CÃLCULO DE BLINDAGEM - ILEA
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Cálculo de Blindagem<br />
Ana Maria Xavier
Cálculo de Blindagem
Cálculo de Blindagem<br />
Quando um feixe de raios gama monoenergéticos<br />
colimados incidem sobre um material absorvedor de<br />
espessura variável, observa-se uma atenuação<br />
exponencial desses raios.<br />
Cada um dos processos de interação da radiação com a<br />
matéria remove fótons do feixe e pode ser caracterizado<br />
por uma probabilidade fixa de ocorrência por unidade de<br />
comprimento (espessura) do material absorvedor.
Cálculo de Blindagem<br />
A soma das probabilidades de ocorrência desses<br />
processos de interação, ou seja, a probabilidade, por<br />
unidade de comprimento, do fóton ser removido do<br />
feixe, é chamada coeficiente linear de atenuação, µ.<br />
O número de fótons transmitidos, I, pode ser expresso<br />
em termos do número de fótons sem a presença do<br />
meio absorvedor, I 0<br />
I = I 0<br />
. e -µx
Cálculo de Blindagem<br />
O coeficiente linear de atenuação, µ, apresenta a<br />
desvantagem de variar com a densidade do meio<br />
absorvedor. Assim, o coeficiente de atenuação mássico,<br />
(µ/ρ), onde ρ é a densidade do meio absorvedor, é mais<br />
amplamente empregado<br />
Assim, a lei de atenuação exponencial é expressa por:<br />
I = I 0<br />
. e – (µ/ρ).(ρ.x)
Cálculo de Blindagem<br />
O fluxo de fótons, φ, relativo a uma fonte pontual<br />
isotrópica e monoenergética gama em um meio<br />
homogêneo, a uma distância r ,é dado por:<br />
A = atividade da fonte em (Bq);<br />
µ= coeficiente de atenuação do<br />
meio em ( cm -1 )<br />
r = distância fonte detector (cm)<br />
φ(<br />
r)<br />
=<br />
− µ r<br />
Ae<br />
4πr<br />
2<br />
φ= fluxo (fótons/cm 2 . s)
Cálculo de Blindagem<br />
O coeficiente de atenuação µ é composto por três<br />
termos, quais sejam:<br />
µ f<br />
= efeito fotoelétrico<br />
µ c = efeito Compton<br />
µ p<br />
= produção de pares
Cálculo de Blindagem<br />
µ f<br />
= efeito fotoelétrico<br />
Neste efeito, toda a energia do fóton incidente é<br />
transferida ao elétron que é expelido com uma energia<br />
cinética<br />
hν - B e<br />
sendo h a constante de Planck, ν a freqüência da<br />
radiação e B E a energia de ligação do elétron ao seu<br />
orbital.<br />
O elétron expelido perde energia à<br />
interage com átomos de outros materiais.<br />
medida que<br />
Este tipo de efeito é predominante para fótons de baixa<br />
energia e para elementos de elevado número atômico<br />
(Z).<br />
Para o chumbo, por exemplo, o efeito fotoelétrico é<br />
predominante para energias inferiores a 0,6 MeV e, no<br />
caso do alumínio, para energias inferiores a 0,06 MeV.
Cálculo de Blindagem<br />
µ c<br />
= efeito Compton<br />
Quando a energia da radiação cresce, o efeito Compton<br />
torna-se mais importante do que o efeito fotoelétrico.<br />
Nesse tipo de efeito, o fóton incidente é espalhado por um<br />
elétron periférico que recebe apenas parte de sua<br />
energia.<br />
O efeito Compton prevalece em energias intermediárias,<br />
por exemplo, entre 100 KeV e 1 MeV.<br />
O efeito Compton depende, ainda, da densidade do<br />
material e diminui com o decréscimo da energia dos<br />
fótons.
Cálculo de Blindagem<br />
µ p<br />
= produção de pares<br />
A produção de pares ocorre somente quando fótons de<br />
energia igual ou superior a 1,02 MeV passam próximos a<br />
núcleos de elevados números atômicos. Neste caso, o<br />
fóton interage com o núcleo e desaparece, dando origem<br />
a um par elétron-pósitron.<br />
γ<br />
ε + + ε - + E
Cálculo de Blindagem<br />
Coeficiente de Atenuação<br />
µ = µ f<br />
+ µ c<br />
+ µ p
Cálculo de Blindagem<br />
Fator de Build-up<br />
A lei da atenuação exponencial para o fluxo supõe que os<br />
fótons espalhados pelo efeito Compton são totalmente<br />
desviados do feixe transmitido na direção de detecção.<br />
Entretanto, isto ocorre apenas no caso de feixe colimado e<br />
espessura fina de blindagem, requisitos conhecidos como<br />
boa geometria.<br />
Na realidade, no entanto, o detector pode registrar tanto<br />
os raios gama diretamente incidentes como aqueles que<br />
foram espalhados, mas retornam à direção de detecção<br />
ou, mesmo, outros tipos de radiação secundária. Assim, o<br />
sinal detectado será maior do que aquele que seria, sob<br />
condições de boa geometria.
Cálculo de Blindagem<br />
Fator de Build-up<br />
Essa situação é normalmente contornada pela introdução<br />
de um fator de correção, conhecido por fator de Build-up.<br />
A lei exponencial, nesse caso, deve, então, ser corrigida pelo<br />
"fator de build-up", que depende da energia da radiação<br />
incidente bem como do coeficiente de atenuação do meio<br />
absorvedor e da sua espessura.<br />
− µ r<br />
Ae<br />
φ ( r ) = B(<br />
µ r)<br />
4πr<br />
2<br />
Geralmente, o fator de build-up B(µ,r) é calculado pela<br />
fórmula de Taylor a seguir:<br />
A1e<br />
−α<br />
µ r<br />
A<br />
1<br />
B( r ) = + (1 − )<br />
1<br />
e<br />
α<br />
µ<br />
2<br />
−<br />
µ r
Cálculo de Blindagem<br />
Levando em consideração o fator de build-up, a lei<br />
de atenuação exponencial pode ser expressa<br />
como<br />
I = I 0<br />
e – (µ.x) . B(µx)
.<br />
D<br />
=<br />
f<br />
c<br />
Cálculo de Blindagem<br />
Fonte Poli-energética<br />
∑ µ r<br />
−<br />
i i<br />
n<br />
10<br />
i=<br />
1<br />
n<br />
3600<br />
µ abs e<br />
. A . 3,7<br />
x10<br />
. .{ ∑ .( )<br />
. (<br />
1000<br />
E j%<br />
j<br />
j n ∏ B µ<br />
2<br />
ir<br />
j=<br />
1 ρ<br />
i=<br />
1<br />
4π<br />
[<br />
n<br />
∑ r<br />
i=<br />
1<br />
i<br />
]<br />
i<br />
)}<br />
f c<br />
= 1,6 * 10 -8 g rad / MeV (10 6 *0,869/(34*1,61*10 12 )<br />
A = atividade da fonte, em Ci<br />
∑r i<br />
= distância, em metros, da fonte ao ponto de interesse<br />
Ej = energia, em MeV, do gama j considerado<br />
%j = percentagem de gama emitido de energia E j<br />
, por desintegração<br />
µi= coeficiente de atenuação mássico da blindagem i , em cm 2 /g,<br />
para energia E,<br />
(µabs/ρ)j = coeficiente de absorção mássico do meio em que se<br />
quer calcular a dose, em cm 2 /g, função da energia de gama E j<br />
,<br />
r i<br />
= espessura da blindagem i , em cm<br />
B(µ i<br />
,r i<br />
) = coeficiente de build-up para o meio i, função da energia E j<br />
D = dose no meio i , em rad/h
Cálculo de Blindagem<br />
•<br />
A taxa de exposição X, para uma fonte de radiação, pode ser<br />
aproximada por :<br />
A = atividade da fonte, em Ci,<br />
•<br />
X = Γ.A/d 2<br />
d = distância da fonte, em metros,<br />
Γ = constante específica de radiação gama (gamão), dada<br />
em R.m 2 /Ci.h<br />
O gamão é tabelado para diversos radionuclídeos, sendo função<br />
do espectro de desintegração emitido.
Cálculo de Blindagem<br />
Para o caso de uma fonte de radiação exposta no ar,<br />
a taxa de dose pode ser dada por:<br />
• •<br />
D = 0,87 . X em rad/h<br />
•<br />
Onde X é a taxa de exposição,<br />
em R/h
Grandezas e Unidades<br />
Exposição – Grandeza definida por:<br />
dQ /dm<br />
onde dQ é o valor absoluto da carga total<br />
de íons de um dado sinal, produzidos no<br />
ar, quando todos os elétrons (negativos e<br />
positivos) liberados pelos fótons no ar em<br />
uma massa dm (devido à interação dos<br />
fótons com o ar), são completamente<br />
freados no ar.
Grandezas e Unidades<br />
Exposição<br />
Esta grandeza só pode ser definida para o<br />
ar e para fótons X ou γ.<br />
A unidade especial Roentgen (R) está<br />
relacionada com a unidade do sistema<br />
Internacional, Coulomb/kg (C/kg) por:<br />
1 R = 2,58 . 10 -4 C/kg
Dose Absorvida<br />
Grandeza dosimétrica fundamental expressa<br />
por<br />
D = dε /dm<br />
sendo dε a energia média depositada pela<br />
radiação em um volume elementar de matéria<br />
de massa dm.<br />
A unidade do sistema internacional de dose<br />
absorvida é o JOULE POR QUILOGRAMA,<br />
denominada GRAY (Gy).<br />
1 Gy = 100 rad
Relação entre Dose Absorvida e<br />
Exposição<br />
Estudos experimentais mostram ser necessário, em média,<br />
33,4 MeV de energia para arrancar um elétron do ar,<br />
produzindo1,6 x10 -19 C. Assim:<br />
1 R = 2,58x10 -4 C/kg<br />
2,58x10 -4 C/kg x 33,4 eV /1,6x10 –19 C =<br />
= 5,386 x 10 16 eV/kg = 5,386 x10 13 eV/g .<br />
Como 1eV = 1,6x10 –12 erg ----><br />
1R = 86,9 erg/g ---><br />
1R = 0,869 rad ( no ar).<br />
1 rad = 1,15 R
Cálculo de Blindagem<br />
CONSTANTE ESPECÍFICA <strong>DE</strong> RADIAÇÃO<br />
GAMA ( GAMÃO)<br />
RADIONUCLÍ<strong>DE</strong>O<br />
Sódio-22<br />
Sódio-24<br />
Cobalto-57<br />
Cobalto-60<br />
Tecnécio-99m<br />
Iodo-125<br />
Iodo-131<br />
Césio-137<br />
Irídio-192<br />
Ra-226<br />
GAMÃO (R.m 2 /(Ci.h)<br />
1,20<br />
1,84<br />
0,09<br />
1,32<br />
0,06<br />
0,004<br />
0,22<br />
0,33<br />
0,48<br />
0,82
Cálculo de Blindagem<br />
CAMADA SEMI-REDUTORA<br />
A espessura necessária para reduzir a intensidade do feixe de<br />
radiação à metade do valor inicial, conhecida por camada<br />
semi-redutora, CSR (Half Value Layer, HVL) pode ser<br />
expressa por:<br />
I 0<br />
/2 = I 0<br />
. e – (µ.CSR)<br />
1/2 = e – (µ.CSR)<br />
ln (1/2) = - (µ.CSR)<br />
- ln 2 = - (µ.CSR)<br />
CSR = ln 2 / µ
Cálculo de Blindagem<br />
CAMADA <strong>DE</strong>CI-REDUTORA<br />
A espessura necessária para reduzir a intensidade do feixe de<br />
radiação a um décimo do valor inicial, conhecida por camada<br />
deci-redutora, CDR (Tenth Value Layer, TVL) pode ser<br />
expressa por:<br />
I 0<br />
/10 = I 0<br />
. e – (µ.CDR)<br />
1/10 = e – (µ.CDR)<br />
ln (1/10) = - (µ.CDR)<br />
- ln 10= - (µ.CDR)<br />
CDR = ln 10 / µ
Cálculo de Blindagem<br />
FATOR <strong>DE</strong> ATENUAÇÃO<br />
Outro parâmetro empregado para estimar a espessura de<br />
material de blindagem é o Fator de Redução, FR, definido<br />
como:<br />
FR = I 0 / I = e<br />
(nCSR. µ)<br />
Para n camadas semi-redutoras<br />
I 0 / I= e<br />
(n.ln2/µ) ( µ.)<br />
exp(n.ln2)= exp (ln2 n ) = 2 n<br />
FR = I 0<br />
/ I=2 n
Coeficiente de Atenuação Mássico<br />
µ/ρ (cm 2 /g)<br />
Energia<br />
0,5 MeV<br />
1,0 MeV<br />
1,5 MeV<br />
Material<br />
Ar<br />
0,0869<br />
0,0635<br />
0,0516<br />
Água<br />
0,0967<br />
0,0706<br />
0,0576<br />
Concreto<br />
0,0870<br />
0,0635<br />
0,0517<br />
Tecido<br />
Humano<br />
0,0937<br />
0,0683<br />
0,0557<br />
Ferro<br />
0,0840<br />
0,0598<br />
0,0484<br />
Chumbo<br />
0,152<br />
0,0703<br />
0,0523
Exercícios<br />
Calcular a taxa de dose no ar a 2 metros de uma fonte exposta de<br />
50 Ci de Co-60. Fator de Build up = 1<br />
Empregando-se a equação<br />
.<br />
D<br />
=<br />
f<br />
c<br />
∑µ<br />
r<br />
−<br />
i i<br />
n<br />
10<br />
i=<br />
1<br />
n<br />
3600<br />
µ abs e<br />
. A . 3,7<br />
x10<br />
. .{ ∑ .( )<br />
. ( )}<br />
10000<br />
E j%<br />
j<br />
j n ∏ B µ<br />
2<br />
iri<br />
j=<br />
1 ρ<br />
i=<br />
1<br />
4π<br />
[<br />
n<br />
∑ri]<br />
i=<br />
1<br />
fc = 1,6 * 10 -8 g rad / MeV (106 *0,869/(34*1,61*1012)<br />
(µabs/ρ) j = coeficiente de absorção mássico do meio em<br />
que se quer calcular a dose, em cm 2 /g, função da energia<br />
de gama E j ,
Exercícios<br />
Solução:<br />
Gamão do Co-60 ---> 1,32 R m 2 /Ci.h,<br />
2 gamas por desintegração<br />
{1,17 MeV ,100%, µ/ρ ar=0,0272 cm 2 /g}<br />
{1,33 MeV ,100%, µ/ρ ar=0,0264 cm 2 /g}<br />
Empregando-se a equação anterior<br />
D=1,6.10 -8 .50.3,7.10 10 .3600{1,17.0,0272+1,33.0,0264}/4π2 2 . 10000<br />
D= 14,19 rad/h ou X = 14,19/0,869 = 16,33 R/h<br />
X = 1,32 . 50/2 2 = 16,5 R/h e D = 16,5 . 0,869 = 14,34 rad/h,
Exercícios<br />
Calcule a taxa de dose no ar a 1,99 metros de uma fonte de Co-<br />
60 de 50 Ci de atividade blindada por 10 mm de chumbo,<br />
considerando a situação de boa geometria.<br />
Solução: Fator de build-up para o chumbo = 1 (Boa geometria)<br />
Γ - 1,32 (R.m 2 /(Ci.h)<br />
µchumbo (E = 1,25 MeV) = 0,646 cm -1<br />
Γ.A/d 2 = 16.5 R/h<br />
e - µx = 0,524<br />
•<br />
X = 8,65 R/h<br />
Obs: a atenuação no ar pode ser considerada desprezível<br />
D = 8,65 . 0,869 = 7,52 rad/h,
Exercícios<br />
Calcule a taxa de dose no ar a 1,99 metros de uma fonte de<br />
Co-60 de 50 Ci de atividade blindada por 10 mm de<br />
chumbo, considerando a situação de boa geometria.<br />
Solução:<br />
Γ - 1,32 (R.m 2 /(Ci.h)<br />
µchumbo (E = 1,25 MeV) = 0,646 cm -1<br />
Empregando o conceito de camada semi-redutora,<br />
X = Γ.A 2 -n /d 2<br />
CSR =ln2/ µ = 0,693/µ = 0,693/0,6458 = 1,07 cm<br />
n = 1/1,07 =0,93<br />
X = 1,32*50*2 -0,93 /2 2 = 8,66 R/h<br />
D = 8,66 . 0,869 = 7,52 rad/h,<br />
D = 0,0752 Gy/h = 75,2 mSv/h
Exercícios<br />
Calcule a espessura de chumbo necessária para reduzir a taxa de<br />
exposição a 2 metros de uma fonte de Co-60 de 50 Ci para 2,5<br />
mR/h , desprezando-se o fator de build-up, utilizando a Figura<br />
que se segue.<br />
µchumbo (E = 1,25 MeV) = 0,646 cm -1<br />
2,5 . 10 -3 =1,32 . 50 e -0,646 x /2 2<br />
x<br />
x = 13,61 cm<br />
2 metros
Exercícios<br />
Calcule a espessura de chumbo necessária para reduzir a taxa de<br />
exposição a 2 metros de uma fonte de Co-60 de 50 Ci para<br />
2,5 mR/h, µchumbo (E = 1,25 MeV) = 0,646 cm -<br />
1<br />
desprezando-se o fator de build-up, conforme Figura abaixo.<br />
Solução: Empregando o conceito<br />
de camada semi-redutora:<br />
I 0<br />
= 1,32 . 50/4 = 16.5 R/h<br />
2 metros<br />
x<br />
I = 2,5 mR/h<br />
I 0<br />
/I = 6600 = 2 n<br />
n = 12,688<br />
x = n . CSR ---->CSR = ln2/ µ<br />
x = 12,688 . 1,07<br />
x = 13,76 cm