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BRASILEIROS EM LONDRES

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entre os impressos obtidos. O de 14 de dezembro de 1948, por exemplo,<br />

apresenta do lado esquerdo da capa uma bandeira vermelha com o seguinte<br />

slogan “Congresso da Unificação da Classe Operária”, seguido de fotografias dos<br />

líderes comunistas Marx, Engels, Lenin e Stalin. Na parte inferior, fotografias<br />

dos líderes comunistas poloneses Boleslaw Bierut e Josef Cyrankiewicz. Além<br />

de um conjunto de artigos sobre a importância da união dos partidos operários<br />

poloneses formando o Partido Comunista. O teor do jornal segue esta linha com<br />

artigos sobre a história do comunismo na Polônia, as perseguições durante o<br />

governo de Pilsudiski e a resistência durante a Segunda Guerra Mundial. Ao final<br />

desta parte, a reconstrução do país foi tratada em um artigo intitulado “Partido<br />

Comunista em cifras” que apresenta inúmeros gráficos sobre o desenvolvimento<br />

propiciado pelo partido. Na sequência, temos um artigo “Partido Operário<br />

Polonês” que elogia o Exército Vermelho pela libertação da Polônia, além de<br />

informar e comunicar sobre tratados comerciais da Polônia com a URSS. 5<br />

Ao investigar o navio polonês Warta, “ZM” encontrou exemplares da<br />

revista polonesa Kurier Polskie sobre a mesa do comandante do navio. Este<br />

material reforçava a suspeita de que se estaria realizando intercâmbio entre a<br />

imprensa comunista editada em São Paulo e os jornais poloneses. Acrescenta<br />

ZM que encontrou jornais comunistas e livros dentre os quais Nowe Drogi (Novos<br />

Caminhos) sobre a reconstrução da Polônia. 6<br />

Os jornais editados na Polônia costumavam publicar cartas de poloneses e<br />

de seus descendentes entusiasmados com o regime comunista. Um exemplo é<br />

a carta assinada por Bojanowski, residente no Paraná, publicada na Przekoroj. O<br />

autor se apresentou como um polonês que, há 55 anos estava no Brasil, tinha<br />

seis filhos e vinte e um netos, “todos sabendo ler e escrever em polonês”. Além<br />

de cumprimentar as autoridades polonesas que estariam “trabalhando para<br />

o engrandecimento da Polônia Popular”, agradecia o envio desta publicação<br />

ao Brasil que “nos orienta e une com o espírito da nova Polônia” com a qual<br />

teriam “sempre sonhado: uma Polônia para todos os poloneses”. Adverte, no<br />

entanto, que a revista estaria sofrendo “injúrias” dos poloneses de Londres, que<br />

obedeciam fielmente as ordens hitleristas.<br />

Entre os jornais editados em Buenos Aires, Argentina, foi apreendido o<br />

Polska Wyzwolava (Polônia Libertada) que traz a observação de que os fundos<br />

arrecadados com a venda seriam revertidos em prol da reconstrução da Polônia.<br />

Na edição de 16 de dezembro de 1948, anexado ao dossiê, o jornal traz uma série<br />

de notícias referentes ao Brasil. O artigo, “Presente dos poloneses do Brasil ao<br />

Presidente da República polonesa”, relata como poloneses residentes no Paraná<br />

enviaram a Boleslaw Bierut, então presidente do país, uma lâmpada esculpida<br />

em pinheiro paranaense. No mesmo sentido, o pintor Cseslaun Lewandoski,<br />

residente em Curitiba, teria aproveitado a oportunidade para enviar duas<br />

aquarelas de sua autoria ao Museu Nacional de Varsóvia. Anunciava, ainda, que<br />

retratos do presidente polonês estariam sendo vendidos em diversos pontos do<br />

Brasil e que estes deveriam ornamentar as casas dos poloneses.<br />

TRAVESSIA - Revista do Migrante - Nº 66 - Janeiro - Junho / 2010 81

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