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Artigo Completo

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Desenvolvimento geométrico de elementos vazados com base em padrões indígenas<br />

2.2. Pintura Corporal<br />

Foram realizados estudos que relacionam a imitação do desenho do couro de animais, na<br />

pintura do corpo, às atividades de caça. Estes estudos mostram que a representação de animais é<br />

um aspecto importante, senão decisivo, na pintura corporal dos aborígenes da América do Sul.<br />

Segundo Ribeiro (1987), algumas instâncias indicam que não se trata propriamente da<br />

representação da caça, e sim da identificação com o “senhor dos bichos” ou com o espírito<br />

auxiliar do caçador, que assume, geralmente, a forma de cobra ou de onça. No caso da pintura<br />

Kayapó, nota-se que o motivo peixe está relacionado à lenda da transformação, em tempos<br />

míticos, de homens em animais.<br />

2.3. Signo, ícone e significado na arte indígena<br />

“O símbolo é usado como meio de comunicação e principalmente o homem primitivo o<br />

usa constantemente, pois inegavelmente, é o símbolo a melhor linguagem para comunicar o que<br />

racionalmente é incomunicável”. (Yolanda Lhullier dos Santos apud Ribeiro, 1987).<br />

Desde muito cedo, os antropólogos que estudaram a arte indígena procuraram inferir o<br />

significado semântico de padrões ornamentais qualificados à primeira vista, como geométricos ou<br />

abstratos. Na verdade, a representação estilizada, principalmente no caso da cestaria, reproduz<br />

metonimicamente os elementos definidores do motivo que se deseja retratar.<br />

A forma do peixe é insinuada por seu contorno losangular; a da cobra, por sua<br />

sinuosidade ziguezagueante; a do quelônio pelas manchas quadriculares do seu casco; ao passo<br />

que a onça é representada pelas manchas do couro.<br />

Segundo Ribeiro (1987), embora aparentemente geométricos ou abstratos, os grafismos<br />

são na verdade ‘figurativos’, na medida em que caracterizam um objeto por um traço básico<br />

definidor da forma e portanto, classificados como desenhos semânticos, contendo um motivo<br />

central e elementos acessórios ou apêndices.<br />

Através do levantamento bibliográfico, pode-se enquadrar a representação indígena em<br />

dois grandes grupos.<br />

O primeiro seria uma linguagem visual para identificar-se uma ordem social. Ou seja,<br />

para caracterizar o sexo do individuo, sua idade, condição social ou a tribo a qual pertence. Os<br />

motivos também podem ser diferentes de acordo com a ocasião em que são utilizados, se é uma<br />

cerimônia religiosa, casamento, funeral, comemorações, realização de um ritual, uma caça, etc.<br />

Não tendo o dever de significar algo, e sim simbolizar. Há grupos indígenas em que se predomina<br />

na arte corporal, a manifestação de ordem social como os Kayapó-Xikrin, tribo localizada no Sul<br />

do Pará e também no Mato Grosso, com população de aproximadamente 5900 pessoas.<br />

Já o segundo grupo englobaria a arte gráfica que está vinculada a um sistema de<br />

significação, cujo conteúdo se encontra, no domínio da natureza, na cosmologia, na mitologia, e<br />

em experiências alucinógenas. Os mitos tribais influenciam fortemente na sua arte.<br />

A natureza é largamente representada na arte indígena, variando de acordo com a<br />

localização das tribos e sua forma de alimentação.<br />

Observa-se um predomínio da representação animal em detrimento dos elementos da<br />

flora. Há diversas teorias sobre esta questão, segundo Berta Ribeiro uma possível explicação<br />

seria o fato de a coleta de frutos e atividades horticultoras, como o plantio e a colheita, serem<br />

atividades tipicamente femininas, assim como a atividade artística.<br />

Estas teorias provêm de estudos de campo em tribos indígenas, realizadas por<br />

pesquisadores da área, nos quais os próprios índios explicam os significados de sua arte. Contudo<br />

9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design

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