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representações do homem do campo em monteiro ... - UNESP-Assis

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Mário Luís Simões Filho e Wilma Martins Men<strong>do</strong>nça<br />

marca <strong>do</strong>s c<strong>em</strong> milhões de ex<strong>em</strong>plares. Deve ser o best-seller<br />

<strong>do</strong>s best-sellers brasileiros (SANTIAGO, 2003, p. 660).<br />

Denominação nova, texto velho. Em relação ao novo/velho e, agora,<br />

afetuoso, nome <strong>do</strong> Jeca, nutrimos certa reserva <strong>em</strong> relação à leitura de Marisa<br />

Lajolo que vê, na utilização <strong>do</strong> diminutivo, a solidariedade <strong>do</strong> escritor, ou<br />

nomea<strong>do</strong>r, ao seu personag<strong>em</strong>, o nomea<strong>do</strong>. Optamos, nesse caso, pelo próprio<br />

discurso de Lobato que, <strong>em</strong> nota explicativa, atribuiria sua nova concepção<br />

onomástica, à analogia que faz com o formato <strong>do</strong> livreto distribuí<strong>do</strong>. Nesse<br />

caso, a afetividade que o uso <strong>do</strong> diminutivo indicia é dirigida não ao<br />

personag<strong>em</strong>, mas ao próprio produto literário, como expõe Monteiro, <strong>em</strong> texto<br />

posto <strong>em</strong> cotejo com o de Marisa Lajolo:<br />

O velho Jeca (agora no diminutivo, o que <strong>em</strong> nossa prática<br />

lingüística supõe certa afetividade, entre nomea<strong>do</strong>r e nomea<strong>do</strong>)<br />

é apresenta<strong>do</strong> como vítima com a qual se solidariza o Lobato<br />

de agora: opila<strong>do</strong> pela verminose, fraco, anêmico, os males<br />

deste Jeca <strong>do</strong>s anos vinte não começam na preguiça n<strong>em</strong> na<br />

falta de disposição para o trabalho: a desnutrição e a<br />

precariedade de seu esta<strong>do</strong> de saúde é que des<strong>em</strong>bocam na<br />

pouca produtividade <strong>do</strong> <strong>campo</strong>nês itinerante (LAJOLO, 1983, p.<br />

101).<br />

Esta pequena história teve um curioso destino. A<strong>do</strong>tada por<br />

Candi<strong>do</strong> Fontoura, esse <strong>hom<strong>em</strong></strong> de visão tão penetrante, para<br />

propaganda de seus prepara<strong>do</strong>s medicinais contra a malária e a<br />

opilação, v<strong>em</strong> sen<strong>do</strong> espalhada pelo país inteiro na maior<br />

abundância. As tiragens já alcançaram quinze milhões de<br />

ex<strong>em</strong>plares ⎯ e prossegu<strong>em</strong>. Não há recanto <strong>do</strong> Brasil, não há<br />

fun<strong>do</strong> de sertão, onde qu<strong>em</strong> sabe ler não haja li<strong>do</strong> o<br />

“Jecatatuzinho”, que é o nome popular da história por causa <strong>do</strong><br />

pequeno formato das edições distribuídas. E desta forma,<br />

graças à ação de Fontoura, as noções dadas no “Jecatatuzinho”<br />

sobre as origens da malaria e da opilação já entraram no<br />

conhecimento <strong>do</strong> povo roceiro, habilitan<strong>do</strong> milhares e milhares<br />

de criaturas a se defender<strong>em</strong> e também a se curar<strong>em</strong>, quan<strong>do</strong><br />

por elas alcança<strong>do</strong>s (LOBATO, 1959, p. 340).<br />

Espécie de cartilha educativa, organizada por uma pedagogia de cunho<br />

paternalista, o texto “Jeca Tatuzinho” se aproxima, concomitant<strong>em</strong>ente, ora de<br />

um receituário, ora um texto de reclame, utiliza<strong>do</strong> como supl<strong>em</strong>ento <strong>do</strong>s<br />

produtos medicinais <strong>do</strong> Laboratório Fontoura. Nesses tons, perpassa<strong>do</strong>s pela<br />

Miscelânea, <strong>Assis</strong>, vol.6, jun./nov.2009 67

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