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de nutrição em pediatria - Sociedade Brasileira de Pediatria

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Um outro grupo <strong>de</strong> pesquisadores estudou<br />

prospectivamente vários grupos <strong>de</strong> lactentes quanto ao<br />

tipo <strong>de</strong> leite recebido:<br />

• fórmula contendo nucleotí<strong>de</strong>os <strong>em</strong> quantida<strong>de</strong>s<br />

s<strong>em</strong>elhantes aquelas encontradas no leite materno<br />

• fórmula s<strong>em</strong> nucleotí<strong>de</strong>os e<br />

• leite materno.<br />

Durante 12 meses a função imune foi estudada através da<br />

resposta a algumas vacinas. Foram <strong>de</strong>terminadas as<br />

respostas anticórpicas aos 6, 7 e 12 meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, frente à<br />

vacina contra o Ha<strong>em</strong>ofilus influenza tipo B, à vacina tríplice e<br />

à vacina Sabin. Clinicamente os grupos tiveram evoluções<br />

s<strong>em</strong>elhantes. No grupo com leite supl<strong>em</strong>entado houve<br />

aumento dos anticorpos antih<strong>em</strong>ofilus e antidifteria aos 7<br />

meses apenas, quando comparado com o supl<strong>em</strong>entado. Os<br />

níveis <strong>de</strong> anticorpos antipólio e antitétano não foram<br />

diferentes. No grupo amamentado houve aumento dos<br />

anticorpos antipólio <strong>de</strong> maneira significativa, aos 6 meses,<br />

<strong>em</strong> relação aos outros dois grupos. Essas diferenças<br />

po<strong>de</strong>riam ser atribuídas a um efeito estimulador da resposta<br />

da célula T pelos nucleotí<strong>de</strong>os.<br />

Outro estudo <strong>em</strong> <strong>de</strong>snutridos marásmicos supl<strong>em</strong>entados<br />

com nucleotí<strong>de</strong>os durante 3 meses mostrou que houve<br />

uma melhora na função imune <strong>de</strong>ssas crianças, além <strong>de</strong> ter<br />

sido constatado aumento sérico tanto <strong>de</strong> IgA como <strong>de</strong><br />

IgM. Houve ainda uma diminuição <strong>de</strong> infecções <strong>de</strong> vias<br />

respiratórias.<br />

Em pr<strong>em</strong>aturos também se observou resposta <strong>de</strong> maior<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> anticorpos circulantes à betalactoglobulina<br />

e alfa-caseína quando recebiam fórmula<br />

com nucleotí<strong>de</strong>os <strong>em</strong> concentrações s<strong>em</strong>elhantes aquelas<br />

encontradas no leite materno.<br />

Os estudos <strong>em</strong> animais mostrando que a <strong>de</strong>privação <strong>de</strong><br />

nucleotí<strong>de</strong>os prolonga a sobrevida <strong>de</strong> enxertos <strong>de</strong> coração<br />

além <strong>de</strong> impedir a resposta imunoproliferativa a eles,<br />

apontam para a hipótese <strong>de</strong> que os nucleotí<strong>de</strong>os<br />

estimulariam a ativida<strong>de</strong> das células killer nos lactentes<br />

que receb<strong>em</strong> leite materno ou leite com nucleotí<strong>de</strong>os.<br />

Dessa forma, apesar <strong>de</strong> alguns estudos contraditórios e<br />

outros <strong>de</strong> pouca significância estatística, hoje admite-se<br />

que os nucleotí<strong>de</strong>os t<strong>em</strong> papel relevante no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do sist<strong>em</strong>a imune através do<br />

envolvimento <strong>de</strong> diversos componentes da imunida<strong>de</strong><br />

celular como a maturação dos linfócitos T, a ativação dos<br />

macrófagos, das citocinas, e da ativida<strong>de</strong> natural das<br />

células killer.<br />

4.3 – Efeitos no metabolismo dos lípi<strong>de</strong>s<br />

Diversas ações sobre o metabolismo <strong>de</strong> lípi<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m<br />

ser atribuídas aos nucleotí<strong>de</strong>os:<br />

• aumenta HDL<br />

• diminui LDL<br />

• aumenta síntese <strong>de</strong> poliinsaturados<br />

Os nucleotí<strong>de</strong>os da dieta po<strong>de</strong>m modular o<br />

metabolismo <strong>de</strong> lipoproteínas e <strong>de</strong> ácidos graxos no<br />

início da vida. Estudos clínicos mostram que os<br />

lactentes que receb<strong>em</strong> nucleotí<strong>de</strong>os t<strong>em</strong> menores níveis<br />

<strong>de</strong> VLDL e maiores <strong>de</strong> HDL. Se isso é consequencia do<br />

efeito direto dos nucleotí<strong>de</strong>os na síntese <strong>de</strong><br />

lipoproteínas ou na ativação das enzimas envolvidas<br />

nesses processos, ainda não se sabe. Esse mesmo<br />

aumento das lipoproteínas séricas também acontece <strong>em</strong><br />

recém-nascidos normais amamentados, como também<br />

nos recém-nascidos pequenos para a ida<strong>de</strong> que<br />

receb<strong>em</strong> ou leite materno ou leite supl<strong>em</strong>entado com<br />

nucleotí<strong>de</strong>os.<br />

Em eritrócitos <strong>de</strong> pr<strong>em</strong>aturos e também <strong>de</strong> recémnascidos<br />

<strong>de</strong> termo, que receb<strong>em</strong> nucleotí<strong>de</strong>os o<br />

aumento dos poliinsaturados também já foi constatado.<br />

Em resumo, parece que os nucleotí<strong>de</strong>os t<strong>em</strong> papel na<br />

função imune, na função gastrointestinal e no<br />

metabolismo lipídico do lactente. No entanto, as<br />

controvérsias existentes nos diferentes mecanismos<br />

envolvidos nessas atuações ainda contribu<strong>em</strong> para que a<br />

sua real importância do ponto <strong>de</strong> vista nutricional<br />

necessite <strong>de</strong> maiores estudos.<br />

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