CHELIDONIUM MAJUS I - GENERALIDADES SinonÃmia : O Grande ...
CHELIDONIUM MAJUS I - GENERALIDADES SinonÃmia : O Grande ...
CHELIDONIUM MAJUS I - GENERALIDADES SinonÃmia : O Grande ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
<strong>CHELIDONIUM</strong> <strong>MAJUS</strong><br />
Aurora T C Pereira<br />
1<br />
I - <strong>GENERALIDADES</strong><br />
Sinonímia : O <strong>Grande</strong> Quelidônio, Chelidonium haematores, Papaver<br />
carni calatum luteum, Golondrina, Kelidon.<br />
Nome Popular : Erva das verrugas, Cardo espinhoso.<br />
Origem : Planta da família das Papaveráceas.<br />
Esta planta, também chamada erva-andorinha, é vivaz, herbácea e<br />
cresce, em toda Europa e América, em lugares úmidos, entre escombros,<br />
em vazadouros e na vizinhança das habitações, escombros,<br />
penhascos, muros velhos. A planta possui uma raiz cônica<br />
marrom avermelhada que suporta um caule ramificado coberto de<br />
folhas alternas, recortadas, e termina numa umbela de flores amarelas.<br />
O fruto é uma cápsula alongada, contendo sementes com<br />
uma parte anexa carnuda. Toda a planta está impregnada de um<br />
suco alaranjado, viscoso, amargo e cáustico A quelidonia é venenosa<br />
- o suco ataca a epiderme e os olhos.<br />
São colhidas as cimeiras antes da floração plena. Recomenda-se o<br />
uso de luvas. As partes recolhidas são secadas em camadas finas<br />
sobre grades de canas ou num secador à temperatura máxima de<br />
35 º C. Contêm até 4% de alcalóides (quelidonina, queleritrina, sanguisorbina,<br />
berberina, etc.) ligados ao ácido quelidônico e outras<br />
substâncias. A quelidonia é utilizada como antispasmódico e sedativo<br />
em casos de dores intestinais e vesiculares. Atua igualmente<br />
sobre a circulação sangüínea, alargando as coronárias e aumentando<br />
a tensão. Os alcalóides têm também efeito bactericida. Desde<br />
há algum tempo, medicamentos à base de quelidonia são experimentados<br />
no tratamento de tumores malignos (a quelidonina é um<br />
veneno mitótico, influenciando, como a colchicina, a divisão celular).<br />
A medicina popular emprega um ungüento à base de quelidonia<br />
para tratar o eczema crônico. A utilização do suco fresco para<br />
eliminar verrugas é desaconselhado, pois apresenta alguns perigos.<br />
Os remédios à base de quelidonia só devem ser usados sob controle<br />
médico.<br />
Histórico : foi usada inicialmente como remédio contra os males do<br />
fígado pela cor do seu suco, semelhante a bile.<br />
Usada como caustico pelos médicos gregos desde o tempo de Galeno,<br />
que a empregava contra enfermidades do fígado, principalmente<br />
a icterícia, e para oftalmias.
<strong>CHELIDONIUM</strong> <strong>MAJUS</strong><br />
Aurora T C Pereira<br />
Mais recentemente usado nas oftalmias escrofulosas, ulcerosas ou<br />
não, queratites e manchas córneas.<br />
Paracelso o considerava um drenador de Aurum nas moléstias do<br />
fígado.<br />
Van Helmont o usou para ascite.<br />
Outras indicações de uso : febre intermitente, gota, inflamações do<br />
peito, náuseas matinais, congestão do baço.<br />
Já os índios faziam uso externo para - calos, verrugas, úlceras de<br />
má índole, fístulas, tínea, lesões herpetiformes.<br />
Composição química :- sua raiz é rica em alcalóides<br />
- a Sanguinarina ( ação congestiva)<br />
- a Quelidonina, alcalóide com núcleo cilclopentanoperhidrofenantreno<br />
como vários alcalóides do Ópium ( depressor do sistema nervoso),<br />
todos os esteróides, os ácidos biliares e principalmente o<br />
Colesterol, o que nos mostra que a quelidonina age nas moléstias<br />
do fígado, em razão de sua analogia química com os componentes<br />
da bile. Por pertencer ao grupo dos esteróides atua igualmente sobre<br />
os hormônios sexuais, que são derivados dos esteróides, como,<br />
a testosterona, o estradiol, a foliculina... Os estados que necessitam<br />
de Chelidonium causam dentro do organismo uma inundação<br />
de bile no sangue, isto é uma colêmia e aumento da produção<br />
de Indol no sangue e na urina, exatamente como acontece com<br />
os resíduos da combustão orgânica do fenantreno e dos esteróis.<br />
Essa colemia pode ser primária, devida a uma congestão vascular<br />
hepática ou calculose. Secundária, por intoxicação hepática por micróbio<br />
ou toxina; por uma moléstia aguda como a pneumonia; resultado<br />
do aumento da produção de Indol e esteróis no organismo<br />
como acontece em certas degenerações cancerosas.(que dá o o-<br />
dor característico de certos canceres e gangrenas, sensação objetiva<br />
e subjetiva de odor fecalóide)<br />
LOCAIS E MODO DE AÇÃO PREDOMINANTE :-<br />
Duplo mecanismo de ação :-<br />
1) Ação sobre o tempo -<br />
Excitação ( congestão e irritação ) posteriormente depressão.<br />
2) Ação sobre o espaço - 5 eletividades -<br />
⇒ Fígado<br />
⇒ Sistema nervoso<br />
⇒ Aparelho Pleuro-pulmonar<br />
2
<strong>CHELIDONIUM</strong> <strong>MAJUS</strong><br />
⇒ Pele – icterícia, prurido, ulcerações<br />
⇒ Rins<br />
Aurora T C Pereira<br />
3<br />
Eletividade primordial corpórea :- parte inferior do hemitórax direito<br />
( fase pleuro-pulmonar direita) e parte direita do hipocôndrio direito<br />
( lobo direito do fígado, ângulo cólico direito e parte superior do rim<br />
direito, parte torácica direita com ação cutânea herpética - zonas<br />
intercostais).<br />
FÍGADO - Ação essencial<br />
A) Sobre os elementos anatômicos -<br />
Célula hepática - sofre uma inflamação seguida de degeneração<br />
( Phos)<br />
Canalículo biliar - hiperfunção ( Sulph) que leva a hipercolia<br />
- estase ( Lyc) com problemas de hipocolia, levando<br />
a hipercolesterolemia, que predomina sobre os primeiros.<br />
B) Ação sobre a função biliar<br />
C) Aumento vertical do lobo direito mais ação sobre o sistema nervoso<br />
e aparelho renal - Hepatismo de Glenard. Associado a funções<br />
nutritivas (LD), enquanto o LE é associado a intoxicações<br />
de origem digestivas.<br />
SISTEMA NERVOSO - Ação secundária<br />
Fase de excitação - nevralgias e problemas neurovegetativos, reflexos<br />
da Insuficiência Hepato - biliar, dentro da dominância eletiva do<br />
remédio, com enxaquecas à Direita, catarro tubário, nevralgia de<br />
ovário D, dor no ângulo interno do omoplata direito ( ação reflexa<br />
sobre o frênico).<br />
Fase de depressão - que explica os sinais psíquicos semelhantes<br />
ao Ópium, com episódios de excitação, que evocam a 1 a -fase.<br />
APARELHO PLEURO PULMONAR<br />
Irritação e formação de catarro.<br />
RINS<br />
Descarga de ácido úrico mal metabolizado, má eliminação de cloretos.
II ESTUDO FISIOPATOLÓGICO<br />
<strong>CHELIDONIUM</strong> <strong>MAJUS</strong><br />
Aurora T C Pereira<br />
4<br />
Tipo - Pessoas indolentes, pesadas, que não gostam de exercícios.<br />
Irritados e propensos a problemas hepáticos. Face amarelada que<br />
na fase aguda se torna avermelhada nas bochechas sob um fundo<br />
amarelo. Nariz vermelho, inchado. Palmas das mãos amareladas.<br />
SINTOMAS CARACTERÍSTICOS<br />
1. Depressão da economia e do espírito, dificuldade para pensar,<br />
tudo é lento. Tendência a sonolência após almoço.<br />
2. Alucinações sensoriais, odor nauseabundo, fecalóide.(Indol)<br />
3. Vertigem com vômitos biliosos, < ao fechar os olhos ou levantarse.<br />
4. Enxaquecas e cefaléias, ocipito-fronto supraorbital D congestivas,<br />
biliosas com transtornos hepáticos, principalmente a direita,<br />
com urina escura e tez amarelada.<br />
5. Icterícia de pele e mucosas com prurido. Eliminação das toxinas.<br />
6. Mau hálito, gosto amargo na boca. Língua com capa branca e<br />
marcas dentárias.<br />
7. Desejo de leite, bebidas quentes, ácidos. Aversão a café, queijo,<br />
carne. Apetite diminuído ( regime lacto vegetariano).<br />
8. Dor em pontada em hipocôndrio direito por aumento do fígado<br />
que está sensível a pressão, principalmente o lóbulo direito e que<br />
irradia para o omoplata direito. Ou dor em peso no H. D., ou dor<br />
fixa sob omoplata direito, angulo inferior interno. Dor no ombro direito.<br />
9. Alternância entre obstipação e diarréia (tentativa de eliminação).<br />
Fezes duras, redondas, branco argilosas ou amarelo ouro, que é<br />
mais característico.<br />
10.Problemas pleuro-pulmonares ou brônquicos, catarrais na base<br />
direita. Dor no lado direito do tórax que < ao inspirar e com movimento.<br />
Pneumonia de L.S.D. e I.E.<br />
11.Reumatismo articular, tendinoso, muscular, sub agudo ou crônico.<br />
12. Fadiga muscular (Chel é depressor muscular).<br />
MODALIDADES<br />
Lateralidade direita<br />
Agravação - tato superficial, movimento, mudanças de temperatura.
<strong>CHELIDONIUM</strong> <strong>MAJUS</strong><br />
Aurora T C Pereira<br />
Melhora - calor ( sintomas hepáticos, cefaléia < ), pressão profunda.<br />
EXPLICAÇÃO FISIOPATOLÓGICA<br />
FÍGADO - ação eletiva sobre o fígado e a função hepática.<br />
Fígado hipertrofiado, congesto, bordo livre doloroso assim como a<br />
vesícula.<br />
Atua provocando irritação e inflamação digestiva, gastro-hepato -<br />
intestinal, com eletividade sobre o fígado.<br />
Provoca obstrução crônica ou sub-aguda da célula hepática, principalmente<br />
lóbulo direito, e dos canalículos biliares com colemia, perturbações<br />
digestivas. Nos casos crônicos leva a produção aumentada<br />
de Indol com conseqüente odor fecalóide.<br />
As alterações hepáticas são profundas, chegando a Hepatites graves,<br />
icterícia catarral, litíase biliar, cólicas hepáticas, congestão hepática<br />
com diarréia amarela.<br />
PULMÃO – congestão das partes superficiais, com desorganização<br />
das células pulmonares nas regiões mais congestionadas, inflamação<br />
e espessamento da pleura.<br />
Tosse seca por irritação da mucosa pela eliminação via respiratória<br />
dos indóis e derivados dos escatóis.<br />
DUODENO - paresia motora, ação hipoesteniante. Alternância de<br />
obstipação com diarréia, pois de tempos em tempos o organismo<br />
tenta se livrar das toxinas. Como a bile não passa para o intestino,<br />
extravasa pelos canalículos e pelas veias ⇒ fezes claras e urina<br />
escura.<br />
RINS - 1 o irritabilidade e hiperfuncionamento em seguida aumento<br />
na produção de cilindros e transtornos na eliminação dos cloretos,<br />
pigmentos biliares e bile. Depósitos úricos.<br />
SISTEMA LOCOMOTOR - fenômenos reumáticos e nevralgias, por<br />
intoxicação pelo colesterol, Indol e precipitação de ácido úrico nas<br />
articulações. Tendência a gota e a formação de edemas. Os reumatismos<br />
de Chelidonium são de grandes articulações, com edema,<br />
calor local e fortes dores, que pioram com mudança de tempo<br />
e pressão e melhoram com calor. Causa também depressão muscular,<br />
que explica os sintomas de fadiga muscular e depressão do<br />
músculo cardíaco após breve aceleração. Remédio artrítico.<br />
5
<strong>CHELIDONIUM</strong> <strong>MAJUS</strong><br />
Aurora T C Pereira<br />
SISTEMA NERVOSO - a intoxicação lenta age no sistema nervoso<br />
causando uma excitação marcada e prolongada do sistema nervoso<br />
periférico seguida de uma rápida depressão do sistema nervoso<br />
central.<br />
A excitação do sistema nervoso periférico é caracterizada por dores<br />
oculares, auriculares, nevralgias faciais, vertigens e enxaquecas<br />
biliosas pp à direita. Essas enxaquecas são congestivas,< pelo calor,<br />
modalidade ao inversa.<br />
A intoxicação do sistema nervoso central é marcada na esfera mental<br />
mais com depressão do que excitação. É um irritado deprimido,<br />
esquecido, sente-se deprimido, sonolento, fatigado. Com acentuação<br />
da depressão se torna obcecado, com delírios de culpa.<br />
6<br />
III ESTUDO ETIOLÓGICO<br />
CAUSALIDADES TOXI- INFECCIOSAS<br />
⇒ Intoxicações de origem digestivas, excessos alimentares. Vida<br />
sedentária.<br />
⇒ Causalidade primária : Congestão vascular hepática e formação<br />
de cálculos ⇒ Colemia.<br />
⇒ Causalidade secundária : intoxicação do fígado por micróbios,<br />
ou por toxinas, ou por qualquer doença aguda como a pneumonia<br />
que resulte em formação excessiva de esteróis ou indóis dentro<br />
do organismo. Doenças degenerativas como o Câncer.<br />
⇒ Problemas no metabolismo das purinas ⇒ aumento do ácido<br />
úrico.<br />
⇒ Alteração dos níveis de colesterol ⇒ aumento decorrente de sua<br />
não transformação em ácido cólico no fígado, que combina com<br />
a taurina ou glicina sendo eliminado pela bile.<br />
⇒ Superprodução de Indol.<br />
CAUSALIDADE ADQUIRIDA<br />
Todos os estados agudos ( febris, gripal, pulmonar, reumatismal), e<br />
hepato biliares.<br />
CAUSALIDADE HEREDITÁRIA<br />
Constituição - Sulfúricos equilibrados e escleróticos.
<strong>CHELIDONIUM</strong> <strong>MAJUS</strong><br />
Aurora T C Pereira<br />
Diáteses - Psora ou Psoro - Artrítico são as principais, depois Tuberculinismo<br />
e Sicose.<br />
Todas as causas de perturbação das funções hepato biliares.<br />
PSORO - ARTRÍTICO - desmetabolismo com eliminações centrípetas<br />
dão o 1 o - estagio - que é de bloqueio e estase, depois a esclerose<br />
vásculo parenquimatosa com polaridade hepato biliar dão o 2 o -<br />
estagio.<br />
TUBERCULINISMO - problemas hepáticos, como colestase crônica<br />
( Cirrose biliar primária e secundária ), levando à má absorção, das<br />
vitaminas lipossolúveis A ,D, K, originando cegueira noturna, desmineralização<br />
e hipoprotrombinemia.<br />
SICOSE - embebição, infiltração com reflexo hepato biliar. Tumor,<br />
causa metabólica.<br />
IV ESTUDO CLÍNICO<br />
Crianças - Coqueluche com sintomas biliosos, pneumonia com batimento<br />
de asa de nariz, broncopneumonia pós sarampo.<br />
ADULTOS - estado bilioso - predisposto a problemas hepáticos,<br />
enxaquecas biliosas. Icterícia, dor em H.D. Problemas estomacais<br />
aliviados temporariamente por comer. Diarréia biliosa, como forma<br />
de eliminação, alternando com obstipação, urina escura. Fígado<br />
aumentado, calculose. Excitação sistema nervoso.<br />
IDOSOS - Alto grau de intoxicação por lentidão do metabolismo e<br />
dificuldade de eliminação. Degradação do organismo, pelas toxinas.<br />
Depressão do sistema nervoso, letargia. Constipação crônica, fezes<br />
duras argilosas. Nas articulações, ligamentos, serosas, depósitos<br />
de ácido úrico. Fígado aumentado, hemorróidas, por congestão portal.<br />
Asma por liberação de toxinas levando a espasmos. Úlceras varicosas,<br />
pútridas por Indol.<br />
Icterícia com prurido intenso. Odor fecalóide.<br />
USO CLÍNICO<br />
Duas grandes síndromes e síndromes acessórias :<br />
SÍNDROME HEPATO BILIAR - conhecida como Hepatismo de Glénard<br />
- essa síndrome foi descrita por Glénard em 1922 que mesmo<br />
não sendo homeopata descreveu os sintomas hepáticos como os<br />
descritos pelos homeopatas antes dele e depois por Hahnemann,<br />
como sendo os estados hepáticos que necessitam de Chelidonium.<br />
7
<strong>CHELIDONIUM</strong> <strong>MAJUS</strong><br />
Aurora T C Pereira<br />
Constituído de sinais de pequena insuficiência hepática, atualmente<br />
desmembrada em disfunção biliar ictérica por problemas do metabolismo<br />
da bilirrubina ou colemia familiar, com distonias neurovegetativas,<br />
enxaquecas, alergia alimentar e problemas colíticos à D<br />
com dispepsia a farináceos.<br />
Dominância :- astenia, dores, cefaléia, problemas dispépticos, icterícia<br />
e sinais hepato biliares.<br />
SÍNDROME PLEURO PULMONAR DE BASE DIREITA<br />
Afecção pulmonar ou bronco pneunônica aguda nas hepatites ( Kali-c,<br />
Merc) . Manifestações crônicas :- tosse, asma, pleurodinia dos<br />
hepáticos ou artríticos.<br />
Predomínio :- dispnéia, tosse seca, dor na base D, às 16h ou pior<br />
às 16h.<br />
SÍNDROMES ACESSÓRIAS ( de origem ou substrato hepático)<br />
Infecções , febre biliosa, reumatismo vertebral ( certas formas), a-<br />
fecções cutâneas : prurido, herpes, eczema, acne pustulosa (face e<br />
tronco), verrugas (ação local), psoríase. Pele com odor fecalóide.<br />
Nevralgias, ooforites, síndrome reumatismal, varizes à D.<br />
8<br />
METABOLISMO DA BILIRRUBINA
<strong>CHELIDONIUM</strong> <strong>MAJUS</strong><br />
Aurora T C Pereira<br />
9<br />
A bilirrubina é um pigmento tetrapirrólico amarelado, derivado da<br />
hemoglobina e excretado na bile. As hemácias senescentes após<br />
120 dias de circulação são captadas pelos macrófagos do SRE,<br />
onde são rapidamente degradadas em bilirrubina. Essa bilirrubina<br />
liberada pelas células do SRE é transportada para o plasma fortemente<br />
ligada a albumina ( uma molécula de albumina + 2 moléculas<br />
de bilirrubina). A excreção depende de sua transferência do plasma<br />
para a célula hepática, sua conjugação diglicuronídio e secreção<br />
para dentro dos canalículos biliares. Na célula hepática a bilirrubina<br />
é concentrada e esterificada para diglucuronídio de bilirrubina. A<br />
conjugação com o ácido glicurônico é catalisada pela glicuronil<br />
transferase na presença do ácido uridina difosfoglucurônico, que<br />
converte a bilirrubina não conjugada, não polar e liposolúvel num<br />
composto polar, e hidrosolúvel, excretado na bile.<br />
A secreção da bilirrubina conjugada da célula hepática para o outro<br />
lado da membrana que reveste os canalículos biliares, limita sua<br />
velocidade de excreção. A conjugação da bilirrubina é pré requisito<br />
para sua secreção na bile. As enzimas existentes na parte distal do<br />
I D e colo convertem a bilirrubina em urobilinogênio, incolor que é<br />
predominantemente excretado pelas fezes, parte reabsorvido pelo<br />
íleo e colo, sendo novamente recapturada pelo fígado e reexcretada<br />
na bile ou urina.<br />
FISIOPATOLOGIA DA ICTERÍCIA<br />
Mecanismos de hiper bilirrubinemia -<br />
1- Produção excessiva de bilirrubina - por hemólise aumentada das<br />
hemácias aumento da B I ( não conjugada )<br />
2- Redução da captação hepática de bilirrubina - defeito na transferência<br />
da bilirrubina do plasma para dentro da célula hepática<br />
(BI)<br />
3- Redução da conjugação hepática da bilirrubina - deficiência da<br />
glicuronil transferase ou sua inibição. A icterícia neonatal decorre<br />
da imaturidade do sistema hepático excretor. A inibição da glicuronil<br />
transferase pode ocorrer por um esteróide que é secretado<br />
pelo leite materno. ( BI )<br />
4- Redução da excreção de BD ( conjugada) - o processo de excreção<br />
da bilirrubina para dentro dos canalículos é ativo e é influenciado<br />
pelo volume do fluxo biliar e controlado pela excreção dos<br />
sais biliares conjugados. O comprometimento da excreção pode<br />
ser por lesão hepato lobular, como a hepatite ou por substâncias
<strong>CHELIDONIUM</strong> <strong>MAJUS</strong><br />
Aurora T C Pereira<br />
que interferem com o metabolismo celular e aumentam a permeabilidade<br />
da árvore biliar ( testosterona e estrogênos ),competem<br />
pela excreção biliar ou por lesão nos canalículos ( clorpromazina)<br />
Colestase - redução do fluxo biliar e diminuição da excreção dos<br />
constituintes biliares, formação de estase biliar com tampões biliares<br />
nos canalículos.<br />
COLESTEROL E ÁCIDOS BILIARES<br />
É um constituinte da maioria das membranas celulares e precursor<br />
doa ácidos biliares e dos hormônios esteróides.<br />
O colesterol sintetizado no fígado e epitélio intestinal é incorporado<br />
as lipoproteínas plasmáticas e excretado pela bile, ou transformado<br />
em ácidos biliares primários.<br />
A colestase é um aumento da concentração plasmática de colesterol<br />
e das lipoproteínas.<br />
Na IH com comprometimento de síntese colesterol e das lipoproteínas.<br />
O colesterol é excretado pela bile na forma de uma solução micelar<br />
com sal biliar conjugado e fosfolípídeo. As alterações nessas concentrações<br />
levam a formação de cálculos.<br />
Os ácidos biliares ( ácido cólico e quenodeoxicólico ) são sintetizados<br />
a partir do colesterol e secretados na bile na forma de seus<br />
conjugados :- glicina e taurina ( sais biliares).<br />
Esses sais conjugados passam pela circulação entero-hepática<br />
com reabsorção ativa na parte dista do ID ( são excretados e reabsorvidos<br />
diariamente e estão em equilíbrio com a resíntese a partir<br />
do colesterol).<br />
Os sais biliares tem função importante de detergentes. Na bile permitem<br />
a formação de micelas solúveis que contém colesterol, no<br />
intestino ativam a lipase pancreática e formam micelas mistas com<br />
monoglicerídeos e ácidos graxos de cadeia longa facilitando a<br />
absorção das gorduras e vitaminas liposolúveis.<br />
A doença hepática grave pode complicar-se com a má absorção,<br />
quando a secreção de sais biliares for insuficiente para formação<br />
de micelas lipídicas no intestino.<br />
Na IH aguda má absorção hipoprotrombinemia.<br />
Nos cirróticos colestase crônica esteatorréia perda de peso<br />
má absorção diminuição absorção de Vitamina A ,D desmineralização,<br />
cegueira noturna e hipoprotrombinemia.<br />
10
<strong>CHELIDONIUM</strong> <strong>MAJUS</strong><br />
METABOLISMO DOS TRIGLICÉRIDES<br />
Aurora T C Pereira<br />
11<br />
Após as refeições os triglicérides da dieta penetram na circulação<br />
na forma de “quilo” ( emulsão lipídica) vindos do canal torácico(os<br />
ácidos graxos longos cadeia > 10 ) ou passam diretamente como<br />
ácido graxo para dentro do sangue venoso porta ( ácidos graxos<br />
com cadeia < 10).<br />
No jejum a ácido graxo livre ( FFA) é mobilizado dos depósitos de<br />
gordura periféricos na forma de um complexo albumina FFA. Esses<br />
ácidos graxos livres penetram na célula hepática e são estocados<br />
como gotículas. Para serem transportados para periferia ou serem<br />
catabolizados até corpos cetônicos são incorporados as lipoproteínas<br />
plasmáticas.<br />
Os triglicérides estão aumentados na Icterícia obstrutiva mobilização<br />
excessiva dos ácidos graxos livres dos depósitos de gordura<br />
re-esterificação periferia.<br />
Quando existe uma da função hepática valores normais falência<br />
do processo.<br />
Triglicérides plasmáticos quando o organismo necessita de energia<br />
e a utilização dos hidratos de carbono está impedida ou .<br />
Estão aumentados em qualquer hepatopatia por da mobilização<br />
de gordura dos depósitos.<br />
Fosfolipideos ( lecitinas ) - formados pelo colesterol, ácidos graxos,<br />
fosfatos e colina ligam-se as lipoproteínas para serem transportados<br />
micelas com sais biliares e colesterol.<br />
Valores séricos estão aumentados na icterícia colestática crônica e<br />
na Hepatite aguda.<br />
FUNÇÕES DO FÍGADO<br />
1 - Armazenamento de vitaminas e sais minerais; o fígado atua como<br />
órgão de estoque das vitaminas lipossolúveis A,D,E, K e B12<br />
que é hidrosolúvel ( antianêmica ) e os minerais Fe e Cu.<br />
2 - Filtragem do sangue; passam pelo fígado 1,2 litros de sangue<br />
por minuto. Esse sangue proveniente do intestino e estômago trazido<br />
pela veia porta passa pelo fígado onde é filtrado e esterilizado,<br />
as bactérias são totalmente fagocitadas pelas células de Kupffer,<br />
como também os produtos de degradação do metabolismo das proteínas,<br />
e as hemácias envelhecidas. O sangue segue então pela<br />
veia cava inferior estéril, indo para o coração.<br />
3 - O fígado tem também ação de remoção de medicamentos e de<br />
hormônios; capacidade de desintoxicar ou excretar na bile medica-
<strong>CHELIDONIUM</strong> <strong>MAJUS</strong><br />
Aurora T C Pereira<br />
mentos como sulfonamidas, penicilina, ampicilina, eritromicina.. Os<br />
hormônios secretados pelas glândulas endócrinas são quimicamente<br />
alterados ou excretados pelo fígado, como a tiroxina e os hormônios<br />
esteróides como estrógeno, cortisol e aldosterona. Assim<br />
quando há lesão hepática ⇒ acúmulo desses hormônios nos líquidos<br />
corporais ⇒ hiperatividade dos sistemas hormonais.<br />
4 - Metabolismo dos carboidratos -<br />
- armazenamento de glicogênio; função de tamponamento da glicose<br />
- conversão da galactose e frutose em glicose<br />
- formação de compostos químicos a partir de produtos intermediários<br />
do metabolismo dos carboidratos.<br />
5 - Metabolismo das gorduras -<br />
- elevada taxa de oxidação dos ácidos graxos produção de energia<br />
- formação de lipoproteínas<br />
- síntese de colesterol e fosfolípides essenciais nas membranas<br />
plasmáticas; 80% do colesterol sintetizado no fígado é convertido<br />
em sais biliares e secretado pela bile. O restante é transportado<br />
nas lipoproteínas e levado pelo sangue para as células teciduais<br />
em todo organismo.<br />
conversão de grande quantidades de carboidratos e proteínas em<br />
gorduras.<br />
6 - Metabolismo das proteínas -<br />
- desaminação aa<br />
- formação de uréia para remoção da amônia dos líquidos corporais<br />
- formação de proteínas plasmáticas<br />
- interconversão entre os aa e outros componentes para os processos<br />
metabólicos no organismo<br />
RELAÇÕES MEDICAMENOSAS<br />
Complementares - diatésicos - Lycopodium<br />
sintomáticos - Bryonia, Mercurius dulcis<br />
Fundo - Lycopodium , Sulphur e Phosphorus<br />
Remédios evolutivos - para melhor - Sulph ( satélites - Aesc, Aloe,<br />
Bry, Nux-v, Solid )<br />
- para pior - Lyc ( sat - Berb, Coloc, Hydr )<br />
- Phos ( sat - China, Dig )<br />
12
<strong>CHELIDONIUM</strong> <strong>MAJUS</strong><br />
Remédios Sintomáticos a comparar<br />
Aurora T C Pereira<br />
13<br />
1) Síndromes Hepato - biliares -<br />
Enxaquecas biliosas - Iris, Menyantes, Mag. - mur.<br />
a) com diarréia predominante - China, Leptandra, Merc,<br />
Ptelea, Podo, Ricinus<br />
b) com constipação predominante - Carduus mar, Chel,<br />
Chionanthus, Cholesterinum, Myrica<br />
2) Síndrome Pleuro pulmonar Dir. - Kali -c, Lyc, Merc, Sang<br />
3) Síndromes acessórias de origem hepática -<br />
a) nevrálgicas D - Chenopodium ( goteira omo vertebral D),<br />
Chenopodii glauci aphis (orbitaria d e ponta de omoplata D),<br />
Ranunculus (espaço intercostal), Sanguinaria (deltóide D).<br />
b) reumatismal - Benz-ac, Berb, Lachnantes, Ledum , Rhus)<br />
INDOL<br />
Produto odorífero das fezes, juntamente com escatol, mercaptanos<br />
e sulfeto de H, que resultam da ação bacteriana no colo.<br />
A ação das bactérias leva a formação de Vit K, Vit B 12, tiamina e<br />
riboflavina.<br />
O indol é uma amina, resultante do metabolismo do triptofano e da<br />
descarboxilação dos aa sob a ação das enzimas bacterianas.
<strong>CHELIDONIUM</strong> <strong>MAJUS</strong><br />
Aurora T C Pereira<br />
14<br />
Bibliografia<br />
Medicina Geral<br />
Cecil - Loeb - Tratado de Medicina<br />
CH. S. Davidson - Fisiopatologia do fígado<br />
Farreras - Medicina Interna - tomo I<br />
Ganong - Fisiologia Médica<br />
Guyton & Hall - Tratado de fisiologia médica<br />
Robbins - Patologia<br />
Sherlock, Sheila - Doenças do fígado e do sistema biliar<br />
Homeopatia<br />
Hodiamont, Dr - Remèdes végétaux en Homéopathie<br />
Lathoud - Matéria médica homeopática<br />
Vijnovsky - Tratado de matéria médica homeopática<br />
Voison - Manual de matéria médica para o clínico<br />
Zissu - Matéria médica constitucional
<strong>CHELIDONIUM</strong> <strong>MAJUS</strong><br />
Aurora T C Pereira<br />
15<br />
Chelidonium<br />
Chelone<br />
Chenopodii<br />
Chenopodium<br />
Obstrução crônica ou subaguda<br />
das cels hepáticas e<br />
dos canalículos<br />
⇓<br />
extravasamento de bile<br />
⇓<br />
produção de Indol aumentada.<br />
Afeta mais o LD<br />
Hepatite crônica pp em LE<br />
Transtornos causados pela<br />
Hepatite<br />
Sub icterícia<br />
Paciente debilitado e esgotado<br />
( tônico das funções<br />
digestivas e hepáticas)<br />
Congestão hepática, portal<br />
e do reto<br />
Dor sulco escapulo vertebral<br />
E e ∠ inf de Omoplata<br />
E<br />
Congestão dos ouvidos<br />
como tiros<br />
Congestão cerebral, ouvido<br />
interno, portal e hepática<br />
Icterícia<br />
Hipertrofia cr das tonsilas<br />
Congestão do ouvido c/<br />
vertigem e diminuição da<br />
audição ( Menière)