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eu com a sociedade. Essas interações se baseiam ainda nos espaços binários entre interior e o exterior,<br />
entre o mundo pessoal e o mundo público (HALL, 2005). Consequentemente, as implicações das<br />
concepções de sujeito pós-moderno, na qual não mais se aplica a identidade xa, transforma as<br />
identidades dos sujeitos de maneira que as torna descentradas, deslocadas e fragmentadas. Hall<br />
(2005) vai chamar este fenômeno de “celebração móvel”. Além disso, contribui para a exibilização<br />
das identidades o fato das sociedades pós-modernas sofrerem mudanças constantes e rápidas,<br />
inuenciadas constantemente pelos avanços tecnológicos.<br />
As simplicações acerca das transformações identitárias evidenciam o resultado interativo<br />
de uma pluralidade de condições sociais e teóricas que se relacionam com a questão identitária.<br />
É possível que a fenomenologia queer proporcione certas escolhas onde os sujeitos e os corpos<br />
admitam o surgimento de práticas identitárias desviantes e transitórias. Deste modo, a educação, os<br />
meios de comunicação, a cultura visual e o trabalho podem tornar-se campos menos normalizadores<br />
em prol de uma postura mais direcionadora de liberdade.<br />
As congurações históricas dos sujeitos contribuem para o negligenciamento das realidades<br />
políticas das relações familiares e sociais, o que rearma as dicotomias sexuais e de gênero, atenuando<br />
sua natureza patriarcal. Exemplo disso é a dicotomia público e privado, a relação de gênero atribuída<br />
à construção dos espaços de esfera pública e de esfera privada interferem e contribuem na construção<br />
dos comportamentos e identidades dos sujeitos. Teorias feministas criticaram a formulação de<br />
argumentos sobre o masculino/público e o feminino/privado que se procura estabelecer relações<br />
e aproximações únicas nas construções dos sujeitos, como a intimidade e a pessoalidade, cujo<br />
objetivo principal é normatizar e oferecer uma lógicas que agregue estas opiniões como parte das<br />
subjetividades do ser humano. Em suma, a cultura visual apresenta-se como um local privilegiado<br />
por gerar um desconforto aparente, e por vezes político das imprecisões de limites e contornos para<br />
espaços com pluralidade de sentidos e signicados possíveis nas visualidades.<br />
Segundo Susan Okin (2008), argumentos importantes em teorias e debates contemporâneos<br />
dependem da suposição de que questões públicas podem se diferenciar de questões privadas<br />
e perpetuar a ideia de que podem ser tratadas de maneira isolada. O privado, como esfera de<br />
intimidade, não pode sofrer qualquer intromissão. Sendo este um dos pilares da liberdade dos<br />
sujeitos, garantida inclusive pelo Estado. O público refere-se à esfera do autorizado, do que pode<br />
ser visto, ou simplesmente está acessível. A manutenção das dicotomias Estado/sociedade, não<br />
doméstico/doméstico, público/privado não consideram as desigualdades de gênero. Mas a partir da<br />
década de 1960, muitas artistas, como Hannah Wilke e Carolle Schneemann, reformularam estas<br />
questões ao utilizar o próprio corpo como suporte para a obra de arte e a narraram suas histórias em<br />
suas produções artísticas. Isso se deve também, aos questionamentos realizados sobre o público e o<br />
privado e sobre quem dene estes espaços, o que gerou questionamentos de ordem pessoal sobre as<br />
fronteiras que dividem os artistas, suas vidas e suas ideias.<br />
A fenomenologia queer é um meio de construir narrativas que não correspondam aos<br />
modelos de representações normativas dominantes, modelos estes que no campo das artes visuais<br />
são imutáveis e normativos em relação às questões de gênero, sexo e sexualidade, o que é reexo de<br />
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