PRODUZINDO A DEFESA DO BRASIL
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
de alguém com nível técnico, e não universitário.<br />
“Até o salário dessa população acabou diminuindo”,<br />
relata o diretor do SMABC.<br />
A situação está sendo revertida com a retomada<br />
da formação de técnicos. O Sindicato dos Metalúrgicos<br />
do ABC, por exemplo, inaugurou em<br />
dezembro de 2013, na cidade de Diadema (SP),<br />
a Escola Livre para Formação Integral “Dona<br />
Lindu”, em uma área construída de 2.000m².<br />
Conforme a coordenação da entidade, esperase<br />
atender cerca de 3 mil alunos até julho deste<br />
ano e, a longo prazo, que a instituição forme 10<br />
mil estudantes por ano. De acordo com o diretor<br />
de Organização do SMABC, Moisés Selerges,<br />
as propostas de políticas para novos investimentos<br />
no ABC estão condicionadas à formação de<br />
trabalhadores. “Além disso, temos a preocupação com<br />
a formação desses profissionais enquanto cidadãos, conhecedores<br />
de seus direitos”, ressalta. A Escola “Dona<br />
Lindu” oferece, em parceria com o SENAI,<br />
cursos como “Matemática Aplicada à Mecânica”,<br />
“AutoCad 2D” e “Redação Técnica”.<br />
“A partir de iniciativas como essa, geramos oportunidades<br />
para que as diversas categorias de trabalhadores<br />
venham a estudar, sobretudo quem não tem condições<br />
de investir no ensino”, comenta Bigodinho. “Isso é<br />
um sonho se realizando, pois conseguimos produzir mão de<br />
obra de acordo com a demanda do mercado e oferecer melhor<br />
qualidade de emprego para essas pessoas”, comemora.<br />
Defesa ainda é novidade<br />
A capacitação de mão de obra é um assunto que<br />
já permeia as discussões trabalhistas há muito<br />
tempo. No entanto, especificamente sobre o setor<br />
de defesa pode-se dizer que é algo recente. Até<br />
mesmo as empresas ainda estão se adequando às<br />
exigências do setor, como é o caso dos processos<br />
de catalogação e homologação para se tornarem<br />
fornecedoras das Forças Armadas. Aquelas que<br />
chegam muito perto mas, por qualquer motivo,<br />
não conseguem passar por todas as etapas dessa<br />
rigorosa análise, certamente vão rever seus procedimentos,<br />
passo a passo, antes de tentarem novamente.<br />
Mais do que poder participar de qualquer<br />
licitação da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica,<br />
a companhia terá um diferencial significativo<br />
diante do mercado.<br />
“Sem a devida preparação<br />
para atender à demanda do<br />
mercado, principalmente de<br />
empresas estrangeiras que estão<br />
investindo no Brasil, deixaremos<br />
uma imagem de que não damos<br />
conta...”<br />
Uma das principais notícias do setor envolvendo<br />
a região do Grande ABC foi o anúncio do Governo<br />
Federal sobre a compra dos caças Gripen New<br />
Generation, fabricados pela empresa sueca Saab, para<br />
o Projeto FX-2. Independentemente dessa negociação,<br />
a prefeitura de São Bernardo, há pelo menos<br />
quatro anos tem se aproximado da companhia.<br />
Tanto que, mesmo antes de o Ministério da Defesa<br />
revelar a escolha pelos Gripen, a direção da Saab já<br />
havia criado o CISB – Centro de Pesquisa e Inovação<br />
Sueco-Brasileiro – na cidade e se comprometido<br />
a instalar uma unidade no município, caso viesse<br />
a ser a fornecedora dos aviões.<br />
A partir de agora, começa uma movimentação<br />
intensa para saber exatamente a dimensão das possibilidades<br />
e como aproveitá-las. “Se estamos falando de<br />
uma empresa que vem ao país e, mais especificamente, a São<br />
Bernardo, para fabricar caças, é algo muito grande. Temos de<br />
pensar no futuro, discutir e entender as particularidades das<br />
demandas do setor de defesa”, observa Bigodinho. Para o<br />
sindicalista, é preciso aproveitar essa experiência com<br />
a Saab até para que o polo industrial do ABC esteja<br />
pronto para as próximas oportunidades.<br />
“Quantos empregos diretos e indiretos podem surgir,<br />
sobretudo para a mão de obra qualificada? Como isso<br />
54<br />
Maio de 2014 • Edição 01• Revista do APL de Defesa do Grande ABC