mantém a temperatura acima de 160°C por<br />
período prolongado, permitindo submete-lo aos<br />
processos normais de aquecimento, evaporação<br />
e cozimento, sem alterações. Mascara o sabor<br />
residual amargo da sacarina. Tem capacidade de<br />
fixar tenazmente aromas e cores, podendo ser<br />
empregado como diluente de corantes e aromatizantes<br />
para alimentos. Não produz reação de<br />
Maillard no processamento ou armazenamento.<br />
É sequestrante de metais, desenvolvendo ação<br />
antioxidante em reações oxidativas catalisadas<br />
por estes íons 1 .II,I , 1 7 ,IH.<br />
Doces elaborados unicamente com sorbitol<br />
não podem ser armazenados por longo período,<br />
de tempo devido a sua elevada higroscopicidade.<br />
Um grande problema associado ao uso do<br />
sorbitol em geléias armazenadas por longos<br />
períodos é a sinerese, que é a expulsão espontânea<br />
arvoredoleite.org<br />
Pág. 9
da fase aquosa da rede do gel, gerando a contração<br />
do volume. A sinerese é um processo que depende<br />
basicamente da estrutura da geléia, ou seja, da<br />
quantidade e tipo do agente geleificante e do<br />
conteúdo de matéria seca.<br />
De um modo geral, atribui-se ao sorbitol o<br />
valor calórico de 2,4 kcallglR.<br />
No Brasil, o uso do sorbitol foi autorizado<br />
pelo Decreto 55.87 1/65 e pela Resolução n° 9/<br />
79 da Câmara Técnica de Alimentos. A<br />
Resolução n° 03 do CNS/MS de 21/06/88<br />
autorizou o uso do sorbitol sem limites em<br />
refrigerantes, em concentrações que não excedam<br />
as Boas Práticas de Fabricação. A Resolução RDC<br />
n° 3 ANVISA de 02/01/2001 classificou o sorbitol<br />
como Edulcorante Natural. Como edulcorante,<br />
é permitido sem limites em alimentos e bebidas<br />
com controle de peso, ingestão controlada de<br />
açúcares, com restrição de açúcares e com<br />
informação nutricional complementar.<br />
1 - PEPTÍDEOS E DERIVADOS<br />
1.2.1.3.4 - Aspartame<br />
O aspartame é o éster metílico de dois<br />
aminoácidos, a fenilalanina e o ácido glutâmico,<br />
ou sej a, éster metílico de L-aspartil-Lfen<br />
ilalanina. A molécula de aspartame é composta<br />
de 39,5% de ácido aspártico, 50% de<br />
fenilalanina e 10,5% de éster metílic07• 1 5.<br />
O aspartame tem o sabor do açúcar: o<br />
perfil de doçura é o que mais se aproxima ao da<br />
sacarose apesar de desenvolver-se mais lentamente<br />
e persistir por mais tempo. Não deixa<br />
qualquer sabor residual amargo, químico ou<br />
metálico, freqüentemente associados aos demais<br />
edulcorantes 1 .1. 1 2.<br />
Sua doçura é 120 a 220 vezes superior à da<br />
sacarose (133 e 200 vezes em relação a sacarose<br />
10% e 4% respectivamente). O aspartame é<br />
geralmente mais potente a baixas concentrações e<br />
em produtos à temperatura ambiente que em produtos<br />
gelados ou quentes. Fatores como pH e<br />
presença de outros aditivos podem afetar a potência<br />
do aspartame. Podem ocorrer perdas em presença<br />
de alguns f1avorizantes, especialmente a base de<br />
aldeídos ou mesmo outros componentes de alimentos<br />
que contenham compostos cabonílicosl.14•<br />
O aspartame é pouco solúvel em água<br />
(cerca de I % a 25°C), sendo que a solubilidade<br />
aumenta a medida que o pH diminui ou que a temperatura<br />
aumenta7•<br />
O aspartame apresenta algumas restrições<br />
quanto a sua estabilidade por se tratar de uma<br />
proteína. É estável em sistemas líquidos acidificados<br />
mas perde sua doçura em pH neutro ou<br />
alcalino, ou temperaturas elevadas7•<br />
Pág. 10<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Em decorrência da instabilidade da ligação<br />
éster sob condições desfavoráveis de umidade, pH<br />
e temperatura pode haver hidrólise do aspartame<br />
a aspartilfenilalanina (AP) e/ou a dicetopiperazina<br />
(DKP). A pH abaixo de 3,0, predomina a conversão<br />
do aspartame a aspartilfenilalanina; a pH<br />
superior a 5,0 ocorre a sua transformação a<br />
dicetopiperazina. Estes, por sua vez podem ser<br />
hidrolisados a seus aminoácidos componentes.<br />
Nenhum dos produtos de conversão é doce, mas<br />
não conferem sabor desagradável ao produto,<br />
somente perda da doçura.<br />
O aspartame acentua o aroma e prolonga a<br />
percepção do sabor de frutas, principalmente de<br />
frutas ácidas como laranja, limão, "grapefruit",<br />
maracujá, goiaba e morango. A intensidade é mais<br />
efetiva com sabores naturais do que com artificiais.<br />
Pode, contudo, potencializar também o gosto<br />
amargolO, l Ó ,<br />
Pode ser utilizado em praticamente todos<br />
os tipos de alimentos, incluindo: adoçantes de<br />
mesa, assados, misturas em pó, cereais, gomas<br />
de mascar, balas duras e moles, sobremesas,<br />
bebidas , congelados, refrigerados, geléias ,<br />
coberturas, xaropes, produtos lácteos e produtos<br />
farmacêuticos 10,11> ,<br />
O processo de aprovação do aspartame nos<br />
Estados Unidos iniciou-se em 1973, sendo<br />
liberado pela FDA em 1974, estipulando que os<br />
produtos contendo aspartame deveriam trazer<br />
no rótulo as especificações: "Fenilcetonúricos:<br />
contém fcnilalanina" e que "o produto não deverá<br />
ser submetido a processamento térmico",<br />
Ensaios agudos, crônicos e subcrônicos em vários<br />
animais evidenciaram a ausência de toxicidade e<br />
carcinogenicidade associados à ingestão do<br />
aspartame, Em resumo, o aspartame não atua a<br />
nível de sistemas reprodutivos e não apresenta<br />
efeito mutagênico, teratogêncio ou embriotóxico,<br />
ou efeito tóxico de qualquer naturezal2,II>,<br />
O aspartame é essencial mente inerte a<br />
menos que sejam administradas doses muito<br />
elevadas. A FDA estabeleceu para o aspartame a<br />
IDA de 50 mg/Kg de peso corpóreo,<br />
Entre os edulcorantes intensos aprovados<br />
pela FDA (sacarina, aspartame, acesulfame-K),<br />
o aspartame é o mais utilizado,<br />
A Resolução RDC n° 3 ANVISA de 02/0l/<br />
200 I autoriza o uso do aspartame, no limite<br />
máximo de 0,075 g/ l OOg de produto para<br />
alimentos e bebidas para controle de peso, para<br />
dietas com ingestão controlada de açúcares, para<br />
dietas com restrição de açúcares e para alimentos<br />
e bebidas com informação nutricional complementar,<br />
e de 0,056 g/l OOg de produtos para<br />
alimentos e bebidas com reduzido teor de açúcar<br />
e de 0,4 g/ I OOg de produto para goma de mascar,<br />
1.2.2 - Edu/corantes não nutritivos<br />
1.2.2.1 - SACARINA<br />
A sacarina foi descoberta em 1879. apesar<br />
de ter sido inicialmente usada como antisséptico<br />
e como conservante de alimentos, vem sendo<br />
comercializada como edulcorante desde 1900.<br />
Sua incorporação em alimentos aumentou<br />
sign ificativamente durante as duas guerras<br />
mundiais em decorrência da escassez e racio<br />
namento de açúcarl . 9,ló.<br />
É um produto sintético que pode ser obtido<br />
a partir do tolueno ou a partir do anidro ftálic07•<br />
A sacarina pode ser comercializada sob a<br />
forma ácida, ou sob a forma de sais de sódio,<br />
cálcio ou amônia.<br />
O gosto ligeiramente amargo da sacarina<br />
sódica se deve principalmente às imp urezas<br />
provenientes da síntese clássica, o qual poderia<br />
ser minimizado através de novos processos, a<br />
partir do ácido antranílico ou do benzotiofeno.<br />
PEDERSON (1991) afirmou que o gosto amargo<br />
desagradável parece ser devido a própria<br />
molécula da sacarina, e não a impurezas ou<br />
produtos de decomposiçã07•<br />
A sacarina apresenta uma sene de<br />
características que a tornam muito próximas do<br />
adoçante ideal: alto poder edulcorante (200 a<br />
700 vezes superior ao da sacarose; 200 vezes em<br />
relaç ' ão à sacarose a 10%), alta estabilidade, alta<br />
solubilidade em água (sal de sódio - 82 gl l 00 g;<br />
sal de cálcio - 67 g/ I 00 g), não higroscópica,<br />
não cariogênica e poder calórico nulol,ló.<br />
A sacarina mostra sinergismo com vários<br />
edulcorantes intensos, no entanto este efeito é<br />
muito pouco acentuado com acesulfame ou<br />
esteviosídeo. O perfil da doçura da sacarina é<br />
diferente do da sacarose pois produz um impacto<br />
edulcorante bastante lento que vai crescendo<br />
gradativamente até atingir intensidade máxima e<br />
persistente. Gostos amargo ou metálico e adstringente<br />
estão associados ao dulçor da sacarina e<br />
tendem intensificar-se com o aumento da concentração.<br />
A associação da sacarina com o ciclamato<br />
mascara o sabor residual da sacarina ao mesmo<br />
tempo que eleva o poder adoçante do ciclamato. A<br />
associação com pequenas quantidades de aspartame<br />
também tem apresentado bons resultados por<br />
melhorar o sabor e a estabilidade da mistura7.<br />
É o edulcorante mais econômico consi<br />
derando a relação custo/poder edulcorantel.<br />
Devido à estabilidade térmica (inalterável<br />
após uma hora a 150°C) e em meio altamente<br />
ácido (pH 2,0 a 8,0) a sacarina pode ser utilizada<br />
em produtos assados, temperos para saladas,<br />
geléias, gelatinas, bebidas carbonatadas, preparados<br />
para refresco, enlatados e outros produtos I.<br />
digitalizado por<br />
A versatilidade da sacarina permite seu<br />
emprego em muitos alimentos, medicamentos e<br />
cosméticos em função da sua alta estabilidade ao<br />
armazenamento e aquecimento, pode se combinar<br />
bem com outros edulcorantes e por se incorporar<br />
facilmente à misturas líquidas ou secas.<br />
O mais antigo dos edulcorantes artificiais<br />
é também aquele que, nos últimos 50 anos, tem<br />
estado sujeito a constantes críticas, baseadas em<br />
um passado no curso do qual foi considerado<br />
responsável pelo desenvolvimento de câncer na<br />
bexiga urinária de ratos 1 9.<br />
A totalidade de evidências não conduzem a<br />
uma certeza de que a sacarina promova câncer de<br />
bexiga em humanos nas quantidades normalmente<br />
consumidasló. Mais de vinte estudos mostraram<br />
que, sob condições normais, não existe associação<br />
entre consumo de sacarina e câncer em humanos.<br />
A Resolução RDC n° 3 ANVISA de 02/0 1/<br />
200 I autoriza o uso da sacarina, no limite máximo<br />
de 0,03 g/I OOg de produto para alimentos e bebidas<br />
para controle de peso, para dietas com ingestão<br />
controlada de açúcares, para dietas com restrição<br />
de açúcares e para alimentos e bebidas com<br />
informação nutricional complementar, e de 0,022<br />
g/I OOg de produtos para alimentos e bebidas com<br />
reduzido teor de açúcar,<br />
1.2.2.2 - CICLAMATO<br />
É um produto sintético obtido a partir da<br />
sulfonação da ciclohexilamina.<br />
O ciclamato mostra lenta percepção da<br />
doçura com duradouro sabor residual desagradável<br />
doce-azedo, ° qual torna difícil a determinação<br />
da exata equivalência de doçura dos ciclamatos<br />
em algumas concentrações, Mostra sinergismo<br />
com edulcorantes intensos como sacarina,<br />
aspartame, acesulfame-K, sucralose, alitame e<br />
esteviosídeo, e também com sacarose. A mistura<br />
ciclamato e sacarina mostra perfil de doçura<br />
semelhante ao da sacarose, realça sabores, como<br />
o de frutas e proporciona a sensação de mais corpo<br />
a refrigerantes de baixa caloria. A mistura com<br />
acesulfame-K mostra excelente qualidade de gosto<br />
e excepcional estabilidade no armazenamentoó,R,9,<br />
As principais propriedades o ciclamato são:<br />
(a) 30-50 vezes mais doce que a sacarose; (b)<br />
estável à frio ou a quente (resistente à cocção<br />
prolongada); (c) estável na forma seca, em soluções<br />
aquosas e em presenças de gases (refrigerantes);<br />
(d) estável em ampla faixa de pH (em solução<br />
aquosa na faixa de 2,0 a 10,0) e às variações<br />
ocorridas durante o processamento de alimentos e<br />
bebidas; (e) altamente solúvel em água (19,5 g/l 00<br />
mL a 20°C); e (f) longa vida-de-prateleiraR , ló,<br />
A Resolução RDC n° 3 ANVISA de 02/0 l/<br />
200 I autoriza o uso do ciclamato, no limite<br />
arvoredoleite.org<br />
Pág. 11
máximo de 0, 13 g/ I OOg de produto para alimentos<br />
e bebidas para controle de peso, para dietas com<br />
ingestão controlada de açúcares, para dietas com<br />
restrição de açúcares e para alimentos e bebidas<br />
com informação nutricional complementar, e de<br />
0,097 g/lOOg de produtos para alimentos e bebidas<br />
com reduzido teor de açúcar.<br />
Nos Estados Unidos, não pode ser utilizado<br />
em medicamentos, nem em alimentos (incluindo<br />
bebidas), no entanto é utilizado em produtos para<br />
a exportação. O uso do ciclamato é proibido desde<br />
1970 e sua reaprovação pela FDA não é eminente7.<br />
1.2.2.3 - ACESULFAME-K<br />
Estruturalmente o acesulfame lembra a<br />
sacarina. Quimicamente, o acesulfame é o sal<br />
potássico da sulfonamida cíclica 6-metil 1, 2, 3oxatiazina-4<br />
(3H)-ona-2, 2-dióxido. Variações<br />
de substitutos nas posições 5 e 6 do anel afetam<br />
a intensidade e a pureza da doçural6•<br />
O acesulfame mostra excelente estabilidade<br />
nas seguintes condições: na forma seca, a armazenamento<br />
prolongado, às alterações no<br />
processamento especialmente a temperaturas<br />
elevadas e pH baixo, em contato com outros<br />
ingredientes ou constituintes dos alimentos, e ao<br />
ataque microbiológico. A estabilidade em solução<br />
depende do pH e da temperatura. É altamente<br />
estável em solução na faixa de pH de alimentos e<br />
bebidas (variável de pH 3,0 ao neutro). Em pH<br />
abaixo de 3,0 e acima de 9,0, a hidrólise é mais<br />
rápida, sendo influenciada pela temperatura. A<br />
perda de doçura só é detectada caso haja degradação<br />
ou perdas do edulcorante superiores a 5%. Não é<br />
afetado por processos como pasteurização (72-<br />
74°C por alguns minutos), esterilização, processos<br />
UHT (131°C por 20 minutos), aquecimento a 120°C<br />
por uma hora (a pH 4,0) ou em assados (200°C por<br />
45-60 minutos perdas inferiores a 4%)16.<br />
O acesulfame não é higroscópico e é<br />
rapidamente solúvel em água (270 g/L a 20°C; I<br />
Kg/L a 100°C). não é cariogênic07•<br />
A doçura do acesulfame é rapidamente<br />
perceptível, com decréscimo lento, mas persistente,<br />
porém, de duração ligeiramente superior<br />
à da sacarose. O perfil de doçura é semelhante ao<br />
da glucose. Em soluções aquosas altamente concentradas<br />
alguns indivíduos são capazes de perceber<br />
gosto amargo ou químico sintético, mas tais<br />
concentrações não são normalmente utilizadas nos<br />
sistemas alimentícios7.<br />
É cerca de 180 a 200 vezes mais doce que<br />
soluções de sacarose a 4 e 3% respectivamente.<br />
como ocorre com outros edulcorantes, a<br />
intensidade de doçura não aumenta proporcio- .<br />
nalmente ao aumento da concentração. O grau de<br />
doçura do acesulfame-K é semelhante ao do<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
aspartame, aproximadamente metade do da<br />
sacarina e quatro vezes superior ao do ciclamato.<br />
Estas relações são importantes porque obtém-se<br />
sinergismo máximo quando a mistura é feita na<br />
razão inversa da intensidade de doçura. Este<br />
aumento no poder edulcorante implica em redução<br />
de custo, uma vez que serão necessárias menores<br />
quantidades de eduIcorante e implementação do<br />
perfil de doçura pois o acesulfame apresenta<br />
rápido impacto de doçura, ou seja é rapidamente<br />
percebida, enquanto que a doçura do aspartame é<br />
de impacto lento e mais duradoura. O acesulfame<br />
apresenta ainda efeito sinérgico com adoçantes<br />
calóricos como frutose, isomaltitol e sorbitol, mas<br />
muito pouco com a sacarina. Com o sorbitol, em<br />
particular, apresenta uma doçura completa e bem<br />
balanceada muito semelhante a da sacarose, sendo<br />
a mistura ideal para produtos dietéticos 7. 16.<br />
O potencial de uso deste edulcorante é<br />
ilimitado. Devido à sua estabilidade à pasteurização,<br />
o acesulfame é indicado para produtos lácteos e<br />
em enlatados. A estabilidade térmica e ao pH ácido<br />
ou alcalino torna o acesulfame útil em produtos de<br />
panificação, confeitos e pós para bebidas de cacau<br />
que devem ser ingeridas quentes. Não causa<br />
problemas mesmo levando em consideração que o<br />
pH dos produtos de panificação varia amplamente,<br />
de 3,5 para uma torta de frutas até 8,0 para um<br />
bolo de chocolate. O acesulfame é indicado na<br />
fabricação de caramelos duros e macios, sobremesas,<br />
sorvetes, geléias, gomas de mascar e<br />
conservas de frutas. Pode ser utilizado em produtos<br />
para higiene oral e em medicamentos7•11i.<br />
O acesulfame não é metabolizado pelo<br />
homem e nem por animais, e embora rapidamente<br />
absorvido, 99% da dose é eliminada inalterada em<br />
24 horas, principalmente pela urina. Não afeta o<br />
metabolismo, ou seja, os níveis de glucose,<br />
colesterol, glicerol total ou livre sangüíneos,<br />
podendo ser incorporado à dieta de diabéticos7•<br />
A IDA recomendada pela FDA é de 15 mg/<br />
Kg de pesol6•<br />
A nível internacional o acesulfame fo i<br />
inicialmente aprovado em 1983, no reino Unido.<br />
Atualmente (1995) é permitido em mais de 60<br />
países 2 2800 produtos, predominantemente<br />
como adoçante de mesa.<br />
A Resolução RDC n° 3 ANVISA de 02/0l/<br />
200 I autoriza o uso do acessulfame K, no limite<br />
máximo de 0,035 g/ I OOg de produto para<br />
alimentos e bebidas para controle de peso, para<br />
dietas com ingestão controlada de açúcares, para<br />
dietas com restrição de açúcares e para alimentos<br />
e bebidas com informação nutricional complementar,<br />
e de 0,026 g/l OOg de produtos para<br />
alimentos e bebidas com reduzido teor de açúcar e<br />
0,2 g/ l OOg de produto para goma de mascar.<br />
II - CONCLUSÃ O<br />
Para o desenvolvimento de produtos<br />
lácteos com isenção e/ou substituição parcial do<br />
açúcar, é necessário verificar quais as atribuições<br />
que serão alteradas no produto final e verifica ;<br />
quais aditivos deverão ser adicionados a este. E<br />
muito importante o cãnhecimento das leis em<br />
vigor para verificar se o produto desenvolvido<br />
se enquadrará nas características desejadas e<br />
descritas pela legislação referente aos produtos<br />
lácteos diets ou lights (Portaria nO 29/98 e<br />
Portaria n° 27/98, respectivamente).<br />
Conclui-se que a utilização de dois ou mais<br />
eduIcorantes traz benefícios ao produto final pois<br />
esta junção, sendo feita corretamente, pode<br />
potencializar o poder de dulçor dos eduIcorantes,<br />
diminuir a ingestão dos mesmos, bem como<br />
reduzir possíveis sabores ou alterações desagradáveis<br />
ao novo produto. Isto é possível pela<br />
sinergia que acontece com algumas combinações<br />
dos edulcorantes, sejam eles classificados em<br />
nutritivos ou não.<br />
IH - ABSTRACT<br />
This artic1e presents which are the raw<br />
materiais available in the market that are used<br />
as substitutes for sugar on dairy products. This<br />
article gives information about how to obtain<br />
them, their proprieties and applications, security<br />
and law for every raw material presented.<br />
It is aimed to those who work directly or<br />
indirectly with light&diet products, or to inform<br />
people that simply want to acquire some<br />
knowledge in this area of sugar substitutes.<br />
IV - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
1. Almeida LBM, Penteado MDC. Edulcorantes<br />
em alimentos: uma revisão. Boletim da Sociedade<br />
Brasileira de Ciência e Tecnologia de<br />
Alimentos. Campinas. Jan/jun 1990. v. 24, n 11<br />
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2. Angelucci E. Legislação sobre edulcorantes<br />
no Brasil, ciclo de debates. Campinas:<br />
ITAL; 1990. p. 1-9.<br />
• • •<br />
digitalizado por<br />
3. Angelucci E. Menos calorias para os polióis:<br />
2,4 kcal/g. Alimentos e Tecnologia 1993; 9,<br />
n. 47, p. 48-49.<br />
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alimentos. Campinas : Faculdade de Engenharia<br />
de Alimentos e Agrícola, Universidade Estadual<br />
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Alimentos . São Paulo: ABIA; 1989/l993.<br />
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fins especiais: dietéticos. São Paulo: Livraria<br />
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12. Goodman SB, Cyborski C, Suzuki JB.<br />
Aspartame: que delícia de história.<br />
NutraSweet.<br />
13. Guia brasileiro de alimentos e bebidas<br />
dietéticas . São Paulo: Associação Brasileira da<br />
Indústria de Alimentos Dietéticos; 1992.<br />
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Alimentos 1992; v. 12, n. 2: p. 101-115.<br />
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editora; 1999. p. 23-29.<br />
16. Nabors LO, Gelardi RC. Alternative<br />
sweetners. New York : Marcel Dekker; 1986.<br />
17. Sorbitol: um presente da natureza. São<br />
Gonçalo: Getec.<br />
18. Sorbitol: a natureza presente. São<br />
Gonçalo: Getec.<br />
19. To ledo MC. Edulcorantes e adoçantes em<br />
alimentos : qualidade de alimentos dietéticos<br />
contendo edulcorantes. Campinas :<br />
ITAL; 1990.<br />
• • •<br />
Pág. 13<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LAT IC í NIOS<br />
COMUNICAÇÕES TÉCNICAS<br />
COMPETITIVIDADE DO SETOR LÁCTEO NACIONAL: GESTÃO DA LOGíSITICA DE<br />
CAPTAÇÃO DE LEITE1<br />
National milky sector competitivity: management of the milk collection logistics1<br />
RESUMO<br />
Luiz Carlos Takao Yamaguchi2<br />
Paulo do Carmo Martins3<br />
Ricardo Silveira Martins4<br />
Weimar Freire da Rocha Júnior4<br />
Débora Silva Lobo4<br />
Homero Fernandes de Oliveira5<br />
o objetivo deste trabalho foi o desenvolvimento de um software para racionalizar a<br />
logística de captação de leite na Cooperativa Agropecuária Castrolanda Ltda. (PR). Tal<br />
preocupação teve origem na reestruturação experimentada pelo setor de leite e derivados<br />
a partir da segunda metade da década de 90, quando foi introduzida e disseminada a coleta<br />
de leite a granel em caminhões isotérmicos, com implicações importantes na redução do<br />
custo de captação e na melhoria da qualidade da matéria-prima. As unidades de produção<br />
foram agregadas em cinco áreas geográficas e o modelo utilizou a heurística das economias<br />
de Clarke e Wright (CW), minimizando a distância total percorrida, como uma proxy dos<br />
. custos de transporte, sujeita às restrições de produção nas propriedades, capacidade dos<br />
tanques, tipo de caminhão acessível nas estradas principais, secundárias e nas vias de<br />
acesso. As principais conclusões que podem ser extraídas deste trabalho referem-se às<br />
vantagens oferecidas pelo modelo desenvolvido em relação às sistemáticas empíricas e aos<br />
modelos comerciais importados e que foram originalmente desenvolvidos para solucionar<br />
problemas de otimização de captação de lixo urbano ou de distribuição de gás de cozinha.<br />
Por outro lado, sinalizou-se para a economicidade da coleta à medida que seja ampliada a<br />
capacidade de armazenamento nas unidades de produção, emprego de mais carretas na<br />
captação e bitrens no transporte de longa distância.<br />
Palavras-chave: Leite, Logística, Pesquisa Operacional, Software.<br />
1. INTRODUÇÃ O<br />
A queda de preços e o crescimento da<br />
demanda por lácteos, nos anos 90, levaram à<br />
reestruturação do agronegócio do leite no Brasil.<br />
No segmento primário, os empresários adotaram<br />
tecnologias visando reduzir o custo de<br />
produção e a obtenção de ganhos de escala. O<br />
fato é que a produção cresceu de 14,5 bilhões<br />
de litros em 1990 para 19, I bilhões de litros<br />
em 1999, o que representou uma taxa de<br />
crescimento anual de 3,3 1 %, com um aumento<br />
de produtividade de 5,51 % a.a. (Yamaguchi et<br />
aI., 2001), posicionando o Brasil como o 6°<br />
Estudo financiado pela FINEP e Cooperativa Agropecuária Castrolanda Ltda.<br />
2 Pesquisador da Embrapa Gado de Leite e Professor Adjunto FCEVJlInstituto Vianna Júnior - Icty@terra.com.br<br />
3 Pesquisador da Embrapa Gado de Leite e Professor Adjunto IV da FEA/UFJF - pmartins@cnpgl.embrapa.br<br />
4 Professores Adjuntos da Unioeste/Campus de Toledo - ricIeimartins@uol.com.br; wrocha@unioeste.br;<br />
dslobo@uol.com.br<br />
5 Professor Assitente da Uni oeste/Campus de Toledo - sistemas @fasul.com.br<br />
digitalizado por<br />
Pág. 15<br />
arvoredoleite.org
maior produtor mundial (Brandão e Leite, 2001).<br />
Por sua vez, o crescimento da demanda também<br />
impulsionou as importações, tornando o Brasil<br />
o 8° maior importador mundial de leite, representando<br />
um comprometimento médio de divisas<br />
da ordem de US$ 400 milhões/ano nos anos 90<br />
(Martins, 200 I).<br />
No segmento industrial, houve intenso<br />
processo de aquisições de laticínios de mercados<br />
regionais pelas grandes empresas nacionais e<br />
principalmente transnacionais. Novas plantas<br />
industriais foram estruturadas com maior capacidade<br />
de produção. Houve também a reorganização e<br />
racionalização nos canais de distribuição viabilizados<br />
por inovações no processamento, industrialização,<br />
embalagem e logística (Martins et<br />
aI., 1999).<br />
No plano operacional , as transformações<br />
tiveram como foco a qualidade da matéria-prima<br />
com base no resfriamento do leite em termos de<br />
unidade de produção e coleta a granel realizadas<br />
em tanques isotérmicos. Esse processo teve início<br />
na segunda metade da década de 90 e ocorreu de<br />
forma mais intensa no Estado do Rio Grande do<br />
Sul. Nos principais estados produtores, a coleta<br />
granelizada já predomina dentre os sistemas de<br />
captação utilizados (Figura I).<br />
A adoção do conceito de logística de<br />
transporte no agronegócio do leite levou ao fechamento<br />
de postos de resfriamento, redução de<br />
rotas de coleta e aumento da quantidade de carga<br />
transportada por veículo, resultando em signifi<br />
cativas economias nos custos de transporte<br />
(Martins el aI. 1999) e em ganhos de qualidade<br />
(Sobrinho et aI.. 1995).<br />
95%<br />
Fonte: Nogueira Netto (2003).<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
89% 88%<br />
79% 78% 78%<br />
Os novos procedimentos adotados, contudo,<br />
deram-se de modo empírico. As empresas reconhecem<br />
a dificuldade de incorporação de novas<br />
ferramentas que reduzam o custo de captação e<br />
otimizem as linhas, os veículos e postos de<br />
resfriamentos. No Brasil, somente as maiores<br />
empresas do setor estão implantando procedimentos<br />
de otimização. Dada a inexistência de<br />
ferramentas que considerem as características<br />
nacionais, estas empresas estão se valendo de<br />
softwares importados que foram destinados<br />
originalmente à captação de lixo urbano ou a<br />
distribuição de gás de cozinha.<br />
O objetivo geral deste estudo é registrar os<br />
procedimentos e resultados obtidos pelo<br />
desenvolvimento e implementação de um software<br />
para captação de leite na Cooperativa Agropecuária<br />
Castrolanda Ltda., gerando ferramenta<br />
de gestão ágil e segura (software específico), que<br />
possibilitou aprimorar o processo de captação de<br />
leite junto aos produtores, nos aspectos custos de<br />
captação, frota e pagamento ao transportador,<br />
considerando as inconstâncias ditadas pela<br />
oscilação da produção nas propriedades ao longo<br />
do ano (safra e entressafra) e a freqüente entrada<br />
e saída de produtores na atividade, como estratégia<br />
de sustentabilidade da Castrolanda, com re <br />
percussão no desenvolvimento regional, haja<br />
vista o potencial de geração de renda e emprego<br />
da atividade.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
A abertura dos mercados e as conseqüentes<br />
. expansões das oportunidades de negócios e da<br />
se SP MG PR RS GO ES RJ MS BA Brasil<br />
Figura 1. Percentual de granelização do leite captado pelas cooperativas, segundo os estados<br />
brasileiros (2002).<br />
Pág. 16<br />
49%<br />
41 %<br />
24%<br />
17%<br />
79%<br />
42<br />
I<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiC í NIOS<br />
competição são forças das mais vigorosas no<br />
impulsionamento da logística. Aplicado aos<br />
interesses empresariais, o aprimoramento da logística<br />
tem sido usado como uma eficiente<br />
ferramenta na busca da competitividade. Assim,<br />
iniciativas que visam à racionalização logística<br />
devem trabalhar com um conjunto de informações<br />
referente às quantidades a serem movimentadas,<br />
suas origens, seus destinos e as necessidades e<br />
especificidades dos ativos do transporte, dentro<br />
dos prazos adequados.<br />
2.1 Processo de formatação do problema e<br />
da modelagem<br />
O trabalho foi iniciado junto à Cooperativa<br />
Agropecuária Castrolanda e transportadores para<br />
averiguar o procedimento de coleta de leite adotado<br />
nas condições atuais. Constatou-se que a produção<br />
diária das unidades de produção variava de 70 a<br />
27.000 litros diários e que o leite é vendido na<br />
modalidade FOB, num volume médio diário em<br />
torno de 500.000 litros. Os destinos são bastante<br />
regulares, formalizados por meio de contratos que<br />
garantem determinadas quantidades periódicas que<br />
são entregues na própria Cooperativa Batávia,<br />
localizada em Carambeí, embora se realizem vendas<br />
eventuais a clientes não-regulares.<br />
.Constatouse ainda que os veículos<br />
utilizados são o toco com capacidade de 8.500<br />
litros, truck de 12.300 a 13.500 litros e carreta<br />
de 19.000 a 26.500 litros, e que a rota de coleta<br />
é organizada de forma empírica com a aj uda dos<br />
motoristas, implicando necessidades de aj ustes<br />
no período da safra, quando muitas das unidades<br />
de produção passam a exigir coleta diária, em<br />
razão do aumento da escala de produção em relação<br />
à capacidade de armazenamento dos tanques<br />
de expansão disponíveis.<br />
A primeira atividade de pesquisa consistiu<br />
na formação de um banco de dados com informações<br />
levantadas em 46 1 unidades de produção.<br />
Foram selecionadas como variáveis relevantes:<br />
posicionamento geográfico; tanque de resfriamento<br />
(capacidade e marca); condições de acesso<br />
dos veículos (estradas e pátio de manobras);<br />
horário das ordenhas; tipos de coleta (diária e<br />
48 horas).<br />
A segunda atividade consistiu na escolha da<br />
metodologia e da modelagem propriamente dita.<br />
Dada a grande dispersão geográfica das unidades<br />
de produção e a ausência de um sistema de georreferenciamento<br />
das estradas rurais, foram adotados<br />
os seguintes procedimentos: a) Agregação das unidades<br />
de produção em cinco grandes áreas: Ponta<br />
Grossa, Carambeí-Castro, Piraí, Castrolanda e<br />
Carambeí; e b) para cada agrupamento, foi gerada<br />
digitalizado por<br />
uma matriz de distâncias entre as unidades de<br />
produção, a partir da distância euclidiana.<br />
2.2 Modelo de racionalização<br />
A heurística utilizada foi a das economias de<br />
Clarke e Wright (1964), que, segundo Novaes<br />
(200 I), foi originalmente desenvolvida para resolver<br />
o problema clássico de roteamento de veículos.<br />
Baseia-se na noção de economias, que pode ser<br />
definido como o custo da combinação, ou união, de<br />
duas sub-rotas existentes. Trata-se de uma heurística<br />
iterativa de construção baseada numa função gulosa<br />
de inserção. O algoritmo é bastante apropriado para<br />
o problema em questão, uma vez que permite a<br />
limitação do tipo do caminhão e por não 'requerer<br />
grande capacidade computacionaL<br />
Inicialmente, admite-se que cada unidade de<br />
produção seja servida por um veículo, constituindo<br />
rotas entre a base operacional e cada unidade. Seja<br />
c ij o a função da viagem partindo de um cliente i a<br />
um cliente j, podendo ser dado em distância<br />
percorrida ou tempo de deslocamento. Segundo<br />
definição de Liu e Shen (1999), duas rotas contendo<br />
os clientes i e j podem ser combinadas, desde<br />
que i e j estejam ou na primeira ou na última<br />
posição de suas respectivas rotas e que a demanda<br />
total das rotas combinadas não ultrapasse a capacidade<br />
do veículo.<br />
Em cada iteração, todas as combinações de<br />
rotas possíveis são analisadas pela fórmula T i j =<br />
C id + C dj - C ;j ' em que d representa a base operacional.<br />
As duas rotas que gerarem a maior<br />
economia de combinação são unidas. Por ser<br />
sempre escolhida a maior economia dentre as<br />
possíveis, a função de escolha é dita gulosa. Como<br />
a cada nova combinação de sub-rotas as economias<br />
são novamente calculadas e atualizadas para a<br />
próxima combinação de sub-rotas, o método é<br />
dito iterativo (Liu & Shen, 1999).<br />
Para melhor compreensão deste método,<br />
pode-se dizer que, na escolha de dois pontos i e<br />
j para constituir a seqüência de um roteiro,<br />
procura-se selecionar o par com maior valor do<br />
ganho T ;J' Há combinações, no entanto, que violam<br />
as restrições de tempo, capacidade, etc., não<br />
sendo por isso factível. O método explora esse<br />
conceito, sendo descrito a seguir: I) Calcular os<br />
ganhos T ;J para todos os pares i. j (i =F- j. i =F- d e<br />
j =F- d); 2) ordenar os pares i, j na ordem<br />
decrescente dos valores do ganho T ;,j ; 3) começar<br />
pelo par i, j com maior ganho T ;.j e proceder na<br />
seqüência obtida em (2); 4) para um par de nós i,<br />
j, correspondente ao K -ésimo elemento da<br />
seqüência (2) verificar se i e j estão ou não<br />
incluídos em um roteiro já existente; a) Se i e j<br />
não foram incluídos em nenhum dos roteiros já<br />
arvoredoleite.org
abertos, então criar um novo roteiro com os nós<br />
i e j; b) se exatamente um dos pontos i ou j já<br />
pertence a um roteiro preestabelecido, verificar<br />
se esse ponto é o primeiro ou último do roteiro<br />
(adj acente ao nó d, base operacional). Se isso<br />
ocorrer, acrescentar o arco i, j a esse roteiro.<br />
Caso contrário, passar para a etapa seguinte,<br />
saltando o par i, j; c) Se ambos os nós i e j já<br />
pertencem a dois roteiros preestabelecidos<br />
(roteiros diferentes), verificar se ambos são<br />
extremos dos respectivos roteiros (adj acentes<br />
ao nó d). Nesse caso fundir os dois roteiros em<br />
um só. Caso contrário, passar para a etapa<br />
seguinte, pulando o par i, j; d) Se ambos os nós i<br />
e j pertencem a um mesmo roteiro, ir para a<br />
etapa seguinte; e e) Continuar o processo até<br />
que a lista completa de "ganhos" seja exaurida.<br />
Se sobrar algum ponto não incluído, em nenhum<br />
roteiro deverão ser formados roteiros individualizados,<br />
ligando a base operacional a cada<br />
ponto e retornando à base.<br />
Este é o algoritmo para identificar se os<br />
pontos i e j estão incluídos numa rota.<br />
Se i e j não estão em nenhum roteiro então<br />
Criar um roteiro com i e j<br />
Senão<br />
se i ou j estiver em um roteiro então<br />
se este nó é um extremo de um roteiro<br />
então<br />
agrega i e j ao roteiro<br />
senão<br />
abandonar o par i e j<br />
Fonte: Resultados da pesquisa.<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />
Senão<br />
se i e j estiverem em roteiros diferentes<br />
então<br />
se i e j são extremos de seus<br />
roteiros então<br />
unir os dois roteiros<br />
senão<br />
Abandonar o par i e j<br />
Senão<br />
Abandonar o par i e j<br />
3 • RESULTADOS<br />
3.1 Resultados da racionalização da coleta<br />
de leite<br />
Dado o prazo limite de coleta do leite pósordenha<br />
de 48 horas, o modelo desenvolvido gera<br />
informações para dois dias. Chama-se a atenção<br />
para a alta estabilidade dos resultados, o que tem<br />
implicações logísticas importantes, em termos<br />
de previsão da coleta e investimentos em frota.<br />
A coleta organizada em 31 rotas diárias<br />
implicaria rodar, em média, 6,7 mil quilômetros<br />
diariamente (Figura 2), captando um volume médio<br />
de 392,3 mil litros de leite (Figura 3).<br />
As rotas são razoavelmente curtas,<br />
sinalizando para a economicidade da coleta<br />
comparativamente a outras regiões brasileiras,<br />
particularmente nas regiões de expansão recente<br />
como Goiás. Mato Grosso e Pará. Como o volume<br />
médio de leite coletado nas unidades de produção<br />
é alto dado o nível de especialização do processo<br />
Figura 2. Quilometragem total percorrida para a captação de leite da Cooperativa Agropecuária<br />
Castrolanda, segundo os agrupamentos.<br />
produtivo, a densidade média é extremamente<br />
elevada para a realidade brasileira, com destaques<br />
para os resultados do agrupamento "Carambeí"<br />
(Figura 4).<br />
3.2 Resultados da simulação da coleta de<br />
leite<br />
Realizaram-se algumas simulações com o<br />
objetivo de discutir formas de racionalizar o<br />
processo de coleta, com alterações nos veículos e<br />
nas necessidades de coleta.<br />
O modelo original refere-se aos resultados<br />
obtidos pelo processo de modelagem, na forma<br />
real. O modelo truck considera coleta com utilização<br />
de trucks e carretas, procurando dimensionar<br />
as vantagens econômicas de se aumentar a capacidade<br />
média dos veículos utilizados. O modelo<br />
toco considera coleta com utilização de tocos e<br />
Fonte: Resultados da pesquisa.<br />
PIRAI PONTA GROSSA CARAMBEI·<br />
CASTRO<br />
carretas, procurando dimensionar as vantagens<br />
econômicas de se otimizar algumas linhas que<br />
resultavam em coleta com grande capacidade<br />
ociosa dos veículos utilizados. O modelo 48 h<br />
considera que todas as unidades de produção<br />
possuem tanques de expansão com capacidade<br />
igual ou superior a dois dias de produção, de modo<br />
a viabilizar a coleta a cada dois dias.<br />
Os resultados são apresentados com base nos<br />
diferenciais de quilometragem média diária rodada,<br />
para diferentes agrupamentos (Figura 5). Foram<br />
registradas as vantagens da coleta 48 h para todos<br />
os parâmetros, e este resultado reflete o peso das<br />
economias proporcionadas nas rotas específicas<br />
de carretas (Castrolanda e Carambeí) . Porém, a<br />
viabilização deste sistema implica alto<br />
investimento para aquisição e preparação das<br />
instalações para aumentar a capacidade de<br />
armazenamento nas unidades de produção.<br />
CASTROLANDA CARAMBEI TOTAL<br />
Figura 3. Litros de leite coletados, por agrupamento, dias I e 2, Cooperativa Castrolanda.<br />
900.00<br />
800.00 /'<br />
700.00 /'<br />
600,00 /'<br />
500,00<br />
400,00<br />
300,00<br />
200,00<br />
100,00<br />
Fonte: Resultados da pesquisa,<br />
COlA 1 18,81 56,87<br />
----- --<br />
CDIA 2 124<br />
I .MEDIA 18,11 90.30<br />
54 ,83<br />
55<br />
54 ,88<br />
104,00 413,81 129,27<br />
--1---<br />
--1-<br />
855<br />
-- -<br />
229,19<br />
98,44 634 .40 179.23<br />
------ - - ----<br />
Figura 4. Densidade da coleta (l/km), por agrupamento, dias I e 2 da Cooperativa Agropecuária Castrolanda,<br />
Pág. 18 Pág. 19<br />
digitalizado por<br />
93<br />
- -<br />
DIA 2<br />
DIA 1<br />
arvoredoleite.org
Entretanto, a coleta com veículos toco adicionou<br />
quilometragem rodada ao sistema.<br />
3.3 Estimativas de custos de transporte de<br />
leite<br />
O sistema de custeio adotado foi o custopadrão,<br />
que objetiva estabelecer medidas de<br />
comparação que permitam efetuar o controle dos<br />
custos (Horngren, 1978). Para fins de apuração<br />
de custos, utilizaram-se os veículos VW 23.210<br />
truck (12.700 kg), VW 15.180 toco (8.500 kg),<br />
e para carretas, veículo Mercedes-Benz, com<br />
respectivos desempenhos e necessidades de<br />
manutenção apurados no mercado e nos manuais<br />
dos respectivos veículos.<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
A quilometragem média diária rodada pelos<br />
veículos e a carga média tracionada foram<br />
estimadas, tendo por base que em cerca da<br />
metade (50%) do mês os veículos fazem duas<br />
rotas diárias, sendo utilizados os seguintes<br />
valores: toco - 300 km e 7,8 t; truck - 250 km e<br />
10,6 t; e carreta - 250 km e 22 t.<br />
A Tabela I mostra o custo de captação de<br />
leite em R$/t, R$/I e R$/km, segundo diferentes<br />
tipos de veículo. Conforme se observa, o volume<br />
transportado e a quilometragem rodada exercem<br />
influência significativa na redução dos custos de<br />
transporte, no tocante à contribuição ao rateio<br />
dos custos fixos da atividade. A destinação do<br />
veiculo truck representa um ganho de 29% em<br />
relação ao toco. A possibilidade de melhora é ainda<br />
Tabela 1. Custos, distância percorrida e volume transportado na captação mensal de leite, segundo os veículos.<br />
Custos/Veículo R$/mês km/mês R$/km tlmês<br />
Toco 13.250 356<br />
Fixos 5.945,00 0,44037<br />
Variáveis 4.053,03 0,30022<br />
Total 9.998,03 0,74059<br />
Truck 11.250 478<br />
Fixos 4.799,93 0,42666<br />
Variáveis 4.726,19 0,4201 I<br />
Total 9.526,12 0,84677<br />
Carreta 11.250 990<br />
Fixos 6.242,83 0,55492<br />
Variáveis 9.021,68 0,80193<br />
To tal 15.264,5 1 1,35685<br />
Fonte: Dados da pesquisa.<br />
Cnrnmbol<br />
Castrolnrda<br />
ClI"ambol-Cmlro<br />
Ponla Grassa<br />
Plraf<br />
Fonte: Resultados da pesquisa.<br />
·15 56<br />
·ro.75 ••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••<br />
'"''''''''''''''''''''''' '''''<br />
lo Truck /I Toco f] 48 hl<br />
-18.25 , ••••••••••••••••••••••<br />
-eo,OO% -50,00% ·40PO'Y. .30,00°;. -20,00% -10,00"1. O,oO'Y.<br />
R$/t<br />
28,08985<br />
19,92912<br />
15,41870<br />
10,00% 20,00%<br />
Figura 5. Comparações da quilometragem rodada (em %) com os resultados originais.<br />
Pág. 20<br />
R$/I<br />
0,0281<br />
0,0199<br />
0,015<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />
maior no caso do uso de carretas, implicando uma<br />
redução de custos de 25% em relação ao truck e<br />
quase 50% em relação ao toco. Porém, a realidade<br />
muitas vezes inviabiliza a aplicação desta lógica<br />
econômica em função de fatores como qualidade<br />
das estradas e pátios de manobras.<br />
Com base nestes custos apurados (Tabela<br />
1), estimou-se a coleta diária dos cerca de 392<br />
mil litros de leite em base por R$/km e por R$/<br />
litro. O custo médio (entre os dias 1 e 2) estimado<br />
para a coleta com a remuneração da quilometragem<br />
foi de R$ 6.203,04 (Figura 6), o que significaria<br />
um custo unitário, de R$ 0,92/km.<br />
Caso o pagamento ocorresse na base R$/litro,<br />
o custo diário da coleta seria de R$ 8.004,75 (Figura<br />
7), equivalendo a um custo unitário de R$ 0,20/1.<br />
Este custo seria 23% inferior ao frete atualmente<br />
7.000.00<br />
6.000.00<br />
5.000.00<br />
4.000.00<br />
3.000.00<br />
2.000.00<br />
1.000.00<br />
Fonte: Resultados da pesquisa.<br />
PIRN<br />
PalTA CARAMB Ef·<br />
GlCSSA CAS TRO<br />
11 DIA 1 1.577.54 287.65 2.477.20<br />
ODlA2 1315.72 330.29 2.659.80<br />
!;9Médo 1.446.63 308.97 2.568.50<br />
praticado no mercado regional (R$ 0,026/1). No<br />
entanto, na prática, estes custos serão ainda<br />
menores por que a coleta já está atingindo a quase<br />
500 mil litros dia, cerca de 65 mil além do volume<br />
total que foi utilizado para esta simulação<br />
operacional do modelo.<br />
. Para este adicional, entende-se que o<br />
acréscimo de quilometragem será ínfimo. Isto<br />
significa que a coleta ocorrerá com maior<br />
densidade (I de leite/km), e os veículos reduzirão<br />
o nível de capacidade ociosa, fazendo convergir<br />
os custos nas bases R$/km e R$/1. Por exemplo,<br />
no caso do custo da coleta na base de remuneração<br />
R$/l atingir o valor de R$ 6.203,04, o custo<br />
unitário do leite coletado seria de R$ 0,0 1 6/litro,<br />
38,46% inferior ao valor praticado no mercado<br />
no momento.<br />
CASTRO- CARAMBEf TOA!.<br />
LANDA<br />
1755.19 113.98 6.211.55<br />
1.767.97 120.76 6.194.54<br />
1761.58 117.37 6.203.04<br />
Figura 6. Custo total da coleta, segundo os agrupamentos, em R$/km.<br />
9.000.00<br />
8.000.00<br />
7.000.00<br />
6.000.00<br />
5.000.00<br />
4.000.00<br />
3.000.00<br />
2.000.00<br />
1.000.00<br />
Fonte: Resultados da pesquisa.<br />
PIRN<br />
CARAMlEf· CASTRQAt-O CARAMlEf TOAL<br />
CASTRO A<br />
liI DIA 1 871.00 465.SO 4.063.64 2.074.40 535.95 8.010.SO<br />
ODlA2 968.59 457.86 4.179.34 1.865.88 527.32 7.999.00<br />
eltvEDlA 919.80 461.68 4.121.49 1.970.14 531.64 8.004.75<br />
Figura 7. Custo total da coleta, segundo os agrupamentos, em R$/litro.<br />
Pág. 21<br />
digitalizado por<br />
arvoredoleite.org
4 -CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
As principais conclusões que podem ser<br />
extraídas deste trabalho referem-se às vantagens<br />
oferecidas pelo modelo desenvolvido em relação<br />
às sistemáticas empíricas e aos modelos comerciais<br />
importados e que foram originalmente desenvolvidos<br />
para solucionar problemas de otimização<br />
de captação de lixo urbano ou de distribuição de<br />
gás de cozinha. A ênfase no processo de racionalização<br />
foi dada nos aspectos custos de captação<br />
e na racionalização da frota.<br />
Os resultados gerados proporcionam a<br />
possibilidade de um gerenciamento eficiente da<br />
logística, à medida que são racionalizados os custos<br />
da coleta e a frota utilizada. A racionalização diária<br />
das rotas permite a transparência quanto aos<br />
resultados econômicos da frota, viabilizàndo<br />
alternativas de gerenciamento quanto à destinação<br />
dos veículos, busca de negócios complementares<br />
no período de entressafra e utilização de parcerias<br />
com autônomos para a redução do volume de<br />
capital imobilizado nos ativos (caminhões) de alta<br />
especificidade.<br />
Fundamentalmente, a racionalização da<br />
coleta proporciona o melhor gerenciamento das<br />
variáveis mais relevantes do custo de captação,<br />
que são o volume de leite coletado, a quilometragem<br />
percorrida na coleta, que formam o<br />
indicador da densidade (litros de leite por km), e<br />
o número de veículos apropriados às condições<br />
da coleta.<br />
As principais vantagens oferecidas pela<br />
fe rramenta desenvolvida em relação às<br />
sistemáticas empíricas e aos modelos comerciais<br />
importados podem ser enumeradas como: I) Foi<br />
desenvolvida especificamente para solucionar o<br />
problema da gestão logística de captação de leite,<br />
em nível de unidades de produção; 2) permite<br />
racionalização com frota diversificada; 3)<br />
permite avaliação específi ca das condições das<br />
unidades de produção ; e 4) permite gerar<br />
relatórios específicos de acordo com o interesse<br />
da Castrolanda.<br />
Ressalta-se também que o domínio<br />
gerencial agora possível pode tornar-se uma<br />
variável estratégica para a empresa, por exemplo,<br />
para alterar a forma de comercialização do<br />
leite para a base CIF, isto é, cobrando o preço<br />
entregue na porta do comprador, o que implica<br />
internalizar a logística.<br />
5 - ABSTRACT<br />
The objective of this work was the<br />
development of a software to rationalize the<br />
logistic of milk collection in the Cooperativa<br />
Pág. 22<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Agropecuária Castrolanda Ltda (PR). Such<br />
concern had origin in the reorganization tried<br />
in the dairy sector, since the mid 90's, when it<br />
was introduced and spread the milk collection in<br />
isothermal trucks, with important collection cost<br />
reduction and also in the quality improvement<br />
of the raw material. The units of production<br />
were aggregated in 5 geographic areas and the<br />
mo dei utilized the heuristic of the economies of<br />
Clarke and Wright (CW), minimizing total<br />
covered, as a proxy of the transport costs,<br />
subject to the restrictions of production in the<br />
properties, capacity of the tanks, type of<br />
accessible truck in the main, secondary roads<br />
and in the access ways. The main conclusions<br />
were that there are advantages of the model,<br />
specially related to the empirical systematic ant<br />
to the imported commercial models originaIly<br />
developed to solve problems of optimization of<br />
the capitation of urban garbage or kitchen gas<br />
distribution . On the other hand, it was signaled<br />
that the levei of economic return is related the<br />
extend of the storage capacity of the production<br />
units, the number of colIection trucks as well as<br />
the use of bi-trains in case of long distance<br />
transportation.<br />
Key-words: Milk Agribusiness; Logistics;<br />
Operational Research, Software.<br />
6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
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•<br />
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agronegócio do leite no Brasil. Juiz de Fora:<br />
Embrapa Gado de Leite, 2001, p. 33-48.<br />
ANÁLISE DOS DETERMINANTES DA EFICIÊNCIA NAS TRANSAÇÕES DE EXPORTAÇÕES<br />
DE PRODUTOS LÁCTEOS BRASILEIROS<br />
Analysis of efficiency determinants for brazilian dairy products exports<br />
•<br />
RESUMO<br />
Aryeverton Fortes de Oliveira 1<br />
Lorildo Aldo Stock1<br />
A existência de barreiras tarifárias e não tarifárias para a exportação dos produtos<br />
pautam a discussão sobre o acesso a mercados de produtos agropecuários, mas não se<br />
pode perder de foco a eficiência na abertura e manutenção dos canais comerciais, reduzindo<br />
custos de transação com o exterior. Pela pressão natural por redução de margens de<br />
lucro, a busca pela competitividade na exportação de commodities inclui todo um esforço<br />
de redução de custos de produção e de transação. Problemas de informação assimétrica<br />
sobre os produtos limitam as transações na exportação. Focalizando os principais destinos<br />
de produtos lácteos, o propósito deste artigo consiste em identificar, em linhas gerais, os<br />
principais pontos críticos no processo de exportação; e pensar os incentivos que podem<br />
ser providos por políticas comerciais específicas. Como referencial teórico, emprega-se<br />
a Nova Economia Institucional, com especial interesse pelos problemas ligados com<br />
falhas de informação e formas de transpor essas barreiras e aumentar a vantagem<br />
competitiva desses produtos. Entender as formas de superação da assimetria de informações<br />
no mercado externo é essencial para a provisão de incentivos eficientes à qualidade dos<br />
produtos, tornar tornando os termos de troca atraentes com a criação de expectativas<br />
favoráveis nos consumidores.<br />
Palavras-chave: Exportação de lácteos, reputação, sinalização, indicação de orige m.<br />
1 Pesquisadores da Embrapa Gado de Leite.<br />
digitalizado por<br />
arvoredoleite.org<br />
Pág. 23
INTRODUÇÃ O<br />
Para o setor de lácteos, a exportação emerge<br />
como um desafio e como um indutor do desenvolvimento.<br />
As transações internacionais<br />
envolvem a superação de entraves de diversas<br />
naturezas, como as barreiras tarifárias e não<br />
tarifárias amplamente discutidas na literatura, e os<br />
aspectos informacionais que a literatura econômica<br />
recente incorpora como uma das causas de ineficiência<br />
do mercado na condução de transações.<br />
Na presença de assimetria de informações os<br />
mercados estabelecem um ponto de equilíbrio que<br />
cria incentivos para a produção de bens com<br />
qualidade inferior, um dos grandes problemas já<br />
enfrentados peJos produtos lácteos nacionais.<br />
A distorção criada pela incerteza e a<br />
sinalização inadequada da qualidade na produção<br />
pode, por exemplo, abrir espaço para triltamento<br />
discri minatório dos produtos lácteos brasileiros,<br />
como recentemente detectado com relação ao<br />
México, que não comprava leite em pó do Brasil<br />
sob alegação de que no país existiam focos de<br />
febre aftosa. Os problemas informacionais requerem<br />
que medidas prévias sejam tomadas para a<br />
sustentação das estratégias de promoção das exportações<br />
e o fortalecimento da posição dos<br />
negociadores internacionais, que nos próximos<br />
anos participarão de uma ampla discussão sobre a<br />
liberalização multilateral do comércio.<br />
No cenário de liberalização multilateral do<br />
comércio, amplia-se o conjunto de bens ofertados<br />
e dificulta-se a tarefa de diferenciá-los a partir de<br />
indicações de marca e certificados de qualidade,<br />
por exemplo. Disc ute-se neste artigo a possibilidade<br />
de utilizar a denominação de origem<br />
como um fator chave para a inserção e ampliação<br />
do consumo dos bens nos mercados estrangeiros,<br />
especialmente para os que não contam com a<br />
reputação, os canais de divulgação e o poder das<br />
marcas de empresas multinacionais. Este texto<br />
pretende ampliar as bases para a discussão de uma<br />
estratégia de influência positiva da percepção dos<br />
consumidores estrangeiros em torno da qualidade<br />
dos produtos lácteos brasileiros, já que a inserção<br />
internacional tem sido um dos focos do setor.<br />
Para superar o problema da assimetria de informações<br />
sobre a qualidade dos produtos, busca-se a<br />
compreensão dos mecanismos de sinalização,<br />
fi ltragem, credibilidade e efeito reputação, como<br />
discutidos na próxima seção.<br />
REVISÃO DE LITERATURA<br />
Nesta seção apresenta-se uma breve exposição<br />
da Nova Economia Institucional (NEI),<br />
incluindo a análise dos custos de transação e os<br />
Pág. 24<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />
problemas relacionados com a assimetria de<br />
informações. Segundo North (2003), NEI constitui<br />
uma teoria das instituições na economia,<br />
modificando a teoria neoclássica para compreender<br />
os limites do mercado bem como o papel<br />
das instituições na promoção da eficiência nas<br />
transações. A NEI sustenta a suposição básica de<br />
escassez de recursos e de competição entre os<br />
agentes, mas incorpora na discussão uma visão<br />
interativa entre o ambiente institucional e os<br />
arranjos institucionais que conduzem as transações,<br />
como explica Williamson (1996).<br />
Parâmctros dc<br />
dcslocamcnto<br />
Atributos<br />
cnmpnrtamcntuis<br />
Fonte: Williamson (1996)<br />
---- -<br />
-------------,<br />
I<br />
I<br />
I<br />
I<br />
I<br />
I<br />
I<br />
I<br />
I<br />
I<br />
Prcfcrênd,L :<br />
r----l-----L __ +--, _l:: __ =l<br />
Figura 1 - Combinação da vlsao do ambiente<br />
institucional com aJTanjos institucionais<br />
A Figura I ilustra a interação entre os<br />
elementos de análise presentes na NEI. Como<br />
explica Zylberstajn (1995), no ponto central estão<br />
as estruturas que governam das transações entre<br />
agentes, da coordenação descentralizada via<br />
mercado à hierarquia, com uma série de formas<br />
híbridas estabelecidas por relações contratuais,<br />
formais ou não. As estruturas de governança são<br />
condicionadas pelos atributos das transações, o<br />
ambiente institucional e o comportamento dos<br />
indivíduos. Sobre o comportamento dos indivíduos<br />
são pressupostos oportunismo, ou seja, um autointeresse<br />
forte, e racionalidade limitada, ou seja,<br />
uma capacidade limitada de vislumbrar os aspectos<br />
de uma transação. A incapacidade de antecipar as<br />
ocorrências futuras torna a formulação de um<br />
contrato completo impossível, enquanto o<br />
oportunismo deixa aberta a possibilidade de haver<br />
respeito aos termos de um acordo, em termos póscontratuais,<br />
ou a inclusão de termos desvantajosos<br />
em um acordo, em termos pré-contratuais.<br />
As instituições representadas no topo da Figura<br />
I emergem da interação entre os agentes no<br />
ambiente das transações, criando regras e normas<br />
que condicionam tanto o comportamento dos<br />
indivíduos quanto das estruturas de governança.<br />
Milgrom e Roberts (1992), focalizando as<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
organizações, apontaram que a análise de sua<br />
eficiência é sistêmica, exigindo que se dê maior<br />
significado às noções relacionadas com a negociação,<br />
implementação e instrumentos que forçam o cumprimento<br />
de acordos, tornando-se assim bem mais<br />
complexa. North (1995) destacou a função da NEI<br />
em compreender a forma como, ao longo do tempo,<br />
foram estabelecidas instituições econômicas e<br />
políticas capazes de reduzir os custos de transação.<br />
Segundo North (1995) os custos de transação<br />
dizem respeito aos custos de obtenção de inforações<br />
sobre preços e qualidades dos produtos,<br />
custos de realizar barganhas, de elaborar contratos e<br />
monitorar desempenho, além de custos de proteger<br />
direitos de propriedade. Conforme Williamson<br />
(1996) descreve, as transações são cercadas de<br />
atributos que condicionam a adequação de diferentes<br />
estruturas de governança para conduzí-Ias.<br />
O primeiro atributo de uma transação referese<br />
à especificidade de ativos, que representa a<br />
impossibilidade de alocar um bem em usos<br />
alternativos sem redução substancial de seu valor.<br />
A especificidade ocorreria em diferentes graus e<br />
diferentes tipos, sendo um dos atributos mais<br />
importantes das transações. Dentre os tipos de<br />
especificidades, Williamson (1996) identificou seis:<br />
a) especificidade locacional , na qual ativos<br />
localizados proximamente criariam economias de<br />
transporte 'e armazenamento; b) especificidade<br />
física: representada pela adequação de partes a um<br />
tipo de produto; c) especificidade do ativo humano,<br />
que surge com o que se aprende fazendo em<br />
determinada atividade, tornando-se específi co a<br />
ela; d) especificidade de ativos dedicados, em que<br />
há dependência do investimento com o retorno<br />
em função de um cliente em particular; e) especificidade<br />
temporal, que garante que a transação<br />
ocorra no espaço de tempo determinado; f)<br />
especificidade de marca, que ocorre quando há risco<br />
e capital envolvidos no uso das marcas.<br />
A especificidade dos ativos nas transações<br />
cria uma quase-renda, de acordo com Klein et aI.<br />
(1978), que é dada pela diferença entre os<br />
rendimentos do emprego do ativo em uma transação<br />
específica em relação ao uso alternativo.<br />
Nessa relação, as partes recebem incentivos para<br />
se comportarem de maneira oportunista e se<br />
apropriarem de ganhos incrementais unilateralmente.<br />
Zylbersztajn (1995) acrescenta que<br />
formas organizacionais melhor estruturadas<br />
existem na medida em que os ativos se tornam<br />
mais específicos, ou seja, associados a formas de<br />
dependência bilateral.<br />
O segundo atributo das transações, a<br />
freqüência com que esta ocorre, é de suma importância<br />
para estabelecer uma estrutura de controle,<br />
como mostra Williamson (1996). Este atributo<br />
digitalizado por<br />
proporéiona a inibição do comportamento oportunista<br />
observado, aumentando a potencialidade de<br />
interrupção futura do negócio como parte<br />
importante do acordo. A elevada freqüência das<br />
transações permite que estruturas mais eficientes<br />
sejam estabelecidas e viabiliza o efeito reputação<br />
corno um mecanismo de controle do oportunismo.<br />
O terceiro atributo de uma transação referese<br />
à incerteza ou complexidade. Masten (1991)<br />
afirma que quanto mais complexa uma transação,<br />
mais difícil fica descrever de maneira completa e<br />
acurada as responsabilidades de cada uma das partes<br />
contratantes, e mais difícil seria para um tribunal<br />
julgar se as obrigações contratuais foram cumpridas.<br />
A complexidade e a incerteza também aumentam<br />
os custos de organização interna, pois<br />
transações mais complexas criam maiores dificuldades<br />
de gerenciamento. Milgrom e Roberts<br />
(1992) ressaltam que a incerteza surge a partir de<br />
informações assimétricas ou incompletas.<br />
O trabalho de Akerlof (1970) foi pioneiro<br />
na análise da falha do mercado na condução de<br />
transações diante de informações assimétricas<br />
sobre a qualidade dos bens e serviços. A impossibilidade<br />
de definição adequada da qualidade dos<br />
produtos levaria o equilíbrio de mercado a ser<br />
estabelecido como preços inferiores, excluindo<br />
da oferta os produtos de maior qualidade.<br />
Teoricamente, a assimetria de informações pode<br />
distorcer as transações conduzidas pelo mercado<br />
a tal ponto que este simplesmente deixe de existir.<br />
Um volume considerável de transações<br />
econômicas, conforme Spence (1975), é realizado<br />
através de pessoas com informações imperfeitas e<br />
diferenciadas, tornando importantes para as<br />
transações as informações de natureza diferente das<br />
presentes nos preços. Os mercados, segundo o autor,<br />
envolveriam processos de classificação e adequação<br />
de produtos através de redes, sinalização e seleção<br />
de informações não relacionadas com preços. Para<br />
o autor, os indivíduos realizam transações repetidamente<br />
como um meio de prover incentivos para<br />
a sinalização crível de informações referentes a<br />
outros atributos. Segundo Spence (1975), a principal<br />
distinção entre firmas e mercados é que as primeiras<br />
são estruturas hierárquicas e de decisão centralizada,<br />
que viabilizam os processos de gestão que melhor<br />
controlam a alocação de recursos, enquanto os<br />
mercados são estruturas descentralizadas que<br />
estimulam a eficiência através da competição.<br />
Para superar as falhas de mercado existiriam<br />
os mecanismos de a sinalização e a fi ltragem<br />
(screening). A importância do mecanismo de<br />
sinalização como meio de corrigir falhas de<br />
mercado na presença de informação assimétrica<br />
foi primeiramente proposta por Spence (1973),<br />
analisando o mercado de trabalho tanto pelo fato<br />
Pág. 25<br />
arvoredoleite.org
de existir informação assimétrica quanto pela<br />
freqüência das transações serem pequenas entre<br />
um trabalhador e outros empregadores. Em seu<br />
trabalho, o autor declarou ser a sinalização um<br />
conjunto de informações apresentadas por um<br />
agente para convencer outra parte de seus atributos.<br />
Como ressalta Boccaletti (1999), os produtos<br />
alimentícios são bens de experiência, ou<br />
seja, bens cujos atributos só podem ser reconhecidos<br />
após o consumo. Atributos menos<br />
tangíveis, relacionados com a segurança do<br />
alimento e características nutricionais não são<br />
perceptíveis diretamente ao consumidor mesmo<br />
após o consumo. O autor estabelece um modelo<br />
para o comportamento do consumidor com relação<br />
ao consumo de alimentos que mostra a<br />
avaliação individual como dependente da busca<br />
por informação . Steenkamp (1997), citado por<br />
Boccaletti (1999), aponta os critérios importantes<br />
para avaliação de um produto alimentício: qualidade,<br />
preço, marca/reputação, frescor e garantia.<br />
A garantia é dada pela marca em si, pelos selos de<br />
qualidade e pela indicação de origem.<br />
Boccaletti (1999) aponta a designação de<br />
origem como um sinal indicativo de qualidade para<br />
os produtos alimentares que dependem da<br />
experiência do consumidor para reconhecimento<br />
dos atributos. Contudo, o autor ressalta que para<br />
tornar a indicação de origem um sinal efetivo de<br />
qualidade, os produtores devem prover um produto<br />
com um nível constante de qualidade suportado com<br />
investimentos intangíveis em reputação de origem.<br />
É preciso estabelecer um sistema efetivo para<br />
controle da produção, evitando o efeito carona, em<br />
que produtores rompem padrões de qualidade para<br />
conseguirem lucros extraordinários utilizando a<br />
designação de origem. Organizações devem<br />
estabelecer um sistema efetivo de controle para<br />
preservar a aplicação de regras de produção, como<br />
explica o autor, criando mecanismos para assegurar<br />
que um bem foi produzido através de métodos<br />
tradicionais, regulados por protocolos oficiais.<br />
Em consonância com o mecanismo de<br />
sinalização, Machado (2002) aponta para a<br />
importância da reputação para o controle do<br />
oportunismo dos agentes na presença de<br />
informação assimétrica, sendo esta importante<br />
também para a redução dos custos de transação<br />
na realização de novos negócios. A reputação<br />
seria a soma dos conhecimentos desenvolvidos<br />
pelo consumidor com relação à organização ou<br />
pessoa ao longo do tempo, segundo Machado<br />
(2002), sendo um importante mecanismo para<br />
forçar o cumprimento de acordos. A Figura 2<br />
mostra a interação essencial para a formação da<br />
reputação. O desempenho dos produtos anteriormente<br />
observado pelos consumidores, o<br />
Pág. 2 6<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
l1111rketing, os serviços oferecidos junto com os<br />
produtos e os atributos detectáveis de qualidade<br />
alteram a reputação sobre marcas, certificados,<br />
relacionamento e outros sinais emitidos pelos<br />
vendedores aos consumidores de produtos.<br />
Fonte: Machado (2002)<br />
Figura 2 Formação da reputação.<br />
A reputação pode ser cara demais para ser<br />
obtida individualmente, para cada produto, mas<br />
Wernerfelt (1988), citado por Riley (2001), argumenta<br />
é mais barato sinalizar a qualidade<br />
produtos individuais construindo sua reputação sob<br />
a reputação das firmas. Enquanto a reputação não<br />
é estabelecida, produtos devem ser comercializados<br />
a preços baixos para atrair clientes, significando<br />
estes preços baixos um processo de investimento<br />
na construção da reputação.<br />
No comércio norte-sul intra industrial onde<br />
os indivíduos valorizam a qualidade dos bens. a<br />
reputação do produtor é fu ndamental para a<br />
decisão de aquisição do bem. Se a reputação de<br />
ingressantes de um país é baixa, barreiras<br />
informacionais surgem. Chisik (2002) constrói<br />
um modelo em que a reputação do país de origem<br />
determina a qualidade do produto exportado e<br />
também o tipo de produto no qual o país se<br />
especializa. O padrão de comércio internacional<br />
pode ser determinado pela vantagem competitiva<br />
oferecida pela reputação. O autor mostra que se<br />
os consumidores mantêm expectativas negativas<br />
para os produtos oriundos de países no hemisfério<br />
Sul, o progresso econômico tanto no norte como<br />
no Sul altera os termos comerciais de maneira<br />
desfavorável às exportações do Sul, reduzindo o<br />
incentivo aos países do sul produzirem produtos<br />
de maior qualidade. O autor mostra também que a<br />
redistribuição de renda pode favorecer a demanda<br />
por produtos do Sul.<br />
RESULTADOS E DISCUSSÃ O<br />
FAO (2003) destaca um crescimento de<br />
aproximadamente 60%, entre os períodos 1964-<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
66 e 1997-99, no consumo de leite e derivados nos<br />
países em desenvolvimento. O órgão aponta um<br />
crescimento de 44% no consumo de produtos<br />
pecuários para 2030, o que delineia um cenário<br />
favorável para a inserção internacional.<br />
A busca de competitividade passa por uma<br />
estratégia adequada de inserção de produtos no<br />
mercado internacional lidando com o problema da<br />
assimetria de informações. Um dos grandes desafios<br />
para as empresas brasileiras consiste na inserção<br />
competitiva de seus produtos em mercados tra<br />
dicionalmente dominados por grandes grupos trans-<br />
Tabela 1 . Classificação Mundial de Laticínios por Faturamento Global.<br />
nacionais, como mostrado na Tabela 1, que possuem<br />
marcas e reputação estabelecidas, ou seja, que<br />
possuem vantagens comparativas, em termos<br />
informacionais, no ingresso em outros mercados.<br />
A partir da discussão na seção anterior,<br />
depreende-se que uma das principais estratégias<br />
pode ser o lançamento de marcas comerciais<br />
brasileiras com mesma identidade visual e indicação<br />
de origem, para que se estabeleça uma percepção<br />
favorável aos produtos nacionais junto aos<br />
consumidores estrangeiros. A exportação de lácteos<br />
entre junho de 2004 e maio de 2005 foi constituída<br />
País sede<br />
Faturamento U$ Número de países<br />
Empresas<br />
da empresa Bilhões - 1999 onde atua - 2005<br />
Suíça NESTLE 13,4 86<br />
EUA DAIRY FARMERS OF AMERICA 7,3 X<br />
França DANONE 6,7 35<br />
Itália PARMALAT 6,5 26<br />
EUA SUIZA FOODS 6 4<br />
Dinamarca ARLA FOODS 5,5 23<br />
França LACTALIS 5,4 12<br />
Holanda CAMPINA MELKUNIE 5,2 8<br />
Japão SNOW BRAND 4,7 X<br />
Reino Unido UNILEVER 4,5 X<br />
Holanda FRIESLAND COBERCO DAIRY FOODS 4,5 X<br />
EUA PHILIP MORRIS 4,3 X<br />
França BONGRAIN 3,9 28<br />
EUA LAND O'LAKES 3,3 X<br />
Japão MEIJI MILK PRODUCTS 3,2 2<br />
França SODIAAL 3, I X<br />
EUA DEAN FOODS 3 4<br />
Japão MORIGANA 2,9 X<br />
Alemanha NORDMILCH 2,7 X<br />
Irlanda GLANBIA 2 5<br />
Fonte: Elaborado pelo autor a partir de Zoccal (2005)<br />
Tabela 2. Principais produtos da pauta de exportação de lácteos, Junho/04 a Maio/05.<br />
MERCADORIA / PAÍS<br />
jun/04 - mai/05<br />
040 1.30.29 OUTS.CREMES DE LEITE,MATERIA GORDA>6% 2.920.385<br />
0402.10.10 LEITE EM PO,MAT.GORDA
em grande medida por c01n11lodities, leite em pó,<br />
outros leites, cremes de leite e concentrados, como<br />
se observa na Tabela 2.<br />
A experiência prévia com produtos de<br />
natureza semelhante ressalta que maior cuidado<br />
deve ser tomado com produtos finos, especialmente<br />
em países de renda mais elevada e com mercados<br />
relativamente abertos, onde os habitantes podem<br />
consumir mais produtos e compará-los . Ao contrário<br />
das cOllllllodities, os queijos são vinculados à<br />
produção tradicional. O aspecto educacional<br />
interfere na culinária e nos hábitos de consumo,<br />
tornando crítico o tratamento a ser dado às<br />
informações passadas aos consumidores. As informações<br />
de rótulos podem ressaltar aspectos<br />
positivos e peculiares do país de origem já assimilados<br />
pelos consumidores, reforçando inclusive<br />
a identidade geográfica aproveitando-se da boa<br />
reputação criada por outros produtos. Informações<br />
mais detalhadas sobre a sanidade ao longo dos<br />
processos de produção e diferentes etapas da cadeia<br />
devem ser passadas aos consumidores em embalagens<br />
e folhetos de divulgação, dada a atual<br />
preocupação com a segurança dos alimentos em<br />
países desenvolvidos.<br />
A experiência com outros produtos pode<br />
ressaltar o papel dos selos de qualidade que revelam<br />
a adequação do produto a padrões reconhecidos.<br />
Isto representa uma forma de reduzir a incerteza<br />
para os consumidores com relação à qualidade dos<br />
bens, especialmente na fase de introdução do<br />
produto em um novo mercado. Se os consumidores<br />
possuem experiência anterior com outros bens, as<br />
indicações extrínsecas de atributos menos tangíveis<br />
do produto perdem eficiência na influência do<br />
indivíduo, mas a ausência de tais indicações<br />
compromete o poder de persuasão do vendedor.<br />
A experiência prévia com os países e regiões<br />
de origem são fatores determinantes da avaliação<br />
de qualidade. Neste ponto a regulação assume um<br />
papel essencial, estabelecendo um processo de<br />
controle de qualidade, um padrão a ser seguido e<br />
punições para os agentes que violem as condições<br />
de produção específicas. Não adianta apenas criar a<br />
marca Brasil, o país precisa ser conhecido pela<br />
qualidade e valor agregado dos seus produtos. A<br />
possibilidade de utilizar uma designação valiosa atrai<br />
produtores oportunistas, que a utiliza para venda de<br />
produtos de baixa qualidade, reduzindo a importância<br />
da designação de origem na diferenciação dos<br />
produtos. Um padrão de qualidade adequado<br />
estabelece uma sinalização mais eficiente e reduz os<br />
riscos de problemas com a segurança do alimento. É<br />
importante destacar que a reputação criada em torno<br />
de um produto alimentício tende a ser atribuída a<br />
produtos semelhantes da mesma origem, fortalecendo<br />
a imagem do país como produtor de<br />
Pág. 28<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
alimentos de qualidade. A reputação individual tende<br />
a ser substituída pela reputação coletiva.<br />
A instrução normativa 51 representa um<br />
avanço nesses termos. Ao entrar em vigor a partir<br />
de primeiro de julho de 2005 nas regiões Sul, Sudeste<br />
e Centro-Oeste, a instrução normativa estabelece<br />
padrões para os diferentes tipos de leite fluido. A<br />
padronização tende a fortalecer indicações de<br />
orige m, pois a variabilidade de produtos no<br />
território nacional é reduzida. A indicação de origem<br />
passa a sumarizar um conjunto de atributos<br />
com a padronização, constituindo um atributo por<br />
si própria. Contudo, a experiência dos consumidores<br />
com o produto em questão precisa ser<br />
maior, com esforços para a participação em feiras<br />
e divulgação do produto diretamente em mercados<br />
estrangeiros, levando informações sobre a origem,<br />
a marca, os certificados e indicadores de qualidade<br />
do produto ao mesmo tempo em que o consumidor<br />
o experimenta.<br />
Uma das estratégias de influência dos<br />
consumidores consiste na educação direta.<br />
Campanhas educacionais são conduzidas para<br />
ampliar o consumo de leite e derivados, reforçando<br />
a importância nutricional desses produtos.<br />
Diferentes grupos de produtores e grandes<br />
empresas multinacionais buscam maneiras de<br />
incentivar o consumo de seus produtos com a<br />
divulgação de receitas culinárias, dicas de nutrição,<br />
informações históricas e peculiaridades do<br />
produto, em sites divulgados em diversos idiomas.<br />
CONCLUSÃ O<br />
O ingresso dos lácteos no mercado internacional<br />
representa um grande desafio para o<br />
setor. Além dos entraves relacionados com barreiras<br />
sanitárias, técnicas, tarifárias e outras artificialmente<br />
impostas, há uma grande dificuldade de transmissão<br />
de informações aos parceiros internacionais. Da<br />
revisão de literatura apresentada neste texto<br />
delineou-se de maneira abrangente as formas de<br />
intervenção nos mercados para aprimorar a<br />
transmissão de informações. Identificou-se que as<br />
empresas precisam desenvolver marcas, adotar<br />
certificados e selos de qualidade, melhorar a<br />
apresentação dos produtos, como embalagens,<br />
rótulos e informações complementares.<br />
Serviços adicionais podem também ser<br />
oportunos para promover os produtos. Especialmente<br />
na apresentação de produtos de maior<br />
valor adicionado, a identificação de uma marca<br />
associada com um selo indicador de origem, pode<br />
captar atributos de qualidade e aumentar o valor<br />
atribuído aos demais produtos de natureza ou<br />
categoria semelhante, por reforçar a imagem do<br />
país como origem de bens de qualidade.<br />
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ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
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1995. 241p. Tese (Livre-Docência) Faculdade<br />
de Economia, Administração e Contabilidade,<br />
Universidade de São Paulo.<br />
• • •<br />
DESENVOLVIMENTO DE IOGURTE COM LACTOSE REDUZIDA PARA PACIENTES<br />
INTOLERANTES POR MEIO DE FERMENTAÇÃO E ADiÇÃO DE LACTASE<br />
Development of yogurt with reduced lactose levei for intolerant patients by<br />
fermentation and lactase addition<br />
Universidade Estadual do Oeste do Paraná/UNIOESTE - Cascavel - Paraná,<br />
1 Farmacêutica, acadêmica do Curso na habilitação em Análises Clínicas.<br />
Franciele Maciel CEZARl<br />
Luciana OLIVEIRA de Fariiia, D.S.2<br />
Deisy Alessandra DRUNKLER, M.S.2<br />
Márcia Cristina Dalla COSTA, M.S.2<br />
2 Professora Colegiado de Farmácia - Centro de Ciências Médicas e Farmacêuticas. lucianaf@unioeste.br<br />
digitalizado por<br />
Pág. 29<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
RESUMO<br />
A intolerância à lactose vem sendo cada vez mais observado no Brasil nos últimos anos.<br />
Ela é caracterizada pela incapacidade do organismo em hidrolizar a lactose presente no<br />
leite e seus derivados devido à ausência ou quantidade reduzida da enzima lactase no intestino,<br />
o que leva à ocorrência de sintomas como diarréia, produção excessiva de gases, dor por<br />
distensão abdominal, flatulência, náuseas e vômitos. O objetivo deste trabalho foi<br />
desenvolver um iogurte sem lactose, por meio de fermentação convencional e adição de<br />
lactase para possibilitar o consumo deste produto por pessoas intolerantes. A elaboração<br />
do iogurte foi realizada em três tratamentos com adição de lactase em diferentes momentos<br />
da fabricação. Cada tratamento foi realizado em quatro repetições que foram comparados<br />
a um controle. Os produtos obtidos foram submetidos a análises composicionais e físicoquímicas<br />
segundo metodologias descritas em PEREIRA et aI. (2001). Para o leite utilizado<br />
na fabricação foram realizadas as análises composicionais de gordura, extrato seco<br />
desengordurado, proteínas e lactose, e as análises físico-químicas de densidade, acidez e pH.<br />
Para o iogurte elaborado foram realizadas as análises composicionais de gordura, umidade,<br />
proteínas totais, glicídios totais e lactose, e as propriedades físico-químicas de acidez, pH<br />
e viscosidade. As análises foram realizadas em duplicata e comparadas a padrões da legislação<br />
para leite (BRASIL, 2002) e produtos fermentados (BRAS IL, 2001) e a dados da literatura.<br />
O teor de lactose foi determ inado pelo método enzimático Lactose/D-Gal actose<br />
(BOEHRINGER-MANNHEIN - Alemanha) tanto para o leite quanto para o iogurte. Os<br />
resultados obtidos foram submetidos a análise de variância e quando detectada diferença<br />
significativa ao nível de 5% de probabilidade foi aplicado o teste de Tukey. O tratamento<br />
com adição de lactase ao leite a 42°C, com tempo de incubação total de quatro horas,<br />
seguido de resfriamento a 10°C, foi o que apresentou melhor resultado, atingindo hidrólise<br />
total de lactose, apresentando composição e características físico-químicas adequadas à<br />
legislação. A partir deste resultado conclui-se que é possível produzir um iogurte sem<br />
lactose, atendendo às necessidades daquelas pessoas intolerantes à lactose em relação ao<br />
consumo de produtos lácteos.<br />
Palavras-chave: Iogurte, lactose, intolerância, lactase.<br />
1 - INTRODUÇÃ O<br />
A intolerância à lactose consiste na<br />
ausência ou deficiência na produção de lactase,<br />
que é a enzima responsável por degradar a lactose<br />
proveniente do leite e derivados durante a<br />
alimentação (KRAUSE E MAHAN, 2002).<br />
Luz celular Borda em escova<br />
lACTOSE<br />
A lactose deve ser hidrolisada à glicose e<br />
galactose para poder ser absorvida no intestino<br />
(Figura I). Quando a reação de hidrólise não ocorre,<br />
este dissacarídeo não consegue atravessar a parede<br />
intestinal e com isso passa intacto para o intestino<br />
Barreira<br />
celular<br />
Interior da célula<br />
Galactose<br />
Na<br />
---7 Transportador de<br />
Transportador 1\<br />
\<br />
Glicose Na<br />
I Lactase<br />
Glicose<br />
\<br />
\<br />
Transporte ativo<br />
Na<br />
I<br />
II ---7 Transportador de<br />
Transportador galactose Na<br />
Figura 1. Metabolismo da lactose in vivo (Adaptado de KRAUSE e MAHAN, 1991)<br />
Pág. 30<br />
Galaciose<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
INDIVIDUO<br />
NORMAL<br />
--- -- -- -- -vr,- -- -- -- -- -<br />
Fezes nonnais<br />
INDIVIDUO<br />
LACTASE-DmCIEfE<br />
Figura 2. Mecanismo simplificado da intolerância à lactose (Adaptado de FERREIRA, 2001).<br />
grosso, ou seja, não atinge a corrente sanguínea e<br />
não é transportado para o fígado. A lactose será<br />
então fermentada por bactérias resultando em<br />
produção de ácido lático, desencadeando dores<br />
abdominais, diarréia ácida e gases em grande<br />
quantidade (Figura 2). Diante deste quadro normalmente<br />
se recomenda evitar o consumo de leite<br />
e derivados (SALOFF-COSTE, 1996).<br />
O iogurte é um produto lácteo obtido da<br />
fermentação do leite, envolvendo o uso de culturas<br />
de Lactobacilllls blllgariclls e StreptocoCClIs<br />
tlzermophillls. Ele possui elevado valor nutricional,<br />
uma vez que a fermentação torna seus<br />
constituintes pré-digeridos (SALOFF-COSTE,<br />
1997). O iogurte é bem tolerado por pacientes<br />
com má digestão à lactose, pois diminui os<br />
sintomas da intolerância e reduz o mal-estar<br />
provocado pela diarréia. Isso se deve a vários<br />
fatores, principalmente às bactérias láticas do<br />
iogurte que hidrolisam a lactose, assim como a<br />
consistência espessa que retarda o enchimento<br />
gástrico e o trânsito gastrintestinal (SALOFF<br />
COSTE, 1996).<br />
Mesmo sendo o iogurte um produto com<br />
menor quantidade de lactose que o leite, pessoas<br />
muito sensíveis ainda sofrem as conseqüências do<br />
seu consumo. O uso da lactase elimina, ou pelo<br />
menos minimiza, este problema, pois sua atividade<br />
substitui a enzima endógena na degradação da<br />
lactose do alimento.<br />
A lactase é uma das primeiras enzimas a ser<br />
prejudicada na vigência de um déficit nutricional,<br />
com redução significativa da sua produção nas<br />
bordas em escova, nas microvilosidades intestinais<br />
(WAITZBERG, 2001).<br />
A fermentação do leite para a produção do<br />
iogurte promove uma redução no teor de lactose<br />
e a aplicação da lactase nesse produto implicaria<br />
digitalizado por<br />
em menores custos (PROZYN®, 2004), pois a<br />
quantidade de lactose a ser hidrolisada seria menor,<br />
uma vez que as monoses em geral têm maior<br />
doçura que os dissacarídeos e a quantidade de<br />
sacarose a ser adicionada no produto final também<br />
seria menor.<br />
O objetivo deste trabalho foi desenvolver<br />
um iogurte sem lactose por meio da fermentação<br />
convencional e adição de lactase, para possibilitar<br />
o consumo deste produto por pacientes intolerantes.<br />
No Brasil cerca de 25% da população<br />
convive com o problema da intolerância à lactose<br />
(BRANDÃ O et aI., 2003), sendo que há um<br />
crescimento na demanda por produtos mais<br />
adequados (SHEFA ... , 2004) e 70% dos adultos<br />
no mundo são incapazes de digerí-la.<br />
O desenvolvimento do iogurte sem lactose<br />
é justificado por ser este um produto com melhor<br />
aceitação do que o leite pela população em geral,<br />
principalmente por crianças e também por ser<br />
um dos setores de maior crescimento no mercado,<br />
apresentando um aumento de 20% de 200 I para<br />
2002, e que continua em desenvolvimento. O<br />
produto constitui uma opção para aquelas pessoas<br />
intolerantes que normalmente teriam que evitar<br />
o consumo de produtos lácteos, as quais tem como<br />
conseqüência menor ingestão de cálcio, podendo<br />
dar início ao desenvolvimento de osteoporose.<br />
Portanto, é nutricionalmente importante considerar<br />
os produtos lácteos em uma dieta saudável,<br />
e principalmente os leites fermentados.<br />
2 - MATERIAIS E MÉTODOS<br />
A produção do iogurte e as análises físicoquímicas<br />
e sensorial, foram realizadas no laboratório<br />
de Bromatologia da Universidade Estadual do Oeste<br />
do Paraná UNI OESTE, campus de Cascavel.<br />
Pág. 31<br />
arvoredoleite.org
2.1 Produção do iogurte com teor reduzido<br />
d e lactose<br />
Os iogurtes fo ram elaborados de acordo<br />
com a técnica normal segundo FERREIRA<br />
(2002), adicionando-se polpa de morango,<br />
aroma de morango, corante natural carmin de<br />
cochonilha, açúcar e cultura lática. Não foi utilizado<br />
conservantes na elaboração do produto.<br />
Para cada repetição (total de quatro repetições),<br />
foram empregados nove litros de leite integral<br />
tipo B pasteurizado, tratado termicamente à<br />
95 °C e resfriado entre 25-35 °C, sendo que<br />
cada tratamento foi produzido com 2 L de leite<br />
e I L foi separado para a realização das análises<br />
físico-q u ímicas .<br />
Foram avaliados três tratamentos com<br />
adição de lactase, adicionada em diferentes<br />
momentos da fabricação do iogurte. Os tratamentos<br />
fo ram comparados a um controle<br />
elaborado sem adição de lactase. Os leites para o<br />
processamento do iogurte foram submetidos aos<br />
seguintes tratamentos:<br />
'<br />
- Tratamento J: adição de lactase ao leite à<br />
42 "C, seguido de incubação por 4 horas,<br />
adição de cultura lática e incubação na<br />
mesma temperatura por mais quatro horas<br />
seguido de resfriamento a 10 0e.<br />
Tratamento 2: adição de lactase juntamente<br />
com a cultura lática e incubação à 42 °C por<br />
4 horas seguido de resfriamento à 10 0e.<br />
- Tratamento 3: adição de cultura lática e<br />
incubação por 4 horas à 42 "C seguido de<br />
resfriamento por 4 horas à 10 °C, quebra<br />
do gel e adição de lactase seguido de um<br />
novo resfriamento à 10 "C por 20 horas.<br />
Controle: elaborado segundo técnica<br />
normal, com incubação à 42 °C por 4<br />
horas, sem adição de lactase.<br />
Após 24 horas de ação da enzima, procedeuse<br />
a quebra dos géis e adição dos demais ingredientes.<br />
O iogurte pronto foi armazenado sob<br />
refrigeração por uma semana para a realização da<br />
análise sensorial e análises físico-químicas.<br />
2.2 Análise físico-química do leite<br />
empregado na fabricação do iogurte<br />
O leite empregado na fabricação do iogurte<br />
foi analisado conforme metodologias descritas<br />
por PEREIRA et ai. (200 I). A análise do teor de<br />
lactose foi realizada utilizando o kit de Determinação<br />
de lactose e D-galactose. Para o leite<br />
foram feitas as análises de densidade, gordura pelo<br />
método butirométrico, extrato seco total pela<br />
fórmula de Fleishmann, proteínas por método<br />
formo\, glicídios totais pelo método de Fehling,<br />
Pág. 32<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
lactose pelo método enzimático citado, acidez<br />
em ácido lático e pH. As análises foram realizadas<br />
em duplicata e os resultados obtidos foram<br />
comparados a padrões da legislação brasileira<br />
(BRASIL, 20(2) e dados de composição média<br />
normal para esse tipo de leite citados na literatura.<br />
2.3 Análise físico-química do iogurte<br />
elaborado<br />
As análises físico-químicas dos iogurtes<br />
foram realizadas de aeordo com a metodologia<br />
proposta por PEREIRA et ai. (200 I). Para a<br />
determinação do teor de lactose, segui-se o<br />
mesmo protocolo do leite. Para o iogurte foi<br />
determinado umidade, extrato seco desengordurado,<br />
gordura, proteínas totais, glicídios<br />
totais, lactose, acidez, pH e viscosidade. A primeira<br />
leitura da lactose foi realizada com 34 horas de<br />
ação enzimática e a segunda leitura foi realizada<br />
com 20 dias, por ser o tempo máximo de<br />
conservação do iogurte, já que foi elaborado sem<br />
adição de conservantes.<br />
2.4 Análise sensorial<br />
Na análise sensorial do iogurte, realizada<br />
após uma semana de produção do iogurte, foram<br />
aval iados os atributos aparência, sabor e consistência<br />
por meio de teste de preferência<br />
empregando-se escala hedônica de 9 pontos.<br />
As amostras foram avaliadas por 25<br />
provadores escolhidos aleatoriamente entre<br />
alunos de ambos os sexos de todos os anos dos<br />
cursos de Farmácia, Odontologia, Fisioterapia,<br />
Ciências Biológicas, Enfermagem e Medicina e<br />
também por fu ncionários e professores do curso<br />
de Farmácia da UN IOESTE - Campus de Cascavel,<br />
tendo estes idades entre 17 e 40 anos, os quais<br />
atribuíram notas segundo uma escala de valores<br />
variando no intervalo de I (desgostei muitíssimo)<br />
a 9 (gostei muitíssimo). Os resultados obtidos a<br />
partir da avaliação dos iogurtes adicionados de<br />
lactase foram comparados com os resultados do<br />
controle por meio de análise de variância e quando<br />
detectada diferença significativa, ao nível de 5%<br />
de probabilidade, as médias foram comparadas pelo<br />
teste de Tukey.<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
3.1 Análise físico-químicas do leite<br />
utilizado na produção do iogurte<br />
Os resultados obtidos nas análises físicoquímicas<br />
dos leites empregados em cada<br />
repetição, estão apresentados na Tabela I.<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Os teores de gordura eneontrados nas<br />
análises dos leites foram satisfatórios, uma vez<br />
que condizem com o limite estabelecido pela<br />
legislação brasileira, que preconiza um mínimo<br />
de 3,0% (m/v) de gordura em leite tipo B.<br />
SALINAS (2002), discute que é com a por<br />
centagem mínima de 3,0 % (m/v) que a maioria<br />
dos leites fluídos são comercializados, devido a<br />
padronização ao qual são submetidos na indústria.<br />
Os teores de extrato seco desengordurado<br />
das amostras, encontravam-se dentro dos limites<br />
estabelecidos por BRASIL (2002). O valor pre<br />
conizado para a quantidade de sólidos não<br />
gordurosos em leite pasteurizado tipo B é de no<br />
mínimo 8,4 % (m/m).<br />
Em relação à porcentagem de proteínas do<br />
leite, foi observado que os leites empregados para<br />
as repetições I e 2 se encontravam de acordo<br />
com a legislação. Porém os leites utilizados nas<br />
repetições 3 e 4 da produção do iogurte apresentaram<br />
um percentual de proteína abaixo do<br />
mínimo exigido por lei. A legislação brasileira<br />
preconiza um mínimo de 2,9 % (m/v) de proteína<br />
total para o leite pasteurizado tipo B e as<br />
oscilações devem ser controladas pelo estabelecimento<br />
processador.<br />
Os teores de lactose estão de acordo com a<br />
média para o leite integral tipo B, porém não há<br />
especificação legal sobre limites mínimos para este<br />
açúcar no leite. Os resultados encontrados são<br />
condizentes com estudos de PORTUGAL et ai.<br />
(200 1 ), que na análise composicional do leite<br />
encontrou uma concentração de lactose média de<br />
4,6% (mim), variando entre 3,8 e 5,3 % (mim).<br />
Tabela 1 - Composição dos leites empregados na fabricação do iogurte (*)<br />
O resultado das análises das propriedades<br />
físico-químicas do leite estão apresentados na<br />
Tabela 2.<br />
Segundo BRASIL (2002), a quantidade de ácido<br />
lático no leite pasteurizado tipo B pode variar de<br />
0,14 a 0,18 (%m/m) e a densidade deve se apresentar<br />
entre 1,028 e 1,034 g/mL. Tendo em vista os<br />
resultados obtidos, o leite utilizado na produção do<br />
iogurte apresentou-se dentro dos limites preconizados<br />
em relação à acidez e a densidade.<br />
De acordo com os resultados obtidos podese<br />
observar que os leites das repetições 1, 2 e 4<br />
apresentaram pH ligeiramente elevado. O pH<br />
do leite da repetição 3 apresentou um pH mais<br />
elevado. Segundo LEITE et ai. (2003) o pH ou<br />
concentração hidrogeniônica, é um fator de<br />
influência na qualidade e segurança dos alimentos.<br />
3.2 Análise físico-química do iogurte<br />
elaborado<br />
A composição centesimal do iogurte<br />
elaborado em seus distintos tratamentos<br />
encontra-se na Tabela 3.<br />
O tratamento controle apresentou uma<br />
porcentagem de gordura inferior ao estabelecido<br />
pela legislação, enquanto que os demais tratamentos<br />
estão dentro do padrão estabelecido<br />
que é de 3,0% (m/m). RAMOS et ai. (2002)<br />
realizaram um estudo em 6 amostras de iogurtes<br />
de morango e encontraram um teor de gord ura<br />
inferior ao preconizado pela legislação.<br />
O teor de proteína do iogurte em cada tratamento<br />
se encontra de acordo com o preconizado<br />
REPETIÇÃO GORDURA PROTEÍNA ESD LACTOSE<br />
(% m/v) (%m/v) (%m/m) (% m/v)<br />
1 3,45 ± 0,04 3,41 ± 0,21 9,40 ± 0,04 4, 10<br />
2 3,95 ± 0,04 3,23 ± 0,07 9,05 ± 0,04 3,90<br />
3 3,95 ± 0,04 2,27 ± 0, 14 9,30 ± 0,04 3,48<br />
4 3,05 ± 0,04 2,53 ± 0,07 8,70 ± 0,04 3,59<br />
* Valores obtidos de quatro repetições feitas em duplicata, seguidos de desvio padrão.<br />
Tabela 2 - Propriedades físico-químicas dos leites empregados na produção do iogurte (*)<br />
REPETIÇÃO<br />
DESNSIDADE ACIDEZ<br />
(g/rnL) (%m/m)<br />
1 1,034 0,16<br />
2 1,032 0, 15<br />
3 1,033 0, 15<br />
4 1,031 0, 15<br />
* Valores obtidos de quatro repetições feitas em duplicata, seguidos de desvio padrão.<br />
digitalizado por<br />
pH<br />
6,74<br />
6,7 1<br />
6,90<br />
6,74<br />
arvoredoleite.org<br />
Pág. 33
pela legislação brasileira que prevê um mínimo de<br />
2,9 % (mIm) de proteínas. No desenvolvimento<br />
do iogurte adicionado de cereais integrais,<br />
TRAMONTINA et ai. (2001) encontraram um teor<br />
de proteínas de 3,72% (mim).<br />
O extrato seco total do iogurte elaborado<br />
apresentou valores inferiores aos do iogurte<br />
produzidos por TRAMONTINA et ai. (200 I)<br />
com adição de cereais integrais.Em geral a<br />
quantidade mínima de sólidos totais não graxos<br />
varia de 12 a 15% (mIm) para conseguir um<br />
produto final coril boas características de textura<br />
e viscosidade (EARLY, 2000).<br />
Os teores de glicídios totais esperados para<br />
o iogurte elaborado deveriam variar entre 10 e<br />
15% (mIm), resultando do açúcar (8%) e da polpa<br />
de morango, adicionados na formulação,<br />
somados aos carboidratos resultantes da hidrólise<br />
da lactose e também à própria lactose residual.<br />
Os teores de glicídios totais encontrados neste<br />
trabalho foram semelhantes aos resultados<br />
obtidos por TRAMONTINA et ai. (200 I), que<br />
obtiveram em média 15,8 % (mim) de carboidratos<br />
no iogurte adicionado de cereais integrais, o que<br />
está de acordo com os valores médios para iogurtes<br />
com sacarose em sua formulacão.<br />
Os resultados obtidos para as propriedades<br />
físico-químicas do iogurte elaborado se encontram<br />
na Tabela 4.<br />
O iogurte elaborado atendeu a exigência da<br />
legislação, pois os valores obtidos para a acidez,<br />
em todos os tratamentos encontraram-se dentro<br />
dos limites estabelecidos, pois segundo BRASIL<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Tabela 3 - Composição centesimal dos iogurtes elaborados (*)<br />
(2001), a acidez determinada para iogurtes é de<br />
0,6 a 1,5 % (mIm) de ácido lático. RAMOS et aI.<br />
(2002) encontrou valores de acidez titulável em<br />
torno de 0,58% para iogurte de morango. Em<br />
relação à acidez, observou-se que não houve<br />
diferença significativa a nível de 5% de probabilidade<br />
entre os tratamentos, sendo que o<br />
tratamento I apresentou-se mais ácido, enquanto<br />
o tratamento 4 é o de menor acidez.<br />
Não há limite estabelecido pela legislação<br />
brasileira em relação ao pH do iogurte. De acordo<br />
coma tecnologia de fabricação, o pH do iogurte<br />
depende do tipo de cultura utilizado para a<br />
fermentação e pode variar de 4,5 a 4,8 em produtos<br />
recém elaborados (CHR HANSEN, 2003).<br />
MALTA et ai. (2002) em seus estudos com<br />
di ferentes marcas de iogurte, encontrou valores<br />
de pH inferiores a 4,5 para todos, sendo este um<br />
pH que impede o crescimento de bactérias<br />
contaminantes. Segundo SCHERNER (2004),<br />
autores mencionam que o pH fi nal do iogurte<br />
deve-se encontrar entre 3,8 e 4,2 para atingir as<br />
características sensoriais (aroma e sabor) e de<br />
textura desejados.<br />
Segundo FERREIRA (1993), quanto menor<br />
for o pH, maior é a acidez e menor é a quantidade<br />
de lactose do iogurte. Essa informação foi<br />
nitidamente visualizada para o tratamento I da<br />
produção do iogurte hidrolisado.<br />
Segundo resultado da análise estatística, não<br />
houve diferença significativa ao nível de 5% de<br />
probabilidade entre as viscosidades dos tratamentos.<br />
Em relação à viscosidade, obteve-se iogurtes de<br />
TRATA MENTO<br />
GORDURA PROTEÍNA UMIDADE ESD<br />
GLICÍDIOS<br />
TOTAIS<br />
(% mIm) (% mIm) (%m/m) (% mIm) (% mIm)<br />
Controle 2,94 ± 0, 11 3,15 ± 0,21 80,49 ± 2, 19 19,5 1 ± 2, 19 11, 84 ± 3,48<br />
Tratamento 1 3,00 ± 0,3 1 3,15 ± 0,25 80,95 ± 4,39 19,05 ± 4,39 16,63 ± 5,3 1<br />
Tratamento 2 3,00 ± 0,35 3,19 ± 0,22 82,59 ± 2,4 1 17,41 ± 2,4 1 12,82 ± 3,66<br />
Tratamento 3 3,31 + 0,32 3,25 + 0, 13 78,06 + 2,23 21,94 + 2,23 13,03 + 3,61<br />
* Valores obtidos de quatro repetições feitas em duplicata, seguidos de desvio padrão.<br />
Tabela 4 - Propriedades físico-químicas dos iogurtes elaborados (*)<br />
TRATA MENTO<br />
ACIDEZ TITULÁ VEL<br />
pH<br />
VISCOSIDADE<br />
(% mIm) (Cp)<br />
Controle 0,66 ± 0, 12 4,50 ± 0,36 375,00 ± 75,00<br />
Tratamento 1 0,67 ± 0,06 4,40 ± 0, 15 387,50 ± 21,65<br />
Tratamento 2 0,65 ± 0,06 4,50 ± 0,10 437,50 ± 21,65<br />
Tratamento 3 0,64 + 0, 11 4,50 + 0,4 1 375,00 + 82,92<br />
* Valores obtidos de quatro repetições feitas em duplicata, seguidos de desvio padrão.<br />
Pág. 34<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
consistência firme, sendo que o mais viscoso foi o<br />
tratamento 2 com viscosidade de 387,5 cP, seguido<br />
pelos tratamentos 1 e 3, nesta ordem.<br />
3 .3 Determinação do teor de lactose do<br />
iogurte elaborado<br />
A determinação da lactose dos iogurtes foi<br />
realizada em duas etapas: com 1 dia (tempo I) e<br />
com 20 dias de fabricação (tempo 2), e atividade<br />
enzimática. Os resultados obtidos estão descritos<br />
na Tabela 5.<br />
O número diferente de repetições ocorreu<br />
devido à decomposição da enzima betagalactosidase<br />
do kit de determiação de<br />
lactose e D-galactose, que levou a perda de<br />
algumas análises.<br />
Observa-se que com 24 horas de ação da<br />
enzima foi possível reduzir a zero o teor de<br />
lactose no tratamento I. O resultado sugere que<br />
este tratamento foi o que ofereceu as melhores<br />
condições de tempo e temperatura para a<br />
hidrólise da lactose. Segundo análise estatística<br />
o tratamento controle diferiu significativamente<br />
a 5% de probabilidade dos tratamentos 1 e 2,<br />
mas não diferiu do tratamento I. O tratamento<br />
2 diferiu significativamente dos tratamentos<br />
controle e 3 mas não diferiu do tratamento 3.<br />
Isso demonstra que os tratamentos I e 2 são<br />
estatisticamente iguais.<br />
A correlação entre acidez titulável e a<br />
concentração de lactose fo i confirmada neste<br />
experimento. De uma forma geral, quanto maior<br />
a acidez titulável encontrada em um produto<br />
fermentado, menor será o teor de lactose desta<br />
amostra, devido a produção de ácido Iático por<br />
microorganismos presentes no produto<br />
(FERREIRA, 1993). Analisando as médias obti-<br />
das, o tratamento I foi o que apresentou a maior<br />
acidez e a menor quantidadé'de lactose no<br />
produto final, porém, estatisticamente todos<br />
os tratamentos são iguais em relação a acidez e<br />
quanto a lactose o tratamento 1 é estatisticamente<br />
igual ao 3.0 tratamento 2 também<br />
obteve resultados satisfatórios, já que a<br />
concentração de lactose se aproximou do zero.<br />
O tratamento 3 foi o que apresentou o pior<br />
resultado em relação à concentração final de<br />
lactose. Este tratamento foi estatisticamente<br />
igual ao controle, onde não há adição de enzima<br />
para hidrolisar a lactose. A incubação à 10°C não<br />
apresentou boa atividade enzimática, uma vez<br />
que todos os tratamentos tiveram o mesmo<br />
tempo de ação da enzima.<br />
De acordo com os resultados obtidos quanto<br />
a hidrólise da lactose, sugere-se que a temperatura<br />
de 42°C foi adequada tanto para a atividade da<br />
cultura lática quanto da lactase. No tempo 2,<br />
observou-se uma queda ainda maior do teor de<br />
lactose indicando que a enzima continuou sua<br />
atividade durante o armazenamento à frio.<br />
Verificou-se um ligeiro aumento entre as médias<br />
das concentrações de lactose do tratamento I no<br />
tempo I e 2, provavelmente devido à diferente<br />
números de repetições neste trabalho, pelas<br />
justificativas apresentadas anteriormente.<br />
Se fosse realizado um estudo mais detalhado<br />
para descobrir o momento exato de hidrólise<br />
máxima da lactose no tratamento 2 com adição<br />
de conservantes, talvez fosse possível atingir<br />
hidrólise total dentro do prazo de validade, o<br />
que se tornaria uma alternativa viável industrialmente,<br />
já que este tratamento requer apenas<br />
4 horas de incubação enquanto o tratamento 1<br />
leva 8 horas. Isso resultaria num aspecto<br />
economicamente favoráveL<br />
Tabela 5 - Teores de lactose (% m/v) do iogurte elaborado de acordo com o tempo de ação da enzima.<br />
TEMPO CONTROLE TRATAMENTO 1 TRATAMENTO 2 TRATAMENTO 3<br />
1 2,38 ±0,56* a 0,00 ±0, I9* h 0,46 ±0,20* h 2,55±0,36)* a<br />
2 2,31 ±0,06** a 0,07 +0,07** h 0,15 +0,02** h 2,06 +0,50** ,<br />
* Médias obtidas em três repetições ** Médias obtidas em duas repetições; seguidas de desvio padrão.<br />
Tabela 6 - Resultado da análise sensorial feita para os iogurtes elaborados (*)<br />
TRATAMENTOS APARÊNCIA SABOR CONSISTÊNCIA<br />
Controle 8,03 ± 1,06 a 7,64 ± 1,25 a 7,82 ±1,49 a<br />
Tratamento 1 7,75 ± 1,20 a 7,42 ± 1,22 a b 7,78 ±I,30 a<br />
Tratamento 2 7,70 ± 1,46 b c 7,51 ± 1,37 a 7,74 ±1,48 a<br />
Tratamento 3 7,95 + 1,17 'c 7,07 + 1,62 h 7,48 +1,64 a<br />
* Notas médias obtidas de 25 provadores em quatro repetições seguidas do desvio padrão.<br />
digitalizado por<br />
Pág. 35<br />
arvoredoleite.org
Os ·teores de lactose dos tratamentos I e 2<br />
apresentaram-se menores que aqueles encontrados<br />
em leites comercializados sob<br />
denominação de "leites com teor reduzido de<br />
lactose" que é em média 0,5% (m/m), segundo<br />
dados contidos na informação nutricional da<br />
rotulagem desses produtos.<br />
3.4 Análise sensorial<br />
o resultado obtido da análise sensorial para<br />
o iogurte elaborado está na Tabela 6.<br />
Para o atributo aparência verificou-se que<br />
somente o tratamento 2 diferiu do controle. Os<br />
tratamentos adicionados de lactase não diferiram<br />
entre si a nível de 5% de probabilidade pelo teste<br />
de Tukey.Dentro da escala hedônica, que foi<br />
utilizada pelos provadores para atribuir as notas,<br />
as médias da aparência de todos os tratamentos<br />
fi caram no intervalo entre 7 (gostei regularmente)<br />
e 8 (gostei muito). O tratamento 3 foi<br />
considerado o melhor na opinião dos provadores,<br />
pois obteve a maior nota.<br />
Em relação ao sabor, verificou-se também<br />
uma diferença significativa a nível de 5% de<br />
probabilidade entre os tratamentos pelo teste de<br />
Tukey. Os tratamentos I e 2 foram semelhantes<br />
ao controle, enquanto o tratamento 3 diferiu deste.<br />
Os tratamentos I e 2 foram estatisticamente iguais.<br />
O tratamento 3 diferiu do tratamento 2 mas foi<br />
igual ao tratamento I. O tratamento 2 obteve a<br />
mior pontuação entre 7 (gostei regularmente) e 8<br />
(gostei muito), portanto, foi considerado o melhor<br />
pelos provadores.<br />
O teste de Tukey revelou que não houve<br />
diferença significativa a um nível de 5% de<br />
probabilidade para o atributo consistência. De<br />
acordo com as médias obtidas verificou-se que a<br />
consistência do iogurte nos três tratamentos<br />
ficaram com notas entre 7 (gostei regularmente)<br />
e 8 (gostei muito).<br />
Este experimento teve como objetivo<br />
elaborar um iogurte sem lactose com as<br />
características mais próximas possíveis do<br />
tratamento controle que é o de produção normal.<br />
Observou-se que o tratamento mais similar ao<br />
controle foi o tratamento I e, portanto, levando<br />
em conta os requisitos da análise sensorial<br />
somados a hidrólise total da lactose, a eventual<br />
produção industrial do iogurte seria realizada<br />
segundo técnica empregada para o tratamento I.<br />
4 - CONCLUSÃ O<br />
Tendo em vista os resultados obtidos conclui-se<br />
que é possível a produção de um iogurte<br />
sem lactose ou com teor bastante reduzido, o que<br />
Pág. 36<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />
atenderia as necessidades de pessoas totalmente<br />
intolerantes ou com deficiência secundária de<br />
lactase, respectivamente.<br />
O iogurte obtido através da incubação do<br />
leite adicionado de lactase por 4 horas à 42°C,<br />
seguido de adição de cultura e incubação por mais<br />
4 horas à mesma temperatura com posterior<br />
refrigeração, foi o que apresentou maior grau de<br />
hidrólise em menor tempo (24 horas). Este<br />
iogurte apresentou características sensoriais<br />
semelhantes ao controle, o que garante a aceitação<br />
pelos consumidores. A qualidade do leite é fundamentai<br />
para que se obtenha um iogurte ideal<br />
nas características sensoriais e de composição.<br />
Pelos bons resultados obtidos neste trabalho,<br />
sua continuidade na forma de um projeto<br />
utilizando testes in vivo, parece uma alternativa<br />
interessante e necessária para a comprovação da<br />
efetividade deste produto para os pacientes<br />
intolerantes. Este projeto com certeza contribuiria<br />
para a obtenção de um produto ainda melhor e<br />
mais adequado, já que se estaria trabalhando com<br />
o público alvo.<br />
ABSTRACT<br />
Lactose intolerance is a gastrointestinal<br />
disturb that has been observed more and more in<br />
Brazil in the last years . Ir is characterized by<br />
the incapacity of the organism to hydrolyze<br />
the lactose present in milk and its derivatives<br />
due to the absence or the reduced quantity of<br />
lactase in the intestine and takes to the<br />
occurrence of symptoms as diarrhea, excessive<br />
gas production, pain for abdominal distention,<br />
flatulence, nauseas and vomits. The aim of this<br />
work was to develop a yogurt without lactose,<br />
by conventional fermentation and lactase<br />
addition to allow the consumption of this<br />
product fo r intolerant patients . The yogurt<br />
making was done in three treatments, with the<br />
lactase addition in different moments of the<br />
fabrication. Each treatment was due in four<br />
repetitions, which were compared to a control,<br />
without lactase addition. The obtained products<br />
were submitted to compositional and phisycalchemycal<br />
analysis as the analytical methods<br />
described by PEREIRA et a!. (200 I). For the<br />
milk used were accomplished the analysis of fat,<br />
non-fat dry matter, proteins, lactose, and the<br />
physical-chemical analysis of density, acidity and<br />
pH. For the yogurt were accomplished the<br />
analysis of fat, moisture, total proteins, total<br />
carbohydrates and lactose, and the physicalchemical<br />
analysis of acidity, pH and viscosity.<br />
The analysis was taken in duplicate and<br />
compared to legislation standards for milk<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
(B R ASIL, 2002) and fermented products<br />
(BRASIL, 200l).Lactose levei was determined by<br />
the enzymatic method Lactose/D-Galactose<br />
B OEHRINGER-MANNHEIN, for milk and<br />
yogurt. The obtained results was submitted to<br />
variance analysis and when significant difference<br />
were detected, was applied the Tukey test. The<br />
lactase added yogurt at 42°C, with total time of<br />
incubation of four hours, followed by cooling to<br />
1 0°C, presented better results, reaching total<br />
lactose hydrolysis and presented composition and<br />
physical-chemical characteristics appropriate to<br />
the legislation. In conclusion with this results it<br />
is possible to produce a yogurt without lactose<br />
for intolerant people that cannot consume<br />
traditional dairy products.<br />
Key-words: Yogurt, lactose, intolerance,<br />
lactase.<br />
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• •<br />
ALTERAÇÃO DO PERFIL ELETROFORÉTICO DE PROTEíNAS DO LEITE EM RAZÃO DO<br />
CRESCIMENTO DE PSEUDOMONAS FL UORESCENS<br />
Electrophoretic profile alteration of milk proteins due to Pseudomonas fluorescens growth<br />
RESUMO<br />
Cláudia Lúcia de Oliveira Pintol<br />
Rita Maria Alves de Moraes2<br />
Sebastião César Cardoso Brandão3<br />
Célia Alencar de Moraes4<br />
Maria Cristina Dantas Vanetti4<br />
A estocagem do leite cru em condições de refrigeração, por períodos prolongados, permite<br />
a seleção .. e actérias . psicrotróficas produtoras de proteases termorresistentes as quais são<br />
com frequencIa aSSOCIadas à problemas tecnológicos de impactos econômicos negativos<br />
para a , i dústria ?e laticínios. Em leite cru refrigerado, bactérias Gram-negativas predominam<br />
e especIes do genero Pselldo!nonas têm sido isoladas com maior freqüência em razão de<br />
apresentarem um tempo curto de geração e mecanismos eficientes de adaptação à baixas<br />
temperaturas. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do crescimento de Pseudo!nonas<br />
fl o, . escens sobre as proteínas do leite durante a estocagem sob refrigeração. Amostras de<br />
leIe cru ordenhadas sob boas práticas de higiene foram inoculadas com, aproximadamente,<br />
10 . UFC/mL de P. fluorescens 07 A e 041, isoladas de diferentes amostras de leite cru<br />
refrigeradas em tanques de granelização. As amostras foram estocadas a 7 °C e avaliadas<br />
com O, I, 2, 4 e 6 dias de estocagem. Amostras controles, não-inoculadas, foram avaliadas<br />
nas mesmas condições descritas. O efeito do crescimento dos isolados 07 A e 04 1 sobre as<br />
proteínas o leite foram avaliados por eletroforese em gel de poliacrilamida - SDS-PAGE<br />
e por análIse densitométrica qualitativa dos géis. O grau de hidrólise das frações caseínicas<br />
de leite cru integral inoculado com P. fluorescens aumentou com o tempo e, com dois dias<br />
de stocagem, a degradação das frações caseínicas K e foi evidente. A fração K-caseína foi<br />
maIS susceptível à hidrólise, seguida da fração -caseína e a-caseína. Não foram constatadas<br />
alterações no perfil eletroforético das proteínas nas amostras de leite cru não inoculadas<br />
após seis dias de estocagem. A contagem inicial de bactérias psicrotróficas nas amostras de<br />
Pesqusadora EPAMIG/CTZM - Viçosa - MG, DS em Microbiologia Agrícola UFY. E-mail: clucia@epamig.ufv.br<br />
2 PesquIsadora EMBRAPA<br />
3 Departamento de Tecnologia de Alimentos. Universidade Federal de Viçosa<br />
4 Departamento de Microbiologia. Universidade Federal de Viçosa. E-mail: mvanetti @ufv.br<br />
Pág. 38<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICÍNIOS<br />
leite usadas para a realização da pesquisa foi inferior a 1,0 UFC mL-1 atingindo 2,2 x 102<br />
UFC mL-1 após seis dias de manutenção a 7 °C. Estes resultados indicam que o controle da<br />
contaminação inicial do leite cru constitui um ponto crítico no processo de granelização<br />
para a prevenir a degradação das proteínas do leite e, conseqüentemente, perdas de<br />
qualidade e econômicas na indústria de laticínios.<br />
Palavras-chave: Perfil eletroforético proteínas do leite Pseudo/1lon{/s jl110rescens<br />
Apoio Financeiro: FAPEMIG .<br />
1 - INTRODUÇÃ O<br />
A esto cagem do leite cru na fonte de<br />
produção sob refrigeração praticamente elimina<br />
a deterioração do leite por atividade acidificante<br />
de bactérias mesofílicas, porém pode ocasionar<br />
problemas tecnológicos associados ao crescimento<br />
de bactérias psicrotróficas (ADAMS et<br />
aI., 1976; COUSIN, 1982; STOFER e HICKS,<br />
1983; FAIRBAIRN e LAW, 1986; WIKINGET<br />
et aI., 2002).<br />
Dentre as bactérias psicrotróficas isoladas<br />
de leite cru e de produtos lácteos refrigerados<br />
Pseudo11lollas tem sido mais freqüente (COUSIN,<br />
1982; ENEROTH et aI., 1998; S0RHAUG e<br />
STEPANIAK, 1997; EWINGS et aI., 1984 URAZ<br />
e ÇITA K, 1998; ENEROTH et aI., 2000a,b;<br />
WIEDMANN et aI., 2000) por apresentarem um<br />
curto tempo de geração, entre O e 7°C, e uma<br />
baixa temperatura mínima de crescimento de até<br />
-10°C (S0RHAUG e STEPANIAK, 1997).<br />
Espécies de Pseudo/llollas degradam a caseína e<br />
as proteín as do soro durante a estocagem sob<br />
refrigeração (GRIEVE e KITCHEN, 1985).<br />
Enzimas termorresistentes produzidas por<br />
espécies de Pseudo!llollas e outras bactérias<br />
psicrotróficas são relacionadas à perdas de<br />
qualidade e redução da vida de prateleira do leite<br />
UHT e de outros produtos lácteos (SPECK e<br />
ADAMS, 1975; FOX, 1981; TERADA et aI.,<br />
1982; COUSIN, 1982; FA IRBAIRN e LAW,<br />
1986; S0RHAUG e STEPANIAK, 1997).<br />
O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito<br />
do crescimento de Pselldomonas fl uorescens<br />
sobre as proteínas do leite durante a estocagem<br />
sob refrigeração<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
2.1. Efeito do crescimento de Pseudomollas<br />
fluorescells sobre as proteínas do leite<br />
Os efeitos do crescimento dos isolados 07 A<br />
e 04 1, sobre as proteínas do leite, foram avaliados<br />
por eletroforese em gel de poliacrilamida - SDS-<br />
digitalizado por<br />
PAGE, com modificações do método de<br />
LAEMMLI (1970), em Sistema Mini-Proteanl!!><br />
lI, Bio-Rad, com fonte Power Pac 300 - Bio-Rad.<br />
Volumes de 100 mL de leite cru, ordenhado<br />
em condições assépticas de animal saudável,<br />
foram inoculados com, aproximadamente, 106<br />
UFC mL·1 dos isolados 07A ou 04 1. As amostras<br />
foram incubadas, estaticamente, em estufas do<br />
tipo B.O.D., a 7 °C, e analisadas imediatamente,<br />
após a inoculação, e com I, 2, 4 e 6 dias de estocagem,<br />
para observação do efeito do crescimento<br />
dos isolados sobre as frações caseínicas.<br />
As amostras para análise das proteínas do<br />
leite fo ram preparadas conforme descrito por<br />
ADAMS et aI. (1976). Alíquotas de 10 mL do leite<br />
refrigerado foram acidificadas para pH 4,0 com<br />
ácido clorídrico 10 moi L·I, sob agitação constante.<br />
Posteriormente, as amostras foram centri fugadas<br />
por 10 minutos, a 12.100 g, em centrífuga Sorval,<br />
modelo RC Se. O soro foi eliminado e a caseína<br />
precipitada e o volume original foi reconstituído,<br />
corrigindo-se o pH para 6,9.<br />
Foram usados géis de poliacrilamida contendo<br />
SDS de acordo com sistema descontínuo utilizandose,<br />
para a separação das proteínas, um gel de<br />
acrilamida a 15% e o gel de empilhamento a 4,5%.<br />
As concentrações finais de tampão Tris-HCI e de<br />
SDS no gel de separação e de empilhamento foram<br />
aquelas recomendadas por Laemmli (1970). Os géis<br />
foram polimerizados quimicamente, pela adição<br />
de 0,025% (v/v) de tetrametileno diamina<br />
(TEMED) e O,OS% (p/v) de persulfato de amônio.<br />
O tampão de corrida, pH 8,6, continha Tris-base,<br />
glicina e SDS. As amostras foram aj ustadas para a<br />
concentração de, aproximadamente, 10 mg mL-1<br />
de proteína (LAEMMLI, 1970; McPHERSON e<br />
KITCHEN, 198 1). Alíquotas de 2 mL das amostras,<br />
correspondentes a, aproximadamente, 20 mg de<br />
proteína, foram adicionadas de 25 mL de solução<br />
tampão de amostra e submetidas a tratamento<br />
térmico por imersão em banho de água fervente,<br />
por três minutos e, posteriormente. analisadas. A<br />
eletroforese foi conduzida a 60 V por 20 minutos,<br />
Pág. 39<br />
arvoredoleite.org
para empilhamento e 80 V, por duas horas, para<br />
separação das frações protéicas. Os géis foram<br />
corados, por duas horas, à temperatura ambiente,<br />
em solução de azul brilhante de Coomassie R a<br />
0,2% em metanol: ácido acético: água (l :2: 17 v/v).<br />
Posteriormente, eles foram revelados e transparentizados<br />
em solução de ácido acético.<br />
A identificação das diferentes formas de<br />
caseína foi feita por análise de amostras individuais<br />
de padrões de a, e lC-caseínas purificadas de leite<br />
bovino (Sigma, Chemical Co, St Louis, MO, USA)<br />
e marcadores de massa molecular de faixa baixa e<br />
média (Promega®). Os padrões de caseína foram<br />
preparados pela dissolução de I mg de padrão em<br />
I mL de tampão de amostra. A seguir, foram<br />
aquecidos em banho-maria fervente, por três<br />
minutos. Os padrões de caseína continham a caseína,<br />
aproximadamente 85%; mínimo de 7'0% de<br />
proteínas; -caseína, mínimo de 90%; livre de<br />
sais e lC-caseína, mínimo de 80%.<br />
Os efeitos das atividades proteolíticas dos<br />
isolados 07 A e 04 1 foram também avaliados por<br />
análise densitométrica qualitativa dos géis, no<br />
Laboratório de Biotecnologia e Fisiologia Vegetal<br />
da Embrapa - Centro Nacional de Pesquisa do Gado<br />
de Leite. Paralelamente, foi realizada a técnica<br />
descrita com amostra controle, não-inoculada, nas<br />
mesmas condições descritas para as amostras de leite<br />
cru que receberam os inóculos. Os densitogramas<br />
resultantes foram então comparados.<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃ O<br />
3.1. Efeito do crescimento de P. flllorescens<br />
sobre as proteínas do leite<br />
Não foram constatadas alterações no perfil<br />
eletroforético das proteínas em amostras de leite<br />
cru ordenhadas e coletadas assepticamente,<br />
A Q<br />
B<br />
rc<br />
rc<br />
%A<br />
0.6<br />
0.4 -J<br />
%A 0.5<br />
Qj<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
quando incubadas a 7°C, por um período de até<br />
seis dias (Figura I). Os densitogramas resultantes<br />
da análise em SDS-PAGE confirmaram que o perfil<br />
das proteínas das amostras de leite cru, após seis<br />
dias de estocagem, nas diferentes temperaturas<br />
de refrigeração, não foi alterado (Figura 2). Estes<br />
resultados confirmam que a qualidade da matériaprima<br />
constitui um dos mais importantes fatores<br />
para a fabricação de leite UHT (LAW et aI., 1977;<br />
GRIFFITHS et aI., 1988).<br />
PMP PBP t=O 1d 2d 4d 6d PC<br />
a-caserna<br />
p-caseina<br />
lC-caseína<br />
p-Ig<br />
Figura 1 - - SDS-PAGE (15%) das proteínas do<br />
leite cru controle (não inoculado),<br />
estocado a 7°C, por 6 dias, e revelado<br />
com Coomassie-blue. Canaletas :<br />
PMP - Padrão de peso molecular<br />
médio; PB P - Padrão de peso<br />
molecular baixo; t=O - Leite cru no<br />
tempo zero; I d - Leite cru após um<br />
dia de estocagem; 2d - Leite cru após<br />
dois dias de estocagem; 4d - Leite<br />
cru após quatro dias de incubação; 6d<br />
- Leite cru após seis dias de<br />
incubação; PC Padrão de peso<br />
molecular das frações de caseína.<br />
20O 40 ' 0 60.0<br />
MM<br />
(V<br />
004 "'--. . ..- / <br />
/"-.<br />
200 400 600<br />
MM<br />
Figura 2 - Densitogramas dos géis das amostras de leite cru, não-inoculado, estocado a 7°C. A _<br />
Início da estocagem. B - Após 6 dias de estocagem.<br />
Pág. 40<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
O efeito do crescimento de P jluorescells<br />
07 A e 041 inoculados na mesma matéria-prima<br />
usada como controle sobre as frações da caseína<br />
foi evidente ao longo do tempo de estocagem<br />
(Figura 3). A manutenção das amostras de leite<br />
cru inoculadas individualmente com os isolados<br />
de P. jl uorescells 07 A e 04 1 e mantidas a 7°C<br />
promoveu a deterioração das frações caseínicas,<br />
observando-se com 48 horas, a degradação das<br />
frações lC e além do aparecimento da para-kcaseína<br />
(Figura 3 A, B). A albumina foi degradada<br />
após seis dias de estocagem pelo isolado 07 A<br />
(Figura 3, A.) e com apenas dois dias pelo isolado<br />
041 (Figura 3, B).<br />
Constatou-se maior grau de deterioração<br />
das proteínas nas amostras inoculadas com o<br />
isolado 04 1 (Figura 3, B). A extensão do<br />
crescimento dos isolados de P jluorescells 07 A<br />
e 04 1 sobre as diferentes frações protéicas da<br />
caseína afetaram, inicialmente, a lC-caseína, com<br />
a liberação da banda correspondente à para-lCcaseína.<br />
Além da fração lC-caseína, a fração caseína<br />
foi degradada rapidamente, o que pode<br />
ser observado com a diminuição da intensidade<br />
da banda em SDS-PAGE (Figura 3, A e B).<br />
Os dados observados neste estudo indicaram<br />
que uma inoculação inicial de, aproximadamente,<br />
I O UFC mL-', levou à hidrólise das frações de<br />
caseína na temperatura de refrigeração avaliada.<br />
Este resultado está de acordo com os descritos<br />
por COUSINS et aI. (1977), em que uma contaminação<br />
por bactérias psicrotróficas, superior a<br />
2,0 x 106 UFC mL-', já compromete a integridade<br />
PMP PBP tO Id 2d 4d 6d PC<br />
"«Iseln,<br />
. . /<br />
.<br />
-ff -1If!! ;\ t-:=- p-caseina<br />
-<br />
-'.. I·I. -'::::selrn<br />
A<br />
das frações caselOlcas, com conseqüente<br />
decréscimo na produção de queij os de, aproximadamente,<br />
5%, ocasionando impactos<br />
econômicos negativos à indústria de laticínios.<br />
COSTA et aI. (2002) e CHEN et aI. (2003) também<br />
constataram a capacidade de P. jluorescens<br />
em hidrolizar, em baixa temperatura e de forma<br />
rápida, a k-caseína, sugerindo que a estocagem<br />
prolongada do leite cru sob refrigeração, antes<br />
do processamento, pode resultar na perda de<br />
qualidade da matéria-prima em conseqüência da<br />
atividade de enzimas termoestáveis de bactérias<br />
psicrotróficas , comprometendo a manutenção<br />
da qualidade dos produtos lácteos, especialmente<br />
aqueles de vida de prateleira longa, a exemplo<br />
do leite UHT.<br />
A análise densitométrica qualitativa do gel<br />
referente à atividade de P. jl uorescens 07 A<br />
(Figura 4) sobre as frações caseínicas durante<br />
estocagem a rc reforçou a degradação preferencial<br />
das frações lC, e a-caseína, nesta<br />
ordem. Esses resultados são semelhantes aos<br />
constatados por GRIEVE e KITCHEN (1985),<br />
que observaram que estirpes de P. jluorescells e<br />
de S. marcescens, produtoras de proteases extracelulares<br />
termoestáveis, apresentaram maior<br />
especificidade para a lC-caseína, seguida da caseína<br />
e, finalmente, uma menor especificidade<br />
para a fração a-caseína.<br />
O efeito deletério do crescimento de P.<br />
f!uorescells e sua atividade enzimática sobre as<br />
proteínas do leite, demonstraram que o tempo e a<br />
temperatura de resfriamento de 7°C, recomendada<br />
PMP PBP t-U 1d 2d .. li tid PC<br />
== I < ... ;i,<br />
F -W _<br />
B<br />
/ a-caseina<br />
W--p-caseína<br />
!C-caseína<br />
Figura 3 - SDS-PAGE (15%) das proteínas do leite cru inoculado com o isolado P. jluorescens 07<br />
A (A) e P jluorescens 041 (B), estocado a 7°C, por seis dias, e revelado com Coomassieblue.<br />
Canaletas: PMP - Padrão de peso molecular médio; PBP - Padrão de peso molecular<br />
baixo; t=O - Leite cru inoculado no tempo zero; 1 d Leite cru inoculado após um dia de<br />
incubação; 2d - Leite cru inoculado após dois dias de incubação; 4d - Leite cru inoculado<br />
após quatro dias de incubação; 6d - Leite cru inoculado após seis dias de incubação; PC -<br />
Padrão de peso molecular das frações de caseína. d (dia).<br />
digitalizado por<br />
Pág. 41<br />
arvoredoleite.org
no sistema de coleta a granel pelo sistema de<br />
imersão (BRASIL, 2002a), não impedem o<br />
crescimento de bactérias psicrotróficas e atividade<br />
de suas enzimas. No estabelecimento processador,<br />
a temperatura de refrigeração máxima de conservação<br />
do leite cru é de até lOoC (BRASIL,<br />
2002a) sugerindo, de acordo com os resultados<br />
desse estudo, que a extensão da proteólise pode<br />
ser intensificada. O tempo entre a ordenha e o<br />
recebimento do leite no estabelecimento industrial<br />
deve ser observado, considerando que a proteólise<br />
A %A :: -:]<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
foi também ocorreu com o aumento do tempo de<br />
estocagem na temperatura avaliada.<br />
4 - CONCLUSÃ O<br />
Os resultados desse estudo indicam que a<br />
contaminação inicial do leite cru e o tempo de<br />
estocagem constituem pontos críticos no processo<br />
de granelização para a prevenir a degradação das<br />
proteínas do leite e, conseqüentemente, perdas de<br />
qualidade e econômicas na indústria de laticínios.<br />
().4 -----.---------------------.--------------------.-----------------i<br />
20.0<br />
40.0<br />
6<br />
MM<br />
0 .0<br />
0.8 -<br />
B %A 0.6 -<br />
1\ _<br />
04- ____ -.==_.==-J<br />
C<br />
%A 0 .6<br />
O.(J ...<br />
0.4<br />
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0. 4<br />
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O.8 <br />
0.8 -<br />
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F 0 .4 --L ______ -===-=r-A_r-...<br />
__<br />
O<br />
-_---- -.<br />
MM<br />
MM<br />
40.0<br />
MM<br />
O<br />
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----------I-----------<br />
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MM<br />
-.-:===:::;: ::==:::._ ___ __rv--------==--<br />
200 40O 60O<br />
=:..----.:-;::==::;:::=====::::'"""'-<br />
Figura 4 - Densitogramas dos géis das amostras de leite cru inoculado como P. fluorescells 07 A, incubadas<br />
a 7°C, por seis. A-início da estocagem; B-l dia de estocagem; C-2 dias de estocagem; D-4 dias<br />
de estocagem; E-6 dias de estocagem; F-Padrão de peso molecular das frações caseínicas.<br />
Pág. 42<br />
MM<br />
:2::: ::.l<br />
SUMMARY<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
The storage of raw milk under refrigeration<br />
for long periods allows the selection of<br />
psychrotrophic bacteria that produce<br />
thermostable protease, which cause technological<br />
problems to the dairy industry. In the refrigerated<br />
raw milk, Gram-negative bacteria prevail. Species<br />
of the Pseudomollas genus has been isolated from<br />
cooled milk with great frequency because they<br />
present a short generation time and efficient<br />
mechanisms of adaptation to low temperatures.<br />
The objective of this work was to evaluate the<br />
effect of Pseudolllollas flllorescens growth upon<br />
the milk proteins during the storage under<br />
refrigeration. Samples of raw milk obtained under<br />
good hygienic practices were inoculated with,<br />
approximately, 106 CFU/mL of P. flllorescens 07 A<br />
and 04 1. These strains were isolated from<br />
different samples of refrigerated raw milk. The<br />
samples were incubated at 7 °C and evaluated with<br />
O, I, 2, 4 and 6 days of storage. As control, no<br />
inoculated samples were evaluated in the same<br />
conditions. The effect of growth of the 07 A and<br />
04 1 isolate on the milk proteins was evaluated by<br />
electrophoresis in polyacrylamide gel (SDS<br />
PAGE) and for qualitative densitometry analysis<br />
of the gels. The hydrolysis degree of the raw<br />
milk caseins inoculated with P. f1 uorescens<br />
increased with the time after two days of storage.<br />
The degradation of the k and /3-casein was more<br />
evident. The k-casein was more susceptible to<br />
hydrolysis, followed by the /3-casein and a-casein.<br />
It was not veri fied alterations in the<br />
electrophoretic protein profile in the control<br />
samples after six days of storage. The initial count<br />
of psychrotrophic bacteria in the milk samples<br />
used for the accomplishment of the research was<br />
inferior to 1,0 CFU/mL and reached 2,2 x 102<br />
CFU/mL after six days at 7 oCo These results<br />
indicate that the control of initial contamination<br />
in raw milk constitutes a criticai point in the<br />
process of refrigerated storage in order to prevent<br />
milk protein degradation and quality and<br />
economic losses.<br />
Key Words: Electrophoretic profile; milk<br />
proteins; Pselldo!llOIlClS flllorescells<br />
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Studies on psychrotrophic bacteria of bovine<br />
milk, proteolytic and lipolytic activies of<br />
psychrotrophic bacteria isolated from raw<br />
milk. Bulletin of the Nippon Veterinary<br />
and Zootechnical College, v. 31, p. 222-<br />
228, 1982.<br />
URAZ, G.; CITAK, S. The isolation of<br />
Pseudomonas and other gram (-) psychrotrophic<br />
bacteria in raw milks. Journal Basic of<br />
Microbiology, v. 38, p. 129-134, 1998.<br />
WIEDMANN, M.; WEILMEIER, D.; DINEEN,<br />
S. S; RALYEA, R.; BOOR, J. K. Molecular and<br />
phenotypic characterization of Pseudomonas<br />
spp. isolated from milk. Applied and<br />
Environrnental Microbiology, v. 66, p. 2085-<br />
2095, 2000.<br />
WIKING, L.; FRtEST, M. B.; LARSEN, L. B.;<br />
NIELSEN, J. H. Effects of storage conditions<br />
on lipolysis, proteolysis and sensory attributes<br />
in high quality raw milk. Milchwissenschaft,<br />
v. 57, p. 190-194, 2002.<br />
6 • AGRADECIMENTOS<br />
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado<br />
de Minas Gerais - FAPEMIG, aos professores<br />
Maurílio Alves Moraes e Everaldo Gonçalves de<br />
Barros e a Dra. Rita Maria Alves Moraes do<br />
Laboratório de Genética Moelcular de Plantas<br />
Proteína do BIOAGRO-UFV, ao Professor Marco<br />
Antônio Furtado da FFB/UFJF, aos pesquisadores<br />
Lêonidas P. Passos, Maria Coletta Vidigal da<br />
EMBRAPA-Gado de Leite, a Danielle Braga da<br />
EPAMIG/CT/ILCT, ao Maurílio Lopes Martins e<br />
Eliane Furtado.<br />
• •<br />
EMBALAGEM ATIVA PARA A FABRICAÇÃO DE LEITE DELACTOSADO<br />
Active packaging to produce milk lactose free<br />
RESUMO<br />
Luciana Rodrigues da Cunha'<br />
Camila Batista da Silva2<br />
Samantha Marques Coccatj3<br />
Robson Maia Geraldine4<br />
Nilda de Fátima Ferreira Soares5<br />
Nathália Ramos de Melo6<br />
o leite é um complemento dietético de alto valor nutritivo. Entretanto, a inclusão do leite<br />
na dieta humana, pode ser prejudicial a certos indivíduos, devido à atividade reduzida ou<br />
ausência da lactase intestinal. Torna-se necessário, então, o desenvolvimento de métodos<br />
para a preparação de leite livre da lactose. Assim, o desenvolvimento de embalagens ativas<br />
através da imobilização da lactase no polímero é uma alternativa em potencial. O presente<br />
trabalho teve como objetivo avaliar a eficiência da enzima lactase incorporada em fi lme<br />
de base celulósica na redução do teor de lactose em leite. Os filmes foram imersos em<br />
frascos contendo 100 mL de leite pasteurizado integral, e mantidos a 40°C por 4 horas. O<br />
fi lme promoveu hidrólise de 94,4% da lactose após 4 horas de contato. Portanto o filme<br />
desenvolvido apresenta enorme potencialidade de ser usado como revestimento interno de<br />
embalagens para acondicionar leite.<br />
Palavras-chave: leite, embalagem ativa, hidrólise, lactose, lactase.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
O leite é um complemento dietético de alta<br />
qualidade e valor nutritivo, por conter<br />
carboidratos, lipídios, proteínas e sais minerais.<br />
Entretanto, a inclusão do leite na dieta humana,<br />
após a fase de lactação, pode ser prejudicial a<br />
certos indivíduos, já que sua ingestão é capaz de<br />
promover perturbações digestivas, cuja<br />
intensidade pode variar de simples mal-estar até<br />
o impedimento das atividades normais. Isso<br />
ocorre devido à reduzida atividade ou ausência<br />
da lactase intestinal . Em torno de 70% da<br />
população adulta mundial apresenta deficiência<br />
a lactase, sendo considerada como uma<br />
característica normal da espécie humana (RYDER<br />
et ai, 1989).<br />
1 Engenheira de Alimentos, Mestranda UFY.<br />
2 Engenheira de Alimentos, Mestranda - UNICAMP.<br />
3 Engenheira de Alimentos - UFV.<br />
4 Engenheiro Agrônomo - Pesquisador Doutor - UFG.<br />
5 Professora PhD UFV.<br />
6 Engenheira de Alimentos Doutoranda - UFV.<br />
digitalizado por<br />
Quando essa insuficiência ocorre, a lactose<br />
ingerida permanece no intestino delgado sem<br />
sofrer hidrólise, provocando um fluxo de água<br />
extracelular para o interior do duodeno e jejuno,<br />
bem como para o estômago, em razão da<br />
diferença da pressão osmótica (JOHNSON et aI,<br />
1993). A lactose não absorvida é fermentada pela<br />
microbiota do cólon, resultando em ácidos<br />
orgânicos, gases e o aumento do peristaltismo<br />
dos músculos do intestino, com manifestações<br />
de flatulência, fluxo intestinal anormal, cólica<br />
abdominais, diarréias com fezes aquosas<br />
(LEHNINGER, 1986).<br />
Torna-se necessário, então, o desenvolvimento<br />
de métodos para a preparação de leite<br />
Pág. 45<br />
arvoredoleite.org
livre da lactose. O leite com baixo teor de lactose<br />
pode ser preparado por meio de sua remoção física<br />
ou por meio de sua hidrólise enzimática, pela<br />
liberação dos seus correspondentes monossacarídeos,<br />
glicose e galactose. Esse último método<br />
é preferido, pelo fato de não modificar a<br />
concentração nem a qualidade dos outros<br />
componentes do leite. A lactose é hidrolisada por<br />
meio de enzimas produzidas por leveduras mais<br />
ativas do que a de fungos, em baixas temperaturas.<br />
Quando a lactose é hidrolisada pela lactase, obtémse<br />
a D-galactose e a D-glicose. O aumento da<br />
molaridade dos compostos solúveis diminui o<br />
ponto de congelamento da solução; portanto, a<br />
depressão do ponto de congelamento causada pela<br />
hidrólise da lactose, pode ser usada para<br />
determinar o grau de lactose hidrolisada (HENG<br />
et aI, 1994). Tradicionalmente, os materiais de<br />
embalagens têm sido selecionados no sentido de<br />
ter mínima interação com o alimento que<br />
acondicionam, constituindo assim barreiras<br />
inertes. Entretanto, nas últimas décadas, diversos<br />
sistemas de embalagem têm sido desenvolvidos<br />
com o objetivo de interagir de forma desejável<br />
com o alimento são as embalagens ativas,<br />
geralmente planejadas para alterar propriedades<br />
desejadas no produto (SOARES, 1998). As<br />
embalagens ativas vêm sendo usadas em um grande<br />
número de produtos alimentícios tais corno pães,<br />
bolos, biscoitos, pizza, massa fresca, croassant,<br />
queijo, peixe, carnes (curadas , desidratadas, defumadas)<br />
café, chá, leite em pó, feijão, frutas<br />
desidratadas, farinhas, vinhos, "snacks", frutas e<br />
hortaliças, legumes, etc. Cada um desses produtos<br />
tem mecanismos diferentes de deterioração, que<br />
deverão ser entendidos para que se possa definir<br />
urna embalagem ativa (VERMEIREN et aI., 1999).<br />
Dentre as inúmeras embalagens ativas, podemos<br />
destacar os filmes antimicrobianos, as embalagens<br />
com atmosferas modificadas, absorvedores de<br />
oxigênio e de etileno, absorvedores e geradores<br />
de CO" reguladores de umidade, liberadores de<br />
aditivos, liberadores e/ou absorvedores de sabores<br />
e odores, indicadores de temperatura, incorporação<br />
de enzimas e absorvedores de radiação<br />
(VERMEIREN et aI., 1999; BRANDÃO, 2001;<br />
HAN, 2002). Várias enzimas têm sido imobilizadas<br />
em polímeros para produção de filmes a serem<br />
utilizados no acondicionamento dos alimentos<br />
(SOARES, 1998, APPENDINI & HOTCHKINS,<br />
2002), corno a naringinase que hidrolisa o composto<br />
naringin responsável pelo gosto amargo<br />
em grapefruit. O desenvolvimento da tecnologia<br />
de embalagem ativa para produção de leite<br />
delactosado é uma área inovadora. Essas embalagens<br />
concorrem com as convencionais (sem a<br />
imobilização da enzima), por apresentarem um<br />
Pág. 46<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
grande valor agregado em relação aos benefícios<br />
trazidos aos consumidores, proporcionando-lhes<br />
melhorias na qualidade da alimentação. O presente<br />
trabalho teve corno objetivo a produção de urna<br />
embalagem ativa para a produção de leite delactosado<br />
através da incorporação da enzima lactase<br />
em filme de base celulósica.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
O trabalho foi realizado no laboratório de<br />
embalagens da Universidade Federal de Viçosa - MG.<br />
2.1 - Construção da curva padrão<br />
Para a construção da curva padrão, foi<br />
adicionado diretamente a 100 mL de leite<br />
pasteurizado (Funarbe) diferentes quantidades da<br />
enzima lactase (Prozyn®) (O, 20, 40, 60, 80,<br />
100 J.lL). As amostras de leite contendo a enzima<br />
foram mantidas à 40°C por 4 horas, sendo<br />
realizadas análises de crioscopia nos tempos de<br />
2 e 4 horas.<br />
2.2 -Preparo do fi lme e imobilização da<br />
enzima<br />
Os filmes foram produzidos pelo método<br />
"cast" segundo SOARES, (1998), sendo incorporado<br />
com 19,25; 38,5; 57,8; 250; 500;<br />
1000 mg de enzima lactase (Prozyn®) I g<br />
polímero celulósico.<br />
2.3 - Avaliação da eficiência de hidrólise do<br />
filme<br />
Para avaliar a eficiência de hidrólise da<br />
lactose pelo filme foi utilizado leite integral<br />
pasteurizado. Em um frasco contendo 100 mL<br />
de leite foi adicionado 120 cm2 do fi lme<br />
(considerando os dois lados) promovendo urna<br />
relação de 1,2 cm2 de filmeI mL de leite. Os<br />
frascos foram mantidos a 40°C por 4 horas.<br />
Análises crioscópicas foram realizadas após 2 e<br />
4 horas de contato do filme com o leite. Para o<br />
filme incorporado com 320 mg de enzima e<br />
inoculado imediatamente após fabricação foram<br />
avaliadas duas relações área do filmeI volume de<br />
leite; 1,2 cm21 mL e 0,6 cm21 mL).<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Os resultados obtidos para a construção da<br />
curva-padrão são mostrados na Figura 1.<br />
De acordo com a curva padrão construída<br />
pode-se verificar que 60 J.lL de enzima lactase<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
adicionada diretamente ao leite foi suficiente<br />
para promover 85% de hidrolise do leite,<br />
atendendo, portanto a legislação. Os resultados<br />
obtidos para a hidrólise do leite integral em<br />
contato com o filme imobilizado com diferentes<br />
quantidades de enzima são mostrados na<br />
Tabelal.<br />
100<br />
00<br />
00<br />
QI<br />
UI<br />
:g<br />
-a 40<br />
J:<br />
20<br />
20<br />
40 00<br />
Loctase (0 L)<br />
• l00,45·X<br />
y=--<br />
13,45+X<br />
00 100<br />
Figura 1 Porcentagem de hidrólise de lactose<br />
em leite pasteurizado integral em<br />
função de diferentes concentrações<br />
de enzima lactase.<br />
Tabela 1 - Hidrólise da lactose (%) obtidas em<br />
leite integral pasteurizado em<br />
contato com fi lme contendo enzima<br />
incorporada estocado a 40°C.<br />
Filme Quantidade de Área (cm2) %de<br />
enzima no hidrolise<br />
filme<br />
I(70mL) * 0,67 120 10.7<br />
Il(140mL) * 2,54 120 46, 11<br />
IlI(210mL *) 4,4 120 12,48<br />
VI(lg) * 80,8 120 3.39<br />
V(2g) * 114 120 5,61<br />
VI(4g *) 320 120 7,13<br />
VIl(4g) ** 320 120 94,4<br />
VIlI(4g) ** 160 60 72,6<br />
Inoculação<br />
da enzima 151 O 96,2<br />
no leite<br />
diretamente<br />
* Filme estocado a 24horasl25°C<br />
** Filme produzido e usado imediatamente<br />
De acordo com os dados apresentados na<br />
Tabela I verificou-se que as quantidades de<br />
enzimas adicionadas aos fi lmes I, lI, m, IV, V e<br />
VI não fo ram satisfatórias, uma vez que<br />
promoveram uma hidrólise muito pequena. Uma<br />
possível justificativa para tal fato seria a perda<br />
digitalizado por<br />
da ati vidade da enzima no filme durante seu<br />
acondicionamento à temperatura ambiente por<br />
24 horas. O filme incorporado com 320 mg de<br />
enzima (filme VII) utilizando-se uma área de 120<br />
cm2 foi suficiente para promover hidrólise maior<br />
que 85%. Assim confirmou-se a baixa estabilidade<br />
da enzima a temperatura ambiente. A<br />
enzima lactase possivelmente fica imobilizada<br />
no fi lme como o ocorrido nos resultados alcançados<br />
por Soares (1998) que imobilizou<br />
naringinase na mesma base celulósica utilizada<br />
neste trabalho.<br />
4 - CONCLUSÃ O<br />
O filme incorporado com lactase apresentou<br />
eficiência no processo de hidrólise do leite sendo,<br />
portanto, uma tecnologia potencial para o<br />
revestimento interno de embalagens contornadas<br />
usadas para acondicionar leite.<br />
5 - ABSTRACT<br />
Milk is food high nutntlon values to the<br />
human consumption. However, some peoplc<br />
present lactase deficiency that can cause<br />
abdominal discomfort when consume milk.<br />
Development of technologies that can be llsed<br />
to produce milk lactose free is an important to<br />
attend these conSllmers . This work aimed to<br />
develop a fi lm incorporated with lactase enzyme<br />
and evaluate its efficiency to hydrolyze lactose<br />
in milk. The fi lms were prodllced in cellulose<br />
polymer base incorporated with different lactase<br />
(Prozyn) concentrations. Pieces of fi lm were<br />
immersed into 100 mL pastellrized milk and<br />
stored at 40°C for hours and crioscope analyses<br />
were realized after two and foUI' hours of storage.<br />
The results showed that acti ve packaging is a<br />
potential innovated technology to contribute<br />
for health qllality of the conSllmers.<br />
Kcy-words: Milk, active packaging,<br />
hydrolyze, lactose, lactase.<br />
AGRADECIMENTOS<br />
Ao CNPq, FINEP, FA PEMIG pelo apoio<br />
fi nanceiro . A empresa Prozyn"-' pela doação da<br />
enzima.<br />
6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
APPENDINI, P. ; HOTCHKISS, J.H. Rcvicw of<br />
antimicrobial food packaging. Inovative<br />
food science e emerging technologies, v. 3, p.<br />
113-) 26, 2002.<br />
47<br />
arvoredoleite.org
BRANDÃO, L.S. Inibição da microbiota de<br />
exsudado de frango por nisina incorporada<br />
em sachês de celulose. Viçosa - MG: UFV,<br />
54p. Dissertação (Mestrado em Ciência e<br />
Tecnologia de Alimentos) - Universidade Federal<br />
de Viçosa, 200 I.<br />
HAN, J.H. Active food packaging. Disponível<br />
na internet. URL: . Acessado<br />
em outubro 2002.<br />
HENG, M.H.; GLATZ, C.E. Ion exchange<br />
immobilization of charged Â-galactosidase<br />
fusions for lactose hydrolysis. Biotechnol.<br />
Bioeng. 1994; 44: 745-752.<br />
JOHNSON, A.; SEMENYA, J.G.; BUCHOWSKI,<br />
M.S., ENWONWU, C.O.; SCRIMSHAW, N.S.<br />
Pág. 48<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
• • • •<br />
Correlation of lactose maldigestion,<br />
lactose intolerance and milk intolerance.<br />
Arm. J. Chem. Nutr. 1993; 57:399-401.<br />
RYDER, D.N. Hydrolysis of lactose in whey<br />
products. B. Int. Dairy Fed.1989, 233: 45-52.<br />
SOARES, N .F.F. Bitterness Reduction in<br />
Citrus Juice Through Naringinase<br />
Immobilized into Polymer Film . Ph.D.<br />
Dissertation, New York: Cornell University,<br />
130p., 1998.<br />
VERMEIREN, L.; DEVLIEGHERE, F. ; Van<br />
BEEST, M.; KRUIJF de N.; DEBEVERE, J.<br />
Development in the active packaging of<br />
foods. Trends in Food Science e Technology, v.<br />
10, p. 77-86, 1999.<br />
• •<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
POSTER'S<br />
INFLUÊNCIA DA ÁGUA INDUSTRIAL EM PONTOS CRíTICOS DE CONTROLE, EM<br />
LATiCíNIO DE BANDEIRANTES - PARANÁ<br />
Industrial water influence on criticai control points, in a dairy plant of Bandeirantes -<br />
Paraná, Brazil<br />
RESUMO<br />
OTENIO, Marcelo H.l<br />
MIGLlORANZA, Lucia H. S.2<br />
RONCON, Thiago J.3<br />
ESTEV Ã O, Tarcísio.4<br />
A qualidade da água empregada dentro da indústria de alimentos, é de fundamental<br />
importância para a garantia de qualidade dos produtos por ela processados. Este trabalho<br />
avalia a água utilizada por um laticínio na região de Bandeirantes - Paraná, com o objetivo<br />
de verificar o impacto dessa água, sobre a qualidade dos produtos: leite pasteurizado tipo C<br />
integral e iogurte. Laudos emitidos pelo serviço de controle de qualidade da vigilância<br />
sanitária, foram considerados para a avaliação qualitativa dos produtos processados pela<br />
indústria. Amostras de água foram coletadas mensalmente de julho de 2004 a janeiro de<br />
2005, do reservatório central, e de diversos pontos na linha de processamento: no sistema<br />
trocador de calor (aquecimento ou resfriamento); e água que entra em contato com o<br />
produto, como a água de lavagem e enxágüe da iogurteira. Foram realizadas análises físicoquímicas<br />
e microbiológicas, de acordo com Standard Methods of Water and Wastewater<br />
(2000). Os resultados da avaliação permitiram observar que os produtos fi nais (leite,<br />
iogurte), se encontravam dentro dos padrões da RDC n. 12, de 02/0 1/200 I - ANVISA. As<br />
análises de amostras de água do reservatório apresentaram cloro ativo (0,5 ppm/L) e<br />
ausência de bactérias. No processo produtivo, a água sofre diminuição do teor de cloro,<br />
possivelmente pelo aquecimento. Amostras de água resfriada também indicaram que houve<br />
uma perda de cloro e, nesse caso, aumento de bactérias heterotróficas, porém não foi<br />
diagnosticada a presença de coliformes. Mesmo com a indicação de que os parâmetros<br />
avaliados estão em conformidade com as exigências de qualidade do produto final, sugerese<br />
a recloração da rede de água gelada e do pé-de-Iúvio, como medida preventiva para<br />
garantia de controle.<br />
Palavras-chave: água industrial; desinfecção; PCC<br />
Professor Dr. Depto. de Saúde e Educação da Faculdades Luiz Meneghel - FFALM, Bandeirantes - PR;<br />
oteniom@ffalm.br;<br />
2 Professora Dra. Depto de Tecnologia de Alimentos e Medicamentos TAM - UEL - Londrina - PR;<br />
3 Aluno do Curso de Biologia da Faculdades Luiz Meneghel - FFALM, Bandeirantes - PR;<br />
4 Médico Veterinário.<br />
Os autores agradecem o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) pela disponibilidade de todos os recursos<br />
para a realização deste trabalho.<br />
digitalizado por<br />
Pág. 49<br />
arvoredoleite.org
1 - INTRODUÇÃ O<br />
Todo processo produtivo tem um certo grau<br />
de dependência da água. A indústria de laticínios<br />
é extremamente dependente da qualidade de água<br />
para a obtenção de produtos dentro dos padrões<br />
estabelecidos. A qualidade microbiológica da água<br />
vai interferir diretamente no produto final.<br />
Segundo Amaral (2000), a água utilizada<br />
na indústria de alimentos pode funcionar como<br />
fonte de transmissão de microrganismos<br />
deterioradores e/ou patogênicos aos alimentos<br />
processados. Na pesquisa, os autores constataram<br />
que em 64 indústrias de produtos de origem<br />
animal, a água de 23 delas encontrava-se fora<br />
dos padrões estabelecidos.<br />
A higiene na indústria de alimentos visa<br />
basicamente, a preservação da qualidade micro<br />
biológica dos alimentos. Assim, a higiene industrial<br />
auxilia na obtenção de um produto que, além das<br />
qualidades nutricionais e sensoriais, tenha uma boa<br />
condição higiênico-sanitária, não vindo a oferecer<br />
quaisquer riscos à saúde do consumidor. A adoção de<br />
práticas aprimoradas de higiene e sanitização na<br />
indústria de alimentos permitirá a obtenção de<br />
produtos de boa qualidade sob o ponto de vista de<br />
saúde pública, atendendo exigências dos padrões<br />
microbiológicos e permitindo obter produtos com<br />
uma vida de prateleira mais longa. A higiene e<br />
sanitização dos equipamentos e utensílios são, sem<br />
dúvidas, operações fu ndamentais no controle<br />
sanitário em Usinas de Beneficiamento, Fábricas de<br />
Laticínios e etc., entretanto, freqüentemente são<br />
negligenciadas ou efetuadas em condições inadequadas.<br />
A higienização correta tem papel relevante quando<br />
se observam os aspectos econômicos e comerciais. A<br />
produção de alimentos seguindo normas adequadas<br />
de controle de qualidade viabiliza os custos de produção<br />
e satisfaz aos anseios dos consumidores.<br />
A indústria de alimentos utiliza substâncias<br />
cloradas no processo de desinfecção das águas de<br />
resfriamento, superfícies de alimento, tubulações,<br />
equipamentos, ambientes, pisos e paredes. A<br />
desinfecção tem como objetivo eliminar<br />
microrgan ismos patogênicos e reduzir os<br />
deterioradores para números considerados<br />
seguros (GIESE, 1991; WEI et ai., 1985;<br />
KATSUYAMA e ATRACHAN, 1980, ap ud<br />
MACEDO et ai., 2002).<br />
O crescimento bacteriano em águas<br />
industriais recirculadas pode induzir a colonização<br />
e formação de incrustação no sistema de<br />
tubulação (OTENIO, M. H. et ai., 2000).<br />
O presente trabalho tem por objetivo<br />
avaliar a influência da qualidade de água nos<br />
pontos críticos do processo de produção de leite<br />
pasteurizado tipo C integral e iogurte.<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
Foram coletadas amostras de água nos<br />
seguintes pontos do laticínio: reservatório de água<br />
principal (caixa de aço de 5000L, que recebe<br />
cloração na forma de hipoclorito de sódio); pia de<br />
entrada do laticínio; água de lavagem da bota; péde-Iúvio;<br />
reservatório de entrada da caldeira; água<br />
de aquecimento do pasteurizador; água de lavagem<br />
da iogurteira; reservatório de água gelada; linha de<br />
água gelada e retorno da linha de água gelada.<br />
Foram também avaliados os resultados de<br />
análise dos produtos: leite pasteurizado tipo C<br />
integral e iogurte, referentes aos anos de 2001,<br />
2002 e 2003, realizados nos laboratórios de<br />
controle: LACEN PR; Centro de Diagnóstico<br />
"Marcos Emrietti" (C. D. M. E.); TEK - REIS,<br />
Laboratório Bromatológico de Leite e<br />
Deri vados; e Laboratório de Controle de<br />
Qualidade de Alimentos da FAUEL, Fundação de<br />
Apoio ao Desenvolvimento da Universidade<br />
Estadual de Londrina.<br />
Os levantamentos dos laudos de análise dos<br />
produtos foram feitos aleatoriamente,<br />
procurando possíveis falhas e desacordos às<br />
normativas da Agência Nacional de Vigilância<br />
Sanitária - ANVISA, referenciadas pela RDC nU<br />
12 de 02/0 1/200 1.<br />
As análises de água do processo produtivo<br />
foram realizadas mensalmente de Julho de 2004<br />
a Janeiro de 2005. As coletas fo ram realizadas<br />
segundo os proced imentos descritos por Souza<br />
& Derísio, 1977.<br />
2.1 Análises Físico-Químicas<br />
As análises físico-químicas foram realizadas<br />
conforme metodologia padronizada por<br />
CLESCERI et aI., 2000. Foram avaliados os<br />
seguintes parâmetros: Cloro mg/L, pH, Cor U<br />
APHA Pt/Co, Condutividade f..lS, Turbidez uT,<br />
Oxigênio Dissolvido mg/L, Matéria Orgânica<br />
mg/L de O 2 cons., Alcalinidade mg CaCO/L e<br />
Dureza mg CaCO/L, conforme NOUR, f993;<br />
CETESB NT 7, 1978; CETESB NT 8, 1978.<br />
Os equipamentos utilizados fo ram:<br />
pHmêtro Marte MB 10; Espectrofotômetro<br />
HACH DR12010; Turbidímetro HACH 2100 p.<br />
Oxímetro DIGIMED DM4 e Condutivímetr<br />
ORION 105.<br />
2.2 Análises Microbiológicas<br />
As análises microbiológicas foram realizadas<br />
por metodologia padronizada, conforme<br />
CETESB, (NT.L5.214), 1992; CETESB<br />
(NT.L5.22 1), 1984. Foram empregados: mei<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
M Endo Agar Les (DIFCO) para Coliformes<br />
Totais, meio Agar M-FC (MERCK) para<br />
Coliformes fecais e meio "Plate Count Agar"<br />
(MERCK) para determinação de Bactérias<br />
Heterotróficas, e os resultados foram expressos<br />
em Unidades Formadoras de Colônias por ml<br />
(UFC/mL) ou (UFC/1 OOmL), conforme<br />
CETESB, (NT.L5.20 1), 1986.<br />
3 - RESULTADOS<br />
O levantamento dos resultados de laudos<br />
oficiais emitidos nos anos de 2001, 2002 e 2003,<br />
para os produtos analisados (leite pasteurizado<br />
tipo C e iogurte), permitiram constatar que<br />
estavam, na sua totalidade, de acordo com os<br />
limites estabelecidos pela RDC n. 12, de 02/0 li<br />
2001 - ANVISA, quanto aos parâmetros físicoquímicos<br />
e microbiológicos avaliados.<br />
Os resultados das análises das amostras de<br />
água, e dos diferentes pontos do processo<br />
(Tabela I), são apresentados com os diferentes<br />
parâmetros de avaliação.<br />
4 - DISCUSSÃ O<br />
Nas indústrias de alimentos, procura-se<br />
ressaltar que muitas das causas de contaminação<br />
são provenientes da falta de aplicação de<br />
procedimentos de limpeza e do resultado do<br />
comportamento das pessoas que manipulam os<br />
alimentos. As Boas Práticas de Fabricação (BPF)<br />
são um conjunto de regras que definem formas<br />
ideais de fabricação, a partir de mudanças nos<br />
métodos de limpeza, do comportamento das<br />
pessoas envolvidas, adequação de equipamentos<br />
e edifícios, buscando eliminar as fontes genéricas<br />
de possíveis contaminações de um produto<br />
(CARBALLIDO et ai., apud NETO;<br />
FIGUEIREDO, 2001).<br />
Nas águas de lavagem, como na amostra<br />
retirada no pé-de-Iúvio, e água de lavagem da<br />
iogurteira, ocorre uma visível redução do cloro,<br />
ou seu total desaparecimento, possivelmente<br />
pela oxidação de materiais biológicos. Estas<br />
amostras ainda apresentam altas contagens dos<br />
parâmetros microbiológicos, possivelmente<br />
Tabela 1: Resultados das análises físico-químicas e microbiológicas da água do laticínio, Bandeirantes<br />
- PR, 2005.<br />
Local Água Água lav. Pé-de-Iúvio Água de Vapor Água lav. Água Água Água<br />
amóstra de pia bota caldeira condensado iogurteira gelada gelada gelada<br />
da caixa da linha do retorno<br />
Parâmetro<br />
Cloro mg/L 0,4 0,4 0,2 O O O 0,1 0,06 0,03<br />
pH 6,9 6,9 7,4 9,3 7,6 7,5 7,4 7,5 7,5<br />
Cor U APHA<br />
Pt/Co<br />
17 17 18,5 33 53 35 56 33 24<br />
TlIrbidez uT 2,4 1 2,54 3,36 2,6 1 5,01 5,73 8,55 5,58 5,38<br />
Condlltividade<br />
J.lS 64,8 65,3 66 35 1 79 114, 1 60,7 67,9 72<br />
Oxigênio<br />
mg/L<br />
5,58 5,67 6,21 3,77 5,41<br />
6,07 7,02 6,86 7, 17<br />
Matéria<br />
orgânica mg/L 0,2 0,5 0,5 7,6 6,1 8,8 0,3 0,3 0,3<br />
de 02 cons.<br />
Alcalinidade<br />
mg CaC03/L<br />
35 32 31 118 34 42 32 34 34<br />
Dureza mg<br />
CaC03/L 36 40 38 32 39 35 34 51 42<br />
Bactérias<br />
Heterotróficas 45 56 1677 104 6120 15160 40 27 13 1854<br />
UFC/mL<br />
Coliformes<br />
Totais O O 1486 O 1793 1320 O O O<br />
UFC/JOOmL<br />
Coliformes<br />
Fecais O O 376 O O 1188 O O O<br />
UFCIlOOmL<br />
digitalizado por<br />
Pág. 51<br />
arvoredoleite.org
decorrentes do tempo de permanência das<br />
sujidades depositadas nestes locais.<br />
Nos resultados das análises dos circuitos de<br />
resfriamento e aquecimento de água do processo<br />
industrial do laticínio, pode-se observar a<br />
eliminação de cloro nas amostras de água<br />
submetidas ao calor. No circuito de água resfriada,<br />
a presença de baixas concentrações de cloro<br />
permitiu o desenvolvimento de bactérias<br />
heterotróficas, porém ausência de coliformes.<br />
Os resultados das análises da água industrial<br />
indicam os pontos críticos com necessidade de<br />
correção da concentração de cloro, particularmente<br />
no circuito de água resfriada e no pé-de-Iúvio.<br />
5 - CONCLUSÃ O<br />
Pode-se concluir que o laticínio avaliado<br />
não apresenta riscos quanto à qualidade microbiológica<br />
do produto final, tanto no caso do<br />
leite pasteurizado tipo C, quanto no iogurte.<br />
Porém, os resultados de amostras de água indicam<br />
que, a baixa concentração de cloro e a presença<br />
de bactérias nos diferentes locais avaliados, podem<br />
comprometer as boas práticas de fabricação e o<br />
controle dos pontos críticos do processo.<br />
ABSTRACT<br />
The quality of the waler of the food industry<br />
is of basic importance for the product assurance<br />
for it processed. This work evaluates the water<br />
used fo r a Dairy Plant in the region of<br />
Bandeirantes - Paraná, with the objective to verify<br />
the impact of this water, on the product quality:<br />
pasteurized milk C integral and yoghurt. Analyses<br />
emitted for the control service of quality of the<br />
sanitary monitoring, had been considered for the<br />
qualitative evaluation of the products processed<br />
for the industry. Water samples had been collected<br />
monthly of July of 2004 to January of 2005, in<br />
the central reservoir, and diverse points in the<br />
processing line: in the exchanging system of heat<br />
(heating or cooling); and water that enters in<br />
contact with the product, as the washing waler<br />
and rinses of the yoghurt machine. Analyses had<br />
been carried through microbiological physicistchemistries<br />
and, in accordance with Standard<br />
Methods of Water and Wastewater (2000). The<br />
results of the evaluation had allowed to observe<br />
that the end items (milk, yoghurt), if found inside<br />
of the standards of RDC n. 12, of 02/01/2001 _<br />
ANVISA. The analyses of water samples of the<br />
reservoir had presented active chlorine (0,5 ppml<br />
L) and absence of bacteria. In the productive<br />
Pág. 52<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
• • •<br />
process, the water reduce the chlorine, possibly<br />
for the heating. Water samples ais o cooled had<br />
indicated that it had a loss of chlorine and, in this<br />
in case that, increase of bacteria, however were<br />
not evaluated the presence of coliformes. Exactly<br />
with the indication of that the evaluated<br />
parameters are in compliance with the<br />
requirements of final product quality, it is<br />
suggested chlorination of the circuit of frozen<br />
water and the one " pé-de-Iúvio", as writ of<br />
prevention for control guarantee.<br />
Key words: industrial water, disinfection, PCC<br />
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1977 (s. n.).<br />
• • • •<br />
ANAIS DO XXII CONGAESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
LEITE DESNATADO, CALDO MRS E SUCO DE MAÇÃ GALA COMO INÓCULOS PARA<br />
FERMENTAÇÃO PROBIÓTICA EM SUCO DE MAÇÃ<br />
Skim milk, MRS broth and gala apple juice as inoculating medium to probiotic<br />
fermentation in apple juice<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
O mercado mundial de alimentos funcionais<br />
tem crescimento de 5% ao ano (ANDLAUER e<br />
FÜRST, 2002), são alimentos com compostos<br />
bioativos que proporcionam a manutenção da<br />
saúde corporal (LEROY e DE VUYST, 2004).<br />
Entre os alimentos funcionais encontramse<br />
os probióticos, com microrganismos vivos<br />
que colonizam o trato gastrointestinal gerando<br />
benefícios ao hospedeiro (ITSARANUWAT et<br />
aI., 2003) e algumas frutas como as maçãs, pelo<br />
conteúdo de polifenóis com função antioxidante,<br />
de pectinas e ácidos que promovem o<br />
equilíbrio do trânsito gastrointestinal (LEE e<br />
SMITH, 2000).<br />
A produção da maçã no Brasil gera um<br />
descarte de 30%, cerca de 2/3 são frutas sadias<br />
que podem ser aproveitadas para processos<br />
industriais (JANZANTTI et ai, 2003).<br />
A junção de microrganismos probióticos<br />
ao suco de maçã torna-se interessante para a<br />
valorização da matéria prima e como opção de<br />
produto probiótico (NEVES, 2005). Para isso é<br />
necessário conhecer os fatores de maior<br />
influência no desenvolvimento celular, pois a<br />
sobrevivência e a viabilidade são dependentes da<br />
espécie e da tecnologia de produção (SAXELIN<br />
et aI., 1999).<br />
Assim, objetivou-se comparar a viabilidade<br />
da fermentação do suco de maçã por<br />
Lactobacilllls casei com três diferentes meios<br />
inoculantes.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
Foi utilizada a cultura probiótica de<br />
Lactobacilllls casei (Lcc), liofilizada, industrializada<br />
pela Christian Hansen Ind. & Com.<br />
NEVES, Luciana de Souza1, 3<br />
WOSIACKI, Gilvan2. 3<br />
Ltda. Os sucos clarificados de maçãs comerciais,<br />
variedade Gala, foram obtidos segundo procedimento<br />
citado por Wosiacki et aI. (1989).<br />
Os inóculos com Lcc utilizados foram: 1-<br />
Leite desnatado reconstituído a 10% (LDR); 2-<br />
Caldo MRS (MRS); e 3- Suco de maçã Gala<br />
(SMG). Estes foram transferidos em 10% do suco<br />
a ser fermentado. Para o preparo do inóculo, os<br />
meios foram esteri lizados, inoculados e permaneceram<br />
em estufa a 37° por 24 horas.<br />
A fermentação de 20 horas ocorreu em<br />
suco de maçã Gala, em banho termostatizado a<br />
37°C, sob agitação, com tomada de pH de hora<br />
em hora. Nos tempos de O e 20 horas foram<br />
feitas análises de contagem celular (UFC/mL),<br />
açúcares redutores solúveis (ARS) e cromatografia<br />
líquida de alta eficiência, quantificando<br />
a concentração de ácido lático e málico.<br />
3 - RESULTA DOS E DISCUSSÃO<br />
A evolução do pH e os resultados dos<br />
parâmetros microbiológicos e fi sico-químicos<br />
avaliados durante a fermentação do suco de maçã<br />
com Lcc com os três diferentes meios inoculantes<br />
encontram-se na figura I e na tabela I.<br />
A evolução da curva de pH, com os inóculos<br />
de LDR e SMG, apresentam-se semelhantes e<br />
características de fermentação malolática, porém o<br />
aumento do pH foi mais intenso no meio com inóculo<br />
de LDR. Nestes tratamentos ocorreram produções<br />
iguais de ácido lático, 31 %, porém, o consumo de<br />
ácido málico foi diferente, de 87 e 6,9%<br />
respectivamente. Esta diferença deu-se em razão da<br />
variação do crescimento celular, pois o número<br />
reduzido de microrganismos torna a fermentação<br />
lenta (JOHANNINGSMEIER et ai, 2004).<br />
1 Prof. Ora. em Processos Biotecnológicos e-mail: lucianalsn@bol.com.br<br />
2 Prof. Dr. em Ciência de Alimentos<br />
3 Universidade Estadual de Ponta Grossa Departamento de Engenharia de Alimentos .<br />
digitalizado por<br />
Pág. 53<br />
arvoredoleite.org
,:;<br />
0. 3,6<br />
3,5<br />
3,4<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
- <br />
3 ,3 -!---,----,--,----,----,--,----,----,c---r---,----,<br />
O 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22<br />
Tempo em horas<br />
l --LD R --MRS --- SMG I<br />
Figura 1 - Evolução do pH em suco de maçã<br />
gala com diferentes inóculos,<br />
durante a fermentação lática<br />
o tratamento com MRS apresenta um<br />
aumento do pH em 4 e 5 horas seguido de uma<br />
redução constante do parâmetro. O consumo de<br />
ácido málico foi de 10% e a produção de ácido<br />
lático·de 76%, o consumo de açúcares comparável<br />
ao fermentado com LDR, e o crescimento celular<br />
foi de 0, 1 ciclos log a mais que inicialmente.<br />
Resultado semelhante ao de Garcerá et aI. (1992),<br />
onde avaliaram o crescimento e o metabolismo<br />
do L-ácido málico por Lactobacillus plantarum,<br />
em meio suplementado somente com glucose<br />
houve um crescimento de O, I ciclos log em 20<br />
horas. Estes pesquisadores observaram que o maior<br />
crescimento do L. plantarum, 0,15 cicIos log em<br />
20 horas, ocorreu no meio com presença de glucose<br />
e alta concentração de L-ácido málico (5 g/L).<br />
Garcerá et aI. (1992) também observaram<br />
que a degradação do ácido málico teve maior<br />
influência no crescimento dos microrganismos.<br />
Da mesma forma, o Lcc, quando apresentou uma<br />
maior tendência de fermentação malolática<br />
durante o crescimento em suco de maçã com<br />
inóculo de LDR.<br />
Explica-se o aumento do pH pelo<br />
metabolismo do ácido málico, que age como<br />
tamponante, compensando a diminuição do pH<br />
do meio produzido pela fermentação de açúcares,<br />
assim, a cultura lática pode degradar mais destes<br />
carboidratos (GARCERÁ et aI., 1992).<br />
Garcerá et aI. (1992) notaram que é<br />
possível o crescimento de L. plantarum em meio<br />
suplementado somente com L-ácido málico,<br />
porém, o crescimento é lento, em 20 horas<br />
obtiveram 0,04 ciclos log, enquanto que o Lcc<br />
com inóculo em suco de maçã Gala teve<br />
crescimento de 0,2 ciclos logo<br />
É sabido que somente as bactérias láticas<br />
podem fazer a fermentação malolática quando há<br />
presença de glucose, caso contrário a única forma<br />
de transformar ácido málico em lático é por meio<br />
da enzima málica (GARCERÁ et aI., 1992).<br />
Schütz e Radler encontraram tanto a atividade<br />
malolática quanto a enzima málica em<br />
Lactobacillus spp (apud GARCERÁ et aI., 1992).<br />
Goekmen et aI (2003) avaliaram a<br />
concentração inicial de D- e L-ácido lático e de<br />
ácido málico em suco de maçã da variedade Golden<br />
Delicious, com inóculo individual de L. plantarum,<br />
Rlzizopus stolonifer e Penicillium expansum e com<br />
um inóculo misto de todos estes microrganismos,<br />
que são contaminantes naturais do suco de maçã,<br />
por 2, 3 e 4 dias em temperaturas de acordo com a<br />
especificidade de cada microrganismo. Em seus<br />
experimentos, a maior produção de ácido lático<br />
foi do L. pantarum em 20% e o maior consumo de<br />
ácido málico ocorreu com o tratamento onde todos<br />
os microrganismos participaram da fermentação,<br />
com 15%. Confrontando estes dados aos resultados<br />
com inóculo de Lcc em suco de maçã Gala, este<br />
tratamento apresentou melhor rendimento de ácido<br />
lático e maior consumo de ácido málico.<br />
Os números de células iniciais e finais não<br />
são indicadores confiáveis de crescimento, pois<br />
a evolução da curva de multiplicação dos<br />
microrganismos engloba 4 fases: a fase lag, onde<br />
parece não haver aumento no número de<br />
microrganismos, a fase log ou de crescimento<br />
propriamente dito, a fase estacionária, onde as<br />
célu las não se multiplicam e a fase de morte<br />
cel ular, onde o número de microrganismos<br />
decresce exponencialmente (PELCZAR et aI,<br />
1996). Então, a tomada de amostras para<br />
contagem de células no início da fermentação e<br />
no fim tem a função de constatar a variação do<br />
crescimento celular e com o acompanhamento<br />
de alguns parâmetros físico-químicos é possível<br />
avaliar globalmente esta multiplicação<br />
Tabela 1 Parâmetros microbiológicos e fIsico-químicos em suco de maçã gala com diferentes<br />
Tratamento<br />
Pág. 54<br />
LDR<br />
MRS<br />
SMG<br />
inóculos, durante a fermentação lática<br />
Log de UFC/mL<br />
Oh 20h<br />
7,7 8,3<br />
8,4 8,5<br />
7,72 7,91<br />
ARS g/1 00mL<br />
Oh 20h<br />
9,94 8,48<br />
9,54 8,12<br />
9,42 9,38<br />
Ácido málicog/l OOmL<br />
Oh 20h<br />
0,3116 0,0393<br />
0, 157 0,141<br />
0,113 0,1214<br />
Ácido lático g/l OOmL<br />
Oh 20h<br />
0,2977 0,4335<br />
0,2312 0,9829<br />
0,473 1 0,6879<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
microbiana. Comparando os resultados da tabela<br />
1, observou-se que o tratamento com LDR<br />
obteve maior crescimento celular. Caso os demais<br />
tratamentos, antes de 20 horas de fermentação<br />
tenham tido um número de células por mL do<br />
meio, maior que o indicado, ou este foi um pouco<br />
acima do apresentado, ou a fase de morte celular<br />
foi intensa demonstrando instabilidade cel ular.<br />
4 - CONCLUSÃ O<br />
O LDR apresentou-se como melhor<br />
inóculo, pois possibilitou a viabilidade bacteriana<br />
em meio ácido e maior crescimento celular<br />
proporcionando características de um produto<br />
fermentado e aumento no número de células para<br />
produção de uma bebida probiótica.<br />
5 - ABSTRACT<br />
The mundial market of functional foods has<br />
been growing 5% for year, this food has bioactive<br />
compounds that maintain the health body.<br />
Between them are the probiotics and the some<br />
fruits, incIuding apples. The brazilian commercial<br />
production of apple promote a discard of 30% and<br />
2/3 of this fruits can be utilize in industrial processo<br />
Then the objective of this work was to compare<br />
the fermentation viability of apple juice with<br />
Lactobacillus casei in three differents medium (1reconstituted<br />
skim milk 10% (LDR); 2- Gala apple<br />
juice (SMG) and MRS broth (MRS» . 10% of the<br />
fermented medium was added by inocule. The<br />
fermentation of 20 hours occurs at 3rC under<br />
agitation, the pH was measured hour by hour. The<br />
analysis realized in the O and 20 hOllrs was cell<br />
count (UFC/mL), soluble sugars (ARS) and liquid<br />
chromatography to determine the concentrations<br />
initial and fi nal of malic and lactic acids. The<br />
mediums of growth were characterized by "Brix,<br />
total soluble sugars (ART), ARS, titrable acidity<br />
(AT) and pH. The mediums showed fermentable<br />
sugars for Lcc, and AT into limits to occur microbial<br />
growth. The LDR and SMG showed a increase in<br />
the pH leveI until 9 hours and after reduction,<br />
characterizing malolática fermentation. The<br />
consumption of acid malic was 87, 6,9 and 10% to<br />
LDR, SMG and MRS, respectively. The LDR<br />
treatment showed the better medium to the growth<br />
in the apple juice, because the bacteria viability in<br />
acid medium (pH 4,0) and the major cellular growth<br />
(0,6 Log) and provide fermented characteristics<br />
and increase the number cells to product the<br />
probiotic beverage.<br />
digitalizado por<br />
Key-words: Lactobacillus casei, malolatic<br />
fermentation, juice fermentation.<br />
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arvoredoleite.org
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Capability analysis: a statistical tool on UHT milk industrial process control.<br />
RESUMO<br />
Jaime Victor Ferreira Brum1<br />
Maria Lucia Masson2<br />
No contexto da globalização e da competitividade em que o setor de laticínios encontra-se<br />
inserido é essencial a medição constante da performance dos processos produtivos, para a<br />
correção das não conformidades existentes, como também para que se pratique a melhoria<br />
contínua. A análise da capacidade é uma importante ferramenta estatística que fornece<br />
informações sobre a performance dos processos, permitindo assim um monitoramento<br />
mais eficaz da produção . Esse artigo apresenta um modelo de aplicação da análise da<br />
capacidade na produção de leite UHT, desde a recepção do leite in natura até o último dia<br />
de validade. O processo estudado foi considerado fora de controle, uma vez que dos 8 itens<br />
de controle estudados, apenas I estava sob controle, indicando a necessidade de<br />
reestruturação do processo de produção na empresa estudada.<br />
Palavras-chave: Estatística de processos, capacidade, qualidade, UHT.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
A gestão da qualidade com segurança e<br />
eficácia deve considerar a utilização de<br />
ferramentas estatísticas, as quais permitem<br />
garantir que os processos de produção industrial<br />
sejam mantidos sob controle. Isto é tão<br />
importante que normas internacionais como a<br />
ISO 900 I :2000 dedicam um capítulo específico<br />
às etapas de medição, análise e melhoria.<br />
Logo, dentro do contexto de produção<br />
industrial de laticínios, medir significa usar<br />
indicadores do desempenho (itens de controle)<br />
que tem por objetivo monitorar a performance<br />
do processo, permitindo a tomada de decisões<br />
com base em fatos e dados.<br />
Ao objetivarmos melhorar um determinado<br />
processo, um dos principais passos é o da análise,<br />
pois na maioria das vezes, é nesta etapa que as<br />
causas de diversos problemas são estabelecidas.<br />
Ao planejar este experimento objetivouse<br />
verificar aplicabilidade da análise da capacidade<br />
no controle de um processo industrial de produção<br />
de leite UHT.<br />
2 - MATERIAIS E MÉTODOS<br />
A coleta dos dados no processo de produção<br />
do leite UHT ocorreu em 3 momentos sendo na<br />
etapa de recepção do leite in natura, após o<br />
envase asséptico/incubação das amostras em<br />
estufa a 35 graus Celsius e no último dia de validade<br />
do leite. As medidas foram realizadas dentro de<br />
um período de 6 meses.<br />
Em seguida foram escolhidos os itens de<br />
controle críticos para a qualidade do produto<br />
final, sendo: determinação da contaminação por<br />
microorganismos psicrotróficos, medição da<br />
temperatura, determinação da redutase,<br />
determinação da acidez e teste de resistência ao<br />
álcool, para o processo de recepção de leite in<br />
natura; pH e teste de resistência ao álcool, para<br />
as amostras coletadas após a incubação; os itens:<br />
teste de resistência ao álcool, pH e acidez, para<br />
as amostras do último dia de validade.<br />
Para realizar a análise dos processos foi<br />
utilizada a ferramenta estatística conhecida por<br />
análise de capacidade, a qual é baseada num grupo<br />
de índices de capacidade e de desempenho do<br />
Mestre em Tecnologia de Alimentos - Programa de' Pós-graduação em Tecnologia de Alimentos. UFPR<br />
Curitiba - PRo Email. jvictorbrum@hotmail.com<br />
2 Doutor em Engenharia de Alimentos. Programa de Pós-graduação em Tecnologia de Alimentos. UFPR- Curitiba<br />
- PRo Email: masson@ufpr.br<br />
Pág. 56<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
processo, atribuindo-lhes a condição de capaz (sob<br />
controle) ou não capaz (fora de controle); adotouse<br />
a recomendação de CAMPOS (2003) que relata<br />
que os índices Cpk e Ppk devem ser pelo menos<br />
1,33. De acordo com a recomendação de CAMPOS<br />
(2003), a análise iniciou-se com um teste de<br />
normalidade para cada grupo de dados dos itens<br />
de controle. Os dados que seguiram distribuição<br />
normal foram analisados empregando-se o método<br />
Capability analysis normal e os que não seguiram<br />
foram analisados empregando-se o método<br />
Capability analysis weibull. Para a etapa de análise<br />
os dados foram plotados utilizando-se o .Hftware<br />
Minitab versão 13.<br />
Os principais índices são Cpk e o Ppk, cujos<br />
valores obtidos expressam o quanto o processo<br />
analisado está controlado ou fora de controle.<br />
Estes índices fornecem informações relativas à<br />
capacidade de uma indústria em manter os<br />
processos sob contro le, ou seja, manter os<br />
processos dentro dos limites especificados e<br />
também o quanto os itens de controle apresentam<br />
de desvio em relação às especificações.<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Para a seção de recepção, os valores dos<br />
índices de capacidade Cpk e Ppk, para cada item<br />
de controle fo ram respectivamente: psicrotróficos<br />
(-0,78 e -0,54), temperatura (0,44 e<br />
0,25), redutase (0,74 e 0,59), acidez (0,43 e 0,35)<br />
e teste de resistência ao álcool (2,87 e 1,73).<br />
Para a coleta após o envase/incubação das amostras<br />
os índices de capacidade Cpk e Ppk fo ram<br />
respectivamente: pH (0,98 e 0,7 1) e teste de<br />
resistência ao álcool (0, 19 e 0,08). Para o último<br />
dia de validade, os índices de capacidade Cpk e<br />
Ppk foram respectivamente : acidez (-0,30 e -<br />
0, 16) e para o pH o índice de capacidade Ppk foi<br />
igual a -0, 12 (o pH foi uma variável que<br />
apresentou comportamento não normal, sendo<br />
utilizada o método Capability analysis weibull<br />
cujo cálculo não inclui o índice Cpk).<br />
Além dos índices de capacidade relativos à<br />
variável temperatura de recepção do leite in<br />
natura, a tabela I mostra que um percentual<br />
relativamente alto de matéria prima (23,75%)<br />
estava sendo recebida a temperaturas superiores<br />
ao valor especificado (8UC) quando se realizou a<br />
amostragem, situação, que representa risco de<br />
comprometimento para o leite in natura, pelas<br />
possibilidades de acidificação, aumento da carga<br />
de microorganismos, entre outros fatores.<br />
Obtidos os índices de capacidade, podem<br />
ser tomadas as ações necessárias não só para a<br />
correção dos processos como também para a sua<br />
melhoria.<br />
A utilização de softwares para o cálculo da<br />
capacidade dos processos é que, como pode ser<br />
visto nas tabelas 1 e 2, são obtidos outros dados<br />
que podem complementar a análise do processo,<br />
como exemplo, a obtenção dos percentuais da<br />
amostra que se apresentaram acima e abaixo dos<br />
limites superiores e inferiores de controle,<br />
respecti vamente.<br />
A tabela 2 além da falta de controle sobre<br />
o processo, comprovada pelos baixos índices de<br />
capacidade, pode-se observar que quase 100% do<br />
leite in /latura analisado estava com contagem<br />
de psicrotróficos acima do limite superior de<br />
controle.<br />
Tabela 1 - valores obtidos na medição da performance de recepção de leite in natura. Variável<br />
temperatura (graus celcius).<br />
ÍNDICE REFERÊNCIA OBSERVA DO ESTIMADO<br />
AMOSTRA (%) PROCESSO (%)<br />
Cpk 1,33 0,44<br />
Ppk 1,33 0,25<br />
Limite Superior<br />
de Controle - LSC<br />
8,00<br />
Limite Inferior 2,00<br />
de Controle - LIC<br />
% > Limite Superior<br />
de Controle - LSC<br />
% < Limite Inferior<br />
de Controle - LIC<br />
23,75 9,32 22,26<br />
0,00 0,00 1,17<br />
% Total 23,75 9,32 23,43<br />
NOTA: tamanho da amostra: 80 unidades. Médi a: 6,48. Desvio padrão da amostra: 1,14. Desvio padrão da população: J ,98.<br />
digitalizado por<br />
Pág. 57<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Tabela 2 - Valores obtidos na medição da performance de recepção de leite in natura. Variável<br />
psicrotróficos (log ufc/ml).<br />
ÍNDICE REFERÊNCIA OBSERVADO ESTIMADO<br />
AMOSTRA (%) PROCESSO (%)<br />
Cpk 1,33 - 0,78<br />
Ppk<br />
Limite Superior<br />
de Controle - LSC<br />
Limite Inferior<br />
de Controle - LIC<br />
% > Limite Superior<br />
de Controle - LSC<br />
% < Limite Inferior<br />
de Controle - LIC<br />
% Total<br />
1,33<br />
6,00<br />
- 0,54<br />
92,50 99,03 94,77<br />
0,00 0,00 0,00<br />
NOTA: tamanho da amostra: 80 unidades. Média: 8,20. Desvio padrão da amostra: 0,94. Desvio padrão da população: 1,36.<br />
4 - CONCLUSÃ O<br />
Os resultados obtidos a partir deste estudo<br />
permitiram concluir que no período analisado, dos<br />
8 itens selecionados para estudo do processo de<br />
produção de leite UHT somente 1, o teste de<br />
resistência ao álcool apresentou os índices sob<br />
controle. Para a adequação do processo estudado,<br />
foi sugerida uma reestruturação dos procedimentos<br />
adotados para a captação do leite nas propriedades<br />
(tempo de armazenamento, temperatura de<br />
estocagem e transporte e condições higiênicas).<br />
SUMMARY<br />
In the context of the globalization and<br />
the competitiveness where the dairy sector of<br />
laticínios meets inserted it is essential the<br />
constant measurement of the performance of<br />
the productive processes, for the correction of<br />
non conformity, as also so that if it practises<br />
the continuous improvement. The analysis of<br />
the capacity is an important tool statistics that<br />
supplies information on the performance of the<br />
processes, thus allowing more efficient<br />
monitoring procedures of the production. This<br />
article presents a model of application of the<br />
analysis of the capacity in the UHT milk<br />
production, since the reception of raw milk until<br />
the end of shelf Iife. The studied process was<br />
considered out of control, because 8 itens of<br />
control studied, only I was under control,<br />
indicating the necessity of reorganization of the<br />
process of production in the studied company.<br />
Pág. 58<br />
•<br />
Key-words : Statistics of process,<br />
Capacity, quality, UHT.<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
BRUM, J.Y.F. Análise de Perigos e Pontos<br />
Críticos de Controle em Indústria de<br />
Laticínios de Curitiba - PR. Curitiba, 2004.<br />
129f. Dissertação (Mestrado em Tecnologia de<br />
Alimentos) - Setor de Tecnologia - Universidade<br />
Federal do Paraná.<br />
CAMPOS, M. S. Desvendando o Minitab. Rio<br />
de Janeiro : Editora Qua1itymark, 2003.<br />
FORSYTHE, S. J. Microbiologia da<br />
Segurança Alimentar. Tradução: M.<br />
WEINHEIMER e S. W. ANDREATTA. Porto<br />
Alegre: Artmed Editora S.A., 2002. Tradução de<br />
The microbiology of safe food.<br />
GARCIA, M. D. Uso integrado das técnicas de<br />
HACCP, CEP e FMEA. Porto Alegre, 2000 . 125f.<br />
Dissertação (Mestrado Profissionalizante em<br />
Engenharia de Produção) - Escola de Engenharia,<br />
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.<br />
MINITAB INCORPORATION. Minitab<br />
Statistical Software. Release 13.32: 2000.<br />
MORTIMORE, S.; WALLACE, C. Haccp: A<br />
Praticai Approach . Praticai Approaches<br />
to Food Control and Food Quality Series.<br />
Chapman & Hall. B oundary Row. London,<br />
296p, 1997.<br />
PINHEIRO, A.J.R. Processamento de Leite<br />
de Consumo. Apostila e notas de aula do curso<br />
de Tecnólogo em Laticínios da Universidade<br />
Federal de Viçosa, Viçosa, 1988.<br />
•<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
RESISTÊNCIA A ANTIMICROBIANOS EM SALMONELLA SP. E ESCHERICHIA COL!<br />
ISOLADOS DE QUEIJO "MINAS FRESCAL"<br />
Antimicrobial resistence in Salmonella sp. and Escherichia colí isolated from "Minas<br />
Frescal" cheese<br />
RESUMO<br />
Gina Gabriela Seabra Cunha 1<br />
Kelly Márcia Pereira 1<br />
Joanelle Camila Borges Leocádio1<br />
Marieta Torres de Abreu Assis 1<br />
Vera Lúcia dos Santos2<br />
Neste estudo, avaliou-se a qualidade higiênico-sanitária e resistência a antimicrobianos em<br />
Esclzericlzia coli e Salmonella sp. isoladas de amostras de queijo "Minas Frescal" produzido<br />
artesanalmente na região de Barbacena. Foi realizada análise microbiológica em queij os<br />
obtidos de 4 pontos de comercialização. A análise microbiológica consistiu de pesquisa de<br />
Sal1llollella sp. e da determinação do Número mais Provável (NMP) de bactérias do grupo<br />
coliforme, coliformes termotolerantes e Eschericlzia coli pela técnica dos tubos múltiplos.<br />
Todas as amostras apresentaram valores superiores a 110 NMP/ g de queijo de coliformes<br />
termotolerantes e Escherichia coli . A pesquisa de Salmonela sp. foi positiva em todas as<br />
amostras analisadas. Quatro isolados de Salmonella sp. e doze isolados de Escherichia coli<br />
fo ram avaliados quanto ao perfil de resistência a antibióticos. Todos os isolados de<br />
Salmonella sp . apresentaram resistência ao antibiótico amoxilina e sensibilidade aos<br />
'antibióticos tetraciclina, cloranfenicol, gentamicina, ampicilina + sulbactan e cefepime.<br />
Por sua vez, os isolados de E. coli apresentaram sensibilidade aos antibióticos tetraciclina,<br />
cloranfenicol, cefepime e gentamicina e 8 (oito) isolados apresentaram resistência a<br />
amoxilina e I (um) isolado, resistência a ampicilina + sulbactan. Os resultados obtidos<br />
caracterizaram os queijos como produto em condições higiênico-sanitárias insatisfatórias.<br />
PalavrHs-chave: queijo "Minas Frescal", Escherichia co/i. , Sa/fIlollel/a sp., resistência a<br />
antimicrobianos.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
O queijo "Minas Frescal" é um produto que<br />
tem ampla aceitação comercial e que faz parte<br />
do hábito alimentar da população, na maioria<br />
das regiões do país. Por apresentar características<br />
regionais e expressiva produção artesanal, esse<br />
produto não possui padronização da tecnologia<br />
de fabricação, o que pode levar à obtenção de<br />
um queijo de composição variada e com qualidade<br />
fi nal comprometida Apesar da legislação<br />
brasileira exigir a utilização de leite pasteurizado<br />
no seu preparo, é bastante freqüente a<br />
comercialização do produto que não atende a<br />
esta especificação legal (PEREIRA et al., 199 I).<br />
A ingestão de queijos com condições inadequadas<br />
para consumo pode trazer graves conseqüências<br />
para a população, sendo, portanto, um problema<br />
de Saúde Pública. O uso crescente de antimicrobianos<br />
tem sido acompanhado da emergência<br />
e linhagens resistentes em diversos microrganismos,<br />
inclusive aqueles patogênicos<br />
Estudante de Iniciação Científica.<br />
2 Professora pesquisadora.<br />
Instituto de Biociências, Universidade Presidente Antônio Carlos, Barbacena , MO.<br />
Órgão financiador: PROPE .<br />
digitalizado por<br />
Pág. 59<br />
arvoredoleite.org
presentes em alimentos. A resistência a drogas<br />
antimicrobianas representa, hoje, uma séria<br />
ameaça à saúde pública, em todo mundo.<br />
Organizações como a OMS ("Organização<br />
Mundial de Saúde") e o CDC ("Centers for<br />
Disease Control and Prevention") consideram<br />
este fenômeno uma prioridade. Os marcadores<br />
de resistência a drogas em patógenos de seres<br />
humanos e animais, particularmente aqueles<br />
portadores de elementos móveis em seu genoma,<br />
podem espalhar-se rapidamente entre seres<br />
humanos e animais e destes para os primeiros,<br />
particularmente através de produtos alimentícios<br />
contaminados. Considerando a importância dos<br />
queijos como uma fonte de transmissão de<br />
patógenos, o presente trabalho tem como<br />
objetivos avaliar as condições higiênicosanitárias,<br />
através da investigação da carga de<br />
microrganismos indicadores em amostras queijo<br />
"Minas Frescal" produzido artesanal mente na<br />
região de Barbacena e avaliar a resistência a<br />
antimicrobianos em isolados de Salmonella sp.<br />
e Escherichia coU.<br />
2 - MATERIAIS E M É TODOS<br />
As amostras de queijo tipo "Minas Frescal"<br />
fo ram adquiridas em quatro pontos de<br />
comercialização da região de Barbacena - MG.<br />
Os queijos foram coletados em sacos plásticos<br />
de uso único e transportados para o Laboratório<br />
de Pesquisa e Desenvolvimento Científico<br />
Microbiologia da UNIPAC, para análise imediata.<br />
De cada amostra foram pesados, assepticamente,<br />
25 gramas do produto e adicionados 225 mL de<br />
água peptonada O, I % estéril. Após homogeneização,<br />
diluições decimais forma preparadas<br />
e utilizadas nas análises de bactérias do grupo<br />
coliforme, coliformes termotolerantes, E. coli<br />
e Sal/1/ollella sp. Para determinação do Número<br />
Mais Provável (NMP) de coliformes totais,<br />
alíquotas de 1,0 mL, em triplicatas, de cada<br />
diluição (10.1 a 10.3) foram adicionadas em tubos<br />
contendo caldo Lauril sulfato triptose (LST,<br />
DIFCO) e incubados a 35-37 °C por até 48 horas.<br />
Dos tubos positivos, uma alçada foi transferida<br />
para caldo lactosado verde brilhante bile a 2%<br />
(DIFCO) e incubados a 35-37 °C por 48 horas.<br />
Para a confirmação da presença de coliforme<br />
termotolerante e de E. coli, uma alçada<br />
proveniente dos tubos positivos foi transferiJa<br />
para tubos contendo meio E.C-MUG (DIFCO) e<br />
incubados em banho-maria a 44,5 +/- 0,2°C<br />
durante 24 horas. Os tubos serão considerados<br />
pOSitiVOS para E. coli se for observado<br />
fluorescência quando exposta à luz ultravioleta<br />
a 365 nm. Os resultados foram expressos como<br />
Pág. 60<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
NMP (número mais provável) obtidos em tabela<br />
específica (VANDERZANT, 1992). A presença<br />
de E. coli foi também confirmada pelo crescimento<br />
em ágar EMB (DIFCO). As colônias<br />
com coloração verde-metál ica e confirmadas<br />
fisiologicamente como E. co/i foram testadas<br />
frente a diferentes agentes antimicrobianos. Para<br />
a pesquisa de Salmonella sp.; 25g das amostras<br />
foram transferidas, assepticamente, para frascos<br />
contendo 225mL de água peptonada I % acrescida<br />
de 2mL de solução de verde brilhante 0,25%<br />
(fase de pré-enriquecimento) e incubados a 35-<br />
37°C por 24 horas. Em seguida, alíquotas de<br />
1,0mL e 0,1 mL do pré-enri quecimento foram<br />
transferidas para caldo selenito cistina e caldo<br />
Rappaport-Vassiliadis, respectivamente. Os<br />
tubos de caldo selenito cistina (MERCK) foram<br />
incubados a 35-37"C por 24 horas e os tubos de<br />
Rappaport-Vassiliadis (MERCK) a 43"C por 24<br />
horas. Após o período de incubação, uma alçada<br />
foi semeada por esgotamento em placas contendo<br />
os meios Sa lmonella-Shigella (MERCK) e<br />
Hecktoen entéri co (MERCK), que foram<br />
incubadas a 35-37"C por 24 horas. A seguir, duas<br />
ou mais colônias de cada placa consideradas<br />
típicas foram semeadas no meio ágar TSI e ágar<br />
LIA e incubadas a 35-37° C por 24 horas seguida<br />
da leitura. Para a determinação do perfil de<br />
resistência a antibióticos, foi utilizado o método<br />
de difusão em ágar segundo procedimentos<br />
propostos pelo NCCLS (2000), sendo testados<br />
discos impregnados com os seguintes antimicrobianos:<br />
amoxacilina (20 microgramas),<br />
ampicilina + sulbactan (10 microgramas),<br />
cloranfenicol (30 microgramas), gentamicina<br />
(lO microgramas), tetraciclina (30 microgramas)<br />
e cefepime (30 microgramas), sendo incubados<br />
à 37° C por 24 horas.<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÕES<br />
Todas as amostras apresentaram valores<br />
superiores a 110 NMP/ g de queijo de coliformes<br />
totais e termotolerantes e Escherichia coli. A<br />
ocorrência de coliformes fecais em queijo em níveis<br />
superiores aos permitidos pela legislação tem sido<br />
relatada em vários estudos (FEITOSA et aI. 2003,<br />
PAIVA e CARDONHA 1999). A presença de E.<br />
coli em um alimento pode ser avaliada sob dois<br />
aspectos. Primeiro, E. coli, por ser uma<br />
enterobactéria, uma vez detectada no alimento,<br />
indica que este tem contaminação microbiana de<br />
origem fecal, decorrente da qualidade da matériaprima<br />
ou do processamento sob condições<br />
inadequadas de higiene. Segundo, diversas<br />
linhagens de E. co/i são comprovadamente<br />
patogênicas para o homem e animais (FRANCO<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
& LANDGRAF, 1996). A pesquisa de Salmonela<br />
sp. foi positiva em todas as amostras analisadas.<br />
A presença de SaLmonella em queijo de coalho<br />
tem sido relatada em algumas pesquisas (FEITOSA<br />
et aL., 2003; FLORENTINO e MARTINS, 1999).<br />
Sabe-se, também, que a SaLmonella mantém-se<br />
viável em queijo contaminado por longo tempo<br />
(MODI et aI., 2001). Tal fato essalta . a<br />
i mportância do controle de quahdade ml<br />
crobiológica do produto, visto que a legislação<br />
brasileira estabelece ausência dessa bactéria em<br />
alimentos.Quatro isolados de SaLmoneLLa sp. e<br />
doze isolados de Esclzericlzia coU foram avaliados<br />
quanto ao perfil de resistência a antibióticos<br />
(Tabela 1). Todos os isolados de Salmonella<br />
apresentaram resistência ao antibiótico amoxilina<br />
e sensibilidade aos antibióticos tetraciclina,<br />
cloranfenicol, gentamicina, ampicilina + sulbactan<br />
e cefepime. Por sua vez, os isolados de E. coU<br />
apresentaram sensibilidade aso antibióticos<br />
tetraciclina, cloranfenicol, cefepime e genta<br />
micina e 8 isolados apresentaram resistência a<br />
amoxilina e I (um) isolado, resistência a<br />
ampicilina + sulbactan.<br />
4 - CONCLUS Ã O<br />
Os resultados obtidos caracterizaram os<br />
queijos como produto em condições higiênicosanitárias<br />
insatisfatórias, sugerindo que é<br />
necessário uma melhoria no controle higiênicosanitário<br />
do processo de produção do queijo<br />
"Minas Frescal" e, ainda, a necessidade de<br />
implantação de programas de monitoramento<br />
da presença de resistência a antimicrobianos em<br />
bactérias isoladas de alimentos, para dar suporte<br />
a programas que visem a prevenção do<br />
aparecimento de resistência a antimicrobianos.<br />
ABSTRACT<br />
Our study tested the sanitary-hygienic<br />
quality and the antimicrobial resistance to<br />
Escherichia coli and SalmonelIa sp. or samples<br />
of homemade "Minas Frescal" cheese from the<br />
Barbacena region. The microbiological analysis<br />
were done with cheese samples from four<br />
commercial establishments . The analysis<br />
eval uated the presence of Samonella sp., the<br />
determination of the coliform group bacteria<br />
and thermotolerant coliform NMP, and the<br />
presence of E.colí through the multiple tubes<br />
method. AlI samples showed values above 110<br />
NMP/g cheese of thermotolerant coliform and<br />
E.colí. The presence of Salmonella sp. was<br />
positive for alI samples. Were evaluated four<br />
isolates of SalmonelIa sp. and twelve of E.coli<br />
to the antibiotics resistance profíle. AlI isolates<br />
of Salmonella sp. showed resistance to the<br />
antibiotics amoxillin and sensibility to the<br />
tetracycline, chloramphenicol, gentamicin,<br />
ampicillin + sulbactan and cefepi.me. The isolates<br />
of E.coli showed sensibility to the antibiotic<br />
tetracycline, chloramphenicol, cefepime and<br />
gentamycin, eight isolates showed resistance to<br />
amoxillin and one isolate showed resistance to<br />
ampicillin + subactan. This study suggested that<br />
the cheese analised didn' t showed sanitaryhygienic<br />
quality.<br />
Keywords: "Minas Frescal" cheese,<br />
E.coli, Sall1lollella sp ., antimicrobial resistence.<br />
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
FEITOSA, Te rezinha, BORGES , Maria de<br />
Fátima, NASSU, Renata Tieko el ai. Pesquisa<br />
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microrganismos indicadores higiênicosanitários<br />
em queijos produzidos no estado<br />
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Aliment. , Dec. 2003, vo1.23 suppl, p.162- 1 65.<br />
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FRANCO, B. D. G. M., LANDGRAF, M.<br />
Microbiologia dos alimentos. São Paulo :<br />
Atheneu, 1996. 182p.<br />
Tabela 1 - Isolados microbianos de Salmonella sp. e E.coli e medidas do halo de inibição em mm<br />
Antibióticos 81 82 83 84 EI E2 E3 E4 E5 E6 E7 ES E9 ElO Ell El2<br />
Tetraciclina 20 S 20 S 25 S 22 S 25 S 10 R 12 R 19S 09 R 25 S 22 S 22 S 22 S 24 S 17 I 22 S<br />
Cloranfenieol 28 S 26 S 27 S 28 S 29 S 15 I 30 S 21 S 27 S 27 S 25 S 25 S 26 S 27 S 26S 26 S<br />
Cefepime 28 S 26 S 23 S 25 S 31 S 18 S 29 S 27 S 30 S 30 S 24 S 26 S 27 S 30 S 27 S 27 S<br />
Amoxilina 13R 17 I 15 I<br />
Ampicilina<br />
+ Suhaetan<br />
19S<br />
17 S 18 S 19S 23 S 25 S 22 S 22 S 20 S 17 I 20 S 19S 19 S 16 I 20 S<br />
Gentamieina 19S 19S 20 S 20 S 22 S 18 S 22 S 20 S 22 S 21 S 20 S 20 S 20 S 22 S 21 S 22 S<br />
Legenda: 8 - Sallllonella sp.; E - E.calí; S - sensível; I - intermediário; R - resistente.<br />
digitalizado por<br />
Pág. 61<br />
arvoredoleite.org
FLORENTINO, E. S.; MARTINS, R. S.<br />
Características microbiológicas do "queijo de<br />
coalho" produzido no estado da Paraíba. Revista<br />
Higiene Alimentar, São Paulo, v. 13, n. 59, p.<br />
43-48, 1999.<br />
MODI, R.; HIRVI, Y. ; HILL, A.; GRIFFITHS,<br />
M.W. Effect of phage on survival of Salmonella<br />
enteritidis during manufacture and storage of<br />
cheddar cheese made from raw and pasteurized<br />
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PAIVA, M.S.D.; CARDONHA, A. M. S. Queijo<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
• •<br />
de coalho artesanal e industrializado produzidos<br />
no Rio Grande do Norte: estudo comparativo da<br />
qualidade microbiológica. Revista Higiene<br />
Alimentar, São Paulo, v. 13, n. 61, 1999, p.33.<br />
PEREIRA, M.L., LARA, M.A., DIAS, R.S. et<br />
a!. Intoxicação por Staplzylococcus aureus<br />
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Compedium for the microbiological<br />
examination of foods. 3 ed. Washington :<br />
American Public Health Association, 1992, 1219p.<br />
• •<br />
QUALIDADE MICROBILÓGICA DO LEITE HUMANO ORDENHADO<br />
Microbiological quality of milked human milk<br />
RESUMO<br />
Kamila Edwiges Fontes Freitas 1<br />
Camargo de Carvalho Oliveira 1<br />
Marcelo José de Magalhães 1<br />
Miriam Aparecida Pinto Vilela2<br />
Dayse Siqueira Santos3<br />
Edna César Mattos4<br />
O estudo preocupou-se em avaliar as condições higiênico-sanitárias do leite humano ordenhado<br />
e congelado oferecido aos recém-nascidos prematuros e de baixo peso e/ou doentes internados em um<br />
hospital de Juiz de Fora-MO. Foram analisadas 275 amostras deste leite, fornecidas pelo lactário do<br />
mesmo hospital no ano de 2004.<br />
Palavras-chave: leite humano ordenhado, coliformes, recém-nascidos.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
Leite materno é o alimento fundamental<br />
por conter todas as substâncias necessárias ao<br />
crescimento e desenvolvimento dos recémnascidos<br />
durante os primeiros meses de vida. A<br />
composição química do leite humano<br />
Acadêmicos do curso de Farmácia/UFJF.<br />
2 Professores do Departamento de Alimentos e Toxicologia FFB/UFJF.<br />
3 Nutricionista.<br />
4 Médica.<br />
Pág. 62<br />
corresponde às necessidades nutricionais e atende<br />
as peculiaridades fisiológicas do metabolismo do<br />
recém-nascido (BRASIL I, 2001). O aleitamento<br />
materno não apresenta benefícios apenas para o<br />
filho, mas também para a mãe, por estreitar ainda<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
mais a relação com a criança, a qual já é íntima<br />
desde a gravidez.<br />
A recomendação do Ministério da Saúde é<br />
que todos os recém-nascidos recebam o colostro e<br />
sejam amamentados, sem alimentos complementares,<br />
até quatro a seis meses de vida. Mesmo<br />
mães desnutridas podem e devem amamentar seus<br />
filhos. E já a Organização Mundial de Saúde (OMS)<br />
recomenda a amamentação, como complemento,<br />
até o segundo ano de idade, pois é benéfica mesmo<br />
para crianças maiores.<br />
Sabe-se que para os bebês alimentados com<br />
leite materno, os primeiros seis meses de vida<br />
podem ser a época mais saudável de vida. Este<br />
tipo de alimentação preenche perfeitamente<br />
suas demandas nutricionais (SERAFINI, 2003).<br />
Quando não for possível a amamentação, como<br />
nos casos de recém-nascidos prematuros e/ou<br />
hospitalizados que não dispõem de condições<br />
para sugar o leite materno, o leite da própria<br />
mãe deverá ser coletado sob condições<br />
higiênicas, analisado e oferecido a crianças<br />
(BRASILl, 2001).<br />
O controle da qualidade microbiológica do<br />
leite humano ordenhado (LHO) é necessário com<br />
objetivo de evitar prejuízos à saúde, além da perda<br />
do valor nutricional e redução dos fatores de<br />
defesa, devido à utilização dos componentes<br />
presentes no LHO pelos microrganismos,<br />
desqualificando o produto para o consumo<br />
(SALLES & GOULART, 1997).<br />
Estudos realizados por SIMON (1966) e<br />
BOER ct ai (1981) revelam que o maior índice<br />
de contaminação do leite ocorre durante as fases<br />
de coleta, transporte e estocagem, visto que o<br />
mesmo não dispõe de barreira física que impeça<br />
a penetração de microrganismos contaminantes.<br />
Foram analisadas 275 amostras de leite<br />
humano ordenhado e congelado, oriundas do<br />
lactário de um hospital de Juiz de Fora-MG, no<br />
ano de 2004. As amostras foram obtidas por<br />
expressão manual das mamas através de coleta<br />
interna (realizada pela equipe de enfermeiras no<br />
próprio hospital) e coleta externa (realizada nas<br />
residências das doadoras).<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
Foram analisadas 275 amostras de leite<br />
humano ordenhado e congelado, oriundas do<br />
lactário de um hospital de Juiz de Fora-MG, no<br />
ano de 2004. A metodologia utilizada para<br />
análise fo i recomendada por BRASIL (2001),<br />
adaptado da metodologia clássica APHA<br />
(1992). Foram inoculadas quatro alíquotas de<br />
1 mL cada em um tubo com 10 mL de Caldo<br />
Verde Bile Brilhante (BPGL) a 5% p/v com<br />
digitalizado por<br />
tubo de Duhran em seu interior. Após agitação,<br />
os tubos foram incubados a 36 +/- 12°C por 48<br />
horas. A presença de gás no interior do tubo de<br />
Duhran caracterizou resultado positivo. O tubo<br />
positivo foi repicado com auxílio de alça de<br />
platina para um tubo de caldo BPGL 40g/L e<br />
incubado a 36 +/- 1°C por 48 horas. O<br />
aparecimento de gás no interior do tubo de<br />
Duhran confirmou a presença de microrganismos<br />
do grupo coliforme tornando o<br />
produto impróprio para consumo.<br />
Os resultados obtidos nas análises de leite<br />
materno ordenhado fo ram comunicados ao<br />
responsável pelo lactário, possibilitando a<br />
classificação do leite e sua destinação adequada.<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÕES<br />
Os resultados obtidos a partir das amostras<br />
coletadas e analisadas estão apresentados na<br />
tabela 1 e gráfico 1 abaixo:<br />
Tabela 1: Qualidade Microbiológica do Leite<br />
Humano Ordenhado (LHO)<br />
TIPO DE Aprovadas % Reprovadas %<br />
COLETA<br />
Coleta Interna 248 92,9 \9 7 .\<br />
Coleta Externa 5 62,5 3 37,5<br />
Gráfico 1: Qualidade Microbiológica do LHO<br />
92%<br />
CAPROVADOS<br />
11 REPROVADOS<br />
Das 275 amostras de LHO analisadas, 22<br />
(8%) foram consideradas impróprias para o<br />
consumo devido à presença em I mL de<br />
microrganismo do grupo coliforme a 35°C. O<br />
índice de reprovação das amostras obtidas de<br />
coleta externa (37,5%) foi maior quando<br />
comparado com o daquelas obtidas através de<br />
coleta interna (7, I %). Esses resultados estão<br />
representados no Gráfico 2.<br />
Pág. 63<br />
arvoredoleite.org
Gráfico 2: Amostras reprovadas de LHO obtidas<br />
através de coleta interna ou externa<br />
40,0%<br />
35,0%<br />
30,0%<br />
25,0%<br />
20,0%<br />
15,0%<br />
10,0%<br />
5,0%<br />
0,0%<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
37,5%<br />
Coleta Interna Coleta Externa<br />
AV ILA et a!. (2003) relataram que 38%<br />
das amostras de leite humano ordenhado<br />
analisadas apresentaram bactérias contaminantes<br />
do grupo coliforme. Verificaram também que a<br />
freqüência de amostras contaminadas com<br />
bactérias pertencentes a este grupo foram<br />
maiores nas coletas realizadas externamente<br />
(fora lactário).<br />
NOVAK et ai (200 I) analisaram 837<br />
amostras de LHO, fo ram identificadas 71<br />
(8,48%) contaminadas com microrganismos do<br />
grupo coli forme, porém em nenhuma das<br />
amostras a população ultrapassou 1,0 x 103 NMP/<br />
mL. Após a identificação os resultados obtidos<br />
revelaram a presença de três gêneros e cinco<br />
espécies da família Enterobacteriaceae nas 71<br />
cepas estudadas. A maioria dos microrganismos<br />
(65-91,6%) pertenciam a apenas duas espécies,<br />
En terobacter cloacae e Klebsiella pneufIloniae,<br />
sendo discreta a ocorrência de E. coli (3-4,2%).<br />
De acordo com ALMEIDA & NOVAK<br />
(1999), os critérios de utilização do LHO para<br />
banco de leite são: o número de colônias de<br />
bactérias mesófilas não deve exceder 10 . 1 UFC/<br />
mL, StaphylococcllS totais não deve exceder 103<br />
UFC/mL e ausência em I mL de coliformes,<br />
bolores e leveduras, termodúricos, psicotróficos<br />
e termodúricos-psicotróficos.<br />
Como pode ser observado no trabalho<br />
realizado por Á VILA et ai (2003) o método<br />
preconizado por BRASIL' (200 I) é mais simples<br />
e proporciona economia de material e tempo, o<br />
qual é importante considerando a necessidade de<br />
rápida destinação do leite, além da quantidade de<br />
amostra necessária a realização da anál ise ser<br />
viável em relação ao volume de leite produzido,<br />
o que permi te o controle microbiológico de<br />
amostras individuais.<br />
BRASIL (2001) preconiza os seguintes<br />
padrões microbiológicos para leite materno de<br />
Pág. 64<br />
bancos de leite: Aeróbios mesófilos viáveis/mL:<br />
máximo 102 UFC; Coliformes a 35°C e<br />
Estafilococos coagulase positiva: ausência em<br />
I mL e Sa lmonella sp : ausência em 25 mL.<br />
Neste trabalho, realizou-se apenas a<br />
determinação de microrganismos do grupo<br />
coliforme, segundo recomendação do Ministério<br />
da Saúde (BRASIL, 200 I), por se tratar de uma<br />
técnica simples e os microrganismos do grupo<br />
coliformes serem indicativos de práticas<br />
higiênico-sanitárias insatisfatórias, as quais<br />
representam riscos aos recém-nascidos, tornado<br />
o leite impróprio para o consumo.<br />
4 - CONCLUSÃ O<br />
A partir da análise dos dados obtidos neste<br />
trabalho, pode-se observar que a qualidade<br />
microbiológica do leite humano ordenhado e<br />
congelado depende exclusivamente das condições<br />
higiênico-sanitárias durante o processo de coleta,<br />
transporte e estocagem do mesmo. Nota-se<br />
também uma significativa diferença entre os<br />
índices de reprovação das amostras fornecidas pela<br />
coleta interna (7,1%) e externa (37,5%),<br />
comprovando assim que as condições de higiene<br />
durante o processo de coleta e estocagem das<br />
doadoras, muitas vezes, não são adequadas ou<br />
completamente satisfatórias, principalmente<br />
quando a coleta é realizada nas residências das<br />
mesmas. ainda que sob as recomendações<br />
fo rnecidas pela equipe de enfermagem do hospital.<br />
SUMARY<br />
The study it was worried in evaluating justborn<br />
the hygienical-sanitary conditions of milked<br />
and congealed human milk offered to premature<br />
and of low weight and/or sick people interned in<br />
a hospital of Juiz de Fora-Me. 275 samples of<br />
this milk had been analyzed, supplied for the suck<br />
of the same hospital in the year of 2004.<br />
Key words : milked human milk,<br />
coliformes, just-born<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
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Revista de Saúde Pública. São Paulo. V. 37, n. 6,<br />
2003.<br />
• • • •<br />
QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DO LEITE PASTEURIZADO COMERCIALIZADO EM JUIZ<br />
DE FORA NO ANO DE 2004 SOB INSPEÇÃO MUNICIPAL<br />
Microbiological quality of the pasteurized milk marketed in Juiz de Fora in the year of<br />
2004 under municipal inspection<br />
RESUMO<br />
Humberto Moreira Húngaro1<br />
Kamila Edwiges Fontes Freitas 1<br />
Sara Cristina HoW<br />
Marcelo José de Magalhães 1<br />
Marco Antônio Moreira Furtado2<br />
Miriam Aparecida Pinto Vilela2<br />
A qualidade microbiológica do leite pasteurizado comercializado no município de Juiz de<br />
Fora - MG foi avaliada com o objetivo de verificar se o mesmo atendia aos padrões<br />
microbiológicos estabelecidos pelo Sistema de Inspeção Municipal / Prefeitura de Juiz de<br />
Fora. Os parâmetros analisados foram: contagem padrão em placas e o número mais<br />
provável de coliformes totais e termotolerantes. Das 20 amostras analisadas, 11 (55,0%)<br />
foram aprovadas, apresentando contagem global entre 3 x 10° e 9,3 x 103 UFC/mL e<br />
Acadêmicos do curso de Farmácia/UFJF.<br />
2 Professores do Departamento de Alimentos e Toxicologia FFB/UFJF.<br />
digitalizado por<br />
arvoredoleite.org<br />
Pág. 65
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
ausência em 1 mL de coliformes totais e termotolerantes; 7 apresentaram ausência de<br />
coliformes e contagem global superior a 2 x I ()4 UFC/mL, sendo portanto reprovadas; uma<br />
amostra apresentou contagem global inferior a 2 x 104 UFC/mL, estando, porém, em<br />
desacordo em relação aos padrões para coliformes totais; outra amostra foi reprovada em<br />
ambos os parâmetros. Estes resultados indicam condições higiênico-sanitárias insatisfatórias<br />
do leite pasteurizado comercializado em Juiz de Fora.<br />
Palavra-chave: leite pasteurizado, qualidade microbiológica, coliformes<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
o leite é um alimento valioso no aspecto<br />
nutricional , sendo rica fonte de proteínas,<br />
gordura, carboidratos, vitaminas e sais minerais.<br />
Estas características o fazem um meio de cultura<br />
ideal para o crescimento de microrganimos<br />
(ALMEIDA et aI., 1999). Devido ao risco de<br />
veiculação de microrganismos patogênicos e<br />
deteriorantes, o produto recebe uma grande<br />
atenção por parte dos pesquisadores e autoridades<br />
ligados à área de saúde e tecnologia de alimentos<br />
(MACIEL et aI., 2003).<br />
O leite pasteurizado constitui a forma mais<br />
difundida deste produto e de grande consumo nos<br />
centros urbanos, assumindo importante papel<br />
econômico. Portanto, o controle de qualidade<br />
do leite pasteurizado comercializado assume<br />
grande importância para a economia e saúde do<br />
consumidor (ALMEIDA et aI., 1999).<br />
A produção do leite (higiene na ordenha e<br />
transporte adequado até o laticínio), o<br />
beneficiamento (pasteurização adequada, higiene<br />
das instalações, armazenamento adequado, etc.),<br />
a distribuição e a comercialização do leite<br />
(temperatura de armazenamento adequada)<br />
constituem os principais pontos de controle da<br />
cadeia produtiva do leite para a obtenção de um<br />
produto final com qualidade (OLIVEIRA &<br />
BORGES, 1984).<br />
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária<br />
ANVISA, estabelece como parâmetros<br />
satisfatórios de qualidade microbiológica para leite<br />
pasteurizado a ausência de bactérias do gênero<br />
Salmollella (ausência/25mL do produto) e o<br />
número mais provável (NMP) de coliformes<br />
termotolerantes não deve exceder 4/mL (BRASIL,<br />
2001). Estes microrganismos são sensíveis a<br />
temperatura de pasteurização do leite, e quando<br />
presentes no produto final indicam contaminação<br />
após processamento ou tratamento térmico<br />
insuficiente (GILMOUR & ROWE, 1990).<br />
Segundo a Portaria nO 001 de 08 de maio de<br />
1995 da SMAA/PMJF (JUIZ DE FORA, 1995)<br />
são estabelecidos os seguintes parâmetros<br />
microbiológicos para leite pasteurizado: ausência<br />
Pág. 66<br />
em I mL de coliformes totais e termotolerantes e<br />
no máximo 2 x 104 UFC/mL de aeróbios mesófilos.<br />
O objetivo deste trabalho foi avaliar a<br />
qualidade microbiológica das amostras de leite<br />
pasteurizado comercializado na cidade de Juiz de<br />
Fora e região no período de 2004, enviadas ao<br />
Laboratório de Análises de Alimentos e Águas da<br />
Universidade Federal de Juiz de Fora e, além de<br />
oferecer subsídios aos órgãos de fiscalização<br />
competentes a fim de que possam agir com mais<br />
empenhos, exigindo dos produtores, laticínios e<br />
comerciantes a qualidade esperada do leite para<br />
o consumidor.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
Foram analisadas 20 amostras de leite<br />
pasteurizado comercializadas entre os meses de<br />
janeiro e dezembro de 2004. Estas amostras foram<br />
coletadas pelos próprios fabricantes e<br />
encaminhadas em caixa isotérmica ao Laboratório<br />
de Análises de Alimentos e Águas da Faculdade de<br />
Farmácia e Bioquímica da Universidade Federal<br />
de Juiz de Fora. As análises foram realizadas no<br />
mesmo dia da coleta. Foram avaliados os seguintes<br />
aspectos microbiológicos: contagem padrão em<br />
placas (contagem global ou aeróbios mesófilos),<br />
coliformes totais e termotolerantes, seguindo a<br />
metodologia clássica preconizada por BRASIL<br />
(1981) e APHA (1992).<br />
2.1 Determinação do número mais provável<br />
de coliformes totais e termotolerantes<br />
Três diluições da amostra (O, lO-I e 10-2)<br />
foram submetidas aos testes presuntivo e<br />
confirmativo para coliformes totais, utilizandose<br />
uma série de três tubos de Caldo Lauril Sulfato<br />
Triptose, por diluição. Os tubos foram incubados<br />
a 35°C por 24 a 48 horas. Os tubos que<br />
apresentaram resultado positivo (evidenciado<br />
pela presença de gás no tubo de Durham), foram<br />
inoculados em Caldo Verde Bile Brilhante (VBB)<br />
e incubados a 35°C por 24 a 48 horas para<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
confirmação da presença de coliformes totais.<br />
Os tubos de caldo VBB positivos foram então<br />
inoculad os em caldo Esclzerichia coli (EC)<br />
suplementados com MUG e incubados a 35°C<br />
por 24 horas para confirmação de coliformes<br />
termotolerantes (Escherichia coli), os tubos<br />
positivos apresentaram turvação e fluorescência<br />
na luz ultravioleta. Após a realização destes<br />
testes, os resultados foram encontrados<br />
utilizando-se a tabela de NMP.<br />
2.2. Contagem padrão em placas<br />
Três diluições da amostra (O, lO-I e 10 . 2)<br />
foram plaqueadas em duplicata em Ágar Padrão<br />
para Contagem (PCA) adicionado de cloreto de<br />
2,3,5 trifeniltetrazólio (TTC) para facilitar a<br />
visualização das colônias. As placas foram<br />
incubadas a 35°C por 48 horas. Após esse<br />
período, procedeu-se a contagem das colônias.<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Dentre as 20 amostras de leite pasteurizado<br />
analisadas, 11 (55%) foram aprovadas de acordo<br />
com JUIZ DE FORA (1995), apresentando<br />
contagem global entre 3 x 10° e 9,3 x 103 UFCI<br />
mL e ausência em I mL de coliformes totais e<br />
termotolerantes. Das amostras reprovadas, 7<br />
apresentaram ausência em I mL de coliformes<br />
totais e termotolerantes e contagem padrão em<br />
placas superior ao limite estabelecido por JUIZ<br />
DE FORA (1995). Uma amostra apresentou<br />
contagem padrão em placas inferior a 2,0 x 104<br />
UFC/mL, porém fo i reprovada por conter 0,4<br />
NMP/mL de coliformes totais. Outra amostra<br />
apresentou-se foram de ambos os parâmetros<br />
analisados, por conter 0,4 NMP/mL de<br />
coliformes totais e contagem padrão em placas<br />
de 4,2 x 104 UFC/mL.<br />
Esses resultados quando comparados com<br />
os encontrados por FREITAS et a!. (2004),<br />
demonstraram uma melhoria no parâmetro de<br />
coliformes totais e termotolerantes, que no ano<br />
de 2003 foi responsável por reprovar 27,3% das<br />
amostras, e no ano de 2004, apenas 10% das<br />
amostras analisadas foram reprovadas neste<br />
quesito. Em relação ao parâmetro de contagem<br />
padrões em placas, 9, I % das amostras<br />
apresentaram-se em desacordo com os padrões<br />
legais no ano de 2003; sendo que em 2004, 35%<br />
das amostras excederam a contagem permitida.<br />
4 - CONCLUSÃO<br />
Ao compararmos os resultados obtidos com<br />
o trabalho anterior realizado por FREITAS et<br />
digitalizado por<br />
aI. (2004) na cidade de Juiz de Fora, observou-se<br />
uma diminuição na contaminação do leite por<br />
microrganismos do grupo dos coliformes,<br />
havendo, porém, um aumento na carga microbiana<br />
total do leite.<br />
Os resultados encontrados indicam<br />
condições higiênico-sanitárias insatisfatórias das<br />
amostras de leite pasteurizado comercializado<br />
em Juiz de Fora, e confirmam a necessidade de<br />
que os órgãos oficiais competentes sejam<br />
sensibilizados para o problema e invistam<br />
esforços para sua solução. Ressalta-se também a<br />
importância de que os órgãos de fomento e<br />
pesquisa estimulem a realização de trabalhos para<br />
desenvolvimento e implantação de programas<br />
de garantia de qualidade, visando a melhoria dos<br />
produtos oferecidos à população.<br />
SUMMARY<br />
The microbiological quality of<br />
commercialized pasteurized milk in the city of<br />
Juiz de Fora - MG was evaluated with the objective<br />
to verify if the same it took care of to the<br />
microbiological standards established by the<br />
System of Municipal Inspection/City hall of Juiz<br />
de Fora. The analyzed parameters had been:<br />
counting standard in plates and the most likely<br />
number of total and termotolerents coliforms.<br />
Of the 20 analyzed samples, 1I (55,0%) had<br />
been approved, presenting global counting<br />
between 3 x 10° e 9,3 x 101 UFC/mL and absence<br />
in I mL of total and termotolerants coliforms;<br />
7 had presented absence of colifonns and the<br />
superior global counting x 104 UFC/mL, being<br />
therefore disapproved; a sample presented<br />
inferior global counting the 2 x 104 UFC/mL,<br />
being, however, in disagreement in relation to<br />
the standards for total coliforms; another sample<br />
was disapproved by both parameters. These<br />
results indicate unsatisfactory hygienic-sanitary<br />
conditions of commercialized pasteurized milk<br />
in Juiz de Fora.<br />
Keywords: pasteurized milk, microbiological<br />
quality, coliforms<br />
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Juiz de Fora, Anais '" Juiz de Fora, Centro de<br />
Ensino e Pesquisa, Instituto de Laticínios<br />
Cândido Tostes, 1994.<br />
• •<br />
AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DO QUEIJO TIPO MINAS FRESCAL COMERCIALIZADO<br />
EM JUIZ DE FORA E REGIÃO NO ANO DE 2004<br />
Evaluation of the microbiological of the cheese type minas frescal marketed in Juiz de<br />
Fora and region in the year of 2004<br />
1 Acadêmicos do curso de Farmácia/UFJF.<br />
2 Professores do Departamento de Alimentos e Toxicologia FFB/UFJF.<br />
Pág. 68<br />
Marcelo José de Magalhães 1<br />
Humberto Moreira Húngaro1<br />
Flávio de Oliveira Ferraz1<br />
Leonardo de Albuquerque Barbosa 1<br />
Miriam Aparecida Pinto Vi/ela2<br />
Marco Antônio Moreira Furtado2<br />
I · INTRODUÇÃO<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
O queijo Minas Frescal é um derivado do<br />
leite tipicamente mineiro, porém consumido em<br />
todo território brasileiro. É um produto de massa<br />
crua e com elevado teor de umidade, em torno<br />
de 55-62% (FURTADO, 1991). Como seu<br />
processo de fabricação é simples, isto é, não<br />
requer muitos aparatos tecnológicos, este é<br />
produzido em todo o Brasil tanto por laticínios<br />
de pequeno quanto de grande porte. Assim, muitas<br />
vezes o Minas Frescal é fabricado sem o mínimo<br />
de condições higiênicas para se obter um produto<br />
de boa qualidade.<br />
No decorrer da cadeia produtiva do queijo,<br />
devem ser aplicadas as técnicas de boas práticas<br />
de fabricação, como a assepsia de equipamentos,<br />
utensílios e mãos do operador; utilização de leite<br />
pasteurizado e armazenamento do produto<br />
acabado sob refrigeração. Essas medidas podem<br />
prevenir a contaminação do mesmo por bactérias<br />
patogênicas e deteriorantes, aumentar a vida útil<br />
e conseqüentemente reduzir os riscos de<br />
toxinfecções alimentares.<br />
Dentre os microrganismos indicativos de<br />
condições higiênico-sanitárias insatisfatórias, que<br />
podem estar presentes como contaminantes no<br />
queijo Minas Frescal , estão os coliformes<br />
termotolerantes e estafilococos coagulase positiva.<br />
"A Escherichia coli, principal representante<br />
do grupo dos coliformes termotolerantes, é<br />
utilizada como indicador das condições higiênicas<br />
na elaboração dos alimentos (SILVA et aI., 200 1).<br />
A contaminação por esta bactéria pode ocorrer<br />
antes da pasteurização do leite ou após<br />
tratamento térmico. Certas estirpes desta<br />
enterobactéria podem produzir enterotoxinas,<br />
que ao serem consumidas juntamente com o<br />
alimento provocam danos à saúde do consumidor<br />
(SANTOS et aI., 1995).<br />
Os estafilococos coagulase positiva são<br />
microrganismos passíveis de serem encontrados<br />
no queijo, já que vários fatores favorecem sua<br />
presença neste alimento, tais como: más<br />
condições higiênicas durante o processo de<br />
fabricação e a presença de trabalhadores muitas<br />
vezes portadores assintomáticos destes microrganismos<br />
e possuidores de maus hábitos higiênicos<br />
(VILELA et aI., 2001).<br />
Este trabalho teve como objetivo avaliar<br />
as condições higiênico-sanitárias do queijo Minas<br />
Frescal produzido e comercializado na cidade de<br />
Juiz de Fora e região, através da enumeração de<br />
coliformes termotolerantes e contagem de células<br />
viáveis de estafilococos coagulase positiva. Para<br />
tal, foram analisadas 16 amostras de queijo Minas<br />
Frescal enviadas ao Laboratório de Análises de<br />
digitalizado por<br />
Alimentos e Águas da Universidade Federal de<br />
Juiz de Fora no ano de 2004.0s resultados obtidos<br />
foram comparados com os padrões exigidos pela<br />
RDC nO 12, de 2 janeiro de 200 I.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
Durante o ano de 2004, 16 amostras de<br />
queijo Minas Frescal comercializado na cidade<br />
de Juiz de Fora e região foram enviadas ao<br />
Laboratório de Análises de Alimentos e Água da<br />
Universidade Federal de Juiz de Fora, pelos<br />
próprios laticínios, em condições isotérmicas.<br />
N o laboratório, as amostras foram identificadas<br />
e submetidas aos seguintes ensaios: coliformes<br />
termotolerantes e estafilococos coagulase<br />
positiva. Inicialmente, foram pesados 25 g da<br />
amostra e homogeneizados em 225 mL de<br />
solução de citrato 2% (diluição 10-1), a partir daí<br />
foram feitas as diluições decimais, utilizando-se<br />
tubos contendo 9 mL de solução de água<br />
peptonada O, I % estéril.<br />
Para a determinação dos coliformes<br />
termotolerantes, três diluições (l 0-1, 10-2 e 10-3)<br />
foram submetidas ao testes presuntivos e confirmativos,<br />
para coliformes totais e termotolerantes,<br />
utilizando-se uma série de três tubos de caldo lauril<br />
sulfato triptose, por diluição. Os tubos inoculados<br />
foram incubados 35°C/24-48 horas. Os tubos<br />
positivos (evidenciados pela formação de gás no<br />
interior do tubo de durhan) foram inoculados em<br />
caldo verde bile brilhante (VBB) e incubados a<br />
35°CI24-48 horas para a confirmação de<br />
coliformes totais. Para pesquisa de coliformes<br />
termotolerantes (Esclzerichia coli), os tubos de<br />
caldo VBB positivos (evidenciados pela formação<br />
de gás no interior do tubo de durhan) foram<br />
inoculados em caldo EC MUG e incubados a 35°C.<br />
Após 24 horas, realizou-se a leitura e os tubos que<br />
apresentaram turvação e fluorescência na luz<br />
ultravioleta foram considerados positivos quanto<br />
à presença de Escherichia coli (expresso como<br />
coliformes termotolerantes).<br />
A determinação de estafilococos coagulase<br />
positiva fo i conduzida por meio da contagem<br />
direta em placas utilizando o método de<br />
plaqueament
cada placa. Cinco colônias (três típicas e duas<br />
atípicas) selecionadas da melhor diluição foram<br />
inoculadas em caldo infuso cérebro e coração<br />
(BHI) para maior crescimento e proliferação<br />
bacteriológica e incubadas a 35°C/24h. Ao fim<br />
desta etapa, as colônias foram submetidas ao<br />
teste de coagulase utilizando-se o Kit "coaguplama"<br />
(laborclin). Os resultados foram<br />
expressos em UFC/g de produto.<br />
3 o RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
De acordo com os padrões exigidos pela<br />
RDC na 12, de 2 janeiro de 2001, o queijo Minas<br />
Frescal deve atender aos seguintes padrões<br />
microbiológicos: coliformes termotolerantes:<br />
máximo 5 x 102 UFC/g, estafilococos coagulase<br />
positiva: máximo 5 x 102 UFC/g, Salmo;zella<br />
sp.: ausência em 25 g e Listeria mOllocytogelles:<br />
ausência em 25g.<br />
Dentre as 16 amostras analisadas, no que<br />
se refere a coliformes e estafilicocos coagulase<br />
positiva, obteve-se os seguintes resultados: 13<br />
amostras apresentaram resultados dentro dos<br />
padrões (81 ,25%), I amostra foi reprovada por<br />
exceder à enumeração de coliformes termo:<br />
tolerantes (6,25%) e 2 amostras por excederem<br />
à enumeração de coliformes termotolerantes e<br />
na contagem de estafilococos coagulase positiva<br />
(12 ,5%). Em trabalho anterior realizado por<br />
AV ILA et a\. (2004) na cidade de Juiz de Fora.<br />
4,35% das amostras foram reprovadas . Isto<br />
demonstra que a qualidade microbiológica do<br />
queijo consumido nesta cidade piorou durante<br />
este período.<br />
4 - CONCLUSÃ O<br />
Com os dados obtidos neste trabalho, podese<br />
observar que 19,75% das amostras analisadas<br />
foram reprovadas, segundo os parâmetros<br />
microbiológicos vigentes na legislação (Brasil<br />
2001) no que se refere a coliformes termotolerantes<br />
e estafilococos coagulase positiva. A<br />
fim de diminuir este índice de queijos impróprios<br />
paa o consumo, devem ser realizadas algumas<br />
açoes, como: obtenção de matéria prima de boa<br />
qualidade, melhoria das condições higiênicas<br />
durante o processo de fabricação e distribuição e<br />
. .<br />
comerclaltzação sob condições adequadas .<br />
Estes dados também servem, para alertar<br />
as autoridades sanitárias sobre as condições do<br />
queijo Minas Frescal consumido em Juiz Fora e<br />
egião, com o objetivo de que realizem<br />
Intensamente a fiscalização dos laticínios, dessa<br />
forma preservando a saúde do consumidor.<br />
Pág. 70<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICÍNIOS<br />
SUMMARY<br />
The objective of this work was to outside<br />
evaluate the hygienic-sanitary conditions of the<br />
cheese "Minas Frescal" produced and<br />
commercialized in the Juiz de Fora and region,<br />
through the enumeration of faecals coliforms<br />
and counting of viable cells of positive coagulase<br />
Staphylococcus. For such, 16 samples of "Minas<br />
frescal" cheese had been analyzed sent to the<br />
Laboratory of Food Analyses and Waters of the<br />
Federal University of Juiz de Fora in the year of<br />
2004 The results had evidenced that 19.75% of<br />
the samples had presented in disagreement of<br />
the standards demanded for the RDC n° 12, of 2<br />
January of 2001 of the Ministry of Health.<br />
Key words: cheese " Minas Frescal",<br />
coliform, microbiology<br />
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• • •<br />
QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE ÁGUAS UTILIZADAS POR PEQUENAS INDÚSTRIAS<br />
DE ALIMENTOS DE JUIZ DE FORA NO ANO DE 2004<br />
Microbiological quality of waters used in small foods industry in Juiz de Fora in the<br />
year of 2004<br />
RESUMO<br />
Sara Cristina Hott1<br />
Humberto Moreira Húngaro1<br />
Kamila Edwiges Fontes Freitas1<br />
Camargo de Carvalho Oliveira 1<br />
Marcelo José de Magalhães1<br />
Miriam Aparecida Pinto Vilela2<br />
Marco Antônio Moreira Furtado2<br />
Este trabalho teve como principal objetivo avaliar a qualidade microbiológica de águas<br />
utilizadas por pequenas indústrias. de alimentos da cidade de Juiz de Fora - MG Para isso<br />
foram analisadas 30 amostras coletadas durante o ano de 2004. A análise micobioI6gic<br />
constituiu-se da determinação do Número Mais Provável de coliformes totais e<br />
termotolerantes, cuja presença de coliformes termotolerantes, segundo a legislação vigente<br />
Acadêmicos do curso de FarmáciaJUFJF.<br />
Professores do Departamento de Alimentos e Toxicologia FFB/UFJF.<br />
digitalizado por<br />
Pág. 71<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
(BRASIL, 2004), é indicativa de contaminação e torna a água imprópria para o consumo<br />
e utilização na produção de alimentos. Os resultados obtidos mostraram que 2 amostras<br />
(6,67%) estavam fora dos padrões estabelecidos na legislação sendo consideradas impróprias<br />
para o consumo, e 7 (23,33%) amostras estavam dentro dos padrões legais, porém<br />
apresentaram coliformes totais. Esses resultados são satisfatórios, mas é preciso continuar<br />
atento para o correto tratamento da água que será utilizada nas indústrias de alimentos, a<br />
fim de que seja segurada a boa qualidade dos produtos fabricados, bem como a proteção a<br />
saúde do consumidor.<br />
Palavras-chave: água, coliformes, potável<br />
1 - INTRODUÇ ÃO<br />
Um amplo espectro das atividades humanas<br />
dependem dos múltiplos usos da água, elemento<br />
essencial da vida. É imprescindível garantir sua<br />
qualidade, uma vez que a água pode atuar como<br />
veículo de transmissão de agentes de doenças<br />
infecciosas e parasitárias. Vários parâmetros<br />
devem ser analisados para avaliar a potabilidade<br />
da água, sendo que do ponto de vista<br />
bacteriológico é imp ortante à utilização de<br />
organismos indicadores de contaminação fecal.<br />
Segundo BASTOS et aI. (1999), dadas às<br />
dificuldades de isolamento rotineiro de<br />
organismos patogênicos em amostras ambientais,<br />
desde os primórdios da Microbiologia Sanitária<br />
sugere-se que a indicação de contaminação seja<br />
determinada, prioritária e rotineiramente,<br />
através de indicadores microbiológicos da<br />
presença de material fecal no meio ambiente.<br />
Há décadas, os organismos que melhor tem<br />
cumprido este papel são as bactérias do grupo<br />
coliforme, classicamente definidas como<br />
coliformes totais e termotolerantes (fecais).<br />
Ocorrências e concentrações de bactéria<br />
do grupo coliforme têm sido utilizadas como<br />
parâmetros de avaliação da qualidade da água,<br />
com correlações significativas de sua densidade<br />
com enterobactérias patogênicas. Estes<br />
coliformes fazem parte da microbiota residente<br />
do trato gastrointestinal do homem e de alguns<br />
animais. (CERQUEIRA et aI., 1999; SPERLING,<br />
1999;CONTE et aI., 2004)<br />
Na indústria de alimentos, a água é fator<br />
decisivo sobre a qualidade higiênico-sanitária<br />
dos produtos, sendo utilizada como matériaprima<br />
e na higienização de equipamentos e<br />
pessoal. A água de má qualidade microbiológica<br />
pode trazer sérios transtornos, aumentando,<br />
com isto, os riscos de veiculação de microorganismos<br />
patogênicos aos consumidores<br />
e/ou perdas econômicas. A presença de coliformes<br />
em alimentos é considerada uma<br />
indicação útil de contaminação pós-sanitização<br />
e pós-processo, evidenciando práticas de higiene<br />
Pág. 72<br />
e sanificação aquém dos padrões requeridos para<br />
o processamento de alimentos.Assim um<br />
controle de qualidade da água em seus aspectos<br />
físicos, químicos e microbiológicos é fundamental<br />
para a racionalizar seu uso nas indústrias<br />
de alimentos (OTENIO et aI., 2000;<br />
CONTE et aI., 2004)<br />
Em vista disso, esse trabalho objetivou a<br />
avaliação da qualidade microbiológica de<br />
diferentes amostras de águas provenientes<br />
pequenas indústrias de alimentos da cidade de<br />
Juiz de Fora, MG.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
Durante o ano de 2004 foram analisadas,<br />
no Laboratório de Análise de Alimentos e Águas,<br />
30 amostras de água provenientes de pequenas<br />
indústrias de alimentos da cidade de Juiz de Fora,<br />
MG. A coleta das amostras seguiu as recomendações<br />
da American Public Health<br />
Association (APHA), 1995. Os frascos utilizados<br />
para a coleta foram previamente esterilizados<br />
em autoclave a 121°C por 15 minutos, com 0,4<br />
mL de tiossulfato de sódio 3% p/v.<br />
Pará determinação microbiológica de<br />
coliformes totais e termotolerantes foi realizada<br />
inoculação de 10rnL de amostra, em dez tubos com<br />
caldo Lauril Sulfato Triptose dupla concentração.<br />
Após inoculação, os tubos foram incubados a 35 ±<br />
0,5°C por 24-48 horas e examinados quanto ao<br />
crescimento e produção de gás em tubos invertidos<br />
de Durhan. Os tubos positivos foram submetidos à<br />
prova de confirmação para coliformes totais em<br />
caldo verde bile brilhante (VBB) a 35 ± 0,5°C por<br />
24-48 horas. Os tubos de caldo VBB positivos<br />
(que apresentaram produção de gás) foram então<br />
inoculados em caldo Escherichia co/i (EC)<br />
suplementados com MUG e incubados a 35°C por<br />
24 horas para confirmação de coliformes<br />
termotolerantes (Escherichia co/i), os tubos<br />
positivos apresentaram turvação e fluorescência<br />
na luz ultravioleta. O resultado foi expresso em<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
. Número Mais Provável (NMP), sendo utilizada<br />
para o cálculo a tabela do "Índice de NMP e<br />
intervalo de confiança a nível de 95% de<br />
probabilidade" .<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
De acordo com o Ministério da Saúde<br />
(BRASIL, 2004) os critérios bacteriológicos para<br />
determinação da potabilidade da água estabelecem<br />
a ausência de coliformes termotolerantes em<br />
100mL de amostra. De acordo com os resultados<br />
apresentados no gráfico 1, das 30 amostras<br />
analisadas, 6,67% estavam fora dos padrões<br />
estabelecidos na legislação, sendo portanto,<br />
consideradas impróprias para consumo.<br />
Gráfico 1: Incidência de coliformes fecais em<br />
30 amostras de água provenientes<br />
de pequenas indústrias de alimentos<br />
da cidade de Juiz de Fora - MG<br />
6,67%<br />
93,33%<br />
oAusênc ia<br />
liiI Presenca<br />
Devido às mudanças ocorridas na legislação<br />
de águas, o padrão bacteriológico para veri <br />
ficação da potabilidade de água passou a ser a<br />
ausência de coliformes termotolerantes em 100<br />
mL de amostra, de acordo com a Portaria na<br />
518, de 25 de março de 2004, do Ministério da<br />
Saúde. Das 30 amostras analisadas, 28 (93,33%)<br />
apresentaram-se dentro desse parâmetro, sendo<br />
que, dessas 7 (23,33%) amostras apresentaram<br />
ausência de coliformes termotolerantes, porém<br />
apresentaram coliformes totais.<br />
Analisando os dados obtidos no trabalho<br />
anterior (Á VILA et aI, 2004), observou-se que<br />
67,86% das amostras apresentaram contaminação<br />
por coliformes totais e foram reprovadas<br />
segundo os parâmetros da Portaria na 1469, de<br />
29 de dezembro de 2000, do Ministério da Saúde.<br />
Ao compararmos os resultados obtidos com<br />
o trabalho acima, mesmo devido a mudança dos<br />
parâmetros legais, observou-se uma melhoria na<br />
qualidade das amostras de água analisadas no ano<br />
de 2004.<br />
4 - CONCLUSÃ O<br />
Os resultados obtidos neste trabalho foram<br />
satisfatórios, mas é preciso continuar atento para<br />
digitalizado por<br />
o correto tratamento da água que será utilizada<br />
nas indústrias de alimentos, a fim de que seja<br />
assegurada a boa qualidade dos produtos<br />
fabricados, bem como a proteção à saúde do<br />
consumidor.Este tratamento se baseia<br />
principalmente na cloração adequada da água e<br />
no aj uste do seu pH.<br />
SUMMARY<br />
This work had as main objective to<br />
evaluate the microbiological quality of waters<br />
used for small food industries of the city of Juiz<br />
De Fora - MG. For this, 30 samples collected<br />
during the year of 2004 had been analyzed. The<br />
microbiological analysis consisted of the<br />
determination of the NMP of total coliforms<br />
and faeal, whose presence of faecal coliforms,<br />
according to current law (BRASIL, 2004), is<br />
indicative of contamination and becomes the<br />
improper water for the consumption and use in<br />
the fo od production. The gotten results had<br />
shown that 2 samples (6,67%) were are of the<br />
standards established in the legislation being<br />
considered improper for the consumption, and<br />
7 (23,33%) samples were inside of the legal<br />
standards, however they had presented total<br />
coliforms. These results are satisfactory, but<br />
she is necessary to continue intent for the<br />
correct treatment of the water that will be used<br />
in the food industries, so that she is insured the<br />
good manufactured product quality, as well as<br />
the protection the health of lhe consumeI'.<br />
Keyword: water, coliforms. Potable<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
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WATER AND WASTEWATER. Standard<br />
methods for the examination of water and<br />
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ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
• • •<br />
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brazilian water quality legislation . In:<br />
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na Região Nordeste do Rio Grande do<br />
Sul.Pharmacia Brasileira: O espetacular<br />
Crescimento da Farmácia, no Brasil, 45, p. 83-<br />
84, 2004<br />
• •<br />
TENDÊNCIAS DA PRODUÇÃO DE LEITE NO BRASIL<br />
Trends in milk production in Brasil<br />
RESUMO<br />
Rosangela Zoccal1<br />
Aloísio Teixeira Gomes1<br />
O leite é um produto importante em todos os países do mundo. Além do alto valor<br />
nutritivo, o . leite e s . eu derivados participam na geração de renda de muitos países, gera<br />
empregos dIretos e IndIretos e contribui com a redução da migração de pessoas do meio<br />
rural para os centros urbanos.<br />
O Brasil é o sexto maior produtor de leite, com 4,5% da produção mundial. Considerando<br />
a atual produção de leite, ainda existe um déficit de aproximadamente 400 bilhões de litros<br />
no mundo para atender um consumo médio de dois copos de leite diariamente (400 ml/<br />
habitante). No caso do Brasil, a produção anual deveria ser de 26 bilhões de litros de leite<br />
para atender a este nível de consumo da população.<br />
Nos últimos 14 anos, a produção brasileira aumentou 53,6%, passando de 14,5 bilhões de<br />
litros em 1990 para 22,3 bilhões em 2003, para o ano de 2004 a expectativa é de que se<br />
Pesquisadores da Embrapa Gado de Leite. Rua Eugênio do Nascimento, 610 - Dom Bosco, 36038-330 Juiz de<br />
Fora, MG. rzoccal@cnpgl.embrapa.br; agomes@cnpgl.embrapa.br<br />
Pág. 74<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
confirme uma produção de 23 bilhões de litros de leite.<br />
As áreas de maior concentração de produção de leite estão localizadas nos Estados de<br />
Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Santa Catarina. As principais<br />
mesorregiões produtoras são: Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, Noroeste Rio-Grandense,<br />
Sul Goiano, Sul/Sudoeste de Minas, Oeste Catarinense e Centro Goiano. Quatro mesorregiões<br />
brasileiras (Sudoeste Paranaense, Oeste Catarinense, Leste Rondoniense e Sudeste Paraense),<br />
importantes na produção de leite, apresentaram os mais altos índices de crescimento nos<br />
últimos dez anos.<br />
Considerando a produtividade animal mais elevada, como indicativo de pecuária de leite<br />
mais tecnificada, destacam-se as mesorregiões do Centro Oriental, Oeste e Sud oeste<br />
Paranaense, Oeste e Norte Catarinense, Noroeste Rio-Grandense e Campo das Vertentes de<br />
Minas Gerais.<br />
Palavras-chave: Produção de leite, produtividade animal, demanda, áreas de produção.<br />
INTRODUÇÃ O<br />
A produção de leite tem um papel<br />
fundamental em todas as economias,<br />
especialmente em países em desenvolvimento,<br />
porque além de envolver um componente social,<br />
o leite é considerado um produto essencial para<br />
a população na maioria dos países .<br />
No cenário internacional, o Brasil é o sexto<br />
maior produtor de leite, com 4,5% da produção<br />
mundial. O sistema agroindustrial do leite é um<br />
dos mais importantes no agronegócio brasileiro.<br />
Ocupou, em 2004, o sexto lugar em valor bruto<br />
da produção agropecuária, com faturamento de<br />
aproximadamente R$ 12 bilhões. Além da renda<br />
gerada, estima-se que somente na produção<br />
primária empregou 3,6 milhões de pessoas.<br />
No Brasil, a pecuária leiteira é praticada<br />
em todo o território nacional. As condições<br />
edafoclimáticas do País permitem a adaptação<br />
da atividade às peculiaridades regionais. Observase,<br />
conseqüentemente, a existência de diversas<br />
formas ou modelos de produção de leite. Existem<br />
sistemas com diferentes graus de especialização,<br />
desde propriedades de subsistência, utilizando<br />
técnicas rudimentares e produção diária menor<br />
que dez litros, até produtores comparáveis aos<br />
mais competitivos do mundo, usando tecnologias<br />
avançadas e com produção diária superior a 50<br />
mil litros.<br />
Nesse trabalho encontram-se informações<br />
sobre a produção de leite e a produtividade<br />
animal no mundo e no Brasil (Pesquisa da<br />
Pecuária Municipal do IBGE e da FA O).<br />
RESULTADOS E DISCUSSÃ O<br />
O consumo e a quantidade de leite<br />
disponível por habitante é muito variável nos<br />
diferentes países do mundo. A Organização<br />
digitalizado por<br />
Mundial para a Saúde recomenda que cada<br />
indivíduo consuma, em média, 600 ml/dia ou 219<br />
litros/ano, na forma de leite fluído ou<br />
equivalente em derivados lácteos.<br />
O consumo de leite está relacionado<br />
diretamente com a renda per capita da<br />
população. À medida que cresce o PIB (Produto<br />
Interno Bruto) e melhora a distribuição de renda<br />
do país, aumenta o consumo de leite e derivados<br />
lácteos da população.<br />
Em uma situação hipotética, assumindo que<br />
cada habitante consuma diariamente dois copos<br />
de leite (400 ml) ou 146 litros por ano, calculamos<br />
a demanda potencial de leite no mundo. Nesse<br />
exercício, verificamos que para atender a demanda<br />
potencial, será necessária uma oferta de 920 bilhões<br />
de litros. Considerando a situação atual, existe<br />
um déficit de aproximadamente 400 bilhões de<br />
litros de leite no mundo.<br />
No caso do Brasil, admitindo um cenário<br />
em que se favoreça o consumo de laticínios, em<br />
especial as populações mais carentes, que pouco<br />
ou nada consomem, e tomando por base o<br />
consumo de dois copos de leite diariamente, o<br />
País requer uma disponibilidade anual de 26<br />
bilhões de litros de leite, apenas para atender o<br />
potencial do mercado interno, composto de 178<br />
milhões de pessoas.<br />
Produção de Leite<br />
Nos últimos 15 anos, a produção brasileira<br />
de leite aumentou 53,6%, passando de 14,5<br />
bilhões de litros em 1990 para 22,3 bilhões em<br />
2003. Considerando uma estimativa para o ano<br />
de 2004 a expectativa é de que se confirme uma<br />
produção de 23 bilhões de litros de leite. Durante<br />
esse mesmo período, o efetivo bovino cresceu<br />
Pág. 75<br />
arvoredoleite.org
32,9% e o número de vacas ordenhadas 0,8%. A<br />
taxa média de crescimento da produção, entre<br />
1990 e 2003, foi superior à taxa de crescimento<br />
do rebanho bovino total e também de vacas<br />
ordenhadas, o que significa que houve aumento<br />
da produtividade animal de 52,3%.<br />
O aumento da produção de leite decorreu<br />
principalmente do aumento, em alguns sistemas<br />
de produção, tanto do volume produzido por<br />
fazenda, quanto da produtividade, em razão do<br />
uso de novas tecnologias. Aliado a este fator temse<br />
a expansão da atividade para as regiões de<br />
cerrado, que possui como vantagem competitiva<br />
o menor custo de oportunidade da terra e de mãode-obra.<br />
Nestas regiões é dada prioridade ao pasto<br />
como alimento volumoso no· verão, além de ser<br />
uma grande região produtora de grãos, o que reduz<br />
o custo de alimentação concentrada.<br />
As mesorregiões com maior volume de leite<br />
produzido (acima de 250 milhões de litros/ano),<br />
estão indicadas na Figura 1. Essas mesorregiões<br />
localizam-se principalmente nos Estados de Minas<br />
Gerais, Goiás e Paraná, que juntas produziram<br />
aproximadamente 13,2 bilhões de litros de leite por<br />
ano, o que corresponde a 61 % da produção nacional.<br />
Entre as 22 mesorregiões maiores produtoras<br />
de leite, algumas apresentaram também grande<br />
crescimento no período analisado, como é o caso<br />
do Sul e Centro Goiano, Oeste Catarinense,<br />
Sudoeste e Centro Oriental Paranaense, Leste<br />
Rondoniense, Sudeste Paraense e Agreste<br />
Pernambucano. A mesorregião que não apresentou<br />
crescimento, dentre as grandes produtoras foi o<br />
Campo das Vertentes em Minas Gerais, que reduziu<br />
I, I %, no período de 1994 a 2003, mantendo sua<br />
produção em aproximadamente 280 milhões de<br />
litros de leite por ano.<br />
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Fonte: IBGE ·Pesquisa da Pecuária Municipal, 2003<br />
Figura 1. Principais mesorregiões produtoras<br />
de leite no Brasil, 2003.<br />
Pág. 76<br />
Produtividade<br />
A pecuária leiteira no Brasil no início dos<br />
anos 90 apresentava uma produtividade de 750<br />
litros de leite/vaca/ano, considerando todos os<br />
rebanhos de vacas ordenhadas, com maior e<br />
menor aptidão leiteira (rebanhos de leite, carne<br />
e duplo-propósito). Este fato cria uma distorção<br />
na produtividade média do rebanho, em litros<br />
por vaca por ano, que fica subestimada ao não<br />
retratar o que ocorre com as explorações<br />
tipicamente leiteiras. Desse modo, considerando<br />
todo rebanho de vacas ordenhadas, a produtividade<br />
aumentou em 52%, atingindo 1.156<br />
litros em 2003, mas continua muito inferior à<br />
média de rebanhos especializados nacionais,<br />
como é o caso do rebanho de gado Holandês<br />
com 7.570 litros/vaca/ano ou do gado Jersey<br />
com 4.670 litros/vaca/ano ou, ainda, da raça<br />
Girolando com 3.790 litros/vaca/ano (Arquivo<br />
Zootécnico Nacional Gado de Leite).<br />
Na Figura 2 estão indicadas as mesorregiões<br />
com produtividade acima de 1.500 litros de leite/<br />
vaca/ano. Na mesorregião do Centro Oriental<br />
Paranaense se obteve, no ano de 2003, uma<br />
produtividade média de 2.908 litros/vaca/ano.<br />
Outras mesorregiões que produziram acima de<br />
2.000 litros/vaca ano são o Oeste e Norte<br />
Catari nense, Oeste e Sudoeste Paranaense,<br />
Noroeste Rio-Grandense e Campo das Vertentes<br />
em Minas Gerais.<br />
Fonte: IBGE · PesQuisa da Pecuária Municipal · 2003<br />
• MesOlTegiães com produtividade acima de 2.500 I/vaca/ano<br />
Mesorregiões com produtividade dtO! 2.000 a 2.500 I/vaca/ano<br />
® Mesorregiões com produtividade de 1.500 íl 2.000 l/vaCíl/ano<br />
Figura 2. Produtividade animal (litros/vaca<br />
ordenhada/ano) nas principais<br />
mesorregiões produtoras - 2003.<br />
CONCLUS Ã O<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Existe um déficit de aproximadamente 400<br />
bilhões de litros de leite no mundo para atender<br />
um consumo médio de dois copos de leite por dia<br />
(400 ml/habitante). O Brasil requer uma<br />
disponibilidade anual de leite de 26 bilhões de<br />
litros para atender essa demanda potencial.<br />
No Brasil, as áreas de maior concentração<br />
de produção de leite estão localizadas nos Estados<br />
de Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul,<br />
Paraná, São Paulo e Santa Catarina. As principais<br />
mesorregiões produtoras são: Triângulo Mineiro/<br />
Alto Paranaíba, Noroeste Rio-Grandense, Sul<br />
Goiano, Sul/Su doeste de Minas, Oeste<br />
Catarinense e Centro Goiano.<br />
Considerando a produtividade animal mais<br />
elevada, como indicativo de pecuária de leite<br />
mais tecnificada, destacam-se as mesorregiões<br />
do Centro Oriental, Oeste e Sudoeste<br />
Paranaense, Oeste e Norte Catarinense, Noroeste<br />
• • •<br />
Rio-Grandense e Campo das Vertentes de Minas<br />
Gerais.<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
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O agronegócio do leite: análise e perspectivas.<br />
Congresso Brasileiro de Economia e Sociologia<br />
Rural, 42, Cuiabá, 2004.<br />
• • •<br />
AVALIAÇÃO SENSORIAL DE LEITE UHT COM BAIXO TEOR DE LACTOSE<br />
Sensory evaluation from UHT milk with low lactose<br />
RESUMO<br />
LONGO, Giovana1<br />
WASZCZYNSKY J, Nina2<br />
O objetivo do trabalho foi comparar os atributos sensonaIS de leite UHT com teor de<br />
lactose normal e com baixo teor de lactose. O estudo foi dividido em duas etapas : na<br />
primeira foi realizada a comparação de leite com teor de lactose normal e com baixo teor<br />
de lactose, de mesma marca comercial; na segunda, a comparação sensorial de amostras de<br />
leite com baixo teor de lactose de diferentes marcas comerciais. Os produtos foram<br />
submetidos aos testes triangular e perfil de características, quanto aos atributos cor, sabor<br />
doce, textura e aroma. O leite com baixo teor de lactose apresentou diferenças significativas<br />
em relação ao leite com teor de lactose normal quanto aos atributos sabor doce e textura.<br />
As amostras de leite com baixo teor de lactose de diferentes marcas apresentaram diferenças<br />
significativas em relação ao atributo cor.<br />
Palavras-chave: leite UHT, intolerância à lactose, avaliação sensorial.<br />
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia de Alimentos - UFPR.<br />
Professora Sênior do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia de Alimentos - UFPR.<br />
digitalizado por<br />
Pág. 77<br />
arvoredoleite.org
1 - INTRODUÇ ÃO<br />
Uma grande parte da população mundial<br />
tem problemas em consumir leite, por serem<br />
intolerantes à lactose ou por apresentarem um<br />
quadro de má absorção da lactose. A intolerância<br />
à lactose é um termo usado para descrever a<br />
incapacidade de digerir lactose devido a uma<br />
deficiência do sistema digestivo. Este fenômeno<br />
causa alguns sintomas como estufamento<br />
abdominal, produção de gases, flatulência, cólicas<br />
e diarréia. No Brasil, 58 milhões de pessoas<br />
apresentam alguma dificuldade em digerir a<br />
lactose (FERREIRA, 1997; KARDEL;<br />
ANTUNES, 1997; MANAN; KARIM; KIT,<br />
1999; BATAVO, 2004). Segundo a Associação<br />
Brasileira de Leite Longa Vida (ABLV, 2005),<br />
muitos países possuem uma gama de produtos<br />
com baixo teor de lactose. No Brasil, este<br />
mercado tem sido pouco explorado, sendo que o<br />
leite com baixo teor de lactose pode ser<br />
encontrado no mercado consumidor na forma<br />
de longa vida.<br />
O objetivo deste trabalho foi comparar os<br />
atributos sensoriais de leite UHT com teor de<br />
lactose normal e com baixo teor de lactose. O<br />
trabalho foi divido em duas etapas: na primeira foi<br />
realizada a comparação de leite com teor de lactose<br />
normal e com baixo teor de lactose, de mesma<br />
marca comercial; na segunda etapa, a comparação<br />
sensorial de amostras de leite com baixo teor de<br />
lactose de diferentes marcas comerciais.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
2.1 - Avaliação Sensorial<br />
• Teste triangular:<br />
Onze provadores não-treinados avaliaram<br />
a diferença global entre amostras de leite UHT<br />
com teor de lactose normal e com baixo teor de<br />
lactose. Três amostras de leite foram apresentadas<br />
simultaneamente, codificadas com<br />
algarismos de três dígitos, sendo que duas eram<br />
idênticas e uma diferente (ABNT, 1993;<br />
DUTCOSK Y, 1996). Os resultados foram<br />
avaliados por meio da Tabela de Significância<br />
no Teste Triangular (ASTM, 1968).<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
• Perfil de características :<br />
Dez provad ores foram orientad os a<br />
realizarem o perfil de características das amostras<br />
em relação à cor, sabor doce, textura e aroma,<br />
utilizando escala hedônica não-estruturada de nove<br />
centímetros. Para os atributos cor e aroma, as<br />
escalas foram ancoradas à esquerda pelo termo<br />
"desgostei muitíssimo" e à direita pelo termo<br />
"gostei muitíssimo"; para sabor doce, à esquerda<br />
"pouco intenso" e à direita "muito intenso"; e<br />
para textura, à esquerda "muito fina (fluida como<br />
a água)" e à direita "muito espessa" (DUTCOSKY,<br />
1996; ABNT, 1998). Os dados foram avaliados<br />
por análise de variância, utilizando o programa<br />
MSTAT-C (KOEHLER, 1999).<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
3.1 - Primeira Etapa<br />
• Teste triangular:<br />
Os dados demonstraram que as amostras de<br />
leite UHT com teor de lactose normal e com<br />
baixo teor de lactose diferiram significativamente<br />
entre si (p
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ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
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• • •<br />
CARACTERíSTICAS FíSICO-QuíMICAS DE LEITE CRU DO CEFET-RP<br />
Physical-chemical characteristics of raw milk in CEFET-RP<br />
Andrew Antonio lopes 1<br />
Thiago Valente Pires1<br />
Thaiana Arrighi Lima1<br />
Maurício Henriques Louzada Silva2<br />
I Estudante de Graduação do Curso de Tecnologia em Laticínios do (CEFETRP)<br />
2 Doutorando do Curso de Ciência e Tecnologia de Alimentos UFV, Professor Substituto do Centro Federal de<br />
Educação Tecnológica de Rio Pomba (CEFETRP)<br />
Pág. 80<br />
1 INTRODUÇÃ O<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
O leite quando secretado pelas células<br />
epiteliais da glândula mamária, é um produto que<br />
possui uma série de nutrientes com diferentes<br />
composições (Clinica do Leite -ESLAQ-USP).<br />
Em função das suas características químicas<br />
e biológicas, ele é considerado um alimento de<br />
alta qualidade. No entanto, uma serie de eventos<br />
pode reduzir a sua qualidade.<br />
As avaliações do leite visam, em primeiro<br />
lugar, identificar estes fatores estranhos e em<br />
segundo lugar, quantificar os compostos de<br />
interesse da indústria (com fins de caracterização<br />
da matéria-prima para a confecção dos derivados<br />
do leite) e para garantir a segurança do<br />
consumidor (Clinica do Leite -ESLAQ-USP).<br />
OS critérios de inspeção dos principais<br />
parâmetros físico-químicos pesquisados para<br />
verifi cação da integridade deste produto são<br />
especificados pela legislação vigente (instrução<br />
normativa 51, de 18 de setembro de 2002).<br />
2 • METODOLOGIA<br />
Durante o mês de abril foram selecionadas<br />
7 vacas da raça holandesa de acordo com a média<br />
de produção de leite/dia das quais foram coletadas<br />
7 amostras ainda no estábulo do CEFET-RP.<br />
Cada amostra foi conduzida imediatamente ao<br />
laboratório de analises do CEFET-RP e submetidas<br />
as seguintes analises: densidade<br />
(termolactodensímetro de Quevene), crioscopia<br />
(crioscópio eletrônico Lactron 321 -L), gordura<br />
(butirômetro de Gerger e Milkotesler), estrato<br />
seco total (EST) (disco de Ackermanm), estrato<br />
seco desengord urado (ESD=EST-GD), acidez<br />
titulável pelo método Dornic, pH (phmêtro) e<br />
lactose utilizando cloramiona -T, de acordo com<br />
metodologia descrita por PEREIRA et aI. (2001).<br />
3 • RESULTADOS<br />
A Tabela I apresenta os resultados obtidos para<br />
as analises físico-químicas das 7 amostras de leite.<br />
Tabela 1: resultados das analises físico-químicos do leite cru processado no CEFET-RP<br />
Análises físico-químicas 2 3 4 5 6 7<br />
Crioscopia (oH) -0,539 -0,548 -0,538 -0,543 -0,539 -0,538 -0,541<br />
Densidade a 15°D 6,79 6,91 6,78 6,8 6,9 1 6,79 6,82<br />
Gordura% 3 3,4 3 2,8 4 3 ,5 3,4<br />
Acidez (OD) 17 15 18 15,5 14,5 16,5 16,5<br />
pH 6,79 6,91 6,78 6,8 6,9 I 6,79 6,82<br />
EST% I 1 ,35 I 1 ,84 11, 35 11,1 I 12,05 11,7 1 1 ,58<br />
ESD% 8,35 8,44 8,35 8,31 10,5 8,2 8,18<br />
Lactose% 4,856 4,724 4,921 4,789 4,66 4,396 4,856<br />
Tabela 2: comparação das medias(x) e desvios padrões(s2),com os valores especificados pela (legislação<br />
vigente)*<br />
Análises físico-químicas X 52 Legislação<br />
Crioscopia (OH) -0,54 0,00335 -0,53<br />
Densidade a 15°D 1,029 0,00072 1,028 a 1,034<br />
Gordura% 3,3 0,37416 3<br />
Acidez (OD) 16, I 1,12 145 14 a 18<br />
pH 6,82 0,05276 6,6 a 6,8<br />
EST% 11, 56 0,29968 12,5<br />
ESD% 8,61 0,77776 min 8,4<br />
Lactose% 16344<br />
* Legislação vigente (instrução normativa 51, de 18 de setembro de 2002).<br />
digitalizado por<br />
arvoredoleite.org<br />
Pág. 81
Os resultados encontrados para as analises<br />
de densidade, crioscopia, gord ura, estrato seco<br />
total, estrato seco desengordurado, acidez, ph e<br />
lactose, foram estatisticamente iguais, (t
foi significativamente maior do que a média da<br />
CIB nas amostras adicionadas de azidiol. As<br />
amostras de leite cru conservadas com azidiol e<br />
mantidas sob refrigeração tiveram CIB inferior<br />
àquelas não refrigeradas. E ainda, a média da<br />
CIB em amostras de leite sem conservante e<br />
submetidas à refrigeração foi idêntica à média da<br />
CIB nas amostras adicionadas de azidiol e<br />
mantidas em temperatura ambiente.<br />
A média geral obtida na CBT das amostras<br />
de leite cru conservadas com azidiol e mantidas<br />
sob refrigeração foi de 3,19 x 105 UFC/mL, sendo<br />
menor que a obtida por BUENO et aI. (2004)<br />
em tanques de expansão de uso individual, onde<br />
os autores constataram média geral de 2,6 x 106<br />
UFC/mL.<br />
A média de CIB nas amostras de leite de<br />
melhor qualidade microbiológica, que não foram<br />
adicionadas de azidiol e foram mantidas sob<br />
refrigeração, foi de 145 bactérias/mL. Esse<br />
achado é semelhante ao verificado por CASSOU<br />
et aI. (2004) que encontraram no grupo controle<br />
(leite sem conservante, analisado imediatamente<br />
após colhido) média de 141 bactérias/mL<br />
A média da CIB nas amostras mantidas sob<br />
refrigeração de 1,9°C a 4,6°C foi significativamente<br />
menor (P
Quanto aos parâmetros contemplados pela<br />
legislação, ou seja, gordura, acidez e estrato seco<br />
desengordurado, esses se apresentaram em acordo<br />
com os valores preconizados na legislação<br />
vigente (BRASIL, 2004). Esses resultados são<br />
corroborados aos encontrados por SOUZA et a!.<br />
(2004) no que concerne a análise de gordura e<br />
sólidos totais, esses autores fizeram a análise de<br />
leite UHT provenientes de duas indústria de<br />
laticínios do Estado do Paraná. No entanto,<br />
BARROS (2003) analisou leites UHT<br />
comercializados em Brasília/DF e observou que<br />
os resultados apresentaram valores fora dos<br />
padrões legais para todos os tipos de leite<br />
(desnatado, semidesnatado e integral). Em<br />
relação ao leite integral a autora observou que<br />
3% de amostras estavam fora do padrão para<br />
fração de gordura; 27% para EST e 57% para<br />
ESD. Para o leite UHT semidesnatado, verificouse<br />
que 7% para EST e 33% para ESD.<br />
No que concerne a análise de proteína, não<br />
há regulamento previsto para tal parâmetro<br />
físico-químico, no entanto considerando o teor<br />
mínimo de 2,9%, utilizado para a averiguação da<br />
qualidade de leite submetido à pasteurização<br />
rápida, independente do tipo, ou seja, tipo A, B<br />
ou C, observou-se que 15% das amostras<br />
analisadas no presente trabalho apresentaram<br />
valores abaixo desse. Resultados análogos aos<br />
obtidos por SOUZA et a!. (2004).<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
CONCLUSÃ O<br />
Conclui-se que o perfil físico-químico do<br />
leite u. H. T. comercializado no município de Rio<br />
Verde, GO, encontra-se dentro dos padrões<br />
previstos pela legislação vigente.<br />
ABSTRACT<br />
The present work was carried through with<br />
the purpose to inquire the profile physicistchemistry<br />
of the milk UHT commercialized in<br />
the City of Rio Verde, Goiás. In the period of in<br />
days 10 and 11 of lune of 2003. 15 milk samples<br />
UHT of 06 marks, being 07 skimmed, 03 had<br />
been harvested semi skimmed and 05 integraIs.<br />
The sampIes had been submitted to the analyses<br />
physicist-chemistries, protein (P), fat (G),<br />
acidity Dornic (AO) and taken away the fat dry<br />
extract text (ESD). The results of the carried<br />
through analyses ' had been compared with the<br />
foreseen ones for the Iegislation, and alI met<br />
inside of the foreseen one. Therefore, one<br />
concludes that the profile physicist-chemistry<br />
of the milk U.H.T. commercialized in the city<br />
of Rio Verde, GO, meets inside of the standards<br />
foreseen for the legislation<br />
Palavras-chave: qualidade do leite, físicoquímica,<br />
composição<br />
Tabela 1 - Valores médios do EST(%) e ESD (%), gordura (%), Proteína (%) e acidez (g de ácido<br />
láticol I 00 ml), das amostras de leite U.A.T analisadas em Rio Verde, Goiás.<br />
Pág. 86<br />
AMOSTRAS EST (%) ESD(%) Gordura(%) Proteína( %) Acidez<br />
A-D 9,50 9,40 0,10 3,26 0, 155<br />
B-D 9,3 1 9,16 0, 15 3,38 0, 145<br />
F-D 9,29 9,09 0,20 2,60 0, I 53<br />
G-D 9,66 9,36 0,30 2,55 0, 150<br />
1-D 9, I 7 9,07 0, 10 2,98 0, 140<br />
L-D 9,25 9, I 5 0, 10 3,26 0, 150<br />
M-D 9,11 0,05 3, I 5 150<br />
Médias 9,33 9,18 0,14 3,03 0,149<br />
I-SD 10,90 8,90 2,00 2,44 0, 145<br />
N-SD 10,10 9,00 1,10 2,84 0,150<br />
O-SD 10,03 8,53 1,50 3, I 8 0, 148<br />
Médias 10,34 8,81 1,53 2,82 0,148<br />
C-I 11, 89 8,69 3,20 3,08 0, 150<br />
D-I 11, 83 8,68 3, 15 2,88 0, 150<br />
E-I 11, 77 8,67 3, I O 3,28 0,150<br />
H-I 12,06 8,66 3,40 2,35 0, 150<br />
P-I 12,05 8,45 3,60 3,12 0, 143<br />
Médias 11,92 8,63 3,29 2,94 0,149<br />
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• • •<br />
ACEITABILlDADE E RENDIMENTO DE QUEIJO MINAS FRESCAL ADICIONADO DE SORO<br />
DE LEITE EM PÓ<br />
Acceptability is revenue of queijo minas frescal addedof serum of powdered milk<br />
INTRODUÇÃ O<br />
O soro é um subproduto da indústria de leite,<br />
resultante da fabricação de queijos, que se separa<br />
do coágulo durante a fabricação, retendo 55% dos<br />
nutrientes do leite. Cada litro de leite dá origem<br />
de 0,6 a 0,9 L de soro (SIQUEIRA et a!., 2002).<br />
Priscila Alonso dos Santos1<br />
Jacira dos Santos Isepon2<br />
Marco Antônio Pereira da Silva3<br />
Karyne Oliveira Coelho1<br />
Edmar Soares Nicolau4<br />
Cleusely Matias de Souza 1<br />
Marcele Louise Tadaieski Arruda1<br />
O soro de leite é um potente agente<br />
poluidor (PRIMO, 200 I) e não existem<br />
levantamentos precisos do total do soro<br />
produzido pela indústria de laticínios. Estima-se<br />
que no Brasil 50% do soro seja despejado<br />
Pós-graduandas do Curso em Ciência Animal da Universidade Federal de Goiás 1 Av. Alexandre de Morais Q-I 2,<br />
L-05, Pq. Amazônia, CEP: 74.840-300, Goiânia, Goiás - Fone: (62) 280-2067 - emaiI: prialonso@yahoo.com.br<br />
2 Prot". Dr. do Departamento de Zootecnia UNESP - Ilha Solteira, SP<br />
3 Prof. Dr. do Curso Medicina Veterinária da Universidade Federal de Goiás<br />
4 Prof. Msc. do Curso Técnico em Alimentos do CEFET de Rio Verde, Goiás.<br />
digitalizado por<br />
Pág. 87<br />
arvoredoleite.org
diretamente nos rios, sem nenhum tipo de<br />
tratamento, o que concorre para a poluição dos<br />
rios devido, principalmente, ao seu alto teor de<br />
matéria orgânica (PETRUS, 2003). No país a<br />
disponibilidade de soro tem aumentado significativamente.<br />
Entretanto, o seu aproveitamento<br />
está aquém do desejável. Dentre as<br />
técnicas para sua valorização, o soro de leite<br />
pode ser utilizado na fabricação de ricota, bebida<br />
láctea, ser concentrado, transformado em pó,<br />
obtenção de seus componentes, sendo que para<br />
cada alternativa deve ser precedida de uma análise<br />
técnica e econômica (GIROTO &<br />
PAWLOWSKY, 2002).<br />
De acordo com a legislação do MERCOSUL<br />
são permitidos o uso de soros lácteos e concentrados<br />
protéicos de soro como ingredientes<br />
opcionais em formulações de alimentos, o que<br />
não só permite ao fabricante reduzir o custo total<br />
de produção como também melhorar a qualidade<br />
nutricional do produto no que concerne ao teor<br />
de proteínas e cálcio (USDEC, 1999).<br />
Quanto à utilização do soro de leite para a<br />
produção de queijos, observa-se que a presença<br />
de proteínas do soro no queijo tende a mudar<br />
suas propriedades de textura e o padrão de<br />
maturação, o que podem interferir nasa características<br />
organolépticas do produto final. No<br />
entanto o principal problema das fabricações de<br />
queijos com leite reconstituído consiste, na falta<br />
de coesão da massa. Com efeito, a coesão do<br />
coágulo é insuficiente para permitir uma certa<br />
mecanização da fabricação conforme a tecnologia<br />
clássica (em particular formação de<br />
"grãos da massa") (VAN DENDER et aI., 1999).<br />
Considerando esses aspectos, o presente<br />
trabalho teve por objetivo estudar o efeito da<br />
adição do soro de leite na produção do queijo<br />
Minas Frescal, a fim de verificar a aceitabilidade<br />
e rendimento do produto fi nal.<br />
MATERIAL E MÉTODOS<br />
O leite foi fornecido pela Fazenda de Ensino<br />
e Pesquisa - UNESP, localizada no município de<br />
Selvíria MS. Este era armazenado em latões e<br />
enviado para o processamento. Após chegar no<br />
Laboratório de Biotecnologia da Faculdade de<br />
Engenharia UNESP - Campus de Ilha Solteira<br />
SP, o leite era submetido ao processo de<br />
pasteurização lenta (63 a 65°C/30 min).<br />
Técnica de reconstituição do soro de leite<br />
em pó e mistura ao leite in Ilatura<br />
O soro de leite em pó foi preparado através<br />
de uma solução à 12% pela adição lenta à<br />
Pág. 88<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
superfície da água, previamente fervida e resfriada<br />
a 45°C. A homogeneização foi manual, utilizandose<br />
uma escumadeira de aço inoxidável, até<br />
completa dissolução do soro . Em seguida, foi<br />
mantido sob refrigeração por aproximadamente<br />
16 horas, a 8°C (VIEIRA & NEVES, 1980).<br />
Técnica de fabricação do queijo Minas<br />
Frescal<br />
Para a fabricação dos queijos, foram<br />
utilizados 09 litros de leite em cada tratamento,<br />
que foram os seguintes:<br />
Tratamento 1: Leite pasteurizado;<br />
Tratamento 2: Leite pasteurizado adicionado<br />
com 2,5% de soro de leite em pó não<br />
reconstituído; Tratamento 3: Leite pasteuri<br />
zado adicionado com 2,5% de soro de leite em<br />
pó reconstituído; Tratamento 4: Leite<br />
pasteurizado adicionado com 5% de soro de<br />
leite em pó não reconstituído; Tratamento 5:<br />
Leite pasteurizado adicionado com 5% de soro<br />
de leite em pó reconstituído.<br />
Cálculo de Rendimento de Fabricação<br />
A avaliação do rendimento dos queijos<br />
obtidos a partir de diferentes níveis de substituição<br />
protéica foi realizada considerando quantidade<br />
gasta de litros de leite/Kg de queijo produzido.<br />
Av aliação da aceitabilidade do produto<br />
Os queijos foram avaliados quanto ao sabor,<br />
aroma, textura e coloração, por uma equipe de<br />
10 degustadores não treinados. Esses atribuíram<br />
notas de I a 5, onde : ótimo = 5; bom = 4;<br />
regular = 3; ruim = 2; péssimo = I.<br />
Delineamento experimental e análises<br />
estatísticas<br />
O delineamento experimental adotado foi<br />
o inteiramente casualizado, com os fatores<br />
tratamento e tempo de armazenamento no<br />
esquema de parcela subdividida com tratamentos<br />
nas parcelas e tempo como sub-parcela, utilizouse<br />
o sistema de análise estatística Sanes!.<br />
RESULTADOS E DISCUSSÃ O<br />
Os valores da análise de variância do teste<br />
sensorial encontram-se na Tabela 1. Observase<br />
que houve variação entre os tratamentos<br />
avaliados no estudo, sendo que os queijos dos<br />
tratamentos 4 e 5 foram os menos aceitos pelos<br />
degustadores. Além disso, esses lotes apre-<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
sentarem-se mais escuros (amarelos) e moles<br />
em relação ao queijo testemunha e aos<br />
tratamentos 2 e 3.<br />
Na Tabela 2 estão apresentados os valores<br />
médios da análise sensorial<br />
Com relação ao Teste do Perfil de<br />
Características, o queijo do tratamento I foi o<br />
que recebeu as melhores médias de aceitação<br />
quanto aos atributos sensoriais. Com isso<br />
verifica-se que o queijo tipo Minas Frescal<br />
fabricado de forma convencional, é o mais<br />
adequado. Devido a maior aceitabilidade e<br />
estabilidade observada durante o período de<br />
armazenamento a 5°C. Quanto à aceitabilidade<br />
dos queijos produzidos com a adição de soro,<br />
esta foi comprometida, principalmente quanto<br />
ao sabor, que os provadores descreveram que<br />
apresentava-se "doce", resultados estes que<br />
podem ter sido obtidos devido a alta umidade e<br />
ao teor de lactose do queijo Minas Frescal (ROSSI<br />
et aI., 1998).<br />
Os valores médios do rendimento dos<br />
queijos nos cinco tratamentos empregados estão<br />
apresentados na Tabela 3, os mesmos não foram<br />
submetidos à análise estatística, porém<br />
evidenciam uma diminuição na quantidade de leite<br />
para a obtenção de um kg de queijo.<br />
Tabela 3 - Rendimento de produção expresso<br />
em volume de leite/Kg de queijo "Minas Frescal"<br />
produzido<br />
Tratamentos Médias<br />
1 5,25<br />
2 5,04<br />
3 6,41<br />
4 4,05<br />
5 7 ,94<br />
Entre os tratamentos, o tratamento 4<br />
(4,05 litros/kg) apresentou melhor rendimento<br />
que o tratamento I (testemunha 5,25 litros/kg)<br />
e o tratamento 2 (leite + 2,5% de soro de leite<br />
em pó não reconstituído 5,04), no entanto entre<br />
os outros tratamentos houve um baixo<br />
rendimento.<br />
CONCLUSÃ O<br />
Considerando as análises físico-químicas e<br />
sensoriais pôde-se concluir que a elaboração de<br />
queijos Minas Frescal com uso de soro de leite<br />
em pó interfere na aceitabilidade do produto<br />
fi nal, apesar do ganho em rendimento, ressaltando-se<br />
a importância da modificação da<br />
técnica de fabricação, a fi m de sanar essa<br />
desvantagem.<br />
Tabela 1 - Análise de variância e respectivos níveis de significância dos resultados obtidos pelas<br />
análises sensoriais<br />
Causas de variação Sabor Aroma Textura Coloração<br />
Tratamento 10,84 ** 4,39 ** 7,61 ** 7,37 **<br />
Temp. Armaz 0,04 ns 2,42 * 5, 16 ** 5,04 **<br />
Trat x Tempo 2,45 ** 0,43 ns 1,04 ns 0,84 ns<br />
Média geral 3,52 3,92 3,83 4,04<br />
C V(%) 23,69 21,28 21,73 19,68<br />
** (p < 0,0 I); * (p < 0,05); ns não significativo<br />
Ta bela 2 - Valores médios das características sensoriais do queijo Minas Frescal<br />
Tratamentos Sabor Aroma Textura Cor<br />
1 4,2a 4,4a 4,3a 4,4a<br />
2 3,8ab 4,Oab 4,3a 4,4a<br />
3 3,6bc 4,Oabc 3,8ab 4,2ab<br />
4 3,lcd 3,6bc 3,5bc 3,7bc<br />
5 2,7d 3,4c 3,2c 3,3c<br />
Letras minúsculas iguais na mesma coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade (p < 0,05).<br />
digitalizado por<br />
arvoredoleite.org
ABSTRACT<br />
The present work had for objective to<br />
evaluate the effect of the addition of serum of<br />
powdered milk in the acceptability and revenue<br />
of the cheese Minas Fresca!. The experiment was<br />
developed in the Laboratory of Biotechnology<br />
of the Ability of Engenharia/UNESP-Campus of<br />
Ilha Solteira. As raw material was used milk in<br />
natura and serum of powdered milk constituting<br />
in different proportions, what composed the<br />
following treatments: TI - pasteurized Milk, T2<br />
- pasteurized Milk not added with 2,5% of serum<br />
of powdered milk reconstituted, T3 - pasteurized<br />
Milk added with 2,5% of serum of reconstituted<br />
powdered milk, T4 - pasteurized Milk not added<br />
with 5% of serum of powdered milk reconstituted<br />
and T5 - pasteurized Milk added with 5% of serum<br />
of reconstituted powdered milk. To verify the<br />
acceptability of the product, this was evaluated<br />
as: flavo r, aroma, texture and coloration, for a<br />
team of 10 not trained tasters. Those attributed<br />
notes from I to 5, where: 5 = great, 4 = good, 3 =<br />
regulate, 2 = bad, 1= terrible. The adopted<br />
experimental delineators was it entirely casualized.<br />
By means of analysis of the found results, it was<br />
verified that the cheese type Minas manufactured<br />
Frescal in a conventional way, is the most<br />
appropriate. It is ended that cheese Minas Frescal<br />
elaboration with use of serum of powdered milk<br />
interferes in the acceptability of the final product,<br />
in spite of the gain in revenue.<br />
Palavras-chave: Queij o Minas Frescal,<br />
análise sensorial, soro de leite em pó.<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
GIROTO, J.M.; PAWLOWSKY, U. Soro de leite:<br />
custos de equipamentos para o seu processamento.<br />
Pág. 90<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATIcíNIOS<br />
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Revista do Instituto de Laticínios "Cândido<br />
Tostes", v.35, n.212, p. 19- 25, 1980.<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATIcíNIOS<br />
PESQUISA DE RESíDUOS DE ANTIBiÓTICOS EM AMOSTRAS DE LEITE DA<br />
COOPERATIVA REGIONAL AGROPECUÁRIA DE MACUCO, MUNiCíPIO DE MACUCO,<br />
ESTADO DO RIO DE JANEIRO<br />
Research of residual antibiotics in samples milk of Cooperativa Regional Agropecuária<br />
de Macuco, in the State of Rio de Janeiro<br />
1 - INTRODUÇÃ O<br />
A Instrução Normativa n° 51 foi publicada<br />
em setembro de 2002 e aprovou os Regulamentos<br />
Técnicos de Produção, Identidade e Qualidade do<br />
Leite tipo A, do Leite tipo B, do Leite tipo C, do<br />
Leite Pasteurizado e do Leite Cru Refrigerado e o<br />
Regulamento Técnico da Coleta de Leite Cru<br />
Refrigerado e seu Transporte a Granel (COSTA,<br />
2003). Um dos requerimentos do Programa<br />
Nacional de Melhoria da Qualidade do Leite e dos<br />
Regulamentos da Instrução Normativa n° 51, é que<br />
a pesquisa de resíduos de antibióticos ou outros<br />
inibidores do crescimento microbiano, deverá seguir<br />
os Limites Máximos de Resíduos previstos no<br />
Programa Nacional de Controle de Resíduos da<br />
Instrução Normativa n° 42, de dezembro 1999; e<br />
que as análises devem ser feitas pelo menos uma<br />
vez por mês em cada propriedade (BRASIL, 2002).<br />
O uso indiscriminado de antibióticos no<br />
tratamento de processos infecciosos de vacas<br />
em lactação, em especial nas mastites, muitas<br />
vezes deixam resíduos destes no leite, pois são<br />
absorvidos pela corrente sanguínea (FONSECA<br />
e SANTOS, 2000). A presença desses resíduos<br />
no leite acima do limite permitido podem causar<br />
vários problemas, sendo os de maior relevância:<br />
seleção de cepas bacterianas patogênicas resistentes<br />
no ambiente; o desencadeamento de<br />
reações de hipersensibilidades diversas; e a<br />
Viviane Brandão Barreira'<br />
Lívia Helena Moreira da Silva Melo2<br />
Andréa Matta Ristow3<br />
Silvio Marini4<br />
Sara Simone Pinheiro de Lacerda5<br />
Danielle Valadão Albernaz Mattos Tavares6<br />
fermentação insatisfatória na produção de<br />
derivados lácteos, como queijos e iogurtes<br />
(NASCIMENTO, et aI, 2001).<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
I ,6Médica Veterinária. Rio de Janeiro, RJ. E-mail: viviane.barreira@ig.com.br<br />
O presente estudo foi realizado nas instalações<br />
da Cooperativa Regional Agropecuária de Macuco<br />
Ltda. (CRAPML), no município de Macuco, estado<br />
do Rio de Janeiro. No período de maio a junho de<br />
2004, a CRAPML tinha o cadastro de 211 tanques<br />
de resfriamento, porém somente 199 ativos. Desses<br />
199 tanques, 17 eram de imersão e 182 de expansão;<br />
sendo 85 tanques particulares e 114 tanques<br />
coletivos. totalizando a produção de 70 I associados<br />
ati vos. Foram coletadas amostras de todos os 199<br />
tanques ativos e analisadas no máximo 24 horas<br />
após a coleta. Para detecção de resíduos de<br />
antibióticos no leite, foi utilizado o kit Delvotest
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Os resultados mostraram que dos 199<br />
tanques que forneceram leite à CRAPML durante<br />
a pesquisa, 15 tanques apresentaram resultado<br />
positivo (7,54%); enquanto que 184 tanques<br />
apresentaram resultado negativo (92,46%). Com<br />
relação aos 15 tanques positivos, 9 eram<br />
particulares (10,59%) e 6 coletivos (5,26%). Essa<br />
diferença se deve provavelmente pelo fato dos<br />
produtores de tanques coletivos possuem uma<br />
maior preocupação em adicionar ao tanque um<br />
leite de melhor qualidade, pois se na indústria for<br />
detectado alguma alteração, como a presença de<br />
inibidores; todo o leite do tanque será condenado<br />
e portanto todos produtores que utilizam este<br />
tanque serão penalizados. Enquanto que os<br />
produtores de tanques particulares se fornecerem<br />
à indústria um leite de qualidade inferior, estarão<br />
prejudicando a si mesmo e portanto a penalidade<br />
será igualmente particular sem afetar terceiros.<br />
Segundo Gomi & Cabrini (2003), os<br />
monitoramentos realizados em diversos países<br />
mostram que o nível de contaminação do leite<br />
bovino por resíduos de antibióticos em tanques,<br />
está em torno de 2 a 5%. Porém, esta faixa pode<br />
não estar refletindo a realidade, pois alguns<br />
métodos rápidos para detecção de antibióticos<br />
em leite podem apresentar resultados positivos<br />
abaixo dos LMRs estipulados pela legislação do<br />
país ou gerar resultados negativos, se não<br />
empregados de forma correta. Comparando o nível<br />
de resíduos de antibióticos relatado no estudo de<br />
Gomi & Cabrini (2003), de 2 a 5%, com o<br />
percentual dos tanques positivos da CRAPML, de<br />
7,54%, podemos considerá-lo um valor alto.<br />
Ao usarmos o Delvotest SP estamos tendo<br />
uma boa pesquisa de b - lactâmicos (o grupo mais<br />
incriminado como causador de resíduos no leite),<br />
e ao mesmo tempo rigorosos quanto as demais<br />
drogas que o kit detecta, pois são detectados em<br />
valores acima do que a legislação estabelece.<br />
Segundo Costa (1996) e Costa (2002), cada<br />
teste apresenta vantagens e desvantagens, ressaltando<br />
a ocorrência de resultados falso-negativos quando o<br />
teste apresenta baixa sensibilidade por exemplo; e<br />
resultados falso-positivos quando o leite analisado<br />
possui substâncias antimicrobianas naturais, por<br />
exemplo lactoferrinas, lisozimas e mediadores do<br />
processo inflamatório. Sendo necessário cuidados na<br />
interpretação de resultados, principalmente quando<br />
se analisa amostras individuais, como por exemplo,<br />
animais com alto valor de células somáticas e<br />
particularmente em vacas logo após o parto, pois<br />
nas cinco ordenhas subseqüentes a este, os testes<br />
costumam dar resultados falso-positivos pelo<br />
processo inflamatório.<br />
Pág. 92<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
A possível presença de antimicrobianos<br />
naturais encontrados no leite, podem ser<br />
neutralizadas ou inativadas quando aquecidas a<br />
82° C por 2 a 5 minutos (ALBUQUERQUE,<br />
1996; BORGES, 2000; NASCIMENTO, 2001;<br />
CARRARO, 2003).<br />
4 - CONCLUSÃ O<br />
Em decorrência dos resultados obtidos,<br />
podemos concluir que há a necessidade de um<br />
trabalho de educação sanitária e conscientização<br />
dos produtores para este problema, assim como<br />
um controle e fiscalização mais severos para se<br />
obter um produto seguro para o consumidor e<br />
para um melhor controle da qualidade dos<br />
produtos da CRAPML. Conseqüentemente a<br />
cooperativa e os produtores terão seus prejuízos<br />
reduzidos. A presença de resíduos de antibióticos<br />
no leite pode acarretar problemas econômicos<br />
para o produtor, prejudicar a fabricação de<br />
derivados do leite, assim como trazer problemas<br />
à saúde dos consumidores. Apesar de muitos fatores<br />
estarem envolvidos com a presença destes resíduos<br />
no leite, para evitá-los é fundamental o controle<br />
individual da vaca em tratamento e fazer o uso<br />
adequado dos antibióticos, entre outros protocolos<br />
que devem ser feitos. O atual momento representa<br />
uma oportunidade de crescimento para o setor<br />
lácteo, mas para que essas mudanças ocorram<br />
temos que ter em mente a necessidade da melhora<br />
da qualidade do leite.<br />
ABSTRACT<br />
The presence of residual antibiotics in milk<br />
is one of the main concerns in the dairy industry,<br />
which may cause losses to the milk by-product<br />
technology, and become a serious public health<br />
issue. Bearing in mind that since milk is a highly<br />
nutritional food, widely consumed by man and<br />
one of the main foods ingested by children, it<br />
must be strictly inspected. Normative Instruction<br />
n° 51 of September 2002, one of its requirements<br />
is that the study of antibiotic residuais or other<br />
microbiotic growth inhibitors must adhere to the<br />
Maximum Residual Thresholds set forth in<br />
Normative Instruction n° 42 of December 1999.<br />
The purpose of this paper was to study the<br />
presence of antibiotic residuais in the 199 tanks<br />
(11 4 collective and 85 private tanks) of<br />
CRAPML (Cooperativa Regional Agropecuária<br />
de Macuco), in the State of Rio de Janeiro. The<br />
analyses were performed with the Delvotest®<br />
SP kit (microbiotic growth inhibitors). 15 tanks<br />
were found to have residual antibiotic, which<br />
corresponds to 7,54% of the samples. Out of<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
that total of positive-testing tanks, 9 were private<br />
and 6 were collective tanks. The results show a<br />
high occurrence of those residues in milk, imposing<br />
the application of punitive measures on the<br />
producers that send milk with residual antibiotics<br />
to CRAPML and stricter control by the sanitation<br />
authorities, as well as the implementation of a<br />
program to educate and monitor for prevention,<br />
to be prepared for ali producers.<br />
Key-words : milk, residual antibiotics,<br />
Delvotest® SP.<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
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• • •<br />
PRODUÇÃO DE PROTEASE E FORMAÇÃO DE BIOFILME POR BACTÉRIAS<br />
PSICROTRÓFICAS NA INDÚSTRIA DE LATiCíNIOS E SUA RELAÇÃO COM A<br />
COMUNICAÇÃO CÉLULA-CÉLULA<br />
Protease production and biofilm formation by psychrotrophic bacteria in the dairy<br />
industry and its relation with cell-to-cell communication<br />
Eliseth de Souza Viana1<br />
Maurílio Lopes Martins1<br />
Uelinton Manoel Pinto2<br />
Esther Dantas Costa3<br />
Maria Cristina Dantas Vanetti4<br />
Doutorandos ,em Microbiologia Agrícola UFV/DMB; m_Iopesm@yahoo.com.br e eliseth@vicosa.ufv.br.<br />
2 Mestre em Microbiologia Agrícola - UFV/DMB; uelintonpinto@yahoo.com.br<br />
3 Mestranda em Microbiologia Agrícola - UFV/DMB; esther@vicosa.ufv.br<br />
4 Professora do Departamento de Microbiologia da Universidade Federal de Viçosa.<br />
Pág. 93<br />
digitalizado por<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATIcíNIOS<br />
RESUMO<br />
Este trabalho busca relacionar o mecanismo de comunicação entre bactérias psicrotróficas<br />
com a produção de enzimas proteolíticas e a formação de biofilmes. O quorum sensing é<br />
um mecanismo de comunicação célula-célula, mediado por moléculas sinalizadoras, utilizadas<br />
por bactérias para regular a expressão de genes em resposta à densidade populacional.<br />
Considerando que essas moléculas podem induzir a expressão dos genes que codificam<br />
enzimas deterioradoras termorresistentes e dos genes responsáveis pela formação de<br />
biofilmes, existe um grande potencial para a comunicação célula-célula ou quorum sensing<br />
influenciar a qualidade do leite e derivados.<br />
Palavras-chave: leite cru, bactérias psicrotróficas proteolíticas, biofilme e quorum sensing.<br />
1 • BACT ÉRIAS PSICROTRÓFICAS EM<br />
LEITE E SUAS IMPLICAÇÕES<br />
O leite constitui um meio de cultura ideal<br />
para a multiplicação de microrganismos patogênicos<br />
e deterioradores considerando seu alto<br />
valor nutricional, alto teor de água e pH próximo<br />
a neutralidade (Frank, 1997). A manutenção e o<br />
transporte do leite cru refrigerado impede a<br />
deterioração por bactérias mesofílicas, mas resulta<br />
na seleção de bactérias psicrotróficas (Frank, 1997).<br />
No leite, os psicrotróficos são representados<br />
principalmente pelas bactérias Gram-negativas<br />
Pseudolllollas, Achromobactel Aero/llonas,<br />
Serra tia, Alcaligenes, Chrolllobacterium e<br />
Flavobacterium spp. e pelas bactérias Grampositivas<br />
Bacillus. Clostridiu11l, CorYllebacteriulll,<br />
Streptococcus. Lactobacilllls e MicrocOCCllS spp<br />
(Sorhaug e Stepaniak, 1997; Pinto 2004), sendo a<br />
microbiota Gram-negativa a mais comumente<br />
encontrada (Cousin, 1982; Pinto, 2004). Dentre<br />
estas, as pertencentes ao gênero Pseudo11!ollas<br />
são as predominantes (Dogan e 800r, 2003;<br />
Pinto, 2004). Esse gênero inclui espécies que se<br />
caracterizam por apresentar alta divers idade<br />
genética (Martins, 2003) e mecanismos fisiológicos<br />
de adaptação e crescimento a baixas temperaturas.<br />
p. jll10rescells constitui a espécie deterioradora do<br />
leite de maior importância (Dogan e Boor, 2003;<br />
Pinto, 2004) por produzir proteases termoestáveis<br />
que hidrolisam a caseína e diminuem a produtividade<br />
industrial e a qualidade sensorial dos produtos lácteos<br />
(Sorhaug e Stepaniak, 1997). Algumas dessas<br />
bactérias também secretam lecitinases e lipases que<br />
podem desempenhar um papel significativo na<br />
deterioração desses produtos (Dogan e Boor, 2003).<br />
2 - QUORUM SENSING<br />
Muitas bactérias regulam a expressão<br />
gênica em resposta ao tamanho populacional<br />
por um mecanismo chamado de quorum sensing<br />
(QS) (Whitehead et aI., 2001). Este sistema<br />
Pág. 94<br />
possibilita a comunicação entre células e é<br />
mediado por sinais químicos extracelulares,<br />
denominados de moléculas sinalizadoras,<br />
produzidas pelas bactérias quando densidades<br />
celulares específicas são atingidas. Estas<br />
moléculas podem ser divididas em: (i)<br />
autoindutore s-l, conhecidos como N-acil<br />
homoseri nas lactonas (AHLs) e usados por<br />
bactéri as Gram-negativas para a comunicação<br />
intraespécie (Whitehead et aI., 200 I); (ii)<br />
autoindutor-2 ou furanosil borato diéster,<br />
produzido por bactérias Gram-negativas e Grampositivas,<br />
utilizado para comunicação intra e<br />
interespécie (Chen et aI., 2002); (iii) autoindutor-3<br />
de estrutura desconhecida (Sperandio et<br />
aI., 2003); (iv) aminoácidos e peptídeos pequenos<br />
utilizados por bactérias Gram-pos itivas<br />
(Whitehead et aI., 2001). Além desses, dipepitídeos<br />
cíclicos, como dicetopiperazinas e 2heptil-3-hidroxil-4-quinolona<br />
podem estar<br />
envolvidos na sinalização célula-célula (Pesci et<br />
aI., 1999). Quando a conce ntração do sinal é<br />
suficientemente alta, genes alvos são ativados<br />
ou repri midos (Whitehead et aI., 200 I ). Este<br />
mecanismo permite que as células controlem<br />
muitas de suas funções tais como a colonização<br />
de superfície e motilidade, produção de<br />
exopolímeros, produção de antibióticos, formação<br />
de biofilme, bioluminescência, produção de<br />
pigmentos, expressão de genes de virulência e<br />
produção de enzimas hidrolíticas (Whitehead et<br />
aI., 200 I). Os estudos realizados até o momento<br />
indicam que as moléculas sinalizadoras são<br />
produzidas por bactérias em leite (Pinto et aI.,<br />
2005). O QS bacteriano favorece o acesso a<br />
nutrientes ou nichos ambientais mais favoráveis<br />
e permite que as bactérias se diferenciem em<br />
formas melhor adaptadas a ambientes hostis<br />
(Swift et aI., 2001). O estudo do QS e sua relação<br />
com bactérias deterioradoras ou patogênicas de<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
alimentos faz-se necessário para que haja uma<br />
melhor compreensão da importância desse sistema<br />
na ecologia microbiana dos alimentos. Este<br />
conhecimento poderia contribuir para a geração<br />
de novas estratégias de controle do crescimento de<br />
bactérias indesejáveis e produção de metabólitos<br />
prejudiciais aos alimentos, apresentando um grande<br />
potencial para a preservação e segurança destes<br />
produtos (Pinto, 2005).<br />
2.1. Produção de enzimas proteolíticas e<br />
quorum sellsillg<br />
As enzimas proteolíticas produzidas por<br />
bactérias psicrotróficas podem resultar em vários<br />
problemas tecnológicos para a indústria de<br />
laticínios tais como, instabilidade do leite ao<br />
calor, coagulação durante a pasteurização,<br />
gelificação do leite UHT, desenvolvimento de<br />
vários sabores e odores indesejáveis e redução<br />
do rendimento na produção de queijos (Cousin,<br />
1982; Sorhaug e Stepaniak, 1997). Em P.<br />
fluorescens, a principal enzima proteolítica é<br />
codificada pelo gene aprX e sua produção é<br />
regulada por diferentes fatores, incluindo<br />
temperatura, fase de crescimento, pH,<br />
disponibilidade de nutrientes e íons (McCarthy,<br />
2003). Pinto (2004) observou que o grau de<br />
proteólise em amostras de leite refrigerado<br />
inoculadas com P. fluorescens foi dependente da<br />
temperatura, do tempo de estocagem e do<br />
número de células. Segundo McCarthy (2003), a<br />
produção de enzimas extracelulares quando a<br />
densidade celular é baixa pode ser desvantajosa<br />
para as células em razão da difusão das enzimas e<br />
dos nutrientes liberados por elas no meio.<br />
Considerando que as enzimas hidrolíticas são<br />
responsáveis pelos defeitos de qualidade do leite<br />
e derivados e que o limite de detecção de sua<br />
atividade é possível apenas em densidade<br />
populacional alta, o QS pode participar na<br />
regulação dos genes que codificam essas enzimas.<br />
2.2. Formação de biofilme e quorum sellsillg<br />
Bactérias psicrotróficas possuem a capacidade<br />
de colonizar superfícies e formar<br />
biofilmes, podendo afetar a qualidade e a<br />
segurança dos produtos lácteos, o que resulta em<br />
risco para a saúde dos consumidores. Os biofilmes<br />
representam um proQlema significativo e<br />
persistente quando os procedimentos de higienização<br />
não são apropriados e também podem<br />
conferir maior resistência das bactérias a agentes<br />
sanificantes. Nos biofilmes, as populações<br />
bacterianas encontram-se aderidas a uma<br />
superfície e imersas em uma matriz polimérica<br />
digitalizado por<br />
que contém canais para a circulação de água e<br />
nutrientes (Costernon et aI. 1999). Fatores como<br />
pH, temperatura, conteúdo de ferro, oxigênio e<br />
nutrientes influenciam a sua formação (Stoodley<br />
et aI., 1999). A formação da estrutura tridimensional<br />
dos biofilmes é um processo<br />
dinâmico que envolve uma série de eventos<br />
moleculares coordenados influenciados pelo<br />
sistema QS (Parsek e Greenberg, 2005). O papel<br />
do QS na formação de biofilme tem sido<br />
reportad o em várias espécies de bactérias<br />
psicrotróficas (Huber et aI. 2001; Conway et<br />
aI., 2002, Lynch et aI., 2002). Entretanto, ainda<br />
não existem estudos que comprovem o<br />
envolvimento desse sistema na formação de<br />
biofilmes constituídos por bactérias isoladas de<br />
leite cru refrigerado.<br />
2 - CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS<br />
As moléculas sinalizadoras podem induzir<br />
a expressão dos genes que codificam enzimas<br />
deterioradoras termorresistentes e dos genes<br />
responsáveis pela formação de biofilmes,<br />
portanto, existe um grande potencial para o QS<br />
influenciar na qualidade do leite e derivados. O<br />
desenvolvimento de sistemas para interromper<br />
o processo de comunicação célula-célula em<br />
bactérias é de grande interesse. A aplicação destes<br />
sistemas pode ser potencialmente útil na inibição<br />
do crescimento e dos mecanismos de virulência<br />
das bactérias em diferente ambientes, incluindo<br />
os al imentos.<br />
SUMMARY<br />
This work aimed to relate the communication<br />
mechanism among psychrotrophic bacteria with<br />
the production of proteolytic enzymes and biofilm<br />
formation. Quorum sensing is a mechanism of cellto-cell<br />
communication mediated by signaling<br />
molecules used by bacteria to regulate gene<br />
expression in response to the population density.<br />
Since these molecules can induce the gene<br />
expression of thermostable spoilage enzymes and<br />
genes related to biofilm formation, there is a<br />
potential function of the quorum sensing system<br />
to influence the quality of milk and dairy products.<br />
Key words: raw milk, psychrotrophic<br />
proteolytic bacteria, biofilm and quorum sensing.<br />
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• • • •<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
FABRICAÇÃO DE QUEIJO MINAS PADRÃO UTILIZANDO CULTURA LÁTICA ENDÓGENA<br />
Manufacture of "Minas Padrão" type eheese using endogenous laetie eulture starter<br />
RESUMO<br />
José Fernando Mourão<br />
Cavalcante1<br />
Lorena Fernandes Juncal2<br />
Nélio José de Andrade3<br />
Juliano Gomide de Souza4<br />
Mauro Mansur Furtado5<br />
O objetivo deste trabalho foi produzir um queijo Minas Padrão empregando uma cultura<br />
lática endógena (UFVLN-21) como cultura starter. Empregou-se leite pasteurizado (65°C/<br />
30 min), padronizado para 3,2 % de gord ura e inoculado com cultura lática endógena<br />
(UFVLN-21) isolada de leite cru de vaca. Os queijos foram elaborados e maturados durante<br />
período de 2 I dias em câmara fria (10 ± 2° C), sendo analisados a cada 7 dias. Foram<br />
realizadas as seguintes análises físico-químicas nos queijos: umidade, gord ura, proteína<br />
total, GES, pH, acidez e cloreto de sódio. Além disso, foram realizadas avaliações sensoriais<br />
dos queijos elaborados com 7, 14 e 21 dias de maturação, por um júri composto de seis<br />
especialistas no assunto. Com base nos resultados do presente experimento concluiu-se<br />
que é possível a fabricação de queijo Minas Padrão empregando cultura lática endógena.<br />
1 - INTRODUÇÃ O<br />
O queijo Minas Padrão é conhecido como<br />
queijo Minas Curado, prensado e pasteurizado. É<br />
o queijo brasileiro mais antigo e original,<br />
possuindo outras variedades com características<br />
semelhantes, como o queijo do Serro, da Canastra<br />
e do Salitre, mas todos de fabricação artesanal<br />
com leite cru. Trata-se de queijo seco e firme<br />
com casca amarelada e coloração interna brancacreme,<br />
contém algumas olhaduras irregulares,<br />
sabor pronunciado, levemente ácido, de formato<br />
cilíndrico e peso variando de 0,8 kg a 1,2kg<br />
(MARTINS ,2000; PEREIRA, 2005).<br />
O objetivo principal do trabalho foi a<br />
elaboração de queijo Minas Padrão com leite<br />
pasteurizado (63-65°C/30 min), padronizado para<br />
3,2 % de gordura e inoculado com cultura lática<br />
endógena (UFVLN-21) isolada de leite cru de<br />
vaca. Os queijos foram elaborados e estocados<br />
durante período de 21 dias em câmara fria (10 ±<br />
2° C), sendo analisados a cada 7 dias de maturação.<br />
Foram realizadas as seguintes análises físicoquímicas<br />
nos queijos: umidade, gordura, proteína<br />
total, pH, acidez e cloreto de sódio. Além disso,<br />
foram realizadas avaliações sensoriais dos queijos<br />
elaborados com 7, 14 e 21 dias de maturação, por<br />
um júri composto de seis especialistas no assunto.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
O presente trabalho foi realizado na Usina<br />
Piloto de Laticínios (FUNARBE) e no Laboratório<br />
de Pesquisa de Leite e Derivados, do Departamento<br />
de Tecnologia de Alimentos da Universidade<br />
Federal de Viçosa (UFV), Minas Gerais.<br />
Prof. Universidade Estadual do Ceará (UECE) e Doutorando do Departamento de Tecnologia de Alimentos da<br />
Universidade Federal de Viçosa (DTA/UFV).<br />
2 Prof. Ti tular do DTA I UFY.<br />
3 Estudante Curso Ciência e Tecnologia de Laticínios do DTA/UFV<br />
4 Graduado em Ciência e Tecnologia de Laticínios pelo DTA/UFV<br />
5 Prof. Adjunto do DTA I UFV.<br />
Órgão financiador: CAPES.<br />
digitalizado por<br />
arvoredoleite.org<br />
Pág. 97
2.1. Matéria-prima<br />
o leite empregado neste experimento foi<br />
proveniente de produtores que fornecem<br />
regularmente matéria-prima à Usina Piloto da<br />
UFY. Leite cru de conjunto, com acidez de 16 °D<br />
foi resfriado e estocado entre 4 e 5 °C,<br />
pasteurizado no próprio tanque de fabricação (65<br />
°C / 30 min) por meio de vapor indireto (camisa<br />
de vapor) e padronizado para 3,2 % de gordura.<br />
A cultura lática endógena empregada neste<br />
experimento foi UFVLN-21 (LactococCllS laclis,<br />
ssp. cremo ris) isolada do leite cru de vaca<br />
(CAVALCANTE el. ai., 2003). A cultura lática<br />
foi ativada em meio LDR 10%, por três dias<br />
consecutivos, antes do experimento.<br />
2.3. Tecnologia de Fabricação do Queij o<br />
Minas<br />
Após a pasteurização, o leite foi resfriado<br />
a 36 °C antes de ser adicionado dos ingredientes<br />
necessários. No tanque de fabricação foi<br />
adicionada a solução de cloreto de cálcio (20g/<br />
100litros) e 1 % do fermento lático (UFVLN-<br />
21). O l eite fo i agitado, visando à dispersão<br />
uniforme do fermento ao novo meio. Em seguida,<br />
adicionou-se o coalho em pó (CHR HANSEN®)<br />
em quantidade suficiente para atingir o ponto de<br />
corte em cerca 40 minutos. Atingido o ponto, a<br />
massa foi cortada, empregando-se liras horizontal<br />
e vertical, de modo a se obter grãos de<br />
I cmJ• Deixou-se os grãos em repouso por cerca<br />
de 5 minutos. Agitou-se lentamente, por 20<br />
minutos, para que os grãos não esfacelassem.<br />
Deixou-se novamente em repouso para ocorrer<br />
à separação dos grãos e do soro. Removeu-se o<br />
soro até que o coágulo começasse a emergir.<br />
Continuou-se a agitação, desta vez mais rápida.<br />
A temperatura da massa (36 °C) foi mantida<br />
constante durante esta fase. Retirou-se o restante<br />
do soro e fez-se a salga na massa (1 % de sal em<br />
relação volume processado). Realizou-se a<br />
enformagem e prensagem. Em seguida, fez-se a<br />
prensagem em prensa vertical durante 16 horas.<br />
Maturou-se os queijos em câmara frigorífica (10-<br />
12 °C) e umidade relativa a 80 %, por 21 dias.<br />
2.4. Análises Físico-Químicas<br />
Foram realizadas as seguintes análises<br />
físico-químicas nos queijos:<br />
a) Umidade: determinada em estufa à 105<br />
°C pelo método gravimétrico (AOAC,<br />
1995);<br />
b) Cinzas: determinada em mufla à 550 °e,<br />
pelo método gravimétrico (AOAC, 1995);<br />
Pág. 98<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATIcíNIOS<br />
c) Gordura: determinada pelo método<br />
volumétrico GERBER (butirômetro<br />
especial para queijos), segundo as<br />
Normas do INSTITUTO ADOLFO<br />
LUTZ (1985) ;<br />
d) Cloreto de sódio: determinado pelo<br />
método de doseamento na substância,<br />
descrito por PEREIRA et aI., 2001;<br />
e) Acidez (% ácido lático): determinada<br />
pelo método ponderaI descrito por<br />
PEREIRA el ai. (2001);<br />
f) pH: determinado pelo método direto<br />
usando aparelho pHmetro;<br />
g) Nitrogênio total: determinado pelo<br />
método Kjeldahl, utilizando aparelho<br />
BÜCHI®;<br />
h) Gordura no Extrato Seco: (GES):<br />
calculada através da relação do teor de<br />
extrato seco e teor de gordura da<br />
amostra x 100 %, segundo FURTADO<br />
(1991).<br />
2.4. Avaliação Sensorial dos Queijos<br />
Foi realizada por um júri composto de seis<br />
membros especialistas no assunto, do sexo<br />
masculino e feminino, na faixa etária de 30 a 55<br />
anos. Cada membro recebeu uma amostra de<br />
queijo e uma ficha específica para avaliação<br />
sensorial aos 7, 14 e 21 dias de maturação.<br />
3 - RESULTA DOS E DISCUSSÃO<br />
Os queijos elaborados com cultura lática<br />
endógena (UFVLN-2 1) apresentaram de uma<br />
maneira geral, um bom aspecto geral, sabor e<br />
aroma. No Quadro I são mostrados os resultados<br />
das avaliações sensoriais dos queijos realizadas<br />
pelo júri de especialistas aos 7, 14 e 21 dias de<br />
maturação.<br />
Observa-se no Quadro I. que os queijos, no<br />
geral, tiveram uma boa avaliação sensorial pelo<br />
júri de especial istas que considerou o queijo Minas<br />
Padrão elaborado com cultura lática endógena<br />
como "Gostei extremamente" a "Gostei<br />
ligeiramente" na escala hedônica, sendo que os<br />
queijos mais maturados tiveram uma melhor<br />
avaliação. Alguns aspectos positivos e negativos<br />
foram levantados pelo júri com relação ao sabor,<br />
aroma, textura e coloração dos queijos, ao longo<br />
da maturação. Assim, aos 21 dias de maturação<br />
observou-se que apesar da boa aparência, sabor e<br />
aroma, constatou-se que a textura apresentavase<br />
borrachuda ao mastigar. Os queijos<br />
apresentaram olhaduras mecânicas e cor da casca<br />
amarelo intensa.<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Quadro 1 - Avaliação do queijo Minas Padrão elaborado com cultura lática endógena (UFVLN-21)<br />
com 7 dias (x), 14 dias (+) e 21 (*) dias de maturação pelo júri de seis especialistas.<br />
AVALIADOR GE GM Gmd GL I DL Dmd DM DE<br />
1 * + x<br />
2 x + *<br />
3 x + *<br />
4 * x +<br />
5 * x +<br />
6 * x +<br />
Escala hedônica: GE = Gostei extremamente; GM = Gostei muito; Gmd =Gostei moderadamente; GL = Gostei ligeiramente;<br />
I = Indiferente; DL= Desgostei ligeiramente; Dmd= Desgostei moderadamente; DM Desgostei muito; DE Desgostei<br />
extremamente.<br />
Figura 1 - Valores médios das análises físico-químicas do queijo Minas Padrão elaborado com cultura<br />
lática endógena (UFVLN-21) aos 7, 14 e 21 dias de maturação.<br />
* Média de três repetições<br />
Tempo cura e<br />
Umidade (%)<br />
Gordura (%)<br />
Proteína (%)<br />
GES<br />
pH<br />
Acidez (%)<br />
NaCI (%)<br />
Com 7 dias<br />
43,61<br />
24,75<br />
28,15<br />
43,89<br />
5,79<br />
0,38<br />
2,24<br />
Os resultados das análises físico-químicas<br />
do queijo Minas Padrão elaborado com a cultura<br />
lática endógena são apresentados na Figura I.<br />
O teor de umidade dos queijos variou de<br />
43,61 % (7dias) a 40,3% (21 dias), representando<br />
uma perda de água de cerca 3,3%. Vários fatores<br />
contribuem para a alteração de umidade nos<br />
queijos como temperatura de coagulação,<br />
quantidade de coalho, corte da coalhada,<br />
mexedura, salga e condições de maturação<br />
(FURTADO, 1991; ECK, 1987). O teor de<br />
gordura permaneceu praticamente inalterado ao<br />
longo do período de 21 de maturação dos queijos.<br />
Com relação ao teor de proteína total houve<br />
uma diminuição de 1, 64 % aos 21 dias de<br />
maturação, que pode ser explicada devido a queda<br />
na umidade dos queijos. O teor de Gordura no<br />
Extrato Seco (GES) apresentou aumento de<br />
2,0%, aos 21 dias de maturação dos queijos. Os<br />
valores de pH ficaram na faixa de 5, 8 a 5,6<br />
demonstrando que houve uma estabilização e leve<br />
queda no pH dos queijos durante a maturação. Os<br />
teores de acidez dos queijos seguiram a mesma<br />
digitalizado por<br />
Com 14 dias<br />
42,10<br />
25,0<br />
28,49<br />
43,17<br />
5,73<br />
0,39<br />
2,30<br />
Com 21 dias<br />
40,28<br />
25,0<br />
26,51<br />
41,86<br />
5,61<br />
0,45<br />
2,24<br />
tendência dos valores de pH ao longo da<br />
maturação. Com relação ao teor de sal dos queijos,<br />
ficou praticamente inalterado, em cerca de 2,2%<br />
de NaCl, ao longo da maturação.<br />
4 - CONCLUSÕES<br />
Concluiu-se que é possível fabricar queijo<br />
Minas Padrão com emprego de culturas láticas<br />
endógenas. A cultura lática endógena (UFVLN-2 l)<br />
apresentou bom desempenho tecnológico na<br />
elaboração do queijo Minas Padrão, com relação ao<br />
sabor, aroma e aspecto geral, no experimento<br />
realizado. Entretanto, foi constatado por alguns<br />
membros do júri de avaliação sensorial que a textura<br />
dos queijos ficou com aspecto borrachudo. A<br />
disponibilidade de culturas láticas endógenas<br />
regionais é uma necessidade econômica e representa<br />
um avanço tecnológico que se impõe no nosso país.<br />
Além disso, o produto elaborado com leite<br />
pasteurizado empregaria os novos fermentos láticos<br />
endógenos, que são compostos por microrganismos<br />
da própria região, o que favoreceria a qualidade do<br />
produto regional, no caso queijo Minas Padrão.<br />
Pág. 99<br />
arvoredoleite.org
SUMMARY<br />
The main purpose of this experiment was<br />
the manufacture of Minas Padrão type cheese<br />
using endogenous lactic culture starter.<br />
Pasteurized milk (65°C/30 min), standardized<br />
to 3.2% fat, was added with endogenous lactic<br />
culture starter (UFVLN-21), isolated from raw<br />
milk. Cheeses were manufactured and ripened at<br />
10 ± 2° C in cold room and analyzed at each 7<br />
days period. Cheeses were analyzed for the<br />
following physical-chemical analysis: moisture,<br />
fat, total protein, fat in the dry matter, pH,<br />
acidity e sodium chloride. Chesses were also<br />
submitted to a sensory panel, at 7, 14 and 21<br />
days of ripening. Results showed that is possible<br />
to manufacture Minas Padrão type cheese using<br />
endogenous lactic culture starter.<br />
Key words: 'Minas Padrão' type cheese;<br />
endogenous latic culture starter.<br />
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Pág. 100<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
RESUMO<br />
O queijo Coalho é um produto típico da região Nordeste, onde ele goza de grande<br />
popularidade, aceitação e consumo. Ultimamente, o queijo Coalho tem sido produzido e<br />
consumido na região Sudeste do Brasil. Foram elaborados queijos de Coalho com leite<br />
pasteurizado, padronizado para 3,3% de gordura e inoculado com cultura lática endógena<br />
isolada de queijo Coalho artesanal . Os queijos foram maturados por um período de 30 dias<br />
à temperatura ambiente e em câmara fria. O presente trabalho teve o objetivo de detalhar<br />
e avaliar a extensão e profundidade de proteólise, visando o controle do processo de<br />
maturação do queijo Coalho. Outro objetivo foi disponibilizar dados sobre a extensão e<br />
profundidade do queijo Coalho.<br />
1 - INTRODUÇÃ O<br />
O queijo Coalho é um produto típico da<br />
região Nordeste do Brasil, de grande popularidade,<br />
aceitação, consumo e produção nesta<br />
região. Ultimamente, ele tem sido produzido e<br />
consumido na região Sudeste. É um queijo de<br />
massa semicozida e tradicionalmente consumido<br />
fresco ou dentro de 10 dias de maturação (LIMA,<br />
1996). É produzido há mais de um século a partir<br />
de leite de vaca, cru ou pasteurizado. A maior<br />
parte do queijo Coalho produzido no Nordeste é<br />
proveniente de fabricação artesanal em pequenas<br />
queij arias urbanas ou rurais (SENA, 2000). A<br />
maturação de queijos é um fenômeno complexo<br />
que envolve uma série de transformações<br />
bioquímicas nos seus constituintes, como<br />
proteínas, lipídeos e carboidratos, durante a<br />
fabricação, maturação e vida de prateleira do<br />
queijo (McSWEENEY et ai. , 1993).<br />
Estas transformações são provocadas,<br />
principalmente, devido à ação de enzimas<br />
provenientes das bactérias láticas, chamadas<br />
"starters", das enzimas naturais do leite, da flora<br />
lática do leite cru e do próprio coalho usado na<br />
fabricação do queijo. Na maioria dos queijos, a<br />
proteólise, lipólise e glicólise são processos<br />
importantes para determinação da textura, da<br />
consistência, sabor e aroma do produto.<br />
Portanto, fica evidente que, na degradação das<br />
proteínas, a proteólise, desempenha papel<br />
fundamental na qualidade do produto final. O<br />
processo de proteólise do queijo é resultado da<br />
ação de várias enzimas, como proteinases e<br />
peptidases, sendo que as principais são a<br />
quimosina ou renina, (do coalho) e enzimas do<br />
fermento lático. Microrganismos presentes<br />
ocasionalmente, como resultado de contaminação,<br />
podem também contribuir para esta<br />
degradação. A quimosina tem a ação específica<br />
de quebrar a ligação Phe 105 e Met 106 da êcaseína.<br />
As bactérias láticas liberam peptídeos<br />
digitalizado por<br />
da caseína por meio da ação de suas proteinases,<br />
sendo que alguns destes peptídeos (hidrófobos)<br />
podem causar sabor amargo no queijo<br />
(WOLFSCHOON POMBO et ai., 1982). Para<br />
melhor entendimento, a Figura I mostra de<br />
maneira esquemática como ocorre a proteólise<br />
da caseína:<br />
ENZIMAS PROTEÓLITICAS<br />
CASE f NA Peptídeos AAs<br />
Nitrogênio Total<br />
AAs = Aminoácidos<br />
Extensão<br />
Figura 1 - Formação dos índices de avaliação<br />
de proteólise em queijos.<br />
Fonte: Adaptado de WOLFSCHOON POMBO e aI., 1983.<br />
A extensão da proteólise ou índice de<br />
maturação se caracteri za pela quantidade de<br />
substâncias nitrogenadas solúveis acumuladas<br />
durante o processo de proteólise. A profundidade<br />
da proteólise engloba as substâncias nitrogenadas<br />
de baixo peso molecular, como aminoácidos,<br />
oligopeptideos, aminas, entre outras, acumuladas<br />
durante o processo de maturação de queijos. A<br />
profundidade pode ser quantificada pelo teor de<br />
nitrogênio não protéico (NNP) ou solúvel em<br />
ácido tricloroacético (TCA). Entende-se por<br />
NNP aquelas substâncias nitrogenadas de baixo<br />
arvoredoleite.org<br />
Pág. 101
peso molecular que não se precIpItam na<br />
presença de TCA a 12%. A profundidade da<br />
proteólise pode ser definida da seguinte maneira:<br />
D Profundidade (%) = Nitrogênio solúvel<br />
em TCA a 12% x 100 / Nitrogênio<br />
total.<br />
A Figura 2 mostra graficamente os efeitos<br />
das ações do coalho e dos fermentos láticos no<br />
desenvolvimento do sabor e aroma de queijos.<br />
Figura 2 - Mecanismo de degradação da caseína<br />
no queijo<br />
Fonte: Adaptado de WOLFSCHOON POMBO e aI.. 1982.<br />
Tentativas para entendimento deste fenômeno<br />
têm levado ao desenvolvimento de métodos<br />
objetivos, considerados capazes de estimar a<br />
qualidade final do queijo. A avaliação sensorial de<br />
queijos depende da capacidade do julgador em<br />
examinar uma pequena amostra de um lote de queijo<br />
ao acaso e usar suas habilidades para prever a qualidade<br />
futura. Portanto, os resultados da avaliação sensorial<br />
são subjetivos. Na literatura encontram-se diversos<br />
métodos objetivos (químicos e reológicos) de<br />
avaliação da maturação de queijos, que têm sido<br />
desenvolvidos e testados. Entretanto, a fim de<br />
melhor prever o processo de maturação, seja por<br />
método químico ou reológico, é preciso levar em<br />
consideração a maneira de elaboração do queijo,<br />
incluindo o tipo e atividade do fermento lático e<br />
coalho usado, e as condições de maturação<br />
(McSWEENEY ef ai . . 1993). O objetivo deste<br />
trabalho foi avaliar a extensão e profundidade de<br />
proteólise no queijo Coalho, visando controle do<br />
processo de maturação. Outro objetivo foi<br />
disponibilizar dados sobre os índices extensão e<br />
-profundidade de proteólise do queijo Coalho.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
O presente trabalho foi realizado na Usina<br />
de Laticínios e no Laboratório de Pesquisa de<br />
Pág. 102<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Leite e Deri vados, do Departamento de<br />
Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal<br />
de Viçosa-MG.<br />
2.1. Matéria-prima<br />
A matéria-prima utilizada para elaboração<br />
dos queijos, foi proveniente de produtores que<br />
fornecem regularmente leite à Usina de<br />
Laticínios da Universidade Federal de Viçosa<br />
MG. Leite cru de conjunto, com acidez de 16 °0<br />
foi resfriado e estocado entre 4 e 5 °C,<br />
pasteurizado no próprio tanque de fabricação (65<br />
°C/30 min) por meio de vapor indireto (camisa<br />
de vapor) e padronizado para 3,3 % de gordura.<br />
A fabricação dos queijos foi realizada a nível<br />
industrial, usando-se as seguintes etapas : i)<br />
pasteurização do leite, ii) resfriamento à 36 °C;<br />
iii) adição de fermento lático, cloreto de cálcio<br />
e coalho em pó; iv) coagulação e repouso; v)<br />
corte da massa; vi) mexedura e aquecimento até<br />
45 °C; vii) dessoragem parcial (95% soro); (viii)<br />
salga na massa (1,2 % de sal em relação ao volume<br />
leite); ix) dessoragem total; x)enformagem; xii)<br />
primeira prensagem (15 min.); xiii) segunda<br />
prensagem (15 h); xiv) maturação à temperatura<br />
ambiente (27 ± 2°C) e em câmara fria (10 ±<br />
2°C). Empregou-se cultura lática endógena<br />
isolada de queijo Coalho artesanal proveniente<br />
do município de Tauá-Ceará (CAVALCANTE et<br />
aI., 2003) como fermento lático na elaboração<br />
dos queijos. A cultura lática foi ativada, durante<br />
três dias consecutivos, em leite desnatado<br />
reconstituído (LDR) 12 % e incubadas a 30 ± 2<br />
°C até a coagulação do leite. Após reativação, a<br />
cultura industrial foi obtida pela transferência<br />
do inoculo, 1 % (v/v), para um frasco de<br />
Erlenmeyer contendo I litro de LDR 12 %<br />
esterilizado, seguida de incubação a 30 ± 2°C até<br />
a coagulação do leite. Após, cultura fo i<br />
adicionada diretamente no tanque de fabricação<br />
contendo 100 L de leite pasteurizado.<br />
2.2. Análises físico-químicas<br />
Foram realizadas as seguintes análises físicoquímicas<br />
nos queijos: Umidade: determinada em<br />
estufa a 105 °C pelo método gravimétrico (AOAC,<br />
1990); Cinzas: determinada em mufla a 550 °C,<br />
pelo método gravimétrico (AOAC, 1990);<br />
Gordura: determinada pelo método volumétrico<br />
GERBER de Van Gulik para leite e queijo (APHA,<br />
1992); Cloreto de sódio: determinado pelo método<br />
de doseamento na substância, descrito por<br />
PEREIRA et ai. (2001); pH pelo método<br />
potenciométrico: determinado conforme<br />
PEREIRA et ai. (200 I); Nitrogênio total:<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
determinado pelo método Kj eldahl, utilizando<br />
aparelho B ÜCHI®; Nitrogênio solúvel em pH 4,6<br />
e nitrogênio solúvel em TCA 12%, determinado<br />
pelo método de Kjeldahl, usando aparelho BÜCHI<br />
® . conforme descrito por PEREIRA et alo 2001.<br />
Proteína total foi calcaulada multiplicando pelo<br />
fator 6,38 o teor de nitrogênio total determinado<br />
pelo método de Kjeldahl; Extensão ou índice de<br />
maturação foi determinada através da relação<br />
entre os teores de nitrogênio solúvel em pH 4,6 e<br />
nitrogênio total referida a 100, de acordo com<br />
WOLFSCHOON POMBO e LIMA (1983);<br />
Profundidade da proteólise foi determinada através<br />
da relação entre teores de nitrogênio solúvel em<br />
TCA 12% e nitrogênio total referida a 100, de<br />
acordo com WOLFSCHOON POMBO e LIMA<br />
(1983).Gordura no Extrato Seco (GES ) foi<br />
determinada através da relação do teor de extrato<br />
seco e teor de gordura da amostra x 100 %, segundo<br />
FURTADO (1991).<br />
3 • RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Na Tabela I são apresentados os resultados<br />
de análises físico-químicas do queijo Coalho<br />
elaborado com cultura lática endógena e<br />
maturado à temperatura ambiente (27 ±2 °C ) e<br />
em câmara frigorífica (10 ± 2 °C).<br />
Os resultados das análises físico-químicas<br />
demonstraram que houve uma diminuição no teor<br />
de umidade dos queijos ao longo do processo de<br />
maturação a TA e CF, tendo os queijos maturados<br />
em CF apresentado menor perda de peso. Com<br />
relação aos teores de gordura, proteína total,<br />
cloreto de sódio e sais minerais ocorreu o inverso.<br />
Os valores do pH dos queijos apresentaram-se<br />
praticamente inalterados ao longo do processo<br />
de maturação a TA e CF, com exceção para o<br />
queijo com 20 dias maturado a CF. Os valores dos<br />
índices de extensão e de profundidade de maturação<br />
foram sempre mais elevados nos queijos maturados<br />
a TA, com relação aos queijos maturados a CF ao<br />
longo do processo de maturação, mostrando a<br />
importância da refrigeração no controle do<br />
processo de maturação e na vida de prateleira dos<br />
queijos. Este fato pode ser explicado pelo aumento<br />
da velocidade das reações enzimáticas e microbianas<br />
com aumento da temperatura de<br />
maturação. Estes resultados assemelham-se aos<br />
valores encontrados na literatura disponível<br />
(LIMA, 1996; BENEVIDES, 1999). A maturação<br />
do queijo é um trabalho que envolve um grande<br />
numero de microrganismos. Desde o primeiro dia<br />
do processo de fabricação de queijos o numero de<br />
microrganismos varia de 1 a 2 x 109 UFC / grama<br />
de queijo. Daí em diante, a população geralmente<br />
decresce devido à insuficiência de oxigênio,<br />
elevação da acidez e à presença de compostos<br />
inibi dores que são produzidos à medida que o queijo<br />
vai maturando (KOSIKOWSKY, 1985). A<br />
proteólise no queijo é variável e depende da<br />
composição da microbiota presente. A contribuição<br />
de peptídeos e aminoácidos produzidos<br />
pela proteólise bacteriana da caseína para com as<br />
propriedades totais do queijo não está totalmente<br />
esclarecida, embora se acredite que estes compóstos<br />
possam contribuir para o desenvolvimento<br />
do sabor em queijos duros e semi-duros, caso do<br />
queijo Coalho (LAW & WIGMORE, 1982). Sabese<br />
que, quanto maior o teor de umidade de um<br />
queijo, mais rápido ocorrerá a proteólise e por<br />
conseqüência, mudanças na consistência e no<br />
sabor do queijo. No presente trabalho, os valores<br />
de nitrogênio solúvel total e proteína total<br />
encontrados correspondem aos resultados de<br />
Tabela 1 - Resultados das análises físico-químicos do queijo Coalho produzido com uma cultura lática<br />
endógena e maturado por 30 dias em temperatura ambiente (25 ±2 °C ) e em câmara<br />
frigorífica (10 ± 2 °C)<br />
Parâmetros Temperatura Ambiente (TA) Câmara Frigorífica (CF)<br />
cura -dias 10 20 30 10 20 30<br />
(%) 44,40 42,7 37,2 31,5 42,57 38,9 37,9<br />
Gordura (%) 29,0 28,0 34,0 34,0 28,0 32,0 34,50<br />
GES 52,16 48,86 54, 14 45,98 48,75 52,37 55,55<br />
Proteína total (%) 23,84 23,2 28,0 29,7 23, I 27,7 26,37<br />
NaCI (%) 2,10 2,19 2,27 2,39 2,15 2,19 2,40<br />
pH 5,30 5,20 5,18 5,38 5,32 5,28 5,40<br />
N 2 Total (%) 3,736 3,9650 4, 1592 3,8834 3,997 3,95 1 3,700<br />
Extensão (%) 1,16 8,24 9,01 7,89 7,38 8,66 7,32<br />
Profundidade(% ) 0,46 1,13 0,51 1,98 0,6 1 0,63 1,75<br />
Média de cinco repetições<br />
digitalizado por<br />
Pág. 103<br />
arvoredoleite.org
GONDIM (1995) em trabalho realizado na França<br />
com o queijo Coalho do Ceará, produzido a partir<br />
de leite pasteurizado. Constata-se ainda da Tabela<br />
I que houve uma diminuição nos valores dos<br />
índices da extensão e da profundidade de maturação<br />
aos 30 dias de cura dos queijos.<br />
4 • CONCLUSÕES<br />
Concluiu-se que é possível produzir queijo<br />
Coalho de boa qualidade com leite pasteurizado<br />
e inoculado com cultura lática endógena ou<br />
nativa. A temperatura tem uma grande influência<br />
no processo de maturação e, por conseguinte<br />
nos valores do índice de maturação e na<br />
profundidade da proteólise do queijo Coalho.<br />
Considerando os valores encontrados do índice<br />
de maturação pode-se concluir que a maturação<br />
ideal do queijo Coalho ocorreu entre 10 e 20<br />
dias de maturação em TA e CF, respectivamente,<br />
para o período estudado . .<br />
SUMMARY<br />
Coalho type cheese is a typical product<br />
from Northeast of Brazil, being very popular,<br />
and largely accepted among consumers. Lately,<br />
Coalho type cheese has been manufactured and<br />
consumed in Southeast of BraziI. Cheeses were<br />
elaborated from pasteurized milk, standardized<br />
to 3,3% fat and inoculated with endogenous<br />
lactic cult ure starter, isolated from artisan<br />
Coalho type cheese. Cheeses were ripened for<br />
30 days at room temperature and cold room.<br />
The aim of this work was to evaluate the extent<br />
and depth ripening indexes, in order to control<br />
the ripening processo<br />
Key words: Coalho type cheese, ripening<br />
extent and depth indexes.<br />
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
AOAC, Official Methods of Analysis , 15 th<br />
ed., voI. 2, Association of Official Analytical<br />
Chemists, Washington, DC, 1990.<br />
Pág. 104<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
APHA, Standard Methods for Examination<br />
of Dairy Products, 18 th ed., American Public<br />
Health Association, Washington, DC, 1992. 433p.<br />
CASTRO, E. M.T; FERREIRA, C.L.L.F;<br />
VANETTI, M. C.D; FURTADO, M.M; DE<br />
CARVALHO, A.F; REIS, F. P. Caracterização<br />
do Fermento Artesanal Empregado na<br />
Fabricação de Queijos. Revista do Instituto<br />
de Laticínios Cândido Tostes, Juiz de Fora, MG,<br />
1998, n° 304, voI. 53, p. 181-188.<br />
GUTIERREZ, E. M. R; DOMARCO, R. E;<br />
SPOTO, M.H.F., BLUMER, L.; MARAIA, C.<br />
Efeito da radiação gama nas características<br />
físico-químicas e microbiológicas do queijo<br />
Prato durante a maturação. Revista Ciência e<br />
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p. 596-601, out. / dez. 2004. ISSN O 1 O 1-2061.<br />
LIMA, M. H. P. Elaboração de queijo de<br />
coalho a partir de leite pasteurizado e<br />
inoculado com S. thermoplzillus e L.<br />
bulgaricus. Fortaleza, CE. Universidade<br />
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Mestrado. UFC.<br />
McSWEENEY, P.L.H; FOX, P.F. Cheese:<br />
Methods of Chemical Analysis. In: FOX, P.F.<br />
Cheese: Chemistry, Physics and Microbiology,<br />
1993, London, Chapman & Hall, 2° Ed., voI. 1,<br />
p. 34 1-388.<br />
PEREIRA, D.B.C., da SILVA , P. H.F. , JUNIOR,<br />
L.C.G.C., OLIVEIRA, L. L. , Físico-Química do<br />
Leite e Derivados : Métodos Analíticos, 2".<br />
ed., Juiz de Fora, EPAMIG, 2001. p.109- 1 37.<br />
SEN A, M.J. Perfil Epidemiológico, Resistência<br />
a Antibióticos e aos Conservantes Nisina e<br />
Sistema Lactoperoxidase de Staplzylococcus sp<br />
Isolados de Queijo Coalho Comercializados<br />
em Recife-PE, Escola de Veterinári a-UFMG,<br />
2000, 75p. (Tese de Doutorado)<br />
WOLFSCHOON POMBO, A. F; DE LIMA,<br />
ACHSON. Extensão e Profundidade<br />
Proteólise de Queijo Minas Fresca!. In:<br />
Congresso Nacional de laticínios, Juiz de Fora,<br />
Anais, 1983, EPAMIG, p. 50-54.<br />
WOLFSCHOON-POMBO, A.F. Í ndices de<br />
proteólise de alguns queijos brasileiros.<br />
Boletim do Leite, n. 611, p. 1-8, 1983.<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
PERFil MICROBIOLÓGICO SENSORIAL E DE FIBRAS DO SORVETE DE ACEROLA<br />
PASTEURIZADO E ENRIQUECIDO COM SORO DE LEITE EM PÓ E OLlGOFRUTOSE<br />
Mierobiologycal sensory and fiber profile of acerola ice eream pasteurized and<br />
enriched with whey and oligofruetose<br />
1 - INTRODUÇÃ O<br />
A acerola, também conhecida como cerejadas-antilhas,<br />
é um fruto avermelhado originário<br />
da região das Antilhas e seu principal atrativo é o<br />
alto teor de vitamina C, sendo também rica em<br />
outros nutrientes como carotenóides, tiamina,<br />
riboflavina e niacina (LIMA et ai., 2003).<br />
O soro de leite é um subproduto de indústrias<br />
lácteas, proveniente da fabricação de queijos, rico<br />
em aminoácidos essenciais e vitaminas (tiamina,<br />
riboflavina, ácido pantotênico, e vitaminas B 6 e<br />
B 12 (FERREIRA, 1996). A oligofrutose, considerada<br />
um prebiótico, constitui-se num produto<br />
da hidrólise enzimática parcial da inulina, que pode<br />
ocorrer naturalmente como também pode ser<br />
obtido industrialmente (NITSCHKE et ai., 2002).<br />
Vários fatores têm contribuído para o desenvolvimento<br />
dos alimentos funcionais, sendo um<br />
deles o aumento da consciência saudáveis de<br />
consumidores que desejam melhorar a qualidade<br />
de vida (SOUSA, 2003).<br />
O desenvolvimento do sorvete de acerola<br />
a partir do soro de leite adicionado de fibra, tem<br />
como principal função ser uma fonte de<br />
nutrientes, visando contribuir para a saúde dos<br />
consumidores, atendendo também às suas<br />
expectativas quanto à palatabilidade.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
Foram elaboradas cinco formulações do<br />
sorvete de acerola a partir de 1,5 % do soro do<br />
Carolina Telá Becker1'<br />
Elisa Wogel<br />
Simone Sagrillo Biscaia1<br />
William Arthur Philip Louis Naidoo Terroso de Mendonça Brandão2<br />
Silva na Ligia Bortolotti2<br />
Valdemar Padilha Feltrim2<br />
Saraspathy Naidoo Terroso Gama de Mendonça2<br />
leite em pó contendo oligofrutose ORAFTIO (0%,<br />
6%, 8%, 9%, 9,5%), sendo estas submetidas à<br />
pasteurização (80°C/20min), onforme legisação<br />
vigente ( BRASIL. MINISTERIO DA SAUDE,<br />
2004). Foram encaminhadas as quatro amostras<br />
contendo porcentagens diferentes de fibra para o<br />
Departamento de Tecnologia de Alimentos e<br />
Medicamentos da Universidade Estadual de<br />
Londrina (UEL). Foram realizadas as seguintes<br />
análises microbiológicas: Coliformes à 35°C e<br />
45°C Sa lmolle!la sp e estafilococos coagulase<br />
positiva (BRASIL. MINISTÉRIO DA<br />
AGRICULTURA, 2003; APHA, 1995). O teste<br />
de aceitabilidade sensorial foi aplicado através da<br />
Escala Hedônica de sete pontos (lOS, 1987) com<br />
a participação de 50 julgadores não treinados.<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÂO<br />
Os resul·\ados referentes às análises<br />
microbiológicas do produto elaborado estão<br />
demonstrados na Tabela O I .<br />
As cinco amostras que foram submetidos à<br />
pasteurização (80°C/20min) mostraram-se em<br />
condições higiênicas satisfatórias para consumo<br />
A Tabela 02 apresenta os resultados da<br />
análise estatística dos dados resultantes da<br />
avaliação sensorial, através da análise de<br />
variância (ANOVA) e Teste de Tukey.<br />
I Discente do Curso Superior de Tecnologia em Laticínios do CEFET-PR/Unidade de Medianeira<br />
2 Docente do Curso Superior de Tecnologia em Laticínios do CEFET-PR/Unidade de Medianeira<br />
*Bolsista ITAIIPTI-ITAIPU BINACIONAL<br />
digitalizado por<br />
Pág. 105<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />
Tabela 1: Dados referentes às análises microbiológicas.<br />
Formulação Contagem de Contagem de Contagem de<br />
coliformes à 35°C coliformes à 45°C estafilococos sp/25g<br />
coagulase positiva<br />
0% de oligofrutose NMP/g = 4,3 NMP/g = 0,4 < 102 UFC/g Ausência<br />
6% de oligofrutose NMP/g = 2,8 NMP/g =1,1 < 102 UFC/g Ausência<br />
8% de oligofrutose NMP/g =0,9 NMP/g = 0,9 < 102 UFC/g Ausência<br />
9,0% de oligofrutose NMP/g = 0,4 NMP/g = 0,4 < 102 UFC/g Ausência<br />
9,5% de oligofrutose NMP/g = 0,9 NMP/g = 0,9 < 102 UFC/g Ausência<br />
Tolerância RDC N"12/01 ------- 5 x 10 5 X 10 2 Ausência<br />
Tabela 2: Aceitabilidade sensorial do sorvete de acerola enriquecido com oligofrutose.<br />
AMOSTRAS *Média dos julgamentos dos atributos<br />
Textura Cor Aparência Sabor Aroma<br />
Sem oligofrutose 5,4± 1,2" 5,8±1 ,0" 5,6± I,oa 5,5± 1 ,4" 5,6± 1,3a<br />
6% de oligofrutose 6,1±0,8" 6,1±0,7a 6,0±0,8" 6,0±1,1" 6,0± I,oa<br />
8% de oligofrutose 5,8±1,0"0 6,0±0,8a 5,7±0,9" 5,8± 1 ,0a 5,6±1,1"<br />
9% de oligofrutose 5,8± 1 ,2ah 6,0±0,8a 5,8± 1,2" 5,7±1,2a 5,6± 1 ,2a<br />
9,5% de oligofrutose 5,8±0,8ao 6,2±0,7a 5,8± I ,oa 5,9±1,la 5,8± 1 ,oa<br />
D.M.S** 0,52 0,37 0,45 0,52 0,48<br />
Média de 50 julgamentos. Escala Hedônica: (7) gostei muitíssimo; (6) gostei muito; (5) gostei regularmente;<br />
(4) nem gostei e nem desgostei; (3) desgostei regularmente; (2) desgostei muito; (I) desgostei muitíssimo.<br />
** D.M.S.: Diferença Mínima Significativa pelo teste de médias de Tukey, ao nível de significância de 5%.<br />
II.h Marcas (média e desvio-padrão) seguidas da mesma letra (mesma coluna) não diferem entre si.<br />
Tabela 3: Teores de fibra solúvel no sorvete de acerola.<br />
Amostra de sorvete 6% de fibra<br />
Fibra solúvel 3,07%<br />
Após a análise estatística dos dados<br />
observou-se que não houve diferença<br />
significativa ao nível de 5% de probabilidade<br />
quanto aos atributos de cor, aroma, aparência e<br />
sabor, pois p-valor > 0,05. Quanto ao atributo<br />
de textura, verificou-se que houve diferença<br />
significativa entre as amostras (sem oligofrutose<br />
e 6% de oligofrutose), pois p-valor < 0,05 ao<br />
nível de 5% de significância.<br />
Os dados relativos aos resultados das análises<br />
de fibra solúvel estão demonstrados na Tabela 3.<br />
As diferenças nos dados deve-se ao fato<br />
de que o método é baseado em atividades de<br />
di versas enzimas que eventualmente podem dar<br />
resultados diferentes, e também à falta da<br />
homogeneidade da polpa.<br />
Pág. 106<br />
8% de fibra 9% de fibra 9,5% de fibra<br />
1,08% 2,28% 2,78%<br />
4 • CONCLUSÃ O<br />
O produto elaborado atende aos parâmetros<br />
microbiológicos vigentes na legislação. O sorvete<br />
contendo fibras é um alimento que pode ser<br />
considerado prebiótico, pois pode estimular o<br />
crescimento das bactérias que compõem a<br />
microbiota intestinal, as Bifidobactérias.<br />
Segundo a análise sensorial o produto seria bem<br />
aceito no mercado, pois as avaliações se<br />
aproximaram do gostei muito na escala Hedônica<br />
de sete pontos.<br />
5 • SUMMARY<br />
This research aimed to develop an ice cream<br />
with acerola pulp enriched with whey and<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
oligofructose, as a source of vitamins, proteins,<br />
minerais and essential amino acid, as well as<br />
soluble fibers. Five formulations were developed<br />
with whey (l,5%) and oligofructose (0%, 6%,<br />
8%, 9% and 9,5%), so before the process of the<br />
ice cream achievement, its syrup (ingredients)<br />
was submitted to a thermal treatment (80°CI<br />
20min) to avoid possible contamination.<br />
Microbiological, soluble fiber and sensory<br />
analyses were realized. Fiber analysis presented<br />
differences among the samples considering the<br />
fact that the method was based on the activity<br />
of several enzymes. The acerola ice cream<br />
enriched with whey and oligofructose were<br />
analysed and presented results in accordance for<br />
coliforms 35° and 45°,coagulase positive<br />
staphylococci and Salmonella (absence) and also<br />
presented satisfactory acceptance for attributes<br />
as color, taste, texture, aroma and appearence.<br />
Key words : ice cream, acerola, whey,<br />
oligofructose.<br />
5 - REFERÊNCIAS BIBLIÓGRÁFICAS<br />
AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION.<br />
APHA. Compendium of Methods for the<br />
Microbiological Exam ination of Foods,<br />
Washington, 1995, 70 I p.<br />
BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRIC ULTURA,<br />
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Normativa n° 62, de 26 de agosto de 2003.<br />
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microbiológicas para o controle de produtos de<br />
origem animal e água. Diário Oficial [da]<br />
República Federativa do Brasil. Brasília, 18<br />
de set. de 2003, 181-E, Seção I, p. 14 - 29.<br />
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Agência<br />
Nacional da Vigilância Sanitária. Regulamento<br />
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• • •<br />
digitalizado por<br />
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janeiro de 2001. Disponível em:http://<br />
elegis. bvs.br/leisref/public/show Act.php ?id= 144-<br />
Acesso em: Ii de novembro de 2004.<br />
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Agência<br />
Nacional da Vigilância Sanitária. Regulamento<br />
Técnico de Boas Práticas de Fabricação para<br />
Estabelecimentos Industrializadores de Gelados<br />
Comestíveis e a Lista de Verificação das Boas<br />
Práticas de Fabricação para Estabelecimentos<br />
Industrializados de Gelados Comestíveis.<br />
Portaria n" 379 de 26 de abril de 1999.<br />
Disponível em :http://elegis.bvs.br/leisref/public/<br />
show Act.php?id=79- Acesso em: Ii de<br />
novembro de 2004.<br />
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tecnológicos. Viçosa: UFV, 1996.<br />
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International Standard ISO 4121,<br />
Geneva, 1987, 7p.<br />
LIMA, G. A. L. V; MELO, A. E.; MACIEL, S. l.<br />
M.; LIMA, S. E. D. Avaliação do teor de<br />
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proveniente de frutos de 12 diferentes<br />
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Alimentos, v.23, n. l, p. 101-103, 2003.<br />
NITSCHKE, M.: UMBELINO, D. C ..<br />
Frutooligossacarídeos: Novos Ingredientes<br />
Funcionais. Boletim da Sociedade Brasileira<br />
de Ciência e Tecnologia de Alimentos, v.<br />
36, n. I, p. 27-34, jan.-jun. 2002.<br />
SOUSA, M. H. P. ; SOUZA NETO, A. M.; MAIA,<br />
A. G. . Componentes Funcionais nos Alimentos.<br />
Boletim da Sociedade Brasileira de Ciência<br />
e Tecnologia de Alimentos, v. 37, n. 2, p. 127<br />
- 135, jul. dez.2003.<br />
• •<br />
Pág. 107<br />
arvoredoleite.org
1 - INTRODUÇÃO<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
A QUALIDADE DO · LEITE PARA O PRODUTOR RURAL<br />
o Brasil é um dos maiores produtores de<br />
leite do mundo (6a posição) e recentemente o<br />
país atingiu uma condição na produção leiteira,<br />
que permitiu o crescimento de 102% nas<br />
exportações (O ANO ... , 2004). A obtenção de<br />
espaço junto ao mercado internacional é, porém,<br />
um desafio para o setor de lácteos. Além de<br />
garantir a quantidade produzida, o produto precisa<br />
apresentar níveis de qualidade compatíveis com<br />
os exigidos pelos países de destino e para fazer<br />
frente aos concorrentes (BRANDÃO e LEITE,<br />
2002). O Brasil vem aos poucos apri morando a<br />
qualidade de seu produto, merecendo destaque a<br />
implantação do Programa Nacional de Melhoria<br />
da Qualidade do Leite (PNQL) e a publicação da<br />
Instrução Normativa n". 51/2002 (DURR,<br />
20(4). Porém muito precisar ser fe ito para<br />
garantir esse ganho qualitativo que deve ter início<br />
exatamente junto ao setor responsável pela<br />
matéri a-prima, os produtores rurais. Nenhum<br />
produtor esta livre de problemas em sua<br />
propriedade, mas existem maneiras para<br />
minimizá-los estabelecendo uma rotina rígida,<br />
executando todas as operações de maneira<br />
adequada, buscando conhecimentos técnicos e<br />
aplicando-os em sua propriedade.<br />
Algumas ações têm sido tomadas com o<br />
objetivo de capacitar os produtores para a<br />
obtenção higiênica do leite, como é o caso do<br />
SEN AR (Serviço Nacional de Aprendizagem<br />
Rural) no Paraná e de diversas empresas e<br />
cooperativas por todo o país (VOLPI e BRESSAN,<br />
2001; VOLPI, 2004). Essas ações são<br />
importantíssimas, dentre outras, para dar suporte<br />
ao processo de melhoria da qualidade do leite<br />
(ALVIM et alo 20(2). Observa-se, porém que o<br />
nível de conhecimento por parte dos produtores<br />
Milk quality for rural producers<br />
BOENG, S.'<br />
MALACARNE, P. '<br />
TRENTO, J.l<br />
ZANETTE R.l<br />
CARVALHO, P. T,2<br />
ainda é muito baixo (BRANDÃO e LEITE, 2(02).<br />
Esse trabalho teve como objetivo avaliar<br />
o nível de conhecimento dos produtores rurais<br />
quanto ao conceito de qualidade na obtenção e<br />
manipulação do leite e ao emprego de práticas<br />
para garantir essa qualidade.<br />
2 - METODOLOGIA<br />
Os dados obtidos fo ram levantados por<br />
meio de entrevistas . Foram selecionados 15<br />
produtores de leite no período compreendido<br />
entre dezembro de 2004 a janeiro de 2005, no<br />
município de Medianeira, região oeste do Paraná.<br />
Foi utilizado para isso um questionário semiestruturado.<br />
Os itens abordados na entrevista<br />
fo ram: caracteri zação do produtor, procedimentos<br />
durante a obtenção e manuseio da<br />
matéria-pri ma (leite) e conceitos sobre a<br />
qualidade do leite. Segundo Breen e Blankenship<br />
( 1991), o uso de questionários escritos facilita a<br />
entrevista tanto para o entrevistador quanto para<br />
o entre vistado, principalmente quando esse<br />
apresenta dificuldade para se expressar.<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
A maioria dos entrevistados se enquadram<br />
entre pequenos e médios produtores com produção<br />
entre 100 e 300 litros/dia/propriedade.<br />
São agricultores com idade acima de 30 anos e<br />
com nível de instrução máximo de ensino médio<br />
completo. A renda está situada entre 5 e 8 salários<br />
mínimos e as propriedades têm até 20 hectares.<br />
O perfil aqui retratado se assemelha ao descrito<br />
no Projeto de Desenvolvimento Nacional da<br />
Agricultura (CNA, 1999).<br />
Dicente do Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná, Medianeira (PR) Tecnologia em Alimentos<br />
2 Docente do Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná, Medianeira (PR) - padetar@yahoo.com.br<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiC í NIOS<br />
Quanto a conhecimentos técnicos, 60% já<br />
participaram de algum tipo de treinamento,<br />
conforme Figura I.<br />
'"<br />
t 60<br />
:g 50<br />
loi",;<br />
. :::. :c<br />
'"<br />
'C 20<br />
e' iG<br />
o<br />
sim não<br />
Figura 1 - Participação dos produtores em<br />
cursos técnicos.<br />
Em termos de equipamentos utilizados, o<br />
cenário é bastante animador. Com relação ao<br />
processo de ordenha, observou-se que apenas<br />
26% dos entrevistados realizam ordenha<br />
manual, com 74% possuindo ordenha mecânica.<br />
Tal situação difere da realidade brasileira, que<br />
apresenta valores menores de produtores que<br />
utilizam ordenha mecânica (KRUG, PADULA,<br />
VA RGAS, 2(02). O uso de ordenha mecânica,<br />
desde que atenda padrões de higiene e execução,<br />
favorecem a obtenção de leite com melhor<br />
qualidade (PEDREIRA, 20(0). Foi constatado<br />
também que a maioria dos entrevistados<br />
possuíam resfriadores de leite e a coleta era<br />
fe ita a granel pelas empresas captadoras.<br />
Álvares, Bernardes e Nogueira Netto (2002)<br />
descrevem que mais de 70% do leite sob<br />
inspeção é resfriado a granel, permitindo que o<br />
consumidor tenha acesso a um alimento de<br />
melhor qualidade, embora tal cenário não se<br />
concretize para a maioria dos produtores<br />
brasileiros. Esses investimentos em parte são<br />
decorrentes de estímulos que os produtores têm<br />
das empresas laticinistas, com sistemas de<br />
pagamento por qualidade (IBARRA, 2(04). Na<br />
Região Oeste do Paraná uma parcela<br />
representativa (70%) dos produtores recebe<br />
mais pela qualidade do leite (Figura 2), possuem<br />
assistência técnica e já participaram de alguma<br />
forma de treinamento.<br />
Os dados obtidos demonstraram que todos<br />
os agricultores têm conhecimento a respeito das<br />
doenças relacionadas ao rebanho leiteiro, sendo<br />
a mais citada, a mastite. O "teste da caneca" era<br />
realizado por todos os entrevistado, com a<br />
finalidade de detecção da mastite na sua forma<br />
clínica TAVERNA, 2004).<br />
digitalizado por<br />
XiI<br />
'"<br />
;:,.. .'"<br />
i<br />
t<br />
fjtl<br />
{ I<br />
li '<br />
yl<br />
J I<br />
: i"<br />
o<br />
Pagalnento por qmll.idade<br />
sim não<br />
Figura 2 - Produtores que recebem por qualidade.<br />
J; *,<br />
-<br />
I..<br />
.<br />
I..<br />
tl::1<br />
Pré-d ip e PlÍsdip<br />
silll não<br />
Figura 3 - Produtores que realizam a etapa de<br />
pré e pós-dipping.<br />
Há também uma forte atuação das empresas<br />
na avaliação da qualidade do leite. Elas efetuam<br />
rigoroso controle da presença de antibióticos<br />
no leite fornecido pelos seus produtores, e devido<br />
a esse criterioso controle, todos os produtores<br />
entrevistados respeitam o período de carência<br />
dos antibióticos. Tal fato demonstra a importância<br />
do controle de qualidade exercido pelas<br />
empresas, que de certa forma, atuam como<br />
agentes fiscalizadores.<br />
A maioria dos produtores não realiza,<br />
entretanto as etapas de pré-dip e pós-dip (Figura<br />
3) que são fu ndamentais na manutenção da<br />
qualidade do leite e sua higiene (TAVERNA,<br />
2(04), pois preparam os tetos para a ordenha<br />
higiênica, além de serem fu ndamentais na<br />
prevenção de mastites. Fagundes et al (2004)<br />
estudando contaminação por Pseudol1lollas spp<br />
em leite, constatou que sob condições inadequadas<br />
de higiene os níveis de contaminação são<br />
maiores, mesmo com o uso de ordenha mecânica<br />
e resfriadores de leite.<br />
arvoredoleite.org
4 - CONCLUSÃ O<br />
Baseado nos dados apresentados é possível<br />
concluir que os produtores rurais entrevistados<br />
têm concentrado a melhoria na qualidade do leite<br />
principalmente através da aquisição de equipamentos,<br />
mas pecam por não adotarem certas<br />
práticas comportamentais fundamentais (pré e<br />
pós-dipping) para garantir a qualidade do produto.<br />
Esse cenário comprova a necessidade de uma<br />
melhor capacitação dos produtores rurais, a fim<br />
de se garantir a melhora na qualidade do leite.<br />
ABSTRACT<br />
The milk sector is very important in Brazil<br />
and its great challenge is to improve the quality of<br />
milk. Such improvement begins exactly in the<br />
milk farms, that is where the raw material is<br />
obtained. The aim of this work was to evaluate<br />
the levei of knowledge of the milk producers<br />
regarding the quality of milk. For that, interviews<br />
with milk producers were done in Medianeira<br />
(Parana/Brazil), approaching subjects as<br />
characterization of the milk farmers, procedures<br />
during the milking and concepts on the quality of<br />
milk. The obtained data indicated that the majority<br />
of the producers was classified as small or medium<br />
and uses milk cooler and mechanic milking. The<br />
bovine mastitis is the main illness that they relate<br />
to milk and try to obey the antibiotic use<br />
legislation. However fe w adopt the essential before<br />
and after dipping techniques. Because of that, it is<br />
necessary to improve producers qualification in<br />
order to guarantee a better quality of milk.<br />
Key-words: milk sector, milk quality,<br />
producers qualification.<br />
REFERÊNCIAS<br />
ALVIM, R. S. MARTINS, M. c.; MUSTEFAGA,<br />
P. S. Desempenho da cadeia produtiva do leite<br />
no Brasil-Visãodos produtores. In: Duarte (ed).<br />
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Desenvolvimento Sustentável. Juiz de Fora:<br />
EMBRAPA 2002, p. 195-204.<br />
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conquistas e desafios In: VILELA, D. Ced.) O<br />
Agronegócio do Leite e Políticas Públicas<br />
para o seu Desenvolvimento Sustentável.<br />
Juiz de Fora: EMBRAPA 2002, p. 11-27.<br />
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BRANDÃO, P. ; LEITE, B. O desempenho e as<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
• • • •<br />
perspectivas para o agronegócio do leite brasileiro<br />
no mercado internacional. In: VILELA, D. Ced.).<br />
O Agronegócio do Leite e Políticas Públicas<br />
para o seu Desenvolvimento Sustentável. Juiz<br />
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BREEN, GE.; BLANCKENSHIP, A.B. Pesquisa<br />
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CNA - Confederação Nacional da Agricultura.<br />
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DURR, J.W. Programa nacional de melhoria da<br />
qualidade do leite: uma oportunidade única. In:<br />
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no Brasil. Passo Fundo: UPF, 2004, p. 38-55.<br />
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refrigerado durante as diferentes etapas da ordenha<br />
com distintos manejos higiênicos. In: DURR,<br />
J.W.; CARVALHO, M.P.; SANTOS, M.Y. (org.)<br />
O compromisso com a qualidade do leite no<br />
Brasil. Passo Fundo: UPF, 2004. p. 26 1 -268.<br />
IBARRA, A.A. Sistema de pagamento do leite<br />
por qualidade-visão global In: DURR, J.W. ;<br />
CARVALHO, M.P.; SANTOS, M.V. Corg.) O<br />
compromisso com a qualidade do leite no<br />
Brasil. Passo Fundo: UPF, 2004, p. 72-86.<br />
KRUG E.E.; PA DULA, A.D.; VARGASW, M.S.<br />
Indicadores de sustentabilidade do leite:<br />
identifica
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Tabela 1 - Composição centesimal de queijo parmesão ralado comercializado em Medianeira-PR.<br />
Queij o Umidade Cinzas Lipídios Proteínas pH<br />
Parm esão % % % % %<br />
Ralado<br />
Marca A* 15,7 ± 0,9 6,8 ± 0,7 24,2 ± 2, I 33,0 ± 1,0 5,5 ± 0, 1 0, 1 ± 4,8<br />
Marca B* 12,7 ± 2,3 10,6 ± 0,1 0,3 ± 4,7 33,0 ± 1,0 5,2 ± 0, 1 1,3 ± 0, 1<br />
Marca C* 16,4 ± 1,8 7,3 ± ,0,0 63,0 ± 6,0 36,0 ± 2,0 5,2 ± 0,0 1,2 ± 0,0<br />
Marca D* 21,0 ± 0.0 10,3 ± 0,0 55,0 ± 5,0 35,0 ± 1,0 4,8 ± 0, 1 2,0 ± 0, 1<br />
Marca E** 21,3 ± 0,4 8,3 ± 0,3 28,0 ± 1,2 6,7 ± 0,0 5,5 ± 0,0 37 ± 0,0<br />
Legislação 34 34,8 (I OOg) 22 - 24 35 5,0 - 7,0 0, 18 - 0,22<br />
* Análises foram realizadas em triplicata; ** análise realizada em duplicata.<br />
critéri os de desempenho dos colaboradores e<br />
melhoria contínua dos procedimentos de<br />
experimentação em laboratório.<br />
4 - CONCLUSÃ O<br />
o laboratório deve executar operações<br />
analíticas que conduzam a resultados confiáveis<br />
e adequados como, por exemplo qualificar<br />
padrões e reagentes.<br />
Os dados devem ser analisados de forma<br />
criteri osa uma vez que inúmeras variáveis<br />
interferem durante a condução da análise.<br />
A qualidade dos métodos e dos resultados<br />
obtidos num laboratório associa-se com o<br />
controle de qualidade e re fletem a prática da<br />
organização do trabalho e competência técnica<br />
dos analistas.<br />
ABSTRACT<br />
The analytical data evaluation produced<br />
by academicians in food analysis must not be<br />
considered absolute since the values obtained<br />
show inaccurate estimates and are influenced by<br />
basic aspects such as diffi culty of the used<br />
methodology comprehension procedure used,<br />
collection and prepare, solution prepare and<br />
pattern sample, different academicians in the<br />
same group executing the analysis, compilation<br />
Pág. 112<br />
•<br />
and calculation of data. Such variations can be<br />
reduced, but it is necessary and important to<br />
show the students who wilI become professionals<br />
in the future, that the data on fo od analysis<br />
must preserve a good quality.<br />
Key words: food composition, analytical<br />
quality, food analysis.<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
HARRIS, Daniel C. Análise Química<br />
Quantitativa quinta edição, Livros Técnicos<br />
e Científi cos Editora, 2001, Rio de Janeiro, RJ.<br />
p. 862.<br />
INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas<br />
Analíticas do Instituto Adolfo Lutz. Métodos<br />
químicos e fís icos para análise de alimentos. 3<br />
ed., v. I. São Paulo, 1985.<br />
LANARA. Métodos analíticos oficiais para<br />
controle de produtos de origem animal e<br />
seus ingredientes: I Métodos<br />
Microbiológicos. 11 - Métodos físicos e químicos.<br />
Brasília, DF, 1981.<br />
MENEZES, E.W.; GIUNTINI, E.B.; LAJOLO,<br />
F. M., A questão da variabilidade e qualidade<br />
de dados de composição de alimentos.<br />
Nutrire: rev. Soco Bras. Alim. Nutr.=J . Brasilian<br />
Soco Food Nutr., São Paulo, SP. V. 26, p. 63-76,<br />
dez., 2003.<br />
•<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
DESENVOLVIMENTO DE UM PLANO DE APPCC PARA PROCESSAMENTO DE IOGURTE<br />
Development of a HACCP plan for an yogurt processing<br />
RESUMO<br />
Geruza Dias1<br />
Emiliane Andrade Araújo2<br />
Joelma Coelho Monteiro3<br />
Cláudio Furtado Soares4<br />
Junto ao crescimento do mercado de iogurtes, muitos destes produtos têm sido fabricados<br />
e comercializados de forma inadequada, o que vem a comprometer a sua qualidade e a<br />
causar danos à saúde do consumidor. Para garantir a qualidade e inocuidade dos alimentos de<br />
modo a torná-los seguros ao consumidor, o sistema Análises de Perigos e Pontos Críticos<br />
de Controle (APPCC), é uma ferramenta que vem sendo amplamente divulgada, utilizada<br />
e cobrada por órgãos competentes. Este sistema é baseado em uma série de etapas inerentes<br />
ao processamento, incluindo todas as operações que ocorrem desde a obtenção da matériaprima<br />
até o consumo do alimeto. A portaria 1428 do Ministério da Saúde, publicada em<br />
1993 para vigorar em 1994, regulamenta a obrigatoriedade de procedimentos para<br />
implantação do Sistema APPCC nas Indústrias de Alimentos. Este trabalho objetivou<br />
desenvolver um plano de APPCC para uma linha de processamento de iogurte com polpa<br />
de fruta. O desenvolvimento para elaboração e implantação do programa de qualidade para<br />
processamento de iogurte, seguiu-se uma seqüência de etapas baseadas nas legislações,<br />
sendo elas: Formação de equipe multidisciplinar responsável pela elaboração e plano de<br />
APPCC; identificação da empresa; avaliação dos pré-requisitos para o sistema; programa<br />
de capacitação técnica; seqüência lógica de aplicação dos princípios do APPCC;<br />
encaminhamento da documentação para avaliação pelo DIPOA; aprovação, implantação<br />
e validação do plano APPCC. Os Pontos Críticos de Controle (PCC's) observados no<br />
processamento do iogurte foram: Recepção de leite cru, estocagem de leite cru, fi ltração,<br />
adição de leite em pó, tratamento térmico, fermentação e adição de polpa de fruta. O<br />
plano APPCC desenvolvido e implantado na linha de processamento de iogurte com polpa<br />
de fruta, foi de fu ndamental importância para a qualidade do produto fi nal, como também<br />
trouxe outros benefícios para a empresa.<br />
Palavras-chave: Iogurte, APPCC, Qualidade, Segurança Alimentar.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
Iogurte é o produto da fermentação com<br />
cultivos proto-simbióticos de StreptocoCClI.I' .I'alivarills<br />
sltbsp. therlllophillts e Lactobacilllls delbrlteckii<br />
sl/bsp. blll,;ariclI.I', que podem ser acompanhados, de<br />
maneira complementar, por outras bactétias acidófilas<br />
que, contribuam para a determinação das caractrísticas<br />
do produto final (BRASIL, 2000). Pesquisas têm<br />
Estudante do Curso de Ciência e Tecnologia de Laticínios - UFV<br />
2. Mestranda em Ciência e tecnologia de laticínios UFV<br />
3 Graduada em Ciência e Tecnologia de Laticínios - UFV<br />
4 Professor do Departamento de Tecnologia de Alimentos - UFV<br />
digitalizado por<br />
demonstrado um crescimento do mercado de iogurtes<br />
acima de 10% ao ano (G URGEL, 2003), o que reflete<br />
o quadro econômico e a busca dos consumidores por<br />
alimentos mais saudáveis. Devido a esse aumento de<br />
consumo e as vantagens que este produto oferece<br />
para investimento em sua produção, observa-se o<br />
surgimento de marcas pertencentes ao mercado<br />
Pág. 113<br />
arvoredoleite.org
informal ou a pequenas fábricas que não recebem a<br />
devida fiscalização e não possuem a tecnologia<br />
necessária para a fabricação do iogurte (MALTA et<br />
aI., 200 1). Para garantir a qualidade e inocuidade dos<br />
alimentos de modo a torná-los seguros ao consumidor,<br />
o sistema de Análise de Perigos e Pontos Cóticos de<br />
Controle, APPCC, é uma ferramenta que vem sendo<br />
amplamente divulgada, utilizada. Este sistema é uma<br />
abordagem científica e sistemática para o controle<br />
de processo, elaborado para prevenir a ocorrência de<br />
problemas, assegurando que os controles são aplicados<br />
em determinadas etapas no sistema de produção de<br />
alimentos, onde possam ocorrer perigos ou situações<br />
críticas (BRASIL, 1998).<br />
Além da garantia de qualidade e segurança do<br />
alimento, o sistema APPCC proporciona redução<br />
dos custos operacionais, redução da necessidade de<br />
testes de produtos acabados, diminuição de perdas<br />
de matérias-primas e produtos, aumento da<br />
credibilidade junto aos clientes e atendimento aos<br />
requisitos legais. Este trabalho objetivou desenvolver<br />
um plano de APPCC para uma linha de<br />
processamento de iogurte com polpa de fruta, em<br />
uma indústria de laticínios no estado de Minas Gerais.<br />
2 - MATERIAIS E MÉTODOS<br />
o desenvolvimento para elaboração e<br />
implantação do plano de APPCC para processamento<br />
de iogurte, seguiu-se uma sequência de etapas baseadas<br />
nas legislações vigentes, sendo elas:<br />
1" Etapa - Formação de equipe multidisciplinar<br />
responsável pela elaboração e plano de<br />
APPCC. A re ferida equipe fo i selecionada<br />
cuidadosamente e constitui-se de pessoal<br />
familiarizado com o produto, método de elaboração<br />
e estabelecimento produtor; sendo coordenada por<br />
um responsável técnico do controle de qualidade,<br />
devidamente capacitada em APPCC.<br />
2" Etapa - Identificação da empresa. Foram<br />
levantadas informações completas sobre a<br />
empresa como razão social, endereço, número<br />
de registro no SIF, categoria do estabelecimento,<br />
produtos, destino da produção e mercad o.<br />
Elaborou-se um organograma da empresa, sendo<br />
também definido as fu nções e atribuições dos<br />
membros integrantes do organograma.<br />
3" Etapa - Avaliação dos pré-requisitos<br />
para o sistema APPCC. Nesta fase a equipe de<br />
trabalho realizou estudos através de auditorias<br />
internas visando analisar a situação do<br />
estabelecimento e traçar estratégias para alcançar<br />
os objetivos fi nais. Os pré-requisitos analisados<br />
fo ram: Boas Práticas de Fabricação, Boas<br />
Práticas de Higiene, Programa de Gestão da<br />
Qualidade, entre outros.<br />
4" Etapa Programa de capacitação<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
técnica. Implicou na elaboração e aplicação de<br />
um programa de educação e treinamento nos<br />
princípios de APPCC envolvendo todo o pessoal<br />
responsável. direta ou indiretamente, pelo plano.<br />
Foram realizados conjuntamente treinamentos<br />
de noções de microbiologia e parasitologia,<br />
higiene pessoal, limpeza e sanificação, controle<br />
integrado de pragas e auditoria interna. Todos<br />
os treinamentos foram documentados.<br />
5" Etapa - Sequência lógica de aplicação<br />
dos princípios do APPCC. Através de reuniões<br />
da equipe, foi descrito o produto, identificado o<br />
uso pretendido e o consumidor, construído o<br />
diagrama operacional, o qual foi verificado na<br />
prática sua adequação. Posteriormente listou-se<br />
e identificou-se os perigos, analisando os riscos<br />
e considerando as medidas preventivas de<br />
controle; identi ficou-se os pontos críticos de<br />
controle (PCC's) e aplicou-se a árvore decisória;<br />
estabeleceu-se os limites críticos para cada PCC,<br />
o sistema de monitorização, as ações corretivas<br />
e os procedimentos de verificação; por fi m<br />
providenciou-se a documentação e estabeleceuse<br />
os procedimentos de registro.<br />
6" Etapa - Encaminhamento da documentação<br />
para avaliação pelo DIPOA. O plano<br />
APPCC elaborado e requeri mento solicitando<br />
análise e aprovação do mesmo, foi remetido ao<br />
Sr. Diretor do DIPOA.<br />
7" Etapa - Aprovação, implantação e<br />
validação do plano APPCC. O plano fo i<br />
implantado após a apresentação da documentação<br />
e aprovação pelo DIPOA. A validação do plano<br />
fi cou condicionada ao resultado de auditoria<br />
específica, liderada por profissionais do DIPOA.<br />
3 - RESULTA DOS E DISCUSSÃO<br />
Após a formação da equipe responsável pelo<br />
APPCC e a identificação completa da empresa, foram<br />
listadas as não-conformidades da empresa observada<br />
através das análises de pré-requisitos para o plano em<br />
questão, de finindo-se metas para a adequação da<br />
empresa. A seqüência lógica de aplicação dos princípios<br />
do APPCC permitiu a obtenção do fluxograma de<br />
produção de iogurte com polpa, bem como a<br />
identificação dos PCC's, como pode ser observado<br />
na figura- I. Os procedimentos de verificação ficaram<br />
geralmente a cargo da supervisão através de programa<br />
de coleta de amostras para análise, inspeção na<br />
produção primária, calibração de equipamentos,<br />
controle de reagentes; providenciando por fi m a<br />
documentação e estabelecendo os procedimentos<br />
de registro. Posteriormente à aprovação,<br />
implantação e validação do plano APPCC, são<br />
realizadas auditorias por responsáveis do DIPOA,<br />
que vem a forçar a empresa a estar continuamente<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
interagindo com o plano e realizando algumas<br />
modificações quando necessário.<br />
I Recepção de Leite Cru/Indústria I PCC I (M,Q)<br />
t<br />
Fi I tração/Pesagem<br />
Resfriamento<br />
Estocagem de Leite Cru I PCC2 (M)<br />
t<br />
Filtração/Clarificação PCC3 (F)<br />
t<br />
Leite em Pó I Mistura I Açúcar<br />
t<br />
I Tratamento térmico I PCC5 (M)<br />
t<br />
Resfriamento<br />
I Quebra do Coagulo I<br />
t<br />
PCCIi (Ml<br />
I Adição de Polpa de Fruta I PCC7 I (M,Ql<br />
t<br />
Embalagem<br />
t<br />
Estocagem<br />
Transporte<br />
I Comercialização I<br />
Figura 1: fl uxograma de produção de iogurte<br />
com polpa de fruta e seus respectivos<br />
' PPC's e perigos, M = microbiológico,<br />
Q = químico, F = físico.<br />
4 - CONCLUSÃ O<br />
O plano APPCC desenvolvido e implantado<br />
na linha de processamento de iogurte com polpa de<br />
digitalizado por<br />
fruta, foi de fundamental importância para a qualidade<br />
do produto final, como também tro uxe outros<br />
benefícios para a empresa. No entanto, cada indústria<br />
processadora de iogurte com polpa de fruta deverá<br />
elaborar seu próprio plano, visto as diferenças<br />
existentes entre elas. Verifica-se deste modo que o<br />
plano APPCC é ferramenta indispensável na atuação<br />
de todos os profissionais da área de alimentos.<br />
5 - SUMMARY<br />
Many of these products, as long as yogurt's<br />
market development, have been produced and<br />
commercialized in a wrong way, which engages its<br />
quality and cause danger to the consumer's health.<br />
To garantee the food 's quality and harmless, so<br />
that they are safe to consumers, the Analises of<br />
Danger and Critic Points of Control system<br />
(HACCP), is a tool that has been amply spread,<br />
used and collected by competent agencys. This<br />
work intended to develop an HACCP plan for a<br />
making up of fruit's pulp yogurt. The programme's<br />
development elaboration and implantation for<br />
the yougurt making up, followed a a step's system<br />
based on laws, as: Formation of an multidiscipline<br />
team, responsable for planning and elaborating the<br />
HACCP; company 's recognizement; prerequirernents<br />
evaluation for the system; tecnical<br />
enably system; logical sequence for principies<br />
aplication of HACCP; leading the documents for<br />
evaluation by DIPOA; . plan 's ACDPC approval.<br />
implantation and validation. The criticai CPC 's<br />
control points observed in the yogurt making up<br />
were: Recieving raw milk, raw milk's stock piling,<br />
fi ltration, dust rnilk addition, termic treatment,<br />
fe rmentation and fruit 's pulp addition. The<br />
HACCP plan developed and implanted in the<br />
making up line of fruit's pulp yogurt, was very<br />
important for the product ' s fi nal quality, so as<br />
brought benefits for the company too.<br />
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGR Á FICAS<br />
BRASIL. MAPA. Resolução n° 05 de 13/1 1/2000.<br />
Regulamento Técnico para Padronização de<br />
identidade e qualidade de leites fermentados. Diário<br />
Oficial da República Federativa do Brasil,<br />
Brasília, 02 de janeiro de 2001.BRASIL. MAPA.<br />
Portaria n° 46 de 10/02/ 1998. Institui o Sistema de<br />
Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle, a<br />
ser implantado gradativamente, nas indústrias de<br />
produtos de origem animal sob o regime do SIF.<br />
Diário Oficial da República Federativa do<br />
Brasil, Brasília, II de fevereiro de 1998.GURGEL,<br />
A. Mercado de Iogurtes-Crescimento para todos os<br />
gostos. In: Indústria de Laticínios. Março/Abril,<br />
n044. 18-32p, 2003.<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />
IMPLANTAÇÃO DAS BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO NO LATiCíNIOS FUNARBE<br />
EM ViÇOSA<br />
Implantation of Good Manufacturing Pratices (GMP) in dairy industry FUANRBE<br />
in Viçosa<br />
RESUMO<br />
Geruza Dias1<br />
Hermínia M. Oliveira1<br />
Maria Helena Sampaio2<br />
Aristides Fialho Dias3<br />
Emiliane A. Araújo4<br />
Claúdio Furtado Soares5<br />
Para se obter um produto saudável e de grande valor nutritivo, é necessano que programas<br />
de gestão de segurança de alimentos sejam implantados nas indústrias . As Boas Práticas de<br />
Fabricação (BPF) é um programa indispensável quando se trata de qualidade e segurança<br />
alimentar. Consiste em um conjunto de princípios e regras para a correta manipulação de<br />
alimentos, considerando desde a matéria prima até o produto final, envolvendo as condições<br />
de equipamentos, sanificação de equipamentos e estabelecimentos, controle de pragas,<br />
higiene pessoal e tratamento de efluentes. As portarias 326/97 do Ministério da Saúde e a<br />
portaria 368/97 do Ministério da Agricultura, determinam a obrigatoriedade da utilização<br />
das Boas Práticas de Fabricação nos estabelecimentos produtores/industrializadores de<br />
alimentos. Este estudo baseou-se na implantação das Boas Práticas de Fabricação em uma<br />
usina de beneficiamento de leite na FUNARBE em Viçosa no estado de Minas Gerais.<br />
Realizou-se primeiramente uma auditoria externa com aplicação de check-list com objetivo<br />
de verificar a at ual situação da usina de laticínios e de elaborar a partir das necessidades<br />
reais um plano de ação. Posteriormente foi ministrado aos colaboradores um treinamento<br />
de conscientização da importância da implantação das Boas Práticas. Formou-se uma<br />
equipe multidisciplinar que foram responsáveis pela elaboração e contínua atualização do<br />
manual de Boas Práticas, dos Procedimentos Padrões de Higiene Operacional e das Instruções<br />
de Trabalho. Durante um período de um ano e seis meses foram realizadas três auditorias<br />
internas com intervalos de cinco meses, no qual, se baseavam na aplicação de check-list<br />
para avaliar o desenvolvimento da implantação das Boas Práticas. Os resultados obtidos<br />
das conformidades foram respectivamente 50%, 65% e 67%. Tabulados os dados podemos<br />
concluir que houve uma grande melhoria nos requisitos fu ndamentais, tais como:<br />
treinamentos dos colaboradores, higiene pessoal e controle integrado de pragas, quando<br />
comparados com a primeira auditoria externa com 30 % de conformidades.<br />
Palavras-chave: Alimento seguro, Qualidade, Boas Práticas de Fabricação.<br />
Estudandes de Graduação de Ciência e tecnologia de laticínios;<br />
2 Gerente de Controle de Qualidade do Laticínios FUNARBE;<br />
3 Gerente de Produção e Coordenador do Laticínios FUNARBE;<br />
4 Mestrando em Ciência e tecnologia de laticínios;<br />
5 Professor do Departamento de Tecnologia de Alimentos - UFY.<br />
1 _ INTRODUÇÃO<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
As Boas Práticas de Fabricação (BPF) são<br />
pré-requisitos indispensáveis para a implantação<br />
de qualquer programa de qualidade, consiste em<br />
um conjunto de princípios e regras para a correta<br />
manipulação de alimentos, considerando desde a<br />
matéria-prima até o produto fi nal, envolvendo<br />
as condições de armazenamento, condições<br />
estruturais de edifícios, condições de<br />
equipamentos, sanificação de equipamentos e<br />
estabelecimentos, controle de pragas, higiene<br />
pessoal e tratamento de efluentes. As portarias<br />
326/97 do Ministério da Saúde e a portaria 3681<br />
97 do Ministério da Agricultura, determina a<br />
obrigatoriedade da utilização das Boas Práticas<br />
de Fabricação nos estabelecimentos produtores 1<br />
industrializadores de alimentos. Os objetivos do<br />
presente trabalho foram os levantamentos dos<br />
requisitos necessários para elaboração do manual<br />
de B PF, treinamentos dos colaboradores e<br />
efetuação das atividades de monitoramento a<br />
serem aplicadas numa usina de beneficiamento<br />
de leite.<br />
2 - MATERIAIS E MÉTODOS<br />
2.1 Formação da equipe multidiciplinar e<br />
designação do consultor técnico.<br />
Para a implantação das Boas Práticas de<br />
Fabricação realizou-se um treinamento a todos<br />
os funcionários no qual foram abordados assuntos<br />
como a importância da produção de alimentos<br />
seguros, esclarecendo sobre o que é Boas Práticas<br />
de Fabricação e os requisitos para sua implantação.<br />
A partir deste treinamento foi formada uma equipe<br />
de trabalho composta por três alunos do curso de<br />
Ciência e Tecnologia de Laticínios, pelo<br />
supervisor de produção, pela gerente de qualidade<br />
e gerente de produção e mais seis col aboradores,<br />
sendo um de cada setor do laticínios. Para orientar<br />
a equipe havia presente nas reuniões um consultor<br />
técnico que possuía os conhecimentos necessários<br />
para implantação de BPF.<br />
2.2 Realização de Auditoria Interna<br />
Para a avaliação das condições em que se<br />
encontrava o laticínios foi realizado uma<br />
auditoria interna. Utilizando-se a portaria 3681<br />
97, elaborou-se e aplicou-se um check-list<br />
tabulando os dados em conformes e não<br />
conformes. O check-list foi aplicado de acordo<br />
com as seguintes etapas:<br />
I) Aspectos Gerais de Higiene Pessoal e<br />
Programa de Treinamento;<br />
digitalizado por<br />
2) Aspectos Gerais de Projetos e<br />
Instalações;<br />
3) Aspectos Gerais de Fabricação;<br />
4) Aspectos Gerais de Limpeza e<br />
Sanificação ;<br />
5) Aspectos Gerais de Controle Integrado<br />
de Pragas;<br />
6) Aspectos Gerais de Controle de<br />
Qualidade.<br />
Após executar-se a primeira auditoria,<br />
outra foi marcada para um período de seis meses<br />
a fim de verificar o desempenho da implantação<br />
das Boas Práticas de Fabricação.<br />
2.3 Elaboração do Manual de BPF<br />
O manual de Boas Práticas de Fabricação é<br />
um documento onde estão descritas as atividades<br />
que a empresa executa para que os alimentos sejam<br />
produzidos com segurança e qualidade. Uma vez<br />
detalhado o processo e a situação do laticínios foi<br />
elaborado o manual descrevendo as atividades<br />
feitas para atender os requisitos exigidos pela<br />
legislação e os Procedimentos Padrões de Higiêne<br />
Operacional (PPHO's). O manual foi uma<br />
reprodução fiel da realidade da empresa sendo<br />
atualizado sempre em que a empresa realizar<br />
alterações em sua estrutura física ou operacional.<br />
2.3 Elaboaração das Instruções de Trabalho<br />
(IT's)<br />
Para a padronização das atividades<br />
realizadas, fo i elaborado as instruções de<br />
trabalho, com a fi nalidade de orientar os<br />
colaboaradores quanto a higienização dos<br />
equipamentos e a fabricação dos produtos.<br />
2.4 Treinamento dos funcionários<br />
Após o termino da elaboração do manuaL<br />
PPHO's e das instruções de trabalho, fo i<br />
realizado um treinamento para apresentação do<br />
material aos colaboradores e para reafirmar a<br />
importância da colaboração de todos para a<br />
implantação das Boas Práticas de Fabricação.<br />
São notificados os treinamentos realizados em<br />
cada setor da indústria, contendo os nomes dos<br />
participantes do evento, a data e a carga horária.<br />
2.5 Atividades de monitoramento<br />
O monitoramento dos itens de BPF é realizado<br />
pelos responsáveis por cada setor do laticínios, os<br />
quais informam ao supervisor de produção sobre as<br />
arvoredoleite.org<br />
Pág. 117
ocorrências · de não conformidades, sendo registradas<br />
a data e a hora da observação.<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Os resultados obtidos da aplicação do<br />
primeiro, segundo e terceiro check-list esta<br />
apresentado no Quadro 1. As auditorias foram<br />
realizadas num intervalo de 5 meses.<br />
Quadro 1: Resultados - I a Auditoria interna<br />
- Diagnóstico de BPF<br />
Resultados das Auditorias<br />
Etapas<br />
Etapas:<br />
I) Aspectos Gerais de Higiene Pessoal e<br />
Programa de Treinamento<br />
2) Aspectos Gerais de Projetos e Instalações<br />
3) Aspectos Gerais de Fabricação<br />
4) Aspectos Gerais de Limpeza e Sanificação<br />
5) Aspectos Gerais de Controle Integrado<br />
de Pragas<br />
6) Aspectos Gerais de Controle de Qualidade<br />
Como pode-se observar nos gráficos acima<br />
houve um aumento nas conformidades, passando<br />
de 30% de conformidade da primeira auditoria<br />
para 67% na terceira auditoria, isto se deve<br />
principalmente a etapa 1 que se trata dos aspectos<br />
gerais de higiene pessoal e programas de<br />
treinamento e a etapa 5 que esta relacionada<br />
com o controle integrado de pragas. Atualmente<br />
a usina de beneficiamento se encontra no estágio<br />
fi nal das reformas para melhor atender os<br />
requisitos da implantação de BPF.<br />
4 - CONCLUSÃ O<br />
Por meios dos dados obtidos conclui-se que<br />
a empresa atende a 67% do total de requisitos<br />
exigidos e que ainda esta em processo de<br />
implantação de Boas Práticas de Fabricação<br />
restando-lhe a correção de não conformidades<br />
relacionadas as exigências do programa. A<br />
maioria das não conformidades foi corrigida por<br />
capacitação, motivação, conscientização dos<br />
Pág. 118<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
• • • •<br />
funcionários e comprometimento da direção, no<br />
entanto é importante enfatizar a necessidade do<br />
treinamento contínuo do pessoal.<br />
5 - SUMARY<br />
This study was based on Good<br />
Manufacturation's Pratics implantation in a<br />
benefitment milk usine at FUNARBE in Viçosa,<br />
Minas Gerais. Fullfiled, at first, an externai auditory<br />
with a check list application intending to verificate<br />
the dairy product usine present situation and to<br />
elaborate, throught out real needs, an action plan.<br />
After that, was ministrated, for the collaborators,<br />
a consciousness training for the importancy of<br />
the Good Pratic implantion. A multidiscipline team<br />
was created and they were responsable for the<br />
elaboration and the Good Pratic's manual, Standart<br />
Operational of Hygiene Procediments and the<br />
Work Instrustions continuai modernization. During<br />
a period of an year and a half, there were three<br />
internai auditorship with a five months break, in<br />
which, based in the check-list aplication to evaluate<br />
the development of the Good Pratic 's<br />
implantation. The results obtained were,<br />
respectively 50%, 65% e 67%. The data tabulated,<br />
we can conclude that were a great improvement in<br />
the fu ndamental requisites, as: collaborators<br />
trainning, personal hygiene and pragues integrated<br />
control, when compaired to the first externai<br />
auditorship with 30% of the conformities.<br />
6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
BRASIL. Ministério da agricultura e Abastecimento.<br />
Port aria n° 368, de 04 de setembro de 1997<br />
(D.0.U.08/09/97). Regulamento Técnico sobre as<br />
condições Higiênico-Sanitárias e de Boas Práticas<br />
de Fabricação para Estabelecimentos elaboradores/<br />
Industrializadores de Alimentos.<br />
BRASIL. Secretaria de vigilância Sanitária do<br />
Ministério da Saíde. Portaria n° 326, de 30 de<br />
julho de 1997 (D.O.U. 01/08/97). Condições<br />
Higiênicas Sanitárias e de Boas Práticas de<br />
Fabricação para Estabelecimentos Produtores/<br />
Industrializadores de Alimentos.<br />
BRASIL. Ministério da Agricultura e<br />
Abastecimento. Resolução nO IO de 22/05/2003.<br />
Institui o programa genérico de Procedimentos<br />
- Padrão de Higiêne Operaciomal - PPHO, a .ser<br />
utilizados nos Estabelecimentos de Leite e<br />
Derivados que funcionam sob o regime de<br />
Inspeção Federal, como a etapa preliminar e<br />
essencial dos programas de segurança Alimentar<br />
do tipo APPCC. Brasília: MAPA, 2003.<br />
• • • •<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
ELABORAÇÃO E ESTABILIDADE DE BEBIDA CARBONATADA AROMATIZADA À BASE<br />
DE SORO DE LEITE<br />
Elaboration and stability of flavorized carbonated milk whey based beverage<br />
RESUMO<br />
Júnio César Jacinto de Paula1<br />
Lívia M. P. Luiz2<br />
Sebastião César Cardoso Brandão3<br />
O objetivo deste trabalho foi a elaboração e a avaliação da estabilidade de uma bbida<br />
carbonatada aromatizada à base de soro de leite, sendo estável à temperatura ambIente,<br />
por pelo menos três meses sem receber tratamentos térmicos extremos c . omo a<br />
esterilização. Buscou-se estabelecer um processo de fabricaço sim . ples que fosse facIln:ente<br />
adaptado por uma indústria de laticínios sem grandes InvestImentos. Pa . ra avalIar a<br />
estabilidade do produto, durante 90 dias de estocagem à temperatura aIblene, , fo . ram<br />
realizadas periodicamente análises sensoriais (teste de aceitação), mlcroblOloglcas<br />
(contagem padrão em placas, bactérias do grupo coliformes e contgem de . fungs<br />
filamentosos e leveduras) e físico-químicas (pH e acidez titulável), segUIdas de mspeçao<br />
visual para verifi car sinais de alteração nas embalagens ou modificação do . prd . uto. Os<br />
resultados das análises mostraram, que a bebida apresentou grande aceItabIlIdade e<br />
estabilidade microbiológica e físico-química ao longo dos 90 dias de armazenamento à<br />
temperatura ambiente, demonstrando, que a tecnologia empregada fo . i eficiente na sua<br />
conservação. Em conclusão, a bebida carbonatada à base de soro de leIte representa uma<br />
alternativa barata e viável para a implantação na indústria de laticínios podendo concorrer<br />
com vantagens no mercado de refrigerantes.<br />
Palavras-chave: Soro de leite, Bebida Carbonatada, Novo Produto<br />
1- INTRODUÇÃO<br />
O soro de leite é um subproduto de<br />
importância relevante, tendo em vista o volume<br />
produzido e sua composição nutricional. O soro<br />
devido ao seu alto valor de DBO inviabiliza o seu<br />
tratamento, e quando é lançado em cursos de água<br />
provoca grande efeito poluidor. Nos últimos 30<br />
anos, em outras partes do mundo, o estudo do<br />
soro de leite vem chamando muita atenção, por<br />
sua importância econômica e pelas propriedades<br />
vantajosas vinculadas a ele e a seus componentes.<br />
Porém, na América Latina, principalmente no<br />
Brasil, o soro ainda não recebeu grande atenção<br />
(HOMEM, 2004). A natureza e a composição do<br />
soro de leite são influenciadas pela tecnologia<br />
aplicada à coagulação da caseína e pelo pH,<br />
MS Ciência e Tecnologia de Alimentos - UFV<br />
2 Estudante de Ciência e Tecnologia de Laticínios<br />
3 Professor Titular do Departamento de Tecnologia de Alimentos - UFY.<br />
digitalizado por<br />
ocorrendo uma variação no teor de proteínas,<br />
gordura e minerais. As proteínas do soro<br />
representam 20% das proteínas do leite. sendo<br />
que as principais são a-Iactoalbumina e blactoglobulina<br />
que correspondem a aproximadamente<br />
70 a 80% das proteínas totais do soro.<br />
Além dessas, são encontradas as soroalbuminas,<br />
imunoglobulinas, proteases-peptonas, lactoperoxidases<br />
e outras enzimas (MORR e HA, 1993).<br />
Dependendo da tecnologia aplicada, o soro e seus<br />
derivados podem ser transformados em produtos<br />
de excelentes e específicas propriedades biológicas<br />
e funcionais. Em suma, pode-se assegurar que o<br />
soro, antes de ser considerado apenas mais um<br />
componente dos efluentes das indústrias<br />
Pág. 119<br />
arvoredoleite.org
laticinistas, pode e deve ser aproveitado como<br />
complemento na alimentação humana. A maioria<br />
das técnicas de preservação, atualmente<br />
empregadas para prevenir ou retardar o<br />
crescimento microbiano em produtos alimentícios,<br />
consiste na redução de temperatura,<br />
pH, atividade de água (Aw) e aplicação de calor.<br />
Vários processos de conservação de alimentos<br />
trazem grandes desvantagens, tanto para o<br />
consumidor como para as indústrias de<br />
beneficiamento, destacando-se as perdas de<br />
qualidade e o alto custo dos equipamentos que as<br />
indústrias necessitam usar, a fim de aplicar o<br />
tratamento. GOLD (1996) destacou que a<br />
preservação de alimentos é baseada no retardo do<br />
crescimento microbiano, devendo-se, então, atuar<br />
nos fatores extrínsecos e intrínsecos do crescimento<br />
e da sobrevivência do microrganismo.<br />
De acordo com LEISTENER (1995), as técnicas<br />
convencionais estão sendo usadas juntamente com<br />
algumas alternativas, fazendo com que haja<br />
sinergismo entre elas (tecnologia de barreiras).<br />
Uma dessas alternativas é o uso do tratamento<br />
térmico de pasteurização juntamente com o<br />
dióxido de carbono e abaixamento de pH. A<br />
carbonatação consiste na dissolução do CO, no<br />
meio líquido, em níveis especificados. O dióxido<br />
de carbono é usado largamente para estender a<br />
vida de prateleira de alimentos perecíveis através<br />
do retardamento do crescimento bacteriano.<br />
Segundo DANIELS et aI. (1985), uma das<br />
principais explicações para a adição de dióxido<br />
de carbono em alimentos foi o fato de que ele<br />
desloca parte ou totalidade do oxigênio viável<br />
necessário ao metabolismo bacteriano, diminuindo<br />
o crescimento. A microbiota aeróbia é inibida<br />
desfavorecendo o crescimento de contaminantes<br />
como fungos fi lamentosos e leveduras. No<br />
entanto, alguns estudos mostram que certas<br />
bactérias anaeróbias também podem ser inibidas<br />
pela presença de C01.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
O trabalho foi conduzido na usina piloto<br />
e nos laboratórios do Departamento de<br />
Tecnologia de Alimentos (DTA) da<br />
Universidade Federal de Viçosa (UFV) - MG. A<br />
matéria prima, soro de leite proveniente da<br />
fabricação de queijos Minas Padrão ou<br />
Mussarela, também foi obtida na usina do<br />
Laticínio Escola da UFY. Optou-se pelo uso do<br />
soro desses dois tipos de queijos, tendo em vista<br />
que são largamente produzidos no Brasil, e por<br />
não utilizarem nenhum tipo de corante durante<br />
a fabricação. O processamento, o tipo de ácido<br />
utilizado, a carbonatação do produto, o tra-<br />
Pág. 120<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
tamento térmico e o fluxograma de fabricação<br />
foram definidos em vários testes preliminares.<br />
A partir desses testes, passou-se, em seguida,<br />
para os trabalhos em escala-piloto. O fl uxograma<br />
de fabricação da bebida pode ser<br />
observado na Figura I.<br />
Obtenção do Soro (32 "C)<br />
<br />
Adição de Açúcar<br />
, <br />
Adição de Acido até pH determinado<br />
<br />
Aquecimento 60 uC<br />
<br />
Homogeneização a 140,62 e 35, 15 kgf/cml<br />
<br />
Pasteurização<br />
<br />
Resfriamento Rápido a 40 "C<br />
<br />
Adição de conservantes<br />
<br />
Resfriamento a 20 "C<br />
<br />
Adição de Aroma<br />
<br />
Envase em Garrafas PET 600mL<br />
<br />
Injeção de Água Carbonatada Sob Pressão de 5<br />
kgflcm" nas Garrafas<br />
<br />
Armazenamento à Te mperatura Ambiente<br />
Figura 1 - Fluxograma de processamento da<br />
bebida carbonatada de soro de leite.<br />
2.1. Determinação da vida de prateleira<br />
das bebidas<br />
O processamento foi realizado em três<br />
repetições (R I, R2 e R3), sendo as garrafas<br />
armazenadas à temperatura ambiente para<br />
avaliação de sua vida de prateleira. Periodicamente<br />
foram realizadas análises microbiológicas,<br />
físico-químicas, sensoriais e de aparência para<br />
verificar possíveis alterações do produto durante<br />
o armazenamento. Para avaliar a estabilidade<br />
microbiológica da bebida, foram realizadas análises<br />
do número mais provável de coliformes totais<br />
um dia após a fabricação, além de contagens de<br />
microrganismos aeróbios mesófilos e de fungos<br />
filamentosos e leveduras aos O I, 15, 36, 77 e 94<br />
dias, segundo metodologia oficial (BRASIL,<br />
2003b). Para avaliação físico-química da bebida,<br />
foram realizadas " nos mesmos tempos, análises<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
de pH e acidez, bem como a avaliação da<br />
aparência, de odores estranhos e deformações nas<br />
embalagens. As análises sensoriais (testes de<br />
aceitação) foram realizadas aos 2, 25, 55 e 90<br />
dias de estocagem. Para determinação da<br />
composição centesimal da bebida carbonatada<br />
fo ram realizadas análises físico-químicas de<br />
gordura, proteínas, cinzas e umidade, segundo<br />
metodologia oficial (BRASIL, 2003a). Todas as<br />
análises foram feitas em duplicata.<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
3.1. Composição centesimal da bebida<br />
Os resultados das análises da composição<br />
físico-química da bebida carbonatada de soro de<br />
leite apresentaram a seguinte composição<br />
centesimal: gordura O, I %, proteínas 0,52%,<br />
cinzas 0,34%, umidade 85,84% e carboidratos<br />
13,20% e o valor calórico foi de 55,78 kcal/<br />
100g. A bebida carbonatada mostra-se nutricionalmente<br />
superior aos refrigerantes (cocacola<br />
e guaraná), que são consumidos com<br />
freqüência pelos diversos grupos etários,<br />
especialmente, crianças, adolescentes e atletas,<br />
por veicular não apenas "calorias vazias" como<br />
os refrigerantes, mas proteín as, vitaminas e<br />
minerais que são essenciais para a manutenção<br />
da saúde.<br />
3.2. Análises físico-químicas de pH c acidez<br />
titulável<br />
Os valores de pH e acidez titulável das três<br />
repetições ocorreram como esperado, ao longo<br />
do tempo de armazenamento. Nos primeiros dias<br />
de estocagem ocorreu uma pequena diminuição<br />
de pH e aumento de acidez que pode ser<br />
conseqüência de equilíbrios iônicos dos cátions e<br />
ânions da bebida. Com o passar dos dias, o pH e<br />
a acidez titulável estabilizaram-se em torno do<br />
esperado mantendo-se nesta faixa até o final do<br />
prazo de validade. Na avaliação geral, os<br />
resultados mostraram que a bebida carbonatada<br />
foi estável em relação ao pH e acidez titulável,<br />
durante todo o período avaliado.<br />
3.3. Análises microbiológicas<br />
Observou-se que a contagem de aeróbios<br />
mesófilos no primeiro dia de estocagem foi de<br />
6,0 x 102 UFC/mL para as amostras da repetição<br />
I, e de 9,2 x 10' UFC/mL para as amostras da<br />
repetição 2, sendo que o crescimento de colônias<br />
apresentado nas análises das amostras da<br />
repetição 3 foi < 1,0 X 10° UFC/mL. Na segunda<br />
digitalizado por<br />
semana de estocagem, as amostras da repetição<br />
1 apresentaram um número muito baixo de<br />
colônias (3,0 x 10° estimado), enquanto as<br />
contagens para as amostras das outras repetições<br />
foram < 1 ,0 x 10° UFC/mL. Para as outras<br />
análises nas datas seguintes as contagens foram<br />
< 1,0 x 10° UFC/mL para todas as repetições, até<br />
o final da estocagem à temperatura ambiente.<br />
As primeiras contagens de fungos filamentosos<br />
e leveduras apresentaram comportamento similar<br />
às contagens de aeróbios mesófilos. As amostras<br />
das repetições I e 2 apresentaram uma baixa<br />
população (6,0 x 10° estimado e 3,0 x 10°<br />
estimado), sendo que as amostras da repetição 3<br />
apresentaram população < 1,0 x 10° UFC/mL. A<br />
partir da segunda semana de estocagem, as<br />
contagens para as três repetições foram < 1,0 x<br />
10° UFC/mL até o final do período.<br />
4 - CONCLUSÕES<br />
Pôde-se concluir que o produto apresentou<br />
estabil idade microbiológica ao longo do tempo<br />
de armazenamento à temperatura ambiente,<br />
demonstrando que a tecnologia empregada foi<br />
eficiente na conservação da bebida. Os resultados<br />
das análises físico-químicas realizadas durante o<br />
armazenamento permitiram concluir que o<br />
produto foi estável em relação ao pH e acidez<br />
titulável durante todo o período analisado. A<br />
bebida carbonatada à base de soro de leite<br />
apresentou-se de acordo com o padrão<br />
microbiológico da Instrução Normativa n° 36,<br />
de 31 de Outubro de 2000 do Ministério da<br />
agricultura (BRASIL, 2000), durante todos os<br />
90 dias de estocagem.<br />
5 - ABSTRACT<br />
The objective of this work was lhe<br />
elaboration and stability evaluation of a f1avored<br />
carbonated milk whey based drink. Being stable<br />
at room temperature for at least three months<br />
without receiving extreme thermal treatments as<br />
sterilization. We were looking for the<br />
establishment of a simple process of production<br />
which would be easily adapted by a dairy industry<br />
without great investments. To evaluate the<br />
stability of the product during the 90 days of<br />
shelf life at room temperature the sensorial,<br />
microbiologic and physiochemical analysis.<br />
followed by visual inspections to verify signs of<br />
packing alterations or modifications of the<br />
product were done periodically. The analyses<br />
results showed that the drink has great<br />
acceptability, microbiological and physiochemical<br />
stability in 90 days of storage at room<br />
arvoredoleite.org<br />
Pág. 121
temperature, showing that the used technology<br />
was efficient to the beverage conservation. In<br />
concIusion, the carbonated drink represents a<br />
cheap and viable alternative for the implantation<br />
in the dairy industry and could compete with<br />
advantages in the soft drink's market.<br />
Key words: Milk Whey, Carbonated<br />
Beverage, New Product.<br />
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS<br />
DANIELS, J. A., KRISHNAMURTHI, R., RIZVI,<br />
S. S. H. A review of carbon dioxide effects on<br />
microbial growth and food quality. Journal of<br />
Food Protection, v. 48, n. 6, p. 532-537, 1985.<br />
GOLD, G, W. Methods for preservation and<br />
extension of shelf life. International Journal<br />
of Food Microbiology, v. 33, p. 51-64, 1996.<br />
HOMEM, G. R. Avaliação técnico-econômica<br />
e análise locacional de unidade<br />
processadora de soro de queijo em Minas<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
• • • •<br />
Gerais. Viçosa. MG, 2004, 230p. Tese de<br />
Doutorado, Ciência e Tecnologia de Alimentos,<br />
Universidade Federal de Viçosa.<br />
LEE, E., HOTCHKISS, J.H. Manual for<br />
manometric method for the analysis of COo in<br />
dairy products. Cornell University. August 8,<br />
1997. 5p.<br />
LEINSTNER, L. Principies and applications<br />
of hurdle technology. Glasgow: 1995, Blackie,<br />
p.I-2I.<br />
MORR, C., HÁ, E.W. Whey protein concentrates<br />
and isolates processing and functional proprieties<br />
criticai reviews. Food Science and Nutrition,<br />
v .33, n. 6, p 43 1 -476, 1993.<br />
BRASIL, 2000. Instrução Normativa n.O 36, de<br />
31 de Outubro de 2000 do Ministério da<br />
Agricultura. Regulamento Técnico de Identidade<br />
e Qualidade de Bebidas Lácteas.<br />
BRASIL, 2003a; Instrução Normativa n° 22, de<br />
14 de Abril de 2003, Ministério da Agricultura.<br />
BRASIL, 2003b; Instrução Normativa .n° 62, de<br />
26 de agosto de 2003, Ministério da Agricultura.<br />
• • • •<br />
PESQUISA DE MERCADO DE UMA BEBIDA CARBONATADA A BASE DE SORO DE LEITE<br />
Market research of a carbonated cheese whey based beverage<br />
RESUMO<br />
Junio César J. de Paula2<br />
Maria Patrícia Milagres1<br />
Sebastião C. C. Brandão3<br />
Rodrigo Gava4<br />
O objetivo deste trabalho foi a avaliação da viabilidade de lançamento de uma bebida<br />
gaseificada à base de soro de leite através de uma pesquisa de mercado realizada em Viçosa.<br />
A Pesquisa foi feita partir de um questionário previamente estabelecido, aplicado a 170<br />
pessoas em quatro supermercados da cidade. Quanto ao interesse dos consumidores pelo<br />
novo produto os resultados revelam que 94 % dos entrevistados comprariam ou pelo menos<br />
experimentariam a bebida gaseificada a base de soro e apenas 6% não comprariam o<br />
Bacharel em Ciências Tecnologia de Laticínios - UFV<br />
2 MS Ciência e Tecnologia de Alimentos - UFV<br />
3 Professor Titular do Departamento de Tecnologia de Alimentos - UFV<br />
4 Professor do Departamento de Administração - ADM<br />
122<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
produto. Os fatores qualitativos que esperados em um novo "tipo" de refrigerante foram<br />
ordenados pelos entrevistados da seguinte fo rma: (I) fatores nutritivos, (2) baixo teor<br />
calórico e (3) baixos preços, considerados, portanto os mais relevantes para ambos os<br />
sexos e todas as idades. Essas características do produto fazem da bebida carbonatada à base<br />
de soro de leite uma oportunidade Ímpar para o mercado.<br />
Palavras-chave: Pesquisa de Mercado, Bebida Carbonatada, soro de leite.<br />
l · INTRODUÇÃ O<br />
De acordo com POLIGNAMO (200 I), a<br />
utilização de técnicas de pesquisa de mercado pode<br />
auxiliar na tarefa de se desenvolver produtos,<br />
como .mecanismo de captação das necessidades<br />
dos clientes, monitoramento de seus hábitos e<br />
atitudes e ainda avaliação de protótipos. O<br />
desenvolvimento de produtos orientado pelo<br />
mercado é imprescindível para que as empresas<br />
possam direcionar os seus novos lançamentos de<br />
acordo com as necessidades e os desej os dos<br />
Sexo: ( ) Masculino 2( ) Feminino<br />
Faixa Etária: I( ) 12 a 17 2( ) 18 a 25 3( ) 26 a 49<br />
Grau de Escolaridade: 1 ( ) Primeiro Grau 2( ) Segundo Grau 3( ) Superior<br />
1- Qual a sua afinidade por refrigerantes:<br />
I( ) Gosta muito 4( ) Desgosta moderadamente<br />
2( ) Gosta moderadamente 5( ) Desgosta muito<br />
3( ) Indiferente<br />
2- Qual a sua afinidade por sucos ou bebidas naturais não alcoólicas:<br />
consumidores. O setor de bebidas é um mercado<br />
em expansão. Segundo BERTO (2003), entre<br />
1990 e 1998, houve elevação de 55% no mercado<br />
brasileiro de bebidas, com tendência de ascensão<br />
maior das bebidas não-alcoólicas, devido à<br />
preferência do consumidor por alimentos<br />
saudáveis e prontos para o consumo. O<br />
lançamento de uma bebida carbonatada à base de<br />
soro de leite pode ser uma alternativa da indústria<br />
de laticínios para esse mercado consumidor.<br />
4( ) 50 ou mais<br />
4( )Outros<br />
1 ( ) Gosta muito 4( ) Desgosta moderadamente<br />
2( ) Gosta moderadamente 5( ) Desgosta muito<br />
3( ) Indiferente<br />
3- Quais sabores você mais gosta:<br />
1 ( ) Limão 3( ) Maçã 5( ) Pêssego 7( ) Frutas Cítricas<br />
2( ) Maracujá 4( ) Laranja 6( ) Morango 8( ) Outros<br />
4- Qual a quantidade que você consome de refrigerantes semanalmente, e em que tipo de embalagens:<br />
I( ) Nenhuma<br />
2( ) Bebo raramente<br />
3( ) Garrafa 300mL I ( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( ) 6 ou +( )<br />
4( ) Latas I ( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( ) 6 ou +( )<br />
5( ) PET 600mL 1 ( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( ) 6 ou +( )<br />
6( ) PET I L 1 ( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( ) 6 ou +( )<br />
7( ) PET 1,5L I ( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( ) 6 ou +( )<br />
8( ) PET 2 L I( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( ) 6 ou +( )<br />
S- Cite em ordem de preferência o que você esperaria de um novo tipo de refrigerante:<br />
I ( ) Que seja saboroso 4( ) Que seja barato<br />
2( ) Que seja nutritivo (Cálcio e proteína) 5( ) Que tenha baixa caloria<br />
3( ) Que seja refrescante<br />
6- Você compraria uma bebida a base de laticínios carbonatada<br />
.<br />
que apresentasse todas as características<br />
da pergunta anterior:<br />
I( ) Sim 2( )Não<br />
Figura 1 Questionário aplicado aos consumidores de refrigerantes e sucos naturais na pesquisa de<br />
mercado para bebida carbonatada de soro de leite.<br />
digitalizado por<br />
Pág. 123<br />
arvoredoleite.org
2 - MATERIAL E M ÉTODOS<br />
A pesquisa de mercado foi realizada através<br />
da aplicação de um questionário que utiliza<br />
perguntas que medem o grau de interesse dos<br />
consumidores em relação aos produtos concorrentes<br />
(refrigerantes e sucos naturais) que já<br />
se encontram no mercado. As perguntas avaliaram<br />
ainda a quantidade consumida semanalmente, o<br />
gosto desses consumidores (sabores preferidos),<br />
as suas embalagens de preferências, os fatores<br />
qualitativos que esses possíveis compradores<br />
julgam de maior importância, e o interesse deles<br />
pelo novo produto avaliado. Buscou-se avaliar a<br />
aceitação e o desejo dos consumidores em adquirir<br />
uma bebida de laticínios carbonatada. Foram<br />
entrevistadas 170 pessoas em quatro supermercados<br />
de Viçosa. Os consumidores foram abordados<br />
no momento em que estavam comprando<br />
refrigerantes ou sucos naturais, de forma a atingir<br />
a população que potencialmente compraria o novo<br />
produto. Para tal, foram escolhidos os supermercados<br />
Bahamas , Amantino, Viçosense e<br />
Mercado Modelo. A Figura 1 mostra o questionário<br />
aplicado na pesquisa de mercado para a bebida<br />
carbonatada de soro de leite.<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Foram avaliados consumidores de ambos<br />
os sexos e classes sociais. Foram entrevistadas<br />
pessoas de todas as faixas etárias, sendo que a<br />
maior parte das pessoas possuía idade entre 18 a<br />
25 anos (44%) e 26 a 49 anos (30%). A faixa<br />
etária de 12 a 17 anos compreendia 15% dos<br />
entrevistados e os I I % restantes eram de idade<br />
superior a 49 anos (Figura 2).<br />
30%<br />
(l] 12 a 17 anos<br />
51 26 a 49 anos<br />
11%<br />
Idade<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
15%<br />
IITD 1 8 a 25 anos<br />
1!3 50 anos ou mais<br />
Figura 2 - Faixa etária dos entrevistados na<br />
pesquisa de mercado para a bebida<br />
carbonatada de soro de leite.<br />
Dos entrevistados, 38% possuíam formação<br />
de nível superior, 35% segundo grau, 19% primeiro<br />
grau e 8% possuíam outros níveis de escolaridade.<br />
Avaliando-se a afinidade dos entrevistados em<br />
relação aos refrigerantes existentes no mercado,<br />
observou-se, pela análise dos resultados, que 45%<br />
Pág. 124<br />
gostam moderadamente de refrigerantes e 37%<br />
gostam muito, o que indica que esse tipo de produto<br />
tem boa aceitação (Figura 3).<br />
37%<br />
Afinidade por Refrigerantes<br />
8% 6% 4%<br />
11 Desgosta Moderadamente O Desgosta Muito<br />
121 Gosta Moderadamente mJ Gosta Muito<br />
51 Indiferente<br />
Figura 3 - Afinidade dos entrevistados por<br />
refrigerantes.<br />
A Figura 4 evidencia que as pessoas estão<br />
mais preocupadas com sua saúde, pois 67% dos<br />
entrevistados responderam que gostam muito e<br />
29% responderam que gostam moderadamente<br />
de sucos e bebidas naturais, sendo que 4% dos<br />
entrevistados mostraram-se indiferentes, ou seja,<br />
compram somente em promoções ou compram<br />
para pessoas da família.<br />
por Sucos e Bebidas<br />
4%<br />
Figura 4 - Afinidade dos entrevistados por sucos<br />
e bebidas naturais.<br />
Com o intuito de identi ficar o gosto dos<br />
potenciais compradores, foi perguntado aos<br />
entrevistados quais eram seus sabores preferidos. A<br />
Figura 5 demonstra que os sabores laranj a e<br />
maracujá apresentaram 47,6 % de preferência,<br />
seguidos dos sabores de pêssego e morango com<br />
28,56 % cada. Outro sabor que também se destacou<br />
foi o sabor limão com 27,37% de preferência.<br />
Pesquisa de Sabores<br />
Sabores<br />
Figura 5 - Sabores preferidos pelos entrevistados.<br />
MoçA<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiC í NIOS<br />
A freqüência com que consumo de<br />
refrigerantes e também sucos e bebidas naturais<br />
não alcoólicos foi abordada e os dados revelam<br />
que 79% dos entrevistados consomem refrigerantes<br />
semanalmente, 14% consomem<br />
raramente, e apenas 7% não os consomem. "Já o<br />
consumo de sucos e bebidas naturais não alcoólicos<br />
foi citado por 100% dos entrevistados". Ressaltase<br />
também que para se ter uma idéia da possível<br />
aceitação da bebida à base de soro de leite, foi<br />
perguntado aos consumidores de refrigerantes se<br />
eles comprariam uma bebida de laticínios<br />
carbonatada que apresentasse boas características<br />
sensoriais e nutricionais, além de baixo preço. Os<br />
dados revelaram que 94% dos entrevistados teriam<br />
interesse em comprar ou pelo menos experimentar<br />
a bebida carbonatada à base de soro, e<br />
apenas 6% não comprariam o produto. Observouse<br />
também que pessoas com maior grau de<br />
escolaridade tiveram maior disponibilidade para<br />
o possível uso da bebida proposta. Pode-se observar<br />
que pessoas de todas as idades e de ambos os sexos<br />
demonstraram um grande interesse em consumir<br />
a bebida. Com relação ao consumo semanal de<br />
refrigerantes e as respectivas embalagens<br />
(conteúdo) em que são compradas, foi demonstrada<br />
enorme diversidade de respostas. A preferências<br />
dos entrevistados em relação aos fatores<br />
qualitativos que esperavam de um novo "tipo" de<br />
refrigerante foi ordenada da seguinte forma: (I)<br />
fatores nutritivos, (2) baixo teor calórico e (3)<br />
baixo preço foram os mais relevantes para ambos<br />
os sexos e todas as idades, na hora da escolha.<br />
Essas, que são características do produto, fazem<br />
da bebida carbonatada uma oportunidade ímpar<br />
para o mercado viçosense e brasileiro.<br />
4 - CONCLUSÕES<br />
Em suma, pôde-se concluir que a bebida<br />
carbonatada de soro de leite constitui uma<br />
alternativa viável de um novo produto, podendo<br />
ter grande aceitação e tornando-se uma<br />
• • • •<br />
digitalizado por<br />
oportunidade ímpar para o mercado. A bebida<br />
proposta representa novas oportunidades e<br />
possibilidades para que a indústria de laticínios<br />
possa competir, com vantagens, no mercado de<br />
refrigerantes.<br />
ABSTRACT<br />
The aim of this work was to evaluate the<br />
viability of a carbonated milk whey based drink<br />
as a new product in the market. The market<br />
research was made with a previously established<br />
questionnaire applied to 170 consumers in four<br />
supermarkets in the city. The consumers'<br />
interest for the new product point that 94% of<br />
the consumers would buy 01' at least would try<br />
the carbonated milk whey based drink and only<br />
6% would not buy this product. The consumers'<br />
preference in relation to the qualitative factors<br />
expected in a new soft drink was ordered in the<br />
fo llowing way: (I) nutritious factors, (2) low<br />
caloric value and (3) low prices and were<br />
considered therefore relevants for both sexes<br />
and ali ages. The characteristics of the product,<br />
make the carbonated milk whey based drink an<br />
unique market opportunity.<br />
Key words: Market Research, Carbonated<br />
Beverage, Milk Whey.<br />
5 - REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
BERTO, D. Mercado de bebidas apresenta grande<br />
potencial de crescimento. Revista Food<br />
Ingredients, n" 23, p. 32-33, mar.labr. 2003.<br />
KOTLER, P. Administração de marketing:<br />
análise, implementação e controle. 4. ed. São<br />
Paulo: Atlas, 1994. 676p.<br />
POLlGNAMO, L. A. C. O. Papel da pesquisa de<br />
mercado durante o desenvolvimento de produtos.<br />
In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GESTÃO DE<br />
DESENVOLVIMEN TO DE PRODUTOS, 3.,<br />
200 I, Florianópolis. Anais.<br />
• • •<br />
125<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
EXPERIÊNCIA DE UMA EMPRESA NA ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE NEGÓCIOSa<br />
ESTUDO DE CASO<br />
A company experience on elaboration of a business plane of case study<br />
RESUMO<br />
Maria Patrícia Milagres1<br />
Jose Augusto Marques1<br />
Geruza Dias2<br />
Cláudio Furtado3<br />
o propósito de se escrever um Plano de Negócios fica bastante claro quando se verifica a quantidade de benefícios<br />
que um Plano de Negócios pode trazer para sua empresa. Através desta ferramenta de gestão, você consegue<br />
planejar e decidir a respeito do futuro de sua empresa, tendo como base o seu passado, sua situação atual em<br />
relação ao mercado, aos clientes e à concorrência. Com o Plano de Negócios é possível identificar os riscos e<br />
propor planos para minimizá-los e até mesmo evitá-los; identificar seus pontos fortes e fracos em relação a<br />
concorrência e o ambiente de negócio em que você atua; conhecer seu mercado e definir estratégias de marketing<br />
para seus produtos e serviços; analisar o desempenho financeiro de seu negócio, avaliar investimentos, retorno<br />
sobre o capital investido; enfim, você terá um poderoso guia que norteará todas as ações de sua empresa. O<br />
presente trabalho teve como objetivo apresentar um estudo de caso da elaboração de um Plano de Negócios,<br />
podendo ser usado como exemplo para outras empresas. O Plano de Negócios teve início com um resumo<br />
executivo envolvendo um enunciado do projeto, o histórico da empresa estudada e seus produtos, serviços e<br />
tecnologias. O segundo passo foi o desenvolvimento do planej amento estratégico onde são apresentados a<br />
missão, foco e objetivo da empresa e sua situação planejada. Outro importante item que foi estudado e descrito<br />
no Plano de Negócios é a descrição legal da empresa. O terceiro passo é a estrutura da empresa, neste foi<br />
abora?o o p lanejamento est . ratégico da empresa, a descrição legal, estrutura organizacional e plano de operação.<br />
O p : oxImo Item abordado fOI o plano de ação contendo análise de mercado que indica o setor que a empresa atua,<br />
a . clIentela que ela atende, seus concorrentes e seus fornecedores o que representa as oportunidades e ameaças,<br />
aInda . dentro do plano de ação foi descrito as estratégias de marketing. Finalizando o plano de ação apresentamos<br />
o projeto onde estavam as ações a serem abordados destacando prioridades para 2005 em forma de cronograma<br />
d screvendo quem, quando, porque, onde e como a ação será realizado. A elaboração do Plano de Negócios<br />
aj udou a empresa a identificar seus principais concorrentes, seus parceiros, clientes, principais oportunidades e<br />
an:.eaças ; Este PI:no de : gócios é uma ferramenta que vem sendo usada pela empresa para melhor gerir suas<br />
açoes e e um cartao de VISIta que vem sendo usado para apresentação de seus negócios.<br />
1 - INTRODUÇÃ O<br />
Segundo o professor José Dornelas<br />
(www.planodenegócios.com.br). em seu artigo<br />
como escrever um Plano de Negócios: O<br />
propósito de se escrever um Plano de Negócios<br />
fica bastante claro quando se verifica a quantidade<br />
de benefícios que um Plano de Negócios pode<br />
trazer para sua empresa. Através desta ferramenta<br />
de gestão, você consegue planejar e decidir a<br />
respeito do futuro de sua empresa, tendo como<br />
base o seu passado, sua situação atual em relação<br />
Graduados em Ciência e Tecnologia de Laticínios<br />
2 Estudante de Ciência e Tecnologia de Laticínios<br />
3 Professor do Departamento de Tecnologia de Alimentos.<br />
Pág. 126<br />
ao mercado, aos clientes e à concorrência. Com<br />
o Plano de Negócios é possível identificar os<br />
riscos e propor planos para minimizá-los e até<br />
mesmo evitá-los; identificar seus pontos fortes<br />
e fracos em relação a concorrência e o ambiente<br />
de negócio em que você atua; conhecer seu<br />
mercado e definir estratégias de marketing para<br />
seus produtos e serviços; analisar o desempenho<br />
financeiro de seu negócio, avaliar investimentos,<br />
retorno sobre o capital investido; enfim, você<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL .DE LATiCíNIOS<br />
terá um poderoso guia que norteará todas as ações<br />
de sua empresa. Como se nota, o Plano de<br />
Negócios não é uma ferramenta estática, pelo<br />
contrário, é uma ferramenta extremamente<br />
dinâmica e deve ser atualizado e utilizado<br />
periodicamente. Segundo Sahlman (Sahlman,<br />
1997), importante professor da Harvard Business<br />
School, poucas áreas têm atraído tanta atenção<br />
dos homens de negócio nos Estados Unidos como<br />
os planos de negócios. Dezenas de livros e artigos<br />
têm sido escritos e publicados naquele país<br />
tratando do assunto e propondo fórmulas<br />
milagrosas de como escrever um plano de<br />
negócios que revolucionará a empresa. Isso<br />
começa a ocorrer também no Brasil, devido<br />
principalmente ao fervor da nova economia (a<br />
Internet) e as possibilidades de se fazer riqueza<br />
da noite para o dia. O cuidado que se deve tomar<br />
é o de se escrever um plano de negócios com<br />
todo conteúdo que se aplica a um plano de<br />
negócios e que não contenha números recheados<br />
de entusiasmo ou fora da realidade. Nesse caso,<br />
pior que não planejar é fazê-lo erroneamente, e<br />
o pior ainda, conscientemente. Outro paradigma<br />
que precisa ser quebrado é o fato de achar-se que<br />
o plano de negócios depois de feito pode ser<br />
esquecido. Este é um erro imperdoável e as<br />
conseqüências serão mostradas pelo mercado que<br />
está em constante mutação. A concorrência muda,<br />
o mercado muda, as pessoas mudam. E o plano<br />
de negócios, sendo uma ferramenta de planejamento<br />
que trata essencial mente de pessoas,<br />
oportunidades, do contexto e mercado, riscos e<br />
retornos (Sahlman, 1997), também muda. O<br />
plano de negócios é uma ferramenta dinâmica e<br />
deve scr atualizado constantemente, pois o ato<br />
de planej ar é dinâmico e corresponde a um<br />
processo cíclico. Uma possível estrutura para a<br />
confecção de um plano de negócios é proposta a<br />
seguir. Seu formato foi obtido a partir da análise<br />
de várias publicações, artigos, livros e planos de<br />
negócios reais utilizados por várias empresas e<br />
da elaboração de dezenas de planos de negócios<br />
para diferentes públicos-alvos (Dornelas, 1999b).<br />
Esta estrutura é composta pela capa , sumário,<br />
sumário executivo, planejamento estratégico,<br />
descrição da empresa, produtos e serviços, análise<br />
de mercado, plano de marketing, plano<br />
financeiro. e anexos.O Plano de Negócios é uma<br />
ferramenta muito útil na gestão das empresas,<br />
entretanto ele não é muito usado, ou incorretamente<br />
usado principalmente pelas micro e<br />
pequenas empresas, incluindo empresas de<br />
laticínios, que muitas vezes são administrados<br />
por pessoas sem conhecimentos sobre o assunto.<br />
O objetivo deste artigo é alertar os empresários<br />
de como um Plano de Negocio corretamente<br />
digitalizado por<br />
estruturado, e bem administrado, pode aj udar no<br />
desenvolvimento das suas empresas. As<br />
exportações de produtos lácteos têm aumentado<br />
muito nos últimos anos, e o Plano de Negócios<br />
pode ser uma ferramenta muito útil no processo<br />
administrativo destas exportações. Ele pode ser<br />
usado como um cartão de visitas para apresentar<br />
a sua empresa, e muitos países ate exigem a<br />
apresentação destes para avaliação da sua<br />
empresa. O presente trabalho teve como objetivo<br />
apresentar um estudo de caso da elaboração de<br />
um Plano de Negócios para a empresa estudada.<br />
podendo ser usado como exemplo para outras<br />
empresas.<br />
2 - MATERIAIS E MÉTODOS<br />
2.1. Descrição da Empresa<br />
Iniciamos a elaboração do Plano de<br />
Negócios com a descrição da empresa. Esta seção<br />
é importante para que o leitor conheça a<br />
empresa, seu histórico, crescimento e<br />
faturamento dos últimos anos, sua razão social,<br />
estrutura organizacional da empresa, localização,<br />
parceria e serviços terceirizados.<br />
2.2. Planejamento Estratégico<br />
O planejamento estratégico é onde foi<br />
definido os rumos da empresa, sua situação atual,<br />
suas metas e objetivos de negócios, bem como a<br />
descrição da missão da empresa, foco e a situação<br />
planejada.<br />
Este planejamento foi fe ito através de<br />
estudos da situação atual da empresa, estudo do<br />
mercado, assim foi definido os objetivos e as<br />
metas a serem alcançadas, e chegou-se a situação<br />
planejada.<br />
2.3. Estrutura Organizacional<br />
Nesta seção foi apresentado os dirigentes<br />
da empresa, a função desempenhada e a formação<br />
acadêmica de cada um dentro desta.<br />
2.4. Planos de Operação<br />
Aqui fo i descri to como são tomadas as<br />
decisões estratégicas e as de cunho administrativos,<br />
quem é responsável pelas tomadas de<br />
decisão da empresa estudada. Também nesta<br />
abordamos sobre as medidas, recursos e instrumentos<br />
adotados para facilitar e melhorar a<br />
operacionalização da empresa e seu desempenho<br />
organizacional. Do ponto de vista comercial<br />
procuramos definir as forças de venda da empresa<br />
127<br />
arvoredoleite.org
e suas estratégias de divulgação. O Controle de<br />
qualidade, terceirização e parcerias foram outros<br />
pontos abordados nesta seção.<br />
2.5. Diagnóstico da Empresa<br />
Uma vez especificados os planos de operação,<br />
começamos a definir o plano de ação adotado pela<br />
empresa no momento, neste foi citado como é<br />
feita a análise de mercado, discutido se esta é<br />
eficiente. O setor em que a empresa está atuando,<br />
e se ela está explorando todo o potencial deste foi<br />
discutido nesta seção. Como a empresa relaciona<br />
com seus clientes, fornecedores, parceiros, como<br />
identifica seus concorrentes, oportunidades e<br />
ameaças. Discuti mos também nesta seção as<br />
estratégias de marketing da empresa, as vantagens<br />
competitivas que ela oferece, sua política de preço,<br />
sua publicidade, os serviços ao clientes na hora da<br />
venda. Comparamos com as estratégias das<br />
concorrentes e procuramos, através de questionários,<br />
medir a satisfação dos clientes e definir<br />
assim se as estratégias de marketing adotados pela<br />
empresa estão sendo eficazes.<br />
2.6. O Projeto<br />
Após levantamento do diagnóstico da<br />
empresa que identificou deficiências e eficiências<br />
nos planos da empresa, nas oportunidades e<br />
ameaça e na estratégia de marketing a ser adotada.<br />
Neste foi definido as ações a serem adotadas para<br />
reduzir as ineficiências, e um cronograma de quem<br />
vai ser responsável pela ação, quando a ação vai<br />
ser realizada, porque esta ação tem que ser<br />
tomada e corno será realizada.<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Após oito meses da elaboração do Plano de<br />
Negócios pode-se veri ficar uma boa redução das<br />
ineficiências da empresa. O Plano de Negócios foi<br />
aj ustado de aC9rdo com as mudanças ocorridas no<br />
mercado, na legislação, nas necessidades dos<br />
clientes e no ambiente de negócios em que atua. A<br />
empresa pode identificar melhor seus clientes, seus<br />
concorrentes, oportunidades e ameaças. Enfim, o<br />
Plano de Negócios se tornou um poderoso guia que<br />
vem mostrando todas as ações da empresa e<br />
aj udando bastante nas tomadas de decisão.<br />
4 - CONCLUSÃ O<br />
Concluímos então que o propósito de se<br />
escrever um Plano de Negócios fica bastante<br />
claro quando se verifica a quantidade de benefícios<br />
que este pode trazer para sua empresa.<br />
Pág. 128<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
5 - SUMMARY<br />
The present project had as an objective to<br />
show a case study on the elaboration of a Business<br />
Plan, which can be used as an example for other<br />
types of companies.This Business Plan was<br />
initiated with an executive summary involving<br />
the title of the project, the analyzed company's<br />
history and its products, services and<br />
technologies developed. The second step was<br />
. the development of a strategic plan where the<br />
mission, focus, objectives and the planned<br />
situation of the company were introduced.<br />
Another important item studied and described<br />
in the B usiness Plan is the legal description of<br />
the company. The third step is to develop a<br />
structure for the company, and it was approached<br />
the strategic plan of the organization, as well as<br />
the legal description, organizational structure<br />
and operational planning. The following item<br />
approached was the action plan with a marketing<br />
analysis which indicates the specific field the<br />
company is going to operate in, its customers,<br />
its concurrent companies and its suppliers, what<br />
represents both opportunities and threat at the<br />
same time, yet marketing strategies were<br />
described in the strategic planning. To end with,<br />
in the action plan we present the project where<br />
there are the actions to be approached stressing<br />
priorities to 2005 in form of a schedule which<br />
describes who, when, why, where and how the<br />
action is going to be implemented.The<br />
elaboration of a Business Plan helped the<br />
company identify its major concurre nt,<br />
partners, customers, as well as the main<br />
opportunities and threats. This Business Plan is<br />
a tool which has been used by the company to<br />
manage in a better way its actions and it is also<br />
a type of business card that has been used to<br />
introduce its businesses or services.<br />
REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS<br />
DORNELAS, J.C.A. Capacitação dos Gerentes<br />
de Incubadoras na Elaboração e Utilização do<br />
Plano de Negócios como uma Estratégia para se<br />
Disseminar seu Conceito junto às Empresas<br />
Incubadas. /submetido ao IX Seminário Nacional<br />
de Parques Tecnológicos e Incubadoras de<br />
Empresas, Porto Alegre-RS, set. 1999a/.<br />
DORNELAS, J.C.A. Plano de Negócios:<br />
Estrutura e Elaboração. Apostila. São Carlos SP.<br />
mai. 1999b.<br />
JIAN. Handbook of Business Planning: BizPlan<br />
Buider Interactive. JIAN Tools. Mountain View<br />
CA, 1997.<br />
KAPLAN, R.S.; NORTON, D.P. Using the<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Balanced Scorecard as a Strategic Management<br />
System. Harvard Business Review, Boston, MA,<br />
USA, 1996a.<br />
KAPLAN, R.S.; NORTON, D.P. The Bal anced<br />
Scorecard: Translating Strategy into Action ..<br />
Harvard Business School Press, Boston, MA,<br />
USA, 1996b.<br />
PINSON, L. Anatomy of a Business Plano 3. ed.<br />
Chicago: Upstart Publishing Company, 1996. 255p.<br />
RENTES, A.F.; VAN AKEN, E.M.; BUTLER, R.;<br />
An Organizational Assessment Method for<br />
Transformation Efforts. Proceedings of the<br />
Portland International Conference on Management<br />
• • •<br />
of Engineering and Technology, Portland, OR, USA,<br />
July, 1999.<br />
SAHLMAN, W.A. How to Write a Great Business<br />
Plano Harvard Business Review, jul -aug, 1997.<br />
SBA. United States Small Business Administration,<br />
http://www.sba.gov, novo 1998.<br />
SEBRAE. Indicadores da Mortalidade das MPEs<br />
Paulistas. Região Metropolitana de São Paulo.<br />
Pesquisas Econômicas, São Paulo-SP, dez. 1998a.<br />
(Relatório Preliminar).<br />
SEBRAE. Avaliação das Incubadoras. Divisão de<br />
Marketing/Pesquisas Mercadológicas, São Paulo<br />
SP, dez. 1998b.<br />
• • • •<br />
AVALIAÇÃO DA ACEITAÇÃO DE UMA BEBIDA CARBONATADA À BASE DE SORO DE<br />
LEITE DURANTE O ARMAZENAMENTO À TEMPERATURA AMBIENTE<br />
Acceptation evaluation of a carbonated milk whey based during the storage at room<br />
temperature<br />
RESUMO<br />
Júnio César Jacinto de Paula'<br />
Giuliano Amaral Viana'<br />
Cláudia A. de Oliveira e Silva2<br />
Sebastião César Cardoso Brandão3<br />
O objetivo deste trabalho foi avaliar a aceitação de uma bebida carbonatada à base de soro<br />
de leite durante o período de validade de 90 dias armazenada à temperatura ambiente. A<br />
bebida foi produzida em três repetições as quais foram submetidas a testes de aceitação, aos<br />
2, 25, 55, e 90 dias de armazenamento. Foi utilizada a Escala Hedônica de nove pontos,<br />
com um número mínimo de 51 provadores não treinados para cada avaliação nos diferentes<br />
tempos de estocagem. Nas primeiras avaliações, com dois dias de estocagem, as amostras<br />
das três repetições obtiveram a maior média, 7,38 pontos com desvio padrão de 0, 19. Aos<br />
25 dias de estocagem a média foi de 7,04 e desvio padrão de 0,06. Na avaliação aos 55 dias<br />
ficaram com média de 7,14 e desvio padrão de O, I 3, fi nalizando os 90 dias com média de<br />
7,08 e desvio padrão de 0,13. Não houve diferença significativa entre as médias de aceitação<br />
nos diferentes tempos de estocagem da bebida carbonatada de soro de leite. As amostras<br />
obtiveram media geral entre 7 e 8 pontos durante todo o período analisado, ficando entre<br />
os termos hedônicos gostei moderadamente e gostei muito. Com os resultados apresentados<br />
1 MS Ciência e Tecnologia de Alimentos - UFV<br />
2 Estudante de Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos<br />
3 Professor do Departamento de Tecnologia de Alimentos.<br />
digitalizado por<br />
Pág. 129<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
é possível assegurar a alta receptividade dos provadores em relação à bebida durante os<br />
noventa dias de armazenamento .<br />
Palavras-chave: Soro de leite, Bebida Carbonatada, aceitação.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
A análise sensorial constitui uma<br />
ferramenta de grande importância no processo<br />
de desenvolvimento de novos produtos. Os testes<br />
afetivos com o uso da escala hedônica de nove<br />
pontos determinam a aceitabilidade de um<br />
alimento por meio de categorias sucessivas de<br />
respostas, sendo possível determinar a<br />
preferência do produto seguindo uma ordem<br />
previamente estabelecida que varia com base nos<br />
atributos gosta e desgosta (CHAVES e<br />
SPROESSER, 1996). TORRES et aI. (1989)<br />
empregaram a escala hedônica de nove pontos<br />
para avaliar a aceitação de bebidas à base de soro<br />
de mussarela, pasteurizado, mantido à<br />
temperatura de refri geração por 21 dias de<br />
estocagem. As bebidas obtiveram os seguintes<br />
pontos: sabor morango: 7, 18 pontos, limão: 6,96<br />
pontos, abacaxi: 6,8 pontos e pêra 6,63 pontos.<br />
Uma bebida fabricada com 25 a 40% de soro de<br />
leite e suco de "grapefruit" combinado com 7 a<br />
20% de suco de pêra recebeu nota média de 5,9<br />
em uma escala hedônica de I a 7. Uma outra<br />
série de bebidas, usando suco de uva, soro de<br />
leite e 3% de suco de maracujá teve também uma<br />
boa aceitação (NELSON e BROWN, 1969). Uma<br />
bebida aromatizada com sabor laranja, contendo<br />
33% de soro de leite obtido da fabricação de<br />
queijo cottage, obteve nota média 6,3 de 50<br />
provadores, e uma bebida sem soro de leite obteve<br />
nota média de 4,7. Outras bebidas contendo 80 a<br />
90% de soro de leite e aromatizadas com 10% de<br />
polpa de morango natural ou 20% de polpa de<br />
pêra receberam bons escores em painéis<br />
(NELSON e BROWN, 1969). TEIXEIRA<br />
(2002) utilizou soro de ricota nas proporções de<br />
50, 60 e 70% para elaboração de bebidas lácteas<br />
fermentadas. A formulação contendo 50% de<br />
soro foi a que apresentou melhor aceitação, com<br />
média de 7,27 pontos na escala hedônica de nove<br />
pontos. A fo rmulação com 60% de soro obteve<br />
6,22 pontos e a formulação com 70% de soro<br />
obteve 6,63 pontos. SILVA (2000) elaborou uma<br />
bebida láctea fermentada à base de soro de leite<br />
fortificada com ferro aminoácido quelato. A<br />
bebida teve boa aceitação por pré-escolares, com<br />
media de 7, 1, ou seja, 78% do valor máximo da<br />
escala hedônica facial de três pontos.<br />
Pág. 130<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
O processamento foi realizado em três<br />
repetições (R I, R2 e R3), sendo as garrafas<br />
armazenadas à temperatura ambiente para<br />
avaliação de sua vida de prateleira. As análises<br />
sensoriais (testes de aceitação) foram realizadas<br />
aos 2, 25, 55 e 90 dias de estocagem. As<br />
avaliações foram realizadas no Laboratório de<br />
Análise Sensorial do Departamento de<br />
Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal<br />
de Viçosa. A aceitação foi avaliada por um número<br />
mínimo de 50 provadores não-treinados,<br />
utilizando a escala hedônica de nove pontos<br />
(Figura I). Os testes fo ram conduzidos em<br />
cabines individuais, sob luz branca e as amostras<br />
foram apresentadas refrigeradas (5"C), em copos<br />
descartáveis de 50 mL.<br />
2.1 Delineamento experimental e análise<br />
estatística<br />
O experimento foi conduzido no delineamento<br />
experimental em blocos casualizados<br />
com três repetições. Os blocos fo ram os três<br />
tempos e as três épocas em que a bebida foi<br />
produzida. Os tratamentos foram constituídos de:<br />
R I, R2 e R3. Para aval iar se o tempo de estocagem<br />
alterou significativamente a aceitação da bebida,<br />
os dados foram submetidos à análise de variância,<br />
utilizando-se o pacote estatístico SAS (SAS<br />
Institute Inc. North California. USA. 1999) versão<br />
8,0 licenciado para a Universidade Federal de<br />
Viçosa. Adotou-se o nível de significância á = 5%.<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
A avaliação da aceitação pelo consumidor<br />
é um ponto primordial no desenvolvi mento de<br />
um novo produto, os métodos afetivos medem<br />
atitudes subjetivas de aceitação ou preferência<br />
de um produto de forma individual ou em<br />
relação a outros. A análise sensorial representa<br />
grande importância para se medir a<br />
aceitabilidade de um alimento por meio de uma<br />
escala hedônica com categorias sucessivas de<br />
respostas, sendo possível determinar a<br />
preferê ncia do produto (CHAVES e<br />
SPROESSER, 1996). Os resultados das análises<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
ESCALA HEDÔNICA<br />
Nome: Data: _____ ______ / ____ _<br />
Por favor, avalie a amostra utilizando a escala abaixo para descrever o quanto você gostou ou<br />
desgostou do produto. Marque a posição da escala que melhor reflita seu julgamento.<br />
Código da amostra: ________________________ _<br />
( ) Gostei extremamente<br />
( ) Gostei muito<br />
( ) Gostei moderadamente<br />
( ) Gostei ligeiramente<br />
( ) Indiferente<br />
( ) Desgostei ligeiramente<br />
( ) Desgostei moderadamente<br />
( ) Desgostei muito<br />
( ) Desgostei extremamente<br />
Comentários<br />
Figura 1 Escala hedônica de nove pontos, usada para avaliar amostras da bebida carbonatada de<br />
soro de leite.<br />
sensoriais estão apresen tados na Figura 2.<br />
9.00<br />
'"<br />
a.50<br />
<br />
::;;<br />
a,oo<br />
o<br />
,'" 7,50<br />
§<br />
<br />
f !<br />
7,00<br />
6,50<br />
6.00<br />
25 55 90<br />
Tempo (dias)<br />
Figura 2 - Evolução das médias e desvio-padão<br />
obtidos na avaliação sensorial da<br />
bebida carbonatada durante o tempo<br />
de estocagem à temperatura<br />
ambiente.<br />
Nas primeiras avaliações, com dois dias de<br />
estocagem, as amostras das três repetições<br />
obti veram a maior média, 7,37 pontos com<br />
desvio-padrão de 0, 19. Aos 25 dias de estocagem,<br />
a média foi de 7,04 e desvio-padrão de 0,06. Na<br />
avaliação, aos 55 dias, fi caram com média de<br />
7, 14 e desvio-padrão de 0, 13, finalizando os 90<br />
dias com média de 7,08 e desvio-padrão de 0, 13.<br />
Pelos resultados fo rnecidos na análise de<br />
variância mostrada no Quadro I, não houve<br />
diferença significativa, a 5% de significância,<br />
entre a aceitação nos diferentes tempos de<br />
estocagem da bebida carbonatada à base de soro<br />
de leite, isto é, o tempo de armazenamento não<br />
alterou a aceitação da bebida. É possível assegurar<br />
ainda a receptividade dos provadores em relação<br />
à bebida carbonatada de soro de leite durante os<br />
90 dias de armazenamento, à temperatura<br />
ambiente. As amostras obtiveram média entre 7<br />
e 8 pontos durante todo o período analisado,<br />
ficando entre os termos hedônicos gostei<br />
moderadamente e gostei muito.<br />
4 - CONCLUSÃ O<br />
O produto desenvolvido obteve boa<br />
aceitação durante todo o período analisado,<br />
Quadro 1 Análise de variância das notas obtidas na avaliação sensorial ao longo do período de<br />
estocagem da bebida à temperatura ambiente<br />
Fonte de Variação Graus de Liberdade Quadrado Médio F calculado Pr > F<br />
Tratamento<br />
Residuo<br />
Total<br />
3<br />
669<br />
672<br />
digitalizado por<br />
3,767989<br />
1,8 446 12<br />
2,04 O, 1066<br />
Pág. 131<br />
arvoredoleite.org
. 'iJ<br />
I<br />
II<br />
I<br />
apresentando média entre 7 e 8 pontos, situandose<br />
entre os termos hedônicos gostei moderadamente<br />
e gostei muito. Não houve diferença<br />
significativa, a 5% de significância, entre a<br />
aceitação nos diferentes tempos de estocagem da<br />
bebida carbonatada à base de soro de leite, podendo<br />
esta ter uma vida de prateleira de até 90 dias à<br />
temperatura ambiente. Com os resultados<br />
apresentados é possível assegurar a alta<br />
receptividade dos provadores em relação à bebida<br />
durante os noventa dias de armazenamento,<br />
representando uma alternativa viável de um novo<br />
produto que pode ser facilmente produzido e<br />
comercializado pelas indústrias de laticínios.<br />
ABSTRACT<br />
The aim of this work was to evaluate the<br />
acceptance of a carbonated milk whey based<br />
drink during 90 days of shelf stored at room<br />
temperature. The drink was produced in three<br />
repetitions which were stored at room<br />
temperature. The Acceptance tests in each<br />
repetition were done at 2, 25, 55, and 90 days<br />
of storage. The Nine Points Hedonic Scale was<br />
used with a non trained panel of 51 tasters for<br />
each eval uation in different storage times. In<br />
the first evaluations, two days of storage, the<br />
three repetitions samples obtained the largest<br />
average, 7,38 points with 0, 19 of standard<br />
deviation. To 25 days of storage the average<br />
was of 7,04 and 0,06 of standard deviation. In<br />
the 55 days the average was 7, 14 and 0, 13 of<br />
standard deviation, fi nishing the 90 days with<br />
average of 7,08 and 0, 13 of standard deviation.<br />
There was not significant difference among lhe<br />
acceptance averages in different storage times<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
•<br />
of the carbonated milk whey based drink. The<br />
samples obtained general average between 7 and<br />
8 points during the whole analyzed period, being<br />
among the hedonic terms "Iiked it moderately"<br />
and "Iiked it a Iof'. With the presented results<br />
is possible to assure the high receptivity of the<br />
drink during the ninety days of storage.<br />
Key words: Milk Whey, Carbonated<br />
Beverage, Acceptance.<br />
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
CHAVES, 1. B. P., SPROESSER, R. L. Práticas<br />
de Laboratório de análise sensorial de<br />
alimentos e bebidas. Viçosa: Universidade<br />
Federal de Viçosa, Imprensa Universitária,<br />
1996. 8Ip.<br />
NELSON, F. E., BROWN, W. Corrosion whey<br />
utilization in fruit juice drinks. Journal of<br />
Dairy Science, v.52, n.6, p.90J, 1969.<br />
SILVA , M. R. Efeito de uma bebida láctea<br />
fermentada e fortificada com ferro no estado<br />
nutricional de ferro em pré-escolares.<br />
Viçosa. MG, 2000. Dissertação de Mestrado,<br />
Ciência e Tecnologia de Alimentos, Universidade<br />
Federal de Viçosa.<br />
TEIXEIRA, S. M. B. Elaboração de bebida<br />
láctea fermentada utilizando soro de ricota.<br />
Lavras. MG, 2002, 63p. Dissertação de Mestrado,<br />
Ciência e tecnologia de alimentos. Universidade<br />
Federal de Lavras.<br />
TORRES, c.c. Bebidas a base de soro de<br />
queijo: caracterização físico-química,<br />
microbiológica e sensorial. Viçosa. MG, 1988,<br />
117. Dissertação de Mestrado, Ciência e Tecnologia<br />
de Alimentos, Universidade Federal de Viçosa.<br />
• •<br />
AVALIAÇÃO DO MÉTODO FLUORIMÉTRICO NA DETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE DE<br />
FOSFATASE ALCALINA RESIDUAL EM LEITE<br />
Assessment of fluorimetric method for the determination of residual alkaline<br />
phosphatase activity in milk<br />
Paula Rosa Schetino de Castra1<br />
Sebastião César Cardoso Brandão2<br />
Mestranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos - Universidade Federal de Viçosa.<br />
2 Professor Titular do Departamento de Tecnologia de Alimentos Universidade Federal de Viçosa<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
RESUMO<br />
Neste estudo o método fluorimétrico foi avaliado quanto a sua sensibilidade na determinação<br />
da atividade de fosfatase alcalina (ALP) em leite. Amostras de leite integral foram tratadas<br />
termicamente a 95°C/ I minuto e, depois de resfriadas, adicionadas de leite cru nas<br />
concentrações de 0%; 0,01 %; 0,025%; 0,05%; O, I %; 0,2%; 0,8%; I % e 2 %. As amostras<br />
foram analisadas em fluorímetro modelo FLM 200 (Advanced Instruments, Inc). Adotando<br />
o limite de 350 mU/L, estabelecido atualmente pelo FDA para leite e produtos lácteos,<br />
verificou-se que esse valor limite corresponde a adição de 0,025% a 0,05% de leite cru ao<br />
leite tratado termicamente, dependendo do período do ano. O método Fluorophos apresenta<br />
elevada sensibilidade e reprodutibilidade, sendo capaz de detectar atividade residual de<br />
fosfatase alcalina tão baixa quanto 10 mU/L.<br />
Palavras-chave: Fosfatase alcalina, Método Fluorimétrico, Leite<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
Diversos métodos para detecção da atividade<br />
residual da fosfatase alcalina em produtos lácteos<br />
já foram desenvolvidos e sofreram modificações<br />
ao longo do tempo visando uma maior<br />
sensibilidade e rapidez (Angelino et ai, 1999). Os<br />
métodos antigos são complexos, necessitam de<br />
maiores períodos de incubação e possuem um nível<br />
de precisão que impossibilita a detecção de<br />
pequenas quantidades de leite cru no leite<br />
pasteurizado. Dentre os métodos rápidos e<br />
sensíveis encontra-se o Flu orimétrico, que é<br />
adotado pela AOAC (AOAC, 2000), ISO (ISO,<br />
1996), Standard Methods (Marshall, 1992) e é<br />
atualmente o único método oficial aprovado pelo<br />
FDA (Food and Drug Administration) para a<br />
quantificação de fo sfatase alcalina (ALP) em<br />
produtos lácteos (PMO, 2003). O método<br />
f1 uorimétrico para quantificação da ALP utiliza<br />
como substrato um monoéster ortofosfórico<br />
aromático, denominado Flu orophos, que sob<br />
hidrólise, catalisada pela ALP, perde um radical<br />
fosfato e torna-se um composto altamente<br />
fl uorescente, denominado Fluoroyellow (Rocco,<br />
1989). A taxa de formação do Fluoroyellow é<br />
monitorada em um fl uorímetro dedicado para<br />
determinação da variação da fluorescência durante<br />
3 minutos. A atividade enzimática é calculada em<br />
miliunidades por litro (mU/L). Este método<br />
apresenta como principais vantagens a rapidez<br />
de execução, confiabilidade dos resultados,<br />
especificidade da atividade da ALP, possibilidade<br />
de quantificação automática e registros impressos.<br />
é aplicável a uma grande variedde de produtos<br />
lácteos, além de possuir baixo<br />
limite de detecção, que pode chegar até<br />
0,006% de leite cru (Cornell, 1998). O principal<br />
objetivo desse estudo foi avaliar a sensibilidade<br />
digitalizado por<br />
do método fl uorimétrico na determinação da<br />
atividade de ALP em leite.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
2.1.Amostras<br />
Amostras de leite cru integral e de leite<br />
padronizado pasteurizado pelo processo HTST<br />
(75°C por 15 segundos) foram coletadas no<br />
Laticínio Escola da Funarbe. A atividade da<br />
fosfatase alcalina no leite cru foi determinada em<br />
24 amostras, destas 17 foram durante a primavera<br />
e 7 no verão. Leite cru nas concentrações de 0%,<br />
0,01 %, 0,025% e 0,05% foram adicionadas a leite<br />
tratado a 95°C por I minuto (atividade ALP zero)<br />
para correlacionar o limite de 350 mU/L,<br />
estabelecido pelo FDA para o método , com a<br />
adição de leite cru ao leite tratado termicamente<br />
(PMO, 2(03). Para a determinação da linearidade<br />
de resposta do método foram utilizadas<br />
concentrações de 0%, 0,05%, O, 1%, 0,2%, 0,8%,<br />
I %, e 2% de leite cru.<br />
2.2. Determinação Fluorimétrica da Fosfatase<br />
Alcalina em Leite<br />
A determinação quantitativa da fosfatase<br />
alcalina nas amostras de leite pasteurizado pelo<br />
método fl uorimétrico foi realizada segundo<br />
metodologia da ISO 11816-1 (ISO, 1996), que é<br />
a mesma do Standard Methods (Marshall, 1992).<br />
A amostra de leite analisada fo i misturada e<br />
retirada uma alíquota de 75 lL para teste. Dois<br />
mililitros da solução do substrato Fl uorophos<br />
(substrate buffer pH 10 e Fluorophos substrate)<br />
foram adicionados em cubetas próprias que foram<br />
e estabilizadas à 38°C por 10 minutos no bloco<br />
arvoredoleite.org<br />
Pág. 133
de aquecimento a seco (heating block). A seguir<br />
uma alíquota de 75 lL da amostra foi retirada,<br />
utilizando pipetador próprio, adicionadas ao<br />
substrato nas cubeta e misturada por inversão,<br />
limpando-se as laterais com lenço descartável.<br />
A cubeta foi introduzida no porta-cubeta do<br />
fI uorímetro (Advanced Instruments, Inc),<br />
previamente calibrado com soluções padrão.<br />
Após o primeiro minuto necessário para que haja<br />
o equilíbrio da temperatura, a taxa de aumento<br />
da fluorescência (F/min) foi medida automaticamente<br />
por 2 minutos pelo aparelho. A atividade<br />
calculada da fosfatase em miliunidades por litro<br />
era exibida no visor do equipamento e impressa<br />
automaticamente. Uma unidade da enzima<br />
Fosfatase Alcalina corresponde à sua quantidade<br />
que catalisa a transformação de I mmol de<br />
substrato Fluoroyellow por minuto por litro de<br />
amostra. Os resultados são expressos em<br />
miliunidades devido aos baixos níveis da enzima<br />
encontrada nos produtos fi nais (Marshal, 1992).<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
A Figura I apresenta os resultados da<br />
atividade da ALP nas 24 amostras de leite cru,<br />
que variaram de 5 16.800 mU/L na primavera<br />
até 1.5 I 9.800 mU/L no verão. Observou-se o<br />
aumento natural da atividade da ALP no verão<br />
em re lação à primavera. Haab & Smith (1956),<br />
utilizando o método de Sanders e Sager modifi<br />
cado, também encontraram variação na<br />
atividade de fosfatase alcalina durante as várias<br />
estações do ano, durante o período completo<br />
de lactação (com uma concentração máxima<br />
cerca de 28 semanas após o parto), entre vacas<br />
400000<br />
200000<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
.<br />
..<br />
. . . .<br />
. .<br />
e de acordo com a produção de leite (inversamente<br />
proporcional). O FDA estabelece que<br />
o leite já pasteurizado deve apresentar uma<br />
atividade de fosfatase alcalina inferior a 350<br />
mU/L (PMO, 2003). Na Figura 2 encontramse<br />
os resultados da atividade de ALP em sete<br />
repetições realizadas em amostras contendo<br />
0,01 %, 0,025% e 0,05% de leite cru, durante o<br />
verão. Nos meses de janeiro e fe vereiro a<br />
concentração de 0,025% foi a que apresentou<br />
uma atividade de ALP próxima ao limite de<br />
350 mU/L, que correspondia a atividade de<br />
1.400.000 mU/L no leite cru. Nos meses de<br />
outubro a novembro foi necessária a concentração<br />
de 0,05% para atingir 350 mU/L,<br />
devido a redução natural da ALP no leite cru<br />
para 700.000 mU/L. Uma excelente correlação<br />
entre a atividade da ALP e o leite cru adicionado<br />
foi encontrada (Y = 13999X + 16 e R" = 0,9998)<br />
sendo o método adequado para atender o limite<br />
legal. A avaliação da sensitividade e linearidade<br />
de resposta de todas as amostras analisadas<br />
encontra-se na Figura 3. Excelentes correlações<br />
(acima de 0,99) foram encontradas para cada<br />
uma das repetições realizadas. Entretanto,<br />
quando se analisa as várias repetições pode-se<br />
observar, de acordo com o Desvio Padrão, que<br />
ocorreram variações nas atividades entre as repetições<br />
devido a variação natural da concentração<br />
da ALP no leite cru. Dessa forma, o<br />
estabelecimento da atividade de 350 mU/L é<br />
melhor do que o uso da concentração fi xa de<br />
leite cru como limite para determinar se o leite<br />
fo i corretamente pasteuri zado. Apesar de o<br />
limite estabelecido pelo FDA ser de 350 mU/L,<br />
sabe-se que, leite corretamente pasteurizado<br />
o 1 2 3 4 5 6 7 B 9 10 1 1 12 13 14 15 16 17 1 B 19 20 21 22 23 24<br />
Repetições<br />
Figura 1 Variação da atividade de fosfatase alcalina em leite cru na primavera e no verão.<br />
134<br />
..<br />
..<br />
800<br />
700<br />
600<br />
c..<br />
..J 500<br />
..:<br />
..J<br />
"<br />
::> 400<br />
"<br />
E<br />
<br />
..:<br />
300<br />
200<br />
100<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
y=13999x + 1 6<br />
R' = 0,9998<br />
0,01 0,02 0,03 0,04 o ,o 5<br />
% leite cru adicionada<br />
Figura 2 - Regressão linear de 7 repetições da atividade de ALP em torno de 350 mU/L pelo método<br />
f1uorimétrico em função da % de leite cru adicionada, analisadas durante o verão.<br />
18000<br />
16000<br />
14000<br />
c..<br />
..J 12000<br />
..:<br />
..<br />
..J<br />
" 10000<br />
::><br />
"<br />
.ê. 8000<br />
«<br />
6000<br />
4000<br />
2000<br />
y = !266X + 109<br />
R = 0,9995<br />
0,2 0,4 0,6 0,8<br />
1,2 1,4 1,6 1.8<br />
% leito cru adicionada<br />
Figura 3 - Regressão linear de 17 repetições da atividade de ALP em amostras com diferentes<br />
concentrações de leite cru pelo método f1uorimétrico, analisadas durante a primavera.<br />
(75°C/ 15 segundos) apresenta valores de ALP<br />
entre 10 a 25 mU/L, segundo os padrões americanos.<br />
Estes valores podem ser bem maiores<br />
chegando a 185 mU/L quando a temperatura<br />
de pasteuri zação empregada for de 72°C<br />
(Painter, 1995).<br />
4 - CONCLUSÃ O<br />
Foi observado que o método f1uorimétrico<br />
para determinar se o leite foi corretamente<br />
pasteurizado, utilizando-se o limite de 350<br />
mU/L, correspondeu a adição de 0,025% a<br />
0,05% de leite cru ao leite tratado termicamente,<br />
no verão e na primavera respec-<br />
digitalizado por<br />
tivamente. A introdução do método Fl uorophos<br />
para quantificar a atividade residual de ALP<br />
após a pasteurização do leite resulta em maior<br />
sensitividade, precisão, facilidade de execução,<br />
rapidez (resultados são obtidos em apenas 3<br />
minutos) e melhorias nos programas de<br />
segurança alimentar em indústrias de laticínios.<br />
Além disso, ele pode ser aplicado a urna<br />
grande variedade de produtos lácteos.Os métodos<br />
colori métricos atuais não são mais adequados<br />
para garantir níveis de segurança alimentar,<br />
considerando os limites máximos internacionais<br />
oficializados para atividade de fosfatase alcalina.<br />
Recomendamos, portanto, a oficialização do<br />
método fIuorimétrico no Brasil.<br />
Pág. 135<br />
arvoredoleite.org
5 - ABSTRACT<br />
In this study the fluorimetric method was<br />
evaluated regarding its sensitivity in the<br />
determination of alkaline phosphatase activity<br />
in milk. Whole milk samples were heated at 95°C<br />
for I minute and after cooled, added of raw milk<br />
in the concentrations of 0%; 0,01 %; 0,025%;<br />
0,05%; O, I %; 0,2%; 0,8%; 1 % and 2 %. The<br />
samples were analyzed in fluorometer mo dei FLM<br />
200(Advanced Instruments, Inc). Adopting the<br />
limit of 350 mU/L, established nowadays by FOA<br />
for milk and milk products, it was verified that<br />
this limit value corresponds to the addition of<br />
0,025% to 0,05% of raw milk to the thermally<br />
treaty milk, depending on the period of the year.<br />
The F1uorophos method has elevated sensitivity<br />
and reproducibility, being able to detect residual<br />
alkaline phosphatase activity so low as 10 mU/L.<br />
Keywords: Alkaline<br />
Fluorimetric Method, Milk.<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Phosphatase,<br />
6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
ROCCO, R. M. Fluorimetric analysis of alkaline<br />
phosphatase in cheese. Journal Oairy Science.<br />
72 Suppl.l, 171. 1989.<br />
MARSHALL, R. T., Standard methods for the<br />
examination of dairy products. American Public<br />
Health Association. NW Washington, OC. 1992.<br />
ISO. Milk and milk products - determination of<br />
alkaline phosphatase activity - fluorimetric<br />
method. Part 2: Method for cheese. ISO/TC 341<br />
SC 5. Nederlands Normalisatie-instituut (NNI),<br />
Netherlands. 1996.<br />
AOAC. Alkaline phosphatase activity in fluid<br />
dairy products, fluorimetric method - AOAC<br />
official method 991 .24. Oficial Methods of<br />
Analysis of AOAC International. William<br />
Howritz (ed.), Chapter 33, pp 37-38.<br />
Gaithersburg, Maryland, USA, 2000.<br />
CORNELL UNIVERSITY - COLLEGE OF<br />
AGRICULTURE ANO LIFE SCIENCES.<br />
Alkaline phosphatase testing for milk<br />
pasteurization. Oairy Science Facts. Oepartment<br />
of Food Science, Stocking Hall, Itaca, NY, 1998.<br />
PAINTER, C. J. Residual alkaline phosphatase<br />
activity in milks subjected to various timel<br />
temperature treatments. 119 f. Thesis (Master<br />
of Science) University of Wisconsin, Madison.<br />
1995.<br />
ANGELINO, P. O.; CHRISTEN, L. C.;<br />
PENFIELO, M. P. ; BEATTIE, S. Residual<br />
alkaline phosphatase activity in pasteurized milk<br />
heated at various temperatures-measurement<br />
with the Fluorophos and Scharer rapid<br />
phosphatase tests. Journal of Food Protection,<br />
v. 62, n. 1, p. 81-85, 1999.<br />
Pasteurized Milk Ordinance- PMO, 200 1<br />
Revision, May 2002.US Food and Orug<br />
Administration.<br />
AVALIAÇÃO DO MÉTODO DE SCHARER MODIFICADO VISUAL E<br />
ESPECTROFOTOMÉTRICO E DO MÉTODO OFICIAL BRASILEIRO NA DETERMINAÇÃO<br />
DA ATIVIDADE DE FOSFATASE ALCALINA RESIDUAL EM LEITE<br />
Assessment of the modified Scharer Methods (visual end spectrophotometric) and the<br />
brazilian official method for residual alkaline phosphatase activity determination in milk<br />
Paula Rosa Schetino de Castro1<br />
Juliana C.Sampaio Rigueira2<br />
Sebastião César Cardoso Brandão3<br />
Mestrandas em Ciência e Tecnologia de Alimentos - Universidade Federal de Viçosa.<br />
2 Professor Titular do Departamento de Tecnologia de Alimentos - Universidade Federal de Viçosa.<br />
Pág. 136<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
RESUMO<br />
No Brasil, o método oficial do Ministério da Agricultura para determinação da atividade<br />
residual da Fosfatase Alcalina (ALP) em leite é uma adaptação do método Scharer Modificado<br />
Visual, sendo o resultado qualitativo e descrito sob a forma de negativo (cinza) ou positivo<br />
(azul). O método Oficial Brasileiro, o método Modificado de Scharer Visual e o<br />
Espectrofotométrico foram comparados quanto a sua sensitividade para determinar os<br />
níveis residuais de fosfatase alcal ina em leite. Amostras de leite integral foram aquecidas<br />
a 95°CI I minuto e, depois de resfriadas, adicionadas de leite cru nas concentrações de 0%;<br />
0,05%; O, I %; 0,2%; 0,8%; I % e 2 %. O método Scharer espectrofotométrico detectou a<br />
presença de O, I % de contaminação de leite cru nas amostras de leite tratadas termicamente,<br />
com base no limite estabelecido internacionalmente para o método Scharer Modificado<br />
que é de IIg fenol/mL, tanto visual como o espectrofotométrico. A determinação visual da<br />
atividade da ALP pelo método Scharer Modificado detectou a presença de 0,8% de leite<br />
cru nas amostras de leite. O método Oficial Brasileiro somente detectou como positivas<br />
amostras contendo de I % a 2% de leite cru adicionado ao leite tratado termicamente.<br />
Ambos os métodos Oficial Brasileiro e o Scharer Modificado Visual apresentam limite<br />
mínimo de detecção muito elevados, tornando-os insatisfatórios para analisar fosfatase<br />
alcalina residual em leite pasteurizado.<br />
Palavras-chave: Fosfatase Alcalina, Método de Scharer, Método Oficial Brasileiro.<br />
1 - INTRODUÇÃ O<br />
A fosfatase alcalina é uma enzima natural do<br />
leite cru e a sua presença é indicativa da eficiência<br />
da pasteurização, pois a resistência térmica da<br />
fo sfatase é ligeiramente maior do que a de<br />
microorganismos patogênicos não formadores de<br />
esporos e inferior ao tratamento térmico da<br />
pasteurização. Logo, o leite e seus produtos que<br />
apresentcm um teste negativo para fosfatase alcalina<br />
são considerados pasteurizados e próprios para o<br />
consumo. Análises laboratoriais para determinar a<br />
atividade residual de ALP são baseadas na exposição<br />
de substratos específicos à enzima com subseqüente<br />
detecção do produto da reação (Roberto et aI.,<br />
2001). O método modificado de Scharer é um teste<br />
clássico para a determinação da atividade da fosfatase<br />
alcalina em produtos lácteos e detecta níveis de<br />
0, I % de leite cru adicionado ao leite pasteurizado.<br />
O método de Scharer utiliza o fenilfosfato dissódico<br />
como substrato que, sob ação enzimática da fosfatase<br />
alcalina, libera fenol. O fenol reage com o 2,6<br />
dicloroquinona cloroimida (CQC) para formar<br />
indofenol, que é extraído com a adição do butano!.<br />
A mensuração visual da concentração de fenol das<br />
amostras é feita por comparação com padrões e<br />
também pode ser feita por espectrofotometria, no<br />
comprimento de onda de 650 nm, para<br />
determinações quantitativas. O limite estabelecido<br />
para o método é de I mg fenol/mL ou g de produto<br />
lácteo. No Brasil, o método oficial do Ministério da<br />
Agricultura para a detecção da atividade da fosfatase<br />
alcalina é uma adaptação do Scharer Modificado<br />
digitalizado por<br />
Visual (Brasil, 2003). O resultado da metodologia<br />
oficial brasileira é qualitativo e descrito sob a forma<br />
de negativo (cinza) ou positivo (azul). O método<br />
Oficial Brasileiro não possui a etapa final de extração<br />
do indofenol por butanol, e comparação da cor<br />
formada com uma curva padrão de fenol, como no<br />
método Scharer Modificado Visual, do qual foi<br />
adaptado. Também, não estabelece um limite<br />
quantitativo comparativo sendo o limite de detecção<br />
para este método, atualmente, considerado<br />
insatisfatório (Soares, 2003). Este trabalho teve<br />
como objetivos determinar o limite de detecção da<br />
atividade residual da Fosfatase Alcalina em leite<br />
pelos Métodos Oficial Brasileiro (Scharer Visual<br />
Adaptado), Scharer Visual e Scharer<br />
Espectrofotométrico.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
2.1. Amos tras<br />
Amostras de leite cru integral e de leite<br />
padronizado pasteurizado pelo processo HTST<br />
(72°C por 15 segundos) foram coletadas no<br />
Laticínio Escola da Funarbe. Leite cru nas<br />
concentrações de 0%, 0,05%, O, I %, 0,2%, 0,8%,<br />
1 %, e 2% foram adicionadas a leite tratado a<br />
95°C por 1 minutos (atividade ALP zero) para<br />
determinação do limite de detecção dos métodos<br />
Oficial Brasileiro, Scharer Visual e Scharer<br />
es pectro foto métri co.<br />
arvoredoleite.org<br />
Pág. 137
2.2 Determinação da Atividade Residual da<br />
Fosfatase Alcalina em Leite<br />
2.2.1. Método Scharer Visual Adaptado (Método<br />
Oficial Brasileiro)<br />
Segundo metodologia de Brasil (2003), foram<br />
transferidos 0,5 mL da amostra para um tubo de<br />
ensaio e adicionado de 5 mL de solução substrato<br />
(fenilfosfato dissódico) 0, 1 % e levado ao banhomaria<br />
a 39°C - 41°C durante 16 minutos. Após<br />
incubação, foram adicionadas 6 gotas de solução<br />
reagente CQC (2,6-dic1oroquinona c1oroimida)<br />
0,3% e 2 gotas do catalisador sulfato de cobre 0,2%.<br />
O tubo foi levado novamente ao banho-maria a<br />
39°C-41°C por 5 minutos. Para o controle negativo<br />
repetiu-se o mesmo procedimento acima descrito,<br />
utilizando-se, em lugar da amostra, 0,5 mL de leite<br />
fervido. O resultado é considerado como positivo<br />
para amostras com coloração azul (presença de<br />
leite cru) e negativo para amostras com coloração<br />
cinza (ausência de leite cru).<br />
2.2.2. Métodos Sc!zarer Modificado Visual e<br />
Espectrofoto /llétrico<br />
As amostras de leite foram preparadas<br />
utilizando o mesmo procedimento descrito acima,<br />
tanto para o método Visual quanto<br />
espectrofotométrico (Marshall, 1992). Após a<br />
incubação os tubos foram removidos do banhomaria.<br />
resfriados em banho de gelo e adicionados<br />
de 3 mL de butanol neutralizado resfriado. para<br />
extração do indofenol produzido. De acordo com<br />
Marshall (1992), devem ser utilizados controles<br />
em todos os procedimentos de determinação da<br />
fosfatase alcalina. Dois controles foram utilizados:<br />
um positivo e um negativo. Para o controle<br />
positivo, foi utilizado leite contendo 0,2% de leite<br />
cru e para o controle negativo amostra de leite<br />
aquecido a 95°C por I minuto. A interpretação do<br />
resultado da análise foi realizada pela comparação<br />
visual com uma curva de calibração para o método<br />
Scharer rápido visual e para o método espectrofotométrico<br />
pela comparação da absorvância,<br />
que será obtida por leitura em espectrofotômetro<br />
no comprimento de onda de 650 nm, com a mesma<br />
curva de calibração adotada para a análise visual. A<br />
curva de calibração foi obtida a partir de soluções<br />
de fenol em água nas concentrações de 0,0; 1,0;<br />
2,0; 5,0 e 10,0 mg de equivalente fenol! 5mL de<br />
solução. Concentrações superiores a I mg de fenol!<br />
mL de leite é considerado indicativo de uma<br />
pasteurização incorreta ou uma contaminação por<br />
leite cru ou por produtos não pasteurizados<br />
(Marshall, 1992). Todas as análises foram realizadas<br />
com 15 repetições.<br />
Pág. 138<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATIcíNIOS<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
3.1. Determinação Quantitativa e Qualitativa<br />
da Atividade de Fosfatase Alcalina<br />
Em função dos resultados das análises pelos<br />
diferentes métodos, foi realizada uma comparação<br />
entre os limites de detecção qualitativo e<br />
quantitativo da presença de atividade residual de<br />
fosfatase alcal ina em leite dos três métodos de<br />
análise. A concentração de fenol na amostra é<br />
calculada pela equação da reta obtida pela<br />
absorvância dos padrões contendo fenol. A média<br />
e o desvio padrão dos resultados referentes à<br />
determinação da atividade de fosfatase alcalina nas<br />
amostras de leite das 15 repetições, expressos em<br />
concentração de fenol!mL leite, são apresentados<br />
no Quadro I. O método de Scharer Espectrofotométrico<br />
foi capaz de detectar O, I % de leite<br />
cru adicionado ao tratado termicamente, o que<br />
equivale a Illg fenol!mL. concordando com o limite<br />
reconhecido por Marshall (1992). No entanto,<br />
algumas amostras apresentaram uma concentração<br />
de fe nol inferior a I mg fenollmL de leite<br />
adicionado de O, I % de leite cru, o que pode ser<br />
observado pelo valor do desvio padrão. Isto pode<br />
ser atribuído a variação do teor de fosfatase alcalina<br />
presente ·no leite cru. De acordo com Haab e Smith<br />
(1956), vários fatores como a temperatura<br />
ambiente e plano nutricional a que as vacas foram<br />
submetidas. estação do ano, bem como o período<br />
de lactação. promovem variações na atividade de<br />
fosfatase alcalina no leite cru. que podem justi ficar<br />
o desvio padrão encontrado.<br />
O método de determinação qualitativo<br />
Scharer Visual envolve a comparação da coloração<br />
da amostra com os padrões contendo<br />
fenol. Neste método, a amostra foi considerada<br />
positiva quando apresentava uma coloração igual<br />
ou mais intensa ao padrão da curva contendo<br />
I mg fe nollmL. De acordo com o Quadro 2<br />
verificamos que a determinação visual da atividade<br />
da ALP pelo método Scharer Modificado detectou<br />
somente a presença de 0,8% de leite cru nas<br />
amostras de 'leite tratadas termicamente. O<br />
método Oficial Brasileiro somente detectou<br />
como positivas amostras contendo de I a 2% de<br />
leite cru adicionado. Considerando-se o limite<br />
de Ilg de fe nol/mL, os resultados demonstram<br />
que o Método Modificado de Scharer Visual é<br />
ineficiente na detecção da atividade da ALP, pois<br />
acusa como positi vas amostras com concentração<br />
de fe nol acima de 10 19 de fe nol por mL<br />
de leite (Quadro I). No caso do método Oficial<br />
Brasileiro somente fo ram determinadas como<br />
positivas amostras contendo acima de 12 19 de<br />
fenol por mL de leite (Quadros I e 2),<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Quadro 1- Média e Desvio Padrão da atividade<br />
de fosfatase alcal ina nas amostras<br />
contendo diferentes porcentagens<br />
de leite cru.<br />
% leite cru<br />
adicionado<br />
0,05<br />
O, I<br />
0,2<br />
0,8<br />
I<br />
2<br />
Atividade de Fosfatase Alcalina*<br />
Média Desvio Padrão<br />
0, 10<br />
1,13<br />
3,30<br />
10,43<br />
11, 72<br />
23,27<br />
0,47 3<br />
0,814<br />
1,718<br />
3,900<br />
2,568<br />
5,670<br />
Quadro 2 Resultado das repetições para o<br />
método de Scharer Visual e o Oficial<br />
Brasileiro.<br />
% leite cru<br />
adicionado<br />
O, I<br />
0,2<br />
0,8<br />
I<br />
2<br />
N° de Resultados Positivos nas<br />
15 Repetições<br />
Scharer Visual Oficial Brasileiro<br />
o<br />
O<br />
I<br />
6<br />
10<br />
Desta fo rma, ambos os métodos Scharer<br />
Modificado Visual e o Oficial Brasileiro<br />
apresentam limite mínimo de detecção muito<br />
acima de 11g de fe nollmL, tornando-os<br />
insatisfatórios para analisar fo sfatase alcalina<br />
residual em leite pasteurizado.<br />
4 - CONCLUSÃ O<br />
Ambos os métodos Oficial Brasileiro e o Scharer<br />
Modificado Visual apresentaram limite mínimo de<br />
detecção muito acima de 11g de fenollmL, tornandoos<br />
insatisfatórios para analisar fosfatase alcalina<br />
residual em leite pasteurizado. O método de Scharer<br />
Espectrofotométrico mostrou-se mais sensível que<br />
os métodos visuais, no entanto, níveis de<br />
contaminação de O, I % de leite cru ou I 19 de fenol<br />
por mL de leite são considerados indicadores elevados,<br />
tendo-se como base novos padrões internacionais.<br />
Dessa forma, recomenda-se que um método mais<br />
sensível para detenninar níveis residuais de fosfatase<br />
alcalina seja oficializado pela legislação brasileira.<br />
5 - ABSTRACT<br />
In Brazil, the official method of the<br />
Agriculture Department for determination of the<br />
O<br />
O<br />
O<br />
I<br />
6<br />
digitalizado por<br />
residual alkaline phosphatase activity in milk is<br />
an adaptation of Visual Modified Scharer<br />
method, being the qualitative result and described<br />
on the form of negative (gray) or positive (blue).<br />
The Brazilian official method, Scharer's Visual<br />
and spectrophotometric method were compared<br />
regarding their sensitivity to determine the<br />
residuaIs leveIs of phosphatase alkaline in milk.<br />
Whole milk samples were heated to 95°C for 1<br />
minute and, after cooled, added of raw milk in<br />
the concentrations of 0%; 0,05%; 0, 1%; 0,2%;<br />
0,8%; 1% and 2%. The spectrophotometric<br />
Scharer method detected the presence of O, 1%<br />
of contamination of raw milk in the samples of<br />
heated milk, based in the international1y<br />
established limit for the Modified Scharer method<br />
that is I mg phenol/mL of milk, even visual or<br />
spectrophotometri c. The visual determination<br />
of the ALP activity by Scharer's Modified<br />
method detected the presence of 0,8% of raw<br />
milk in the milk samples. The Brazilian Official<br />
method only detected as positive samples<br />
contend from 1 % to 2% of raw milk added to<br />
the heated milk. Both methods Brazilian Official<br />
and Visual Modified Scharer have the minimum<br />
limit of detection very high, becoming them<br />
unsatisfactory to analyze residual alkaline<br />
phosphatase in pasteurized milk.<br />
Keywords: Alkaline Phosphatase,<br />
Scharer's Methods, Brazilian Official Method.<br />
6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
BRAS IL. Secretaria de Defesa Agropecuária<br />
Ministério da Agricultura, Pecuária e<br />
Abastecimento. Instrução Normativa n° 22, de 14<br />
de abril de 2003. Métodos Analíticos Oficiais<br />
Físico-Químicos para Controle de Leite e Produtos<br />
Lácteos. DOU 83 maio/2003.<br />
MARSHALL, R. T., Standard methods for the<br />
examination of dairy products. American Public<br />
Health Association. NW Washington, DC. 1992.<br />
/ROBERTO, C. D.; LIMA, R. C.; BRANDÃO,<br />
S.C.C. Sensitividade do método de análise da<br />
fosfatase alcalina e o controle da segurança da<br />
pasteurização do leite. Revista Leite e Derivados,<br />
v. 58, p. 32-41. São Paulo. 200 I.<br />
SOARES, C.F. Avaliação de métodos<br />
colori métricos qualitativos e quantitativos para<br />
a determinação de atividade de fosfatase alcalina<br />
em leite e queijo minas padrão. 2003, 45 p.Tese<br />
(mestrado). Universidade Federal de Minas Gerais,<br />
Belo Horizonte.<br />
HAAB, W. ; SMITH, L.M. Variations in alkaline<br />
phosphatase activity of milk. Journal of Dairy<br />
Science, v. 39, n. 12, p. 1644- 1650, 1956.<br />
Pág. 139<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
ESTUDO DA VIABILIDADE DE DESENVOLVIMENTO DE UM REQUEIJÃO LlGHT, COM<br />
ADiÇÃO DE FIBRA<br />
Study of development viability of a requeijão light, with fiber addition<br />
RESUMO<br />
Maria Patrícia Milagres1<br />
Giselle Cruz Daher1<br />
Solange Aparecida Paula 1<br />
Sabrina Ribeiro dos Santos Duarte2<br />
Mauro Mansur Furtado3<br />
A ingestão inadequada de fibra alimentar na dieta humana está relacionada a muitas doenças.<br />
Portanto, é muito importante manter níveis de fibra razoáveis na dieta para minimizar os<br />
riscos de contrair algumas dessas doenças. O objetivo deste trabalho foi a elaboração de um<br />
produto light, onde usou-se fibra para dar consistência ao produto. O requeijão foi obtido<br />
através de uma massa ácido-lática, emulsionada com outros ingredientes láticos, sob a ação<br />
de sais emulsificantes, fibra, calor e posterior resfriamento. O produto final apresentou<br />
uma textura firme (efeito causado pela adição da fi bra), fina, lisa, com sabor levemente<br />
ácido e de cor branco-creme e homogênea. Após a obtenção do produto, foi realizado um<br />
teste de aceitação, através do uso de uma escala hedônica, no Laboratóri o de Análise<br />
Sensorial do Departamento de Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal de Viçosa.<br />
Os resultados apontaram para uma aceitação muito boa do produto.<br />
Palavras-chave: requeijão, fibras, produtos light<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
A ingestão inadequada de fi bra alimentar<br />
na dieta humana está relacionada a muitas<br />
doenças . Portanto, é muito importante manter<br />
níveis de fibra razoáveis na dieta para minimizar<br />
os riscos de contrair algumas dessas doenças. As<br />
fibras oferecem vários benefícios fisiológicos,<br />
incluindo facilidade na defecação (aumento do<br />
bolo fecal, tempo de trânsito no intestino, etc),<br />
redução de níveis de glicose sangüínea, gordura e<br />
colesterol, produção de ácidos graxos de cadeia<br />
curta, efeitos prebióticos e melhor absorção de<br />
minerais(M ITCHEL,2002). Fi bras alimentares<br />
são partes de plantas ou carboidratos análogos<br />
que são resistentes à digestão e absorção no<br />
intestino delgado humano e que são completa ou<br />
parcialmente fermentadas no intestino grosso,<br />
fornecendo energia principalmente para o<br />
crescimento bacteriano. Alguns exemplos de<br />
fi bras solúveis são pectinas, B-glucana, gomas,<br />
inulina e polidextrose. Exemplos de fi bras<br />
insolúveis incluem a celulose, hemicelulose,<br />
lignina, cutina, suberina, ceras de plantas, quitina<br />
e quitosana (GORDON, 2002; MITCHEL,<br />
2002). A Ingestão Diüria Recomendada varia<br />
entre 25 a 30 gramas por dia.<br />
Porém, a ingestão diária de fi bras entre<br />
adultos americanos é de cerca de 15 gramas por<br />
dia, o que equivale a, aproximadamente, metade<br />
da quantidade recomendada (OHR, 2002). Entre<br />
os japoneses, as dietas também são deficientes<br />
em fibras, sendo de cerca de 10 gramas por dia.<br />
O leite e, portanto, seus derivados, são alguns<br />
dos mais completos alimentos. Com a deficiência<br />
apenas em vitamina C e fe rro, lácteos são<br />
Bacharelado em Ciência e Tecnologia de Laticínios pela Universidade Federal de Viçosa.<br />
2 Estudante de Ciência e Tecnologia de Laticínios pela Universidade Federal de Viçosa.<br />
3 Professor Adjunto IV do Departamento de Tecnologia de Alimentos da UFV.<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
can didatos ideais para a adição de fibras<br />
(ROSEMEYER, 1990). Além do leite longa vida<br />
com adição de fibra inulina recentemente lançado<br />
no mercado (ELEGÊ Alimentos, 2005), alguns<br />
produtos lácteos com fibra têm sido<br />
desenvolvidos, entre o quais destacam-se sorvete,<br />
manteiga, queijo e iogurte. Como exemplo,<br />
pode-se citar o lançamento no mercado do<br />
pri meiro sorvete com fibras do País feito pela<br />
La Basque. O sorvete Iight menta com fibras<br />
contém baixas calorias, é rico em fibras solúveis,<br />
reduz níveis de glicose no sangue, gord ura e<br />
colestero l, e ainda melhora a absorção de<br />
minerais. Outro exemplo consiste no<br />
lançamento de uma manteiga light com apelo de<br />
fibras e redução de 50% do teor de gordura,<br />
desenvolvida com a adição de um estabilizante<br />
lançado pela GerminaI, empresa que atua no<br />
fornecimento de ingredientes (MARCHIORI,<br />
2004). Nos últimos anos, alguns iogurtes com<br />
fibras têm sido lançados no Brasil, como o iogurte<br />
funcional Activia Fibras da Danone, lançado nos<br />
sabores Cereais e Cereais Coco (DANONE,<br />
2005). Um outro exemplo é o iogurte Molico<br />
Frutas e Fibras da Nestlé, encontrado nos sabores<br />
ameixa e pêssego (NESTLÉ, 2005). BRANDÃO<br />
(2002) exemplifica alguns lácteos funcionais<br />
lançados no mercado internacional, entre o quais<br />
está um iogurte para beber com oligossacarídeos<br />
(prebiótico), desenvolvido pela Granarolo<br />
Felsinea, na República Checa. Na Europa,<br />
WOUTERS (1998) desenvolveu um cream<br />
cheese com redução de gordura e adição da fibra<br />
inulina (Raftiline®), que possui função prebiótica<br />
e de mimético, substituindo parte da gordura do<br />
novo produto. O requeijão é um produto<br />
tipicamente brasileiro, que se originou nas<br />
antigas regiões produtoras de creme para<br />
fabricação de manteiga, onde o leite desnatado,<br />
considerado naquela época como subproduto, era<br />
utilizado na fabricação de requeijão. Existe na<br />
forma pastosa e de corte, sendo que a forma<br />
pastosa é a mais comercializada. O produto cremoso<br />
pertence ao grupo de queijos denominados<br />
fundidos, processados ou pasteurizados e é o<br />
produto que melhor representa esta classe no<br />
Brasil. Com o avanço da tecnologia na área de<br />
ingredientes, tornou-se possível a fabricação de<br />
requeijão cremoso com teor reduzido de gordura<br />
e com umidade em torno de 70%, no intuito de<br />
atender aos segmentos de mercado, preocupados<br />
com a boa forma e uma alimentação mais<br />
saudável. Segundo a portaria 41/95 da Secretaria<br />
Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), o termo<br />
"Iight" significa a redução parcial de um<br />
determinado componente, sendo usado para<br />
produtos que apresentem redução calórica de<br />
digitalizado por<br />
25% nos teores de gordura, energia, colesterol<br />
ou açúcar.<br />
A decisão de adicionar fibras ao requeijão é<br />
devido à preocupação de sua baixa ingestão por<br />
parte dos consumidores. Baixa ingestão de fibras<br />
contribui para um nível elevado de lipídeos no<br />
sangue e, conseqüentemente, para uma maior<br />
probabilidade de desenvolver doenças cardiovasculares,<br />
enquanto o consumo diário de fibras<br />
normaliza os níveis de triglicerídeos e colesterol<br />
do sangue. O requeijão foi fabri cado nas<br />
instalações industriais do Laticínios Escola UFV<br />
FUNARBE. O processo de fabricação consistiu<br />
na fusão da mistura de creme com a massa fresca,<br />
dessorada e lavada.<br />
3 - MATERIA.IS E MÉTODOS<br />
Para a produção da massa fresca, lavada e<br />
dessorada foi utilizada leite desnatado pasteurizado,<br />
procedemos a coagulação utilizando acido<br />
lático, e agitou- se para evitar a filagem, logo<br />
após drenou-se o soro, e foi feita a lavagem com<br />
água industrial ate que o água de lavagem<br />
apresenta-se I a 2°0, então drenou-se toda a<br />
água e procedeu a prensagem da massa. Esta massa<br />
produzida é fu ndida em máquina 'STEPHA N<br />
GEIGER ' juntamente com os ingredientes da<br />
Tabela I:<br />
Tabela 1: Ingredientes utilizados na fabricação<br />
do Requeijão<br />
Produto<br />
Massa Fresca 40% EST<br />
Creme 50% MG<br />
Fibra<br />
Sal fundente<br />
Nisina<br />
Quantidade para 6,50<br />
de Massa Fresca<br />
6,50<br />
2,0<br />
0,40<br />
0,25<br />
Realizou-se teste de aceitação para avaliar<br />
o grau de aceitação do produto junto aos<br />
consumidores. Observou-se o desempenho do<br />
produto em mercados selecionados e avaliou-se<br />
a probabilidade de sucesso em mercados maiores.<br />
Foram aplicados questionários com apresentação<br />
do protótipo do produto para medir o seu<br />
desempenho frente ao mercado consumidor,<br />
avaliar questões sensoriais, atributos de<br />
embalagem e rotulagem do produto final.<br />
4 - RESULTADO E DISCURSÃO<br />
O produto obtido apresentou aparência<br />
agradável, textura firme (devido à adição 3,3%<br />
de fibras) e brilhante, teor de 10 % de gordura,<br />
141<br />
arvoredoleite.org
sabor suave, consistência cremosa, cor amarelo<br />
palha, variando de bem pálido a branco e odor<br />
característico de creme fresco. No teste sensorial<br />
utilizou-se 40 provadores não treinados,<br />
conforme padrão seguido pelo Departamento de<br />
Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal<br />
de Viçosa. Através da análise sensorial comprovouse<br />
a grande aceitação do produto pelos provadores,<br />
como mostra a Figura 1. Verificou-se que 10%<br />
dos entrevistados gostaram extremamente, 70%<br />
gostaram muito e 20% desgostaram ligeiramente<br />
do requeijão light com fibras.<br />
o<br />
Gráfico de aceitação<br />
Aceitação<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
EI Gostaram<br />
extrerrarrente<br />
iil gostaram rruito<br />
CI Gostaram<br />
Iigeirarrente<br />
Figura 1: resultado da análise sensorial<br />
Realizo u-se também uma pesquisa de<br />
mercado com aplicação de questionários,<br />
apresentando o protótipo do produto para medir<br />
o desempenho do requeijão light fonte de fibras<br />
frente ao mercado consumidor. Os resultados<br />
obtidos nos questionários aplicados estão<br />
expressos nas Figuras 2, 3 e 4.<br />
Análise de Mercado<br />
25%<br />
---- --.<br />
75%<br />
Figura 2: Número de pessoas que conhecem<br />
os benefícios do consumo de fibra<br />
alimentar<br />
5-CONCLUSÃ O<br />
Através dos testes realizados foi possível<br />
desenvolver um requeijão com adição de fibras,<br />
com redução de 60% no teor calórico e<br />
manutenção das características organolépticas,<br />
Pág. 142<br />
podendo ser enquadrado, portanto, como<br />
produto light. Apesar da grande aceitação obtida<br />
pelo produto, novos ensaios devem ser feitos a<br />
fim de melhorar a viscosidade e consistência do<br />
produto, visto que a concentração de 3,3% de<br />
fibras deixou o requeijão bastante consistente.<br />
Análise de Mercado<br />
5%<br />
95%<br />
<br />
<br />
Figura 3: Número de pessoas que acham que o<br />
uso de fibra na formulação do<br />
produto pode torná-lo mais saudável<br />
Análise de Mercado<br />
8%<br />
92%<br />
Figura 4: Número de pessoas que consideram<br />
um produto light importante na<br />
alimentação<br />
6 a ABSTRACT<br />
The inadequate ingestion of fibers in the<br />
human diet can be related to many diseases.<br />
Therefore, it is very important to maintain a<br />
diet with reasonable fiber leveIs in order to<br />
minimize risks of acquiring any diseases. The<br />
objective in this work was the elaboration of a<br />
diet product, with the use of fibers to give the<br />
product consistency.<br />
The cream cheese was made with the<br />
mixture of a lactic-acid aggregate, emulsified with<br />
other lactic ingredients, under the action of<br />
emulsifier salts, fiber, heat and posterior cooling.<br />
The final product showed a firm, fine and smooth<br />
texture (effect caused by the addition of fiber),<br />
the flavor was slightly acid and was<br />
homogeneously white-cream colored. After this<br />
final product had been obtained, it was carried<br />
out an acceptation test, through the use of a<br />
ANAIS DO XXII CONGR ESSO NACIONAL DE LATICÍNIOS<br />
hedonic scale, in the Laboratory of Sensorial<br />
Analysis at the Department of Food<br />
Engineering, from the Federal University of<br />
Viçosa. The results indicated a very good<br />
acceptance of the product.<br />
Keywords: cream cheese, fi ber<br />
7 - BIBLIOGRAFIA<br />
FURTADO, M.M. A arte e a ciência do queijo.<br />
2 edição. São Paulo: Globo. 1991.<br />
KOTLER, P. Administração de Marketing:<br />
+ + + +<br />
Análise, Planejamento, Implementação e<br />
Controle. 4" ed. São Paulo: Atlas, 1994<br />
KOTLER, P. & ARMSTRONG, G. Princípios<br />
de Marketing. 7" ed. Rio de Janeiro : LTC,<br />
1999.<br />
MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos.<br />
8" ed. São Paulo Atlas: 200 I, 388 p.<br />
OLIVEIRA, S.E.R., BRANDÃO, S.C.C. Alguns<br />
Parâmetros que Afetam a Fabricação do Requeijão<br />
Cremoso Tradicional. Revista Milkbizz, Ano I<br />
Número 3 julho/agosto 2002, p.20<br />
http://www.dipemar.co m. b r li e i t e/ 82/<br />
materia_especiaLleite.htm<br />
+ + + +<br />
ELABORAÇÃO DE IOGURTE CONTENDO ISOLADO PROTEíco DE SOJA<br />
Elaboration yogurt with soy protein isolate<br />
RESUMO<br />
Juliana C.Sampaio Rigueira1<br />
Paula Rosa S. de Castro1<br />
José Carlos Gomes2<br />
Atual mente opta-se por alimentos mais saudáveis como cereais integrais, iogurtes e<br />
queijos magro. Dentre estes alimentos, destaca-sc o iogurte por possuir vários efeitos<br />
benéficos sobre a saúde e nutrição humana. O iogurte é rico em proteínas especiais, de<br />
fácil digestão graças à ação das bactérias que o formam. A soja é constituída por grande<br />
quantidade de proteínas e estas são caracterizadas por apresentarem características<br />
funcionais relevantes. O presente trabalho teve como objetivo elaborar um iogurte com<br />
elevado valor nutritivo a partir de leitc integral e isolado protéico de soja, realçando,<br />
perante o mercado consumidor, as vantagens do consumo do iogurte como fonte de<br />
cálcio, fonte protéica animal e vegetal. O iogurte foi desenvolvido no Laboratório de<br />
Análise de Alimentos do Departamento de Tecnologia de Alimentos (UFV). O produto<br />
foi elaborado a partir da mistura de leite padronizado, isolado protéico de soja e açúcar.<br />
A mistura foi submetida a um tratamento térmico de 63°C/30 minutos e em seguida<br />
resfriada para 43°C. Inoculou-se I % da cultura termofílica mantendo-se incubado a 43°C<br />
até atingir-se 0,65% de acidez. Após incubação fez-se o resfriamento lento até 10°C. Em<br />
seguida o produto foi estocado em câmara fria durante 12 horas. Após o tempo de<br />
maturação a massa foi quebrada e adicionada 5,0% de polpa de morango. O envase foi<br />
feito a temperatura de 7°C. Foram realizadas análises físico-químicas, microbiológicas e<br />
teste de aceitação. O iogurte apresentou 3,0% de gordura, 0,7% de acidez titulável e pH<br />
Estudante de Mestrado do Departamento de Tecnologia de Alimentos (DTA ) da Universidade Federal de<br />
Viçosa.<br />
2 Professor titular do Departamento de Tecnologia de Alimentos (DTA) da Universidade Federal de Viçosa<br />
digitalizado por<br />
Pág. 143<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />
de 4,24. Os resultados das análises microbiológicas foram os seguintes: contagem de<br />
bolores e leveduras < 10' UFC/ml, contagem de mesófilós 4,8 x 107 UFC/ml e ausência de<br />
coliformes. A aceitação dos provadores ficou entre os termos hedônicos gostei<br />
moderadamente e gostei muito. A partir dos resultados podemos concluir que o iogurte<br />
contendo isolado protéico de soja tem grande potencial no mercado de produtos lácteos.<br />
Palavras-chave: Iogurte, isolado protéico de soja.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
Nos últimos 20 anos, a fabricação de<br />
iogurte no Brasil cresceu de maneira bastante<br />
considerável e hoje já se verifica um crescimento<br />
notável quando comparado à produção de outros<br />
países. O iogurte é obtido por coagul ação e<br />
diminuição do pH pela fermentação lática,<br />
mediante a ação da cultura de StreptococCllS<br />
therl1lophilllS e Lactobacilllls delbrlleckkii ssp.<br />
blllaricl/s. O leite utilizado deve ser<br />
pasteurizado podendo ser integral ou desnatado,<br />
concentrado e adicionado de outras substâncias<br />
alimentícias (BRASIL, 1997).<br />
É um produto de excelente qualidade<br />
sensorial, bastante divers ificado e de boa<br />
aceitabilidade. Seu consumo está também<br />
relacionado com sua imagem saudável e nutritiva<br />
(KURMAN, 1 986). A soja é constituída por<br />
grande quantidade de proteínas e estas são<br />
caracteri zadas por apresentarem características<br />
funcionais relevantes como diminuição dos níveis<br />
de colesterol e triglicerídeos no sangue, atividade<br />
anticarcinogênica, estimulação da excreção de<br />
ácidos biliares, efeitos hormonais benéficos,<br />
papel preventivo no processo de osteoporose,<br />
entre varlos outros (KNIGHT, 1995 e<br />
MESSINA, 1 994). É de extrema importância a<br />
qualidade da proteína da soja e sua adaptabilidade<br />
às necessidades fisiológicas do ser humano. Dos<br />
20 aminoácidos que o ser humano requer, onze<br />
são produzidos pelo nosso organismo. Os outros<br />
nove devem ser obtidos através de nossa<br />
alimentação diária. A proteína da' soja provê todos<br />
os nove aminoácidos restantes, tornando-se uma<br />
proteína completa. Daí, a soja ser considerada<br />
como o único vegetal que oferece um perfil<br />
protéico completo. Um número cada vez maior<br />
de produtos alimentícios que contém proteína<br />
de soja levam a um aumento imensurável de uma<br />
nova geração de ingredientes à base destas<br />
proteínas para desenvolver produtos de sabor<br />
agradável, facilitando ao público o uso desse<br />
ingrediente como agente hipercolesterolemênico<br />
minimizando o uso da farmacoterap ia<br />
(BAKHIT,1994). Os isolados protéicos de soja<br />
podem ser incorporados em uma diversidade de<br />
alimentos sólidos e bebidas, e estes podem ser<br />
formulados especificamente para que contribuam<br />
para uma ingestão diária de proteína<br />
(WASHBURN,1 995). Esse projeto tem o<br />
objetivo de elaborar um iogurte com elevado<br />
valor nutritivo a partir de leite padronizado e<br />
isolado protéico de soja.<br />
2 - MATERIAIS E MÉTODOS<br />
O presente trabalho foi desenvolvido no<br />
Laboratóri o de Análise de Alimentos do<br />
Departamento de Tecnologia de Alimentos da<br />
Uni versidade Federal de Viçosa (UFV). Foram<br />
realizadas análises físico-químicas, microbiológicas<br />
e teste de aceitação.<br />
2.1. Elaborações do Produto<br />
Para processamento das três repetlçoes<br />
realizadas preparou-se o produto a partir da mistura<br />
de leite padronizado (3,0 litros), isolado protéico<br />
de soja (1,5C}(, ) e açúcar (10%). A mistura foi<br />
submetida a um tratamento térmico de 63°C/30<br />
minutos e em seguida resfriada para 43°e. Inoculouse<br />
1 % da cultura termofílica (Streptococcus<br />
thermophilus e Lactobacilllls delbrueckkii ssp.<br />
BlIlaricl/s) que foi incubada a 43°C até atingir<br />
0,65% de acidez. Após incubação fez-se o<br />
resfriamento lento até 10°e. Em seguida o produto<br />
foi estocado em câmara fria durante 12 horas. Após<br />
o tempo de maturação a massa foi quebrada e<br />
adicionou-se 5,0% de polpa de morango. O envase<br />
foi feito a temperatura de 7°C.<br />
2.2. Realização das análises<br />
As análises físico-químicas realizadas foram<br />
determinação do teor de gordura, acidez e pH. O<br />
teor de gordura foi determinado utilizando o<br />
método de Gerber de acordo com KOSIKOWSKI<br />
(1997). Para determinação de acidez (PEREIRA,<br />
2001) foram titulados 5 gramas de iogurte por<br />
solução de NaOH O, I moI/L, utilizando como<br />
indicador a fenolftaleína. O resultado foi dado<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />
em porcentagem de compostos com caráter<br />
ácido, como ácido lático. Para determinação de<br />
pH foi utilizado o método eletroanalítico<br />
(potenciomêtrtico) (KOSI KOWSKI,1977). Nas<br />
determinações microbiológicas, foram realizadas<br />
contagem pad rão em placas de bolores e<br />
leveduras em ágar dextrose batata acidificada<br />
com 1,0% de ácido tartárico (10%), contagem<br />
de coliformes totais (30°C) e fecais (45°C) pela<br />
técnica do número mais provável e contagem<br />
padrão em placas de mesófilos aeróbios. A<br />
análise sensorial foi realizada com 40 provadores<br />
não-treinados utilizando o teste de aceitação<br />
(Escala Hedônica).<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
A média dos resultados obtidos nas análises<br />
físico-químicas estão apresentados no Quadro I.<br />
O teor de gordura e acidez titulável encontramse<br />
dentro dos padrões estabelecidos pela<br />
legislação de iogurte (Brasil, 1997).<br />
Quadro 1 Média dos resultados das análises<br />
físico-químicas do Iogurte contendo<br />
Isolado protéico de Soja.<br />
Análises<br />
Acidez titulável<br />
Gordura<br />
pH<br />
Média das Repetições<br />
0,7%<br />
3,0%<br />
4,24%<br />
Os resultados das análises microbiológicas<br />
estão apresentados na tabela 2. Os resultados<br />
microbiológicos apresentaram ausência de<br />
coliformes 30°C e 45°C e bolores e leveduras. Os<br />
valores obtidos para todas as análises microbiológicas<br />
encontram-se dentro dos limites<br />
estabelecidos pela legislação vigente (Brasil, 1997).<br />
Quadro 2 - Média dos resultados das análises<br />
microbiológicas do Iogurte contendo<br />
Isolado protéico de Soja.<br />
Análises Média das Repetições<br />
Contagem de bolores < lO' UFC/ml<br />
e leveduras<br />
Contagem de mesófilos 4,8 x 107 UFC/ml<br />
Contagem de coliformes<br />
30° e 45 °C<br />
Ausência<br />
Na análise sensorial o produto obteve boa<br />
aceitação pela escala hedônica, ficando entre os<br />
termos gostei muito e gostei moderadamente.<br />
Leite Padronizado adicionado de isolado<br />
protéico de soja e 10% de açúcar<br />
digitalizado por<br />
Leite Padronizado adicionado de<br />
isolado protéico de soja e<br />
10% de açúcar -<br />
Tratamento térmico 63°C/30min<br />
Resfriamento até 43°C<br />
Incubação com I % de cultura termofílica<br />
(S. thermphillls e L. delbrueckii ssp.<br />
Bl/laricus)<br />
Resfriamento até 0,65% de<br />
acidez titulável<br />
Câmara fria 10°C<br />
por 12 horas<br />
Quebra da massa<br />
Adição da polpa<br />
Envase<br />
Figura 1 - Fluxograma de Fabricação do Iogurte<br />
contendo Isolado Protéico de Soja.<br />
4 - CONCLUSÃ O<br />
Conclui-se que o produto elaborado tem<br />
grande potencial no mercado de produtos lácteos,<br />
pois apresentou adequadas características fisicoquímicas,<br />
microbiológicas e sensoriais. O iogurte<br />
contendo isolado protéico de soja proporciona<br />
um produto rico em nutrientes e uma ótima fonte<br />
nutritiva, podendo ser uma alternativa para a<br />
indústria de produtos lácteos.<br />
Pág. 145<br />
arvoredoleite.org
5 - ABSTRACT<br />
Nowadays it is opted to fo ods more<br />
healthful as integral cereais, yogurt and lean<br />
cheeses. Amongst these foods, the yogurt is<br />
distinguished for having a lot of beneficiai effects<br />
on the health and human nutrition. The yogurt,<br />
that is rich in special proteins, has easy digestion<br />
thanks to the action of the bacteria that form<br />
it. The soy is constituted by great amount of<br />
proteins and these are characterized by<br />
presenting important functional characteristics.<br />
The present work had as objective to elaborate<br />
a yogurt with high nutrition value from integral<br />
milk and soy protein isolare, enhancing in front<br />
of the consuming market, the consumption's<br />
advantages of the yogurt as calcium source,<br />
animal and vegetal protein's source. The yoghurt<br />
was developed in the Foods Analysis Laboratory<br />
of the Department of Food Technology (UFV).<br />
The preparation of the product was made from<br />
the standardized milk mixture, soy protein<br />
isolated and sugar. The mixture was submitted<br />
to a thermal treatment of 63°C/30 minutes and<br />
after tha! cooled fo r 43°C. Culture of<br />
Streptococcus therl110philus and La ctobacillus<br />
delbrueckkii ssp. bu/gariclls was inoculated, until<br />
titrated acidity of 0.65%. After incubation<br />
became the slow cooling until 10°C, being<br />
maintained at this temperature for 12 hours .<br />
After the matllration time the mass was broken<br />
and added 5.0% of strawberry pulp. The prodllct<br />
was slIbmitted to physical, chemical,<br />
microbiological and acceptance tests. The yogurt<br />
presented 3,0% of fat, 0,7% of titradet acidity<br />
and pH of 4,24. The results of the<br />
microbiological analyses had been the fo llowing<br />
ones: count of mould and yeast < I OI UFC/ml,<br />
mesophylls count 4,8 x 107 UFC/ml, absence of<br />
total and fe cal coliforms. The product obtained<br />
a good sensorial acceptance for hedonic scale,<br />
raking between the terms I liked it a lot and I<br />
146<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
• • •<br />
liked it moderately. From the results we can<br />
conclude that the yogurt containing soy protein<br />
isolate has great potential in the market of milky<br />
products.<br />
Key words: Yoghurt, soy protein isolate.<br />
6 - REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS<br />
Brasil, Ministério da Agricultura e Abastecimento.<br />
Regulamento técnico Mercosul de identidade e<br />
qualidade de leites fermentados. Recomendação<br />
n. 31 de 12 de junho de 1997. Diário Oficial da<br />
União n. 125, 3 de julho de 1997, Brasília, 1997.<br />
BAKHIT, R.M., KLEIN, B.P., ESSEX-SORLIE,<br />
D., HAM,J.O., ERDMAN, l.W., POTTER, S.M.,<br />
Intake of 25g of soybean protein with or without<br />
soybean fiber alters plasma lipids in men with<br />
elevated cholesterol concentrations, J Nutr,<br />
1994, p. 213-222.<br />
KNIGHT, D.C., EDEN, l.A , Phytoestrogens -<br />
a short review, Maturitas, 1995, p. 167-175.<br />
KOSI DOWSKI, F. V Cheese and Fermented<br />
Milk .Foods . 2 ed. Edward Brothers, Inc. Ann<br />
Arbor, Michigan, 1997, 77 1 p.<br />
KURMAN,J.A. Yogurt made from ewe's and<br />
goat's milk. International Dairy Federation<br />
Bulletin, n. 202, p. 153 -166, 1986.<br />
MESSINA,M.J., PERSKY, V., SETCHELL,<br />
K.D.R., BARNES, S., Soy intake and cancer<br />
risk: a review of the in vitro and in vivo<br />
data, Nutr Cancer, 1994, p. 113- 131.<br />
PEREIRA, D.B.C., SILVA,P.H.F., OLIVEIRA,<br />
L. L. , Físico-Química do Leite e Derivados<br />
- Métodos Analíticos, 2" edição ,Juiz de Fora<br />
- MG , 2001, p. 185- 193.<br />
WASHBURN, S. A, BURKE, G. L., MORGAN,<br />
T. M., A dietary supplement as post menopausal<br />
hormone replacement therapy, Centro Nacional<br />
de Investigación Toxicológica , food and Drug<br />
Administration, tercera Conferência Internacional<br />
sobre Fitoestrógenos , 1995.<br />
• • • •<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
em porcentagem de compostos com caráter<br />
ácido, como ácido lático. Para determinação de<br />
pH foi utilizado o método eletroanalítico<br />
(potenciomêtrtico) (KOSI KOWSKI,1 977). Nas<br />
determinações microbiológicas, foram realizadas<br />
' contagem padrão em placas de bolores e<br />
leveduras em ágar dextrose batata acidificada<br />
com 1,0% de ácido tartárico (10%), contagem<br />
de coliformes totais (30°C) e fecais (45°C) pela<br />
técnica do número mais provável e contagem<br />
padrão em placas de mesófilos aeróbios. A<br />
análise sensorial foi realizada com 40 provadores<br />
não-treinados utilizando o teste de aceitação<br />
(Escala Hedônica).<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
A média dos resultados obtidos nas análises<br />
físico-químicas estão apresentados no Quadro I.<br />
O teor de gordura e acidez titulável encontramse<br />
dentro dos padrões estabelecidos pela<br />
legislação de iogurte (Brasil, 1997).<br />
Quadro 1 - Média dos resultados das análises<br />
físico-químicas do Iogurte contendo<br />
Isolado protéico de Soja.<br />
Análises Média das Repetições<br />
Acidez titulável<br />
Gordura<br />
pH<br />
0,7%<br />
3,0%<br />
4,24%<br />
Os resultados das análises microbiológicas<br />
estão apresentados na tabela 2. Os resultados<br />
microbiológicos apresentaram ausência de<br />
coliformes 30°C e 45°C e bolores e leveduras. Os<br />
valores obtidos para todas as análises microbiológicas<br />
encontram-se dentro dos limites<br />
estabelecidos pela legislação vigente (Brasil, 1997).<br />
Quadro 2 Média dos resultados das análises<br />
microbiológicas do Iogurte contendo<br />
Isolado protéico de Soja.<br />
Análises Média das Repetições<br />
Contagem de bolores<br />
e leveduras<br />
Contagem de mesófilos<br />
Contagem de coliformes<br />
30° e 45 °C<br />
< 101 UFC/ml<br />
4,8 x 107 UFC/ml<br />
Ausência<br />
Na análise sensorial o produto obteve boa<br />
aceitação pela escala hedônica, ficando entre os<br />
termos gostei muito e gostei moderadamente.<br />
Leite Padronizado adicionado de isolado<br />
protéico de soja e 10% de açúcar<br />
digitalizado por<br />
Leite Padronizado adicionado de<br />
isolado protéico de soja e<br />
10% de açúcar<br />
Tratamento térmico 63°C/30min<br />
Resfriamento até 43°C<br />
Incubação com I % de cultura termofílica<br />
(S. thermphilus e L. delbrueckii ssp.<br />
BlIlgaricus)<br />
Resfriamento até 0,65% de<br />
acidez titulável<br />
Câmara fria 10°C<br />
por 12 horas<br />
Quebra da massa<br />
Adição da polpa<br />
Figura 1 - Fluxograma de Fabricação do Iogurte<br />
contendo Isolado Protéico de Soja.<br />
4 - CONCLUSÃ O<br />
Conclui-se que o produto elaborado tem<br />
grande potencial no mercado de produtos lácteos,<br />
pois apresentou adequadas características fisicoquímicas,<br />
microbiológicas e sensoriais. O iogurte<br />
contendo isolado protéico de soja proporciona<br />
um produto rico em nutrientes e uma ótima fonte<br />
nutritiva, podendo ser uma alternativa para a<br />
indústria de produtos lácteos.<br />
arvoredoleite.org<br />
Pág. 145
5 - ABSTRACT<br />
Nowadays it is opted to foods more<br />
healthful as integral cereais, yogurt and lean<br />
cheeses. Amongst these foods, the yogurt is<br />
distinguished for having a lot of beneficiai effects<br />
on the health and human nutrition. The yogurt,<br />
that is rich in special proteins, has easy digestion<br />
thanks to the action of the bacteria that form<br />
it. The soy is constituted by great amount of<br />
proteins and these are characterized by<br />
presenting important functional characteristics.<br />
The present work had as objective to elaborate<br />
a yogurt with high nutrition value from integral<br />
milk and soy protein isolate, enhancing in front<br />
of the consuming market, the consumption's<br />
advantages of the yogurt as calcium source,<br />
animal and vegetal protein's source. The yoghurt<br />
was developed in the Foods Analysis Laboratory<br />
of the Department of Food Technology (UFV).<br />
The preparation of the product was made from<br />
the standardized milk mixture, soy protein<br />
isolated and sugar. The mixture was submitted<br />
to a thermal treatment of 63°C/30 minutes and<br />
after that cooled fo r 43°C. Culture of<br />
Slreptococcus Iherl1lophilus and Lacfobacillus<br />
delbrueckkii ssp. bulgaricus was inoculated, until<br />
titrated acidity of 0.65%. After incubation<br />
became the slow cooling until 10°C, being<br />
maintained at this temperature for 12 hours.<br />
After the maturation time the mass was broken<br />
and added 5.0% of strawberry pulp. The product<br />
was submitted to physical, chemical,<br />
microbiological and acceptance tests. The yogurt<br />
presented 3,0% of fat, 0,7% of titradet acidity<br />
and pH of 4,24. The results of the<br />
microbiological analyses had been the following<br />
ones: count of mould and yeast < 101 UFC/ml,<br />
mesophylls count 4,8 x 107 UFC/ml, absence of<br />
total and fe cal coliforms. The product obtained<br />
a good sensorial acceptance for hedonic scale,<br />
raking between the terms I liked it a lot and I<br />
Pág. 146<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
• • •<br />
. "<br />
liked it moderately. From the results we can<br />
conclude that the yogurt containing soy protein<br />
isolate has great potential in the market of milky<br />
products.<br />
Key words: Yoghurt, soy protein isolate.<br />
6 - REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS<br />
Brasil, Ministério da Agricultura e Abastecimento.<br />
Reaulamento técnico Mercosul de identidade e<br />
qu:lidade de leites fermentados. Recomendação<br />
n. 31 de 12 de j unho de 1997. Diário Oficial da<br />
União n. 125, 3 de julho de 1997, Brasília, 1997.<br />
BAKHIT, R.M., KLEIN, B.P., ESSEX-SORLIE,<br />
D., HAM,J.O., ERDMAN, J.W., POTTER, S.M.,<br />
Intake of 25g of soybean protein with or without<br />
soybean fiber alters plasma lipids in men with<br />
elevated cholesterol concentrations, J Nutr,<br />
1994, p. 213-222.<br />
KNIGHT, D.C., EDEN, J.A , Phytoestrogens -<br />
a short review, Maturitas, 1995, p. 167- 175.<br />
KOSIDOWSKI, F. V Cheese and Fermented<br />
Milk oods . 2 ed. Edward Brothers , Inc. Ann<br />
Arbor, Michigan, 1997, 771 p.<br />
KURMAN,J.A. Yogurt made from ewe's and<br />
goat's milk. International Dairy Federation<br />
Bulletin, n. 202, p. 153 166, 1986.<br />
MESSINA,M.J., PERSKY, V., SETCHELL,<br />
K.D.R., BARNES, S., Soy intake and cancer<br />
risk: a review of the in vitro and in vivo<br />
data, Nutr Cancer, 1994, p. 113-131.<br />
PEREIRA, D.B.C., SILVA,P.H.F., OLIVEIRA,<br />
L.L., Físico-Química do Leite e Derivados<br />
- Métodos Analíticos, 2" edição ,J uiz de Fora<br />
- MG , 2001, p. 185-193.<br />
WASHBURN, S. A, BURKE, G. L., MORGAN,<br />
T. M., A dietary supplement as post menopausal<br />
hormone replacement therapy, Centro Nacional<br />
de Investigación Toxicológica , food and Drug<br />
Administration, tercera Conferência Internacional<br />
sobre Fitoestrógenos , 1995.<br />
•<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
SÓLIDOS TOTAIS, VISCOSIDADE E TEOR DE PROTEíNAS DE BEBIAS LÁCTEAS<br />
FERMENTADAS, PRODUZIDAS NO ESTADO DO CEARA<br />
Total solids, viscosity and protein in fermented strawberry milk beverage produced in<br />
Ceara · Brazil<br />
RESUMO<br />
Geria Castello Branco CHINELATEl<br />
Francisco José Siqueira TELLES2<br />
Janaína Maria Martins VIEIRN<br />
Suelane Medeiros MOURN<br />
Luiz Alves BITU4<br />
Trinta amostras de bebidas lácteas fermentadas sabor morango produzidas por cinco<br />
indústrias cearenses e disponíveis no mercado de Fortaleza Ceará, foram analisadas na<br />
Unidade de Laticínios do Departamento de Tecnologia de Alimentos/Centro de Ciências<br />
Agrárias da Universidade Federal do Ceará, quanto a presença de amido, teor de extrato<br />
seco total, viscosidade e teor de proteína. Os valores encontrados, variaram para o Estrato<br />
Seco Total de 13,37% a 21,53%; para a Viscosidade de 335,33 cP a 2154,36 cP; e para o<br />
teor de Proteínas Totais de 0,25% a 3,51 % Pôde-se verificar que o teor de sólidos totais<br />
tem ação direta na viscosidade, sendo esta também influenciada pela presença de amido<br />
observado nas análises qualitativas. Foram encontradas discrepâncias entre os valores<br />
analisados e o valor mínimo definido na Legislação vigente e constantes na Rotulagem<br />
Nutricional para algumas marcas. Os resultados sugerem uma maior fiscalização pelos<br />
órgãos competentes quanto ao valor mínimo exigido de teor de proteínas e o valor<br />
nutricional informado.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
A produção de bebidas lácteas fermentadas<br />
tem apresentado um crescimento significativo<br />
na última década e com tendência a ser mantida<br />
nos próximos anos. Entre os fatores que<br />
contribuíram para este crescimento, destaca-se<br />
o surgimento dos fermentos DVS para uso direto<br />
na fabricação, a tecnologia e processos<br />
relativamente simples, o baixo custo de<br />
investimento em maquinário e equipamentos<br />
para a produção em pequena e média escala e o<br />
surgimento de marcas regionais, além de fatores<br />
relacionados coma política econômica dos<br />
últimos anos. No entánto, algumas exigências<br />
deverão ser cumpridas para atender à legislação<br />
vigente e um mercado consumidor cada vez mais<br />
exigente, no qual a melhoria e garantia da<br />
qualidade deverão ser preocupações constantes<br />
de todos os envolvidos no processo de produção<br />
e comercialização deste produto.<br />
Todavia, tem-se observado um grande<br />
número de fabricantes de bebidas lácteas com<br />
dificuldades em obter produtos de boa qualidade,<br />
devido ao surgimento de anomalias relacionadas<br />
principalmente com a viscosidade, textura e<br />
separação visível de fases (sinérese) no produto<br />
final. Com relação aos ingredientes, não há<br />
Técnica do Laboratório de Laticínios, Aluna do Curso de Graduação de Engenharia de Alimentos/UFC Técnica<br />
em Laticínios pelo Instituto de Laticínios Cândido Tostes MG<br />
2 Professor Adjunto IV do Departamento de Tecnologia de Alimentos - CCA/UFC.<br />
3 Aluna do Curso de Graduação de Engenharia de Alimentos/UFC.<br />
4 Técnico do Laboratório de Carnes - UFC/ CCAI DETAL.<br />
Apoio: Universidade Federal do Ceará - UFC<br />
digitalizado por<br />
Pág. 147<br />
arvoredoleite.org<br />
EPAMiG "', t''LCT
--" "rJl'l" --------------------------------<br />
dúvida de que em diferentes circunstâncias e de<br />
acordo com a legislação específica, algumas<br />
substâncias, como os hidrocolóides, podem ser<br />
adicionadas intencionalmente aos alimentos,<br />
com a finalidade de se obter efeitos específicos.<br />
Este trabalho tem como objetivo o estudo<br />
da qualidade físico-química de bebidas lácteas<br />
fermentadas sabor morango produzidas no estado<br />
do Ceará em relação à viscosidade, teor de sólidos<br />
totais e o teor de proteínas.<br />
2· MATERIAL E MÉTODOS<br />
2.1 . Material<br />
As amostras de bebida láctea fermentada<br />
sabor morango foram adquiridas em estabelecimentos<br />
comerciais aleatórios da cidade de<br />
Fortaleza, com 02 amostras de 05 diferentes<br />
lotes. As amostras foram analisadas quanto aos<br />
parâmetros físico-químicos: pesquisa qualitativa<br />
de amido, teor de extrato seco total (EST), teor<br />
de proteína total e viscosidade; na Unidade de<br />
Laticínios do Departamento de Tecnologia de<br />
Alimentos/ Universidade Federal do Ceará.<br />
2.2 . Método de análise<br />
2.2.1 - Pesquisa Qualitativa de Amido<br />
A determinação qualitativa do amido foi<br />
verificada pela presença ou ausência de coloração<br />
azulada após o aquecimento e adição de solução<br />
de iodo/iodeto de potássio (Jugol). Foi realizado<br />
em duplicatas.<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
2.2.2 . Teor de Extrato Seco Total (EST)<br />
A determinação foi fe ita pelo Método<br />
Gravimétrico, aquecendo a amostra em estufa<br />
105°C até obtenção de peso constante. Foi<br />
realizado em triplicatas [02].<br />
2.2.3 - Te or de Proteína Total<br />
A determinação foi realizada pelo Método<br />
de Kjeldahl para nitrogênio (Macro-Kjeldahl),<br />
sendo realizado em triplicatas. [02, 03]<br />
2.2.4 • Viscosidade<br />
Utilizando-se o viscosímetro ViscoTester 6<br />
L/R modelo LCP, usando haste na 2 e velocidade<br />
10 rpm, a 20°C. Foram feitas em triplicatas.<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÕES<br />
Os valores médios encontrados na composição<br />
físico-química das bebidas lácteas fermentadas sabor<br />
morango encontram-se na Tabela I.<br />
Os valores de Extrato Seco Total (EST)<br />
vari aram de 13,37 a 21,53%, conforme demonstrado<br />
na Tabela 2 e os valores de Viscosidade<br />
encontrados variaram de 335,33 a 2154,36 cP,<br />
conforme Tabela 4. Pode-se verificar uma tendência<br />
direta nas amostras analisadas entre o teor de sólidos<br />
totais e a viscosidade, sendo esta também<br />
influenciada pela presença de amido observado nas<br />
análises qualitativas. Tendência semelhante foi<br />
descrita por WOLFSCHOON-POMBO et aI. [05],<br />
Ta bela 1. Valores médios obtidos na composição físico-química das bebidas lácteas sabor morango.<br />
EST( %) 13,89 19,26 17,85 16,77 18,60 15,77<br />
Proteína(%) 1,52 2,02 1,18 1,15 1,22 1,09<br />
Viscosidade(cP) 589,63 2043,62 887,36 820,47 966,73 595,00<br />
Amido positivo positivo positivo positivo positivo positivo<br />
Tabela 2. Valores obtidos nas análises de Teor de Extrato Seco Total (%). Média das triplicatas.<br />
1° lote 14,40 18,02 17,85 16,12 18,77 15,77<br />
2° lote 13,44 19,51 18,02 16,08 18,86 16,80<br />
3° lote 13,37 18,66 16,89 18,02 15,57 14,87<br />
4° lote 13,50 21,53 17,59 16,08 19,81 17,30<br />
5° lote 14,73 18,60 19,41 17,57 20,00 14,50<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
que verificaram que o aumento de sólidos totais<br />
ocasionou aumento proporcional na viscosidade de<br />
iogurtes. O amido participa do Extrato Seco Total e<br />
estes, tanto EST como amido, influenciam nos<br />
valores da viscosidade das bebidas lácteas. [OI]<br />
As determinações de Proteína Total<br />
variaram de 0,25 a 3,5 I %, conforme demonstrado<br />
na Tabela 3. De acordo com a Instrução Normativa<br />
361200, o teor de proteínas totais de bebidas lácteas<br />
fermentadas deve ser de, no mínimo, 1,2%.<br />
4 - CONCLUSÃ O<br />
Pode-se observar que o teor de EST, em<br />
nenhum dos fabricantes analisados, apresentou<br />
uma padronização nos diferentes lotes, variando<br />
de 13,89 a 2 I ,53%.<br />
Em relação ao teor de proteínas totais,<br />
50% dos fabricantes, não atingiram o valor<br />
mínimo exigido pela Legislação vigente [04].<br />
Tem-se observado uma tendência crescente<br />
para o uso de hidrocolóides cuja função principal<br />
é proporcionar uma maior retenção de água no<br />
sistema, aumentando a viscosidade e melhorando<br />
o corpo e a textura, uma vez que atuam também<br />
como espessantes. O amido foi encontrado em<br />
todas as amostras analisadas.<br />
ABSTRACT<br />
Thirty samples of fermented strawberry<br />
milk beverage produced in Ceara Brazil were<br />
analyzed in terms of starch, Non-Fat-Extract,<br />
viscosity and total Protein. The results found<br />
for NFE vary from 13.37 to 2 1.53%; viscosity :<br />
335.33cP to 2154.36cP, and protein: 0.25 to<br />
3.5 1%. The result found for TS presented a cIear<br />
evidence on the viscosity of the samples,<br />
probably due to starch presence in the samples.<br />
Also the values found are not according to the<br />
Federal Regulamentation for this type of beverage.<br />
5 • REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
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Tabela 3. Valores obtidos nas análises do Teor de Proteínas Totais (%). Média das triplicatas.<br />
Lotes Fabricantes<br />
A B C D<br />
10 lote 1,23 1,43 1,18 1,16 1,59 1,09<br />
2° lote 1,04 I, I ° 1,24 0,92 1,27 1,07<br />
3° lote 0,9 1 1,1 1 1,05 0,78 1,11 1,03<br />
4° lote 1,62 3,5 1 1,23 0,25 1,03 1,18<br />
5° lote 2,80 2,97 1,22 2,66 1,11 1,06<br />
Tabela 4.Valores obtidos nas leituras de Viscosidade (cP). Média das triplicatas.<br />
583,67 2095,30 949,30 912,00 350,00 428,00<br />
2° lote 607, 14 2001,05 1046,00 831,33 1050,70 335,33<br />
3° lote 592,34 1983,17 982,30 748,00 1522,60 818,33<br />
4° lote 559,71 1984,21 1041,60 1076,50 922,00 620,33<br />
5° lote 605,28 2154,36 417,60 534,50 988,33 773,00<br />
• • • • • • • •<br />
digitalizado por<br />
Pág. 149<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
IDENTIFICAÇÃO DE LlSTERIA MONOCYTOGENES PELA REAÇÃO EM CADEIA DA<br />
POLlMERASE<br />
Identification of Listeria monocytogenes by polymerase chain reaction<br />
RESUMO<br />
Carla Lange1<br />
Nadia David Peres2<br />
Edna Froeder Arcuri1<br />
Maria Aparecida V. P. Brito 1<br />
José Renaldi F. Brito 1<br />
Paula de Matos Garcia2<br />
Mônica Maria de Oliveira Pinho Cerqueira3<br />
o presente trabalho teve por objetivo avaliar a especificidade e a eficiência de amplificação<br />
de três pares de oligonucleotídeos na identificação de Listeria 111011 o c)'togell es. A reação<br />
empregou dois pares de oligonucleotídeos que amplificam o gene da listeriolisina O<br />
(oligonucleotídeos LM l/LM2 e LMA/LMB) e um par de oligonucleotídeos que amplifica o<br />
gene que codifica uma proteína associada à invasão da célula hospedeira (invasioll associated<br />
protein. oligonucleotídeos IAP I/IAP2). Foram utilizadas amostras de L. Il/O}lOcytogenes<br />
(n=3 1), L. i1l0CClll/ (2) e L. iva/lovii (l) isoladas do ambiente de laticínio, de queijo e de<br />
produtos cárneos. Amostras-padrão de L. mO/loc)'togenes (4), L. ill!10Clla (I), L. ivallovii<br />
(I), L. seeligeri (I) e L. welshil/leri (I) e outras bactérias (Escherichill co/i, Shigella<br />
sOllllei, Klebsiella plleu11loll iae, Sall1umella Typhimurium, StaplIylococcus aureus.<br />
StaplIylococcus sp. coagulase-negativo. StreptococCllS agalllctiae e Streptococcus uberis)<br />
também foram incluídas. Concluiu-se que os três pares de oligonucleotídeos apresentaram<br />
um boa eficiência de amplificação, pois detectaram todas as amostras de L. 11Iollocytogelles;<br />
os oligonucleotídeos LM I/LM2 foram também específicos, pois só amplificaram amostras<br />
de L. I//ollocy/ogelle.l'. enquanto os oligonucleotídeos LMA/LMB e lAPIIIAP2 amplificaram<br />
também uma amostra de L. i}/}/ocua. Os oligonuclcotídeos avaliados neste estudo serão<br />
empregados em estudos futuros de detecção de L. 11Iollocy/ogelle.l' diretamente no leite.<br />
Palavras-chave: Listeria I/lOllocytogenes; detecção por PCR; especificidade de primers.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
Listeria I/lO!1ocytogelles é uma bactéria<br />
Gram-positiva capaz de causar doenças sérias no<br />
homem e nos animais. A ampla distribuição e a<br />
habilidade de sobreviver e multiplicar-se em<br />
ambientes desfavoráveis tornam o patógeno um<br />
grande problema para a indústria de alimentos e<br />
de saúde pública (Bille et aI., 2003). Os métodos<br />
clássicos usados para detectar e identificar L.<br />
11l01locytoge1les em alimentos são demorados e<br />
trabalhosos. Utilizam diferentes meios de cultura<br />
em diferentes etapas, que incluem enriquecimento<br />
seletivo, isolamento em meio sólido<br />
seletivo e identificação bioquímica. A reação em<br />
cadeia da polimcrase (PCR) tem sido empregada<br />
com sucesso como um método alternativo para<br />
a detecção de L. }J/ollocytogenes em alimentos<br />
(Border et aI., 1990; Furrer et aI., 1991;<br />
Niederhauser et aI., 1993), apresentando como<br />
Pesquisador, Embrapa Gado de Leite.<br />
2 Mestranda, Departamento de Tecnologia e Inspeção de Produtos de Origem Animal, Escola de Veterinária da UFMG.<br />
3 Professora, Departamento de Tecnologia e Inspeção de Produtos de Origem Animal, Escola de Veterinária da UFMG.<br />
Órgão financiador: Embrapa/Prodetab 047-02/99<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
vantagem a diminuição do tempo de<br />
identificação da bactéria. O objetivo deste<br />
trabalho foi avaliar a especificidade e a<br />
eficiência de amplificação de três pares de<br />
oligonucleotídeos descritos na literatura para a<br />
identificação de L. mO/locytogenes pela reação<br />
de PCR.<br />
2 - MATERIAL E M É TODOS<br />
Para a realização deste estudo, inicialmente<br />
foi feita a caracterização bioquímica das amostras<br />
de Listeria spp. Em seguida as amostras foram<br />
submetidas à técnica de PCR para amplificação<br />
de fragmentos específicos de DNA e determinação<br />
da especificidade dos oligonucleotídeos.<br />
2.1 Estirpes bacterianas<br />
As amostras de Listeria spp. usadas neste<br />
estudo estão listadas na Tabela 2, juntamente com<br />
suas características bioquímicas e amplificação por<br />
PCR. Para avaliar a especificidade dos oligonucleotídeos<br />
foram empregadas as seguintes<br />
bactérias: Escherichia coli (ATCC 11229 e<br />
117 75), Shigella sOflJlei (CIP 6310), Klebsiella<br />
p1le1l11loniae (ATCC 13883), Sall1lonella<br />
Ty phimurium (lAL 1472), StaphylococcllS<br />
aurellS, Stap/zylococclls sp. coagulase-negativo,<br />
Streptococcus agalactiae e StreptococCllS uberis,<br />
as quatro últimas originárias de leite. As amostras<br />
provenientes do Estado de Minas Gerais foram<br />
gentilmente cedidas pela Prof. Cristina Vanetti<br />
(Laboratório de Microbiologia de Alimentos da<br />
Universidade Federal de Viçosa) e as provenientes<br />
do Estado do Rio Grande do Sul foram cedidas<br />
pelo Prof. Wladimir Padilha da Silva (Laboratório<br />
de Tecnologia de Alimentos da Universidade<br />
Federal de Pelotas).<br />
1.2 Testes bioquímicos de identificação de<br />
Listeria spp.<br />
As amostras de Listeria spp. foram<br />
submetidas aos seguintes testes, realizados de<br />
acordo com Hendrickson (1985) e Barrow e<br />
Feltham (1995): coloração de Gram, produção<br />
de catalase, oxidase e de hemólise beta em ágar<br />
contendo 5% de sangue desfibrinado de carneiro,<br />
hidrólise da esculina, teste do Vermelho de Metila<br />
e de Voges Proskauer (VM/VP), motilidade no<br />
meio de SIM, teste de CAMP com S. allrellS e<br />
RhodocoCCllS equi, produção de ácido a partir<br />
de glicose, manitol, ramnose, xilose e ribose,<br />
hidrólise do hipurato de sódio e redução do<br />
nitrato. A identificação foi realizada de acordo<br />
com Bille et aI. (2003) e Quinn et aI. (1999).<br />
digitalizado por<br />
2.3 Amplificação por PCR<br />
2.3. 1 Extração de DNA<br />
Uma colônia isolada de cada bactéria foi<br />
inoculada em 3 ml de caldo BHI. A extração de<br />
DNA foi realizada utilizando-se duas diferentes<br />
técnicas: extração por fenol e clorofórmio (Jersek<br />
et aI., 1996), e por meio de lise térmica (Nunes et<br />
aI., 1999). O DNA foi quantificado em<br />
espectrofotômetro (GeneQuantpro, Amersham<br />
Biosciences) e as quantidades aj ustadas para a<br />
reação de PCR.<br />
2.3.2 Reação de peR<br />
A reação de PCR foi realizada em termociclador<br />
(GeneAmp PCR System 9600,<br />
Applied Biosystems). Adicionou-se I ml de DNA<br />
bacteriano (100 ng/ml) a uma mistura contendo<br />
I ml de cada oligonucleotídeo (10 mM), 5 ml de<br />
tampão de PCR 10 X, 1,5 ml de MgCl, (50mM),<br />
I ml da mistura de nucleotídeos (10 mM), I U de<br />
Taq polimerase e água bidestilada para completar<br />
um volume de 50 ml. As condições de amplificação<br />
foram: 5 mino a 94 DC, 35 ciclos de 30<br />
sego a 94 DC, 45 sego à temperatura de anelamento<br />
dos oligonucleotídeos (50 DC para LM li<br />
LM2 e 55 DC para LMA/LMB e IAPIIlAP2) e<br />
45 sego a 72 °C, e uma extensão final de 5 mino<br />
a 72 °C, como descrito por Aznar e Alarcón<br />
(2003). Os fragmentos de DNA amplificados<br />
foram visualizados em gel de agarose (1,5%, pl<br />
v) corado com solução de brometo de etídio<br />
(0,005%, p/v) e fo tografados em fotodocumentador<br />
(Eagle Eye lI, Stratagene). Os<br />
oligonucleotídeos utilizados neste trabalho estão<br />
descritos na Tabela I.<br />
1 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
As amostras de Listeria spp. apresentaramse<br />
como cocobacilos Gram-positivos, móveis e<br />
com crescimento característico (formato de<br />
guarda-chuva) no meio de S IM, resultado<br />
positivo nos testes de produção de catalase e<br />
hidrólise da esculina e negativo para a produção<br />
de oxidase, formaram ácido a partir da D-glicose,<br />
mas não a partir do manitol, nem reduziram o<br />
nitrato. As demais características podem ser<br />
visualizadas na Tabela 2.<br />
Todas as amostras de L. 11l0llocytogenes<br />
apresentaram produtos de amplificação com os<br />
três oligonucleotídeos testados: 702 pb (LM li<br />
LM2), 234 pb (LMA/LMB) e 131 pb (lAPI/<br />
IAP2). Uma amostra de L. i1lflOCUa apresentou<br />
produtos de amplificação com os oligo-<br />
Pág. 151<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Tabela 1. Oligonucleotídeos usados na reação de PCR para a identificação de L. llloJ/.ocytogeJ/.es.<br />
Oligonucleotídeos<br />
Gene-alvo<br />
LMA: CGGAGGTTCCGCAAAAGATG hlyA<br />
LMB: CCTCCAGAGTGATCGATGTT<br />
IAP I: ACAAGCTGCACCTGTTGCAG iap<br />
IAP2: TGACAGCGTGTGTAGTAGCA<br />
LM I: CCTAAGACGCCAATCGAA Iz ly A<br />
LM2: AAGCGCTTGCAACTGCTC<br />
Produto<br />
codificado<br />
Listeriolisina O<br />
lnvasiol! lIssociated<br />
proteill<br />
Listeriolisina O<br />
Produto<br />
amplificado<br />
234 pb<br />
131 pb<br />
702 pb<br />
Referência<br />
Furrer et aI.<br />
(199 1 )<br />
Niederhauser et aI.<br />
( 1993)<br />
Border et aI.<br />
( 1 990)<br />
Tabela 2. Caracterização bioquímica e amplificação por PCR de amostras de Listera s p. isoladas<br />
do ambiente, de queijo e de produtos cárneos, e de amostras-padrão de Llstena spp.<br />
N" pfllceúência HEM S. R. HIP RAM XYL RIB VM VP PCR - PCR · PCR - Iúenlificação<br />
anloSlras<br />
tI//re//s eq//i LMA IAP LM I<br />
13 amoicnlc/MG + + + + + + + + + + L. II/ollocylogelles<br />
amoicnlc/MG + + +/- + + + + + + + L. II/ollocylogenes<br />
amoicnlc/MG + + + + + + + + + L. l1Jonocylogt!I1t!.\'<br />
frango/MG + + + + + + + + + + L. II/onocylogenes<br />
11 qUCijll/RS + + + + + + + + + + L. lI/onocylOgenes<br />
qucijo/RS + + + + + + + + + L. l/lonocylOgene.\'<br />
qucijo/RS + + +/- + + + + + + + L. I/lollocylogene,\'<br />
qucijo/RS + + + + L. illIlOC//lI<br />
lingüiça/RS + + + + + + L. illl/oc//tI<br />
lingüiç.tlRS + + + + + + L. iVlIllol'ii<br />
ATICC 19111 + + + + + + + L. 1l10l1ocylogt'I1t!S<br />
ATICC 1')117 + + + + + L. lIltJllocytogt'IJt.',\"<br />
ATICC 7t\44 + + + + + + + L. 1II01J{}(',\'(ogt'Il t.'.\'<br />
SCOTI A + + + + + + + L. !1Iol1(Jcylogellt'.\'<br />
IAL 1984 + L. ;1l110C1I1I<br />
IAL 1983 + + + + +/-<br />
L. iW/fUH'ii<br />
IAL 1985 + + + + L. sl'digai<br />
IAL 1986 + + + + L. \1'''',l'hill/ai<br />
Abreviaturas: HEM - hemólise; S. allrells - CAMP com S. llllrellS; R, elJlIi - CAMP com R, elJlIi; HIP - hidrólise do<br />
hipurato; RAM - ramnose; XYL - xilose; RIB ribose; VM vermelho de metila; VP - Voges-Proskauer.<br />
nucleotídeos LMA/LMB e IAPIIIAP2 (Tabela<br />
2), As demais espécies de Listeria e os outros<br />
gêneros bacterianos não apresentaram produto<br />
de amplificação eom os oligonucleotídeos<br />
testados. Desta forma, concluiu-se que os três<br />
pares de oligonucleotídeos apresentaram uma<br />
boa eficiência de amplificação, pois detectaram<br />
todas as amostras de L. mOll ocytogenes. Os<br />
oligonucleotídeos LM l/LM2 foram também<br />
específicos, pois só amplificaram amostras de<br />
L. lIloJ/.ocytogenes.<br />
Como apresentam temperaturas de anelamento<br />
idênticas, os oligonucleotídeos LMA/LMB<br />
e lAP IIIAP2 foram usados com sucesso na mesma<br />
reação (lIlultiplex PCR), o mesmo não ocorrendo<br />
com os oligonucleotídeos LM l/LM2, que<br />
apresentam temperatura de anelamento inferior,<br />
como já descrito por Aznar e Alarcón (2002).<br />
Desta forma, são necessárias duas reações<br />
diferentes para obter os resultados com os três<br />
Pág. 152<br />
oligonucleotídeos. Apesar de serem específicos<br />
para L. 1II0/lOcytogelles, a reação com os<br />
oligonucleotídeos LM l/LM2 pode dar origem a<br />
bandas inespecíficas, que entretanto apresentam<br />
peso molecular diferente de 702 pb, fato também<br />
reportado por Aznar e Alarcón (2002).<br />
Foram testados dois diferentes protocolos<br />
de extração de DNA de Listeria spp., a extração<br />
por fenol e clorofórmio e a extração por lise<br />
térmica. A extração por fenol e clorofórmio<br />
resultou em DNA superior em quantidade e<br />
qualidade, revelado pela leitura em cspectrofotômetro,<br />
quando comparado com o DNA<br />
extraído por lise térmica. Entretanto, não houve<br />
diferença na qualidade do produto de amplificação,<br />
pois em ambos os casos houve a amplificação das<br />
bandas específicas. O protocolo de extração por<br />
lise térmica é mais rápido e utiliza lima quantidade<br />
mínima de material, sendo a técnica de escolha<br />
particularmente quando não existe a necessidade<br />
de guardar o DNA bacteriano para futuros<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
experimentos. Neste último caso, deve-se optar<br />
pelo protocolo tradicional de extração por fenol e<br />
clorofórmio.<br />
2 - CONCLUSÃ O<br />
A identificação de L. /1l0!locytogelles foi<br />
realizada em poucas horas por meio da reação de<br />
PCR, a partir de cultura pura, substituindo a<br />
caracterização bioquímica, que é mais demorada<br />
e trabalhosa. No presente estudo, os oligonucleotídeos<br />
LM l/LM2 foram específicos para<br />
L. 1ll0/locytogenes; os oligonucleotídeos LMA/<br />
LMB e IAP IIIAP2 não foram específicos, pois<br />
também amplificaram a espécie L. in/locua. Os<br />
oligonucleotídeos avaliados neste estudo serão<br />
empregados em estudos futuros de detecção de<br />
L. l1lollocytogenes no leite.<br />
SUMMARY<br />
The aim of this study was to investigate the<br />
efficience of amplification and specificity of three<br />
pairs of primers, specific for PCR detection of<br />
Listeria 11l0llocytogenes, targeted to two different<br />
genes, hlyA - listeriolysin O (primers LM I/LM2 e<br />
LMA/LMB) and iap - invasion-associated protein<br />
(primers IAP IIIAP2). A total of 34 strains of<br />
Listeria spp. isolated from cheese, meat products<br />
and from a dairy industry environment were<br />
analysed, including 31 L. 1Il0llocytogelles, 2 L.<br />
il/occlIa and 1 L. ival/ovii. Reference strains of L.<br />
mOfl ocytogenes (4), L. innoclIa (I), L. ivanovii<br />
(1), L. .I'eeligeri (I), L. lVelshillleri (I) and other<br />
bacteria (Escherichia coli, Shigella sOl/flei,<br />
Klebsie//a pneulIlolliae, Sall1lollella Typhimurium,<br />
Staphylococcl/.I' aureus, coagulase-negative<br />
Staphylococcu.l' sp., Streptococcus agalactiae and<br />
StreptocoCCll.l' Ilberis) were ais o included. A<br />
amplified fragment of 702 pb corresponding to<br />
primers LM I/LM2 was obtained in ali L.<br />
1/l01locytogelles strains. Fragments of 234 pb and<br />
131 pb, corresponding to primers LMA/LMB and<br />
IAP IIIAP2, respectively, were obtained in ali L.<br />
1ll01locytogenes strains but ais o in one strain<br />
belonging to the species L. inoccua. None of the<br />
other species and genera showed specific<br />
amplification fragments. The results showed that<br />
only the LM l/LM2 primer combination was<br />
specific for L. !llOllocytogenes. The primers<br />
evaluated in this study will be used for the detection<br />
of L. l1lollocytogefles in milk and milk products.<br />
Key-words: Listeria /1l011ocytogelles; PCR<br />
detection; primer specificity.<br />
• • • •<br />
digitalizado por<br />
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multiplex PCR. Diagn. Microbiol. Infect. Dis.,<br />
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QUINN, P. J.; CARTER, M. E.; MARKEY, B.<br />
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Microbiology. London: Mosby, 1999. 648 p.<br />
• • • •<br />
arvoredoleite.org<br />
Pág. 153
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
MÉTODO DE REAÇÃO EM CADEIA DA POLlMERASE PARA ESCHERICHIA COLl 0157:H7<br />
PCR method for Escherichia coli 0157:H7<br />
RESUMO<br />
Paula de Matos Garcia1*<br />
Edna Froeder Arcuri2<br />
Maria Aparecida V. P. Brito2<br />
Carla Christine Lange2<br />
José Renaldi Feitosa Brito2<br />
Nadia David Peres1**<br />
Mônica M. O. Pinho Cerqueira3<br />
o objetivo deste trabalho foi estabelecer um protocolo de uma reação de Illultiplex PCR,<br />
utilizando oligonucleotídeos iniciadores descritos na literatura para detecção de E. coli<br />
0157:H7. Foram padronizados l1lultiplex PCR (I) para os genes J:lbE e fliC, envolvidos na<br />
biossíntese dos antígenos somático O 157 e flagelar H7, respectivamente, e (2) para os<br />
genes slt , e slt ] , que codificam toxinas semelhantes àquelas produzidas por Shigella<br />
dysenterille e que estão presentes no grupo de E. coli denominado STEC (Shigll-loxin E.<br />
coli). Após a padronização da técnica, a especificidade foi avaliada testando-se 18 estirpes<br />
de E. coli isoladas de leite de vacas com mastite, E. coli ATCC 11775, E. coli ATCC 25922,<br />
E. coli 0157 K88ac H I i A2, e outras cinco estirpes de E. coli enteropatogênicas, além de<br />
amostras pertencentes a outros gêneros bacterianos. Dentre as amostras analisadas, apenas<br />
E. coli 0157:H7 apresentaram os fragmentos de DNA específicos para ambos os genes,<br />
J:lhE e fliC, indicando total especificidade da técnica para detecção de E. coli 0157 :H7. A<br />
presença conjunta dos genes Sll , e sll ] foi verificada em uma estirpe de E. coli 0157:H7,<br />
enquanto as outras quatro E. coli 0157: H7 apresentaram produtos de amplificação apenas<br />
para o gene s11 2 '<br />
1. INTRODUÇÃ O<br />
E. co li 0157:H7 é um sorotipo de<br />
Escherichia coli pertencente ao grupo EHEC<br />
(Escherichill coli entero-hemorrágicas). Este<br />
grupo inclui estirpes que produzem fatores<br />
citotóxicos descritos como verotoxinas (VTs)<br />
ou Shiga-like toxinas (SLTs) (Doyle et aI., 1997)<br />
e são mais comumente associados com episódios<br />
de doenças em humanos.<br />
Desde sua identificação em 1982, E. coli<br />
0157:H7 tem sido isolada em numerosos surtos<br />
envolvendo colite hemorrágica e síndrome hemolítica<br />
urêmica (Kuntz e Kuntz, 1999). É uma<br />
importante causa de doença de origem alimentar<br />
sendo associada especialmente a alimentos de<br />
origem animal, como carnes, leites e produtos<br />
derivados (Mechie et aI., 1997).<br />
Um estudo fe ito por Massa et aI. (1997)<br />
mostrou que a E. coli O l57:H7 pode sobreviver<br />
durante a fermentação e estocagem de iogurtes,<br />
demonstrando que ela é significativamente mais<br />
tolerante à acidez que outras E. co/i.<br />
A técnica da Reação em Cadeia da<br />
Polimerase (PCR) é um grande avanço no<br />
diagnóstico molecular de micn;rganismos, apre-<br />
Alunas de mestrado do Departamento de Tecnologia e Inspeção de Produtos de Origem Animal, Escola de<br />
VeterináriaJUFMG<br />
2 Pesquisador, Embrapa Gado de Leite<br />
3 Professora, Departamento de Tecnologia e Inspeção de Produtos de Origem Animal. Escola de Veterinária/<br />
UFMG<br />
Órgão Financiador: Embrapa/Prodetab 047-02/99<br />
* Bolsista CNPq<br />
** Bolsista Capes<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
sentando como vantagem maior rapidez na sua<br />
identificação (Hu et aI., 1999). A multiplex PCR<br />
detecta simultaneamente duas ou mais<br />
seqüências específicas de DNA e tem sido<br />
utilizada com sucesso na detecção de E. coli<br />
0157:H7 em fezes de animais (Hu et aI., 1999,<br />
Botteldroorn et aI., 2003) e em alimentos<br />
(Bottero et aI., 2004).<br />
O objetivo deste trabalho foi estabelecer<br />
um protocolo de uma reação de multiplex PCR,<br />
utilizando oligonucleotídeos iniciadores<br />
(primers) descritos na literatura para detecção<br />
de E. coli 0157:H7.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
2.1 Estirpes bacterianas<br />
Foram ' usadas cinco estirpes de E. coli<br />
0157:H7, uma adquirida do Instituto Adolfo Lutz<br />
(lAL 1848) e as outras quatro gentilmente<br />
cedidas pela Dra. Dália dos Prazeres Rodrigues,<br />
da Fundação Osvaldo Cruz - Rio de Janeiro. Para<br />
avaliar a especificidade dos primers, foram<br />
utilizadas estirpes de E. coli e de outros<br />
microrganismos, descritas na Tabela I. As<br />
amostras de E. coli isoladas de leite de vacas<br />
com mastite, identificadas pelo Sistema API 20<br />
E BioMerieux S.A (Garcia et aI., 2005),<br />
pertencem à coleção de culturas da Embrapa<br />
Gado de Leite.<br />
2.2 Testes sorológicos<br />
Foram usados testes sorológicos com antisoro<br />
H7 (BD Difco E. coli H antiserum H7-<br />
Becton, Dickinson and Company, USA) e 0157<br />
(Probac do Brasil E. coli 0157, São Paulo-SP)<br />
para identificação de sorotipos de E. coli<br />
suspeitos para os genes J:lbE e .IhC, seguindo as<br />
recomendações dos fabricantes.<br />
2.3 Extração de DNA<br />
Na extração de DNA foram utilizados três<br />
métodos diferentes. Para a cultura em caldo BHI<br />
o DNA foi extraído pelo método fenol<br />
clorofórmio segundo Jersek et aI. (1996) e pelo<br />
método de lise térmica segundo Nunes et aI.<br />
(1999). O DNA foi quantificado em espectrofotômetro<br />
(GeneQuantpro, Amers ham<br />
Biosciences) e a concentração foi aj ustada para<br />
a 20 ng/ ml. Para a cultura em ágar BHI foi<br />
utilizado o método de lise térmica de uma colônia<br />
suspensa em 100 ml de água bidestilada,<br />
utilizando-se 5 ml deste lisado por reação como<br />
descrito por Hu et aI. (1999).<br />
digitalizado por<br />
2.4 PCR<br />
Os primers usados na reação de PCR foram .<br />
propostos por Hu et aI. (1999) e estão<br />
apresentados a seguir: RfbF 5'<br />
GTGTCCATTTATACGGACATCCATG-3' e RfbR<br />
5'-CCTATAACGTCATGC CAATATTGCC-3'<br />
para o gene J:lhE (292 pb); FLICh 7 .F 5'<br />
GCGCTGTCGAGTCTATCGAGC-3' e FLICh 7 .R 5'<br />
CAACGGTGACTTATCGCCATTCC-3' para o<br />
gene fliC (625 pb); SLT- IF 5'-TGT<br />
AACTGGAAAGGTGGAGTATAC-3' e SLT- IR 5'<br />
GCTATTCTGAGTCAACGAAAAATAAC-3' para<br />
o gene slt J (210 pb); SLT- I1F 5'<br />
GTTTTTCTTCGGTATCCTATTCCG-3' e SLT<br />
IIR 5'-GATGCATCTCTGGTCATTGTATTA C-3'<br />
para o gene slt, (484 pb). Os genes J:lbE e .lliC estão<br />
envolvidos na - biossíntese dos antígenos somático<br />
0157 e flagelar H7, respectivamente, e os genes<br />
slt , e sll ] codificam toxinas semelhantes àquelas<br />
produzidas por Shigellll dysell terille e estão<br />
presentes no grupo de E. coli denominado STEC<br />
(Slzigll-toxin E. coli).<br />
A PCR foi realizada de duas maneiras: (i)<br />
em uma única reação, nas condições descritas<br />
por Hu et aI. (1999), avaliando os quatro pares<br />
de primers RfbF/RfbR, FLICh 7 F/FLICh 7 R, SLT-IF/<br />
SLTIR e SLT-IIF/SLT-IIR numa mesma<br />
lIJ ulliplex PCR utilizando estirpes de E. (' oli<br />
0157:H7, e (i i) em duas reações, "A" (com RfbF/<br />
RfbR e FL ICh 7 F/FL ICh 7 R) e "B" (com SLT-IF/<br />
SLTIR e SLT-IIF/SLT-I1R). A reação "A" com 5<br />
ml de tampão de PCR (I OX), I ml da mistura de<br />
dNTPs (lO mM); I U de taq DNA polimerase;<br />
2,5 mmol/I de MgCI,; 30 pmol de cada<br />
oligonucleotídeo FL ICh 7. - 50 pmol de cada Rfb,<br />
2,5 ml de DNA bacteri ano (20 ng/ml) e água<br />
bidestilada para completar o volume total de 50<br />
ml. A reação "B" foi idêntica a reação "A", mas<br />
com 50 pll10l de cada oligonucleotídeo. As<br />
misturas foram aquecidas por cinco minutos a<br />
94 °e seguido por 35 ciclos de amplificação<br />
(desnaturação a 94°C por 30s, anelamento a 57<br />
°c por um minuto e extensão a 72 °C por um<br />
minuto) e extensão fi nal a 72 °C/lO min em<br />
termociclador (GeneAmp PCR System 960,<br />
Applied Biosystems).<br />
Os fragmentos de DNA amplificados foram<br />
separados por eletroforese em gel de agarose a<br />
1,6%, corados com solução de brometo de etídio<br />
(0,005%, p/v) e fotografados em fotodocumentador<br />
(Eagle Eye 11, Stratagene).<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Na primeira fase do experimento, quando<br />
se tentou reproduzir a reação de PCR contendo<br />
arvoredoleite.org
os quatro pares de primers para os genes IfbE.<br />
fliC. slt l e slt 2 • como proposta por Hu et aI.<br />
(1999), não foi verificada a amplificação dos<br />
quatro produtos esperados, mesmo após diversas<br />
tentativas de otimização da reação variando<br />
temperatura de anelamento, concentracões de<br />
MgCI, e concentracões dos primers. Entretanto,<br />
em misturas separadas (A e B), houve a<br />
amplificação dos fragmentos esperados. Os<br />
resultados apresentados neste trabalho (Tabela<br />
I) mostram que uma multiplex PCR utilizando<br />
os pares de primers para os genes Rfb/FLICh 7 e<br />
SLT-I1SLT- lI nas duas reações estabelecidas ("A"<br />
e "B") são suficientes para o diagnóstico de E.<br />
coli 0157:H7.<br />
Dentre as bactérias analisadas. apenas E.<br />
co!i 0157:H7 apresentaram produtos de amplificação<br />
para os genes IfbE e fU C. indicando<br />
total especificidade da técnica para detecção de<br />
E. coli O 157:H7 (Tabela I), em concordância<br />
com o trabalho de Hu et aI. (1999). Ainda, duas<br />
E. coli isoladas de mastite, uma E. coli<br />
enteropatogênica (Embrapa-GL 5669) e uma E.<br />
coli ATTCC 11775 apresentaram produtos de<br />
amplificação para o gene fliC, envolvido na<br />
biossíntese do antígeno flagelar H7. Uma E. co/i<br />
0157 K88ac H 1 1 A2 apresentou apenas o produto<br />
de amplificação do gene l:tbE. Tanto as estirpes<br />
de E. coli 0157:H7, quanto os microrganismos<br />
que amplificaram apenas um dos genes para E.<br />
coli O 157:H7, foram testados sorologicamente<br />
para os antígenos O 157 e H7, confirmando a<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Tabela 1 - Estirpes bacterianas e resultados da PCR<br />
Microorganismo<br />
E. coli O 157:H7<br />
E. coli 0157 K88ac HII A2 (lAL 04 11)<br />
E. coli H7 O I K I (ATCC 11775)<br />
E. coli (ATCC 25922)<br />
E. coli isoladas de mastite<br />
E. coli enteropatogênica (Embrapa-GL)<br />
Sulll/ollel/a Ty phimuril1m (lAL 1472)<br />
Salll/ollella Typhi (lAL 1251)<br />
Sailllollella Dublin (Embrapa-GL 5672)<br />
Ell terobacter c!oaceae (CDC 3430)<br />
Enterobacter sakazakii (CDC 700617(07)<br />
Pselldol1l0llaS aerllgillosa (ATCC 27853)<br />
Kiebsiella pllellll/oniae (ATCC 13883)<br />
Shigella sOllllei CIP 6310 (lAL 1585)<br />
Listeria /llOllOcytogelles (ATCC 191171 SCOTT-A)<br />
Listeria illllOCIUl (lAL 1 984)<br />
Listeria we!shimeri (IAL 1819)<br />
StaphyiococcllS allrellS (CNPGL 5344)<br />
Pág. 156<br />
eficiência da técnica de PCR para detecção das<br />
E. coli 0157:H7.<br />
A presença dos genes S/t i e s/t ] foi verificada<br />
em uma estirpe de E. coli O 1 57:H7<br />
enquanto outras quatro E. co/i 0157:H7 apresentaram<br />
produtos de amplificação apenas para<br />
o gene slt,. A amplificação dos genes S/t i e s/t ]<br />
fornece informação adicional em relação à<br />
produção de enterotoxinas.<br />
Todos os três métodos de extração de DNA<br />
usados foram adequados, pois não houve<br />
nenhuma diferença na qualidade da PCR em<br />
amplificar as bandas específicas. Os métodos de<br />
extração por lise térmica são mais simples,<br />
rápidos e mais baratos que o método de extração<br />
por fenol e clorofórmio, sendo portanto os mais<br />
convenientes.<br />
4 - CONCLUSÃ O<br />
Neste estudo foram padronizadas duas<br />
I/lllltiplex PCR "A" e "B". A reação "A" contendo<br />
os primers RfbF/RfbR e FLICh 7 F/FLICh 7 R<br />
apresentou total especificidade para detecção de<br />
E. co!i 0157:H7. A reação "B" com os primers<br />
SLT- IFISLTlR e SLT-lIFISLT-IIR detecta os<br />
genes slt l e slt 2 que codificam as toxinas (Shiglllike-toxill<br />
I e 2), fornecendo uma informação<br />
adicional importante das estirpes analisadas.<br />
Estas técnicas serão empregadas posteriormente<br />
para detecção de E. coli O 157:H7 e outras STEC<br />
diretamente do leite.<br />
Testados PCR Número<br />
SLTlI<br />
5 5 5 I<br />
O O O<br />
I O O O<br />
I O O O O<br />
18 2 O O O<br />
5 O O O<br />
I O O O O<br />
I O O O O<br />
I O O O O<br />
O O O O<br />
2 O O O O<br />
I O O O O<br />
O O O O<br />
I O O O O<br />
2 O O O O<br />
O O O O<br />
O O O O<br />
O O O O<br />
ABSTRACT<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
The aim of this work was to establish a<br />
protocol of a ml1ltiplex PCR, using a set of<br />
primers described in literature for detection of<br />
E. coii O 157H7. It was standardized multiplex<br />
PCR fo r: (I) the genes RfbE and .f1iC for the<br />
somatic antigens 0157 and f1 agellar H7,<br />
respectively and (2) the genes slt l and slt 2 , that<br />
codify Shiga-like toxin present in the group of<br />
E. coli called STEC (Slziga-toxin E. co/i). After<br />
the standardization of the conditions for the<br />
multiplex PCR assay, the specificity was<br />
evall1ated testing 18 strains of E. coli isolated<br />
from milk of cows with mastitis, E. coli ATCC<br />
11775, E. coli 25922, E. coli 0157 K88ac HII<br />
A2, fi ve enteropathogenic strains of E .coli, and<br />
strains of others bacterial genera. Among the<br />
evaluated strains, only E .coii 0157:H7<br />
presented the PCR products specific for both<br />
genes l:tbE and fliC, indicating total specificity<br />
of the assay for detection of E. co.[i 0157:H7.<br />
The presence of both genes .'1ft I and sit 2 was<br />
verified in one strain of E. coli 0157:H7 while<br />
the other four E. coli O 157:H7 presented only<br />
the PCR prodl1ct specific for the gene sit ] "<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
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arvoredoleite.org<br />
Pág. 157
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
ISOLAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE LACTOBACILLUS SSP PARA USO COMO<br />
PROBIÓTICO*<br />
Selection and characterization of Lactobacillus ssp. strains, for use as probiotic<br />
RESUMO<br />
Pozza, M.S. S.1<br />
Garcia, J.E.2<br />
Migioranza, L.H.S.3<br />
Garcia, 8.3<br />
Merguizo, R.A.4<br />
Catisti, D.G.5<br />
Pozza, P. C. 6<br />
o objetivo o preente trabalho foi o de isolar estirpes de lactobacilos de fezes humanas<br />
com potencIal aplicação como probióticos, Foram coletadas amostras de fezes de nove<br />
cri , anças com at 1 , a , no de idade, utilizando a técnica de swab (Koneman et aI, 1997), Para<br />
o Isolam , en , to fOI utilizado o Agar MRS, com incubação a 37°C. As colônias que mostraram<br />
caractenstlcas típicas de Lactobaci!lus ssp, foram transferidas com alça de platina para<br />
tubos contendo _ caldo MRS (37°C) por 24 horas, Após turvação do meio, procedeu-se ao<br />
teste de coloraçao de Gram, de esporos, e ao teste de catalase, As colônias Gram positivas<br />
el forma de bastonetes, e catalase negativas, foram cultivadas em caldo MRS modificado<br />
e ll1cuba . s a 37°C, por 24 horas, em tubos de cultura contendo um tubo de Durhan invertido,<br />
para ven , fIcar a produção de gás. Verificou-se ainda, a capacidade das culturas em fermentar<br />
os crbOldrtos: dextrose, frutose, galactose, lactose, maltose, manose, ramnose, sacarose,<br />
sorbItol e xIlose, Para determinação da resistência a bile e ao fenol, após três reativações<br />
em caldo MRS os isolados f ' d<br />
, '<br />
. oram repica os na<br />
-<br />
proporçao de I %. em caldo MRS a d" ICIOna d o<br />
de 0,3 d bIle (Oxgall) e 0,3% de fenol, e incubados por 6 h a 3rc. Após este período, as<br />
absorbanclas dos cultivos f d ' , A 7 c<br />
" , oram etermll1adas em espectrofotometro a 620 nm, s "<br />
cooI1las , Isoladas apresentaram-se Gram positivas, sendo a maioria bacilos, Os 30 isolados<br />
pre-selecIOnados foram testados em relação à fe rmentação dos principais carboidratos. De<br />
acordo com os resultados obt' d ' I ' b . ' .<br />
, ' , '<br />
l OS, os ISO ados podenam ser correspondentes a actenas<br />
lactlcas das , especles Lac!o!JacillllS acidojJlzilllS, Lacto!Jacilllls casei. Lactobacilllls planta /'lllll<br />
, servou-se<br />
.<br />
que 23 % das culturas apresentaram uma a sor anCla<br />
e Lacto!JlIclllu.I' terlllentl//Il Ob b b'<br />
, '<br />
maIOr qu , 0,3 , sendo, portanto, consideradas resistentes a bile, As culturas apresentaram<br />
gra , us vanavels de sensibilidade ao fenol, sendo que uma delas se destacou como mais<br />
resls:ene, Concluiu-se que 10% dos isolados poderiam ser selecionados, considerando a<br />
tolerancla ao fenol e sais biliares,<br />
Palavras-chave: flora intestinal, sais biliares, sensibilidade ao fenol.<br />
M,S./Dolltoranda em Ciência de Alimentos-UEL'<br />
2 Dr., Depto, de Bioquímica-UEL;<br />
3 Dr.; Depto de Tecnologia de Alimentos-UEL'<br />
4 Graduando em Química-UEL;<br />
5 Graduando em Farmácia e Bioquímica-UEL'<br />
6 D.S, Centro de Ciências Agrárias - UNI OESTE.<br />
2 Bolsa Pro Doe-CAPES;<br />
5 Bolsa Inicação Científica-CNPq;<br />
FUNDAÇAO ARAUCÁ RIA. Governo do Estado do Paraná.<br />
Pág. 158<br />
,<br />
,<br />
INTRODUÇÃ O<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
A administração oral é a forma mais<br />
conveniente de apresentação dos probióticos, e<br />
os microrganismos viáveis são comumente<br />
adicionados aos alimentos, especialmente<br />
produtos lácteos (Hamilton-Miller et aI, 1999).<br />
Para probióticos utilizados na forma oral, a<br />
sobrevivência durante o trânsito gastrointestinal,<br />
e, portanto, a capacidade de sobreviver à passagem<br />
através da acidez do estômago e bile, é importante<br />
para que o microrganismo possa exercer seu efeito<br />
benéfico no hospedeiro (Collins et aI 1998). Vários<br />
estudos "in \litro " estimam a sobrevivência de<br />
bactérias ingeridas em relação ao trânsito através<br />
do trato gastrointestinal. Diante disto, o objetivo<br />
do presente trabalho foi o de isolar estirpes de<br />
lactobacilos de fezes humanas com potencial<br />
aplicação como probióticos.<br />
MATERIAL E MÉTODOS<br />
Foram coletadas amostras de fezes de seis<br />
crianças com até 1 ano de idade, utilizando a<br />
técnica de swab (Koneman et aI, 1997). O swab<br />
utilizado foi colocado em 10 ml de caldo Rogosa<br />
(LBS) e incubado a 37°C124 horas. Para o<br />
isolamento, foi utilizado o Agar MRS (De Man,<br />
Rogosa e Sharpe), pH 5,4 adicionado de acetato<br />
(1,5%) e púrpura de bromocresol (0,045%) com<br />
incubação a 37°C. As colônias que mostraram<br />
características típicas de Lactobacillus ssp, foram<br />
transferidas com alça de platina para tubos<br />
contendo caldo MRS. Os isolados foram submetidos<br />
ao teste de coloração de Gram, de esporos, e ao<br />
teste de catalase. As colônias Gram positivas, em<br />
forma de bastonetes, e catalase negativas, foram<br />
cultivadas em caldo MRS modificado e incubadas a<br />
37°C124 horas, em tubos de cultura contendo um<br />
tubo de Durhan invertido, para se verificar a<br />
produção de gás. Verificou-se ainda a capacidade<br />
das culturas em fermentar os seguintes carboidratos:<br />
dextrose, frutose, galactose, lactose, maltose,<br />
manose, ramnose, sacarose, sorbitol e xilose. Para<br />
determinação da resistência a bile, os isolados<br />
foram repicados na proporção de I % em caldo<br />
MRS adicionado de 0,3% de bile (Oxgall) e<br />
incubados por 6 h a 37°C. Determinou-se a<br />
absorbância do cultivo em espectro fotômetro a<br />
620 nm (Lin et ai, 1991). A tolerância ao fenol foi<br />
verificada inoculando-se a cultura ativa, na<br />
proporção de I % no meio MRS contendo a<br />
substância inibitória, na concentração de 0,3%. Os<br />
tubos foram incubados a 37°C por 6 horas, sendo a<br />
absorbância determinada a 620 nm (Paulo, 1991).<br />
RESULTADOS E DISCUSSÃ O<br />
As 75 colônias isoladas apresentaram-se<br />
Gram positivas, sendo a maioria bacilos e raramente<br />
cocos. 30 isolados foram pré-selecionados,<br />
compreendendo bacilos isolados ou em fi leiras,<br />
catalase negativos, e não produtores de gás nem<br />
esporos. No teste de fermentação de carboidratos<br />
(Tabela I), observaram-se variações nas propriedades<br />
fermentativas dos isolados. De acordo<br />
Tabela 1 - Fermentação de carboidratos para caracteri zação dos isolados de lactobacilos.<br />
X D F<br />
4. 1 + + + + + + +<br />
2.2 + + + + + + ( ) + 4.6 + + + + + + +<br />
2.3 + + + + + + ( ) + 4.3 + + + + + + # #<br />
2.5 + + + + + + ( ) + 5.2 + + + + + + + +<br />
2. 11 + + + + + + ( ) + 5.3 + + + + + + + +<br />
2. 15 + + + + + + ( ) + 5.6 + + + + + + # + + #<br />
2. 16 + + + + + + ( ) + 5.5 + + + + + + # + + #<br />
2. 17 + + + + + + ( ) + 5.7 + + + + + ( ) # + +<br />
2. 19 + + + + + + ( ) + 5.8 + + + + ( ) + + +<br />
2.21 + + + + + + ( ) + 5.9 + + + # + + # + +<br />
2.22 + + + + + + ( ) + # 6.7 + + + ( ) + + ( ) + +<br />
3.2 + + + + + + 6.8 + + ( ) ( ) + + ( ) + +<br />
3.3 + + + + + + 6.5 + + + + + + ( ) + +<br />
3.7 + + + + + + 6.9 + + + + + + + + + ( )<br />
3. 14 + + + + + + 610 + +<br />
+= reação positiva, - = reação negativa () = reação lenta, #= fraca, lenta ou negativa. D (dextrose), F (frutose), G (galactose),<br />
L (Iactose), M* (mal tose), M (manose), R(ramnose), S* (saearose), S (sorbitol), X (xilose).<br />
digitalizado por<br />
Pág. 159<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />
Tabela 2 - Valores médios de Absorbância de culturas lácticas em meio MRS contendo bile e fenol.<br />
MRS + MRS +<br />
controle 0,3% 0,3% de<br />
1,05 1 0, 194 0, 146<br />
2.2 1,049 0,237 0,219<br />
2.3 1,305 0, 157 0, 112<br />
2.5 1,312 0, 183 0, 145<br />
2. 11 1,07 1 0,706 1,006<br />
2. 15 0,934 0, 199 0, 164<br />
2. 16 0,764 0,2 17 0,224<br />
2.17 1,213 0,088 0,3 17<br />
2. 19 1,367 0, 192 0,273<br />
2.21 1,380 0,227 0,42 6<br />
2.22 0,735 0,218 0,207<br />
3.2 1,483 0,354 0,286<br />
3.3 1,198 0,082 0,342<br />
3.7 1,161 0,204 0,277<br />
3. 14 1,258 0, 188 0,248<br />
com a Tabela de Identificação API, os isolados<br />
poderiam ser correspondentes a bactérias lácticas<br />
das especles Lac/obacilllls acidophilll.l'.<br />
Lac/obacillll.l' casei, Lac/obacillll.l' plwztarlllJl e<br />
Lac/obacillll.l' fe rmelllllllI.<br />
Os isolados foram testados para verificar<br />
sua resistência a bile e fe nol. Os resultados são<br />
apresentados na Tabela 2.<br />
Observou- se que 23 % das culturas<br />
apresentaram uma absorbância maior que 0,3,<br />
sendo portanto resistentes a bile. Gardiner et ai<br />
(2002) avaliaram a tolerância de lactobacilos<br />
em diferentes concentrações de oxgall, e<br />
verificaram que a viabilidade foi reduzida nas<br />
concentrações de 0,5 e 0,3%. Avaliando a<br />
sobrevivência de 200 cepas de lactobacilos e<br />
bifidobacterias em MRS, contendo O, 0,5 e 1,0<br />
% de OxgalJ, Prasad et aI (1998) selecionaram<br />
isolados com a taxa de sobrevivência acima de<br />
80%, na concentração de I % de bile,<br />
encontrando apenas 4 bactérias. Neumann e<br />
Ferreira (19 95), avaliando duas estirpes de<br />
lactobacilos, verificaram que nenhuma atingiu<br />
tal valor após 6 horas a 37°C, o que aconteceu<br />
somente após 8 horas. Com relação ao fenol, as<br />
culturas apresentaram graus variáveis de<br />
sensibilidade, sendo considerada a mais resistente<br />
a estirpe 2. 11. Paulo (1991) verificou tolerância<br />
a 0,3% de fe nol e completa inibição a 0,5% deste<br />
inibidor em lactobacilos. Xantopoulos et aI<br />
(2000) constataram que, a maioria das estirpes<br />
de lactobacilos isoladas cresceu, embora em<br />
baixos níveis, na presença de 0,4% de fenol.<br />
Isolado MRS MRS + MRS +<br />
controle 0,3% 0,3% de<br />
4. 1 0,055 0,043 0,015<br />
4.6 0, 142 0,079 0,008<br />
4.3 0,088 0, 129 0,018<br />
5.2 1,625 0,529 0,540<br />
5.3 1,278 0,660 0,212<br />
5.6 1,292 0,272 0,342<br />
5.5 1,058 0,708 0,266<br />
5.7 1,027 0,648 0,326<br />
5.8 0,880 0,607 0,219<br />
5.9 1,138 0,213 0,238<br />
6.7 0,932 0, 1 11 0,355<br />
6.8 1,06 1 0, 157 0,434<br />
6.5 1,087 0, 174 0, 137<br />
6.9 0,875 0,088 0,309<br />
6.10 0,922 0,050 0,26 1<br />
Portanto, as cepas 2.11, 3.2, 5.2, 5.3, 5.5, 5.7 e<br />
5.8 poderiam ser selecionadas considerando a<br />
tolerância ao fenol e sais biliares.<br />
CONCLUSÃ O<br />
Considerando a tolerância ao fenol e sais<br />
biliares, 10% dos isolados poderiam ser selecionados.<br />
ABSTRACT<br />
The objective of this stlldy was to isolate<br />
lac/o!Jacilllls strains from human feces, fo r<br />
potential application as probiotics. Feces samples<br />
oI' nine children, older then I year, had been<br />
collected, using the technique of swab (Koneman<br />
et aI, 1997). For the isolation, Agar MRS was<br />
llsed, incubated at 37°C. The colonies that had<br />
shown typical characteristics of Lactobacillus ssp,<br />
had been transferred to broth MRS tubes, and<br />
incubated at 37°C, for 24 hOllrs. After growth<br />
indication, the isolated ones had been submitted<br />
to the test of Gram. spores, and to the catalase<br />
test. Positive Gram colonies, rod shape, and<br />
negative catalase, had been cultivated in modified<br />
broth MRS and incubated at 37°C, for 24 hours,<br />
in culture tubes having inverted Durhan tubes, to<br />
verify the gas prodllction. It was still verified,<br />
the fe rmentative ability of the carbohydrates:<br />
dextrose. fructose, galactose, lactose, maltose,<br />
mannose, rhamnose, sucrose, sorbitol and xylose.<br />
For determination of bile and phenol resistance,<br />
after three reactivations in broth MRS, the<br />
isolated ones had been applied in the ratio of 1%.<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />
in broth MRS with 0.3% of bile (Oxgall), and<br />
0.3% of phenol, and incubated for 6 h at 37°C.<br />
After this period, it was determined the absorbance<br />
in spectrophotometer at 620 nm. The 75 isolated<br />
colonies were positive Gram, the most of rod<br />
shape. The 30 previously selected isolated, had<br />
been tested in relation to the fermentation of<br />
the main carbohydrates. According to those<br />
results, the selected isolated could be<br />
corresponding to the lactic acid bacteria of<br />
Lactobacillus acidophillls species, as well as<br />
Lactobacillus casei, Lactobacillus plantarlll1l and<br />
Lactobacillus fe rmentum. It was observed that<br />
23 % of the cultures had presented higher<br />
absorbance then 0.3, that would be considered<br />
bile resistant. The cultures had presented different<br />
degrees of phenol sensitivity, being one of them<br />
detached as more resistant then others. It was<br />
concluded that 10% of the isolated strains could<br />
be selected as probiotics, considering the tolerance<br />
to phenol and bile salts. Key words: intestinal<br />
flora, bile salts, phenol sensitivity.<br />
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Microbiology, 17 :205-2 15, 2000.<br />
• • • •<br />
DESENVOLVIMENTO DE UM PROGRAMA SIMPLES DE COMPUTADOR PARA<br />
DETERMINAÇÃO DE ADULTERAÇÃO DA GORDURA DE LEITE<br />
Elaboration of a simple software for determination of milk fat adulteration<br />
Sidinéa Cordeiro de Freitas1<br />
José Luis C. LLanos2<br />
Heloisa Mácia CecchP<br />
I Eng" Química, DI'. Ciência de Alimentos - Embrapa Agroindústria de Alimentos, sidi@ctaa.embrapa.br<br />
2 Estatístico.<br />
3 Professora Universidade de Campinas.<br />
digitalizado por<br />
Pág. 161<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICÍNIOS<br />
RESUMO<br />
o objetivo deste estudo foi desenvolver uma metodologia analítica capaz de caracterizar a<br />
autenticidade da gordura do leite e seus derivados. A pureza da gordura do leite foi avaliada<br />
pela análise de seus triacilgliceróis por cromatografia gasosa usando alta temperatura e<br />
injetor com programação de temperatura, levando-se em conta a sua variabilidade<br />
relacionada a fatores genéticos, climáticos e alimentares. Baseado neste estudo foi aplicada<br />
análise estatística fatorial no perfil de triacilgliceróis da gord ura de leite genuína, na qual<br />
foram monitoradas todas as variáveis, que de acordo com a literatura, são capazes de<br />
modificar a sua composição e nos dados de adulteração da gord ura genuína com óleos<br />
vegetais de soja, girassol e milho na proporção de 5, 10 e 20%. Este estudo proporcionou<br />
a elaboração de um programa de computador, capaz de determinar a adulteração de gordura<br />
de leite com gordura estranha na faixa de 10% ou mais. Este estudo estatístico foi comparado<br />
com o estudo feito por regressão linear múltipla proposta por Timms (1980) para gorduras<br />
de leite australianas e por Precht (1991) e 1992) para gorduras de leite germânicas.<br />
Palavras-chave: adulteração, gordura de leite, estatístico, pureza, programa de computador.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
Em 1980 Timms demonstrou que era<br />
possível determinar a adulteração da gordura do<br />
leite da Austrália com gorduras estranhas, através<br />
de uma análise estatística de dados autênticos.<br />
Descreveu uma fó rmula fazendo uso dos<br />
triacilgliceróis C40, C42 e C44, utilizando<br />
regressão linear múltipla. Em 1991 Precht<br />
publicou um artigo sobre o controle da pureza da<br />
gordura do leite, e definiu que para gorduras de<br />
leite da Europa a fó rmula de Timms, não se<br />
aplicava, devido a maior variabilidade dos dados,<br />
e assim, usando a mesma idéia de Timms,<br />
pesquisou a variabilidade da gorduras autênticas<br />
de seu país, formulando assim uma equação geral<br />
e outras específicas para cada tipo de adulteração,<br />
utilizando na equação geral os triacilgliceróis C26,<br />
C28, C30, C32, C34, C40, C42, C44 e C46. Em<br />
1992, Precht descreveu métodos por cromatografia<br />
gasosa de ácidos graxos, triacilgliceróis e<br />
esteróis, para determinar a autenticidade da<br />
gordura do leite pelo estudo do perfil de ácidos<br />
graxos ou triacilgliceróis e relações entre estes<br />
componentes, levando-se em conta a variabilidade<br />
deste perfil, em relação a fatores genéti cos,<br />
climáticos e alimentares. Estes cálculos basearamse<br />
na análise de triacilgl iceróis de 755 gorduras de<br />
leite e 20 gorduras estranhas. Em todas as gorduras<br />
analisadas, foram realizadas misturas simuladas<br />
em computador com diferentes quantidades de<br />
gorduras estranhas, e então, foi fi xada como<br />
gord ura modificada de leite, aquela que<br />
apresentasse pelo menos um dos triacilgliceróis<br />
fora da faixa de variação medida para gordura de<br />
leite. A fórmula, então estabelecida, através de<br />
procedimentos estatísticos delineados no artigo,<br />
permItIu a detecção de gord ura estranha com<br />
substancial melhora na sensibilidade.<br />
As gorduras de origem vegetal mais<br />
utilizadas como adulterantes são óleos de girassol;<br />
algodão; soja, soja e algodão parcialmente<br />
hidrogenado, coco; mistura de 60% de margarina<br />
de óleo de milho hidrogenado e 40% de creme de<br />
manteiga doce, margarina e leite de soja; oliva,<br />
palma; parte comestível do gérmen de trigo e<br />
óleo de gérmen de trigo (Younes & Soliman,<br />
1986; Soliman & Younes, 1986; Fox et aI.,<br />
1988; Duthie et aI., 1988; Sato et aI., 1990;.<br />
Precht, 1991; Precht, 1992; Lercker et aI.,<br />
1992; Fuente & Juarez, (999). O objetivo deste<br />
trabalho foi desenvolver um método analítico e<br />
estatístico para determinação de adulteração em<br />
gordura de leite.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
2.1 - Material<br />
Amostras de leite foram coletadas duas vezes<br />
ao mês, no início do verão até o final do período<br />
do inverno. A definição do período de coleta,<br />
baseou-se no trabalho de Precht (1992), que<br />
caracterizou a gordura do leite durante todas as<br />
estações do ano. Corno em nosso país não<br />
possuímos estações do ano suficientemente<br />
definidas, foi escolhido o período de 9 meses, visto<br />
que não há diferenças de temperatura significativas<br />
entre a primavera e o outono. Foram escolhidas 4<br />
raças de animal: Mestiça, Holandesa, Jersey e<br />
Girolanda, disponibilizadas pelos produtores da<br />
Cooperativa dos Produtores de Leite da Região de<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Campinas, denominados respectivamente de<br />
produtor A, B, C e O. Foram realizadas 19 coletas<br />
de amostras de leite onde foram monitoradas<br />
algumas variáveis, sobre os animais, que de acordo<br />
com a literatura são importantes na variação da<br />
composição da gordura do leite, tais como:<br />
alimentação oferecida; localização do animal, pasto<br />
ou estábulo e época do ano em que foi realizada a<br />
coleta, isto é, verão, outono e inverno. A<br />
monitoração das variáveis foi realizada através de<br />
um formulário simples, fornecido a Cooperativa<br />
que deveria ser preenchido no período da coleta.<br />
Amostras de óleo de soj a, milho e girassol,<br />
utilizadas para adulteração da gordura do leite foram<br />
adquiridas no mercado local. A adulteração foi<br />
realizada pela adição de 5, 10 e 20 % de cada óleo<br />
na gordura do leite de um dos produtores, escolhido<br />
aleatoriamente.<br />
2.2 - Método<br />
Extração da gordura pelo método 905.02,<br />
item 33.2.25 da Association of Official Analytical<br />
Chemists - AOAC (2000).<br />
2.2.1 - Separação dos triacilgliceróis<br />
A separação da gordura foi realizada por<br />
extração em fase sólida, de acordo com Lercker<br />
(1992). A gordura de leite genuína e as misturas<br />
de gordura de leite mais óleo foram injetadas em<br />
Cromatógrafo gasoso marca Varian 3400.<br />
2.2.2 - Análise estatística<br />
Para veri ficar diferenças entre a composição<br />
da gordura do leite puro, e as gorduras de<br />
leite adulteradas com óleos vegetais, os dados<br />
primários obtidos dos cromatogramas dos 15<br />
triacilgliceróis foram analisados pela técnica<br />
Estatística Multivariada de Análise Fatorial com<br />
rotação promax. Com a análise fatorial obtevese<br />
três fatores que foram submetidos à Análise<br />
Discriminante, resultando em duas fu nções<br />
discriminantes lineares uma para leite puro e<br />
outra para leite adulterado que proporcionaram<br />
a criação de uma planilha de cálculo no Excel<br />
para se obter uma regra de decisão, capaz de<br />
determinar se os dados de uma amostra<br />
desconhecida é constituída de gordura pura ou<br />
adulterada. Utilizou-se o pacote estatístico SPSS<br />
(Statistical Package Software System).<br />
3 - RESULTADOS<br />
Os dados referentes à análise de triacilgliceróis,<br />
durante os períodos do verão, outono e<br />
digitalizado por<br />
inverno, das coletas de leite dos produtores A, B, C<br />
e O, que corresponderam respectivamente às raças<br />
Mestiça, Holandesa, Jersey e Girolanda, foram<br />
tabulados e pode-se verificar a faixa de variação da<br />
concentração de cada triacilglicerol, durante a<br />
época de coleta. Dentro desta faixa de<br />
concentração estão incluídas as variações devido<br />
ao tipo de alimentação (15 dietas diferentes) e<br />
localização do animal (pasto ou estábulo). Os dados<br />
referentes à análise de triacilgliceróis da gordura<br />
adulterada com 5, 10 e 20% de óleos de soja, girassol<br />
e milho foram tabelados em planilha. Estas<br />
planilhas foram submetidas ao programa estatístico<br />
SPSS, que utilizou as etapas de análise fatorial,<br />
análise discriminante, regra de decisão e automatização<br />
dos dados. A automatização consistiu<br />
na aplicação da análise estatística em amostras<br />
desconhecidas e a predição automática do fato de<br />
que se tem gordura de leite pura ou adulterada, a<br />
elaboração desta planilha de cálculo no Excel, foi<br />
capaz de facilitar esta decisão. Esta planilha<br />
desenvolvida promove a padronização dos<br />
triacilgliceróis, pela determinação dos fatores que<br />
é soma ponderada dos triacilgliceróis, calcula o<br />
escore fatorial, que é uma soma ponderada dos<br />
fatores, e calcula a função discriminante para cada<br />
grupo de leite puro e leite adulterado, determinando<br />
uma regra de decisão, se a função discriminante<br />
para leite puro for maior ou igual à função<br />
discriminante para leite adulterado, esta amostra é<br />
dita pura e no caso em que a função discriminante<br />
para leite puro for menor que a função para leite<br />
adulterado a amostra é considerada adulterada. O<br />
programa desenvolvido possui uma tela, que pode<br />
ser vista na figura 15, na qual uma coluna é<br />
destinada a se inserir o valor percentual dos 15<br />
triacilgliceróis (C26 a C54), analisados por<br />
cromatografia gasosa, de uma amostra desconhecida.<br />
Após a introdução do último valor, uma<br />
outra janela mostrará o resultado destes dados, se<br />
pertencem a uma amostra pura ou adulterada.<br />
4 - CONCLUSÕES<br />
A determinação de triacilgliceróis por<br />
cromatografia gasosa usando alta temperatura e<br />
injeção com programação de temperatura<br />
revelou-se uma técnica rápida e eficaz na<br />
determinação do perfil dos triacilgliceróis da<br />
gordura do leite. A monitoração de todas as<br />
variáveis possíveis de modificar a composição<br />
da gordura se mostrou importante, visto que foi<br />
verificada grande variabilidade durante o período<br />
de coleta. O desenvolvimento de um programa<br />
de computador simples empregando os dados<br />
obtidos com o perfil de uma gordura de leite,<br />
através da análise estatística multi variada de<br />
163<br />
arvoredoleite.org
Análise Fatorial, possibilita agilidade no controle<br />
da autenticidade de produtos lácteos. O estudo<br />
proposto para determinação de adulteração de<br />
gordura de leite por gord ura estranha, não se<br />
mostrou eficiente na determinação de<br />
adulteração em pequenas quantidades (5% de<br />
adulteração), mas é possível determinar a<br />
adulteração num percentual maior e igual a 10%.<br />
Software para determinar se uma nova amostra<br />
de análise de Leite é Puro ou Adulterado<br />
Picos<br />
C26<br />
C28<br />
C30<br />
C32<br />
C34<br />
C36<br />
C38<br />
C40<br />
C42<br />
C44<br />
C46<br />
C48<br />
C50<br />
C52<br />
CS4<br />
Soma<br />
Figura IS<br />
SUMMARY<br />
% Área<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
0.15<br />
0.45<br />
0.84 Tipo de Leite '!<br />
1.60<br />
3.70 Puro<br />
8.50<br />
13.00<br />
11.50<br />
5.60<br />
4.60<br />
5.20<br />
7.20<br />
11.80<br />
15.40<br />
10.80<br />
100.34<br />
Programa desenvolvido. Exemplo<br />
de como são inseridos os dados de<br />
uma amostra desconhecida.<br />
The objective 01' this study was to characterise<br />
the authenticity of milk and milk products. The<br />
purity of milk fat was evaluated by analysis of its<br />
triacylglycerols by high temperature gas<br />
chromatography with a programmed temperature<br />
injector, wherein variability related to genetic,<br />
clill1atic and feeding factors ware taking into<br />
consideration. Based on this study, a factorial<br />
statistical analysis was applied to the triacylglycerol<br />
profile of genuine ll1ilk fat, in which ali the variables<br />
which, according to the literature, are capable of<br />
modifying the cOll1position, were monitored; and<br />
to the data related to genuine milk fat that was<br />
adulterated with soybean. sunflower and corn oils,<br />
in a proportion of 5, 10 and 20%. Said study has<br />
been compared with the study performed by multi pie<br />
linear regression proposed by Timms (1980)<br />
• • • •<br />
concerning Australian milk fat; and by Precht (1991<br />
and 1992) concerning German milk fat.<br />
Key words: triacylglycerol, milk fat,<br />
statistical analysis, purity, vegetable oi!.<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
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• • • •<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
APLICAÇÃO DO MÉTODO ESTATíSTICO FATORIAL NA AALlAÇÃO DA PUREZA DA<br />
.<br />
GORDURA DE LEITE EM PRODUTOS LACTEOS<br />
Evaluation of milk fat purity in dairy products by multivaried statistical analysis<br />
RESUMO<br />
Sidinéa Cordeiro de Freitas1<br />
José Luis C. LLanos2<br />
Heloisa Mácia Cecchj3<br />
A adulteração da gordura do leite tem sido preocupação de pesquisadores em todo o mundo,<br />
principal mente a relacionada a produtos lácteos. A pureza da gordura do leite pode ser<br />
avaliada pela análise de seus triacilgliceróis, levando-se em conta a sua variabilidade<br />
relacionada a fatores genéticos, climáticos e alimentares. Através destes estudos foi<br />
elaborado um programa simples de computador, utilizando a técnica estatística multivariada<br />
de análise fatorial, capaz de determinar a adulteração de gordura de leite com gordura<br />
estranha, numa faixa de 10% ou mais. Neste trabalho foi realizada a confirmação dos<br />
resultados experimentais através da análise de triacilgliceróis por cromatografia gasosa de<br />
produtos lácteos comerciais. Foram analisados 3 lotes dos seguintes produtos: leite integral<br />
tipo longa vida, leite tipo B, leite tipo C, manteiga, queijo prato e requeijão cremoso. Os<br />
resultados obtidos foram submetidos a um programa de computador desenvolvido por<br />
Freitas (200 I), para identificar a possível adulteração de gordura de leite com gordura de<br />
origem vegetal, baseado em análise estatística fatorial. Os resultados também foram<br />
aplicados nas fórmulas obtidas por regressão linear múltipla proposta por Timms e Precht.<br />
Precht estudou a variabilidade da gord ura de leite de origem germânica, sugerindo uma<br />
fórmula para detecção de adulteração de gord ura de leite com gord ura estranha. Timms,<br />
realizou o mesmo estudo, sugerindo uma fórmula para gorduras de leite australiana. Devido<br />
a variabilidade da composição da gordura de leite, é aconselhável se determinar a faixa de<br />
variação encontrada na região em estudo. A aplicação do método desenvolvido revelou que<br />
os produtos analisados não estavam adulterados.<br />
Palavras-chave: produtos lácteos, estatística, ad ulteração, triacilglicerol, gordura de leite.<br />
1 - INTRODUÇÂ O<br />
A detecção de gorduras estranhas na gordura<br />
de leite é um problema muito complexo. A<br />
gordura de leite contém numerosos componentes<br />
que também são encontrados na maior parte dos<br />
óleos vegetais e animais. Então, é bastante difícil<br />
se eleger um constituinte específi co que não<br />
exista na gordura do leite e exista nas demais<br />
gorduras. A maioria dos métodos usam diferenças<br />
de concentração dos componentes das diversas<br />
gorduras que constituem a mistura (Collomb &<br />
Spahni, 1991). A adulteração de gordura de leite<br />
em produtos lácteos tem ocorrido<br />
principalmente na Europa pela substituição de<br />
parte desta por gordura de baixo custo, devido a<br />
vantagens econômicas e propriedades funcionais<br />
(Lipp, 1995; Batelli & Pellegrino, 1994). A<br />
adição de gordura estranha à gordura do leite é<br />
ilegal, quando não é declarada sua adição no rótulo<br />
do produto. Vários pesquisadores como: Guyot<br />
(1977a,b), Christie (1989), Lyapkov & Melamed<br />
(1990), Schaller (1991), Evershed (1992),<br />
Trvzická: & Marés (1994) e Lipp (19 95)<br />
descrevem métodos para determinação de<br />
adulteração de gordura de leite por cromatografia<br />
Eng" Química, Dr. Ciência de Alimentos Embrapa Agroindústria de Alimentos, sidi @ctaa.embrapa.br<br />
2 Estatístico.<br />
Professora Universidade de Campinas .<br />
digitalizado por<br />
arvoredoleite.org
gasosa, através da análise de triacilgliceróis.<br />
Timms (1980) e Precht (1991) utilizaram<br />
ferramentas estatísticas para determinar<br />
adulteração de gord ura de leite com gord ura<br />
estranha. Batelli & Pellegrino (1994), usaram a<br />
fórmula proposta por Prechet (1991) para a<br />
detecção de gordura estranha em gordura de leite,<br />
na análise de diversos tipos de queijo. A fórmula<br />
criada por Precht também fo i testada por<br />
Renterghem (1997) e Collomb (1998). A<br />
aplicação do método desenvolvido por Freitas<br />
(2001) revelou que os produtos analisados não<br />
estavam adulterados, enquanto que as fórmulas<br />
propostas por Timms (1980) e Precht (1992),<br />
mostraram haver adulteração .<br />
2 - MATERIAL E M É TODOS<br />
2.1 - Material<br />
Amostras de leite integral em embalagem<br />
"tretrapak", leite tipo B, leite tipo C, manteiga<br />
tipo extra, queijo tipo prato e requeijão cremoso<br />
foram adquiridas em supermercados na região de<br />
Campinas, compreendendo 3 lotes de cada<br />
amostra.<br />
2.2 - Método<br />
A gordura dos produtos lácteos foi extraída,<br />
seguida da separação dos triacilgliceróis em coluna<br />
de fase sólida e o extrato fo i injetado em<br />
cromatógrafo gasoso Varian 3400.<br />
2.3 • Análise estatística<br />
Empregou- se um programa simples de<br />
computador baseado em técnicas: análise fatorial,<br />
usando o método de extração do componente<br />
principal com rotação Varimax e estatística<br />
multi variada de análise fatorial com rotação<br />
Polimax dos fatores, após transformação<br />
logarítmica da percentagem relativa dos 15<br />
tracilgliceróis durante todo o período de coleta do<br />
leite genuíno e de sua adulteração, utilizando o<br />
pacote estatístico SAS (Statistical Analysis System).<br />
3 - RESULTADOS<br />
A tabela I mostra o emprego dos resultados<br />
da análise de triacilglecerois nos produtos<br />
comerciais, usando o programa desenvolvido por<br />
Freitas 9200 I) Timms (1980) e Precht (1992).<br />
Nos produtos lácteos analisados onde foi<br />
empregado o programa de computador para<br />
detecção de gordura estranha, não foi verificada<br />
a presença de adulteração ao nível detectado pela<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
fórmula. Empregando as fórmulas proposta por<br />
Timms (1980) e Precht (1992). nos resultados<br />
dos prod utos lácteos analisados, obti vemos o<br />
resultado mostrado na Tabela I, onde a coluna<br />
correspondente a R de Timms (1980) representa<br />
a aplicação da fórmula, R= 14, 197C40 - 36,396<br />
C42 + 32,364 C48, que define uma faixa de<br />
confiança de 99% para gord ura de leite de R =<br />
98, 12-101,88. O emprego desta fó rmula<br />
mostrou que todos os lotes dos produtos lácteos<br />
continham gord ura estranha, podendo-se afirmar<br />
que a fórmula proposta não atende ao perfi l de<br />
variabilidade da gordura de leite brasileira.<br />
Utilizando os dados de adu lteração na fórmula<br />
total proposta por Precht (1991), que cobre a<br />
adulteração com todas as gorduras estranhas e<br />
provem limites de detecção de 4 a 5%, no qual a<br />
gordura pura deve estar na faixa de R = 97,63 -<br />
102,42, com 99% de confiança. R = -2,7575<br />
C26 + 6,4077 C28 + 5,5437 C30 - 5,3247 C32<br />
+ 6,2600 C34 + 8,0 I 08 C40 - 5,0336 C42 +<br />
0,6356 C44 + 6,0171 C46. O emprego desta<br />
fórmula geral resultou na classificação de que<br />
todos os lotes dos produtos lácteos analisados<br />
eram produtos adulterados, evidenciando-se que<br />
esta fó rmula também não se adapta a<br />
variabilidade da gord ura de leite brasileira.<br />
Aplicando-se a fórmula particular, proposta por<br />
Precht (1992) para a detecção de adulteração<br />
com óleo de soja, girassol e oliva, nos dados<br />
obtidos com a adulteração realizada em<br />
laboratório. R = (Us 167 C26 + 2,8039 C32 +<br />
0,3467 C34 + 1.4387 C36 + 2.3912 C40 +<br />
0,5802 C42 + 2,0674 C46 + O,567íS C48 +<br />
1,0304 C50 + 1,5387 C52; para uma faixa de<br />
valores para gordura de leite pura de R = 98,85 -<br />
102,04. O emprego desta fórmula mostrou que<br />
somente alguns produtos estavam adulterados,<br />
como o lote I da manteiga extra e todos os lotes<br />
do leite integral em embalagem "tetrapak"<br />
também estavam adulterados, evidenciando- se<br />
que esta fó rmula também não é adaptada a<br />
produtos brasileiros.<br />
4 - CONCLUSÃ O<br />
A fórmula proposta para determinação de<br />
adulteração de gordura de leite por gordura<br />
estranha, não se mostrou eficiente na<br />
determinação de adulteração em pequenas<br />
quantidades, porém já é um pequeno passo para<br />
estudar fórmulas estatísticas mais eficientes para<br />
se obter tal intuito. Por ora já é possível<br />
determinar a adulteração num percentual maior<br />
que 10% com qualquer tipo de adulteração<br />
realizada, seja com gord ura vegetal ou animal.<br />
Na comparação dos dados obtidos com produtos<br />
Produto<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Fórmulas<br />
Timms (1) Precht ( 2 ) Precht (3 ) Proposta (4)<br />
Manteiga lote 1 14. 0tiS5 I I {). t) . l . j n.! -:5 Puro<br />
Manteiga lote 2 1 1 I . ':S I) 7, J () j . . \ : . ti 102,0141 Puro<br />
Manteiga lote 3 105.07,25 !Oi) tj67 5 101,8181 Puro<br />
Leite integral lote 1 1 08.97 J Í) J 07 .-t8;Q !O: ,:5g Puro<br />
Leite integral lote 2 t 06,024 J 09. i ! . I i): , :?g43 Puro<br />
Leite integral lote 3 1 I j .:9(H j 10 . . \ 159 IO: ,2377 Puro<br />
Leite C lote 1 I I i .4,84 109 .. 804 I n:,0997 Puro<br />
Leite C lote 2 108. 1"1- 08 IOS.6965 101,7693 Puro<br />
Leite C lote 3 I 09.8"1. 1 7 J J 0.S7 5 I 101,7896 Puro<br />
Leite B lote 1 106.589.\ 107.7597 101,90 I Puro<br />
Leite B lote 2 1 1 l. J O(). 10') . ') : :..:j 101,3239 Puro<br />
Leite B lote 3 108.:>1- l(h.-!5.Q 101,7396 Puro<br />
Queijo prato lote 1 1 12.0,2 56 I 10.08 i 6 10 I ,80 1 5 Puro<br />
Queijo prato lote 2 1 09J)851- 108,.1: i 8 101,8425 Puro<br />
Queijo prato lote 3 108. J 90. lOS, i : . . 101,5305 Puro<br />
Requeijão lote 1 I I L,20.. j O) , i l I' : 101,7345 Puro<br />
Requeijão lote 2 I 12.057 . J I n,') ".). () t1 102,9424 Puro<br />
Requeijão lote 3 1 09.0·;I. I J 0\ .. 2 : 4· 102,343 Puro<br />
(I) R da equação proposta por Timms, R. (1980), correspondendo a um intervalo confiança de maior que 99%.<br />
(2) R proposto por Precht, D. (1991), correspondendo a um intervalo de confiança de 99%.<br />
(3) R proposto por Precht, D. (1992), cOlTespondendo a um intervalo de confiança de 99%.<br />
Ffll :.' 11:/.:! ;);' pr(It1UIl" , qtl1...' ,\ l(l L· {)n,)idl.. r:ldi,)':: P\,:·: .. , uín .. 'JlI ! ()rdur\: ti:.: ;: Ir!nh:l.<br />
lácteos, com fó rmulas propostas por outros<br />
autores, como Timms (1980) e Precht (1992),<br />
pode-se verificar que as fórmulas propostas, não<br />
se aplicam ao perfil da gordura de leite brasileira.<br />
A grande variabilidade da nossa gordura, por outro<br />
lado, proporcionou dificuldade na obtenção de<br />
uma determinação de adulteração em quantidade<br />
menor que 10%.<br />
SUMMARY<br />
The adulteration of milk fat has been<br />
concern of researchers in the whole world,<br />
mainly related the milky products. The pureness<br />
of milk fat is evaluated by the analysis of its<br />
triacylglycerols, taking itself in account its<br />
related variability the genetic, climatic and<br />
alimentary factors. The application of statistics<br />
analysis provided the elaboration of a simple<br />
computer program that is able to determine the<br />
adulteration of milk fat with strange fat, in a<br />
10% band or more. In this work the confirmation<br />
of the experimental results through the analysis<br />
01' triacylglycerols by gas chromatography of<br />
commercial milky products was carried through,<br />
digitalizado por<br />
such as milk of various types, butter, cheese and<br />
"requeijão". The gotten results had been<br />
submitted to the computer program elaborated<br />
based in analysis factorial statistics, the fo rmula<br />
gotten for multiple linear regression proposal<br />
by Timms (1980) for Australian milk fats and<br />
the formulas also gotten for multi pIe linear<br />
regression proposals by Precht (199 1, 1992) that<br />
one another fo rmula fo r germanic milk fats,<br />
since the formula of Timms was not applied to<br />
the local fats, because Germanic milk fat had<br />
bigger variability.<br />
Key words: triacylglycerols, milky<br />
products, adulteration, milk fat, statistics<br />
analysis.<br />
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
BATELLI, G. & PELLEGRINO, L. Detection of<br />
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Ciência de Alimentos) - Faculdade de Engenharia<br />
de Alimentos, Universidade de Campinas,<br />
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UPP, M .. Review of Methods for the Analysis<br />
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TIMMS, R.E. Detection and Quantification of<br />
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Chromatographic Analysis. Edition T.<br />
Shibamoto. Marcel Dekker, New York, USA. !994.<br />
• • • •<br />
VERIFICAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE FRAUDE AQUOSA EM LEITE CRU<br />
Incidence of water in raw milk in arder to detect fraud procedures<br />
Antonio Xavier de Farias'<br />
Sidinéa Cordeiro de Freitas2<br />
Fernando Teixeira Silva3<br />
Andréia Caçador Pena4<br />
Margaret Fajngold5<br />
Biólogo, M.Sc. Microb. Ve terinária - Pesquisador II - Embrapa Agroindústria de Alimentos.<br />
antxafar@ctaa.embrapa.br<br />
2 Eng" Química, OS. em Ciência de Alimentos - Pesquisadora 1II - Embrapa Agroindústria de Alimentos.<br />
3 Eng" Agrônomo, M.Sc. Tec. de Alimentos - Técnico de Nível Superior III - Embrapa Agroindústria de Alimentos.<br />
4 Tec. em Laticínios.<br />
5 Tec. de Laboratório MAPA - Lanargo.<br />
Pág. 168<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
RESUMO<br />
?iante da possibiliade do . índice crioscópico de leite cru ser alterado mediante a adição de<br />
al ool, oran reailza . das II1vestigações para verificar a ocorrência de fraude aquosa em<br />
leite. FOI realizada a Simulação da mistura de álcool a 96 GL + água + leite cru, comprovando<br />
a alteração do índice crioscópico. Foram coletadas amostras de leite de produtores diversos<br />
na plataforma de recepção de uma usina de beneficiamento de leite e realizadas as<br />
determinaçõs de teor alcoólico e índice crioscópico. Os resultados foram negativos para<br />
o teor alcoólico e os de crioscopia indicaram que apenas 4,7 % das amostras encontravamse<br />
dentro dos limites máximos permitidos pela legislação. Considerando a possibilidade da<br />
p rmanência de resíduos de álcool no produto final uma vez que o ponto de ebulição deste<br />
hidrocarboneto está acima da temperatura de pasteurização, este problema deveria ser<br />
tratado como de segurança alimentar, demandando ações apropriadas das autoridades<br />
sanitárias e cooperativas no sentido de coibir esta prática fraudulenta.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
A adição de água ao leite reduz de forma<br />
significativa seu valor nutritivo por alterar a relação<br />
dos seus constituintes, reduzindo o rendimento<br />
industrial e elevando os riscos de contaminação<br />
microbiana e conseq uentemente provocando<br />
perdas econômicas (ALVES et aI., 2004):<br />
Segundo HARDING (19 90) o índice<br />
crioscópico é um dos principais indicadores de<br />
qualidade do leite, sendo inclusive utilizado como<br />
parâmetro vinculado ao pagamento do produto<br />
pelas cooperativas em vários países e sua<br />
determinação prevista na Instrução Normativa<br />
n° 51, de 18 de setembro de 2002 do Ministério<br />
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.<br />
Diante da possibilidade deste índice ser<br />
alterado mediante a adição de álcool, o objetivo<br />
deste trabalho foi realizar urna investigação para<br />
verificação da ocorrência de fraude aquosa em<br />
leite proveniente de pequenas fazendas que<br />
utilizam o transporte de leite envasado em latões<br />
até a Usina de Beneficiamento, em atendimento<br />
a uma solicitação de técnicos da área de controle<br />
de qualidade de uma Usina de Beneficiamento de<br />
leite da Zona da Mata do Estado de Minas Gerais.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
Foi realizada a simulação da reação com<br />
200 ml de álcool a 96 GL + 10 ml H,O + 100 L<br />
de leite cru, determinado-se antes e - depois da<br />
adição do álcool o índice crioscópico.<br />
Posteriormente, fo ram realizadas aleatoriamente<br />
a coleta de 60 amostras de leite cru<br />
diretamente de latões de produtores diversos n<br />
plataforma de recepção e 4 em caminhões<br />
tanques em urna usina de beneficiamento de leite<br />
da Zona da Mata de Minas Gerais. As amostras<br />
foram acondicionadas sob refrigeração até o<br />
digitalizado por<br />
início da realização das determinações de teor<br />
alcoólico e índice crioscópico no Laboratório<br />
do LANARGO-MAPA.<br />
2.1 - Índice Crioscópico<br />
Determinação realizada em equipamento<br />
Crióscópio Eletrônico Digital Modelo 312 L<br />
LABTROM de acordo com o manual do<br />
fabricante.<br />
2.2 - Teor alcoólico<br />
Inicialmente a temperatura das amostras<br />
foi aj ustada para 200C. Em seguida foi realizada<br />
a transferência de uma alíquota de 100 ml de<br />
leite para um balão volumétrico e deste para um<br />
balão Kj eldahl, efetuando-se a rinsagem com água<br />
destilada por cinco vezes, adicionado-se cerca de<br />
20 gotas do antiespumante tween 80 e imediatamente<br />
acoplando-se o balão a um destilador.<br />
Após a obtenção de 3,4 de destilado o volume foi<br />
recolhido no mesmo balão volumétrico completando-se<br />
o volume com ág ua destilada. A leitura<br />
do valor da densidade foi realizada em Densímetro<br />
Digital Marca APPAAR modelo DMA 46. O teor<br />
alcoólico foi calculada com o auxílio da tabela de<br />
conversão de teor alcoólico / densidade 20o/20°C<br />
(PREGNOLATTO & PREGNOLATTO, 1985)<br />
(AOAC, 2000 método 920.57)<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Os resultados foram negativos para o teor<br />
alcoólico e nos de crioscopia foram determinados<br />
que apenas 4,7% das amostras (Fig. I)<br />
encontravam-se dentro dos limites máximos<br />
permitidos pela legislação. Uma vez que, por<br />
Pág. 169<br />
arvoredoleite.org
apresentar ponto de ebulição maior que a<br />
temperatura usual de pasteurização, há a<br />
possibilidade da permanência de resíduos de álcool<br />
no produto final. Este problema deve ser tratado<br />
dentro do contexto de segurança alimentar como<br />
um risco químico constitui-se em um alerta para<br />
autoridades sanitárias e as cooperativas no sentido<br />
de coibir esta prática fraudulenta. Considerando a<br />
relevância desta questão esta investigação foi<br />
inserida como uma atividade em uma das metas<br />
do subproj eto "Determinação de perigos<br />
restritivos à eficiência do processamento e<br />
competitividade do leite pasteurizado, buscando<br />
maximizar a segurança e qualidade para o<br />
consumidor" em que tem como objetivo gerar<br />
informações que conduzam a melhoria da qualidade<br />
do leite pasteurizado através da avaliação da<br />
ocorrência de perigos microbiológicos e químicos,<br />
durante as etapas de processamento e distribuição,<br />
atendendo a uma solicitação de técnicos da área<br />
de controle de qualidade.<br />
, ' .",<br />
4,70%<br />
"-<br />
,<br />
<br />
95,30%<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
INDICE<br />
CRIOSCÓPICO<br />
MAIOR QUE 0,53<br />
mlNDICE<br />
CRIOSCÓPICO<br />
MENOR QUE 0,53<br />
Figura 1: Percentagem de amostras de leite<br />
com índice crioscópico maior e<br />
menor estabelecidos na legislação.<br />
4 • CONCLUSÃ O<br />
Foi comprovada a alteração do índice<br />
crioscópico a partir da adição de álcool em leite<br />
cru. Embora não tendo sido detectado teor<br />
alcoólico nas amostras analisadas esta análise<br />
deveria constar como um dos itens para o<br />
controle de qualidade do leite.<br />
Pág. 170<br />
SUMMARY<br />
Considering the possibility of the<br />
cryoscope index of raw milk being altered by<br />
the addition of alcohol, investigations were<br />
carried out to verify the occurrence of aqueous<br />
fraud in milk. A simulation made by mixing 96<br />
GL alcohol + water + raw milk demonstrated the<br />
alteration of the cryoscope indexo Samples of<br />
raw milk from several producers were collected<br />
at the platform of a milk processing plant and<br />
analyzed for alcoholic content and cryoscope<br />
indexo The results were negative for the alcoholic<br />
content and, regarding the cryoscope index,<br />
only 4,7% of the samples were within the limits<br />
allowed by the national legislation. Since alcohol<br />
residues could remain in the final product, since<br />
the boiling point of this hydrocarbon is higher<br />
than the pasteurization temperature, this should<br />
be considered a food safety problem, requiring<br />
appropriate actions by sanitary authorities and<br />
cooperatives to halt this fraudulent practice.<br />
Key words: cryoscope index, raw milk,<br />
aqueous fraudo<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
ALVES, C.; FONSECA, C.S.P.; FONSECA,L.M.;<br />
RODRIGUES, R.; COELHO, M.D. Avaliação da<br />
influência do conservante bronopol na<br />
determinação do índice crioscópico do leite cru.<br />
Revista do Instituto de Laticínios Cândido<br />
Tostes, v. 59, n. 339, p. 482-484, Juiz de Fora<br />
MG, 2004.<br />
ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL<br />
CHEMISTS . Official Methods of Analysis of<br />
AOAC International 16" Ed. 3" Revisão,<br />
Gaithersburg, MD., 2000<br />
HARDING, F. Milk adulteration - freenzing<br />
point depression. Journal of Society of Dairy<br />
Technology, V. 43, n. 3 p. 61-62, 1990<br />
PREGN OLATTO, W. ; PREGNOLATTO, N.P.<br />
Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz,<br />
3" ed., p. 331 -332, São Paulo, 1985.<br />
•<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE LEITE PASTEURIZADO TIPO B<br />
PRODUZIDO EM UMA USINA DE BENEFICIAMENTO DA ZONA DA MATA DE MINAS GERAIS<br />
Microbiological evaluation of pasteurized milk from a processing dairy industry in<br />
Minas Gerais, southeastern Brazil<br />
RESUMO<br />
Antonio Xavier de Farias1<br />
Maria da Graça Fichei do Nascimento2<br />
André Luis Bonnet Alvarenga3<br />
Heloíza Maria de Souza4<br />
Foram objetivos deste trabalho a avaliação da qualidade microbiológica do leite pasteurizado<br />
tipo B de uma Usina de Beneficiamento. Foram examinadas amostras de leite, coletadas<br />
em quatro pontos pré-determinados: tanque de recepção de leite cru (LC), saída do<br />
pasteurizador (SP) e do leite pasteurizado e envasado em embalagem de polietileno (PE).<br />
Foram realizados ensaios microbiológicos para Contagem Total de Mesófilos Aeróbios em<br />
Placa (CTP), número mais provável (NMP) de coliformes a 30"C e coliformes a 45"C, e<br />
pesquisa de Salll/ollella spp./25mL. Foi observado que apenas 16,7% (3/1 8) das amostras<br />
analisadas LC estavam dentro dos padrões da legislação, e que todas as amostras SP e PE<br />
estavam dentro dos padrões estabelecidos para CTP, confirmando a eficiência do processo<br />
de pasteurização na redução da carga microbiana do leite. A ausência de Salll/ollella em<br />
100% das amostras (LC, SP e PE) foi determinada. A partir da enumeração de coliformes<br />
a 30"C, foi observado que 16,7% (3/1 8) das amostras LC, 77,8% (14/18) das amostras SP<br />
estavam dentro dos padrões e apenas 11, I % (02/18) das amostras PE não apresentaram<br />
presença de coliformes a 30"C. Embora a pasteurização tenha sido eficiente em 77,8% das<br />
amostras, para a eliminação das bactérias do grupo dos coliformes a 30"C, ocorreram<br />
problemas de contaminação do produto fi nal. envasado em embalagem de polietileno<br />
(PE), sugerindo a ocorrência de uma possível contaminação por microrganismos desse<br />
grupo. durante o envase. Os resultados obtidos para coliformes a 45"c' revelaram o valor<br />
de NMP de 150 no PE, sugeri ndo contaminaçiio após a pasteurizaçiio e/ou durante o<br />
envase, em comparação com a não detecção deste grupo de microrganismos (na sensibilidade<br />
do método) para as amostras analisadas à saída do pasteurizador (SP).<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
As enfermidades transmitidas por alimentos<br />
(ETA' s) representam um sério risco à<br />
saúde pública, principalmente por poderem ser<br />
amplamente disseminadas, poderem ser causadas<br />
por diferentes tipos de alimentos e acometerem<br />
grande número de indivíduos.<br />
O leite, além de ser um dos alimentos mais<br />
completos, que, segundo Fagundes (1997), tratase<br />
de uma mistura complexa de ácidos graxos,<br />
proteínas, carboidratos e minerais, que dificulta<br />
as fases de higienização dos equipamentos, é<br />
também um meio de cultura excelente para<br />
Biol., MSc. Microb. Veterinária. Pesquisador II - Embrapa Agroindústria de Alimentos, Rio de Janeiro, RJ.<br />
2 Med. Veterinária, MSc., Ph.D. Microbiologia e Segurança Alimentar. Pesquisador III Embrapa Agroindústria<br />
de Alimentos.<br />
3 Eng. Químico, MSc. C&T de Alimentos Técnico. de Nível Superior 1II Ernbrapa Agroindústria de Alimentos.<br />
4 Médica Veterinária. Pesquisadora - EPAMIG, Centro Tecnológico Instituto de Laticínios "Cândido Tostes".<br />
Juiz de Fora. MO.<br />
digitalizado por<br />
arvoredoleite.org
diversos microrganismos. Em estudos recentes<br />
(Marques ef ai. , 2005), concluíram que cerca de<br />
53% das amostras analisadas de leite pasteurizado<br />
tipo C, processado em Goiás, estavam<br />
em desacordo com os padrões microbiológicos<br />
estabelecidos na Instrução Normativa nU. 51<br />
(Brasil, 2002). Segundo estes autores, o elevado<br />
número de coli formes evidenciavam as más<br />
condições de processamento e o não<br />
cumprimento das Boas Práticas de Fabricação<br />
(BPF). Neste contexto, de importância<br />
fundamental no processo de beneficiamento de<br />
leite que utiliza o processo de pasteurização<br />
constituiram os objetivos deste trabalho a<br />
avaliação da qualidade microbiológica do leite<br />
Pasteuri zado tipo B de uma usina de<br />
Beneficiamento localizada na Zona da Mata, em<br />
Minas Gerais.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
Foram examinadas 54 amostras de leite,<br />
coletadas em quatro pontos pré-determinados:<br />
tanque de recepção de leite cru (LC) , saída do<br />
pasteurizador (SP) e leite pasteurizado e envasado<br />
em embalagem de polietileno (PE). Foram<br />
realizadas nove coletas, com intervalos mensais,<br />
e em cada uma delas fo ram coletadas duas<br />
amostras por ponto. Após cada coleta, as<br />
amostras foram mantidas sob refrigeração até o<br />
início das análises. Os ensaios microbiológicos<br />
para Contagem Total de Mesófilos Aeróbios em<br />
Placa (CTP), número mais provável (NMP) de<br />
coliformes a 30"C (métodos de enumeração de<br />
microrganismos a 30"C), coliformes a 45"C e<br />
pesquisa de Sa tll/ol/e lla spp./25mL, foram<br />
realizadas no Laboratório de Microbiologia do<br />
Centro Tecnológico do Instituto de Laticínios<br />
Cândido Tostes, em Juiz de Fora, MG. A exec ução<br />
dos ensaios seguiram os métodos oficiais<br />
internacionais para leite e seus derivados (FIL<br />
IOF, 1987).<br />
3 - RESULTA DOS E DISCUSSÃO<br />
A interpretação dos resultados obtidos foi<br />
realizada em consonância com a Instrução<br />
Normativa nU 51 de 2002 (Brasil 2002), sendo<br />
observado que apenas 16,7% (3/18) das amostras<br />
analisadas de leite cru (LC) estavam dentro dos<br />
padrões da legislação. Todas as amostras eoletadas<br />
à saída do pasteurizador (SP), assim como as de<br />
produto final envasado (PE) estavam dentro dos<br />
padrões estabelecidos para CTP, confirmando a<br />
eficiência do processo de pasteurização na<br />
redução da carga microbiana do leite. Todas as<br />
amostras de leite analisadas quantitativamente<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
para Salmollella spp. (nas amostras de SP e PE)<br />
estavam de acordo com a legislação que<br />
estabelece ausência de Sall1lollella spp em 25mL.<br />
Nos resultados obtidos para enumeração de<br />
coliformes a 30"C, 16,7% (3/1 8) das amostras<br />
de leite cru (LC) e 77,8% (14/18) amostras de<br />
leite SP estavam dentro dos padrões, Apenas<br />
11,1% (02/18) das amostras de PE não<br />
apresentaram presença de coliformes a 30"C, na<br />
sensibilidade do método, exigido pela Instrução<br />
Normativa nU 51. Embora, a pasteurização tenha<br />
sido eficiente em 77,8% das amostras para a<br />
eliminação das bactérias do grupo dos coliformes<br />
a 30"C, ocorreram problemas de contaminação<br />
do produto final, envasado em embalagem de<br />
polietileno (PE), sugerindo a ocorrência de uma<br />
possível contaminação com microrganismos<br />
desse grupo, durante o envase. Os resultados<br />
obtidos para coliformes a 45"C, revelaram o<br />
valor de NMP de 150 na amostra embalada (PE),<br />
o que sugere contaminação pós-pasteurização ou<br />
durante o envase, em comparação com a não<br />
detecção deste grupo de microrganismos (na<br />
sensibilidade do método) para as amostras<br />
analisadas à saída do pasteurizador (SP).<br />
4 - CONCLUSÕ ES<br />
• Confirmada a eficiência do processo de<br />
pasteuri zação na redução da carga<br />
microbiana de mesófilos aeróbios do leite.<br />
• As condições microbiológicas em relação<br />
a S(/ III/o/l e !l(/ spp corresponderam às<br />
expectati vas dos consumidores quanto a<br />
segurança alimentar do produto fi nal.<br />
Muito embora, o processo de pasteuri<br />
zação do leite cru tenha sido eficiente,<br />
a ocorrência de contaminação póspasteurização<br />
por coliformes sugere<br />
falhas no processo de sanitização dos<br />
equipamentos elou das embalagens.<br />
SUMMARY<br />
The objectives of this work were the<br />
evaluation 01' the microbiological quality milk<br />
pasteurised milk produced in a industrial plant.<br />
Samples of milk were collected in fo ur points:<br />
tank of reception of raw milk (LC), pasteuriser<br />
outlet (SP), packed pasteurised milk (PE). Total<br />
piate count (CTP), total coliforms and faecal<br />
coliforms enumeration, and Sall1lollella spp.<br />
presence were accomplished. It was observed that<br />
only 16,7% (3/18) of the LC tested samples were<br />
in accordance to microbiological standards for<br />
Salmolle[[a and total and faecal coliforms<br />
enumeration. In addition, all the tested SP and<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL .DE LATiCíNIOS<br />
PE samples were in accordance to CTP standards.<br />
This result confirmed the efficiency of<br />
pasteurisation processo Samonella was not found<br />
in ali of the tested samples (LC, SP and PE It was<br />
also observed that 16,7% (3/18) of LC tested<br />
samples, 77,8% (14/18) of SP tested samples and<br />
11, I % (02/18) of PE tested samples were in<br />
accordance to microbiological standards for total<br />
coliforms enumeration. Although pasteurisation<br />
process was efficient in 77,8% of the tested<br />
samples in elimination of total coliforms bacteria,<br />
it was observed contamination by total coliforms<br />
in packed pasteurised milk tested samples (PE).<br />
This result shows the occurrence of a<br />
contamination during packing processo In the<br />
same way, contamination by faecal coliforms in<br />
some of the packed pasteurised milk tested samples<br />
(PE) were observed. This result suggests that it<br />
may have ocurred an after-thermal process<br />
contamination or a contamination during packing<br />
process, since this contamination was not<br />
observed in the pasteuriser outlet samples (SP).<br />
Key words: microbiological quality milk,<br />
pasteurisation processo<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGR Á FICAS<br />
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e<br />
Abastecimento Instrução Normativa nU. 51 de<br />
Regulamento Técnico de Produção, Identidade<br />
e Qualidade do Leite Tipo A, do Leite Tipo B,<br />
do Leite C, do Leite Pasteurizado e do Leite Cru<br />
Refrigerado e o Técnico da Coleta de leite Cru<br />
Refrigerado e seu Transporte a Granel. Diário<br />
Oficial da União. Brasília, 18 de setembro de<br />
200. Secção 3. Disponível em: < http: Ii<br />
www.agricultura.gov.br/das/dipoa/ > acesso em<br />
2004.<br />
FAGUNDES, C.M. Inibidores e Controle de<br />
Qualidade do Leite. Pelotas: Ed.<br />
Universitária, UFPel, 1997. 115 p., ISBN 85-<br />
7 1 92-076- I.<br />
INTERNACIONAL DAIRY FEOERATION FIL<br />
IOF, Standard Methods for the Examination of<br />
Dairy Products, Bulletin IDF Brussels, 1987<br />
MARQUES, M.S.; COELHO Jr., L.B.; SOARES,<br />
P.C. Avaliação da qualidade microbiológica do<br />
leite pasteurizado tipo C processado no Estado<br />
de Goiás. Encarte Eletrônico (COR) Revista<br />
Higiene Alimentar, v. 19, nU. 130, 2005.<br />
ASPECTOS DE QUALIDADE DO lEITE CRU EM DUAS USINAS DE BENEFICIAMENTO DA<br />
ZONA DA MATA DE MINAS GERAIS: CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS (CSS)<br />
Quality aspects of raw milk processed in dairy plants in Minas gerais, Southeastern<br />
Brazil: Somatic Cells Counting<br />
Antonio Xavier de Farias1<br />
Roberto Luiz Pires Machado2<br />
Fernando Teixeira Silva3<br />
José Reinaldi Feitosa de Brito4<br />
* Projeto de pesquisa financiado pelo PRODETAB/BIRD<br />
Biólogo, M.Sc. Microb. Veterinária - Pesquisador II - Embrapa Agroindústria de Alimentos.<br />
antxafar@ctaa.embrapa.br<br />
2 EngO Agrônomo Técnico de Nível Superior 1- Embrapa Agroindústria de Alimentos.<br />
3 Eng " Agrônomo, M.Sc. Tec. de Alimentos - Técnico de Nível Superior III - Embrapa Agroindústria de Alimentos.<br />
4 Pesquisador da Embrapa Gado de Leite - Juiz de Fora MG.<br />
digitalizado por<br />
Pág. 173<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
RESUMO<br />
Dentre os vários parâmetros para avaliação da qualidade do leite, a quantificação de células<br />
somáticas é de importância relevante em função de estar associada a processos infecciosos<br />
inflamatórios, causando disfunção das glândulas mamárias conhecida como mastite ou<br />
mamite. Para este trabalho foram coletadas 38 amostras de leite cru resfriado tipo B no<br />
tanque de recepção de duas Usinas de Beneficiamento de Leite da Zona da Mata do Estado<br />
de Minas Gerais. As amostras foram analisadas para quantificação de Células Somáticas(CCS),<br />
gorduras, proteínas , lactose e sólidos totais. Vinte e seis por cento apresentaram uma<br />
contagem de células somáticas CS/ml acima de 6 x I 05 , estando em não conformidade com<br />
o requisito da legislação vigente. Em algumas das amostras com maiores níveis de CCS, foi<br />
observado um aumento no teor de sólidos totais, podendo ser devido a diminuição da<br />
produção de leite. O desvio padrão da média das CCS de 331 .000 céls./ml, demonstra uma<br />
falta de padronização quanto ao manejo sanitário do gado e uma conseqüente baixa qualidade<br />
sanitária do leite, apesar dos valores médios de céls./ml de 556.000 estarem dentro do<br />
padrão de identidade e qualidade do leite B.<br />
1 - INTODUÇÃ O<br />
O leite é matéria-prima por excelência de<br />
vários produtos de largo consumo e boa aceitação<br />
no mercado brasileiro. A sua utilização como<br />
bebida, tem grande importância na alimentação<br />
da população, nas diversas idades. A qualidade<br />
desse leite, após o processamento, está diretamente<br />
influenciada pela concentração de<br />
células somáticas (CCS) e indiretamente pela<br />
adoção de padrões higiênicos e do índice técnico<br />
das práticas de manejo e ordenha do rebanho,<br />
bem como das condições de transporte e<br />
estocagem até os laticínios.<br />
Dentre os vanos parâmetros para<br />
avaliação da qualidade do leite, a quantificação<br />
de células somáticas é de importância relevante<br />
em fu nção de estar associada a processos<br />
infecciosos infl amatórios, causando disfunção<br />
das glândulas mamarias conhecida como mastite<br />
ou mamite. Desse modo, uma condição higiênicosanitária<br />
deficiente no manejo e/ou na ordenha<br />
do rebanho leiteiro está intimamente relacionada<br />
com redução da qualidade do mesmo (MARTIOLI<br />
et ai, 2000). O objetivo deste trabalho fo i<br />
investigar a qualidade do leite através da<br />
quantificação das células somáticas presentes<br />
quando da sua entrada nas u.nidades de processamento.<br />
Os resultados desse trabalho também<br />
fazem parte do desenvolvimento de metas<br />
propostas no subproj eto "Determinação de<br />
perigos restritivos à eficiência do processamento<br />
e competitividade do leite pasteurizado, buscando<br />
maximizar a segurança e qualidade para o<br />
consumidor" que tem como objetivo gerar<br />
informações que conduzam a melhoria da<br />
qualidade do leite pasteurizado através da<br />
avaliação da ocorrência de perigos micro-<br />
Pág. 174<br />
biológicos e qUI mICOS, durante as etapas de<br />
processamento e distribuição" fi nanciado pelo<br />
Projeto de Apoio ao Desenvolvimento de<br />
Te cnologias Agropecuárias para o Brasil -<br />
PRODETAB.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
Para a amostragem foram selecionadas duas<br />
usinas de processamento do leite B em regiões<br />
distintas, na Zona da Mata de Minas Gerais, Além<br />
Paraíba e Juiz de Fora, que possuem sistemas<br />
diferente de transporte, por latões e por tanques<br />
isotérmicos, respectivamente . Em ambos os<br />
casos o leite é utilizado como matéria-prima para<br />
a produção de leite fl uido B pasteurizado,<br />
manteiga, queijos e outros produtos lácteos.<br />
2.1. Coleta das Amos tras<br />
Foram coletadas 38 amostras (14 de cada<br />
usina) de leite cru resfriado tipo B em duas Usinas<br />
de Beneficiamento de Leite. A coleta das<br />
amostras foi realizada diretamente do tanque de<br />
recepção, com capacidade aproximada de 1.700<br />
litros, após homogeneização utilizando-se<br />
coletores de aço inox, imediatamente após a<br />
chegada do leite nas Usinas. As amostras foram<br />
acondicionadas em frascos de 100 ml com<br />
Bronopol, mantidas sob refrigeração e<br />
encaminhadas ao laboratório de qualidade da<br />
Embrapa Gado de Leite, para realização da<br />
contagem de Células Somáticas(CCS) e<br />
determinação dos teores de gorduras, proteínas<br />
lactose e sólidos totais (BRITO, 200 I).<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
PE samples were in accordance to CTP standards.<br />
This result confirmed the efficiency of<br />
pasteurisation processo Samonella was not found<br />
in ali of the tested samples (LC, SP and PE It was<br />
also observed that 16,7% (3/18) of LC tested<br />
samples, 77,8% (14/l8) of SP tested samples and<br />
11, I % (02/l8) of PE tested samples were in<br />
accordance to microbiological standards for total<br />
coliforms enumeration. Although pasteurisation<br />
process was efficient in 77,8% of the tested<br />
samples in elimination of total coliforms bacteria,<br />
it was observed contamination by total coliforms<br />
in packed pasteurised milk tested samples (PE).<br />
This result shows the occurrence of a<br />
contamination during packing processo In the<br />
same way, contamination by faecal coliforms in<br />
some of the packed pasteurised milk tested samples<br />
(PE) were observed. This result suggests that it<br />
may have ocurred an after-thermal process<br />
contamination or a contamination during packing<br />
process, since this contamination was not<br />
observed in the pasteuriser outlet samples (SP).<br />
Key words: microbiological quality milk,<br />
pasteurisation processo<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e<br />
Abastecimento Instrução Normativa n°. 51 de<br />
Regulamento Técnico de Produção, Identidade<br />
e Qualidade do Leite Tipo A, do Leite Tipo B,<br />
do Leite C, do Leite Pasteurizado e do Leite Cru<br />
Refrigerado e o Técnico da Coleta de leite Cru<br />
Refrigerado e seu Transporte a Granel. Diário<br />
Oficial da União. Brasília, 18 de setembro de<br />
200. Secção 3. Disponível em: < http: Ii<br />
www.agricultura.gov.br/das/dipoa/ > acesso em<br />
2004.<br />
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Universitária, UFPel, 1997. 115 p., ISBN 85-<br />
7192-076-1.<br />
INTERNACIONAL DAIRY FEDERATION FIL<br />
IDF, Standard Methods for the Examination of<br />
Dairy Products, Bulletin IOF Brussels, 1987<br />
MARQUES, M.S.; COELHO Jr., L.B.; SOARES,<br />
P.C. Avaliação da qualidade microbiológica do<br />
leite pasteurizado tipo C processado no Estado<br />
de Goiás. Encarte Eletrônico (CDR) Revista<br />
Higiene Alimentar, V. 19, n°. 130, 2005.<br />
ASPECTOS DE QUALIDADE DO LEITE CRU EM DUAS USINAS DE BENEFICIAMENTO DA<br />
ZONA DA MATA DE MINAS GERAIS: CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS (CSS)<br />
Quality aspects of raw milk processed in dairy plants in Minas gerais, Southeastern<br />
Brazil: Somatic Cells Counting<br />
* Projeto de pesquisa financiado pelo PRODETAB/BIRD<br />
Antonio Xavier de Farias1<br />
Roberto Luiz Pires Machado2<br />
Fernando Teixeira Silva3<br />
José Reinaldi Feitosa de Brito4<br />
Biólogo. M.Sc. Microb. Veterinária - Pesquisador 11 - Embrapa Agroindústria de Alimentos.<br />
antxafar@ctaa.embrapa.br<br />
2 Eng Agrônomo - Técnico de Nível Superior 1- Embrapa Agroindústria de Alimentos.<br />
3 Eng grônomo, M.Sc. Tec. de Alimentos - Técnico de Nível Superior III - Embrapa Agroindústria de Alimentos.<br />
4 Pesqll1sador da Embrapa Gado de Leite Juiz de Fora - MO.<br />
digitalizado por<br />
arvoredoleite.org<br />
Pág. 173
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
RESUMO<br />
Dentre os vários parâmetros para avaliação da qualidade do leite, a quantificação de células<br />
somáticas é de importância relevante em função de estar associada a processos infecciosos<br />
inflamatóri os, causando disfunção das glândulas mamárias conhecida como mastite ou<br />
mamite. Para este trabalho foram coletadas 38 amostras de leite cru resfriado tipo B no<br />
tanque de recepção de duas Usinas de Beneficiamento de Leite da Zona da Mata do Estado<br />
de Minas Gerais. As amostras foram analisadas para quantificação de Células Somáticas(CCS),<br />
gorduras, proteínas, lactose e sólidos totais. Vinte e seis por cento apresentaram uma<br />
contagem de células somáticas CS/ml acima de 6 xl 05 , estando em não conformidade com<br />
o requisito da legislação vigente. Em algumas das amostras com maiores níveis de CCS, foi<br />
observado um aumento no teor de sólidos totais, podendo ser devido a diminuição da<br />
produção de leite. O desvio padrão da média das CCS de 331.000 céls./ml, demonstra uma<br />
falta de padronização quanto ao manejo sanitário do gado e uma conseqüente baixa qualidade<br />
sanitária do leite, apesar dos valores médios de céls./ml de 556.000 estarem dentro do<br />
padrão de identidade e qualidade do leite B.<br />
1 - INTODUÇÃ O<br />
O leite é matéria-prima por excelência de<br />
vários produtos de largo consumo e boa aceitação<br />
no mercado brasileiro. A sua utilização como<br />
bebida, tem grande importância na alimentação<br />
da população, nas diversas idades. A qualidade<br />
desse leite, após o processamento, está diretamente<br />
influenciada pela concentração de<br />
células somáticas (CCS) e indiretamente pela<br />
adoção de padrões higiênicos e do índice técnico<br />
das práticas de manejo e ordenha do rebanho,<br />
bem como das condições de transporte e<br />
estocagem até os laticínios.<br />
Dentre os vários parâmetros para<br />
avaliação da qualidade do leite, a quantificação<br />
de células somáticas é de importância relevante<br />
em fu nção de estar associada a processos<br />
infecciosos infl amatórios, causando disfunção<br />
das glândulas mamarias conhecida como mastite<br />
ou mamite. Desse modo, uma condição higiênicosanitária<br />
deficiente no manejo e/ou na ordenha<br />
do rebanho leiteiro está intimamente relacionada<br />
com redução da qualidade do mesmo (MARTIOLI<br />
et ai, 2000). O objetivo deste trabalho foi<br />
i n vesti gar a qual idade do lei te através da<br />
quantificação das células somáticas presentes<br />
quando da sua entrada nas u.nidades de processamento.<br />
Os resultados desse trabalho também<br />
fazem parte do desenvolvimento de metas<br />
propostas no subproj eto "Determinação de<br />
perigos restritivos à eficiência do processamento<br />
e competitividade do leite pasteurizado, buscando<br />
maximizar a segurança e qualidade para o<br />
consumidor" que tem como objetivo gerar<br />
informações que conduzam a melhoria da<br />
qualidade do leite pasteurizado através da<br />
avaliação da ocorrência de perigos micro-<br />
Pág. 174<br />
biológicos e qUlmlcos, durante as etapas de<br />
processamento e distribuição" fi nanciado pelo<br />
Projeto de Apoio ao Desenvolvimento de<br />
Tecnologias Agropecuárias para o Brasil -<br />
PRODETAB.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
Para a amostragem foram selecionadas duas<br />
usinas de processamento do leite B em regiões<br />
distintas, na Zona da Mata de Minas Gerais. Além<br />
Paraíba e Juiz de Fora, que possuem sistemas<br />
diferente de transporte. por latões e por tanques<br />
isotérmicos, respectivamente . Em ambos os<br />
casos o leite é utilizado como matéria-prima para<br />
a produção de leite fl uido B pasteurizado,<br />
manteiga, queijos e outros produtos lácteos.<br />
2.1. Coleta das Amostras<br />
Foram coletadas 38 amostras (14 de cada<br />
usina) de leite cru resfriado tipo B em duas Usinas<br />
de Beneficiamento de Leite. A coleta das<br />
amostras foi realizada diretamente do tanque de<br />
recepção. com capacidade aproximada de 1.700<br />
litros, após homogeneização utilizando-se<br />
coletores de aço inox, imediatamente após a<br />
chegada do leite nas Usinas. As amostras foram<br />
acondicionadas em frascos de 100 ml com<br />
Bronopol, mantidas sob refrigeração e<br />
encaminhadas ao laboratório de qual idade da<br />
Embrapa Gado de Leite, para realização da<br />
con tagem de Células Somáticas(CCS) e<br />
determinação dos teores de gord uras, proteínas<br />
lactose e sólidos totais (BRITO, 200 1).<br />
3 - RESULTA DOS E DISCUSSÃO<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Considerando-se a diversidade da origem<br />
do leite amostrado, a CCS média observada de<br />
CS/ml 5,6 x 10\ tabela 2.- valores médios totais<br />
de constituintes e contagerTI de células somáticas<br />
de leite cru, apresentaram-se dentro dos padrões<br />
estabelecidos pela Instrução Normativa n.o 51<br />
de 18 de setembro de 2002. Entretanto, das<br />
amostras, vinte e seis por cento apresentaram<br />
uma contagem de células somáticas CS/ml acima<br />
de 6 xl05, estando em não conformidade com<br />
estes padrões. Estes resultados são também<br />
considerados acima da média para a<br />
interpretação da CCS, quando da estimativa do<br />
problema de mastite, sendo a contagem do leite<br />
normal, originado de animais sadios,<br />
normalmente menor que 300.000 céls./ml de<br />
leite (Ferrão, 2002), sugerindo uma baixa<br />
qualidade do manejo sanitário do rebanho. E<br />
10,5% das CCS apresentaram valores maiores<br />
que 1,0 x 106 CS/ml. Este fato ocorreu em ambas<br />
as regiões amostradas no mês de janeiro e estas<br />
amostras estariam em não conformidade com a<br />
legislação. Aproximadamente 5,3% das amostras<br />
não apresentaram o teor mínimo de proteínas<br />
exigido pela legislação de 2,9g/l00g<br />
sendo que 63% não alcançaram o teor mínimo<br />
de gord uras de 3,Og/ l OOg.<br />
Comparando-se os valores médios de<br />
constituintes do leite, apresentados na tabela I<br />
dos resultados médios da composição e contagem<br />
de células somáticas de leite cru por região<br />
amostrada, veri fi ca-se que independentemente<br />
da região. os resultados dos teores de gorduras,<br />
proteínas e lactose, são similares ao contrário<br />
dos de contagem de células somáticas, que<br />
apresentaram valores médios de 6,5 x 105 CS/ml<br />
na usina A. diferentemente da usina B de 476.000<br />
CS/mL que encontra-se dentro dos padrões de<br />
identidade e qualidade do leite cru B.<br />
O desvio padrão encontrado nas CCS, é<br />
indicativo de uma diversidade de qualidade no<br />
leite, demonstrando que não existe uma<br />
padronização de manejo e índice técnico entre<br />
os prod u tores.<br />
Tabela 2 - Valores médios totais de constituintes<br />
e contagem de células somáticas de<br />
leite cru, analisada no laboratório de<br />
qualidade da Embrapa Gado de Leite.<br />
Componente Média Desvio<br />
Analisado Aritmética Padrão<br />
Gordura 3,55 0, 15<br />
Proteína 3,13 0, 15<br />
Lactose 4,60 0, 16<br />
Sólidos Totais 12,27 0,27<br />
Contagem de Células<br />
Somáticas (céls./ml)<br />
566.000 33 1 .000<br />
Tabela 3 - Valores médios encontrados na usina<br />
A de constituintes e contagem de<br />
células somáticas de leite cru,<br />
analisada no laboratório de qualidade<br />
da Embrapa Gado de Leite.<br />
Componente Média Desvio<br />
Analisado Aritmética Padrão<br />
Gordura 3,50 0, 12<br />
Proteína 3,16 0, 13<br />
Lactose 4,63 0, 17<br />
Sólidos Totais 12,28 0,27<br />
Contagem de Células<br />
Somáticas (céls./ml)<br />
645.000 397.000<br />
A tabela 3 apresenta os valores médios<br />
encontrados na usina A de constituintes e<br />
contagem de células somáticas de leite cru. A<br />
maior variação de CCS/ml, apresentou-se na<br />
mesma, onde as contagens médias das amostras<br />
analisadas foram maiores. Isto sugere um menor<br />
índice técnico na produção primária. manejo do<br />
rebanho e ordenha nessa região.Outro .fator<br />
importante é que a coleta do leite nessa região é<br />
feita por latões, diferentemente da usina B onde<br />
o transporte do leite até a mesma é realizado em<br />
tanques refrigeradores. Embora não tenha relação<br />
direta com presença de células somáticas, reforça<br />
a idéia de associação a uma melhor condição<br />
higiênica e por esta estar relacionada com um<br />
melhor manejo tecnológico pelo produtor.<br />
Ta bela 1 - Resultados médios da composição e contagem de células somáticas de leite cru por região<br />
amostrada.<br />
:::l<br />
U<br />
<br />
'v<br />
-l<br />
Usina<br />
A<br />
B<br />
Ambas as Usinas<br />
Gordura<br />
3,50<br />
3,60<br />
3,55<br />
Proteína<br />
3,16<br />
3,10<br />
3,13<br />
Lactose<br />
4,63<br />
4,58<br />
4,60<br />
_<br />
<br />
Sólidos Totais<br />
12,28<br />
12,27<br />
12,27<br />
CSS x 105<br />
6,5<br />
4.8<br />
5,6<br />
digitalizado por<br />
arvoredoleite.org
Tabela 4 - Valores médios encontrados na usina<br />
B de constituintes e contagem de<br />
células somáticas de leite cru,<br />
analisada no laboratório de qualidade<br />
da Embrapa Gado de Leite.<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Componente Média Desvio<br />
Analisado Aritmética Padrão<br />
Gordura 3,60 0, 17<br />
Proteína 3, 10 0, 17<br />
Lactose 4,58 0, 16<br />
Sólidos Totais 12,27 0,28<br />
Contagem de Células<br />
Somáticas (céls./ml)<br />
476.000 243.000<br />
Observou-se que a maior variação dos<br />
constituintes analisados, gordura e proteína,<br />
apresentou-se na usina B, onde ocorreu menor<br />
presença de células somáticas, conforme a tabela<br />
4, dos valores médios encontrados na usina B de<br />
constituintes e contagem de células somáticas de<br />
leite cru. Entretanto a maior variação nos teores<br />
de lactose apareceu na região de maior CCS e<br />
desvio da mesma na usina A. Estes resultados<br />
sugerem a necessidade de uma continuidade nesta<br />
investigação. para interpretação da correlação<br />
entre os teores desses componentes com os<br />
valores de CCS. Em algumas das amostras com<br />
maiores níveis de céls./ml, foi observado um<br />
aumento no teor de sólidos totais. Esse resultado<br />
pode estar relacionado com uma diminuição da<br />
produção de leite necessitando de uma investigação<br />
mais acurada de suas variações. Os teores médios<br />
de gord uras, proteínas, lactose e sólidos totais<br />
podem ser considerados dentro da média, quando<br />
comparados aos requisitos encontrados no padrão<br />
de identidade e qualidade do leite cru B refrigerado.<br />
4 - CONCLUSÕES<br />
O desvio padrão da média das CCS de 331 .000<br />
céls./ml, demonstra uma falta de padronização<br />
quanto ao manejo sanitário do gado e uma<br />
conseqüente baixa qualidade sanitária do leite,<br />
apesar dos valores médios de céls./ml de 556.000<br />
estarem dentro do padrão de identidade e qualidade<br />
do leite B. Foi observada uma melhor qualidade do<br />
Pág. 1?6<br />
, I<br />
• • •<br />
leite transportado em tanques frigorificados, em<br />
relação ao transportado em galões.<br />
SUMMARY<br />
Among the parameters for evaluation of<br />
the quality of milk, the somatic cells<br />
quantification has great importance in function<br />
to be associated to the inflammatory infectious<br />
processes, causing mammary glands disfunctions<br />
caIled "mastite". For this work 38 samples of<br />
type B cooled milk had been collected in the<br />
reception's tank of two milk processing plants<br />
at "Zona da Mata" in Minas Gerais state. The<br />
samples had been analysed to the somatic ceIls<br />
count (SCC), total fats, proteins, lactose and<br />
solids. Twenty and six percent had presented a<br />
SCC greater than 6 x 105 CS/ml, being in not<br />
conformity with the parameters in the currents<br />
brasilians regulaments. In some of the samples<br />
with bigger leveis of SCC, an increase in the<br />
total solid was observed, probabily related to a<br />
reduction of the milk production. The standard<br />
deviaton of the aritmetric mean of the 33 I .000<br />
of céls./mI. demonstrates that there isn't a<br />
adoption of the cattle sanitary handling standards<br />
procedures with consequent decrease of the<br />
sanitary milk's quality. in despite the average<br />
values of céls./ml of 556.000 to be inside of the<br />
brasilian standard of idéntity and quality of type<br />
B cooled raw milk.<br />
Key-words: quality of raw milk. somatic cells.<br />
REFERÊNCIAS<br />
BRITO. l.R.F. Coleta de amostras de leite para<br />
determinação da composição química e contagem<br />
de células somáticas. Circular Técnica n.<br />
62, Embrapa Gado de Leite, 200 J, p. 61.<br />
FERRÃO, S. P. B .. Influência de contagem de células<br />
somáticas na qualidade do leite. http://<br />
www.serrana.com.br/n_boletins.aspTipo=n&id=24.<br />
2002.<br />
MARTIOLI, G. P. ; PINTO, S.M.; ABREU, L.R.;<br />
CLEMENTE, P. R. Algumas considerações sobre<br />
mastite. Revista do Instituto de Laticínios<br />
Cândido Tostes, v. 54 n. 314, p. 3-9, 2000.<br />
• • • •<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
PESQUISA DE MICRORGANISMOS PSICROTRÓFICOS EM LEITE CRU PRODUZIDOS EM<br />
CURITIBA E REGIÃO METROPOLITANA.<br />
"Research of psychrotrophic microrganisms in raw milk produced in curitiba and<br />
region metropolitan"<br />
RESUMO<br />
Dayane Karina Lorenzetti1<br />
Jocilene de Miranda Marques 1<br />
Giovani Mocelin2<br />
Grandes vol umes de leite ficam armazenados a temperatura de refrigeração (l°C a 6°C) por<br />
longos períodos na indústria de laticínios. As bactérias psicrotróficas podem desenvolverse<br />
nessas temperaturas levando a mudanças indesejáveis no leite e nos seus derivados.<br />
indicando a baixa qual idade do leite e condições sanitárias insatisfatórias durante o<br />
processamento. O objetivo do presente trabalho foi pesquisar a presença de microrganismos<br />
psicrotróficos do leite cru produzido em Curitiba e na região metropolitana. Foram analisadas<br />
amostras diárias de leite cru resfriado tipo C dessa região nos meses de janeiro, fevereiro e<br />
març o de 2005. Os resultados evidenciaram uma grande necessidade de melhorias e<br />
qualificação de boas práticas na ordenha, orientação e treinamento aos produtores e a<br />
todas as pessoas envolvidas no processo de captação de leite para uma redução na carga de<br />
microrganismos psicrotróficos a níveis aceitáveis.<br />
Palavras-chave: Microrganismo, leite, psicrotróficos.<br />
INTRODUÇÃ O<br />
A produção de leite cresceu a urna taxa<br />
média de 4,5% ao ano na última década, passando<br />
de 15,6 bilhões de litros, em 1993, para 22,6<br />
bilhões, em 2003. Atualmente o Brasil é o sexto<br />
maior produtor de leite, com um volume que<br />
corresponde a aproximadamente 4,5% da<br />
produção mundial. O setor é um dos mais<br />
importantes do agronegócio brasileiro, ocupando<br />
o sexto lugar em valor bruto da produção<br />
agropecuária (MARTINS, 2004).<br />
A qualidade do leite produzido no Brasil<br />
melhorou substancialmente a partir de 2001. As<br />
condições favoráveis, com oportunidades de<br />
export ação, permitiram a implementação do<br />
Programa de Melhoria da Qualidade do Leite<br />
(Ministéri o da Agricultura, Pecuária e<br />
Abastecimento (MAPA), Instrução Normativa<br />
n° 51, de 18 de setembro de 2002), que estabelece<br />
critérios para a produção. identidade e qualidade<br />
do leite (MARTINS, 2004).<br />
Segundo o Regulamento Técnico de<br />
Identidade e Qualidade de leite cru resfriado<br />
(INSTRUÇÃ O NORMATIVA N°51, 2002), o<br />
leite deve ser refrigerado em tanque de expansão<br />
a temperatura igual ou inferior a 4°C (quatro<br />
graus Celsius) no tempo máximo de 3h após o<br />
término da ordenha, independentemente de sua<br />
capacidade ; igual ou inferior a rc quando o<br />
tanque de refrigeração for por imersão.<br />
Temperatura em torno de 4°C controlam o<br />
crescimento de microrganismos mesófilos, que<br />
em geral provocam acidificação e causam perdas<br />
econômicas para produtores e indústrias.<br />
A refrigeração é importante na manutenção<br />
das condições bacteriológicas do leite cru até o<br />
seu beneficiamento. Nos programas sanitários<br />
Alunas do mestrado em Tecnologia de Alimentos - UFPR. Setor de Tecnologia da Universidade Federal do<br />
Paraná.<br />
2. Professor doutor do programa de mestrado e doutorado em Tecnologia de Alimentos - UFPR, Setor de Te cnologia<br />
da Universidade Federal do Paraná.<br />
digitalizado por<br />
arvoredoleite.org
--- Ik#<br />
. ............ --------------------------------------------------------<br />
para leite de consumo, um dos fatores<br />
fundamentais para melhorar a qualidade do leite<br />
é o resfriamento na própria fazenda. Na<br />
indústria de laticínios, onde grandes volumes de<br />
leite ficam armazenados a temperatura de<br />
refrigeração por longos períodos, as bactérias<br />
psicrotróficas podem desenvolver-se causando<br />
mudanças indesejáveis no leite e nos seus<br />
derivados. A presença desses microrganismos<br />
indica a baixa qualidade do leite e insatisfatórias<br />
condições sanitárias no processamento<br />
(RAVANIS e LEWIS, 1995).<br />
O objetivo do presente trabalho foi<br />
pesquisar o perfil do leite cru, produzido em<br />
Curitiba e região metropolitana, quanto à<br />
presença de microrganismos psicrotróficos.<br />
MATERIAL E MÉTODO<br />
Foram analisadas amostras diárias de leite<br />
cru resfriado tipo C, oriundas de Curitiba e região<br />
metropolitana. Coletados 1000 mL de cada um<br />
dos 3 compartimentos dos caminhões contendo<br />
tanque isotérmico para transporte de leite<br />
captado no município de Curitiba e região<br />
metropolitana.<br />
Essas amostras foram retiradas na plataforma<br />
de recepção de um laticínio situado na<br />
cidade de Curitiba durante os meses de janeiro,<br />
fe vereiro e março de 2005.<br />
Foram efetuadas análises de microrganismos<br />
psicrotróficos utilizando a metodologia<br />
de OLIVEIRA e PA RMILEE, 1976<br />
(contagem de psicrotróficos modificada que<br />
possibilita a enumeração dos microrganismos em<br />
menor tempo, 21°C/25h).<br />
Utilizou-se placa de Petrifilmâ para<br />
contagem de aeróbios AC (3M do Brasil Ltda.).<br />
RESULTA DOS E DISCUSSÃO<br />
Durante os 3 meses em que o leite coletado<br />
no município de Curitiba e região metropolitana<br />
foi analisado, observou-se alta contagem de<br />
microrganismos psicrotróficos e resultados muito<br />
semelhantes quando calculadas as médias dos meses.<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
As altas contagens de algumas linhas<br />
específicas, fizeram com que as médias se<br />
mantivessem altas. Foram obtidas no leite cru<br />
contagens de I, I x 10" até 2,3 x 10'JUFC/mL.<br />
De uma forma geraL as contagens foram<br />
altas (I OH UFC/mL). O que mostrou-se<br />
extremamente grave, pois nos silos de leite cru,<br />
após feito o descarregamento, este acaba sendo<br />
misturado independente da contagem, o que torna<br />
a média de microrganismos psicrotróficos<br />
presentes nos silos alta.<br />
As médias dos meses analisados foram<br />
as seguintes: janeiro 1,6 x I OH UFC/mL; fevereiro<br />
1,5 x 10H UFC/mL e março 1,6 x 10HUFC/mL.<br />
DESMASURES e GUEDES (1997), encontraram<br />
índices de contaminação de<br />
microrganismos psicrotróficos do gênero<br />
Pseudol1/oJlas de 2,2 x 106 UFC/mL em<br />
equipamentos de ordenha.<br />
Os microrganismos psicrotróficos presentes<br />
no leite são responsáveis pela produção<br />
de enzimas que com freqüência não são destruídas<br />
pelos processos térmicos a que o leite é<br />
submetido.<br />
SHAH (19 94) relata que a atividade<br />
enzimática dos psicrotróficos tem grande<br />
importância quando as contagens ultrapassam<br />
101> ufc/mL.<br />
Essas enzimas (lipases e proteases) mesmo<br />
em baixas concentrações são capazes de causar<br />
sabor de ranço e sabor amargo no leite e produtos<br />
lácteos estocados sob refrigeração.<br />
Esses resultados evidenciam uma grande<br />
necessidade de melhorias e qualificação de boas<br />
práticas na ordenha. Orientação e treinamento<br />
aos produtores e a todas as pessoas envolvidas<br />
no processo de captação de leite. Para que haja<br />
uma redução na carga de microrganismos<br />
Psicrotróficos a níveis aceitáveis.<br />
CONCLUSÃ O<br />
Portanto, as médias das contagens encontradas<br />
nos 3 meses estudados (I OH), superam<br />
as contagens indicadas na literatura (106 ufc/mL)<br />
Tabela 1 - Resultado das análises microbiológicas do leite cru coletado em Curitiba e Região<br />
Metropolitana.<br />
Mês Média do mês Maior cont. Menor cont. % Carretas % Carretas<br />
2005 UFC/mL UFC/mL UFC/mL acima de 101> abaixo 106<br />
Janeiro 1,6 x IOH 1,2 X 109 1,0 x 104 60,34 39,66<br />
Fevereiro 1,5 x 10R 1,2 X 109 1,1 X 102 58,54 41,46<br />
Pág. 178<br />
Março 1,6 x 10H 2,3 X 109 1,2 x 104 59,40 40,60<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
sendo problemático para este laticínios a quantia<br />
de enzimas produzidas pelos microrganismos<br />
psicrotróficos e indicando que os produtos<br />
produzidos lá podem sofrer alterações durante a<br />
vida de prateleira devido a ação de enzi mas<br />
termorresistentes produzidas por estes microrganismos,<br />
podendo dificultar a aceitação desses<br />
produtos no mercado interno e externo.<br />
SUMMARY<br />
Large volumes of milk are stored at low<br />
temperatures between 1°C and 6°C for long periods<br />
in the dairy industry. The psycrotrophic bacteria<br />
can develop themselves causing undesirable<br />
changes in the milk and dairy products. lts<br />
presence indicates the unsatisfactory sanitary<br />
conditions during the milk processing and the<br />
low quality of the raw milk. The main goal of<br />
this work was to investigate the presence of the<br />
psycrotrophic bacteria in the raw milk produced<br />
in Curitiba and metropolitan region during the<br />
months of January, February and March of 2005.<br />
Daily milk samples were taken from cooled type<br />
C raw milk. The results demonstrates the<br />
necessity of improvements during milking and<br />
courses and training to the producers and<br />
everybody else involved people in the dairying<br />
in order to reduce the load of undesirable<br />
microorganisms to acceptable leveIs.<br />
Keywords:<br />
psycrotrophic.<br />
REFERÊNCIAS<br />
microorganism, milk,<br />
DESAMASURES, N. & GUEGUEN, M.<br />
Monitoring the microbiology of high quality<br />
milk by monthly sampling over 2 years. Jounal<br />
of Dairy Research. v. 64, p. 271 -280, 1997.<br />
INSTRUÇÃ O NORMATIVA N°51, de 18 de<br />
Setembro de 2002. Disponível em : <<br />
www.agricultura.gov.br > Acesso em 7 jan. 2005.<br />
MARTINS, M. C. Competitividade da cadeia<br />
produtiva do leite no Brasil. Revista de Política<br />
Agricula. Ano XIII. n. 3. p. 38-51, 2004.<br />
OLIVERIA, J. S.; PARMELEE, C.E. Rapid<br />
enumeration of psychrotrofic bacteria in raw<br />
and pasteurized milk. Journal of Milk and<br />
Food Technology. v.39, n.4, p. 269-272, 1976.<br />
RANIS, S.; LEWIS, M. J. Observations on the effect<br />
of raw milk quality on the keeping quality of<br />
pasteurized milk. LeUers in Applied Microbiology.<br />
London, v. 20, n. 3, 1995. p. 517-524.<br />
S HAH, N. P. Psychrotrophs in milk: a review.<br />
Milchwissenschaft. v. 49, p. 432-437, 1994.<br />
AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE QUEIJO MINAS ARTESANAL DO CONCURSO<br />
MUNICIPAL DE MEDEIROS-MG<br />
Microbiological estimate of handicraft minas cheese on the contest of Medeiros Conty<br />
Estudantes de Tecnologia em Processamento de Alimentos, CEFET-Bambuí.<br />
2 Professor do Setor de Microbiologia e Controle de Qualidade, CEFET-Bambuí.<br />
3 Zootecnista - EMATER de Medeiros-MO.<br />
4 Professoras da área de leite e derivados, CEFET-Bambuí.<br />
* Órgão financiador: CEFET-Bambuí.<br />
digitalizado por<br />
Alessandra M. Silva1<br />
Alessandra R. VitaP<br />
Claudiana J. Leite1<br />
Jonas G. S. e Silva2<br />
Alberto S. PaciullP<br />
Sônia O. D. Paciulli4<br />
Romilda A. B. M. Araújo4<br />
Pág. 179<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
RESUMO<br />
A produção do queijo Minas Artesanal é uma atividade econômica importante para a<br />
identidade sócio-cultural da região da Serra da Canastra, onde fica localizado o município<br />
de Medeiros. O seu aprimoramento é uma busca constante de organizações como a Associação<br />
dos Produtores de Queijo Canastra de Medeiros (APROCAME), associada à EMATER e<br />
FERT ("Fo/'ll/atiol/ pour /'Epanouissement et lê Rellouveau de la Te /Te"). Para isto foi<br />
organizado o 9° Concurso para avaliar os queijos da região e incentivar os produtores à<br />
melhoria de qualidade de seu produto. Fabricados a partir de leite cru, a avaliação<br />
microbiológica destes queijos é de fundamental importância para verificar se o produto é<br />
seguro para o consumidor. O presente trabalho teve como objetivo analisar os queijos<br />
apresentados neste concurso, considerando os padrões microbiológicos estabelecidos pela<br />
Lei Estad ual n" 14. 1 85, de 31 de janeiro de 2002. Das 28 amostras analisadas todas se<br />
encontravam dentro do padrão para Coliforme a 30 °C (I x 104 UFC/g) e para Coliforme a<br />
45 °C (5x I 03 UFC/g), apesar do grupo de colifonnes esta abaixo do permitido pela legislação<br />
vigente em 14% das amostras foram encontrados outros microorganismos do grupo<br />
enterobacterias. Os resultados evidenciaram a necessidade de orientação aos produtores<br />
em relação à qualidade da matéria-prirna e à adoção de Boas Práticas de Fabricação,<br />
buscando minimizar problemas microbiológicos e agregando maior valor ao produto final.<br />
Palavras-chave: Queijo Minas Artesanal, Medeiros, microbiologia.<br />
1 - INTRODUÇÃ O<br />
Em Minas Gerais a produção de queijo<br />
artesanal a partir de leite cru, é uma atividade<br />
tradicional de vári os municípios, sendo importante<br />
para a economia e identidade sóciocultural<br />
do Estado, além de ser a principal<br />
ati vidade geradora de re nda destas regiões<br />
(Furtado. 1980).<br />
A fabricação e consumo do queijo na região<br />
da Canastra se confundem com a história do<br />
povoamento local, iniciado com a busca de<br />
minerais e pedras preciosas. O queijo fabricado<br />
de fo rma artesanal já era incluído entre os<br />
costumes e hábitos alimentares daquela época.<br />
Dentre as re giões produtoras de queij o<br />
artesanal, em Minas Gerais, com certeza a<br />
Canastra é a mais conhecida (Almeida, et al.<br />
2(04), e esta fama já ultrapassa as fronteiras do<br />
Estado. As condições físico-ambientais, que<br />
combinam de maneira única solo, clima, relevo,<br />
altitude e água das fontes do Rio São Francisco,<br />
são propícias ao desenvolvimento de bactérias<br />
típicas que produz um queijo diferenciado com<br />
sabor característico.<br />
A cidade de Medeiros está localizada na<br />
microrregião do Alto São Francisco, zona oeste<br />
de Minas Gerais. próximo a Serra da Canastra;<br />
situando-se a 320 Km de Belo Horizonte.<br />
Medeiros é destaque na produção do queijo Minas<br />
Artesanal com a produção de 1600 toneladas/<br />
ano (IMA/EMATER-MG 2003 / IBGE 2002);<br />
sendo marcante a presença da Agricultura<br />
familiar. O setor já se organiza com a Associação<br />
dos Produtores de Queijo Canastra de Medeiros<br />
(APROCAME), associada a EMATER e FERT,<br />
que através da Lei Estadual n° 14. 1 85, de 31 de<br />
janeiro de 2002, busca o aprimoramento da<br />
produção de queijos artesanais fe ito a partir de<br />
leite cru, regulamentado pelo decreto n° 42 .645,<br />
de 05 de junho de 2002, que dispõe sobre os<br />
parâmetros a serem atendidos para que o produto<br />
possa ser comercializado.<br />
O objetivo deste trabalho é analisar as<br />
condições microbiológicas do Queijo Minas<br />
Artesanal, apresentado no 9° Concurso municipal<br />
de junho de 2004, realizado pela EMATER de<br />
Medeiros-MG, como contribuição para preservação<br />
do processo artesanal, verificando a<br />
qualidade e segurança do produto.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
Neste trabalho, amostras de 28 queijos,<br />
foram coletadas durante o Concurso Municipal<br />
do Queijo Minas Artesanal, de junho de 2004. A<br />
coleta fo i realizada com todos os cuidados de<br />
assepsia, utilizando-se materi ais previamente<br />
esterilizados. As amostras foram acondicionadas<br />
individualmente em embalagens plásticas estéreis<br />
e, após identificação adequada, transportadas em<br />
caixas isotérmicas e analisadas no Laboratório<br />
de Microbiologia do Centro Federal de Educação<br />
Tecnológica de BambuÍ (CEFET-Bí). Sendo as<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
análises realizadas em triplicata, para avaliação<br />
dos seguintes indicadores microbiológicos:<br />
Contagem de coliforme a 30 °C (Standard<br />
MetllOds 1992); coliforme a 35 °C e 45 °C<br />
(NMP) e detecção de outras enterobactérias em<br />
placas (Norma FIL-IDF).<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Representação dos resultados das analises<br />
microbiológica realizadas.<br />
4<br />
O Coliformes 30º C<br />
o Coliformes 45º C<br />
111 Outras<br />
Figura 1 - Número de amostras em relação ao<br />
tipo de microrganismos presentes<br />
nos queijo Minas Artesanal<br />
coletados no 9" Concurso Municipal<br />
de Medeiros-MG.<br />
Das 28 amostras de queijos analisadas, 20<br />
(7 1%) e 16 (57%), estão dentro dos padrões<br />
recomendados pela legislação, para coliformes a<br />
30°C e a 45°C, respectivamente. Queijos<br />
artesanais da região do Serro analisados por Pinto<br />
(2004) apresentaram resultados de 24% e 69%<br />
para coliformes a 30°C a 45°C, respectivamente.<br />
Em outro estudo com queijos artesanais realizado<br />
na região de Araxá, Araújo (2005) encontrou 19<br />
(5 1 %) e 23 (62%) para os mesmos microrganismos.<br />
Todos os resultados citados acima<br />
apresentam-se dentro dos padrões recomendados<br />
pela legislação. Pereira et aI. (1999) estudando<br />
queijo canastra coletado em Belo Horizonte<br />
encontrou 81,2% fora dos padrões para<br />
coliformes 45°C. Para outras enterobactérias 4<br />
(14%) das amostras mostraram-se fora do<br />
padrão. A presença destes microrganismos nos<br />
alimentos, cujo habitat excl . usivo é o trato<br />
gastrointestinal de animais de sangue quente,<br />
indica precárias condições higiênico-sanitárias<br />
de fabricação/manipulação do alimento (Silva et<br />
aI. 2001).<br />
4 - CONCLUSÃ O<br />
Considerando os resultados anali sados,<br />
quanto às características microbiológi cas,<br />
veri ficou-se a necessidade de orientação aos<br />
produtores e à implantação de Boas Práticas de<br />
Fabricação ; agregando maior valor e<br />
aprimoramento ao produto, e promovendo a<br />
preservação das características e dos processos<br />
digitalizado por<br />
tradicionais de fabricação.<br />
Estudos posteriores são necessanos para<br />
analisar a presença de outros microrganismos e<br />
a influência do período de maturação na inibição<br />
microbiana.<br />
ABSTRAT<br />
The manual production of Minas' cheese<br />
is an important economic activity that<br />
reinforces the cultural identity of the Serra da<br />
Canastra region, where is located the city of<br />
Medeiros. The improvement of the Minas'<br />
cheese production is the result of efforts<br />
promoted by associations such as the Association<br />
of the Cheese Producers of Serra da Canastra in<br />
Medeiros County (APROCAME), which is<br />
associated to EMATER and FERT ("Formation<br />
pour I'Epanouissement et reads Renouveau of<br />
la Terre"). APROCRAME, as part of the<br />
activities to improve the quality of Minas'<br />
cheese, organized the 9° contest to eval uate the<br />
various Mina's cheese produced within the region.<br />
The contest has also the objective to stimulate<br />
the cheese producers to improve the quality of<br />
their product. Since Minas' cheese is<br />
manufactured out of raw milk, the<br />
microbiological test of product is very important<br />
in order to assure the safe consumption by the<br />
population. The present analysis had the<br />
objective to analyze the Mina's cheese consumed<br />
during the contest, considering the<br />
microbiological standards established by the State<br />
Law number 14. 1 85, of January 31 of 2002. Ali<br />
of the 28 analyzed samples complied to the<br />
standard for Coliforme of 30° C (I x I 04 UFC/g)<br />
and to Coliforme of 45°C (5x 10.1 UFC/g), despite<br />
the group of coliformes this below of allowed<br />
for law in 14% of the samples, had been found<br />
other m.o. of the grollp of enterobacterias. The<br />
results evidenced the need of orientation to the<br />
producers in relation to the qllality of the raw<br />
material and the adoption of Good Practical of<br />
Manufacture, with the objective of minimize<br />
microbiological isslles and add higher value to<br />
the fi nal goods.<br />
Keywords: Minas handicraft cheese,<br />
Medeiros, microbiology.<br />
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGR Á FICAS<br />
ALMEIDA, E. F. L.; FERNANDES, M. R ..<br />
Caracterização da Microrregião da<br />
Canastra como Produtora Tradicional do<br />
Queij o Minas Artesanal. São Roque de Minas:<br />
EMATER - novembro/2004.<br />
arvoredoleite.org
FURTADO, M. M .. Queijo do Serro - tradição<br />
na história do povo mineiro. Revista do<br />
Instituto de Laticínios Cândido Tostes, v.<br />
35, p. 33-36; 1980.<br />
SILVA, J. v. ; HOFFMAN, F; MANSOR, A. P. et<br />
ai. Monitoramento da qualidade microbiológica<br />
de queijos tipo Minas Frescal fabricados<br />
artesanal mente. Revista Indústria de<br />
Laticínios, p. 71-75, ano 6, n. 34, jul/ago. 200 I.<br />
PEREIRA, M.L; GASTELOIS, M.C.A; BASTOS,<br />
E.M.A.F; CAIFFA, W.T; FALEIRO, E.S.C ..<br />
Enumeração de coliformes fecais e presença de<br />
Sall1lolle lla sp. em queijo Minas. Arquivo<br />
Brasileiro de Medicina Veterinária e<br />
Zootecnia, vol-5 1, n 5, 1999.<br />
ARAÚJO, R.A.B.M .. Diagnóstico sócioeconomico,<br />
cultural e avaliação dos<br />
parâmetros físico-químicos e<br />
microbiológicos do queijo Minas Artesanal<br />
da região de Araxá. Viçosa-MG, 2005. 136 f.<br />
Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia<br />
de Alimentos)-Universidade Federal de Viçosa.<br />
PINTO, M.S. Diagnóstico sócio-econômico,<br />
cultural e avaliação dos parâmetros físico-<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
• • • •<br />
qUlmlcos e microbiológicos do queijo<br />
Minas Artesanal da região de Serro-MG.<br />
Viçosa-MG, 2004. 140 f. Dissertação (Mestrado<br />
em Ciência e Tecnologia de Alimentos)<br />
Universidade Federal de Viçosa.<br />
MINAS GERAIS, Assembléia Legislativa do<br />
Estado de Minas Gerais. Lei Estadual n° 14.185,<br />
de 31 de janeiro de 2002. Que dispõe sobre o<br />
processo de produção de queijo minas artesanal<br />
e dá outras providências<br />
MINAS GERAIS, Assembléia Legislativa do<br />
Estado de Minas Gerais. Decreto n° 42.645, de<br />
05 de junho de 2002.<br />
MINAS GERAIS, Instituto Mineiro de<br />
Agropecuária (lMA). Portaria n° 518, de 14 de<br />
junho de 2002. Dispõe sobre requisitos básicos<br />
das instalações, materiais e equipamentos ... Belo<br />
Horizonte, 14 jun. 2002.<br />
MINAS GERAIS, Instituto Mineiro de<br />
Agropecuária (lMA). Portaria n° 523, de 03 de<br />
julho de 2002. Dispõe sobre as condições<br />
higiênico-sanitárias e boas práticas na<br />
manipulação e fabricação ... Belo Horizonte, 03<br />
jul. 2002.<br />
• • • •<br />
PERFIL SENSORIAL DE SORVETE DE CHOCOLATE<br />
Sensation profile of chocolate ice cream<br />
RESUMO<br />
CASTRO, Vanessa Cristina de'*<br />
ANDRADE, Vivian Tavares de'<br />
MINIM, Valéria Paula Rodrigues2•<br />
SILVA, Danilo José Pereira da'.<br />
O consumo de sorvete no Brasil vem aumentando a cada ano. No presente estudo, análise<br />
descritiva quantitativa foi aplicada para levantar atributos sensoriais que melhor<br />
caracterizassem cinco marcas comerciais de sorvete de chocolate. Os atributos referiramse<br />
a características de aroma, sabor, cor e textura, possibilitando avaliar o perfil sensorial<br />
Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, Ma, Brasil.<br />
I Estudante de Engenharia de Alimentos Universidade Federal de Viçosa.<br />
2 Professora Titular do Departamento de Tecnologia de Alimentos/UFY.<br />
* vanessariso@yahoo.com.br<br />
** viviantaan@yahoo.com.br<br />
Pág. 182<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
dessas marcas. Os sorvetes de chocolate foram avaliados por uma equipe de provadores<br />
treinados, sendo definidos, com base no método rede, treze descritores (partículas de gelo,<br />
cremosidade, cor característica, homogeneidade, pegajosidade, aroma de chocolate, aroma<br />
de café, aroma tutti-fruti, gosto amargo, gosto doce, sabor de chocolate, sabor de café e<br />
sabor de tutti-fruti). As cinco amostras apresentaram diferença significativa (p
o treinamento dos provadores foi<br />
realizado, segundo recomendações de STONE et<br />
aI. (1974).<br />
Após a realização do treinamento foi feito<br />
um teste piloto para verificar o desempenho dos<br />
provadores. Foram aval iadas três amostras de<br />
sorvete (Kibom, Sol e Neve e Vidalle), apresentadas<br />
em uma mesma sessão, com três<br />
repetições, utilizando a ficha descritiva definitiva,<br />
anteri ormente elaborada. Os provadores foram<br />
selecionados de acordo com a sua habilidade em<br />
discriminar as amostras e com a repetibilidade<br />
dos resultados.<br />
Citado por MONTEIRO (200 I ), com o<br />
objetivo de se obter informações sobre a<br />
repetibilidade e o poder de discriminação destes<br />
provadores, foram realizadas análise de variância<br />
(ANOVA), com duas fo ntes de variação<br />
(repetição e amostra), por provador, para cada<br />
atributo sensorial de acordo com POWERS,<br />
CENCIARELLl e SHINHOLSER (1984). Foram<br />
retreinados os provadores que apresentaram<br />
probabilidade de F (amostra) maiores ou iguais a<br />
0,50 ou probabilidade de F (repetição) menores<br />
ou iguais a 0,05 em pelo menos um dos atributos.<br />
Foi realizada a análise de variância para<br />
comparação das amostras (marcas comerciais),<br />
a comparação das médias foi determinada pelo<br />
teste de Tukey ao nível de I % de significância.<br />
As análises estatís ticas foram realizadas,<br />
utilizando-se os programas do pacote estatístico<br />
SAS (Statistical Analysis System - SAS Institute<br />
Inc, North Carolina, USA), versão 8.0, licenciada<br />
para Universidade Federal de Viçosa, 20(2).<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Ta bela l -Definições e referências dos termos descritivos selecionados.<br />
A T IUIlUTOS<br />
11 0 111 ugcllchl;llh:<br />
A rulll a d ch {l colul I.!<br />
Arol1l de café<br />
A rom a I u ll i frlll i<br />
S:l ho l' dI.! chuculate<br />
Pág. 184<br />
Suho r dI.! I.:U fé<br />
Dos 26 voluntários, 8 foram préselecionados<br />
para participarem do processo de<br />
desenvolvimento da terminologia descritiva. A<br />
Tabela I apresenta a listagem dos treze termos<br />
descritivos selecionados para caracterização do<br />
sorvete de chocolate, a definição consensual de<br />
cada termo e as amostras- referência dos<br />
extremos das escalas.<br />
Dentre os 8 provadores recrutados e préselecionados,<br />
quatro apresentaram valores de<br />
significância de F ", maiores que 0,50 ou<br />
all stra<br />
valores de significância de F'
e a amostra 3 foi a que apresentou a cor menos<br />
característica.<br />
Quando foi analisada a homogeneidade,<br />
observou-se que as amostras 1, 4 e 5 foram<br />
consideradas as mais homogêneas. A amostra 3<br />
apresentou-se como a me os . homogênea.<br />
Com relação a pegajosldade a amostra 3<br />
apresentou-se como a mais pegajosa. As amostras<br />
1 e 4 foram as que apresntaram a menor<br />
pegajosidade.<br />
A amostra 2 apresentou mais aroma de café<br />
que as demais. As amo tr s . 1, . 3, 4, e 5 não<br />
apresentaram diferenças slgl11fIcatlvas entre elas.<br />
4 - CONCLUS Õ ES<br />
A Análise Descritiva Quantitativa forneceu<br />
informações valiosas na descrição dos atributos<br />
sensoriais importantes para a caracterização das<br />
cinco marcas de sorvete de chocolate. Os<br />
resultados obtidos neste estudo indicaram grande<br />
diferença entre as marcas analisadas em relação<br />
ao seu perfil sensorial.<br />
5 - ABSTRACT<br />
The consumption of ice cream has been<br />
increasing every year in Brazil. On the present<br />
study, quantitative descriptive analyzes were<br />
applied to draw up sensorial peculiarities that<br />
better characterize five commercial brands of<br />
chocolate ice cream. The peculiarities were<br />
regarded to characteristics of flavor, taste, color<br />
and texture, making feasible the evaluation of<br />
the sensorial profile of these brands. A team of<br />
trained tasters eval u ated the chocolate ice<br />
creams, and they have been based on the net<br />
method, thirteen descriptors (ice particles,<br />
creaminess, characteristic color, homogeneity,<br />
stickiness, chocolate f1avor, coffee flavor, tuttifrutti<br />
f1avor, bitter taste, sweet taste, chocolate<br />
Pág. 186<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
• • • •<br />
taste, coffee taste, and tutti-frutti taste). The<br />
five samples showed significant difference<br />
(p
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Tabela 1 - Composição básica de sorvete (MORETTI, 1977).<br />
2 - MERCADO<br />
Proteínas<br />
Gordura<br />
Carboidratos<br />
Ene rgia em 100 g<br />
Peso de 1 ar ão com 100 cal.<br />
As empresas brasileiras produzem,<br />
atualmente, 800 milhões de litros de sorvete por<br />
ano. As empresas de pequeno e médio porte<br />
respondem por 30% deste valor.<br />
O consumo per capita de sorvetes no Brasil<br />
é de 3,04 litros por ano (Abis, 2004). O consumo<br />
é baixo e há bastante espaço para o crescimento<br />
desse mercado, a exemplo de outros países como<br />
a Nova Zelândia. Para aumentar o consumo per<br />
capita de sorvete no Brasil é preciso uma ação<br />
forte das indústrias do setor para mudar hábitos já<br />
consolidados.<br />
A Associação Brasileira das Indústrias de<br />
Sorvetes (Abis) deu início a uma série de ações<br />
para elevar o consumo per capita de sorvete no<br />
país para 6, I litros/ano até 2009 (Abis, 2004).<br />
O setor fabricante de sorvetes concentra<br />
no verão 50% de suas vendas. Em 2001 foram<br />
produzidos 521 milhões de litros de sorvete no<br />
país, o que representou faturamento de R$ 1,957<br />
bilhão (Abis, 2004).<br />
3 - LOCALIZAÇÃO<br />
3.1 - Macrolocalização<br />
A macrolocalização escolhida para a<br />
implantação da fábrica de sorvete foi o estado do<br />
Rio de Janeiro. Localizado na Região mais rica e<br />
dinâmica do Brasil, que concentra em um raio de<br />
500 km, cerca de 67% do PIB nacional. Sua<br />
grandeza se expressa através das inúmeras<br />
oportunidades de negócios.<br />
3.2 - Microlocalização<br />
O município escolhido para a implantação<br />
da agroindústria foi Barra Mansa. A cidade está<br />
localizada na região do Médio Paraíba do estado<br />
do Rio de Janeiro. As empresas de produção de<br />
bens e prestação de serviços que se instalarem<br />
ou expandirem seus negócios em Barra Mansa<br />
podem obter a isenção de até 100% do IPTU<br />
(Imposto Predial e Territorial Urbano), bem<br />
como a isenção de até 100% sobre os Impostos<br />
Sobre a Transmissão e Cessão Onerosa, Inter<br />
Pág. 188<br />
3.9%<br />
12.0%<br />
20,3 %<br />
200 calorias<br />
47 ra m as<br />
Vivos, de Bens Imóveis e de Direitos Reais. Boa<br />
parte dos produtores leiteiros da região participa<br />
da Cooperativa Agro-Pecuária de Barra Mansa<br />
que recebe diariamente 80 mil litros de leite.<br />
4 - DIMENSIONAMENTO<br />
O projeto é voltado para atender o Estado<br />
do Rio de Janeiro, o qual possui uma população<br />
de 14,4 milhões de consumidores. (IBGE 2000).<br />
É sabido que a média de consumo per capita<br />
de sorvetes no Brasil é de 3,04 L/ano. (ABIS<br />
2004). Portanto visando alcançar 18,75% da<br />
demanda do Estado Rio de Janeiro atendida pelos<br />
médios produtores, aproximadamente 810000<br />
consumidores, o projeto é dimensionado para<br />
produção de 2,4 milhões de litros por ano<br />
(capacidade máxima).<br />
5 - ANÁLISE FINANCEIRA<br />
5.1 - Investimento Fixo<br />
Tabela 2<br />
5.2 - Capital de Giro<br />
Tabela 3<br />
5.3 - Custos fixos<br />
As necessidades de mão de obra fixa, ou custos<br />
administrativos, estão descritos na Tabela 4 e<br />
englobam também os encargos sociais. Os custos<br />
fixos totais estão representados na Tabela 5.<br />
Tabela 4<br />
Tabela 5<br />
5.4 - Custos Variáveis<br />
Os custos variáveis englobam as despesas<br />
que variam de acordo com a quantidade de<br />
produzida. Estes valores estão especificados nas<br />
tabelas abaixo.<br />
Tabela 6<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
2 - Investimento fixo, obras e outros serviços.<br />
Te rre no<br />
Area de construção<br />
To tal<br />
Te rraplanage 01<br />
Área de cons trução<br />
Total<br />
Te rreno<br />
Área de construção<br />
Total<br />
Obra s Civis<br />
Cons truções Agroindus tria<br />
Cons truções Adminis tra ção<br />
Total<br />
Equip. Auxiliare s<br />
Computador<br />
Fax<br />
Materiais permanentes<br />
Telefone fixo<br />
TOTAL<br />
Obra s Externas<br />
Tra ta mento de efluente (Lagoa)<br />
To ta l<br />
Insta lação<br />
Se guro s<br />
Instalação Elétrica/Tra nsf.<br />
To ta l<br />
Veículos<br />
Veículos Passeio<br />
Veículos Carga<br />
Total<br />
Capital de Giro.<br />
Capita l de Giro<br />
Descrição<br />
Matéria-prim a (dias)<br />
Insumos (mês)<br />
Embalagens (m ês)<br />
Produto acabado (dias)<br />
Vendas a prazo (1 0 dias)<br />
Crédito à fo rnecedor (mês)<br />
Desconto bancário (5 %)<br />
Reserva de caixa (fi. De pagto . mensal)<br />
TOTAL<br />
Necessidade de mão de obra fixa.<br />
Necessidade de Mão-de-Obra Fixa<br />
Função<br />
Porteiro<br />
Contador<br />
Secretária<br />
Vendedor<br />
Laboratorista<br />
Faxineiro<br />
Supervisor de produção<br />
Supervisor de tratamento de resíduos<br />
Gerente (Eng. Alimentos)<br />
Subtotal<br />
Enc argos S oc iais<br />
Retirada Sócios<br />
Total<br />
Dimensões (012) Pre ço Unitá rio<br />
2240 72,46<br />
2240<br />
Dimensões (012) Pre ço Unitá rio<br />
O 9<br />
O<br />
Dimensões (012) Pre ço Unitá rio<br />
2240 72,46<br />
2240<br />
Dimensões (012) Pre ço Unitá rio<br />
Quantidade<br />
4<br />
1<br />
1<br />
259 597<br />
384 553<br />
643<br />
2.500,00<br />
490,00<br />
4.000,00<br />
35,00<br />
Quantidade Pre ço Unitá rio<br />
30 12<br />
4% 2.132.086,50<br />
1 % 2.132.086,50<br />
4.000,00<br />
Quantidade Pre ço Unitá rio<br />
2 15.000<br />
O O<br />
Quantidade<br />
digitalizado por<br />
16<br />
88'k<br />
I<br />
Tempo<br />
3<br />
I<br />
I<br />
10<br />
10<br />
S<br />
N<br />
10%<br />
Preço Total<br />
162.3 1 0,40<br />
162.310,40<br />
Preço Total<br />
0,00<br />
0,00<br />
Preço Total<br />
162.3 1 0,40<br />
162.310,40<br />
Preço Total<br />
154.509,04<br />
212.232,96<br />
366.742,00<br />
Preço Total<br />
10.000,00<br />
490,00<br />
4.000,00<br />
35,00<br />
14.525,00<br />
Preço Total<br />
360,00<br />
360,00<br />
85.283,46<br />
21.320,87<br />
4.000,00<br />
110.604,33<br />
Preço Total<br />
30.000,00<br />
0,00<br />
30.000,00<br />
Valor (R $)<br />
2.649,60<br />
62.455,46<br />
19.703,65<br />
13.388,67<br />
13. 388,67<br />
(13.388,67)<br />
669,43<br />
3.276,00<br />
102.1 42,8 1<br />
Salário Cus to Mensal Cus to Anual<br />
1,00 1.040,00 12.4HO,OO<br />
1,00 260,00 3.1 20,00<br />
1,00 260,00 3.120,00<br />
2,00 1.560,00 18.720,00<br />
2,00 520,00 6.240.00<br />
1,00 780,00 9.360,00<br />
3.00 780,00 9.360,00<br />
2.00 520.00 6.240.00<br />
6,00 1.560.00 18.720.00<br />
7.280.00 87.360.00<br />
76.876,80<br />
3.000.00 3.000.00 36.000.00<br />
200.236,80<br />
Pág. 189<br />
arvoredoleite.org
Tabela 5 - Custos fixos totais.<br />
Despesas Fllms de Capital Anual<br />
Custos Administrativos*<br />
Valor (R$)<br />
200.236.80<br />
Depreciação Edificação (50 anos) 2% 7.334,84<br />
Depreciação Eqtup.da fábrica (lO anos) 10% 225.721,58<br />
Depreciação Veículos (5 anos) 20% 6.000,00<br />
Seguros 1% 21.320,87<br />
Irrpostos 1% 3.667,42<br />
Total<br />
464.281,51<br />
Descrião<br />
Tabela 7 - Custos de mão de obra variáveis.<br />
Tabela 8 - Custo total de produção.<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Tabela 6 - Custos variáveis.<br />
Leite<br />
I!NW1llS<br />
Enhahm prinÚIil<br />
Enhalam s:x:urtJíuia<br />
En::rgia fixa<br />
En::rgia var(5% fixa)<br />
gw<br />
A!,'lIiI fun: imários<br />
GLP<br />
Mão-de-Obra V,uiá\\:1<br />
ano 1<br />
ano 2 ano 3<br />
213734,4 310886,4<br />
687010,0 999287.3<br />
216740,2 315258,4<br />
919,6 1337,6<br />
389
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
DESENVOLVIMENTO DE LEITE ACIDÓFILO SABOR MORANGO COM PREBIÓTICO<br />
Development acidophilus milk f1avor strawberry with prebiotic<br />
RESUMO<br />
Vívian Tavares de Andrade1<br />
Vanessa Cristina de Castro1<br />
Vagna FreW<br />
Célia Lúcia Fortes Ferreira3<br />
Foram desenvolvidos formulações e tecnologia para produção de leite acidófilo sabor<br />
morango com prebiótico. Este produto visa aprimorar beneficamente a microbiota<br />
intestinal e as funções fisiológicas do trato intestinal humano. Para o processo de<br />
fermentação do leite, utilizou-se uma cultura láctea de Lactobacillus acidoplzilus. Após 16<br />
horas de fermentação a 37 °C, o leite apresentou pH de 4,3 e 0,94% de acidez. A formulação<br />
final do Leite Acidófilo Prebiótico consistiu de leite desnatado esterilizado, polpa de<br />
morango, açúcar e aroma natural necessários para produzir partidas de 4 litros. A amostra<br />
analisada em três repetições apresentou uma média de 0,0 % de gordura e 17,2 % de sólidos<br />
totais. O Leite Acidófilo Prebiótico final apresentou contagem de coliformes totais e<br />
coliformes fecais menor que 3 UFC/g. A contagem em placas de Lac{obaciLlus acidoplzilus<br />
apresentou uma média de 3,1 x I O UFC/g. Depois de um período de um mês de estocagem,<br />
o Lac{obaciLllls acidoplzilllS decresceu para 1,7 x lOs UFC/g . A amostra submetida à<br />
análise sensorial para teste de aceitação com uma escala de nove pontos recebeu média de<br />
7,0 pontos, ficando classificada como gostei moderadamente. O leite acidófilo final está<br />
em conformidade com os padrões microbiológicos estabelecidos pelo Ministério da Saúde,<br />
apresenta aroma característico de morango e textura suave e uniforme.<br />
Palavras-chave: Leite acidófilo, prebiótico, probiótico.<br />
1 - INTRODUÇÃ O<br />
Nas últimas décadas pesquisas têm demonstrado<br />
que certos alimentos possuem função<br />
metabólica e regulatória na fisiologia do<br />
organismo humano, através do qual fo rnecem<br />
benefícios além da nutrição básica e podem<br />
prevenir doenças ou promover saúde.<br />
De um modo geral, são três as estratégias<br />
dietéticas para aumentar os microorganismos<br />
benéficos na microbiota intestinal. A primeira é<br />
por meio do consumo de probiótico, definido<br />
como organismos vivos que exercem ação benéfica<br />
sobre a saúde quando ingeridos em determinado<br />
número. Essa ação está relacionada ao equilíbrio<br />
da microbiota intestinal , podendo também ter<br />
efeito na redução do colesterol sanguíneo e no<br />
Estudante de Engenharia de Alimentos UFY.<br />
2 Estudante de Tecnologia de Laticínios do DTA/UFY.<br />
3 Professora Titular do Departamento de Tecnologia de Alimentos/UFY.<br />
Pág. 192<br />
controle de diarréias, assim como na redução do<br />
risco de desenvolvimento de algumas formas de<br />
câncer. Um das formas de atuação dos probióticos<br />
é a inibição da proliferação, no intestino, das<br />
bactérias patogênicas (FERREIRA, 2001).<br />
A segunda alternativa é pelo consumo de<br />
uma substância prebiótica. Estes são ingredientes<br />
alimentares não digeríveis, que afetam beneficamente<br />
o hospedeiro pela estimulação seletiva<br />
do crescimento ou da atividade de um número<br />
limitado de espécies bacterianas já resistentes no<br />
cólon. Essas substâncias são oligossacarídeos em<br />
geral, sendo que a inulina e os frutooligossacarídeos<br />
são os prebióticos mais estudados<br />
(FERREIRA, 2001).<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Este trabalho teve por objetivo desenvolver<br />
um Leite acidófilo sabor morango com<br />
prebiótico de forma a atender às exigências do<br />
mercado.<br />
2 - MATERIAIS E MÉTODOS<br />
2.1 - Preparo da Cultura de Lac{obacillus<br />
acidophilus<br />
Leite desnatado reconsti tuído a 13% de<br />
sólidos totais foi distribuído em garrafas de<br />
diluição de 100 ml. Essas foram autoclavadas a<br />
121°C durante 15 minutos e então resfriadas para<br />
7°C. Foi feita repicagens sucessivas da Cultura<br />
Láctea de Lactobacillus acidophilus. Essa<br />
mistura, foi fermentada à temperatura de 37°C<br />
por aproximadamente 24 horas ou até atingir<br />
acidez de 0,90% de ácido lácteo. Essas foram<br />
estocadas à - 18°C até o momento de ser<br />
adicionada ao leite esterilizado.<br />
2.2 - Preparo do Leite Fermentado<br />
O conteúdo da garrafa de diluição foi<br />
adicionado, na proporção de 2%, diretamente<br />
ao leite previamente submetido a tratamento<br />
térmico de 121°C por 15 minutos e resfriado a<br />
3 rc. A fermentação ocorreu em 16 horas. O<br />
pH do leite durante e após a fermentação foi<br />
determinado com pH Meter E 500 Digital,<br />
conforme ATHERTON e NEWLANDER (1977).<br />
2.3 - Fibra Prebiótica<br />
A fi bra prebiótica utilizada fo i a Nutra<br />
Flora, que são frutooligossacarídeos de cadeia<br />
curta. A legislação brasileira (Resolução - RDC<br />
n° 359, de 23 de dezembro de 2003) estabeleceu<br />
como valor de referência para uma porção de<br />
leite Acidófilo o equivalente a 200 ml. Foi<br />
adicionado 0,004g (2,0 %) de Nutra Flora? (Fibra<br />
Prebiótica) por porção de Leite Acidófilo, 5%<br />
de polpa de fruta e 0,1% de aroma de morango<br />
(S 10696, Danisco).<br />
2.4 - Formulação do Leite acidófilo<br />
O Quadro 1 apresenta a formulação do<br />
Leite Acidófilo sabor de Morango com Prebiótico<br />
submetida às análises físico-químicas, microbiológicas<br />
e sensorial.<br />
2.5 - Produção de Leite Acidófilo<br />
Após atingir a acidez desejada, esse foi<br />
resfriado inicialmente para 20°C e posteriormente<br />
para 10°C sendo feita a quebrar do coágulo e<br />
adicionada de polpa de fruta e fibra prebiótica.<br />
Depois de agitado, o produto foi envasado em<br />
garrafas de plástico e mantido a 10°C.<br />
2.5 - Análises Físico-Químicas e Microbiológicas<br />
Foram realizadas as seguintes análises no<br />
Leite Acidófilo com Prebiótico.<br />
- Determinação do teor de gord ura,<br />
segundo AOAC (1996), método n°<br />
952.06.<br />
Determinação de sólidos totais segundo<br />
AOAC (1996), método n° 941 .08.<br />
- Contagem de coliformes totais e fecais;<br />
segundo FIL 7341, 1985.<br />
- Contagem de Lac{o!Jacilllls acidophillls;<br />
APHA 1984.<br />
2. 6 - Análise Sensorial<br />
Quadro 1 Formulação de Leite Acidófilo sabor Morango com Prebiótico<br />
O produto foi submetido à análise sensorial<br />
por cinqüenta provadores não treinados que<br />
receberam amostras da formulação testada. O<br />
Leite Acidófilo foi fo rnecido aos provadores em<br />
copos plásticos descartáveis de 30 mL,<br />
distribuídos ao acaso, em bandejas. A formulação<br />
foi analisada quanto a aceitação utilizando uma<br />
Ingredientes<br />
kg Gordura (kg)<br />
S.N.G.L<br />
(kg)<br />
Açúcar (kg)<br />
Fibra<br />
Prebiótica<br />
Leite 4,00 0,00 0,36<br />
Açúcar<br />
Base conce ntrada de<br />
0,34 0,34<br />
morango 0,20<br />
Fibra Pre biótica 0,09 0,09<br />
Tota 4,63 0,00 0,36 4,50 0,09<br />
Percentagem (%) 100 0,00 7,79 15,0 1,95<br />
digitalizado por<br />
arvoredoleite.org
escala Hedônica de 9 pontos, que relaciona o<br />
sabor e o aroma à aceitação pelo provador<br />
(MOTA , 1999).<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃ O<br />
3.1 -Resultados das Análises Físicoquímicas<br />
Após cerca de sete horas de fermentação a<br />
37° C, o Leite Acidófilo apresentou pH de 4,3,<br />
acidez de 0,94%. A amostra de Leite Acidófilo<br />
apresentou 0,0 % de gordura e 17,2 % de Sólidos<br />
Totais.<br />
Os resultados dos teores de gordura,<br />
proteínas e sólidos totais indicam que as amostras<br />
estão em conformidade com o estabelecido pelo<br />
Ministério da Saúde (ANVISA, 1999).<br />
3.2 - Resultados das Análises Microbiológicas<br />
Nas análises de coliformes fecais e<br />
coliformes totais, a amostra de Leite Acidófilo<br />
apresentou contagem menor que 3 NMP/g da<br />
amostra. A análise de fungos e leveduras<br />
apresentou um valor de Os resultados indicam<br />
que as amostras estão em conformidade com o<br />
estabelecido pelo Ministério da Saúde (ANVISA,<br />
1997 e ANVISA, 200 I).<br />
A contagem em placas de Lactobacillus<br />
acidophilus apresentou uma média de 3, I x 109<br />
UFC/g. Depois de um período de um mês de<br />
eslocagem, o LactobaciJlus acidophilus decresceu<br />
para 1,7 x 108 UFC/g, mostrando estar de acordo<br />
com o regulamento apresentado pela (ANVISA,<br />
2002) que cita que os produtos contendo<br />
probióticos para o consumo devem possuir no<br />
mínimo 106 UFC/g do produto.<br />
3. 3 - Prebiótico<br />
O frutooligossacarídeo usado na<br />
fo rmulação serve de substrato para as<br />
bifidobactérias e lactobacilos presentes no<br />
intestino grosso, e como conseqüência do<br />
aumento da população dessas bactérias benéficas<br />
e diminuição do pH pela fermentação das fibras,<br />
há uma diminuição e inibição do crescimento de<br />
bactérias patogênicas e indesejáveis.<br />
Conseqüentemente ocorre redução sensível da<br />
quantidade de substancias tóxicas geradas por<br />
essas bactérias, promovendo saúde e regularidade<br />
intestinal, fortalecimento do sistema<br />
imunológico, aumento da absorção dos<br />
nutrientes, e redução do colesterol. Segundo a<br />
GTC Nutrition LLC, os efeitos bifidogênicos<br />
podem ser observados com a ingestão de apenas<br />
Pág. 194<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
um grama de Nutra Flora por dia.<br />
3.4. - Resultados da Análise Sensorial<br />
A amostra submetida à análise sensorial para<br />
teste de aceitação com uma escala de nove pontos<br />
recebeu uma média de 7,0 pontos sendo classificada<br />
como gostei moderadamente. Isso indica que a<br />
amostra teve um bom índice de aceitação.<br />
4 - CONCLUSÃ O<br />
Leite Acidófilo sabor de morango com<br />
Prebiótico foi produzido utilizando<br />
frutooligossacarídeo Nutra Flora. O Leite<br />
Acidófilo nível elevado de Lactobacillus<br />
acidophilus viáveis, portanto esse pode ser usado<br />
como uma boa fonte de incorporação dessas<br />
bactérias probióticas para o consumidor. O<br />
frutooligosacarídio (prebiótico) foi adicionado<br />
em quantidade suficiente para promover efeitos<br />
benéficos na flora intestinal. O Leite Fermentado<br />
é um ótimo veículo para probióticos, pois esses<br />
microrganismos sobrevivem pelo período de<br />
estocagem frigoríficada. O Leite Acidófilo<br />
apresentou verificação com os padrões<br />
microbiológicos estabelecidos pelo Ministério da<br />
Saúde, aroma característico de morango, textura<br />
suave e uniforme.<br />
5 - ABSTRACT<br />
Formulations and technology were<br />
developed fo r production of acidophilus milk<br />
strawbcrry fl avor with prcbiotic. This product<br />
intends to enlarge, beneficially, the intestine<br />
microbiological fl ora and the physiological<br />
functions of the human intestinal path, and to<br />
meet the consu mers requirements. For the<br />
process of fermentation of the milk, a milky<br />
culture of Lactobacillus acidophilus was<br />
utilized. After 16 hours of fe rmentation at 37<br />
°C, the milk presented a pH value of 4,6 and<br />
0,94% of acidity. The final fo rmulation of the<br />
acidophilus milk prebiotic consisted of<br />
sterilized skimmed milk, strawberry pulp, sugar<br />
and natural aroma necessary to produce a 4<br />
liters batch. The analyzed sample, in 3<br />
repetitions, presented an average of 0,0% of<br />
fat and 17,2% of total solids. The final ice<br />
cream had a total coliform and fecal coliform<br />
counts less 3 UFC/g. The count in plates of<br />
Lactobacillus acidoplzilus presented an average<br />
of 3,1 x 109 UFC/g. After a period of a month of<br />
store, the Lactobacillus acidoplzilus decreased<br />
for 1,7 X 108 UFC/g. The sample underwent a<br />
sensorial analysis for an acceptance test with a<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
9_point-scale, and got an average of 7,0 points,<br />
which classifies as "Iiked moderately". The<br />
final acidophilus milk was compatible with the<br />
microbiological standards established by the<br />
he althy ministry, presenting a typical<br />
strawberry scent, soft and uniform texture.<br />
Key Words: acidophilus milk, prebiotic,<br />
probiotic.<br />
6 - REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
ANVISA. AGÊNCIA NACIONAL DE<br />
VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução RCD n.<br />
2 - 07 de janeiro de 2002. Disponível em:<br />
. Acesso: janeiro de<br />
2003. ANVISA.<br />
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA<br />
SANITÁRIA. Resolução RCD n. 359 - 23 de<br />
dezem bro de 2003. Disponível em: . Acesso: maio de 2004.<br />
• + + •<br />
ANVISA. AGÊNCIA NACIONAL DE<br />
VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução RCD n.<br />
12 - 02 de janeiro de 2001 e Portaria n° 451<br />
- SVS/MS, de 19 de setembro de 1997.<br />
Disponível em: .<br />
Acesso: janeiro de 2004.<br />
ANVISA. Secretaria de Vigilância Sanitári a.<br />
Portaria nU 379 - SVS/MS, de 26 de abril de 1999.<br />
Disponível em: .<br />
Acesso: janeiro de 2003.<br />
ATHERTON, H.V. & NEWLANDER, J. A.<br />
Chemistry and testing of dairy products. 4th<br />
ed. Connecticut, AVI PubI. Co., p. 26 I -265, 1977.<br />
FERREIRA, C.L.L.F. Tecnologia para produtos<br />
Lácteos Funcionais: Probióticos. O agronegócio<br />
do leite e os alimentos lácteos funcionais.<br />
Juiz de Fora, p. 181-203, 2001.<br />
MOTA, W.F. Uso de ceras e embalagens rústicas<br />
na conservação pós-colheita do maracujá<br />
amarelo. Tese de Mestrado, Universidade Federal<br />
de Viçosa, Viçosa-MG, 1999.<br />
• + • •<br />
INCIDÊNCIA DE STAPHYLOCOCCUS SP. E STAPHYLOCOCCUS COAGULASE POSITIVA<br />
EM QUEIJOS DE COALHO ARTESANAL E INDUSTRIAL COMERCIALIZADOS EM<br />
FORTALEZA, CEARÁ<br />
Incidence of Staphy/ococcus sp. and Staphy/ococcus positive-coagulase in<br />
industrialized and artisanal "coalho" cheese commercialized in Fortaleza, Ceará<br />
RESUMO<br />
Ariosvana Fernandes Lima1<br />
Evânia Altina Teixeira de Figueiredo2<br />
Mônica Correia Gonçalves3<br />
Maria de Fátima Borges4<br />
Avaliou-se a incidência de StaplzylococcllS sp. e Staphylococcus coagulase positiva em 80<br />
amostras de queijos de coalho artesanal e industrial, comercializados em diversos pontos<br />
Mestranda em Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal do Ceará.<br />
2 Professora, Departamento de Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal do Ceará.<br />
3 Aluna do Curso de Graduação em Engenharia de Alimentos, Universidade Federal do Ceará.<br />
4 Pesquisadora, Embrapa Agroindústria Tropical, Fortaleza, CE.<br />
Órgãos Financiadores: Laboratóri o de Microbiologia de Alimentos ICCAI UFCI Associação Científica de<br />
Estudos Agrários.<br />
digitalizado por<br />
Pág. 195<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
de venda em Fortaleza, Ceará. Em todas as amostras de queijo de coalho analisadas,<br />
verificaram-se níveis de contaminação com Staphylococcus sp. variando de 6,Ox 1 O a<br />
8,9x 1 07 UFC/g, exceto em uma amostra com SrF que apresentou < 10 UFC/g. Foi constatado<br />
que 43 (53,75%) amostras apresentaram contagens de SfaphylococcllS coagulase positiva<br />
variando de 4,4 x 104 a 1,7 x 107 UFC/g, não atendendo os padrões sanitários da RDC N.o<br />
12 (BRASIL,200Ia). Das 43 amostras de queijos de coalho artesanal e ind ustrial<br />
contaminadas com SfaphylococcllS coagulase positiva, 30 (69,77%) amostras são artesanais,<br />
sendo 23 (53,49%) do Ceará e 7 (16,28%) de outros estados; e 13 (30,23%) são industriais<br />
sendo 9 (20,93%) com registro do SIE e 4 (9,30%) com registro do SIF. A alta incidência<br />
de Staphy!ocOCCllS sp. nos queij os de coalho analisados sugere condições sanitárias<br />
deficientes, enquanto que a elevada contaminação com Staphylococcus coagulase positiva<br />
indica um possível risco a saúde do consumidor.<br />
Palavl'as-chavc: Queijo de coalho, StaphylococcllS coagulase positiva, SraphylococclIs sp.<br />
INTRODUÇÃ O<br />
No estado do Ceará a produção artesanal e<br />
industrial de queijos de coalho é tradicional.<br />
Apesar de algumas indústrias fabricarem o queijo<br />
de coalho com registro do Serviço de Inspeção<br />
Estadual (SIE) ou do Serviço de Inspeção Federal<br />
(SIF) obedecendo obrigatoriamente às condições<br />
higiênico-sanitárias durante a fabricação, a<br />
produção artesanal e o comércio informal<br />
permanecem, constituindo um risco a saúde do<br />
consumidor.<br />
S. aurcus é freqüentemente encontrado em<br />
queijos e produtos de laticínios. Várias pesquisas<br />
sobre a qualidade microbiológica do queijo de<br />
coalho relataram a ocorrência de microrganislllos<br />
do gênero Swphylococcus, excedendo<br />
na maioria das vezes. os limites estabelecidos<br />
pela legislação vigente (PAIVA e CARDONHA,<br />
1999; LEITE J ÚNIOR cf aI., 2000; BENEVIDES<br />
e TELLES, 2002; BORGES, cf (/ 1. ,2003;<br />
PICANÇO Cf (f1.,2004).<br />
Leite Júnior ef aI. (2000) analisaram 18<br />
amostras de queijo de coalho comercializados à<br />
temperatura ambiente e sob re frigeração, em<br />
Campina Grande, e concluíram que todas as<br />
amostras estavam fora dos padrões para S. (/urells<br />
(Portaria 45 1/97).<br />
Benevides e Te lles (2002) evidenciaram<br />
que em 40 amostras de queijos de coalho,<br />
comercializados na cidade de Fortaleza, CE,<br />
44,44c}'c, das amostras estavam impróprias ao<br />
consumo com relação a S. aurells.<br />
No Rio Grande do Norte. Feitosa cf aI.<br />
(2003) ao analisarem I1 amostras de queijo de<br />
coalho, observaram a ocorrência de estafilococos<br />
coagulase positiva em 72,7% das amostras, com<br />
contagens variando de 7,Ox I0 a 1,3x10R UFC/g.<br />
Borges ef aI (2003), em 43 amostras de<br />
queijo de coalho, oriundos das seis microrregiões<br />
do Ceará, verificaram um nível de contaminação<br />
de 93, I % das amostras com estafilococos<br />
coagulase positiva, como contagens variando de<br />
I ,Ox I O' a 2,Ox I 09 UFC/g.<br />
Este trabalho objetivou determinar a<br />
incidência de SfaphylococcllS sp. e Swphylococcus<br />
coagulase positiva em queijos de coalho artesanais e<br />
industriais, comercializados em diversos pontos de<br />
venda em Fortaleza, Ceará.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
Foram analisadas 80 amostras de queijo de<br />
coalho, sendo :n de queijos de coalho artesanais<br />
do Cead. 11 de queijos de coalho artesanais de<br />
outros estados, 13 de queij os de coalho industrial<br />
com registro do Serviço de Inspeção Estadual<br />
(SIE) e 23 de queijos de coalho industrial com<br />
registro Serviço de Inspeção Federal (SIF).<br />
As análises de SflIphylococclIs sp. e<br />
Sfaphy/ococcus coagulase positiva em queijos<br />
de coalho fo ram realizadas segundo a<br />
metodologia recomendada pelo "Compendium<br />
of Methods for the Microbiol ogical Examination<br />
of Foods" (LANCETTE e BENETT, 200 I).<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃ O<br />
Nas 80 amostras de queijo de coalho<br />
analisadas, veri ficou-se que 79 (98,75%) estavam<br />
contaminadas com SfaphylococclIs sp.(Tabela<br />
I) e 43 (53.75%) com Sf(fphylococclIs coagulase<br />
positiva (Tabela 2).<br />
Nas amostras de queijo de coalho artesanal<br />
e ind ustrial verifica-se elevada incidência de<br />
Sfaphylococcus sp com maior números de<br />
amostras com contagens entre I x 106UFC/g a I<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />
Tabela 1 - Incidência de StaphylococcllS sp. (UFC/g) em amostras de queijos de coalho artesanais e<br />
industriais.<br />
Amostras de Quei ' o de Coalho<br />
Staphylococcus sp. Artesanal Industrial<br />
UFC/g Ceará Outros Estados SIE SIF<br />
N.o % N." % N." % N." %<br />
1/33 3,03 1/22 4,54<br />
4/33 12,12 2/1 1 18,18 4/ 13 30,77 5/22 22,72<br />
19/33 57,57 5/1 1 45,45 6/ 13 46,15 14/22 63,63<br />
9/33 27,27 4/1 1 36,36 3/1 3 23,08 2/22 9,09<br />
Tabela 2 - Incidência de Sraphylococcus coagulase positiva (UFC/g) em amostras de queijos de coalho<br />
artesanais e industriais.<br />
Amostras de Quei ' o de Coalho<br />
Staphylococcus Artesanal Industrial<br />
Coagulase Ceará Outros Estados SIE SIF<br />
Positivo<br />
UFC/g N ." % N.o<br />
1 x 10 1 X 10 )<br />
1 x 10 5<br />
5/23 1,74 1/7<br />
1 x lOh 12/23 52,17 4/7<br />
1 x 10 6/23 26,09 2/7<br />
x 107 UFC/g (Tabela I). A maioria dos queijos de<br />
coalho artesanais é comercializada em temperaturas<br />
ambiente. O controle da temperatura<br />
dos queijos é fundamental para evitar o<br />
crescimento de Sf(/phylococcus produtores de<br />
enterotoxinas. Segundo (BRASIL, 2001b) o<br />
queijo de coalho deverá manter-se a uma<br />
temperatura não superior a 12°C durante sua<br />
conservação e comercialização. Esse limite de<br />
temperatura não é eficiente, pois conforme<br />
ICMSF (1996) o S. al/reus é capaz de produzir<br />
toxina entre 10 a 48°C.<br />
Paiva e Cardonha (1999) avaliaram de 20<br />
amostras de queijo de coalho comercializadas em<br />
Natal-RN. Das dez amostras artesanais e dez<br />
industrializados (SIE), 30% e 10%, respecti<br />
vamente estavam em desacordo com os padrões<br />
microbiológicos vigentes (Portaria 45 1/97).<br />
Os queijos de coalho contaminados com<br />
Staplzylococcl/s coagulase positiva também<br />
apresentaram elevadas contagens, com maior<br />
incidência das amostras entre I x 106UFC/g a 1<br />
x 107UFC/g (Tabela 2). Quando grande número<br />
de S. aureus é encontrado em alimentos processados,<br />
pode ser concluído que as condições<br />
digitalizado por<br />
% N.c' % N.o %<br />
1/9 11,11<br />
14,28 5/9 55,55 1/4 25,00<br />
57, 14 2/9 22,22 3/4 75,00<br />
28,57 1/9 11,11<br />
sanitárias e controle de temperatura fo ram<br />
inadequadas (LANCETTE e BENNETT, 20(1).<br />
Picanço cf aI. (2004) enumeraram<br />
estafilococos coagulase positiva em 46 amostras<br />
de queijos de coalho comercializados em<br />
diversos bairros da cidade de Fortaleza, das quais<br />
100% apresentaram contagens acima dos limites<br />
estabelecidos pela legislação vigente (BRASIL,<br />
200 I a).<br />
Os queijos que apresentam SIE e SIF têm<br />
suas instalações inspecionadas por fiscais da<br />
Secretaria de Agricultura do Estado ou por fiscais<br />
do Ministério da Agricultura e Pecuária, enquanto<br />
que os queijos artesanais não são submetidos à<br />
inspeção.<br />
4 - CONCLUSÃ O<br />
Não houve diferença significativa do nível<br />
de contaminação com relação StaphylococclIs sp.<br />
e SraphylococclIs coagulase positiva nos<br />
diferentes tipos de queijos de coalho analisados,<br />
evidenciando a necessidade de uma aplicação<br />
efetiva de boas práticas em toda a cadeia de<br />
produção, bem como uma avaliação do sistema<br />
de fiscalização por parte dos órgãos responsáveis.<br />
arvoredoleite.org
ABSTRACT<br />
lt was evaluated the incidence of<br />
StaphylococCllS sp. and Staphylococcus<br />
positive-coagulase in 80 samples of industrialized<br />
and artisanal "coalho" cheese commercialized<br />
in several vending sites in Fortaleza, Ceará. In<br />
ali the analysed "coalho" cheese samples there<br />
were verified contamination leveis of<br />
Staphylococcus sp. varying from 6,Ox 104 to<br />
8,9x I 07 UFC/g, except for one sample with FIS<br />
(Federal lnspection Service), which presented<br />
lower than 10 UFC/g. It was observed that 43<br />
(53,75%) of the samples presented counts of<br />
Staphylococcl/S positive-coagulase varying from<br />
4,4 x 104 to 1,7 x 107 UFC/g, thus not attending<br />
to the sanitary pattem of RDC N.o 12<br />
(Brasil,200 I). From the 43 industrialized arid<br />
artisanal "coalho" cheese samples which were<br />
contaminated with Staphy/ococcus positivecoagulase,<br />
there were 30 (69,77%) artisanal<br />
samples, being 23 (53,49%) from Ceará and 7<br />
(16,28%) fro m other states; and 13 (30,23%)<br />
industrialized samples, being 9 (20,93%) with<br />
State Inspection Service resgister and 4 (9,30%)<br />
with Federal Inspection Service register. The high<br />
incidence of StaphylococcllS sp. in the analyzed<br />
"coalho" cheese suggests defective sanitary<br />
conditions, while the high incidence of<br />
Slaphy/ococCl/S positive-coagulase indicates a<br />
possible risk to the consumers' health.<br />
Keywords : "coalho" cheesc, Swphy/ocOCCl/S<br />
positive-coagulasc, Slaphy/ococCl/S sp.<br />
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
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MUNIZ, C. R.; AZEVEDO, E. H. F. ;<br />
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ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />
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Diário Oficial n.o 136-E, segunda-feira, 16 de<br />
julho de 200 I.<br />
FEITOSA, T. ; BORGES, M. de F.; NASSU, R. T. ;<br />
AZEVEDO, E. H. F.; MUNIZ, C. R. Pesquisa<br />
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microrganismos indicadores higiênicosanitários<br />
em queij os produzidos no estado<br />
do Rio Grande do Norte. Ciências e Tecnologia<br />
de Alimentos, Campinas, v. 23 (supl); p. 162-<br />
165, dez. 2003.<br />
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APHA, 4" ed. Washington, DC, 2001.<br />
LEITE JUNIOR, A. F. S.; FLORENTINO, E.R.;<br />
OLIVEIRA, E. B.; SÁ, S.N.; TORRANO, A D.<br />
M. Qualidade microbiológica do queijo<br />
coalho comercializado à temperatura<br />
ambiente sob refrigeração, em Campina<br />
Grande - PB. Revista Higienc Alimentar, v.<br />
14, n.O 73, p 53-59, 2000.<br />
PAIVA, M. S. O.; CARDONHA, A. M. S. Queij o<br />
de coalho artesanal e industrializado<br />
produzidos no Rio Grande do Norte: Estudo<br />
comparativo da qualidade microbiológica.<br />
Revista Higiene Alimentar, São Paulo, v. 13, n.O<br />
61, p. 33. Resumos, abr./mai. 1999.<br />
• •<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
QUALIDADE MICROBIOLÓGICA E FíSICO-QíMICA DE LEITE TIPO C COMERCIALIZADO<br />
EM CURITIBA E REGIAO METROPOLITANA<br />
Microbiological and physico-chemical quality of the milk type C commercialized in<br />
Curitiba and region metropolitan<br />
RESUMO<br />
É rica Cristina Ramírez Baggio"<br />
Dayane Karina Lorenzetti1<br />
Paulo Sérgio Growoski Fontoura2<br />
Renato João Sossela de Freitas2<br />
Os objetivos deste trabalho foram avaliar a qualidade microbiológica e físico-química de<br />
leite tipo C padronizado, avaliando os padrões estabelecidos pela legislação vigente<br />
(Instrução Normativa n.o 51 de 18 de setembro de 2002, do Ministério da Agricultura,<br />
Pecuária e Abastecimento) e verificar a ocorrência de fraudes econômicas. Foram analisadas<br />
15 amostras de leite tipo C de cinco marcas comerc ializadas em Curitiba e Região<br />
Metropolitana. Efetuaram-se análises físico-químicas, representadas pela determinação da<br />
densidade a 15°C; do teor de gordura e da acidez titulável em graus Dornic; pH; determinação<br />
do ponto crioscópico; estabilidade ao álcool; determinação do extrato seco total e do<br />
extrato seco desengordurado; e análises microbiológicas representadas pela contagem total<br />
de mesófilos; determinação do NMP de coliforme total; determinação do NMP de coliforme<br />
fecal; contagem de psicrotróficos e contagem de células somáticas . Os resultados obtidos<br />
dcmonstraram que as alterações se deram principalmente no teor de gord ura com 53,3%<br />
das amostras fora do padrão, extrato seco desengordurado com 40% fo ra do padrão e<br />
acidez com 40% das amostras fora do padrão estabelecido pela legislação quanto às análises<br />
físico-químicas. Para as análises microbiológicas, 7, I % das amostras de coliforme total<br />
aprcsentaram-se no limite máximo estabelecido pela legislação vigente. Observaram-se<br />
que 46,6% das amostras apresentaram microrganismos psicrotróficos e, de acordo, com a<br />
International Dairy Federation 6,6% das amostras estão fora do padrão para contagem de<br />
células somáticas. Com base nos resultados, concluiu-se que as cinco marcas analisadas de<br />
leite comercializadas na cidade de Curitiba e Região Metropolitana demonstraram resultados<br />
médios compatíveis com o padrão da legislação vigcnte, cmbora tenham apresentado<br />
algumas irregularidades.<br />
Palavras-chave: leite, análises físico-químicas, análiscs microbiológicas.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
O leite é um dos alimentos mais completo<br />
largamente utilizado na alimentação humana,<br />
principalmente por crianças (POLEGATO e<br />
RUDGE, 2003).<br />
No Brasil, a produção de leite, como os<br />
outros segmentos da atual sociedade, é uma<br />
atividade cada vez mais competitiva. Portanto,<br />
é importante quantificar e qualificar os fatores<br />
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia de Alimentos - UFPR.<br />
2 Professor do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia de Alimentos - UFPR .<br />
* Autor(a) responsável e-mail: ericabaggio@hotmail.com<br />
Universidade Federal do Paraná - UFPR - Programa de Pós-Graduação em Tecnologia de Alimentos - Centro<br />
Politécnico Jardim das Américas - Usinas-Piloto, Bloco A, Sala PO-17 Caixa Postal 190 1 1, CEP 81531-990,<br />
Curitiba PRo<br />
digitalizado por<br />
arvoredoleite.org
que podem influenciá-la, buscando ganhos<br />
efetivos na quantidade e qualidade do leite<br />
produzido, na tentativa de suprir a demanda<br />
nacional (COLDEBELLA et al., 2004).<br />
As condições físico-químicas do leite<br />
envolvem diversos parâmetros, que podem ser<br />
explorados em laboratório para a determinação<br />
de sua qualidade, revelando fenômenos deterioradores<br />
e processamento inadequado. As<br />
maiores preocupações quanto à qualidade físicoquímica<br />
do leite estão associadas ao estado de<br />
conservação e à eficiência do seu tratamento<br />
térmico e integridade físico-química, principalmente<br />
relacionada à adição ou remoção de<br />
substâncias químicas próprias ou estranhas à sua<br />
composição (TINÔCO et al., 2002).<br />
A qualidade microbiológica do leite é um<br />
termo muito amplo e genéri co. Com relação às<br />
bactérias, o leite pode proporcionar o desenvolvimento<br />
de dois grandes grupos: os mesófilos<br />
e os psicrotróficos. Esses grupos podem ser<br />
termodúricos, resistindo à pasteuri zação<br />
(FONSECA e SANTOS, 2000).<br />
Neste estudo utilizou-se como padrão à<br />
legislação vigente do Ministério da Agricultura,<br />
Pecuária e Abastecimento, Instrução Normativa<br />
n.O 51 de 18 de setembro de 2002.<br />
O objetivo do presente trabalho foi<br />
determinar a qualidade microbiológica e físicoquímica<br />
de leite tipo C padronizado, de cinco<br />
marcas comercializadas em Curitiba e Região<br />
Metropolitana, avaliando os padrões estabelecidos<br />
pela legislação vigente e ocorrência de<br />
fraudes econômicas.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
Foram analisadas 15 amostras de leite tipo C<br />
de cinco marcas comercializadas em Curitiba e<br />
Região Metropolitana. Todas as marcas analisadas<br />
foram produzidas em estabelecimento industrial,<br />
sob Inspeção Federal. As amostras foram obtidas<br />
de diversos locais de venda, em um mesmo dia. De<br />
cada uma das cinco marcas pesquisadas foram<br />
analisados três litros de leite individualmente.<br />
Foram efetuadas provas físico-químicas,<br />
representadas pela determinação da densidade a<br />
15°C, do teor de gordura e da acidez titulável em<br />
graus Dornic, pH, determinação do ponto<br />
crioscópico, estabilidade ao álcool, determinação<br />
do extrato seco total (EST) e do extrato seco<br />
desengordurado (ESD) (BRASIL, 1981) e provas<br />
microbiológicas, representadas pela contagem total<br />
de mesófilos, determinação do NMP de coliforme<br />
total, determinação do NMP de coliforme fecal,<br />
contagem de psicrotróficos (BRASIL, 1993) e<br />
contagem de células somáticas (CCS).<br />
Pág. 200<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
3 - Resultados e Discussão<br />
Em relação aos resultados obtidos nas<br />
análises físico-químicas, os leites das cinco marcas<br />
encontraram-se dentro dos padrões exigidos pela<br />
legislação vigente para a análise de densidade a<br />
15°C, pH, crioscopia e prova do álcool.<br />
Quanto à análise de gord ura, a marca A<br />
apresentou problemas nas três amostras analisadas.<br />
Todas estavam com excesso de gordura (O, I %)<br />
quando comparadas com a legislação para leite tipo<br />
C pasteurizado padronizado a 3,0%. Das três<br />
amostras analisadas da marca C apenas uma estava<br />
de acordo com a legislação, sendo que as outras duas<br />
mostraram excesso de gordura (0,6% e 0,3%). A<br />
marca D também apresentou problemas; as análises<br />
apresentaram resultados para gordura abaixo do<br />
exigido, tratando-se de fraude econômica em relação<br />
ao consumidor, uma vez que este está pagando por<br />
um produto com um teor de gordura que não é real.<br />
Com relação à acidez, encontraram-se em<br />
desacordo todas as amostras das marcas C e E. Os<br />
valores encontrados para as amostras da marca C<br />
foram de O, 125g e da marca E de O, 130g de ácido<br />
láctico/ l 00 ml de leite. A possível causa desta<br />
baixa acidez pode ter relação com o incompleto<br />
enxágüe dos equipamentos e tubulações utilizados<br />
durante o processamento do produto e que<br />
tenham sido higienizados com soda cáustica.<br />
Na análise de extrato seco desengordurado<br />
(ESD), a marca A apresentou-se fora dos padrões<br />
em duas das três amostras analisadas, 8,38%.<br />
sendo que o mínimo exigido é de 8,4%. Problemas<br />
quanto ao ES D também ocorreram nas marcas C<br />
e D, sendo o valor mais baixo em uma das<br />
amostras da marca C, onde o resultado obtido<br />
fo i de apenas 8,22%. Na marca D as três<br />
amostras apresentaram valores abaixo do limite,<br />
8,34%, 8,30% e 8,31 %. Neste caso, pode-se<br />
constatar que o ESD está abai xo do limite da<br />
legislação devido ao desnale ocorrido no leite,<br />
indicando a fraude econômica. Pode-se concluir<br />
que o problema nesta marca não foi de adição de<br />
água porque não houve problemas na crioscopia.<br />
Para as análises microbiológicas, os resultados<br />
encontrados para as análises de<br />
contagem total de mesófilos e coliformes fe cais<br />
mostraram-se dentro dos padrões exigidos pela<br />
legislação vigente.<br />
Quanto à análise de coliformes totais,<br />
apenas uma amostra da marca D mostrou-se no<br />
limite maXIlTIO exigido pela legislação,<br />
demonstrando condições sanitárias inadequadas,<br />
que pode estar presente durante o processamento,<br />
produção ou armazenamento.<br />
Os resultados mostraram que as contagens<br />
de psicrotróficos foram baixas, sendo que não<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
há padrão na legislação para este grupo de<br />
microrganismo. ADAMS et aI. (1975) citam que<br />
bactérias psicrotrófi cas na quantidade de 1,0 x<br />
104 UFC/ml podem vir a prod uzir enzimas<br />
termoestáveis responsáveis pelo cheiro e sabor<br />
desagradáveis e coagulação do produto,<br />
encurtando a vida útil do mesmo.<br />
De acordo com a International Dairy<br />
Federation (1981), os resultados encontrados para<br />
CCS estão dentro dos padrões, exceto uma amostra<br />
da marca C apresentando como resultado 5,1 x 104<br />
UFC/ml. COLDEBELLA et ai. (2004) observaram<br />
a ocorrência de perda na produção de leite a partir<br />
de 1,7 x 104 UFC/ml de células somáticas.<br />
4 - CONCLUSÃ O<br />
Com base nos resultados obtidos das análises<br />
microbiológicas e físico-químicas, concluí-se que<br />
as cinco marcas analisadas de leite comercializadas<br />
na cidade de Curitiba e Região Metropolitana<br />
demonstraram resultados médios compatíveis com<br />
o padrão da legislação vigente, embora tenham<br />
apresentado algumas irregularidades.<br />
ABSTRACT<br />
This research was developed to determine<br />
the microbiological and physico-chemical quality<br />
of the type C pasteurized milk and to evaluate the<br />
standards established by Normative Instruction<br />
number 51, of September, 18th, 2002, in<br />
Agriculture. Cattle-breeding and Supply Ministery<br />
and occurrence of economic frauds. Fifteen samples<br />
of type C pasteurized milk were analysed. These<br />
samples were from five brands commercialized in<br />
Curitiba and Region Metropolitan. Physicochemical<br />
analyses are represented by:<br />
determination of density at 15°C, of fat and of<br />
Dornic acidity, pH, cryoscopy index, stability<br />
aIcohol, determination of total dry extract and<br />
taken away the fat dry extract; and microbiological<br />
analyses are represented by: total mesophilic<br />
counting; determination of the most probable<br />
number of total coliforms; determination of lhe<br />
most probable number of fecal coliforms;<br />
psychrotrophics counting and somatic cell count.<br />
The results had shown alteration in the fat with<br />
53,3% of the samples out of the standard, taken<br />
away lhe fat dry extract with 40% out of the<br />
slandard and acidity with 40% of the samples out<br />
of the standard established. For lhe microbiological<br />
analyses, 7, I % of lhe samples of total coliforms<br />
had presented maximum limit established by<br />
legislation. It was observed that 46,6% of the<br />
samples had presented microorganisms<br />
psychrotrophics and, in agreement, with the<br />
digitalizado por<br />
International Dairy Federation 6,6% of the samples<br />
are out of the standard for somatic cell count. The<br />
conclusion is that the fi ve milk brands<br />
commercialized in Curitiba and Region<br />
Metropolitan showed results average compatible<br />
with the standard of the legislation, although the<br />
brands have showed some irregularities.<br />
Keywords : milk, physico-chemical<br />
analyses, microbiological analyses.<br />
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ADAMS, D. M.; BARACH, J. T. ; SPECK, M. L.<br />
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Abastecimento, RESOLVE: Aprovar e oficializar<br />
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arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
DIAGNÓSTICO DA TECNOLOGIA E PLANEJAMENTO DE PROCEDIMENTOS<br />
PADRONIZADOS DE LIMPEZA E SANIFICAÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE ORDENHA<br />
MECÂNICA TIPO CANALIZADA<br />
Technology assessment and design of standard cleaning and sanitation procedures<br />
for mechanized milking equipment<br />
iNTRODUÇÃ O<br />
o Brasil está passando por uma evol ução<br />
no sistema de produção de leite, que é a transição<br />
da coleta em latões para a granelizada. Isto implica<br />
no resfriamento do leite na fazenda, imediatamente<br />
após a ordenha. Este procedimento<br />
faz parte do Programa Nacional de Melhoria da<br />
Qualidade do Leite (PNMQL), aprovado em 2002<br />
através da Instrução Normativa no 51 do<br />
Ministério da Agricultura, Pecuária e<br />
Abastecimento (MAPA). O funcionamento do<br />
sistema exige uma infra-estrutura adequada de<br />
resfriamento, em tanques de expansão ou de<br />
imersão, e o transporte em caminhões isotérmicos<br />
ou que apresentem unidade produtora de frio.<br />
Exige, também, avanços na tecnologia de<br />
higienização. Esta é uma das atividades de maior<br />
impacto nos custos operacionais da indústria de<br />
laticínios, tanto diretos como indiretos. Esta<br />
atividade é fundamental para a qualidade e<br />
segurança dos produtos lácteos. A eficiência do<br />
processo de limpeza em circuito fechado (CIP)<br />
depende, dentre outros fatores, da energia química,<br />
energia cinética e temperatura, através da<br />
utilização de detergentes e agentes sanificantes,<br />
dinâmica dos fluidos que circulam no equipamento<br />
e a temperatura das soluções e da água utilizada<br />
no procedimento de higienização, respec-<br />
Marcio Reis Pereira de Sousa 1<br />
José Francisco Pereira Martins2<br />
Ronne Peterson Severnini Simões3<br />
Victor Sousa de Figueiredo3<br />
tivamente. Estes fatores têm impacto direto no<br />
custo do processo de higienização e, por<br />
conseguinte, no custo do produto . para o<br />
consumidor. Os contaminantes do equIpamento<br />
de ordenha têm origem no ambiente, no animal e<br />
na higienização inadequada do equipamento. A<br />
limpeza e sanificação do equipamento, pré e pósordenha,<br />
é importante para garantia de qualidade<br />
do leite obtido. A atual demanda da indústria de<br />
produtos lácteos com prolongada ida de<br />
prateleira, tem resultado em novos desafIOs para<br />
a manutenção da qualidade do leite e seus<br />
derivados. O tempo prolongado de armazenagem<br />
em temperaturas de refrigeração favorece o<br />
crescimento e o predomínio de bactérias<br />
psicrotróficas. Embora a grande maio ia as<br />
psicrotróficas seja destruída pela pasteunzaçao,<br />
com exceção das bactérias termodúricas, aquele<br />
grupo de bactérias apresenta capacidade de<br />
produção de enzimas lipolíticas e proteolíticas<br />
termórresistentes que mantêm sua atividade<br />
enzimática após a pasteurização ou mesmo o<br />
tratamento UHP. (Fonseca & Santos). Uma das<br />
preocupações que deve ser observada com at nção<br />
é a adequada remoção de biofilmes bactenanos<br />
formados no equipamento de ordenha pois estes,<br />
aumentam o potencial de biotransferência dos<br />
Médico Veterinário, Mestrando em Ciência e Tecnologia de Alimentos IT/UFRRJ. Esp c!ayst . a em g!ene.<br />
Processamento e Vigilância de Produtos de Origem Animal com Aperfeiçoamento em lgIlancla Sal11tar a.<br />
2 Farmacêutico - Bioquímico. MSc Laticínios, PhD Tecnologia de Alimentos. Professor titular de TecnologIa do<br />
Leite da UFRRJ.<br />
3 Acadêmicos do Curso de Medicina Veterinária IV /UFRRJ.<br />
, .<br />
Órgão(s) financiador(es): CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nlvel Supenor" U . FRRJ -<br />
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, KALYKIM - Indústria e Comércio Ltda e SANDET - qUI mIca Itda.<br />
Contato: Prof. J.F.P.Martins, PhD - Instituto de Tecnologia / UFRRJ, Cx Postal 74.592 - CEP 23.85 1-970<br />
Seropédica RJ Fone: (21 )3787 3677, email: jfmarti@ufrrLbr<br />
Pág. 202<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
microorganismos para o leite. Quanto maior o<br />
tempo decorrido entre a ordenha e a higienização,<br />
maior o potencial de aderência de biofilmes de<br />
microrganismos contaminantes (principalmente<br />
PseudoJl/onas sp).Como resultado, maior será a<br />
necessidade de detergentes, tanto em concentração<br />
como em complexidade, e maior a<br />
necessidade de sanificante. A eficiência destes<br />
produtos decorrem, também, da eficiência de<br />
fatores funcionais e mecânicos do equipamento,<br />
como o layout, a turbulência obtida internamente<br />
na linha, a possibilidade de desmonte periódico<br />
para a higienização, calibração e inspeção manual!<br />
visual, etc. Isto tem impacto direto em custos<br />
operacionais. Conhecer os procedimentos correntes<br />
permite estabelecer um quadro de ações<br />
em gestão de tecnologia e capacitação do pessoal<br />
envolvido. Esta é uma atividade fundamental para<br />
a qualidade e segurança dos produtos lácteos e<br />
exige protocolos técnicos adequados e validados,<br />
específicos para cada instalação.<br />
MATERIAL E MÉTODOS<br />
Foi montado um checklist com sessenta e<br />
cinco itens, testado e validado (abrangendo<br />
sanidade do rebanho, sanidade e higiene pessoal e<br />
operacional; equipamentos e utensílios de<br />
ordenha; armazenamento e transporte do leite;<br />
água; indicadores de gestão) conducente ao quadrodiagnóstico<br />
da tecnologia de limpeza . Cada ítem<br />
do checklist tem pontuação diferenciada<br />
conforme a capacidade de impactar a qualidade<br />
do produto. Os critérios utilizados na seleção das<br />
instalações-teste de ordenha compreenderam tipo<br />
de equipamento de ordenha, controle sanitário<br />
dos animais. volume de produção (min. IOOO LI<br />
dia), receptividade dos produtores à inovação,<br />
assim como o potencial multiplicador. A ordenha<br />
da manhã e a da tarde foram avaliadas por dois<br />
auditores independentes e em momentos<br />
diferentes. O diagnóstico gerou informações cuja<br />
análise permitiu traçar um quadro de generalidades<br />
e especificidades, possibilitando o desenvolvimento<br />
de procedimentos de higienização. Estes<br />
procedimentos, implantados em três das fazendasteste,<br />
envolvem a utilização de soluções apropriadas<br />
de detergentes (alcalino e ácido) e sanificantes,<br />
testadas e aprovadas nos laboratórios da UFRRJ.<br />
Na implantação desses procedimentos foram<br />
evidenciadas partes críticas, pela determinação do<br />
potencial de biotransferência de contaminantes das<br />
superfícies do equipamento de ordenha, e o<br />
treinamento do pessoal envolvido na utilização<br />
deste equipamento. Envolveu, também um<br />
digitalizado por<br />
•<br />
monitoramento constante das instalações e das<br />
atividades durante o período inicial de implantação<br />
e periódico depois de implantado através de visitas<br />
regulares aos locais de ordenha e através de análises<br />
microbiológicas por contagem total de psicrotróficos<br />
das superfícies internas de seis pontos,<br />
identificados. ao longo do equipamento (UFC/cm2)<br />
e do leite de ordenha.<br />
RESULTA DOS E DISCUSSÃ O<br />
O diagnóstico revelou um quadro de<br />
elementos facil itadores e dificultadores da<br />
higienização das linhas de ordenha, incluindo falta<br />
de capacitação do pessoal e de planejamento<br />
operacional adequado. Suprimento irregular de<br />
produtos de higienização, excesso de improvisação<br />
nas instalações de ordenha, falta de tratamento da<br />
água, foram outros problemas evidenciados. Existe<br />
uma premente necessidade de planejamentol<br />
desenvolvimento I implantação limplementação<br />
de uma política instrucional (palestras, cursos)<br />
relacionada à higienização do equipamento de<br />
ordenha. Os PPHO especificamente adequados para<br />
cada equipamento de ordenha mecanizada tem<br />
propiciado sensível melhora na qualidade da<br />
higienização destes equipamentos.Isto está sendo<br />
comprovado por análises microbiológicas de<br />
monitoramento, e pela percepção e satisfação dos<br />
produtores envolvidos . O trabalho está em<br />
andamento com solicitações para que seja ampliado.<br />
CONCLUS Ã O<br />
Limpeza e sanificação dos equipamentos de<br />
ordenha são operações fundamentais para a<br />
obtenção de leite de qualidade. A tecnologia<br />
empregada na higienização dos equipamentos de<br />
ordenha deve ser trabalhada numa parceria das<br />
empresas captadoras de leite e fazendas produtoras.<br />
Existe urgência na abordagem de problemas<br />
fundamentais, corno a capacitação do pessoai que<br />
opera a limpeza, melhoria na gestão do processo,<br />
escolha adequada de detergentes e sanificantes, e<br />
correta calibração dos equipamentos.<br />
BIBLIOGRAFIA<br />
BRASIL, Ministério da Agricultura Pecuária e<br />
Abastecimento.Instrução Normativa n° 51, de<br />
18 de setembro de 2002.<br />
SPREER, E. Technologie der Milchverarbeitung.<br />
Veb Fachbuchverlag. Leipzig. 615p. 1991.<br />
FONSECA, L. F. L.; SANTOS, M. V. Qualidade<br />
do leite e controle de mastite 152p. 2000.<br />
• •<br />
arvoredoleite.org<br />
Pág. 203
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
DESVIOS DE QUALIDADE NO PROCESSAMENTO DE IOGURTE EM FUNÇÃO DA<br />
CONTAMINAÇÃO DO LEITE CRÚ COM MICRORGANISMOS PSICROTRÓFICOS<br />
Potential deviations on quality of yoghurt as function of psychrotrophs growth in<br />
raw milk<br />
INTRODUÇÃ O<br />
Iogurte é um dos mais importantes<br />
produtos da industria de laticinios. O seu<br />
processamento envolve clarificação, separação<br />
e padronização do leite. Pode, tambem, envolver<br />
fortificação pela adição de leite em pó. A mistura<br />
é pasteurizada em trocador de calor por entre<br />
85°C - 95°C por alguns minutos. Estes tratamentos<br />
termicos, mais severos que aqueles<br />
aplicados ao leite, objetivam :<br />
G produzir um ambiente relativamente<br />
livre de microrganismos contaminantes.<br />
o desnaturar e coagular proteinas de soro<br />
visando melhor viscosidade e textura.<br />
Compreende, ainda, a homogeneização<br />
da mistura pela aplicação de pressão de 2000-<br />
2500 psi. Esta homogeneização, além de<br />
importante para a mistura dos ingredientes,<br />
auxilia a prevenir a separação do creme e o<br />
dessoramento durante incubação e estocagem.<br />
Estabilidade, consistencia e corpo são melhorados<br />
no processo.<br />
No entanto, iogurte é um produto cuja<br />
qualidade tem grande dependência da qualidade<br />
do leite crú. O PNMQL - Programa Nacional de<br />
Melhoria da Qualidade do Leite (PNMQL),<br />
aprovado em 2002 através da Instrução<br />
Normativa n" 51 do Ministério da Agricultura,<br />
Pecuária e Abastecimento (MAPA) prevê o<br />
resfriamento do leite na fazenda e a coleta<br />
granelizada. Isto pode ter impacto significativa<br />
na qualidade dos produtos obtidos deste leite<br />
Instituto de Tecnologia - UFRRJ / Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.<br />
Acadêmico de Veterinária/UFRRJ.<br />
2 Professor Adjunto,PhD - Instituto de Tecnologia/UFRRJ.<br />
3 Veterinário, Mestrando em Ciência e Tecnologia de Alimentos/UFRRJ.<br />
Pág. 204<br />
Victor Sousa de Figueiredo1<br />
José Francisco Pereira Martins2<br />
Claudia Guerreiro da Silva3<br />
Ronne Peterson Severnini Simões1<br />
Mareio Reis Pereira de Sousa3<br />
Rosa Helena Luchese2<br />
granelizado. O armazenamento refrigerado do<br />
leite crú exerce pressões seletivas que favorecem<br />
o crescimento de microrganismos psicrotróficos.<br />
Estes microrganismos são prod utores de várias<br />
enzimas extracelul ares de ação proteolítica e/ou<br />
lipolítica, muitas das quais resistentes aos<br />
processos usuais de tratamento térmico.<br />
Produzem, ainda, enzimas intracelulares e/ou<br />
acopladas à membrana celular, como aminopeptidases,<br />
endopeptidases, carboxipeptidases e<br />
esterases. Pselldo!1l0llaS são, também, produtoras<br />
de ésteres voláteis. Estas enzimas termoresistentes<br />
podem impactar a qualidade dos<br />
derivados lácteos. Amplos são os estudos de<br />
caracterização das enzimas extracelulares, sendo,<br />
porém, poucos os estudos referentes a enzimas<br />
intracelulares e ao impacto que podem ter na<br />
interação entre os microrganismos empregados<br />
nos bioprocessos lácticos.<br />
Este trabalho buscou avaliar o potencial<br />
de impacto que o crescimento de psicrotróficos<br />
no leite crú pode ter na qualidade do iogurte,<br />
bem como a importância da higienização para a<br />
obtenção de matéria prima de qualidade para<br />
produtos derivados do leite, e veri ficar as<br />
alterações das enzimas de pseudomonas, sobre o<br />
iogurte, em diferentes tempos de incubação<br />
(simulando diferentes tempos decorridos entre<br />
ordenha e coleta do leite resfriado) .. Leite<br />
deliberadamente inoculado com Pselldo!tlonas<br />
flllorescens, e incubado por 96h, 72h, 48h e 24h,<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
foi transformado em iogurte. O processamento<br />
envolveu tratamento térmico de pasteurização<br />
prévio à fermentação. Na mistura resfriada até<br />
a temperatura de incubação, um volume de 3%<br />
de cultura, uma mistura simbionte de<br />
Streptococcus salivarius subsp. tlzermophillls<br />
(ST) e Lactobacilllls delbrueckii subsp.<br />
bulgariclls (LB), numa relação I: I, foi inoculada<br />
ao recipiente de fermentação. A temperatura de<br />
43° C foi mantida por 4 h em condições de nãoagitação.<br />
Esta temperatura é um equilíbrio entre<br />
as temperaturas ótimas para os dois microrganismos<br />
(ST 39°C; LB 45°C). A fermentação<br />
foi interrompida pelo resfriamento. O produto<br />
coagulado foi resfriado a ')-IO°C para minimizar<br />
a degradação física, química e microbiologica.<br />
O proj eto encontra-se em desenvolvimento,<br />
mas resultados já obtidos mostram que o<br />
crescimento de Pseudomollas afeta negativamente<br />
o desempenho do fermento láctico<br />
(desequilíbrio para Lactobacillus fo i maior<br />
quanto maior o tempo de crescimento de<br />
Pseuc!on/ollas), a acidificação (reduzida), menor<br />
acidez fi nal do produto, aroma e textura.<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
BARRANTES, E. ET AL. The manufacture of<br />
set-type natural yoghurt containing different oils<br />
1. Compositional quality, microbiological<br />
evaluation and sensory properties International<br />
Dairy Journal 6:811- 826. 1996.<br />
BARRANTES, E. ET AL. The manufacture of<br />
set-type natural yoghurt containing different oils<br />
- 2: Rheological properties and microstructure<br />
International Dairy Journal 6:827-837. 1996.<br />
CARNEIRO, A. P. Potencial de biotransferência<br />
de superfícies contaminadas com PseudolUollas<br />
flllorescens após processo de limpeza e sanificação<br />
em circuito fechado (CIP). UFRRJ, Programa de<br />
Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de<br />
Alimentos. Dissertação de Mestrado (2003)<br />
MUIR, D. D.; TAMIME, A. Y. ; KHASKHELI, M.<br />
Effect of Processing Conditions and Raw Materiais<br />
on the Properties of Kishk 2. Sensory Profile and<br />
Microstructure Lebensmittel-Wissenschaft und<br />
Technologie 33: 452-461. 2000.<br />
TAMIME, A. Y. ; MUIR, D. D.; KHASKHELI,<br />
M.; BARCLAY, M. N. I. Effect of Processing<br />
Conditions and Raw Materiais on the Properties<br />
of Kishk I. Compositional and Microbiological<br />
Qualities Lebensmittel-Wissensch aft und<br />
Technologie 33:444-45 1. 2000.<br />
o COTIDIANO NO ENSINO DO PROCESSAMENTO DE QUEIJOS: RECURSOS<br />
INSTRUCIONAIS ALTERNATIVOS<br />
Cheese processing: buildingmup teaching resources<br />
RESUMO<br />
Marlene Jeronimo1<br />
José Francisco Pereira Martins2<br />
O procurou-se elaborar material instrucional que permita ao aluno apropriar-se das bases<br />
científico-tecnológicas do processamento de queijos. Os experimentos foram realizados<br />
no laticínio e laboratório de microbiologia do CEFET de Uberaba, com os alunos do 3° ano<br />
do curso técnico em agroindústria.<br />
Zootecnista, Professora do CEFET Uberaba; Mestranda em Educação Profissional Agrícola/UFRRJ.<br />
2 Professor Adj unto, PhD Instituto de Tecnologia/UFRRJ.<br />
digitalizado por<br />
Pág. 205<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Considerando-se que a fabricação de queijos é um processo de construção de ecossistema, que<br />
resulta em pressões seletivas sobre a microbiota e numa dinâmica específica de reações<br />
bioquímicas, essa construção foi feita em etapas definidas desde a obtenção do leite,<br />
processamento e maturação dos queijos, dando foco ao processamento do Mussarela. Os<br />
tópicos foram organizados num fluxo evolutivo abordando desde os requisitos de qualidade<br />
para o leite até as características finais dos queijos. Assim foram desenvolvidos os experimentos<br />
sobre o teste de redutase mais PseudomollQs, acidificação do leite devido ao tempo de<br />
transporte, teste de inibidores no leite, tratamento térmico e microfiltração; impacto do<br />
tratamento térmico do leite na precipitação da caseína, verificação de diferentes tipos de<br />
coalhos, verificação do tempo de agitação dos coágulos quanto ao rendimento do queijo<br />
Minas Meia Cura, verificação do efeito da lavagem da massa do queijo Prato em comparação<br />
com o queijo Minas Meia Cura, simulação de filagem - verificação de tempo e temperatura,<br />
verificação da cremosidade do requeijão cremoso: produção de fio longo; produção de gás e<br />
atividades lipolíticas e proteolíticas por microrganismos; Mussarela: verificação da<br />
derretibilidade e liberação de gordura com diferentes dias de maturação. A verificação do<br />
aprendizado foi feita aplicando um questionário diagnóstico antes e após o desenvolvimento<br />
do programa e fazendo o acompanhamento do desempenho cotidiano do aluno em cada<br />
experimento. Considera-se que com o material instrucional elaborado, o aluno teve<br />
oportunidade de construir um conhecimento que foi além do simples fazer instrumental.<br />
MATERIAL E MÉTODOS<br />
Inicialmente, os alunos passaram por uma<br />
avaliação diagnóstica, onde, através de um<br />
questionário, foi feita uma sondagem dos conhecimentos<br />
empíricos sobre o assunto. Este<br />
questionário era constituído de questões abertas,<br />
com intuito de gerar respostas expontâneas. O<br />
mesmo questionário foi aplicado ao final dos<br />
experimentos sendo analisadas e arquivadas em<br />
pastas individuais, juntamente com os relatórios<br />
diários das atividades realizadas.<br />
A avaliação feita pelo professor baseou-se<br />
na análise dos relatórios das atividades diárias e<br />
nas respostas ao questionário diagnóstico.<br />
Esta sondagem foi feita pela aplicação de um<br />
questionário incluindo os seguintes aspectos: capacidade<br />
de trabalhar em equipe; responsabilidade;<br />
criatividade; iniciativa; envolvimento com o<br />
projeto; capacidade de comunicação; domínios das<br />
bases tecnológicas e científicas do processo.<br />
RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Pág. 206<br />
o que é coagulação do leite ?<br />
81,8%<br />
18,2%<br />
JI separação do<br />
soro da<br />
massa<br />
Dnão sei<br />
Figura 1 - respostas dos alunos à questão: O<br />
que é coagulação do leite?<br />
(QI: respostas da avaliação inicial )<br />
(Q2: respostas ao final do curso)<br />
o que afeta a coagulação do leite?<br />
81,8%<br />
OpH<br />
m microrganismos e<br />
temperatura<br />
C não sei<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Q2<br />
---- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- --,<br />
o que afeta a coagulação do<br />
78%<br />
leite ?<br />
22%<br />
o coalho<br />
D terrperatura,<br />
qualidade e<br />
quantidade de<br />
coalho<br />
Figura 2 - respostas dos alunos à questão: O<br />
que afeta a coagulação do leite?<br />
(Q<br />
I<br />
: respostas da avaliação inicial)<br />
(Q2: respostas ao final do curso)<br />
Q 2<br />
o que se deve fazer para obter<br />
45,5%<br />
leite de qualidade?<br />
o higiene<br />
EEl análise do leite<br />
e pasteurização<br />
Dnão sei<br />
,--- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -,<br />
O que se deve fazer para obte r um<br />
leite de qualidade?<br />
Figura 3 - respostas dos alunos à questão: O que se<br />
deve fazer para obter leite de qualidade?<br />
(Q I: respostas da avaliação inicial)<br />
(Q2: respostas ao final do curso)<br />
o que é força do coalho?<br />
digitalizado por<br />
Q2 ,-________________________________ -,<br />
Figura 4 - respostas dos alunos à questão: O que<br />
é força do coalho?<br />
(QI: respostas da avaliação inicial )<br />
(Q2: respostas ao final do curso)<br />
Q<br />
I r----------------------------------,<br />
o que é maturação dos queijos?<br />
o<br />
72,7%<br />
9,1 %<br />
O tempo para o<br />
consumo do<br />
queijo<br />
litempo para<br />
retirada do soro<br />
O ge9ggento<br />
dos queijos<br />
Dnão sei<br />
o que é maturação dos queijos?<br />
período que os queijos adquirem sabor<br />
Figura 5 - respostas dos alunos à questão: O<br />
que é maturação dos queijos?<br />
(Q I : respostas da avaliação inicial)<br />
(Q2: respostas ao final do curso)<br />
Análise das respostas aos dois questionários<br />
aplicados mostrou uma evolução clara no<br />
conhecimento da população amostra. Em muitos<br />
aspectos estudados as respostas obtidas mostram<br />
uma consolidação do conhecimento do aluno.<br />
Na questão sobre o que fazer para se obter<br />
leite de qualidade, um número superior a 60%<br />
dos alunos mostravam não saber ou dispor de<br />
conceitos equivocados. Após as aulas todos os<br />
alunos mostraram saber quais os principais requisitos<br />
para obtenção de leite de qualidade.<br />
Outro exemplo diz respeito ao conceito de<br />
Pág. 207<br />
arvoredoleite.org
força do coalho onde, inicialmente, a totalidade<br />
do grupo dizia não ter noção enquanto na<br />
avaliação final, todos mostraram capacidade de<br />
trabalhar corretamente o conceito.<br />
CONCLUSÃ O<br />
Procurou-se, neste trabalho, uma sistematização<br />
de conceitos e experimentos para levar o<br />
aluno a construir, de forma evolutiva, seu<br />
conhecimento sobre o processamento de queijos e<br />
as implicações das várias etapas nas características<br />
de qualidade. Os resultados obtidos mostraram, de<br />
forma clara, que houve uma consolidação do<br />
conhecimento individual das bases científicotecnológicas<br />
do processamento de queijos.<br />
REFERÊNCIAS<br />
ABREU, L. R. de. Tecnologia de leite e<br />
derivados. Lavras: UFLA/FAEPE/DCA:<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
• • • •<br />
Imprensa Universitária UFLA, 2000. 205p.<br />
ALMEIDA, F. J. de; JÚNIOR, F. M. F ..<br />
Projetos e ambientes inovadores. Série de<br />
Estudos. Educação à distância. Ministério da<br />
Educação - Secretaria de Educação à Distância,<br />
2000. 96p.<br />
FOOD SCIENCE. University of Guelph. Curd<br />
treatment. In: Treatment of milk fo r<br />
cheesemaking: 2003. 5 p.<br />
FURTADO, M. M. Principais problemas dos<br />
queijos: causas e prevenção. Fonte Comunicações<br />
e Editora. SP, 1999. 176p.<br />
FURTADO, M. M. Milkbizz Tecnologia<br />
Temático Laticínios. Queijo Mussarela para<br />
Pizza: Fundamentos da Fabricação. Parte I.<br />
PRATA, L. F. Fundamentos de ciência do<br />
leite. Jaboticabal: FUNEP-UNESP, 2001. 287p.<br />
SANTOS, M. V. ; FONSECA, L. F. L. da.<br />
Importância e efeito de bactérias psicrotróficas<br />
sobre a qualidade do leite. Higiene alimentar;<br />
15 (82) : 13-9, 200 I.<br />
• • • •<br />
PROPRIEDADES REOLÓGICAS E SENSORIAIS DE REQUEIJÃO CREMOSO COM<br />
DIFERENTES TECNOLOGIAS DE COAGULAÇÃO<br />
"Rheological and sensory properties of "requeijão cremoso" with different<br />
coagulation technologies"<br />
RESUMO<br />
GOTELlP, E. L.l<br />
JARDIM, F. B. B.2<br />
MIGUEL, D. P.2<br />
Este trabalho teve como objetivo desenvolver dois tipos de requelJoes cremosos, com<br />
diferentes tecnologias de coagulação e avaliar as suas características reológicas (teste de<br />
fusão Arnott e Arnott modificado) e sensoriais (teste de aceitação e de preferência). No<br />
tratamento I (coagulação ácida), a massa foi obtida pela adição de ácido láctico, e no<br />
tratamento 2 (coagulação enzimática e láctica) a massa foi obtida pela adição de fermento<br />
Aluna de graduação em Engenharia de Alimentos Faculdades Associadas de Uberaba/FAZU. Uberaba-MG.<br />
bibi lauberaba@hotmail.com.<br />
2 Professoras do curso de graduação em Engenharia de Alimentos - Faculdades Associadas de Uberaba/FAZU.<br />
Uberaba - M G. fernandaj ardim@ fazu.br.<br />
Órgão financiador: Copervale-MG.<br />
Pág. 208<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
lácteG tipo O e solução de coalho. No tratamento I, a capacidade de fusão da massa foi<br />
maior comparando-a com o tratamento 2. O requeij ão creinoso obtido no tratamento I<br />
apresentou melhor resultado no teste de preferência, sendo escolhido por 72,5% dos<br />
provadores, em relação ao requeijão cremoso obtido pelo tratamento 2, escolhido por<br />
27,5% dos provadores, resultando em preferência significativa. Com relação ao teste de<br />
aceitação, o requeij ão cremoso obtido pelo tratamento I obteve médias superiores em<br />
relação a todos os atributos avaliados (aroma, sabor, textura, cor e impressão global). O<br />
requeijão cremoso obtido por coagulação ácida (tratamento I), na análise global de todos<br />
os parâmetros analisados, apresentou resultados mais satisfatórios de todas as propriedades<br />
analisadas (reológicas e sensoriais).<br />
Palavras-chave: I. Requeijão, 2.Coagulação.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
Requeijão cremoso é um tipo de queijo<br />
fundido cremoso, obtido por fusão de uma massa<br />
de coalhada dessorada e lavada obtida por<br />
coagulação ácida e/ou enzimática do leite, com<br />
adição de creme de leite e/ou "butter oi I"<br />
(BRASIL, 1997). O objetivo deste trabalho foi<br />
desenvolver dois tipos de requeijão cremoso com<br />
diferentes tecnologias de coagulação e avaliar as<br />
suas propriedades reológicas (teste de fusão) e<br />
sensoriais (teste de aceitação e de preferência).<br />
2 - MATERIAL E M É TODOS<br />
No preparo da massa por coagulação ácida<br />
(tratamento I), 10 L de leite cru tipo C foram<br />
aquecidos a 48"C para a adição de ácido láctico<br />
85c,YcJ na concentração de 0.28%. diluído em água<br />
potavél na proproção de I: 10, deixando-se em<br />
repouso por 10 minutos para fi nalizar a<br />
precipitação e firmar a massa.<br />
No preparo da massa por coagulação<br />
enzimática e láctica (tratamento 2), 10 L de leite<br />
cru tipo C foram aquecidos a 35"C e adicionou-se<br />
fermento lácteo mesófilo DVS-704 500U tipo O<br />
(LactococclI.I' lactis subesp. Crel1loris e<br />
LactococclIs lacti.l' slIbesp. Lactis) na proporção<br />
de 2%. Para acelerar o processo de dessoragem da<br />
massa, houve o acréscimo de 0,09% de coalho<br />
líquido (" Haia e o leite permaneceu em repouso<br />
por 35 minutos para coagulação.<br />
A seguir. para os dois tratamentos,<br />
procedeu-se a separação massa/soro. A massa foi<br />
lavada com leite pasteurizado integral tipo C a<br />
50"C (volume de 30% em relação ao inicial).<br />
Após a lavagem, escorreu-se a massa em pano e<br />
levou-a à fusão, juntamente com creme de leite<br />
pasteurizado (25% de gordura), sal fundente<br />
(citrato de sódio) e cloreto de sódio,<br />
respecti vamente, nas proporções de 100%, 1%<br />
e I %, em relação à quantidade de massa (1000<br />
digitalizado por<br />
g). A massa e os ingredientes foram colocados<br />
em recipiente imerso em banho-maria com<br />
temperatura constante de 80"C, sendo a mistura<br />
agitada até a obtenção de uma massa fundida e<br />
homogênea. Obtido o requeijão cremoso, este<br />
fo i acondicionado em potes plásticos de<br />
poliestireno com tampa (250 mL), sendo<br />
resfriados em banho de gelo e armazenados em<br />
geladeira com temperatura controlada de 4-5"C .<br />
2.1 Análise Reológica<br />
As massas obtidas pelos Tratamentos I e<br />
2, antes da fusão, foram utilizadas para o teste<br />
de fusão em triplicata. As amostras foram obtidas<br />
através de um molde cilíndrico de metal (14 mm<br />
de diâmetro e altura) para se obter urna massa<br />
padronizada. Utilizou-se um paquímetro para<br />
efetuar as medidas que representam o derretimento<br />
da massa. Seguindo a recomendação<br />
de ARNOTT et ai. (1956), no teste de Arnott,<br />
placas de Petri com as amostras foram colocadas<br />
em estufa a 100DC por 15 minutos. No teste de<br />
Arnott modificado, placas de Petri com as<br />
amostras foram colocadas por 90 segundos cm<br />
forno de microondas marca LG, com potência<br />
total equivalente a 60%. Nos dois testes de<br />
Arnott, as placas com as amostras após a fusão<br />
fo ram colocadas em geladeira por 30 minutos<br />
para possibilitar a leitura dos resultados com<br />
maior precisão.<br />
2.2 Anílise sensorial<br />
Na análise sensorial, foi feita avaliação das<br />
amostras de requeijões cremosos dos<br />
Tratamentos I e 2 através de 40 provadores<br />
não treinados (ABNT, 1994; MEIGAARD et ai.,<br />
1991). Os provadores fizeram a indicação de um<br />
produto em re lação ao outro através de fi cha<br />
arvoredoleite.org
modelo para o Teste de preferência. Na análise<br />
de aceitação, as amostras foram avaliadas em<br />
relação ao aroma, à cor, à textura, ao sabor e à<br />
impressão global através de ficha modelo para o<br />
Teste de aceitação. Os provad ores utilizaram<br />
escala hedônica, não estruturada, de 9 cm,<br />
ancorada nos extremos pelos termos "desgostei<br />
muitíssimo" e "gostei muitíssimo" (STONE;<br />
SIDEL, 1993).<br />
2.3 Análise estatística<br />
Para o Teste de preferência, utilizou-se a<br />
Tabela de Comparação Pareada-Preferência<br />
bicaudal, onde foi verificado o número mínimo<br />
de respostas para o número total de provadores<br />
(40) a 5% de significância ou menos (ABNT,<br />
1994; MEIGAARD et ai., 1991). Para o Test de<br />
aceitação, os resultados foram analisados pela<br />
Análise de Variância e Teste t-Student a 5% de<br />
significância ou menos (FERREIRA et ai., 2000).<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Os resultados médios obtidos na análise<br />
reológica, através do teste de fusão (Tabela 1),<br />
indicaram que a capacidade de fusão da massa do<br />
Tratamento I foi superior em comparação à<br />
massa do Tratamento 2.<br />
Através dos resultados obtidos da análise<br />
sensorial no teste de Preferência, constatou-se<br />
que o requeijão cremoso do Tratamento 1<br />
(coagulação ácida) obteve 72,5% da preferência<br />
entre os julgadores empregados no teste<br />
totalizando 29 provadores, sendo que o requeijão<br />
cremoso do Tratamento 2 (coagulação enzimática<br />
e láctica) obteve 27,5% da preferência<br />
entre os julgadores empregados no teste<br />
totalizando lI provadores. De acord o com a<br />
tabela do teste de Comparação Pareada<br />
Preferência bicaudal, se a soma da amostra<br />
indicada como preferida (Tratamento 1 = 29)<br />
for igual ou maior ao numero mínimo tabelado<br />
(27), conclui-se que há preferência significativa<br />
de um produto em relação ao outro ao nível de<br />
5,0% de significância. Portanto, o requeijão<br />
cremoso do Tratamento I foi apontado como o<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
mais preferido entre os provad ores com<br />
diferença estatisticamente significante.<br />
No Teste de aceitação (Tabela 2), foi<br />
verificado que o requeijão com coagulação ácida<br />
(Tratamento I) obteve maiores val ores médios<br />
de todos os atributos sensoriais avaliados,<br />
reforçando a maior preferência desta amostra em<br />
relaçãp ao requeijão com coagulação enzimática<br />
e láctica (Tratamento 2). A análise de variância<br />
dos resultados dos atributos sensoriais mostrou<br />
que houve diferença significativa (p f 0,05) entre<br />
as amostras em relação aos atributos sensoriais<br />
sabor e impressão global.<br />
Tabela 2 - Análise de variância dos atributos<br />
sensoriais obtidos no Teste de aceitação<br />
dos requeijões cremosos obtidos por<br />
coagulação ácida (Tratamento I) e<br />
coagulação enzimática e láctica<br />
(Tratamento 2).<br />
Atributo Tratamento Tratamento<br />
1 2<br />
Aroma 6,8" 5,6 "<br />
Cor 7,4 " 7,2 "<br />
Te xtura 6,2 " 5<br />
? a<br />
Sabor 7, 1 a 5,4 h<br />
Impressão Global 6,7 a 5,5 h<br />
Nota: Letras iguais minúsculas na mesma linha indicam<br />
que não houve diferença significativa (p::;O,05).<br />
Analisando os resultados obtidos pelos testes<br />
sensoriais, verificou-se que o requeijão cremoso<br />
obtido por coagulação ácida (Tratamento J) foi<br />
melhor avaliado em todos os parâmetros<br />
analisados, mesmo considerando que o requeijão<br />
cremoso obtido por coagulação enzimática e<br />
láctica (Tratamento 2) tenha o fermento lácteo<br />
como um coadjuvante que melhora os aspectos<br />
sensoriais do requeijão. Através de uma análise<br />
geral de todos os resultados, o Tratamento I<br />
(coagulação ácida) obteve melhores resultados em<br />
todos os parâmetros, destacando-se sua melhor<br />
capacidade de fusão e melhores propriedades<br />
Tabela 1 - Resultados médios do teste de fusão referentes às massas obtidas por coagulação ácida<br />
(Tratamento I) e coagulação enzimática e láctica (Tratamento 2), expressos e mm de dilatação.<br />
Pág. 210<br />
Teste de Fusão<br />
Teste de Arnott<br />
Teste de ArnoU modificado<br />
Média final<br />
Tratamento 1<br />
(3,75 ± 0,75) mm<br />
(7,56 ± 1,95) mm<br />
mm<br />
Tratamento 2<br />
(2,33 ± 0,82) mm<br />
(2,09 ± 0,34) mm<br />
mm<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
senSOrIaiS, em relação ao Tratamento 2<br />
(coagulação enzimática e láctica).<br />
4 - CONCLUSÃ O<br />
Nas análises reológicas, o requelJUo com<br />
coagulação ácida (Tratamento 1), em relação<br />
ao com coagulação enzimática e láctica<br />
(Tratamento 2), obteve melhores resultados de<br />
capacidade de fusão. No Teste de preferência, o<br />
requeijão com coagulação ácida (Tratamento J)<br />
foi apontado como o mais preferido pelos<br />
provadores com diferença estatística (p:::;.0,05).<br />
No Teste de aceitação, o Tratamento 1 apresentou<br />
as maiores médias para todos os atributos<br />
sensoriais avaliados e aplicando a análise de<br />
variância, houve diferença significativa (p:::;.0,05)<br />
entre os tratamentos I e 2 nos atributos sabor e<br />
impressão global. Portanto, o processo de<br />
coagulação ácida (Tratamento I) apresentou<br />
resultados mais satisfatórios de todas as<br />
propriedades analisadas (reológicas e sensoriais).<br />
SUMMARY<br />
This work has the objective of developing<br />
two kinds of cheese spread with different c10tting<br />
technology and evaluates its rheological (Arnott<br />
and modified Arnott fusion tests) and sensory<br />
(acceptance and preference test) characteristics.<br />
In treatment I (acid clotting) thc mass was<br />
obtained the addition of lactic acid and in<br />
treatment 2 (enzymatic and lactic clotting) the<br />
mass was obtained from the addition of lactic<br />
yeast type O and curdled milk. In treatment I<br />
the mass fusion capacity was bigger comparing<br />
to treatment 2. The cheese spread obtained from<br />
treatment 1 prcsentcd to be favoritc on the<br />
+ • • +<br />
preference test, being chosen by 72,5% of the<br />
tasters compared to the cheese spread obtained<br />
from treatment 2 chosen by 27,5% of the<br />
tasters, resulting in significant prefere nce.<br />
Concerning to acceptance test the cheese spread<br />
obtained from treatment 1 got higher grades<br />
related to all evaluated attributes (smell, taste,<br />
texture, color and global impression). The cheese<br />
spread obtained by acid clotting (treatment I)<br />
in the global analyses of ali analyzed parameters<br />
showed more satisfactory results of alI analyzed<br />
properties (rheological and sensory).<br />
Key-words: 1. Cheese spread. 2. Clotting<br />
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGR Á FICAS<br />
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Effect of certain chemical factors on the melting<br />
quality of processed cheese. J ournal of Dairy<br />
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS<br />
TÉCNICAS-ABNT. Tes te de ordenação em<br />
análise sensorial-NBR 13170. São Paulo:<br />
ABNT, 1994.<br />
BRASIL. Ministério da Agricultura.<br />
Regulamentos técnicos de identidade e<br />
qualidade de leite e produtos lácteos.<br />
Brasília, 1997. 77 p.<br />
FERRREIRA, Y. L. P. et aI. Análise Sensorial:<br />
testes discriminativos e afetivos. Campinas:<br />
SBCTA , 2000. 127 p.<br />
MEILGAARD, M.; CIVILLE, G. Y.; CARR, B.<br />
T. Sensory Evaluation Techniqucs . Flórida:<br />
CRC PRESS, 1991. 354 p.<br />
STONE, H.; SIDEL, J. L. Scnsory evaluation<br />
practices. 2. ed. London: Academic Press,<br />
1993. 338 p.<br />
o AMBIENTE GLOBAL DE NEGÓCIOS DAS INDÚSTRIAS DE LATiCíNIOS ENVOLVENDO<br />
NEGOCIAÇÕES E FIDELlZAÇÃO DE CLIENTES<br />
The global business network of dairy industries involving client's negotiation and fidelity<br />
digitalizado por<br />
•<br />
José Geraldo Nogueira<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
RESUMO<br />
o processo da globalização tornou-se vital para que as Indústrias de Laticínios se tornem<br />
visionárias, modernas e mais competitivas. As oportunidades apresentadas pelos mercados<br />
direcionam as negociações de maneira que os produtos lácteos sejam comercializados com<br />
uma gestão estratégica de marketing focada na fidelização dos clientes.<br />
Palavras-chave: Comercialização, Estratégia de Marketing, Negociação, Fidelização.<br />
1 - INTRODUÇÃ O<br />
No segmento lácteo, o Brasil começa a ter<br />
situações de comercialização favoráveis,<br />
devendo ampliar os mercados com estratégias<br />
de mais eficazes. Negociar de qualquer jeito em<br />
um mercado livre global, torna-se um erro. O<br />
papel do marketing em função da dinâmica do<br />
mercado é Pesquisa; Delineamento do produto;<br />
Preços e condições; Venda direta; Estratégia de<br />
comunicação e, Administração e gerência. Os<br />
gestores devem propor táticas, saber agregar<br />
valor ao seu negócio com negociações focadas<br />
no ganha a ganha e fidelizações.<br />
2 - OBJETIVO<br />
Este artigo visa destacar o sentido de valor<br />
comercial em uma negociação a ser praticado e<br />
da prática da fidelização, o qual se constitui como<br />
um fator de comprometimento junto ao mercado<br />
consumidor de produtos lácteos.<br />
3 - O PROBLEMA<br />
3.1 - As Estratégias e a Busca das Melhores<br />
Práticas<br />
Percebe-se que há uma dificuldade em<br />
propor mudanças de comportamento do gestor<br />
nas Indústrias de Laticínios com estratégia de<br />
desenvolvimento de mercado. Em cada<br />
pr 9 cesso de negociação a análise deve ser individuai<br />
com uma gestão mercadológica e<br />
envolvimento de todos.<br />
3.2 - Os cuidados para exportar<br />
Para José Maria (2005), "a gente tem que<br />
ter consciência de que exportar não é apenas<br />
aproveitar uma oportunidade. É necessário buscar<br />
e conquistar o mercado externo e depois trabalhar<br />
para sua manutenção". As Indústrias de Laticínios<br />
Brasileiras devem procurar oferecer um Portfolio<br />
dos seus produtos. Segundo Jorge Abreu (2005),<br />
"O segre do do Marketing está em como<br />
Pág. 212<br />
identificar o valor que o cliente está disposto a<br />
'consumir' ."<br />
3.3 - As etapas da negociação<br />
Segundo Frank L. A. (1998), "Tanto nas<br />
negociações nacionais como nas internacionais,<br />
há seis etapas que precisam ser cumpridas : (l)<br />
orientação e pesquisa; (2) resistência; (3)<br />
reformulação das estratégias ; (4) discussões e<br />
tomada de decisões ; (5) acordo; e (6) seguimento".<br />
O conhecimento dessas etapas poderá aj udar ao<br />
gestor das Indústrias de Laticínios a compreender<br />
a forma geral do processo de negociação e do<br />
andamento em cada etapa. Ainda, segundo ele, "o<br />
planejamento de uma negociação é um processo<br />
simples, com quatro etapas, que devem ser<br />
aplicadas a todas as partes, à sua e à do outro lado.<br />
Para ambas, o gestor deve: (I) identi ficar todas<br />
as questões; (2) priorizar essas questões; (3)<br />
estabelecer um leque de acordos alternativos; e<br />
(4) desenvolver estratégias e táticas".<br />
4 - REVISÃ O BIBLIOGRÁ FICA<br />
4.1 - Os lácteos mais exportados<br />
De acordo com os dados do MDlC/Secex,<br />
no período entre 1996 a 2004, são em número de<br />
seis os grupos de lácteos que dividindo-os em<br />
classes de produtos perfazendo um total de 34<br />
mercadorias compõem as exportações no Brasil.<br />
As principais mercadorias são: leite<br />
condensado, leite em pó integral e o queijo<br />
fu ndido. Os três produtos juntos representam<br />
cerca de 71 % do volume e 67,4% do valor<br />
arrecadado com as exportações no período<br />
analisado. Pode-se perceber que o mercado<br />
internacional começa .a dar vazão aos produtos<br />
nacionais da Onda Verde e Amarela.<br />
Nota-se que apesar do volume e o valor das<br />
exportações brasileiras aumentarem mês a mês,<br />
para Antonio Bustoff, (2005), "existe um número<br />
restrito de empresas que vendem seus produtos<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
no exterior. De 2002 para 2003, com um<br />
crescimento de quase 20 bilhões de dólares de<br />
exportações na Balança Comercial, o número de<br />
empresas exportadoras, cresceu apenas 2% ... ".<br />
Para ele, "é necessário um trabalho das<br />
associações de produtos, das industrias dos<br />
pequenos e médios e um reforço no papel de<br />
tradings. As grandes empresas têm departamentos<br />
internacionais com capacidade de prospectar<br />
mercados e lançar agentes comerciais nos<br />
mercados novos".<br />
4.2 - Negociando Melhor<br />
O segmento de lácteo brasileiro hoje é visto<br />
como um que se destaca, mas ainda de forma<br />
modesta. Segundo pesquisas do MDCI/SECEX,<br />
entre 1996 a 2004 o Brasil exportou o<br />
equivalente a 266,8 milhões de dólares (200 mil<br />
toneladas) de produtos lácteos no período. Todos<br />
os doze paises que mais importam os produtos<br />
brasileiros apresentam um total de 78,9% do<br />
valor em dólares.<br />
Na negociação deve-se ter em mente que o<br />
seu sucesso compromete a fidelização e esta,<br />
projeta a imagem da organização. Para Peter C.<br />
Wilton (1997), "ao invés de simples vendedores,<br />
deve-se treinar homens de negócios focados nas<br />
estratégias empresariais, capazes de por em<br />
prática as táticas adequadas". Para Joe Gerard<br />
(1978) "Faça o cliente em perspectivas gostar,<br />
confiar e acreditar em você". Para Noberto<br />
Ferreira (1997), "dar motivos para os clientes<br />
comprarem de você garantir que o cliente tenha<br />
sucesso no preenchimento de suas carências, no<br />
atendimento de suas necessidades e na resolução<br />
dos problemas e, dificultar a decisão de comprar<br />
do concorrente ... "<br />
Segundo Luiz Sabatino, "a definição de<br />
como e quando a empresa deseja comunicar-se<br />
com o seu cliente deverá ser definida pelas<br />
ferramentas do Marketing: marketing direto, TV,<br />
revista, marketing por e-mai!, etc, isto conforme<br />
o modelo de negócio da empresa".<br />
No programa de fidelização é necessário que<br />
todos os colaboradores das Indústrias de Laticínios<br />
conheçam-no com afinco. Segundo Peter C.<br />
Wilton, "estar apto para visualizar situações,<br />
antecipar cenários e identificar necessidades do<br />
consumidor, que muitas vezes a equipe de venda<br />
não detecta". Segundo Washington Olivetto<br />
(2003), "a publicidade cria a predisposição de<br />
compra. Quem vende é o vendedor".<br />
5 - METODOLOGIA<br />
Escolher uma política de expansão de<br />
digitalizado por<br />
mercados requer esforços em vários mercados.<br />
"As principais alternativas incluem uma<br />
ESTRATÉGIA DE CONCENTRAÇÃO que tem<br />
o foco em um pequeno número de mercados ou<br />
uma ESTRATÉGIA DE DIVERSIFICAÇÃO que<br />
é caracterizada pelo crescimento em um número<br />
relativamente grande de mercados", Igal A. e<br />
Jehiel Z, (Spring 1979): pp. 93-98.<br />
"Tanto a concentração como a diversificação,<br />
são aplicáveis a segmentos de mercado<br />
ou a mercados de massa, dependendo do<br />
comprometimento de recursos da empresa. Uma<br />
opção é a estratégia de concentração dual na<br />
qual os esforços estão concentrados em um<br />
segmento específico em um número limitado de<br />
paises ... A primeira é a mais provável para<br />
pequenas empresas ou aquelas que comercializam<br />
produtos especializados para mercados<br />
claramente definidos. Segundo Czinkota e<br />
Ronkainem (200 l) " ... 0 contexto da ampliação<br />
de mercado e dos planos de expansão de<br />
mercados, deve-se ter em mente que o potencial<br />
de mercado é muito diferente do potencial de<br />
vendas. O primeiro sinaliza sob o nível de vendas<br />
que pode estar disponível para todos os<br />
profissionais de marketing em uma indústria em<br />
um dado mercado. O segundo, é a fatia do<br />
mercado que um profissional de marketing<br />
particular pode esperar conquistar a longo<br />
prazo". (Marketing as melhores práticas, ed.<br />
Bookman, 2000).<br />
6 - CONCLUSÃO<br />
Segundo Marcio Miranda (2005), as<br />
seguintes dicas aj udarão os executivos a negociar<br />
melhor:<br />
(1) Tente negociar tudo; (2) Torne-se um<br />
bom ouvinte; (3) Planeje; (4) Peça alto ou<br />
ofereça baixo; (5) Justifique sua oferta; (6) Seja<br />
paciente; (7) Não aceite a primeira oferta; (8)<br />
Nunca dê nada de graça; (9) Guarde uma<br />
concessão para o final; (lO) Tenha sempre uma<br />
alternativa.<br />
As estratégias para atuar no mercado<br />
exterior devem ser norteadas de alguns princípios<br />
básicos que segundo Michel Abdo Alaby (2005)<br />
são abaixo apresentadas :<br />
a) Ter a avaliação precisa dos produtos que<br />
se que exportar, percebendo quais os que<br />
possuem maiores condições de competir<br />
e procurar avaliar as modalidades de<br />
exportações mais adequadas à<br />
empresa ...<br />
b) Obter corretamente a formação dos<br />
preços com base nos custos reais de<br />
produção e com cuidados sobre as<br />
Pág. 213<br />
arvoredoleite.org
incidências de impostos.<br />
c) Ampliar o leque de atendimentos aos<br />
mercados internacionais, observando a<br />
melhor tática para uma negociação<br />
eficaz ...<br />
d) Ter um profissional que represente a<br />
organização em todos os movimentos<br />
onde existem exportações e mercad os.<br />
e) Procurar desenvolver um net work<br />
sempre com pessoas que comercializam<br />
em diversos paises.<br />
f) Direcionar um portfolio de produtos em<br />
vários idiomas.<br />
Assim, as Indústrias de Laticínios,<br />
poderão encontrar novos mercados e ampliar<br />
cada vez mais as suas reais condições de participação<br />
no mercado.<br />
ABSTRACT<br />
The global process became vital to the dairy<br />
industries making them more visionnarie,modern<br />
and competitive.The opportunities offered by the<br />
different markets directed negotiations in a<br />
manner where daily products are commercialized<br />
in a strategic way focused primarily in the c1ient's<br />
fidelity<br />
Key words: Commercialization, Clients,<br />
Marketing, strategic, negociation, fidelity.<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
BIBLIOGRAFIA<br />
Czinkota, Michael R e Ronkainem, likka A<br />
Marketing as melhores práticas. Porto Alegr:<br />
Bookman, 200 I.<br />
Abreu, Jorge P. Artigo "O significado do<br />
Valor", 2005.<br />
Wilton , Peter. C. - "Administração .das<br />
estratégias de vendas - Art. Vendedor: Homem<br />
de Negócios. Revista Técnicas de Venda (1997).<br />
Girard, J. e Stanley H. B, Como Vencer Qualquer<br />
Coisa a Qualquer Um, Record, RJ, 1978.<br />
Bustorff, Antonio, Art. "Produtos "made in<br />
Brazil" conquistam consumidores europeus,<br />
Internet, Notícias, Export News, 22/0412005.<br />
Miranda, Márcio, "Como Negociar Melhor",<br />
Internet, Artigos e Idéias, Export News, 27/04/2005.<br />
MDIC/SECEX, Ministério Desenvolvime nto<br />
Ind. e Com. - Secretaria Com. Exterior.<br />
Alaby, Michel A., "Exportação na Pequena e Média<br />
Empresa - Bicho de Sete Cabeças?" Internet, .<br />
Artigos e Idéias, Export News, 27/04/2005.<br />
Acuff, Frank L., Como Negociar Qualquer Coisa<br />
Com Qualquer Pessoa Em Qualquer Lugar Do<br />
Mundo. São Paulo, Editora Senac, 1998.<br />
Olivetto, Washigton. - Artigo "Publicidade não<br />
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Sabatino, Luiz. Fidelização - Ed.Reichmann<br />
& Affonso Editores, RJ, 2003.<br />
Rabelo, J. Maria. Diretor de Comércio Exterior '<br />
do Banco do Brasil, 2005.<br />
CARACTERíSTICAS FíSICO-QuíMICAS DE QUEIJOS DE COALHO INDUSTRIAIS E<br />
ARTESANAIS PRODUZIDOS NO ESTADO DO CEARÁ<br />
Physico-chemical characteristics of industrial and artisanal "coalho" cheese produced<br />
in Ceará - Brazil<br />
Alex-Sandra Alexandre de Andrade1<br />
Renata Tieko Nassu2<br />
Maria do Carmo Passos Rodrigues3<br />
Aline Costa Silva4<br />
Geirla Jane Freitas da Silva4<br />
Rogleijiania Lúcia Adriano Fernandes4<br />
Estudante de pós-graduação, Curso de Mestrado em Tecnologia de Alimentos - Universidade Federal do Ceará '<br />
Fortaleza - CE. E-mail: alexiaandrade2003 @yahoo.com.br<br />
2 Pesquisadora Embrapa Agroindústria Tropical, Fortaleza - CE.<br />
3 Docete do Curso de Engenharia de Alimentos - Universidade Federal do Ceará.<br />
4 Estagiárias Embrapa Agroindústria Tropical.<br />
Pág. 214<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE lATiCíNIOS<br />
RESUMO<br />
O queijo de coalho é o mais tradicional e um dos mais difundidos queijos fabricados na região<br />
Nordeste. No estado do Ceará, caracteri za-se como produto típico, sendo amplamente<br />
comercializado. Sua elaLoraçno, no entanto, não possui uma metodologia padronizada, o que<br />
é confirmado pela baixa qualidade e falta de uniformidade dos produtos. O presente trabalho<br />
teve como objetivo estudar as características físico-químicas de queijos de coalho industriais<br />
e artesanais produzidos no estado do Ceará. Foram realizadas as análises de umidade, gordura,<br />
proteína, cinzas, cloreto de sódio, acidez, pH, nitrogênio total e não protéico, índice de<br />
maturação, atividade de água e cor instrumental. Os resultados de umidade não mostraram<br />
diferença significativa a 5%, e permitiram classificar as amostras como queijos de média a<br />
alta umidade. O teor de gordura nos queijos artesanais foi significativamente maior, no<br />
entanto, ambos estão dentro da faixa estabelecida pelo Regulamento Técnico de Identidade<br />
e Qualidade. Todos os demais parâmetros avaliados, excluindo-se o pH e a medida da cor<br />
instrumental apresentaram diferença significativa ao nível de 5%. Com base nos resultados,<br />
foram constatadas diferenças na composição centesimal e características físico-químicas dos<br />
queijos produzidos de forma industrial e artesanal.<br />
Palavras-chave: queijos regionais, técnicas de processamento, composição centesimal.<br />
]. - INTRODUÇÃO<br />
O queijo de coalho constitui-se em um<br />
derivado do leitc de grande p.:Jpularidade,<br />
aceitação, produção e consumo na região<br />
Nordeste do Brasil. Seu nome deve-se ao fato de<br />
ter sido tradicionalmente elaborado com leite<br />
coagulado pela ação do coalho, o qual é extr .. ído<br />
do quarto estômago (abomaso) de pequenos<br />
animais tais como cabrito, bezerro, preá, mocó,<br />
os quais devidamente preparados são chamados<br />
de coagulador ou a!JolllaslIn (AQUINO, 1983).<br />
Segundo o regulamento Técnico de<br />
Identidade e Qualidade (BRASIL, 2001), entendese<br />
por queijo de coalho o queijo que se obtém por<br />
coagulação do leite por meio de coalho ou outras<br />
enzimas coagulantes apropriadas, complementado<br />
ou não pela ação de bactérias láticas selecionadas<br />
e comercializado normalmente com até 10 dias<br />
de fabricação. O leite utilizado em sua fabricação<br />
deve, obrigatoriamente, ser pasteurizado ou sofrer<br />
tratamento térmico equivalente.<br />
No Ceará, o queijo de coalho se caracteriza<br />
como um produto típico do Estado, sendo facilmente<br />
encontrado em todo o comércio e apresentando<br />
destaque considerável na economia local.<br />
A produção queijeira cearense dividese<br />
basicamente em dois segmemos, compreendendo<br />
as médias empresas fiscalizadas por órgãos<br />
oficiais e as pequenas unidades de fabricação<br />
artesanal localizadas principalmente no meio<br />
rural, que ainda produzem qlJeijo a partir do leite<br />
cru (BENEVIDES, 1999).<br />
Apesar da intensa produção e consumo, o<br />
queijo de coalho não conta ainda com uma<br />
digitalizado por<br />
tecnologia apropriada de fabricação, o que resulta<br />
em produtos com baixa qualidade, sem<br />
padronização e apresentando variações na<br />
composição centesimal (LIMA, 1996).<br />
Um dos grandes desafios hoje é alcançar<br />
uma padronização e adequação das metodologias<br />
de fabricação, visando atender a todos os<br />
requisitos previstos na legislação atual, mas sem<br />
descaracteri zar o produto, para que não haja<br />
rejeição por parte dos consumidores.<br />
Com base no exposto, o presente trabalho<br />
teve como objetivo estudar as características<br />
físico-químicas de queijos de coalho industriais e<br />
artesanais produzidos no estado do Ceará.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
2.1 - Local e Coleta das Amostras<br />
Oito amostras de queijo de coalho, sendo<br />
quatro de fabricação artesanal e quatro<br />
industrializadas com SI (Serviço de Inspeção),<br />
furam adquiridas em pontos de venda da cidade de<br />
Fortaleza CE. Todas as amoshds, comercializadas<br />
sob rtfrigeração, foram então acondicionadas em<br />
caixas isotérmicas e transportadas para o<br />
Laboratório de Análises Físico-Químicas da<br />
Embrapa Agroindústria Tropical.<br />
2.2 p Análises Realizadas<br />
Foram realizadas, em triplicata, as<br />
determinações de umidade, gordura no extrato<br />
Pág. 215<br />
arvoredoleite.org
seco, proteína total, cinzas, cloreto de sódio,<br />
acidez, pH, nitrogênio total e não protéico e<br />
índice de maturação, de acordo com metodologias<br />
da AOAC (1997) e Instituto Adolfo Lutz<br />
(1985). A análise de atividade de água foi realizada<br />
utilizando o aparelho Aqualab, enquanto a cor<br />
instrumental foi obtida em colorímetro Minolta<br />
(sistema CIELab).<br />
3 - RESULTADOS E DiSCUSS ÃO<br />
Os resultados obtidos para as características<br />
físico-químicas das amostras de queijo de coalho<br />
industriais e artesanais analisadas estão indicados<br />
na Tabela 1. Os queijos industriais e artesanais<br />
apresentaram, respectivamente, valores médios<br />
de 45, 06 e 44,52 % para umidade, não indicando<br />
diferença significativa (p > 0,05) entre os dois<br />
tipos, podendo ser classificados como queijos de<br />
média a alta umidade.<br />
O teor de gordura no extrato seco variou<br />
significativamente ao nível de 5%, entre as<br />
amostras industriais e artesanais, apresentando<br />
médias de 44,35 e 48,32%, respectivamente, e<br />
estando de acordo com o Regulamento Técnico<br />
de Identidade e Qualidade de Queijo de Coalho,<br />
que estabelece uma faixa entre 35,0 e 60,0%.<br />
Os valores médios obtidos para os parâmetros:<br />
proteína total, nitrogênio total , nitrogênio<br />
não protéico, cinzas, cloreto de sódio,<br />
atividade de água, acidez em ácido lático e índice<br />
de maturação, apresentaram diferença significativa<br />
ao nível de 5% entre as amostras<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
industriais e artesanais. Com relação as<br />
determinações de pH e medida da cor instrumental<br />
(parâmetro L*) que mede a luminosidade, não<br />
foram observadas diferenças significativas (p ><br />
0,05) entre as duas amostras.<br />
4 - CONCLUSÃ O<br />
Com base nos resultados obtidos neste<br />
estudo, foram constatadas diferenças na<br />
composição centesimal e demais parâmetros<br />
físico-químicos avaliados, entre os queijos<br />
produzidos de forma industrial e artesanal. Esse<br />
fato serve para confirmar a necessidade de<br />
padronização das tecnologias de elaboração, com<br />
vistas a alcançar uma melhoria na qualidade e<br />
uniformidade do produto, sem, no entanto,<br />
promover a sua descaracterização.<br />
SUMMARY<br />
"Coalho;' cheese is one of the most<br />
traditional and consumed product in the North<br />
East region of Brazil. In Ceara state, it is a typical<br />
product and widely sold. However, its processing<br />
is not standardized, which is confirmed by its<br />
low quality and lack of uniformity of products.<br />
This work aimed to study the physico-chemical<br />
characteristics of Industrial and artisanal<br />
processed "coalho" cheese. The following<br />
analysis were done : moisture content, fat<br />
content, protein, ash, sodium chloride, titrable<br />
acidity, total and non proteic nitrogen,<br />
Tabela 1 - Características físico-químicas das amostras de queijos de coalho industriais e artesanais<br />
produzidos no estado do Ceará.<br />
Determinações Queijos industriais Queijos Artesanais<br />
U midade (%) 45,06a 44,52a<br />
Gordura no Extrato Seco (%) 44,35b 48,32a<br />
Proteína Total (%) 21,51a 20,68b<br />
Cinzas (%) 4,08b 4,68a<br />
Cloreto de Sódio (%) 2,43b 3,30a<br />
Acidez (%) 0,38b 1,29a<br />
PH 6, 18a 5,83a<br />
Nitrogênio Total (%) 3,41a 3,24b<br />
Nitrogênio Não Protéico (%) 0, 13a 0,08b<br />
Índice de Maturação (%) 3,91a 2,71b<br />
Atividade de Água 0,97a 0,96b<br />
Cor I nstru mental (L *) 88,65a 8S,80a<br />
Valores seguidos das mesmas letras em cada linha não diferem ao nível de 5% de significância pelo teste de Tukey.<br />
Pág. 216<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
maturation index, water acti vity and<br />
instrumental coloro Results of moisture content<br />
did not show significant difference (5%) between<br />
samples which were c1assified as medium to high<br />
moisture cheeses. Fat content in artisanal cheeses<br />
was significantly high, but both are within the<br />
range of Quality and Identity Technical<br />
Regulation. All the rest of evaluated parameters,<br />
excepting pH and instrumental color showed<br />
significant difference (5%). Results showed<br />
differences in proximal composition and<br />
physico-chemical characteristics between<br />
artisanal and industrial cheese.<br />
Key words: regional cheese; processing<br />
techniques; proximal composition.<br />
FINANCIAMENTO: Banco Mundial/<br />
PRODETAB e CNPq.<br />
REFER ÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
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iníernational. 161h ed, Washington: AOAC, 1997.<br />
AQUINO, F. T. M. Produção do queijo de coalho<br />
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2<br />
3<br />
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Dissertação de Mestrado em Ciência e Tecnologia<br />
de Alimentos, Universidade Federal da Paraíba.<br />
BENEVIDES, S. D. Comportamento do queijo<br />
de coalho produzido com leite cru e<br />
pasteurizado, maturado a temperatura<br />
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132p. Dissertação de Mestrado em Tecnologia<br />
de Alimentos, Universidade Federal do Ceará.<br />
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coalho a partir de leite pasteurizado e<br />
inoculado dom Streptococcus thermophillus e<br />
Lactobaci/lus bulgariclls. Fortaleza, 1996. 81 p.<br />
Dissertação de Mestrado em Tecnologia de<br />
Alimentos, Universidade Federal do Ceará.<br />
AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE QUEIJOS DE COALHO ARTESANAIS E<br />
INDUSTRIALIZADOS COMERCIALIZADOS EM FORTALEZA, CE<br />
Microbiological evaluation of artisanal and industrial "coalho" cheeses marketed at<br />
Fortaleza, CE<br />
Bruno,L.M.1<br />
Feitosa, T.1<br />
Nassu, R.T.1<br />
Carvalho,J.D.G.2<br />
Andrade, A.A.3<br />
Pesquisadora da Embrapa Agroindústria Tropical, Fortaleza, CE.<br />
Pós-graduanda do curso de Doutorado em Tecnologia de Alimentos da UNICAMP e bolsista do CNPq.<br />
Pós-graduanda do curso de Mestrado em Tecnologia de Alimentos da UFC e bolsista do CNPq.<br />
E-mail: Imbruno@cnpat.embrapa.br<br />
Fonte financiadora: Banco Mundial - PRODETAB e CNPq.<br />
digitalizado por<br />
Pág. 217<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
RESUMO<br />
Neste trabalho foi avaliada a presença de microrganismos indicadores e patogênicos em<br />
queijos de Coalho artesanais e industrializados comercializados em Fortaleza, Ceará. Oito<br />
amostras de queijos, sendo quatro artesanais e quatro industrializados, foram analisadas<br />
para os seguintes microrganismos: coliformes fecais, Eschericlzia coU, StaplzylococcllS<br />
coagulase positiva, Salmonella sp. e Listeria monocytogenes. A contagem de coliformes<br />
fecais foi superior a li 00 NMP/g em 100% das amostras, sendo confirmada a presença de<br />
E. coli em todos os queijos industrializados e apenas em um artesanal. Em relação à análise<br />
de estafilococos coagulase positiva, apenas uma das amostras de queijos industrializados<br />
não atendeu aos padrões estabelecidos pela legislação, enquanto que três queijos artesanais<br />
apresentaram contagens superiores a 107 UFC/g. A presença de Salmonella sp. foi detectada<br />
apenas em uma amostra de queijo industrializado, enquanto L. 11/011ocytogelles não foi<br />
encontrada em nenhuma das amostras.<br />
Palavras-chave : coliformes, Escheric/zia co/i, Salmollella, Listeria.<br />
1 a INTRODUÇÃO<br />
O queijo de Coalho é um produto típico do<br />
Nordeste brasileiro, muito apreciado em toda a<br />
região. Sua produção é considerada tradicional<br />
no Ceará (NASSU et aI., 2001) e está concentrada<br />
em pequenos municípios da zona rural.<br />
Ele é obtido pela coagulação do leite, através de<br />
coalho, complementada ou não com bactérias<br />
ácido láticas selecionadas (BRASIL, 200Ia).<br />
As tecnologias de fabricação de queijo de<br />
Coalho provêm de tradições arraigadas , que<br />
persistem até hoje, de forma que os produtos não<br />
possuem qualquer padrão em relação às técnicas<br />
de processamento e qualidade, sendo pouco<br />
competitivos no mercado, além de representarem<br />
risco à saúde pública, devido ao seu alto grau de<br />
contaminação e baixa qualidade microbiológica.<br />
A presença tanto de microrganismos<br />
patogênicos, destacando-se Salmollella sp.,<br />
Listeria 11l0l!ocytogelles e Staphylococcus<br />
allrellS, bem como de microrganismos indicadores<br />
de processamento realizado em condições<br />
higiênico sanitárias insatisfatórias tem sido<br />
relatada em vários estudos (TESHIMA et aI.,<br />
2004; BRANCO et ai., 2003; BORGES et ai.,<br />
2003; FEITOSA et ai., 2003).<br />
Nassu et ai. (200 I) constataram que o leite<br />
usado na elaboração de queijo de Coalho não é<br />
pasteurizado em cerca de 85% dos casos<br />
analisados, contribuindo para a veiculação de<br />
microrganismos indesejáveis no produto fi nal.<br />
Além disso, Bastos et ai. (200 I) detectaram<br />
falhas em procedimentos de higiene e sanificação<br />
em indústria produtora de queijo de Coalho,<br />
alertando para a necessidade de implantação de<br />
Boas Práticas de Fabricação para controle dos<br />
pontos críticos do processo de produção.<br />
Pág. 218<br />
Neste trabalho foi avaliada a presença de<br />
microrganismos indicadores e patogênicos em<br />
queijos de Coalho artesanais e industrializados<br />
comercializados em Fortaleza, Ceará.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
Foram analisadas oito amostras de queijos<br />
de Coalho, sendo quatro, de queijos artesanais e<br />
quatro de queijos industrializados. As amostras<br />
foram coletadas aleatoriamente nos locais de<br />
comercialização e transportadas em caixas<br />
isotérmicas, contendo gelo, até o Laboratório<br />
de Microbiologia de Alimentos da Embrapa<br />
Agroi ndústria Tropical . Em seguida fo ram<br />
avaliadas quanto ao número mais provável<br />
(NMP) de coliformes fecais, pesquisa de<br />
Escherichia coli, contagem de estafi lococos<br />
coagulase positiva, pesquisa de Sallllollella sp. e<br />
L. 11l01locytogel!es, segundo metodologias<br />
descritas no "Compendium of Methods for the<br />
Microbiological Examination of Foods" da<br />
"American Public Health Association"<br />
(DOWNES e ITO, 2001).<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Os resultados das análises microbiológicas<br />
das amostras de queijos encontram-se na Tabela<br />
I. A contagem de coliformes fecais apresentou<br />
NMP superior a li OO/g em 100% das amostras,<br />
sendo confirmada a presença de E. coli em todos<br />
os queijos industrializados e em apenas um<br />
artesanal. O elevado número de coliformes fecais<br />
encontrado, acima do permitido pela legislação<br />
para queijos de média umidade, 1000/g (BRASIL,<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
200Ib), sugere alto nível de contaminação fecal,<br />
que pode ser atribuído a diversos fatores entre os<br />
quais qualidade insatisfatória da matéria-prima,<br />
u so de leite cru e condições inadequadas de<br />
processamento. A detecção de E. coU também<br />
alerta para o fato de risco a saúde do consumidor<br />
u ma vez que existem cepas patogênicas deste<br />
microrganismo, além de indicar a probabilidade<br />
da presença de outros patógenos Gram negativos<br />
como Salmollella spp. e Slziguella spp. (Guedes<br />
Neto et aI., 2004).<br />
Em relação à análise de estafilococos<br />
coagulase positiva, apenas um dos queijos industrializados<br />
não atendeu aos padrões estabelecidos<br />
p ela legislação, enquanto que três queijos<br />
artesanais apresentaram contagens superiores a<br />
1 07 UFC/g, sendo os valores encontrados acima<br />
do permitido pela legislação, 103 UFC/g (BRASIL,<br />
200 I b). Estes queijos foram considerados produtos<br />
em condições higiênico-sanitárias<br />
insatisfatórias. A prevalência destas bactérias nas<br />
amostras de queijos artesanais, além de sugerir<br />
um processamento realizado fora dos padrões<br />
das Boas Práticas de Fabricação, também pode<br />
indicar baixa qualidade do leite empregado,<br />
podendo até ser proveniente de animais com<br />
mastite, já que Staphylococcus aureus é o agente<br />
etiológico desta doença: bem como o baixo nível<br />
sócio-econômico dos ordenhadores, que muitas<br />
vezes são portadores assintomáticos de S. aureus<br />
e não possuem hábitos adequados de higiene<br />
(FEITOSA et aI., 2003). É importante salientar<br />
que a presença do microrganismo em concentrações<br />
superiores a 105células/g pode favorecer<br />
a produção de enterotoxina (FORSYTHE,<br />
2002), tornando o alimento um risco potencial<br />
a saúde do consumidor.<br />
A presença de Salmollella sp. foi detectada<br />
apenas em uma amostra de queijo industrializado,<br />
caracterizando-a como imprópria para consumo.<br />
A legislação brasileira exige ausência de<br />
Salmollella sp. em queijos (BRASIL, 2001b) e a<br />
detecção deste microrganismo num produto<br />
industrializado ressalta tanto a necessidade do<br />
monitoramento microbiológico do processamento,<br />
como a adoção das Boas Práticas de<br />
Fabricação.<br />
L. mOllocytoglmes não foi encontrada em<br />
nenhuma das amostras de queijos analisadas.<br />
Segundo WHER (1987), citado por Branco et<br />
aI. (2003) a contaminação de produtos lácteos<br />
por esse patógeno deve-se mais a contaminação<br />
cruzada que propriamente à excreção da bactéria<br />
no leite.<br />
4 - CONCLUSÃ O<br />
A elevada população de coliformes fecais,<br />
em 100% das amostras, e de estafilococos<br />
coagulase positiva, em 50% delas, indica que os<br />
produtos não foram elaborados de acordo com<br />
as normas de Boas Práticas de Fabricação,<br />
caracterizando os queijos como produtos<br />
processados em condições higiênico-sanitárias<br />
insatisfatórias. A presença de Sal11/ollella em uma<br />
das amostras, a caracteriza como imprópria para<br />
o consumo humano.<br />
ABSTRACT<br />
Presence of indicator and pathogenic<br />
microorganisms in artisanal and industrial<br />
"Coalho" cheeses marketed in Fortaleza, Ceará<br />
was evaluated in this work. Eight cheese samples,<br />
being four artisanal and four industrial, were<br />
Tabela 1: Caracterização microbiológica de queijos de Coalho artesanais e industrializados<br />
comercializados em Fortaleza, CE (QCA : queijo de Coalho artesanal; QCI: queijo de<br />
Coalho industrializado).<br />
Coliformes fecais E. coZi S. coagulase positiva Salmonella sp. L. monocytogenes<br />
Amostras (NMP/g) (NMP/g) (UFC/g) (em 25g) (em 25g)<br />
QCA I > 1100 Ausência 1100 Presença 3,Ox IOH Ausência Ausência<br />
QCA3 > 1100 Ausência 8,2x107 Ausência Ausência<br />
QCA4 > 1100 Ausência 3,2x 107 Ausência Ausência<br />
QCI I > 1100 Presença 1100 Presença 1100 Presença 1100 Presença 4,8x107 Presença Ausência<br />
digitalizado por<br />
Pág. 219<br />
arvoredoleite.org
analyzed for the following microorganisms : fecal<br />
coliforms, Escherichia co/i, coagulase positive<br />
Staphylococcus, Salmonella sp. and Listeria<br />
monocytogenes. In 100% of samples fecal<br />
coliforms counts were higher than 1100 MPN/g,<br />
with E. coli presence being confirmed in all<br />
industrial cheeses and just in one artisanal.<br />
Considering coagulase positive Staphylococcus,<br />
only one industrial cheese did not accord with<br />
that established in legislation patterns, while three<br />
artisanal cheeses showed counts higher than 107<br />
CFU/g. Salmonella sp. presence was detected only<br />
in one industrial cheese, while L. mO!locytogelles<br />
was not found in any cheese samples.<br />
Keywords: coliforms, Escherichia coli,<br />
Salmollella, Listeria<br />
5 - REFERÊN CIAS<br />
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Pág. 220<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
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194-198, Jul./Ago. 2004.<br />
• •<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
BACTÉRIAS ÁCIDO lÁ TICAS ISOLADAS DE QUEIJOS DE COALHO ARTESANAIS<br />
COMERCIALIZADOS EM FORTALEZA, Cf<br />
lactic acid bacterias isolated from "coalho" artlsanal cheeses marketed in Fortaleza, CE<br />
RESUMO<br />
Carvalho, J.D.Gl<br />
Bruno , L.M.2<br />
Nassu, R.T2.<br />
Lima, C.P.3<br />
Vasconcelos, N.M.3<br />
Kuaye, A.Y.4<br />
° objetivo deste trabalho foi isolar e identificar bactérias ácido láticas presentes em<br />
queijos de Coalho artesanais comercializados em Fortaleza, Ceará. As bactérias ácido láticas<br />
foram isoladas nos meios M 17 e Rogosa, a partir de seis amostras de queijos de diferentes<br />
produtores. De um total de 331 isolados, 270 foram identificados como bactérias ácido<br />
láticas e classificados nos seguintes gêneros: Enterococcus (24,4%), Enterococcus 'atípicos<br />
(35,9%), Streptococcus (26,7%), Streptococcus atípicos (0,4%), Lactococcus (0,4%),<br />
Leuconostoc (1,5%) e Lactobacillus (10,4%). Os Lactobacilllls (28) foram ainda<br />
classificados em termofílicos homofermentativos (39,3%) e heterofermentativos (53,6%).<br />
Nove isolados de bactérias ácido láticas (3,3%) não puderam ser identificados com base nos<br />
testes realizados. A predominância de Enterococcus e Streptococcus sugere que durante o<br />
processamento deste queijo pode ocorrer uma seleção de bactérias resistentes a temperaturas<br />
elevadas, provavelmente devido à etapa de cozimento da massa.<br />
Palavras-chave: En lerococcus, StreptococCllS, Laclococclls, LellCOll 0stoc, Lactobacillus.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
° queijo de Coalho, amplamente consumido<br />
na região Nordeste, é fabricado na maioria das<br />
vezes, de forma artesanal com leite cru, o que<br />
lhe confere características peculiares, percebidas<br />
pelo consumidor. Uma das etapas de seu<br />
processamento consiste no cozimento sucessivo<br />
da massa com soro aquecido, a uma temperatura<br />
que varia de 40° a 65°C, por aproximadamente<br />
20 minutos. No entanto, este processo é baseado<br />
em procedimentos empíricos que passam de<br />
geração a geração, sem padronização, variando<br />
a cada batelada e entre as unidades produtoras.<br />
A legislação estabelece que o leite utilizado<br />
na fabricação de queijos deve ser submetido à<br />
pasteurização ou tratamento térmico equivalente<br />
(BRASIL, 1996). A pasteurização, além de eliminar<br />
microrganismos indesejáveis, também promove a<br />
destruição da microbiota lática natural do leite, a<br />
qual é responsável pelo desenvolvimento das<br />
características organolépticas do queijo (GRAPPIN<br />
e BEUVIER, 1997).<br />
° amplo uso de fermento lático comercial<br />
em queijos fabricados a partir de leite pasteurizado<br />
resulta na perda de características típicas presentes<br />
nos queijos produzidos com leite cru. Isto ocorre<br />
devido à substituição integral da complexa<br />
microbiota nativa presente no leite cru por<br />
fermentos láticos comerciais uniformes que<br />
Pós-g aduanda do curso de Doutorado em Tecnologia de Alimentos da UNICAMP e bolsista do CNPq.<br />
2 PesqUisadora da Embrapa Agroindústria Tropical, Fortaleza, CE, Imbruno@cnpat.embrapa.br.<br />
3 Estudante do curso de Engenharia de Alimentos da UFC e estagiária da Embrapa Agroindústria Tropical.<br />
4 Professor Departamento de Tecnologia de Alimentos da Faculdade de Engenharia de Alimentos da UNICAMP.<br />
Fonte financiadora: Banco Mundial - PRODETAB; CNPq.<br />
digitalizado por<br />
Pág. 221<br />
arvoredoleite.org
conduzem a uma padronização cega (MACEDO<br />
et ai. , 2004). Para minimizar tal problema, tem<br />
se buscado selecionar cepas que façam parte da<br />
microbiota presente nos queijos artesanais de<br />
modo a se obter fermentos láticos e fermentos<br />
láticos adjuntos especificamente preparados para<br />
adição ao leite tratado termicamente destinado a<br />
produção de queijos (MACEDO et ai, 2004).<br />
Este trabalho teve como objetivo isolar e<br />
identificar bactérias ácido láticas presentes em<br />
queijos de Coalho artesanais comercializados em<br />
Fortaleza, Ceará, contribuindo para ampliar o<br />
conhecimento sobre a microbiota natural do<br />
queijo de Coalho.<br />
2 • MATERIAL E M É TODOS<br />
Seis amostras de queijo de Coalho artesanais,<br />
comercializadas em Fortaleza, CE, foram<br />
adquiridas, acondicionadas em caixa isotérmica,<br />
contendo gelo, e transportadas para o<br />
Laboratório de Microbiologia de Alimentos da<br />
Embrapa Agroindústria Tropical.<br />
Alíquotas de 25g de cada amostra foram<br />
homogeneizadas em 225ml de solução de citrato<br />
de sódio a 2%, aquecida a 45°C. Na seqüência,<br />
foram realizadas diluições decimais em série, em<br />
solução peptonada a 0,1 % (HARRIGAN, 1998),<br />
seguida da inoculação, em profundidade, de I ml<br />
de cada diluição nos meios M 17, para cocos e<br />
Rogosa, para lactobacilos (MACEDO et ai.,<br />
2004). O primeiro foi incubado por 48 horas e o<br />
segundo por 5 dias, em ambas temperaturas: 30°<br />
e 42°C. Após o crescimento, 15 a 20 colônias<br />
foram selecionadas aleatoriamente, purificadas<br />
em ágar MRS e transferidas para caldo MRS para<br />
realização dos seguintes testes: coloração de<br />
Gram, produção de catalase, produção de ácido<br />
em Litmus milk, crescimento nas temperaturas<br />
de 10°, 15° e 45°C; crescimento em pH 4,4 e<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
9,6; crescimento em NaCI 6,5% e produção de<br />
CO, a partir da glucose (HARRIGAN, 1998;<br />
COOGAN et ai., 1997).<br />
3 • RESULTADOS E DISCUSS ÃO<br />
De um total de 331 isolados Gram positivos,<br />
31 não se desenvolveram nos meios<br />
utilizados e, portanto, não foram submetidos as<br />
avaliações posteriores. O restante dos mcrorganismos,<br />
281, foram catalase negatIva e<br />
produtores de ácido em Litmus milk (Tabela 1),<br />
que são características de bactérias ácido láticas<br />
(HARRIGAN, 1998).<br />
Tabela 1: Avaliação de produção de catalase e<br />
de ácido por bactérias ácido láticas<br />
isoladas de queijo de Coalho.<br />
Número de %<br />
isolados<br />
EllteroCOCCllS 66 24,4<br />
Catalase<br />
Positiva 19 5,7<br />
Negativa 28 I 84,9<br />
Produtores de<br />
ácido em Litmus milk<br />
isolados não<br />
recuperados<br />
281 84,9<br />
3 1 9,4<br />
Total de isolados 33 1 100<br />
Os isolados com características de bactérias<br />
ác ido 1áticas foram submetidos aos testes de<br />
identificação de gênero. Os microrganismos na<br />
forma de cocos fo ram classificados de acordo<br />
com a realização dos ensaios apresentados na<br />
Tabela 2, enquanto que os na forma de bastões<br />
foram submetidos aos testes de crescimento à<br />
Tabela 2: Características que diferenciam os gêneros de bactérias ácido láticas, com a forma de<br />
cocos em produtos 1áticos (Harrigan, 1998).<br />
Testes<br />
Crescimento em:<br />
10°C<br />
45°C<br />
6,5% de NaCl<br />
pH 9,6<br />
pH 4,4<br />
Prod. CO 2 a partir da Glicose<br />
Fonte: Harrigan (1998).<br />
Pág. 222<br />
EllteroCOCCllS<br />
+<br />
+<br />
+<br />
+<br />
+<br />
LactocoCCllS StreptococCllS LellC01l0stoc<br />
+ +<br />
+<br />
+<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
BACTÉRIAS ÁCIDO LÁ TICAS ISOLADAS DE QUEIJOS DE COALHO ARTESANAIS<br />
COMERCIALIZADOS EM FORTALEZA, CE<br />
lactic acid bacterias isolated from "coalho" arlisanal cheeses marketed in Fortaleza, CE<br />
RESUMO<br />
Carvalho, J.D.Gl<br />
Bruno, L.M.2<br />
Nassu, R.P.<br />
Lima, C.P.3<br />
Vasconcelos, N.M.3<br />
Kuaye, A.Y.4<br />
O objetivo deste trabalho foi isolar e identificar bactérias ácido láticas presentes em<br />
queijos de Coalho artesanais comercializados em Fortaleza, Ceará. As bactérias ácido láticas<br />
foram isoladas nos meios M 17 e Rogosa, a partir de seis amostras de queijos de diferentes<br />
produtores. De um total de 331 isolados, 270 foram identificados como bactérias ácido<br />
láticas e classificados nos seguintes gêneros: Enterococcus (24,4%), Enterococcus atípicos<br />
(35,9%), Streptococcus (26,7%), Streptococcus atípicos (0,4%), Lactococclls (0,4%),<br />
Leuconostoc (1,5%) e LactobacilLus (10,4%). Os LactobacilLus (28) foram ainda<br />
classificados em termofílicos homofermentativos (39,3%) e heterofermentativos (53,6%).<br />
Nove isolados de bactérias ácido láticas (3,3%) não puderam ser identificados com base nos<br />
testes realizados. A predominância de Enterococcus e Streptococcus sugere que durante o<br />
processamento deste queijo pode ocorrer uma seleção de bactérias resistentes a temperaturas<br />
elevadas, provavelmente devido à etapa de cozimento da massa.<br />
Palavras-chave: Enterococclls, StreptococCllS, Lactococcus, LellC01l0stoc, Lactobacillus.<br />
1 - INTRODUÇÃ O<br />
O queijo de Coalho, amplamente consumido<br />
na região Nordeste, é fabricado na maioria das<br />
vezes, de forma artesanal com leite cru, o que<br />
lhe confere características peculiares, percebidas<br />
pelo consumidor. Uma das etapas de seu<br />
processamento consiste no cozimento sucessivo<br />
da massa com soro aquecido, a uma temperatura<br />
que varia de 40° a 65°C, por aproximadamente<br />
20 minutos. No entanto, este processo é baseado<br />
em procedimentos empíricos que passam de<br />
geração a geração, sem padronização, variando<br />
a cada batelada e entre as unidades produtoras.<br />
A legislação estabelece que o leite utilizado<br />
na fabricação de queijos deve ser submetido à<br />
pasteurização ou tratamento térmico equivalente<br />
(BRASIL, 1996). A pasteurização, além de eliminar<br />
microrganismos indesejáveis, também promove a<br />
destruição da microbiota lática natural do leite, a<br />
qual é responsável pelo desenvolvimento das<br />
características organolépticas do queijo (GRAPPIN<br />
e BEUVIER, 1997).<br />
O amplo uso de fermento lático comercial<br />
em queijos fabricados a partir de leite pasteurizado<br />
resulta na perda de características típicas presentes<br />
nos queijos produzidos com leite cru. Isto ocorre<br />
devido à substituição integral da complexa<br />
microbiota nativa presente no leite cru por<br />
fermentos láticos comerciais uniformes que<br />
I Pós-graduanda do curso de Doutorado em Tecnologia de Alimentos da UNICAMP e bolsista do CNPq.<br />
2 Pesquisadora da Embrapa Agroindústria Tropical. Fortaleza, CE, Imbruno@cnpat.embrapa.br.<br />
3 Estudante do curso de Engenharia de Alimentos da UFC e estagiária da Embrapa Agroindústria Tropical.<br />
4 Professor Departamento de Tecnologia de Alimentos da Faculdade de Engenharia de Alimentos da UNICAMP.<br />
Fonte financiadora: Banco Mundial - PRODETAB; CNPq.<br />
digitalizado por<br />
Pág. 221<br />
arvoredoleite.org
conduzem a uma padronização cega (MACEDO<br />
et a!., 2004). Para minimizar tal problema, tem<br />
se buscado selecionar cepas que façam parte da<br />
microbiota presente nos queijos artesanais de<br />
modo a se obter fermentos láticos e fermentos<br />
láticos adjuntos especificamente preparados para<br />
adição ao leite tratado termicamente destinado a<br />
produção de queijos (MACEDO et aI, 2004).<br />
Este trabalho teve como objetivo isolar e<br />
identificar bactérias ácido láticas presentes em<br />
queijos de Coalho artesanais comercializados em<br />
Fortaleza, Ceará, contribuindo para ampliar o<br />
conhecimento sobre a microbiota natural do<br />
queijo de Coalho.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
Seis amostras de queijo de Coalho artesanais,<br />
comercializadas em Fortaleza, CE, foram<br />
adquiridas, acondicionadas em caixa isotérmica,<br />
contendo gelo, e transportadas para o<br />
Laboratório de Microbiologia de Alimentos da<br />
Embrapa Agroindústria Tropical.<br />
Alíquotas de 25g de cada amostra foram<br />
homogeneizadas em 225ml de solução de citrato<br />
de sódio a 2%, aquecida a 45°C. Na seqüência,<br />
foram realizadas diluições decimais em série, em<br />
solução peptonada a 0,1% (HARRIGAN, 1998),<br />
seguida da inoculação, em profundidade, de lml<br />
de cada diluição nos meios M 17, para cocos e<br />
Rogosa, para lactobacilos (MACEDO et a!.,<br />
2004). O primeiro foi incubado por 48 horas e o<br />
segundo por 5 dias, em ambas temperaturas: 30°<br />
e 42°C. Após o crescimento, 15 a 20 colônias<br />
foram selecionadas aleatoriamente, purificadas<br />
em ágar MRS e transferidas para caldo MRS para<br />
realização dos seguintes testes: coloração de<br />
Gram, produção de catalase, produção de ácido<br />
em Litmus milk, crescimento nas temperaturas<br />
de 10°, 15° e 45°C; crescimento em pH 4,4 e<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
9,6; crescimento em NaCI 6,5% e produção de<br />
CO, a partir da glucose (HARRIGAN, 1998;<br />
COOGAN et aI., 1997).<br />
3 G RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
De um total de 331 isolados Gram positivos,<br />
31 não se desenvolveram nos meios<br />
utilizados e, portanto, não foram submetidos as<br />
avaliações posteriores. O restante dos microrganismos,<br />
281, foram catalase negativa e<br />
produtores de ácido em Litmus milk (Tabela 1),<br />
que são características de bactérias ácido láticas<br />
(HARRIGAN, 1998).<br />
Tabela 1: Avaliação de produção de catalase e<br />
de ácido por bactérias ácido láticas<br />
isoladas de queijo de Coalho.<br />
Número de %<br />
isolados<br />
EnterococcllS 66 24,4<br />
Calalase<br />
Positiva 19 5,7<br />
Negativa 281 84,9<br />
Produtores de<br />
ácido em Litmus milk<br />
isolados não<br />
recuperados<br />
281<br />
84,9<br />
31 9,4<br />
Total de isolados 331 100<br />
Os isolados com características de bactérias<br />
ácido láticas foram submetidos aos testes de<br />
identificação de gênero. Os microrganismos na<br />
forma de cocos foram classificados de acordo<br />
com a realização dos ensaios apresentados na<br />
Tabela 2, enquanto que os na forma de bastões<br />
foram submetidos aos testes de crescimento à<br />
Tabela 2: Características que diferenciam os gêneros de bactérias ácido láticas, com a forma de<br />
cocos em produtos láticos (Harrigan, 1998).<br />
45°C<br />
6,5% de NaCI<br />
pH 9,6<br />
pH 4,4<br />
Prod. COl a partir da Glicose<br />
Fonte: Harrigan (1998).<br />
Pág. 222<br />
+<br />
+<br />
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+<br />
LactocoCCllS Lellconostoc<br />
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ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
temperatura de 15° e 45°C e produção de COl a<br />
partir da glucose (COOGAN et aI., 1997).<br />
Ao longo do processo de identificação das<br />
bactérias ácido láticas, ocorreu a perda de mais<br />
11 isolados. A classificação dos 270 isolados que<br />
se mantiveram ativos pode ser observada na<br />
Tabela 3. Nove isolados (3,3%) de bactérias ácido<br />
láticas não puderam ser agrupados em nenhum<br />
dos gêneros com os testes realizados, necessitando<br />
de avaliações adicionais. Os Ellferococcus atípicos<br />
não apresentaram crescimento a 100e e o<br />
Streptococcus atípico cresceu em pH 9,6, o que<br />
não corresponde ao comportamento esperado<br />
para os microrganismos classificados nestes<br />
gêneros, conforme mostra a Tabela 2. Os 28<br />
isolados de Lactohacillus foram agrupados em<br />
termofílicos homofermentativos (39,3%) e<br />
termofílicos hetero fermen tati vos (53,6 %),<br />
segundo a produção de C02 a partir da fer<br />
mentação da glucose.<br />
Tabela 3: Identificação do gênero de bactérias<br />
ácido láticas isoladas de queijo de<br />
coal ho.<br />
Bactérias N° de %<br />
ácido láticas isolados<br />
Ellterococcus 66 24,4<br />
Ellterococcus atípicos 97 35,9<br />
Streptococcus 64 23,7<br />
Streptococcus atípico 0,4<br />
Lactococclls 1 0,4<br />
Lellconostoc 4 1,5<br />
Lactobacilllls 28 10,4<br />
Não identificados 9 3<br />
Total 270 100<br />
Enterococcus foi o gênero predominante<br />
das bactérias ácido láticas isoladas do queijo de<br />
Coalho artesanal, repre sentando o total de<br />
60,3%, dentre os típicos e atípicos. Outros<br />
pesquisadores também têm observado a<br />
preponderância de EllterocoCClls em diversos<br />
queijos artesanais. Cogan et aI. (1997)<br />
encontraram um número significante de<br />
Ellterococcus em queijos europeus como: Feta,<br />
Kasseri , Manchego, Majonero e outros.<br />
Enquanto que Medina et aI. (2001), avaliando<br />
250 cepas de bactérias ácido láticas isoladas de 4<br />
amostras de um queijo artesanal Argentino,<br />
identificaram 59% como sendo Ellterococcus e<br />
41 % como Lactohacillus. Nos queijos artesanais<br />
produzidos a partir de leite cru, estes<br />
digitalizado por<br />
microrganismos advêm da matéria-prima ou do<br />
ambiente, variando conforme as condições de<br />
higiene do processo e da época do ano (MEDINA<br />
et aI., 2000).<br />
4 - CONCLUSÃ O<br />
Embora ainda seja necessária a realização<br />
de um maior número de ensaios para completa<br />
caracterização das bactérias ácido láticas presentes<br />
nos queijos de Coalho, este trabalho indica como<br />
está constituída e distribuída a sua microbiota<br />
lática, em termos de gênero. A predominância<br />
dos gêneros Enterococcus e Streptococcus sugere<br />
que durante o processamento deste queijo pode<br />
ocorrer uma seleção de bactérias resistentes a<br />
temperaturas elevadas, provavelmente devido à<br />
etapa de cozimento da massa.<br />
ABSTRACT<br />
The aim of this work was to isol ate and<br />
identify the lactic acid bacteria present in the<br />
"Coalho" artisanal cheeses marketed in<br />
Fortaleza, Ceara. The lactic acid bacteria were<br />
isolated in the M 17 and Rogosa media from six<br />
cheeses manufactured by different producers.<br />
From a total of 331 isolates, 270 were identified<br />
as lactic acid bacteria and c1assified in the<br />
following genera: Ellterococcl/S (24,4%),<br />
atypical En terococcl/S (35,9%), Streptococclls<br />
(26,7%), atypical StreptocOCCl/S (0,4%),<br />
LactococclIs (0,4%), Lellcollostoc (1,5%) and<br />
Lactobacillus (10,4%). The Lactohacillus (28)<br />
were further classified as homofermentative<br />
(39,3%) and heterofermentative (53,6%)<br />
thermophilics. Nine out of 270 isolates (3,3%)<br />
could not have been classified in any of the<br />
mentioned genera by the performed tests. The<br />
dominance of Enterococclls and Streptococclls<br />
suggests that a selection of high temperatures<br />
resistent bacteria can occur during the cheese<br />
processing, probably due to the cooking of the curd.<br />
Kcy words: EnterococclIs, StreptococCIIS,<br />
Lactococclls, Leucollostoc, Lactohacillus.<br />
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
BRASIL. Portaria n° 146, de 07 de março de<br />
1996. Aprova regulamentos técnicos de<br />
identidade e qualidade dos produtos lácteos.<br />
Ministério da Agricultura, do Abastecimento e<br />
da Reforma Agrária. Brasília, 50p.<br />
COOGAN, T.M.; BARBOSA, M.; BEUVIER, E.;<br />
BIANCHI-SALVADORI, B.; COCCONCELLI,<br />
Pág. 223<br />
arvoredoleite.org
P.S.; FERNADES, 1.; GOMEZ, J.; GOMEZ, R.;<br />
KALANTZOUPOULOS, G.; LEDDA, A.;<br />
MEDINA, M.; REA, M.C.; RODRIGUEZ, E.<br />
Characterization of the lactic acid bacteria in<br />
artisanal dairy products. Journal of Dairy<br />
Research, Cambridge, v. 64, n. 3, p. 409-42 1,<br />
Aug., 1997<br />
GRAPPIN, R.; BEUVIER, E. Possible<br />
implications of milk pasteurization on the<br />
manufacture and sensory quality of ripened<br />
cheese. International Dairy J ournal, v. 7, n.<br />
12, p. 751-871, Dec, 1997.<br />
HARRIGAN, W. F. Laboratory Methods in<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Food Microbiology. 3D ed. San Diego: Academic<br />
Press, 1998.<br />
MACEDO, A.C.; TAVARES, T.G.; MALCATA<br />
F.X. Influence of native lactic acid bacteria o<br />
the microbiological, biochemical and sensory<br />
profiles of Serra da Estrela cheese. Food<br />
Microbiology. London. v. 21, p. 233-240, 2004.<br />
MEDINA, R.; KATZ, M.; GONZALES, S .;<br />
OLIVER, G. Characterization of lactic acid<br />
bacteria in Ewe's milk and cheese from<br />
Northwest Argentina. Journal F ood<br />
Protection, Des Moines, v. 64, n. 4, p. 559-<br />
563, Apr., 200 I.<br />
ENTEROTOXINA ESTAFILOCÓCICA EM QUEIJO DE COALHO INDUSTRIALIZADO<br />
Staphylococcal enterotoxin in manufactured "coalho" cheese<br />
RESUMO<br />
Maria de Fatima Borges1<br />
José Luiz Pereira2<br />
Renata Tieko Nassu1<br />
Norma Teruko Nago Miya2<br />
Arnaldo Yoshiteru Kuaye3<br />
O estudo teve como objetivo avaliar o perfil de contaminação por estafilococos coagulase<br />
positiva e negativa e a ocorrência de enterotoxina estafilocócica na linha de produção de<br />
queijo de coalho. A contagem de estafilococos foi realizada em 25 amostras de cada produto:<br />
leite cru, leite pasteurizado, coalhada e queijo, coletadas de cinco lotes (processamentos)<br />
diferentes. Para a detecção de enterotoxinas foram analisadas 20 amostras compostas,<br />
baseado no método ELFA (Enzyme linked Fluorescent Assay) empregando o sistema<br />
automatizado VIDAS® Staph enterotoxin II (BioMérieux SA). A contagem de estafilococos<br />
coagulase positiva e negativa nos produtos analisados variou de < I O, no leite pasteurizado a<br />
1,2 x 107UFC/mL, no leite cru. A presença de S. aureus foi detectada em todas amostras de<br />
leite cru utilizado nos processamentos. Enterotoxina estafilocócica foi constatada em 20%<br />
(4120) das amostras analisadas. A detecção de S. aureus em alguns (3/25) dos queijos produzidos,<br />
indicam contaminação na linha de produção do queijo de coalho, possivelmente associada a<br />
falhas na adoção do programa de Boas Práticas de Fabricação.<br />
Palavras-chave: Staphylococcus aureus, intoxicação estafilocócica, produtos lácteos.<br />
Embrapa Agroindústria Tropical, Fortaleza, CE - E-mail: fatima@cnpat.embrapa.br<br />
2 Departamento de Ciências de Alimentos - FEA/UNICAMP, Campinas, SP.<br />
3 Departamento de Tecnologia de Alimentos - FEA/UNICAMP, Campinas, SP.<br />
Fonte financiadora: CNPq (Processo n° 502929/2003-0)<br />
Pág. 224<br />
la<br />
O queijo de coalho é muito consumido na<br />
'-0 Nordeste e sua produção representa<br />
atividade econômica e social . Vários<br />
dos têm classificado o queijo de coalho,<br />
n cipal mente o artesanal, como imprópri o<br />
o consumo humano devido ao elevado nível<br />
contaminação por bactérias patogênicas<br />
assu et. aI., 200 I; Borges et. aI., 2003; Feitosa<br />
. aI., 2003. Dentre estas, destacam-se espécies<br />
Staphylococcus enterotoxigênicos, princi<br />
almente S. Qureus comum em leite cru.<br />
Staphylococcus enterotoxigênicos, S. aureus<br />
(com maior prevalência), S. Jzyicus e _ S.<br />
intermedius, quando presentes em populaçoes<br />
elevadas (3106 UFC/g) e sob condições adequadas<br />
produzem uma ou mais ent rotoxin estalocó . cica<br />
(SE) nos alimentos, os qUaiS depOIS de mgendos<br />
causam intoxicação estafilocócica. Os principais<br />
sintomas são náuseas, vômitos, dores abdominais,<br />
diarréia e prostração (Hui et al., 2001).<br />
As enterotoxinas estafilocócicas ocorrem<br />
com certa freqüência em produtos lácteos como<br />
os queijos (Nicolau et. aI., 2001; Araújo et. aI.,<br />
2002) e representam um problema de saúde<br />
pública pelo risco de causar intoxicação<br />
alimentar. São conhecidas, até o momento, 14<br />
tipos de enterotoxinas, sendo as clássicas SEA,<br />
SEB, SEC . . 1'<br />
I . 2<br />
SED, SEE (Hui et ai., 2001) as de<br />
maior ocorrência, e as enterotoxinas<br />
recentemente descritas SEG, SEH, SEI, SEJ, SEK,<br />
SEJ, SEM, SEN e SEO (Rosec e Gigaud, 2002;<br />
Omoe et. aI., 2002, Becker et. aI., 2004)<br />
Intoxicações estafilocócicas atribuídas ao<br />
consumo de queijos têm sido relatadas em vários<br />
países. No Brasil, surtos de intoxicações<br />
estafilocócicas têm sido associados principalmente<br />
ao consumo de queijos do tipo Minas<br />
Padrão (Carmo et ai. , 2002) e Minas Frescal<br />
(Carmo et. aI., 1995; Pena et. aI., 2002) e, quanto<br />
ao queijo de coalho, há apenas relatos pessoais.<br />
Porém, linhagens de S. aureus produtoras de<br />
enterotoxina têm sido isoladas neste tipo de<br />
queijo (Cunha Neto et. aI., 2001).<br />
O presente estudo teve como objetivo<br />
avaliar o perfil de contaminação por estafilococos<br />
coagulase positiva e negativa e a<br />
ocorrência de enterotoxina estafilocócica na<br />
linha de produção de queijo de coalho.<br />
2 e MATERIAL E MÉTODOS<br />
O estudo foi realizado em uma indústria de<br />
laticínios produtora de queijo de coalho, na região<br />
metropolitana de Fortaleza, CE. Amostras<br />
constituídas de cinco unidades de cada produto:<br />
digitalizado por<br />
leite cru, leite pasteurizado, coalhada e queijo,<br />
foram coletadas a intervalos de 45-50 dias, de<br />
cinco lotes (processamentos) diferentes. Após a<br />
coleta, as amostras foram acondicionadas em<br />
caixas isotérmicas, contendo gelo, e transportadas<br />
para o Laboratório de Microbiologia de Alimentos<br />
da Embrapa Agroindústria Tropical em Fortaleza<br />
- CE para análise microbiológica.<br />
A contagem de estafilococos coagulase<br />
positiva e negativa foi realizada em 25 amostras<br />
de cada produto (leite cru, leite pasteurizado,<br />
coalhada e queijo), através da inoculação de<br />
diluições adequadas da amostra (25 mL ou g) em<br />
ágar Baird-Parker. Após a incubação, placas com<br />
20 a 200 colônias foram selecionadas para<br />
contagem das colônias típicas e atípicas. Cinco<br />
colônias típicas e cinco atípicas foram selecionadas<br />
para caracteri zação bioquímica (atividade de<br />
catalase, sensibilidade a lisostafina, produção de<br />
coagulase e de DNAse) conforme recomendações<br />
do Manual de Análises Microbiológicas da Food<br />
Drug Administratiom (Bennett e Lancette, 1998)<br />
A ocorrência de enterotoxinas foi avaliada<br />
em 20 amostras compostas, sendo cada uma<br />
constituída por cinco amostras de leite cru, cinco de<br />
leite pasteurizado, cinco de coalhada e cinco de<br />
queijo. As análises foram realizada no Laboratório<br />
de Microbiologia de Alimentos do DCAIFEA da<br />
UNICAMP, baseando no método ELFA (Enzyme<br />
linked Fluorescen/ Assay) empregando o sistema<br />
automatizado VIDAS® S/aplz en /er% xin 11<br />
(BioMérieux SA ), que permite a detecção qualitativa<br />
das enterotoxinas clássicas A, B, C, D e E.<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
A contagem de estafilococos coagulase<br />
positiva e negativa variou de
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Tabela 1 - Contagem de estafilococos coagulase positiva e negativa em produtos lácteos.<br />
Estafilococos coagulase positiva e negativa (UFC/mL ou g)<br />
Amostra Processamento<br />
11 111 IV V<br />
Leite cru 1,8 x 106 3,8 X 105 1,2 X 107 2,7 X 105 3,3 x 106<br />
Leite pasteurizado < 10 2,5 X lO' < lO < 10 < 10<br />
Coalhada 8,6 x 102 5,6 X 103 < 100 < 100 7,0 X lO'<br />
Queijo 2,0 x 103 9,0 X lO' 3,7 X 104 1,0 X 103 1,3 X 103<br />
Tabela 2 - Detecção de enterotoxina estafilocócica no processamento de queijo coalho.<br />
Amostra<br />
Leite cru<br />
Leite pasteurizado<br />
Coalhada<br />
Queijo<br />
+ Presença - Ausência<br />
analisadas. Essas quatro amostras eram oriundas<br />
do processamento III (Tabela 2), no qual a<br />
enterotoxina foi detectada no leite cru e,<br />
consequentemente, também foi encontrada no<br />
leite pasteurizado, na coalhada e no queijo obtido<br />
a partir desse leite. Esse resultado era esperado<br />
uma vez que a pasteurização não inativa<br />
enterotoxinas estafilocócicas devido a sua<br />
termorresistência. A produção de enterotoxina<br />
pode ser atribuída à elevada população (1,2 x<br />
I07UFC/mL) de estafilococos coagulase positiva<br />
e negativa detectada no leite cru deste<br />
processamento, e que após a pasteurização reduziu<br />
para menos de 100UFC/mL, tanto no leite<br />
pasteurizado como na coalhada. No entanto, no<br />
queijo (Tabela 1) foi observada uma população de<br />
3,7 x lOUFC/g, com a confirmação de S. allreus,<br />
indicando contaminação pós-pasteurização.<br />
4 fl CONCLUSÕ ES<br />
O leite utilizado na fabricação dos queijos<br />
de coalho apresentou elevada contaminação por<br />
estafilococos coagulase positiva e negativa (2,7<br />
x 105 a 1,2 x 107UFC/mL) com confirmação de<br />
S. allreus, indicando risco potencial de produção<br />
de enterotoxinas. A ocorrência de enterotoxina<br />
estafilocócica foi constatada em 20% das<br />
amostras analisadas. A detecção de S. aureus<br />
em alguns dos queijos dos processamentos III<br />
(1/5) e V (2/5), indicam contaminação na linha<br />
Pág. 226<br />
II<br />
Processamento<br />
III<br />
+<br />
+<br />
+<br />
+<br />
IV v<br />
de produção do queijo de coalho, indicam<br />
contaminação na linha de produção do queijo de<br />
coalho, possivelmente associada a falhas na<br />
adoção do programa de Boas Práticas de<br />
Fabricação.<br />
5 - SUMMARY<br />
The aim of this work was to evaluate the<br />
contamination at the production line of<br />
"coalho" cheese with coagulase-positive and<br />
coagulase-negative staphylococci, and the<br />
presence of staphylococcal enterotoxin.<br />
Staphylococci counts were performed in 25<br />
samples of each: raw milk, pasteurized milk, curd<br />
and "coalho" cheese, collected at five different<br />
processing. The staphylococcal enterotoxin<br />
detection was done by the ELFA method<br />
(Enzyme linked Fluorescent Assay) using<br />
VIDAS® Staph enterotoxin II (BioMérieux SA).<br />
The numbers of coagulase-positive and<br />
coagulase-negative staphylococci ranged from<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
EFEITO DO TIPO E DA CONCENTRAÇÃO DE GOMA NA SINÉRESE DE BEBIDAS<br />
LÁCTEAS PROBIÓTICAS CONTENDO PROTEíNAS DE SOJA<br />
Effect type and concentration of gum on the syneresis of probiotic dairy beverages<br />
containing soy protein<br />
RESUMO<br />
Raquel Guttierres Gomes1<br />
Luana Bonome Message1<br />
Ana Lúcia Barretto Penna1<br />
As gomas têm tido variadas aplicações através dos séculos, incluindo desde adesivos para a<br />
mumificação dos faraós até coberturas protetoras de alimentos. A fi nalidade do uso de<br />
gomas é melhorar e manter as características reológicas, tais como a textura, a viscosidade,<br />
a consistência, o aspecto e o corpo, tão importantes quanto as sensoriais, como o sabor e<br />
o aroma do produto. A ação dessas substâncias inclui basicamente a retenção de água e o<br />
aumento da viscosidade.<br />
O objetivo deste trabalho foi estudar o efeito do tipo e da concentração de goma em uma<br />
bebida láctea probiótica contendo proteínas de soja.<br />
Foi feita a caracterização fisico-química e avaliação da sinérese durante 30 dias de<br />
armazenamento.<br />
O tipo e concentração da goma não infl uenciou as características físico-químicas das<br />
bebidas . A adição de 0,5% de SBB (mistura comercial de gomas composto de gelatina,<br />
amido e açúcar) resultou em menor sinérese.<br />
I - INTRODUÇÃO<br />
Com a necessidade de se criar alternativas<br />
para a utilização do soro proveniente da crescente<br />
produção de queijos no Brasil, a produção de<br />
bebidas lácteas utilizando soro de queijo vem<br />
ganhando um mercado muito grande. Isto se deve<br />
principalmente ao maior nível de informação<br />
sobre os benefícios nutricionais do produto,<br />
menor custo de produção para o fabricante e<br />
redução do preço final para o consumidor<br />
(SANTOS; FERREIRA, 2001).<br />
As bebidas lácteas são produtos formulados<br />
contendo iogurte, soro de leite, polpa ou suco de<br />
frutas, outras matérias-pri mas e aditivos<br />
permitidos. Estas bebidas apresentam grau de acidez<br />
mais baixo e se adaptam melhor ao paladar do<br />
brasileiro (ALMEIDA; BONASSI; ROÇA; 2000).<br />
A categoria de iogurte líquido e outras bebidas<br />
lácteas (bebidas à base de iogurte, "shakes", leites<br />
modificados) teve um aumento significativo<br />
durante o período de 3 anos, com diversas<br />
inovações na categoria, inclusive bebidas com<br />
culturas vivas, bebidas enriquecidas com sabor,<br />
lançamentos de novos sabores e de bebidas à base<br />
de soja (LIMA; MADUREIRA; PENNA, 2002).<br />
A utilização de soja, seja em fo rma de<br />
extrato aquoso ou de proteínas isoladas, incorpora<br />
outros benefícios ao produto lácteo. As proteínas<br />
de soja são usadas em formulações de diversos<br />
produtos com a fi nalidade de complementar os<br />
produtos lácteos, pelo aumento no teor e<br />
diversidade de proteínas do produto, além dos<br />
benefícios conferidos pela presença de isof1avonas<br />
(KLEIN; RICHARDS, 2003).<br />
Hoje, a indústria de iogurte está dominada<br />
pelo iogurte batido, pois este permite aos<br />
produtores adicionar vários estabilizantes para<br />
prevenir a sinérese durante a vida de prateleira<br />
(LUCEY, 2002).<br />
UNESP - Departamento de Engenharia e Tecnologia de Alimentos. São José do Rio Preto, SP Brasil.<br />
rgutti @bol.com.br; lubomes@hotmail.com; analucia@ibilce.unesp.br.<br />
Pág. 228<br />
-<br />
-<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
O objetivo deste trabalho foi estudar o<br />
efeito do tipo (pectina, goma guar, carragena e<br />
uma mistura comercial de gomas - SBB) e da<br />
concentração de goma (0,0 I; 0,03; 0,05 para<br />
carragena e O, I ; 0,3; 0,5% para as demais), em<br />
uma bebida láctea probiótica contendo proteínas<br />
de soja.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
Foram estudadas 12 formulações de bebidas<br />
lácteas funcionais, onde os produtos foram<br />
elaborados com soro de leite em pó (3,0%),<br />
isolado protéico de soja (1,5%), leite em pó<br />
desnatado (6,0%), 5% de sacarose e gomas nas<br />
concentrações 0,0 I; 0,03; 0,05% para carragena<br />
e 0, 1; 0,3; 0,5% para pectina, guar e SBB. Os<br />
ingredientes foram pesados, misturados na forma<br />
seca e reconstituídos em água. A mistura foi<br />
aquecida a 85°C, em seguida fe ito um<br />
resfriamento até atingir 43°C, foi adicionado a<br />
cultura láctica e incubado até obter-se o valor de<br />
pH próximo a 4,5 : Termin d fenentaçã ,<br />
foi feito um resfrIamento IIllclal ate aproxImadamente<br />
20°C, e a quebra do coágulo. Em<br />
seguida, foi feito o resfriamento final e a bebida<br />
foi armazenada em refrigerador.<br />
Foram realizadas as análises físico-químicas:<br />
pH, acidez titulável, sólidos totais, cinzas e<br />
proteína conforme descrito por Silva, et aI., 1997.<br />
A evolução da sinérese foi determinado por um<br />
método adaptado (DANNENBERG; KESSLER,<br />
1988). Todas as análises foram realizadas em<br />
triplicata.<br />
3 - RESULTA DOS E DISCUSSÃO<br />
Os resultados das avaliações físico-químicas:<br />
tempo de fe rmentação, pH, acidez titulável,<br />
teores de proteínas, cinzas e sólidos totais das<br />
bebidas lácteas estão apresentados da Tabela I.<br />
Os resultados das análises físico-químicas<br />
apresentaram pouca variação, portanto o efeito<br />
do tipo (pectina, goma guar, carragena e SBB) e<br />
da concentração de goma (0,0 I; 0,03; 0,05%<br />
para carragena e O, I; 0,3; 0,5% para as demais)<br />
não influenciaram nestes resultados. Os valores<br />
obtidos atendem aos requisitos estabelecidos pelo<br />
Regulamento Técnico de Qualidade e Identidade<br />
de bebidas lácteas, demonstrando serem adequadas<br />
para o consumo.<br />
A Figura I, mostra o acompanhamento da<br />
sinérese durante os 30 dias de armazenamento<br />
das bebidas lácteas adicionadas das diversas<br />
gomas. Pode-se observar que a separação do soro<br />
acontece u gr.ad ati vamen te, isto pode ter<br />
acontecido devido a diminuição do valor do pH<br />
que leva a redução da hidratação das proteínas e<br />
contração do coágulo e ao tipo de tratamento<br />
térmico empregado (GAONKAR, 1995).<br />
As bebidas apresentaram separação de fases<br />
nas amostras em que foram usadas as menores<br />
concentrações (O, I e 0,3%) das gomas pectina e<br />
SBB, e 0,0 I e 0,03% de carragena. Observou-se<br />
escurecimento durante o tratamento térmico nas<br />
bebidas onde fo i utilizada a goma guar. Os<br />
melhores re sultados foram obtidos pela adição<br />
de 0,5% de SBB, não havendo a separação de<br />
fases e nem sinérese.<br />
A separação pode ter acontecido devido a<br />
reação eletrostática entre hidrocolóides e<br />
proteínas, pois são polímeros de alto peso<br />
molecular e tendem a se separarem (GAONKAR.<br />
1995), as bebidas apresentaram porcentagens<br />
de proteínas muito superior ao mínimo<br />
estabelecido pela legislação que é de 1,2%. Outro<br />
fator a considerar é o pH da bebida, que é muito<br />
próximo do ponto isoelétrico (pl) das proteínas<br />
tanto do leite (4,6) quanto da soja (5, 1), e isto<br />
leva a um balanço de cargas de proteínas próximo<br />
a zero (SÁNCHEZ; BARTHOLOMAI; PILOSOF,<br />
1995). A preparação das bebidas em valores de<br />
Ta bela I - Valores médios das análises físico-químicas das bebidas lácteas adicionadas de gomas.<br />
Análises Carragena Pectina SBB Guar<br />
Concentração 0,01% 0,03 % 0,05% 0, 1% 0,3% 0,5% 0, 1% 0,3% 0,5% 0,1% 0,3% 0,5%<br />
TP 5:20 7:00 6:00 6:00 7:05 6:20 5:20 8:00 7:05 6:00 7:05 9:35<br />
pH 4,6 1 4,63 4,6 1 4,61 4,59 4,62 4,60 4,59 4,60 4,59 4,63 4,77<br />
Acidez 93,5 94, I 91,9 88,3 99,0 95, I 90,2 94,7 89,5 86,9 72,6 65,9<br />
Sol. Totais 16,84 17,98 16,82 1 6,6 I 17,57 16,93 16,88 17,38 17,18 17,34 17,76 16,53<br />
Cinzas 0,69 0,78 0,72 0,68 0,73 0,7 1 0,68 0,73 0,70 0,65 0,74 0,69<br />
Proteínas 3,56 3,54 3,50 3,59 3,56 3,52 3,59 3,59 3;59 3,56 3,54 3,59<br />
TP - tempo de fermentação.<br />
digitalizado por<br />
arvoredoleite.org
pH mais distantes do pI poderiam resultar em<br />
menor separação de fases.<br />
50<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Carragena<br />
'\ ,'].o ''Dias''!) rt- '].0 '
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
processo, da microbiota utilizada, do tipo de coalho, de enzimas produzidas pelas bactérias<br />
lácticas adicionadas e de enzimas de fermentos não lácticos.<br />
Palavras-chave: queijo, índices de maturação, composição centesimal.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
o Parmesão é um queijo tipicamente italiano<br />
e pode ser descrito como um produto salgado,<br />
prensado e de longa maturação, no mínimo 6 meses,<br />
podendo ultrapassar 2 anos. É um queijo de<br />
coagulação enzimática, massa semi-cozida, bastante<br />
duro e de sabor relativamente forte quando<br />
devidamente curado. A massa é clara e a sua textura<br />
é ressecada apresentando um ligeiro aspecto<br />
granular, pois os grãos de massa não chegam a se<br />
unir completamente devido a grande dessora durante<br />
o tratamento da massa, entretanto, os queijos não<br />
devem apresentar olhaduras e nem aberturas<br />
mecânicas. Um queijo Parmesão típico apresenta,<br />
após curado, entre 32-37% de umidade, 2 a 3,5%<br />
de sal e pH entre 5,3 a 5,5 (OLIVEIRA, 1986). O<br />
queijo tipo Gorgonzola, é um dos principais tipos<br />
de queijo azul, maturado internamente pelo<br />
Pellicillilllll roq/lej(Jrti, sendo considerado um dos<br />
queijos italianos mais tradicional e conhecido em<br />
todo mundo, principalmente por consumidores de<br />
paladar apurado. Possui como característica<br />
peculiar, a presença de veias azuis e o sabor picante,<br />
originado da intensa atividade proteolítica do mofo<br />
sobre as diversas frações protéicas do queijo durante<br />
as várias etapas de processamento e maturação<br />
(PACIULLI et aI., 200 I). Te m consistência<br />
esfarelenta e sua textura é fechada, com poucas e<br />
pequenas olhaduras. O queijo Gorgonzola deve ser<br />
obtido de leite de vaca, pasteurizado, ter massa<br />
macia, crua, gorda, de cor branca matizada pelo<br />
desenvolvimento de mofo e apresentar a seguinte<br />
composição físico-química: umidade 43-45%,<br />
gordura 28-30%, proteína 21 %, teor de sal 3,0-<br />
3,5% (LOURENÇO NETO, 1984; FURTADO;<br />
LOURENÇO NETO, 1994). O Prato é um queijo<br />
gordo, em média 27% de gordura, de média umidade<br />
(43%), massa semi-cozida, de consistência semi<br />
dura e textura homogênea, com poucas e pequenas<br />
olhaduras lisas e bri lhantes. O sabor é suave,<br />
levemente adocicado e sua cor é amarelo-ouro.<br />
Antes de ser consumido deve maturar por um<br />
período de 45 a 60 dias (PERRY, 2004).<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
Foram usados três tipos de queijos: Prato,<br />
Gorgonzola e Parmesão advindos de um mesmo<br />
laticínio. Foram realizadas as análises físico-<br />
Pág. 232<br />
qUlmlcas: extrato seco total (EST) (CASE,<br />
BRADLEY JR.; WILLIAMS, 1985), acidez<br />
titulável (IAL, 1985), gord ura (lAL, 1985),<br />
gordura no extrato seco (GES = Gord ura/<br />
ESTx I (0), nitrogênio total - NT (AOAC,<br />
1997), nitrogênio solúvel em pH 4,6 - NNC<br />
(SILVA et aI., 1997), nitrogênio solúvel em TCA<br />
12% - NNP (SILVA et aI., 1997), tirosina e<br />
triptofano (VAKALERIS; PRICE, 1959). O<br />
índice de extensão da maturação (lEM) fo i<br />
determinado por NNC/NTx 1 00 e o índice de<br />
profundidade da maturação (lEP) por NNP/<br />
NTx lOO (WOLFSCHOON-POMBO, 1983).<br />
Todas as análises foram realizadas em triplicata.<br />
A análise de variância (ANOVA) dos resultados<br />
fo i realizada a partir de um delineamento<br />
inteiramente casualizado (DIC), com a utilização<br />
do teste de Tukey, considerando-se um nível de<br />
significância p
sensorial characteristics (taste, flavor,<br />
consistency) during the ripening. The aim of<br />
this work was to evaluate the centesimal<br />
composition and the indices of ripening of three<br />
di fferent ripened cheeses: Gorgonzola, Parmesan<br />
and Prato. The cheeses showed 0,67 to 3,44%<br />
acidity, 34,54 to 41,49% moisture, 32,47 to<br />
51,95% fat in dry matter, 22,48 to 31,37%<br />
protein, 3,65 to 6, II % ashes; 175,3 1 to 583,86<br />
mg of tyrosine/ I 00 g of cheese; 4 1,82 to 98,84<br />
mg of tryptophan/ l OOg of cheese. The ripening<br />
depth indices varied from 4,53% to 23,82% and<br />
the ripening extension indices varied from 7,37%<br />
to 30,62%. Besides the wide variability in the<br />
composition between the different types of<br />
ri pened cheese, it was also observed a wide<br />
variation in ripening indices, related to the<br />
different process parameters, microbiota used,<br />
the rennet type, the enzymes produced by lactic<br />
bacteria added, and the enzymes from non lactic<br />
starter culture .<br />
Key words: cheese, indices of ripening,<br />
centesimal composition.<br />
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• • •<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
MATURAÇÃO DE QUEIJO PRATO: COMPARAÇÃO ENTRE O PRODUTO INTEGRAL E O<br />
PRODUZIDO COM TEOR REDUZIDO DE GORDURA<br />
Ripening of prato cheese: comparison between full-fat and low-fat products<br />
RESUMO<br />
Claudia Ribeiro Borges Silva1<br />
Bruna Rodrigues Morettil<br />
Aline Cristina Nabuco1<br />
Graziele Aparecida Chiuchi Garcia1<br />
Ana Lúcia Barretto Penna 1<br />
Queijos com teores reduzidos de gordura são caracterizados por apresentarem determinados<br />
defeitos não observados nos seus correspondentes feitos com teor integral. A redução no<br />
conteúdo de gordura tem um efeito negativo sobre as características sensoriais do queijo.<br />
além das conseqüências econômicas negativas tanto no rendimento dos queijos de baixa<br />
gordura como em sua maturação. Neste trabalho foi estudado o efeito da redução do teor<br />
de gordura nas características físico-químicas e na evolução da maturação de queijo tipo<br />
Prato. Foram realizadas análises físico-químicas dos queijos após 30 e 48 dias de maturação<br />
em três lotes de queijos. Os queijos do lote 2 foram os que apresentaram os menores teores<br />
de gordura. Em relação ao queijo tradicional, a redução nos teores de gordura foi em média<br />
35% e 45% para os queijos dos lotes I e 2, re spectivamente . Os queijos do lote I<br />
apresentaram os maiores teores de cinzas e proteína total. Os queij os do lote 3 foram os<br />
que apresentaram maiores índices de extensão e profundidade da maturação, indicando<br />
menor proteólise nos queijos com teor reduzido de gordura.<br />
Palavras-chave : maturação, queijo Prato, teor reduzido de gordura.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
Queijo Prato é o queijo maturado que se<br />
obtém por coagulação do leite por meio do<br />
coalho e/ou de outras enzimas coagulantes<br />
apropriadas. complementada ou não pela ação<br />
de bactérias lácticas específicas (BRASIL,<br />
1997). É um queijo gordo, de média umidade,<br />
massa semi-cozida de consistência semi-dura e<br />
textura homogênea, com poucas ou nenhuma<br />
olhaduras lisas e brilhantes. Seu sabor é suave,<br />
levemente adocicado e sua cor é amarelo-ouro<br />
(PERRY, 20(4). Durante o processo de<br />
maturação dos queij os ocorrem diversas<br />
transformações bioquímicas que envolvem<br />
carboidratos, proteínas e lipídeos,<br />
correspondendo à glicólise, proteólise e lipólise,<br />
respectivamente (WOLFSCHOON-POMBO,<br />
1983; FOX, 1993). A estrutura e a composição<br />
ci o queijo mudam e, conseqüentemente, suas<br />
propriedades sensoriais se desenvolvem,<br />
estando envolvidos aspectos bioquímicos,<br />
microbiológicos, bem como os puramente<br />
químicos e físicos (WALSTRA et (/1. , 1999). A<br />
maturação do queijo Prato é muito importante,<br />
pois é nessa fase do processamento, realizada<br />
em condições de temperatura e umidade<br />
controladas, que o produto adquire as características<br />
que lhe são peculiares (SILVA , VA N<br />
DENDER & BALDINI, 1999). A redução no<br />
conteúdo de gordura tem um efeito negativo<br />
sobre as características sensoriais do queijo. além<br />
de conseqüências econômicas negativas tanto<br />
no rendimento dos queijos de baixa gordura<br />
como em sua maturação. Estudos visando a<br />
produção de queijos com baixa gordura<br />
UNESP - Departamento de Engenharia e Tecnologia de Alimentos DETA. São José do Rio Preto. SP-Brasil.<br />
analucia@ibilce.unesp.br; rbsclaudia@yahoo.com.br.<br />
digitalizado por<br />
arvoredoleite.org<br />
235
geralmente mostram que esses produtos feitos<br />
pelos métodos convencionais têm defeitos<br />
senSOriaiS, como um aroma pobre, sabor<br />
indesejável (gosto amargo) e textura, que é<br />
muito firme e elástica (também descrita como<br />
"borrachenta") ou danificada pela cristalização<br />
do lactato de cálcio (RODRÍGUEZ, 1998). A<br />
remoção da gordura promove uma alteração na<br />
proporção dos vários componentes do queijo e<br />
aumenta o seu teor de umidade. Por outro lado,<br />
a relação entre a umidade e o teor de sólidos<br />
não gordurosos do queijo é geralmente similar à<br />
dos integrais e, por conseguinte, o conteúdo de<br />
sal na fase úmida de queijo com teor reduzido<br />
de gordura é menor. Essas alterações no microambiente<br />
do queijo são grandemente<br />
responsáveis não somente pelas alterações nas<br />
características fu ncionais e sensori ais desses<br />
queijos, como também em suas características<br />
microbiológicas e bioquímicas (SILVA et ai. ,<br />
2004). Neste trabalho foi estudado o efeito da<br />
redução do teor -de gordura nas características<br />
fi sico-químicas e na evolução da maturação de<br />
queijo tipo Prato.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
Foram avaliados três lotes de queij os,<br />
sendo o primeiro produzido na Planta Piloto<br />
do DETA - UNESP e os demais, queijos<br />
comerciais light (lote 2) e tradicional (lote 3)<br />
produzidos em escala industrial. O primeiro lote<br />
fo i produzido a partir de leite pasteurizado<br />
padronizado com um teor de gord ura médio de<br />
1,9%, adicionado de 2% de cultura mesofílica<br />
(L lactis ssp lactis e L. laC/is ssp crel11oris),<br />
0,03% de coalho e 0,3% de cloreto de cálcio. A<br />
coagulação ocorreu entre 30-40 minutos, sendo<br />
o corte realizado durante 10-15 minutos,<br />
seguido da retirada de 1/3 de soro e aquecimento<br />
até 40°C. O tempo de tratamento da massa foi<br />
de 60 minutos a contar do corte. A massa foi<br />
enformada e prensada por 30 minutos, invertida<br />
e prensada até o dia seguinte. A salga em<br />
salmoura (d= 18-200Baumé) foi efetuada durante<br />
5 horas. seguida da secagem, embalagem a vácuo<br />
e estocagem em câmara para maturação (13°C<br />
e UR=80%). Foram realizadas as determinações<br />
de extrato seco total (EST) (CASE, BRADLEY<br />
J R.;WILLIAMS, 1985), acidez titulável<br />
(I AL, 1985), gordura (lAL, 1985), gordura no<br />
extrato seco (GES = Gordura/ESTx I 00), cinzas<br />
(lAL, 1985), nitrogênio total - NT (AOAC,<br />
1997), nitrogênio não caséico - NNC (SILVA et<br />
aI., 1997), nitrogênio não protéico NNP<br />
(SILVA et (/ 1. , 1997) e atividade de água - Aa<br />
(VAN DENDER et aI. , 1995). O índice de<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
extensão da maturação (lEM) foi determinado<br />
por NNC/NT x 100 e o índice de profundidade<br />
da maturação (IPM) por NNP/NT x 1 00<br />
(WOLFSCHOON-POMBO, 1983). Todas as<br />
análises foram realizadas em triplicata após 30<br />
e 48 dias de maturação. A análise de variância<br />
(ANOVA) dos resultados fo i realizada a partir<br />
de um delineamento inteiramente casualizado<br />
(DIC), com a utilização do teste de Tukey,<br />
considerando-se um nível de significância<br />
p
FUNESP, 1995.<br />
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e<br />
Abastecimento. Regulamento Técnico de<br />
Identidade e Qualidade do Queijo Prato.<br />
Portaria 358 de 04 de setembro de 1997.<br />
BRAS IL. Ministério da Saúde. Secretaria de<br />
Vigilância Sanitária. Regulamento Técnico<br />
referente à Informação Nutricional<br />
Complementar (declarações relacionadas ao<br />
conteúdo de nutrientes), constantes do anexo<br />
desta portaria. Portaria n. 27, de 13 de janeiro<br />
de 1998. Diário Oficial da União, Poder<br />
Executivo, de 16 de janeiro de 1998.<br />
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• • •<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
SEPARAÇÃO DAS PROTEíNAS DO SORO DE QUEIJO POR ADSORÇÃO UTILIZANDO<br />
HIDROXIAPATITA E CARVÃO ATIVADO COMO ADSORVENTES<br />
Separation of the cheese serum proteins by adsorption using hydroxil apatite and<br />
activated carbon as adsorvents<br />
RESUMO<br />
Robinson Silva de Santana1<br />
Sarah de Arruda Costa2<br />
César Augusto Moraes de Abreu3<br />
Sonia Sousa Melo C á valcanti de Albuquerque3<br />
A produção de queijo origina elevados volumes de soro rico, principalmente, em lactose,<br />
proteínas e sais minerais. Cerca de 50% de todo o soro produzido não é aproveitado,<br />
sendo descartado sem nenhum tratamento. Um litro de soro possui uma DBO entre<br />
30.000 e 60.000 de O 2 , estando esses valores cerca de 100 vezes mais elevados que os do<br />
esgoto doméstico, causando assim uma séria poluição ambiental. O presente trabalho<br />
propões a valorização do soro de queijo através da hidrogenação catalítica da lactose em<br />
reatos de leito de lama, gerando lactitol, substância de maior valor no mercado, após<br />
conveniente separação dos componentes. Inicialmente, o soro de queijo foi submetido à<br />
adsorção utilizando a hidroxiapatita durante 24 horas tendo o conteúdo de proteínas e<br />
lactose determinado antes e após o processo adsortivo. Procedeu-se de maneira semelhante<br />
com o carvão ativado, permitindo uma avaliação do desempenho dos presentes<br />
adsorventes. A hidroxiapatita apresentou um baixo desempenho na remoção das proteínas,<br />
ao contrário do carvão ativado que apresentou um bom desempenho, havendo poré,<br />
consideradas perdas de lactose.<br />
Palavras-chave: Proteína. Soro de Queijo. Adsorção.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
A produção mundial de soro de queijo é<br />
estimada em 130 milhões de toneladas por ano,<br />
sendo 95% dos quais originadas na fabricação de<br />
queijo. O restante provém da manufatura de<br />
caseína e leite coagulado (ZALL, 1992:<br />
PELLEG RINO & PETENATE, 1988). No<br />
Brasil, a disponibilidade de soro tem aumentado<br />
significativamente. A produção de queijo origina<br />
elevados volumes de soro rico, principalmente,<br />
em lactose. proteínas e sais minerais.<br />
Considerando que o soro de queijo contém<br />
em peso 0,9% de proteína, 4,9% de lactose,<br />
0,6% de sais minerais e 0,3% de gordura,<br />
perdem-se c om seu desperd ício<br />
Químico Industrial. Mestre em Engenharia Química UFPE.<br />
2 Estudantes de Engenharia Química - UFPE.<br />
:3 Professores do Departamento de Engenharia Química - UFPE.<br />
digitalizado por<br />
aproximadamente, por ano, 41.000 toneladas<br />
de proteína, 205.000 toneladas de lactose,<br />
29.000 toneladas de sais minerais e 12.000<br />
toneladas de gordura. Na realidade, o soro<br />
apresenta ulll a composição variada, sendo<br />
afetada pelo tipo de queijo de que se origina,<br />
pelo tratamento térmico e pelo manuseio<br />
(ABREU, 1999). Cerca de 50% de todo o soro<br />
produzido não é aproveitado, sendo descartado<br />
sem nenhum tratamento. Um litro de soro<br />
possui uma DBO entre 30.000 e 60.000 de O"<br />
estando esses valores cerca de 100 vezes ma(s<br />
elevado que os do esgoto doméstico, causando<br />
assim uma séria poluição ambiental. Melhor que<br />
investir em um tratamento oneroso deste<br />
Pág. 239<br />
arvoredoleite.org
efluente é considera-lo um subproduto de maior<br />
valor agregado (ABREU, 1999). O processo de<br />
hidrogenação constitui uma rota química capaz<br />
de transformar biomassa polissacarídicas em<br />
polióis. Tratando-se da lactose obtém-se<br />
lactitol, adoçante de baixas calorias apresentando<br />
um largo espectro de utilização na<br />
indústria de alimentos (FERNANDES, 200 I).<br />
No sentido de efetuar a hidrogenação da lactose<br />
torna-se necessário à remoção das proteínas<br />
presentes no soro. A hidroxiapatita utilizada<br />
na adsorção das proteínas é um adsorvente de<br />
baixo custo, não tóxico, que pode ser preparado<br />
através de simples operações, oferecendo a<br />
possibilidade de separação seletiva (ROSSANO<br />
et aI, 200 I). O carvão ativado é constituído<br />
pelo empilhamento aleatório de camadas planas<br />
de átomos de carbono em arranj os hexagonais,<br />
ou planos basais (FERNANDES, 2001). O<br />
presente trabalho teve como fi nalidade pri ncipal<br />
a separação das proteínas do soro de queijo<br />
por adsorção utilizando a hidroxiapatita e o<br />
carvão ativado como adsorventes.<br />
2 - MATERIAIS E MÉTODOS<br />
2.1 - Coleta do soro de queijo<br />
Proveniente da fabricação de queijo coalho,<br />
o soro de queijo fo i coletado em recipientes<br />
assépticos no Laticínio Do Queijo Caseiro Ltda,<br />
Cidade de Limoeiro / PE e trazido ao laboratório<br />
em ambiente re frigerado.<br />
2.2 - Adsorção das proteínas do soro de<br />
queijo<br />
Te ndo como objeti vo a remoção das<br />
proteínas do soro de queijo, foram utilizados a<br />
hidroxiapatita e carvão ativado.<br />
2.2.1 - Preparação do adsorvellte hidroxiapatita<br />
A hidroxiapatita fo i preparada tomandose<br />
500 ml de Na,HPO. 0,5M e 500 ml de CaCI,<br />
0,5M os quais fram ingeridos a uma taxa d<br />
250 ml/h em um béquer de 200mL sob agitação<br />
de 210 rpm, contendo 50mL de NaCI I M. O<br />
precipitado fo i fi ltrado três vezes com água<br />
destilada, cada vez com I litro, sendo<br />
posteriormente devolvido ao béquer com aj uda<br />
de I L de água. Em seguida, adicionou-se 25 ml<br />
de solução de NaOH a 40% e o sistema foi aferido<br />
sob agitação de 100 rpm, durante I hora. O<br />
excesso foi retirado e o precipitado foi lavado<br />
com água destilada.<br />
Pág. 240<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
2.3 -Adsorção da proteína utilizando<br />
hidroxiapatita<br />
Para a remoção de proteínas com hidroxiapatita,<br />
250 ml de tampão fó sforo pH 5.0,<br />
concentração 0,0 I M, foram adicionados a 25g<br />
de hidroxiapatita contidos num balão de fundo<br />
chato, em agitação utilizando um bastão<br />
magnético durante I hora, para equilibrar o<br />
adsorvente . O tampão foi retirado e 70 ml de<br />
soro após tratamento térmico pH 5.0 foram<br />
introduzidos ao balão de fundo chato contendo a<br />
hidroxiapatita, permanecendo em agitação<br />
durante 24 horas. No dia seguinte, efetuou-se a<br />
filtração, reservando o fi ltrado para análise de<br />
proteín as.<br />
2.4 - Adsorção da proteína utilizando carvão<br />
ativado<br />
Utilizou-se carvão ativado para a remoção<br />
de proteínas por adsorção tomando-se 700 ml<br />
de soro de queijo após tratamento térmico pH<br />
5.8 e submetendo-se à agitação em presença de<br />
10% de carvão ativado durante 24 horas. A seguir<br />
o soro fo i fi ltrado e reservado para a reação.<br />
Foram retiradas amostras para a determinação<br />
do teor de proteínas e lactose antes e após o<br />
tratamento adsorti vo.<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÕES<br />
O soro de queijo após adsorção com carvão<br />
ativo apresentou-se incolor e inodoro, havendo<br />
alteração no pH de 5.8, antes da adsorção, para<br />
6.6 no fi nal do processo. Após a adsorção com<br />
hidroxiapatita, o soro de queijo ainda apresentava<br />
odor e cor característico, havendo alteração no<br />
pH de 5.8 para 9.0. A tabela I apresenta o<br />
desempenho do carvão ativado e da hidroxiapatita<br />
no processo de adsorção de proteínas e lactose. O<br />
percentual de remoção de proteínas do soro<br />
utilizando hidroxiapatita foi baixo nas condições<br />
estudadas, evidenciando o fraco desempenho do<br />
adsorvente em leito de lama. Os trabalhos utilizando<br />
hidroxiapatita se resumem a cromatografia em<br />
coluna revelando dois efeitos para que haja sucesso<br />
na separação. O efeito cromatográfico frontal que<br />
consiste na dinâmica de saturação da coluna<br />
durante a alimentação da mistura e a competição<br />
pelos sítios da hidroxiapatita (fase estacionária)<br />
onde as substâncias que se ligam fo rtemente a<br />
superfície empurram a frente as de fraca interação<br />
até que todos os componentes se localizem em<br />
zonas consecutivas de substâncias puras (VOGT &<br />
R UTH, 1997). O baixo desempenho da hi-<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
droxiapatita provavelmente está relacionado a<br />
ausência dos efeitos dinâmicos em coluna, podendo<br />
ser alvo de estudos mais profundos em outros<br />
trabalhos. Determinações dos teores de proteínas<br />
antes e após o tratamento adsortivo com carvão<br />
ativado revelaram a remoção de 81 % das proteínas<br />
que remanesciam após o tratamento térmico,<br />
deixando o soro com apenas O, l1 %. Devido à<br />
ausência de referências a este respeito, foi utilizada<br />
uma quantidade de carvão ativo muito elevada<br />
(10%), causando também remoção de lactose<br />
(41 %).<br />
4 - CONCLUSÃ O<br />
Os resultados obtidos permitem concluir<br />
que o uso de hidroxiapatita como adsorvente<br />
em sistemas de leito de lama não se mostrou<br />
adequado para remoção de proteínas do soro<br />
bruto ou após tratamento térmico. O carvão<br />
ativado apresentou-se conveniente para a<br />
remoção de proteínas do soro de queijo<br />
parcialmente pasteurizado. Torna-se necessário<br />
a otimização das variantes no sentido de<br />
minimizar as perdas de lactose.<br />
5 - ABSTRACT<br />
The cheese production generates a high<br />
volume of serum lhat is rich in lactose, proteins<br />
and mineral salts . About 50% of ali produced<br />
serum is not used at alI. lt is discharged in the<br />
environment without any treatment. One \iter<br />
of serum has an OBD varying between 30,000<br />
and 60,000 mg of O,. This value is one hundred<br />
times greater than OB D of regular house sewage;<br />
hence, the eheese serum diseharge cause a severe<br />
environmental pollution problem. This work<br />
suggests the cheese serU/11 to be processed via<br />
catalytic hydrogenation of lactose in a mud bed<br />
reactor, producing lactitol. Lactitol has a good<br />
market value after the separation of the serum<br />
components. The separation process was<br />
carried out, initially, using the hydroxil apatite<br />
as adsorbent for 24 hours. The amount of the<br />
proteins and lactose present in the serum was<br />
measured before and after the absorption<br />
process took place. The same procedure was<br />
adopted using active carbon as adsorbent, whieh<br />
enable the results obtained by these two<br />
processes to be evaluated. The hydroxil apatite<br />
presented a low performance in protein<br />
removal. The acti vated carbon presented a good<br />
performance as adsorbent; however, it produced<br />
a considerable lactose loss.<br />
Key words: Proteins, Cheese serum,<br />
Adsoption.<br />
6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
ABREU, L.R. Tecnologia de Leites e derivados,<br />
Tahela 1 - Resultados do processo de adsorção de proteínas utilizando hidroxiapatita e carvão ativado<br />
como adsorventes.<br />
Descrição elo Cone. (g/l OOg) an tes Conc. (g/l OOg) após Percentual de re moção<br />
Tratamento tratamento tratamento<br />
Adsortivo do Proteína Lactose Proteína Lactose Proteína Lactose<br />
Soro bruto<br />
submetido a 0,82 49,0 0,63 45,0 23,0 8,0<br />
adsorção com<br />
hidroxiapatita<br />
Soro após<br />
tratamento<br />
térmico 0,48 49,0 0,34 47,0 29,0 4,0<br />
submetido a<br />
adsorção com<br />
hidroxiapatita<br />
Soro após<br />
tratamento<br />
térmico 0,52 46,05 O, 10 27, 16 81,0 41,0<br />
submetido a<br />
adsorção com<br />
carvão ativado<br />
digitalizado por<br />
arvoredoleite.org<br />
Pág. 241
1999. UFLA, FAEPE. Ia ed. Minas Gerais. 215p.<br />
FERNANDES, M .B.C. 200 I. Valorização de<br />
Sacarídeos por Hidrólise Catalítica em Reator<br />
Trifásico Mecanicamente Agitado. Dissertação<br />
(Mestrado em Engenharia Química). Universidade<br />
Federal de Pernambuco, Recife - PE.<br />
PELLEGRlNO, A.M.; Penate, A.M. 1988.<br />
Precipitação de Proteínas do Soro de Queijo com<br />
Amido. Ciência e Tecnologia dos Alimentos, 8:<br />
97 114.<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
• • •<br />
VOGT, S.: R U HT, F. 1997. Comparison of<br />
anion - exchange and hydroxil apatite<br />
displacement. Chromatography for the<br />
lsolation of Whey Proteins. Journal<br />
Chromatography, 766: 125 - 137.<br />
JALL, R. 1992. Sources and Compositions of<br />
Whey and Permaste, Why and Lactose<br />
Processing. Journal Dairy of Science, 67: 2654<br />
- 79.<br />
• • • •<br />
AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DO QUEIJO MANTEIGA COMERCIALIZADO À<br />
TEMPERATURA AMBIENTE E SOB REFRIGERAÇÃO<br />
Microbiologic evaluation of the buUer cheese commercialized in the ambient<br />
temperature and refrigerated<br />
RESUMO<br />
Sonia Sousa Melo Cavalcanti de Albuquerque1<br />
Olga Martins Marques2<br />
Cacilda Oliveira3<br />
Julierme Gomes Correia de Oliveira3<br />
Foram coletadas 15 amostras de queijo de manteiga, típico da região Nordeste, em<br />
estabelecimentos comerciais da Cidade de Recife, com o objetivo de avaliar as condições<br />
higiênicas sanitárias deste alimento. As análises microbiológicas constaram de<br />
determinação do número mais provável de Co/(orll/es To tais e Te rll/% /erall/es, contagem<br />
padrão em placas de bactérias mesófilas, bolores e leveduras, pesquisa de Sa!/IloJlella sI',<br />
Staphy/ococlIs allrells e Pselldoll/ollas aerll!{illosa. Das quinze amostras analisadas, oito<br />
estavam à temperatura ambiente e sete sob refrigeração. Do total de amostras analisadas,<br />
66,66% apresentaram Co/ifol'mes To /ais, sendo 33,33% com contagem 3 2,0 x 10' e<br />
33,33% entre 9,0 x 102 e 9,3 x 103• Encontrou-se contaminação por Co/ifo r/1/ es<br />
Te rmoto!erallles em 46,66% das amostras, sendo 13,33c}() com valores 3 2,0 x 10' e<br />
33,33% com valores entre 4,0 x 102 e 1,5 x 101 . As unidades fo rmadoras de colônia<br />
(UFC) de bactérias em 33,33% das amostras apresentaram contagem acima de 106 UFC/<br />
g e 13% do produto apresentou valores acima de 10' UFC/g para bolores e leveduras. Foi<br />
detectada a presença de Sa!l1lollella sp (40%), Staphy/ocOCllS allrells (86,66%) e<br />
Pselldo/llOlIaS lIerc/!{illos{/ (40%) nas amostras pesquisadas. Desta forma, pode-se concluir<br />
que do ponto de vista microbiológico as amostras analisadas encontram-se i mpróprias<br />
Professora do Departamento de Engenharia Química - UFPE .<br />
2 Engenheira Química do Depto de Engenharia Química - UFPE.<br />
Estudantes de Engenharia Química - UFPE.<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
para o consumidor, sendo necessana a aplicação de medidas de proteção e cuidados de<br />
higiene no acondicionamento e manipulação do produto.<br />
Palavras-chave: Queijo de manteiga, Anál ise microbiológica.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
o queijo manteiga, também conhecido como<br />
"Requeijão do Nordeste", é um alimento<br />
tradicionalmente consumido pela população<br />
nordestina. Este queijo é produzido principalmente<br />
nos estados de Pernambuco, Rio<br />
Grande do Norte, Sergipe, Paraíba e Alagoas .<br />
Diferentemente do queijo de coalho, este produto<br />
é obtido sem uso do coal ho, já que a coalhada é<br />
obtida por desnaturação ácida (FERREIRA,<br />
2(00), a tecnologia da fabricação deste produto<br />
apresenta grande variabilidade, possuindo em<br />
comum as etapas de coagulação do leite desnatado,<br />
dessoragem da massa com água e/ou leite, salga,<br />
fusão da massa com manteiga da terra, moldagem<br />
ou enformagem. O produto é geralmente<br />
apresentado em formato de paralelepípedo, entre<br />
2,0 a 10,0 Kg (VENTURA, 1987;). Jassen<br />
Escudero & Rodriguez - Amaya, 1981, em um<br />
estudo sobre queijo de manteiga, determinaram a<br />
composição físico-química de amostras<br />
provenientes de diferentes unidades de<br />
processamento, concluindo que o produto possuía<br />
alto teor de proteínas e baixo teor de gordura.<br />
Alguns queijeiros resolveram baratear o produto<br />
mediante a substituição total ou parcial da gordura<br />
láctea por óleo vegetal. descaracterizando o<br />
produto original. (LIMA et ai, 2(02).<br />
O leite destinado à fabricação de queijo deve<br />
prover de animais sadios e ser de boa qualidade<br />
bacteriológica. Na fabricação de queijos, a qualidade<br />
do produto é diretamente proporcional à qualidade<br />
da matéria-prima, o leite (FURTADO, 1991). Cerca<br />
de 50% do queijo fabricado no Brasil é feito<br />
artesanal mente e sem controle higiênico-sanitário<br />
ou de qualidade (BORTOLETO et ai, 1997).<br />
A import ância da microbiota como fator<br />
higiênico e tecnológico influi sobre a qualidade<br />
dos produtos fi nais através de atividade<br />
metabólica de microrganismos que resitem a ação<br />
do processamento industrial, influindo<br />
decisivamente sobre a capacidade de elaboração<br />
e qualidade sensorial, tecnologia e toxicológica<br />
do queijo (MARQUES, 2(00).<br />
Ainda que as condições no momento de<br />
fabricação sejam adequadas, o acondicionamento<br />
e venda do produto nos estabelecimentos<br />
comerciais comprometem o alimento por não<br />
atender as condições higiênicas contribuindo para<br />
digitalizado por<br />
o desenvolvimento de microrganismos patogênicos,<br />
que podem causar danos à saúde do<br />
consumidor.<br />
Este trabalho teve por objetivo avaliar as<br />
condições higiênicas e sanitárias do queijo<br />
manteiga comercializada à temperatura ambiente<br />
e sob refrigeração, em Recife - PE.<br />
2 - MATERIAIS E MÉTODOS<br />
Foram adquiridas 15 amostras de queijo<br />
manteiga, em estabelecimentos que comercializam<br />
o produto, sendo alguns queijos mantidos<br />
sob re frigeração e outros mantidos à temperatura<br />
ambiente.<br />
Das 15 amostras analisadas, oito estavam<br />
à temperatura ambiente e sete sob refrigeração.<br />
As amostras pesavam em torno de 250 a 300g,<br />
tendo sido cortadas e embaladas pelo vendedor.<br />
As amostras foram acondicionadas em caixas de<br />
isopor, contendo gelo, e posteriormente encaminhadas<br />
para o laboratório de microbiologia,<br />
onde foram realizadas as análises microbiológicas<br />
seguindo-se as normas recomendadas para este<br />
tipo de alimento. Os parâmetros avaliados foram<br />
os seguintes: Determinação do Números Mais<br />
Provúvel (NMP) de Co/ifo 1'111 es To tais e<br />
Te rllloto/e/'olltes, Contage m padrão em placas<br />
de microrganismos mesófilo aeróbios, Contagem<br />
de bolores e leveduras, Pesquisa de Salmonella<br />
sp, Staphylococus aureus e Pseudomonas<br />
aeruginosa de acordo com a metodologia<br />
recomendada pela Internnational Commission<br />
on Microbiological Specification fo r Foods<br />
(IC MSF, 2(00).<br />
3 - RESULTA DOS E DISCUSSÃO<br />
Segundo Lerayer & Carvalho (1998), os<br />
ColUá/'mes To tais e Te l'lIloto/eralltes, por se tratar<br />
de microrganismos indicadores de contaminação,<br />
são destruídos durante o processamento térmico e<br />
sua presença indicaria práticas de higiene e<br />
sanitização inadequadas na produção. Os Co!!(ormes<br />
To tais estavam presentes em 66,66% das amostras<br />
analisadas, enquanto que 46,66% dos queijos<br />
apresentavam-se contaminados com Co!(j'ormes<br />
Te rJ//oto/erantes. É provável que esta contaminação<br />
arvoredoleite.org
seja proveniente das condições de armazenamento<br />
do produto, falta de higiene nos recipientes e facas<br />
utilizadas para corte dos queijos bem como falta de<br />
higiene das mãos dos vendedores. A tabela I<br />
apresenta os resultados das análises microbiológicas<br />
realizadas. Observa-se que 40% das amostras estavam<br />
contaminadas com Sall11ol/efla sp, e 86,66% com a<br />
bactéria StaphylococlIs aureus. Observou-se ainda,<br />
que em 40% das amostras anallisadas havia a<br />
presença de Pselldol110llaS aerugillosa. Embora esta<br />
bactéria não seja pesquisada neste tipo de alimento,<br />
a presença da mesma pode inibir o desenvolvimento<br />
de bactérias do grupo coliforme. As unidades<br />
formadoras de colônia de bactérias (UFC) em 33,33%<br />
das amostras apresentaram contagem acima de 10ó<br />
UFC/g e 13% do produto apresentou valores acima<br />
de 10" UFC/g para bolores e leveduras. A refrigeração<br />
do queijo manteiga no comercio é feita de modo<br />
irregular e às vezes intercaladas por longos períodos<br />
onde o produto fica exposto à temperatura<br />
ambiente. Por outro lado, a maior parte do queijo<br />
é estocada no refrigerador sem nenhuma<br />
embalagem, o que pode justificar a fato de haver<br />
contaminação no prod uto refrigerado. Os<br />
resuitados destas análises demonstraram a qualidade<br />
microbiológica inadequada evidenciando prováveis<br />
deficiências nas condições de armazenamento e<br />
falta de cuidado higiênico-sanitários.<br />
4 - CONCLUSÕ ES<br />
Do ponto de vista microbiológico as<br />
amostras analisadas encontram-se impróprias<br />
para o consumo. sendo potencialmente capaz de<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
produzir intoxicação alimentar, devido a presença<br />
de bactérias indicadoras de contaminação fecal e<br />
Staphylococus aurellS, o que implica necessariamente<br />
em contaminação por manipuladores<br />
e acondicionamento adequado.<br />
Ao analisar estes resultados microbiológicos<br />
conclui-se que a aplicação de medidas de proteção<br />
e cuidados de higiene no acondicionamento e<br />
manipulação do produto se faz necessária para<br />
garantir um alimento de qualidade.<br />
Para reduzir a presença de microrganismos<br />
patogênicos nesse produto, os estabelecimentos<br />
comerciais deveriam ser fiscalizados pelos órgãos<br />
governantes re sponsáveis pelo controle de<br />
qualidade de alimentos.<br />
5 - ABSTRACT<br />
The butter cheese is produced typically in<br />
the Northeast of Brazil. In order to evaluate the<br />
sanitary conditions in which they are conditioned<br />
and sold, it was collected 15 samples in food stores<br />
in the city of Recife. The microbiological analysis<br />
carried out on these samples consisted of: the<br />
calculation of the number of the most probable<br />
{o{al and {olerall! colU(J/'Ills the standard countig<br />
on glass sIides of mesophilic bacterias, mold and<br />
veast and the search of the presence of Sallllo/lella<br />
sp, SflIphylococus aureus. Pseudol11o/las<br />
ael'l/gil/osa. Eight out the fi fteen samples were<br />
conditioned ai ambient temperature and seven were<br />
refrigerated. One of the main results of the analysis<br />
was that 66,66c7c, of the samples presented wtal<br />
colif(lJ'Ills. Half of them presented 3 2Ax 10' {o{{1!<br />
Ta bela 1 - Resultados das análises microbiológicas do queijo manteiga comercializado à temperatura<br />
ambiente e sob refrigeração, em Recife PE<br />
Amostra Co I ijil/'ll/e.l' Colijilrllle.\' Bactérias Bolores e S/aphylococlI.I' Sallllollella P.I'eI Ic!O/I/O//(/.\·<br />
/owi.l' Te r/l/o{o!er(lIl/e.l' Mesófilas Leveduras allrellS .I'pell/ 25g aerllgil/o.\'a<br />
(NMP/g) (NMP/g) (UFC/g) (UFC/g) Aus/Pres Aus/Pres ( NMP/g)<br />
32.4x I0' 9.0x I0' 6.9 xlO'1 7.2 xlO) + 5, I<br />
2 2.0x I0' 1 .5x 10) 3,lxI0·1 2, Ix 10) + + 0.0<br />
3 2.0xI0' 2,Ox I0" 9,8x 10 . 1 1,9x I0' + + 0.2<br />
4 2,Ox I0' 2,Ox I0' > 16,0 > 16,0 + + 5.1<br />
5 0.0 0,0 3.6x 1 0.1 6,Ox 101 + 0.0<br />
6 4,3xI0) 4.0x I0" I ,3x 10' 2,Ox 101 + 0.0<br />
7 0,0 0,0 1 .2x I 04 5,8x 101 + 0.0<br />
8 3.9xI0) 4,Ox 102 2,3xI0" 1,3xI 0·1 + 0.0<br />
9 2.0x I0' 0,0 > 16,0 7,4x I0·1 0,0<br />
10 9,Ox 102 0,0 > 16,0 8,7x I0) + 0.0<br />
11 0.0 0.0 1,96x I0" 6,Ox I0) + 0,0<br />
12 0.0 0.0 5,2xI 0·1 8.5x102 + 4 ,0<br />
13 9.3x 10) 1,5xI0) > 16,0 5,8x 101 + + 4.0<br />
14 0.0 0,0 2,18x 10) 2,5xI0) + + 0.0<br />
15 2.0x I0) 0,0 > 16,0 2,3xI0" + + 3.0<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
colifor11lS and the remaining had values ranging<br />
between 9,Oxl02 and 9,0 xIO·\ Also, 46% of the<br />
samples were contaminated by thermo tolerant<br />
colifo rms, in which, 13,33% presented values 3<br />
2,Oxl 05 and , 33,33% had values ranging between<br />
4,Oxl02 and 1,5xl03• The counting of bacteria's<br />
colonies forming units (CFU) resulted ina value<br />
above 106 CFU/g in 33,33% of the samples. For<br />
mold and yeast counti ng, the values were above<br />
105 CFUlg. AIso, it was detected the presence of<br />
Salmo/lella sp and Pseudol1lo1las aeruginosa in<br />
40% of the samples and Staplzylococus aureus in<br />
86,66%. Thus, in the microbiological viewpoint,<br />
the analysed samples were not proper for<br />
consumptio. It is necessary to take actions to<br />
improve the sanitary conditions for handling,<br />
storing and seIling this product.<br />
Key words: butter cheese, microbilogical<br />
analysis-cheese.<br />
6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
BORTOLETO, E. E.; CROCETTA, 1.; NOGUEIRA,<br />
J. R. Leite: realidade e perspectivas. São Paulo: SAA,<br />
1997. (Coleção de cadeias de produção de<br />
agricultura).<br />
FERREIRA, L.G. ;TELLES, F.J.S.; BENEVIDES,<br />
S.O. Perfil do teor de gordura em diferentes<br />
queijos comercializados em Fortaleza. In:<br />
Congresso Brasileiro de Ciências e Tecnologia<br />
dos Alimentos. Livro de Resumo. Fortaleza:<br />
SBCTA, p. 3 - 60. 2000<br />
• • •<br />
FURTADO, M.M. A arte e a ciência do queijo.<br />
São Paulo, Editora Globo, 1991<br />
INTERNATIONAL COMMISSION ON<br />
MICROBIOLOGICAL SPECIFICATIONS FOR<br />
FOODS - ICMSF. Microrganismos de los<br />
alimentos: Su significado y métodos de<br />
enumeración. 2a ed, Zaragoza, Espana. Editorial<br />
Acribia, S.A. voI. I, 2000, 439 p.<br />
JASSEN ESCUDERO, C.; RODRIGUEZ -<br />
AMÁ YA, D.B. Composition of the brasilian<br />
cheese "requeijão do norte". Journal of Food<br />
Science, Chicago, V. 46, n. 3, p. 917 - 919,<br />
May/June, 1981.<br />
LERAYER, A.L.S.; CARVALHO, A.F. Requisitos<br />
microbiológicos de queijos: portaria n° 146. In:<br />
Legislação de produtos lácteos e de alimentos<br />
para fins especiais diet, Iight e enriquecidos. São<br />
Paulo: [s.n], 1998.<br />
LIMA, J.R.; NASSU, R.T. ; BORGES, M.D.F.<br />
Avaliação microbiológica de queijo de coalho, queijo<br />
de manteiga e manteiga da terra produzidos nos<br />
Estados do Ceará e Rio Grande do Norte. Higiene<br />
Alimentar, vol. 16, n° 99, agosto, pág. 57-66.<br />
MARQUES, A.V.M.S. Efeito da pasteurização do<br />
leite para a fabricação de queijo coalho sobre a<br />
biota contaminante e constituinte químico.<br />
2000. Dissertação (Mestrado em Ciência e<br />
Tecnologia de Alimentos). Universidade Federal<br />
da Paraíba, João Pessoa, PB.<br />
VENTURA, R.F. Requeijão do Nordeste: tipos e<br />
fabricações. Revista do Instituto de Laticínios<br />
Cândido Tostes, Juiz de Fora, v. 42, n. 254, p. 3<br />
21, 1987.<br />
• • • •<br />
DETECÇÃO DE FRAUDE EM LEITE POR ADiÇÃO DE ETANOL<br />
Fraud detection in milk for addition of ethanol<br />
Mestre em Microbiologia Agrícola. Universidade Federal de Viçosa.<br />
2 Bacharel em Ciência e Tecnologia de Laticínios. Universidade Federal de Viçosa.<br />
3 Mestranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos. Universidade Federal de Viçosa.<br />
4 Professor do Departamento de Tecnologia de Alimentos. Universidade Federal de Viçosa.<br />
digitalizado por<br />
Mauricio de Oliveira Leite 1<br />
Carlos Henrique Baltazar de Castro2<br />
Ana Cláudia Lopes Fontes3<br />
Sebastião César Cardoso Brandão4<br />
Pág. 245<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />
RESUMO<br />
Um produto contendo alta concentração de álcool (aqui denominado "Concentrad '<br />
Alcoólico") está sendo oferecido no merc ado para ser usado como reconstituinte dO<br />
crioscopia após a adição de água. A recomendação de uso é adicionar 3% (v/v) d<br />
"
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />
Quadro 2 - Resutados de análises físico-químicas do leite após a adição de diferentes concentrações<br />
da "Agua Alcoolizada" e valores de referência (IN 51/2002 - MAPA)<br />
Volume de "Água Alcoolizada"<br />
Análises Adicionado em % (v/v) Va lores de<br />
Referência<br />
0,0 5,0 10,0 15,0<br />
SNG (g/l OOmL)<br />
MG (g/ l OOmL)<br />
D (g/mL)<br />
IC (OH)<br />
Acidez (g ác.<br />
Lático/ I OOmL)<br />
8,76<br />
3,08<br />
1,03 1<br />
0,536<br />
0, 15<br />
8,32<br />
2,94<br />
1,029<br />
-0,539<br />
0, 15<br />
7,93<br />
2,77<br />
1,028<br />
-0,544<br />
0, 13<br />
7,61<br />
2,55<br />
1,026<br />
-0,549<br />
0, 13<br />
mínimo 8,4<br />
3,0<br />
1,028 a 1,034<br />
máximo -0,530<br />
0, 14 a 0, 18<br />
pH 6,70 6,7 1 6,73 6,75<br />
0= densidade relativa à ISoC; MG= matéria gorda; IC= índice crioscópico; SNG= sólidos não gordurosos;<br />
4 - CONCLUSÃ O<br />
Considerando que o "Concentrado<br />
Alcoólico" foi enviado por representantes do<br />
setor lácteo, fica evidente que a fraude por adição<br />
de etanol em leite é uma prática já adotada. A<br />
alta sensibilidade do método oficial para análise<br />
de fraude de leite com água e etanol capaz de<br />
detectar 0,2% torna inviável essa prática ilegal.<br />
O método é barato, simples e rápido. O leite<br />
adicionado de 5% e 10% (v/v) da "Água<br />
Alcoolizada" apresentou pequenas alterações nas<br />
suas características normais que dificilmente<br />
condenariam o produto "in natura" em análises<br />
de rotina nas plataformas de recepção dos<br />
laticínios no Brasil. A adição de 5,0% de "Água<br />
Alcoolizada" ao leite reduziu o teor de SNG<br />
colocando-o fora dos padrões de identidade d<br />
leite pasteurizado tipo C. A densidade do leite só<br />
fi cou fora dos padrões de identidade com adição<br />
de concentrações acima de 10%. A crioscopia e<br />
o pH não conseguiram demonstrar a existência<br />
da fraude em todas as concentrações utilizadas<br />
nesse trabalho. Sugere-se maior fi scalização e<br />
rigor nas penalidades pelos órgãos competentes<br />
aos estabelecimentos fraudadores e maior<br />
atenção nas indústrias de laticínios no momento<br />
da recepção da matéria-prima e, principalmente,<br />
que adotem a análise de detecção de álcool como<br />
análise de rotina nos seus procedimentos<br />
laboratoriais.<br />
SUMMARY<br />
A product conta1l11ng high concentration<br />
of ethanol (here denominated "Alcoholic<br />
Concentrate") is being offered at the market to<br />
be used as crioscopy correcteur after the addition<br />
• • •<br />
of water. The recommendation is to add 3% (v/<br />
v) of the "Concentrate Alcoholic" in water,<br />
which presents crioscopy of -0,540oH. The<br />
"Alcoholized Water" is then added to the milk,<br />
to accomplish the fraud, in proportions that can<br />
arrive up to 30%. The objective of this work<br />
was to establish the minimum limit of detection<br />
of the ethanol presence in frauded milk and to<br />
evaluate the physiochemical alterations caused<br />
by the addition of different ethanol<br />
concentrations to correct the crioscopy. The<br />
results demonstrated high sensitibility of the<br />
detection method, capable to detect 0.2% of<br />
the addition to the milk of the "Alcoholized<br />
Water". The method of analysis is simple, cheap<br />
and fast. As for the index crioscopic, ali 01' the<br />
samples presented values above the established<br />
minimum for (-0,5300H) of the Ministry of the<br />
Agriculture and in the interval considered<br />
normal for the milk (-0,530 to -0,5500H).<br />
Key-words: Fraud, Ethanol Detection,<br />
Milk, Crioseopy.<br />
REFERÊNCIA<br />
JB - JORNAL DO BRASIL. Leite adulterado<br />
vendido em Brasília. Disponível em hllp:11<br />
www.mj.gov.br/D PDC/c I i ppi ng/2003/abri Ii<br />
250403.htm#Leite. Acesso em maio de 2005.<br />
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA<br />
E ABASTECIMENTO. Portaria 51 N°. 22, de<br />
14 de abril de 2003. Métodos Físico Químicos<br />
para Controle de Leite e Produtos Lácteos. 150p.<br />
Nova Legislação de Produtos Lácteos. Revista<br />
Indústria de Laticínios. P 171-207. São Paulo.<br />
2002.<br />
• • •<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
INTERAÇÕES ENTRE PREBIÓTICOS E 81FID08A CTERIUM LA C TIS 88- 12 EM MEIO A<br />
BASE DE SORO<br />
Prebiotics and 8ifidobacterium lactis 88-12 interactions in a base whey medium<br />
1 _ INTRODUÇÃ O<br />
Probióticos são suplementos microbianos<br />
vivos que promovem benefícios a saúde do Trato<br />
Gastrointestinal (TGI), nos ecossistemas<br />
respiratórios e urogenital, podendo ativar o<br />
sistema imune e melhorar a utilização de lactose<br />
em pacientes que apresentam intolerância a esse<br />
carboidrato (NICOLl & VIEIRA, 2000; WANG<br />
et ai, 20(3). Para que sejam consideradas<br />
probióticas, as bactéri as devem: possuir<br />
identificação taxonômica, ser de origem humana,<br />
apresentar altas contagens ( 10ó 10M célulaslg<br />
ou mL ), sobreviver, proliferar e estimular a<br />
atividade metabólica no TGI, (SHORTT, 2000;<br />
SARON, 2003). Um dos probióticos mais<br />
estudados é o BUidobacterillm sfJfJ, por conferir<br />
múltiplo benefícios ao hospedeiro, adicionado a<br />
leites fe rmentados ou outros produtos,<br />
combinado ou não a prebióticos (HATTING, A.<br />
L.; VILJOEN, B. C., 2(01 ).<br />
Bifidobactérias são microrganismos Grampositivos,<br />
imóveis, não esporulados e anaeróbios<br />
(SALMINEN & WR IGHT, 1993) e possuem<br />
propriedades probióticas, nutritivas e terapêuticas.<br />
O efeito probiótico, ocorre somente se o<br />
microrganismo sobreviver ao trânsito através do<br />
TG !. Quando em número suficiente, a bifidobactéria<br />
mantém um balanço favorável entre a<br />
população benéfica e os microrganismos<br />
potencialmente prejudiciais no TGI (WENRONG<br />
& MANSEL, 20(0).<br />
Prebióticos são suplementos não digeríveis<br />
na dieta, que estimula o crescimento e/ou<br />
atividade de microrganismos benéficos e inibe<br />
potenciais bactérias nocivas. Os prebióticos mais<br />
comuns não digeríveis são frutoligossacarídeos<br />
(FOS) e a inulina (LAINE et ai, 2(03). A goma<br />
Nobrega, L. 0.1<br />
Matsubara, 8. T.2<br />
Castro-Gomez, R. J. H.3<br />
Garcia, 8.4<br />
acácia classifica-se como fibra solúvel de baixa<br />
viscosidade e atua principalmente na fisiologia<br />
humana, através da microbiota e da produção de<br />
ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) (CNI,<br />
20(0). Além do efeito prebiótico, causa aumento<br />
do volume fecal e faeilita a expulsão das fezes.<br />
Entre as bactérias probióticas, os gêneros<br />
Bacteroides, Bifidobactérias e Lactobacilos, são<br />
particularmente estimulados pela goma acácia<br />
(CNI, 2000; MICHEL et aI, 1998).<br />
Foi observado que a prévia exposição de<br />
bífidas a produtos base contendo aveia, aumenta<br />
a capacidade de aderência ao tecido colônico de<br />
algumas linhagens teste, podendo portanto a<br />
aveia, ser também utilizada como prebiótico<br />
(LAINE et ai, 20(3).<br />
O objetivo do trabalho, fo i analisar a<br />
interação entre prebióticos (inulina, oligofrutose,<br />
goma acácia e aveia) e peptona de<br />
caseína com o probiótico, definindo um meio a<br />
base de soro de leite reconstituído otimizado para<br />
o desenvolvimento de B lactis Bb- 12.<br />
2 - MATERIAIS E MÉTODOS<br />
Aluna de M estrado do Programa de Ciência e Tecnologi a de Alimentos-UEL;<br />
2 Aluna de I niciação Científica-UEL;<br />
:I Prof. Dr. do Depto. de Tecnologia de Alimentos e Medicamentos-UEL;<br />
4 Prol .... Ora. Do Depto. De Tecnologia de Alimentos e Medicamentos- UEL.<br />
digitalizado por<br />
2.1 -I'robiótico e prebióticos e preparo do<br />
inócuIoA cultura de B. tactis Bb-12 foi<br />
cedida pela Chr. Hansen. Os prebióticos<br />
utilizados foram aveia com alto teor de<br />
B-gIucana (Red Mills), inulina<br />
(RaftilineO, oligofrutose (RaftiloseO,<br />
goma acácia (Fibre GumO e peptona de<br />
caseÍna como fonte de nitrogênio.<br />
Foram transferidas alçadas da cultura de<br />
Bfid()bacteri1l1ll lactis Bb-12 liofilizada para 20<br />
arvoredoleite.org
mL de caldo MRS esterilizado a 121°CI 15<br />
minutos. A cultura foi incubada a 37°CI 24 horas<br />
sob anaerobiose (Anaerobac). Foram realizadas<br />
duas repicagens, adicionando-se 2% do inóculo<br />
ao caldo MRS estéri l. A biomassa separada<br />
através de centrifugação a 4°CI 15 minutos,<br />
lavada e ressuspensa em 5 mL de tampão fosfato.<br />
2.2 - Preparo do soro de leite, fontes de<br />
Carbono e fonte de Nitrogênio<br />
Amostras contendo soro de leite a 4,5%<br />
(p/v) como meio base e tratado termicamente a<br />
85°CI 11,5 minutos, foram adicionadas de<br />
peptona de caseína, inulina, oligofrutose, goma<br />
acác ia e aveia, tratados previamente a 121 °CI<br />
15 minutos, em concentrações de 0,5% e 5,0%,<br />
conforme desenho experimental 2**[k-p],<br />
ilustrado na Tabela ° I do Programa Statística<br />
5.0. A biomassa ressuspensa em 5 mL de tampão<br />
fosfato e diluída até aproximadamente 10.1 ufcl<br />
mL, foi adicionada na proporção de 1 % aos<br />
tubos, seguido de incubação a 37°CI 72 horas em<br />
anaerobiose e fe ita a contagem bacteriana em<br />
ágar MRS sob as mesmas condições.<br />
2.3 - Otimização do meio a base de soro de<br />
leite reconstituído, goma acácia e inulina<br />
Para a definição do meio otimizado a base<br />
de soro de leite reconstituído, utilizou-se um<br />
desenho experimental fa torial 3 * * [k-p],<br />
ilustrado na tabela 02 do programa Statística<br />
5.n. Tubos contendo soro de leite reconstituído<br />
a 4,5% (p/v), tratado termicamente a 85°CI Ii ,5<br />
minutos, fo ram adicionados de inulina e goma<br />
acácia esterilizados a 121°CI 15 minutos, em<br />
concentrações de 1,75%; 2,75% e 3,75% e de<br />
0,5%; 1,5% e 2,5%, respectivamente. A biomassa<br />
ressuspensa em 5 mL de tampão fosfato, e diluída<br />
a aproximadamente 10.1 ufcl mL, foi adicionada<br />
aos tubos na proporção de I %, seguido de<br />
incubação a 37°CI 72 horas sob anaerobiose e<br />
fe ita contagem bacteriana em agar MRS a 37°CI<br />
72 horas em condições anaeróbicas.<br />
1 - RESULTA DOS E DISCUSSÂ O<br />
1.1 - Interação entre prebióticos e<br />
Bifidobacteriu11l lactis Bb-12 em meio a<br />
base de soro de leite reconstitu ído.<br />
Na Tabela 03 (b) pode-se observar os efeitos<br />
da interação entre prebióticos e B. lactis Bb-12,<br />
sendo que a inulina e a oligofrutose apresentaram<br />
efeito positivo, indicando uma favorável interação<br />
do prebiótico com o microrganismo. A aveia com<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
alto teor de b-glucana, também favoreceu o<br />
desenvolvimento do probiótico. Outros autores<br />
utilizando meio a base de aveia, encontraram<br />
valores aproximados de I x I 07 ufcl mL, para B.<br />
ado[escelltis, B. /Ollglllll e B. factis após 24 horas<br />
de fermentação, comprovando o efeito<br />
bifidogênico da aveia (LAlNE et ai, 2(03). Segundo<br />
HATTINGH et ai., (2001), a adição de prebióticos<br />
assegura crescimento de Bifidobacterilllll na ordem<br />
de I x I O ufc/mL em produtos lácteos, por servirem<br />
de fonte de carbono para estes microrganismos.<br />
Em relação a fonte de nitrogênio, a interação foi<br />
igualmente favorável ao crescimento de B. !actis<br />
Bb-12, indicando ter um efeito como ingrediente<br />
em formulações para a obtenção de altas contagens<br />
de bifidobactérias. Na Tabela 03 (a) observa-se<br />
ainda, uma variação da resposta na faixa de 107 a<br />
10'1 ufc/mL.<br />
Por outro lado, a goma acácia quando<br />
testada isoladamente, demonstrou um efeito<br />
negativo, sendo que, quando adicionada à inulina,<br />
promoveu o crescimento de B. lactis B b- 12,<br />
apresentando o melhor resultado entre todas as<br />
interações. Em função do resultado obtido neste<br />
experimento, utilizou-se um novo desenho<br />
experimental para estudar o efeito conjunto da<br />
goma acácia e inulina sobre o B. lactis Bb-12.<br />
3.2 - Definição do meio otimizado a base de<br />
soro de leite reconstituído, adicionado<br />
de goma acácia e inulina para o<br />
crescimento de BifidobacteriulIl lactis<br />
Bh-12.<br />
Con forme apresentado na Figura ° I , observase<br />
que nos extremos de concentrações de inulina<br />
(aproximadamente 1,7% e 3,8%) e goma acácia<br />
(aproximadamente 0,3% e 2,8%) no experimento<br />
de otimização, foram obtidos os resultados de<br />
maiores contagens bacterianas. A Tabela 04 por outro<br />
lado, indica os valores esperados de contagens<br />
bacterianas calculados a partir do modelo matemático<br />
variando-se as concentrações de inulina e<br />
goma acácia dentro dos extremos. Observa-se<br />
maiores resultados com valores de 0,3% de goma<br />
acácia e 1,65% de inulina ou 0,3% de goma acácia e<br />
3,95% de inulina em formulações a base de soro<br />
deleite. Portanto, por questões econômicas, a<br />
melhor opção seria a primeira.<br />
4 - CONCLUSÃ O<br />
A interação de BUtdobacteriulIl /{[ctis Bb-<br />
12 com fontes de carbono e fonte de nitrogênio,<br />
apresentou altos números de ufc/mL em<br />
concentrações de 0,5% e 5,0%. A inulina,<br />
oligofrutose, aveia e peptona de caseína, quando<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
consideradas isoladamente, foram eficientes no<br />
desenvolvimento do probiótico estudado, exceto<br />
a goma acácia, que apresentou efeito no<br />
desenvolvimento da B. lactis Bb-12 somente<br />
quando interagindo com a inulina.<br />
O meio a base de soro formulado com 1,65%<br />
de inulina e 0,3% de goma acácia, apresentou um<br />
efeito favorável sobre o crescimento de<br />
B(fidobacterilllll !actis Bb-12 (9,8x I OH ufc/mL),<br />
podendo ser utilizado como meio alternativo para<br />
o probiótico, em formulações que necessitem<br />
altas contagens deste microrganismo.<br />
ABSTRACT<br />
Probiotics promote beneficiai effects to<br />
human and animal gastrointestinal tracL<br />
Bfidobacterilllll spp cause multiple benefits to<br />
the host and it can be added to fermented milks<br />
or dairy products with or without prebiotics.<br />
Nondigestible oligosaccharides have been described<br />
as beneficiai to colonic micro flora among them<br />
frutoligosacharides (FOS) Iíke inulin are frequently<br />
used, but also oligo and polysaccharides. Acacia<br />
gum, a low viscosity soluble fiber is used selectively<br />
by probiotic bacteria producing SCFA . Previous<br />
exposure of B(fidobacterium spp to oat products<br />
causes an increase in ability adherence to<br />
epithelial colonic ceIls. The B(fidobacteriull1 spp<br />
growth in different prebiotics was made using<br />
factorial experi mental design 2**[K-p). two<br />
leveI variation of Statistica vers ion 5.0.<br />
Reconstituted whey (4,5% w/v) was heat treated<br />
to 85°C/l 1 minutes and added to casein peptone,<br />
inulin, oligofrutose, acacia gum and high b-glucan<br />
oat at concentrations of 0,5 and 5,0%, according<br />
experimental design and previously treated for<br />
121 °CI 15 minutes. After inoculation of 1%<br />
cultivated B. lactis Bb-12 (lO 3 CFU/mL) in MRS<br />
broth, the tubes were anaerobically incubated in<br />
37 °CI 72 hours and bacterial counts on MRS<br />
Agar on the same conditions. The results and<br />
interactions indicated that Raftilineâ, oat and<br />
Raftiloseâ showed a positive effect towards growth<br />
of B.lactis Bb-12 ,with average counts of Ix 10<br />
CFU/mL while acacia gum alone showed negative<br />
effect. Considering nitrogen source the effect<br />
was benefic. A base whey medium was optimized (<br />
0,3% w/v acacia gum and 1,65% w/v inulin).<br />
Key words: probiotics, inulin, accacia<br />
gum, b-glucan.<br />
Tabela 2 - Desenho experi mental fatorial<br />
3**[k-p)<br />
EXP. INULINA GOMA ACÁCIA<br />
2<br />
3<br />
4<br />
5<br />
6<br />
7<br />
8<br />
9<br />
1,0<br />
-1,0<br />
-1,0<br />
0,0<br />
0,0<br />
0,0<br />
1,0<br />
1,0<br />
-porcentagem das fontes de carbono<br />
Tabela 1 - Desenho experimental 2**[k-p] em dois níveis de variação.<br />
EXP AVEIA INULINA OLIGOFRUTOSE PEPTONA<br />
DE CASEÍNA<br />
5,0 5,0<br />
2 5,0 5,0 5,0 0,5 0,5<br />
3 5,0 5,0 0,5 5,0 0,5<br />
4 5,0 5,0 0,5 0,5 5,0<br />
5 5,0 0,5 5,0 5,0 0,5<br />
6 5,0 0,5 5,0 0,5 5,0<br />
7 5,0 0,5 0,5 5,0 5,0<br />
8 5,0 0,5 0,5 0,5 0,5<br />
9 0,5 5,0 5,0 5,0 0,5<br />
10 0,5 5,0 5,0 0,5 5,0<br />
lI 0,5 5,0 0,5 5,0 5,0<br />
12 0,5 5,0 0,5 0,5 0,5<br />
13 0,5 0,5 5,0 5,0 5,0<br />
14 0,5 0,5 5,0 0,5 0,5<br />
15 0,5 0,5 0,5 5,0 0,5<br />
16 0,5 0,5 0,5<br />
*porcentagem fontes de carbono e nitrogênio<br />
digitalizado por<br />
-1,0<br />
0,0<br />
1,0<br />
1,0<br />
0,0<br />
1,0<br />
-1,0<br />
0,0<br />
I<br />
Pág. 251<br />
arvoredoleite.org
Tabela 3 - (a) Contagem bacteriana em log (ufcl<br />
mL) e (b) principais efeitos e<br />
interações entre prebióticos, fonte de<br />
nitrogênio e B. lactis Bb-12 segundo<br />
Programa Statistica versão 5.0.<br />
EXP. (a)<br />
I<br />
2<br />
3<br />
4<br />
5<br />
6<br />
7<br />
8<br />
Log(ufc/ml)<br />
9,92427<br />
9,51851<br />
8,30102<br />
8,92427<br />
9,99563<br />
8,04139<br />
8,59106<br />
8,23044<br />
INTERAÇ ÕES (b)<br />
(I) AVEIA<br />
(2) RAFTILlNE<br />
(3) GOMA ACÁCIA<br />
(4) RAFTILOSE<br />
(5) PEPTONA DE CASEÍNA<br />
I by 2<br />
I by 3<br />
1 by 4<br />
1 by 5<br />
2 by 3<br />
2 by 4<br />
2 by 5<br />
3 by 4<br />
3 by 5<br />
3,0<br />
2,6<br />
2,2<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
EXP.<br />
9<br />
10<br />
I I<br />
12<br />
13<br />
14<br />
15<br />
16<br />
Log(ufc/ml)<br />
9,46239<br />
8,92427<br />
8,66275<br />
8,30102<br />
7,70757<br />
0,00000<br />
8,30102<br />
9,5 1851<br />
EFEITO<br />
1,3 3113<br />
1,45411<br />
- 0,6570 I<br />
1,18591<br />
1,02301<br />
-1,00 172<br />
1,51526<br />
-0,66 157<br />
-1,16416<br />
1,567 10<br />
-1,01532<br />
-0,80985<br />
1,46551<br />
0,38223<br />
FiUed Surface; Variabla: RESULT_C<br />
2 Solaval factors, 1 Blocks, 9 Runs; MS Residual=,67321 14<br />
DV: RESULT_C<br />
o crescimento desse mercado foi impulsionado,<br />
entre outros fatores, pelo desenvolvimento<br />
do turismo nas praias nordestinas, criando<br />
a possibilidade de ser comercializado nessa forma<br />
nas demais áreas litorâneas do país. Nas cidades<br />
litorâneas e interioranas do Nordeste a maioria de<br />
consumidores e turistas prefere o tradicional queijo<br />
coal hado e prensado aos queijos argentinos e<br />
europeus. Essas ocorrências vêm sustentando uma<br />
série de atividades alternativas de processamento<br />
e comercialização de queijos na região (CERDAN<br />
et aI.,1 999).<br />
O queijo de coalho assado comercializado<br />
nas praias nordestinas, geralmente, é procedente<br />
de lotes de produtos artesanais, que chegam até<br />
o litoral sem os cuidados preconizados de higiene<br />
e de conservação. A transformação do produto é<br />
feita no local, ou seja, ao longo das praias com<br />
auxílio de fogareiros de lata tendo o carvão como<br />
fonte de energia.<br />
A somatória de processos inadequados<br />
observados até a comercialização do queijo de<br />
coalho assado, pode acarretar alterações na<br />
qualidade do produto fi nal, com contaminações<br />
de ordem microbiológica. O trabalho teve como<br />
objetivo a avaliar da qualidade microbiológica<br />
do queijo de coalho assado comercializado no<br />
município de Aracaju/SE.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
Foram recolhidas 17 amostras de queijo de<br />
coalho tratado termicamente nos principais<br />
pontos de comercialização do município de<br />
Aracaju/SE no período de 60 dias. As amostras<br />
foram procedentes de queijo de coalho submetido<br />
à cocção, com auxílio de fogareiro de carvão<br />
durante 3 minutos, atingindo urna temperatura<br />
média inte rna de 55,5°e. O material fo i<br />
acondicionado em sacos plásticos de primeiro uso,<br />
armazenado em caixa isotérmica e refrigerado<br />
(18°C) durante 24 horas. Posteriormente, fo i<br />
encaminhado para o laboratório de Defesa Animal<br />
do Departamento de Desenvolvimento<br />
Agropecuário - DEAGRO. As amostras fo ram<br />
submetidas às análises de Contagem de Coliformes<br />
totais e fecais (NMP/g) e determinação de<br />
SwphY{OCOCCllS sp (UFC/g) de acordo com<br />
LANARA (BRASIL, 1981). Os resultados foram<br />
comparados com os padrões estabelecidos na<br />
legislação vigente (BRASIL, 2002).<br />
3 • RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Os resultados relat"ivos às análises microbiológicas<br />
nas amostras de queijo de coalho<br />
tratado termicamente são visualizados na Tabela I.<br />
Pág. 254<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Tabela 1 - Contagem de Coliformes totais,<br />
fecais e de Staphy{ocOCCllS sp .<br />
isolados nas amostras de queijo de<br />
coalho submetido a tratamento<br />
térmico.<br />
Amostra Staphylococcus Coliformes Coliformes<br />
sp (UFC/g) totais fecais<br />
(NMP)<br />
OI 4,5 x 104<br />
02 8,0 x 105<br />
03 7,0 x 104 104 104<br />
04 6,5 x 104 103x 105 1,9 x 105<br />
05 8,0 x 105<br />
06 4,3 x 104 4,6 xlOó 105<br />
07 3,9 x 104 2,4 X lO' 1,9 xlO'<br />
08 2,9 x 105 1,1 X lO'<br />
09 4,5 x 104 1,5 x 1 0ó I, I xl07<br />
10 1,0 X 105 lO' 2,3 x 10"<br />
li 2,8 x 10 .1<br />
12 2,6 x 1 04 1,1 xl07 1,1 xl07<br />
13 10.1 1,1 x I 07 1,1 x I 07<br />
14 1,1 x 10ó 1,1 x I 07<br />
15 5,1 x 104 1,1 x I 07 1,1 X 107<br />
16 2,5 x 10' 1,5 x I OI> 1.1 X 107<br />
17 1,0 x 104 1,1 xl07 1,1 x 107<br />
Os resultados indic aram que 94% das<br />
amostras apresentaram contaminação por<br />
Staphy!ocOCCllS sp. com valores acima do<br />
permitido pela legislação. De acordo com os<br />
padrões estabelecidos pela ANVISA (2002), a<br />
contagem máxima de Stophy{ococclIs sp é na<br />
ordem de 10' UFC/g. Souza et aI., (2003), ressalta<br />
que a temperatura de crescimento e produção de<br />
toxinas para a maioria das Staphy{ococclIs varia<br />
de 7 - 48°C, com pH variando entre 4 - 10, com<br />
a ressalva que, a toxina estafilocócica é bastante<br />
termoestável, não sendo inativada por regimes<br />
de cocção padrão. Por outro lado, o microrganismo<br />
é inativado rapidamente pelo calor<br />
numa temperatura de 65,5°C durante 0,2 - 2,0<br />
minutos (FORSYTHE, 2002). A presença desses<br />
microrganismos em produtos lácteos pode ser<br />
considerado como indicador de contaminação<br />
oriunda das fossas nasais, boca e pele de<br />
manipuladores, podendo causar intoxicações<br />
alimentares (ROITMAN, et aI., 1988).<br />
Os resultados da contagem de colifo\'mes<br />
totais indicaram valores mínimos de 1,0 x 10' e<br />
máximo de 1, I x 107 UFC/g. O índice de<br />
coliformes totais avalia as condições higiênicas<br />
de processamento, com a maioria desses<br />
microrganismos encontrada no meio ambiente,<br />
com limitada relevância higiênica (HITCHINS<br />
et. aI., 1996). A contagem de coliformes pode<br />
ser útil em testes de contaminações pós-<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
processamento, devido ao fato dos coliformes<br />
serem destruídos com certa facilidade pelo calor.<br />
A determinação de coliformes fecais nas<br />
amostras positivas para coliformes totais<br />
revelou valores maiores que 102/g. Portanto,<br />
100% das amostras encontram-se fora dos<br />
padrões oficiais para alimentos processados<br />
(tolerância máxima de 102/g) (BRASIL, 2002).<br />
O índice de coliformes fecais é empregado como<br />
indicador de contaminação fecal e avalia as<br />
condições higiênico-sanitárias deficientes, visto<br />
presumir-se que a população deste grupo é<br />
constituída de uma alta proporção de E. coli (<br />
HITCHINS et. aI., 1996).<br />
4 - CONCLUSÃ O<br />
Das amostras analisadas de queijo de<br />
coalho submetido à cocção, 83% estão fora dos<br />
padrões microbiológicos estabelecidos na<br />
legislação para alimentos processados. A presença<br />
de microrganismos patógenos é indicio de li ma<br />
manipulação inadequada sob precárias condições<br />
de higiene nas diferentes etapas de fabricação,<br />
transformação e de comercialização.<br />
Os índices elevados de coliforme total, fecal e<br />
de Staphy{ococclIs sp demonstram que a temperatura<br />
empregada na cocção do queijo de coalho não é<br />
eficiente para eliminação dos microrganismos.<br />
ABSTRACT<br />
The cheese type curdle presents great<br />
acceptance with equal use in the typical cooking<br />
oI' the Northeast region. lt enters the diverse forms<br />
oI' consumption have the baked cheese, wide<br />
commercialized in beaehes northeasterns. In<br />
general the product proceeds from lots<br />
manufactured and commercialized without the<br />
praised cares of hygiene and conservation. The<br />
addition of inadequate processes, since the<br />
at!ainment of milk until the commercialization<br />
oI' the baked curdle cheese, can cause alterations<br />
the fi nal product quality, subject to contaminations<br />
of different orders. The work had as objective to<br />
evaluate the microbiological qllality of the cheese<br />
curdle type thermal treat, commercialized in<br />
Aracaju city. For in such a way, 17 samples of the<br />
product collected in different points and submitted<br />
to the cOllnting had been analyzed standard in plates<br />
of Staplzy{ococclIs sp.(UFC/g) and Co{(lormes<br />
sp.(NMP/g) in the Laboratory of Animal Defense<br />
the Sergipe- DEAGRO, using the parameters of<br />
LANARA (2002). The results had indicated that<br />
83% of the samples met outside of the standards<br />
• • • •<br />
digitalizado por<br />
of microbiological control fo r foods of the<br />
National Division of Sanitary Food Monitoring<br />
(Brazil, 2002). The results had indicated that the<br />
thermal treatment to that the curdle cheese was<br />
submitted was not efficient in the elimination of<br />
the microbes determined in the study.<br />
Key-words: curdle cheese, thermal<br />
treatment, microbiological analysis.<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGR Á FICAS<br />
BRASIL, Agência Nacional de Vigilância<br />
Sanitária. Resolução- rdc n° 12 de 02 de janeiro<br />
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www.anvisa.gov.br/legis/resoI/1 2_0 I rdc.htm.<br />
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CERDAN, C. T. ; SAUTlER, D. P. Construção e<br />
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de produção localizados no Estado de Sergipe. In:<br />
PROJETO SIS TEMA AGROALIMENTAR<br />
LOCALIZADOS (SIAL) LIGADOS A PECUÁRIA<br />
LETEIRA NO NORDESTE DO BRASIL. Programas<br />
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LABORATÓRIO NACIONAL DE REFERÊNCIA<br />
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SOUZA, S.S; PELICIONI, M.e.F.; PEREIRA,<br />
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São Paulo, n. 113, p. 33-37, 2003.<br />
• • • •<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />
AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS FíSICO-QuíMICOS, CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS<br />
(CCS) E DETECÇÃO DE RESíDUOS DE ATIBIÓTICOS NO LEITE. NOSSA SENHORA<br />
DA GLORIA - SE<br />
Evaluation of fisicalachemistry parameters, counting of somatic cells (ccs) and<br />
detention of residues antibiotic in the milk. Nossa Senhora da Glória - SE<br />
RESUMO<br />
Irinéia Rosa do Nascimento1<br />
Adailton dos Santos2<br />
Cristiane Otto Sá3<br />
José Luiz de Sá4<br />
Orlando Monteiro Carvalho Filhos<br />
Eder Cardoso de Oliveiras<br />
o presente trabalho teve como objetivo analisar parâmetros físico-químicos, Contagem de<br />
Células Somáticas (CCS) e detecção de resíduos de antibióticos no leite proveniente de<br />
sistemas de produção de leite orgânico, ecológico e convencional no município de Nossa<br />
Senhora da Glória/SE. Foram selecionadas 08 propriedades rurais de diferentes sistemas de<br />
produção e níveis tecnológicos. Foram coletadas de cada propriedade 12 amostras de leite<br />
cru em 6 repetições consecutivas. Os testes físico-químicos e CCS fo ram realizados no<br />
Laboratório de Qualidade do Leite da EMBRAPA-Gado de Leite. A determinação de resíduos<br />
de medicamentos veterinários foi realizada no Laboratório de Virologia Comparada da<br />
Universidade Federal de Sergipe. Os resultados foram comparados com os padrões<br />
estabelecidos pela Legislação vigente. A análise estatística constou da análise de variância,<br />
com médias comparadas através do teste de Tukey a 5%. Os resultados indicaram que os<br />
teores de gordura e de sólidos totais das amostras de leite provenientes dos diferentes<br />
sistemas estudados não diferem entre si. As amostras de leite proveniente de duas<br />
propriedades com sistema convencional apresentaram resíduos de antibióticos. As amostras<br />
obtidas na propriedade com utilização de sistema orgânico apresentaram o menor número<br />
de contagem de célu las somáticas.<br />
Palavras-chave: leite, CCS, análises físico-químicas.<br />
1 - INTRODUÇÃ O<br />
O leite é um alimento altamente propenso<br />
a alterações físico-químicas e microbiológicas<br />
decorrentes de diferentes fatores. A adoção de<br />
determinado sistema de produção e de suas<br />
práticas refl ete diretamente na qualidade do<br />
produto, em nível de propriedade.<br />
Zootecnista, ProF M.Sc. Curso de Medicina Veterinária - Faculdade Pio Décimo.<br />
2 Eng. Agrônomo, Universidade Federal de Sergipe - DEA.<br />
3 Méd. Veterinária. Dra Pesquisadora Embrapa - Semi-árido.<br />
4 Méd. Vetrinário. Dr. Pesquisador Embrapa - Semi-árido.<br />
5 Eng. Agrônomo, M. Sc. Pesquisador Embrapa - Semi-árido.<br />
6 Estudante. Curso Medicina Ve terinária - Faculdade Pio Décimo.<br />
Pág. 256<br />
').,. ," <<br />
Um dos fatores de qualidade do leite é<br />
determinado pela ausência de mastite bovina no<br />
rebanho (HEIDRICH et aI., 1980). A ocorrência<br />
de mastite é mais comum em propriedades que não<br />
adotam um manejo sanitário eficaz, com praticas<br />
higiênicas na obtenção do leite. A contagem de<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
célu las somáticas (CCS) é um dos parâmetros<br />
mais utilizados na detecção de mastites e na<br />
avaliação da qualidade do leite. Altas contagens<br />
de células somáticas podem alterar a composição<br />
do leite, provocando uma redução da gordura,<br />
caseína e sólidos totais, e um aumento do<br />
nitrogênio total , nitrogênio não protéico e<br />
proteínas (BENCINI et al., 1997). Assim como<br />
as baixas contagens microbianas, a ausência de<br />
resíduos de antibióticos no leite contribuiu para<br />
a qualidade do leite, já que tais substâncias podem<br />
provocar inibição de culturas lácteas utilizadas<br />
na fabricação de queijos e leites fermentados.<br />
Além disso, taxas de resíduos de antibióticos no<br />
leite são capazes de suscitar uma série de<br />
problemas relacionados com a saúde pública<br />
(MENDONÇA et aI., 200 I).<br />
O presente trabalho teve como objetivo<br />
avaliar a qualidade do leite proveniente de<br />
sistemas de produção orgânico, ecológico e<br />
convencional no município de Nossa Senhora<br />
da Glória/SE através da análise comparativa dos<br />
parâmetros físico-químicos (teores de gordura,<br />
proteína, lactose e sólidos totais), contagem de<br />
células somáticas (CCS) e detecção de resíduos<br />
de antibióticos no leite.<br />
2 " MATERIAL E M ÉTODOS<br />
O trabalho foi conduzido no município de<br />
Nossa Senhora da Glória, localizado no sertão<br />
sergipano, Foram selecionadas 08 propriedades<br />
de diferentes sistemas de produção de leite e<br />
manejo de ordenha, a saber: propriedade A -<br />
sistema orgânico e ordenha manual; propriedades<br />
B, C, D e G - sistema convencional e ordenha<br />
manual; pro priedade E - sistema agroecológico<br />
e ordenha manual; propriedades F e H - sistema<br />
convencional c ordenha mecânica.<br />
De cada propriedade fo ram coletadas 12<br />
amostras de leite cru, em 6 repetições consecutivas.<br />
As amostras de leite foram retiradas logo após a<br />
ordenha. As amostras destinadas aos testes físicoquímicos<br />
e CCS fo ram encaminhadas para o<br />
Laboratório de Qualidade do Leite da EMBRAPA<br />
gado de leite (CNPGL), Juiz de Fora/MG, onde foram<br />
determinados os teores de gordura (%), lactose (%),<br />
proteína (%), sólidos totais (%), utilizando o<br />
método infravermelho com auxílio do equipamento<br />
Bentley 2000. A Contagem de Células Somáticas<br />
(CCS) foi realizada através do Somacount 300. A<br />
análise de resíduos de medicamentos veterinários<br />
foi realizada no Laboratório de Virologia<br />
Comparada da Universidade Federal de Sergipe,<br />
seguindo os procedimentos recomendados pela<br />
Capilab, para uso do kit DevoItest® SP, com as<br />
amostras submetidas em banho-maria à temperatura<br />
de 64° C por 3 horas. Os resultados foram<br />
comparados com os padrões estabelecidos pela<br />
Legislação - Instrução Normativa n05 1 (BRASIL,<br />
2002). A análise estatística foi realizada através da<br />
análise de variância, e as médias comparadas através<br />
do teste de Tukey a 5%.<br />
3 - RESULTA DOS E DISCUSSÃO<br />
Os resultados das analises físico-químicos<br />
e da contagem de células somáticas (CCS) estão<br />
apresentados na Tabela 2.<br />
Os resultados indicaram que todas as<br />
amostras apresentaram teores de gordura e<br />
sólidos totais dentro do padrão da Instrução<br />
Normativa n° 51, que estabelece os valores<br />
mínimos de 3,0 e 8,4 g/ l OOg respectivamente.<br />
Quanto ao teor de proteína, não houve diferença<br />
significativa entre os valores encontrados nas<br />
propriedades B e H e entre as propriedades E e F.<br />
Os valores das demais propriedades apresentaram<br />
diferença significativa (p
legislação( IOh). A higiene da ordenha está mais<br />
relacionada com a ocorrência de mastite do que<br />
o sistema de produção, entretanto, como o<br />
produtor orgânico é mais esclarecido com relação<br />
ao manejo dos animais é provável que a<br />
incidência de mastite seja menor nos sistemas<br />
agroecológicos de produção, mesmo naqueles em<br />
que a ordenha é feita manual mente (SUNDRUM,<br />
200 I). Os maiores valores para CCS foram<br />
encontrados nas propriedades C e G. Não houve<br />
diferença significativa para a CCS das amostras<br />
de leite provenientes das propriedades F e H.<br />
Apesar do uso de ordenha mecânica apresentaram<br />
CCS superior a das amostras das<br />
propriedades A, D e E (ordenha manual). Segundo<br />
Bencini et aI., (1997), a ordenha mecânica pode<br />
reduzir a contagem de células somáticas no leite,<br />
porém, se a limpeza do equipamento e o manejo<br />
dos animais não forem adequados, a ocorrência<br />
de mastite pode ser igual ou mais alta do que em<br />
propriedades que realizam a ordenha manual de<br />
fo rma higiênica. Os resultados do teste de<br />
detecção de resíduos de medicamentos indicaram<br />
16,6% das amostras com resultado positivo,<br />
provenientes das propriedades D (ordenha<br />
manual) e F (ordenha mecânica). A presença de<br />
resíduos nessas amostras pode ser devida à<br />
antibioticoterapia amplamente utilizada, principalmente<br />
no tratamento de mastites. Resultados<br />
semelhantes foram encontrados por Mendonça<br />
et ai. (200 I), que registraram resíduos de (3lactâmicos<br />
em 5% das amostras de leite cru<br />
coletadas em tanques de expansão e em 20% das<br />
colctadas em caminhões isotérmicos na região<br />
de Minas Gerais.<br />
4 - CONCLUSÕES<br />
As amostras de leite das diferentes<br />
propriedades apresentam uma composição de<br />
sólidos totais, gordura, proteína e lactose dentro<br />
dos padrões recomendados pela Instrução<br />
Normativa no. 51.<br />
A utilização de práticas adequadas de manejo<br />
e de ordenha contribui para uma menor CCS,<br />
com reflexos na qualidade do leite.<br />
A propriedade que adota o sistema de<br />
produção de leite orgânico apresenta melhores<br />
resultados quanto aos parâmetros de qualidade<br />
de leite analisados.<br />
ABSTRACT<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
The present work had as objective to<br />
• • •<br />
analyze parameters physicist-chemistries, CCS<br />
and detention of antibiotic residues in milk<br />
proceeding from systems of organic, ecological<br />
milk production and conventional in Nossa<br />
Senhora da Glória/SE city. 08 country properties<br />
of different systems of production and<br />
technological leveis had been selected. 12 raw<br />
milk samples had been collected of each property<br />
in 6 consecutive repetitions. The tests physicistchemistries<br />
and CCS had been carried through in<br />
the Laboratory 01' Quality 01' the Milk of<br />
EMBRAPA-Gado de Leite. The determination<br />
of medicine residues veterinarians was carried<br />
through in the Laboratory of Comparative<br />
Virology of the Federal University of Sergipe.<br />
The results had been compared with the<br />
standards established for the Current law. The<br />
analysis statistics consisted of the variance<br />
analysis, with averages compared through the<br />
test of Tukey 5%. The results had indicated that<br />
the texts of fat and total solids 01' the milk<br />
samples proceeding from the different studied<br />
systems do not differ between itself. The milk<br />
samples proceeding from two properties with<br />
conventional system had presented antibiotic<br />
residues. The samples gotten in the property<br />
with use of organic system had presented the<br />
lesser number of counting of somatic cells.<br />
Key-words: milk, CCS, analyses physicistchemistries<br />
REFERÊNCIAS BIBLIÓGRAFICAS.<br />
BENCINI. R.; PULlNA, G. The quality of<br />
sheep milk: a Review. Wool Te chnology and<br />
Sheep Breeding. v. 45. n. 3, p. 182-220. 1997.<br />
BRASIL. Leis. decretos, etc. Instrução<br />
Normativa n"S1. Diário Oficial da União.<br />
Brasília: Ministério da Agricultura. pecuária e<br />
abastecimento. I O de janeiro de 2002.<br />
HEIDRICH, H. D .. GRUNER, J .. VASKE, T. R.<br />
Manual de Patologia Bovina. São Paulo, J.<br />
M. Varela. Livros Ltda. 1980. 310pp.<br />
MENDONÇA. A. H.; Cerqueira. M.M.O.A.P;<br />
Souza, M.R.; Penna. C.F.A.M; Siqueira , T. M.L;<br />
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2001. Juiz de Fora. Anais ... Juiz de Fora: 2001.<br />
SUNDRUM, A. Organic livestock farming.<br />
Livestock Production Science. v. 67, p. 207-<br />
215. 2001.<br />
• • • •<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
EFEITO DO SORO DE QUEIJO NA ACEITAÇÃO DE PÃO DE FORMA<br />
Effect of the whey in the acceptance of pan bread<br />
RESUMO<br />
MACIEL, J.F.1<br />
CARNEIRO, J.C.S.2<br />
CARNEIRO, J.D.S.2<br />
BaNaMO, P.3<br />
BaNaMO, R.C.F.2<br />
MELO NETO, B.A.S·<br />
SANTOS, A.C.4<br />
AGUIAR, J.C.4<br />
BARACHO, P.C.4<br />
GOMES, A.M.4<br />
SOUZA, M.R.4<br />
ARJ Ã O, A.A.4<br />
FONTAN, R.C.1.2<br />
O Brasil apresenta uma grande produção de soro de queijo, que possui g . r nde valor<br />
nutritivo. Um pequeno volume deste é industrializado, sendo o restante utIllz do para<br />
alimentação animal ou descartado. Considerando-se a possibiliade de eapr veltamento<br />
deste subproduto e ao mesmo tempo acrescentar ao ãO prote . 1I1s e m1l1eralS pre ntes<br />
no soro, este estudo teve por objetivo verificar o efeito da adlçao de soro de queiJo na<br />
aceitação do pão de forma. Foram elaboradas cinco formul . ações de pão de . for , ma, nas<br />
quais O, 40, 50, 60 e 70% da água da formulação convencIOnai foram . subsltll1da pr<br />
soro de queijo. As cinco formulações de pão de fo rma fo ram submetlds a aval1aç o<br />
sensorial, utilizando-se a Escala Hedônica de nove pontos. Os dados da avalIação sens , onal<br />
fo ram submetidos à análise de variância (ANOVA ) e teste de comparação de medws<br />
(teste de Tukey). Observou-se, pela anál ise de variância. que a formulações de po de<br />
fo rma diferiram (P.::;.O,OI) em relação à aceitação pelos consumidores. A forrllulaçao de<br />
pão de forma que teve 70% de substituição da água por soro não diferiu da formulação que<br />
teve 60% de substituição da água por soro e diferiu das demais, pelo teste de Tukey, ao<br />
nível de 5% de probabilidade. Assim, recomenda-se a substituição de 70% da água da<br />
formulação dos pães por soro, uma vez que esta adição propo : cio . noll maior aceitação , do<br />
pão de forma e leva a um maior aproveitamento do soro e maIOr 1I1cremento de prote1I1as<br />
e minerais ao pão de forma.<br />
Palavras-chave: soro, avaliação sensorial e pão de forma.<br />
Apoio financeiro: MCT/CNPq.<br />
Professor adjunto / DTQA - UFPB.<br />
2 Professor assistente / DTRA - UESB / Laboratórios: Panificação e Secagem; Análise Sensorial.<br />
3 Professor adjunto / DEBI - UESB.<br />
4 Estudantes do curso de Engenharia de Alimentos - UESB<br />
5 Mestrando em Ciência e Tecnologia de Alimentos - UFPB.<br />
* autor para correspondência / e-mail: bianoneton@bol.com.br<br />
digitalizado por<br />
arvoredoleite.org<br />
Pág. 259
1 - INTRODUÇÃO<br />
A produção mensal de soro proveniente de<br />
queijo tipo mussarela, em Itapetinga - BA é de<br />
aproximadamente 270.000 litros, os quais são<br />
destinados à alimentação de suínos e uma pequena<br />
parte é utilizada como ingredientes de outros<br />
alimentos. Assim, são necessárias novas<br />
alternativas para aumentar a utilização do soro<br />
como ingrediente, podendo agregar valor a este<br />
subproduto.<br />
Foi observado, em trabalhos anteriores, que<br />
a substituição parcial da água da formulação de<br />
pão de forma por 30% de soro é viável (MACIEL<br />
et a\., 2002). É de interesse a adição de<br />
porcentagens de soro superiores a 30%, pois<br />
permite um maior reaproveitamento deste<br />
subproduto da produção de queijo e ao mesmo<br />
tempo está acrescentando ao pão proteínas e<br />
minerais presentes no soro. Dessa forma, o<br />
presente estudo teve como objetivos verificar o<br />
efeito da adição de soro de queijo (em proporções<br />
superiores a 30%) na aceitação de pão de forma.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
2.1 -Elaboração dos pães<br />
Os pães de forma foram elaborados no<br />
Laboratório de Panificação e Secagem da UESB<br />
(Campus de Itapetinga). A elaboração foi manual<br />
e os pães foram assados em forno doméstico a<br />
180 °C por 45 minutos. Observa-se na Tabela 1,<br />
a fo rmulação 00 pão convencional, sem adição<br />
de soro. Foram utilizados, para as demais<br />
fo rmulações, as mesmas proporções de ingredientes,<br />
exceto a quantidade de água que foi<br />
substituída parcial mente por soro, mais especificamente,<br />
40, 50, 60 e 70% de soro.<br />
Tabela 1 - Formulação de pão de fo rma sem<br />
adição de soro (0% de soro)<br />
INGREDIENTES QUANTIDADE QUANTIDADE<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
(g) (%)<br />
Farinh.a de trigo 500 100<br />
especial<br />
Açúcar cristal 30 6<br />
Gordura vegetal 25 5<br />
hidrogenada<br />
Fermento biológico 15 3<br />
fresco<br />
Sal 10 2<br />
Água 300 60<br />
Pág. 260<br />
2.2 - Análise Sensorial<br />
As cinco formulações de pão de fo rma<br />
foram submetidas à avaliação sensorial, no<br />
Laboratório de Análise Sensorial (UESB), em<br />
cabines individuais por 168 consumidores, entre<br />
alunos, professores e servidores da referida<br />
instituição, utilizando-se a Escala Hedônica de<br />
nove pontos (I: desgostei extremamente; 2:<br />
desgostei muito; 3: desgostei moderadamente;<br />
4: desgostei ligeiramente; 5: indiferente; 6: gostei<br />
ligeiramente; 7: gostei moderadamente; 8: gostei<br />
muito; 9: gostei extremamente) (STONE e<br />
SIDEL, 1993).<br />
2.3 -Análise estatística dos dados<br />
Os dados da aval iação sensorial foram<br />
submetidos à análise de variância (ANOVA) e<br />
teste de comparação de médias (teste de Tukey),<br />
utilizando-se o Sistema para Análises Estatísticas<br />
e Genéticas - SAEG (RIBEIRO JÚNIOR, 2(01).<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Observou-se, pela análise de variância, que<br />
as formulações de pão de fo rma diferiram<br />
(P.::;.O,O I) em relação à aceitação pelos<br />
consumidores. Ve rifica-se na Tabela 2 que a<br />
formulação de pão de forma que teve 70% de<br />
substituição da água por soro não diferiu da<br />
formulação teve 60% de substituição da água por<br />
soro e diferiu das demais, pelo teste de Tu key,<br />
ao nível de 5% de probabilidade. A formulação<br />
de pão de forma que teve 70% de substituição da<br />
água por soro apresentou escore de aceitação<br />
médio igual a 7,2 ficando classificada entre os<br />
termos hedônicos "gostei moderadamente" e<br />
"gostei muito".<br />
4 - CONCLUSÃO<br />
Verificou-se que a adição de soro de queijo<br />
afetou a acei tação do pão de fo rma, sendo<br />
recomendado a substituição de 70% da água da<br />
formulação dos pães por soro, uma vez que esta<br />
adição proporcionou maior aceitação do pão de<br />
forma e leva a um maior aproveitamento do<br />
soro e maior incremento de proteínas e minerais<br />
ao mesmo.<br />
SUMMARY<br />
Brazil presents a great production of whey,<br />
obtained from cheese production having a high<br />
nutritional value. Only a small volume is<br />
industrialized, being the remaining used fo r<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Tabela 2 - Médias dos escores de aceitação para as formulações de pão de forma.<br />
FORMULAÇÃO MÉDIAS<br />
Formulação 5 (substituição de 70 % da água da formulação convencional<br />
por soro de queijo)<br />
Formulação 4 (substituição de 60 % da água da formulação convencional<br />
por soro de queijo)<br />
Formulação I (sem adição de soro de queijo)<br />
Formulação 2 (substituição de 40 % da água da formulação convencional<br />
por soro de queijo)<br />
Formulação 3 (substituição de 50 % da água da formulação convencional<br />
7,2 a<br />
6,9 a b<br />
Pares de médias seguidas de pelo menos uma mesma letra não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade teste<br />
de Tukey.<br />
feeding animal or discarded without treatmen!.<br />
Considering the possibility of utilization of this<br />
discharged product and at the same time<br />
increasing in pan bread its protein and minerais<br />
content, this study had as objective verify the<br />
effect of whey addition in the acceptance of the<br />
pan bread. Five formulations of pan bread were<br />
elaborated, where 0%, 40%, 50%, 60% and 70%<br />
respectively of the water (in the conventional<br />
formulation) was substituted by whey in same<br />
amount. The fi ve fo rmulations of pan bread<br />
were submitted to a sensory evaluation, being<br />
used a hedonic scale of nine points. The variance<br />
analysis (ANOVA) of experimental data and a<br />
Tukey test were realized. lt was observed, by<br />
lhe ANOVA, that the fonnulations of pan bread<br />
differed (P < 0,0 I) in relation to the acceptance<br />
by consumers. Tukcy test (P < 0,05) reveals<br />
Ihat the bread fo rmulation with 70% of<br />
substitution of water by whey didn' t differ to<br />
the formulation with 60% of substitution,<br />
• •<br />
digitalizado por<br />
6,6 b<br />
6,6 b<br />
6,5 b<br />
differing to the others. Thus, the substitution of<br />
70% of the water in the bread formulation by<br />
whey is recommended, once this addition<br />
provided larger acceptance of the pan bread and<br />
it takes to a larger use of whey and increment of<br />
proteins and mineraIs content in pan bread.<br />
Key-words: whey, sensory evaluation,<br />
pan bread.<br />
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arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />
EFEITO DO SORO DE QUEIJO NAS CARACTERíSTICAS FíSICAS DE PÃO DE FORMA<br />
Effect of the whey in the physical characteristics of pan bread<br />
RESUMO<br />
MACIEL, J.F.l<br />
CARNEIRO, J.C.S.2<br />
BaNaMO, P.3<br />
CARNEIRO, J. D.S.2<br />
BaNaMO, R.C. F.2<br />
MELO NETO, B.A.4'<br />
VARJÃ O, A.A.s<br />
AGUIAR, J.C.S<br />
ANTaS, A.C.S<br />
GOMES, A.M.s<br />
SOUZA, M.R.s<br />
BARACHO, P.C.s<br />
FONTAN, R.C.1.2<br />
Neste trabalho foi estudado o efeito da adição de soro de queijo, um subproduto da indústria<br />
láctea, nas características físico-químicas do pão de forma. No experimento executado<br />
0%, 40%, 50%, 60% e 70% da água da formulação dos pães foram substituídas por soro de<br />
queijo. Concluiu-se, pelos resultados da análise de regressão, que a adição de soro não<br />
afetou a umidade, o pH e nem o volume específico dos pães. Assim, recomenda-se a<br />
substituição de 70% da água da formulação dos pães por soro.<br />
Palavras-chave: análises físico-químicas, pão de fo rma, soro.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
Em Itapetinga - BA, a produção mensal<br />
de soro proveniente de queijo tipo mussarela é<br />
de aproximadamente 270000 litros, os quais<br />
são destinados à alimentação de suínos e uma<br />
pequena parte é utilizada como ingredientes de<br />
outros alimentos. Assim, são necessárias novas<br />
alternativas para aumentar a utilização do soro<br />
como ingrediente, podendo agregar valor a este<br />
subproduto.<br />
Foi observado, em trabalhos anteriores, que<br />
a substituição parcial da água da formulação de<br />
Apoio financeiro: MCT / CNPq.<br />
I Professor adjunto / DTQA - UFPB<br />
pão de forma por 30C}(, de soro é vi
Fundamentos da tecnologia de panificação:<br />
Série Tecnologia Agroindustrial. São Paulo:<br />
Fundação Tropical de Pesquisa e Tecnologia, s.d.<br />
349 p.<br />
INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas<br />
analíticas do Instituo Adolfo Lutz. São Paulo:<br />
O Instituto, J 985.<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
• • • •<br />
MACIEL, J.F.; SANTOS, J.v.; BONOMO, P.; et<br />
aI.; Enriquecimento nutricional de pão de forma<br />
com soro de leite. Revista do Instituto de<br />
Laticínios Cândido Testes, v. 57, n 327, p.<br />
114 a 116. 2002.<br />
RIBEIRO JÚNIOR, J.1. Análises estatísticas<br />
no SAEG - Viçosa: UFV, 200 I. 30 I p.<br />
• • • •<br />
PERFIL QUíMICO E FíSICO-QuíMICO DE BASES LÁCTEAS FERMENTADAS TIPO FLAN<br />
COM DIFERENTES TIPOS DE ESPESSANTES<br />
Chemical and physicochemical profile of the fermented milky base Iike Flan with<br />
different kinds of thickeners<br />
RESUMO<br />
Luciane Vincenzi1<br />
Marly Sayuri Katsuda2<br />
Cristiane M. Feniman3<br />
O presente trabalho teve a finalidade de avaliar as alterações químTcas e físico-químicas<br />
de bases lácteas fermentadas em relação as bases lácteas não fe rmentadas do tipo tlan durante<br />
o período de armazenamento. O ensaio consistiu em bases lácteas fermentadas com culturas<br />
láticas compostas por StreptococclIs salivarills subsp ther/J/ophillls e Lactobacilllls delbruechii<br />
subsp blll[{aricllS comparados ao não fermentado, nos tempos I, 7 e 14 dias armazenados sob<br />
refrigeração (5 ± 2°C). As análises químicas e físico-químicas realizadas na base Láctea<br />
fermentada foram pH, acidez titulável (AT), umidade e sinérese. Para a base não fermentada<br />
foram determinadas umidade e sinérese. Os espessantes utilizados nas bases lácteas foram<br />
carragena padronizada para produtos ácidos (O), carragena + goma guar (F) e carragena +<br />
amido acetilado (G). Os resultados de pH e AT das bases lácteas fermentadas demonstraram<br />
que após 14 dias de estocagem o produto acidificou significativamente. O tratamento G<br />
apresentou maior sinérese e um incremento no pH e AT em relação aos demais tratamentos<br />
(p>0,05). O parâmetro sinérese das bases lácteas fermentadas foi maior em relação a bases<br />
não fermentadas durante o armazenamento (p>0,05). Portanto, a base láctea fe rmentada<br />
elaborada com carragena + goma guar apresentou maior estabilidade química e físico-química<br />
durante 0 período de armazenamento em relação aos demais tratamentos, além de apresentar<br />
.<br />
pouca dIferença em relação a base Láctea não fe rmentada.<br />
Palavras-chave: Gomas, amido, estabilidade da base láctea, StreptococclIs salivarillS subsp<br />
therl1lophillls, Lacto!Jacillus delbrllechii subsp blllgariclIs, fermentação e estocagem.<br />
Tecnó!oga m Alimentos . - mdalidade Inustialização de Laticínios. Centro Federal de Educação Tecnológica do<br />
Parana, Ullldade de MedianeIra. Av. Brasil n 4232, Parque Independência, CEP: 85884-000, Medianeira - PRo<br />
2 M .. \·c Ciência de Alimentos, Docente do Curso de Tecnologia em Alimentos, CEFET, Unidade de Medianeira/<br />
PRo E-mail: marly@md.cefetpr.br<br />
3 M. SC. Ciência de Alimentos, Tecnóloga de Alimentos/<br />
Pág. 264<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Um dos segmentos lácteos que oferece<br />
di versas opções para o consumidor são os<br />
produtos lácteos gelificados. A inovação do<br />
produto envolve não somente o desenvolvimento<br />
de diversas formulações e sabores, mas<br />
também alterações tecnológicas visando alterar<br />
suas características sensoriais, tais como<br />
emulsificação e fermentação. As sobremesas<br />
lácteas fermentadas podem gerar novos produtos<br />
alterando o sabor, devido aos compostos<br />
aromáticos desenvolvidos durante a fermentação,<br />
além de agregar valor nutricional, devido a<br />
presença das culturas láticas. LEROY & VUYST<br />
(2004) comentaram que atualmente vem<br />
ampliando a oferta de alimentos adicionados de<br />
componentes ou microrganismos que exercem<br />
funções biológicas com o intuito de proporcionar<br />
efeitos benéficos aos consumidores.<br />
De acordo com a Resolução n° 388 do<br />
Ministério da Saúde, o fl an se enquadra na<br />
classificação das sobremesas gelificadas, bem<br />
como pudins e leites gelificados. As sobremesas<br />
lácteas não fermentadas são elaboradas a partir<br />
de leite. amido, açúcar, cacau, etc. A textura e o<br />
corpo são fatores importantes para especificar<br />
as características gerais do produto. O corpo do<br />
fl an deve ser suficientemente fi rme e coeso,<br />
enquanto o aspecto deve ser suave, livre de<br />
grumos e fi ssura (BRASIL, J 999; SCIGLIANO,<br />
2002; DANONE, 20(3). Os principais agentes<br />
espessantes e gelificantes utilizados na indústria<br />
alimentícias são gomas, amidos, pectinas e<br />
gelatinas. Os fatores que influenciam a gelificação<br />
são: concentração, temperatura, açúcar, pH e<br />
condições de armazenamento (SGARBIERI,<br />
1996; PENNA. 2002).<br />
Baseado nesse contexto o presente trabalho<br />
visou avaliar as alterações químicas e físicoquímicas<br />
de bases lácteas fermentadas em relação<br />
as bases lácteas não fermentadas do tipo f1 an<br />
durante o período de armazenamento.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
2.1 - Material<br />
Para a realização do experimento utilizouse<br />
leite integral (3,4% de gordura e 16°D) e<br />
pasteurizado. A cultura lática utilizada foi o YC -<br />
X J I da CHR- Hansen. Os agentes geleificantes<br />
utilizados foram os aditivos comercializados para<br />
produção de sobremesas lácteas: Carragena<br />
Genulacta LRA 50 e LP 60 (CP KeIco), amido de<br />
mandioca acetilado e pré-gelatinizado (CARGILL);<br />
amido de mandioca pré gelatinizado (NATIONAL);<br />
digitalizado por<br />
goma guar e goma xantana (KERRY do Brasil) e<br />
alginato de sódio (GERMINAL).<br />
2.2 -Métodos<br />
A elaboração da base Láctea fermentada e<br />
não fe rmentada fo i baseada no processo de<br />
fabricação do iogurte natural proposto por<br />
TA MIME & ROBINSON (199 J) com modificações.<br />
O leite foi aquecido até 65°C e adicionado de<br />
agente geIificante. Após a homogeneização, a<br />
mistura fo i aquecida a 83°C e mantida por 30<br />
minutos em banho-maria. Decorrido este tempo,<br />
resfriou-se a mistura à temperatura de 42°C e<br />
adicionou 1,5% do fermento lácteo YC - X l I.<br />
Finalmente a mistura foi envasada em embalagem<br />
polimérica (capacidade para 50 gramas) e submetida<br />
a fermentação em estufa a 42°C para promover a<br />
acidificação até pH 4,4. No fi nal da fermentação,<br />
as bases lácteas foram armazenadas em câmara<br />
fria à temperatura de 7 ± 2°C. As base láctea não<br />
fermentada foram envasadas e armazenadas nas<br />
mesmas condições de refrigeração.<br />
O ensaio consistiu em duas etapas. A primeira<br />
etapa fo i selecionar os espessantes que apresentaram<br />
característica estável na textura e<br />
aparência após a fe rmentação . Os tratamentos<br />
foram denominados como A (alginato de sódio), B<br />
e C (Amido de mandioca pré-gelatinizado da<br />
CARGILL e NATIONAL), D (GENULACTA LRA<br />
50 - carragena iota padronizada para pH 4,4<br />
4,6), E (GENULACTA LP 60 - carragena iota<br />
padronizada para pH neutro), F (GENULACTA<br />
LP 60 carragena + goma guar), G (GENULACTA<br />
LP 60 - carragena + amido acetilado) e H<br />
(GENULACTA LP 60 carragena + goma<br />
xantana) utilizados nas concentrações indicadas<br />
pelos fabricantes com aplicação em sobremesas.<br />
A segunda etapa consistiu na avaliação química e<br />
físico-química das bases lácteas fermentadas<br />
(A,B, ... ) comparadas com as não fermentadas (Aa,<br />
Bb, .. ). O experimento consistiu na aval iação<br />
química e físico-química das bases gelificadas<br />
fermentadas e não fermentadas durante o período<br />
de armazenamento nos tempos I, 7 e 14 dias.<br />
Para as bases lácteas fermentadas foram avaliados<br />
pH, AT, umidade e sinérese. Para as bases não<br />
fermentadas foram verificados o teor de umidade<br />
e sinérese. Os procedimentos analíticos realizados<br />
para pH e AT foram de acordo com SILVA et aI.<br />
(1997), Umidade (INSTITUTO ADOLFO LUTZ,<br />
J 985) e Sinérese (HASHIMOTO & ANTUNES.<br />
1995). A partir dos resultados obtidos procedeuse<br />
a análise de variância (ANOVA tlVO way e/ou<br />
oI/e way) e aplicou-se o teste de Tuckey mediante<br />
programa MINITAB fo!' windows (1998) para<br />
verificar diferenças entre as médias.<br />
arvoredoleite.org
3 _ RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
3.1 -Testes preliminares<br />
Os tratamentos A, B, C, E e H não<br />
apresentaram características adequadas para o<br />
produto em estudo, pois apresentaram frágeis,<br />
quebradiços e com fissuras. Porém os tratamentos<br />
O, F e G apresentaram características de textura<br />
e estabilidade adequadas, sendo selecionados para<br />
realizar a segunda etapa do experimento.<br />
3.2 - Caracterização físico-químicas das<br />
bases lácteas<br />
As bases lácteas ao final do tempo de<br />
fe rmentação (5 horas) apresentaram pH entre<br />
4,4 e 4,6. Durante I dia de armazenamento não<br />
houve produção de acidez. Segundo ANTUNES<br />
el. aI, (2003), o pH 4,6 é geralmente fixado<br />
para o término da fe rmentação de iogurte, no<br />
entanto a pós acidificação durante a vida de<br />
prateleira é um fenômeno comum (TABELA I).<br />
Os resultados de pH e AT das bases lácteas<br />
fe rmentadas demonstraram que após 14 dias de<br />
estocagem o produto sofreu acidificação.O<br />
tratamento G apresentou maior pH e AT em<br />
relação aos demais tratamentos (p>0,05). O<br />
tratamento D apresentou menor pH e AT. A queda<br />
do pH indica que houve fermentação durante a<br />
estocagem. LUCAS el aI . . (2004), relata que a<br />
pós-acidificação pode ser explicada pela atividade<br />
metabólica dos lactobacilos durante o<br />
armazenamento em temperaturas de refrigeração.<br />
Entre as bases lácteas não fermentadas o<br />
tratamento Ff apresentou menor sinérese em<br />
todos os tempos (TABELA 2). Para as bases<br />
fe rmentadas O tratamento F fo i o que sofreu<br />
menor sinérese em relação a demais bases lácteas<br />
fe rmentadas (p>0,05). A formulação F apresentou<br />
menor sinérese comparada somente com<br />
a carragena em sistema lácteo. PENNA (2002)<br />
relata que a goma guar não forma gel, porém é<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
compatível com outros hidrocolóides. Quando<br />
combinada com a carragena, produz géis fortes<br />
estabilizando os alimentos ácidos e contribuind<br />
na redução da sinérese.<br />
Tabela 2 - Medida de Sinérese (m!) durante o<br />
tempo de armazenamento das bases<br />
fermentadas e não fermentadas .<br />
D 1,7± 0, 1 li<br />
Dd 0,8± 0, 1 L'<br />
F 1,5± 0, 1 "<br />
Ff 0,5± 0,0 "<br />
G 1,9± 0,0 c<br />
Gg 0,6± 0,0 h<br />
2,3± O, I c<br />
1,4± 0,0 , .<br />
1,9± 0, 1 "<br />
0,8± 0, 1 "<br />
2, I± 0, 1 tle<br />
I,I± 0, 1 h<br />
2,7± 0,0 ç<br />
1,9± 0, 1 h<br />
2, 1± 0, 1 h<br />
l,l± 0,0 "<br />
3,2± 0,0 ti<br />
1,9± 0, 1 h<br />
I média de nove réplicas<br />
a, b - médias com letras minúsculas indicam diferenças entre<br />
os tratamentos no nível de 5% de significância.<br />
A sinérese das bases lácteas fermentadas em<br />
relação as não fermentadas apresentaram maior<br />
desprendimento de água durante o armazenamento.<br />
Provavelmente isso ocorreu devido à fermentação<br />
durante o período de estudo. Observou-se que ambas<br />
as formulações apresentaram aumento de sinérese<br />
durante a estocagem refrigerada, porém este<br />
aumento apresentou diferenças significativas entre<br />
as formulações e entre o período estudado (p da<br />
formulação G tiveram elevada sinérese comparada<br />
aos demais tratamentos.<br />
O gel obtido da formulação D apresentou<br />
baixa slnérese no 10 dia, porém aumentou<br />
gradativamente durante o período de estocagem.<br />
Entretanto todas as bases lácteas , fe rmentadas<br />
ou não, apresentaram diferenças significativas<br />
com relação à sinérese e durante o tempo de<br />
estocagem (p0,05). Porém, apresentaram diferença ao<br />
durante o tempo de estocagem (p
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
AVALIAÇÃO QUíMICA E FíSICO-QuíMICA DO QUEIJO TIPO PRATO ADICIONADO DE<br />
BIFIDOBACTERIUM LACTIS DURANTE A MATURAÇÃO<br />
Chemical and physico-chemical evaluation of the Prato cheese with Bifidobacterium<br />
lactis on ripening<br />
RESUMO<br />
Cristiane Della Vechia1<br />
Danila Zago1<br />
Vanessa Schoffen 1<br />
Marly Sayuri Katsuda2<br />
o trabalho teve como objetivo avaliar a evolução química e físico-química do queijo tipo<br />
prato adicionado de cultura B(fidobacteriulll lactis em relação ao queijo controle ao longo<br />
da maturação. As análises químicas e físico-químicas realizadas fo ram nitrogênio total,<br />
nitrogênio solúvel, acidez, pH, cloretos, cinzas, umidade e gordura nos tempos O e 30 dias<br />
de maturação. Os resultados demonstraram que ambos os tratamentos (controle e probiótico)<br />
apresentaram o teor de gordura dentro dos limites estabelecidos pela legislação, exceto<br />
umidade para o tratamento controle, o qual apresentou quantidade superior ao limite<br />
estabelecido pela legislação. Os teores de cinzas, pH e acidez titulável apresentaram dentro<br />
dos limites descritos na literatura e demonstraram serem iguais estatisticamente no nível<br />
de 5% entre os tratamentos. Os parâmetros químicos cloretos, Nitrogênio total e Nitrogênio<br />
solúvel apresentaram abaixo dos limites descritos por alguns autores, o que pode ser<br />
conseqüente do incremento do teor de umidade na composição dos queijos, proporcionando<br />
um desbalanceamento na concentração destes componentes. Apesar desta observação, os<br />
tratamentos não apresentaram diferença estatística ao nível de 5% de significância. Após<br />
os 30 dias de maturação, todos os parâmetros químicos e físico-químicos entre os tratamentos<br />
não apresentaram diferença estatística ao nível de 5% de significância. Portanto, este<br />
estudo demonstrou que o queijo adicionado de B. factis apresentou ser um produto viável<br />
não oferecendo modificações químicas e físico-químicas em re lação ao queijo Prato<br />
tradicional .<br />
Palavras-chave: Queijo semi duro, semi cozido, alimento funcional, probióticos.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
De acordo com a definição legal, o queijo<br />
tipo prato é um queijo maturado obtido por<br />
coagulação do leite por meio de coalho e/ou outras<br />
enzimas coagulantes, complementadas ou não por<br />
bactérias lácticas específi cas (MERCOSUL,<br />
1996). É classificado como queijo gordo, com de<br />
gordura no extrato seco entre 45 e 59,9 % e média<br />
umidade com percentagens variando entre 36 e<br />
45,9% (MAPA, 1996). Segundo OLIVEIRA<br />
(1986), o queijo tipo Prato contém 1,7% de sal e<br />
pH variando entre 5,3-5,5.<br />
A adição de bifidobactérias em queijos vem<br />
aumentando nas últimas décadas. Isso se deve a<br />
boa estabilidade que o microrganismo apresenta<br />
em queijos em relação ao leite fermentado, devido<br />
a baixa acidez e dispor de um meio estável para a<br />
sobrevivência desse microrganismo. Em poucas<br />
semanas, a maturação favorece a sobrevivência<br />
Tecnólogas em Alimentos - modalidade Industrialização de Laticínios, Centro Federal de Educação Tecnológica do<br />
Paraná, Unidade de Medianeira. Av. Brasil n° 4232, Parque Independência, CEP: 85884 - 000, Medianeira - PRo<br />
2 M.sc Ciência de Alimentos, Docente, CEFET/ Unidade de Medianeira PRo E-mail: marly@md.cefetpr.br<br />
Projeto financiado pela empresa FRIMESA - Medianeira/PR.<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
das bactérias bífi das e outros microrganismos<br />
anaeróbios. Estudos realizados com Queij o<br />
Crescenza adicionado de BUidobacteriulJI b(tldulll,<br />
B. iJ!tcllltis e B. fOllgulII com 14 dias de maturação<br />
apresentaram elevada concentração de Nitrogênio<br />
solúvel em relação ao queijo convencional,<br />
demonstrando que as culturas probióticas tiveram<br />
maior atividade proteolítica do que os queijos<br />
convencionais. O mesmo foi observado em queijo<br />
Cheddar adicionado de lactobacilos e<br />
bifidobacterias, o qual apresentou maior atividade<br />
proteolítica em relação ao queijo convencional.<br />
(Gobetti et ai, 1998; Stanton et ai., 1998).<br />
Deste modo, o presente trabalho teve<br />
como objetivo avaliar as alterações químicas e<br />
físico-químicas do queijo tipo Prato adicionado<br />
de B. factis após o período de maturação.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
2.1 -Material<br />
O queijo foi elaborado a partir do leite<br />
integral e pasteurizado com a composição química<br />
dentro dos padrões estabelecidos pela legislação<br />
vigente. Foram utilizadas culturas liofilizadas 0-<br />
702 tipo DVS (CHR-Hansen) e BB-12 (CHR<br />
Hansen) composta de BUido!Jacteriltlll fac/is.<br />
2.2 -Métodos<br />
O queijo tipo prato fo i elaborado no<br />
Laborat6rio de Lat icínios, do Centro Federal de<br />
Educa'rüo Te cnol6gica do Paraná, Unidade de<br />
Medianeira- PR . Os procedimentos de elabonl'rão<br />
do queijo Ti po Prato foram realizados de acordo<br />
com a metodologia descrita por OLIVEIRA<br />
(1986). O estudo consistiu em dois tratamentos:<br />
controle (queijo convencional) e probiótico<br />
(adicionado de B. (actis). A cultura probiótica<br />
foi adicionada junto com a cultura starter na<br />
proporção especificada pelo fabricante. As<br />
culturas starters foram adicionadas na proporção<br />
de 1,5%. Após a salga e secagem, os queijos<br />
foram embalados e maturados a 12±2°C por 30<br />
dias. As análises químicas e físico-químicas foram<br />
realizadas nos tempo O e 30 dias, em triplicata.<br />
As análises químicas e físico-químicas<br />
foram: Acidez titulável, pH, Gord ura, Extrato<br />
Seco (método gravimétrico), Umidade, Cloretos,<br />
Cinzas, Nitrogênio Total e Solúvel (método do<br />
formol). Todas as análises foram conduzidas de<br />
acordo com os procedimentos descritos por<br />
SILVA el af (1997).<br />
Os resultados foram avaliados por análise<br />
de variância e as médias comparadas por teste<br />
de Tuckey ao nível de 5% de significância.<br />
digitalizado por<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
o pH obtido para ambos os tratamentos<br />
apresentou valores semelhantes ao citado por<br />
OLIVEIRA (1986), entre 5,3 - 5,5 (Tabela I). O<br />
aumento do pH no decorrer na maturação é esperado<br />
em virtude da formação de compostos de caráter<br />
alcalino solúveis na fase aquosa dos queijos, através<br />
da proteólise e/ou do catabolismo do ácido láctico<br />
(FARKEY et ai. 1990). Segundo PENNA (2002),<br />
os valores de acidez para o queijo tipo prato, oscilam<br />
entre 0, 15 à 1,62 % até o 90° dia de maturação. A<br />
partir dos resultados obtidos permitiu observar que<br />
a acidez titulável dos queijos controle foi de 0,64 %<br />
e o queijo probiótico 0,66% encontrando-se valores<br />
inferiores aos citados por PENNA no 33° dia de<br />
maturação com valor de 0,69%. Os fatores que<br />
influenciaram no desenvolvimento da acidez durante<br />
a etapa de maturação foram as proporções de<br />
bactérias produtoras de ácido láctico no soro e na<br />
coalhada, temperaturas empregada, tamanho dos<br />
grãos da coalhada e a proporção de substâncias<br />
antimicrobianas produzidas pelas bactérias (SCOTT,<br />
199 1). Não houve diferença estatística no nível de<br />
5% entre os tratamentos e entre os tempos.<br />
Os teores de umidade da amostras controle<br />
apresentaram acima do teor recomendado pela<br />
legislação. Porém não apresentou diferença<br />
estatística no nível de 5% entre os tratamentos<br />
e entre os tempos. Segundo SCOTT (1991), a<br />
reten'rão de umidade pode ser conseqüente de<br />
falhas no processamento tais como a intensidade<br />
de lavagcm da massa, tempo dc scmicozimcnto,<br />
tcmperatura fi nal atingida pela massa, grau de<br />
dessoragem, tempo insuficiente dc prensagem<br />
exercido na massa e fal ta de peso sobre os queijos.<br />
VAN DENDER (1986), cita que os teores<br />
de cinzas devem apresentar em média 3,7 %.<br />
Em ambos os tratamentos, as cinzas apresentaram<br />
valores abaixo aos citados pelo autor,<br />
não apresentando diferença significativa no<br />
nível de 5% entre os tratamentos e entre os<br />
tempos de maturação.<br />
O teor de sal nos queijos é importante no<br />
combate ao estufamento tardio, mas, sua eficiência<br />
depende do pH do queijo (5,3 5,5) além da<br />
temperatura de maturação do queijo (FURTA DO,<br />
1989). Segundo OLIVEIRA (1986), o teor de sal<br />
do queijo tipo prato típico deve conter<br />
aproximadamente 1,7 % de sal, concentração<br />
superior ao determ inado neste experimento, os<br />
quais apresentaram em média 0,8%. Os fatores<br />
que podem ter influenciado no teor de sal são:<br />
tempo de salga insuficiente e a temperatura da<br />
salmoura. Através dos dados obtidos, não houve<br />
diferença significativa no nível de 5% entre os<br />
tratamentos e entre os tempos.<br />
269<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Tabela 1 _ Composição química e característica físico-química dos tratamentos durante a maturação.<br />
tempo O 30<br />
tratamentos Controle Probiótico Controle Probiótico<br />
pH 5,24 ± 0,03 aA 5,20 ± 0,03 aA 5,36 ± 0,04 h A 5,22 ± 0,04 h A<br />
Acidez Titulável<br />
(% de Ácido Láctico)<br />
0,6 1 ± 0,04 aA 0,64 ± 0,03 :IA 0,66 ± 0,04 uA 0,66 ± 0,03 uA<br />
Umidade (%) 45,74 ± 0,86 :I A 44,83 ± 0,76 :I A 48,32 ± 8,25 uA 45,31 ± 2, 10 aA<br />
Extrato Seco (%) 54,26 ± 0,87 aA 55,17 ± 0,76 aA 51,68 ± 8,25 uA 54,69 ± 2, 10 aA<br />
Cinzas (%) 3,05 ± 0, 12<br />
Cloretos (%)<br />
aA<br />
0,79 ± 0,06 : IA<br />
2,76 ±<br />
3,33 ± 0,24<br />
0,73 ±<br />
uA<br />
0,82 ± 0,08 uA<br />
3,63 ± 0, 18 uA<br />
Gordura (%) mim 26, 16 ± 0,87 uA 26, 13 ± 0,85 uA 26,60 ± 0,60 aA 26,40 ± 0,8 1 uA<br />
GES (%) mim 48,21± 0,83 uA 47,36± 0,89 uA 51,47± 7,25 uA 48,27± 0,38 uA<br />
Nitrogênio Total<br />
84,58 ± 13,37 aA 90,42 ± 13,37 uA 105 ± 8,75 aA 113,75 ± 8,75 aA<br />
(mgIlOOg)<br />
Nitrogênio Solúvel<br />
(mg/lOOg)<br />
28,30 ± 7,10 aA 25,97 ± 5,68 uA 39,08 ± 4,40 aA 38,33 ± 6,39 uA<br />
0,58 uA<br />
0,05 uA<br />
0,90 ± 0,05 uA<br />
a.b _ Letras minúsculas diferentes indicam diferença no nível de 5% de significância em relação ao tempo de maturação.<br />
A _ Letras maiúsculas iguais indicam que não há diferença significativa no nível de 5% em relação ao tratamento.<br />
FURTA DO (1989), cita que o queijo tipo<br />
prato apresenta 28% de gordura, sendo superior ao<br />
valor determinado neste experimento para ambos<br />
os tratamentos que variou entre 26, I % a 26,6%.<br />
Embora ambos os tratamentos estejam com o teor<br />
de gordura no extrato seco dentro dos limites<br />
estabelecidos pela legislação. Não houve diferença<br />
estatística entre os tratamentos e os tempos de<br />
maturação no nível de 5% de significância.<br />
Nas análises de Nitrogênio total comparado<br />
com os dados de DRUNKLER (2003), onde este<br />
cita uma média de 150 mg/ lOOg no queijo Prato<br />
no início da maturação . Os resultados deste<br />
experimento apresentaram-se inferiores ao citado<br />
pelo autor, com média inicial de 87 mgll OOg. Os<br />
tratamentos não apresentaram diferença estatística<br />
no nível de 5% de significância. A determinação do<br />
Nitrogênio solúvel esta relacionada com o nível de<br />
maturação dos queijos em cada tempo analisado.<br />
POMBO (1983) afirma que com o passar do<br />
tempo, pode ocorrer proteólise no queijo e as<br />
proteínas tendem a degradar-se aumentando a<br />
proporção de nitrogênio solúvel. Segundo<br />
DRUNKLER (2003), o teor de nitrogênio solúvel<br />
em pH 4,6 apresentou em média 53,65 mglI OOg<br />
no 25° dia de maturação. Analisando os resultados<br />
expressos pelo autor, observa-se que os valores<br />
encontrados neste experi mento se obtiveram<br />
abaixo no 30° dia de maturação (média de 38,7mgl<br />
100g). Não houve diferença estatística no nível de<br />
5% de significância entre os tratamentos e tempos<br />
de maturação.<br />
Pág. 270<br />
4 - CONCLUSÃO<br />
Evidenciou-se que o queijo incorporado da<br />
cultura probiótica não apresentou diferença na<br />
composição química e parâmetros físicoquímicos<br />
em relação ao queijo controle.<br />
Portanto, queijo tipo prato adicionado de B.<br />
{actis demonstrou ser um produto viável com<br />
poucas alterações químicas e fís ico-químicas.<br />
SUMMARY<br />
The objective of this work was evaluate of<br />
chemical and physicochemical of Prato cheese<br />
added by BZ!idobacteriulIl lactis in comparision<br />
of traditional cheese during the ripening. chemical<br />
and physicochemical analysis was total nitrogen,<br />
soluble nitrogen, titratable acidity, pH, chloride,<br />
ashes, dry matter, umidity and fat in O and 30<br />
days of ripening. The results showed that the fat<br />
val ue was into the legislation parameter, except<br />
umidity which value was above of legal value.<br />
Ashes, pH, titratable acidity was statistically equal<br />
on 5% of significance between treatment.<br />
Chloride, total nitrogen and soluble nitrogen were<br />
below of the limits described by other authors.<br />
The treatments not showed statistic differences<br />
in the 5% of significance. After 30 days of<br />
ripening ali chemical and physicochemical not<br />
showed difference between the treatments. So the<br />
cheese added with probiotic had not difference in<br />
comparision of traditional Prato cheese.<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Key-words: Semi-hard cheese, semi<br />
heated, fuctional food, probiotic.<br />
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
DRUNKLER, N. L. Efeitos da padronização<br />
do teor de Caseína/Gordura (C/G) sobre o<br />
rendimento e características químicas e<br />
físico - químicas do
Os parâmetros fi sico-químicos e microbiológicos<br />
do leite têm importância fundamentai<br />
para aferir sobre a qualidade do mesmo. O<br />
leite bovino é bastante estudado e estes<br />
parâmetros têm sido padronizados de acordo com<br />
a evolução da produção leiteira, entretanto estes<br />
parâmetros são pouco estudados para o leÚe eqüino<br />
e poucos dados são encontrados na literatura<br />
mundial . A concentração bacteriana no leite é<br />
importante indicativo de sua qualidade e reflete a<br />
saúde do animal que o produz, as condições de<br />
ordenha, armazenamento e transporte do leite,<br />
além de interferir na percepção de qualidade do<br />
leite e derivados pelo consumidor (FONSECA &<br />
SANTOS, 2000; HILLERTON, 2000). O controle<br />
microbiológico do leite avalia o risco que o mesmo<br />
pode apresentar para a saúde do consumidor além<br />
de permitir avaliar o tempo de conservação (vida<br />
de prateleira) do leite. A contaminação microbiana<br />
é normalmente aferida por meio da contagem<br />
bacteriana total (CBT). Em virtude das interações<br />
entre os fatores responsáveis por sua<br />
contaminação, o leite, ao sair da glândula mamária,<br />
pode apresentar contagem bacteriana inicial<br />
variável: desde valores abaixo de 1,0 x 10.1 UFC/<br />
mL até acima de 1,0 x 10r, UFC/mL (BRAMLEY<br />
& McKINNON, 1990). Não foram encontrados<br />
estudos sobre este parâmetro para a espécie<br />
eqüina. O objetivo deste trabalho foi o de<br />
identificar a qualidade microbiológica do leite<br />
eqüino a fi m de viabilizar a utilização do mesmo<br />
para o consumo por humanos na fo rma de<br />
alimento esscncial, como já acontece, com<br />
sucesso, em países europeus como Alemanha e<br />
França.<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
MATERIAL E MÉTODOS<br />
Para este estudo fo ram analisadas 132<br />
amostras de leite eqüino, colhido em quatro<br />
diferentes haras num raio de 120km de Goiânia<br />
- Goiás, quinzenalmente durante os primeiros<br />
90 dias de lactação. O leite eqüino foi obtido de<br />
ordenha total, manual, após limpeza e assepsia<br />
dos tetos com álcool 700GL e gaze. O leite foi<br />
colhido em béquer de vidro de 1000ml,<br />
esterilizado em autoclave. Mãos e antebraços do<br />
ordenhador eram lavados com água e sabão e<br />
enxutos. Após a limpeza dos braços, a assepsia<br />
era feita com álcool 70oGL. Após a ordenha, o<br />
leite era transferido para frasco estéril, na presença<br />
de fonte de calor, onde era homogeneizado<br />
e separada uma amostra de 40mL à qual era<br />
adicionado o conservante azidiol preparado pelo<br />
LQL - CPA - UFG. Este leite era mantido em<br />
caixa isotérmica com gelo químico e transferido<br />
ao laboratório de qualidade do leite do Centro de<br />
Pesquisa em Alimentos da Escola de Veterinária<br />
onde era analisado pelo método eletrônico de<br />
citometria de fl uxo. Foram consideradas para<br />
este trabalho apenas amostras advindas de<br />
animais saudáveis que não apresentaram dor,<br />
calor, incômodo ou resistência anormal à<br />
ordenha e/ou quaisquer alterações físico-químicas<br />
não fisiológicas no leite, indicativos de mastite<br />
clínica ou sub-clínica.<br />
RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Os dados obtidos foram agrupados segundo<br />
o período da lactação, de onde se obteve a média<br />
Gráfico I - Concentração bacteriana encontrada no leite eqüino obtido entre 15 e 90 dias de lactação<br />
(em UFC/mL).<br />
U F C x 10'/ mL<br />
16<br />
Pág. 272<br />
14<br />
12<br />
10<br />
8.0<br />
6.0<br />
4.0<br />
2.0<br />
/--- -- --'- -- --"' ''''<br />
:---'- --_._--------_._--------_ .. _---<br />
t--- -- --- -- -- -- -- -- -- -- -- - ---<br />
-- --- I--CBT I<br />
15 30 45 60 75 90<br />
Dias após o parto<br />
-- -<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
de cada ordenha. Os resultados encontrados estão<br />
expostos no gráfico a seguir.<br />
Os resultados obtidos neste trabalho<br />
demonstram uma concentração bacteriana bastante<br />
baixa, variando de 7,05 x 10 .1 UFC/mL até um<br />
máximo de 1,45 x 104 UFC/ mL, dentro dos limites<br />
e próximos dos valores mínimos, descritos por<br />
(BRAMLEY & McKINNON, 1990). Estes valores<br />
podem traduzir as interações descritas pelos mesmos<br />
autores entre o leite e fatores ambientais. Dentre<br />
as possíveis fontes de contaminação foram<br />
identificadas a possibilidade de contaminação<br />
ambiental e advinda do próprio animal. A possível<br />
contaminação ambiental pode ser devida ao local<br />
de ordenha, uma vez que os animais eram<br />
ordenhados em currais ou estrebarias que, apesar<br />
de se apresentarem limpos, eram locais de grande<br />
trânsito animal. A possível contaminação animal<br />
pode ser decorrente da dificuldade de higienização<br />
do espaço existente entre os tetos da égua que é<br />
profundo e estreito, sendo assim de difícil acesso<br />
para a limpeza; além de ser um local propício ao<br />
acúmulo de sujidades que podem cair facilmente no<br />
leite durante a ordenha.<br />
De acordo com (HILLERTON, 2000) a<br />
concentração bacteriana no leite é importante<br />
indicativo de sua qualidade. Do ponto de vista<br />
microbiológico, de acordo com os resultados<br />
obtidos, o leite eqüino obtido de éguas saudáveis<br />
e bem armazenado apresenta boa qualidade<br />
podendo ser consumido pelo homem.<br />
SUMMARY<br />
The equine milk is very used in some<br />
countries like Germany, France and Russia for<br />
• •<br />
digitalizado por<br />
the treatment of some diseases mostly in<br />
children or patients with pulmonary diseases.<br />
However, it is not exhaustively studied and, in<br />
Brazil, there are few studies on this subject. The<br />
aim of this study is to give knowledgement about<br />
the mare's milk microbiological characteristics<br />
in the region of Goiânia. The study was carried<br />
during the three first months of lactation and<br />
the milk was collected each 15 days with the<br />
beginning after de 10lh day of lactation. A total<br />
of 132 samples were analyzed. The results<br />
demonstrated that the mare's milk has the<br />
bacterial counting varying between 7,05 x 10.1<br />
UFC/mL and 1,45 x 104 UFC/ mL and is safe for<br />
human consumers .<br />
Key words: bacterial counting; consume;<br />
diseases; humans; mare; milk.<br />
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA<br />
BRAMLEY, A. 1.; McKINNNON, C. H. The<br />
microbiology of raw milk. In: ROBINSON, R.<br />
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1990. capo 5, p. 163-208.<br />
FONSECA, L. F. L.; SANTOS, M. V. Qualidade<br />
do leite e controle de mastite. São Paulo:<br />
Lemos Editorial, 2000. 175p.<br />
HILLERTON, E. Contagem bacteriana no leite:<br />
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controle. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL<br />
SOBRE QUALIDADE DO LEITE, 2., 2000,<br />
Curitiba, Anais . .. Curitiba: UFPR, 2000, p.<br />
59-65.<br />
• • •<br />
arvoredoleite.org<br />
Pág. 273<br />
I1<br />
;; ;r<br />
I' "<br />
,I '
PESQUISA DE RESíDUO DE ANTIBiÓTICO . LACTÂMICOS NO LEITE DE CABRÀ<br />
FORNECIDO A SEIS MINI - USINAS DO CARIRI PARAIBANO<br />
Research of antibiotic residue a lactâmicos in the raw goat milk supplied to six mini<br />
plants of Cariri Paraibano<br />
RESUMO<br />
SILVA, Luciana Medeiros da<br />
CARVALHO, Maria das Graças Xavier de1<br />
MEDEIROS, Nara Geanne de Araúj0 1<br />
SIQUEIRA, Iara Nunes de2<br />
LIMA, Suely Cristina Pereira de2<br />
SANTOS, Marta Glícia Oliveira dos2<br />
XAVIER, Valéria Maria Cavalcante3<br />
HOLANDA, Simone Araújo de Medeiros ' 4<br />
A rença d . e rsídu? . de antibiótico no leite é de grande preocupação das autori dades<br />
samtanas devido . a toxcldade e resistência que ele pode provocar no consumidor. O objetivo<br />
dsse trabalho fOi anhsar a presença de resíduos de antibióticos do grupo /3 - lactâmicos no<br />
leite de cabra fornecido a seis mini - usinas do cariri paraibano. Foram analisadas amostras<br />
de acordo com o número de fornecedores para cada mini - usina, aqui identificadas como<br />
A, .' C, D, E e F. Os resultados desta pesquisa mostraram um grande número de amostras<br />
posItivas, A 25, . B 10,6 . %, C 20%, D 9,7%, E 25% e F 27,3%. A partir desses resultados<br />
torna-s necessarl? , un ngoroso controle deste leite por parte dos produtores, Mini-usinas<br />
e autoridades samtana.<br />
Palavra-chave: Leite de cabra, Antibiótico, Saúde Públ ica.<br />
INTRODUÇÃO<br />
. Existe um grande interesse na produção de<br />
leite de cabra, em virtude do seu alto valor<br />
nutritivo, nível de qualidade dietética, despertando<br />
a iniciativa governamental para criação<br />
de programas que objetiva elevar o nível<br />
nutricional da dieta familiar da população de<br />
baixa renda (MEDEIROS et al., 1994).<br />
A presença de resíduo de antibiótico no leite<br />
tem sido, nos últimos anos, um dos maiores desafios<br />
impo stos a industria de alimentos no mundo, pois<br />
.<br />
eles 1I1terferem na manufatura de alguns produtos<br />
lácteos, podem causar hipersensibilidade em<br />
humanos, além de resistência a antibioticoterapia,<br />
e são considerados indesejáveis pelos consumidores<br />
(JOHNSSON, 1993).<br />
A resistência bacteriana a antibióticos é<br />
um sério problema na saúde pública, pois pode<br />
proporcionar problemas de saúde aos<br />
consumidores, como alergia, intoxicação e até<br />
mesmo alguns tipos de câncer, e ainda inviabilizar<br />
o processamento lácteo na ind ústria, para<br />
obtenção de iogurte, bebidas fermentadas, queijos<br />
e outros produtos (BRITO, 1998).<br />
Furtado (1999) cita que os antibióticos<br />
podem ser encontrados no leite por introdução<br />
voluntária fraudulenta, para prolongar a<br />
Prfesras do Departamento ?e Medicina Veterinária do Centro de Saúde e Tecnolocria Rural CSTR da<br />
Ul11velsldade Federal de Campll1a Grande UFCG.<br />
2 PÓ , s-raduanas , o Curso de Medicina Veterinária em Pequenos Ruminantes do CSTR/DMV/UFCG<br />
3 Medica Vetennana.<br />
4 Aluna do curso de graduação em Medicina Veterinária - CSTR/ UFCG.<br />
Pág. 274<br />
'"<br />
.<br />
durabilidade do leite, ou por :ia ndireta oriunda . do<br />
tratamento terapêutico de animaIS . com algum tipO<br />
de infecção, especialmente a mamlte, que acomete<br />
ce<br />
rca de 40% do rebanho leiteiro brasileiro.<br />
O uso indiscriminado de antibiótico e a não<br />
obediência ao tempo de carência indicado, . após<br />
a última aplicação do medicamento no anlInal,<br />
p<br />
ara utilização do leite para consumo, tem sido<br />
' f ' d<br />
relatado há décadas por di erentes pesqUisa ores<br />
(Kosikowski, 1960; Mello Filho, 1969; Farrely,<br />
1970; Cook et al., 1976).<br />
Em virtude de fatos como esses este tra-<br />
balho tem como objetivo à pesquisa de presença<br />
de resíduo de antibiótico do grupo b - lactâmicos<br />
no leite fornecido a seis mini - usinas do cariri<br />
paraibano.<br />
MATERIAL E MÉTODOS<br />
Foram analisadas 164 amostras de leite de<br />
cabra cru, de acordo com o numero de<br />
fo rnecedores para cada mini usina aqui<br />
identificada como A com 48 fornecedores de leite<br />
de cabra, B com 47 fornecedores, C com 15, D<br />
com 31, E com 12 e F com li fornecedores.<br />
Para cada analise foi utilizada o Kit P -<br />
lactâmicos (SNAP), uma placa aquecedora e a<br />
mostra de leite. Este kit analisa a ausência ou<br />
presença de resíduo de antibiótico do grupo das<br />
penicilinas e cafalosporinas (pe nicilina G,<br />
amoxicilina, ampicilina, cefapirina).<br />
RESULTADO E DISCUSSÃO<br />
Neste estudo, foi encontrado um percentual<br />
de 17,70% das amostras coletadas com presença<br />
de antibióticos e 82,30% com ausência.<br />
Analisando-se por mini - usinas, observou-se que<br />
na A 25% das amostras apresentaram resíduos de<br />
b - lactâmicos, na B 89,4%, na C 20%, na D<br />
9,7%, na E 75% e na F 72,7% (Tabela 01).<br />
SANTOS et aI. (2005),pesquisando nesta<br />
mesma região no período de janeiro a dezembro<br />
de 2004 encontrou 31,66% de amostras<br />
positivas. Carvalho (1998), trabalhando com<br />
m1l11 usinas da região de São Paulo, encontrou<br />
resultados inferiores 11,1 1 % , porém de caráter<br />
preocupante, já Barros et aI (200 I) pesquisando<br />
antibiótico no leite pasteurizado tipo C na cidade<br />
de Salvador e Albuquerque et aI (1996) em<br />
Fortaleza, obtiveram resultados superiores aos<br />
encontrados nesta pesquisa, 38,5% e 69,7% das<br />
amostras positivas, respectiva mente. Estes<br />
dados revelam a necessidade de maior atenção<br />
por parte dos Serviços de Inspeção no controle<br />
sanitário do leite distribuído ao consumo.<br />
CONCLUSÃO<br />
De acordo com os resultados encontrados<br />
observa-se um grande número de amostra com<br />
presença de resíduo de antibiótico, necessitando<br />
de um rigoroso controle do leite que é processado<br />
nestas mini - usinas, pois a presença do mesmo<br />
representa grave perigo para saúde pública e<br />
compromete processamento dos seus derivados.<br />
como iogurte.<br />
SUMMARY<br />
The presence of antibiotic residue in the<br />
milk is of great concern of the sanitary<br />
authori ties due to the toxicity and resistance<br />
that he can provoke in the consumer. Was lhe<br />
objective of lhat work to analyze the presence<br />
of residues of antibiotics of the group?-done<br />
lactâmicos in the goat milk supply to six miniplants<br />
of the cariri paraibano. Samples were<br />
Tabela 1 - Resultados da presença de resíduos de antibióticos do grupo b - lactâmicos de leite de cabra<br />
cru fornecido a seis mini - usinas do cariri paraibano, no período de dezembro de 2004 a<br />
abril de 2005.<br />
*N - N° de amostras<br />
Mini-Usinas PRESENTE AUSENTE N° total de<br />
amostras<br />
B 05 10,6 42 89,4 47<br />
C 03 20 12 80 15<br />
D 03 9,7 28 90,3 31<br />
E 03 25 09 75 12<br />
F 03 27,3 08 72,3 Ii<br />
29 135 164<br />
digitalizado por<br />
arvoredoleite.org<br />
I<br />
I<br />
I<br />
I ,
analyzed in agreement with the number of<br />
suppliers for each mini-plant, here identified as<br />
A (48), B (47), C (15), D (31), E (12) and F<br />
(1 1). The results of this research showed a great<br />
number of positive samples, A 25%, B 10,6%, C<br />
20%, D 9,7%, E 25% and F 27,3%. To leave of<br />
those results he/she becomes necessary a rigorous<br />
control of this milk on the part of the producers,<br />
Mini-plants and sanitary authorities.<br />
Key-words: goat milk, Antibiotic , public<br />
Health<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
ALBUQUERQUE, L. M. B.; MELO, V. M.;<br />
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de resíduos de antibióticos em leite<br />
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Revista Higiene Alimentar. São Paulo, v. 10,<br />
n. 41, p. 29-32, 1996.<br />
BARROS, G. M. S.; JESUS, N. M. de; SILVA, M.<br />
H. Pesquisa de resíduos de antibióticos em leite<br />
pasteurizado tipo C, comercializado na cidade<br />
de Salvador. Revista Brasileira de Saúde e<br />
Produção Animal. n.2, p. 69-73, 200 I.<br />
Publicação on-line da EMV-UFBA.<br />
BRITO, M. A.V.P. Perigos dos resíduos<br />
antimicrobiano. In: BRITO, J.R.F. ; DIAS, 1>C.<br />
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ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATIcíNIOS<br />
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CARVALHO, M. G. X. Características físico_<br />
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de cabra processado em micro usinas da<br />
Região da Grande São Paulo - SP. São Paulo<br />
1998. Tese (Doutourado). Faculdade de Medicina<br />
Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo.<br />
COOK, R. C.; KATZ, W. K.; MEARA, P. J. The<br />
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milk supplied to the city of JOhannesbung.<br />
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FURTADO, M. M. Principais problemas dos<br />
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Fonte Comunicação e Editora São Paulo - Brasil<br />
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FA RRELY, B. T. A survey of the incidence of<br />
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liquid milk area. Ir. Ve to Joumal. Dublin, V. 26,<br />
n. 3, p. 41-7, 1970<br />
JOHNSSON, G. Swedish sheme for the control of<br />
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Dairy Federation (283): 59, 1993.<br />
MEDEIROS, L. P. ; GIRÃO, R. N.; GIRÃO, E.<br />
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sua exploração. Brasília: EMBRAPA- SPI,<br />
177P., 1994.<br />
MELLO FILHO, J. M.; Penincilina ni leite de<br />
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sensibilização. Revista Paulista de Medicina '<br />
São Paulo, V. 25, p. 21-34. 1969.<br />
PESQUISA DE MICRORGANI , SMOS MESÓFILOS BASEADO NO SISTEMA DE ANÁLISES<br />
DE PERIGOS E PONTOS CRITlCOS DE CONTROLE a APPCC EM SEIS MINI USINAS DE<br />
LEITE DE CABRA DO CARIRI PARAIBANO<br />
Rese . a ch of microrg nisms mesophilis based on the system of Hazard Analyses and<br />
Cntlcal Control Pomt a HACCP in six míni plants of milk goat of cariri paraibano<br />
SANTOS, Marta Glicia Oliveira dos1<br />
CARVALHO, Maria das Graças X. de2<br />
Alunas da pós-grad . uação em medicina veterinária de pequenos ruminantes. UFCG-PB-Brasil.<br />
2 Prof.a de Tecnologia e Inspeção de Leite e derivados. UFCG-PB-Brasil.<br />
3 Aluna do Curso de especialização. UFCG-PB-Brasil.<br />
LIMA, Suely Cristina Pereira1<br />
SILVA, Luciana Medeiros da3<br />
SIQUEIRA, Iara Nunes de1<br />
'<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
RESUMO<br />
O leite pode ser conservado por vários processos tecnológicos, dentre eles, a pasteurização<br />
é um método que assegura a destruição dos microrganismos patógenos e mantém as<br />
características organolépticas e nutritivas, tornando um alimento inócuo e sadio (RIEDEL,<br />
1996). O APPCC é um programa de controle de qualidade adotado por indústrias de<br />
alimentos com o intuito de produzir alimentos que não ofereça riscos a saúde do consumidor.<br />
Observando os padrões microbiológicos para leite de cabra pasteurizado, o trabalho teve<br />
como objetivo monitorar o processo de pasteurização quanto à presença de microrganismos<br />
mesófilos, coletando 10 (dez) amostras de leite por Ponto crítico de Controle (PCC), em<br />
cada uma das 6 (seis) mini-usinas do cariri paraibano. O PCC I é a etapa de pasteurização e<br />
o PC C, a estocagem. Encontra-se em todas as mini-usinas um alto índice de contaminação,<br />
atingindo médias superiores ao recomendado pela legislação, onde o leite logo após a<br />
pasteurização apresentou uma média de 2,3 x 10ó UFC/mL a 1,3 x 107 UFC/mL e o<br />
embalado (pronto para consumo) de 2,3 x 10ó UFC/mL a 2,6 x 107 UFC/mL. Em algumas<br />
mini-usinas observou contaminação da estocagem superior a da recém pasteurizada,<br />
indicando uma contaminação pós-pasteurização, associadas a falhas no empacotamento e<br />
armazenamento do leite após a pasteurização.<br />
Key words: Goat milk, mesophilis, HACCP, Pasteurization.<br />
INTRODUÇÃO<br />
Segundo Jaubert (1997) a qualidade do leite<br />
caprino pode ser definida como um potencial<br />
resultante de tratamentos tecnológicos, no qual<br />
seu consumo responde às expectativas em<br />
termos da saúde (valor nutricional), da qualidade<br />
(higiene) e da satisfação (atributos sensoriais).<br />
Portanto, o leite deve ser obtido e manuseado<br />
de fo rma correta desde a ordenha, benefi<br />
ciamento e distribuição. Segundo Simplicio e<br />
Wander (2003) e Guimarães e Cordeiro (2003),<br />
a carência de aplicação de tecnologias adequadas,<br />
somada à não utilização de padrões de controle<br />
higiênico-sanitário do leite de cabra e seus<br />
derivados no Brasil, têm-se constituído como os<br />
principais obstáculos ao desenvolvimento do<br />
setor de laticínios especializados em produtos<br />
caprinos. O desenvolvimento deste setor<br />
produtivo encontra-se vinculado à melhoria da<br />
estrutura de comercialização e à aplicação de<br />
tecnologias viáveis aos padrões de qualidade<br />
exigidos. Segundo a ICMSF (1984) o número de<br />
microrganismos aeróbios mesófilos (contagem<br />
em placas) encontrado em um alimento tem sido<br />
um dos indicadores microbiológicos da qualidade<br />
dos alimentos mais comumente utilizados.<br />
Segundo Franco (1996) a contagem total de<br />
bactérias é empregada para indicar a qualidade<br />
dos alimentos, independente da presença de<br />
patógenos, contagem elevada em alimentos é<br />
indicativo do uso de matéria-prima contaminada,<br />
processamento insatisfatório ou abuso durante<br />
digitalizado por<br />
o armazenamento em relação ao binômio tempotemperatura.<br />
O Sistema APPCC determina a<br />
pasteurização e a estocagem como sendo etapas<br />
denominadas Pontos Críticos de Controle - PCC<br />
e devem ser monitoradas quanto a perigos<br />
microbiológicos. O objetivo deste trabalho foi<br />
avaliar o nível de recontaminação do leite de<br />
cabra durante o processo de pasteurização nas<br />
mini-usinas do cariri paraibano.<br />
MATERIAL E MÉTODOS<br />
Durante o período de janeiro a dezembro<br />
de 2004 foram monitoradas todas as mini usinas<br />
de beneficiamento de leite de cabra da região<br />
do cariri paraibano, baseado no sistema de<br />
controle de qualidade, o APPCC. Foram<br />
analisadas 10 amostras de leite de cabra por<br />
etapa do processamento: logo após a pasteurização<br />
(PCC,) e o leite embalado (PCCj),<br />
totalizando io amostras por mini-usinas. Às<br />
amostras foram transportadas e acondicionadas<br />
em caixas de isopor com gelo para o laboratório<br />
de Tecnologia e Inspeção de Leite da<br />
Universidade Federal de Campina Grande, em<br />
seguida foram mantidas sob refrigeração até o<br />
momento das análises. Realizou-se a Contagem<br />
Padrão em Placa (UFC/mL) para microrganismos<br />
mesófilos (BRASIL, 1992). O índice<br />
de contaminação foi baseado na legislação para<br />
leite de cabra (BRASIL, 2000).<br />
Pág. 277<br />
arvoredoleite.org
RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Encontra-se em todas as mini-usinas um<br />
alto índice de contaminação, atingindo médias<br />
superiores ao recomendado pela legislação, onde<br />
o leite logo após a pasteuri zação apresentou<br />
uma média de 2,3 x 106 UFC/mL a 1,3 x 107<br />
UFC/mL e o embalado (pronto para consumo)<br />
de 2,3 x 106 UFC/mL a 2,6 x 107 UFC/mL. De<br />
acordo com a Tabela O I observa-se que a<br />
pasteurização não fo i eficiente na destruição<br />
de microrganismos mesófilos, onde encontrase<br />
altas contagens no Ponto Crítico de Controle<br />
2 (PCC1), tendo estas, em muitas das amostras,<br />
elevado as suas contagens no PCC 1 nas miniusinas<br />
A, B e F, caracterizando uma contaminação<br />
pós-pasteurização, com alta porcentagem<br />
de amostras recontaminadas. Barbosa,<br />
Miranda (1986), em Portugal, analisando<br />
amostras de leite de cabra, obtiveram os<br />
seguintes valores médios para bactérias aeróbias<br />
mesófilas de 2,0 x 106 UFC/mL, já na Índia,<br />
região nordeste da Irlanda, com 6,5 x 10.1 UFC/<br />
mL, considerada satisfatória, ou seja com<br />
qualidade microbiológica boa.<br />
Carvalho (1998) ao avaliar os efeitos da<br />
pasteurização lenta em leite de cabra obtido da<br />
grande São Paulo, observou que esse tipo de<br />
pasteurização fo i eficaz na destruição de<br />
mesófi los, apesar das contaminações póspasteurização<br />
elevarem as suas quantidades,<br />
tornando os leites analisados fora dos padrões.<br />
Tabela 1 - Va lores médios para CPP de<br />
microrganismos mesófilos (UFC/<br />
mL) nos dois Pontos Críticos de<br />
Controle (PCC), nas seis mini-usinas<br />
de leite de cabra do cariri paraibano,<br />
no período de janeiro a dezembro de<br />
2004.<br />
Mini-usinas CPP - Mesófilos<br />
PCC 2 PCC 3<br />
A l,1 x J()1 2,6 x 107<br />
B 5,4 X 106 1,9 x 107<br />
C 2,3 X 106 2,3 X 106<br />
D 1,3 X 107 6,2 x 106<br />
E 6,6 X JOf> 6,5 X IOf><br />
F 5,3 X 106 2,6 x 107<br />
CONCLUSÃO<br />
o monitoramento no fluxograma do<br />
beneficiamento do leite de cabra revelou que O<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
PCC 1 mostrou índices de contaminações elevadas<br />
quando comparados aos encontrados em alguns<br />
PCC1, sugerindo contaminação pós-pasteurização<br />
associados à falhas no empacotamento e<br />
armazenamento após a pasteurização. Torna-se<br />
necessário que os laticínios adotem uma política<br />
de qualidade, que visualize toda a cadeia produtiva<br />
do leite de cabra, para que haja uma interação<br />
direta entre produtores, mini usinas e órgãos de<br />
fiscalização e que sejam adotadas as Boas Práticas<br />
de Fabricação - BPF e a implantação do APPCC.<br />
ABSTRACT<br />
The milk can be conserved by several<br />
technological processes, among them, the<br />
pasteurization is a method that assures the<br />
destruction of the microorganisms patógenos and<br />
it maintains the characteristics organolépticas and<br />
nutritious, turning an innocuous and healthy food<br />
(RIEDEL, 1996). The HACCP is a quality control<br />
program adopted by industries of foods with the<br />
intention of producing foods that he/she doesn't<br />
offer risks the consumer's health. Observing the<br />
patterns microbiológics for goat milk pasteurized,<br />
the work had as objecti ve monitors the<br />
pasteurization process as for the presence of<br />
microorganisms mesophilis, collecting 10 (ten)<br />
samples of milk fo r criticaI Point of Control<br />
(PCC), in each one of the 6 (six) mini-plants of<br />
the cariri paraibano. PCC I is the pasteurization<br />
stage and PC C, lhe slockpiling. He/she is in ali of<br />
lhe mini-plant-s a high index of contaminalion,<br />
reaching superior averages to the recommended<br />
by the Iegislation, where the milk soon after the<br />
pasteurization it presented an average of 2,3 x<br />
106 UFC/mL to 1,3 x 107 UFC/mL and wrapped<br />
him/it (ready for consumption) of 2,3 x 106 UFC/<br />
mL to 2,6 x 107 UFC/mL. In some l11ini-plants<br />
observed contamination of the superior stockpiling<br />
lhe one of the recently pasteurized, indicating a<br />
contamination powder-pasteurization, associated<br />
to fail in the packing and storage of the milk after<br />
the pasteuri zation.<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
BARBOSA, M.; MIRANDA, R. Physicalchemical<br />
and microbiological characteristics of<br />
goat milk in Portugal. Bulletin International<br />
Dairy Federation. n. 202, 1986.<br />
BRASIL. Ministério da Agricultura. Métodos<br />
analíticos oficiais para controle de produtos<br />
de origem animal e seus ingredientes: I,<br />
Métodos microbiológicos. Brasília, 1992.<br />
BRASIL, Ministério da Agricultura Pecuária e<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Abastecimento. Instrução Normativa n° 37, de<br />
31 de outubro de 2000. Regulamento Técnico<br />
de Produção, Identidade e Qualidade do<br />
leite de cabra. Brasíl ia, 2000.<br />
CARVALHO, M. G. X. Características físicoquímicas,<br />
biológicas e microbiológicas do leite<br />
de cabra processado em micro usinas da<br />
Região da Grande São Paulo - SP. São Paulo,<br />
1998. Tese (Doutorado). Faculdade de Medicina<br />
Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo.<br />
FRANCO, B. D. G. M.; LANDGRAF, M.<br />
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p. 182, 1996.<br />
GUIMARAR-ES, M. P. S. L.; CORDEIRO, P. R.<br />
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lácteos no Brasil, In: Simpósio Internacional de<br />
caprinos de corte e Simpósio Internacional sobre<br />
o Agronegócio da caprinocultura leiteira, 1, João<br />
Peso/PB, Anais ... João PessoalPB, p. 95-101, 2003.<br />
• • • •<br />
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FOOD (lCMSF). Microorganismos de los<br />
alimentos: Tecnicas de analisis<br />
microbiológico. Zaragoza: Acríbia, p. 43 1, 1984.<br />
JAUBERT, A. Biochemical characteristics and<br />
quality of goat milk. Morand-Fehr (ed) Recent<br />
advances in goat research. Zaragoza: CIHEAM<br />
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Mediterranean's; v. 25). 6. International<br />
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RIEDEL, G. Controle Sanitário do alimentos.<br />
2" ed., São Paulo: Atheneu, p. 320, 1996.<br />
SIMPLICIO, A. A.; WA NDER, A. Organização<br />
e gestão da unidade prod utiva no caprinoovinocultura.<br />
Congresso Pern ambucano de<br />
Medicina Veterinária - Seminário Nordestino de<br />
Caprino-ovinocultura, 5, Recife/Brasil. Anais • ..<br />
Recife/Brasil, p. 177-1 87, 2003.<br />
• • • •<br />
CARACTERíSTICAS FíSICO-QuíMICAS DO LEITE DE CABRA CRU E PASTEURIZADO EM<br />
SEIS MINI-USINAS DO CARIRI PARAIBANO<br />
Physiochemical characteristics of the raw milk of goat are pasteurized at six miniplants<br />
of cariri paraibano<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
A caprinocuItura vem ganhando grande<br />
impulso nos últimos anos pelo potencial que<br />
representa, podendo ser considerada um ins-<br />
Suely Cristina Pereira de LlMAl<br />
Maria das Graças Xavier de CARVALH02<br />
Marta Glícia Oliveira dos SANTOSl<br />
Luciana Medeiros da SILVN<br />
Nara Geanne de Araújo MEDEIROS4<br />
Valéria Maria Souza Cavalcante XAVIER5<br />
Simone Araújo de Medeiros HOLANDN<br />
trumento eficaz de promoção de desenvolvimento<br />
da zona semi-árida no Nordeste<br />
brasileiro. A sua exploração desempenha papel<br />
I UFCG/CSTR mestranda do curso de pós-graduação Méd. Veterinária de Peq. Ruminantes.<br />
2 UFCG/CSTR Prof' de Tecnologia e Inspeção de Leite.<br />
3 UFCG/CSTR Prof' de Bioquímica Animal.<br />
4 UFCG/CSTR Prof' Inspeção de Pescado.<br />
4 UFCG/CSTR Aluna do curso de Medicina Veterinária.<br />
digitalizado por<br />
arvoredoleite.org<br />
Pág. 279
elevante como fonte de proteínas e importante<br />
fator sócio-econômico para os pequenos<br />
produtores, através da utilização de seus<br />
subprodutos (RODRIGUES, 1998). A importância<br />
do leite de cabra na alimentação se deve ao seu<br />
alto valor nutritivo, maior digestibilidade,<br />
características terapêuticas e dietéticas (FISBERG<br />
et aI., 1999; HAENLEIN, 2003). Do ponto de<br />
vista físico-químico, o leite é um produto muito<br />
completo. Para compreender as transformações<br />
que se produzem nos produtos lácteos durante os<br />
diversos tratamentos industriais, é imprescindível<br />
um profundo conhecimento de sua estrutura<br />
(AMIOT, 1991). A análise dos parâmetros<br />
físico-químicos convencionais para o leite de<br />
consumo, portanto, torna-se um fator<br />
preponderante para assegurar ao consumidor o<br />
direito de controle de qualidade do mesmo<br />
(CAMPOS et aI., 1995). O objetivo do presente<br />
trabalho foi determinar as características físicoquímicas<br />
do leite de cabra cru e pasteurizado<br />
proveniente de seis mini-usinas do cariri<br />
paraibano.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
Foram coletadas em seis mini-usinas de<br />
leite de cabra do cariri paraibano 10 (dez)<br />
amostras de leite de cabra cru e 10 (dez) amostras<br />
de leite de cabra pasteurizado de cada estabelecimento.<br />
As análises físico-químicas foram<br />
re alizadas de acordo com a metodologia<br />
re comendada pelo Laboratório Nacional de<br />
Referência Ani mal - LANARA (BRASIL, 1981)<br />
para : Acidez Ti tulável; Te or de Gord ura;<br />
Densidade a 15° C; Extrato Seco Total (EST) e<br />
Extrato Seco Desengordurado (ESD). Os<br />
resultados das análises físico-químicas foram<br />
analisados utilizando a estatística descritiva,<br />
comparando-se os resultados encontrados com<br />
a legislação em vigor (VIEIRA, 1992).<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Na Tabela I e 2 encontram-se os resultados<br />
relativos à acidez, densidade, gordura, extrato seco<br />
total e extrato seco desengordurado do leite de<br />
cabra cru e pasteurizado, nas seis mini-usinas<br />
selecionadas que se apresentaram fora dos padrões.<br />
Os valores médios encontrados para a<br />
acidez do leite de cabra cru e pasteurizado nas 6<br />
mini-usinas estudadas variou de 15, 10 a 18,20°<br />
O, onde situaram-se dentro dos limites<br />
estabelecidos pela legislação vigente (BRASIL,<br />
2000). Porém, verificou-se que 2 amostras da<br />
usina A (20%), duas da usina B (20%), duas da<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATIcíNIOS<br />
usina D (20%), duas da usina E (20%) e três da<br />
usina F (30%) para o leite de cabra cru estavam<br />
fora dos padrões, que representa 18,33% do total<br />
das amostras. Para o leite pasteuri zado, apenas<br />
I amostra da usina B (10%) e uma da usina O<br />
(l 0%) apresentando acidez titulável acima de<br />
18° D, ou seja, 3,33% das amostras estavam fora<br />
dos padrões legais. Pereira et aI. (1999)<br />
encontraram um percentual muito alto de 56,6%<br />
de amostras de leite de cabra pasteurizado fora<br />
dos padrões, discordando com esta pesquisa. As<br />
densidades médias determinadas em leites de cabra<br />
cru e pasteurizado encontram-se dentro dos<br />
padrões normais estabe lecidos pela legislação<br />
vigente (1.028-1 .034) em todas as mini-usinas<br />
estudadas. Estes valores variam entre 1.03 1 ,03<br />
a 1.032,43. No entanto, das 60 amostras de leite<br />
cru, duas apresentaram densidade acima dos<br />
padrões (Usinas B e E), com valores maiores que<br />
o permitido, de 1.035,2 e 1.034,6 respectivamente.<br />
Almeida et aI. (2000), ao pesquisar a<br />
qualidade do leite de cabra comercializado em<br />
Juiz de Fora- MG encontrou valores muito abaixo<br />
desta pesquisa, que foram de 1.027, 15 a 1.03 1,63<br />
g/L, constatando que 10% das amostras<br />
produzidas no município estavam em desacordo<br />
com a legislação. O teor de gordura foi o mais<br />
variável, tendo como valor mínimo 3,3 % e no<br />
máximo de 7,6%. Em todas as mini-usinas os<br />
valores estavam dentro dos padrões quanto a<br />
variação estudada. Nunes e Isepon (2003)<br />
encontraram valores muito abaixo do encontrado<br />
nesta pesquisa. que roi de 2.74% para o teor de<br />
gord ura. O valor máximo encontrado por estes<br />
autores foi de 3,48%. Os valores estabelecidos<br />
para o extrato seco total devem ser iguais ou no<br />
mínimo de 11, 2% (BRASIL. 2(00). O menor<br />
valor encontrado foi de 12,Oc}'c, em uma amostra<br />
de leite pasteurizado da usina E e o maior valor<br />
foi de 17.63% em uma amostra de leite cru da<br />
usina D. Este alto valor pode ser decorrente do<br />
alto teor de Gordura encontrado na amostra da<br />
mesma usin, que fo i de 7.6% de gordura.<br />
Almeida et aI. (2000), pesquisaram a qualidade<br />
do leite de cabra comercializado na cidade de<br />
Juiz de Fora (MG) e encontraram valores de EST<br />
de 9,28 - 13,29%. Nesta pesquisa os autores<br />
encontraram 16,67% das amostras fo ra dos<br />
padrões. Já Pereira et aI. (1999) encontraram<br />
em leite de cabra pasteurizado 63,3 das amostras<br />
fora dos pad rões. No que se re fere ao extrato<br />
seco desengordurado para o leite cru e<br />
pasteurizado todas as amostras apresentaram-se<br />
dentro dos padrões legais que é de no mínimo<br />
8,2% (BRASIL, 2(00), onde os valores variaram<br />
de 8,48 a 10,03%. Prata et aI. (1998)<br />
encontraram valores de 8,21 a 10,06%, com 75%<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Tabela 1- Resultado das análises físico-químicas, fora dos padrõe . legais . *, relativas ?s 60 aosta<br />
de leite de cabra cru, colhidas em 6 mini-usinas do Cann paraibano, no penodo de ]Unelr<br />
a dezembro de 2004, Patos-PB.<br />
Análises<br />
Leite<br />
físico- Usina A Usina B Usina C Usina D Usina E Usina F<br />
químicas N° (%) N° (%) N° (%) N° (%) N° (%) N° (%)<br />
Acidez 2 20 2 20 O O 2 20 2 20 3 30<br />
Densidade O O I lO O O O O I 10 O O<br />
Gordura O O O O O O O O O O O O<br />
EST O O O O O O O O O O O O<br />
ESD O O O O O O O O O O O O<br />
* Amostras fora dos padrões legais estabelecidos pela Instrução Normativa n" 37, que regulamenta a qualidade do leite de<br />
cabra cru e pasteurizado (BRASIL, 2000).<br />
Tabela 2 -Resultado das análises físico-químicas, fora dos padrs legis *, relativa: as 60 mo . stras<br />
de leite de cabra pasteurizado, colhidas em 6 mini-usinas do Cann paraibano, no penodo de Janeiro a<br />
dezembro de 2004, Patos-PB.<br />
Análises<br />
Leite Cru<br />
físico- Usina A Usina B Usina C Usina D Usina E Usina F<br />
N° N° (%) N° (%) N° (%)<br />
Densidade O O O O O O O O O O O O<br />
Gordura O O O O O O O O O O O O<br />
EST O O O O O O O O O O O O<br />
ESO O O O O O O O O O O O O<br />
* Amostras fora dos padrões legais estabelecidos pela Instrução Normativa n" 37, que regulamenta a qualidade do leite de<br />
cabra pasteurizado (BRASIL, 2000).<br />
dos resultados até 9,36% e média de 8,895 ±<br />
0,337% não diferindo ao encontrado nesse<br />
experimento.<br />
4 - CONCLUSÃO<br />
Ao analisar os parâmetros físico-químicos<br />
do leite de cabra cru e pasteurizado de seis miniusinas<br />
do cariri paraibano pode-se concluir que,<br />
do ponto de vista da inspeção, o perfil do leite<br />
de cabra cru está em desacordo com a legislação<br />
em 21,66% das amostras e para o leite<br />
pasteurizado apenas 3,33% das amostras estavam<br />
fora dos padrões. A pasteuri zação na indústria<br />
mostrou-se eficiente no que se refere às<br />
propriedades físico-químicas do leite, pois apesar<br />
de constatada grandes variações nos resultados<br />
não houve alterações que pudessem torná-lo<br />
inadequado ao consumo.<br />
digitalizado por<br />
SUMMARY<br />
The goats exploration plays important<br />
part as source of proteins and important<br />
socioeconomic factor for the small producers,<br />
through the use of your by-products. The<br />
analysis of the physical-chemical parameters<br />
becomes a preponderant factor to assure the<br />
consumer the right of control of quality of the<br />
same. The objective of the present work it was<br />
to determine the characteristics physicalchemistries<br />
of the raw goat milk and pasteurized<br />
originating from six mini-plants of the cariri<br />
paraibano. They were collected at six mini-plants<br />
of milk of goat of the cariri paraibano 10 (ten)<br />
samples of raw goat milk and 10 (ten) samples<br />
of pasteurized goat milk of each establishment.<br />
The analyses physical-chemistries were<br />
accomplished in agreement with the<br />
arvoredoleite.org
methodology recommended by the National<br />
Laboratory of Animal Reference - LANARA<br />
(BRAZIL, 1981) for: Acidity Titulável; Tenor<br />
of Fat; Density to 15° C; Total Dry extract<br />
(EST) and Degreased Dry Extract (ESD). The<br />
medium values fo und for the acidity of the raw<br />
goat milk and it varied from 15, lO to 18,20° D,<br />
it was veri fied that 2 samples of the plant A<br />
(20%), two of the plant B (20%), two of the<br />
plant D (20%), two of the plant E (20%) and<br />
three of the plant F (30%) for the raw goat milk<br />
they were out of the patterns, that represents<br />
18,33% of the total of the samples. For the<br />
pasteurized milk, only I sample of the plant B<br />
(10%) and one of the plant D (10%) presenting<br />
acidity titulável above 18° D, in other words,<br />
3,33% of the samples were out of the legal<br />
patterns. In the density of the 60 samples of<br />
raw milk, two presented density above the<br />
patterns (Plants B and it is), with larger values<br />
than allowed it, of 1.035,2 and 1.034,6<br />
respectively. The fat tenor was it more variable<br />
tends as minimum value 3,3% and at the mos<br />
of 7,6%. In ali the mini-plants the values were<br />
inside of the palterns as the studied variation.<br />
The smallest value fo und for the total dry extract<br />
it was of 12,0% in a sample of pasteurized milk<br />
of the plant E and the largest value was of<br />
17.63% in a sample of raw milk of the plant D.<br />
In what he/she refers to the degreased dry extract<br />
the values they varied fro m 8,48 to 10,03%.<br />
When analyzing the physical-chemical<br />
parameters of the raw and pasteurized goat milk<br />
of six mini-plants 01' the cariri paraibano it can<br />
be ended that, of the point of view of the<br />
inspection, the profile of the raw goat milk is in<br />
disagreement with the legislation in 21,66% of<br />
the samples and for the ll1ilk pastcurized only<br />
3.33% of the samples they were out of the<br />
patterns. The pasteurization in the industry was<br />
shown efficient in what he/she refers to the<br />
physical-chemical properties of the milk,<br />
because in spite of having verified great<br />
variations in the results there were not<br />
alterations to turn him/it inadequate to the<br />
consumption.<br />
Key-words: goat milk, pasteuri zation,<br />
physiochemical characteristics.<br />
Pág. 282<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
• • • •<br />
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
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CAMPOS, G. ; DAYRELL, I. et aI. Avaliação<br />
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NUNES, S. A.; ISEPON, J. S. Influência do<br />
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Revista do Instituto de laticínios Cândido<br />
Tostes, n. 33 1, v. 58. p. 21- 27, 2003.<br />
PEREIRA, Y. G. ; RUDGE. A. c.; MEIRA, D. R.<br />
Avaliação da qualidade microbiológica e fís icoquímica<br />
do leite de cabra comercializado na região<br />
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PRATA , L. F. ; RIBEIRO, A. C. et aI.<br />
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RODRIGUES, A. A importância dos capri nos<br />
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• • • •<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
MÉTODO ALTERNATIVO PARA ENUMERAÇÃO DE BACTÉRIAS LÁ TICAS<br />
Alternative method for enumeration of latie aeid baeteria<br />
RESUMO<br />
FONTES, E. A. F.l<br />
PIRES, A. C. S2.<br />
ARA Ú JO, E. A.2<br />
A busca por alimentos mais saudáveis tem aumentado o consumo de produtos lácteos<br />
fermentados. As bactérias láticas são constituintes de um grupo importante de bactérias de<br />
interesse industrial, por apresentarem um papel fundamental na produção de alimentos<br />
fermentados. A contagem em placas é um método convencional utilizado pelas indústrias<br />
de laticínios para enumeração de microrganismos. O objetivo deste trabalho foi comparar<br />
o método convencional de contagem de bactérias láticas em placas contendo ágar MRS<br />
com o alternativo Petrifilm3M• Foram utilizadas cultura homofermentativa de Lactobacillus<br />
delbrueckii ssp. bulgaricus e cultura heterofermentativa de Leucollostoc mesenteroides<br />
subsp. cremoris. As culturas foram inoculadas e ativadas em leite desnatado reconstituído<br />
a 10 % e diluições centesimais foram feitas em água peptonada O, I % sendo a última<br />
diluição feita em caldo MRS para o plaqueamento em Petrifilm3M• O plaqueamento foi<br />
feito em triplicata no agar MRS e no Petrifilm3M que foram incubados em anaerobiose a 37<br />
°C ± 2 °C por 48 horas. No método convencional, foram contadas diluições com contagens<br />
entre 25 e 250 unidades formadoras de colônias (UFC). Para a metodologia alternativa, as<br />
colônias vermelhas sem formação de gás foram identificadas como microrganismos<br />
homofermentativos e as colônias vermelhas com formação de gás, como heterofermentativas.<br />
A comparação entre o método alternativo e a contagem em placa em ágar<br />
MRS não diferiu estaticamente (p>0,05), apresentando resultados semelhantes.<br />
INTRODUÇÃO<br />
As bactéri as do ácido lático despertam<br />
interesse devido ao seu potencial de utilização no<br />
biocontrole em alimentos. Elas podem exercer<br />
atividade inibitória frente a outras bactéri as<br />
devido à competição direta por nutrientes e pela<br />
produção de compostos antagonísticos como<br />
ácidos orgânicos, diacetil, peróxido de hidrogênio<br />
e bacteriocinas (Mc MULLEN & STILES, 1996).<br />
As bactérias láticas constituem um grupo<br />
importante em virtude da sua capacidade de atuar<br />
em diferentes grupos de alimentos de maneira<br />
peculiar. Estas apresentam como características<br />
serem Gram+ e quase todas não apresentarem<br />
motilidade e nem catalase. São anaeróbias<br />
facultativas, sacarolíticas, produzzem grandes<br />
quantidades de ácido lático, têm metabolismo<br />
biossintético pobre, não utilizam O, e dividemse<br />
em homo e heterofermentativas<br />
1 Pesquisadora DTIICNPq - UFV.<br />
2 Mestrandas do Departamento de Tecnologia de Alimentos - UFY.<br />
digitalizado por<br />
As homofermentativas produzem quase que<br />
exclusivamente ácido lático quando fermentam a<br />
glicose. Já as heterofermentativas produzem, além<br />
de ácido lático, outros compostos como CO, e/ou<br />
ácido acético, em quantidades apreciáveis. -<br />
O Lactobacillus delbrueckii spp. Bulagaricus<br />
é uma bacteria homofermentativa e é uma das<br />
bactérias requeridas para a produção de iogurte,<br />
sendo essencial para a formação do seu sabor<br />
característico (AWAISHEH et aI., 2005).<br />
O Leucollos{oC mesenteroides subsp.<br />
cremoris é uma bactéria heterofermentativa,<br />
sendo constituinte de culturas utilizadas na<br />
produção de queijos em que é desejável a presença<br />
de algumas olhaduras (FERREIRA, 2001).<br />
O método convencional de contagem de<br />
bactérias láticas em placas consiste no plaqueamento<br />
das amostras pela técnica pour plate<br />
arvoredoleite.org
em meio de cultura MRS. Para que ocorra o<br />
crescimento das colônias, as placas são incubadas<br />
em condições ideais de tempo e temperatura.<br />
Esta técnica apresenta como desvantagem o<br />
demorado tempo de preparo dos meios de cultura<br />
e vidrarias, além de ser um processo propício a<br />
erros, tais como: possibilidade de algumas<br />
partículas dos alimentos serem contadas como<br />
colônias e a contagem final estar sujeita a valores<br />
não correspondentes aos reais, devido à<br />
possibilidade dos microrganismos se agregarem.<br />
Segundo FRAQUEZA (2002), os métodos<br />
rápidos compreendem uma área de estudo<br />
relativamente nova na microbiologia aplicada,<br />
que tem por objetivo de melhorar e desenvolver<br />
teste de isolamento, detecção precoce, caracterização<br />
e enumeração de microrganismos. Os<br />
benefícios dos métodos rápidos baseiam-se na<br />
simplificação de execução da análise com redução<br />
do trabalho laboratorial, processamento de maior<br />
número de amostras em menor período de tempo.<br />
A contagem em placas Petrifilm . 1M é um método<br />
rápido, com sistema pronto de meio de cultura<br />
que contém os nutrientes do padrão de contagem,<br />
um agente geleificante solúvel em água fria e um<br />
indicador para facilitar a enumeração das colônias.<br />
Uma alíquota da amostra é transferida para o<br />
Petrifilm 1 M, no qual ocorre a hidratação dos<br />
nutrientes com posterior solidificação do gel.<br />
Este trabalho teve como objetivo comparar<br />
a enumeração de bactérias láticas, homo e<br />
heterofermentativas, pelo método convencional<br />
em placas e Petrifilrn\'.<br />
MATERIAL E MÉTODOS<br />
Foram utilizadas culturas puras de L.<br />
delbrueckii spp. bulgariclls e de L. mesellleroides<br />
subsp. crellloris, que foram ativadas três vezes<br />
em leite desnatado reconstituído a 10 %.<br />
Para contagem em placas, fo ram fe itas<br />
diluições seriadas em água peptonada 0, 1 %.<br />
Seguiu-se o plaqueamento, de cada cultura, em<br />
meio MRS, pelo método pOlir plale, em triplicata.<br />
A contagem convencional seguiu as recomendações<br />
da APHA.<br />
Para a contagem em Petrifilm·1M, foram<br />
feitas diluições seriadas em água peptonada O, I<br />
%, sendo a última diluição feita em caldo MRS,<br />
seguindo as recomendações do fabricante.<br />
Alíquotas de 1 mL de cada cultura foram<br />
transferidas para o Petrifilm·1M.<br />
As placas de Petri e os Petrifilms foram<br />
incubados em anaerobiose, a 3rC ± 2 °c por<br />
48 horas.<br />
Com auxílio de um contador, realizou-se a<br />
leitura das placas com contagem entre 25 e 250<br />
Pág. 284<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
colônias. No método rápido, as colônias<br />
vermelhas sem formação de gás representaram<br />
as bactérias homofermentativas, enquanto as<br />
colônias vermelhas com produção de gás<br />
caracterizaram as hetero fermentativas.<br />
O experimento fo i conduzido seguindo o<br />
Delineamento Inteiramente Casualizado com três<br />
repetições.<br />
RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Os resultados das contagens realizadas pelo<br />
método convencional e pelo método rápido não<br />
diferiram significativamente a 5 % de<br />
probabilidade pelo teste F, como observado no<br />
Quadro I.<br />
As contagens das unidades formadoras de<br />
colônia (UFC) foram expressas em logaritmos<br />
decimais. Para L. delbrueckii spp. bulgaricus<br />
obtiveram-se 8,40 e 8, I 5 para contagem em<br />
placas e Petri film1M, respectivamente. Para o L.<br />
mesellleroides subsp. cre11loris os resultados<br />
foram 7,84 para o método convencional e 7,37<br />
para o método rápido.<br />
Quadro 1 - Resumo da análise de variância para<br />
a contagem de bactérias láticas utilizando<br />
método de contagem convencionai<br />
em placa e Petri film .\I<br />
QM<br />
Fonte de L. delhmeckii L. II/e.l'eflleroide.l'<br />
variação GL spp. !mlgariclI.I' suhsp. crel1lori.l'<br />
Métodos 0,2953'" 0, 1 323'"<br />
Resíduo 4 0, 1813 0, 1063<br />
n·' Não significativo a 5 '70 de probabilidade pelo teste F.<br />
CONCLUSÃO<br />
Conclui-se que o método de contagem em<br />
placas Petri film·\M é uma alternativa viável<br />
economicamente ao método convencional de<br />
contagem em placas, por ter-se observado<br />
sensibilidade equivalente entre os métodos.<br />
SUMARY<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
AWAISHEH, S.S., HADDADIN, M.S.Y.,<br />
ROB IN SON R. K. Incorporation of selected<br />
nutraceuticals and probiotic bacteria into a<br />
fermented milk.<br />
International Dairy Journal. In Press,<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Corrected Proof, Available online 2 March 2005<br />
FERREIRA, C.L.L.F. Produtos Lácteos<br />
fermentados: Aspectos Bioquímicos e<br />
Tecnológicos, 2 ed., Viçosa: UFV, 2001, 112p.<br />
FRAQUEZA, M. J. Métodos Rápidos Aplicados<br />
ao Controle Microbiológico dos Alimentos.<br />
proceedings of the Veterinary Sciences<br />
Congress, 2002 SPCV, Oeiras, 10-12 out., p.<br />
279-280.<br />
• • • •<br />
Mc MULLEN, L. M., STILES, M. E. Potential<br />
for use of bacteriocin-producing lactic acid<br />
bacteria in the preservation of meats. J. Food<br />
Prot., v. 59, suppl., p. 64-7 1, 1996.<br />
SPLITTSTOESSER, D. F., Eds., Compendium<br />
of Methods For The Microbiological<br />
Examination of Foods, 3 ed., American Public<br />
Health Association, Washington, DC. 1992,<br />
225-238.<br />
• • • •<br />
FORMULAÇÃO E AVALIAÇÃO DE DOCES DE LEITE EM PASTA SEM ADiÇÃO DE AÇÚCAR<br />
Fluid milk candy formularization and evaluation without sugar addition<br />
RESUMO<br />
Tatiane Ganda1<br />
Afonso M. Ramos2<br />
Luciano J. Q. Teixeira3<br />
o doce de leite é um produto característico do Brasil, sendo que Minas Gerais é o maior<br />
produtor nacional. Este trabalho se propôs a formular, avaliar e comparar doces de leite<br />
fabricados com e sem o acréscimo de açúcar, visando-se determinar as características<br />
físico-químicas e sensoriais. Foram feitas três formulações, sendo a primeira com acréscimo<br />
de açúcar (doce comum), e as outras duas com diferentes combinações de edulcorantes. Os<br />
doces produzidos foram analisados físico-quimicamente através das análises de pH, sólidos<br />
solúveis, extrato seco e acidez total titulável. A textura dos doces produzidos foi avaliada<br />
em texturômetro TA-HDi. Para os testes de aceitação do produto fo i utilizada escala<br />
hedônica de nove pontos. Os doces formulados sem a adição de açúcar apresentaram<br />
maiores valores de acidez titulável e de teor de gordura .. Na análise sensorial, o doce<br />
comum obteve média 8,3, enquanto que os doces sem adição de açúcar apresentaram<br />
médias entre 6 e 7.<br />
Palavras-chave: doce de leite; edulcorante; pectina.<br />
1 -INTRODUÇÃO<br />
Vários estudos recentes têm relacionado a<br />
dieta alimentar entre os parâmetros de risco à<br />
saúde pública, baseados nas diversas doenças e<br />
disfunções que decorrem da obesidade.<br />
Graduanda em Engenharia de Alimentos da Universidade Federal de Viçosa.<br />
2 Professor Adjunto do Departamento de Tecnologia de Alimentos da UFV.<br />
3 Doutorando em Ciência e Tecnologia de Alimentos da UFV.<br />
digitalizado por<br />
Essa preocupação com a dieta alimentar<br />
pode ser evidenciada quando analisamos os<br />
números do mercado de alimentos light/diet:<br />
crescimento de 600% na década de 90 (AB IAD,<br />
Pág. 285<br />
arvoredoleite.org
2005), o que coloca em pauta de discussão a<br />
utilização de produtos substitutos do açúcar, como<br />
edulcorantes e polióis. As principais razões,<br />
relatadas pelos consumidores, para consumo .de<br />
alimentos de baixa caloria isentos de açúcar são:<br />
obter melhor saúde geral, ingerir alimentos e<br />
bebidas mais saudáveis, manter ou controlar o<br />
peso atual, reduzir o peso, paladar e para manter<br />
uma aparência física atraente (LITE, 1993,<br />
citado por CÂNDIDO E CAMPOS, 1996).<br />
Atualmente, o Brasil é o maior produtor<br />
de leite do mundo. A produção brasileira passou<br />
de 14,4 bilhões de litros em 1990 para 22,3<br />
bilhões em 2004, representando um crescimento<br />
de 54,86%, segundo o IBGE (2005). Um dos<br />
principais derivados do leite comercializado no<br />
país é o doce de leite, sendo que Minas Gerais é<br />
o maior produtor nacional (lNDI - MG, 2005).<br />
O doce de leite sem adição de açúcar é um<br />
produto que o mercado está exigindo devido às<br />
necessidades de produtos menos calóricos para<br />
a manutenção do peso como também pelo<br />
público diabético.<br />
Neste trabalho foram desenvolvidas duas<br />
formulações de doces com diferentes associações<br />
de edulcorantes, visando-se determinar as<br />
características físico-químicas e sensoriais, além<br />
da avaliação do doce acrescido de sacarose, para<br />
fi ns comparativos.<br />
2 - MATERIAIS E MÉTODOS<br />
Os ingredientes e aditivos que fo ram<br />
mantidos constantes em todos os doces sem<br />
adição de açúcar fo ram os seguintes: leite<br />
(100%), pectina (0,3 a 1,5 %), citrato de sódio<br />
(0,01%) e sorbato de potássio (0,01%). O doce<br />
comum foi fabricado apenas com leite e sacarose.<br />
Para efeito deste trabalho foram usados os<br />
conceitos de adoçantes e edulcorarites propostos<br />
por ANGELUCCI (1990). Para o aj uste da doçura<br />
dos doces de leite, os poderes adoçantes adotados<br />
para os substitutos do açúcar foram os<br />
apresentados por CÂNDIDO e CAMPOS (1996)<br />
e a quantidade adicionada fo i calculada de tal<br />
forma que a doçura fosse equivalente a um doce<br />
formulado com 18% de açúcar.<br />
Foram fe itas três formulações, sendo a<br />
primeira com acréscimo de açúcar (doce comum:<br />
FI), e as outras com os seguintes edulcorantes:<br />
acesulfame-K e sucralose na segunda formulação<br />
(F2); ciclamato de sódio, esteviosídeo, sacarina<br />
sódica e sorbitol na terceira (F3). O agente<br />
espessante utilizado foi a pectina de baixa<br />
metoxilação nas formulações 2 e 3. A análise<br />
estatística fo i realizada com o auxílio do<br />
programa Genes (CRUZ, 200 I).<br />
Pág. 286<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
2.1 - Análises Físico-Químicas<br />
Os doces de leite produzidos foram<br />
analisados físico-quimicamente através das<br />
análises do pH, sólidos solúveis, acidez total<br />
titulável e extrato seco de acordo com as Normas<br />
Analíticas do Instituto Adolfo Lutz (1976) e com<br />
Silva (1997).<br />
2.2 - Análises de Textura<br />
A textura dos doces produzidos foi<br />
determinada utilizando o texturômetro TA-HDi<br />
Texture Analyser of Stable Micro Systems, o<br />
qual mede de forma direta a força máxima de<br />
penetração, em Newtons, através da célula<br />
senso r SMSP /35.<br />
2.4 - Análise Sensorial<br />
Foi realizado um teste de aceitação com 53<br />
provadores não treinados utilizando a escala<br />
hedônica de nove pontos para o atributo impressão<br />
global, sendo que 9 corresponde a gostei<br />
extremamente e 1 a desgostei extremamente.<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
As médias dos resultados encontrados<br />
através das análises dos doces produzidos se<br />
encontram dispostos na tabela abaixo (Tabela I).<br />
De acordo com os resultados obtidos nas<br />
análises sensoriais, o doce formulado com açúcar<br />
obteve média 8,3 ficando entre os termos gostei<br />
muito e gostei extremamente, enquanto que os<br />
doces sem adição de açúcar se localizaram entre<br />
gostei ligeiramente e gostei muito, com médias<br />
6,4 e 6,6 para as fo rmulações 2 e 3, respectivamente.<br />
Os doces sem adição de açúcar<br />
apresentaram maior acidez titulável e menores<br />
valores de pH, devido a adição de conservantes<br />
na produção dos mesmos, além do efeito diluente<br />
exercido pelo açúcar dos ácidos presentes no<br />
produto fabricado com sacarose.<br />
A força máxima que mede a resistência à<br />
penetração apresentou-se maior no doce da<br />
formulação 2, sendo que o doce da formulação 3<br />
apresentou uma textura de menor rigidez. Isto<br />
pode ser explicado por interações entre os<br />
edulcorantes utilizados nas formulações 2 e 3<br />
com o espessante (pectina), visto que os demais<br />
ingredientes foram mantidos constantes.<br />
Quanto ao teor de gordura, as formulações<br />
sem adição de sacarose apresentaram maior valor<br />
devido à influência do efeito diluente do açúcar<br />
no doce comum. O teor de sólidos solúveis atingiu<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Tabela 1. Resultados das análises das três formulações de doces de leite.<br />
Doces Acidez (%) pH Textura (N) Extrato Seco (%) S.S. (OBrix) Gordura (%)<br />
FI 0,2109 b 6,475 a 0,688 a 61,995 a 63 a 6,5 b<br />
F2 0,3775 a 6,375 b 1,030 b 36,620 b 26 b 9,5 a<br />
F3 0,3553 a 6,400 b 0,568 c 36,015 b 26 b 9,5 a<br />
S.S.: sólidos solúveis; gordura em % Gerber.<br />
Médias seguidas por pelo menos uma mesma letra (nas colunas) não diferem significativamente pelo teste de Tukey ao nível<br />
de 5% de probabilidade.<br />
o mesmo valor para as duas formulações sem<br />
adição de açúcar, sendo menor no doce comum.<br />
Essa diferença é explicada pela contribuição do<br />
açúcar no último. O teor de sólidos solúveis<br />
reflete a porcentagem de extrato seco dos doces<br />
obtidos, resultando em maiores valores para o<br />
doce comum.<br />
Os valores dos rendimentos dos doces<br />
formulados com edulcorantes foram próximos<br />
entre si (31 e 30 % para as formulações 2 e 3,<br />
respectivamente), enquanto que o rendimento<br />
do doce comum se apresentou maior devido à<br />
presença de sacarose (36 %).<br />
4 - CONCLUSÃO<br />
Os resultados da análise sensorial indicaram<br />
uma menor aceitação pelos doces formulados<br />
sem a adição de açúcar em comparação com o<br />
doce comum. Entretanto é necessário ressaltar<br />
que os doces tipo diet são direcionados a um<br />
público específico, para diabéticos ou para fins<br />
de restrição calórica. Soma-se a essa constatação<br />
o fato de que notas menores atribuídas a esse<br />
tipo de doce estão relacionadas à percepção de<br />
sabor residual metálico, o qual não foi declarado<br />
como presente pela maioria das pessoas,<br />
indicando que nem todos provadores perceberam<br />
esse sabor. Dessa forma, sugere-se estudos<br />
posteriores que restrinjam o público à classe de<br />
interesse, além de analisar a percepção de sabor<br />
desagradável, como o residual metálico,<br />
relacionando-o ao limiar de percepção e a<br />
formulações com diferentes associações de<br />
edulcorantes.<br />
Quanto à textura dos doces formulados<br />
sem a adição de açúcar, observou-se irregularidade<br />
dos resultados em relação ao doce comum,<br />
visto que a formulação 2 apresentou o maior<br />
valor enquanto que a formulação 3 o menor.<br />
Assi m, faz-se necessário a realização de<br />
pesquisas que estudem a interação entre os<br />
edulcorantes e o agente espessante utilizado,<br />
que nesse caso foi a pectina.<br />
digitalizado por<br />
SUMMARY<br />
The milk candy (doce de leite) is a<br />
characteristic product of Brazil, knowing that<br />
Minas Gerais is the greater national producer.<br />
The objective of this paper was to formulate, to<br />
evaluate and to compare milk candies made with<br />
and without sugar addition, aiming at itself to<br />
determine the characteristics of flavor and<br />
physicist-chemistries-. Three formularizations<br />
had been made: the first one with sugar addition<br />
(common candy), and the others with differents<br />
associations of sweetener. The produced candies<br />
had been analyzed chemistry-physically through<br />
the analyses of pH, soluble solids, dry extract<br />
and total acidity. The texture of the produced<br />
candies was evaluated in an equipment TA -HDi.<br />
For the tests of acceptance of the product a<br />
scale of nine points was used. The candies<br />
fo rmulated without the sugar addition had<br />
presented greaters values of total acidity and fat<br />
percentage. In accordance with the results gotten<br />
in the sensorial analyses, the common candy<br />
got average 8,3, while the candies without sugar<br />
addition presented notes between 6 and 7.<br />
Key-words: doce de leite (milk candy),<br />
sweetener, pectin.<br />
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
ANGELUCCI, Eidiomar. Legislação sobre<br />
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Acesso em 25/0412005.<br />
CÂNDIDO, Lya Mary Bileski; CAMPOS, Adriane<br />
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CRUZ, C.D. Programa Genes: versão Windows.<br />
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INVESTINDO EM MINAS. Perfil. Disponível:<br />
em .Acesso<br />
em 25/04/2005.<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
• • •<br />
NORMAS ANALÍTICAS DO INSTITUTO<br />
ADOLFO LUTZ. Métodos Químicos e<br />
Físicos para análise de alimentos São<br />
Paulo, 2" ed. 371 p.<br />
SILVA, Paulo Henrique Fonseca da [et al.]; Físico<br />
Química do Leite e Derivados : Métodos<br />
Analíticos. Juiz de Fora, Gráfica : Oficina de<br />
Impressão Gráfica e Editora Ltda, 1997.<br />
• • •<br />
AVALIAÇÃO DE FILME ANTIMICROBIANO PARA CONSERVAÇÃO DE QUEIJO COALHO<br />
Evaluation of antimicrobial film on coalho cheese conservation<br />
RESUMO<br />
Nathália Ramos de Melo1<br />
Nilda de Fátima Ferreira Soares2<br />
Nédio Jair Wurlitzer3<br />
Nélio José de Andrade4<br />
Thiago dei Rey Ramos de Meios<br />
A superfície dos produtos alimentícios é a região mais exposta ao meio ambiente sujeita,<br />
portanto, a contaminações, principalmente de origem microbiológica. A produção do queijo<br />
coalho é artesanal, passando por etapas de manipulação o que confere ao produto alta<br />
vulnerabilidade às contaminações. A maior contaminação ocorre com o grupo coliforme e<br />
de estafilococos patogénicos. Este trabalho avaliou a eficiência antimicrobiana do fi lme de<br />
base celulósica incorporado com nisina, no crescimento de Staplzy/ococCl/S sp. na superfície<br />
de queijo coalho. Os queijos apresentaram 49,63% de umidade, 0,96 de atividade de água e<br />
pH de 6,09. Estes foram inoculados com 104 UFC.g-1 de Staphy/ococCl/S sp., cobertos<br />
pelo fi lme antimicrobiano e estocados a 7±2°C. Após 5 dias o queijo coberto com o filme<br />
antimicrobiano apresentou redução de 2 ciclos log na contagem de Staphy/ococclIs sp.<br />
comparando com o queijo coberto com o filme controle (sem adição do antimicrobiano).<br />
Em análise visual o queij o coberto com o fi lme antimicrobiano fo i o que apresentou<br />
melhor aparência, menos limosidade e coloração mais branca ao fi nal dos 20 dias de<br />
estocagem. A incorporação de nisina em fi lme de base celulósica é uma embalagem ativa<br />
promissora podendo proporcionar ao consumidor um produto com maior segurança<br />
alimentar.<br />
Palavras-chave: Embalagem Ativa; Filme Antimicrobiano; Queijo Coalho, Nisina.<br />
Eng. de alimentos, doutoranda - UFV. E-mail: nathália@vicosa.ufv.br.<br />
2 Professora PhD - UFY. E-mail: nfsoares@ufv.br.<br />
3 Eng. alimentos (SENAI/RJ), doutorando - UFY. E-mail: nediow@alimentos.senai.br.<br />
4 Eng. agrônomo, professor DS - UFY. E -mail: nandrade@ufv.br.<br />
5 Est. de agronomia - UFY. E -mail: thiagodrrm@yahoo.com.br.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
ANAIS DO XXii CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Os alimentos, industrializados ou não,<br />
mantêm-se em constante atividade biológica,<br />
manifestada por alterações de natureza química,<br />
física, microbiológica ou enzimática, podendo<br />
levar à perda de qualidade e redução de sua vida<br />
útil (Midio e Martins, 2000). A região mais<br />
vulnerável a contaminações, principalmente<br />
microbiana, é a superfície dos produtos. Região<br />
esta que esta mais exposta ao meio ambiente e<br />
sujeita a manipulações, sendo, portanto,<br />
necessária adoção de procedimentos e tecnologias<br />
que reduzam ou inibam esta<br />
contaminação (Oliveira, 2002). O queijo coalho<br />
é um alimento de origem animal obtido por<br />
coagulação do leite de vaca por meio do coalho<br />
ou outras enzimas coagulantes apropriadas,<br />
complementada ou não pela ação de bactérias<br />
lácticas selecionadas e comercializado normalmente<br />
com até 10 dias de fabricação. É um queijo<br />
de média a alta umidade, de massa semi-cozida<br />
ou cozida e deve apresentar um teor de gordura<br />
nos sólidos totais variando de 35,0 a 60,0%<br />
(Instrução Normativa 30, 200 I). Sua produção<br />
é realizada de forma artesanal conferindo ao<br />
produto alta vulnerabilidade a contaminações<br />
devido ao elevado manuseio, principalmente nas<br />
etapas de enformagem e viragem. Por ser um<br />
queijo que apresenta de médio a alto teor de<br />
umidade, com alto teor de lactose favorece a<br />
fe rmentação pela microbiota contaminante,<br />
favorecida também pela ausência de uma flora<br />
lática competidora quando fabricado sem adição<br />
de fermento. Se as condições de elaboração não<br />
forem mantidas sob um rígido controle higiênico,<br />
o queijo desenvolve facilmente elevados índices<br />
de contaminação. O ataque mais comum vem do<br />
grupo coliforme e de estafilococos patogênicos<br />
(Furtado e Lourenço, 1994). No Brasil, de 1995<br />
a março de 200 I, no estado de Minas Gerais foi<br />
verificado 112 surtos de intoxicação alimentar<br />
por enterotoxina estafilocócica, acometendo<br />
12.820 pessoas tendo 17 óbitos. Destes surtos<br />
23 foram pela ingestão de queijos (diversos)<br />
ocasionando um óbito e 6 pela ingestão de leite<br />
e derivados, estes sem óbitos (Carmo, 2002).<br />
Nos últimos anos, diversos sistemas de embalagem<br />
vêm sendo desenvolvidos com o objetivo<br />
de interagir de forma desejável com o produto,<br />
promovendo mudanças nas condições de acondicionamento<br />
de forma a aumentar a vida útil e<br />
melhorar a segurança ou as propriedades<br />
sensoriais do produto, mantendo sua qualidade<br />
(Soares, 1998). Dentre as embalagens ativas<br />
pode-se citar os filmes antimicrobianos, que são<br />
filmes adicionados de agentes capazes de retardar<br />
digitalizado por<br />
ou inibir o crescimento de microrganismos<br />
devida a migração do agente para a superfície do<br />
produto ou a atuação deste agente apenas pelo<br />
contato (Quintavalla e Vincini, 2002). A<br />
liberação de aditivos por embalagens ativas<br />
aumenta a segurança do consumidor, já que esses<br />
compostos são liberados controladamente em<br />
sua superfície, não sendo diretamente adicionados<br />
ao alimento. Desta forma o aditivo se<br />
encontra em menor quantidade, e apenas onde<br />
sua presença é requerida, na superfície do produto<br />
(Appendini e Hotchkiss, 2002). Este trabalho<br />
avaliou a eficiência antimicrobiana do filme de<br />
base celulósica incorporado com nisina no<br />
crescimento de Staplzy!ococclIs sp. na superfície<br />
de queijo coalho. A nisina é uma bacteriocina<br />
naturalmente produzida em vários alimentos<br />
fermentados, especial mente produtos lácteos.<br />
Isolada de bactérias ácido láticas (LAB) já tem o<br />
seu uso aprovado em alimentos em mais de 50<br />
países e em 1988, o FDA concedeu-lhe o status<br />
de GRAS ("Generally Recognized As Safe ")<br />
(Bower et aI., 2002).<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
2.1. Produção do filme<br />
Os fi lmes foram preparado pelo método<br />
"cast", segundo Soares (1998), foi adicionado um<br />
preparado comercial de nisina (Sigma Chemical<br />
Co., St. Louis, USA). Os fi lmes obtidos foram<br />
separados em dois grupos: um submetido a um<br />
processo de lavagem com solução esterilizada de<br />
NaCI 2% na proporção de 8,2 cm2.mL- 1.<br />
mantidos sob agitação a 150 rpm por 15 min e<br />
outro não. Os filmes foram cortados em diâmetros<br />
de 10 cm, pesados e submetidos à exposição de<br />
luz UV (Prodicil, II0v, 254nm) por 2 minutos.<br />
Como controle, fo ram preparados filmes sem<br />
incorporação de nisina.<br />
2.2. Produção e preparo do queijo<br />
Como ingredientes o queijo coalho<br />
apresentou: Leite de vaca padronizado para 2,9%<br />
de gordura, 0,5 mL.L- 1 de CaCI2 , 25 g de coalho<br />
bovino para cada 100 L leite, 2% NaCI (p/v) em<br />
relação ao volume inicial de leite. Os queijos foram cortados ao meio no sentido transversal e<br />
sua parte interna inoculada com O,lmL de uma<br />
suspensão de Staphylococcus SI'. contendo,<br />
aproximadamente, 104 UFC.mL-I. As superfícies<br />
dos queijos foram cobertas com os filmes<br />
testados, acondicionados em embalagens de<br />
polietileno, estocados à 7 2°C. Como controles<br />
sem filme, foi acondicionado em embalagem de<br />
Pág. 289<br />
arvoredoleite.org
poli etileno queijo inoculado e não inoculado com<br />
Staphylococcus sp. Os queijos amostrados nos<br />
tempos de O, 5, 10, 15 e 20 dias de estocagem.<br />
2.3. Análise microbiológica<br />
Da superfície dos queij os em contato com<br />
o fi lme foram removidas assepticamente 25 g<br />
de amostra, mantendo uma profundidade média<br />
de 1,5 mm. As amostras foram homogeneizadas<br />
em 225 mL de água peptonada O, I %, durante 2<br />
minutos. Foi realizado diluições sucessivas e<br />
plaqueamentos pelo método "spread-plate" em<br />
ágar Baird-Parker. As placas foram incubadas a<br />
370C de 30-48 horas.<br />
2.4. Análise de Atividade de água (aa),<br />
umidade e pH<br />
Para caracterizar o queijo foram realizadas<br />
no tempo zero as seguintes análises: Atividade<br />
de água (aa), utilizando o aparelho Aqualab,<br />
modelo Cx-2; pH, por meio do pHmetro<br />
ANALION, PM 608 e umidade, avaliada a 1050C<br />
até peso constante. Todo o experimento foi<br />
executado em triplicata com três repetições.<br />
3 - RESULTADO E DISCUSSÃO<br />
O queijo coalho apresentou 49,63%<br />
umidade, 0,96 de atividade de água de e pH igual a<br />
6,09. A nisina tem sua solubilidade em meio aquoso<br />
dependente do valor do pH, sendo mais solúvel<br />
com a diminuição do mesmo (Moreno et aI .,<br />
2000; Liu e Hansen, 1990). No pH do queijo sua<br />
solubilidade é considerada boa facilitando sua<br />
solvatação para o produto. Os queijos envolvidos<br />
com os filmes incorporados com nisina lavado e<br />
não lavado apresentaram inibição quanto ao<br />
crescimento de Stapliylococcus sp. quando<br />
comparados com o controle inoculado sem adição<br />
de fi lme. No quinto dia de estocagem a inibição<br />
do crescimento de Staphylococcus sp. atingiu 2<br />
ciclos log de diferença entre os queijos cobertos<br />
com o filme incorporado com nisina não lavado<br />
e seu respectivo controle (sem nisina não lavado).<br />
O processo de lavagem diminuiu a atividade<br />
antimicrobiana do fi lme permitindo a diferença<br />
de I ciclo log na contagem de Staphylococcus sp.<br />
entre os filmes lavados com e sem nisina. Siragusa<br />
et aI. (1999) incorporou nisina em fi lme de<br />
polietileno e observou uma redução de 1,4 ciclos<br />
log no crescimento de Broclzothrix tlzerl1losplzacta<br />
na superfície de bifes embalados a vácuo. A redução<br />
microbiana foi mantida até o décimo dia, período<br />
de estocagem comercial do queijo. Porém os<br />
queijos utilizados apresentaram uma contagem de<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Staphylococcus sp. inicial na ordem de 106<br />
UFC.g- l. Segundo Moreno et aI. (1999), a<br />
ini bição de células persiste enquanto houver<br />
bacteriocina ativa remanescente no meio de<br />
crescimento. Sendo assim, como foi alcançado<br />
uma inibição no crescimento de Staphylococcus<br />
sp. durante 10 dias de estocagem mesmo com<br />
uma contaminação inicial alta, acredita-se que<br />
iniciando o armazenamento dentro dos padrões<br />
aceitáveis de contagem microbiana a inibição<br />
proporcionará um aumento de vida útil do<br />
produto. Visualmente foi perceptível a diferença<br />
quanto à qualidade do produto ao final dos 20 dias<br />
de análise. Os queijos embalados com os filmes<br />
incorporados com nisina, lavado e não lavado,<br />
apresentaram melhores condições em sua<br />
aparência, sendo observado uma menor limosidade<br />
e coloração mais branca nestes queijos quando<br />
comparados com os outros tratamentos.<br />
4 • CONCLUSÃO<br />
O filme antimicrobiano de base celulósica<br />
incorporado com nisina apresentou eficiência<br />
quanto a inibição do crescimento de Staphylococcus<br />
sp. na superfície de queijo. Uma vez que os queijos<br />
cobertos com os filmes antimicrobianos lavado ou<br />
não lavado apresentaram redução de I e 2 ciclos<br />
log, respectivamente, em comparação com os<br />
queijos cobertos com os filmes sem incorporação<br />
de nisina lavado e não lavado. Indicando que<br />
esta embalagem ativa é uma nova tecnologia a<br />
ser utilizada objetivando aumentar a vida útil<br />
dos alimentos e proporcionar ao consumidor um<br />
produto com maior segurança alimentar. No<br />
entanto, nunca substituirão a boa qualidade da<br />
matéria prima a ser empregada no processamento<br />
e as boas práticas de fabricação.<br />
SUMMARY<br />
Surfaces of fo od are the region most<br />
exposed to the air and, therefore, able to<br />
deteriorate, mainly with microrganisms. 'Coalho'<br />
cheese is produced in a hand made manner, which<br />
makes the product high vulnerable to<br />
contaminations. Coliforms and staphylococcus<br />
are the groups that most contaminate the<br />
product. This work developed and evaluated the<br />
antimicrobial efficiency of celIulose-based fi lm<br />
incorporated with nisin, on the StaplzylococcllS<br />
sp. growth in coalho cheese surfaces. Cheeses<br />
presented humidity = 49.63%, aw 0.96 and pH<br />
= 6.09. They were inoculated with 104 CFU/g<br />
of Staphylococcus sp. and covered with<br />
antimicrobial fi lm and cellulose-base fi lm<br />
(control) and stored at 7±2 oCo After 5 days of<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
storage the cheese covered with antimicrobial<br />
fi lm presented 5 cycles log reduction in<br />
Staplzylococcus sp. counting compared to the<br />
cheese control (cellulose-base film). Cheese<br />
covered with antimicrobial film showed better<br />
visual, less stick and more white at 20 days of<br />
storage. Nisin incorporation into cellulose-base<br />
film is a promise active packaging contributing<br />
towards food safety quality.<br />
Key-words: Active packaging;<br />
Antimicrobial Film; Coalho Cheese; Nisin.<br />
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• •<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
AVALIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE FILME ANTIMICROBIANO LAMINADO NA<br />
CONSERVAÇÃO DE QUEIJO TIPO GORGONZOLA<br />
Evaluation and development of antimicrobial laminated film in gorgonzola type<br />
cheese conservation<br />
RESUMO<br />
Rodrigo Magela Pereira1<br />
Edimar Aparecida Filomeno Fontes2<br />
Kátia de Freitas Fraga3<br />
Nélio José de Andrade4<br />
Nilda de Fátima Ferreira Soares5<br />
Nathália Ramos de Meios<br />
o presente trabalho teve por finalidade avaliar a eficiência antimicrobiana do fi lme<br />
incorporado de natamicina no crescimento dos fungos Pen icilliulI/ roqllefo rti, Aspergillus<br />
niger e Penicillium sp. em meio de cultura. O filme utilizado fo i incorporado com três<br />
concentrações de natamicina. A espessura média dos fi lmes fo i de 20 ± O,Olllm e<br />
apresentaram boa flexibilidade e média resistência ao rasgo. A eficiência antimicrobiana<br />
foi avaliada pelo método de formação de halo onde foi preparada uma suspensão de cada<br />
fungo e inoculada na superfície do meio de cultura BOA, sobre a cultura foram colocados<br />
pedaços (1,0 cm diâmetro) do filme de cada tratamento. Os filmes incorporados de<br />
natamicina apresentaram efeito antimicrobiano. O aumento da concentração de natamicina<br />
no filme proporcionou aumento na atividade do mesmo.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
O queijo tipo Gorgonzola ou queijo azul é<br />
considerado um dos queijos mais tradicionais.<br />
Este queijo é maturado por Penicillilllll roqllefo rti<br />
ou Pellici/lill fll glallclllll , que cresce<br />
internamente em suas olhaduras mecânicas.<br />
Devido a forte ação lipoIítica e proteoIítica do<br />
mofo, o queijo desenvolve sabor e aroma<br />
pronunciados e peculiares (Furtado, 1991). Um<br />
dos problemas mais comuns que afeta a qualidade<br />
do queijo Gorgonzola é a formação de limo em<br />
sua casca, resultante do crescimento de<br />
microrganismos. Normalmente as contaminações<br />
para crescimento desses microrganismos são<br />
provenientes da salmoura ou do próprio ambiente<br />
onde o queijo é manuseado e maturado. O<br />
ambiente tipicamente úmido das câmaras de<br />
maturação do queijo pode favorecer o surgimento<br />
Estudante de Engenharia de Alimentos - Iniciação Cientifica I CNPq - UFV<br />
2 Pesquisadora DS- PRODOCICAPES - UFV<br />
3 Estudante de Engenharia de Alimentos - Iniciação Cientificai FAPEMIG - UFV<br />
4 Professor DS -UFV<br />
5 Professora PhD- UFV<br />
6 Doutorando em Ciência e Tecnologia de Alimentos/CAPES UFV<br />
dessa fl ora contaminante (Chr Hansen, 20(0).<br />
O Pell icillillJ/l roquefo rti é aeróbio, mas cresce<br />
bem em baixas concentrações de oxigênio;<br />
entretanto o crescimento inicial do micélio é<br />
bastante inibido em baixos níveis de oxigênio e<br />
alto nível de gás carbônico. A perfuração é<br />
importante para garantir a saída de gás carbônico<br />
e renovação de oxigênio no interior do queijo.<br />
Em se tratando de queijos maturados com casca,<br />
pode-se tornar uma série de medidas para manter<br />
sob controle o crescimento desfavorável de<br />
mofos. O uso de medidas de higiene e sanitização<br />
nas câmaras de maturação, a manutenção da<br />
umidade relativa do ar na câmara de maturação<br />
dentro dos níveis estabelecidos (baixa umidade<br />
inibe ou reduz o crescimento de fu ngos), o<br />
controle da salmoura do ponto de vista<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
microbiológico e o tratamento periódico dos<br />
queijos nas câmaras são algumas dessas medidas<br />
(Furtado, 1991). Empregam-se antifúngicos<br />
como a natamicina que é aplicada antes da<br />
perfuração do queijo, ou seja, entre sete a dez<br />
dias após o início da maturação, em solução<br />
aquosa de 0,2 a 0,4% por imersão (Chr Hansen,<br />
2000). A natamicina atua apenas na superfície<br />
do queijo, não interferindo no crescimento<br />
benéfico do Penicillilllll roquefo rti, que ocorre<br />
no interior do produto. A natamicina, sinônimo<br />
de pimaricina, é conhecida comercial mente<br />
como "Delvocid". É uma substância incolor,<br />
inodora obtida de forma cristalizada e estável,<br />
com peso molecular de 665,7 g/mol<br />
(C33H47NOI3) (Davidson e Doan, 1992). Possui<br />
baixa solubilidade em água e solventes polares<br />
orgânicos e é praticamente insolúvel em<br />
solventes apoiares. A natamicina pertence ao<br />
grupo de aditivos denominados conservantes, que<br />
de acordo com a ANVISA, "são aquelas<br />
substâncias que impedem ou retardam a alteração<br />
dos alimentos provocada por microorganismos<br />
e enzimas" (Portaria n° 540 de 1997) e é<br />
denominada pelo número E235. É usada<br />
principalmente para retardar o crescimento de<br />
fungos e leveduras especificamente na superfície<br />
de diversas variedades de queijo. A natamicina<br />
possui uma série de vantagens em relação a outros<br />
conservantes. É uma substância que não<br />
infl uencia no "flavor", é efetiva em baixa<br />
concentração, seu custo é re lativamente baixo,<br />
não produz nenhuma alteração organoléptica, é<br />
de baixa toxidez e é efetiva contra vários fungos<br />
e leveduras. Nos últimos anos, têm sido introduzidos<br />
diferentes conceitos sobre embalagens,<br />
como as embalagens ativas. Segundo (Soares,<br />
1998) estas interagem com o alimento, modifi<br />
cando alguma propriedade desejável,<br />
objetivando proporcionar segurança alimentar,<br />
melhoria de qualidade sensorial e ampliar a vidade-prateleira<br />
do produto. A utilização de<br />
embalagens ati vas tem como vantagem a<br />
eliminação da adição direta de conservantes nos<br />
alimentos mantendo a segurança ao consumidor,<br />
pois a migração do aditivo ocorre de forma<br />
controlada para a superfície do produto, onde se<br />
encontra maior contaminação microbiana<br />
responsável pela deterioração do produto<br />
(Gontard, 1997; Appendini e Hotchkiss, 2002).<br />
O presente trabalho tem por fi nalidade<br />
desenvolver fi lme antimicrobiano laminado,<br />
incorporado com natamicina, e avaliar a sua<br />
eficiência antimicrobiana na conservação do<br />
queijo tipo Gorgonzola, buscando promover um<br />
aumento na vida útil do produto.<br />
digitalizado por<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
O experi mento foi realizado no<br />
Laboratório de Embalagem do Departamento de<br />
Tecnologia de Alimentos.<br />
2.1 - Preparo do filme incorporado com<br />
natamicina<br />
Os filmes de base celulósica (figura I)<br />
foram preparados de acordo com (Soares. 1998)<br />
e incorporados com natamicina (Danisco AIS,<br />
DK - 7200 Grindsted, Dennmark. 50% de pureza)<br />
em três concentrações e laminado em folhas de<br />
alumínio (20 11m).<br />
2.2 - Avaliação da atividade antimicrobiana<br />
do filme pelo método do halo<br />
Na superfície do meio de cultura BOA (ágar<br />
batata dextrose), vertido em placas de Petri, foi<br />
inoculado O, I mL de uma suspensão de Penicillil/lll<br />
sp, Pellicillilllll roqllefo rti ou Aspergillus niger.<br />
Pedaços do fi lme (diâmetro de 1 cm) fo ram<br />
colocados assepticamente sobre a superfície do<br />
meio solidificado. As placas foram incubadas a 25°C<br />
por 48-72 horas e a eficiência foi avaliada pela<br />
formação de halos ao redor dos filmes. Todos os<br />
experimentos foram realizados em três repetições.<br />
3 . RESULTADOS & DISCUSSÃO<br />
A espessura média dos filmes foi de 20± 0,0 I<br />
11 m, que apresentaram boa flexibilidade e média<br />
resistência ao rasgo. Avaliação da eficiência<br />
antimicrobiana: Observa-se nas Figuras 2, 3 e 4 a<br />
formação de halos de inibição dos filmes em presença<br />
dos fungos Penicillilllll roqllefo rti, Aspergilllls niger<br />
e Penicillillll/ sp, respectivamente, mostrando a<br />
eficiência antimicrobiana dos fi lmes testados. O<br />
aumento da concentração de natarnicina no filme<br />
proporcionou aumento na atividade do filme. Esse<br />
aumento é devido a maior liberação do antifúngico<br />
para o meio de cultura contendo os fungos. O fungo<br />
Penicillillll/ roqllefo rti apresentou maior suscetibilidade<br />
à ação da natamicina que os fungos<br />
Aspergilllls niger e Pellicillilllll sp, com halo de<br />
inibição maior em todas as concentrações de<br />
natamicina incorporada. A eficiência da inibição dos<br />
filmes testados sobre outros fungos Aspergilllls niga<br />
e PenicilliulI/ sp, mostra a potencialidade do filme<br />
em inibir ou reduzir as contaminações que ocorrem<br />
no queijo gorgonzola, principalmente as provenientes<br />
da salmoura. O controle-(O% natamicina)<br />
não formou halo, concluindo que o fi lme não<br />
apresenta nenhum componente que possa inibir a<br />
ação dos fungos testados.<br />
arvoredoleite.org
4 - CONCLUSÃO<br />
o fi lme laminado produzido apresenta<br />
eficiência antimicrobiana mostrando ser viável sua<br />
utilização na conservação do queijo Gorgonzola,<br />
em substituição ao banho convencional de<br />
natamicina, além de contribuir para a redução de<br />
contaminação com outros fungos, principalmente<br />
os provenientes da salmoura. Os estudos quanto à<br />
eficiência deste filme sobre a conservação deste<br />
queijo faz parte deste projeto e estão sendo<br />
realizados como segunda etapa desse projeto.<br />
5 - SUMMARY<br />
This work aimed to evaluate antimicrobial<br />
efficiency of a cellulose-base film incorporated<br />
with natamicin on the PellicilliulIl roquefo i·ti,<br />
Aspergilllls niger and Penicillillll/ sp. in culture<br />
media. Natamicin was incorporated into the fi lm<br />
in three leveis. The film thickness was 20 ± 0.0 I<br />
m and presented good f1exibility and low tear<br />
resistance. The antimicrobial efficiency was<br />
evaluated by the halo diameter formed around a<br />
piece of the fi lm (1.0 cm diameter) laid on BDA<br />
culture media inoculated with fu ngi. Films<br />
incorporated with natamicin showed antimicrobial<br />
efficiency. Halo diameter increased as the<br />
natamicin concentration increases into the fi lm.<br />
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
Agência Nacional de Vigilância Sanitária<br />
(ANVISA). Port aria n° 540 - SVS/MS, de 27 de<br />
outubro de 1997. Disponível em: http://<br />
www.anvisa.gov. br/legis/portarias/540_97.htm<br />
Resolução - RDC W 28, DE 23 DE FEVEREIRO<br />
DE 200 I, disponível em http://www.anvisa.gov.br/<br />
base/visadoc/res/res[ 1 730-2-0].htm<br />
DAVIDSON, P. M.; DOAN, C. H .. 1992.<br />
Antimicrobials in Foods. Second edition. Marcel<br />
Dekker, Inc. New York.<br />
FURTADO, M. M. A Arte e a Ciência do Queijo.<br />
Publicações Globo Rural. São Paulo, 1991.<br />
INFORMATIVO HA-LA BIOTEC, CHR<br />
HANSEN, Divisão Laticínios. Ano X - n056<br />
Março/Abril de 2000.<br />
SOARES, N. F. F. ; S. HOTCHKISS, J. H.<br />
Bitterness reduction in grapefruit juice through<br />
active packaging. Packaging Te chnology and<br />
Science. v. ll, n.l, p.9-18, 1998.<br />
GONTARD, N. Active packaging. In. SOBRAL,<br />
P.J.A.; CHUZEL, G. , eds. Workshop sobre<br />
polímeros, Pirassununga, FZEA, P.23-27, 1997.<br />
APPENDINI, P. ; HOTCHKISS, J.H. Review<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
• •<br />
of antimicrobial food packaging. Innovative<br />
food science and emerging technologies, v.3,<br />
p.113-126, 2002.<br />
Figura 1 - Embalagem laminada incorporada<br />
natamicina.<br />
Figura 2 - Halos de inibição de Penicillium<br />
roqueforti de fi lmes laminados<br />
incorporados com três concentrações<br />
de natamicina.<br />
Figura 3 - Halos de inibição de Aspergillus niger<br />
de fi lmes laminados incorporados com<br />
três concentrações de natamicina.<br />
Figura 4 - Halos de inibição de Penicillium sp de<br />
fi lmes laminados incorporados com<br />
três concentrações de natamicina.<br />
• • •<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
MODULAÇÃO DE PARÂMETROS MICROBIOLÓGICOS E DO PH PELO CLORETO DE<br />
SÓDIO NO FERMENTO ENDÓGENO UTILIZADO NA PRODUÇÃO DE QUEIJO MINAS<br />
,<br />
ARTESANAL DO ALTO PARANAIBA<br />
Modulation of pH and microbiological parameters by Sodium chloride in the<br />
endogenous starter culture used in the production of artisanal cheese from the Alto<br />
Paranaíba's region<br />
RESUMO<br />
,<br />
Natan de Jesus Pimentel Filho'<br />
José Manoel Martins2<br />
Luciana Rodrigues da Cunha3<br />
Joelma Piazza Lopes'<br />
Patrícia É rica Fernandes'<br />
Célia Lúcia de Luces F. Ferreira4<br />
Esta pesquisa visou determinar a concentração de NaCI do fermento endógeno utilizado na<br />
fabricação dos queijos artesanais da região do Alto Paranaíba, assim como o pH e contagens<br />
de coliformes totais, Escherichia coli (E. coli) e 5taphylococclIs llllrellS (5. (/lIreus). Nesta<br />
experi mentação constatou-se grande variabilidade dos parâmetros fís ico-químicos e<br />
microbiológicos avaliados nos fermentos endógenos coletados em 15 unidades produtoras<br />
de queijo artesanal no Alto Paranaíba. A maior concentração de NaCI foi mais do que 6<br />
vezes a menor concentração encontrada. Esta variabilidade provavelmente resultou na<br />
diversidade do pH e das características microbiológicas observadas. Os fe rmentos endógenos<br />
(pingo) constituem um insumo presente na fa bricação de todos os queijos artesanais<br />
produzidos nas regiões tradicionais do Estado de Minas Gerais. Para que estes queijos<br />
mantenham as características típicas das diferentes regiões, serão de extrema importância<br />
estudos que visem definir os parâmetros que podem variar neste insumo sem alterar as<br />
características dos referidos queijos, assim como as faixas de variação, para que queijos da<br />
mesma região mantenham características fís ico-químicas e sensoriais semelhantes. Es tudos<br />
desta natureza tornam-se imprescindíveis para que os descritores fís ico químicos e sensoriais<br />
destes queijos possam ser definidos.<br />
Palavras-chave: fermento endógeno, microbiologia, pH, concentração de NaCI.<br />
INTRODUÇÃO<br />
O queijo Minas artesanal é aquele processado<br />
conforme a tradição histórica e cultural da região<br />
do Estado de Minas Gerais onde é produzido, a<br />
partir do leite de vaca hígido e fresco, retirado e<br />
processado na propriedade de origem e seguindo<br />
procedimentos próprios de tecnologia 'de<br />
produção. O queijo artesanal do Alto Paranaíba,<br />
como o da regwo do Serro, tombado pelo<br />
patrimônio histórico, pela Lei Estadual No<br />
14. 185 de 31 de janeiro de 2002 e regulamentada<br />
pelo decreto No 42.645 de 5 de junho de 2002<br />
(IMA, 20(2), utiliza como um de seus insumos<br />
obrigatórios, o fermento endógeno conhecido<br />
como "pingo". Este fermento contém diversos<br />
Estudantes de Graduação em Ciência e Tecnologia de Laticínios, Universidade Federal de Viçosa.<br />
2 Doutorando em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Bolsista FAPEMIG/FIEMG, Universidade Federal de Viçosa.<br />
3 Mestranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Bolsista CNPq, Universidade Federal de Viçosa.<br />
4 Professora Titular do Departamento de Tecnologia de Alimentos. Universidade Federal de Viçosa .<br />
digitalizado por<br />
arvoredoleite.org<br />
295
grupos de bactérias láticas que têm a função de<br />
direcionar uma fermentação desejável quando de<br />
sua adíção ao leite cru, na fase inicial do processo<br />
de fabricação dos queijos artesanais. Dentre as<br />
bactérias láticas presentes no "pingo" estão<br />
LactococclIs lactis ssp. lactis, Lactococcl/S lactis<br />
ssp cremoris, Lactococcus lactis ssp. diacetylactis,<br />
Lellcoll osfoc mesellteroides ssp. cre11/ oris, e<br />
estirpes de Enlerococclls sp., dentre outras. De<br />
um modo geral, estas estirpes dos vários gêneros<br />
têm a função de crescer rapidamente no leite<br />
durante o processo de coagulação, acumular ácido<br />
lático e outras substâncias bioativas contra<br />
patógenos, e com isto assegurar uma fermentação<br />
desejável, transformando o leite, que é facilmente<br />
perecível, em queijo, com vida e prateleira mais<br />
longa. Este processo nas regiões montanhosas do<br />
Estado de Minas Gerais, principalmente nas de<br />
difícil acesso, tem mantido uma tradição de mais<br />
de 200 anos (GLOBO RURAL, 2002). No<br />
entanto, pouco se conhece sobre o insumo<br />
"pingo". Sabe-se que o NaCl nele presente, garante<br />
uma produção segura devido ao efeito que tem<br />
sobre patógenos indesejáveis. Esta<br />
experimentação teve como objetivo avaliar a<br />
concentração de NaCI, pH, contagem de<br />
coliformes totais, E. coli e S. al/rellS em amostras<br />
de fermentos endógenos coletados na região do<br />
Alto Paranaíba.<br />
MATERIAL E MÉTODOS<br />
As amostras de fermento endógeno (pingo),<br />
utilizado na fabricação dos queijos Minas<br />
artesanais, fo ram coletadas diretamente em 15<br />
unidades produtoras nos municípios de<br />
Coromandel, Cruzeiro da Fortaleza, Guimarânia,<br />
Patrocín io, Patos de Minas c Serra do Salitre,<br />
pertencentes à região do Alto Paranaíba, em<br />
frascos estéreis com tampas rosqueáveis e<br />
adequadamente mantidas re frigeradas até o<br />
momento das análises. As análises de pH foram<br />
realizadas no momento da coleta das amostras,<br />
utilizando-se o medidor de pH digital portátil da<br />
marca Te cnal modelo Meter - 102. As<br />
determinações microbiológicas foram feitas no<br />
Departamento de Água e Esgoto de Patrocínio<br />
(DAEPA) e as análises de cloreto de sódio, no<br />
Laboratório de Análise Físico-químicas de Leite e<br />
Derivados do Departamento de Tecnologia de<br />
Alimento da Universidade Federal de Viçosa. Para<br />
a contagem de Coliformes totais e Eschericlzia<br />
coli, utilizou-se kits de Petrifilm da 3M<br />
Coliformes/ E. colí (AOAC 991.14 Contagem<br />
de Coliformes e E. coli em Alimentos, Película<br />
Reidratável Seca). Para as análises de S. aureus,<br />
utilizou-se o kit Petrifilm 3M - Rapid S. allreus<br />
Pág. 296<br />
{li f J., t;)1} .. 4 "1,<br />
... ·l<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
(RSA) Count Plate (AOAC 98 1.15). A análise de<br />
cloreto de sódio foi realizada através do método<br />
titrimétrico, baseado na reação do nitrato de prata<br />
com os cloretos em presença de cromato de<br />
potássio como indicador (PEREIRA, 2001).<br />
RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
A concentração de NaCI, pH e contagens<br />
microbianas do fermento endógeno de 15<br />
propriedades da região do Alto Paranaíba estão<br />
indicadas na Tabela I.<br />
Observa-se grande variabilidade na<br />
concentração de NaCI no fermento endógeno das<br />
diferentes propriedades amostradas . As<br />
concentrações variaram de 3,55% a 22,48%.<br />
Maior número de propriedades apresentaram um<br />
fermento com concentração na faixa de 9,46 -<br />
12,42% (26,6% das propriedades) e 3,55-5,62%<br />
(26,6% das propriedades). Essa grande variabilidade<br />
afeta quantitativamente e qualitativamente os<br />
grupos microbianos presentes no fermento, além<br />
de exercer efeito do mesmo modo, nas bactérias<br />
láticas presentes no leite cru que têm seu<br />
crescimento estimulado num meio com<br />
concentrações baixas de NaCI ou reprimido em<br />
concentrações elevadas. Este estímulo e/ou<br />
repressão provavelmente seleciona(m) grupos<br />
resistentes a estas concentrações, capazes de<br />
direcionar uma fe rmentação desejável na sua<br />
fu nção de fe rmento. Concentrações elevadas de<br />
NaCI suprimem uma grande maioria de patógenos.<br />
No entanto, as concentrações mais elevadas<br />
(acima de 20%) não garantem a eliminação de S.<br />
Ol/rellS e nem de Lisferia II/ollocyloelles que<br />
podem crescer nas concentrações de 10-20% e<br />
10,5-30,5 % de N aCI (sob refrigeração), respectivamente.<br />
Observou-se predominância de pH nas<br />
faixas de 5,03-5, 18 (33,33%) e 5,87-6,86<br />
(33,33%). A variação do pH é função não só da<br />
concentração de NaCI praticada nas diferentes<br />
propriedades, mas também da atividade microbiana<br />
das bactérias láticas selecionadas, com o tempo,<br />
predominantes nestas propriedades. Nos<br />
fe rmentos anali sados predominaram (67%) as<br />
concentrações de até 6,3 x 102 UFC/mL de<br />
coliformes totais, seguidos de fermentos contendo<br />
até I UFC/mL(20%) e somente em 02<br />
propriedades a concentração chegou a 1,4 x 104<br />
UFC/mL. Em cerca de 67% das propriedades<br />
ocorreu I UFC/mL de E. coli. Nos outros 33% das<br />
propriedades os números encontrados não<br />
ultrapassaram 5,2 x 102 UFC/mL. Em cerca de<br />
27% das propriedades ocorreu até I UFC/mL de<br />
S. allrellS e somente em 3 propriedades os números<br />
ficaram entre 1,0 x 104 e 1,2 x 104 UFC/mL.<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Tabela 1 Concentração de NaCI e características microbiológicas do fermento endógeno da região<br />
do Alto Paranaíba.<br />
Parâmetros<br />
20, 1 1- 22,48 +<br />
14,20- 17,45<br />
9,46 - 12,42<br />
6,51 - 7,99<br />
3,55 - 5,62<br />
5,87 - 6,86<br />
5,35 - 5,73<br />
5,28 5,34<br />
5,03 - 5, 18<br />
0- 1 ,Ox 1 0°<br />
Unidades Produtoras de Queijo Artesanal<br />
2 3 4 5 6 7 8 9 I O I I I 2 I 3 I 4 I 5 N° %<br />
de NaCL<br />
3 20,00<br />
+<br />
+ +<br />
1,0-6,3 x 102 + +<br />
930- I ,36x I OI +<br />
O- I,O xIO O<br />
I ,Ox 10'<br />
60 -5,2x I 02<br />
O- I,Ox IO" +<br />
30-7,Ox IO'<br />
IIO-5,9x IC)2<br />
IOOO- I,2x I01<br />
CONCLUSÃO<br />
+<br />
+<br />
+ + +<br />
+<br />
+<br />
+<br />
+ +<br />
+<br />
+ +<br />
+<br />
+ + +<br />
+ +<br />
+<br />
+ +<br />
+<br />
+<br />
+ +<br />
+ +<br />
+ + +<br />
microbiana (UFC/mL)<br />
Coliform es totais<br />
+ +<br />
E .coZi<br />
+<br />
+<br />
+<br />
+ + +<br />
+<br />
+<br />
+ +<br />
+ + +<br />
3 20,00<br />
4 26,60<br />
I 6,66<br />
4 26,60<br />
5 33,33<br />
3 20,00<br />
2 13,33<br />
5 33,33<br />
3 20,00<br />
10 66,67<br />
2 13,33<br />
+ + + + + + + 10 66,67<br />
+ +<br />
Nesta experimentação constatou-se grande<br />
variabilidade dos parâmetros físico-químicos e<br />
microbiológicos avaliados nos fe rmentos<br />
endógenos coletados em 15 unidades produtoras<br />
de queijo artesanal no Alto Paranaíba. A maior<br />
concentração de NaCI foi mais do que 6 vezes a<br />
menor concentração encontrada. Esta<br />
variabilidade provavelmente resultou na<br />
diversidade do pH e das características<br />
microbiológicas observadas. Os fermentos<br />
endógenos (pingo) constituem um insumo<br />
presente na fabricação de todos os queijos<br />
artesanais produzidos nas regiões tradicionais do<br />
Estado de Minas Gerais. Para que estes queijos<br />
mantenham as características típicas das<br />
S.aureus<br />
digitalizado por<br />
+ + 20,00<br />
+ + 2 13,33<br />
+ + 4 26,60<br />
+ 4 26,60<br />
+ + 4 26,60<br />
+ + + 3 20,00<br />
diferentes regiões, serão de extrema importância<br />
estudos que visem definir os parâmetros que<br />
podem variar neste insumo sem alterar as<br />
características dos referidos queijos, assim como<br />
as faixas de variação, para que queijos da mesma<br />
região mantenham características físicoquímicas<br />
e sensoriais semelhantes. Estudos desta<br />
natureza tornam-se imprescindíveis para que os<br />
descritores físico-químicos e sensoriais destes<br />
queijos possam ser definidos.<br />
ABSTRACT<br />
This work was devised to determine the<br />
concentration of NaCI, pH, total coliform, E.<br />
arvoredoleite.org<br />
Pág. 297
coli and S. ll ureus counts, in order to characterize<br />
the endogenous starter culture used in the<br />
production of artisanal cheese from the Alto<br />
Paranaíba's region, Minas Gerais. The 15 samples<br />
were collected in six cities (Coromandel,<br />
Guimarânia, Cruzeiro da Fortaleza, Patrocínio,<br />
Serra do Salitre and Patos de Minas). The highest<br />
salt concentration was in the range of 20,11 to<br />
22,48% and found in 20% of the farm units .<br />
The pH varied from 5,03 to 6,86. In the starters<br />
containing the high salt concentrations, the<br />
presence of the microbial groups evaluated were<br />
rare. However, numbers in the range of 61,36 x<br />
10.1, 5,2 x 10 1 and 1,2 x 10.1 UFC/mL were found<br />
respectively for total co!iform, E. coli and S.<br />
llllrellS, mainly in the starters with high pH. The<br />
results indicated great variability in ali the<br />
parameters evaluated. It is important do devise<br />
studies to determine how this variability<br />
interferes with the quality of the cheese from<br />
this region and its homogeneity.<br />
Key-words: Endogenous starter culture<br />
(pingo), Microbiology, pH and NaCI<br />
concentration. Apoio: CNPq, FA PEMIG.<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
• • • •<br />
Agradecimentos: a EMATER pelo apoio<br />
durante a coleta das amostras.<br />
BIBLIOGRAFIA<br />
GLOBO RURAL. Queijo: Mineiros tentam aj ustar<br />
modernidade e produção artesanal. Revista Globo<br />
Rural, Ano 17, n. 200, p. 36-46, junho de 2002.<br />
IMA - Instituto Mineiro de Agropecuária.<br />
Portaria n° 517, de 14 junho de 2002 -<br />
Estabelece normas de defesa sanitária para<br />
rebanhos fornecedores de leite para produção de<br />
queijo Minas artesanal. Portaria nU 518, de 14<br />
de junho de 2002 - Dispõe sobre requisitos<br />
básicos das instalações, materiais e equipamentos<br />
para a fabricação do queijo Minas artesanal.<br />
Portaria nU 523, de 3 de julho de 2002 -<br />
Dispõe sobre as condições higiênico-sanitárias e<br />
Boas Práticas na Manipulação e Fabricação do<br />
queijo Minas artesanal. 2002.<br />
PEREIRA, D. B. C.; SILVA, P. H. F. da.; COSTA<br />
JUNIOR, L. C. G; DE OLIVEIRA, L. L. Físicoquímica<br />
do leite e derivados - Métodos<br />
analíticos. I. ed. Juiz de Fora, MG: Oficina de<br />
Impressão Gráfica e Editora Ltda., 2001. P 214.<br />
• • • •<br />
CARACTERíSTICAS MICROSCÓPICAS DE QUEIJO MINAS ARTESANAL DA REGIÃO DO<br />
ALTO PARANAíBA<br />
Microscopia characteristic of artisanal Minas cheese from the Alto Paranaíba's region<br />
Natan de Jesus Pimentel Filho1<br />
José Manoel Martins2<br />
Maria da Penha Píccolo Ramos3<br />
Marcília dos Santos Rosado1<br />
Natália Pacheco de Oliveira 1<br />
Luciana Rodrigues da Cunha4<br />
Kamila Ferreira Costa 1<br />
Célia Lúcia de L. F. Ferreiras<br />
Estudantes de Graduação em Ciência e Tecnologia de Laticínios, Universidade Federal de Viçosa.<br />
2 Doutorando em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Bolsista FAPEMIG/FIEMG, Universidade Federal de<br />
Viçosa.<br />
3 Professora do DTA/UFV/Doutoranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos/Universidade Federal de Viçosa.<br />
4 Mestranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Bolsista CNPq, Universidade Federal de Viçosa.<br />
S Professora Titular do Departamento de Tecnologia de Alimentos. Universidade Federal de Viçosa.<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
RESUMO<br />
Os queijos artesanais produzidos nas regiões tradicionais em Minas Gerais, são fabricados<br />
com leite cru, e estão sendo submetidos ao processo de identificação do processo e<br />
regulamentação, para que tal segmento da agroindústria possa implementar as boas práticas<br />
de fabricação (B PF), ser mais valorizado e seu consumo não representar risco para a saúde<br />
das populações. O regulamento da ANVISA R.O.C. 175 de 8 de julho de 2003 para queijos<br />
industriais, prevê ausência de sujidades e parasitos, mas regulamento semelhante inexiste<br />
para os queijos artesanais. Esta experimentação procurou levantar dados sobre as condições<br />
de materiais estranhos/sujidades, em queijos artesanais da região do Alto Paranaíba, MG.<br />
Foram coletadas amostras diretamente das unidades produtoras de seis cidades da região<br />
(Coromandel, Cruzeiro da Fortaleza, Guimarânia, Patrocínio, Patos de Minas e Serra do<br />
Salitre). As amostras transportadas sob refrigeração para o laboratório de culturas láticas<br />
do Departamento de tecnologia de Alimentos (OTA ), Universidade Federal de Viçosa<br />
(UFV), fo ram assim mantidas até o momento das determinações, no laboratório de<br />
microscopia. Empregou-se a técnica da hidrólise ácida, seguida de fi ltração, descrita pela<br />
AOAC, Ref. 96.049, 1995. Nas 12 amostras analisadas foram observados 814 pontos de<br />
sujidades, sendo 8% relativos a pêlos humanos/animais, e os 92% restantes referentes a<br />
outros materiais estranhos, tais como bárbulas, insetos, areia e outros. As concentrações<br />
mínimas e máximas encontradas por peça de queijo foram 16 e 155, respectivamente,<br />
com uma média de 67,83 pontos de sujidade/peça. Estes dados evidenciam negligência nos<br />
cuidados higiênicos nas diversas etapas desta cadeia alimentar, da obtenção do leite, passando<br />
pelo processamento, transporte, até sua comercialização. Vê-se, portanto, a necessidade<br />
da determinação deste parâmetro, o que irá contribuir para o monitoramento das condições<br />
higiênicas praticadas durante as diversas fases de sua produção.<br />
Palavras-chave: Microscopia, queijo Minas artesanal e digestão ácida .<br />
INTRODUÇÃO<br />
Dentre os produtos lácteos, o queijo é<br />
considerado um dos itens de maior consull1o<br />
mundial. No BrasiL o Eswdo de Minas Gerais se<br />
destaca pela grande produção de queijos<br />
tradicionais. O queijo Minas artesanal é<br />
tradicionalmente produzido no Estado há mais<br />
de dois séculos, ocupando lugar de destaque na<br />
economia brasileira (SEBRAE, 1997). Estes<br />
queijos são fa bricados a partir do leite cru,<br />
utilizando-se fi ltros plásticos ou de náilon para<br />
a retenção das sujidades adquiridas durante sua<br />
obtenção. O produto é transportado da fazenda<br />
por intermediários conhecidos como queijeiros<br />
e o seu transporte é realizado sem uma<br />
embalagem adequada, quase sempre é fe ito em<br />
cabines abertas. No ponto de comercialização, o<br />
produto é vendido inteiro ou em porções. Nestes<br />
pontos de venda, as condições higiênicas são<br />
quase sempre precárias, e o produto manipulado<br />
em pedaços, aumenta ainda mais a superfície para<br />
incorporação de sujidades. A legislação brasileira<br />
contempla padrões de sujidades para diversos<br />
tipos de queijos industriais. Entretanto inexiste<br />
o estabelecimento de tais padrões para os queijos<br />
artesanais. O presente trabalho objetivou<br />
digitalizado por<br />
verificar os níveis de sujidade de queij os<br />
artesanais produzidos na região do Alto Paranaíba,<br />
para que os dados obtidos possam subsidiar o<br />
desenvolvimento de padrões de sujidade para<br />
queijos artesanais produzidos com higiene e que<br />
correspondam à expectativa do consumidor ao<br />
adquirir um produto de qualidade.<br />
MATERIAL E MÉTODOS<br />
As amostras de queijo foram coletadas<br />
diretamente em 12 unidades produtoras de seis<br />
cidades mineiras da região do Alto Paranaíba<br />
(Coromandel, Cruzeiro da Fortaleza, Guimarânia,<br />
Patrocínio, Patos de Minas e Serra do Salitre).<br />
As amostras transportadas sob refrigeração para<br />
o laboratório de culturas láticas do<br />
Departamento de Tecnologia de Alimentos da<br />
Universidade Federal de Viçosa e foram assim<br />
mantidas até o momento das determinações, no<br />
laboratório de Microscopia de Alimentos.<br />
Empregou-se a técnica da hidrólise ácida, seguida<br />
de fi ltração, descrita pela AOAC, Ref.<br />
96.049, 1995. Primeiramente fo ram observadas<br />
as características externas de todas as amostras,<br />
arvoredoleite.org
seguindo-se pesagem de 225g de cada amostra e<br />
corte em cubos de aproximadamente 6mm.<br />
Foram adicionados 100 mL de H 3 PO 4 (I + 40)<br />
fervente, em béquer seguindo-se<br />
homogeneização lenta por 15 minutos até total<br />
dispersão dos grumos. Para facilitar a filtração<br />
em papel Whatman n.o 4, sob vácuo (funil<br />
B uchner) foram utilizados 800 mL de água<br />
destilada fervente. Em algumas amostras<br />
adicionou-se álcali diluído (NaOH 3% em água)<br />
até total recuperação de toda sujidade nos filtros.<br />
O material nos filtros (até 5 por amostra), foi<br />
examinado ao microscópio estereoscópio (10 a<br />
40X), e posteriormente ao microscópio ótico, e<br />
visualizados em um monitor acoplado. O<br />
material estranho encontrado foi quantificado e<br />
caracterizado.<br />
RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
A tabela I indica o número de material<br />
estranho encontrado nas amostras.<br />
Todas as amostras apresentaram sujidades cujo<br />
número variou de 16 a 1 55/queijo. Observou-se<br />
um total de 814 pontos de sujidades, sendo 8%<br />
relativos a pêlos humanos/animais, e os 92%<br />
restantes referentes a outros materiais estranhos,<br />
tais como bárbulas, insetos, areia e outros. As<br />
concentrações mínimas e máximas encontradas<br />
por peça de queijo foram 16 e 155, respectivamente,<br />
com uma média de 67,83 pontos de<br />
sujidade/peça. O grande número de sujidade<br />
observado tem vanas origens e resulta<br />
principalmente da falta de controle das diversas<br />
fases da cadeia produtiva do queijo artesanal,<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATIcíNIOS<br />
iniciando-se com a obtenção do leite, passando<br />
pelas etapas de processamento, transporte, até sua<br />
exposição nos pontos e venda. De acordo com a<br />
R.D.C 175 da ANVISA, de 8 de julho de 2003 que<br />
descreve as características microscópicas para<br />
queijos industrializados, estes devem estar isentos<br />
de parasitos e sujidades. Definição semelhante<br />
precisa ser estipulada para os queijos artesanais.<br />
CONCLUSÃO<br />
Na fase em que se encontra a evolução do<br />
processo de implementação de boas práticas de<br />
fabricação, verifica-se que a qualidade do queijo<br />
Minas artesanal depende diretamente do repasse<br />
de informações para o produtor rural pelas<br />
instituições oficiais responsáveis pelo ensino,<br />
pesquisa e extensão, para que o produto gerado<br />
nas unidades produtoras seja seguro. Para isto é<br />
importante que parâmetros de sujidade sejam<br />
estabelecidos. Este estabelecimento irá contribuir<br />
para o monitoramento nas diversas fases<br />
erivolvidas, da obtenção higiênica do leite,<br />
processamento do queijo, seu armazenamento na<br />
propriedade rural, transporte e comercialização.<br />
ABSTRACT<br />
Tabela 1 - Matéria estranha em queijo artesanal do Alto Paranaíba.<br />
Faixa do número de<br />
material estranho<br />
0-20<br />
21-40<br />
41-60<br />
61-80<br />
81-100<br />
10 1-12D<br />
121-140<br />
141-160<br />
Totais<br />
Total de sujidade<br />
Pág. 300<br />
Número de unidades<br />
produtoras com sujidade<br />
2<br />
2<br />
2<br />
2<br />
2<br />
O<br />
I<br />
I<br />
12<br />
Artisanal cheeses are produced with raw milk<br />
and are being submitted to the process of<br />
identification and control, in order to aggregate<br />
economic value to a cheese produced with Good<br />
Manufacturing Procedures (GMP), and at the same<br />
time, not being a risk to the consumer's health.<br />
The ANVISA RDC 175 (july 8/2003), describe<br />
for industrial cheeses, leveIs for strange matters<br />
Número de material por categoria<br />
Pelo humano/animal Outros<br />
5 28<br />
6 72<br />
II 86<br />
14 120<br />
14 170<br />
15 I 18<br />
4 15 I<br />
69 745<br />
69 + 745 = 814<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
and parasites. However, there are no such<br />
standards set for artisanal cheeses. The aim of<br />
this work was to get data in this area for artisanal<br />
cheeses produced in the Alto Paranaíba's region.<br />
Samples were collected in 6 cities (Coromandel,<br />
Cruzeiro da Fortaleza, Guimarânea, Patrocínio,<br />
Patos de Minas e Serra do Salitre), and were kept<br />
under refrigeration til! the analysis at the Food<br />
Technology Department, Universidade Federal de<br />
Viçosa(UFV). The method of the acid hydrolysis<br />
described in AOAC, Ref. 96049, 1995, was used.<br />
In the 12 samples analyzed it were observed 814<br />
points of strange matters, being 8% described as<br />
human/animal pilli, and the remaining 92%, as<br />
others (sand, insects, etc). Minimum and<br />
maximum points of strange matters were<br />
respectively 16 and 155, with an average of<br />
67,83/cheese. These high numbers emphasize<br />
inadequate hygienic standards during the different<br />
phases of this agro fo od chain, from milking,<br />
processing, transport and commercialization. It<br />
seems to be necessary to incorporate this<br />
determination in the control of artisanal cheeses<br />
•<br />
in order to improve the monitoring of the<br />
hygienic conditions during the whole chain, from<br />
milking to consumption.<br />
Apoio: CNPq.<br />
Agradecimentos: a EMATER pelo apoio<br />
durante a coleta das amostras.<br />
BIBLIOGRAFIA<br />
AOAC (Association Official Analytical<br />
Chemistry). Official Methods of Analysis.<br />
16th. 1995. Ref. 96.049<br />
BRASIL, Ministério da Saúde. Agência Nacional<br />
de Vigilância Sanitária (ANVISA). Resolução<br />
RDC 175, de 8 de junho de 2003. Aprova o<br />
Regulamento Técnico de avaliação de matérias<br />
macroscópicas e microscópicas prejudiciais à<br />
saúde humana em alimentos. Diário Oficial da<br />
União (DOU).<br />
SEB RAE / MG. Diagnóstico da indústria de<br />
laticínios do Estado de Minas Gerais. Belo<br />
Horizonte, 270 p. 1997.<br />
DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO ACHOCOLATADO EM PÓ PROBIÓTICO<br />
Development of powder chocolate probiotic<br />
RESUMO<br />
Eliana dos Santos Leandro'<br />
Herminia Miranda de Oliveira'<br />
Marcília Santos Rosado 1<br />
Meriane Wittig Franco2<br />
Pollyanna Cardoso Pereira3<br />
Maurício Oliveira Leite4<br />
Cláudio Furtado Soaress<br />
Nos últimos anos tem surgido crescente interesse em relação a alimentos funcionais que, além<br />
de fo rnecerem calorias e nutrientes, contribuem também com um benefício à saúde do<br />
Estudantes de Graduação do Curso de Ciência e Tecnologia de Laticínios-UFY.<br />
2 Estudante de Graduação do Curso de Engenharia de Alimentos-UFY.<br />
3 Professora Auxiliar do Departamento de Tecnologia de Alimentos-UFY.<br />
4 Mestre em Microbiologia Agrícola-UFY.<br />
5 Professor Adjunto do Departamento de Tecnologia de Alimentos-UFV.<br />
digitalizado por<br />
Pág. 301<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICÍNIOS<br />
consumidor. O desenvolvimento de t:l0vos produtos em uma indústria de laticínios é<br />
extremamente importante para sua competitividade no mercado. Este trabalho teve como<br />
objetivo desenvolver um produto achocolatado em pó probiótico em sache como UJ}1a alternativa<br />
de assegurar um efeito benéfico à saúde dos consumidores e aumentar a competitividade de<br />
alimentos probióticos. O produto foi elaborado com 49,85% de açúcar cristal, 29,94% cacau<br />
em pó, 15,54% leite pó desnatado, 3,46% de cultura liofilizada de Lactobacillus acidoplzilus,<br />
0,8% de aroma de baunilha, 0,4% de lecitina, e 0,01 % de sal. Para a avaliação sensorial adotouse<br />
o método de escala hedônica, com a utilização de 50 provadores. O pH e a contagem de<br />
células viáveis em meio MRS foram acompanhados com o objetivo de verificar a alteração no<br />
sabor durante a estocagem e permanência do microrganismo no produto, respectivamente. O<br />
pH e contagem de células viáveis em MRS foram de 6,60 e 4,5 x 109 UFC/g, respectivamente.<br />
Após 30 dias de estocagem o número de bactérias lácticas foi mantido na faixa de 109 UFC/g e<br />
o pH não sofreu alterações relevantes no período. O resultado da análise sensorial demonstrou<br />
que o produto apresentou boa aceitação sensorial situando entre os termos hedônicos "gostei<br />
muito" e "gostei moderadamente".<br />
Palavras-chave: Achocolatado em pó, Probiótico, Desenvolvimento, Novo produto.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
Nos últimos anos tem surgido crescente<br />
interesse em relação a alimentos funcionais que,<br />
além de fornecerem calorias e nutrientes,<br />
contribuem também com um benefício à saúde<br />
do consumidor. O alimento probiótico é aquele<br />
que contém microrganismos isolados da flora<br />
intestinal do hospedeiro potencial, podendo o<br />
microrganismo crescer no substrato em<br />
elaboração ou então serem adicionados no<br />
produto, na fo rma concentrada.<br />
Segundo (DAVE, R.I. SHAH, N.P., (997),<br />
as bactérias probióticas têm baixa viabilidade em<br />
produtos fe rmentados. Como as bactérias<br />
probióticas crescem lentamente no leite, a<br />
prática mais comum é adicionar o concentrado<br />
celular no iogurte. Entretanto, o Lactobacillus<br />
delbrueckii sp. bulgariclls contínua a produzir<br />
ácido láctico durante o armazenamento sob<br />
refrigeração, afetando a viabilidade da bactéria<br />
probiótica. Oscilações na temperatura de<br />
armazenagem durante a comercialização deste<br />
produto, é outro fator que afeta também a viabilidade<br />
da bactéria probiótica.<br />
Na tentativa de melhorar a viabilidade das<br />
estirpes probióticas a longo prazo, foram<br />
executados diversos estudos sobre novas metodologias,<br />
que englobam a substituição do vetor<br />
alimentar (DINAKAR e MISTRY 1995).<br />
Segundo (GARCIA, S. CASTRO GÓMEZ e<br />
R.l.H., 2001) há possibilidade de introdução de<br />
bactérias lácteas em alimentos não convencionais<br />
para formulação de alimentos funcionais.<br />
Para atender as mudanças constantes das<br />
preferências dos consumidores, antecipar os<br />
lançamentos dos concorrentes, aproveitar as<br />
oportunidades tecnológicas e conquistar uma<br />
maior participação no mercado, uma opção<br />
estratégica para as indústrias de laticínios é<br />
investir em desenvolvimentos de novos produtos<br />
(Y U et. AI, 2000).<br />
Atualmente a mudança nos hábitos de<br />
consumo das pessoas é mais freqüente e se<br />
caracteriza pela busca de produtos novos,<br />
saudáveis, com maior praticidade, mais com<br />
características sensoriais agradáveis. As boas<br />
características sensoriais são consideradas um<br />
fator importante na aceitabilidade de novos<br />
produtos alimentícios, pelos consumidores, sendo,<br />
portanto uma análise importante a ser feita antes<br />
do lançamento efetivo de um novo produto.<br />
Este trabalho teve por objetivo o desenvolvimento<br />
de um produto achocolatado em pó<br />
probiótico em sache, contendo 25 gramas, para<br />
ser adicionado em leite frio. Avaliar a aceitabilidade<br />
e a viabilidade do Lactobacillus<br />
acidophillls no produto após 30 dias de estocagem.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODO<br />
O produto foi elaborado no laboratório de<br />
Desenvol vi mento de Novos ·Produtos do<br />
Departamento de Tecnologia de Alimentos da<br />
Universidade Federal de Viçosa.<br />
2.1 - Microrganismo<br />
A estirpe Lactobacilllls acidophillls (ATCC<br />
4356) utilizada neste trabalho foi isolada do<br />
intestino humano e obtida da ATCC (American<br />
Type ClIltllre Colectio/l, Rockville, MO) EUA. A<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
biomassa desta cepa foi obtida no laboratório<br />
utilizando cultivo em caldo MRS que foi<br />
centrifugado (10°C, 7500xg por 10 minutos). A<br />
biomassa assim obtida foi lavada com tampão<br />
fosfato e em seguida liofilizada durante 8 horas.<br />
2.2 - Elaboração da formulação<br />
Para elaboração do achocolatado em pó<br />
foram utilizados: açúcar refinado 49,85%; cacau<br />
desengordurado em pó, 29,94%; leite em pó<br />
desnatado, 15,54%; aroma, 0,8%; lecitina 0,4%;<br />
sal, 0,0 I % e culltura láctica probiótica liofilizada,<br />
Lactobacilllls acidophilus, 3,46%.<br />
2.3 - Estabilidade no armazenamento<br />
Para verificar a estabilidade durante o<br />
armazenamento o achocolatado em sache foi<br />
armazenado a 23°C e periodicamente retirado para<br />
determinação de pH e contagem de células viáveis<br />
de Lactobacilllls acidophillls (APHA, 200 I).<br />
2.3 - Análise sensorial<br />
O achocolatado foi submetido a analise<br />
sensorial com fim de avaliar a sua aceitação. Foi<br />
utilizado a Escala Hedônica de 9 pontos, variando<br />
de "gostei extremamente" a "desgostei<br />
extremamente" de acordo com CHAVES E<br />
SPROESSER, (1999).Foram selecionados 50<br />
provadores não treinados, e foi pedido a cada<br />
provador que marcasse em fi cha apropriada a<br />
resposta que melhor refletiu seu julgamento em<br />
relação à aceitação do produto.<br />
3 - RESULTADO E DISCUSSÃO<br />
3.1 - Es tabilidade no armazenamento<br />
Tabela 1 - Determinação do pH e contagens<br />
médias de bactérias lácticas em<br />
achocolatado probiótico em pó<br />
armazenado à temperatura ambiente.<br />
Te mp o pH Bact. Lácticas<br />
( dias) UFC/g<br />
O 6,60 4,5 x 109<br />
15 6,5 1 3,6 x 109<br />
30 6,41 2,7 x 109<br />
Ob5. Resultados correspondem à média de três<br />
determi nações;<br />
A cultura láctica foi adicionada ao pó na proporção de 3,46%;<br />
Cultura LaC!o!Jllcilllls llcidophilllS (liofilizada) 2,6 x 10"J.<br />
digitalizado por<br />
A variação de pH foi pequena, indicando<br />
que não houve alteração química relevante na<br />
formulação . Com relação à viabilidade do<br />
Lacfobacillus acidojJhilus durante o armazenamento,<br />
houve ligeira queda, porém<br />
permanecendo na mesma ordem de grandeza.<br />
Segundo a literatura, probióticos normalmente<br />
devem conter níveis ao redor de 108- 1010 UFC, e<br />
a ANVISA recomenda que as bactérias estej am<br />
ativas, abundantes e em níveis não inferiores a<br />
10ó UFC/g no final do prazo de validade.<br />
3.2 - Analise sensorial<br />
A Figura I apresenta a relação de aceitação<br />
do achocolatado em pó. O produto obteve uma<br />
média de 7,64 pontos o que esta entre as opções<br />
"gostei moderadamente" e "gostei muito",<br />
caracteri zando uma boa aceitação do produto<br />
pelos provadores, sendo o produto em teste<br />
adequado para ser colocado junto ao mercado<br />
consumidor pelas indústrias de alimentos como<br />
mais uma opção de produto funcional.<br />
j<br />
:lO<br />
25<br />
20<br />
<br />
15<br />
ã<br />
;!<br />
lO<br />
O<br />
4 6 l)<br />
Nula<br />
Figura 1 - Relação de Aceitação do achocolatado<br />
em pó probiótico<br />
3.3 - Conclusão<br />
O achocolatado em pó apresentou<br />
características sensoriais satisfatórias sendo que,<br />
a adição de cultura liofilizada não alterou as<br />
características sensoriais do produto durante a<br />
estocagem. A vida de prateleira do achocolatado<br />
em pó probiótico se mostrou superior à produtos<br />
fermentados probióticos, o que representa uma<br />
vantagem em termos de aqulslçao pelo<br />
consumidor e de facilidade na distribuição.<br />
SUMMARY<br />
In the last years, an interesting about<br />
functional fo ods has been noted. Functional<br />
foods have nutritional value as the others kind<br />
off fo od and, in addition, are beneath for the<br />
health depending on the functional value.<br />
Development of new products in dairy products<br />
arvoredoleite.org
industry is extremely important for<br />
permanence in market. This work had the<br />
objective of development of powder chocolate<br />
probiotic in sachet as an alternative of offer a<br />
probiotic fo od for health beneath and growth<br />
the performance in market of functional foods.<br />
The composition of the chocolate powder was:<br />
sugar (4-9,85%), cocoa in powder (29,94%),<br />
defatted milk powder (15,54%), freeze drying<br />
culture of Lactobacillus acidophilus (3,46%),<br />
vanilla flavor (0,8%) , lecitin (0,4%) and salt<br />
. (0,0 1%). For sensorial tests the method of<br />
hedonic scale was used, and 50 tests were<br />
performed. The pH and total cells in MRS<br />
medium were measured for checking alterations<br />
in flavor and to determine the shelf life of the<br />
product. The pH and total cells were 6,60 and<br />
4,5 x 109 CFU/g, respectively. After thirty days<br />
in storage, the number of lactic bacteri um<br />
carried on 109 CFU/g and pH values was not<br />
affected significantly. According to the results<br />
of sensorial analyses the product has good<br />
acceptableness. The hedonics terms "I liked<br />
much" and "1 liked moderately" were most used.<br />
Key Words: Powder chocolate, probiotic,<br />
Development, new products<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />
• • •<br />
4 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION<br />
APHA. Standart methods for the<br />
examination of dairy products. 18 ed;,<br />
Washington, 1992. 433p.<br />
CHAVES, J.B.P., SPROESSER, R.L. Práticas de<br />
Laboratório de Análise Sensorial de<br />
Alimentos e Bebidas. - Viçosa - M.G. :<br />
Imprensa Universitária, Universidade Federal de<br />
Viçosa, 1999, p. 54-57. (Apostila 66)<br />
DAVE, R.I.; SHAH, N.P. Viability of yoghurt and<br />
probiotic bacteria in yoghurts made from commercial<br />
starters cultures.Int. Dairy J., v. 7, p. 31-41, 1997.<br />
DINAKAR, P. Mistry. V.v. 1994. Growth and<br />
Viability of BUidobacteriulll bUidul1l in Cheddar<br />
Cheese. Journal of Dairy Science 77, 2854-2864.<br />
GARCIA, S.; CASTRO GÓMEZ, R.J.H.<br />
Sobremesa Láctea Instantânea em pó com<br />
Lactobacillus Acidophilus LA-5 e Lactobacillus<br />
RL24C: Uma Altern"ativa de Alimento<br />
FuncionaI. Anais do XVIII Congresso<br />
Nacional de Laticínios, voI. 56 82-88.<br />
YU, A.S.O.; NASCIMENTO, P.T. Complexidade<br />
de Desenvolvimento e Desempenho no<br />
lançamento de Novos Produtos. XXI SIMPÓSIO<br />
DE GESTÃO DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA <br />
São Paulo - SP, 2000.<br />
• • •<br />
PRODUTO LÁCTEO SIMBIÓTICO FERMENTADO COM CULTURA TERMOFíUCA<br />
Synbiotic Product fermented with thermophilic starter culture<br />
Eliana dos Santos Leandro1<br />
Lorena Fernandes Juncall<br />
Marcília Santos Rosado 1<br />
Maria da Penha Píccolo Ramos2<br />
José Manoel Martins3<br />
Célia Lúcia de Luces Fortes Ferreira4<br />
Estudantes de Graduação em Ciência e Tecnologia de Laticínios da UFY.<br />
2 Pro f" do Departamento de Tecnologia de Alimentos /Doutoranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos da UFY.<br />
3 Doutorando em Ciência e Tecnologia de Alimentos (Bolsista FIEMG/FAPEMIG) da UFY.<br />
4 Pro r" do Departamento de Tecnologia de Alimentos da UFY.<br />
Pág. 304<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
RESUMO<br />
O consumo de leites fermentados contendo bactérias bífidas e prebióticos é uma forma de<br />
manter uma microbiota intestinal balanceada. Por crescer pouco no leite, produtos<br />
carreadores de bactérias bífidas são fermentados com culturas bioajustadoras. Essas culturas<br />
mesofílicas ou termofílicas, bioajustadoras, permitem que os produtos atinjam uma acidez<br />
segura num período aceitável. O presente trabalho teve como objetivo o desenvolvimento<br />
de leite fermentado simbiótico. Inocolou-se 2,00% de cultura ativa de StreptococclIs<br />
therll1ophi/us em LDR 10% esterilizado, incubando-o a 43°C até acidez titulável de 0,68%<br />
expressa em ácido lático. O leite fermentado foi elaborado com LDR 10%, 5% de inulina,<br />
10% de açúcar cristal e 2,00% de polpa de pêssego. Após a quebra da massa adicionou-se o<br />
concentrado celular de Bz(idobacteriu11l /OllgulIl . Os teores de gordura e proteína do<br />
produto foram 0,0% e 3,03% respectivamente. A acidez titulável e a contagem de células<br />
viáveis em meio MRS modificado foram acompanhadas com objetivo de se estimar a vida<br />
de prateleira do produto e a viabilidade dos microrganismos probióticos. Após a fabricação,<br />
determinou-se a acidez titulável (0,88% de ácido lático), o pH (4,0) e a contagem de<br />
células viáveis em MRS (1,5 x 109UFC/ml). Após 25 dias de estocagem, em média, a<br />
acidez, o pH e a contagem de células viáveis em MRS foram 0,9 1 %, pH 3,85 e 2,65 x<br />
JOxUFC/ml, respectivamente. O leite fermentado obteve uma média de 7,75 pontos, no<br />
teste de aceitação, logo após a fabricação, situando-se entre os termos hedônicos "gostei<br />
moderadamente" e "gostei muito". O produto continuou tendo boa aceitação mesmo<br />
tendo ocorrido um ligeiro aumento da acidez, obtendo uma média de 7,25 pontos. Esse<br />
novo produto simbiótico tem o potencial de ser colocado no mercado, contribuindo com<br />
o rol de produtos fu ncionais a disposição do consumidor.<br />
Palavras-chave: probióticos, prebióticos, cultura termofílica, leite fermentado.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
Alimentos probióticos são aqueles que<br />
carreiam ou são produzidos por bactérias<br />
probióticas originadas do trato intcstinal humano<br />
quando o produto se destina ao consumo humano<br />
ou do trato intestinal de uma determinada espécie<br />
animal, quando se destina à alimentação animal<br />
(FERREIRA, 1996). O consumo de produtos<br />
lácteos contendo bactérias probióticas é uma<br />
fo rma de manter uma microbiota intestinal<br />
balanceada. Essas bactérias precisam estar<br />
presentes na forma viável e em números passíveis<br />
de promover esse efeito desejável. Para que<br />
atinjam esses números, as bactérias probióticas<br />
precisam crescer no substrato em elaboração ou<br />
então serem adicionadas no produto, na forma<br />
concentrada. As bactérias probióticas carreiam<br />
algumas características que representam desafios<br />
tecnológicos na fabricação de produtos que as<br />
contêm. Além de não apresentarem bom<br />
crescimento no leite, as bactérias bífidas produzem<br />
substâncias que afetam as características sensoriais<br />
do produto, como no caso de acúmulo de ácido<br />
acético. Para contornar este problema tecnológico<br />
inerente às bactérias probióticas, são<br />
empregadas culturas láticas bioajustadoras de pH<br />
que são componentes normais dos fermentos<br />
digitalizado por<br />
láticos mesofílicos e termofílicos. Uma al <br />
ternativa para o aumento de bactérias bífi das<br />
residentes no trato gastrintestinal é o emprego<br />
de prebióticos, definidos como oligossacarídeos<br />
que estimulam seletivamente o crescimento dessas<br />
bactérias, alterando a microbiota colônica em<br />
favor de uma composição mais saudável. Para um<br />
ingrediente alimentar ser considerado prebiótico,<br />
não deve ser hidrolisado nem absorvido na parte<br />
superior do trato gastrointestinal. Os prebióticos<br />
mais comuns são os frutooligossacarídeos (FOS)<br />
e as inulinas. Outra estratégia para o aumento de<br />
microrganismos benéficos no cólon é via consumo<br />
de alimentos simbióticos, que, além do microrganismo<br />
probiótico, carreiam junto uma<br />
substância prebiótica. Este trabalho teve como<br />
objetivo elaborar um leite fermentado simbiótico<br />
sabor pêssego, onde foi avaliada sua aceitabilidade<br />
e vida de prateleira.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODO<br />
O trabalho foi conduzido no Laboratório<br />
de Culturas Láticas do Departamento de<br />
Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal<br />
de Viçosa, Minas Gerais.<br />
arvoredoleite.org
2.1 -Origem das culturas e obtenção do<br />
concentrado celular<br />
A estirpe Bf"idobacterium [ongu11l<br />
(ATCC 15707, UFVCC I 006) utilizada neste<br />
trabalho foi isolada do intestino humano e isolada<br />
de cultura originalmente obtida da ATCC<br />
(American Type Culture Colection, Rockville,<br />
MD) EUA. A estirpe Streptococcus thermoplzilus<br />
foi obtida do Banco de Culturas do Departamento<br />
de Tecnologia de Alimentos da Universidade<br />
Federal de Viçosa. Para a obtenção do concentrado<br />
de Bifidobacte rill lll [ongum fo i<br />
cultivada em volume conhecido de caldo MRS<br />
modificado, isento de ágar por 37°C/24h, em<br />
anaerobiose. Após o crescimento o conteúdo foi<br />
distribuído em tubos estéreis e submetido à<br />
centrifugação de 2018,0 g/ lO minutos em<br />
centrífuga refrigerada Beckmam (modelo GS-<br />
6R).Após o descarte do sobrenadante, o<br />
concentrado celular foi ressuspendido em solução<br />
tampão fosfato de sódio, pH 7,2 e submetido à<br />
nova centrifugação, sendo posteriormente<br />
ressuspendido em LDR 10% estéril, retirando-se<br />
I ml para a contagem de células viáveis no<br />
concentrado.<br />
2.2 - Elaboração do produto<br />
LDR 10% + 10% Açúcar + 5% lnulina<br />
.. 121°C/ 15 minutos<br />
Resfriamento a 43°C<br />
Inoculo de 2C}'c, StreptlicOCCl/S thenl/ophilus<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />
.. 43°C/12 horas<br />
Quebra da massa<br />
..<br />
Adição do Concentrado de B!(ido!Jacterilllll [01lglllll<br />
•<br />
Adição de Polpa de Pêssego<br />
•<br />
Refrigeração rc<br />
Figura 1 - Fl uxograma de Fabricação de Leite<br />
Fermentado Simbiótico.<br />
2.3 -Análises Físico-químicas e<br />
microbiológicas<br />
o leite fermentado foi avaliado no tempo<br />
zero e após 25 dias de estocagem a 7°C. As análises<br />
físico-químicas foram: pH, acidez titulável do<br />
produto expressa em ácido lático, gordura e<br />
Pág. 306<br />
proteínas. Todas as análises foram fe itas em<br />
duplicata segundo metodologia descrita por<br />
(LANARA, (981). Realizou-se a contagem em<br />
placas do número de unidades formadoras de<br />
colônias de BZ/idobacterilllll [01lglllll (UFC/ml)<br />
em meio MRS modificado, segundo (APHA, 2001)<br />
no dia da fabricação e após 25 dias de estocagem.<br />
2.6 -Análise Sensorial<br />
Realizou-se o teste de aceitação do leite<br />
fermentado imediatamente após a fabricação e<br />
após 25 dias de estocagem. Foi utilizada a escala<br />
hedônica de 9 pontos, variando de "gostei<br />
extremamente" a "desgostei extremamente" de<br />
acordo com CHAVES e SPROESSER (1999).<br />
Foram selecionados 50 provadores não treinados,<br />
e foi pedido a cada provador que marcasse<br />
em folha apropriada a resposta que melhor refletiu<br />
seu julgamento em relação à aceitação do produto.<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
3.1 - Contagem de células no concentrado<br />
celular<br />
o produto apresentou o número de células<br />
viáveis de BZ/idobacterilllll I01lglll1/ no período<br />
de até 25 dias (2,65 x 10R UFC/ml) acima do<br />
estimado pela legislação (mínimo 107 UFC/ml)<br />
- (Resolução OS/2002 do Ministério da<br />
Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Após<br />
25 dias de estocagem sob refrigeração, o produto<br />
apresentou-se ligeiramente mais ácido sendo que<br />
esta alteração teve um pequeno reflexo em sua<br />
aceitação. O teor de gordura e proteína no<br />
produto apresentou-se de acordo com a<br />
legislação vigente.<br />
Tahela 1 - Resultados médios, seguidos de seu<br />
respecti vo desvio-padrão, das<br />
análises de pH, acidez (expressa em<br />
ácido lático), gordura, proteína e<br />
contagem de Bi(idobacte rill l1l<br />
[Ollglllll (UFC/ml), referentes ao leite<br />
simbiótico, nos tempos zero e vinte<br />
e cinco dias de fabricação.<br />
pH 4,0 ± 0,10 3,85 ± 0,21<br />
Acidez (%) 0,88 ± 0,06 0,9 1 ± 0,06<br />
Gordura (%) 0,0 ± 0,0 0,0 ± 0,0<br />
Proteína (%) 3,03 ± O, I 3,03 ± O, I<br />
UFC/ml 1,5 X 10 2,65 X 10R<br />
3.2 -Análise Sensorial<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
O leite fe rmentado obteve uma média de<br />
7,75 pontos na escala hedônica, logo após a<br />
fabricação, situando-se entre os termos<br />
hedônicos "gostei moderadamente" e "gostei<br />
muito". O produto continuou tendo a mesma<br />
aceitação na escala hedônica, mesmo tendo<br />
ocorrido um ligeiro aumento da acidez, obtendo<br />
uma média de 7,25 pontos.<br />
4 - CONCLUSÃO<br />
A utilização da cultura termofílica na<br />
elaboração do produto simbiótico contendo<br />
BifidobacteriullI [01!gulll foi efetivo, pois o<br />
produto apresentou-se fermentado no prazo<br />
normalmente esperado para produtos lácteos<br />
fermentados. A rápida acidificação garante a<br />
segurança destes produros. Outra vantagem da<br />
utilização da cultura termofílica foi o sabor do<br />
produto que se manteve próximo aos dos leites<br />
fermentados já produzidos e aceitos pelo consumidor,<br />
uma vez que a bactéria probiótica, por<br />
ter sido adicionada na forma concentrada, não<br />
precisou crescer na base láctea. As análises físicoquímicas,<br />
microbiológicas e sensoriais do leite<br />
fermentado, revelaram ser este um produto<br />
possível de ser colocado no mercado.<br />
SUMMARY<br />
The consumption of fe rmented milks<br />
containing bifidobacteria and prebiotic is an<br />
alternative to maintain a balanced intestinal<br />
microbiota. Bifidobacteria do not grow well in<br />
milk. Thus, mesophilic and thermophilic<br />
culture are to adj ust the acidity in such a<br />
manner, in order to guarantee the safety of<br />
the processo The aim of this work was to<br />
develop a fermented symbiotic milk, having<br />
BifidobacteriulIl [onglllll as the probiotic<br />
organism, and inulin, or prebiotic. A<br />
therm ophilic culture (Streptococcus<br />
ther11l ophilus) was used to fe rment the milk<br />
base. A 2% inoculum of the thermophilic culture<br />
was added non fat dry milk reconstituted to<br />
10% containing 10% sacharose and 5% inulin,<br />
heat treated (83°C/30 min.) and cooled to 43°C.<br />
After breaking the curd it was added 2% peach<br />
jam and the Bifidobacteria concentrate.<br />
Immediately after this addition, were<br />
determined the pH (4, O), titratable acidity<br />
(0,88%), fat (0,0%), protein (3,03%) and bifido<br />
counts in modified MRS agar (1,5 x 109 UFC/<br />
ml). The sensory evaluation recorded the score<br />
of 7,75, indreating an acceptance levei between<br />
"Iiked moderately" and "liked very much".<br />
After 25 days, the acidity was slightly increased<br />
milk a pH (3,85) and titratable acidity (0,9 1 %).<br />
The bifido counts were maintained at 2,65 x<br />
10H UFC/ml, still higher than the minimum<br />
indicated in the legislation (107 UFC/ml). The<br />
sensory evaluation recerved the score 7,25,<br />
indicating a same tendency. However it could<br />
be concluded that this new symbiotic product<br />
has a potential to be commercialized due to its<br />
functionality and sensory abilities.<br />
Tabela 2 - Resultados médios, do teste de aceitação realizado com 50 provadores não treinados de<br />
acordo com a escala hedônica de nove pontos para duas repetições de fabricação .<br />
Categoria Pontuação Pontuação<br />
O 25<br />
RI R2 RI R2<br />
Gostei extremamente 90 54 54 18<br />
Gostei muito 240 184 136 144<br />
Gostei moderadamente 56 119 154 119<br />
Gostei ligeiramente O 24 30 48<br />
Indiferente O O O 25<br />
Desgostei ligeiramente 4 O O O<br />
Desgostei moderadamente O O O O<br />
Desgostei muito O O O O<br />
extremamente O O O O<br />
To tal 398 38 1 374 354<br />
Média 7,9 7,6 7,5 7,0<br />
Média ± Desvio-Padrão 7,75 ±0,2 1 7,25 ±0,21<br />
digitalizado por<br />
arvoredoleite.org
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS<br />
AMERICAN PUBLlC HEALTH ASSOCIATION<br />
APHA.Standart methods for the<br />
examination of dairy products. 18 ed.,<br />
Washington, 200 I. 433p.<br />
CHAVES, J.B.P., SPROESSER, R.L. Práticas de<br />
Laboratório de Análise Sensorial de<br />
Alimentos e Bebidas. - Viçosa - M.G.:<br />
Imprensa Universitária, Universidade Federal de<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Viçosa, 1999, p. 54-57. (Apostila 66)<br />
FERREIRA, C. L. L. F. , Prebióticos e<br />
Probióticos : Atualização e Prospecção.<br />
Suprema Gráfica e editora, 2003, 206p.<br />
LANARA - LABORATÓRIO NACIONAL DE<br />
REFERÊNCIA ANIMAL. Métodos analíticos<br />
oficiais para controle de produtos de origem<br />
animal e seus ingredientes. I I. Métodos<br />
físico-químicos. Brasília, DF. : 1981.<br />
TOLERÂNCIA "IN VITRO" AO ESTRESSE DIGESTIVO DE BACTÉRIAS PROPIÔNICAS<br />
ENDÓGENAS ISOLADAS DO CAMPO DAS VERTENTES, MINAS GERAIS<br />
"In vitro" tolerance to digestive stresses of endogenous propionibacteria from the<br />
campo das vertentes, Minas Gerais<br />
RESUMO<br />
Luciana Rodrigues da Cunha1<br />
Maria da Penha Piccolo Ramos2<br />
José Manoel Martins2<br />
Natan de Jesus P. Filho3<br />
Felipe Bastos Mota4<br />
Célia L. L F. Ferreiras<br />
Segundo Fuller, 1992, probióticos são células microbianas vivas ingeridas pelo hospedeiro<br />
para a obtenção de um efeito benéfico ao nível do ecossistema digestivo. São consumidos<br />
para manter e promover o balanceamento da microbiota intestinal. Uma microbiota<br />
equilibrada influencia na transformação de moléculas produzidas pelo hospedeiro, e no<br />
estado fisiológico do trato intestinal. Bactérias propiônicas, embora não sej am probióticas<br />
também têm recebido atenção por parte dos pesquisadores devido a seus inúmeros efeitos<br />
probióticos. O trabalho teve como objetivo verificar in vitro a tolerância de isolados de<br />
bactérias propiônicas endógenas da Região do Campo das Vertentes-MG. Foram testados<br />
10 isolados do banco de culturas do Laboratório de Culturas Láticas da Universidade Federal<br />
de Viçosa UFVCC 3068, UFVCC 3070, UFVCC 3071, UFVCC 3072, UFVCC 3073, UFVCC<br />
3076 (Propiollibacterill lll jellsell ii), UFVCC 3077, UFVCC 3079 (Propioll ibacterilllll<br />
.fi'eudenreichii subsp .fi'elldenreiclzií ), UFVCC. 3082, UFVCC 3089 (PropiOll ibacterill1ll<br />
Mestranda Ciência e Tecnologia de Alimentos - UFV CNPq.<br />
2 Doutorandos Ciência e Tecnologia de Alimentos-UFV CNPq/FAPEMIG.<br />
3 Graduandos Ciência e Tecnologia de Laticínios - UFY.<br />
4 Graduando Engenharia de Alimentos UFV/CNPq.<br />
5 Professora Titular Departamento de Tecnologia de Alimentos - UFY.<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
acidipropiollici). Os isolados foram ativados em caldo YEL e a tolerância aos sais biliares<br />
foi aval iada segundo o método de GILLILAND et ai (1985). Dos isolados analisados a<br />
estirpe UFVCC 3089 apresentou maior resistência a 0,3% de sais biliares, sugerindo a<br />
utilização. deste isolado como probiótico. Portanto, as estirpes estudadas podem ser usadas<br />
em "pools" como probiótico, uma vez que as mesmas possuem resistência aos sais biliares,<br />
o qual é uma das barreiras a serem encontradas no trato intestinal do hospedeiro.<br />
Palavras-chave: Bactérias propiônicas, probióticos, estresse digestivo.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
Atualmente, espera-se que um alimento não<br />
somente mantenha as funções vitais do<br />
organismo, mas que além de nutrir promova<br />
saúde. Os produtos fu ncionais carreando<br />
microrganismos probióticos têm crescido no<br />
mercado. Probióticos são células microbianas<br />
vivas ingeri das pelo hospedeiro para a obtenção<br />
de um efeito benéfico ao nível do ecossistema<br />
digestivo (Fuller, 1992), devem ser seguros<br />
(GRAS), resistir as condições de processamento,<br />
não produzir sabores desagradáveis nos produtos<br />
onde são adicionados, sobreviver ao estresse<br />
digestivo, exercendo efeito benéfico no<br />
organismo a que se destina (KLAENHAMMER<br />
AND KULLEN, 1999). São consumidos para<br />
manter e promover o balanceamento da<br />
microbiota intestinal. Uma microbiota equilibrada<br />
influencia na transformação de moléculas<br />
produzidas pelo hospedeiro, e no estado fisiológico<br />
do trato intestinal por meio da modulação<br />
da taxa de re novação de células epiteliais e<br />
modulação do estado imunológico do hospedeiro.<br />
Bactérias do gênero Lactobacillus e<br />
Bifidobacterium fazem parte da microbiota benéfi<br />
ca do intestino delgado e grosso, respectivamente,<br />
e são importantes para manutenção<br />
de uma microbiota balanceada. Bactérias<br />
propiônicas, embora não sejam probióticas<br />
também têm recebido atenção por parte dos<br />
pesquisadores devido a seus inúmeros efeitos<br />
probióticos. PropiOllibacteri1l11l são microrganismos<br />
pleomorfos, Gram positivos que<br />
metabolizam Iactato para ácido propiônico, ácido<br />
acético e CO,. São capazes de inibir o<br />
crescimento da - microbiota indesejável (LYON<br />
AND GLATZ, 1993) e estimular o crescimento<br />
de bifidobactérias (MORE et aI., 1997, ROLAND<br />
et ai, 1998) e beneficamente modificar a<br />
atividade enzimática dentro do intestino<br />
(MONTERE ALHANEN, 1995). Elas podem<br />
liberar p- galactosidase dentro do intestino,<br />
como resultado da permeabilização de sais<br />
biliares, contribuindo, portanto para prevenir a<br />
intolerância à lactose (ZARATE et aI. 2000).<br />
Experimentos in vitro indicaram que bactérias<br />
digitalizado por<br />
propiônicas podem destruir por meio de apoptose<br />
células cancerosas humanas da região coloretal<br />
(JAN et ai 2002). O uso desse grupo microbiano<br />
como probiótico exige que as estirpes utilizadas<br />
sejam resistentes as inúmeras barreiras no trato<br />
intestinal até atingirem o local onde irão atuar.<br />
O trabalho teve como objetivo verificar 'in vitro'<br />
a tolerância aos sais biliares de isolados de<br />
bactérias propiônicas endógenas UFVCC 3068,<br />
UFVCC 3070, UFVCC 3071, UFVCC 3072,<br />
UFVCC 3073, UFVCC 3076 (PropiollibacteriuIJI<br />
jellsenii), UFVCC 3077, UFVCC 3079<br />
(Propiollibacterilllll fr eltdellreichii subsp<br />
frelldenreiclzii), UFVCC 3082, UFVCC 3089<br />
(Propionibacteri um acidipropionici) da Região<br />
do Campo das Vertentes-MO.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
O presente trabalho foi realizado no<br />
Laboratório de Culturas Láticas do BIOAGRO<br />
(Instituto de Biotecnologia Aplicada à<br />
Agropecuária).<br />
2.1 - Resistência a sais biliares<br />
Os isolados foram descongelados a<br />
temperatura ambiente e ativados (três vezes) em<br />
caldo YEL. A tolerância aos sais biliares fo i<br />
avaliada segundo o método de GILLILAND et ai<br />
(1985), inoculando-se 5% da cultura ativa em<br />
meio (YEL) acrescido ou não (controle) de 0,3%<br />
de sais biliares (Oxgall). As culturas foram<br />
incubadas a 30°C e o crescimento foi monitorado<br />
turbidimetricamente em espectrofotômetro (600<br />
nm) nos tempos O, 4, 6 e 48 horas.<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
A Figura I mostra os resultados obtidos<br />
para o crescimento relativo dos isolados em meio<br />
(YEL) acrescido de 0,3 % de sais biliares em<br />
relação ao controle, após 6 horas de incubação.<br />
Pág. 309<br />
arvoredoleite.org
0,6<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Bactérias propiônicas<br />
Figura 1 Resultados obtidos para o crescimento<br />
relativo dos isolados em meio (YEL)<br />
acrescido de 0,3 % de sais biliares em<br />
relação ao controle, após 6 horas de<br />
incubação,<br />
Segundo GILLILAND et ai (1985), um<br />
microrganismo é considerado tolerante aos sais<br />
biliares quando consegue obter uma variação na<br />
absorbância de 0,3 nm em até 6 horas de<br />
incubação a 30°C. De acordo com a Figura I as<br />
estirpes UFVCC 3082 e UFVCC 3089<br />
(Propionibacterillm acidipropionici) apresentaram-se<br />
resistentes a 0,3% de sais biliares,<br />
alcançando uma variação na absorbância superior<br />
a 0,3 nm. A estirpe UFVCC 3089 foi a mais<br />
tolerante, sugerindo a utilização destes isolados<br />
como probiótico. Jan et a!, 2000 e Leverrier et<br />
aI., 2003 mostraram a resistência de bactérias<br />
propiônicas aos sais biliares e verificaram que<br />
essa resistência é maior quando as células se<br />
encontram na fase estacionária. As estirpes de<br />
bactérias propiônicas a serem utilizadas, com<br />
efeito, probióticos devem possuir resistência a<br />
sais biliares para que um número suficiente de<br />
bactérias viáveis atinja o trato intestinal do<br />
hospedeiro e promovam alterações benéficas ao<br />
mesmo.<br />
4 - CONCLUSÃO<br />
As estirpes UFVCC 3082 e UFVCC 3089<br />
podem ser usadas em "pools" como probiótico,<br />
uma vez que possuem resistência aos sais biliares<br />
o qual é uma das barreiras a serem encontradas<br />
no trato intestinal do hospedeiro.<br />
5 - ABSTRACT<br />
FULLER, 1992 defined probiotics as live<br />
microbial food supplements that benefit the<br />
hea1th of consumers by maintaining or<br />
improving their intestinal microbial balance.<br />
Pág. 310<br />
They are ingested to improve and maintain the<br />
intestinal microbiota in equilibrium. Propionic<br />
bacteria are not classical probiotic bacteria but<br />
has been research because they have shown<br />
probiotics effects. The work aimed at to verify<br />
'in vitro' tolerance to digesti ve stresses of<br />
endogenous propionibacteria from the campo<br />
das vertentes, Minas Gerais. Ten isolates were<br />
analised UFVCC 3068, UFVCC 3070, UFVCC<br />
3071, UFVCC 3072, UFVCC 3073, UFVCC<br />
3076 (Propionibacterium jensenii), UFVCC<br />
3077, UFVCC 3079 (P ropionibacterium<br />
fi'eudenreichii subsp freudenreichii ), UFVCC<br />
3082, UFVCC 3089 (Propionibacterium<br />
acidipropionici). The strains were subcultured<br />
in YEL broth and incubated at 30°C/48 hs and a<br />
tolerance to biliar salt was evaluated by<br />
GILLILAND et ai (1985). The strain UFVCC<br />
3089 presented higher resistence to 0,3% biliar<br />
salts, suggesting that the use of this isolate as<br />
probiotic.<br />
Key-words: Propionic bactéria, probiotic,<br />
digestive stress.<br />
6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
FULLER, R. History and development of<br />
probiotics . In: R Fuller (Ed) Probiotics. The<br />
Science basis. New York. Chapman and hall,<br />
1992. p. 111-144.<br />
JAN, G., LEVERRIER, P., ROLAND, N.,<br />
Survival and beneficiai effects of<br />
propionibacteria in the human gut: In vivo<br />
and in vitro investigations. 2002, Lait 82,<br />
131-144.<br />
KLAENHAMMER, T.R., KULLEN, M.J.,<br />
Selection and design of probiotics. 1999,<br />
Int. J. Food Microbiol. 50, 45-57.<br />
LEVERRIER, P. ; FREMONT, Y. ; ROUAULT, A.;<br />
BOYAVAL, P. ; EL JAN,G. In vitro tolerance to<br />
digestive stresses of propionibacteria:<br />
infuence of food matrices.<br />
LYON, W. J., GLATZ, B. A., Isolation and<br />
purification of propionicin PLG-I, a<br />
bacteriocin produced by a strain of<br />
Propionibacterium thoeniL 1993 APPL.<br />
Environ. Microbiol. 59, 83-88.<br />
MANTERE-ALHONEN, S., Propionibacteria<br />
used as probiotics - A review. 1995, Lait 75,<br />
447-452.<br />
MORI, H., SATO, Y., TA KETOMO, N.,<br />
KAMIYAMA, T., YOSHIYAMA, Y.,<br />
MEGURO, S., SATO, H., KANEKO, T.,<br />
Isolation and strutural indentification of<br />
bifidogenic stimulator produced by<br />
Propionibacterium freudenreichiL 1997.<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
1. Dairy Sci 80, 1959-1 964.<br />
ROLAND, N., BOUGLE, LEBEURRIER, F.,<br />
ARHAN, P., MAUBOIS, 1. L., Propionibacterium<br />
freudenreichii stimulates the growth of<br />
Bifidobacterium bifidum in vitro and increases<br />
fecal bifidobacteria in healthy human<br />
• • • •<br />
volunteers, 1998. INT. Dairy 1. 8, 587-588.<br />
ZARATE, G., CHAIA, A. P.,GONZALEZ, S.,<br />
OLIVER, G., Viability and beta-galactosidase<br />
activity of dairy propionibacteria subjected to<br />
digestion by artificial gastric and intestinal<br />
fluids. 2000. 1.Food Prot.63, 1214-1221.<br />
• • • •<br />
AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS CINÉTICOS DE ISOLADOS DE BACTÉRIAS PROPIÔNICAS<br />
ENDÓGENAS DO CAMPO DAS VERTENTES, MINAS GERAIS<br />
Cinetic parameters of endogenous propionic acid bacteria isolated from the campo<br />
das vertentes' region, Minas Gerais<br />
RESUMO<br />
Tiago Teixeira Silva1<br />
Luciana Rodrigues da Cunha2<br />
Natan de Jesus P. Filho3<br />
Elisângela Rodrigues de Freitas3<br />
Flávia Ferreira Alves3<br />
Karina da Silva Chaves3<br />
Célia L. L. F. Ferreira4<br />
As bactérias propiônicas destacam-se pela capacidade de sintetizar diversos compostos<br />
relacionados à segurança alimentar, como ácidos e bacteriocinas além de nutrientes<br />
importantes ao metabolismo humano como prolina, ácido fó lico e vitamina B 12' dentre<br />
outros. As bactérias propiônicas clássicas possuem grande destaque na fabricação de queijos<br />
como o Gruyere, o Emmental e outros queijos que apresentam olhaduras. O sucesso no<br />
processamento destes queijos provém da interdependência de duas fermentações: a lática<br />
e a propiônica. Durante a fabricação do queijo, as bactérias ácido-Iáticas convertem a<br />
lactose em lactato (fermentação lática). Numa segunda fase o lactato é utilizado como<br />
fonte de energia para as bactérias propiônicas. Essas bactérias apresentam ainda propriedades<br />
benéficas comprovadas na espécie humana como ati vidades anticarcinogênicas e<br />
imunoestimulatórias. O presente trabalho teve como objetivo, determinar o tempo de<br />
geração de estirpes de bactérias propiônicas Propiollibacteriull/ jensenii, (UFVCC 3066,<br />
UFVCC 3068, UFVCC 3070, UFVCC 307 1 UFVCC 3072, UFVCC 3073, UFVCC 3074),<br />
PropionibacteriulIl fre udenreichii .I'lIbsp. fi'elldenreichii (UFVCC 3077, UFVCC 3079 e<br />
UFVCC 3080) e Propionibacterilllll freudenreichii slIb.l'p. shermanii, UFVCC 3069, como<br />
parte de sua caracterização. As bactérias foram ativadas e repicadas (I %) em caldo YEL e<br />
Graduando Engenharia de Alimentos - UFV.<br />
2 Mestranda Ciência e Tecnologia de Alimentos - UFV /CNPq.<br />
3 Graduando Ciência e Tecnologia de Laticínios - UFY.<br />
4 Professora Titular do Departamento de Tecnologia de Alimentos - UFY.<br />
digitalizado por<br />
arvoredoleite.org<br />
Pág. 31 1
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
incubadas a 32 °C/48 h. Para determinação das curvas padrão e de crescimento foram<br />
realizadas leituras de densidade ótica (espectrofotômetro - 600 nm) e plaqueamento em<br />
intervalos de aproximadamente I h durante 10 horas. As bactérias foram ativadas e repicadas<br />
(I %) em caldo YEL e incubadas a 32 °C/48 h.<br />
UFVCC 3077, UFVCC 3079 e UFVCC 3080 foram respectivamente 60, 70, 63, 81, 70, 69,<br />
58, 60, 89, 37, 105, 60 minutos. Apesar das bactérias propiônicas terem sido isoladas da<br />
mesma região e mantidas sob as mesmas condições, a diversidade pode ser verificada pelos<br />
diferentes tempos de geração apresentados.<br />
Palavras-chave: tempo de geração, bactérias propiônicas, crescimento.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
o nome Propionibacteriul1l foi sugerido por<br />
Orla lensen em 1909 para bactérias presentes em<br />
queijos tipo suíço de massa prensada e cozida<br />
durante seu crescimento (FERREIRA E<br />
CARVALHO, 1998). As bactérias propiônicas são<br />
gram positivas, pleomorfas, não apresentam<br />
motilidade, muitas vezes apresentam-se como<br />
pequenos bastões ovóides, isoladas, em pares, em<br />
cadeias ou em aglomerados conhecidos como<br />
"escrita chinesa". São anaeróbias e aerotolerantes,<br />
geralmente catalase positivas, formam colônias<br />
arredondadas com coloração variando entre<br />
branco, creme, amarelo-laranja e vermelho.<br />
Certas estirpes sintetizam polissacarídeos.<br />
Propionibactérias são de extrema importância<br />
para o desenvolvimento de olhaduras (THIERRY,<br />
2004) e aroma característico em queijos tipo Suíço<br />
(Emmental e Gruyere), descrito como<br />
"adocicado" e "amendoado" (THIERRY, 2002).<br />
Sua presença, associada à microbiota natural do<br />
leite, está re lacionada com a característica de<br />
"pungência" em análises sensoriais realizadas em<br />
experimentos com queijos tipo Suíço feito com<br />
leite integral. Além do papel no componente de<br />
flavor e aroma característicos dos queijos bactérias<br />
propiônicas podem estar envolvidas em defeitos<br />
de "flavor" dependendo da quantidade de cultura<br />
no queijo e do tipo de queijo fabricado (THIERRY,<br />
2002). Uma grande aplicação das propionibactérias<br />
inclui o seu uso como inóculo para<br />
silagens (YANG, 2004) e na produção de vitamina<br />
B 12 (KAIMING, 1996), Além disso, existe um<br />
aumento de evidências científicas sobre o<br />
potencial de propionibactérias como probióticas<br />
(HUA NG, 2004). Recentemente foi mostrado que<br />
Propiollibacterium acidipropionici e P.<br />
fre udenreichii, podem sobreviver no intestino<br />
humano e sintetizar compostos anticarcinogênicos<br />
(CARDOSO et ai, 2004). Algumas linhagens de<br />
propionibactérias podem produzir quanti dades<br />
apreciáveis de ácido fólico. Outro produto<br />
potencialmente benéfico produzido por esta<br />
Pág. 312<br />
bactéria são os compostos antimicrobianos como<br />
as bacteriocinas. O ácido propiônico é reconhecido<br />
ainda como eficiente agente fungistático (HOLO,<br />
2002) e por isso, as bactérias propiônicas possuem<br />
importante papel na preservação de alimentos<br />
(HUGENHOLTZ, 2002).<br />
2 " MATERIAL E MÉTODOS<br />
O presente trabalho fo i realizado no<br />
Laboratório de Culturas Láticas - BIOAGRO<br />
(Instituto de Biotecnologia Aplicada à<br />
Agropecuária). Foram analisados os crescimentos<br />
das bactérias propiônicas UFVCC (Coleção de<br />
Culturas da Universidade Federal de Viçosa) 3066,<br />
3067, 3068, 3069, 3070, 3071, 3072, 3073,<br />
3074, 3077, 3078, 3079 e 3080. As treze estirpes<br />
estudadas foram isoladas da região do Campo das<br />
Vertentes - MG.<br />
2.1 - Construção da curva padrão e<br />
determinação do tempo de geração<br />
As bactérias foram inoculadas em caldo<br />
YEL esterilizado na proporção de I % e incubadas<br />
a 30°C. O espectrofotômetro utilizado para a<br />
construção da curva padrão foi aj ustado para o<br />
comprimento de onda de 600 nm. Em diferentes<br />
intervalos de tempo (O, I, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e<br />
10 horas) foram feitas leituras de densidade ótica<br />
e plaqueamento, para acompanhamento de<br />
células viáveis. As placas foram incubadas a 30°C<br />
em agar YEL, sob condição de anaerobiose por<br />
sete dias.<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
A Tabela I indica os tempos de geração<br />
determinados para os isolados de bactérias<br />
propiônicas.<br />
Apesar das bactérias propiônicas terem sido<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Tabela 1 - Tempo de geração determinados para os isolados de bactérias propiônicas.<br />
Tempo de Geração das Bactérias Propiônicas<br />
Bactéria Equação da reta<br />
3079 Y = 0,3946 X + 22,167<br />
3074 Y = 0,4692 X + 21,974<br />
3069 Y = 0,5157 X + 21,875<br />
3070 Y = 0,5945 X + 21,343<br />
3067 Y = 0,5962 X + 21,847<br />
307 1 Y = 0,5999 X +2 1,377<br />
3068 Y = 0,6551 X + 21,454<br />
3066 Y 0,6901 X + 21,873<br />
3073 Y = 0,6876 X + 19,658<br />
3080 Y = 0,6966 X + 20,843<br />
3072 Y = 0,7206 X + 19,919<br />
3077 Y = 1,1320 X + 19,701<br />
3078 Y = 1,6294 X + 18,926<br />
isoladas da mesma região e mantidas sob as mesmas<br />
condições, a diversidade pode ser verificada pelos<br />
diferentes tempos de geração calculados. As curvas<br />
padrão das bactérias UFVCC 3066, 3068, 3070,<br />
3071, 3074, 3077, 3078, 3079 e 3080 apresentaram<br />
sinuosidades em sua parte final. Uma<br />
provável causa deste comportamento é a<br />
produção de hexapolissacarídeos durante o<br />
crescimento bac teriano. Este metabólito é<br />
acumulado no meio e gera um aumento da<br />
absorb ância enquanto não há crescimento<br />
pronunciado durante a fase estacionária.<br />
4 - CONCLUSÃO<br />
Apesar das bactérias propiônicas terem sido<br />
isoladas da mesma região e mantidas sob as mesmas<br />
condições, a diversidade pode ser verificada pelos<br />
diferentes tempos de geração calculados. A<br />
determinação do tempo de geração das estirpes<br />
estudadas possibilita controlar a fermentação,<br />
garantindo assim, maior padronização de produtos<br />
na indústria de alimentos.<br />
5 - ABSTRACT<br />
Propionic acid bactéria are able to syntethize<br />
a great variety of compounds related to food safety,<br />
such as organic acids and bacteriocins. They also<br />
produce important metabolits mainly folic acid,<br />
prolina and B 12 vitamin. The classic<br />
Propionibacterium are used as starter in the cheese<br />
industry. The present work at to determine the<br />
generation time (G) of propionic acid bacteria<br />
strains: Propionibacterium jenseniÍ (UFVCC 3066,<br />
3068, 3070, 3071, 3072, 3073 and 3074).<br />
digitalizado por<br />
Jl-Inclinação Tempo de Geração<br />
fase log<br />
0,3946 I h 45 min<br />
0,4692 I h 29 min<br />
0,5 157 Ih 21 min<br />
0,5945 I h lO min<br />
0,5962 1 h 10 min<br />
0,5999 I h 9 min<br />
0,655 1 I h 3 min<br />
0,690 I I h<br />
0,6876 I h<br />
0,6966 I h<br />
0,7206 58 min<br />
1,1320 37 min<br />
1,6294 26 min<br />
Propionibacterilllll fr eudenreichii slIbsp.<br />
.fi"eudellreichii (UFVCC 3077, UFVCC 3079 and<br />
UFVCC 3080) e Propionibacterilllll fi"elldenreichii<br />
subsp. sherllwnii (UFVCC 3(69). The strains were<br />
subcuItured in YEL broth and incubated at 32°C/48<br />
horas. The standard curves and grówth were<br />
turbidimetricarly determined, at 600 nm and<br />
plating occorred at every at time O and at every<br />
60 minutes therein, for 10 hours. The generation<br />
time for UFVCC 3066, UFVCC 3067, UFVCC<br />
3068, UFVCC 3069, UFVCC 3070. UFVCC 307 1<br />
UFVCC 3072, UFVCC 3073, UFVCC 3074,<br />
UFVCC 3077, UFVCC 3079 and UFVCC 3080 were<br />
respectively 60, 70, 63, 81, 70, 69, 58, 60, 89,<br />
37, 105, 60 minutes. It -1 S work noting that<br />
although ali the strains were isolated from the same<br />
region and maintained in the same conditions, they<br />
demonstrate diversity though the different<br />
generation times.<br />
Key-words: Propionic acid bacteria,<br />
genetation time, cinetic parameter.<br />
6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
CARDOSO, F. S.; GASPAR, P. ; HUGENHOLTZ,<br />
l.; RAMOS, A.; SANTOS, H . . Enhancement of<br />
trehalose production in dairy<br />
propionibacteria through manipulation of<br />
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lournal of Food Microbiology 91 (2004) 195-204.<br />
HOLO, H.; FAYE, T. ; ANDERS, D.; NILSEN,<br />
T. ; ODEGARD, I.; LANGSRUD, T. ;<br />
BRENDEHAUG, l.; Bacteriocins of propionic<br />
acid bactéria .. Lait 82 (2002) 59-68.<br />
HUANG, Y. ; MICHELLE C. A. In vitro<br />
arvoredoleite.org
assessment of the upper gastrointestinal<br />
tolerance of potential probiotic dairy<br />
propionibacteria. International Journal of<br />
Food Microbiology 91 (2004) 253-260.<br />
KAIMING, Y.E.; SHIJO, M.; JIN, S.; SHIMIZU,<br />
K. Efficient Production of Vitamin B J 2 from<br />
Propionic Acid Bacteria under Periodic<br />
Variation of Dissolved Oxygen<br />
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LIEMA, A.H.; VAN BOVENB, AJ.; VEEGERB,<br />
N.J.G.M.; WITHAGENC, A.J.; ROBLES, R.M.;<br />
MEDINAD, J. G. P. ; TIJSSENE, D. J.<br />
VELDHUISENB, Y. Efficacy of folic acid when<br />
added to statin therapy in patients with<br />
hypercholesterolemia following acute<br />
myocardial infarction: a randomised pilot<br />
trial. International Journal of Cardiology 93<br />
(2004) 175-179.<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
• • •<br />
THIERRY, A.; MAILLARD, M. B. Production<br />
of cheese flavour compounds derived from<br />
amino acid catabolism by<br />
Propionibacterium freudenreichii. Lait 82<br />
(2002) 17-32.<br />
THIERRY, A.; MAILLARD, M. B.; HERV, C.;<br />
RICHOUX, R.; LORTAL, S. Varied volatile<br />
compounds are produced by<br />
Propionibacterium. freudenreichii in<br />
Emmental cheese .. Food Chemistry 87 (2004)<br />
439-446<br />
YA NG, W.Z.; BEAUCHEMIN, K.A.;<br />
BEAUCHEMIN, D.D.; VEDRES, G.R.;<br />
GHORBANI, D.; COLOMBATTO, D.P. Effects<br />
of direct-fed microbial supplementation on<br />
ruminal acidosis, digestibility, and<br />
bacterial protein synthesis in continuous<br />
culture. Animal Feed Science and<br />
Technology 114 (2004) 179-1 93.<br />
• • • •<br />
LEITE FERMENTADO PROBIÓTICO TIPO SUNDAE CONTENDO LACTOBACILLUS<br />
A CIDOPHIL US<br />
Fermented dairy product Sundae type containing Lactobacillus acidophilus<br />
RESUMO<br />
Flávia Ferreira Alves1<br />
Heliane Virgínia de Oliveira1<br />
Caroline Comastri Arruda 1<br />
Maria da Penha Píccolo Ramos2<br />
José Manuel Martins3<br />
Célia Lúcia de Luces Fortes Ferreira4<br />
Associando-as às vantagens do leite fermentado e aos benefícios causados pela ingestão de<br />
microrganismos probióticos, elaborou-se um produto fermentado com Streptococcus<br />
therl//oplzilus concentrado celular de L. acidoplzilus adicionado de leite em pó desnatado,<br />
açúcar, estabilizante, calda de maracujá e distribuído em embalagens plásticas e mantido<br />
sob refrigeração. Foram realizadas análises físico-quimicas, microbiológicas e sensoriais<br />
em três repetições, sendo as médias dos resultados obtidos: pH(4,31); acidez(0,90% de<br />
1 Estudantes de graduação em Ciência e Tecnologia de Laticínios - UFY.<br />
2 Prof' do DTA/UFV Doutoranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos UFV.<br />
3 Doutorando em Ciência e Tecnologia de Alimentos UFV (Bolsista FIEMG/FAPEMlG)<br />
4 Prof' Titular do DTA/UFY.<br />
Pág. 314<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICÍNIOS<br />
ácido lático); gordura( l,60%); proteína total(3,66%); contagem do concentrado<br />
celular( l,4x 10NUFC/mL); teste de aceitação por escala hedônica (score7,8). Concluiu-se<br />
que o Leite Fermentado tipo Sundae está dentro dos padrões propostos para produtos<br />
fermentados, e possui potencial de mercado por ter obtido boa aceitação.<br />
Palavras-chave: Leite fermentado, probiótico, Lactobacillus acidoplzilus.<br />
1 -INTRODUÇÃO<br />
Desde o século XIX, tem-se postulado o<br />
"prolongamento da vida" com a ingestão de<br />
produtos lácteos contendo bactérias benéficas<br />
capazes de recompor o desequilíbrio da microbiota<br />
intestinal provocado pelo crescimento excessivo<br />
de bactérias putrefativas. Dentre as alternativas<br />
dietéticas para o aumento de microrganismos<br />
benéficos na microbiota intestinal destaca-se o<br />
consumo de probiótico, que são organismos vivos<br />
que quando ingeridos em determinado número<br />
exercem efeitos benéficos sobre a saúde do<br />
hospedeiro. Lactobacilos e as bactérias bífidas são<br />
os mais usados e podem beneficiar a saúde humana<br />
controlando infecções intestinais, diminuindo a<br />
intolerância à lactose, aumentando a atividade<br />
anticarcinogênica e reduzindo o nível de colesterol<br />
sanguíneo (FERREIRA, 2003). Para uma cultura<br />
ser considerada candidata para uso como adjunto<br />
dietético, ela deve possuir certas características<br />
básicas, como ser habitante normal do trato<br />
intestinal, ser capaz de sobreviver e colonizar o<br />
intestino, produzir efeitos benéficos ao hospedeiro<br />
quando no intestino e manter-se viável no alimento<br />
carreador até o consumo (GILLILAND,1 989). A<br />
proposta deste trabalho foi desenvolver um produto<br />
com o intuito de aproveitar os efeitos benéficos<br />
causados pela ingestão de microrganismos<br />
probióticos associando-os as características<br />
nutricionais e terapêuticas do maracujá e às<br />
vantagens do leite fe rmentado como veículo<br />
carreador. Desenvolveu-se uma sobremesa láctea<br />
com utilização do maracujá (PassUlora edules<br />
f.f1aricarpa), devido ao seu sabor ácido que é<br />
adequado para acompanhar este produto, e<br />
juntamente com sacarose, já que os produtos<br />
elaborados com este açúcar geralmente se destacam<br />
pela aparência e sabor. Além do gosto doce, a<br />
sacarose aumenta a viscosidade, conferindo textura<br />
adequada e estabilidade e nos últimos anos, vem<br />
crescendo o interesse na área sensorial desses<br />
produtos (BEHRENS, 1999). Desta forma, propôsse<br />
a elaboração do leite fermentado tipo sundae<br />
com calda de maracujá, e submetido ao teste de<br />
aceitação avaliado por escala hedônica, uma vez<br />
que a aceitação de sobremesas lácteas tem crescido<br />
nas últimas décadas no mercado nacional.<br />
digitalizado por<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
2.1 -Origem e manutenção da cultura<br />
A cultura de Lactobacillus acidoplzilus, de<br />
origem humana foi obtida no banco de culturas<br />
do Laboratório de Culturas Láticas localizado<br />
no Instituto de Biotecnologia Aplicada à<br />
Agropecuária (BIOAGRO), Universidade Federal<br />
de Viçosa. Para a confirmação de sua pureza, a<br />
cultura foi submetida à coloração de Gram e ao<br />
teste da catalase.<br />
2.2 -Obtenção do concentrado celular<br />
A cultura de L. acidoplzilus foi ativada em<br />
volume conhecido de caldo MRS por 24 horas e<br />
distribuída em vol ume conhecido em tubos<br />
estéreis, submetendo-os à centri fugação de 2750<br />
x g / dez minutos em centrífuga refrigerada<br />
Beckmam (modelo GS-6R). O concentrado<br />
celular fo i ressuspendido em solução tampão<br />
fosfato pH 7,2 e centrifugado novamente nas<br />
mesmas condições anteriores, e ressuspendido<br />
em LDR (Molico, Nestlé) reconstituído a 10%<br />
(p/v), esterilizado (121 °C/l5min). A amostra foi<br />
diluída em tampão fosfato pH 7,2 e plaqueada<br />
em ágar MRS pelo método em profundidade para<br />
contagem total de lactobacilos, seguindo-se<br />
inc ubação 37°C/48 horas.<br />
2.3 - Preparo da calda de maracujá<br />
Adicionou-se polpa de maracujá em um<br />
recipiente e 30% de açúcar (p/v)1. A mistura foi<br />
aquecida a aproximadamente 100°C /30 min, tempo<br />
este necessário para se conseguir a consistência<br />
desejada. A calda já resfriada foi distribuída em<br />
embalagens com capacidade para 150 mL.<br />
2.4 -Obtenção do produto final<br />
De acordo com a Figura I, após a adição da<br />
calda, o leite fermentado foi adicionado em<br />
embalagens e incubados a 37°C por cerca de 12<br />
horas. O produto obtido foi mantido sob<br />
refrigeração (8°C) até a realização da análise<br />
sensorial.<br />
Pág. 315<br />
arvoredoleite.org
Leite cru semi-desnatado + 10% de açúcar<br />
+0, I % de estabilizante + 3% de leite em pó<br />
t<br />
Tratamento Térmico (83°C/30 min)<br />
t<br />
Resfriamento (43°C)<br />
t<br />
Inoculação das culturas ( 2% de S. thermoplzilus,<br />
e cultura concentrada de L. acidophilus)<br />
t<br />
Calda Envase<br />
t<br />
Incubação (45°C/5 horas)<br />
t<br />
Armazenamento (8°C)<br />
Figura 1 - Fluxograma de produção do Leite<br />
Fermentado tipo Sundae<br />
2.5 - Análises físico-químicas e microbiológica<br />
o Leite Fermentado tipo Sundae foi<br />
aval iado através de análises de gordura pelo<br />
método de Gerber (LANARA, 1981), proteína<br />
total pelo método Kjeldhal (GOMES, 1981),<br />
porcentagem de ácido lático por meio de<br />
titulação com NaOH O, I N (LANARA, 1981),<br />
pH (AOAC, 1997), e contagem total do<br />
concentrado celular pelo método em<br />
profundidade (APHA, 1995).<br />
2.6 -Análise sensorial<br />
Realizou-se o teste de aceitação do leite<br />
fermentado tipo Sundae utilizando-se escala<br />
hedônica de 9 pontos, variando de "gostei<br />
extremamente" a "desgostei extremamente" de<br />
acordo com CHAVES e SPROES SER (1999).<br />
Foram selecionados ao acaso 50 provadores não<br />
treinados, que provaram a amostra e a julgaram<br />
de acordo com a sua aceitação marcando a<br />
resposta em uma folha apropriada.<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
3.1 - Caracterização<br />
microbiológica<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICÍNIOS<br />
físico-química e<br />
Na Tabela I estão indicados os valores médios<br />
das análises físico-químicas, microbiológicas e<br />
se:nsorial das três repetições realizadas e seus<br />
respectivos desvios padrões.<br />
O produto apresentou o número de células<br />
viáveis de L. acidoplzilus de acordo com o<br />
proposto pela legislação (mínimo de 107 UFC/<br />
mL segundo resolução 0512002 do Ministério da<br />
Pág. 316<br />
1 \.<br />
C .. f ·<br />
Agricultura). Os teores de gordura, proteína e<br />
acidez no produto apresentou-se de acordo com<br />
a legislação para produtos fermentados (Nova<br />
LegislaçãCl de Produtos Lácteos, 2002).<br />
Tabela 1 - Parâmetros físico-químicos, microbiológico<br />
e sensoriais do Leite<br />
Fermentado Probiótico tipo Sundae.<br />
pH<br />
Acidez<br />
Parâmetros<br />
(gll OOg de ácido lático)<br />
Gordura (g/ I OOg)<br />
Proteína total (g/ I OOg)<br />
Contagem do concen<br />
trado celular UFC/mL<br />
Análise sensorial<br />
3.2 -Avaliação Sensorial<br />
Resultados<br />
(Média e desvio padrão)<br />
4,3 1 ± 0,04<br />
0,90 ± 0,03<br />
1,60 ± 0, 10<br />
3,66 ± 0, 12<br />
1,4 x !OH ± 0,21<br />
7,8 ± 0, 18<br />
Após 150 observações (cinquenta julgadores<br />
analisando três repetições cada um) do Leite<br />
Fermentado Probiótico tipo Sundae, constatouse<br />
uma média geral, na pontuação definida na<br />
escala hedônica, de 7,8, o que atribui ao produto<br />
uma classificação entre "gostei moderadamente"<br />
e "gostei muito", indicando que o produto teve<br />
um bom índice de aceitação.<br />
4 - CONCLUSÃO<br />
O Leite Fermentado Probiótico tipo<br />
Sundae contendo Lactobacillus acidophi/us é um<br />
produto novo e sem legislação específica com a<br />
qual possam ser comparados os resultados das<br />
análises realizadas neste produto. Por se tratar<br />
de um produto lácteo fermentado as<br />
características físico-químicas foram equiparáveis<br />
com as de outros produtos da mesma classe. De<br />
acordo com os resultados das análises realizadas<br />
concluiu-se que o produto desenvolvido tem<br />
potencial de ser colocado no mercado uma vez<br />
que obteve boa aceitação junto aos consumidores.<br />
SUMMARY<br />
This product was designed with the purpose<br />
of taking advantage of the nutritious and<br />
therapeutic characteri stics of passion fruit<br />
(Passijlo/"a edulis f fla vicarpa), associating them<br />
with the advantages of fermented milk and with<br />
the benefits from the ingestion of probiotic<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
microrganisms. This product was elaborated<br />
with skim powder milk inoculated with<br />
Lactobacillus acidoplzilus concentrate and<br />
culture of Streptococcus tlzermoplzilus. sugar and<br />
stabilizer. The passion fruit syrup was distributed<br />
into adequate plastic packagings where later the<br />
dairy substrat was added. In order to assure the<br />
quality of the product, as well as its approval,<br />
some physical-chemical, microbiological and<br />
sensory analysis were made in three repetitions,<br />
where the obtained results were (in average) the<br />
fo llowing: pH (4,31); acidity (0,90%); fat<br />
(l,60%); total protein (3,66%); L. acidophilus<br />
concentrate (I ,4x 10RUFC/mL); test of approval<br />
through hedonic scale (score 7,8). Evaluating<br />
the results, we concluded that the probiotic<br />
fermented milk sundae type is into the proposed<br />
standards for fermented products, since it's a<br />
new product without specific legislation and as<br />
it obtained a good acceptance from the<br />
consumers, it has a potential market.<br />
Keywords: probiotic, Lactobacillus<br />
acidophilus. fermented milk.<br />
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION<br />
APHA. Standard Methods for the<br />
Examination of Dairy Products. 18 ed.,<br />
Washington, 1995. 433p.<br />
• • •<br />
AOAC - ASSOCIATION OF OFFICIAL<br />
ANALYTICAL CHEMISTS . Official Methods<br />
of Analysis of AOAC International. 16°ed.,<br />
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BEHRENS, J. H; SILVA, M. A. A.P, WAKELING,<br />
I. N. Avaliação da aceitação de vinhos<br />
brancos varietais brasileiros através de<br />
testes sensoriais afetivos e técnica<br />
multivariada de mapa de preferência<br />
interna. Ciência e Tecnologia de Alimentos,<br />
Campinas, V. 19. n. 2 p. 214-220, 1999.<br />
GILLILAND, S. E; Acidophilus milk products,<br />
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J. Dairy Science, V. 72, p. 2483-2494, 1989.<br />
FERREIRA, C.L.L.F. Prebióticos e<br />
probióticos: atualização e prospecção.<br />
Viçosa, 206p, 2003.<br />
CHAVES, J.B.P., SPROESSER, R.L. Práticas de<br />
Laboratório de Análise Sensorial de<br />
Alimentos e Bebidas.- Viçosa-MG.: I ' mprensa<br />
Universitária, UFV, 1999, p. 54-57. (Apostila 66).<br />
LANARA - LABORATÓRIO NACIONAL DE<br />
REFERÊNCIA ANIMAL. Métodos analíticos<br />
oficiais para controle de produtos de origem<br />
animal e seus ingredientes. 11. Métodos<br />
fi sico-químicos. Brasília, DF. : 1981.<br />
Nova legislação Comentada de Pradutos<br />
Lácteos, São Paulo - SP, 2002.<br />
GOMES, J.C. Análise de Alimentos (métodos<br />
químicos e biológicos). Imprensa Universitária.<br />
UFV, Viçosa, 198 I .<br />
• • •<br />
BEBIDA LÁCTEA FERMENTADA COM GRÃOS DE QUEFIR<br />
Lact acid fermented beverage with Kefir grains<br />
Estudantes do curso de Ciência e Tecnologia de Laticínios da UFV.<br />
2 Estudante de doutorado do Departamento de Tecnologia de Alimentos da UFV.<br />
3 Professora titular do Departamento de Tecnologia de Alimentos da UFY.<br />
digitalizado por<br />
Lívia Maria Pinheiro Luiz1<br />
Marcília Santos Rosado 1<br />
Patrícia Campos Bernardes 1<br />
José Manoel Martins2<br />
Célia Lúcia de Luces Fortes Ferreira3<br />
Pág. 317<br />
arvoredoleite.org<br />
TIl ,-. r
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
RESUMO<br />
o presente trabalho teve como objetivo desenvolver uma bebida láctea a base de soro<br />
fermentada com Quefir. No preparo do produto, o soro, oriundo de queijo Minas Frescal,<br />
acrescido de 10% de açúcar e I % de estabilizante foi submetido ao tratamento térmico<br />
83°C/30 sendo posteriormente misturado a 51 % de leite já paste urizado. A mistura foi<br />
resfriada para 25°C e inoculada com 5% dos grãos de Quefir para que se iniciasse o<br />
processo de fermentação lática. O produto fo i mantido a esta temperatura por 8 horas.<br />
Após este período os grãos foram recuperados e o produto foi adicionado de 5% de polpa<br />
de morango e resfriado para 5°C por 24 horas para que ocorresse a fermentação alcoólica.<br />
A bebida láctea foi avaliada quanto aos parâmetros físico-químicos, microbiológicos e<br />
teste de aceitação. O produto apresentou, em média, 1,55% de gordura, acidez titulável de<br />
0,6 I %, pH de 4,26, teor de estrato seco total de 17,67% e teor de proteínas de 1,94%. Na<br />
análise microbiológica o produto apresentou contagem de mesófilos aeróbios de 6,5x I Os<br />
UFC/mL e contagem de leveduras de 3,3x I 05 UFC/mL. O processo foi realizado em três<br />
repetições. O produto obteve uma boa aceitação sensorial pela escala hedônica, obtendo<br />
uma pontuação igual a 7,8, ficando entre os termos "gostei moderadamente" e "gostei<br />
muito". O consumo de bebida láctea fermentada com Quefir é recomendável a alimentação<br />
humana, porque possui um alto valor nutritivo, boa digestibilidade, além das suas<br />
propriedades bioterapêuticas, proporcionando diversos benefícios ao consumidor.<br />
Palavras-chave: Bebida láctea fermentada, soro, grãos de Quefir.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
Nos últimos anos, a crescente preocupação<br />
com a saúde e a boa fo rma resultaram na<br />
necessidade dos fabricantes de alimentos e bebidas<br />
investirem em produtos com baixo teor calórico,<br />
sem colesterol e que tivessem atributos benéficos<br />
ao organismo. Dentro deste novo segmento estão<br />
as bebidas lácteas fermentadas, que conseguem<br />
atingir desde o publico infantil até adultos e<br />
idosos (ARCHIBALD, 2003). Devido ao fato<br />
dos produtos lácteos fermentados apresentarem<br />
seus principais constituintes parcialmente prédigeridos,<br />
estes são produtos altamente<br />
nutritivos, pois, os produtos da fermentação do<br />
leite, além de aumentar a vida de prateleira, em<br />
relação ao leite fresco, torna o leite mais seguro<br />
e mais nutritivo (FERREIRA, 1997). O Quefir,<br />
produto originário de dois tipos de fermentações,<br />
láctica e alcoólica, é comercialmente encontrado<br />
na Rússia, Sudeste Europeu, Estados Unidos e<br />
Canadá. A temperatura ambiente, em torno de<br />
22 a 25°C, ocorre o crescimento de bactérias<br />
láticas, responsáveis pela produção de ácido<br />
láctico e proteólise parcial das proteínas do leite,<br />
com acúmulo de aminoácidos no meio. A<br />
fermentação alcoólica ocorre em temperaturas<br />
de refrigeração, entre 5°C e 15°C, com produção<br />
de CO" álcool e aroma característico. Estas<br />
fermen - tações tornam o Quefir um produto de<br />
fácil digestão, com alto valor nutricional e efetivo<br />
na cura de doenças da pele, por conter grande<br />
Pág. 318<br />
quantidade de vitaminas do complexo B, além<br />
de ser também utilizado por indivíduos lactasedeficientes,<br />
que não fazem uso do leite "in<br />
natura". A indústria de laticínios enfrenta um<br />
grave problema em relação a poluição ambiental<br />
devido ao soro de queijo, sendo necessário seu<br />
tratamento antes que sej a lançado nos cursos<br />
d'água. Uma das alternativas para o aproveitamento<br />
do soro é sua utilização na produção de<br />
bebida láctea. Os produtos do soro oferecem<br />
múltiplos benefícios nutricionais, sendo uma<br />
fonte de nutrientes lácteos, sobretudo proteínas<br />
de alto valor nutricional e cálcio. O objetivo<br />
deste trabalho foi produzir uma bebida a base de<br />
soro lácteo fermentada com grãos de Quefir e<br />
avaliar suas características fís ico-químicas,<br />
microbiológicas e sensoriais.<br />
2 - MATERIAL E METÓDOS<br />
A bebida láctea foi produzida no laboratório<br />
de culturas láticas do Departamento de<br />
Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal<br />
de Viçosa. No preparo do produto, o soro, oriundo<br />
de queijo Minas Frescal, acrescido de 10% de<br />
açúcar e I % de estabilizante (Starmix-Kerry) foi<br />
submetido ao tratamento térmico 83°C/30<br />
minutos, sendo posteriormente adicionado a<br />
51 % de leite já pasteurizado. A mistura foi<br />
resfriada para 25°C e inoculada com 5% dos grãos<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
de Quefir, mantida a esta temperatura por 8 horas<br />
para dar prosseguimento à fermentação lática.<br />
Após este período os grãos foram recuperados<br />
por meio de fi ltração (peneira plástica) e o<br />
produto foi adicionado de 5% de polpa de<br />
morango e resfriado para 5°C por 24 horas para<br />
que ocorresse a fermentação alcoólica (Figura<br />
I). A bebida láctea foi avaliada quanto aos<br />
parâmetros físico-químicos logo após a sua<br />
fabricação determinando-se o pH, acidez<br />
titulável, gord ura, proteína total e extrato seco<br />
total (AOAC, 1995). Também fo ram feitas<br />
contagens de mesofilos aeróbios e contagem de<br />
leveduras (APHA, 200 I). O teste realizado para<br />
analise sensorial foi o de aceitação com escala<br />
hedônica variando de I a 9 pontos utilizando 50<br />
provadores em cada repetição (CHAVES, 1998).<br />
Soro com 10% de açúcar + 1 % estabilizante<br />
t<br />
Tratamento térmico 83°/30 mino<br />
Resfriar para 25° C<br />
t<br />
Adição de 51 % de leite pasteurizado<br />
•<br />
Inoculação de 5% dos grãos de Quefir<br />
t<br />
Incubação a 25°C/8h<br />
•<br />
Quebra da massa e coagem do coágulo<br />
•<br />
Recuperação dos<br />
--.. grãos de Quefir<br />
Resfriamento do coágulo para 5°C<br />
•<br />
Adição de 5% de polpa de morango<br />
•<br />
Envase e refrigeração abaixo de 10°C<br />
Figura 1 - Fluxograma de produção da bebida<br />
láctea fermentada com grãos de<br />
Quefir.<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Os resultados das análises físico-químicas<br />
da bebida láctea fermentada com grãos de Quefir<br />
encontram-se na Tabela I.<br />
A bebida láctea apresentou valores de acidez<br />
e pH semelhantes a de outras bebidas lácteas<br />
digitalizado por<br />
fermentadas com soro de queijo Minas Frescal<br />
(ALMEIDA et aI., 2001) utilizando-se<br />
Lactobacilllls blllgariclls e Streptococcus<br />
tlzermiphilllus. Os valores médios para a bebida<br />
foram de 0,6 1 % para acidez e 4,25 para pH. O<br />
valor médio encontrado para gordura na presente<br />
experimentação foi de 1,55%, já que o leite<br />
utilizado na fabricação da bebida láctea fo i<br />
integral. O valor médio encontrado para<br />
proteína foi de 1,94%, estando este acima do<br />
valor exigido pela legislação brasileira que é de<br />
no mínimo 1,20% (proteína de origem láctea)<br />
para bebidas lácteas fermentadas. Na. analise de<br />
extrato seco total o valor médio foi de 17,87%.<br />
Os resultados das análises microbiológicas<br />
encontram-se na Tabela 2.<br />
Tabela 1 - Resultados médios, com seus<br />
respectivos desvio-padrão, de três<br />
repetições das análises de gordura,<br />
proteína, acidez (expressa em % de<br />
ácido lático), pH e extrato seco total,<br />
da bebida láctea fermentada com<br />
grãos de Quefir.<br />
Parâmetros<br />
avaliados<br />
pH<br />
Acidez titulável (%)<br />
Gordura (%)<br />
Proteína (%)<br />
Extrato Seco Total (CYc, )<br />
Média ±<br />
desvio-padrão<br />
4,25 ± 0,04<br />
0,61 ± 0,01<br />
1,55 ± 0,01<br />
1,94 ± 0,03<br />
17,87 ± 0,20<br />
Tabela 2 - Resultados médios de três repetições<br />
das análises de Mesófilos aeróbios e<br />
Leveduras da bebida láctea fermentada<br />
com grãos de Quefir.<br />
Parâmetros avaliados<br />
Mesófilos aeróbios<br />
(UFC/Il1L)<br />
Leveduras (UFC/mL)<br />
Média<br />
6,5 x lOS<br />
3,3 X 105<br />
O produto apresentou em média 6,5x I Os<br />
UFC/mL para contagem de mesofilos aeróbios.<br />
Apesar da legislação não contemplar padrões de<br />
contagem de mesófilos aeróbios para bebida<br />
láctea fermentada a analise foi realizada visando<br />
caracterizar o produto em relação a esta contagem,<br />
por se tratar de um novo produto. O<br />
valor médio encontrado para contagem de<br />
leveduras foi de 3,3x lOs UFC/mL. Esta análise<br />
foi realizada com a mesma finalidade da<br />
contagem de mesófilos aeróbios . Na analise<br />
Pág. 319<br />
arvoredoleite.org
sensorial o valor médio encontrado foi de 7,8<br />
na escala hedônica, estando entre os termos<br />
"gostei moderadamente" e "gostei muito".<br />
4 - CONCLUSÃO<br />
o produto apresentou contagens microbiológicas<br />
dentro dos padrões exigidos pela<br />
legislação. A concentração de proteínas atendeu<br />
ao padrão vigente que exige no mínimo 1,2% de<br />
proteína de origem láctea para bebidas lácteas<br />
fermentadas. Apesar do produto ter obtido uma<br />
boa aceitação sensorial, sua vida de prateleira é<br />
limitada pelos processos fermentativos que<br />
envolvem a sua fabricação, o que dificulta a sua<br />
comercialização por mais de uma semana.<br />
ABSTRACT<br />
The present work has as objective to<br />
develop a lactic beverage containing whey from<br />
Frescal cheese and 51 % of whole milk, fermented<br />
wich Kefir grains. It was added 10% of sugar and<br />
1% of stabilizing (Starmix - Kerry) to the<br />
thcrmal treatment of 83°C per 30 minutos, and<br />
added to 51 % of pasteurized whole milk. The<br />
grains of Kefir were inoculated (5%) and the<br />
mix was then maintained at 25°C for 8 hours, to<br />
enhance lactic acid fe rmentation. After this<br />
period the grains were removed and the product<br />
was added 01' 3% 01' strawberry jam and cooled<br />
fo r 5°C. Physicho-chemichal, microbiological<br />
and sensory evaluation were immediately<br />
performed. The product was repeated three<br />
times, in different occasions. The product had<br />
an averagc: 1,55% fato 0,6 1 % titratable acid<br />
4,26 pH, total dry matter 17,87% and protei<br />
1,94%. Total mesophilic were 6,5x I O' UFC/<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
+ + + +<br />
mL and yeasts 3,3x I O' UFC/mL A 150 nO'n<br />
trained panel was used to sensory evaluation the '<br />
product and an average value 01' 7,8 indicated<br />
that the product was well percepted ( being<br />
between the terms "I liked it very much" arrd<br />
"Iliked it moderately"). This beverage represents<br />
an alternative used for the whey from the cheese<br />
industry. It also represents the availability of a<br />
nutricires product new.<br />
Key-words: Lact acid fe rmented beverage,<br />
whey and Kefir grains.<br />
5 - REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS<br />
ALMEIDA, K.E.; BONASSI, I.A.; ROÇA,R.O.<br />
Características Físico-Químicas · de<br />
Bebidas Lácteas Fermentadas e Preparadas<br />
com Soro de Queijo Minas Frescal. Revista<br />
Ciência e Tecnologia de Alimentos, volume 1,<br />
n° 2. 200 I.<br />
AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION<br />
(APHA). Compedium of methods for the<br />
microbiological examination 01' foods. 4t 1 • ed.<br />
Frances Pouch Downes and Keith Ito (eds). New<br />
York:Vanderzant, 600p., 200 I.<br />
ARCHIBALD,A. O que é proteína do soro?<br />
Revista Food Ingredients, n° 22, 2003.<br />
AOAC (Association 01' Orficial Analytical<br />
Chemists). Official of Analysis of the<br />
Association of Official Analytical Chemists.<br />
16° ed. Washington, D.C.: AOAC, 1995. 2 v.<br />
CHAVES, J.B.P., Métodos de diferença em<br />
Avaliação Sensorial de Alimentos e<br />
Bebidas, Editora UFV, 1998.<br />
FER REI RA, C.L.L.F; Valor nutricional e<br />
bioterapêutico de leites fermentados.<br />
Revista Leite c Derivados. p. 46-52, 1997.<br />
+ + + +<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiC í NIOS<br />
PARÂMETROS MICROBIOLÓGICOS DE LEITE E ÁGUA UTILIZADOS NA FABRICAÇÃO DE<br />
QUEIJOS MINAS ARTESANAIS DA REGIÃO DO ALTO PARANAíBA<br />
Microbiological parameters of milk and water used in the production of artisanal<br />
cheese of the Alto Paranaíba's region<br />
RESUMO<br />
José Manoel Martins1<br />
Natan de Jesus Pimentel Filho2<br />
Liliane Oliveira Correia2<br />
Débora Siqueira Ferreira2<br />
Luciana Rodrigues da Cunha3<br />
Célia Lúcia de Luces F. Ferreira4<br />
o objetivo deste trabalho foi avaliar as características microbiológicas da água e do leite<br />
utilizados na fabricação de queijo Minas artesanal da região do Alto Paranaíba,<br />
correlacionando-as com as condições estruturais da unidade produtora, treinamento e<br />
práticas de obtenção do leite. Observou-se que a água e leite utilizados na elaboração dos<br />
queijos nesta região podem ser considerados fonte de contaminação, em grande parte das<br />
propriedades amostradas. Em 18.75% e 62.5% das amostras de água, os níveis de coliformes<br />
totais e fecais, respectivamente, estavam de acordo com a legislação. Todas as amostras de<br />
leite encontraram-se de acordo com os limites permitidos para Esclzerichia colí (E. co/i).<br />
mas para SraphylococclIs OllrellS (S. allrells)62,5% ultrapassaram os limites permitidos.<br />
Todas as propriedades têm seu gado vacinado Contra Febre aftosa e Brucelose, mas somente<br />
81,2% vacina contra raiva (herbívoros). Considerando-se que em 87,5% das unidades<br />
produtoras ainda não utilizam água tratada (clorada), espera-se que ao se adequarem às<br />
normas exigidas pela lei, a problemática resultante da qualidade microbiológica será resolvida.<br />
Em 75Cl(, das propriedades, um ou mais de um componente familiar já participou de<br />
treinamentos e cursos oferecidos pela EMATER e todos os proprietários estão conscientes<br />
da necessidade de implementação de medidas higiênicas para a melhoria desses queijos.<br />
Uma vez que o projeto de melhoria de queijos artesanais no Estado de Minas Gerais ainda<br />
se encontra na fase de diagnóstico, a proposta de se colocar no mercado um produto de<br />
qualidade é promissora, pois conta com o interesse do principal responsável por esta<br />
qualidade, o produtor rural.<br />
Palavras-chave: Avaliação microbiológica, água, leite. Alto Paranaíba.<br />
INTRODUÇÃO<br />
A região do Alto Paranaíba é a maior<br />
produtora de queijos artesanais do Estado de<br />
Minas Gerais, com uma produção de mais de<br />
15.000 toneladas/ano. Essa produção, como em<br />
outras regiões do Estado, é caracterizada pela<br />
agri cultura familiar, envolvendo mais de 6000<br />
produtores nesta atividade (EMATER, 2003).<br />
Uma das características do queijo artesanal é sua<br />
fabricação com leite cru. Para que um queijo<br />
originado de leite cru seja seguro, precisa ser<br />
originado de um rebanho sadio, e ser produzido<br />
com boas práticas de fabricação, primando-se o<br />
I Doutorando em Ciência e Tecnologia de Alimentos (FAPEMIG/FIEMG). Universidade Federal de Viçosa.<br />
2 ESllIdantes do Curso de Ciência e Tecnologia de Laticínios. Universidade Federal de Viçosa.<br />
3 Mestranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos (CNPq). Universidade Federal de Viçosa.<br />
4 Professora Titular do Departamento de Tecnologia de Alimentos. Universidade Federal de Viçosa.<br />
Apoio: CNPq, FAPEMIG/FIEMG,<br />
digitalizado por<br />
arvoredoleite.org
processo em todas as suas etapas, de adequação<br />
higiênica. O objetivo desta experimentação foi<br />
verificar a qualidade microbiológica do leite e da<br />
água nas unidades produtoras de queijo artesanal,<br />
e correlacionar com informações sobre as<br />
características físicas da propriedade, técnicas<br />
de obtenção do leite e treinamento do produtor.<br />
MATERIAL E MÉTODOS<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Amostras de água e leite foram coletadas<br />
em 16 unidades produtoras de seis cidades da<br />
reglao do Alto Paranaíba (Coromandel,<br />
Gui marânia, Cruzeiro da Fortaleza, Patrocínio,<br />
Patos de Minas e Serra do Salitre). Estas amostras<br />
foram mantidas sob refrigeração e num prazo de<br />
no máximo seis horas fo ram analisadas no<br />
Laboratório do DAEPA (Departamento de Água<br />
e Esgotos de Patrocínio). Em cada um dessas<br />
propriedades foi aplicado um questionário<br />
estruturado, com informações sócio econômico<br />
culturais, relacionadas a diferentes aspectos do<br />
processamento e comercialização desses queijos.<br />
Para as determinações de coliformes totais e<br />
E. coli, feitas na água e no leite, utilizou-se o kit<br />
rápido de identificação (Petrifilm 3M - AOAC<br />
991.14). A determinação de S. ll llrellS foi feita<br />
nas amostras de leite, utilizando-se o kit rápido<br />
de identificação (Petrifilm 3M - AOAC 99 1.15).<br />
RESULTADOS<br />
Os dados obtidos das análises microbiológicas<br />
encontram-se na tabela I.<br />
Cerca de 1/5 (18,75%) e 62,5% das<br />
propriedades apresentaram qualidade microbiológica<br />
da água compatível com os padrões<br />
de qualidade preconizados pela legislação « I 001<br />
100mL) em relação a coliformes totais e E. coli,<br />
respectivamente, sendo que em 1/5 dessas<br />
propriedades, a concentração de E. coli foi igual<br />
a 100. Nas propriedades cujos números<br />
excederam o permitido, as concentrações<br />
Tabela 1 - Características microbiológicas de água e leite utilizados na fabricação de queijo artesanal<br />
na região do Alto Paranaíba, MG.<br />
Parâmetros<br />
Água(UFC/I00mL)<br />
Coliforme Total<br />
100<br />
E. coZi<br />
100<br />
Leite (UFC/mL)<br />
Coliforme Total<br />
100<br />
E. coli<br />
100<br />
. aureus<br />
< 100<br />
100<br />
>100<br />
Pág. 322<br />
+<br />
Unidades Produtoras<br />
2 3 4 5 6 7 8 9 10 12 13 14 15 16<br />
+<br />
+ + + + + + + + + + +<br />
+<br />
+ +<br />
N° %<br />
03 18.75<br />
13 81.25<br />
+ + + + + + + + + + 10 62,50<br />
+<br />
+<br />
+ +<br />
+ + +<br />
+ +<br />
+ +<br />
+<br />
+ + + +<br />
+ 03 18,75<br />
+ +<br />
+ + +<br />
03 18,75<br />
1i 68,75<br />
05 31,25<br />
+ + + + + + + + + + + + + + + + 16 100<br />
+ + + + + + 06 37,50<br />
+ OI 6,25<br />
+ + + + + + + + + 09 56,25<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
variaram de 200 (para ambos os grupos<br />
microbianos) a 13000 e 5300, para coliformes<br />
totais e E. coli, nesta ordem. Para leite cru<br />
inexiste definição de concentração máxima<br />
permitida para coliformes totais. Encontrouse<br />
em 68,75% das propriedades menos do que<br />
100 UFC/ml, sendo que em 27,3% (3 propriedades)<br />
coliformes não foram detectados. Em<br />
100% das propriedades, o leite atingiu a qualidade<br />
exigida pela legislação( 2h<br />
Uso caneca<br />
telada/CMT<br />
Treinamentos<br />
e cursos<br />
F. aftosa<br />
+<br />
+ +<br />
+ +<br />
+<br />
+<br />
+<br />
+<br />
+<br />
+ +<br />
+ +<br />
Brucelose + +<br />
Raiva + +<br />
(+) =Sim (-) =Não<br />
+<br />
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digitalizado por<br />
+<br />
+<br />
+<br />
+<br />
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+<br />
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+<br />
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+ +<br />
+<br />
+<br />
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+<br />
+<br />
+ +<br />
+ + +<br />
+ + +<br />
14 15 16<br />
+<br />
+ +<br />
+<br />
+<br />
+ +<br />
+ +<br />
+ +<br />
+<br />
+<br />
+<br />
+<br />
+<br />
+<br />
+ + +<br />
arvoredoleite.org<br />
+
vacinam contra raiva (herbívoros). O diagnóstico<br />
periódico da mastite é efetivo somente em<br />
56.25%, onde o produtor diagnostica o problema<br />
com o uso de caneca telada ou teste CMT<br />
(Califórnia Mastitis Test). A ordenha manual é<br />
feita em 62,50% das propriedades e verificou-se<br />
que os outros 37,50% planeja mecanizar o sistema<br />
no médio e longo prazo, o que poderá, se utilizado<br />
corretamente, melhorar a qualidade do leite (REIS<br />
et aI ., 2004). O tempo gasto na obtenção do leite<br />
também é considerado um fator de risco na<br />
qualidade do produto final e em 75% das<br />
propriedades esse tempo fica entre I :30 e 2:00 h.<br />
Em 75% das propriedades, um ou mais componente<br />
familiar já foi submetido a treinamento em cursos<br />
oferecidos pela EMATER, relacionados a boas<br />
práticas de fabricação e manipulação de alimentos.<br />
CONCLUSÃO<br />
Nesta experimentação observou-se que a<br />
água e leite utilizados na elaboração dos queijos<br />
artesanais da região do Alto Paranaíba podem<br />
ser considerados fo nte de contaminação, em<br />
grande parte das propriedades amostradas.<br />
Considerando-se que em 87,5% das unidades<br />
produtoras ainda não utilizam água tratada,<br />
espera-se que ao se adequarem às normas exigidas<br />
pela lei, a problemática resultante da qualidade<br />
microbiológica será resolvida. Em 75% das<br />
propriedades, um ou mais de um componente<br />
fa miliar já participou de treinamentos e cursos<br />
oferecidos pela EMATER e todos os proprietários<br />
estão conscientes da necessidade de implementação<br />
de medidas higiênicas para a melhoria<br />
desses queijos. Urna vez que o projeto de<br />
melhoria desses queijos ainda se encontra na fase<br />
de diagnóstico, a proposta de se colocar no<br />
mercado um produto de qualidade é promissora<br />
pois conta com o interesse do principal<br />
responsável por esta qualidade, o produtor rural.<br />
ABSTRACT<br />
In this work it was evaluated the<br />
microbiological characteristics of water and<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
• • • •<br />
milk in the farm units from the alto Paranaíba<br />
region, where artisanal cheeses are produced<br />
and correlate these data with physicai<br />
conditions of the producer unit, training and<br />
milking habits. Sixteeen samples were collected<br />
in six different cities (Coromandel, Guimarânea,<br />
Patrocínio, Patos de Minas, Serra do Salitre,<br />
Cruzeiro da Fortaleza). The refrigerated samples<br />
were analyzed within six hours of collection, in<br />
the DAEPA (Departamento de Água e Esgoto<br />
de Patrocínio)'s Laboratory. Water and milk<br />
could be source of contamination in the<br />
majority of the farm units. In I 8,75% and<br />
62,5% of te water's samples, total coliform and<br />
E. co/i counts, respectively, were within the<br />
allowed limits. Ali the milk samples were lower<br />
than the maximum limit fo r E. coli. however<br />
fo r S. aureus, only 37,5% were within these<br />
limits. Considering that 87% of the farm units<br />
still don't use treated(chlorine) water, it is<br />
expected that when these units were adj usted<br />
to the rules dictated by the law, these<br />
microbiological problems would be solved. The<br />
artisanal cheese' project is still in its infancy.<br />
The safety of these cheeses is promising once<br />
the rural producers are well involved to do so.<br />
Agradecimentos : a EMATER pelo apoio<br />
durante a execução do trabalho e ao Departamento<br />
de Água e esgoto de Patrocínio, pela<br />
disponibilização do Laboratório para as análises.<br />
BIBLIOGRAFIA<br />
EMATER 2003. Ações Extensionistas para o<br />
Desenvolvimento Rural Sustentável. Revista da<br />
EMATER - MG. Ano XXII n° 77. Julho de<br />
2003. p. 16-17.<br />
REIS, G. L.; RIBEIRO. C. G. S.; SANTOS, A. K.<br />
R.; VALENTE, B. D.; PA IVA, R. M. B.;<br />
CERQUEIRA, M. M. O. P. ; SANTOS, E. M. P. ;<br />
SOUZA, M. R. Efeito do tipo de ordenha<br />
sobre a qualidade do leite. Revista do Instituto<br />
de Laticínios Cândido Tostes. Anais do XXI<br />
Congresso Nacional de Laticínios. n° 339. vol.<br />
59. Juiz de Fora. Jul/Ago 2004.<br />
+ +<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiC í NIOS<br />
SISTEMAS DE PROTEÇÃO E VALORIZAÇÃO DE PRODUTOS AGRO-ALIMENTARES<br />
Systems of protection and valorization of agriculture-alimentary products<br />
RESUMO<br />
José Manoel Martins 1<br />
Célia Lúcia de Luces Fortes Ferreira2<br />
Em 1992, foram criados pela União Européia os sistemas de proteção e de valorização dos<br />
produtos agro-alimentares: Especialidade Tradicional Garantida (ETG), Indicação<br />
Geográfica Protegida (lGP) e Denominação de Origem Protegida (DOP), com o objetivo<br />
de incentivar a produção agrícola diversificada, proteger os nomes dos produtos contra<br />
imitações e utilizações indevidas e aj udar os consumidores, fornecendo-lhes informações<br />
re lativas às características específicas dos produtos (EUROPA, 2005). Até ao fi nal de<br />
1998, haviam sido registradas na União Européia 517 denominações de origem, das quais<br />
139 são relativas a designações de produtos no setor dos queijos. No Brasil, são poucas e<br />
ainda distantes dos produtores agrícolas as instituições que emitem certificados de origem.<br />
levando-se em consideração os limites geográficos dos produtos agro-alimentares. Este<br />
trabalho é uma revisão dos sistemas de proteção e valorização dos produtos agro-alimentares,<br />
identificando suas principais características.<br />
Palavras-chave: Certificação, produtos agro-alimentares. queijos.<br />
INTRODUÇÃO<br />
Os sistemas de proteção e valorização dos<br />
produtos agro-alimentares auxiliam os produtores<br />
rurais na estruturação da cadeia produtiva<br />
e na sua coordenação. aj udando a preservar e a<br />
fortalecer a qualidade de seus produtos.<br />
Geralmente, esta cadeia produtiva está presente<br />
numa região específi ca, formada por pequenos<br />
produtores de agricultura familiar e o seu<br />
fo rt alecimento cria novas oportunidades de<br />
desenvolvimento na região, expandindo o<br />
comércio local e nacional e em algumas vezes<br />
atingindo até o comércio exterior, contribuindo<br />
assim para a melhoria dos rendimentos dos<br />
produtores (TIBÉRIO E CRISTÓVÃO, 200 I).<br />
Com isto. o consumidor passa a adquirir um<br />
produto rastreado. cada vez mais padronizado e<br />
com qualidade assegurada. A fi xação do homem<br />
ao campo e a valorização de seu território, são<br />
fatores relevantes destes sistemas. Apesar de<br />
todas as vantagens, estes sistemas ainda<br />
encontram alguns obstáculos como a fa lta de<br />
recursos próprios para adesão e adequação e a<br />
não adesão de alguns prod utores, pelo fato de<br />
estarem no mercado clandestino há anos e<br />
possuírem clientes confiáveis. No Brasil. a<br />
divulgação c aplicação destes sistemas ainda<br />
precisam ser mais explorados. gerando subsídios<br />
aos produtores rurais para que seus produtos<br />
possam ser melhor beneficiados.<br />
-SISTEMAS EUROPEUS DE PROTEÇÃO<br />
E DE VA LORIZAÇÃO DOS PRODUTOS<br />
AGRO-ALIMENTARES<br />
1.1 - Denominação de Origem Protegida<br />
(DOP)<br />
A Denominação de Origcm Protegida é o<br />
nome de uma região. de um local determinado<br />
ou, em casos excepcionais, de um país, que serve<br />
para designar um produto agrícola ou um gênero<br />
alimentício: originário dessa região. desse local<br />
Doutorando em Ciência e Tecnologia de Alimentos (FAPEM IG). Universidade Federal de Viçosa.<br />
:2 Professora do Departamento de Tecnologia de Alimentos. Universidade Federal de Viçosa.<br />
digitalizado por<br />
Pág. 325<br />
arvoredoleite.org
determinado ou desse país e cuja qualidade ou<br />
características devem-se exclusivamente ao<br />
meio geográfico, incluindo os fatores naturais<br />
e humanos, e cuja produção, transformação e<br />
elaboração ocorrem na área geográfica<br />
delimita?a (REGULAMENTO (CEE) N° 208 1,<br />
1992). E como o queijo espanhol Manchego<br />
DOP, que deve ser feito do leite da ovelha típica<br />
da região de Manchega. Assim, matéri as-primas,<br />
técnicas de produção e geografi a, são os três<br />
componentes-chave regulados pela DOP<br />
(WEINZWEIG, 200 I). Os queijos Serra da<br />
Estrela (Portugal), Grana Padano (Itália),<br />
Roquefort (França) e Zamorano (Espanha), são<br />
exemplos de queijos que possuem o selo DOP<br />
na Europa.<br />
1.2 -Indicação Geográfica Protegida (IGP)<br />
A Indicação Geográfica Protegida é o nome<br />
de uma região, de um local determinado ou, em<br />
casos excepcionais, de um país, que serve para<br />
designar um produto agrícola ou um gênero<br />
alimentício: originário dessa região, desse local<br />
determinado ou desse país e cuja reputação,<br />
determinada qual idade ou outra característica<br />
podem ser atribuídas a essa origem geográfica e<br />
cuja produção e/ou transformação e/ou<br />
elaboração ocorrem na área geográfica delimitada<br />
(REG ULAMENTO (CEE) N" 208 1, 1992). Os<br />
produtos de indicação geográfica identificam uma<br />
importante manifestação de local, qualidade, ou<br />
sistemas de alimentos endógenos. Eles são vistos<br />
como li ma contribuição ao consumidor. no qual<br />
pode prever maiores trocas no modelo agrícola<br />
convencional (BARHAM, 2(03).<br />
1.3 -Especialidade Tradicional Garantida<br />
(ETG)<br />
O Regulamento (CEE) n° 2082/92 define<br />
como Especialidade Tradicional Garantida o<br />
elemento ou conj unto de elementos pelos quais<br />
um produto agrícola ou alimentício se distingue<br />
c1 ramente de outros produtos agrícolas ou<br />
alllnentícios similares pertencentes à mesma<br />
categoria. Este regulamento estabelece que os<br />
Estados Membros adotarão todas as medidas<br />
necessárias para garantir a proteção juríd ica<br />
contra qualquer utilização abusiva da menção ou<br />
o . símbolo comunitário e contra qualquer<br />
ImItação dos nomes registrados. É um conceito<br />
mis amplo. Requer que o produto em questão<br />
seja: ou a) produzido na região; ou b) produzido<br />
de materi ais tradicionais, ou c) produzido de<br />
acordo com técnicas tradicionais em uso<br />
(WEINZWElG, 2(01).<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
2 -SÍMBOLOS COMUNITÁRIOS (LOGO.<br />
TIPOS) DE DOP, IGP E ETG.<br />
Cada um dos sistemas europeus descritos<br />
acima possui um símbolo comunitário o u<br />
logotipo de identidade que permite difereneiá_<br />
los de outros produtos existentes no mercado.<br />
DOP<br />
IGP<br />
ETG<br />
Figura 1 - Símbolos comunitários (logotipos) de<br />
Denominação de Origem Protegida<br />
(DOP), Indicação Geográfica Protegida<br />
(IGP) e Especialidade Tradicional<br />
Garantida (ETG) usados pelos<br />
sistemas de proteção e valorização<br />
dos produtos agro-alimentares<br />
europeus (EUROPA, 2(05).<br />
A presença destes logotipos nos produtos é<br />
uma verdadeira garantia para o consumidor,<br />
salientando que se trata de um produto cuja<br />
especificidade se deve à sua origem. Os produtos<br />
alimentares abrangidos pelos sistemas de proteção<br />
e valorização são: carne fresca e miudezas; produtos<br />
à base de carne (aquecidos, salgados, defumados,<br />
etc.); queijos: outros produtos de origem animal<br />
(ovos, mel, produtos lácteos diversos, com exceção<br />
da manteiga); matérias gordas (manteiga, óleos,<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiC í NIOS<br />
etc.): frutos, produtos hortícolas e cereais, em<br />
nature7.a ou transformados: peixes, moluscos;<br />
cerveja: bebidas fabricadas à base de extratos de<br />
plantas; produtos de padaria, pastelaria, confeitaria<br />
ou da industria de bolachas e biscoitos; entre outros<br />
produtos agrícolas.<br />
3 .CERTIFICAÇÃO DOS PRODUTOS<br />
AGRO·ALIMENTARES NO BRASIL<br />
Ao contrário do que ocorre na União<br />
Européia, a América do Sul ainda não possui um<br />
sistema integrado de proteção e valorização dos<br />
produtos agro-alimentares, o que já poderia ter<br />
acontecido com a criação do MERCOSUL<br />
(Mercado Comum do Sul) em 1991, se não fossem<br />
as suas instabilidades e as constantes divergências<br />
geradas entre os países membros. No Brasil,<br />
existem vúrios órgãos de controle de qualidade que<br />
emitem certificados para os produtos agroalimentares,<br />
entre eles podem ser citados a AB IC<br />
(Associação Brasileira da Indústria de Café), a AAO<br />
(Associação de Agricultura Orgânica) e a AMPAQ<br />
(Associação Mineira dos Produtores de Cachaça<br />
de Qualidade). Porém, estes órgãos não levam em<br />
consideração a territorialidade e a tradição dos<br />
produtos, possibilitando o processo de imitação e<br />
a clandestinidade dos mesmos. Entretanto, são<br />
poucas e ainda distantes dos produtores agrícolas<br />
as instituições que emitem certificados de origem,<br />
levando-se em consideração os limites geográficos<br />
dos produtos agro-alimentares. Entre elas pode-se<br />
citar o INPI (Instituto Nacional de Propriedade<br />
Industrial), vinculado ao Ministério do<br />
Desenvolvimento, Indústri a e Comércio Exterior.<br />
3.1 -Instituto Nacional da Propriedade<br />
Industrial (INPI)<br />
O INPI agregou às tarefas tradicionais de<br />
concessão de marcas e patentes, a<br />
responsabilidade dc Indicações Geográficas (IG)<br />
(INPI, 2(05). O reconhecimento de uma<br />
Indicação Geográfica origina-se do esforço de<br />
um grupo de produtores ou de prestadores de<br />
serviço que se organizam para defender seus<br />
produtos ou serviços, motivados por um lucro<br />
coletivo (INPI, 20(5). Através dos Atos<br />
Normativos N° 134 (15/04/97) e W 143 (3 1/<br />
08/98) o INPI institui as normas de procedimento<br />
e os formulários própri os que deverão<br />
ser utilizados para apresentação de requerimento<br />
de registro de Indicações Geográficas. A região<br />
do Vale dos Vinhedos no Rio Grande do Sul é a<br />
primeira do Brasil a conseguir o selo de<br />
Procedência Geográfica ou Indicação Geográfica,<br />
por meio da Associação dos Produtores de Vinhos<br />
digitalizado por<br />
Finos do Vale dos Vinhedos (APROVALE) em<br />
2003. Além do reconhecimento institucional que<br />
é dado às vinícolas nacionais com a concessão<br />
do selo, o INPI promove os vinhos produzidos<br />
no país no mercado internacional. O produtor<br />
brasi leiro desse setor conta com a indicação<br />
geográfica sobre a procedência do vinho<br />
estampada na fo rma de um selo de controle<br />
numerado afixado no rótulo principal do produto<br />
(APEX, 2(03). Estão sendo avaliados pelo INPI<br />
os pedidos de selos de indicação geográfica para<br />
a produção de café, da Região dos Cerrados de<br />
Minas (MG), Terras Altas (MG) e Alto Paraíso<br />
(GO). A certificação de queijos pelo INPI ainda<br />
não foi realizada, o que demonstra a falta de<br />
informação dos órgãos coletivos de representação<br />
desta classe ou a não adequação das<br />
normas estabelecidas pelo INPI.<br />
3.2 • Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA)<br />
Outra forma de certificação de produtos de<br />
origem agro-alimentar, pode ser realizada pelo IMA<br />
(Instituto Mineiro de Agropecuária) que, além da<br />
certificação, também é responsável pela<br />
fiscalização de tais produtos. O primeiro certificado<br />
de cadastro fornecido pelo lMA a um produtor de<br />
queijo artesanal do Estado de Minas Gerais, ocorreu<br />
em abril de 2004, localizado no distrito de Catulés,<br />
cidade de Serra do Salitre, na região do Alto<br />
Paranaíba (EMATER, 2004). Apesar desta<br />
certi fi cação não levar cm consideração a<br />
territorialidade do produto, ela só é concedida aos<br />
produtores que estivercm ele acordo com a legislação<br />
estadual e as portarias específi cas baixadas pelo<br />
IMA, tornando-se mais fúcil a sua adequação a<br />
uma possível certificação de Ind icação Geográfica<br />
quando esta for solicitada ao INPI.<br />
CONCLUSÃO<br />
Levando-se em conta as inúmeras vantagens<br />
advindas do valor agregado aos produtos agroalimentares<br />
que carregam um selo de diferenciação,<br />
quer seja DOP, IGP e ETG. seria importante uma<br />
política mais agressiva das instituições oficiais que<br />
de alguma forma lidam com os produtores rurais,<br />
em especial com os produtores de queijos artesanais.<br />
orientando-os e estabelecendo as bases para que tais<br />
diferenciações possam ser implementadas. Para isto,<br />
é imprescindível maior envolvimento das entidades<br />
representativas dos produtores, em todas as fases da<br />
cadeia produtiva, para atingir níveis de qualidade<br />
desses produtos, para que estes níveis sejam<br />
mantidos, e que se discuta uma política de preço,<br />
para que se justifique o comprometimento<br />
econômico envolvido nestes processos.<br />
arvoredoleite.org
SUMMARY<br />
In 1992, the European Union created the<br />
prolection systems and of valorization of the<br />
agriculture-alimentary products : Traditional<br />
Speciality Guaranteed (TSG), Protected<br />
Geographical Indication (PG I) and PDO (Protected<br />
Designation of Origin), with the objective of<br />
motivating lhe diversified agricultural production,<br />
to protect the names of the products against<br />
imitations and improper uses and to help lhe<br />
consumers, supplying them relative information<br />
to the specific characteristics of the products<br />
(EUROPE, 2005). In 1998, they had been<br />
registered in the European Union 517 origin<br />
denominations, of the which 139 are relative to<br />
design ations of products in the section of the<br />
cheeses (TIBÉR IO AND CRISTÓVÃO, 2001). In<br />
Brazil, lhe institutions that emit origin certificates<br />
are little and stilI distant of the agricultural<br />
producers, being taken in consideration the<br />
geographical limits of the agriculture-alimentary<br />
producls. This work is a revision of the protection<br />
systems and valorization of the European and<br />
Brazilian agriculture-alimentary products,<br />
identifying your characteristic principal.<br />
BIBLIOGRAFIA<br />
BARHAM. E. Translating terroir: the global<br />
challenge of French AOC labeling. Journal<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />
+ + + +<br />
of Rural Studies n° 19. DRS, Univers ity of<br />
Missouri, Columbia, USA. p. 127- 138. 2003.<br />
EUROPA - O Portal da União Européia.<br />
Agricultura e alimentação. URL: http://<br />
eu ro pa. eu. in t/comm/agri c u lt u re/foodq ual!<br />
quali l_pl.htm. Consultado em janeiro de 2005.<br />
INPI 2005. Instituto Nacional da Propriedade<br />
Industrial. Ministério do Desenvolvimento,<br />
Indústria e Comércio Exterior. Disponível em:<br />
www.inpi.gov.br.<br />
REGULAMENTO (CEE) NU 2081/92 e NU 20821<br />
92 - Conselho das Comunidades Européias _<br />
Relativo à proteção das indicações geográficas,<br />
denominações de origem, especificidade dos<br />
produtos agrícolas e dos gêneros alimentícios.<br />
Jornal Oficial das Comunidades Européias n° L<br />
208 de 24/07/1992. Feito em Bruxelas, em 14 de<br />
julho de 1992.<br />
TIBÉRIO, M. L.; CRISTÓVÃO, A. Produtos<br />
tradicionais e desenvolv imento local: O<br />
caso da designação protegida do queijo<br />
Terrincho DOI> - Te rritório, Agricultura e<br />
Desenvolvimento - I U Congresso de Estudos<br />
Rurais. Departamento de Economia e Sociologia,<br />
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro,<br />
Portugal. 16 - 18 de setembro de 200 I.<br />
WEINZWEIG, A. Foods from Spain. The<br />
Denomination of Origino What is it'! What<br />
Does it do for Vou'! 200 I. Disponível em: (http:/<br />
1 w ww.wineandfoodassociates.com 1<br />
denominations.html). Consultado em 17/0 1/2005.<br />
+ + +<br />
INFLUÊNCIA DA HOMOGENEIZAÇÃO DE CREME NA ACELERAÇÃO DA MATURAÇÃO<br />
DE QUEIJO GORGONZOLA<br />
Influence of the homogenization of cream in the acceleration of the maturation of<br />
Gorgonzola cheese<br />
Estudante de Graduação do Curso Ciência e Tecnologia de Laticínios na UFY.<br />
2 Professor Adjunto do Departamento de Tecnologia de Alimentos da UFY.<br />
Lorena Fernandes Juncal1<br />
Aniella Gonçalves Santos1<br />
Mauro Mansur Furtado2<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiC í NIOS<br />
RESUMO<br />
Os queijo Gorgonzola é um dos mais tradicionais e clássicos queijos entre os cham dos<br />
queijos Azuis, que vêm tendo um expressivo crescimento no mercado. Estes são conheCIdos<br />
pela sua maturação através do crescimento interno de mofos verde-azulados do gênero<br />
PenicilliulII . O crescimento do mofo ocorre internamente nas olhaduras que podem ser<br />
mecânicas ou pelo desenvolvimento microbiano. Dado o seu longo período de maturação,<br />
de 30 a 120 dias, e pensando em uma fo rma de acelerá-la, o presente trabalho visou<br />
avaliar a infl uência que a homogeneização do creme exerce sobre a maturação de queijo<br />
Gorgonzola. Os queijos foram produzidos utilizando creme não homogeneizado e creme<br />
homogeneizado, sendo realizadas análises de pH, profundidade de maturação e<br />
determinação de ácidos graxos livres. Os resultados obtidos, mostraram que a utilização<br />
de creme homogeneizado exerceu influências na proteólise e lipólise , acelerando a<br />
maturação do queijo.<br />
Palavras-chave: Queijo Gorgonzola, maturação, homogeneização de creme.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
Os queijos Azuis são conhecidos como<br />
aqueles que maturados pelo crescimento interno<br />
de mofos verde azulados do gênero Penicillilllll<br />
(MORAES e FREITAS, 1983).<br />
O crescimento do mofo ocorre internamente<br />
nas olhaduras que podem ser mecânicas<br />
ou pelo desenvolvimento microbiano.<br />
O queijo Gorgonzola originou-se no Vale<br />
do Pó, por volta de 880 da era Cristã. O queij o é<br />
muito macio e cremoso, devido aos altos teores<br />
de gordura (30%) e umidade (48%). A casca é<br />
bem visível, rugosa e de coloração avermelhada.<br />
A massa é hem cremosa e fundente, bem diferente<br />
de outros queij os Azuis, como o Danablu. Um<br />
detalhe importante da tecnologia do queijo<br />
Gorgonzola italiano é a elaboração com o uso de<br />
fermentos termofíl icos (FURTADO,2003). A<br />
maturação desses queij os podem variar dentro<br />
de um período de 30 a 120 dias, em câmaras<br />
especiais com alto teor de umidade relativa do<br />
ar (95%) e temperaturas entre 10 e l2"C<br />
(FURTADO,2003).<br />
O queijo Azul brasileiro se apresenta em<br />
fo rmato cilíndrico, com peso de cerca de 3Kg,<br />
de massa e textura aberta com veias azulesverdeadas<br />
devido ao crescimento do mofo.<br />
Quando curado adequadamente, seu aroma é<br />
pronunciado e seu sabor é acentuado bem típico<br />
(MORAES e FREITAS, 1983). É um queijo que<br />
vem tendo um crescimento expressivo no<br />
mercado (MORAES e FREITAS, 1983).<br />
A homogeneização é um processo que<br />
envolve a ruptura dos glóbulos de gord ura a<br />
determinados estágios de pressão. A homogeneização<br />
do creme tem sido recomendada na<br />
fabricação de queijo Azul por oferecer vantagens<br />
digitalizado por<br />
(MORRIS, 1983). A homogeneização tem como<br />
efeitos o aumento da tírea de exposição do<br />
glóbulo de gordura ao ataque lipolítico do mofo,<br />
conferindo sabor e aroma mais intensos:<br />
diminuição da perda de gordura no soro durante<br />
o corte da coalhada. A fabricação de queijo azul<br />
com creme ou leite homogeneizado torna a<br />
coloração do queijo mais clara destacando-se mais<br />
as veias verde-azuladas do crescimento do mofo<br />
(FURTADO, 20(3)<br />
O objetivo deste trabalho fo i avaliar a<br />
aceleração da maturação de queijo Gorgonzola<br />
quando produzido com creme homogeneizado e<br />
não homogeneizado no período de 31, 52, e 73<br />
dias de maturação.<br />
2 - MATERIAIS E MÍTODOS<br />
2.1 -As amostras de queiJ o Gorgonzola<br />
foram elaboradas no laticínios escola<br />
da FUNARBE.<br />
Utilizou-se leite de conjunto dos produtores<br />
da região de Viçosa-MG. Desenvolveram-se dois<br />
lotes de CJueijo: o primeiro lote (amostra I), foi<br />
utilizado leite padronizado para 4,3% de gordura<br />
com creme não homogeneizado: o segundo lote<br />
(amostra 2) foi utilizado creme homogeneizado<br />
para a padronização do leite para 4,3% de gordura.<br />
2.2 - Métodos de análise<br />
2.2. 1 - Determ inação de pH<br />
Utilizou medidor de pH modelo Tecnal, pH<br />
MetI' Tec.<br />
arvoredoleite.org
2.2.2 - Determinação de profundidade de<br />
maturação<br />
A profundidade de maturação foi determinada<br />
através da determinação de nitrogênio<br />
solúvel em TCA 24% (ácido tricloroacético) pelo<br />
método de KJELDAHL.<br />
2.2.3 -Determinação de ácidos graxos livres<br />
A determinação de ácidos graxos livres foi<br />
realizada utilizando o reagente extrato r LIPO-R<br />
segundo o método proposto por Luciana Leal et<br />
alli em Físico-Química do Leite e Derivados<br />
Métodos Analíticos.<br />
3 - RESULTADOS<br />
3.1 - pH<br />
Em ambos os queijos observou-se um<br />
aumento do pH com o decorrer dos dias de<br />
maturação. Na amostra I o pH variou de 5,30 a<br />
7.63 e na amostra :2 o pH variou de 6,5 1 a 7,20.<br />
Crescim ento do pH<br />
Figura 1 - Creme não-homogeneizado<br />
o<br />
0'"<br />
<br />
a<br />
<br />
OI<br />
'tl<br />
fi)<br />
'"<br />
i5<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
pH<br />
Crescim ento d o pH<br />
2<br />
pH<br />
Figura 2 - Creme homogeneizado<br />
3.2 - Profundidade de maturação<br />
As amostras apresentaram resultados<br />
crescentes, mas observou-se que na amostra 2<br />
apresen tou maior porcentagem de nitrogênio<br />
não-protéico em menos dias de maturação<br />
quando comparada com a amostra l o que<br />
330<br />
73<br />
evidenciou ser mais acelerada a maturação na<br />
amostra 2 do que na amostra I. Para a amostra<br />
1 os valores da profundidade de maturação<br />
variaram de 21 a 31,05% e para a amostra 2 os<br />
valores variaram de 42, lI a 57,07% de<br />
nitrogênio não-protéico.<br />
80<br />
o<br />
' 70<br />
40<br />
l'!! 60<br />
.a 50<br />
E<br />
III 30<br />
'C<br />
VI 20<br />
'"<br />
10<br />
êi<br />
o<br />
Profundidade de maturação<br />
Profundidade<br />
Figura 3 - Creme não-homogeneização<br />
o 80<br />
,ra<br />
o-<br />
ra<br />
60<br />
<br />
E 40<br />
Q)<br />
"C<br />
20<br />
31<br />
Profundidade de maturação<br />
52<br />
4 .11% 4 ,41 %<br />
o O<br />
73<br />
73<br />
2 3<br />
Profundidade<br />
Figura 4 - Creme homogencizado<br />
3.3 - Ácidos graxos !ines<br />
A determinação de ácidos graxos livres<br />
apresentou resultados crescentes para ambas as<br />
amostras. O valor observado na amostra :2 para<br />
31dias de maturação (6.6x 10· lmmol/g) fo i<br />
observado na amostra I para 52 dias de<br />
maturação.<br />
I<br />
80 l<br />
60<br />
-;;<br />
E 40<br />
<br />
{/) 20<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
RESUMO<br />
Queijos elaborados a partir de leite cru são diferenciados no mercado pelo consumidor<br />
em virtude do seu sabor característico. Países europeus produtores tradicionais destes<br />
queijos como França, Portugal, Espanha e Itália investem sistematicamente no<br />
melhoramento da qualidade e aumento da padronização destes queijos em virtude do alto<br />
retorno financeiro. A França, por exemplo, produz uma grande variedade de queijos<br />
elaborados com leite cru, muitos dos quais com denominação de origem protegida, possui<br />
também um grande mercado consumidor de queijos, sendo a maior produtora do mundo e<br />
a maior exportadora da Europa. A existência de grandes mercados consumidores de<br />
queijos, faz com que haja um incremento não só da produção mas também da variedade<br />
de queijos. No entanto tais queijos podem apresentar risco ao consumidor uma vez que<br />
estudos mostram a presença do alto índice de StapIzY!OCOCCllS sp e Esclzericlzia coli<br />
patogênicos. No Brasil, o queijo minas artesanal , tem lugar de destaque no mercado<br />
informal. Recentemente, várias pesquisas têm sido fe itas no sentido de avaliar as<br />
características microbiológicas destes queijos para direcionar a adoção de medidas<br />
preventivas e/ou corretivas. O objetivo deste trabalho foi revisar os índices de<br />
StapIzY!OCOCCllS aurellS e Esclzerichia coli em queijos artesanais produzidos em países<br />
europeus produtores tradicionais e comparar com os índices microbiológicos de queijos<br />
artesanais produzidos no Brasil. Verificou-se que embora países europeus possuam processos<br />
específicos e controlados de produção, a contagem de S. aurellS e E. coli dos seus queijos,<br />
mostrou-se ainda elevada. Estudos sobre o comportamento da microbiota endógena do<br />
leite durante o processo de fermentação devem ser feitos para adoção de novas medidas<br />
que possibilitem a colocação no mercado de um produto passível de ser consumido além<br />
de promoverem o desenvolvimento das regiões de origem para que num futuro próximo<br />
o Brasil possa produzir queijos de qualidade, com alto valor agregado e com lugar garantido<br />
no mercado internacional .<br />
Palavras-chave: Queijos artesanais, Staplzy/ococc/ls sp. Escherichia co/i.<br />
1 - QUEIJOS ARTESANAIS E SEGURANÇA<br />
ALIMENTAR<br />
A comercialização de queijos elaborados a<br />
partir de leite cru é proibida no Brasil devido ao<br />
risco potencial que representa à saúde do<br />
consumidor. oriundo das condições precárias de<br />
processamento nas fazendas produtoras, clima<br />
desfavorável para manuseio do leite cru a<br />
temperatura ambiente.<br />
Vários países europeus produzem um grande<br />
número de queijos elaborados a partir de leite<br />
cru. No entanto devido ao grande risco para os<br />
consumidores, processos de queijos elaborados a<br />
partir de leite cru vêm sendo abandonados na<br />
Espanha e na Grécia desde o fi nal da década de<br />
80, sendo agora produzidos de forma<br />
semiartesanal, envolvendo a pasteurização e a<br />
substituição de equipamentos tradicionais por<br />
outros modernos, capazes de atender aos padrões<br />
higiênicos e tecnológicos, sendo ainda necessária<br />
a qualificação dos manipuladores aliada às boas<br />
práticas de fabricação para a produção de um<br />
queijo que atenda aos padrões estabelecidos pela<br />
legislação vigente (OLARTE et aI., 1999;<br />
MANOLOPOULOU et aI., 2003).<br />
2 -QUEIJOS ARTESANAIS FA BRICADOS<br />
NA EUROPA<br />
2.1 - Queijos franceses<br />
A França produz cerca de 1.000 variedades<br />
de queijos, incluindo aqueles regionais e só<br />
encontrados nas regiões onde são produzidos<br />
(MENG & DOYLE. 1998). É o maior produtor<br />
de queij os do mundo e o maior exportador da<br />
Europa. Dentre os queij os artesanais franceses,<br />
destaca-se o Roquefort, Camembert c Brie. A<br />
grande produção de queijos artesanais na França<br />
parece resultar da capacidade que os consumidores<br />
têm na percepção de diferenças entre os queijos<br />
produzidos artesanal mente e aqueles<br />
industrializados (MASUI & YA MADA, 1999).<br />
2.2 - Queij os italianos<br />
A Itália tem ocupado o segundo lugar na<br />
variedade de queijos produzidos na Europa,<br />
perdendo somente para a França. Cerca de 45% do<br />
leite produzido em território italiano é direcionado<br />
para a fabricação de queijos, garantindo-lhe na<br />
última década o segundo lugar entre os maiores<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
exportadores de queijo no mundo (FOX, 1993a).<br />
Além do queijo Parmesão. os queijos Provolone,<br />
Mussarela e Grana Padano. são conhecidos e<br />
fabricados no mundo inteiro inclusive no Brasil.<br />
Entre os queijos produzidos com leite de ovelha, o<br />
Pecorino romano, Fiore Sardo e Canestrato<br />
Pugliese são de grande importância econômica par<br />
a Itália (DI CAGNO et aI., 2003).<br />
2.3 - Queijos espanhóis<br />
A Espanha produz mais de 100 variedades<br />
de queijos artesanais. Estes queijos frescos ou<br />
maturados de coagulação enzimática, lática ou<br />
mista. de diferentes formatos e produzidos com<br />
leite de cabra, de ovelha e de cabra ou diferentes<br />
misturas, resultam de diferenças ambientais e de<br />
costumes tradicionais (FOODS FROM SPAIN,<br />
2003).<br />
2.4 - Queijos gregos<br />
A Grécia está entre os países de maior<br />
consumo anual per capita de queijo no mundo.<br />
O queijo Feta tem maior significado para o país,<br />
com uma média de consumo per capita anual de<br />
aproximadamente 12 kg, sendo fabricado<br />
original mente com leite de ovelha ao qual se<br />
mistura cerca de 20 a 30% de leite de cabra.<br />
Tradicional mente era fabricado com leite cru<br />
em atividades fa miliares, empregando-se<br />
equipamentos elementares. Atualmente, embora<br />
ainda seja produzido de maneira artesanal, a<br />
maioria da produção é feita industrialmente, com<br />
leite pasteurizado e com fermentos láticos<br />
comerciais (MANOLOPOLOU et a!.. 2003).<br />
2.5 - Características microbiológicas de<br />
queijos artesanais europeus<br />
Embora exista uma grande e tradicional<br />
produção de queijos artesanais na Europa, estudos<br />
revelam que os queijos podem apresentar índices<br />
elevados de microrganismos patogênicos<br />
causadores de infecções ou intoxicações em<br />
humanos (Tabela I).<br />
O alto índice de Staphy1ococcus coagulase<br />
positiva e E. coli em alguns destes queijos<br />
evidenciam o risco potencial para o consumidor.<br />
Estudos fe itos no com queijos Minas artesanal<br />
mostram alta contagem destes dois grupos<br />
microbianos (Pinto et aI 2004; Araújo et ai 2004).<br />
Torna-se necessário o estudo de procedimentos<br />
alternativos para inibição e, ou prevenção destes<br />
microrganismos para a produção de um queijo<br />
artesanal passível de ser consumido.<br />
3 - SUMMARY<br />
Cheeses elaborated from raw milk are<br />
differentiated in the market by the consumeI' by<br />
its f1 avor characteristic. Because 01' the<br />
possibility oI' high fi nanciai returno traditional<br />
European countries producers 01' artisanal<br />
cheeses like France. Portugal. Spain and Italy<br />
invest systematically in the illlprovement of the<br />
Tabela 1 - Índices de Staphylococcus aureus e Escherichia coli em queijos artesanais produzidos na<br />
Europa<br />
País E. co/i Referência<br />
La Serena Espanha NO 6,52 SANCHEZ-REY et aI. ( 1993)<br />
Cendrat Del Montsec França/Espanha 1,54 ND MOR-MUR et aI. (1994)<br />
Taleggio Itália 5 ,48 5.94* 1.95 - 3.73 GOBBETTI et aI. (1997 )<br />
Tenerife Espanha 2.82 5.59 ZÁRATE et aI. (1997 )<br />
Peiiamellera Espanha 5.5 - 6,0 ND ESTEPAR et aI. (1999)<br />
Fossa Itália 3,0 - 5,3 ND GOBBETTI et aI. (1999 )<br />
SeiTa da Estrela Portugal 5,0 - 8,0 NO MACEDO et a!. (1996)<br />
Cameros Espanha < 2-4 0,47 OLARTE et aI. (1999)<br />
Tetilla Espanha < 1,79 6.09 MENENDEZ et aI. (200 I )<br />
Caprino O' aspromonte França/Espanha ND 0-7.0 CARIDI et aI. (2003)<br />
Pecorino Del Poro Itália NO 0-4 CARIDI et aI. (2003)<br />
Feta Grécia NO 3,49 MANOLOPOULOU et a!. (2003)<br />
Batzos Grécia 5,88 ND PSONI et a!.<br />
digitalizado por<br />
arvoredoleite.org
quality and increase of the standardization of<br />
these cheeses. France, for example, produces a<br />
great variety of cheeses elaborated with raw milk,<br />
many 01' the which with denomination of<br />
protected origino France possesses a great<br />
consuming market of cheeses, being the largest<br />
producer of the worl d and the largest exporter<br />
in Europe. The existence of great consuming<br />
markets of cheeses, causes an increment not<br />
only in the production but also in the variety of<br />
cheeses. However such cheeses can present risks<br />
to the consumer, since studies show a high<br />
number of Staph)'locoCCllS (lnd Escherichia co/i.<br />
In Brazil, the artisanal cheese has economic<br />
importance in informal market. Recently, several<br />
researches have been done to evaluate the<br />
microbiological characteristics of these cheeses<br />
to direct the adoption 01' corrective aild<br />
preventive measures. The aim of this work was<br />
to revise the indexes 01' Staphy!ocOCCllS sp and<br />
Escherichia co!i in artisanal cheeses produced<br />
in traditional European countries producers and<br />
to compare them with the microbiological<br />
indexes 01' artisanal cheeses produced in BraziI.<br />
It was verified that although European countries<br />
possess specific and controlled processes of<br />
production, the index 01' Sthaphy!ococcus and<br />
E. coli 01' these cheeses, was still high. Studies<br />
about the behavior of the end.ogenous bacteria<br />
of the milk during the fe rmentation process have<br />
to be done to de adoption 01' new measures, so<br />
that a safe and quality product can come easily<br />
OlHo the market besides promoting the<br />
development of the origin areas so that in a<br />
near fu ture Brazil can produce quality cheeses,<br />
with a high value and with place guaranteed in<br />
the international market.<br />
Kcy-words: Artisanal chesses, Slaphylococcus<br />
sp, Escherichio coli<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATIcíNIOS<br />
• • • •<br />
4 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
OLARTE et aI. Food Microbiology, v. 16, p.<br />
615-621, 1999.<br />
MANOLOPOULOU et aI. Int. J. of Food<br />
Microbiology, v. 82, p. 153 -161, 2003.<br />
MENG J.; DOYLE, M. P. Institut Pasteur, v.<br />
96, p. 151-164, 1998.<br />
MASUI, K.; YA MADA, T. Queijos franceses.<br />
Guia para mais de 350 tipos de queijos de todas<br />
as regiões da França. Rio de Janeiro: Ed. Ediouro,<br />
1999.<br />
DI CAGNO et a!. International Dairy<br />
Journal, v. 13, p. 961 -972, 2003.<br />
FOODS FROM SPAIN. Disponível em: <<br />
www.cheesefromspai n.com ><br />
SANCHEZ-REY et a!. J ournal of Food<br />
Protection, n. 10, v. 56, p. 879-881, 1993.<br />
MOR-MUR et aI. Food Microbiology, n. 11, p.<br />
177-1 85, 1994.<br />
GOBBETTI et aI. International Dairy<br />
J ournal, v. 7, p. 509-5 17, 1997.<br />
ZÁRATE et aI. International Dairy Journal,<br />
v. 7, p. 635-641, 1997.<br />
ESTEPAR et aI. Intcrnational Dairy Journal,<br />
v. 9, p. 737-746, 1999.<br />
GOBBETTI et a!. International Dairy<br />
Journal, v. 9, p. 763-773, 1999.<br />
MACEDO et aI . Intcrnational Dairy Journal,<br />
v. 6, p. 79-94, 1996.<br />
MENENDEZ et aI. Food Microbiology, v. 18,<br />
p. 151-158, 2001.<br />
CARIDI et aI . Intcrnational Dairy Journal,<br />
v. 13, p. 191-200, 2003.<br />
PSONI et aI . Food Microbiology, v. 20, p. 575-<br />
582, 2003.<br />
ARAÚJO et aI. Rev. Cand. Tostes n° 339, v. 59<br />
jul/ago. p. 93-96. 2004.<br />
PINTO et aI . Rev. Cand. Tostes n° 338, v. 59<br />
jan/jun. p. 82-86. 2004.<br />
• • • •<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiC í NIOS<br />
DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO SENSORIAL DE REQUEIJÃO CREMOSO<br />
SABOR PIZZA<br />
Development evaluation and sensory of creamy requeijão flavor pizza<br />
RESUMO<br />
Marcília Santos Rosado 1<br />
Marcelo dos Santos Teixeira1<br />
Carla Ferreira de Lima1<br />
Marcela Souza de Oliveira1<br />
Eliana dos Santos Leandro1<br />
Pollyanna Cardoso Pereira2<br />
Cláudio Furtado Soares3<br />
O presente trabalho teve como objetivo desenvolver um requelJao cremoso sabor pizza<br />
que poderá ser usado em salgados, ou em mesa, acompanhando torradas e biscoitos. O<br />
produto foi elaborado no Laticínio-Escola da FUNARBE. O processamento foi idêntico ao<br />
do requeijão tradicional, adicionado ao fi nal, 0,4% de pimenta, 0,4% de orégano, 0,5% de<br />
salsa e 1,7% de glutamato monossódico, após terem recebido tratamento térmico em<br />
autoclave 12l °C/15 minutos. Realizou-se a análise sensorial do requeijão sabor pizza para<br />
avaliar a aceitabilidade do produto pelos possíveis consumidores. Para tal o teste de aceitação<br />
com uso de escala hedônica. O teste foi realizado com 28 mulheres e 22 homens, entre 15<br />
e 42 anos. A média da avaliação entre as mulheres foi de 8, 5, e entre os homens foi de 8,2.<br />
Calculando-se a média das notas totais obteve-se o valor 8, 38, mostrando que em média as<br />
pessoas situaram-se entre gostei muito e gostei extremamente, sendo a resposta mais<br />
comum gostei extremamente. O produto formulado apresentou boas características visuais<br />
e organolépticas, obtendo uma ótima aceitação por parte dos provadores que participaram<br />
da análise sensorial, constituindo-se assim em um novo produto lácteo com grande potencial<br />
de mercado.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
O requeijão é um queijo tipicamente<br />
brasileiro, tendo se originou nas antigas regiões<br />
produtores de creme para a fabricação de manteiga,<br />
onde o leite desnatado, considerado naquela<br />
época como subproduto, era utilizado na<br />
fabricação de requeijão. Este produto é fabricado<br />
na forma de corte e pastoso, sendo que a grande<br />
maioria da produção é na fo rma pastosa<br />
(OLIVEIRA et ai, 20(2).<br />
É um produto obtido através de uma massa<br />
ácida, lática ou enzimática, emulsionada com<br />
outros ingredientes láticos, sob a ação de sais<br />
fu ndentes, calor e posterior resfriamento. É um<br />
Estudantes de graduação do curso de Ciência e Tecnologia de Laticínios.<br />
2 Professora auxiliar do Departamento de Tecnologia de Alimentos.<br />
Professor adjunto do Departamento de Tecnologia de Alimentos.<br />
digitalizado por<br />
produto saboroso, nutritivo e de uso versátil e<br />
tem sido um dos produtos de destaque dentro dos<br />
novos hábitos alimentares do consumidor.<br />
É um produto consumido normalmente<br />
logo após a fabricação e deve apresentar sabor<br />
ligeiramente ácido, agradável ao paladar, aroma<br />
característico de produto fe rmentado por<br />
microrganismos lácticos, e massa homogênea,<br />
com uma cremos idade ou untuosidade típica<br />
(OLIVEIRA et aI, 20(2).<br />
Trata-se de um produto bastante popular e<br />
de grande valor comercial para o qual os<br />
consumidores têm encontrado continuamente,<br />
arvoredoleite.org
novos usos e aplicações, principalmente devido<br />
ao sabor suave, que o torna adequado para muitas<br />
aplicações culinárias. Atendendo a demanda dos<br />
novos consumidores, o mercado de queij os<br />
apresenta uma mudança significativa na tentativa<br />
de oferecer diferentes opções do produto. Muitas<br />
mudanças estão relacionadas com sabor e<br />
preferências locais, como defumação, temperos,<br />
novos aromas, uso de presuntos ou embutidos em<br />
geral (MARCHIORI, 2004).<br />
A análise sensorial é muito importante para<br />
a obtenção de produtos de qual idade, já que as<br />
boas características sensoriais são consideradas<br />
um fator crucial na aceitabilidade de novos<br />
produtos alimentícios pelo consumidores ,sendo<br />
portanto, uma análise imp ortante a ser fe ita<br />
antes do lançamento efetivo de um novo produto.<br />
Este trabalho teve como objetivo<br />
desenvolver um requeijão cremoso sabor pizza,<br />
que poderá ser usado em salgados, ou em mesa,<br />
acompanhando torradas e biscoitos.<br />
2 - MATERIAL E METÓDOS<br />
o produto fo i elaborado no Laticínio<br />
Escola da FUNARBE. O processamento foi<br />
idêntico ao do requeijão tradicional, adicionado<br />
ao fi nal, 0,4% de pimenta, 0,4% de orégano,<br />
0,5% de salsa e 1,7% de glutamato monossódico,<br />
após terem recebido tratamento térmico em<br />
autoclave 12 I "C/l5 minutos.<br />
Realizou-se a análise sensorial do requeijão<br />
sabor pizza como fo rma de avaliar a<br />
aceitabilidade do produto pelos possíveis<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
consumidores. Utilizou-se o teste de aceitação<br />
com uso de escala hedônica variando de I a 9<br />
pontos utilizando-se 50 provadores (CHAVES,<br />
1998).<br />
O teste foi realizado no Laboratório de<br />
Análise Sensorial do Departamento de<br />
Tecnologia de Alimentos/UFV, conduzido em<br />
cabines individuais, utilizando-se 28 mulheres e<br />
22 homens, na faixa etári a entre 15 e 42 anos.<br />
As amostras foram fornecidas em um alimentosuporte,<br />
uma vez que os provadores não eram<br />
treinados. Solicitou-se que cada provador<br />
marcasse na ficha avaliação, Figura I, a resposta<br />
que melhor refletisse seu julgamento em relação<br />
à aceitação do produto.<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
O produto formulado obteve boas<br />
características visuais e organolépticas,<br />
apresentando textura característica do requeijão<br />
cremoso.<br />
As folhas de resposta preenchidas pelos<br />
provadores foram organizadas e a classificação<br />
dos julgadores transformadas em valores<br />
numéricos para análise dos resultados, dando<br />
origem ao Gráfico I.<br />
4 - CONCLUSÃO<br />
O produto fo rmulado apresentou boas<br />
características visuais e organolépticas, obtendo<br />
uma ótima aceitação por parte dos provadores que<br />
participaram da análise sensorial, constituindo-se<br />
Ficha de Avaliação<br />
Nome : Data:<br />
Idade:<br />
Por favor, avalie a amostra utilizando a escala abaixo para descrever o quanto você<br />
gostou ou desgostou do produto. Marque a posição da escala que melhor reflita seu julgamento.<br />
) Gostei Extremamente<br />
) Gostei Muito<br />
) Gostei Moderadamente<br />
) Gostei Ligeiramente<br />
) Indiferente<br />
) Desgostei Ligeiramente<br />
) Desgostei Moderadamente<br />
) Desgostei Muito<br />
) Desgostei Extremamente<br />
Comentários:<br />
Figura 1 - Ficha de avaliação da aceitação do requeijão sabor pizza.<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICÍNIOS<br />
assim, num novo produto lácteo que tem grande<br />
potencial de mercado, sendo uma alternativa viável<br />
para a indústria de laticínios atender aos<br />
consumidores quanto a exigências de variedades de<br />
produtos, e ainda uma forma de agregação de valor<br />
ao requeijão tradicional.<br />
Gráfico 1 - Relação de aceitação do requeijão<br />
sabor pizza.<br />
30<br />
Accibl\'iiu du UCtlllldj;lu Tempcmdu<br />
25<br />
<br />
20 1- -<br />
<br />
-::: 15 1-<br />
10<br />
·9<br />
Z<br />
Notas<br />
A média da avaliação entre as mulheres foi de 8,5, e entre os<br />
homens foi de 8,2. Calculando-se a média das notas totais<br />
obteve-se o valor 8,38, que significa que em média as<br />
pessoas situaram-se entre "gostei muito" e "gostei<br />
extremamente". sendo a resposta mais comum "gostei<br />
extremamente". como mostra o gráfico<br />
ABSTRACT<br />
This repor! hacl as objective to develop a<br />
pizza-fIavorecl cre::uny "requeijão" that can be<br />
used with snacks, 01' on table. accompanying toasts<br />
and cookies. The product was elaborated at the<br />
"Laticínio-Escola" 01' FUNARBE. The processing<br />
was identical to the traditional "requeijão" one,<br />
bul added at lhe end, 0.4% of pepper, 0.4% of<br />
+ + + +<br />
digitalizado por<br />
oregano, 0.5% of parsley and 1.7% of<br />
monosodium glutamate, after having received<br />
thermal treatment in autoclave 121 °C115 minlltes.<br />
The sensorial analysis of the pizza-flavored<br />
"requeijão" was accomplished as a fo rm of<br />
evaluating the acceptability of the product by<br />
the possible consumers. For such acceptance test<br />
it was used the hedonistic scale. The test was<br />
accomplished with 28 women and 22 men, between<br />
15 and 42 years old. The average of the evaluation<br />
among the women was 8.5; and among the men,<br />
8.2. By calculating the average 01' the total grades,<br />
it was obtained the value of 8.38, which means<br />
that, on average, people were located between I<br />
liked it a lot and I extremely liked it, being the<br />
latter the most common answer. The formulated<br />
product presented good visual and organoleptic<br />
characteristics, obtaining a great acceptance on<br />
the part of tasters who participated in the<br />
sensorial analysis, composing, then, the grollp of<br />
the ncw lacteal products 01' great potential.<br />
5 - BIBLIOGRAFIA<br />
CHAVES, l.B.P., Métodos de diferença em<br />
Avaliação Sensorial de Alimentos e<br />
Bebidas, Editora UFV, 1998.<br />
COELHO, D.T. , ROCHA, l.A.A., Práticas de<br />
processamento de produtos de origem<br />
animal. Viçosa : UFV, 1999. 64p. (Cadernos<br />
Did.ílicos, 49).<br />
MARCHIORI,E., Queijo: O tesouro que vem<br />
do leite. Revista Indústria de Laticínios, p. 19-<br />
30, n° 50, 2004.<br />
OLIVEIRA, S.E. R .. BRANDÃO, S.c.c.; Alguns<br />
parâmetros que afetam a fa bricação do<br />
requcIJao crcmoso tradicional. Revista<br />
Tecnologia Milkbizz, n° 3, 2002.<br />
+ + + +<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
INFUÊNCIA DA ALIMENTAÇÃO DE VACAS LEITEIRAS SOBRE OS TEORES DE GORDURA<br />
E ACIDEZ DO LEITE NA PRIMAVERA<br />
Influence of feeding of milk cows on fat and acidity of milk in the spring<br />
RESUMO<br />
Jaime Victor Ferreira 8rum1<br />
José Sidney Flemming1<br />
Maria Lucia Masson1<br />
Renato João Sossela de Freitas1<br />
Em mercados cada vez mais competitivos, onde é grande a demanda por produtos lácteos<br />
que atendam aos padrões de qualidade e segurança alimentar de fo rma satisfatória. é<br />
importante a realização de estudos que tenham por objetivo determinar possíveis infl uências<br />
da alimentação de vacas leiteiras sobre a composição do leite ou de seus derivados durante<br />
as estações do ano. Foi conduzido um estudo para avaliar a influência das forragens aveia<br />
(Avelw sativa), azevem (Lolilllll 1II 111t(florlllll) e Braquiária (Braqchiaria hlllllidicola) na<br />
alimentação de vacas, sobre parâmetros de qualidade do leite obtido no inverno e na<br />
primavera. As forragens foram analisadas quanto aos teores de fibra bruta, fi bra ácido<br />
detergente, fi bra neutro detergente, nutrientes digestíveis totais, gordura e proteína. As<br />
amostras de leite foram analisadas, determinando-se acidez e gord ura da manteiga e do<br />
creme de leite durante todo o período. Constatou-se que no mês de setembro houve um<br />
aumento significativo na acidez do creme de leite. Os valores de percentuais de gordura da<br />
manteiga e creme de leite não foram significativamente afetados.<br />
Palavras-chave: forragens para vacas leiteiras, acidez e gordura do creme de leite e<br />
manteiga.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
A composição do leite de vacas leiteiras<br />
pode variar em função de diversos fatores como:<br />
raça, estação do ano. genética, estágio de<br />
lactação, sanidade e nutrição. As tendências atuais<br />
da comercialização do leite demandam produtos<br />
lácteos. cuja composição, pode ser afetada pela<br />
variação na composição do leite, em função da<br />
nutrição dos animais. A gordura é o componente<br />
do leite que apresenta maior variabilidade,<br />
podendo variar de 2,0 a 4,0%. B URCHARD e<br />
BLOCK (1998) citam que a presença de forragens<br />
e sua qualidade, o teor de nutrientes e valores de<br />
fi bra tem influência direta na produção e<br />
composição do leite.<br />
Segundo ANDRIGUETTO et aI. (1999) no<br />
sul do Brasil, no fi nal do inverno e início da<br />
primavera. a queda da produção leiteira assim<br />
como, a alteração da composição dos ácidos<br />
graxos do leite tem sido considerada um<br />
problema de solução difíc il para os nutricionistas.<br />
Citam também que, com as pastagens em início<br />
de crescimento apresentam um alto teor de<br />
gordura rica em ácidos graxos insaturados. com<br />
baixo teor de fi bra estrutural e matéria seca.<br />
2 " MATERIAIS E MÉTODOS<br />
Foram coletadas amostras de forragens<br />
(azevém, aveia e brachiaria), no final do inverno<br />
e início da primavera de 200 I (j ulho, agosto e<br />
setembro). As amostras fo ram analisadas no<br />
laboratório de Nutrição Animal do Departamento<br />
Programa de Pós-Graduação em Tecnologia de Alimentos. Setor de Tecnologia. Centro Politécnico. Universidade<br />
Federal do Paraná UFPR, Curitiba - PRo<br />
Email: jvictorbrum@hotmail.com<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
de Zootecnia da Universidade Federal do Paraná.<br />
Foram realizadas determinações dos teores de<br />
fi bra. de fi bra bruta, fibra ácido detergente<br />
(FDA), fibra neutro detergente (FDN) e gordura<br />
(extrato etéreo) determinando-se os valores de<br />
extrato etéreo e de Nutrientes Digestíveis Totais<br />
(NDT) por espectroscopia no infravermelho<br />
(método Near Infrared Spectroscopy /NIRS).<br />
. O leite produzido durante a realização desta<br />
pesquisa foi recebido por uma indústria de<br />
laticínios localizada na região metropolitana de<br />
Curitiba. Foram analisados o creme de leite e a<br />
manteiga em função da concentração de gordura<br />
e ácidos graxos contidos nestes produtos. As<br />
determinações realizadas foram: acidez (graus<br />
Dornic) e gorduras totais (%).<br />
3 " RESULTADOS<br />
Observou-se que os valores nutricionais da<br />
forragem brachia ria, em fim de período<br />
vegetativo, fo ram reduzidos com baixo valor<br />
energético, altos teores de fi bra (FDA e FDN),<br />
baixo teor de gordura, diminuição da palatabilidade<br />
e aceitação pelos animais. Os valores<br />
encontrados nas determinações são apresentados<br />
na Tabela I. Segundo BALDWIN et aI. (1980)<br />
as fo rragens de inverno (azevem e aveia) por<br />
apresentarem valores nutricionais superiores,<br />
aumentam o consumo voluntário das vaca . s e por<br />
conseqüência uma maior ingestão de gord ura e<br />
menor ingestão de fi bra.<br />
Tahela Composição média de forragens no período julho a setembro de 200 I.<br />
No amostras % FDA<br />
Azevem 15 36,0<br />
Aveia 12 34,0<br />
Brachiaria 17 41,0<br />
A Tabela 2 mostra os valores médios para<br />
os; parâmeti·os acidez e gordura, determinados para<br />
o creme de leite e manteiga. Para o produto<br />
manteiga, não foi possível determinar diferenças<br />
sianificativas entre os teores de acidez e gordura<br />
n;s meses de julho a agosto de 200 I, quando estes<br />
teores foram comparados com o padrão<br />
estipulado pela indústria de laticínios pesquisada<br />
(Tabela 3). Provavelmente, isto ocorreu devido à<br />
estabilização do nível de acidez após algum tempo,<br />
quando todo processo oxidativo já ocorreu.<br />
Tabela 3 Valores padrão para acidez e gordura<br />
Produto<br />
Creme de leite<br />
praticados por indústria de laticínios.<br />
Acidez<br />
Máximo 12,0<br />
Máximo 3,0<br />
Gordura (%)<br />
30 - 36<br />
Mínimo 82<br />
Os dados obtidos junto às duas entidades<br />
envolvidas nesta pesquisa possibilitaram encontrar<br />
diferenças significativas (P0,05). Para<br />
a manteiga, a análise estatística não demonstrou<br />
diferenças significativas (P>0,05) quanto aos<br />
parâmetros de gordura e acidez.<br />
% FDN % EETotal % NDT<br />
45,0 5,8 61,0<br />
43,0 6,9 64,0<br />
64,0 2,6 45 ,0<br />
Nota: Resultados em 90% de matéria seca. *Braquiaria com sementes e ** Aveia e azevem em estado vegetativo. FOA: fi bra<br />
ácido detergente; FON: fibra neutro detergente; EETotal: extrato etéreo total ; NOT: nutrientes digestíveis totais.<br />
Tahela 2 - Valores médios de acidez e gordura nos meses de julho a agosto de 200 I.<br />
Creme de leite<br />
Manteiga<br />
Análise<br />
Acidez*<br />
(Graus Dornic)<br />
(Graus<br />
Nota: "Valores médios de 30 dias/mês.<br />
Acidez*<br />
Gordura* (%)<br />
digitalizado por<br />
84, 1 h IIS 83,6h IIS<br />
Setembro<br />
18,4"<br />
33,9h '"<br />
83,7h IIS<br />
arvoredoleite.org
4 - CONCLUSÃO<br />
Nas condições em que fo i realizada esta<br />
pesquisa, evidenciou-se que a alimentação das<br />
vacas leiteiras pode influenciar a acidez do creme<br />
de leite que se apresentou maior que o valor<br />
estipulado como padrão pela indústria. A<br />
correlação dieta/qual idade do leite é um fator<br />
que deve ser considerado e melhor investigado<br />
pelas indústrias de laticínios exigindo mais<br />
pesquisas, pois se a acidez pode ser influenciada<br />
pela dieta outros parâmetros também poderão<br />
ser influenciados. O que pode afetar a qualidade<br />
do leite e derivados, devendo-se ressaltar que a<br />
acidez é um parâmetro considerado como ponto<br />
crítico para a qualidade do creme de leite e da<br />
manteiga.<br />
SUMMARY<br />
In markets more and more competltlve,<br />
where it is big the demand for milk products<br />
that they assist to the quality standards and food<br />
safety in a satisfactory way, it is important the<br />
accomplishment of studies that have fo r<br />
objective to determine possible influences of the<br />
feeding of dairy cattle on the composition of<br />
the milk or dairy products during the seasons.<br />
This study was to evaluate the influence of the<br />
fo rages oat (Avena sativa), azevem (Lo/illJJ/<br />
1II1I /tif/ orl/JJ/ ) and Braquiária (Braqchiaria<br />
hUlllidico/a ) in the feeding of cows on parameters<br />
of qualily of the milk obtained in the winter and<br />
in the spring. The forages were analyzed with<br />
relationship to lhe contents of crude fi ber, fi ber<br />
acid detergent method, fiber neutral detergent<br />
method, total nutrients digestibles, fat and<br />
protein contents. The samples of milk were<br />
analyzed, being determined acidity and fat of<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL ' DE LATiCíNIOS<br />
• • • •<br />
the butter and of the cream of milk during the<br />
whole period. It was verified that in the month<br />
of September there was a significant increase in<br />
the acidity of the cream of milk. The value of<br />
percentile of fat of the butter and cream of milk<br />
was not significantly affected.<br />
Key-words: acidity, butter, cream, feeding<br />
dairy cattle.<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
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FLEMMING, 1.S.; SOUZA, G.A. Nutrição<br />
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BALDWIN, R.L.; STORRY, 1.E.; BINES, 1.A;<br />
FULFORD, R.l. Utilization 01' energy for<br />
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1978. lournal Agriculture Science. 91: 151.<br />
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Simpósio Internacional sobre Qualidade do Leite.<br />
1998. p. 16-19. Curitiba. PRo Editora UFPR.<br />
DIJKSTRA. F. Eficiência do uso da terra:<br />
agricultura e pecuária de leitc. Anais do I<br />
Encontro Sul Americano de Integração<br />
Agropecuári a. 1997. p. 22-28. Ponta Grossa.<br />
PRo Editora Fundação ABC.<br />
FEED INDUSTRY RED BOOK. Reference e<br />
buyer's guide. 1998. 194p. Moffat publishing Inc.<br />
Monessota. U.S.A.<br />
• • • •<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
GARANTIA DA QUALIDADE E SEGURANÇA ALIMENTAR NO PROCESSAMENTO DE<br />
LEITE UHT<br />
Quality and safety assurance in the processing of UHT milk<br />
RESUMO<br />
Jaime Victor Ferreira Brum1<br />
Maria Lucia Masson2<br />
Este artigo tem como objetivo estabelecer e realçar a importância do desenvolvimento de<br />
sistemas para gerenciamento de qualidade e segurança alimentar na produção de leite UHT.<br />
O estudo foi desenvolvido em uma indústria de laticínios do Paraná, e teve início com a<br />
construção do fluxograma de processamento UHT ao qual foram adicionados pontos<br />
considerados críticos para a qualidade (Pontos Críticos para a Qualidade - PCQ) e para a<br />
segurança alimentar (Pontos Críticos de Controle - PCC).<br />
Ao se estabelecer um sistema que possa ser utilizado na garantia da qualidade de leite UHT,<br />
cujo desigll foi baseado em 3 princípios do sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos<br />
de Controle APPCC objetivou-se fornecer à indústria ferramentas para o controle do<br />
processo, prevenindo-se a produção de leite UHT com características que pudessem<br />
representar risco à qualidade e a saúde dos consumidores.<br />
Palavras-chave: APPCC, qualidade, segurança alimentar. UHT.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
Sistemas de gerenciamento de qualidade e<br />
segurança alimentar têm sido desenvolvidos para<br />
que as indústrias, como as de laticínios, possam<br />
garantir as integridades biológicas, físicas e<br />
químicas dos produtos lácteos, assim como<br />
assegurar que os produtos fi nais não irão afetar<br />
negativamente a saúde dos consumidores.<br />
No Brasil a tecnologia UHT foi difundida<br />
principalmente nas décadas de 80 e 90. No<br />
entanto tem-se observado nos últimos anos a<br />
tendência de substituição do leite pasteurizado,<br />
produto perecível, dependente dos sistemas de<br />
refrigeração e de vida de prateleira mais curta,<br />
pelo leite UHT, que não depende da cadeia de<br />
frio e com vida de prateleira de vários meses.<br />
Embora o leite UHT possa ser considerado<br />
comercialmente estéri l, sabe-se que o processo<br />
não é capaz de elimi nar alguns esporos<br />
bacterianos, oriundos de más condições<br />
higiênicas na obtenção do leite in I/(/[ur(/ ,<br />
contaminação de embalagens, equipamentos de<br />
envase mal higienizados. além de I"a lhas no<br />
sistema de envase asséptico. Da mesma forma,<br />
falhas no processamento UHT podem permitir<br />
também a presença de enzimas. principalmente<br />
do tipo proteolíticas e lipolíticas, que são<br />
termoestáveis e podem causar danos à qualidade<br />
do produto fi nal.<br />
Segundo GONÇALO (2003) citado por<br />
BRUM (2004) a garantia da qualidade envolve a<br />
aplicação de sis temas fo rmais e claramente<br />
definidos e documentados na fo rma de procedimentos<br />
operacionais, verificações necessárias,<br />
especificações, estabelecimento de valores críticos<br />
para controle. Envolvendo também procedimentos<br />
de fi scalização e monitoramento da qualidade.<br />
Veri ficando-se sempre a eficácia do sistema em<br />
garantir a qualidade.<br />
Mestre em Tecnologia de Alimentos Programa de Pós-graduação em Te cnologia de Alimentos. UFPR -<br />
Curitiba PRo Email. jvictorbrum@hotmail.com<br />
2 Doutor em Engenharia de Alimentos - Programa de Pós-graduação em Tecnologia de Alimentos. UFPR -<br />
Curitiba - PRo Email: masson@ufpr.br<br />
digitalizado por<br />
arvoredoleite.org
2 - MATERIAIS E MÉTODOS<br />
Inicialmente estabeleceram-se todas as<br />
etapas da produção do leite UHT em um<br />
fl uxograma a partir de uma verificação in loco<br />
em uma indústria de laticínios do Paraná,<br />
observando-se desde a ordenha do leite até a<br />
expedição para o mercado consumidor.<br />
Basicamente foram seguidos três princípios do<br />
sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos<br />
de Controlei APPCC: I. Identificação dos<br />
perigos; 2. Estabelecimento de medidas preventivas<br />
para controle dos perigos e 3.<br />
Determinação dos pontos críticos de controle<br />
(PCCs), determinando-se também os limites<br />
críticos de controle requeridos. Embora o sistema<br />
APPCC seja composto por 7 princípios, neste<br />
estudo chegou-se até a aplicação dos 3 primeiros<br />
princípios .<br />
No entanto, sabe-se que existem determinados<br />
tipos de falhas no processamento UHT,<br />
que embora não apresentem riscos à saúde dos<br />
consumidores, podem resultar em alterações que<br />
afetam a qualidade do produto, ocasionando<br />
insatisfação por parte dos consumidores. Logo,<br />
fo ram definidos pontos do processamento<br />
identificados como pontos críticos para a<br />
qualidade (PCQs), caracterizados por serem<br />
críticos apenas para a qualidade.<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
A Figura apresenta as etapas do<br />
processamento UHT e os pontos críticos<br />
identificados para a qualidade e para a segurança<br />
alimentar.<br />
Os perigos potenciais biológicos (B), físicos<br />
(F), químicos (Q) e na qualidade (QA)<br />
identificados em cada etapa, fo ram:<br />
I. Produção do leite - B: Sraphylococcus<br />
aureus, M. bovis, B. abortus. B.<br />
meti/ef/sis. C. burnetii e Salmonela<br />
spp . que podem contaminar o leite in<br />
Il(/tura caso os animais sejam portadores<br />
de alguma enfermidade no<br />
úbere. Q: To xina estafilocócica<br />
(produzidas por cepas enteropatogênicas<br />
de StaplzylococcllS aureus);<br />
Resíduos de antibióticos, caso ocorra<br />
mistura do leite proveniente de vacas<br />
em tratamento com leite normal.<br />
Outros contaminantes químicos<br />
(aflatoxinas, pesticidas) poderão ser<br />
introduzidos caso os animais sejam<br />
alimentados com rações, feno ou<br />
silagem contaminados. QA: presença<br />
de microorganismos termodúricos<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
(Micrococcus sp; Streptococcus sp;<br />
Bacil/us subtilis e B. cereus) que por<br />
serem termo resistentes podem<br />
ocasionar alterações de origem<br />
lipolítica e proteolítica em leites antes<br />
ou após o tratamento térmico.<br />
2. Ordenha, 3. Resfriamento e 4.<br />
Transporte<br />
B: Staplzy/ocOCCllS aureus. M. bovis. B.<br />
abortus. B. lIIelitensis, C. burnetii e<br />
Salmollela spp. Provenientes do leite<br />
in natura contaminado. Q: Toxina<br />
estafilocócica (produzidas por cepas<br />
enteropatogênicas de Staplzylococcus<br />
allreus), resíduos de antibióticos, assim<br />
como outros contaminantes químicos<br />
(aflatoxinas, pesticidas) também<br />
carreados via leite in natura contaminado.<br />
Outros perigos químicos como<br />
resíduos de produtos ácidos ou alcalinos<br />
podem ser introduzidos devido à ação<br />
intencional ou acidental, caso ocorram<br />
falhas nos procedimentos de higienização.<br />
QA: para a Qualidade podem ser<br />
citados os microorganismos termodúricos<br />
que podem apresentar nesta etapa<br />
ou em etapas posteriores ao transporte,<br />
às alterações conforme item I. Outros<br />
perigos para a qualidade podem ser odores<br />
estranhos, assim como fragmentos de<br />
pelos, cabelos.<br />
5. Leite in natura - B: Staphy/ococCltS<br />
aurcus, M. bovis, B. abortus. B.<br />
me/irensis, C. burncrii e Salmonela<br />
spp que podem ter contaminado o leite<br />
durante a sua obtenção assim como nas<br />
etapas 2,3 e 4. Q: resíduos de produtos<br />
ácidos ou alcalinos podem ser<br />
introduzidos devido à ação intencional<br />
ou acidental, caso ocorram falhas nos<br />
procedimentos de higienização. O<br />
mesmo pode ser dito em relação aos<br />
perigos químicos e para a qualidade.<br />
6. Resfriamento - B: multiplicação de<br />
microorganismos patogênicos. QA:<br />
risco de multiplicação de microorganismos<br />
acidificantes e psicrotróficos<br />
principalmente se o resfriamento<br />
não for a temperaturas inferiores a 5"C.<br />
7. Estocagem do leite in natura B:<br />
multiplicação de microorganismos<br />
patogênicos. Q: Resíduos de produtos<br />
ácidos ou alcalinos podem ser introduzidos<br />
devido à ação intencional ou<br />
acidental, caso ocorram falhas nos<br />
procedimentos de higienização. QA: risco<br />
de multiplicação de microorganismos<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
acidificantes e psicrotrófi cos principalmente<br />
se o resfriamento não for a<br />
temperaturas inferiores a 5uC.<br />
8. Pasteurização - B: StaplzylococcltS<br />
aureus, M. bovis. B. C/bor/us. B.<br />
me/itensis. C. burnetii e Salmonela spp.<br />
Provenientes do leite in natura ou<br />
devido à contaminação cruzada envolvendo<br />
leite pasteurizado x leite in<br />
natura. Q: Toxina estafilocócica<br />
(produzidas por cepas enteropatogênicas<br />
de Staplzylococcus (/ureus), resíduos de<br />
antibióticos, assim como outros contaminantes<br />
químicos (aflatoxinas,<br />
pesticidas) carreados via leite in natura<br />
contaminado. Outros perigos químicos<br />
como resíduos de produtos ácidos ou<br />
alcalinos podem ser introduzidos devido<br />
à ação intencional ou acidental , caso<br />
ocorram falhas nos procedimentos de<br />
higienização do pasteurizador. É<br />
importante ressaltar que a pasteurização<br />
não é capaz de eliminar todos os perigos<br />
químicos (resíduos de antibióticos,<br />
pesticidas, aflatoxinas).QA: a pasteurização<br />
é um proced imento que se<br />
realizado de forma ineficiente reduz de<br />
fo rma insatisfatória a população de<br />
microorganismos acidificantes e psicrotróficos<br />
principalmente se o<br />
res fri amento não fo r a temperaturas<br />
inferiores a )0c.<br />
9. Estocagcl11 do leite pasteurizado - B:<br />
Stup!tY/OCOCClIS aurellS, M. bovis. B.<br />
a!Jor/lIs, B. II/e/irel/sis. C. bl/metii e<br />
Sa/II/ol/e/a spp. caso ocorra contaminação<br />
cruzada envolvendo leite<br />
pasteurizado e leite in I/atura. Q: estes<br />
perigos podem ser introduzidos devido<br />
às fa lhas nos procedimentos de<br />
higienização, ou carreados via leite in<br />
/l(/ / lI ra (resíduos de antibióticos,<br />
pesticidas, aflatoxinas). QA: Nesta<br />
etapa pode ocorrer a ação de enzimas<br />
termorresistentes, introduzidos por<br />
termodúricos (item I).<br />
10. Homogeneização e esterilização - Q:<br />
os principais perigos químicos são os<br />
resíduos de ácidos ou alcalinos que<br />
podem ocorrer e contaminar o leite<br />
durante a esterilização, devido às falhas<br />
no sistema de higienização. QA: para<br />
a qual idade, os perigos relevantes são<br />
microorganismos acidificantes, proteolíticos<br />
e lipolíticos que podem<br />
ocasionar alterações reológicas importalHes<br />
no produto fi nal (espessamento,<br />
digitalizado por<br />
aumento da viscosidade, gelificação).<br />
1 I. Esterilização das embalagens - B: Cepas<br />
enteropatogênicas de Staphylococc:us<br />
aureus e entcrob{/cteriaceae sp . Q e<br />
QA: os resíduos excessivos de peróxido<br />
de hidrogênio podem ser considerados<br />
perigo químico uma vez que podem<br />
provocar causar danos à saúde dos<br />
consumidores, enquanto que, sob o<br />
aspecto da qualidade, também pode ser<br />
considerado um fator negativo, devido<br />
à capacidade de alterar o sabor do leite<br />
UHT e interagir com componentes<br />
do leite.<br />
12. Envase asséptico B: Cepas<br />
enteropatogênicas de Staphy/ococcus<br />
ll ureus e enterob{/cteriaceae sp . Q:<br />
resíduos de produtos ácidos ou alcalinos<br />
devido às falhas no sistema de<br />
higienização. QA: fragmentos de fita<br />
de soldagem das embalagens podem<br />
fazer com que os consumidores<br />
engasguem quando consumirem o<br />
leite, também microorganismos<br />
acidificantes, proteolíticos e lipolíticos<br />
que podem ocasionar alterações<br />
reológicas importantes no produto<br />
fi nal (espessamento, aumento da<br />
viscosidade, gelificação).<br />
4 - CONCLUSÃO<br />
O sistema fo i eficiente para localizar os<br />
pontos críticos de controle. Foram identificados<br />
I I Pontos Críticos de Controlc (PCC) e 10<br />
Pontos Críticos para a Qualidade. A implementação<br />
da garantia da qualidade e segurança<br />
alimentar no processamento UHT, utilizandose<br />
de procedimentos que fo cam o controle de<br />
pontos críticos para a qualidade e para a<br />
segurança alimentar ao longo de todo o processo<br />
de produção, pode auxiliar de maneira<br />
significativa o trabalho das indústrias lácteas.<br />
SUMMARY<br />
This articJe reports the importance 01' the<br />
development 01' systems for quality and safety<br />
in the production of UHT milk. The study was<br />
developed in a industry 01' dairy products of<br />
Paraná state, and it had beginning with the<br />
construction of the f1 0wsheet 01' processing<br />
UHT to which Criticai Control Points points<br />
were added considered criticai fo r the quality<br />
(Criticai Control Points for the Quality PCQ)<br />
and for the food safety (Criticai Control Points<br />
01' Control - PCC).<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
GU RA '1 - DIAGRAMA DE FLUXO DE PRODUÇÃO DE LEITE UHT E IDENTIFICAÇÃO DOS<br />
FI<br />
PONTOS CRiTICOS E CONTROLE<br />
Legenda:<br />
B O Oa I<br />
PCC1<br />
pco<br />
P-rod uç5" de><br />
( , lalto<br />
__ I<br />
EstoCi:lgCtTl<br />
cxpcdlçõe><br />
B O O ..<br />
PCC:2<br />
Ordenha B O F Ou<br />
PCO<br />
- .<br />
R e.s"trllYI<br />
PCC:2<br />
enC><br />
- PCO<br />
B O F O""<br />
t:r"nsportc<br />
,<br />
, , I<br />
.' ', ' .<br />
Matéria prima<br />
C,'el1:e I In n.arura ) e o<br />
J<br />
'PC-C:2 t RCS1"rlü ent:o<br />
PCO<br />
I 13 Oa<br />
r<br />
P.CC:2<br />
PCO I L!iC:7 a :r"lra I B Q Cl;;\<br />
I p:.:::i::::=-,I<br />
PCC1 1 B CI<br />
pco<br />
,<br />
l-e st'õcag-e rn- . do<br />
PCC:2<br />
- - 'I<br />
leite<br />
B O 0 fÃql;içã-õ-d-s -i<br />
PCO<br />
past:eur'zê:ll do<br />
i bobinas de :<br />
: cn-.balagens :<br />
1 '---------r-------<br />
, ________ 1 T ________ ,<br />
O O.:. L __ :_::-- -j<br />
f---Est:e-rli'z-ã õ--dã-s--- l<br />
: eO"l balagens :<br />
; com Peróxido de :<br />
L ______ !".!.!"?__ _______ 1<br />
gg/ ,; O c,\,2: or O !Cp I.:::,tfrQfao cOI"\tl'olan con"\pletanel"\te un, pel-igo).<br />
Perigos ===> e : biológicos: O: qLlln,lcos.F: f'slcos. Q pClro qLlalldacte.<br />
NOTA: adaptado cJe Intt2Jl"national COI"nIGslol' for MicI'obiologlcal C,.ihTía fOi" Foods _ ICMS F ( 1 988).<br />
When settling down a system that can be<br />
used in the warranty of the quality of UHT milk,<br />
whose design was based on 3 principies of the<br />
system oI' Hazard Analysis and Criticai Control<br />
Point - HACCP was aimed to provi de the dairy<br />
industry tools fo r the control oI' the process,<br />
taking precautions the production oI' UHT milk<br />
with characteristics that could re present risk to<br />
the quality and the consumers ' health.<br />
Key-words: I-Iaccp, quality, food safety,<br />
security, uht.<br />
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MORTIMORE, S.; WALLACE, C. Haccp: A<br />
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• • <br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
AVALIAÇÃO FíSICO-QuíMICA E QUANTIFICAÇO DE LACTOBACILOS E<br />
BIFIDOBACTÉRIAS EM LEITES FERMENTADOS PROBIOTICOS COMERCIALIZADOS EM<br />
CASCAVEL-PR<br />
Physical-chemical evaluation and quantification of lactobacilli and bifidobacteria in<br />
probiotics fermented milks commercialized in Cascavel-PR<br />
RESUMO<br />
Oaiani Cristina Cilião ALVE81<br />
Luciana OLIVEIRA de Fariiia, 0.8.2<br />
Oeisy Alessandra ORUNKLER, M.8.2<br />
Luciane 8ENE, 0.8.2<br />
No mercado brasileiro existem vaflas marcas de leites fermentados, incluindo os leites<br />
fermentados de terceira geração, produzidos a partir de bactérias probióticas, as quais são<br />
capazes de promover vários benefícios à saúde, desde que viáves em , quantidades espe fi . cas.<br />
Este trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade dos leites fermentados problOtlcoS<br />
comercializados na cidade de Cascavel-PR durante seu período de validade, por meio da<br />
avaliação de sua composição, propriedades físico-químicas e contagem das bactérias<br />
probióticas, comparando os resultados com os padrões estabelecidos pela legislação. Um<br />
total de nove amostras foram coletadas em quatro supermercados da cidade de Cascavel<br />
PR, sendo que uma delas continha bifidobactérias e as outras oito amostras continham<br />
lactobacilos. As análises realizadas indicaram que alguns produtos avaliados estavam em<br />
desacordo com padrões estabelecidos na legislação (BRASIL,2000) e as contagens de<br />
bactérias probióticas indicaram, em alguns produtos, uma redução da viabilidade dos<br />
microrganismos no decorrer do período de validade, o que poderia resultar na diminuição<br />
de sua efetividade para promoção de efeitos benéficos ao organismo, devido provavelmente<br />
a falhas no processo de estocagem e conservação do produto.<br />
Palavras-chave: Avaliação físico-química. leites fermentados, probióticos.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
No mercado brasileiro existem várias marcas<br />
de leites fe rmentados, incluindo os leites<br />
fermentados de terceira geração, produzidos a<br />
partir de bactérias probióticas, as quais são capazes<br />
ele promover vários benefícios à saúde. Porém para<br />
assegurarem um efeito benéfico no organismo de<br />
acordo com GOMES e MALCATA ([2003?]),<br />
VINDEROLA e REINI-IEIMER (2000);<br />
LOURENS-I-IATTINGI-I e VILJOEN (200 I);<br />
KRISTO. BILIADERIS e TZANETAKIS (2003) e<br />
COSTA e BORÉM (2003) os produtos probióticos<br />
devem conter um mínimo de 106 UFC/mL.<br />
Pensando-se nesta problemática este trabalho teve<br />
como objetivo avaliar a qualidade dos leites<br />
fermentados probióticos comercializados na cidade<br />
de Cascavel-PR por meio de anúlise composicional.<br />
avaliação das propriedades físico-químicas e<br />
quantificação de bactérias probióticas observando<br />
se estes produtos respeitam os padrões estabelecidos<br />
pela legislação. durante o período de validade.<br />
2 - MATERIAIS E MÉTODOS<br />
Um total de nove amostras de leites<br />
fermentados probióticos de baixo extrato seco,<br />
de diferentes marcas foram adquiridas em quatro<br />
Universidade Estad ual do Oeste do Paraná UNIOESTE / Cascavel - Paraná.<br />
Farmacêutica. acadêmica do Curso na habilitação em Análises Clínicas.<br />
2 Professora - Colegiado de Farmácia - Centro de Ciências Médicas e Farmacêuticas. lucianaf@unioeste.br .<br />
digitalizado por<br />
arvoredoleite.org
supermercados da cidade de Cascavel-PR. Oito<br />
amostras declaravam em seus rótulos, a<br />
presença de lactobacilos como agente probiótico<br />
e uma delas declarava a presença de bifidobactérias<br />
. As amostras fo ram colocadas em<br />
isopor contendo gelo, e encaminhadas ao<br />
Laboratório de Bromatologia da Universidade<br />
Estadual do Oeste do Paraná/Campus Cascavel,<br />
onde foram armazenados em refrigerador até o<br />
momento das análises.<br />
As análises composicionais e determinações<br />
das propriedades físico-químicas foram realizadas<br />
conforme metodologias descritas em PEREIRA,<br />
(200 I), sendo determinados os seguintes<br />
parâmetros: acidez pelo método ponderai, pH,<br />
proteínas totais por micro-Kjeldahl e determinação<br />
de açúcares totais por Fehling de acordo<br />
com NORMAS ... (1985). Os resultados obtidos<br />
fo ram comparados com os padrões para leites<br />
fe rmentados de acordo com BRASIL (2000) e<br />
com dados médios composicionais da literatura<br />
para este tipo de produto.<br />
As contagens microbiológicas foram<br />
realizadas em duplicata após decorridos 2/3 da<br />
validade (Tempo I) e no final desta (Tempo 2).<br />
Foi utilizado o método de plaqueamento "poorplate"<br />
com dupla camada para as diluições I O·fi e<br />
10-7 e as placas foram incubadas a 37 °C (± 2°C)<br />
em anaerobiose por 72 horas, utilizando os meios<br />
de cultura MRS, para amostras contendo<br />
lactobacilos (MAN, ROGOSA e SHARP, 1960) e<br />
MRS-LP para a amostra contendo bifidobactérias<br />
(VINDEROLA e REINHEIMER, 1999).<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
3.1 - Análise com posicional e propriedades<br />
físico-químicas<br />
Naquelas amostras que declaravam presença<br />
de gordura (2), comparando os valores obtidos<br />
nas análises com aqueles citados nos respectivos<br />
rótulos, observou-se que os produtos apresentavam<br />
teor de gordura inferior ao declarado.<br />
Segundo BRASIL, (2000) de acordo com a matéria<br />
gorda, os leites fermentados se classificam em<br />
desnatados quando apresentam no máximo 0,5 %<br />
(mim) de matéria gorda, parcial mente desnatado<br />
quando apresenta no máximo 2,9% (mim) e<br />
integrais quando apresentam no mínimo 3% (ml<br />
m) de matéria gorda. Os teores de proteínas<br />
encontrados mostraram que 22% das amostras<br />
analisadas apresentaram valores inferiores ao<br />
mínimo de 2,9% (mim) preconizado pela<br />
legislação (BRASIL, 2000).<br />
Observou-se que os valores encontrados<br />
para o teor de carboidratos totais foram<br />
346<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
inferiores ao m1l11mO de 16%, citado em<br />
literatura para produtos caracterizados como de<br />
baixo extrato seco (LEITES ... , 200 I ). A baixa<br />
porcentagem de açúcar (7,02% ±0,30)<br />
encontrada em um dos produtos avaliados é<br />
justificada por ser este considerado light. A<br />
concentração de açúcar pode interferir na<br />
viabilidade das bactérias devido ao desequilíbrio<br />
da pressão osmótica do produto (BARRETO et<br />
aI., 2003 ; LOURENS-HATTINGH e VILJOEN,<br />
2001; GOMES e MALCATA, [2003?]), pois se<br />
for adicionada concentração de açúcar muito<br />
alta, pode ocorrer um aumento da pressão<br />
osmótica do produto, afetando a integridade das<br />
bactérias probióticas.<br />
Na determinação de pH foi observado que<br />
75% dos produtos (6) apresentaram val ores<br />
inferiores e 12,5% apresentaram valores<br />
superiores à faixa de pH entre 3,80 a 4,00<br />
normalmente observada para produtos de baixo<br />
extrato seco segundo LEITES ... (200 I). As<br />
bifidobactérias não são tão ácido tolerantes<br />
quanto os Lactobllcillls acidophilllls<br />
(COSTELLO, 1993 lIplld SHAH et aI., 1995).<br />
Talvez por isso o produto que continha<br />
bifidobactérias apresentou um pH mais elevado<br />
(4,13) que os outros produtos que continham<br />
lactobacilos. Os teores de ácido lático observados<br />
estavam de acordo com a faixa estabelecida em<br />
GMC (1997) e BRAS IL (2000).<br />
3.2 - Contagem de microrganismos probióticos<br />
De acordo com GMC (19
n. 61, Janeiro/Fevereiro de 2001.<br />
LOURENS-HATTINGH, A. e VILJOEN, B. C.<br />
Yogurt as probiotic carrier. International<br />
Dairy Journal. n. li, p. 1-17, 2001.<br />
MAN, I. D., ROGOS A, M.A., SHARPE, M. E. A<br />
medium for the cultivation of Lactobacilli. J.<br />
AppI. Bact., 23, p. 130-1 35, 1960.<br />
NORMAS Analíticas do Instituto Adolfo Lutz.<br />
Métodos químicos e físicos para análise de<br />
alimentos. v. I, 3° edição, São Paulo 1985.<br />
PEREIRA, D. B. C., SILVA, P. H. F., JUNIOR,<br />
L. C. G. c. e OLIVEIRA L. L. Físico-química do<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
• • • •<br />
leite e derivados - Métodos analíticos. 2° edição<br />
, Juiz de Fora, Minas Gerais, 2001.<br />
SHAH, N.P.; LACKAPUTHRA, W. E. v. ; BRITZ,<br />
M.L. e KYLE, W. S. A. Survival of Lactobacilllus<br />
acidophillls and B.bU"idlllll in commercial yogurt<br />
during refrigerated storage. International<br />
Dairy Journal, n. 5, p. 515-52 1, 1995.<br />
VINDEROLA, C.G. e RElNHEIMER, J.A.<br />
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and L.acídophilus in the presence of yogurt<br />
bacteria. International Dairy Journal. n. 9,<br />
p. 497-505, 1999.<br />
• • • •<br />
ELABORAÇÃO DE IOGURTE DE LEITE DE CABRA PREBIÓTICO - PARTE 2: AVALIAÇÃO<br />
DA COMPOSiÇÃO CENTESIMAL E DAS PROPRIEDADES FíSICO-QuíMICAS<br />
Elaboration of prebiotic goat's milk yogurt - part 2: evaluation of centesimal<br />
composition and physical-chemical properties<br />
RESUMO<br />
É rika S. Konopatzkil<br />
Luciana Oliveira de Fariíia2<br />
Luciane Sene2<br />
Georges Kaskantzis Neto3<br />
Deisy A. Drunkler2. 3<br />
Os pesquisadores e a indústria de alimentos têm se preocupado cada vez mais com o<br />
desenvolvimento de produtos que apresentem componentes ou substâncias funcionais,<br />
dentre os quais, destacam-se os prebióticos inulina e oligofrutose. O leite de cabra, além de<br />
possuir alta digestibilidade é considerado um ótimo substituto do leite de vaca devido às<br />
suas características hipoalergênicas. O objetivo deste trabalho foi verificar a viabilidade da<br />
elaboração de iogurte de leite de cabra prebiótico, sabor morango, sob o ponto de vista da<br />
composição centesimal e das propriedades físico-químicas . Neste trabalho foram elaboradas<br />
quatro formulações (tratamentos I, 2, 3 e 4), com concentrações de inulina e oligofrutose<br />
nas seguintes proporções: 0,0:0,0%; 5,0:0,0%; 0,0:5,0% e 2,5:2,5% (m/v),<br />
respectivamente. O leite de cabra utilizado e os produtos formulados foram analisados em<br />
laboratório para se determinar a composição centesimal e as principais propriedades físico-<br />
Aluna de Farmácia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus de Cascavel; erikajarma@ig.com.br.<br />
2 Professora Assistente, UNIOESTE, Rua Universitária, 2069, Bairro Universitário. CEP 85814-110, Cascavel,<br />
PR; lucianaf@unioeste.br. lsene@ unioeste.br, dadrunkler@unioeste.br.<br />
3 Professor Doutor do Programa de Pós Graduação em Tecnologia de Alimentos, Setor de Tecnologia. Universidade<br />
Federal do Paraná, Curitiba, PR, kaska@ufpr.br.<br />
Pág. 348<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
químicas. A partir dos resultados obtidos foi possível constatar que a elaboração de iogurte<br />
de leite de cabra prebiótico é viável sob o ponto de vista nutricional e legal.<br />
Palavras-chave: leite de cabra, iogurte, inulina, oligofrutose, análises físico-químicas.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
O valor nutritivo do leite é bastante<br />
conhecido e sua importância na alimentação da<br />
criança é destacada. Porém, a alergia à proteína<br />
do leite de vaca tem sido diagnosticada<br />
principalmente na população menor de três anos<br />
de idade, e é a mais comum dentre as alergias<br />
alimentares (Sampson, 2004). O leite de cabra é<br />
considerado um ótimo substituto para as pessoas<br />
alergia ao leite de vaca, por isso. vem aumentando<br />
a sua aceitabilidade e procura (Luiz et aI., 1999).<br />
A partir do leite de cabra é possível elaborar<br />
iogurte, que pode ser definido como um produto<br />
da ação de duas bactérias homofermentativas,<br />
Streptococcus tlzermophillls e Lactobacillus<br />
blllgariclls. que fe rmentam o açúcar do leite,<br />
transformando-o em ácido lático e outros<br />
subprodutos, responsáveis pelo flavor do produto<br />
fi nal (Brabandere e Baerdemaeker, 1999).<br />
Os prebióticos são compostos que afetam<br />
de forma benéfica o hospedeiro, estimulando o<br />
crescimento e/ou atividade de espécies bacterianas<br />
do cólon, promovendo a saúde do organismo.<br />
Dentre os oligossacarídeos que se destacam por<br />
apresentarem efeito prebiótico tem-se a inulina<br />
e a oligofrutose (Nitschke e Umbelino, 2002).<br />
Posto acima, o objetivo deste trabalho foi<br />
elaborar iogurte de leite de cabra adicionado dos<br />
prebióticos inulina c oligofrutose e avaliar a sua<br />
composição centesimal e propriedades físicoquímicas<br />
do produto.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
Os iogurtes foram desenvolvidos seguindose<br />
o fl uxograma básico descrito no Boletim<br />
Informativo do ITAL (1993), com algumas<br />
adaptações. Foram preparados quatro iogurtes,<br />
codificados, conforme a concentração de inulina<br />
e oligofrutose, como tratamentos I, 2, 3 e 4<br />
[0.0:0,0%; 5,0:0,0%; 0,0:5,0% e 2,5:2,5% (m/<br />
v), respectivamente].<br />
As amostras de leite de cabra e os produtos<br />
preparados foram submetidos às análises de lipídios<br />
(método butirométrico); proteínas (Formol para<br />
o leite de cabra e Micro-Kjeldahl para os<br />
tratamentos); carboidratos (por diferença);<br />
extrato seco total e umidade (gravimetria); cinzas;<br />
pH, com emprego de pHmetro, modelo DL-PHT<br />
(DEL LAB) e acidez titulável, expressa em graus<br />
Dornic (°0). O leite de cabra ainda foi submetido<br />
às análises de extrato seco desengordurado e<br />
densidade a 15°C (Brasil, 2003) e os tratamentos<br />
à análise de viscosidade de acordo com Pereira el<br />
aI. (200 1). Os valores de pH e a acidez titulável<br />
dos tratamentos foram analisados semanalmente,<br />
durante cinco semanas, seguindo-se metodologia<br />
descrita em Brasil (2003).<br />
Para cada análise fo ram realizadas três<br />
repetições, em duplicata. O delineamento<br />
experimental foi o inteiramente casualisado e<br />
os dados obtidos foram submetidos à Análise de<br />
Variância. Nos casos onde se observou uma<br />
diferença significativa, ao nível de 5% de<br />
probabilidade entre os tratamentos, foi realizado<br />
o Teste de Tukey stl/delltized (p
em relatos de Losada e Olleros (2002) e Tuohy et<br />
al (2003), para proporcionar um efeito prebiótico<br />
aos consumidores, sem ocasionar efeitos de<br />
intolerância, urna vez que, doses na faixa de 4 a<br />
20g/dia de fibras prebióticas têm demonstrado<br />
eficácia nos efeitos prebióticos. No entanto, doses<br />
maiores que 20 gldia podem induzir a alguns<br />
efeitos indesejáveis, corno flatulência e desconforto<br />
abdominal. Provavelmente, as fibras inulina<br />
e oligofrutose permaneceram estáveis durante a<br />
elaboração e o armazenamento dos iogurtes.<br />
Segundo o fabricante estes ingredientes funcionais<br />
se mantêm estáveis a altas temperaturas e sob<br />
temperaturas de refrigeração e conservam-se a<br />
baixos valores de pH (Orafti, 2000).<br />
Os resultados das análises dos quatro<br />
tratamentos são mostrados na Tabela 5. Os<br />
resultados indicam que não foram verificadas<br />
diferenças significativas entre os tratamentos<br />
estudados para as análises de gordura, proteínas,<br />
cinzas, pH e acidez. Segundo Andrade et ai. (200 I)<br />
ao avaliar a qualidade físico-química de uma marca<br />
de iogurte de leite de cabra produzido em condições<br />
artesanais em Belo Horizonte (MG), encontraram<br />
valores médios menores de pH (3,96 ± 0,37),<br />
maiores de acidez titulável (98,17 °D ± 10,66) e,<br />
resultados médios de gordura próximos aos<br />
encontrados pelos autores (2,78% ± 0,35). Para os<br />
carboidratos fo ram observadas diferenças<br />
significativas entre os tratamentos I e 3 e, entre os<br />
tratamentos I e 4. Os maiores teores de carboidratos<br />
nos tratamentos 2, 3 e 4 eram esperados, devido a<br />
forma de determinação de carboidratos (cálculo por<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
diferença) e por ter sido adicionado oligossacarídeos.<br />
Em relação ao EST, foi verificada diferença<br />
significativa entre os tratamentos I e 3, o que<br />
poderia justificar as diferenças ocorridas em relação<br />
à umidade entre os mesmos.<br />
A maior viscosidade encontrada foi a do<br />
tratamento 2, que diferiu significativamente dos<br />
demais, provavelmente devido à presença de<br />
inulina, que forma um gel em contato com água<br />
ou leite, aumentando o corpo dos produtos<br />
(Roberfroid e Slavin, 2000). Apesar do aumento<br />
do EST, em geral, aumentar a viscosidade<br />
(Martín-Diana et aI., 2003), os demais<br />
tratamentos não deferiram entre si (p>0,05).<br />
Em relação à variação do pH e da acidez<br />
dos tratamentos, durante o tempo de armazenamento<br />
para todos os tratamentos, observouse<br />
que o pH diminuiu e a acidez titulável aumentou<br />
com o decorrer do tempo de estocagem. Este<br />
comportamento fo i similar ao relatado na<br />
literatura, indicando que houve a continuidade<br />
da atividade metabólica dos microrganismos,<br />
embora em velocidade mais baixa, devido à baixa<br />
temperatura de estocagem (Silva el a/., 1993).<br />
4 - CONCLUSÕ ES<br />
Neste trabalho foi possível constatar que a<br />
elaboração de iogurte com leite de cabra<br />
prcbiótico, sabor morango, foi viável sob o ponto<br />
de vista nutricional e legal conforme indicam os<br />
resultados obtidos.<br />
Tabela 5 - Avaliação da composição centesimal e das propriedades físico-químicas do iogurte de leite<br />
de cabra prebiótico.*<br />
Análises<br />
Proteínas (% mim)<br />
Carboidratos (% m/v)<br />
EST (% mim)<br />
Umidade (% mim)<br />
Cinzas (% mim)<br />
pH<br />
Acidez (OD)<br />
Viscosidade (cP)<br />
3,34 ± 0,28 "<br />
12,78 ± 0,97 " (I)<br />
20,33 ± 1,19 "<br />
79,67 ± 1,19"<br />
0,796 ± 0,06 "<br />
4,59 ± 0,03"<br />
74,57 ± 6,27"<br />
90,00 ± 10"<br />
3,26 ± 0,67 "<br />
15,95 ± 3,73 " C<br />
20,88 ± 4,2 1 " C<br />
77, 12 ± 4,2 1 "C<br />
0,756 ± 0,03 "<br />
4,55 ± 0,08.1<br />
72,97 ± 5,40"<br />
230,00 ± 26,46 h<br />
2,92 ± 0,49 "<br />
3,08 ±0,48 "<br />
17,66 ± 0,53 hc<br />
24,39 ± I, 14 hc<br />
75,6 I ± I, I 4 hc<br />
0,736 ± 0,03 "<br />
3,17 ± 0,26 "<br />
3,07 ± 0,56 "<br />
16,96 ± 1,00 hc<br />
23,94 ± 0,33 de<br />
76,06± 0,33 "C<br />
0,747 ± 0,0 I "<br />
4,61 ± 0,07" 4,62 ± 0,06"<br />
74,98 ± 8,57" 77,45 ± 9, 11"<br />
88,33 ± 10,41 " 143,33 ± 40,4 1 a<br />
* Média de três repetições, em duplicata. ** Tratamentos: 1 (sem inulina e oligofrutose); 2 (5.0% m/v de inulina); 3 (5.0%<br />
m/v de oligofrutose); 4 (2,5: 2,5% m/v, inulina: oligofrutose). (i) Para cada variável, médias seguidas por letras iguais nas<br />
linhas indicam não haver diferença significativa entre os tratamentos ao nível de 5% de probabilidade, de acordo com o<br />
Teste de Tukey .I'fl/dellfized (HSD).<br />
SUMMARY<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Food researchers and food industries have<br />
an increasing interest on the deveIopment of<br />
new products which functional components or<br />
substances, and among these, stand out the<br />
prebiotics inulin and oligofructose. Goat's milk<br />
has higher digestibility and lower aIlergenic<br />
properties than cow's milk. The aim of this work<br />
was to evaluate the viability to elaborate<br />
prebiotic goat's milk yogurt, strawberry f1avor,<br />
in the spite of centesimal composition and<br />
physical-chemical properties. Four yogurts<br />
(treatments I, 2, 3 and 4), were elaborated with<br />
different inulin and oligofructose concentrations<br />
[0,0:0,0%; 5,0:0,0%; 0,0:5,0% and 2,5:2,5% (wl<br />
v), respectively]. Goat milk and yogurts were<br />
submitted to evaluation of centesimal<br />
composition and physical-chemical propcrties.<br />
Through the obtained l'esults of the centesimal<br />
composition and physical chemical pl'operties,<br />
was possible to elaborate pl'ebiotic goat's milk<br />
yogurt, strawberl'Y f1avol'.<br />
Key-words: yogul't, goat's milk, inulin,<br />
oligofl'uctose, physical-chemical analysis.<br />
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Frutooligossacarídeos: novos ingredientes<br />
funcionais. Boletim SBCTA, Campinas, v. l, n.<br />
36, p. 27-34, jan/jun. 2002.<br />
ORAFTI ACTIVE FOOD INGREDIENTS.<br />
Technical properties of RAFTILINE and<br />
RAFTlLOSE, 2000.<br />
PEREIRA, D. B. c.; et aI. Físico-química do<br />
leite e derivados. Métodos analíticos. 2. ed.<br />
Juiz de Fora (MG): EPAMIG. 2001.<br />
ROBERFROID, M.; SLAVIN, J. Nondigestible<br />
oligosaccharides. Criticai Rcviews in Food<br />
Science and Nutrition. [S.I.], v. 40, n. 6, p.<br />
461 -480, 2000.<br />
SAMPSON, H. A. Update on food allergy.<br />
Current reviews of allergy and clinicai<br />
immunology, v. 113, p. 805-8 19, 2004.<br />
TUOHY, K.M.; et aI. Using probiotics and<br />
prebiotics to improve gut health. Drug Discovery<br />
Today, [S.I.], v. 8, n. 15, p. 692-700, 2003.<br />
• • • •<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
IMPLANTAÇÃO DAS BOAS PRÁTICAS AGROPECUÁRIAS (BPA) EM QUEIJARIAS<br />
ARTESANAIS NA COMUNIDADE DOS CATULÉS, MUNiCíPIO DE SERRA DO SALlTRE-MGl<br />
Practices Good Combined Agricultural program (GAP) implantation in artisanal dairies<br />
in the community of Catulés, Serra do Salitre-MG municipal districtl<br />
RESUMO<br />
Carlos Henrique Fonseca2<br />
Accácia Júlia Guimarães Pereira3<br />
o queijo Mil/as artesanal (QMA) é produzido há quase trezentos anos na recrião da Serra do<br />
Salitre-MG. O objetivo desse trabalho foi verificar a viabilidade em se implan7ar um programa<br />
de Boas Práticas Agropecuárias (BPA) voltado à agroindústria artesanal de queijo Minas e<br />
embasado na legislação estadual. Foram selecionadas sete queijarias classificadas conforme<br />
a capacidade de produção, em: pequenas, médias e grandes. Como resultado, as queijarias A<br />
(88,) .<br />
. e E (90,4) alcançaram os melhores resultados na pontuação ponderada e fo ram<br />
classIfIcadas como MUITO BOM. As demais queijarias obtiveram pontuações entre 52,9 a<br />
6 e foram classificadas como REGULARES . Considerando o grau de risco para a segurança<br />
alImentar, na análise preliminar, as queijarias A e E foram enquadradas na classe I, como<br />
de MENOR RISCO e as demais, na classe 2 como de ALTO RISCO. No decorrer da pesquisa<br />
.<br />
observou-se llelhofla na condição higiênico-sanitária das queijarias, principalmente quando<br />
e stas :onseglllam se adequar às exigências legais através dos requisitos de BPA, reduzindo o<br />
.<br />
riSCO a segurança alimentar.<br />
Pal . vras chav . e: Boas práticas agropecuárias; queij o artesanal; queijo Minas tipo Araxá;<br />
queIJo Mll1as tIpO Serra do Salitre; queijo Minas tipo Alto Paranaíba.<br />
1 - INTRODUÇÃ O<br />
Serra do Salitre, mUl1lClplO pertencente à<br />
região do Alto Paranaíba-MG, produz 149<br />
toneladas mensais de queijo Minas artesanal em<br />
suas 260 queijarias (ENCONTRO ... , 2000). Não<br />
existem dados na literatura sobre qualidade<br />
microbiológica do queijo da Serra do Salitre.<br />
Presume-se que os problemas sejam análogos<br />
àqueles pesquisados nas regiões do Serro<br />
(ALEXANDRE, 2001; MACHADO, 2002) e da<br />
Canastra (REIS, 1998). A legislação exige que o<br />
queijo Mil/os seja produzido com leite de vaca<br />
integral fresco, retirado e beneficiado na<br />
propriedade de origem. O leite e queijo<br />
cOItamina . dos podem veicular zoonoses q le<br />
sertam eVItadas mediante controle sanitário<br />
Parte da ? issertação de Mestrado em Ciência de Alimentos apresentada à UFMG.<br />
2 EngenheIro de Alimentos bolsista CAPES.<br />
3 Professor Adjunto FAFAR/UFM G.<br />
Apoio: CA PES.<br />
animal, garantindo a saúde animal e a segurança<br />
do consumidor (ALMEIDA et aI. (2003c). Os<br />
manipuladores de alimentos constituem um grupo<br />
de relevância epidemiológica na transmissão de<br />
parasitos intestinais (LOURENÇO et aI., 2002).<br />
A abordagem "boas práticas agropecuárias -<br />
BPA" é proposta neste estudo em substituição a<br />
terminologia "boas práticas de fabricação -<br />
BPF", utilizada pela maioria dos pesquisadores e<br />
legislação sanitária. O objetivo deste trabalho<br />
fo i lançar as bases para a implantação do<br />
Programa de BPA para queijo Minas, preservando<br />
a identidade artesanal e agregando valores como<br />
segurança alimentar e qualidade higiênicosanitária.<br />
3 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
O experimento fo i realizado em sete<br />
queijarias artesanais agrupadas pela capacidade<br />
de produção (CP), em: pequenas, médias e<br />
grandes. As questões da lista de verificação das<br />
BPA foram organizadas em oito blocos: controle<br />
da sanidade do rebanho (CSR), controle do<br />
abastecimento e potabilidade da água (APA),<br />
construção das instalações dos animais (C IA),<br />
localização e construção da queijaria (LCQ),<br />
instalações, equipamentos e utensíl ios da<br />
queijaria (lEQ), controle, garantia da qualidade<br />
e segurança do leite (CQL), controle do processo<br />
do queijo Minas artesanal (CPQ) e condição<br />
higiênico-sanitária da queij aria (CHQ). As<br />
queijarias foram classificadas quanto ao risco para<br />
a segurança alimentar (BRASIL, 1999a), em:<br />
baixo (grupo I), médio (2) e alto risco (3). Os<br />
grupos I e 2 deveriam atender integralmente<br />
aos itens CSR e APA e 76 a 100% dos demais<br />
itens (grupo I) e 51 a 75% (grupo 2). As queijarias<br />
do grupo 3 deixariam de atender a um ou mais<br />
itens CSR e APA. A pontuação não ponderada, o<br />
peso (W) dos blocos e a pontuação ponderada<br />
(PPB) de cada bloco foram calculados conforme<br />
PINTO (200 I) e as queijarias classificadas como<br />
excelente (96 a 100): muito bom (89 a 95); bom<br />
(76 a 88); regular (4 1 a 75) e ruim (menor que<br />
41). O controle sanitário do rebanho fo i<br />
acompanhado e realizados testes diagnósticos de<br />
Figura 1<br />
Controle do processo do queijo ninas artesanal 1======:=1<br />
Instalações, equiparrentos e utensiios da ======::J<br />
queijaria<br />
J..<br />
Construção das instalações dos anirmis I=====::::J<br />
mamite, tuberculose e brucelose por veterinário<br />
credenciado no Instituto Mineiro de<br />
Agropecuária - IMA local. A água da queijaria A<br />
foi analisada em laboratório oficial. Dezessete<br />
amostras de queijo Minas com dois dias de<br />
fabricação foram analisadas conforme exigência<br />
para credenciamento das queij arias no l MA<br />
(MINAS GERAIS, 2002a; BRASIL, 2003c).<br />
4 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
A Figura 1 compara os valores dos pesos<br />
entre os blocos, mostrando que os blocos CSR e<br />
APA obtiveram o maior peso por apresentarem<br />
todos os itens imprescindíveis. Os blocos CQL<br />
e LCQ obti veram ponderaç ão intermediária<br />
quanto à segurança alimentar e qualidade esperada<br />
do produto. A estratificação da pontuação das<br />
queijarias é mostrada na Figura 2.<br />
A pontuação ponderada das quelJanas A<br />
(88,6) e E (90,4) as classifica como MUITO BOM<br />
e da queijaria G (65%), como REGULAR. O<br />
diferencial entre as queijarias A e G é o foco do<br />
produtor da queijaria A no controle de zoonoses,<br />
manejo do rebanho e potabilidade da água de<br />
abastecimento. Os resultados obtidos evidenciam<br />
que o peso dado à qualidade final do queijo é função<br />
direta e obrigatória da obtenção e manutenção da<br />
qualidade do leite, principalmente nos quesitos<br />
dos blocos CSR, APA, CIA e manejo do gado.<br />
Controle da sanidade do rebanho t============:=J<br />
Peso dos blocos (W)<br />
Contribuição de diferentes itens no cálculo do peso dos blocos.<br />
63,2 62,7<br />
C D E<br />
Queij arias artesanais<br />
Figura 2 - Pontuação ponderada das queijarias quanto aos requisitos de BPA<br />
digitalizado por<br />
G<br />
arvoredoleite.org
Quanto ao grau de risco para a segurança<br />
alimentar as queijarias A e E atenderam<br />
integralmente aos quesitos dos blocos CSR e APA<br />
e obtiveram 82% (A) e 85% (E) de atendimento<br />
aos itens dos demais blocos, sendo enquadradas<br />
na classe BAIXO RISCO para a segurança<br />
alimentar. As demais queijarias, por não<br />
atenderem integralmente os blocos CSR e APA,<br />
fo ram classificadas como ALTO RISCO para a<br />
segurança alimentar. A queijaria A foi credenciada<br />
na delegacia regional do IMA. seccional<br />
Patrocínio-MG em 20 de abril de 2004,<br />
atendendo ao disposto na Lei nl1 14 185 (MINAS<br />
GERAIS, 2002a). O produtor Vanderlino dos Reis<br />
Moreira foi o primeiro produtor de queijo Minas<br />
artesanal a receber o certificado (nU QA667/293-<br />
A) comprobatório da procedência e qualidade da<br />
queijaria da Fazenda "Chicão", deixando para<br />
trás o statlls quo da clandestinidade do queij o<br />
minas artesanal que persistia há mais de dois<br />
séculos (Figura 3a,b,c).<br />
(a) Certificado do IMA<br />
(b) Entrega do certificado pelos presidentes do<br />
IMA e da EMATER-MG.<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />
(c) Produtor Vanderlino Reis Silva e esposa<br />
ladeados pelos engenheiros Carlos H. Fonseca<br />
e Wi Ison J. Rosa.<br />
Figura 3 - Certificação do primeiro produtor<br />
5 - CONCLUSÕ ES<br />
cadastrado no Programa de Produção<br />
do queijo Mil/as artesanal na<br />
comunidade dos Catulés, Serra do<br />
Salitre-MG<br />
I. Todas as queijarias pesquisadas fabricavam<br />
o queijo Mil/(/,\' artesanal segundo<br />
as tradições históricas e culturais<br />
regionais.<br />
2. As qucij arias artcsanais grandes (A e E)<br />
alcançaram mclhorcs rcsultados c foram<br />
classificadas como MUITO BOM,<br />
correspondcndo a uma pontuação<br />
ponderada de 88.6 e 90,4% . As demais<br />
qlleijarias foram classificadas como<br />
REGULARES (52,9 a 65%),<br />
3. Considerando o grau de risco para a<br />
segurança alimentar, na análise preliminar,<br />
as queij arias A c E fo ram<br />
cnquadradas na classe I, como de<br />
MENOR RISCO e as demais, na classe 3<br />
como de ALTO RISCO.<br />
4. As instalações físicas para os animais,<br />
como curral de espera e sala de ordenha,<br />
bem como o padrão de construção das<br />
novas queijari as atendem de forma<br />
complcta às exigências higiênicosanitárias<br />
para o credenciamento destes<br />
produtores artesanais junto ao IMA.<br />
SUMMARY<br />
The handcrafted cheese Minas (QMA) is<br />
produced there is almost three hundred years in<br />
Serra do Salitre-MG region. The goal of this work<br />
was going to verify the viability in if it implants<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
a Practices Good Combined Agricultural program<br />
(GAP) returned to agribllsiness of cheese Minas<br />
and based in the state legislation. They were<br />
going selected seven artisanal dairies classified<br />
as the production capacity, in: small, averages<br />
and big. Like result, artisanal dairies A (88,6)<br />
and E (90,4) they reached the best results in the<br />
pondered punctuation and were going classified<br />
Jike VERY GOOD. Te other artisanal dairies<br />
obtained punctuations between 52,9 to 65 and<br />
were going c1assified like MORE OR LESS.<br />
Considering the risk degree for the alimentary<br />
safety, in the preliminary analysis, artisanal<br />
dairies. A and E were going framed in the class I,<br />
like of SMALLER RISK and the other, in the<br />
class 2 like of HIGH RISK. During the research<br />
it observed improvement in artisanal dairies<br />
hygienic-sanitary condition, mostly when this<br />
ones got if it adapts to the legal exigencies<br />
through GAP's requisites, redllcing the risk to<br />
the alimentary safety.<br />
Key-words: Practices Good Combined<br />
Agricultural program (GAP); artisanal cheese;<br />
cheese Minas kind Araxú; cheese Minas kind Serra<br />
do Salitre.<br />
AGRADECIMENTOS<br />
EMATER-MG; FA MEV/UFU Escola de<br />
Medicina Veterinúria da Universidade Federal de<br />
Uberlândia; Faculdade de Farmúcia da<br />
Universidadc Federal de Minas Gerais (FAFAR);<br />
CAPES .<br />
BIBLIOGRAFIA<br />
ALEXANDRE, D.P. Atividade antimicrobiana<br />
de bactérias lúcticas isoladas de queijo Minas<br />
artesal/al do Serro (MG), .Ii·ente a 111 icrorgan iSIllO,l'<br />
indicado res. 200 I. 47 f. Dissertação (Mestrado<br />
em Tecnologia e Inspeção de Produtos de Origem<br />
Animal) - Escola de Veterinúria, Universidade<br />
Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 200 I.<br />
ALMEIDA, E.F.L. CO/ltrole sallitário animal /la<br />
produçüo de qudio Mil/ as artesanal. In:<br />
REUNIÃO ' SOBR ' E O QUEIJO MINAS<br />
• • • •<br />
digitalizado por<br />
ARTESANAL. Bambuí, EMATER-MG. fev. 2003.<br />
BRASIL. Ministério da Agricultura e do<br />
Abastecimento. Portaria nU 56 de 7 de dezembro<br />
de 1999a. Regulamentos técnicos para<br />
produção, identidade e qualidade de leite tipo<br />
A, B e C; leite cru resfriado; leite pasteurizado;<br />
leite de cabra e coleta de leite cru resfriado e<br />
seu transporte a granel. Diário Oficial, Brasília,<br />
I, n° 234, 8 dez. 1999.<br />
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuúria e<br />
Abastecimento. Instrução Normativa nU 62, de<br />
26 de agosto de 2003c. Aprova os Métodos<br />
Analíticos Oficiais para Análise Microbiológica<br />
para Controle de Produtos de Origem Animal e<br />
Água. Diário Oficial, Brasília, 26 ago. 2003.<br />
ENCONTRO técnico sobre queij o artesanal.<br />
Belo Horizonte: Organização das Cooperativas<br />
do Estado de Minas Gerais, 2000. 42p.<br />
LOURENÇO, A.E.P. et aI Enteroparasitores em<br />
manipuladores de alimel/ tos de hospitais da<br />
cidade de Niterói-Ri, Brasil. Higiene Alimentar,<br />
v. 16, n. 77, p. 16-21, 2002.<br />
MACHADO, E.C. Características físicoquímicas<br />
e sensoriais do queijo Minas Artesanal<br />
produzido /la Regiiio do Serro, Minas Gerais.<br />
2002. 49f. Dissertação (Mestrado em Tecnologia<br />
e Inspeção de Produtos de Origem Animal) -<br />
Escola de Veterinúria, Universidade Federal de<br />
Minas Gerais, Belo Horizonte, 2002.<br />
MINAS GERAIS. Assembléia Legislativa do<br />
Estado de Minas Gerais. Lei nU 14 185 de 31 de<br />
janeiro de 2002a. Processo de produção do<br />
queijo Mil/as artesa/lal. Diário do Executivo,<br />
Belo Horizonte, I fev. 2002.<br />
PINTO, R.G. Avaliação das boas práticas de<br />
IabriclI çüo e da qualidade JIlicrobiológica na<br />
produçüo de püo de queijo. 200 I. 179f.<br />
Dissertação (Mestrado em Ciência de Alimentos)<br />
- Faculdade de Farmácia, Universidade Federal<br />
de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2001.<br />
REIS, A.R. Ca ra cterizaçüo fís ico-química e<br />
idelltlicaçüo dos elementos metálicos dos<br />
queijos Mi/las do Serro e Minas da Serra da<br />
Canastra. 1998. 96f. Dissertação (Mestrado em<br />
Ciência de Alimentos) - Faculdade de Farmácia,<br />
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo<br />
Horizonte, 1998.<br />
• • • •<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
QUEIJO MINA S ARTESANAL: TECNOLOGIA DE FABRICAÇÃO NA SERRA DO SALlTRE <br />
REGIÃO DO ALTO PARANAíBA-MGl<br />
Handcrafted Minas cheese: production technology in Serra do Salitre - region of Alto<br />
Paranaíba-MG<br />
RESUMO<br />
Carlos Henrique Fonseca2<br />
Accácia Júlia Guimarães Pereira3<br />
Wilson José Rosa4<br />
A tecnologia de fabricação do queijo Minas artesanal na Serra do Salitre-MG data do<br />
Século XVIII e utiliza leite de vaca sem tratamento térmico, produzido na propriedade de<br />
origem da queijaria. Foi acompanhada a fabricação do queijo Minas util izando o modo de<br />
produção artesanal, em sete queijarias, classificadas como pequenas , médias e grandes, de<br />
acordo com a capacidade de conversão do leite em queijos. Foi elaborado um fluxograma<br />
de processo representando a tecnologia artesanal de fabricação do queijo utilizada na<br />
região. Cada etapa do processo foi descrita enfatizando os pontos mais característicos da<br />
região estudada. Foram obtidas imagens digitais do modo de produção nas queijarias da<br />
região e das peculiaridades do artesanato do queijo no interior de Minas Gerais, constituindo<br />
referencial técnico da fabricação do queijo Minas artesanal no Alto Paranaíba.<br />
Palavras-chave: queijo; queijo Minas artesanal; leite cru; agricultura familiar; queijaria<br />
rural; cultura mineira<br />
1 - INTRODUÇÃ O<br />
As tradicionais regiões quelJelras do Serro<br />
e da Canastra reúnem cerca de I 000 produtores<br />
artesanais. A inclusão da Serra do Salitre<br />
representa as outras regiões produtoras menos<br />
conhecidas, contudo sedia muitas unidades de<br />
produção (ENCONTRO ... , 2000). Minas Gerais,<br />
através do Decreto nU 42 645, regulamenta a Lei<br />
n" 14 185 de 31/ 1/2002, entende por queijo<br />
Minas artesanal: "queijo elaborado, na<br />
propriedade de origem do leite, a partir do leite<br />
cru, hígido, integral e recém-ordenhado,<br />
utilizando-se na sua coagulação somente<br />
quimosina de bezerro pura e na prensagem<br />
somente o processo manual, e que o produto<br />
fi nal apresente consistência firme, cor e sabor<br />
próprios, massa uniforme, isenta de corantes e<br />
conservantes, com ou sem olhaduras mecânicas,<br />
Trabalho realizado em parceria com a EMATER-Mo.<br />
2 Mestre em Ciência de Alimentos pela UFMo.<br />
3 Prof. Adjunto IV FAFAR/UFMo.<br />
4 Eng. Agrônomo EMATER-Mo.<br />
Apoio: EMATER-Mo.<br />
conforme a tradição histórica e cultural da região<br />
do Estado onde for produzido" (MINAS GERAIS,<br />
2002b). Cada qucijaria produz em torno de quinze<br />
queijos/dia, consumindo oito a dez litros de leite/<br />
forma de queijo e mão-de-obra familiar de três<br />
pessoas (EMATER-MG, 2003).<br />
Muitos pesquisadores tcntam uniformizar a<br />
produção do queijo Minas e diversos trabalhos<br />
sugerem a continuidade dcsses estudos<br />
(ALEXANDRE, 200 I; BARROS, 200 I). Mais da<br />
metade dos produtores rurais da Serra do Salitre<br />
obtém menos de cinqüenta litros de leite/dia. A<br />
região possui 260 queijarias que produzem 129<br />
toneladas de queijo Minas/mês (ENCONTRO ....<br />
2000). A indefinição legal da identidade e qualidade<br />
do queijo Minas artesanal é um problema antigo<br />
(VARGAS, 1998), agravado pelas mudanças<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATIcíNIOS<br />
econômicas na agropecuana, que pressionam<br />
pequenos produtores a abandonar o agronegócio<br />
queijo artesanal. O queijo Minas padrão é<br />
provavelmente o mais antigo e original queijo<br />
brasileiro produzido em Minas Gerais, São Paulo,<br />
Rio de Janeiro e Paraná, onde recebe vári as<br />
denominações. Possui como variedades: queijo do<br />
Serro, queijo Catiara, queijo da Lua, queijo Araxá<br />
e queij o de coalho, todos de fabricação artesanal<br />
a partir do leite cru (RIBEIRO, 1959). Os queijos<br />
produzidos na região, apesar da qualidade superior<br />
agregar maior valor de mercado, são vendidos para<br />
fora do estado como queijo tipo Araxá<br />
Fonte: FONSECA (2004)<br />
Figura 1 - Fluxograma de fabricação do queijo Minas do Salitre<br />
digitalizado por<br />
(ENCONTRO ... , 2000) mantendo o anonimato<br />
das queijarias da Serra do Salitre.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
O experimento foi realizado na Comunidade<br />
dos Catulés, um pequeno povoado na Região do<br />
Alto Paranaíba pertencente ao Município de<br />
Serra do Salitre-MG, no período de fevereiro de<br />
2003 a março de 2004. Foram visitadas quinze<br />
queijarias artesanais escolhidas aleatoriamente.<br />
Dessas queijarias, sete produtores se interessaram<br />
em participar da pesquisa, constituindo uma<br />
o quell" Mill(/.' dJ'lc,,,nal ua Srr
amostra de queijarias grandes I (A, E e G), médias"<br />
(B e O) e pequenas.1 (C e F), com volume de leite<br />
convertido em queijos entre 100 a 460 litros/<br />
dia, representativa da região estudada. O processo<br />
de fabricação do queijo foi acompanhado em<br />
todas as queij arias visitadas. A tecnologia de<br />
fabricação do queijo era artesanal o leite,<br />
exclusivo da propriedade de origem, não sofria<br />
tratamento térmico e o queijo era prensado<br />
manualmente. Todas as queij arias util izavam<br />
mão-de-obra familiar.<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
O processo de elaboração do queijo Minas<br />
artesanal na Serra do Salitre segue os moldes<br />
utilizados no Século XVIII e mudou muito pouco<br />
desde então. O queijo Minas foi produzido com<br />
leite de vaca integral fresco, ordenhado e<br />
beneficiado na queijaria da propriedade de origem,<br />
seguindo procedimentos da tecnologia artesanal.<br />
A Figura I apresenta o fluxograma de fabricação<br />
do queijo Minas artesanal na Serra do Sal itre.<br />
4 - CONCLUSÃ O<br />
Todas as queijarias pesquisadas fabricavam o<br />
queijo Mina.\" segundo as tradições e cultura da região<br />
estudada. Por força da sua tradição histórica, a<br />
fabricação do queijo Minas artesanal já se integrou<br />
ao perfil de Minas Gerais e como tal deve ser<br />
respeitada e preservada. Cabe aos técnicos propor<br />
alternati vas para melhorar o aspecto higiênicosanitário<br />
do queijo artesanal, valorizando a<br />
identidade do produtor no seu habitat e o queijo,<br />
traço característico de ser "mineiro". É preciso<br />
exercer a "mineiridade" local como resposta às<br />
tendências globalizantes, aprendendo a enxergar,<br />
além das tradições. a necessidade do fazer com<br />
arte para poder mostrar às novas gerações, a<br />
evolução de um povo no contexto cultural do país.<br />
SUMMARY<br />
The cheese production technology Minas<br />
homemade in Serra do Salitre Century XVIII date<br />
and uses cow's milk without thermal treatment<br />
produced in origin property. It was goin<br />
accompanied the Minas cheese production using<br />
the homemade production way, in seven dairy<br />
farm, classified like small, averages and big,<br />
according with the milk conversion capacity in<br />
cheeses. It was going elaborated a flow diacrram<br />
of process representing the cheese prodution<br />
homemade technology used in the region. Each<br />
process stage was describe emphasizing the most<br />
characteristic points in the studied region. They<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
were going obtained production way digital imacres<br />
in dairy farm oI' the region and of the che:se<br />
workmanship peculiarities inside Minas Gerais<br />
constituting a referencial technical oI' the chees<br />
production Minas homemade in Alto Paranaíba;<br />
Key-words: cheese; raw milk;<br />
agriculture: dairy farm; mining culture.<br />
BIBLIOGRAFIA<br />
ALEXANDRE, D.P. Atividade antil1licrobiana<br />
de bactérias lcícticas isoladas de queijo Minas<br />
artesanal do Serro (MG), frente a<br />
lIlicrorganisll/os indicadores. 200 I. 47f.<br />
Dissertação (Mestrado em Tecnologia e Inspeção<br />
de Produtos de Origem Animal) - Escola de<br />
Veteri nária, Universidade Federal de Minas<br />
Gerais, Belo Horizonte, 200 I.<br />
BARROS, C. M. V. illfluência da cultura lcíctica.<br />
lípase. salga e elllbalagem !las características<br />
físico-químicas e sensoriais do queijo Minas<br />
Curado. 200 I. 82f. Dissertação (Mestrado em<br />
Ciência de Alimentos)-Faculdade Farmácia,<br />
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo<br />
Horizonte, 200 I.<br />
EMATER-MG (Empresa de Assistência Técnica<br />
e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais).<br />
Cara Cleri::.açüo da lJI icrorregiúo do Alto<br />
Paral/aíha cO/I/O produtora do queijo Minas<br />
artesa n a l. Patos de Minas : DETEC-EMATER<br />
MG, ou!. 2003.<br />
ENCONTRO técnico sobre queijo artesanal.<br />
Belo Horizonte: Organização das Cooperativas<br />
do Es tado de Minas Gerais. 2000. 42 p. (Projeto<br />
de apoio aos queijos tradicionais de fabricação<br />
artesanal de Minas Gerais).<br />
FONSECA, C.H. Avaliação dos pré-requisitos do<br />
programa de boas práticas agropecuárias na<br />
qualidade higiênico-sanitári a do queijo Minas<br />
artesanal da região da Serra do Salitre-MG. 2004.<br />
248f. Disse rtação (Mestrado em Ciência de<br />
Alimentos) - Faculdade de Farmácia, Universidade<br />
Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2004.<br />
MINAS GERAIS. Assembléia Legislativa do<br />
Estado de Minas Gerais. Decreto nl! 41 645. de 5<br />
de junho de 2002b. Regulamento da Lei nl! 14<br />
185 de 31 de janeiro de 2002, que dispõe sobre o<br />
processo de produção de queijo Minas Artesanal.<br />
Diário do Executivo, 6 jun. 2002.<br />
RIBEIRO, J.A. Queijos do Brasil. ReI'. /I/st. Latic.<br />
Cândido To stes, v. 14, p.33-34, 1959.<br />
VA RGAS. O.L.; PORTO, M.A.C.; BRITO. A.L.<br />
Características de origens para os queijo'\"<br />
1/atllrais de Millas Gerais: municípios do Serro<br />
e de São Roque de Minas. Juiz de Fora: EPAMIG,<br />
1998, 38p. (Relatório Oficial ).<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
QUEIJARIAS ARTESANAIS DO ALTO PARANAíBA E SERRA DA CANASTRA: O<br />
TRADICIONAL QUARTO DE QUEIJO DO SÉCULO XVIII CEDE ESPAÇO PARA AS<br />
QUEIJARIAS CERTIFICADAS NO INSTITUTO MINEIRO DE AGROPECUÁRIA<br />
Artisanals dairies farms of Alto Paranaíba and Serra da Canastra: century XVIII<br />
traditional cheese room opens space for dairy farm certified in the Instituto Mineiro<br />
Agropecuária-IMA<br />
RESUMO<br />
Carlos Henrique Fonseca1<br />
Accácia Júlia Guimarães Pereira2<br />
Wilson José Rosa3<br />
No século XVIII, com a corrida do ouro em Minas Gerais, os portugueses trouxeram<br />
técnicas de fabricação do queijo Serra da Estrela. O local de fabricação dos queijos era um<br />
anexo das moradias nas fazendas às margens dos caminhos que levavam ao Rio de Janeiro;<br />
daí a denominação qllarto de queijo: local de produção, maturação e comercialização do<br />
queijo artesanal. Foram realizadas visitas técnicas às regiões Alto Paranaíba e Canastra,<br />
registrando-se o nível de manejo do gado e da queijaria, a ambiência, técnica de construção.<br />
posição geográfica, abastecimento de água, e forma de descarte do soro de queijo. Existem<br />
várias queijarias fu ncionando do mesmo modo que há mais de duzentos anos e muitas<br />
outras em processo de modernização, visando a adequação legal. seja através de reformas<br />
na estrutura física ou construção de novas instalações em alvenaria.<br />
Palavras chave: queijo; queijo Minas artesanal; instalações; construções rurais;<br />
agronegócios; agricultura familiar; queijaria rural; alimentos; cultura mineira.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
A origem dos queijos mineiros ainda não<br />
está bem elucidada. Algumas fazendas mineiras<br />
produziam um queijo, obtido de maneira simples,<br />
com pouca maturação, que tinha boa aceitação<br />
no mercado da capital do Império. Surgia ali<br />
o "queijo de Mi!las", hoje conhecido como<br />
"Minas curado" (LEANDRO, I 987). O queijo<br />
artesanal é um alimento vivo. Na maturação, o<br />
queijo mineiro expressa sua identidade,<br />
adquirindo coloração dourada típica e textura<br />
macia. Em todo o mundo. regiões montanhosas<br />
sempre foram as últimas a ser alcançadas pelos<br />
avanços da técnica e da comercialização (CERRI,<br />
2002). A questão Boas Práticas Agropecuárias<br />
Mestre em Ciência de Alimentos.<br />
2 Professor adjunto da FAFAR/UFMG.<br />
3 Engenheiro agrônomo da EMATER-MG.<br />
Apoio: CAPES, EMATER-MG.<br />
digitalizado por<br />
(BPA) é uma abordagem muito recente quando<br />
se trata das ferramentas para assegurar a<br />
qualidade do leite e derivados. Não foram<br />
encontrados na literatura trabalhos que fi zessem<br />
referência à terminologia BPA. A maioria dos<br />
pesquisadores aborda o tema indiretamente<br />
dentro das Boas Práticas de Fabricação (BPF).<br />
O Programa Alimentos Seguros (PAS) criado em<br />
2002 pela ANVISA e o Projeto APPCC,<br />
implantado nas indústrias de alimentos pelo<br />
SENAIISEBRAE a partir de 1998, ainda focaram<br />
a produção primária de alimentos voltada para<br />
o pequeno produtor e para a produção artesanal<br />
de alimentos.<br />
arvoredoleite.org
2 - MATERIAIS E MÉTODOS<br />
o programa de implantação das BPA<br />
proposto para sete queijarias da Serra do Salitre<br />
MG previu ações pontuais, agregadas em blocos<br />
de afinidade de acordo com a legislação higiênicosanitária<br />
estadual e federal.<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
o programa de BPA proposto para as<br />
queijarias da Serra do Salitre-MG traduziu-se em<br />
ações simples para implementar recomendações<br />
higiênico-sanitárias para a segurança alimentar<br />
na cadeia do queijo artesanal. A linha de ação do<br />
programa BPA priorizou as instalações da queijaria<br />
e arredores, o controle sanitário do rebanho e a<br />
higiene pessoal do queijeiro. A Figura 1 mostra<br />
detalhes do manejo dos animais (a,b,c) e as<br />
deficiências no âmbito higiênico-sanitário (d, e,<br />
f) de uma queijaria da Serra do Salitre. As Figuras<br />
2 e 3 mostram alguns detalhes das instalações<br />
para os animais e manejo de uma queijaria<br />
tradicional na região da Serra do Salitre-MG.<br />
A Figura 3 mostra a inexistência de barreira<br />
sanitária efetiva na queijaria, com presença de<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />
animais na área comum da habitação e o<br />
compartilhamento das instalações (cochos de água<br />
e silagem) com aves e pássaros, implicando no<br />
cruzamento de possíveis agentes contaminantes.<br />
A próxima seqüência (Figura 5) mostra<br />
detalhes de uma queijaria artesanal credenciada<br />
no IMA. A construção rural é bastante funcional,<br />
mostrando o cuidado com que o produtor cuida<br />
da manutenção das instalações destinadas aos<br />
animais e suas adjacências . Essa propriedade é<br />
um modelo piloto de manejo planejado do gado,<br />
sanidade do rebanho e uma a alusão à possibilidade<br />
de transformar as BPA em hábitos de manejo e<br />
controle sanitário do rebanho e da queijaria<br />
rotineiros.<br />
As instalações de cada queijaria possuem<br />
particularidades e denotam a preocupação ou não<br />
do produtor quanto à sanidade dos animais da<br />
sua propriedade. No decorrer do período<br />
pesquisado o ritmo adotado por cada propriedade<br />
foi em função da disponibilidade de recursos para<br />
investimentos em melhorias, o que acarretou<br />
atrasos em alguns casos e o não cumpri mento<br />
das metas estabelecidas no programa por uma<br />
das queijarias do grupo. Todos os produtores se<br />
mostraram conscientes da importância das B PA<br />
(a) Cocho de alimentação (b) Curral de espera c) Bezerro ao pé antes da ordenha<br />
(d) Entrada do estábulo<br />
(e) Ordenha manual tradicional (f) Infestação de moscas no animal<br />
Figura 1 - Instalações dos animais e rotina de manejo numa<br />
queijaria do Alto Paranaíba-MG.<br />
(a) Ao fundo queijaria<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LAT IC Í NIOS<br />
(b) Sala de ordenha manual com cocho e piso de<br />
terra batida sem drenagem<br />
(c) Ordenha manual tradicional com bezerro ao pé da vaca e aves se alimentando dos restos de silagem e fezes<br />
Figura 2 - Instalações dos animais e rotina de manejo numa queijaria do Alto Paranaíba-MG<br />
(a) Área externa à queijaria (b) Curral de espera coberto (c) Aves nas instalações do gado<br />
Figura 3 - Instalações dos animais e adjacências numa queijaria da Serra do Salitre-MG<br />
(a) Curral<br />
(b) Adjacências entre curral e queijaria com esgoto a céu aberto<br />
Figura 4 - Detalhes das instalações dos animais e adjacências numa queijaria em Catulés-MG.<br />
digitalizado por<br />
arvoredoleite.org
(a) Cocho de alimentação<br />
no curral<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
(b) Detatal hes do curral, curral de espera e retirada do estrume<br />
(c) Adjacência curral e queijaria d) Detalhes da sala de ordenha mecânica com cochos individuais<br />
Figura 5 - Instalações dos animais e sala de ordenha de uma queij aria certificada no IMA<br />
para a sobrevivência do agronegócio queijo<br />
Minas artesanal.<br />
4 - CONCLUSÃO<br />
A fi gura do "queijeiro" descri ta por<br />
FURTA DO (1991) não desapareceu; adquiriu uma<br />
nova roupagem: a do técnico prútico que adaptou<br />
o modo tradicional de fazer o queijo a um novo<br />
ambiente, mais higiênico e menos propenso à<br />
contaminação microbiana. O "queijeiro<br />
certificado" agregou à sua habilidade artística,<br />
os cuidados higiênico-sanitários do trato com os<br />
animais à obtenção do leite e queijo, garantindo<br />
a sobrevivência do queij o artesanal pela<br />
conciliação da arte com a ciência. Ao classificar<br />
as queijari as artesanais quanto ao grau de risco<br />
para a inocuidade do queijo (BRASIL, 1999),<br />
genericamente chamada de segurança alimentar,<br />
a expectativa de qualidade do queijo produzido<br />
precisa garantir muito mais do que a inocuidade,<br />
cuja ausência ou suspeita da falta de inocuidade é<br />
fator de rejeição imediata do queijo artesanal<br />
pelo consumidor.<br />
SUMMARY<br />
In century XVIII, with the gold race in<br />
Minas Gerais, . portugueses brought technical of<br />
cheese production Serra da Estrela. The cheeses<br />
production location was a dwellings attachment<br />
in the farms to the ways margins that carried to<br />
Rio de Janeiro; thence the cheese denomination<br />
roolll: production location, homemade cheese<br />
maturation and commercialization. They were<br />
going accomplished technical visits to the<br />
regions Alto Paranaíba and Canastra, registering<br />
the cattle handli ng levei and of dairy farm,<br />
enviromental, technical of construction,<br />
geographical position, water supply, and form<br />
of discards of the cheese serum. There are several<br />
dairy farm working of the same way that more<br />
than two hundred years ago and many others in<br />
modernization process, aiming at legal<br />
adaptation, be through re forms in the new<br />
facilities physical structure or construction in<br />
masonry.<br />
Key words: cheese; homemade cheese<br />
Minas; fac ilities; rural constructions;<br />
agribusiness; family agriculture; dairy farm;<br />
victuals; mineira culture.<br />
BIBLIOGRAFIA<br />
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância<br />
Sanitária. Resolução n" J 7 de 30 de abril de 1999.<br />
Aprova regulamento técnico que estabelece as<br />
diretrizes básicas para aval iação de risco e<br />
segurança dos alimentos. Disponível em: .<br />
Acesso em 17 de dezembro de 2002.<br />
CERRL C. Queijo: artesüos do .fit turo. Globo<br />
Rural, v. 17, n. 200, p. 36-46, 2002.<br />
FONSECA, C.H. Avaliação dos pré-requisitos do<br />
programa de boas práticas agropecuárias na<br />
quali.dade higiênico-san itária do queijo Minas<br />
artesanal da região da Serra do Salitre-MG. 2004.<br />
248f. Dissertação (Mestrado em Ciência de<br />
+ • • •<br />
Alimentos) Faculdade de Farmácia,<br />
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo<br />
. Horizonte, 2004.<br />
FURTADO, M.M. A arte e {/ ciência do queijo .<br />
São Paulo: Globo. 199 I . 297p. (Publicações<br />
Globo Rural).<br />
LEANDRO, J.1. Queijos: origens, tipos,<br />
fa bricaçüo. conservaçüo, uso,\'. São Paulo, 2.ed.<br />
Summus, 1987. 151p.<br />
• • • •<br />
COMPARAÇÃO DO TEOR DE GORDURA DO LEITE DE TRÊS ESPÉCIES NO SUDOESTE<br />
DA BAHIA1<br />
Comparision of fat levei of milk of three species at Bahia southeast1<br />
RESUMO<br />
Cibele Costa Santos2<br />
Andréia Santos Cezário3<br />
Vitor Silva de Al meida2<br />
Leandro Soares Santos4<br />
Paulo Bonomos<br />
Cristina Mattos Veloso6<br />
O presente trabalho fo i realizado na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, em<br />
Itapetinga -BA. Neste experimento objetivou-se determinar o teor gordura do leite de três<br />
espécies: cabras da raça Saanen, búfalas da raça Murrah e vacas mestiças Holandês-Gir<br />
criadas em sistema de pastejo. O delineamento utilizado foi inteiramente ao acaso, obtendo<br />
cinco re petiçõcs de cada espécie. Quando comparados o leite de cabra e vaca, não<br />
apresentaram diferença estatística (P>0.05) nos teores de Gord ura, Extrato Seco Total<br />
(EST) e Extrato Seco Desengordurado (ESD). Porém o leite de búfala apresentou<br />
notadamente maiores valorl es em todas as variáveis estudadas.<br />
Palavras-chave: manejo alimentar, espécies animais, teor de gord ura.<br />
Projeto financiado pela Universidade Estad ual do Sudoeste da Bahia. UESB.<br />
2 Discente do Curso de Zootecnia, UESB. Itapetinga - Ba, Bolsista FAPESB.<br />
3 Mestranda em Zootecnia, UFV, Bolsista CNPq<br />
4 Discente do curso de Engenharia de Alimentos, UESB. Bolsista FAPESB.<br />
5 Docente Adjunto do Curso de Zootecnia, DEBI - UESB.<br />
6 Docente Adjunta do Curso de Zootecnia, DTRA - UESB. Pesquisadora CNPq.<br />
digitalizado por<br />
arvoredoleite.org
1 - INTRODUÇÃO<br />
Em função das suas características químicas<br />
e biológicas o leite é considerado um alimento<br />
de alta qualidade. No entanto, uma série de<br />
eventos pode reduzir a qualidade do leite. As<br />
avaliações do leite visam, em primeiro lugar,<br />
identificar estes fatores estranhos e, em segundo<br />
lugar, quantificar os compostos de interesse da<br />
indústria ou consumidor (gordura, caseína,<br />
lactose, proteína). Estas análises de maneira geral<br />
são de importância para a indústria, a fim de<br />
caracterizar a matéria prima para a confecção<br />
dos derivados do leite. .<br />
O leite de búfala apresenta características<br />
muito próprias e que permitem sua fácil<br />
identificação sob ponto de vista físico-químico<br />
e organoléptico. Seu sabor é peculiar, ligeiramente<br />
adocicado e é muito mais branco quando<br />
comparado ao leite bovino, devido a ausência<br />
quase total do caroten'O (pro-vitamina A), em<br />
sua gordura.<br />
A produção de gord ura do leite está<br />
relacionada ao consumo de volumoso, pois sua<br />
digestão no rúmen leva à formação do ácido<br />
acético principal precursor da gordura na glândula<br />
mamária. Vacas subalimentadas mantêm '0 nível<br />
de gordura no leite, retirando lipídeos das reservas<br />
corporais e essa condição pode se estender até<br />
que a vaca volte a receber a alimento visto que<br />
restrições nutricionais prejudicam a vida<br />
produtiva atual e fu tura das vacas. Segundo<br />
Bitencourt (2000), dos componentes do leite, o<br />
teor de gordura é o que mais pode variar em<br />
fu nção da ai i mentação, de modo geral,<br />
diminuindo com o aumento do volume de<br />
produção e ainda dietas com baixo teor de fibra<br />
deprimem a formação de gord ura. O presente<br />
trabalho teve como objetivo verificar possíveis<br />
diferenças entre os teores de gordura do leite de<br />
três diferentes espécies.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
Parte do presente experimento foi realizado<br />
na Universidade Estadual do Sudoeste da<br />
Bahia em Itapetinga - BA, onde foi coletado o<br />
lei te de cabra e vaca nos respecti vos setores e<br />
parte na Fazenda Cabana da Ponte, em Itoraró<br />
de onde fo i coletado o leite das búfalas .<br />
O delineamento utilizado foi o inteiramente<br />
casualizado, usando-se cinco cabras da raça<br />
Saanen criadas em sistema semi-extensivo, em<br />
pastagem de Tyfton 85, cinco vacas mestiças<br />
Holandês-Gir criadas em sistema semi-extensivo,<br />
em pas tagem de Brachiâria decumbens mais<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATIcíNIOS<br />
suplementação e cinco búfalas da raça Murrah,<br />
criadas em sistema extensivo, o tratamento<br />
corresponde a cada espécie e cada animal é uma<br />
repetição.<br />
Após a coleta o leite fo i guardado em<br />
recipiente plástico, todas as amostras foram<br />
transportadas sob refrigeração e posteriormente<br />
analisadas no Laboratório de Nutrição Animal.<br />
O método utilizado para determinar a gordura<br />
do leite foi o método de Gerber, que tem como<br />
princípio a destruição do estado globular da<br />
gordura e a dissolução da caseína. Para determinação<br />
do EST foi utilizada a fórmula de<br />
Fleischmann e o ESD pela diferença entre EST e<br />
o teor de gordura. Antes de se retirar a amostra<br />
para fazer a analise é fundamental uma boa<br />
homogeneização da mesma, pois por ser menos<br />
densa que os outros componentes, a gordura tem<br />
a tendência de ocupar a fração superior da<br />
amostra. Os dados foram comparadas pelo teste<br />
Tukey a 5%, utilizando-se o Sistema de Análises<br />
Estatísticas e Genética, SAEG.<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
As médias dos valores encontrados de<br />
gord ura total (GT), extrato seco total (EST) e<br />
extrato seco desengordurado (ESD) do leite de<br />
vaca, cabra e búfala encontram-se na Tabela I.<br />
Foi observado que o teor de gordura do leite<br />
de búfala diferiu estatisticamente (P< 0.05) do<br />
leite de vaca e cabra, mostrando que mesmo<br />
submetida ao sistema extensivo fo i capaz de<br />
manter o teor de gordura da espécie, revelando<br />
uma viabilidade econômica quando comparada<br />
com cabras e vacas criadas com suplementação,<br />
aumentando assim o custo de produção. Sabendose<br />
que o teor de gordura e um fator desejável para<br />
a produção de derivados, o leite de búfala se mostra<br />
superior para fabricação dos mesmos. Além da<br />
espécie e manejo alimentar outros fatores podem<br />
fazer com que a gord ura do leite aumente ou<br />
diminua. O teor de gord ura é o que mais pode<br />
variar em fu nção da alimentação, de modo geral,<br />
diminuindo com o aumento do volume de<br />
produção e ainda dietas com baixo teor de fibra<br />
deprimem a formação de gordura. Segundo FAO<br />
(1991) as búfalas tem uma capacidade muito<br />
grande de alterar sua composição do leite devido:<br />
estádio de lactação, composição da dieta,<br />
potencial genético, etc. A baixa produção de leite,<br />
alto teor de fibra na dieta (FDN), fornecimento<br />
de ração completa em comparação ao<br />
fornecimento do concentrado separado do<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
volumoso são fatores que aumentam o teor de<br />
aordura do leite (Machado, 2002).<br />
e<br />
Os valores referentes ao leite cabra apresentados<br />
neste trabalho, são semelhantes aos<br />
encontrados por BONASSI et aI . (1997), que<br />
avaliou a composição do leite de cabra nas quatro<br />
estações do ano, apresentando valores médios<br />
de 3,47, 12,18 e 8,71 para os teores de gordura<br />
total, extrato seco total e extrato seco desengordurado<br />
respectivamente.<br />
Tabela 1 - Médias dos teores de Gordura,<br />
Extrato Seco Total (EST), Extrato<br />
Seco Desengordurado (ESD)<br />
Espécie Gordura EST ESD<br />
Búfala 6,06a 15,28 a 9,22 a<br />
Vaca 3,7b 12,20b 8,5b<br />
Cabra 4,7b 12,89b 8,19b<br />
Médias seguidas de letras iguais não di ferem entre si pelo<br />
Teste de Tukey a 5%<br />
4 - CONCLUSÃO<br />
Os teores de gordura total, extrato seco total<br />
e extrato seco desengordurado apresentaram seus<br />
maiores teores para o leite de búfala, indicando<br />
estes uma resposta favorável ao sistema de<br />
produção da região Sudoeste da Bahia, para<br />
produção de leite e exploração deste em derivados.<br />
ABSTRACT<br />
The present work was realised at the<br />
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, at<br />
+ + + +<br />
digitalizado por<br />
Itapetinga - BA. In this experiment the<br />
objective was to determine the fat levei of three<br />
species: Saanen breed goats, Murrah breed<br />
buffalos and Holstein-Gir crassbred cows reared<br />
at grass system. The design used was the<br />
completely randomised, obtaining fi ve<br />
repetitions of each species. When goat and cow<br />
milk were compared. they did not showed<br />
statistical difference (P>0.05) for fat, total dry<br />
extract (TOE) and de-fated dry extract (DOE).<br />
However, buffalo milk showed greater vat ues<br />
to ali the variables studied.<br />
Key words: animal species, fat leveI, feed<br />
handling<br />
5 - REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS<br />
BITENCOURT, O., PEGORARO, C.M.L.,<br />
GOMES, F. J, et aI. Sistemas de pecuária de<br />
leite. Pelotas: EMB RAPA, 2000 : Qualidade do<br />
leite. P. 175-195.<br />
BONASSL I. A., MARTINS, O., ROÇA, R. O.<br />
Composição química e propiedades físicoquímicas<br />
do leite de cabra. Ciênc. Tecnol.<br />
Aliment. v. 17, n. I, p. 57-63, 1997.<br />
MACHADO, F. P. , CASSOLI, D. L. Novas<br />
tecnologias da avaliação da qualidade do leite.<br />
In: TEIXEIRA, 1. C., DAVID, M. F. ,<br />
ANDRADE,A.G., et a!. Avanços em produção e<br />
manejo de bovinos leiteiros. Lavras : Ed itora<br />
Lavras, 2002. 266p.<br />
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA - UFV<br />
SAEG - Sistema de análises estatísticas e<br />
genéticas. Versão 7. 1. Viçosa, MG: 1997 ISOp.<br />
(Manual do usuário).<br />
+ +<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
CARACTERíSTICAS FíSICO-QuíMICAS DO LEITE DE BÚFALA COMPARADO COM LEITE<br />
·DE VACA1<br />
Physical-chemical characteristics of the buffala milk compared to cow milk1<br />
RESUMO<br />
Vitor Silva de Almeida2<br />
Cibele Costa Santos2<br />
Andréia Santos Cezário3<br />
Leandro Santos Soares4<br />
Paulo Bonomo5<br />
Cristina Mattos Veloso6<br />
o conhecimento da composlçao química do leite é de extrema importância para a<br />
determinação da qualidade. Alguns componentes podem variar de modo expressivo, como<br />
a gordura e a proteína, enquanto outros , como a lactose e os minerais, variam em menor<br />
proporção. Neste experimento foi estudado o valor nutricional do leite de vaca comparado<br />
ao de búfala, visando contribuir para o conhecimento das características físico-químicas<br />
do leite de vaca e búfala. Foram coletadas amostras de cinco animais de cada espécie. Os<br />
dados foram analisados pelo teste Tukey a 5% de probabilidade. Verificou-se diferença em<br />
todas as variáveis estudas.<br />
Palavras-chave: composição química, propriedades físico-químicas, leite.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
Atualmente, em todas as áreas<br />
profissionais observa-se uma preocupação<br />
comum: a qualidade. O leite quando secretado<br />
pelas células epiteliais da glândula mamaria, é<br />
um produto que possui uma serie de nutrientes<br />
com diferentes composições. Este produto,<br />
enquanto armazenado nos alvéolos da glândula,<br />
recebe a incorporação de outros elementos como,<br />
por exemplo, células de descamação, glóbulos<br />
brancos e também, sofre alteração em sua<br />
composição devido à passagem de compostos<br />
provenientes do sangue como CO" minerais,<br />
uréia e outros. Ele é isento de microorganismos<br />
(Tronco, 2(03).<br />
Em função das suas características químicas<br />
e biológicas é considerado um alimento de alta<br />
qualidade. No entanto, uma serie de eventos pode<br />
reduzir a qualidade do leite. Dentre eles pode-se<br />
destacar a presença de microorganismos no<br />
interior da glândula e após a realização da<br />
ordenha, a introdução de substancias estranhas<br />
como reagentes químicos (formol, bicarbonato,<br />
etc), urina, detritos, etc.<br />
O leite é composto de cerca de 87,3 % de<br />
água e cerca de 12,7 de matéria seca. Esta e a<br />
parte nutritiva, também denominada de extrato<br />
seco, composto de: Lactose, Gorduras, Proteínas<br />
e Sais Minerais (Machado, 2(02). As avaliações<br />
do leite visam, em primeiro lugar, identificar<br />
estes fatores estranhos e, em segundo lugar,<br />
quantificar os compostos de interesse da industria<br />
ou consumidor (gordura, caseína, lactose). Estas<br />
Projeto finac iado pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, UESB.<br />
2 Disente do curso de Zootecnia, UESB, Itapetinga-Ba, Bolsista FAPESB. vsazootec @yahoo.com.br<br />
3 Mestranda em Zootecnia, UFV, Bolsista Cnpq.<br />
4 Discente do curso de Engenharia de Alimentgs, UESB. Bolsista FA PESB.<br />
5 Docente adjunto do curso de Zootecnia, DEBI - UESB.<br />
6 Docente adjunta do curso de Zootecnia, DTRA - UESB. Pesquisadora Cnpq.<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
análises de maneira geral são de importância para<br />
a industria, a fim de caracterizar a matéria prima<br />
para a confecção dos deri vados do leite.<br />
A i mportância do búfalo como animal<br />
leiteiro jü é reconhecida em vários países, como<br />
Índia, Egito e Paquistão. Na Índia, embora o<br />
rebanho bubalino represente somente cerca de<br />
24 % do rebanho total de bovinos e bubalinos,<br />
50 a 70 % do leite produzido nesse pais é de<br />
búfala (Huhn, 1991). O objetivo deste trabalho<br />
foi estudar o valor nutricional do leite de búfala<br />
em comparação com o leite de vaca.<br />
2 - MATERIAL DE MÉTODOS<br />
O experi mento fo i realizado na<br />
Universidade Estadual do Sudoeste em<br />
Itapetinga-BA. Foi coletado leite de cinco espécies<br />
diferentes : cabras da raça Saanen, vacas<br />
mestiças Holandês-Gil' e búfalas da raça Murrah,<br />
o tratamento corresponde a cada espécie e cada<br />
animal é uma repetição .0 material foi coletado<br />
em recipientes plüsticos e levado ao laboratório<br />
para análise.<br />
Realizou-se análises de acidez, por titulação<br />
pelo método Dornic, utilizando-se solução de<br />
hidróxido e sódio N/9 em presença de fenolftaleina<br />
(solução indicadora): do nitrogênio, pelo processo<br />
de Kj eldahl (Silva e Queiroz, 20(2) sendo a<br />
proteína bruta (PB) total obtida por N x 6,35: da<br />
gordura através do método de Gerber, que tem<br />
como principio a destruição do estado globular da<br />
gonJlI I'a e a dissolução da caseína: da densidade,<br />
por intermédio do termolactodensímetro de<br />
Quevone, calibrado a 15°C, e corrigido a<br />
temperatura da amostra: e do extrato seco<br />
desengordurado pela diferença entre o extrato seco<br />
total e o teor de gordura. Antes de se retirar a<br />
amostra para fazer a analise é fu ndamental Ull,la<br />
boa hOll1ogeneização da mesma. Por ser menos<br />
densa que os outros componentes, a gordura tem<br />
a tendência de ocupar a fração superior da amostra.<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Os resultados de análise de leite podem ser<br />
utilizados para se verificar o status nutricional<br />
dos animais, a presença de doenças, a eficiência<br />
dos operários na rotina de ordenha e limpeza<br />
dos equipamentos e o nível de funcionamento<br />
de equipamentos de refrigeração.<br />
Os resultados de extrato seco (%), proteína<br />
bruta «(;ti), gordura (%), acidez percentual, cinzas,<br />
caseína, densidade do leite de búfala e vaca são<br />
apresentados na Tabela I.<br />
Quando se efetua uma comparação com<br />
leite de vaca, percebe-se que o leite de búfala,<br />
digitalizado por<br />
incontestavelmente, apresenta maiores rendimentos<br />
na fabricação de queijos, por apresentar,<br />
principalmente, maiores teores de proteínas e<br />
no de manteiga, devido a maior percentagem de<br />
gordura presente neste tipo de leite. Isso, sem<br />
sombras de duvidas, permite que se aponte o leite<br />
bubalino como uma alternativa viável para ser<br />
utilizado, por aproveitamento tecnológico, em<br />
outros produtos.<br />
Os dados eneontrados a respeito da composição<br />
do leite bubalino são muitos variados, o<br />
que é normal considerando-se os diversos fatores<br />
que agem sobre a mesma. Têm especial<br />
importância na composição do leite as condições<br />
de clima, de alimentação, raça e manejo: Assim<br />
quando se observa a composição ditada por<br />
diferentes autores, grandes disparidades podem<br />
ser encontradas, devido justamente aos fatores<br />
enumerados.<br />
Neste trabalho pode-se observar que para<br />
Gordura, EST, ESD e PB foram encontrada<br />
diferença estatística (P> 0,(5) e para Densidade,<br />
Cinzas, pH e Caseína não foi encontrada<br />
diferença estatística. O valor de densidade<br />
apresentam-se dentro dos valores mínimos da<br />
nova legislação Instrução Normativa n° 5 J, ou<br />
seja, de 1,028 a 1,034.<br />
Segundo Benevides (2003), as fê meas<br />
bubalinas, diferentemente das bovinas, tem uma<br />
capacidade de alterar bastante as composição de<br />
seu leite em fu nção de uma série de fatores:<br />
estád io de lactação. condição cOJ:poral x<br />
composição da dieta, potencial genético, fatores<br />
climáticos. hierarquia dentro do rebanho. etc.<br />
Neste trabalho observa-se que as búfalas mesmo<br />
criadas apenas el11 pasto, consegue manter seus<br />
componentes do leite mais elevados que os das<br />
vacas , revelando uma vantagem na eriação de<br />
búfalos em re lação aos bovinos, principalmente<br />
para a produção de derivados.<br />
4 - CONCLUSÃO<br />
Em relação ao leite de búfala comparado<br />
ao de vaca, observa-se que os valores de gordura,<br />
EST e ES D são os que mais variam dentre as<br />
variáveis analisadas .<br />
ABSTRACT<br />
The knowledge oI' the milk chemical<br />
composition is of extreme importance to quality<br />
determination. Some components can vary in<br />
an expressive way, like fat and protein, while<br />
others, like lactose and mineraIs, vary in lower<br />
proportion. In this experiment it was studied<br />
the nutritional value of the cow milk compared<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Tabela 1 Média dos valores de caseína, gordura total, Extrato seco (EST), Extrato seco desengordurado<br />
(ESD), Caseína, Proteína Bruta (PB), Cinzas, pH e Densidade das espécies estudadas.<br />
Gordura EST ESD Caseína PB Cinzas pH<br />
Búfala 6,06a 15,28a 9,22a<br />
Vaca 3,70b 12,20b 8,5b<br />
to buffalo milk, with the aim to contribute to<br />
the knowledge of the physical-chemical<br />
characteristics of cow and buffalo milk. Samples<br />
of fi ve animaIs of each species were collected.the<br />
data were analysed by Tukey test at 5%<br />
probability. It was verified difference for protein,<br />
fat, TOE and DOE.<br />
Keywords: chemical composlllon, milk,<br />
physical-chemical properties<br />
5 - REFERÊN CIAS<br />
BENEVIDES, C.M.J Leite de búfala - qualidade<br />
tecnológicas. Revista Higiene Alimentar. São<br />
+ • • •<br />
0,55a 5,02a 0,85a 6,46a 1,03 1a<br />
0,42a 3,70b 0,7 1a 6,37a 1,030a<br />
Paulo. N. 54. Março, 1998.<br />
TRONCO, V.M., Manual para inspeção da<br />
qualidade do leite. 2 ed. Santa Maria: UFSM<br />
Editora, 2003. 192 p.<br />
MACHADO, F. P. , CASSOLI, D.L. Novas<br />
tecnologias da avaliação da qualidade do leite.<br />
In: TEIXEIRA, J.C., DAVID, M.F.,<br />
ANDRADE,A.G., et aI. Avanços em produção e<br />
manejo de bovinos leiteiros. Lavras: Editora<br />
Lavras, 2002. 266p.<br />
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA SAEG<br />
Sistema de análises e estatísticas e genéticas.<br />
Viçosa, MG, 2000. (Apostila).<br />
• • • •<br />
TEORES DE PROTEíNA DO LEITE DE CABRA, VACA E BÚFALAl<br />
Protein levei of goat, cow and buftalo milk1<br />
Trabalho financiado pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.<br />
2 Graduandos em Zootecnia - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB);<br />
3 Mestranda em Zootecnia - UFV - Bolsista Cnpq.<br />
4 Professores UESB.<br />
:) Graduando em Engenharia de Alimentos - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)<br />
6 Engenheiro Florestal.<br />
Vitor Silva de Almeida2<br />
Cibele Costa Santos2<br />
Andréia Santos Cezário3<br />
Leandro Soares Santos4<br />
Paulo Bonomos<br />
Vinícius Silva de Almeida6<br />
Cristina Mattos Velosos<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
RESUMO<br />
A importância da determinação do teor de proteína é devido ao fato de que essas<br />
determinações agregam valores nutricionais e econômicos. Neste experimento foram<br />
avaliados o leite de cabra, vaca e búfala, obtendo cinco repetições de cada espécie. O<br />
delineamento utilizado foi inteiramente ao acaso. O leite de búfala apresentou diferença<br />
significativa (P
pois mesmo criada em sistema extensivo possui<br />
proteína mais elevada que a cabra e vaca,<br />
comprova-se que o leite de búfala é mais protéico.<br />
Tabela 1 Médias dos teores Proteína e Caseína<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
do leite búfala, cabra e vaca criadas<br />
em sistema de pastejo.<br />
Espécie Proteína Caseína<br />
Búfala 5,02a 0,55a<br />
Cabra 4,7b 0,44a<br />
Vaca<br />
Médias seguidas de letras iguais não diferem entre si pelo<br />
Teste de Tukey a 5%<br />
4 - CONCLUSÃO<br />
o leite de búfala apresentou-se mais<br />
protéico, porém os valores de caseín a nele<br />
encontrado fo ram semelhantes aos do leite de<br />
cabra e vaca.<br />
SUMMARY<br />
The importance of the determination of<br />
the protein levei is due to the fact that this<br />
determination have nutritional and economic<br />
values. This experiment evaluate goat, cow and<br />
buffalo milk with five repetitions for each<br />
species. It was used the completely randomized<br />
designo The buffalo milk showed significant<br />
difference (P< 0,05) in protein levei when<br />
compared to goat and cow milk. There was no<br />
difference relative to casein levei sin none of<br />
the species.<br />
Keyword: casein, milk, species<br />
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
MACEDO, M.P., et aI. Chemical composition<br />
of milk from mediterranean buffalo cows raised<br />
in Brasil. 5th Word Buffalo Congresso Royal<br />
Palace. Italy, 1977.<br />
Park, Hipo-alergênicos e importância do leite<br />
de cabra, Pesquisa sobre ruminantes de pequeno<br />
porte.v. 14, p. 151- 159. 1994<br />
RUSSO, H.G. Bubalinocultura. Governo do<br />
Estado de São Paulo. Secretaria de Agricultura e<br />
Abastecimento. Campinas, S.P., 198 6.<br />
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ViÇOSA SAEG<br />
- Sistema de análises e estatísticas e genéticas.<br />
Viçosa, MG, 2000. (Apostila).<br />
• +<br />
PROPRIEDADES TERMOFíSICAS DOS LEITES DE CABRA E VACA<br />
Thermophysical properties of cow and coat's milk<br />
Mestranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos Universidade Federal de Viçosa (UFV);<br />
Rita C. S. Queiroz1<br />
Leandro S. Santos2<br />
Alana R. Lemos2<br />
Daniela A. Pereira2<br />
Cristiane M. Veloso3<br />
Mauren Myajj3<br />
Renata C. F. Bonomo3*<br />
2 Graduandos em Engenharia de Alimentos - Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)'<br />
3 Professores - UESB.<br />
Rafael C. I. Fontan3<br />
Traba!ho realizad . o no Laboratório de Engenharia de Processos (LEP). UESB, Praça Primavera 40, Campus de<br />
Itapet1l1ga. Itapetlnga - BA, CEP 45700-000.<br />
* contato: bonomorcf@yahoo.com.br<br />
'<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />
RESUMO<br />
O presente trabalho teve como objetivo determinar o efeito da temperatura nas propriedades<br />
termofísicas densidade e viscosidade nos leites de cabra e vaca. Foram avaliadas amostras<br />
na faixa de temperatura de 20°C a 70°C, em um total de seis pontos experi mentais. A<br />
densidade foi determinada através do método picnométrico, enquanto a viscosidade foi<br />
determinada com a utilização de um viscosímetro de Ostwald calibrado, ambos a temperatura<br />
constante. Foram obtidos valores de densidade entre 1,0039 glmL e 1,0279 glmL e de<br />
viscosidade cinemática entre 4,5 x 10.7 m2/s e 1,69 x lO.ó m2/s . Observou-se para os dois<br />
tipos de leite que a densidade e viscosidade diminuíram com o aumento da temperatura,<br />
sendo aj ustados, respectivamente, modelos lineares e quadráticos, com coeficiente de<br />
determinação (R2) e análise de resíduos satisfatórios em ambos os casos.<br />
Palavras-chave: leite de cabra, leite de vaca, propriedades termofísicas, viscosidade,<br />
densidade.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
O potencial de demanda do leite de cabra,<br />
mesmo considerando que a clientela é formada<br />
por um público diferenciado é aproximadamente<br />
o dobro da produção atual, havendo um déficit<br />
de oferta de 22.000 litros de leite por dia<br />
(COSTA, 2004).<br />
A partir da informação do aumento do<br />
consumo de leite de cabra e da necessidade de<br />
beneficiamento do mesmo, percebe-se a importância<br />
de estudos relacionados ao seu processamento,<br />
uma vez que, as pesquisas com o leite de<br />
cabra são, ainda, incipientes em relação às<br />
pesquisas com leite de vaca. Sabe-se que quando o<br />
leite passa por tratamento térmico, algumas de<br />
suas propriedades termo físicas e reológicas sofrem<br />
alterações com a variação da temperatura. Estas<br />
alterações sendo estudadas e bem definidas podem<br />
ser utilizadas pelas indústrias lácteas, facilitando<br />
o processamento, dimensionamento de equipamentos,<br />
garantindo assim a qualidade do leite e<br />
de seus derivados (CARVALHO, 2004).<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
2.1 -Determinação da Densidade<br />
Foi utilizado o método picnométrico para<br />
a determinação da densidade das amostras, com<br />
as análises sendo realizadas em duplicata. O<br />
picnômetro foi previamente calibrado com água<br />
destilada em todas as temperaturas estudadas e o<br />
procedimento a seguir, foi utilizado para determinar<br />
a densidade do leite.<br />
O picnômetro, lavado e seco, teve sua<br />
massa determinada em uma balança analítica<br />
(GEHAKA). Em seguida, fez-se o ambiente com<br />
a amostra a ser analisada, posteriormente<br />
determinando-se a massa do picnômetro com a<br />
digitalizado por<br />
mesma na temperatura desejada. Este procedimento<br />
fo i repetido para todas as amostras.<br />
nas temperaturas de 20°C, 30°C, 40°C, 50°e,<br />
60°C e 70°C.<br />
2.2 - Determinação da Viscosidade Cinemática<br />
Na determinação da viscosidade, foi<br />
realizado o seguinte procedimento: encheu-se<br />
com a amostra o reservatório do viscosímetro<br />
de Ostwald até sua marca inferior. Em seguida o<br />
viscosímetro foi colocado no Banho Cinemático<br />
(MARCONI) ·na temperatura desejada. Deixouse<br />
a amostrar escoar pelo capilar, registrando-se<br />
o tempo necessário para esta deslocar-se entre<br />
dois pontos previamente determinados. O tempo<br />
medido fo i multiplicado pela constante de cada<br />
viscosímetro. obtendo-se a viscosidade cinemática.<br />
Este procedimento foi realizado em<br />
duplicata para as duas amostras de leite (cabra e<br />
vaca) nas temperaturas de 20°C, 30°C, 40°C,<br />
50°C, 60°C e 70°C,<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
A densidade para os leites de vaca e de cabra<br />
em função da temperatura é apresentada na figura<br />
1. A análise dos dados revela uma correlação linear<br />
com um valor de R2 igual a 0,9767 e 0,9217 para o<br />
leite de cabra e vaca, respectivamente. As equações<br />
I e 2, obtidas a partir da análise de regressão dos<br />
dados experimentais, revelaram coeficientes<br />
angulares negativos para os dois tipos de leite,<br />
demonstrando que com o aumento da temperatura<br />
obtém-se um decréscimo na densidade.<br />
Pc = - 0,0004 1 I x T + 1,03499 (I)<br />
P " = 0,000427 x T + 1,03441 (2)<br />
Pág. 371<br />
arvoredoleite.org
Onde P c é a densidade do leite de cabra (g/<br />
mL), P \ ' é a densidade do leite de vaca (g/mL) e<br />
T é a temperatura (OC).<br />
:::;<br />
1.030<br />
1.025<br />
1.020<br />
1.015<br />
" '°"1<br />
1.005 j<br />
1,000 .c.--,-__ ....-_---, __ -..-__ -,--_---,...-<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />
20 30 40 50 60 70<br />
T (0C)<br />
Figura 1 - Densidade dos leites de vaca e cabra<br />
em função da temperatura.<br />
A figura 2 apresenta os dados obtidos a partir<br />
da análise de viscosidade dos leites de cabra e de<br />
vaca em função da temperatura. A análise dos dados<br />
revela que com o aumento de temperatura observase<br />
uma redução na viscosidade e que essa relação<br />
pôde ser aj ustada por um modelo quadrático com<br />
valores de R2 igual a 0,9992 e 0,9958 para os leites<br />
de vaca e cabra respectivamente. As equações 3 e 4<br />
obtidas a partir da análise de regressão dos dados<br />
experimentais são apresentadas a seguir:<br />
v, =3.75 E- IOxT'-5,08 E-8 xT+2,18 E_6 (3)<br />
v, = 3,62 E- IOxT'-5,30 E-t-: xT+2,61 E-6 (4)<br />
Onde Vc é a viscosidade cinemática do leite<br />
de cabra (lll'/S), v é a viscosidade cinemálica do<br />
leite de vaca (1ll2/ ) e T é a temperatura (OC).<br />
18.,·6<br />
16.,·6<br />
1 · 1 8.6<br />
'íi)' 1 2e 6<br />
1'"<br />
..s 10c·6<br />
I:S Oe.7<br />
20<br />
Leite de cabra<br />
Leite de ,aca<br />
30 LO 50 BC iO<br />
T tc)<br />
Figura 2 - Viscosidade cinemática dos leites de<br />
vaca e cabra em função da temperatura.<br />
4. CONCLUSÃO<br />
Os resultados experimentais deste trabalho<br />
mostraram que com o aumento de temperatura,<br />
-<br />
observa-se um decréscimo nos valores das<br />
propriedades termo físicas densidade e viscosidade,<br />
seguindo uma relação linear e quadrática, respectivamente.<br />
As equações aj ustadas de viscosidade e<br />
densidade podem ser utilizadas para estimar estas<br />
propriedades para leite de cabra e vaca integral<br />
num intervalo de 20°C a 70°C, uma vez que<br />
apresentaram coeficientes de determinação<br />
satisfatórios.<br />
SUMMARY<br />
In this paper was determined the effect of<br />
the temperature in termophysical properties<br />
density and viscosity of goat and cow milks.<br />
Samples were analyzed in temperature range from<br />
20°C to 70°C, in a total of six experimental points.<br />
The density was determined by the picnometric<br />
method, while the viscosity was determined by<br />
an Ostwald viscosimeter, both at constant<br />
temperature. The values obtained fo r density<br />
were located between 1,0039 g/mL and 1,0279 g/<br />
mL and kinematics viscosity values were located<br />
between 4.5 x 10.7 m2/s and 1,69 x 10'(' m2/s . It<br />
was observed for the two kinds of milk that<br />
density and viscosity decreased with elevation in<br />
the temperature. A linear model was adjusted to<br />
experimental density data and a quadratic 1110del<br />
was adjusted to experimental viscosily data. The<br />
determination coefficient (R2) and residual<br />
analysis were salisfactory in both cases.<br />
Kcy-words: goat lll ilk, cow milk,<br />
thermophysical properties. viscosity. density.<br />
5 - REFERÊNCIAS<br />
CARVALHO. Rubênio B. de. Potencialidades dos<br />
111ercados para os Produtos Derivados de<br />
CaprillOS e Ovillos. Disponível em: .<br />
Acesso no dia 07 de Janeiro de 2004.<br />
COSTA. Arlindo L. da. Leite Caprino: 1lI1l NOlIO<br />
Enfoque de Pesquisa. Disponível em: . Acesso no<br />
dia 04 de Dezembro de 2004.<br />
GEANKOPLIS, Christi J. Transport Processes<br />
and Ul1it Operations. 3 " ed. New Jersey:<br />
Prentice-Hall International. 1993. p.569-577.<br />
LEWIS, M. J. Prop riedades Físicas de los<br />
Alimentos y de los Sistemas de Procesado.<br />
Zaragoza: Acribia S.A., 1993. p. 101-133.<br />
MOURA, S. C. S. R. de, VITAL!, A. de A.,<br />
FRANÇA, Y. C. L.. Propriedades Termofísicas<br />
de Soluções Modelo Similares a Creme de Leite.<br />
Ciência e Tecnologia de Alimelltos, vol. 21, n.<br />
2, Campinas, SP. 200 I. p. 209-2 15.<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATIcíNIOS<br />
ANÁLISE SENSORIAL E CARACTERIZAÇÃO FíSICO-QU!MICA DE QUEIJO MINAS<br />
FRESCAL OBTIDO A PARTIR DE LEITE DE BUFALA E VACA<br />
Sensory evaluation and physicochemical characterization of minas frescal cheese<br />
produced from buffalo and cow milk<br />
RESUMO<br />
Tatiana S. Souza1<br />
Normane M. C. Silva1<br />
Leandro S. Santos1<br />
Daniela A. Pereira1<br />
Alana R. Lemos1<br />
Bruna M. A. Carvalho1<br />
Gabrielle C. R. Fontan3<br />
Renata C. F. Bonomo3*<br />
Rafael C. I. Fontan3<br />
João D. S. Carneiro3<br />
O presente trabalho teve como objetivo desenvolver, analisar e omparar s características<br />
físico-químicas e sensoriais de queijos tipo Minas Frescal, obtlos de leite de vac puro<br />
(Formulação A) e da mistura de leite de vaca e búfala l . a proporç . ao de I: 1 . (Formulaçao ).<br />
A partir dos resultados obtidos observou-se que o queiJo prodUZido a partir da form . ulaçao<br />
B apresentou valores superiores de proteína, gordura e cinzas, o _ qu resutu num rendlmnto<br />
21 % maior que o queijo obtido da formulação A. Com relaçao as alahe . s d pH, aCidez<br />
titulável e resistência à penetração não foi observada diferença slgnlflcatl a eltre as<br />
formulações. A avaliação sensorial foi realizada por meio de um tese de aceltaçao com<br />
escala hedônica de nove pontos. A partir da análise estatística concJulll-se qu ap . e . ar as<br />
duas fo rmulações terem obtido notas médias próximas, houve diferença slg lhca lva<br />
(p
potássio) (SAMARA et alo, 1993). No processamento<br />
de queijos, o leite de búfala apresenta<br />
um maior rendimento que o leite de vaca<br />
(MIRANDA, 1986). Seu sabor é pecul iar,<br />
ligeiramente adocicado e é muito mais branco<br />
quando comparado ao leite bovino, devido à<br />
ausência quase total de carotenóides (pro-vit.<br />
A), em sua gordura.<br />
Essas características se refletem no seu<br />
apro veitamento industrial, proporcionando<br />
produtos lácteos de qualidade superior aos de leite<br />
bovino. Neste contexto surge a necessidade de<br />
melhorias e inovações tecnológicas que tornem<br />
o leite de búfala uma matéria prima cada vez<br />
mais presente na indústria de alimentos.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
2.1 -Produção do Queijo Minas Frescal:<br />
Foram feitos dois queijos tipo Minas<br />
Frescal, a partir de duas formulações diferentes:<br />
a formulação A (100% leite de vaca) e a<br />
formulação B (50% leite de vaca e 50% leite de<br />
búfala). Os leites de vaca e búfala utilizados nas<br />
duas formulações para a confecção dos queijos<br />
Minas Frescal tinham 18°D e 200D de acidez,<br />
respectivamente. As formulações foram<br />
pasteurizadas a 65°C por 30 minutos, e após o<br />
tratamento térmico foram resfriadas até 36°C,<br />
quando então fo i adicionado coalho em<br />
quantidade suficiente para coagular o leite em<br />
40 minutos. As massas obtidas foram acondicionadas<br />
em formas de queijo, sendo pesadas e<br />
passando por um período de descanso de 14<br />
horas. Posteriormente, os queijos fo ram<br />
submetidos a salga em salmoura durante o período<br />
de 2 horas.<br />
2.2 - ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS<br />
2.2.1 - pH, Acidez titulável, Cinzas e Gordura<br />
As análises de pH, acidez titulável, cinzas<br />
e gordura, Foram realizadas segundo os métodos<br />
do Instituto Adolf Lutz (1985).<br />
2.2.2 - Umidade<br />
Foram realizadas em triplicata através de<br />
uma balança determinadora de umidade por infravermelho<br />
(GEHAKA).<br />
2.2.3 - Resistência à Penetração<br />
Foram realizados cortes no queijo em<br />
forma de cubo com três cm de aresta e em seguida,<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
mediu-se a tensão de cisalhamento no centro do<br />
cubo até a ruptura da amostra com o auxílio do<br />
penetrômetro (Fruit Peeler).<br />
2.3 -Análise Sensorial<br />
Para a avaliação sensorial foi realizado um<br />
teste de aceitação com escala hedônica de nove<br />
pontos (com extremos em gostei extremamente<br />
e desgostei extremamente). As amostras foram<br />
apresentadas codificadas e aleatorizadas, em<br />
cabines individuais para um total de 60<br />
provadores, entre alunos, funcionários e docentes<br />
da UESB, no Laboratório de Análise Sensorial.<br />
Os dados obtidos foram submetidos à análise de<br />
variância (ANOVA), utilizando-se o Sistema para<br />
Análises Estatísticas e Genéticas -: SAEG<br />
(RIBEIRO JUNIOR, 200 I).<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
3.1 -Análise Sensorial<br />
A Tabela I apresenta o resultado da análise<br />
de variância para a análise sensorial dos queijos<br />
obtidos a partir das duas formulações, a nota<br />
média pra a formulação A foi de 6,87, enquanto<br />
que para a formulação B verificou-se uma nota<br />
de 6,37. Por meio das análises estatísticas<br />
veri ficou-se que houve diferença significativa<br />
entre as duas amostras (p
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO SENSORIAL DE UMA BEBIDA LÁCTEA "TIPO<br />
UMBUZADA"<br />
Development and sensorial evaluation of a dairy beverage "Similar umbuzada"<br />
RESUMO<br />
CARNEIRO, J.C.S.1<br />
SUZART, C.A.G. 2<br />
LIMA, M.Z.2<br />
SANTOS, L.S. 2<br />
BONOMO, R.C.F.1·<br />
BONOMO, P.3<br />
CARNEIRO, J.D.S.1<br />
ARA Ú JO, A.A.L.4<br />
VELOSO, C.M.1<br />
GOMES, A.M.2<br />
MIYAJI, M.1<br />
OLIVEIRA, C.P.1<br />
o presente estudo teve como objetivo o desenvolvimento e avaliação sensorial de uma<br />
bebida láctea que reunisse alguns dos ingredientes da umbuzada, soro de queijo e que atendesse<br />
ao Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade para Bebida Láctea. Três formulações<br />
foram desenvolvidas, de forma que todas apresentassem pelo menos 1,2% de proteínas de<br />
origem láctea, como exigido pela legislação. O valor de pH das bebidas obtidas variou de<br />
4,27 a 4,67 de acordo com a formulação. Em relação ao grau de satisfação dos consumidores,<br />
houve diferença significativa (P = 0,05) entre as formulações um e três e a formulação I<br />
é melhor.<br />
INTRODUÇÃO<br />
O umbu, fruto produzido pelo umbuzeiro, é<br />
muito consumido pelos habitantes dos sertões,<br />
uma vez que a planta é nativa dos chapadões<br />
semi-áridos do Nordeste Brasileiro (DUQUE,<br />
1980). Quanto ao processamento deste fruto nas<br />
comunidades e associações rurais, a atividade de<br />
maior escala é a extração de polpa que é<br />
comercializada para a produção de sucos e outros<br />
derivados. Em menor escala, seguem a umbuzada,<br />
o doce, a compota e o xarope, entre outros. A<br />
umbuzada, um dos produtos mais tradicionais do<br />
processamento do umbu, é uma bebida à base de<br />
polpa cozida de umbu, leite e rapadura, muito<br />
apreciada no meio rural, mas praticamente<br />
inexplorada para comercialização nas cidades<br />
(CAMPOS, 1994). O presente estudo teve como<br />
objetivo o desenvolvimento e avaliação<br />
sensorial de uma bebida láctea que reunisse alguns<br />
dos ingredientes da umbuzada, e soro de queijo,<br />
um subproduto com alto teor protéico e elevada<br />
D.B.O. (demanda bioquímica de oxigênio), o que<br />
o torna considerável agente poluidor dos rios<br />
quando descartado sem tratamento prévio. O<br />
uso do umbu e do soro, na produção da bebida<br />
I<br />
Apoio financeiro: CNPq.<br />
Professor assistente / DTRA - UESB.<br />
2 Estudantes do curso de engenharia de alimentos UESB.<br />
3, 4 Professor adjunto / DEBI e DTRA - UESB.<br />
autor para correspondência / e-mail: bonomorcf@yahoo.com.br<br />
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia UESB, Campus Juvino Oliveira. Pç. da Primavera, n° 40.<br />
Bairro Primavera. ltapetinga - BA. Cep 457000-000.<br />
Pág. 76<br />
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ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
láctea, permite agregar valor ao fruto e<br />
reaproveitar o soro, minimizando o problema<br />
do seu descarte nos rios.<br />
MATERIAL E MÉTODOS<br />
1 - Desenvolvimento da bebida<br />
A bebida láctea foi elaborada com polpa de<br />
umbu, leite em pó, soro de queijo mussarela e<br />
açúcar. Três formulações foram desenvolvidas,<br />
de forma que todas apresentassem pelo menos<br />
1,2% de proteínas de origem láctea, como exigido<br />
pela legislação. Variou-se, por formulação, a<br />
quantidade dos ingredientes (soro, açúcar e<br />
polpa), resultando em alterações nas<br />
características sensoriais da bebida,<br />
principalmente nos gostos doce e ácido. A Tabela<br />
I apresenta as fo rmulações desenvolvidas e<br />
submetidas à análise sensorial.<br />
Tabela 1 - Ingredientes e quantidades utilizadas<br />
nas três formulações de bebida<br />
Láctea.<br />
Ingrediente Form ulação<br />
2 3<br />
Soro 68% 68% 68%<br />
Açúcar 15% 16% 18%<br />
Polpa 13% 10% 10%<br />
2 - Avaliação Sens orial<br />
Após determinado o pH da bebida, as três<br />
fo rmulações foram submetidas à aval i ação<br />
sensorial, no Laboratório de Análise Sensori al<br />
(UESB), em cabines individuais. Cada um dos<br />
57 consumidores, entre alunos. professores e<br />
servidores da re ferida instituição, avaliou as<br />
três formulações da bebida, numa mesma seção,<br />
utilizando-se a Escala Hedônica de nove<br />
pontos. Estes responderam, também, um<br />
questionário referente a sexo, idade, faixa<br />
etária e consumo de bebida láctea. Os dados da<br />
avali ação sensorial foram submetidos à análise<br />
de variância (ANOVA) e teste de comparação<br />
de médias, utilizando-se o Sistema para Análises<br />
Estatísticas e Genéticas - SAEG (RIBEIRO<br />
JÚNIOR, 2001). A Tabela 2 apresenta o<br />
resultado da ANOVA referente ao teste de<br />
aceitação. Pode-se verificar que não houve<br />
diferença significativa entre as fo rmulações I<br />
e 2, e entre as formulações 2 e 3. As<br />
formulações I e 2 foram consideradas as<br />
melhores.<br />
Tabela 2 - Médias dos escores para avali ação<br />
sensorial de três formulações de<br />
bebida láctea "tipo umbuzada",<br />
avaliadas por consumidores,<br />
utilizando-se escala Hedônica de<br />
nove pontos.<br />
Formulação<br />
2<br />
3<br />
Média*<br />
6,8 a<br />
6,5 a b<br />
6,2 b<br />
* Pares de médias seguidas de pelo menos uma mesma letra<br />
não diferem entre si em relação ao grau de satisfação dos<br />
consumidores, ao nível de 5% de probabilidade, pelo teste<br />
de Tukey.<br />
O resultado do questionário aplicado em<br />
conjunto com o teste de aceitação mostrou que<br />
80,7% dos provadores consomem algum tipo de<br />
bebida láctea e dentro deste percentual mais de<br />
40% consomem este tipo de produto mais de<br />
duas vezes por semana. A Figura 1 apresenta os<br />
resultados referentes à freqüência de consumo<br />
de algum tipo de bebida láctea.<br />
100,0<br />
80,0<br />
<br />
Z 60.0<br />
''li<br />
o<br />
w 40,0<br />
[E<br />
20,0<br />
digitalizado por<br />
0,0<br />
rmis de 2 2 vezes 1 vez por 2 vezes 1 vez por mlnOS de<br />
vezes por por por rrês rrés 1 vez por<br />
rrês<br />
RESPOSTAS<br />
Figura 1 - Freqüência de consumo de algum tipo<br />
de bebida láctea.<br />
Dentre os provadores que responderam que<br />
não consomem nenhum tipo de bebida láctea,<br />
18,2% disseram que não gostam deste tipo de<br />
produto e 63,6% disseram que não tem o hábito<br />
de consumir. Estes resultados demonstram, ainda,<br />
que existe uma fatia de mercado a ser conquistada<br />
e que o consumo do produto desenvolvido neste<br />
trabalho pode ser significativo.<br />
CONCLUSÃO<br />
O teste de aceitação mostrou que existe<br />
diferença significativa (P ::; 0,05) entre as<br />
formulações I e 3, sendo que a I foi considerada<br />
melhor. Tendo em vista estes resultados e<br />
considerando que este trabalho é parte inicial de<br />
Pág. 377<br />
EPAMI· ... .. arvoredoleite.org<br />
CT/!LCT<br />
1f;lA JI"\ "t"Cf' A.
um estudo, a formulação 3 será descartada e serão<br />
testadas novas formulações, a partir das<br />
formulações I e 2, procurando melhorá-las. Os<br />
resultados do questionário de consumo<br />
mostraram, ainda, que existe uma fatia de<br />
mercado a ser conquistada e que o consumo do<br />
produto desenvolvido neste trabalho pode ser<br />
significativo.<br />
SUMARY<br />
The objective of this study was the<br />
development and sensorial evaluation of a dairy<br />
beverage with some "umbuzada" ingredients and<br />
whey assisting to the Technical Regulation of<br />
Identity and Quality for Dairy Beverage. Three<br />
formulations were developed ith at least 1,2%<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
• • • •<br />
of milky proteins according to the legislation.<br />
The pH values obtained for the beverages varied<br />
from 4,27 to 4,67. Relating to the acceptance<br />
test there was significant difference (P = 0,05)<br />
between the formulations 1 and 3 and tl1e<br />
formulation I is the best.<br />
REFERÊNCIAS<br />
CAMPOS, C. O. Industrialização caseira do umbu:<br />
uma nova perspectiva para o semi-árido.<br />
Salvador. EBDA, 1994.<br />
DUQUE, J. G. O Nordeste e as lavouras xerófilas.<br />
3 ed. Mossoró: ESAM/Fundação Guimarães<br />
Duque, 1980.<br />
RIBEIRO JÚNIOR, J.1. Análises estatísticas no<br />
SAEG Viçosa: UFV, 2001. 301 p.<br />
• • • •<br />
ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA PARA A IMPLANTAÇÃO DE UMA<br />
UNIDADE DE FRACIONAMENTO DE LEITE NA REGIÃO CENTRO-OESTE DO BRASIL<br />
Study of technical and economical viability for Implantation of a dairy industry in<br />
Center-West Region of Brazil<br />
RESUMO<br />
Rafael C. I. Fontan1*<br />
Alexandre D. Gade2<br />
Suzana M. Delia Lucia3<br />
Cássio C. Oliveira4<br />
Ronaldo Perez5<br />
Dada a crescente demanda por derivados do leite nas indústrias de alimentos e farmacêuticas,<br />
e . a ausência de empresas nacionais que supram essa necessidade, foi realizado um estudo de<br />
vIabil idade técnica e econômica (EVTE) para a implantação de uma unidade fabril de<br />
fracionamento de leite na região Centro-Oeste do Brasil. O local foi escolhido com base na<br />
oferta de matéria-prima e possibilidade de escoamento da produção. A fábrica teria<br />
Professor da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB.<br />
2 Especialista de Processos da Nestlé S/A-<br />
3 Doutoranda em Ciência e Tecnologia de ' Alimentos pela Universidade Federal de Viçosa - UFY.<br />
4 StaffTécnico da Sadia S/A.<br />
5 Professor da Universidade Federal de Viçosa - UFY.<br />
* endereço para contato: UESB, Campus de Itapetinga, Praça Primavera, 40, Itapetinga - BA, 457000-000.<br />
e-maiJ: rafaelfontan @yahoo.com.br<br />
Pág. 378<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
capacidade de beneficiar 100 mil litros de leite por dia, com investimentos da ordem de<br />
R$ 7,5 milhões, 75% dos quais financiáveis. A análise econômica apresentou uma taxa<br />
interna de retorno (TIR) igual a 47,5%, tempo de retorno de capital (TRC) de 2,14 anos.<br />
Na análise de risco foram identificados os principais fatores que influenciam a viabilidade<br />
do empreendimento, sendo que a TIR apresentou distribuição normal, com valor médio<br />
igual a 40,9 % e desvio padrão de 0,29 %. Os indicadores demonstram que o empreendimento<br />
é atrativo, mas devido ao alto custo de' implantação torna-se restrito a um pequeno grupo<br />
de empresários.<br />
Palavras-chave: viabilidade, análise financeira, análise de risco, leite, soro de leite.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
Indústrias de alimentos e farmacêuticas<br />
vêm, a cada ano, utilizando um maior volume de<br />
componentes presentes no leite, como a lactose<br />
e proteínas do soro, sendo necessário o<br />
fracionamento do mesmo de modo que seja<br />
suprida a necessidade destas. O Brasil ainda é<br />
carente de empresas neste segmento, dependo<br />
basicamente de importação destes produtos.<br />
A implantação de uma indústria com tal<br />
finalidade depende de uma série de fatores, que<br />
interligados em uma análise podem nos dizer<br />
H!.uito a respeito de sua viabilidade. Localização,<br />
impacto ambiental, oferta de matéria-prima e<br />
seu custo, mercados consumidores, mão-de-obra<br />
especial izada, infra-estrutura social, incentivos<br />
fiscais e demanda de capital de giro são alguns<br />
fatores que influenciam na tomada de decisão,<br />
devendo ser considerados e analisados.<br />
2 - A EMPRESA<br />
A indústria proposta teria capacidade para<br />
beneficiar 100 mil litros de leite por dia,<br />
fracionando-o em seis diferentes produtos:<br />
creme de leite, caseína alimentar, lactose, soro<br />
de leite, concentrado protéico de soro (WPC) e<br />
isolado protéico de soro (WPI). Toda a produção<br />
é destinada a ser matéria-prima para outras<br />
indústrias, sendo o creme de leite comercializado<br />
a granel e os demais produtos vendidos em<br />
embalagens de 25 kg.<br />
A unidade consiste de uma planta de<br />
fracionamento de leite, um laboratório para<br />
análises de rotina, um prédio administrativo, uma<br />
guarita. um prédio para utilidades (caldeiras,<br />
oficina e sistema de refrigeração) e uma estação<br />
de tratamento de resíduos, totalizando uma área<br />
construída de 2200 m2 em um terreno de<br />
26500 m2 .<br />
Seriam gerados cerca de 55 empregos<br />
diretos sendo 16 na área administrativa e 39 na<br />
digitalizado por<br />
área operacional, distribuídos em dois turnos de<br />
produção de oito horas cada. A alta tecnologia<br />
envolvida nos processos produtivos leva a um<br />
reduzido número de funcionários, com alta<br />
capacitação técnica, e conseqüentemente<br />
melhores salários.<br />
Dentre os processos de alta tecnologia<br />
propostos para a empresa, estariam a secagem<br />
de caseína em tambores rotativos, ultrafiltração,<br />
microfiltração e osmose reversa em membranas,<br />
concentração de produtos por recompressão<br />
térmica de vapor (TVR) e secagem de produtos<br />
por atomização em spray-dryer (VARNAN e<br />
SUTHERLAND, 1994).<br />
A empresa ainda contaria com o principio<br />
de "resíduo zero", re-aproveitando ao máximo<br />
tudo o que for possível. Nesse contexto, a água<br />
retirada do leite nos processos com membranas<br />
e nas etapas de concentração seria tratada e reaproveitada<br />
na indústria, gerando economia de<br />
66 mil litros de água por dia.<br />
3 - LOCALIZAÇÃO<br />
Devido à grande expansão agropecuária e<br />
agroindustrial na região Centro-Oeste, esta região<br />
foi a selecionada para a implantação da indústria.<br />
Mais especificamente, foi escolhida a cidade de<br />
Itumbiara - GO com mais de 80 mil habitantes e<br />
hoje importante pólo agro-industrial. Possui<br />
grande potencial hidrelétrico e hídrico e vem<br />
aproveitando de forma coerente essa característica.<br />
Itumbiara está localizada na microrregião<br />
de Meia Ponte, hoje a maior produtora de leite<br />
no país. Além disso, a cidade está próxima a<br />
outras importantes bacias leiteiras nacionais,<br />
como as microrregiões de Frutal, Araxá, Patos<br />
de Minas e Patrocínio, todas em Minas Gerais, e<br />
Sudoeste de Goiás, totalizando uma oferta de leite<br />
de mais de 1,5 bilhões de litros de leite por ano.<br />
No município de Itumbiara existem ainda<br />
importantes meios de escoamento para<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />
ESTUDO COMPARATIVO DE DOIS MÉTODOS CROMATOGRÁFICOS PARA ANALISES DE<br />
a-LACTOALBUMINA E -LACTOGLOBULlNA<br />
Comparison of two high-performance liquid chromatographyc methods for alactalbumin<br />
and ·Iactoglobulin analysis<br />
RESUMO<br />
Abraham Damian Giraldo-Zuniga l'<br />
Jane Sélia dos Reis Coimbra2<br />
Luis Antonio Minim2<br />
Edwin Elard Garcia Rojas2<br />
Este trabalho descreve e compara os métodos de cromatografia líquida de alta eficiência de<br />
fase reversa e de troca iônica utilizados para quantificar as proteínas a-Iactoalbumina e lactoglobulina.<br />
Os resultados mostraram que a cromatografia líquida de fase reversa levou<br />
a uma melhor separação das proteínas. Mediante este método, foi possível uma separação<br />
completa das proteínas em estudo com elevada resolução, boa repetitividade dos tempos<br />
de retenção e um curto tempo de analise de aproximadamente 33 minutos.<br />
Palavras-chave: Cromatografia de troca iônica, RP-HPLC, a-Iactoalbumina, lactoglobulina.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
O soro de queijo é um sub produto da<br />
industria do queijo, contem aproximadamente<br />
20% das proteínas totais do leite, sendo uma<br />
fo nte de proteínas de baixo custo (McIntosh et<br />
al., 1998) o volume produzido mundialmente<br />
deste subproduto é de aproximadamente 91<br />
milhões de toneladas (FAO, 2004). As proteínas<br />
do soro de queijo possuÇ!m elevado valor funcional<br />
e nutricional. A a- Iactoalbumina (a-Ia) e a lactoglobulina<br />
(-Ig) são as proteínas presentes<br />
em maior quantidade no soro de queijo e<br />
constituem cerca de 70% do conteúdo protéico<br />
total do soro (Wit, 1998; Morr e Ha, 1993).<br />
Estas proteínas em forma purificada são<br />
benéficas à saúde (Etzel, 1999). Dentre as<br />
funções atribuídas à a-Ia e à -Ig encontram-se<br />
as anticarcinogênicas, digestiva, regulam o sono<br />
e a vigília e são usadas como suplemento<br />
alimentício (Mcintoshi et aI., 1998), e no<br />
desenvolvimento de fó rmulas especiais, como<br />
por exemplo alimentos para pessoas com<br />
fenilcetonúria, uma enfermidade que provoca a<br />
não-metabolização de fenilalanina e causa, entre<br />
outros problemas , a deficiência mental. Na<br />
atualidade existem várias processos para separar<br />
as frações de a-Ia e -Ig do soro, porem são<br />
necessárias técnicas de analise quantitativa<br />
rápidas e confiáveis. Vários métodos de analise<br />
tem sido testados para analisar as proteínas do<br />
soro, tais como: eletroforese, cromatografia<br />
líquida, eletroforese capilar dentre outras<br />
(Strange et ai, 1998; Jong et ai, 1993). Um dos<br />
métodos mais utilizados para analises das<br />
proteínas do soro é a cromatografia líquida,<br />
particularmente a cromatografia líquida de alta<br />
eficiência (CLAE) a mesma que combina<br />
versatilidade, curtos períodos de análises e um<br />
elevado poder de resolução (Elgar et aI., 2000).<br />
O presente trabalho descreve e compara os<br />
métodos de cromatografia líquida de fase reversa<br />
e cromatografia líquida de troca iônica utilizados<br />
para quantificar as proteínas a-Iactoalbumina e<br />
Curso de Engenharia de Alimentos, Universidade Federal do Tocantins (UFT), 77020-210 - Palmas - TO, Brasil.<br />
2 Laboratório de Processos de Separação (LPS), Departamento de Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal<br />
de Viçosa (UFV), 3657 1 -000 Viçosa MG, Brasil. E-mail: abraham@ lIji.edll.br<br />
Pág. 382<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
-Iactoglobulina presentes no soro de queijo in<br />
natura.<br />
2 - MATERIAIS E MÉTODOS<br />
Foram utilizados padrões das proteínas alactoalbumna<br />
e -Iactoglobulina (grau eletroforético,<br />
SIGMA) e soro in natura obtido do<br />
laticínio da FUNARBE/UFV.<br />
2.1 Cromatografia de Troca Iônica (CTI)<br />
O equipamento utilizado para a cromatografia<br />
de troca iônica foi o sistema<br />
cromatográfico ÀKTA purifier® (Pharmacia,<br />
Sweden). O sistema foi monitorado via software<br />
UNICORN®. A coluna empregada foi a Mono<br />
Q-HR 5/5 (0,5 cm de diâmetro x 5 cm de<br />
comprimento) (Pharmacia). Na Tabela 1<br />
observa-se as condições de analise das proteínas<br />
do soro.<br />
Tabela 1 - Gradiente utilizado na eluição das<br />
proteínas do soro mediante<br />
Cromatografia de Troca Iônica.<br />
Tempo (min) A (%) B (%)<br />
0-20 90 10<br />
20-25 90 10<br />
25-40 70 30<br />
40-50 O 100<br />
A: 10 111M solução tampão de fosfato de<br />
potássio; B: A + 1.0 M NacL.<br />
2.2 - Cromatografia em Fase Reversa (CFR)<br />
O equipamento utilizado foi um<br />
cromatográfo líquido (Shimadzu) controlado via<br />
Software (Shimadzu- Class- VP). O eluente foi<br />
monitorado usando detector de feixes de diodo<br />
(SPD-M I OAVP- Shimadzu) a 210 nm. Foi usada<br />
uma coluna de fase reversa (CLC ODS-C 18) de<br />
250 x 4,6 mm e coluna de guarda (CLCG-ODS)<br />
de 10 x 4 mm. Todos os reagentes usados foram<br />
de grau analítico, água deionizada e acetonitrila<br />
grau cromatográfi co. Foram empregadas as<br />
condições de analises previamente definidas por<br />
Zuniga et aI. (2000).<br />
Para ambas as técnicas cromatográficas<br />
foram obtidas uma curva padrão para a a-Ia e <br />
Ig, construídas usando soluções de proteínas puras<br />
em concentrações na faixa de 0,02 mg/mL a 2,0<br />
mg/mL, as amostras foram filtradas em membrana<br />
de acetato de celulose de 0.2 J.lL de<br />
diâmetro de poro (Durapor, Brazil).<br />
digitalizado por<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
As analises foram feitas em triplicata e o<br />
coeficiente de determinação para cada curva<br />
padrão foi calculado por análise de regressão<br />
linear. N a Tabela 2 são mostrados os coeficientes<br />
para cada uma das técnicas comparadas.<br />
Tabela 2 Coeficientes da equação de regressão<br />
Y = (IX +b<br />
Metodo<br />
CTI-alfa<br />
CTI-beta<br />
CFR-alfa<br />
CFR-beta<br />
a<br />
1703. 1<br />
1397.9<br />
2E+07<br />
2E+07<br />
B<br />
32.285<br />
270.57<br />
853496<br />
2E+06<br />
3.1 - Cromatografia de Troca Iônica<br />
0.985<br />
0.989<br />
0.997<br />
0.997<br />
Na Figura I (a) pode ser observado o<br />
cromatograma das proteínas padrões de a-Ia<br />
(pico I) e -Ig (pico 2). O cromatograma do<br />
soro in natura é mostrado na Figura I (b), onde<br />
as proteínas a-Ia e -Ig foram eluidas nos picos<br />
3 e 4 respectivamente. A eluição completa das<br />
proteínas foi atingida com 50 mino Esta<br />
técnica apresentou uma boa resolução na<br />
separação das proteínas, como pode ser verificado<br />
nos diferentes tempos de retenção para<br />
cada proteína, sendo 20 e 27 minutos para a<br />
Ia e -Ig respectivamente.<br />
Na cromatografia de troca iônica a<br />
interação entre a proteína e a superfície de<br />
troca de íons da resina depende de vários<br />
fatores, tais como a distribuição da carga, pH,<br />
ponto isoelétrico das proteínas, sol vente<br />
utilizado na eluição, dentre outros (Janson and<br />
Rydén, 1998). O pH (7.0) utilizado neste<br />
trabalho, foi superior ao ponto isoelétrico das<br />
proteínas em estudo, favorecendo a superfície<br />
negativa das proteínas que ficaram adsorvidas<br />
na resina da coluna cromatográfica. Com o<br />
incremento da concentração de NaCI na fase<br />
móvel foi conseguida a eluição das proteínas<br />
adsorvidas na coluna. Como observado na<br />
Figura 2 (b) no soro in natura a a-Ia foi eluida<br />
no pico 3 e a -Ig no pico 4. De acordo com o<br />
ponto isoelétrico das proteínas o primeiro pico<br />
observado nesta figura provavelmente é a<br />
albumina de soro bovino. Resultados semelhantes<br />
na analise de proteínas do soro<br />
mediante cromatografia de troca iônica foram<br />
obtidos por outros autores (Andrews et aI,<br />
1985; Ferreira et aI, 2003)<br />
arvoredoleite.org
(a)<br />
(b)<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
2<br />
mAU %I<br />
lOO<br />
1000<br />
mAU<br />
2500<br />
:!oon<br />
1500<br />
1000<br />
oo<br />
11\<br />
a-Ia I:<br />
13-lg A '<br />
\ I i \<br />
\ ,I<br />
\---- -1<br />
I<br />
1II (3-lg<br />
, 'I B<br />
iJ I<br />
\<br />
\<br />
"-<br />
00 5.0 10.0 15.0 20.0 25.0 30.0 35.0 ml<br />
a-Ia 3/1<br />
fl-Ig-A l Il-Ig-U<br />
) "\. I ----=-r/ .s:: <br />
---<br />
I<br />
l -(<br />
A<br />
l.O 10.0 20.0 30.0 '10.0 ml<br />
Figura 1 - Cromatograma típico de padrões de a-Ia e -Ig (a) e de soro in natura de Mozarela (b)<br />
obtidos mediante CTI<br />
3.3 - Cromatografia de Fase Reversa<br />
Na Figura 2 (a) pode ser visto um<br />
cromatograma das amostras de proteínas puras<br />
usadas na construção das curvas-padrão, onde<br />
foram obtidos dois picos bem definidos para a<br />
-Iactoglobulina. Isto deve-se ao fato da -Ig<br />
ser um dímero formado por -Ig A e -Ig B<br />
(Cayot e Lorient, 1997). Observa-se que as<br />
condições cromatográficas usadas permitiram<br />
boa resolução na separação da -lg A e -lg B<br />
em um curto tempo de análise. A -lg é<br />
considerada o principal componente alergênico<br />
do leite bovino, e as variantes genéticas são as<br />
que provocam diferentes respostas alergênicas<br />
(Cayot e Lorient, 1997).<br />
As condições cromatográfi cas usadas<br />
permitiram obter boa resolução e curto tempo<br />
de analise (33 minutos) para a completa<br />
separação de -lg A e -lg B. Esta técnica<br />
Pág. 384<br />
cromatográfica é baseada principalmente nas<br />
diferenças de hidrofobicidade e tem sido muito<br />
utilizada na analise de diferentes proteínas e<br />
peptídeos (Roger & Harrison, 1994). Neste<br />
trabalho foi realizada uma eluição em gradiente,<br />
empregando uma solução de NaCl (pH 2,5) e<br />
uma força iônica de 0,15M como eluente A e<br />
Acetonitrila pura como eluente B, de acordo com<br />
a metodologia descrita por Zuniga, et ai (2000)<br />
conseguindo uma resolução ótima na separação<br />
das proteínas a-la e -lg.<br />
As duas técnicas cromatográficas utilizadas<br />
neste trabalho não mostraram uma<br />
repetitividade exata dos tempos de retenção<br />
dos picos de ambas as proteínas, porem a<br />
cromatografia líquida de alta eficiência usando<br />
coluna de fase reversa mostrou os melhores<br />
resultados em termos de a repetitividade dos<br />
tempos de retenção, com variações das aproximadas<br />
de ±2%.<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
%F<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
(a)<br />
(b)<br />
7 5 <br />
I<br />
I<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
o 5 10 15<br />
a.-Ia<br />
Minutos<br />
20 25 30<br />
,---------,-----,----,----------o<br />
5 10 15 20 25 30<br />
Minutos<br />
40<br />
CO<br />
E<br />
Ql<br />
Ol<br />
2<br />
C<br />
Ql<br />
<br />
Ql<br />
20 o..<br />
Figura 2 Cromatograma típico de padrões de a-Ia e -lg (a) e de soro in natura de Mozarela (b)<br />
4 - CONCLUSÃO<br />
obtidos mediante (RP-HPLC)<br />
Os resultados mostraram que a cromatografia<br />
líquida de fase reversa levou a uma melhor<br />
separação das proteínas. Mediante este método,<br />
foi possível uma separação completa das<br />
proteínas em estudo com elevada resolução e<br />
em um curto tempo de analise de aproximadamente<br />
33 minutos e com variações de<br />
repetitividade dos tempos de retenção dos picos<br />
cromatográficos da ordem de ±2%.<br />
ABSTRACT<br />
This paper describes and compares three<br />
chromatographic methods for the analysis and<br />
digitalizado por<br />
quantification of most abundant proteins in cheese<br />
whey, a-lactalbumin and -lactoglobulin. The<br />
methods were: Reverse-phase high performance<br />
liquid chromatography, anion Exchange<br />
chromatography and size-exclusion<br />
chromatography. The reverse- phase liquid<br />
chromatography led to a better separation of whey<br />
proteins than size-exclusion chromatography and<br />
anion exchange chromatography, this method<br />
offered a excellent separation for whey proteins<br />
and presented a short time of analysis (33 min.).<br />
Key Words: RP-HPLC, anion-exchange<br />
chromatography, a-Lactalbumin, p-Lactoglobulin.<br />
arvoredoleite.org
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
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Cândido Tostes. v. 54, n. 316, p. 17-21, 2000.<br />
• • •<br />
MICROBIOTA CONTAMINANTE DO LEITE CRU REFRIGERADO<br />
Spoilage microbiota from refrigerated raw milk<br />
Cláudia Lúcia de Oliveira Pintol<br />
Maurílio Lopes Martins2<br />
Sebastião César Cardoso Brandão3<br />
Célia Alencar de Moraes4<br />
Maria Cristina Dantas Vanetti4<br />
Pesquisadora EPAMIG/CTZM-Viçosa-MG, DS em M icrobiologia Agrícola UFV E-mail: clucia@epamig.ufv.br<br />
2 Doutorando, Departamento de Microbiologia. Universidade Federal de Viçosa.<br />
3 Departamento de Tecnologia de Alimentos. Universidade Federal de Viçosa.<br />
4 Departamento de Microbiologia. Universidade Federal de Viçosa. E-mail: mvanetti@ufv.br<br />
Pág. 386<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
RESUMO<br />
Os objetivos deste trabalho foram avaliar características microbiológicas do leite cru<br />
refrigerado e isolar bactérias psicrotróficas proteolíticas predominantes. Amostras de leite<br />
cru foram coletadas em tanques de refrigeração individuais, coletivos e no silo industrial e<br />
avaliadas quanto ao grau de contaminação por bactérias mesofílicas, psicrotróficas,<br />
psicrotróficas proteolíticas e Pseudomollas sp e quanto à lactofermentação. Constatou-se<br />
grande variação ocorreu na qualidade bacteriológica entre as amostras. O grau de<br />
contaminação das amostras coletadas em tanques de refrigeração coletivos e individuais<br />
foi inferior ao constatados nas amostras coletadas no silo industrial. O percentual de<br />
amostras com contagens microbianas mais altas foi observado, respectivamente, no silo<br />
industrial, tanques coletivos e tanques individuais. Bactérias psicrotróficas proteolíticas<br />
Gram-negativas foram isoladas com maior freqüência. Os resultados desta pesquisa indicaram<br />
a necessidade de maior controle das fontes de contaminação do leite cru para a obtenção de<br />
produtos lácteos de alto valor agregado e confirmaram que a microbiota contaminante<br />
Gram-negativa é predominante do leite cru refrigerado.<br />
Palavras-chave: leite cru, refrigerado, microbiota<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
A estocagem do leite cru refrigerado na<br />
fonte de produção regulamentada no Brasil em<br />
2002 (BRASIL. 2(02 ) diminuiu os custos<br />
operacionais de produção. Porém, esta prática é<br />
associada a problemas tecnológicos decorrentes<br />
da atividade enzimática de bactérias<br />
psicrotróficas (COUSIN, 1982; S0RHAUG e<br />
STEPANIAK, 1997). A microbiota psicrotrófica<br />
contaminante do leite cru inclui espécies de<br />
bactérias Gram-negativas dos gêneros<br />
Pseltdoll/ollas, Ac!lroll/ o!Jacter, AerOfl!OllaS,<br />
Serra tia, A/caligelles, Chrol11o!Jacteriul1l e<br />
F/a \!o!Jacteriul1/ e bactérias Gram-pos itivas dos<br />
gêneros Bacilllts, C[ostridilllll, Coryne!Jacterilllll,<br />
StreptococCllS, LactococClIs, Leucollostoc,<br />
Lacto!Jacillus e Micro!Jacterillll/ spp. (COUSIN,<br />
1982; RYSER, 1999). Bactérias ci o gênero<br />
Pselldolllo/WS são isoladas com maior freqüência<br />
do leite e de produtos lácteos refrigerados embora<br />
não representem mais do que 10% da microbiota<br />
do leite cru, recém-ordenhado (S0RHAUG e<br />
STEPANIAK, 1997). A contaminação dos<br />
produtos lácteos por bactérias psicrotróficas é<br />
associada ao suprimento de água de qualidade<br />
inadequada, deficiências de higiene e mastite<br />
(MURPHY e BOOR, 20(0). A contagem de<br />
bactérias mesofílicas é a análise empregada para<br />
a avaliação da qualidade de leite cru refrigerado<br />
porém, esta não fornece indicações dos tipos de<br />
contaminantes e o seu potencial deteriorador.<br />
Com base nos dados da literatura, é imprudente a<br />
fabricação de produtos lácteos a partir do leite<br />
cru com contagem de psicrotróficos superior a<br />
5,0 x 106 UFC/mL. Os objetivos deste trabalho<br />
digitalizado por<br />
foram avaliar características microbiológicas do<br />
leite cru refrigerado e isolar bactérias psicrotróficas<br />
proteolíticas predominantes.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
As amostras de leite cru refrigerado foram<br />
coletadas no silo industrial e em tanques coletivos<br />
e individuais de fornecedores de uma indústria de<br />
Laticínios da Zona da Mata Mineira. Foram<br />
coletadas 4 amostras no silo industrial me dias e<br />
hora diferentes, 33 amostras de leite em tanques<br />
de refrigeração individuais e 12 amostras em<br />
tanques coletivos com, aproximadamente, 48<br />
horas de estocagem (ABNT, 1985). Para a coleta,<br />
manuseio e manutenção das amostras seguiu-se<br />
as recomendações da Federação Internac ional<br />
de Laticínios (IOF, 1985). As amostras de leite<br />
cru refrigerado foram avaliadas quanto a prova<br />
de lactofermentação (BRAMLEY e McKINNON<br />
(1990), contagem de bactéri as mesofílicas e<br />
mesofílicas proteolíticas em Ágar Casei nato para<br />
Métodos Padronizados - SMCA (FRANK et<br />
aI ., 1992), contagem de bactérias psicrotróficas<br />
e psicrotróficas proteolíticas em SMCA, com<br />
incubação a 6,5 ± 0,5°C, por 10 dias, contagem<br />
de PseudolJlol!as spp. em agar base para<br />
Pseudol/lollas CM559 (Oxoid), adicionado de<br />
cetrimida (10,0 mg L·I ), fucidina (10,0 mg L·I) e<br />
cefalosporina (50,0 mg L·I) (suplemento. seletivo<br />
SR 103E, Oxoid®), com incubação a 22°C, por<br />
72 horas. Foram selecionadas de três a quatro<br />
colônias com halos de clarificação e, ou de<br />
precipitação da caseína do meio de cultura<br />
arvoredoleite.org
SMCA, das maiores diluições de amostras de leite<br />
cru. Os isolados foram purificados em ágar<br />
nutriente e congelados a -80°C, em caldo<br />
tripticaseína e soja TSB, com 20% de gliceroI.<br />
Após ativação em caldo TSB, a 25°C , por 48<br />
horas foram caracterizados quanto à morfologia<br />
e reação de Gram. O metabolismo fermentativo<br />
da glicose foi pesquisado nos isolados Gramnegativos<br />
em meio Rugai modificado por Pessoa<br />
e Silva (MBiolog Diagnósticos Ltda.). As médias<br />
das contagens microbianas das amostras<br />
coletadas em tanques individuais, coletivos e no<br />
silo industrial, foram comparadas por análise de<br />
variância e teste de Tllkey a 5% de probabilidade,<br />
utilizando-se o Sistema de Análise Estatística -<br />
SAS (1996). Realizou-se ainda a análise<br />
descritiva do percentual de amostras coletadas<br />
em tanques individuais, coletivos e no silo industrial<br />
quanto ao grau de contaminação dos<br />
grupos de microrganismos avaliados, agrupandoas<br />
em faixas de contagens.<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Constatou-se uma grande variação da<br />
qualidade bacteriológica do leite pela prova de<br />
lactofermentação com predominância de coágulos<br />
indicativos de predominância de microbiota<br />
proteolítica. O grau de contaminação das<br />
amostras coletadas no silo industrial foi<br />
significativamente superior aos observados nas<br />
amostras provenientes dos tanques individuais e<br />
coletivos para os grupos microbianos avaliados<br />
(Quadro I ). Verificou-se maior número de<br />
amostras com contagens mais altas (entre 105 e<br />
10" UFC/mL ou superior a 106 UFC/mL) de<br />
mesófilos, mesófilos-proteolíticos, psicrotróficos,<br />
psicrotróficos proteolíticos e Pselldomonas<br />
respectivamente no silo industrial e nos tanques<br />
coletivos. Os percentuais de amostras de leite<br />
cru refri gerado, com contagens de psicrotróficos<br />
superiores a 10% da contagem de mesófilos<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
foram de 57,6%, 66,7% e 100% nas amostras<br />
coletadas em tanques de refrigeração individuais<br />
coletivos e no silo industrial, respectivament<br />
indicando deficiências nas condições higiênicas<br />
de produção e de armazenamento, de transporte<br />
e de refrigeração. Contaminações altas por<br />
mesófi los e psicrotróficos também foram<br />
constatadas por SILVA (2003) em amostras de<br />
leite coletadas em silos industriais. Esse autor<br />
observou urna correlação positiva entre a<br />
contagem de bactérias psicrotróficas do leite cru<br />
e o aumento da viscosidade do leite UHT<br />
sugerindo a presença de atividade de enzimas<br />
proteoIíticas termorresistentes.<br />
Dentre as 153 bactérias psicrotróficas<br />
proteoIíticas isoladas de leite cru refrigerado<br />
constatou-se a predominância de Gram-negativas<br />
(75%), especialmente as não fermentadoras de<br />
glicose que representou 48% do total de isolados<br />
confirmando os resultados descritos na literatura<br />
(COUSIN, 1982). Os gêneros bacterianos não<br />
fermentadores de glicose incluem Acinetobacter,<br />
Aerol1lollas, Burk/zolderia, Clzryseobacterillll<br />
(FlavobacteriulIl), Clzryseolllonas, Moraxella e<br />
Pseudol1/onas e dentre esses, Pseudolllonas<br />
fl uorescens é isolada com maior freqüência<br />
(MUIR, 1996). A importância do controle da<br />
contaminação dessa bactéria na cadeia produtiva<br />
do leite é relacionada ao seu potencial enzimático<br />
que pode variar em função da estirpe (DOGAN e<br />
BOOR, 2003).<br />
4 - CONCLUSÃO<br />
A grande variação observada nos tipos de<br />
coágulos na prova de lactofermentação, com a<br />
predominância coágulos típicos de bactérias<br />
contaminantes proteolíticas indicou a necessidade<br />
de maior controle das diferentes fo ntes<br />
de contaminação do leite cru. A manutenção do<br />
leite cru, por períodos prolongados, em condições<br />
de refrigeração pode comprometer a sua<br />
Quadro! - Médi , a dos logaritmos dos números de unidades formadoras de colônias (UFC/mL) de bactérias<br />
mesofIlas, mesófilas proteolíticas, psicrotróficas, psicrotróficas proteolíticas e de<br />
Pselld{:111o . nas sp ., de amostras coletadas em tanques de refrigeração individuais, coletivos<br />
e no SIlo 1I1dustnal.<br />
Local de Mesófilas Mesófilas Psicrotróficas Psicrotróficas PselldoJr/ol1 as<br />
amostragem proteolíticas proteolíticas spp.<br />
Tanque Individual 5, 13 a<br />
Tanque Coletivo 5,26 a 4,85<br />
4,65 n 4,49a 3,62 a 3,94 •<br />
a. h<br />
4,70<br />
Silo Industrial 6,36 h 5,66 h 6,20 h 5,25 h<br />
a. h<br />
3,83 a. h 4,47 a. h<br />
5,84 h<br />
Médias seguidas de uma mesma letra nas colunas não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.<br />
Pág. 388<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
qualidade selecionar bactérias psicrotróficas<br />
capazes de produzir enzimas proteolíticas e<br />
lipo líticas termoestáveis. Portanto há necessidade<br />
de investimentos contínuos em boas<br />
práticas na cadeia produtiva do leite. O presente<br />
estudo confirmou que bactérias Gram-negativas,<br />
especialmente não-fermentadoras, são isoladas<br />
com maior freqüência de leite cru refrigerado,<br />
indi cando a necessidade do controle do<br />
binômino tempo/temperatura durante a<br />
estocagem do leite cru.<br />
SUMMARY<br />
This work aimed to evaluate the<br />
microbiological characteristics of cooled raw milk<br />
and to isolate proteolytic psychrotrophic<br />
bacteria. Samples of raw milk were collected in<br />
individual refrigerated tanks, collective<br />
refrigerated tanks and in the industrial silo. These<br />
samples were evaluated to the presence of<br />
mesophilic, psychrotrophic, proteolytic<br />
psychrotrophic bacteria, Pselldolllollas sp and to<br />
the lacto fermentation test. It was verified that a<br />
great variation occurred in the bacteriological<br />
quality among the samples. The contamination<br />
of samples collected from individual and colIective<br />
tanks were lower than that observed in samples<br />
collected from industrial silo. Gram-negative<br />
proteolytic psychrotrophic bacteria were the<br />
predominant microbiota. These results indicated<br />
the necessity for larger control of the raw milk<br />
contamination sources in order to obtain milk<br />
products of high aggregate value. Also, they<br />
confinned that the Gram-negative microbiota is<br />
predominant in refrigerated raw milk.<br />
Key-words: refrigerated raw milk ,<br />
microbiota.<br />
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
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6 - AGRADECIMENTOS<br />
Os autores agradecem à Fundação de<br />
Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais<br />
FAPEMIG pelo auxílio financeiro, à Cooperativa<br />
dos Produtores de Leite de Leopoldina - Lac<br />
pelo apoio na concessão das amostras e ao Prol"'.<br />
José Benício Paes Chaves do DTA/UFY.<br />
• • • •<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
DIFERENÇAS MORFOLÓGICAS DE LA C TOBA CILLUS DELBRUECKII UFV H2B<br />
DIFERENTES MEIOS DE CULTIVO<br />
Morphological Differences of Lactobacillus delbrueckii UFV H2b20 d D'<br />
,<br />
Cultlvation Media<br />
RESUMO<br />
A produção de alimentos probióticos exiae<br />
características do microrganismo de l' t<br />
e os efeitos benéficos do produto L . ( b '11<br />
a ongados. Alaumas espécies e'· b<br />
.<br />
I<br />
20 EM<br />
un er Iverse<br />
Mauricio de Oliveira leite1<br />
Cláudia Lúcia de Oliveira Pinto2<br />
.<br />
Célia Alencar de Moraes3<br />
Magdala Alencar Te ixeira4<br />
'" proflndo conhecImento de todas as<br />
n eresse para aarantIr seaura ' 'd d<br />
"'_ '" nça a sau e o consumidor<br />
. ac o ael u\" sao bastonetes Gra<br />
Xl<br />
. .<br />
'" em uma mIstura de basto t I<br />
simultaneamente. A observação das células co ' .<br />
originadas de uma mesma estirpe levou '<br />
do L. delbrueekii UFV H2b?0 '<br />
Este trabalho teve por objetivo a I<br />
. .<br />
m-poSItlvoS, curtos ou<br />
ne es . ongos e curtos<br />
m dIfeIentes morfologIas nos produtos,<br />
'<br />
d<br />
a neceSSI ade de conhecer as possíveis apresentações<br />
d<br />
- nos pro utos probióticos dese I 'd<br />
nvo VI os com essa bactéria.<br />
UFV<br />
'<br />
H2b20 em meios e condiçõdan<br />
1r as<br />
.<br />
mudanças morfológicas de L. delbrueekii<br />
probiótico.<br />
e<br />
O conhecimento da variaÇ ãu Iof regd os na<br />
.<br />
produção de células para<br />
de processos de produção de células e produtos.<br />
'" ca e Importante no acompanhamento<br />
Palavras-chave: LaclObacilllls delbrueekii UFV H2b20, probiótico, morfologia celular.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
Probiólicos são culturas de microraanismos<br />
pUr'lS '. .<br />
< . ou Il1Istas, quc afetam beneficamente o<br />
home m Ol o animal, melhorando as propriedades<br />
.<br />
da mlcrOblOta indígena (HUIS IN'T VESD I<br />
1994) A<br />
. .<br />
"'<br />
et a .,<br />
. partir do Isolamento de Lae(obaeilh/ l'<br />
d recém nascidos, com três dias de idade '<br />
alImentados exclusivamente com leite materno '<br />
e da seleção de estirpe com característica<br />
adequadas para a aplicação como probiótico<br />
(SANTO , 1984), urna série de trabalhos foi<br />
desenvolvIda com o L. delbrueckii UFV H2b20<br />
Foral1 demonstradas suas característica;<br />
promIssoras para aplicação como probiót'<br />
(AGOSTIN<br />
ICO<br />
. HO, 1988), tanto em produtos<br />
contendo celulas viáveis para uso imediato ou<br />
par produtos estáveis com prazos de validade<br />
mais longos (FIGUEIREDO, 1997). O L.<br />
Mestre em Microb ' I<br />
esqulsadora (OS). Epamig-MG.<br />
2 P '<br />
. A ' ' .<br />
10 ogIa gncola. UI1lversldade Federal de Viçosa<br />
3 Professora Adjunta do Departamento Microbiol<br />
4 Professora Colabora do Departamento M' b' °<br />
,<br />
delbrlleekii<br />
UFV H2b20 prod uz peróxido de<br />
,<br />
hldrogenlO em quantidade suficiente para inibir<br />
rupo . s bem diversificados de microrganismos,<br />
InclUIndo o de patógenos intestinais, como:<br />
Salm . onelIa, Shigella e outras bactérias causadoras<br />
de dIstúrbios intestinais no homem (RIBEIRO<br />
1995): Os estudos também mostraram a su<br />
apacIdade de colonização do intestino e<br />
Imunostimulação (NEUMANN, 1998). O<br />
cone . cmento . das propriedades do microrganismo<br />
prOblOtIco de lI1teresse é determinante num sistema<br />
de produção . de células e de produtos probióticos.<br />
E . sse conhecllnento prévio do comportamento em<br />
dIferentes meios e condições de cultivo pode evitar<br />
perdas pela als impressão de contaminação da<br />
cultura e, prInCIpalmente, evitar a produção de<br />
culturas realmente contaminadas e colocar em risco<br />
,.<br />
. (PI ' .<br />
gl 1.0). UI1lversldade Federal de Viçosa.<br />
l<br />
, Icro 10 ogla (Ph.D). Universidade Federal de<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
a saúde pública. Laetobaeillus são bastonetes Gram<br />
positivos, curtos ou alongados dependendo da idade<br />
da cultura, da composição do meio e da tensão de<br />
oxigênio, não formam esporos e possuem<br />
metabol ismo excl usi v amente fermentati vo<br />
(KANDLER & WEISS, 1986). O meio pode<br />
determinar ainda o grau de curvatura da célula.<br />
Algumas espécies exibem uma mistura de<br />
bastonetes longos e curtos simultaneamente. A fase<br />
de crescimento e o pH podem levar à formação de<br />
cadeias longas ou de anéis compostos por várias<br />
células (KANDLER & WEISS, 1986). A observação<br />
das células com diferentes morfologias nos<br />
produtos originados de uma mesma estirpe levou à<br />
necessidade de conhecer as possíveis apresentações<br />
do L. delbrueekii UFV H2b20 nos produtos<br />
desenvolvidos. Este trabalho teve por objetivo<br />
acompanhar as mudanças morfológicas de L.<br />
delbrlleekii UFV H2b20 em diferentes meios e<br />
condições de cultivo empregados na produção de<br />
células para probiótico.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
2.1 -Meios e condições de cultivo de L.<br />
delbrueckii UFV H2b20<br />
A cultura de L. delbrueekii UFV H2b20 era<br />
conservada em soro de queijo com 20% de<br />
glicerol a -80°C, reativada em leite desnatado<br />
reconstituído a 10% (p/v) e as colônias isoladas<br />
em placa com agar MRS eram usadas para a<br />
prod ução de cada batelada de células. Foram<br />
produzidas células em: A) soro de queijo Minas<br />
Frescal; B) caldo MRS; C) Leite integral. Foram<br />
testadas também: células produzidas em soro de<br />
queijo Minas Frescal que foram centrifugadas e<br />
em seguida ressuspendidas em leite integral que<br />
fo i desidratado em sp ray dryer (leite em pó<br />
contendo células viáveis). Foi analisada também<br />
a morfologia de células cultivadas em soro de<br />
queijo e transferidas para caldo MRS e daquelas<br />
presentes no leite em pó, inoculadas em soro de<br />
queijo Minas frescal e incubadas a 40°C por 12<br />
horas. Esse binômio foi empregado em todas as<br />
etapas de propagação das células. Os experimentos<br />
foram repetidos três vezes.<br />
2.2 -Morfologia celular de L. delbrueckii<br />
UFV H2b20 nos diferentes meios de<br />
propagação de células e nos produtos<br />
probióticos<br />
As diferenças morfológicas foram<br />
analisadas após preparações em lâminas<br />
conforme o método de Gram e observadas em<br />
microscópio Leica DMLS. As imagens foram<br />
digitalizado por<br />
capturadas e convertidas em arquivos jpg, em<br />
um computador acoplado ao microscópio,<br />
utilizando o software gerenciador de imagens<br />
IM50, versão 1.20.<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
3.1 - Morfologia de L. delbrueckii UFV H2b20<br />
em resposta a diferentes meios e<br />
condições de cultivo<br />
As células de L. delbrueckii UFV H2b20<br />
(Figura I), cultivadas em soro de queijo Minas<br />
Frescal, apresentaram-se como bastonetes curtos<br />
(Figura IA). Em caldo MRS predominou a forma<br />
de bastonetes alongados (Figura 1 B) e um misto<br />
das duas formas nas células cultivadas no leite<br />
integral (Figura I C). A morfologia do lactobacilo<br />
transferido de soro de queijo para caldo MRS<br />
(Figura I E) confirmou a identidade da bactéria<br />
cultivada no soro, ou seja, ao retornar para o<br />
meio MRS, as células assumiram novamente a<br />
forma de bastonetes alongados. A Figura I D<br />
mostra as células diretamente recuperadas do leite<br />
em pó produzido com as células crescidas em soro<br />
de queijo Minas Fresca/. A diferença de morfologia<br />
entre as cél ulas da Figura I A e da Figura I D pode<br />
ser devida às condições a que foram submetidas<br />
imediatamente antes da passagem pelo sp ray<br />
dryer. em que o concentrado de células foi<br />
transferido de soro de queijo para o leite. O tempo<br />
neste último. até a alimentação do spray dryer. é<br />
variável. O pH final do soro na produção de<br />
células foi de 3,9 a 4,5. O pH no leite antes do<br />
spray drying foi de 6,52 a 6,57. A morfologia das<br />
células de L. delbrueekii UFV H2b20 obtidas do<br />
leite em pó e cultivadas em soro de queijo Minas<br />
Frescal (I F) confirmou o pleomorfismo dessas<br />
células. A morfologia demonstrada é a mesma<br />
constante na Figura I A. Ficou demonstrado que<br />
as condições do meio levaram às diferenças<br />
morfológicas, confirmando a identidade das células<br />
que se encontravam no produto probiótico em<br />
questão. A di ferença na morfologia não<br />
representou a presença de contaminantes.<br />
4 - CONCLUSÃO<br />
As mudanças morfológicas de L. delbrlleekii<br />
UFV H2b20 em meios e condições de cultivo<br />
usados na produção de células para probiótico<br />
foram registradas. O conhecimento da variação<br />
morfológica é importante no acompanhamento<br />
de processos de produção de células e produtos.<br />
As diferenças morfológicas das células de L.<br />
delbrueekii UFV H2b20 obtidas nos diferentes<br />
meios e condições de cultivo confirmaram o<br />
arvoredoleite.org<br />
Pág. 391
Figura 1 - Células de L. delbrueckii UFV H2b20 coradas pelo método de Gram. (A) Células cultivadas<br />
em soro de queijo Minas Frescal; (B) Células cultivadas em caldo MRS; (C) Células cultivadas<br />
em leite integral; (D) Células diretamente originadas de leite em pó probiótico. As células<br />
foram cultivadas em soro de queijo Minas Frescal; adicionadas ao leite e submetidas à<br />
desidratação em Spray dryer; (E) Células originadas do soro de queijo Minas Frescal e<br />
cultivadas em caldo MRS; (F) Células originadas do leite em pó e cultivadas em soro de<br />
queijo Minas Fresca!.<br />
pleomorfi smo dessas células. A diferença na<br />
morfologia não foi decorrente da presença de<br />
contaminantes nos produtos. O conhecimento<br />
aqui registrado será incorporado ao protocolo<br />
dc monitoramento de produção dessa bactéria c<br />
dos produtos probióticos dela derivados.<br />
SUMMARY<br />
The prodllction of probiotic foods demands<br />
cOll1prehensive knowledge of the characteristics<br />
of the microorganism 01' interest lO guarantee<br />
safcty to the consumer's health and the beneficiai<br />
effects 01' the product. Laclobacilli are short or<br />
long rod shaped Gram-positivc bacteria. Some<br />
species exhibit a mixlllre 01' long and short rods<br />
simllllaneollsly in lhe same medium. The<br />
observalion of different morphological patterns<br />
in celJs 01' L. de/brueckii UFV H2b20 dllring<br />
distinct steps of probiotics prodllction led to<br />
the need to confirm its identity along the<br />
processing line. This stlldy was carried out with<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
the objecti ve of monitoring morphological<br />
changes in that strain from the early steps of<br />
cultivation through cell mass prodllction and<br />
probiotic product processing. This aims to<br />
enSllre safety and product identity.<br />
Keywords: Lactobacillus delbrlleckii UFV<br />
H2b20, probiotics. cells morphology.<br />
REFERÊNCIA<br />
AGOSTINHO, S.M.M. Comportamento do<br />
L.acidophilllS UFV H2b20 sob condições do<br />
trato digestivo in vitro e efeito de métodos<br />
de preservação em sua atividade. Viçosa,<br />
UFV, 70p. Dissertação (Mestrado em Ciência e<br />
Tecnologia de Alimentos) - Universidade Federal<br />
de Viçosa, Viçosa, MG, 1988.<br />
FIGUEIREDO, H. M. Produção de células viáveis<br />
de Lactobacilllls acidopltillls UFV H2b20 em soro<br />
de queijo e sua estabilidade em leite em pó e<br />
leite fluido. Viçosa: UFV, 1997. 78p. Dissertação<br />
(Mestrado em Tecnologia de Alimentos)<br />
• • •<br />
Universidade Federal de Viçosa, UFV, 1997.<br />
HUIS IN'T VELD, 1.H.J, HAVENAAR, R.,<br />
MARTEAU, P. Establishing a Scientific Basis<br />
for probiotics R&D. Tibtech, v. 12, p. 6-8, 1994<br />
KANDLER, O.; WEISS, N. Lactobaci/lus. Em<br />
SNEATH, P. H. A.; MAIR, N . S.; SHARPE, M.<br />
E.; HOLT, 1. G. (Editores), BERGUEY'S<br />
MANUAL OF Systematic Bacteriology. Vol. 02,<br />
p. 1208-1 234, 1986.<br />
NEUMANN. E .. OLIVEIRA, M.A., CABRAL.<br />
CM., MOURA, L.N., NICOLI, J.R., VIEIRA.<br />
E.C., CARA, D.C., PODOPRIGORA, G.l..<br />
VIEIRA, L.Q.. Monoassociation with<br />
Lactobacillus acidophilus UFV H2b20 stimulates<br />
the immune defense mechanisms of germfree<br />
mice. J. Med. Res. 31, p. 1565-1573, 1998.<br />
SANTOS, N.S. Isolamento de Lactobacilllls<br />
acidophilllS de fezes de crianças alimentadas<br />
ao seio e de bezerros, visando a sua<br />
utilização como adjunto dietético. Viçosa,<br />
UFV, 69p. Dissertação (Mestrado em Ciência e<br />
Tecnologia de Alimentos). Universidade Federal<br />
de Viçosa, Viçosa, MG, 1984 .<br />
• • • •<br />
VARIAÇÃO DOS PARÂMETROS OBTIDOS NA ANÁLISE DO PERFIL DE TEXTURA (TPA)<br />
DE QUEIJOS PROCESSADOS COM O TIPO DE RECIPIENTE UTILIZADO PARA CONTER A<br />
AMOSTRAl<br />
Comparison of texture profile analysis parameters of processed cheese samples held<br />
in different containers<br />
RESUMO<br />
Ariene G. F. VAN DENDER2<br />
Nelson TREVISAN Jr.3<br />
Katumi YOTSUYANAGI4<br />
Valéria D. A. ANJOS4<br />
A Análise do Perfil de Textura (TPA) tem sido cada vez mais utilizada na indústria<br />
alimentícia pois permite avaliar a padronização do processo de fabricação, determinar a<br />
Trabalho com auxílio da FAPESP.<br />
2 Pesquisadora científica - TECNOLAT adender@ital.org.br<br />
3 Bolsista IC - FAPESP.<br />
4 Pesquisador científico - LAFISE.<br />
digitalizado por<br />
Pág. 393<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
identidade e monitorar a qualidade do produto final. O objetivo principal deste trabalho<br />
consistiu em avaliar a influência exercida pelo tipo de recipiente (copo de vidro e cápsula<br />
de alumínio) usado na Análise do Perfil de Textura (TPA) sobre os valores dos parâmetros<br />
da mesma em amostras de queijos processados. As leituras de TPA de amostras de requeijão<br />
cremoso, requeijão cremoso light e de um produto denominado especialidade láctea à base<br />
de requeijão foram realizadas diretamente na embalagem comercial original (copo de<br />
vidro) e também utilizando uma cápsula de alumínio padronizada contendo as amostras.<br />
De modo geral, houve um aumento nos valores dos parâmetros do perfil de textura em<br />
função da diminuição das dimensões (altura e diâmetro) do recipiente usado para conter a<br />
amostra na análise de textura, mostrando assim a necessidade da padronização das condições<br />
de realização da análise de TPA para que os resultados obtidos possam ser comparados<br />
adequadamente.<br />
Palavras-chave: requeijão cremoso, análise do perfil de textura, TPA, queijos processados,<br />
recipiente da amostra.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
A determinação do perfil de textura é muito<br />
importante para avaliar a padronização do<br />
processo de fabricação, determinar a identidade<br />
e monitorar a qualidade do produto final. Os<br />
principais parâmetros envolvidos na caracterização<br />
do perfil de textura de requeijões cremosos<br />
são a sua firmeza, adesividade, elasticidade,<br />
coesividade e gomosidade.<br />
De modo geral, esta análise reflete as<br />
operações de mastigação, com a obtenção da<br />
força ou trabalho realizados na boca, com aplicações<br />
sucessivas de força simulando as operações<br />
dos dentes para compressão, corte e mastigação<br />
do alimento o suficiente para ser ingerido<br />
(ANJOS, 2000).<br />
A Figura I representa um exemplo de<br />
resultado obtido na análise do perfil de textura<br />
do requeijão cremoso. De acordo com a Figura<br />
1, o pico máximo entre os pontos 1 e 2 obtido<br />
na primeira curva do ciclo de compressão<br />
representa a firmeza da amostra, que é a força<br />
necessária para ocasionar uma compressão no<br />
alimento. A área delimitada entre os pontos 3 e<br />
4 representa a adesividade, que é a força necessária<br />
para superar as forças de atração entre a<br />
superfície do alimento e a superfície do elemento<br />
de prova, correspondendo ao pico máximo<br />
negativo existente sobre a curva. A elasticidade<br />
do requeijão é avaliada pelo comprimento da<br />
base da área entre os pontos 4 e 5 dividido pelo<br />
comprimento entre os pontos 1 e 2, dado como<br />
a altura que o alimento recupera entre o primeiro<br />
e o segundo pico de compressão. A coesividade é<br />
a relação entre a área da força (positiva) obtida<br />
durante o segundo pico de compressão e a área<br />
da força (positiva) obtida no primeiro ciclo de<br />
compressão. O produto da firmeza e coesividade<br />
Pág. 394<br />
resultam na gomos idade (SZCZESNIAK, 1963;<br />
ZOON, 1991; TUNICK; NOLAN, 1992).<br />
Force :g)<br />
100'°1<br />
80,0<br />
50,0<br />
Coi<br />
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° 1 , ', 30,0 40,0 50,0<br />
-20,0<br />
-40,0'<br />
-50,0<br />
-80.0<br />
Time (S8C.)<br />
Figura - Representação gráfica da análise do<br />
perfil de textura do requeijão<br />
cremoso.<br />
O objetivo principal deste trabalho<br />
consistiu em avaliar a influência exercida por<br />
dois tipos de recipientes usados na Análise do<br />
Perfil de Textura (TPA) sobre os valores dos<br />
parâmetros da mesma em amostras comerciais<br />
de requeijão cremoso tradicional (A), requeijão<br />
cremoso light (AL) e um novo produto lançado<br />
no mercado, a "especialidade láctea à base de<br />
requeijão cremoso" (ESP). As avaliações foram<br />
feitas dentro do copo original e após a<br />
transferência para uma cápsula padronizada de<br />
alumínio. O uso deste tipo de recipiente é<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
necessano para analisar o perfil de textura de<br />
amostras em diferentes embalagens, como por<br />
exemplo, pote plástico, bisnaga, em que a<br />
referida análise não pode ser determinada<br />
diretamente nas embalagens, como é feito<br />
normalmente quando se utilizam somente copos.<br />
2 - MATERIAIS E MÉTODOS<br />
As amostras analisadas foram adquiridas no<br />
comércio de Campinas, sendo 3 lotes de amostras<br />
comerciais de requeijão cremoso com teor<br />
normal de gordura ou tradicional (A), 3 lotes de<br />
amostras comerciais de requeijão cremoso com<br />
teor reduzido de gordura ou "light" (AL) e 3<br />
lotes de amostras comerciais de especialidade<br />
láctea à base de requeijão cremoso (ESP). As<br />
análises do perfil de textura foram realizadas<br />
logo após a aquisição dos requeijões no comércio<br />
(1-3 dias). A temperatura das amostras para<br />
análise do perfil de textura foi de 10°C, sendo<br />
avaliadas dentro do copo original de vidro, com<br />
altura média de 120mm, diâmetro de 74mm e<br />
capacidade volumétrica de 284mL e após a<br />
transferência para uma cápsula de alumínio de<br />
52mm dc diâmetro, 26mm de altura e com<br />
capacidade de 52 mL. O método empregado para<br />
avaliação do perfil de textura das amostras de<br />
requeijão fo i o recomendado por CAMPOS<br />
(1981), adaptado para utilização do TA-XT2<br />
(Texture Profile Analyser - Stable Micro Systems),<br />
utilizando-se os seguintes parâmetros de teste:<br />
velocidade de pré-teste de 2,0 mm/s, velocidade de<br />
teste dc 2,0 mm/s, velocidade de pós-teste de 2,0<br />
mm/s, profundidade de 10,0 mm, tempo de 5,0 s e<br />
força de contato de 100 g utilizando probe<br />
cilíndrico de acrílico P25/L, de 25mm de diâmetro.<br />
Os parfimetros do perfil de textura analisados<br />
foram: elasticidade, coesividade, adesividade,<br />
firmeza e gOJl1osidade (Figura 2).<br />
Os experimentos foram realizados de forma<br />
aleatória, em triplicata. Os resultados obtidos foram<br />
analisados por meio de análise de variância<br />
(ANOVA), e submetidos ao Teste de Tukey ao<br />
nível de erro de 5%, para comparação das médias.<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Nas Tabelas O I, 02 e 03 foram comparadas<br />
as médias dos parâmetros do perfil de textura<br />
por marca de acordo com o recipiente em que<br />
foram feitas as análises, ou seja, no copo e na<br />
cápsula, para as amostras de requeijões A, AL e<br />
para a ESP utilizando o teste de Tukey ao nível<br />
de erro de 5%.<br />
Analisando-se os dados obtidos pode-se<br />
constatar a influência do tipo de recipiente nos<br />
valores dos parâmetros do perfil de textura dos<br />
três produtos analisados. No caso das amostras<br />
tradicionais A (Tabela O I ) observaram-se<br />
diferenças significativas entre as análises<br />
realizadas no copo e na cápsula para os<br />
parâmetros firmeza, adesividade, e gomosidade,<br />
enquanto que os parâmetros elasticidade e<br />
coesividade não apresentaram diferenças de<br />
acordo com o recipiente de análise. Os requeijões<br />
AL (Tabela 02) apresentaram diferenças em<br />
todos os valores dos parâmetros do perfi l de<br />
textura, com exceção da elasticidade. No caso<br />
das amostras de ESP (Tabela 03) constataramse<br />
diferenças significativas em todos os<br />
parâmetros do perfil de textura quando analisados<br />
em diferentes recipientes.<br />
Observou-se também que, de modo geral.<br />
os valores cios parâmetros do perfil de textura<br />
obtidos na dpsula são maiores do que os valores<br />
obtidos no copo, ou seja, houve um aumento<br />
nos valores dos parâmetros do perfil de textura<br />
provavelmente devido ao fato do efeito exercido<br />
pelas paredes laterais e pelo fundo em relação<br />
Figura 2 - Determinação do perfil de textura de requeijão cremoso no copo e na cápsula utilizando<br />
probe cilíndrico acrílico P25/L, de 25mm de diâmetro.<br />
digitalizado por<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />
Tabela 1 - Resultados médios dos parâmetros de perfil de textura do requeijão cremoso tradicional de<br />
acordo com o recipiente utilizado para análise.<br />
Cápsula Copo<br />
Firmeza(g) 71,633 ± 6,047 a 54,688 ± 7,334 b<br />
Adesividade(g/cm) -182,779 ± 18,633 a 129,69 1 ± 21,427 b<br />
Elasticidade(cm) 0,996 ± 0,003 a 0,996 ± 0,002 a<br />
Coesividade 0,896 ± 0,019 a 0,887 ± 0,025 a<br />
Gomosidade(g) 64,23 1 ± 6,589 a 48,482 ± 6,685 b<br />
Médias acompanhadas da mesma letra na linha não diferem a nível de erro de 5 %, pelo teste de Tukey.<br />
Adesividade comparada em módulo por ser força negativa.<br />
d.m.s. (5%)<br />
6,7 17<br />
20,06 6<br />
0,003<br />
0,022<br />
6,633<br />
Tabela 2 - Resultados médios dos parâmetros de perfil de textura do requeijão cremoso light de<br />
acordo com o recipiente utilizado para análise.<br />
d.m.s.<br />
Firmeza(g) 113 ,414 ± 21,768 a 81,097 ± 9,33 1 b 16,735<br />
Adesividade(g/cm) -257,65 1 ± 56,222 a -176,538 ± 17,853 b 41,683<br />
Elasticidade(cm) 0,989 ± 0,002 a 0,987 ± 0,003 a 0,003 a<br />
Coesividade 0,854 ± 0,009 b 0,877 ± 0,019 a 0,015<br />
Gomosidade(g) 96,926 ± 18,650 a 7 1 , 139 ± 8,401 b 14,454<br />
Médias acompanhadas da mesma letra na linha não diferem a nível de erro de 5 %, pelo teste de Tukey.<br />
Adesividade comparada em módulo por ser força negativa.<br />
Tabela 3 - Resultados médios dos parâmetros de perfil de textura da especialidade láctea à base de<br />
requeijão cremoso de acordo com o recipiente utilizado para análise.<br />
Cápsula Copo d.m.s. (5%)<br />
Firmeza(g) 149,477 ± 31,604 a 94,645 ± 19,496 b 26,240<br />
Adesividade(g/cm) -397,039 ± 79,276 a -2 1 2,67 1 ± 50,413 b 66,387<br />
Elasticidade(cm) 0,982 ± 0.003 a 0,978 ± 0,002 b 0,003<br />
Coesividade 0,877 ± 0,021" 0,834 ± 0,023 b 0,022<br />
Gomosidade(g) 131,161 ± 28,546 a 79, 128 ± 17,5 15 b 23,666<br />
Médias acompanhadas da mesma letra na linha não diferem a nível de erro de 5 %, pelo teste de Tukey.<br />
Adesividade comparada em módulo por ser força negativa.<br />
ao probe ser maior na cápsula quando comparado<br />
ao copo. Isto ocorreu em função da diminuição<br />
das dimensões (altura, diâmetro e capacidade<br />
volumétrica) do recipiente usado para conter a<br />
amostra na análise de textura (cápsula < copo).<br />
4 - CONCLUSÕES<br />
Os resultados obtidos neste estudo permitiram<br />
verificar a influência exercida pelo recipiente de<br />
análise onde a amostra está contida sobre os<br />
parâmetros do perfil de textura de queijos<br />
processados. Tais resultados são importantes pois<br />
colocam em evidência a necessidade de padronização<br />
das condições de realização da análise de TPA para<br />
que os resultados obtidos em diferentes experimentos<br />
possam ser confiáveis e comparáveis entre si.<br />
SUMMARY<br />
Texture Profile Analysis (TPA) has been<br />
increasingly used in the food industry as a useful<br />
tool to standardize manufacturing processes,<br />
determine product identities and monitor final<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
product quality. The main objective of this study<br />
was to evaluate the influence exerted by the type<br />
of container (household drinking glass and<br />
aluminum capsule) used in Texture Profile Analysis<br />
(TPA) on the TPA parameter values of samples of<br />
processed cheese. TPA readings of requeijüo<br />
cre/J/oso, requeUüo cre/J/oso light and a product<br />
known as "especialidade lâctea à base de requeijüo<br />
cre/J/oso" (dairy specialty product containing<br />
reqlleUüo cre/J/oso) were performed directly on<br />
sample material contained in the original retail<br />
package (regular drinking glass) and subsequently<br />
in an aluminum capsule. In general, texture profile<br />
parameter values increased with the decrease of<br />
the size (height and diameter) of the container<br />
holding the samples submitted to TPA analysis.<br />
The results obtained clearly show the need to<br />
standardize the TPA testing conditions to allow<br />
for adequate comparison of TPA results.<br />
Key-words: reqlleijüo cre/J/oso, texture<br />
profile analysis, TPA, processed cheeses, sample<br />
containers.<br />
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
ANJOS, Y.D.A Reologia de requeijão cremoso e<br />
outros queijos fundidos. In: Seminário sobre<br />
requeijão cremoso e outros queij os<br />
fundidos: Aspectos de qualidade,<br />
processamento, rotulagem, legislação e<br />
mercado. Campinas, ITAL, capo 12, p. 1-10,<br />
2000 . (Manual Técnico).<br />
ZOON, P. The relation between instrumental<br />
and sensory evaluation of the rheological and<br />
fracture and properties of cheese. Bulletin of<br />
the International Dairy Federation, Brussels,<br />
V. 268, p. 30-5, 1991.<br />
TUNICK, M.H.; NOLAN, E.D.J. Rheology of<br />
cheese. Physical chemistry of food processes<br />
fundamental aspects . In: BAIAN, J.C. New<br />
York: ed. An AVI Book, p. 273-97, 1992.<br />
SZCZESNIAK, A.S. The texturometer. A new<br />
instrument for objective texture measurement.<br />
Journal of Food Science, Chicago, V. 28, n. 3,<br />
p. 390-6, 1963.<br />
CORRELAÇÃO ENTRE A COMPOSiÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E OS PARÂMETROS DA<br />
ANÁLISE DO PERFIL DE TEXTURA (TPA) DE QUEIJOS PROCESSADOSl<br />
Correlation between physical-chemical composition and texture profile analysis (TPA)<br />
of processed cheeses<br />
RESUMO<br />
+<br />
Ariene G. F. VAN DENDER2<br />
Nelson TREVISAN Jr.3<br />
Katumi YOTSUYANAGI4<br />
Valéria D. A. ANJOS4<br />
Marcelo MORGAN05<br />
Diferenças na composição centesimal dos requeijões cremosos e a diversidade de produtos<br />
encontrados comacialmente justificam um importante estudo para avaliar a influência da<br />
Trabalho com auxílio da FA PESP.<br />
2 Pesquisadora científica TECNOLAT adender@ital.org.br.<br />
Bolsista IC FAPESP.<br />
4 Pesquisador científico - LAFISE.<br />
5 Pesquisador científico - CQNA.<br />
digitalizado por<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
variação das características físico-químicas nos parâmetros do perfil de textura (TPA). O<br />
objetivo principal deste trabalho consistiu em correlacionar os parâmetros de TPA com as<br />
principais características físico-químicas de amostras comerciais de requeijão cremoso<br />
tradicional, requeijão cremoso light e um produto lançado mais recentemente no mercado<br />
brasileiro, a "especialidade láctea à base de requeijão cremoso". Levando-se em conta a<br />
complexidade do sistema estudado, a correlação linear mostrou ser uma técnica eficiente<br />
para avaliar a influência das principais características físico-químicas nos parâmetros do<br />
perfil de textura dos produtos estudados.<br />
Palavras-chave: Requeijão cremoso, requeijão cremoso light, especialidade láctea à base<br />
de requeijão cremoso, análise de perfil de textura, composição físico-química, queijos<br />
processados.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
A determinação do perfil de textura é muito<br />
importante para avaliar a padronização do<br />
processo de fabricação, determinar a identidade<br />
e monitorar a qualidade do produto final,<br />
relacionada principalmente com a textura e a<br />
estabilidade da emulsão. Os parâmetros do perfil<br />
de textura (TPA) são obtidos da análise da curva<br />
representativa do alimento. Os principais<br />
parâmetros envolvidos na caracterização do<br />
perfil de textura de requeijões cremosos são a<br />
firmeza, adesividade, elasticidade, coesividade e<br />
gomosidade. O corpo e a textura dos queijos<br />
processados são afetados por vários fatores tais<br />
como: composição e grau de maturação da massa<br />
utilizada como matéria-prima, pH, tipo e<br />
quantidade de sal emulsificante, temperatura e<br />
tempo de cozimento, velocidade de agitação e<br />
temperatura de resfriamento (TEMPLETON;<br />
SOMMER, 1930, 1932; MEYER, 1973;<br />
VERMA; GUPTA, 1981; BERGER et aI., 1989;<br />
GUPTA; REUTER, 1992; YUN et aI., 1993).<br />
Atualmente, o uso de ingredientes em<br />
substituição ao queijo natural na fabricação de<br />
queijos processados tem aberto urna ampla área<br />
para os produtos alimentícios. Por exemplo,<br />
caseína, caseinatos, concentrados de proteínas do<br />
soro, leite em pó e concentrados de proteínas de<br />
leite podem ser usados como fontes de proteínas,<br />
enquanto creme, manteiga, frações de gordura do<br />
leite e óleos vegetais podem ser usados em várias<br />
proporções para fornecer a gordura do produto.<br />
Lactose, polissacarídeos, gomas, estabilizantes e<br />
conservadores podem ser também adicionados<br />
para reduzir custos, acrescentar sabor ou textura<br />
ou prolongar a vida de prateleira (LEE, 2001).<br />
Sendo assim, a composição centesimal dos<br />
produtos com teor reduzido de gordura pode variar<br />
bastante quando comparada à dos produtos<br />
tradicionais correspondentes. No caso de queijos<br />
processados, o amido modificado pode ser<br />
Pág. 398<br />
utilizado para auxiliar na retenção de água do<br />
produto, dando maior estabilidade à emulsão e<br />
proporcionando um controle maior do processo.<br />
De acordo com FRIEDMAN (1995), as<br />
propriedades espessantes e gelatinizantes do amido<br />
influenciam positivamente as características<br />
sensoriais de produtos alimentares, além de<br />
importante efeito tecnológico e funcional no<br />
processamento industrial.<br />
Tendo em vista a grande variedade de<br />
produtos encontrados no comércio, o objetivo<br />
deste trabalho consistiu em correlacionar os<br />
parâmetros obtidos na análise do perfil de textura<br />
(TPA) com as principais características físicoquímicas<br />
de amostras comerciais de requeijão<br />
cremoso tradicional (A), requeijão cremoso light<br />
(AL) e um produto lançado mais recentemente<br />
no mercado brasileiro, a "especialidade láctea à<br />
base de requeijão cremoso" (ESP). Desta forma,<br />
pretendeu-se determinar como as diferenças na<br />
composição podem afetar cada parâmetro do<br />
perfil de textura dos produtos, visando obter<br />
informações úteis para o controle do processo, o<br />
monitoramento do requeijão durante a estocagem<br />
e para o desenvolvimento de novos produtos,<br />
tendo em vista a existência de diversos parâmetros<br />
e interações ainda a serem explorados.<br />
2 - MATERIAIS E MÉTODOS<br />
Os produtos analisados foram adquiridos<br />
no comércio de Campinas, sendo 3 lotes de<br />
amostras comerciais de requeijão cremoso com<br />
teor normal de gordura ou tradicional (A), 3 lotes<br />
de amostras comerciais de requeijão cremoso<br />
com teor reduzido de gordura ou "light" (AL) e<br />
3 lotes de amostras comerciais de especialidade<br />
láctea à base de requeijão cremoso (ESP). A<br />
temperatura das amostras para análise do perfil<br />
de textura foi de 10DC, sendo avaliadas<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
diretamente no copo original. Para a caracterização<br />
físico-química e perfil de textura foram<br />
utilizadas três unidades de cada lote. Todos os<br />
requeijões foram submetidos às seguintes análises<br />
físicas e químicas para a caracterização dos<br />
produtos: pH, extrato seco total (EST), gordura,<br />
proteína total, nitrogênio solúvel em pH 4,6<br />
(NS), nitrogênio não-protéico (NNP), cloreto<br />
de sódio, carboidratos (CARB), cinzas e minerais,<br />
realizadas de acordo com os métodos oficiais. O<br />
método empregado para avaliação do perfil de<br />
textura das amostras de requeijão foi o<br />
recomendado por CAMPOS (1981), adaptado<br />
para utilização do TA-XT2 (Texture Profile<br />
Analyser Stable Micro Systems). Para este<br />
trabalho foram utilizados os seguintes parâmetros<br />
de teste: velocidade de pré-teste de 2,0<br />
mm/s, velocidade de teste de 2,0 mm/s,<br />
velocidade de pós-teste de 2,0 mm/s, profundidade<br />
de 10,0 mm, tempo de 5,0 segundos, força<br />
de contato de 100 g. e probe cilíndrico acrílico<br />
P25/L de 25mm de diâmetro. Os parâmetros do<br />
perfil de textura analisados foram: elasticidade,<br />
coesividade, adesividade, firmeza e gomosidade.<br />
Os resultados obtidos foram analisados por meio<br />
de análise de variância (ANOVA), e submetidos<br />
ao Teste de Tukey ao nível de erro de 5%, para<br />
comparação das médias. Efetuou-se análise de<br />
correlação linear entre os resultados médios das<br />
análises físico-químicas e dos parâmetros de perfil<br />
de textura dos requeijões A e dos requeijões AL<br />
em conjunto. Os dados obtidos para ESP foram<br />
avaliados separadamente.<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Avaliando os dados da Tabela 1, foi possível<br />
observar diferenças significativas entre quase<br />
todos os componentes, como era esperado,<br />
devido às exigências da legislação em relação à<br />
composição dos produtos light, à utilização de<br />
di ferentes ingredientes, inclusive de origem<br />
vegetal (gordura e amido) no processo de<br />
fabricação da especialidade láctea e às diferenças<br />
tecnológicas existentes entre os processos de<br />
fabricação dos produtos.<br />
Quanto ao perfil de textura, de acordo com<br />
a Tabela 2, percebe-se de modo geral que os<br />
requeijões A, AL e a ESP apresentaram diferenças<br />
significativas e um alto desvio padrão nos valores<br />
de firmeza, adesividade e gomosidade enquanto<br />
que os valores de elasticidade e coesividade<br />
apresentaram diferenças significativas, porém<br />
com um baixo desvio padrão.<br />
Tabela 1 Resultados médios das análises físico-químicas das amostras comerciais de requeijão cremoso<br />
(A), requeijão cremoso light (AL) e especialidade láctea à base de requeijão cremoso<br />
(ESP).<br />
pH<br />
EST (g/lOOg)<br />
Gordura (g/lOOg)<br />
Proteína (g/lOOg)<br />
NS (g/lOOg)<br />
NNP (g/lOOg)<br />
Sal (g/lOOg)<br />
Cinzas (g/lOOg)<br />
Cálcio (mg/lOOg)<br />
Fósforo (mg/lOOg)<br />
Magnésio (mg/lOOg)<br />
Sódio (mg/lOOg)<br />
CARB (g/lOOg)<br />
ESD (g/lOOg)<br />
41.53 ± 0.53 a<br />
26.98 ± 0.61 a<br />
11.38 ± 0.92 b<br />
0.10 ± 0.01 ab<br />
0.019 ± 0.005 b<br />
0.79 ± 0.02 b<br />
1.75 ± 0.09 c<br />
154.73 ± 10.78 b<br />
319.92 ± 19.67 b<br />
6.26 ± 1.47 b<br />
486.71 ± 24. 12 b<br />
1.42 ± 0.63 b<br />
14.55 ± 0.82 c<br />
64.97 ± 1.71 a<br />
31.70 ± 0.56 c<br />
15.40 ± 0.46 c<br />
12.50 ± 0.27 a<br />
0.08 ± 0.03 b<br />
0.020 ± 0.006 b<br />
0.76 ± 0.03 c<br />
1.93 ± 0.11 b<br />
216.31 ± 18.3 1 a<br />
384.24 ± 40.05 a<br />
6.89 ± 1.22 b<br />
533.42 ± 51.90 a<br />
1.88 ± 0.3 1 b<br />
16.31 ± 0.22 b<br />
48.56 ± 0.74 c<br />
38.39 ± 0.45 b<br />
20.98 ± 0.50 b<br />
8.68 ± 0.58 c<br />
0.10 ± 0.01 a<br />
0.031 ± 0.003 a<br />
1.15 ± 0.04 a<br />
2.13 ± 0. 15 a<br />
122.42 ± 8.07 c<br />
234.71 ± 17.48 b<br />
9.79 ±1.17 a<br />
553.17 ± 14.94 a<br />
6.60 ± 0.80 a<br />
17.41 ± 0.71 a<br />
54.65 ± 1.50 b<br />
Médias acompanhadas da mesma letra na linha não diferem a nível de erro de 5 %, pelo teste de Tukey.<br />
GES = Gordura no extrato seco, ESD = Estrato seco desengordurado.<br />
digitalizado por<br />
0.605<br />
0.616<br />
0.762<br />
0.0'21<br />
0.006<br />
0.034<br />
0.139<br />
9,7344<br />
20,5 190<br />
0,9592<br />
25,3280<br />
0.723<br />
0.754<br />
1.626<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Tabela 2 - Resultados médios dos parâmetros do perfil de textura entre as amostras comerciais<br />
realizadas no copo.<br />
A AL ESP d.m.s. (5 %)<br />
Firmeza(g) 54.688 ± 7.334 b 81.097 ± 9.33 1 a 94.645 ±.. I 9.496 a 15.513<br />
Adesividade(g/ern) -129.691 ± 21.427 b -176.538 ± 17.853 a -2 I 2.67 I ± 50.4 I 3 a 39.159<br />
Elasticidade( em) 0.996 ± 0.002 a 0.987 ± 0.003 b 0.978 ± 0.002 c 0.003<br />
Coesividade 0.887 ± 0.025 a 0.877 ± 0.019 a 0.834 ± 0.023 b 0.026<br />
Gomosidade(g) 48.482 ± 6.685 b 7 I. I 39 ± 8.40 I a 79. 128 ± 17.515 a 13.963<br />
Médias acompanhadas da mesma letra na linha não diferem a nível de erro de 5 '70. pelo teste de Tukey.<br />
Adesividade comparada em módulo por ser força negativa.<br />
Na Tabela 3 é apresentado o resultado da<br />
correlação entre as análises físico-químicas e os<br />
parâmetros de perfil de textura dos requeijões A e<br />
AL avaliados em conjunto. Essa forma de<br />
avaliação foi utilizada para que se obtivesse uma<br />
faixa de variação maior nos valores da<br />
composição centesimal e nos valores TPA quando<br />
comparada à variação observada para cada um<br />
dos produtos. Assim, considerando que o requeijão<br />
cremoso A e o AL possuem praticamente os<br />
mesmos ingredientes, conforme declarado nas<br />
embalagens, optou-se por considerar os dados dos<br />
dois tipos de produto para que fossem obtidos<br />
resultados expressivos. A partir destes dados foram<br />
estabelecidas as correlações nos casos em que<br />
foram obtidos coeficientes de correlação linear<br />
(r) maiores que 10,701.<br />
De modo geral, observando os coeficientes<br />
de correlação linear apresentados na Tabela 3,<br />
pode-se verificar que o pH apresentou pequena<br />
influência (r < 10,701) sobre os parâmetros do<br />
perfil de textura dos dois produtos avaliados, o<br />
que provavelmente se deve ao fato dos valores<br />
de pH se situarem na faixa de 5,81 a 5,98 (Tabela<br />
I) que resultam em queijos processados de<br />
consistência macia. De acordo com<br />
TEMPLETON; SOMMER (1932), valores de pH<br />
variando na faixa de 5,7 a 6,3 exercem pouca<br />
influência sobre o corpo e a textura dos queijos<br />
processados untáveis. Observa-se ainda na Tabela<br />
3 que o teor de EST apresentou influência em<br />
quatro parâmetros do perfil de textura dos<br />
requeijões cremosos analisados. Constatou-se que<br />
com o aumento desse teor houve uma diminuição<br />
(r > -0,70) da firmeza, da adesividade e da<br />
gomos idade dos produtos e um aumento da<br />
elasticidade (r > 0,70). Entretanto, sabe-se pela<br />
literatura que um aumento no teor de EST (i. e.<br />
diminuição do teor de umidade), resulta em<br />
produtos de consistência mais firme, adesiva e<br />
gomosa. Por exemplo, FUKUI et aI. (1972)<br />
citado por GUPTA; REUTER (1993) reportaram<br />
um rápido decréscimo na firmeza de queijos<br />
processados com um aumento de umidade de 40<br />
a 50 %. Além disso, OLSON; PRICE (1961) e<br />
TEMPLETON; SOMMER (1936) citado por<br />
GUPTA; REUTER (1993) também constataram<br />
uma diminuição na firmeza de queijos<br />
processados com o aumento da umidade do<br />
sistema. O fato da firmeza diminuir com o<br />
aumento da umidade no caso da avaliação<br />
conjunta do requeijão A e AL, ocorreu provavelmente<br />
devido à utilização de concentrado de<br />
proteína de soro (CPS) como substituto de<br />
gordura no requeijão light, uma prática cada vez<br />
mais comum na fabricação deste tipo de produto.<br />
De modo geral, os CPS são sistemas multifuncionais<br />
adicionados aos produtos com teor<br />
reduzido de gordura com o objetivo de modificar<br />
propriedades através de gelatinização. aumento<br />
de viscosidade, estabilização de emulsões, entre<br />
outros. De acordo com SILVA (2003), o aumento<br />
da firmeza observado nos produtos adicionados<br />
de concentrados de CPS (ou WPC) está<br />
provavelmente relacionado com a desnaturação<br />
das proteínas do soro e conseqüente aumento do<br />
seu poder de hidratação, com a formação do<br />
complexo f3-lactoglobulina/K-caseína e com a<br />
competição pela água entre as proteínas do soro<br />
e a caseína. Este conjunto de fatores resulta num<br />
sistema com menor liberdade de movimentos das<br />
partículas que o compõem e conseqüentemente<br />
maior firmeza do produto. Além disso, o<br />
desenrolamento das moléculas de proteínas do<br />
soro durante o aquecimento expõe grupos<br />
hidrofóbicos que podem se orientar na interface<br />
óleo-água proporcionando a estabilidade da<br />
emulsão (MODLER, 1985).<br />
Quanto ao teor de gordura e GES, verificouse<br />
sua influência em quatro parâmetros do perfil<br />
de textura dos requeijões cremosos analisados.<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Tabela 3 _ Resultados da correlação linear avaliando em conjunto os lotes comerciais de requeijão<br />
cremoso tradicional (A) e requeijão cremoso light (AL).<br />
Firmeza Adesividade<br />
pH *0,67 0,62<br />
EST -0,83 -0,77<br />
Gordura -0,86 -0,80<br />
Proteína 0,62 0,56<br />
NS -0,40 -0,25<br />
NNP 0,00 0,04<br />
Sal -0,43 -0,49<br />
Cinzas 0,78 0,72<br />
CARB 0,53 0,55<br />
ESD 0,86 0,82<br />
GES -0,87 -0,82<br />
*(r = coeficiente de correlação linear)<br />
Constatou-se que com o aumento desses teores<br />
houve uma diminuição (r > -0,70) da firmeza, da<br />
adesividade e da gomosidade dos produtos e um<br />
aumento da elasticidade (r > 0,70). OLSON;<br />
PRICE (1961) avaliando os efeitos das<br />
características físico-químicas sobre o corpo de<br />
queijos processados constataram que um aumento<br />
de 6% no teor de gordura não ocasionou<br />
diferenças estatisticamente significativas nos<br />
valores de firmeza, ao passo que KOCA; METIN<br />
(2004) constataram que os queijos Kashar com<br />
teor normal de gordura foram significativamente<br />
mais macios do que os queijos com teor reduzido<br />
de gordura e sem substituto de gordura. Segundo<br />
ROME1H et aI., 2002 (citado por KOCA;<br />
METIN, 2004), isso provavelmente ocorre<br />
devido ao fato de que a gordura poderia quebrar a<br />
matriz protéica e fazer o papel de lubrificante<br />
para dar suavidade e uma textura macia ao queijo.<br />
Além disso, de acordo com RUDAN et aI. (1999),<br />
um aumento em umidade e gordura em queijo<br />
mussarela resultaria em diminuição da matriz<br />
protéica e portanto menos força seria requerida<br />
para provocar uma deformação resultando em<br />
maior maciez (menor firmeza). Por outro lado,<br />
pode-se verificar que com o aumento do teor de<br />
ESD houve um aumento (r > 0,70) na firmeza,<br />
na adesividade e na gomosidade dos produtos, ao<br />
passo que a elasticidade apresentou uma<br />
diminuição (r > -0,70). Esses resultados eram<br />
esperados e estão de acordo com os obtidos por<br />
GUPTA; REUTER (1992) ao avaliarem o efeito<br />
da adição de WPC na firmeza de queijos<br />
processados. Os autores constataram que o<br />
aumento do teor de ESD ocasionado pela adição<br />
digitalizado por<br />
Elasticidade Coesividade Gomosidade<br />
-0,41 0,03 0,69<br />
0,86 0,22 -0,82<br />
0,87 0,25 -0,85<br />
-0,77 -0,67 0,56<br />
0, 19 -0,36 -0,44<br />
-0,29 -0,56 -0,06<br />
0,74 0,35 -0,40<br />
-0,47 0, 1 0 0,81<br />
-0,20 0,32 0,57<br />
-0,78 -0,37 0,84<br />
0,88 0,29 -0,86<br />
de WPC resultou em uma maior firmeza do<br />
produto. Resultados semelhantes foram obtidos<br />
por OLSON; PRICE (1961), que verificaram um<br />
aumento dos valores de firmeza de queijo<br />
processado em que foram adicionados leite em<br />
pó desnatado, lactose e soro em pó com o intuito<br />
de aumentar o teor de extrato seco desengor<br />
durado do produto. Além disso, observou-se que<br />
a elasticidade dos produtos avaliados diminuiu<br />
com o aumento do teor de proteínas (r > -0,70),<br />
o que provavelmente se deve ao fato de que com<br />
este aumento a matriz protéica do produto se<br />
torna mais complexa conferindo uma menor<br />
flexibilidade e conseqüentemente uma maior<br />
rigidez ao produto. Constatou-se também que a<br />
coesividade não apresentou correlação com os<br />
valores observados na caracterização físico<br />
química dos produtos avaliados neste estudo, ou<br />
seja, verificaram-se coeficientes de correlação<br />
linear menores que 10,701.<br />
Na Tabela 4 são apresentados os resultados<br />
da correlação entre as análises físico-químicas e<br />
os parâmetros de perfil de textura da<br />
especialidade láctea à base de requeijão cremoso.<br />
De acordo com esses dados pode-se verificar<br />
que da mesma forma que ocorreu com o requeijão<br />
A e o AL (Tabela 3), o pH não influenciou os<br />
parâmetros do perfil de textura da ESP. Por outro<br />
lado, a coesividade aumentou com o aumento do<br />
EST ao passo que houve uma diminuição da<br />
firmeza, da adesividade e da gomosidade com o<br />
aumento do teor de gordura e do teor de GES e um<br />
aumento destes mesmos parâmetros com o<br />
aumento do teor de ESD dos produtos avaliados.<br />
Pág. 401<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Tabela 4 - Resultados da correlação linear das amostras comerciais de<br />
requeijão cremoso (ESP).<br />
Firmeza Adesividade<br />
pH *0,56 0,52<br />
EST 0,42 0,52<br />
Gordura -0,85 -0,81<br />
Proteína 0,05 0,00<br />
NS 0,01 0,05<br />
NNP 0,26 0,20<br />
Sal -0,45 -0,42<br />
Cinzas 0,34 0,37<br />
CARB 0,66 0,73<br />
ESD 0,86 0,90<br />
GES -0,91 -0,91<br />
*(1' = coeficiente de correlação linear)<br />
Com relação ao teor de carboidratos<br />
obse . ra-se que com o aumento desse teor, <br />
adeslvldade a coesividade aumentaram, o que<br />
pode . s . er explIcado pelas características do amido<br />
modIfIcado. De modo geral, a estrutura macro<br />
molcular do amido lhe confere propriedades<br />
partIculares, tais como solubilidade, viscosidade<br />
poder de gelatinização e de adesão. Quando usad<br />
em formulações apresenta propriedades de<br />
rete . nção de água, estabilização do sistema<br />
contere viscosidade e adesividade, e funciona até<br />
CI:to ponto como substituto de gord ura<br />
peIlnl:lndo a obtenção de melhor textura e<br />
sensaçao sem , elhante à gordura na boca, além de<br />
UH , l produto hlal cremoso (FRIEDMAN, 1995).<br />
Deve-se enfatIzar que a especialidade láctea fi<br />
a _ de requeijão cremoso se caracteriza pela<br />
ddlçao de gordura vegetal e de amido modificado<br />
e ll sua formulação, o que torna o sistema<br />
dIferente ds requeijões tradicionais e light no<br />
que s<br />
.<br />
e<br />
,. ret ere à gelificação do amido e à<br />
_<br />
emulslflcaçao das proteínas, da gordura e áaua<br />
durante o processo de fus'io Atl I<br />
utIlIzados diversos outros ingredientes além<br />
/;;0 _<br />
< . Ia mente, sao<br />
• .<br />
desses, resI1tando em sistemas muito complexos<br />
que necessitam de um estudo mais aprofundado<br />
para :ntender as possíveis interações existentes<br />
que nao foram observadas em requeijão cremoso.<br />
4 - CONCLUSÕES<br />
, .<br />
A orelação linear mostrou ser uma<br />
tecl1lca :fl<br />
.<br />
clente para avaliar a influência das<br />
caractenstlcas físico-químicas nos parâmetros<br />
Pág. 402<br />
. . ,<br />
Elasticidade Coesividade<br />
0,18 -0,04<br />
especIalIdade lactea à base de<br />
-0,62 0,87 0,51<br />
-0,04 -0, 18 -0,82<br />
0,54 -0,52 0,00<br />
-0,19 0,08 0,02<br />
0,45 -0,43 0,20<br />
0,33 -0, 15 -0,44<br />
-0,40 0,60 0,38<br />
-0,64 0,87 0,73<br />
-0,36 0,67 0,90<br />
0,22 -0,52 -0,92<br />
do perfil de textura dos produtos analisados<br />
levando-se em conta a complexidade do sistem<br />
estudado. Essa abordagem fornece um métod<br />
I;ara avaliar sistemas multidimensionais, com<br />
e o caso do presente trabalho e de muitos outros<br />
apresentados na literatura.<br />
SUMMARY<br />
.<br />
Variation in percentage composition of<br />
dlffernt typs of reqlleijüo crell/OSO, along with<br />
the wlde vanety of different products similar to<br />
and/or containing requeijão cremoso currently on<br />
the Brazilian market support the need for a detailed<br />
study to evaluate the influence of variations in<br />
percentage cOll1position on texture profile<br />
parameters (TPA). The main objective of this study<br />
was to con:e1ate the parameters obtained by<br />
textu'e profIle analysis with the main physical<br />
chemlcal characteristics of samples of traditional<br />
rqlleijüo crell/OSO, reqlleijüo crell/OSO light and a<br />
ploduct recenlly Iaunched' in the Brazilian domestic<br />
market and known as "especialidade /úctea à base<br />
de re /l eIjtio crell/oso" (dairy specially product<br />
contarnllg reqlleijüo crell/oso). Considering the<br />
complelty of the food system studied, lhe linear<br />
correlatlOn technique was found to be an effective<br />
mean for evaluating lhe influence of physical<br />
chemlcal characteristics on the texture profile<br />
parameters studied.<br />
ey words: Reqlleijüo cremoso,<br />
reqlle j(o cremoso light, dairy specialty product<br />
contalnlng reqlleijtio crell/OSO, texture profile<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
analysis, TPA, physical-chemical composition,<br />
processed cheeses.<br />
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
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• • •<br />
Pág. 403<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />
ANÁLISE DO PERFil DE TEXTURA E CARACTERíSTICAS FíSICOaQUíMICAS DE<br />
REQUEIJÃO CREMOSO LlGHT COM FIBRA ALIMENTAR<br />
Texture Profile Analysis and physicalachemicai characteristics of requeijão cremoso<br />
light with dietary fibre<br />
RESUMO<br />
Ariene G. F. VAN DENDERl<br />
Mirela G. 80812<br />
Priscila 8. CONRAD03<br />
Katumi YOT8UYANAGI4<br />
Valéria A. D. ANJ085<br />
Camila MONTEIR06<br />
A adição de fibra solúvel com a função de substituir gordura em requelJao cremoso light<br />
pode agregar valor ao produto além de melhorar seu valor nutricional. O objetivo deste<br />
trabalho foi avaliar os efeitos da substituição da gordura por fibra alimentar nas<br />
características físico-químicas e no perfil de textura de requeijão cremoso light. Os requeijões<br />
apresentaram composição centesimal dentro da faixa utilizada nos cálculos, principalmente<br />
quanto aos teores de gordura e de GES. Em relação aos parâmetros de textura, os requeijões<br />
com fibra apresentam valores menores de firmeza, adesividade e gomosidade em relação<br />
ao requeijão controle.<br />
Palavras-chave: fibra alimentar, requeijão cremoso light, inulina, mimético de gordura.<br />
1 . INTRODUÇÃO<br />
A adição de fibras solúveis extraídas de<br />
vegetais para substituir a gord ura pode<br />
representar, do ponto de vista da saúde, um<br />
avanço import ante, além de uma forma de<br />
agregar valor ao produto (O INGREDIENTE do<br />
lácteo saudável, 2004). A demanda do mercado<br />
consumidor por alimentos com redução de<br />
gordura tem aumentado de forma expressiva por<br />
estar fortemente associado à crescente preocupação<br />
com a saúde e com uma alimentação<br />
equilibrada (SILVA, 2003). A fibra alimentar, por<br />
sua vez, oferece vários benefícios fisiológicos e<br />
a sua ingestão inadequada está relacionada com<br />
muitas doenças. Portanto, é muito importante<br />
manter níveis de fibra razoáveis na dieta para<br />
minimizar os riscos de contrair algumas dessas<br />
Pesquisadora Científica - Tecnolat - ITAL - adender@ital.org.br<br />
doenças (MITCHEL, 2002). Como a gordura<br />
desempenha um papel importante no sabor,<br />
textura e aparência do alimento, no desenvolvimento<br />
de produtos com valores reduzidos<br />
de gordura torna-se importante monitorar suas<br />
características. O objetivo deste trabalho<br />
consistiu em estudar os efeitos da substituição de<br />
gordura por fibra alimentar nas características<br />
físico-químicas e no perfil de textura de requeijão<br />
cremoso light.<br />
2 • MATERIAL E MÉTODOS<br />
2 Doutoranda em Tecnologia de Alimentos FEA - UNICAMP Bolsista CNPq.<br />
3 Aluna de graduação FEA UNICAMP - Bolsista PIBIC - CNPq.<br />
4 Pesquisador Científico - Lafise ITAL.<br />
5 Pesquisadora Científica - Lafise ITAL.<br />
6 Assistente de pesquisa - Lafise - ITAL.<br />
Ó rgão financiador: CNPq.<br />
Como controle foi utilizado requelJao<br />
cremoso light adicionado de concentrado de<br />
proteína de soro - WPC 34% fabricado conforme<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
descrito em SILVA (2003) e SILVA et aI. (2002).<br />
Foram realizados dois processamentos no<br />
Tecnolat-ITAL, constando cada um de três<br />
fabricações de requeijão, sendo um controle<br />
(RCC), um com 3,3 (RCFI) e outro com 6,7%<br />
(RCF2) de fibra alimentar (Raftiline®HPX). Os<br />
requeijões foram estocados sob refrigeração a<br />
4±2"C. A caracterização do produto recémfabricado<br />
(um a dois dias após a fabricação) foi<br />
feita por meio das análises de acidez, pH, extrato<br />
seco total (EST), gordura, proteína total,<br />
nitrogênio total, nitrogênio solúvel em pH 4,6,<br />
nitrogênio não-protéico, cloreto de sódio e cinzas.<br />
Para o acompanhamento da estocagem dos<br />
produtos (após 15, 30, 45, 60, 75 e 90 dias de<br />
estocagem) foram realizadas as mesmas análises<br />
da caracterização, exceto cloreto de sódio e cinzas.<br />
O perfil de textura foi determinado em<br />
equipamento TA-XT2 (Texture Profile Analyser),<br />
da marca SMS - Stable Micro Systems, operando<br />
com o software Texture Expert®, com modo de<br />
operação TPA. Os parâmetros de textura<br />
avaliados em todos os requeijões foram firmeza,<br />
adesividade, elasticidade, coesividade e<br />
gomosidade. Os dados foram avaliados estatisticamente<br />
por meio de análise de variância<br />
(Anova), Teste de Dunnett (para comparação com<br />
o requeijão controle) e Teste de Tukey (para<br />
comparação entre os requeijões com fibra) ao nível<br />
de erro de 5%, para comparação das médias. A<br />
fim de definir algumas características sensoriais<br />
dos requeijões fabricados, especialistas realizaram<br />
avaliação sensorial preliminar dos produtos.<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
De modo geral, observou-se que os<br />
requeijões apresentaram composição centesimal<br />
dentro da faixa utilizada nos cálculos,<br />
principalmente quanto aos teores de gordura e<br />
de GES. Quanto ao teor de EST, foram observados<br />
valores inferiores aos esperados. Nos dois<br />
processamentos, a concentração de proteína<br />
total difere significativamente ao nível de 5%<br />
de significância para os três produtos em todas<br />
as épocas avaliadas, sendo sempre maior para o<br />
RCC (requeijão cremoso controle) e menor para<br />
o RCF2 (requeijão cremoso light com 6,7% de<br />
fibra). Na caracterização do 2" processamento,<br />
no entanto, o requeijão cremoso light controle<br />
(RCC) e o requeijão light 3,3% de fibra (RCFI)<br />
não diferiram significativamente. Os Quadros I<br />
e 2 mostram a comparação entre os três tipos de<br />
requeijões pelo Teste de Tukey em cada época<br />
de estocagem para os processamentos I e 2,<br />
respectivamente. O Quadro 3 apresenta os<br />
resultados de textura de acordo com o Teste de<br />
digitalizado por<br />
Dunnett, comparando os requelJoes com fibra<br />
(RCFI e RCF2) com o requeijão controle (RCC).<br />
Quanto à análise do perfil de textura, foi<br />
observado, de maneira geral, que os requeijões<br />
com fibra apresentam valores menores de<br />
firmeza, adesividade e gomos idade em relação<br />
ao controle. O Quadro 4 apresenta os resultados<br />
segundo o Teste de Tukey, para comparação<br />
entre os requeijões com fibra ao nível de erro de<br />
5%. De acordo com estes dados, observa-se que<br />
no I U processamento houve diferença significativa<br />
entre as duas amostras apenas para<br />
elasticidade e coesividade. Já no 2" processamento<br />
as amostras diferiram quanto a todos<br />
os parâmetros de textura avaliados. De forma<br />
similar à análise de textura, a análise sensorial<br />
preliminar verificou que o requeijão cremoso light<br />
com 3,3% de fibra (RCFI) é menos firme que o<br />
requeijão cremoso controle (RCC), porém é mais<br />
firme que o requeijão com 6,7% de fibra (RCF2).<br />
4 - CONCLUSÃO<br />
Os resultados obtidos mostraram a<br />
viabilidade de se fabricar requeijão cremoso Iight<br />
com adição de fibra alimentar como substituto<br />
de gordura. Foi verificado que, de um modo geral,<br />
as amostras apresentaram valores esperados para<br />
as análises físico-químicas, com exceção dos<br />
valores encontrados para extrato seco total<br />
(EST), que foram inferiores aos esperados,<br />
indicando a necessidade de adequar as<br />
formulações utilizadas. Quanto às análises de<br />
textura, os requeijões light adicionados de fibra<br />
apresentaram menor firmeza que o requeijão<br />
controle. Este resultado demonstra a necessidade<br />
de realizar alguns aj ustes na formulação de<br />
requeijão light com adição de fibra, como por<br />
exemplo, adaptar a sua composição centesimal<br />
e/ou empregar diferentes concentrados de<br />
proteínas de soro com o objetivo de conferir<br />
maior firmeza ao produto.<br />
SUMMARY<br />
Addition of soluble fibre to replace fat in<br />
requeijão cremoso light can enhance value to<br />
the product and improve its nutritional value.<br />
The objective of this study was to evaluate the<br />
effects of replacing fat with dietary fibre on the<br />
physical-chemical characteristics and on texture<br />
profile of requeijão cremoso light. The products<br />
showed centesimal composition within the<br />
interval used on the calculations, especially<br />
those concerning fat. Regarding the texture<br />
parameters, the products with fibre showed less<br />
hardness, adhesiveness and gumminess than the<br />
arvoredoleite.org<br />
Pág. 405
-o<br />
Ill·<br />
C?<br />
.j:>.<br />
o<br />
(j)<br />
-o<br />
Ill·<br />
C?<br />
.j:>.<br />
o<br />
-... .J<br />
Quadro 1 - Comparação entre as composições dos três tipos de requeijões do I" processamento nos diferentes tempos de estocagem .<br />
DIAS tipo<br />
RC C<br />
RC FI<br />
RC F2<br />
d.m.s.(5'J,)<br />
15 RC C<br />
RC FI<br />
RC F2<br />
d.m.s.(5%)<br />
30 RC C<br />
RC FI<br />
RC F2<br />
d.m.s.(5%)<br />
45 RC C<br />
RC FI<br />
RC F2<br />
d.m.s.(5%)<br />
fiO RC C<br />
RC FI<br />
RC F2<br />
d.m.s.(5"J,)<br />
75 RC C<br />
RC FI<br />
RC F2<br />
d.m.s.(5'J,)<br />
90 RC C<br />
RC FI<br />
RC F2<br />
d.m.s.(5%)<br />
ACIDEZ ('i', A.L.)<br />
0.07 14 ± 0,002R a<br />
0,0580 ± 0.0000 o<br />
0,048fi ± 0,0000 c<br />
0,004<br />
O,Ofi5 I ± 0.0028 a<br />
0,05% ± 0,00 19 o<br />
0,0489 ± 0,0000 c<br />
{J.()049<br />
0,0725 ± 0,0009 a<br />
0,Ofi28 ± 0,0009 b<br />
0,0484 ± 0,0000 c<br />
0,00 19<br />
0,0735 ± 0.0000 a<br />
0,Ofi34 ± 0,0001 o<br />
0,0532 ± 0,0000 c<br />
0,000 1<br />
0,0734 ± 0.0000 a<br />
0,0587 ± 0,0000 o<br />
O,053fi ± 0,0000 c<br />
O<br />
O,07RO ± 0,0000 a<br />
0,0592 ± 0,00 10 o<br />
0,04fi8 ± 0,0025 c<br />
0,0039<br />
0,0777 ± 0,0000 a<br />
0,Ofi30 ± 0,0009 b<br />
0,0488 ± 0,0000 c<br />
0,00 13<br />
EST (gll OOg)<br />
27.5345 ± O.Ofifi3 o<br />
27,47Rfi ± 0.2202 o<br />
27,8855 ± 0.0387 a<br />
0.3372<br />
27.5790 ± O. IROI a<br />
27 ,5373 ± 0.2280 a<br />
27,8 105 ± 0, 1414 a<br />
0,4fi74<br />
27,3R94 ± 0,1273 a<br />
27,4%fi ± O,OfiOfi a<br />
27 ,5M5 ± 0,054fi a<br />
0,2 187<br />
27,4823 ± 0.0228 b<br />
27,533 1± O,Ofi7fi ao<br />
27,7409 ± 0,1490 a<br />
0,2389<br />
27 ,4029 ± O,Ofi3fi o<br />
27 ,55 18 ± 0.2349 ab<br />
27,900fi ± O,Ofi09 a<br />
0,3fi29<br />
27,fi838 ± 0,0958 a<br />
27,82 Ifi ± O,2 1fi9 a<br />
28,0227 ± 0,0204 a<br />
0,3443<br />
27 ,395 1 ± 0,0583 o<br />
27,4M5 ± 0,2533 ab<br />
27,S223 ± 0.058fi a<br />
O,3R54<br />
GORDURA<br />
(g!lOOg)<br />
9,4354 ± 0.0927 a<br />
9,5384 ± 0,0(\01 a<br />
9,5 123 ± 0. 1 (\77 a<br />
0.2904<br />
9.4252 ± 0, 1 fi39 a<br />
9,4459 ± 0,094 1 a<br />
9,42% ± 0,0(\24 a<br />
O,287R<br />
9,709R ± 0.23fi7 a<br />
9,4 185 ± 0. 1 fifi9 a<br />
9,5580 ± O,080fi a<br />
0,4348<br />
9,52 13 ± O.07R7 a<br />
9,5fi78 ± 0. 1059 a<br />
9,fi7(\5 ± O, IS03 a<br />
0,2892<br />
9,3089 ± O,I22fi a<br />
9,4(\39 ± 0,0404 a<br />
9,472 1 ± 0,0598 a<br />
0,2057<br />
9,4993 ± 0,0590 b<br />
9,57R5 ±O,I007 o<br />
9,7M I ±O,0 141 a<br />
0, 17<br />
9,7744 ±O,1019 a<br />
9,3892 ± 0,0 177 b<br />
9,7094 ± 0.0588 a<br />
d.m.s.: diferença mínima significativa ao nível de erro de 5% de probabilidade.<br />
As amostras (média ± desvio padrão) seguidas de mesma letra na coluna não diferem ao nível de 5% de erro.<br />
0, 172<br />
GES<br />
(g gnrdura! lOOg EST)<br />
34.2fi73 ± 0,3040 a<br />
34.7 138 ± O,3fi87 a<br />
34,1 121 ± 0,fi 189 a<br />
1,131<br />
34, 1738 ± 0,373 1 a<br />
34,3054 ± 0,5982 a<br />
33,9078 ± 0,3914 a<br />
1,lfifi3<br />
35,4541 ± 1,027 1 a<br />
34,2537 ± 0,M28 a<br />
34,fi74fi ± 0,2279 a<br />
1,783 1<br />
34,M5 1 ± 0,28 12 a<br />
34,7508 ± 0,4fi94 a<br />
34,8835 ± 0,fi7fifi a<br />
1,2585<br />
33,97 12 ± 0,4957 a<br />
34,35 19 ± 0,4370 a<br />
33.9495 ± 0,2540 a<br />
1,0239<br />
34.3 138 ± 0,2750 a<br />
34,43 17 ± O,fi2fi3 a<br />
34,8434 ± 0,0734 a<br />
0,995<br />
35.fi793 ± O,345fi a<br />
34, 1883 ± 0,2953 b<br />
34,897R ± 0,1924 o<br />
0,7 14<br />
PT<br />
(g!lOOg)<br />
15,fi072 ± 0,0555 a<br />
13,4(\80 ± 0, 1 309 o<br />
10,837 I ± 0,0829 c<br />
0,238<br />
14,8fi58 ± O,fi843 a<br />
13,2610 ± 0,3375 o<br />
I 1,IOfi3 ± O,lOfifi c<br />
1,1142<br />
14,32fi9 ± 0,2770 a<br />
12,497 1 ±O,1219 b<br />
1O,478I± 0,0048 c<br />
0,378<br />
15,2475 ± 0,1022 a<br />
13,1900 ± 0,0 160 b<br />
1 1,1697 ± 0,0922 c<br />
0,2005<br />
14,4330 ± 0,0935 a<br />
12,9539 ± 0,1717 b<br />
IO,fi8fi l ± 0, 1 785 c<br />
0,3828<br />
15,25 12 ± 0,0185 a<br />
13,4325 ± O,032fi b<br />
10,%02 ± 0,0497 c<br />
0.0900<br />
14,852fi ± 0,1331 a<br />
13,1283 ± 0,0595 b<br />
10,7 132 ± 0,01fi5 c<br />
0,2 122<br />
NS (g/I OOg)<br />
0,1071 ±(),{)019 a<br />
0.0959 ± 0,0020 b<br />
O,Ofi74 ± 0.0003 c<br />
0,004 1<br />
O, I O 16 ± 0,0047 b<br />
0,1351 ±O,0048 a<br />
0,0857 ± 0.0023 c<br />
0,0103<br />
O, I 028 ± 0,0028 a<br />
0,0989 ± 0,005 I a<br />
0,067 J ± 0,0009 b<br />
O,OOS5<br />
0, 12 I 3 ± 0,005 I a<br />
O, I 050 ± 0,0020 b<br />
0,0938 ± 0,0029 c<br />
0,0089<br />
0,0960 ± 0,000 I b<br />
0,2822 ± 0,0092 a<br />
0,070fi ± 0,000 I c<br />
0,0133<br />
0, 1091 ±0,000 1 b<br />
0,2009 ± 0,0023 a<br />
0,0952 ± 0,0006 c<br />
0,0034<br />
0, 1095 ± 0,0013 b<br />
0,2849 ± 0,0003 a<br />
O,O()()fi ± 0.0009 c<br />
Quadro 2 - Comparação entre as composições dos três tipos de requeijões do 2° processamento nos diferentes tempos de estocagem.<br />
DIAS TIPO<br />
RC C<br />
RC FI<br />
RC F2<br />
d.m.s.(5%)<br />
15 RC C<br />
RC FI<br />
RC F2<br />
d.m.s.(5%)<br />
30 RC C<br />
RC FI<br />
RC F2<br />
d.m.s.(5%)<br />
45 RC C<br />
RC FI<br />
RC F2<br />
d.m.s.(5%)<br />
60 RC C<br />
RC FI<br />
RC F2<br />
d.m.s.(5%)<br />
75 RC C<br />
RC FI<br />
RC F2<br />
d.m.s.(5%)<br />
90 RC C<br />
RC FI<br />
RC F2<br />
d.m.s.(5%)<br />
ACIDEZ (% A.L.)<br />
0,0652 ± 0,0028 a<br />
0,0580 ± 0,0000 b<br />
0,0489 ± 0,0000 c<br />
0,004 1<br />
0,0685 ± 0,0000 a<br />
0,0538 ± 0,0000 c<br />
0,0635 ± 0,0000 b<br />
2,70E-09<br />
0,0571 ± 0,0000 a<br />
0,0499 ± 0,0070 a<br />
0,0484 ± 0,0000 a<br />
0,0101<br />
0,0684 ± 0,0000 a<br />
0,0536 ± 0,0000 c<br />
0,0538 ± 0,0000 b<br />
2,70E-09<br />
0,0690 ± 0,0009 a<br />
0,05 83 ± 0,0000 b<br />
0,0534 ± 0,0000 c<br />
0,0013<br />
0,0635 ± 0,0000 a<br />
0,0538 ± 0,0000 b<br />
0,0490 ± 0,0000 c<br />
1,90E-09<br />
0,0635 ± 0,0000 a<br />
0,0544 ± 0,0014 b<br />
0,0483 ± 0,0009 c<br />
0,0024<br />
EST (gIlOOg)<br />
25,9023 ± 0, 1230 c<br />
27, 1415 ± 0,0844 b<br />
28,2241 ± 0,0992 a<br />
0,259 1<br />
25,5 153 ± 0,0633 c<br />
26,5242 ± 0,2354 b<br />
27,9100 ± 0, 1232 a<br />
0,395<br />
25,723 1 ± 0,3018 c<br />
26,8572 ± 0,0585 b<br />
28,3343 ±0,0890 a<br />
0,4628<br />
26,1770 ± 0,0407 c<br />
27,3 122 ± 0,03 10 b<br />
28,355 1 ± 0,0962 a<br />
0, 1576<br />
25,5290 ± 0,0085 c<br />
26,4744 ± 0,1 175 b<br />
27,7816 ± 0,0523 a<br />
0,1 863<br />
25,7636 ± 0, 1205 c<br />
26,8411 ± 0,0479 b<br />
28, 1375 ± 0,0900 a<br />
0,2283<br />
25,7929 ± 0, 1086 c<br />
27,0025 ± 0,0860 b<br />
28,1 985 ± 0,0300 a<br />
0,205<br />
GORDURA<br />
(g/l OOg)<br />
8,7573 ± 0,09 19 c<br />
9,2652 ± 0, 1 151b<br />
9,8427 ± 0,0794 a<br />
0,24 19<br />
9,3610 ± 0,1035 b<br />
9,6728 ± 0,1283 a<br />
9,8363 ± 0,0856 a<br />
0,2687<br />
8,8480 ± 0,0947 c<br />
9,3728 ± 0, 1590 b<br />
9,8370 ± 0,0799 a<br />
0,29 16<br />
8,7093 ± 0,09 16 c<br />
9,0797 ± 0,0465 b<br />
9,5 143 ± 0,0283 a<br />
0, 1541<br />
9,4406 ± 0,1372 b<br />
9,7644 ± 0,0073 a<br />
9,8159 ± 0,0746 a<br />
0,2262<br />
9,0608 ± 0,01 14 c<br />
9,4336 ± 0,2014 b<br />
9,8943 ± 0,0552 a<br />
0,3025<br />
8,6858 ± 0,0559 c<br />
9,2156 ± 0,0748 b<br />
9,6597 ± 0,2638 a<br />
0,4047<br />
GES<br />
(g gordura/ IOOg EST)<br />
d.m,s,: diferença mínima significativa ao nível de erro de 5% de probabilidade .<br />
As amostras (média ± desvio padrão) seguidas de mesma letra na coluna não diferem ao nível de 5% de erro.<br />
PT<br />
(g/100g)<br />
0,0023<br />
NNP (g! l OOg)<br />
0,0379 ± 0,0030 a<br />
0,03R4 ± 0,0020 a<br />
0,0305 ± 0,00 I () b<br />
0,()054<br />
0,0359 ± 0,0037 a<br />
0,0331 ± 0,0078 a<br />
0,02fi7 ± 0,0008 a<br />
0,012fi<br />
0,03fi3 ± 0,001 I a<br />
0,O lfi8 ± 0,0014 c<br />
0,0292 ± 0,0008 b<br />
0,0028<br />
0,03fi8 ± O,OOfiS ab<br />
0,04fifi ± 0,0017 a<br />
0,0338 ± 0,0024 b<br />
0,0103<br />
0,0394 ± O,OOOS c<br />
0,0965 ± 0,00 I fi a<br />
O,04fi9 ± 0,0033 b<br />
0,0053<br />
0,05 13 ± O,00fi6 a<br />
0,047fi ± 0,0034 a<br />
0,0237 ± 0,0029 b<br />
0,01 15<br />
0,0457 ± 0,0057 a<br />
0,0438 ± 0,0034 ab<br />
0,0343 ± 0,0017 b<br />
0,0098<br />
NS (gIlOOg) NNP (g/I OOg)<br />
33,8098 ± 0,4444 a 14,4192 ± 0,1 804 a 0,1077 ± 0,0026 a 0,0333 ± 0,0029 b<br />
34,1378 ± 0,5225 a<br />
34,8739 ± 0,3688 a<br />
1,1264<br />
13,7 147 ± 0,5573 a 0,0998 ± 0,0040 a<br />
11,0321 ±0,0755 b 0,0893 ± 0,0042 b<br />
0,8542 0,0092<br />
0,05 15 ± 0,0036 a<br />
0,05 19 ± 0,00 13 a<br />
0,0069<br />
36,6873 ± 0,3 146 a 14,1551 ± 0,0151 a 0,1247 ± 0,0080 a 0,0324 ± 0,0039 a<br />
36,47 15 ± 0,7373ab 12,7 164 ±0,1216 b 0,0789 ±0,0034 b 0,0345 ±0,0053 a<br />
35,2441 ± 0,4300 b<br />
1,3157<br />
34,3977 ± 0,1771a 14,3237 ± 0,0594 a<br />
34,8979 ± 0,5223 a 12,9495 ± 0,2045 b<br />
34,7 173 ± 0,1 922 a<br />
0,8487<br />
33,27 10 ± 0,3508 a<br />
33,2441 ± 0,1701 a<br />
33,5547 ± 0,2062 a<br />
0,6376<br />
10,7235 ± 0,0979 c 0,0747 ± 0,0049 b<br />
0,2269 0,0145<br />
1 1,2988 ± 0,1033 c<br />
0,1 064± 0,0001 a<br />
0,0882 ± 0,0000 b<br />
0,0874 ± 0,0033 b<br />
0,3424 0,0048<br />
14,4320 ± 0,0903 a 0,0926 ± 0,0011 b<br />
13,0556 ± 0,198 1 b 0,1043 ± 0,0019 a<br />
11,1140 ± 0,05 13 c 0,0649 ± 0,0044 c<br />
0,3235 0,007 1<br />
0,0411 ±0,0064 a<br />
0,0133<br />
0,0345 ± 0,0035 ab<br />
0,0300 ± 0,0024 b<br />
0,0374 ± 0,002 1 a<br />
0,0068<br />
0,0345 ± 0,00 17 a<br />
0,0267 ±± 0,0060 a<br />
0,0227 ± 0,0058 a<br />
0,0124<br />
36,9799 ± 0,5478 a 15,3943 ± 0,2627 a 0,0867 ± 0,0045 b 0,0348 ± 0,0017 b<br />
36,8830 ± 0, 1442 a 13,6794 ± 0,5462 b 0,0799 ± 0,0001 b 0,0441 ± 0,0052 a<br />
35,3323 ± 0,2076 b 1 1,5059 ± 0,0458 c 0,0964 ± 0,0043 b 0,0418 ± 0,0014 ab<br />
0,8726 0,8791 0,009 0,008 1<br />
35,1698 ± 0,2045 a<br />
35,1452 ± 0,6945 a<br />
35,1 644 ± 0, 1810 a<br />
1,0793<br />
33,6762 ± 0,3325 a<br />
34, 1293 ± 0,3864 a<br />
34,2564 ± 0,9564 a<br />
1,5675<br />
digitalizado por<br />
15,2512±0,0185 a 0,093 1 ± 0,0035 a 0,0288 ±0,000 I a<br />
13,4325± 0,0326 b 0,0932 ± 0,0036 a 0,02 18 ± 0,00 18 b<br />
1 1,0178 ± 0,1495 c 0,0797 ± 0,0011 b<br />
0,223 0,0075<br />
0,0171 ± 0,0018 c<br />
0,0037<br />
14,2940 ± 0,0295 a 0,1 179 ± 0,0018 a 0,0225 ± 0,003 1 a<br />
12,9686 ± 0,1 190 b 0,0945 ± 0,0036 b 0,0235 ±0,0004 a<br />
1 1,0829 ± 0,0320 c 0,0891 ± 0,0005 b 0,0161 ± 0,0016 b<br />
0,1633 0,0059 0,005 1<br />
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Pág. 408<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
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ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
control product. Key-words: dietary fibre,<br />
requeijüo cremoso light, inulin, fat mimetic.<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
MITCHEL, H. L. Bebidas enriquecidas com<br />
fibras. Food Ingredients : Pesquisa e<br />
Desenvolvimento na Indústria de Alimentos e<br />
Bebidas, ano IV, n. 20, p. 72-75, set./out., 2002.<br />
O INGREDIENTE do lácteo saudável. Revista<br />
Leite e Derivados, ano XIII, n. 76, p. 54-59,<br />
61-62, 64, mar.labr., 2004.<br />
SILVA, A. T. Fabricação de requeijão<br />
cremoso e de requeijão cremoso "light" a<br />
• • • •<br />
partir de retentado de ultrafiltração<br />
acidificado por fermentação ou adição de<br />
ácido láctico. 2003. Tese (Doutorado em<br />
Tecnologia de Alimentos). Departamento de<br />
Tecnologia de Alimentos, Universidade Estadual<br />
de Campinas, Campinas, 2003.<br />
SILVA, A. T.; VAN DENDER, A. G. F. ; MORI, E.<br />
E. M.; YOTSUYANAGI, K. Utilização de<br />
concentrado protéico de soro na fabricação de<br />
requeijão cremoso com teor reduzido de gordura.<br />
In: XVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE<br />
CI Ê NCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS,<br />
2002, Porto Alegre, RS. Anais. Porto Alegre,<br />
04 a 07 de agosto de 2002 (CD ROM ISBN: 85-<br />
891 23-0 1-4).<br />
• • • •<br />
ESTUDO COMPARATIVO DA ATIVIDADE ENZIMÁTICA E DA PROTEÓLlSE EM QUEIJO<br />
PRATO DE DIFERENTES ORIGENS'<br />
Comparative study of enzyme activity and proteolysis in prato cheese from<br />
different origins<br />
RESUMO<br />
Izildinha Moreno1<br />
Maria Teresa Destro2<br />
Ariene G. F. Van Dender1<br />
Adriana T. Silva 1<br />
Airton Vi ' alta 1<br />
Elza T. G. Marasca 1<br />
Gisele A. N. Costa3<br />
Fabiana K.H.S. Trento4<br />
O queijo Prato é a variedade de queijo maturado mais consumida no Brasil, todavia as<br />
variações nele ocorridas durante a maturação e sua microbiota diferenciada ainda não<br />
foram devidamente caracterizadas, principalmente com relação à especificidade das enzimas<br />
envolvidas no processo. Neste trabalho foram determinadas a atividade de enzimas<br />
proteolíticas e autolíticas existentes em extratos aquosos de queijo Prato produzido em<br />
quatro estados (A=Santa Catarina, B=Goiás, C=São Paulo e D=Minas Gerais) e sua relação<br />
* Artigo originado de projeto financiado pela FAPESP.<br />
I Pesquisador Científico, Centro de P&D de Laticínios - TECNOLAT ITAL.<br />
2 Professor Doutor. Faculdade de Ciências Farmacêuticas. Universidade de São Paulo - USP.<br />
3 Bolsista FAPESP.<br />
4 Assistente de Pesquisa TECNOLAT.<br />
digitalizado por<br />
Pág. 409<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
com o desenvolvimento da proteólise dos referidos produtos. Os resultados obtidos<br />
permitiram demonstrar a ocorrência de variações de especificidade e de atividades enzimáticas<br />
tanto entre os queijos de diferentes origens quanto ao longo da maturação e a conseqüência<br />
desta variabilidade no desenvolvimento da proteólise dos mesmos. De modo geral, a<br />
proteólise avaliada pelos índices de extensão e de profundidade da maturaçãO foi mais<br />
elevada no queijo D, com maior atividade de enzimas proteolíticas e autolíticas de diferentes<br />
especificidades, seguindo a ordem D>C>B;:::A. As diferenças na evolução da proteólise do<br />
queijo C, que apresentou perfil enzimático semelhante ao do queijo D, foram atribuídas à<br />
falta de uniformidade na composição físico-química do queijo C quando comparado ao D,<br />
especialmente com relação ao pH e ao teor de sal na umidade, provavelmente em função<br />
de diferenças tecnológicas entre os dois processos de fabricação.<br />
Palavras-chave: Queijo Prato, Enzimas proteolíticas, Autolisinas, Proteólise, Autólise.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
O queijo Prato é a variedade de queijo<br />
maturado mais apreciada e consumida no país, o<br />
que levou ao aumento de 117% de sua produção<br />
nos últimos 10 anos, passando de 45.000ton.<br />
produzidas em 1993 para 97.600ton. em 2003<br />
(ABIQ, 2004). Todavia as variações nele ocorridas<br />
durante a maturação e sua microbiota diferenciada<br />
ainda não foram devidamente caracterizadas,<br />
principalmente com relação à natureza e<br />
especificidade das enzimas envolvidas no processo.<br />
Além disso, uma série de fatores, dos quais as<br />
modificações nas tecnologias de fabricação, as<br />
variações do período de maturação sem o uso<br />
adicional de qualquer tipo de tecnologia e a<br />
utilização de culturas adjuntas sem avaliação<br />
anterior, têm resultado na comercialização de<br />
variedades de queijos de qualidade irregular e com<br />
grande heterogeneidade na composição físicoquímica<br />
e características microbiológicas<br />
(MORENO, 2003; CICHOSCKI et ai, 2002). Como<br />
resultado, este importante produto nacional vem<br />
perdendo seus padrões de qualidade e identidade e,<br />
conseqüentemente, seu valor comercial.<br />
V árias enzi mas proteolíticas originárias de<br />
diferentes fontes atuam de forma combinada<br />
durante a maturação do queijo Prato, in<br />
fluenciando em suas características de "flavour"<br />
e textura. Dentre elas, destacam-se as endógenas,<br />
sendo a plasmina e as proteinases e peptidases<br />
(aminopeptidases) provenientes das bactérias não<br />
integrantes do fermento láctico (NSLAB), as<br />
mais relevantes em termos de atividade e<br />
significado tecnológico e outras que são adi<br />
cionadas para a indução de alterações específicas,<br />
como a quimosina e pepsina do coalho e a s<br />
proteinases e peptidases do fermento láctico<br />
(McSWEENEY; SOUSA, 2000).<br />
Além dessas, as autolisinas das culturas<br />
lácticas endógenas ou adicionadas vêm sendo<br />
consideradas essenciais na maturação, uma vez<br />
que ao atuarem (forma natural ou induzida) em<br />
ligações específicas do próprio peptideoglicano<br />
permitem a liberação no coágulo de todas as<br />
enzimas citoplasmáticas importantes para a<br />
proteólise secundária (SHOCKMAN; H Ó LJTJE,<br />
1994). Estudos com o queijo Prato (MORENO,<br />
2003) e com outros tipos de queijos (KIERNAN<br />
et aI., 2000; PILLIDGE et aI., 1998) revelaram<br />
que a utilização de culturas fortemente<br />
autolíticas levaram a um aumento da proteólise<br />
e uma maior liberação de aminoácidos livres e,<br />
em muitos casos, à diminuição do amargor.<br />
Em face dessas importantes constatações<br />
e da escassez de dados a respeito dos agentes<br />
enzimáticos (proteolíticos e autolíticos)<br />
determinantes da proteólise do queijo Prato<br />
buscou-se, neste estudo, gerar mais<br />
conhecimentos para elucidar as complexas<br />
mudanças que ocorrem durante a maturação<br />
referido queijo.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
2.1 -Obtenção dos extratos de queijos<br />
Amostras de queijo Prato fabricado em<br />
Santa Catarina (A), Goiás (B), São Paulo (C) e<br />
Minas Gerais (D) foram maturadas nas mesmas<br />
condições (12±2°C/45 dias) e avaliadas com 5,<br />
15, 25, 35 e 45 dias. Os extratos aquosos dos<br />
queijos foram obtidos homogeneizando-se 4,5g<br />
da amostra em 20mL de água deionizada estéril.<br />
Os homogeneizados foram centrifugados a<br />
10.000g por 15 minutos a 4°C e os sobrenadantes,<br />
filtrados em membranas de 0,423/lm (Sartorius<br />
F-91127, Palaiseau, França) e mantidos a -20°C<br />
até sua utilização (VALENCE; LORTAL, 1998).<br />
A concentração de proteínas nestes extratos foi<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
determinada peJo método de LOWRY et aI.<br />
(1951), utilizando-se o reativo de FOLIN;<br />
CIOCALTEAU (SIGMA DIAGNOSTICS®,<br />
1985). A absorbância da mistura foi medida a<br />
725nm e a concentração de proteínas (mg.mL· I )<br />
determinada a partir da comparação dos dados<br />
com uma curva padrão de albumina bovina<br />
(Sigma Aldrich, Saint Louis, USA).<br />
2.2 -Determinação da atividade específica<br />
de aminopeptidases (AP)<br />
Foi determinada, segundo RONCARI;<br />
ZUBER (1969), pela medida da extensão de<br />
hidrólise dos seguintes substratos cromogênicos<br />
(-p-NA: -p-nitroanilida): Glu-p-NA para Pep A,<br />
Arg-p-NA para Pep N, Leu-p-NA para Pep Q,<br />
Ala-p-NA para Pep G, Lis-p-Na para Pep C, Prop-NA<br />
para Pep I, Gli-p-NA para Pep X. A unidade<br />
(U) de atividade específica foi definida pela<br />
relação entre o número de unidades da atividade<br />
enzimática por miligrama de proteína no extrato<br />
enzimático (0,01 U.min-I mg de proteína- I ).<br />
2.3 -Detecção da atividade de autolisinas<br />
por zimogramas<br />
As autolisinas livres nos extratos aquosos<br />
de queijo foram detectadas por eletroforese em<br />
SDS-PAGE [gel de separação a 14%, pH 8,8<br />
contendo 0,2% (p/v) de células de Micrococcus<br />
{llleus liofilizadas e gel de concentração a 4%]<br />
durante I hora sob voltagem constante de 180<br />
V, utilizando-se uma unidade vertical Protean 11<br />
(Bio-Rad). Os géis foram lavados em água<br />
destilada e incubados a 42"C/16 horas em tampão<br />
Tris-HCI 50 mM pH 6,8 contendo Triton X-<br />
100 I % (v/v) em uma câmara de hibridização<br />
HB-I D (Techne, USA). A seguir, os géis foram<br />
corados em solução de azul de metileno 0,1% (p/<br />
v) acrescida de hidróxido de potássio 0,001%<br />
(p/v) e lavados em água destilada até a<br />
visualização de bandas translúcidas características<br />
das autolisinas (VALENCE; LORTAL, 1995).<br />
2.4 - Determinação dos índices de proteólise<br />
Os índices de extensão (IEM) e de<br />
profundidade (lPM) da proteólise foram obtidos<br />
pelas fórmulas: IEP= (NS-pH4,6/NT)x 100 e<br />
IPP=(NNP/NT)xIOO. O nitrogênio solúvel em<br />
pH 4,6 (NS-pH-4,6) foi dosado no sobrenadante<br />
obtido após a precipitação isoelétrica das caseínas<br />
em ácido clorídrico (HCI) 1,41 N (VAKALERIS;<br />
PRICE, 1959) e o nitrogênio não protéico (NNP)<br />
no sobrenadante obtido após a precipitação das<br />
proteínas em 12% de ácido tricloroacético (TCA)<br />
digitalizado por<br />
(ASCHAFFENBURG; DREWRY, 1959). O NT foi<br />
determinado pelo método de Kjeldahl<br />
(INTERNATIONAL.., 1964).<br />
2.5 -Determinação das propriedades físicoquímicas<br />
Os queijos foram submetidos às análises do<br />
pH em mistura de 20g de queijo em 20 ml de<br />
água, por meio de potenciômetro (pHmetro)<br />
digital com eletrodo de vidro combinado, marca<br />
Micronal B-375 (BRASIL, 2003), cloreto de<br />
sódio (SERRES et ai, 1973), titulando-se o<br />
excesso de nitrato de prata com tiocianato de<br />
potássio (expresso em cloretos) e de extrato seco<br />
total pelo método de secagem das amostras mais<br />
areia tratada, até peso constante (7h), em estufa<br />
a 102±2°C (INTERNATIONAL. .. , 1982 ).<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
3.1 -Atividade de aminopeptidases (AP)<br />
Analisando-se o conjunto de resultados<br />
obtidos neste trabalho, verificaram-se variações<br />
nos valores de atividade específica de uma mesma<br />
enzima tanto entre os queijos das diferentes origens<br />
quanto entre os queijos de uma mesma origem ao<br />
longo da maturação. Maior atividade de AP foi<br />
detectada no queijo D e seguindo a ordem:<br />
D>C>B;:::A. Independentemente da especificidade<br />
enzimática e do tempo de maturação, os valores<br />
de atividade específica variaram entre 30,89 U<br />
(Pep A) e 546,69 U (Pep N) no queijo D, 44,64 U<br />
(Pep G) e 224,93 (Pep C) no queijo C, 0,52 (Pep<br />
G) e 15,89 U (Pep C) no queijo B e 0,47 U (Pep Q)<br />
e Ii ,99 U (Pep) no queijo A.<br />
Os queijos A e B apresentaram características<br />
similares, com ausência de especificidade<br />
para a Pep I, mas com diferenças de atividade<br />
entre as AP. O queijo A apresentou forte atividade<br />
para a Pep X (12,94 U) e Pep G (11,99 U) e o<br />
queijo B para a Pep C (15,89 U). As características<br />
dos queijos C e D foram similares e<br />
diferentes daquelas apresentadas pelos queijos A<br />
e B; porém, o queijo D apresentou atividade<br />
específica aproximadamente 2,2 vezes maior que<br />
a do queijo C. Ambos com fraca atividade para a<br />
Pep I (C=6,81 U, D=7,91) e forte para a Pep C<br />
(C=225,93, D=432,95 U) e Pep N (C=215,20<br />
U, D= 546,69 U), mas, sem atividade, no queijo<br />
C, para a Pep A e Pep X.<br />
A medida da atividade de AP em queijo Prato<br />
é importante para determinar a contribuição da<br />
microbiota nas reações envolvidas na maturação.<br />
V ários autores demonstraram, para outros tipos<br />
de queijos, que somente estas enzimas seriam<br />
Pág. 411<br />
arvoredoleite.org
capazes de degradar peptídeos amargos (ARD O<br />
et aI., 2002; COURTIN et aI., 2002). Além disso,<br />
a medida dessas enzimas fornece também<br />
importantes informações a respeito da<br />
ocorrência de autólise (O'DONOVAN et aI,<br />
1996; KIERNAN et aI., 2000).<br />
3.2 -Atividade de autolisinas<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Não foram evidenciadas bandas de atividade<br />
lítica nos extratos aquosos dos queijos A e B na<br />
condição de renaturação utilizada (pH 6,8 e 42°C),<br />
enquanto nos queijos C e D foram detectadas bandas<br />
de atividade lítica de aproximadamente 37 KDa<br />
em ambos os queijos C e D, porém, de intensidade<br />
fraca no queijo C e forte no D. Além desta,<br />
observou-se também a presença de mais duas bandas<br />
Iíticas de fraca intensidade no queijo D, de pesos<br />
moleculares mais elevados, aproximadamente 50<br />
e 100KDa. Independentemente do número e da<br />
intensidade das bandas líticas, as autolisinas já<br />
haviam sido liberadas nos extratos aquosos dos<br />
queijos C e D desde o período inicial da maturação,<br />
resultados que sugerem que a autólise da microbiota<br />
presente nesses queijos ocorreu durante a etapa de<br />
processamento.<br />
3.3 -Evolução da proteólise durante a<br />
maturação<br />
Comparando-se os índices de proteólise no<br />
início e final da maturação, verificou-se que Ó lEP<br />
foi mais elevado (7,83 a 17,22%) no queijo D e<br />
seguido dos queijos C (7,24 a 15,95%) e B (7,12 a<br />
15.51 %), que foram semelhantes, e menor no<br />
queijo A (4,55 a 9,14%). Com relação ao IPP,<br />
valor mais elevado também foi detectado no queijo<br />
D (6,96 a 12,30%) e seguido dos queijos C (4,05 a<br />
9,97%) e B (2,74 a 7,20%) e menor para o queijo<br />
A (1,99 a 5,82%). Estes resultados revelaram uma<br />
evolução mais lenta do IPP no queijo C, que mesmo<br />
tendo apresentado maior atividade, principalmente<br />
das enzimas do coalho (lEP), alcançou no final da<br />
maturação os mesmos valores encontrados para o<br />
queijo D com 25 dias. Portanto, a menor taxa de<br />
proteólise secundária observada para o queijo C,<br />
quando comparada ao queijo D, pode estar<br />
relacionada ao baixo valor de pH e maior teor de<br />
sal na umidade (S/U) deste queijo (pH= 5,34, SI<br />
U=4,21 %) em relação ao queijo D (pH=5,57, SI<br />
U=2,45%), que podem ter afetado negativamente<br />
a atividade das autolisinas e das aminopeptidases,<br />
retardando a proteólise do queijo C.<br />
4 - CONCLUSÕES<br />
Pág. 412<br />
As informações originadas deste estudo<br />
mostraram claramente a existência de uma<br />
relação positiva entre a atividade de amino<br />
peptidases (AP) e o desenvolvimento da<br />
proteólise em queijo Prato. Os queijos C e D<br />
que apresentaram maior atividade de AP'<br />
alcançaram maiores índices de proteólise (lEP <br />
IPP) em decorrência da autólise mais intensa da<br />
microbiota, enquanto nos queijos A e B, que não<br />
apresentaram atividade de autolisinas, a<br />
proteólise evoluiu mais lentamente. As dife<br />
renças na evolução da proteólise do queijo C,<br />
que apresentou perfil enzimático semelhante ao<br />
do queijo D, foram atribuídas à falta de<br />
uniformidade na composição físico-química do<br />
queijo C quando comparado ao D, especialmente<br />
com relação ao pH e ao teor de sal na umidade,<br />
provavelmente em função de diferenças<br />
tecnológicas entre os dois processos de<br />
fabricação.<br />
ABSTRACT<br />
Prato cheese is the most popular and most<br />
widely consumed variety of ripened cheese in<br />
Brazil. However, variations in product<br />
composition and overall characteristics resulting<br />
from different manufacturing processes and<br />
specific microbiological agents have not as yet<br />
been characterized, particularIy as related to the<br />
specific enzymes involved in' the manufacturing<br />
and ripening processes. The present study aimed<br />
at determining the activity of proteolytic and<br />
autolytic enzymes in the aqueous extract of<br />
samples 01' Prato cheese produced in four<br />
different regions 01' Brazil (A=Santa Catarina,<br />
B=Goiás, C=São Paulo and D=Minas Gerais) and<br />
their relation with the development of<br />
proteolysis in the above-mentioned products.<br />
The results obtained allowed to demonstrate the<br />
occurrence 01' variations in terms 01' specificity<br />
and enzyme activities not only between the<br />
cheeses from different origins, but also in the<br />
course 01' the ri pening process and the<br />
consequences 01' these variations on the<br />
development 01' proteolysis. In general,<br />
proteolysis as evaluated on the basis of the<br />
ripening extension and ripening depth indexes<br />
was most intense in cheese D, with higher<br />
activity 01' proteolytic and autolytic enzymes<br />
01' different specificities. Intensity of proteolysis<br />
of the samples tested was found to follow the<br />
order: D>C>BA . The differences in the<br />
evolution of proteolysis in cheese C, which<br />
exhibited an enzyme profile similar to that of<br />
cheese D, were attributed to the lack of<br />
uniformity of the physical-chemical composition<br />
of cheese C compared to cheese D, especially as<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
related to pH value and the salt-in-moisture<br />
content, which most probably resulted from<br />
technological differences between the two<br />
manufacturing processes.<br />
Key words: Prato cheese, Proteolytic<br />
enzymes, Autolysins, Proteolysis, Autolysis.<br />
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Pág. 413<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
CAPACIDADE DE DERRETIMENTO DE REQUEIJÃO CREMOSO OBTIDO POR<br />
DIFERENTES PROCESSOS<br />
"Melting properties of requeijão cremoso manufactured by different methods"<br />
RESUMO<br />
Silva, Adriana Torres1<br />
VAN DENDER, Ariene G. F.l<br />
MELLO, Fábio M. de2<br />
Neste trabalho foram avaliadas as características de derretimento de quatro diferentes<br />
tipos de requeijão cremoso, sendo dois fabricados a partir de retentado obtido por<br />
ultrafiltração de leite, um Iight (RUL) e outro integral (RUI), e dois produtos comerciais<br />
obtidos por método tradicional, um light (RCL) e outro integral (RCI). A capacidade de<br />
derretimento dos requeijões foi avaliada pelo teste clássico descrito por OLSON e PRICE<br />
em 1958, onde o resultado é expresso como fluxo de queijo. Alem disso, as amostras foram<br />
analisadas quanto às principais características físico-químicas. As diferenças encontradas<br />
entre os resultados de capacidade de derretimento dos requeijões pela medida do fluxo das<br />
amostras refletiram as principais diferenças de consistência existentes entre eles, ou seja,<br />
os requeijões de UF, que não formam fio e são mais firmes apresentaram fluxos menores e,<br />
portanto, menor capacidade de derretimento do que os tradicionais, que são mais cremosos<br />
e apresentam formação de fio característica deste tipo de produto.<br />
Palavras-chave: requeijão cremoso; capacidade de derretimento; ultrafiltração; requeijão<br />
cremoso com teor reduzido de gordura.<br />
I - INTRODUÇÂO<br />
A característica de derretimento ou de<br />
"refundibilidade" do queijo fundido, uma<br />
propriedade que o produto cremoso ou fatiável<br />
deve apresentar, é definida por CAMPOS (1981)<br />
como a capacidade do mesmo em derreter quando<br />
aquecido. De acordo com PARK et aI. (1984) as<br />
características de fusão são fatores primários<br />
na determinação da qualidade de diferentes tipos<br />
de queijos processados, sendo que várias técnicas<br />
de processamento podem ser utilizadas para<br />
melhorar esta propriedade. Atualmente percebese<br />
um grande aumento na utilização do queijo<br />
fundido em preparações e processamentos de<br />
diversos alimentos, tanto em caráter artesanal<br />
como industrial, o que evidencia a importância<br />
da determinação da capacidade de fusão para<br />
caracterizar e avaliar a qualidade deste tipo de<br />
produto.<br />
Métodos para avaliação das características<br />
de derretimento nos quais o queijo é exposto ao<br />
ar durante a fusão tendem a causar a formação<br />
de um filme na superfície resultando em um fluxo<br />
de derretimento desigual. O método descrito por<br />
OLSON; PRICE (1958) elimina a formação de<br />
filme e controla a direção do fluxo permitindo<br />
desta forma uma medida mais exata. O objetivo<br />
deste trabalho consistiu em avaliar, empregando<br />
este método, a capacidade de derretimento de<br />
requeijão cremoso obtido por diferentes processos.<br />
Para isto foram analisadas amostras de<br />
quatro tipos de requeijão cremoso, sendo dois<br />
fabricados a partir de retentado obtido por<br />
uItrafiltração (UF) de leite, um light (RUL) e<br />
outro integral (RUI), e dois produtos comerciais<br />
obtidos por método tradicional, um light (RCL)<br />
e outro integral (RCI).<br />
Pesquisador científico, TECNOLAT - lTAL; Av. Brasil, 2880, Campinas _ SP; CEP 13073-001.<br />
2 Bolsista PlBlC-CNPq. email: atorres@ital.sp.gov.br.<br />
Pág. 414<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Amostras avaliadas<br />
OI) RUI e RUL: amostras de requelJao<br />
cremoso e de requeijão cremoso Iight,<br />
respectivamente, fabricados com retentados<br />
obtidos por UF de leite.<br />
• RCI e RCL: amostras comerciais de<br />
requeijão cremoso e de requeijão cren:oso<br />
light, respectivamente, ambas obtidas<br />
por método tradicional .<br />
Análises físico-químicas dos requeijões<br />
O pH foi determinado utilizando-se um<br />
potenciômetro digital modelo MICRONAL B375<br />
e o teor de extrato seco total (ES) pelo méto do<br />
de secaaem das amostras mais areia tratada ate , o<br />
peso costante, em estufa a 102 ± 2" (IF, I 982).<br />
O teor de gordura dos requeijões fOI obtido pelo<br />
método de Gerber-van Gulik (INSTITUTO ... ,<br />
1985) e o de gordura no extrato seco (GES)<br />
calculado pela fórmula: GES= (% gordura! % EST?<br />
x 100. O teor de proteína total (PI) fOI<br />
determinado pelo método de Kjeldahl (IOF, 1964),<br />
multiplicando-se o valor de nitrog<br />
.<br />
ênio tota pelo<br />
fator 6,38. O teor de cinzas fOI determinado<br />
secun a d o HORWITZ (1975)<br />
.<br />
e o de cálcio de acordo<br />
com o método titrimétnco (IOF, 1967).<br />
Capacidade de derretimento<br />
Para avaliar a capacidade de derretimento<br />
dos requeijões fo i empregada metodologia<br />
descrita por OLSON; PRICE (I :58) e por<br />
CAMPOS (1981), já que outros tres metodos ,<br />
testados não se mostraram adequados para o<br />
produto em questão, devido principalmente às<br />
dificuldades encontradas para amostragem e a<br />
posterior visualização do resultad.<br />
Neste método um tubo de Vidro plrex<br />
.<br />
de<br />
30l11m de diâmetro interno e 250mm de<br />
comprimento é utilizado para manter a amostra.<br />
Uma extremidade do tubo é fechada por uma<br />
rolha de borracha perfurada, contendo um tubo<br />
de vidro que atua como válvula de ecape. Uma<br />
linha de referência é gravada no Vidro a 27,5<br />
mm, a partir da extremidade oposta do tubo.<br />
Esta extremidade também é fechada por uma<br />
rolha de borracha após a amostra ser colocada<br />
no tubo. Durante o teste, o tubo é colocado em<br />
um suporte que o mantém na posição horizontal<br />
na estufa. Este suporte pode ser inclinado (15")<br />
de modo a cessar imediatamente o fluxo da<br />
amostra aquecida para a sua medição.<br />
Uma quantidade de l5±0,2g da amostra fOI<br />
.<br />
pesada no tubo. Os mesmos foram mantidos<br />
digitalizado por<br />
durante 30 minutos em banho de gelo na posição<br />
vertical, com a amostra na extremidade inferior.<br />
Em seguida os tubos foram colocados no suporte<br />
na posição horizontal em estufa a I IOuC com<br />
circulação forçada de ar. Após 8 minutos de<br />
aquecimento, o suporte foi inclinado ara ce . ssar<br />
o fluxo e a distância percorrida a partir da Itnha<br />
de referência foi medida rapidamente. O tubo e<br />
o suporte foram recolocados na estufa para . um<br />
aquecimento adicional de 2 minutos e, em segUida,<br />
feita outra leitura. A distância total, em<br />
centímetros, percorrida pela amostra nos 8 + 2<br />
minutos de aquecimento foi medida, calculandose<br />
o fluxo da amostra em (cm/min). No teste<br />
original descrito por OLSON; PRICE (l958? a<br />
amostra foi aquecida a IIO"C/8mm.<br />
(6min.+2min.), o que foi adaptado por GIGANE<br />
(1998), que empregou condição de I 10 "C/ I Om1l1<br />
(8min.+2min.).<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
As Tabelas I e 2 apresentam os resultados<br />
das análises físico-químicas e dos testes de fusão<br />
dos requeijões, respectivamente.<br />
Tabela I - Resultados das análises físicoquímicas<br />
dos requeijões cremosos.<br />
RUI RUL RCI RCL<br />
pH 6,28 6,25 5,71 5,80<br />
Acidez ( " D) 0,80 1,27 0,81 0,62<br />
EST (g/ I OOg) 43,65 31,21 37,52 27,95<br />
Gordura (g/ I OOg) 27,62 14,68 22,67 9,48<br />
GES (g/l OOg ES) 63,28 47,03 60,42 33,92<br />
Cinzas (g/ I OOg) 3,39 4,32 1,79 2,43<br />
Pt (g/lOOg) 9,43 10,85 11,23 12,97<br />
Cálcio (mg/lOOg) 185,0 160,0 135,0 110,0<br />
Os resultados obtidos no teste de fusão<br />
dos requeijões RUI, RUL, RCI e RCL (Tab . ea 2)<br />
foram bastante distintos entre si e permltlram<br />
relacionar a variação da capacidade de<br />
derretimento das amostras com as diferenças<br />
de consistência observadas diretamente nas<br />
mesmas . Assim, os requeijões obtidos por<br />
ultrafiltração (mais fi rmes) apresentaram<br />
capacidade de derretimento (grau d . e refundibilidade)<br />
menor do que aqueles fabncados<br />
pelo processo tradicional (mais cremosos). Já<br />
os requeijões "Iight" de ambos proessos<br />
apresentaram uma capacidade de derretimento<br />
maior do que os requeijões com teor de gordura<br />
integral.<br />
Pág. 415<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Tabela 2 Resultados experimentais dos testes de fusão, apresentados em deslocamento (cm), tempo<br />
de fusão (min) e fluxo (cm/min), para os requeijões RUI, RUL, RCI e RCL.<br />
RUI<br />
RUL<br />
RCI<br />
RCL<br />
Tempo 1l! 2l! 3l!<br />
8 min 1,3 1,4 1,2<br />
2 min 1,5 1,5 1,4<br />
8 min 4,2 4,0 4,1<br />
2 min 4,4 4,3 4,3<br />
8 min 11,8 12, I 11,5<br />
2 min 14,7 14,9 14,8<br />
8 min 13,5 14,2 13,8<br />
2 min 16,8 17,3 17,0<br />
Analisando o teor de cálcio das amostras<br />
observa-se que as amostras com maior teor deste<br />
mineral apresentaram menor capacidade de<br />
derretimento (RUIRCL).<br />
Segundo RAPACCI (1997), quanto maior o teor<br />
de cálcio da massa, menor é a sua capacidade de<br />
fusão. Já a porcentagem de gordura no extrato<br />
seco (GES) em geral exerce uma influência contrária<br />
à exercida pelo teor de cálcio. No entanto, isto<br />
não foi observado neste trabalho, pois a amostra<br />
com maior teor de GES foi a que apresentou menor<br />
capacidade de derretimento, ou seja, o teor de GES<br />
não influenciou diretamente esta propriedade nas<br />
amostras avaliadas neste caso. Isto se deve<br />
provavelmente à influência do teor de cálcio das<br />
amostras e às diferenças entre as formulações dos<br />
requeijões, ou seja, entre os requeijões de UF e<br />
tradicional e entre aqueles com teor de gordura<br />
normal e reduzido (light). As principais diferenças<br />
se referem à maior retenção de nitrogênio solúvel<br />
nos produtos de UF e ao uso de substitutos de<br />
gordura (concentrado de proteína de soro) nos<br />
produtos light, que alteram a proporção de<br />
proteína/gordura e/ou de proteína solúvel/proteína<br />
total dos mesmos, o que em última análise pode<br />
afetar algumas de suas características físicas.<br />
4 - CONCLUSÔES<br />
Pág. 416<br />
• Neste trabalho, as diferenças encontradas<br />
entre os resultados de capacidade<br />
de derretimento dos requeijões pela<br />
medida do fluxo das amostras refletiram<br />
as principais diferenças de consistência<br />
existentes entre eles, ou seja, os requeijões<br />
de UF, que não formam fio e<br />
são mais firmes apresentaram fluxos<br />
menores e, portanto, menor capacidade<br />
4l!<br />
1,2<br />
1,3<br />
4,1<br />
4,4<br />
12,0<br />
14,8<br />
13,5<br />
16,9<br />
51! 6l! Fluxo médio (cm/min)<br />
1,1 1,4<br />
1,3 1,6<br />
4,3 4,2<br />
4,5 4,4<br />
12,3 12, I<br />
15,0 14,7<br />
14,5 13,9<br />
17,4 17,3<br />
0,172<br />
0,526<br />
1,778<br />
2,054<br />
de derretimento do que os tradicionais,<br />
que são mais cremosos e apresentam<br />
formação de fio característica deste tipo<br />
de produto.<br />
O teor de cálcio influenciou diretamente<br />
as características de derretimento dos<br />
requeijões aval iados (> teor Ca -7 <<br />
capacidade de derretimento), o que não<br />
ocorreu para o conteúdo de gordura no<br />
extrato seco.<br />
• De modo geral, a determinação da<br />
capacidade de derretimento pelo método<br />
de OLSON; PRICE (1958) se mostrou<br />
adequada para caracterizar e classificar<br />
os requeijões cremosos e também outros<br />
queijos processados, principalmente<br />
aqueles destinados ao uso culinário. De<br />
uma forma geral, requeijões que apresentam<br />
menor refundibilidade são mais<br />
adequados para serem utilizados como<br />
matéria-prima de molhos ou então como<br />
recheio ou cobertura no preparo de<br />
diversos alimentos tais como pizzas,<br />
pães, biscoitos e massas recheadas. No<br />
caso de serem usados em coberturas, estes<br />
produtos são mais indicados pois quando<br />
submetidos a aquecimento, os mesmos<br />
derretem menos e de uma forma mais<br />
controlada, evitando assim que escorram<br />
pelas bordas de pizzas, por exemplo.<br />
SUMMARY<br />
In the present study, the melting<br />
characteri stics of four different types of<br />
requeijão cremoso were evaluated: (I) reduced<br />
fat requeijão manufactured from UF skim milk<br />
retentate (RUL); (2) fuH fat requeijão made from<br />
UF whole milk retentate (RUI); (3) commercial<br />
reduced fat requeijão manufactured by the<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
traditional manufacturing process (RCL) and (4)<br />
commercial traditional full fat requeijão (RCI).<br />
The melting ability of the different types of<br />
requeijão was evaluated using the classic test<br />
method described by OLSON and PRICE in 1958,<br />
the results of which are expressed as cheese f/o w.<br />
In addition, the samples were analyzed for the<br />
main physical-chemical characteristics. The<br />
differences in melting capacity as expressed by<br />
the cheese f10w value reflect the differences in<br />
consistency between the different types of<br />
requeijão. For that reason, the UF requeijão<br />
types, which do not form strings and typically<br />
present greater firmness, produced lower cheese<br />
flow values and, consequently, smaller melting<br />
ability as compared to the traditional requeijão<br />
types, which are creamier and present the<br />
characteristic stringiness of this type of<br />
traditional processed cheese product.<br />
Keywords: "requeijão cremoso"; melting<br />
properties; ultrafiltration; reduced fat requeijão<br />
cremoso.<br />
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS<br />
CAMPOS, S. D. S. Reologia de requeijão e outros<br />
queijos fundidos. In: MARTINS, J. F. P. ;<br />
FERNANDES, A. G. (Ed). Processamento de<br />
requeijão cremoso e outros queijos fundidos.<br />
Campinas: ITAL, 1981. Capo J I, p. 1-8.<br />
GIGANTE, M. L. Requeijão cremoso obtido<br />
por ultrafiltração de leite pré-acidificado<br />
adicionado de concentradoo protéico de<br />
soro. 1998. 122p. Tese (Doutorado) - Faculdade<br />
de Engenharia de Alimentos, Universidade<br />
digitalizado por<br />
•<br />
Estadual de Campinas.<br />
HORWITZ, W. ed. Official methods 01'<br />
analysis of the association 01' official<br />
analytical chemists . 12. ed. Washington:<br />
AOAC, 1975. p. 284. (Proc. 16223).<br />
INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Norm as<br />
analíticas do Instituto Adolfo Lutz: Métodos<br />
químicos e físicos para análise de alimentos. 3.<br />
ed. São Paulo: IAL 1985. v. I, 371 p.<br />
INTERNATIONAL DAIRY FEDERATION.<br />
Determination of the total solids content<br />
of cheese and processed cheese. Belgium:<br />
FILlIDF, 2p. (FILlIDF, 4A), 1982.<br />
INTERNATIONAL DAIRY FEDERATION.<br />
Determination of the protein content 01'<br />
processed cheese products. Belgium: FILlIDF,<br />
3p. (FIL-IDF, 25), 1964.<br />
INTERNATIONAL DAIRY FEDERATION.<br />
Determination of total calcium of melting<br />
cheese using a titrimetric mode. Belgium:<br />
FILlIDF, 4p., 1967.<br />
OLSON, N. F.; PRICE, W. V. A melting test for<br />
pasteurized process cheese spreads. Journal of<br />
Dairy Science, Champaign, v. 41, n. 7, p. 999-<br />
1000, 1958.<br />
PARK, J; ROSEMAN, J. R.; PELEG, M.<br />
Comparison of four procedures of cheese<br />
meltability evaluation. Jounal of Food Science,<br />
Chicago, v. 49, n. 4, p. 1158-1170, 1984.<br />
RAPACCI, M. Estudo comparativo das<br />
características físicas e químicas, reológicas<br />
e sensoriais do requeijão cremoso obtido por<br />
fermentação láctica e acidificação direta.<br />
1997. 144p. Tese (Doutorado) Faculdade de<br />
Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual<br />
de Campinas.<br />
• • • •<br />
Pág. 417<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
SORO DE QUEIJO: PERCEPÇÃO DO MERCADO CONSUMIDOR EM RELAÇÃO A SUA<br />
UTILIZAÇÃO<br />
Cheese whey: perception of the consuming market in relation to its use<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
A quantidade de soro de queijo produzida<br />
nos laticínios vem aumentando ao longo dos<br />
anos e uma grande preocupação é em relação ao<br />
seu tratamento, pois apresenta alto poder<br />
poluente (ALMEIDA, BONASSI e ROÇA, 2001).<br />
O soro vem sendo utilizado como ingrediente<br />
para o processamento de diversos derivados.<br />
Mesmo em produtos tradicionais, tais como<br />
requeijão e iogurte, a sua adição já tem sido<br />
observada. Seu emprego na produção de derivados<br />
lácteos pode ser visto como uma forma de<br />
baratear os custos de produção, devido ao seu<br />
baixo preço e grande volume produzido. A produção<br />
no Brasil é em torno de 20 mil toneladas<br />
por ano, representando uma grande oferta<br />
(ABIQ, 1999). Mas isso nem sempre reflete no<br />
preço final dos produtos derivados, pois a adição<br />
de outros ingredientes como cereais e vitaminas<br />
conferem um maior valor agregado. Além disso,<br />
apesar da alta produção nacional, de acordo com<br />
levantamento realizado pela Empresa Brasileira<br />
de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA<br />
(EMBRAPA, 2005), o Brasil importou cerca de<br />
24.000 kg de soro de leite no período<br />
compreendido entre 1998 e 2004.<br />
O soro pode ser encarado como matériaprima<br />
para a elaboração de vários alimentos,<br />
sendo fonte de lactose, gordura e proteínas. Sua<br />
composição é de aproximadamente 93% de água,<br />
5% de lactose, 0,9-0,7% de proteínas, 0,5-0,3%<br />
de gordura, 0,2% de ácido láctico e pequenas<br />
quantidades de vitaminas (BEMHASSAN e<br />
GHALY, 1994). Em relação às vantagens<br />
nutricionais do soro de queijo, podemos citar:<br />
presença de aminoácidos essenciais, cálcio e<br />
TEIXEIRA, V.Q.l<br />
CORTEZ, M.A.S.3<br />
SILVA, C.2<br />
PLATTE, C. S.2<br />
SILVA, A.C.O.3<br />
lactose (TAMINE e ROBINSON, 1991).<br />
Pesquisas têm sido realizadas visando criar<br />
opções para diminuir principalmente os danos<br />
ao meio ambiente, devido à sua alta demanda<br />
biológica de oxigênio (ALMEIDA, BONASSI e<br />
ROÇA, 200 I). Vários produtos já apresentam<br />
legislações pertinentes, destacando-se bebidas<br />
lácteas fermentadas e não fermentadas (BRASIL,<br />
2000). Percebe-se que os consumidores<br />
desconhecem este tipo de alimento, sendo<br />
induzidos, muitas vezes, a adquiri-los devido à<br />
falta de informações e exposição inadequada no<br />
comércio. O presente trabalho avaliou o grau de<br />
conhecimento dos consumidores em relação à<br />
utilização de soro em produtos lácteos, além de<br />
determinar a influência da adição de outros<br />
ingredientes na variação no preço fi nal,<br />
objetivando traçar um perfil do mercado.<br />
2 - MATERIAIS E MÉTODOS<br />
Os produtos selecionados para esta pesquisa<br />
foram: bebida láctea UHT/leite UHT, bebida<br />
láctea fermentada/iogurte e especialidade láctea!<br />
requeijão; agrupados de acordo com suas<br />
semelhanças tecnológicas. Foram realizadas<br />
entrevistas com consumidores nas dependências<br />
da Universidade Federal Fluminense-RJ, entre os<br />
dias 06/0112005 e 11/01/2005. Os entrevistados<br />
(233) foram escolhidos aleatoriamente entre<br />
alunos, professores, funcionários e visitantes,<br />
que após visualizarem as embalagens dos referidos<br />
produtos, respondiam uma ficha de avaliação. Já<br />
para a avaliação dos preços e das condições de<br />
comercialização, foram visitados 70 mercados,<br />
Estudante de graduação e bolsista PIBIC/UFF, curso de Medicina Veterinária UFF.<br />
2 Estudantes de graduação, curso de Medicina Veterinária UFF.<br />
3 Professores, curso de Medicina Veterinária UFF.<br />
Pág. 418<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
sendo 50 no município do Rio de Janeiro e 20<br />
em Niterói, entre os dias 27/1 212004 e lO/OI/<br />
2005. Durante a avaliação, os pesquisadores<br />
preenchiam uma ficha com os dados relativos à<br />
exposição dos produtos e informações contidas<br />
nas prateleiras e gôndolas. Os dados obtidos em<br />
ambas as pesquisas foram analisados estatisticamente<br />
de forma descritiva para a obtenção<br />
de um perfil de conhecimento dos consumidores<br />
em relação à adição de soro em derivados lácteos.<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
3.1 -Perfil dos consumidores e seus<br />
conhecimentos sobre soro e sua<br />
utilização.<br />
Os entrevistados, em sua grande maioria<br />
(82,83%), possuíam idade entre 20 e 29 anos, sendo<br />
que 220 (85,84%) estavam cursando o ensino<br />
superior, 14 (6,00%) já concluíram o ensino<br />
superior e 12 (5,15%) possuíam um curso de pósgraduação.<br />
Partindo-se deste grupo, foi observado<br />
que cerca de 69% dos entrevistados tinham o<br />
costume de ler algumas das informações contidas<br />
nos rótulos dos produtos lácteos. Entretanto,<br />
verificou-se que cerca de 82% dos entrevistados<br />
não observaram diferenças nas embalagens de<br />
requeijão e especialidade láctea. O mesmo ocorreu<br />
com o iogurte e a bebida láctea fermentada, onde<br />
80% dos consumidores não puderam diferenciálos.<br />
No caso das bebidas lácteas UHT. 53% dos<br />
entrevistados a diferenciaram do leite integral<br />
UHT, mas na maioria dos casos essa diferenciação<br />
só foi feita pelos consumidores que já haviam<br />
comprado o produto erroneamente, pensando ser<br />
leite UHT (Tabela I). Apesar de cerca de 58% dos<br />
entrevistados possuírem algum conhecimento<br />
sobre o que é soro, 59% não sabiam de sua utilização<br />
e em quais produtos ele poderia ser utilizado.<br />
Quando foram perguntados sobre o que mais<br />
influía na sua decisão de compra, 40,5%<br />
relataram o preço como fator determinante, 43%<br />
colocaram a qualidade do produto como sendo o<br />
mais importail te e apenas 16,5% dos<br />
entrevistados colocaram a marca como fator de<br />
escolha dos derivados lácteos (Figura I).<br />
Marca<br />
Qualidade<br />
42%<br />
Preço<br />
41%<br />
Figura 1 - Fatores que influenciam a decisão de<br />
compra de produtos lácteos.<br />
3.2 - Valor agregado aos produtos lácteos<br />
pela adição de outros ingredientes.<br />
Em dezembro de 2004, foi observado que<br />
produtos adicionados de soro nem sempre eram<br />
mais baratos que os tradicionais. As marcas de<br />
maior circulação estão com produtos adicionados<br />
de soro no mercado, que se equiparam em preço<br />
aos produtos tradicionais, onde foram observadas<br />
algumas bebidas lácteas fermentadas chegando a<br />
um preço máximo de R$6,89 contra R$7,49 dos<br />
iogurtes. O mesmo ocorreu com as especialidades<br />
lácteas aonde os preços máximos chegaram à<br />
R$5,38 contra R$6,07 dos requeijões. As bebidas<br />
lácteas UHT estavam sempre com preços<br />
inferiores ou iguais ao dos leites UHT.<br />
3.3 - Forma de comercialização e rotulagem<br />
dos produtos derivados lácteos.<br />
Todos os estabelecimentos apresentaram<br />
erros na denominação de pelo menos um dos<br />
produtos lácteos em estudo. Comparando requeijão<br />
com especialidade láctea, foi constatado que 71 %<br />
dos estabelecimentos cometiam erros na sua<br />
denominação, sendo que em 96% dos casos, a<br />
especialidade láctea era identificada como requeijão.<br />
Em 90% dos estabelecimentos eles se apresentavam<br />
misturados nas prateleiras e em 10% das vezes<br />
estavam lado-a-Iado. A bebida láctea fermentada<br />
apresentou erro de denominação em 85% dos<br />
mercados, onde em 73% das vezes encontrava-se<br />
identificada como iogurte. Ambos os produtos<br />
estavam sendo comercializados sem separação em<br />
Tabela 1 - Diferenciação entre produtos com e sem adição de soro de queijo.<br />
Diferenciam<br />
Não diferenciam<br />
Requeijão e<br />
especialidade láctea<br />
18%<br />
82%<br />
digitalizado por<br />
Iogurte e<br />
bebida láctea fermentada<br />
20%<br />
80%<br />
Leite UHT e<br />
bebida láctea UHT<br />
53%<br />
47%<br />
Pág. 419<br />
arvoredoleite.org
91 % dos casos. Já a bebida láctea U H T diferiu dõ s<br />
outros produtos, pois foi achada em apenas 37%<br />
dos estabelecimentos, onde em 19% dos casos era<br />
denominada de leite UHT. Em 65% dos<br />
estabelecimentos, sua venda era feita misturada<br />
com leite UHT, contra 35% estando um produto<br />
ao lado do outro (Figura 2).<br />
4 - CONCLUSÕES<br />
Observou-se que mesmo dentro de um grupo<br />
de pessoas com escolaridade superior, o hábito de<br />
ler os rótulos não era muito consistente, pois a<br />
maioria encontrava dificuldade de definir os produtos<br />
que consumiam. Durante a pesquisa foi notada a<br />
falta de conhecimento sobre a existência dos<br />
produtos adicionados de soro, por não existir uma<br />
divulgação desses produtos, pela semelhança entre<br />
as embalagens, nomes dos produtos sem destaque<br />
nos rótulos e forma na qual eram comercializados,<br />
normalmente misturados nas prateleiras. Quanto<br />
ao modo de comercialização, todos os estabelecimentos<br />
apresentaram problemas na maneira<br />
de classificar e etiquetar os produtos, sendo o erro<br />
mais freqüente a denominação de bebida láctea<br />
fermentada como iogurte e de especialidade láctea<br />
como requeijão. Além disso, em vários mercados os<br />
produtos estavam expostos de forma misturada nas<br />
prateleiras, o que prejudica na diferenciação dos<br />
produtos e pode induzir o consumidor à compra de<br />
um produto com características nutricionais e<br />
sensoriais diferentes das desejadas. Para a indústria,<br />
a utilização do soro de queijo na formulação de<br />
bebidas lácteas é uma forma de agregar valor<br />
comercial a um resíduo e ainda diminuir custos com<br />
tratamento de despejos industriais.<br />
5 - ABSTRACT<br />
Cheese whey is being used as ingredient for<br />
processing of several foods. Its addiction to dairy<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
products can be seen as a form to reduce<br />
production costs, due to the low price and great<br />
produced volume. It is noticed that consumers .<br />
ignore this kind of addition. Besides, the great<br />
offer not always contemplates the final price,<br />
sometimes the addition of others ingredients<br />
increases the attached value of the product. The<br />
present work evaluated consumers' knowledge in<br />
relation to the use of cheese whey in dairy<br />
products, as well the influence of addition of<br />
others ingredients in variation of the final price,<br />
to trace a profile of the market. In the period<br />
among 06/01/2005 to 11/01/2005, 233 people<br />
were interviewed in the dependences of the<br />
Universidade Federal Fluminense-RJ, to evaluate<br />
the consumer's knowledge on such products. For<br />
the evaluation of prices and the conditions of<br />
commercialization of theses products, 70 markets<br />
were visited, being 50 at the district of Rio de<br />
Janeiro and 20 at Niterói-RJ, in the period of 27/<br />
12/2004 to 10/01/2005. It was verified that<br />
consumers have great difficult to identify<br />
production with the addiction of cheese whey.<br />
Up to 47% of the consumers were capable of<br />
identifying differences between UHT milk and<br />
UHT "bebida láctea", 80% between yogurt and<br />
"bebida láctea fermentada" and 82% between<br />
"requeijao" and "especialidade láctea". In relation<br />
to presentation form, it was verified mistakes in<br />
the denomination of at least one of its products<br />
were happened in 100% of the establishments<br />
(70). lt was also observed that prices of products<br />
with cheese whey were similar to or lager than<br />
the prices of traditional products, due mainly to<br />
the addition of other ingredients that increases<br />
the commercial value of the product.<br />
6 - BIBLIOGRAFIA<br />
ABIQ (ASSOCIAÇ Ã O BRASILEIRA DAS<br />
IND Ú STRIAS DE QUEIJO). Dados de<br />
Leite LHT e Beb. Iogurte e Beb. Lác. Requeijão e Espec.<br />
Láct UHT Fenn Lác.<br />
Figura 2 - Forma de comercialização dos produtos lácteos nos estabelecimentos pesquisados.<br />
Pág. 420<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Produção Mercosul e outras regiões. São<br />
Paulo, 1995.<br />
ALMEIDA, K. E.; BONASSI, LA.; ROÇA, R.O.<br />
Características f ísicas e químicas de bebidas<br />
lácteas fermentadas e preparadas com soro de<br />
queijo minas fresca\. Ciênc. Tecnol. Aliment. :<br />
Campinas, v. 21, n. 2, p. 87-192, maio-ago.<br />
200 I.<br />
BEM-HASSAN, R.M.; GHALY, A. E. Continuous<br />
propagation of Kluyveromyces fragilis in cheese<br />
whey for poIlution potential reduction. Applied<br />
Biochemistry and Biotechnology, v. 47, p.<br />
89-105, 1994.<br />
• • •<br />
BRASIL. Ministério da Agricultura. Regulamento<br />
da Agricultura e do Abastecimento, Regulamento<br />
técnico de identidade e qualidade de bebidas<br />
lácteas. DAS/SIPOA. Diário Oficial da União,<br />
Brasília, p. 22-25, 08 de novembro de 2000.<br />
Seção I.<br />
EMBRAPA. Importação brasileira de<br />
produtos lácteos (mil kg) 1998-2004.<br />
Disponível em: .<br />
Acesso em: 26 abr. 2005.<br />
TAMIME, A.Y.; ROBINSON, R.K. Yogur<br />
Ciência y Tecnologia, Acribia: Zaragoza,<br />
1991. 368p.<br />
• • • •<br />
ANÁLISE GENERALIZADA DE PROCRUSTES EM ANÁLISE SENSORIAL<br />
Generlized procrustes analysis in sensory analysis<br />
RESUMO<br />
Eric Batista Ferreira 1<br />
A Análise Sensorial se resume em avaliar como um objeto é percebido pelos sentidos<br />
humanos ou por uma combinação deles. Embora aconteça com mais freqüência, os<br />
alimentos não são os únicos objetos que podem estar sujeitos à Análise Sensorial. Pode-se<br />
perceber artigos não comestíveis como automóveis, perfumes, cosméticos etc. Em todos<br />
os casos, existem alguns problemas fundamentais como o tempo e os recursos financeiros<br />
gastos no treinamento dos juízes (ou provadores); e os vieses que estes podem inserir em<br />
suas notas, ou seja, tendências de se concentrarem em determinada parte da escala de notas<br />
ou abranger maior ou menor amplitude dentro de uma escala. Uma alternativa para driblar<br />
todos esses entraves é a metodologia estatística exploratória de dados multi variados chamada<br />
Análise Generalizada de Procrustes (GPA). Ainda pouco difundida no Brasil, essa técnica é<br />
usada desde a década de 70 em países como Inglaterra, França, Holanda, Escócia e Estados<br />
Unidos. Ela proporciona a utilização de provadores não treinados usando escalas diversas<br />
para pontuar quantos e quais atributos desejarem, extraindo, ao final, a informação de<br />
consenso entre eles. Em associação à GPA, é recomendado o uso da metodologia laboratorial<br />
Perfil de Livre Escolha (FCP). Apesar de ser executada em softwares específicos de custo<br />
elevado, a GPA pode ser analisada. em programas grátis ou de fácil acesso (R e Excel) por<br />
meio de pacotes ou macros específicos.<br />
Palavras-chave: Análise Sensorial, Análise Generalizada de Procrustes, R.<br />
Técnico em Laticínios, Eng. Agrônomo, Mestre em Estatística. doutorando em Estatística - Universidade<br />
Federal de Lavras - UFLA.<br />
digitalizado por<br />
Pág. 421<br />
arvoredoleite.org
INTRODUÇÃO<br />
Procrustes (também chamado de Polypemon,<br />
Damastes ou Procoptas), personagem da mitologia<br />
grega, recebia em sua hospedaria peregrinos que<br />
iam para o Templo de Deméter e Elêusis. A eles,<br />
servia banquetes e vinhos e convidava a uma noite<br />
sono em sua cama, a cama de Procíllstes. Nela só<br />
se deitavam pessoas que coubessem exatamente<br />
em seu comprimento. Para isso, seus capangas<br />
esticavam as pernas e braços dos peregrinos ou<br />
cortavam-lhes as extremidades. Theseus, herdeiro<br />
do trono de Atenas, recebeu a missão de completar<br />
seis trabalhos para ter seu reino: matar seis bandidos<br />
com seus próprios métodos e tortura. Procrustes<br />
foi um deles (Ferreira, 2004).<br />
Análise sensorial de alimentos prevê que<br />
um grupo de provadores (juízes) avaliem um ou<br />
mais atribut o s de um grupo de alimentos. As<br />
funções da análise podem ser descrever,<br />
discriminar ou determinar a preferência dos<br />
consumidores por determinado alimento.<br />
A análise generalizada de Procrustes, GPA,<br />
(Gower, 1975) tem o objetivo de descrever um<br />
alimento através da exposição da percepção média<br />
dos provadores acerca de um grupo de alimentos,<br />
em um sistema de eixos que representam uma<br />
combinação linear dos atributos analisados.<br />
Muito utilizada no exterior, a GPA merece<br />
a devida atenção. Para tanto, ela precisa ser<br />
descrita. estudada e aplicada em situações<br />
pertenccntes il nossa realidade. Além disso.<br />
devido ao elevado custo dos softwares capazes<br />
de executa-Ia. é eminente o desen\'olvimento de<br />
alternativas baratas e eficientes de analise.<br />
O setor de laticínios. bem como todo a<br />
indLÍstria de alimentos. historicamente vem seu<br />
fornecedor de dados para a execução de tal anúlise<br />
e esta. por sua vez. traz aos pesquisadores e<br />
empresários informaçôes claras e preciosas no<br />
tocante a descrição, comparação e desenvolvimento<br />
de produtos desejados por seu público alvo.<br />
O pacote do R (R, 2(04) que possui implementado<br />
o algoritmo da Anúlise Generalizada de<br />
Procrustes é chamado aIHílise estatística de forma e<br />
opera sob a licença GPL 2. Esse pacote não peltence<br />
ao conjunto de pacotes búsicos que compôem a versão<br />
padrão do R, por isso, ele deve ser baixado e instalado<br />
separadamente. após a instalação do programa. Isso<br />
pode ser feito pela URL http://www.maths.nott.ac.uk/<br />
-ild/shapes. Sua versão 1.0-7 está disponibilizada<br />
desde o dia 19 de novembro de 2003.<br />
METODOLOGIA<br />
Nosso interesse recai em saber como os<br />
indivíduos diferem e quanto eles concordam em<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
suas percepções do mesmo objeto (alimento).<br />
Para tanto, é necessário que a esses indivíduos<br />
sejam apresentados os mesmos objetos, amostras '<br />
estímulos ou substâncias.<br />
Embora seja necessário que cada indivíduo<br />
julgue o mesmo alimento, eles não precisam<br />
julgar os mesmos atributos nem o mesmo número<br />
de atributos. O perfil de livre escolha (FCP) é<br />
uma metodologia em que diferentes indivíduos<br />
registram diferentes atributos. A GPA é mais bem<br />
aj ustada para análise de massas de dados em que<br />
os indivíduos expressam atributos diferentes.<br />
Para ilustrar a metodologia (Gower, 1975)<br />
e sua utilização no software livre R (Ferreira<br />
2004), foi analisado e interpretado um exempl<br />
fictício. Avaliaram-se 3 marcas de biscoitos (a, b<br />
e c), sob 2 atributos (sabor e crocância), por 3<br />
juízes (Pedro, João e Maria).<br />
RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Foram anali sadas no software R três<br />
matrizes de notas simuladas para Pedro (P), João<br />
(J) e Maria (M), respectivamente<br />
P = 1,5<br />
3 9 95 [2<br />
1,5 9<br />
1 [ ' 1<br />
2 J = 8,5<br />
3 9 [ 8 5 5 5,5 5 1<br />
!v1 = 4,5<br />
4<br />
A Figura I mostra a situação de consenso dos<br />
biscoitos a, b e c em dois eixos principais. que se<br />
caracterizam corno combinações lineares dos dois<br />
atributos estudados (sabor e croc5.nclll). Ou seja, os<br />
três provadores concordam el11 situar os bisoitos<br />
analisados nessas posições indicadas pelas letras a,<br />
b e c. Para compreender melhor o que isto significa,<br />
é essencial analisar a Figura 2.<br />
Biscoito s: Consenso<br />
o -------- __ ____________ <br />
·2 -1 o<br />
Eixo Principal 1<br />
Figura 1 Configuração de consenso entre os<br />
provadores acerca das marcas de<br />
biscoito a, b e c nos eixos principais<br />
I e 2, que são combinações lineares<br />
dos atributos sabor e crocância.<br />
C!<br />
li)<br />
N o<br />
<br />
N<br />
ro<br />
o.<br />
'(3<br />
c:<br />
'i::<br />
o.<br />
C!<br />
o<br />
.ê li)<br />
9<br />
w<br />
C!<br />
";'<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Círculo de Correlação<br />
-1 .0 -0.5 0.0 0.5 1.0<br />
Eixo principal 1 (68%)<br />
Figura 2 - Círculo de correlação indicando<br />
significado de cada um dos eixos<br />
principais.<br />
Pode-se observar que o produto b apresenta<br />
as maiores notas de crocância e o produto a as<br />
maiores notas para sabor. Porém o produto a é o<br />
menos crocante de todos. O produto c é o segundo<br />
mais crocante e o menos saboroso.<br />
• • •<br />
CONCLUSÕES<br />
A análise generalizada de Pocrustes é uma<br />
metodologia de fácil interpretação e sua<br />
execução em softwares livres é perfeitamente<br />
factível. Ela é uma metodologia exploratória que<br />
permite tirar conclusões relativas entre produtos.<br />
ABSTRACT<br />
In sensory analysis a lot of bias are found in<br />
practical situations. To minimize these problems one<br />
may use the generalized Procrustes analysis. The use<br />
of free software like R é meaningful for this propose.<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
Ferreira, E.B. (2004) Análise generalizada de<br />
Procrustes via R: lima ap licação em laticínios.<br />
115 p. Dissertação (Mestrado) - Universidade<br />
Federal de Lavras, Lavras, MG.<br />
Gower, J.c. (1975) Generalized Procrustes Analysis.<br />
Psychometrika, Williamsburg, v. 40, n. I, p. 33-51.<br />
R Development Core Team (2004). R: A language<br />
and enviroJllllent fo r statistical computing. R<br />
Foundation for Statistical Computing, Vienna,<br />
Austria. ISB N 3-90005 1-07-0. Disponível em:<br />
. Acesso em: 2004.<br />
• •<br />
QUALIDADE MICROBIOLÓGICA E FíSICO-QuíMICA DO LEITE TIPO "C" PASTEURIZADO,<br />
COMERCIALIZADO NO MUNiCíPIO DE BETIM - MG<br />
Microbiology and phisico-chemical quality of pasteurized type "C" milk from retail<br />
market of Betim - MG<br />
Frederico Garcia Lima 1<br />
Andréa Melo Garcia de Oliveira2<br />
Eduardo Xavier3<br />
Graduando do curso de Medicina Veterinária PUC Minas - Betim. Rua Ascânio Lima. 308, Cidade Nova,<br />
Arcos - MG, CEP: 35588-000. Tel: (37)335 1 5131; 998 1 1353.<br />
2 Mestre em Tecnologia de Alimentos pela UFV - MG e Professora - PUC Minas - Betim.<br />
3 Mestre em Inspeção de Produtos de Carne Leite e derivados pela UFMG e Professor - PUC Minas - Betim.<br />
digitalizado por<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
RESUMO<br />
Foram realizadas análises microbiológicas e físico-químicas de 42 (quarenta e duas) amostras<br />
de leite pasteurizado tipo C comercializadas em Betim/MG. Os resultados mostraram que<br />
7,14% das amostras estavam impróprias para o consumo, em desacordo com os padrões<br />
estabelecidos na Resolução RDC 012/2001 da ANVISA, e, 88% das amostras estavam de<br />
acordo com os padrões estabelecidos pela I.N. na 51/2002, do MAPA para parâmetros<br />
físico-químicos e/ou microbiológicos, demonstrando a necessidade de se intensificar a<br />
fiscalização neste setor, tanto no mercado, quanto nas indústrias.<br />
Palavras-chave: leite pasteurizado, qualidade, microbiologia, características físico-químicas.<br />
INTRODUÇÃO<br />
Há uma grande preocupação quanto à<br />
qualidade microbiológica e físico-química do leite,<br />
principalmente por poder ser este veiculador de<br />
microrganismos patógenos ou ser alvo de fraudes<br />
por remoção e/ou adição de substâncias próprias<br />
ou estranhas à sua composição, como por<br />
exemplo, os antibióticos. Nestas situações, o<br />
produto traz prejuízos à saúde do consumidor<br />
(OLIVEIRA et aI., 1999), e à indústria laticinista<br />
(TIN Ô CO et aI., 2(02).<br />
O presente trabalho teve o objetivo de<br />
avaliar a qualidade microbiológica e físico<br />
química do leite tipo C pasteurizado,<br />
comercializado no município de Betim MG,<br />
que é hoje umas das cidades mais populosas do<br />
estado de MG e não se tinha conhecimento de<br />
trabalhos com esse objetivo no município.<br />
MATERIAL E MltTODOS<br />
No período de 28/4 a 25/6 de 2004, foram<br />
coletadas , no total, 42 amostras de nove<br />
diferentes marcas de leite pasteurizado tipo C<br />
comercializado no município de Betim-MG. As<br />
análises microbiológicas foram realizadas segundo<br />
a metodologia preconizada na Instrução<br />
Normativa na 62, de 26 de agosto de 2003<br />
(BRASIL, 2003), enquanto que as análises físicoquímicas<br />
foram realizadas conforme os Métodos<br />
Analíticos ... (BRASIL, 1981), além do teste do<br />
S NA p{l segu ndo ind i cações do fabri can te,<br />
realizado para pesquisa da presença de resíduos<br />
de antibióticos beta-Iactâmicos no leite.<br />
RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Os resultados, em valores percentuais,<br />
mostram que das 42 amostras analisadas, 4<br />
(7,1 4%) apresentavam-se em desacordo com os<br />
padrões estabelecidos na Resolução RDC 012/<br />
201 da ANVISA (BRASIL, 2001), e 37 (88%)<br />
apresentavam algum tipo de discordância perante<br />
os padrões estabelecidos na Instrução Normativa<br />
na 51/2002 do MAPA (BRASIL, 2(02) para leite<br />
pasteurizado tipo C, para características físicoquímicas<br />
e/ou microbiológicas (Tabela I). Essa<br />
diferenciação foi feita porque os padrões da<br />
ANVISA contém apenas valores para NMP<br />
(Número Mais Provável) de coliformes 45°C<br />
como indicador.<br />
Leite et a!. (2002) trabalhando com 20<br />
amostras, encontraram fora dos padrões para<br />
coliformes totais 55% das amostras, 35% para<br />
coliformes à 45°C e 5o/c. para bactérias mesófilas<br />
aeróbias. Em concordância com estes autores o<br />
presente trabalho apresentou 33,5% das amostras<br />
analisadas fora do padrão para NMP coliformes<br />
30/35°C. A presença de coliformes no leite indica<br />
falha nas condições higiênicas do proccsso, ou<br />
seja. recontaminação pós tratamento térmico<br />
ou pastcurização inadequada. Como estes<br />
microrganismos não são resistentes ao calor e<br />
não foi encontrada nenhuma amostra com<br />
presença da enzima fosfatase, o binômio<br />
temperatura/ tempo de pasteurização foi<br />
alcançado. A recontaminação durante o<br />
beneficiamento do lei te é, portan to, a hi pótese<br />
mais provável da presença destes microrganismos<br />
no leite pasteurizado. Esta hipótese pode ser<br />
reforçada pela presença de contaminação por<br />
bactérias aeróbias mesófilas, que também<br />
indicam condições higiênicas impróprias na<br />
indústria laticinista ou, segundo Zocche et aI.<br />
(2002), uma matéria prima muito contaminada,<br />
uma vez que a carga microbiana final do leite<br />
pasteurizado depende da carga microbiana<br />
inicial. Esta matéria prima de má qualidade pode<br />
ser mascarada, por exemplo, quando se faz um<br />
superaquecimento durante a pasteurização, o que<br />
pôde ser constatado pela ausência da enzima<br />
peroxidase no leite em algumas amostras<br />
analisadas.<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Tabela 1 Resultados de análises microbiológicas e físico-químicas de 42 amostras Leite Pasteurizado<br />
Tipo C colhidas entre 28/4 a 25/6 de 2004 no mercado de Betim/MG. Porcentagem de<br />
amostras em desacordo com os padrões legais brasileiros.<br />
Análises realizadas Resultados em desacordo Resultados em desacordo<br />
com a IN 51/2002 (%)<br />
com a IN 51/2002 (nO)<br />
Bactérias aeróbias mesófilas 7<br />
NMP Coliformes 30/35 °C 14<br />
NMP Coliformes 45 °C 5<br />
Microbiologia em desacordo 21<br />
Físico-Químicas<br />
Densidade 15°<br />
Acidez Dornic<br />
Gordura<br />
ESD<br />
Í ndice crioscópico<br />
Peroxidase<br />
Fosfatase<br />
Antibióticos<br />
em desacordo<br />
Total em desacordo<br />
Valores próximos aos verificados neste<br />
trabalho foram demonstrados por Zocche et aI.<br />
(2002), avaliando a qualidade do leite pasteurizado<br />
produzido na região oeste do Paraná<br />
que, para os parâmetros de gordura e índice<br />
crioscópico, foi de 37,5% para as duas análises.<br />
No mesmo trabalho este autor encontrou valores,<br />
em desacordo com o padrão, de 12,5% para<br />
acidez Dornic. Resultados diferentes dos<br />
encontrados em Betim quanto às análises físico<br />
-químicas foram observados em outras localizações<br />
brasileiras, como no trabalho de Cardoso<br />
e Araújo (2003) que estudando a qualidade do<br />
leite comercializado no Distrito Federal de 1997<br />
a 2001, encontraram 23,2% das amostras<br />
analisadas de leite pasteurizado tipo C em desacordo<br />
com os padrões legais.<br />
Em uma revisão bibliográfica feita por<br />
Oliveira et a!. (1999) sobre aspectos relacionados<br />
à produção que influenciam a qualidade do leite,<br />
destacam que componentes insolúveis no leite,<br />
como a proteína e gordura, que são os que mais<br />
variam de acordo com a produção, não<br />
interferem no índice crioscópieo. Alterações na<br />
crioscopia então, revelam a adição de água no<br />
leite, acidental ou não. Este dado se confirma<br />
quando encontramos também, no leite oferecido<br />
1I<br />
18<br />
II<br />
30<br />
1I<br />
17<br />
O<br />
8<br />
33<br />
37<br />
digitalizado por<br />
16,5<br />
33,5<br />
12<br />
50<br />
26,2<br />
42,9<br />
26,2<br />
71,4<br />
26,2<br />
40,5<br />
0,0<br />
19,0<br />
78,6<br />
88<br />
ao comércio de Betim, valores de densidade<br />
abaixo do nível legal, e graus de acidez Dornic<br />
apresentando leites mais alcalinos, o que também<br />
pode ser um indicativo de presença de água.<br />
Folly e Machado (200 I) analisando leite<br />
pasteurizado comercializado na região norte do<br />
estado do Rio de Janeiro, encontraram 1,66%<br />
das amostras positivas para o Snap Test ® . A<br />
presença de amostras de leite pasteurizado com<br />
resíduo de antibiótico é, provavelmente, devido<br />
ao desrespeito ao período de carência do produto<br />
usado na terapia de tratamentos de mastistes para<br />
poder enviar o leite para a indústria.<br />
CONCLUSÕES<br />
Tais resultados demostram o descaso de<br />
algumas indústrias quanto à qualidade de seus<br />
produtos e a saúde do consumidor.<br />
Os resultados indicam uma deficiência do<br />
controle da qualidade da matéria prima, das<br />
condições higiênico sanitárias e físico-químicas<br />
do leite, provavelmente durante o processamento,<br />
transporte ou armazenamento no<br />
mercado do leite pasteurizado tipo C, bem como<br />
uma ineficiência dos órgãos fiscalizadores em<br />
coibir abusos da indústria.<br />
arvoredoleite.org
SUMARY<br />
Microbiology and physical and chemical<br />
analysis of 42 (forty two) samples of pasteurized<br />
milk, from Betim/MG, analyzed in Medicine<br />
Veterinary Scholl of PUC/Betim, results in 7,14%<br />
out Brazil's Law (Resolution RDC 012/2001 -<br />
ANVISA), and, 88% of the samples out Brazil's<br />
Law (Normative Instruction n 51, 2002) for<br />
physical and chemical and microbiology<br />
characteristics, same of this with beta- lactamics<br />
antibodies residues. It is considered hazard to<br />
people health and identify that is necessary<br />
intensifying health inspections in retail market<br />
and industries of milk.<br />
Key-words: pasteurized milk, quality,<br />
microbiology, physical and chemical<br />
characteristics.<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
BRASIL. MINIST É RIO DA AGRICULTURA.<br />
Secretaria de Defesa Agropecuária. Métodos<br />
analíticos oficiais para controle de produtos<br />
de origem animal e seus ingredientes.<br />
Métodos Físico-Químicos, Brasília, DF. 198 1.<br />
BRASIL. MINIST É RIO DA SA Ú DE RDC N" 12,<br />
02 de janeiro de 200 I . Aprova o regulamento<br />
técnico sobre padrões Microbiológicos para<br />
Alimentos. Diário Oficial da República Federativa<br />
do Brasil (janeiro 7, 2(01).<br />
BRASIL. MINIST É RIO DA AGRICULTURA.<br />
Secretaria de Defesa Agropecuária. Instrução<br />
Normativa nU 51 de 18 de setembro de 2002.<br />
Que aprova os Regulamentos Técnicos de<br />
Produção. Identidade e Qualidade do Leite tipo<br />
A. do Leite tipo B, do leite tipo C, do Leite<br />
Pasteurizado e do Leite Cru Refrigerado e o<br />
Regulamento Técnico da Coleta de Leite Cru<br />
Refrigerado e seu Transporte a Granel, em<br />
conformidade com os Anexos a esta Instrução<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
•<br />
Normativa. Diário Oficial da União. Brasília,<br />
20 setembro 2002.<br />
BRASIL. MINIST É RIO DA AGRICULTU R A.<br />
Instrução Normativa n" 62, de 26 de agosto de<br />
2003. Dispõe sobre os métodos microbiológicos<br />
de água e alimentos de origem animal. Diário<br />
Oficial da União. Brasília, 28 agosto 2003.<br />
CARDOSO, L.; ARA Ú JO, W. M. C. Parâmetros<br />
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Alimentar. São Paulo, v. 17, n. 114/1 15, p. 34<br />
40, nov/dez. 2003.<br />
FOLLY, M. M.; MACHADO, S. C. A.<br />
Determinação de resíduos de antibióticos,<br />
utilizando-se métodos de inibição microbiana,<br />
enzimático e imunoensaios no leite pasteurizado<br />
comercializado na região norte do Estado do Rio<br />
de Janeiro, Brasil. Ciência Rural, Santa Maria,<br />
Rio de Janeiro, v. 31, n. 1, p. 95-98, 2001.<br />
LEITE, C. C.; GUIMAR Ã ES, A. 0. ; ASSIS, P.<br />
N.; SILVA, M. D.; ANDRADE, C. S. O. Qualidade<br />
bacteriológica do leite integral (tipo C)<br />
comercializado em Salvador Bahia. Revista<br />
Brasileira de Saúde e Produção Animal. ano<br />
3 (1), p. 21.25, 2002.<br />
OLIVEIRA, C.A.F. de.; FONSECA, L. F. L. da.;<br />
GERMANO, P. M. L. Aspectos relacionados à<br />
produção, que influenciam a qualidade do leite.<br />
Higiene Alimentar, São Paulo, v. 13. n. 62, p.<br />
10-16. junho, 1999.<br />
TIN Ô CO, A. L. A. ; BARCELLOS, R. M. C.;<br />
PINTO, P. S. A.; COELHO. M. S. L. Análises<br />
das condições físico-químicas do leite oferecido<br />
ao comércio em Viçosa MG. Higiene<br />
Alimentar, São Paulo. v. 16. n. 98, p. 101-<br />
106, julho, 2002.<br />
ZOCCHE, F; BERSOT, L. S.; BARCELLOS, V.<br />
C.; PA RANHOS, 1. K.; ROSA, S. T. M.;<br />
RAYMUNDO, N. K. Qualidade microbiológica e<br />
físico-química do leite pasteurizado produzido<br />
na região oeste do Paraná. Al"Chives of<br />
Veterinary Sciense, v. 7, n. 2, p. 59-67, 2002.<br />
•<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LAT iC í NIOS<br />
ANÁLISES DE FOSFATASE ALCALINA RESIDUAL EM QUEIJOS INSPECIONADOS PELO<br />
ESTADO DE MINAS GERAIS<br />
Analysis of residual phosphatase in cheese inspected for Minas Gerais<br />
RESUMO<br />
OLIVEIRA, A. M. G.l<br />
NEVES, V. J.2<br />
BOAVENTURA, R. L.3<br />
PIRES, L. L.4<br />
LIMA, L. L.s<br />
A pesquisa de fosfatase alcalina residual foi realizada em 20 amostras de diferentes tipos de<br />
queijos, oriundas da rotina de fiscalização do estado recebidas no mês de abril de 2004 com<br />
o objetivo de avaliar a aplicabilidade do método visual segundo a metodologia da AOAC<br />
946.03, 1995. A intensidade da cor azul desenvolvida na análise das amostras foi comparada<br />
com as cores da curva padrão de fenol. E a concentração de fenol de cada amostra foi<br />
quantificada por espectrofotometria, utilizando comprimento de onda de 650nm. Observouse<br />
uma grande variedade de tons da cor azul, o que interferiu na interpretação do resultado<br />
pelo método visual. Das vinte amostras consideradas neste trabalho, apenas duas (10%)<br />
foram positivas, ou seja, teriam sido elaboradas com leite cru ou misturadas com leite cru<br />
e 10 amostras (50%) estavam em uma faixa (>1,0 e
aquecimento) e com a concentração inicial da<br />
enzima no leite cru. Nenhum dos métodos de<br />
determinação da atividade desta enzima<br />
considera estes fatores para estabelecer a<br />
sensibilidade. Portanto, esta variabilidade pode<br />
resultar em erro nos limites de detecção da<br />
fosfatase alcalina residual. (SOARES, 2003).<br />
Seguindo as determinações oficiais, o<br />
Laboratório de Inspeção de Produtos de Origem<br />
Animal do Instituto Mineiro de Agropecuária -<br />
IMA, implantou a técnica e realiza as análises<br />
de fosfatase residual em queijos segundo a<br />
metodologia da Official Methods of Analysis of<br />
AOAC International 946.03, 1995 (A.O.A.C.,<br />
1995). O objetivo deste trabalho foi conhecer o<br />
espectro de cores resultante desta análise nos<br />
queijos inspecionados pelo estado e avaliar a<br />
aplicabilidade do método visual descrito nesta<br />
metodologia para as variedades de queijos<br />
inspecionadas pelo IMA.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
Foram realizadas, em abril de 2004, análises<br />
de fosfatase alcalina residual em 20 amostras de<br />
diferentes tipos de queijos, entre eles mussarela,<br />
ricota, minas frescal e parmesão, oriundas da<br />
rotina de fiscalização do IMA.<br />
As análise da atividade da fosfatase alcalina<br />
residual nas amostras dos queijos seguiram os<br />
procedimentos descritos na metodologia da AOAC<br />
946.03 (A .O.A.C., 1995). Os reagentes foram<br />
preparados seguindo a metodologia citada e<br />
armazenados até o momento do uso. O único<br />
reagente que era preparado semanalmente, no<br />
momento da análise, era a solução de BQC (2,6dibromoquinonacloraimida).<br />
Alíquotas de 0,5g das<br />
amostras de queijos foram colocadas em tubos de 16<br />
ou 18 x 150 mm com tampas. Similarmente, era<br />
pesado uma amostra escolhida aleatoriamente, que<br />
era tratada (I min à 85 - 90°C) para ser o controle<br />
negativo e em outro tubo era feito o controle<br />
"branco. Na amostra controle negativo adicionouse<br />
1,0 mL do tampão bário apropriado, sem<br />
substrato, macerou-se aquecendo-se em seguida em<br />
banho-maria, por I minuto à 85 - 90°C. Resfriouse<br />
até atingir a temperatura ambiente. Para cada<br />
amostra teste adicionou-se 1,0 mL do substrato<br />
tampão bário apropriado e macerou-se. A partir deste<br />
ponto, tratou-se o branco, o controle e as amostras<br />
testes da mesma maneira. Foram adicionados 9,0<br />
mL de tampão de bário com substrato e misturados.<br />
Neste ponto mediu-se o pH e se necessário fazia-se<br />
a correção (em nenhuma amostra foi preciso fazer<br />
a correção). O bastão foi removido do tubo,<br />
enrolando-o firmemente com um pedaço de papel<br />
de filtro limpando-o enquanto tirava-o do tubo.<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Inseriu-se este papel no tubo, tampando logo depois.<br />
O tubo foi imediatamente incubado em banho-maria<br />
por I hora a 37 - 38°C, agitando-se ocasionalmente.<br />
Após este período, aqueceu-se em banho-maria<br />
fervente por 1 minuto marcados após a temperatura<br />
do conteúdo do tubo chegar a 85°C, e resfriou-se<br />
para temperatura ambiente em banho com água fria.<br />
Pipetou- se 1,0 mL da solução de precipitante de<br />
proteína misturando-a completamente. Filtrou-se<br />
o precipitado (funil de 5 cm, papel 9 em Whatman<br />
n042 ou equivalente) e coletou-se 5,0 mL do filtrado<br />
em tubo graduado (5,0 a 10,0 mL). Adicionou-se<br />
5,0 mL do tampão para desenvolvimento de cor e 4<br />
gotas de solução BQC (2,6-dibromoquinonacloraimida),<br />
misturando-se e deixando, para<br />
desenvolver a cor, por 30min à temperatura<br />
ambiente. O resultado obtido foi comparado com<br />
os tubos da curva padrão de fenol para determinação<br />
da intensidade da cor azul como descrito para o<br />
método visual, e a concentração de fenol foi<br />
quantificada por leitura realizada no espectrofotômetro<br />
(modelo Cary 50 Probe), utilizando<br />
comprimento de onda de 650nm como descrito no<br />
método quantitativo. A curva padrão de fenol foi<br />
obtida a partir de soluções de fenol em água destilada<br />
nas concentrações de 1,0; 2,0; 3,0; 4,0; 5,0; 6,0;<br />
7,0; 8,0 e 9,01lg de equivalente fenol/ mL de solução<br />
(1'2 = 0.9977).<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
De acordo com a metodologia da A.O.A.C.<br />
946.03.1995. para os tipos de queijos analisados,<br />
valores menores que 3,0 Ilg de fenol! g de amostra,<br />
indicam queijos fe itos de leite pasteurizados. Os<br />
resultados das concentrações de fenol (Ilg/ g) das<br />
amostras analisadas estão na tabela I. Assim, das<br />
vinte amostras consideradas neste trabalho, duas<br />
(10%) foram positivas para esta análise<br />
apresentando concentrações de fenol de 22,5 e<br />
4,82 Ilg de fenol! g, ou seja, teriam sido elaboradas<br />
com leite cru. Corno observado na tabela I para<br />
as amostras 13 e 15 não foi determinado a<br />
concentração de fenol pelo espectrofotômetro,<br />
pois elas não apresentaram coloração azul como<br />
resultado da análise, e junto com as demais<br />
amostras (90%) são consideradas negativas, ou<br />
seja, fabricadas com leite pasteurizado.<br />
As tonalidades de cor azul desenvolvidas por<br />
algumas amostras analisadas, o branco (Br) e o<br />
controle negativo (P), comparadas com as cores<br />
da curva padrão estão na figura I. Podemos observar<br />
urna grande variedade de tons de azul o que<br />
interferiu na interpretação dos resultados quando<br />
comparadas com as cores da curva padrão de fenol.<br />
Observando a figura I, podemos afirmar que<br />
o tubo 52 foi de uma amostra considerada<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
negativa pois apresentou cor cinza, os tubos 54<br />
e 56 foram amostras consideradas positivas pois<br />
apresentaram um tom de azul forte o bastante<br />
para indicar amostras positivas.<br />
A amostra do tubo 56 estaria acima do<br />
padrão 9 lg de fenol/mL e a do tubo 54 entre os<br />
padrões 4 e 5 Ilg de fenol/mL. As amostras dos<br />
tubos 48 e 50 estariam na faixa de dificuldade na<br />
interpretação do resultado. Como se pode<br />
observar pelos valores apresentados na tabela I,<br />
10 amostras (50%) estariam nesta faixa onde a<br />
concentração de fenol seria > 1,0 e < 4,0 Ilg de<br />
fenol/g de amostra, sendo portanto difícil uma<br />
diferenciação visual entre a amostra elaborada<br />
com leite pasteurizado ou não pasteurizado.<br />
Figura 2 Cores desenvolvidas pela curva padrão<br />
e algumas das amostras analisadas.<br />
Tabela 1 Concentração de fenol dos diversos tipos de queijos analisados.<br />
Amostra Tipo de queijo Conc. fenol (Ilg/g)<br />
Mussarela 2, I O<br />
2 Mussarela 1,45<br />
3 Mussarela 0,905<br />
4 Mussarela 1,69<br />
5 Mussarela 2,35<br />
6 M. Frescal 22.5<br />
7 Ricota 0,29<br />
8 Mussarela 2,19<br />
9 Ricota 0,35<br />
10 Mussarela 2,84<br />
digitalizado por<br />
3 - CONCLUSÕES<br />
O método visual revelou-se inapropriado<br />
para as condições trabalhadas, considerando-se,<br />
a variação nas concentrações de fosfatase alcalina<br />
residual apresentadas pelas amostras de queijos<br />
fabricadas no estabelecimentos inspecionados<br />
pelo estado.<br />
Observou-se a necessidade de novas<br />
pesquisas contemplando as possíveis causa de<br />
interferências nos resultados desta análise de<br />
fosfatase alcalina residual , como por exemplo:<br />
teor de gordura e umidade dos queijos, tipo de<br />
processamento (tempo e temperatura) dado ao<br />
leite, precipitação das proteínas, entre outros.<br />
ABSTRACT<br />
Twenty samples of different types of cheeses<br />
were analyzed for presence of residual phosphatase<br />
alkaline according to methodology of AOAC<br />
946,03, 1995, to evaluate the applicability of the<br />
visual method related this methodology. The<br />
intensity of the blue color of sample was compared<br />
with the color of the curve phenol standard and<br />
the phenol concentration of each sample was<br />
quantified by espectrofotometria, using wave length<br />
of 650nm. Observed a great variety of tones of<br />
the blue what it intervened with the interpretation<br />
of the result for the visual method. Of the twenty<br />
samples considered in this work. two (10%) had<br />
been positive, or either, would have been elaborated<br />
with raw milk and 10 samples (50%) were in a<br />
band (> 1,0 e
phosphatase alkaline residual of these cheeses.<br />
Exist necessity of further research on the possible<br />
interferences in the results of this analysis, as for<br />
example: fat and humidity of the cheeses, type of<br />
processing, among others.<br />
Key-words: phosphatase alkaline, cheese,<br />
pasteurization.<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
AOAC OFFICIAL METHODS OF ANALYSIS.<br />
946-03 Phosphatase (Residual) in Cheese. Final<br />
Action. AOAC OFFICIAL METHODS OF<br />
ANALYSIS capo 33, p. 67- 69, 1995.<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
BRASIL. MINIST É RIO DA AGRICULTURA E DO<br />
ABASTECIMENTO. S.D.A.- D.I.P.O.A.<br />
Portaria n"146, de 07 de março de 1996. D I spõe<br />
sobre o Regulamento Técnico de Identidade e<br />
Qualidade dos Produtos Lácteos. 1996.<br />
MURTHY, G.K.; COX, S. Evalution of APHA<br />
and AOAC methods for phosphatase in cheese.<br />
J.A.O.A.C., v. 71, n. 6, p. 1195-1199, 1988.<br />
SOARES, C.F. Avaliação de Métodos<br />
Coloremétricos Qualitativos e Quantitativos<br />
para a Determinação de Atividade<br />
de Fosfatase Alcalina em Leite e Queijo<br />
Minas Padrão. Dissertação de mestrado. Escola<br />
de Veterinária - UFMG. 2003.<br />
. - .<br />
INFLUÊNCIA SAZONAL E REGIONAL SOBRE A COMPOSiÇÃO E A CONTAGEM DE<br />
CÉLULAS SOMÁTICAS DO LEITE CRU PRODUZIDO EM MINAS GERAIS<br />
Seasonal and regional influence on the composition and somatic cell count of raw milk<br />
produced in Minas Gerais, Brazil<br />
RESUMO<br />
Cristiana Salaberga Procópio Fonseca1<br />
Leorges Moraes da Fonseca2.3<br />
Ronon Rodrigues2.3<br />
Wagner Luiz Moreira dos Santos2<br />
As determinações da composição e da contagem de células somáticas (CCS) do leite cru<br />
produzido no Estado de Minas Gerais foram realizadas no Laboratório de Análise da Qualidade<br />
do Leite do Departamento de Tecnologia e Inspeção de Produtos de Origem Animal da<br />
Escola de Veterinária da UFMG (LabUFMG). No período de dezembro de 2003 a janeiro de<br />
2005, 50.434 amostras de leite provenientes de tanques de refrigeração, coletadas por 13<br />
indústrias, foram analisadas para composição e CCS no equipamento eletrônico Bentley<br />
Combi-System 2300. Dados meteorológicos de sete regiões do Estado foram usados e<br />
correlacionados aos resultados. Os valores médios encontrados para a composição do leite<br />
cru refrigerado foram, em g/ l OOg (média ± desvio padrão): gordura (3,63 ± 0,43); proteína<br />
(3,19 ± 0, 19); lactose (4,51 ± 0, 12); e sólidos totais (12,32 ± 0,51). As médias geométricas<br />
e aritméticas para CCS foram, respectivamente, 380.000/mL e 483.000/mL ± 376.000/mL.<br />
Mestrado Tecnologia e Inspeção de Produtos de Origem Animal/EV - UFMG - CNPq.<br />
2 Professores do Departamento de Tecnologia e Inspeção de Produtos de Origem Animal/EV UFMG.<br />
Coordenadores Laboratório de Análise da Qualidade do Leite<br />
(DTIPOA/Escola de Veterinária da UFMG - Av. Antônio Carlos, 6627 - Pampulha. Belo Horizonte, MG -<br />
CEP 3 1270-90 1 (labufmg@veLufmg.br)<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Houve influência da estação do ano com aumento significativo na CCS durante o verão (p =<br />
0.0 I). Quanto à influência regional, a região sul apresentou maiores CCS (média geométrica<br />
de 480.000 céls./mL), seguida pelas regiões Leste e Alto Paranaíba/Triângulo, Norte e<br />
Metropolitana (média geométrica de 316.000 céls./mL na Região Metropolitana) (p
epetiu com os teores de sólidos totais, altamente<br />
correlacionados com o teor de gordura, componente<br />
com maior variabilidade (FIG. 2).<br />
W<br />
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3.7<br />
o ::.€<br />
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...<br />
Figura 1 -Contagem de células somáticas<br />
mensais médias de amostras de leite<br />
cru de Minas Gerais analisadas no<br />
Laboratório de Análise da Qualidade<br />
do Leite da Escola de Veterinária da<br />
UFMG durante os meses de dezembro<br />
de 2003 a janeiro de 2005.<br />
Com relação às regiões, os maiores teores de<br />
gordura ocorreram no Norte de Minas, com teor<br />
médio de 3,74%, em ordem decrescente de<br />
concentração pelas regiões Metropolitana, Alto<br />
Paranaíba & Triângulo, Sul e Leste, Nesta última<br />
Figura 2<br />
Pág. 432<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
pqottlM<br />
-- -- -- -- -- -- -,<br />
11.1'1<br />
128<br />
'E<br />
§<br />
o t,,",<br />
..,<br />
Ul<br />
região, os teores médios de gordura foram de 3,38%.<br />
Os altos teores de gordura podem estar relacionados<br />
com a característica genética dos animais que<br />
compõem os rebanhos daquela região composta de<br />
animais zebuínos. Tendência similar foi encontrada<br />
para os teores de proteína com maiores teores nos<br />
meses de maio e junho de 2004 e dezembro de<br />
2003, com 3,29% e os menores teores em outubro<br />
e dezembro de 2004, com 3,14% (p
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
INFLUÊNCIA SAZONAL SOBRE A CONTAGEM BACTERIANA DO LEITE CRU<br />
PRODUZIDO EM MINAS GERAIS<br />
Seasonal influence on bacterial count of raw milk produced in Minas Gerais, Brazil<br />
RESUMO<br />
Cristiana Salaberga Procópio Fonseca 1<br />
Leorges Moraes da Fonseca2.3<br />
Ronon Rodrigues2.3<br />
Wagner Luiz Moreira dos Santos2<br />
o presente trabalho teve por objetivo avaliar a qualidade do leite cru quanto às bactérias<br />
totais. As amostras coletadas em tanques refrigeradores, no Estado de Minas Gerais, durante<br />
o período de dezembro de 2003 a janeiro de 2005, totalizaram 50.434, de 13 indústrias<br />
localizadas em 7 regiões do Estado. As análises foram realizadas no Laboratório de Análise<br />
da Qualidade do Leite do Departamento de Tecnologia e Inspeção de Produtos de Origem<br />
Animal da Escola de Veterinária da UFMG (LabUFMG) por citometria de fluxo usando o<br />
equipamento eletrônico Bactocount !BC - Bentley®calibrado para fornecer resultados em<br />
unidade formadora de colônia (UFC). As amostras foram coletadas e adicionadas com<br />
conservante azidiol e enviadas ao laboratório em caixas isotérmicas com gelo reciclável em<br />
um prazo máximo de 48 horas. Os resultados foram correlacionados com dados climáticos.<br />
Médias geométricas e aritméticas para população microbiana fo ram, respectivamente,<br />
138.000 UFC/mL e 680.000 UFC/mL (desvio padrão de 1.311.000). Aproximadamente<br />
81,6% das amostras encontraram-se dentro dos padrões estabelecidos pela Instrução<br />
Normativa 51, de 1.000.000 UFC/mL para Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, apartir de<br />
julho de 2005. Houve influência da estação, sendo que as médias geométricas mensais<br />
variaram de 63.000 UFC/mL na estação seca a 398.000 UFC/mL na chuvosa.<br />
Palavras-chave: Contagem bacteriana total, contagem de células somáticas, composição<br />
do leite, qualidade do leite.<br />
INTRODUÇÃO<br />
O Estado de Minas Gerais responde por<br />
aproximadamente 30% da produção nacional de<br />
leite com valores acima de 6 bilhões de litros/<br />
ano, com potencial para superar este total por<br />
ainda ocupar o 5" lugar em produtividade (Iitros/<br />
vaca) no Brasil.<br />
A busca de melhoria no setor tem sido uma<br />
preocupação mundial na obtenção de uma<br />
matéria-prima de qualidade na propriedade rural<br />
e na indústri a, e de um produto seguro e saudável<br />
na mesa do consumidor. Vários métodos para<br />
análise desta qualidade foram desenvolvidos nas<br />
últimas décadas como por exemplo a citometria<br />
de fl uxo, empregada com sucesso na análise de<br />
diferentes componentes do leite e na enumeração<br />
de microorganismos.<br />
As novas regulamentações a serem<br />
obedecidas no Brasil a partir de julho de 2005,<br />
eXlglfao que todo o leite cru, recebido em<br />
laticínios sob Inspeção Federal, seja analisado<br />
Mestrado Tecnologia e Inspeção de Produtos de-Origem Animal/EV - UFMG - CNPq.<br />
2 Professores do Departamento de Tecnologia e Inspeção de Produtos de Origem Animal/EV _ UFMG.<br />
Coordenadores do Laboratório de Análise da Qualidade do Leite<br />
(DTIPOA/Escola de Ve terinária da UFMG - Av. Antônio Carlos, 6627 - Pampulha - Belo Horizonte, MG _<br />
CEP 3 1270-90 I (Iabufmg@vet.ufmg.br)<br />
Pág. 434<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
mensalmente, apresentando padrões mínimos de<br />
qualidade de acordo com a Instrução Normativa<br />
51/2002 do Ministério da Agricultura, Pecuária<br />
e Abastecimento.<br />
Com o objetivo de avaliar a contagem<br />
bacteriana do leite cru produzido no Estado de<br />
Minas Gerais, desenvolveu-se o presente estudo,<br />
considerando diferenças sazonais e correlacionando<br />
fatores climáticos com a variação sazonal da<br />
qualidade deste leite.<br />
MATERIAL E MÉTODOS<br />
Durante o período de dezembro de 2003 a<br />
janeiro de 2005, foram analisadas 50.434 amostras<br />
de leite proveniente de tanques de refrigeração por<br />
expansão direta, coletadas e enviadas por 13<br />
indústrias laticinistas do Estado de Minas Gerais.<br />
Para avaliação da contagem bacteriana total<br />
utilizou-se o equipamento eletrônico Bactocount<br />
IBC da Bentley®. Amostras que apresentaram não<br />
conformidades, isto é, problemas relacionados à<br />
integridade das mesmas, foram desqualificadas para<br />
análise. Adicionalmente, foram consideradas para<br />
a análise estatística amostras que se apresentaram<br />
com contagem bacteriana total de até 7.000.000<br />
UFC/mL. Os resultados de contagem bacteriana<br />
foram tabulados e analisados por meio de estatística<br />
descritiva, utilizando-se os pacotes estatísticos<br />
Minitab@ 10.0 e SPSS® 9.0, ambos para Windows®.<br />
Os dados meteorológicos foram obtidos por<br />
acesso eletrônico ao banco de dados do Centro<br />
Nacional de Pesquisas Tecnológicas (CPTEC/<br />
INPE, 2005). Foram consideradas as temperaturas<br />
médias mensais, as temperaturas máximas<br />
e mínimas no período de dezembro de 2003 a<br />
janeiro de 2005 de sete regiões do Estado de<br />
Minas Gerais.<br />
Os meses estudados foram estratificados<br />
em quatro grupos de acordo com as estações do<br />
ano, isto é, verão Uaneiro a março), outono (abril<br />
a junho), inverno Uulho a setembro) e primavera<br />
(outubro a dezembro). Esta separação permitiu<br />
melhor visualização e avaliação das mudanças<br />
climáticas que ocorrem durante um ano.<br />
RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Os valores médios encontrados pelo<br />
Laboratório de Análise da Qualidade do Leite da<br />
Escola de Veterinária encontram-se na TAB. I.<br />
Os dados de contagem bacteriana apresentam<br />
elevada variabilidade, com valores extremos e<br />
dispersão dos dados não seguindo a distribuição<br />
normal. Este fato serve para enfatizar que, para<br />
uma comparação e análise mais eficiente das<br />
contagens bacterianas de amostras de leite, é<br />
digitalizado por<br />
necessano a transformação dos dados de forma<br />
a obter uma distribuição normal, o que é alcançado<br />
por meio da transformação logarítmica.<br />
Tabela 1 - Contagem bacteriana (CBT) de<br />
amostras de leite cru analisadas no<br />
Laboratório de Análise da Qualidade<br />
do Leite da Escola de Veterinária da<br />
UFMG, no período de dezembro/<br />
2003 a janeiro/2005 (50.430<br />
amostras). (p
250.000 bactérias/mL em maio a 1.200.000/mL<br />
em janeiro de 2004. Esta diferença pode ser<br />
explicada pela dispersão anormal dos dados, com<br />
pontos extremos influenciando a média aritmética,<br />
fato minimizado pela média geométrica.<br />
Aproximadamente 81,6% das amostras<br />
tiveram contagens bacterianas em acordo com o<br />
padrão a vigorar em julho de 2005 para as regiões<br />
Sudeste, Centro-Oeste e Sul, que é de 1.000.000<br />
UFC/ml (Brasil, 2002). Em se tratando do padrão<br />
de qualidade a ser exigido a partir de 201 I para<br />
estas mesmas regiões, foram observadas apenas<br />
44,9% das amostras em acordo (FIG. 2).<br />
Outros trabalhos realizados no Estado de<br />
Minas Gerais apresentaram um total de 71,97%<br />
(Picinin et aI., 2001) e 88% (Mendonça et aI.,<br />
200 I) das amostras abaixo de 1.000.000 UFC/<br />
mL. Em Goiás, Bueno (2004) encontrou 45,53%<br />
das amostras abaixo de 100.000 UFC e 19,4%<br />
acima de 1.000.000 UFC/mL.<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
o menor ou igual a 100<br />
I3de 101 01 300<br />
Ode 301 01 750<br />
O de 75 1 a 1.000<br />
acima de 1.000<br />
Figura 2 - Distribuição de CBT (x 1000 UFC/<br />
mL) de 50.434 amostras de leite cru<br />
analisadas no LabUFMG durante o<br />
período de dezembro de 2003 a<br />
janciro de 2005.<br />
CONCLUSÃO<br />
• Aproximadamente 81,6% do leite cru<br />
refrigerado, produzido no Estado de Minas<br />
Gerais, apresentou contagem bacteriana<br />
dentro dos padrões a serem exigidos a partir<br />
de julho de 2005 para as regiões Sul, Sudeste<br />
e Centro-oeste pelo Ministério da<br />
Agricultura, Pecuária e Abastecimento<br />
através da IN 51 de setembro de 2002.<br />
• A contagem bacteriana do leite cru<br />
produzido no Estado de Minas Gerais e<br />
armazenado em tanques de refrigeração são<br />
influenciados pelas variações sazonais. No<br />
verão há aumento da CBT e no fi nal do<br />
outono e no inverno ocorre elevação dos<br />
teores de gordura, proteína e sólidos.<br />
• O aumento da CBT está correlacionado<br />
com o aumento da CCS.<br />
• • •<br />
ABSTRACT<br />
The objective of this work was to evaIuate<br />
the individual bacteria count (IBC) of raw milk<br />
produced in the State of Minas Gerais, Brazil.<br />
From December 2003 to January 2005, 50,434<br />
samples of raw milk, colIected from refrigerated<br />
tanks in the farms of thirteen dairy industries,<br />
were sent to the Laboratory for Milk Analysis<br />
from the Veterinary School of the UFMG. The<br />
analyses were done using the electronic equipment<br />
BactoCount !BC from Bentley®. The arithmetic<br />
mean of the period was (average ± standard<br />
deviation) 138 .000 UFC/mL ± 1.311.000 UFC/<br />
mL, with a geometric mean of 680.000 UFC/mL.<br />
There was seasonal infl uence, with monthly<br />
geometric mean ranging from 63,000 CFU/mL<br />
during dry season to 398,000 CFU/mL on raining.<br />
There was a tendency of decrease in the bacterial<br />
counting in the months from February to ApriI.<br />
There was a positive correlation between IBC<br />
and somatic celI count (p
RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Os valores encontrados para índice crioscópico<br />
dos soros apresentaram-se na faixa de -0,453 OH a -<br />
0,639 OH para Minas Padrão e -0,484 oH a -0,625<br />
OH para Mussarela, com média geral de -0,560oH,<br />
desvio de -0,045 e CV de 5,52%, diferindo dos<br />
valores encontrados por Siqueira (2000), que foram<br />
de -0,513 oH para soro de queijo Minas Padrão e -<br />
0,480 OH para soro de queijo Mussarela.<br />
Os valores da densidade apresentaram média<br />
de I ,0252±0,001 1 e CV de 0,08%. Para o soro de<br />
queijo Minas Padrão os valores encontrados<br />
variaram de 1,0230 a 1,0260 e para o soro de<br />
queijo Mussarela a variação encontrada foi de<br />
1,0240 a 1,0270. Os resultados encontrados foram<br />
semelhantes aos de Furtado e Pombo (1979),<br />
Sbampato et aI. (1998) e Siqueira (2000), que<br />
variaram entre os valores de 1,0246 e 1,0274.<br />
Os valores encontrados para os teores de<br />
gordura apresentaram média geral de 0,72±0,27<br />
g/ l OOg e CV = 32,92%. Para o soro de queijo<br />
Minas Padrão, os teores de gordura apresentaram<br />
um coeficiente de variação (CV) de 31 %. Para<br />
soro de queijo tipo Mussarela o CV foi de 34%.<br />
Em um trabalho que utilizou metodologia igual<br />
ao deste experimento, Chiappini e Santos (1995)<br />
encontraram o teor médio de gordura no soro de<br />
queijo Minas frescal de 0,56 g/ l OOg.<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Os valores encontrados para os teores de<br />
proteínas no soro (média geral de 0,8 1 ±0,06 gl<br />
100g e CV = 5,19) são semelhantes aos relatados<br />
por vários autores (Wolfschoon e Furtado, 1977;<br />
Furtado e Pombo, 1979; Chiappini e Santos<br />
1995; Kosikowski, 1997). No presente expe<br />
rimento os valores médios encontrados para os<br />
teores de proteína no soro de queijo Minas Padrão<br />
oscilaram entre 0,7 1 e 0,9 g/l OOg e, para o soro<br />
de queijo Mussarela, entre 0,77 e 0,95 g/IOOg.<br />
A média de cloretos encontrada no soro de<br />
queijo Minas Padrão foi de O, 19±0,0 11 (CV de<br />
5,7%), enquanto no soro de queijo Mussarela foi<br />
de 0, 18±0,015 g/lOOg (CV de 8,1%). Estes teores<br />
de cloretos diferiram dos encontrados por Siqueira<br />
(2000) que foram de 0,73±0,2 1 (CV = 29,08)<br />
para soro de queijo Minas Padrão e 0,95±0,41<br />
(CV = 43,49) para soro de queijo Mussarela<br />
apesar de ter sido empregado o mesmo métod<br />
em ambas as pesquisas.<br />
Os valores de resíduo mineral fixo (cinzas)<br />
e de lactose das amostras de soro analisadas não<br />
apresentaram diferença significativa entre as<br />
regiões ou entre os soros, apresentando,<br />
respectivamente, médias e CV de 0,497 g/100g<br />
(6,98) e 4,267 gl lOOg (12,29). Estes valores<br />
encontrados foram próximos aos citados por<br />
outros autores (Kosikowski, 1997; Furtado e<br />
Pombo, 1979; Chiappini e Santos, 1995) que<br />
Tabela 1 - Comparação entre médias dos teores de proteínas, cloretos e gordura (g/ IOOg) de soros de<br />
queijos Minas Padrão e Mussarela, das macrorregiões do Sul de Minas (SM), Alto São<br />
Francisco (ASF), Zona da Mata (ZM) e Zona Metalúrgica (MT), avaliados no período de<br />
outubro de 2003 e março de 2004<br />
PARÂMETRO REGIÃO<br />
SORO<br />
M. PADRÃO MUSSARELA<br />
TEOR DE PROTEÍNAS ASF 0,81 h.: A 0,79 a A<br />
MT 0,88 a A 0,86 ac A<br />
ZM 0,77 hl.: B 0,83 aI: A<br />
SM 0,73 " B 0,85 a A<br />
TEOR DE CLORETOS ASF 0, 19 hA 0, 19 ah A<br />
MT 0,22 aA 0, 17 h B<br />
ZM 0, 19 hA 0,21 ah A<br />
SM 0, 18 hA 0, 18 h A<br />
TEOR DE GORDURAS ASF 0,88 ah A 0,7 J ,Ih A<br />
MT 0,76 ah A 0,75 ah A<br />
ZM 0,61 aI> A<br />
0,54<br />
SM 0,49 hB 1,06 ah A<br />
*Letras minúsculas diferentes indicam valores estatisticamente diferentes entre colunas (p$.;O,05)<br />
*Letras maiúsculas diferentes indicam valores estatisticamente diferentes entre linhas (p$.;O,05)<br />
Pág. 438<br />
I> A<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
estavam entre 4,80 g/ l OOg a 5,64 g/ l OOg para<br />
lactose e 0,39 g/ lOOg e 0,65 g/l OOg para cinzas.<br />
Verificou-se a ocorrência de interação<br />
significativa entre região e composição<br />
centesimal do .soro para os teores de gordura,<br />
proteína e cloreto de sódio (TAB. 1). Esta<br />
diferença foi significativa apenas entre regiões,<br />
sem qualquer interação com o tipo de soro, para<br />
os parâmetros de crioscopia e densidade relativa<br />
(cujos valores mais baixos foram da região da<br />
Zona da Mata). Apenas os teores de cinzas e de<br />
lactose não apresentaram diferença estatisti<br />
camente significativa em nenhum aspecto.<br />
Não houve diferença significativa entre as<br />
amostras de soro do tipo doce. Este fato é<br />
importante, uma vez que o soro utilizado em<br />
produtos industriais tem origens diversas.<br />
CONCLUSÃO<br />
A variação entre a composição do soro foi<br />
baixa, exceto em relação ao teor de gord ura,<br />
facilitando a inspeção e o estabelecimento de<br />
critérios para este produto.<br />
Não houve diferença estatisticamente<br />
significativa entre os tipos de soro, mas sim na<br />
interação soro x região (p
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
PERFIL MICROBIOLÓGICO DOS SOROS DE QUEIJOS MINAS PADRÃO E MUSSARELA<br />
PRODUZIDOS EM MINAS GERAIS<br />
Microbiological profile of the whey of minas and mozzarella cheeses produced in<br />
Minas Gerais, Brazil<br />
INTRODUÇÃO<br />
o soro é um produto de curta vida útil devido<br />
ao elevado valor nutritivo, condições de umidade<br />
e pH, que são favoráveis ao crescimento<br />
microbiano. Alguns trabalhos vêm demonstrando<br />
que é preocupante a contaminação por coliformes<br />
(Chiappini et aI., 1995; Siqueira et aI., 2001). A<br />
utilização do soro na indústria alimentícia vem<br />
sendo estudada por diversos autores, principalmente<br />
como matéria prima na elaboração<br />
de novos produtos. Esses novos produtos passaram<br />
então a fazer parte da dieta da população,<br />
incluindo os idosos e principalmente as crianças,<br />
o que faz com que o controle da qualidade, não só<br />
nutricional, mas também higiênico-sanitária do<br />
soro, seja fundamental (Chiappini et aI., 1995).<br />
Porém poucos trabalhos avaliaram a microbiota<br />
do soro, exceto aqueles que estudaram especificamente<br />
os microorganismos utilizados para<br />
a produção do queijo e sua sobrevivência no soro.<br />
Este trabalho teve por objetivo a obtenção do<br />
perfil da qualidade microbiológica dos soros de<br />
queijos Minas Padrão e Mussarela produzidos em<br />
quatro macrorregiões de Minas Gerais, verificando<br />
se há variação estatisticamente significativa entre<br />
as amostras.<br />
MATERIAL E MÉTODOS<br />
As amostras foram coletadas em laticínios<br />
de pequeno e grande porte, com registro na<br />
Inspeção Federal, em quatro macrorregiões de<br />
Minas Gerais (Alto São Francisco, Zona da Mata,<br />
Metalúrgica e Sul de Minas). Vinte e quatro<br />
TEIXEIRA, Lílian Viana1<br />
FONSECA, Leorges Moraes2<br />
MENEZES, Liliane D.M.3<br />
MALAGOLE, Paula J.3<br />
amostras de cada tipo de soro (de queijo Minas<br />
Padrão e tipo Mussarela), foram coletadas<br />
diretamente do tanque de produção, logo após o<br />
corte da massa, em recipiente esterilizado, e a<br />
seguir acondicionado com gelo recicIável e<br />
transportadas em caixas isotérmicas para o<br />
laboratório. O início das análises ocorreu em um<br />
prazo máximo de 24 horas após a coleta do soro.<br />
A coleta foi realizada durante o período de<br />
outubro de 2003 a março de 2004.<br />
As análises foram realizadas em duplicata,<br />
utilizando-se as técnicas e padrões da<br />
International Dairy Federation (IOF) para leite<br />
e/ou produtos lácteos, visto não haver técnicas<br />
específi cas para soro. As análises foram<br />
realizadas nos laboratórios de Microbiologia do<br />
Instituto Mineiro de Agropecuária (lMA) e nos<br />
laboratórios do Departamento de Tecnologia e<br />
Inspeção de Produtos de Origem Animal da Escola<br />
de Veterinária da UFMG.<br />
As seguintes análises foram realizadas :<br />
contagem de bolores e leveduras (Técnica na 94<br />
B; IOF, 1990); contagem de coliformes (Técnica<br />
na 73 A; IOF, 1985); contagem de<br />
Staplzy!ocOCCllS coagulase positiva (Técnica na<br />
145 A; IOF, 1997); e contagem de psicrotróficos<br />
(Técnica na 101 A; IOF, 1991). Para a<br />
comparação estatística entre soros utilizou-se o<br />
teste Mann e Whitney (MINITAB®, 1 996),<br />
enquanto que para a comparação estatística entre<br />
regiões utilizou-se o teste Kruskal e WaIlis, por<br />
meio do programa SAEG®(Sampaio, 2002;<br />
Euclides, 2003).<br />
I Mestrado, Dept. Tecnologia e Inspeção de Produtos de Origem Animal - EV-UFMG.<br />
2 Professor, Dept. Tecnologia e Inspeção de Produtos de Origem Animal - EV-UFMG.<br />
3 Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA)<br />
Pág. 440<br />
RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Na contagem dos coliformes a 30 °C, cerca<br />
de 16,6% das amostras de soro de queijo Mussarela<br />
e 12,5% de soro de queijo Minas Padrão<br />
apresentaram NMP/mL acima de 240, e em<br />
relação aos Coliformes a 45°C, cerca de 37% das<br />
amostras de cada tipo de soro apresentaram<br />
contagens acima de 240 NMP/mL. Apenas na<br />
comparação entre regiões houve diferença<br />
significativa (p
OLIVEIRA, L. A. T. Avaliação do soro de queijo<br />
quanto as bactérias heterotróficas aeróbias<br />
mesófilas e psicrófilas viáveis. Revista do<br />
Instituto de Laticínios Cândido To stes, v. 50, n.<br />
292, p. 245-248, 1995.<br />
EUCLIDES, R. F. Sistema para análises<br />
estatísticas - SAEG, versão 7.0, 2001.<br />
Disponibilidade e acesso: www.ufv.br/saeg/<br />
index.htm. Acesso em: 28 dez. 2003.<br />
IOF (International Dairy Federation). Milk and<br />
milk based products: Enumeration of coagulasepositive<br />
Staphylococci: colony count technique.<br />
In: Bulletin (d' Intemational Dairy Federation.<br />
IOF, Brussels, n° 145 A, 1997, 5 p.<br />
IOF. (lnternational Dairy Federation). Milk<br />
and milk products : Enumeration of coliforms:<br />
colony count technique and most probable<br />
number technique at 30° C. In: BlIlletin of<br />
Intematiollal Dairy FederatioTl. IOF, Brussels,<br />
n° 73 A, 1985, 9 p.<br />
IOF. (lnternational Dairy Federation). Milk and<br />
milk products: Enumeration of yeast e moulds:<br />
colony count technique at 25°C. In: BlIlletill (f<br />
IlIternatio/lal Dair)' Federatioll. IOF, Brussels,<br />
n° 94 B, 1990, 2 p.<br />
IOF. (International Dairy Federation). Milk and<br />
milk products: Enumeration of psychrotrophic<br />
microorganisms: colony count technique at<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />
• • • •<br />
6,5°C. In: BlIlletin of International Dairy<br />
Federatioll. IOF, Brussels, n° 10 I A, 1991, 3 p.<br />
MINITAB Inc. 1996. Meet Minitab - Minitab<br />
Statistical Software. Minitab Inc; Stae College, PA.<br />
RAPINI, L.S. Efeito da implantação das Boas<br />
Praticas de Fabricação (BPF) na qualidade de<br />
queijos de leite de cabra. Dissertação de<br />
Mestrado. 93p. Escola de Veteri nária, UFMG,<br />
Belo Horizonte, MG, 2004<br />
SAMPAIO, I. B. M. Es tatística aplicada à<br />
experimentação animal. Belo Horizonte:<br />
Fundação de Ensino e Pesquisa em Medicina<br />
Veterinária e Zootecnia, 2002. 221 p.<br />
SIQUEIRA, I. M. C. Avaliação da Qualidade<br />
Físico-Química e Microbiológica de Quatro<br />
Tipos de Soro de Queijo. Dissertação de<br />
Mestrado. 104p. Faculdade de Farmácia, UFMG,<br />
Belo Horizonte, MG, 2000.<br />
SIQUEIRA, I. M. C.; CERQUEIRA, M. M. O.;<br />
SOUZA, M. R.; GLÓRIA, M. B. A. Avaliação<br />
microbiológica de quatro tipos de soro. Revista<br />
do Instituto de Laticínios Cândido Tostes, v. 56,<br />
n. 321, p. 321 -330, 200 I<br />
AGRADECIMENTOS<br />
FA PEMIG (CAG 917/0 1); CNPq; Instituto<br />
Mineiro de Agropecuária (lMA)<br />
• • • •<br />
AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE "KITS" DESTINADOS À DETECÇÃO DE RESíDUOS<br />
INIBIDORES EM LEITE OBTIDO DE VACAS TRATADAS COM IVERMECTINA E ABAMECTINA<br />
Evaluation of kits for inhibitors detection in milk obtained from cows treated with<br />
ivermectin and abamectin<br />
Mestrado em Medicina Veterinária, Escola de Veterinária da UFMG.<br />
Marion Ferreira Gomes1<br />
Cristiana Salaberga Procópio Fonseca1<br />
Leorges Moraes da Fonseca2<br />
2 Professor; Coordenador do Laboratório de Análise da Qualidade do Leite da Escola de Veterinária da UFMG<br />
(DTIPOA/Escola de Veterinária da UFMG Av. Antônio Carlos, 6627 - Pampulha Belo Horizonte, MG -<br />
CEP 31270-901 (Iabufmg@vet.ufmg.br)<br />
Pág. 442<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
RESUMO<br />
O uso de medicamentos para o tratamento para vacas em lactação é uma prática que deve<br />
ser feita após prescrição veterinária. Devido ao uso ilegal de ivermectina e abamectina em<br />
vacas lactantes, existe uma preocupação por parte da indústria pela excreção de metabólitos<br />
destes medicamentos no leite e a possibilidade de interferência nos métodos de detecção de<br />
resíduos inibi dores no leite. Neste experimento, dez vacas foram aleatoriamente distribuídas<br />
em três grupos: um grupo controle, um grupo com administração de ivermectina e um<br />
terceiro grupo com administração de abamectina, todos com três animais cada.<br />
Adicionalmente, uma vaca foi tratada com beta-Iactâmico para controle de resultado<br />
positivo. A amostragem foi feita antes da administração dos medicamentos, diariamente<br />
nos quatro primeiro dias, e semanalmente até os 40 dias após o início do experimento. Os<br />
kits testados foram: SNAP (Beta-Iactam test kit); Delvotest SP; CH ATK (single test<br />
P&S); BETA STAR; CHARM MRL Test; e CHARM SL Test. A composição e a contagem<br />
de células somáticas das amostras foram analisadas com o equipamento Bentley® 2300,<br />
enquanto a contagem bacteriana usando o equipamento Bactocount IBC (Bentley®). Os<br />
dados evidenciam que os resíduos de ivermectina e de abamectina não resultaram em falsos<br />
positivos nos kits avaliados, usados para a detecção de antibióticos em leite cru. Em uma<br />
fase complementar, os níveis de ivermectina e abamectina serão determinados por meio de<br />
cromatografia líquida de alta eficiência para se estabelecer as curvas de excreção para os<br />
resíduos de ivermectinas em vacas lactantes.<br />
Palavras-chave: Ivermectina, abamectina, resíduos, antibiótico, leite.<br />
INTRODUÇÃO<br />
As avermectinas são drogas veterinárias<br />
utilizadas para o controle da maioria dos nematóides<br />
gastrointestinais e pulmonares, além de<br />
controlar outros ectoparasitas, tendo sido<br />
introduzidas no mercado mundial em 1981 .<br />
Quimicamente, a ivermectina é um derivado<br />
sintético da abamectina (Campbell, 1989).<br />
Embora a abamectina tenha sido tradicionalmente<br />
associada ao controle de pragas agrícolas, o seu<br />
uso tem se estendido ao controle de parasitas em<br />
animais, inclusive no Brasil. As avermectinas<br />
utilizadas até o momento resultam na excreção<br />
de resíduos metabólitos nos tecidos e fluidos<br />
corporais por períodos de até 40 dias, fato que<br />
justifica a sua não utilização em vacas lactantes,<br />
além do monitoramento em animais de corte.<br />
Entretanto, apesar da atual proibição da<br />
utilização de avermectinas em rebanhos leiteiros,<br />
não existe rotina de monitoramento destes<br />
medicamentos por parte das indústrias e,<br />
portanto, a possibilidade de abuso é fato reconhecido<br />
no setor laticinista. Além disso,<br />
embora não haja citação na literatura, existe<br />
preocupação por parte da indústria da possível<br />
interferência destes metabólitos de avermectinas<br />
nos resultados obtidos por meio dos kits de<br />
diagnóstico para detecção de antibióticos em<br />
leite. Portanto, o presente trabalho teve por<br />
objetivo avaliar a interferência de resíd uos de<br />
ivermectina e abamectina, administrados a vacas<br />
digitalizado por<br />
em lactação, nos resultados obtidos por meio de<br />
"kits" para a detecção de antibióticos em leite.<br />
MATERIAL E MÉTODOS<br />
O experimento de campo foi conduzido<br />
em duas propriedades rurais de Juiz de Fora-MG,<br />
sendo que não houve intervenção no sistema de<br />
produção e manejo das propriedades utilizadas.<br />
As análises do leite foram realizadas no<br />
Laboratório de Análise da Qualidade do Leite do<br />
Departamento de Tecnologia e Inspeção de<br />
Produtos de Origem Animal da Escola de<br />
Veterinária da UFMG (LabUFMG).<br />
Dez animais foram utilizados neste<br />
experimento, que compreendeu quatro tratamentos:<br />
três grupos experimentais contendo três<br />
vacas no terço médio de lactação, distribuídas<br />
aleatoriamente em cada grupo e um animal que<br />
recebeu aplicação de antibiótico Beta-Iactâmico<br />
- Multibiotico® (para controle de resultado<br />
positivo). Os tratamentos utilizados em dois<br />
grupos foram ivermectina, abamectina (10 mg/<br />
50 kg de peso; Jofadel®), além de um terceiro<br />
grupo utilizado como controle negativo. As<br />
coletas de amostras foram realizadas antes da<br />
administração do medicamento, diariamente nos<br />
quatro primeiros dias e, então semanalmente,<br />
até 40 dias após o início do experimento. Os<br />
kits para detecção de inibi dores testados foram:<br />
Pág. 443'<br />
arvoredoleite.org
SNAp® (Beta-Iactam test kit), DELVOTEST SP®,<br />
CH ATK® (single test P&S), BETA STAR®,<br />
CHARM MRL ® Test e CHARM SL ® Test. Foram<br />
determinadas a composição centesimal e a<br />
contagem de células somáticas das amostras de<br />
leite, utilizando-se o equipamento Bentley®<br />
2300, calibrado com amostra padrão de origem<br />
canadense e a contagem bacteri ana pelo<br />
equipamento IBC Bactocount da Bentley®<br />
RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
As avermectinas, isto é, fármacos a base<br />
de Ivermectina e Abamectina são anti parasitários<br />
considerados de amplo espectro.<br />
Entretanto, devido ao longo período de eliminação<br />
das formulações usadas até o momento,<br />
as avermectinas não são recomendadas para<br />
utilização em animais lactantes, visto que,<br />
durante este período, o leite é impróprio para a<br />
alimentação humana. A realidade, porém, é que<br />
estes medicamentos são difundidos entre os<br />
produtores de leite.<br />
Embora o leite coletado tenha sido de<br />
animais individuais e não leite de conjunto, as<br />
amostras apresentaram composição próximo ao<br />
normal (Tab. I). Ressaltam-se os teores<br />
relativamente baixos de lactose, fato observado<br />
em outros levantamentos da composição de<br />
leite produzido em Minas Gerais (Brito et aI.,<br />
2003). Quanto aos teores de proteína, os dados<br />
evidenciam uma amostra como resultado<br />
extremo com proteína elevada (p
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO GORDURA/POTEíNA DO LEITE CRU COMO íNDICE DE<br />
PROBLEMAS METABOLlCOS EM REBANHOS<br />
Evaluation of fatlprotein ratios of raw milk as indicator for metabolic diseases in<br />
dairy herds<br />
RESUMO<br />
Cristiana Salaberga Procópio Fonseca 1<br />
Leorges Moraes da Fonseca2,3<br />
Ronon Rodrigues2,3<br />
Wagner Luiz Moreira dos Santos2<br />
A relação entre os teores de gordura e proteína (G/P) do leite é um índice útil para se avaliar<br />
a qualidade do leite cru, pois permite obter um diagnóstico de doenças metabólicas importantes<br />
no rebanho, como por exemplo a acidose metabólica. A inversão do índice G/P ocorre<br />
quando o teor de gordura for inferior ao teor de proteína, O ideal é que seja aplicado<br />
preventivamente na análise de leite individual, pois quando o leite de conjunto no rebanho<br />
apresenta inversão deste índice, uma ocorrência metabólica grave já está instalada no<br />
rebanho. O objetivo deste trabalho foi avaliar a relação G/P de leite cru de conjunto, para<br />
verificar a ocorrência de tendência sazonal no Estado de Minas Gerais no período de<br />
dezembro de 2003 a janeiro de 2005. Foram analisadas 50.434 amostras de leite proveniente<br />
de tanques de refrigeração por expansão direta, coletadas por treze indústrias e analisadas<br />
quanto aos teores de gord ura e de proteína. Os resultados revelam influência sazonal<br />
(p
CONCLUSÕES<br />
A relação gordura/proteína no leite de<br />
rebanhos do Estado de Minas Gerais indica graves<br />
problemas de inversão deste índice, relacionados<br />
provavelmente a deficiências no manejo<br />
nutricional.<br />
Houve influência sazonal na inversão da<br />
relação gordura/proteína, com maior ocorrência<br />
de inversão em novembro de 2004.<br />
ABSTRACT<br />
The fat/protein ration (F/P) of milk is a<br />
useful tool for raw milk quality evaluation. It<br />
allows the diagnostic of important metabolic<br />
disorders in the herd, such as metabolic acidosis.<br />
The inversion of the fat/protein ration occurs<br />
when the fat in milk is lower than the protein<br />
content. The main use of the ration is for<br />
individual milk as a controlling instrument, because<br />
when inversion is detected in a herd it means that<br />
serious metabolic disorder is already taken place.<br />
The present work evaluated the F/P ration of<br />
50.434 samples of raw bulk tank milk, from<br />
thirteen dairies of Minas Gerais State from<br />
December 2003 to January 2005. Seasonal<br />
influences were veri fi ed, and the correlation<br />
between seasonal influence and region was<br />
evaluated. The results reveals seasonal influence<br />
(p< 0.05), with highest occurrence of ration<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
• •<br />
inversion on November and January, reaching<br />
20% of the samples below 1.0 on November 2004<br />
when the monthly average for F/P was 1.09. Th<br />
data indicate some periods of fat depression in<br />
some herds. The inversion cases usually are<br />
followed by increased milk production, but can<br />
be consequences of bad nutrition management<br />
such as high leveIs of starch or low leveis of fibers,<br />
or stress caused by high temperature or other<br />
environmental problems.<br />
Key-words: fat/protein ration, milk<br />
composition, milk quality, metabolic acidosis.<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
DÜRR, J.W. Panorama da qualidade do leite na<br />
Região Sul (RS). In: Diagnóstico da qualidadé<br />
do leite, impacto para a indústria e a questão<br />
dos resíduos de antibióticos, 2003, Juiz de<br />
Fora. AI/uis ... Juiz de Fora: CBQL, 2003. p. 2-17.<br />
NILES, D. Utilizing milk component data. Part<br />
1- Iden tifying rumen acidosis and related<br />
problems using fat/protein ratios. Unlocking<br />
Herd Performance. v. 2000, n. I, p. 4-5, 2000.<br />
REIS, R.B.; GLÓRIA J.R.; VIEIRA L.R.; FARIA<br />
B.N. Manipulação da composição do leite pela<br />
nutrição da vaca. In: I Simpósio do<br />
agronegócio do leite : produção e qualidade<br />
(CD-rom), 2004, Belo Horizonte. Alluis ... Belo<br />
Horizonte : Escola de Veterinária da UFMG, 2004.<br />
• • • •<br />
CARACTERIZAÇÃO FíSICO-QuíMICA E SENSORIAL DE BEBIDAS LÁCTEAS<br />
FORMULADAS COM CASEI NATO DE CÁLCIO EM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE<br />
SORO DE QUEIJO E LEITE<br />
Physical, chemical and sensorial characterization of dairy beverages formulated with<br />
calcium caseinate in different concentrations of cheese serum and milk<br />
I Professores do DTCA UFSM - RS.<br />
2 Química Industrial Bolsista voluntária do DTCA.<br />
Pág. 448<br />
RICHARDS, N.S.P.l<br />
CORADINI, M.T.2<br />
KUBOTA, E.H.l<br />
HECKTHEUER, L.H.R.l<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
RESUMO<br />
o consumo de bebidas lácteas tem apresentado importante crescimento nesta última década,<br />
justificado pela tecnologia no emprego de ingredientes e processos. Uma das principais<br />
preocupações do consumidor atual é o valor protéico dos alimentos, sendo o consumo de<br />
quantidades adequadas de proteínas, fundamental para a manutenção da saúde das pessoas.<br />
O teor de proteínas em bebidas lácteas pode ser aumentado através da adição de caseinatos.<br />
O objetivo deste trabalho foi verificar as características físico-químicas e sensoriais de<br />
bebidas lácteas formuladas com caseinato de cálcio (0,25%) utilizando diferentes<br />
concentrações de soro de queijo e leite fluido. O intuito da adição de caseinato de cálcio foi<br />
a de mel horar o teor protéico das bebidas, consequentemente o valor nutricional destas e<br />
que mantivessem as propriedades tecnológicas e sensoriais adequadas . Foram testadas sete<br />
formulações onde variou-se a concentração de soro de queijo de 20 a 100% e a de leite<br />
fluido de O a 50%. Os produtos foram avaliados quanto ao valor de pH, acidez total<br />
titulável, teor de gord ura, teor de proteínas totais e propriedades sensoriais (teste de<br />
ordenação). Observou-se que bebidas lácteas que possuíam maiores concentrações de leite<br />
tiveram seus teores de proteínas majorados quando adicionadas de casei nato de cálcio. O<br />
caseinato não conferiu sabor residual as bebidas. Os resultados das análises físico-químicas<br />
indicaram que os valores de pH das bebidas variaram de 5,05 a 6,80, a acidez total titulável<br />
de 9 a 200D, o teor de proteínas de 0,80 a 2,21 % e o teor de gordura O, I a 1,80 %.<br />
Palavras-chave: soro, caseinato, proteína.<br />
1 - ITRODUÇÃO<br />
Conforme Regulamento Técnico de<br />
Identidade e Qualidade de Bebidas Lácteas<br />
(BRASIL, 2000), bebida láctea é o produto<br />
obtido a partir de leite ou leite reconstituído e/<br />
ou derivados de leite, reconstituídos ou não,<br />
podendo ser fe rmentada ou não, com ou sem<br />
adição de outros ingredientes. A base láctea deve<br />
representar pelo menos 51 % (cinqüenta e um<br />
por cento) massa/massa (m/m) do total de<br />
ingredientes do produto. A bebida láctea não<br />
fermentada segue a mesma regulamentação,<br />
porém, o produto não é adicionado de cultivos<br />
de microrganismos ou de produtos lácteos<br />
fermentados e deve ser submetido a tratamento<br />
térmico adequado.<br />
Devido ao crescente aumento da fabricação<br />
de queijos no Brasil, há necessidade de se criar<br />
alternativas para a utilização do soro resultante<br />
do processo de fabricação. A bebida láctea<br />
utilizando soro de queijo em sua formulação vem<br />
ganhando um nicho de mercado muito grande,<br />
principalmente com o maior nível de informação<br />
sobre os benefícios nutricionais das proteínas<br />
presentes no soro, além do menor custo de<br />
produção para o empresário e a redução do preço<br />
fi nal para o consumidor.<br />
As proteínas do soro possuem um dos mais<br />
altos índices de valor biológico em comparação<br />
a outras fontes de proteínas, sendo um conjunto<br />
heterogêneo de proteínas que representam<br />
digitalizado por<br />
aproximadamente 20% do total de proteína<br />
láctea (RICHARDS, 2002).<br />
O consumo de bebidas lácteas tem<br />
apresentado importante crescimento nesta última<br />
década, justificado pela tecnologia no emprego<br />
de ingredientes e processos. Uma das principais<br />
preocupações do consumidor atual é o valor<br />
protéico dos alimentos, sendo o consumo de<br />
quantidades adequadas de proteínas, fundamental<br />
para a manutenção da saúde das pessoas.<br />
Este trabalho teve como objetivo o<br />
desenvolvimento de bebidas lácteas com<br />
diferentes concentrações de soro de queijo e leite<br />
fl uido, enriquecida com caseinato de cálcio,<br />
elevando desta forma seu valor nutricional.<br />
2 - MATERIAIS E MÉTODOS<br />
2.1 - Elaboração das bebidas lácteas<br />
Foram desenvolvidas sete formulações de<br />
bebida láctea não fermentada, utilizando<br />
diferentes concentrações de soro de queijo e leite<br />
fl uido no laboratóri o do Departamento de<br />
Tecnologia e Ciências dos Alimentos (DTCA)<br />
da Universidade Federal de Santa Maria, Santa<br />
Maria, RS. Brasil, nos meses de março a maio de<br />
2005. Foram feitos dois lotes: no primeiro<br />
utilizou-se leite integral e, no segundo, leite<br />
desnatado. As concentrações de soro variaram<br />
Pág. 449<br />
arvoredoleite.org
de O a 100%, de leite O a 50% e de O a 50% de<br />
água. Utilizou-se em todas as formulações, 0,25%<br />
de caseinato de cálcio e 7% de açúcar (sacarose).<br />
Os ingredientes das formulações foram<br />
homogeneizados e pasteurizados em banho-maria<br />
a 83°C/5min com agitação constante. A seguir,<br />
as amostras foram resfriadas em banho de gelo e<br />
armazenadas em refrigerador a 4°C para,<br />
posteriormente, serem adicionadas de polpa de<br />
morango e analisadas.<br />
2.2 - Análise físico-química<br />
Logo após a fabricação, as bebidas foram<br />
analisadas nos laboratórios do OTCA/UFS M,<br />
segundo as Normas do Instituto Adolfo Lutz (lAL,<br />
1985), em relação ao valor de pH; acidez total<br />
titulável; teor de gordura e teor de proteína total.<br />
2.3 - Análise sensorial<br />
As amostras fo ram analisadas sensorialmente<br />
por uma equipe de 26 provadores,<br />
utilizando o teste de ordenação, conforme Faria<br />
& Yotsuyanagi (2002). Os resultados foram<br />
tratados com base no Teste de Friedman e Teste<br />
de Fisher (LAWLESS & KLEIN, 1991).<br />
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
3.1 - Aspectos físico-químicos das bebidas<br />
lácteas<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />
Tabela 1 - Valores médios das análises físico-químicas das bebidas lácteas.<br />
Os resultados das análises físico-químicas<br />
podem ser observados na Tabela 1.<br />
A Tabela I apresenta os valores médios de<br />
pH encontrados nas diferentes formulações de<br />
bebidas lácteas. Estes valores são semelhantes<br />
aos encontrados por Sivieri & Oliveira (2002),<br />
que observaram valores entre 6,63 a 6,45 e<br />
Almeida, B onassi & Roça (200 I ), que<br />
encontraram valores de 4,56 a 5,14.<br />
No segundo lote de bebidas lácteas foi<br />
acrescentado 0,1% de ácido lático para aumentar<br />
a acidez total titulável e, consequentemente o<br />
tempo de vida-de-prateleira dos produtos.<br />
Os teores de acidez total titulável<br />
encontrados neste trabalho situaram-se entre 9 a<br />
20°0. Notou-se que com a adição de ácido lático<br />
os valores de acidez total titulável aumentaram,<br />
consequentemente houve redução do valor de pH.<br />
Conforme pode ser observado na Tabela 1,<br />
os teores de gordura variaram de O, I a 1,8%. Os<br />
menores valores foram encontrados para bebidas<br />
preparadas somente com soro de queijo. Estes<br />
valores são maiores do que os encontrados por<br />
Sivieri & Oliveira (2002) e menores do que os<br />
encontrados por Almeida, Bonassi & Roça (200 I).<br />
Quanto ao teor de proteínas, as bebidas<br />
lácteas apresentaram variações entre 0,80 a<br />
2,21 %. Observa-se que quanto maior a<br />
concentração de leite, maior a concentração de<br />
proteínas encontradas. No primeiro lote, de<br />
maneira geral. as concentrações de proteína<br />
Formulações PpH Acidez (°0) Gordura (%) Proteína (%)<br />
FI (integral) 6,47c 11,0 Il<br />
FI (desnatado) 6,07 r<br />
20,0 A<br />
F2 (integral) 6,35 [) 10, 5 E<br />
F2 (desnatado) 5,48 J 20,0 A<br />
F3 (integral) 6,66 B<br />
F3 (desnatado) 5,97 G<br />
F4 (integral) 6,25 E<br />
10,5 E<br />
17,0 B<br />
F4 (desnatado) 5,05 K 17,0 B<br />
F5 (integral) 6,65 B<br />
F5 (desnatado) 5,75 I 17,0 B<br />
F6 (integral) 6,80 A 9,0 G<br />
F6 (desnatado) 5,86 H<br />
F7 (integral) 6,27 E<br />
1,3<br />
B C<br />
0,8 Er<br />
1,1 CD<br />
1,74 BC<br />
1,85 B<br />
1,38 DE<br />
0,5 Er 1,34 IlE<br />
1,5<br />
A B<br />
0,5 ErG<br />
10,0 r 0,8 DE<br />
0,1 G<br />
10,0 r 1,4<br />
16,0 C<br />
B C<br />
0,5 Er<br />
1,8 A<br />
0,1 rG<br />
11,5 [) 0,5 ErG<br />
F7 (desnatado) 5,08 K 20,0 A 0,7 Er<br />
Pág. 450<br />
1,74 BC<br />
1,81 BC<br />
1,29 DE<br />
0,80 I'<br />
1,69 C<br />
1,72 BC<br />
1,43 D<br />
2,2 1 A<br />
1,25 E<br />
1,25 E<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICÍNIOS<br />
foram menores que do segundo lote, isto se deve<br />
ao fato da adição do leite desnatado onde ocorre<br />
uma maior concentração dos componentes. Os<br />
valores de proteína preconizados pela legislação<br />
brasileira são de 1,2% (mínimo), as bebidas<br />
lácteas desenvolvidas, com exceção da<br />
formulação F4, que possuía 100% de soro de<br />
queijo, obtiveram valores superiores.<br />
A Tabela 2 apresenta a comparação<br />
múltipla das médias de ordenação. O O.M.S. foi<br />
de 45,93 (a 5%). Conforme pode ser observado,<br />
a formulação 3 diferiu significativamente das<br />
formulações 4 e 7. A formulação 4 diferiu da<br />
formulação 5 ao nível de 5%. A formulação F7<br />
apresentou o pior sabor, seguida da formulação<br />
4, sendo que estas formulações foram<br />
desenvolvidas utilizando 100% de soro.<br />
Tabela 2 - Comparação múltipla das médias do<br />
teste de ordenação.<br />
Formulações FI<br />
Médias 81<br />
CONCLUSÃO<br />
F2 F3 F4 F5 F6 F7<br />
90 65 1 18 69 94 122<br />
As bebidas lácteas desenvolvidas<br />
apresentaram, de maneira geral, características<br />
físico-químicas e sensoriais adequadas. O<br />
casei nato de cálcio adicionado às bebidas<br />
aumentou o teor protéico destas, consequentemente<br />
o valor nutricional.<br />
SUMMARY<br />
The consumption of dairy beverages<br />
presented an important growth in this last decade,<br />
justified by the technology used in ingredients<br />
and processcs. One of the main concerns of the<br />
currcnt consumer is the proteic value of foods,<br />
being the consumption of adequate amounts of<br />
proteins, basic for the maintenance of the<br />
people's health. The amount of protein in dairy<br />
beverages can be increased through the addition<br />
of caseinates. The objective of this work was to<br />
verify the sensorial, physical and chemical<br />
characteristics of dairy beverages formulated with<br />
Calcium Caseinate (0.25%) using different<br />
concentrations of whey und fluid milk. The<br />
intention of the addition of Calcium Caseinate<br />
was to improve the proteic amount in beverages<br />
and, consequently, the nutritional value of these<br />
and also that they maintained the technological<br />
and sensorial properties. Seven formulations in<br />
• • • •<br />
digitalizado por<br />
which the concentration of whey varied from 20<br />
to 100%, and of fluid milk varied from O to 50%<br />
were tested. The products were evaluated as to<br />
the value of pH. total titrable acidity, amount of<br />
fat, total protein value and sensorial properties<br />
(ordination test)o It was observed that in dairy<br />
beverages with bigger milk concentrations the<br />
protein values increase when Calcium Caseinate<br />
was added. The Caseinate did not add residual<br />
flavor to the beverages. The results of the<br />
physical and chemical analysis indicated that the<br />
pH value of the beverages varied in between 5.05<br />
and 6.80, that the total titrable acidity varied in<br />
between 9 and 20°0, that the amount of protein<br />
varied in between 0.80 and 2.21 % and that the<br />
amount of fat varied in between 0.1 and 1.8%.<br />
Key-words: whey, caseinate, protein<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
ALMEIDA, K.E.; BONASSI, I.A.; ROÇA, R.O.<br />
Características Físicas e Químicas de Bebidas Lácteas<br />
Fermentadas e Preparadas com Soro de Queijo Minas<br />
Fresca!. Ciência e Tecnologia de Alimentos,<br />
Campinas, V. 21, n° 2, p. 187-192. 2001.<br />
BARBOSA, I. N.; PINTO, M.S.; CUNHA, L.R.;<br />
MARTINS, J.M.; FERREIRA, C.L.L.F. O<br />
Aproveitamento do Soro na Elaboração de Bebidas<br />
Fermentadas. Anais do XIX Congresso Nacional<br />
de Laticínios, J uíz de Fora, p. 194-1 97, 2002.<br />
BRASIL. Ministério da Agricultura. Instrução<br />
Normativa n° 36 de 31 de outubro de 2000.<br />
Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade<br />
de Bebidas lácteas. In: Diário Oficial da União,<br />
Brasília, 08/1 1/2000, Seção I, p. 22-23.<br />
FA RIA, E.V. ; YOTSUYANAGI, K. Técnicas de<br />
análise sensorial. Campinas: ITALlLAFISE,<br />
2002. I16p.<br />
INSTITUTO AOOLFO LUTZ. Normas<br />
Analíticas do Instituto Adolfo Lutz:<br />
Métodos químicos e físicos para análise de<br />
alimentos. 3. ed. São Paulo: Imprensa Oficial<br />
do Estado de São Paulo, 1985.<br />
LAWLESS, H.T.; KLEIN, B.P. Sensory<br />
Science Theory and Applications in Foods.<br />
New York: Marcel Oekker, 1991.<br />
RICHAROS, N.S.P.S. Soro lácteo: perspectivas<br />
industriais e proteção ao meio ambiente. Food<br />
Ingredients, n. 17, p. 20-27, 2002.<br />
SIVIERI, K.; OLIVEIRA, M. N. Avaliação da<br />
Vida-de-Prateleira de Bebidas Lácteas Preparadas<br />
com "Fat Replacers" (Litesse e Oairy-Io).<br />
Ciência e Tecnologia de Alimentos,<br />
Campinas, V. 22, n° I, p. 24 - 31, jan.-abr. 2002.<br />
• • • •<br />
arvoredoleite.org<br />
Pág. 451
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
DESENVOLVIMENTO DE CREME DE LEITE LlGHT PASTEURIZADO UTILIZANDO A MSR<br />
Development of pasteurized light milk cream using the methodology of surface<br />
. response (msr)<br />
RESUMO<br />
RICHARDS, N.S.P.S.1<br />
LOTTICI, V.2<br />
ZAM8ERLAN, F.8.3<br />
Os consumidores estão cada vez mais exigentes com a qualidade dos produtos que adquirem,<br />
pois existe uma consciência maior pela busca de produtos nutricionalmente mais saudáveis,<br />
que contenham um nível mais baixo de gordura. O creme de leite pasteurizado (nata) é um<br />
produto bastante popular no Rio Grande do Sul, muito utilizado no dia-a-dia da população<br />
brasileira e de grande valor comercial, porém, contém um teor de gordura que pode ser<br />
superior a 50%, proporção esta considerada bastante elevada. Este trabalho teve como<br />
objetivo desenvolver formulações de creme de leite pasteurizado com teor mais baixo de<br />
gordura, ou seja, light, como alternativa para as empresas preocupadas com o avanço e a<br />
expectativa do novo mercado consumidor. Foram desenvolvidas dez formulações de creme<br />
de leite ligIa pasteurizado utilizando a metodologia de superfície de resposta (MSR),<br />
determinou-se a interação entre as variáveis independentes, o teor de gordura e a influência<br />
da concentração de estabilizante nas diferentes formulações em relação às respostas<br />
sensoriais obtidas. Quanto a caracterização físico-química, as formulações foram avaliadas<br />
estatisticamente por meio da análise de variância (ANOVA) e as médias comparadas entre<br />
si através do teste de Tukey, verificando-se as médias estatisticamente significativas em<br />
nível de 99% de probabilidade. A formulação preferida pelos provadores na análise sensorial<br />
foi a . frmulação 10, que possuía o maior teor de gordura (19%) e a maior concentração de<br />
estabtlI zante (0, 18%). Na caracterização físico-química a formulação preferida pelos<br />
consumidores (FIO) apresentou o pH de 6,56, a acidez total titulável de 13,4°D e a<br />
consistência de 3,8 min/cm, estando dentro dos padrões exigidos pela legislação vigente.<br />
Palavras-chave: creme de leite, nata, light.<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
A crescente procura do consumidor por<br />
produtos saudáveis é um fator determinante para<br />
o crescimento da linha de produtos light, apesar<br />
de contar com produtos mais caros se comparados<br />
com seus similares tradicionais, os seus usuários<br />
optam por pagar um preço diferenciado em busca<br />
de determinados benefícios.<br />
Os produtos light constituem um segmento<br />
do mercado de alimentos que tem apresentado<br />
um crescimento excepcional nas últimas duas<br />
I Professora do OTCA UFSM - RS.<br />
2 Engenheira de Alimentos do Grupo Avipal.<br />
3 Engenheiro de Alimentos da Empresa HEXUS FOOOS.<br />
Pág. 452<br />
décadas, pois, apresentam uma particularidade a<br />
mais, podem ser saborosos, além de mais saudáveis.<br />
O desenvolvimento de tais produtos têm<br />
sido um dos principais objetivos dos profissionais<br />
da área, já que a demanda do mercado consumidor<br />
por este tipo de alimento tem aumentado de<br />
forma expressiva por estar fortemente associado<br />
à crescente preocupação com a saúde e com uma<br />
alimentação equilibrada.<br />
Nos últimos anos, o consumo de derivados<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
lácteos vem crescendo de forma significativa.<br />
Isso se deve a inúmeros fatores dentre estes a<br />
grande variedade de produtos existentes no<br />
mercado por um "custo relativamente" acessível<br />
a maior parte da população. Desta forma, o<br />
creme de leite pasteurizado conhecido<br />
popularmente como "nata" , tornou-se um<br />
componente diário da dieta de muitas pessoas.<br />
O creme de leite pasteurizado contém um<br />
percentual de gordura que pode ser superior a<br />
50%, esta proporção é considerada bas tante<br />
elevada, independente da natureza da matéria<br />
gordurosa, por isso, o objetivo deste trabalho<br />
foi o de desenvolver, atendendo as expectativas<br />
dos consumidores por um produto mais saudável,<br />
um creme de leite pasteurizado com o teor mais<br />
baixo de gordura, ou seja, liglzt, como alternativa<br />
para as empresas preocupadas com o avanço e a<br />
expectativa do novo mercado consumidor.<br />
2 - MATERIAL E MÉTODOS<br />
O desenvolvimento das formulações dos<br />
cremes de leite light pasteurizados foram<br />
realizados na Mini-usina de Leite e Derivados. Os<br />
experimentos físico-químicos foram realizados no<br />
laboratório de Análise de Alimentos e as análises<br />
microbiológicas no laboratório de Microbiologia,<br />
situados no Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas<br />
(prédio B) na Universidade do Vale do<br />
Rio dos Sinos - UNISINOS - São Leopoldo, RS.<br />
2.1 - Delineamento Experimental<br />
Baseando-se na Metodologia de Superfície<br />
de Resposta, utilizou-se o delineamento central<br />
composto rotacional com duas variáveis<br />
independentes: o teor de gordura e a concentração<br />
de estabilizante. Para o delineamento<br />
destas duas variáveis é necessário um mínimo de<br />
2N + 2N + I ensaios (ou pontos), sendo N o<br />
número de vanaveis (BOX, HUNTER,<br />
HUNTER, 1978).<br />
2.2 - Análises físico-químicas<br />
As dez formulações de creme de leite ligIa<br />
foram analisadas quanto à: valor de pH, teor de<br />
acidez total titulável, teor de gordura, segundo<br />
as Normas do Instituto Adolfo Lutz (lAL, 1985),<br />
e consistência através do consistômetro de<br />
Bostwick modelo MA-44 1 (ROSSI et aI., 1990).<br />
2.3 - Análise sensorial<br />
As dez formulações de creme de leite ligIa<br />
pasteuri zado foram submetidas a análise<br />
sensorial, para a avaliação da aceitação, segundo<br />
digitalizado por<br />
Teixeira, Meinert & Barbeta, 1987. Foram<br />
julgados cinco dos atributos das formulações:<br />
sabor, textura (espalhabilidade), aroma, cor e<br />
qualidade global, utilizando 48 provadores nãotreinados.<br />
2.4 - Análise estatística<br />
O resultado do teste sensorial foi<br />
submetido à análise estatística utilizando análise<br />
de variância (ANOVA) e para o estudo comparativo<br />
das médias foi realizado o teste de<br />
Tukey ao nível de 95% de probabilidade<br />
(p
Tabela 1 - Resultados das análises físico-químicas<br />
FORMULAÇÕES GORDURA (%)<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
11,0 f<br />
2 12,0 o<br />
3 12,0 "<br />
4 15,0 tl<br />
5 15,3 e<br />
6 18,0 h<br />
7 18,0 h<br />
8 18,0 h<br />
9 19,0 "<br />
10<br />
pH<br />
6,58 ht.:<br />
6,55 de<br />
6,57<br />
I.: ti<br />
6,60 "<br />
6,54 "<br />
6,55 ti"<br />
6,56 etlo<br />
6,58 IH':<br />
6,59 ah<br />
13,2 h<br />
13,4 "<br />
13,3 "h<br />
13,2 h<br />
13,4 "<br />
13,4 "<br />
13,3 "h<br />
13,2 h<br />
13,2 h<br />
CONSISTÊNCIA<br />
(min.lcm)<br />
6,0 he<br />
7,5 "<br />
6,1 he<br />
5,8 he<br />
5,6 e<br />
6,3 1 "he<br />
5,45 e<br />
4, 1 ti<br />
6,9 "h<br />
Nota: Médias seguidas por letras iguais indicam não haver diferença significativa ao nível de 99% de probabilidade (p±:O,OI ).<br />
com a legislação (BRASIL, 1996), a acidez<br />
máxima do creme de leite ligia pasteurizado deve<br />
ser de 20°0.<br />
A consistência obtida nas formulações<br />
oscilou de 3,8 a 7,5 min/cm, sendo que a<br />
fo rmulação 2 foi a que apresentou a menor<br />
consistência e esta não diferiu significativamente<br />
das fo rmulações 6 e 9, mas diferiu significativamente<br />
das demais formulações. Isto já era<br />
previsto, pois as formulações 2, 6 e 9 possuem as<br />
menores concentrações de estabilizantes em<br />
combinação com o teor de gordura se comparadas<br />
com as outras formulações.<br />
3.2 - Análise sensorial<br />
Dentre as formulações avaliadas, a que<br />
apresentou uma melhor aceitabilidade pelos<br />
provadores foi a formulação 10, que apresentou<br />
um teor de gordura de 19% e uma concentração<br />
de estabilizante de 0, 18%, podendo ter<br />
influenciado no sabor, aroma e consistência.<br />
Provavelmente, a preferência por esta<br />
fo rmulação deve-se ao fato dos provadores<br />
estarem acostumados com o creme de leite<br />
pasteuri zado tradicional, que contém um alto<br />
teor de gordura e consistência firme.<br />
Observa-se na Figura I a, I b e I e que nos<br />
atributos aroma, cor e qualidade global a formulação<br />
10 apresentou os melhores resultados.<br />
De acordo com Castro et a!. (2002), a<br />
gordura é responsável pela cremosidade e maciez<br />
do alimento na boca, também contribui na<br />
aparência, palatabilidade e lubrificação dos<br />
alimentos, além de aumentar a sensação de<br />
saciedade durante as refeições.<br />
Pág. 454<br />
A fo rmulação 8 fo i a que apresentou<br />
melhores resultados no atributo sabor (Figura<br />
Ic), diferindo significativamente das formulações<br />
2, 3 e 6 e estas não diferiram entre si.<br />
Com relação a textura (Figura 1 d),<br />
formulação que obteve os melhores resultados<br />
foi a 7 e não diferiu significativamente das<br />
formulações 5, 8 e lO.<br />
1Ii!J!I '.409<br />
• 4,518<br />
EE3 4,62pl!<br />
CJ ',731íl<br />
0.,8<br />
0 ',95'<br />
CJ 5,0&1<br />
lIi!J!I 5,173<br />
11i!J!1 5,282<br />
11i!J!1 5,391<br />
lIi!J!IatxNo<br />
a)<br />
b)<br />
" gOfdtHiI<br />
%gortlra<br />
0.18<br />
0,16<br />
0,12<br />
1IlI!li14,778<br />
1IlI!li14,957<br />
85.13S<br />
a:<br />
05,671<br />
05,8.19<br />
0,08<br />
1IlI!li16,028<br />
1IlI!li16,206<br />
1IlI!li16,385<br />
0,06<br />
lII abava 12 15<br />
'%jpfl:llra<br />
_ 1,818<br />
lIi!J!I 2,136<br />
CJ 2459 '<br />
8 :<br />
03.409<br />
CJ 3.727<br />
c)<br />
_ 4,045<br />
11i!J!1 4,364<br />
_ 4,682<br />
Babova 15<br />
liIiIíl<br />
CJ<br />
o<br />
d)<br />
0,18<br />
0,16<br />
0, 12<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
%!JOrdtl'a<br />
o<br />
o<br />
o 0,08<br />
o<br />
lIlI!li1 0,06<br />
_<br />
- 12 15 18<br />
e)<br />
";" gordura<br />
a) Resposta sensorial do atributo aroma<br />
b) Resposta sensorial do atributo cor<br />
c) Resposta sensorial do atributo sabor<br />
d) Resposta sensorial do atributo textura<br />
e) Resposta sensorial do atributo qualidade<br />
global<br />
Figura - Efeito do teor de gordura a da<br />
concentrações de estabilizante nas<br />
resposta sensoriais.<br />
CONCLUSÕES<br />
O desenvolvi mento de produtos com baixo<br />
teor de gordura oferece grandes oportunidades<br />
digitalizado por<br />
de mercado, com o apelo de serem mais saudáveis,<br />
entretanto, é essencial que estes produtos sejam<br />
organolepticamente aceitáveis. Todo consumidor<br />
está potencialmente interessado em encontrar a<br />
vantagem de consumir um alimento mais<br />
saudável que colabore, simultaneamente, na<br />
redução de riscos e na prevenção de doenças.<br />
ABSTRACT<br />
The consumers are always demanding more<br />
quality of the products that they acquire,<br />
therefore, there is a bigger conscience for the<br />
search of more healthy nutritional products, that<br />
contain a lower levei of fat. The pasteurized<br />
milk cream (cream) is a sufficiently popular<br />
product, used a lot in the day-by-day of the<br />
Brazilian population and with a great commercial<br />
value, but it contains a high percentage of fat<br />
that can be superior to 50%, considered very<br />
high. Therefore, it was decided to develop<br />
pasteurized milk cream with a lower levei of fat,<br />
also known as liglzt, as an alternative fo r the<br />
companies worried about the improvements and<br />
expectations of the new consumer market. Ten<br />
formulas of pasteurized liglzt milk cream were<br />
developed using the methodology of surface<br />
response (MSR). The interaction between the<br />
independent variables, the levei of far and the<br />
stabalizers concentrations in the diffe rent<br />
formulas in relat ion to the sensorial ans wers<br />
obtained were determined. As to lhe physical<br />
and chemical characteristics. the formulas had<br />
been evaluated by the statistical variance analysis<br />
(ANOVA) and the averages compared between<br />
themselves though the Tukey Te st. veri fying<br />
the averages in significance leveis of 99% of<br />
probability. The preferred formula by the tasters<br />
in the sensorial analysis was fo rmula 10, that<br />
had the highest leveis of fat (19%) and the<br />
highest concentration of stabilizers (0, 18%).<br />
The physical and chemical characterislics<br />
presented a pH of 6.56, acidity of 13.4°0 and a<br />
3.8 min/cm consistency, being inside of the<br />
standards demanded by the current law.<br />
Therefore, it was possible to reach the desired<br />
objective.<br />
Key-words: milk cream, cream, light .<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
BANZATTO, O. A.: KRONKA, S. N,<br />
Experimentação agrícola. 3ed. Jaboticabal :<br />
FUNEP, 1995. 247p.<br />
BRASIL. Ministério da Agricultura e<br />
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Abastecimento e da Reforma Agrária Portaria<br />
n° 146 de 7/ 03/1 996. Regulamento Técnico<br />
de Identidade e Qualidade de Leite e<br />
Produtos Lácteos. Brasília, 1996.<br />
BRASIL. Ministério da Agricultura e<br />
Abastecimento Decreto n° 30.621 de 29/03/52<br />
alterado pelos Decretos 1.255 de 25/06/62,<br />
1.236 de 02/09/94, 1.812 de 08/02/96 e 2.244<br />
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ed. So Paulo: Instituto Ad?lfo Lutz, 1985, 533p.<br />
RABELO, A. M. S.; RABELO, D. S.; MOURA,<br />
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Editora da UFSC, 1987. 180p.<br />
• •<br />
GERENCIAMENTO DE APPCC E BPF, SEM RELATÓRIOS IMPRESSOS EM PAPEL<br />
HACCP and GMP paper free management<br />
RESUMO<br />
Ramos, B. M.O.l<br />
Miglioranza, L.H.S.2<br />
Ramos, R.3<br />
Oliveira, V.C.3<br />
Esse trabalho propõe o uso de informática, como ferramenta para avaliação dos resultados<br />
da aplicação das Boas Práticas de Fabricação (BPF) e do Sistema de Análise de Perigos e<br />
Pontos Críticos de Controle (APPCC) em laticínios. O objetivo foi desenvolver um<br />
instrumento de diagnóstico e acompanhamento da eficácia dos programas, no qual se<br />
aplica o conceito de gerenciamento onde se dispensa o emprego de relatórios impressos.<br />
O aplicativo é de fácil operação, não exigindo conhecimentos avançados em informática.<br />
Normalmente a avaliação de resultados em programas de BPF é complexa, pelo caráter<br />
1 MS., Doutorando em Ciência Animal - UEL;<br />
2 Dr .. Depto de Tecnologia de Alimentos - Universidade Estadual de Londrina. Londrina - Pr - luciah@rantac.net<br />
3 Bel. em Ciência da Computação.<br />
Pág. 456<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
subjetivo da mesma. As normas e pontuações que são atribuídas ao cumprimento dessas<br />
normas, envolvem diferentes ambientes, propósitos e metas a serem atingidas. Tais<br />
pontuações devem ser adaptadas para qualquer etapa, anteri or ou dentro da indústria,<br />
respeitando as características peculiares apresentadas por qualquer ponto crítico na linha<br />
de processamento de leite. Além disso, o gerenciamento convencional do sistema APPCC,<br />
gera muitos arquivos de papel, registros e relatórios, tornando a atividade pouco prática e<br />
conveniente. No sistema computacional proposto, as variáveis subjetivas são transformadas<br />
em objetivas, que podem ser medidas, e transportadas para gráficos. O sistema permite<br />
categorizar indicadores e desenvolver procedimentos para monitorá-los, como fundamento<br />
para qualquer avaliação de estratégia de implementação da qualidade de leite. O programa<br />
aplica mecanismos de pontuação de itens, dividido em três níveis: risco reduzido (0-3),<br />
risco moderado (4-6) e risco elevado (7-1 0). O registro das informações pode ser feito no<br />
interior da fábrica, através de "palm-top", que posteriormente são transferidos e gerenciados<br />
por base de dados MySQL. O Sistema também permite a descrição visual e a geração de<br />
uma fórmula computacional para um gráfico resultante. Os relatóri os e dados estatísticos<br />
são modelados de acordo com as necessidades da Empresa. Existe também uma ferramenta<br />
de backup automático, bem como, há disponibilidade de atualização pela Internet. Como<br />
resultado final, pode-se obter um controle mais efetivo sobre a qualidade do leite.<br />
Palavras chave: variáveis objetivas, controle de qualidade, ferramentas de avaliação da<br />
eficiência.<br />
APLICAÇÃO DO MODELO DE<br />
G EREN CIAMENTO<br />
Não basta aplicar instrumentos de garantia<br />
de controle de qualidade e segurança na indústria<br />
de alimentos. Deve-se assegurar que tais<br />
instrumentos possam também sofrer avaliação<br />
periódica quanto a sua eficácia (van der Spiegel,<br />
2(03). Para tanto. os resultados da aplicação<br />
corre ta desses sistemas devem ser mensurados.<br />
Por exemplo, ao se conferir valores ou indicadores<br />
objetivos para os inúmeros atributos<br />
avaliados em Boas Práticas de Fabricação, temos<br />
condições de observar, ao longo do tempo, a<br />
evolução da resposta da empresa à ferramenta<br />
utilizada. Observa-se nesse caso, a redução da<br />
ocorrência de não-con formidades e a adequação<br />
dos diversos setores dentro da indústria aos<br />
padrões pré-estabelecidos.<br />
O instrumento proposto para BPF, inclui<br />
três categorias de não-conformidades: baixo risco<br />
(com peso de O a 3); médio risco (com peso de 4<br />
a 7): e alto risco (com peso de 8 a 10). A<br />
atribuição desses pesos, bem como o número de<br />
observações / dia, é definido previamente no<br />
sistema, pelo responsável por armazenamento<br />
de informações. Os critérios de avaliação são<br />
flexíveis e aj ustados de acordo com o interesse<br />
da empresa, que determinará o rigor da avaliação.<br />
Na aplicação do sistema de Análise de<br />
Perigos e Pontos Críticos de Controle APPCC,<br />
o estabelecimento desses parâmetros possui<br />
natureza menos complexa por tratar normal-<br />
digitalizado por<br />
mente de valores e medidas objetivas. Ao<br />
armazenar resultados de análises, a observação<br />
das tendências de melhoria do processo, pode<br />
ser averiguada no intervalo de tempo mais<br />
conveniente, também de acordo com as<br />
necessidades da empresa.<br />
Através dos gráficos gerados após avaliação<br />
mensal (figura I), observa-se uma tendência de<br />
declínio nas não-conformidades, como resultado<br />
das medidas corretivas aplicadas. Ressaltamos o<br />
observado no setor de recepção onde havia no<br />
início do período de auditagem, um grande número<br />
de ocorrências registradas. Verificando-se o grau<br />
de risco das não-conformidades, observa-se que<br />
não foram constatadas ocorrências de alto risco,<br />
limitando-se a não-conformidades de baixo e<br />
médio risco. Em 3 observações consecutivas e<br />
semanais, constatou-se a redução de nãoconformidades<br />
de médio risco.<br />
Foram investigados 19758000 litros de<br />
leite na recepção, quanto a presença de<br />
antibióticos durante o mês de dezembro de 2004<br />
(fIgura 2). A avaliação compreendeu tomada de<br />
amostras, de lotes individuais contendo em média<br />
6400 litros. Desse total, fo ram descartados<br />
84854 litros, correspondendo a 0,429% do<br />
volume analisado, que apresentaram resultado<br />
positivo quanto à presença desse perigo químico.<br />
No mês de maio, dos 19313000 litros de leite,<br />
Pág. 457<br />
arvoredoleite.org
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
' .n . 300 n . . ....... n . n . n.' ....... , n ....... , ........ ' ..... n .. ·········'······· ··· ······ n . .. ..... , .. ......... ' ............... n . . n '." ... , .. ,·,··.'.'n .. .. n ..... ' ... ' . n ... · .. · .. · n n. '<br />
250<br />
200<br />
150<br />
100<br />
50<br />
28<br />
130<br />
1 ·a 1· b 2·a<br />
10<br />
12<br />
31<br />
2· b 3 · a 3· b<br />
o pasteurização<br />
. O concentração<br />
tilisecagem<br />
O recepção<br />
Figura 1 - Avaliação de BPF em três semanas consecutivas. a representa número de ocorrências de<br />
não-conformidades; b representa a soma de valores atribuídos dentro das categorias de<br />
médio e baixo risco.<br />
19.8 ,.. .. n .. nn' .. ,' nn, n .. nnn.n .. nn .. ' .. nnn'nnnn.' .... nn.nnnn' .. nnnnn .. nn, nnnn'n'n .. nnn .. ',.',nnnn . .. nnn .. n .. n" ',n .. nnn' .. .. nn .. n"<br />
19.7<br />
19.6<br />
19.5<br />
]<br />
'2<br />
: HJ,4<br />
ª<br />
;:: 19,3<br />
19.2<br />
19.1<br />
dozombro·04 maio·OS<br />
Figura 2 - Presença de antibiótico em leite. (Y 1 litros analisados. Valores em milhões, representados<br />
em colunas; Y2 - litros descartados. Valores em milhares, representados por linha).<br />
foram descartados 15875 litros, correspondendo<br />
a 0,082 % do volume analisado.<br />
Todos os valores apresentados como<br />
exemplos de BPF e APPCC, são oriundos de<br />
observações em empresa que testa os aplicativos.<br />
o registro de ocorrências observadas<br />
durante três semanas consecutivas do mês de<br />
maio de 2005, indicou a ausência de nãoconformidades<br />
de alto risco. Na seqüência de<br />
observações embutidas no gráfico de exemplo,<br />
70<br />
60<br />
20<br />
observou-se que as inúmeras medidas corretivas<br />
aplicadas simultaneamente ao registro de<br />
ocorrências, permitiram a diminuição de riscos<br />
particularmente de grau médio, aproximando a<br />
empresa aos padrões de BPF estabelecidos em<br />
seus planos de ação. Isso permite inferir o<br />
resultado progressivo da aplicação das medidas<br />
corretivas, principalmente no setor de recepção,<br />
que apresentou melhor resultado.<br />
Inicialmente, o registro de ocorrências<br />
aparentemente não foi atribuído com o mesmo<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
rigor que nas demais semanas, mas isso fica a<br />
critério da empresa e possui caráter flexível.<br />
Sugere-se portanto, o estabelecimento de<br />
critérios homogêneos (número de observações /<br />
dia) padronizados, para aumentar a confiabilidade<br />
dos dados e permitir a comparação de resultados.<br />
ABSTRACT<br />
Our work presents a software for HACCP/<br />
GMP management in the milk industry. The aim<br />
was the development of a diagnostic instrument<br />
to assess the performance of those food quality<br />
tools, based on the paper free management concept.<br />
It is easy to deal with the software, not requiring<br />
advanced computer knowledge. The GMP<br />
management is quite difficult because there is<br />
subj ective element in the evaluation. Rules and<br />
scores attributed involves different environment,<br />
proposal and goals. They must be adapted to any<br />
situation before and inside the industry, respecting<br />
the particular characteristics presented by any<br />
CrIticai points in the milk production. Moreover,<br />
the conventional HACPP management generates<br />
great amounts of paper archives, records and<br />
reports, becoming a non practical and suitable work.<br />
In the proposed software, the subjective variables<br />
are transformed in objective variables that can be<br />
measured, plotted and graphically registered. The<br />
system identifies the objective variables and<br />
develop procedures appropriated to monitor them<br />
as basis for any evaluation of strategy<br />
implementation in the milk quality control. The<br />
program uses mechanisms of scoring, divided in<br />
three leveis: low risk (O - 3), medium risk (4 6)<br />
and high risk (7 - 10). The input data and ali the<br />
added information are managed by the MySQL<br />
database. The system permits also a visual<br />
description and generates a computational formula<br />
fo r a resllltant graphic. The report and the<br />
statistical data are modeled according to the<br />
manufacturer needs. There is also an alltomatic<br />
backllp tool, and is available the update for the<br />
internet. As a fi nal resuIt, a higher assurance of<br />
milk quality can be obtained, by the comparisons<br />
of graphic results in time intervals.<br />
Key-words: Objective variabIes, quality<br />
control, tools of performance evaluation.<br />
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA<br />
Van der SPIEGEL, M.; LUNING, P. A.; ZIGGERS,<br />
G.W.; JONGEN, W.M.F. Towards a conceptual<br />
Illodel to measure effecti veness of food quality<br />
systems. Trends in Food Science & Technology,<br />
n. 14, p.424-43 I, 200 3.<br />
DETERMINAÇÃO DE ADULTERAÇÃO DE LEITE EM PÓ COM SORO EMPREGANDO<br />
ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO PRÓXIMO (NIR) E QUIMIOMETRIA<br />
Determination of powder milk adulteration with whey by using Near Infrared<br />
Spectroscopy and Chemometrics<br />
Alessandra Borin'<br />
Ronei Jesus Poppi'<br />
* LAQQA- Laboratório de Quimiometria em Química Analítica, Instituto de Química UNICAMP, Caixa Postal<br />
6154. CEP 1 3084-862, Campinas, SP, BrasiL<br />
Órgão Financiador: CNPq.<br />
digitalizado por<br />
Pâg. 459<br />
arvoredoleite.org
1. INTRODUÇÃO<br />
A fiscalização da autenticidade dos alimentos<br />
é muito importante seja pOr razões econômicas<br />
ou de saúde pública. No caso do leite em pó, as<br />
adulterações podem ocorrer com a adição de soro<br />
de leite, maltose, sacarose, amido e até soda<br />
cáustica. Entre as mais comuns, está a adição do<br />
soro de leite, que é 90% mais barato do que o leite<br />
e geralmente importado da Argentina, Nova<br />
Zelândia e Austrália I . A faixa de fraude mais comum<br />
é de 20 a 25% pois até esta, o consumidor não<br />
percebe diferenças no sabor, mas a fraude pode<br />
chegar em até 60%. A qualidade do leite em pó é<br />
regulamentada pelo Regulamento técnico de<br />
identidade e qualidade de leite em pó, e a<br />
determinação de soro ao leite é realizada pelas<br />
metodologias de análises de referência!, que tem<br />
por objetivo a determinação do glicomacropeptídeo<br />
(GMP). Esta determinação pode ser<br />
fe ita por métodos cromatográficos ou eletroforéticos.1<br />
·4 . s, os quais requerem um tempo<br />
substancial para a preparação e análises. A técnica<br />
de Espectroscopia no infravermelho próximo, que<br />
compreende a região de 780 a 2500nm vem sendo<br />
amplamente empregada na análise de alimentos<br />
por ser rápida, não destrutiva e sem necessidade<br />
de preparo das amostras. Esta técnica já foi<br />
aplicada em leite para determinação de gordura 6 ,<br />
caseína7, proteína e lactoseR, bem como a<br />
classificação'! de leite e determinação de soro em<br />
leite em pó desnatado 10. A utilização dos espectros<br />
para classificação e quantificação requer o<br />
emprego de ferramentas quimi ométricas, que<br />
basicamente desenvolvem modelos matemáticos<br />
a partir desses sinais instrumentais. Desde o final<br />
da década de 70, a quimiometriall vem aplicando<br />
conhecimentos estatísticos, matemáticos e<br />
computacionais na Química, como o desenvol-<br />
07<br />
A<br />
Amoslras de dl(erenles marcasde leile<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />
vimento de modelos de calibração multivariadal,<br />
que proporciona uma grande melhora na obtenção<br />
da informação quantitativa, aumento de<br />
seletividade e confiabilidade. Entre os diferentes<br />
métodos de regressão linear temos a regressão<br />
linear por mínimos quadrados parciais (PLS)I3. A<br />
fim de otimizar ainda mais esses modelos recorrese<br />
a métodos de seleção de variáveis. No caso<br />
deste trabalho será estudado o siPLS 14 que tem<br />
por princípio a divisão do espectro em intervalos,<br />
indicando em quais deles os RMSECV (raiz do<br />
erro quadrático da validação cruzada) são menores.<br />
A partir disso é possível fazer a sinergia entre 2 a<br />
5 faixas dos intervalos com menores RMSECV,<br />
desenvolvendo-se o modelo PLS com apenas estas<br />
regiões do espectro selecionadas, ou seja com um<br />
menor número de variáveis.<br />
2. MATERIAL E MÉTODOS<br />
Amostras de leite em pó a granel DISCAMP<br />
foram contaminadas artificialmente com soro<br />
de leite em pó, fornecido pela empresa Tangará,<br />
numa faixa de concentração de I a 50%. As<br />
amostras homogeneizadas com auxilio de vortex<br />
foram analisadas no Espectrofotômetro UV-VIS<br />
Cary 5G, em triplicata, na região de 810m a<br />
2400 n m. Os espectros fo ram tratados por<br />
Correção do Espalhamento multiplicativo<br />
(MS C). Para o conjunto de calibração fo ram<br />
empregadas 35 amostras, e para o conjunto de<br />
previsão, 12 amostras.<br />
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES<br />
Para um estudo prévio foram obtidos<br />
espectros de 8 marcas de leite diferentes<br />
g<br />
°O' 9 @A}f2<br />
O<br />
B<br />
Discamp<br />
005 FevfMar05<br />
Ninho ltam<br />
e Sere<br />
Inte I<br />
t'!. ·005<br />
5 ·0 1<br />
·0 15<br />
·0 2<br />
·025<br />
m p<br />
Dez04 \;J)<br />
(@)<br />
HAN I<br />
Mohco e<br />
Seren De::n<br />
ltamtJesn<br />
.o.ÔLJ --.oc ':-2,..L--:!-0---='0 :-' --;:-'0::-2 --;:073 --;:!0'4<br />
CP 1 (5949%)<br />
Figura 1 - A-Espectros das amostras das diferentes marcas de leite B- PCA com a separação e<br />
classificação dos grupos de amostras<br />
Pág. 460<br />
Ç1<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATICíNIOS<br />
A<br />
47 amostras de lo?lle puro e com SOlO<br />
06.---- --- -- - ---,<br />
055<br />
05<br />
045<br />
04<br />
:;; 0 35<br />
Q 03<br />
0.25<br />
1200 1400 1600 1800 2000 2200 2400<br />
Numero de onda (nm)<br />
<br />
006<br />
0.04<br />
0.02<br />
a.<br />
'-,<br />
-O 02<br />
-0.04<br />
· 0 O_tA<br />
o<br />
'j<br />
LeItes<br />
p uros<br />
-0.3 ·0.2<br />
-0.1<br />
CP 1<br />
B<br />
Leites<br />
fraudados<br />
de l a<br />
0.1 02 03<br />
Figura 2 A- Espectros das 47 amostras de leite com soro B- PCA com a separação dos dois grupos<br />
de amostras: intactas e fraudadas.<br />
Tabela 1 - Resultados dos modelos desenvolvidos para quantificação do soro em leite em pó.<br />
PLS SiPLS<br />
Referência Previsto Erro Relativo Erro Relativo<br />
3,99 4,07 1,86 4,36 9,02<br />
11, 99 12,92 7,74 12,89 7,43<br />
18,98** 21,21 11, 72 20, 16 6, 17<br />
21,70** 23,9 1 10, i 8 23,03 6, 12<br />
22,62** 22,83 0,90 22,85 0,99<br />
23,99** 24,84 3,55 25,00 4,2 1<br />
33,85 35,54 4,99 34, 16 0,92<br />
34,77 36,13 3,91 35,52 2, 15<br />
37,82 35,98 -4,87 38,04 0,58<br />
43,39 38,60 -11,02 38,28 -11,76<br />
44,67 42,72 -4,35 41,56 -5,96<br />
44,89 39,55 -1 1,91 39,70 11, 57<br />
Média do erro<br />
relativo<br />
6,60 5,54<br />
Média do erro<br />
relativo da faixa<br />
6,59 4,37<br />
RMSEP 0,72 1 0,690<br />
*VL- Varíaveis latentes / ** Faixa mais usual de fraude (20 a 25%)<br />
(Ninho®, Sereníssima® integral e desnatado,<br />
Itambé® integral e desnatado, Molico®, leite a<br />
granel DISCAMP® e leites infantis NAN I ®,<br />
NAN2®). Na Figura IA apresenta-se os<br />
espectros dos leites e na Figura I B o resultado<br />
da Análise de Componentes Principais, com 4<br />
componentes principais, é possível visualizar<br />
na Figura I B, a separação de algumas marcas<br />
digitalizado por<br />
(por exemplo, tipo NAN I, NAN2) e<br />
agrupamentos como os leites integrais (Ninho,<br />
ltambé, Sereníssima) e leites desnatados<br />
(Molico e Sereníssima desnatado). Também se<br />
observa a formação de dois grupos do leite<br />
DISCAMP, de lotes de meses diferentes, sendo<br />
possível também a identificação de amostras<br />
com possível degradação.<br />
Pág. 461<br />
arvoredoleite.org
Já para a identi ficação das amostras<br />
adulteradas com soro, também se obteve os<br />
espectros (Figura 2A) e realizou-se o PCA, com<br />
3 componentes principais, como mostra a Figura<br />
2B. É possível observar uma clara separação<br />
entre as amostras adulteradas das puras. Vale<br />
ressaltar que a amostra com I % de contaminação<br />
de soro, já é identificada no grupo das adulteradas.<br />
Para o desenvolvimento do modelo PLS<br />
com seleção de variáveis siPLS, o espectro foi<br />
di vidido em 10 intervalos, e as 4 faixas de menor<br />
erro (RMSECV) escolhidas e modeladas em<br />
sinergia foram : 2400-2247 e 1770 - 1615 nm<br />
bandas correspondentes a gordura e proteína do<br />
leite, e 2085-1930 e 1297-1142 nm<br />
correspondente a aminoácidosl5• Lembrando que<br />
ambos os modelos foram desenvolvidos com 4<br />
variáveis latentes. A avaliação do melhor modelo<br />
dar-se-á observando os menores erros relativos,<br />
e os menores valores de RMSEP (raiz quadrada<br />
do erro quadrático de previsão). Os maiores erros<br />
relativos (até 12%) ocorreram principalmente<br />
em amostras com concentrações maiores,<br />
provavelmente por problemas de homogeneização<br />
da mistura de pós. Na faixa de<br />
concentração mais usual para fraude (20 a 25%)<br />
a média do erro relativo foi de 4,37% para o<br />
modelo com siPLS e 6,59 % para o modelo PLS.<br />
De uma maneira geral, os erros relativos e os<br />
RMSEPs de ambos os modelos são semelhantes,<br />
sendo valores um pouco menores para o modelo<br />
siPLS. Realizando o teste F (confiança de 95%),<br />
o valor obtido é de 1,09, abaixo do tabelado<br />
pelo teste F (2,69), ou seja, os modelos não<br />
possuem diferença significativa. Porém, uma<br />
importante informação obtida pela seleção de<br />
variáveis siPLS é a identificação das bandas no<br />
espectro no infravermelho de maior informação<br />
química, contribuindo para a atribuição das<br />
mesmas.<br />
4 · CONCLUSÃO<br />
A avaliação qualitativa das amostras<br />
fraudadas por Espectroscopia no infravermelho<br />
Próximo e Análise de Componentes Principais<br />
é muito eficiente, tanto na classificação das<br />
diferentes marcas de leite como na identificação<br />
das amostras adulteradas com soro, com<br />
concentração de apenas I % de contaminação.<br />
Para quantificação do soro, neste estudo o<br />
emprego de seleção de variáveis apresentou<br />
resultados equivalentes ao modelo desenvolvido<br />
com o espectro inteiro, porém o siPLS é muito<br />
útil na identificação das regiões do espectro com<br />
maior informação química para o modelo bem<br />
Pág. 462<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
como na atribuição das bandas . Pretende-se<br />
desenvolver modelos com menores erros de<br />
previsão com a utilização de um maior número<br />
de amostras assim como com diferentes marcas<br />
de leite.<br />
5 - ABSTRACT<br />
The food authenticity is very important<br />
to make sure health publico In the case of powder<br />
milk, the aim of this paper has been to identify<br />
and quantify adulterated samples by using Near<br />
Infrared spectroscopic due to its speed, non<br />
destructi ve nature and not need sample<br />
pretreatment. It was built chemometrics models<br />
by using PLS with variable selection (siPLS). The<br />
Principal component analysis (PCA) showed the<br />
separation between adulterates samples ones. To<br />
quantification, the either full PLS and siPLS<br />
models average have been presented the same<br />
results, with errors below of 7%.<br />
6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
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investigada, Jornal do Brasil. Disponível em:<br />
http://www2.rio.rj.gov.br. Acessado em 19 de<br />
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K SASIC, S.; OZAKI, Y. Short-wave near-infrared<br />
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ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
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transform infrared determination of whey<br />
powder in nonfat dry milk, .J Dairy Science, 74:<br />
2896-2900, 1991.<br />
+<br />
11 OTTO, M. ChelllOJ/letrics Statistics and<br />
Computer application in Analytical Clzelllistry,<br />
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11 MARTENS, H.; NAES,T. Multivariate<br />
Calibration, John Wiley&Sons, New York, 1989.<br />
1 3 GELADI, P. KOWALSKI, B.R. Partial Least<br />
Squares Regression: a tutorial; AliaI. Chim. Acta<br />
185, 1986.<br />
14 NORGAARD, L.;iToolbox Manual, 2004<br />
1 5 BURNS, D.A.; CIURCZAK, E.W. Handbook<br />
of near-infrared analysis, 2' ed., New York, 499-<br />
533, 2001.<br />
• •<br />
QUEIJOS LlGHT COMERCIALIZADOS NA CIDADE DE SÃO PAULO: AVALIAÇÃO DA<br />
ROTULAGEM NUTRICIONAL COMPLEMENTAR COM ÊNFASE EM COLESTEROL E<br />
GORDURAS TOTAIS<br />
Light cheese commercialized in the city of São Paulo, Brazil: evaluation of<br />
complementary nutritional label emphasizing cholesterol and total fat<br />
RESUMO<br />
Marilda Duarte1<br />
Jacira Hiroko Saruwtari1<br />
Renato Januário de Sousa 1<br />
° consumo de alimentos ligIa vem crescendo muito nos últimos anos. Isto se deve ao fato<br />
de que um maior número de pessoas busca uma vida mais saudável e uma boa forma física.<br />
Dentre estes alimentos incluem-se os queijos liglIt. Devido a importância da proteção à<br />
saúde da população e o conhecimento de identidade dos produtos alimentícios, o presente<br />
trabalho teve como objetivos avaliar a informação nutricional complementar declarada na<br />
rotulagem de queijos ligIa frente às exigências da Portaria n° 27, de 13/0 1/1998 da SVS/<br />
MS, e a compat ibilidade das informações declaradas na rotulagem com os dados<br />
experimentais quanto aos teores de colesterol e gorduras totais. Foram analisadas dez<br />
amostras de diferentes marcas e tipos de queijos light , sendo, cinco Minas frescal, dois<br />
queijo mussarela, um queijo prato, um queijo processado UHT e um queijo padrão. Dos dez<br />
produtos, 70% não atenderam as exigências do regulamento no que se refere ao uso do<br />
apelo light para esta categoria de produto. Comparando-se com os dados experimentais,<br />
foi verificado que os valores declarados na rotulagem estavam em desacordo em 60%<br />
quanto aos teores de colesterol e 40%, em relação as gorduras totais. Os resultados obtidos<br />
Instituto Adolfo Lutz- Av. Dr. Arnaldo, 355 Cerqueira César, São Paulo Brasil - SP CEP 01246-902.<br />
Pág. 463<br />
digitalizado por<br />
arvoredoleite.org
demonstram a necessidade de maior orientação aos produtores, assim como uma fiscalização<br />
mais efetiva dos alimentos em questão, a fim de que sejam veiculadas informações corretas<br />
e precisas para o consumidor.<br />
Palavras-chave: queijo light, rotulagem, gorduras totais, colesterol.<br />
1 " INTRODUÇÃO<br />
A qualidade de um produto alimentício pode<br />
ser comprometida por vários fatores, que vão<br />
desde a matéria prima até a rotulagem deste<br />
alimento. Neste sentido, a legislação brasileira<br />
procura regulamentar os processos de produção,<br />
distribuição e apresentação dos alimentos a fim<br />
de que estes cheguem ao consumidor com<br />
qualidade e com informações corretas e precisas<br />
em suas rotulagens. O Brasil tem evoluído nas<br />
últimas décadas elaborando legislações que têm<br />
contribuído para oferecer à população maior<br />
segurança e melhores informações dos alimentos<br />
a serem consumidos. A definição de rotulagem já<br />
foi prevista no Regulamento da Inspeção<br />
Industrial e Sanitária de Produtos de Origem<br />
Animal (RIlSPOAf, o Decreto-Lei na 986 de 21/<br />
10/69 1 que instituiu as Normas Básicas para<br />
Alimentos também trata do assunto. Outra lei de<br />
igual importância é a Lei na 8.078 de 1l/09/904<br />
que criou o Código de Defesa do Consumidor, na<br />
qual consta que são direitos do consumidor a<br />
informação adequada e clara sobre os diferentes<br />
produtos e serviços, com especificação correta<br />
de quantidade, características, composição,<br />
qualidade e preço, bem como sobre os riscos que<br />
apresentem. O Ministério da Agricultura e<br />
Abastecimento publicou a Portaria n° 37 1 de 041<br />
09/976, que aprovou o Regulamento Técnico para<br />
a Rotulagem de Alimentos Embalados. Nesse<br />
regulamento tornam-se obrigatórias a apresentação<br />
e a denominação de venda do alimento,<br />
a lista de ingredientes, o conteúdo líquido, a<br />
identificação da origem, a identificação do lote,<br />
a data de validade e as instruções sobre o preparo<br />
e uso do alimento (quando apropriado).<br />
Além das informações gerais, o rótulo é<br />
um veículo para fornecer ao consumidor<br />
informações nutrtclOnais que venham a<br />
contribuir na escolha de um produto que atenda<br />
às suas expectativas. O interesse da população<br />
em conhecer as características dos produtos<br />
alimentícios que estão adquirindo vem crescendo<br />
nos últimos anos 1.7. Os consumidores desejam<br />
obter estas informações por diversos motivos,<br />
mas principalmente, para poderem comparar os<br />
alimentos entre si na hora da compra, no que se<br />
refere aos itens qualidade e preço, evitar<br />
Pág. 464<br />
ingredientes cujo consumo deseje reduzir ou<br />
eliminar de sua dieta, por motivos de saúde ou<br />
para manter a boa forma física. A Portaria n° 27<br />
de 13/0 l/98 da Secretaria de Vigilância Sanitária,<br />
do Ministério da SaúdeS contribui neste sentido<br />
estabelecendo a Informação Nutricional<br />
Complementar dos Alimentos, sendo que, esta<br />
declaração é de caráter opcional. A Informação<br />
Nutricional Complementar abrange qualquer<br />
representação que afirme, sugira ou implique que<br />
um alimento possui uma ou mais propriedades<br />
nutricionais particulares relativas ao seu valor<br />
energético, conteúdos de colesterol, gord uras<br />
totais, gorduras saturadas, sódio, proteínas, fibras<br />
alimentares, açúcares, gorduras totais, vitaminas<br />
e minerais. De acordo com esta portaria podem<br />
ser utilizados os seguintes termos: light, !ite, leve,<br />
[ow, baixo, pobre, very [OW, muito baixo, high,<br />
rico, alto teor, alto conteúdo, source, fonte, free,<br />
livre, sem, zero, não contém, isento, sem adição,<br />
reduzido, increased e aumentado, respeitando as<br />
características de cada produto.<br />
O crescente aumento de consumo de queijos<br />
/if{la oferecidos no mercado e a preocupação com<br />
a saúde pública motivaram a execução deste<br />
trabalho, que teve como objetivos avaliar a<br />
informação nutricional complementar quando se<br />
é usado o apelo light, assim como, a veracidade das<br />
informações dos teores de colesterol e gorduras<br />
totais declarados na rotulagem destes produtos<br />
comercializados na cidade de São Paulo-SP.<br />
2 - MATERIAL<br />
Foram adquiridos em supermercados da<br />
cidade de São Paulo - SP dez amostras de queijos<br />
light de nove marcas diferentes. Dos dez<br />
produtos, cinco eram queijo Minas frescal, dois<br />
queijo mussarela, um queijo prato, um processado<br />
UHT e um queijo padrão, sendo que seis estavam<br />
em embalagem original e quatro em embalagem<br />
fracionada.<br />
3 - MÉTODOS<br />
Os rótulos dos queijos foram analisados<br />
tomando por base a Portaria n° 27 de 13/0 1/98<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
da SVS/MS5• As anál ises de gorduras totais e<br />
colesterol foram realizadas em duplicata e<br />
posteriormente foi tirada a média dos resultados.<br />
A determinação de gorduras totais foi<br />
efetuada empregando-se butirometro de Gerber<br />
seguindo a metodologia das Normas Analíticas<br />
do Instituto Adolfo LutzR•<br />
O colesterol foi quantificado utilizando a<br />
técnica de cromatografia líquida de alta eficiência<br />
(CLAE). A metodologia utilizada foi baseada na<br />
descrita por Stewart et al,lo que é por saponificação<br />
direta com hidróxido de potássio sob<br />
agitação e aquecimento, com subseqüente<br />
extração do colesterol com hexano. As condições<br />
cromatográficas foram: coluna C 1 8<br />
(150mmx4,6mmx5,Omm), fase móvel<br />
(acetonitrila:isopropanol 70:30), isocrático,<br />
fl uxo I mLlminutó, detector ultravioleta a<br />
210nm.<br />
4 " RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Os resultados obtidos da avaliação da<br />
Rotulagem Nutricional Complementar declarada<br />
na rotulagem dos queijos analisados tomando por<br />
base a Portaria na 27/98 SVS/MS estão<br />
apresentados na Tabela 1. Os resultados da<br />
Tabrla 1. Avaliação da Rotulagem Nutricional Complementar<br />
comparação dos teores de gorduras totai s e<br />
colesterol declarados na rotulagem com os<br />
obtidos experimentalmente estão apresentados<br />
na Tabela 2. Foram consideradas satisfatórias as<br />
amostras que obtiveram resultados experimentais<br />
de gorduras totais e colesterol uma variabilidade<br />
de até 20% quando comparados com os valores<br />
apresentados nas suas rotulagens.<br />
Analisando as Tabelas I e 2 foi verificado<br />
que 80% dos rótulos apresentam algum tipo de<br />
irregularidade. Dos queijos analisados quanto aos<br />
teores de gorduras totais 40% estavam em<br />
desacordo com os valores declarados na<br />
rotulagem comparando-se com os dados<br />
experimentais. Com relação aos teores de<br />
colesterol 60% dos queijos estavam em desacordo<br />
com a rotulagem quando comparados com os<br />
valores encontrados analiticamente.<br />
Foi verificado que nos quatro produtos<br />
adquiridos em embalagem fracionada, não<br />
constavam valores comparativos de light e<br />
convencional, assim como, o tipo de apelo de<br />
suas propriedades nutricionais particulares. Dos<br />
seis produtos que foram obtidos em embalagens<br />
originais, três não continham em suas rotulagens<br />
nenhuma indicação de qual componente tinha<br />
LigIa Marca Porpl0 Calorias Gordums Totais Gorduras Saturadas Colcstl'fol Apelo<br />
___ .C'oJlvencig<br />
Queijo Minas Frescal A<br />
(..!ucijo Minas Frescal A 80 20<br />
Queijo Minas Frescal B 30g 50 38 3.5 30 2,5 17 15 25 35% menos caloria,<br />
Queijo Minas Frescal B 80 5 20 30% menos gorduras<br />
Queijo Minas Frescal C 30g 40 50 3,5 30 2.5 17 75<br />
Queijo Minas Frescal C 80 3 20<br />
Queijo Minas Frescal D 30g 40 50 80 78 25 50% menos calOJias<br />
Queijo Minas Frescal D 80 4 25<br />
Queijo Minas Frescal E 30g 55 31 40 33 12 52<br />
Queijo Minas Frescal E 80 25<br />
Queijo Pocessado UIIT F 20g 40 33 56 67 50 55% menos gorduras<br />
Queijo Poccssado UHT F 60 4,5 10 33% menos calorias<br />
Queijo Mussarela D 30g 80 4,5 4,5 30<br />
n.c,<br />
Queijo Mussarela G 30g 80 15<br />
n.c,<br />
Queijo Prato G 30g 80 15<br />
n.c,<br />
Queijo Padrão H 30g 110 30<br />
O De acordo com a Portaria n' 27/98 SVS/MS D Em desacordo com a Portaria n' 27/98 SVS,lS<br />
digitalizado por<br />
Pág, 465<br />
arvoredoleite.org
-r-------------------------------------.... P----------------<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Tabela 2. Comparação dos Teores de Gorduras Totais e Colesterol Declarados na Rotulagem com os Obtidos<br />
Experimentahnente<br />
Amostra<br />
Queijo lvfinas Fresca!<br />
Queijo Minas Fresca!<br />
Queijo Minas Fresca!<br />
Queijo Minas Fresca!<br />
Queijo Minas Fresca!<br />
Queijo Processado U1IT<br />
Queijo Mussarela<br />
Queijo Mussarela<br />
Queijo Prato<br />
T.D. - Teor Dec1arado<br />
Marca Porção<br />
A 30g<br />
B 30g<br />
C 30g<br />
D 30g<br />
E 30g<br />
F 20g<br />
D 30g<br />
G 30g<br />
G 30g<br />
D De acordo com a rotulagem D Em desacordo com a rotulagem<br />
sido reduzido. A marca D apresentou em seu<br />
rótulo o mesmo teor de colesterol, tanto para o<br />
convencional como para o light, apesar de ter<br />
declarado uma redução no teor de gorduras totais.<br />
5 - CONCLUSÃO<br />
Os resultados obtidos demonstraram a<br />
necessidade de maior orientação aos produtores<br />
e distribuidores de queijos light, assim como uma<br />
fi scalização mais efetiva dos alimentos em<br />
questão, a fi m de que sej am veiculadas<br />
informações corretas e precisas para que o<br />
consumidor obtenha produtos que atendam suas<br />
expectativas.<br />
6 - ABSTRACT<br />
Light food consumption has been<br />
increasing in the past years. lt occurs due to the<br />
fact that a greater number of people have sought<br />
a healthier lifestyle and a better body shape.<br />
Among this food, it is included light cheese.<br />
Because of the importance of the population's<br />
health protection and identity awareness of food<br />
products, the present study aimed at evaluating<br />
the complementary nutritional information<br />
printed on the label of light cheese according to<br />
the requirements of Rule na 27 from January<br />
131h, 1998 of SVS/Ministério da Saúde (Health<br />
Department) and its compatibility with<br />
experimental data regarding the leveis of<br />
cholesterol and total fat. Ten samples of<br />
different brands and kinds of light cheese were<br />
analyzed, considering that 5 were "Minas<br />
Frescal" cheese; 2 were mozzarella cheese; one,<br />
Pág. 466<br />
"prato" cheese; one, ultra-pasteurized processed<br />
cheese; and one, standard cheese. Out of the ten<br />
cheeses, 70% did not meet the requirements<br />
established by the rule regarding the use of the<br />
word light for this product category. When<br />
comparing the experimental data, it was<br />
observed that the values printed on the labels<br />
were not matching with it in 60% of the cases<br />
with regard to cholesterol leveis and in 40% in<br />
relation to total fat leveis. The results show the<br />
need for better guidance to producers, as well as,<br />
more effective inspection of this product so that<br />
more precise and accurate information will be<br />
given to consumers .<br />
Key words: light cheese, label, total fat,<br />
cholesterol.<br />
7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
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de 1969. Ministério da Marinha de Guerra<br />
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Aeronáutica Militar. Institui normas básicas<br />
sobre alimentos. Diário Oficial da União,<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
Brasília, n. 202, 1969. Seção I, p. 8935.<br />
4. BRASIL. Lei n. 8.078, de II de setembro de<br />
1990. (Código de Defesa do Consumidor).<br />
Congresso Nacional. Dispõe sobre a Proteção<br />
do Consumidor e dá outras Providências. Diário<br />
Oficial da União, Brasília, n. 176, 12 set. 1990.<br />
Seção I, supl.<br />
5. BRASIL. Portaria n. 27, de 13 de janeiro de<br />
1998. Secretaria de Vigilância Sanitária. Aprova o<br />
Regulamento Técnico referente à Informação<br />
Nutricional Complementar (declarações relacionadas<br />
ao conteúdo de nutrientes), constantes do anexo<br />
desta Portaria. Diário Oficial da União, Brasília, n.<br />
li-E, 16 jan. 1998. Seção I-E, p. O l-E.<br />
6. BRASIL. Portaria n° 37 1, de 04 de setembro<br />
de 1997. Ministério da Agricultura e do<br />
Abastecimento. Aprova o Regulamento Técnico<br />
para Rotulagem de Alimentos Embalados. Diário<br />
Oficial da União, Brasília, 06 de set. de 1997.<br />
• • • •<br />
7. FREITAS, J.F.; DAMASCENO K.S.F.S.CH.;<br />
CALADO L.C. - Rotulagem de Alimentos<br />
Lácteos : A Percepção do Consumidor - Revista<br />
Higiene Alimentar. São Paulo, v. 18, n. 125, p.<br />
17-21, ouL 2004.<br />
8. INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas<br />
Analíticas do Instituto Adolfo Lutz. v. 1:<br />
Métodos químicos e físicos para análise de<br />
alimentos, 3. ed. São Paulo: IMESP, 1985. p.<br />
233-234.<br />
9. PIVARO, J. Receita Saudável para as Empresas<br />
_ Produtos Diet e Light - Revista -Indústria de<br />
Laticínios- São Paulo, n. 56, p. 12-17, mar/<br />
abro 2005.<br />
10. STEWART,G.; GOSSELIN C. & PANDIAN<br />
S. Selected ion monitoring of tertbutyldimethylsilyl<br />
cholesterol esthers for<br />
determination of total cholesterol content in<br />
foods. Food Chemistry, V. 44, p. 377-380, 1992.<br />
• • • •<br />
STATlAT: UM SOFTWARE GERENCIADOR DE CONCURSOS DE PRODUTOS lÁCTEOS<br />
1 - INTRODUÇÃO<br />
Os concursos de prodtltos lácteos são uma<br />
forma difundida e eficiente de elevar a qualidade<br />
dos produtos, promover a divulgação de<br />
tecnologias e marcas e fornecer um retrato do<br />
setor de leite e seus derivados em uma região.<br />
A partir de bons resultados em um concurso<br />
de produtos lácteos, uma empresa pode entrar<br />
no mercado, se consolidar perante seus clientes<br />
ou ainda assumir a liderança em vendas de um<br />
determinado produto.<br />
Por exemplo, o concurso de Produtos<br />
Lácteos do Instituto de Laticínios Cândido Tostes<br />
acontece tradicionalmente todo ano durante o<br />
Statlat: a manager for dairy concourses<br />
Eric Batista Ferreira'<br />
Deive Ciro de Oliveira2<br />
Congresso Nacional de Laticínios, realizado na<br />
terceira semana de julho na cidade de Juiz de Fora<br />
_ MG. Respeitado na região e em todo o Brasil, o<br />
concurso recebe inscrições de diversas empresas<br />
nas categorias queijo Minas Padrão, queijo Prato,<br />
queijo Gorgonzola, requeijão, doce de leite e muitos<br />
outros. Para julgá-los, são convidados especialistas<br />
em laticínios de diversas partes do país.<br />
A motivação para a realização deste<br />
trabalho se deu com a necessidade de uma<br />
interface que agilizasse o processo de contagem<br />
dos votos, sem perder, contudo, a segurança, o<br />
sigilo e a credibilidade.<br />
Tec. Laticínios, Eng. Agrônomo, mestrando em Estatística Exp. Agropecuária - UFLA. ericbferreira@nestacpe.net<br />
2 Bacharel em Ciência da Computação, mestrando em Estatística Exp. Agropecuária UFLA. Capes.<br />
digitalizado por<br />
arvoredoleite.org<br />
Pág. 467
2 - DESENVOLVIMENTO<br />
Foi desenvo lvido um software em<br />
linguagem de programação Delphi (Borland,<br />
2004) que permite grande flexibilidade e<br />
praticidade de programação e possui interfaces<br />
amigáveis para deleite do usuário.<br />
O programa StatLat (Sistema Estatístico de<br />
Gerência de Concursos de Produtos Lácteos)<br />
permite a realização de operações básicas como o<br />
estabelecimento de concursos com vários juízes,<br />
que avaliam produtos lácteos de diversos<br />
concorrentes ao longo de atributos sensoriais. Para<br />
esses atributos podem ser dados pesos diferentes,<br />
de acordo com o desejo da comissão organizadora.<br />
Se assim desejar, cada juiz tem a oportunidade de<br />
digitar sua própria matriz (atributos x concorrentes)<br />
de notas sendo criada, após o pedido de<br />
processamento feito pelo Administrador do<br />
concurso, uma tabela de classificação dos<br />
concorrentes em ordem decrescente (do primeiro<br />
lugar ao último colocado).<br />
3 - RESULTADOS<br />
O programa é composto basicamente de<br />
três interfaces: duas interfaces para os juízes e a<br />
interface do Administrador. Através da interface<br />
do Administrador as informações mais sigilosas<br />
podem ser obtidas e todas as configurações<br />
necessárias podem ser feitas (como peso de cada<br />
atributo, número de juízes, produtos, processamento<br />
dos dados etc).<br />
Na Figura I pode-se observar a primeira<br />
interface do juiz. Nela o juiz pode selecionar o produto<br />
a ser julgado, selecionar seu nome, colocar um nome<br />
de acesso (login) e uma senha pessoal do juiz.<br />
Produto<br />
Idoce de leIte<br />
Jurado<br />
IEf
aerobicamente em queijo ultrafiltrado (SUF), a 30°C<br />
com agitação orbital de 150 rprn/l0-16h. Foi usado<br />
como inócul0 uma pré-cultura em fase exponencial<br />
cultivada no mesmo meio. A massa de células em<br />
suspensão foi determinada através de leitura de<br />
densidade ótica (DO), utilizando-se espectrofotômetro<br />
(Pharmacia, modelo Novaspec II ) e<br />
comprimento de onda de 600 nm.<br />
2.2. Soro de queijo ultrafiltrado<br />
O soro teve suas proteínas precipitadas<br />
pelo calor e separadas por filtração. Ao filtrado<br />
foi adicionado 4% de citrato de sódio e o soro<br />
finalmente foi autoclavado por 8 min a 121°C.<br />
2.3. Determinação da atividade enzimática<br />
As medidas de atividade de b-galactosidase<br />
acompanharam o crescimento da cultura.<br />
Alíquotas de 1 mL do meio de cultura da levedura<br />
foram centrifugadas (8000 rpm/5min). O sobrenadante<br />
foi descartado e 0,9 mL de tampão<br />
fosfato foi adicionado ao precipitado.<br />
Ressuspenso o precipitado, foram retirados 0,5<br />
mL, os quais foram adicionados 0,5mL de solução<br />
etano] 50% para a permeabilização da membrana<br />
da levedura. A um volume de O, lmL da solução<br />
permeabilizada adicionou-se 0,4 mL de ONPG<br />
(4mg/mL). Após 10min, a reação foi paralisada<br />
com ImL de Na,CO] (0,5M). A concentração de<br />
ONP foi analisãda "espectrofotometricamente,<br />
convertendo absorbância a 420 nm em moi de<br />
ONPG hidrolizado/min/mg cél.<br />
2.4. Biorreator<br />
Foi usado um biorreator do tipo "batelada<br />
alimentada", à temperatura ambiente, onde o<br />
'"<br />
o<br />
o<br />
o<br />
o<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
o<br />
10 20<br />
o<br />
meio de cultura ficou sobre agitação constante.<br />
A alimentação foi realizada através de<br />
bomba peristáltica onde foram testados vários<br />
fluxos (0,3 a 1,0 mL/min).<br />
3. RESULTADOS<br />
Avaliando-se a concentração de células de<br />
cultura de K. Lactis em SUF, sob regime de<br />
"batelada alimentada", com fluxo de alimentação<br />
variando de O a 1,0 mL/min, observou-se que<br />
para fluxos maiores que 0,5 mL/min houve queda<br />
na concentração celular, medida através de<br />
densidade ótica a 600 nm, provavelmente devido<br />
ao alto grau de diluição empregado.<br />
As condições que permitiram concentração<br />
celular constante, com 00600 variando de 3,0 a<br />
4,0 (Figura I), e próxima ao valor de maior<br />
atividade enzimática foram os fluxos de 0,3 e<br />
0,4 mL/min.<br />
A atividade enzimática relativa, para ambos<br />
os fluxos avaliados, permaneceu constante, na<br />
faixa de 0,24 a 0,32 lmol ONP.min"l.mgcél·1<br />
(Figura 2).<br />
4 - CONCLUSÕES<br />
Para manter o processo na fase mais<br />
produtiva em termos de atividade de -galactosidase,<br />
sugere-se um fluxo de alimentação que<br />
mantenha a 0.0 '600 entre 3,0 e 3,5, para as<br />
condições de temperatura ambiente, SUF como<br />
meio de cultura e regime de "batelada alimentada",<br />
com isso obtém-se uma máxima atividade<br />
enzimática relativa por um maior tempo,<br />
otimizando o processo de obtenção de lactose<br />
hidrolisada. Nas condições avaliadas, os fluxos que<br />
melhor se adequaram foram de 0,3 e 0,4 mL/min.<br />
I <br />
30<br />
Tempo (H oras)<br />
Fluxo 0,3 mL/m in<br />
Fluxo 0,4 mL/m in<br />
40 50<br />
Figura 1 - Concentração de células de K. lactis cultivadas em SUF, sob regime de "batelada alimentada".<br />
Pág, 470<br />
I<br />
ANAIS DO XXII CONGRESSO NACIONAL DE LATiCíNIOS<br />
0,3 o<br />
o<br />
0,2<br />
0,1<br />
o<br />
o .. "<br />
.. Q<br />
o<br />
r .. Fluxo O,3mllm in<br />
o Fluxo O,4mllm in I<br />
0,0 -l---,r----,---..,.---,---,--==::;==::::;;::==<br />
10 15 20 25 30 35<br />
Tempo (Horas)<br />
40 45 50<br />
Figura 2 - Atividade enzimática relativa para células de K. laeris cultivadas em SUF, sob regime de<br />
"batelada alimentada"<br />
5 - ABSTRACT<br />
Klllyveromyees laeris has been explored in<br />
the industrial production of b-Galactosidase,<br />
presenting a good growth in cheese whey, a waste<br />
of the dairy industry. Previous studies<br />
demonstrated that the relative activity of b<br />
Galactosidase hold a maximum in the end of the<br />
phase log of the growth of K. laetis. This work<br />
had as objective the determination of the<br />
necessary parameters for the maintenance of the<br />
cells of K. laetis in this phase, using biorreator<br />
type "feed batch". Thc cells were cultivated<br />
aerobic conditions in ultrafiltred cheese whey, to<br />
the ambient temperature under constant<br />
agitation. The mass of cells in suspension was<br />
measured by the absorbance to 600 nm. The<br />
enzymatic activity was accompanied by the<br />
conversion of ONPG in ONP. The concentration<br />
of ONP was analyzed through absorbance to<br />
420nm. For the obtained results, it was observed<br />
that the conditions that allowed most relative<br />
activity of b-Galactosidase were population of<br />
00(>00=3,5-4,0, obtained with the flow of 0,3-<br />
O,4mL/min.<br />
Palavras-chave: p-G alactos id ase,<br />
Kluyveromyees laetis. whey.<br />
• •<br />
digitalizado por<br />
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />
BONEKAMP, F.J.; OOSTEROM, J. On safety<br />
of Klyverolllyees laetis - a review. AppI.<br />
MicrobioI. Biotechnol., v.4l, p. 1-3, 1994.<br />
KULIKOVA, A K., GOMARTELI, M. M.,<br />
TSERETELI, A K., BEZBOOOROV, A.M.,<br />
KVESITADZE, G. l., BILAI, T. I. b-galactosidase<br />
of lower eucaryotes (fungi and yeasts)(review ).<br />
Prikladnaya Biokhimiya i Mikrobiology, v.<br />
25, n. 6, p. 734-746, 1989.<br />
RICHMOND, M. L.; GRAY, J.I.; STINE, C.M.<br />
Beta-galactosidase: Review of research related<br />
to technological application, nutircional<br />
concers, and immobilization. Journal of Dairy<br />
Science, Baltimore, v.64, p.1759- 1771,1981.<br />
SANTIAGO, P. A. Contribuição ao estudo da<br />
produção de b-galctosidase por fermentação<br />
de soro de queijo com Kluy veromyces<br />
marxiallus . Uberlândia, 2004. Dissertação<br />
(Mestre em Engenharia Química), Faculdade de<br />
Engenharia Química, Universidade Federal de<br />
UberIândia (UFU).<br />
SISO, M.LG.; CERDÁN, E.; PICOS, M.A.F. et aI.,<br />
Permeabilization of Klyveromyees laetis cells for<br />
milk whey sacharification: A comparison of<br />
diferent treatments. Biotechnology Techniques,<br />
Londres, v.6, n.4, p.289-292, 1992.<br />
• • • •<br />
Pág. 471<br />
arvoredoleite.org
l<br />
Pág. 472<br />
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Pág. 476<br />
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