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A Contribuição de A Religião nos Limites da Mera Razão ... - Unimep

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or<strong>de</strong>m que lança os fun<strong>da</strong>mentos jurídicos para o<br />

povo <strong>de</strong> Deus po<strong>de</strong>r agir em consonância com<br />

suas obrigações morais, isto é, com as respectivas<br />

obrigações que a humani<strong>da</strong><strong>de</strong> tem em face <strong>de</strong> si<br />

mesma e observa<strong>da</strong>s pelo povo <strong>de</strong> Deus, segundo<br />

Kant, em razão <strong>da</strong>s leis <strong>da</strong> virtu<strong>de</strong> nele vigentes,<br />

em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> uma orientação interior.<br />

Incluem-se entre os pressupostos jurídicos<br />

<strong>de</strong>sse i<strong>de</strong>al ético <strong>da</strong> humani<strong>da</strong><strong>de</strong>, sob uma formulação<br />

mais mo<strong>de</strong>rna, ao me<strong>nos</strong> os direitos huma<strong>nos</strong><br />

fun<strong>da</strong>mentais e os procedimentos jurídicos<br />

apropriados à sua imposição e preservação em<br />

âmbito global, mas também a constituição jurídica<br />

<strong>de</strong> uma or<strong>de</strong>m cosmopolita em que, <strong>de</strong> maneira<br />

eficaz, se possa refrear a guerra como meio político.<br />

Se, na linguagem do próprio Kant, <strong>de</strong>signamos<br />

tal postulado <strong>de</strong> sua filosofia, como República<br />

cosmopolita exigi<strong>da</strong> pela razão moral, ou,<br />

para evitar mal-entendidos, preferimos <strong>de</strong>nominá-la<br />

or<strong>de</strong>m jurídica pública global, constituí<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong>mocraticamente entre os Estados e situa<strong>da</strong><br />

acima <strong>de</strong>les em particular, essa hesitação terminológica<br />

parece secundária diante dos argumentos<br />

sistemáticos empregados por Kant e <strong>da</strong> imensa<br />

atuali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>les para a política internacional.<br />

No sentido do escrito kantiano sobre a religião, é<br />

preciso exigir essa or<strong>de</strong>m cosmopolita a fim <strong>de</strong><br />

que não pareça impossível a idéia <strong>da</strong> razão <strong>de</strong> um<br />

povo <strong>de</strong> Deus vivendo sob as leis <strong>da</strong> virtu<strong>de</strong>.<br />

A responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> política precisa conclamá-la,<br />

tendo em vista os atuais processos <strong>de</strong> globalização<br />

e transnacionalização, mas convém ain<strong>da</strong><br />

fazê-lo <strong>da</strong> perspectiva <strong>da</strong> ética do direito, em<br />

nome <strong>da</strong> sobrevivência <strong>da</strong> humani<strong>da</strong><strong>de</strong> como expressão<br />

<strong>de</strong> um comprometimento <strong>de</strong>la diante <strong>de</strong><br />

si mesma. Em sentido kantiano, provavelmente<br />

importa, hoje em dia, que a política dê passos<br />

firmes nessa direção e estabeleça um progresso<br />

jurídico que se aproxime sempre mais <strong>da</strong> idéia<br />

racional <strong>de</strong> uma República cosmopolita.<br />

Referências Bibliográficas<br />

BAUMGARTNER, M. “Gott und <strong>da</strong>s ethische gemeine Wesen in Kants Religionsschrift: eine spezielle Form <strong>de</strong>s<br />

ethikotheologischen Gottesbeweises?” In: LUTZ-BACHMANN, M. (org.). Metaphysikkritik, Ethik, Religion.<br />

Würzburg: Echter, 1995.<br />

______. “Das ‘ethische gemeine Wesen’ und die Kirche in Kants ‘Religionsschrift’”. In: RICKEN, F. & MARTY, F. (orgs.).<br />

Kant über Religion. Stuttgart: Kohlhammer, 1992.<br />

HÖFFE, O. (org.). Immanuel Kant. Zum ewigen Frie<strong>de</strong>n. Berlim, 1995.<br />

KANT, I. (1793) Die Religion innerhalb <strong>de</strong>r Grenzen <strong>de</strong>r bloßen Vernunft. Berlim: Aka<strong>de</strong>mie Ausgarbe [AA], VI, 1902s.<br />

______. Kritik <strong>de</strong>r praktischen Vernunft. Berlim: Aka<strong>de</strong>mie Ausgarbe, V, 1902s.<br />

______. Kritik <strong>de</strong>r Urteilskraft. Berlim: Aka<strong>de</strong>mie Ausgarbe, V, 1902s.<br />

______. Zum Ewigen Frie<strong>de</strong>n. Berlim: Aka<strong>de</strong>mie Ausgarbe, VIII, 1902s.<br />

LABERGE, P. “Das radikale Böse und <strong>de</strong>r Völkerzustand”. In: RICKEN, F. & MARTY, F. (orgs.). Kant über Religion.<br />

Stuttgart: Kohlhammer, 1992.<br />

LUTZ-BACHMANN, M. “Kants Frie<strong>de</strong>nsi<strong>de</strong>e und <strong>da</strong>s rechtspolitische Konzept einer Weltrepublik”. In: LUTZ-<br />

BACHMANN, M. & BOHMAN, J. (orgs.). Frie<strong>de</strong>n durch Recht. Kants Frie<strong>de</strong>nsi<strong>de</strong>e und <strong>da</strong>s Problem einer neuen<br />

Weltordnung. Frankfurt: Suhrkamp, 1996.<br />

Dados do autor<br />

Professor <strong>de</strong> filosofia na Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Frankfurt (Alemanha)<br />

e na Saint Louis University (Estados Unidos),<br />

fun<strong>da</strong>dor do Instituto <strong>de</strong> Pesquisa sobre Filosofia <strong>da</strong> Religião,<br />

em Frankfurt, e membro <strong>de</strong> vários comitês internacionais.<br />

Recebimento do artigo: 24/set./04<br />

Consultoria: 28/set./04 a 21/out./04<br />

Aprovado: 19/nov./04<br />

104 Impulso, Piracicaba, 15(38): 95-104, 2004

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