11.10.2013 Views

Sexualidade, gênero, cor/raça e idade em ... - Fazendo Gênero

Sexualidade, gênero, cor/raça e idade em ... - Fazendo Gênero

Sexualidade, gênero, cor/raça e idade em ... - Fazendo Gênero

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

1 Essa pesquisa se desenvolveu simultaneamente <strong>em</strong> seis c<strong>idade</strong>s: Chicago e San Francisco, nos EUA; C<strong>idade</strong> do Cabo e<br />

Johannesburgo, na África do Sul; e Rio de Janeiro e São Paulo, no Brasil. A pesquisa é financiada pela Fundação Ford,<br />

contando no Brasil com apoio do Centro Latino-Americano <strong>em</strong> <strong>Sexual<strong>idade</strong></strong> e Direitos Humanos, do Cebrap, da Fiocruz e<br />

da USP. Ela é coordenada internacionalmente pela Laura Moutinho e t<strong>em</strong> coordenadores locais <strong>em</strong> cada uma das c<strong>idade</strong>s<br />

<strong>em</strong> que foi desenvolvida, a saber: Cathy Cohen, <strong>em</strong> Chicago; Jéssica Fields <strong>em</strong> San Francisco; Elaine Salo, na C<strong>idade</strong> do<br />

Cabo; Brigitte Bagnol <strong>em</strong> Johannesburgo; Simone Monteiro, no Rio e Júlio Assis Simões, <strong>em</strong> São Paulo. Na pesquisa foram<br />

<strong>em</strong>pregados três tipos de técnicas de coleta de dados: observação etnográfica nos locais mencionados na nota anterior,<br />

entrevistas <strong>em</strong> profund<strong>idade</strong> (no total de 24 <strong>em</strong> São Paulo) e questionários de controle (no total de 48 <strong>em</strong> São Paulo). Em<br />

cada c<strong>idade</strong> tiv<strong>em</strong>os equipes com participação de pesquisadores pós-graduandos e graduandos, que colaboraram não só na<br />

coleta dos dados, mas também nas interpretações. Para a realização deste trabalho quero ressaltar a colaboração de Marcio<br />

Macedo, Isadora Lins França, Luiz Henrique Passador e Regina Facchini.<br />

2 O universo abarcado neste trabalho diz respeito a apenas uma parte da pesquisa realizada <strong>em</strong> São Paulo. Cabe ressaltar<br />

que, na pesquisa, também foram cont<strong>em</strong>plados espaços de sociabil<strong>idade</strong> heterossexual. Ao todo, a pesquisa desenvolveu-se<br />

nas seguintes áreas: Centro - rua Vieira de Carvalho, rua Dom José de Barros, Galeria do Rock na rua 24 de Maio, boates A<br />

Gruta, Cantho, Freedom e Sambarylove; Vila Madalena - P<strong>raça</strong> Benedito Calixto, boates Bubu Lounge, A Torre, Mood e<br />

Blen-Blen; Jardins - Alameda Itu; Rua Augusta e boate Alôca. Ver PASSADOR, L. H. ; BARROS, Nádia de Matos ;<br />

THOMAZ, Omar Ribeiro ; GARCIA, Sandra M. Territórios e estilos: articulações entre <strong>gênero</strong>, <strong>raça</strong>/<strong>cor</strong>, classe e orientação<br />

sexual na c<strong>idade</strong> de São Paulo. In: S<strong>em</strong>inário Internacional <strong>Fazendo</strong> <strong>Gênero</strong> 7, 2006, Florianópolis. Anais, 2006.<br />

3 Ver BRAH, Avtar. Diferença, divers<strong>idade</strong>, diferenciação. cadernos pagu, 26, 2006.<br />

4 GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes) é termo nativo que denomina um circuito de bares, boates e outros equipamentos e<br />

espaços de convivência destinados à população homossexual na c<strong>idade</strong>. É também comumente associado a um mercado<br />

segmentado destinado a esse público. Ver: SIMÕES, Júlio Assis; FRANÇA, Isadora Lins. “Do gueto ao mercado”. In:<br />

GREEN, James et al., Homossexualismo <strong>em</strong> São Paulo e outros escritos. São Paulo: Unesp, 2005; FRANÇA, Isadora Lins.<br />

Cercas e pontes: o movimento GLBT e o mercado GLS na c<strong>idade</strong> de São Paulo. Dissertação de Mestrado. São Paulo:<br />

FFLCH/USP, 2006.<br />

5 O fato de muitos jovens freqüentadores da Vieira vir<strong>em</strong> de bairros longínquos, com os atributos depreciativos daí<br />

de<strong>cor</strong>rentes, é, aliás, largamente satirizado nos espetáculos comandados por drag queens, nas casas noturnas da região.<br />

Nesses espetáculos as drags apresentadoras escolh<strong>em</strong> pessoas dentre a clientela para realizar algum tipo de performance,<br />

pela qual receb<strong>em</strong> prêmios singelos. Ao convidar um rapaz (ou mais raramente uma garota) para subir ao palco,<br />

invariavelmente a drag pergunta onde a pessoa mora, e exagera a distância do local indicado e o fato de se situar na<br />

periferia: se a pessoa diz que mora <strong>em</strong> um bairro afastado, a drag pode retrucar, por ex<strong>em</strong>plo, dizendo que a pessoa “não<br />

mora, mas vive <strong>em</strong> cativeiro”. Referências sarcásticas às roupas e à aparência dos entrevistados, s<strong>em</strong>pre para enfatizar sua<br />

condição de classe baixa, são também ingredientes habituais desses espetáculos <strong>em</strong> que as próprias drags se auto-ironizam,<br />

já que encarnam os mesmos marcadores de seus convidados. O lado mais ferino, mordaz e malicioso da cena gay se<br />

evidencia aí com todas as suas fortes tintas.<br />

6 Ver MOUTINHO, Laura. Razão, “<strong>cor</strong>” e desejo. São Paulo: Ed. da Unesp, 2004.<br />

7 Ver, a propósito, a fala de Pedro, jov<strong>em</strong> que se identificou como “negro”: Quando você pensa num negro, você pensa <strong>em</strong>...<br />

sabe, pessoas mais relaxadas no sentido de educação, menos pragmáticas, muito mais <strong>em</strong>ocionais, né?! Muito mais<br />

passionais, diz<strong>em</strong>, diz<strong>em</strong> por aí, né?! Muito mais intensas, os negros são intensos, são o <strong>cor</strong>po, o físico... Os negros são<br />

muito mais <strong>cor</strong>po do que racional<strong>idade</strong>... né?! Enquanto que os brancos... pelo menos é o que a gente aprende, os brancos<br />

são muito mais pragmáticos, sist<strong>em</strong>áticos, pensam mais antes de fazer. Os negros são intensos <strong>em</strong> tudo, por isso que eles<br />

gostam de música, de dança, (...) Por isso que eu digo: eu me considero negro! Porque eu tenho todas as características que<br />

eu aprendi que negro t<strong>em</strong>! Eu sou uma pessoa muito pouco pragmática, muito <strong>em</strong>ocional, muito físico, dança pra mim é a<br />

melhor coisa, música, então! Quando toca as músicas que eu gosto, música drag, então, eu me acabo! Sou uma bicha hiper<br />

close, eu adoro dançar, adoro dublar, adoro fazer caras e bocas, entendeu? (...) Então, eu me considero negro por isso, e não<br />

pela minha aparência”.<br />

8 Ver FACCHINI, Regina. Entre umas e outras: mulheres, (homo)sexual<strong>idade</strong>s e diferenças na c<strong>idade</strong> de São Paulo.<br />

Campinas: IFCH/Unicamp, 2008. Tese de Doutorado.<br />

9 Ver CARRARA, Sergio e SIMÕES, Júlio Assis. “<strong>Sexual<strong>idade</strong></strong>, cultura e política: a trajetória da ident<strong>idade</strong> homossexual<br />

masculina na antropologia brasileira”. Cadernos pagu, 28, 2007.<br />

7

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!