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Continuidade e descontinuidade em três dicionários do século XIX

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Uivar, v. intr. Dar uivos, ulular. (LA FAYETTE, 1889, p.1142)<br />

Ultimar, v.tr. Por fim ou termo; acabar, r<strong>em</strong>atar. (LA FAYETTE, 1889, p.1143)<br />

Termos homófonos com classes de palavras diferentes formam entradas<br />

diferentes de verbetes <strong>em</strong> La Fayette (1889, p.1145): “Uniforme, adj. Que t<strong>em</strong><br />

uma só forma, côr; não varia<strong>do</strong>; conforme, unanime.” e “Uniforme, s.m. Vesti<strong>do</strong>,<br />

farda.”<br />

Outra diferença <strong>do</strong> vocabulário de La Fayette é a minimização das r<strong>em</strong>issões,<br />

através da inserção de sinônimos.<br />

Untadela, ou Untadura, s.f. Acção ou effeito de untar; untura. (LA FAYETTE, 1889,<br />

p.1142)<br />

Untar, v.tr. Applicar unto. Fomentar com oleo, ungir; besuntar, peitar, subornar; dar<br />

gorgeta. (LA FAYETTE, 1889, p.1145)<br />

Unto, s.m. Banha, gordura de porco. (LA FAYETTE, 1889, p.1146)<br />

Untura, s.f. Acção ou effeito de untar; unguento; leve noção. (LA FAYETTE, 1889,<br />

p.1146)<br />

Considerações Finais<br />

Por fim, cabe dizer que esses <strong>três</strong> <strong>dicionários</strong> apresentaram um dinamismo<br />

histórico decorrente <strong>do</strong> jogo entre as relações de continuidade e <strong>descontinuidade</strong>. O<br />

grau de <strong>descontinuidade</strong> com a tradição variou conforme a abrangência da<br />

mudança. Dessa forma, Moraes Silva (1789) inaugurou uma nova tradição ao<br />

registrar <strong>descontinuidade</strong>s com Bluteau nas <strong>três</strong> dimensões: teórica, <strong>do</strong>cumental e<br />

contextual. Por outro la<strong>do</strong>, Silva Pinto (1832), que seguiu o dicionário anônimo de<br />

1806, reduziu a estrutura <strong>do</strong>s verbetes de Moraes Silva, omitin<strong>do</strong> as abonações.<br />

Apesar dessa <strong>descontinuidade</strong> ocorrer no âmbito teórico, não se pode dizer que<br />

houve uma ruptura com a tradição inaugurada por Moraes Silva. Quanto a La<br />

Fayette (1889), observa-se uma <strong>descontinuidade</strong> na dimensão <strong>do</strong>cumental e,<br />

mesmo sen<strong>do</strong> significativa, essa mudança que amplia o uso geral da língua às<br />

diferentes áreas <strong>do</strong> saber, não foi suficiente para romper com a tradição de Moraes<br />

Silva.<br />

A percepção que o dicionarista t<strong>em</strong> da repercussão de sua obra na<br />

comunidade é outro fator que deve ser considera<strong>do</strong> no relato <strong>do</strong> dinamismo<br />

histórico de uma tradição. T<strong>em</strong>erário da repercussão de seu dicionário, Moraes<br />

Silva referen<strong>do</strong>u Bluteau como autoridade para legitimar o seu trabalho e, uma vez<br />

reconheci<strong>do</strong> o valor de seu dicionário pela comunidade científica, Moraes Silva<br />

omitiu a referência ao antecessor. Numa época de crescente nacionalismo, Silva<br />

Pinto arriscou mudar o nome da língua de portuguesa para brasileira, talvez essa<br />

mudança tenha dificulta<strong>do</strong> a divulgação <strong>do</strong> dicionário, que se limitou a uma edição<br />

e só recent<strong>em</strong>ente foi inseri<strong>do</strong> na história <strong>do</strong>s <strong>dicionários</strong>. A consciência da<br />

repercussão <strong>do</strong> trabalho de La Fayette extrapolou o âmbito linguístico e aspectos<br />

físicos como o número de tomos e o tamanho da página passaram a valorar a obra.<br />

A editora Garnier, ciente <strong>do</strong>s novos usos da modalidade escrita, investiu <strong>em</strong> um<br />

dicionário portátil destina<strong>do</strong> a um novo público forma<strong>do</strong> por alunos e funcionários<br />

3086<br />

Curitiba 2011<br />

Anais <strong>do</strong> VII Congresso Internacional da Abralin

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