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FORMIGONI, Maria Lucia Oliveira de Souza. A intervenção ... - Unifesp

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Capa Livro U<strong>de</strong>d<br />

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CAPÍTULO 1<br />

____________________________________________________________________<br />

HISTÓRICO E APRESENTAÇÃO<br />

DA ESTRUTURA DO PROJETO<br />

MARIA LUCIA O.S. <strong>FORMIGONI</strong>.<br />

AGRADECIMENTOS: Este capítulo um sumário da organização <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong><br />

trabalho, cujos participantes são citados no início <strong>de</strong>ste livro e sem os quais ele não<br />

passaria <strong>de</strong> um PROJETO. Agra<strong>de</strong>cemos a todos os pacientes que confiaram a nós<br />

seus problemas e esperanças.<br />

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ÍNDICE<br />

INTRODUÇÃO<br />

5<br />

1. ORGANIZAÇÃO GERAL DAS EQUIPES 6<br />

1.1 Avaliação Inicial 8<br />

1.2 Avaliação Cognitiva 8<br />

1.3 Avaliação Laboratorial 8<br />

1.4 Intervenção Breve 8<br />

1.5 Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo 8<br />

1.6 Seguimento <strong>de</strong> Avaliação 9<br />

1.7 Secretária 9<br />

1.8 Assessoria Internacional 9<br />

2. OBJETIVOS DO PROJETO 9<br />

3. PROCEDIMENTOS 10<br />

3.1 Encaminhamento 10<br />

3.2 Marcação da consulta inicial 10<br />

3.3 Recepção ao Paciente 10<br />

3.4 Avaliação Inicial e Triagem 12<br />

3.5 Avaliação Laboratorial 12<br />

3.6 Avaliação Cognitiva 12<br />

3.7 Seleção, Alocação e Encaminhamento 12<br />

3.8 Intervenção Breve 13<br />

3.9 Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo 13<br />

3.10 Seguimento <strong>de</strong> Avaliação 13<br />

3.11 Comparação da Efetivida<strong>de</strong> das Técnicas 13<br />

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INTRODUÇÃO<br />

Este livro tem como principal objetivo <strong>de</strong>screver a primeira<br />

experiência brasileira com a técnica <strong>de</strong> Intervenção Breve no tratamento <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> drogas psicoativas. Este, que foi o último e talvez o mais ambicioso,<br />

projeto coor<strong>de</strong>nado pela Dra. Jandira Masur, foi <strong>de</strong>senvolvido para testar a<br />

efetivida<strong>de</strong> da técnica <strong>de</strong> Intervenção Breve em nosso meio, comparando-a com uma<br />

técnica tradicional <strong>de</strong> psicoterapia <strong>de</strong> grupo, <strong>de</strong> enfoque psicodinâmico.<br />

Tradicionalmente, as pessoas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> drogas psicoativas só são alvo<br />

<strong>de</strong> algum tipo <strong>de</strong> tratamento ou intervenção, quando se encontram bastante<br />

comprometidas, tanto do ponto <strong>de</strong> vista físico, quanto psicossocial, pelo uso da droga.<br />

Nestes casos, a abordagem visa principalmente controlar ou eliminar as<br />

conseqüências do uso, como por exemplo, os problemas físicos <strong>de</strong>correntes do uso<br />

excessivo <strong>de</strong> álcool. Sabe-se que a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recuperação nestes casos é muito<br />

baixa. Este tipo <strong>de</strong> abordagem é consi<strong>de</strong>rado um nível <strong>de</strong> prevenção terciária.<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista epi<strong>de</strong>miológico, existe a preocupação <strong>de</strong> evitar a ocorrência<br />

do uso abusivo <strong>de</strong> drogas psicoativas, num enfoque <strong>de</strong> prevenção <strong>de</strong> nível primário.<br />

Neste tipo <strong>de</strong> abordagem se incluem medidas como campanhas educacionais,<br />

diminuição da disponibilida<strong>de</strong>, etc. No entanto, pouco se tem feito visando àquelas<br />

pessoas que se encontram num estado intermediário, ou seja, que começam a<br />

apresentar problemas pelo uso in<strong>de</strong>vido <strong>de</strong> drogas. Em vista disto, teve início um<br />

novo tipo <strong>de</strong> abordagem para esta questão: a prevenção secundária.<br />

No Brasil, <strong>de</strong> modo particular, até recentemente não havia nenhuma<br />

alternativa que pu<strong>de</strong>sse ser consi<strong>de</strong>rada uma abordagem num nível <strong>de</strong> prevenção<br />

secundária, neste campo. Em outros países, no entanto, isso já vem sendo feito na<br />

última década. Um dos centros pioneiros nesta abordagem foi o Addiction Research<br />

Foundation, ligado à Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Toronto, no Canadá, através <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong><br />

pesquisadores coor<strong>de</strong>nado pelos doutores Martha Sanchez-Craig e D. Adrian<br />

Wilkinson. Inicialmente, esses pesquisadores avaliaram, em pessoas com problemas<br />

<strong>de</strong>correntes do uso excessivo <strong>de</strong> álcool, a efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma técnica diretiva, <strong>de</strong><br />

abordagens cognitivas, que passou a ser conhecida como "Brief Intervention”<br />

(Intervenção Breve). Posteriormente, os mesmos autores adaptaram essa técnica para<br />

tratamento <strong>de</strong> usuários <strong>de</strong> outras drogas psicoativas.<br />

Em maio <strong>de</strong> 1987, durante o VII Congresso Brasileiro <strong>de</strong> Alcoolismo/IV<br />

Congresso Ibero-Americano <strong>de</strong> Alcoolismo, realizado em Gramado (RS), essa<br />

técnica foi apresentada pela doutora Martha Sanchez-Craig. A partir <strong>de</strong> então, o<br />

contato entre essa pesquisadora e a doutora Jandira Masur se tornou mais freqüente e<br />

culminou na criação <strong>de</strong> um projeto conjunto entre o Centro <strong>de</strong> Pesquisa em<br />

Psicobiologia Clínica da Escola Paulista <strong>de</strong> Medicina e o Addiction Research<br />

Foundation. Durante o primeiro semestre <strong>de</strong> 1988 a doutora Jandira Masur me<br />

convidou para dividir com ela a coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong>sse projeto. Delineada a idéia geral,<br />

foram convidados vários colegas do Departamento <strong>de</strong> Psicobiologia, em especial<br />

alguns estudantes <strong>de</strong> pós-graduação e algumas outras pessoas com interesse na área<br />

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para <strong>de</strong>le participarem. Formou-se assim, uma equipe multidisciplinar que incluía<br />

diversos profissionais da área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> como médicos, psicólogos, biomédicos,<br />

enfermeiras e ortopedistas. Escrito o PROJETO básico, encaminhamos pedidos <strong>de</strong><br />

auxílio às fontes financiadoras, para tornar possível a sua execução.<br />

1. ORGANIZAÇÃO GERAL DAS EQUIPES<br />

Diante do objetivo principal do PROJETO, a avaliação da efetivida<strong>de</strong> da técnica no<br />

tratamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> drogas e sua comparação com a psicoterapia <strong>de</strong> grupo,<br />

formaram-se seis equipes, cada uma encarregada do planejamento e <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> protocolos específicos das diversas etapas do PROJETO. Um organograma geral<br />

é apresentado a seguir.<br />

1.1.AVALIAÇÃO INICIAL – Essa equipe, formada por três médicos psiquiatras,<br />

ficou encarregada <strong>de</strong> construir o protocolo da Entrevista Inicial com os pacientes. A<br />

Avaliação Inicial tinha como finalida<strong>de</strong> a coleta <strong>de</strong> dados sócio-<strong>de</strong>mográficos, o<br />

Estabelecimento <strong>de</strong> diagnóstico clínico e psiquiátrico, o levantamento da história <strong>de</strong><br />

consumo <strong>de</strong> drogas e dos problemas associados. Seus objetivos eram: possibilitar a<br />

<strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> incluir ou não o paciente no estudo; fornecer um perfil inicial que servisse<br />

<strong>de</strong> parâmetro para futuras comparações e coletar dados que pu<strong>de</strong>ssem auxiliar na<br />

formação <strong>de</strong> um perfil diferencial dos pacientes que melhor respon<strong>de</strong>ssem a cada tipo<br />

<strong>de</strong> abordagem.<br />

1.2.AVALIAÇÃO COGNITIVA - Formada por quatro psicólogas, essa equipe<br />

selecionou testes psicológicos que aplicados aos pacientes po<strong>de</strong>riam auxiliar na<br />

<strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> distúrbios cognitivos. Des<strong>de</strong> que a técnica <strong>de</strong> Intervenção Breve<br />

pressupõe um nível <strong>de</strong> cognitivo razoavelmente preservado, estes testes tinham a<br />

função <strong>de</strong> fornecer dados que auxiliassem a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> excluir pacientes muito<br />

comprometidos do ponto <strong>de</strong> vista cognitivo.<br />

1.3.AVALIAÇÃO LABORATORIAL - A terceira equipe, formada por uma<br />

biomédica e por uma enfermeira, se encarregou <strong>de</strong> selecionar testes laboratoriais, que<br />

serviriam como auxiliares no diagnóstico do comprometimento hepático e<br />

hematológico dos pacientes, além <strong>de</strong> funcionarem como colaboradores das<br />

informações sobre o consumo recente <strong>de</strong> álcool e outras drogas.<br />

1.4.INTERVENÇÃO BREVE - A quarta equipe foi encarregada da aplicação da<br />

técnica <strong>de</strong> Intervenção Breve, sendo formada por uma médica psiquiatra, uma<br />

psicóloga, um interno <strong>de</strong> Medicina e uma ortopedista. Esta heterogeneida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

formações visava testar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formação na área específica. A experiência<br />

Cana<strong>de</strong>nse sugeria que a técnica po<strong>de</strong>ria ser aplicada por qualquer tipo <strong>de</strong><br />

profissional, obviamente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a<strong>de</strong>quadamente treinado.<br />

1.5.PSICOTERAPIA DE GRUPO - A quinta equipe tinha por finalida<strong>de</strong> fornecer<br />

um grupo controle para comparação. Para coor<strong>de</strong>nar Esta equipe foi convidada a<br />

participar do PROJETO uma psicóloga <strong>de</strong> reconhecida competência especializada em<br />

psicoterapia <strong>de</strong> grupo. Esta forma <strong>de</strong> terapia foi escolhida como controle levando-se<br />

em consi<strong>de</strong>ração que em serviços públicos, no Brasil, Esta é uma das poucas formas<br />

<strong>de</strong> terapia qual po<strong>de</strong>ria ter acessão um maior número <strong>de</strong> pessoas. Participaram da<br />

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equipe <strong>de</strong> Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo, na função <strong>de</strong> observadores, estudantes <strong>de</strong> Medicina<br />

e Psicologia, Estagiários do Departamento <strong>de</strong> Psicobiologia.<br />

1.6.SEGUIMENTO DE AVALIAÇÃO - A sexta equipe, formada inicialmente por<br />

uma biomédica e pelos médicos que fizeram a triagem dos pacientes, ficou<br />

encarregada <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver o protocolo para seguimento dos pacientes, com a<br />

finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> avaliar a efetivida<strong>de</strong> do tratamento. Esta avaliação foi realizada através<br />

<strong>de</strong> entrevistas com os próprios pacientes e com colaterais por eles autorizados, em<br />

duas ocasiões: aos 10 e aos 20 meses após o início do tratamento.<br />

1.7.SECRETARIA - Duas secretárias, ficaram encarregadas da organização das<br />

agendas; marcação <strong>de</strong> consultas e encaminhamentos dos pacientes; informações<br />

telefônicas sobre o tratamento e da marcação dos seguimentos <strong>de</strong> pacientes e<br />

colaterais. Auxiliadas por um técnico <strong>de</strong> laboratório com noções gerais <strong>de</strong><br />

informática, elas colocaram os dados obtidos pelas diferentes equipes em arquivos <strong>de</strong><br />

um banco <strong>de</strong> dados computadorizado.<br />

Muitas reuniões <strong>de</strong> equipes se realizaram antes do início do PROJETO, propriamente<br />

dito, culminando na criação <strong>de</strong> protocolos preliminares.<br />

1.8. ASSESSORIA INTERNACIONAL - Entre outubro e <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1988, os<br />

pesquisadores Cana<strong>de</strong>nses, criadores da técnica, estiveram no Brasil treinando a<br />

equipe <strong>de</strong> Intervenção Breve através <strong>de</strong> reuniões teóricas, entrevistas simuladas e<br />

supervisionando o atendimento dos primeiros pacientes. Durante este período, eles<br />

também participaram <strong>de</strong> reuniões com as <strong>de</strong>mais equipes, on<strong>de</strong> se acertaram os<br />

<strong>de</strong>talhes finais dos protocolos.<br />

2. OBJETIVOS DO PROJETO<br />

Este PROJETO teve por finalida<strong>de</strong> não só avaliar a efetivida<strong>de</strong> da Intervenção Breve,<br />

comparando-a com a da Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo, mas também <strong>de</strong>senvolver uma<br />

metodologia científica para avaliação da efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratamentos para <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes<br />

<strong>de</strong> álcool e outras drogas psicotrópicas. É com este sentido que se preten<strong>de</strong> neste<br />

livro, mais do que apresentar os resultados obtidos neste PROJETO, transmitir a<br />

experiência adquirida na tentativa <strong>de</strong> Estabelecimento <strong>de</strong> uma metodologia <strong>de</strong><br />

avaliação.<br />

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ORGANOGRAMA GERAL DO PROJETO<br />

COORDENAÇÃO<br />

GERAL<br />

JANDIRA MANSUR<br />

M. LUCIA <strong>FORMIGONI</strong><br />

J.C.F. GALDURÓZ<br />

Coor<strong>de</strong>nador<br />

TRIAGEM<br />

M.L. <strong>FORMIGONI</strong><br />

Coor<strong>de</strong>nadora<br />

LABORATÓRIO<br />

M.L.V. SEABRA<br />

Coor<strong>de</strong>nadora<br />

TESTES<br />

PSICOLÓGICOS X 2<br />

M.L.S. ZEMEL<br />

Coor<strong>de</strong>nadora<br />

PSICOTERAPIA<br />

DE GRUPO<br />

B.G. NEUMANN<br />

Coor<strong>de</strong>nadora<br />

INTERVENÇÃO<br />

BREVE<br />

D. SUCHEKI<br />

Coor<strong>de</strong>nadora<br />

SEGUIMENTO<br />

SECRETARIA<br />

INFORMÁTICA<br />

C.P. Ferri<br />

L. Rieck E.A . Silva<br />

M.D. Mateus<br />

W. Kireeff<br />

E.M. Nakamura<br />

V.M. Miranda<br />

R. Andreatini<br />

M.L.N. Pires<br />

R. Cremaschi<br />

S. Salomão<br />

C.V. Araújo<br />

A.L. Bertoli<br />

G.V. Concilio<br />

M. Moretti<br />

M.J.Pires<br />

C.S. Rossi<br />

E.M.Bezerra<br />

Asses. Inter: SANCHEZ-CRAIG E WILKINSON<br />

3. PROCEDIMENTOS<br />

Este livro tem a mesma estrutura do PROJETO, ou seja, cada<br />

capítulo relata como se <strong>de</strong>senvolveram as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uma equipe. Para melhor<br />

entendimento do "caminho" percorrido pelos pacientes <strong>de</strong>ntro do programa,<br />

apresentamos a seguir o fluxograma <strong>de</strong>ste processo.<br />

3.1.ENCAMINHAMENTO - Inicialmente, os pacientes que procuraram<br />

atendimento foram encaminhados por colegas da Escola Paulista <strong>de</strong> Medicina ou<br />

tiveram conhecimento do PROJETO através da mídia. Em acordo com a filosofia da<br />

Intervenção Breve, que consi<strong>de</strong>ra a <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> drogas um comportamento<br />

<strong>de</strong>senvolvido em resposta a <strong>de</strong>terminadas situações <strong>de</strong> vida, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o primeiro contato<br />

com os clientes foi-lhes colocada à importância da sua participação voluntária e da<br />

responsabilida<strong>de</strong> que eles têm sobre sua condição. Exigia-se que a marcação da<br />

consulta <strong>de</strong> triagem fosse feita pelo próprio paciente, nunca através <strong>de</strong> terceiros.<br />

3.2.MARCAÇÃO DA CONSULTA INICIAL - Neste primeiro contato, realizado<br />

por via telefônica, uma secretária, treinada especificamente para este atendimento,<br />

fornecia informações gerais sobre o programa e procedia a marcação da consulta para<br />

no máximo uma semana após.<br />

3.3.RECEPÇÃO AÇÃO PACIENTE - O atendimento era sempre realizado com<br />

hora marcada e o horário seguido com rigor. Em casos on<strong>de</strong> o tempo <strong>de</strong>stinado<br />

consulta fosse insuficiente, e prolongar o atendimento iriam interferir no atendimento<br />

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<strong>de</strong> outro paciente, era solicitada a marcação <strong>de</strong> consulta complementar. A secretária<br />

que recebia o paciente preenchia com ele uma ficha com dados gerais, assegurando<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> esse momento a total confidência das informações prestadas. Solicitava-se<br />

nesta ocasião além do en<strong>de</strong>reço, um telefone para contato, tendo-se o cuidado <strong>de</strong><br />

anotar como <strong>de</strong>veríamos nos i<strong>de</strong>ntificar em caso <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contato.<br />

3.4.AVALIAÇÃO INICIAL E TRIAGEM - Os <strong>de</strong>talhes <strong>de</strong>sta avaliação se<br />

encontram no capítulo 2. A entrevista tinha início perguntando-se ação paciente qual<br />

o problema que o levou a nos procurar e explicando em linhas gerais qual seria o<br />

procedimento realizado. Após a coleta <strong>de</strong> dados gerais, da história <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong><br />

drogas, da realização do diagnóstico e do levantamento <strong>de</strong> problemas associados ação<br />

uso era realizada um minucioso exame físico e psiquiátrico.<br />

FLUXOGRAMA DE ENCAMINHAMENTO<br />

PACIENTE<br />

ENCAMINHADO<br />

MARCAÇÃO<br />

DA TRIAGEM<br />

COM A SECRETÁRIA<br />

ENTREVISTA<br />

INICIAL<br />

(EQUIPE E TRIAGEM)<br />

TESTES<br />

PSICOLÓGICOS<br />

T<br />

EXAMES<br />

LABORATORIAIS<br />

ELEGÍVEIS<br />

SELEÇÃO<br />

E ALOCAÇÃO<br />

NÃO<br />

ELEGÍVEIS<br />

INTERVENÇÃO<br />

BREVE<br />

SEGUIMENTO<br />

PSICOTERAPIA<br />

DE GRUPO<br />

SEGUIMENTO<br />

ENCAMINHAMENTO<br />

Em seguida eram aplicados alguns instrumentos padronizados, como o SADD e o<br />

questionário <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> álcool. Terminada a entrevista, tendo o paciente sido<br />

consi<strong>de</strong>rado elegível, era apresentado um termo <strong>de</strong> consentimento <strong>de</strong> participação no<br />

PROJETO, aprovado pelo Comitê <strong>de</strong> Ética Médica da Escola Paulista <strong>de</strong> Medicina,<br />

que ele <strong>de</strong>veria ler e assinar. Em seguida, ele era avisado que algum tempo após o<br />

final do tratamento ele seria convocado para uma nova entrevista <strong>de</strong> avaliação, cujo<br />

objetivo seria fornecer dados que nos possibilitassem avaliar a efetivida<strong>de</strong> do<br />

tratamento. Além disso, eram solicitadas duas indicações <strong>de</strong> pessoas <strong>de</strong> seu contato<br />

íntimo, que pu<strong>de</strong>ssem ser futuramente contatadas para fornecerem informações, são o<br />

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ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> quem convive com ele (colaterais). Finalmente, o paciente era<br />

reencaminhado à secretária que fazia marcação <strong>de</strong> horário para os testes <strong>de</strong> avaliação<br />

cognitiva e o encaminhava para o laboratório, on<strong>de</strong> eram colhidas amostras <strong>de</strong> sangue<br />

e urina para as dosagens.<br />

3.5.AVALIAÇÃO LABORATORIAL - Uma enfermeira especialmente treinada<br />

sobre como abordar este tipo <strong>de</strong> paciente, retirava amostras <strong>de</strong> sangue e pedia que o<br />

paciente se dirigisse ação banheiro e fornecesse uma amostra <strong>de</strong> urina. As dosagens<br />

bioquímicas no sangue eram processadas no mesmo dia e as amostras <strong>de</strong> urina eram<br />

congeladas para análise posterior. Os procedimentos realizados e os resultados<br />

específicos obtidos se encontram no capítulo 3.<br />

3.6.AVALIAÇÃO COGNITIVA - A realização dos testes era conduzida por uma<br />

das psicólogas, consumindo em geral uma hora. Detalhes sobre os testes se<br />

encontram no capítulo 4.<br />

3.7.SELEÇÃO, ALOCAÇÃO E ENCAMINHAMENTO - Os critérios <strong>de</strong> seleção<br />

dos pacientes são <strong>de</strong>talhados no capítulo 2. Tendo sido aceitos, eles foram<br />

aleatoriamente <strong>de</strong>stinados a um dos tipos <strong>de</strong> terapia, por sorteio. Os pacientes<br />

consi<strong>de</strong>rados inelegíveis para o PROJETO foram encaminhados para outros serviços,<br />

<strong>de</strong> acordo com suas necessida<strong>de</strong>s e possibilida<strong>de</strong>s.<br />

3.8.INTERVENÇÃO BREVE - A primeira consulta do paciente <strong>de</strong>stinado a este<br />

tipo <strong>de</strong> abordagem era marcada cerca <strong>de</strong> três a cinco dias após a sua seleção. O<br />

capítulo 5 <strong>de</strong>screve, em <strong>de</strong>talhes o método e os resultados <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência <strong>de</strong>sta<br />

modalida<strong>de</strong> terapêutica.<br />

3.9.PSICOTERAPIA DE GRUPO - Antes <strong>de</strong> iniciar a terapia <strong>de</strong> grupo, o paciente<br />

comparecia a uma entrevista individual com a terapeuta. Nesta ocasião era realizado<br />

o "contrato terapêutico" e feita à preparação do cliente para entrar no grupo. O<br />

paciente tinha conhecimento que as sessões seriam observadas através <strong>de</strong> uma sala <strong>de</strong><br />

espelho. Os procedimentos <strong>de</strong>sta terapia se encontram <strong>de</strong>talhados no capítulo 6.<br />

3.10.SEGUIMENTO DE AVALIAÇÃO - Aos 10 e 20meses após a primeira<br />

entrevista, os pacientes eram convocados pela secretária para que comparecessem<br />

ação serviço, relembrando que eles já haviam sido avisados sobre Esta convocação.<br />

No capítulo 7 são analisados os dados <strong>de</strong> comparecimento <strong>de</strong> pacientes e colaterais,<br />

bem como a metodologia utilizada para a realização <strong>de</strong>ste seguimento ("follow-up").<br />

3.11.COMPARAÇÃO DA EFETIVIDADE DAS TÉCNICAS - Após as <strong>de</strong>scrições<br />

pormenorizadas <strong>de</strong> cada procedimento, nos primeiros capítulos do livro, é realizadas<br />

as análises <strong>de</strong> comparação da efetivida<strong>de</strong> das técnicas, no capítulo 8.<br />

AVALIAÇÃO CRÍTICA – Baseada na experiência adquirida durante a aplicação da<br />

técnica e nas opiniões dos pacientes é feita, no capítulo 9, uma análise crítica do<br />

trabalho, com sugestões para uma melhor adaptação ao nosso meio.<br />

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Não preten<strong>de</strong>mos com este livro ditar normas <strong>de</strong> avaliação da efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratamentos<br />

para <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> drogas, mas apresentar um pouco da experiência adquirida na tentativa<br />

<strong>de</strong> realizar uma pesquisa séria, relatando algumas das dificulda<strong>de</strong>s encontradas.<br />

Acreditamos que não é mais possível se discutir efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratamentos sem que uma<br />

avaliação cuidadosa e metodologicamente correta tenha sido feita. Felizmente, outros<br />

centros <strong>de</strong> tratamento no país também começam a apresentar este tipo <strong>de</strong> preocupação. No<br />

entanto, a gran<strong>de</strong> maioria dos locais que se propõe a tratar <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> drogas continua<br />

a apresentar porcentagens <strong>de</strong> recuperação inverossímeis, baseadas em critérios que nunca<br />

são explicitados. Realizar avaliações competentes no <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado um "luxo", só<br />

possível <strong>de</strong> ser realizado em instituições com tradição em pesquisa, mas uma necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> todo programa que pretenda ser consi<strong>de</strong>rado sério e competente.<br />

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CAPÍTULO 2<br />

AVALIAÇÃO INICIAL<br />

JOSÉ CARLOS F. GALDUROZ.<br />

ROBERTO ANDREATINI<br />

AGRADECIMENTOS: À doutora Cleuza Pinheiro Ferri pela participação na<br />

elaboração e aplicação da avaliação inicial <strong>de</strong>scrita neste capítulo. À Professora<br />

<strong>Maria</strong> Lúcia O. S. Formigoni pelas sugestões e análise <strong>de</strong> dados para elaboração <strong>de</strong>ste<br />

capítulo.<br />

As secretárias Vânia M. Miranda e Ana Lúcia Bertoli, e em especial Jandira Masur, in<br />

memorian.<br />

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ÍNDICE<br />

INTRODUÇÃO 19<br />

1. OBJETIVOS DA AVALIAÇÃO INICIAL 20<br />

2. CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO 21<br />

3. DESCRIÇÃO DA AVALIAÇÃO INICIAL 21<br />

4. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA 24<br />

CONCLUSÃO 31<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 32<br />

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INTRODUÇÃO<br />

Embora este capítulo trata da avaliação inicial <strong>de</strong> pacientes com Abuso ou<br />

Dependência <strong>de</strong> Drogas em geral, abordaremos <strong>de</strong> maneira mais <strong>de</strong>talhada o Abuso<br />

ou Dependência do álcool, visto que a gran<strong>de</strong> maioria dos pacientes atendidos no<br />

programa eram álcoolistas. Isto no invalida, entretanto, extrapolações para<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> outras drogas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a estrutura geral dos critérios diagnósticos<br />

para <strong>de</strong>pendência baseia-se no conceito <strong>de</strong> Dependência do álcool (Kosten et al,<br />

1987). A <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> drogas, inclusive do álcool é uma questão <strong>de</strong>licada e<br />

complexa que envolve gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> variáveis sociais, familiares, ocupacionais,<br />

físicas, etc.<br />

Os efeitos prejudiciais do uso crônico e excessivo <strong>de</strong> bebidas<br />

alcoólicas tem sido objeto <strong>de</strong> estudos há muitos anos, havendo, porém gran<strong>de</strong>s<br />

divergências <strong>de</strong> enfoque. A antiga concepção moralista do alcoolismo como "vício”<br />

foi sendo substituído pela <strong>de</strong> "doença" no sentido mais amplo da palavra. No início do<br />

século XIX, Thomas Trotter e Magnus Huss conceituaram o alcoolismo como uma<br />

entida<strong>de</strong> clínica na qual a "alta ingestão <strong>de</strong> álcool provoca doenças físicas e mentais"<br />

em contraposição idéia <strong>de</strong> vício (Ken<strong>de</strong>ll, 1979). Em 1948 a Organização Mundial<br />

<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> incluiu o alcoolismo, propriamente dito, como um item diferenciado da<br />

intoxicação alcoólica ou <strong>de</strong> psicoses alcoólicas, na Classificação Internacional das<br />

Doenças (CID). Em 1956 a Associação Médica Americana <strong>de</strong>clarou, formalmente<br />

que o alcoolismo era uma doença. Esta concepção passou a ser mais aceita e<br />

reforçada após a publicação do livro "The Disease Concept of Alcoholism" (O<br />

Conceito <strong>de</strong> Alcoolismo como Doença) por JÁELLINEK em 1960. (Elkis, 1985).<br />

A partir <strong>de</strong> então, a abordagem científica para o problema do<br />

Abuso/Dependência do álcool cresceu, buscando uma maior compreensão dos fatores<br />

etiológicos e patogênicos, bem como métodos mais eficazes <strong>de</strong> tratamento.<br />

Em 1976, Edward & Gross propuseram o conceito <strong>de</strong> Síndrome <strong>de</strong><br />

Dependência do álcool, numa tentativa <strong>de</strong> divulgar a idéia da <strong>de</strong>pendência como um<br />

contínuo <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> e não um Estado <strong>de</strong> "tudo ou nada". Além disto, este conceito<br />

mantém o "status" <strong>de</strong> doença e ressalta a multi causalida<strong>de</strong> do alcoolismo. A<br />

Síndrome <strong>de</strong> Dependência do álcool caracterizam-se por:<br />

1) Estreitamento do "repertório do beber".<br />

2) Evidência <strong>de</strong> uma conduta <strong>de</strong> busca do<br />

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Álcool.<br />

3) Aumento <strong>de</strong> tolerância.<br />

4) Sintomas repetidos <strong>de</strong> abstinência.<br />

5) Evitar ou aliviar a sintomatologia da síndrome <strong>de</strong><br />

abstinência através da ingestão etílica.<br />

6) Consciência subjetiva da compulsão para beber.<br />

7) Reinstalação da síndrome após um período <strong>de</strong> abstinência.<br />

Os autores enten<strong>de</strong>m que estes aspectos seriam um subconjunto da<br />

"Alcohol-Relatéed Disabilities" (Incapacida<strong>de</strong>s relacionadas ação álcool), na qual a<br />

esfera total Estaria relacionada a "uma alteração no funcionamento mental, social ou<br />

físico do indivíduo, <strong>de</strong> tal or<strong>de</strong>m que se po<strong>de</strong> inferir ser o álcool parte do nexo causal<br />

<strong>de</strong>terminante da incapacida<strong>de</strong>” (Edward et al, 1977).<br />

A ligação entre causa e conseqüência no campo da <strong>de</strong>pendência está<br />

<strong>de</strong> tal forma embicada, que muitas vezes o tratamento chega ação seu final sem se<br />

conseguir uma posição segura a este respeito. No entanto, isto não <strong>de</strong>ve levar a<br />

conclusões <strong>de</strong> que estes fatos sejam irrelevantes.<br />

1. OBJETIVOS DA AVALIAÇÃO INICIAL<br />

Dentro <strong>de</strong>ste PROJETO, a entrevista inicial teve vários objetivos:<br />

1) diagnosticar os pacientes encaminhados e <strong>de</strong>terminar se eles se<br />

enquadravam nos critérios <strong>de</strong> incluso no PROJETO;<br />

2) fornecer dados que permitissem comparar as duas modalida<strong>de</strong>s<br />

terapêuticas para tratamento do Abuso ou Dependência <strong>de</strong> substâncias psicoativas;<br />

3) avaliar o estado físico do paciente visando, caso necessário, o<br />

encaminhamento a um especialista para tratamento das diversas alterações<br />

orgânicas;<br />

4) coletar dados que pu<strong>de</strong>ssem ser consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong> valor<br />

prognóstico no resultado final do tratamento.<br />

2. CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO<br />

Em virtu<strong>de</strong> das peculiarida<strong>de</strong>s da técnica <strong>de</strong> Intervenção Breve e dos<br />

objetivos do trabalho, foram adotados os seguintes critérios <strong>de</strong> excluso:<br />

1) baixa estabilida<strong>de</strong> social, por exemplo: no ter en<strong>de</strong>reço fixo;<br />

2) impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratamento ambulatorial <strong>de</strong>vido a problemas<br />

físicos ou psíquicos graves;<br />

3) Estar participando <strong>de</strong> outro tratamento para <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong><br />

substâncias psicoativas;<br />

4) história <strong>de</strong> problemas psiquiátricos outros, que não a <strong>de</strong>pendência<br />

(ou abuso) em si;<br />

5) <strong>de</strong>ficiência cognitiva relevante.<br />

A incluso dos pacientes foi feita após o esclarecimento dos objetivos<br />

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do estudo, seguido pela assinatura <strong>de</strong> um "Termo <strong>de</strong> Consentimento <strong>de</strong> Participação",<br />

aprovado pelo Comitê <strong>de</strong> ética da Escola Paulista <strong>de</strong> Medicina .<br />

3. DESCRIÇÃO DA AVALIAÇÃO INICIAL<br />

A avaliação inicial foi feita por um <strong>de</strong> três psiquiatras que<br />

constituíram a Equipe <strong>de</strong> Triagem, atráves <strong>de</strong> uma entrevista semi-estruturada, <strong>de</strong><br />

maneira a obter, <strong>de</strong> modo uniforme dados relativos a:<br />

1) i<strong>de</strong>ntificação das características sócio-<strong>de</strong>mográficas dos sujeitos;<br />

2) história pregressa e atual do consumo <strong>de</strong> álcool e outras drogas;<br />

3) diagnóstico e <strong>de</strong>terminação do nível <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> da<br />

<strong>de</strong>pendência pelo DSM III-R (APA, 1987).<br />

4) avaliação do nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência pelo SADD (Raistrick et al.<br />

1983)<br />

5) levantamento dos problemas físicos, psíquicos, sociais e <strong>de</strong><br />

trabalho associados ação uso <strong>de</strong> drogas;<br />

6) antece<strong>de</strong>ntes pessoais e familiares;<br />

7) exame psíquico;<br />

8) exame físico.<br />

Um sério problema, relativo as avaliações da eficácia dos<br />

tratamentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência do álcool, é o relato ina<strong>de</strong>quado das características prétratamento<br />

dos pacientes, tais como: gravida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>pendência, conexida<strong>de</strong> dos<br />

problemas relacionados ação uso do álcool (e outras drogas), padrão <strong>de</strong> consumo e a<br />

quantida<strong>de</strong> do uso prévio. Isto dificulta conclusões mais sólidas sobre os resultados,<br />

especialmente naqueles em que não há grupo controle (Sãobell et al, 1987). Portanto,<br />

nesta avaliação inicial empregaram-se alguns instrumentos padronizados, que serão<br />

abordados <strong>de</strong> maneira sucinta a seguir.<br />

Uma avaliação precisa da efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um tratamento para usuários<br />

<strong>de</strong> drogas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da utilização <strong>de</strong> um instrumento capaz <strong>de</strong> captar a complexida<strong>de</strong><br />

do padrão <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> múltiplas substâncias. A abordagem tradicional <strong>de</strong> reportar o uso<br />

<strong>de</strong> drogas atráves da droga "primária", com o uso <strong>de</strong> várias outras drogas menos<br />

utilizadas referidas apenas secundariamente. Entretanto, se o uso <strong>de</strong> várias<br />

substâncias simultaneamente o padrão predominante do paciente, fica clara a<br />

importância <strong>de</strong> que isto seja o aspecto central. É necessário examinar o perfil inicial,<br />

assim como as mudanças ocorridas durante o tratamento, pois a redução no uso <strong>de</strong><br />

uma droga po<strong>de</strong> ser acompanhada pelo aumento <strong>de</strong> outra. Neste sentido, utilizou-se<br />

na avaliação inicial a História do Uso <strong>de</strong> Drogas Psicoativas (Wilkinson e LeBreton,<br />

1986) que obtém dados relativos ação padrão <strong>de</strong> uso no último ano (freqüência,<br />

último uso, quantida<strong>de</strong>, etc.) <strong>de</strong> 10 classes <strong>de</strong> drogas, álcool, Cannabis, Alucinógenos,<br />

Opiáceos, Sedativos / Hipnóticos, Inalantes e Solventes, Cocaína, Anfetamínicos,<br />

outros (por exemplo: Anticolinérgicos) e Tabaco (Wilkinson et al, 1987). Em relação<br />

ação consumo <strong>de</strong> álcool foi utilizado também um questionário auto aplicável,<br />

adaptado <strong>de</strong> Sanchez-Craig e col. (1989), para caracterizar o padrão <strong>de</strong> uso nos<br />

últimos 90 dias.<br />

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Em relação ação diagnóstico <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> substâncias<br />

psicoativas, optou-se pelo emprego do "Diagnostic and Statéistical Manual for<br />

Mental Disor<strong>de</strong>rs" (DSM-III-R, APA 1987), pois além <strong>de</strong> fornecer critérios para o<br />

diagnóstico, permite também classificar a gravida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>pendência. No DSM-III-R,<br />

o diagnóstico baseia-se na presença <strong>de</strong>, no mínimo, três dos seguintes critérios:<br />

(1) a substância tomada em quantida<strong>de</strong>s maiores ou por mais tempo do que a<br />

pessoa pretendia;<br />

(2) <strong>de</strong>sejo persistente, ou uma ou mais tentativas fracassadas, <strong>de</strong> cessar ou<br />

controlar o uso da substância;<br />

(3) muito tempo gasto em ativida<strong>de</strong>s necessárias para obter a substância, usá-la,<br />

ou se recuperar dos seus efeitos;<br />

(4) intoxicações freqüentes ou sintomas <strong>de</strong> abstinência "competindo" com<br />

obrigações, ou quando o uso da substância é fisicamente perigosa;<br />

(5) ativida<strong>de</strong>s sociais, ocupacionais ou recreativas importantes <strong>de</strong>ixadas <strong>de</strong> lado ou<br />

diminuídas <strong>de</strong>vido ação uso da substância;<br />

(6) uso contínuo da substância, apesar do reconhecimento <strong>de</strong> haver problemas<br />

ocupacionais sociais, psicológicos ou físicos, <strong>de</strong> maneira persistente ou<br />

recorrentes, causados ou exacerbados pela substância;<br />

(7) clara tolerância;<br />

(8) sintomas característicos <strong>de</strong> abstinência;<br />

(9) uso da substância para aliviar ou evitar sintomas <strong>de</strong> abstinência.<br />

A gravida<strong>de</strong> do quadro é avaliada tanto pelo número <strong>de</strong> sintomas presentes<br />

como pela sua influência na vida do sujeito, po<strong>de</strong>ndo ser classificada em:<br />

1) Leve: poucos ou nenhum sintoma acima dos necessários para<br />

diagnóstico (três) e no máximo um leve prejuízo no funcionamento global (social<br />

e ocupacional);<br />

2) Mo<strong>de</strong>rada: mínimo <strong>de</strong> sintomas e/ou prejuízos entre leve e grave;<br />

3) Grave: muitos sintomas acima dos necessários para o<br />

diagnóstico e marcada interferência no funcionamento global;<br />

4) Remissão parcial: algum uso da substância e alguns sintomas<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência nos últimos 6 meses;<br />

5) Remissão total: abstinência ou uso da substância sem sintomas<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência, ou abuso, nos últimos 6 meses.<br />

O SADD (Short Alcohol Depen<strong>de</strong>nce Datéa) é um questionário<br />

preenchido pelo próprio sujeito, sendo composto <strong>de</strong> 15 questões baseadas na<br />

Síndrome <strong>de</strong> Dependência do álcool, permitindo classificar a gravida<strong>de</strong> da<br />

<strong>de</strong>pendência, <strong>de</strong> acordo com o escore final, em leve (0-9 pontos); mo<strong>de</strong>rada (10-19<br />

pontos); ou grave (> 20 pontos) (Raistrick et al., 1983.). Este questionário foi<br />

validado para uso no Brasil por Jorge e Masur em 1985.<br />

A maioria dos instrumentos <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> Dependência <strong>de</strong> Drogas<br />

limita-se s informações sobre o padrão <strong>de</strong> consumo e sintomas físicos/psicológicos da<br />

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<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> substâncias psicoativas. Portanto, po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>rados<br />

incompletos por não avaliarem outras esferas, tais como ativida<strong>de</strong>s<br />

sociais/profissionais, familiares e problemas legais. Estas áreas, embora não façam<br />

parte do "corpo central" da <strong>de</strong>pendência, são importantes para a avaliação da<br />

gravida<strong>de</strong> e do prognóstico (McLellan et al, 1980). Por isso, na avaliação inicial<br />

incluir-se-iam questões relativas a Estas três áreas.<br />

Foram também incluídas na avaliação questões sócio-<strong>de</strong>mográficas e<br />

sobre o tipo <strong>de</strong> encaminhamento inicial, com o objetivo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar qual a maneira<br />

mais eficaz <strong>de</strong> captar pacientes. Isto tem fundamental importância no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> estratégias para captar pacientes para o tratamento <strong>de</strong> abuso /<br />

<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> drogas.<br />

Após esse procedimento o paciente era encaminhado para fazer<br />

exames laboratoriais, <strong>de</strong>scritos com <strong>de</strong>talhes no capítulo 3 e submetido a uma<br />

avaliação cognitiva <strong>de</strong>scrita no capítulo 4.<br />

A alocação para uma das duas formas <strong>de</strong> tratamento foi realizada <strong>de</strong><br />

maneira aleatória, por sorteio. Caso fosse consi<strong>de</strong>rado não elegível, o paciente era<br />

encaminhado para outros serviços especializados.<br />

4. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA<br />

Dentre as 283 pessoas que marcaram consulta para entrevista inicial, 68 no<br />

compareceram. Portanto, foram realizados. Destes, seis foram consi<strong>de</strong>rados "casos<br />

especiais" ou não compareceram para início do tratamento, restando então 130<br />

pacientes dos quais 66 foram alocados para Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo e 64 para<br />

Intervenção Breve.<br />

As Tabelas 1, 2, 3 apresentam as características sócias <strong>de</strong>mográficas,<br />

o Diagnóstico pelo DSM III-R e o tipo <strong>de</strong> substância utilizada pelos 2 grupos <strong>de</strong><br />

pacientes, <strong>de</strong>monstrando que <strong>de</strong> início, eles não diferiam nestes aspectos. Para<br />

classificarmos os pacientes em relação às drogas, adotamos como critério que ele<br />

<strong>de</strong>veria ter recebido o diagnóstico <strong>de</strong> abuso ou <strong>de</strong>pendência para aquela droga, pelos<br />

critérios do DSM III-R. Baseados neste sistema classificam os pacientes em três<br />

grupos: álcool, drogas ou álcool + outras drogas, como po<strong>de</strong> ser visto na tabela 4. ·.<br />

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TABELA 1<br />

CARACTERIZAÇÃO SOCIODEMOGRAFICA DOS PACIENTES<br />

ATENDIDOS ( n = 130 )<br />

Intervenção<br />

Breve<br />

( n = 64 )<br />

%<br />

Psicoterapia<br />

De grupo<br />

( n = 66 )<br />

%<br />

Ida<strong>de</strong>:<br />

15 – 24 anos 11 11<br />

25 – 34 anos 30 30<br />

35 – 44 anos 28 32<br />

45 – 54 anos 27 20<br />

55 anos ou mais 4 7<br />

Sexo:<br />

M 92 89<br />

F 8 11<br />

Cor:<br />

Branco 89 95<br />

Preto 2 3<br />

Pardo 7 2<br />

Amarelo 2 -<br />

Estado Civil:<br />

Solteiro 26 23<br />

Casado/Marital 67 59<br />

Divorciado/Separado 7 18<br />

Grau <strong>de</strong> Escolarida<strong>de</strong>:<br />

1º grau 17 17<br />

2º grau 22 37<br />

Superior 55 42<br />

Pós-graduação 6 4<br />

Estado Empregatício:<br />

Empregado 84 73<br />

Aposentado 2 3<br />

Desempregado 6 20<br />

Outros 3 4<br />

Renda Familiar (nº <strong>de</strong> salários – mínimos)<br />

1 – 4 11 11<br />

5 – 10 20 23<br />

11 - 20 35 34<br />

> 20 31 26<br />

Não sabe 3 6<br />

Obs.: Não houve diferença significativa entre os grupos.<br />

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TABELA 2.2<br />

TABELA 2<br />

NÚMERO DE PACIENTES DIAGNOSTICADOS QUANTO À GRAVIDADE<br />

DA DEPENDÊNCIA PELO DSM III-R (n = 130)<br />

Abuso Dependência TOTAL<br />

Leve Mo<strong>de</strong>rada Grave Remis.<br />

Parcial<br />

Intervenção Breve 4 15 18 27 0 64<br />

Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo 4 8 17 36 1 66<br />

Obs: Não houve diferença entre os grupos.<br />

TABELA 3<br />

DROGAS USADAS ATUALMENTE – PORCENTAGEM DE PACIENTES<br />

Intervenção<br />

Breve<br />

% (n)<br />

Psicoterapia<br />

De Grupo<br />

% (n)<br />

Álcool 95 (61) 97 (64)<br />

Cocaína 16 (10) 23 (15)<br />

Cannabis 22 (14) 27 (18)<br />

Outros alucinogênicos - 2 ( 1)<br />

Opiáceos 2 ( 1) -<br />

Sedativos 17 (11) 21 (14)<br />

Inalantes 2 ( 1) 5 ( 3)<br />

Estimulantes 3 ( 2) 3 ( 2)<br />

Outros 2 ( 1) -<br />

Tabaco 66 (42) 74 (49)<br />

Obs: Não houve diferença entre os grupos.<br />

TABELA 4<br />

CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO TIPO DE DROGAS USADAS<br />

PORCENTAGEM DE PACIENTES<br />

Droga<br />

Intervenção<br />

Breve<br />

% (n)<br />

Psicoterapia<br />

De Grupo<br />

% (n)<br />

Só álcool 67 (43) 75 (50)<br />

Só outras drogas 8 ( 5) 9 ( 6)<br />

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Álcool + outras drogas 25 (16) 18 (12)<br />

Critério: algum diagnóstico (abuso ou <strong>de</strong>pendência) pelo DSM III-R.<br />

Não houve diferença entre os grupos.<br />

A tabela 5 apresenta um levantamento sobre os tratamentos<br />

realizados anteriormente. Observa-se que a maioria dos pacientes referia algum<br />

tratamento anterior (cerca <strong>de</strong> 70%). A comparação entre os grupos revelou uma<br />

diferença Estatisticamente significante (Teste do X2, p


TABELA 2.6<br />

TABELA 6<br />

CLASSIFICAÇÃO DOS PACIENTES QUANTO À GRAVIDADE DA<br />

DEPÊNDENCIA DO ÁLCOOL SEGUNDO CRITÉRIOS DO SAAD<br />

Intervenção<br />

Breve<br />

% (n)<br />

Psicoterapia<br />

De Grupo<br />

% (n)<br />

Leve 9 ( 5) 7 ( 4)<br />

Mo<strong>de</strong>rada 44 (26) 29 (18)<br />

Grave 47 (28) 64 (39)<br />

Os grupos diferem na média dos escores totais (teste “t” <strong>de</strong> Stu<strong>de</strong>nt, p < 0,04). Ver texto.<br />

As tabelas 7,8,9,10 se referem respectivamente aos dados <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> álcool, problemas<br />

relatados pelos pacientes, exames físico e psíquico alterados e fontes <strong>de</strong> encaminhamento.<br />

TABELA 2.7<br />

TABELA 7<br />

CONSUMO DE ÁLCOOL PELOS PACIENTES<br />

(MÉDIA ± DESVIO PADRÃO)<br />

Intervenção<br />

Breve<br />

Psicoterapia<br />

De Grupo<br />

Meses <strong>de</strong> uso 10,5 ± 3,1 10,3 ± 3,7<br />

Frequência/mês 20,5 ± 9,9 21,7 ± 9,5<br />

Drinks/dia 9,9 ± 11,0 9,7 ± 6,4<br />

Não foi <strong>de</strong>tectada diferença entre os grupos.<br />

.<br />

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TABELA 2.8<br />

TABELA 8<br />

PORCENTAGEM DE SUJEITOS QUE REFERIRAM PROBLEMAS,<br />

NAS DIVERSAS ÁREAS ESTUDADAS,<br />

RELACIONADAS AO USO DE ÁLCOOL/DROGA<br />

Tipos <strong>de</strong> Problemas<br />

Intervenção<br />

Breve<br />

% (n)<br />

Psicoterapia<br />

De Grupo<br />

% (n)<br />

Físicos 99 100<br />

Psíquicos 92 92<br />

Familiares 98 97<br />

Escola/Trabalho 95 92<br />

Legais 39 33<br />

Não há diferença entre os grupos.<br />

TABELA 2.9<br />

TABELA 9<br />

PORCENTAGEM DE PACIENTES QUE APRESENTAM<br />

ALTERAÇÕES NO EXAME FÍSICO/PSÍQUICO<br />

Intervenção<br />

Breve<br />

% (n = 64)<br />

Psicoterapia<br />

De Grupo<br />

% (n = 66)<br />

Físico 67 83<br />

Psíquico 40 47<br />

Não há diferença entre os grupos.<br />

TABELA 2.10<br />

TABELA 10<br />

FONTES DE ENCAMINHAMENTO DOS PACIENTES SELECIONADOS<br />

Intervenção<br />

Breve<br />

% (n)<br />

Psicoterapia<br />

De Grupo<br />

% (n)<br />

Mídia 60 (38) 42 (28)<br />

Amigos/Familiares 25 (16) 41 (27)<br />

Serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> 5 ( 3) 9 ( 6)<br />

Clientes atuais 5 ( 3) 3 ( 2)<br />

Trabalho/Escola 5 ( 3) 3 ( 2)<br />

Outros - 2 ( 1)<br />

Não há diferença entre os grupos.<br />

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CONCLUSÃO<br />

Ação se realizar uma avaliação <strong>de</strong> sujeitos com Dependência <strong>de</strong> Drogas <strong>de</strong>vese<br />

ter em mente dois aspectos fundamentais: a complexida<strong>de</strong> do quadro e a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> instrumentos padronizados. Neste sentido, os critérios e escalas<br />

utilizados nesta avaliação inicial procuraram contemplar estes dois aspectos. Por<br />

outro lado, cabe ressaltar que o uso indiscriminado <strong>de</strong> instrumentos, mesmo com a<br />

a<strong>de</strong>quada adaptação e validação, po<strong>de</strong> tornar a entrevista enfadonha, "assustando"<br />

muitos pacientes. Portanto, ação se elaborar uma entrevista <strong>de</strong> avaliação, <strong>de</strong>ve-se<br />

proce<strong>de</strong>r a uma seleção dos instrumentos essenciais para os objetivos propostos.<br />

A entrevista <strong>de</strong>scrita neste capítulo teve objetivos específicos, já<br />

<strong>de</strong>scrita anteriormente, po<strong>de</strong>ndo não ser a mais a<strong>de</strong>quada a outros estudos que tenham<br />

propósitos distintos.<br />

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

1.American Psychiatry Association : Diagnostic and<br />

Statistical Manual of Mental Disor<strong>de</strong>rs,<br />

third Edition Revised, Washington, DC, American<br />

Psychiatry Association, 1987.<br />

2.Edwards, G. & Gross, M. M. Alcohol <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nce:<br />

provisional <strong>de</strong>scription of a clinical syndrome.<br />

Br.Med.J.,1 : 1058-1061, 1976.<br />

3.Edwards, G.; Gross, M. M.; Keller, M.; Moser, J. &<br />

Room, R. Alcohol-related disabilities W. H. O.,<br />

Geneve, 1977.<br />

4.Elkis, H.; Definies e Critérios para o<br />

Diagnóstico do Alcoolismo. J. Bras. Psiq. 134 (5):<br />

319-322 ( 1985).<br />

5.Jellinek, E. M. The Disease Concept of Alcoholism. New<br />

Haven:College and University Press, New York, 1960.<br />

6.Jorge, M. R. and Masur, J. The use of the Short-Form<br />

Alcohol Depen<strong>de</strong>nce Data Questionnaire (SADD) in<br />

Brasilian Alcoholic Patients. Br.J. Addict 80 :<br />

301-305, 1985.<br />

7.Ken<strong>de</strong>ll, R. E. Alcoholism : a medical or a political<br />

problem ? Br.Med.J., 1 : 367-371, 1979.<br />

8.Kosten, T. R.; Rounsaville, B. J.; Baabor, T. F.;<br />

Spitzer, R. L. and Williams, J. B. W.<br />

Substance-use Disor<strong>de</strong>rs in DSM III-R: Evi<strong>de</strong>nce for<br />

the Depen<strong>de</strong>nce Syndrome Across Different<br />

Psycoative Substances. Br.J. Psychiatry, 151 :<br />

834-843, 1987.<br />

9.McLellan, A. T.; Luborsky, L.; Woody, G. E. and<br />

O'Brien, C. P. An Improved Diagnostic Evaluation<br />

Instrument for Substance Abuse Patients. The<br />

Addiction Severity In<strong>de</strong>x. J.Nerv.Ment.Dis., 168 :<br />

26-33, 1980.<br />

10.Raistrick, D.; Dunbar, G. and Robinson, D.<br />

Development of a Questionnaire to Measure<br />

Alcohol Depen<strong>de</strong>nce. Br.J.Addict.,78 : 89-95, 1983.<br />

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11.Sanchez-Craig, M.; Leigh, G.; Spivak, K. e Lei, H.<br />

"Superior outcome of males over males after brief<br />

treatment for the reduction of heavy drinking"<br />

Br. J. Addict. 84 : 395-404,1989.<br />

12.Sobell, M. B.; Brochu, S.; Sobell, L. C.; Roy, J.<br />

and Stevens, JÁ. A. Alcohol treatment outcome<br />

evaluation methodology : state of the art 1980 -<br />

1984. Addict.Behav. , 12 : 113-128,1987.<br />

13.Spitzer, R. L., Fleiss, J. L. and Endicott, J.<br />

Problems of Classification: Reliality and Validity.<br />

Em: Psychopharmacology a Generation of Progress.<br />

Edited by M.A.Lipton, A. Dimasuo and KF Killam<br />

Raven Press, New York; p.p 857-869, 1978<br />

14.Wilkinson, D. A. e LeBreton, S. "Early Indications of<br />

treatment outcome in multiple drug users" Em:<br />

Treating Addictive Behaviors. Eds. Miller, W.R.;<br />

Heather, N.Plenum Publishing Co., New York, 1986.<br />

15.Wilkinson, D. A.; Leigh, G. M.; Cordingley, J.;<br />

Martin, G. W. and Lei, H. Dimensions of Multiple<br />

Drug Use and a Typology of Drug users. British<br />

J. Addict 82 : 259 - 273,1987.<br />

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CAPÍTULO 3<br />

AVALIAÇÃO LABORATORIAL<br />

LIA RIECK<br />

MARIA LUCIA O. S. <strong>FORMIGONI</strong>.<br />

AGRADECIMENTOS: Aos técnicos <strong>de</strong> laboratório: <strong>Maria</strong> Francinei<strong>de</strong> Pontes Aragão,<br />

José Gilberto Barbosa <strong>de</strong> Carvalho, Antonio Carlos Valentin Neves e Frances Regiane dos<br />

Santos pelo auxílio técnico. Ação DR.B.M. Kapur do Addiction Research Foundation pela<br />

doação das fitas para dosagem <strong>de</strong> álcool.<br />

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ÍNDICE<br />

________________________________________________________<br />

INTRODUÇÃO 39<br />

1. TESTES LABORATORIAIS UTILIZADOS<br />

1.1 Na avaliação da função hética 40<br />

1.1.1 Gama Glutamil-Transferase (GGT 41<br />

1.1.2 Transaminase Glutmico-Oxalactica 42<br />

1.1.3 Transaminase Glutmico-Pirvica 42<br />

1.2 Na avaliação do sistema hematológico: Volume<br />

corpuscular médio (VCM) 43<br />

1.3 Na <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> drogas psicotrópicas 44<br />

2. AVALIAÇÃO LABORATORIAL EM DEPENDENTES DE<br />

ÁLCOOL<br />

E/OU OUTRAS DROGAS 44<br />

2.1 Métodos <strong>de</strong> dosagens laboratoriais empregados 45<br />

2.1.1 Determinação da GGT e das Transaminases 45<br />

(TGO E TGP) 45<br />

2.1.2 Determinação do VCM 46<br />

2.1.3 Dosagens <strong>de</strong> álcool, Cocaína e Maconha 46<br />

2.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO 46<br />

2.2.1 Avaliação das Funções hematológicas e<br />

Hepáticas 46<br />

2.2.2 Avaliação da presença <strong>de</strong> drogas na<br />

urina 49<br />

2.2.2.1 álcool 49<br />

2.2.2.2 cocaína 50<br />

2.2.2.3 maconha 51<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 53<br />

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INTRODUÇÃO<br />

Profissionais da área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e assistência social têm mostrado<br />

muito interesse na <strong>de</strong>tecção precoce do alcoolismo e do abuso <strong>de</strong> outras drogas<br />

psicotrópicas, já que nestes casos a intervenção precoce parece melhorar muito o<br />

prognóstico (Bernstein e Woodall, 1987).<br />

Apesar dos vários critérios diagnósticos existentes, qualquer<br />

avaliação baseada somente em informações fornecidas pelos pacientes que fazem uso<br />

excessivo <strong>de</strong> álcool e/ou drogas passível <strong>de</strong> negação e/ou atenuação do padrão <strong>de</strong><br />

consumo. Essas informações po<strong>de</strong>m ser amenizadas, tanto por parte dos pacientes<br />

como por familiares, que muitas vezes negam a condição da pessoa que utiliza álcool<br />

e/ou drogas. Devido a isso, testes laboratoriais são freqüentemente utilizados como<br />

auxiliares e colaboradores dos resultados das investigações clínicas (Reich, 1988).<br />

Nesta função estes testes têm sido <strong>de</strong>nominados <strong>de</strong> "marcadores <strong>de</strong><br />

Estado" porque po<strong>de</strong>m refletir uma alteração <strong>de</strong>corrente da condição estudada, no<br />

caso, o alcoolismo. I<strong>de</strong>almente, estes marcadores <strong>de</strong>veriam ter gran<strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> e<br />

especificida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>tectar precocemente o consumo excessivo, além <strong>de</strong> serem práticos e<br />

<strong>de</strong> baixo custo (Peele, 1986). No entanto, apesar <strong>de</strong> não preencherem todos esses<br />

requisitos, as dosagens <strong>de</strong> enzimas hepáticas e do Volume Corpuscular Médio (VCM)<br />

têm sido utilizadas com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> auxiliar no diagnóstico e também no<br />

acompanhamento dos pacientes (Chalémers e colab., 1981; Holt e colab., 1981).<br />

O uso prolongado e excessivo <strong>de</strong> bebidas alcoólicas causa disfunções<br />

orgânicas importantes em vários sistemas. Entre essas alterações físicas, <strong>de</strong>stácam-se<br />

os problemas gastrointestinais, cardiovasculares, neurológicos e metabólicos. Em<br />

geral, observa-se também que a relação entre beber excessivo e alterações orgânicas<br />

está associada ação tempo <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> álcool e ação nível <strong>de</strong> consumo (Grant e colab.,<br />

1988).<br />

O consumo <strong>de</strong> álcool em gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s po<strong>de</strong> produzir danos<br />

hepáticos cada vez mais graves tais como: esteatéose hepática (acúmulo <strong>de</strong> gordura),<br />

hepatite alcoólica e cirrose (Grant e colab., 1988).<br />

O álcool é oxidado no organismo numa velocida<strong>de</strong> média em torno<br />

<strong>de</strong> 0,2 G/kg <strong>de</strong> pesão/hora, sendo biotransformado no fígado em al<strong>de</strong>ído acético,<br />

substância Estaque será convertida em acetatéo atráves da enzima acetoal<strong>de</strong>ído<br />

<strong>de</strong>sidrogenase. Sua eliminação se dá em gran<strong>de</strong> parte (90%) pelo processo <strong>de</strong><br />

oxidação, principalmente pelo fígado, e somente cerca <strong>de</strong> 2-10% são excretados <strong>de</strong><br />

forma inalterada atráves dos rins e pulmões (Mezey, 1981).<br />

A aplicação clínica das dosagens das enzimas hepáticas Gama<br />

Glutamil-transferase (GGT), Transaminase Glutâmico-oxalacética (TGO) e da<br />

Transaminase Glutâmico-pirúvica (TGP) partiu da observação <strong>de</strong> que alcoólatras com<br />

valores aumentados <strong>de</strong>ssas enzimas, quando param <strong>de</strong> beber apresentam queda rápida<br />

nos seus valores sépticos, po<strong>de</strong>ndo até voltar à normalida<strong>de</strong> (JÁENKINS e colab,<br />

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1984). Essas dosagens seriam, portanto, <strong>de</strong> muita utilida<strong>de</strong> para o acompanhamento<br />

terapêutico <strong>de</strong> alcoólatras, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> controle do tratamento. Além disso,<br />

sua normalização com o cessar do beber excessivo po<strong>de</strong> servir <strong>de</strong> incentivo para o<br />

paciente continuar diminuindo o consumo <strong>de</strong> álcool. Com isso, existe um retorno do<br />

tipo "biofeedback" ação paciente, já que essa uma prova concreta <strong>de</strong> melhora do<br />

Estado físico que ele recebe (Rosalki, 1980; Skinner e Holt, 1983).<br />

As alterações <strong>de</strong>stas enzimas se <strong>de</strong>vem ação fato <strong>de</strong> que a ingestão<br />

crônica <strong>de</strong> álcool acompanhada <strong>de</strong> duas alterações morfológicas importantes: a<br />

<strong>de</strong>generação das organelas celulares e o acúmulo <strong>de</strong> triglicéri<strong>de</strong>s nas células do<br />

parênquima hepático. Essas alterações têm sido atribuídas a um efeito hepatéotóxico<br />

direto do álcool (Beesãon e McDermott, 1977).<br />

1. TESTES LABORATORIAIS UTILIZADOS<br />

1.1 NA AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO HEPÁTICA<br />

1.1.1 GAMA GLUTAMIL-TRANSFERASE (GGT)(1)<br />

A dosagem sérica da GGT foi introduzida na prática clínica por Orlowski e colab.<br />

Em 1961. Esta enzima, estocada principalmente no fígado e ligada à membrana<br />

constituinte da fração microssomal é uma glicoproteína capaz <strong>de</strong> hidrolizar o<br />

glutation em outras G-glutamil peptidases, convertendo o grupo G-glutamil em<br />

aminoácidos e outros peptí<strong>de</strong>os. Esse estudo foi primeiramente <strong>de</strong>scrito por Hanes e<br />

Hird em 1952.<br />

A GGT é formada em vários órgãos, inclusive no fígado, trato biliar, pâncreas, rins,<br />

baço e duo<strong>de</strong>no. Acredita-se que a GGT seja sintetizada no retículo endoplasmático<br />

hepático e transportada às membranas plasmáticas atráves do aparelho <strong>de</strong> Golgi,<br />

sendo <strong>de</strong>pois excretada pelo sangue ou trato biliar (Ishii e colab., 1986).<br />

Hepatopatias agudas e crônicas relacionadas ou no ação álcool, principalmente<br />

quando afetam o trato biliar, são as mais freqüentes causas do aumento da ativida<strong>de</strong><br />

sérica da GGT. No entanto, o mecanismo exato que leva ação aumento da ativida<strong>de</strong><br />

da GGT sérica após ingestão crônica <strong>de</strong> álcool e/ou outras drogas, ainda não é<br />

totalmente conhecido (Salaspuro, 1987).<br />

O consumo AGUDO <strong>de</strong> álcool no afeta o nível sérico da GGT em voluntários ou<br />

pacientes sem danos hepáticos causados pelo álcool. Entretanto, em consumidores<br />

excessivos, a GGT sérica tem sido <strong>de</strong>scrita como tendo uma elevação em 34-85% dos<br />

casos, sendo por isso o marcador laboratorial mais utilizado como auxiliar<br />

diagnóstico <strong>de</strong> alcoolismo ou do consumo excessivo <strong>de</strong> álcool (Rosalki e Rau, 1972;<br />

Salaspuro, 1987). Entretanto, a inespecificida<strong>de</strong> dos valores aumentados da GGT<br />

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sérica limita seu uso como um método <strong>de</strong> "screening" generalizado.<br />

Alguns autores têm mostrado que a ativida<strong>de</strong> sérica da GGT encontra-se aumentada<br />

em pacientes com alcoolismo bem Estabelecido, há menos <strong>de</strong> 5 anos (Wadstein e<br />

Sku<strong>de</strong>, 1979). Estudos anteriores dos mesmos autores, entretanto, mostraram que essa<br />

elevação só ocorria após 5-10 anos <strong>de</strong> consumo (Sku<strong>de</strong> e Wadstein, 1977). Vários<br />

fatores fisiológicos, entre eles a ida<strong>de</strong>, o sexo e o peso corporal po<strong>de</strong>m interferir<br />

aumentando os valores <strong>de</strong>ssa enzima.<br />

(1) SINÔNIMOS: Gama-GT, Gama-glutamil-transpeptidase<br />

1.1.2 TRANSAMINASE GLUTÂMICO-OXALACÉTICA (TGO)(2)<br />

A TGO se apresenta são a forma <strong>de</strong> duas isoenzimas no fígado humano: uma<br />

associada ação citoplasma, e a outra às mitocôndrias (Rej, 1978). Essas isoenzimas<br />

diferem entre si na seqüência <strong>de</strong> aminoácidos; proprieda<strong>de</strong>s cinéticas e reativida<strong>de</strong><br />

imunoquímica. Ambas são produzidas em vários tecidos, porém com maior<br />

abundância no fígado, coração e músculos esqueléticos.<br />

Segundo vários pesquisadores (Nishimura e colab, 1980; Salaspuro, 1987), o uso <strong>de</strong><br />

álcool por si só, não aumenta a ativida<strong>de</strong> sérica da TGO, sendo seus valores elevados<br />

fortes indicadores <strong>de</strong> danos orgânicos. Em vários trabalhos, valores elevados da TGO<br />

são observados em 18-100% dos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> álcool ou bebedores pesados<br />

(Salaspuro, 1987).<br />

A confirmação histológica <strong>de</strong> danos hepáticos,<br />

provavelmente causados pelo álcool, aumenta a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se observarem<br />

anormalida<strong>de</strong>s nas medidas laboratoriais <strong>de</strong> sua ativida<strong>de</strong>. Particularmente, o<br />

aumento dos níveis séricos da TGO é visto em pacientes com necrose hepatocelular<br />

causado por vários tipos <strong>de</strong> infecções virais, drogas ou toxinas. Por outro lado, os<br />

casos <strong>de</strong> danos hepáticos causados pelo álcool, têm sido associados à inflamação e<br />

necrose, e nesses casos, os níveis da TGO po<strong>de</strong>m Estar associados à gravida<strong>de</strong> da<br />

doença hepática (Men<strong>de</strong>nhall, 1981, Chang e colab, 1990).<br />

Por outro lado, a TGO ten<strong>de</strong> a aumentar com o avanço da ida<strong>de</strong>, e <strong>de</strong><br />

forma menos importante, com o uso <strong>de</strong> tabaco em excesso. Porém, <strong>de</strong> uma forma<br />

geral na população normal, parece existir uma associação relevante entre a ativida<strong>de</strong><br />

sérica da TGO e o consumo <strong>de</strong> álcool (Chana e colab, 1981).<br />

Alguns trabalhos mostram que o aumento dos valores séricos da<br />

TGO são mais pronunciados em álcoolistas com história <strong>de</strong> uso ultrapassando a 10<br />

anos <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> álcool (Sku<strong>de</strong> e Wadstein, 1977).<br />

1.1.3 TRANSAMINASE GLUTÂMICO-PIRÚVICA (TGP)(3)<br />

A TGP é formada exclusivamente no citoplasma hepático e sua presença no<br />

sangue é conseqüência do aumento da permeabilida<strong>de</strong> da membrana e alterações<br />

secundárias às observadas nos hepatocelulares. Como no caso da TGO, os níveis<br />

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séricos da TGP apresentarem-se mo<strong>de</strong>stamente elevados em pacientes com doenças<br />

hepáticas <strong>de</strong> provável origem alcoólica(Salaspuro, 1989).<br />

A dosagem das ativida<strong>de</strong>s séricas da TGP é um teste laboratorial que<br />

apresenta boa sensibilida<strong>de</strong> e especificida<strong>de</strong>, quando existem danos hepatocelulares<br />

agudos (Coodley, 1971).<br />

(2) SINNIMOS: SGOT, aspartato-aminotransferase, AST.<br />

(3) SINNIMOS: SGPT, alanina-aminotransferase, ALT da TGO, os níveis<br />

séricos da TGP apresentam-se mo<strong>de</strong>stamente elevados em pacientes com<br />

doenças hepáticas <strong>de</strong> provável origem alcoólica (Salaspuro, 1989).<br />

1.2 NA AVALIAÇÃO DO SISTEMA HEMATOLÓGICO:<br />

VOLUME CORPUSCULAR MÉDIO (VCM)<br />

Outros tipos <strong>de</strong> alterações muito comuns em álcoolistas são as<br />

hematológicas. A nutrição tem um papel chave nestes casos. As anemias por<br />

<strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> ferro, ácido fólico e vitamina B12 são as que mais se <strong>de</strong>stacam.<br />

Des<strong>de</strong> 1884, estudos realizados por Gram tem mostrado que existe<br />

uma associação entre anemia macrocítica e doenças hepáticas e muitos trabalhos<br />

foram realizados para tentar esclarecer melhor essa associação (Chanarin, 1982).<br />

Em 1962, McCurdy e colab. Descreveram a existência <strong>de</strong> um efeito<br />

tóxico direto do álcool sobre a medula óssea. Em outros trabalhos, já havia sido<br />

<strong>de</strong>scrito que o álcool po<strong>de</strong>ria produzir uma <strong>de</strong>pressão da função medular,<br />

principalmente da eritropoiese, que voltava à normalida<strong>de</strong> quando da cessação do<br />

uso <strong>de</strong> álcool. Porém vários estudos <strong>de</strong>screvem uma associação entre <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong><br />

ácido fólico, dieta ina<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> nutrientes, presença <strong>de</strong> lesão hepática e anemia com<br />

a macrocitose observada. Embora todos estes achados estejam diretamente<br />

relacionados ação consumo <strong>de</strong> álcool, sem dúvida nenhuma, o álcool por si só um<br />

agente tóxico para a medula, capaz <strong>de</strong> induzir macrocitose, sem que haja <strong>de</strong>ficiência<br />

nutricional <strong>de</strong> folato ou vitamina B12 (McCurdy e colab., 1962; Wu e colab., 1975).<br />

O teste laboratorial utilizado para avaliar este tipo <strong>de</strong> alteração é o Volume<br />

Corpuscular Médio das Hemácias (VCM). Vários fatores fisiológicos e patológicos<br />

po<strong>de</strong>m alterar os valores normais do VCM, entre eles: ida<strong>de</strong>, sexo, diversos tipos <strong>de</strong><br />

anemias, diabetes, algumas doenças <strong>de</strong> origem circulatória e o uso do tabaco. Por isso<br />

é importante uma avaliação cuidadosa do paciente, quando da análise <strong>de</strong>sses valores<br />

hematológicos. Com a diminuição do beber excessivo, o valor do VCM ten<strong>de</strong>m a se<br />

normalizar em pouco tempo, por cessar o efeito tóxico direto do álcool sobre a<br />

medula óssea (Waters e colab, 1966).<br />

No entanto, na prática o que se tem observado, é que muitos<br />

pacientes que param <strong>de</strong> beber, apresentam valores aumentados <strong>de</strong> VCM. Isto po<strong>de</strong>ria<br />

ser explicado pelo fato <strong>de</strong> que muitos <strong>de</strong>les aumentam o uso <strong>de</strong> tabaco nesta ocasião.<br />

Como vimos, o tabaco também altera os valores do VCM, justificando este tipo <strong>de</strong><br />

observação (Monteiro, 1986).<br />

Os quatro testes laboratoriais, acima <strong>de</strong>scritos, foram utilizados na<br />

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avaliação <strong>de</strong> pacientes usuários <strong>de</strong> álcool, numa amostra brasileira, por Monteiro e<br />

Masur (1986a). Estas autoras fizeram um estudo comparativo dos valores <strong>de</strong> GGT e<br />

VCM, avaliando <strong>de</strong>sta forma a utilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses indicadores biológicos no seguimento<br />

terapêutico <strong>de</strong> alcoólatra. Esse estudo foi realizado com (145) pacientes usuários <strong>de</strong><br />

álcool, mostrando que a GGT apresentou uma diminuição Estatisticamente<br />

significante em seus valores após um mês <strong>de</strong> abstinência. Por outro lado, os valores<br />

do VCM se mostraram limitados para fins <strong>de</strong> seguimento terapêutico, já que não foi<br />

observada essa diferença Estatística. Uma possível explicação das autoras foi o uso<br />

aumentado <strong>de</strong> tabaco na fase <strong>de</strong> abstinência alcoólica.<br />

Essas mesmas autoras também estudaram a relação entre a gravida<strong>de</strong><br />

da <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> álcool (pelo SADD) e as alterações <strong>de</strong>sses quatro parâmetros<br />

laboratoriais. Elas observaram que as alterações da GGT e da TGO foram<br />

proporcionais à gravida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> álcool (Monteiro e Masur, 1987).<br />

1.3 NA DETECÇÃO DE DROGAS PSICOTRÓPICAS<br />

Vários testes laboratoriais são utilizados na prática clínica para a<br />

<strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> drogas psicotrópicas. Os mais utilizados são os que <strong>de</strong>terminam a<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> álcool, cocaína ou maconha. Esse teste tem por finalida<strong>de</strong> principal<br />

colaborar as informações dadas pelos pacientes em relação ação último uso da droga<br />

(Maisto e colab, 1982-83; Irwin e colab, 1988).<br />

2. AVALIAÇÃO LABORATORIAL EM DEPENDENTES DE ÁLCOOL E/OU<br />

OUTRAS DROGAS<br />

A avaliação laboratorial <strong>de</strong>ntro do PROJETO <strong>de</strong> comparação da<br />

efetivida<strong>de</strong> das técnicas <strong>de</strong> Intervenção Breve e Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo teve por<br />

finalida<strong>de</strong> auxiliar na avaliação do comprometimento físico atráves das dosagens <strong>de</strong><br />

GGT, TGO, TGP e VCM e colaborar as informações sobre o último uso <strong>de</strong> drogas,<br />

pela dosagem dos níveis <strong>de</strong> álcool, cocaína e maconha. Para esse estudo foram<br />

avaliados 130 pacientes <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> álcool e/ou outras drogas psicotrópicas.<br />

Após a entrevista inicial, os pacientes foram encaminhados ação<br />

laboratório on<strong>de</strong> eram colhidas amostras <strong>de</strong> sangue, para dosagens enzimáticas e<br />

hematológicas, e <strong>de</strong> urina, para dosagens dos níveis <strong>de</strong> álcool, cocaína e maconha. O<br />

mesmo procedimento foi repetido por ocasião dos dois seguimentos <strong>de</strong>sses pacientes<br />

que foram realizados 10 e 20 meses após a admissão ação tratamento. Durante o<br />

período <strong>de</strong> tratamento, quando solicitado pelos terapeutas, foram realizadas dosagens<br />

extras.<br />

2.1. MÉTODOS DE DOSAGENS LABORATORIAIS EMPREGADOS<br />

2.1.1 DETERMINAÇÃO DA GGT E DAS TRANSAMINASES (TGO E TGP) -<br />

A dosagem da ativida<strong>de</strong> das enzimas Gama Glutamil-transferase<br />

(GGT); Transaminase Glutâmico-oxalacética (TGO) e da Transaminase Glutâmicopirúvica<br />

(TGP) foi realizada em amostra <strong>de</strong> soro dos pacientes. Essas dosagens foram<br />

feitas utilizando-se "Kits" enzimáticos comerciais (MERCK) sendo a análise<br />

realizada a 25 o C e a leitura feita em espectrofotômetro (CELM mo<strong>de</strong>lo E 210 D). A<br />

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padronização do aparelho e a medida da confiabilida<strong>de</strong> dos diferentes lotes <strong>de</strong><br />

material foram realizadas atráves <strong>de</strong> dosagens <strong>de</strong> soro controle liofilizado<br />

(Boehringer Mannheim-Precinorm U).<br />

Foram consi<strong>de</strong>rados como limites superiores <strong>de</strong> normalida<strong>de</strong> para a<br />

TGO valores até 19 UI/L; para TGP valores até 24 UI/L; para GGT valores até 28<br />

UI/L.<br />

2.1.2 DETERMINAÇÃO DO VCM<br />

Para a <strong>de</strong>terminação do VCM, foi utilizados sangue com heparina,<br />

sendo a contagem <strong>de</strong> glóbulos vermelhos feita em câmara <strong>de</strong> Neubauer e a<br />

<strong>de</strong>terminação do hematócrito realizada pelo método <strong>de</strong> micro-hematócrito. O cálculo<br />

do VCM foi feito <strong>de</strong> acordo com a fórmula:<br />

Hematécrito/1000 ml <strong>de</strong> sangue (%/ml)<br />

VCM (u3) = ------------------------------------<br />

Número <strong>de</strong> hemácias (milhões/mm3)<br />

Foi consi<strong>de</strong>rado como limite superior da normalida<strong>de</strong> para o VCM valores<br />

até 95 u3.<br />

2.1.3 DOSAGENS DE ÁLCOOL, COCAÍNA E MACONHA.<br />

Essas dosagens, que tinham por objetivo colaborar as informações<br />

dadas pelos pacientes em relação ação último uso da droga, foram realizadas numa<br />

amostra <strong>de</strong> urina.<br />

Para a avaliação da alcoolemia dos pacientes foi utilizada a fita para<br />

dosagem <strong>de</strong> álcool "DIPSTICK", <strong>de</strong>senvolvida pelo Addiction Research Foundation<br />

(ARF) do Canadá. O método se baseia na reação <strong>de</strong> uma gota <strong>de</strong> urina com tira <strong>de</strong><br />

papel contendo um inibidor competitivo (pirazol) com a enzima álcool <strong>de</strong>sidrogenase<br />

e outros reagentes. A reação obtida por essa associação permite uma avaliação<br />

semiquantitativa da concentração <strong>de</strong> álcool no sangue (Kapur e Israel, 1983).<br />

O método utilizado para dosagem <strong>de</strong> metabólicos da maconha (Falta<br />

Delta 9 THC) foi o <strong>de</strong> radioimunoensaio, utilizando-se "KIT" Double Antibody<br />

Cannabinoids (THC M) - fabricação DPC. Essa dosagem revela a presença <strong>de</strong><br />

cannabinói<strong>de</strong>s na urina dos pacientes, sendo a leitura quantitativa. Foram<br />

consi<strong>de</strong>rados "positivos" níveis acima <strong>de</strong> 25 ng/ml (US Dep. Health and Human<br />

Services, 1986).<br />

Para a dosagem dos níveis <strong>de</strong> cocaína, também realizada na urina dos<br />

pacientes, foi utilizado "KIT" <strong>de</strong> radioimunoensaio Coaté-A-Count Cocaine<br />

Metabolite - fabricação DPC, que <strong>de</strong>termina semi-quantitativamente os níveis <strong>de</strong><br />

Benziylecgnonine, o principal metabólico da cocaína (US Dep. Health and Human<br />

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Services, 1986).<br />

2.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

2.2.1 AVALIAÇÃO DAS FUNÇÕES HEMATOLÓGICAS E HEPÁTICAS<br />

Embora cerca <strong>de</strong> 98% dos pacientes apresentassem queixa <strong>de</strong> algum<br />

tipo <strong>de</strong> problema físico, por ocasião da triagem, somente em cerca <strong>de</strong> 50% foi<br />

<strong>de</strong>tectada alguma alteração nos exames laboratoriais. A maior porcentagem <strong>de</strong><br />

alteração foi observada na dosagem da enzima GGT (50%) e a menor na TGO (28%)<br />

como po<strong>de</strong> ser vista na tabela 3.1.<br />

Em relação a Estas variáveis, os pacientes <strong>de</strong>stinados aos dois tipos<br />

<strong>de</strong> tratamento apresentam perfil semelhante.<br />

A caracterização da amostra em relação à porcentagem <strong>de</strong> pessoas<br />

com exames alterados e valores médios obtidos na entrevista inicial, está apresentada<br />

nas Tabelas 3.1 e 3.2. (diferente)<br />

TABELA 1<br />

PORCENTAGEM DE PESSOAS QUE APRESENTARAM<br />

EXAMES LABORATORIAIS COM VALORES ACIMA DOS<br />

LIMITES DA NORMALIDADE<br />

Exames<br />

Limites <strong>de</strong><br />

Normalida<strong>de</strong><br />

Intervenção<br />

Breve<br />

Psicoterapia<br />

De Grupo<br />

VCM Até 95µ 3 45 59<br />

GGT ( Até 28 UI/L) 42 51<br />

TGO ( Até 19 UI/L) 28 39<br />

TGP ( Até 24 UI/L) 30 32<br />

TABELA 2<br />

VALORES MÉDIOS DOS EXAMES LABORATORIAIS<br />

NA ENTREVISTA INICIAL<br />

Exames<br />

Limites <strong>de</strong><br />

Normalida<strong>de</strong><br />

Intervenção<br />

Breve<br />

Psicoterapia<br />

De Grupo<br />

VCM Até 95µ 3 94 ± 8 96 ± 7<br />

GGT ( Até 28 UI/L) 76 ± 143 66 ± 117<br />

TGO ( Até 19 UI/L) 26 ± 28 25 ± 29<br />

TGP ( Até 24 UI/L) 31 ± 37 25 ± 24<br />

Observamos em ambos os grupos valores médios do VCM próximos<br />

do limite superior <strong>de</strong> normalida<strong>de</strong>.<br />

No entanto, em relação GGT os valores médios se apresentaram com<br />

um aumento <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 300% em relação ação limite superior da normalida<strong>de</strong>. Isto<br />

dá um indicativo <strong>de</strong> comprometimento hepático nos pacientes que apresentaram<br />

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alteração neste exame (cerca <strong>de</strong> 50% da amostra).<br />

Por outro lado, os valores médios das enzimas TGO e TGP se<br />

encontravam acima dos limites <strong>de</strong> normalida<strong>de</strong>, mas com menores percentuais <strong>de</strong><br />

alteração (cerca <strong>de</strong> 36% para a TGO e 17% para a TGP). Isso indica, como discutido<br />

na introdução, um início <strong>de</strong> lesão hepática.<br />

Os valores das enzimas GGT, TGO e TGP <strong>de</strong>sses e <strong>de</strong> outros<br />

pacientes atendidos no Centro <strong>de</strong> Pesquisa em Psicobiologia Clínica do Departamento<br />

<strong>de</strong> Psicobiologia da Escola Paulista <strong>de</strong> Medicina foram objeto <strong>de</strong> análise na tese <strong>de</strong><br />

Mestrado "Fatores Correlacionados com as Alterações das Enzimas Hepáticas em<br />

Depen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> Álcool" (Rieck, 1991). Nessa tese foram analisados os fatores que<br />

influenciam as alterações enzimáticas nesse tipo <strong>de</strong> população.<br />

Em resumo, observou-se que as enzimas hepáticas GGT, TGO e<br />

TGP apresentam correlação, em pacientes <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes somente <strong>de</strong> álcool, com o<br />

padrão <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> bebidas alcoólicas (que foi subdividido em grupos <strong>de</strong><br />

abstêmios, bebedores ocasionais, <strong>de</strong> finais <strong>de</strong> semana, em episódios, freqüentes e<br />

diários). Por outro lado às enzimas GGT e TGO se correlacionaram também com a<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> doses ingeridas na semana, com o nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência pelo DSM III-<br />

R e com a ingestão para alívio dos sintomas <strong>de</strong> abstinência avaliada pela questão<br />

número 10 do SADD (ver anexos). A porcentagem <strong>de</strong> exames alterados naquela<br />

amostra foi <strong>de</strong> 55% para a GGT; <strong>de</strong> 39% para a TGO e <strong>de</strong> 34% para a TGP.<br />

Esse mesmo estudo foi realizado nos pacientes que usam outras<br />

drogas psicotrópicas, assãociadas ou não ação álcool. Neste grupo foi observado que<br />

a GGT se correlaciona bem com o padrão <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> álcool e com a presença <strong>de</strong><br />

sintomas <strong>de</strong> abstinência ação álcool avaliada pela questão número 11 do SADD. A<br />

porcentagem <strong>de</strong> exames alterados nesse grupo <strong>de</strong> pacientes foi: para a GGT <strong>de</strong> 57%,<br />

para a TGO <strong>de</strong> 44% e para a TGP foi <strong>de</strong> 37%.<br />

Por outro lado, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da forma <strong>de</strong> análise (proporção <strong>de</strong><br />

pacientes com valores anormais; comparação <strong>de</strong> valores médios ou correlação entre<br />

níveis enzimáticos e os diferentes valores estudados) conclusões diferentes po<strong>de</strong>m ser<br />

obtidas a partir dos mesmos dados. Isto <strong>de</strong> certa forma, explica a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

conclusões sobre este tema, observada na literatura.<br />

2.2.2 AVALIAÇÃO DA PRESENÇA DE DROGAS NA URINA<br />

2.2.2.1 Álcool: Em <strong>de</strong>sacordo crença habitual sobre a gran<strong>de</strong> freqüência com que<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> álcool e outras drogas negam seu consumo, poucos foram os<br />

pacientes que o fizeram neste estudo. Desta forma, como po<strong>de</strong> ser vista na tabela 3.3,<br />

dos 32 pacientes on<strong>de</strong> foi <strong>de</strong>tectado algum nível <strong>de</strong> álcool na urina, nenhum havia<br />

negado algum consumo. No entanto, quatro <strong>de</strong>les (12,5%) relataram que este<br />

consumo foi h mais <strong>de</strong> uma semana. Como nestes pacientes a leitura do teste acusou<br />

o mínimo grau, existe tanto a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um erro <strong>de</strong> metodologia como a <strong>de</strong> um<br />

relato falso. Estes pacientes se distribuíram igualmente pelos dois grupos<br />

terapêuticos.<br />

TABELA 3.3<br />

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TABELA 3<br />

CONSUMO DE ÁLCOOL RELATADO E DOSAGEM NA URINA.<br />

NÚMERO DE PESSOAS QUE PREENCHEM ESSES CRITÉRIOS.<br />

Último<br />

Consumo<br />

Relatado<br />

IB 0 PG IB<br />

15<br />

PG<br />

IB<br />

30<br />

Nega<br />

Consumo 3 2 - - - - - -- - - - -<br />

Últimas<br />

24 h 22 22 4 4 - - - - 6 1 4 6<br />

De 24 h<br />

A 48 h 7 4 - 1 - - - - - - - -<br />

De 48 h<br />

A 7 dias 11 14 1 1 - - - - - - - -<br />

Entre 8 e<br />

29 dias 3 6 2 2 - - - - - - - -<br />

Entre 1 e<br />

3 meses<br />

1 3 - - - - - - - - - -<br />

TOTAL 47 51 7 8 0 0 0 0 6 1 4 6<br />

IB = Intervenção Breve<br />

PG<br />

IB<br />

60<br />

PG<br />

IB<br />

100<br />

PG<br />

IB<br />

140<br />

PG<br />

2.2.2.2 COCAÍNA: Quinze pacientes apresentaram dosagem positiva, sendo que<br />

<strong>de</strong>stes, 2 negavam qualquer consumo e 1 que este havia ocorrido mais <strong>de</strong> 1 mês. Ou<br />

seja, em apenas 20% dos pacientes houve discordância <strong>de</strong> informações. Também aqui<br />

houve distribuição semelhante entre os dois grupos <strong>de</strong> terapia. Não é possível<br />

<strong>de</strong>scartar totalmente a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> "falsos positivos" por reação com outras<br />

substâncias eventualmente ingeridas pelo paciente, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que este é um teste não<br />

totalmente específico. Esses resultados estáo representados na tabela 3.4.<br />

2.2.2.3 MACONHA: Neste grupo foram encontradas as maiores discordâncias (46%)<br />

entre relato e <strong>de</strong>tecção. Dos 24 pacientes com níveis positivos, 4 (17%) negavam<br />

consumo e 7 (29%) relatavam períodos superiores a uma semana como ocasião do<br />

último uso. Não houve diferença <strong>de</strong> distribuição entre os grupos, conforme po<strong>de</strong> ser<br />

visto pela tabela 5.<br />

Os resultados dos exames laboratoriais foram usados pelos terapeutas da Intervenção<br />

Breve e também da Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo, tanto para orientar os pacientes quanto ao<br />

seu comprometimento físico, como para avaliar a credibilida<strong>de</strong> das informações<br />

prestadas.<br />

TABELA 3.4<br />

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TABELA 4<br />

CONSUMO DE COCAÍNA RELATADO E DETECÇÃO NA URINA.<br />

NÚMERO DE PACIENTES QUE PREENCHEM ESSES CRITÉRIOS.<br />

Último<br />

Cocaína<br />

Uso<br />

Presente<br />

Ausente<br />

Relatado IB<br />

PG<br />

IB<br />

PG<br />

Nega Consumo 0 2 53 47<br />

Últimas 24 h 0 2 0 0<br />

De 24 h a 48 h 2 2 0 0<br />

De 48 h a 7 dias 3 3 0 1<br />

Entre 8 e 29 dias 0 0 3 1<br />

Entre 1 e 3 meses 1 0 1 6<br />

Mais <strong>de</strong> 3 meses 0 0 1 2<br />

TOTAL 6 9 58 57<br />

TABELA 3.5<br />

IB = Intervenção Breve<br />

PG = Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo<br />

TABELA 5<br />

CONSUMO DE MACONHA RELATADO E DETECÇAO NA URINA.<br />

NÚMERO DE PESSOAS QUE PREENCHEM ESTES CRITÉRIOS.<br />

Último<br />

Maconh<br />

a<br />

Presente<br />

Ausente<br />

Uso<br />

Relatado IB<br />

PG<br />

IB<br />

PG<br />

Nega consumo 1 3 48 44<br />

Últimas 24 h 3 6 0 0<br />

De 48 h a 7 dias 2 0 1 0<br />

Entre 8 e 29 dias 1 1 0 4<br />

Entre 1 e 3 meses 3 0 3 1<br />

Mais <strong>de</strong> 3 meses 0 2 1 4<br />

1 1 0 0<br />

TOTAL 11 13 53 53<br />

IB = Intervenção Breve<br />

PG = Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo<br />

Ação final da entrevista inicial, o médico avaliava subjetivamente, o<br />

grau <strong>de</strong> credibilida<strong>de</strong> das informações dadas pelo paciente, classificando-a em boa<br />

(58%), regular (39%) ou ruim (3%).<br />

Ação analisarmos a credibilida<strong>de</strong> dos pacientes cujo relato<br />

discordava da avaliação laboratorial observamos que dos pacientes que negaram<br />

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consumo <strong>de</strong> álcool, 50% tinha credibilida<strong>de</strong> regular e 50% boa. Os três pacientes que<br />

negaram consumo <strong>de</strong> cocaína tinham boa credibilida<strong>de</strong>. Vinte e sete por cento dos<br />

pacientes que negaram consumo <strong>de</strong> maconha apresentavam credibilida<strong>de</strong> regular,<br />

tendo a <strong>de</strong>mais boa credibilida<strong>de</strong>. No entanto, são necessários estudos mais focados<br />

nesta questão para po<strong>de</strong>r tirar alguma conclusão.<br />

As mudanças observadas nos seguimentos, do ponto <strong>de</strong> vista das<br />

análises laboratoriais, são apresentadas no capítulo 8. ·.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

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Para o diagnóstico, Avaliação da severida<strong>de</strong> e<br />

Seguimento terapêutico. Tese <strong>de</strong> Doutorado<br />

Apresentada Escola Paulista <strong>de</strong> Medicina.<br />

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21.Monteiro, M. G; Masur, J. (1987). Correlation<br />

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Brit. J. Haematol. 29: 469-478.<br />

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CAPÍTULO 4<br />

AVALIAÇÃO COGNITIVA DE<br />

DEPENDENTES DE ÁLCOOL E<br />

OUTRAS DROGAS PSICOATIVAS<br />

MARIA DE LOURDES VENTURA SEABRA<br />

EROY APARECIDA DA SILVA<br />

AGRADECIMENTOS: Nossos agra<strong>de</strong>cimentos a <strong>Maria</strong> Laura N. Pires e Germana<br />

Valéria Concílio pela participação na coleta <strong>de</strong> dados. A Dr <strong>Maria</strong> <strong>Lucia</strong> O.S.<br />

Formigue pela colaboração na análise Estatística e revisão final. As secretárias Vânia<br />

M.Miranda e Ana Lúcia Bertoli.<br />

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ÍNDICE<br />

________________________________________________________<br />

INTRODUÇÃO 61<br />

1. ESQUEMA DE TRABALHO 63<br />

1.1 Seleção dos testes psicológicos 63<br />

1.2 Treinamento 63<br />

1.3 Análise dos dados 65<br />

1.4 DEVOLUÇÃO dos resultados 65<br />

2. AVALIAÇÃO COGNITIVA DE PACIENTES DEPENDENTES<br />

DE DROGAS, INCLUSIVE ÁLCOOL NO PROJETO DE.<br />

AVALIAÇÃO DA EFETIVIDADE DA TÉCNICA DE<br />

INTERVENÇÃO BREVE 65<br />

2.1 Descrição sumaria dos testes psicológicos 67<br />

2.2 Procedimento 69<br />

2.3 Resultados 70<br />

2.4 Discussão 72<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 75<br />

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"The goal of testing is always to<br />

obtain the bEsta perfomance the<br />

patient is capable of producing" *<br />

(S.R.Heaton and R.K.Heaton, 1981)<br />

A literatura sobre o alcoolismo refere achados <strong>de</strong> disfunção cognitiva em<br />

pacientes álcoolistas.<br />

Jones e Parsons verificaram perdas no nível <strong>de</strong> funções específicas<br />

da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> abstração particularmente capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> captação da "gestált<br />

visual" e <strong>de</strong>screveram também a melhora do quadro após quatro semanas <strong>de</strong><br />

abstinência (Elkis, 1982).<br />

Elkis refere que Tarter, em 1973 confirma os achados <strong>de</strong> Jones e<br />

Parsons quanto à perda da capacida<strong>de</strong> cognitiva em álcoolistas observando que o<br />

déficit era maior no grupo que tinha mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos <strong>de</strong> história <strong>de</strong> alcoolismo do<br />

que no <strong>de</strong> menos <strong>de</strong> 10 anos <strong>de</strong> história <strong>de</strong> ingestão <strong>de</strong> etílicos. O tempo <strong>de</strong> uso <strong>de</strong><br />

álcool Estaria em relação direta com o grau <strong>de</strong> perdas cognitivas (Elkis, 1984).<br />

No entanto a preservação das funções cognitivas é um fator essencial<br />

para a participação num tratamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> álcool e outras drogas<br />

psicoativas, baseado num mo<strong>de</strong>lo conceitual <strong>de</strong> orientação cognitiva e<br />

comportamental como é a proposta da Técnica <strong>de</strong> Intervenção Breve (Sanchez-Craig<br />

e col. 1984).<br />

Neste sentido, <strong>de</strong>ntro do PROJETO <strong>de</strong> Avaliação da Efetivida<strong>de</strong> da<br />

Técnica <strong>de</strong> Intervenção Breve no tratamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> álcool e outras<br />

drogas, coube a uma equipe <strong>de</strong> psicólogos a funções <strong>de</strong> selecionar e aplicar testes<br />

psicológicos que avaliassem as funções cognitivas dos pacientes.<br />

* “O objetivo dos testes sempre obter o melhor <strong>de</strong>sempenho que o paciente<br />

capaz <strong>de</strong> produzir".<br />

Este capítulo tem dois objetivos principais, sendo o primeiro abordar<br />

procedimentos importantes na elaboração <strong>de</strong> uma avaliação cognitiva. A seleção,<br />

aplicação e interpretação dos resultados <strong>de</strong> testes psicológicos serão discutidas com a<br />

intenção <strong>de</strong> proporcionar uma visão globalizada na mensuração das funções<br />

cognitivas. O segundo objetivo é <strong>de</strong>screver nossa experiência com a avaliação<br />

cognitiva no PROJETO <strong>de</strong> pesquisa já referido acima.<br />

O comportamento humano po<strong>de</strong> ser analisado atráves <strong>de</strong> três gran<strong>de</strong>s<br />

sistemas funcionais (Lezak, 1983): o primeiro <strong>de</strong>les, o intelecto constitui a<br />

interpretação da informação atráves da percepção; o segundo, a motivação se refere<br />

aos sentimentos e à motivação e finalmente o controle, que é o sistema com o qual<br />

expressamos nosso comportamento. Filósofos gregos foram os primeiros a conceituar<br />

três divisões no comportamento, postulando que a "alemã" possuía três princípios<br />

básicos que a governavam: o racional, o <strong>de</strong>sejo e os aspectos <strong>de</strong> animação do<br />

comportamento. Pesquisas recentes concordam que os filósofos intuitivamente<br />

compreen<strong>de</strong>ram como o comportamento foi organizado em sua totalida<strong>de</strong>.<br />

Técnicas <strong>de</strong> observação, mensuração e <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong>sses sistemas<br />

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funcionais foram <strong>de</strong>senvolvidas para um melhor entendimento do "esqueleto" da<br />

organização comportamental (Lezak, 1983).<br />

As principais categorias indicadas no domínio cognitivo incluem<br />

conhecimento, compreensão, análise, síntese e avaliação.<br />

Pela natureza do tema "Avaliação Cognitiva”, abordará basicamente<br />

as funções do intelecto, também chamadas <strong>de</strong> cognitivas.<br />

Estas funções abrangem habilida<strong>de</strong>s classificadas em quatro grupos:<br />

1) Funções receptivas - aquelas que envolvem aquisição, classificação e<br />

integração da informação;<br />

2) Memória e aprendizagem - que indica como a informação é estocada e<br />

evocada;<br />

3) Pensamento - que envolve a organização mental e a reorganização da<br />

informação;<br />

4) Funções expressivas - atráves das quais a informação é<br />

processada e levada à ação ou comunicada (Lezak,1983).<br />

A utilização <strong>de</strong> instrumentos que permitam a avaliação dEstas habilida<strong>de</strong>s<br />

intelectuais, <strong>de</strong>ve seguir um critério <strong>de</strong> escolha baseado na hipótese a ser investigada.<br />

As funções a serem examinadas <strong>de</strong>vem levar em consi<strong>de</strong>ração aspectos<br />

neuroanatômicos, patológicos, psicossociais e emocionais.<br />

O nível <strong>de</strong> sofisticação, complexida<strong>de</strong> e limitação pertinente a cada situação<br />

<strong>de</strong> avaliação, po<strong>de</strong>m levar o investigador a i<strong>de</strong>ntificar quais as funções que <strong>de</strong>verão<br />

ser exploradas <strong>de</strong> acordo com a perspectiva <strong>de</strong> trabalho a ser elaborada.<br />

O exame <strong>de</strong>ssas questões permite traçar um perfil do problema, investigando<br />

áreas on<strong>de</strong> possa haver alguma disfunção cognitiva, psicossocial ou emocional que<br />

esteja contribuindo para o quadro em estudo, indicando <strong>de</strong>ssa forma a Bateria <strong>de</strong><br />

testes e técnicas relevantes para a avaliação.<br />

1. ESQUEMA DE TRABALHO<br />

Determinada a hipótese <strong>de</strong> trabalho, <strong>de</strong>ve ser elaborado um esquema<br />

que compreenda a seleção dos testes, o treinamento da aplicação, a análise dos dados<br />

e como <strong>de</strong>ve ser a <strong>de</strong>volutiva dos resultados.<br />

1.1 SELEÇÃO DOS TESTES: A escolha do teste ou da Bateria <strong>de</strong> testes <strong>de</strong>ve ser<br />

abrangente o suficiente para abordar a dimensão total do problema a ser estudado. A<br />

avaliação e a padronização <strong>de</strong> um teste são parâmetros que <strong>de</strong>vem ser observados<br />

com rigor, pois só a a<strong>de</strong>quação do instrumento amostra leva a um resultado fiel<br />

hipótese que se quer estudar. Portanto, o teste a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong>ve preencher os requisitos<br />

necessários para uma avaliação que atenda à proposta da hipótese e à perspectiva <strong>de</strong><br />

alcance do examinando. As diferenças culturais regionais, discrepâncias quanto ação<br />

nível sócio-econômico e aspectos educacionais, po<strong>de</strong>m dificultar o índice <strong>de</strong><br />

compreensão, como por exemplo, na aplicação <strong>de</strong> um teste verbal em sujeitos<br />

culturalmente diferentes.<br />

1.2 TREINAMENTO: O treinamento envolve <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o conhecimento do instrumento<br />

até a relação examinador - examinando. O preparo prévio é <strong>de</strong> suma importância para<br />

um a<strong>de</strong>quado procedimento <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong> um teste. Durante os testes no po<strong>de</strong> haver<br />

emergências. Esta é a única forma <strong>de</strong> garantir a uniformida<strong>de</strong> do procedimento. O<br />

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preparo prévio para a sessão <strong>de</strong> teste envolve vários procedimentos.<br />

A memorização e alguma familiarização com os testes po<strong>de</strong>rão evitar<br />

erros <strong>de</strong> leitura e hesitação, permitindo uma conduta mais natural e informal durante a<br />

aplicação do teste. O arranjo dos materiais necessários para a aplicação <strong>de</strong>ve permitir<br />

fácil acessão para o examinador, sem distrair o sujeito, permitindo assim o uso<br />

subseqüente com o mínimo <strong>de</strong> procura. Outro pré-requisito essencial é o ensaio do<br />

procedimento com um ou mais sujeitos experimentais. A padronização do<br />

procedimento se aplica não apenas às instruções verbais, horários, materiais e outros<br />

aspectos do teste em si, mas também ao ambiente on<strong>de</strong> será feita a aplicação do teste<br />

(Anastasi, 1968).<br />

O ambiente <strong>de</strong> aplicação do teste <strong>de</strong>ve ser livre <strong>de</strong> ruídos,<br />

a<strong>de</strong>quadamente iluminado, ventilado e com espaço suficiente. É importante<br />

compreen<strong>de</strong>r a extensão em que as condições <strong>de</strong> teste po<strong>de</strong>m influir nos resultados,<br />

pois aspectos aparentemente sem importância po<strong>de</strong>m alterar o <strong>de</strong>sempenho<br />

consi<strong>de</strong>ravelmente.<br />

Na relação examinador-examinando, quatro pontos <strong>de</strong>vem ser<br />

consi<strong>de</strong>rados:<br />

Clareza na explicação da tarefa - esse aspecto Esta relacionada com os treinos<br />

anteriores a<strong>de</strong>quado do examinador, que permitirá uma colocação clara e <strong>de</strong>finida da<br />

tarefa a ser <strong>de</strong>senvolvida. O respeito a esse item fará diminuir possíveis equívocos do<br />

examinando, além <strong>de</strong> atenuar a expectativa e ansieda<strong>de</strong> gerada pela própria situação<br />

<strong>de</strong> teste.<br />

Fadiga - Esta relacionada principalmente ao tempo <strong>de</strong> aplicação da tarefa e suas<br />

conseqüências. Em uma aplicação ina<strong>de</strong>quada, fatores como cansaço, dispersão da<br />

atenção, diminuição da motivação e conseqüente perda do envolvimento com o teste,<br />

po<strong>de</strong>m comprometer o resultado final. Os testes <strong>de</strong>vem obe<strong>de</strong>cer a uma or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />

aplicação intercalada quanto ao grau <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> e tempo <strong>de</strong> aplicação, a fim <strong>de</strong><br />

possibilitar execução equilibrada, sendo a monotonia e fadiga muitas vezes<br />

<strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> uma aplicação <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada.<br />

"Rapport" - em linguagem psicométrica o termo rapport (relação) refere-se aos<br />

esforços do examinador para <strong>de</strong>spertar o interesse do sujeito pelo teste, obter sua<br />

cooperação e conseguir que siga as instruções padronizadas da tarefa. O grau <strong>de</strong><br />

confiança, disponibilida<strong>de</strong> e autenticida<strong>de</strong> transmitida pelo examinador po<strong>de</strong>m<br />

interferir na percepção do sujeito que Esta sendo submetido ao teste.<br />

Sabe-se que a situação <strong>de</strong> teste po<strong>de</strong> representar uma ameaça autoestima,<br />

gerando ansieda<strong>de</strong>. Essa situação po<strong>de</strong> aumentar o nível <strong>de</strong> expectativa,<br />

quanto possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fracasso ou sucesso. Nesse ponto, é preciso enfatizar que o<br />

esperado é o melhor que o examinando é capaz <strong>de</strong> apresentar, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do<br />

número <strong>de</strong> erros ou acertos. Promover a diminuição da ansieda<strong>de</strong> quanto ao resultado,<br />

po<strong>de</strong> aumentar a autoconfiança e a motivação do examinando, trazendo como<br />

benefício um teste bem executado.<br />

Manutenção do mesmo examinador - no caso <strong>de</strong> reaplicação <strong>de</strong> um teste é pru<strong>de</strong>nte<br />

que este seja efetuado pelo mesmo examinador. Esta condição diminui o nível <strong>de</strong><br />

ansieda<strong>de</strong> do examinando.<br />

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1.3 ANÁLISE DOS DADOS: O valor objetivo do teste, isto é, a pontuação, <strong>de</strong>ve ser<br />

consi<strong>de</strong>rado indicador do problema abordado e não como um valor absoluto. Quando<br />

avaliamos os resultados em termos <strong>de</strong> pontuações, é preciso ter em mente que esse<br />

valor apenas uma expressão numérica <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado comportamento. A avaliação<br />

quantitativa <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rada um instrumento auxiliar na formação <strong>de</strong> uma visão<br />

globalizada e integrada <strong>de</strong> certa esfera do comportamento, complementando e<br />

proporcionando possíveis ajustes, distorções e interpretações <strong>de</strong> uma avaliação<br />

unicamente qualitativa.<br />

1.4 DEVOLUÇÃO DOS RESULTADOS: A <strong>de</strong>volução dos resultados <strong>de</strong>ve ser<br />

feita pelo mesmo examinador, ou profissional qualificado e autorizado para esta<br />

tarefa. Esta é uma fase <strong>de</strong>licada e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância no fechamento da<br />

Avaliação Cognitiva.<br />

Quando se fornece ao indivíduo o resultado <strong>de</strong> um teste psicológico é<br />

preciso estar atento à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos para aconselhamento, caso ocorram<br />

distúrbios emocionais com o conhecimento do resultado. Mesmo quando o teste é<br />

aplicado com exatidão, corrigido e interpretado a<strong>de</strong>quadamente, o conhecimento <strong>de</strong><br />

um resultado não satisfatório, transmitido <strong>de</strong> maneira ina<strong>de</strong>quada, po<strong>de</strong> ser<br />

prejudicial à auto-estima do indivíduo.<br />

2. AVALIAÇÃO COGNITIVA DE PACIENTES DEPENDENTES DE<br />

DROGAS, INCLUSIVE ÁLCOOL, NO PROJETO DE AVALIAÇÃO DA<br />

EFETIVIDADE DA INTERVENÇÃO BREVE.<br />

Como já referido, a preservação das funções cognitivas é um fator<br />

essencial para a participação num tratamento cujo mo<strong>de</strong>lo conceitual seja <strong>de</strong><br />

orientação cognitiva e comportamental, como é a proposta da Intervenção Breve<br />

(Sanchez-Craig e col, 1984).<br />

Essa técnica, <strong>de</strong>senvolvida no Addiction Research Foundation<br />

(Ontário, Canadá), visa levar o paciente a perceber que existem maneiras diferentes<br />

<strong>de</strong> enfrentar o problema do uso <strong>de</strong> drogas, e a partir disso, torná-lo capaz <strong>de</strong><br />

redimensionar sua experiência, em relação a droga (Sanchez-Craig e col., 1990).<br />

A efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta técnica começou a ser estudada no Brasil em<br />

outubro <strong>de</strong> 1988 no Centro <strong>de</strong> Pesquisa em Psicobiologia Clínica da Escola Paulista<br />

<strong>de</strong> Medicina, no projeto: "Efetivida<strong>de</strong> da Técnica <strong>de</strong> Intervenção Breve no tratamento<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> álcool e outras drogas".<br />

A avaliação cognitiva, neste projeto, teve como objetivo principal à<br />

investigação do nível geral <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> intelectual dos pacientes. Eram consi<strong>de</strong>rados<br />

elegíveis, aqueles pacientes que já haviam sido entrevistados pela equipe <strong>de</strong> triagem,<br />

e preenchido os requisitos mínimos exigidos para admissão no programa. (Detalhes<br />

no capítulo 2).<br />

Nesta linha <strong>de</strong> trabalho, o <strong>de</strong>safio foi formular um programa <strong>de</strong><br />

avaliação cognitiva que pu<strong>de</strong>sse ser abrangente o suficiente para avaliar se o paciente<br />

estava apto cognitivamente para acompanhar a proposta terapeuta da técnica <strong>de</strong><br />

Intervenção Breve.<br />

De acordo com os principais objetivos do programa, a i<strong>de</strong>ntificação<br />

<strong>de</strong> situações <strong>de</strong> risco e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> estratégias para lidar a<strong>de</strong>quadamente<br />

com estas situações compunham o "pilar" fundamental da técnica. A partir <strong>de</strong>sta<br />

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idéia, passamos a traçar o perfil das habilida<strong>de</strong>s cognitivas necessárias neste<br />

processo. Em função disso, consi<strong>de</strong>ramos <strong>de</strong> fundamental importância à integrida<strong>de</strong><br />

das seguintes funções: organização do pensamento; capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compreensão;<br />

elaboração e integração da informação; percepção e discriminação <strong>de</strong> estímulos<br />

(reconhecimento do todo e suas partes); abstração; memória e aprendizagem.<br />

Traçado o perfil das funções, a seleção dos testes foi realizada<br />

levando-se em consi<strong>de</strong>ração a meta estabelecida para a avaliação, os testes utilizados<br />

no projeto original cana<strong>de</strong>nse e alguns aspectos relativos à padronização e validação<br />

dos testes existentes. Nesse sentido, cabe registrar que existe muito a ser feito quanto<br />

à padronização e validação <strong>de</strong> testes no Brasil, para atingirmos um nível <strong>de</strong><br />

suficiência em testes psicológicos.<br />

Selecionamos testes e alguns subtestes das seguintes baterias:<br />

Raven - Matrizes Progressivas (Escala Avançada) (Campos, 1952); CIA - Forma I<br />

(adaptação da Wechsler Adult Intelligence Scale - Wais), com os testes: Or<strong>de</strong>nação<br />

<strong>de</strong> Figuras, Mosaico, Código, Completar Figuras e Bateria CEPA (testes <strong>de</strong> aptidões<br />

específicas) aptidão mnemúnica - fator M (Memória Visual) ( Rainho, 1962).<br />

Optamos pela seleção <strong>de</strong> testes não verbais, por serem menos sujeitos a influências<br />

culturais e a problemas <strong>de</strong> tradução.<br />

2.1 DESCRIÇÃO SUMÁRIA DOS TESTES PSICOLÓGICOS<br />

RAVEN - Matrizes Progressivas (Escala Avançada)- Este é um teste <strong>de</strong> múltipla<br />

escolha, <strong>de</strong>senvolvido na Inglaterra. É indicado para avaliar habilida<strong>de</strong> geral, tendo<br />

<strong>de</strong>monstrado sensibilida<strong>de</strong> para <strong>de</strong>tectar comprometimento do raciocínio e percepção<br />

visual. Alguns estudos indicam que o <strong>de</strong>sempenho nesse teste não sofre influências<br />

da linguagem, do nível educacional ou sucesso acadêmico, sendo o resultado da<br />

prova in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> aquisições culturais (Colonna e Faglioni, 1966).<br />

Foi utilizadas apenas a forma reduzida do teste - série I com 12 tens,<br />

o que permitiu sua aplicação em 10 minutos.<br />

Todo o processo intelectual requerido pelas séries A,B,C,D e das<br />

Matrizes Progressivas Escala Geral, po<strong>de</strong> ser obtido nesta escala reduzida. Este teste<br />

é composto <strong>de</strong> uma "apostila" com 12 conjuntos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhos geométricos. Cada<br />

exercício consiste em completar a figura principal escolhendo para isso um dos oito<br />

itens disponíveis, sendo somente um <strong>de</strong>les o correspon<strong>de</strong>nte à forma correta. Esse<br />

teste possui uma or<strong>de</strong>m crescente <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vendo ser executado nesta or<strong>de</strong>m.<br />

Bateria CIA - Essa Bateria é uma adaptação da Escala <strong>de</strong> Inteligência para Adultos,<br />

da Wechsler - Bellevue Wais (Moraes, R. e col, 1962).<br />

Foram utilizados quatro subtestes <strong>de</strong>sta bateria:<br />

Código - Uma adaptação do "Digit Symbol" (Wais), este é um teste <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho<br />

psicomotor, on<strong>de</strong> são avaliadas as atenções concentradas, a capacida<strong>de</strong> associativa, a<br />

resposta <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação visomotora e <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>.<br />

Estudos <strong>de</strong>monstram que o <strong>de</strong>sempenho neste teste in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

aspectos intelectuais, memória e aprendizagem (Erber e col, 1981; Glosser e col,<br />

1977). Po<strong>de</strong>m-se encontrar baixas pontuações em alcoolistas, pela diminuição da<br />

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velocida<strong>de</strong> na tarefa, <strong>de</strong>vido a um <strong>de</strong>sempenho psicomotor prejudicado.<br />

A tarefa consiste em emparelhar símbolos a números, num total <strong>de</strong><br />

nove dígitos (1-9). Como treino temos uma chave com números e dígitos<br />

correspon<strong>de</strong>ntes, e a seguir o sujeito <strong>de</strong>ver preencher os 67 espaços em branco com<br />

os dígitos correspon<strong>de</strong>ntes a cada número, sendo que esta tarefa <strong>de</strong>verá ser executada<br />

no máximo em noventa segundos.<br />

Mosaico - Este teste avalia o nível <strong>de</strong> conceito viso-espacial, o processo <strong>de</strong><br />

pensamento, o temperamento e as atitu<strong>de</strong>s em relação a si mesmo. A maneira <strong>de</strong><br />

resolução infere uma forma <strong>de</strong> "gestalt" ou unificação do conceito. O sujeito utiliza<br />

na solução dos problemas atitu<strong>de</strong>s que po<strong>de</strong>m revelar características auto<strong>de</strong>preciatórias,<br />

<strong>de</strong> auto-estima, <strong>de</strong> ajuda ou <strong>de</strong> rejeição da tarefa, fornecendo um<br />

indicativo <strong>de</strong> como é sua dinâmica <strong>de</strong> comportamento. Este teste se assemelha aos<br />

"cubos <strong>de</strong> Kohs", on<strong>de</strong> sete <strong>de</strong>senhos em or<strong>de</strong>m crescente <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong>verão ser<br />

reproduzidos a partir <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo. A tarefa do teste Mosaico consiste em dividir<br />

mentalmente o <strong>de</strong>senho em partes e reagrupá-las no espaço em branco<br />

correspon<strong>de</strong>nte. O teste é composto por <strong>de</strong>z exercícios sendo três <strong>de</strong>les <strong>de</strong>stinados ao<br />

treinamento prévio. O tempo <strong>de</strong> realização é <strong>de</strong> quatro minutos.<br />

Or<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Figuras - Um resultado comprometido neste teste po<strong>de</strong> indicar<br />

distorções da percepção, confusão <strong>de</strong> conceitos e julgamento, ou problemas <strong>de</strong><br />

raciocínio. Além <strong>de</strong>sses aspectos, o teste avalia a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> síntese, análise e<br />

apreensão <strong>de</strong> uma situação como um todo, através da observação analítica dos<br />

elementos que a compõem. A organização do pensamento nesta tarefa envolve o<br />

estabelecimento <strong>de</strong> priorida<strong>de</strong>s entre diferentes eventos e sua or<strong>de</strong>nação. O teste é<br />

composto por nove histórias. Cada história fragmentada em três ou quatro quadros<br />

apresentados <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada. A tarefa compreen<strong>de</strong> a or<strong>de</strong>nação <strong>de</strong>sses<br />

quadros numa seqüência lógica, através da or<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> figuras. O tempo <strong>de</strong><br />

execução <strong>de</strong> seis minutos.<br />

Completar Figuras - É um teste <strong>de</strong> reconhecimento visual, <strong>de</strong> raciocínio e <strong>de</strong><br />

julgamento, solicitando para sua execução memória e informação geral. Este teste<br />

consiste na apresentação <strong>de</strong> <strong>de</strong>zesseis figuras incompletas <strong>de</strong> feições humanas,<br />

objetos ou cenas familiares. A tarefa consiste em i<strong>de</strong>ntificar, que parte da figura está<br />

faltando, sendo o tempo <strong>de</strong> execução total <strong>de</strong> quatro minutos.<br />

Bateria CEPA<br />

Selecionou-se <strong>de</strong>sta bateria o teste <strong>de</strong> Memória Visual, que avalia<br />

aspectos da Memória <strong>de</strong> curto prazo. Nosso objetivo, foi verificar se havia algum<br />

comprometimento neste tipo <strong>de</strong> memória. O teste consta <strong>de</strong> 30 cartões apresentados<br />

ao examinando com um tempo <strong>de</strong> dois segundos para cada cartão. Após o término <strong>de</strong><br />

apresentação <strong>de</strong> todos os cartões, é solicitado que o sujeito escreva em uma folha <strong>de</strong><br />

papel todas as figuras que conseguir lembrar, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da or<strong>de</strong>m em que foram<br />

apresentadas, tendo <strong>de</strong>z minutos para a execução da tarefa.<br />

2.2 PROCEDIMENTO<br />

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Para a correção dos testes seguiram-se as normas <strong>de</strong> padronização<br />

dos manuais, Raven, Bateria CIA e Bateria CEPA.<br />

O tempo total <strong>de</strong> aplicação da Bateria <strong>de</strong> testes foi <strong>de</strong><br />

aproximadamente sessenta minutos.<br />

Foram consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong>ntro da média, os seguintes resultados:<br />

1. RAVEN - escores <strong>de</strong> 6-10<br />

2. CIA (Completar Figuras, Código, Mosaico e Or<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Figuras )<br />

<strong>de</strong>sempenho resultante na faixa <strong>de</strong> QI <strong>de</strong> 85 a 115.<br />

3. Bateria CEPA (Memória Visual) resultados entre 40 e 60 percentuais.<br />

Os resultados com valores inferiores ou superiores aos citados acima<br />

para cada teste, foram consi<strong>de</strong>rados abaixo e acima da média, respectivamente.<br />

A avaliação cognitiva foi aplicada, pela primeira vez, antes da<br />

alocação dos pacientes para os grupos <strong>de</strong> Intervenção Breve e Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo,<br />

por ocasião da entrevista inicial <strong>de</strong> seleção <strong>de</strong> pacientes. (Detalhes no capítulo 2)<br />

Esta avaliação foi repetida por ocasião do primeiro seguimento<br />

<strong>de</strong>sses pacientes, <strong>de</strong>z meses após a primeira aplicação dos testes.<br />

2.3 RESULTADOS<br />

Apresentaremos a seguir, os resultados obtidos por 72 pacientes que<br />

fizeram os testes na triagem e no primeiro seguimento, sendo que <strong>de</strong>stes, 38 foram<br />

tratados pela técnica <strong>de</strong> Intervenção Breve e 34 pela <strong>de</strong> Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo.<br />

A tabela 4.1 caracteriza as duas amostras (Intervenção Breve e<br />

Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo) quanto à classificação obtida em relação aos seis testes<br />

aplicados, por ocasião da triagem.<br />

TABELA 1<br />

DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DOS PACIENTES POR OCASIÃO DA<br />

ENTREVISTA INICIAL NOS GRUPOS DE INTERVENÇÃO BREVE (IB) E<br />

PSICOTERAPIA DE GRUPO (PG).<br />

Intervenção Breve (%) Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo (%)<br />

Teste<br />

Abaixo Na Faixa Acima Abaixo Na Faixa Acima<br />

Média Média Média Média Média Média<br />

Raven 15,7 73,6 10,5 29,4 58,8 11,7<br />

Completar -- 44,7 55,2 2,9 58,8 38,2<br />

Figuras<br />

Código -- 47,3 52,6 -- 47,0 52,9<br />

Mosaíco -- 47,3 52,6 -- 58,8 41,1<br />

Or<strong>de</strong>nação 2,6 50,0 47,3 2,95 5,8 41,1<br />

Figuras<br />

Memória 26,3 42,1 34,2 20,5 47,0 32,3<br />

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Visual<br />

Conforme observamos, não houve nenhuma diferença entre os dois<br />

grupos, sendo que o <strong>de</strong>sempenho da maior parte dos pacientes encontra-se <strong>de</strong>ntro ou<br />

acima da média, em todos os testes aplicados. Provavelmente, isto se explica pelo<br />

fato <strong>de</strong> que somente os pacientes já selecionados pela equipe <strong>de</strong> entrevista inicial<br />

eram encaminhados para avaliação cognitiva.<br />

Havia, portanto uma pré-seleção no encaminhamento dos pacientes a<br />

serem avaliados, os que também justifica a homogeneida<strong>de</strong> da amostra no início do<br />

tratamento.<br />

As tabelas 4.2 e 4.3 mostram a comparação dos resultados obtidos<br />

para os dois grupos, na primeira avaliação e no primeiro segmento (reavaliação).<br />

TABELA 2<br />

ESCORES MÉDIOS ATINGIDOS NOS TESTES PSICOLÓGICOS PELO<br />

GRUPO DE INTERVENÇÃO BREVE NO ÍNICIO<br />

DO TRATAMENTO E NO SEGUIMENTO DE 10 MESES<br />

Ocasião<br />

Testes<br />

Raven Completar Código Mosaico Or<strong>de</strong>nação Memória<br />

De figura Figuras Visual<br />

1º<br />

Avaliação<br />

Seguimento<br />

<strong>de</strong><br />

10 meses<br />

8±2<br />

8±2<br />

12±2<br />

12±3<br />

48±10<br />

47±13<br />

38±10<br />

42±12*<br />

5±2<br />

6±2*<br />

16±3<br />

17±4<br />

* Difere <strong>de</strong> 1º avaliação p


Testes<br />

Ocasião<br />

Raven Completar Código Mosaíco Or<strong>de</strong>nação Memória<br />

Figuras <strong>de</strong> figuras Visual<br />

1ºAvaliação<br />

Seguimento<br />

De<br />

10 meses<br />

7±3<br />

7±3<br />

10±3<br />

11±2*<br />

45±13<br />

48±15<br />

35±11<br />

39±11*<br />

* Difere da 1º avaliação p< 0,05 (teste “t” <strong>de</strong> Stu<strong>de</strong>nt para amostras <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes).<br />

2.4 DISCUSSÃO<br />

5±2<br />

5±2<br />

16±3<br />

17±4<br />

Pelos resultados obtidos po<strong>de</strong>-se concluir que os testes Mosaicos,<br />

Completar Figuras e Or<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Figuras mostraram maior sensibilida<strong>de</strong> a<br />

mudanças que os <strong>de</strong>mais testes utilizados nessa amostra.<br />

Esses testes representam a soma <strong>de</strong> funções como processos e<br />

organização do pensamento, planejamento, análise e solução <strong>de</strong> problemas, funções<br />

estas necessárias na instalação <strong>de</strong> novos hábitos <strong>de</strong> comportamentos, principalmente<br />

em abordagens <strong>de</strong> caráter cognitivo.<br />

Inicialmente, nossa hipótese foi <strong>de</strong> que as mudanças<br />

(estatisticamente significativas) verificadas após <strong>de</strong>z meses <strong>de</strong> tratamento po<strong>de</strong>riam<br />

estar diretamente relacionadas com o sucesso (ver critério <strong>de</strong> sucesso no capítulo 8)<br />

ou com a a<strong>de</strong>rência ao tratamento. No entanto, não obtivemos na análise estatística a<br />

comprovação <strong>de</strong>sta hipótese. Aplicados os testes <strong>de</strong> Correlação <strong>de</strong> Spearman e<br />

Pearson no encontramos relação significante entre o sucesso ou a<strong>de</strong>rência ao<br />

tratamento e as alterações observadas nos testes após <strong>de</strong>z meses <strong>de</strong> tratamento.<br />

Esses resultados, porém se referem somente à avaliação no primeiro<br />

seguimento realizado.<br />

Consi<strong>de</strong>ramos que seria a<strong>de</strong>quada uma reavaliação no segundo<br />

seguimento (vinte meses) no sentido <strong>de</strong> investigar a replicabilida<strong>de</strong> dos resultados<br />

aqui apresentados. No entanto, este procedimento foi inviabilizado <strong>de</strong>vido à não<br />

disponibilida<strong>de</strong> da maioria dos pacientes (55%) em repetir a avaliação cognitiva por<br />

ocasião do segundo seguimento.<br />

A ocorrência <strong>de</strong>ssa reavaliação po<strong>de</strong>ria excluir a possibilida<strong>de</strong> das<br />

diferenças observadas nos resultados do primeiro seguimento serem <strong>de</strong>vidas ao acaso.<br />

Um outro fator a ser consi<strong>de</strong>rado, refere-se aos aspectos<br />

metodológicos. A população estudada foi selecionada segundo critérios <strong>de</strong> inclusão<br />

da Avaliação Inicial (vi<strong>de</strong> capítulo 2) sendo que <strong>de</strong>ssa forma já havia uma amostra<br />

pré-selecionada encaminhada para Avaliação Cognitiva. Portanto, esses pacientes<br />

tinham um perfil comum quanto às características exigidas para inclusão no projeto.<br />

O nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta amostra (72 pacientes) foi assim distribuído: curso<br />

superior - 58%, 2 grau - 29%, 1 grau - 13%.<br />

Além disso, pacientes com distúrbios cognitivos evi<strong>de</strong>ntes à<br />

avaliação clínica eram excluídos, não sendo submetidos à avaliação cognitiva por<br />

testes.<br />

Acreditamos que estes aspectos tenham contribuído para a<br />

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homogeneida<strong>de</strong> da amostra, conforme apresentamos na Tabela 4.1 e que estes fatos<br />

tenham influenciado os resultados obtidos no primeiro seguimento.<br />

Como gran<strong>de</strong> parte dos pacientes apresentaram resultados na média<br />

ou acima <strong>de</strong>sta, qualquer mudança para melhor dificilmente seria <strong>de</strong>tectada (efeito<br />

"teto").<br />

No Brasil a experiência <strong>de</strong> Avaliação Cognitiva para <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong><br />

drogas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> pesquisa para avaliação <strong>de</strong> um tratamento, é ainda<br />

pioneira.<br />

Existem vários trabalhos <strong>de</strong> avaliação cognitiva apontando<br />

comprometimento <strong>de</strong> várias funções importantes do intelecto principalmente em<br />

relação ao uso <strong>de</strong> álcool crônico.<br />

Porém gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>stes trabalhos tem por objetivo a <strong>de</strong>tecção "a<br />

priori" da disfunção. As amostras normalmente são compostas por pacientes que<br />

procuram internação com diagnóstico <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência severa e comprometimentos<br />

clínicos, <strong>de</strong>vidos ao uso crônico <strong>de</strong> etílicos. Nossa proposta seguiu um caminho<br />

diferente <strong>de</strong>ste.<br />

Neste projeto o principal objetivo da Avaliação Cognitiva foi<br />

garantir o não comprometimento das funções cognitivas, pois esse era um requisito<br />

importante para a aplicação da técnica <strong>de</strong> Intervenção Breve, cuja efetivida<strong>de</strong> estava<br />

em estudo neste projeto.<br />

Através dos aspectos abordados, portanto, procuramos ressaltar os<br />

problemas e sutilezas dos testes psicológicos. Enfatizou-se a importância <strong>de</strong> um<br />

esquema <strong>de</strong> trabalho bem elaborado, da relação examinadora - examinando e dos<br />

aspectos <strong>de</strong> uma interação bem estruturada, além <strong>de</strong> acentuar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma<br />

visão global no processo <strong>de</strong> avaliação psicológica.<br />

No entanto, para o cumprimento <strong>de</strong>ssas etapas é fundamental que o<br />

respeito pelo paciente submetido à Avaliação Cognitiva seja preservado.<br />

Nesse sentido, o objetivo <strong>de</strong> uma avaliação psicológica <strong>de</strong>ve ser o <strong>de</strong><br />

procurar sempre promover condições para que ocorra o melhor <strong>de</strong>sempenho que o<br />

indivíduo seja capaz <strong>de</strong> produzir.<br />

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

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Pedagógicas e Universitárias Ltda; (3 edio),<br />

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hemisphere-damaged patéients on spatial<br />

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Intelectual sub-Clínica em alcoólatras crônicos:<br />

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Teste coletivo <strong>de</strong> inteligência para adultos-Forma I<br />

CEPA - Centro Editor <strong>de</strong> Psicologia Aplicada Ltda.,<br />

1962.<br />

10.Rainho, O. Bateria CEPA - Testes <strong>de</strong> aptidões.<br />

Específicas. CEPA - Centro Editor <strong>de</strong> Psicologia<br />

Aplicada Ltda., 1962.<br />

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J. of Consult and Clinical Psychology , 52 , 3, 390-<br />

403, 1984.<br />

12.Sanchez-Craig, M. Brief didatic treatment for alcohol<br />

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client choice. Brit. J. Addict. , 85, 169-177, 1990.<br />

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CAPÍTULO 5<br />

INTERVENÇÃO BREVE<br />

BEATRICE GUARAGNA NEUMANN<br />

____________________________________________________________________<br />

AGRADECIMENTOS: equipe original <strong>de</strong> terapeutas, Drs. Wladimir Kireeff, <strong>Maria</strong><br />

José Pires e Solange Rios Salomão, pela importante colaboração na elaboração do<br />

protocolo inicial do programa <strong>de</strong> tratamento, apresentado neste capítulo.<br />

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ÍNDICE<br />

________________________________________________________<br />

INTRODUÇÃO 81<br />

1. PROGRAMA DE TRATAMENTO 83<br />

2. FASE DE AQUISIÇÃO 84<br />

2.1 Seqüência <strong>de</strong> procedimentos da 1 sessão 84<br />

2.1.1 Feedback da Avaliação Inicial 84<br />

2.1.2 Orientação para o tratamento 85<br />

2.1.3 I<strong>de</strong>ntificação das situações <strong>de</strong> risco<br />

E funções 86<br />

2.1.4 Introdução processo <strong>de</strong> Automonitorização-<br />

87<br />

2.1.5 Solicitação <strong>de</strong> um período inicial<br />

De Abstinência (Meta Inicial) 87<br />

2.1.6 I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> auxílios e estará-<br />

Para atingir a meta inicial 87<br />

2.2 Seqüência <strong>de</strong> procedimentos da 2 sessão 89<br />

2.2.1 Especificação <strong>de</strong> meta <strong>de</strong> consumo<br />

Em longo prazo (Meta Final) 89<br />

2.2.2 Regras para consumo mo<strong>de</strong>rado 89<br />

2.2.3 Estratégias para obter do<br />

Consumo mo<strong>de</strong>rado 90<br />

2.2.4 Estratégias para solução <strong>de</strong><br />

Problemas 90<br />

2.2.5 Orientação para solução <strong>de</strong><br />

Problemas 91<br />

2.3 3 sessão - termino da aquisição 91<br />

3. FASE DE MANUTENÇÃO 92<br />

3.1 Procedimentos da fase <strong>de</strong> Manutenção 92<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 93<br />

ANEXOS 94<br />

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INTRODUÇÃO<br />

As intervenções breves para a abordagem do abuso <strong>de</strong> drogas têm<br />

<strong>de</strong>spertado um gran<strong>de</strong> interesse em clínicos e pesquisadores em todo o mundo. Esse<br />

interesse não reflete, no entanto, uma aceitação geral, uma vez que essa abordagem<br />

representa uma inovação ainda bastante recente neste campo, principalmente em<br />

nosso meio. Em função disso, na última década, profissionais <strong>de</strong> diferentes<br />

formações (médicos, psiquiatras, enfermeiras, psicólogos e assistentes sociais) têm<br />

estado envolvidos em estudos <strong>de</strong>stinados a avaliar a efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> variadas formas <strong>de</strong><br />

intervenções breves, particularmente aquelas que envolvem esforços <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação<br />

precoce dos casos. Alguns fatores explicam o crescente interesse por estas formas <strong>de</strong><br />

Intervenção breve. O primeiro <strong>de</strong>les é o refinamento dos métodos <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong><br />

efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratamentos, que tem <strong>de</strong>monstrado persistentemente que não há uma<br />

superiorida<strong>de</strong> nos resultados obtidos com tratamentos intensivos, quando comparados<br />

com abordagens mais breves.<br />

Estes achados levam a um segundo ponto, que é a escassez <strong>de</strong><br />

recursos materiais dos sistemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, especialmente os <strong>de</strong> países <strong>de</strong> Terceiro<br />

Mundo. Existe atualmente uma pressão para que se avalie o custo <strong>de</strong> um tratamento,<br />

os quais <strong>de</strong>vem ser justificados pelo benefício que trazem. Em suma, os resultados<br />

dos estudos da relação custo/benefício dos tratamentos mais intensivos justificam a<br />

procura <strong>de</strong> novas formas <strong>de</strong> tratamento, menos custosas e mais efetivas, como as<br />

intervenções breves.<br />

De maneira genérica, as intervenções breves po<strong>de</strong>m ser classificadas<br />

em dois grupos principais: simples aconselhamento e tratamento breve.<br />

O simples aconselhamento envolve a prescrição da abstinência ou da<br />

redução do consumo, sem a instrução <strong>de</strong> regras ou diretrizes para se alcançar esses<br />

objetivos. As razões para se fazer esta prescrição po<strong>de</strong>m ser médicas ou a presença <strong>de</strong><br />

problemas em outras áreas. O aconselhamento parece ser mais empregado naquelas<br />

situações em que pessoas não gravemente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes são i<strong>de</strong>ntificadas através <strong>de</strong><br />

exames médicos ou "screenings" por outras razões que não o uso da droga. No<br />

entanto, quando as pessoas procuram tratamento, mais do que simples<br />

aconselhamento po<strong>de</strong> ser indicado, já que há uma expectativa e uma avaliação por<br />

parte do paciente sobre a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma ajuda maior.<br />

Seguindo este raciocínio, para pessoas no gravemente<br />

comprometidas que procuram ajuda, um tratamento breve po<strong>de</strong> ser um recurso inicial<br />

bastante apropriado.<br />

O tratamento breve envolve procedimentos <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> métodos <strong>de</strong><br />

autocontrole para atingir os objetivos <strong>de</strong> abstinência ou <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>ração. Em geral, são<br />

usados recursos como material impresso para que se possa reduzir o envolvimento do<br />

terapeuta e o tempo <strong>de</strong> tratamento. Métodos <strong>de</strong> autocontrole comumente envolvem<br />

alguns procedimentos como estabelecimento <strong>de</strong> metas, automonitorização do<br />

consumo, i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> situações <strong>de</strong> risco e instruções para evitar situações <strong>de</strong><br />

consumo excessivo. Até o presente, não existem dados que indiquem qual grau <strong>de</strong><br />

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<strong>de</strong>pendência contra-indica o emprego <strong>de</strong> um tratamento breve, ou mesmo se o grau <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>pendência é uma variável importante a se consi<strong>de</strong>rar. Muitos esforços <strong>de</strong><br />

investigação têm se concentrado na obtenção das características da clientela que mais<br />

se beneficia com intervenções breves.<br />

Este projeto foi planejado para se avaliar numa amostra brasileira, a<br />

efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma forma <strong>de</strong> tratamento breve criada no Addiction Research<br />

Foundation, da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Toronto, no Canadá. Esta forma <strong>de</strong> tratamento -<br />

<strong>de</strong>nominada Intervenção Breve - <strong>de</strong>senvolveu-se através <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> pesquisa<br />

iniciado pela Dra. Martha Sanchez-Craig e que vem evoluindo com a colaboração <strong>de</strong><br />

outros pesquisadores por quase duas décadas. A abordagem geral foi profundamente<br />

influenciada pelo treinamento <strong>de</strong> sua i<strong>de</strong>alizadora nas disciplinas <strong>de</strong> filosofia e<br />

psicologia, principalmente <strong>de</strong> base cognitivo-comportamental. Os procedimentos<br />

foram moldados através do trabalho com pacientes <strong>de</strong> diferentes características, com<br />

todos os graus <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência ao álcool e para os quais as metas <strong>de</strong> tratamento<br />

podiam ser abstinência ou mo<strong>de</strong>ração. Embora o programa <strong>de</strong> tratamento tenha sido<br />

<strong>de</strong>senvolvido originalmente a partir da experiência com pacientes <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong><br />

álcool, seus princípios e procedimentos foram facilmente adaptados a pessoas com<br />

problemas resultantes do uso <strong>de</strong> outras drogas. Esta adaptação foi realizada pelo<br />

Doutor Adrian Wilkinson, também pesquisador do Addiction Research Foundation.<br />

Para a implantação <strong>de</strong>ste projeto <strong>de</strong> avaliação da efetivida<strong>de</strong> da<br />

Intervenção Breve no Brasil, a equipe encarregada <strong>de</strong> aplicar a técnica foi treinada<br />

pelos dois pesquisadores cana<strong>de</strong>nses, que colaboraram na elaboração do protocolo <strong>de</strong><br />

procedimentos que ser <strong>de</strong>scrito a seguir neste capítulo.<br />

A equipe <strong>de</strong> terapeutas foi composta por quatro pessoas <strong>de</strong> diferentes<br />

formações: uma psicóloga, uma médica-psiquiatra, um acadêmico <strong>de</strong> 6 o ano <strong>de</strong><br />

medicina e uma ortopedista. Esta variabilida<strong>de</strong> foi escolhida propositadamente para<br />

que se pu<strong>de</strong>sse testar a hipótese <strong>de</strong> que a Intervenção Breve po<strong>de</strong>ria ser aplicada por<br />

profissionais nos médicos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que tivessem conhecimento dos efeitos das drogas<br />

(noções básicas <strong>de</strong> psicofarmacologia) e um treinamento breve na técnica.<br />

Este capítulo <strong>de</strong>screve o programa <strong>de</strong> tratamento, tal como ele foi<br />

aplicado nessa amostra <strong>de</strong> pacientes. O capítulo final <strong>de</strong>ste livro apresenta uma<br />

avaliação geral <strong>de</strong>sta experiência inicial com a técnica <strong>de</strong> Intervenção Breve no Brasil<br />

e discute possíveis adaptações a serem feitas na técnica para um melhor ajuste às<br />

necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> nossa realida<strong>de</strong>.<br />

1. PROGRAMA DE TRATAMENTO<br />

OBJETIVOS: O programa é focado no comportamento <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> drogas e/ou<br />

álcool e procura cumprir três objetivos principais:<br />

1. que o paciente aprenda a <strong>de</strong>senvolver o hábito <strong>de</strong> observar objetivamente seu<br />

comportamento, o contexto, emoções e cognições associados ao consumo.<br />

2. que o paciente aprenda a reconhecer as situações on<strong>de</strong> o consumo ten<strong>de</strong> a ocorrer -<br />

as situações <strong>de</strong> risco - e as funções que são atribuídas à droga nessas situações.<br />

3. que o paciente aprenda a <strong>de</strong>senvolver novas maneiras <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r a essas<br />

situações, <strong>de</strong> modo que o papel da droga venha a ser redimensionado.<br />

PROCEDIMENTOS: São adotados procedimentos específicos para se atingir este<br />

aprendizado. Estes procedimentos seguem uma or<strong>de</strong>m lógica <strong>de</strong>ntro do programa,<br />

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que se <strong>de</strong>senvolve em duas fases: fase <strong>de</strong> aquisição e fase <strong>de</strong> manutenção.<br />

2. FASE DE AQUISIÇÃO<br />

OBJETIVO: A ênfase <strong>de</strong>sta fase é colocada no aprendizado <strong>de</strong> aptidões que<br />

ajudarão o paciente a ficar abstinente ou a limitar o consumo <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um<br />

<strong>de</strong>terminado padrão. O paciente apren<strong>de</strong> a testar a meta selecionada e a <strong>de</strong>senvolver<br />

estratégias específicas para enfrentar os problemas que po<strong>de</strong>m interferir com a<br />

aquisição e a manutenção do padrão <strong>de</strong> consumo estabelecido.<br />

DURAÇÃO: Esta fase <strong>de</strong>senvolvida em três sessões, separadas por um intervalo <strong>de</strong><br />

15 dias entre a primeira e a segunda e um intervalo <strong>de</strong> um mês entre a Segunda e a<br />

terceira. São oferecido sessões opcionais entre essas três, previamente agendadas,<br />

caso o paciente ou o terapeuta julgue necessário.<br />

2.1 SEQUÊNCIA DE PROCEDIMENTOS DA PRIMEIRA SESSÃO DE<br />

AQUISIÇÃO<br />

Os seguintes passos <strong>de</strong>vem ser cumpridos na primeira sessão. Eles<br />

caracterizam a estrutura básica do programa e serão repetidos e reforçados nas<br />

sessões subseqüentes.<br />

2.1.1 Feedback da avaliação inicial<br />

2.1.2 Orientação para o tratamento<br />

- filosofia e teoria<br />

- atributos do programa: brevida<strong>de</strong> e flexibilida<strong>de</strong><br />

- contrato: priorida<strong>de</strong>, cumprimento <strong>de</strong> tarefas, sigilo<br />

2.1.3 I<strong>de</strong>ntificação das situações <strong>de</strong> riscos e funções<br />

2.1.4 Introdução ao processo <strong>de</strong> automonitorização do consumo<br />

2.1.5 Solicitação <strong>de</strong> um período inicial <strong>de</strong> abstinência (META INICIAL)<br />

2.1.6 I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> auxílios e estratégias para atingir a meta inicial<br />

2.1.1 FEED-BACK DA AVALIAÇÃO INICIAL:<br />

Os resultados mais relevantes obtidos no processo <strong>de</strong> avaliação<br />

inicial (entrevista inicial, avaliação cognitiva e avaliação laboratorial) estão contidos<br />

<strong>de</strong> maneira resumida no SUMÁRIO DE AVALIAÇÃO (anexo 1). Estes resultados<br />

são comunicados ação paciente para que ele tenha noção exata <strong>de</strong> seu estado e servem<br />

como fortes elementos <strong>de</strong> motivação para o tratamento, além <strong>de</strong> fornecerem<br />

argumentos concretos para a <strong>de</strong>terminação da meta inicial <strong>de</strong> consumo. São<br />

apontados os principais aspectos (alterações enzimáticas, cognitivas, conseqüências<br />

...) que se preten<strong>de</strong> que mu<strong>de</strong>m em conseqüência <strong>de</strong> uma redução significativa do<br />

consumo.<br />

Neste momento, o paciente já é esclarecido <strong>de</strong> que o foco do programa no<br />

comportamento <strong>de</strong> consumo do álcool ou da droga. Com isso se inicia o segundo<br />

passo, que é a orientação para o tratamento.<br />

2.1.2 ORIENTAÇÃO PARA O TRATAMENTO<br />

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A orientação para o tratamento é fundamentada nos preceitos<br />

filosóficos e teóricos que formam a base conceitual da técnica. As idéias<br />

apresentadas são as seguintes:<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista filosófico, o tratamento é baseado em noções<br />

existencialistas da condição humana: assume-se que os pacientes são seres<br />

autônomos, capazes <strong>de</strong> se autogerirem e <strong>de</strong> exercerem controle sobre seus atos e seu<br />

<strong>de</strong>stino, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> seu nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência química. Portanto, a ele é dada a<br />

principal responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolhas e mudanças.<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista teórico, parte-se do princípio <strong>de</strong> que, embora existam<br />

muitas teorias sobre as <strong>de</strong>pendências químicas, nenhuma <strong>de</strong>las foi ainda consagrada<br />

como a verda<strong>de</strong>ira. Nós trabalhamos com o conceito <strong>de</strong> que beber em excesso ou<br />

usar drogas um comportamento aprendido, passível <strong>de</strong> ser remo<strong>de</strong>lado através <strong>de</strong><br />

novo aprendizado. Este um conceito operacional, que <strong>de</strong>ixa espaço para mudanças a<br />

partir do próprio indivíduo.<br />

Ainda, dois atributos do programa são enfatizados: a flexibilida<strong>de</strong>,<br />

em termos <strong>de</strong> escolha <strong>de</strong> metas e <strong>de</strong> horários; e brevida<strong>de</strong>, que se caracteriza pelo<br />

foco no comportamento <strong>de</strong> consumo e pelo reduzido número <strong>de</strong> sessões, o que<br />

permite ao paciente não interromper suas ativida<strong>de</strong>s profissionais e familiares.<br />

A partir <strong>de</strong>ssas colocações, é realizado o contrato <strong>de</strong> tratamento, que<br />

enfatiza os seguintes pontos:<br />

* colocação do tratamento como alta priorida<strong>de</strong><br />

* comparecimento pontual e assíduo às sessões<br />

* comparecimento sóbrio às sessões<br />

* notificação prévia <strong>de</strong> cancelamento do horário marcado<br />

* realização das tarefas solicitadas (por exemplo: automonitorização)<br />

Com a obtenção do consentimento do paciente em trabalhar <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong>ssas condições, passa-se aos procedimentos <strong>de</strong> aprendizado propriamente dito,<br />

on<strong>de</strong> se objetiva ensinar o paciente à auto-observar seu comportamento <strong>de</strong> consumo,<br />

usando conceitos básicos como situações <strong>de</strong> risco e funções (ou razões para o uso<br />

excessivo).<br />

2.1.3 IDENTIFICAÇÃO DAS SITUAÇÕES DE RISCO E FUNÇÕES<br />

As pessoas que têm problemas com álcool/drogas nem sempre fazem<br />

uso <strong>de</strong>les <strong>de</strong> maneira que lhes cause problemas. Por isto é extremamente importante<br />

que o terapeuta obtenha informações sobre as diferentes situações nas quais o uso é<br />

problemático e nas quais o uso não esta associado a problemas. Essa informação é<br />

crucial tanto para formular uma meta <strong>de</strong> consumo a<strong>de</strong>quada como para i<strong>de</strong>ntificar as<br />

situações <strong>de</strong> risco (para as quais o paciente <strong>de</strong>ve apren<strong>de</strong>r estratégias <strong>de</strong><br />

enfrentamento).<br />

As situações <strong>de</strong> risco po<strong>de</strong>m ser colocadas em dois grupos:<br />

* situações em que o consumo trouxe problemas no passado,<br />

* situações que po<strong>de</strong>m surgir quando a pessoa <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> se abster ou reduzir o<br />

consumo<br />

Para i<strong>de</strong>ntificar esses dois tipos <strong>de</strong> situações <strong>de</strong> risco se faz uso <strong>de</strong><br />

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questionários e se consi<strong>de</strong>ra a <strong>de</strong>finição abaixo do que significa problema nas<br />

situações examinadas:<br />

* situações <strong>de</strong> consumo problemático: são aquelas que resultam em<br />

conseqüências negativas em curto prazo (por exemplo: ressaca, problemas em casa ou<br />

no trabalho, comportamento inapropriado). Existem também aquelas situações em<br />

que a pessoa faz um consumo consi<strong>de</strong>rado "<strong>de</strong> risco", sem nenhuma conseqüência<br />

imediata e negativa. No entanto, se o consumo "<strong>de</strong> risco" regular, po<strong>de</strong> vir a trazer<br />

conseqüências negativas a longo prazo (por exemplo: prejuízo na capacida<strong>de</strong> mental<br />

ou doença hepática)<br />

NOTA: consumo "<strong>de</strong> risco" é consi<strong>de</strong>rado para álcool o consumo <strong>de</strong> quatro<br />

doses diárias por um longo período, o que não significa que um consumo menor seja<br />

livre <strong>de</strong> riscos para a saú<strong>de</strong>.<br />

* situações <strong>de</strong> uso não associado a problema : on<strong>de</strong> não se tem<br />

conseqüências negativas a curto prazo. O consumo, mesmo que regular, se mantém<br />

abaixo do nível <strong>de</strong> risco.<br />

O questionário empregado para a <strong>de</strong>tecção das situações <strong>de</strong> risco e<br />

funções é o RAZÕES PARA USO EXCESSIVO (anexo 2). Neste questionário<br />

estão listadas as possíveis razões ou funções que o paciente atribui à droga ou ao<br />

álcool, agrupadas em três categorias fundamentais : para enfrentar, por prazer e por<br />

hábito. O questionário <strong>de</strong>ve ser aplicado junto com o paciente, como um exercício<br />

para que ele entenda o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção e passe a se auto-observar com base<br />

nessas informações.<br />

2.1.4 INTRODUÇÃO AO PROCESSO DE AUTOMONITORIZAÇÃO DO<br />

CONSUMO<br />

A automonitorização significa a observação e o registro sistemático<br />

do comportamento, no caso, do consumo do álcool ou da droga, feita pelo próprio<br />

paciente. Ela permite uma avaliação objetiva da evolução no tratamento. O<br />

cumprimento <strong>de</strong>ste passo é <strong>de</strong> fundamental importância para o êxito do programa, e<br />

constitui uma das tarefas exigidas ao paciente.<br />

A automonitorização é feita através do registro diário das doses<br />

consumidas. Já na primeira sessão se ensina o paciente a usar o CARTÃO DE<br />

AUTOMONITORIZAÇÃO (anexo 3) fazendo uma retrospectiva da última semana<br />

anterior ao início do tratamento. O cartão <strong>de</strong>ve ser usado não só para o registro do<br />

consumo (U) como também para os momentos <strong>de</strong> fissura (F) ou recusa quando<br />

alguém oferece ou pressiona para o consumo (R). É registrada também no CARTÃO<br />

a situação (on<strong>de</strong> e com quem) <strong>de</strong> uso, fissura ou recusa, o que auxilia na <strong>de</strong>tecção das<br />

situações <strong>de</strong> risco.<br />

2.1.5 SOLICITAÇÃO DE UM PERÍODO INICIAL DE ABSTINÊNCIA<br />

Em um programa como este, on<strong>de</strong> a ênfase é colocada na aquisição<br />

<strong>de</strong> aptidões para resolver problemas, um período <strong>de</strong> abstinência inicial é altamente<br />

<strong>de</strong>sejável. A abstinência ou redução importante do consumo nas duas ou três<br />

primeiras semanas <strong>de</strong> tratamento tem dois objetivos principais:<br />

* melhorar as capacida<strong>de</strong>s intelectuais do paciente, que po<strong>de</strong> estar<br />

prejudicada pelo consumo <strong>de</strong> álcool ou da droga;<br />

* proporcionar uma oportunida<strong>de</strong> para observar e i<strong>de</strong>ntificar as estratégias<br />

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que o paciente já usa espontaneamente para enfrentar suas tentações ou as pressões <strong>de</strong><br />

outros para consumir excessivamente.<br />

Explicar ao paciente que a meta <strong>de</strong> abstinência ou mo<strong>de</strong>ração po<strong>de</strong><br />

ser alcançada por várias maneiras:<br />

1 - reduzindo o consumo gradualmente até que se atinja o padrão <strong>de</strong>sejado<br />

2 - começando com um regime <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>ração já <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início;<br />

3 - adotando um regime <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>ração após um curto período <strong>de</strong> abstinência.<br />

A terceira alternativa é a mais recomendada e <strong>de</strong>ve ser tentada a não<br />

ser que surjam dificulda<strong>de</strong>s como :<br />

* receio <strong>de</strong> que apareçam sinais <strong>de</strong> síndrome <strong>de</strong> abstinência (mais provável<br />

em pacientes que fazem uso excessivo <strong>de</strong> álcool)<br />

* paciente que apresente muito pouca confiança em manter abstinência.<br />

IMPORTANTE: Quando se tratar <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> DROGAS ILÍCITAS,<br />

a única meta admissível a ABSTINÊNCIA TOTAL. Em alguns casos, é possível se<br />

admitir como meta inicial à redução gradual até se atingir a abstinência, que será<br />

então a META FINAL <strong>de</strong> tratamento.<br />

Se a maneira escolhida for a da redução gradual, o paciente <strong>de</strong>ve<br />

especificar a quantida<strong>de</strong> que <strong>de</strong>ve ser reduzida a cada semana, inclusive em que<br />

momentos do dia esta redução vai ocorrer.<br />

Seja qual for à meta escolhida, <strong>de</strong>ve ser feita à avaliação do grau <strong>de</strong><br />

confiança que o paciente tem no cumprimento <strong>de</strong>la. A seguinte escala é utilizada :<br />

- muito confiante<br />

- confiante<br />

- apenas mo<strong>de</strong>radamente confiante<br />

- nada confiante<br />

Se o paciente está tomando alguma droga psicoativa prescrita (por<br />

exemplo: tranqüilizantes), <strong>de</strong>ve também fazer registro diário das doses consumidas.<br />

É importante se assegurar <strong>de</strong> que o paciente não compense com outras drogas<br />

enquanto está em abstinência.<br />

2.1.6 IDENTIFICAÇÃO DE AUXÍLIOS PARA ATINGIR A META INICIAL<br />

São sugeridos alguns recursos que o paciente po<strong>de</strong> usar como auxílio<br />

para se manter abstinente ou em consumo mo<strong>de</strong>rado. Alguns são apenas provisórios,<br />

não sendo válidos em longo prazo.<br />

* procurar apoio da família ou com os amigos<br />

* evitar a entrada <strong>de</strong> álcool ou drogas em casa<br />

* evitar contato com usuários pesados<br />

* engajar-se em ativida<strong>de</strong>s incompatíveis com o uso do álcool ou a droga<br />

* iniciar a automonitorização do consumo <strong>de</strong> álcool / droga<br />

Neste momento é importante i<strong>de</strong>ntificar estratégias que já constam<br />

do repertório do paciente e que tenham se mostrado eficaz em algum momento. Para<br />

tanto, é usado o questionário ESTRATÉGIAS BEM SUCEDIDAS (anexo 4).<br />

Este questionário <strong>de</strong>ve ser preenchido junto com o paciente pela primeira vez.<br />

Depois, po<strong>de</strong>-se solicitar ao paciente que os use para <strong>de</strong>screver outras situações, que<br />

servirão como material para discussão e aplicação <strong>de</strong> conceitos fundamentais durante<br />

a fase <strong>de</strong> aquisição.<br />

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2.2 SEQUÊNCIA DE PROCEDIMENTOS DA SEGUNDA SESSÃO DE<br />

AQUISIÇÃO<br />

A segunda sessão é focada na experiência que o paciente obteve com<br />

a meta inicial, registrada na automonitorização e nos relatos <strong>de</strong> estratégias bem<br />

sucedidas. A partir <strong>de</strong>sta experiência se estabelece a meta final e as estratégias para<br />

sua obtenção. Cumpre as seguintes etapas:<br />

2.2.1 especificação da meta <strong>de</strong> consumo a longo prazo (META FINAL)<br />

2.2.2 regras para o consumo mo<strong>de</strong>rado (SE ESTA FOR A META ESCOLHIDA)<br />

2.2.3 estratégias para obtenção do consumo mo<strong>de</strong>rado<br />

2.2.4 estratégias para a solução <strong>de</strong> problemas<br />

2.2.5 orientação para a solução <strong>de</strong> problemas<br />

2.2.1 ESPECIFICAÇÃO DA META DE CONSUMO EM LONGO PRAZO<br />

Objetivo: reavaliar a meta inicial e <strong>de</strong>finir se a meta final será a abstinência ou a<br />

mo<strong>de</strong>ração, ou se o tratamento <strong>de</strong>verá ser adiado.<br />

Meios: - avaliação cuidadosa dos resultados da meta inicial;<br />

- avaliação da vonta<strong>de</strong> do paciente <strong>de</strong> fazer algo sobre o problema;<br />

- Discussão paciente/terapeuta<br />

-<br />

2.2.2 REGRAS PARA O CONSUMO MODERADO<br />

Objetivo: estabelecimento das regras <strong>de</strong> consumo<br />

Meios: - ao se estabelecer uma meta com o paciente, <strong>de</strong>ve ser especificado :<br />

A. o número máximo <strong>de</strong> dias <strong>de</strong> consumo por semana;<br />

B. o número máximo <strong>de</strong> doses em um dia <strong>de</strong> consumo;<br />

C. tipos <strong>de</strong> bebidas a serem consumidas;<br />

D. quando é apropriado consumir;<br />

E. quando não é apropriado consumir;<br />

F. prazo para avaliação <strong>de</strong>sta nova meta;<br />

- explicar ao paciente o que é apropriado ou não apropriado com base nas<br />

informações obtidas através do questionário <strong>de</strong> RAZÕES PARA USO EXCESSIVO.<br />

- avaliar com o paciente seu grau <strong>de</strong> confiança em atingir a meta, sempre<br />

que esta for reajustada.<br />

- verificar se a meta estabelecida não interfere com aspectos importantes da<br />

vida do paciente (consumo <strong>de</strong>ve ficar abaixo disto).<br />

- Pedir ao paciente para registrar qualquer problema com o regime para<br />

fins <strong>de</strong> ajuste.<br />

-<br />

2.2.3 ESTRATÉGIAS PARA OBTENÇÃO DO CONSUMO MODERADO<br />

Objetivo: instruir o paciente sobre os recursos ou auxílio que ele po<strong>de</strong> lançar mão<br />

para conseguir a mo<strong>de</strong>ração ou a abstinência.<br />

Meios: - continuar a automonitorização;<br />

- em caso <strong>de</strong> violação séria das regras <strong>de</strong> consumo, preencher novamente<br />

o questionário <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> função (assim se avalia estratégias a serem reforçadas ou<br />

<strong>de</strong>senvolvidas);<br />

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- discutir com o paciente sobre as diferenças documentadas entre a<br />

maneira <strong>de</strong> beber <strong>de</strong> um alcoólatra e um consumidor social;<br />

- instruir sobre como regular o beber: medindo doses, diluindo a bebida,<br />

bebericando, espaçando as doses, não beber com o estômago vazio, etc.;<br />

- instruir o paciente como se preparar para eventos <strong>de</strong> consumo, explicando<br />

que durante o aprendizado <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>ração não se po<strong>de</strong> ser espontâneo ou impulsivo, é<br />

preciso se preparar planejando quantas doses vai tomar, estratégias que po<strong>de</strong> usar<br />

para recusar bebida, etc.;<br />

- enfatizar a importância do engajamento em ativida<strong>de</strong>s incompatíveis com<br />

consumo excessivo, baseando-se no fato <strong>de</strong> que os que falharam na mo<strong>de</strong>ração não<br />

tinham preenchido o tempo com outra coisa;<br />

- avaliar o paciente, perguntando diretamente se ele está preparado para<br />

essas ativida<strong>de</strong>s.<br />

- todos estes aspectos estão resumidos no folheto RECOMENDAÇÕES<br />

(anexo 5), que <strong>de</strong>ve ser entregue ao paciente.<br />

2.2.4 ESTRATÉGIAS PARA SOLUÇÃO DOS PROBLEMAS<br />

Objetivo: mostrar ao paciente como lidar efetivamente com as situações <strong>de</strong> risco,<br />

situações novas <strong>de</strong>correntes da meta e com as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> se engajar em<br />

ativida<strong>de</strong>s que substituam o consumo.<br />

As estratégias a serem empregadas po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> três or<strong>de</strong>ns:<br />

A. estratégias para lidar com problemas interpessoais;<br />

B. estratégias para lidar com emoções negativas<br />

C. estratégias para atingir a meta em longo prazo<br />

Cada uma <strong>de</strong>ssas estratégias tem os seguintes passos lógicos:<br />

*i<strong>de</strong>ntificação do problema: a <strong>de</strong>finição da estratégia apropriada é feita a<br />

partir da i<strong>de</strong>ntificação da natureza do problema. É feita através <strong>de</strong> questionamento;<br />

*consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> interpretações alternativas: mostrar ao paciente que o<br />

mesmo evento po<strong>de</strong> ter diversas interpretações, tornando assim o raciocínio do<br />

paciente mais flexível. Exercita-se pedindo ao paciente para interpretar um mesmo<br />

evento das mais variadas formas;<br />

*formulação <strong>de</strong> enfrentamentos cognitivos e comportamentais: fazer com<br />

que o paciente perceba que raciocínios diferentes levam a maneiras diferentes <strong>de</strong><br />

enfrentar o problema. Pedir ao paciente para consi<strong>de</strong>rar cada nova interpretação e<br />

especificar se alguma <strong>de</strong>claração <strong>de</strong>le <strong>de</strong>riva lógica ou naturalmente daquela linha <strong>de</strong><br />

pensamento;<br />

*seleção das mais promissoras respostas <strong>de</strong> enfrentamento: encontrar as<br />

respostas que façam o paciente se sentir confiante. Isso é feito através <strong>de</strong> perguntas e<br />

avaliação do grau <strong>de</strong> confiança do paciente;<br />

*ensaio das respostas <strong>de</strong> enfrentamento selecionadas: preparação para uso<br />

das respostas selecionadas. Isso é feito através <strong>de</strong> dramatização, discussão e<br />

perguntas;<br />

*uso e avaliação das respostas <strong>de</strong> enfrentamento: instruir o paciente a avaliar<br />

a efetivida<strong>de</strong> das respostas usadas, através <strong>de</strong> auto questionamento.<br />

2.2.5 ORIENTAÇÃO PARA SOLUÇÃO DE PROBLEMAS<br />

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OBJETIVO: aplicar com a supervisão do terapeuta as estratégias <strong>de</strong>scritas acima.<br />

Meios: este treino será realizado em cima das <strong>de</strong>scrições <strong>de</strong> inci<strong>de</strong>ntes produzidas<br />

pelo próprio paciente.<br />

2.3 TERCEIRA SESSÃO - TÉRMINO DA AQUISIÇÃO<br />

Esta fase po<strong>de</strong> finalizar <strong>de</strong> três maneiras:<br />

*paciente completou o programa: quando o paciente conseguiu e manteve<br />

um bom padrão <strong>de</strong> consumo; apresenta proficiência em solução <strong>de</strong> problemas e<br />

automonitorização <strong>de</strong> consumo; expressa confiança em auto aplicar estratégias para a<br />

solução <strong>de</strong> problemas em situações <strong>de</strong> risco e urgências. Segue em Manutenção por<br />

seis meses;<br />

*encaminhamento para aconselhamento por problemas residuais: quando<br />

existirem sérios problemas conjugais ou familiares, dificulda<strong>de</strong> na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<br />

divertir, sérias insatisfações com o trabalho, dificulda<strong>de</strong>s financeiras ou legais;<br />

*encaminhamento para outro tipo <strong>de</strong> terapia para <strong>de</strong>pendências: quando o<br />

paciente não apresentar progresso significante com relação à meta estabelecida<br />

<strong>de</strong>ntro do prazo esperado, portanto não satisfazendo as expectativas <strong>de</strong>lineadas na<br />

sessão inicial.<br />

3 FASE DE MANUTENÇÃO<br />

Objetivo: o objetivo <strong>de</strong>sta fase é assegurar que o paciente mantenha os ganhos do<br />

tratamento e encorajá-lo a continuar a aplicar as estratégias aprendidas durante a<br />

aquisição.<br />

Duração: Esta fase também <strong>de</strong>senvolvida em três sessões, separadas por intervalos<br />

<strong>de</strong> um mês, dois meses e três meses, respectivamente. Da mesma maneira que na<br />

fase <strong>de</strong> aquisição, po<strong>de</strong>m ser agendadas sessões opcionais, a critério do paciente ou<br />

do terapeuta.<br />

3.1 PROCEDIMENTOS DAS SESSÕES DE MANUTENÇÃO<br />

Ao terminar a fase <strong>de</strong> aquisição, o terapeuta <strong>de</strong>ve fazer algumas recomendações<br />

especiais ao paciente:<br />

*que ele continue monitorizando seu consumo (em caso <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>ração) ou<br />

fissuras e recusas, pelo menos durante todo o período <strong>de</strong> manutenção. Desta maneira,<br />

a manutenção dos ganhos do tratamento e os progressos po<strong>de</strong>m ser avaliados<br />

objetivamente durante essa nova fase do tratamento;<br />

*que ele continue a se envolver em ativida<strong>de</strong>s incompatíveis com o consumo<br />

excessivo e se mantenha preparado para as situações <strong>de</strong> risco;<br />

*que ele entre em contato com o terapeuta se houver <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> fazer alguma<br />

mudança na meta final previamente escolhida, ou se ele se <strong>de</strong>parar com alguma<br />

situação <strong>de</strong> risco importante a qual não se sinta forte o suficiente para enfrentar<br />

sozinho.<br />

Durante as sessões <strong>de</strong> manutenção, então, são revistos com o<br />

paciente esses aspectos, até que se mostrem solidificados enquanto aprendizado.<br />

Na última sessão <strong>de</strong> manutenção, novamente é consi<strong>de</strong>rada a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encaminhamento para alguma forma <strong>de</strong> terapia para outros problemas<br />

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que não a <strong>de</strong>pendência. Ainda é lembrado ao paciente sobre as entrevistas <strong>de</strong><br />

seguimento, às quais ele será convocado <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um prazo pre<strong>de</strong>terminado.<br />

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

1.SANCHEZ-CRAIG, M. (1984) A Therapists' Manual for Secondary<br />

Prevention of Alcohol Problems:<br />

procedures for teaching mo<strong>de</strong>rate drinking and<br />

abstinence (Toronto, Addiction Research<br />

Foundation).<br />

2.SANCHEZ-CRAIG, M. (1990) Brief didactic treatment for alcohol and drugrelated<br />

problems: an approach<br />

based on client choice, British Journal of<br />

Addiction, 85 169-177.<br />

3.SANCHEZ-CRAIG, M. e WILKINSON, D. A (1989) Brief treatments for<br />

alcohol and drug problems: practical<br />

and methodological issues, in: T.Loberg,<br />

W.R.Miller, P.E.Natéhan e A.Marlatét (Eds) Addictive<br />

Behavior: prevention and early intervention, p.p.<br />

233-252 (Amsterdam, Suvets e Zeilinger).<br />

4.SANCHEZ-CRAIG, M.; WILKINSON, D. A e WALKER, K. (1987) Theory<br />

and Methods for Secondary prevention of alcohol problems: a cognitively based<br />

approach,<br />

in: M.W. Cox (Ed.) Treatment and Prevention of<br />

Alcohol Problems: A Resource Manual, p.p. 287-331<br />

(New York, Aca<strong>de</strong>mic Press).<br />

5.WILKINSON, D. A. e LEBRETON,S. (1985) Early indications of treatment<br />

outcome in multiple drug users, in:<br />

W. R. Miller e P. Nathan (Eds.) Treating Addictive<br />

Behaviors: process of change, p.p 239-261 (New<br />

York, Plenum Press).<br />

A N E X O S<br />

ANEXO I - Sumário <strong>de</strong> Avaliação 95<br />

ANEXO II - Questionário : Razões para uso<br />

Excessivo 96<br />

ANEXO III - Cartão <strong>de</strong> Automonitorização 97<br />

ANEXO IV - Questionário : Estratégias bem<br />

Sucedidas 98<br />

ANEXO V - Folheto: Recomendações 99<br />

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ANEXO 1<br />

SUMÁRIO DE AVALIAÇÃO<br />

REGISTRO: ⏐_⏐_⏐_⏐<br />

NOME:______________________________IDADE:________EST.CIVIL:___________________<br />

EMPREGO:________________________________________MEDICAÇÃO:_________________<br />

ESTADO FÍSICO:_________________________________________________________________<br />

AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA<br />

LABORATORIAL<br />

Raven.........................................⏐_⏐<br />

Completar Figuras..................... ⏐_⏐<br />

Código....................................... ⏐_⏐<br />

Mosaico..................................... ⏐_⏐<br />

Memória Visual......................... ⏐_⏐<br />

Or<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Figuras................ ⏐_⏐<br />

AVALIAÇÃO<br />

VCM (80-95)............................. ⏐_⏐<br />

GGT (ATÉ 28)...........................⏐_⏐<br />

TGO (ATÉ 19)...........................⏐_⏐<br />

TGP (ATÉ 24)........................... ⏐_⏐<br />

ÍNDICES DE SEVERIDADE<br />

ASI___________________________<br />

DP:__________________________<br />

SADD_________________________<br />

PROBLEMAS ASSOCIADOS<br />

Conseqüências Psicológicas_________________________________________________________<br />

Problemas Familiares______________________________________________________________<br />

Problemas no Trabalho/ Escola________________________________________________<br />

Problemas Legais___________________________________________________________<br />

USO (Meta a longo prazo, <strong>de</strong> acordo<br />

Abstinência___________________<br />

Com expectativa do paciente)<br />

Redução_____________________<br />

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CREDIBILIDADE E DISPONILIDADE PARA O TRATAMENTO<br />

CRED. 1.B 2.REG 3.R ⏐_⏐<br />

DISP. 7.B 2.REG 3.R 4.N⏐_⏐<br />

ANEXO II<br />

QUESTIONÁRIO DE RAZÕES PARA USO EXCESSIVO<br />

O objetivo <strong>de</strong>ste exercício é i<strong>de</strong>ntificar suas razões para<br />

usar_________________________<br />

Para cada razão <strong>de</strong>scrita indique:<br />

O uso nunca ocorre por esta razão<br />

O uso é sempre sem problema<br />

O uso traz problema<br />

ALC CAN COC OUTRAS<br />

1 2 1 2 1 2 1 2<br />

PARA ENFRENTAR<br />

Para avaliar emoções negativa __ __ __ __ __ __ __ __<br />

Para ajudar a fazer alguma coisa difícil __ __ __ __ __ __ __ __<br />

Para se automedicar __ __ __ __ __ __ __ __<br />

Por prazer<br />

Para se integrar melhor a grupos ou<br />

Se divertir em festas __ __ __ __ __ __ __ __<br />

Para ficar ”alto” __ __ __ __ __ __ __ __<br />

Para acompanhar ativida<strong>de</strong>s sociais<br />

Ou recreacionais __ __ __ __ __ __ __ __<br />

POR HÁBITO<br />

Ocorre sempre na mesma hora,<br />

Lugar, com as mesmas pessoas __ __ __ __ __ __ __ __<br />

Ocorre em resposta a sinais que<br />

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Lembram a droga __ __ __ __ __ __ __ __<br />

Outros- especifique:<br />

____________________________ __ __ __ __ __ __ __ __<br />

ANEXO III<br />

DATA_________________________________<br />

Nº CARTÃO_________________________<br />

DIA HORA TIPO DE SUBST. QUANTID. F/R/U ONDE COM QUEM<br />

1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

5<br />

6<br />

7<br />

8<br />

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ANEXO IV<br />

ESTRATÉGIAS BEM –SUCEDIDAS<br />

É muito importante anotar as estratégias que você usou nas situações em que consegui<br />

vencer a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> usar a substância. Isto po<strong>de</strong> ajudá-lo a compreen<strong>de</strong>r o papel que a<br />

droga tem em sua vida, enquanto ajuda a i<strong>de</strong>ntificar as estratégias mais eficazes para evitar<br />

o consumo. Quando você se <strong>de</strong>parar com uma situação on<strong>de</strong> o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> usar a droga é<br />

muito forte (gran<strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>, tentação ou fissura), faça o registro da situação.<br />

On<strong>de</strong> e com quem você estava quando sentiu o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> usar a<br />

substância?____________________________<br />

________________________________________________________________________________________<br />

_<br />

________________________________________________________________________________________<br />

_<br />

________________________________________________________________________________________<br />

_<br />

Descreva como você estava se<br />

sentindo:_________________________________________________________<br />

________________________________________________________________________________________<br />

_<br />

________________________________________________________________________________________<br />

_<br />

________________________________________________________________________________________<br />

_<br />

O que você disse para si mesmo para vencer o <strong>de</strong>sejo?<br />

____________________________________________<br />

________________________________________________________________________________________<br />

_<br />

________________________________________________________________________________________<br />

_<br />

________________________________________________________________________________________<br />

_<br />

O que você fez ao invés <strong>de</strong> usar a substância?___________________________________________<br />

________________________________________________________________________________<br />

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________________________________________________________________________________<br />

________________________________________________________________________________<br />

Se alguém o convidou ou ofereceu, como você recusou?___________________________________<br />

________________________________________________________________________________<br />

_________________________________________________________________________________<br />

_________________________________________________________________________________<br />

Como você classifica a forma com que você enfrentou esta situação?<br />

( ) Muito eficaz ( ) Mo<strong>de</strong>radamente eficaz<br />

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CAPÍTULO 6<br />

PSICOTERAPIA DE GRUPO<br />

MARIA DE LURDES SOUZA ZEMEL<br />

AGRADECIMENTOS: A Jandira Masur pelo convite que favoreceu a oportunida<strong>de</strong><br />

da minha participação neste trabalho. A todos os outros componentes da pesquisa,<br />

técnicos e administrativos pela atuação e consi<strong>de</strong>ração que tiveram pelo "grupo<br />

controle". Em especial aos pacientes e aos observadores que me acompanharam.<br />

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ÍNDICE<br />

________________________________________________________<br />

INTRODUÇÃO 105<br />

1. A CHEGADA DO PACIENTE AÇÃO GRUPO/ A ESTARUTURA<br />

FORMAL<br />

DA CONSTITUIÇÃO DOS GRUPOS 109<br />

2. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO 111<br />

3. CONCLUSÃO/ AVALIAÇÃO QUALITATIVA/PROPOSTA 114<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁOFICAS 116<br />

ANEXOS 118<br />

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INTRODUÇÃO<br />

A Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo foi iniciada por Pratt em 1905 com a<br />

finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acelerar a recuperação <strong>de</strong> pacientes tuberculosos. Os grupos eram<br />

constituídos <strong>de</strong> 50 pacientes que receberiam uma breve conferência do terapeuta<br />

sobre as questões <strong>de</strong> higiene e os problemas do tratamento da tuberculose. Depois<br />

disso os pacientes podiam fazer perguntas <strong>de</strong> esclarecimento para o terapeuta e<br />

discutir entre si suas dúvidas. Os métodos que seguem as diretrizes <strong>de</strong> Pratt são<br />

<strong>de</strong>nominados "terapias exortativas paternais que atuam pelo grupo". Envolviam uma<br />

i<strong>de</strong>alização paternalística <strong>de</strong> figura do terapeuta e uma solidarieda<strong>de</strong> dos próprios<br />

membros. Pratt observou resultados positivos na evolução <strong>de</strong> seus pacientes e essa<br />

técnica passou a ser usada para tratamento <strong>de</strong> pacientes com problemas orgânicos.<br />

A partir <strong>de</strong>ssa experiência formaram-se os grupos com estrutura<br />

fraternal <strong>de</strong>ntro dos quais o principal exemplo se encontra nos "Alcoólicos Anônimos<br />

(A.A)", que iniciaram sua organização em 1935 nos E.U.A. por Marsh que era um<br />

padre episcopal com formação psiquiátrica. Marsh dizia: "O doente mental não <strong>de</strong>ve<br />

ser consi<strong>de</strong>rado como um paciente, mas sim como um estudante que fracassou no<br />

gran<strong>de</strong> objetivo da civilização".<br />

O efeito terapêutico dos A.A. se baseia no postulado <strong>de</strong> que um exalcoolista<br />

po<strong>de</strong> influir mais eficazmente em outro alcoolista. A diferença <strong>de</strong>stes<br />

grupos com os anteriores está no fato <strong>de</strong> que o lí<strong>de</strong>r do grupo "é um <strong>de</strong> nós" e o<br />

objetivo do tratamento é "estimular os pacientes a um estado <strong>de</strong> ânimo feliz"<br />

(conforme Marsh), monitorando sua abstinência ao álcool.<br />

Na mesma época Lazell <strong>de</strong>senvolvia um trabalho semelhante nos<br />

hospitais psiquiátricos, formando o que ele chamava <strong>de</strong> "time terapêutico", com o<br />

seguinte tema: "Pelo grupo-multidão eles foram adoecidos; pelo grupo-multidão<br />

<strong>de</strong>vem ser curados".<br />

Em 1911 Moreno criou o psicodrama, um instrumento terapêutico<br />

mais sofisticado, que consistia na dramatização dos conflitos psicológicos dos<br />

pacientes por parte <strong>de</strong> uma equipe especializada (psiquiatras e assistentes que eram<br />

"egos auxiliares). Os fatores terapêuticos do psicodrama se baseavam na "catarse" e<br />

na "personificação lúdica".<br />

Moreno era da Áustria (Viena) on<strong>de</strong> trabalhou com prostitutas e<br />

crianças. Em 1925 emigrou para os Estados Unidos e em 1942 fundou a primeira<br />

socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> grupoterapia.<br />

Ainda nos Estados Unidos po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>stacar Paul Schil<strong>de</strong>r como<br />

pioneiro na utilização <strong>de</strong> técnicas grupais para pacientes psicóticos adultos e Slavon,<br />

S.R. que, em 1943, organizou a "Associação Americana <strong>de</strong> Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo" e<br />

foi introdutor dos pequenos grupos (1934).<br />

Slavson chama a atenção para o ambiente em que se faz o tratamento<br />

e afirma que "os diversos valores culturais e as forças que condicionam o paciente<br />

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com relação à família e ao meio social forjam operações ultrapsíquicas específicas e<br />

<strong>de</strong>terminam a patologia".<br />

A partir daí, na década <strong>de</strong> 40 surgiram os primeiros trabalhos <strong>de</strong><br />

grupoterapia <strong>de</strong> família li<strong>de</strong>rados por Virginia Satir e Jay Hayley e outros do grupo <strong>de</strong><br />

"Palo Alto" (Califórnia).<br />

Ainda <strong>de</strong>vemos <strong>de</strong>stacar o nome <strong>de</strong> Kurt Levin nascido na Prússia e<br />

formado em Berlim (Alemanha) no ano <strong>de</strong> 1914. Em 1933, por ser ju<strong>de</strong>u, <strong>de</strong>ixa a<br />

Alemanha e após passar pela Inglaterra, emigra para os Estados Unidos on<strong>de</strong> leciona<br />

nas Universida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Stanford (Califórnia), Cornell (Nova York) e Harvard on<strong>de</strong><br />

funda um centro <strong>de</strong> pesquisas em dinâmica <strong>de</strong> grupos. Levin enfatizava as forças que<br />

atuavam sobre o indivíduo no grupo, mas entendia que elas no satisfaziam.<br />

Enten<strong>de</strong>mos que dos Estados Unidos vieram às primeiras<br />

contribuições sobre a teoria e o trabalho com grupos, mas, no que se refere ao uso <strong>de</strong><br />

álcool e drogas especificamente, só apareceram à formação do grupo <strong>de</strong> A. A<br />

(Alcoólicos Anônimos) e Kurt Levin que se preocupou com os grupos minoritários e<br />

afirmou: "As minorias psicológicas são sociais em sua origem, em suas estruturas e<br />

em sua evolução. Sua dinâmica é essencialmente social. Do mesmo modo, a<br />

sobrevivência dos grupos minoritários não po<strong>de</strong> ser assegurada senão a partir do<br />

momento em que eles tomam consciência <strong>de</strong>ste fato fundamental e o aceitam".<br />

Acrescenta... "A maioria tem sempre interesse em privar as minorias <strong>de</strong> todo direito e<br />

<strong>de</strong> todo privilégio”.(9)<br />

Na Inglaterra, os principais representantes são Bieres, Bion, Foulkes e os<br />

trabalhos da Tavistock Clinic.<br />

Joshua Bierer trabalhou na década <strong>de</strong> 30 com grupos gran<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> o<br />

terapeuta tinha um papel passivo.<br />

Bion iniciou seus trabalhos com grupos logo após a Segunda Guerra<br />

Mundial. Sua gran<strong>de</strong> contribuição foi o estudo das "suposições básicas" que se<br />

caracterizam por não colocarem sobre o indivíduo a exigência <strong>de</strong> uma capacida<strong>de</strong> a<br />

cooperar. Definiu estas suposições básicas como <strong>de</strong>: <strong>de</strong>pendência, acasalamento e<br />

luta e fuga. Diz Bion: "Em qualquer grupo po<strong>de</strong>m ser discernidas tendências <strong>de</strong><br />

ativida<strong>de</strong> mental. Todo grupo, por casual que seja, encontra-se para "fazer" algo;<br />

nesta ativida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> acordo com as capacida<strong>de</strong>s do indivíduo, eles cooperam". "Uma<br />

vez que esta ativida<strong>de</strong> acha-se ligada a uma tarefa, ela se encontra relacionada com a<br />

realida<strong>de</strong>, seus métodos são racionais e, <strong>de</strong>ssa maneira, embora em forma embriônica,<br />

é científica". "Chamei <strong>de</strong> grupo <strong>de</strong> trabalho essa faceta da ativida<strong>de</strong> mental num<br />

grupo". "A função do grupo <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong>ve incluir o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

pensamento projetado para ser traduzido em ação; a teoria em que se baseia; a crença<br />

na modificação ambiental como em si própria suficiente para a cura, sem qualquer<br />

mudança correspon<strong>de</strong>nte no indivíduo e, principalmente, uma <strong>de</strong>monstração do tipo<br />

<strong>de</strong> fato que se acredita ser” real “(2). Bion foi um gran<strong>de</strong> contribuidor da teoria e<br />

técnica psicanalítica, além do trabalho com grupos.<br />

Foulkes em 1948 iniciou a prática da psicoterapia grupal realizada com<br />

veteranos <strong>de</strong> guerra, "tendo como resultado a idéia <strong>de</strong> que a terapia grupal é a chave<br />

para a solução do problema fundamental <strong>de</strong> nossa época: a tensão existente no<br />

relacionamento entre o indivíduo e a comunida<strong>de</strong>" (12). Foulkes refere-se claramente<br />

no seu trabalho sobre a pesquisa na psicoterapia <strong>de</strong> grupo: "Para <strong>de</strong>senvolver<br />

oficialmente a pesquisa, faz-se necessário proce<strong>de</strong>r a alguns ajustes especiais, <strong>de</strong><br />

forma que se possa empreen<strong>de</strong>r observações contra um fundo bastante fixo - passível<br />

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<strong>de</strong> reprodução aproximada por parte <strong>de</strong> outros pesquisadores. Este fundo representa,<br />

portanto, um complemento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância para a pesquisa <strong>de</strong> grupo. Ele não<br />

preten<strong>de</strong> ser padronizado, no sentido estrito da palavra, mas é razoavelmente<br />

constante e bem <strong>de</strong>finido <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> certos limites flexíveis" (4).<br />

A partir dos anos 60 surge a Escola Francesa com os trabalhos <strong>de</strong><br />

Didier Anzieu, René Kaes, e outros ligados à escola psicoanalítica Lacaniana.<br />

Na América Latina, na década <strong>de</strong> 50 é que a psicoterapia <strong>de</strong> grupo<br />

toma impulso principalmente com o trabalho <strong>de</strong> Langer, Rodrigué e Grinberg (5).<br />

Como o trabalho <strong>de</strong> grupo estava ligado exclusivamente às instituições psicanalíticas,<br />

gran<strong>de</strong> foi a recusa dos terapeutas tradicionais. Só na década <strong>de</strong> 70 se conseguiu<br />

abalar este tradicionalismo e os psicólogos pu<strong>de</strong>ram entrar nas instituições<br />

psicanalíticas e criar cursos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> psicoterapia <strong>de</strong> grupo.<br />

No Brasil dois terapeutas se <strong>de</strong>stacam no atendimento, especialmente<br />

<strong>de</strong> alcoolistas em grupos terapêuticos - Sérgio <strong>de</strong> Paulo Ramos em Porto Alegre e<br />

Vicente Araújo em São Paulo.<br />

Sabemos que esta é as técnicas usadas <strong>de</strong>ntro das instituições públicas e<br />

privadas, mas sempre com o sentido <strong>de</strong> agrupar pessoas e não tratar pessoas em<br />

grupo. Vemos uma gran<strong>de</strong> diferença neste fato e pensamos que nele está contida a<br />

idéia <strong>de</strong> que "sempre melhor fazer alguma coisa do que não fazer nada".<br />

Sabemos também do temor em agrupar usuários ou <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong><br />

drogas ilícitas e lidar com esta questão como psicoterapeuta, isto é, interessado no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do indivíduo <strong>de</strong>ntro dos seus próprios limites mais que no simples<br />

cumprimento da lei.<br />

Muitas questões ilegais são trazidas por nossos pacientes. E entre<br />

elas po<strong>de</strong>mos citar: adultério, roubos "ilícitos", etc... E não parece que os terapeutas<br />

se preocupem em enquadrar legalmente estes pacientes, mas sim lidar com suas<br />

representações mentais para que eles próprios se enquadrem. Por que não po<strong>de</strong> ser<br />

assim também o tratamento para os usuários da droga lícita e ilícita?<br />

Assim, a Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo foi à técnica escolhida para formação<br />

do grupo controle no projeto <strong>de</strong> Avaliação <strong>de</strong> Efetivida<strong>de</strong> da Técnica da "Intervenção<br />

Breve" <strong>de</strong>senvolvido no Centro <strong>de</strong> Pesquisa em Psicobiologia Clínica da Escola<br />

Paulista <strong>de</strong> Medicina. Os principais motivos que <strong>de</strong>terminaram esta escolha foram:<br />

a) O fato <strong>de</strong>la ser usada <strong>de</strong>ntro das instituições brasileiras como uma forma <strong>de</strong><br />

tratamento no problema das <strong>de</strong>pendências <strong>de</strong> drogas;<br />

b) O fato que po<strong>de</strong>ria ser adaptada às necessida<strong>de</strong>s da <strong>de</strong>manda que atendia também<br />

"Intervenção Breve" - portanto se a<strong>de</strong>quava como "Grupo Controle";<br />

c) era gran<strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> avaliar a efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa técnica o que po<strong>de</strong>ria<br />

resultar em possíveis a<strong>de</strong>quações da própria técnica <strong>de</strong> Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo no<br />

tratamento das <strong>de</strong>pendências químicas.<br />

Por se consi<strong>de</strong>rar que neste tipo <strong>de</strong> abordagem terapeuta o vínculo<br />

com o terapeuta influiria no processo, optou-se por fazer o atendimento <strong>de</strong> todos os<br />

grupos pelo mesmo profissional.<br />

A CHEGADA DO PACIENTE AO GRUPO - A ESTRUTURA FORMAL DA<br />

CONSTITUIÇÃO DOS GRUPOS.<br />

Os pacientes encaminhados para a PG eram agendados para uma<br />

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entrevista inicial com o terapeuta para que se tentasse o estabelecimento <strong>de</strong> uma<br />

relação <strong>de</strong> vínculo. Nesta entrevista os pacientes recebiam os resultados <strong>de</strong> seus<br />

testes psicológicos e exames <strong>de</strong> laboratório através dos quais podiam discutir suas<br />

necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tratamento.<br />

Concordantes, quanto ao tratamento, o terapeuta propunha<br />

verbalmente ao paciente um "contrato <strong>de</strong> trabalho" que constava dos seguintes itens:<br />

1) data <strong>de</strong> início e <strong>de</strong> término do trabalho;<br />

2) dia e hora da sessão terapeuta;<br />

3) o cuidado <strong>de</strong> que os contatos com o terapeuta a partir daquele momento<br />

só se dariam <strong>de</strong>ntro do próprio grupo, sendo que em caso <strong>de</strong> urgência o paciente seria<br />

encaminhado ao psiquiatra que havia feito sua triagem;<br />

4) a recomendação <strong>de</strong> que os pacientes não se reunissem fora da<br />

Instituição ou fora do horário da terapia;<br />

5) a explicitação da proibição <strong>de</strong> se usar drogas <strong>de</strong>ntro da sessão ou <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong> qualquer lugar na instituição - caso este fato ocorresse e fosse <strong>de</strong>tectado, o<br />

paciente teria seu tratamento encerrado;<br />

6) a garantia do sigilo profissional por parte do terapeuta e da instituição<br />

dos dados discutidos <strong>de</strong>ntro das sessões e o compromisso do terapeuta <strong>de</strong> não manter<br />

contatos com outros membros da família do paciente;<br />

7) entre os próprios pacientes, caso fosse seu <strong>de</strong>sejo, ele po<strong>de</strong>ria evitar<br />

revelar seu sobrenome ou dados <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> que consi<strong>de</strong>rasse comprometedores;<br />

8) o compromisso do terapeuta <strong>de</strong> não usar dados levantados <strong>de</strong>ntro da<br />

própria sessão para qualquer outro fim que não fosse o próprio tratamento (por<br />

exemplo informações sobre pontos <strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> drogas e outras <strong>de</strong>núncias), assim<br />

como o terapeuta não se responsabilizava por qualquer ato cometido pelo paciente<br />

fora da instituição;<br />

9) a proposta <strong>de</strong> que o paciente compareça a todas as sessões marcadas e que<br />

diante <strong>de</strong> qualquer impedimento justifique sua falta diante da instituição, pois com<br />

três faltas seguidas sem justificativas fica subentendido que o paciente não tem<br />

interesse, no momento, em se tratar e ele é <strong>de</strong>sligado do grupo;<br />

10) a informação <strong>de</strong> que todas as sessões serão acompanhadas por outros<br />

três profissionais (os observadores) que permanecerão através do espelho da sala<br />

anotando dados quantitativos e qualitativos do <strong>de</strong>senvolvimento do trabalho, com o<br />

objetivo <strong>de</strong> mostrar no final do tratamento o que observara sobre cada paciente e para<br />

discutir com o terapeuta sobre o <strong>de</strong>senvolvimento e andamento do próprio grupo;<br />

11) que o objetivo terapêutico é a discussão dos problemas que se colocam<br />

na vida <strong>de</strong>ssas pessoas, a partir <strong>de</strong> seu uso <strong>de</strong> drogas, através das inter-relações que se<br />

fizerem <strong>de</strong>ntro do grupo;<br />

12) que cada paciente <strong>de</strong>termina para si e po<strong>de</strong> expressar para o grupo o<br />

seu objetivo em relação ao uso da droga não existindo, da parte do terapeuta,<br />

nenhuma posição prévia quanto a obrigatorieda<strong>de</strong> da abstinência;<br />

13) que após o encerramento do trabalho no grupo o paciente ainda será<br />

solicitado para entrevistas <strong>de</strong> seguimento com outro profissional da equipe.<br />

Em seguida a esta entrevista o paciente era encaminhado para um grupo que<br />

obe<strong>de</strong>cia à seguinte estrutura formal:<br />

a) O tempo <strong>de</strong> funcionamento <strong>de</strong> cada grupo seria limitado a cerca <strong>de</strong> seis a<br />

oito meses sendo que nos dois primeiros meses o grupo funcionava como "grupo<br />

aberto" (recebendo pacientes novos ) e nos seis meses seguintes como "grupo<br />

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fechado" (nenhum paciente novo po<strong>de</strong>ria ingressar);<br />

b) cada grupo po<strong>de</strong>ria ter no máximo 10 pacientes e no mínimo 6, sendo<br />

que as reuniões só se iniciavam quando estavam presentes no mínimo dois pacientes<br />

e o grupo po<strong>de</strong>ria se encerrar antes do prazo <strong>de</strong>finido caso houvessem abandonos e<br />

permanecesse um único paciente (neste caso este paciente era encaminhado para<br />

outro grupo em formação);<br />

c) o trabalho com cada grupo era iniciado quando já existiam cinco<br />

pacientes agrupados para um mesmo horário;<br />

d) os grupos não eram separados por quantida<strong>de</strong> ou qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uso <strong>de</strong><br />

drogas, mas eram cuidados no sentido <strong>de</strong> se ter em cada um <strong>de</strong>les pacientes dos dois<br />

sexos e <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>s próximas. Isto era feito em função <strong>de</strong> agrupar pessoas<br />

semelhantes em relação aos interesses na vida. Não se colocavam no mesmo grupo<br />

pessoas que pu<strong>de</strong>ssem ter relacionamentos anteriores (pessoas <strong>de</strong> uma mesma<br />

empresa, amigos ou membros da mesma família).<br />

DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO<br />

No período <strong>de</strong> 17/11/1988 a 07/11/1989 foram atendidos 66<br />

pacientes, distribuídos entre seis grupos, sendo que 18 <strong>de</strong>stes pacientes completaram<br />

o tratamento (anexo I). Cada grupo, <strong>de</strong>ntro do período previsto para o tratamento,<br />

teve no máximo 32 sessões (anexo II).<br />

Po<strong>de</strong>-se observar que as maiores <strong>de</strong>sistências ocorreram nas<br />

primeiras sessões, havendo quase 50% <strong>de</strong> <strong>de</strong>sistência nas quatro sessões iniciais. Dez<br />

pacientes <strong>de</strong>sistiram após a entrevista inicial com o terapeuta. Os pacientes que<br />

completaram o tratamento compareceram entre 18 e 30 sessões, sendo que a maioria<br />

compareceu em média a 25 sessões.<br />

Durante todas as sessões os observadores (como já referimos<br />

anteriormente) anotavam cursivamente o <strong>de</strong>senvolvimento das mesmas (anexo III) e<br />

no final do trabalho do grupo, entravam na última sessão e apresentavam seu trabalho<br />

discutindo com o grupo a evolução <strong>de</strong> cada paciente (anexo IV).<br />

Cada sessão obe<strong>de</strong>cia à seguinte seqüência:<br />

1) o grupo entrava quando era chamado pelo terapeuta que obe<strong>de</strong>cia<br />

rigidamente o horário marcado;<br />

2) o terapeuta iniciava a sessão perguntando sobre como haviam passado a semana,<br />

solicitando a todos os pacientes um pequeno relato;<br />

3) durante estes relatos surgia algum assunto emergente ou comum que continuava<br />

sendo discutido pelo grupo;<br />

4) as intervenções do terapeuta eram no sentido <strong>de</strong> promover relações entre os<br />

membros através do tema que estava sendo discutido, esclarecer dúvidas sobre a<br />

própria patologia, estimular a participação <strong>de</strong> todos, interpretar transferencialmente<br />

algum material no sentido <strong>de</strong> se fortalecer o vínculo dos pacientes com o terapeuta e<br />

<strong>de</strong> se enten<strong>de</strong>r a vivência do grupo como uma repetição das vivências da vida <strong>de</strong>les<br />

próprios;<br />

5) nos últimos 15 minutos o terapeuta solicitava novamente a cada um dos<br />

pacientes para uma avaliação do trabalho daquela sessão, a partir <strong>de</strong> como haviam se<br />

sentido e quais os assuntos que haviam ficado pen<strong>de</strong>ntes. O terapeuta também fazia<br />

uma avaliação do trabalho no sentido <strong>de</strong> fechar a sessão, isto é, não <strong>de</strong>ixar que<br />

angústias levantadas fossem com o grupo sem qualquer assinalamento.<br />

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Como po<strong>de</strong> se ver pela <strong>de</strong>scrição do <strong>de</strong>senvolvimento da sessão<br />

(anexo IV), a posição teórica do terapeuta era a <strong>de</strong> lidar com a questão do uso da<br />

droga, até que se pu<strong>de</strong>sse estar discutindo questões da vida que levariam a esse uso.<br />

Então, po<strong>de</strong>mos dizer que apesar da orientação psicoanalítica do terapeuta, o trabalho<br />

não era feito só através da Técnica <strong>de</strong> Psicoterapia Analítica <strong>de</strong> Grupo, mas também<br />

eram incluídas questões da teoria da psicoterapia breve e focal.<br />

Esta era uma terapia que tentava ajudar os pacientes a perceberem<br />

que tinham uma vida mental, que estava "intoxicada" pela escolha <strong>de</strong> um produto<br />

externo (a droga) que era a justificativa <strong>de</strong> todas as suas dificulda<strong>de</strong>s. Além disso, era<br />

uma terapia focada na questão do uso <strong>de</strong> drogas e na disposição <strong>de</strong>sses pacientes<br />

a<strong>de</strong>quarem ou se absterem <strong>de</strong>sse uso na vida <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que procurassem se tratar,<br />

consi<strong>de</strong>rando que a vida, em muitos <strong>de</strong> seus aspectos estava contaminada "pela<br />

droga".<br />

Também era breve no sentido <strong>de</strong> que tínhamos um número <strong>de</strong><br />

sessões previamente <strong>de</strong>limitado, tínhamos um objetivo <strong>de</strong>finido diante dos pacientes<br />

e diante da própria instituição, que era o <strong>de</strong> sermos uma das partes <strong>de</strong> uma pesquisa<br />

mais ampla.<br />

Assim como as sessões tinham esta seqüência, que foi acima citada,<br />

cada grupo teve uma dinâmica especial e muito interessante, mas, todos eles também<br />

tiveram, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> suas dinâmicas específicas, um caminho que consi<strong>de</strong>ramos<br />

comuns.<br />

Durante os dois primeiros meses, quando os grupos eram "abertos"<br />

(como já nos referimos anteriormente) o tema central <strong>de</strong> todos eles era a droga. A<br />

droga era o tema <strong>de</strong> quase todas as sessões por todos os membros do grupo e ela era<br />

apresentada das mais diferentes formas. Ora, era uma gran<strong>de</strong> fonte <strong>de</strong> prazeres, e<br />

<strong>de</strong>scrições eram feitas <strong>de</strong> forma tão sedutora que muitos membros se <strong>de</strong>claravam<br />

<strong>de</strong>sejosos <strong>de</strong> beber naquele momento. O terapeuta, assim como os observadores,<br />

contratransferencialmente sentiam o mesmo. Este era um momento precioso e o<br />

terapeuta podia vivenciar e traduzir para os pacientes o espaço que a droga ocupava<br />

na vida <strong>de</strong>sprazerosa <strong>de</strong>les e como ela dava a todos uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> tão procurada e<br />

tão perdida no tempo da vida. Ora, a droga era o gran<strong>de</strong> perseguidor, teríamos que<br />

fechar os bares, perseguir os traficantes, nos encerrar <strong>de</strong>ntro dos hospitais<br />

psiquiátricos para nos livrarmos <strong>de</strong>la. A droga é que nos buscava e entrava <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />

nossas vidas, quase que sem problemas, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da nossa vonta<strong>de</strong>. A<br />

riqueza <strong>de</strong>ssa hora era quando se podia discutir a fragilida<strong>de</strong> infantil <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> todos<br />

aqueles adultos que apesar <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rem assumir responsabilida<strong>de</strong>s em muitos aspectos<br />

<strong>de</strong> suas vidas, também se sentiam tomados e dominados por um "objeto externo".<br />

Muitos outros aspectos "da droga" eram apresentados e o que<br />

pu<strong>de</strong>mos observar que <strong>de</strong>finimos este tempo <strong>de</strong> "grupo aberto" no sentido <strong>de</strong> Estar<br />

recebendo pacientes novos mas, este foi um tempo on<strong>de</strong> os pacientes também<br />

abandonavam o grupo. Atribuímos esse abandono a dois fatos: um objetivo- a<br />

constante entrada <strong>de</strong> elementos novos atrapalhava o aprofundamento do trabalho e<br />

outro, mais subjetivo que enten<strong>de</strong>mos como sendo o tempo e o momento on<strong>de</strong> os<br />

pacientes <strong>de</strong>cidiam se queriam falar só da droga ou se queriam aprofundar-se um<br />

pouco nas suas problemáticas pessoais. (Po<strong>de</strong>mos ver este dado dos abandonos<br />

também nos anexos I e II).<br />

Passado o tempo da fala sobre a droga, os mais diferentes assuntos<br />

eram discutidos e se conseguia um aprofundamento no trabalho. O grupo funcionava<br />

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como qualquer grupo terapêutico. Eram pessoas discutindo suas dificulda<strong>de</strong>s na vida<br />

procurando enten<strong>de</strong>r suas vidas mentais e mudar suas vidas no mundo. Este foi um<br />

momento rico e muito satisfatório, talvez também para o próprio terapeuta que se<br />

sentia com mais condições <strong>de</strong> contribuir.<br />

Inferimos <strong>de</strong>ssa experiência duas questões; primeiro que o fato dos<br />

grupos ter diminuído <strong>de</strong> tamanho tenha favorecido o trabalho <strong>de</strong>les e segundo, que<br />

tínhamos passado pela <strong>de</strong>sintoxicação e agora podíamos falar da angústia <strong>de</strong> viver.<br />

Como bem dissemos, estas são inferências nossas que quem sabe, em novas pesquisas<br />

possam ser testadas.<br />

Quando estávamos integrados e discutindo nossas dificulda<strong>de</strong>s já se<br />

aproximava à hora do encerramento do trabalho. Estávamos talvez na 28 a sessão e só<br />

tínhamos mais quatro para nos <strong>de</strong>spedirmos. Tanto os pacientes, como o terapeuta e<br />

os observadores sentiam que o tempo tinha sido curto e que muito ainda teríamos por<br />

fazer. Mas, havíamos assumido um compromisso, havíamos combinado um limite<br />

para o nosso trabalho e mesmo que avaliássemos que ele não havia sido completo nos<br />

colocávamos as seguintes questões:<br />

1) No existe nenhum trabalho psicoterapêutico que se possa dizer completo<br />

no sentido <strong>de</strong> esgotar todas as possibilida<strong>de</strong>s da mente humana. Sempre chegamos a<br />

um ponto que po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> muito sucesso, mas a vida continua.<br />

2) É <strong>de</strong> extrema importância que o dito, o contratado, com esses pacientes<br />

seja cumprido. A vida <strong>de</strong>stes pacientes é, pelo relato <strong>de</strong>les próprios, uma seqüência <strong>de</strong><br />

mentiras e confusões. Então, o contrato <strong>de</strong>veria ser mantido no seu final como foi<br />

mantido em todas as suas cláusulas.<br />

Quem será que precisam mais <strong>de</strong> quem? O paciente precisa do<br />

terapeuta ou o terapeuta precisa do paciente? Portanto, sabíamos que esta era a hora<br />

<strong>de</strong> lidarmos com o nosso narcisismo <strong>de</strong> terapeutas. Po<strong>de</strong>mos estar achando que temos<br />

que permanecer com o paciente porque ele, só ele precisa <strong>de</strong> nós.<br />

Posso assegurar que a <strong>de</strong>spedida foi dolorosa para todos nós, mas<br />

que na minha avaliação técnica foi preciosa. Fizemos juntos uns trabalhos e nada<br />

impedia que essas pessoas continuassem isso pela sua vida afora. Mas, sabíamos que<br />

ali elas tinham tido uma experiência, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma instituição pública com a<br />

qualida<strong>de</strong> e o cuidado <strong>de</strong> qualquer consultório particular.<br />

Quem sabe, outras instituições públicas possam estar lendo este<br />

trabalho e tenham o cuidado <strong>de</strong>, não copiá-lo, mas sim <strong>de</strong> aproveitá-lo com<br />

a<strong>de</strong>quações para sua realida<strong>de</strong>. Mas, que todas as que leiam, copiem dois pontos: o<br />

tratamento é para o paciente e, portanto ele <strong>de</strong>ve ser respeitado e tratado; o terapeuta<br />

<strong>de</strong>ve ser terapeuta e, portanto tem que se preparar para isto.<br />

Encerradas as 32 sessões nos <strong>de</strong>spedimos e não precisamos fazer<br />

disso nenhuma festa e nenhuma distribuição <strong>de</strong> presentes. Tínhamos um contrato <strong>de</strong><br />

trabalho e cumprimos este trabalho, não tínhamos dívidas uns com os outros;<br />

tínhamos tristeza frente à separação, alegria frente ao que tínhamos conseguido, medo<br />

<strong>de</strong> ficarmos sem a terapia e certeza <strong>de</strong> que tínhamos contribuído com um trabalho<br />

maior - pensar em alternativas terapêuticas para essa patologia.<br />

Uma 33 a sessão foi feita com os observadores <strong>de</strong>ntro da sala e com a<br />

apresentação do trabalho feito por eles. Novas fantasias e novos sentimentos<br />

surgiram, mas encerrou-se aí o trabalho com a informação <strong>de</strong> que todos os pacientes<br />

seriam solicitados pela secretaria da instituição para fazerem o seguimento.<br />

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3 CONCLUSÃO/AVALIAÇÃO QUALITATIVA/PROPOSTA<br />

A Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo <strong>de</strong>ntro do projeto <strong>de</strong> "Avaliação da<br />

efetivida<strong>de</strong> da técnica <strong>de</strong> Intervenção Breve" cumpriu seu objetivo principal que era<br />

<strong>de</strong> ser o grupo controle para a avaliação da técnica <strong>de</strong> Intervenção Breve.<br />

Os pacientes foram todos atendidos <strong>de</strong>ntro das normas propostas pela<br />

própria técnica e das limitações impostas pela pesquisa.<br />

A avaliação qualitativa que fazemos do trabalho é <strong>de</strong> que<br />

conseguimos organizar grupos <strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> drogas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mol<strong>de</strong>s bastante<br />

satisfatórios para aten<strong>de</strong>r a essa <strong>de</strong>manda.<br />

Reforçamos a idéia, já colocada, <strong>de</strong> que só pu<strong>de</strong>mos aten<strong>de</strong>r a estes<br />

pacientes com essa qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atendimento porque tínhamos uma instituição toda<br />

voltada e preparada para isso. Com isso queremos dizer que um terapeuta sozinho,<br />

por mais conhecimentos teóricos ou técnicos que tenha da questão, não po<strong>de</strong>rá<br />

<strong>de</strong>senvolver um trabalho psicoterapêutico se a instituição não estiver também<br />

trabalhada para isso.<br />

Em relação aos grupos e suas constituições, diante dos dados obtidos<br />

observamos que o grupo <strong>de</strong>ve ser composto <strong>de</strong> um número menor <strong>de</strong> pacientes, que<br />

<strong>de</strong>vem iniciar juntos o tratamento. Penso que cinco pacientes seria um número i<strong>de</strong>al<br />

para que o trabalho grupal pu<strong>de</strong>sse ser mais bem aproveitado por todos eles.<br />

Também o tempo limitado foi <strong>de</strong> bastante proveito, mas o trabalho <strong>de</strong>veria ser<br />

dividido <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ste tempo da seguinte forma:<br />

1 a etapa - discussão sobre a abstinência, problemas físicos causados pela droga e<br />

controle do uso da droga;<br />

2 a etapa - discussão sobre os motivos do uso e as dificulda<strong>de</strong>s para estabelecer<br />

qualquer controle;<br />

3 a etapa - discussão sobre os problemas <strong>de</strong> vida, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do uso da droga;<br />

4 a etapa - encaminhamento para outras terapias, se houvessem necessida<strong>de</strong>s.<br />

Esta proposta vem da observação do que aconteceu <strong>de</strong> modo constante nos<br />

grupos e também da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se po<strong>de</strong>r colocar para cada abordagem terapeuta<br />

um limite, isto é, uma terapia realizada em uma instituição tem limites e estes limites<br />

<strong>de</strong>vem ser sempre <strong>de</strong>finidos <strong>de</strong> acordo com os limites e objetivos da própria<br />

instituição.<br />

Diante <strong>de</strong>ssa experiência, pensamos também que o entendimento<br />

<strong>de</strong>ssa patologia <strong>de</strong>ve ser feito realmente em etapas muito distintas, isto é, lidar com<br />

abstinência ou controle <strong>de</strong> uso é uma questão que sempre <strong>de</strong>ve vir antes da discussão<br />

ou tratamento <strong>de</strong> qualquer problema emocional. Como a droga é concreta na vida<br />

<strong>de</strong>ssas pessoas, assim ela <strong>de</strong>ve ser tratada, pois com a interferência abusiva da droga<br />

não existe possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> simbolização e <strong>de</strong> discussão da vida mental. A<br />

psicoterapia <strong>de</strong> grupo serviria para o tratamento <strong>de</strong>sta patologia <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que seus<br />

parâmetros sejam bem <strong>de</strong>finidos <strong>de</strong> acordo com a instituição on<strong>de</strong> ela se aplica e com<br />

os objetivos que se preten<strong>de</strong>.<br />

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

1. ARAJO, V.A. - "Para Compreen<strong>de</strong>r o Alcoolismo"<br />

Edicon - S.Paulo - 1985.<br />

2. BION, W.R. - "Experiências com Grupos"<br />

Imago Editora Ltda. - Rio <strong>de</strong> janeiro - 1970.<br />

3. CABERNITE,L.; DUTRA JUNIOR,A.; SCHNEIDER,G.; BARATA,A.M.A. -<br />

"Grupo Terapêutico e a Psicanálise"<br />

Imago Editora Ltda. - Rio <strong>de</strong> janeiro - 1974.<br />

4. FOULKES, S.H e ANTHONY,e - "Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo" -<br />

Biblioteca Universal Popular - Rio <strong>de</strong> janeiro - 1967<br />

5.GRINBERG,L.; LANGER,M.; RODRIGUE. - "Psicoterapia <strong>de</strong>l Grupo"<br />

Editora Paidos - Bs.As - 1974<br />

6.HALEY,S. - "Tratamento <strong>de</strong> la Famlia" - Editora Toray S.A. -<br />

Barcelona - 1974<br />

7.KADIS,A.L.; KRASNER,J.A.; WINICK,C.; FOULKES,S.H. -<br />

"Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo" - IBRASA - São Paulo - 1972<br />

8. MORENO, J.C. - "Sociometria y Psicodrama" - Editora Deucalin,<br />

Bs.As. 1954<br />

9. MAILHIOT, G.B. - "Dinâmica e Gênese dos Grupos" - Livraria Duas.<br />

Cida<strong>de</strong>s - 1973<br />

10.MASUR, J. CARLINI, E.A. - “Drogas - Subsídios para uma”.<br />

Discussão “Editora Brasiliense - São Paulo - 1989”.<br />

11.MASUR, J. - "A questão do Alcoolismo" - Editora Brasiliense -.<br />

São Paulo - 1984<br />

12.PY, L.A. e outros - "Grupo sobre Grupo" - Rocco - Rio <strong>de</strong>.<br />

Janeiro-1987<br />

13.PICHON-RIVIERE, E. - "El processo grupal" - Editora.<br />

Nueva Vision-1975<br />

14.PAULA RAMOS, S. e col. - "Alcoolismo Hoje” Editor Editora Artes<br />

Médico Sul Ltda. - Rio Gran<strong>de</strong> do Sul - 1987.<br />

15.SATIR, V. - "Terapia do grupo Familiar" - Livraria Francisco.<br />

Alves Editora S.A. - Rio <strong>de</strong> janeiro - 1980.<br />

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16.VELHO, G. - "Individualismo e Cultura" - Jorge Zahar Editora -.<br />

Rio <strong>de</strong> janeiro - 1987<br />

17.ZITOLLEMA,V. - "Conversaciones con Enrique Pichon Riviere" -<br />

Timerman Editora - Bs.As. - 1976<br />

18.ZEMEL, M.L.S. - “Dependência <strong>de</strong> Drogas: Psicoterapia <strong>de</strong> Grupos”.<br />

Comparado a Intervenção Breve “- trabalho apresentado no”.<br />

VII Congresso Brasileiro <strong>de</strong> Alcoolismo - São Paulo -<br />

Abril/1989<br />

19.ZEMEL, M.L.S. - "O tratamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência química em<br />

Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo “- trabalho apresentado no 19”.<br />

Congresso Brasileiro <strong>de</strong> Neurologia, Psiquiatria e Higiene.<br />

Mental - São Paulo - Set. /1989<br />

ANEXO I - Grupos <strong>de</strong> "Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo" 119<br />

ANEXO II - Relação entre o número total <strong>de</strong> pacientese<br />

o número <strong>de</strong> sessões cumpridas 119<br />

ANEXO III - Lista <strong>de</strong> presença 120<br />

ANEXO IV - Controle individual das sessões 121<br />

ANEXO V - Trechos escolhidos como exemplos dos<br />

relatórios <strong>de</strong> sessões 122<br />

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ANEXO I<br />

GRUPOS DE<br />

“PSICOTERAPIA DE GRUPO”<br />

Grupo<br />

Data<br />

Início<br />

Nº <strong>de</strong> Paciente<br />

No Início<br />

Data<br />

Término<br />

Nº <strong>de</strong> Paciente<br />

no Término<br />

A 17/11/88 13 13/07/89 04<br />

B 26/11/88 12 12/08/89 04<br />

C* 10/11/88 07 16/02/89 0<br />

D 18/02/89 13 16/09/89 02<br />

E 02/02/89 10 09/11/89 04<br />

F 21/03/89 10 07/11/89 04<br />

Total<br />

06 17/11/88 07 a 13 07/11/89 00 a 04<br />

*Grupo Desfeito<br />

ANEXO II<br />

RELAÇÃO ENTRE NÚMERO TOTAL<br />

DE PACIENTES E<br />

NÚMERO DE SESSÕES CUMPRIDAS<br />

Número <strong>de</strong> Sessões Número <strong>de</strong> Pacientes<br />

01 10<br />

02 a 04 20<br />

05 a 08 12<br />

09 a 12 03<br />

13 a 16 03<br />

17 a 20 02<br />

21 a 24 07<br />

25 a 28 07<br />

29 a 32 02<br />

Total 32 66<br />

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ANEXO III<br />

Grupo________________Sessão_____________________________Data________/__________<br />

Início ___________________________________________<br />

Coor<strong>de</strong>nador______________________________________<br />

Observador _______________________________________<br />

Presentes (Nome/Sigla)<br />

01) -<br />

02) -<br />

03) -<br />

04) -<br />

05) -<br />

06) -<br />

07) -<br />

08) -<br />

09) -<br />

10) -<br />

11) -<br />

12) -<br />

Ausentes<br />

LOCALIZAÇÃO DA SALA<br />

________________<br />

|\ I I /|<br />

| 5 6 7 8 |<br />

| |<br />

|_4<br />

9_|<br />

| |<br />

|_3<br />

10_|<br />

| |<br />

| 2 1 12 11|<br />

|/____I_____I___\<br />

- DESCRIÇÃO<br />

- AVALIAÇÃO GERAL DO CLIMA DA REUNIÃO<br />

- PÓS-GRUPO<br />

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NOME DO PACIENTE: FULANO DE TAL<br />

DATA DE INICIO : 17/11/88<br />

TOTAL DE SESSÕES: 23<br />

DATA DO TERMINO :<br />

*-----------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

-----------------*<br />

|N<br />

SESSÕES|01|02|03|04|05|06|07|08|09|10|11|12|13|14|15|16|17|18|19|20|21|22|23|24|2<br />

5|26|27|28|29|30|31|32| TOTAL | % |<br />

|----------|--|--|--|--|--|--|--|--|--|--|--|--|--|--|--|--|--|--|--|--|--|--|--|--|--|--|--|--|--|--|--|--|------<br />

-----|<br />

| FREQUÊNCIA| | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | |<br />

|<br />

| C |X |X |X |X |X | | | |X |X | |X |X |X |X |X |X |X | | |X |X |X |X | | |X | |X |<br />

|X |X | | |<br />

| A | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | |X | | | | |<br />

| FJ | | | | | |X |X |X | | | | | | | | | | |X | | | | | | |X | | | | | | | |<br />

|<br />

| FI | | | | | | | | | | |X | | | | | | | | |X | | | | |X | | |X | | | | | |<br />

|<br />

|============================================================<br />

==========================================================|<br />

| LOCAL | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | |<br />

|<br />

| 02 | | | | | | | |X |X | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | |<br />

|<br />

| 03 | | | | | | | | | | | | | |X | | | |X | | | | | | | | | | | | | | | |<br />

|<br />

| 04 | | |X |X | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | |<br />

|<br />

| 05 | | | | | | | | | | | | |X | | | | | | | |X | | | | | |X | | | | | | |<br />

|<br />

| 06 | | | | | | | | | | | |X | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | |<br />

| 07 | | | | | | | | | | | | | | | |X | | | | | | | | | | | | | |X | | | |<br />

|<br />

| 08 | |X | | | | | | | | | | | | |X | |X | | | | | | | | | | | | | |X | | |<br />

|<br />

| 09 | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | |X |X |X | | | | | | | | | |<br />

|<br />

| 10 |X | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | |X | | | | |<br />

|<br />

| 11 | | | | |X | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | |<br />

| 12 | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | |<br />

|============================================================<br />

==========================================================|<br />

| USO DROGA | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | |<br />

|<br />

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| AUMENTO | | | | | | | | |X | | | | | | | | | | | | | | | | | |X | | | | | | |<br />

|<br />

|INALTERADO|X | | | | | | | | |X | |X |X | |X | |X |X | | | | | | | | | | |X | | | |<br />

| |<br />

| | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | |<br />

| REDUÇÃO | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | |<br />

|<br />

| P | |X |X |X |X | | | | | | | | |X | | | | | | | |X |X |X | | | | | |X | | |<br />

| |<br />

| G | | | | | | | | | | | | | | | |X | | | | | | | | | | | | | | |X |X | |<br />

|<br />

| ABSTEVE | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | |<br />

|<br />

|============================================================<br />

==========================================================|<br />

| PARTICIPOU| | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | |<br />

|<br />

| | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | |<br />

|ATIVAMENTE|X |X |X |X |X | | | |X |X | |X | | |X |X |X |X | | |X |X |X |X | | |X<br />

| |X |X |X |X | | |<br />

|PASSIVAM. | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | |<br />

|<br />

|AUSENTEM. | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | |<br />

|<br />

|============================================================<br />

==========================================================|<br />

| TEMAS | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | |<br />

|<br />

|REF. USO |X |X |X |X |X | | | | |X | |X | |X | | | | | | |X | |X | | | | | | | | | |<br />

| |<br />

|REF. TRAB/| | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | |<br />

|<br />

| LASER | | | | |X | | | | |X | | |X | |X | | | | | | | | |X | | | | | |X |X | |<br />

| |<br />

|SUPERFIC. |X |X |X |X |X | | | |X | | |X |X |X |X | | | | | | | | | | | | | | | | | |<br />

| |<br />

|HIST/FEM. | | | | |X | | | | | | | | | |X | |X | | | | | | | | | | | | | |X | |<br />

| |<br />

|PESSOAIS | | | | | | | | | |X | | | |X | |X |X |X | | | | |X | | | |X | |X |X |X | |<br />

| |<br />

|REL.TERA- | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | |<br />

|<br />

|PIA/GRUPO | | |X | | | | | |X | | | |X |X |X | | | | | | | | | | | | | | |X | |X |<br />

| |<br />

*-----------------------------------------------------------------------------------------------------<br />

-----------------*<br />

C = COMPARECIMENTO A = ATRASO FALTA = FALTA<br />

JUSTIFICADA FI = FALTA INJUSTIFICADA<br />

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ANEXO V<br />

TRECHOS ESCOLHIDOS COMO EXEMPLOS<br />

DOS RELATÓRIOS DE SESSÕES<br />

1 SESSÃO - GRUPO "B" - P = PACIENTE<br />

Às 10:00 h P1 havia chegado.<br />

Às 10:07 h a sessão começa com P1 e P2.<br />

P2 - Pe<strong>de</strong> para fumar.<br />

ML - Explica que não é permitido por causa do ar condicionado. "Como passaram?”.<br />

P1 - Passei bem, relativamente bem exceto ontem, que tive uma<br />

recaída. Eu pergunto, não é para não beber nunca mais? Cada vez que tomo um<br />

copo me sinto o pior dos homens (por mim e pela mulher) é uma cada como uma<br />

porretada...<br />

ML - Acho que temos que nos organizar em função do que sentimos... Para o<br />

senhor não ta fazendo bem, se houver uma forma <strong>de</strong> usar que esteja legal eu não<br />

tenho exigências quanto à parada da bebida...<br />

Entra P3 senta-se, <strong>de</strong>sculpa-se pelo atraso, por causa do trânsito que o fez <strong>de</strong>sviar do<br />

caminho.<br />

ML - (Pe<strong>de</strong> que se apresentem).<br />

P2 - (Fala da me que sempre foi assim).<br />

ML - O problema é então sua mãe exploradora?<br />

P2 - (Concorda).<br />

ML - Barra não é?<br />

P3 - (Fala prolixamente, com as mãos juntas por sobre o colo). "Tive um<br />

episódio parecido quando era mais novo... éramos cinco irmãos... o mais novo era<br />

protegido e não trabalhava e minha me protegia ele".<br />

(o grupo comenta que, no caso, a mãe <strong>de</strong> P2 é a mais velha).<br />

P2 - Ser do meio é a pior coisa.<br />

P3 - Tenho este problema em casa. As mães acham as filhas mais amigas, mulher que<br />

está grávida quer filha porque conversa mais... Filho vai embora, a filha faz<br />

companhia.<br />

ML - O problema básico é a mãe?<br />

P3 - Eu não tenho este problema, minha mãe só protegia meu irmão, mas ele era mais<br />

novo... Eu vou dizer, me consi<strong>de</strong>ro um atleta como Pelé ou Biro-Biro.<br />

ML - (Brinca dizendo): "Puxa temos uma pessoa importante no grupo!"<br />

P3 - (Não se abala e continua no mesmo tom). Não! Digo em sua proporção. Pelo<br />

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nível sócio-econômico <strong>de</strong> on<strong>de</strong> vim consegui subir... Meus amigos, eu vejo hoje, pelo<br />

fatalismo social não subiram. Biro-Biro foi até a lua e eu alcancei a altura <strong>de</strong> um<br />

avião...<br />

ML - E como é "fatalismo social" com as drogas?<br />

P3 - Acho complicado porque em famílias pobres e ricas você tem<br />

O mesmo problema...<br />

ML - (Interrompendo) E pra você?<br />

P3 - Você diz...<br />

ML - Calma! Ela chegou e já rolou a bola como um Pelé mesmo!<br />

(repete a questão sobre fatalismo e pergunta). "Dá pra ser um atleta na hora <strong>de</strong><br />

largar a droga ou a bebida?"<br />

P1 - Eu sou mais velho que os dois e minha experiência com o álcool tem sido boa<br />

relativamente. Fiquei um tempo sem a A... (faz uma listagem <strong>de</strong> episódios <strong>de</strong> recaídas<br />

e melhoras)... E agora antes <strong>de</strong> vir pra cá comecei <strong>de</strong> novo (não ficou claro se diz que<br />

bebeu ontem, hoje mesmo ou diz genericamente do período atual).<br />

Não sei se é pela ansieda<strong>de</strong>. Não é a primeira terapia que faço...Eu fumo também.<br />

Acho que você (ML) também fuma...<br />

ML - Como sabe?<br />

P1 - Pelo jeito.<br />

(P1 e P3 também dão palpites a respeito "pelos <strong>de</strong>ntes" etc).<br />

P1 - Pra mim o tornar-se abstêmio é o primeiro dia, os outros ficam mais fáceis. Eu<br />

também tenho origem humil<strong>de</strong> e você (P3) não é o Pelé não. Meu pai é muito pobre e<br />

trabalha até hoje <strong>de</strong> alfaiate aos 71 anos... Eu me sinto muito bem quando estou<br />

abstêmio, me sinto outro. Nunca caí pelas calçadas, mas me sinto muito melhor.<br />

P3 - Mas seria um heroísmo ficar abstêmio? (para P1)<br />

Pois <strong>de</strong>sse mar <strong>de</strong>saparece muita gente, não sei qual a porcentagem que sai fora disso.<br />

Também me sinto muito melhor sem álcool. Será que a gente tem raiva da gente<br />

mesmo? Será um capeta que quer nos <strong>de</strong>struir? Este capeta seremos nós mesmos?<br />

P2 - Meu problema não é álcool, eu cheiro, falou? Faz duas semanas que não venho,<br />

quando cheiro sou outra coisa. Basta alguém duvidar do esforço <strong>de</strong> parar que eu<br />

cheiro.<br />

ML - Você cheirou estas duas semanas?<br />

P2 - Cheirei uma grama um dia e uma grama no outro dia. Essa semana eu só<br />

fumei... Minha mãe duvidou <strong>de</strong> mim e eu fiquei com raiva, duvidou que quero parar...<br />

Acho que dá pra sair...<br />

ML - Você acha que tem que ficar resistente <strong>de</strong>ssa raiva?<br />

P2 - Concordo.<br />

ML - Acho que esta raiva que dá da dúvida do outro é a raiva da dúvida da gente<br />

mesmo... Será que não é vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> justificar a porcaria que se é?<br />

P2 - Eu já senti isso, mas <strong>de</strong> quando bate a luci<strong>de</strong>z...<br />

ML - Parece que o difícil é encarar o sucesso que vocês alcançaram (para P3 e<br />

P2).<br />

ML - Ele me olhou com o olho arregalado!<br />

P3 - Eu tenho pouca visão no olho direito...<br />

ML - É pouca visão ou ficou assustado com o que eu disse?<br />

P3 - (Repete) "Eu tenho pouca visão no olho direito, e tenho mania <strong>de</strong> arregalar os<br />

olhos..."<br />

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Eu sinto uma frustração, amarras <strong>de</strong> todo o tipo imagina se a polícia interdita uma<br />

rua por excesso <strong>de</strong> zelo e você quer passar, mas tem que dar a volta...<br />

P3 - (Repete a situação). Aí fico com uma puta raiva daquilo <strong>de</strong> querer fazer algo e<br />

ser impedido...<br />

ML - De beber?<br />

P3 - É ...(vai continuar a falar)<br />

ML - (interrompe).Vocês enten<strong>de</strong>ram?<br />

P1 - Acho que a cada frustração ele bebe.<br />

P3 - Concordo.<br />

P1 - Disseram que eu não sabia lidar com contrarieda<strong>de</strong>s. A cada contrarieda<strong>de</strong> eu<br />

fujo pro álcool.<br />

ML - Vê que bom está este grupo? Ele enten<strong>de</strong>u melhor que a psicóloga aqui!<br />

E porque o Senhor bebeu ontem (pr P1)?<br />

P1 - Não sei, eu não Estava contrariado e vim para este tratamento por iniciativa<br />

própria...A não ser que haja uma contrarieda<strong>de</strong> inconsciente <strong>de</strong> estar aqui.<br />

P3 - Eu sinto que po<strong>de</strong>ria rebater a contrarieda<strong>de</strong>, mas penso nas conseqüências,<br />

conto até 200 mil. Acho que vai se acumulando e não tem on<strong>de</strong> dar vazão e uma<br />

vazão é o álcool.<br />

ML - Há problemas com o outro. O mundo está contra mim, ao mesmo tempo as<br />

contrarieda<strong>de</strong>s da vida que vocês tiveram serviram para dar força a vocês. Nestas<br />

questões a contrarieda<strong>de</strong> servia como motor, mas em outras coisas não serve... (sobre<br />

P2) Ele tem que ficar com o cigarro na mão!<br />

Batem na porta (bastante evi<strong>de</strong>nte).<br />

P2 - Bateram na porta?<br />

(Entra P4 e diz que confundiu o horário com 10:30, são agora 10:45, apresenta-se).<br />

(P2 repete em uma frase o tema das frustrações como que explicando a P4, mas não<br />

se dirigindo a ele e continua) Você vai vencendo os obstáculos e chega uma hora que<br />

não tem mais sentido, os obstáculos já ficam conhecidos e você acha que não valeu a<br />

pena, dá pra enten<strong>de</strong>r? Mas há obstáculos, por isso que estamos aqui...<br />

P1 - Eu me sinto diferenciado. Um fato inédito para mim é um cara que fuma um ou<br />

dois cigarros na sexta e bebe um ou dois uísques no fim <strong>de</strong> semana. Porque nós temos<br />

a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> beber e per<strong>de</strong>mos a luci<strong>de</strong>z?<br />

ML - Mas vocês não são vítimas do álcool ou outra droga não é? (o grupo concorda).<br />

Acho que vocês fizeram um casamento especial.<br />

P4 - (Fala todo o tempo gesticulando muito, corpo projetado para frente).<br />

Destrutivo (referindo-se ao casamento com o álcool). Há uma relação <strong>de</strong><br />

prazer gran<strong>de</strong> não são sós frustrações. Começar a ver com o álcool. Há um estado <strong>de</strong><br />

consciência embriagada. Só aí que você percebe a vida que você leva: a mulher que não<br />

ama, o trabalho que é aquilo <strong>de</strong> carimbar o dia todo...<br />

P1 - A luci<strong>de</strong>z é ilusória.<br />

P4 - Não. É luci<strong>de</strong>z, é <strong>de</strong>frontamento...<br />

P1 - Você pensa que está enten<strong>de</strong>ndo tudo, mas já está tudo <strong>de</strong>formado. (Cita caso<br />

<strong>de</strong> discussão com a mulher muito confusa).<br />

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P4 - Você não enten<strong>de</strong>u, é mais profundo...<br />

ML - Traduzindo, algumas coisas só ficam às claras quando se bebe...<br />

P3 - Você toma consciência que na vida você está florindo a realida<strong>de</strong>.<br />

ML - Mas o que não fica claro é o meu papel nisso porque se estou com uma mulher<br />

que não amo eu tenho responsabilida<strong>de</strong> nisso. No casamento com a droga é o mesmo<br />

ponto. Há os dois lados, o seu e o da droga, como uma troca <strong>de</strong> favores (enquanto fala<br />

P3 e P4 manifestam que concordam).<br />

P3 - Talvez em mim este prazer esteja bloqueado, é como um autoflagelo, já<br />

experimentei várias bebidas. Pra mim é tudo igual. Apenas muda a quantida<strong>de</strong><br />

necessária...<br />

P4 - Você tem esta consciência que você quer ficar embriagado?<br />

P3 - Geralmente não.<br />

P4 - Eu bebo porque gosto <strong>de</strong> beber. O espaço bar é vital para mim...<br />

P1 - O bar é o palco da vida aon<strong>de</strong> <strong>de</strong>sfila o mundo.<br />

P4 - Eu fico pensando se não é um problema <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong>, quando cheguei do<br />

interior o bar foi o primeiro lugar que freqüentei, encontrava pessoas...<br />

ML - A primeira namorada?<br />

P4 - Exatamente e também tenho o meu pai que gostava muito <strong>de</strong> bar e me passou<br />

isso.<br />

ML - Teu pai te largou no mundo e você vai no bar para ver se ele está lá?<br />

P4 - Às vezes escuto uma voz e penso ser a <strong>de</strong>le no meio das pessoas do bar...Uma<br />

das coisas que há lá me <strong>de</strong>strói, que é o álcool, mas não quer dizer que o espaço seja<br />

ruim para mim...<br />

P1 - (levanta): "preciso urinar”.<br />

(Ao final da sessão)<br />

ML - (Propõe avaliação).<br />

P4 - Eu cheguei atrasado, não posso avaliar.<br />

ML - Sua avaliação é essa, que chegou atrasado.<br />

P4 - (Concorda rindo).<br />

P3 - Sou um pouco lento para avaliação...<br />

ML - Você chegou atrasado também...<br />

P4 - Eu estou sem beber <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o dia em que vim aqui, aliás, <strong>de</strong>ixa eu falar será que<br />

é <strong>de</strong> medo <strong>de</strong> brigar com minha mulher? Porque não adianta tentar escon<strong>de</strong>r o bafo...<br />

ML - Mas já é um bom motivo... Você não precisa ficar se cobrando uma causa <strong>de</strong><br />

tudo tanto assim P4!<br />

E a reunião <strong>de</strong> hoje? (para P4)<br />

P4 - Acho que estamos todos... Todos um iluminando o outro coisas bateram na<br />

minha cabeça (cita P2) o que ele falou me fez ficar pensando na agressivida<strong>de</strong>...<br />

P2 - Foi bom, cada um é um, mas vai chegar na minha cabeça...<br />

P1 - Tive receio, sou difícil eu me i<strong>de</strong>ntificar com o grupo.<br />

ML - O senhor é filho único?<br />

P1 - Sou. Mas acho que vai funcionar, pois não estamos discutindo diletantismo,<br />

estamos discutindo coisas importantes, se não fosse eu não estava vindo <strong>de</strong> outra<br />

cida<strong>de</strong>.<br />

P3 - A troca <strong>de</strong> experiências, sempre é bom. O resultado a gente vai vendo.<br />

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Passada a semana à gente vai ver como a reunião foi boa. Tem uma importância "X",<br />

fundamental. Eu acho até que só <strong>de</strong> conversar, duas pessoas já ajuda. Eu tenho feito<br />

terapia à vida inteira.<br />

ML - No senhor! Terapia tem uma hora certa, local certo e com.<br />

Uma profissional, o terapeuta!<br />

ML - (Fala dos atrasos pedindo que não aconteça mais pois o tempo da terapia é<br />

curto e é preciso aproveitá-lo. Fala das duas saídas e pe<strong>de</strong> que se vá ao banheiro antes<br />

<strong>de</strong> entrar para se agüentar a angústia <strong>de</strong> ficar aqui sem sair. Fala<br />

Que sentiu uma colocação muito teórica, dizendo ser uma ·(especialida<strong>de</strong> dos<br />

advogados).<br />

P3 - (Respon<strong>de</strong>ndo) São os bloqueios...<br />

P4/P1 - (Também comentam que é por ser o começo).<br />

P3 - O negócio é sair antes para não atrasar...<br />

(os outros concordam)<br />

P4 - Também é ruim pra vocês (ML e P1) que estavam aqui na hora e podiam estar<br />

fazendo outra coisa.<br />

ML - Eu estou aqui para isso.<br />

P3 - De qualquer maneira estaria com outro trabalho...<br />

ML - Sabe o que é, vamos ter uma briga <strong>de</strong> importância ele (para P3) disse que é o<br />

Pelé, eu sou "A" terapeuta ML!<br />

17 SESSÃO - GRUPO "A" P = PACIENTE<br />

... “P1 - Eu furei o pacto, bebi no Sábado”.<br />

ML - Você bebe <strong>de</strong> sábado?<br />

P1 - Pintaram um churrasco, uns amigos...<br />

ML - Eu vou ter que recomendar menos amigos para o P1.<br />

P2 - Quinta-feira eu bebi mais, eu fui encontrar um amigo, aí eu fiquei pensando que<br />

eu abandonei a minha profissão, larguei a minha carreira, não estou fazendo nada,<br />

me pegou... Aí eu bebi.<br />

ML - Que sensação <strong>de</strong> abandono essa <strong>de</strong> vocês... Que solidão...<br />

P3 - Eu não posso ter filho, não posso ter uma companheira...<br />

ML - Companheira po<strong>de</strong> ter...<br />

P3 - Mas aí eu vou ter que explicar...<br />

ML - Você está antecipando uma situação ... A solidão é essa que o pai e a mãe saem,<br />

e você fica sem parâmetros. O medo do P2 do filho repetir a história[ <strong>de</strong>le. A<br />

questão é transar a relação com sua mulher porque limite é importante.<br />

P3 - O Sr. P2 <strong>de</strong>ve ser um “puto" pai amigo...<br />

P2 - Eu tento conversar.<br />

P3 - Eu ganhei um Puma com 17 anos, eu não me esqueço, eu tenho grana, muita<br />

grana na mão.<br />

ML - Grana não faz mal, o que faz mal é grana para encobrir outra coisa.<br />

P1 - Eu, já bebia porque não tinha grana, tinha complexo.<br />

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27 SESSÃO - GRUPO "E" - P = PACIENTE<br />

ML - Você percebe que fica neste ambiente circular.<br />

P1 - Realmente você tem vários motivos para beber, dá até para enten<strong>de</strong>r, eu também<br />

não resolvo a parada para encarar a minha família. Eles são mais fortes que eu,<br />

eu me sinto mais fraco que eles, talvez se tivesse neste formigueiro, você está faria<br />

a mesma coisa. Se tivesse no seu lugar teria puxado o carro há muito tempo como<br />

fiz, larguei tudo no Rio, porque era briga <strong>de</strong> família pr todo lado, eu fugi do Rio,<br />

vim para São Paulo, no começo foi difícil, me lembro que caí num hotel lá da Rua<br />

Aurora, o quarto era aquele cor <strong>de</strong> rosa choque, sabe ?, E fiquei lá.<br />

P2/P1 - Você era alcoólatra?<br />

P1 - Era drogado, <strong>de</strong>ixei tudo no Rio, tinha um bom padrão <strong>de</strong> vida, era<br />

consi<strong>de</strong>rado filho <strong>de</strong> papai e era mesmo, eu fumava maconha, <strong>de</strong>pois bolinha, na<br />

época da escola tomei Mandrix, Equalon, para tranqüilizar, até que um dia me <strong>de</strong>u na<br />

cabeça <strong>de</strong> mudar, do Rio, é "porra louca", vim para São Paulo, porque achava a<br />

cida<strong>de</strong> mais séria, naquela época tinha cabelo comprido, aqui (aponta com a mão<br />

abaixo do ombro) meu pai se separando da minha mãe, não quis saber, vim embora,<br />

passei fome, morei em pensionato, lavava, passava, e aos poucos fui recompondo<br />

minha vida.<br />

P2/P1 - Mas P1, na minha ida<strong>de</strong> é diferente.<br />

Bem ou mal já construí alguma coisa, e pra refazer tudo, não é fácil, nem<br />

tanto por eu ter 42 anos, o que acontece é que não tenho mais tesão <strong>de</strong> começar tudo.<br />

ML - Como você acha que po<strong>de</strong> ser então? Qual a saída?<br />

P2 - Não sei, ficar em pensãozinha não dá mais, acho que tenho que ficar lúcido,<br />

começar a trabalhar, ir atrás das coisas, procurar melhorar.<br />

P3/P2 - Acho que tem que meter as caras, estudar bastante, passar neste concurso,<br />

imagine se passa no concurso, essas coisas não vêm <strong>de</strong> graça.<br />

P2/P3 - Eu sei que não vêm <strong>de</strong> graça, mas quero algo <strong>de</strong> mediato, percebe ?<br />

ML - Mediato não, Imediato ! Então P2, o P3 está só dando um exemplo <strong>de</strong>le, não<br />

está sugerindo concretamente nada para você. Agora, se não houver rupturas não<br />

tem saída, fica difícil, porque você vai tentando justificar tudo. Tem que haver uma<br />

ruptura a partir <strong>de</strong> você porque as outras coisas é provável que não mu<strong>de</strong>m, a<br />

mudança precisa ser feita a partir <strong>de</strong> você, criar condições, para cuidar <strong>de</strong> suas<br />

coisas, senão fica : - Tenho 4 filhos, ta bom, só que não tem possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cuidar.<br />

P1 - E a coisa vai por aí, tem que dar uns passos para a vida mudar e não é fácil, mas<br />

tem que correr se quiser mudar, senão vira rotina, daqui a pouco terá que só beber,<br />

manhã, tar<strong>de</strong> e noite, apesar que não posso falar muito porque também sou foda<br />

com o álcool.<br />

ML - Você também tem que fazer isso com você.<br />

27 SESSÃO - GRUPO "F" - P = PACIENTE<br />

ML/P1 - Parece que você não quer pensar quem é <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> esse pai, essa mãe, suas<br />

relações. Provavelmente alguma dificulda<strong>de</strong> seu pai tinha e parece que você não quer<br />

entrar em contato com sua própria história, fica esperando um irmão vestido <strong>de</strong> fada<br />

para te ajudar.<br />

P1 - (relata algumas experiências do fracasso do pai)<br />

Ele sempre é alvo <strong>de</strong> roubo <strong>de</strong> outras pessoas, as pessoas sempre roubam ele e ele<br />

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não reage. Há pouco tempo atrás um sobrinho roubou o documento <strong>de</strong> seu caminhão<br />

e ven<strong>de</strong>u.<br />

P2 - É a <strong>de</strong>svalia, você próprio também <strong>de</strong>svaloriza os projetos que faz, você<br />

cumpre e <strong>de</strong>svaloriza o que cumpriu, você se propôs ficar sem beber, ficou,<br />

conseguiu, mas não valoriza, isso é ficar <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> seu projeto, <strong>de</strong> mim, você<br />

não bebe e fala : - Será que é isso ? Não, é você.<br />

P1 - Neste tempo todo o grupo esta tendo importância.<br />

ML - Mas o tempo interno seu, você se esquece, este não é um grupo<br />

antialcoólico, mas é por isso também que estamos aqui.<br />

P3/P1 - Você não veio com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se libertar da bebida?<br />

P1 - Passou rápido a <strong>de</strong>pendência das drogas e ficou a situação <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong><br />

mim.<br />

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CAPÍTULO 7<br />

SEGUIMENTO DE AVALIAÇÃO<br />

MARIA LUCIA O. S. <strong>FORMIGONI</strong><br />

____________________________________________________________________<br />

________________<br />

AGRADECIMENTOS: O planejamento dos protocolos <strong>de</strong> seguimento e a sua<br />

aplicação aos colaterais foram realizados por Deborah Suchecki, que se encontrava<br />

nos EUA realizando pós-doutorado durante a redação <strong>de</strong>ste livro. As entrevistas <strong>de</strong><br />

seguimento dos pacientes foram realizadas pelos médicos José Carlos F. Galduróz,<br />

Roberto Andreatini e Cleusa P. Ferri. As entrevistas <strong>de</strong> colaterais foram realizadas<br />

também por Ester M. Nakamura e Clei<strong>de</strong> V.V. Araújo. Os contatos com pacientes e<br />

colaterais foram realizados por Vania Miranda e Ana Lúcia Bertoli.<br />

* “efetivida<strong>de</strong>" a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma população <strong>de</strong>finida se beneficiar <strong>de</strong> uma<br />

<strong>de</strong>terminada Intervenção ou tratamento, em condições reais <strong>de</strong> aplicação.<br />

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ÍNDICE<br />

________________________________________________________<br />

INTRODUÇÃO 137<br />

1. O PLANEJAMENTO DA AVALIAÇÃO 138<br />

1.1 Cálculo do número <strong>de</strong> pacientes por grupo 138<br />

1.2 Planejamento "Cego” 139<br />

1.3 Grupo controle 139<br />

1.4 A duração e a freqüência do seguimento 140<br />

1.5 Organização dos dados e construção dos protocolos 140<br />

1.5.1 Organização dos dados 140<br />

1.5.2 Seleção das variáveis 141<br />

2. O CONTATO COM OS PACIENTES 142<br />

3. MORTALIDADE DE PACIENTES NO PERÍODO<br />

DE SEGUIMENTO 143<br />

4. A AVALIAÇÃO FEITA COM OS COLATERAIS 143<br />

5. COMPARECIMENTO AO SEGUIMENTO 144<br />

6. AN ÁLISE ESTATÍSTICA 145<br />

7. ANÁLISE CRÍTICA 146<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 147<br />

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INTRODUÇÃO<br />

Uma Avaliação metodologicamente a<strong>de</strong>quada da efetivida<strong>de</strong>*<br />

terapêutica <strong>de</strong> um procedimento psicoterápicos é essencial para quem trabalha com<br />

este procedimento, porque só ela po<strong>de</strong> indicar os pontos merecedores <strong>de</strong> reforço ou<br />

reformulação. No caso <strong>de</strong> nova metodologia, só a avaliação da efetivida<strong>de</strong> permite<br />

saber se este é um procedimento merecedor <strong>de</strong> todo o investimento requerido na<br />

implantação <strong>de</strong> um novo método.<br />

O planejamento da avaliação é sem dúvida tão importante quanto a<br />

sua execução. Em revisão sobre o assunto, Sobell e colaboradores (1987) analisaram<br />

do ponto <strong>de</strong> vista metodológico, mais <strong>de</strong> 85 trabalhos que tinham como objetivo<br />

avaliar o resultado obtido após um tratamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> álcool. Segundo<br />

estes autores, as principais <strong>de</strong>ficiências encontradas foram: falta <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>scrição<br />

<strong>de</strong>talhada das características das pessoas estudadas antes <strong>de</strong> serem submetidas ao<br />

tratamento, por exemplo em relação à gravida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>pendência; <strong>de</strong>scrição<br />

ina<strong>de</strong>quada do tratamento; falhas ao relacionar dados pré-tratamento das variáveis<br />

avaliadas no seguimento; falta <strong>de</strong> uma análise das possíveis diferenças entre os<br />

grupos antes do tratamento; conclusões no baseadas em análise estatística dos dados,<br />

ou seu uso inapropriado e falta <strong>de</strong> uma análise quantitativa do consumo <strong>de</strong> álcool.<br />

Serão <strong>de</strong>scritos a seguir os principais componentes do seguimento <strong>de</strong><br />

avaliação <strong>de</strong> um estudo clínico controlado <strong>de</strong>nominado "Avaliação da efetivida<strong>de</strong><br />

relativa da técnica <strong>de</strong> Intervenção Breve no tratamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> drogas",<br />

<strong>de</strong>senvolvido no Centro <strong>de</strong> Pesquisa em Psicobiologia Clínica do Departamento <strong>de</strong><br />

Psicobiologia da Escola Paulista <strong>de</strong> Medicina. Neste estudo, além <strong>de</strong> se avaliar os<br />

tratamentos em comparação, houve a preocupação <strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolver uma<br />

metodologia <strong>de</strong> avaliação.<br />

1. O PLANEJAMENTO DA AVALIAÇÃO<br />

O planejamento <strong>de</strong> uma metodologia <strong>de</strong> seguimento ("follow-up")<br />

envolve muitos fatores além do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> protocolos específicos, entre<br />

eles: o cálculo do número mínimo <strong>de</strong> pacientes por grupo; o estudo da coerência e<br />

correspondência entre os dados coletados na avaliação inicial e no seguimento; o<br />

treinamento das pessoas que farão contato com os pacientes, dos que aplicarão os<br />

protocolos <strong>de</strong> avaliação aos pacientes e aos colaterais por eles indicados e a <strong>de</strong>finição<br />

prévia do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> análise estatística que ser utilizado.<br />

Além disso, pontos importantes do planejamento <strong>de</strong>vem ser<br />

cuidadosamente estudados, como por exemplo, o tipo <strong>de</strong> controle utilizado, a maneira<br />

<strong>de</strong> alocar os pacientes para os grupos, os critérios <strong>de</strong> avaliação que serão utilizados e<br />

a forma <strong>de</strong> avaliação da a<strong>de</strong>rência (Fuller, 1991).<br />

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1.1. C ÁLCULO DO NÚMERO DE PACIENTES POR GRUPO<br />

Existem vários métodos estatísticos (Young e Bresnitz, 1983; Altman,1980 e<br />

Alencar,1986) <strong>de</strong>stinados ao cálculo do número mínimo <strong>de</strong> pessoas que <strong>de</strong>verão<br />

compor um grupo, que permita uma interpretação correta <strong>de</strong> um achado negativo<br />

(ausência <strong>de</strong> diferença entre os grupos).<br />

Neste estudo, o cálculo do número <strong>de</strong> sujeitos foi feito utilizando-se<br />

a seguinte fórmula:<br />

n = z 2 . p (1-p) /d2<br />

on<strong>de</strong>:<br />

z = 1,96 (consi<strong>de</strong>rando 5% a probabilida<strong>de</strong> do erro do tipo I)<br />

p = 3O% (valor estimado pela literatura <strong>de</strong> "sucessos" em psicoterapia)<br />

d= 13% (erro amostra tolerado, o que implica em afirmar que o resultado do grupo<br />

Intervenção Breve só vai ser consi<strong>de</strong>rado significativamente diferente do resultado<br />

obtido com a psicoterapia <strong>de</strong> Grupo se ambos diferirem em pelo menos 13%).<br />

Desta forma o cálculo realizado foi:<br />

n = (1,96) 2 . (O,3O) . (1- O,3O) / (O,13)2<br />

Este cálculo resultou em 48 pacientes, como o número mínimo por grupo.No<br />

entanto, estimando-se uma taxa <strong>de</strong> "attrition rate" <strong>de</strong> 30% (porcentagem <strong>de</strong> pacientes<br />

cujo seguimento não po<strong>de</strong>ria ser realizado por diferentes razões) este número foi<br />

ampliado para 62 pacientes.<br />

Estes cálculos são essenciais para que seja possível a interpretação <strong>de</strong><br />

um dado negativo (ausência <strong>de</strong> diferença entre os grupos) <strong>de</strong> maneira a<strong>de</strong>quada.<br />

Muitas vezes, interpretações precipitadas <strong>de</strong> dados negativos po<strong>de</strong>m conduzir a<br />

conclusões erradas porque o número <strong>de</strong> sujeitos avaliados em cada grupo era<br />

insuficiente.<br />

A estimativa <strong>de</strong>ve ser sempre corrigida para a provável taxa <strong>de</strong><br />

perdas, cujo máximo aceitável <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 3O%. A FDA (Food and Drug<br />

Administration) dos Estados Unidos não consi<strong>de</strong>ra válidos estudos com uma taxa <strong>de</strong><br />

seguimento menor do que 7O%. Relatar resultados que se referem somente aos<br />

pacientes facilmente encontráveis po<strong>de</strong> resultar num aumento artificial da eficácia do<br />

tratamento estudado. I<strong>de</strong>almente, todos os pacientes que participaram do estudo<br />

<strong>de</strong>vem ser avaliados. Entretanto, na prática isto nem sempre é possível, por maior que<br />

seja o esforço realizado. A principal crítica feita é que a população que comparece ao<br />

seguimento po<strong>de</strong> não ser representativo da população original, o que limita as<br />

generalizações que po<strong>de</strong>riam ser feitas.<br />

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1.2. PLANEJAMENTO "CEGO"<br />

Muitas vezes é difícil controlar a influência da subjetivida<strong>de</strong> do avaliador. Para<br />

controlar esta influência o planejamento i<strong>de</strong>al <strong>de</strong>ve ser no esquema "cego", ou <strong>de</strong><br />

anonimato. Neste planejamento quem está avaliando o paciente <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>sconhecer o<br />

tipo <strong>de</strong> tratamento ao qual ele foi submetido. Em terapias verbais isto é mais difícil,<br />

porque o paciente geralmente se refere ao tratamento. O viés po<strong>de</strong> ser reduzido se o<br />

avaliador for uma pessoa in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, que pelo menos ignore a evolução do<br />

paciente durante o processo terapêutico. Isto não significa que se esteja questionando<br />

a honestida<strong>de</strong> do avaliador, mas sabe que fatores inconscientes po<strong>de</strong>m influenciar<br />

tanto a formulação das perguntas como a interpretação das respostas.<br />

1.3. GRUPO CONTROLE<br />

Como será discutido no capítulo 8, este foi um estudo clínico<br />

experimental, caracterizado pela inclusão <strong>de</strong> um grupo controle. Por razões já<br />

discutidas em outros capítulos (1 e 6), a técnica <strong>de</strong> Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo foi<br />

escolhida para funcionar como grupo controle. Por <strong>de</strong>finição, chama-se <strong>de</strong> grupo<br />

controle aquele composto por pacientes que não recebem tratamento ou recebem o<br />

tratamento convencional para aquele diagnóstico. Este grupo serve como parâmetro<br />

<strong>de</strong> comparação para a nova terapia avaliada. Ele permite que se acompanhe a<br />

evolução natural, no caso <strong>de</strong> "no tratamento", ou a efetivida<strong>de</strong> do tratamento padrão.<br />

A presença <strong>de</strong> um grupo controle é a principal diferença entre um<br />

"estudo <strong>de</strong> pesquisa" da efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um tratamento e "avaliações internas" <strong>de</strong> um<br />

programa.<br />

1.4. A DURAÇÃO E A FREQUÊNCIA DO SEGUIMENTO<br />

Há muita discussão na literatura sobre qual a ocasião mais a<strong>de</strong>quada para a realização<br />

do seguimento <strong>de</strong> avaliação. Se por um lado uma avaliação realizada após um período<br />

relativamente longo <strong>de</strong> tempo, por exemplo, vários anos, permitem saber exatamente<br />

como evoluiu o paciente <strong>de</strong>corrido este tempo, por outro ela dificulta atribuir àquele<br />

tratamento específico os efeitos observados. Em casos como os <strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong><br />

álcool e outras drogas, sabe-se que muitos fatores po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>terminar uma mudança <strong>de</strong><br />

comportamento, como situações <strong>de</strong> vida peculiares, influência <strong>de</strong> opções religiosas e<br />

outros tratamentos no período.<br />

Outro fator que <strong>de</strong>ve ser pon<strong>de</strong>rado é a freqüência da<br />

avaliação.Como as recaídas são freqüentes nos seis primeiros meses este período<br />

<strong>de</strong>ve servir <strong>de</strong> base para a avaliação. Em geral os períodos mais freqüentemente<br />

relatados são os <strong>de</strong> 6 e 12 meses após o término do tratamento.<br />

Para viabilizar a comparação entre os grupos, a Psicoterapia <strong>de</strong><br />

Grupo foi limitada na sua duração em seis meses. Este período foi equivalente ao<br />

necessário para completar as fases <strong>de</strong> aquisição e manutenção da técnica <strong>de</strong><br />

Intervenção Breve.<br />

Foram realizadas duas avaliações <strong>de</strong> seguimento, baseadas na data <strong>de</strong><br />

admissão dos pacientes: aos 10 e aos 20 meses (respectivamente cerca <strong>de</strong> 3-4 meses e<br />

12-14 meses após o término do tratamento).<br />

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1.5. ORGANIZAÇÃO DOS DADOS E CONSTRUÇÃO DOS<br />

PROTOCOLOS<br />

1.5.1. ORGANIZAÇÃO DOS DADOS<br />

A forma <strong>de</strong> organizar os dados <strong>de</strong>ve fazer parte do planejamento<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início. Somente uma integração eficaz entre as pessoas que coletam os dados<br />

e as que os analisam garante uma interpretação a<strong>de</strong>quada dos resultados.<br />

A organização dos dados implica inicialmente na criação <strong>de</strong> um<br />

banco <strong>de</strong> dados. Sendo possível, este banco <strong>de</strong>ve ser informatizado, o que facilitará<br />

muito a análise posterior. Para a sua estruturação é necessário <strong>de</strong>finir claramente<br />

todas as variáveis que farão parte da avaliação. Muitas questões <strong>de</strong>vem ser<br />

consi<strong>de</strong>radas ao elaborar o protocolo. Talvez, a mais importante <strong>de</strong>las seja a clareza<br />

na formulação, <strong>de</strong> modo a não <strong>de</strong>ixar margem a dúvidas ou interpretações dúbias. Se<br />

as questões forem <strong>de</strong> múltipla escolha é importante estabelecer previamente se<br />

existirá possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma única escolha ou se serão permitidas múltiplas respostas<br />

para uma mesma questão. Devem ser evitadas ao máximo respostas abertas, que<br />

dificultam muito a análise e são sujeitas as gran<strong>de</strong>s influências subjetivas do<br />

avaliador.<br />

Um bom planejamento da forma física do questionário po<strong>de</strong> evitar<br />

erros na transcrição dos dados. Muitas vezes pessoas diferentes participam da coleta<br />

dos dados, outras fazem sua organização e um terceiro grupo realiza as análises. A<br />

clareza dos protocolos evita muitos erros. Não se <strong>de</strong>ve supor que um digitador esteja<br />

absolutamente inteirado do projeto e atento, a ponto <strong>de</strong> estar apto a fazer uma análise<br />

crítica dos dados que está digitando.<br />

Deve sempre existir uma forma codificada <strong>de</strong> resposta que permita se<br />

saber, com certeza, se uma <strong>de</strong>terminada questão se encontra sem resposta porque o<br />

paciente não respon<strong>de</strong>u, não lhe foi perguntado ou se é um erro <strong>de</strong> transcrição. Para<br />

isso <strong>de</strong>vem ser criados códigos para dados perdidos.<br />

1.5.2. SELEÇÃO DAS VARIÁVEIS<br />

Ao planejar este estudo <strong>de</strong> avaliação, procuramos criar protocolos<br />

que nos permitissem avaliar as características prévias das amostras estudadas, com a<br />

finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> garantir a equivalência dos grupos e <strong>de</strong> analisar possíveis fatores<br />

preceptores <strong>de</strong> sucesso. Esta análise encontra-se parcialmente relatada nos capítulos<br />

<strong>de</strong> Avaliação Inicial, Intervenção Breve e Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo (respectivamente<br />

capítulos 2, 5 e 6).<br />

Ao selecionar as variáveis a serem incluídas nos protocolos dos<br />

seguimentos, as principais diretrizes <strong>de</strong>ve ser a inclusão daquelas variáveis nas quais<br />

se espera algum nível <strong>de</strong> mudança com o tratamento. Desta forma foram incluídas as<br />

avaliações sobre consumo, diagnóstico <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência pelo DSMIII-R, o índice <strong>de</strong><br />

severida<strong>de</strong> da adição e um levantamento dos problemas associados (físicos,<br />

psíquicos, no trabalho/estudo, familiares e legais). Como na entrevista inicial (ver<br />

capítulo 2) foi realizado um exame físico e psíquico completo e uma avaliação<br />

laboratorial das enzimas hepáticas TGO, TGP e GGT e do VCM. No primeiro<br />

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seguimento foi repetida a avaliação cognitiva.<br />

Além das variáveis nas quais se esperavam <strong>de</strong>tectar mudanças, foram<br />

incluídas questões sobre o tratamento em si, incluindo sugestões para melhorá-lo.<br />

2. O CONTATO COM OS PACIENTES<br />

Des<strong>de</strong> a primeira entrevista <strong>de</strong> avaliação, os pacientes foram<br />

avisados que seriam contatados futuramente para participar <strong>de</strong> uma entrevista <strong>de</strong><br />

avaliação. Para os pacientes que abandonaram o tratamento antes do seu final, foram<br />

utilizados como parâmetros as datas <strong>de</strong> 10 e 20 meses após a admissão ao programa.<br />

O contato foi realizado por duas secretárias especialmente treinadas nesta função, a<br />

fim <strong>de</strong> evitar problemas <strong>de</strong> relacionamento com os pacientes. O contato era sempre<br />

feito seguindo os parâmetros previamente <strong>de</strong>terminados pelos pacientes a respeito da<br />

forma pela qual elas <strong>de</strong>veriam se i<strong>de</strong>ntificar, a forma <strong>de</strong> contato (telefone ou carta) e<br />

o horário e local on<strong>de</strong> o contato po<strong>de</strong>ria ser feito (trabalho ou em casa).<br />

Foram necessários inúmeros contatos para se conseguir os máximos<br />

possíveis <strong>de</strong> comparecimento. A tabela 7.1 apresenta o número <strong>de</strong> contatos<br />

necessários (média e amplitu<strong>de</strong>) e a taxa <strong>de</strong> recusas. Não houve diferenças entre os<br />

grupos em relação a estes parâmetros.<br />

Quando os pacientes compareciam à entrevista <strong>de</strong> seguimento,<br />

pedia-se que confirmassem a autorização para contato com o colateral por eles<br />

indicado na admissão. Algumas vezes houve mudança do colateral, sendo que na<br />

maioria das vezes foi confirmado o nome previamente indicado.<br />

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TABELA 1<br />

NÚMERO DE CONTATOS (MÉDIA E AMPLITUDE)<br />

NECESSÁRIOS PARA COMPARECIMENTO DOS PACIENTES<br />

AOS SEGUIMENTOS DE AVALIAÇÃO (1º E 2º)<br />

Número <strong>de</strong> Contatos<br />

Número <strong>de</strong><br />

Recusas (%)<br />

Média Amplitu<strong>de</strong><br />

1º 2º Mínimo Máximo 1º 2º<br />

Intervenção 4 2 1 17 12 (18) 25 (39)<br />

Breve<br />

Psicoterapia 5 2 1 17 17 (26) 2 (42)<br />

<strong>de</strong> Grupo<br />

3. MORTALIDADE DE PACIENTES NO PERÍODO DE<br />

SEGUIMENTO<br />

Durante o período compreendido entre o início do projeto e o<br />

primeiro seguimento faleceu um paciente do grupo <strong>de</strong> Intervenção Breve, por causas<br />

relacionadas ao problema (cirrose hepática). Durante o intervalo entre o primeiro e o<br />

segundo seguimento outro paciente do Grupo submetido à Intervenção também<br />

faleceu, num aci<strong>de</strong>nte.<br />

4. A AVALIAÇÃO FEITA COM OS COLATERAIS<br />

As entrevistas com os colaterais foram realizadas por pessoas<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes das equipes <strong>de</strong> avaliação inicial e tratamentos (Intervenção Breve ou<br />

Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo). Desta forma, os entrevistadores dos colaterais <strong>de</strong>sconheciam<br />

os resultados obtidos na avaliação dos pacientes, realizada pelos mesmos médicos<br />

que haviam feito a avaliação inicial e também não tinham informações dos terapeutas<br />

sobre a evolução do tratamento, o que lhes garantia a neutralida<strong>de</strong> necessária.<br />

A maioria dos colaterais indicados tinham contato diário com o<br />

paciente, sendo entre 86 e 89% dos casos parentes dos pacientes, geralmente o<br />

cônjuge.<br />

As variáveis escolhidas para serem avaliadas foram aquelas nas quais<br />

se supunha pu<strong>de</strong>ssem ocorrer alterações <strong>de</strong>tectáveis por pessoas do convívio do<br />

paciente. Assim, a entrevista com o colateral permitiria não só confirmar as<br />

informações prestadas pelos pacientes, mas também <strong>de</strong>tectar se as mudanças <strong>de</strong><br />

comportamento, por eles relatadas eram <strong>de</strong> magnitu<strong>de</strong> suficiente para serem notadas<br />

pelas pessoas <strong>de</strong> seu convívio.<br />

Desta forma, foram feitas perguntas sobre: a presença <strong>de</strong> problemas<br />

<strong>de</strong> relacionamento familiar, no trabalho, físicos, psicológicos e legais; os níveis <strong>de</strong><br />

consumo atuais <strong>de</strong> álcool e outras drogas; a existência <strong>de</strong> novas ativida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong>senvolvidas pelos pacientes; a ocorrência <strong>de</strong> outros tratamentos no período<br />

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avaliado e a opinião do colateral sobre a efetivida<strong>de</strong> do tratamento. Os resultados da<br />

comparação entre os grupos se encontram no capítulo 8.<br />

Nos anexos, ao final do livro, constam os protocolos utilizados para<br />

os seguimentos <strong>de</strong> avaliação. No segundo seguimento, as questões feitas aos<br />

pacientes foram semelhantes às do primeiro, exceção feita às perguntas relativas à<br />

opinião sobre o tratamento.<br />

5. COMPARECIMENTO AÇÃO SEGUIMENTO<br />

O comparecimento <strong>de</strong> pacientes e colaterais nos dois seguimentos <strong>de</strong><br />

avaliação é visto na Tabela 7.2. Não foram observadas diferenças entre os grupos <strong>de</strong><br />

Intervenção Breve e Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo, havendo um comparecimento médio <strong>de</strong><br />

75% no primeiro seguimento e <strong>de</strong> 56% no segundo seguimento. Alguns pacientes só<br />

concordaram em fazer a entrevista <strong>de</strong> seguimento por telefone. No primeiro<br />

seguimento estes pacientes representaram 12% (Intervenção Breve) e 18%<br />

(Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo) dos que fizeram este seguimento. No segundo seguimento<br />

estas porcentagens foram <strong>de</strong> respectivamente 31 e 26%. Por este motivo, nas análises<br />

que serão apresentadas a seguir, existe uma variação do número <strong>de</strong> pacientes que<br />

forneceram os dados. Obviamente, variáveis como dados laboratoriais e exame físico<br />

não constam <strong>de</strong> um seguimento telefônico. Depen<strong>de</strong>ndo também do tempo e da<br />

disponibilida<strong>de</strong> do paciente, algumas questões não foram respondidas.<br />

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TABELA 2<br />

PORCENTAGEM DE COMPARECIMENTO<br />

DE PACIENTES E COLATERAIS<br />

AOS SEGUIMENTOS DE AVALIAÇÃO<br />

Pacientes<br />

Colaterais<br />

Seguimentos 1º 2º Ambos 1º 2º Ambos<br />

Intervenção 78 55 48 58 42 33<br />

Breve<br />

Psicoterapia 73 58 53 55 42 38<br />

<strong>de</strong> Grupo<br />

6. ANÁLISE ESTATÍSTICA<br />

O cálculo do número <strong>de</strong> pacientes necessários, pela fórmula citada<br />

no item 1.1 "Cálculo do número <strong>de</strong> pacientes por grupo", supõe o uso <strong>de</strong> testes<br />

estatísticos paramétricos e amostras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. Caso a natureza dos dados<br />

implique a utilização <strong>de</strong> análises não-paramétricas, este número <strong>de</strong> sujeitos po<strong>de</strong> se<br />

mostrar insuficiente, <strong>de</strong>vido ao menor po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>stes testes. Outro ponto importante<br />

que <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado é a intenção <strong>de</strong> se realizar comparações entre medidas<br />

relacionadas dos mesmos pacientes (por ex: antes e <strong>de</strong>pois do tratamento). Nestes<br />

casos, a perda <strong>de</strong> uma medida implica na eliminação <strong>de</strong> todos os dados daquele<br />

sujeito da análise, o que reduz sensivelmente o número final.<br />

7. ANÁLISE CRÍTICA<br />

Nesta primeira experiência <strong>de</strong> seguimento dos pacientes <strong>de</strong>tectamos<br />

algumas falhas importantes na construção dos protocolos. Algumas perguntas<br />

formuladas aos pacientes foram reformuladas quando aplicadas aos colaterais, o que,<br />

em alguns casos, dificultou a comparação <strong>de</strong> algumas respostas <strong>de</strong> pacientes e<br />

colaterais. Notamos também a importância da realização <strong>de</strong> testes "piloto" dos<br />

questionários, antes <strong>de</strong> sua aplicação aos pacientes ou colaterais. Muitas falhas<br />

po<strong>de</strong>riam ser evitadas por este tipo <strong>de</strong> procedimento.<br />

Outro ponto que merece reflexão é o período ao qual se referem às<br />

questões. É importante que isto conste no protocolo, <strong>de</strong> maneira inequívoca. Por<br />

exemplo, ao se comparar o consumo <strong>de</strong> álcool antes do tratamento e nos seguimentos,<br />

consi<strong>de</strong>ramos em todos os casos o consumo dos últimos 90 dias. Se a questão não<br />

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estivesse a<strong>de</strong>quadamente formulada esta comparação estaria comprometida.<br />

Intervalos <strong>de</strong>siguais <strong>de</strong> seguimento po<strong>de</strong>m causar dificulda<strong>de</strong> nas<br />

comparações entre eles. Em casos on<strong>de</strong> isto acontece é importante que esta questão<br />

seja a<strong>de</strong>quadamente pon<strong>de</strong>rada. Se por exemplo, pretendêssemos comparar o número<br />

<strong>de</strong> recaídas nos dois seguimentos, <strong>de</strong>veríamos fazer as comparações entre índices<br />

mensais. Caso contrário, o seguimento que se referisse a um intervalo <strong>de</strong> tempo maior<br />

estaria visivelmente prejudicado.<br />

Infelizmente, apesar do esforço empreendido, não conseguimos uma<br />

taxa <strong>de</strong> comparecimento a<strong>de</strong>quada no segundo seguimento. Isto, <strong>de</strong> certa forma,<br />

restringe a extrapolação das conclusões para a população inicial. No entanto,<br />

acreditamos que no primeiro seguimento on<strong>de</strong> houve uma taxa <strong>de</strong> comparecimento<br />

a<strong>de</strong>quada, os resultados observados po<strong>de</strong>m ser mais diretamente relacionados ao<br />

tratamento.<br />

Um protocolo <strong>de</strong> avaliação que esteja sendo implantado <strong>de</strong>ve<br />

procurar <strong>de</strong>tectar as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aplicação. Para isso é essencial um bom<br />

entrosamento entre todas as pessoas envolvidas. Devem-se incentivar os aplicadores a<br />

realizarem as entrevistas <strong>de</strong> forma não automática, <strong>de</strong> maneira atenta às possíveis<br />

falhas e a comunicarem imediatamente as dificulda<strong>de</strong>s à coor<strong>de</strong>nadoria do projeto.<br />

Não existe um "mo<strong>de</strong>lo i<strong>de</strong>al" <strong>de</strong> avaliação, mas alguma diretriz<br />

básica que <strong>de</strong>vem ser seguidas por quem pretenda <strong>de</strong>senvolver um trabalho sério e<br />

competente. Provavelmente a maioria <strong>de</strong>stas diretrizes é resultante do aprendizado<br />

por "tentativa e erro" dos que nos prece<strong>de</strong>ram. Além disso, a avaliação não <strong>de</strong>ve<br />

nunca per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> vista o seu principal objetivo, seja ele a comparação da efetivida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> diferentes modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tratamento, seja a melhora <strong>de</strong> uma metodologia. Desta<br />

forma, no basta "importar" ou "copiar" um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> avaliação. Cada local <strong>de</strong>ve<br />

<strong>de</strong>senvolver ou adaptar os mo<strong>de</strong>los mais a<strong>de</strong>quados para suas condições e objetivos.<br />

A experiência que obtivemos ao <strong>de</strong>senvolver protocolos <strong>de</strong> avaliação<br />

neste projeto foi essencial para aguçar o nosso senso crítico. Não preten<strong>de</strong>mos com a<br />

transmissão <strong>de</strong>sta experiência ditar normas <strong>de</strong> como fazer uma avaliação da<br />

efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um tratamento. Po<strong>de</strong>mos, no máximo, expor alguns procedimentos que<br />

se mostraram a<strong>de</strong>quados e que a nossa experiência possa colaborar para que não se<br />

cometam as mesmas falhas.<br />

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

1. Alencar, J. R. "Tema <strong>de</strong> epi<strong>de</strong>miologia Clínica.Cálculo<br />

do tamanho <strong>de</strong> uma amostra “Anal do Hospital da”.<br />

Si<strong>de</strong>rrgica Nacional 10:132-134, 1986.<br />

2.Altman, D. G. "Statistics and ethics in medical<br />

research - III How large a sample?" British<br />

Medical Journal 281:1336-1338,1980.<br />

3.Fuller, R. K. "Assessment of treatment outcome"<br />

Alcohol and Alcoholism Suppl. 1: 519-522, 1991.<br />

4.Sobell, M. B.,Brochu, S., Sobell, L., Roy, J.,Stevens,<br />

J. A. "Alcohol treatment outcome evaluation<br />

methodology: state of the art 1980-1984" Addictive<br />

Behaviors 12: 113-128, 1987.<br />

5.Young, M. J.e Bresnitz, E., B. L. "Sample size<br />

nomograms for interpreting negative clinical<br />

studies" Annals of Internal Medicine 99: 248-<br />

251,1983.<br />

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CAPÍTULO 8<br />

COMPARAÇÃO DA EFETIVIDADE DO<br />

TRATAMENTO DE DEPENDENTES<br />

DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS<br />

PELAS TÉCNICAS DE INTERVENÇÃO<br />

BREVE E PSICOTERAPIA DE GRUPO<br />

MARIA LUCIA OLIVEIRA DE SOUZA <strong>FORMIGONI</strong><br />

BEATRICE R. GUARAGNA NEUMANN<br />

AGRADECIMENTOS: A todos os participantes do projeto pela coleta <strong>de</strong> dados e em<br />

especial a Lia Rieck e a José Carlos F.Galduróz pelo auxílio na sua análise. A Martha<br />

Sanchez-Craig e D.Adrian Wilkinson pela orientação geral e criação dos critérios <strong>de</strong><br />

sucesso. À Rafaela D'Avila pela colaboração na análise dos dados.<br />

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ÍNDICE<br />

________________________________________________________<br />

INTRODUÇÃO 153<br />

1. COMPARAÇÃO DO VARIÁVEL PRÉ-TRATAMENTO 154<br />

1.1 Variável pré-tratamento em todos os<br />

Pacientes 154<br />

1.2 Variável pré-tratamento nos grupos <strong>de</strong><br />

pacientes que compareceram aos seguimentos<br />

e no <strong>de</strong> ausentes 155<br />

2. ADERÊNCIA AOS TRATAMENTOS 156<br />

3. COMPARAÇÃO DAS TAXAS DE "SUCESSO” 157<br />

3.1 Consumo <strong>de</strong> álcool e outras drogas 158<br />

3.1.1 Mudanças no consumo 158<br />

3.1.1.1 Consumo <strong>de</strong> álcool 158<br />

3.1.1.1.1 Número <strong>de</strong> dias <strong>de</strong> beber<br />

Pesado 158<br />

3.1.1.1.2 Consumo semanal 158<br />

3.1.1.1.3 Categorização do consumo 158<br />

3.1.1.1.4 Critérios <strong>de</strong> sucesso 159<br />

3.1.1.1.5 Análise Estatística 159<br />

3.1.1.1.6 Resultados 159<br />

3.1.1.2 Mudanças no consumo <strong>de</strong> drogas. 163<br />

3.2 Nível <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>pendência pelo<br />

DSM III-R 166<br />

3.3 Problemas associados 169<br />

3.3.1 Auto-Avaliação dos pacientes<br />

3.3.1.1 Escala ASI 172<br />

3.3.1.2 Auto-Avaliação dos pacientes<br />

na entrevista <strong>de</strong> seguimento... 173<br />

3.3.2 Avaliação dos colaterais 175<br />

CONCLUSÃO 177<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 178<br />

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INTRODUÇÃO<br />

Existem basicamente dois tipos <strong>de</strong> pesquisa do resultado ("outcome")<br />

<strong>de</strong> um tratamento: experimentos clínicos controlados e avaliações internas do<br />

programa. Consi<strong>de</strong>ra-se "experimento clínico controlado" um estudo experimental<br />

especialmente planejado para testar se um programa <strong>de</strong> tratamento é efetivo ou não.<br />

"Avaliações internas do programa" provêem apenas informações sobre o resultado<br />

daquele tratamento individual.<br />

Em um estudo clínico controlado são componentes essenciais as<br />

inclusões <strong>de</strong> um grupo controle; a aleatorieda<strong>de</strong> da <strong>de</strong>signação do tratamento; a<br />

enumeração dos critérios <strong>de</strong> inclusão e exclusão; a <strong>de</strong>scrição das características da<br />

amostra estudada; o julgamento do efeito do tratamento por pessoa in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte (que<br />

não tenha sido terapeuta), no caso <strong>de</strong> terapias verbais; a inclusão <strong>de</strong> medidas objetivas<br />

da resposta terapeuta; o seguimento <strong>de</strong> pelo menos cerca <strong>de</strong> 70% da amostra original<br />

e uma análise estatística a<strong>de</strong>quada dos dados coletados (Fuller,l991).<br />

Ao <strong>de</strong>senvolvermos uma pesquisa <strong>de</strong>ste porte, envolvendo uma<br />

equipe tão gran<strong>de</strong>, existe uma tendência <strong>de</strong> se tentar aproveitar a ocasião ao máximo,<br />

coletando o maior número possível <strong>de</strong> dados. Se, por um lado, isto enriquece o<br />

trabalho, por outro nos coloca diante <strong>de</strong> um número enorme <strong>de</strong> variáveis, o que<br />

dificulta muito a análise dos dados.<br />

Alguns pontos são essenciais na comparação <strong>de</strong> dois tipos <strong>de</strong><br />

tratamento: a comparação do variável pré-tratamento, a análise da a<strong>de</strong>rência aos<br />

tratamentos e a análise do "sucesso" obtido, <strong>de</strong> preferência utilizando-se mais do que<br />

um único critério.<br />

1. COMPARAÇÃO DAS VARIÁVEIS PRÉ-TRATAMENTO<br />

A comparação dos grupos em estudo antes do tratamento <strong>de</strong>ve<br />

prece<strong>de</strong>r qualquer outro tipo <strong>de</strong> análise. Mesmo tendo sido tomados todos os<br />

cuidados para garantir a semelhança dos grupos, muitas vezes existem diferenças<br />

prévias entre eles que comprometem qualquer conclusão. Não basta realizar as<br />

comparações entre os grupos por ocasião da avaliação inicial, a não ser que se<br />

consiga a improvável taxa <strong>de</strong> 100% <strong>de</strong> comparecimento aos seguimentos. É também<br />

necessário compararmos as variáveis pré-tratamento dos pacientes que compareceram<br />

ação seguimento. Esta po<strong>de</strong> ser uma amostra não representativa da população inicial,<br />

o que restringe as conclusões.<br />

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1.1. VARIÁVEIS PRÉ-TRATAMENTO EM TODOS OS PACIENTES<br />

Todos os dados obtidos na Avaliação Inicial (entrevista, exames<br />

laboratoriais e testes <strong>de</strong> avaliação cognitiva) foram analisados estatisticamente,<br />

comparando-se o grupo <strong>de</strong> pacientes que seriam submetidos à Intervenção Breve (IB)<br />

e aqueles que seriam submetidos Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo (PG). Para as variáveis com<br />

nível <strong>de</strong> mensuração intervalar foi usado o teste "t" <strong>de</strong> Stu<strong>de</strong>nt para amostras<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. A análise <strong>de</strong> dados categoriais foi feita utilizando-se a estatística do<br />

X 2 .<br />

A alocação aleatória dos pacientes para cada um dos grupos,<br />

realizada por sorteio, garantiu uma semelhança quase total em relação às variáveis<br />

analisadas. Os dois grupos diferiram em apenas duas, <strong>de</strong>ntre as quase 4OO, variáveis<br />

analisadas: a pontuação total no SADD (Short Alcohol Depen<strong>de</strong>nce Data) e no<br />

número <strong>de</strong> dias em que beber causou problemas nos 90 dias que prece<strong>de</strong>ram a<br />

entrevista inicial.<br />

O SADD é um questionário que se propõe a mensurar a gravida<strong>de</strong> da<br />

<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> álcool, tendo sido aplicado a todos os pacientes que receberam<br />

diagnóstico <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> álcool pelo DSM III-R (vi<strong>de</strong> capítulo 2 para maiores<br />

<strong>de</strong>talhes). Este questionário foi aplicado, pedindo-se que o paciente se referisse à<br />

época em que bebia mais, enquanto que o DSM III-R se refere sempre aos últimos<br />

seis meses. Como os pacientes não diferiram quanto à gravida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>pendência,<br />

classificada pelo DSM III-R po<strong>de</strong>mos imaginar que esta diferença possa estar<br />

refletindo um estado pregresso.<br />

No grupo <strong>de</strong> Intervenção Breve, a pontuação total no SADD foi 19±<br />

7 (média <strong>de</strong>svio padrão) enquanto que na Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo foi <strong>de</strong> 22± 7(teste "t”<br />

<strong>de</strong> Stu<strong>de</strong>nt, p < O,O44).<br />

A análise do questionário <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> álcool (ver mo<strong>de</strong>lo nos<br />

anexos) <strong>de</strong>tectou diferença entre os grupos quanto ao número <strong>de</strong> dias em que beber<br />

causou problemas (13 +15 na Intervenção Breve e 28 +3O na Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo,<br />

p


a) nos níveis séricos <strong>de</strong> GGT, que no grupo do 1 o seguimento era <strong>de</strong> 106 +172 (média<br />

+<strong>de</strong>svio padrão) e no do 2 o <strong>de</strong> 44 +45 (p < 0,003);<br />

b) no número <strong>de</strong> dias em que beber causou problemas, sendo 25 +26 no 1 o grupo e 11<br />

+5 no 2 o grupo (p < 0,001);<br />

c) no consumo médio semanal <strong>de</strong> álcool: 39 +26 no grupo do 1 o seguimento e 32 +8<br />

no 2 o grupo (p < 0,008);<br />

d) no número total <strong>de</strong> doses <strong>de</strong> álcool nos últimos 90 dias (502 +342 nos pacientes do<br />

1° grupo e 423 +1O7 no 2° grupo (p < O, OO8).<br />

A observação <strong>de</strong>stes dados sugere que os pacientes que<br />

compareceram somente ao primeiro seguimento <strong>de</strong> avaliação eram mais<br />

comprometidos antes do tratamento do que aqueles que só compareceram ao<br />

segundo seguimento.<br />

2. A ADERÊNCIA AOS TRATAMENTOS<br />

Dadas as características peculiares das duas Técnicas empregadas, a<br />

comparação da a<strong>de</strong>rência aos tratamentos torna-se difícil. No entanto, po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong><br />

uma forma genérica dividir os pacientes em 2 gran<strong>de</strong>s grupos: aqueles que<br />

completaram o tratamento e os que no o fizeram.<br />

Em relação Intervenção Breve, "completar" o tratamento significa<br />

ter comparecido às 3 ou 4 sessões <strong>de</strong> "aquisição" (<strong>de</strong>talhes no capítulo 5). Para a<br />

Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo, entretanto, "completar" o tratamento significava permanecer<br />

por cerca <strong>de</strong> seis meses, até que o grupo fosse encerrado (<strong>de</strong>talhes no capítulo 6).<br />

Levando-se Estas diferenças em consi<strong>de</strong>ração, a comparação da a<strong>de</strong>rência aos<br />

tratamentos, feita a seguir, tem o objetivo <strong>de</strong> fornecer subsídios para a avaliação da<br />

relação "custo/benefício" dos dois tratamentos em estudo.<br />

No grupo <strong>de</strong> Intervenção Breve, 49% dos pacientes completaram a<br />

fase <strong>de</strong> aquisição, sendo que <strong>de</strong>stes, 42% completaram a fase <strong>de</strong> manutenção. Desta<br />

forma, a maioria dos pacientes que participaram <strong>de</strong>sta modalida<strong>de</strong> terapeuta<br />

<strong>de</strong>senvolveu o tratamento em apenas 3 a 4 sessões.<br />

A maioria dos pacientes que iniciou a Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo (73%)<br />

não permaneceu até o encerramento do seu grupo. Destes, a maioria (69%) fez <strong>de</strong> 1 a<br />

5 sessões; 19% compareceram entre 6 e 10 sessões e 22% a mais <strong>de</strong> 11 sessões. Os<br />

que completaram o tratamento compareceram, em média a cerca <strong>de</strong> 25 sessões.<br />

As porcentagens acima mencionadas foram baseadas nas anotações<br />

dos terapeutas. Avaliamos também a a<strong>de</strong>rência do ponto <strong>de</strong> vista dos pacientes.<br />

No primeiro seguimento, perguntamos aos pacientes se eles<br />

consi<strong>de</strong>ravam haver completado o programa e em caso contrário, qual havia sido o<br />

motivo da <strong>de</strong>sistência. A tabela 8.1 apresenta um sumário das respostas.<br />

Po<strong>de</strong>ríamos consi<strong>de</strong>rar que a a<strong>de</strong>rência ao tratamento pela<br />

Intervenção Breve foi melhor do que Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo, ao compararmos as<br />

freqüências <strong>de</strong> pacientes que completaram ou não os tratamentos. Este resultado, no<br />

entanto <strong>de</strong>ve ser interpretado com extrema cautela. Naturalmente, a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

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Razões<br />

abandono <strong>de</strong> um tratamento longo (total previsto <strong>de</strong> 30 sessões na Psicoterapia <strong>de</strong><br />

Grupo) é muito maior do que num tratamento mais breve (total previsto <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 8<br />

sessões se incluirmos a fase <strong>de</strong> Manutenção).<br />

TABELA 1<br />

MOTIVOS ATRIBUIDOS PELOS PACINETES<br />

PARA DESISTÊNCIA DO TRATAMENTO<br />

PORCENTAGEM DE RESPOSTAS<br />

Intervenção<br />

Psicoterapia<br />

Breve<br />

<strong>de</strong> Grupo<br />

Porque piorou 6 10<br />

Porque melhorou 12 0<br />

Porque não gostou 14 16,5<br />

Horários incompatíveis 16 16,5<br />

Sentiu que não funcionava 22 25<br />

Medo <strong>de</strong> se expor 0 14<br />

Outros 30 25<br />

Apesar das consi<strong>de</strong>rações acima, a facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência é um<br />

ponto que merece uma avaliação cuidadosa na escolha <strong>de</strong> um tratamento. Há muitos<br />

dados na literatura indicando que a boa a<strong>de</strong>rência ao tratamento é um dos fatores<br />

preceptores <strong>de</strong> sucesso.<br />

3. COMPARAÇÃO DAS TAXAS DE "SUCESSO"<br />

Uma das recomendações mais ressaltadas em publicações sobre<br />

análises da efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratamentos é a utilização <strong>de</strong> múltiplos parâmetros na<br />

avaliação do sucesso terapêutico. Consi<strong>de</strong>ramos que isto é extremamente importante,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que os tratamentos po<strong>de</strong>m agir <strong>de</strong> maneira diferente sobre cada uma das esferas<br />

<strong>de</strong> problemas <strong>de</strong>correntes do uso excessivo <strong>de</strong> álcool ou outras drogas.<br />

Muitos relatos <strong>de</strong> efetivida<strong>de</strong> terapeuta se restringem a comparações<br />

sobre o consumo da droga, não levando em consi<strong>de</strong>ração as possíveis mudanças<br />

ocorridas sob os pontos <strong>de</strong> vista psicológico e social.<br />

Foram selecionados para esta análise três fatores nos quais po<strong>de</strong>riam<br />

ser <strong>de</strong>tectadas mudanças ("sucessos"): nível <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> álcool e outras drogas;<br />

nível <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> acordo com o DSM III-R e problemas<br />

associados ao uso <strong>de</strong> álcool e drogas. Este último item foi avaliado tanto através <strong>de</strong><br />

uma auto-avaliação dos pacientes como do ponto <strong>de</strong> vista dos colaterais.<br />

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3.1. CONSUMO DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS<br />

3.1.1. MUDANÇAS NO CONSUMO<br />

Para análise das mudanças no consumo, a gran<strong>de</strong> amostra <strong>de</strong><br />

pacientes foi subdividida em duas amostras menores, <strong>de</strong> acordo com a predominância<br />

da droga consumida. Assim, a primeira amostra ficou constituída pelos pacientes que<br />

faziam uso apenas <strong>de</strong> álcool (n=91) e a segunda amostra pelos pacientes que usavam<br />

predominantemente outras drogas, associadas ou não ao álcool (n=39). Os resultados<br />

relativos a estas amostras estão apresentados separadamente, uma vez que as metas<br />

<strong>de</strong> tratamento, os critérios <strong>de</strong> avaliação e a categorização do resultado no tratamento<br />

são diferentes para álcool e para outras drogas.<br />

O objetivo <strong>de</strong>sta análise foi verificar se houve mudanças<br />

significativas no consumo <strong>de</strong> álcool e outras drogas nos pacientes submetidos a cada<br />

uma das modalida<strong>de</strong>s terapeutas, Intervenção Breve (IB) e Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo<br />

(PG), e se Estas mudanças ocorreram em níveis diferentes nas duas modalida<strong>de</strong>s.<br />

3.1.1.1 CONSUMO DE ÁLCOOL<br />

Os dados usados nesta análise foram colhidos atráves do<br />

Questionário <strong>de</strong> Consumo <strong>de</strong> °álcool, que examina <strong>de</strong>talhadamente o padrão <strong>de</strong><br />

consumo nos últimos três meses e que foi aplicado aos pacientes na Entrevista Inicial<br />

(EI) e <strong>de</strong>pois repetido nos dois seguimentos. As variáveis examinadas foram as<br />

seguintes:<br />

3.1.1.1.1 NÚMERO DE DIAS DE BEBER PESADO<br />

Beber pesado consi<strong>de</strong>rado um consumo <strong>de</strong> 5 ou mais doses em um<br />

mesmo dia. São computados os dias <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> 5 a 9 doses e os dias <strong>de</strong> consumo<br />

<strong>de</strong> 10 ou mais doses, separadamente.<br />

3.1.1.1.2 CONSUMO SEMANAL<br />

Número <strong>de</strong> doses consumidas em uma semana, calculado pela soma<br />

<strong>de</strong> todas as doses consumidas durante três meses, dividida por 13 (número <strong>de</strong><br />

semanas em 3 meses).<br />

3.1.1.1.3 CATEGORIZAÇÃO DO CONSUMO<br />

A combinação das duas variáveis acima possibilita categorizar os<br />

pacientes em consumidores mo<strong>de</strong>rados ou pesados, usando-se o seguinte ponto <strong>de</strong><br />

corte:<br />

CONSUMO MODERADO: menos <strong>de</strong> 20 doses semanais<br />

e/ou menos do que 10% <strong>de</strong><br />

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Dias <strong>de</strong> beber pesado<br />

(em 3 meses, 9 dias).<br />

CONSUMO PESADO: níveis <strong>de</strong> consumo superiores-<br />

Este ponto <strong>de</strong> corte foi corroborado pelos resultados dos exames<br />

laboratoriais, que serão apresentados adiante.<br />

3.1.1.1.4 CRITÉRIOS DE SUCESSO<br />

A partir <strong>de</strong>stes dados, os resultados no tratamento foram<br />

categorizados da seguinte maneira:<br />

SUCESSO: pacientes abstinentes ou que apresentam<br />

consumo mo<strong>de</strong>rado (já que a abstinência no era a única meta <strong>de</strong> tratamento aceitável).<br />

INSUCESSO: pacientes que apresentam consumo pesado.<br />

SEM DADOS: pacientes que no compareceram ação<br />

seguimento e sobre os quais no temos informações sobre o consumo após o<br />

tratamento. Para alguns parâmetros, estes pacientes <strong>de</strong>vem ser encaixados na<br />

categoria insucesso.<br />

3.1.1.1.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA<br />

Para a análise Estatística, na maior parte dos casos, foi empregada o<br />

teste "t" <strong>de</strong> Stu<strong>de</strong>nt, para amostras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes quando os grupos foram<br />

comparados entre si, e para amostras <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes quando as comparações foram<br />

intragrupo. Para a análise das categorias <strong>de</strong> sucesso foi empregado o teste do X2 ou o<br />

exato <strong>de</strong> Fisher, quando a amostra era menor. Para todas as análises o nível <strong>de</strong><br />

significância escolhido foi <strong>de</strong> 5% (ou p < 0,05, bicaudal).<br />

3.1.1.1.6 RESULTADOS<br />

REDUÇÃO NO NÚMERO DE DIAS DE BEBER<br />

PESADO: A tabela 8.2 apresenta as medias (<strong>de</strong>svio padrão) dos números <strong>de</strong> dias <strong>de</strong><br />

beber pesado para cada grupo, na entrevista inicial e nos dois seguimentos.<br />

TABELA 2<br />

MÉDIAS DO NÚMERO DE DIAS DE BEBER PESADO<br />

Grupo Entrevista Seguimentos<br />

Inicial<br />

1º 2º<br />

Dias <strong>de</strong> 5 a IB 22±23 7±12*$ 10±22*$<br />

9 doses PG 31±26 17±26 27±37<br />

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Dias <strong>de</strong> 10 a IB 16±23 8±20*$ 5±11<br />

ou + doses PG 16±25 10±27 5±16*$<br />

*difere do grupo <strong>de</strong> PG nesta mesma ocasião<br />

$ difere da sua média na entrevista inicial<br />

A análise comparativa entre os dois grupos mostrou que:<br />

a) antes do início do tratamento (EI), os dois grupos no diferiam<br />

significativamente tanto quanto ação número <strong>de</strong> dias <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> 5 a 9 doses (p=<br />

0,077) como em relação ação número <strong>de</strong> dias <strong>de</strong> consumo superior a 10 doses<br />

(p=0,872).<br />

b) após o tratamento, no primeiro seguimento, os grupos apresentaram uma<br />

diferença Estatisticamente significante quanto ação número <strong>de</strong> dias <strong>de</strong> 5 a 9 doses<br />

(p=0,046), mas no quanto aos dias <strong>de</strong> 10 ou mais doses (p=0,684).<br />

c) no segundo seguimento, foi encontrada diferença significante entre os<br />

grupos quanto aos dias <strong>de</strong> 5 a 9 doses (p=0,039), mas no em relação aos dias <strong>de</strong> 10 ou<br />

mais doses (p=0,959), repetindo os resultados do 1 seguimento. Nas duas ocasiões, o<br />

grupo IB apresentou as maiores reduções.<br />

A análise intragrupo mostrou o seguinte:<br />

a) no grupo IB, houve uma redução significativa nos dias <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> 5 a 9 doses<br />

após o tratamento, tanto no 1 seguimento (p=0,0016) como no 2 seguimento<br />

(p=0,02). Quanto aos dias <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> 10 ou mais doses, a redução no foi<br />

Estatisticamente significante no primeiro seguimento (p=0,472), nem no segundo<br />

seguimento (p=0,328).<br />

b) no grupo PG, também foi observada uma redução significativa no primeiro<br />

seguimento (p=0,05) para os dias <strong>de</strong> 5 a 9 doses. Esta redução no foi significativa no<br />

segundo seguimento (p=0,909). Quanto aos dias <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> 10 ou mais doses, no<br />

foi observada redução significativa no primeiro seguimento (p=0,149), mas sim no<br />

segundo seguimento (p=0,015).<br />

CONSUMO SEMANAL: A tabela 8.3 apresenta as medias <strong>de</strong><br />

consumo semanal para os dois grupos, nas três ocasiões avaliadas:<br />

TABELA 3<br />

MÉDIAS DO CONSUMO SEMANAL<br />

Entrevista<br />

Seguimento<br />

Inicial<br />

1º 2º<br />

IB 37± 24 16± 20$ 16± 15$<br />

PG 37± 20 26± 31$ 24± 20$<br />

$ difere <strong>de</strong> sua média na entrevista inicial<br />

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A análise comparativa entre os grupos mostrou que:<br />

a) o consumo semanal pré-tratamento (EI) no era diferente<br />

Estatisticamente (p=0,984) nos dois grupos.<br />

b) o consumo semanal verificado no primeiro seguimento também no<br />

diferiu entre os grupos (p=0.106), assim como no segundo seguimento (p=0,091).<br />

A análise intragrupo evi<strong>de</strong>nciou o seguinte:<br />

a) no grupo IB, houve uma redução significativa no consumo semanal avaliado no<br />

primeiro seguimento (p=0,0008) e no segundo seguimento (p=0,004), quando ambos<br />

os seguimentos foram comparados ação nível pré-tratamento.<br />

b) no grupo PG, da mesma forma, foi <strong>de</strong>tectada uma redução significativa no<br />

consumo semanal no primeiro seguimento (p=0,025) e no segundo seguimento<br />

(p=0,015).<br />

CARACTERIZAÇÃO DOS PACIENTES EM<br />

CONSUMIDORES MODERADOS/ABSTINENTES OU PESADOS: As tabelas<br />

8.4 e 8.5. mostram as porcentagens <strong>de</strong> pacientes em cada categoria, nos dois<br />

seguimentos: ·.<br />

TABELA 4<br />

CATEGORIZAÇÃO DOS PACIENTES<br />

NO 1º SEGUIMENTO<br />

Mo<strong>de</strong>rados/ abstinentes Pesados Sem Dados<br />

IB 37% 35% 28%<br />

PG 33% 46% 21%<br />

A análise Estatística das freqüências observadas, pelo teste<br />

quiquadrado, no evi<strong>de</strong>nciou diferença significativa entre os dois grupos (p=0,539).<br />

TABELA 5<br />

CATEGORIZAÇÃO DOS PACIENTES<br />

NO 2º SEGUIMENTO<br />

Mo<strong>de</strong>rados/ abstinentes Pesados Sem Dados<br />

IB 26% 30% 44%<br />

PG 23% 42% 35%<br />

No segundo seguimento, também no foi observada diferença<br />

significante entre os grupos (p=0,516).<br />

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COLOBORAÇÃO DA CATEGORIZAÇÃO EM<br />

MODERADOS/ ABSTINENTES E PESADOS ATRÁVES DOS RESULTADOS<br />

DA GGT: A enzima gama-glutamil-tranferase (GGT) foi o parâmetro laboratorial<br />

que se mostrou mais sensível para a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> mudanças no consumo <strong>de</strong> álcool.<br />

Por isso, a GGT foi escolhida para ser usada com um parâmetro objetivo, que<br />

corroborasse o ponto <strong>de</strong> corte da categorização em consumo mo<strong>de</strong>rado ou pesado. A<br />

tabela 5 mostra os valores médios dos resultados da GGT nos dois seguimentos.<br />

TABELA 6<br />

VALORES MÉDIOS DAS DOSAGENS DA GGT<br />

G Mo<strong>de</strong>rados/ Abstinência Pesados<br />

G<br />

T 1º Seg. 2º Seg. 1º Seg. 2º Seg.<br />

IB 22±18 16±9 105±215 42±29*<br />

PG 31±46 21±7 80±78* 81±115*<br />

*difere do grupo <strong>de</strong> consumidores mo<strong>de</strong>rados/ abstinentes na mesma ocasião.<br />

A análise Estatística mostrou que o grupo dos consumidores pesados,<br />

por ocasião dos seguimentos, apresentava valores médios significativamente mais<br />

elevados do que os consumidores mo<strong>de</strong>rados, em ambos os grupos, IB e PG, com<br />

excesso do grupo IB no primeiro seguimento, provavelmente <strong>de</strong>vido gran<strong>de</strong><br />

variabilida<strong>de</strong> dos resultados na categoria pesados (105215) (teste "t" <strong>de</strong> Stu<strong>de</strong>nt, p<br />


3.1.1.2 MUDANÇAS NO CONSUMO DE DROGAS<br />

Para esta análise foi estabelecido um índice <strong>de</strong> severida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

consumo <strong>de</strong> droga (ISCD), que leva em conta o número <strong>de</strong> classes <strong>de</strong> drogas usadas e<br />

a quantida<strong>de</strong> usada <strong>de</strong> cada droga. Estes dados são obtidos atráves da tabela História<br />

[do Uso <strong>de</strong> Drogas Psicoativas, aplicada aos pacientes na Entrevista Inicial e nos dois<br />

seguimentos. A pontuação da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uso dada pela seguinte tabela:<br />

TABELA 7<br />

ÍNDICES DE SEVERIDADE DO CONSUMO DE DROGAS<br />

(ISCD)<br />

Álcool Cannabis Outras Drogas<br />

Pontos<br />

0<br />

Abstinência<br />

nenhum uso<br />

20 doses (ou menos) até 4 baseados por até 1 uso/mês<br />

1<br />

Baixo sem causar semana sendo no<br />

Problemas<br />

máximo2 no mesmo<br />

dia, sem causar<br />

problemas<br />

até 10 doses por dia até 10 baseados por mais <strong>de</strong> 1 uso/ mês<br />

2<br />

Intermediário sendo no máximo 42 semana mas<br />

doses por semana menos <strong>de</strong> 1<br />

uso/ semana mais<br />

<strong>de</strong> 1 uso/ semana<br />

> 10 doses/ dia ou > 10 baseados/<br />

3<br />

Alto > 42 doses/ semana semana<br />

Muito<br />

alto<br />

4<br />

nível bem alto <strong>de</strong> consumo, mesmo <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>stes parâmetros, a<br />

critério do avaliador<br />

Para cada classe <strong>de</strong> droga usada dada uma pontuação <strong>de</strong>sta escala.<br />

Estes pontos são somados e multiplicados pelo número <strong>de</strong> classes usadas.<br />

Posteriormente, este total dividido pelo número Maximo <strong>de</strong> classes possíveis (no caso<br />

9 classes). O índice, então, composto pela seguinte equação:<br />

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Somatória dos pontos x n <strong>de</strong> classes usadas<br />

ISCD = ---------------------------------------------<br />

9 ( n Maximo <strong>de</strong> classes )<br />

Segundo este índice, foram categorizados como SUCESSO aqueles<br />

pacientes que apresentou no maximo um índice <strong>de</strong> 0, 11, no geral ou até 0, 22, no<br />

caso <strong>de</strong>sta pontuação se referir apenas a uma classe <strong>de</strong> droga, o álcool.<br />

A tabela 8.8 apresenta as medias dos índices ISCD para os dois<br />

grupos, nas três ocasiões avaliadas.<br />

TABELA 8<br />

MÉDIAS DOS ÍNDICES DE SEVERIDADE DE CONSUMO<br />

Intervenção<br />

Breve<br />

Psicoterapia<br />

<strong>de</strong> Grupo<br />

Entr. Inicial 0,66±0,33 0,81±0,32<br />

1º Seguimento 0,30±0,30$ 0,58±0,38*<br />

2º Seguimento 0,19±0,18 0,58±0,57*<br />

* difere do grupo Intervenção Breve nesta ocasião<br />

$ difere da sua média na Entrevista Inicial<br />

A comparação entre os grupos pelo teste "t" <strong>de</strong> Stu<strong>de</strong>nt mostrou que<br />

a IB e a PG no apresentavam diferença Estatisticamente significante no momento da<br />

entrevista inicial (p=0,1755). No entanto, no 1 e 2 seguimentos, os dois grupos se<br />

diferenciaram significativamente (p=0,0334 e p=0, 046, respectiva-mente), sendo que<br />

a IB apresentou medias <strong>de</strong> índices <strong>de</strong> consumo menores em ambos os seguimentos.<br />

A análise das mudanças intragrupo evi<strong>de</strong>nciou que, no grupo IB,<br />

houve uma redução significativa no consumo, da entrevista inicial para o primeiro<br />

seguimento (p=0,0001). No grupo PG, Esta redução no foi Estatisticamente<br />

significante (p=0,08). O segundo seguimento no foi analisado em relação à entrevista<br />

inicial <strong>de</strong>vido à redução das amostras <strong>de</strong> ambos os grupos (43% na IB e 62% na PG).<br />

Quanto à categorização dos resultados em SUCESSO, INSUCESSO<br />

E SEM DADOS, as porcentagens nos dois grupos, em cada seguimento, são<br />

apresentadas nas tabelas 8.9 e 8.10.<br />

Em ambos os seguimentos, foi encontrada uma diferença<br />

Estatisticamente significante entre os dois grupos quanto porcentagem <strong>de</strong> casos bem<br />

sucedidos (p=0,05 e p=0,01, respectivamente), tendo a Intervenção Breve<br />

apresentado melhores resultados.<br />

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TABELA 9<br />

PORCENTAGEM DE SUCESSO NO 1ºSEGUIMENTO<br />

Sucesso Insucesso Sem dados<br />

IB 38% 14% 48%<br />

PG 6%* 33% 61%<br />

* difere da Intervenção Breve<br />

TABELA 10<br />

PORCENTAGEM DE SUCESSO NO 2º SEGUIMENTO<br />

Sucesso Insucesso Sem dados<br />

IB 38% 14% 48%<br />

PG 6%* 33% 61%<br />

*difere da Intervenção Breve<br />

3.2. NÍVEL DE GRAVIDADE DA DEPENDÊNCIA PELO DSM III-R<br />

No capítulo 2, o DSM III-R foi discutido em <strong>de</strong>talhes. Nesta análise,<br />

comparamos os níveis <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong>terminados na entrevista inicial<br />

com os avaliados no 1 e 2 seguimentos (realizados respectivamente 1O e 2O meses<br />

após a admissão).<br />

Adotamos a seguinte escala <strong>de</strong> "sucessos" pon<strong>de</strong>rada <strong>de</strong> 1 (inalterado<br />

ou pior) a 4 (remissão total):<br />

1= INSUCESSO: o paciente manteve, no seguimento, o mesmo grau<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong>terminado na<br />

Entrevista inicial, ou grau maior. Foram também<br />

Consi<strong>de</strong>rados nesta categoria os pacientes que não<br />

compareceram ação seguimento.<br />

2= SUCESSO RELATIVO: redução ou diminuição do nível<br />

<strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>pendência, em relação.<br />

Entrevista inicial.<br />

3= REMISSÃO PARCIAL: algum uso e alguns sintomas<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência nos últimos 6 meses.<br />

4= REMISSÃO TOTAL: abstinência ou uso sem sintomas<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência, nos últimos 6 meses.<br />

Foram incluídos nesta categoria os pacientes que<br />

tinham diagnóstico <strong>de</strong> abuso e no apresentaram<br />

mais nenhum sintoma <strong>de</strong> abuso por ocasião do<br />

seguimento.<br />

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A tabela 8.11 mostra a distribuição do diagnóstico na entrevista<br />

inicial e no primeiro seguimento. Po<strong>de</strong>-se notar que as melhoras ocorreram<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do nível inicial <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>pendência, indicando que este<br />

fator no tem po<strong>de</strong>r preditivo do sucesso, consi<strong>de</strong>rando-se este critério. As taxas <strong>de</strong><br />

sucesso variaram <strong>de</strong> 48 (<strong>de</strong>pendência grave) a 61% (<strong>de</strong>pendência mo<strong>de</strong>rada) no grupo<br />

Intervenção Breve e <strong>de</strong> 36 (<strong>de</strong>pendência grave) a 41% (<strong>de</strong>pendência mo<strong>de</strong>rada). Para<br />

esta análise no consi<strong>de</strong>ramos os pacientes com diagnóstico inicial <strong>de</strong> remissão parcial<br />

ou abuso, em ambos os grupos, nem os com <strong>de</strong>pendência leve (tratados por<br />

Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo) <strong>de</strong>vido ação seu número muito reduzido.<br />

TABELA 11<br />

DISTRIBUIÇÃO DOS PACIENTES QUANTO AO<br />

NÍVEL DE GRAVIDADE PELO DSM III-R NA ENTREVISTA<br />

INICIAL E NO 1ºSEGUIMENTO<br />

Diagnóstico no 1º Seguimento<br />

Diagnóstico<br />

Inicial<br />

(n) Insucesso Sucesso Remissão Remissão<br />

Relativo Parcial Total<br />

Remissão IB (0) 0 0 0 0<br />

Parcial PG (1) 0 0 0 1<br />

Abuso IB (4) 3 0 0 1<br />

PG (4) 3 0 0 1<br />

Dependência IB (15) 7 0 1 7<br />

Leve PG (8) 7 0 1 0<br />

Dependência IB (18) 7 4 3 4<br />

Mo<strong>de</strong>rada PG (17) 10 3 3 1<br />

Dependência IB (27) 14 2 6 5<br />

Grave PG (36) 23 4 7 2<br />

Total IB (64) 31 6 10 17<br />

PG (66) 43 7 11 5<br />

Pelo critério <strong>de</strong> mudança no nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência pelo DSM III-R, encontramos uma<br />

taxa <strong>de</strong> sucesso (que engloba as categorias remissão total, parcial e sucesso relativo)<br />

<strong>de</strong> 51.6% para a Intervenção Breve e <strong>de</strong> 33,3% para a Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo, no 1<br />

seguimento. No segundo seguimento Estas taxas foram <strong>de</strong> respectivamente 29,7% e<br />

3O, 3%. Estes valores <strong>de</strong> "sucesso" se encontram na média dos relatos <strong>de</strong> efetivida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> psicoterapias para tratamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> álcool e drogas. (Costello e colab,<br />

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1977).<br />

Para fins <strong>de</strong> análise Estatística, agrupamos as categorias remissão<br />

parcial e sucesso relativo. A Estatística do X2 revelou uma diferença no limite da<br />

zona <strong>de</strong> rejeição (significância) entre os grupos (x2= 3,7 p= O, O54), mostrando que<br />

são este critério a Intervenção Breve apresentou uma tendência <strong>de</strong> maior efetivida<strong>de</strong>.<br />

A mesma análise, realizada com os dados obtidos no segundo<br />

seguimento po<strong>de</strong> ser vista na tabela 8.12. Neste caso no foram <strong>de</strong>tectadas diferenças<br />

significativas entre os grupos.<br />

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TABELA 12<br />

DISTRIBUIÇÃO DOS PACIENTES QUANTO AO<br />

NÍVEL DE GRAVIDADE PELO DSM III-R NA ENTREVISTA<br />

INICIAL E NO 2º SEGUIMENTO<br />

Diagnóstico no 2º Seguimento<br />

Diagnóstico<br />

Inicial<br />

(n) Insucesso Sucesso Remissão Remissão<br />

Relativo Parcial Total<br />

Remissão IB (0) 0 0 0 0<br />

Parcial PG (1) 1 0 0 0<br />

Abuso IB (4) 3 0 0 1<br />

PG (4) 3 0 0 1<br />

Dependência IB (15) 10 0 1 4<br />

Leve PG (8) 6 0 0 1<br />

Dependência IB (18) 15 0 0 3<br />

Mo<strong>de</strong>rada PG (17) 10 1 0 4<br />

Dependência IB (27) 17 0 0 9<br />

Grave PG (36) 26 3 2 2<br />

Total IB (64) 45 1 1 17<br />

PG (66) 46 6 2 8<br />

PROBLEMAS ASSOCIADOS<br />

Na entrevista inicial e nos seguimentos foram feitas perguntas aos<br />

pacientes sobre os tipos <strong>de</strong> problemas apresentados.Classificamos na categoria "com<br />

problemas", os pacientes que relataram qualquer tipo <strong>de</strong> problema associado ação uso<br />

<strong>de</strong> álcool e/ou drogas e também incluímos os pacientes que no compareceram aos<br />

seguimentos. A tabela 8.13 apresenta os resultados obtidos nos dois grupos, nas três<br />

ocasiões.<br />

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TABELA 13<br />

PRESENÇA DE PROBLEMAS NA ENTREVISTA<br />

INICIAL E NOS SEGUIMENTOS (PORCENTAGEM DE PACIENTES)<br />

Intervenção<br />

Psicoterapia<br />

Breve<br />

<strong>de</strong> Grupo<br />

Entrevista Inicial 99 100<br />

1º Seguimento 57 71<br />

2º Seguimento 63 77<br />

De modo geral, po<strong>de</strong>-se observar que houve uma redução dos<br />

problemas associados <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 40% no grupo submetido Intervenção Breve e <strong>de</strong><br />

cerca <strong>de</strong> 30% nos pacientes da Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo, no tendo sido <strong>de</strong>tectadas<br />

diferenças significativas entre os grupos, quando consi<strong>de</strong>rado o conjunto total <strong>de</strong><br />

pacientes (álcool e drogas/álcool). No entanto, se a análise for realizada separando-se<br />

os pacientes pelo tipo <strong>de</strong> droga, encontramos resultados diferentes entre os grupos<br />

(ver tabela 8.14).<br />

A tabela 8.14 mostra as porcentagens calculadas incluindo os<br />

pacientes que não compareceram, como apresentando problemas. No entanto se<br />

consi<strong>de</strong>rarmos apenas os pacientes que compareceram ação seguimento, os grupos <strong>de</strong><br />

Intervenção Breve e Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo apresentam propores Estatisticamente<br />

diferentes, nos dois seguimentos, com resultados melhores nos pacientes tratados por<br />

Intervenção Breve.<br />

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TABELA 14<br />

AUSÊNCIA DE PROBLEMAS NOS SEGUIMENTOS<br />

(PORCENTAGEM DE PACIENTES)<br />

DE ACORDO COM O GRUPO E O TIPO DE DROGAS UTILIZADAS<br />

SEGUIMENTO TIPO DE INTERVENÇÃO PSICOTERAPIA<br />

DROGA BREVE DE GRUPO<br />

Seguimento Tipo <strong>de</strong> Intervenção Psicoterapia<br />

Droga Breve <strong>de</strong> grupo<br />

1° Só álcool 35 32<br />

Álcool ±<br />

Drogas 60* 22<br />

2° Só álcool 37 30<br />

Álcool ±<br />

Drogas 35 6<br />

* Difere da psicoterapia <strong>de</strong> grupo (p< 0,03) pelo teste do x 2 .<br />

Foram feitas perguntas específicas sobre os tipos <strong>de</strong> problemas,<br />

presentes na entrevista inicial, que apresentaram melhora nos seguimentos. Estes<br />

dados estão apresentados na tabela 8.15.<br />

TABELA 15<br />

PORCENTAGEM DE PACIENTES QUE COMPARECERAM<br />

AO SEGUIMENTO E RELATARAM MELHORA NOS PROBLEMAS<br />

Área da Melhora Intervenção Psicoterapia<br />

<strong>de</strong> Problemas Breve <strong>de</strong> Grupo<br />

Relação com conjugue 44 42<br />

Relação com familiares 58 40<br />

Relação com amigos 36 33<br />

Trabalho/Estudo 50 39<br />

Aspectos Psíquicos 48 56<br />

A presença <strong>de</strong> problemas foi cruzada com os dados <strong>de</strong> consumo,<br />

observando-se uma clara associação entre "sucesso" do ponto <strong>de</strong> vista do consumo e a<br />

ausência <strong>de</strong> problemas associados (teste do X2=34,7 p < O, OO1). Neste sentido, os<br />

dados sobre problemas associados corroboram o critério <strong>de</strong> sucesso utilizado para o<br />

consumo <strong>de</strong> álcool e outras drogas.<br />

3.3.1. AUTO-AVALIAÇÃO DOS PACIENTES<br />

Os pacientes fizeram dois tipos <strong>de</strong> auto-Avaliação por ocasião dos<br />

seguimentos. Uma <strong>de</strong>las foi respon<strong>de</strong>ndo uma escala <strong>de</strong> auto-Avaliação da severida<strong>de</strong><br />

(ASI). Outra forma foi atráves <strong>de</strong> perguntas diretas sobre a contribuição do<br />

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tratamento na melhora do seu estado.<br />

3.3.1.1. ESCALA ASI<br />

Foi requerido aos pacientes o preenchimento <strong>de</strong> uma escala <strong>de</strong> auto-Avaliação da<br />

severida<strong>de</strong> (ASI) do seu quadro, na qual eles se referiam a seis áreas nas quais<br />

po<strong>de</strong>riam apresentar problemas: abuso químico, médica, trabalho/escola,<br />

social/familiar, legal e psicológica. As respostas recebiam a seguinte graduação, <strong>de</strong><br />

acordo com o grau <strong>de</strong> comprometimento em cada área:<br />

O=NADA 1=POUCO 2=MODERADO 3=CONSIDERÁVEL<br />

4=EXTREMO.<br />

Esta escala foi aplicada na entrevista inicial e nos seguimentos.<br />

Foram comparadas as medias da pontuação obtida em cada item nos dois grupos, nas<br />

três ocasiões. A tabela 8.16 apresenta os resultados obtidos.<br />

Po<strong>de</strong>-se observar que ambos os grupos apresentaram níveis médios<br />

menores que os iniciais, nos segundo seguimentos, em todas as áreas avaliadas. No<br />

entanto, no segundo seguimento os pacientes do grupo <strong>de</strong> Intervenção Breve<br />

apresentaram medias significativamente menores (o que indica menor<br />

comprometimento) do que os da Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo, exceto na área "legal". No<br />

primeiro seguimento, Esta superiorida<strong>de</strong> também foi observada em relação aos<br />

problemas médicos e psicológicos.<br />

São este critério <strong>de</strong> sucesso notamos um melhor resultado do grupo<br />

submetido Intervenção Breve.<br />

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TABELA 16<br />

VALORES OBTIDOS (MÉDIA ± DESVIO PADRÃO)<br />

NA ESCALA DE AUTO-SEVERIDADE (ASI) NA ENTREVISTA<br />

INICIAL E NOS SEGUIMENTOS DE AVALIAÇÃO<br />

Área Avaliada Entrevista Seguimentos<br />

Inicial 1° 2°<br />

Abuso Químico IB 3,0±0,7 1,7±1,4 1,4±1,1*<br />

PG 3,0±0,8 2,2±1,3 2,1±1,3<br />

Médico IB 1,8±1,2 0,9±1,2* 0,5±1,0*<br />

PG 2,1±1,3 1,6±1,4 1,2±1,1<br />

Trabalho/Escola IB 1,9±1,2 0,8±1,7 0,3±0,6*<br />

PG 2,1±1,3 1,1±1,3 1,0±1,1<br />

Social/Família IB 2,4±1,3 1,1±1,5 0,5±0,9*<br />

PG 2,9±1,1 1,6±1,4 1,4±1,3<br />

Legal IB 0,6±1,2 0,1±0,4 0,0±0,0<br />

PG 0,3±0,9 0,2±0,8 0,1±0,3<br />

Psicológico IB 2,4±1,1 1,0±1,4 0,7±0,9*<br />

PG 2,4±1,4 1,7±1,5 1,4±1,3<br />

IB= Intervenção Breve PG= Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo<br />

Os dois grupos apresentam no 1° e 2° seguimentos valores médios significativamente diferentes dos seus<br />

valores médios na entrevista inicial, em todas as áreas avaliadas (p


TABELA 17<br />

OPINIÕES DOS PACIENTES SOBRE DUAS MODALIDADES<br />

TERAPÊUTICAS. PORCENTAGEM DE RESPOSTAS.<br />

Opinião sobre o Intervenção Pscioterapia<br />

Tratamento Breve <strong>de</strong> Grupo<br />

Prejudicou 2 6<br />

Não melhorou 18 19<br />

Ajudou muito 8 12,5<br />

Razoável 22 12,5<br />

Muito bom 46 29<br />

Não sabe 4 21<br />

Para os pacientes que no obtiveram bons resultados, também foram<br />

analisados os principais motivos pelos quais eles acreditavam não terem atingido a<br />

meta. Estes motivos estão resumidos nas tabela 8.18.<br />

TABELA 18<br />

MOTIVOS RELATADOS PELOS PACIENTES<br />

PELOS QUAIS A META NÃO FOI ATINGIDA<br />

PORCETAGEM DE RESPOSTAS<br />

Motivos Intervenção Psicoterapia<br />

Breve<br />

<strong>de</strong> Grupo<br />

Pressões sociais 14 16,5<br />

Dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> diminuir consumo 26 31<br />

Tratamento aquém das expectativas 22 23<br />

Tratamento muito breve 6 16,5<br />

Falta <strong>de</strong> força <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> 16 6<br />

Compulsão para usar a droga 26 35<br />

Outros 6 6<br />

Po<strong>de</strong>mos observar que o motivo mais comum para justificar o no atingir da meta proposta,<br />

segundo o ponto <strong>de</strong> vista dos pacientes, foi à compulsão para ingestão da droga com<br />

conseqüente dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> diminuir o consumo. Em segundo lugar encontramos a<br />

consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> um tratamento aquém das expectativas.<br />

3.3.2. AVALIAÇÃO DOS COLATERAIS<br />

As informações dos colaterais confirmaram, <strong>de</strong> modo geral, as<br />

obtidas junto aos pacientes. Ação serem questionados sobre a "melhora" dos pacientes, nos<br />

dois seguimentos, foram observadas as porcentagens apresentadas na<br />

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TABELA 19<br />

PORCETAGENS DE “MELHORA”<br />

SEGUNDO OS COLATERAIS<br />

Seguimento Intervenção Psicoterapia<br />

1° 39 36<br />

2° 26 26<br />

O cruzamento do critério <strong>de</strong> "sucesso", do ponto <strong>de</strong> vista do<br />

consumo, com o padrão <strong>de</strong> consumo relatado pelos colaterais revelou uma associação<br />

significativa pelo teste <strong>de</strong> X2 ( p < O, O1). Isto indica confirmação das informações.<br />

Também em relação aos problemas associados houve concordância entre as<br />

informações dos pacientes e colaterais. Foram observadas associais estastíticamente<br />

significativas entre a ausência <strong>de</strong> problemas relatada pelos pacientes e as variáveis<br />

"sucesso" e "nível <strong>de</strong> consumo" dos colaterais.<br />

No foram observadas diferenças entre os grupos nas questões<br />

relativas aos problemas associados e ativida<strong>de</strong>s atuais dos pacientes.<br />

As respostas dadas pelos colaterais, no primeiro seguimento <strong>de</strong><br />

Avaliação, quanto às mudanças <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s dos pacientes se encontram<br />

sumarizadas na Tabela 8.20.<br />

TABELA 20<br />

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELOS PACIENTES<br />

(PORCETAGEM DE PESSOAS)<br />

QUE AUMENTARAM DE FREQUÊNCIA<br />

Breve Intervenção Psicoterapia<br />

<strong>de</strong> Grupo<br />

Comer mais 45% 46%<br />

Fumar mais 3% 13%<br />

Esportes 26% 24%<br />

Cinema/Trabalho 26% 22%<br />

Assistir TV 26% 46%<br />

Sair com amigos/namorar 39% 46%<br />

Trabalho 45% 41%<br />

Outros (leitura, ouvir música, jogar cartas,<br />

Criar bichos) 42% 46%<br />

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CONCLUSÃO<br />

As análises realizadas mostram que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do critério <strong>de</strong><br />

sucesso adotado, as conclusões po<strong>de</strong>m ser diferentes. São alguns aspectos, a<br />

Intervenção Breve apresentou melhores resultados, especialmente para os pacientes<br />

que fazem uso <strong>de</strong> outras drogas, assãociadas ou na ação álcool.<br />

As porcentagens <strong>de</strong> "sucesso" obtidas pelas duas Técnicas aqui<br />

relatadas no diferem muito das referidas na literatura internacional para<br />

"psicoterapias" <strong>de</strong> um modo geral utilizadas no tratamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> drogas.<br />

Algumas falhas metodológicas (ver capítulo 7) restringiram o tipo <strong>de</strong><br />

análise aplicada a estes dados. No entanto, a experiência <strong>de</strong>ste trabalho foi<br />

fundamental para a implantação <strong>de</strong> uma metodologia <strong>de</strong> Avaliação da efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

um tratamento.<br />

A Intervenção Breve <strong>de</strong>monstrou ser uma alternativa viável na<br />

abordagem <strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> álcool e drogas. Análises complementares ainda são<br />

necessárias para tentar estabelecer o perfil <strong>de</strong> paciente que melhor se adapta s suas<br />

características.<br />

A Psicoterapia <strong>de</strong> Grupo tem também as suas vantagens,<br />

principalmente porque permite o atendimento <strong>de</strong> múltiplos pacientes<br />

simultaneamente. No entanto, existe uma certa resistência <strong>de</strong> alguns pacientes a<br />

abordagens em grupo.<br />

A análise das opiniões dos pacientes mostra que no existe uma<br />

opinião única sobre como <strong>de</strong>ve ser um tratamento. Vários trabalhos da literatura<br />

indicam que a tendência atual parear paciente e tratamento (Pattison, 1985).<br />

Provavelmente, a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado tratamento se mostrar eficiente<br />

maior medida que o paciente concorda com os seus princípios e métodos.<br />

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REFEÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

1. COSTELLO, R.M., BIEVER, P. and Baillargeon, J.G.<br />

"Alcoholism Treatment Programming: historical<br />

trends and mo<strong>de</strong>rn approaches".<br />

Alcoholism: Clin.Exp.Res. 1(4): 311, 1977.<br />

2. FULLER, R.K. "Assessment of treatment outcome"<br />

Alcohol and Alcoholism Suppl.1: 519-522, 1991.<br />

3. PATTISON,E.M. "New directions in alcoholism treatment<br />

goals " Em: McCrady, B.S; Noel,N.E; and Nirenberg,<br />

T.D., eds. Future Directions in Alcohol Abuse<br />

Treatment Research NIAAA Research Monograf 15,<br />

U.S. Govt. Print. Off., Washington,D.C., 1985.<br />

4. WILKINSON,D.A. e LeBreton,S. (1985) Early indications of treatment<br />

outcome in multiple drug users, in:<br />

W.R.Miller e P. Nathan (Eds.) Treating Addictive<br />

Behaviors: process of change, p.p 239-261 ( New<br />

York, Plenun Press).<br />

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CAPÍTULO 9<br />

________________________________________________________<br />

AVALIAÇÃO CRÍTICA<br />

DA PRIMEIRA EXPERIÊNCIA<br />

DE APLICAÇÃO DA<br />

INTERVENÇÃO BREVE<br />

NO BRASIL<br />

BEATRIC GUARAGNA NEUMANN<br />

____________________________________________________________________<br />

________________<br />

AGRADECIMENTOS: O processo <strong>de</strong> Avaliação e adaptação da Técnica <strong>de</strong><br />

Intervenção<br />

Breve s foi possível a partir do esforço e do envolvimento <strong>de</strong> duas pessoas, que,<br />

contribuíram <strong>de</strong> maneira fundamental com seu trabalho e suas idéias:<br />

Drs.Wladimir Jose Lopes Kireeff e Eroy Aparecida da Silva.<br />

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ÍNDICE<br />

________________________________________________________<br />

INTRODUÇÃO 183<br />

1. IMPRESSÕES E SUGESTÕES DOS PACIENTES<br />

SOBRE O PROGRAMA 184<br />

2. ADERÊNCIA AÇÃO PROGRAMA 186<br />

2.1 A<strong>de</strong>rência agenda <strong>de</strong> tratamento 186<br />

2.2 A<strong>de</strong>rência s <strong>de</strong>mandas do tratamento 187<br />

2.2.1 Cumprimento da meta inicial 187<br />

2.2.2 Realização <strong>de</strong> registros 187<br />

3. FATORES ASSOCIADOS AOS RESULTADOS NO<br />

TRATAMENTO 188<br />

3.1 Grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência 189<br />

3.2 Nível inicial <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> álcool<br />

e drogas 190<br />

3.3 Severida<strong>de</strong> dos problemas associados<br />

ação uso 191<br />

3.4 História <strong>de</strong> tratamentos anteriores<br />

para <strong>de</strong>pendência 191<br />

3.5 A<strong>de</strong>rência ação programa 192<br />

DISCUSSÃO 193<br />

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INTRODUÇÃO<br />

Esta primeira experiência aplicação intervenção breve, seguindo seus<br />

pressupostos e procedimentos originais, conforme foi <strong>de</strong>scrito no capítulo 5, ofereçonos<br />

<strong>de</strong> avaliar seu potencial <strong>de</strong> ajustamento às necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> nossa realida<strong>de</strong>.<br />

Des<strong>de</strong> a concepção <strong>de</strong>ste Projeto, havia noção <strong>de</strong> que estávamos<br />

importando uns mo<strong>de</strong>los terapêuticos, criados e <strong>de</strong>senvolvidos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma<br />

socieda<strong>de</strong> marcadamente diferente da nossa. Portanto, sempre esteve presente a idéia<br />

que seria necessária avaliar cuidadosamente a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste mo<strong>de</strong>lo se ajustar s<br />

<strong>de</strong>mandas da nossa socieda<strong>de</strong>. A análise aqui apresentada no preten<strong>de</strong> ser conclusiva,<br />

mas teve por objetivo fornecer dados palpáveis capazes <strong>de</strong> indicar as adaptações<br />

serem feitas no mo<strong>de</strong>lo, no sentido <strong>de</strong> torná-lo viável para a nossa realida<strong>de</strong>.<br />

Esta análise foibaseada em três diferentes conjuntos <strong>de</strong> dados,<br />

obtidos no primeiro seguimento, no qual compareceram 50 dos 64 pacientes tratados.<br />

1. Impressões e sugestões dos pacientes sobre o programa<br />

2. A<strong>de</strong>rência ação programa e aos elementos fundamentais da Técnica<br />

3. Alguns fatores relacionados ação resultado do tratamento.<br />

A seguir, serão apresentadas com <strong>de</strong>talhe cada uma <strong>de</strong>stas análises, e<br />

ação final, serão discutidos seus resultados e os principais pontos <strong>de</strong> adaptação por<br />

eles indicados.<br />

1. MPRESSÕES E SUGESTÕES DOS PACIENTES SOBRE O PROGRAMA<br />

Por ocasião do primeiro seguimento, foram feitas três perguntas aos<br />

pacientes que procuravam colher impressões sobre o programa. Como as perguntas<br />

eram abertas, isto, no foram colocadas alternativas estruturadas <strong>de</strong> respostas, Estas<br />

foram posteriormente agrupadas em categorias segundo o aspecto que mais<br />

enfatizavam. Cada uma das perguntas e suas respostas estão analisadas<br />

separadamente a seguir.<br />

1 PERGUNTA: Para você, qual foi o aspecto mais positivo do programa?<br />

Para Estapergunta, as respostas foram agrupadas em três categorias:<br />

instituição, Técnica e vinculo terapêutico.<br />

Dos 50 pacientes que respon<strong>de</strong>ram a Esta pergunta, 60%<br />

consi<strong>de</strong>raram alguma característica da Técnica como ponto mais positivo do<br />

programa, 36% consi<strong>de</strong>raram alguma característica da instituição ou do atendimento<br />

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como um todo o aspecto mais positivo e 12% atribuíram ação vínculo com seu<br />

terapeuta o ponto mais forte <strong>de</strong> seu tratamento. Alguns pacientes enfatizaram mais <strong>de</strong><br />

um aspecto como fundamental, fazendo então com que o total perfaça mais do que<br />

100%.<br />

Algumas respostas típicas, segundo palavras dos próprios pacientes,<br />

ilustram cada uma <strong>de</strong>stas categorias:<br />

TÉCNICA:<br />

- “Gostei dos papeis para preencher, nos faz pensar nas razoes que nos levam a<br />

beber".<br />

- "A proposta <strong>de</strong> no internar, pois no afetou a minha vida (entrei na faculda<strong>de</strong>,<br />

estou trabalhando)".<br />

- "As estratégias, o planejamento do uso da bebida".<br />

INSTITUIO:<br />

- "disposição do serviço, interesse nos sujeitos que procuram tratamento, instalações e<br />

pessoais muito bons".<br />

- "<strong>de</strong>dicação por parte do pessoal, todos educados, pelo princípio <strong>de</strong> ser<br />

gratuito".<br />

- "gostei dos exames <strong>de</strong> sangue, bom atendimento, pessoal educado, lugar limpo".<br />

VÍNCULO TERAPÊUTICO:<br />

- "maneira como a terapeuta me mostrou as coisas".<br />

- "consegui me sentir bem comigo mesmo graças à força da terapeuta".<br />

TÉCNICA/VÍNCULO:<br />

- "participação do paciente no tratamento (<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> muito <strong>de</strong> ns), as papeletas<br />

representavam o terapeuta do nosso lado".<br />

- "esclarecimento sobre os efeitos da droga e o apoio dado pelo terapeuta".<br />

O fato <strong>de</strong> que 60% dos pacientes apontaram como aspecto mais<br />

positivo do programa as próprias características ou particularida<strong>de</strong>s da Técnica nos<br />

indica que no houve apenas um efeito geral, que po<strong>de</strong>ria advir <strong>de</strong> qualquer programa<br />

que tomasse como premissa um atendimento rigorosamente respeitoso e humanitário,<br />

fato no muito comum no nosso sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Embora os pacientes tenham em<br />

geral reconhecido este aspecto, a gran<strong>de</strong> maioria conseguiu salientar além disto<br />

algumas das características inovadoras <strong>de</strong>sta técnica.<br />

2 PERGUNTA: Do que você menos gostou no programa?<br />

Aproximadamente 48% dos pacientes relataram no ter encontrado<br />

pontos negativos. Apenas dois pacientes criticaram a proposta <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>ração. Ação<br />

contrária do esperado, apenas três pacientes apontou como aspecto negativo à tarefa<br />

<strong>de</strong> monitorização e preenchimento <strong>de</strong> relatórios.<br />

Uma das queixas mais constantes (16%) foi sobre a brevida<strong>de</strong> do<br />

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tratamento, com ênfase no espaçamento precoce das sessões.<br />

abordado com mais <strong>de</strong>talhes nos tens subseqüentes.<br />

Este ponto ser<br />

As respostas a esta questão corroboram a impressão <strong>de</strong>ixada pela<br />

anterior <strong>de</strong> que, em geral, a proposta da Intervenção Breve foi bem aceita, inclusive<br />

nas suas características mais diretivas e disciplinadoras, pouco comuns na nossa<br />

pratica psicoterapêuta.<br />

3 PERGUNTA: Qual seria a sua sugestão para melhorar o programa?<br />

Cerca <strong>de</strong> 35% dos pacientes no apresentaram sugestões, <strong>de</strong>clarando<br />

que no havia nada a mudar no programa.<br />

No entanto, 26% sugeriram, usando expresses diversas, que o<br />

tratamento <strong>de</strong>veria ser "menos breve" ou que as sessões <strong>de</strong>veriam ser menos<br />

espaçadas. A sugestão <strong>de</strong> esten<strong>de</strong>r o tratamento partiu tanto dos pacientes que<br />

completaram o programa com sucesso, como daqueles que abandonaram ou que no<br />

obtiveram resultado satisfatório com o tratamento.<br />

Foram feitas sugestões, em menor proporção, no sentido <strong>de</strong> se<br />

envolver familiares no tratamento.<br />

O objetivo principal <strong>de</strong>stas três perguntas foi o <strong>de</strong> tornar o programa<br />

o mais próximo possível das expectativas realistas <strong>de</strong> nossa clientela. Seguindo este<br />

objetivo, procuramos avaliar se o ponto negativo mais enfatizado, a brevida<strong>de</strong>, ou a<br />

expectativa <strong>de</strong> "mais tratamento", realmente realista ou apenas vem ação encontro <strong>de</strong><br />

um costume bastante prevalente, segundo o qual tratamentos psicoterápicos ten<strong>de</strong>m a<br />

ser muito prolongados. Esta questão se coloca também a partir da observação <strong>de</strong> que<br />

os pacientes solicitaram maior número <strong>de</strong> sessões in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do resultado no<br />

tratamento. O tem seguinte procura respon<strong>de</strong>r ação menos em parte esta questão,<br />

ação analisar aspectos relativos a<strong>de</strong>rência <strong>de</strong>stes pacientes ação tratamento.<br />

2. ADERÊNCIA AÇÃO PROGRAMA<br />

Ação se realizar o contrato terapêutico, na primeira sessão,<br />

enfatizada a necessida<strong>de</strong> do paciente colocar alta priorida<strong>de</strong> no tratamento. Esta<br />

priorida<strong>de</strong> evi<strong>de</strong>nciada principalmente por dois aspectos: comparecimento assíduo às<br />

sessões e cumprimento das <strong>de</strong>mandas do tratamento (no caso, esforço no sentido <strong>de</strong><br />

atingir a meta combinada e em realizar os registros <strong>de</strong> automonitorização e inci<strong>de</strong>ntes<br />

específicos).<br />

Em termos metodológicos, ação se avaliar a efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um<br />

programa terapêutico, se consi<strong>de</strong>ra que estes dois aspectos fazem parte do tem<br />

a<strong>de</strong>rência. A<strong>de</strong>rência, portanto, significa que o paciente aceita o tratamento que lhe<br />

oferecido, cumprindo sua agenda e suas <strong>de</strong>mandas.<br />

2.1 ADERÊNCIA AGENDA DE TRATAMENTO<br />

Como <strong>de</strong>scrito anteriormente, a agenda da Intervenção Breve prevê<br />

três sessões na fase <strong>de</strong> Aquisição e 3 sessões na fase <strong>de</strong> Manutenção, com intervalos<br />

<strong>de</strong>finidos entre elas, mas com a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se agendar sessões opcionais nestes<br />

intervalos.<br />

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Analisando o cumprimento <strong>de</strong>sta agenda, observamos que<br />

aproximadamente 49% dos pacientes completaram a fase <strong>de</strong> Aquisição. A média <strong>de</strong><br />

número <strong>de</strong> sessões <strong>de</strong>ste grupo que completou a fase <strong>de</strong> Aquisição foi <strong>de</strong> 4,7 sessões,<br />

o que significa que gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>les solicitou sessões opcionais além das três<br />

formalmente agendadas. De fato, apenas 16% <strong>de</strong>les cumpriram Esta fase em 3<br />

sessões, sem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> abreviar os intervalos entre elas. Os restantes 51%,<br />

que no chegaram a terminar a fase <strong>de</strong> aquisição, compareceram em média a duas<br />

sessões apenas. O ponto principal <strong>de</strong> abandono do tratamento foi após a 2 sessão.<br />

A a<strong>de</strong>rência observada nesta amostra superior a encontrada<br />

geralmente em programas para tratamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendências, raramente maior do que<br />

30%.<br />

No se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> assinalar, no entanto, que houve uma forma <strong>de</strong><br />

pressão sistemática por parte dos pacientes, quanto a esten<strong>de</strong>r o tratamento ou tornálo<br />

menos breve na sua fase inicial. Esta pressão nos indica uma adaptação a ser feita<br />

no mo<strong>de</strong>lo inicialmente empregado.<br />

2.2 ADERÊNCIA ÀS DEMANDAS DO TRATAMENTO<br />

2.2.1 - Cumprimento da meta inicial<br />

Apesar <strong>de</strong> se oferecer à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolha <strong>de</strong> metas <strong>de</strong><br />

consumo, sempre foi solicitado <strong>de</strong> maneira enfática um período inicial <strong>de</strong> abstinência<br />

<strong>de</strong> no mínimo 15 dias (meta inicial).<br />

Nesta amostra, 75% dos pacientes aceitaram a abstinência total como<br />

meta inicial e 25% escolheram alguma forma <strong>de</strong> redução gradual do consumo.<br />

Apenas 38% atingiram sua meta inicial <strong>de</strong>ntro do período compreendido entre a 1 e a<br />

2 sessão, da surgindo à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se acrescentar sessões opcionais como auxílio<br />

para atingir a meta. O aumento do contato terapêutico parece ter sido estratégico<br />

neste sentido e nos confirmou que o elemento vínculo pessoal <strong>de</strong> fundamental<br />

importância em qualquer Técnica terapeuta.<br />

2.2.2 - Realização dos registros<br />

JÁ foi mencionado antes que o esperado era que os nossos pacientes<br />

reagissem mal a alguns elementos da Técnica, principalmente àqueles mais<br />

disciplinadores, como a automonitorização e os relatos <strong>de</strong> estratégias bem sucedidas.<br />

No entanto, pouquíssimos pacientes colocaram este aspecto entre os negativos.<br />

Quanto à realização <strong>de</strong>stes registros, observamos que 55% dos pacientes o fizeram<br />

sistematicamente.<br />

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3 - FATORES ASSOCIADOS AO RESULTADO NO TRATAMENTO<br />

A análise dos fatores relacionados ação resultado obtido pelo paciente com o<br />

tratamento tem gran<strong>de</strong> importância prática para a indicação a<strong>de</strong>quada da Intervenção<br />

Breve. Partindo-se da premissa <strong>de</strong> que no existe uma forma <strong>de</strong> tratamento<br />

universalmente eficaz, se torna necessário tentar <strong>de</strong>terminar quais as características<br />

da clientela que mais se beneficia com a forma <strong>de</strong> tratamento que se esta<br />

empregando. Segundo os i<strong>de</strong>alizadores da Intervenção Breve, este tipo <strong>de</strong> tratamento<br />

Estaria indicado, princípio, a pessoas que: a) apresentassem grau leve ou mo<strong>de</strong>rado<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência, ou que ainda não tivessem experienciado uma <strong>de</strong>terioração física ou<br />

social característica <strong>de</strong> casos mais crônicos; b) que no tivessem uma história <strong>de</strong><br />

tratamentos anteriores para <strong>de</strong>pendência e c) que tivessem uma visão do seu problema<br />

com álcool ou drogas consistente com os pressupostos filosóficos e teóricos do<br />

programa.<br />

Portanto, segundo estes critérios, pessoas que no se enquadrem<br />

nestas características <strong>de</strong>veriam ser encaminhadas a formas mais intensivas <strong>de</strong><br />

tratamento ou mais a<strong>de</strong>quadas a sua forma <strong>de</strong> pensar.<br />

Observando-se as características da amostra que se apresentou para<br />

tratamento neste primeiro estudo, possível notar que estes critérios no foram seguidos<br />

estritamente. Aproximadamente 40% da amostra eram <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes graves e 59% já<br />

havia se submetido a tratamentos anteriores para <strong>de</strong>pendência. Isto nos possibilitou<br />

analisar se Estas características realmente influenciam o resultado no tratamento.<br />

Além <strong>de</strong>stes, outros fatores consi<strong>de</strong>rados preceptivos <strong>de</strong> sucesso foram também<br />

analisados.<br />

Para se proce<strong>de</strong>r esta análise, os pacientes foram subdivididos em<br />

três grupos ou categorias, segundo o resultado que obtiveram no tratamento:<br />

SUCESSO, INSUCESSO e SEM DADOS. Esta categorização esta baseada nos<br />

critérios relativos ação consumo, verificados no seguimento <strong>de</strong> três meses. (ver<br />

capítulo 8 tem 3.1.1.1.4). O objetivo foi o <strong>de</strong> verificar se estes três grupos diferem<br />

entre si quantos s seguintes variáveis:<br />

1 - Grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência inicial, segundo o DSM-III-R.<br />

2 - Nível inicial <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> álcool ou drogas.<br />

3 - Severida<strong>de</strong> <strong>de</strong> problemas associados ação uso, segundo o ASI.<br />

4 - História [<strong>de</strong> tratamentos anteriores para <strong>de</strong>pendência].<br />

5 - A<strong>de</strong>rência ação programa.<br />

Os quatros primeiros variáveis foram colhidos na<br />

Entrevista Inicial e refletem situação pré-tratamento. As variáveis relativas a<strong>de</strong>rência<br />

ação tratamento refletem o processo terapêutico, o progressão inicial do paciente e<br />

sua a<strong>de</strong>quação s características da Técnica.<br />

variáveis.<br />

A seguir, estão apresentadas as análises <strong>de</strong> cada uma <strong>de</strong>stas<br />

3.1 - GRAU DE DEPENDÊNCIA<br />

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Esta análise foi feita apenas para os pacientes <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> álcool<br />

(n=43). A tabela abaixo mostra a distribuição dos pacientes nos diversos graus <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>pendência, incluindo também a categoria abuso.<br />

TABELA 1<br />

DISTRIBUIÇÃO DOS PACIENTES DEPENDENTES DE ÁLCOOL<br />

(N=43) DE ACORDO COM A GRAVIDADE<br />

DA DEPENDÊNCIA (DSM III-R)<br />

Abuso<br />

Dependência<br />

Leve Mo<strong>de</strong>rado Grave<br />

Total<br />

Sucesso 2% 12% 7% 16% 37%<br />

Insucesso 2% 9% 12% 12% 35%<br />

Sem dados 2% 9% 12% 5% 28%<br />

Total 6% 30% 31% 33% 100%<br />

A primeira observação a ser feita a <strong>de</strong> que, com exceção da categoria abuso<br />

(6%), existe uma representação homogênea dos três graus <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência nesta<br />

amostra (30 a 33%). A segunda observação que a distribuição <strong>de</strong> cada nível <strong>de</strong><br />

gravida<strong>de</strong> entre as três categorias <strong>de</strong> resultado também mostra uma certa<br />

homogeneida<strong>de</strong>, com uma tendência para os <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes graves se concentrarem na<br />

categoria sucesso. O fato <strong>de</strong> no haver diferença Estatisticamente significante (p=0,57,<br />

teste do X2), entre as três categorias <strong>de</strong> resultado quanto ação nível inicial <strong>de</strong><br />

gravida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>pendência indica que este no foi um fator preditivo <strong>de</strong> sucesso.<br />

Portanto, no d suporte hipótese <strong>de</strong> que pacientes <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes graves no se<br />

beneficiariam <strong>de</strong>sta forma <strong>de</strong> tratamento.<br />

3.2 - NÍVEL INICIAL DE CONSUMO DE ÁLCOOL E DROGAS<br />

O parâmetro aqui escolhido para refletir o nível <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong><br />

álcool foi o número semanal <strong>de</strong> doses consumidas, calculadas atráves do Questionário<br />

<strong>de</strong> Consumo <strong>de</strong> °álcool (obviamente, esta análise foi feita apenas para os pacientes<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> álcool). A tabela abaixo mostra as medias <strong>de</strong>svio padrão para cada<br />

uma das categorias <strong>de</strong> resultado.<br />

TABELA 2<br />

RELAÇÃO ENTRE CONSUMO INICIAL DE ÁLCOOL<br />

E RESULTADO DO TRATAMENTO<br />

Sucesso - 27±17 doses semanais<br />

Insucesso - 26±31 doses semanais<br />

Sem dados - 30±22 doses semanais<br />

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A diferença <strong>de</strong> consumo entre as três categorias não é estatisticamente significativa (ANOVA- uma via,<br />

F=0,124, p=0,88).<br />

Para os pacientes <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> drogas, o nível inicial <strong>de</strong> consumo foi dado por um<br />

índice (ISCD) originado da tabela <strong>de</strong> História [<strong>de</strong> Consumo <strong>de</strong> Drogas (ver capítulo 8<br />

tem 3.1.1.2). Foram consi<strong>de</strong>rados apenas as categorias SUCESSO e INSUCESSO, já<br />

que a categoria SEM DADOS, neste caso, tem apenas dois pacientes. As medias e<br />

<strong>de</strong>svio padrão dos índices <strong>de</strong> consumo para as duas categorias, são as seguintes]:<br />

TABELA 3<br />

CONSUMO INICIAL DE DROGAS (MÉDIA± DESVIO PADRÃO)<br />

E RESULTADO DO TRATAMENTO<br />

Sucesso 0,61±0,24<br />

Insucesso 0,75±0,42<br />

A diferença entre os dois grupos não é estatisticamente significante (Teste “t” <strong>de</strong> Stu<strong>de</strong>nt, p= 0,3749).<br />

Estes achados mostram que o nível inicial <strong>de</strong> consumo tanto <strong>de</strong><br />

álcool como <strong>de</strong> drogas no indica a priori o resultado no tratamento.<br />

3.3 - SEVERIDADE DOS PROBLEMAS ASSOCIADOS AÇÃO USO<br />

A Entrevista Inicial incluía também um instrumento adaptado (ASI -<br />

Addiction Severity In<strong>de</strong>x) que procura avaliar a opinião do paciente sobre o grau <strong>de</strong><br />

prejuízo que o álcool ou a droga estão causando em sua vida, consi<strong>de</strong>rando seis áreas<br />

distintas: abuso químico, saú<strong>de</strong> física, trabalho/escola, social/familiar, legal e<br />

psicológica. A cada uma <strong>de</strong>stas áreas dada uma nota <strong>de</strong> 0 a 4 ( 0 significando nenhum<br />

prejuízo e 4 prejuízo extremo), sendo que o número máximo possível <strong>de</strong> pontos,<br />

somando-se as 6 áreas, <strong>de</strong> 24. A média <strong>de</strong> pontos para cada uma das três categorias<br />

<strong>de</strong> resultado foi a seguinte:<br />

TABELA 4<br />

PONTUAÇÃO MÉDIA NA ADAPTAÇÃO DA ESCALA ASI<br />

E RESULTADO DO TRATAMENTO NA ADMISSÃO<br />

Sucesso 13±5<br />

Insucesso 11±4<br />

Sem dados 12±4<br />

Embora a categoria SUCESSO tenha apresentado uma media maior,<br />

no existe diferença estatisticamente significante entre as três categorias (ANOVAuma<br />

via,F=1,448; p=0,243). Este achado permite concluir que a severida<strong>de</strong> das<br />

conseqüências ou prejuízos causados pelo álcool ou drogas, segundo Avaliação do<br />

paciente, também no parece ser um preditor <strong>de</strong> sucesso no tratamento.<br />

3.4 - HISTÓRIA DE TRATAMENTOS ANTERIORES PARA<br />

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DEPENDÊNCIA.<br />

Para esta análise foi consi<strong>de</strong>rada apenas a presença (SIM) ou a<br />

ausência (NÃO) <strong>de</strong> história [<strong>de</strong> tratamentos anteriores, sem levar em conta o tipo ou<br />

duração do tratamento. A distribuição po<strong>de</strong> ser vista na tabela 5.<br />

A análise estatítica pelo teste do qui-quadrado mostrou que não existe<br />

diferença significante entre as categorias (X2=4.0; p=0,13), levando a crer que este<br />

também não é um fator <strong>de</strong>terminante para o sucesso nesta forma <strong>de</strong> tratamento.<br />

TABELA 5<br />

HISTÓRIA DE TRATAMENTO ANTERIORES<br />

E RESULTADO DO TRATAMENTO<br />

Sim<br />

Não<br />

Sucesso 25% 17%<br />

Insucesso 17% 20%<br />

Sem dados 17% 5%<br />

3.5 - ADERÊNCIA AÇÃO PROGRAMA<br />

Esta variável leva em conta se o paciente completou ou no a fase <strong>de</strong><br />

Aquisição, sem consi<strong>de</strong>rar o número <strong>de</strong> sessões utilizadas para tanto. JÁ foi<br />

mencionado anteriormente que 49% dos pacientes completaram esta fase, com um<br />

número médio <strong>de</strong> 4,7 sessões. Os pacientes estão distribuídos entre as categorias <strong>de</strong><br />

resultado da seguinte maneira:<br />

TABELA 6<br />

ADERÊNCIA AO PROGRAMA E RESULTADO<br />

DO TRATAMENTO<br />

Completaram Não Completaram Total<br />

Sucesso 29% 11% 40%<br />

Insucesso 14% 24% 38%<br />

Sem dados 6% 16% 22%<br />

Total 49% 51% 100%<br />

A análise Estatística pelo teste do qui-quadrado mostrou uma<br />

diferença significante entre as três categorias (X2=9,6 ; p=0,008). Consi<strong>de</strong>rando<br />

separadamente os que completaram (n=31) e os que no completaram (n=33), observa-<br />

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se que h uma diferença Estatisticamente significante entre as categorias <strong>de</strong> resultado<br />

(p > 0,00000001) para os que completaram. Entre os que no completaram esta<br />

diferença no significante (p >= 0.19). Estes resultados sugerem que a a<strong>de</strong>rência ação<br />

tratamento influi <strong>de</strong> maneira significativa para o seu sucesso. Este achado, isolado, no<br />

surpreen<strong>de</strong>nte, uma vez que existem inúmeros relatos na literatura corroborando que<br />

um dos fatores importantes para o sucesso a a<strong>de</strong>rência ação tratamento. No entanto,<br />

ele se torna fundamental na medida em que esta variável foi à única capaz <strong>de</strong><br />

discriminar as três categorias <strong>de</strong> resultado.<br />

DISCUSSÃO<br />

As observações mais significativas provenientes <strong>de</strong>sta análise po<strong>de</strong>m<br />

ser assim sumarizadas:<br />

1) A opinião dos pacientes <strong>de</strong> maneira geral foi bastante favorável proposta da<br />

Intervenção Breve.<br />

2) O ponto negativo mais enfatizado foi à brevida<strong>de</strong> do tratamento em sua fase<br />

inicial.<br />

3) Cerca <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> dos pacientes completaram a fase <strong>de</strong> Aquisição.<br />

4) A média do número <strong>de</strong> sessões para estes pacientes foi maior do que a inicialmente<br />

planejada (4,7 sessões).<br />

5) O ponto principal <strong>de</strong> abandono foi após as duas sessões <strong>de</strong> Aquisição.<br />

6) Apenas 38% atingiram sua meta inicial no período previsto, da 1 para a 2 sessão.<br />

7) Das cinco variáveis analisadas como possíveis fatores associados ação resultado no<br />

tratamento, apenas a a<strong>de</strong>rência foi capaz <strong>de</strong> diferenciar as três categorias, mostrando<br />

que os pacientes da categoria SUCESSO completaram o tratamento em uma<br />

proporção significativamente maior do que os das outras duas categorias.<br />

Estas observações parecem convergir para um ponto comum: o<br />

resultado no tratamento parece Estar mais associados ação processo terapêutico em si,<br />

do que s características pré-tratamento do paciente, relacionadas gravida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu<br />

problema. Duas conclusões po<strong>de</strong>m da ser retirada. A primeira <strong>de</strong> que a indicação <strong>de</strong><br />

Intervenção Breve no precisa necessariamente se limitar àqueles parâmetros <strong>de</strong><br />

gravida<strong>de</strong> originalmente usados pelos i<strong>de</strong>alizadores da Técnica, já que, na nossa<br />

amostra, eles parecem no Estar associados com o resultado no tratamento. A segunda,<br />

no menos importante, que qualquer adaptação a ser feita na Técnica <strong>de</strong>ve ter por<br />

objetivo reforçar o processo terapêutico inicial.<br />

Reforçar o processo terapêutico inicial significa intensificar o contato<br />

terapêutico, qualitativo e quantitativamente. Quantitativamente, no sentido <strong>de</strong><br />

aumentar o número <strong>de</strong> sessões, diminuindo o intervalo entre elas, como os nossos<br />

pacientes intuitivamente já fizeram. Atualmente, consi<strong>de</strong>ramos que a fase <strong>de</strong><br />

Aquisição <strong>de</strong>ve ter no mínimo quatro sessões, espaçadas por um intervalo <strong>de</strong> uma<br />

semana. O período inicial <strong>de</strong> abstinência ou meta inicial se esten<strong>de</strong>, portanto, por um<br />

ms, no mínimo. As sessões po<strong>de</strong>m continuar semanais durante o tempo que o<br />

terapeuta e paciente acharem necessário. No entanto, permanece como premissa que<br />

estes prazos <strong>de</strong>vem ser estipulados <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início e que um planejamento <strong>de</strong> duração<br />

do tratamento <strong>de</strong>ve sempre ser tentado. A preocupação fundamental <strong>de</strong> que a<br />

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alteração na característica <strong>de</strong> brevida<strong>de</strong> no <strong>de</strong>scaracterize o mo<strong>de</strong>lo. Esta uma forma<br />

<strong>de</strong> terapia que tem um objetivo <strong>de</strong>terminado e <strong>de</strong>ve ter um prazo <strong>de</strong>terminado para<br />

alcançá-lo. Se este objetivo não esta sendo alcançá-lo, apesar <strong>de</strong> todos os esforços<br />

para tanto, o caso <strong>de</strong> discutir com o paciente um encaminhamento para uma outra<br />

forma <strong>de</strong> terapia ou <strong>de</strong> adiar o tratamento para um momento mais favorável.<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista qualitativo, as modificações foram no sentido <strong>de</strong><br />

ampliar a discussão com o paciente sobre os aspectos filosóficos e teóricos<br />

envolvidos no programa, <strong>de</strong> forma a comprometê-lo mais fortemente com o processo<br />

terapêutico. Esta discussão faz parte da orientação para o tratamento, procedimento<br />

consi<strong>de</strong>rado por ns como fundamental, já que a primeira oportunida<strong>de</strong> que o paciente<br />

tem para avaliar e conhecer o terapeuta e seu plano <strong>de</strong> trabalho, o que po<strong>de</strong> afetar<br />

marcadamente a sua <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> seguir ou no este plano.<br />

Conceitos sobre o que a <strong>de</strong>pendência do álcool ou drogas todos nós,<br />

que trabalhamos na área, temos. Eles formam a base teórica e filosófica da nossa<br />

prática. Porém, quando um paciente nos chega ele <strong>de</strong>sconhece esta nossa<br />

conceituação ou visão do problema e ns, certamente, <strong>de</strong>sconhecemos a visão <strong>de</strong>le ou<br />

muitas vezes <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ramos o fato <strong>de</strong> que ele possa ter alguma. Provavelmente, da<br />

parte o primeiro fator <strong>de</strong> encontro ou <strong>de</strong>sencontro <strong>de</strong> um par terapêutico e configura o<br />

primeiro aspecto a ser trabalhado no sentido <strong>de</strong> melhorar a a<strong>de</strong>rência <strong>de</strong> nossos<br />

pacientes nossa modalida<strong>de</strong> terapeuta.<br />

Nós passamos a discutir e investigar este aspecto com nossos<br />

pacientes porque a experiência nos mostrou que no po<strong>de</strong>mos nos dar ação luxo <strong>de</strong><br />

agir como preconizado originalmente, isto, indicar Intervenção Breve apenas para<br />

aquelas pessoas que estão afinadas, a priori, com a sua filosofia. Na maior parte das<br />

vezes ns no temos alternativas <strong>de</strong> encaminhamento para aqueles pacientes que<br />

apresentam uma visão do seu problema que no similar proposta por este tipo <strong>de</strong><br />

abordagem. Portanto preciso discutir e clarear as posições <strong>de</strong> cada um, paciente e<br />

terapeuta, tentando achar um <strong>de</strong>nominador comum.<br />

O pressuposto filosófico <strong>de</strong>ste mo<strong>de</strong>lo terapêutico parte da idéia <strong>de</strong><br />

que todos ns (inclusive pessoas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> álcool e drogas) somos seres<br />

autônomos e capazes <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar conscientemente o <strong>de</strong>stino <strong>de</strong> nossas vidas. A<br />

prática tem nos mostrado que a gran<strong>de</strong> maioria das pessoas que nos procuram para<br />

tratamento, embora motivadas para realizarem mudanças no seu comportamento, no<br />

tem a certeza <strong>de</strong> que po<strong>de</strong>m faz-lo. Em outras palavras, elas no chegam até ns<br />

exibindo a plena convicção <strong>de</strong> sua autonomia. Esta <strong>de</strong>scoberta se dá, em geral, ação<br />

longa do processo terapêutico, atráves <strong>de</strong> um trabalho <strong>de</strong> auto conhecimento e ensaio<br />

<strong>de</strong> novos comportamentos. Desta maneira, fica evi<strong>de</strong>nte que outros aspectos, além do<br />

comportamento <strong>de</strong> beber, também precisam ser enfocados. O papel do terapeuta no<br />

se restringe ação <strong>de</strong> ensinar métodos <strong>de</strong> autocontrole e novas estratégias. Sua atitu<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ve também ser <strong>de</strong> escuta e compreensão, para que ele possa conhecer a trajetória<br />

particular daquele paciente e <strong>de</strong>sta maneira ajuda-lo a encontrar a sua in<strong>de</strong>pendência.<br />

O vínculo terapêutico, embora estreito, no procura estimular a transferência, mas criar<br />

um clima <strong>de</strong> segurança, on<strong>de</strong> o paciente no se sinta julgado ou rotulado. Esta<br />

segurança precisa estar presente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a primeira sessão <strong>de</strong> tratamento e por isto<br />

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fundamental que o paciente tenha pleno conhecimento do que po<strong>de</strong> esperar <strong>de</strong> seu<br />

terapeuta e o que o seu terapeuta espera <strong>de</strong>le.<br />

Da mesma maneira, quando discutimos com o paciente sobre a<br />

etiologia do seu problema, ns apresentamos uma hipótese <strong>de</strong> trabalho, nunca uma<br />

certeza. Do ponto <strong>de</strong> vista científico, esta claro que ainda não existem certezas sobre<br />

a etiologia das <strong>de</strong>pendências químicas. Usando o pressuposto <strong>de</strong> que um<br />

comportamento aprendido, Estamos lidando com a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> remo<strong>de</strong>lar este<br />

comportamento atráves <strong>de</strong> um novo aprendizado. Gran<strong>de</strong> parte dos nossos pacientes<br />

chega até nós com a idéia amplamente divulgada <strong>de</strong> que são portadores <strong>de</strong> uma<br />

doença irreversível. Os sentimentos correspon<strong>de</strong>ntes à estadia, naturalmente, são a<br />

<strong>de</strong>sesperança e o pessimismo, gerando uma atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> passivida<strong>de</strong>. O contato com<br />

uma nova maneira <strong>de</strong> pensar, que <strong>de</strong>ixa espaço para mudanças a partir do próprio<br />

indivíduo, amplia as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ação e geralmente provoca mudanças em<br />

outras áreas da vida.<br />

Em suma, embora o paciente no chegue acreditando da mesma<br />

maneira que ns na sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recuperação, possível, com um pouco mais <strong>de</strong><br />

tempo e muita disponibilida<strong>de</strong> para escutá-lo, fazê-lo agente <strong>de</strong> sua própria vonta<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> mudar.<br />

A Avaliação <strong>de</strong>sta primeira experiência com a Intervenção Breve e<br />

da experiência continuada <strong>de</strong> sua aplicação nos faz crer que este mo<strong>de</strong>lo terapêutico<br />

tem um gran<strong>de</strong> potencial e po<strong>de</strong> beneficiar a muito mais pessoas do que ele<br />

originalmente se propõe.<br />

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ANEXOS<br />

________________________________________________________<br />

1. APROVAÇÃO PELO COMITÊ DE ÉTICA 156<br />

2. CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO 157<br />

3. CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO (menores) 158<br />

4. COLATERAL INDICADO 159<br />

5. ENTREVISTA INICIAL 160<br />

6. SEGUIMENTO I (paciente) 179<br />

7. COLATERAL I (seguimento) 191<br />

8. SEGUIMENTO II (paciente) 194<br />

9. COLATERAL II (seguimento II) 203<br />

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