28 GT A importÃ¢ncia dos quintais para o autoconsumo dos ... - alasru

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Salvas raríssimas exceções, são as mulheres quem cuidam das atividades relacionadas aos quintais. Essas atividades correspondem à preparação da terra, plantio, capina, limpeza, armazenamento de sementes, alimentação dos animais, poda de árvores, cultivo da horta e do pomar. Assim, como o destino dessa pequena produção visa primeiramente o consumo da família e não o mercado, as mulheres consideram o sabor, os usos culinários, a adaptação agroecológica e o valor nutritivo dos alimentos que serão cultivados. Não obstante, como constatou Oklay (2004), elas também se preocupam com a questão da produtividade e embora realizem diversos experimentos no que se refere à adaptação das espécies, optam por aquelas que apresentam um melhor desenvolvimento em conformidade com as condições dos quintais. Sendo assim, segundo Oklay (2004), os quintais funcionam como importante meio de preservação da agrobiodiversidade, sendo considerados verdadeiros laboratórios de experiências, onde são adaptadas espécies subutilizadas ou nãodomesticadas e mantidas uma enorme variedade de espécies locais. Essa diversidade 4 contribui não somente para a segurança alimentar e estabilidade econômica dos agricultores familiares, mas para o equilíbrio do sistema agroecológico como um todo. Diante disso, pode-se afirmar que as principais funções exercidas pela produção destinada ao autoconsumo, a partir da manutenção dos quintais são: complemento da dieta familiar e segurança alimentar; economia de recursos financeiros e independência em relação aos mercados locais; elevação do status da mulher; promoção da identidade cultural em consonância com a preservação da biodiversidade. 5. DESCRIÇÃO DO UNIVERSO PESQUISADO A aplicação dos questionários foi realizada entre os dias 10 de novembro e 11 de dezembro de 2008, no meio rural do município de Itapuranga-GO. Foram 4 Diversidade biológica, segundo o MMA (2000, p. 9) “significa a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas.
aplicados 40 questionários em um universo de 47 produtores familiares que estão ligados à COOPERAFI – Cooperativa de Agricultura Familiar de Itapuranga. Esses cooperados estão distribuídos pelas diversas regiões do local, conhecidas como: Laranjal I e II, Campininha, Baú, Coruja, Água Espraiada, Fundão, Ana Félix, Laje, Córrego do Cedro e São Pedro. Dos 40 questionários empregados, 10 (25%) foram respondidos somente pelas esposas dos chefes da casa, os quais não se encontravam na propriedade no momento da entrevista; e 2 (5%) por chefes mulheres, resultando em um percentual de 30% de respostas “femininas”. Os homens, assim, representaram 70% do total dos entrevistados, não obstante a influência constante de suas esposas, e muitas vezes dos filhos, que se faziam sempre presentes nas conversas. A aplicação do questionário durou em média 50 minutos e as visitas, na maioria das vezes, não passavam de 2 horas. Assim, constatou-se que as famílias são bastante numerosas, quando se contam filhos, netos, genros e noras. No entanto, a pesquisa pôde confirmar uma das maiores dificuldades enfrentadas pela agricultura familiar: a fuga dos jovens em busca de melhores condições de vida na cidade. De uma média de nove membros por família, a média das pessoas que residem nas propriedades é de apenas três. Segundo os relatos dos próprios agricultores, a maior parte de seus filhos saiu de casa para estudar ou trabalhar e acabaram fixando residência na cidade. Somente em 22,5% do universo pesquisado, ou seja, em 9 das 40 residências, existe pelo menos um filho que estuda e mora na unidade, uma vez que contam com a ajuda de um transporte escolar rural. Aqueles que fazem faculdade e ainda moram com seus pais, geralmente auxiliam no desempenho das funções agrícolas no tempo vago. As crianças abaixo de 10 anos aparecem em 7 (17,5%) das casas, em um total de 11. Em relação à idade daqueles que foram declarados chefes da família, podese constatar a predominância das pessoas com mais de 50 anos. A média da idade dos homens está em torno de 50, apresentando um desvio padrão de 10 anos; e a média da idade das mulheres é de 44 anos, com um desvio padrão também de 10 anos. Grande parte dos produtores entrevistados mencionou que a idade avançada, o cansaço, a saúde precária de alguns membros do grupo familiar são os principais motivos que impossibilitam uma maior articulação e aproveitamento dos espaços dos quintais, assim como a sua constante limpeza e cuidados com a estética.
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