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AAI - Avaliação Ambiental Integrada da Bacia do Rio Xingu

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8. Avaliação <strong>Ambiental</strong> <strong>Integra<strong>da</strong></strong><br />

ordem institucional (proteção legal <strong>do</strong> território), corresponde<br />

justamente à continui<strong>da</strong>de territorial, que tem garanti<strong>do</strong> sua<br />

integri<strong>da</strong>de até o momento.<br />

Após reconhecer as interferências socioambientais decorrentes <strong>da</strong><br />

implantação de ca<strong>da</strong> aproveitamento hidrelétrico e os impactos<br />

cumulativos <strong>da</strong>queles situa<strong>do</strong>s em um mesmo compartimento, são<br />

analisa<strong>da</strong>s as possíveis sinergias entre processos existentes nos<br />

compartimentos com aproveitamentos hidrelétricos previstos ou em<br />

construção.<br />

A matriz a seguir (Quadro 8-1) relaciona os compartimentos e indica<br />

essas relações. Ela deve ser interpreta<strong>da</strong> no senti<strong>do</strong> <strong>da</strong>s linhas para as<br />

colunas, sen<strong>do</strong> que o número 1 significa a existência de relação e o<br />

numero zero, a relação ausente ou não significativa. Quan<strong>do</strong> <strong>do</strong>is<br />

compartimentos que apresentam empreendimentos hidrelétricos têm<br />

processos que se relacionam, essa interação pode promover sinergia de<br />

impactos (quadro a seguir).<br />

No caso em análise o que se verifica, no entanto, é a intensificação de<br />

processos em curso, crian<strong>do</strong> sinergias entre compartimentos, mesmo<br />

naqueles em que não se prevê aproveitamentos hidrelétricos.<br />

Quadro 8-1 Matriz de relação entre compartimentos<br />

Compartimento 1 2 3 4 5 6 7 8<br />

Continuum de Áreas Legalmente Protegi<strong>da</strong>s<br />

1 x<br />

Várzeas <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>Xingu</strong> 2 x<br />

Corre<strong>do</strong>r Transamazônico 3 1 1 x 1 1 1 1 0<br />

Médio <strong>Xingu</strong> Pecuária 4 x<br />

Formações <strong>do</strong> Cachimbo - Área sob influência <strong>da</strong> BR-163 5 1 0 0 0 x 0 0 0<br />

Alto <strong>Xingu</strong> Oeste - Área sob Influência <strong>da</strong> BR-163 6 1 0 0 0 0 0 x 0<br />

Alto <strong>Xingu</strong> Leste - Área sob Influência <strong>da</strong> BR – 316 7 x<br />

<strong>Xingu</strong> Meridional<br />

8 1 0 0 0 0 0 0 x<br />

Outros compartimentos, situa<strong>do</strong>s ao sul, podem sofrer algum<br />

aumento de pressão de desflorestamento devi<strong>do</strong> à migração de<br />

população atraí<strong>da</strong> pelas obras <strong>do</strong> AHE Belo Monte, porém em<br />

menor escala, uma vez que estão sob uma dinâmica<br />

socioeconômica polariza<strong>da</strong> por Cuiabá e Sinop, assim como sob<br />

influência <strong>da</strong> BR–316 e <strong>do</strong> arco de desflorestamento.<br />

No que se refere à implantação <strong>da</strong>s Pequenas Centrais<br />

Hidrelétricas (PCHs), cita-se interferência em Uni<strong>da</strong>de de<br />

Conservação de proteção integral (Reserva Biológica Nascentes <strong>da</strong><br />

Serra <strong>do</strong> Cachimbo), <strong>da</strong><strong>da</strong> a proximi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s PCHs Salto Curuá e<br />

Salto Buriti.<br />

Em síntese, a implantação <strong>do</strong>s aproveitamentos hidrelétricos não<br />

cria sinergias de impactos relaciona<strong>do</strong>s com os efeitos <strong>do</strong>s<br />

empreendimentos, mas se relaciona com a dinâmica de ocupação<br />

existente e com os processos de desflorestamento em curso. A<br />

presença de PCHs, <strong>da</strong><strong>da</strong> a distância em que se encontram <strong>do</strong> AHE<br />

Belo Monte e sua pequena expressão em termos de território<br />

afeta<strong>do</strong>, não induz, per se, processos de transformação <strong>da</strong><br />

paisagem consideran<strong>do</strong>-se o médio e longo prazo e a escala<br />

regional e, portanto, não se relacionam com a dinâmica <strong>da</strong> porção<br />

central e norte <strong>da</strong> bacia hidrográfica.<br />

8.2. Ecossistemas Aquáticos<br />

As grandes distâncias que separam as PCHs, situa<strong>da</strong>s a montante<br />

<strong>da</strong> bacia, <strong>do</strong> compartimento Corre<strong>do</strong>r Transamazônico, onde está<br />

projeta<strong>da</strong> o AHE Belo Monte (superiores à 900 km) e as dimensões<br />

reduzi<strong>da</strong>s de seus reservatórios fazem com que não existam<br />

interferências entre compartimentos e entre os efeitos <strong>do</strong>s<br />

empreendimentos, <strong>do</strong> ponto de vista <strong>do</strong> regime hidrológico e <strong>do</strong>s<br />

aspectos limnológicos e quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> água.<br />

em azul: compartimentos com empreendimentos hidrelétricos<br />

O objetivo deste item é avaliar em que medi<strong>da</strong> poderão ocorrer sinergias<br />

no âmbito <strong>da</strong>s transformações socioambientais em curso em ca<strong>da</strong> um<br />

destes.<br />

Tal quadro de interações é examina<strong>do</strong> a seguir no contexto de ca<strong>da</strong> tema<br />

socioambiental trata<strong>do</strong> no estu<strong>do</strong>, consideran<strong>do</strong> as possibili<strong>da</strong>des de<br />

sinergia.<br />

8.1. Ecossistemas Terrestres<br />

Em termos de meio físico, a per<strong>da</strong> de potencial mineral foi considera<strong>da</strong><br />

insignificante, no caso <strong>da</strong>s PCHs, pois a possibili<strong>da</strong>de de atingir alguma<br />

reserva mineral seria realmente extrema. No caso de Belo Monte foi<br />

considera<strong>da</strong> de média significância, pela inun<strong>da</strong>ção de jazi<strong>da</strong>s de<br />

areia/cascalho e argila. Como se tratam de per<strong>da</strong>s localiza<strong>da</strong>s elas não<br />

ocasionarão impactos sinérgicos entre um e outro empreendimento.<br />

No que se refere aos aspectos bióticos terrestres, o processo de<br />

desflorestamento, recrudesci<strong>do</strong> pelo afluxo populacional que se espera<br />

com a implantação <strong>do</strong> AHE Belo Monte, pela dinamização <strong>do</strong>s municípios<br />

que compõem o Corre<strong>do</strong>r Transamazônico e pela dispersão de população<br />

atraí<strong>da</strong> para o compartimento Médio <strong>Xingu</strong> Pecuária, poderá criar<br />

sinergias com o processo de desflorestamento observa<strong>do</strong> atualmente a<br />

partir deste compartimento em direção oeste (para o rio Iriri) e em direção<br />

norte (senti<strong>do</strong> Transiriri), no Continuum de áreas Protegi<strong>da</strong>s.<br />

Dessa sinergia pode resultar a solução de continui<strong>da</strong>de <strong>do</strong> compartimento<br />

Continuum de Áreas Protegi<strong>da</strong>s, cuja principal característica, à parte a de<br />

No entanto, a intensificação <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des antrópicas às quais a<br />

implantação desses empreendimentos está liga<strong>da</strong>, pode significar<br />

alguma influência nas condições limnológicas <strong>do</strong>s rios, pelo aporte<br />

de sedimentos, nutrientes ou contaminantes, com possibili<strong>da</strong>de de<br />

interferências nos compartimentos a jusante, no Continuum de<br />

Áreas Protegi<strong>da</strong>s.<br />

O mesmo pode ser dito <strong>da</strong>s PCHs no compartimento Formações <strong>do</strong><br />

Cachimbo, sen<strong>do</strong> que nesse caso as interferências nas áreas<br />

protegi<strong>da</strong>s podem ser maiores, pela proximi<strong>da</strong>de.<br />

A interferência em relação ao aporte e transporte de sedimentos é<br />

insignificante, consideran<strong>do</strong> (i) a baixa concentração destes no rio<br />

<strong>Xingu</strong>; (ii) as dimensões <strong>do</strong>s empreendimentos, de ordens de<br />

magnitude totalmente distintas; (iii) a grande distância entre os<br />

compartimentos com empreendimentos hidrelétricos; (iv) a<br />

presença de soleira rochosa no alto curso, representa<strong>da</strong> pela<br />

cachoeira von Martius, que determina a retenção de sedimentos<br />

arenosos na parte alta <strong>da</strong> bacia, forman<strong>do</strong> planícies aluviais.<br />

No que se refere à ictiofauna, a fisiografia <strong>do</strong> rio <strong>Xingu</strong> determina<br />

ambientes distintos nos compartimentos <strong>da</strong> bacia, o que se reflete<br />

na organização <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des de peixes.<br />

O alto curso funciona como um sistema de certa forma<br />

independente para a maior parte <strong>da</strong>s espécies que, provavelmente<br />

realizam movimentações dentro desse sistema fluvial. Isto se deve<br />

ao: (i) pre<strong>do</strong>mínio, nos rios de cabeceiras, de espécies dependentes<br />

<strong>da</strong> matéria orgânica alóctone, resultan<strong>do</strong> em assembléias de<br />

espécies de pequeno porte e restritas a esses ambientes e; (ii)<br />

presença de ambientes favoráveis à diversificação <strong>da</strong> ictiofauna nas<br />

ARCADIS Tetraplan 43

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