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MEMÓRIA E POESIA NA OBRA DE H.DOBAL Débora ... - Cielli

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Universidade Estadual de Maringá – UEM<br />

Maringá-PR, 9, 10 e 11 de junho de 2010 – A<strong>NA</strong>IS - ISSN 2177-6350<br />

_________________________________________________________________________________________________________<br />

do mundo. Tomando a obra de H.Dobal como um todo, é possível traçar o percurso da<br />

memória através de um passeio por suas obras poéticas. Para tecer sua identidade, é<br />

preciso tecer uma memória de si mesmo. Para realizar isso Dobal traça a memória das<br />

coisas à sua volta em sua origem – nas terras do Piauí. Recompor seu entorno é o que<br />

faz o primeiro livro de H.Dobal – “O Tempo Conseqüente”. As paisagens do sertão,<br />

seco ou renovado pelas chuvas, as fazendas, os bois, as cabras, os rios, as estradas, os<br />

homens, o cotidiano, ou ainda a lembrança do Piauí evocada por outras paisagens<br />

compõem o livro.<br />

Segundo e terceiro livro, respectivamente: “O Dia Sem Presságio” e a “Província<br />

Deserta”, marcam a inserção de um sujeito no mundo, uma inserção histórica. Como<br />

alguém que transparece seu tempo, a poesia de H.Dobal nos fala da Segunda Guerra, da<br />

bomba, da pílula, da vida mecânica, dos perigosos apelos da publicidade, da vida vazia<br />

nas cidades, das pessoas presas “à memória das máquinas: números, números/a vida<br />

transfigurada em códigos” (<strong>DOBAL</strong>, 2007, p.104).<br />

Os livros: “A Serra das Confusões”, “A Cidade Substituída” e “Os Signos e as<br />

Siglas”, são obras de observação e constatação. O poeta, inserido no mundo, observa<br />

mais além, o olhar alcança uma coletividade. Em “A Serra das Confusões”, H.Dobal<br />

nos mostra que as formas individuais são na realidade tipos humanos e em poucas<br />

linhas constrói personagens típicos de muitos sertões. A crítica irônica é viés desta obra.<br />

Nela, H.Dobal nos põe em contato com o melhor e o pior do humano: corrupção,<br />

traição, vingança, amor, espontaneidade e mentira. A crítica social é marcada,<br />

especialmente aos poderes do Estado:<br />

O PROMOTOR<br />

Lopes, o promotor<br />

que exigia continência<br />

dos soldados do posto,<br />

anoiteceu na comarca,<br />

mas não amanheceu.<br />

Fugiu da justiça dos cidadãos:<br />

aproveitou-se da noite,<br />

como quis se aproveitar<br />

de uma menor.<br />

(<strong>DOBAL</strong>, 2007, p.153).

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