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trabalhadores urbanos no Brasil e a ética do provedor - Proppi - UFF

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VII Congresso Luso-Afro-<strong>Brasil</strong>eiro de Ciências Sociais: As Linguagens da Lusofonia:<br />

Rio de Janeiro, 2-6 de setembro de 2002<br />

ÁREA TEMÁTICA X: As formas <strong>do</strong> trabalho, seus valores e instituições<br />

Sessão 3: 04 de setembro de 2002 – 9 horas<br />

Saber de tu<strong>do</strong> um pouco:<br />

<strong>trabalha<strong>do</strong>res</strong> <strong>urba<strong>no</strong>s</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> e a ética <strong>do</strong> prove<strong>do</strong>r<br />

Simoni Lahud Guedes (Departamento de Antropologia – <strong>UFF</strong>)<br />

Dina Isabel Freitas Castañeda (Bolsista PIBIC <strong>UFF</strong>/CNPq)<br />

Michelle da Silva Lima (Bolsista PIBIC <strong>UFF</strong>/CNPq)<br />

Esta comunicação está dividida em duas partes: na primeira, são apresenta<strong>do</strong>s alguns <strong>do</strong>s<br />

argumentos que permitem compreender o que estamos chaman<strong>do</strong> de “polivalência nativa”.<br />

Na segunda são apresenta<strong>do</strong>s alguns da<strong>do</strong>s provenientes de pesquisa em andamento sobre<br />

os valores <strong>do</strong> trabalho, construí<strong>do</strong>s numa instituição que oferece cursos<br />

semiprofissionalizantes a <strong>trabalha<strong>do</strong>res</strong> em Niterói.<br />

I. Polivalência nativa e a ética <strong>do</strong> prove<strong>do</strong>r<br />

Num restaurante popular em Florianópolis, encontrava-se em um quadro de<br />

avisos um cartão de um trabalha<strong>do</strong>r, oferecen<strong>do</strong> seus serviços. Nele havia impresso<br />

apenas o pre<strong>no</strong>me da pessoa que ofertava seu trabalho, segui<strong>do</strong> da especificação:<br />

especializa<strong>do</strong> em serviços gerais. Seguem <strong>do</strong>is números de telefone e, logo abaixo, a<br />

listagem de to<strong>do</strong>s os serviços ofereci<strong>do</strong>s: jardinagem, serviços de encanamento,


2<br />

desentupimento de vasos sanitários e pias, pinturas de residências, serviços de<br />

pedreiro, peque<strong>no</strong>s fretes.<br />

Este cartão é singular apenas porque inscreve, coloca <strong>no</strong> papel, uma das<br />

características mais significativas da formação <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r brasileiro. Esta<br />

característica, que poderíamos chamar de “polivalência nativa”, para distinguí-la da<br />

“polivalência” preconizada pelas <strong>no</strong>vas formas de organização da produção e que supõe<br />

investimentos distintos, é encontrada com grande freqüência. Ser especializa<strong>do</strong> em<br />

serviços gerais, disponibilizan<strong>do</strong>-se para uma série ampla e diferenciada de trabalho, é,<br />

numa perspectiva cartesiana, rigorosamente uma contradição pois, sob tal perspectiva, a<br />

especialização pressupõe um aprofundamento numa única direção, impossibilitan<strong>do</strong> a<br />

diversificação contida na expressão serviços gerais. Contu<strong>do</strong>, se buscarmos interpretar o<br />

oximoro <strong>no</strong> contexto da construção <strong>do</strong>s <strong>trabalha<strong>do</strong>res</strong> brasileiros, é possível<br />

compreender tal diversificação de saberes e fazeres como uma especialização por ser o<br />

resulta<strong>do</strong> da combinação de inúmeros e complexos investimentos que envolvem, por<br />

exemplo, a capacidade de aprender de determinadas formas e a aquisição de um tipo de<br />

reflexão que possibilita a transferência de experiências e saberes. Identificar-se como<br />

especializa<strong>do</strong> em serviços gerais representa situar-se <strong>no</strong> interior de um longo processo<br />

nunca acaba<strong>do</strong>, sempre des<strong>do</strong>bran<strong>do</strong>-se, <strong>no</strong> qual <strong>no</strong>vas dimensões de saber estão sempre<br />

sen<strong>do</strong> acrescentadas, conforme as ocasiões e as oportunidades se apresentem e<br />

acumuladas como um thesaurus 1 . Tais investimentos são inicia<strong>do</strong>s, em geral, na<br />

infância, na participação e na observação <strong>do</strong>s afazeres <strong>do</strong>s adultos próximos, momento<br />

1 Sem nenhuma dúvida, os acha<strong>do</strong>s de Lévi-Strauss sobre o bricoleur são essenciais para a compreensão<br />

destes saberes (cf. Lévi-Straus, 1968).


3<br />

especial <strong>no</strong> qual se aprende a aprender de determinadas formas 2 . Aprender tu<strong>do</strong> que for<br />

possível <strong>no</strong> território que demarcam como seu, o <strong>do</strong> saber prático (parte que lhes cabe,<br />

na concepção vigente, na divisão social <strong>do</strong> trabalho mais ampla) é uma estratégia<br />

consagrada <strong>do</strong>s <strong>trabalha<strong>do</strong>res</strong> brasileiros, produzida na sua própria história pelo grande<br />

acúmulo de experiências relativas às dificuldades de sua inserção <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de<br />

trabalho. Assim, saber fazer de tu<strong>do</strong> um pouco é uma estratégia e um valor,<br />

encompassan<strong>do</strong> uma ampla disposição para o trabalho, para correr atrás, para o que der<br />

e vier.<br />

Este valor convive, <strong>no</strong> próprio seio das concepções <strong>do</strong>s <strong>trabalha<strong>do</strong>res</strong>, com o<br />

valor da profissão, o valor <strong>do</strong> ofício específico, da especialidade. Ter profissão,<br />

conforme uma de nós já demonstrou (cf. Guedes, 1997), é uma preocupação <strong>do</strong>s jovens<br />

<strong>trabalha<strong>do</strong>res</strong>, com o incentivo <strong>do</strong>s adultos. Entretanto, profissão, para os <strong>trabalha<strong>do</strong>res</strong>,<br />

cobre um campo bastante amplo que se distingue, em primeiro lugar, das concepções de<br />

profissão tal como recobertas por uma especialidade sociológica (cf. Bonelli e<br />

Donatoni, 1996) 3 . Em segun<strong>do</strong> lugar, deve-se registrar que as investigações realizadas,<br />

nas últimas três décadas, com <strong>trabalha<strong>do</strong>res</strong> <strong>urba<strong>no</strong>s</strong>, <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, vêm demonstran<strong>do</strong> os<br />

significa<strong>do</strong>s específicos muitas vezes atribuí<strong>do</strong>s por eles ao termo “profissão”,<br />

circunscrito, em alguns casos, a determinadas posições em processos de trabalho muito<br />

específicos, operan<strong>do</strong> contrastes com outras posições não consideradas como tal. Os<br />

trabalhos de José Sérgio Leite Lopes (1976 e 1988), por exemplo, particularmente o<br />

2 Em outro texto, procurei demarcar algumas das etapas específicas de aquisição destes saberes que<br />

implicam, inclusive, na construção de capacidades complexas para aprender ven<strong>do</strong>, mexer e entender (cf.<br />

Guedes, 2001).<br />

3 A sociologia das profissões, <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>, segun<strong>do</strong> as referidas autoras, segue uma tradição americana que<br />

considera, sob este termo, apenas as profissões que requerem especializações de nível superior. Por outro<br />

la<strong>do</strong>, o recorte <strong>do</strong> “ofício”, conforme se pode constatar que em um interessante livro produzi<strong>do</strong> pelo<br />

Senac, de<strong>no</strong>mina<strong>do</strong> “A Paixão <strong>do</strong> Ofício” (Fajar<strong>do</strong>, 1998), recobre uma gama bem mais variada,<br />

contemplan<strong>do</strong>-se, neste caso, os ofícios de estilista, pedagoga, músico, cirurgião plástico, professora,<br />

chefe de cozinha, piscicultor, jornalista, <strong>do</strong>ceira, biólogo, garçom, joga<strong>do</strong>r de futebol, compositor.


4<br />

primeiro, são exemplos das formas específicas pelas quais os <strong>trabalha<strong>do</strong>res</strong><br />

compreendem seus lugares <strong>no</strong> processo de trabalho, expressos em categorias que<br />

delimitam sua compreensão <strong>do</strong>s saberes e fazeres que competem aos <strong>trabalha<strong>do</strong>res</strong> na<br />

divisão social <strong>do</strong> trabalho.<br />

Contu<strong>do</strong>, o que é importante ressaltar nesta comunicação, é que, para os<br />

<strong>trabalha<strong>do</strong>res</strong> brasileiros, ter profissão não é, de mo<strong>do</strong> algum, incompatível com a<br />

necessidade e a valorização da acumulação de diversos outros saberes. Construir um<br />

trabalha<strong>do</strong>r ou uma trabalhadeira (cf. Guedes, 1997) pode ou não incluir ter profissão<br />

mas não pode prescindir da transmissão de uma série muito grande de capacidades,<br />

disposições e saberes, componentes de uma “pedagogia nativa”, continuamente em<br />

atuação, quer na construção de <strong>no</strong>vos <strong>trabalha<strong>do</strong>res</strong> quer na troca entre <strong>trabalha<strong>do</strong>res</strong> já<br />

experientes, cujos contextos são as relações familiares, de parentesco, de vizinhança e<br />

de trabalho. Mas há, ainda, uma outra forma institucionalizada de construção destes<br />

saberes, que assume importância cada vez maior: a realização de cursos e “cursinhos”.<br />

Na atualidade, com a chamada reestruturação <strong>do</strong> sistema produtivo, com a<br />

intensificação da retórica acerca da necessidade de qualificação <strong>do</strong>s <strong>trabalha<strong>do</strong>res</strong>,<br />

trazen<strong>do</strong> em seu bojo indicações dúbias (de um la<strong>do</strong>, é necessário mais “conhecimento”<br />

e mais “especialização”; de outro, louva-se o trabalha<strong>do</strong>r “polivalente” e o que é capaz<br />

de “transferir conhecimentos”), acirra-se entre os <strong>trabalha<strong>do</strong>res</strong> a busca de cursos de<br />

especialização que lhes possibilitem inserção, formal ou informal, <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de<br />

trabalho. A acumulação destes cursos e “cursinhos”, bastante valorizada, situa em um<br />

outro patamar o saber fazer de tu<strong>do</strong> um pouco.<br />

Mas, mesmo em um outro patamar, esta busca de acumulação de saberes<br />

distintos é apenas uma variante das formas de realização <strong>do</strong>s <strong>trabalha<strong>do</strong>res</strong> <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong>,


5<br />

em que a categoria identificatória mais ampla trabalha<strong>do</strong>r tem preeminência sobre as<br />

outras qualificações. Esta concepção é produzida historicamente pela leitura e<br />

interpretação das condições sócio-culturais de existência <strong>do</strong>s <strong>trabalha<strong>do</strong>res</strong> brasileiros.<br />

Na verdade, como acentua Zaluar (1985), analisan<strong>do</strong> a forma como os <strong>trabalha<strong>do</strong>res</strong><br />

distinguem-se <strong>do</strong>s bandi<strong>do</strong>s, <strong>no</strong> caso brasileiro, a ética <strong>do</strong> trabalho transforma-se em<br />

uma ética <strong>do</strong> prove<strong>do</strong>r, ou seja, é a moral <strong>do</strong> trabalho para a família e não a moral <strong>do</strong><br />

trabalho em si que orienta suas atuações. Isto, de certa forma, contribui para deslocar e<br />

questionar o valor da profissão, em favor de uma concepção que dilui os investimentos<br />

em múltiplas direções:<br />

Esta ética <strong>do</strong> trabalho não advém, para os <strong>trabalha<strong>do</strong>res</strong> daqui, <strong>do</strong> valor moral<br />

da atividade em si. É a ética <strong>do</strong> prove<strong>do</strong>r de sua família, que permite ao<br />

trabalha<strong>do</strong>r sentir-se <strong>no</strong> seu íntimo e aparecer em público como moralmente<br />

superior aos bandi<strong>do</strong>s. Mas é justamente pela impossibilidade de exercer esta<br />

função a contento, o número excessivo de horas trabalhadas, número este<br />

crescente <strong>no</strong>s últimos a<strong>no</strong>s, e a baixa remuneração que fazem com que o<br />

trabalho perca o senti<strong>do</strong> acima referi<strong>do</strong> para os jovens que se “revoltam”.<br />

(Zaluar, 1985, p. 145)<br />

Cynthia Sarti considera não haver incompatibilidade entre a ética <strong>do</strong> prove<strong>do</strong>r e<br />

a ética <strong>do</strong> trabalho, sen<strong>do</strong> “ambas uma coisa só” (Sarti, 1996: 74). Contu<strong>do</strong>, devemos<br />

registrar inflexões importantes pois, se o valor moral <strong>do</strong> trabalho é um <strong>do</strong>s eixos da ética<br />

<strong>do</strong> prove<strong>do</strong>r, o valor maior é, na verdade, a capacidade <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r de sustentar sua<br />

família. Isto introduz algumas possíveis diferenças. Uma delas é o que tentamos<br />

registrar aqui, conduzin<strong>do</strong> a uma certa desvalorização <strong>do</strong> ofício, da profissão, enquanto<br />

especialização excessiva que limita as possibilidades de inserção <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de<br />

trabalho. Mas há várias outras. A ética <strong>do</strong> prove<strong>do</strong>r é a forma pela qual os <strong>trabalha<strong>do</strong>res</strong>,<br />

<strong>no</strong> caso brasileiro, releram e interpretaram a revalorização <strong>do</strong> trabalho proposta pelas<br />

camadas <strong>do</strong>minantes para inserí-los <strong>no</strong> sistema produtivo, particularmente a partir da


6<br />

década de 1930 (cf. Kowarick, 1987), processan<strong>do</strong> o valor <strong>do</strong> trabalho tal como lhes era<br />

proposto dentro das suas múltiplas experiências. A centralidade da família como<br />

defini<strong>do</strong>ra da identidade <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r consagra-se nesta concepção <strong>do</strong> trabalho para a<br />

família.<br />

Propomos, em seguida, nesta comunicação, apresentar alguns da<strong>do</strong>s de uma<br />

pesquisa em andamento que, em sua primeira etapa, investigou em uma instituição de<br />

apoio aos <strong>trabalha<strong>do</strong>res</strong> que oferta cursos semiprofissionalizantes, muito busca<strong>do</strong>s por<br />

homens e mulheres de idades e formações diversas. Nosso argumento principal é que<br />

esta busca acentuada de cursos e “cursinhos” não representa um movimento <strong>no</strong>vo na<br />

formação <strong>do</strong>s <strong>trabalha<strong>do</strong>res</strong>: integra-se às estratégias já consagradas de acumular<br />

saberes diversifica<strong>do</strong>s para melhor viabilizar sua inserção ou reinserção <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de<br />

trabalho.<br />

II. Multiplican<strong>do</strong> saberes: uma pesquisa em andamento<br />

Neste contexto da busca da compreensão <strong>do</strong>s significa<strong>do</strong>s e valores <strong>do</strong> trabalho<br />

atualiza<strong>do</strong>s dentro da dinâmica da organização capitalista mundial, a opção por um<br />

campo inicial de pesquisa perpassava pela questão das condições e possibilidades de<br />

acesso às diversas experiências profissionais de homens e mulheres da classe<br />

trabalha<strong>do</strong>ra. Neste senti<strong>do</strong>, a unidade Centro Comunitário Margarida Leal da Fundação<br />

Leão XIII (Secretaria de Esta<strong>do</strong> de Ação Social e Cidadania), localizada em São<br />

Domingos - Niterói, pôde proporcionar o primeiro contato com <strong>trabalha<strong>do</strong>res</strong>, homens e<br />

mulheres, que estivessem buscan<strong>do</strong> formação profissional e, desta forma, funcionar<br />

como campo inicial. Para o desenvolvimento <strong>do</strong> trabalho, foi interessante acompanhar


7<br />

os cursos semiprofissionalizantes ofereci<strong>do</strong>s pelo Centro que, em parceria com<br />

professores particulares, atende à população de baixa renda <strong>do</strong> município com relativo<br />

baixo custo para as pessoas participantes. O caráter introdutório destes cursos, que<br />

compreende situações limites vividas por estas pessoas na busca de <strong>no</strong>vas alternativas<br />

para a inserção profissional <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho, foi de significativa importância<br />

para a opção por esta unidade de análise.<br />

A instituição conhecida como Fundação Leão XIII, ligada ao Gover<strong>no</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> Rio de Janeiro, possui uma política assistencialista cujos objetivos últimos são “a<br />

formação da cidadania e o aprimoramento da sociedade democrática”. O público alvo é<br />

“a população de baixa renda, residentes em favelas, conjunto habitacionais e bairros<br />

populares”. Nesse senti<strong>do</strong>, consolidam projetos que visam tanto o lazer e integração<br />

social <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so quanto dar oportunidades de qualificação profissional às “pessoas que se<br />

encontram à margem <strong>do</strong> processo produtivo”, segun<strong>do</strong> <strong>no</strong>s indica a história oficial da<br />

instituição. Desta forma, criaram o “Projeto Preparação para o Trabalho, oferecen<strong>do</strong><br />

cursos semi-profissionalizantes 4<br />

e artesanais, visan<strong>do</strong> permitir aos participantes a<br />

aquisição de habilidades e conhecimentos que lhes possibilitem condições mínimas para<br />

o engajamento <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho” 5 .<br />

Os cursos semiprofissionalizantes ofereci<strong>do</strong>s pela Fundação Leão XIII não<br />

deixam de indicar qual “universo” de trabalho asseguram a pessoas de baixa renda:<br />

aqueles que utilizam da habilidade manual. Apesar de indicarem que essa demanda por<br />

trabalhos manuais parta <strong>do</strong>s próprios <strong>trabalha<strong>do</strong>res</strong>, não há uma política que invista <strong>no</strong><br />

4 O termo “semiprofissionalizante” é utiliza<strong>do</strong> pela instituição para justificar a ausência de diplomas ao<br />

térmi<strong>no</strong> <strong>do</strong>s cursos ofereci<strong>do</strong>s pela Fundação Leão XIII. O s diplomas seriam a “prova” da conclusão de<br />

um curso profissionalizante, ou seja, um curso ofereci<strong>do</strong> por escolas específicas como o SENAC. A<br />

Fundação Leão XIII, por não ser uma “escola”, oferece certifica<strong>do</strong>s e não diplomas. Essas termos, na<br />

verdade, serão objeto de <strong>no</strong>ssa análise em outro momento.<br />

5 Fundação Leão XIII, História, <strong>do</strong>cumento digita<strong>do</strong>.


8<br />

senti<strong>do</strong> de “desnaturalizar” esse “lugar próprio” <strong>do</strong>s <strong>trabalha<strong>do</strong>res</strong>. A reflexão<br />

antropológica sobre tais práticas pedagógicas aponta a necessidade de se ter cautela na<br />

oferta de cursos profissionalizantes nas escolas que atendem populações de grupos<br />

populares ten<strong>do</strong> em vista que :<br />

(...) a concepção de profissionalização liga-se ao âmbito <strong>do</strong>s serviços manuais<br />

e, uma vez atendida, só contribuiria para reforçar as diferenças e desigualdades<br />

sociais, ou seja, a reprodução sócio-econômica <strong>do</strong> universo <strong>no</strong>s níveis vigentes.<br />

(Dauster, T, 1996, p.67)<br />

A instituição referida, na pesquisa realizada em 2001, não foge a tais padrões,<br />

apresentan<strong>do</strong>, na ocasião, os seguintes cursos: auxiliar de cabeleireiro (iniciante e<br />

aperfeiçoamento), mecânica de auto, eletricista de auto, garçom e barman, cerâmica.<br />

Nossa entrada nesta instituição foi facilitada pela sua direção e, particularmente,<br />

pela presença de uma socióloga que desejava recomeçar a fazer um perfil sócioeconômico<br />

<strong>do</strong>s alu<strong>no</strong>s. Nós <strong>no</strong>s ofereceremos para esta tarefa como contrapartida à<br />

instituição e, ao mesmo tempo, como forma de inserção <strong>no</strong> local para observação das<br />

formas de transmissão <strong>do</strong> saber e conversas com os alu<strong>no</strong>s para compreender o lugar<br />

que atribuem a tais cursos. Escolhemos observar o curso de Mecânica de Auto<br />

apresentan<strong>do</strong> aqui o contexto da aplicação e resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s questionários de<br />

levantamento <strong>do</strong> perfil-sócio-econômico <strong>do</strong>s seus alu<strong>no</strong>s. Esta opção levou em conta a<br />

representatividade deste curso e a valorização da mecânica em termos das concepções<br />

da classe trabalha<strong>do</strong>ra.<br />

No universo essencialmente masculi<strong>no</strong> <strong>do</strong> curso Mecânica de Auto, que contava<br />

com dez homens e duas mulheres, mas de faixa etária bem diversificada, é de<br />

significativa importância a grande variedade de profissões, trabalhos e outros cursos já<br />

realiza<strong>do</strong>s por estas pessoas. No questionário, apenas quatro delas declararam não estar


9<br />

trabalhan<strong>do</strong> atualmente e ainda assim, três deste total, demonstraram em algum<br />

momento <strong>do</strong> questionário realizar algum tipo de trabalho, classifica<strong>do</strong> por cada um<br />

deles de biscate. Quan<strong>do</strong> se pergunta a estas pessoas se estão “trabalhan<strong>do</strong> atualmente”,<br />

a resposta obtida obedece uma escala hierárquica de valorização das formas de inserção,<br />

valorizan<strong>do</strong> a desejada estabilidade profissional e financeira pelos <strong>trabalha<strong>do</strong>res</strong>, ou<br />

seja, a resposta à pergunta é dúbia se a pessoa não tem, naquele momento, um emprego<br />

assalaria<strong>do</strong> regular. Neste senti<strong>do</strong>, se encontraria <strong>no</strong> topo, a inserção classificada como<br />

emprego regular, que ocupa segun<strong>do</strong> Macha<strong>do</strong> da Silva (1979), a centralidade nas<br />

escolhas e decisões da classe trabalha<strong>do</strong>ra, ou melhor, na decisão, por exemplo, de<br />

botar um negócio, decisão esta que “vai variar em função das condições <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de<br />

trabalho” e implicar na tentativa de “conciliar a condição de independência ou<br />

auto<strong>no</strong>mia (e seus respectivos riscos) com o trabalho assalaria<strong>do</strong> (e suas garantias legais<br />

e previdenciárias)”. (Macha<strong>do</strong> da Silva, 1979: 181)<br />

Diante da nítida valorização <strong>do</strong> emprego regular, das oito pessoas que responderam<br />

“estar trabalhan<strong>do</strong> atualmente”, cinco classificaram sua atividade como trabalho, uma<br />

como biscate e duas como emprego, e estas acentuaram possuir a carteira de trabalho<br />

assinada. Assim é expressiva a declaração de um <strong>do</strong>s informantes sobre o assunto,<br />

quan<strong>do</strong> diz, comparan<strong>do</strong> sua situação e a <strong>no</strong>ssa (das pesquisa<strong>do</strong>ras) que o <strong>no</strong>sso é<br />

trabalho, o de vocês é emprego. Pois, segun<strong>do</strong> o alu<strong>no</strong>, emprego é mais garanti<strong>do</strong>, é<br />

mais certo. Um colega de turma reafirma esta posição quan<strong>do</strong> diz que seu trabalho<br />

atual é o de pedreiro, mas como segurança seria emprego, devi<strong>do</strong> às vantagens<br />

trabalhistas que considera existirem nesta profissão.<br />

No contexto de aplicação <strong>do</strong> questionário dentro da escola, como era de se<br />

esperara, está sempre colocada a necessidade de um maior investimento em cursos e


10<br />

“cursinhos” para se conseguir um emprego regular, embora haja indícios de que este<br />

investimento não se restrinja ao âmbito da escola comum, mas também diga respeito,<br />

sobretu<strong>do</strong> para estes <strong>trabalha<strong>do</strong>res</strong>, ao espaço intermediário entre o tipo de<br />

aprendizagem prática e teórica que a escola profissionalizante ocupa. Daí o grande<br />

interesse expresso pela maioria <strong>do</strong>s alu<strong>no</strong>s <strong>do</strong> curso de mecânica por realizar outros<br />

cursos, principalmente os liga<strong>do</strong>s à área, como injeção eletrônica (seis citações), pintura<br />

de automóvel, funilaria, eletricidade de auto, mecânica de moto, etc. Desse mo<strong>do</strong>,<br />

buscam não uma especialização, mas uma área de atuação dentro da qual possam se<br />

mover em diversas direções. Assim, entre outros motivos alega<strong>do</strong>s pela escolha <strong>do</strong><br />

curso de mecânica, como: aquisição de outra profissão, aperfeiçoamento, possibilidade<br />

de trabalho autô<strong>no</strong>mo, aumento de renda, identificação com a área e curiosidade, parece<br />

esclarecer um <strong>do</strong>s alu<strong>no</strong>s o cerne da questão quan<strong>do</strong> ele diz que: quanto mais<br />

conhecimento melhor. E diz ainda: a única maneira de superar esta dificuldade (de<br />

desemprego e preconceito racial) é estudan<strong>do</strong>. Este alu<strong>no</strong>, além de ter realiza<strong>do</strong><br />

anteriormente os cursos de eletrônica, refrigeração e informática, se identificou ao<br />

mesmo tempo como pintor, pedreiro e arma<strong>do</strong>r. E foi diante desta diversidade<br />

profissional que ele afirmou não se considerar desemprega<strong>do</strong>, na medida em que faz<br />

tu<strong>do</strong> e que, portanto, estaria ele apto a aproveitar as diferentes oportunidades que<br />

surgirem <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho. Mas não somente ele parece se enquadrar nesta<br />

situação de autoconfiança, ou melhor, de confiança em suas habilidades profissionais e,<br />

portanto, de segurança na aquisição senão de um emprego, pelo me<strong>no</strong>s de um trabalho,<br />

mas também outros colegas questiona<strong>do</strong>s. Podemos citar, como exemplo, a observação<br />

de um outro alu<strong>no</strong> que, apesar de afirmar não estar trabalhan<strong>do</strong> e identificar a atividade


11<br />

desempenhada como biscate, afirmou não se considerar desemprega<strong>do</strong> com a<br />

justificativa de que é só uma fase e de que final de a<strong>no</strong> é assim mesmo!<br />

Já em outro nível de abordagem <strong>do</strong> emprego como produto de um investimento<br />

teórico, aparece a declaração da informante que chegou a concluir o curso superior de<br />

engenharia, onde ela revela que considera o que faz como emprego porque hoje não<br />

realiza um trabalho pesa<strong>do</strong>, com horário de peão, mas tem de viajar, ficar <strong>no</strong> escritório<br />

e ir poucas vezes a campo. Já o trabalho (<strong>no</strong> caso, o trabalho <strong>do</strong> peão) exige, segun<strong>do</strong><br />

ela, um horário grande, de campo. Aqui, em um caso específico, a aluna agrega ao valor<br />

<strong>do</strong> emprego, a maior comodidade de um tipo de trabalho não-manual, por ela<br />

conquista<strong>do</strong>.<br />

Dentre as estratégias das classes trabalha<strong>do</strong>ras urbanas de saber de tu<strong>do</strong> um<br />

pouco relacionada ao mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho, encontra-se uma outra “modalidade” de saber<br />

complementar, porém essencial na construção e reprodução <strong>do</strong>s <strong>trabalha<strong>do</strong>res</strong>: a<br />

inserção ou estabelecimento de redes de relações sociais. Os saberes acumula<strong>do</strong>s visam,<br />

além da possibilitar ou melhorar a inserção <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho, situar<br />

diferentemente a pessoa <strong>no</strong> contexto de suas relações sociais de parentesco e<br />

vizinhança.<br />

No caso estuda<strong>do</strong>, ao buscarem os cursos profissionalizantes como um caminho<br />

para a qualificação visan<strong>do</strong> o merca<strong>do</strong> de trabalho, esses <strong>trabalha<strong>do</strong>res</strong> ou filhos de<br />

<strong>trabalha<strong>do</strong>res</strong> não assumem uma posição passiva diante <strong>do</strong> conhecimento generalizante<br />

ensina<strong>do</strong> nesses cursos ou até mesmo escolas.<br />

O curso semiprofissionalizante de mecânica de auto não visava a<br />

profissionalização, <strong>no</strong> senti<strong>do</strong> de especialização e formação geral, mas sim oferecer<br />

<strong>no</strong>ções básicas sobre o funcionamento de um carro. No entanto, o curso estava


12<br />

impregna<strong>do</strong> de um senti<strong>do</strong> formal e disciplina<strong>do</strong>r característico das instituições de<br />

ensi<strong>no</strong> por apresentar toda uma estrutura hierárquica entre os detentores de saber -<br />

professor – e os receptores desse conhecimento – alu<strong>no</strong>s.<br />

Contu<strong>do</strong> pudemos observar que aquele aprendiza<strong>do</strong> não era simplesmente<br />

absorvi<strong>do</strong>, mas ao contrário, os alu<strong>no</strong>s tinham interferência direta <strong>no</strong>s rumos toma<strong>do</strong>s<br />

pelas aulas, posto que as perguntas e os interesses reencaminhavam as propostas <strong>do</strong><br />

professor. Enquanto este os incentivava a aperfeiçoar o curso em escolas<br />

profissionalizantes, como o SENAI e para isso os incentivava a fazer as provas de tais<br />

escolas, os alu<strong>no</strong>s mostravam-se muito mais interessa<strong>do</strong>s em saber como agir diante de<br />

um problema específico e particular 6 .<br />

Se de certa forma o curso não era ministra<strong>do</strong> visan<strong>do</strong> somente casos particulares,<br />

que mais interessavam os alu<strong>no</strong>s, pelo me<strong>no</strong>s era apropria<strong>do</strong> ten<strong>do</strong> em vista sua<br />

aplicação prática, o que pode ser chama<strong>do</strong> de utilização pragmática <strong>do</strong> aprendiza<strong>do</strong>.<br />

Existia uma apropriação daquele conhecimento generalizante ensina<strong>do</strong> <strong>no</strong> curso<br />

ten<strong>do</strong> em vista os espaços e as relações compartilhadas por essas pessoas. O foco <strong>do</strong><br />

processo de aprendizagem não era o conhecimento em si, mas um conhecimento<br />

volta<strong>do</strong> para a prática, dentro das condições específicas e relações sociais desses<br />

<strong>trabalha<strong>do</strong>res</strong>. Ou seja, a participação <strong>do</strong>s alu<strong>no</strong>s nas aulas incluía as formas utilizadas<br />

de apropriação desse conhecimento geral que lhes era ensina<strong>do</strong> ten<strong>do</strong> em vista as redes<br />

de relações pessoais nas quais estavam inseri<strong>do</strong>s.<br />

Assim, o saber de tu<strong>do</strong> um pouco, como estratégia de acumulação de saberes<br />

diversifica<strong>do</strong>s, de um la<strong>do</strong>, visa instrumentalizar de mo<strong>do</strong> amplo para inserção ou<br />

6 As perguntas feitas durante as aulas teóricas, e principalmente durante as aulas práticas, partiam<br />

sempre de um problema específico com o carro <strong>do</strong> tio, <strong>do</strong> irmão, das suas experiências e a preocupação<br />

maior estava em uma orientação de como proceder nesses casos.


13<br />

reinserção <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho. Mas, por outro la<strong>do</strong>, extrapola o universo <strong>do</strong><br />

trabalho, com seus biscates, peque<strong>no</strong>s serviços e até mesmo especialização em serviços<br />

gerais, incluin<strong>do</strong> também o saber estar e formar redes de relações pessoais.<br />

III. Conclusão preliminar<br />

A pesquisa iniciada <strong>no</strong> Centro Comunitário Margarida Leal, da Fundação Leão<br />

XIII, está, <strong>no</strong> momento, sen<strong>do</strong> des<strong>do</strong>brada em outras direções, buscan<strong>do</strong>-se ampliar os<br />

da<strong>do</strong>s qualitativos referentes ao que estamos de<strong>no</strong>minan<strong>do</strong> “os valores <strong>do</strong> trabalho”, em<br />

uma conjuntura político-econômica na qual o “emprego regular” é ainda mais difícil de<br />

ser obti<strong>do</strong>. Mas os da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s nesta primeira etapa apontam que a busca destes<br />

cursos semiprofissionalizantes não significa, necessariamente, a busca da especialização<br />

mas a busca da diversificação. Devemos apontar, em segun<strong>do</strong> lugar, que, embora<br />

operan<strong>do</strong> com várias formas de inserção possíveis (emprego assalaria<strong>do</strong> regular,<br />

trabalho autô<strong>no</strong>mo, trabalho, biscate, etc.), registramos, nesta pesquisa, a valorização<br />

maior <strong>do</strong> emprego assalaria<strong>do</strong> regular, ten<strong>do</strong> em vista as garantias trabalhistas que ainda<br />

oferece. Em terceiro lugar, a observação participante nas aulas <strong>do</strong> curso de mecânica de<br />

auto levou à constatação de uma outra dimensão valorizada destes saberes múltiplos:<br />

sua utilização como moeda de troca nas redes de reciprocidade que caracterizam a vida<br />

<strong>do</strong>s <strong>trabalha<strong>do</strong>res</strong>.


14<br />

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