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Presskit - Alambique Filmes

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imprensa<br />

LE MONDE<br />

Por Thomas Sotinel<br />

My Little Princess: a menina modelo e a bruxa com a Leica<br />

A associação de ideias advém de um preconceito estúpido mas como não ver um vampiro nesta mulher loura que<br />

aparece, quando a noite já caiu, num apartamento de subúrbio, dado ela ser romena? Hanna (Isabelle Huppert) é uma<br />

criatura nocturna, com vestidos incríveis oriundos de um passado resplandecente e sensual. No apartamento vivem a sua<br />

mãe (Georgetta Leahu) e a sua filha Violetta (Anamaria Vartolomei). A vampira vai esmagar a velha e encarregar-se da<br />

criança, de modo a torná-la num objecto de desejo à disposição do mundo inteiro. My Little Princess narra este conto<br />

de fadas de uma crueldade desmedida que se assemelha à infância da realizadora Eva Ionesco.<br />

A sua mãe Irina fez dela modelo de fotografias eróticas, as quais tiveram grande êxito nos anos 1970. Ao ver My Little<br />

Princess, os admiradores dessas composições perversas que cultivavam o gosto da época (a de David Bowie e dos<br />

últimos filmes de Visconti) pela decadência passarão para o outro lado do espelho, perante a objectiva devoradora,<br />

e encontrarão matéria para reflexão. A maioria dos espectadores, desconhecendo esta história, afundar-se-ão neste<br />

pesadelo, iluminado por instantes de beleza e raiado por relampejos de sofrimento.<br />

Eva Ionesco explica que não procurou recriar a sua própria história em detalhe. Hanna é uma criatura imaginária, a quem<br />

Isabelle Huppert confere as características de várias figuras dos contos de fadas: a malevolência e os acessos de cólera<br />

da madrasta; as vestes mágicas e a faculdade de fazer surgir a beleza onde menos se espera da fada; uma capacidade<br />

ilimitada de fazer sofrer da bruxa.<br />

Hanna descobriu em si, já tarde, um talento fotográfico. Ela arranca Violetta à avó, uma devota imigrante romena, e torna-a<br />

numa figura da noite parisiense, com a cumplicidade mais ou menos activa de uma pandilha de intelectuais e artistas. O processo

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