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Artigo Completo

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Desenvolvimento geométrico de elementos vazados com base em padrões indígenas<br />

cada tribo possui sua particularidade e estes aspectos não podem ser generalizados para todo o<br />

universo indígena.<br />

Os desenhos simbólicos de um grupo indígena são representações iconográficas,<br />

profundamente enraizadas nas suas vivências e na sua mitologia e, em virtude disso, emblemas<br />

de identidade étnica.<br />

3. Criação de COBOGÓS através de Grafismos Indígenas<br />

Tendo por objetivo aprender os procedimentos necessários para realizar a prototipagem<br />

rápida de elementos vazados, como cobogós, foram realizados os seguintes passos:<br />

1 – Escolha de um motivo geométrico: A partir da pesquisa realizada escolheu-se um<br />

desenho com grau de significância expressivo. Este desenho (Figura 5) é denominado kaikui<br />

apoeká e pertence ao plano de representação mitológico. O motivo foi extraído da iconografia<br />

Wayana, população indígena que habita o norte do Estado do Pará e Amapá, no curso superior do<br />

Rio Tapajós, em uma área de 3,8 milhões de hectares e com população de 317 habitantes,<br />

segundo dados da FUNAI.<br />

<br />

Figura 5: Desenho decorativo, Tribo Indígena Wayana, Pará (RIBEIRO, 1989)<br />

Este desenho provém do seguinte mito: Conta-se que havia um tempo em que os Wayana<br />

não se pintavam. Um dia, uma jovem ao se banhar, viu boiando na água vários frutos de<br />

jenipapo, e ela automaticamente pensou em se pintar. Nesta mesma noite, um rapaz a procurou na<br />

aldeia e eles tornaram-se amantes encontrando-se frequentemente, contudo, ao alvorecer o rapaz<br />

sempre ia embora. Uma noite, o pai da moça ordenou que ele ficasse, quando clareou,<br />

perceberam que seu corpo era inteiramente decorado com meandros negros. Como todos o<br />

acharam belo, o jovem os ensinou a arte e os pintou. Um dia o jenipapo terminou, e o casal foi à<br />

sua procura. Próximo ao jenipapeiro, o rapaz pediu que a moça o aguardasse enquanto colhia os<br />

frutos, ela contudo não obedeceu e foi vê-lo subir na árvore. O que viu, não foi seu amante, e sim<br />

uma imensa lagarta, toda pintada com os mesmos motivos. Enfurecida, pediu-lhe para não a<br />

procurar mais, arrecadou os jenipapos e voltou sozinha para a aldeia.<br />

Este mito marca o início da pintura corporal Wayana. O motivo acima está incluso no<br />

repertório tupelerê imirikut, que inclui seres antropomórficos, e neste caso significa “jaguar<br />

bicéfalo”.<br />

2 – Desenho e análise estética do motivo gráfico: Escolhido o desenho, sua unidade<br />

modular foi desenhada no software AutoCAD e depois trabalhada com o uso de operações de<br />

espelhamento e repetição, com o objetivo de gerar uma superfície de parede (WONG, 1989),<br />

como ilustra a Figura 6.<br />

9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design

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