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Presskit - Alambique Filmes

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I S A B E L L E H U P P E R T<br />

ANAMARIA VARTOLOMEI<br />

EU NÃO SOU A TUA<br />

p RINCESA<br />

MY LITTLE PRINCESS<br />

UM FILME DE EVA IONESCO


sinopse<br />

Hanna e Violetta formam uma dupla invulgar: uma mãe esquiva e uma menina à procura de amor maternal, uma artista<br />

caprichosa e uma modelo contrariada.<br />

Quando Hanna pergunta à filha se quer ser seu modelo, a vida de Violetta vira-se do avesso. Até então, vivia com a sua<br />

meiga avó.<br />

Após uma infância banal, torna-se numa musa da cena parisiense na moda…


entrevista com eva ionesco<br />

Como é que surgiu o filme?<br />

Sempre quis escrever sobre este assunto, que para mim é bastante doloroso e que lida com a infância. Foi um processo<br />

muito longo e não foi fácil. Escrevi o argumento há dez anos. Na altura, não consegui financiamento. Coloquei o projecto<br />

de lado durante uns anos. Dediquei-me à fotografia e realizei uma média-metragem. Também escrevi outros argumentos.<br />

O que a levou a passar para trás da câmara após uma carreira de actriz com escolhas tão vincadas?<br />

Sempre quis passar para trás da câmara. Sinto-me muito mais confortável aí. Apesar de gostar muito de actuar, sempre tive<br />

vontade de realizar. Estava mergulhada numa cultura da imagem. Desde muito pequena que ia ao cinema, a museus<br />

e a exposições. Assistir, ver e comentar imagens sempre foi uma forma de me ligar ao mundo.<br />

Realizar este relato autobiográfico ajudou-a?<br />

Este filme é apenas a primeira parte de uma história que eu planeio continuar. Fala de Violetta, da vida parisiense,<br />

de clubes nocturnos, de primeiros amores. Escrever sobre assuntos muitos próximos, íntimos não dá muita liberdade,<br />

ao contrário do que se possa pensar.<br />

Que limites estabeleceu para si própria, em relação ao seu passado pessoal, se é que estabeleceu algum?<br />

A minha mãe começou a tirar-me fotografias quando eu tinha quatro anos mas, antes de mais, eu não queria ter várias<br />

meninas a desempenhar o papel. Também não podia deixar que o meu primeiro filme tivesse três ou quatro horas. Tinha<br />

de ser rigorosa e por isso não pude mostrar a fase em que, ainda mal tinha aprendido a andar, uma criança já posava nua.<br />

Para além disso, no meu filme, escondo aquilo de que estamos a falar, ou seja, a nudez, aquela menina despida mas a usar<br />

acessórios que eu fui durante muito tempo. Quando chegou a minha vez, não podia explorar uma menina em saltos de


agulha e ligas, de perna aberta. Seria demasiado violento. Percebem-se todos estes aspectos no filme mas não se vêem.<br />

Esse era o meu limite. Estabeleci a distância na minha ferida pessoal.<br />

O filme assenta em ideias muito visuais de encenação.<br />

O filme assenta, sobretudo, em conceitos que me tocam e que, na sua essência, não têm nada a ver com ideias visuais.<br />

Acontece, simplesmente, que eu gosto de vários géneros e do espectacular.<br />

O que foi difícil neste filme foi saber como filmar fotografia.<br />

Absteve-se, intencionalmente, de dotar os seus personagens de um ponto de vista moral?<br />

É verdade. Ainda assim, a história é um pouco moralista. Acho que a rapariga precisa dessa moralidade. É fundamental<br />

para a sua sobrevivência.


Em que é que a sua experiência enquanto actriz a ajudou na sua primeira longa-metragem?<br />

Filmámos com uma actriz muito nova, Anamaria Vartolomei, de dez anos e meio. Para mim, era muito importante explicar-lhe<br />

muito bem todas as situações. Ensaiámos bastante com ela, em conjunto com os outros actores. Dei-lhe a ver Zazie dans le<br />

Métro (Louis Malle, 1960), de modo a que, entre outras coisas, ela pudesse trabalhar a sua impertinência… Fizemos muitas<br />

improvisações em torno do ódio, das relações entre mãe e filha e de uma série de emoções relacionadas com o conflito.<br />

O que eu aprendi enquanto actriz foi verdadeiramente útil no trabalho com os actores.<br />

Como é que descobriu a Anamaria?<br />

Avaliámos 500 meninas durante quatro meses. A Anamaria viu um anúncio num sítio romeno na internet e veio fazer<br />

o casting. Fizemos uma série de testes e ela percebeu rapidamente a forma como eu queria trabalhar. Cada vez que lhe<br />

dei uma orientação, ela evoluiu e sabia intuitivamente o que era para fazer, ao contrário das outras candidatas.<br />

Será que o filme vai reacender, inevitavelmente, o debate em torno da arte e da pornografia infantil?<br />

O assunto já era um grande tabu nos anos 1980. Para muitos artistas, era um campo de transgressão. Não nos podemos<br />

esquecer que eram os primeiros anos de Mitterrand. Era uma coisa mais de esquerda do que de direita, isso é certo.<br />

E também havia o punk…<br />

É verdade que o filme pode desencadear um debate em torno dos limites da arte mas não pode reacender o debate em<br />

torno do “Até onde se pode ir no que toca a despir crianças?” De facto, a controvérsia nasce do facto de estas fotografias<br />

extremamente sofisticadas mostrarem uma menina nua. Sem isso, não haveria polémica.<br />

Pode falar-nos do personagem que reflecte as suas origens, Mamie?<br />

Mamie está sempre a rezar diante dos seus ícones. Está trancada, como se estivesse em adoração. Para mim, havia<br />

a Mamie com os seus ícones e a Hanna com as suas imagens, ambas devotadas às suas representações. Essa é a ligação<br />

entre as três gerações de mulheres no filme. A Mamie é romena. É ela que dá raízes ao filme. Quando ela morre, tudo se<br />

desmorona. Era ela que protegia Violetta, como as velhas nos contos de fadas.


Há uma dimensão fantasmagórica no filme…<br />

Decidi narrar o filme como uma história que se conta às crianças. A minha linha condutora era o conto de fadas, com<br />

os terríveis desafios que os personagens têm de enfrentar para saírem vencedores. Temos as duas dimensões do conto<br />

de fadas: o maravilhoso e o horrível.<br />

Escreveu o papel de Hanna a pensar em Isabelle Huppert?<br />

Há muito tempo que queria trabalhar com ela. Para mim, a única actriz capaz de interpretar um personagem que irradia<br />

um erotismo literário era a Isabelle Huppert. A Isabelle é um ícone que se pode transformar em muitas mulheres, o que<br />

corresponde perfeitamente ao papel de Hanna, uma mulher que vive nas imagens.<br />

Para mais, a Isabelle fascina-me. O trabalho dela toca-me mesmo e foi uma grande dádiva ela ter aceite trabalhar<br />

comigo.


Como é que lhe ocorreram as várias silhuetas de Isabelle Huppert, que evocam as actrizes da Idade de Ouro de Hollywood?<br />

Foi a Catherine Baba, que nunca tinha feito figurinos para cinema, que os criou. Adoro o cinema americano e a Idade de Ouro<br />

de Hollywood. Queria que a Isabelle se tornasse numa dessas figuras, porque há um jogo de imagens que é desencadeado<br />

a meio do filme, naquele estranho apartamento, que se prende com o facto de as duas heroínas serem similarmente louras.<br />

Esquecemo-nos de quem é o adulto e quem é a criança. Os papéis invertem-se. Também vemos um pouco de Bette Davis,<br />

porque eu queria que a Hanna se assemelhasse às vilãs que adoramos no cinema americano. A Catherine Baba é uma<br />

grande especialista nos anos 1930, 1940, 1950 e 1980. Optei por ir buscar uma pessoa que vem do mundo da moda, como<br />

é o caso dela, por ser mais prático para o filme. Eu queria penas para as expressões de pássaro, predadoras e avícolas e véus<br />

para os grandes planos dos olhos da Isabelle. Quanto à Violetta, ela é uma figura dos anos 1950, mais parecida com a Lolita.<br />

Como foi a colaboração com Bertrand Burgalat na banda sonora original?<br />

Somos amigos e eu gosto muito da música dele. Há muito tempo que queria trabalhar com ele. Ele veio à rodagem<br />

e a partir daí foi-me propondo música. Depois, trazia o computador e o teclado para a montagem. Eu queria mesmo que<br />

a música fosse feita com o filme. Procurávamos tons em conjunto na montagem. Era uma troca constante. O Bertrand<br />

deu-me a conhecer o Mellotron, um instrumento musical muito utilizado nos anos 1970 e que soa um pouco aos loucos<br />

anos 1920. Eu também queria recriar a atmosfera de conto de fadas e depois acabar o filme com sons mais inquietantes.<br />

Na parte que decorre em Londres, ouve-se música rock inglesa. A música desempenha vários papéis na ficção: não se<br />

trata apenas de camadas de som ou da abertura e fecho da banda sonora; há uma verdadeira criação musical que<br />

acompanha o filme. O Bertrand criou uma composição dramática quase paralela com a música, a qual, por vezes, abre<br />

ao filme novos horizontes. Essa narração musical alarga um pouco mais o espaço do filme.<br />

Como é que surgiu o cenário?<br />

Eu queria um cenário onde nos pudéssemos perder, com espelhos em que a Hanna se pudesse ver a qualquer momento.<br />

Para mim, era importante que fosse, ao mesmo tempo, um cenário, uma confusão, uma espelunca repleta de quinquilharia<br />

mas cuja aparência mudasse quando as luzes estivessem acesas. É também um local onde a morte está muito presente. O<br />

apartamento é um santuário e, simultaneamente, o túmulo de Hanna, como nos filmes de vampiros. Interessou-me esta relação<br />

com os filmes de série B e pensei, obviamente, em Mario Bava e no Body Double de Brian de Palma (1984), mas de forma<br />

subliminar. Também tinha presente filmes mudos de vampiros, uma vez que os meus personagens se inspiram em filmes mudos.


imprensa<br />

LE MONDE<br />

Por Thomas Sotinel<br />

My Little Princess: a menina modelo e a bruxa com a Leica<br />

A associação de ideias advém de um preconceito estúpido mas como não ver um vampiro nesta mulher loura que<br />

aparece, quando a noite já caiu, num apartamento de subúrbio, dado ela ser romena? Hanna (Isabelle Huppert) é uma<br />

criatura nocturna, com vestidos incríveis oriundos de um passado resplandecente e sensual. No apartamento vivem a sua<br />

mãe (Georgetta Leahu) e a sua filha Violetta (Anamaria Vartolomei). A vampira vai esmagar a velha e encarregar-se da<br />

criança, de modo a torná-la num objecto de desejo à disposição do mundo inteiro. My Little Princess narra este conto<br />

de fadas de uma crueldade desmedida que se assemelha à infância da realizadora Eva Ionesco.<br />

A sua mãe Irina fez dela modelo de fotografias eróticas, as quais tiveram grande êxito nos anos 1970. Ao ver My Little<br />

Princess, os admiradores dessas composições perversas que cultivavam o gosto da época (a de David Bowie e dos<br />

últimos filmes de Visconti) pela decadência passarão para o outro lado do espelho, perante a objectiva devoradora,<br />

e encontrarão matéria para reflexão. A maioria dos espectadores, desconhecendo esta história, afundar-se-ão neste<br />

pesadelo, iluminado por instantes de beleza e raiado por relampejos de sofrimento.<br />

Eva Ionesco explica que não procurou recriar a sua própria história em detalhe. Hanna é uma criatura imaginária, a quem<br />

Isabelle Huppert confere as características de várias figuras dos contos de fadas: a malevolência e os acessos de cólera<br />

da madrasta; as vestes mágicas e a faculdade de fazer surgir a beleza onde menos se espera da fada; uma capacidade<br />

ilimitada de fazer sofrer da bruxa.<br />

Hanna descobriu em si, já tarde, um talento fotográfico. Ela arranca Violetta à avó, uma devota imigrante romena, e torna-a<br />

numa figura da noite parisiense, com a cumplicidade mais ou menos activa de uma pandilha de intelectuais e artistas. O processo


é sórdido mas vemo-lo através dos olhos ora maravilhados, ora aterrados da menina, que passa do interior aconchegado<br />

e medíocre da avó para o antro negro como a noite da mãe, decorado como um templo dedicado à perversidade. Quanto<br />

mais o filme avança, mais o olhar da criança se desflora, mais ela sofre com a perversidade e inconsciência da mãe.<br />

Isabelle Huppert, actriz de uma inteligência superior, decidiu reconhecer no seu personagem a tolice como circunstância<br />

atenuante. Na verdade, Hanna é uma artista que se embriaga com a desmesura que instila constantemente na sua<br />

vida, incluindo nas coisas mais banais (infligindo na filha, de passagem, as humilhações inerentes ao espectáculo de um<br />

progenitor excêntrico que não se esconde dos coleguinhas da sua criança).<br />

Mas Hanna é mais do que imperfeita: intelectualmente, ela não consegue perceber que o que está em jogo é mais do que<br />

a satisfação imediata dos seus próprios desejos; afectivamente, ela não consegue admitir a existência do outro enquanto<br />

ser autónomo; moralmente, ela desliza na esteira das revoluções dos anos 1960 para que a sua depravação seja aceite.


Sem ser um filme de época, My Little Princess evoca com subtileza esse momento de vertigem e encarna-o nesta estranha<br />

mulher, filmada sem ódio e sem piedade. Neste retrato de época, a realizadora serve-se de uma galeria de papéis<br />

secundários masculinos, entre os quais os personagens interpretados por Denis Lavant, Louis-Do de Lencquesaing ou Pascal<br />

Bongard rivalizam em cobardia e hipocrisia.<br />

Como em todos os contos de fadas, é preciso uma criança para enfrentar o monstro. Eva Ionesco encontrou em Anamaria<br />

Vartolomei uma intérprete surpreendente. A actriz tem a idade do seu personagem no início do filme: 10 anos. O argumento<br />

desenrola-se ao longo de vários anos e dir-se-ia que a vemos envelhecer. Violetta tem de perder a inocência e tirar as<br />

medidas à mãe para se salvar. No castelo de um lorde inglês que se assemelha a uma estrela de rock decadente (a menos<br />

que seja o contrário), acaba por encontrar coragem para enfrentar a mãe, como se a bela adormecida acordasse sozinha<br />

e atravessasse a floresta de espinhos sem a ajuda do príncipe encantado.<br />

ç<br />

My Little Princess, o primeiro filme de Eva Ionesco, foi feito para dizer mal da sua mãe? Não é de excluir essa hipótese, é até<br />

provável. Mas o sucesso do filme consiste em não se ficar por aí. - Les Inrocks<br />

O sucesso da primeira longa-metragem de Eva Ionesco está muito para além da acusação incriminatória que parece ser.<br />

Cahiers du Cinéma<br />

Será por ser encarado como uma ficção que o filme consegue ter uma ginástica, à partida, impossível? Dizer tudo mas sem<br />

incriminar totalmente, chegar ao cúmulo de mostrar e desmontar a manipulação insuportável, não deixando de partilhar<br />

o perfume venenoso de uma época nesta aventura a dois (...) - Libération<br />

Eva Ionesco nunca recuperou destas imagens diabólicas mas conseguiu filmar com distância e pudor consideráveis o seu<br />

percurso doloroso, obtendo um conto de fadas horrendo, mordaz e aterrador. - Le Figaroscope


eva ionesco<br />

Filha da controversa fotógrafa Irina Ionesco, Eva Ionesco começou a carreira com onze anos de idade como actriz. Estudou<br />

na prestigiada Escola de Teatro de Nanterre, dirigida por Patrice Chéreau.<br />

Recentemente, Eva Ionesco deu a conhecer o seu trabalho fotográfico em várias exposições em França e no estrangeiro,<br />

bem como em publicações de moda.<br />

Passou para trás da câmara com a curta-metragem La Loi de la Forêt (2007). My Little Princess é a sua primeira longa-<br />

-metragem.


cast<br />

Hanna ISABELLE HUPPERT<br />

Violetta ANAMARIA VARTOLOMEI<br />

Mamie GEORGETTA LEAHU<br />

Ernst DENIS LAVANT<br />

Updike JETHRO CAVE<br />

Antoine Dupuis LOUIS-DO DE LENCQUESAING<br />

technical crew<br />

Realização EVA IONESCO<br />

Argumento EVA IONESCO EM COLABORAÇÃO COM MARC CHOLODENCKO E PHILIPPE LE GUAY<br />

Produtores LES PRODUCTIONS BAGHEERA / FRANÇOIS MARQUIS<br />

Co-Produtor AGNES B. LOVE STREAMS<br />

Director de Produção CHRISTIAN PAUMIER<br />

Direcção de Fotografia JEANNE LAPOIRIE<br />

Som OLIVIER MAUVEZIN<br />

Montagem LAURENCE BRIAUD<br />

Guarda-Roupa CATHERINE BABA<br />

Produção Artística FRANÇOIS-RENAUD LABARTHE<br />

105 min | 1.85 | Dolby SR | Francês<br />

Música Original BERTRAND BURGALAT<br />

distribuído por <strong>Alambique</strong>

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