Pick up a star. Stay there.
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
<strong>Pick</strong> <strong>up</strong> a <strong>star</strong>.<br />
<strong>Stay</strong> <strong>there</strong>.<br />
A Sua Estrela. À Sua Espera.<br />
Isabel Santos Ferreira<br />
Psicologia Clínica<br />
Psicologia Positiva<br />
Coaching<br />
Modelo Integrado de Intervenção<br />
em Saúde Psicológica e Bem E<strong>star</strong>.
INTRODUÇÃO<br />
A<br />
<strong>Pick</strong> <strong>up</strong> a <strong>star</strong>.<br />
tualmente, a minha relação com a Psicologia é feita de proximidade e<br />
confiança. Acredito hoje nas potencialidades da ciência psicológica na prevenção<br />
das causas e no tratamento das consequências que resultam na esmagadora<br />
maioria dos desequilíbrios que, aqui e além, acontecem às pessoas. Mas nem<br />
sempre foi assim. Durante muito tempo tive a sensação de que o caminho<br />
terapêutico parecia bloquear num certo patamar de crescimento, o que resultava<br />
num sentimento de frustração. Para mim, enquanto facilitadora de processos<br />
de rec<strong>up</strong>eração psicológica, parecia faltar sempre alguma coisa. Para as pessoas<br />
que procuravam ajuda, não obstante a melhoria significativa nas suas capacidades<br />
de funcionar de forma adaptativa, parecia manter-se em muitos casos um<br />
nível de apatia considerável. Estabilizadas quanto aos seus sintomas, apaziguadas<br />
face aos pensamentos ruminativos e incómodos com que chegavam mas, ainda<br />
assim, pouco ativadas para a auto-gestão das suas próprias vidas.<br />
<strong>Stay</strong> <strong>there</strong>.<br />
“É necessário<br />
ter o caos cá dentro<br />
para gerar uma estrela.”<br />
Friedrich Nietzsche<br />
Talvez por isso se ouça tão frequentemente que “não se vai lá fazer nada”<br />
quando alguém refere uma consulta de Psicologia. As expectativas das pessoas<br />
são baixas, a sua entrega a processos que não as motivam é inconsistente,<br />
os modelos de trabalho são efectivamente em alguns contextos pouco adequados<br />
às problemáticas em causa e então acontecem duas coisas. A interr<strong>up</strong>ção do<br />
processo por parte das pessoas, cada vez mais apertadas nos seus orçamentos<br />
e nas suas agendas, e o reforço da representação generalizada de que para<br />
ir ao Psicólogo para “falar” das suas questões privadas e vir de lá na mesma,<br />
mais vale recorrer aos amigos ou ao médico de família ou ao padre da paróquia.<br />
Também sempre me fez confusão o secretismo que envolve as áreas psicológicas,<br />
como se houvesse fórmulas misteriosas de chegar aos meandros da mente<br />
das pessoas que procuram um Psicólogo. A própria classe alimentou durante<br />
algum tempo esse estereótipo. Fazia parte do “personagem” uma certa imagem<br />
difusamente esotérica correspondente a uma espécie de ser aparte com antenas<br />
especiais, capazes de captar informação privilegiada sobre os interlocutores. Ora<br />
isto é muito desagradável quando se conhece alguém e esse alguém toma<br />
conhecimento da nossa profissão. E fica logo à defesa, não vá o Psicólogo<br />
apesar de se encontrar no seu tempo livre, desatar a ler-lhe os pensamentos<br />
através dos olhos, dos gestos das mãos ou da posição dos pés.<br />
1
Mas um Psicólogo é uma pessoa absolutamente normal, igualzinha a todas<br />
as outras, e hoje em dia, felizmente, há-os para todos os gostos. Apenas<br />
estudou métodos e técnicas para identificar problemas e facilitar processos<br />
de transformação nas outras pessoas. É esse meramente o seu papel.<br />
A primeira década do novo milénio viu nascer e crescer exponencialmente<br />
outras áreas adjacentes que trouxeram ao terreno clínico ferramentas<br />
poderosas de intervenção. Às formas mais tradicionais de exercer modelos<br />
que na prática clínica estão melhor ou pior confirmados pela experiência,<br />
veio juntar-se o pragmatismo dos processos de Coaching ou a alavanca<br />
rumo ao florescimento da Psicologia Positiva.<br />
Trabalhar directamente a amplificação das competências pessoais e o<br />
desenvolvimento interior de cada um, permite modernizar um estilo de<br />
intervenção que se quer cada vez mais eficaz em termos de tempo e<br />
resultados. As pessoas já não querem apenas sentir menos tristeza e<br />
preoc<strong>up</strong>ações, mas também anseiam por uma vida de maior bem e<strong>star</strong><br />
e satisfação. Não querem apenas corrigir ou minimizar as suas fragilidades,<br />
querem construir as suas forças e aprender formas de funcionar no seu<br />
melhor.<br />
<strong>Pick</strong> <strong>up</strong> a <strong>star</strong>.<br />
<strong>Stay</strong> <strong>there</strong>.<br />
Foi por isso que entendi escrever este guião.<br />
Aqui revelo as características principais em que se baseia o Modelo Integrado<br />
de Intervenção que utilizo e que tantas provas tem dado da sua eficácia.<br />
Para que fique claro de que não existem mistérios para a mudança.<br />
Apenas trabalho.<br />
Mais do que qualquer outra coisa<br />
os homens e as mulheres<br />
procuram a Felicidade.<br />
Isabel Santos Ferreira<br />
Aristóteles<br />
2
PICK UP A STAR.<br />
STAY THERE.<br />
<strong>Pick</strong> Up a Star é uma metáfora.<br />
Representa o caminho de possibilidades e escolhas que temos o direito de fazer. Significa que<br />
para além dos condicionalismos exteriores que não podemos controlar e da herança que transportamos<br />
nos genes do nosso corpo, há uma margem de atitudes conscientes e deliberadas que estão<br />
dentro do perímetro da nossa margem de manobra. A vida é um espaço dinâmico de movimento<br />
contínuo, em que a toda a hora entram e saem pessoas, vivências, emoções e oportunidades e<br />
há que saber aju<strong>star</strong> em cada momento as nossas expectativas. Apanhar uma Estrela é uma<br />
figura de estilo que neste conceito assegura uma mudança de perspectiva sobre quem somos<br />
e de que coisas queremos feito o nosso bem e<strong>star</strong>. Nem sempre podemos descartar situações<br />
ou pessoas que beliscam a nossa felicidade, mas podemos aprender a lidar com elas de modo<br />
mais adaptativo e resiliente. Nem sempre estamos no tempo e no local certos para tomar algumas<br />
decisões, mas podemos tomar outras que alteram profundamente o modo como a realidade<br />
nos é apresentada. A realidade. Esse conjunto de histórias que contamos a nós próprios desde a<br />
infância, altura em que o nosso raciocínio se tornou operacional.<br />
<strong>Stay</strong> There não é uma metáfora.<br />
É uma forma de desejo que não depende da magia de apenas existir. Está antes directamente<br />
relacionado com o esforço ativo com que nos envolvemos na manutenção de um estado de<br />
bem e<strong>star</strong> e felicidade sempre que ele nos acontece. Porque não basta enco<strong>star</strong>mo-nos aos<br />
acontecimentos positivos quando eles ocorrem, temos de aprender a preservá-los, acarinhando a<br />
sua permanência, evolução e diversidade. <strong>Pick</strong> Up a Star. <strong>Stay</strong> There., é um processo de<br />
desenvolvimento pessoal que visa o bem e<strong>star</strong> enquanto condição psicológica para a qual devemos<br />
preparar-nos e cultivar-nos. Criando defesas pessoais e desenvolvendo competências para o<br />
preservar. As pessoas que aprendem a monitorizar a sua experiência interior, estão potencialmente<br />
mais capazes de determinar a qualidade das suas vidas.<br />
E isso é o mais próximo que conseguimos chegar de um estado de felicidade sustentada.<br />
3
MODELO<br />
PICK UP A STAR.<br />
Realização/<br />
Concretizações<br />
FUNCIONAL<br />
FUNCIONAL<br />
Forças de<br />
Carácter<br />
Propósito<br />
de<br />
Vida<br />
Ação<br />
Autonomia/<br />
Liderança<br />
Pessoal<br />
Crenças<br />
Pessoais<br />
MENTAL<br />
MENTAL<br />
Mestria/<br />
Competências<br />
O<br />
Modelo <strong>Pick</strong> Up a Star permite uma<br />
representação esquemática e visual dos componentes<br />
que contribuem para o equilíbrio homeostático de<br />
cada pessoa individual.<br />
É um modelo intra-pessoal, inspirado na integração<br />
optimizada de outras abordagens decorrentes<br />
essencialmente das Teorias Cognitivas, da Psicologia<br />
Positiva e do Coaching, e que press<strong>up</strong>õe que<br />
cada pessoa trabalhe consigo e para si, de forma<br />
a fortificar-se interiormente e a permanecer mais<br />
resistente às mudanças externas.<br />
Porque a única coisa sobre a qual temos controlo,<br />
desde que mentalmente sãos, são as nossas<br />
decisões e as nossas escolhas.<br />
O que muitas vezes induz em erro a maioria das<br />
pessoas, que até são muito competentes a tomar<br />
decisões, é a convicção de que escolhida a opção,<br />
demarcado o caminho, está tudo feito e o curso<br />
da vida segue sozinho. Errado. Para sustentar e<br />
optimizar as nossas decisões é necessário o<br />
trabalho diário que a sua manutenção exige porque<br />
nada se mantem a si próprio em rota livre,<br />
apenas porque temos vontade ou por obra de<br />
um milagre religioso.<br />
Planeamento<br />
Planeamento<br />
Envolvimento/<br />
Flow<br />
Relações<br />
Positivas<br />
EMOCIONAL<br />
Emoções<br />
Positivas 3P<br />
Reflexão<br />
Reflexão<br />
O modelo press<strong>up</strong>õe um equilíbrio dinâmico e<br />
flexível entre as nove fatias que o constituem,<br />
porque não há nada que esteja bem para sempre<br />
nem as decisões de hoje servem os interesses<br />
do dia de amanhã. Se este ecossistema se<br />
mantiver em equilíbrio, com todas as partes a<br />
concorrerem para o bem e<strong>star</strong> da pessoa que<br />
o comanda e se, adicionalmente, os limites que<br />
o sustêm forem forçados sempre um pouco mais<br />
além do seu perímetro, a capacidade pessoal de<br />
encarar desafios, gerir conflitos, enfrentar crises<br />
de vida ou melhorar genericamente os níveis de<br />
felicidade global, floresce exponencialmente.<br />
4
O Modelo <strong>Pick</strong> <strong>up</strong> a Star<br />
O Modelo <strong>Pick</strong> <strong>up</strong> a Star destaca 3 grandes áreas que<br />
formam pela sua articulação o todo da pessoa inteira:<br />
AS ÁREAS MENTAL, EMOCIONAL E FUNCIONAL.<br />
Em cada uma destas áreas, desdobram-se outras 3,<br />
resultando um total de 9 fatias, cujas dimensões se apresentam<br />
como as percursoras do progresso pessoal. O seu conjunto contribui<br />
para a formação de uma personalidade mais optimista e resiliente,<br />
capaz de responder a situações complexas com soluções mais<br />
adaptativas e de rec<strong>up</strong>erar do seu impacto de modo mais rápido<br />
e eficiente.<br />
O reequacionar permanente das decisões que são tomadas em<br />
todas estas dimensões representa o aspeto dinâmico do Modelo<br />
<strong>Pick</strong> <strong>up</strong> a Star - Refletir, Planear e Agir. A todo o momento<br />
produzimos pensamentos, estabelecemos objetivos e propômo-nos<br />
a pô-los em prática, num contínuo de avanços e recuos que<br />
permite reaju<strong>star</strong> ininterr<strong>up</strong>tamente as nossas atitudes e escolhas.<br />
Porque é da mudança constante e da evolução crescente que<br />
nasce o sentimento gratificante de que estamos a florescer.<br />
Planeamento<br />
Planeamento<br />
Realização/<br />
Concretizações<br />
FUNCIONAL<br />
FUNCIONAL<br />
Forças de<br />
Carácter<br />
Propósito<br />
de<br />
Vida<br />
Envolvimento/<br />
Flow<br />
Ação<br />
Relações<br />
Positivas<br />
Autonomia/<br />
Liderança<br />
Pessoal<br />
EMOCIONAL<br />
Crenças<br />
Pessoais<br />
Mestria/<br />
Competências<br />
Emoções<br />
Positivas 3P<br />
MENTAL<br />
MENTAL<br />
Reflexão<br />
Reflexão<br />
“Para ser grande, sê inteiro:<br />
nada teu exagera ou exclui.<br />
Sê todo em cada coisa.<br />
Põe quanto és no mínimo que fazes.<br />
Assim, em cada lago a lua brilha,<br />
porque alta vive”.<br />
Ricardo Reis<br />
5
A ÁREA MENTAL<br />
A ÁREA EMOCIONAL<br />
A ÁREA FUNCIONAL<br />
1<br />
2<br />
3<br />
Autonomização e Liderança Pessoal:<br />
press<strong>up</strong>õe o desenvolvimento de<br />
estratégias de forma a incrementar a<br />
capacidade de tomar decisões que<br />
sirvam, a cada momento, os interesses<br />
do próprio,<br />
Crenças Pessoais,: Avaliação das premissas<br />
em que acreditamos, das nossas Crenças<br />
Pessoais, e de que forma elas estão a<br />
contribuir ou a travar o nosso crescimento,<br />
Competências Pessoais: identificação,<br />
desenvolvimento e capacitação das<br />
Competências Pessoais que necessitamos<br />
a todo o momento para enfrentar as<br />
solicitações interiores e exteriores e a<br />
agilização da Mestria com que tiramos<br />
proveito das oportunidades e meios que<br />
nos envolvem no quotidiano.<br />
1<br />
2<br />
3<br />
Emoções Positivas: sua intensidade, frequência<br />
e diversidade,<br />
Relações Positivas: cobrem todo o espetro<br />
de relacionamentos, mais próximos ou mais<br />
sociais,<br />
Envolvimento ou Flow: estende-se a todas<br />
as actividades em que a pessoa se encontra<br />
num estado de entrega tão grande que<br />
não dá pelo tempo a passar.<br />
1<br />
2<br />
3<br />
Forças de Caráter: compõe-se da<br />
identificação e uso optimizado dos traços<br />
dominantes da personalidade.<br />
Concretizações: situações bem sucedidas<br />
do passado e planeamento de objectivos<br />
futuros e Realização Pessoal que daí<br />
decorre,<br />
Propósito de Vida: prevê que cada<br />
pessoa encontre um sentido orientador<br />
que vá para além de si própria e<br />
envolva de algum modo os outros.<br />
Autonomia/<br />
Liderança<br />
Pessoal<br />
Crenças<br />
Pessoais<br />
MENTAL<br />
MENTAL<br />
Mestria/<br />
Competências<br />
Envolvimento/<br />
Flow<br />
Relações<br />
Positivas<br />
EMOCIONAL<br />
Emoções<br />
Positivas 3P<br />
Realização/<br />
Concretizações<br />
FUNCIONAL<br />
FUNCIONAL<br />
Forças de<br />
Carácter<br />
Próposito<br />
de<br />
Vida<br />
6
Refletir, Planificar, Agir!<br />
O Modelo de Intervenção utlizado segundo o conceito <strong>Pick</strong> Up a Star. <strong>Stay</strong> There. divide-se, conforme descrito, em 9 fatias que se<br />
complementam num equilíbrio dinâmico. Quaisquer uma das áreas se encontra permanentemente em movimento e a relação das<br />
áreas entre si oferece o desafio constante da articulação consertada.<br />
Existem áreas mais dominantes para tomadas de decisão que exigem o processamento consciente de informações, áreas fundamentais<br />
de influência emocional e áreas essencialmente dirigidas a transformar ideias em resultados. A contribuição é recíproca e a cada<br />
momento a mobilização das áreas envolvidas depende do que se pretende pôr em marcha. Se queremos ler um livro num domingo<br />
à tarde, acionamos a fatia da Autonomia/Liderança Pessoal. No decurso dessa actividade, outras fatias podem entrar no processo de<br />
apreciação, como a do Envolvimento/Flow se estamos profundamente absorvidos, a das Emoções Positivas que retrospectivamente<br />
são atribuídas à leitura, a das Crenças Pessoais na forma como integramos a informação lida nos esquemas anteriores do nosso<br />
cérebro ou a das Relações Positivas quando partilhamos com alguém as reflexões que aqueles conteúdos nos suscitaram. Se o tempo<br />
cronológico não pára a marcha dos relógios, o tempo interior é também ele um tic tac permanente em que a todo o momento<br />
avaliamos dados, reajustamos planos e avançamos, travamos ou alteramos diferentes ações.<br />
Ação<br />
Refletir, Planificar e Agir é um ciclo de resposta subjacente a todas as<br />
nossas tomadas de decisão, das mais simples às mais complexas, e<br />
que está presente nas transformações evolutivas associadas a qualquer<br />
uma das fatias. É possível eleger uma das fatias como a alavanca para<br />
alcançar um objectivo e mobilizar todas as outras que optimizam a sua<br />
expressão, facilitando a ampliação de resultados. Como por exemplo,<br />
aplicar as Forças de Caráter e a Mestria/ Competências para capitalizar<br />
resultados na fatia do Propósito de Vida.<br />
Planeamento<br />
Reflexão<br />
As possibilidades de expansão e florescimento estão directamente<br />
relacionadas com a integração do que de melhor cada pessoa tem<br />
dentro de si ao serviço dos seus mais pequenos intentos e dos seus<br />
maiores desígnios. É isto que significa apanhar a sua Estrela pessoal.<br />
Manter e sustentar os níveis de bem e<strong>star</strong> e satisfação com a vida é<br />
o lado que press<strong>up</strong>õe não a deixar fugir. O que apenas depende de<br />
um trabalho interior atento e disciplinado. Tão simples quanto difícil.<br />
Mas, se fosse fácil, estava outra pessoa no seu lugar.<br />
7
ÁREA MENTAL<br />
Fatia da<br />
Autonomia/Liderança Pessoal<br />
SIGNIFICADO: Independência, auto-determinação, capacidade de resistir<br />
à pressão social no que toca a pensamentos e atitudes.<br />
OBJECTIVOS<br />
QUESTÃO<br />
Abrange um conjunto de propósitos<br />
que funcionam como uma alavanca<br />
psicológica que permite encetar<br />
processos de autonomia em todas<br />
as áreas da vida, uma vez que<br />
desenvolve ou enriquece a noção<br />
de capacidade pessoal de forma<br />
generalizada e abrangente.<br />
Para onde é que eu quero ir<br />
com a minha vida?<br />
A atribuição de um nível baixo de auto-estima conduz a comportamentos<br />
pouco afirmativos, como se as pessoas largassem mão da capacidade<br />
de liderarem a sua própria vida. Muitas vezes, para não serem postas<br />
em causa, preferem esconder as suas opiniões ou preferências,<br />
insistindo em situações que não servem os seus interesses ou<br />
frequentemente põem as necessidades dos outros acima das suas.<br />
A necessidade de aprovação social é de tal modo considerável que<br />
pode até acontecer que esta tendência passe despercebida à própria<br />
pessoa.<br />
Trabalhar a liderança pessoal contraria os sentimentos de insegurança<br />
que estão na base destes comportamentos, a sensação de nos<br />
sentirmos sempre deslocados ou desadaptados dos contextos em<br />
que participamos, como se não tivéssemos nada a ver com as<br />
pessoas e os ambientes à nossa volta.<br />
É um processo no qual aprendemos a ser a principal figura de<br />
influência de nós próprios, auto-motivando-nos para os nossos<br />
verdadeiros interesses, tornando-nos disciplinados no desenvolvimento<br />
e operacionalização de estratégias de desenvolvimento pessoal de que<br />
estamos mesmo a precisar. Consiste igualmente em e<strong>star</strong> receptivo<br />
a novas experiências, ser capaz de enfrentar desafios e tarefas<br />
diversas em diferentes períodos da vida e encarar o Eu como uma<br />
entidade em crescimento e expansão ao longo do tempo.<br />
SUGESTÃO<br />
INSPIRAÇÃO<br />
MÚSICA<br />
Faça um Quadro Inspiracional,<br />
composto por fotografias, poemas,<br />
desenhos ou outros elementos que<br />
representem tudo aquilo com que<br />
se identifica e com que quer<br />
preencher a sua realidade.<br />
“You don’t learn to walk by following<br />
rules. You learn by doing yourself<br />
and by falling over”.<br />
Richard Branson<br />
Ain’t Got No, I Got Life,<br />
Nina Simone<br />
8
ÁREA MENTAL<br />
Fatia das<br />
Crenças Pessoais<br />
Crenças<br />
Pessoais<br />
SIGNIFICADO: Pensamentos e interpretações em que acreditamos e<br />
a partir dos quais construímos a realidade tal como a concebemos.<br />
OBJECTIVOS<br />
INSPIRAÇÃO<br />
Compreensão dos argumentos<br />
com os quais explicamos a nossa<br />
identidade e o mundo que nos rodeia,<br />
reveste-se de uma importância vital<br />
para encetar mudanças que sentimos<br />
chegadas ao seu tempo de acontecer.<br />
“Obstáculos são aqueles perigos<br />
que se vêem quando se tiram<br />
os olhos dos objectivos”.<br />
Henry Ford<br />
As atitudes que tomamos são baseadas nestas crenças e no impacto<br />
que elas têm nas nossas emoções. Existem crenças universais,<br />
sustentadas por leis que regem a natureza e os homens e existem<br />
crenças inscritas em matrizes culturais que variam conforme os<br />
hábitos e a geografia das comunidades. A menos que colidam com<br />
os direitos humanos e a liberdade individual como a entendemos<br />
no Ocidente, este tipo de crenças são paras todos nós pacíficas.<br />
Em relação às crenças pessoais, que são todas as premissas em<br />
que acreditamos e que constroem a nossa realidade privada, existem<br />
dois tipos de processamento que ajudam o nosso cérebro a gerir<br />
a informação – o processamento automático, rápido, inconsciente<br />
e que exige um baixo nível de atenção e esforço para se efectuar,<br />
e o processamento estratégico, controlado e consciente, que requer<br />
esforço, tem uma capacidade mais limitada e nos impede de realizar<br />
duas tarefas complexas em simultâneo. A qualidade da nossa vida<br />
está directamente correlacionada com estes processos, ou seja,<br />
depende intrinsecamente do significado que atribuímos aos acontecimentos,<br />
das interpretações que lhes damos e da valoração emocional que<br />
daí advém. O que acontece nos esquemas de funcionamento das<br />
pessoas é que a replicação sistemática de um facto processado<br />
estrategicamente se transformará num acto de processamento<br />
automático e, se se tratam de crenças pessoais disfuncionais,<br />
reúnem-se as condições para o estabelecimento de padrões de<br />
pensamento inoperantes para a evolução positiva do indivíduo.<br />
QUESTÃO<br />
SUGESTÃO<br />
MÚSICA<br />
Que provas tem para sustentar<br />
os pensamentos que o seu cérebro<br />
produz?<br />
Escreva um pensamento que lhe surgiu em<br />
consequência de um acontecimento que<br />
entendeu como desagradável. Descreva depois<br />
a emoção que esse pensamento desencadeou.<br />
Num segundo momento, repita a sequência<br />
(acontecimento – pensamento –emoção), a<br />
partir de pensamentos alternativos. Verá que<br />
interpretações diferentes levarão a emoções<br />
diferentes que, por sua vez, mudarão a<br />
qualidade da experiência.<br />
I Believe I can Fly.<br />
R-Kelly<br />
9
ÁREA MENTAL<br />
Mestria/<br />
Competências<br />
Fatia da<br />
Mestria/Competências Pessoais<br />
OBJECTIVOS<br />
INSPIRAÇÃO<br />
A mestria do ambiente pode ser<br />
considerada a chave moderadora das<br />
experiências de vida stressantes, uma<br />
vez que encara a pessoa como um<br />
activista psicológico, isto é, a pessoa não<br />
é apenas capaz de resolver problemas<br />
mas também tem capacidade para<br />
saber relaxar e apreciar a vida diária.<br />
“A estratégia de ontem foi o que<br />
nos possibilitou sobreviver até agora,<br />
mas uma nova estratégia deve<br />
ser criada se quisermos garantir<br />
a sobrevivência no futuro”<br />
Paul Levesque<br />
SIGNIFICADO: Quando esta sensação de mestria se encontra diminuída,<br />
as pessoas tendem a perder oportunidades que estão ao seu alcance<br />
mas que lhe escapam por entre os dedos.<br />
A sua atenção está focada naquilo que desejam e não está na<br />
eminência de acontecer e a sua energia dissipa-se neste processo<br />
de procura de sinais que não surgem à sua volta.<br />
Os estímulos que as rodeiam e que poderiam funcionar como<br />
condutores de processos de florescimento pessoal são ignorados. O<br />
cérebro está sistematicamente oc<strong>up</strong>ado em processar informações<br />
de privação e distraído dos momentos presentes de potencial positivo<br />
e de bem e<strong>star</strong>. Por vezes as pessoas deixam de ser capazes de<br />
apreciar e saborear a vida quotidiana, acabando por considera-la<br />
rotineira, enfadonha e desinteressante.<br />
QUESTÃO<br />
SUGESTÃO<br />
MÚSICA<br />
O que é que eu preciso fazer<br />
para tirar proveito de recursos<br />
que me fazem falta e estão<br />
mesmo ao meu alcance?<br />
Identifique uma dificuldade prática que<br />
a/o incomode e equacione uma lista<br />
de respostas a que pode recorrer de<br />
imediato para começar a articular<br />
uma solução.<br />
Good Life.<br />
One Republic<br />
10
ÁREA EMOCIONAL<br />
Fatia das<br />
Emoções Positivas<br />
Emoções<br />
Positivas<br />
SIGNIFICADO: O prazer está relacionado com as emoções positivas<br />
envolvidas nas três dimensões temporais da nossa vida: passado,<br />
presente e futuro.<br />
OBJECTIVOS<br />
INSPIRAÇÃO<br />
Ampliação qualitativa das memórias<br />
do passado, reaprendizagem ou<br />
capacitação para saborear as<br />
experiências sensórias do presente,<br />
aumento da resiliência e otimismo<br />
face ao futuro imprevisível.<br />
“Não pode haver transformação<br />
da escuridão em luz ou da apatia<br />
em movimento sem a intervenção<br />
das emoções”.<br />
Carl Jung<br />
As emoções positivas do passado incluem o contentamento, a<br />
satisfação, a serenidade, a realização e o orgulho. As emoções<br />
positivas do presente dizem respeito aos prazeres somáticos (sensações<br />
imediatas e momentâneas) e os prazeres complexos (que requerem<br />
aprendizagem e educação). As emoções positivas do futuro incluem<br />
o otimismo, a esperança, a confiança e a fé.<br />
Barbara Fredrickson, a investigadora com mais estudos realizados<br />
na área das emoções positivas e da sua expressão na experiência<br />
ampliada do bem e<strong>star</strong> das pessoas, demonstrou que a indução<br />
de emoções positivas dissipa a permanência das emoções negativas<br />
mais rapidamente. Além disso, as emoções positivas servem também<br />
para inverter os efeitos cardiovasculares das emoções negativas<br />
(diminuem a frequência cardíaca, a pressão sanguínea e a vasoconstrição).<br />
Finalmente, parece que as emoções positivas ajudam as pessoas a<br />
encontrar mais rapidamente um sentido em situações de stress e<br />
contra-atacam as emoções negativas na fisiologia, na atenção e na<br />
criatividade, o que facilita a articulação de respostas adequadas em<br />
situações de crise.<br />
QUESTÃO<br />
SUGESTÃO<br />
MÚSICA<br />
O que é que já fez hoje que lhe<br />
provocou emoções como Alegria,<br />
Amor, Inspiração, Calma ou<br />
Excitação?<br />
Faça uma lista de 3 coisas boas que<br />
lhe tenham acontecido ao longo do<br />
dia. Repita o exercício durante 3<br />
semanas, todos os dias.<br />
Sir Duke.<br />
Stevie Wonder<br />
11
ÁREA EMOCIONAL<br />
Fatia das<br />
Relações Positivas<br />
Relações<br />
Positivas<br />
SIGNIFICADO: Estabelecimento de relações calorosas e de confiança<br />
com os outros, ser capaz de criar forte empatia, afeto e intimidade,<br />
compreensão da dinâmica do dar e receber inerente às relações<br />
humanas.<br />
São poucas as experiências positivas de carácter unicamente solitário.<br />
Mesmo as atividades que gostamos de praticar ou desempenhar<br />
sozinhos, têm normalmente à posteriori um enquadramento de<br />
socialização. Porque fazemos parte de um todo com que temos de<br />
nos articular ou porque necessitamos partilhar a nossa vivência com<br />
os outros e que estes nos reforcem, se comparem ou nos aconselhem<br />
melhores formas de tirar partido do nosso esforço.<br />
OBJECTIVOS<br />
INSPIRAÇÃO<br />
QUESTÃO<br />
Aumentar o reportório de respostas<br />
construtivas nas situações sociais, aju<strong>star</strong><br />
o equilíbrio entre o dar e receber<br />
subjacente à estrutura das relações com<br />
os outros, equacionar novas formas de<br />
comunicação nos relacionamentos,<br />
promover atos de partilha e convivência<br />
de carácter regulador.<br />
“The best connectors know that<br />
relationships <strong>star</strong>t when you offer<br />
something first, well in advance<br />
of when you may need help in<br />
return”.<br />
Joanna Barsch e Susan Cranston<br />
O que é que já fez hoje para<br />
provocar um sorriso no outro?<br />
As outras pessoas funcionam muitas vezes como antídotos contra<br />
os contratempos, as dificuldades, as impossibilidades. A abertura às<br />
relações positivas e o treino do feedback ativo-construtivo permite<br />
uma aprendizagem social e uma leitura emocional das circunstâncias<br />
que em muitas ocasiões acabam a surpreender-nos. Por outro lado,<br />
os cientistas da Psicologia Positiva encontraram um acentuado efeito<br />
no bem e<strong>star</strong> das pessoas quando estas praticam atos de generosidade<br />
que envolvem promover emoções ou experiências positivas em outras<br />
pessoas, mesmo que desconhecidas.<br />
SUGESTÃO<br />
MÚSICA<br />
Estabeleça como objectivo diário elogiar<br />
alguém por algo de positivo que tenha<br />
feito ou dito.<br />
Imagine.<br />
John Lennon<br />
12
ÁREA EMOCIONAL<br />
Envolvimento<br />
/Flow<br />
Fatia do<br />
Envolvimento/Flow<br />
OBJECTIVOS<br />
INSPIRAÇÃO<br />
Criar um equilíbrio óptimo entre os níveis<br />
de habilidade pessoal e a dificuldade do<br />
desafio, promover capacidades de<br />
concentração e de foco da atenção,<br />
desenvolver a perceção de auto-controlo<br />
e fomentar a sensação de bem e<strong>star</strong><br />
proporcionado pela avaliação subjectiva<br />
da experiência de flow.<br />
“It is by being fully involved with<br />
every detail of our lifes, good and<br />
bad, that we find happiness, not<br />
by trying to look for it directly”.<br />
J.S. Mill<br />
SIGNIFICADO: Estado mental em que os pensamentos e os sentimentos<br />
estão geralmente ausentes e em que apenas retrospectivamente<br />
se atribuem qualidades subjectivas à experiência.<br />
O Envolvimento ou Flow press<strong>up</strong>õe que as forças e os talentos<br />
estejam a ser usados na sua máxima expressão e caracteriza-se<br />
por um estado de imersão na situação em que há uma perda da<br />
consciência corpórea: o tempo pára, a concentração é total, sentimonos<br />
completamente no nosso elemento. É esvaziado de sentimentos<br />
e pensamentos, o que parece resultar da concentração de todos<br />
os recursos psicológicos na tarefa que está a ser desempenhada.<br />
As pessoas sentem-se geralmente fortes, vigilantes, no controlo da<br />
situação e no pico das suas capacidades. Os problemas habituais e<br />
a noção da passagem do tempo desaparecem e há um sentimento<br />
de exaltação e transcendência.<br />
QUESTÃO<br />
SUGESTÃO<br />
A última vez que se lembra de<br />
ter perdido a noção do tempo,<br />
o que é que estava a fazer?<br />
Procure um programa de Mindfulness<br />
e inscreva-se. Pratique a concentração<br />
e o foco da atenção.<br />
MÚSICA<br />
In the Eyes of an Angel.<br />
Sarah McLachlan<br />
13
ÁREA FUNCIONAL<br />
Forças de<br />
Carácter<br />
Fatia das<br />
Forças de Carácter<br />
SIGNIFICADO: As Forças de Carácter são um dos pilares da Psicologia<br />
Positiva enquanto ciência. A ideia é a de que cada pessoa possui<br />
atributos admiráveis que são responsáveis pelo seu potencial de<br />
sucesso e que a sua promoção amplifica os níveis de produtividade<br />
e excelência nos desempenhos e experiências individuais, dos gr<strong>up</strong>os<br />
e das comunidades.<br />
Medir os traços positivos de carácter permite perceber como essas<br />
características pessoais positivas contribuem para que as pessoas<br />
atinjam estados de maior energia, bem e<strong>star</strong> e verdadeiro envolvimento.<br />
Quando as pessoas usam as suas Forças de Assinatura (as 5<br />
primeiras Forças de Caráter do Questionário Values in Action) ou<br />
descrevem um episódio no qual essas Forças foram usadas, tendem<br />
a ganhar vivacidade, tornam-se fisicamente mais expressivas,<br />
permanecendo num estado de maior vigor e excitação. Se alguém<br />
for hiperorganizado ou generoso em ajudar outras pessoas mas se<br />
isso não lhe acrescentar um repentino fluxo de energia, então não<br />
se tratará de uma Força do seu Caráter.<br />
OBJECTIVOS<br />
INSPIRAÇÃO<br />
QUESTÃO<br />
SUGESTÃO<br />
Conhecer as Forças de Caráter e<br />
enquadrá-las na história de vida das<br />
pessoas. Como recursos naturais de<br />
enorme potencial de crescimento, identificálas<br />
e trabalhá-las é uma forma de<br />
promover a vitalidade, a produtividade<br />
e um sentido de propósito.<br />
“Procurar o brilho no reflexo<br />
dos outros é limitar<br />
a própria originalidade”<br />
Chris Jacob<br />
O que considera fácil e em que<br />
é naturalmente boa/bom?<br />
Consulte o site<br />
www.authentichappiness.com<br />
e realize o teste das Forças de Caráter<br />
online.<br />
As 24 Forças de Carácter (descritas por Chris Peterson e Martin<br />
Seligman) estão organizadas em 6 Virtudes que as agr<strong>up</strong>am nas<br />
categorias Sabedoria, Coragem, Amor, Justiça, Temperança e<br />
Transcendência.<br />
MÚSICA<br />
I am what I am.<br />
Gloria Gaynor<br />
14
ÁREA FUNCIONAL<br />
Realização/<br />
Concretizações<br />
Fatia da<br />
Realização/Concretizações<br />
OBJECTIVOS<br />
INSPIRAÇÃO<br />
Estabelecer objetivos significativos para<br />
a pessoa que sejam exequíveis.<br />
Restaurar a motivação e a capacidade<br />
de operacionalizar estratégias.<br />
Fazer o levantamento de planos<br />
de acção que no passado promoveram<br />
a alavanca para concretizações efetivas.<br />
“A nossa vida em grande parte<br />
compõe-se de sonhos.<br />
É preciso ligá-los à acção”<br />
SIGNIFICADO: Trata-se de perspectivar um Currículo de Vida composto<br />
de conquistas e desafios de diferentes níveis, levados a cabo com<br />
sucesso.<br />
O sentimento de realização pessoal está largamente dependente do<br />
nosso nível de concretizações. Confiarmos na nossa capacidade de<br />
fazer coisas, avançar com projectos, evoluir ideias e atingir resultados<br />
está na base da identidade que desenvolvemos enquanto empreendedores<br />
da nossa própria vida. O que muitas vezes demove as pessoas de<br />
dar passos rumo a concretizações maiores, é a dificuldade em<br />
estabelecer pequenos objectivos específicos e mensuráveis que possam<br />
ser cumpridos por etapas.<br />
O que motiva as pessoas a progredir e sair da sua zona de conforto<br />
é a energia que nasce dos resultados atingidos nas fases anteriores<br />
do processo de crescimento e que funcionam como uma alavanca<br />
motivacional para as fases seguintes. Atingir grandes objectivos é<br />
um processo de pequenos objectivos intermédios que devem ser<br />
estabelecidos cuidadosamente e cumpridos com determinação, sob<br />
pena de se perder o balanço energético fundamental composto de<br />
decisões, motivação, energia e optimismo.<br />
QUESTÃO<br />
SUGESTÃO<br />
MÚSICA<br />
Anais Nin<br />
Pense numa pessoa que admira.<br />
Como atinge ela os seus objectivos?<br />
Faça uma lista de objectivos.<br />
Coloque-os hierarquicamente por ordem<br />
de importância. Trace um plano de<br />
soluções para cada um, à vez.<br />
Estabeleça um prazo para a sua execução.<br />
On Top of the World.<br />
Imagine Dragons<br />
15
ÁREA FUNCIONAL<br />
Próposito<br />
de Vida<br />
Fatia do<br />
Propósito de Vida<br />
SIGNIFICADO: Ter um propósito de vida é ter objectivos, intenções e<br />
uma direcção que contribui para o sentimento de que a vida tem<br />
um sentido.<br />
OBJECTIVOS<br />
INSPIRAÇÃO<br />
Fomentar a descoberta de atividades<br />
que promovam a expansão dos<br />
interesses individuais e os coloquem<br />
ao serviço de causas maiores do<br />
que a prática estrita do quotidiano.<br />
“Imagine uma nova história<br />
para a sua vida e experimente<br />
acreditar nela”<br />
Paulo Coelho<br />
O Propósito de Vida insere-se na perspectiva de que existe a<br />
necessidade de se encontrarem finalidades que se projectem no<br />
futuro e/ou que correspondam a desígnios maiores, sejam eles<br />
espirituais, sociais, culturais ou recreativos. Dirigir uma equipa de futebol<br />
infantil, coordenar actividades lúdicas numa associação sem fins<br />
lucrativos, participar na organização de um ciclo de cinema temático,<br />
por exemplo, são actividades que, não acrescentando garantidamente<br />
valor à felicidade subjectiva dos envolvidos, sobretudo pela gestão<br />
e trabalho que acarretam aos seus executores, devolvem um sentido<br />
de missão e dever cumprido face à comunidade que se reflecte<br />
num sentimento de gratificação pessoal.<br />
Não basta, portanto, restringir a nossa vida às atividades que nos<br />
garantem bem e<strong>star</strong> individual no aqui e agora. Existe unanimidade<br />
por parte dos autores quanto ao princípio de que é imprescindível<br />
que esteja presente, ao mesmo tempo, um propósito, um projecto,<br />
uma ideologia aplicada que vá para além do imediato e do perímetro<br />
individual de ação.<br />
QUESTÃO<br />
SUGESTÃO<br />
MÚSICA<br />
Quando chegar ao final da sua<br />
vida, daqui a muitos anos,<br />
o que go<strong>star</strong>ia de pensar<br />
ao olhar para trás?<br />
Reflita sobre uma actividade ou um<br />
projecto que costuma fazer ou que<br />
se imagina a fazer, no qual consegue<br />
vivenciar um fluxo de energia extra<br />
quando está envolvido nela/nele.<br />
Bohemian Rhapsody<br />
Queen<br />
16
CONTRIBUTOS PARA O<br />
MODELO PICK UP A STAR.<br />
O<br />
Restruturação Cognitiva e<br />
Treino de Resultados<br />
TERAPIA RACIONAL EMOTIVA<br />
ABC da Terapia Racional Emotiva do comportamento permite dois passos<br />
fundamentais num processo de mudança. Por um lado, ajuda a desconstruir um<br />
problema em pequenas parcelas, permitindo a cada pessoa dar os passos de que é<br />
capaz em cada momento. Por outro lado, permite transformar boas ideias em práticas.<br />
Ao pensarmos racionalmente perante um determinado acontecimento difícil, é inevitável<br />
sentirmos emoções negativas (tristeza, pena, aborrecimento, preoc<strong>up</strong>ação ou desapontamento,<br />
por exemplo). A nossa acção terá condições mais ajustadas para evoluir rumo a uma<br />
reavaliação de soluções para resolver o problema em questão ou então substituí-lo<br />
por outro mais manejável. Mas se, ao invés, usarmos pensamentos irracionais para<br />
lidar com uma determinada experiência, acabamos por sentir-nos invadidos por emoções<br />
do tipo negativo mais desajustadas (depressão, culpa, ira, ansiedade ou vergonha, por<br />
exemplo) e tendemos a tomar atitudes que bloqueiam a resolução do problema ou<br />
o agravam ainda mais.<br />
A<br />
B<br />
C<br />
A avaliação de um Acontecimento<br />
desencadeia uma determinada crença (Belief)<br />
que levará como Consequência a um tipo de emoções e comportamentos.<br />
Se aquilo que pensamos sobre o acontecimento for racional, as emoções, mesmo<br />
que negativas, serão consonantes e os comportamentos tenderão a ser úteis para<br />
nós próprios. Se, ao contrário, desencadearmos uma série de avaliações irracionais sobre<br />
o acontecimento, as emoções tenderão a ser desajustadas e os comportamentos terão<br />
tendência a piorar todo o ciclo.<br />
A Terapia Racional-Emotiva de Albert Ellis, insere-se no conjunto das Terapias Cognitivo-<br />
Comportamentais, tendo contribuído com o modelo ABC na avaliação e operacionalização<br />
de estratégias de mudança. É uma ferramenta altamente eficaz e de resultados<br />
comprovados na área da Resolução de Problemas.<br />
17
CONTRIBUTOS PARA O<br />
MODELO PICK UP A STAR.<br />
A<br />
TERAPIA COGNITIVA DE BECK<br />
aron Beck defende que as cognições vão para além do nosso diálogo interno e<br />
das verbalizações que estabelecemos connosco próprios. Avança com o conceito de<br />
esquemas cognitivos, os quais constituem o modo como a realidade psicológica de<br />
cada pessoa é construída. Neles estão contidos constelações de pensamentos que são<br />
produto das experiências de cada um ao longo do seu desenvolvimento. É defensor<br />
de que o desenvolvimento e a manutenção de uma depressão, por exemplo, é resultado<br />
destes esquemas cognitivos distorcidos, da tríade negativa constituída por uma visão<br />
negativa de si mesmo, do mundo e do futuro e também pelo conjunto de erros<br />
sistemáticos com que a pessoa continua a processar a informação nova a que tem<br />
acesso.<br />
A Terapia Cognitiva é uma terapia que pretende colocar a pessoa na senda dos<br />
significados e explicações subjacentes às interpretações que fazemos da realidade e<br />
de nós mesmos. Press<strong>up</strong>õe um processo de descoberta que permite ao próprio intervir<br />
sobre as cognições negativas e desajustadas e modifica-las, alterando como um dominó<br />
terapêutico, as emoções e os comportamentos consequentes.<br />
O<br />
TERAPIA FOCADA NOS ESQUEMAS<br />
s esquemas são formados por memórias, emoções, sensações corporais e cognições<br />
que constituem a base para codificar, categorizar e avaliar as experiências.<br />
Desenvolvem-se em idades precoces e são, por isso, confortáveis e familiares, não<br />
obstante serem por vezes formados por constelações distorcidas de pensamentos.<br />
Como as pessoas construíram a sua personalidade em torno deles, sentem-se muitas<br />
vezes ameaçadas quando se torna necessário alterá-los ou quebrar-lhes a resistência,<br />
no caso de se tratar de esquemas mal adaptativos. Porque funcionar de acordo com<br />
aquelas premissas é um modo de funcionamento que conhecem bem, apesar de<br />
todos os constrangimentos pessoas e relacionais que isso lhes provoca. Frequentemente,<br />
mais do que o resultado de um acontecimento traumático em particular, eles parecem<br />
formados por padrões contínuos de experiências nocivas que se replicam e acumulam,<br />
acabando por fortalecer o esquema inicial.<br />
18
CONTRIBUTOS PARA O<br />
MODELO PICK UP A STAR.<br />
A meta do tratamento é aumentar o controle consciente das pessoas sobre os seus<br />
esquemas porque são eles que desencadeiam os pensamentos automáticos negativos.<br />
A percepção e atenção do paciente face aos seus esquemas, o momento em que<br />
eles são activados e o que é que contribui para a sua perpetuação são objectivos a<br />
perseguir. Para Young, “é fundamental avaliar todos os esquemas e paradigmas criados<br />
na mente das pessoas e analisar o que foi construído para que esses esquemas<br />
pudessem ganhar força e forma” pois, segundo o autor, é através desses ciclos viciosos<br />
que muitas vezes as situações psicopatológicas se instalam.<br />
A Terapia Focada nos Esquemas envolve mudança de comportamentos à medida<br />
que as pessoas aprendem a substituir estilos de coping desajustados por padrões<br />
comportamentais adaptativos.<br />
TREINO DE RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS<br />
O Treino de Resolução de Problemas, desenvolvido por Thomas D’Zurilla e Marvin<br />
Goldfried, incide sobretudo na objectivação concreta de soluções para enfrentar<br />
determinado problema ou determinado cluster de problemas que se interligam entre<br />
si e estabelecem uma dependência recíproca.<br />
O trabalho terapêutico divide-se em duas dimensões: a pessoa e a dificuldade que<br />
se pretende ultrapassar. Neste sentido, o processo passa simultaneamente pela identificação<br />
do tipo de competências que a pessoa já tem, não tem e precisa de adquirir ou<br />
substituir por outras que lhe permitam ser bem sucedido, e pelo levantamento das<br />
características e circunstâncias muito específicas da situação. É desta avaliação que é<br />
possível estabelecer um plano de soluções alternativas e potenciar a capacidade de<br />
tomar decisões e implementá-las com sucesso, desenvolvendo uma sensação de<br />
controlo sobre problemas futuros.<br />
19
CONTRIBUTOS PARA O<br />
MODELO PICK UP A STAR.<br />
T<br />
TREINO DE AUTO-CONTROLO<br />
horesen e Mahoney, Kanfer ou Bandura, todos eles avançaram com modelos de<br />
auto-controlo que press<strong>up</strong>õem que a própria pessoa é o principal agente de mudança<br />
dos comportamentos que pretende alterar. Como qualquer mudança é difícil de<br />
implementar, e sobretudo de manter, o comprometimento e a responsabilização de<br />
cada um no seu próprio processo é fundamental. A tomada de consciência da<br />
resposta ou dos padrões de resposta que atribuímos aos estímulos, permitirá tomar<br />
decisões mais conscientes e controlar as suas consequências.<br />
O Treino de Auto-Controlo através das suas etapas de Controlo dos Estímulos,<br />
Auto-observação, Auto-avaliação e Controlo das Consequências permite estabelecer<br />
objectivos de transformação pessoal, desencadeando importantes mecanismos motivacionais<br />
que farão uma enorme diferença na auto-regulação dos comportamentos.<br />
TEORIAS DO BEM-ESTAR<br />
C<br />
arol Ryff e Burton Singer sugeriram que a ausência de bem e<strong>star</strong>, mesmo que<br />
as pessoas não sofram sintomas associados, cria condições de vulnerabilidade para<br />
futuras adversidades. Realçaram a importância do equilíbrio na avaliação dos índices<br />
subjectivos de bem e<strong>star</strong>, defendendo que a rec<strong>up</strong>eração dos desequilíbrios psicológicos<br />
não depende exclusivamente do alívio dos factores negativos mas também do aumento<br />
das condições positivas do indivíduo.<br />
Na rec<strong>up</strong>eração de estados emocionais adaptativos, a presença substancial de sintomas<br />
residuais (ansiedade, irritabilidade, problemas de relacionamento) pode fomentar a<br />
progressão de desequilíbrios que se tornam preditores de recaídas. Inversamente, os<br />
autores sugerem que a existência de bem e<strong>star</strong> psicológico entendido como a harmonia<br />
entre as diversas facetas da personalidade, é um fator de protecção contra recaídas<br />
e recorrência de sintomas.<br />
20
CONTRIBUTOS PARA O<br />
MODELO PICK UP A STAR.<br />
A<br />
Há coisas que correm bem.<br />
Há outras que correm muito bem.<br />
Psicologia Positiva<br />
Psicologia Positiva trabalha sobre o potencial humano. É o estudo científico das experiências<br />
positivas e dos traços positivos das pessoas e das Instituições É o ramo científico da Psicologia<br />
que amplia o foco da Psicologia Clínica, descentrando o trabalho terapêutico do sofrimento e do<br />
seu alívio e estendendo-o aos aspectos do bem e<strong>star</strong> e do funcionamento óptimo.<br />
Acredita que mesmo as pessoas que carregam os mais excruciantes fardos psicológicos procuram mais<br />
do que a diminuição da sua sintomatologia, a alteração dos seus hábitos disfuncionais ou a compreensão<br />
e a reestruturação dos seus conflitos de infância. Alerta para o facto de muitas das suas faculdades,<br />
ambições, experiências de vida positivas e forças de caráter se encontrarem intactas e de ser possível<br />
aumentar a sua resiliência e qualidade de vida.<br />
A literatura sobre a depressão e a ansiedade documenta a espiral negativa em que o humor depressivo<br />
e o estreitamento do pensamento adaptativo se reforçam e perpetuam reciprocamente. Investigadores da<br />
Psicologia Positiva comprovaram o fenómeno inverso, ou seja, a existência de um efeito de “espiral de<br />
tendência ascendente” de emoções positivas e de ampliação do pensamento. Constataram que pessoas<br />
que experimentam mais emoções positivas estão mais aptas a encontrar um sentido em acontecimentos<br />
negativos e que esta atribuição de sentido provoca por sua vez um aumento emergente de emoções<br />
positivas. Especialmente porque se sabe que os seres humanos estão biologicamente preparados para se<br />
lembrarem do negativo, tomarem atenção aos perigos e esperarem o pior, este trabalho de equilíbrio<br />
psicológico onde se encoraja a aplicação das forças de carácter das pessoas, é especialmente relevante.<br />
A função da psicoterapia deixa de ser apenas a redução ou a eliminação de perturbações emocionais,<br />
mas também a de restaurar e nutrir competências como a coragem, a perseverança, a bondade ou a<br />
inteligência emocional e social. Quando as pessoas apresentam sintomatologia aguda, depressiva e/ou ansiosa,<br />
devido à quantidade de pensamentos negativos no espaço psíquico, episódios de bem e<strong>star</strong> podem ter<br />
lugar mas são rapidamente “absorvidos” pelos sintomas e pelo stress.<br />
“Aprender sobre Psicologia Positiva<br />
é divertido. Não se trata apenas do prazer<br />
de aprender mas de aprender coisas<br />
que dão prazer.”<br />
Martin Seligman<br />
A aplicação da WBT após a tradicional CBT com ou sem intervenção farmacológica associada, é a abordagem<br />
sequencial mais completa e que melhor resulta em termos de sustentabilidade da rec<strong>up</strong>eração. Cada pessoa<br />
terá o seu ponto de partida nesta caminhada de florescimento psicológico, dependendo da presença ou<br />
ausência de sintomatologia e da sua interferência direta ou indirecta no bem e<strong>star</strong> subjectivo de cada um.<br />
Mas mesmo que se parta de estados emocionais severamente desestruturados, a Psicologia Positiva não<br />
permite que a alta clínica seja dada às pessoas no patamar neutral da funcionalidade. Partindo de trás ou<br />
do ponto zero, o que corresponderá nesta metáfora às pessoas assintomáticas que querem tornar as suas<br />
vidas mais preenchidas e felizes e encontrar soluções para os desafios da vida.<br />
21
CONTRIBUTOS PARA O<br />
MODELO PICK UP A STAR.<br />
O<br />
1, 2, 3... Ação!<br />
Coaching<br />
Coaching é um método de Desenvolvimento Pessoal que nos ensina a tirar mais<br />
partido da vida. É um processo positivo de escolhas que se vão sucedendo rumo a um<br />
objectivo perfeitamente identificado. Parte do princípio de que temos todos os recursos de<br />
que necessitamos dentro de nós próprios para alcançarmos sonhos que nos parece que<br />
só os outros são capazes. Permite uma auto-descoberta profunda da hierarquia dos nossos<br />
valores e da definição da nossa identidade. Quem somos, onde estamos, para onde queremos<br />
ir e como é que lá chegamos.<br />
Coaching trabalha por objectivos. Dispõe de um conjunto de ferramentas que permitem<br />
desconstruir emaranhados de prioridades, amálgamas de propósitos e uma fila de linhas<br />
de chegada que se empatam reciprocamente. Ninguém consegue dar o máximo face a<br />
uma meta pessoal ou profissional se estiver a tentar fazer isso em várias frentes ao<br />
mesmo tempo. Coaching é sobre otimização de energia. Saber por onde começar e traçar<br />
um plano criterioso de passos mais pequenos para chegar a grandes concretizações.<br />
Coaching é sobre alcançar resultados. Descobrir novos paradigmas e experimentar novas<br />
formas de fazer as mesmas coisas ou velhas formas de fazer coisas novas. Aprender a<br />
funcionar fora desse quadrado muito rígido em que de repente damos connosco lá dentro,<br />
esticando as suas fronteiras além das conhecidas zonas de conforto. Transformar o óbvio<br />
em interessante, o interessante em criativo, o criativo em inovador. Perceber que ter ideias,<br />
muitas ideias, marca a diferença na resolução dos contratempos mais simples e ensinanos<br />
que não há problemas sem soluções.<br />
“Porquê agora?<br />
Porque amanhã<br />
não é suficientemente cedo.”<br />
Donna Brazile<br />
Coaching é uma metodologia transversal, aplicada a todas as gerações e a todas as áreas<br />
da vida. As suas técnicas são altamente eficazes aos níveis pessoal e profissional e são<br />
passíveis de ser partilhadas com as pessoas que nos rodeiam, permitindo arra<strong>star</strong> a rede<br />
de relações em que nos movemos para um novo patamar de realização.<br />
22
PESSOAS QUE PODEM<br />
BENEFICIAR COM O MODELO<br />
A<br />
O estranho caso<br />
das Pessoas Normais<br />
ntes e independentemente de qualquer quadro de sintomas que possa aparecer na<br />
vida das pessoas, existem um conjunto de sensações e de pensamentos incomodativos<br />
que impedem a apreciação de estados de bem e<strong>star</strong>. O stresse quotidiano, as preoc<strong>up</strong>ações,<br />
a gestão do tempo e do dinheiro, a má qualidade das relações com as pessoas em<br />
redor, a necessidade nem sempre exequível de intercalar períodos de descanso com<br />
períodos de trabalho intenso, leva por vezes a situações de grande descontentamento,<br />
frustração e tristeza. Estas pessoas não deixam de funcionar. Na ausência de sintomas<br />
e ruminações que invadam as suas vidas ao ponto de as paralisar ou conduzir a estratégias<br />
de adaptação que com o tempo se podem tornar disr<strong>up</strong>tivas, continuam impecavelmente<br />
a cumprir os seus compromissos, prazos, solicitações, num desdobramento impossível de<br />
papéis e funções.<br />
Com o arra<strong>star</strong> do contexto de insatisfação, o esforço exigido para cumprir as tarefas<br />
de sempre torna-se muito s<strong>up</strong>erior à capacidade de resposta, fomentando uma espiral<br />
de desajustamento e funcionamento negativo que apenas acentua o estado inicial. Há<br />
um desequilíbrio que pesa a favor de padrões de actividade disfuncionais que arrastam<br />
consigo pensamentos negativos, emoções desproporcionadas, comportamentos compensatórios<br />
nem sempre saudáveis, ou mesmo sinais físicos que condicionam e comprometem o<br />
habitual desempenho.<br />
A expansão destes ciclos disfuncionais a todas as áreas da vida, profissional, familiar, social<br />
e da saúde física e espiritual, transmite uma sensação desconcertante de falta de controlo<br />
sobre a própria vida e de perda de poder nas tomadas de decisão que podem alterar<br />
paradigmas. Rec<strong>up</strong>erar o balanceamento no espaço dinâmico que corresponde às fatias<br />
do nosso livre arbítrio representadas no Modelo <strong>Pick</strong> Up a Star, é um passo decisivo para<br />
inverter este jogo de forças que ameaça desmoronar pessoas que sempre detiveram o<br />
domínio e a orientação assumida das suas vidas.<br />
“O Homem não reage às coisas<br />
mas à imagem que tem delas.”<br />
Carl Jung<br />
23
PESSOAS QUE PODEM<br />
BENEFICIAR COM O MODELO<br />
A<br />
Quando o mundo se torna demasiado grande<br />
ou Ansiedade Generalizada<br />
nossa realidade é construída com base nas perceções que temos desde cedo do<br />
mundo que nos rodeia. É influenciada por toda a informação que nos circunda, pelas<br />
opiniões das pessoas, as mais significativas e as outras, pelos acontecimentos que não<br />
controlamos, os bons e os menos bons, pelas vivências sociais e relacionais que vão<br />
integrando e edificando o nosso sistema de crenças. O processo de aprendizagem decorre<br />
da leitura que fazemos dessas experiências, dos pensamentos e convicções que lhes<br />
associamos e é isso que determinará aquilo que sentimos e a forma como nos<br />
comportamos.<br />
O que acontece frequentemente é que, sem percebermos exactamente como ou quando<br />
é que isso aconteceu, no decurso desse processo de aquisições, fomos produzindo<br />
pensamentos desajustados e desproporcionados sobre algum ou alguns aspectos do real<br />
que parecem ter ganho vida própria. Tornam-se automáticos e ocorrem à consciência<br />
inusitadamente como se tivéssemos um defeito de processamento no nosso sistema<br />
de avaliação. De tanto replicarmos este circuito de atribuições, que se torna tão rápido<br />
que nem damos conscientemente por ele, tornamo-nos reativos a determinado tipo de<br />
conversas, situações ou pessoas. E então, ou reagimos exageradamente perante elas ou<br />
evitamos enfrentá-las a todo o custo. A leitura que fizemos das nossas experiências mais<br />
antigas vai servir de base à forma como interpretaremos as nossas vivências a partir<br />
daí. Com o passar do tempo e o acumular destas ideias mal adaptativas sobre nós, os<br />
outros e o ambiente que nos rodeia, começam a criar-se erros de processamento<br />
recorrentes que, pela repetição com que acontecem, se vão organizar em constelações<br />
de crenças.<br />
“A vida contrai-se e expande-se<br />
proporcionalmente aos medos<br />
do indivíduo.”<br />
Anais Nin<br />
A necessidade de darmos sentido à realidade à nossa volta e a premência de sermos<br />
congruentes com os outros com quem nos relacionamos, exige de nós respostas verbais<br />
e comportamentais que resultam da prévia organização mental dos nossos pensamentos<br />
e emoções. Ora, se esses processos se compõem de demasiadas distorções cognitivas<br />
e de emoções desajustadas, as réplicas que o nosso cérebro produz, em termos de<br />
imagens mentais e discurso verbal, assentarão em pensamentos automáticos negativos<br />
que estão na origem das perturbações de ansiedade em geral, que são um dos focos<br />
principais deste Modelo Integrado de Intervenção.<br />
24
PESSOAS QUE PODEM<br />
BENEFICIAR COM O MODELO<br />
P<br />
Há pessoas a mais neste planeta<br />
ou Ansiedade Social<br />
essoas com ansiedade social sentem-se incomodadas e desconfortáveis sempre que<br />
têm de e<strong>star</strong> expostas a situações em que têm de lidar com os outros. Preoc<strong>up</strong>am-se<br />
que as suas acções possam ser interpretadas de forma negativa e que possam fazer<br />
algo que os coloque numa situação ridícula ou embaraçosa. Pode circunscrever-se a<br />
situações específicas, como apresentações de trabalho ou reuniões sociais ou estenderse<br />
generalizadamente a diferentes contextos, dependendo do que intensifica mais a<br />
ansiedade, se a intimidade, se a exposição pública. Quando muito intensa, a ansiedade<br />
social pode interferir severamente no estabelecimento de relações saudáveis com os<br />
outros, sejam eles familiares próximos, sejam eles conhecidos ocasionais. Quaisquer iniciativas<br />
de abordagem social podem parecer assustadoramente difíceis, desde cumprimentar<br />
pessoas dentro de um elevador ou pedir orientações geográficas. Casos há em que a<br />
sua intensidade tem impacto decisivo nas escolhas de vida das pessoas, como a área<br />
de estudos, a profissão ou o emprego.<br />
Tenta. Fracassa. Não importa.<br />
Tenta outra vez. Fracassa de novo.<br />
Fracassa melhor.”<br />
Samuel Becket<br />
S<br />
Como um fenómeno da Natureza<br />
ou a Perturbação de Pânico<br />
er inesperado é a característica mais desconcertante de um ataque de pânico.<br />
Sem razão aparente que o justifique, o coração desata a bater velozmente, há um aperto<br />
no peito ou na garganta que aflige, às vezes dificuldade em respirar, as pernas que<br />
tremem e um estado de sudação consequente. O estômago embrulha-se, os músculos<br />
retesam-se como se se defendessem de uma ameaça mesmo séria e a cabeça esvaziase<br />
de raciocínio lógico e enche-se de uma sensação de assustadora irrealidade. Parece<br />
que se desmaia, que se enlouquece, que se perde o controlo ou que se morre, às vezes<br />
ao mesmo tempo. À medida que se repetem os episódios, a preoc<strong>up</strong>ação crescente<br />
com a sua inusitada recorrência começa a ganhar um espaço psicológico cuja orla avança<br />
sempre um bocadinho mais.<br />
25
PESSOAS QUE PODEM<br />
BENEFICIAR COM O MODELO<br />
Primeiro circunscreve-se àquele momento, àquele local, àquela circunstância muito particular<br />
da sua emergência mas depois tende a generalizar-se de forma insidiosa e a alastrar<br />
a outros momentos da vida quotidiana.<br />
A frequência dos seus episódios define aquilo que se designa como perturbação de pânico,<br />
cuja perpetuação está directamente ligada ao evitamento com a qual pretendemos<br />
contornar a sua repetição. Como se po<strong>up</strong>armo-nos a reproduzir o mesmo trajeto, o<br />
mesmo local, a mesma circunstância automaticamente associada, o pudéssemos prevenir<br />
de voltar a acontecer. Pelo contrário, o que resulta desta estratégia é um reforço que<br />
entra directamente para o nosso cérebro e nos reitera a convicção de que sim, a situação<br />
é perigosa e precisa ser evitada. E então de cada vez que nos expomos a ela, a<br />
probabilidade do nosso cérebro mobilizar as estruturas prontas para fugir ou atacar,<br />
aumenta exponencialmente. Porque foi esta aprendizagem que integramos desde os tempos<br />
do Homem primitivo, ao qual foi ensinado pelas leis da sobrevivência a defender-se de<br />
uma destas duas maneiras.<br />
Em termos evolutivos, é a amígdala, uma pequena estrutura localizada na junção dos<br />
dois hemisférios cerebrais, que assegura a regulação destes mecanismos de reacção.<br />
A amígdala funciona como um alarme que nos avisa da receção dos estímulos e é<br />
responsável pela secreção de hormonas, pela activação dos centros motores, do sistema<br />
cardio-vascular, dos músculos e dos intestinos. O que acontece num ataque de pânico<br />
é semelhante a uma avaria nesta nossa campainha de alarme. A amígdala mobiliza uma<br />
resposta organizada de reacção ao medo, provocando a activação de todas estes<br />
componentes fisiológicos sem que as características do estímulo o justifiquem. O caminho<br />
entre o estímulo e a amígdala é mais curto do que aquele que medeia a sua análise<br />
pelo córtex pré-frontal e, portanto, se no nosso funcionamento cerebral há uma<br />
predominância das estruturas que regulam as emoções sobre a capacidade de raciocínio<br />
lógico, estão estabelecidas as condições para a instalação de desequilíbrios emocionais<br />
que podem assumir diversas expressões.<br />
“Tudo o que se passa no onde<br />
vivemos é em nós que se passa.”<br />
Fernando Pessoa<br />
O<br />
Às vezes a pancada não é o que mais dói<br />
ou Stress Pós Traumático<br />
s acontecimentos sentidos como traumáticos pela pessoa que os experimentam,<br />
podem ser provocados por outras pessoas (assaltos, violações, abusos diversos, cenários<br />
de guerra), por acidentes (meios de transporte, máquinas de trabalho ou incêndios) ou<br />
por fenómenos da natureza (terramotos, inundações).<br />
26
PESSOAS QUE PODEM<br />
BENEFICIAR COM O MODELO<br />
Há normalmente um período de ansiedade associado em todos os casos, sendo a sua<br />
persistência no tempo e a sua forte intensidade aquando recordado, que transforma o<br />
episódio num momento traumático. A avaliação que a pessoa faz da situação, a atribuição<br />
de significados e o impacto no seu equilíbrio psicológico determinarão a evolução do<br />
quadro. Atualmente, é comum dividir-se os acontecimentos traumáticos em<br />
“pequenos t”, que correspondem a situações “menores”, mas que provocam uma reacção<br />
de incapacidade de responder adequadamente, e os “grandes T” que envolvem catástrofes<br />
ou risco de vida. Os motivos que levam as pessoas a reagir ou não com sintomatologia<br />
traumática não são previsíveis, dependerá da sua responsividade particular a circunstâncias<br />
específicas que possam e<strong>star</strong> ou não relacionadas com a sua história de vida.<br />
O<br />
Controlo Remoto<br />
ou a Perturbação Obsessivo-Compulsiva<br />
bsessões são pensamentos ou imagens mentais que se impõem com uma certa<br />
estranheza na vida de uma pessoa e que tendem a repetir-se com frequência. São<br />
persistentes e em muitos casos espontâneas, intrometem-se consecutivamente no curso<br />
dos outros pensamentos que ocorrem à consciência e muitas vezes caracterizam-se por<br />
conteúdos incómodos.<br />
A resposta normal a esta situação é exercer alguma acção que reduza o mal e<strong>star</strong> e<br />
o desconforto causado pelos pensamentos repetitivos e desajustados. Essas acções, devido<br />
à sua associação aos pensamentos perturbadores, repetem-se por reflexo condicionado<br />
sempre que eles ocorrem sem que a pessoa pareça ter alguma intenção voluntária.<br />
É deste modo que surgem as compulsões, aqueles comportamentos que parecem<br />
automáticos porque se cristalizaram em rituais com o objectivo de aplacar os pensamentos<br />
que os desencadearam.<br />
“Desculpem-me o transtorno.<br />
Estou em permanente construção<br />
para melhor entendê-lo.”<br />
Kléber Novartes<br />
27
PESSOAS QUE PODEM<br />
BENEFICIAR COM O MODELO<br />
Fobias, fugir ou ficar, eis a questão.<br />
Fobias são medos específicos, significativos e persistentes, excessivos e irracionais, da<br />
presença ou antecipação do confronto com um determinado objecto ou situação. Ficarem<br />
paralisadas ou hiperagitadas define normalmente a reacção desproporcional das pessoas<br />
face às situações que desencadearam interpretações ilógicas e emoções desajustadas.<br />
A consequência mais nefasta e limitativa de uma fobia é o evitamento, pois condiciona<br />
ativamente a vida das pessoas ao evitarem os estímulos que associam ao medo ou<br />
ao enfrentarem-nos segundo estados de acentuado desconforto.<br />
A tristeza que persiste em ficar<br />
ou a Depressão.<br />
“Mesmo as noites totalmente sem<br />
estrelas, podem anunciar a aurora<br />
de uma grande realização.<br />
Há um peso nos braços, um arrasto nas pernas, uma lentidão que pesa nos ombros.<br />
Um cansaço tão grande e tão avassalador que nos derrota desde que amanhecemos<br />
tanto faz que à tarde ou à noite. É um sítio estrangeiro onde se acorda sem ânimo<br />
para erguermos o corpo apático. E com desespero se assiste ao vazio recheado de coisa<br />
nenhuma, ao desinteresse quase total por todos os estímulos, quais estímulos, antes um<br />
ruminativo circuito fechado de preoc<strong>up</strong>ações no interior da cabeça. Cadeias de pensamentos<br />
e imagens incontroláveis, do passado e do futuro, a rodopiar sem descanso, acontecimentos<br />
desagradáveis, emoções negativas, antecipações catastróficas, alimentam uma espiral<br />
demolidora rumo a um precipício sem esperança. É assim a depressão. Um poderoso<br />
quadro de desajustamento psicológico que se pode instalar como consequência de um<br />
acontecimento de vida preciso, cuja adaptação nos exigiu maiores recursos do que aqueles<br />
que possuíamos naquele determinado momento ou que se vai insidiosa e lentamente<br />
aproximando como uma onda vagarosa que avança pelo areal impoluto de uma praia.<br />
Martin Luther King<br />
28
A névoa que se instala é a mesma. Um vapor que turva os contornos entre nós e os outros, entre quem fomos e quem sentimos<br />
que somos ali, naquele momento de irrealidade tão estranho, no qual não nos reconhecemos o préstimo de rompermos a bolha<br />
isoladora em que estamos recolhidos.<br />
Depressão é sobre auto-estima derrotada. Sobre a insistência do nosso cérebro em produzir sistematicamente pensamentos negativos<br />
acerca da nossa capacidade de realização, da nossa competência de e<strong>star</strong> com os outros de forma adequada, da nossa aptidão<br />
para enfrentarmos novos desafios e sermos bem sucedidos. Na depressão deixamos de acreditar que somos capazes de conseguir<br />
coisas que já fizemos ou que estamos fartos de fazer, coisas que até são parte integrante da nossa identidade, tal como a conhecemos<br />
até então. A perceção sobre nós próprios, o mundo à nossa volta e o futuro alteram-se completamente e tudo nos parece<br />
redimensionado a uma escala em que nos sentimos sempre demasiado pequenos e insignificantes. Os outros assustam-nos porque<br />
nos devolvem um reflexo esquisito de alguém de peças desintegradas a tentar confusamente restabelecer conexões momentaneamente<br />
perdidas. Na maior parte dos casos, o humor deprimido permite que as pessoas se mantenham funcionais. Há quem relate quadros<br />
de sintomatologia distímica durante anos a fio sem nunca ter deixado de trabalhar, estudar, ter uma família. Há quem se recorde<br />
“daqueles anos” em que passou submerso num embotamento quase anestésico de pensamentos e emoções, do qual um dia se<br />
saiu porque a vida dá voltas e com elas as pessoas também. Abraham Lincoln e Winston Churchill, por exemplo, eram dois grandes<br />
depressivos que aprenderam a funcionar extremamente bem quando se encontravam massivamente deprimidos, contornando os<br />
seus momentos mais negros e os seus recorrentes pensamentos suicidas. O que revela que é possível desenvolver estratégias para<br />
lidar com as emoções negativas e os traços negativos da personalidade que herdámos geneticamente e/ou que desenvolvemos por<br />
questões contingenciais.<br />
Segundo Martin Seligman, professor há mais de 30 anos na Universidade da Pensilvânia e percursor da Psicologia Positiva, a verdade<br />
é que a Psiquiatria e a Psicologia Clínica já desistiram há muito de uma noção de cura para a depressão. Quer os fármacos, quer a<br />
terapia são actualmente orientados para a gestão de crises a curto prazo que apenas aliviam sintomas temporariamente. Mas é<br />
possível ir mais além e aprender a trabalhar competências específicas que fazem uma frente cerrada às perturbações do humor.<br />
Como ter mais emoções positivas? Como sentir mais envolvimento com a própria vida? Como sentir maior realização no que fazemos?<br />
Como dar mais sentido ao que fazemos? Como ter melhores relações com os outros? São as respostas a estas e outras questões<br />
que, gradualmente, com trabalho específico e empenho, começam a alterar significativamente o olhar das pessoas sobre si mesmas<br />
e o mundo que as rodeia.<br />
“Does it hurt when I do this?”<br />
“I was a very fragile kid.”<br />
“The x-rays indicate you are<br />
crying on the inside.”<br />
29
SOBRE MIM<br />
Quis saber quem sou<br />
e o que faço aqui.<br />
Honestamente, a vida ensinou-me infinitamente mais do que a Psicologia. Quando<br />
penso naquela miúda que nos anos noventa saiu da Faculdade com um papel<br />
numa mão e o vazio da experiência na outra, sinto uma condescendente e inevitável<br />
compaixão. Talvez isso tenha justificado todas as Formações, Graduações, Workshops,<br />
Congressos, Jornadas, Encontros e Colóquios que a agenda conseguia abarcar. Que<br />
emocionante, tanta informação, tantos paradigmas, abordagens e correntes teóricas,<br />
agora era só escolher, arregaçar as mangas e ir fazendo experiências.<br />
E as coisas não correram mal. Cruzei campos tão distintos como a prevenção<br />
de doenças infecciosas em todas as populações de risco que possam imaginar<br />
ou a avaliação neuro-diagnóstica de traumatizados de toda a espécie. Projectos<br />
sérios, não me interpretem mal, bem estruturados, de acompanhamento técnico<br />
irrepreensível e com resultados louváveis a diferentes níveis. E atrás de uns vinham<br />
outros, aquilo que escasseava era o tempo para conciliar todas as solicitações.<br />
Ao início, queremos fazer tudo, saber tudo, ler tudo. Há uma insaciável curiosidade<br />
pessoal, prática e científica, em reunir o mais abrangente conhecimento disponível.<br />
À medida que a vida avançou, contudo, o que me pude aperceber com cristalina<br />
transparência foi que apenas a experiência vivida, ela própria, me garantia a prova<br />
real de toda aquela sabedoria acumulada e de todos aqueles relatos preciosos<br />
que eu ouvia na segunda pessoa. Perder o meu pai depois de uma longa e<br />
excruciante doença, por exemplo, permitiu-me percorrer todos os passos que vêm<br />
escritos nos livros sobre as etapas que constituem o acompanhamento de um<br />
querido familiar em sofrimento, a sua decadente deterioração física e psicológica,<br />
a sua perda, o seu luto. Fazer uma depressão prolongada na sequência desta<br />
perda, com sintomatologia ansiosa associada e grave compromisso da minha<br />
funcionalidade quotidiana, permitiu mergulhar na primeira pessoa numa intervenção<br />
combinada de carácter cognitivo-comportamental e perceber por dentro as suas<br />
etapas, o seu percurso de avanços e recuos e, garanto-vos, a sua cura.<br />
30
O que se aprende pela força da experiência, é que a nossa capacidade de resposta é ilimitada e que a nossa capacidade de<br />
adaptação é infinita. E isto não são premissas teóricas, são mesmo verdades comprovadas de que somos um exemplo vivo.<br />
Está por nós testado e experimentado. Podemos aplicá-lo aos outros com absoluta convicção.<br />
Mas, aleluia, também os acontecimentos e escolhas positivas cumprem o propósito de transformar a teoria em algo com verdadeiro<br />
significado. Ter tomado a decisão de deixar de fumar, por exemplo, interrompendo uma poderosa e longa dependência de vinte<br />
anos consecutivos, revelou-me a mecânica interna da aquisição e desenvolvimento de competências de auto-controlo e gestão<br />
do stress como nenhuma leitura enciclopédica de carácter minucioso alguma vez o faria. Ter sido mãe de duas crianças<br />
maravilhosas garantiu-me a interiorização dessa aprendizagem de topo que é o amor incondicional à prova de birras, viroses<br />
infantis e privação de sono. Ter começado a correr como desporto de eleição aos 40 anos de idade, enfrentando o frio, o<br />
calor, a chuva ou a dor, revelou-me em primeira mão que a nossa energia precisa de ser activada de formas muito específicas<br />
para que vençamos as barreiras da motivação e a sua sustentação numa base de continuidade. E isto não são premissas<br />
teóricas, são mesmo verdades comprovadas de que somos um exemplo vivo. Está por nós testado e experimentado. Podemos<br />
aplicá-lo aos outros com absoluta convicção.<br />
Estes exemplos pessoais que aqui deixo, permitem aferir duas dimensões fundamentais no potencial terapêutico dos seres humanos.<br />
Não só é possível diagnosticar e tratar as perturbações psicológicas através das técnicas da Psicologia Clássica, como é possível<br />
identificar e desenvolver os traços fortes da personalidade dos indivíduos, associando os contributos da Psicologia Positiva. Ser<br />
possível sair com sucesso da zona de desconforto com que um estado ansioso, depressivo, agressivo ou outro, por vezes nos<br />
atraiçoa, já é uma notícia espectacular, imagine-se alem disso ser uma realidade de êxito comprovado cumprir um plano de<br />
desenvolvimento pessoal rumo a um estado de felicidade sustentada.<br />
Currículo Académico<br />
Licenciada em Psicologia Clínica<br />
Pós-graduada em Psicologia da Saúde<br />
Pós-graduada em Neuropsicologia Clínica<br />
Pós-graduada em Terapias Cognitivo-Comportamentais<br />
Pós-graduada em Psicologia Positiva<br />
Certificação Internacional de Coach<br />
31
S<strong>up</strong>eração<br />
Fechei-me dentro dos muros<br />
onde o meu corpo não cabia<br />
contente de ser prisioneira<br />
do cárcere que eu transcendia.<br />
E fui no vento que tudo<br />
tudo o que havia carria,<br />
contente de ser mais veloz<br />
que o vento que me impelia.<br />
Fiquei suspensa dos ramos<br />
que os meus cabelos prendiam<br />
contente de ser o destino<br />
da árvore em que me fundia.<br />
Isabel Santos Ferreira<br />
Psicologia Clínica<br />
Psicologia Positiva<br />
Coaching<br />
isf.psi@gmail.com<br />
www.facebook.com/pick<strong>up</strong>a<strong>star</strong>stay<strong>there</strong><br />
E dei-me como leito às águas<br />
dos sonhos que me transcorriam<br />
contente de ser o curso<br />
da água em que me esvaía.<br />
- Natália Correia -<br />
Design by Umbigo<br />
inesfelix@gmail.com<br />
www.facebook.com/umbigo.convites<br />
Fotografia by Paula Bollinger<br />
www.paulabollinger.com<br />
Make<strong>up</strong> by Cláudia Figueiredo<br />
www.claudiafigueiredo.com