06.02.2014 Views

Fisioterapia na Recuperação Funcional do Ombro de um ... - APF

Fisioterapia na Recuperação Funcional do Ombro de um ... - APF

Fisioterapia na Recuperação Funcional do Ombro de um ... - APF

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Revista Portuguesa <strong>de</strong> <strong>Fisioterapia</strong> no Desporto<br />

Introdução<br />

O sujeito seleccio<strong>na</strong><strong>do</strong> para a realização <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> foi<br />

<strong>um</strong> caso <strong>de</strong> recuperação funcio<strong>na</strong>l imediatamente após<br />

cirurgia repara<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> lesões estruturais da articulação<br />

gleno-<strong>um</strong>eral (GU) diagnosticadas tardiamente (mais <strong>de</strong><br />

6 meses <strong>de</strong>pois) associada a alterações/disfunções da<br />

estabilida<strong>de</strong> articular dinâmica. Desta forma, po<strong>de</strong>r-se-á<br />

implementar <strong>um</strong> plano <strong>de</strong> intervenção que se baseia <strong>na</strong><br />

normalização <strong>do</strong> binómio mobilida<strong>de</strong>/estabilida<strong>de</strong><br />

dinâmica <strong>do</strong> complexo articular <strong>do</strong> ombro.<br />

Adicio<strong>na</strong>lmente, este é <strong>um</strong> tema <strong>de</strong> cada vez maior<br />

interesse <strong>na</strong> prática clinica e/ou científica e ganha<br />

particular relevância no sujeito em estu<strong>do</strong> face às<br />

exigências físicas e <strong>de</strong>safios que a profissão lhe coloca<br />

- Inspector da Policia Judiciária com trabalho <strong>na</strong> área<br />

crimi<strong>na</strong>l e operacio<strong>na</strong>l - .<br />

Labr<strong>um</strong> Glenoi<strong>de</strong>u<br />

O labr<strong>um</strong> glenoi<strong>de</strong>u é <strong>um</strong> anel fibrocartilageneo que se<br />

encontra perifericamente em volta da cavida<strong>de</strong> glenói<strong>de</strong>,<br />

a<strong>um</strong>entan<strong>do</strong> a área <strong>de</strong> contacto em tamanho e<br />

profundida<strong>de</strong> da cavida<strong>de</strong> glenói<strong>de</strong>, contribuin<strong>do</strong> assim<br />

para a estabilida<strong>de</strong> estática da articulação gleno-<strong>um</strong>eral<br />

(Brukner, P. & Khan, K., 2006). O labr<strong>um</strong> glenoi<strong>de</strong>u<br />

permite a<strong>um</strong>entar a profundida<strong>de</strong> da glenoi<strong>de</strong> em cerca<br />

<strong>de</strong> 5 a 10 mm a<strong>um</strong>entan<strong>do</strong> igualmente a sua área <strong>de</strong><br />

contacto com a cabeça <strong>um</strong>eral (Howell & Gali<strong>na</strong>t, 1989).<br />

Foi estima<strong>do</strong>, por Lippit & Matsen (1993), que <strong>um</strong>a lesão<br />

<strong>do</strong> labr<strong>um</strong> a<strong>um</strong>enta em 20% os movimentos <strong>de</strong><br />

translação da cabeça <strong>um</strong>eral em relação à condição<br />

fisiológica <strong>de</strong> labr<strong>um</strong> íntegro. Isto a<strong>um</strong>enta/potencia o<br />

risco <strong>de</strong> instabilida<strong>de</strong> dinâmica, particularmente nos<br />

sujeitos que usam muito o ombro com os movimentos da<br />

mão acima da cabeça, como p.ex os lança<strong>do</strong>res,<br />

remata<strong>do</strong>res com o membro superior.<br />

As lesões <strong>do</strong> labr<strong>um</strong> (“superior labr<strong>um</strong> from anterior to<br />

posterior “- SLAP injury) mais comuns são as <strong>do</strong> tipo II<br />

(Wilk et al., 2009), como se verifica com o sujeito em<br />

estu<strong>do</strong><br />

Os mecanismos mais comuns <strong>de</strong> lesão <strong>do</strong> labr<strong>um</strong> são<br />

movimentos repeti<strong>do</strong>s com a mão acima da cabeça, tais<br />

como lançamentos e a excessiva tracção inferior<br />

(transportar e/ou, levantar pesos). As lesões causadas<br />

pelos lançamentos acontecem <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à combi<strong>na</strong>ção <strong>do</strong>s<br />

movimentos <strong>de</strong> abdução e <strong>de</strong> rotação exter<strong>na</strong> (“no puxar<br />

o braço atrás”) que promove tracção no tendão da longa<br />

porção <strong>do</strong> bícipete e no labr<strong>um</strong>, ocorren<strong>do</strong> <strong>de</strong>sta forma<br />

<strong>um</strong>a translação postero-superior da cabeça <strong>do</strong> úmero<br />

anormal, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a <strong>um</strong> défice <strong>de</strong> rotação inter<strong>na</strong> e <strong>um</strong>a<br />

excessiva protacção da omoplata (Brukner, P. & Khan,<br />

K., 2006).<br />

Os pacientes referem <strong>um</strong>a <strong>do</strong>r muito pouco localizada no<br />

ombro e que a<strong>um</strong>enta em activida<strong>de</strong>s funcio<strong>na</strong>is com a<br />

mão acima da cabeça e atrás das costas. Po<strong>de</strong>m ainda<br />

referir <strong>um</strong> ressalto ou crepitar articular. As <strong>do</strong>res<br />

produzidas pelas lesões <strong>de</strong> SLAP são similares, às<br />

<strong>do</strong>res produzidas pelo impingement e/ou, <strong>do</strong>r<br />

proveniente da articulação acrómio-clavicular, haven<strong>do</strong><br />

por parte <strong>do</strong> utente, dificulda<strong>de</strong> <strong>na</strong> sua localização<br />

(Brukner, P. & Khan, K., 2006), o que exige <strong>um</strong>a<br />

avaliação clinica cuida<strong>do</strong>sa e completa em termos <strong>de</strong><br />

diagnóstico diferencial.<br />

Controlo Motor <strong>na</strong> Estabilida<strong>de</strong> Dinâmica<br />

Alguns autores apresentam o controlo motor como <strong>um</strong><br />

factor etiológico importante <strong>na</strong>s disfunções músculoesqueléticas<br />

(Comeford, J.M., & Mottram, S.L., 2001).<br />

Os conceitos <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> dinâmica e <strong>de</strong> disfunção <strong>do</strong><br />

movimento são <strong>um</strong>a forma <strong>de</strong> avaliação <strong>do</strong> movimento e<br />

da função. De acor<strong>do</strong> com este conceito, o sistema <strong>de</strong><br />

movimento compreen<strong>de</strong> a interacção coor<strong>de</strong><strong>na</strong>da entre<br />

os vários sistemas <strong>do</strong> corpo h<strong>um</strong>ano, ou seja, articular,<br />

miofascial, neural e teci<strong>do</strong> conjuntivo (Comeford, J.M., &<br />

Mottram, S.L., 2001).<br />

O conceito <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> dinâmica encontra-se<br />

relacio<strong>na</strong><strong>do</strong> com a capacida<strong>de</strong> <strong>do</strong> sistema nervoso (SN)<br />

mo<strong>de</strong>lar, <strong>de</strong> forma eficiente, o controlo inter-segmentar<br />

através <strong>de</strong> <strong>um</strong>a co-activação <strong>do</strong> sistema muscular local<br />

e solicitan<strong>do</strong>, através <strong>de</strong> padrões coor<strong>de</strong><strong>na</strong><strong>do</strong>s, o<br />

sistema muscular global (Comeford, J.M., & Mottram,<br />

S.L., 2001).<br />

De acor<strong>do</strong> com Ellenbecker (2006), a estabilida<strong>de</strong><br />

dinâmica neuromuscular é importante em todas as<br />

articulações, mas particularmente <strong>na</strong>s articulações como<br />

a GU on<strong>de</strong> há <strong>um</strong>a congruência articular imperfeita e<br />

incompleta, possibilitan<strong>do</strong> amplos movimentos nos 3<br />

planos <strong>do</strong> espaço que tem que ser controla<strong>do</strong>s,<br />

regula<strong>do</strong>s di<strong>na</strong>micamente pelo sistema neuromuscular<br />

<strong>de</strong> forma coor<strong>de</strong><strong>na</strong>da.<br />

O s e n t i d o c i n e s t é s i c o p r o v e n i e n t e d o s<br />

m e c a n o r e c e p t o r e s a r t i c u l a r e s , d o s f u s o s<br />

neuromusculares e <strong>do</strong>s órgãos tendinosos <strong>de</strong> Golgi,<br />

<strong>de</strong>sempenha <strong>um</strong> papel essencial <strong>na</strong> regulação da função<br />

neuromuscular nomeadamente:<br />

Vol<strong>um</strong>e 4 | Número 1 44

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!