Continuidade e descontinuidade em três dicionários do século XIX
Continuidade e descontinuidade em três dicionários do século XIX
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Vale ainda comentar que o verbete abafa<strong>do</strong>r, não se encontra n<strong>em</strong> no Novo<br />
Diccionario (1806) n<strong>em</strong> na primeira edição de Moraes Silva, mas foi acrescenta<strong>do</strong><br />
na segunda edição de 1813 e aparece tal qual <strong>em</strong> Silva Pinto (1832). Essa<br />
reprodução é um indica<strong>do</strong>r de que, além <strong>do</strong> Novo Diccionario (1806), o tipógrafo<br />
mineiro consultou também a segunda edição de Moraes Silva, que certamente foi<br />
influenciada, nos verbetes inicia<strong>do</strong>s por A, pelo Diccionario da Lingoa Partugueza<br />
(1793) da Acad<strong>em</strong>ia das Ciências de Lisboa.<br />
Nos verbetes inicia<strong>do</strong>s por U, a reprodução <strong>do</strong> Novo Diccionario (1806) <strong>em</strong><br />
Silva Pinto (1832) é tão fiel que manteve a mesma indicação equivocada <strong>do</strong> gênero<br />
masculino para o substantivo união: “União, s. m. Ajuntamento de partes n'hum<br />
to<strong>do</strong>. Ajuntamento <strong>em</strong> corpo, <strong>em</strong> ban<strong>do</strong>s. Uniformidade.”<br />
Quanto à estrutura interna <strong>do</strong>s verbetes, o Novo Diccionario (1806) e Silva<br />
Pinto (1832), apresentam <strong>três</strong> inclusões nos apontamentos gramaticais que não se<br />
encontram <strong>em</strong> Moraes Silva (1789 e 1813):<br />
(1) indicação da forma plural de palavras terminadas <strong>em</strong> –ão: “Ubicação, s. f.<br />
-ões no pl. Acção de reoccupar algum lugar. Usa<strong>do</strong> nas escolas.”<br />
(2) indicação da conjugação verbal: “Urtigar, v. a. -guei. Açoutar com<br />
urtigas.”<br />
(3) indicação prosódica da vogal (longa/breve) na sílaba (última/penúltima):<br />
“Umbu, s. m. ult. l. Planta <strong>do</strong> Brasil, que dà fructo.” , “Undecagono, adj. m.<br />
pen. br. Na Geometria, de onze la<strong>do</strong>s.”.<br />
É possível que as indicações prosódicas anotadas no Novo Diccionario (1806)<br />
tenham influencia<strong>do</strong> Moraes Silva (1813) a incluir acentos gráficos nas entradas<br />
<strong>do</strong>s verbetes, que não constavam na edição de 1789.<br />
3 La Fayette<br />
Fig.4. Página de rosto <strong>do</strong> dicionário de La Fayette<br />
O Novo Vocabulario Universal da Lingua Portugueza de Castro de La Fayette,<br />
publica<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1889 pela Garnier (Rio de Janeiro/Paris), ao invés de retomar a<br />
tradição enciclopédica de Bluteau, como o título sugere, dá continuidade aos<br />
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Curitiba 2011<br />
Anais <strong>do</strong> VII Congresso Internacional da Abralin