11.10.2013 Views

O Empoderamento como estratégia de inclusão das mulheres nas ...

O Empoderamento como estratégia de inclusão das mulheres nas ...

O Empoderamento como estratégia de inclusão das mulheres nas ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O <strong>Empo<strong>de</strong>ramento</strong> <strong>como</strong> <strong>estratégia</strong> <strong>de</strong> <strong>inclusão</strong> <strong>das</strong> <strong>mulheres</strong> <strong>nas</strong> políticas sociais<br />

Teresa Kleba Lisboa<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Catarina<br />

<strong>Empo<strong>de</strong>ramento</strong>, <strong>inclusão</strong> social, políticas <strong>de</strong> gênero<br />

ST 11 – Exclusão Social, Po<strong>de</strong>r e Violência<br />

Nas últimas déca<strong>das</strong>, constata-se que a exclusão social e a pobreza absoluta tem aumentado<br />

no Brasil e na América Latina e o predomínio <strong>de</strong> <strong>mulheres</strong> entre os pobres é conseqüência do<br />

<strong>de</strong>sigual acesso feminino às oportunida<strong>de</strong>s econômicas e sociais O ano <strong>de</strong> 2005 marca o décimo<br />

aniversário da Conferência Mundial <strong>de</strong> Pequim sobre as <strong>mulheres</strong> e traz foco e energia renovados<br />

aos esforços para o empo<strong>de</strong>ramento <strong>das</strong> <strong>mulheres</strong>. Entre os “Objetivos do Milênio da ONU”<br />

(UNESCO – Brasil, 2005), consta o objetivo <strong>de</strong> número 3 (três) que é: “promover a igualda<strong>de</strong> entre<br />

os gêneros e dar mais po<strong>de</strong>r às <strong>mulheres</strong>”.<br />

Da mesma forma, o Fórum Econômico Mundial, comprometido com a melhoria <strong>das</strong><br />

condições do mundo, elaborou o documento “<strong>Empo<strong>de</strong>ramento</strong> <strong>das</strong> Mulheres - Avaliação <strong>das</strong><br />

Disparida<strong>de</strong>s Globais <strong>de</strong> Gênero” (FEM, 2005), <strong>de</strong>finindo cinco dimensões importantes para o<br />

empo<strong>de</strong>ramento e oportunida<strong>de</strong> <strong>das</strong> <strong>mulheres</strong>: participação econômica; oportunida<strong>de</strong> econômica;<br />

empo<strong>de</strong>ramento político; conquistas educacionais; saú<strong>de</strong> e bem-estar.<br />

1. A participação econômica <strong>de</strong> <strong>mulheres</strong> – diz respeito à presença <strong>das</strong> <strong>mulheres</strong> no<br />

mercado <strong>de</strong> trabalho em termos quantitativos; é importante aumentar a renda familiar e estimular o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento econômico nos países <strong>como</strong> um todo. As socieda<strong>de</strong>s precisam ver as <strong>mulheres</strong><br />

menos <strong>como</strong> receptoras passivas <strong>de</strong> ajuda e mais <strong>como</strong> promotoras <strong>de</strong> dinâmicas <strong>de</strong> transformação.<br />

2. Oportunida<strong>de</strong> Econômica - diz respeito à qualida<strong>de</strong> do envolvimento econômico <strong>das</strong><br />

<strong>mulheres</strong>; internacionalmente, as <strong>mulheres</strong> estão concentra<strong>das</strong>, na maioria dos casos em profissões<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>das</strong> “femini<strong>nas</strong>” <strong>como</strong> enfermagem, serviço social, magistério, cuidado <strong>de</strong> idosos e<br />

enfermos - e ten<strong>de</strong>m a permanecer <strong>nas</strong> categorias trabalhistas inferiores às dos homens: faxineiras,<br />

domésticas, serviços <strong>de</strong> limpeza e outros. coberto); trabalhadoras profissionais e técnicas (em<br />

relação ao percentual total 3. <strong>Empo<strong>de</strong>ramento</strong> Político - diz respeito à representação eqüitativa<br />

<strong>de</strong> <strong>mulheres</strong> em estruturas <strong>de</strong> tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, tanto formais quanto informais, e também ao seu<br />

direito à voz na formulação <strong>de</strong> políticas que afetam a socieda<strong>de</strong> na qual estão inseri<strong>das</strong>. A ausência<br />

<strong>de</strong> <strong>mulheres</strong> <strong>nas</strong> estruturas <strong>de</strong> governo significa inevitavelmente que priorida<strong>de</strong>s nacionais,<br />

regionais e locais – isto é, <strong>como</strong> os recursos são alocados – são <strong>de</strong>fini<strong>das</strong> sem participação


significativa <strong>de</strong> <strong>mulheres</strong>, cuja experiência <strong>de</strong> vida em relação aos homens proporciona a elas uma<br />

compreensão diferenciada <strong>das</strong> necessida<strong>de</strong>s, preocupações e interesses.<br />

4. Conquistas Educacionais - é o requisito fundamental para o empo<strong>de</strong>ramento <strong>das</strong><br />

<strong>mulheres</strong> em to<strong>das</strong> as esferas da socieda<strong>de</strong>. Sem educação <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> as <strong>mulheres</strong> não conseguem<br />

acesso a empregos bem-pagos do setor formal, nem avanços na carreira, participação e<br />

representação no governo e influência política. Educação e alfabetização reduzem índices <strong>de</strong><br />

mortalida<strong>de</strong> infantil e ajudam a diminuir as taxas <strong>de</strong> fertilida<strong>de</strong>.<br />

5. Saú<strong>de</strong> e bem-estar - <strong>de</strong> acordo com a Organização Mundial da Saú<strong>de</strong>, 585 mil <strong>mulheres</strong><br />

morrem a cada ano, mais <strong>de</strong> 1.600 por dia, <strong>de</strong> causas relaciona<strong>das</strong> à gravi<strong>de</strong>z e ao parto; dos 46<br />

milhões <strong>de</strong> abortos anuais em todo o mundo, cerca <strong>de</strong> 20 milhões são realizados <strong>de</strong> forma insegura e<br />

resultam na morte <strong>de</strong> 80 mil <strong>mulheres</strong> por complicações; As taxas <strong>de</strong> fertilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adolescentes e o<br />

elevado número <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z na adolescência também são incluí<strong>das</strong> <strong>como</strong> indicadores <strong>de</strong> riscos à<br />

saú<strong>de</strong> entre <strong>mulheres</strong> <strong>de</strong> 15 a 19 anos.<br />

Portanto, o empo<strong>de</strong>ramento implica a alteração radical dos processos e <strong>das</strong> estruturas que<br />

reproduzem a posição da mulher <strong>como</strong> submissa. No campo <strong>das</strong> discussões sobre <strong>de</strong>senvolvimento,<br />

o empo<strong>de</strong>ramento é visto por algumas ONGs <strong>como</strong> principal <strong>estratégia</strong> <strong>de</strong> combate à pobreza e <strong>de</strong><br />

mudanças <strong>nas</strong> relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r. Dentre as condições prévias para o empo<strong>de</strong>ramento da mulher,<br />

estão os espaços <strong>de</strong>mocráticos e participativos, assim <strong>como</strong> a organização <strong>das</strong> <strong>mulheres</strong>.<br />

O movimento <strong>de</strong> <strong>mulheres</strong> tem situado o empo<strong>de</strong>ramento no campo <strong>das</strong> relações <strong>de</strong> gênero e<br />

na luta contra a posição socialmente subordinada <strong>das</strong> <strong>mulheres</strong> em contextos específicos. O termo<br />

empo<strong>de</strong>ramento chama a atenção para a palavra “po<strong>de</strong>r” e o conceito <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r enquanto relação<br />

social. O po<strong>de</strong>r (na ciência política geralmente vinculado ao Estado) po<strong>de</strong> ser fonte <strong>de</strong> opressão,<br />

autoritarismo, abuso e dominação. Na proposta do feminismo, porém, po<strong>de</strong> ser uma fonte <strong>de</strong><br />

emancipação, uma forma <strong>de</strong> resistência.<br />

<strong>Empo<strong>de</strong>ramento</strong> na perspectiva feminista é um po<strong>de</strong>r que afirma, reconhece e valoriza as<br />

<strong>mulheres</strong>; é precondição para obter a igualda<strong>de</strong> entre homens e <strong>mulheres</strong>; representa um <strong>de</strong>safio às<br />

relações patriarcais, em especial <strong>de</strong>ntro da família, ao po<strong>de</strong>r dominante do homem e a manutenção<br />

dos seus privilégios <strong>de</strong> gênero. Implica a alteração radical dos processos e <strong>das</strong> estruturas que<br />

reproduzem a posição subalterna da mulher <strong>como</strong> gênero; significa uma mudança na dominação<br />

tradicional dos homens sobre as <strong>mulheres</strong>, garantindo-lhes a autonomia no que se refere ao controle<br />

dos seus corpos, da sua sexualida<strong>de</strong>, do seu direito <strong>de</strong> ir e vir, bem <strong>como</strong> um rechaço ao abuso físico<br />

e as violações.<br />

Os estudos feministas partem do pressuposto que o empo<strong>de</strong>ramento <strong>das</strong> <strong>mulheres</strong> é condição<br />

para a eqüida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gênero. O primeiro passo para o empo<strong>de</strong>ramento <strong>de</strong>ve ser o <strong>de</strong>spertar da<br />

consciência por parte <strong>das</strong> <strong>mulheres</strong> em relação à discriminação <strong>de</strong> gênero: reconhecer que existe<br />

2


<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> entre homens e <strong>mulheres</strong>, indignar-se com esta situação e querer transformá-la. Para<br />

se empo<strong>de</strong>rarem, as <strong>mulheres</strong> <strong>de</strong>vem melhorar a auto-percepção que tem sobre si mesmas, acreditar<br />

que são capazes <strong>de</strong> mudar suas crenças em relação a submissão e <strong>de</strong>spertar para os seus direitos<br />

Para Friedmann (1996, p.50), “não são os indivíduos, mas as unida<strong>de</strong>s domésticas<br />

que são ‘pobres’, a própria pobreza <strong>de</strong>ve ser re<strong>de</strong>finida <strong>como</strong> um estado <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempo<strong>de</strong>ramento”. As<br />

<strong>mulheres</strong> pobres são excluí<strong>das</strong> dos direitos mínimos porque suas famílias não tiveram ou não têm<br />

acesso ao po<strong>de</strong>r social para melhorar as condições <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> seus membros; elas não têm acesso ao<br />

po<strong>de</strong>r político porque não compartilham as toma<strong>das</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões; não possuem o po<strong>de</strong>r da voz, nem<br />

o da ação coletiva. Da mesma forma, não têm acesso ao po<strong>de</strong>r psicológico que <strong>de</strong>corre da<br />

consciência individual <strong>de</strong> força e manifesta-se na autoconfiança. Em suma, não são consi<strong>de</strong>ra<strong>das</strong><br />

cidadãs.<br />

Tipos <strong>de</strong> empo<strong>de</strong>ramento<br />

Friedmann (1996, p. viii) afirma que empo<strong>de</strong>ramento “é todo acréscimo <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que,<br />

induzido ou conquistado, permite aos indivíduos ou unida<strong>de</strong>s familiares aumentarem a eficácia do<br />

seu exercício <strong>de</strong> cidadania”. Ele aponta três tipos <strong>de</strong> empo<strong>de</strong>ramento, importantes para as unida<strong>de</strong>s<br />

domésticas: o social, o político e o psicológico. O social refere-se ao acesso a certas “bases” <strong>de</strong><br />

produção doméstica, tais <strong>como</strong> informação, conhecimento e técnicas, e recursos financeiros. Prevê<br />

o acesso à instituições e serviços e capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> influência à nível público. O político diz respeito<br />

ao processo pelo qual são toma<strong>das</strong> as <strong>de</strong>cisões; não é ape<strong>nas</strong> o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> votar, mas, principalmente,<br />

o po<strong>de</strong>r da voz e da ação coletiva que importa; significa maior participação no âmbito político<br />

inclusive o acesso a ocupar cargos <strong>de</strong> representação e direção. O psicológico ou pessoal inicia com<br />

o <strong>de</strong>spertar da consciência em relação à sua autonomia e <strong>de</strong>senvolvimento pessoal; envolve auto-<br />

estima e auto-confiança; ter controle sobre a sua própria sexualida<strong>de</strong>, sobre a reprodução e sobre a<br />

sua segurança pessoal; <strong>de</strong>corre da consciência individual <strong>de</strong> força.<br />

Portanto, a motivação primária consiste na superação da pobreza, que por sua vez exige a<br />

tomada <strong>de</strong> consciência, principalmente por parte <strong>das</strong> <strong>mulheres</strong> pobres, <strong>de</strong> seu po<strong>de</strong>r social, político<br />

e psicológico. No combate à pobreza, o empo<strong>de</strong>ramento orienta-se para a conquista da cidadania,<br />

isto é, a conquista da plena capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um ator individual ou coletivo <strong>de</strong> usar seus recursos<br />

econômicos, sociais, políticos e culturais para atuar com responsabilida<strong>de</strong> no espaço público na<br />

<strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> seus direitos, influenciando as ações dos governos na distribuição dos serviços e recursos.<br />

Para que haja empo<strong>de</strong>ramento Sonia Montaño (2001) propõe as seguintes condições:<br />

3


- A criação <strong>de</strong> espaços institucionais a<strong>de</strong>quados para que os setores excluídos participem <strong>das</strong><br />

<strong>de</strong>cisões que fazem parte do seu cotidiano; que possam propor <strong>estratégia</strong>s sobre o “que fazer” em<br />

relação às principais reivindicações no campo político público.<br />

- Formalização <strong>de</strong> direitos legais, divulgação sobre as leis e resguardo <strong>de</strong> seu conhecimento e<br />

respeito<br />

- Fomento <strong>de</strong> organizações em que as pessoas que integram o setor social excluído possam,<br />

efetivamente, participar e influenciar <strong>nas</strong> <strong>estratégia</strong>s adota<strong>das</strong> pela socieda<strong>de</strong>. Isso acontece quando<br />

as organizações tornam possível esten<strong>de</strong>r e ampliar a re<strong>de</strong> social que integram, publicizando-a e<br />

tornando-a acessível .<br />

- Capacitação para o exercício da cidadania e da produção, incluindo os saberes instrumentais<br />

essenciais, além do conhecimento sobre ferramentas para analisar dinâmicas econômicas e políticas<br />

relevantes.<br />

- Criação <strong>de</strong> acesso e controle sobre os recursos e ativos (materiais, financeiros e <strong>de</strong> informação)<br />

para possibilitar o efetivo aproveitamento <strong>de</strong> espaços, direitos, organização e capacida<strong>de</strong>s.<br />

Uma vez construída esta base <strong>de</strong> condições facilitadoras do empo<strong>de</strong>ramento é importante<br />

trabalhar na perspectiva da autonomia <strong>das</strong> <strong>mulheres</strong> pois o alcance <strong>de</strong>sta, servirá <strong>de</strong> medida para<br />

avaliar o processo <strong>de</strong> empo<strong>de</strong>ramento e superação da exclusão social. Deverão ser feitas as<br />

seguintes perguntas para avaliar a eqüida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gênero: em que medida as <strong>mulheres</strong> são capazes <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>cidir, autonomamente, sua participação no mercado <strong>de</strong> trabalho, na política ou na vida cívica?<br />

O acesso à Políticas Públicas para superação da exclusão social<br />

Analisando a exclusão social <strong>das</strong> <strong>mulheres</strong>, e por tanto sua autonomia, <strong>de</strong>ve-se vincular essa<br />

questão com a compreensão <strong>das</strong> relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r em todos os âmbitos, incluindo os direitos<br />

sexuais e reprodutivos.<br />

Há evidências sobre o fato que homens e <strong>mulheres</strong> com os mesmos níveis <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong><br />

não acedam às mesmas oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho, porque é no âmbito reprodutivo e <strong>das</strong><br />

responsabilida<strong>de</strong>s familiares que se encontram os obstáculos para o <strong>de</strong>sempenho eqüitativo.<br />

(Presser, Sen 2000, apud Montaño, 2001). Um exemplo claro nesse sentido é a <strong>de</strong>sistência escolar<br />

<strong>de</strong> meni<strong>nas</strong> pobres que está diretamente relacionada aos seus direitos reprodutivos (gravi<strong>de</strong>z na<br />

adolescência).<br />

Outro exemplo que nos mostra a importância <strong>de</strong> analisarmos a esfera reprodutiva se refere<br />

ao uso do tempo e o cumprimento do mandato cultural do cuidado que relaciona as <strong>mulheres</strong> com o<br />

4


cuidado não remunerado da família. Esta verda<strong>de</strong>ira “atadura” às obrigações domésticas não<br />

remunera<strong>das</strong> e não reconheci<strong>das</strong> está na base dos obstáculos enfrentados pelas <strong>mulheres</strong> para sair<br />

para o mercado <strong>de</strong> trabalho em igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> condições com os homens.<br />

Se assumimos que o conceito <strong>de</strong> exclusão social articulado com os <strong>de</strong> empo<strong>de</strong>ramento e<br />

autonomía nos dão a pauta para enten<strong>de</strong>r a complexida<strong>de</strong> da pobreza, na perspectiva <strong>de</strong> gênero,<br />

<strong>de</strong>vemos ter cuidado em manter uma distinção entre os aspectos constitutivos da pobreza e os<br />

aspectos instrumentais que apóiam o empo<strong>de</strong>ramento <strong>das</strong> <strong>mulheres</strong>. Como formular políticas que<br />

permitam participar equitativamente nos mercados com o <strong>de</strong>safio que requer criativida<strong>de</strong> e<br />

pragmatismo no sentido <strong>de</strong> fazer uso dos recursos que dispõem os países para enfrentar o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento? Um <strong>de</strong>sses recursos são as <strong>mulheres</strong>, suas organizações e experiências e, que<br />

lamentavelmente tem sido mobiliza<strong>das</strong> <strong>como</strong> recursos sem valor econômico, nem reconhecimento<br />

político.<br />

Cabe ressaltar que o processo <strong>de</strong> empo<strong>de</strong>ramento é visto <strong>como</strong> estreitamente relacionado ao<br />

<strong>de</strong> participação. Experiências em diversas partes do mundo têm mostrado que processos <strong>de</strong><br />

participação possibilitam processos <strong>de</strong> empo<strong>de</strong>ramento e que estas metodologias favorecem o<br />

estabelecimento <strong>de</strong> políticas e práticas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento que contemplam as necessida<strong>de</strong>s <strong>das</strong><br />

pessoas vivendo na pobreza.<br />

É importante a promoção e a implementação <strong>de</strong> processos participativos na gestão <strong>das</strong><br />

políticas. Iorio (2002) propõe que os governos <strong>de</strong>vem assegurar canais para que as pessoas e os<br />

grupos <strong>de</strong> pessoas vivendo na pobreza possam fazer parte <strong>de</strong> instâncias <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição, implantação e<br />

monitoramento <strong>de</strong> políticas mais gerais (<strong>como</strong> orçamento participativo, conselhos <strong>de</strong> políticas<br />

sociais, segurança alimentar, previdência, conselhos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, educação) e <strong>de</strong> programas <strong>de</strong><br />

combate à pobreza e à exclusão (mas não somente nestes espaços). A participação é um elemento<br />

constitutivo <strong>das</strong> <strong>estratégia</strong>s <strong>de</strong> empo<strong>de</strong>ramento. O Banco Mundial, por exemplo, vê o<br />

empo<strong>de</strong>ramento <strong>como</strong> a última etapa nos processos <strong>de</strong> participação local nos projetos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento.<br />

Por isso, o “empo<strong>de</strong>ramento” é indicado <strong>como</strong> passo inicial <strong>de</strong> um processo mais amplo <strong>de</strong><br />

conquista da cidadania, que <strong>de</strong>ve ser facilitado através da participação em projetos com vistas a<br />

propor <strong>de</strong>man<strong>das</strong> <strong>de</strong> políticas públicas. Nos propusemos, através <strong>de</strong>sse trabalho, mostrar que os<br />

profissionais <strong>de</strong> Serviço Social <strong>de</strong>vem atuar <strong>como</strong> facilitadores do processo <strong>de</strong> empo<strong>de</strong>ramento, na<br />

medida em que <strong>de</strong>spertam <strong>nas</strong> <strong>mulheres</strong> condições <strong>de</strong> mudança em relação a sua consciência, aos<br />

seus direitos e capacida<strong>de</strong>s, possibilitando <strong>de</strong>ssa forma, sua autonomia e <strong>inclusão</strong> <strong>nas</strong> políticas<br />

sociais.<br />

Bibliografia<br />

5


FÓRUM ECONÔMICO MUNDIAL, <strong>Empo<strong>de</strong>ramento</strong> <strong>de</strong> <strong>mulheres</strong>. Avaliação <strong>das</strong> disparida<strong>de</strong>s<br />

globais <strong>de</strong> gênero. Genebra, 2005<br />

FRIEDMAN, John. Empowerment - uma política <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento alternativo. Oeiras, Celta,<br />

1996.<br />

IORIO, C. Algumas consi<strong>de</strong>rações sobre <strong>estratégia</strong>s <strong>de</strong> empo<strong>de</strong>ramento e <strong>de</strong> direitos. In:<br />

ROMANO, J. O.; ANTUNES, M. <strong>Empo<strong>de</strong>ramento</strong> e direitos no combate à pobreza. Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro: ActionAid Brasil, 2002. P. 21-44<br />

LISBOA, T. K. Gênero, Classe e Etnia – Trajetória <strong>de</strong> <strong>mulheres</strong> migrantes. Florianópolis &<br />

Chapecó, Editora da UFSC & ARGOS, 2003<br />

MONTAÑO, Sonia. Políticas para el empo<strong>de</strong>ramiento <strong>de</strong> las mujeres <strong>como</strong> estrategia <strong>de</strong> la lucha<br />

contra la pobreza. In: CEPAL - Comisión Económica para América Latina y el Caribe. Trigésima<br />

tercera reunión <strong>de</strong> la Mesa Directiva <strong>de</strong> la Conferencia Regional sobre la Mujer en América Latina<br />

y el Caribe. Puerto España, Trinidad y Tabago, 9 al 11 <strong>de</strong> octubre <strong>de</strong> 2001<br />

RAPPAPORT, Julian. Ein plädoyer für die wi<strong>de</strong>rsprüchlichkeit: ein sozialpolitisches Konzept <strong>de</strong>s<br />

“empowerment” anstähle präventiver Anzätze. In: Verhaltenstherapie und Psychosoziale Praxis. n.<br />

2, p. 257-278. 1985.<br />

STARK, Wolfgang. Empowerment: neue handlungskompetenzen in <strong>de</strong>r psychosozialen praxis.<br />

Freiburg und Breisgau, Lambertus, 1996.<br />

VILLACORTA, A. E.; RODRÍGUEZ, M. Metodologias e ferramentas para implementar<br />

<strong>estratégia</strong>s <strong>de</strong> empo<strong>de</strong>ramento. In: ROMANO, J. O.; ANTUNES, M. <strong>Empo<strong>de</strong>ramento</strong> e direitos no<br />

combate à pobreza. Rio <strong>de</strong> Janeiro: ActionAid Brasil, 2002.<br />

6

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!