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universidade federal da bahia a poética das lágrimas - Facom ...

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Por exemplo, a peça La Fille de l’exilé, arquétipo <strong>da</strong> produção desse período,<br />

relata a peregrinação de Elizabeth <strong>da</strong> Sibéria a Moscou. Elizabeth, filha de um exilado<br />

perseguido injustamente, busca o perdão do czar ao seu pai. A jorna<strong>da</strong> é repleta de ameaças,<br />

dentre as quais os tártaros. Quando eles ameaçam Ivan, o assassino do pai dela, ela demonstra<br />

abnegação e lhe mostra seu crucifixo, bra<strong>da</strong>ndo: “Miseráveis! Curvem­se diante deste<br />

símbolo sagrado, e não esqueçam que neste vasto império qualquer um sob a proteção dele é<br />

inviolável!”.<br />

A reação deles é ajoelhar perante a “vítima”, retribuindo com respeito e<br />

admiração, numa cena de grande efeito visual. Este trecho é marcado pelo reconhecimento <strong>da</strong><br />

virtude e pela retórica de hipérboles.<br />

A retórica melodramática é expressão do gênero. Os julgamentos morais que as<br />

pessoas fazem de si mesmas e dos outros personagens evidenciam a morali<strong>da</strong>de intrínseca ao<br />

gênero. A repetição <strong>da</strong>s peripécias e de coups de théâtre (reviravoltas súbitas) estão presentes,<br />

pois dão espaço para os personagens proclamarem os valores deles e do universo em jogo, de<br />

modo inflamado e sentencioso. As figuras de linguagem mais presentes são a hipérbole e a<br />

antítese (Brooks:40).<br />

Brooks (1985:199) sintetiza o excesso <strong>da</strong> seguinte maneira:<br />

Há um constante esforço para superar a lacuna [entre significante e<br />

significado], o que dá uma tensão, uma distorção [...] dos veículos de<br />

representação para fornecer significado. Esse é o modo do excesso: a<br />

postulação de um significado em excesso sobre as possibili<strong>da</strong>des do<br />

significante, o que em troca produz um significante excessivo, compondo<br />

grande mas pouco substancial uso do sentido.<br />

De qualquer forma, citar o melodrama como gênero carece de exatidão. De acordo<br />

com Lang (1989:46), o catálogo do American Film Institute de 1921 a 1930 classificava quase<br />

to<strong>da</strong> produção como melodrama. Melodramas rurais, de faroeste, sentimentais e góticos eram<br />

algumas <strong>da</strong>s classificações do Instituto. Prova­se, desse jeito, a flexibili<strong>da</strong>de de melodrama<br />

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