o gênero e os fenômenos de variação na fala - Fazendo Gênero
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<strong>Fazendo</strong> <strong>Gênero</strong> 9<br />
Diásporas, Diversida<strong>de</strong>s, Deslocament<strong>os</strong><br />
23 a 26 <strong>de</strong> ag<strong>os</strong>to <strong>de</strong> 2010<br />
Divers<strong>os</strong> estud<strong>os</strong> <strong>de</strong> cunho sociovariacionista pu<strong>de</strong>ram ratificar que o <strong>gênero</strong> (anteriormente,<br />
interpretado ape<strong>na</strong>s como o sexo) é um fator significativo para process<strong>os</strong> variáveis <strong>de</strong> diferentes<br />
níveis (fonológico, morf<strong>os</strong>sintático, semântico) e apresentaram um padrão bastante regular, no qual<br />
as mulheres <strong>de</strong>monstram maior preferência pelas variantes linguísticas mais prestigiadas<br />
socialmente.<br />
Para Labov (2001), em situações <strong>de</strong> <strong>variação</strong> estável, <strong>os</strong> homens usam com maior frequência<br />
formas não padrão e as mulheres ten<strong>de</strong>m a preferir formas prestigiadas. Uma inversão <strong>de</strong>ssa<br />
tendência po<strong>de</strong> ser explicada como indicação <strong>de</strong> que uma nova variante está se implementando <strong>na</strong><br />
língua: <strong>na</strong> maior parte das mudanças linguísticas em curso, as mulheres são as que mais utilizam as<br />
formas inovadoras, mesmo que essas formas sejam <strong>de</strong>sprestigiadas pela socieda<strong>de</strong>.<br />
Sabem<strong>os</strong> que a variabilida<strong>de</strong> (conforme já <strong>de</strong>finido pela Sociolinguística Variacionista) é<br />
uma proprieda<strong>de</strong> essencial da língua e um pré-requisito para a mudança linguística, uma vez que a<br />
existência <strong>de</strong> uma <strong>variação</strong> po<strong>de</strong> ser um indício sincrônico <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> mudança em<br />
progresso. Essa heterogeneida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser sistematizada quantitativamente, com base no controle <strong>de</strong><br />
grup<strong>os</strong> <strong>de</strong> fatores condicio<strong>na</strong>dores que contribuem, a cada situação <strong>de</strong> comunicação, para a seleção<br />
<strong>de</strong> uma ou outra das formas variantes.<br />
Inúmer<strong>os</strong> estud<strong>os</strong> sobre fenômen<strong>os</strong> <strong>de</strong> <strong>variação</strong> do português indicam o que po<strong>de</strong>ríam<strong>os</strong><br />
nomear uma maior consciência femini<strong>na</strong> do status social em relação às variantes linguísticas.<br />
Entretanto, a análise da correlação entre <strong>gênero</strong> e <strong>variação</strong> linguística tem <strong>de</strong>, necessariamente,<br />
fazer referência não só às variáveis em questão, como também às peculiarida<strong>de</strong>s da comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>fala</strong>. Os registr<strong>os</strong> que si<strong>na</strong>lizam o conservadorismo linguístico das mulheres resultam <strong>de</strong> pesquisas<br />
feitas em comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>fala</strong> oci<strong>de</strong>ntais, que partilham inúmeras características em sua a<br />
organização sociocultural.<br />
Um exemplo disso é o estudo realizado por Haeri (apud MOLLICA, 2003, p.35) em<br />
diferentes comunida<strong>de</strong>s muçulma<strong>na</strong>s, o qual m<strong>os</strong>tra que, <strong>na</strong> distribuição das variantes em relação ao<br />
<strong>gênero</strong>, a forma <strong>de</strong> prestígio predomi<strong>na</strong> entre <strong>os</strong> homens; as mulheres, por sua vez, estão ligadas ao<br />
uso mais recorrente das formas não prestigiadas. Esse fato reforça, mais do que diferenças<br />
biológicas, diferenças no processo <strong>de</strong> socialização e n<strong>os</strong> papéis que cada comunida<strong>de</strong> atribui a<br />
homens e mulheres.<br />
diferenciação <strong>de</strong> sexo, como era chamada geralmente) foi observada em relação a outr<strong>os</strong> padrões sociolinguístic<strong>os</strong>,<br />
especialmente, classe social e diferenciação estilística. (ROMAINE, 2006, p.98)<br />
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