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O ESTETISMO NA MÚSICA CONTEMPORÂNEA - Revistas.uea.edu.br

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egido por leis imperativas. A Razão representa uma lei universal que ordena o mundo<<strong>br</strong> />

consoante os princípios da lógica e da identidade; e estes princípios racionais, por sua vez,<<strong>br</strong> />

garantem igualmente o funcionamento perfeito das Leis da Natureza. Nesse sentido, afirma<<strong>br</strong> />

Morin, qualquer tentativa de compreensão mais a<strong>br</strong>angente da natureza, que inclua a vida, o<<strong>br</strong> />

homem, o ser ou seja, uma compreensão da complexidade dessa natureza é descartada<<strong>br</strong> />

pela postura cientificista (p.200).<<strong>br</strong> />

Já o par r<strong>edu</strong>ção / separabilidade se refere ao método cartesiano. O método recomenda<<strong>br</strong> />

a divisão de um objeto composto em elementos mais simples. Ao executar essa tarefa, o<<strong>br</strong> />

pesquisador deverá isolar aquele objeto de seu meio e decompô-lo em partes elementares para<<strong>br</strong> />

ser analisado conforme princípios da lógica e da identidade. Então, a tarefa analítica implica<<strong>br</strong> />

r<strong>edu</strong>zir o conhecimento a um único aspecto da realidade do mundo físico: o aspecto<<strong>br</strong> />

matemático. Apesar de pertinente, este caminho para resolver problemas não funciona quando<<strong>br</strong> />

se quer apreender o objeto enquanto objeto. Em sua crítica ao cientismo, Morin argumenta<<strong>br</strong> />

que o método analítico tornou-se instrumental para a especialização e a compartimentação das<<strong>br</strong> />

disciplinas. Estas formam partes não comunicantes , mas não conjuntos complexos como a<<strong>br</strong> />

natureza ou o ser humano (p. 96).<<strong>br</strong> />

O estetismo na música contemporânea<<strong>br</strong> />

Em seu livro A Dialética do Esclarecimento (1985) Adorno compara o papel da<<strong>br</strong> />

ciência e da arte, afirmando que a ciência, em sua interpretação neopositivista, torna-se<<strong>br</strong> />

esteticismo ; isto é, ela adquire características de um sistema de signos desligados,<<strong>br</strong> />

destituídos de toda intenção transcendendo o sistema (p.31). Essa definição de estetismo<<strong>br</strong> />

logo nos traz à mente a idéia de que a arte, sob esse aspecto, constitui um sistema fechado.<<strong>br</strong> />

Adicionalmente, podemos d<strong>edu</strong>zir que os elementos composicionais desse sistema funcionam<<strong>br</strong> />

unicamente como sinais ou índices de suas próprias estruturas sonoras. Para Adorno, essa<<strong>br</strong> />

auto-referência dos materiais sonoros coincide com uma r<strong>edu</strong>ção do conteúdo expressivo da<<strong>br</strong> />

composição. Isso significa que ela, a o<strong>br</strong>a, carece de um valor de autenticidade.<<strong>br</strong> />

Partindo dessas conclusões, podemos então identificar duas formas complementares de<<strong>br</strong> />

estetismo. A primeira refere-se às o<strong>br</strong>as que foram concebidas objetivamente como um<<strong>br</strong> />

sistema formal e autônomo. Na construção desse sistema, os artifícios inventados a priori<<strong>br</strong> />

pelo compositor/a oferecem uma matriz conceitual para d<strong>edu</strong>ção lógica de elementos<<strong>br</strong> />

composicionais.<<strong>br</strong> />

Nas décadas de 50 e 60, muitos compositores europeus e norte-americanos utilizaram<<strong>br</strong> />

sistemas programáticos inteligentes de computação e outros recursos tecnológicos avançados<<strong>br</strong> />

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