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Migrações do passado e do presente: uma ... - Fazendo Gênero

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<strong>Migrações</strong> <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> e <strong>do</strong> <strong>presente</strong>: <strong>uma</strong> análise cruzan<strong>do</strong> gênero, etnicidade e preconceitos. ST<br />

55<br />

Dr. Leonar<strong>do</strong> Cavalcanti<br />

Universitat Autónoma de Barcelona<br />

Palavras-Chave: gênero, empresários imigrantes, Espanha.<br />

O protagonismo empresarial imigrante a partir de <strong>uma</strong> perspectiva de gênero: o caso das<br />

brasileiras nas cidades de Madri e Barcelona<br />

Dentro <strong>do</strong>s diversos coletivos nacionais originários da América Latina, muitas são as<br />

brasileiras, residentes em Madri e Barcelona, que escolhem o empreende<strong>do</strong>rismo como <strong>uma</strong><br />

possibilidade de mobilidade social e como <strong>uma</strong> alternativa aos setores de empregos tradicionais<br />

reserva<strong>do</strong>s às mulheres imigrantes, como: a limpeza, o cuida<strong>do</strong> de crianças e pessoas maiores, os<br />

serviços de garçonetes e cozinheiras em bares e restaurantes ou a prostituição. As atividades<br />

empresariais das brasileiras em ambas as cidades espanholas, constituem <strong>uma</strong> alternativa ao<br />

merca<strong>do</strong> de trabalho secundário e a determinadas atividades que favorecem as relações de<br />

exploração laboral e de desigualdade de gênero.<br />

Além disso, segun<strong>do</strong> Parella (2004), a pesquisa sobre o empresaria<strong>do</strong> imigrante a partir de <strong>uma</strong><br />

perspectiva de gênero, permite questionar a “triple” discriminação de mulher, trabalha<strong>do</strong>ra e<br />

imigrante que geralmente é imposta às mulheres provenientes <strong>do</strong>s chama<strong>do</strong>s países de terceiro<br />

mun<strong>do</strong>. O merca<strong>do</strong> de trabalho na Espanha oferece um reduzi<strong>do</strong> número de oportunidades laborais<br />

as mulheres estrangeiras, concentran<strong>do</strong> basicamente as suas atividades relacionadas com a<br />

reprodução social, principalmente no serviço <strong>do</strong>méstico, e nas tarefas pouco qualificadas, tanto na<br />

economia formal ou informal.<br />

As duras condições de trabalho, a desproteção jurídica e o imaginário servil, caracterizam, em<br />

geral, as atividades reservadas as mulheres no contexto da imigração na Espanha (Oso e Ribas,<br />

2004). Diante desse panorama, a aposta pela atividade empresarial representa <strong>uma</strong> estratégia de<br />

mobilidade social e <strong>uma</strong> alternativa para aban<strong>do</strong>nar determina<strong>do</strong>s tipos de serviços e,<br />

consequentemente, para obter <strong>uma</strong> maior autonomia laboral e um melhor status social.<br />

As mulheres que levam certo tempo de permanência na sociedade da imigração, assim como<br />

aquelas que têm um eleva<strong>do</strong> nível educativo ou realizaram atividades profissionais qualificadas na<br />

sociedade da emigração, respondem ao perfil das mulheres que optam pelo caminho da atividade<br />

empresarial. Sem contar que o fato de ter um negocio próprio permite <strong>uma</strong> melhor conciliação


entre a vida <strong>do</strong> trabalho e familiar, pois há <strong>uma</strong> maior flexibilidade horária e <strong>uma</strong> melhor<br />

autonomia para atender mais comodamente as responsabilidades profissionais e familiares.<br />

O protagonismo das mulheres imigrantes empresárias também são determinantes para (re)pensar<br />

em torno à construção social <strong>do</strong> imigrante como <strong>uma</strong> categoria social. É nesse senti<strong>do</strong> que o<br />

<strong>presente</strong> texto pretende aprofundar a reflexão e os interrogantes relaciona<strong>do</strong>s com a presença<br />

empresarial de origem estrangeira na Espanha.<br />

Desse mo<strong>do</strong>, através <strong>do</strong>s “lugares comuns” que formam as experiências comerciais e urbanas das<br />

brasileiras em ambas as cidades, a analise estará centrada no papel que joga emprende<strong>do</strong>rismo<br />

comercial/empresarial dessas migrantes na (re)construção social da categoria imigrante. Três<br />

elementos: força de trabalho, provisionalidade e problema social são analisa<strong>do</strong>s e contrasta<strong>do</strong>s com<br />

o papel que joga o empresaria<strong>do</strong> imigrante na reconstrução dessas três condições e contradições<br />

que geralmente são impostas aos imigrantes na Espanha.<br />

O papel <strong>do</strong> protagonismo empresarial latino-americano na (re)construção social da<br />

categoria “imigrante” no contexto espanhol.<br />

A categoria “imigrante” geralmente identifica a um sujeito social representa<strong>do</strong> e construí<strong>do</strong> através<br />

de imagens que são associadas a toda <strong>uma</strong> serie de problemas sociais. A partir de distintos olhares<br />

teóricos e meto<strong>do</strong>lógicos, alguns autores demonstraram como, no contexto espanhol, a imigração e<br />

o imigrante foram relaciona<strong>do</strong>s com diversos problemas sociais. (Santamaría, 2002; Van Dijk,<br />

1997; San Roman 1997; Stolcke, 1995).<br />

Dessa forma, as pessoas originárias <strong>do</strong> chama<strong>do</strong> Terceiro Mun<strong>do</strong> que vivem nos países<br />

“desenvolvi<strong>do</strong>s” são injustamente acusadas pelas principais questões que preocupam a população.<br />

O desemprego, o aumento da insegurança, a deterioração <strong>do</strong>s serviços sociais, a escassez da<br />

moradia, entre outras temáticas que preocupam também o chama<strong>do</strong> primeiro mun<strong>do</strong>, são, muitas<br />

vezes, responsabilizadas pela “excessiva” presença <strong>do</strong>s imigrantes. Muitos são os líderes de<br />

parti<strong>do</strong>s conserva<strong>do</strong>res e da extrema direita que não se cansam em argumentar que os estrangeiros<br />

são os responsáveis por todas as desgraças morais e sociais. Ao acusarem de mo<strong>do</strong> pragmático e


mágico aos imigrantes, “esquecem-se” de debater as principais causas da recessão econômica e <strong>do</strong><br />

ajuste capitalista que atinge praticamente toda a economia mundial.<br />

No entanto, segun<strong>do</strong> Aramburu (2002), a presença e a visibilidade das diversas empresas e<br />

empreendimentos <strong>do</strong>s imigrantes, em plena expansão nas principais cidades espanholas, supõem<br />

<strong>uma</strong> espécie de “anomalia” para a imagem pré-concebida <strong>do</strong> imigrante e contribuem a criar<br />

heterogeneidade ao próprio mo<strong>do</strong> de conceber ao “imigrante” como <strong>uma</strong> categoria social.<br />

A proliferação de iniciativas empreende<strong>do</strong>ras das migrantes residentes em Barcelona e Madri vem<br />

crescen<strong>do</strong> e se diversifican<strong>do</strong> de maneira muito significativa. Apesar de que as atividades<br />

comerciais se situam, majoritariamente, no âmbito das micro-empresas, como é o caso <strong>do</strong> pequeno<br />

comercio, bares, restaurantes, agencias de viagem, serviços de limpeza, salão de beleza, locutórios,<br />

entre outros, também há <strong>uma</strong> grande variedade de atividades como ONG´s, agências de<br />

cooperação internacional, associações culturais, espaços educativos, meios de comunicação social,<br />

clínicas de saúde, entre outros empreendimentos. Todas estas diferenciadas iniciativas das<br />

imigrantes têm contribuí<strong>do</strong> a debilitar a imagem <strong>do</strong> “imigrante” como <strong>uma</strong> categoria social<br />

fundada através de imagens de pobreza, marginalidade e delinqüência.<br />

Uma das primeiras incidências dessas atividades empresariais na reconstrução da categoria<br />

imigrante está relaciona<strong>do</strong> com a “revitalização” <strong>do</strong> espaço geográfico onde esses comércios estão<br />

localiza<strong>do</strong>s. Alguns autores coincidem que a abertura de empresas de imigrantes, tanto em Madrid,<br />

como em Barcelona, se produz em um contexto de larga crise <strong>do</strong> pequeno comercio tradicional de<br />

base familiar, que foi revitaliza<strong>do</strong> pela recente presença <strong>do</strong>s imigrantes. (Aramburu, 2002; Solé y<br />

Parella, 2005; Cebrian y Bodega, 2002). Da mesma forma, as zonas de Madri e Barcelona onde há<br />

mais empreendimentos de imigrantes é justamente em espaços que foram comercialmente<br />

deprimi<strong>do</strong>s em décadas anteriores. Dois bairros que pertencem ao distrito central de ambas as<br />

cidades são exemplos destaca<strong>do</strong>s. Em Madri está o bairro de “Lavapies” e em Barcelona o<br />

“Raval”. A presença de empresas administradas por pessoas de origem estrangeira nessas áreas<br />

deu um maior dinamismo às atividades comerciais, econômicas e sociais desses bairros em que se<br />

encontrava <strong>uma</strong> alta porcentagem de degradação.<br />

Outro tópico que essas atividades comerciais permite romper é com a idéia de que o imigrante é<br />

essencialmente <strong>uma</strong> força de trabalho, em que muitas vezes é injustamente acusa<strong>do</strong> de “roubar” o<br />

emprego <strong>do</strong>s chama<strong>do</strong>s autóctones. Se consideramos, de acor<strong>do</strong> com Sayad (1998), que um<br />

imigrante é concebi<strong>do</strong> principalmente como <strong>uma</strong> força de trabalho, já que o trabalho é que o faz


“nascer”, que o faz existir; é o trabalho, quan<strong>do</strong> termina, que o faz morrer, que decreta sua negação<br />

ou que o empurra para o não-ser.<br />

E de acor<strong>do</strong> com o cita<strong>do</strong> autor, esse trabalho, que condiciona toda a existência <strong>do</strong> imigrante, não é<br />

qualquer trabalho, não se encontra em qualquer lugar; ele é o trabalho que o “merca<strong>do</strong> de trabalho<br />

para imigrantes” lhe atribui e no lugar em que lhe é atribuí<strong>do</strong>: trabalhos para imigrantes que<br />

requerem, pois imigrantes. Assim, se o trabalho é o que proporciona o “nascimento” <strong>do</strong> imigrante,<br />

o que lhe faz existir, a razão que justifica sua estadia, ou pelo contrario, o que determina a sua<br />

“morte”, então, como força de trabalho ela é provisória, temporária, em constante trânsito. Dessa<br />

forma, as autorizações de residência <strong>do</strong>s imigrantes estão, geralmente, vinculadas ao trabalho 1 .<br />

No entanto, essa condição de força de trabalho é questionada pelos empreendimentos e comércios<br />

das imigrantes. Esses estabelecimentos não somente dinamizam a economia, senão que são<br />

potenciais emprega<strong>do</strong>res e gera<strong>do</strong>res de emprego. Em muitas iniciativas empresariais das<br />

imigrantes, há registros de micro empresas que tem a capacidade de gerar em torno a 40 empregos<br />

diretos e alguns quantos indiretos.<br />

Assim, essa presença empreende<strong>do</strong>ra, vem debilitan<strong>do</strong> a idéia <strong>do</strong> imigrante como um ser<br />

exclusivamente determina<strong>do</strong> a servir como mão-de-obra no país de recepção. Quan<strong>do</strong> as<br />

imigrantes exercem a função de emprega<strong>do</strong>r, além de impulsionar a economia, em um sistema que<br />

depende das pequenas empresas para que o Esta<strong>do</strong> de bem-estar social possa ser fortaleci<strong>do</strong>,<br />

passam a assumir um papel de protagonistas na cena pública e econômica da sociedade de<br />

recepção.<br />

Igualmente, outro elemento que essas iniciativas empresarias questionam é a própria condição<br />

provisória que constitui ao imigrante e que faz dele um ser social ao que está atribuí<strong>do</strong><br />

“naturalmente” a possibilidade de retorno ao seu grupo nacional. Desse mo<strong>do</strong>, como argumenta<br />

Cavalcanti e Boggio (2004), a idéia <strong>do</strong> retorno estaria no seio <strong>do</strong> fenômeno migratório e se<br />

consolidaria como <strong>uma</strong> questão que flutua entre as sociedades de emigração e de imigração,<br />

transpassan<strong>do</strong> de mo<strong>do</strong> transversal to<strong>do</strong> o projeto migratório.<br />

Esta percepção de provisionalidade é alimentada, na sociedade de imigração pelo tratamento<br />

jurídico que os imigrantes recebem e pode ser visto através das autorizações de trabalho e<br />

residência, que tem <strong>uma</strong> validez limitada de tempo, como também na possibilidade de expulsão<br />

1 É importante salientar que há outros tipos de autorizações de residência para pessoas de origem estrangeiro que não,<br />

necessariamente, estão vinculadas ao trabalho, como é o caso <strong>do</strong>s estudantes, diplomáticos, refugia<strong>do</strong>s, entre outros.


imediata para os que não gozam da autorização de residência ou trabalho. Por outro la<strong>do</strong>, a<br />

sociedade de emigração, também impõe essa condição de provisionalidade, ao admitir a sua<br />

ausência em troca de conservar essa transitoriedade dura<strong>do</strong>ura da sua emigração.<br />

Aqui, as iniciativas comerciais também relativizam essa condição ambígua que é imposta ao<br />

imigrante. A idéia de pensar um projeto empresarial está muito mais distante da perspectiva de<br />

retorno e mais próxima a possibilidade de permanecer indefinidamente na sociedade da imigração,<br />

como nos conta o seguinte relato:<br />

“Se eu estivesse pensan<strong>do</strong> em voltar para o meu país de origem, não teria<br />

aventuran<strong>do</strong> em abrir <strong>uma</strong> empresa e montar meu próprio negocio. Foi<br />

muito difícil juntar dinheiro durante vários anos, conseguir um crédito,<br />

organizar toda a papelada, etc..., Se eu fiz to<strong>do</strong> esse esforço é porque eu<br />

acredito no sistema econômico daqui e não penso em voltar, a não ser <strong>uma</strong><br />

vez ou outra de férias. Eu quero viver o resto da minha vida aqui e que<br />

meus filhos possam estudar e ter oportunidades na vida que eu não tive.<br />

Quan<strong>do</strong> <strong>uma</strong> pessoa abre <strong>uma</strong> empresa está pensan<strong>do</strong> em ficar porque<br />

senão estaria trabalhan<strong>do</strong> para outra pessoa, juntan<strong>do</strong> dinheiro para<br />

voltar, mas quan<strong>do</strong> abre <strong>uma</strong> empresa é porque já faz parte dessa<br />

sociedade. (J. 36 anos, trabalho de campo 2005)<br />

Por outro la<strong>do</strong>, a ampla diversidade e os diferencia<strong>do</strong>s tipos de casas comerciais e<br />

empreendimentos administra<strong>do</strong>s por imigrantes, impossibilita qualquer tentativa de circunscrever<br />

essas atividades dentro de qualquer recorte específico, seja étnico, econômico o nacional. Se trata<br />

de produtos e serviços que são consumi<strong>do</strong>s por imigrantes <strong>do</strong> mesmo grupo nacional, por outros<br />

imigrantes, por espanhóis e por estrangeiros em geral.<br />

Em s<strong>uma</strong>, as iniciativas comerciais das imigrantes questionam a própria construção <strong>do</strong> “imigrante”<br />

como um sujeito genérico, associa<strong>do</strong> a toda <strong>uma</strong> serie de problemas sociais. Do mesmo mo<strong>do</strong> que<br />

aportam novas imagens ao complexo fenômeno contemporâneo da migração internacional.<br />

Por último é importante salientar que <strong>uma</strong> das dinâmicas contemporâneas que vem contribuin<strong>do</strong> a<br />

romper com esse esquema que coloca os imigrantes como responsáveis de to<strong>do</strong>s os males sociais,<br />

está relaciona<strong>do</strong> com o florescimento e a proliferação de inúmeros empreendimentos empresariais<br />

<strong>do</strong>s imigrantes. As iniciativas comerciais desses imigrantes vêm questionan<strong>do</strong> três elementos que<br />

marcam, em geral, a condição social <strong>do</strong> imigrante: força de trabalho, provisionalidade e problema<br />

social. De mo<strong>do</strong> geral, os negócios <strong>do</strong>s migrantes rompem com esse triangulo e cria relações mais<br />

horizontais entre os chama<strong>do</strong>s imigrantes e autóctones, questionan<strong>do</strong> a própria construção <strong>do</strong><br />

imigrante como <strong>uma</strong> categoria social.


No entanto, se por um la<strong>do</strong>, essas diferenciadas iniciativas <strong>do</strong>s latino-americanos debilitam nas<br />

cidades de Madri e Barcelona a imagem <strong>do</strong> imigrante como problema social, força de trabalho e<br />

ser provisório, como foi acentua<strong>do</strong> anteriormente, por outro la<strong>do</strong>, começam a surgir una serie de<br />

procedimentos discursivos que etnizam de maneira homogeniza<strong>do</strong>ra a própria heterogeneidade<br />

<strong>do</strong>s imigrantes. O agrupamento dessas atividades comerciais, de mo<strong>do</strong> uniforme, como<br />

estabelecimentos “étnicos” sinalizam alguns perigos que <strong>uma</strong> suposta “etnização” implica no<br />

senti<strong>do</strong> de recompor de mo<strong>do</strong> homogêneo todas as diversificadas atividades empresariais. Essa<br />

injusta homogeneização pode gerar novas formas de relações, comerciais assimétricas,<br />

hierarquizadas por um recorte étnico, nacional ou religioso. Apenas com os avances das<br />

pesquisas sobre esse tema e com a própria evolução <strong>do</strong> fenômeno migratório, será possível<br />

comprovar os efeitos da presença comercial imigrante no contexto espanhol.<br />

REFERÊNCIAS<br />

Aramburu, M. "Los comercios de inmigrantes extranjeros en barcelona y la recomposición del<br />

“inmigrante” como categoría social", Scripta Nova. revista electrónica de geografía y ciencias<br />

sociales, nº 108 http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-108.htm, 2002.<br />

________ Bajo el signo del gueto. Imàgenes del “immigrante” en Ciutat Vella. Tesis <strong>do</strong>ctoral<br />

presentada en el Departamento de Antropologia Social. Universidad Autònoma de Barcelona,<br />

2000.<br />

Cebrián de Miguel, Juan Antonio; Bodega Fernández, María Isabel. “El negocio étnico, nueva<br />

fórmula de comercio en el casco antiguo de Madrid. El caso de Lavapiés”. Revista de Estudios<br />

Geográficos n. 48 pags. 559-580, 2002.<br />

Cavalcanti, L. Y Boggio, K. “Una presencia ausente en espacios transnacionales. Un análisis sobre<br />

la cuestión del retorno, a partir del cotidiano de uruguayos y brasileños en España”.<br />

Comunicación presentada en el 4º Congreso sobre la Inmigración en España, Girona, 10-13<br />

noviembre de 2004.<br />

Oso, L.; Ribas, N. (2004). «Empresaria<strong>do</strong> étnico y género: <strong>do</strong>minicanas y marroquíes en Madrid y<br />

Barcelona» Ponencia presentada en el IV Congreso Español de la Inmigración en España,<br />

Girona, 10-13 noviembre de 2004.<br />

Parella, S. (2003). Mujer, inmigrante y traba<strong>do</strong>ra: la triple discriminación, Barcelona: Anthropos.<br />

Santamaría, Enrique (2002) La incógnita del extraño: una aproximación a la significación<br />

sociológica de la inmigración no comunitaria. Barcelona: Anthropos Editorial.


San Román, T., Los muros de la separación. Ensayo sobre alterofobia y filantropía. Barcelona:<br />

Tecnos, 1996.<br />

Stolcke, V. “Talking Culture: New Boundaries, New Rhetoric of exclusion in Europe”. Currently<br />

Anthropology Review 36, (1995) : 1-24.<br />

Sayad, Abdelmalek. A imigração ou os para<strong>do</strong>xos da alteridade. São Paulo: Editora da<br />

Universidade de São Paulo, 1998.<br />

Solé, Carlota y Parella, Sònia. Negocios étnico: los comercios de los inmigrantes no comunitarios<br />

en Cataluña. Barcelona : Fundació CIDOB, 2005.<br />

Van Dijk, Teun A. Racismo y análisis crítico de los medios. Buenos Aires: Paidós, 1997.

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