Cisne Sales de Freitas - Universidade Estadual do Ceará
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Enxerga a importância <strong>do</strong> Centro como espaço singular no contexto da<br />
cida<strong>de</strong> e da implantação <strong>de</strong> edifícios oficiais e o papel complementar que caberia<br />
aos centros secundários como espaços da instalação <strong>de</strong> equipamentos urbanos <strong>de</strong><br />
apoio direto à comunida<strong>de</strong> como educação, lazer e cultura. O alargamento das ruas<br />
e a mo<strong>de</strong>rada verticalização, com construções <strong>de</strong> edifícios em altura não superior a<br />
23,5m, favoreceriam a flui<strong>de</strong>z <strong>do</strong> tráfego e a ampliação da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> absorção<br />
<strong>de</strong>stes fluxos. Tal medida visava assegurar para o futuro a soli<strong>de</strong>z <strong>do</strong> Centro<br />
mediante a conjuntura urbana que anunciava a cida<strong>de</strong>. Além disso, já <strong>de</strong>monstrava<br />
a preocupação em se estabelecer medidas <strong>de</strong> preservação e recuperação <strong>do</strong><br />
patrimônio natural, caso <strong>do</strong>s riachos Pajeú e Jacarecanga.<br />
O “Plano Diretor da Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Fortaleza” <strong>de</strong> Hélio Mo<strong>de</strong>sto (1963)<br />
<strong>de</strong>para-se com problemas urbanos cujas causas já haviam si<strong>do</strong> <strong>de</strong>tectadas por<br />
Saboya Ribeiro e cujo agravamento <strong>de</strong>correu, em gran<strong>de</strong> parte, da não aplicação<br />
das intervenções propostas por este. O enfrentamento da realida<strong>de</strong> urbana teve que<br />
se basear em estu<strong>do</strong>s econômicos e sociais mais apura<strong>do</strong>s; o que revela o <strong>de</strong>sejo<br />
<strong>de</strong> que o plano a ser elabora<strong>do</strong> contemplasse diretrizes urbanísticas que<br />
minimizassem a condição <strong>de</strong> segregação social que marcava o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />
Fortaleza.<br />
Santos (1979) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> ainda em “O Capitalismo Dividi<strong>do</strong>”, a existência <strong>de</strong><br />
“<strong>do</strong>is circuitos” na economia urbana <strong>do</strong>s países sub<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s. O circuito inferior<br />
(o menos favoreci<strong>do</strong> pela lógica capitalista) <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá das <strong>de</strong>liberações <strong>do</strong> circuito<br />
superior (representante <strong>de</strong>ste sistema) que rege a economia nestes países, mas<br />
mantém uma formal relação <strong>de</strong> troca, no caso a mão-<strong>de</strong>-obra <strong>do</strong> circuito inferior, que<br />
ven<strong>de</strong> sua força <strong>de</strong> trabalho para o superior, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se ainda a classe média,<br />
que tramita tanto no superior, como no inferior. Comparan<strong>do</strong> ainda Santos a corelação<br />
existente entre o comércio atacadista e os transportes que fazem a ponte<br />
entre estes <strong>do</strong>is circuitos.<br />
Ocorre que há uma <strong>de</strong>pendência econômica <strong>do</strong> circuito menos favoreci<strong>do</strong>,<br />
conseqüência da posição hegemônica <strong>do</strong> circuito <strong>do</strong>minante condicionan<strong>do</strong> ao<br />
acúmulo <strong>de</strong> capital da mais-valia, bens e riquezas, favorecen<strong>do</strong> ao aumento<br />
quantitativo <strong>do</strong> subemprego, <strong>do</strong>s não assalaria<strong>do</strong>s e <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong>s. Há, portanto,