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RIO DE JANEIRO, QUARTA-FEIRA, 28 DE NOVEMBRO DE 2012
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Lei de Cotas pode
causar evasão na
rede particular
Migração. Especialistas discutem até que ponto nova lei pode
afetar o ensino e a possibilidade de migração para a rede pública
ENSINO MÉDIO BRASILEIRO
Qual tipo de escola os estudantes frequentam, por raça, cor e etnia (em%)
Somente pública
Somente particular
41,0 42,1
AMARELA
40,0
50,5
BRANCA
58,9
17,9
INDÍGENA
a cada 100 alunos
que entram no ensino
fundamental,
apenas 44 continuam
nas salas escolares até
o ensino médio. Desses 44,
metade abandona os
bancos escolares e
somente 12
chegam à universidade*
* CONFORME DADOS COLETADOS EM 2011 PELO
INEP (INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E
PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA.
66,7
Qual vestibulando não sonha
com um processo seletivo
menos competitivo para
entrar na faculdade? Em
alguns casos, a vontade
80.000000
de
ingressar no ensino superior
é tanta que há quem defina
a opção de curso pela
nota de corte. Com
53.333333
a nova
Lei de Cotas, no entanto, essa
pode não ser a única forma
de alcançar uma vaga
em uma universidade
26.666667
pública
federal.
Segundo a lei, todo jovem
declarado pardo, negro
0.000000
ou indígena, ou de baixa
renda que cursar integralmente
o ensino médio na
rede pública poderá concorrer
a uma vaga nestas universidades
pelas cotas: 50%
das vagas até 2013. Devido a
essa medida, já há quem espere
uma migração dos alunos
das escolas particulares
para as públicas, a fim de
ampliar as chances.
A Seppir (Secretaria de
Política de Promoção de
Igualdade Racial), no entanto,
não enxerga isso como
um problema. Para o órgão,
a opção dos alunos de
migrarem para o ensino público
implicaria em uma desoneração
das famílias com
os gastos escolares e em
uma pressão para que o ensino
nessas unidades tivesse
mais qualidade.
A análise da Secretaria
não contempla o impacto
que a migração desses alunos
causaria na rede pública,
embora o órgão tenha
afirmado que irá monitorar
a aplicação da legislação
“de acordo com os dispositivos
legais a fim de oferecer
dados para os gestores,
em particular, e toda a
21,8
NEGRA
52,3
34,8
PARDA
EDUCAÇÃO 15
46,5 sino fundamental e avaliam as habilidades
Para reverter a situação, o procura-
Educação em xeque. Ranking de qualidade de
ensino coloca o país em penúltimo lugar. Programa
Ciência Sem Fronteiras é alvo de ação judicial
Fique de olho
Déficit
Excluídos
Brasil é penúltimo Ciência sem Fronteiras
na educação
é alvo de ação
O Brasil ficou na penúltima posição
Três estudantes, representando mais
em um ranking comparativo que de 2 mil universitários de todo o país,
avalia o desempenho escolar em 40 entraram com ações judiciais contra
países.
o corte de mais de 20 cursos na área
O resultado foi divulgado ontem de humanas na chamada mais recente
pela Pearson Internacional, que faz
para o edital do programa Ciências
parte do projeto The Learning Curve Sem Fronteiras.
(Curva de Aprendizado, em inglês).
Entre os cursos afetados estão os de
Os testes internacionais são aplicados
publicidade, artes plásticas, cinema e
em alunos do 5º ao 9º ano do en-
jornalismo.
37,9
44,8 42,4
cognitivas e o desempenho dor da República no Ceará, Oscar Cos-
escolar a partir do cruzamento de indicadores
ta Filho, entrou na segunda-feira com
internacionais da OCDE (Or-
a ação na Justiça Federal. A expectata
ganização para a Cooperação e Desenvolvimento
tiva é de que o MEC (Ministério da
Econômico).
Educação) tome medidas rápidas. “O
Entre os países mais bem colocados Ministério da Educação terá até sextaestão
a Finlândia e a Coreia. O Brasil -feira para prestar esclarecimentos”,
OUTRA GERAL ficou à frente apenas da Indonésia, ficando
disse o procurador.
atrás de países como Romênia No total, o programa já ofereceu 18
(32º) e Colômbia (36º). METRO
mil bolsas de estudos. METRO
sociedade.”
Para a presidente da Fenep
(Federação Nacional
das Escolas Particulares),
Amábile Pácios, é um engano
pensar que a migração
dos alunos pode ampliar
a qualidade do ensino
público.
Do mesmo modo, os estudantes
que optarem por
essa possibilidade podem
ser prejudicados com a baixa
qualidade de ensino.
“Os familiares dos alunos
das escolas particulares
não vão fazer essa migração.
Se o próprio governo
criou uma lei para beneficiar
o ingresso dos alunos
da rede pública, isso significa
que falta qualidade”,
afirma Amábile.
MARIANNA
PEDROZO
METRO SÃO PAULO