de nutrição em pediatria - Sociedade Brasileira de Pediatria
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associadas <strong>de</strong>saparec<strong>em</strong> com o ganho <strong>de</strong> peso. Sabe-se,<br />
por ex<strong>em</strong>plo, que a recuperação nutricional restabelece o<br />
ciclo menstrual, que regular melhora a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> óssea.<br />
Exist<strong>em</strong> indícios <strong>de</strong> que níveis normais nunca são<br />
atingidos, <strong>de</strong>terminando maior risco <strong>de</strong> osteoporose futura.<br />
Devido a alta morbida<strong>de</strong> e mortalida<strong>de</strong> (<strong>em</strong> torno <strong>de</strong> 5%<br />
dos casos diagnosticados) justifica-se a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
instituição <strong>de</strong> tratamento precoce.<br />
1. Modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tratamento<br />
Os fundamentos básicos do tratamento dos distúrbios do<br />
comportamento alimentar são os mesmos na abordag<strong>em</strong><br />
ambulatorial ou hospitalar. O tratamento ambulatorial<br />
parece ser suficiente para a recuperação da maioria dos<br />
pacientes e a longo prazo, po<strong>de</strong> apresentar melhores<br />
resultados. Além disso, o tratamento ambulatorial evita o<br />
estigma da internação, não causa mudança brusca na<br />
rotina diária, diminui a influência <strong>de</strong> outros pacientes,<br />
além <strong>de</strong> ser economicamente mais acessível.<br />
Em alguns casos a internação hospitalar é necessária.<br />
Nessas situações, são consi<strong>de</strong>rados a velocida<strong>de</strong> da perda<br />
<strong>de</strong> peso, o índice <strong>de</strong> massa corporal, a gravida<strong>de</strong> dos<br />
distúrbios metabólicos, a ocorrência <strong>de</strong> disfunções<br />
cardíacas, <strong>de</strong> retardo psicomotor, <strong>de</strong> síncope, <strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão<br />
grave ou risco <strong>de</strong> aspiração no caso <strong>de</strong> vômitos incoercíveis<br />
e critérios psiquiátricos como psicose, crise familiar e risco<br />
<strong>de</strong> suicídio. Algumas vezes, a hospitalização po<strong>de</strong> ser<br />
necessária para conseguir um afastamento t<strong>em</strong>porário do<br />
paciente anoréxico <strong>de</strong> sua família. De maneira geral, os<br />
pacientes muito <strong>em</strong>agrecidos e psicologicamente instáveis<br />
necessitarão <strong>de</strong> internação para que o tratamento seja mais<br />
efetivo. Nesses, a transição entre o ambiente hospitalar e o<br />
domiciliar é usualmente difícil, gerando gran<strong>de</strong> ansieda<strong>de</strong><br />
para o paciente e familiares. Dessa forma, o<br />
acompanhamento ambulatorial após a alta é<br />
imprescindível, para diminuir o risco <strong>de</strong> recidivas.<br />
A admissão ou internação compulsória <strong>de</strong>ve ser a última<br />
medida a ser tomada, restringindo-se a situações on<strong>de</strong> o<br />
risco <strong>de</strong> morte por complicações da <strong>de</strong>snutrição for<br />
iminente.<br />
2. Reabilitação nutricional<br />
É importante fazer uma avaliação dos sinais vitais e<br />
nutricionais para a indicação do suporte nutricional<br />
(parenteral ou enteral), com intervenção precoce para<br />
evitar os danos mais graves ou recuperar os já existentes<br />
como a <strong>de</strong>snutrição grave.<br />
O objetivo da abordag<strong>em</strong> nutricional é recuperar o peso<br />
do paciente <strong>de</strong> forma que seu IMC fique entre os limites<br />
da normalida<strong>de</strong>, s<strong>em</strong> estar abordando diretamente a<br />
alimentação. As necessida<strong>de</strong>s energéticas diárias <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser<br />
calculadas para cada paciente a partir <strong>de</strong> sua altura, sua<br />
ida<strong>de</strong>, o metabolismo e a ativida<strong>de</strong> física. Para que não<br />
cause <strong>de</strong>sconforto gástrico, as necessida<strong>de</strong>s energéticas são<br />
calculadas como 30kcal/kg <strong>de</strong> peso i<strong>de</strong>al, com aumento <strong>de</strong><br />
5 a 10kcal/kg a cada 5 dias, até atingir cerca <strong>de</strong> 50kcal/kg/<br />
dia. Quando o peso i<strong>de</strong>al for atingido, a oferta energética<br />
<strong>de</strong>ve ser diminuída gradualmente até atingir os valores<br />
a<strong>de</strong>quados para manter o peso corporal estável. É<br />
aconselhável distribuir esse conteúdo energético <strong>em</strong> seis<br />
refeições durante o dia, <strong>de</strong> modo que os pacientes não<br />
precis<strong>em</strong> comer gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma só vez. A<br />
constipação intestinal dos anoréxicos é aliviada quando a<br />
ingestão alimentar retorna ao normal. Ocasionalmente, po<strong>de</strong><br />
ser necessário administrar um <strong>em</strong>oliente, mas nunca laxantes.<br />
Na bulimia nervosa é necessário um planejamento<br />
alimentar que inclua o fracionamento das refeições,<br />
evitando-se ingestão energética excessiva. Deve-se s<strong>em</strong>pre<br />
enfatizar o consumo <strong>de</strong> alimentos habituais e, na maioria<br />
dos casos, não é necessária a utilização <strong>de</strong> alimentos<br />
especiais. Supl<strong>em</strong>entos alimentares são raramente<br />
indicados e a nutrição por sonda nasoenteral ou a nutrição<br />
parenteral <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser reservadas para os casos graves, <strong>em</strong><br />
que a <strong>de</strong>snutrição e as complicações associadas põ<strong>em</strong> <strong>em</strong><br />
risco a vida do paciente. Essas medidas não são isentas <strong>de</strong><br />
complicações, po<strong>de</strong>ndo levar, por ex<strong>em</strong>plo, a síndrome <strong>de</strong><br />
realimentação com a retenção hídrica e alterações<br />
eletrolíticas graves <strong>em</strong> pacientes já <strong>de</strong>bilitados.<br />
Medidas acessórias são geralmente necessárias, como a<br />
limitação da ativida<strong>de</strong> física, o repouso pós-alimentar e a<br />
proibição do uso do banheiro <strong>de</strong>sacompanhado, para<br />
coibir as práticas purgativas.<br />
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