Habilitações escolares e percursos de pobreza nos bairros ...
Habilitações escolares e percursos de pobreza nos bairros ...
Habilitações escolares e percursos de pobreza nos bairros ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
quando organiza a pesquisa em função da relação entre o indivíduo ou o grupo familiar<br />
com o contexto da socieda<strong>de</strong>, e a "culturalista", quando inci<strong>de</strong> a análise na resposta<br />
<strong>de</strong>stes as oportunida<strong>de</strong>s que encontram na socieda<strong>de</strong>. Através da i<strong>de</strong>ia da cultura da<br />
<strong>pobreza</strong>, o autor analisa «a acção quotidiana e a forma como esta se reproduz e<br />
instituci~naliza»'~~.<br />
Com efeito, a tipologia dos modos <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>finir-se-á, segundo o autor, a partir<br />
da conjugação das teorias da economia e da antropologia e inscreve-se «num<br />
movimento vasto na teoria sociológica ten<strong>de</strong>nte a ultrapassar velhos dualismos entre<br />
socieda<strong>de</strong> e indivíduo, estrutura e acção, instituição e prática quotidiana, ou entre macro<br />
e micro metodologias»; segundo o autor, «a tradição sócio-económica coloca-se numa<br />
perspectiva correspon<strong>de</strong>nte, grosseiramente, aos primeiros pólos dos referidos<br />
dualismos, enquanto a tradição culturalista se inscreve na segunda»'25.<br />
Esta nova tipologia é construída a partir <strong>de</strong> uma primeira caracterização da<br />
<strong>pobreza</strong>. Recorre-se, aí, aos indicadores habituais que <strong>de</strong>monstram as condições <strong>de</strong><br />
vida das categorias mais vulneráveis a <strong>pobreza</strong> em termos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, educação,<br />
habitação, etc. Após esta primeira caracterização dos grupos pobres, o autor cria uma<br />
outra, baseada <strong>nos</strong> modos <strong>de</strong> vida. Desta forma, são i<strong>de</strong>ntificados sete modos <strong>de</strong> vida a<br />
partir do seguinte «conjunto <strong>de</strong> variáveis»:<br />
As categorias e grupos sociais, a localização no espaço quanto a<br />
visibilida<strong>de</strong>/invisibilida<strong>de</strong> dos pobres e quanto a<br />
continuida<strong>de</strong>/<strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> entre a <strong>pobreza</strong> e o meio envolvente, o tipo<br />
<strong>de</strong> bens <strong>de</strong> consumo predominantes e os modos <strong>de</strong> consumo, as<br />
representações sobre a socieda<strong>de</strong> e a posição social, as estratégias <strong>de</strong><br />
vida e, finalmente, a relação com o passado, o presente e o futurotz6.<br />
A partir da análise <strong>de</strong>stas variáveis, o autor conclui pela seguinte tipologia dos<br />
modos <strong>de</strong> vida associados a <strong>pobreza</strong>: a <strong>de</strong>stituição, a restrição, a dupla referência, a<br />
poupança, a convivialida<strong>de</strong>, o investimento na mobilida<strong>de</strong> e a transitorieda<strong>de</strong>t2'.<br />
A abordagem dos modos <strong>de</strong> vida reconhece, assim, a valida<strong>de</strong> do conceito <strong>de</strong><br />
<strong>pobreza</strong> relativa, na medida em que a "tradição socio-económican a que se refere<br />
consiste, sobretudo, <strong>nos</strong> dois trabalhos conjuntos <strong>de</strong> Manuela Silva e Bruto da costatz8 e<br />
admite a sua valida<strong>de</strong> para uma primeira caracterização da <strong>pobreza</strong>. Por outro lado, a<br />
123<br />
124<br />
125<br />
126<br />
127<br />
-<br />
Capucha, Luís, m Aa. Vv. (1999), p. 28.<br />
Capucha, Luís, in Aa. Vv. (1999), p. 29.<br />
Capucha (1992), Luís, p. 22.<br />
Aimeida et al(1994), João Ferreira <strong>de</strong>.<br />
Aimeida et al (1994), João Ferreira <strong>de</strong>.