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MEMÓRIA E POESIA NA OBRA DE H.DOBAL Débora ... - Cielli

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Universidade Estadual de Maringá – UEM<br />

Maringá-PR, 9, 10 e 11 de junho de 2010 – A<strong>NA</strong>IS - ISSN 2177-6350<br />

_________________________________________________________________________________________________________<br />

(...)<br />

entre dois tempos:<br />

seu próprio tempo<br />

que não se estanca,<br />

e o outro o de todos<br />

parado há tanto.<br />

(<strong>DOBAL</strong>, 2007, p.40-41).<br />

Sua poesia nos diz sobre a transição entre uma ordem discursiva antecedente (da<br />

tradição e do coletivo) e uma ordem do agora (do moderno e do individual), que<br />

reclama a construção de uma identidade – o assinar-se no mundo. Na direção da dupla<br />

perspectiva fica mais fácil entender que mesmo deslocando-se entre várias paisagens<br />

diferentes (o que vai gerar imagens diferentes), às vezes díspares, a poesia de H.Dobal<br />

nos fale de um supra-espaço, onde as diferenças de paisagem são suprimidas, pela<br />

memória. Dessa maneira é mais fácil entender que as paisagens do campo e das cidades,<br />

mesmo diferentes, tenham muito em comum. Assim, a cidade de São Luís e de Brasília,<br />

(apresentadas no livro “A cidade substituída” e “Os signos e as siglas”) com suas<br />

imagens personalíssimas, interligam-se e nos transportam para um espaço comum. Tal<br />

como o tratamento dado ao tempo no poema Os refugiados, encontramos a dupla<br />

perspectiva do espaço: um espaço que flui diante de um deslocamento e um supra-<br />

espaço, que nunca muda. Dessa maneira, uma paisagem pode evocar outra, e os espaços<br />

interligam-se e emaranham-se (por vezes dando a impressão de fusão). Vejamos:<br />

(...) As bananeiras do morro acenam de outro tempo<br />

a outro espaço pertence este capim dos morros<br />

e nas encostas do Corcovado as cabras ruminando<br />

são as planícies do Piauí que vêm voltando (...)<br />

(<strong>DOBAL</strong>, 2007, p.63).<br />

Usando a mesma técnica, H.Dobal nos coloca diante da dupla perspectiva do eu<br />

poético: um eu poético singular (individualizado) e que modifica-se através do tempo e<br />

um supra-eu poético, coletivo e repetido desde sempre. Já a dupla perspectiva das<br />

imagens está posta diante de imagens singulares (individuais), que acompanham o<br />

percurso do eu poético, e de supra-imagens, comuns a muitos. Diante da montagem de<br />

perspectivas feita por H.Dobal, é possível falar da simultaneidade de duas memórias:<br />

uma memória individual, própria de um eu poético individual, e formada por uma

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