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OAB Jovem 10 Anos - OAB/MG

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ANO XVIII - Nº 247 - Informativo Oficial da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Minas Gerais - Belo Horizonte - Janeiro - Abril / 2007<br />

Agilidade contraria interes<br />

JORNAL DO ADVOGADO - Qual sua<br />

opinião sobre o regime de férias<br />

coletivas no Poder Judiciário?<br />

Orlando Adão – Acreditamos que<br />

as férias coletivas correspondem<br />

melhor às especificidades do Poder<br />

Judiciário e garantem andamento<br />

dos trabalhos. As férias individuais<br />

estão inviabilizando o funcionamento<br />

dos tribunais, onde as decisões são<br />

colegiadas vários processos têm<br />

sido adiados e, mesmo na Primeira<br />

Instância, quando um juiz entra de<br />

férias individuais, em tese, haveria<br />

outro para substituí-Io. No entanto,<br />

a verdade é que o juiz, em regime<br />

de substituição, acumula funções<br />

e já está sobrecarregado com as<br />

atribuições que possui como titular.<br />

Dessa forma, a prestação jurisdicional<br />

é que fica prejudicada.<br />

JA – V. Exa. poderia fazer um<br />

breve balanço da Reforma do<br />

Judiciário?<br />

OA - A Reforma do Judiciário não<br />

conseguiu, ainda, tocar no cerne da<br />

questão que é a pronta resposta às<br />

demandas do cidadão ao Judiciário.<br />

Mudanças substantivas só serão<br />

possíveis por meio de leis que<br />

simplifiquem os ritos processuais,<br />

diminuam o número de recursos,<br />

enfim, que criem mecanismos para<br />

que o juiz julgue o mais rápido<br />

possível uma ação.<br />

Isso será um alívio para magistrados e<br />

servidores, mas, há de se admitir, que<br />

o julgamento ágil das ações contraria<br />

os interesses daqueles que querem<br />

protelar a quitação de compromissos,<br />

incluindo o próprio Poder Público,<br />

um dos grandes demandantes da<br />

Justiça.<br />

JA – E sobre a fusão dos Tribunais<br />

de Alçada e de Justiça de Minas<br />

Gerais, qual a sua opinião?<br />

OA - Em Minas, a unificação dos<br />

tribunais só será efetivada, após a<br />

construção da nova sede, com a<br />

reunião de todos os desembargadores<br />

e câmaras de julgamento em um<br />

mesmo espaço físico. Avaliamos que,<br />

do ponto de vista técnico, não fazia<br />

sentido haver dois tribunais, com<br />

posições hierárquicas diferenciadas,<br />

mas com uma mesma função, que é<br />

julgar recursos de decisões dos juízes<br />

das comarcas.<br />

JA – O que V. Exa. pensa dobre a<br />

chamada Súmula Vinculante?<br />

OA - A súmula vinculante só cumprirá<br />

a sua função de desafogar o Poder<br />

Judiciário e agilizar a prestação<br />

jurisdicional se ela também for válida<br />

para toda e qualquer autoridade<br />

administrativa. Caso contrário,<br />

os processos continuarão sendo<br />

ajuizados, sobrecarregando a Justiça,<br />

os servidores e magistrados, sendo<br />

que estes terão que despachar em<br />

cada uma das ações.<br />

JA – Quais os resultados da<br />

Campanha da Conciliação, realizada<br />

no ano passado?<br />

OA - Os índices de conciliação no<br />

Judiciário mineiro, nas Centrais de<br />

Conciliação, por exemplo, foram<br />

superiores a 70%. No entanto, o<br />

índice geral foi inferior a 50%. Isso<br />

significa que precisamos fazer uma<br />

ampla campanha, para incentivar<br />

a conciliação. Acreditamos que a<br />

conciliação representa uma nova<br />

cultura, uma mudança de paradigmas<br />

e é natural que, a princípio, haja<br />

alguma resistência. Mas, sem sombra<br />

de dúvida, ela representa a Justiça do<br />

futuro. Isso porque, somente através<br />

do acordo, podemos promover a paz<br />

social. As próprias partes envolvidas<br />

num litígio resolvem os seus conflitos,<br />

não há vencedores nem vencidos. Isso<br />

ajuda também a construir o espírito de<br />

cidadania, uma vez que as próprias<br />

pessoas se sentem com capacidade<br />

e autonomia para solucionarem seus<br />

problemas, sendo sujeitos e não<br />

pacientes de sua história de vida.<br />

“Mudanças substantivas<br />

só serão possíveis<br />

com leis que simplifiquem<br />

ritos processuais.”<br />

JA – Há excesso de leis no país?<br />

OA - Existem muitas leis no país, sendo<br />

que algumas delas não possuem<br />

efetividade. A própria Constituição<br />

Federal tem princípios maravilhosos,<br />

mas que não são cumpridos. É claro<br />

que a Carta Magna não deve ser<br />

mudada e, sim, ajustada às nossas<br />

políticas públicas, no sentido de fazer<br />

valer o que a lei maior prevê. Em<br />

países, como os Estados Unidos, o<br />

aparato legal é mais enxuto, o que, ao<br />

meu ver, é mais eficaz. Aqui, editam-se<br />

leis a todo momento, muitas delas ao<br />

sabor de discussões calorosas (como<br />

a dos crimes hediondos), sem contar<br />

as constantes emendas à própria<br />

Constituição.<br />

JA – E a crônica falta de juízes,<br />

promotores e defensores públicos?<br />

OA - É altamente prejudicial para a<br />

sociedade a falta de juízes de Direito,<br />

promotores e defensores públicos. Os<br />

índices de aprovação nos concursos<br />

para essas carreiras são muito baixos,<br />

o que mostra deficiências das próprias<br />

universidades. Acabamos de concluir<br />

um concurso para juízes e foram<br />

aprovados apenas 38 dos 3.568<br />

candidatos inscritos. No entanto,<br />

cremos que é mesmo necessária a<br />

realização de um concurso rigoroso,<br />

uma vez que se trata de uma função<br />

relevante e precisamos nos cercar de<br />

mecanismos que nos garantam os<br />

melhores profissionais.<br />

“A Constituição Federal tem<br />

princípios maravilhosos<br />

que nunca<br />

são cumpridos.”<br />

JA – Qual a visão de V. Exa. sobre<br />

as políticas penitenciária e de<br />

segurança pública?<br />

OA - Temos acompanhado o esforço<br />

crescente do Executivo de Minas,<br />

para aprimorar o sistema carcerário<br />

e a segurança pública. Vários<br />

investimentos vêm sendo feitos nesse<br />

sentido e parece ser esta uma das<br />

prioridades do atual Governo, que<br />

tem, inclusive, apoiado as Associações<br />

de Proteção e Assistência aos<br />

Condenados (Apacs), que, ao meu<br />

ver, revolucionam o sistema carcerário,<br />

criando novos paradigmas. O método<br />

Apac está, realmente, empenhado na<br />

recuperação e reinserção social dos<br />

condenados. É importante dizer que<br />

segurança pública é uma questão<br />

que deve envolver toda a sociedade -<br />

todos nós somos responsáveis por ela<br />

- e exige políticas de prevenção e não,<br />

simplesmente, de combate ao crime.<br />

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