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análise da implantação da etnotrilha do selvagem na aldeia beija ...

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Revista Eletrônica Aboré - Publicação <strong>da</strong> Escola Superior de Artes e Turismo Ma<strong>na</strong>us - Edição 05 Dez/2010<br />

ISSN 1980-6930<br />

177<br />

PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO: ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO DA<br />

ETNOTRILHA DO SELVAGEM NA ALDEIA BEIJA-FLOR NO MUNICÍPIO<br />

DE RIO PRETO DA EVA<br />

Ronisley <strong>da</strong> Silva Martins 1<br />

Selma Paula Maciel Batista 2<br />

RESUMO<br />

Este trabalho tem como objetivo avaliar e descrever os méto<strong>do</strong>s participativos de planejamento para <strong>implantação</strong> <strong>da</strong><br />

Etnotrilha <strong>do</strong> Selvagem, de base comunitária, desenvolvi<strong>do</strong> <strong>na</strong> Aldeia Beija-Flor no Município <strong>do</strong> Rio Preto <strong>da</strong> Eva. Ao<br />

a<strong>do</strong>tar como técnica a pesquisa-ação, assume como posicio<strong>na</strong>mento a<strong>na</strong>lisar, discutir e sintetizar os princípios<br />

meto<strong>do</strong>lógicos para a <strong>implantação</strong> de ativi<strong>da</strong>des em trilhas com planejamento e gestão de base comunitária com a<br />

proposta <strong>do</strong> mínimo impacto como alter<strong>na</strong>tiva para a prática de uma ativi<strong>da</strong>de sustentável com foco no<br />

desenvolvimento local. A base <strong>do</strong> trabalho se alicerça <strong>na</strong>s informações <strong>da</strong> Terceira (3 a ) Meta <strong>do</strong> Projeto de Turismo<br />

Rural <strong>na</strong> Agricultura Familiar <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s (TRAF/AM), que consiste <strong>na</strong> Implantação de Sistema de Trilhas<br />

Ecológicas, como estratégia de fortalecimento <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> TRAF no município. A execução <strong>da</strong> meta consistiu em<br />

cinco capacitações: Monitores de Trilha, Agentes Ambientais, Análise de Impactos Ambientais, Ofici<strong>na</strong> Participativa<br />

para Construção de Cartilha <strong>do</strong> Sistema de Trilha e Implantação de Sistema de Trilhas.<br />

Palavras – Chaves: Méto<strong>do</strong>s Participativos. Etnotrilha <strong>do</strong> Selvagem. Turismo Rural <strong>na</strong> Agricultura Familiar<br />

INTRODUÇÃO<br />

Os espaços rurais no Amazo<strong>na</strong>s possuem contextos pertinentes aos povos tradicio<strong>na</strong>is,<br />

alicerça<strong>do</strong>s em costumes, hábitos e tradições, cuja identi<strong>da</strong>de se reflete <strong>na</strong> organização desses<br />

espaços que, pela amplitude <strong>da</strong>s relações estabeleci<strong>da</strong>s entre o homem e o meio, estruturam os<br />

territórios. Estes, pela gama de fatores típicos, com o processo, imprimem <strong>na</strong> paisagem suas<br />

representações e marcas. Dinâmica socioespacial que ao agrega ao lugar um significa<strong>do</strong> simbólico o<br />

tor<strong>na</strong> passível de ser apropria<strong>do</strong> para a prática de ativi<strong>da</strong>des turísticas. Esta prática, a partir <strong>do</strong><br />

1 Bacharel em Turismo e Pós-Graduan<strong>do</strong> em Turismo e Desenvolvimento Local pela Universi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

Amazo<strong>na</strong>s-UEA. E-mail: ronisleyguerreiro@yahoo.com.br<br />

2 Mestre em Geografia pela Universi<strong>da</strong>de Federal <strong>da</strong> Bahia – UFBA, Doutoran<strong>da</strong> em Geografia Huma<strong>na</strong> pelo programa<br />

DINTER/MINTER USP/UEA. sbatista@uea.edu.br


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desejo de uma comuni<strong>da</strong>de pode, mediante um projeto turístico em parceria com o poder público e<br />

priva<strong>do</strong>, viabilizar a formatação de produtos turísticos que ao agregar novos valores aos elementos<br />

culturais <strong>do</strong> lugar, se apresenta como uma alter<strong>na</strong>tiva para o desenvolvimento local.<br />

Consideran<strong>do</strong> este princípio, foi desenvolvi<strong>do</strong> no município de Rio Preto <strong>da</strong> Eva, junto aos<br />

agricultores parceiros no Projeto de Turismo Rural <strong>na</strong> Agricultura Familiar no Amazo<strong>na</strong>s<br />

(TRAF/AM), um projeto piloto cuja proposta consistiu em, mediante o uso de uma meto<strong>do</strong>logia de<br />

enfoque participativo, capacitá-los para a elaboração de um plano de manejo, preven<strong>do</strong> a<br />

<strong>implantação</strong> e gestão de uma trilha de base comunitária <strong>na</strong> Comuni<strong>da</strong>de Indíge<strong>na</strong> Beija-Flor, <strong>na</strong><br />

AM-010 no Km79, a 40 minutos <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de Ma<strong>na</strong>us. Localiza<strong>da</strong> a cem metros <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, <strong>na</strong> Rua<br />

Pláci<strong>do</strong> Serrano, Bairro Monte Castelo, ocupa uma área de 42 hectares, atualmente constituí<strong>da</strong> por<br />

sete etnias: SATERÊ-MAWÊ, DESSANA, TUKANO, ARARA, BARÉ, TUYUCA e BORARI,<br />

ca<strong>da</strong> uma conviven<strong>do</strong> com suas próprias culturas, dentro de um respeito mútuo, ocupan<strong>do</strong> a mesma<br />

<strong>aldeia</strong>.<br />

A partir desta proposta o objetivo deste artigo é trazer como contribuição as etapas<br />

desenvolvi<strong>da</strong>s no processo de execução <strong>do</strong> projeto, onde meto<strong>do</strong>logia aplica<strong>da</strong> com base em<br />

<strong>implantação</strong> de trilhas sustentáveis de Lechner (2006) e técnicas de enfoque participativo de<br />

Cordioli (2001) visam detalhar os méto<strong>do</strong>s a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s para a <strong>implantação</strong> <strong>da</strong> trilha, com as práticas de<br />

capacitações em: Monitor de Trilha, Agente Ambiental, Análise de Impactos Ambientais, Ofici<strong>na</strong><br />

Participativa para Construção <strong>da</strong> Cartilha de Trilha Ecológica e Implantação de Trilha, cujos<br />

resulta<strong>do</strong>s, como descritos a seguir, identifica<strong>do</strong>s como satisfatórios, poderão ser aplica<strong>do</strong>s em<br />

outras comuni<strong>da</strong>des com o propósito de favorecer o desenvolvimento <strong>do</strong> turismo endógeno, de base<br />

comunitária no Amazo<strong>na</strong>s.<br />

1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA TEMÁTICA<br />

O Turismo Rural <strong>na</strong> Agricultura Familiar caracteriza em seus princípios um turismo<br />

ambientalmente correto e socialmente justo, que oferece produtos locais, valoriza e resgata o<br />

artesa<strong>na</strong>to regio<strong>na</strong>l, a cultura <strong>da</strong> família <strong>do</strong> campo e os eventos típicos <strong>do</strong> meio rural, incentiva a<br />

diversificação <strong>da</strong> produção e propicia a comercialização direta pelo agricultor, contribui para a<br />

revitalização <strong>do</strong> território rural e para o resgate e manutenção <strong>da</strong> auto-estima <strong>do</strong>s agricultores<br />

familiares, complementa às demais ativi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de de produção familiar, proporcio<strong>na</strong>r a


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convivência entre os visitantes e a família rural, estimular o desenvolvimento <strong>da</strong> agroecologia e<br />

desenvolvi<strong>do</strong> de forma associativa e organiza<strong>da</strong> no território (MDA, 2006).<br />

No processo de orde<strong>na</strong>mento <strong>do</strong> Turismo Rural <strong>na</strong> Agricultura Familiar as trilhas surgem<br />

como uma ação <strong>do</strong> planejamento, como cita Macha<strong>do</strong> (2005) sen<strong>do</strong> uma <strong>da</strong>s primeiras ações <strong>na</strong><br />

organização <strong>do</strong> espaço, agrega os valores culturais <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des tradicio<strong>na</strong>is favorecen<strong>do</strong> a<br />

interação com a <strong>na</strong>tureza, uma vez que as trilhas permitem o acesso à áreas com importância<br />

ecológica e paisagísticas. Formas de relação que justificam a valorização de um planejamento<br />

participativo de base comunitária em projetos para <strong>implantação</strong> de trilhas visan<strong>do</strong> o monitoramento<br />

de impactos e gestão <strong>do</strong> controle de visitação.<br />

No Amazo<strong>na</strong>s, o surgimento <strong>da</strong>s trilhas estão atrela<strong>do</strong>s aos aspectos culturais através <strong>da</strong>s<br />

ativi<strong>da</strong>des extrativistas, quan<strong>do</strong> ocorrem as retira<strong>da</strong>s de frutos, sementes, óleos, plantas medici<strong>na</strong>is,<br />

cipós, palhas; no uso rural em cultivos agrícolas; <strong>na</strong> migração de pessoas provoca<strong>da</strong> por conflitos<br />

sociais ou escassez de recursos; retira<strong>da</strong> de madeiras para construção de casas ou ven<strong>da</strong> ilegal;<br />

demarcação de territórios para limitar os sítios particulares; <strong>na</strong> pesca para facilitar o acesso aos<br />

lagos e rios; para caça como estratégia chama<strong>da</strong> varri<strong>da</strong>s ou peregri<strong>na</strong>ções religiosas.<br />

A relação de interação <strong>do</strong> homem às formas de orde<strong>na</strong>mento <strong>do</strong> território a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> trilhas<br />

para o seu deslocamento, também foram observa<strong>da</strong>s no Planejamento e Implantação <strong>da</strong> Etnotrilha<br />

<strong>do</strong> Selvagem. Onde a determi<strong>na</strong>ção <strong>do</strong> espaço geográfico para sua <strong>implantação</strong> foi pauta<strong>do</strong> em<br />

variáveis que buscaram resgatar a herança cultural, a valorização <strong>do</strong> homem tradicio<strong>na</strong>l no seu<br />

território vivi<strong>do</strong> e o contexto simbólico quanto ao uso <strong>da</strong> floresta em suas ativi<strong>da</strong>des laborais e de<br />

subsistência. Resgate determi<strong>na</strong>nte, toma<strong>do</strong> como base para a leitura e interpretação <strong>da</strong> paisagem no<br />

senti<strong>do</strong> de relacio<strong>na</strong>r e compreender a identi<strong>da</strong>de cultural por meio <strong>da</strong> interação <strong>do</strong> homem com a<br />

<strong>na</strong>tureza e o uso cotidiano que ele estabelece com as trilhas traça<strong>da</strong>s, permitin<strong>do</strong> identificar os<br />

olhares, costumes e tradições <strong>da</strong>s várias etnias que compõem a Comuni<strong>da</strong>de Beija Flor.<br />

Como afirma Lechner (2006), a interpretação <strong>da</strong> paisagem é uma etapa importante no<br />

planejamento , a fim de evitar que a intensificação <strong>do</strong> uso comprometa os aspectos <strong>da</strong> conservação<br />

ambiental. Por este motivo, o plano de manejo, deve a<strong>do</strong>tar técnicas que visem o monitoramento de


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visitantes como meio de garantir a utilização <strong>da</strong>s trilhas sem comprometer os recursos, conforme<br />

descreve o autor:<br />

A sustentabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s trilhas, particularmente no que diz respeito a sistemas de trilhas, é<br />

mais facilmente alcançável mediante uma abor<strong>da</strong>gem integra<strong>da</strong> no seu manejo. Este tipo de<br />

abor<strong>da</strong>gem integra o planejamento, a construção, a manutenção, o monitoramento e a<br />

avaliação, vincula<strong>do</strong>s ca<strong>da</strong> uma dessas ativi<strong>da</strong>des por intermédio de retorno e interação<br />

contínuos. (2006, p. 14)<br />

Consideran<strong>do</strong> o exposto, busca-se a<strong>da</strong>ptar as contribuições teóricas pertinentes ao<br />

planejamento para construção e manejo de trilhas à reali<strong>da</strong>de Amazônica. Logo, o uso <strong>da</strong><br />

meto<strong>do</strong>logia de enfoque participativa associa<strong>do</strong> ao méto<strong>do</strong> ZOPP e a técnica de visualização<br />

garantiram ao grupo de agricultores, em suas diferentes capacitações, a construção de um<br />

conhecimento sóli<strong>do</strong>, construí<strong>do</strong> em equipe com foco <strong>na</strong> <strong>implantação</strong> <strong>da</strong> Etnotrilha <strong>do</strong> Selvagem <strong>na</strong><br />

comuni<strong>da</strong>de Indíge<strong>na</strong> Beija Flor, como forma de valorizar o histórico <strong>da</strong>s trilhas já estabeleci<strong>da</strong>s <strong>na</strong><br />

comuni<strong>da</strong>de e utiliza<strong>da</strong>s tradicio<strong>na</strong>lmente para caça, pesca, extração de ervas medici<strong>na</strong>is para a<br />

cura.<br />

Com o desenvolvimento <strong>do</strong> piloto de capacitações era intenção constatar a importância <strong>da</strong><br />

meto<strong>do</strong>logia de enfoque participativo para que, no planejamento, o procedimento de resgate <strong>do</strong>s<br />

elementos simbólicos no processo de <strong>implantação</strong> <strong>da</strong> Etnotrilha <strong>do</strong> Selvagem fosse identifica<strong>do</strong> para<br />

adiante, a trilha aberta à visitação pública permitisse, com a prática <strong>do</strong> turismo desenvolvi<strong>do</strong> no<br />

limite <strong>do</strong> espaço vivi<strong>do</strong> pela comuni<strong>da</strong>de indíge<strong>na</strong>, agregar novos valores introduzi<strong>do</strong>s pelo<br />

merca<strong>do</strong> turístico, mas, sem comprometer o patrimônio <strong>na</strong>tural e cultural desses espaços<br />

tipicamente amazônicos.<br />

2 METODOLOGIA UTILIZADA NO PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DA TRILHA<br />

O presente estu<strong>do</strong> estruturou-se no levantamento bibliográfico referente às temáticas <strong>da</strong>s<br />

capacitações: monitor de trilha, agente ambiental e <strong>na</strong>s ofici<strong>na</strong>s participativas de construção <strong>da</strong><br />

cartilha de trilhas ecológicas, <strong>análise</strong> de impactos ambientais e <strong>implantação</strong> de trilha, a fim de<br />

resgatar e aprimorar teoricamente e prática as concepções referente a trilhas sustentáveis de base<br />

comunitária.


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Nas aplicações teóricas e práticas se estruturou o desenvolvimento <strong>da</strong> pesquisa<br />

experimental, que de acor<strong>do</strong> com Dencker (1998) “consiste em verificar as alterações causa<strong>da</strong>s por<br />

uma determi<strong>na</strong><strong>da</strong> variável no objeto escolhi<strong>do</strong> para estu<strong>do</strong>”. Como técnica, se a<strong>do</strong>tou a prática de<br />

ofici<strong>na</strong>s elabora<strong>da</strong>s e organiza<strong>da</strong>s em dinâmicas envolven<strong>do</strong> perguntas formula<strong>da</strong>s de acor<strong>do</strong> com<br />

as problemáticas vigentes dentro de uma perspectiva <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de vivi<strong>da</strong> sobre o assunto especifico<br />

de ca<strong>da</strong> tema abor<strong>da</strong><strong>do</strong>. Perguntas e respostas eram fixa<strong>da</strong>s em painéis que garantiam a visualização<br />

pelo grupo, favorecen<strong>do</strong> ampliar de forma coletiva, participativa e democrática a reflexão e busca<br />

de soluções cerca <strong>da</strong>s temáticas. A meto<strong>do</strong>logia Metaplan empregan<strong>do</strong> as técnicas de moderação,<br />

visualização, problematização e <strong>análise</strong>, emprega<strong>da</strong> por Cordioli (2001) a<strong>do</strong>ta como princípio, a<br />

participação coletiva, constituí<strong>da</strong> pela aplicação harmoniosa de um conjunto de instrumentos com a<br />

fi<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de de facilitar a comunicação entre indivíduos, em diferentes contextos, para diagnóstico <strong>da</strong>s<br />

necessi<strong>da</strong>des, identificação <strong>da</strong>s problemáticas, definição <strong>do</strong>s objetivos e socialização <strong>do</strong><br />

conhecimento.<br />

2.1 DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES NA PRÁTICA<br />

Dencker (1998), corroboran<strong>do</strong> com o uso <strong>da</strong> meto<strong>do</strong>logia de Cordioli (2001), afirma ao<br />

investigar méto<strong>do</strong>s e pesquisa em turismo, haver a necessi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> uso de meto<strong>do</strong>logias<br />

participativas com foco para o desenvolvimento local. Seguin<strong>do</strong> este princípio, o uso <strong>da</strong>s ofici<strong>na</strong>s<br />

participativas no processo de planejamento <strong>da</strong> Etnotrilha <strong>do</strong> Selvagem, se concretizou como<br />

satisfatório, exceden<strong>do</strong> as expectativas ao trabalhar a temática <strong>da</strong> percepção ambiental de acor<strong>do</strong><br />

com a descrição, a seguir, <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des desenvolvi<strong>da</strong>s <strong>na</strong>s ofici<strong>na</strong>s:<br />

De acor<strong>do</strong> com o planejamento orienta<strong>do</strong> por objetivo (ZOPP), para início <strong>do</strong>s cursos de<br />

capacitação, foi solicita<strong>da</strong> a formação de três grupos de trabalho, por eles, posteriormente<br />

nomea<strong>do</strong>s: Susuara<strong>na</strong> (tipo de felino), Cupiuba (espécie de árvore) e Urudelos (tipo de anfíbio),<br />

ca<strong>da</strong> grupo com 05 (cinco) a 06 (seis) participantes. Desta forma iniciaram-se trabalhos <strong>do</strong> curso de<br />

Monitores de Trilha (MT) com uma carga horária de sessenta (60hs) direcio<strong>na</strong><strong>do</strong> aos agricultores<br />

familiares <strong>do</strong> Rio Preto <strong>da</strong> Eva totalizan<strong>do</strong> dezesseis (16) agricultores e indíge<strong>na</strong>s. Os temas<br />

estu<strong>da</strong><strong>do</strong>s abor<strong>da</strong>ram os fun<strong>da</strong>mentos <strong>do</strong> Turismo Rural <strong>na</strong> Agricultura Familiar (TRAF); Princípios<br />

e Valores Éticos Profissio<strong>na</strong>l; A importância <strong>do</strong> Planejamento de Trilha; Fun<strong>da</strong>mento de


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Cartografia e Manuseio de Carta Topográfica e Bússola com prática de campo; Planejamento e<br />

Manejo de Trilhas Sustentáveis; Análise de Sitio; Legislações Ambientais e NBR aplica<strong>da</strong> à trilha;<br />

Demarcação; Mapeamento; Dre<strong>na</strong>gem; Si<strong>na</strong>lização; equipamentos de transposição; técnicas de<br />

condução de grupos; Uni<strong>da</strong>des de Conservação; Educação e Interpretação Ambiental; Primeiros<br />

Socorros e Resgate em Ambiente de Selva.<br />

Em segui<strong>da</strong> o curso de Agente Ambiental com a carga horária de sessenta (60hs) teve como<br />

objetivo ensi<strong>na</strong>mentos para a futura gestão e o monitoramento <strong>da</strong> Etnotrilha <strong>do</strong> Selvagem. O curso<br />

teve como conteú<strong>do</strong> abor<strong>da</strong>gens teóricas sobre ecologia e ecossistema ambiental; educação<br />

ambiental e legislação ambiental; monitoramento ambiental; estu<strong>do</strong> de capaci<strong>da</strong>de de carga; estu<strong>do</strong><br />

de pericia ambiental; manejo ambiental; ecoturismo e desenvolvimento sustentável.<br />

No complemento <strong>da</strong>s ações foram modera<strong>da</strong>s 03 (três) ofici<strong>na</strong>s participativas, sen<strong>do</strong> a<br />

primeira Análise de Impacto Ambiental, que teve as seguintes perguntas orienta<strong>do</strong>ras: Quais os<br />

impactos negativos <strong>na</strong> <strong>implantação</strong> e uso <strong>da</strong> trilha para ativi<strong>da</strong>de turística? Quais os impactos<br />

positivos no uso <strong>da</strong> trilha para ativi<strong>da</strong>de turística? Quais os controles para os impactos sociais,<br />

econômicos e ambientais <strong>na</strong> <strong>implantação</strong> e uso <strong>da</strong> trilha? Quais as medi<strong>da</strong>s mitiga<strong>do</strong>ras para os<br />

impactos <strong>na</strong> <strong>implantação</strong> <strong>da</strong> trilha?, Quais os impactos de maior relevância para <strong>implantação</strong> e uso<br />

<strong>da</strong> trilha? Quais os projetos de encaminhamento para o controle de impactos? E, Qual impacto você<br />

classificaria como sen<strong>do</strong> o mais grave?<br />

A segun<strong>da</strong> foi a ofici<strong>na</strong> de Construção <strong>da</strong> Cartilha de Trilhas Ecológicas, que seguiu os<br />

mesmos parâmetros participativos com perguntas orienta<strong>do</strong>ras: O que é turismo rural <strong>na</strong> agricultura<br />

familiar? Quais as ativi<strong>da</strong>des <strong>do</strong> TRAF que podem ser desenvolvi<strong>da</strong>s no meio rural? Quais os<br />

principais produtos <strong>do</strong> turismo rural <strong>na</strong> agricultura familiar? Quais os encaminhamentos para o<br />

desenvolvimento <strong>do</strong> TRAF/AM? O que você entende por Caminho, Pica<strong>da</strong> e Trilha? Como são<br />

estabeleci<strong>da</strong>s as trilhas <strong>na</strong> comuni<strong>da</strong>de? O que podemos observar como atrativo <strong>na</strong>s trilhas? Quais<br />

ativi<strong>da</strong>des são realiza<strong>da</strong>s <strong>na</strong>s trilhas? Tradicio<strong>na</strong>l e Turística, Qual o público alvo para a utilização<br />

<strong>da</strong> trilha em ambiente rural? Quais os elementos fun<strong>da</strong>mentais para o planejamento e <strong>implantação</strong><br />

de uma trilha? Como gerenciar a manutenção e utilização <strong>da</strong> trilha? Quais os critérios de


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conservação e segurança para a utilização de uma trilha? Qual à contribuição de uma trilha<br />

planeja<strong>da</strong> para o desenvolvimento local?<br />

Na terceira e última ofici<strong>na</strong>, se abor<strong>do</strong>u o tema Implantação de Trilha, onde os<br />

participantes tiveram uma palestra sobre “Planejamento de Trilhas” elabora<strong>da</strong> com base <strong>na</strong>s<br />

ativi<strong>da</strong>des práticas, anteriormente, desenvolvi<strong>da</strong>s envolven<strong>do</strong> o preenchimento <strong>da</strong> ficha de campo e<br />

visitas técnicas para o traça<strong>do</strong> <strong>da</strong> Etnotrilha <strong>do</strong> Selvagem, <strong>na</strong> Comuni<strong>da</strong>de Indíge<strong>na</strong> Beija-Flor.<br />

Com estas ofici<strong>na</strong>s se encerrou as ativi<strong>da</strong>des teórico-práticas previstas no projeto, fi<strong>na</strong>lizan<strong>do</strong> os<br />

conteú<strong>do</strong>s acerca de desenvolvimento de Sistemas de Trilhas.<br />

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES DOS TRABALHOS PARTICIPATIVOS<br />

3.1 Aspectos Históricos e Culturais<br />

No ano de 1991, o Americano, Richard Melnik, trouxe várias famílias indíge<strong>na</strong>s <strong>da</strong>s etnias<br />

SATERÊ-MAWÊ, TUCANO, BANIWA, TUYUCA, DESSANA E BARASSANA para sua<br />

proprie<strong>da</strong>de situa<strong>da</strong> <strong>na</strong> AM-010, km 80/81, Município <strong>do</strong> Rio Preto <strong>do</strong> Eva, com a proposta de criar<br />

uma comuni<strong>da</strong>de denomi<strong>na</strong><strong>da</strong> Beija-Flor, que se desti<strong>na</strong>ria a <strong>da</strong>r apoio as famílias migrantes.<br />

A comuni<strong>da</strong>de localiza-se agora a cem metros <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, <strong>na</strong> Rua Pláci<strong>do</strong> Serrano, Bairro<br />

Monte Castelo, ocupan<strong>do</strong> uma área de 42 hectares e atualmente está constituí<strong>da</strong> por sete etnias:<br />

SATERÊ-MAWÊ, DESSANA, TUKANO, ARARA, BARÉ, TUYUCA e BORARI, ca<strong>da</strong> uma<br />

conviven<strong>do</strong> com suas próprias culturas, dentro de um respeito mutuo. Neste contexto de diversi<strong>da</strong>de<br />

cultural, encontram-se muitas características comuns entre essas etnias, principalmente no que se<br />

diz respeito aos mitos, as ativi<strong>da</strong>des de subsistência, arquitetura tradicio<strong>na</strong>l e cultura material.<br />

Pelo seu espírito de luta e sobrevivência, faz com que a experiência desta comuni<strong>da</strong>de seja<br />

inédita, uma vez que, mesmo inseri<strong>da</strong> dentro de uma área que sofre um processo acelera<strong>do</strong> de<br />

urbanização e, por sua vez trás, entre outras conseqüências, a per<strong>da</strong> de identi<strong>da</strong>de cultural, a<br />

comuni<strong>da</strong>de Beija-Flor, mesmo em situações difíceis está conseguin<strong>do</strong> inverter esse processo,<br />

voltan<strong>do</strong>-se para uma vi<strong>da</strong> liga<strong>da</strong> a terra e as tradições indíge<strong>na</strong>s.


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3.2 Aspectos socioeconômicos <strong>do</strong> local<br />

A Comuni<strong>da</strong>de Indíge<strong>na</strong> é administra<strong>da</strong> pela Associação Etno Ambiental <strong>da</strong> Comuni<strong>da</strong>de<br />

Beija-Flor que é composta pela seguinte Diretoria:<br />

Presidente – Sergio Campos Guerreiro; Vice Presidente – Fausto Andrade; Secretária – Terezinha<br />

Freitas; Tesoureira – Rosemeire Noronha; Conselho Fiscal – Germano Campos.<br />

Ativi<strong>da</strong>des principais– Produção de Farinha, Frutas Regio<strong>na</strong>is, Turismo de Estu<strong>do</strong>, Turismo de<br />

Observação, Turismo Cultural e Artesa<strong>na</strong>to, com ren<strong>da</strong> mensal aproxima<strong>da</strong> de R$ 9.600,00 e anual<br />

R$ 115.200,00, a comercialização é feita <strong>na</strong> própria <strong>aldeia</strong> e o excedente vendi<strong>do</strong> em Ma<strong>na</strong>us.<br />

A Aldeia é mista com povos de diversas origens: Saterê Maué – Origem Maués e<br />

Barreirinha, Tucano – Alto Rio Negro, Dessa<strong>na</strong> – Alto Rio Negro, Tuyuka – Alto Rio Negro,<br />

Apurinã – Alto Madeira, Baré – Alto Madeira e Alto Rio Negro, Arará – Pará – Santarém, Aborari<br />

– Pará – Alto Tapajós. Possuem um total de 16 famílias, com um total de 62 habitantes <strong>na</strong><br />

Comuni<strong>da</strong>de de Beija-Flor.<br />

As infra-estruturas e serviços foram identifica<strong>do</strong>s <strong>na</strong> Comuni<strong>da</strong>de: 14 residências, Escola<br />

Municipal, Congregação Adventista, Centro Comunitário (chapéu de Palha), Espaço Turístico<br />

(trilha), casa <strong>da</strong> farinha,<br />

Serviços Básicos – Sistema de Fonia, Posto de Energia 24 horas, água enca<strong>na</strong><strong>da</strong>, telefone e Escola.<br />

3.3 Características de Manejo <strong>da</strong> Etnotrilha <strong>do</strong> Selvagem<br />

As características para o manejo de trilha requer um constante monitoramento e avaliação<br />

<strong>da</strong>s condições ambientais <strong>da</strong>s trilhas. Neste senti<strong>do</strong> Lechner (2006) afirma ser o “monitoramento<br />

um componente essencial <strong>do</strong> manejo” e ressalta:<br />

O seu monitoramento e avaliação que constituem a base <strong>do</strong> programa de manutenção,<br />

poden<strong>do</strong> também fornecer informações importantes para serem utiliza<strong>da</strong>s em esforços<br />

futuros de planejamento e ampliação. As trilhas têm que ser monitora<strong>da</strong>s tanto em termos<br />

de condições sociais como biofísicas, além <strong>do</strong>s seus impactos associa<strong>do</strong>s.


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De acor<strong>do</strong> com as considerações sugeri<strong>da</strong>s por (COLE, 1983 apud LECHNER, 2006) <strong>da</strong><br />

necessi<strong>da</strong>de de consenso completo <strong>do</strong>s problemas envolven<strong>do</strong> a identificação e a descrição em<br />

detalhes <strong>da</strong>s condições <strong>da</strong> mesma, segue abaixo os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s <strong>na</strong>s capacitações<br />

participativas realiza<strong>da</strong>s com ativi<strong>da</strong>des pratica<strong>da</strong>s no espaço geográfico onde ocorreu a<br />

<strong>implantação</strong> <strong>da</strong> trilha.<br />

A Etnotrilha <strong>do</strong> Selvagem, o nome <strong>da</strong> trilha ficou defini<strong>do</strong> pelos participantes através de<br />

pesquisas no local e consulta com os indíge<strong>na</strong>s, atribuí<strong>do</strong> ao igarapé que passa ao la<strong>do</strong> com o<br />

mesmo nome, e por ser implanta<strong>da</strong> aproveitan<strong>do</strong> os caminhos utiliza<strong>do</strong>s para caça pelos indíge<strong>na</strong>s<br />

<strong>da</strong> Aldeia Beija-Flor assim quan<strong>do</strong> chegaram.<br />

Determi<strong>na</strong> o grau de dificul<strong>da</strong>de: fácil, de acor<strong>do</strong> com os apontamentos de Macha<strong>do</strong> (2005) em<br />

relação ao grau de dificul<strong>da</strong>de.<br />

Parâmetros: Trilha relativamente curta, (1.100 m de extensão) e bem constituí<strong>da</strong>, apresentan<strong>do</strong><br />

condições ótimas para vencer desníveis. Um trajeto que não requer preparo físico ou habili<strong>da</strong>des<br />

esportivas. Construí<strong>da</strong> para pessoas de to<strong>da</strong>s as i<strong>da</strong>des vesti<strong>da</strong>s com calça<strong>do</strong>s e roupas adequa<strong>da</strong>s,<br />

poden<strong>do</strong> ser percorri<strong>da</strong> em quase to<strong>da</strong>s as condições de tempo e clima. Localiza<strong>da</strong><br />

preferencialmente em zo<strong>na</strong> de uso intensivo.<br />

Diretrizes de manejo: alto nível de intervenção com pavimentação ou endurecimento <strong>do</strong> leito<br />

(compactação, revestimento onde necessário) em trechos sujeitos ao tráfego intenso de pessoas e/ou<br />

alta erosão; aceita movimentos de terra para diminuição <strong>da</strong> declivi<strong>da</strong>de e contenção de encostas;<br />

<strong>do</strong>ta<strong>da</strong> de lugares para descanso (poden<strong>do</strong> incluir bancos e estruturas de sombreamento) em<br />

intervalos regulares e em trechos de forte desnível.<br />

Largura <strong>do</strong> leito <strong>da</strong> trilha até 1m; presença de estruturas como pontes, passarelas e esca<strong>da</strong>s para<br />

facilitar a travessia de cursos de água e desníveis; si<strong>na</strong>lização intensiva e placas interpretativas<br />

bastante evidentes e harmônicas com o contexto cultural e <strong>na</strong>tural.


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Público-alvo: visitantes de varia<strong>da</strong> faixa etária, especificamente acadêmicos universitários que não<br />

estão buscan<strong>do</strong> a prática <strong>da</strong> caminha<strong>da</strong>, mas ter um contato direto com a cultura e vivencia<br />

tradicio<strong>na</strong>l.<br />

Manutenção <strong>da</strong> Etnotrilha: para esta trilha fica defini<strong>do</strong>, a manutenção periódica, deven<strong>do</strong> ser<br />

feita ao menos uma vez ao mês, e para ca<strong>da</strong> aviso ou agen<strong>da</strong>mento de visitação a Etnotrilha <strong>do</strong><br />

Selvagem, deve ser percorri<strong>da</strong> para verificar a manutenção. A ativi<strong>da</strong>de de manutenção <strong>da</strong> trilha e<br />

reparos de estruturas deve ser acompanha<strong>do</strong> por especialistas para <strong>da</strong>r suporte e orientações.<br />

Regulamento <strong>da</strong> Trilha: o regulamento tem como objetivo conscientizar e orientar o visitante<br />

quanto à conduta no percurso <strong>da</strong> trilha. Observan<strong>do</strong> aspectos importantes foram estabeleci<strong>da</strong>s as<br />

seguintes orientações: 1. Caminhar <strong>na</strong> trilha somente com monitores locais, 2. Caminhar<br />

observan<strong>do</strong> a biodiversi<strong>da</strong>de com o mínimo de ruí<strong>do</strong>s, 3. Interagir respeitan<strong>do</strong> a diversi<strong>da</strong>de<br />

cultural, 4. Retirar somente fotos <strong>do</strong> local, mediante autorização previa <strong>do</strong> monitor e 5. Colaborar<br />

com a limpeza <strong>da</strong> trilha.<br />

Forma <strong>do</strong> traça<strong>do</strong>/design: segun<strong>do</strong> os critérios de Andrade (2003), a Etnotrilha <strong>do</strong> Selvagem<br />

possui o formato circular, defini<strong>da</strong> quan<strong>do</strong> estabeleci<strong>da</strong> passan<strong>do</strong> por diferentes paisagens sem<br />

repetir o percurso voltan<strong>do</strong> ao mesmo ponto de parti<strong>da</strong>.<br />

Capaci<strong>da</strong>de de Suporte de Carga: 92 visitantes por dia com intervalos de 30 minutos e pode ser<br />

aceitável até 110 visitantes no perío<strong>do</strong> de sol.<br />

Taxa de manutenção e serviço: Turistas – R$5,00/ Acadêmicos - R$ 5,00/ Estu<strong>da</strong>ntes - R$3,00,<br />

com <strong>do</strong>ações de alimentos não perecíveis e roupas.<br />

Serviços de monitor/ Condutor Local: Taxa de R$ 30,00 à R$ 60,00, varian<strong>do</strong> de acor<strong>do</strong> com o<br />

público para a visita.


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Horário estabeleci<strong>do</strong> para funcio<strong>na</strong>mento <strong>da</strong> Etnotrilha <strong>do</strong> Selvagem: 6hs00 às 17hs00, com<br />

intervalos de um grupo para outro de 30minutos, sen<strong>do</strong> a entra<strong>da</strong> <strong>do</strong> último grupo as 16hs00 devi<strong>do</strong><br />

à segurança.<br />

Pessoal capacita<strong>do</strong> <strong>do</strong> local: 16 agricultores familiares em Monitor de Trilha e Agente Ambiental,<br />

sen<strong>do</strong> <strong>do</strong>is (02) especificamente <strong>da</strong> Aldeia Beija-Flor.<br />

Critério para condução: Seguin<strong>do</strong> as orientações <strong>da</strong> ABNT NBR 15505-1 - Turismo com<br />

ativi<strong>da</strong>des de caminha<strong>da</strong> Parte 1: Requisitos para produto, define que o responsável pela operação<br />

deve garantir a quanti<strong>da</strong>de mínima de condutores – 01 (um) e auxiliares – 01(um) por grupo de 10<br />

(dez) pessoas. A operação deve garantir que os grupos tenham no máximo 20 clientes. Caso haja<br />

mais clientes, deve ser forma<strong>do</strong> outro grupo. Esta proporção pode necessitar de um número maior<br />

de condutores de acor<strong>do</strong> com a classificação <strong>do</strong> percurso, segun<strong>do</strong> a ABNT NBR 15505-1, em<br />

qualquer um de seus critérios.<br />

Classificação <strong>do</strong> Percurso Implanta<strong>do</strong>: Segue as referencias <strong>da</strong> ABNT NBR 15505-2 - Turismo<br />

com ativi<strong>da</strong>des de caminha<strong>da</strong> Parte 2: Classificação de percursos, Nome <strong>da</strong> trilha: Etnotrilha <strong>do</strong><br />

Selvagem, Locali<strong>da</strong>de: Aldeia Beija-Flor, Ativi<strong>da</strong>de: Caminha<strong>da</strong>s guia<strong>da</strong>s, Trajeto: Formato<br />

circular de fácil acesso, Desnível de subi<strong>da</strong>s: 100m, Desnível de desci<strong>da</strong>: 140m distancia <strong>do</strong><br />

percurso: 1.100m, tempo médio de percurso: 1hs30, Severi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> meio: 1 – Pouco Severo,<br />

Orientação no percurso: 1- Caminhos e cruzamentos bem defini<strong>do</strong>s, Condições <strong>do</strong> terreno: 3-<br />

Percurso em terreno irregular, Intensi<strong>da</strong>de de Esforço Físico: 2- Esforço Modera<strong>do</strong> e Condições<br />

Específicas: Perío<strong>do</strong> de chuva - novembro a maio.<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Basea<strong>do</strong> <strong>na</strong> abor<strong>da</strong>gem e resulta<strong>do</strong>s descritos se considera o projeto piloto de capacitação<br />

envolven<strong>do</strong> ofici<strong>na</strong>s de enfoque participativo com a meta de habilitar agricultores e indíge<strong>na</strong>s para<br />

planejar, implantar e executar a gestão de base comunitária <strong>da</strong> Etnotrilha <strong>do</strong> Selvagem uma<br />

experiência extremamente pertinente e necessária em se consideran<strong>do</strong> a reali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> espaço<br />

amazônico em suas especifici<strong>da</strong>des e totali<strong>da</strong>de. O uso de ferramentas como o ZOPP e Metaplan,


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como meto<strong>do</strong>logias aplica<strong>da</strong>s em propostas que visa construir, para o Amazo<strong>na</strong>s, um turismo de<br />

base comunitária se apresenta como fun<strong>da</strong>mental para garantir no planejamento, a sustentabili<strong>da</strong>de<br />

<strong>do</strong>s recursos, a preservação e memória <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> lugar, as características <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> de vi<strong>da</strong> <strong>do</strong><br />

ribeirinho, caboclo e indíge<strong>na</strong>. Povos Tradicio<strong>na</strong>is <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s, cujos espaços construí<strong>do</strong>s a partir<br />

de seus saberes merecem ser visita<strong>do</strong>s favorecen<strong>do</strong> a troca de conhecimentos e cultura. No entanto,<br />

este teve ser um procedimento pauta<strong>do</strong> em critérios de planejamento que considerem em um<br />

processo continuo o monitoramento de impactos tanto positivos como negativos gera<strong>do</strong>s com a<br />

visitação, favorecen<strong>do</strong> com esta prática o desenvolvimento <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de gestão comunitária,<br />

em suas dimensões ambientais, sociais e econômicas. Optar por esta meto<strong>do</strong>logia envolve em to<strong>do</strong><br />

o processo iniciativas que exigem uma postura ética e profissio<strong>na</strong>l <strong>do</strong> turimólogo, direcio<strong>na</strong><strong>do</strong><br />

inicialmente ao planejamento e <strong>implantação</strong> e, posteriormente, ao monitoramento <strong>da</strong> gestão <strong>do</strong><br />

manejo de visitação visan<strong>do</strong> valorizar e potencializar a oferta as opções de lazer com conservação<br />

<strong>da</strong> <strong>na</strong>tureza. No caso <strong>do</strong> objeto de estu<strong>do</strong> deste artigo, o resulta<strong>do</strong> mais favorável é a sensibilização<br />

de to<strong>do</strong>s os envolvi<strong>do</strong>s, comuni<strong>da</strong>de local, gestores e visitantes, para a importância <strong>da</strong> Etnotrilha <strong>do</strong><br />

Selvagem <strong>da</strong> Comuni<strong>da</strong>de Beija Flor para a conservação <strong>da</strong>s áreas <strong>na</strong>turais e a valorização <strong>da</strong><br />

cultura local.<br />

REFERENCIAS<br />

CORDIOLI, Sergio. Meto<strong>do</strong>logia participativa: uma introdução a 29<br />

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