08.08.2013 Views

Habilitações escolares e percursos de pobreza nos bairros ...

Habilitações escolares e percursos de pobreza nos bairros ...

Habilitações escolares e percursos de pobreza nos bairros ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

conta das dinâmicas societais que produzem a <strong>pobreza</strong> e que enquadram os modos<br />

como é vivida.» 99<br />

Apesar das críticas que o conceito <strong>de</strong> cultura da <strong>pobreza</strong> suscita, ele permitiu<br />

chamar a atenção para dimensões negligenciadas, tanto pelas abordagens em termos<br />

<strong>de</strong> privação como pelas abordagens em termos <strong>de</strong> exclusão pela ruptura dos laços<br />

sociais.»100 A tradição da cultura da <strong>pobreza</strong> contribuiu, assim, para a compreensão dos<br />

((fenóme<strong>nos</strong> específicos <strong>de</strong> inscrição espacial da <strong>pobreza</strong> em zonas particulares» e para<br />

a pesquisa das respostas <strong>de</strong>senvolvidas pelo pobre a sua situação através <strong>de</strong> ({formas<br />

<strong>de</strong> cultura adaptativa e reactiva~'~'.<br />

3.3.5 "A nova questão socialn (Pierre Rosanvallon e Robert Castel)<br />

A expressão "a nova questão socialn não <strong>de</strong>signa um conceito. Estamos perante<br />

um termo que é, frequentemente, utilizado pelos autores no âmbito da questão da<br />

exclusão social para <strong>de</strong>signar que essa realida<strong>de</strong> assumiu uma proporção e<br />

características tais que justificam que encontre priorida<strong>de</strong> <strong>nos</strong> vários discursos. O termo<br />

surgiu associado a questão da exclusão social <strong>nos</strong> trabalhos <strong>de</strong> Pierre Rosanvallon e<br />

Robert Castel (publicados no mesmo ano)'02.<br />

98<br />

V., entre outros, Strobel (1996), Pierre, pp. 209 e 210.<br />

99<br />

Capucha (1992), Luís, p. 14.<br />

100<br />

Strobel (1996), Pierre, p. 210.<br />

101<br />

Ibi<strong>de</strong>m. Neste sentido vai, por exemplo, Gruel (1985), Louis, p. 432, quando «se propõe mostrar como os<br />

pobres proce<strong>de</strong>m para preservar, ou restaurar, a sua legitimida<strong>de</strong> cultural, para garantir a sua inclusão<br />

social (...) [através] do estudo comparativo <strong>de</strong> sete situações <strong>de</strong> <strong>de</strong>squalificação resi<strong>de</strong>ncialn. Rodrigues<br />

(2000), Eduardo Vitor, p. 182, recorre ao conceito <strong>de</strong> cultura da <strong>pobreza</strong> quando afirma: « Como refere J.<br />

Wilson, "o risco <strong>de</strong> marginalização é individual, sem duvida, mas é também colectivo. (...)." Neste contexto,<br />

propiciam-se as condições para o surgimento <strong>de</strong> contraculturas ou <strong>de</strong> culturas <strong>de</strong>sviantes (Oscar Lewis)».<br />

Fernan<strong>de</strong>s (1991), Ant6nio Teixeira, p. 59, cita Louis Wirth (1970) para afirmar que a (marginalização<br />

converte-se facilmente em sistema cultural, quando se cria um inevitável sistema preferencial <strong>de</strong> relações<br />

sociais e se opera a adaptação as precárias condições <strong>de</strong> vida e a sua perpetuação, apoiada na socialização<br />

exercida pelas famílias e pdos padrões <strong>de</strong> conduta da comunida<strong>de</strong> local.» Estas publicações <strong>de</strong>dicam-se a<br />

exci usáo social.<br />

102<br />

Fassin (1996), Didier, p. 45 «Trata-se das obras (...) La nouvek questíon sociale. Repenser I'Etatprovi<strong>de</strong>nce<br />

e (...) Les métamorphoses <strong>de</strong> Ia question sociale. Une chronique du salariat - do qual o último<br />

capítulo tem por título: "a nova questão social" - que apareceram com apenas algumas semanas <strong>de</strong><br />

intervalo.» Recorrendo a esta expressão encontramos, por exemplo, Paugam, Serge, in Aa. vv. (1996), pp.<br />

7-8, quando afirma: «Cada período <strong>de</strong> mutações está marcado pdo nascimento e pela difusão <strong>de</strong> um<br />

paradigma societal. Po<strong>de</strong>remos, assim, comparar, apesar das suas diferenças manifestas, a noção <strong>de</strong><br />

exdusão <strong>de</strong> hoje à noção <strong>de</strong> pauperismo que marcou o século XIX. Ambas, a sua maneira, colocam a "nova<br />

questão social". Basta reler as obras <strong>de</strong> Tocqueville (1835), (...) <strong>de</strong> Engeis (1845) e outros para constatar<br />

como o pauperismo, tal como hoje a exclusão, suscitou pesquisas e provocou tanto a indignação, como a<br />

inquietu<strong>de</strong> dos observadores da época». Zachariasen (1997), Catherine, p. 98, recorre ao termo: «E hoje no<br />

terreno da cida<strong>de</strong> que o Estado é obrigado a intervir para tentar reduzir as tensões locais nascidas da<br />

reorganização do aparelho <strong>de</strong> produção. 'A nova questão urbanan exprime (...) "a <strong>de</strong>slocação da questão<br />

social", que é hoje prioritariamente a da exdusão.~ Tradução livre. Todas estas publicações são <strong>de</strong>dicadas a

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!