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Fisioterapia na Recuperação Funcional do Ombro de um ... - APF

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Revista Portuguesa <strong>de</strong> <strong>Fisioterapia</strong> no Desporto<br />

a)Na regulação <strong>do</strong> tónus postural pela criação <strong>de</strong><br />

arcos reflexos a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s à estabilização<br />

dinâmica, assegurada pelos diferentes músculos<br />

estabiliza<strong>do</strong>res dinâmicos (Borsa, Timmons, &<br />

Sauers, 2003; Guanche, K<strong>na</strong>tt, Solomonow, Lu, &<br />

Baratta, 1995) ex. músculos da coifa <strong>do</strong>s<br />

rota<strong>do</strong>res.<br />

b)Na monitorização das estratégias <strong>de</strong><br />

coor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção intra-muscular e inter-muscular<br />

assegurada e geridas pelo SN.<br />

Para que tal aconteça é necessária a implementação <strong>de</strong><br />

planos <strong>de</strong> intervenção que têm como objectivo a<br />

(re)aprendizagem neuromotora para que seja possível<br />

<strong>um</strong>a reaquisição <strong>do</strong>s padrões neuromotores a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s,<br />

promoven<strong>do</strong> a activação eficiente <strong>do</strong>s músculos <strong>de</strong>ste<br />

complexo articular (Ellenbecker, T. S., 2006).<br />

Qualquer a<strong>um</strong>ento no sistema <strong>de</strong> estabilização dinâmica<br />

parece ter gran<strong>de</strong>s repercussões no complexo articular<br />

<strong>do</strong> ombro (Fusco et. al, 2008).<br />

A coifa <strong>do</strong>s rota<strong>do</strong>res, parece ter <strong>um</strong> papel<br />

prepon<strong>de</strong>rante <strong>na</strong> articulação gleno-<strong>um</strong>eral, semelhante<br />

ao papel <strong>do</strong> músculo transverso <strong>do</strong> abdómen, no<br />

funcio<strong>na</strong>mento <strong>do</strong> complexo lombo-pélvico, bem como à<br />

função <strong>do</strong> vasto interno oblíquo referente à estabilida<strong>de</strong><br />

dinâmica da patela (Hi<strong>de</strong>s et al. 1994, 1996; Richardson<br />

& Jull 1994, 1995; Hodges & Richardson 1996, 1998;<br />

Hodges et al. 1996; O’Sullivan et al. 1997a, b, 2000<br />

cita<strong>do</strong> por Margarey, M.E. & Jones, M.A., 2003)<br />

O sucesso <strong>do</strong>s músculos <strong>na</strong> estabilização <strong>do</strong> ombro não<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da força que estes conseguem gerar, mas sim<br />

<strong>na</strong> resultante das suas forças <strong>de</strong> forma a promover <strong>um</strong>a<br />

centralização dinâmica da cabeça <strong>do</strong> úmero <strong>de</strong>ntro da<br />

cavida<strong>de</strong> glenói<strong>de</strong> (Margarey, M.E. & Jones, M.A.,<br />

2003).<br />

Um conjunto <strong>de</strong> forças-chave relevante para a<br />

estabilida<strong>de</strong> da articulação gleno-<strong>um</strong>eral é a resultante<br />

<strong>do</strong>s componentes inferiores da coifa <strong>de</strong> rota<strong>do</strong>res – o<br />

subescapular, o infra-espinhoso e o pequeno re<strong>do</strong>n<strong>do</strong>.<br />

Alg<strong>um</strong>a alteração da função <strong>de</strong>stes músculos no seu<br />

papel <strong>de</strong> estabiliza<strong>do</strong>res criará <strong>um</strong> novo eixo <strong>de</strong> rotação<br />

e <strong>um</strong> movimento <strong>de</strong> translação anormal da cabeça <strong>do</strong><br />

úmero, comprometen<strong>do</strong> a centragem da mesma. No que<br />

diz respeito à articulação escápulo-torácica, o conjunto<br />

<strong>de</strong> forças associa<strong>do</strong> aos movimentos <strong>de</strong> elevação <strong>do</strong><br />

membro superior altera-se ao longo da amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

movimento e à medida que o eixo <strong>de</strong> rotação modifica.<br />

No entanto os principais músculos que contribuem para<br />

a estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta articulação são o gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>nta<strong>do</strong> e<br />

o trapézio (Kronberg, M., Nemeth, G., & Brostrom, L. A.,<br />

1990).<br />

No início da amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento <strong>de</strong> flexão, quan<strong>do</strong><br />

o eixo <strong>de</strong> rotação se situa ao nível da raiz da espinha da<br />

omoplata, os principais rota<strong>do</strong>res envolvi<strong>do</strong>s são as<br />

fibras superiores <strong>do</strong> gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>nta<strong>do</strong> e <strong>do</strong> trapézio. À<br />

medida que o eixo <strong>de</strong> rotação se vai <strong>de</strong>slocan<strong>do</strong> em<br />

direcção à articulação acrómio-clavicular, a contribuição<br />

relativa <strong>do</strong> trapézio superior diminui, enquanto que a <strong>do</strong><br />

trapézio inferior a<strong>um</strong>enta juntamente com as fibras<br />

inferiores <strong>do</strong> gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>nta<strong>do</strong>. Desta forma, o gran<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>nta<strong>do</strong> é <strong>um</strong> componente bastante significativo neste<br />

conjunto <strong>de</strong> forças, ao longo <strong>de</strong> toda a amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

movimento (Levangie, P. K., & Norkin, C. C., 2005).<br />

Lephart, S. M., & Jari, R. (2002), referem que a<br />

propriocepção <strong>de</strong>sempenha <strong>um</strong> papel importante <strong>na</strong><br />

estabilida<strong>de</strong> articular. Quantificar esse papel não se<br />

consegue precisar. Após <strong>um</strong>a lesão da cápsula,<br />

ligamentos, labr<strong>um</strong> glenoi<strong>de</strong>u ou músculos<br />

pericapsulares existe <strong>um</strong> défice nos in-puts articulares<br />

(propriocepção) com efeitos quer no senti<strong>do</strong> cinestésico<br />

quer <strong>na</strong> regulação <strong>do</strong>s padrões neuromotores<br />

responsáveis pela estabilida<strong>de</strong> dinâmica (out-puts).<br />

As lesões estruturais <strong>de</strong> <strong>um</strong>a articulação po<strong>de</strong>m<br />

danificar mecanoreceptores localiza<strong>do</strong>s <strong>na</strong>s estruturas<br />

cápsulo-ligamentares e adjacentes aos músculos,<br />

conduzin<strong>do</strong> a diminuição da avaliação da<br />

proprioceptivida<strong>de</strong> (Janwanta<strong>na</strong>kul et al, 2003). O treino<br />

da propriocepção <strong>de</strong>verá ser inseri<strong>do</strong> no plano <strong>de</strong><br />

tratamento logo que possivel (Brukner, P. & Khan, K.,<br />

2006).<br />

O tratamento <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> lesões tem que consi<strong>de</strong>rar<br />

<strong>um</strong> treino proprioceptivo como complemento <strong>de</strong><br />

qualquer intervenção cirúrgica. Alguns trabalhos vieram<br />

confirmar que a função da articulação <strong>do</strong> ombro é<br />

restaurada assim que a propriocepção é normalizada.<br />

Quer se opte por <strong>um</strong>a abordagem cirúrgica, quer se<br />

actue conserva<strong>do</strong>ramente, é importante integrar sempre<br />

no plano <strong>de</strong> reabilitação exercícios <strong>de</strong> propriocepção e<br />

<strong>de</strong> restabelecimento <strong>do</strong> controlo neuromuscular,<br />

promoven<strong>do</strong> <strong>de</strong>sta forma resulta<strong>do</strong>s funcio<strong>na</strong>is (Lephart,<br />

S. M., & Jari, R., 2002).<br />

Vol<strong>um</strong>e 4 | Número 1 45

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