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Jornal Appai Educar

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Tema Transversal<br />

Sandra Martins<br />

Fazer refletir dá trabalho, mas é<br />

muito bom<br />

refletir para pensar além das linhas<br />

do livro<br />

A criticidade é como uma<br />

árvore frutífera. Deve ser bem<br />

cuidada desde a semeadura<br />

até a vida adulta<br />

Montar uma semana de estudos envolvendo séries<br />

heterogêneas que vão desde os pequeninos até o Ensino<br />

Médio demanda muito esforço. Nas palavras do professor<br />

Rafael Felipe Ferreira, da Escola Modelar Cambaúba (EMC),<br />

na Ilha do Governador, é um desafio: “a gente arruma um<br />

problemão e uma satisfação. O problema é montar o trabalho,<br />

porque trabalhamos muito. Mas a satisfação é muito<br />

maior do que você possa imaginar quando vemos o desenvolvimento<br />

do processo. É muito bacana”. E o resultado<br />

do esforço conjunto que valeu a pena foi a IV Semana de<br />

Ciências Sociais com o tema Viva a Diferença! Homenagem<br />

ao centenário da Revolta da Chibata.<br />

Ao longo de uma semana, docentes e discentes se debruçaram<br />

sobre temas complexos e emergentes: as várias formas<br />

de discriminação e preconceito, no Brasil e no mundo, contextualizando<br />

as informações com dados históricos e questionando<br />

sua recorrência na atualidade. A perspectiva da escola, conforme<br />

a diretora pedagógica da EMC, professora Maria Masello Letã, é<br />

aguçar a capacidade crítica dos jovens através de propostas pedagógicas<br />

que os coloquem “para pensar além das linhas do livro”.<br />

E nada melhor do que discutir um assunto relevante, em todos<br />

os segmentos da escola, por meio de palestras, oficinas, atividades<br />

interdisciplinares, abrangendo as matérias da área de humanas –<br />

Sociologia, História, Filosofia, Espanhol, Literatura e Português. A<br />

Semana, ano a ano, vai se moldando às necessidades do momento,<br />

levando em conta a questão a ser tratada. Este ano expandiu-se,<br />

saindo do grupo exclusivo dos professores da casa e atraindo também<br />

convidados, como ocorreu com a participação do professor<br />

Aleksander Lacks, presidente da Associação dos Israelitas Sobreviventes<br />

da Perseguição Nazista – RJ (O Sobrevivente).<br />

Anualmente, a Semana de Ciências Sociais protagoniza um<br />

excelente espaço reflexivo para seu alunado. Na sua primeira<br />

versão, em 2007, o tema abarcava as informações e ideias para<br />

esclarecimento do cidadão para que ele compreenda e modifique o<br />

mundo. No ano seguinte, a escola se engajou nas comemorações<br />

dos 200 anos da chegada da Família Real ao Brasil. “E vimos isto<br />

historicamente, geograficamente, levando em conta diferentes<br />

tempos e espaços”, disse Vera ao lembrar que em 2009 o foco<br />

foi o ano da França no Brasil.<br />

De acordo com a diretora pedagógica adjunta, professora<br />

Vera Lúcia Martins de Carvalho, para 2010 houve um impasse<br />

entre duas propostas – os 100 anos da Revolta da Chibata e o<br />

cinquentenário de Brasília. Eleita por maioria de votos, a história<br />

32 <strong>Jornal</strong> <strong>Educar</strong><br />

de João Candido deu oportunidade para o debate sobre formas de<br />

preconceitos e de exclusão no Brasil e no mundo – no passado e no<br />

presente –, lideranças anônimas, lideranças reconhecidas. Definido<br />

o eixo temático – ou espinha dorsal –, as disciplinas exploraram<br />

determinados assuntos sempre ligados ao tema gerador, com o<br />

cuidado de evitar concomitância de temas ou que eles ficassem<br />

estanques. Ou seja, explorar bem o assunto de forma que ele se<br />

correlacionasse com o outro e fosse percebido pelos alunos. “O<br />

objetivo da IV Semana de Ciências Sociais é incentivar a reflexão;<br />

a produção acontece naturalmente, não temos a intenção de fazer<br />

avaliação ou cartazes, nada. Não é matéria de prova”.<br />

Não trazer verdades, mas abrir polêmicas diferentes, proporcionando<br />

distintas visões foi, na concepção de Rooseveltt de Lima,<br />

professor de História e Filosofia, o fio condutor que norteou sua<br />

palestra sobre “O preconceito através da música”. Ele buscou<br />

desconstruir os estereótipos vulgarizantes impostos à mulher nas<br />

letras do funk carioca (apesar do mesmo nome, trata-se de algo<br />

diferente do funk originário dos Estados Unidos. O ritmo praticado<br />

no Rio tem influência direta do Miami Bass e do Freestyle, que<br />

trazem músicas mais erotizadas e batidas mais rápidas). Esta<br />

abordagem foi complementar à palestra da professora Patrícia<br />

Fernandes, que falou sobre “O Dia Internacional da Mulher: desafios<br />

e conquistas”. A partir da polêmica gerada no Carnaval de<br />

Salvador pela cantora Ivete Sangalo, que interpretou a música<br />

“Lobo Mau”, que fazia associação com a pedofilia, professores e<br />

alunos puderam discutir sobre o papel do artista como pessoa<br />

pública e formadora de opinião.

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